A Noite Escura da Alma

Encontrei uma expressão Chan (Zen chinês) que diz:

“Grande dúvida, grande iluminação.
Pequena dúvida, pequena iluminação.
Nenhuma dúvida, nenhuma iluminação.”

A tradição nos ensina que existem três pre-requisitos para a prática verdadeira: Grande Dúvida, Grande Fé e Grande Determinação.

1. Grande Dúvida

A maioria das pessoas chegam à prática espiritual motivada por um sofrimento que deu origem a um questionamento. Quase sempre, a pessoa está fazendo uma pergunta do tipo “Por que está acontecendo ‘x’?” ou ”Por que eu?”

Muitas destas pessoas nem dão continuidade num centro de prática séria, e vão embora depois de uma, duas – algumas – visitas. Outras pessoas, depois de algumas sessões de meditação, sentindo algum alívio do problema imediato que as trouxeram até o zazen, já relaxam os seus questionamentos. Talvez até se tornem associadas, até venham a se considerar “praticantes”. Mas a verdade é: não chegaram a fazer a pergunta essencial, não se abriram para a “Grande Dúvida” e, assim, ainda não entraram realmente no caminho espiritual.

Algumas poucas pessoas, ao passar por uma situação de dificuldade, acabam aprofundando as perguntas iniciais (“Por que eu?”, “Por que está acontecendo ‘x’?”) para começar a questionar: “Quem sou eu?”, “Qual é o significado da minha vida?”, “Qual o sentido da vida e da morte?”.

Estas são perguntas da “Grande Dúvida” – o início da caminhada espiritual. A tradição Rinzai Zen usa os ‘koans’ para provocar a Grande Dúvida. Quanto mais intensamente se vivencie a Grande Dúvida, tanto maior será a “iluminação” obtida. Acredito que, na nossa realidade de seres humanos, as nossas “iluminações” são, na verdade, “pequenas iluminações”, pois a diferença entre “ter uma ou algumas experiências de iluminação” e “se tornar uma pessoa iluminada”, ou “se tornar uma pessoa que manifeste plenamente a sua iluminação”, é igual a diferença entre água e vinho.

Os mestres também nos ensinam que aquela pessoa que se acha “iluminada”, não é. Ainda nos ensinam que a prática deve ser constante e pelo resto da vida – e próximas vidas, também.

Portanto, sempre que acreditamos que encontramos uma resposta à “Grande Dúvida”, é importante que recoloquemos a pergunta e sigamos além, além da resposta atual, além da nossa compreensão deste momento, sempre além, sempre nos aprofundando mais e mais.

O grande perigo aqui está em achar que encontramos “A Resposta” e que a “Grande Dúvida” já acabou. Vamos cair numa complacência, arrogância – talvez até nos posicionando como prontos para liderar outras pessoas, mas, na realidade, estamos nos iludindo e iludindo os outros. De certa forma, a nossa caminhada espiritual foi abandonada. O nosso Zazen se tornou um zazen de conforto, um zazen de consumo. Sempre podemos encontrar mais um pedaço da resposta à “Grande Dúvida”.

Mas, vamos dizer que você está com o seu questionamento “à flor da pele”. Entrou no caminho espiritual e iniciou uma prática. Aí surge a questão da fé.

2. Grande Fé

O segundo elemento essencial a uma boa prática é uma “Grande Fé”. Fé na prática, fé nos ensinamentos, fé no professor – um ser humano, com falhas humanas, que tem mais experiência no Caminho e algum tanto de ”iluminação” manifestada. E, mais ainda, fé na sua possibilidade de poder manifestar a sua própria iluminação, de encontrar a “resposta” de sua Grande Dúvida.

Inicialmente, pode ser que parte desta fé você encontre depositando fé nos outros. Você gostou e confia no seu Professor de Dharma. Ou admira um praticante budista e confia nele. Mas os seres humanos são literalmente isto – seres humanos, sujeitos a falhas. Podem nos desiludir. Mais ainda, uma das funções dos Professores de Dharma é de ”puxar o tapete” debaixo de nossos pés. Podem até nos provocar, fazendo com que manifestemos a nossa “sombra”, na esperança de que possamos ”iluminar” este aspecto nosso que foi trazido à luz. Nestas horas, podemos até nos sentir “traídos” pelo Professor, enquanto não estamos compreendendo o que ele está tentando nos ensinar. Portanto, temos que ir além desta fé inicial, depositada em seres humanos externos à nos mesmos. De um lado, temos que amadurecer e aprofundar a nossa fé no Professor e outros seres humanos, temperando-a com fé nos ensinamentos e no próprio Dharma – passo-por-passo.

E os ensinamentos, que foram transmitidos já durante 2.600 anos – podemos depositar fé neles? Podemos, mas isto também tem suas limitações, pois a transmissão dos ensinamentos depende da comunicação e das palavras, sempre sujeitas às mais variadas interpretações. Transcrições de diálogos entre grandes mestres e os seus alunos não nos transmitem o contexto, o cenário, todos os detalhes que fizeram com que aquelas palavras fossem as mais apropriadas para aquele aluno naquele momento.

No Zen encontramos inúmeros exemplos de professores que, num momento dizem uma coisa e, em outro momento, dizem exatamente o contrário. Será que estão mentindo? Será que são loucos? Ou será que estão simplesmente falando exatamente aquilo que é mais apropriado para aquele momento, aquele contexto, aquele aluno – para convidá-lo a tomar o próximo passo de aprendizagem? Como alunos do Zen, existem momentos que podemos nos desesperar com um professor que parece estar se contradizendo. Como é forte, nestes momentos, o sentimento de “mas você não falou ‘x’ antes? Por que está falando ‘y’ agora? Qual é a verdade, ‘x’ ou ‘y’?”

Conheço uma mestra moderna que faz isto o tempo todo. Será que ela é louca? Não acho, não. Acho que ela está simplesmente me desafiando a mergulhar para dentro e encontrar a MINHA verdade – e desafiando outras pessoas com quem ela faz a mesma coisa a fazer o mesmo mergulho para dentro. Não é um processo fácil. Mas certamente me oferece a oportunidade de me aprofundar na fé verdadeira que preciso cultivar – a Grande Fé. Fé na minha própria Natureza Buda, fé no Universo, fé no Dharma, fé na minha prática, fé em mim mesma. Fé para atravesar a noite escura da alma – ou as noites escuras da alma. É aí que entra o terceiro pre-requisito da prática.

3. Grande Determinação

Sem a Grande Determinação, não vamos conseguir atravessar a noite escura. Se falhar a nossa determinação, vamos acabar “voltando para trás” em lugar de completar esta etapa da jornada. Não vamos chegar até o raiar do novo dia, aquele pedaço de Iluminação que seria resultado de nosso questionamento, fé e determinação.

Se a nossa determinação for fraca, vamos falhar. Se a nossa determinação depende de outras pessoas para nos apoiar, vamos falhar. Pois a noite escura da alma é exatamente isto. É um momento em que nos sentimos totalmente sós – a nossa dúvida nos consumindo, a auto-confiança cambaleada, a nossa fé no limite – só vemos escuridão e é somente a nossa determinação que nos segura no caminho. Afinal, o momento mais escuro da noite é o momento anterior ao nascer do Sol. E é a mesma coisa na jornada espiritual.

Se iniciamos a jornada com uma pequena dúvida, a noite escura vai ser “pequena” e o raiar do Sol também. Mas se o nosso primeiro passo foi baseado numa GRANDE Dúvida, a noite escura vai ser igualmente GRANDE. A crise – mistura de perigo com oportunidade – vai ser GRANDE. Para atravessar esta noite escura, vamos ter que descobrir, dentro de nós, fé da mesma grandeza e, por fim, GRANDE Determinação – talvez aquela determinação que diz: “mesmo que perca tudo, não arredo o pé daqui”, “mesmo que eu tenha que morrer tentando, não desisto”, “mesmo que estejam todos me chamando de louco, não saio deste caminho”, “mesmo que todos os meus amigos me abandonem, não abro mão”. Talvez a vida vá nos exigir uma entrega total, a “morte simbólica”, morte do ego, morte para tudo que pensávamos que importava. Mas, na realidade, a vida está nos convidando a passar pela morte dos condicionamentos – nos convidando à Libertação.

No meio da noite escura da alma passamos por uma fase de ficar só enxergando as perdas, as “mortes”. Talvez percamos contato com a nossa fé. Talvez nos entreguemos ao medo. Talvez não resistamos às pressões e voltemos correndo, tentando voltar à nossa zona de conforto anterior, voltar à harmonia conhecida, voltar às amizades e relacionamentos antigos que não queremos arriscar perder, buscando apoio externo na falta de nosso próprio apoio interno. Quantas e quantas pessoas fraquejam neste ponto, justo quando estão quase lá, quase vencendo esta fase da jornada. Que tristeza! É como se vendessem a alma, caissem em “tentação”.

É por isto que todas as tradições espirituais falam da dificuldade da jornada. Todas as tradições espirituais têm a sua forma de descrever o processo de passar pela “noite escura da alma”. Algumas tradições xamânicas ou indígenas usam “jornadas interiores” indo ao encontro da morte e renascimento simbólicos, desmembramento e “re-membramento” simbólicos, para facilitar esta passagem. A tradição budista nos fala da determinação de Buda quando ele sentou embaixo da figueira, decidido a não se levantar dali até que encontrasse a resposta, a Iluminação. Fala, em linguagem simbólica, dos ninhos que pássaros construiram em seu cabelo, das teias que as aranhas teceram, das plantinhas que cresceram entre os dedos dos seus pé – tudo para nos ajudar a imaginar uma determinação tão firme, inquebrantável, que permitisse que ficasse lá – sentado em meditação – o tempo suficiente e com a “imobilidade” – firmeza de propósito – suficiente para atingir a Iluminação.

Lembro-me de momentos de dúvida (dúvidas que pareciam bastante grandes para mim, na época), onde toda a minha fé foi posta à prova e onde parecia que a minha determinação não ia agüentar – e lembro-me dos raiares do Sol que vieram no final daquelas noites escuras da alma. Não posso dizer que eu tenha atingindo qualquer GRANDE Iluminação, mas com certeza, sinto que posso dizer que cheguei em algumas pequenas iluminações, de acordo com a minha capacidade de ter uma dúvida, de cultivar a fé e de achar dentro de mim mesma a determinação de prosseguir até a hora do Sol nascer.

Como será que isto vai acontecer? Como será o momento da virada, de uma pequena iluminação? Vai ser o seu momento, único, totalmente diferente dos meus momentos – e nem para mim um momento será igual ao outro. Só posso compartilhar que, para mim, a virada vinha muitas vezes quando eu finalmente parava de lutar contra os acontecimentos e me entregava totalmente. Sabia que a gente tem todo o direito de espernear e reclamar tudo que quiser neste universo? Só que o Dharma simplesmente vai continuar procurando nos ensinar.

Então não precisa se sentir culpado por passar por uma fase de “briga com o universo” antes de chegar numa entrega! Outras vezes, a virada veio quando finalmente percebi a “comédia dos absurdos” numa situação e caí nas gargalhadas, de corpo e alma. De qualquer forma, a virada vinha quando algo dentro de mim mudou. A mudança nunca vinha de fora, só de dentro. Este que é o detalhe importante: a mudança tem que vir de dentro.

A noite passa. O novo dia nasce. A Luz retorna. Portanto, se você estiver atravessando uma noite escura da alma, não abra mão de sua fé, não vacile na sua determinação. Não tente voltar ao “conforto” ou ”harmonia” ou “segurança” anterior. Se, no seu coração você sabe que está ouvindo a voz de sua Natureza Buda, prossiga firme. Mergulhe, deixe que a Grande Dúvida lhe “consuma” até os ossos, até a medula, até restar somente o grande Vazio. Estique a sua fé, mantenha a sua determinação – e atinja mais um pedaço da Iluminação. O importante é de sempre manter-se firme na busca de Sabedoria e Compaixão.

Se você está com mais Sabedoria e Compaixão, mais Paz e Tranqüilidade no “dia seguinte”, saberá que atravessou a noite. Mas, se está com alguma raiva, algum mal-estar, alguma inquietação, saberá que ainda não terminou a travessia ou, pior, saberá que desistiu no meio do caminho e voltou para trás. Mesmo assim, não perca esperanças, não se critique, não se julgue. Você fez o seu melhor. Aprenda com o processo. Veja onde “falhou”, onde “errou” e comece de novo. A vida sempre nos oferece novas oportunidades. Temos todo o tempo do universo para nos iluminar – kalpas e kalpas estão à nossa disposição!

Então, não tenha medo. A noite passa.

Que os méritos de nossa prática se estendam a todos os seres e que possamos todos nos tornar o Caminho Iluminado.

#espiritualismo #hermetismo #oalvorecer

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-noite-escura-da-alma

Palestrantes do II Simpósio de Hermetismo

Um resumo de alguns dos Palestrantes do II Simpósio Brasileiro de Hermetismo. Como o critério de escolha foi “os melhores em suas áreas”, alguns deles não são conhecidos nos meios “internéticos”, então estou fazendo um pequeno resumo sobre cada um dos Palestrantes.

Adriano Camargo – Autor do “Sistemagia” e “Cabala Draconiana”, membro da Dragon Rouge e um dos pouquíssimos caras sérios em LHP no Brasil.

Alexandre Cumino – autor de “A História da Umbanda” e editor do “Jornal da Umbanda Sagrada”. Um dos sacerdotes mais respeitados no Brasil.

Carlos Basílio Conte – Membro da Sociedade Teosófica e Secretário de Cultura da Maçonaria, autor dos livros: “Magia Cerimonial” e “Pitagoras- Ciencia e Magia na Antiga Grecia”.

Edmundo Pellizzari – Prof. Edmundo Pellizzari é teologo (BD, BTh, OCR) com formação em estudos biblicos e judaicos.
Durante trinta anos estudou a Mistica Judaica (Kabalah) em institutos internacionais e com mestres tradicionais. E membro da Order of Corporate Reunion, da Order of Christian Renewal e da Apostolic Church of the Divine Mysteries.

Fernando Maiorino – Fundador e Presidente da Associação Educacional Sírius-Gaia (AESG). Orientador Espiritual em Umbanda Natural, vertente filosófica trazida por seus Guias Espirituais há uma década.

Frater Goya – Mais conhecido nos meios internéticos, é o fundador do Círculo Iniciático de Hermes (CIH). Já postei entrevistas com ele.

Gilberto Antônio Silva – Estudioso de filosofias e culturas orientais desde 1977, pesquisou e analisou com profundidade a cultura e o modo de pensar oriental, especialmente o Taoísmo. É atual Coordenador Editorial da revista Medicina Chinesa Brasil e Editor-responsável do jornal Saúde & Longevidade.

Marcelo Del Debbio – Arquiteto com especializações em Semiótica, História da Arte e História das Religiões Comparadas. Autor da Enciclopédia de Mitologia e coordena o blog “Teoria da Conspiração” e o Projeto Mayhem. É autor da Wikipedia de Ocultismo, com cerca de 5.000 verbetes.

Márcio Lupion – Discipulo da Maha Yoga Chegada ao Ramana Ashram do Brasil Swami Sri Maha Krishna – Aprende as 4 yogas, Bakti, Raja, Jnana e Karma Yoga. Iniciado no budismo tibetano com Chagdud Tulku Rinpoche, Templo Odsal Ling, São Paulo, SP.

Mário Alves da Silva Filho – Pratica e estuda o Sufismo ha mais de 15 anos, tendo sido membro das seguintes Ordens Sufis (Turuq): Attasiyya (foi o representante – Muqadam – para o Brasil), Khalwatiyya al-Jerahiyya e Ahmadiyya at-Tijaniyya (é membro desta atualmente). Viajou pela Turquia, Irã, Iraque e Arábia Saudita entrando em contato com diversos Shaykhs da Tradição do Tasawwuf (Sufismo), aprendendo com eles. Dirige o Centro de Estudos Filosóficos e Espirituais Caminho do Oriente (CEFECO). É membro do Grupo de Pesquisas CERAL- Centro de Estudo de Religiões Alternativas de Origem Oriental, Setor de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP.

Renan Romão – Graduando em Psicologia e Letras (FFLCH-USP), estuda Magia e Misticismo atraves de diversas tradicoes ocidentais e orientais sob a luz do Iluminismo Cientifico. Maçom, membro da ARLS “Estrela do Brasil” n°4321 GOB/GOSP, representante do CALEN/SP e membro-fundador da Confraria de Estudos Antigos.

http://simposiohermetismo.com.br/

#SiriusGaia

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Jacques DeMolay

Jacques DeMolay nasceu em Vitrey, uma pequena e próspera região em Haute Saone, França, no ano de 1244. Quase tudo o que temos conhecimento sobre sua vida se deve aos registros templários posteriores à sua entrada na Ordem e muito pouco se sabe a respeito de sua infância ou adolescência.

Hoje, completando a parte final sobre a série dos Templários, falaremos sobre a vida e a morte do último de seus Grãos Mestres.

Se você começou a ler esta série de posts agora, eu recomendo que leia antes os artigos sobre a Primeira Cruzada, sobre a Segunda e Terceira, sobre a Quarta Cruzada e os Cátaros, sobre a Quinta, Sexta e Sétima Cruzada pelo ponto de vista Templário.

Aos 21 anos de idade, Jacques DeMolay foi iniciado na Ordem dos Cavaleiros Templários. Até então, os Templários eram uma organização sancionada pela Igreja Católica Romana, com a função de proteger e guardar as estradas entre Jerusalém e Acre, um importante porto da cidade no Mar Mediterrâneo. A Ordem dos Cavaleiros Templários participou das Cruzadas e conquistou um nome de valor e heroísmo.

Apesar das derrotas sucessivas para os mamelucos, a situação das Ordens de Cavalaria na Europa estava muito boa. Muitos nobres e príncipes enviaram seus filhos para serem Cavaleiros Templários e isso fez com que a Ordem passasse a ser muito rica e popular em toda a Europa. Tradicionalmente, o filho mais velho permanecia junto aos reis porque era o herdeiro, o filho mais novo era mandado para a Igreja para fazer parte do clero e aos irmãos do meio, não havia outra saída que não fosse se alistar nos exércitos e tentar conquistar o seu próprio pedaço de terra. Muitos deles conseguiam doações substanciais de suas famílias para a causa Templária (ou hospitalaria ou teutônica) e aos poucos, a Ordem ergueu um complexo de riquezas que a tornou uma das organizações mais poderosas de todo o Planeta.

Em 1298, Jacques DeMolay foi nomeado Grande Mestre dos Cavaleiros, uma posição de poder e prestígio. Jacques DeMolay assumiu o cargo após a morte de seu antecessor Teobaldo Gaudini no mesmo ano (1298) e durante uma crise sem precedentes nos territórios ocupados pelos muçulmanos.

Jacques DeMolay passou por uma difícil posição pois as cruzadas haviam falhado miseravelmente em todos os sentidos e os ataques mamelucos estavam tomando cada centímetro do deserto, forçando os cavaleiros a recuarem cada vez mais. Nas últimas batalhas antes de sua posse, os mamelucos haviam tomado algumas cidades e portos vitais dos Cavaleiros Templários e os Hospitaleiros, restando apenas um único grupo do confronto contra os Sarracenos.

Enquanto Jacques e os outros marechais tentavam conseguir reforços na Europa, os Cavaleiros Templários começavam a se reorganizar. Eles foram forçados a se exilarem na a Ilha de Chipre após a queda do Acre, em 1291, esperando pelo público geral para levantar-se em apoio à outra Cruzada.

Demolay conseguiu acordos com o papa Bonifácio VIII, com Edward I (da Inglaterra), Jaime I (de Aragão) e Carlos II (de Nápoles) que garantiriam suprimentos e novos homens. A Igreja, porém, desejava que as Ordens Templária e Hospitalaria se fundissem em uma só organização, apesar de protestos dos dois Grãos Mestres. Jacques atendeu a dois encontros no Sul da França com líderes da Igreja e dos Hospitalários a respeito deste assunto, sem chegarem a um acordo.

De 1299 a 1303, Jacques permaneceu no Chipre, planejando um contra-ataque aos Mamelucos com a ajuda das tropas cristãs, as forças armênias e um novo aliado: os Mongóis. Ghazan, o general mongol de Ikhanate, propôs uma aliança franco-mongólica para expulsar os mamelucos da Síria e do Egito. Durante gerações os mongóis tentaram, sem sucesso, expulsar os mamelucos para poderem ficar com aquele pedaço de terra e a aliança com as cavalarias cristãs parecia uma boa idéia.

A coalizão conseguiu uma vitória na batalha de Wadi-al-Khazandar, em dezembro de 1299, enquanto Jacques e o rei Henrique II de Jerusalém comandavam uma frota de 16 navios que realizavam ataques paralelos nas costas egípcias, enfraquecendo as defesas mamelucas.

Os Templários conseguiram dominar uma pequena base em Tortosa em 1300 mas os mongóis foram barrados e não conseguiram reforçar a posição em 1300, 1301 e 1302, quando as tropas mamelucas tomaram o castelo na Batalha deRuad, em 26 de setembro de 1302.

Enquanto isso, na Europa, continuava a pressão papal para que as duas Ordens se fundissem em uma…

Rei Felipe, o Picareta

Em 1305, o papa Clemente V, recém empossado, convocou os Grãos mestres para uma reunião na França para perguntar suas opiniões a respeito da fusão das duas ordens e da proclamação de uma nova cruzada. Demolay era contra a fusão das ordens já que, para ele, cada uma delas possuía missões diferentes. Também argumentava que precisariam de um movimento gigantesco para fazer frente aos mamelucos, já que pequenas tropas seriam apenas alvos fáceis para os exércitos muçulmanos.

Em 6 de junho, os dois Grãos Mestres foram oficialmente convocados para irem até Poitiers para uma reunião, mas esta reunião acabou adiada por duas vezes, por conta de uma doença do papa (o Deus católico é malvado, não perdoa nem o papa!).

Nesse meio tempo, o rei Felipe, o belo, estava atolado em dívidas com os Templários por conta de sua guerra contra a Inglaterra. Ele estava enchendo o saco do papa para que Clemente unisse as duas ordens sob uma bandeira e que ele, Felipe, ficasse como Rex Bellator (Rei Guerreiro). Além destas palhaçadas, Felipe estava arrumando encrencas com o papado ao ameaçar taxar as Igrejas na França. O papa Bonifácio VIII tentou excomungar Felipe, mas foi encontrado morto em circunstâncias misteriosas logo antes de assinar seu decreto. Seu sucessor, Benedito VIII, tentou contestar o rei, mas acabou morto, envenenado. Clemente, que era mais esperto que a maioria dos ursos, fez um acordo com o rei e abriu as pernas da Igreja Católica para os interesses da França. Ele chegou, inclusive a mudar o papado de Roma para Poitiers, na França, onde ficaria como um marionete do rei.

O Líder dos Hospitaleiros ficou detido na Terra Santa por conta de ataques contínuos a Rhodes, então Demolay ficou sozinho na França com o papa e o rei picareta.

Para mover seu plano astucioso, Felipe usou um nobre francês de nome Esquin de Floyran. O nobre teria como missão denegrir a imagem dos templários e de seu Grão Mestre Jacques DeMolay e, como recompensa Floyran receberia terras pertencentes aos Templários logo após derrubá-los.

Jacques conversa com o rei em 24 de junho de 1307 sobre a Ordem e se recusa a unir as duas potências. Em 14 de setembro de 1307, Felipe começa movimentar seus agentes contra os Templários em toda a França. Os agentes do rei avançam sobre os Templários e capturam suas fortificações, somando as riquezas que encontravam ao tesouro real.

O ano de 1307 viu o começo da perseguição aos Cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 mil homens, Jacques Demolay havia ido a França para o funeral de uma Princesa da casa Real Francesa e havia levado consigo poucos homens, sendo esses todos nobres. Na madrugada de 13 de outubro (uma sexta-feira, de onde se originou a história de sexta-feira 13 ser um dia infame) Jacques DeMolay, juntamente a seus amigos, foram capturados e lançados nas masmorras pelo chefe real Guilherme de Nogaret.

Sete anos de torturas

Durante sete anos, Jacques DeMolay e os Cavaleiros sofreram torturas e viveram em condições subumanas. Enquanto os Cavaleiros não se dobravam, Felipe IV gerenciava as forças do Papa Clemente para condenar os Templários. Suas riquezas e propriedades foram confiscadas e dadas à proteção de Felipe.

Após três julgamentos, Jacques DeMolay continuou sendo leal para com seus amigos e Cavaleiros. Ele se recusou a revelar o local das riquezas da Ordem, e recusou-se a denunciar seus companheiros. Em 18 de Março de 1314, ele foi levado à Corte Especial. Como evidências, a Corte dependia de confissões forjadas, supostamente assinadas por Jacques DeMolay, mas em público, ele desmentiu as confissões forjadas. Sob as leis da época, a pena por desmentir uma confissão, era a morte.

O Conselho que começou em 1310 e se arrastou por quase dois anos, terminou com Jacques Demolay e Guy D’Auvergne sendo sentenciados a queimar em praça pública. Sua execução ocorreu em 18 de Março de 1314. Suas últimas palavras foram:

“Senhor,

Permiti-nos refletir sobre os tormentos que a iniqüidade e a crueldade nos fazem suportar. Perdoai, ó meu Deus, as calúnias que trouxeram a destruição à Ordem da qual Vossa Providência me estabeleceu chefe. Permiti que um dia o mundo, esclarecido, conheça melhor os que se esforçam em viver para Vós. Nós esperamos, da Vossa Bondade, a recompensa dos tormentos e da morte que sofremos para gozar da Vossa Divina Presença nas moradas bem-aventuradas.

Vós, que nos vedes prontos a perecer nas chamas, vós julgareis nossa inocência.

Intimo o papa Clemente V em quarenta dias e Felipe o Belo em um ano, a comparecerem diante do legítimo e terrível trono de Deus para prestarem conta do sangue que injusta e cruelmente derramaram.”

O primeiro a morrer foi o Papa Clemente V, logo em seguida o Chefe da guarda e conselheiro real Guilherme de Nogaret e, no dia 27 de novembro de 1314, morreu o rei Felipe IV com seus 46 anos de idade.

Em 2002, A Dra Barbara Frale encontrou uma cópia dos Pergaminhos de Chinon nos arquivos secretos do vaticano. Um documento que confirma explicitamente que o Papa Clemente Vhavia absolvido Jacques deMolay e outros líderes da Ordem, incluindo Geoffroi de Charney e Hughes de Pairaud. Ela publicou seus artigos no Journal of Medieval History, em 2004.

O tesouro Templário

Um documento, apreendido pelas tropas de Napoleão depois de terem invadido a cidade de Roma, em 1809 e referido por Gérard de Sede descrevia o testemunho de um templário, de nome Jean de Châlons aludindo a “três carroças enormes puxadas por cinquenta cavalos que haviam saído, na quinta-feira, 12 de Outubro de 1307 (a véspera da prisão dos templários), do Templo de Paris, conduzidas por Hughes de Châlons, Gérard de Villers e cinquenta outros cavaleiros, transportando “totum thesaurum Hugonis Peraldi” (Hugo de Pairaud, o grande Visitador de França). O mesmo templário teria afirmado que o conteúdo das três carroças teria sido embarcado no porto templário de La Rochelle e seguido em 18 navios da armada dos templários com destino desconhecido, mas que, certamente seriam paragens mais amistosas para a Ordem do que as de França…

A seguir: O fim dos Templários e o começo da Maçonaria.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/jacques-demolay

(O dilema das) Interpretações ritualísticas

(O DILEMA DAS) INTERPRETAÇÕES RITUALÍSTICAS

1.1 ASPECTOS GERAIS

Temos, dentro de nossos Capítulos e na história da Ordem DeMolay, diversas explicações simbólicas e interpretativas sobre tudo, ou quase tudo, que temos e fazemos durante nosso Ritual. Contudo, você já se questionou a validade das explicações? Em outras palavras, em algum material oficial do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil (SCODB) há essas explicações como legítimas?

Depois de pensar um pouco, chegaremos à conclusão de que o SCODB só possui duas publicações oficiais em se tratando de Ritual: o próprio Ritual dos Trabalhos Secretos e o Manual de Práticas Ritualísticas. Nenhum dos dois se dedica exclusivamente a dar significado a tudo: no Ritual, temos os significados que são próprios das Cerimônias ali contidas, ou seja, foram significados que “nasceram” com a elaboração do Ritual e significam, sem dúvida alguma, aquilo que está escrito; já o Manual de Práticas, como seu próprio nome sugere, volta-se à prática, não à simbologia (além de possuir precariedades legislativas / administrativas) (1).

Reconhecemos, então, a escassez de publicações sobre esse assunto. Contudo, reconhecemos também que há diversos e “clandestinos” (2) materiais sobre simbolismo. São eles válidos? Por que não publicar oficialmente, então, sobre isso?

1.2 DA VALIDADE DAS PUBLICAÇÕES “CLANDESTINAS”

Já entendemos que aquilo que o Ritual traz de simbolismo é válido e verdadeiro, porque está no Ritual – então, seus propósitos são realmente aqueles. Mas as publicações não oficiais, que são muitas e diversas, chegam até mesmo a ter cara de legítimas, de tão natural que é o contato com elas.

O contato e a perpetuação desses significados se devem, em grande parte, com a nossa proximidade com a Maçonaria. Temos que entender que nosso Ritual foi escrito por um Maçom e praticamo-lo, normalmente, em Templos Maçônicos! Além, claro, da presença constante de Maçons em nossas Reuniões Ritualísticas e trabalhos diversos. Assim, meio que por “osmose”, alguns entendimentos maçônicos se associaram a práticas DeMolay. Entretanto, essa associação não é ao todo condenável, até porque elas devem possuir, no Ritual Maçônico, seu simbolismo próprio e legislado. O problema é forçar sempre essa relação e estreitar a mente e a reflexão do DeMolay nesse aspecto.

Há um entendimento de que Marshall (3) e Land (4) não escreveram um “tratado” sobre o significado e o simbolismo de tudo que permeia nosso Ritual justamente para não nos privar dessa reflexão. Ou seja, não existir algo que diga que X significa Y é um presente e um convite que nos é dado! O presente é deixar aflorar nossa liberdade de pensamento e o convite é, justamente, para pensar.

A Ordem DeMolay é uma organização juvenil. Nosso Ritual, portanto, foi pensado para atender as necessidades da formação do jovem em adulto. Além disso, foi feito por um Maçom e, com certeza, traz neles elementos Maçônicos, assim como a Maçonaria deve herdar, em seus Rituais, práticas de outras culturas / civilizações / Ordens Iniciáticas. Apesar disso, devemos pensar e entender nosso Ritual a partir do ponto de vista da juventude. Ou seja, usufruir da liberdade de pensamento para significar nossas práticas (que não possuam significados já expressos) como bem quisermos, limitados apenas por nossos princípios e valores.

Assim, queremos dizer que os estudos “clandestinos” de simbologia são, realmente, válidos, desde que fundamentados (ou seja, explique a associação que está sendo feita com referências) e que não fuja dos preceitos gerais de nossa Ordem (nossas Virtudes e Liberdades, por exemplo). Além de serem válidos, destacamos que eles cumprem essa “missão” de sermos produtores de conhecimentos, dedicando-nos ao estudo e à busca do saber.

Devemos evitar, contudo, a criação e a manutenção de explicações simbólicas como verdade única, imutável e, principalmente, que elas atrapalhem a correta e pura prática ritualística. Qualquer explicação que respeite os princípios apresentados no parágrafo anterior será válida. O importante é não se acomodar e deixar de estudar e de pesquisar, achando ter pleno conhecimento de todas as coisas.

1.3 DA IMPORTÂNCIA DE SIGNIFICADOS PARA NOSSO RITUAL

Para este tópico, convido a leitura de um trecho do livro “O Símbolo Perdido”, de Dan Brown. Segue:

– Professor Langdon – disse um rapaz de cabelos encaracolados na última fileira -, se a Maçonaria não é uma sociedade secreta, nem uma empresa, nem uma religião, então o que é?

– Bem, se você perguntasse isso a um maçom, ele daria a seguinte definição: a Francomaçonaria é um sistema de moralidade envolto em alegoria e ilustrado por símbolos.

– Isso me parece um eufemismo para “seita de malucos”.

– Malucos, você disse?

– É isso aí! – disse o aluno, levantando-se. – Sei muito bem o que eles fazem dentro desses prédios secretos! Rituais esquisitos à luz de velas, com caixões, forcas e crânios cheios de vinho para beber. Isso, sim, é maluquice!

Langdon correu os olhos pela sala.

– Alguém mais acha que isso é maluquice?

– Sim! – entoaram os alunos em coro.

Langdon deu suspiro fingido de tristeza.

– Que pena. Se isso é maluco demais para vocês, então sei que nunca vão querer entrar para a minha seita.

Um silêncio recaiu sobre a sala. A integrante da Associação de Alunas pareceu incomodada.

– O senhor faz parte de uma seita?

Langdon assentiu com a cabeça e baixou a voz até um sussurro conspiratório.

– Não contem para ninguém, mas, no dia em que o deus-sol Rá é venerado pelos pagãos, eu me ajoelho aos pés de um antigo instrumento de tortura e consumo símbolos ritualísticos de sangue e carne.

A turma toda fez uma cara horrorizada.

Langdon deu de ombros.

– E, se algum de vocês quiser se juntar a mim, vá à capela de Harvard no domingo, ajoelhe-se diante da cruz e faça a santa comunhão.

A sala continuou em silêncio. Langdon deu uma piscadela.

– Abram a mente, meus amigos. Todos nós tememos aquilo que foge à nossa compreensão.

Sei que o texto em análise fala especificamente da Maçonaria, mas por questões didáticas, vamos expandi-lo para a Ordem DeMolay também. Parafraseando Langdon, teríamos que: a Ordem DeMolay “é um sistema de moralidade envolto em alegoria e ilustrado por símbolos”. Ou seja, nossa Ordem nada mais é do que seus princípios e preceitos ensinados e perpetuados através de alegoria e de símbolos ou, simplesmente, através da prática de nosso Ritual! Assim, nosso Ritual é aquilo que condensa e sintetiza tudo que devemos aprender e praticar para atingirmos o objetivo proposto pela Ordem. Esses objetivos, inclusive, estão explícitos em nosso Ritual nas falas da Cerimônia de Iniciação.

Ou seja, de forma velada ou não, nossas Cerimônias foram escritas e pensadas com o objetivo de incutir esses objetivos em nossas mentes, vidas e práticas diárias, tornando-nos cidadãos, filhos, homens, profissionais melhores. Assim, a importância de darmos e de entendermos os significados presentes no Ritual é justamente para, então, poder pôr em prática essas lições! Afinal, como praticar algo que desconheço?

Além disso, como bem apresentado no texto de Dan Brown, lidar com Ritual, com alegorias e com símbolos exige uma “mente aberta” à reflexão e ao conhecimento, para poder fazer as associações necessárias e tirar o devido proveito dos ensinamentos.

E, para finalizar a análise deste texto, destacamos uma razão dos Rituais serem secretos. Fora de contexto, uma parte qualquer de nossas Cerimônias pode parecer estranha, sem sentindo ou com um sentido totalmente oposto para um leigo. Assim, o contato com o Ritual somente para os Iniciados garante, minimamente, que eles já conheçam os princípios gerais da Ordem e possam entender todas as práticas a partir desses princípios, sem deturpar nossas Cerimônias.

1.4 CONCLUSÕES

Encerramos este primeiro capítulo esperando que você tenha entendido que, justamente por ser plural, a abordagem simbólica não será o foco deste estudo. É, até mesmo, uma forma de respeito às diversas correntes interpretativas que existem para nossos símbolos e significantes. Em alguns momentos, durante a escrita deste estudo, será inevitável abordar alguns significados que são próprios do Ritual e/ou que estão consagrados pelo uso e pela tradição. Estes últimos serão abordados com ressalvas e, dependendo do caso, contestados.

Assim, nosso foco na prática do Ritual se deve, em especial, porque cremos que somente com o domínio da prática podemos, verdadeiramente, aprofundar os estudos simbólicos. Como dar significado para algo que você não conhece profundamente/integralmente? Além disso, na abordagem prática não há muito que se discutir: é o que ali está e pronto. Nosso Ritual foi escrito para ser executado tal como está e, portanto, qualquer vício deve ser superado.

Por fim, esperamos que tenham entendido que a superação do dilema das interpretações ritualísticas está justamente em não querer adotá-las como dogmas e verdade única. Dar espaço à plurissignificação, fundamentada e embasada, gera concórdia e favorece o campo de estudo e de pesquisa sobre o assunto. Assim, não esperem que saiam publicações oficiais do SCODB ditando e determinando significado para tudo aquilo que Marshall e Land deixam subentendido. Seria, isso, podar o poder criativo e a liberdade de pensamento de todos nós.

Notas:

O Manual de Práticas Ritualísticas (MPR) foi redigido e lançado em 2008, enquanto o novo Regulamento Geral DeMolay (RGD) do SCODB saiu em 2009. Ou seja, há diversas previsões que o MPR traz que divergem do RGD, nossa Lei Maior, e, portanto, não devem ser seguidas. Destacamos, contudo, que isso ocorre especialmente nos procedimentos Administrativos, ficando a Prática Ritualística “livre” disso, uma vez que o RGD não legisla sobre a Prática do Ritual.

Entenda “clandestino” como “não oficial”, mas não estamos desqualificando esses escritos.

Frank Marshall: autor do Ritual DeMolay.

Frank Sherman Land: fundador da Ordem DeMolay no Mundo.

O livro pode ser adquirido no blog do Irmão Yan,  http://rotinademolay.com/, e através da Loja Virtual do SCODB.

Se você possui algum material interessante sobre a Ordem, que se encaixe no objetivo da coluna Virtude Cardeal e do TdC, e queira compartilhar, envie-nos por email que estaremos avaliando: leoclacerda@gmail.com, fagolu@gmail.com.

N.N.D.N.N.

Leonardo Cestari Lacerda

Leonardo Cestari Lacerda é Sênior DeMolay do Cap. Imperial de Petrópolis, nº 470, e Maçom da A.’.R.’.L.’.S.’. Amor e Caridade 5ª, nº 0896.
Virtude Cardeal é uma coluna com o propósito de desenvolver a reflexão sobre características fundamentais de todo DeMolay, bem como apresentar a Ordem aos olhos dos forasteiros.

#VirtudeCardeal

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-dilema-das-interpreta%C3%A7%C3%B5es-ritual%C3%ADsticas

O Grande Computador Celeste – parte II

Olá crianças,

Segunda parte da explicação sobre Astrologia Hermética. Para entendê-la, precisamos conhecer melhor as doze principais energias que fazem parte do universo humano.

Energias e os 12 Signos

Nossa realidade é baseada em um conceito dual de energias que se complementam, que os orientais chamam de Yang e Yin, positiva e negativa, masculina e feminina, penetrante e penetrada, luz e sombra, calor e frio, etéreo e denso e por ai vai.

Se imaginarmos que no início dos tempos a energia primordial dividiu-se em duas (Yin e Yang). Mais tarde, estas duas energias dividiram-se novamente, originando 4 energias: Fogo (espírito, yang-yang), Água (emoção, yang-yin), Ar (razão, Yin-Yang) e Terra (físico, Yin-Yin). Como as combinações yin-yang e yang-yin estão em um mesmo nível de energia (que chamamos de mente, um meio termo entre corpo e espírito, formada pela razão e emoção), os ocultistas dividiam o nosso corpo em três partes (corpo, mente e alma).

Simples até agora?

Bem… com uma terceira divisão, considerando apenas 3 “patamares” energéticos (que os astrólogos chamam de Fixo (terra), Cardinal (Fogo) e Mutável (ar, água), chegamos a 12 energias diferentes que agem sobre o ser humano (observe a imagem que eu fiz para uma melhor compreensão). Deste pequeno gráfico chegamos à divisão dos signos em 4 grupos: Fogo (Áries, Leão e Sagitário), Água (Câncer, Escorpião e Peixes), Ar (Aquário, Gêmeos e Libra) e Terra (Capricórnio, Virgem e Touro). Outras pessoas preferem agrupar estas energias em 3 categorias: Cardinal (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio), Mutável (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes) e Fixo (Touro, Leão, Escorpião e Aquário) mas na verdade, tanto faz.

Cada um deste tipo de energia rege certas qualidades que precisam ser trabalhadas pelo ser humano no caminho para a ascensão: a iniciativa, o acumular, a comunicação, a emoção, a liderança, a autocrítica, a diplomacia, o poder, o alto astral, as restrições, o romper barreiras e o contato com o cósmico. Cada signo trabalha especificamente com um determinado tipo de energia. Se vocês quiserem algo mais detalhado, perguntem nos comentários que eu faço algum dia um post só sobre isso.

E, finalizando, cada tipo de energia (signo) possui ainda níveis de evolução, que chamamos de OITAVAS. Então, assim sendo, duas pessoas com um mapa astral idêntico (irmãos gêmeos, por exemplo) podem ter características totalmente diferentes. Vou dar um exemplo de oitavas para não nos alongarmos no assunto:

Áries. Em sua oitava mais baixa (energias menos desenvolvidas), temos pessoas irritadas, pavio-curto, nervosas, estressadas, impulsivas… Em uma oitava média, temos pessoas de ação, que gostam de ter iniciativa, que saem na frente, que não são molengas, que gostam de exercícios físicos, de “explosões”… Em oitavas mais altas temos líderes, pessoas que tomam a iniciativa para defender os fracos, que não recuam diante dos problemas, que enfrentam a tirania e assim por diante…

Agora juntemos os planetas e as energias.

Imagine que cada Planeta esteja associado a algumas características do ser humano: Sol (como você se expõe para os outros), Lua (como você é realmente), Mercúrio (como você pensa), Vênus (como você sente), Marte (como você briga), Júpiter (o que te facilita), Saturno (o que te atrapalha)… e assim por diante. Nenhuma destas associações é aleatória e todos estes planetas, energias e características estão intimamente associados às sephiras da Kabbalah, mas eu falo sobre isso outro dia. Hoje é apenas astrologia.

Desta forma, quando causamos uma interferência negativa no livre-arbítrio de outro ser (por exemplo, dano físico, representado por Marte, dano intelectual representado por Mercúrio, dano afetivo representado por Vênus, entre milhares de combinações), acumulamos “Karma negativo” e quando fazemos ações que colaboram com a evolução do planeta (ensinando, amando, auxiliando, construindo), acumulamos “Karma positivo” (note que isso não tem absolutamente NADA a ver com “Bem” e “Mau”, que são coisas totalmente humanas, mundanas e relativas).

Ao final de sua vida, tudo o que você fez de positivo e negativo fica arquivado (sim, os gregos já sabiam disso 2.500 anos atrás, e os Egípcios 6.000 anos atrás, com suas lendas sobre Anúbis e “pesar a balança”).

Além disto, entra em cena o Livre Arbítrio. Antes de nascer, cada pessoa se propõe a fazer alguma coisa nesta vida (“vou ajudar aquele irmão que prejudiquei na outra vida”, “vou cuidar de um orfanato”, “vou aprender a ser mais tolerante”, “vou ser mais organizado”, “vou me dedicar à música”, “vou aprender a ser mãe” e assim por diante). Tudo isso fica registrado e os orientais chamam isso de Dharma.

Com estes dados em mãos, os Engenheiros de Karma podem coordenar exatamente onde, quando e como uma alma deve retornar ao planeta, levando em conta outras almas que precisam passar por experiências semelhantes (ex. juntar um filho que precisa nascer cego com uma mãe que precisa aprender a tomar conta de alguém cego), seguindo o que chamamos de Lei de Afinidade.

Não apenas a Terra, mas TODOS os planetas do sistema solar são habitados (mesmo que nossos corpos físicos e equipamentos não possam detectá-los) e seguem o mesmo modelo de sincronicidade (Como diria um cara bem inteligente na Bíblia, “Há várias moradas na casa do meu Pai”), formando um único e gigantesco computador celestial, que funciona com mais precisão que o melhor dos relógios suíços.

Até a semana que vem, crianças,

Nosce te Ipsum…

#Astrologia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-grande-computador-celeste-parte-ii

Vênus-Afrodite: All you need is love!

Olá crianças,

Semana anterior falamos sobre a Razão: um dos 3 pilares da Magia e também dos 3 estados de consciência que precisam ser trabalhados e dominados dentro de cada um de nós. Falei sobre os deuses associados à razão, à lógica e ao entendimento e como os antigos utilizavam-se destas alegorias e representações para facilitar o domínio destes conceitos.

Hoje falaremos sobre o contraponto feminino em nossa mente. Associado ao elemento Água, ao naipe de taças (copas) e ao sagrado feminino, a Emoção está representada na esfera de Netzach.

Antes de prosseguir com a leitura desta matéria, recomendo que vocês leiam (ou releiam) o post sobre Hermes Trismegistrus antes de continuar.

Inanna

A representação mais antiga de Netzach era a deusa Inanna.

Inanna era a deusa do amor, do erotismo, da fecundidade e da fertilidade, entre os antigos Sumérios, sendo associada ao planeta Vênus.

Era especialmente cultuada nos enormes e importantes templos em Ur, mas era alvo de culto em todas as cidades sumérias.

Inanna surge em praticamente todos os mitos, sobretudo pelo seu carácter de deusa do amor (embora seja sempre referida como a virgem Inanna). Inanna representava também a primavera e as festividades relacionadas com o plantio. Sua história conta que como a deusa se tivesse apaixonado pelo jovem Dumuzi (um deus que antes era humano, representante das plantações, que todo ano morria e posteriormente era ressuscitado… já viram este mito em algum lugar antes?). Durante o Inverno, tendo Duzumi morrido, a deusa Inanna desceu aos Infernos para o resgatar dos mortos, para que este pudesse dar vida à humanidade, agora transformado em deus da agricultura e da vegetação no final dos tempos tenebrosos.

É cognata das deusas semitas da Mesopotâmia (Ishtar) e de Canaã (Asterote e Anat), tanto em termos de mitologia como de significado.

Ishtar

Da deusa Inanna, surgiu na suméria o culto a Ishtar.

Ishtar é a deusa mãe dos acádios, herança dos seus antecessores sumérios, cognata da deusa Asterote dos filisteus, de Isis dos egipcios, Inanna dos sumérios e da Astarte dos Gregos. Mais tarde esta deusa foi assumida também na mitologia Nórdica como Easter – a deusa da fertilidade e da primavera.

Esta deusa era irmã gêmea de Shamash (que era o deus solar – preste atenção que isto é importante!) e filha do deus Sin, o deus lunar (e isto também será importante). Até este momento da história, quando os homens não tinham muita certeza sobre como as mulheres geravam os filhos, as principais divindades eram todas matriarcais, e associadas ao Sol.

Assim como Inanna, Ishtar também é representada pelo planeta Vênus.

Eu já havia falado sobre os ritos sexuais do Hieros Gamos AQUI, AQUI e AQUI, então não vou repetir. Além destes rituais, o mais importante festival em honra a Ishtar consistia na Celebração do Equinócio da Primavera.

Neste ritual, os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam nos campos. Para quem não fez as contas ainda, o Equinócio da Primavera cai aproximadamente dia 21 de Março, inicio do período de plantações.

Estes ovos continham runas e magias de Sigil pintadas cuidadosamente sobre eles (ensinarei sobre magia de Sigil daqui algumas colunas). Estes ovos eram enterradas nos campos e, quando os ovos eram destruídos pelos arados, os desejos escritos nos ovos se realizavam. Esta é a origem dos ovos “coloridos” de “Páscoa” (na verdade, eles não eram apenas “pintados”, mas escritos com runas e sigils de várias cores, representando cada cor e símbolo dos desejos a serem realizados)… calma que chegaremos nos coelhos daqui a pouco.
[um parênteses – hoje em dia, quando alguém vai em um templo de Umbanda e Candomble e recebe uma instrução de um Exú ou Bombo-Gira para acender tantas velas de tal cor para realizar um pedido, ou quando amarramos fitas de cores específicas nos galhos de uma árvore no Japão, no festival de Tanabata, ou quando desligamos nossa mente pintando mandalas com areia colorida, estamos falando do MESMO tipo de magia ritualística, apenas em formas e culturas diferentes – fim do parênteses].

Ísis

Isis é a deusa suprema do panteão egipcio; a grande mãe, a grande deusa, a criadora da vida. Ela era descrita como tendo pele clara, olhos azuis e cabelos negros. Junto com Osíris e Hórus, fazia parte da trindade sagrada dos deuses egípcios.

As lendas diziam que suas sacerdotisas eram capazes de controlar o clima prendendo ou soltando seus cabelos. Seus sacerdotes conheciam como ninguém as artes de trabalhar com metalurgia. Assim como nas culturas anteriores, o culto à deusa-mãe que representava as forças da natureza era muito difundido. Ísis era a deusa da sabedoria, detentora de todos os poderes mágicos dentro nas iniciações das Pirâmides (o chamado “Véu de Ísis”). Repare no “carretel de empinar pipas” que ela carrega em sua mão esquerda. Mais tarde falaremos sobre ele.

Ísis era casada com seu irmão osíris e ambos governavam o Egito. Enquanto Osíris estava espalhando suas idéias de civilização pelo mundo, Isis governava o Egito. Porém, seu irmão Seth era um deus violento e invejoso e queria o trono para si. Quando Osíris retornou a Menphis, Seth convocou 72 auxiliares e o convidou para um banquete. Durante o jantar, ele mostrou um belíssimo baú e disse que qualquer pessoa que coubesse dentro dele seria seu dono. Osíris coube perfeitamente, mas Seth e seus seguidores fecharam o baú com chumbo derretido e jogaram a caixa no Nilo.

A caixa chegou na Fenícia, onde uma árvore de Tâmaras cresceu ao seu redor. Mais tarde, quando esta árvore foi cortada e levada para fazer um pilar de um templo no palácio do rei, o odor da árvore era tão maravilhoso e diferente que a história acabou chegando até os ouvidos de Ísis e Seth.

Seth chegou primeiro ao baú e despedaçou o corpo de Osíris em 14 pedaços, que espalhou pelo Egito. Quando Ísis conseguiu chegar até o baú, ficou desesperada e começou a procurar pelas partes de Osíris por toda a terra, até que conseguiu recuperar todas as partes de seu amado (exceto seu falo, que havia sido devorado por um caranguejo) e levá-lo para os pântanos da deusa cobra Buto. Ali, utilizando-se de magias de Thoth e Anubis, Ísis conseguiu reanimar a essência de seu amado tempo suficiente para gerar um filho (sem contato sexual), chamado Hórus. Ísis era considerada uma deusa-virgem até então, de onde pode-se dizer que Hórus nasceu de uma Virgem.

Hórus simboliza a criança do solstício de Inverno; a esperança que o sol mais uma vez surgirá após o tenebroso inverno.

Em seguida, Ísis realiza os ritos de embalsamar, preparando Osíris para a viagem ao Próximo Mundo. Ísis e Hórus permanecem no pântano de Buto até que Hórus esteja forte o suficiente para desafiar seu tio Seth.

Quando estava em idade adequada, foi chamado um conselho dos deuses e Hórus pediu a eles que recuperasse o trono que era seu por direito. Todos os deuses votaram para que o trono permanecesse com Seth, exceto Toth (a Razão). O trono permanecia com Seth.

Ísis começou a proferir maldições e Seth ficou furioso, ameaçando matar um deus por dia até que os deuses decidissem a seu favor. Para evitar maiores problemas, Rá ordenou que a votação fosse movida para um santuário em uma Ilha e deu instruções ao barqueiro Ani para que nenhuma mulher cruzasse aquelas águas.

Ísis, então, decidiu usar um estratagema: transformou-se em uma linda donzela e, disfarçada, subornou Ani para que a levasse até a ilha de santuário de Seth, onde o seduziu com sua beleza. Quando Seth estava prestes a cair em sua sedução, ísis contou a ele que era uma viúva com um filho, cuja herança em gado havia sido tomada injustamente por seu tio estrangeiro, e perguntou o que ela deveria fazer para ajudar o filho da viúva. Seth disse a ela que o filho dela era o verdadeiro herdeiro.

Ísis foi, então, até o conselho dos deuses onde contou a todos o que havia acontecido e, dado que o julgamento foi proferido pela própria boca de Seth, os deuses não tiveram outra alternativa senão entregar o trono a Hórus.

Seth pediu, então, que o trono fosse disputado em uma batalha entre os dois e o conselho concordou. A partir de então, os dois deuses combatem, sendo responsabilidade de Toth velar para que haja sempre equilíbrio entre as estações.

Ísis era considerada uma deusa LUNAR. Ao contrário de suas predecessoras, que eram divindades solares, a partir do Egito as deusas femininas que possuem as atribuições sexuais e de fertilidade passam a adquirir atributos lunares. Isto se deve, em parte à associação do ciclo menstrual feminino (de 28 dias) com os ciclos lunares e, em parte, com a tomada do poder pelo patriarcado, que elevou o Sol à categoria de deus masculino dominador todo-poderoso.

Afrodite

De acordo com a Teogonia, de Hesíodo, Afrodite nasceu quando Urano (pai dos titãs) foi castrado por seu filho Cronos/Saturno, que atirou os genitais cortados de Urano ao mar, que começou a ferver e a espumar, esse efeito foi a fecundação que ocorreu em Tálassa, deusa primordial do mar. De aphros (“espuma do mar”), ergueu-se Afrodite e o mar a carregou para Chipre. Assim, Afrodite é de uma geração mais antiga que a maioria dos outros deuses olímpicos.

Após destronar Cronos, Zeus ficou ressentido pois tão grande era o poder sedutor de Afrodite que ele e os demais deuses estavam brigando o tempo todo pelos encantos dela, enquanto esta os desprezava a todos. Como vingança e punição, Zeus fê-la casar-se com Hefesto, que usou toda sua perícia para cobri-la com as melhores jóias do mundo, inclusive um cinto mágico do mais fino ouro, entrelaçado com filigranas mágicas. Segundo Homero, Afrodite e Hefesto se amavam mas, pela falta de atenção deste, que estava sempre envolvido com os trabalhos encomendados pelos deuses, Afrodite começou a trair o marido com Ares.

Suas festas eram chamadas de “Festas Afrodisíacas” e eram celebradas por toda a Grécia, especialmente em Atenas e Corinto. Suas sacerdotisas eram consideradas prostitutas sagradas, que representavam a própria Afrodite, e o sexo com elas era considerado um meio de adoração e contato com a Deusa. Com o passar do tempo, e com a substituição da religiosidade matriarcal pela patriarcal, Afrodite passou a ser vista cada vez mais como uma Deusa frívola e promíscua, como resultado de sua sexualidade liberal.

Afrodite/Vênus representa as paixões incontroladas, o espírito deixado levar pelo sentimento, as forças primordiais do SENTIR, incontroláveis. Vênus simboliza a emoção pura. O desejo, ciúmes, amizade, amor, ódio, luxúria, a arte, inspiração, etc… todos os sentimentos que não podem ser controlados pela Razão são de domínio de Vênus. Tudo o que não pode ser contabilizado, quantificado ou racionalizado pertence à Esfera de Vênus… a esfera de Netzach.

Eostre

Eostre ou Ostera é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica. A primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados.

A lebre (e NÃO um coelho) era seu símbolo. Suas sacerdotisas eram capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada (claro que a versão “coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?” é bem mais comercialmente interessante do que “Lebre de Eostre, o que suas entranhas trazem de sorte para mim?”, que é a versão original desta rima.

A lebre de Eostre pode ser vista na Lua cheia (vide desenho neste post) e, portanto, era naturalmente associada à Lua e às deusas lunares da fertilidade.

De seus cultos pagãos originou-se a Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida e misturada pelas comemorações judaico-cristãs. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora” (ou novamente, o planeta Vênus). É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento chamado de Ostara.

Afrodite/Vênus na Kabbalah

A Árvore da Vida representa um mapa dos estados de consciência humanos. Vamos falar mais detalhadamente sobre isso em posts futuros, mas vou fazer a referência agora e vocês podem retornar e ler novamente este texto mais tarde, ok?

Em razão de sua ligação com o amor incondicional e com as emoções, Vênus está associado na Kabbalah à sétima esfera (sephira), chamada Netzach (Vitória). Netzach representa a emoção pura, o amor, desejo, luxúria, as águas torrentes das paixões. Enquanto Hod, sua contraparte racional, é simbolizada pelos ventos frios do deserto, Netzach é associada ao elemento Água e ao lado feminino de nossos pensamentos.

Netzach está associado ao planeta Vênus, ao metal cobre, ao incenso de benzoin e rosas, às rosas, à cor verde, à esmeraldas, velas e aos cinturões. Netzach influencia os Caminhos de Qof (29), a “antiga bruxa”, a conexão entre o Emocional e o Plano Físico, representado pelo sentimento que deu origem a todas as grandes festividades ao redor das fogueiras; Tzaddi (28) a “Estrela”, que liga as fortes conexões entre o Plano Astral e o Emocional. É um caminho tão importante que Aleister Crowley o substituiu com o caminho de Heh (Imperador) no cruzamento do Abismo (falaremos sobre isto mais adiante, mas por enquanto, lembrem-se da frase “Todo Homem e toda Mulher é uma estrela”). Peh (27), a Torre, o caminho turbulento que conecta a esfera da Razão Pura à esfera da Emoção Pura. Imaginar este estado de consciência é como colocar um fanático cético com um fanático religioso para discutir. Mais cedo ou mais tarde, a estrutura vai rachar ao meio.

Da conexão entre Netzach e Tiferet está Nun (24), a terrível Morte através do sacrifício pela Humanidade, a maneira do caminho da Mão Direita para se chegar a Ascensão. A frase usada ad nauseam pelos católicos e evangélicos (“Jesus morreu para nos salvar”) vem de uma má interpretação ou de uma interpretação literal deste caminho. O quinto caminho, conectando os rituais de fertilidade com a esfera da prosperidade (Hesed) é o caminho de Koph (21), também conhecido como a “Roda da Fortuna”, que rege os ciclos da natureza.

Assim como os excessos de Hod criam os fanáticos-céticos, os excessos de Netzach criam os fanáticos religiosos: Aqueles que acreditam em algo baseados apenas na fé, sem razão nem imaginação. Como eu já disse alguns posts atrás, fanáticos ateus e fanáticos religiosos são duas faces da mesma moeda, e aqui está a demonstração. Sem equilíbrio e domínio dos quatro elementos não vamos a lugar nenhum, ficando perdidos e isolados nestas esferas que, como vocês podem observar, ocupam o mesmo grau dentro do mapa da consciência humana.

Os símbolos de Vênus

O primeiro e mais conhecido deles é o Pentagrama. Observando o céu e anotando a posição da “Estrela Matutina” durante 8 anos, o traçado do chamado “período sinódico” de Vênus forma um Pentagrama (período sinódico é o tempo que um planeta leva para retornar a uma mesma posição em relação ao sol por um observador na Terra – observe o desenho ao lado).

O outro símbolo de Vênus, que também é a sua representação planetária utilizada por cientistas e ocultistas, é este que está representado ao lado. Ele possui a chave para entender o caminho de Nun através da Mão Direita (somente através do amor e do sacrifício pela humanidade é que se consegue atingir a Iluminação).

Examinemos o símbolo de Vênus por um momento: um círculo sobreposto a uma cruz. A cruz representa o Plano Material e o Microcosmos, enquanto o círculo representa o Espírito e o Macrocosmos. A cruz representa o ciclo de reencarnações, os quatro elementos que precisam ser dominados para se chegar até o estado de Iluminado, enquanto o círculo representa o ciclo divino, já fora da Roda de Samsara. O ponto central do símbolo é a esfera de Tiferet – O Sol.

Também quero que vocês prestem atenção na estrutura da Árvore da Vida. Quando estudamos as relações entre o Microcosmo e o Macrocosmo na alquimia, podemos sublinhar alguns dos caminhos mais relevantes para este processo de Autoconhecimento: Aleph, Beth, Vav, Chet, Yod, Lamed, Sameck, Peh e o mais importante de todos: Tav.

Vamos ver o que acontece quando eu seleciono estes caminhos no diagrama:

Vejam só, crianças… que símbolo curioso surgiu!

Não é um prendedor de cinto de Ísis e muito menos um segurador de pipas, como os céticos acreditam. É o símbolo da Árvore da Vida, retratado pelos Antigos Egípcios através do Ankh, o Símbolo da VIDA ETERNA.

E qual seria a razão pela qual o símbolo astronômico de Vênus e o Símbolo da Árvore da Vida e do caminho até Deus serem os mesmos?

Porque… não importa quanto conhecimento você adquira (Hod), não importa o quanto você seja fodão em alquimia e magia (Yesod), não importa o quão rico e bem estruturado você esteja no Plano Material (Malkuth), sem AMOR você não vai chegar a lugar nenhum.

E o Símbolo de Netzach/Vênus representa o “Tudo o que está acima é igual ao que está abaixo”. De nada adianta um mundo com tecnologia melhor que a Atlântida se a humanidade continua fazendo as mesmas merdas… e 2012 está logo ai.

Love, love, love, love, love, love, love, love, love.

There’s nothing you can do that can’t be done.

Nothing you can sing that can’t be sung.

Nothing you can say but you can learn how to play the game

It’s easy.

There’s nothing you can make that can’t be made.

No one you can save that can’t be saved.

Nothing you can do but you can learn how to be in time

It’s easy.

All you need is love, all you need is love,

All you need is love, love, love is all you need.

Love, love, love, love, love, love, love, love, love.

All you need is love, all you need is love,

All you need is love, love, love is all you need.

There’s nothing you can know that isn’t known.

Nothing you can see that isn’t shown.

Nowhere you can be that isn’t where you’re meant to be.

It’s easy.

All you need is love, all you need is love,

All you need is love, love, love is all you need.

All you need is love (all together now)

All you need is love (everybody)

All you need is love, love, love is all you need.

#Alquimia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/v%C3%AAnus-afrodite-all-you-need-is-love

Os Protocolos dos Sábios do Sião

Os Protocolos dos Sábios de Sião ou Os Protocolos de Sião são um texto, surgido, originalmente, em idioma russo. Alguns dizem ter sido forjado em 1897 pela Okhrana (polícia secreta do Czar Nicolau II), que descrevia um projeto de conspiração para que os judeus atingissem a dominação mundial. Outros, que foi roubado de uma mansão na Rússia, tendo sido posteriormente entregue ao Czar. Após lê-lo, esse teria se lamentado dizendo: “Demasiado tarde”. O texto foi traduzido do original para vários idiomas.

Muitos judeus afirmam que o seu propósito era político: reforçar a posição do Czar Nicolau II, apresentando alguns de seus oponentes como aliados de uma gigantesca conspiração para a conquista do mundo. Segundo esses, o Czar já via no Manifesto Comunista de Marx e Engels, de 1848, uma ameaça. Como Marx era judeu alemão de nascimento, e pregava um regime político onde a religião seria banida (mesmo mantendo contato escrito com diversos líderes sionistas por toda a vida e considerando ainda que a religião judaica foi permitida pelo regime que dominou a Rússia após a queda do Czar), a “ameaça judaica poderia ser fundamentada.”

O texto é no formato de uma ata que teria sido redigida por uma pessoa num Congresso realizado a portas fechadas, numa assembléia em Basiléia, no ano de 1807, onde um grupo de sábios judeus e maçons teriam-se reunido para estruturar um esquema de dominação mundial. Nesse evento, teriam sido formulados planos como os de usar uma nação européia como exemplo para as demais que ousassem se interpor no caminho dessa dominação, controlar o ouro e as pedras preciosas, criar uma moeda amplamente aceita que estivesse sob seu controle, confundir os “não-escolhidos” com números econõmicos e físicos e, principalmente, criar caos e pânico tamanhos, que fossem capazes de fazer com que os países criassem uma organização supranacional, sob controle sionista, capaz de interferir em países rebeldes.

Em 1920, Lucien Wolf publicou “The Jewish Bogey and the Forged Protocols of the Learned Elders of Zion” (London: Press Committee of the Jewish Board of Deputies. Numerosas investigações repetidamente provaram tratar-se de um embuste, especialmente uma série de artigos do The Times of London, de 16 a 18 de agosto de 1921, o que leva a crer que muito do material utilizado no texto era plágio de Serge Nilus ou Serguei Nilus de sátiras políticas existentes (principalmente do livro “O diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu”, do escritor Maurice Joly, publicado em 1865) que não tematizavam a questão anti-semita. Outras investigações apontaram para uma direção oposta, mas essas foram todas ridicularizadas ou rechaçadas por organizações judáicas, até mesmo em tribunais, tendo sido acusadas de anti-semitismo.

Segundo algumas dessas investigações, a base da história dos Protocolos, como circula desde então, foi criada por um novelista alemão anti-semita, chamado Hermann Goedsche que usou o pseudônimo de Sir John Retcliffe. A contribuição original de Goedsche consistiria na introdução dos judeus como os conspiradores para a conquista do mundo. O jornal The New York Times republicou os textos, a 4 de Setembro de 1921.

Os Protocolos foram publicados nos EUA, num jornal de Michigan, cujo proprietário era Henry Ford (o criador dos carros Ford), ele mesmo, autor de um livro chamado de O Judeu Internacional. Mesmo após as denúncias, por parte de toda a imprensa judaica, de fraude, o jornal continuou a citar o documento. Adolf Hitler e seu Ministério da Propaganda citaram os Protocolos para justificar a necessidade do extermínio de judeus há mais de 10 anos antes da Segunda Guerra Mundial. Segundo a retórica nazista, a conquista do mundo pelos Judeus, descoberta pelos russos em 1897, estava obviamente sendo ainda levada a cabo 33 anos depois.

No Brasil, Gustavo Barroso, advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista brasileiro, diretor do Museu Histórico Nacional, presidente da Academia Brasileira de Letras por duas vezes e membro do movimento de extrema-direita Ação Integralista Brasileira, publicou pela Editora Civilização Brasileira a primeira tradução em português e, por isso, foi, apesar de todos os seus títulos e a despeito do amor que nutria pelo Brasil, relegado ao esquecimento, como todos aqueles que ousam citar esse livro.

Paulo Coelho, por sua vez, recorda que o Protocolos foi publicado simultâneamente na Inglaterra (Eyre & Spottiswoode Publishers) e na Alemanha (Verlag Charlottenburg), transcrevendo, de forma grosseira, determinadas idéias anti-semitas difundidas por Serge Nilus (ainda que o livro, em momento algum, pregue qualquer tipo de agressão física ou moral ao povo semita) (“O grande no pequeno e o Anti-Cristo como possiblidade imediata”. São Petesburgo, 1902). Em 1931, Anton Idovsky, um velho e desencantado monarquista, disse ter forjado os Protocolos, simplesmente porque o gerente de um banco judeu lhe havia recusado um empréstimo. Idovsky afirmou ter copiado as idéias centrais do livro de Joly.

A história teria-se encerrado aí, caso, dois anos mais tarde, em 1933, Adolf Hitler não tivesse subido ao poder, na Alemanha, uma vez que foi esta obra que os nazistas utilizaram, perante o meio intelectual alemão, para justificar o genocídio de judeus nos campos de concentração.

O uso distorcido dos Protocolos por Hitler pode ser visto nesta tradução do Mein Kampf (1925-1926), capítulo XI, Nação e Raça: “… até que ponto toda a existência desse povo é baseada em uma mentira continuada incomparavelmente exposta nos Protocolos dos Sábios de Sião, tão infinitamente odiado pelos judeus. Eles são baseados num documento forjado, como clama o jornal Frankfurter Zeitung toda semana: é a melhor prova de que eles são autênticos. O que muitos judeus fazem inconscientemente, aqui é exposto de forma consciente. E é isso o que importa. É completamente indiferente de qual cérebro judeu essa revelação se originou; o importante é que, com uma certeza positiva e terrível, eles revelam a natureza do povo judeu e expõem seus contextos internos bem como seus objetivos finais. Todavia, a melhor crítica aplicada a eles é a realidade. Qualquer um que examine o desenvolvimento histórico dos últimos 100 anos, do ponto de vista deste livro, vai entender de uma vez os gritos da imprensa judaica. Agora que este livro se tornou uma propriedade do povo, a ameaça judaica é considerada como interrompida (pgs 307-308)”

León Poliakov de ascendência judaica, aponta que tal texto é uma falsificação da polícia secreta do Czar Nicolau II da Rússia, sendo seu mais “duradouro legado intelectual”.

Will Eisner (1917-2005), filho de imigrantes judeus-americanos, um dos mais conhecidos propagandistas das causas semitas e escritor de livros sobre as histórias de horror vividas por ele durante a segunda guerra (muitas posteriormente desmentidas), conhecia desde pequeno a história do panfleto Protocolos dos sábios de Sião: “por bastante tempo o releguei à biblioteca da literatura perversa, ao lado do Mein Kampf (Minha luta, de Hitler)” escreveu na apresentação do seu livro, que também ilustrou, O complô (Companhia das Letras), sobre a história secreta dos Protocolos. Na introdução, Umberto Eco se pergunta como tal livro resiste às provas de que é falso. E responde: “Não são os Protocolos que geram anti-semitismo; é a profunda necessidade das pessoas de isolarem um inimigo, que as leva a acreditar nos Protocolos”.

#Conspirações

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-protocolos-dos-s%C3%A1bios-do-si%C3%A3o

Mapa Astral de Franz Bardon

Franz Bardon, também chamado Frabato e Meister Arion, nome de batismo František Bardon (Kate?inky, 1º de dezembro de 1909 – Brno, 10 de julho de 1958) foi um mago de palco, naturopata, grafólogo, professor e estudioso de magia, mas é mais conhecido atualmente por ter escrito três volumes científicos sobre o Hermetismo prático: O Caminho do Verdadeiro Adepto, Die Praxis der magischen Evokation (A Prática da Evocação Mágica) (abrev.: PEM) e Der Schlüssel zur wahren Quabbalah (A Chave para a Verdadeira Quabbalah), três livros que são essenciais na biblioteca de qualquer estudante de hermetismo.

O Mapa de Franz Bardon mostra Sol em Sagitário, Lua em Câncer-Leão (Cavaleiro de Bastões), Marte e Saturno em Áries, Vênus e Urano em capricórnio e Caput Draconis em Gêmeos. Por não termos o horário de seu nascimento, não podemos afirmar nada sobre as casas ou o Ascendente.

Seu planeta mais forte é Júpiter em Libra, com 7 Aspectações. Isto dá a pista que o mapa é voltado para a comunicação e o entendimento de outras pessoas; o Sextil de 0,5 graus com o Sol e com Mercúrio em Sagitário (como vimos anteriormente, o “mercúrio dos filósofos”, indica alguém com facilidade para compreender os relacionamentos e ações daqueles ao seu redor e colocar estas idéias organizadas no papel.

Podemos afirmar também que é o mapa de alguém pioneiro, que sempre segue em frente e supera o próximo obstáculo que aparece. A combinação de Marte e Saturno em Áries dá a Franz a coragem de um verdadeiro soldado: ousado, porém tático (reforçando este aspecto de honestidade e seriedade, temos Vênus e Urano em Capricórnio… definitivamente não era alguém que veio ao planeta à passeio).

Para completar, a Lua em Leão (bem próxima de câncer, o que chamamos de arquétipo do Cavaleiro de Bastões) dá a ele a auto-estima e auto-confiança que reforçam as energias arianas, ao mesmo tempo em que carregam consigo a preocupação e a necessidade de cuidar dos outros. Energias muito bem utilizadas em um médico ou mágico de palco.

Este Mapa é muito interessante de ser estudado em detalhes, pois mostra como alguém consegue trabalhar diversos Planetas em oposição de uma maneira brilhante e deixando um legado extremamente significativo em sua área de pesquisas. Franz Bardon direcionou seus esforços para muitas áreas diferentes, sempre conseguindo condensá-las e organizá-las de maneira prática e didática. Sem dúvida nenhuma, um dos maiores estudiosos de Magia e Hermetismo que tivemos no século XX.

#Astrologia #Biografias

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Templários, Hospitalários, Teutônicos

Publicado no S&H dia 30/9/09,

Semana passada vimos todas as bases históricas que acabaram gerando o Início das Cruzadas, incluindo a formação dos Cavaleiros Templários. Muita gente confunde Templários com Cruzados, misturando tudo em um mesmo saco, mas estas duas classificações militares eram MUITO, mas MUITO diferentes, tanto em sua origem quanto em seus propósitos:
Os Templários eram nobres (a maioria do Sul da França), iniciados nos conhecimentos do oriente e com uma visão de religiosidade muito mais próxima do Catarismo do que do Catolicismo; já os Cruzados eram uma massa de manobra do Vaticano, para tentar recuperar Jerusalém das mãos dos Muçulmanos, custe o que custar.

A Primeira Cruzada
Foi chamada também de Cruzada dos Nobres ou dos Cavaleiros. Ao pregar e prometer a salvação a todos os que morressem em combate contra os pagãos (leia-se, muçulmanos) em 1095, o Papa Urbano II estava a criar um novo ciclo na história mundial.
É certo que a idéia de juntar um bando de gente armados com espadas e tocha e mandá-los para matar os inimigos hereges não era algo totalmente novo, pois já no século IX se declarava que os guerreiros mortos em combate contra os muçulmanos na Sicília mereciam a salvação eterna. Mas desta vez a salvação não era prometida numa situação excepcional.
Urbano II declarou que não apenas todos os pecados dos cruzados seriam perdoados, mas que todo aquele que morresse nesta “Guerra Santa” teria seu lugar garantido no Céu. O problema com isso é que a Primeira cruzada acabou “recrutando” todo tipo de bandido, estuprador, mercenário e vilão que você puder imaginar. Todo aquele que era um pária na Europa enxergou na cruzada uma chance de desaparecer de seus algozes, ficar com a ficha limpa e ao mesmo tempo matar, pilhar e destruir à vontade “em nome de Jesus”. Tudo gente finíssima nas cruzadas…

Por volta de 1097, um exército de 30 mil homens, dentre eles muitos peregrinos, cruzou a Ásia Menor, partindo de Constantinopla. A cruzada dos cavaleiros, possuindo recursos, embora progredindo devagar, fizera um acordo com o imperador de Bizâncio de lhe devolver os territórios conquistados aos turcos. Esse acordo seria desrespeitado, claro, à medida que o mal-entendido entre as duas partes cresceria.

E quem eram os “nobres” das cruzadas?
Imagine que você seja um nobre europeu feudal do século X ou XII. O filho primogênito era tradicionalmente o herdeiro de tudo o que o seu pai tivesse, e era devidamente preparado para assumir as responsabilidades de vassalo ou nobre de acordo com a posição das terras de seu pai; o filho mais novo era, por tradição, destinado à Igreja ou ao Clero, para manter o povo sob o domínio do Cristianismo: eram enviados para os mosteiros para estudar ou para serem introduzidos no catolicismo (desculpem pelo trocadilho…). As nobres fêmeas eram leiloadas em grandes festas junto a outros nobres, dentro de acordos políticos e diplomáticos realizados entre os Senhores Feudais; fora do Sul da França e dos Territórios Celtas, as mulheres não tinham muito poder de decisão de nada, sendo valorizadas mais por sua beleza do que por seus atributos mentais (estas festas deram origem ao que hoje em dia chamamos de “Festas de Debutantes”). Aos irmãos “do meio”, sobrava um abraço e um aperto de mão: não tinham direito a nada.
Neste aspecto, as Cruzadas se ofereciam para eles como algo realmente tentador: comandar um monte de crentes, peregrinos, bandidos e assassinos “em nome de Jesus”, matar vários hereges e, quem sabe, virar um nobre dono de terras no Além Mar? Parecia uma ótima idéia!

As tensões entre os bizantinos e os cruzados
Os bizantinos queriam um grupo de mercenários solidamente enquadrados ao qual se pagasse o soldo e que obedecessem às ordens – não aquelas turbas de remelentos indisciplinados; por outro lado, os cruzados não estavam dispostos, depois de tantos sacrifícios, a entregar o que obtinham.
Apesar da animosidade entre os líderes e das promessas quebradas entre os cruzados e os bizantinos que os ajudavam, a Cruzada prosseguiu. Os turcos estavam simplesmente desorganizados. A cavalaria pesada e a infantaria franca não tinham experiência em lutar contra a cavalaria leve e arqueiros turcos, e vice-versa. No final das contas, a resistência e a força dos cavaleiros venceram a campanha em uma série de vitórias, a maioria muito difíceis.

Em 19 de Junho de 1097, os cruzados cercaram e tomaram Nicéia, devolvendo-a aos bizantinos, e logo tomaram o rumo de Antioquia. Em julho, foram atacados pelos turcos em Dorileia, mas conseguiram vencê-los e, após penosa marcha, chegaram aos arredores de Antioquia em 20 de outubro. A cidade de Antioquia somente cairia, após longo cerco, a 3 de Junho de 1098, com a ajuda de um sentinela armênio que facilitou a entrada dos cruzados nas muralhas da cidade. Seguiu-se um saque terrível da população muçulmana da cidade, que ficou na posse de Boemundo de Taranto, o chefe dos normandos.

Godofredo de Bulhão, após longo cerco, conquistou Jerusalém atacando uma guarnição fraca em 1099. A repressão foi violenta. Segundo o arcebispo Guilherme de Tiro, a cidade oferecia tal espetáculo, tal carnificina de inimigos, tal derramamento de sangue que os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.
Conta-se que haviam rios de sangue correndo pelas ruas da cidade…

Godofredo de Bulhão ficou só com o título de protetor e, à sua morte, Balduíno, seu irmão, proclamou-se rei. Após a vitória, era preciso organizar a conquista. Para dividir os territórios conquistados entre os principais nobres que participaram da matança, surgiram quatro estados cruzados, conhecidos coletivamente como Outremer (“Ultramar”), do norte para o sul: o Condado de Edessa, o Principado de Antióquia, o Condado de Trípoli, e o Reino de Jerusalém.

O sucesso da primeira cruzada pelas tropas de Noobs foi até certo ponto uma surpresa e ocorreu porque os cruzados chegaram num momento de desordem naquela periferia do mundo islâmico. Uma vez conquistado o território ao inimigo, os cruzados, cujos desentendimentos com os bizantinos começaram ainda durante a campanha, não mais quiseram devolver as terras aos seus irmãos de fé cristã do Império Bizantino. Balduíno teria dito, inclusive, para o Imperador Bizantino a seguinte frase: “Perdeu, playboy”.

Muitos dos combatentes retiraram-se de Jerusalém (incluindo os grandes senhores), mas um núcleo ficou (cálculos chegam a falar de algumas centenas de cavaleiros e um milhar de homens a pé). As cidades principais (como Antioquia e Edessa) tornarem-se capitais de principados e reinos (embora Jerusalém fosse de certo modo o centro político e religioso), com outras marcas a protegê-los.
O sistema feudal foi transplantado para o oriente com algumas alterações: muitas vezes, em vez de receber feudos, os cavaleiros eram pagos com direitos ou rendas (modalidade que existia também na Europa). As cidades mercantis italianas tornaram-se fundamentais para a sobrevivência desses estados: permitiram a chegada de reforços e interceptar os movimentos das esquadras muçulmanas, tornando o Mediterrâneo novamente um mar navegável pelos ocidentais.

Mas os muçulmanos iriam reagir…
De qualquer modo, nos anos seguintes, com a euforia da vitória, mais voluntários seguiram para o Oriente. Os contingentes seguiam por nacionalidades, continuando pouco organizados. As motivações eram variáveis: se alguns pretendiam obter novos feudos, ou redimir-se das suas faltas, havia também aqueles que “apenas” pretendiam ganhar batalhas, cobrir-se de glória, bênçãos espirituais, e voltar para a sua terra.
Os governantes cruzados encontravam-se em grande desvantagem numérica em relação às populações muçulmanas que eles tentavam controlar. Assim, construíram castelos e contrataram tropas mercenárias para mantê-los sob controle. A cultura e a religião dos francos era muito estranha para cativar os residentes da região.

Por aproximadamente um século, os dois lados mantiveram um clássico conflito de guerrilha. Os cavaleiros francos eram muito fortes, mas lentos. Os árabes não agüentavam um ataque da cavalaria pesada, mas podiam cavalgar em círculo em volta dela, na esperança de incapacitar as unidades dos francos e fazer emboscadas no deserto. Os reinos cruzados localizavam-se, em sua maioria, no litoral, pelo qual eles podiam receber suprimentos e reforços, mas as constantes incursões e o infeliz populacho mostravam que eles não eram um sucesso econômico.

Ordens de monges cavaleiros foram formadas para lutar pelas terras sagradas. Os cavaleiros templários e hospitalários eram, em sua maioria, francos. Os cavaleiros teutônicos (Teutonicorum) eram germânicos. Esses eram os mais bravios e determinados dos cruzados, mas nunca foram suficientes para fazer a região ficar segura, ao contrário do que é ensinado nas escolas. Os reinos cruzados só sobreviveram por um tempo, em parte porque aprenderam a negociar, conciliar e jogar os diferentes grupos árabes uns contra os outros (mas onde que a educação escolar católica brasileira vai admitir que os “guerreiros de Deus” negociavam, manipulavam e conciliavam com os hereges?).

Os Templários
Oficialmente, a Ordem foi fundada por Hugo de Payens após a Primeira Cruzada, em 1119, com a finalidade de defender a Terra Santa dos ataques dos maometanos, mantendo os reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente.
Os seus membros faziam voto de pobreza e seu símbolo passou a ser um cavalo montado por dois cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede (junto ao local onde existira o Templo de Salomão, em Jerusalém) do voto de pobreza e da fé em Cristo surgiu o nome “Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”. Sua bandeira consistia em uma cruz vermelha sobre um fundo mosaico preto-e-branco; nos templos, esta bandeira era representada pelo pavimento mosaico.
A regra dessa ordem religiosa de monges guerreiros (militar) foi escrita por São Bernardo. A sua divisa foi extraída do Livro dos Salmos: “Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam” (Sl 115,1) que significa “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória”.
O seu crescimento vertiginoso, ao mesmo tempo que ganhava grande prestígio na Europa, deveu-se ao grande fervor religioso e à sua incrível força militar. Os Papas guardaram a ordem acolhendo-a sob sua imediata proteção, excluindo qualquer intervenção de qualquer outra jurisdição fosse ela secular ou episcopal. Não foram menos importantes também os benefícios temporais que tal ordem recebeu dos soberanos da Europa.
O poder da Ordem tornou-se tão grande que, em 1139 que o papa Inocêncio II emitiu um documento declarando que os templários não deviam obediência a nenhum poder secular ou eclesiástico, apenas ao próprio papa.
Um contemporâneo (Jacques de Vitry) descreve os Templários como “leões de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus amigos“.
Levando uma forma de vida austera não tinham medo de morrer para defender os cristãos que iam em peregrinação a Terra Santa. Como exército nunca foram muito numerosos (não passavam de 400 cavaleiros em Jerusalém no auge da ordem), mesmo assim foram conhecidos como o terror dos maometanos.

Os Hospitalários
Por volta de 1099, alguns mercadores de Amalfi fundaram em Jerusalém, sob a regra de S. Bento e com a indicação de Santa Maria Latina, uma casa religiosa para recolha de peregrinos. Anos mais tarde construíram junto dela um hospital que recebeu, de Godofredo de Bulhão, doações que lhe asseguraram a existência, desligou-se da igreja de Santa Maria e passou-se a formar congregação especial, sob o nome de São João Baptista.
Em 1113, o Papa nomeou-a congregação, sob o título de São João, e deu-lhe regra própria. Em 1120, o francês Raimundo de Puy, nomeado Grão-Mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.
“Hospitalários” vem da palavra “Hospício”, que naquele tempo tinha a conotação de local para tratamento e/ou hospedagem de pessoas doentes ou pobres sem gratificação, monetária ou econômica, ao serviço prestado. Então quando vocês lerem por ai que os Hospitalários eram proprietários de vários hospícios (Hospices) na Terra Santa, não vão achar que eles eram psiquiatras! (se bem que… dada todas as condições de horror das batalhas, pensando bem, não era um nome tão inapropriado assim…). Do seu nome, vem a palavra “Hospital” que usamos até hoje como sinônimo para “Edifício onde se tratam os doentes”. Mais tarde, veremos que a Ordem irá mudar seu nome e local de sede por motivos alheios à sua vontade, adotando uma nova bandeira que hoje é mundialmente conhecida.

Os Teutônicos
Fundados no Acre a partir do século XII (mas cuja origem precisa remota a 1143, quando o Papa Celestino II pediu um destacamento especial de Hospitalários que falassem a língua germânica para tomar conta de um hospital especial para peregrinos alemães, o Domus Theutonicum), tinha originalmente o nome de “Cavaleiros Teutônicos do Hospital de Santa Maria em Jerusalém” (Ordo domus Sanctæ Mariæ Theutonicorum). Formados a partir de tropas germânicas, nunca tiveram um número muito grande de membros, pois todos os principais cavaleiros sempre tinham origem nobre. Durante os períodos mais complicados, eles recrutavam voluntários e mercenários, que não eram considerados do “Círculo Interno” da Ordem.
Seu primeiro grão mestre foi Henrich Walpot Von Bassenheim (governou de 1198 a 1200). Walpot recebeu em 1199 as regras de Monastério dos Templários das mãos deGilbert Horal, Grão mestre Templário na ocasião, e foi ele quem transformou a Ordem de médicos e protetores para monges guerreiros. Walpot morreu em batalha no Acre.
Os Teutônicos tiveram uma influência muito grande na defesa da região, mas quando os cristãos foram derrotados em 1211, os Teutônicos moveram sua sede para a Transilvânia, para ajudar a defender a Hungria dos ataques dos turcos muçulmanos.

A partir do próximo Post, farei as narrativas paralelas para que vocês entendam melhor as relações de amor e ódio existentes entre estas três Ordens Militares (e os Muçulmanos, e os Católicos, e os Cruzados e os Cátaros…)

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Textos relacionados no blog Teoria da Conspiração e na Wikipedia de Ocultismo.
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Outros textos interessantes:
– Carta Aberta dos Ateus ao Presidente
– O que são Sigilos Pessoais?
– IURD obrigada a indenizar terreiro
– Como lavar dinheiro em Igrejas Evangélicas
– Teoria das Supercordas
– As pesquisas de Michel Gauquelin
– Iniciação ao Hermetismo

#Templários

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/templ%C3%A1rios-hospital%C3%A1rios-teut%C3%B4nicos

Zaratustra, Mithra e Baphomet – parte III

Publicada originalmente no S&H dia 14/5/2008,

Acompanhando esta série “desvendando a origem dos demônios”, cujos posts iniciais estão AQUI e AQUI, o tio Marcelo explicará hoje sobre como surgiram os conceitos de Bem x Mal, deturpados na Igreja Católica e por conseguinte nas Evangélicas e caça-níqueis afins, para providenciar um campo fértil de “nós versus eles” e permitir que agregassem melhor o gado.

E se existia um deus “do bem”, seria necessário inventar deuses “do mal” para servirem como opositores. Para entender como surgiram os demônios, precisamos entender quem eram os deuses das religiões “adversárias” (Shaitanicas).

E, de quebra, também desvendaremos os mistérios de Baphomet!

Diabo, Diabolos e Daimon

Antes de prosseguir, é necessário fazer um adendo. Muitos religiosos gostam de inventar traduções adaptadas às suas necessidades para certas palavras, normalmente de maneira tosca e grosseira, mas que dependendo da erudição com que são colocadas, acabam enganando os desavisados. Uma das favoritas dos fanáticos religiosos é relacionar Daemon, Diabo ou Diabolos com “Acusador” ou “Caluniador”.

Pois bem: Daimon ou Daemon significa “gênio” ou “espírito”. São os Anjos da Guarda da mitologia católica. A palavra em grego para Daimon é “??????”. Já caluniador se escreve “??????????” e acusador “???’??????”, ou seja, palavras BEM diferentes.

Já Diabo vem de Diabolos, cujo significado está atrelado a outra palavra bem conhecida: Símbolos. Diabolos significa “Aquilo que nos separa” enquanto Símbolos significa “Aquilo que nos une”. Desta maneira, uma seita “diabólica” significa, no sentido correto da palavra, “uma seita que nos separa”. Já a relação entre símbolo e união é bem fácil: basta imaginar um time de futebol. O símbolo do time é o brasão que une os torcedores.

Assim falou Zaratustra

Zaratustra, às vezes chamado de Zoroastro, é o fundador do Zoroastrismo. Ele foi um verdadeiro iniciado, nascido na Pérsia cerca de 1.000 anos antes de Cristo. Desde muito cedo, Zoroastro já demonstrava sabedoria fora do comum; aos 15 anos realizava valiosas obras religiosas e era conhecido e respeitado por sua bondade para com os pobres e pelo sistema religioso-filosófico que criou.

Seus sacerdotes, os Magi (sábios), eram vegetarianos, reencarnacionistas, espiritualistas e conheciam muito bem a astrologia. Zoroastro reformulou uma religião chamada Mazdeísmo, com uma visão mais positiva do mundo.

Para entender melhor esta religião, precisamos estudar a estrutura social da época: os persas estavam divididos em três classes; os sacerdotes, os guerreiros e os camponeses. Os Ahuras (“senhores”) eram venerados apenas pela primeira classe, Mithra era um Ahura venerado na classe dos guerreiros; e os camponeses possuíam seus próprios deuses da fertilidade.

O Zoroastrismo prega a existência de um Deus único, Ahura Mazda (“Divindade Suprema”), a quem se credita o papel de criador e guia do universo (Keter, na Kabbalah). Desta divindade emanam seis espíritos, os Amesas Spenta (Imortais Sagrados), que auxiliam Ahura Mazda em seus desígnios.

São eles: Vohu-Mano (Espírito do bem), Asa-Vahista (Retidão suprema), Khsathra Varya (Governo Ideal), Spenta Armaiti (Piedade sagrada), Haurvatat (Perfeição) e Ameretat (Imortalidade). Estes seres travam uma batalha dentro de cada pessoa contra o princípio do mal: Angra Mainyu, por sua vez acompanhado de entidades malignas: O Mau pensamento, a mentira, a rebelião, o mau governo, a doença e a morte.

A grande questão do bem e do mal, colocada por Zoroastro, se resolve DENTRO da mente humana. O bom pensamento cria e organiza o mundo e a sociedade, enquanto o mau pensamento faz o contrário. Esta opção é feita no dia-a-dia da pessoa e ninguém pode fazer uma opção definitiva, pois este é um processo dinâmico e progressivo.

O nome Mithra (Sol) era visto como o “Deus da Luz”. Os vedas o chamavam de Varuna e os persas de Ahura Mazda.

Zoroastro teve muitos problemas em tentar implementar a religião monoteísta, tentando se opor aos sacerdotes de Mithra e os sacrifícios sangrentos dos touros. Zoroastro foi assassinado por sacerdotes de Mithra no templo de Balkh.

Após este período, o culto a Mithra floresceu. Seu dia sagrado, o Solis Invictus, é comemorado a 25 de Dezembro, mesma data do nascimento de Hórus e celebrando a “vinda da nova luz” (claro que não existia o dia 25 de dezembro com este nome, pois o calendário gregoriano só seria inventado muitos séculos depois; a data era calculada pelas luas e pelos astros para cair no Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano).

Mithra era considerado o “Filho de Deus”; filho de Ahura Mazda, recebeu a incumbência de matar o touro primordial. Mithra nasce em uma gruta (lembram-se do que falamos nas outras colunas sobre cavernas, certo?) e o céu é sua casa. Matar o touro é o motivo principal do culto mitraico.

Isto é tão importante para compreendermos várias coisas dentro de diversas culturas que eu vou repetir: “matar o touro é o motivo principal da religião mitraica”.

E tudo isto tem a ver com Astrologia e as precessões (você assistiu Zeitgeist, certo?). Então Mithra simboliza o signo de Áries (o guerreiro) substituindo o signo de Touro nas Eras Cósmicas.

Nos rituais Mitraicos, o boi era sacrificado e imolado (queimado), e sua carne e sangue eram oferecidos aos sacerdotes como oferendas de poder. Eles também consumiam vinho e realizavam rituais sexuais, onde através do sexo e do vinho, chegavam ao êxtase, ou a comunhão com Deus.

Do culto a Mithra também surge a história do Minotauro, onde a cada ano, sete pares de jovens eram oferecidos em seu sacrifício (representando os sete pecados capitais – falaremos mais sobre isto no futuro). Teseu, o guerreiro (Áries), encontra o caminho do labirinto e mata o minotauro (touro), restaurando a paz. A lenda de Teseu é uma derivação iniciática dos cultos a Mithra.

Outro aspecto cultural derivado do Mitraismo são as touradas. Nela, o guerreiro entra em uma arena (a arena representa a Terra) e precisa derrotar em combate o touro, tal qual Mithra fez com o touro primordial. No final da batalha, o touro é imolado e servido como banquete aos sacerdotes e guerreiros da irmandade.

Na bíblia temos referência ao touro quando Moisés desce do monte Sinai com os mandamentos (Kabbalah) e depara com os sacrifícios ao bezerro de ouro. Outra referência astrológica.

Posteriormente, os Essênios e Yeshua (Jesus) substituem o touro imolado e o sangue pelo pão e vinho egípcios: o pão representando o corpo de Osíris e o vinho o sangue de Osíris (“tomai e comei todos vós; este é o meu corpo e o meu sangue que é derramado por vós” é uma oração EGIPCIA e representa o sacrifício de Osíris). Jesus, como iniciado, estava celebrando o culto ao Deus-Sol na chamada “Santa Ceia”.

Com o tempo, as pessoas passaram a preferir a eucaristia vegetariana de Yeshua ao invés do banquete carnívoro de Mithra e o ritual de culto ao Deus-Sol acabou se transformando no que chamamos hoje de Eucaristia. Embora o ritual original tenha sido modificado e sobrevivido até os dias de hoje, de uma forma ou de outra.

Os celtas também tinham o costume de fazer sacrifícios ao Deus-Sol. Mas ao invés do touro, sacrificavam o Javali, símbolo do sol. Quem já leu as aventuras de Asterix sabe que toda vitória era comemorada com um grande banquete celebrado por toda a vila, em um Ágape Fraternal. O mesmo ocorria nas legiões romanas e entre os sacerdotes Mitraicos. Note que a távola redonda (ops, eu disse “távola”… eu quis dizer “Mesa”) ao redor da fogueira forma justamente o símbolo astrológico do SOL (um círculo com um ponto central).

Outro costume de Batismo de Fogo, muito popular entre os soldados romanos de alta patente, consistia no Taubólio, o ritual de sacrifício do touro. Sobre uma forte estrutura em forma de rede de aço, era imolado um touro pelos sacrificadores e seu sangue escorria sobre o iniciado, que fica abaixo desta estrutura, nu, em uma fossa escavada no chão. Ali recebe o sangue sobre a cabeça e banha com ele todo o seu corpo. Ao sair da fossa, todos se precipitavam à sua frente, saudando-o. Após a imolação, recolhiam-se os órgãos genitais do touro (cojones), que eram cozinhados, preparados e servidos ao iniciado.

Apesar de parecer nojento, o ritual é impressionante…

As tradições Mitraicas permaneceram em Roma até o século IV, coexistindo com o Cristianismo. Em 325 DC, o Concílio de Nicéia fixou o deus “verdadeiro” e iniciou-se a queda do culto a Mithra.
Mithra é o padrinho da Igreja Católica, já que roubaram sua festa de aniversário (25 de dezembro), seu dia de celebração (as missas são celebradas no Domingo de manhã – Dia do Sol e hora do sol), o chapéu que os papas, cardeais e bispos usam chama-se Mitra e o templo maior de Mithra ficava em um lugar conhecido como Colina Vaticano, que também foi “substituído” pela Igreja principal católica.

Tertuliano presenciou as cerimônias de culto à Mithra e chamou este ritual de “Paródia Satânica da Eucaristia”, ou “Missa Negra” e muitas das histórias bizarras inventadas sobre o “satanismo” foram derivadas destes cultos. Da distorção destas festividades surgiram as famosas “missas satânicas” nas quais se “usava uma mulher nua como altar, bebia-se sangue e comia-se carne ao invés de pão e vinho, os sacerdotes vestiam-se de preto e usavam o terrível pentagrama” e por ai vai. Uma mistureba de cultos celtas, gregos e mitraicos, com um pouco de criatividade mórbida para assustar os crentes e voilá.

No Concílio de Toledo, em 447, a Igreja publicou a primeira descrição oficial do diabo, a encarnação do mal: “um ser imenso e escuro, com chifres na cabeça e patas de bode”. Claramente uma mistura de Mithra, Pan e Cernunnus.

Claro que quase todos nós prestamos homenagens a Mithra até os dias de hoje: Festividades realizadas no dia dedicado ao Sol (Domingo – Sun-day), envolvendo sacrifícios de bois imolados cuja carne e sangue são consumidos pelos sacerdotes, junto com vinho ou cerveja. A Igreja Católica chama isso de “Paródia Satânica da Eucaristia”, mas as pessoas costumam chamar estas homenagens a Mithra de “Churrasco de Domingo”.

Baphomet

(agradecimentos ao irmão Cezaretti)

Para entender a criação e a falsa associação desta figura meio homem meio bode com a Maçonaria, teremos que seguir um longo e tortuoso caminho iniciando no século XII.

Depois da Primeira Cruzada, no ano 1119 em Jerusalém, surge um pequeno grupo de militares formando uma ordem religiosa tendo como seu principal objetivo proteger os peregrinos visitantes à Palestina. Ficaram conhecidos como os Cavaleiros Templários.

Falarei muito mais sobre eles em uma série de matérias futuras, mas por enquanto, basta sabermos que, devido à necessidade de enviar dinheiro e materiais regularmente da Europa à Palestina, os Cavaleiros Templários gradualmente desenvolveram um eficiente sistema bancário que nunca existira.

Assim, levando uma vida austera com uma forte disciplina, defendendo com desinteresse as Terras Santas, recebendo doações de benfeitores agradecidos, os Templários acumularam com o passar dos anos grande riqueza. Tais poderes, militar e financeiro, os tornaram respeitados e confiáveis para a população da época.

Os Templários financiavam, através de vultosos empréstimos, muitos reis da época. Porém, por volta de 1300 os Templários sofreram diversas derrotas militares, deixando-os em uma posição vulnerável e assim, suas riquezas se tornaram objeto de ganância e ciúme para muitos.

Na época o Rei francês Felipe IV (Felipe, o Belo) estava envolvido em uma tumultuada disputa política contra o Papa Bonifácio VIII e ameaçava com a possibilidade de embargar seus impostos ao clero. Tal agressividade do Rei contra o sumo pontífice era principalmente devido à corte francesa estar falida. Então o Papa Bonifácio em 1302 editou a Bula Unam Sanctam, uma declaração máxima do papado, que condenava tal atitude. Os partidários de Felipe então aprisionaram Bonifácio que escapou pouco tempo depois, mas veio a falecer logo em seguida. Em 1305 Felipe, com uma trama política e pressão militar, obteve a eleição de um dos seus próprios partidários, inclusive amigo de infância, como Papa Clemente V e o convenceu a residir na França, onde estaria sob seu controle todo movimento eclesiástico. (Este era o começo do denominado “Cativeiro Babilônico do Papado”, de 1309 a 1377, durante o qual os Papas viveram em Avignon e sujeitos a lei francesa).

Novamente, falarei mais sobre isso quando chegar a vez de falar sobre os Templários, mas por ora, basta sabermos que o Papa estava sob o controle total do rei Felipe, o Belo.

Agora com o Papa firmemente sob seu controle Felipe voltou-se para os Cavaleiros Templários e a fortuna deles, então denunciou os Templários à Igreja por heresia e esta aceitou tal denúncia. Então em 1307, com o consentimento do Papa, Felipe ordenou uma perseguição aos Templários prendendo-os e jogando-os em calabouços, incluindo o Grão Mestre Jacques de Molay que foi acusado de sacrilégio e satanismo. Em 1312, o Papa, agora um boneco do Rei, emitiu a ordem que suprimia a ordem militar dos Templários com subseqüente confisco da riqueza por Felipe. (Os recursos ingleses dos Templários foram confiscados de forma semelhante pelo Rei Edward II da Inglaterra, sendo a maior parte desta imensa fortuna para Portugal, onde foi criada mais tarde em 1319, a Ordem de Cristo).

Claro que os Templários já sabiam das intenções de Felipe e, quando seus exércitos invadiram os castelos templários, não acharam nem uma moeda sequer do fabuloso tesouro templário, nem a arca da aliança, nem o Santo Graal, que foram enviados em 12 galeões para fora da França.

Assim, os Templários deixaram de existir daquela data em diante e muitos de seus membros, inclusive Jacques de Molay foram torturados e obrigados a se declararem “réus confessos” para uma miríade de crimes, inclusive uma lista 127 acusações e 9 subitens! Estas incluíram tais coisas como a “reunião noturna secreta”, homossexualismo (embasado no símbolo da Ordem, que é dois soldados montando o mesmo cavalo), cuspir na cruz, negar a Cristo, etc…

Entre as acusações contra os Templários havia uma que haviam produzido algum tipo de “cabeça barbuda”. O tal do Baphomet.

Existem várias teorias, inclusive seria um relicário contendo a cabeça de João Batista ou a cabeça de Cristo, a Mortalha de Turin, uma imagem de Maomé (o pai da religião islâmica) entre outras.

Após ser torturado por 7 anos, o Mestre Jacques de Molay acabou, após sua prisão, queimado vivo em praça pública com fogo brando e muitos templários foram mortos também e outros fugindo para outros países. O que vem a ser exatamente o “Baphomet” nunca foi descrito pela Inquisição, mas é fácil perceber que se trata de uma mistureba feita pela Igreja dos ritos antigos egípcios, gregos e romanos, para variar.

Mas… e aquela imagem demoníaca?

Mais de 500 anos depois dos Templários, em 1810 na França, nasce Alphonse Louis Constant, filho de um sapateiro.

Bem cedo, ainda criança, ganhou as atenções de um padre da paróquia local que providenciou para que Alphonse fosse enviado para o seminário de Saint Nichols du Chardonnet e mais tarde para Saint Sulpice estudando o catolicismo romano com o objetivo ao sacerdócio.

Mas deixou o caminho do catolicismo para se tornar um ocultista. De qualquer forma enquanto vivo seguiu o caminho esotérico e adotou o pseudônimo judeu de Eliphas Lévi, que dizia ser uma versão judaica de seu próprio nome.

O trabalho de sua vida foi escrever volumes enormes sobre Magia que incluiam comentários extensos sobre os Cavaleiros Templários e o Baphomet. De todos seus trabalhos o mais conhecido é o que contém a ilustração (o desenho é cópia do original e observe que está assinado por Eliphas Lévi) e era usado como uma fachada para o livro “A Doutrina da Alta Magia” publicado em 1855. Levi também afirmava que se a pessoa reorganizasse as letras de Baphomet invertendo-as, adquiriria uma frase latina “TEM OHP AB” que é a abreviação de “Templi Omnivm Hominum Pacis Abbas“, ou em português, “O Pai do Templo da Paz de Todos os Homens”. Uma referência ao Templo do Rei Salomão, capaz de levar a paz a todos.

A palavra “Baphomet” em hebraico é como segue: Beth-Pe-Vav-Mem-Taf. Aplicando-se a cifra Atbash (método de codificação usado pelos Cabalistas judeus), obtém-se Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph, que soletra-se Sophia, palavra grega para “sabedoria”.

E o que esta imagem significa?

Na Alquimia, o uso de alegorias e imagens é muito comum para expressar idéias e conceitos. Vamos analisar com calma a figura do Baphomet:

– A imagem possui a cabeça com características de chacal, touro e bode, representando os chifres da sabedoria, virilidade e abundância. O chacal representa Anúbis (o deus-chacal) e também o “Mercúrio dos Sábios”, o Touro representa o elemento terra e o “Sal dos Filósofos” e o bode representa o Fogo e o “Enxofre fixo”. Juntos, a cabeça da imagem representa os três princípios da Alquimia.

– A tocha entre seus chifres representa a sabedoria divina e a iluminação. Tochas estão associadas ao espírito nos 4 elementos e colocadas sobre a cabeça de uma imagem representam a inspiração divina. Isso pode ser observado até os dias de hoje, em personagens de quadrinhos que, quando tem uma idéia, aparece uma lâmpada sobre suas cabeças (grande Walt Disney!).

– O conjunto dos dois chifres também representam as duas colunas na Árvore da Vida e o fogo sendo o equilíbrio entre elas. A lua branca representa a magnanimidade de Chesed (Júpiter) e a lua negra o rigor de Geburah (Marte).

– O pentagrama na testa de Baphomet representa Netzach (Vênus), o Pentagrama, o símbolo da proteção e da magia. Importante notar que ele se encontra voltado com a ponta para cima. As pernas cruzadas associadas ao cubo representam Malkuth.

– Nos braços do Baphomet estão escritos “Solve” no braço que aponta para cima e “Coagula” no braço que aponta para baixo. Solve representa “dissolver a luz astral” e coagula significa “coagular esta luz astral no plano físico”. Em outras palavras: tudo aquilo que você desejar e mentalizar no plano astral irá se manifestar no plano físico. Alguém ai assistiu ao filme “The Secret?”

– Os braços nesta posição representam o “Tudo o que está acima é igual ao que está abaixo”, ou “O microcosmo é igual ao macrocosmo”, ou “Assim na Terra como no Céu”. É a mesma posição dos braços representada no Arcano do Mago no tarot.

– a imagem possui escamas, representando o domínio sobre as águas, ou emoções.

– a imagem possui asas, representando o domínio sobre o Ar, ou a razão.

– a imagem possui patas de bode, representando seu domínio sobre a Terra, ou o material. Também representam a escalada espiritual.

– a imagem possui fogo em seus chifres, representando o domínio sobre o Fogo.

– Os seios representam a maternidade e a fertilidade, e também o hermafroditismo, simbolizando que a alma não possui sexo e que não “somos” homens ou mulheres, mas “estamos” homens ou mulheres.

– a imagem está parcialmente coberta, parcialmente vestida (atenção, irmãos e fraters), representando que o corpo não está apenas no plano material (roupas), mas por debaixo da matéria está também o espírito (parte nua). Podemos perceber isto melhor nos arcanos Estrela e Lua no tarot.

– Baphomet está sentado sobre o cubo. O cubo e o número 4 representam o Plano Material, e estar sentado sobre ele representa o domínio sobre o plano material (vide arcanos Imperador e Imperatriz no tarot).

– O falo do Baphomet é o Caduceu de Hermes, representando a Kundalini e as energias sexuais ativadas, a virilidade e todo o desenvolvimento dos chakras.

– Finalmente, a figura representa a Esfinge, aquela que guarda os portais das iniciações, pela qual os covardes não passarão. Aquele que teme uma figura por pura ignorância nunca será um iniciado.

No tarot de Marselha, podemos observar algumas destas representações. O Diabo (Arcano XV) no tarot representa as Paixões, por isso o homem e a mulher acorrentados em Malkuth (a Terra, o gado) aos pés da imagem. No tarot de Rider Waite, no século XX, o diabo já aparece com a estrela invertida, por influência da Ordo Templi Orientalis (e que para os iniciados não significa nada “satânico”… falarei sobre pentagramas invertidos na próxima coluna).

Associações mentirosas com a Maçonaria

Para analisarmos como esta figura foi parar nas mãos dos ignorantes evangélicos e católicos, precisamos explicar quem foi Leo Taxil (seu verdadeiro nome era Gabriel Antoine Jogand Pagès).

Taxil havia sido iniciado na Maçonaria, mas fora expulso ainda como aprendiz. Por vingança, acabou por inventar uma ordem maçônica “altamente secreta” chamada Palladium (que só existia na imaginação fértil de Taxil) supostamente comandada por Albert Pike (o Grão Mestre da Maçonaria na época). Seu objetivo, então, era revelar à sociedade tal misteriosa e maléfica Ordem.

Ficou famoso com isso e ganhou uma audiência com o Papa em 1887. Assim, a Igreja Católica alegremente patrocinou e financiou a campanha de Taxil, inclusive a edição de seus livros.

Albert Pike (1809-1891) era um Brigadeiro General da Confederação na Guerra Civil Americana que, quase sozinho, foi responsável pela criação da forma moderna do Rito Escocês Antigo e Aceito. Abastado, literato e detentor de uma extensa biblioteca, foi o Líder Supremo da Ordem de 1859 até à data da sua morte em 1891, tendo escrito diversos livros de História, Filosofia e viagens, sendo o mais famoso “Moral e Dogma”.

O panfleto de lançamento do livro de Taxil pode-se ver Baphomet com algumas modificações e um avental maçônico cobrindo o falo. O livro “Os Mistérios da Franco Maçonaria” (lado esquerdo) descreve um grupo de maçons endiabrados que dançam ao redor do Baphomet puxado por um ex-padre, nada mais nada menos, que o famoso e falecido “Pai do Baphomet”, Eliphas Lévi (falecido em 1875). Leo Taxil ganhou muito dinheiro, inclusive do Vaticano, enganado todo tipo de crédulos.

Finalmente, em 19 de abril de 1897 em um salão de leitura, Taxil iria apresentar uma tal senhorita Vaughan, que na verdade nunca existiu, renunciando a Satã e convertendo-se ao catolicismo. A igreja ansiosamente aguardou tal apresentação. Na data o salão lotou de pessoas do clero católico, maçons e jornalistas. Depois de um palavreado enorme, cheio de volteios, Taxil então finalmente revelou que nada tinha a revelar, porque nunca havia existido tal “Ordem Palladium”. Foi um tumulto imenso. De fato, Gabriel Jogand tinha fabricado a história inteira como uma farsa monumental às custas da igreja. No final, foi chamada a polícia para os ânimos fossem controlados e tudo não acabasse em uma imensa briga e quebra-quebra. (Para ler a A Conferência de Leo Taxil na íntegra, clique AQUI). Taxil morreu dez anos depois, em 1907, com 53 anos.

Em suma, Baphomet nasceu de uma lenda dos Templários, ganhou forma nas mãos de Eliphas Leví e foi associado à Maçonaria por Leo Taxil.

E daqui, o resto é história. A fraude, apesar de ter sido revelada por seu criador, continua e é aceita como “verdade absoluta e incontestável” por novas gerações de religiosos ignorantes (ou de má-fé).

A Maçonaria é difamada por uma acusação absurda e também por aqueles que pensam ser religiosos corretos e acabam por perpetuar uma mentira inconscientemente.

#ICAR

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/zaratustra-mithra-e-baphomet-parte-iii