Aleph, o Arcano Zero – O Louco

O Louco é considerado o arcano zero do Tarot.

Cabalisticamente conecta Hochma a Keter.

Um homem anda com um bastão na mão direita. Está de costas, mas seu rosto, bem visível, aparece de três quartos. Sobre o ombro direito leva uma vara em cuja extremidade há uma pequena trouxa.

O personagem está vestido no estilo dos antigos bobos da corte: as calças rasgadas deixam ver parte da coxa direita. Um animal que poderia ser um felino parece arranhar esta parte exposta ou ter provocado o rasgão.

De um chão árido, acidentado, brotam cinco plantas.

O viajante tem a cabeça coberta por um gorro que desce até a nuca e lhe cobre as orelhas; esta estranha touca transforma seu rosto barbudo numa espécie de máscara. Veste uma jaqueta, presa por um cinto amarelo; seus pés estão cobertos por calçados vermelhos.

Significados simbólicos

A busca e o Filho Pródigo. A experiência de ultrapassar os limites.

Espontaneidade, despreocupação, admiração, saudade.

Impulsividade. Inconsciência. Alienação.

Interpretações usuais na cartomancia

Passividade, completo abandono, repouso, deixar de resistir. Irresponsabilidade. Inocência.

Escolha intuitiva acertada. Domínio dos instintos; capacidade mediúnica. Abstenção. O não-fazer.

Mental: Indeterminação devida às múltiplas preocupações que se apresentam e das quais se tem apenas uma vaga consciência. Ideias em processo de transformação. Conselhos incertos.

Emocional: Revezes sentimentais, incerteza frente aos compromissos, sentimentos vulgares e sem duração. Infidelidade.

Físico: Inconsciência, desordem, falta à palavra dada, insegurança, desprazer. Abandono voluntário dos bens materiais. Assunto ou negócio enfraquecido.

Do ponto de vista da saúde: transtornos nervosos, inflamações, abscessos.

Sentido negativo: Enquanto andarilho, o Louco significa queda ou marcha que se detém. Abandono forçado dos bens materiais; decadência sem muita possibilidade de recuperação. Complicações, atoleiro, incoerência.

Nulidade. Incapacidade para raciocinar e autodirigir-se, entrega aos impulsos cegos. Automatismo. Confusões inconscientes. Extravagância. Castigo causado pela insensatez das ações. Remorsos vãos.

História e iconografia

Reis e senhores, desde épocas remotas, tinham bufões em seus palácios, verdadeiras caricaturas da corte. Histórias sobre eles, bem como as representações gráficas desse personagem, podem ser contadas às dezenas.

Mas a imagem deste Arcano – um louco solitário que atravessa os campos e é agredido por um animal – não havia sido representada até então: é própria do Tarô e, nesse sentido, representa uma de suas contribuições mais originais do ponto de vista iconográfico.

Van Rijneberk arrisca a hipótese de que o espírito burlesco e irreverente da Idade Média teria parodiado, neste personagem, a classe dos Clerici vagante que, segundo ele, eram “estudantes migratórios e inquietos, sempre em busca de novos mestres de quem pudessem aprender ciências e idéias, e de novas tabernas onde pudessem beber fiado um pouco de vinho bom”.

Mais de um autor vê nesses viajantes insaciáveis e pouco escrupulosos os primeiros agentes – talvez ignorantes da sua missão, mas de grande eficácia real – da Reforma religiosa.

No desenho feito por Wirth aparece pela primeira vez impresso o termo Le fou (O Louco) para designar o arcano sem número, embora tradicionalmente fosse conhecido por este nome desde muito antes. Tanto o baralho Marselha original, bem como seus numerosos contemporâneos franceses (e os exemplares dos copistas espanhóis) chamam Le Mat a esta carta.

Paul Marteau levantou a hipótese de que este nome seria uma alusão ao jogo de xadrez, já que o protagonista está em cheque (pelos outros, pelo mundo), numa situação de encurralamento semelhante à do cheque mate. A palavra mat, no francês, significa “fosco, abafado, indistinto” e ainda o “cheque mate”, no xadrez. Já o termo mât, quer dizer “mastro”.

Outro estudioso do Tarô, Gwen Le Scouézec, sugere duas variantes etimológicas: o nome viria literalmente do árabe (mat: morto), ou seria uma apócope do italiano matto (louco, doido), nome com que aparece no tarocchino de Bolonha.

Por Constantino K. Riemma
http://www.clubedotaro.com.br/

#Tarot

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/aleph-o-arcano-zero-o-louco

Bram Stoker Pertenceu à Golden Dawn?

Por Shirlei Massapust.

Hoje é lugar comum dizer que «Stoker pertencia à famosa ordem secreta da Golden Dawn (Aurora Dourada), em companhia de escritores fantásticos como Arthur Machen e Algernon Blackwood.» Tal afirmação, retirada da introdução de uma coletânea de quadrinhos de Drácula da década de 70, deriva de uma teoria sustentada por diversos estudiosos de vampirismo. Contudo, nem todos estão de acordo. Não há registros conhecidos de obras ou anotações pessoais de Stoker mencionando o nome da ordem, da mesma forma que parece não haver também testemunhos de membros sobre a filiação de Stoker. Segundo Carlos Raposo, «o melhor e mais confiável documento a respeito da historia da GD é o The Magicians of the GD, por Ellic Howe [que não cita o nome de Stoker]. Tudo indica que esse boato sobre a suposta participação dele nessa Ordem tenha vindo do best-seller O Despertar dos Magos, da dupla Bergier e Pauwels, onde eles afirmam isso, sem citar fonte alguma.» (Mail para a Illuminati, 1997).

Na palavra de Pauwels e Bergier, «Arthur Machen tomara o nome de Filus Aquarti. Havia uma mulher filiada na Golden Dawn: Florence Farr, diretora de teatro e amiga íntima de Bernard Shah. Ali se encontravam também os escritores Blackwood, Stoker, o autor de Drácula, e Sax Rohmer, assim como Peck, o astrônomo real da Escócia, o célebre engenheiro Allan Bennett e Sir Gerald Kelly, presidente da Academia Real. Segundo parece, esses espíritos de elite foram marcados de forma indelével pela Golden Dawn. Como eles próprios confessaram, a visão que tinham do mundo foi alterada e as práticas às quais se entregaram não deixaram de lhes parecer eficazes e exaltantes.»

Em que a dupla poderia basear-se para afirmar tal coisa? Teriam acatado como provas de sua filiação a semelhança de alguns escritos de Stoker com os ritos da ordem comparando, por exemplo, Drácula com a acusação de Crowley sobre a prática de vampirismo na GD (De Arte Magica, XVIII)? Ou teriam tido acesso a documentos desconhecidos mesmo para altos membros de ordens derivadas, como a OTO e AA?

O seguinte texto – adaptado da introdução de Tony Faivre da tradução francesa de outra obra de Stoker, Le Repaire du ver Blanc, – parece simplesmente confiar em Pauwels e Bergier, partindo para analogias entre as obras de Stoker e a Aurora Dourada. Para ser lido com a devida reserva, não deixa de ser interessante e bem trabalhado.

O Mostro Branco

(Introdução)

Todo o mundo conhece Drácula, mas se conhece menos ou se desconhece completamente seu autor, Bram Stoker. A literatura fantástica é de tal modo ingrata que destrói os autores em proveito de suas obras. Stoker faz parte desses escritores sobre quem nada se sabia até recentemente; mal e mal, a data de seu nascimento e a de sua morte, inteiramente eclipsado por seus personagens e pelos sonhos que forjaram. Que há de espantoso nisso? O sonho de Bram Stoker não se chama Drácula?

Portanto, tratar-se-á aqui muito menos de Drácula que do seu autor e de alguns pontos de referência sobre sua vida e seu último livro, The Lair of the White Worm (o covil do verme branco).

Este livro foi escrito em 1911 por Bram Stoker, nascido em 1847 e falecido em 1912; lembremos que Drácula apareceu em 1897. Se se acrescentar que Frankenstein surgiu em 1818, o Doutor Jekyll e Mr Hyde (O médico e o monstro), em 1886 e que a sociedade secreta iniciadora da Golden Dawn in the Outer foi criada em 1887, nada mais nos resta se não indicar a data do aparecimento de Carmilla, de Sheridan le Fanu: 1887, e assim terminar essas referências históricas e falar um pouco de Bram Stoker.

Harry Ludlam em seu livro nos conta que Bram Stoker passou os oito primeiros anos de sua vida, encerrado, enfermo, num quarto, como se fora votado à morte. Contudo sobreviveu e saiu de seus sonhos, leituras e estórias, provindos de sua mãe, apaixonada pelo fantástico. E, coisa curiosa, tornou-se um homem de grande estatura, ruivo e barbudo, dotado duma força e duma vitalidade, irlandesas certamente, que jamais se poderia vaticinar ao pequeno enfermo, nem descobrir entre as linhas de Drácula.

Essa vitalidade permitiu a Stoker exercer várias atividades (contador, de dia; jornalista,

cronista de teatro, à noite); depois, em 1878, dedicou-se à administração do Lyceum Theatre, de Londres, do grande ator Henry Irving, por quem tinha, há longo tempo, grande admiração. Essa colaboração durou mais de trinta anos. Sua energia o leva a escrever com paixão um ensaio intitulado Sensationalism in fiction and society e, um pouco mais tarde, um livro sobre a administração irlandesa, The Dutie of clerks of petty sessions in Ireland! Porém seu trabalho com Henry Irving o põe em contato com a sociedade inglesa ou certa sociedade londrina, apaixonada pelo sobrenatural. Além disso ele sempre teve gosto pelo fantástico. Nesse fim de século, tudo é possível. Assim é que Stoker pôde encontrar em Londres “vampires personalites” ou “os sugadores de sangue” (?), cujas características permanecem contudo muito vagas. Assim filia-se também ele à sociedade mágica da Golden Dawn cuja história Pierre Victor escreveu com detalhes. E nós registramos, com espanto, a presença, ao lado de Stoker, de outros escritores tais como Willian B. Yats, Arthur Machen, Algernon Blackwood e Sax Rohmer, especialmente. Essa ordem iniciadora baseada em conhecimentos ocultos, e em práticas de magias reais, influenciou certamente tais escritores. E Drácula apareceu como uma narrativa iniciadora ao mesmo título que le Grand Dieu Pan de Machen ou os Fu-Manchu de Sax Rohmer. Zomba-se freqüentemente de tais sociedades, de tais experiências e é necessário destacar aqui sua existência; sua influência é importante, tanto sobre as obras (fantásticas ou não) como sobre a própria vida dos seres e dos povos. (é suficiente estudar a sociedade alemã a partir de 1918). O racional e o irracional estão intimamente ligados, as distinções são muito artificiais. Será mister recordar-se de Conan Doyle, no fim de sua vida, fã do espiritismo? E Samuel L. Mathers, um dos três fundadores da Golden dawn, não era o esposo da irmã de Henri Bérgson? E porque não falar do próprio Bérgson?

Mas chega de exemplos. No que concerne a Bram Stoker parece que até 1897 (data do aparecimento do Drácula), nosso autor somente escrevia nos momentos de folga ou de “férias”, repousando na costa escocesa, principalmente em Crugen Bay, lugar que o fascinava. Depois o sucesso de Drácula (sobre o qual não falaremos mais, enviando o leitor ao prefácio de Tony Faivre) coincide com as primeiras dificuldades de Stoker com Henri Bérgson, as quais levarão Bram a se entregar mais e mais somente à atividade literária.

Drácula é o ponto central de sua obra, evidentemente; os outros livros são peças “anexas” que completam a visão do conjunto. Nem tudo é de inspiração fantasmagórica, como The Mann (1905) ou, por vezes apresenta curiosa mistura de fantástico e de aventuras modernas; assim, The Lady of the shroud (1909) nos mostra a aparição de uma jovem, à noite, vestida de uma mortalha, morta ou vampiro, e, pouco depois, a evolução de uma esquadrilha de aviões que repele uma invasão num país balcânico. A inspiração de Stoker parece funcionar a jatos intermitentes, mas infelizmente não com muita freqüência. O estilo e a pureza de Drácula parecem perdidos para sempre, embora os temas permaneçam. Assim The Mystery of the sea (1902) ou The Jewel of the seven stars (1903), que narra a ressurreição de uma rainha do Egito, cinco mil anos mais tarde, possui o Dom da evocação da Antigüidade. Mas tudo se desenrola como se, a partir de Drácula, o pensamento de Stoker, se interiorizasse, não se entregando ao leitor, apenas de vez em quando. Seus livros apresentam intuições brilhantes, mas não desenvolvidas. Negligência ou vontade de Stoker? The lair of the wite worm parece responder por ele.

Esse livro, escrito em 1911, um ano antes de sua morte, esclarece retrospectivamente a obra e a vida de Stoker. Se ele retoma a técnica de narração de Drácula, conforme vários pontos de vista, observado no diário íntimo dos principais personagens (Drácula conserva sempre seu mistério, dado que sempre indiretamente aproximado), o Repaire du ver blanc não alcança a síntese final que faz a grandeza de Drácula. Ao contrário, cada capítulo parece isolado um do outro, cada personagem, encerrado em sua história, não encontrando jamais, nem por acaso, os outros. Em resumo, há no contexto, quatro ou cinco histórias que, desenvolvidas, poderiam muito bem transformar-se em quatro ou cinco romances, completamente diferentes. Os personagens tem uma história pessoal, um passado e um fim a atingir, que é sobretudo individual. Drácula reunia várias pessoas para uma ação comum: destruir Drácula. O Repaire du ver blanc mostra vários indivíduos, unidos no início, que se separam, pouco a pouco, em diversas direções e com fins opostos. Cada um é enviado à sua solidão e à sua morte. Somente o jovem casal sobrevive, salvo pelo seu amor e sua energia. Não há inter-relação de personagens, mas ação separada. Esse fechamento sutil, não aparente à primeira vista, é sem dúvida um dos interesses deste livro que, de alguma maneira, sugere vários temas do fantástico. Cada tema é, sempre, apenas sugerido, para, imediatamente, ser seguido e substituído por um outro que o absorve. Dessa maneira se apresenta o tema dos pássaros e do silêncio dos campos; a presença do9 papagaio de papel e a sombra de Mesmer; os conflitos e os passes magnéticos; o personagem de Oolanga, a coleção de objetos fantásticos e, por fim, o tema da serpente e da mulher-demônio, que se desdobra com o da sobrevivência do grande mostro pré-histórico. Mas cada tema é isolado dos outros, tratando diferentemente, precisamente esboçado.

Divaga-se bastante sobre o tema do monstro, desse gênio do mal, que procura destruir os outros, sobre aquele da luta das trevas e da luz, do bem contra o mal (o personagem de Oolanga é uma encarnação espantosa da maldade, além de um racismo aparente). A primeira confusão da narrativa resulta do fato de que tudo é apresentado sobre o mesmo plano, sem distinção, o que pode enganar o leitor não avisado. Passamos agora de considerações históricas às reflexões sobre o Verme branco, quer reflexões morais, quer físicas, para terminar sobre o envio de “mensageiros” a um papagaio que se torna cada vez mais maléfico.

E tudo só se resolve no último instante, no momento de horror final, no fogo e na explosão da dinamite em que a eletricidade da tormenta desempenha papel importante. Pouco antes, Lady Arabella suportara sua última transformação, em vampiro erótico e feroz, antes de se tornar, por uma derradeira vez, no grande verme branco.

Bram Stoker sabe evocar com tanta força como Machem esse mundo pagão, do Mal, da antiguidade; os vestígios da conquista romana são tão evocativos, os símbolos são tão fortes. A sobrevivência do passado é monstruosa, porque ela apaga a noção do tempo, e então tudo é possível e se torna um pesadelo. A narração é certamente uma iniciação, visto que é a história de uma luta e de uma vitória sobre as trevas. Depois surge a luz, as últimas páginas evocam aurora radiosa, sem as nuvens portadoras de angústia.

Nos últimos anos de sua vida, Bram Stoker abateu-se com a tenaz enfermidade a que escapara por tão longo tempo. As dificuldades financeiras se tornaram oprimentes, perturbando sua velhice. Não há dúvidas que Bram desejou, pela última vez, recontar a história eterna da vitória do espírito sobre o mundo. Ele tem certeza disso; ele é um “iniciado”. Ao leitor cabe curar sua pista através das diversas estórias dos livros, e assim continuá-las e termina-las. A serenidade que transparece nas derradeiras linhas mostram bem que Stoker atingira seu fim, Drácula aí acabara de morrer e de ressuscitar do meio das trevas. Harry Ludlum escrevia: “Há um profundo mistério entre as linhas desta obra (The Lair of the White Worm)… o mistério do espírito do homem que as redigiu…”

Com efeito, devemos saber ler as linhas para descobrir o pavor sugerido e combate-lo, para chegar à “Golden Dawn” (aurora dourada) que Stoker procurara atingir. “La fête du sang” (festa do sangue ? sub-título de um livro de Thomas Preskett Prest), celebrada por Drácula, o “príncipe das trevas”, encarnação terrível do Mar, deve ela dar lugar a uma ascese mais espiritual? Para Stoker, assemelham-se os dois caminhos: é mister ir até o fim do terror e enfrenta-lo. A literatura fantástica proclama a liberdade do homem, mesmo no mal, para a escolha da ação. Todos os personagens de Stoker são positivos (embora em graus diversos) porque eles agem. A inação é a morte, a tomada de posse por “outra coisa”. Ora, não se pode compreender o mundo, a não ser que seja ele “impelido” por uma ação, seja mágica, seja religiosa, sonhada ou literária. Sabido é que Bram Stoker pretendia que Drácula lhe fora inspirado por um pesadelo, provocado por uma indigestão! Assim o mundo parte do sonho e ao sonho retorna, tomando às vezes, a forma de um pesadelo. Stoker esforçou-se por conservá-lo para melhor entender e procurar explica-lo. Sua obra é sua resposta, a nós toca apenas ler.

Texto extraído de:

FAIVRE, Tony (?). Introdução a Le Repaire du ver Blanc. Tradução e revisão de João Evangelista Franco. In: STOKER, Bram. O Monstro Branco. Global. P. 7-12.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/bram-stoker-pertenceu-%C3%A0-golden-dawn

Grandes Iniciados – Alan Moore

Confira abaixo um resumo dos principais fatos na vida e bibliografia do escritor e mago inglês Alan Moore. Trata-se de excertos do livro Alan Moore: Portrait of an Extraordinary Gentleman, um livro-tributo dedicado aos 50 anos do artista. São páginas recheadas de ensaios, ilustrações, artigos, fotografias, entrevistas, e opiniões sobre o mago-escritor de Northampton. Escritores, desenhistas e pessoas relacionadas aos quadrinhos comentam sua relação com Moore.

Alguns nomes presentes no livro: Michael Moorcock, Ian Sinclair, Darren Shan, Brad Meltzer, John Coulthart, Neil Gaiman, Dave Gibbons, Bryan Talbot, David Lloyd, J. H. Williams III, Kevin O’Neill, Will Eisner, Howard Cruse, James Kochalka, Adam Hughes, Peter Kuper, Jose Villarubia, Jimmy Palmiotti, Rick Veitch, Michael T. Gilbert, Steve Parkhouse, Nabiel Kanan, Bill Koeb, Rich Koslowski, Trina Robbins, Michael Avon Oeming, Sean Phillips, Jeff Smith, Sergio Toppi, Giorgio Cavazzano, Claudio Villa, Daniel Acuna, Willy Linthout, Jean-Marc Lofficier, Eduardo Risso, Dave Sim, Ben Templesmith e outros tantos.

O lançamento da editora Abiogenesis Press, do artista britanico Gary Spencer Millidge, tem caráter beneficente. Toda sua renda está destinada para o Fundos de Combate ao Mal de Alzheimer. Para mais informações, acesse www.millidge.com

Linha da Vida de Alan Moore

– Alan nasceu com pouca visão na vista esquerda e surdo do ouvido direito. Mesmo assim, ele evitou usar óculos até quinze anos. Já adulto, abandonou os óculos chegando a cogitar a possibilidade de usar um monóculo, acabando por achar essa alternativa muito kistch.

– A primeira casa do jovem escritor não tinha banheiro nem gás em sua rua.

– Em 1961, aos 7 anos, Moore descobriu os quadrinhos americanos da DC Comics.

– Moore atribui sua formação moral graças as histórias do Super-Homem.

– Padecendo de uma gripe comum, o jovem Alan Moore pediu para a mãe lhe comprar uma BlackHawk. Ao invés de trazer a HQ pedida, sua mãe o presenteou com a edição número 3 de Fantastic Four (Quarteto Fantástico). Essa revista foi o primeiro contato do escritor com os trabalhos de Jack Kirby, de quem se tornou fã imediato.

– Moore matava aulas no colegial para andar de motocicleta no pátio de um hospital para doentes mentais.

– Em 1968, Moore se tornou fã dos personagens da Charlton Comics, que mais tarde seriam os arquétipos dos personagens da maxi-saga Watchmen.

– Em 1969, ele começou a colaborar com vários fanzines, sempre como desenhista

– Aos 17, em 1970, Moore foi expulso da escola por uso de LSD. O diretor escreveu uma carta para todas as outras escolas e universidades da região, para que ele jamais fosse aceito em outro estabelecimento de ensino.

– Sem poder estudar, Alan trabalhou em um matadouro e limpou latrinas em um hotel de Northampton.

– Nessa época, ele deixou o cabelo crescer, ajudou a publicar o fanzine Embryo e conquistou sua futura esposa Phyllis lendo poesias em um cemitério. Em 1974, aos vinte anos, Moore e Phyllis se casaram.

– Em 1977, nasceu Leah, a primeira filha de Moore. Nessa época, Moore percebeu que tinha que fazer alguma coisa que gostasse logo ou então passaria a vida frustrado. O escritor começou a colaborar com jornais e revistas locais, escrevendo e desenhando tiras de humor. A mais conhecida delas foi Maxwell, the Magic Cat, uma espécie de Garfield inglês. Anos depois, Moore declarou que odiava escrever as historias de Maxwell e que se sentia envergonhado de receber dinheiro por elas. Mesmo assim, ele passou 7 anos escrevendo estas tiras. Detalhe: Moore assinava as tiras com o pseudônimo de Jill de Ray (uma alusão ao francês acusado de ter assassinado dezenas de crianças).

– A experiência com Maxwell mostrou que ele não servia como desenhista. Moore passou a dedicar “apenas” a escrever.

– Moore comecou a trabalhar com a Marvel UK (divisão anglo-saxônica da Casa das Idéias) em 1981. Aos 27 anos, Moore escrevia pequenas tramas nas revistas Star Wars e Dr. Who. Na mesma época, ele fez alguns trabalhos para a 2000AD e teve sua segunda filha: Amber.

– Em 1982, Alan recebeu sua primeira grande chance ao escrever para a recém-criada revista Warrior. Para quem não sabe, a Warrior publicava 4 a 6 histórias por edição, cada história com 6 a 8 páginas. Moore escreveu 3 sagas para a Warrior simultaneamente: The Bojeffrie’s Saga (uma família de monstros muito engraçada), Marvelman (Miracleman) e V de Vingança.

– Naquele mesmo ano, Moore começou a escrever as histórias do Capitão Bretanha. Já no primeiro capítulo, ele se livrou dos conceitos criados pelo escritor anterior e no capitulo seguinte matou o próprio protagonista da série, recriando-o totalmente reformulado na edição de número 3.

– Enquanto a fama de Moore crescia nos quadrinhos, ele encontrava tempo para se envolver em outros projetos. Ele formou uma banda chamada The Sinister Ducks, gravando um single em 1983.

– Na 2000 AD, Moore escreveu D.R. & Quinch, uma hilária saga de dois alienígenas delinqüentes. E ainda escreveu A Balada de Halo Jones e Skizz.

– Todos esses trabalhos renderam a Moore o prêmio Eagle Award de melhor escritor de 1982 e 1983. Foi quando os Estados Unidos começou a se interessar pelos trabalhos do autor.

– Em novembro de 1983, Lein Wein, criador do Monstro do Pântano, ligou para a casa de Alan perguntando se ele queria trabalhar para a DC e escrever as historias do monstro. Alan achou que era um trote e desligou na cara do escritor. É claro que depois ele viu que não era mentira e aceitou trabalhar com o personagem.

– Sob ao comando de Alan Moore, Swamp Thing passou das 17.000 cópias/mês para mais de 100.000 cópias!!!

– No período em que escreveu o Monstro do Pântano, Moore fez outros trabalhos pouco divulgados na DC, como “Tales of the Green Lantern Corps”, “Vigilante”(uma historia sobre abuso sexual de crianças) e uma historia do Batman onde ele enfrenta o Cara de Barro (publicada no Brasil na extinta SuperAmigos). Moore ainda escreveu 2 histórias memoráveis com o Homem de Aço (ambas relançadas no Brasil pela Opera Graphica). Uma delas, “For the Man who has Everything” é possivelmente uma das melhores histórias do Super-Homem.

– O próximo trabalho de Moore seria A Piada Mortal. A história foi escrita em 1985, mas devido a atrasos do desenhista Brian Bolland, a revista só foi terminada e publicada em 1988.

WATCHMEN

Ainda em 1986, a DC concordou em deixa-lo produzir sua própria série. Com o artista britânico Dave Gibbons, Moore sugeriu o projeto de uma série chamada WATCHMEN. A história, como Weaveworld de Clive Barker, é uma epopéia sobre um mundo fictício – embora o mundo que Moore inventou seja de várias maneiras igual ao mundo real de hoje.

Começando em uma Nova Iorque durante os anos 80, Watchmen descreve uma América como poderia ter sido se realmente tivesse testemunhado o surgimento de fato dos “super-heróis” – isto é, seres que possuem habilidades super-normais ou que se apresentam como vigilantes idealistas. Assim como a América nunca teria sofrido uma divergencia política progressiva dos Anos sessenta, imagina Moore, também nunca teria perdido a Guerra de Vietnã, e teria achado um modo para manter Richard Nixon como Presidente. Já no início de Watchmen, dificilmente as coisas são sublimes: alguém decidiu eliminar ou desacreditar os poucos super-heróis remanescentes enquanto que, em uma série de eventos aparentemente não relacionados, os Estados Unidos e a União soviética desenham um crescente conflito nuclear por causa de uma disputa na Ásia.

No centro da consciência desta história, de olho na (e tentando desafiar a) maneira de como o mundo está desmoronando, está um incomum herói criado por Moore: um mascarado, horrendo e transtornado vigilante direitista conhecido como Rorschach. Rorschach fala para o psiquiatra sobre a noite em que ele cruzou a linha da brutalidade:

“Me senti limpo. Senti o sombrio planeta girando sob os meus pés e descobri o que faz os gatos gritarem como bebês durante a noite. Olhado para o céu através da espessa fumaça de gordura humana, e Deus não estava lá. A escuridão fria e sufocante, continua para sempre, e nós estamos sós. Vamos viver nossas vidas na falta de qualquer coisa melhor para fazer. Deixemos a razão para depois.

Nascemos para o esquecimento; agüentando crianças destinadas para o inferno, nós mesmos; caminhando para o esquecimento. Não há nada mais. A existência é fortuita. Nenhum padrão seguro imaginado por nós depois de encarar isto por muito mais tempo. Nenhum significado seguro além do que nós escolhemos impor. Este mundo sem direção não é moldado por vagas forças metafísicas. Não é Deus que mata as crianças. Não é o destino que as abate ou que as dá de alimento para os cachorros. Somos nós. Somente nós… Estava renascido então, livre para rabiscar meu próprio desígnio neste mundo moralmente vazio..”

O assustador Rorschach

“Aquela foi uma história terrivelmente depressiva para se escrever,” disse Moore, “em parte porque Rorschach em nada se parece comigo: Eu não compartilho a sua política, e nem compartilho a sua filosofia. Ele é um homem aterrorizado e, em minha visão, ele acaba se rendendo ao horror do mundo.

Mas eu penso que o fundo do poço dos medos e ansiedades de muitas pessoas pode ser igual ao do Rorschach. As coisas que uma vez usamos para nos abrigarmos da escuridão – como Deus, a rainha, o país, e a família – foram se distanciando de nós. Em muitos casos, temos esmagados a nós mesmos, e agora nos deixamos tremendo na chuva, olhando para o mundo e vendo um obstáculo preto que não tem nenhum significado moral, afinal”.

Até que alcance seu devastador mas reafirmado fim, é evidente que, acima de tudo o mais, Watchmen é uma história de como as pessoas encaram a perplexidade do mundo de hoje: como alguns se movem furiosamente e de maneira fatal contra ele e de como outros, heroicamente, reúnem forças até mesmo em face ao Armageddon.

“Enquanto estava trabalhando em Watchmen,” conta Moore, “eu tive que me perguntar, O que é que mais me assusta? E percebi que a verdade é que quando o mundo acabar, não haverá nenhum aviso de quatro minutos, não haverá nenhum conflito nuclear de baixa escala. A verdade é que os mísseis poderiam estar no ar em cinco minutos. E se houver um Armageddon nuclear, não iremos retirar o pó de nós mesmos e nem reinventar os valores humanos. Não poderia haver nenhum valor humano após uma guerra nuclear porque não haveria nenhum humano.

Nosso passado seria erradicado. Nosso futuro seria erradicado. Nosso presente seria erradicado. E eu me achei pensando, Quando as crianças foram para escola esta manhã, eu gritei com elas ou lhes falei que eu as amo?”.

Os roteiros de Moore para essa saga viraram uma lenda pela riqueza de detalhes. O primeiro capítulo, por exemplo, tinha mais de 100 páginas e foi entregue ao desenhista Dave Gibbons sem parágrafos.

Com Watchmen, Moore virou uma celebridade do mundo dos quadrinhos, mas não estava feliz com isso. Certo dia, em uma convenção sobre HQ´s em San Diego, ele foi cercado por dezenas de fãs que o imprensaram contra uma escadaria na tentativa de agarrá-lo e conseguir um autógrafo. Moore decidiu que jamais participaria de convenções novamente.

A Casa do Trovão, em Twilight of the Superheroes

O próximo projeto de Moore na DC seria Twilight of the Superheroes, mas por razões desconhecidas, esse projeto não foi adiante. Anos depois, muitas das idéias de Moore para essa série seriam reaproveitadas na aclamada saga “Kingdon Come”(Reino do Amanhã) de Mark Waid e Alex Ross. A dupla nega qualquer reciclagem dos conceitos de Twilight.

Moore, que já não trabalhava para a Marvel desde a época de Capitão Bretanha, tambem passou a não trabalhar mais para a DC, pois discordava sobre os royalties de Watchmen e principalmente com o fato da DC adotar o código “for mature readers” (própria para leitores maduros/adultos) nas suas revistas.

A última colaboração de Moore para a DC foi o final de V de Vingança, que havia ficado incompleta apos a falência da Warrior. A série foi reeditada nos EUA e se tornou outro best-seller.

Miracleman

Na mesma época, ele voltou a escrever Miracleman (agora para a editora Eclipse). Além de tudo o que já havia sido escrito para a Warrior, Moore criou novas historias, entre elas a maravilhosa saga Olympus. Depois disso, ele passou os direitos autorais do personagem para Neil Gaiman (que mais tarde resultou naquele pega ´pra capar entre Gaiman e a cria do inferno, Todd McFarlane. O embate jurídico dura até os dias de hoje).

Moore recusou varios trabalhos nessa época, inclusive o roteiro de Robocop 2 (que assumiu a criança foi Frank DKR Miller). Seus próximos trabalhos foram o livro “Brought to Light”, com ilustrações de Bill Sienkieckz e a graphic novel “A Small Killing”.

Em 1989, Moore decidiu colaborar com a recém-criada revista “Taboo” de Stephen Bissete (parceiro de Moore em Swamp Thing). Para a Taboo, ele escreveu a espetacular “From Hell” – fruto de mais de 8 anos de pesquisa, e “Lost Girls”.

Ainda naquele ano, Moore passou a viver um triângulo amoroso com sua esposa e sua namorada Deborah Delano. Irritado com a intolerância do governo de Margareth Tatcher com os homosexuais, Moore colaborou com entidades GLS, publicando a história “Mirror of Love”, pela editora Mad Love, propriedade do próprio autor e de sua esposa.

Big Numbers

O próximo projeto era a serie Big Numbers, projetada para 12 capítulos e mais de 500 páginas. Somente 3 edições foram lançadas, 2 com desenhos de Sienckwiecz e uma com os traços de Al Columbia. Ninguém sabe ao certo porque o projeto nao foi adiante, mas especula-se que a complexidade do texto de Moore foi demais para os desenhistas que nao conseguiram dar conta do recado.

Nessa época teve início o inferno astral de Alan Moore: a Mad Love faliu e seu casamento terminou. A Taboo também chegou ao fim, deixando sagas como From Hell para serem completadas anos depois.

Em 1993, Moore tomou uma decisão que desapontou muitos de seus fãs. Aceitou trabalhar para a Image Comics escrevendo títulos como Spawn, Supreme, Glory, Youngblood, Wild C.a.t.s. Moore desabafou que aquilo não era um retrocesso ou que ele estava vendendo sua alma para os demônios Rob Liefeld e Jim Lee, e sim um desejo de escrever histórias mais simples, para garotos de 14 anos e não para adultos de 30. Ainda pela Image, ele participou do projeto 1963. Este ultimo projeto acabou gerando uma briga entre ele e Stephen Bissette. Até hoje eles não se falam.

Moore passou a morar com uma nova companheira: Melinda Gebbie. No dia em que completou 40 anos, Moore decidiu se tornar um mago. Ainda em 1993, ele praticou performances teatrais como “Snakes and Ladders” e “BirthCaul”. Mais tarde essas performances foram adaptadas para HQ´s por Eddie Campbell, seu companheiro de trabalho em From Hell.

Algumas conclusões de Moore em relação à magia foram adaptadas para histórias como Supreme, Glory e mais tarde Promethea. Em Supreme, Moore explorou o conceito do IDEASPACE, um mundo de arquétipos, semelhante ao Mundo das Idéias de Platão. Supreme vai investigar uma estranha cidade no alto do Tibet, encontrando uma paisagem desnorteante, formada por um grande número de paisagens diferentes fundidas numa só. Há partes dela que parecem como um bairro decadente durante a Depressão de 1930, onde ele conhece uma gangue de crianças e um herói fantasiado.

O Grande Criador

Supreme continua a vagar pela estranha paisagem até encontrar uma trincheira de um campo de batalha, onde há uma infinidade de soldados de várias etnias: Um irlandês, um judeu, um negro, tudo muito parecido com o Sgt. Fury e toda uma enorme linha de heróis patrióticos.

Isto continua até Supreme conhecer o criador supremo deste mundo, que se mostra ser Jack Kirby. Isto é muito difícil de explicar porque leva uma história inteira para ser contada, mas é basicamente uma gigantesca cabeça flutuante, que se altera sob uma fotomontagem da cabeça de Kirby em transmutação; ela sempre é apresentada no estilo dos desenhos de Jack Kirby. Esta entidade gigantesca explica a Supreme que ele foi um artista de carne e osso e sangue, mas agora ele está completamente no reino das idéias, que é muito melhor porque a carne e os ossos e o sangue tem suas limitações, já que ele podia fazer somente quatro ou cinco páginas em um dia de trabalho; mas agora ele existe puramente no mundo das idéias. As idéias só podem fluir sem interrupções. Ele fala sobre todo um conceito de um espaço onde idéias são reais, que é o tipo de lugar onde, de algum modo, todos os criadores de quadrinhos trabalham durante toda a sua vida, talvez Jack Kirby mais do que a maioria. É como se uma idéia se tornasse livre do corpo físico, e este artista pode então explorar os mundos infinitos da imaginação e das idéias.

Em 1996, Moore escreveu seu primeiro romance, intitulado A Voz do Fogo. Foram 5 anos para escrever este livro, um tratado de 5 mil anos da sua cidade natal, Northampton. O primeiro capítulo é narrado em primeira pessoa (de forma muito singular) por um personagem que vive numa Northampton paleolítica, quando a cidade tinha duas a três cabanas de barro e uma ponte. O segundo é narrado em primeira pessoa por um personagem totalmente desligado do primeiro que vive em Northampton durante a Idade de Bronze, em uma comunidade que começou a crescer, se desenvolvendo através das eras. Lentamente, nós movemos através dos séculos, até o décimo primeiro capítulo, que é narrado pelo próprio autor na Northampton do presente.

Trabalhando para a editora Wildstorm (que acabou sendo posteriormente vendida para a DC) Moore criou uma nova linha de HQ´s, a America’s Best Coomics (ou ABC), onde surgiram as aclamadas séries: Top Ten, Tom Strong, League of Extraordinary Gentlemen, Promethea e Tomorrow Stories.

Aos 50 anos, Moore anunciou que pretende se aposentar dos quadrinhos. Será?

Liga dos Cavalheiros Extraordinários

Se você assistiu LXG, a dica de leitura é um antídoto para a pataquada que você viu na telona. Leia a edição especial A Liga Extraordinária da Devir. Apesar do preço salgado (R$ 45,00), você pode encontrar esse lançamento na FNAC por R$ 36,00. Preço justificado pela luxuosa edição de 192 páginas repleta de material inédito, incluindo o tão aguardado conto “Allan e o Véu Rasgado”, no melhor estilo das obras de H.P. Lovecraft.A Liga de Moore não tem nada a ver com aquela versão X-Men Vitorianos. As Aventuras da Liga dos Cavalheiros Extraordinários é o fanfict definitivo: Imagine uma força-tarefa formada por personagens da literatura inglesa, mas com uma pitadinha do tempero de Alan Moore: Então o Capitão Nemo é uma figura intrigante, um fanático cheio de equipamentos misteriosos. Hyde é de uma complexidade assustadora. Mina Murray não é uma vampira anabolizada e o decadente Alan Quatermain passa longe da interpretação impecável de Sir Connery. Só para você ter uma idéia, o Quatermain da HQ é viciado em ópio! Leia o mais rápido possível e fique aguardando ansiosamente o volume dois, ainda “inédito” aqui no Brasil.

Entrevista com Alan Moore

Apresento-vos uma entrevista com o escriba, realizada por Alan David Doane. A tradução é de David Soares (Portugal)

Eu soube que este “Quiz de 5 perguntas” seria um esforço maior que os anteriores, excedendo certamente esse número de questões, quando o homem que eu considero ser o melhor escritor de banda desenhada de sempre deteu-se, pensativamente, durante oito minutos para responder à minha primeira interrogação (envisionando e esclarecendo, em conjunto, as seguintes). Olhando a isso, abandonei a fórmula inicial; que outra escolha tinha? Durante a década de 80, Alan Moore recriou a banda desenhada por imprevisto, como irão ler adiante, e, desde a sua estréia, uma engenhosidade e paixão superlativas constantes são as características reconhecidas no seu trabalho. Conversar com Alan Moore, mais que uma honra, foi uma aventura e é meu dever agradecer ao autor a sua disponibilidade, mas, também, a Chris Staros, da Top Shelf Productions, por apadrinhar este encontro. Esta editora publica muitos dos melhores trabalhos de Moore, como o seu romance “Voice of the Fire”.

Alan David Doane – O que te inspirou a escrever um romance com a profundeza de “Voice of the Fire”?

Alan Moore – Sempre vivi em Northampton, como os meus pais, talvez tenha sido isso. Somos todos descendentes uns dos outros nesta única grande família que são os seus cidadãos. “Nascidos de fresco com sangue em segunda-mão”, como gostamos de dizer por cá. Esta cidade fascina-me e saber que a sua história, tão singularmente rica, é completamente ignorada sempre se me apresentou contra-sensual. A maioria dos ingleses é capaz de identificar Northampton apenas como uma mancha indistinta a meio da M-1, entre Birmingham e Londres, mas quando comecei a investigar as suas origens na altura em que me lembrei de escrever este livro encontrei matéria convincente o bastante para concluir que Northampton é, mesmo, o centro do universo. No mínimo, eu fiquei convencido.

Penso que a sua é uma história esplêndida que remonta desde a Idade da Pedra quando caçadores de mamutes, e os próprios mamutes obviamente, ainda caminhavam sobre estas ruas, atravessando a Idade do Bronze e as migrações dos povos Celtas, prosseguindo pela Idade do Ferro e as invasões romanas e, ainda, parece-me ser uma cidade que assumiu sempre uma importãncia central, de um modo mais complexo que a sua simples localização geográfica. Lembro-me, se me encontro sem erro, que os avós de George Washington, e de Benjamin Franklin, habitavam duas pequenas aldeotas vizinhas durante os anos da Guerra Civil Inglesa. Os pais de Washington moravam aqui, os pais de Franklin moravam em Ekton e ambos os casais abandonaram Northampton após a guerra civil que terminou nesta cidade (provavelmente, o local mais desconfortável para comprar uma casa durante o séc. XVII) e emigraram para a América. De acordo com aquilo que sei, a própria bandeira norte-americana é baseada no seu, agora esquecido, brasão de família, tradicional de Northampton.

O tipo que descobriu o ADN, Francis Crick, viveu aqui e foi aluno na mesma escola que eu frequentei com apenas algumas décadas de intervalo entre os seus anos lectivos e os meus e ia semanalmente à catequese na igreja que ainda se encontra no fim da minha rua. Muitos episódios da história inglesa também circulam Northampton, como a Guerra das Rosas que também conheceu o seu fim neste lugar, simetricamente à nossa Guerra Civil, como já te contei, e a Conspiração da Pólvora que foi urdida nesta cidade e pretendia rebentar a sede do parlamento, em Londres, em 1605. Pensamos, inclusive, que o empreendimento foi um fracasso e é por essa razão que o tornámos numa festa anual, mas os conspiradores não se saíram, realmente, mal.

Também foi nesta cidade que a rainha Mary, da Escócia, foi decapitada e é avaliando esse conjunto de acontecimentos que te digo que existe muita história aqui, nem sempre agradável, admito, mas está presente uma força nuclear para a vida humana e que influenciou de certeza a evolução do modo de vida inglês, e, em última análise, possivelmente outros modos de vida em outros lugares.

A génese do livro nasceu dessa fé que me diz que, sim, Northampton é, na verdade, o centro do universo. Acredito nisso, assim como acredito que é esta é uma cidade despida de características especiais. Posso dizer-te que qualquer pessoa, habitante de qualquer lugar sobre o globo, pode desenterrar uma mão-cheia de maravilhas da terra do seu próprio quintal, se tiver feito uma pesquisa paciente sobre esse local e se for engenhosa o bastante para as encontrar. Demasiadas vezes caminhamos pelas nossas ruas, a pé ou de automóvel, e não compreendemos que sob as fachadas descaracterizadas se pode esconder o antigo cárcere de algum poeta ou um sítio reservado ao homicídio, o sepulcro oculto de alguma rainha lendária e é o somatório destas pequenas histórias que enriquecem um lugar: de repente, não te encontras simplesmente a passear numa cidade comum, aborrecida e homogénea, mas numa aventura em avenidas prodigiosas recheadas de histórias fantásticas. Na minha opinião, viver é uma experiência muito mais recompensadora se conhecermos intimamente a parte do mundo que nos foi destinada como casa e esta é a melhor resposta que te posso dar sobre a tua pergunta.

ADD – Bom, na verdade já respondeste às primeiras quatro perguntas.

AM – A sério? (Risos) Estou em forma.

ADD – (Risos) Sendo assim, vamos à última. Imagino que durante a criação das histórias deste livro, à medida que ias desenvolvendo a tua pesquisa e estruturando a narrativa, foste apanhado de surpresa por algumas coisas acidentais que não estavam previstas quando iniciaste o empreendimento.

AM – Fui surpreendido por uma grande quantidade de coisas. Repara que uma das minhas premissas iniciais era a de não querer escrever um trabalho histórico, por que não queria abdicar da liberdade que um trabalho de ficção me oferece, como, por exemplo, entrar na personalidade das pessoas sobre quem eu pretendo escrever e o sentido dessas vidas, pois acredito que dessa forma o resultado final é mais verdadeiro, mais humano. Contudo, mesmo conjurando todas estas vozes fictícias do passado queria que o seu discurso se baseasse em fatos reais e circunstâncias possíveis e comecei com esse objetivo em mente para, em seguida, compreender que determinados temas, determinadas imagens, estavam a emergir da minha narrativa.

Aparentemente, a maioria dos episódios ocorrem em Novembro, no dia do meu aniversário,e, paralelamente a isso, outros elementos estavam a manifestar-se repetidamente em diferentes histórias e indicavam-me uma espécie de padrão: pessoas com membros amputados; matilhas de cães pretos espectrais; cabeças decepadas e outros ícones de natureza igualmente inquietante.

O desafio de “Voice of the Fire”, se eu queria realizar esse livro de acordo com a minha ideia original, era ter um narrador diferente para cada uma das doze histórias, alguém que pertencesse a esse espaço-tempo e que relatasse na primeira pessoa. Para o último capítulo, que tem lugar nos dias de hoje, o único narrador possível só poderia ser mesmo eu próprio. Contar essa história com a minha voz, debruçando-me sobre os meus assuntos particulares sem inventar pormenores sobre o que estaria a acontecer durante essa altura e, coincidentemente, quando finalmente comecei a fazê-lo, descobri que já me encontrava em Novembro, mais uma vez… Iniciei a escrita desse capítulo com a esperança que a própria cidade me sugerisse um final que amarrasse todas as pontas e todas as hipóteses que fui deixando por rematar ao longo dos capítulos anteriores sem saber se isso iria acontecer ou se, pelo contrário, os últimos cinco anos da minha vida tinham sido um logro e que não deveria ter começado o livro, em primeiro lugar.

Sempre acreditei que existem momentos na vida de um escritor em que ele, ou ela, é confrontado com a noção de que as fronteiras entre a ficção e a vida real são, muitas vezes, inexistentes e isso é frequente em trabalhos nos quais optamos por um registro auto-referencial. Esses dois universos inclinam-se para um maior cruzamento à medida que te aproximas de casa o que pode ser desconfortável, no mínimo. Por isso não foi surpreendente, mas ainda assim bizarro, quando sucessivas ocorrências se conjugaram para satisfazer as necessidades do meu texto. Coisas sobre e com cabeças cortadas e enormes cães pretos que me mostraram que enquanto ações mirabolantes têm lugar na ficção, outros movimentos igualmente mirabolantes, e perigosos, acontecem na vida real; experiências que são simétricas. Por mais que as esperes, são sempre perturbantes.

ADD – Esse capítulo final, acredita, foi uma das coisas mais perturbantes que já li.

AM – Pois. Obrigado.

ADD – Existe uma frase nesse capítulo… Tu sabes qual: “O Homem escreve.”, “O Homem escreve.”…

AM – Sim

.

ADD – Essa tua frase que aparece repetidas vezes e que parece tão absurda consegue reunir toda a informação do livro e fazer sentido no final, quando todas as centenas de páginas e todas as centenas de anos que assimilaste acabam por nos conduzir à tua casa, ao teu quarto, não é verdade?

AM – É quase isso. Não és conduzido ao meu quarto, felizmente para ti, mas à minha mente. Até esse ponto exato, ainda poderias pensar que “Voice of the Fire” é composto por uma série arbitrária de histórias suavemente associadas em órbita da minha cidade e nesse capítulo quis fundir tudo isso: as histórias, a minha vida, a minha mente e as vidas e as mentes dos leitores. Aparentemente, para surpresa de todos, o livro acaba mesmo por ser sobre mim. Pode ser sobre mim, sentado a escrever o próprio livro. Ou ser sobre o processo criativo de se escrever outro livro. Ou sobre outro assunto qualquer. É isso. E fico contente que tenhas reagido bem à frasezinha, por que ela arrepiou-me um bocadinho quando a escrevi. Lembro-me que pensei: “-Isto está a ficar sinistro, por isso devo estar a criar algo interessante”.

ADD – A frase não é sinistra, em si, mas consegue impressionar-te dessa forma.

AM – Obrigado.

ADD – É perturbante, como já te disse. Aliás, já li o teu “From Hell” e senti em algumas passagens dessa história que ultrapassaste a barreira entre autor e leitor. Uma barreira que não tinha sido ultrapassada em nada que já tivesse lido.

AM – Isso é maravilhoso…

ADD – Não tenho a certeza de qual dos livros foi editado em primeiro lugar, mas o efeito que “Voice of the Fire” me provocou pareceu-me uma ampliação do que senti em segmentos de “From Hell”, naqueles momentos em que tu, como acabaste de explicar, penetras, e nós contigo, na mente da personagem, que neste caso és tu. Não tinha pensado nisso, mas o leitor acaba por se transformar em Alan Moore.

AM – Pois… é possível. Penso, inclusive, que um ingrediente que pode ajudar a cozinhar esse efeito é o facto de que no último capítulo de “Voice of the Fire” não possuo um conhecimento “in loco” do meu consciente não-autónomo, ou seja: o meu “eu” pensante. Falando nisso, nunca utilizo a palavra “eu”, entendes? Acaba por funcionar como uma narração na primeira pessoa do singular, mas sem uma pessoa. Não sei se era a isto que fazias referência, mas eu também não compreendo muito bem o que me leva a escolher uma determinada forma de fazer as coisas. Na altura, pareceu-me que funcionava.

Pareceu-me que deixava o leitor respirar, sem estar constantemente a ser confrontado com a noção de que é um… deixa-me pensar… um ego de outra ordem que fala com ele. Fico satisfeito pela tua reacção a esta experiência.”Voice of the Fire” e “From Hell” nasceram mais ou menos na mesma altura, talvez com um ano de diferença, e isso acaba por estabelecer uma comunicação entre os dois, por que têm algumas afinidades, como, por exemplo, o facto de partilharem um momento da minha vida em que decidi tornar-me um ocultista e estudar a fundo matérias que estão imersas num mundo à parte às quais, vulgarmente, chamamos magia. No “From Hell” isso está explícito nos diálogos de William Gull quando ele nos descreve as suas crenças e que os deuses existem realmente, em majestade e monstruosidade, na nossa mente. Escrevi isso quase por acidente e compreendi depois que tinha escrito algo mais profundo, algo significante que, eventualmente, acabou por introduzir o meu interesse pela magia.

Certamente, esta inclinação coloriu com outros tons o final de “From Hell”, e a conclusão de “Voice of the Fire”. Este título reservou-me outra surpresa: comecei o livro contando a história de um xamã que procura um código de palavras, uma ladainha, um conjunto mnemónico para aglutinar o seu povo e na última história, eu sou esse xamã, inconscientemente, milénios depois, realizando a mesma rotina. Não a mesma, claro, pois os meus métodos não envolveram nenhum sacrifício humano. Podes dormir sossegado.

ADD – A mensagem de “From Hell, bom, pelo menos a que eu retirei da minha leitura e que, infelizmente, não é expressa pela sua adaptação cinematográfica…

AM – Tens de compreender que estás em vantagem sobre mim nesse tópico, por que não vi o filme.

ADD – Tudo bem. Penso que na melhor das hipóteses representar todas as preocupações do teu trabalho, já por si bastante extenso, num filme de duas horas é uma tarefa impossível de concretizar. Mas falava-te do que retirei do livro, a tal mensagem que é a de que a arte tem o poder de transformar o artista, até divinizá-lo, e no decurso da minha leitura percebi que ambos os livros, “From Hell” e “Voice of the Fire”, partilham essa preocupação. Não sei se foi intencional, mas a verdade é que quando se chega ao fim desses livros essa mensagem é, de facto, sugerida.

AM – A magia tem o poder de mudar a relação que tens com o mundo que te rodeia e isso aconteceu comigo. Comecei a olhar as coisas de outra forma, com um sentido, felizmente, mais útil, até, e considerando tudo isso, o que dizes sobre os dois livros pode ser verdade. Através deles, apresento uma visão alternativa da nossa história e das nossas experiências, mesmo que em “From Hell” a minha intenção principal fosse contar uma história sobre um crime, um homicídio. Nessa altura, nem pensei nos crimes de Jack, o estripador. Era, apenas, o uso de um crime como uma experiência avassaladora que me norteava. Felizmente, um homicídio, no contexto de uma vida, é uma experiência bastante improvável. Repara que o número de pessoas que acabam por morrer dessa forma é, ainda assim, muito reduzido.

Essa raridade sugeriu-me a idéia de falar sobre o homicídio de uma forma particular. Porquê abordar apenas a identidade do autor, que parece ser o motor constante de tantos romances policiais? Essa é uma alusão quase tão redutora como um vulgar jogo de salão. Como o CLUEDO, por exemplo, onde só precisas de descobrir quem foi o assassino, a arma que usou e em que local a vítima foi abatida. Com “From Hell” quis esclarecer, também, as variáveis sociais e culturais que permitiram a práctica desse crime, muito mais que, somente, especular sobre a identidade do homicida. Queria ver como um crime poderia agir sobre a sociedade e estudar todas as hipóteses de desenvolvimento que poderiam florescer posteriores a essa ação.

Prosseguindo nessa óptica, se estás a falar sobre um crime, essa experiência avassaladora que pode acontecer na nossa vida, tomas consciência que és capaz, inclusive, de ir mais longe e ter alguma coisa a dizer sobre a grandiosidade da própria condição humana. Podes dirigir este ponto de vista para “Voice of the Fire”, claro, mas desviado suavemente, já que a intenção desse livro não é provar-te que Northampton é o núcleo do universo, mesmo tendo fé absoluta na verdade dessa afirmação, como já te disse, mas mostrar-te que qualquer local, onde quer que te encontres, é muito mais rico, muito mais exótico e prodigioso do que parece à primeira olhadela, entendes? No primeiro livro, procurei mostrar um ponto de vista crítico sobre a condição humana e a cultura, neste caso a cultura e a sociedade inglesas, usando um crime como casa de partida, mas com “Voice of the Fire”, as minhas ambições estavam à solta, a pensar em outras paisagens e para onde a nossa evolução nos conduz. Penso que o que estabelece a comunicação entre os dois livros é mesmo o meu interesse pela magia, que influencia o meu modo de olhar as coisas e de as contar.

ADD – Gostaria que falasses do modo como vê a tua carreira na banda desenhada e a forma como as obras que tu escreveste, como “From Hell”, mas também “Watchmen” e “The League of Extraordinary Gentlemen”, mudaram o comportamento da indústria da publicação de comics.

AM – Posso dizer-te que a minha ambição foi sempre ganhar a vida como cartunista e nem pretendia ser famoso. O problema foi quando descobri que nunca seria um artista bom e rápido o suficiente para aguentar uma carreira nessa atividade.

Lembrei-me, então, da hipótese de me concentrar na escrita, por que senti que poderia fazer um trabalho melhor como escritor e que desenhando os storyboards para as histórias a minha ligação com o desenho continuaria. Investi com essas premissas e compreendi logo no início que seria incapaz de escrever uma história de encomenda. Se uma idéia sugerida não fosse aquilo que eu tinha em mente, invertia-a para a transformar em algo que me desse prazer escrever ou que fosse, no mínimo, um desafio. Penso que o método que desenvolvi me salvou de muitos compromissos e sempre me providenciou com a motivação necessária para realizar um bom trabalho.

Comecei a ser requisitado aos poucos, para ali e para acolá, em resultado dele e apliquei-o, concisamente, quando a DC me engajou para escrever o “Swamp Thing”. Na minha lógica, o leitor nunca se irá interessar em ler uma história escrita por mim, se eu próprio não estiver interessado em escrevê-la. Isso pressente-se, não te parece? Penso que os leitores são muito bons em descobrir se o autor gostou realmente de fazer o seu trabalho.

Tive de tornar o material mais arrojado, mais destemido, para o forçar a ser interessante. Pensei que fosse arranjar uma porção de problemas por causa disso, mas não. Os leitores compreenderam as minhas escolhas e eu, encorajado por eles, inovei mais ainda, sempre com o apoio da Karen Berger, claro, a minha editora da DC na altura, e, também, por outras pessoas que apreciaram muito a subida das vendas do título, sempre maiores a cada mês. Todo esse conjunto de situações fez nascer uma relação de confiança mútua na qual os editores perceberam que se eu tivesse controlo sobre as minhas decisões criativas nunca lhes iria apresentar um trabalho inteiramente despropositado e foi essa credibilidade que me permitiu ir sempre mais longe, por vezes a locais perturbadores ou tétricos, mas sempre interessantes. De que forma é que isso influenciou a indústria? Não te posso oferecer uma explicação clara. Depende da minha disposição, se queres mesmo saber. Se eu me sentir deprimido penso que a minha influência foi terrível e que os autores que cresceram a ler o “Swamp Thing” ou “Watchmen” só foram capazes de imitar a violência desses trabalhos, e a sua pose intelectualista, sem a suportarem com a ingenuidade e a aventura que também lá se encontram. Sinto que ignoraram completamente a minha vontade de romper os limites da própria fórmula de contar histórias em BD e contentaram-se em produzir uma série de livros tristes e penosos. Como te disse, esta visão desconsolada da realidade depende muito da minha má-disposição e hoje tiveste azar.

A sério que gostava mesmo de acreditar que, em vez de tudo isto que contei, consegui realmente mostrar com o meu trabalho que a banda desenhada permite inúmeras possibilidades aos seus autores e que estão para nascer livros fabulosos com contornos que somos incapazes de imaginar neste momento. Que podes fazer tudo com algo tão simples como palavras e imagens se as abordares sensivelmente e se fores inteligente, diligente e virtuoso no teu esforço. Talvez esteja a ser brusco, lamento, mas queres afirmar que existe uma influência minha na indústria? Então, por favor, coloca-a aqui em vez de encorajares a minha percepção de que a minha herança será invariavelmente composta por psicopatia e sarcasmo.

ADD – Sou capaz de regressar mais longe que os anos oitenta, quando o teu “Watchmen” e o “The Dark Knight Returns”, do Frank Miller, foram publicados. Na minha opinião, o que poderá ter iniciado a redefinição das personagens, dos super-heróis, poderá muito bem ter sido aquela história que escreveste no “Swamp Thing” na qual representaste os membros da Liga da Justiça, o Batman, o Super-Homem e os outros, como se fossem novos deuses, curiosos em relação à humanidade. É um segmento de quantas páginas? Duas? Contudo, penso que a mudança começou nesse momento.

AM – Quem sabe se a razão está do teu lado… Lembro-me que foi a primeira vez que escrevi sobre super-heróis, no mínimo, os americanos. O Swamp Thing não conta, por que, na altura, era refugo. Para mim, escrever essa história foi voltar a divertir-me com os brinquedos da minha infância, o Flash, o Super-Homem e sentá-los todos no seu grande gabinete cósmico e devolver-lhes o carisma que eles costumavam ter para mim e que, infelizmente, se tinha transformado num sentimento mais próximo de casa. Fi-lo usando pequenos ardis, como nunca os chamar pelo nome verdadeiro e ocultá-los na penumbra. Podes ver uma insígnia pelo canto do olho ou uma silhueta, mas isso é tudo. Sobretudo, quis fazer poesia com estas personagens.

Dizer que uma personagem consegue ver o que acontece no outro lado do globo ou que é capaz de aquecer a antracite o suficiente para a transformar em diamante, como fiz para o Super-Homem, ou que se move a uma velocidade tão intensa que a sua vida se assemelha a uma visita numa galeria de estátuas, como escrevi para o Flash. Falei em poesia e isto, de fato, não é um exemplo de boa poesia, mas constitui um novo olhar sobre estas personagens que temos inclinação a desdenhar, ou a esquecer, por que se tornaram, com o passar dos anos, demasiado familiares e a aproximação que nos liga às coisas e aos assuntos tende, por vezes, a criar essa desilusão. Só pintei uma maquilagem nova sobre o encanto que já existia. O Frank Miller fez a mesma coisa nas páginas do “Daredevil”, não? Quando introduziu outras personagens da Marvel nessa cronologia.

ADD – Tens razão, mas repara que ele não se desviou dos padrões instituídos e nunca nos fez olhar uma personagem conhecida de um modo singular. A mesma acusação é válida para a maioria dos criadores posteriores. É mesmo como dizes: se tivessem considerado a face mais experimental dos vossos trabalhos em vez de se concentrarem no sensacionalismo as coisas poderiam, certamente, ter conhecido outra evolução.

AM – Não duvides e essa face mais arriscada é o que existe de atraente no trabalho do Frank, essa sua mestria narrativa e a inovação constante que ele introduziu no género através das histórias do Demolidor e do Batman, muito mais que o desalento e a testosterona. Seria tão bom se a sua influência penetrasse mais fundo que a camada superficial feita de sexo e violência.

Não vamos dizer, todavia, que tudo o que apareceu depois de “Watchmen” e “The Dark Knight Returns” se encaixa nessa pobre categoria e posso dizer-te que na periferia do mainstream encontras grandes trabalhos que não são clones de nenhum destes títulos, mas ainda assim penso que a nossa herança é maldita e uma péssima desculpa para oportunidades perdidas, o que não desvirtua a qualidade do trabalho do Frank e do meu, obviamente.

ADD – Esta conversa sobre herança vem mesmo a propósito. O teu amigo Neil Gaiman já tornou público o que ele diz ser “a conclusão, ou o fim eminente, de um episódio interminável com um editor desonesto, desleal até ao limite do imaginável”, aludindo ao desfecho do processo que levantou contra Todd McFarlane pela posse dos direitos que envolvem parte do franchise do personagem Miracleman, que tu próprio resgataste e ressuscitaste nos anos oitenta. Passados todos estes anos, o que é que tu gostaria de ver feito com essas histórias que escreveste e qual é a tua opinião sobre o processo-crime?

AM – Estou muito contente pelo Neil, como podes imaginar. Ainda bem que acabou, por que deve ter sido um pesadelo moroso. É sempre ridículo que alguém que não seja o criador venha exigir direitos sobre um trabalho e custa-me a entender essa falta de ética, ou melhor, compreendo-a, mas não posso pronunciar-me sobre ela sem dizer um ou dois palavrões. É algo embaraçoso, seboso até, que acaba por nos sujar a todos e que não oferece uma boa imagem da indústria da banda desenhada, por culpa dela própria, também, já que, infelizmente, casos semelhantes a este são frequentes. Penso que o Neil, chegando impoluto à outra margem desse lodaçal para onde irrefletidamente o quiseram arrastar, comportou-se como um verdadeiro super-herói.

Seria divertido ver reimpressões do Miracleman, para que os leitores não estivessem a pagar preços proibitivos por edições raras guardadas religiosamente desde a sua publicação original. Algum do material apresentado nessas histórias era realmente fantástico, como o escrito pelo Neil, por exemplo, e era bom que ele, em algum momento, tivesse oportunidade para lhe dar continuidade. Ele já me propôs há uns tempos uma parceria com vista à realização de uma conta em que todos os royalties derivados das vendas das reimpressões fossem guardados para serem distribuídos com justiça aos autores que trabalharam na série, como nós ou como o Mark Buckingham.

Parte desse dinheiro podia ir, também, para o Comic Book Legal Defense Fund e se houvesse a infelicidade de um ou outro filme aparecer o dinheiro, os meus royalties pelo menos, poderiam ir diretamente para esse fundo ou ficar no estúdio para serem partilhados pelos criadores envolvidos no projeto, por que eu não quero receber um único centavo de mais um filme adaptado de um dos meus livros, nem desejo ver o meu nome associado a um empreendimento desse género. O ideal era que não se fizessem mais filmes inspirados em livros do Alan Moore. Em vez disso, era mais agradável ver bons trabalhos serem reimpressos por um bom editor, sob uma boa política editorial.

Isso seria uma excelente premissa para o futuro e não digo isto motivado pela ganância de ganhar mais uns tostões com o meu material antigo, mas com a intenção de garantir que criadores como eu e como o Neil não tenham de atravessar campos minados no percurso das suas carreiras, por que, na verdade, temos assuntos muito mais importantes com que nos preocupar.

de http://www.mortesubita.org/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/grandes-iniciados-alan-moore

Magia Enochiana para passar no ENEM

Quase todo dia, pessoas me escrevem pedindo magias ou rituais que os permitam passar em provas, concursos ou testes de qualquer tipo. Os mais retardados fazem Pacto Pactorum ou mergulham nas qliphot e só se ferram… Mas seus problemas acabaram! Recentemente, recebi autorização dos Poderes Illuminati para revelar apenas aos leitores deste blog os segredos reptilianos para passar magistralmente no ENEM sem levantar suspeitas.

Este é um ritual enochiano complexo que necessitará de seis meses de preparo (para o ENEM), acompanhando as tábuas lunares e aspectações astrológicas, de acordo com as anotações deixadas por Aleister Crowley. “Sucesso é a única possibilidade!” ele escreveu. E você também conseguirá.

Em primeiro lugar, veja a data exata do Concurso. Isso possui uma importância fundamental astrológica no ritual.

Veja seu calendário magístico e marque exatos 6 meses, 6 horas e 6 minutos antes (666). Separe todos os livros e matérias que constam nas “Disciplinas do Edital” ou a “matéria da Prova”. Estes serão denominados de agora em diante “Coelum Philosophorum“. É importante que você separe TODOS os livros que cairão na prova ou concurso, porque precisaremos de todo o conteúdo para o pacto com as forças enochianas. A nota da Redação tem grande peso na nota final do Enem. Por isso, além de ficar bem informado é necessário focar nas técnicas de redação. Por isso é importante estudar pelo caminho do hermetismo. Em todos estes anos de internet, nunca vi um crente ou satanista que escrevesse direito…

Sei que Você já deve ter ouvido isto antes, mas ler bastante é muito importante para quem deseja escrever bem. Papus e Eliphas Levi já diziam isso e eu apenas reforço seus pensamentos.

O contrato com os anjos enochianos para realizar o pacto precisa ser feito todos os dias, sem falhas, ou o ritual não funcionará. Segundo John Dee, durante não menos do que duas horas a cada dia, o Estudante começará a preparar os “Sigilos de Resumo” que são fórmulas cabalísticas para transformar grandes conteúdos literários em pequenos trechos resumidos que deverão ser compreendidos no pacto final. Para tanto, separe toda a matéria do Coelum Philosophorum, dividindo-o pelo número de dias que você fará as invocações.

A cada dia, certifique-se que não será perturbado pelos profanos por pelo menos duas horas. Desligue todos os equipamentos eletrônicos ao redor, pois as emanações eletromagnéticas prejudicarão o entrosamento psicomental necessário para contactar os seres enochianos.

O mago deverá usar suas vestes ritualísticas (se não possuir, poderá usar roupas pretas) e, atentamente, leia e faça anotações e RESUMOS em seu Grimório Pessoal com todo o conteúdo dos textos separados (isto é importante para que o mago saiba exatamente o conteúdo total da energia que será exigida na prova, a fim de invocar a entidade enochiana mais adequada). Segundo McGregor Mathers, Dion Fortune e Peter J. Carroll, esta etapa do ritual é fundamental e não pode ser negligenciada, pois os sigilos ficariam incompletos.

São Cipriano recomenda, em seu livro de capa preta, que o feiticeiro tenha ao seu lado um copo de água cheio, que deverá ser consumido durante estas duas horas de ritual.

Na noite anterior, é necessário que o Adepto medite a respeito dos objetivos e não pense mais no assunto, pois os sigilos precisam ser lançados no Astral para o dia seguinte. Com o tempo e com as práticas ritualísticas, o iniciado dominará qualquer tipo de assunto, bastando para isso incorporar novos livros ao Coelum Philosophorum e poderá usar este ritual não apenas no ENEM, mas também em outros testes como o vestibular, prova da OAB e concursos.

Na hora do exame, toda a matéria resumida e estudada nos sigilos aparecerá de maneira mágica e inexplicável na mente do iniciado, trazida diretamente de seu Sagrado Anjo Guardião, fazendo com que ele consiga passar em qualquer prova ou teste!

De Paracelsus a Isaac Newton, de Agrippa a Leonardo DaVinci, todos os alquimistas utilizaram-se deste método que agora está disponível a qualquer digno estudante de ciências ocultas. Desta maneira, conseguirá os melhores resultados na escola, na faculdade ou em qualquer outro lugar, sem despertar suspeitas!

93!

Marcelo Del Debbio

Dies Martis, Sol in Aries, Luna in Taurus

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/magia-enochiana-para-passar-no-enem

A Alegoria na Kabbalah

Tomamos certos pontos da ciência cabalística, apropriados para efetuar nossos trabalhos com a Árvore da Vida Sefirótica, que relacionamos com outros símbolos tradicionais e disciplinas herméticas, e igualmente com outros exercícios e práticas que funcionam como meios ou despertadores para ir observando, conhecendo e adquirindo, pouco a pouco, pela reiteração destes rituais, outro grau de consciência ou uma leitura diferente da realidade e da descrição que temos da mesma. Igualmente, devem anotar-se certos riscos inerentes à queda de uma série de estruturas que, de não serem substituídas pelos elementos que nos brinda a Doutrina Tradicional, levar-nos-iam só a uma estéril vacuidade, ou a uma desesperação gratuita. Adverte-se uma vez mais sobre a discrição e seriedade que devem rodear nossos trabalhos, conselho repetido invariavelmente pelos adeptos da Ciência e da Arte. Voltaremos a concentrar uma e outra vez sobre o diagrama cabalístico, verdadeiro modelo do universo, com o ânimo de interiorizá-lo, compreendê-lo, e intuir o cúmulo de imagens que nele estão contidas e cuja manifestação promove. Desta forma, queremos lembrar que, segundo o Sefer Yetsirah (ou Livro das Formações, verdadeiro clássico cabalístico) reitera repetidamente, os sefiroth são dez. Não nove, senão dez. Não onze, senão dez.

Seguindo com o projeto de aproximar nossos leitores a um conhecimento dos símbolos tal qual se expressa nas gravuras herméticas, cabalísticas e alquímicas, oferecemos aqui uma ilustração antiga da Árvore da Vida. Como já advertimos, o ir “fazendo-se o olho” é um preâmbulo para acrescentar o conteúdo da autêntica mensagem do símbolo e desentranhar as verdades e energias-força nele contidas. Com otimismo, também se poderia dizer que desta forma se está acessando uma introdução à “visão”.

Como pode se observar, trata-se da meditação de um iniciado sobre nossa Árvore Cabalística dentro de um espaço fechado, recolhido. O recinto é cúbico e sua porta se abre por meio de duas colunas, o que é uma representação da caixa do Cosmo. Kether, a sefirah mais alta e elevada, coroa e toca a abóbada desse oratório ou gabinete de trabalho, e prenuncia a saída para o supracósmico. O adepto está sentado num cadeirão cuja parte mais alta é um recipiente que olha para cima, e cujas “pernas” se voltam para a terra, sendo, no entanto, ambas as partes do móvel análogas, ainda que invertidas.

Os pés do cabalista estão firmemente apoiados sobre o solo (significando a realidade), enquanto que uma de suas mãos sustenta com firmeza o diagrama da Árvore Sefirótica (ação) e a outra repousa com serenidade (contemplação) a par que de toda sua figura se desprende uma atitude de atenção concentrada e serena.

#hermetismo #Kabbalah

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Grandes Iniciados – Melquisedec

MELQUISEDEC é um ser ainda mais enigmático que o próprio APOLÔNIO DE TIANA basta que se considere que no ritual de ordenação sacerdotal da Igreja Católica consta uma parte, que foi colhida nos ensinamentos de APOLÔNIO, que diz: Tu és “SACERDOCE IN AETERNUM SECUNDUM ORDINEM MELCHISEDEC”, Tu és um sacerdote eterno, segundo a Ordem de MELQUISEDEC. Existem muitos documentos que dizem haver sido JESUS um sacerdote da Ordem de MELQUISEDEC. Então Quem é MELQUISEDEC?

Os orientais falam muito do REI DO MUNDO, um ser enigmático, e por eles considerado a mais alta forma de Consciência Divina na terra vivendo num lugar oculto denominado Shambhala.

Dizem que esse ser quando se manifesta por alguns segundo na terra toda natureza para. É como se o tempo parasse, nada se ouve, os animais se põem quietos e os passarinhos nem ao menos gorjeiam. Tudo silencia, não se escuta nem o murmúrio dos rios, nem o farfalhar das folhas, nem o rumor das ondas do mar… tudo é paz e silêncio.

Em tais momentos uma pessoa bem equilibrada sente algo bem especial, tem uma sensação como que se tudo houvesse parado e o mundo inteiro ficasse envolto num manto de quietude e de imensa paz. Até o vento se torna quieto, nenhuma folha cai, nenhuma pedra rola, nenhum regato murmura, nem ao menos se ouve o murmúrio das fontes. Tudo é paz… harmonia… silêncio. É silêncio, mas ao mesmo tempo se percebe uma vibração sonora permeando todas as coisas.[1]

É o momento de GRANDE PAZ, aquele momento em que o REI DO MUNDO, o SUBLIME MELQUISEDEC abençoa a vida na Terra e revitalizando tudo. Em determinados momentos a natureza parece parar, o vento para, todos os elementos da natureza silenciam, os animais aquietam-se, tudo se torna sereno, e os sensitivos e iniciados percebem isto claramente em determinados momentos não muito freqüentes. Naquele momento os galos cantam.

Dizem os orientais, especialmente os da Índia e outros povos que vivem nos planaltos do Himalaia, que aquele é o momento em que o “Rei do Mundo” fala com Deus. Na verdade trata-se do momento em que Melquisedec, pelos orientais ligados a G. F. B. cujo nome de Sanat Kumara, ponto focal da manifestação divina no nosso Logos Planetário, pronuncia o Som Cósmico, o AUM, confirmando pelo Amén a Sua missão de mentor da Terra perante o Absoluto Deus. Com este som ele energiza todo o planeta expressando com perfeição a Parcela Divina de um Deus sem forma.

Em 1920 um polonês que trabalhava na Rússia, F. Ossendowski foi surpreendido pela revolução bolchevista e teve, então, que empreender uma fuga através da Sibéria, Mongólia, e Tibet. Sobretudo aquilo que ocorreu durante a viagem ele escreveu um livro, que se tornou um Best Seller mundial intitulado BESTAS, HOMENS E DEUSES. Um livro muito polêmico por envolver revelações inusitadas, coisas fora do comum no mundo ocidental que ele soube e testemunhou durante 18 meses de viagem por aquelas mais recônditas regiões do planeta. Como toda obra reveladora de conhecimentos incomuns o autor foi muito criticado e posto em dúvidas, mas com o passar dos anos ninguém conseguiu provar que a historia narrada, como um todo, seja apenas fantasia.

Descrevemos o que Ossendowsky conta naquela obra, entre muitas outras coisas interessantíssimas, quando ele estava atravessando a planície perto de Tangan Luc. … “O guia da caravana, um homem simples, bruscamente disse: Parem! Desceu do camelo, havendo este, sem qualquer ordem, do guia se deitado. O mongol também se prostrou com as mãos sobre no rosto em sinal de prece e começou a repetir o mantra sagrado do Tibet” OM MANI PADME HUNG. Os outros mongóis também desceram de seus camelos e começaram a rezar.

Que será que aconteceu, perguntava a mim mesmo enquanto observava em minha volta o verde brilhante do capim que se estendia até o horizonte, onde um céu sem nuvens recebia os últimos raios do sol.

Os mongóis rezaram durante algum tempo, conversaram entre si, e depois de apertar os arreios de seus camelos, prosseguiram a viagem”.

Então Ossendowsky indagou a respeito daquela parada e o guia respondeu: “Você notou como os camel os remexiam as orelhas de medo e como o rebanho de cavalos na planície ficou imóvel?Você viu que até os carneiros e o gado deitaram-se no chão? Você notou que as aves pararam de voar, as marmotas pararam de correr e os cães emudeceram? O ar vibrava suavemente e trazia, de longe, as notas de uma canção que penetrava no coração dos homens, dos animais e das aves. O céu e a terra não se movem, o vento não sopra e o sol pára sua trajetória; num momento como esse, o lobo, que está se aproximando sorrateiramente dos carneiros, não continua no seu propósito de rapina, o rebanho de antílopes apavorados para sua fuga precipitada; a faca cai da mão do pastor que está para sacrificar a ovelha, e o voraz arminho deixa de perseguir a confiante perdiz salga. Todos os seres vivos ficam assustados e rezam, esperando que se cumpra seu destino. Foi o que aconteceu agora; e o que acontece toda vez que o Rei do Mundo, em seu palácio subterrâneo, reza procurando saber o destino dos povos da Terra”.

Na Bíblia está escrito que Abrão foi abençoado por MELQUISEDEC numa fase de sua vida, por certo quando ele ainda não havia sido envolvido. Sabemos que na realidade Abrão recebeu a bênção do REI DO MUNDO numa época em que ele ainda não havia se comprometido, mas a descrição bíblica a respeito desse Grande Ser está mesclada propositadamente com inverdades que visam desviar a pessoa do real sentido do REI DA ETERNA PAZ.

Este é um dos muitos pontos em que a Bíblia sofreu alterações profundas. Vejamos, inicialmente, aquilo que está escrito a respeito de Melki-Tsedeq[1]

O Seu nome significa Rei da Paz, Rei da Justiça, ESTÁ FEITO ASSIM À SEMELHANÇA DO FILHO DE DEUS E PERMANECE SACERDOTE PARA SEMPRE.

Na Pistis Sophia dos Gnósticos Alexandrinos, Melquisedec é citado como GRANDE RECEBEDOR DA LUZ ETERNA. Ele recebe a Luz inteligível, por um raio emanado diretamente do Princípio para refletir o mundo, que é o seu domínio. É por isso que Ele também é chamado FILHO DO SOL.

Na epistola aos Hebreus, Paulo diz que Melquisedec é o Rei da Paz; que não tem pai nem mãe nem genealogia, que não tem começo nem fim de vida, sendo, portanto feito á semelhança do filho de Deus e permanece sacerdote para sempre.

Forças negativas adulteram as citações constantes na Epistola aos Hebreus fazendo com que seja aceito que aquele que abençoou Abrão foi Melquisedec. Houve uma alteração fragrante do texto bíblico. Sendo Melquisedec Quem é, sacerdote do Deus Altíssimo, não corresponde àquele ser que como tal é citado na Bíblia. Sendo Ele, a manifestação da Justiça Divina na Terra, não cabe na posição daquele que abençoou Abrão. São duas naturezas totalmente distintas e opostas, senão vejamos:

Paulo – Epístolas – 7:1 – Este Melquisedec, rei de Salém, sacerdote de Deus altíssimo, que saiu ao encontro de Abrão, quando ele voltava de destruir os reis, e o abençoou; 7:2 a ele deu Abrão o dízimo de todos os despojos. Disse Paulo. Quanto ao seu nome, primeiramente se interpreta como ‘rei de Justiça’, e depois ‘rei de Salém’, que quer dizer rei de paz; (aparecendo) sem pai nem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias, sem fim de vida, tornado assim semelhante ao filho de Deus, permanecer sacerdote para sempre.

Agora compare-o com Gênese 14-18, 14-19 e 14-20 onde fala de Melquisedec e é dito haver ele recebido 10% de tudo aquilo que havia sido tomado dos povos vencidos, dos despojos de guerra tomado aos reis que haviam sido vencidos por Abrão. Então onde o rei de justiça? -A parte que assinalamos em negrito mostra a natureza cósmica de Melquisedec e como podemos ver não combina absolutamente com a parte anterior.

Mais uma vez Abrão foi enganado quando pensou estar pagando o dizimo dos despojos de guerra a Melquisedec. Melquisedec é o “Grande Recebedor da Luz Eterna”, O “Representante da Justiça de Deus na Terra”, como então iria Ele receber dízimo, e ainda mais em se tratando de despojos de guerra, coisas espoliados dos povos vencidos em guerras sanguinárias?…

Melquisedec, Rei de Salém… Ora, Salém quer dizer PAZ, então como é que um rei da paz recebe despojos de guerra?

Existem documentos secretos que afirmam haver Jesus participado de cerimônias de iniciação. Podemos afirmar que sim e também que uma delas ocorreu junto à Ordem de Melquisedec. Por isso é que ser Jesus um sacerdote da Ordem de Melquisedec.

A Ordem de Melquisedec é também conhecida pelo nome de ORDEM DO SACERDÓCIO REAL, ou ORDEM DA JUSTIÇA DIVINA, pois Melquisedec representa a Superior Justiça Divina na Terra, o máximo do “Reino da Eterna Paz”.

Melquisedec é um Ser que sempre esteve presente neste planeta em todos os ciclos de civilização, sendo, portanto a manifestação perene do próprio PODER SUPERIOR na Terra.

Segundo afirmam os orientais é Melquisedec é Quem exerce a função de governo oculto a Terra nos Santo dos Santos de Shambhala. Como afirma Michel Coquet[2]: Melquisedec – Sanat-Kumara – ocupa assim o mais elevado lugar sagrado de nosso planeta onde se encontra a Tradição Primordial, o lugar onde o desígnio de Deus é conhecido…

Certa vez APOLÔNIO visitou o Reino de Agartha (Shambhala) quando esteve com o Rei do Mundo, MELQUISEDEC. Quando do regresso Apolônio introduziu a Eucaristia no seio do Cristianismo. A Eucaristia era um rito praticado na Suprema Ordem de Melquisedec.

O Rei do Mundo é representado por dois atributos essenciais: PAZ e JUSTIÇA. Ele não tem, como diz a Bíblia, genealogia por não ser humano e sim Divino.

Diz René Guénon baseado no que pesquisou, e no que disse Saint Yves d’Alveydre num livro intitulado “Missão da Índia” e publicado pela primeira vez em 1910 na França: O nome Melquisedec, ou mais exatamente Melki-Tsedeq, não é outra coisa do que o nome sob o qual a própria função do “Rei do Mundo” se encontra expressamente designado na tradição Judaico Cristã.

A tradição indiana, citada por René Guénon, em sua obra O Rei do Mundo, diz: “Ele é o Manu esse homem vivo que é Melki-Tsedeq, é Manu que continua, com efeito, perpetuamente (em hebreu leôlam), isto é, por toda a duração do seu ciclo (Manvantara), ou do mundo que ele rege especialmente. É por isto que ele não tem genealogia, porque a sua origem é não humana, visto que ele próprio é o protótipo do homem. E realmente ele foi feito à semelhança do Filho de Deus visto que, pela Lei que formula, é para esse mundo a expressão e a própria imagem do Verbo Divino”.

Ainda segundo as tradições da Mongólia, da Índia, do Tibet e de muitos outros povos orientais Melk-Tjedec (= Dharma-Râja) vive em uma “cidade”, que é conhecida como o nome de Agartha, segundo muitos situada possivelmente no Himalaia.

Existe um número muito grande de lendas a respeito de “Shambhala” (Agartha), especialmente quanto à sua localização e natureza, assim como sobre o povo e o modo de vida do povo que habita, assim como citações de pessoas disseram haver estado lá. Entre muitas lendas existe uma que diz que certa vez um caçador se defrontou com um portal escondido numa floresta nas montanhas por onde penetrou e chegou ao reino de Agartha. Ao regressar ele começou a narrar o que houvera visto, então os lamas arrancaram-lhe a língua para que ele não continuasse a falar sobre aquilo que houvera visto, para que não falasse dos “MISTÉRIOS DOS MISTÉRIOS”.

Diz a TRADIÇÃO que “os seres integrantes de Agartha possuem todas as forças visíveis e invisíveis da terra, do inferno e do céu, e que tudo podem fazer pela vida e pela morte dos homens. Eles podem ressecar os mares, mudar os continentes em oceanos ou reduzir as montanhas e os mares em desertos. Eles podem fazer as árvores, as sebes e a grama brotarem, sabem transformar em moços fortes os homens velhos e fracos, e podem ressuscitar os mortos”.

O Rei do Mundo conhece todas as forças da natureza, lê em todas as almas humanas no grande livro do destino e reina invisível.

Segundo tudo indica, o clássico romance de J. Hamilton, já transformado em filme, intitulado Shangrilá é uma obra inspirada em tudo aquilo que se diz de Agartha. A história do romance se baseia na existência de um lugar paradisíaco, um lugar de perene felicidade onde as pessoas nem sequer envelheciam, tal como se diz exatamente a respeito de Agartha. Shangrilá, um mito? Uma lenda?… um vale maravilhoso, encravado entre as altíssimas montanhas do Himalaia, um vale de clima ameno no seio de um mundo coberto de neves eternas onde reina uma eterna paz.

Segundo um outro mito o Reino de Agartha situa-se num mundo subterrâneo que ocupa grande parte do planeta e que somente pessoas dignas podem chegar até ele, como aconteceu com APOLÔNIO e mui­tos outros.

O reino sagrado de Agartha seria dirigido por Melquisedec, mas há outras fontes que O colocam num nível ainda mais elevado, assim podemos dizer que uma pessoa só pode chegar até onde reina o Rei do Mundo sendo conduzido, é impossível encontrar por si mesmo o acesso, pois certamente não se trata de um local físico na Terra e sim de um plano divino a nível da Terra. Somente pela pureza, pela vibração precisa é que o acesso se torna possível, portanto somente os justos podem chegar até lá.

Muitas vezes os pontífices de Lhasa e de Urga enviaram mensageiros ao Rei do Mundo, mas nunca conseguiram encontra-lo.

O “chiang-chumn Barão Ungern mandou o jovem príncipe Puntizig ao Rei do Mundo com uma mensagem, mas ele voltou apenas com uma carta do Dalai Lama. O barão então voltou a manda-lo, mas o jovem príncipe nunca mais voltou”.

Um dos Dalai Lama do Tibet e brâmanes da Índia em certa ocasião escalaram altas montanhas que nunca tinham sido pisadas pelos habitantes da região e encontraram inscrições gravadas nas rochas, mas tudo em vão para alcançar o mundo de Agartha e desvendar o misterioso enigma do Rei do Mundo. Podemos dizer que qualquer profano jamais chegou até lá. O próprio nome Agartha significa inatingível, inacessível, inviolável, morada da paz.

A história de Melk-Tsedeq sem dúvidas é um dos mais importantes enigmas da historia da humanidade. Certa vez Ossendowsky perguntou a um Lama bibliotecário de um famoso mosteiro, se alguém já havia visto o Rei do Mundo. Ele respondeu que depois da instalação do Budismo no Oriente o Rei do Mundo já havia aparecido cinco vezes durante os festejos do Budismo antigo no Sião e na Índia. Eis o que disse o Lama: “Ele estava numa esplêndida carroça puxada por elefantes brancos, enfeitados de ouro, pedras preciosas e seda; usava uma capa branca e levava na cabeça uma tiara vermelha, da qual caiam franjas de diamantes que lhe cobriam o rosto. Abençoava o povo com uma maçã de ouro encimada de um cordeiro [3], então os cegos voltaram a ver, os surdos voltaram a ouvir, os doentes voltaram a andar e até mortos saíram de seus túmulos nos lugares por onde o Rei do Mundo passou” Faz cento e quarenta anos que Ele apareceu em Erdeni-Dzu e depois visitou também os mosteiros de Sakia e Naranchi Kure”.

Em outra ocasião o Hutuktu falou para Ossendowsky: Você vê esse trono? “Numa noite de inverno, chegou um desconhecido que subiu ao trono e retirou seu bachlyk, o ornamento que levada na cabeça. Todos os Lamas então caíram de joelhos, porque, naquele desconhecido, tinham reconhecido o homem que as bulas sagradas do Dalai Lama, do Tashi Lama e de Bogdo Khã estavam anunciando desde muito tempo. A ele pertencia o mundo inteiro e todo os mistérios da natureza eram-lhe conhecidos e ele dominava o destino de todos”.

Existem muitas estórias a respeito das aparições de Melki-Tsedeq. Conta-se como verdadeira a seguinte estória: Em certa ocasião durante as cerimônias de posse de um piedoso monarca, inesperadamente toda a natureza parou, e então apareceu o Rei do Mundo montando um cavalo imaculada­mente branco[4]. Todos os presentes se prosternaram e o Rei do mundo abençoou o recém-empossado monarca e depois se retirou abençoando a todos num clima de profunda paz. Trazia na mão o seu símbolo sagrado, um bastão encimado por uma maçã de ouro sobre a qual a imagem de um cordeiro, com que abençoou a todos os presentes. Naquela ocasião com grande intensidade aquele fenômeno típico de quando o Rei do Mundo abençoa a Terra se fez presente.

Existe uma “Terra Santa”, uma “Terra de Salém”, protótipo de todas as terras santas e centro de irradiação cósmica, centro zelosamente guardado pelas autênticas Confrarias Iniciáticas. Todas as Tradições Autênticas confluem à uma fonte única, original, representada na linguagem de todas as tradições e que falam através de símbolos, lendas e mitos, da realidade dessa misteriosa “Terra Santa” e de seu Chefe Supremo, conhecido na Índia como o “Jagrat-Dwipa”. Contudo esse Ser Supremo possui outros nomes, porque as suas funções são múltiplas e complexas. Assim, o Soberano oculto dos seres da Terra é denominado pelos Tibetanos de Ryugden-Diyepo quando se referem ao Senhor Supremo das Ordens Iniciáticas Secretas autênticas de âmbito solar. De igual modo existem várias denominações para a Ordem, mas, embora haja nomes diferentes conforme a língua, existe na realidade uma única ORDEM SUPREMA e que na Tradição Judaico-Cristã é conhecida como Ordem de Melquisedec.

Melki-Tsedeq, na sua dupla função de Soberano e Pontífice é na realidade o alfa e o omega de toda a evolução em processo em nosso globo, como organizador supremo das instituições humanas de todas as civilizações, dado que determina até mesmo o biótipo dos seres.

Ou, como o ouviu do seu Guru o grande místico e erudito Jean Marquês de Rivière, autor da obra ” L’ombre des Monastères Thibétains: “… e agora, meu filho, mistério muito mais alto que tudo o mais: Sabei que reina sobre a Terra, e muito acima dela, o Lama dos Lamas. Aquele diante do qual o próprio Trach-Lama se prosterna na maior das reverências. Aquele a quem chamamos o Senhor dos Três Mundos. Mas seu reino terrestre mantém-se oculto à visão dos homens”.

Em muitas ocasiões o nome de MELQUISEDEC esteve ligado a um, outro grande enigma, ao não menos legendário Prestes João tido como dirigente da humanidade. Durante a Idade Média muito se falava de um grande reino dirigido por um ser de grande sabedoria chamado Prestes João. O período em que mais se falou do Reino de Preste João foi no tempo de São Luís, nas viagens de Carpin e de Rubruquis. Segundo contam inúmeras estórias, teria havido quatro personagens que usavam esse título: Precisamente no Tibet, na Mongólia, na Índia e na Etiópia. Na realidade são quatro representações de um mesmo PODER. Diz um mito que, quando de suas conquistas territoriais Gengis-Kan tentou atacar o Reino do Preste João, ele foi repelido por um raio que quase aniquilou por completo o exército invasor.

Afirma o “Parasana Maitri”, no “Vishnu-Purana”: “Coroado e exaltado pelos próprios deuses e pelos seres celestes que eternamente honram as suas virtudes excelsas, encontramos o Mantenedor do Mundo. Ele detém as Forças Cósmicas. Ele torna possível a existência do nosso Globo”.

Por José Laércio do Egito – F.R.C. e João Paulo Nunes do Egito – F.R.C.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/grandes-iniciados-melquisedec

Cheat Codes to Reality

Casualmente, as nossas vidas e os videogames têm muito em comum. Aqui está um resumido Manual do Jogo para a Vida Real (com códigos de trapaça incluídos)

Se você já jogou videogame provavelmente está familiarizado com o conceito de “códigos de trapaça” – dicas e códigos especiais escondidos dentro do jogo que lhe permitem avançar diversos níveis, ganhar superpoderes e ultrapassar os obstáculos colocados em seu caminho para a vitória. Naturalmente, o melhor de todos os códigos de trapaça é o God Mode (Invulnerabilidade) – torna-o invencível e proporciona um caminho mais fácil e suave até a linha de chegada

Como alguém que é reconhecidamente viciado em videogame, eu sempre me perguntava: existe um “código de trapaça” para o mundo real?

Ora, acontece que existe. Mas, como num videogame, o fato de haver um código secreto não é suficiente. Você tem de saber como encontrá-lo e como revelar os seus poderes – é exatamente para isso que servem os ensinamentos Cabalísticos. Praticando-os, podemos obter informações secretas sobre a realidade, detalhando todos os níveis do jogo, o objetivo final, e como chegar lá mais rapidamente. Os “códigos de trapaça” Cabalísticos permitem que você drible a rotina habitual e pule para um nível muito mais elevado da realidade.

Avançando Através dos Níveis

Na verdade, a realidade é composta de 125 níveis que conduzem ao objetivo final. Eles estão posicionados como os degraus de uma escada – um sobre o outro. O objetivo é subi-los até atingir o estágio final – a completa equivalência com o Criador do jogo.

Certamente, se você não está a par do jogo e nem sabe como jogá-lo (sem mencionar a posse dos “códigos de trapaça” ou God Mode), então o jogo não é muito divertido. Assim, a primeira coisa que você precisa fazer é pegar o controle em suas mãos e apertar “play”. Como você faz isso? Tudo o que você precisa é um desejo sincero em descobrir o sentido da vida. Na verdade, todos nós temos este desejo interiormente, mas é preciso certo tempo para que deixemos de ignorá-lo e comecemos a jogar.

Assim, você pode realmente acelerar a sua ascensão progressiva nos níveis e começar a voar dentro deles. Para isso, você tem de aceitar os conselhos de quem já terminou o jogo – os Cabalistas. Eles já sabem todas as pistas, truques e códigos de trapaça para o jogo da realidade, e os deixaram escritos para nós em seus livros – o nosso manual do usuário.

O Desafio

O desafio consiste em descobrir como transformar o egoísmo em altruísmo – dentro de si. Embora você possa enfrentar vários monstros egoístas tentando dominar seu caráter, você não está autorizado a matar nenhum deles, mas apenas controlá-los e utilizá-los com o propósito de dar. Feito isso, eles o deixarão penetrar num nível mais profundo da realidade – mais próximo do Criador do jogo.

Em cada nível, você receberá mais conhecimento, experiência e discernimento interiores que o ajudarão posteriormente na sua busca. Analogamente, a sabedoria e os ensinamentos Cabalísticos assumirão um novo e mais profundo significado para você, revelando códigos mais intricados para superar o egoísmo.

Acionando o God Mode

Como em qualquer jogo de videogame, acionar o God Mode (invulnerabilidade) é o melhor de todos os códigos, e há uma razão muito especial para isso. O God Mode só pode ser acionado quando você se transporta para um ambiente multiplayer (multi-jogadores) – através da descoberta de outras pessoas que também começaram a jogar.

Aprendendo a se conectar com outros jogadores, vocês fundem seus desejos para descobrir o sentido da vida; é assim que o God Mode é acionado – vocês se tornam invencíveis, superando qualquer obstáculo egoísta no caminho, revelando o Criador.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cheat-codes-to-reality

Para que servem os Exercícios Básicos do Hermetismo?

“MDD, me explica algo:

Me impressiona muito todos esses exercícios colocados no site, e os colocados no Arcanum Arcanorum. Parece algo impressionante que nos motiva a explorar o invisível.
Mas, falta algo fundamental: PRA QUE SERVE TUDO ISTO? VOCÊ DÁ O EXERCÍCIO MAS NÃO DIZ PARA QUE SERVE!

Praticar os exercícios de visualização, da vela, diário do sonho, projeção astral, tudo isto: Vai nos fazer Feliz? Nos fará nos conhecermos melhor? Fará nos sentirmos mais vivos? Encontraremos nosso “Anjo Guardião”? E que diabos é isso afinal? Como uma pessoa pode se motivar a atingir um objetivo se ele não foi descrito com precisão?
Enfim…se puder responder….”

Salve, pequeno gafanhoto!

Pela sua pergunta, sinto que está tão perdido que não sabe nem por onde começar pois os exercícios não possuem relação com as perguntas que você fez… você pergunta se alguma coisa “vai te fazer feliz?” quando você nem sabe o que te deixaria feliz ou o que você quer. Antes de eu perguntar se “saltar de paraquedas vai me fazer feliz?” eu deveria perguntar “Eu gostaria de saltar de paraquedas?” pois as respostas para estas perguntas são diferentes para cada pessoa… O hermetismo não ensina um “Caminho único para a felicidade”, quem promete isso (e nunca entrega) são as religiões dogmáticas, que fazem você se tornar um cachorro amestrado. O Hermetismo providencia FERRAMENTAS para que você mesmo faça a transformação dentro de você e descubra o que você precisa para Realizar sua verdadeira Vontade. O “Encontro com o Anjo Guardião” não é algo que se aprenda em um cursinho de final de semana, mas o resultado final de meses; as vezes ANOS de aperfeiçoamento das suas próprias potencialidades, e MESMO estes exercícios não são garantias de que vai funcionar para você especificamente, porque o Caminho para CADA pessoa é diferente e único. Os exercícios ajudam na DESCOBERTA de cada caminho.

Todos os exercícios básicos de hermetismo existem como bases para o desenvolvimento dos sentidos que na maioria das pessoas estão adormecidos ou sequer foram explorados. São os primeiros passos para afinar seus sentidos de modo que possam aproveitar melhor e conversar melhor com os Grandes Símbolos Arquetípicos.

Exercícios de Visualização são exercícios para treinar a sua mente a projetar objetos no campo mental/astral. Quando se pede para alguém imaginar um pequeno ratinho dançarino bailando diante do teclado ou sobre um móvel próximo de onde você está por, digamos, dois minutos sem parar, a imensa maioria das pessoas comuns não é capaz disso. Por que? porque não possuem mais imaginação; não conseguem construir formas abstratas mentais e muito menos animá-las e muito menos ainda manter o pensamento por um período curto de tempo. Estes exercícios servem para fortalecer a visualização/concentração, que é o primeiro passo dentro do hermetismo e da Capacidade de CRIAÇÃO. Os grandes artistas são capazes de “enxergar” suas obras em suas mentes muito antes de dar a primeira pincelada no papel. Um arquiteto consegue enxergar um edifício no espaço conforme vai traçando suas portas e janelas; um atleta consegue realizar suas acrobacias em sua mente inúmeras vezes antes de executá-la. Um executivo consegue visualizar em sua mente todas as metas traçadas no papel e como cada recurso será administrado em cada etapa do desenvolvimento de um projeto; um médico bem sucedido consegue visualizar em sua mente cada etapa de uma cirurgia e todos os pontos que podem dar errado, bem como o que faria para corrigi-los.

Uma pessoa sem imaginação é um zumbi sem capacidade para criar seu próprio futuro, pois não é capaz de VISUALIZAR suas próprias ações e construções. Um líder é, antes de tudo, um visionário e, por visionário, digo “aquele que visiona”, ou quem é capaz de enxergar através da janela de HEH até a Sabedoria de Hochma. A Visualização é o Exercício básico de HOD, pois ele nos dará o domínio cada vez maior sobre nossas formas.

O Exercício da Vela lida com “limpar a mente” e com “manter a Vontade” em um objetivo. Nestes dias de Twitter e Facebook, a atenção das pessoas está pior que a de um peixe dourado e sua capacidade de focar em um objetivo ou se concentrar está cada vez mais rara. Até mesmo textos grandes como os que eu coloco aqui no teoria da Conspiração ficaram fora de moda… o fácil agora é ficar passivo escutando algum “youtuber” falar e falar… Quando o estudante acalma a mente em sua meditação e limpa os pensamentos, ele começa a identificar o que é um pensamento real e o que é ruído do dia-a-dia. Conforme mantém a concentração por mais tempo, mais facilmente consegue limpar o que não é essencial de seus objetivos.

Alinhamento dos Chakras é um exercício composto de respiração, meditação e visualização criativa que faz com que consigamos nos centrar no AQUI e AGORA do nosso corpo. É um exercício que possui muitas variações e que serve para acalmar a mente de todos os distúrbios do dia-a-dia e pensamentos corrosivos que atrapalham a pessoa de FOCAR naquilo que deseja estudar ou trabalhar. Serve para manter a concentração e limpar pensamentos poluídos.

O Templo Astral é um exercício mental que trabalha ao mesmo tempo a memória, visualização criativa e subconsciente. Ao colocarmos na forma de SÍMBOLOS nossos medos, desejos, problemas e soluções, o Templo Astral nos ajudará a interpretar estes símbolos e a nos conhecer melhor. Nosso “local seguro” onde podemos meditar, estudar e nos acalmar, além de construir formas-pensamento que trabalharão junto conosco em nossos trabalhos práticos. Por exemplo, se você escolhe representar um relacionamento seu com uma árvore plantada no jardim de seu templo, seu inconsciente conecta este símbolo com aquilo que você vivencia no dia a dia. Se o seu relacionamento está ruim, a mente inconsciente automaticamente transforma aquela forma e aquela árvore apresentará problemas, podendo murchar, envenenar-se ou escurecer; por outro lado, se seu relacionamento está fruitivo, a árvore também estará próspera e vistosa. Todos estes símbolos, uma vez colocados em seu templo Astral, operam independente da sua vontade consciente, trazendo do seu interior mais verdadeiros símbolos que seu consciente pode interpretar, por isso é um exercício tão importante manter e trabalhar um Templo Astral.

O Diário Mágico é um nome bacana para o “Journal” que todo cientista deve fazer. Ele traz anotações sobre seu dia-a-dia, como um diário onde você anotará todo o seu progresso no seus estudos, emprego, vida emocional e espiritual. Com ele pode-se acompanhar o próprio caminho e traçar as diferenças entre quem você é hoje e quem você era um ano atrás. Sem o Diário mágico, nossa mente e memórias nos pregarão muitas peças e distorções que acabam atrapalhando o real conhecimento de quem somos.

A Cruz Cabalística e o Ritual Menor do Pentagrama utilizam-se de todos os exercícios acima para traçar um “Local Seguro” astralmente, limpando a área onde você o realiza contra quaisquer interferências astrais, mentais ou emocionais. É o Exercício mais importante dentro do hermetismo pois cria um espaço ideal para meditação e trabalhos dentro de qualquer Egrégora.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/para-que-servem-os-exerc%C3%ADcios-b%C3%A1sicos-do-hermetismo

All Type Tarot e Projeto Boros

Começou nosso novo projeto de Financiamento Coletivo!!!

Desta vez, vamos trazer dois tarots extremamente importantes para o uso e estudo simbólico dos Arcanos.

O Primeiro deles é o “All Type Tarot”, um Tarot de Tipografias criado especialmente para trabalhos MENTAIS. Os Tarots Herméticos, em geral, utilizam-se da chamada “Escala de Cores do Rei” para os Arcanos Maiores, que são aquelas cores que você, leitor, já está acostumado (as que usamos nos HKTs) por esta escala agir de maneira mais intensa no plano de Atziluth (a Intuição, que é o que esperamos quando usamos o tarot como Oráculo, certo?). Mas a Escala do Rei não é a única que existe. Outra escala bastante importante para os estudantes de hermetismo é a Escala do Imperador, que trabalha em Yetzirah, o Plano MENTAL. Esta escala de cores permite aguçar nossa mente na escolha de palavras, textos, frases, entendimento de situações através das palavras e como colocá-las no papel para dar forma aos pensamentos.

Foi iniciado como um estudo de pesquisa sobre técnicas de composição em design All Type aliado a aplicação de chaves interpretativas dos arcanos, com um resultado que facilita o contato inicial com o tarot pela utilização do canal perceptivo linguístico.

É uma proposta inovadora em relação ao Hermetic Kabbalah Tarot (o projeto anterior organizado por Marcelo Del Debbio e concebido pelo Designer e Ocultista Rodrigo Grola), o All Type Tarot possui as mesmas premissas, regras e conceitos simbólicos das escalas de cores e suas correlações conforme a Golden Dawn. Enquanto ferramenta de estudos, ambos os decks complementam-se na tarefa de permear e circundar a revelação do Tarot. Utilizá-los em conjunto é uma experiência impar.

A divisão interna do All Type Tarot em Arcanos Menores e Arcanos Maiores apresentam uma organização específica a cada grupo, o primeiro possuindo características únicas tentando encontrar na forma e grafia do texto o significado das próprias cartas e os segundos delineando composições imagéticas que facilitem a compreensão.

Exemplo de Arcanos.

O All Type é produzido nos Estados Unidos e normalmente os custos de compra e importação fazem com que ele custe cerca de R$300,00, por isso queremos fazer o Financiamento Coletivo para conseguirmos produzi-lo aqui, com a qualidade do HKT, literalmente pela metade do preço de importa-lo.

PROJETO BOROS

Nosso segundo Tarot é um Tarot do FOGO (ou um “Tarot de Hochma”, como chamamos por aqui). Boros é um projeto brasileiro de Jonathan Zambiasi Brum, que visa, prioritariamente, ajudar você a sair de um grande problema contemporâneo, que é a estagnação em uma rotina. Continuamente, estamos expostos a tarefas cotidianas que trazem a sensação de estar em um ciclo sem fim, no qual começamos a perder o gosto e a paixão de viver e sentimos o dia cada vez mais cinza.

Além disso, Boros visa corrigir outro aspecto da nossa sociedade, que é o afastamento das pessoas com a sua própria intuição. Já se tornou comum vermos conhecidos ou amigos próximos serem “vítimas” da previsão de uma terceira pessoa, e isso não pode estar mais errado. Desde os primórdios, os oráculos servem para que o consulente crie o seu próprio destino, tomando uma relação ativa da sua própria vontade perante a situação que ele reconhece. É totalmente o oposto de esperar um destino absoluto passivamente.

As cartas do Tarot Boros fornecem exercícios baseados nos Arcanos como desafios para você quebrar sua rotina e poder se colocar em contato com a essência daquele Arcano, vivenciando uma situação onde esta energia é mais intensa.

O Financiamento terá apenas 30 dias, porque eles serão produzidos DURANTE o Financiamento, apenas 300 unidades de cada, para tê-las prontas no final de novembro, disponíveis para o Natal. então aproveite para pegar outros livros e produtos que estarão com descontos e combos no FC !

Começou hoje, Segunda-feira dia 22/10 e quem apoiar os dois tarots (ou qualquer combo de valor superior) nas primeiras 48hs receberá de presente um pano de leituras exclusivo do Financiamento.

https://www.catarse.me/alltype_tarot

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/all-type-tarot-e-projeto-boros

Simbolismo Animal I

Os animais, além de expressar a parte instintiva e irracional da alma humana (os impulsos, desejos e emoções do anima), sempre ocuparam um lugar destacadíssimo na cosmogonia de todos os povos e culturas tradicionais, que unanimemente viram neles manifestações das forças cósmicas e divinas em sua ação sobre o mundo, constituindo-se em veículos e oráculos transmissores da realidade do numinoso e, portanto, em mensageiros ou intermediários entre o Espírito e o homem. Eles conformam, pois, um código simbólico de suma importância, uma linguagem através da qual o homem pôde e pode ler as chaves que lhe permitem compreender as leis e mistérios do universo e, por conseguinte, conhecer-se a si mesmo, pois sendo um microcosmo feito a imagem e semelhança do macrocosmo, contém dentro de si todas as formas, o que é possível pela posição central que ocupa em seu mundo, e que lhe foi designada pelo Criador. Neste sentido, os textos tradicionais afirmam que os primeiros homens tinham a potestade de pôr nomes a todos os seres e coisas, o que não seria tal se estes não formassem já parte de sua natureza integral. Por isso, a língua adâmica e primordial foi chamada a “língua dos pássaros”, não sendo estes, efetivamente, senão os mensageiros das realidades superiores, o que guarda relação com a “languedoc” (d’oc), considerada na Idade Média e no sul de França como o jargão simbólico utilizado pelos alquimistas, construtores, trovadores e jograis para transmitir o Conhecimento. A “languedoc”, ou a “língua dos pássaros”, é verdadeiramente a linguagem dos símbolos.

Poderíamos dizer que os animais (sobretudo os selvagens), em certo modo conservam ainda a pureza virginal das origens: são o que são, e na espontaneidade de seus gestos participam, junto à natureza inteira, da harmonia e do rito perene da criação. Recordemos que em diversas culturas das hoje chamadas “primitivas” ou xamânicas é muito importante a figura do “animal iniciador”, vinculado com a idéia de um “alter ego” animal no homem; ademais, em ditas culturas geralmente o ancestral mítico e civilizador é um animal, e sua dança, ou rito, criacional é a que se reitera e imita nas cerimônias de acesso ao sagrado. Conhecida é também a existência de certos animais “psicopompos” (por exemplo o cachorro e o cavalo) que guiam o defunto em sua viagem post-mortem, considerado análogo ao que tem de se realizar durante as provas pelo labirinto iniciático; sem esquecer que os “guardiões do umbral”, cuja função é impedir, ou permitir aos que estão qualificados para isso, a entrada ao mundo invisível, aparecem revestidos com formas animalescas, em ocasiões com aparência monstruosa e “terrível”. Tal é o caso, por exemplo, do Mákara e do Kala-Mukha indianos, ou do Tao-Tie chinês, que figuram ao Ser Supremo em seu aspecto de animal monstruoso, cujas fauces abertas podem ser, efetivamente, tanto as “fauces da Morte” como a “porta da Libertação”. A Esfinge, e concretamente a Esfinge egípcia com cabeça de homem e corpo de leão, teria também o mesmo sentido de “guardião do umbral”.

#hermetismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/simbolismo-animal-i