Chupacabra

Tudo teve início no começo dos anos 90, onde na América central dezenas de galinhas, ovelhas e alguns mamíferos de fazendas e chácaras foram encontrados todos mortos e com a mesma características, em Porto Rico centenas de casos foram constatados e várias fazendas as mesmas mortes estranhas aconteciam, então que diabos houve?

O pior é que os fatores e a descrição era os mesmos: Animal com perfurações semelhantes a mordidas feitas por caninos afiados. Os órgãos dos animais e sangue eram completamente sugados, deixando o animal seco. Esse caso se repetiu por toda a América Central, inclusive no México.

A chegada no Brasil

Em 1996 em Sorocaba foram 3 galinhas “sugadas” por algo, 4 cabras no mês de fevereiro, até o o mês de julho foram sugadas 30 galinhas e outros animais, e para piorar todo o interior de São Paulo foi tomado por esse suposto chupacabra. Virou realmente mania, até que o programa Domingo Legal foi ao ar com essa matéria na mesma época, e um homem todo disfarçado mostrou um cadáver de um animal que ele dizia ser um chupacabra.

Durante a semana um biólogo viu o cadáver e relatou que não se passava de uma armação, era apenas uma raia morta que foi banhada com algumas substâncias químicas, mostrando ao Brasil essa fraude.

Mas durante a semana mandaram um e-mail falando que capturaram um chupacabra e ele estava vivo! Mas essa reportagem não teve procedimento, o motivo não sei até hoje.

O Brasil verdade mostrou também fatos estranhos sobre o chupacabra, um curioso foi sobre o paranormal Urandir Fernandes Oliveira (Repare as iniciais: UFO), ele diz ter contato com seres alienígena, e tem poderes paranormais por causa deles, ele afirmou que na Índia foram criados monstros, seriam esses os chupacabras?

Ele disse também que existe tipos de onças que atacam dessa maneira, o Brasil Verdade relatou essa entrevista e viu algo fora do comum, mostrou ao vivo que uma nave alienígena raptou o Urandir, isso deu uma polêmica fantástica.

O Chupa-chupa

Aconteceu também, em meados do anos 70 e 80, um estranho fenômeno: o Chupa-chupa. O Chupa-chupa era (ou melhor, é) quando os alienígenas, de alguma forma, chupam o sangue de seres vivos da Terra.

Esse fenômeno já ocorreu e ocorre no Brasil. Muitas pessoas ficavam com medo do fenômeno Chupa-chupa.

Será que o Chupacabra não é uma das manifestações do Chupa-chupa?

Mas vamos prosseguir. O fenômeno se repetiu novamente em 16 de julho, no Ceará. O fato foi relatado pelo jornal Diário do Nordeste. Um homem estava pescando no Rio Acaraú, quando foi envolvido por uma luz.

Ele então se escondeu entre um matagal e próximo a uma carnaubeira, quando foi atingido por uma sonda e caiu desacordado. Ao acordar, estava com uma cicatriz no braço. O diagnóstico constatava a formação de três lesões, com incisões, supostamente feitas pela mordida de um bicho.

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Caipora

A lenda da Caipora é bastante comum em todo o Brasil. Segundo muitas tribos, principalmente as Tupi-Guarani, a Caipora era um Deus que possuía como função e dom o controle e guarda das florestas. Com o contato com outras civilizações não – indígenas, esta divindade foi bastante modificada quanto a sua interpretação,passando a ser vista como uma criatura maligna. Quando um projeto sai errado, se diz que seu autor viu o caipora, ou caapora. Em algumas regiões, é um indiozinho de pele escura.

Características:

1.Muitas pessoas afirmam que a Caipora é um menino moreno , parecido com um indiozinho, olhos e cabelos vermelhos, possui os pés virados para trás.Outras pessoas dizem que ele parece com um indiozinho que possui uma lança, um cachimbo. Para outras, é uma indiazinha feroz. É descrito também como criança de uma perna só e cabeça enorme.

2.A Caipora tem o poder de ressuscitar qualquer animal morto sem sua permissão, para isso apenas fala para que o bicho ressuscite.

3.Por ser muito veloz as pessoas vêem o Caipora em alta velocidade.

4.Para entrar numa mata com permissão da Caipora, a pessoa deve levar sempre uma oferenda para ela, como um Pedaço de Fumo-de-Rolo ou um Cachimbo.

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Bruxas (folclore)

Bruxa (mulher) ou bruxo (homem), no Brasil e em Portugal, equivale em muitos à Bruja da Espanha, à strega italiana e à tlahuelpuchi do México, a bruxa chupadora de sangue, sua versão espanhola e das américas era um ser vivo capaz de se transformar em vários tipos de animais para atacar crianças. A bruxa era uma figura pré-cristã que se tornou proeminente na Idade Média. Naquele tempo a Inquisição deu especial atenção às crenças pagãs e as considerou endemoninhadas, como atividades maléficas de Satã. Nas regiões rurais de Portugal a crença na bruxaria sobreviveu até o século XX e o governo tem tomado medidas periodicamente para desfazer sua continuada influência.

A Bruxa erai considerada um ser horripilante, um dos maiores pesadelos a serem temidos dentre os que andam pelas noites. No conceito popular que dominou o ocidente por séculos, uma Bruxa à noite se transforma, adquirindo feições horríveis ou assumindo a forma de uma pata, ratazana, o pombo ou a formiga. ou algum outro animal.

Como pessoa, pode ser moça. Não é obrigatoriamente velha nem feia. Chupa o umbigo dos recém-nascidos e carrega consigo crianças, que esquece depois em outras cidades. Nas noites de encantamento deve correr sete praças, isto é, visitar sete cidades e voltar ao lugar de partida entre a meia-noite e as três horas da madrugada. Se transformada em animal não alcançar, dentro desse rprazo, o lugar onde deixou a roupa, aparecerá nua, onde estiver. Ela entra e sai das casas pelo buraco da fechadura.

As bruxas da região reuniam-se nas encruzilhadas às terças e sextas-feiras e esses dias assumiam uma conotação negativa no folclore português. Durante suas reuniões acreditava-se que as bruxas adoravam Satã, de quem teriam recebido vários poderes do mal, entre os quais o olho maligno.

Como é que alguém vira Bruxa?

A Bruxa é sempre a última filha de uma série de sete mulheres. Seu fadário (maldição) é de sete anos. Para escapar a ele deverá ser batizada pela irmã mais velha. Mais tarde será madrinha de crisma dessa irmã. Ela gosta de sal, Cada vez que o recebe está aliviando sua pena, porque o sal é sagrado.

Uma informante estava em casa, com toda a farmília, à noite, quando começou a ouvir um assobio fininho e prolongado. O pai falou: – Fiquem quietos, porque é a Bruxa. E, para ser ouvido por ela, levantou a voz: – Amanhã bem cedo venha buscar sal. O assobio cessou. No dia seguinte, logo que se levantou e foi para o quintal picar lenha, apareceu uma velhinha que ele conhecia, porque morava no bairro. Olhou para ele, calada. Ele também nada perguntou. Entregou-lhe um punhado de sal. Ela agradeceu e partiu. Suas suspeitas, de que havia uma Bruxa nas vizinhanças, confirmaram-se. E ficou sabendo quem era ela.

Bruxas rondam as casas onde há bebês. Se são recém-nascidos e, principalmente, se ainda não foram batizados, é preciso deixar uma luz acesa e não descuidar deles; ela costuma chupar-lhes o umbigo, matando-os por essa forma. Se são crianças maiores, carrega-as para outros lugares, longe de casa, entra sempre em uma venda onde há bebida alcoólica e embebeda-se. Depois volta correndo e esquece-as lá.

Uma Bruxa metamorfoseada em pata apanhou uma menina e transformou-a também em pata. Foram para longe, a Bruxa preocupou-se em procurar bebida e lá esqueceu a menina. No dia seguinte, o dono da venda encontrou a menininha nua, perto das bebidas. Nesses casos é preciso sair procurando os pais das crìanças, para devolvê-las.

Havia duas moças, muito amigas. Uma delas era Bruxa. Fazia orações e gestos especiais e transformava-se. A outra resolveu imitá-la e conseguiu também se transformar, acompanhando-a para local distante, onde havia uma venda com bebidas. Lá beberam bastante. A certa altura, a Bruxa mais recente começou a arrepender-se do que fizera e então voltou à forma humana. A primeira passou pelo buraco da fechadura e foi-se embora. A outra ali ficou, nua. Apanhou um saco vazio e com ele se cobriu. Quando o dono da venda chegou, pela manhã, ficou muito espantado. – Como ê que você conseguiu entrar aqui, com tudo trancado? A moça, chorando, explicou o que acontecera e contou-lhe do seu arrependimento. A esposa do vendeiro emprestou-lhe roupas e ela voltou para casa. Nunca mais quis acompanhar a amiga, a qual, envergonhada, mudou-se do lugar.

Proteção contra bruxas

A proteção contra as bruxas era fornecida por uma série de amuletos mágicos. As crianças também eram protegidas pelo uso de ferro e aço. Um prego de aço fincado no chão ou uma tesoura sob o travesseiro manteria as bruxas afastadas. Havia também uma crença na palavra falada e o folclore era rico em exemplos de inúmeros encantamentos contra as bruxas. Dentes de alho costurados nas roupas das crianças evitariam que fossem levadas pelas bruxas.

Após um ataque eram feitas tentativas de identificar a bruxa maligna. A mãe da criança morta poderia ferver as roupas da criança enquanto as cutucava com um instrumento perfurante. A bruxa, supostamente, sentiria os golpes em seu próprio corpo e seria compelida a voltar para pedir misericórdia. Ou a mãe poderia pegar uma vassoura e varrer a casa ao contrário, da porta para dentro, enquanto repetia o feitiço para que a bruxa se manifestasse. A vassoura, símbolo da bruxaria, era usada para fazer com que as bruxas se acalmassem. Já em 1932 o autor Rodney Gallop relatou o caso de uma criança na cidade de Santa Leocádia de Baião que morreu sufocada. Os pais tinham certeza de que a criança tinha sido “chupada pelas bruxas”. A avó disse que viu a bruxa sair voando disfarçada num pardal preto.

Devido à sua habilidade de se transformar em várias formas de animais a bruxa era freqüentemente associada ao lobisomem, que, na crença popular, também se transformava às terças e sextas-feiras, os mesmo dias em que as bruxas se reuniam.

Para estudos aprofundados:

O Martelo das Feiticeiras,  Heinrich Kramer e J. Sprenger
O Manual do Inquisitor, Antonio Lobos Antunes

 

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Borametz

O cordeiro vegetal da Tartária, também chamado borametz e polypodium borametz e polipódio chinês, é uma planta cuja forma é a de um cordeiro, coberta de pelugem dourada. Eleva-se sobre quatro ou cinco raízes; as plantas morrem ao seu redor e ela se mantém viçosa; quando a cortam sai um sulco sangrento. Os lobos se deliciam em devorá-la. Sir Thomas Browne a descreve no terceiro livro da obra Pseudoxia Epidemica (Londres, 1646). Em outros monstros se combinam espécies ou gêneros animais; no borametz, o reino vegetal e o reino animal.

Recordemos, a esse propósito, a mandrágora, que grita como um homem quando a arrancam, e a triste selva dos suicidas em um dos círculos do Inferno, de cujos troncos feridos brotam a um só tempo sangue e palavras, e aquela árvore sonhada por Chesterton, que devorou os pássaros aninhados em seus ramos e que, na primavera, deu penas em lugar de folhas.

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Boitatá

“Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto ao mar e dos rios, e são chamados de Baetatá (Boitatá), que quer dizer “coisa de fogo”, que é o mesmo como se se dissesse “o que é todo fogo”. Não se vê outra coisa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como os curupiras: o que seja isso, ainda não se sabe com certeza.” – Joseph de Anchieta – Carta de São Vicente (X)

E assim, em 31 de maio de 1560 o Mboi-tatá é registrado em carta pelo jesuíta. Mbai, cousa, e tatá, fogo. Um fogo vivo que se desloca, deixando apenas um “facho cintilante”, que, seguindo a narrativa, atacava as pessoas. A imagem de um faixo serpenteando, da marcha ondulada pode ter sido responsável em associar a criatura a uma serpente.

No tupi existe uma palavra com a pronúncia levemente diferente de mba, que tem um significado diferente de “cousa”, que é mbói, que significa cobra. E assim, a Coisa-deFogo (mbai-tata) se torna a cobra de fogo mboi-tatá. Foi essa a imagem que se popularizou, o rastro ondulante feito de fogo que como uma serpente vai de um lado a outro. E é difícil encontrar registros sobre a criatura que, mesmo aludindo a ambas as origens (mbai e mboi) deixem de lado sua natureza e aparência ofídia.

Da linguagem nativa para o português o mboi virou boi (bos, bovis do latim), e como não existe diferença sensível na pronúncia das duas palavras surgiram descrições do Mboitatá como um touro, no livro terra catarinense temos a descrição de um animal “grande como um touro, com patas e um olho enorme no meio da testa, como um Cíclope”, e ainda ganhou de Lindolfo Xavier chifres, patas cuneformes e o olho flamejante. A figura do boi ainda se mescla com muitas outras crenças, o próprio lobisomem, em alguns estados, é descrito da seguinte forma: “Sai de casa à procura de algum recanto de estrada onde se deite. Espoja-se, requebra-se, faz trejeitos, até virar um bezerro negro de longas orelhas.” “……é bezerro negro . . . .. ostenta couro cabeludo de fazer cachos, além de cascos pequeninos, olhar fuzilante e; depois, dotado de força e agilidade extraordinárias.”, ainda existem relatos de criaturas que de dia são homens e de noite se tornam algo muito semelhante à descrição do centauro, metade boi ou cavalo e metade homem desfigurado.

Séculos depois de Anchieta o Mbai-tatá foi associado por outros folcloristas a outras criaturas de fogo em outros países e também não demorou para a associarem com o fogo-fátuo, que é tema universal no folclore, todos os países possuem em seu folclore explicação para a chama noturna que aparece e depois desaparece sem deixar vestígios

Boitatá e Fogo-Fátuo

 


O fogo-fátuo (ignis fatuus em latim), também chamado de fogo tolo ou, no interior do Brasil, fogo corredor ou joão-galafoice, é uma luz azulada que pode ser avistada em cemitérios, pântanos, brejos, etc. É a inflamação espontânea do gás dos pântanos (metano), resultante da decomposição de seres vivos: plantas e animais típicos do ambiente.). O metano, em condições especiais de pressão e temperatura, em local não ventilado, começa a sair do solo e se misturar com o oxigênio do ar. Em uma porcentagem de aproximadamente 28%, o metano se inflama espontaneamente, sem necessidade de uma faísca. Forma uma chama azulada, de curta duração, gerando um pequeno ruído.

Muitos que avistam o fenômeno tendem a evacuar o local rapidamente, o que, devido ao deslocamento do ar, faz com que o fogo fátuo mova-se na mesma direção da pessoa. Os fogos fátuos dão origem a muitas superstições populares. Se acredita que são espíritos malignos que molestam ou fazem se extraviar os viajantes ou afastar alguém que tenta se aproximar. Há quem os consideram como presságios de morte ou desgraças.

Assim se torna como o feu-follet francês, Inlicht alemã, os pequenos anões sul-americanos Yakãundys (que quiere decir cabeza encendida), o fogo dos druidas, o fogo de Helena, de Santa Helena (antepassados do Sant’Elmo). É o Jack with a Lantern dos ingleses. Nesses casos associada às luzes loucas, que iludem viajantes atraindo-os para lamaçais e charcos ou os persegue na noite.

Em Portugal e em países americanos que passaram pela colonização portuguesa/espanhola como Argentina e Uruguai a conotação do fogo é outra, as chamam de as “alminhas”, ou “almas dos meninos pagãos” e ainda a “alma que deixou dinheiro enterrado”. Aqui fica claro que a figura luminosa é uma alma que por algum motivo não conseguirá descansar, seja a alma atormentada por não receber o batismo, ou a alma ainda tomada pela ganância que não consegue abandonar o tesouro enterrado, ainda existem relatos que a chamam de luz mala e vibora-de-fuego, e a associam com a alma de comadres e compadres que se apaixonaram, novamente o tormento que impede a alma de descansar. Em alguns registros assim que o ouro é desenterrado ou encontrado a criatura desaparece, a alma pode finalmente descansar.

Essa interpretação chegou a influenciar muitos relatos modernos do Boi-tatá, que afirmam que ele surge em locais onde existem tesouros ou ouro escondido, protegendo as riquezas de pessoas que tentem roubá-las.

Variações do Boitatá

No Brasil os nomes do Mboi tatá variam muito, no norte e nordeste é Batatão no sul Boitatá, Bitatá, Batatá e Baitatá. Biatatá na Bahia e em sergipe chega a ter o nome de Jean Delafosse ou ainda Jean de la foice.

Em um traço que se torna comum quando lidando com crenças e animais fantásticos (os monstros) é a mudança de personalidade ou função com o tempo. Uma característica da evolução do indivíduo é a de, quando confrontado por uma situação adversa, ou um inimigo, através da batalha o vence e se torna então superior a ele. Esse é um processo que aparece claro na metáfora do canibalismo, onde o vencedor devorava não apenas a carne, mas o sangue/alma/qualidades de seus inimigos que ele mesmo não teria, como forma de compensação de uma deficiência, ou para reforçar e incrementar uma qualidade que já tenha e seja fundamental para sua vida, se tornar mais forte, corajoso, etc. Essa característica é muitas vezes substituída por uma talvez menos brava ou mais prática onde ao invés de confrontar o monstro o tornamos algo menos aterrador, não através do desapego daquilo que nos causava temor, mas sim atribuindo a ele características que o tornem querido e mesmo necessário, ao invés de irmos ao ambiente dele e o vencermos o trazemos para o nosso habitat e lhe damos um cargo, um emprego. Monstros de gravata são menos assustadores e mesmo até bonitinhos. E assim com a ajuda de Couto de Magalhães, o M’boi Tata, a criatura que ataca e mata, cremando ou ferindo seriamente se torna o protetor das florestas:

“Mboitatá é o gênio que protege os campos contra aqueles que os incendeiam; como a palavra diz, Mboitatá é: “cobra de fogo”; as tradições figuram-na como uma pequena serpente de fogo que de ordinário reside nágua. Às vezes tranforma-se em um grosso madeiro em brasa denominado méuan, que faz morrer por combustão aquele que incendeia inutilmente os campos.”
– o selvagem, 1876 p.138

O consenso atual sobre o Boitatá

Um exemplo claro do que se tornou a imagem atual do Boitatá é o seguinte texto da Terra Brasileira:

“Antigo mito brasileiro cujo nome significa “coisa de fogo”, em tupi. Já referido por José de Anchieta em 1560, o boitatá é um gênio protetor dos campos: mata quem os destrói, pelo fogo ou pelo medo. como contam os tupis: “Quando manso isso brilha e não queima. Quando bravo isso queima e não brilha.” Aparece sob a forma de enorme serpente de fogo, na realidade o fogo-fátuo, ou santelmo, do qual emana fosfato de hidrogênio pela decomposição de substâncias animais.

“O Boitatá é o gênio que protege as campinas e sempre castiga os que põem fogo no mato. Quase sempre ele aparece sob a forma de uma cobra muito grande, com dois olhos enormes, que parecem faróis. Às vezes, surge também com a aparência de um boi gigantesco, brilhante.”

Nada mais longe do que os relatos indígenas originais como resgistrados por Anchieta. Ainda existem contos e lendas no sul que falam sobre uma enorme cobra que vivia junto ao rio, e que em épocas de chuva ou enchente saia para matar a comer animais, com o tempo os relatos mudaram, dando a ela a predileção apenas pelos olhos daqueles que encontrava. Olavo Bilac escreve em seu Últimas Conferências e Discursos, 1924:

“Uma das mais belas fábulas do Rio Grande do Sul é a da Boitatá. Boitatá, cobra de fogo, foi a princípio Boi-guassu, cobra grande, jibóia ou boa. […] quando houve o dilúvio, e sempre que há inundações, a Boiguaçu acordava pela enchente, entra a comer todos os outros animais. No sul a tradição complicou-se; a Boi-guassu mata todos os animais, não os come inteiramente: come somente os olhos da carniça; tantos olhos devora, que fica cheia de luz de todos oesses olhos: o seu corpo tranforma-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo, boitatá, cobra de fogo.”

Mas esse Boitatá se tornou uma criatura completamente diferente daquela descrita pelos índios. O Mboi tatá tupi-guarani está atualmente despersonalizado. O Batatão, Batatal ou Batatá é um mito inteiramente europeu. Em São Paulo se chama Bitatá: “espírito dos não batizados”, crença que existe na ilha de Creta, na França e na Holanda. Como alma penada surge em todos os países europeus. Como diz Câmara Cascudo: “Não pensavam os indígenas brasileiros nessa direção.”

Ao considerarmos o fogo fátuo, não podemos deixar de lado os relatos indígenas sobre mortes, ou posteriormente a corpos carbonizados resultando do embate com a criatura. A única coisa que podemos afirmar com certeza sobre o Mboi tatá é o que Anchieta afirmou há mais de quatro séculos atrás:

“o que seja isso, ainda não se sabe com certeza.”

Dossiê de Criptozoologia de Herman Flegenheimer Jr.

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Basilisco

O Basilisco é uma criatura mitológica com cabeça de ave e corpo de serpente, importante como símbolo na Alquimia e na Magia.

Existem três tipos de Basiliscos:

– O primeiro e mais mortal é chocado de um ovo de galinha por uma serpente; tem a cabeça de um galo com boca de sapo e o corpo de um dragão com pés de galinha, assim como olhos de Górgona que podem matar com um olhar. Este Basilisco tem aproximadamente o tamanho de uma galinha, não tem asas e tem penas curtas na cabeça, pescoço e costas. A única maneira de matá-lo é fazer com que ele olhe para seu próprio reflexo em um espelho de preferência feito de aço.

– O segundo tipo de Basilisco é feito magicamente com ervas e é venenoso.

– O terceiro tipo é inofensivo e existe nas minas. Ele tem a cabeça e os pés de uma galinha, a cauda de uma serpente e olhos bonitos. É preto carvão e tem asas brilhantes, sobre as quais podem ser vistas veias. Seu óleo e água são valiosos para os alquimistas, que às vezes encontram joias dentro de sua cabeça.

O Basilisco é um símbolo de sabedoria e é frequentemente mostrado devorando um humano. Para os antigos, ser devorado pela sabedoria significa esclarecimento, gnose e iniciação nos mistérios. O Basilisco também está relacionado ao deus gnóstico Abraxas, governante da magia e dos poderes espirituais no universo, que é retratado na arte como tendo a cabeça de um galo ou leão e o corpo de um homem com pernas que terminam em serpentes ou escorpiões.

O cristianismo demonizou o Basilisco como um símbolo do diabo.

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Fonte:

The Encyclopedia of Magic and Alchemy, por Rosemary Ellen Guiley.

Copyright © 2006 by Visionary Living, Inc.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

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Bakemono, Mononoke e Tsukumogami

Aoi Kuwan

Bakemono, composto pelos kanji “ba(ke)” e “mono”. O kanji “ba(ke)” significa “mudança”, “algo que muda de forma”, e “encantar” (com o sentido de enfeitiçar). Já “mono” significa “coisa”, “objeto”, “matéria”.

Traduzido como “monstro, “espectro”, “fantasma”, e “aparição” nos dicionários, um bakemono é, literalmente, uma coisa – geralmente espíritos de animais, mas não somente eles – que muda de forma, tornando-se uma criatura sobrenatural.

Como mencionado, são na maioria das vezes espíritos de animais que adquirem um certo grau de consciência e possuem a capacidade de mudar a sua forma para pregar peças nos seres humanos, comumente transformando-se em belas mulheres para seduzir os seres humanos. Os bakemonos também possuem a capacidade de evoluir, mudando a sua própria forma, o que ocorre quando eles ganham uma cauda extra.

Os bakemonos criados a partir de espíritos de animais são denominados mononoke. Mononoke também traduzido por “fantasma”, “espectro”, e outros termos genéricos, e se refere especificamente aos bakemono que são animais.

São exemplos de bakemono do tipo mononoke a kitsune (raposa), que pode chegar a ter até nove caudas (kyuubi no kitsune), o tanuki (guaxinim), o mujina (texugo), o bakeneko (gato), que quando ganha sua segunda cauda é chamado de nekomata.

Há também bakemonos que podem ser criados a partir de objetos inanimados. A eles é dada a denominação de Tsukumogami. Os tsukumogamis são tipos de bakemono que se transformam em criaturas sobrenaturais após um longo período de tempo, geralmente após 100 anos de existência do objeto. No entanto, esse período pode ser menor, dependendo da espécie do tsukumogami.

Atualmente, a expressão bakemono, assim como youkai, é usada para designar monstros em geral, mas apenas as criaturas que se enquadram na descrição explicada acima é que são realmente bakemonos.

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Bacantes

As Bacantes ou Mênades, as furiosas, as impetuosas; mulheres tomadas de paixão por Dionísio e entregues a seu culto com tamanho fervor, que por vezes chegavam ao delírio e à morte. Em relação aos gregos, pode-se ler sobre esse tema na tragédia de Eurípedes, As Bacantes, e, em relação aos romanos, a descrição dramática de Tito Lívio (XXIX, 8-9). Deu-se às suas estranhas práticas, difundidas ao longo do contorno da bacia mediterrânea, o nome de ‘orgiasmo’ (celebração de orgias e mistérios, sobretudo no culto de Dionísio) ou ‘menadismo’.

Certas cenas não poderiam deixar de evocar as famosas descrições médicas de histeria. Sob muitos aspectos, o delírio das Bacantes, com os movimentos convulsivos e espasmódicos, a flexão do corpo para trás, o descaimento e o agitado movimento da nuca, faz lembrar as afecções neuropáticas devidamente descritas hoje em dia e que implicam o sentimento da despersonalização, da usurpação do ego por uma pessoa estranha, aquilo que é precisamente o entusiasmo na Antiguidade (i.e., exaltação ou arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina, como as sibilas etc.), ou seja, a possessão (SECG, 292). Elas simbolizam a embriaguez de amar, o desejo de serem penetrada pelo deus do amor, como também a irresistível influência dessa loucura, que é uma espécie de arma mágica do deus (JEAD)

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Baba Yaga

Caminho pela floresta
e falo intimamente com os animais
Danço descalça na chuva
Danço nua
Viajo por caminhos
que eu mesma faço
e da maneira que me convém
Meus instintos e meu olfato são aguçados
Expresso livremente minha vitalidade
minha alegria pura e exuberante
para agradar a mim mesma
porque é natural
é o que tem de ser
Sou a selvagem e jubilosa energia vital
Venha e junte-se a mim

Baba-Yaga é uma velha, muito velha, que vive em uma cabana sobre pés-de-galinha. Ela se alimenta de ossos humanos moídos em seu pilão, mas há quem diga que também come criancinhas com seus dentes de ferro. E voa dentro de um almofariz de prata, muito veloz. Contam ainda que o rastro de cinzas que deixa pelo céu, rapidamente a danada vai apagando com sua vassoura.

Importante figura no imaginário do povo russo, Baba-Yaga está presente em muitos contos tradicionais, no caminho de Vassilissa, a bela, ou do destemido Príncipe Ivan, como nas bilinas (narrativas em verso) de grandes poetas românticos, entre eles, Gogol, Puchkin, Liermontov. Igualmente na música clássica daquele país, alguns compositores se dedicaram a fazer-lhe um “retrato sonoro”: temos três poemas orquestrais com Dargomíshky, Balakirev e Liadov; ela também aparece na suíte Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky, e no Álbum para Crianças, de Tchaikovsky. Talvez, a primeira antologia de literatura russa de tradição oral, que o público de língua portuguesa teve acesso, fora feita por Alfredo Apell, nos idos da década de 1920. No Brasil, a bruxa aparece na história de encantamentos “A princesa-serpente”, na coletânea Contos populares russos organizada por J. Vale Moutinho (Nova Crítica, 1978 e Princípio, 1990), mas coube à escritora Tatiana Belinky o resgate mais bem divulgado como literatura para crianças: a velha Yaga e a magia das skáskas (narrativas maravilhosas) estão em Sete contos russos (Companhia das Letrinhas, 1995). Mais recentemente, foram publicados, em três volumes, os Contos de fadas russos, organizados por Aleksandr Afanas’ev, a partir de 1855, com o título Narodnye russkii skazki, base destes trabalhos e outras formas adaptadas (Landy, 2002 e 2003).

Quase sempre, Baba-Yaga é a temível bruxa, a malvada, la maliarda. Às vezes, ela parece ser apenas uma grande conselheira ou a guardiã de muitos segredos, moradora da escuridão numa densa floresta. Sob esta faceta, Baba-Yaga seria assim como a representação da Mãe-Natureza, igualando-se às antigas deusas, uma divindade com poderes sobre a vida e a morte porque rico em mistérios é seu perfil. Contudo, nossa maneira apressada de encarar as realidades imaginárias acomodou-se sobre a lógica a dividir o mundo em partes e posições irreconciliáveis. Quando se pensa em bruxas, evocam-se as fadas e uma eterna rivalidade, ou seja, a luta entre o Bem e o Mal.

Ora, a designação “bruxa” dada às velhas sábias surgiu muito antes do cristianismo lançar sua caça à elas, e referia-se a uma casta de sacerdotisas de um sistema religioso antigo e diferente, com caracteres próprios ao paganismo: uma religião de culto à Terra. Durante a baixa Idade Média (até meados de 1400), as bruxas eram tidas em consideração pelos campônios, aldeões e demais homens das vilas. A bruxaria era, para o Clero e a Coroa, uma simples superstição e, de modo algum, estava associada aos poderes do Mal. Reconhecidamente, as velhas que prestavam serviços para toda a comunidade na condição de parteiras, curandeiras, conselheiras, eram bruxas. Acreditava-se (uma tradição que ainda hoje se mantém) que essas mulheres tinham poder e influência sobre o corpo de outras pessoas e podiam curar doenças, bem como havia a crença de que sua magia e outras formas de projeção podiam favorecer a boa colheita. Com suas ervas milagreiras, a antecipação do futuro e outras simpatias, as bruxas eram respeitadas. A Medicina era ainda uma ciência incipiente, atendendo prioritariamente às camadas mais altas da sociedade medieval, como a nobreza e o clero; mesmo assim, os resultados a que chegava eram menores e mais incertos que os milagres operados pelas velhas sábias do povo.

No entanto, com a crise que a igreja medieval enfrentou junto às classes populares, as bruxas acabariam por cair em desgraça. Política e religião uniram forças e passaram a difundir novas imagens e idéias a respeito do curandeirismo e outras superstições relacionadas às velhas. Tornaram-se agentes do Mal, foram demonizadas dentro dos tribunais, em oposição a um sistema que representava a visão do Bem. Como portadoras de uma maldição divina, as bruxas se transformaram ideologicamente em consortes do próprio Diabo — ao mesmo tempo em que, na iconografia da época, o anjo soberbo ganhava novos contornos, assemelhando-se ao traçado animalesco e profano do antigo deus Pã. Fora criado igualmente o conceito de sabá, a grande festa orgíaca em que a devassidão, a gula e a beberagem tomavam a cena, gerando terror e histerismo entre o povo.

O velho conselho de uma bruxa não continha mais sabedoria, tornou-se um maledicente sussurro como um vento sequioso, frio e corruptor. E, entre os véus e alguma penumbra da fantasia, surgiram voláteis fadas, numinosas entidades, obrigando as mulheres-bruxas a esconderem-se em refúgios cada vez mais ermos. Os contos populares de magia são pródigos nas imagens do sítio abandonado, da alta torre, do castelo debaixo da montanha ou imerso no mar, como a casa perdida no meio da floresta em que ninguém ousa penetrar.

Vassilissa, a Formosa, andou e andou, e só ao entardecer do dia seguinte ela chegou à clareira onde ficava a cabana da Baba-Iagá. A cerca em volta dessa isbá era toda feita de ossos humanos, encabeçados por crânios espetados neles, com olhos humanos nas órbitas. E o trinco do portão era uma boca humana cheia de dentes aguçados. E a casinha era construída sobre grandes pés de galinha. (Belinky 1996: 25-6)
Longe do convívio humano, Baba-Yaga tem o domínio pleno e solitário da floresta, suas árvores e as sombras, revelando-se como uma das manifestações do arquétipo feminino da Grande-Mãe, com quem, em última instância, todos buscam um consolo ou ajuda. O encontro de Vassilissa com ela guarda certas semelhanças com uma versão primitiva pouco conhecida do conto de O Chapeuzinho Vermelho, que remete não apenas a um rito de passagem, mas à transmissão de poderes da mulher velha para a jovem (Kaplan, 1997).

É necessário um período de convivência naquela cabana e abandonar os temores e a curiosidade infantis, para que uma nova aprendizagem se estabeleça.
É ilustrativo o diálogo com Vassilissa, a respeito dos três cavaleiros que a menina vira passar (o branco, o rubro e o preto), quando se dirigia à cabana sobre pés-de-galinha. A velha responde que eles respectivamente são “meu dia, minha tarde, minha noite”. Não poderia se expressar de outra maneira, não fosse a verdadeira senhora da passagem do tempo. “Podemos chamá-la de Grande Deusa da Natureza”, afirma Marie-Louise von Franz, mas “obviamente, com todos esses esqueletos em volta de sua casa, ela é também a Deusa da Morte, que é um aspecto da natureza” (1985: 208). Baba-Yaga compreende igualmente os dois mistérios extremos da Vida, o nascimento (criação) e a morte (destruição).

A Grande Mãe nem sempre é Boa Mãe. Na escala grandiosa, o seu aspecto negativo, devorador e asfixiante, denomina-se a Mãe Terrível […] Nos mitos, aparece como a mãe devoradora que come os próprios filhos. Conhecemo-la como a cruel Mãe Natureza, que procura repossuir toda a vida — toda a civilização — com a finalidade de colocar tudo de novo dentro do ventre primevo. Como terremoto, abre literalmente o ventre para sugar o homem e suas criações de volta a si mesma. (Nichols 1995: 105)
Além de suas qualidades dóceis e férteis, o arquétipo da Grande-Mãe simboliza a destruição necessária para uma nova ordem. O sorriso malévolo de Baba-Yaga pode ser comparado com inúmeras representações de um tipo de mãe-fera, como é o caso da deusa Kali da tradição hindu. Sedenta de sangue, Kali pode surgir inesperadamente diante de seu expectador com a língua vermelha estirada para fora — antevendo o prazer da devoração.

Do bosque saiu a malvada Baba-Iaga. Viajava dentro de um almofariz e segurava na mão o pilão e a vassoura.

— Cheira-me aqui a carne humana! — suspeitou a terrível bruxa.

Vassilissa estava tão aterrorizada que se sentiu desmaiar. Tudo em volta era sinistro e Baba-Iaga tinha um ar ameaçador. Mas resolveu encher-se de coragem. Já que ali estava, pelos menos ia tentar a sorte e pedir ajuda àquela horrível bruxa. Assim, aproximou-se da velha, inclinou-se e disse:

— Olá, avozinha! As minhas irmãs mandaram-me vir ter contigo, para te pedir lume. (Beliayeva 1995: 81)

Quando nos depararmos com o temível, ou mesmo com o nariz e as rugas de Baba-Yaga, intimamente sabemos algo de sua força e sua ancestralidade mágica.

Tratá-la com respeito é o primeiro passo para conquistar respeito em troca. Quando Vassilissa encara a feiticeira com sinceridade, sem soberba ante o perigo, assegura as chances para uma cumplicidade e convivência pacífica com a velha. Não cair em sua ira devoradora significa ter acesso aos conhecimentos dessa potestade arquetípica. Durante a estadia na isbá da bruxa, há de recuperar essa memória, os segredos de quem sabe ouvir a música das correntezas subterrâneas. Ao mesmo tempo em que vai demonstrando sinais de afeição, a menina reconhece na outra o saber, ainda que inconsciente, na verdade é seu. Afinal, que imagem o espelho de seus olhos refletirá?

Enquanto Baba-Yaga jantava, Wassilissa ficou ali perto, silenciosa. Baba-Yaga disse: “Por que é que você está me olhando sem dizer nada? Você é muda?”
A menina respondeu: “Se pudesse, gostaria de lhe fazer algumas perguntas.”

“Pergunte”, disse Baba-Yaga, “mas lembre-se, nem todas as perguntas são boas. Saber demais envelhece!” (von Franz 1985: 206)

 

Dobras da Leitura, Ano VII – N.º 25 – jul. 2006.

Por Witch Crow e Marcelo Lycan

Achei excelente o texto sobre Baba yaga.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/baba-yaga/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/baba-yaga/

As Fadas e o Amor

Por Cassandra Eason

(Nota do Tradutor: O nome “Fadas” (em inglês: Faeries, Faery, Faes, etc.) neste e em outros textos designa os seres feéricos de modo geral, tanto masculinos quanto femininos).

A tradição do reino das fadas tem, como o mundo dos humanos, tradicionalmente focado no amor – tanto contos de amantes de fadas quanto de seres feéricos que se apaixonaram por mortais e às vezes tentaram mantê-los para sempre em seus reinos de fadas. Essas histórias, sejam percebidas como pura sabedoria ou usadas como uma maneira de explicar ocorrências mortais passadas, contam histórias de amor verdadeiro, de fadas sedutoras, de brigas de amantes e muito mais.

Talvez a história de amor feérica mais trágica seja a da história celta de Cliodna do Cabelo Dourado. A filha de Manannan mac Lir, que governava o mar, Cliodna tinha a fama de ser a mulher mais bonita do mundo em forma mortal. Ela amava tanto o jovem mortal Ciabhan que deixou o reino das fadas para viver com ele. No entanto, enquanto Ciabhan estava caçando, o pai de Cliodna enviou um menestrel feérico para encantá-la; ela foi levada de volta à terra das fadas em um sono mágico. Ela ainda é vista à beira-mar, seja como uma enorme onda ou uma ave marinha, em busca de seu amor perdido; diz-se que ela ajuda os amantes mortais separados a se reunirem.

Abaixo estão dois métodos de invocar Cliodna se você deseja se reunir com um amor separado.

•       Dê um nome ao seu amor perdido enquanto segura conchas iguais, encontradas na praia ou em um lago, amarradas com algas marinhas ou ervas secas. Lance suas conchas na nona onda enquanto ela se move para a costa. Chame o nome do seu amor perdido nove vezes.

•       Se você estiver sem litoral, improvise com cristais de água-marinha correspondentes lançados em qualquer corpo de água corrente. Conte nove antes de jogar os cristais juntos na água. Chame o nome do seu amor perdido nove vezes.

Os Casamentos das Fadas:

Alguns contos de noivas fadas que se casaram com mortais parecem ter comprovação terrena.

As Gwragedd Annwn são lindas, galesas, mulheres fadas de cabelos louros, do mesmo tamanho que os humanos, vivendo em palácios subaquáticos em lagos próximos às Montanhas Negras. Essas donzelas do lago, de vez em quando – de acordo com o folclore da região – tomaram maridos humanos, embora raramente ficassem com eles. Algumas famílias locais ainda reivindicam herança feérica.

Uma Dama do Lago em Llyn y Fan Fach é, no entanto, considerada a fada ancestral de uma linha ininterrupta de curandeiros e médicos galeses. Ainda mais incomum, essa lenda das fadas pode ser datada. Por volta de 1230, os registros contam que um jovem fazendeiro viu três belas mulheres dançando na praia. A mais bela concordou em ser sua esposa e seu pai, o rei das fadas do lago, veio de debaixo do lago para conceder um dote de gado de fadas. No entanto, o rei das fadas impôs uma série de condições para que sua filha ficasse com seu marido mortal. Uma condição era que ela nunca deveria ser tocada com ferro, outra que ela não deveria ir à igreja, e uma terceira que se seu marido a batesse três vezes ela e seu dote retornariam ao lago.

O casal teve três filhos, mas o fazendeiro quebrou sua barganha batendo em sua esposa fada três vezes (embora de acordo com contadores de folclore menos esclarecidos, o pobre marido apenas bateu levemente na fada e por boas razões). Uma barganha feérica sendo uma barganha feérica, lá se foram o gado e a donzela feérica, embora ela tenha retornado para ensinar a seus filhos o conhecimento de ervas e cura. Eles se tornaram os médicos de Myddfai, curandeiros dos reis galeses. Quando morreram, deixaram um tratado médico, cujas cópias existem até hoje. Acredito que haja um no Museu do Castelo de Cardiff.

As Noivas em Faeryland (A Terra das Fadas):

Mulheres mortais que se casaram ou foram abduzidas por fadas parecem ter tido um destino ainda menos feliz.

Uma mulher no dia ou na noite de seu casamento era, segundo o mito celta, considerada um grande prêmio pelas fadas, pois ainda era virgem, mas no auge da fertilidade. Por esta razão, até os tempos medievais, uma mulher era acompanhada à igreja por damas de honra vestidas de forma idêntica, de modo que as fadas que observavam não poderiam identificar a verdadeira noiva.

Algumas dessas abduções de fadas podem ter uma explicação menos etérea. Em partes da Europa durante a Idade Média, o senhor local da mansão foi oficialmente autorizado a usar as noivas de seus servos na noite de núpcias. O estupro cometido por ricos proprietários de terras e seus filhos era uma ameaça real para as mulheres do campo, mesmo na época vitoriana, especialmente entre os servos das grandes casas. Pode ser que a história de um retorno tradicional da noiva sequestrada das fadas depois de um ano e um dia dando à luz um bebê de vários meses fosse uma maneira aceitável para um marido camponês não parecer traído pelo escudeiro, se a infeliz noiva se tornasse grávida durante este rapto. Uma noiva despojada pode ter sido colocada em um asilo distante durante a gravidez, com o conluio do marido ou do pai no caso de uma moça solteira.

Uma típica história de abdução de noivas transformada em balada era a de Colin, um escocês, cuja esposa foi levada pelas fadas. Sua esposa, dizia-se, voltava invisível todos os dias para ordenhar as vacas e fazer as tarefas; apenas seu canto podia ser ouvido. Em outras versões ela retorna depois de um ano e um dia com um bebê. Colin estava mantendo sua noiva trancada porque descobriu na noite de núpcias que ela estava grávida de outra pessoa, embora por estupro? Ou ela era realmente uma noiva das fadas?

Algumas abduções de fadas tiveram consequências mais sérias. Uma esposa que consistentemente produziu meninos doentes que não sobreviveram ou filhos femininos para um homem que precisava desesperadamente de um herdeiro, pode desaparecer de repente; a explicação oficial e muitas vezes inquestionável de seu desaparecimento era que ela foi levada para sempre pelas fadas. Ainda há partes do mundo onde o valor de uma mulher, exceto como portadora de filhos, é baixo; este é um lembrete de que não tem sido de outra forma na sociedade ocidentalizada também.

Bridget Cleary:

Registros de séculos passados ​​são obviamente escassos, e o rapto de fadas como desculpa para assassinato ou espancamento de esposas pode parecer pura especulação. Dito isso, sabemos que em Tipperary, na Irlanda, em 1895, uma mulher chamada Bridget Cleary foi torturada e queimada até a morte por seu marido Michael. Ele alegou que sua esposa havia sido roubada pelas fadas e fora substituída por uma changeling (uma pessoa-réplica encantada da sua esposa). Michael insistiu que, destruindo a forma encantada de sua esposa, a verdadeira Bridget retornaria em um cavalo branco à meia-noite. Sete de seus vizinhos e parentes, incluindo o pai e a tia de Bridget, estavam envolvidos e mais tarde condenados pelo crime. Cem anos depois, Angela Bourke, professora do University College de Dublin e autora de The Burning of Bridget Cleary (A Queima de Bridget Cleary), afirmou que o caso demonstrava o choque entre duas visões de mundo diferentes, duas formas de lidar com pessoas problemáticas, duas formas de explicar o irracional, em um momento de profunda mudança social, econômica e cultural.

O crime de Bridget Cleary foi que ela era econômica e socialmente independente por seus próprios esforços, e não por nascimento. Presumivelmente, se o caso ficasse impune, sua morte teria sido muito lucrativa para o marido e a família, que herdariam seu dinheiro.

As Tentadoras Rainhas das Fadas:

À medida que as deusas foram rebaixadas a fadas, algumas adquiriram o papel de sedutoras e sequestradoras de machos inocentes. Na Escócia, os mitos falam do Bean chaol a chot uaine’s na gruaige buidhe, “A mulher esbelta com túnica verde e cabelos amarelos” – uma rainha das fadas que tinha a habilidade de transformar água em vinho tinto e tecer os fios das aranhas em tartan. A fada tentadora, tocando sua flauta mágica de junco, atrairia os jovens para sua colina de fadas. A menos que eles deixassem um pedaço de ferro sobre o lintel da entrada, eles seriam forçados a dançar e servir o prazer da rainha das fadas até que ela se cansasse deles e os mandasse para casa. Diz-se que esses jovens descobririam que, embora parecesse que apenas uma noite havia se passado no reino das fadas, décadas poderiam ter se passado no mundo mortal e a namorada leiteira de rosto fresco a quem ele jurou sua fidelidade eterna era agora uma avó envelhecida.

O mais famoso abduzido do sexo masculino que parece ter realmente ganho com sua visita ao reino das fadas foi Thomas the Rhymer, cuja balada ainda é tocada em clubes folclóricos com conexões celtas. O verdadeiro Thomas era Thomas de Earlston (Erceldoune), um poeta do século XIII que alegou ter conhecido a Rainha de Elfland (Terra dos Elfos) sob uma árvore mágica de sabugueiro. Em troca de um beijo, ele conta como foi forçado a ir para a terra das fadas com ela, embora outras versões sugiram que Thomas estava mais do que disposto a ser seduzido. Em alguns relatos, a rainha se torna uma bruxa feia e o ritual de acasalamento da juventude com a antiga deusa anciã ocorreu para manter o ciclo das estações e garantir a fertilidade da terra. Thomas permaneceu na terra das fadas por sete anos, embora fossem apenas três dias no tempo das fadas. Ele foi recompensado com os dons da poesia, profecia e uma harpa mágica.

Argumentou-se nos últimos anos que Thomas foi de fato iniciado em um culto de bruxas local e que suas visões da terra das fadas eram xamânicas.

Uma Fuga das Fadas:

Nem todos os cativos estavam tão dispostos quanto Thomas, nem a rainha das fadas tão disposta a se separar de seu amante mortal. Um dos contos mais famosos, registrado pelo poeta escocês Robert Burns, bem como vários outros poetas, é o de Tam Lin, um cavaleiro escocês que caiu de seu cavalo e foi capturado pela Rainha das Fadas. Ela o amarrou com magia e o colocou para guardar uma das entradas para o mundo dos humanos no poço de Carteraugh, perto das fronteiras da Escócia.

As jovens donzelas foram avisadas para não beber no poço, pois cada vez que o fizessem e colhiam uma das rosas que o penduravam, Tam Lin aparecia e exigia que a garota lhe desse um manto verde ou oferecesse sua virgindade.

Uma jovem ousada, Janet, decidiu ver se o mito era verdade e arrancou uma rosa do poço. Ela e Tam Lin se apaixonaram, e ele queria escapar do Reino das Fadas para se casar com Janet.

A noite seguinte era o Halloween, e Tam Lin explicou que havia uma oportunidade que só ocorria a cada sete anos para ele escapar. O Passeio das Fadas aconteceria, quando então as fadas se mudassem para seus aposentos de inverno (em algumas versões vistas como o inferno). A tropa de fadas teve que cavalgar ao longo da estrada. Tam Lin disse a Janet para esperá-lo na encruzilhada à meia-noite e segurá-lo, qualquer que fosse a forma que tomasse.

Enquanto Tam Lin cavalgava na procissão das fadas, Janet o puxou de seu cavalo e o segurou firme. Assim como ele havia avisado Janet, a Rainha das Fadas transformou Tam Lin primeiro em uma salamandra, depois em uma cobra, um tigre, um urso e, finalmente, em metal em brasa. Janet segurou firme e, quando ele se tornou metal derretido, ela o mergulhou no poço mágico.

O feitiço foi quebrado. Tam Lin emergiu da água em forma humana, e ele e Janet logo se casaram.

As Brigas Conjugais das Fadas:

Os casamentos das fadas eram frequentemente tão turbulentos quanto os terrestres.

Titânia é mais famosa na literatura como a esposa de Oberon, rei das fadas, em Sonho de uma noite de verão, de Shakespeare. Nesta peça, ela é retratada como petulante, disposta a deixar as estações irem à ruína enquanto persegue sua vingança contra Oberon, que retaliou fazendo-a se apaixonar por um camponês com cabeça de burro.

Titânia era, antes de ser cristianizada e rebaixada (como muitas deusas pagãs) ao status de fada, conhecida como Themis, a antiga deusa titã grega da justiça e da ordem, e a mãe dos destinos e das estações.

Finvarra ou Fin Bheara, que governava as fadas do oeste da Irlanda, era o marido aparentemente dedicado da rainha Oonagh. Oonagh foi descrito no verdadeiro estilo vitoriano por Lady Wilde, que coletou relatos do folclore das fadas na Irlanda, como tendo cabelos dourados caindo no chão, vestidos com teias de prata brilhando como se fossem diamantes, que na verdade eram gotas de orvalho.

Apesar da beleza etérea de sua esposa, Finvarra era obcecado por mulheres mortais que, dominadas pela música do reino das fadas, foram levadas para viver lá com ele para sempre. Ele também foi dito ter uma segunda rainha, Nuala. Oonagh, sem surpresa, não estava dando boas-vindas às donzelas mortais da corte das fadas.

Outras donzelas seduzidas pela música de Finvarra dançaram a noite toda com ele e pela manhã, encontraram-se em uma colina de fadas, possuindo conhecimento de poções de amor e de magia – e às vezes uma gravidez de fadas.

Feitiço dos Desejos do Amor das Fadas:

1.      Encontre uma árvore das fadas: um espinheiro, ancião, freixo, salgueiro ou carvalho, ou no hemisfério sul, um eucalipto, árvore do chá, acácia dourada ou a manuka espessa.

2.      Sente-se embaixo ou perto de seus galhos em uma noite de lua cheia durante a semana da lua cheia.

3.      O melhor de tudo é a noite de lua cheia. Olhe para cima para a lua e sinta as energias positivas do cosmos e da mãe lua, associadas ao amor fiel e à fertilidade, fluindo para você.

4.      Observe o filtro da luz da lua através das folhas e faça padrões, e você pode estar ciente das energias vivas e em movimento dentro dos galhos e folhas.

5.      Toque o tronco da árvore com as mãos e deixe a força vital do espírito da árvore fluir para dentro de você, para que você possa sentir as energias pulsantes de sua essência como uma leve eletricidade.

6.      De pé e ainda tocando a árvore, pressione os pés em direção às raízes, permitindo que a mãe Terra lhe ofereça sua fertilidade e o poder para que você encontre ou viva com o companheiro certo para sempre.

7.      Agora estenda os braços para cima e atraia para dentro a força e a cura das folhas manchadas de lua.

8.      Afaste-se da árvore e, mantendo a lua à vista, gire a árvore nove vezes no sentido horário (em sentido horário) em círculos cada vez menores, deixando seus pés guiá-lo. Os nove círculos de poder são um antigo dispositivo mágico, e se você estiver agora dentro do anel mais interno, alcançando apenas o tronco com as pontas dos dedos, poderá momentaneamente fazer contato com o espírito da árvore.

9.      Peça à essência dentro da árvore, da terra e da mãe da lua para abençoar seu amor ou para trazer a você a pessoa que o fará feliz. Você também pode pedir fertilidade se estiver tentando conceber uma criança.

10.     Passe um pouco mais observando o filtro do luar através das folhas e amplificando as energias das árvores.

11.     Enterre um brinco de prata ou nove moedas prateadas, o metal da mãe lua, sob as raízes como sinal de agradecimento; sussurre o nome do seu amor ou chame no ar aquele que vai te fazer feliz por te encontrar.

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Fonte:

Faeries and Love, by Cassandra Eason.

https://www.llewellyn.com/journal/article/2353

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/as-fadas-e-o-amor/