Como Identificar uma Seita

Segundo o autor Robert I. Simon seita é um grupo religioso diferente em sua estrutura e isolado das comunidades religiosas principais que estão ativas.Temos a imagem errada de que apenas pessoas simplórias, de baixa escolaridade ou pobres fazem parte delas, mas pensar assim é um grande erro, a seita que Hitler criou (com base mística/ocultista e ação política) teve entre seus apoiadores várias pessoas cultas e ricas e ganhou uma musculatura tal que quase dominou por completo o mundo ocidental.

Também não necessariamente uma seita é ruim, apenas seu formato e características principais podem ser manipuladas, distorcidas e usadas para fins egoístas, desequilibrados e muitas vezes até suicidas.

Por muitos anos em minha jornada espiritual conheci e analisei vários grupos que se enquadrariam no formato de seita, alguns “inofensivos” outros nem tanto… admito que em certos casos fui bastante seduzido, mas felizmente nessas horas meu “alarme” tocava e rapidamente eu saia dessas estruturas para nunca mais voltar.

Meu objetivo aqui não é apontar grupo A, B ou C como uma seita perigosa, não quero levantar uma cruzada, quero sim te fornecer elementos para identificar uma e entender como sua “teia” é tecida para envolver novos membros e de posse disso você decidir se ela realmente te ajuda de alguma forma ou está apenas te usando para se manter e crescer. Alguns itens inclusive são utilizados pelo próprio Vaticano para determinar se um movimento tem esse caráter ou não.

10 itens que identificam uma seita:

01 – Um líder carismático e centralizador – enquanto líderes como Jesus ou Buda enfocam na mensagem do caminho espiritual buscando libertação esses líderes usam seu carisma buscando submissão e egolatria, colocando-se como exemplos de perfeição.

02 – Caminho único e exclusivo para a salvação/perfeição/ iluminação/ascensão – Assumem e incutem em seus membros através de uma mentalidade de nós contra eles que ali e somente ali está a verdade e o caminho para o objetivo proposto, todo o resto que não está ali dentro está condenado, foi corrompido ou iludido e deve ser evitado e/ou combatido, em termos mais modernos, quem faz parte despertou e quem está fora ainda vive em uma matrix.

03 – Isolamento com lavagem cerebral e controle das informações – os membros são estimulados a se afastar da família e de outras pessoas que não fazem parte da seita e sofrem continua lavagem cerebral, devendo apenas assistir, ouvir e ler as palestras, pregações, vídeos, áudios, livros e revistas indicados ou produzidos pela seita e gradativamente vão perdendo contato com o “mundo exterior”. Se não se afastam totalmente são instruídos a seguir uma moral dupla dissimular, esconder e mentir a respeito das atividades e crenças da seita para os não-membros e ser totalmente honesto e sincero com os membros.

04 – Intenso amor fraternal entre os membros – a pessoa é recebida com atenção, carinho e cuidado intensos e quando já está envolvida este sentimento se torna condicional e manipulador, servindo como punição ou recompensa para os atos do membro.

05 – Estrutura interna de delação e controle – após a pessoa se tornar membro percebe que é vigiada pelos mais antigos e depois de um tempo é estimulada também a observar e denunciar em segredo aos líderes o comportamento fora dos padrões de outros membros, gerando desconfiança mútua e um sentimento de perseguição.

06 – Um mundo a parte – roupas, atitudes, brincadeiras e jargões utilizados apenas pelos membros fazem com que se sintam num mundo a parte e exclusivo e dependendo do interesse dos líderes a manipulação de certas palavras ou frases podem gerar a chamada “analysis paralysis” ou “paralisia de análise” referente aquilo que se refere originalmente a palavra ou frase.

07 – Controle do tempo do membro – como parte do controle mental a pessoa é sobrecarregada com atividades e obrigações ligadas a seita, não tendo mais tempo para família, amigos ou outras atividades e ficando cansado e ocupado demais para refletir a respeito do que está vivenciando.

08 – Controle dos relacionamentos – o membro será também estimulado a passar mais tempo com os outros membros, inclusive será plantada a idéia de dar preferencia a relacionamentos afetivos dentro da seita em vez de fora. Esse controle se torna cada vez mais efetivo, fazendo até com que a pessoa se mude para mais perto da seita ou até resida nela.

09 – Graduação, secretização e dissimulação – jamais um novato saberá o que quem está no topo da seita pensa ou faz, muito menos as atividades ou objetivos verdadeiros dela, tudo é cercado de mistério, historinhas e dissimulação, fazendo com o novato se envolva cada vez mais e mais e não perceba aonde está se metendo.

10 – Ilusão e Auto-engano – fazer acreditar que somente loucos, fracassados ou fracos sejam envolvidos pelas seitas faz parte de seu arsenal de controle mental e propaganda. Apoiado em matérias da mídia mostrando casos de seitas extremas e estereotipadas que cometem suicídio em massa ou seguem um líder com roupas ou cabelos estranhos, a falsa idéia de que “isso jamais aconteceria comigo, sou mais inteligente que esses idiotas” explora a brecha criada por esse mecanismo defensivo e abre caminho para a manipulação e envolvimento sutil das seitas.

Você se viu em algo assim?

Acha que algum amigo possa estar dentro de uma?

Essa seita é boa ou ruim?

Reflita, comente e compartilhe com quem precisa saber.

Isto é muito sério e pode ajudar alguém.

#Blogosfera

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Cerimônia do Chá

Ser Zen é estar alerta a todo momento. É fazer algo com toda a sua atenção e coração. É estar presente. A cerimônia do chá é um ótimo teste e simbolismo para o praticante Zen. Se caracteriza por preparar, servir e beber o Matcha, um chá verde pulverizado. É um troço tão banal pra quem vê (e pra quem tenta fazê-lo por curiosidade), que se torna um verdadeiro “ritual secreto”, um simbolismo que diz muito mais do que os olhos podem ver.

Um paralelo que podemos fazer do espírito Zen nas ações é o de estar na cozinha preparando algo perigoso ou complicado: Cortar um pão é um ato banal. Mas, uma vez que você se corte fazendo isso, e aquilo tenha doído por dias, você nunca mais cortará o pão com a mesma desatenção. Não será uma concentração do tipo jogar videogame, onde você não consegue nem desviar o olhar, você não estará consumido por aquilo, é sim uma atenção de “corpo presente”; Seus olhos estarão atentos à posição da faca, mas, se precisarem desviar por algum motivo suas mãos estarão atentas a cada movimento; você saberá onde cada dedo está, para que a faca não os atinja ao sair do outro lado do pão. Enfim, isso é um pouco do Zen, mas normalmente só fazemos isso por alguns segundos durante o dia. A cerimônia do chá dura quase 1 hora, de pura atenção não-estressante (se o Zen estressasse, os monges já teriam arrancado todos os seus cabelos, né? Bem… ).

Quem consegue ver ação
no que parece inação,
e ver inação na ação,
é na verdade o mais sábio.
E embora esteja ocupado
em qualquer atividade,
está livre das reações
(Bhagavad Gita 4-18)

Esses versos do Bhagavad Gita casam muito bem com a cultura Zen (até por uma questão histórica, já que as origens do Zen, ou Chen, remontam à India). Ao estar “desperto” (ao menos para aquele momento) você está no controle de suas ações, e, consequentemente, das reações. Poderíamos dizer que o monge só quer evitar de se queimar com o chá (reação física), mas o “controle” vai muito além do chá: vai ao próprio pensamento. E é aí que o verdadeiro Zen procura se manifestar, pra colocar você no controle do seu veículo de manifestação, seja espiritual ou carnal, e aí então você estará (na medida do possível) no controle da sua vida.

Quem se ocupar fielmente
no saber transcendental
controlando seus sentidos,
muito em breve alcançará
a suprema beatitude
(Bhagavad Gita 4-39)

A HISTÓRIA DA CERIMÔNIA DO CHÁ

O ma-tcha – chá verde – foi introduzido no Japão, no final do século 12, originário da China. Todavia, o chá era muito precioso e, embora usado principalmente como bebida, era considerado, também, remédio. Ainda não havia nenhum ritual associado a ele.

O costume de beber matcha gradativamente difundiu-se, não só entre os sacerdotes de Zen, mas também no seio da classe superior. A partir do século 14, o chá passou a ser usado num jogo chamado to-tcha: Tratava-se de um divertimento no qual os convidados, depois de provarem de várias xícaras de chá produzido em diversas regiões, eram chamados a escolher a taça contendo o chá da melhor região produtora da bebida. Os que acertavam na escolha recebiam prêmios. Como esse jogo se tornou moda, as plantações de chá começaram a florescer, especialmente no distrito de Uji, nas proximidades de Kyoto, onde o chá de melhor qualidade ainda é produzido. O to-cha, gradativamente, converteu-se numa mais tranqüila reunião social, no seio da classe superior, e os prêmios não mais foram conferidos. O objetivo tornou-se então o gozo de uma atmosfera profunda na qual os participantes provavam o chá enquanto admiravam pinturas, artes e artesanato da China, mostrados num shoin (estúdio). Simultaneamente, sob a influência de formalidades e maneiras que regulavam a vida cotidiana dos samurais e nobres que constituíam, então, a classe dominante no país, surgiram certas regras e procedimentos que os participantes de uma reunião de chá deveriam obedecer. Assim desenvolveram-se os fundamentos da cerimônia do chá.

Ao final do século 15, um plebeu chamado MurataJuko, que dominou a arte do Tcha-no-yu, propôs outro tipo de chá cerimonial, mais tarde denominado Wabi-tcha, que ele baseou mais nas sensibilidades japonesas alimentadas pelo espírito do budismo de Zen (cujo objetivo é purificar a alma do homem, confundindo-a com a natureza).

Renunciando ao apego,
aos frutos do seu trabalho;
satisfeito e independente;
agindo sem interesse;
ele não fica envolvido,
embora esteja engajado
em todo tipo de ação
(Bhagavad Gita 4-20)

O Tcha-no-yu é um sentimento que dificilmente pode ser expresso por palavras. De certa forma, pode-se dizer que ele é a materialização do empenho intuitivo do povo japonês pelo reconhecimento da verdadeira beleza na modéstia e simplicidade. Termos como “calma”, “simplicidade”, “graça”, ou a frase “estética da simplicidade austera e pobreza refinada” podem ajudar a definir o verdadeiro espírito da cerimônia do chá. Por exemplo, as regras rigorosas de etiqueta da cerimônia, que podem parecer penosas e meticulosas à primeira vista, são, de fato, calculadas, minuto por minuto, a fim de obter a maior economia de movimento possível. O Tcha-no-yu tem desempenhado um importante papel na vida artística do povo japonês, pois envolve a apreciação do cômodo onde é realizada, o jardim que o circunda, os utensílios utilizados, a decoração do ambiente. Representando a beleza da simplicidade estudada e da harmonia com a natureza, o espírito do Tchâ-no-yu moldou o desenvolvimento da arquitetura, jardinagem paisagística, cerâmica e artes florais no Japão.

Referência: Preparação e história do chá

#Zen

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Controle do Corpo, Respiração Diafragmática e Relaxamento

Continuando as sugestões de exercícios, temos agora exercícios extremamente básicos – Controle do Corpo, Respiração Diafragmática e Relaxamento. Boas práticas!

1. Controle do Corpo (por Prophecy)

A prática de controle do corpo é muito importante para o mago, porque exerce sua dominância mental sobre seu domínio físico mais imediato. Se você não consegue se sentar parado, é muito difícil regular a sua mente. Se você não pode controlar a sua mente, então toda a magia se torna muito difícil.

Assuma uma postura que você gostaria de usar como sua postura de meditação. Ela poderia ser Siddhasana, Padmasana, sentar de pernas cruzadas, ou sentar com suas costas retas numa cadeira, sendo essas as escolhas mais comuns. Em todos os casos, as suas costas devem ser as mais retas possíveis, o seu queixo deveria estar levantado, a sua respiração deveria estar inteiramente controlada, e seu corpo deveria estar parado. Segure essa postura primeiro por cinco minutos, e concentre-se inteiramente em seu corpo. Tente sentir cada centímetro de sua carne. Sinta toda perturbação possível, incluindo até o cabelo em seus braços e cabeça. Foque-se em cada sensação de coceira, cada agitação, e supere-as. Permaneça totalmente parado, com apenas a sua respiração sendo a fonte de movimento no peito. Quando você conseguir fazer isso por cinco minutos sem sentir o desejo de se levantar e fazer outra coisa, ou sem os seus pensamentos viajando, estenda a prática para 10 minutos por dia. Alguns precisarão pratica mais, e você deveria ser o seu próprio juiz se você não tiver a instrução de um professor. Nunca hesite para praticar o tempo que você precisa, ou como o seu professor lhe instrui. Para a maioria das pessoas, 10 minutos duas vezes por dia serão o bastante para um progresso firme com uma rotina diária abarrotada.

O domínio dos obstáculos do corpo é um grande passo para a capacidade de se fazer meditação. Quando você pode parar completamente o corpo, ele se torna calmo e mais frio, e a energia interna chamada prana flui suavemente através dos canais de energia do corpo. Quando a tensão é deixada e a mente se torna calma, todos os bloqueios em seus circuitos internos de energia são removidos. Embora, no início, a prática possa ser difícil e fazer com que você se sinta desconfortável, deve-se persistir até que se sinta completamente confortável, até de certa forma feliz, em sua asana. Depois de dez minutos de prática, você não deveria nem querer se mover. Deveria-se sentir como se estivesse dentro de uma concha quente, mas você não é a própria concha. Quando isso é alcançado, você estará fazendo bom progresso e deveria avançar ao julgamento de um professor ou ao seu próprio.

Quando você consegue controlar o corpo físico da maneira descrita acima, você pode ser instruído na execução de certas asanas físicas. Essas são melhor aprendidas por um professor que possa executá-las, porque a forma correta e a técnica são muito importantes. Muitas asanas, através de um profundo conhecimento do sistema de energia inteiro, forçam certos movimentos de prana que são vantajosos para a evolução espiritual e para a saúde. Elas conseguem dar clareza mental, pureza astral, e saúde físicaem abundância. Algumas delas até trabalham para o objetivo de despertar da Kundalini, e podem ajudar grandemente na realização de Samadhi. Como uma forma simples de prática de controle do corpo, a asana deveria ser executada com total controle sobre cada centímetro do corpo. Nada pode passar despercebido, nem a preguiça pode ser permitida. Durante a prática da asana física, que pertence à prática da hatha yoga, a mente flui para fora dos músculos e controla o fluxo da energia interna. A inteireza de concentração descansará ou sobre a postura física exata, o fluxo de prana interna ou um certo mantra.

Embora cada postura ofereça um benefício diferente, a meta última de uma rotina inteira de asana é o equilíbrio do elétrico com o magnético, ou o solar com o lunar. Isso faz com que amente se torne parada e a aura se torne equilibrada e saudável. Alguém que pratica ativamente asanas físicas radia saúde. Seu corpo tem uma espécie de brilho, ele manterá sua juventude até os anos posteriores. Frequentemente, até se ele tiver 60 anos de idade, ele parecerá estar no fim dos 30 ou no início dos 40.

2. Respiração Diafragmática (por Paul Tuitéan e Estelle Daniels, no livro “Wicca Essencial”)

Passo 1: Primeiro, fique de pé, deite de costas ou sente-se relaxadamente com a coluna reta. Coloque uma das mãos sobre o estômago, logo acima do umbigo, e a outra sobre o peito, na altura do coração; encoste a língua no céu da boca.

Passo 2: Inspire lentamente pelo nariz. Sinta com a mão o estômago elevar-se, mas procure não levantar o peito. Não queira encher os pulmões completamente, fazer o que se chama de grande respiração. Apenas procure levar o ar para as camadas mais profundas dos pulmões. A isso se dá o nome de respiração profunda.

Passo 3: Em seguida, contraia os lábios como se fosse assobiar, mantendo a língua no céu da boca. Expire lentamente pela boca, pressionando o estômago com a mão. Novamente, não deixe o peito subir ou descer.

Passo 4: Continue respirando assim, ritmicamente. Esse padrão deve criar um ritmo agradável, mas regular, de Inspiração (inspire pelo nariz e dirija o ar para as camadas mais profundas dos pulmões), Retenção (mantenha o fôlego enquanto se sentir bem), Expiração (expire pela boca o mais suavemente possível) e Retenção (mantenha os pulmões vazios pelo tempo que conseguir).

Seguindo a sugestão de Scott Cunningham, adote uma contagem de 3, 4 ou 5, o que for mais confortável. Por exemplo: inspire contando até 4, retenha o ar contando até 4, expire contando até 4, mantenha os pulmões vazios contando até 4, inspire contando até 4. Durante a respiração, mantenha sua atenção total e completamente focada na respiração.

Repita a seqüência durante 10 minutos, pelo menos.

Como você estará substituindo o dióxido de carbono (que a maioria das pessoas armazena no fundo dos pulmões) por oxigênio numa quantidade considerável, você poderá induzir a hiperventilação. Por isso, tome cuidado, pois poderá ficar inconsciente. Nem pense em deixar de fazer esse exercício só porque ficou com medo de respirar! Alguns sinais que mostram que o ritmo não está adequado ao corpo (talvez você esteja respirando muito rápido ou muito lentamente) são tosse, bocejo ou tontura.

Ao acostumar-se com esta técnica, você pode aplicá-la em qualquer situação_ correndo, caminhando, deitado e em qualquer lugar. Ela é uma técnica de meditação excelente, e pode ser-lhe útil sempre que tiver de enfrentar uma dificuldade física ou psíquica, pois ela centra e focaliza automaticamente a sua mente num padrão de comportamento que relaxa o corpo e o prepara para a ação.

3. Relaxamento (por Starhawk, no livro A Dança Cósmica das Feiticeiras)

(Este exercício pode ser feito sozinho, em grupo ou ou com um parceiro. Comece deitando de costas. Não cruze braços ou pernas. Afrouxe qualquer roupa que estiver causando algum tipo de compressão.)

“A fim de conhecermos o relaxamento, em primeiro lugar, devemos experimentar a tensão. Vamos tensionar todos os músculos do corpo, um por um, e mantê-los tensos até relaxarmos todo o nosso corpo em uma só respiração. Não aperte os músculos para que não tenha cãibra, somente retese-os ligeiramente.

“Comece com os dedos do pé. Tensione os dedos do pé direito… e, agora, do pé esquerdo. Tensione o pé direito… e o pé esquerdo. O calcanhar direito… e o calcanhar esquerdo…

(Continue passando por todo o corpo, parte por parte. De vez em quando, relembre o grupo para que tensione quaisquer músculos que deixaram soltos.)

“Agora, tensione seu couro cabeludo. Todo seu corpo está tenso… sinta a tensão em cada parte. Tensione quaisquer músculos que estejam afrouxados. Agora, respire fundo… aspire… (pausa)… expire… e relaxe!

“Relaxe completamente. Você está completa e totalmente relaxado.” (Em tom de melopéia:) “Os dedos de sua mão estão relaxados e os dedos do seu pé estão relaxados. Suas mãos estão relaxados e seus pés estão relaxados. Seus pulsos estão relaxados e seus calcanhares estão relaxados.”

(E assim por diante, por todo o corpo. Periodicamente, pare e diga:)

“Você está completa e totalmente relaxado. Completa e totalmente relaxado. Seu corpo está leve; como se fosse água, como se estivesse desmanchando na terra.

“Permita-se ser levado e vagar tranqüilamente em seu estado de relaxamento. Se quaisquer preocupações e ansiedades perturbarem a sua paz, imagine-as escoando do seu corpo como água e fundindo-se à terra. Sinta-se sendo purificado e renovado.”

(Permaneça em estado de relaxamento profundo por uns 10 ou 15 minutos.É bom praticar esse exercício diariamente, até que seja capaz de relaxar completamente só pela razão de deitar-se e soltar-se, sem necessidade de passar por todo o processo. Pessoas que têm dificuldade para dormir verificarão a eficácia desse exercício. No entanto, não se permita adormecer. A sua mente está sendo treinada para ficar relaxada mas alerta. Posteriormente, você utilizará esse estado para trabalhos de transe, que é muito mais difícil se você não tem o hábito de permanecer acordado. Se você pratica à noite, antes de dormir, sente-se, abra os olhos, e, conscientemente, termine o exercício antes de dormir.)

#meditação #oalvorecer

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Branca de Neve e os sete pecados capitais

“Uma vez, no auge do inverno, quando flocos de neve caem como plumas das nuvens, uma rainha estava sentada à janela de seu palácio, costurando as camisas de seu marido. Nisto, levantou os olhos, espetou um dedo e caíram gotas de sangue na neve. E vendo o vermelho tão bonito sobre o branco, a rainha pensou:– Queria ter uma filha tão alva quanto a neve, tão vermelha como este sangue e tão negra como o ébano desta janela. Pouco tempo depois lhe nasceu uma filha que era branca como a neve, vermelha como o sangue e com uns cabelos negros como ébano. Por isso lhe puseram o nome de Branca de Neve. Mas, quando ela nasceu, a mãe morreu…”

Assim começa um dos mais famosos contos de fadas para crianças… mas será mesmo que a Branca de Neve foi escrito originalmente como uma inocente conto para colocar pequerruchos insones na cama?

Acompanhe a versão original e o simbolismo profundo por trás de um dos contos favoritos do tio Marcelo, e também do tio Walt Disney.

Logo de saída, a história de Branca de Neve nos indica que o ponto de vista a ser tomado para entendê-la mais profundamente é, sem dúvida, o iniciático. Chama atenção que o personagem central, Branca de Neve, sintetize em si as três cores que simbolizam, no Hermetismo, as três etapas da prática espiritual estabelecida por aquela doutrina: o negro, o branco e o vermelho, que correspondem respectivamente, ao Nigredo, Albedo e Rubedo dos alquimistas. Além disso, os sete anões, que trabalham numa mina buscando ouro, são uma clara alusão a outro aspecto do simbolismo alquímico, que nos informa ser a meta do alquimista a transformação dos metais impuros em ouro.

Não é também por acaso que a história se divide claramente em três partes. Na primeira, Branca de Neve vive no castelo comandado pela rainha má desde o nascimento (Malkuth) até quando foge do caçador pela floresta; na segunda, vive na casa dos sete anões até se engasgar com a maçã envenenada; na terceira, vive no castelo do príncipe unida com ele, “felizes para sempre”. É evidente aqui a aplicação do simbolismo do número três aos graus do conhecimento e, por extensão, às três fases da realização na via espiritual.

A essência e o objetivo da via espiritual iniciática é a união com Deus. Essa união só é possível porque ser homem é sê-lo à imagem e semelhança de Deus. O mito de Adão (Hochma) e Eva (Binah) nos ensina que, depois da queda, este aspecto essencial do humano tornou-se ineficiente. Por isso, toda e qualquer tentativa de reintegração da forma humana no seu Arquétipo infinito e divino, (a tal da volta ao Paraíso), só é possível se antes for regenerada à pureza do estado original humano. Por conta disso, chegamos à máxima alquímica da “transmutação do chumbo em ouro”, que nada mais é do que a reintegração da natureza humana na sua nobreza original.

Comparando a história da Branca de Neve com a mitologia Bíblica, de modo análogo ao relato do Gênesis, o conto diz que, no princípio, viviam em harmonia complementar um par de opostos, o Rei e a Rainha-Mãe boa. (novamente: Adão e Eva primordiais, ou Hochma e Binah, além do Abismo).

Com a morte da Rainha-Mãe e após o nascimento de Branca de Neve instaura-se um desequilíbrio, uma espécie de afastamento da unidade, que é representado pela chegada da rainha má (o Demiurgo). Assim, depois da morte da mãe, Branca de Neve perde sua dignidade de princesa no castelo do pai e se torna uma serva da madrasta má. Branca de Neve, apesar de ter a marca das três cores, que a qualifica como um ser especial, cai numa função subalterna dentro do mundo profano, marcado pela dualidade, pela dispersão, pelas paixões e dominado pela rainha má (que simboliza ao mesmo tempo as paixões vis e a Igreja dogmática). O conto nos mostra que é necessário reunir em si o disperso, reintegrar-se em retiro além da floresta e nas montanhas, para depois se unir ao Espírito, que aqui é sem dúvida figurado pelo Príncipe (Tiferet, ou o espírito Crístico).

A rainha madrasta descobre que Branca de Neve é a mais bela quando esta última faz sete anos. A rainha má é obcecada com a comparação quantitativa do aspecto estético (beleza física) e, portanto, apenas sensorial da realidade (Malkuth, a Matrix… vocês entenderam…). Ela é incapaz de perceber qualquer beleza interior. A unidade do belo, do bem e da verdade que todas as tradições religiosas e filosóficas sérias proclamam não existe na rainha má, por causa de uma concentração exagerada da inteligência dela no aspecto mais externo da realidade material (a ciência).

No íntimo do ser humano, o bem é bonito e o belo é verdadeiro. Significativamente, e por compensação, a rainha má manda um caçador matar Branca de Neve e trazer-lhe o coração, para que ela o coma. O coração, que no simbolismo astrológico e cabalístico é representado pelo Sol, e no alquímico pelo ouro, é considerado, nas mais diversas tradições, a morada do espírito, o centro (anatômico e simbólico) do ser onde habita o divino. No entanto, o coração que a rainha come (ou que ela pode comer) é o de um animal, que o caçador compadecido sacrifica no lugar de Branca de Neve. Consciente, daí por diante da enorme ameaça de destruição existente no mundo da rainha, e insatisfeita com ele, a alma qualificada (Yesod) foge correndo pela floresta. Sua vida acaba num mundo e se inicia em outro. Mas, essa iniciação não acontece antes que ela passe por uma provação que se revela, no fundo, uma purificação.

A floresta e as provas antes da iniciação

“A pobre Branca de Neve ficou sozinha, e transida de dor se pôs a caminhar, no escuro da floresta, por entre as árvores sem saber que rumo tomar. De repente começou a correr assustada com o barulho dos trovões, com o clarão dos relâmpagos e com a chuva que começava a cair. Correu saltando pedras e atravessando sarças; e os animais selvagens pulavam quando ela passava, mas não lhe faziam mal Ela correu até seus pés se recusarem a continuar, e como já era noite e viu uma choupana ali perto, entrou nela para descansar. Na choupana era tudo muito pequeno, porém nada podia ser mais limpo ou mais gracioso. No centro, via-se uma mesa coberta com uma toalha branca, e nela estavam sete pratinhos, cada um com sua colher, sua faca e seu garfo; havia também sete copinhos do tamanho de dedais. De encontro à parede se viam sete pequenos leitos, numa só fileira cobertos, cada um deles, com lençóis brancos como a neve.”

O texto parece sugerir que as provações iniciáticas são ritos preparatórios da iniciação propriamente dita. Elas representam uma preparação necessária, de tal forma que a iniciação mesma é como se fosse sua conclusão ou seu fim imediato. É bom lembrar que elas tomam a forma de viagens simbólicas em certas tradições (maçonaria, rosacruz, druidismo, wicca) e podem mesmo se apresentar como uma busca ou procura, que conduz o indivíduo das trevas do mundo profano para a luz da iniciação.

No fundo, as provações são essencialmente ritos de purificação; e essa é a explicação verdadeira para essa palavra num sentido claramente alquímico. A corrida de Branca de Neve pela floresta representa de modo muito preciso exatamente isso: uma viagem do mundo profano – figurado pelo castelo da rainha má, que é um mundo de maldade e mentira, o reflexo da mentalidade dela mesma – até o local claro, limpo e protegido, nas montanhas, onde se localiza a casa dos sete anões. É uma viagem do mundo exterior para um outro interior, onde ela vai encontrar e aprender a lidar com as sete faculdades de conhecimento corporal que estão esquecidas no mais íntimo dela mesma (os tais sete pecados capitais).

A chuva que aparece na nossa história mostra que o essencial nos ritos de purificação é que eles operam pelos “elementos”, entendidos no sentido cosmológico do termo, pois que elemento implica em ser simples; e dizer simples é o mesmo que dizer incorruptível. A água é um dos elementos mais usados nos ritos de purificação de quase todas as tradições (ver batismo egípcio, pela qual até mesmo Yeshua passou, e o batismo copiado em todas as tradições católicas/cristãs/essênias).

Talvez porque ela simbolize a substância universal. Notem a presença da limpeza e da cor branca na casa dos anões, indicadoras de que, depois da corrida pela floresta, a purificação se completou.

A casa dos anões é o Plano Mental, na qual todas as batalhas pela evolução do ser serão travadas até a conclusão do conto.

“Depois, estava tão cansada que se deitou numa das camas, mas não se sentiu à vontade. Experimentou outra e era muito comprida; a quarta era muito curta; a quinta dura demais; porém, a sétima era exatamente a que lhe convinha, e metendo-se nela se dispôs a dormir, não sem antes ter-se encomendado a Deus. Quando era noite regressaram os donos da choupana. Eram os sete anões que sondavam e perfuravam as montanhas em busca de ouro. A primeira coisa que fizeram foi acender sete pequenos lampiões, e imediatamente se deram conta – depois de iluminada toda a habitação – de que alguém havia entrado ali, já que não estava tudo na mesma ordem em que haviam deixado. (…) observando seus leitos gritaram: – Alguém deitou nas nossas camas! Mas, o sétimo anão correu à dele, e vendo Branca de Neve dormindo nela, chamou os companheiros que se puseram a gritar de assombro e levantaram seus sete lampiões iluminando a menina.”

Depreende-se desse trecho da história que, desde o ponto de vista das iniciações, a purificação tem como fim conduzir o ser a um estado de simplicidade indiferenciada comparável com o da matéria prima (ou pedra bruta), para usar uma expressão da alquimia, afim de que ele se torne apto a receber o Fiat Lux iniciático; é preciso que a influência espiritual, cuja transmissão vai dar a ele essa iluminação primeira, não encontre nenhum obstáculo devido a pré-formações desarmônicas provenientes do mundo profano (ou, em palavras mais claras, é necessário passar pelas provações dos sete planetas, por isso Branca de Neve deita-se em todas as camas). Relaxada e entregue, Branca de Neve não oferece nenhuma resistência à luz dos sete lampiões dos anões.

Os anões

Abandonar o mundo escuro e encontrar a luz tem suas conseqüências. Existem algumas indicações, sobre quais são essas conseqüências da “saída da floresta escura”. Nos primeiros versos do Inferno, na Divina Comédia de Dante Alighieri (outro grande iniciado: um dia vou explicar para vocês o real significado deste maravilhoso texto medieval), ele mesmo informa que a floresta representa o estado de vício e ignorância do homem. Estar perdido na floresta é o mesmo que estar perdido no labirinto da multiplicidade da manifestação (“Labirinto do Fauno”, anyone?).

Ora, a saída da floresta escura, ou, o que dá no mesmo, a morte ao mundo profano, implica logicamente numa mudança de mentalidade que surge como a primeira parte da fase inicial de mudança no direcionamento geral do ser, que é necessária para alcançar um grau mais elevado de clareza e iluminação. É evidente que a primeira providência prática, para alcançar essa mudança mental, está na revisão dos pontos de vista e das convicções pessoais, dos hábitos mentais, dos coágulos das emoções negativas, etc, etc. etc… ou seja, lapidar a pedra bruta até chegar ao elixir da longa vida.

Por isso mesmo, Branca de Neve deve se submeter a certas condições para poder ficar na casinha dos anões. As condições para ela ficar na casa eram: primeiro, seguir os conselhos deles para não abrir a porta para ninguém, porque a rainha má com o poder de se disfarçar e enganar, poderia atacá-la e matá-la; e segundo, manter a casinha sempre limpa e arrumada. Essa disciplina (em Branca de Neve) e essa limpeza interior (na casa dos anões, que representa nossa mente) são um espécie de treino para dominar todas as tendências obscuras e irracionais da alma, ambas necessárias para a realização do ouro interno, na sua pureza e luminosidade imutáveis. Isto corresponde ao que a alquimia chama de “extração dos metais nobres a partir dos metais impuros por meio da intervenção dos elementos solventes e purificadores, como o mercúrio e o antimônio, em conjunção com o fogo, e que se efetua inevitavelmente contra a resistência e a revolta das forças caóticas e tenebrosas da natureza” (bonito este texto, não?),

Ora, crianças… os anões são os conhecedores da técnica que permite a realização desse trabalho, porque eles sabem extrair ouro da montanha (aliás, a “montanha” será outro objeto de análise assim que eu voltar da Bienal do Livro). Na alma do homem são como que lampejos primitivos de consciência, de iluminação e de revelação. Anões são os gênios da terra, os famosos gnomos (e sim, eles existem mesmo… não como essas baboseiras pseudo-new-ages os retratam, mas um dia falo mais sobre eles).

Como o texto nos diz que são sete, eles correspondem exatamente aos sete metais/planetas que os alquimistas designavam pelos mesmos símbolos usados na astrologia para os sete planetas. Sol – ouro, Lua – prata, Mercúrio – mercúrio, Vênus – cobre, Marte – ferro, Júpiter – estanho e Saturno – chumbo. Essas correspondências colocam em evidência a relação que existe entre a alquimia e a astrologia e que se fundamenta no princípio que a Tábua de Esmeralda exprime assim: “O que está embaixo é semelhante ao que está em cima“. Por isso, Saturno, que é o planeta mais alto para Astrologia pois corresponde ao sétimo céu, eqüivale, na alquimia, ao chumbo, que está no ponto mais baixo da hierarquia. A hierarquia dos planetas é ativa, enquanto a dos metais é passiva.

No próprio filme da Disney, alguns dos anões representam estas características dos metais e dos planetas, como por exemplo, Mestre/Doc – O mais velho dos anões, representa o Sol, o líder. Feliz/Happy – representa a bonança e a fartura de Júpiter, gordinho e feliz. Juntos são os dois anões mais gordinhos na concepção de Disney. Em seguida temos Zangado/Grumpy representando a Ira de Marte, Dengoso/Bashful representando a beleza de Vênus, Soneca/Sleepy representando a Lua e seu pecado capital Preguiça, Atchim/Sneezy representando as atormentações de Saturno e Dunga/Dopey – Mercúrio, o mais rápido dos planetas, e também o menorzinho deles.

Mas, voltemos à parte do texto que descreve na linguagem simbólica e, portanto, mais rica do conto original:

“Quer ser encarregada de nossa casa? Será nossa cozinheira, fará as camas, lavará a roupa, coserá, fará meias para nós e conservará tudo limpinho e arrumado. Se trabalhar bem ficaremos com você, não terá falta de nada e será nossa Rainha. Branca de Neve respondeu: – Aceito, de todo meu coração! E foi assim que ela ficou com os anõezinhos e tomou conta da casa deles. De manhã os anões saiam pelas montanhas para procurar ouro, e quando regressavam, à noite, encontravam a comida preparada. Durante o dia a menina ficava sozinha, e por isto os anões nunca deixavam de lhe dizer quando saiam: – Tome cuidado com sua madrasta, que mais cedo ou tarde acabará sabendo que você está aqui, e não deixe entrar ninguém.”

O tempo que Branca de Neve fica na casa dos anões é um tempo de treinamento, disciplina interior e aprendizado. É nesse período, durante o qual acontecem seus três perigosos encontros com a madrasta disfarçada, que ela aprende a usar a sabedoria representada pelos anões (que no fundo está nela mesma) para lidar com os elementos ainda não ordenados que tem dentro de si.

As práticas ou rituais – implícitas no processo iniciático – preparam para o contato com o poder unificador do Espírito (Tiferet, a iluminação), cuja presença exige que a substância psíquica tenha se tornado um todo unificado. Os elementos mais ou menos dispersos de nossa personalidade mundana são, desse modo, compelidos a juntar-se. E, alguns deles chegam enraivecidos, vindos de lugares ocultos, remotos ou obscuros com os poderes inferiores ainda agarrados a eles. É mais correto dizer, neste caso, que é o inferno que ascende do que afirmar que é o praticante que desce nele.

Quem sai do seu castelo enraivecida pela inveja e vai procurar Branca de Neve é a Madrasta, e não o contrário! Essa guerra das forças inferiores conduz a uma verdadeira batalha que tem a alma como campo de luta (a tal simbologia da luta entre o “céu” e o “inferno” pelas nossas almas.

As três tentativas da rainha má para matar Branca de Neve mostram, que no começo do caminho os elementos psíquicos pervertidos estão de certo modo adormecidos e afastados do centro da consciência, do mesmo modo que a madrasta está no castelo, longe da casa dos anões. Eles devem ser primeiramente acordados, pois não podem ser redimidos e transformados dentro do seu sono. E é no momento em que despertam, num estado de ódio enfurecido contra a nova ordem, que existe sempre o risco de que eles se apossem de toda a alma. O que não acontece no conto porque os anões, que são as partes de conhecimento da alma, não são atingidos pela rainha e por isso salvam a princesa nas duas ocasiões em que a madrasta disfarçada tenta matá-la. A primeira através de sufocação com um espartilho apertado e a segunda com um pente envenenado na cabeça (estas partes acabaram ficando de fora da versão de desenho animado, mas constam da versão original do conto).

Esses episódios são descrições simbólicas da transformação do metal vil em metal nobre. As faculdades corporais de conhecimento, representadas pelos anões, começam a atuar de modo consciente e é através de seu uso que Branca de Neve se salva por duas vezes.

A morte de Branca de Neve

A palavra morte deve ser compreendida neste caso no seu sentido mais geral, segundo o qual pode-se dizer que toda a mudança de estado, qualquer que seja, é ao mesmo tempo uma morte em relação a um estado antecedente e um nascimento em relação ao estado seguinte (como no mito da Fênix).

A iniciação é geralmente descrita como um segundo nascimento que implica, logicamente, na morte para o mundo profano. É bom lembrar que toda mudança de estado deve se passar nas trevas, no escuro, o que explica o simbolismo da cor negra quando relacionada a esse assunto. O candidato à iniciação deve passar pela obscuridade completa antes de alcançar a verdadeira luz. É nesta fase de obscuridade que se dá a chamada “descida aos infernos”, que é uma espécie de recapitulação dos estados antecedentes, através da qual as possibilidades relacionadas ao estado profano serão definitivamente esgotadas, afim de que o ser possa, daí por diante, desenvolver livremente as possibilidades de ordem superior que ele carrega consigo e cuja realização pertence propriamente ao domínio iniciático.

No nosso conto, Branca da Neve “morre” ou muda de estado, depois que come uma maçã. Come? Não. Ela se engasga. Os anões conseguem ressuscitar Branca de Neve por duas vezes, mas não são competentes para fazê-lo quando se trata da maçã porque, como explicaremos em seguida, a maçã representa, não uma provação de ordem corporal, e sim uma do domínio da inteligência, pois que a maçã é o fruto símbolo do conhecimento.

A maçã

Desde a maçã de Adão e Eva até o pomo da Discórdia, passando pelo pomo de ouro do jardim das Hespérides, encontramos, em todas as circunstâncias, a maçã como um meio de conhecimento. Ela está carregada de duplicidade pois, ora é o fruto da Árvore da Vida que está no meio do Paraíso e ora é o fruto da Árvore da Ciência do bem e do mal que, paradoxalmente, lá também se encontra. Pode ser, portanto, conhecimento unificador que confere a imortalidade ou conhecimento desagregador que provoca a queda.

Se examinamos seu simbolismo, também, desde o ponto de vista de sua estrutura física, podemos constatar novamente essa duplicidade característica dos meios de conhecimento. Assim, ela é símbolo do conhecimento, pois um corte feito perpendicularmente ao eixo revela que, no seu íntimo, está um pentagrama, símbolo tradicional do saber, desenhado pela própria disposição das sementes (faça o teste em casa, crianças!). Por outro lado, o pentagrama é também um símbolo do homem-espírito e desde esse ponto de vista ela indica, ao mesmo tempo, a involução do espírito dentro da matéria.

“A Rainha disfarçada bateu à porta, e Branca de Neve enfiou a cabeça e disse:

– Não posso deixar ninguém entrar. Os sete anões me proibiram isso.
– Pior para mim, disse a velha, pois terei de voltar para casa com minhas maçãs. Mas, olhe, eu lhe dou esta de presente.
– Não tenho coragem de comer, respondeu Branca de Neve.
– Será que está com medo? gritou a velha.
– Olhe vou parti-la em duas metades; você come a parte de fora e eu comerei a de dentro. ( A maçã estava preparada com tanta habilidade que só as partes vermelhas estavam envenenadas).”

Os anões não enterraram Branca de Neve, mesmo depois que a encontraram envenenada pela maçã e não conseguiram ressuscitá-la, porque depois de passar por essa fase, Albedo, não se volta mais ao Nigredo, pois o processo segue em frente para o Rubedo, que é a união com o Espírito representado pelo príncipe. As cores alquímicas e seu simbolismo (indicadas também pelas aves que lamentam Branca de Neve) são claramente mostradas no texto abaixo:

“Quando os anõezinhos regressaram à noite encontraram Branca de Neve estendida no chão e aparentemente morta. Levantaram-na e procuraram nela alguma coisa venenosa, desapertaram-lhe o vestido e até lhe despentearam os cabelos e a lavaram com água e vinho. Mas, de nada serviu. A querida menina parecia realmente morta. Estenderam-na então num ataúde e os sete anões colocaram-se à sua volta e choraram sem cessar durante três dias e três noites. Depois quiseram enterrá-la, mas vendo-a tão fresca e com as faces tão coradas disseram uns para os outros:

– Não podemos enterrá-la na terra negra.

E encomendaram uma caixa de cristal transparente. Através dela se via o corpo de Branca de Neve por todos os lados e os anões escreveram seu nome em letras douradas no vidro, dizendo que ela era filha de um rei. Depois colocaram a caixa de cristal no alto de uma rocha e sempre ficava ali um deles vigiando. Até os animais selvagens lamentaram a perda de Branca de Neve: primeiro chegou um bufo, depois um corvo e por último uma pomba. Durante muito tempo Branca de Neve permaneceu placidamente estendida em seu féretro. Nada mudou em seu rosto e parecia que estava adormecida, pois continuava negra como ébano, branca como a neve, vermelha como o sangue.”

Como dissemos acima, a maçã é um símbolo do Mundo. Mas, o que a rainha má oferece a Branca de Neve é APENAS o aspecto mais externo, mais atraente e venenoso deste Mundo com o qual ela tem que entrar em contato para dominá-lo (novamente, temos um paralelo com Matrix). A história nos conta que, apesar de aparentemente morta, Branca de Neve mantinha o mesmo frescor de pele e a beleza luminosa do tempo em que estava viva. Isso nos indica que a alma, com o corpo transfigurado e dissolvido nela, está pronta para que o Espírito aja sobre ela e a torne indestrutível.

“Passaram-se meses, e aconteceu que o filho do rei viajava pelo bosque, e entrou na casa dos anões para passar a noite. Não tardou a dar-se conta do ataúde de cristal no alto da rocha, contemplou nele a bela jovem que repousava, e leu a inscrição dourada. Depois que leu, disse, dirigindo-se aos anões:

– Dêem-me esta caixa, e pagarei o quanto quiserem por ela.
Mas os anões responderam:
– Não venderemos nem por todo o ouro do mundo.
– Então quero-a de presente, disse o príncipe, porque não poderei viver sem Branca de Neve.

Os anões vendo a ansiedade com que ele fazia o pedido, ficaram compadecidos, e acabaram entregando a caixa, e o príncipe ordenou a um dos seus servos que a carregasse nos ombros. Mas, aconteceu que este tropeçou numa raiz, e com o baque, saltou no chão o pedaço da maçã envenenada que estava na boca de Branca de Neve. Imediatamente esta abriu os olhos e levantando a tampa da caixa de cristal, voltou a si, e perguntou:
– Onde estou eu ?
– Está salva e a o meu lado! respondeu o príncipe cheio de alegria. E lhe contou o que havia sucedido, terminando por lhe suplicar que o acompanhasse ao castelo do rei seu pai, pois ele a queria para esposa. Branca de Neve aceitou, e quando chegaram ao palácio celebraram-se as bodas o mais rapidamente possível, com o esplendor e magnificência adequados a tão feliz sucesso.”

O pedaço da maçã, que Branca de Neve não engoliu e, portanto, não se tornou parte dela é um último vestígio do mundo que nela se mantinha, de certo modo, sobreposto. Ele é retirado com a presença do príncipe. O Espírito, então, dá a forma final à alma.

Existe uma versão do conto, bem antiga, na qual o Príncipe mantém relações sexuais com a Branca de Neve e o movimento da transa é que faz o pedaço de maçã escapar da garganta da princesa. Esta versão é mais interessante do ponto de vista do Hieros Gamos, mas certamente daria alguns problemas com a censura se estivesse no desenho da Disney.

E a Rainha má?

“A rainha má a princípio resolveu não ir às bodas, mas depois não pode resistir ao desejo de ver a jovem Rainha, e, quando entrou e reconheceu Branca de Neve, de tanta raiva, e de tanto assombro, ficou como pregada no chão. Levaram-lhe então, seguros por uma tenazes, uns sapatos de ferro, aquecidos em brasa, e com eles a rainha teve que bailar até cair morta.”

O mundo manifestado, feito de agitação e desejo, esgota-se em seu próprio movimento, quando posto em frente da unidade do Espírito. O casamento, símbolo da unidade e do encontro dos opostos toma aqui uma acepção específica: é a união da alma com Espírito. União, impossível de acabar porque é feita de uma felicidade absoluta que está além e acima da matrix. Por isso todos os contos iniciáticos acabam com a expressão “e viveram felizes para sempre.”

É bom lembrar que o sapato tem entre suas acepções simbólicas duas principais: é, primeiramente, representação do viajante e, portanto, do movimento. Simboliza não só a viagem para o outro mundo, mas a caminhada em todas as direções, neste mundo mesmo. Em segundo lugar, é uma prova da identidade da pessoa, como em Cinderela, que é reconhecida pelo príncipe porque seu pé cabe num sapatinho de cristal.

Na história de Branca de Neve, o pé da rainha má cabe num sapato de ferro em brasa. Enquanto a delicadeza do cristal é a marca da identidade de Cinderela (outro dia eu falo sobre Cinderela), a rainha má é reconhecida pelo peso, dureza e densidade do ferro.

O símbolo deve pertencer sempre de uma ordem inferior à daquilo que é simbolizado; assim as realidades do domínio corporal, que são as de ordem mais baixa e mais estreitamente limitadas, não são simbolizadas por coisa alguma porque tal símbolo é completamente desnecessário, já que elas podem ser apreendidas diretamente por qualquer um. Por outro lado, qualquer fenômeno ou acontecimento, (por mais insignificante que seja), devido à correspondência que existe entre todas as ordens de realidade, pode ser tomado como símbolo de algo de ordem superior, da qual ele é de certo modo uma expressão sensível, pois que deriva dela do mesmo modo como uma conseqüência deriva de seu princípio.

Agradecimentos ao irmão astrólogo Cid de Oliveira pelo texto original que eu expandi e adicionei comentários meus.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/branca-de-neve-e-os-sete-pecados-capitais

O Eterno Equilíbrio do Amor

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” (1 Cor 13)

O Amor, muito confundido hoje em dia com a paixão fugaz e a expressão exacerbada de emoções desnecessárias e egoístas, foi colocado em um nível inferior pela classe mais intelectualizada de nossa contemporânea humanidade. Este Amor, que hora ou outra move nações para a liberdade e também para a compaixão, foi tornado pelo vulgo uma simples emoção, e pelos intelectuais uma simples reação somática proveniente de enzimas, hormônios e pulsos sinápticos. Nunca confunda Amor com “amor”…

Esta parcela divina do nosso Ser Original que é o tema deste artigo nunca esteve tão perdido como está em nossa época. A sua importância magnífica está exemplificada no capítulo bíblico acima.

É exigida a paciência, tolerância, decência e Verdade, para que o Buscador e o Iniciado se tornem Adeptos. Pois a época de meninice só acaba quando conhecemos o Amor. Porém, como é de conhecimento – acredito – de muitos aqui, a característica da qual falo agora é a expressada pelo nosso mais alto ser individual, Tipheret. As minas de cobre de Chipre precisam ser alcançadas para que se chegue a Damcar, a Pátria dos Sábios.

Tipheret se encontra no centro da Árvore da Vida não por acaso, pois o sol que nutre e sustenta todo o Trabalho, sorvendo os Eflúvios Divinos para nos banhar de luz, precisa de precisão e equilíbrio expressos para manifestar a maior graça do ser humano: o Amor Universal. Ademais, é preciso Sabedoria e Entendimento para ter o Fundamento que te levará à Beleza pelo Esplendor da Vitória.

Por isso o Amor não é uma simples emoção. E ao mesmo tempo é.

As emoções são dotadas de vida, são como cavalos selvagens. Mas não devemos deixá-las fugir, pois elas são a força bruta que move nossa carruagem. Não devemos deixá-las comandar a carruagem sem rédeas, pois nos levarão para precipícios. É preciso controlar a alimentar quando necessário, e prender nos estábulos da mesma forma. Acima de tudo, não devemos matar os cavalos… Equilíbrio acima de tudo.

Porque Amor é se render…

Amor é uma emoção pois se manifesta como tal, mas não é pois é o único ímpeto ao qual podemos nos render sem medo de se perder por isso. Ágape, Caritas, o Amor Universal é aquilo que precisamos. A época da sociedade matriarcal que nos deu o amor uterino e materno já passou. A época da sociedade patriarcal que nos deu o amor do aprendizado duro e difícil, quase ódio, está acabando. Portanto, o mais importante agora é que busquemos o amor pelo próximo. Este amor pelo próximo que fará a nossa própria religião. A religião da humanidade. A religião do Amor.

Depoimento do Gabriel Tristão Rodriguez no antigo Projeto Mayhem sobre a experiência que ele teve ao meditar os aspectos de Tipheret.

“Estava meditando ontem à noite sobre Tipheret e as divindades que a representam e acabei pegando no sono e percebi uma coisa sobre a filosofia Oriental hoje de manhã quando acordei, tive um insight.

Aikido – Significa: “Caminho(do) da Harmonia(Ai) da Energia(Ki)” “Ai” tbm pode simbolizar Equilíbrio.

Certa vez um chinês passou perto da Academia de Aikido e pronunciou “Ai Chi Tao” pois os ideogramas eram parecidos. Hoje parando para pensar, existem outras duas expressões nas linguas orientais com “Ai” que eu conheço: “AIshiteru” em japonês e “won AI ni” em chinês ambos simbolizando Eu AMO Você.

Já me disseram certa vez que os orientais não tinham uma palavra como a nossa para definir amor, e aí hoje quando acordei percebi o porquê: Para os Orientais, amor não é como o Amor ocidental, a paixão, o fogo estonteante que te tira do chão. Para eles o Amor é o Equilíbrio… a Harmonia, por isso o “AI” ser traduzido tanto quanto AMOR quanto EQUILÍBRIO e HARMONIA. o Amor é algo que te estabiliza e não o contrário, para eles o que chamamos de Amor é apenas Paixão ou até mesmo Obsessão, o que faz todo sentido se você pensar em Budha e Krishna como elementos estabilizadores, avatares solares e se pensarmos em Tipheret, o número 6 da Kabbalah que representa ao mesmo tempo o Equilíbrio, a Beleza e o Amor Crístico, o Amor Solar em sua plenitude…”

O vídeo abaixo é uma montagem de cenas do filme Equilibrium com a música Farewell do Apocalyptica. Os que assistiram, ou assistirem o filme, vão saber porquê eu coloquei este vídeo aqui.

Equilibrium: Farewell – Apocalyptica

Que a Força esteja com vocês.

Sérvio Túlio

E que vossas Rosas floresçam na Tua Cruz.

#amor

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-eterno-equil%C3%ADbrio-do-amor

Casamento em Beltane

O Sabbat de Beltane é celebrado no Hemisfério Norte em 1º de Maio e no Hemisfério Sul no dia 31 de Outubro e marca a união da Deusa e do Deus. É a união entre os princípios masculino e feminino da criação, a união dos meios de todos os poderes que trazem vida a todas as coisas.

Representa a fertilidade dos animais e as colheitas do próximo ano. Comemora-se a fertilidade, o amor que dá forças à tudo e o retorno do Sol com toda a sua intensidade.

A palavra Beltane vem do nome do Deus céltico Bel, Deus Celta do Sol e do Fogo, que era o senhor da vida, da morte e do mundo dos espíritos. Com grandes chifres, ao contrário dos dias de hoje, é sinônimo de poder, de masculinidade e de força. Tinne é uma palavra céltica que significa fogo. Assim, Beltane quer dizer Fogo de Bel.

Beltane é o tempo de fertilizar, nutrir e encorajar aquilo que plantamos em Ostara, que são nada mais nada menos que os nossos próprios desejos.

Essa é uma época propícia para as magias que celebrem a fertilidade e a sexualidade. Inúmeros encantamentos para a cura, amor e a prosperidade eram feitos nesta noite, colhendo e utilizando plantas sagradas como o espinheiro branco e preto e o salgueiro, purificando os campos e os animais. Celebra-se a vida, a paixão, a sensualidade e a fertilidade em todos os sentidos – seja a do solo, a do corpo, a das idéias, do dinheiro, etc.

É um ritual onde impera a excitação, a alegria e a volta da luz e do Sol.

Casamento de Um Ano e um Dia

Todo ano me perguntam como funciona esse lance de “casar uma vez por ano”. Os homens, desesperados com a fortuna que gastaram na Igreja, festa e buffet e que mal aproveitaram, não conseguem imaginar “todo esse pesadelo uma vez por ano”; já as mulheres, ficam mais preocupadas em “como vão conseguir segurar os maridos por mais de um ano?” pois, na concepção profana, “casou, tá casado… não precisa mais se esforçar…é até que a morte os separe”.

Casar em Beltane implica em conquistar a pessoa amada todos os dias e manter o casamento interessante o suficiente para que a outra pessoa queira casar com você novamente no ano seguinte. É um casamento verdadeiramente profundo, em uma cerimônia simples, porém extremamente simbólica e poderosa em termos de magia.

Coroas, Taças e Adagas

As guirlandas simbolizam, desde tempos antiqüíssimos, a eterna Roda do Ano e seus ciclos ininterruptos. Elas são utilizadas em Beltane como coroas estilizadas.

Esse costume é remanescente das celebrações de Beltane da Europa Antiga, quando o melhor dançarino era homenageado com uma coroa de folhagens (representando o Deus) e a donzela mais bonita era coroada com uma guirlanda de flores e homenageada como a Rainha das celebrações de Beltane (representando a Deusa).

Essa tradição continua até hoje e é por isso que em Beltane todos os participantes são ornados com guirlandas.

Depois de acabada a decoração das coroas, chegou o momento da coroação. Os casais passavam em frente a fogueira de mãos dadas e coroavam-se um ao outro.

A celebração é linda, As mulheres se vestem de preto e os homens de branco. Perto da fogueira, as mulheres seguram uma taça de vinho, que representa o receptáculo feminino e o sangue da criação da nova vida. Os homens seguram um punhal, que representa a força e o orgão sexual masculino.

Então o homem evoca o Deus sol e se entrega a mulher, colocando o punhal dentro da taça de vinho. A mulher evoca a Deusa Lua, recebe o homem e bebe o vinho, simbolizando a fecundação. Então o sacerdote, no caso, o Mestre, une as mãos dos noivos com fitas, representando a união feita pelo amor e pela vontade.

Os convidados, em seguida, pegam flores dos diversos buquês que estão espalhados pelo local (lembrem-se que ao mesmo tempo é a celebração de Beltane, então todo o altar e templo estão cheios de flores de todos os tipos), com rosas, margaridas, tulipas, damas-da-noite, ervas, ciprestes e todo tipo de flores do ritual e vão passando por entre os noivos dando flores de presente e desejando seus votos de felicidade. Cada noiva vai montando, assim, seu próprio buquê de casamento que é único e construído a partir dos desejos sinceros dos amigos e parentes.

Depois, todos, noivos e convidados fazem uma roda em volta da fogueira e dançam ao som de uma música celta.

O casamento tem duração de um ano e um dia e em cada Beltane é feito a renovação dos votos. O casal fica unido pelo amor e pela vontade.

#Sabbat

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/casamento-em-beltane

Poemas recitados para o Sefirat ha Ômer

por Rafael Arrais.

Contagem do Ômer, ou Sefirat ha Ômer, é o nome dado à contagem dos 49 dias ou sete semanas entre Pessach e Shavuót, feriados judaicos correspondentes, respectivamente, a Páscoa e ao dia de Pentecostes. Nesta Contagem mística (de origem judaica), meditamos todos os dias relacionando sete das esferas da Árvore da Vida da Kabbalah com elas próprias e também com as demais, totalizando exatamente os 49 dias de Contagem (7×7=49).

Em 2014 eu segui a Contagem conforme proposta pela Kabbalah Hermética, seguindo o passo a passo organizado pelo meu amigo Marcelo Del Debbio (você pode ver toda a explicação e os vídeos de cada dia da Contagem aqui). De forma inteiramente inesperada, acabei escrevendo (o verbo mais correto provavelmente seria “recebendo”) um novo poema a cada noite da minha Contagem, o que acabou se tornando um livro chamado 49 noites antes da Colheita (disponível em e-book e versão impressa).

Muito bem, para a Contagem deste ano de 2018, que se iniciará ao pôr do sol do dia 31 de Março, eu resolvi preparar uma surpresa a todos os contadores que, pelo menos desde 2015, vêm usando meus poemas para auxiliar em suas meditações do Ômer: recitarei todos eles e irei incluí-los no canal do blog no YouTube. Iniciando por Chesed shebe Chesed, a ideia é que escutem cada um deles com a alma plena, durante a meditação específica de cada dia da Contagem:

“Conte esta noite: Hoje é o dia 1 do Ômer.”

» Aqui você encontra o restante da playlist com todos os áudios (note que eles ainda estão sendo incluídos, até o início de cada semana da Contagem, os áudios correspondentes já devem aparecer por lá).

***

Também recomendamos o o Sefirat ha Ômer, um APP gratuito para Android, criado por Cristian Dornelles. Contendo todos os textos e gráficos do passo a passo elaborado pelo Marcelo Del Debbio, este aplicativo independente de conexão com internet serve para lhe guiar em cada noite dos 49 dias de meditação, onde você estiver.

Crédito da imagem: Vinícius Amano/unsplash

#poesia #SefirathaOmer

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Para ser um Alquimista…

“Ora, lege, lege, relege, labora et invenier” (ore, lê, lê, relê, trabalhe e encontrarás).

Esta era uma das primeiras grandes lições que o mestre alquimista ensinava a seus discípulos.

A literatura alquímica produzida pelos iniciados é bastante complexa por estar em linguagem hermética de difícil compreensão. Portanto para aqueles que pretendem se aprofundar na alquimia, o primeiro passo é ler os livros gerais para compreender os fundamentos e começar a familiarizar-se com a interpretação dos textos herméticos. Cada livro deve ser relido até a obtenção de uma compreensão mais profunda, sendo que as releituras devem ser intercaladas entre os vários textos. O último livro lido ou relido mostrará o conhecimento de todos os demais, assim como os primeiros irão ajudar a entender o último. O estudante deve se fixar principalmente nos livros que mais lhe agradarem.

Apesar de tanto estudo, a maior parte do conhecimento ainda ficará incompreendida e só clareará na prática diária, ou seja, fazendo experiências em laboratório. A paciência é uma grande virtude a ser desenvolvida, pois vários anos de estudo teóricos e práticos são necessários para alcançar uma melhor compreensão e posteriormente a conclusão da Grande Obra, sendo que no caminho muitos fracassos ocorrerão. A maior parte dos que se dedicam a alquimia desistem e muitos, apesar de não desistirem, não a compreendem mesmo durante toda uma vida. Dos poucos que conseguem concluir a Grande Obra, a maior parte leva mais da metade de sua existência para alcançar.

A iniciação talvez seja um processo semelhante ao da criação da própria pedra filosofal. Ela é considerada como um novo nascimento, a gênese para aquele que recebeu a luz e agora pode direcionar-se a caminho de um novo começo, com uma outra consciência. Constitui a morte dos conceitos errôneos e o renascimento das coisas puras e verdadeiras.

A alquimia é de difícil compreensão porque seus ensinamentos referem-se, ao mesmo tempo, às operações de laboratório e ao caminho de uma evolução psíquica e espiritual. Portanto os ensinamentos devem ser interpretados em todos os aspectos. A observação mais acurada da natureza de todos os seus fenômenos e manifestações deve fazer parte do dia-a-dia do estudante, ou seja, ele deve sempre estar atento as transformações, aos ciclos astrológicos (do sol, da lua, dos planetas) e terrestres (da água e dos nutrientes) e aos pequenos detalhes (dos animais, vegetais e minerais), pois todo o conhecimento alquímico, inclusive sua linguagem, provém destas observações e sabendo interpretá-las fica mais fácil compreender a alquimia.

A dica de alguns alquimistas é que o estudante faça seu laboratório em local isolado, não divulgue para ninguém suas intenções devendo ser perseverante, dedicado, calmo, paciente, honesto, caridoso, acredite em Deus e principalmente que consiga um capital para poder dedicar-se totalmente aos estudos, incluindo além das despesas básicas, livros e equipamentos para o laboratório, ou que consiga uma atividade que possibilite uma grande disponibilidade para a dedicação ao estudo. Cada um deve procurar o melhor caminho para obter tempo e recursos para uma total dedicação.

O Encontro com o Mestre

Apesar do estudante ter lido inúmeros livros dos iniciados, realizado experimentos em laboratório e possua inteligência suficiente, ainda não será capaz de atingir o cerne dos segredos “sozinho”. A literatura hermética é uma dádiva para aqueles que conhecem os segredos e uma tortura para aqueles que não o conhecem. “Ao que tem, lhe será dado; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”. Quando o estudioso de alquimia estiver preparado, ou seja, quando esgotarem suas possibilidades de estudos teóricos e práticos e os conhecimentos estiverem presentes em seu consciente e inconsciente, ele encontrará a figura de um mestre que o conduzirá ao caminho da sabedoria e iluminação, tornando-o um iniciado na arte sagrada podendo assim concluir a Grande Obra.

Este mestre pode se revelar na forma de anjo ou espírito. Poucos foram os que encontraram um mestre vivo que lhes passasse os grandes conhecimentos, pois os alquimistas não revelavam seus segredos nem para seus próprios filhos, somente para os puros de espírito que estiverem preparados. O estado de semiconsciência, necessário para obter o sonho ou visão é normalmente atingido após longas horas de concentração, meditando sobre os livros ou quando parado no laboratório esperando e observando as transformações dentro dos recipientes alquímicos.

Nos relatos do encontro com um mestre, normalmente este é um homem de meia idade, veste roupas simples, têm cabelos lisos e negros, estatura mediana, magro, rosto pequeno e comprido e não tem barba. Estas são as características de Saturno, que é o “sujeito dos Sábios”, o velho, o planeta mais longe da Terra. Podendo designar também a matéria-prima.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/para-ser-um-alquimista

O Satanismo Tradicional

Por Malachi Azi Dahaka.

Recordo-me de quando eu tinha dezesseis anos e estava na época de escola. Foi neste tempo que comecei a estudar o ocultismo de modo geral. A influência dos meus familiares católicos e umbandistas e suas opiniões a respeito da “magia negra” e do Satanismo ainda eram marcantes em mim. Em minha cabeça, a figura de um satanista era o exato aspecto “hollywoodiano” do grupo com capuzes negros sacrificando jovens virgens em seus ritos macabros.

Certa vez, o pai de um amigo foi buscar o mesmo na escola onde estudávamos. Era um senhor com cabelo grisalho, bem arrumado e simpático. Este senhor cumprimentou a nossa turma e levou seu filho até o carro. Um colega de classe, que sabia de meus interesses sobre ocultismo me confidenciou naquele momento que o pai de nosso amigo era um Satanista, e falava do assunto sem nenhum problema. Obviamente, me senti curioso (e ao mesmo tempo assustado) pelo assunto. Decidi conversar com meu amigo no dia seguinte.

E este foi o início da quebra de um estereótipo que circula até hoje no meio ocultista. O que é, afinal de contas, um Satanista?

Em primeiro lugar, para falarmos deste tema, é necessário nos situar muito bem dentro do mesmo, erro que normalmente é cometido pelos que se dizem entendidos no assunto. O Satanismo não é uma crença única, muito pelo contrário. Ele possui inúmeras variações e correntes filosóficas diferentes. A mais famosa delas, o Satanismo Moderno, foi fundado por Anton Lavey em 1969, e trata de uma forma de Antropocentrismo. Segundo esta filosofia, o sobrenatural deve ser deixado de lado, e o material deve ser vivido aqui e agora. Os Demônios e entidades seriam apenas aspectos psicológicos internos, exteriorizados para obter-se maior compreensão dos mesmos. Lavey popularizou o Satanismo, mas ao contrário do que se pensa, ele não foi o primeiro a organizar um grupo coeso e suas características não devem ser misturadas as de outras formas de crenças satânicas.

No outro extremo das vertentes, existe o chamado Satanismo Tradicional, e é deste que irei tratar aqui. Ao contrário da crença de Lavey – que é considerada pobre em espírito, já que ignora o desenvolvimento e evolução do Homem como um Todo – o Satanismo tradicional/ teísta crê nas entidades, deuses e demônios como seres independentes do ser humano. Estas deidades são utilizadas dentro do satanismo como auxiliares da Evolução do Adepto, e não como ídolos para mera adoração cega e submissão doentia, como normalmente se retrata.

Existe ainda o conceito do Luciferianismo, que é diferente do Satanismo, mas está presente no mesmo. Este é o conceito da iluminação e refinamento da mente-corpo-espírito através da Gnose Luciferiana e da utilização dos Mitos e “Máscaras de Deidades” associadas a Lúcifer e sua figura de portador do fogo do conhecimento e conhecedor tanto da Luz quanto da Escuridão.

A Mão Esquerda

Os termos “mão direita” e “mão esquerda” vieram do Tantra, mas passaram a ser utilizados para designar o caminho ocultista com base nas “árvores” da Cabalah. O caminho da mão esquerda seria aquele em que o ocultista se foca em sua própria evolução acima de tudo, sendo correspondente ao ideal satânico de evolução própria. Devido a isso, o Satanismo está contido no caminho da mão esquerda. Mas não é necessário ser um Satanista para ser um praticante do LHP (Left Hand Path).

Da Figura do Satanista

Um real adepto do Satanismo Tradicional, não será uma piada caricata diante da sociedade e não se valerá de meros “teatros” psicológicos em sua Mágicka. A figura de mantos negros e jóias exageradas existe apenas em seu mundo particular, durante seus rituais. Em seu dia-a-dia ele deve ser uma pessoa normal. Ser um satanista não significa perder o senso de educação, prestatividade e em especial, honra. Aqueles que não souberem entender e canalizar a sua Chama Interior, serão consumidos em sua ira – e não passarão de animais selvagens sem direção.

O Ideal Satânico

Cada corrente possui sua própria ideologia. A evolução do adepto é um ponto comum a todas. O despertar da Chama Negra interior, introduzido na humanidade por Samael, é o maior destes objetivos. Ser semelhante a Caim (a chama negra) ao executar simbolicamente Abel (o homem de barro) para se tornar um Deus em carne. O contato com o Demônio Guardião equivale ao despertar desta chama negra acausal, é o acordar do interior subconsciente. É a maior arma de um Satanista (adversário) contra a ordem causal e vigente.

Os Demônios

Derivado da palavra grega Daemon ou daimon (grego ??????, transliteração dáimon) que pode ser traduzida como “espírito” ou “divindade”, o tipo de entidades que eram nomeadas dessa forma passaram a ganhar fama de maléficos com o cristianismo, e a fama permanece até hoje, mesmo entre aqueles que não se consideram cristãos, de tal forma que está enraizada esta cultura na sociedade. O Satanista sabe que nem todos os demônios são maléficos e nem todos são bondosos, sendo aconselhável a relação com eles apenas após um bom tempo de prática. Cada um é único em essência, e podem fornecer o conhecimento necessário para o adepto evoluir. São uma gama de entidades difíceis de se trabalhar, o que envolve tempo e dedicação da parte do adepto.

As entidades demoníacas não devem ser confundidas com vermes astrais, eguns ou kiumbas. Demônios conseguem a energia com a qual trabalham através de oferendas e adoração, enquanto os vermes astrais são meros vampiros instintivos. Os vermes astrais podem muitas vezes se passar por outra entidade através da alteração de sua de sua forma de manifestação para se passarem por outros tipos de entidades (sejam demônios ou não). Isto torna uma exigência a aptidão do adepto para identificar e diferenciar impostores de seus “guias” ao trabalhar com eles. Entre estas formas de identificação, está a sensação percebida pela presença da entidade, que deve corresponder a frequência energética da mesma.

Este é um fato válido tanto para os praticantes do Satanismo quanto os de outras artes que lidem com entidades, e é algo geralmente negligenciado, e que culmina em erros graves.

Os Sacrifícios e Honrarias

Um Satanista é um ser orgulhoso de si, e que visa sua evolução. Desta forma, ele não se prostra diante de nenhum ser, a não ser a si mesmo. Os cânticos, oferendas, sacrifícios e honrarias concedidas as entidades são para exaltação e agradecimento as mesmas. Não existe devoção cega dentro do Satanismo. Não há “servir de alimento” para entidades. Não há pactos, e Demônio algum lhe dará nada em troca de sua “alma”. Aliás, se você não consegue se esforçar por algo e precisa pedir que caia do céu, sua alma para ele já não valerá nada. Os Sacrifícios, apesar de serem um ponto polêmico, podem ser realizados com oferendas. Objetos consagrados, confecção de imagens, incensos, velas, e até mesmo alimentos no caso de algumas entidades. Ou seja, não há necessidade de mortes humanas como retrata Hollywood.

Goétia e Satanismo

Outro mito do satanismo tradicional é a goétia. Deve-se ter consciência de que a goétia é apenas um dos muitos sistemas e formas de evocação que existem para se contatar entidades. Como todo sistema evocatório, ela deve ser adaptada à crença do praticante. Existe, portanto, alguns livros voltados para a prática da “goétia satânica”. Mas isto é apenas um passo na evolução do adepto, e não uma obrigatoriedade para um satanista e muito menos uma exclusividade, tendo em vista que o sistema original é judaico-cristão. Há muito que se discursar sobre este assunto.

Deidades Satânicas

Recentemente vi alguns leigos no Satanismo citando que o mesmo fazia uma “confusão com Deuses”. A realidade é bem diferente de uma confusão. As vertentes teístas do Satanismo realizam um resgate dos Deuses das Eras anteriores para utilizar na era atual. Os Deuses ancestrais não são esquecidos, mas adorados e sua energia utilizada em diversos trabalhos mágickos.

Para os Luciferianistas, não apenas os deuses “negros” sofrem este “resgate” ou esta “adaptação”, mas também os deuses considerados “luminosos” devido a seus aspectos semelhantes aos de Lúcifer. A assimilação destas deidades segue a máxima de que um Adepto deve absorver aquilo que lhe torna mais forte, e expurgar o que lhe torna fraco, para que o mesmo seja digno de alcançar a sua Chama interna.

Sobre os “Estereótipos”

É uma moda atualmente, que todo Satanista seja obrigado a ouvir “black metal” e derivados, andar sempre de preto e estar sempre mal encarado. Isto não poderia estar mais longe da verdade. Gostos pessoais não influem em uma crença, muito menos as roupas. E por sua vez, a crença não é desculpa para agir como um adolescente revoltado, faltando com respeito a tudo e todos. Deve-se ter o senso de postura e saber os meios certos de lutar contra a ordem vigente.

Os exemplos dados pelo Marcelo Del Debbio em sua postagem “Ordens Satanistas da Vida” é um grande exemplo do que um verdadeiro adepto NÃO é. Ele não fará ameaças que não pode cumprir e nem se valerá levianamente das entidades que o auxiliam em sua alquimia mental. As atitudes ali demonstradas são dignas apenas dos “estereótipos”, os jovens que acabam se apoderando de material presente na internet, e retirando de contexto e distorcendo informações, sem a mínima noção ou instrução – resultando no que foi aqui demonstrado.

Estes, não devem ser comparados aos praticantes sérios desta senda, que buscam a verdadeira evolução e possuem seus próprios objetivos, não se limitando a adoração cega e a serem “bateriais de entidades” (como foi denominado por alguns leitores), mas trilham um caminho difícil com seriedade para atingirem seus próprios objetivos, livres de amarras de qualquer espécie.

Este é apenas um resumo daquilo que eu estou trilhando, do que eu estudei e ainda estudo. Espero que sirva para quebrar alguns paradigmas e mudar alguns conceitos acerca desta senda espiritual, que é tão válida quanto qualquer outra, e que merece ser reconhecida pela sua funcionalidade e não por aqueles que mancham seu nome.

Malachi Azi Dahaka.

#LHP

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-satanismo-tradicional

Por Quê se chama “Loja” Maçônica?

Qual maçom nunca foi questionado por um profano do porquê do termo “LOJA”? Muitos são aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa nas Lojas, para justificar o nome. Alguns, fanáticos e ignorantes, chegam a ponto de indagar que é na Loja que os maçons vendem suas almas!

Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que, só porque “loja”, em português, denomina um estabelecimento comercial, isso não significa que o mesmo termo em outras línguas tem o mesmo significado. Vejamos:

“Loge”, palavra francesa, pode se referir à casa de um caseiro ou porteiro, um estábulo, ou mesmo o camarote de um teatro. Mas os termos franceses para um estabelecimento comercial são “magasin”, “boutique” ou “commerce”.

Da mesma forma, o termo usado na língua inglesa, “lodge”, significa cabana, casa rústica, alojamento de funcionários ou a casa de um caseiro, porteiro ou outro funcionário. Os termos mais apropriados para um estabelecimento comercial em inglês são “store” ou “shop”.

Já o termo italiano “loggia” significa cabana, pequeno cômodo, tenda, mas também pode designar galeria de arte ou mesmo varanda. Os termos corretos para um estabelecimento comercial são “magazzino”, “bottega” ou “negozio”.

Em espanhol, “logia”, derivada do termo italiano “loggia”, denomina alpendre ou quarto de repouso. As palavras mais adequadas para estabelecimento comercial são “tienda” e “comercio”.

Por último, podemos pegar o exemplo alemão, “loge”, que não tem apenas a grafia em comum com o francês, mas também o significado: um pequeno cômodo mobiliado para porteiro ou caseiro, ou um camarote. Já os melhores termos para estabelecimento comercial em alemão são “kaufhaus”, “geschaft” ou “laden”.

Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas nas línguas francesa, italiana, espanhola, alemã e inglesa, pode-se compreender que as expressões referem-se a uma edificação rústica utilizada para alojar trabalhadores, e não a um estabelecimento comercial. Verifica-se então uma relação direta com a Maçonaria Operativa, em que os pedreiros costumavam e até hoje costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de obras, onde eles guardam suas ferramentas e fazem seus descansos. Essas simples edificações que abrigam os pedreiros e suas ferramentas nas construções são chamadas de “loge, lodge, loggia, logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa, italiana e espanhola.

A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse significado não seria “loja” e sim “alojamento”. Nossas Lojas Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de construtores especulativos. Isso fica evidente ao se estudar a história da Maçonaria em muitos países de língua espanhola, que algumas vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em substituição à “Logia”, o que denuncia que ambas as palavras têm o mesmo significado.

À luz dos significados dos termos que designam as Lojas Maçônicas em outras línguas, podemos observar que a teoria amplamente divulgada no Brasil de que o uso da palavra “Loja” é herança das lojas onde os artesãos vendiam o “handcraft”, ou seja, o fruto de seu trabalho manual, além de simplista, é furada. Se fosse assim, os termos utilizados nas outras línguas citadas teriam significado similar ao de estabelecimento comercial, se seria usado em substituição às outras palavras que servem a esse fim.

Na próxima vez que você passar em frente a um canteiro de obras e ver à margem aquela estrutura simples de madeira compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas, níveis, prumos e outros utensílios em seu interior, muitas vezes equipada também com um colchão para o pedreiro descansar à noite, lembre-se que essa estrutura é a versão atual daquelas que abrigaram nossos antepassados, os maçons operativos, e que serviram de base para nossas Lojas Simbólicas de hoje.

#Maçonaria

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