Shinto

Aisatsu yo!

O Shinto, literalmente traduzido como “o Caminho dos Kami”, é uma religião étnica e natural surgida no Japão com o objetivo de cultuar os Kami, entidades sobrenaturais erroneamente denominadas “deuses” – para saber o que são Kami, eu recomendo a leitura deste post aqui.

A origem do Shinto é muito discutida pelos estudiosos orientais. Esteja o seu ponto de origem junto com a formação da cultura japonesa, ou com a influência da filosofia chinesa e do budismo mayahana, o fato é que o Shinto foi moldado à luz de várias religiões estrangeiras. Em geral, é amplamente considerado que o Shinto surgiu como religião a partir de outras formas religiosas tais como o animismo, o shamanismo, o culto aos ancestrais e o culto à natureza, gradualmente moldando seus próprios rituais e formas de culto.

 A adoração aos Kami, visto como o centro do Shinto, mudou bastante com o passar dos anos. A influência budista trouxe o “amálgama de kami e budas”, o chamado Shuugou Shinbutsu, acarretando mudanças na filosofia e nas práticas diárias e de culto nos santuários. Após o período Kamamura (1333 A.D.), surgiram várias teorias xintoístas com base das ideias de Confúcio.

O mais importante impacto religioso e filosófico sobre a estrutura do Shinto foi representado pelo budismo, mas o antigo pensamento chinês e o confucionismo possuem também uma grande influência. A inspiração chinesa deu-se basicamente através do Onmyoudou, que influenciou os rituais de purificação. O próprio Shugendou é um produto do nascente Shuugou Shinbutsu, mas que, após sua consolidação, exerceu sua influência na formação do xintoísmo moderno.

Até um pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, os santuários e templos xintoístas possuíam uma certa autonomia, o que favoreceu o surgimento de diversas “novas religiões” derivadas do Shinto. Depois da guerra, o sistema de santuário foi consolidado sob o Jinja Honchou (algo como uma associação de santuários xintoístas), permanecendo até os dias de hoje.

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Aoi Kuwan é autora do blog Magia Oriental, dedicado à divulgação das tradições e sistemas de magias orientais, especialmente aqueles ligados ao Japão.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/shinto

A Cor Vermelha

A cor vermelha é predominante no oriente. Seja no Japão ou na China, sempre encontramos elementos tradicionais que marcam suas culturas pintados com essa cor. Os templos xintoístas geralmente são vermelhos; os nós chineses são preferencialmente atados com fio de seda vermelho, e no Feng Shui, três moedas chinesas amarradas com fio vermelho atraem prosperidade. O que significa a cor vermelha para os chineses e japoneses?

O fundamento vem da tradição taoísta, que posteriormente permeou as tradições japonesas do onmyoudou e do xintoísmo, eventualmente espalhando-se para outras escolas.

O vermelho é a cor do quadrante sul, regido por Zhu Qiao (ou Suzaku, em japonês), o Pássaro Vermelho do Sul, a região quente e luminosa na qual os seres percebem-se uns aos outros, correspondente ao Verão e ao movimento Fogo. Na Sequência do Céu Posterior, o trigrama do sul é Li, o Fogo. Por isso, os sábios se voltavam para o sul quando escutavam o sentido do universo, e os governantes sentavam em direção ao sul quando davam suas audiências, pois isso significa que governavam voltados para a Luz.

O princípio luminoso é o princípio Yang, o ativo, o gerador. O Sol brilhando no céu é uma das imagens do trigrama Li, e é também uma das representações da energia Yang.

Dessa forma, possui a cor vermelha, por conseguinte, a mesma capacidade calorosa e ativa, e o mesmo princípio forte, luminoso e gerador.

A título de curiosidade, especificamente no Japão, as crianças costumam pintar o sol em seus desenhos como uma grande bola vermelha, igual ao retratado na bandeira do Japão. Ademais, o vermelho, além de ser uma cor do sol e do fogo, da força da vida, e muito utilizada em talismãs e amuletos para afastar o mal, também é utilizado para designar recém nascidos e crianças muito pequenas. Para os que conhecem o idioma, “vermelho” em japonês é “akai”. As crianças, então, são chamadas de “aka-chan”.

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Originalmente publicado no blog Magia Oriental em 01/03/2012

Aoi Kuwan é autora do blog Magia Oriental, dedicado à divulgação das tradições e sistemas de magias orientais, especialmente daqueles ligados ao Japão.

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Onigawara e máscaras Hannya

Muito além de ser um mero elemento arquitetônico, as Onigawara exercem um papel de proteção, prevenindo os intemperismos, afastando desastres naturais, fogo e espíritos malignos. Elas são colocadas estrategicamente nos cantos nordestes das construções. Como já vimos, a posição nordeste é conhecida o “Portão do Oni”, e, no Feng Shui, é uma direção nada auspiciosa…

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Originalmente publicado no blog Magia Oriental em 01/03/2012

Aoi Kuwan é autora do blog Magia Oriental, dedicado à divulgação das tradições e sistemas de magias orientais, especialmente daqueles ligados ao Japão. É Mestre Reiki, onmyouji, e professora do Instituto Seimei para Cultura e Religião.

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Onryou, Médiuns e Ringu, ou “O Chamado” em japonês

Foi com o filme “O Chamado” que o ocidente abriu as portas para os filmes de assombração orientais. Infelizmente, abriram as portas para as péssimas refilmagens com atores norte-americanos em cenários orientais e personagens de nomes japoneses. Digo ainda filmes de “assombração” porque vejo muitas pessoas reclamarem desse tipo de gênero, alegando que não são assustadores o suficiente. É óbvio que não são – para os ocidentais.

Enfim, deixando as críticas cinematográficas (temporariamente) de lado, vamos ao que interessa.

Ringu é baseado na obra do escritor japonês Suzuki Koji, dividida em quatro livros: Ringu (1991), Rasen (1995), Loop (1998) e The Birthday (1999)

Evidentemente, o escritor dos livros baseou-se na história dessas duas mulheres para compor suas personagens, dando inclusive seus nomes a elas (Sadako – Sadako e Chizuko – Shizuko).

A alma humana é chamada de “reikon”, a junção dos elementos “rei” e “kon”, ou seja, essência espiritual e alma, respectivamente. Especificamente, “ichirei shikon”, ou “um espírito e quatro almas”. Isso porque a kon dos humanos é composta de quatro partes, quais sejam, “aramitama”, ou a coragem, “nigimitama”, ou a amizade, “sachimitama”, ou o amor, e “kushimitama”, ou a sabedoria.

Quando um ser humano morre, seu espírito “rei” e duas das quatro almas, “sachimitama” e “kushimitama”, vão para o outro mundo, enquanto que a “aramitama” e a “nigimitama” permanecem nesse plano. Como a “aramitama” está associada ao corpo físico, ela acabará por se desintegrar, restando apenas a “nigimitama”, que também irá desaparecer, mas num processo que levará um pouco mais de tempo.

Assim, se houver um desequilíbrio na reikon de uma pessoa, ou seja, entre as suas “quatro almas” (geralmente a “nigimitama”, que quando em desequilíbrio, está ligada ao ódio, ao egoísmo e ao apego), ela pode vir a se tornar um fantasma, um Yuurei. Assim, como é a “nigimitama” que permanece por maior tempo nesse plano, ela “segura” o restante das almas, impedindo que o espírito da pessoa parta para o outro mundo. Por outro lado, se ela vier a desencarnar em um momento de grande ódio e/ou violência, ela se torna um Onryou, um espírito vingativo.

Isso ocorre devido ao desequilíbrio da aramitama no momento da morte (geralmente brusca e violenta, tomada pelo ódio), que torna o espírito igualmente violento. Além disso, como a aramitama naturalmente sofre um processo de desintegração, esse tipo de espírito também costuma vampirizar as suas vítimas, de maneira a prolongar a sua “sobrevida” neste plano, e nada melhor do que a adrenalina liberada durante uma sessão de filme de terror para garantir a energia necessária para tal intento.

Apesar da crítica sobre ficção científica, a explicação original para as mortes – que vocês só descobrem em Rasen – não deixa de ser interessante. Quem não quiser spoilers, que não leia o próximo parágrafo.

Sadako (novamente, a do filme) plasma no vídeo as suas imagens mentais e acopla a ele um vírus por ela criado, que mata em sete dias, a menos que a pessoa dê um jeito de transmiti-lo, ou seja, fazendo com que outra pessoa assista ao vídeo e seja infectada, escrevendo livros e fazendo filmes sobre sua história para disseminá-lo, ou engravidando mulheres para que elas dêem a luz a clones seus. Seu objetivo? Dominar o mundo, que dúvida!

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As Correntes do Budismo

Enquanto viveu Siddhartha Gautama (o Buda Sakyamuni), sua doutrina era oralmente transmitida. Com a sua morte, foi preciso reunir na cidade de Rajagriha o primeiro concílio budista. Este teve o fim de fixar em língua Pali os fundamentos da sabedoria do Senhor Buda. Assim, foram compostos os Tripitaka (Coleção de Três Livros). No primeiro ficaram reunidos os sermões de Sakyamuni. No segundo, as regras disciplinares da comunidade de monges. E no último, uma coletânea de comentários adicionais.

Cem anos mais tarde, idéias reformistas reuniram em Vesali o segundo concílio budista. A partir daí ficou o Budismo dividido em duas grandes correntes:

A corrente ortodoxa Theravada (Escola dos Antigos) caracteriza-se por seguir literalmente aos Tripitaka e por acreditar que a Iluminação Budista é somente alcançada mediante a observância dos preceitos monásticos. Daí vir ser conhecida como a corrente Hinayana (Pequeno Veículo) do Budismo.

A segunda corrente, a reformadora, diz que todos os seres originalmente possuem a Semente da Iluminação Budista, estando esta ao alcance de todos, mesmo os sem compromisso monástico. Portanto, é a corrente Mahayana (Grande Veículo) do Budismo.

No Mahayana, o esforço individualista na conquista no Nirvana (Iluminação Búdica) cede lugar à compaixão do Bodhisattva (aquele que renuncia à sua iluminação para que possa orientar os seres à compreensão do Caminho de Buda).

A corrente Theravada difundiu-se para o Ceilão, Birmânia, Camboja, Vietnã, Indonésia e Tailândia. O Mahayana multiplicou-se em inúmeras escolas surgidas da miscigenação com diversas seitas da Índia. Ramificou-se para o Tibet, China, Coréia e Japão.

Adaptado de Shingon Shu – Budismo Esotérico

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Aoi Kuwan é autora do blog Magia Oriental, dedicado à divulgação das tradições e sistemas de magias orientais, especialmente aqueles ligados ao Japão.

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Oshougatsu

Ao longo do mês de dezembro e no início do mês de janeiro, serão postadas no blog Magia Oriental algumas das celebrações mais tradicionais das comemorações de Oshougatsu com certa antecedência, de forma que vocês possam acompanhá-las e até mesmo realizá-las se tiverem a oportunidade.

A primeira preparação para os festivais de Oshougatsu é o Susuharai, modernamente chamado de Osouji, que a famosa limpeza de final de ano. Mas essa limpeza não consiste apenas em tirar o pó e passar um paninho úmido pela casa, é uma verdadeira limpeza mesmo: começa-se do sótão até o porão.

Tudo o que foi acumulado durante o ano e que não possui mais utilidade é jogado fora; os livros são todos retirados das prateleiras para serem reorganizados, os móveis são retirados de suas posições e todos os cantinhos são limpos. Nas casas tradicionais japonesas, o tatami é removido para ser espanado na rua, e o papel das shouji (as portas de correr) é trocado.

Essa limpeza não possui data fixa para acontecer. Alguns a iniciam cerca de um mês antes; outros, alguns dias antes do Ano-Novo, tudo conforme a necessidade da limpeza da casa, a quantidade de objetos a serem jogados fora e a serem organizados. Nos templos, os sacerdotes realizam o Susuharai entre os dias 13 e 15 de dezembro.

O Susuharai não possui apenas um caráter de limpeza física, mas também espiritual: é uma forma de remover toda a energia estagnada dentro da casa ao longo do ano, renovando o ambiente para recepcionar as boas energias do Toshigami, o Kami do Oshougatsu. Para quem divide casa/apartamento e não tem como fazer uma faxina desse nível, é possível fazer a limpeza apenas no quarto. O importante é sair da inércia e movimentar as energias para receber o Ano-Novo.

Da mesma forma que publicarei as comemorações de Oshougatsu, procurarei comentar e registrar também as minhas próprias preparações, para que elas não pareçam tão intangíveis assim de serem feitas. Quem for curioso e não quiser esperar pelas postagens, pode conferir a série de Oshougatsu feita no ano passado logo abaixo.

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Magia Oriental: Rituais, Feitiços e Demonologia – Robson Belli

O Boteco do Mayhem (Marcelo Del Debbio, Thiago Tamosauskas, Rodrigo Elutarck, Ulisses Massad, Jesse Puga e Robson Belli) conversam com Robson belli sobre rituais, magias e feitiços da cultura japonesa.

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Morte Súbita inc.

https://www.enochiano.com.br/

https://eb.4gsanctuary.com/

https://www.espelhodecirce.com.br/

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

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