Cave ne Cadas

Escrito por Luiz Marins

Após uma vitoriosa batalha, havia o “Triunfo”. Triunfo era uma das maiores solenidades da antiga Roma e a maior recompensa dada aos generais vitoriosos. Vestido de púrpura com uma coroa de louros na cabeça, sentado num magnífico carro puxado por quatro cavalos brancos e precedido por senadores, rodeado por parentes e amigos, seguido por todo o seu exército e por um grande número de cidadãos, o general vitorioso – o Triunfador – era conduzido em pompa ao Capitólio Romano. Adiante dele iam os despojos dos inimigos vencidos – quadros e objetos de arte das províncias que havia conquistado. Com correntes de ouro e prata iam à frente os reis e os chefes prisioneiros. Atrás, as vítimas que deveriam morrer.

Durante essa cerimônia, para abater o orgulho que um aparato tão deslumbrante pudesse inspirar ao Triunfador, um escravo, colocado atrás dele, no mesmo carro, juntava uma voz discordante às aclamações da multidão e fazia ouvir cantos mofadores e palavras satíricas: “Lembra-te que és homem”, gritava ele ao vitorioso: “Cuidado! Não caias” (Cave ne cadas, em latim).

Aquele escravo, junto ao Triunfador, repetia a ele aquele alerta para que, em meio à embriaguez da glória, o general romano não se esquecesse de sua condição humana. Para que tanta pompa e circunstância não o fizessem pensar ser um “deus” ou alguém dotado de poderes divinos. O escravo repetia incessantemente o Cave ne cadas para que o general romano se lembrasse de que muitas vezes a queda segue, de perto, o Triunfo.

Fico imaginando quantas pessoas e empresas se deixaram tornar arrogantes pelo sucesso de um produto, de um prêmio recebido, de um triunfo qualquer. Fico imaginando quantas pessoas e empresas se deixaram embriagar pela pompa e circunstância de um momento de glória e pouco tempo depois caíram em desgraça, perderam o poder, faliram. Marcas famosas. Impérios indestrutíveis. Fortunas imensas. De repente, tudo acaba sem que o vulgus sequer consiga compreender como a queda ocorreu. Às vezes, rápida demais. Às vezes, logo após o triunfo.

Fico pensando se essas pessoas e empresas tivessem tido alguém a lhes dizer durante o seu Triunfo: “Cuidado! Não Caias” – Cave ne cadas – se elas teriam tido mais cuidado, sido menos arrogantes, menos “cheias de si”, achando-se menos “deuses” e mais humanas. Talvez não tivessem perdido suas vidas, suas empresas, suas marcas. Talvez tivessem tido a sabedoria de ver que justamente na vitória, a humildade é fundamental.

Se você ou sua empresa estão experimentando um grande sucesso ou mesmo um pequeno triunfo, lembre-se de tomar cuidado para não cair. Cave ne cadas é um conselho que vale para todos nós, sempre.
Pense nisso.
Sucesso!

#Fábulas

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cave-ne-cadas

O Cavalo e o Poço

Conta-se que um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar no trabalho de sua fazenda.

Um dia, o capataz lhe trouxe a notícia que um de seus cavalos havia caído num velho poço abandonado.

O buraco era muito fundo e seria difícil tirar o animal de lá. O fazendeiro avaliou a situação e certificou-se de que o cavalo estava vivo. Mas pela dificuldade e o alto custo para retirá-lo do fundo do poço, decidiu que não valia a pena investir no resgate.

Chamou o capataz e ordenou que sacrificasse o animal soterrando-o ali mesmo. O capataz chamou alguns empregados e orientou-os para que jogassem terra sobre o cavalo até que o encobrissem totalmente e o poço não oferecesse mais perigo aos outros animais.

No entanto, na medida que a terra caía sobre seu dorso, o cavalo se sacudia e a derrubava no chão e ia pisando sobre ela.

Logo os homens perceberam que o animal não se deixava soterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra caía, até que , finalmente, conseguiu sair…”.

Muitas vezes nós nos sentimos como se estivéssemos no fundo do poço e, de quebra, ainda temos a impressão de que estão tentando nos soterrar para sempre. É como se o mundo jogasse sobre nós a terra da incompreensão, da falta de oportunidade, da desvalorização, do desprezo e da indiferença. Nesses momentos difíceis, é importante que lembremos da lição profunda da história do cavalo e façamos a nossa parte para sair da dificuldade.

Afinal, se permitimos chegar ao fundo do poço, só nos restam duas opções:

Ou nos servimos dele como ponto de apoio para o impulso que nos levará ao topo; – Ou nos deixamos ficar ali até que a morte nos encontre. É importante que, se estamos nos sentindo soterrar, sacudamos a terra e a aproveitemos para subir.

#Contos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-cavalo-e-o-po%C3%A7o