Anfisbena

As verdadeiras e imaginárias serpentes que os soldados de Catão enfrentaram nos desertos da África; ai estão a parca, “que ereta como báculo caminha”, o jáculo, que vem pelo ar como uma flecha, e a pesada anfisbena, que tem duas cabeças. Quase como iguais palavras a descreve Plínio, que acrescenta: “Como se uma não lhe bastasse para descarregar seu veneno”.

O Tesouro de Brunetto Latini – a enciclopédia que este recomendou a seu antigo discípulo no sétimo círculo do Inferno – é menos sentencioso e mais claro: “A anfisbena é serpente com duas cabeças, uma em seu lugar e a outra na cauda; e com as duas pode morder e correr com ligeireza, e seus olhos brilham como candeias”.

No século XVII, Sir Thomas Browne observou que não existe animal sem embaixo, em cima, na frente, atrás, esquerda e direita e negou que pudesse existir a anfisbena, em que ambas as extremidades são anteriores. Anfisbena, em grego, quer dizer “que vai em duas direções”. Nas Antilhas e em certas regiões da América, o nome se aplica a um réptil habitualmente conhecido por “dupla andadora”, por “cobra-de-duas-cabeças” e por “mãe-das-formigas”. Diz-se que as formigas a sustentam. Também que, se a cortam em cortam em dois pedaços estes se juntam.

As virtudes medicinais da anfisbena já foram celebradas por Plínio.

Fonte: O Livros dos Seres Imaginários – Jorge Luís Borges e Margarita Guerrero.

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A gênese dos anormais

saturno

“Digamos que o monstro é o que combina o impossível com o proibido”.

– Foucault – Os anormais.

Segundo Michel Foulcault, em Os anormais, o monstro fez parte da constituição do domínio da anormalidade no século XIX. Ele é a figura chave que nos permite entender as articulações entre as instâncias de poder e os campos de saber envolvidos na constituição dos “anormais”.

Cada época constitui formas privilegiadas de monstro. No decorrer da Idade Média, o homem bestial – mistura entre o reino humano e animal – constituiu o imaginário da época. A monstruosidade dos irmãos siameses dominou a literatura especializada ao longo do Renascimento. Já na Idade Clássica, os hermafroditas foram eleitos os monstros da vez.

Se cada época possui suas formas eleitas de monstruosidade, assistimos, ao longo do século XIX, uma diluição dos grandes monstros em uma série de monstrinhos perversos, a saber: os anormais. Como se deu esse processo?

O suplício

Até o século XVIII, o monstro era considerado dentro de uma noção jurídico-biológica ou jurídico-natural. Ele não era apenas uma infração das leis da sociedade, mas, principalmente, uma violação das leis naturais. Nesse contexto, o monstro não gerava uma simples resposta da lei. O que ele suscitava era algo diferente da lei, era a violência, o suplício.

O suplício funcionava como um ritual de atrocidade que tinha como objetivo responder ao crime cometido com um desequilíbrio de forças tal que anulasse a ofensa, seja ela qual fosse. Não por acaso temos notícias de suplícios que duravam dias como o caso do assassino de Guilherme de Oranges, em 1584, que sofreu queimaduras, decepações, cortes e as mais horríveis torturas durante dezoito dias.

Essa economia do poder de punição transforma-se, no final do século XVIII, num conjunto de preceitos e análises que permitem intensificar seus efeitos de poder. Desse modo, o poder de punição deixa de se exercer como um rito (ritual do suplício) e passa a funcionar por meio dos mecanismos de vigilância e controle. Nesse ponto, a questão deixa de ser “qual é o crime?” e passa a ser “o que leva um indivíduo a ser criminoso?”. É a passagem do crime ao criminoso. O crime que era apenas uma violação das regras, passa a ter uma constituição, em outras palavras, uma natureza.

A patologização das condutas criminosas: o nascimento da psiquiatria

A partir dessa nova economia do poder de punição são formuladas novas teorias sobre a natureza da criminalidade. Surge, portanto, uma patologia das condutas criminosas. É na passagem do crime ao criminoso que vemos emergir um novo saber que pretende colocar-se como protetor da sociedade contra os anormais. É o nascimento da psiquiatria. E foi justamente nesse terreno fértil da constituição da anormalidade que a psiquiatria se constituiu como um novo campo de saber. Isso porque a natureza ou a racionalidade do crime cria uma lacuna para o poder judiciário que só pode julgar e penalizar na medida em que conheça a natureza do crime, ou seja, na medida em que conheça as causas que levaram o criminoso a cometer seu crime.

Essa nova mecânica das relações de poder teve como efeito alterar a antiga concepção jurídico-natural do monstro. A partir desse momento, a monstruosidade passa a ser entendida de um ponto de vista moral, ou seja, nasce uma monstruosidade moral que, ao longo do século XIX, se transformará em uma espécie de monstruosidade das condutas cotidianas.

O monstro moral

O primeiro monstro moral é o monstro político. Com o advento da revolução francesa, o criminoso passou a ser aquele que rompe o pacto social. Em outras palavras, o criminoso é aquele indivíduo que coloca seus interesses pessoais acima dos interesses sociais. A figura paradigmática dessa relação é o rei, o rei déspota ou tirano. Assim, o primeiro monstro moral é o rei. Nessa época, foi constituído todo um arcabouço teórico que ligava a realeza, principalmente Luis XVI e Maria Antonieta, a uma monstruosidade tirânica sempre associada ao tema do incesto. Monstro incestuoso, monstro sexual.

Segundo livros e folhetos da época, Maria Antonieta era o modelo desse monstro político-moral-sexual: além de sua tirania e de sua sede de sangue era uma mulher depravada, escandalosa, entregue à libertinagem. Quando criança perdeu a virgindade com seu irmão José II e se tornou amante de Luis XV (e do cunhado deste). Para completar seu quadro libertino, ela era acusada de manter relações homoafetivas.

Concomitante ao modelo do monstro déspota com sua libertinagem, surge o monstro revolucionário, o monstro popular, imagem invertida do rei tirânico. Do mesmo modo que o monarca, o monstro popular (que também é um monstro político) rompe o pacto social. Se aquele era um monstro incestuoso, esse será o monstro antropofágico, que tem fome de carne humana, que volta a um estado de natureza selvagem. É a imagem do povo revoltado.

Foram justamente essas duas figuras do monstro político-moral, o rei incestuoso e o povo canibal ou a monstruosidade sexual e a monstruosidade antropofágica, que serviram de modelo de inteligibilidade para a psiquiatria no século XIX. A psiquiatria constituiu seu saber reativando esses temas da sexualidade antropofágica por meio de uma série de novos domínios, de novos objetos no interior de seu discurso. Essa nova série de elementos são os impulsos, pulsões, tendências e, principalmente, os instintos.

O instinto

Segundo os médicos do início do século XIX, o instinto é um dado natural que faz parte da essência do próprio ser. Um instinto deturpado seria a indicação mais que precisa de uma essência comprometida.

Foucault destacou que há, nesse momento, uma freada da teoria da alienação mental centrada no delírio. É o fim dos alienistas e o início de uma neuropsiquiatria organizada em torno dos impulsos e dos instintos. Essa freada na teoria da alienação centrada no delírio abre a possibilidade para construção de uma psicopatia sexual que constrói a idéia do instinto sexual como origem dos distúrbios. Para esse autor, essa freada na teoria da alienação mental centrada no delírio para uma psicopatia sexual é que constrói a ligação entre um instinto sexual como origem dos distúrbios. Entra em cena um novo objeto para a psiquiatria: o prazer. A psiquiatria foi obrigada a elaborar uma teoria e uma armadura conceitual própria e é nisso que consiste a teoria da degeneração.

A psiquiatria do último quarto do século XIX passa por cima do essencial da justificação da medicina no século XVIII e início do XIX, ou seja, sobrepõe a idéia da cura. A psiquiatria deixa de ser, ou será secundariamente, uma técnica de saber da cura.

O que ocorreu foi uma certa despatologização de seu objeto por meio da idéia de “estado”. O “estado” não seria propriamente uma doença, mas um fundo causal que estaria associado a uma gama imensa de processos e episódios (comportamentais) que, unidos em uma síndrome, comporiam uma doença.

Desse modo, a busca por uma causa única que explique a “anormalidade” será substituída por uma “metassomatização” representada pela idéia de hereditariedade. Metassomatização, pois, funciona como um “corpo fantástico” que possibilita a explicação de qualquer tipo de desvio.

Os degenerados: perversidade e perigo

Não é possível abordar a idéia de desvio sem passar pelos seus correlatos: loucura e crime. Em última instância, se todo desvio acontece na forma de um crime (no sentido de não corresponder às normas vigentes), todo crime representará, ao menos em potencial, os indícios de um ser desviante.

Ao deslocar a questão do crime para o criminoso, como vimos acima, – ou da ruptura da saúde para o comprometimento do ser em si – o que a medicina e a jurisprudência fizeram foi dobrar o delito com outras coisas que não são o delito (comportamento, maneiras de ser etc). Esses outros elementos foram apresentados como a causa, a origem ou a motivação do delito. É justamente a possibilidade de criar esses “duplos-sucessivos” que permitiu a passagem do ato à conduta, do delito à maneira de ser. Houve, contudo, o deslocamento do nível de realidade da infração, pois as condutas não infringiam a lei (nenhuma lei impede alguém de ser desequilibrado). Assim sendo, não há mais uma infração penal, mas irregularidades em relação às regras, que podem ser fisiológicas, morais etc.

Temos discursos epistemologicamente fracos, pois pelo lado da justiça, a jurisprudência não buscou exatamente determinar o criminoso ou o inocente, e pelo lado da medicina, a psiquiatria não buscou determinar quem era ou não doente e, conseqüentemente, tratar o mal. Houve a busca pela perversidade e pelo perigo. Em suma, buscou-se determinar e construir o “anormal”. O resultado de todo esse processo foi a construção dos degenerados.

O degenerado não era considerado, de modo geral, como um doente afetado por uma moléstia qualquer. Era, antes de tudo, uma espécie ou classe diferente, menos humana. O degenerado colocava em risco, além dele mesmo, toda a sociedade, por ser ele próprio um perigo.

A monstruosidade das condutas cotidianas

Os anormais ou os degenerados são os herdeiros diretos dos grandes monstros, principalmente, do monstro moral. E o instinto foi o mecanismo que possibilitou a passagem das grandes irregularidades monstruosas aos pequenos distúrbios da anormalidade, das pequenas irregularidades da conduta. Desse modo, o modelo do monstro moral-sexual-antropofágico serviu como base na elaboração dos desvios comportamentais que caracterizaram o domínio da anormalidade no século XIX. Em outras palavras, foi o que permitiu a passagem do grande monstro aos monstrinhos perversos que marcou, e talvez ainda marque, nosso imaginário social.

Renato Beluche possui graduação em história pela Unesp, campus de Franca e mestrado em ciências sociais pela UFSCar. É membro do grupo de pesquisa “Corpo, Identidade Social e Estética da Existência” na UFSCar e pesquisador do Centro de Pesquisa em Infoeducação na USP.

Artigo originalmente publicado na REVISTA ELETRÔNICA DE JORNALISMO CIENTÍFICO

Bibliografia

Foucault, Michel. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

______. A verdade e as formas jurídicas. 3 ed. Trad. Roberto Cabral de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2003.

______. Vigiar e punir : História da Violência nas prisões. Trad. Raquel Ramalhete. 24 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

Beluche, Renato. O corte da sexualidade: o ponto de viragem da psiquiatria brasileira no século XIX. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – PPGCSo – UFSCar, 2006.

______. Sexualidade, “raça” e nação: a construção das identidades desviantes no Brasil imperial. In: Dossiê – Práticas Culturais e Identidades. Tempos Históricos. Marechal Cândido Rondon: Gráfica Líder, vol. 9, 2° semestre, p. 139-168, 2006b.

Por Renato Beluche

Se envolve FucÔ, nem leio.

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Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/a-genese-dos-anormais/

A Bela e o Naturalista

Os naturalistas dão o nome de monstros a certos desvios à norma anatómica.

Honestamente devo confessar que estes monstros me causam horror.

Francamente confesso que a muito acentuados desvios à norma só ocorre chamar-lhes monstros.

Com sinceridade confesso: graças a Deus, a maior parte dos monstros são fetos nado-mortos.

E também: por muito que nos museus se elevem a centenas ou milhares os frascos com fetos dentro, a verdade é que raramente nascem monstros. É certo que em meados do século passado essa percentagem aumentou por causa da Talidomida, um remédio administrado às grávidas que provocava malformações nos fetos, mas ainda assim o monstro é um fenómeno estranho que ocorre com baixíssima frequência.

Com franqueza declaro: graças a Deus, com a nova tecnologia, hoje é possível à medicina impedir que nasçam crianças monstruosas.

Com boa vontade aconselho : vá ao médico se tem pila bífida ou algo assim, porque essa e outras monstruosidades são sanáveis. O rapaz a que pertenciam os genitais da foto vivia infeliz, tinha vergonha de os mostrar, mas foi operado e logo deixou de ser um monstro.

PORÉM:

a) O que é a norma? Qual a sua natureza, em que se funda ela? Quem determina qual é a norma e a partir de que série? – Cabelos louros, 1,70 m de altura, pele branca e olhos azuis serão a norma de uma amostragem feita na China?

b) Norma, diz o naturalista Barbosa Sueiro, é o termo mais frequente de uma série. Sim, mas para que serve o estabelecimento de um termo mais frequente, e mais frequente onde, e quais os seus limites?

Guerreiro (1921) comenta assim a norma : “Estas descrições tipos correspondem a hipotéticos indivíduos normais; qualquer outra disposição, não incluída nessas descrições, na mesma letra dos tratados de anatomia e conforme eles, ou constitui uma anomalia, que pode ser grande ou pequena, ou uma variação, anomalia ou monstruosidade, segundo a sua aparência. A adoptar-se este modo de ver, certamente nos sujeitaríamos à contingência de concluir que o homem normal, quer dizer, aquele que corresponde à descrição dos autores, é um homem que não existe! A própria normalidade seria, assim, privativa dos tratados (…)”.

A norma não existe na Natureza, porém é convencionada nos livros, e em cima dela a ciência determina o que é uma variação, uma anomalia ou um monstro. O estabelecimento da norma racial ariana, por exemplo, serviu ao nazismo para eliminar treze milhões de pessoas.

O estabelecimento de uma norma ideológica serviu a Estaline para eliminar os opositores. Daí que no seu ensaio, que eu classificaria como estranho fenómeno capilar, “Grandeza e decadência do bigode”, o naturalista Pires de Lima apresente uma imagem de ambos na forma de matéria por ele muito estudada, a do monstro duplo.

c) Nesta questão da norma e do desvio, até o monstro se desvia ou não da sua própria norma, quando o naturalista Alfredo Araújo, v.g., diz do seu corpus, ou corps, literalmente: “O nosso primeiro monstro é um belo espécime da derodimia. A um tronco único que vai alargando, gradualmente, de baixo para cima, respondem dois pescoços e duas cabeças, nitidamente individualizados. Tem quatro membros de conformação normal” (Araújo, 1939).

d) Que saber é o da Teratologia, matéria fundada em bases científicas por Isidore Geoffroy Saint-Hilaire, na “Histoire générale et particulière des anomalies de l’organisation chez l’homme et les animaux” (1836), autoridade para que remetem todos estes anatomistas? Qual o seu poder de reparação, enquanto ciência anexada à medicina?

É o naturalista Álvaro Moitas, médico militar e professor na Faculdade de Medicina do Porto, quem afirma que muitas teorias existem para explicar os desvios à norma, mas que a ciência nada sabe sobre isso : “Apesar dos esforços de numerosos teratologistas e biologistas, ainda não é conhecida a etiologia das anomalias e monstruosidades” (Moitas, 1946). O arrinencéfalo que apresenta tem no entanto causas fáceis de explicar : o feto humano do sexo feminino, provavelmente nado-morto, fora vítima de bridas amnióticas.

Terá sido, mas o que parece fundar a teratologia em bases científicas é apenas a descrição das formas e a nomenclatura a elas aplicada. Eis a prepotência dos códigos, a humilhação que nos infligem esses termos técnicos cujo significado não conhecemos, pois “denominar é dominar” (Herberto Helder).

Eis pois o problema:

Qualquer indivíduo constitui desvio a qualquer norma convencionada, e em nome dessa monstruosidade pode o poder instituidor da norma eliminá-lo.

Eu posso ser eliminada porque já não sou jovem, você pode ser eliminado porque tem pele negra, ela pode ser eliminada porque é um génio, tu podes ser eliminada porque és lésbica, ele pode ser eliminado porque é pobre, vocês podem ser eliminados por perfilharem uma ideologia que não é a do poder dominante.

Todo o problema do monstro é assustador por na origem ter um olhar normalizador, um desejo, essa volúpia…

Ah, a Norma, a Norma dos naturalistas – que morfologia tem ela?

É uma Norma de “suprema beleza”, sussurra Pires de Lima (1944), estudando anatomicamente o deltóide nas esculturas de Soares dos Reis. O deltóide – esse delta radiante de fibras que formam o músculo triangular do braço, e por terem forma de delta se chamam deltóides – é perfeito, embora inerte pela tristeza.

Sim, tem um nome a norma dos naturalistas, e de facto a sua suprema beleza só existe nos livros, na arte, enfim, na obra da tremenda imaginação humana – chama-se O Desterrado.

O monstro, esse, é porventura quem mandou a imaginária Bela para o desterro – a própria ciência.

Artigo originalmente publicado na revista Triplov
Maria Estela Guedes

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7 Passos Para Se Conectar Com As Fadas

Por Emily Carding.

No século XXI, o reino das Fadas é tão popular como sempre; ainda assim, em nossa cultura de gratificação instantânea e plataformas de mídia não moderadas, existem muitos caminhos falsos e armadilhas ilusórias para nos distrair e nos direcionar mal. Como, então, o verdadeiro buscador das Fadas pode ter certeza de que não está seguindo algum metafórico (ou às vezes literal) Fogo-fátuo em um pântano perigoso? Aqui estão os sete passos que você precisa seguir para ter certeza de que está vivendo autenticamente e em sincronia com nossas primas Fadas.

1. Conhecimento:

Leia amplamente e com sabedoria! É claro que os livros não são a única fonte de conhecimento, mas são um bom lugar para começar (e continuar – nunca devemos parar de aprender!), em equilíbrio com os passos mais experienciais a seguir. Encontre recomendações de pessoas que você respeita e familiarize-se com o folclore e a mitologia tradicionais, principalmente irlandeses, escoceses e galeses. Qualquer bom livro sobre as Fadas também deve ter uma boa bibliografia, que você pode explorar para leitura adicional e exploração mais profunda. Quanto mais variada for sua leitura, mais forte será seu discernimento e menos provável será que você seja desviado do verdadeiro caminho para a ilusão. Também é importante perceber que muitos seres feéricos são hostis e/ou imprevisíveis. Quanto mais você souber, mais preparado estará.

2. Expanda sua Consciência:

Pode ser muito fácil ficar preso em nossas cabeças e confundir o pensamento ilusório e a imaginação destreinada com a experiência real. Portanto, um dos passos mais importantes para a verdadeira conexão com as Fadas é expandir sua consciência energética fora de seu próprio corpo e no mundo ao seu redor. Aqui está um exercício que é apresentado tanto no Faery Craft (A Bruxaria das Fadas) quanto no meu novo livro, Seeking Faery (Procurando as Fadas).

“Exercício: Tornando-se a Árvore das Fadas:

Este exercício é projetado para conectá-lo às energias da terra e abrir o centro do seu coração para aumentar a sensibilidade à presença e às comunicações dos seres Fadas. Dependendo de suas capacidades físicas, isso pode ser feito em pé ou sentado, mas em ambos os casos você deve idealmente ter os pés descalços e no chão, em um espaço o mais natural possível, idealmente onde você não será perturbado. Mantendo-se ereto e relaxado, com os pés a uma pequena distância e as mãos ao lado do corpo, faça sete respirações lentas e profundas (pelo nariz, segure por três segundos e expire lentamente pela boca), enquanto permite a tensão e as preocupações de o dia para derreter.

Na próxima respiração, com as palmas das mãos voltadas para baixo, imagine seus pés lentamente se transformando em raízes de árvores e cavando a terra abaixo de você. Sinta a força da terra e a estabilidade e nutrição que as raízes lhe proporcionam. Mantenha isso por sete respirações profundas dentro e fora.

Agora, nas próximas sete respirações, mantendo suas raízes, levante lentamente os braços em forma de “v” e levante as palmas das mãos para o céu. Imagine que seus braços estão se tornando grandes galhos, alcançando a luz do Sol, da Lua e das Estrelas. Mantenha as raízes e os galhos por mais sete respirações profundas.

Mantendo os braços erguidos na posição “v”, agora imagine que suas raízes estão atraindo a luz verde esmeralda da terra em direção ao seu coração. Inspire e desenhe com sete respirações profundas. Agora imagine que seus galhos estão atraindo a luz prateada dos céus para o seu coração. Desenhe-o com sete respirações profundas. A luz verde e prateada se encontra em seu coração e se torna dourada e rodopiante, abrindo seu coração para as energias da Terra e conectando você acima e abaixo.

Para iniciantes, mantenha isso enquanto estiver confortável e, em seguida, libere as energias de volta através de seus galhos e para baixo através de suas raízes, abaixe lentamente os braços e lentamente puxe as raízes de volta para os pés e torne-se seu eu normal novamente. Sete respirações profundas para se recuperar. À medida que você se acostumar com este exercício, poderá descobrir que pode fazer versões mais curtas ou mais longas, conforme desejar.”

3. Oferendas:

Além de expandir sua consciência energeticamente, é possível alcançar e conectar-se de uma maneira mais tangível com ofertas apropriadas. Isso não apenas ajuda a formar uma ponte energética entre os mundos, mas também mostra sua vontade de colaborar e não simplesmente esperar presentes ou orientação sem esforço de sua parte. A escolha da oferta é significativa, assim como a certeza de limpar depois. É uma boa ideia, se possível, encontrar um local ao ar livre para suas oferendas, onde você sinta instintivamente que sua conexão com as Fadas é forte e onde você não será perturbado. Embora este possa ser um local sagrado estabelecido, pode ser mais poderoso encontrar uma conexão pessoal em um caminho menos trilhado. Considere o valor das ofertas que você traz e o impacto no meio ambiente. Se deixar comida de qualquer tipo, certifique-se de verificar se ela está limpa e não simplesmente deixada para apodrecer. Muitas vezes, essas oferendas serão consumidas por animais, o que é absolutamente bom (os seres Fadas às vezes emprestam essas formas físicas para aceitar oferendas) desde que você tenha certeza de que elas não contêm nada tóxico para a vida animal (por exemplo, chocolate).

4. Ética e Honra:

Você pode pensar que são as Fadas que geralmente são invisíveis, mas a verdade é que elas também podem ver através de você! Se houver qualquer engano ou falsidade em seu coração, eles o sentirão e o tratarão de acordo. Como qualquer caminho mágico, é de extrema importância conhecer a si mesmo e estabelecer um forte código de honra e ética que você siga em todos os aspectos de sua vida, não apenas em seu trabalho com as Fadas.

5. Expressão:

Para muitos, inclusive eu, a comunicação com as Fadas vem através da expressão criativa. Esta é uma comunicação direta de coração para coração ou de espírito para espírito, e esses canais devem ser livres e abertos para receber. Quaisquer pensamentos negativos sobre sua própria criatividade precisam ser superados simplesmente criando de qualquer maneira que você se sinta movido, seja arte, dança, poesia. Ninguém irá julgá-lo, a menos que você escolha compartilhar com o mundo, mas sua alma e seus aliados feéricos agradecerão.

6. Imaginação:

Ao trabalhar com seres e forças do Outro Mundo, a imaginação torna-se um sentido extra através do qual podemos perceber as coisas que estão ocultas aos nossos sentidos terrenos. As armadilhas aqui são claras e, portanto, é importante treinar a imaginação por meio de técnicas de visualização, meditação e jornada para que ela se torne um tradutor confiável de energias, em vez de um autoengano fantasioso.

7. Aterramento:

Sempre volte a isso. Após qualquer encontro ou trabalho com as Fadas, certifique-se de se ancorar em seu corpo e no mundo físico ao seu redor. Libere as energias do outro mundo para sua fonte, sinta seus pés na terra, saboreie boa comida e beba água. Regularmente, reserve um tempo para simplesmente estar na Natureza, ver a maravilha que é o mundo em que habitamos, e você não terá necessidade de ilusão – você simplesmente aprenderá a ver a magia em verdades mais profundas enquanto trilha o caminho das Fadas em paz, verdade e aproveite.

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Fonte:

7 Steps to Connect with Faery, by Emily Carding.

https://www.llewellyn.com/journal/article/2993

COPYRIGHT (2022) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

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12 Plantas das Fadas para o Seu Jardim

Por Sandra Kynes.

Ao longo do folclore, muitas plantas foram associadas às fadas e algumas delas foram notadas como sendo especialmente favorecidas pelas fadas. Cultivar até mesmo uma planta especial em seu jardim pode atrair fadas e ajudá-lo a trabalhar com elas. Claro, as plantas têm usos mágicos e as fadas podem ajudar a guiá-lo.

  1. Dedaleira (Digitalis purpurea): Também conhecida como luvas de duende, sinos de fadas, gorros de fadas, anáguas de fadas e sinos de raposa. Talvez mais do que a maioria, esta planta está intimamente associada às fadas e, em muitas lendas, diz-se que elas ficam especialmente encantadas com as flores. Com sua forma longa e em forma de sino, dizia-se que as flores criavam um som mágico. Para uso mágico: Como se diz ser uma planta favorita, segure uma folha entre as mãos sem removê-la da planta enquanto você sussurra uma saudação às fadas e as recebe em seu jardim.
  1. Bata da Senhora (Cardamine pratensis): Também conhecido como agrião-dos-prados e leiteiras. Acreditava-se que esta planta era sagrada para as fadas e, segundo a lenda, só cresceria em lugares especiais para elas. Parecendo pequenos aventais em um varal, dizia-se que as flores eram vestidos costurados por elfos. Para uso mágico: Coloque um sachê de flores secas em seu altar durante as sessões de adivinhação para orientação.
  1. Lavanda: Lavanda inglesa (Lavandula angustifolia): Também conhecida como folha de elfo. Vestindo uma argola de flores de lavanda na véspera do Solstício de Verão (Midsummer) e jogando alguns raminhos na fogueira, dizia-se que permitia que uma pessoa visse elfos e fadas. Para uso mágico: O aroma de lavanda aumenta a consciência e a intuição para o trabalho dos sonhos e todas as formas de trabalho psíquico. O perfume também ajuda a contatar guias espirituais.
  1. Lilás: Lilás francês (Syringa vulgaris): O cheiro de lilás é tão etéreo que parece ter vindo do reino das fadas. Uma flor lilás branca com cinco pétalas em vez de quatro é chamada de lilás da sorte e diz-se que é um presente das fadas. Para uso mágico: coloque um galho em sua mesa ou em algum lugar em seu espaço de trabalho para estimular a inspiração e aumentar a criatividade. Seque um ou dois cachos de flores para usar como amuleto para atrair o amor.
  1. Lírio-do-Vale (Convallaria majalis): Também conhecido como copos de fadas, escada de fadas, sinos de maio e lírio de maio. Segundo a lenda, as fadas estavam colhendo orvalho e penduravam suas xícaras em folhas de grama quando paravam para dançar. Tendo demorado muito, seus copos ficaram presos na grama e o lírio do vale foi criado. Para uso mágico: Seque algumas raízes, triture-as em pó e use-as em amuletos para superar desafios e alcançar objetivos.
  1. Avenca (Adiantum capillus-veneris): Também conhecida como samambaia de fadas. Segundo a lenda, as fadas usavam coroas de samambaia para importantes ocasiões festivas. Eles também enrolaram as folhas para usar como travesseiros. Para uso mágico: Para aprimorar a magia defensiva, carregue uma pequena bolsa com folhas secas ou em pó. A  Avenca também é fundamental para banir qualquer coisa indesejada de sua vida.
  1. Rosa: Rosa Canina (Rosa canina): Também conhecida como rosa da praia e briar selvagem. Apaixonados por rosas em geral, é dito que as fadas acham especialmente divertido pular em arbustos de rosas caninas. A rosa mosqueta de uma roseira de cachorro é conhecida como pera das fadas. Para uso mágico: Para ajudar a aterrar e centralizar sua energia antes de uma sessão de adivinhação, segure uma folha de rosa ou pétala de flor entre as mãos. Faça isso também antes de dormir para encorajar sonhos proféticos.
  1. Alecrim (Rosmarinus officinalis): Também conhecido como folha de elfo. Na Holanda, acreditava-se que o alecrim marcava um lugar onde os elfos se reuniam. Favorecidas pelas fadas na Sicília, dizia-se que as flores serviam como berços para fadas bebês. Para uso mágico: Pendure um sachê de flores secas na cabeceira da cama para ajudar a lembrar dos sonhos. Rosemary também é eficaz em feitiços de ligação/amarração e banimento.
  1. Erva de São João (Hypericum perforatum): Também conhecida como moeda de João e rosa de resina. Em seu banquete na véspera do solstício de verão, dizia-se que as fadas dançavam ao redor das plantas de erva de São João e as borrifavam com vinho de prímula. A erva de São João é supostamente um disfarce diurno para os cavalos das fadas. Para uso mágico: Queime algumas folhas secas em uma lareira ou caldeirão e deixe sua fumaça pungente purificar sua casa e/ou área ritual.
  1. Tulipa: Tulipa de jardim comum (Tulipa gesneriana): Também conhecida como tulipa de Didier. Dizia-se que as fadas embalavam seus bebês para dormir em tulipas antes de dançar nos prados. Qualquer tulipa que parecia viver mais do que outras flores em um jardim era supostamente um berço de fada. Para uso mágico: carregue um bulbo de tulipa como um amuleto para dar sorte ou coloque um vaso de flores em sua cozinha para convidar a abundância para sua casa.
  1. Anêmona dos bosques: europeia (Anemone nemorosa), norte-americana (A. quinquefolia): Também conhecida como flor de anêmona de fada e flor de anêmona dos bosques. As anêmonas dos bosques têm a reputação de serem as favoritas das fadas. Segundo a lenda, as fadas pintavam as estacas nas flores ao luar. Para uso mágico: Para aumentar a coragem, carregue três sementes em sua bolsa ou bolso. Para dar sorte, sopre na primeira anêmona dos bosques que você vir na primavera e faça um desejo.
  1. Íris Amarela (Iris pseudacorus): Também conhecido como lírio da bandeira, lírio da espada e bandeira amarela. Nas lendas celtas, as fadas eram frequentemente descritas como tendo cabelos da cor da íris amarela. Na Inglaterra, dizia-se que as fadas se aninhavam nas flores durante o dia. Para uso mágico: mantenha uma foto de íris amarela em sua mesa ou em seu espaço de trabalho para servir de musa para inspiração criativa. Queime uma flor seca em um feitiço para trazer sucesso.

Incluir uma ou duas plantas que as fadas gostam em seu jardim  mostra seu interesse e sinceridade e ajudará na construção de um relacionamento. Um jardim não precisa ser grande; pode consistir em vários vasos de flores em uma varanda ou varanda. O importante é torná-lo acolhedor e especial, e eles virão.

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Sobre a autora:

Sandra Kynes (Mid-coast Maine) é membra da Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas e autora de dezessete livros, incluindo Star Magic, Llewellyn’s Complete Book of Correspondences, Mixing Essential Oils for Magic e Sea Magic. Além disso, seu trabalho foi apresentado no Utne Reader, The Portal e Circle Magazine. A escrita de Sandra também aparece regularmente nos populares almanaques e agendas de Llewellyn.

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Fonte:

12 Faery Plants for Your Garden, by Sandra Kynes.

COPYRIGHT (2022) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/12-plantas-das-fadas-para-o-seu-jardim/