A Natureza da Quimbanda Brasileira

por T.Q.M.B.E.P.N.

A Quimbanda Brasileira, por ser uma Tradição que durante muitos anos resguardou-se através dos ensinamentos orais, ocultou sua verdadeira natureza para poucos iniciados. Esses, por sua vez, em sua grande maioria saíram do ‘Caminho de Maioral’ por não suportarem a pressão que é impingida aos adeptos ao longo de seu processo de alquimia interna. Os poucos que resistiram moldaram a Quimbanda segundo expressões e perspectivas particulares, por isso existe uma grande pluralidade na forma com que o Culto é desenvolvido no Brasil.

Independente de como o Culto foi desenvolvido, deixando de lado o regionalismo e a formação dos zeladores, a Quimbanda Brasileira tem características particulares que devem ser levadas em consideração. A Natureza da Verdadeira Quimbanda, ao contrário das demais religiões e cultos, não está associada ao desenvolvimento de uma conduta moral e ética refinada e nem é influenciada pelas empenhas do período evolutivo da sociedade humana. Também não é um meio ao qual os adeptos sentirão a satisfação espiritual enquanto estiverem na matéria, pois o intuito da Quimbanda não é gerar satisfação e sim libertação, pois satisfação desprovida de libertação é ilusória.

A Quimbanda Brasileira está associada ao processo que ocorre entre a consciência e a inconsciência. É o árduo caminho de aprendizado que tem como intuito o conhecimento sobre si próprio e principalmente sobre a relação do “Eu” com o Sistema vigente mostrando as relações que existem entre o corpo, corpo astral e espírito e a escalada evolutiva ou escravista que esse Ser escolhe.

Os sentimentos são mecanismos que devem ser lapidados por todo adepto da Quimbanda. Diferente de outras expressões religiosas, a Quimbanda Brasileira entende que cada adepto é um Ser individual e tem a liberdade de formar seus parâmetros sem imposições sobre “Bem X Mal”. O mais interessante é que os Exus mostram-nos que existe uma corrente invisível que prende-nos a valores positivos e negativos, pois não compreender o que sentimos em relação a tudo é o mesmo que nos prender em teias invisíveis onde os fios da moral nos sufocam. Se o sentimento é inevitável, que seja formado com múltiplas visões, dotado de discernimento e não esteja atrelado aos conceitos de moral e ética da massa vigente. Exu é a semente que estoura a terra e rompe a vida e não uma árvore que já nasce com frutas.

Todo esse processo de autoconhecimento visa dominar e entender os sentimentos e emoções para formar os pensamentos adequados que irão ser a forma mais verdadeira de comunicação com o mundo espiritual. Para alcançar esse nível o adepto deverá vivenciar em variadas situações, experiências profundas e por vezes doloridas. Até que o adepto entenda que tudo que ele vibra e sente pode interferir em sua jornada e que a mente é mediadora entre o “Eu” e o Caminho de Exu, pode encontrar inúmeras dificuldades. A Quimbanda não deseja adeptos perfeitos, mas almas livres, mentes que transcendem as formas limitadoras e vão além dos conceitos morais e éticos.

Quimbanda e o Instinto Predador

O homem iluminado pela Luz da Quimbanda, que é um dos raios da Luz de Lúcifer, luta internamente contra as amarras do Sistema Cíclico Escravista (reencarnação e cumprimento de Carma). Para vencer esses entraves, o espírito deve ser constantemente alimentado através da fonte espiritual (Sabedoria) e, ao mesmo tempo, seus instintos devem ser incitados para que ajam como predadores. A Sabedoria não confronta o ato predatório, apenas concede ao adepto o discernimento de quando, como e com que intensidade essa voracidade deve aflorar. Não se trata de restringir, mas de adequar e adaptar nossos instintos à realidade que vivenciamos.

O adepto cria em seu “Eu” uma aversão à fraqueza e limitações que existem na sociedade. Um predador não chora em cima de sua presa, tampouco, dispende energia em perseguições infrutíferas. O verdadeiro predador não tende errar porque é alicerçado pela sabedoria e principalmente pelo autoconhecimento. Um adepto avançado sabe seus limites e limitações.

O homem é condicionado ao instinto de autopreservação. Luta incessantemente pela vida e pela integridade. Esse mecanismo é regulado pela dor e pelo medo, ou seja, o homem se mantem vivo porque cultua ambos. O medo libera a adrenalina que aumenta a força física e expande os sentidos tais como audição, olfato e visão e pode fazer com que o homem vá ao combate ou fuja do mesmo. O adepto da Quimbanda aprende que avançar ou recuar nas batalhas não é uma decisão motivada pelos sentimentos ou sensações; sim pelo instinto predatório frio, agudo e incisivo. O Quimbandeiro não é refém do medo, tampouco, da dor, pois entende sua natureza e a dos espíritos que o ministram.

Exu é um espírito com a capacidade de ‘andar’ em nossa linha temporal (passado, presente e futuro). Como se encontra no plano astral, essa linha de tempo não se restringe apenas a existência material ao qual temos consciência, ou seja, Exu pode vagar em nossas existências passadas e interferir, de maneira construtiva, na nossa vida material presente. Assim, Exu pode fazer com que fobias desenvolvidas em vidas anteriores sejam vencidas nessa existência. Todo esse processo visa fortalecer o instinto predador que é desperto nos verdadeiros adeptos.

O Homem de Fogo x Homem de Água

O mundo, cíclico e rotativo, proporciona mudanças perceptíveis e imperceptíveis a todo o momento. Entendemos que o mundo é o “espaço-cativeiro” onde almas diversas encontram-se em estado bruto/solidificado/material. Toda mudança do mundo acarreta mudanças em seu rebanho, ou seja, por mais imperceptível que seja a ação certamente atingirá os humanos. O ritmo dessas mudanças pode ser variável e atingir o coletivo e o individual em estágios diferentes fazendo com que todos sejam obrigados a passar pelos processos de adaptação necessários.

Obviamente que existem teorias sobre o comportamento fixo ou maleável do homem no seu processo de evolução, porém, existe algo importante de salientarmos: A Vontade e o Desejo. Através desses impulsos, aflora a atitude de dinamismo e ostracismo no comportamento humano. Esse é dividido em estágios, porém, no contexto desse ensaio destacamos duas marcas: Furioso e Passivo.

O comportamento furioso é dotado de fogo, auto cobrança, evolução e agressividade que capacita o homem enxergar as mudanças do mundo, suas consequências e criar uma multiplicidade de ações para conviver com elas. Homens de comportamento furioso compreendem rapidamente as ações exteriores e criam ambientes capazes de se estabilizarem nas incertezas deixando de serem ferramentas mecanistas que efetuam a prevenção e conserto do Sistema. Os dotados com esse comportamento conseguem aprender com os erros, mas nunca deixam de promover sua subjetividade, desejos, frustrações e aspirações como parte integrante dos sistemas e das organizações.

O comportamento passivo é como água parada que procura estabilidade e proteção contra as ações agressivas da natureza. Geralmente criam suas identidades baseados em contatos visuais e estruturas que consolidam suas aspirações. Possuí medo em diversos níveis e destaca-se o medo à rejeição da sociedade. Alimenta os traumas e as percas tornando-os obstáculos que estorvam as mudanças. Não suporta um ambiente competitivo e inovador, possui hábitos lineares e tem dificuldade com aspectos e mudanças inovadoras. Foi preparado para ser mão de obra, para ter um chefe mandando o que fazer.

Ambos os comportamentos coexistem na sociedade. Possuem família, amigos, dívidas e sonhos. Convivem com os mesmos problemas, crises e toda complexidade da sociedade. Disputam o mesmo espaço e estão suscetíveis as mudanças no mundo, sejam perceptíveis ou não. O homem de comportamento furioso e o homem de comportamento passivo podem, em algum momento, aproximarem-se do Culto de Exu. Os motivos que os levam a tal decisão são praticamente os mesmo, afinal, não são todas as pessoas que se aproximam do Culto em busca de revelações e evolução espiritual, sejam elas furiosas ou passivas. Inseridos no Culto, ambos passarão pelos mesmos estágios e nesse exato momento diferenciam-se.

Imaginemos que Exu interfira na linha temporal de ambos os comportamentos de forma agressiva. Essa agressividade, sob olhos atentos, capacitará mudanças significativas em suas vidas materiais, mas ao mesmo tempo impingirá pressão e confusão até estabilizar um “novo caminho”.

O homem de comportamento furioso certamente suportará essa pressão, pois rapidamente criará uma nova forma de adaptação e enxergará através das ‘brechas’ deixadas por Exu. Aproveitará ao máximo a oportunidade e não permitirá que as frustações o atinjam, porque construiu sua fé com subjetividade. Ele se regenerará nas formas sagradas que os Espíritos emitem e não no que seus sentimentos grosseiros tentam formar.

O homem de comportamento passivo entrará em colapso vendo sua estrutura protecional ruir. Lamentará por não ter seguido conselhos repelentes ao Culto e deixará os traumas tomarem-no de forma literal. Não suportará a pressão do novo e ruirá em pedaços grosseiros.

Exu, na sua imensa sabedoria e com sua gargalhada caótica que bane a inércia, pegará os dois comportamentos e colocará em sua peneira. O homem de comportamento furioso ruirá por inteiro tornando-se um pó sagrado apto a promover a ressurreição de seus antepassados obscuros, já o homem de comportamento passivo ficará sendo balançado em grosseiros pedaços até que Exu jogue-o em algum canto por não servir aos seus propósitos.

Todo esse ensaio mostra aos adeptos porque muitas pessoas que se aventuram nos caminhos de Exu deixam o Culto de forma inesperada e se tornam inimigos dessas forças. São passivos, inertes e esperam que as mudanças venham de forma linear, calma e protecionista. Essas pessoas acabam se escondendo em outros caminhos religiosos que propagam a sutileza, amor, compaixão e caridade. Esperam que Exu plante uma ‘Árvore do Dinheiro’ ou ‘tragam a pessoa amada em três dias’ porque tais situações corroborarão com seus queridos estados letárgicos e anti-evolucionistas.

Lembremos que Exu é constante movimento e nunca carregará fardos. ‘Exu não dá o peixe para quem não sabe pescar!’. Exu nos ensina a agirmos como catalisadores de ações!

O Instinto Predador e o Ego

O Ego é a defesa da personalidade, estrutura do aparelho psíquico que nos conduz pela realidade. O Ego é ‘defensor do medo’ e coíbe todos os instintos predatórios que possuímos.

Compreender nossos instintos predatórios não é o mesmo que coibi-los. Coibir significa reprimir, expressar claramente uma negativa. A compreensão é a aceitação e entendimento do impulso para que o mesmo seja desperto quando necessário. A coibição gera insatisfação, traumas e o ódio. Esses sentimentos, dentro desse contexto, são atrativos de Carma e elos das algemas do Sistema Escravista do Falso Deus. A compreensão dos impulsos é parte da libertação e do próprio autoconhecimento.

fonte: https://quimbandabrasileira.wixsite.com/ltj49/natureza-quimbanda

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-natureza-da-quimbanda-brasileira/

Resultados da Hospitalaria – Fevereiro 2010

Fevereiro foi o recorde do projeto, com 35 mapas e 28 sigilos.

Entidades auxiliadas este mês:

– Lar Sagrado Coração de Jesus (Nova Andradina)

rua Walter Hubacher, 04 – chácara 96 – Nova andradina – MS

– APAE (Sumaré)

r. Salvador Lombardi neto, 630

– Ações filantrópicas do Capítulo de Petrópolis da Ordem Demolay

– Biblioteca Pública Municipal “Rômulo Campos DÁrace” (Pindamonhangaba)

– Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual

Home

– ICI-RS – Instituto do Câncer Infantil – RS

R. Francisco Ferrer, 276 – Bairro Rio branco – Porto alegre
http://www.ici-rs.org.br/

– Centro Espírita Nosso Lar – Casas André Luiz
http://www.andreluiz.org.br

– Creche “Mãe Cristina” vinculada ao Grupo espírita “Cairbar Schutel” (Campinas)
http://www.crechemaecristina.org.br

– Instituição ABRAPEC (Tratamento de pessoas com Câncer) – Ribeirão

– Sociedade Beneficiente Espírita Bezerra de Menezes

– Instituição “Asas Brancas”
http://adhemaralmeida.sites.uol.com.br/asasbrancas/

– Federação de Resistência da Cultura Afro-Brasileira (FRECAB)

– Federação Espírita Brasileira (SP)

– Hospitalaria da Loja Madras, 3359

– Hospitalaria da Loja Aleister Crowley, 3632

Tivemos 4 doações de Sangue…

E ações internacionais !!!

– Cruz Vermelha Americana (American red Cross)

– UNICEF (Alemanha)

dos leitores do blog de outros países.

E pretendemos continuar o projeto de Hospitalaria. Quem estiver a fim de participar, é só seguir as instruções e pegar seu Mapa Astral ou Sigilo Pessoal via o TdC.

Se vocês puderem ajudar divulgando o blog e o projeto, eu agradeço.

Quem não tiver dinheiro para doar Cestas Básicas; vou aceitar doações de sangue para a fundação Pró-Sangue e outras (na mesma proporção: 2 doações para mapa ou sigilo, 3 para mapa+sigilo).

#Hospitalaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/resultados-da-hospitalaria-fevereiro-2010

Resultados da Hospitalaria – Dezembro 2009

Ao todo, em Dezembro, foram 30 mapas e 17 sigilos.

Entidades auxiliadas este mês:

– Hospitalaria da Loja Maçônica “Meditação e Fé”

– GAACC (Grupo de Apoio à Criança com Câncer)

Home

– Educandário Romão Duarte (Camaquã)

– Instituto do Cancêr Infantil do Rio Grande do Sul
http://www.ici-rs.org.br/

– Instituição “Asas Brancas”
http://adhemaralmeida.sites.uol.com.br/asasbrancas/

– Federação de Resistência da Cultura Afro-Brasileira (FRECAB)

– Federação Espírita Brasileira (SP)

– Hospitalaria da Loja Madras, 3359

– Hospitalaria da Loja Aleister Crowley, 3632

E pretendemos continuar o projeto de Hospitalaria. Quem estiver a fim de participar, é só seguir as instruções e pegar seu Mapa Astral ou Sigilo Pessoal via o TdC.

Se vocês puderem ajudar divulgando o blog e o projeto, eu agradeço.

Em 2010, estou só vendo os detalhes para quem não tiver dinheiro para doar Cestas Básicas, vou aceitar doações de sangue para a fundação Pró-Sangue e outras (na mesma proporção: 2 doações para mapa ou sigilo, 3 para mapa+sigilo).

#Hospitalaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/resultados-da-hospitalaria-dezembro-2009

A Maldição, a Bênção e a Astúcia

Por Nicholaj de Mattos Frisvold

O veneno sustenta a medicina e a resistência forja o que é bom para tomar forma clara, a luz vem das trevas e o rio Dão está constantemente a fluir a favor e contra para manter a maior harmonia cósmica de fluxo e movimento. Como nossa mão de contenção impõe limites em nossa vida – seja para nós mesmos ou para os outros – e nossa mão direita dá e abençoa em abundância, de tal forma replicamos a experiência cósmica e seu fluxo seja o amanhecer ou a lua cheia, a lua nova ou o permanência do Sol nos Salões da Morte. A expiração é vida e é sustentada pela inspiração e morte. O contraste é a experiência cósmica e isso também ocorre em nossas vidas – a questão problemática é quando ficamos muito obcecados em definir qualidades para o que emerge na experiência de ser. O reconhecimento das bênçãos é bom – mas o reconhecimento do antagonismo também é bom, porque isso apoia nossas bênçãos. Nisto reside mistério sobre mistério.

Se aceitarmos essa dinâmica, também nos tornaremos conscientes dos sinais de Deus, pois estamos desencadeando nossa própria autorrevelação e nos tornamos os sinais… Perceberemos que o mestre e o desorientador, o amigo e o inimigo são apenas aparências no campo da experiência que forja seu eu bom e abençoado a emergir no esplendor da luz – ou perecer na noite do esquecimento….

Tudo isso e muito mais está codificado no ditado; “QUE A BÊNÇÃO, A MALDIÇÃO E A ASTÚCIA SEJAM…”

Com isso, quero citar um Adura Ifá coletado e belamente traduzido por Baba Awo Fa’alokun Fatumbi em um lembrete de quem somos – se permitirmos que nosso verdadeiro eu brilhe como faróis e tochas no mundo:

Emi Baba Rere

Eu sou a Alma do Pai da Bondade

Emi Baba’jala

Eu sou a Alma do Pai dos Cães da Luz (Guerreiros)

Emi Baba’gbon

Eu sou a Alma do Pai da Sabedoria

Emi Baba’kin

Eu sou a Alma do Pai da Coragem

Emi Baba’wo

Eu sou a Alma do Pai da Abundância

Emi Baba’lo

Eu sou a Alma do Pai do Espírito

Emi Baba’la

Eu sou a Alma do Pai da Luz

Emi Baba’ile

Eu sou a Alma do Pai do Mundo

Ope ni fun Olorun

Minhas bênçãos vêm do Criador

Ire lona Iponri atiwo Orun

Coloque-me no caminho do meu eu superior e traga-me as bênçãos do céu

Resistência, antagonismo, inimizade são poderes que sustentam al haqq, a verdade – e são também as tensões mais sombrias no campo da experiência que nos dão a oportunidade de fazer julgamentos qualitativos das experiências que temos na vida – isso é conhecido como contraste – e esse contraste pode estar sujeito a uma série de julgamentos, tanto ruins quanto bons. Esses julgamentos estão enraizados em nossa experiência única e nosso nível de consciência das marcas cósmicas…

Há anos que me envolvo com a revelação do wujud de Ibn Al Arabi, que algo parece qualificado na existência – e a experiência cósmica do ser e seu discurso sobre ‘marcas’ espelhadas nas 28 letras e mansões lunares. Em suas Revelações de Meca, é especialmente uma passagem (22:32) onde o Shaykh fala de como podemos magnificar os marcos de Deus no horizonte por nós mesmos significando o conhecimento de Deus. Nisso encontramos a importância de estarmos cansados ​​ou não desse fato. Ele fala de Autodivulgação (ou Autorrevelação) e isso se apresenta em uma dialética de natureza hermenêutica que leva a um dos inquilinos mais provocativos do pensamento de Ibn Al Arabi, a saber, como Iblis é a potência divina de limitações e contenção que afirma o divino. Nesse campo, encontramos a pura experiência de ser – e nisso encontramos obstáculos e sinalizações que afirmam ou desafiam al-Haqq, a verdade em seu jogo com wujud.

Esta é uma verdade cósmica encontrada neste que é representada pela mão esquerda tamásica e a mão direita rajásica que sustenta o equilíbrio, como as serpentes no caduceu de Hermes e Asclépio.

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Fonte:

The Curse, the Blessing and the Cunning, by Nicholaj de Mattos Frisvold.

http://www.starrycave.com/2011/12/curse-blessing-and-cunning.html

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-maldicao-a-bencao-e-a-astucia/

Moral e Dogma

A Maçonaria possui em sua filosofia um ensinamento que pode ser expresso num simples ditame: “Proteja os oprimidos dos opressores; e dedique-se a honra e aos interesses de seu País“. Maçonaria não é especulativa nem teórica, mas experimental, não sentimental, mas prática. Ela requer renúncia e autocontrole. Ela apresenta uma face severa aos vícios do homem e interfere em muitos de nossos objetivos e prazeres. Penetra além da região do pensamento vago; além das regiões em que moralizadores e filósofos teceram suas belas teorias e elaboraram suas esplendidas máximas, alcançando as profundezas do coração, repreendendo-nos por nossa mesquinhez, acusando-nos de nossos preconceitos e paixões e guerreando contra nossos vícios.É uma luta contra paixões que brotam do seio dos mais puros sentimentos, um mundo onde preconceitos admiráveis contrastam com práticas viciosas, de bons ditados e más ações; onde paixões abjetas não são apenas refreadas pelos costumes e pelos cerimoniais, mas se escondem por trás de um véu de bonitos sentimentos.

Este solecismo tem existido por todas as épocas. O sentimentalismo católico tem muitas vezes acobertados a infidelidade e o vício. A retidão dos protestantes apregoa, freqüentemente, a espiritualidade e a fé, mas negligencia a verdade simples, a candura e a generosidade; e a sofisticação do racionalismo ultraliberal em muitas ocasiões conduz ao céu em seus sonhos, mas chafurda na lama de suas ações.

Por mais que exista um mundo de sentimentos maçônicos, ainda assim ele pode ser um mundo onde ela esta ausente. Ainda que haja um sentimento vago de caridade maçônica, generosidade e desprendimento, falta a pratica ativa da virtude, da bondade, do altruísmo e da liberalidade. A Maçonaria assemelha-se aí às luzes frias, embora brilhantes.Há clarões ocasionais de sentimentos generosos e viris, um esplendor fugaz de pensamentos nobres e elevados, que iluminam a imaginação de alguns. Mas não há o calor vital em seus corações.

Boa parte dos homens tem sentimentos, mas não princípios. Os sentimentos são sensações temporárias, enquanto os princípios são como virtudes permanentemente impressas na alma para seu controle. Os sentimentos são vagos e involuntários; não ascendem ao nível da virtude. Todos os têm. Mas os princípios são regras de conduta que moldam e controlam nossas ações. Pois é justamente neles que a Maçonaria insiste.

Nós aprovamos o que é certo, mas geralmente fazemos o que é errado; esta é a velha história das deficiências humanas. Ninguém encoraja e aplaude injustiça, fraude, opressão, ambição, vingança, inveja ou calúnia; ainda assim, quantos dos que condenam essas coisas são culpados delas, eles mesmos.Já nos foi dito: “Homem, quem quer que sejas, se julgas, para ti não há desculpa, porque te condenas a ti mesmo, uma vez que fazes exatamente as mesmas coisas.”É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem por outra. A boca exprime o que o coração deveria ter em abundância, mas quase sempre é o reverso do que o homem pratica.

Os homens podem realmente, de um certo modo, interessar-se pela Maçonaria, mesmo que muitos deficientes em virtudes. Um homem pode ser bom em geral e muito mau em particular: bom na Loja e ruim no mundo profano, bom em público e mau para com a família.Muitos desejam sinceramente ser bons Maçons. Mas é preciso que resistam a certos estímulos, que sacrifiquem certos caprichos. Como é ingrato aquele que morre medíocre, sem nada fazer que o glorifique para os Céus. Sua vida é como árvore estéril, que vive, cresce, exaure o solo e ainda assim não deixa uma semente, nenhum bom trabalho que possa deixar outro depois dele! Nem todos podem deixar alguma coisa para a posteridade, mas todos podem deixar alguma coisa, de acordo com suas possibilidades e condições.

Quem pretender alçar-se aos Céus, sozinho dificilmente encontrará o caminho.A operosidade jamais é infrutífera. Senão trouxer alegria com o lucro, ao menos, por mantê-lo ocupado, evitará outros males. Têm-se liberdade para fazer qualquer coisa, devemos encara-la como uma dádiva dos Céus; têm-se a predisposição de usar bem esta liberdade, então é uma dádiva da Divindade.

Maçonaria é ação, não inércia. Ela exige de seus iniciados que trabalhem, ativa e zelosamente, para o benefício de seus Irmãos, de seu país e da Humanidade. É a defensora dos oprimidos, do mesmo modo que consola e conforta os desafortunados.

Frente a ela é muito mais honroso ser o instrumento do progresso e da reforma do que se deliciar nos títulos pomposos e nos autos cargos que ela confere. A maçonaria advoga pelo homem comum no que envolve os melhores interesses da Humanidade. Ela odeia o poder insolente e a usurpação desavergonhada. Apieda-se do pobre, dos que sofrem, dos aflitos; e trabalha para elevar o ignorante, os que caíram e os desafortunados. A fidelidade à sua missão será medida pela extensão de seus esforços e pelos meios que empregar para melhorar as condições dos povos. Um povo inteligente, informado de seus direitos, logo saberá do poder que tem e não será oprimido. Uma nação nunca estará segura se descansar no colo da ignorância. Melhorar a massa do povo é a grade garantia da liberdade popular.

Se isto for negligenciado, todo o refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores perecerão mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular.Não é a missão da Maçonaria engajar-se em tramas e conspirações contra o governo civil. Ela não faz propaganda fanática de qualquer credo ou teoria; nem se proclama inimiga de governos. Ela é o apostolo da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Não faz pactos com seitas de teóricos, utopistas ou filósofos. Não reconhece como seus iniciados aqueles que afrontam a ordem civil e a autoridade legal, nem aqueles que se propõem a negar aos moribundos o consolo da religião. Ela se coloca à parte de todas as seitas e credos, em sua dignidade calma e simples, sempre a mesma sob qualquer governo.

A maçonaria reconhece como verdade que a necessidade, assim como o direito abstrato e a justiça ideal devem ter sua participação na elaboração das leis, na administração dos afazeres públicos e na regulamentação das relações da sociedade. Sabe o quanto à necessidade tem por prioridade nas lidas humanas.

A maçonaria espera e anseia pelo dia em que todos os povos, mesmo os mais retrógrados, se elevem e se qualifiquem para a liberdade política, quando, como todos os males que afligem a terra, a pobreza, a servidão e a dependência abjeta não mais existirão. Onde quer que um povo se capacite à liberdade e a governar-se a si próprio, ai residem as simpatias da Maçonaria.A Maçonaria jamais será instrumento de tolerância para com a maldade, de enfraquecimento moral ou de depravação e brutalização do espírito humano. O medo da punição jamais fará do maçom um cúmplice para corromper seus compatriotas nem um instrumento de depravação e barbarismo. O

nde quer que seja, como já aconteceu, se um tirano mandar prender um crítico mordaz para que seja julgado e punido, caso um maçom faça parte do júri cabe a ele defende-lo, ainda que à vista do cadafalso e das baionetas do tirano.O maçom prefere passar sua vida oculto no recesso da penumbra, alimentando o espírito com visões de boas e nobres ações, do que ser colocado no mais resplandecente dos tronos e ser impedido de realizar o que deve. Se ele tiver dado o menor impulso que seja a qualquer intento nobre; se ele tiver acalmado ânimos e consciências, aliviado o jugo da pobreza e da dependência ou socorrido homens dignos do grilhão da opressão; se ele tiver ajudado seus compatriotas a obter paz, a mais preciosa das possessões; se ele cooperou para reconciliar partes conflitantes e para ensinar aos cidadãos a buscar a proteção das leis de seu país; se ele fez sua parte, junto aos melhores e pautou-se pelas mais nobres ações, ele pode descansar, porque não viveu em vão.

A Maçonaria ensina que todo poder é delegado para o bem e não para o mal do povo. A resistência ao poder usurpado não é meramente um dever que homem deve a si próprio e a seu semelhante, mas uma obrigação que ele deve a Deus para restabelecer e manter a posição que Ele lhe confiou na criação. O maçom sábio e bem informado dedicar-se-á à Liberdade e a Justiça. Estará sempre pronto a lutar em sua defesa, onde quer que elas existam. Não será nunca indiferente a ele quando a Liberdade, a sua ou a de outro homem de mérito, estiver ameaçada.

O verdadeiro maçom identifica a honra de seu país como a sua própria. Nada conduz mais à glória e à beleza de um país do que ter a justiça administrada a todos de igual modo, a ninguém negada, vendida ou preterida.Não se esqueçam, pois daquilo a que você devotou quando entrou na Maçonaria: defenda o fraco contra o truculento, o destituído contra o poderoso, o oprimido contra o agressor! Mantenha-se vigilante quanto aos interesses e à honra de teu país! E possa o Grande Arquiteto do Universo dar-lhe a força e a sabedoria para mantê-lo firme em seus altos propósitos.

Por Albert Pike

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/moral-e-dogma

A Banda Ghost e o Teoria da Conspiração

A noite do dia 20 de Setembro de 2013 teve início ainda às 18h30, quando o grupo Ghost subiu ao palco. A apresentação do grupo sueco é toda baseada em um clima sinistro no qual a sonoridade eclesiástica se encontra com o heavy rock. Guitarras e coros parecem dialogar, mesmo que estranhamente, como se formassem a trilha sonora de uma missa macabra.

Muito da atmosfera proporcionada pelo grupo vem do figurino adorado pelos seis integrantes no palco. Nenhum dos cinco músicos mostra o rosto e usam capas e máscaras sinistras, enquanto o vocalista, que adota o nome de Papa Emeritus II durante a performance, permanece como o protagonista. Ele usa maquiagem de caveira e uma a roupa que simula o Papa da religião cristã.

Ao final do Show, a palheta usada pelo Guitarrista durante toda a performance foi arremessada pelo papa Emeritus II para a multidão que estava nas primeiras filas, caindo “coincidentemente” nas mãos de um membro do Arcanum Arcanorum.

Astralmente, a palheta (como todas as palhetas usadas por qualquer artista em shows deste porte) se torna um objeto mágicko que contém, em si, toda a essência e poder daquele evento.

A energia contida naquele objeto é tão grande que, nos três dias seguintes, ninguém na casa dele conseguiu dormir, tendo pesadelos e agitação constante. O portal de contato entre a palheta e a Egrégora da banda, que lida com uma energia gigantesca do Caminho da Mão Esquerda, entrou em conflito com a pequena egrégora católica da casa. Em conversas por email, ficou decidido que o melhor seria enviar o objeto para o Templo do Arcanum Arcanorum, onde esta energia poderia ser canalizada de maneira muito mais efetiva…

É uma energia densa, de contestação e afronta às egrégoras do Status Quo dogmáticas das massas acéfalas católicas e evangélicas. Pessoas com mediunidade mais aflorada se sentem incomodadas apenas em estar perto do objeto, de tão forte que é este portal.

Agora, a palheta repousa no altar do Sr. Caveira, um dos Exus patronos e protetores do AA e de todo o projeto do Teoria da Conspiração, que fará excelente uso de toda esta energia.

Sucesso é a única possibilidade!

#Arcanum #Arte

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-banda-ghost-e-o-teoria-da-conspira%C3%A7%C3%A3o

Um Exercício simples de Relaxamento

(Este exercício pode ser feito sozinho, em grupo ou ou com um parceiro. Comece deitando de costas. Não cruze braços ou pernas. Afrouxe qualquer roupa que estiver causando algum tipo de compressão.)

“A fim de conhecermos o relaxamento, em primeiro lugar, devemos experimentar a tensão. Vamos tensionar todos os músculos do corpo, um por um, e mantê-los tensos até relaxarmos todo o nosso corpo em uma só respiração. Não aperte os músculos para que não tenha cãibra, somente retese-os ligeiramente.

“Comece com os dedos do pé. Tensione os dedos do pé direito… e, agora, do pé esquerdo. Tensione o pé direito… e o pé esquerdo. O calcanhar direito… e o calcanhar esquerdo…

(Continue passando por todo o corpo, parte por parte. De vez em quando, relembre o grupo para que tensione quaisquer músculos que deixaram soltos.)

“Agora, tensione seu couro cabeludo. Todo seu corpo está tenso… sinta a tensão em cada parte. Tensione quaisquer músculos que estejam afrouxados. Agora, respire fundo… aspire… (pausa)… expire… e relaxe!

“Relaxe completamente. Você está completa e totalmente relaxado.” (Em tom de melopéia:) “Os dedos de sua mão estão relaxados e os dedos do seu pé estão relaxados. Suas mãos estão relaxados e seus pés estão relaxados. Seus pulsos estão relaxados e seus calcanhares estão relaxados.”

(E assim por diante, por todo o corpo. Periodicamente, pare e diga:)

“Você está completa e totalmente relaxado. Completa e totalmente relaxado. Seu corpo está leve; como se fosse água, como se estivesse desmanchando na terra.

“Permita-se ser levado e vagar tranqüilamente em seu estado de relaxamento. Se quaisquer preocupações e ansiedades perturbarem a sua paz, imagine-as escoando do seu corpo como água e fundindo-se à terra. Sinta-se sendo purificado e renovado.”

(Permaneça em estado de relaxamento profundo por uns 10 ou 15 minutos.É bom praticar esse exercício diariamente, até que seja capaz de relaxar completamente só pela razão de deitar-se e soltar-se, sem necessidade de passar por todo o processo. Pessoas que têm dificuldade para dormir verificarão a eficácia desse exercício. No entanto, não se permita adormecer. A sua mente está sendo treinada para ficar relaxada mas alerta. Posteriormente, você utilizará esse estado para trabalhos de transe, que é muito mais difícil se você não tem o hábito de permanecer acordado. Se você pratica à noite, antes de dormir, sente-se, abra os olhos, e, conscientemente, termine o exercício antes de dormir.)

#Exercícios

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/um-exerc%C3%ADcio-simples-de-relaxamento

A Linha do Oriente na Umbanda

Texto de Edmundo Pellizari escrito para o Jornal de Umbanda Sagrada.

A Linha do Oriente é parte da he­rança da Umbanda brasileira. Ela é com­posta por inúmeras entidades, classi­ficadas em sete falanges e maiorita­riamente de origem oriental. Apesar dis­­so, muitos espíritos desta Linha po­dem apre­sentar-se como caboclos ou pretos velhos.

O Caboclo Timbirí (ca­bo­clo japo­nês) e Pai Jacó (Jacob do Ori­ente, um preto velho bastante ver­sado na Ca­bala Hebraica), são os casos mais co­nhe­cidos. Hoje em dia, ganha força o cul­to do Caboclo Pena de Pa­vão, enti­dade que trabalha com as for­ças espiri­tuais divinas de origem indiana.

Mas nem todos os espíritos são ori­entais no sentido comum da palavra. Es­ta Linha procurou abri­gar as mais di­ver­sas entidades, que a princípio não se encaixavam na matriz formadora do bra­sileiro (índio, português e afri­cano).

A Linha do Oriente foi muito popular de 1950 a 1960, quando as tradições bu­­­distas e hindus se firmaram entre o povo brasileiro. Os imigrantes chineses e japoneses, sobretudo, passaram a frequentar a Umbanda e trouxeram se­us ances­trais e costumes mágicos.

Antes destas datas, também era co­mum nesta Linha a presença dos que­ridos espíritos ciganos, que possuem ori­­­gem oriental. Mas tamanha foi a sim­patia do povo umbandista por estas en­­­tidades, que os espíritos criaram uma “Linha” independente de trabalho, com sua própria hierarquia, magia e ensi­na­mentos. Hoje a influência do Povo Ci­gano cresce cada vez mais dentro da Umbanda.

Existem muitas maneiras de classi­ficar esta Linha e este pequeno artigo, não pretende colocar uma ordem na ma­neira dos umbandistas estudarem es­ta vertente de trabalho espiritual. Dei­xo a palavra final para os mais ve­lhos e sábios, desta belíssima e diver­sificada religião. Coloco aqui algumas instruções que colhi com adeptos e mé­diuns afinados com a Linha do Oriente.

Namaste e Salve o Oriente!

CARACTERÍSTICAS DA LINHA DO ORIENTE:

• Lugares preferidos para ofe­rendas: As entidades gostam de co­linas descampadas, praias desertas, jar­dins reservados (mas também rece­bem oferendas nas matas e santuários ou congás domésticos).

• Cores das velas: Rosa, amarela, azul clara, alaranjada ou branca.

• Bebidas: Suco de morango, suco de abacaxi, água com mel, cerveja e vinho doce branco ou tinto.

• Tabaco: Fumo para ca­chimbo ou charuto. Tam­­bém utili­zam ci­gar­ro de cravo.

• Ervas e Flores: Alfa­zema, todas as flores que sejam bran­cas, palmas ama­relas, mon­senhor branco, monse­nhor amarelo.

• Essências: Alfazema, olíbano, ben­joim, mirra, sân­da­lo e tâmara.

• Pedras: Citrino, quart­zo rutilado, topá­zio im­perial (citrino tor­nado ama­relo por aque­ci­men­to) e topá­zio.

• Dia da semana recomen­dado para o culto e ofe­rendas semanais: Quinta-feira.

• Lua recomendada (para oferenda mensal): Se­gundo dia do quarto min­guante ou primeiro dia da Lua Cheia.

• Guias ou colares: Colar com cento e oito contas (108), sendo 54 brancas e 54 amarelas. Enfiar sequencialmente uma branca e uma amarela. Fechar com firma branca. As enti­dades india­nas também utilizam o rosá­rio de sân­dalo ou tulasi de 108 con­tas (japa ma­la). Algumas criam suas pró­prias guias, se­gundo o mis­tério que trabalham.

CLASSIFICAÇÃO DA LINHA DO ORIENTE:

Suas Falanges, Espíritos e Chefes:

01 – Falange dos Indianos:

Espíritos de antigos sacerdotes, mes­tres, yogues e etc. Um de seus mais conhecidos inte­gran­tes é Ramatis. Está sob a chefia de Pai Zartu.

02 – Falange dos Árabes e Turcos:

Espíritos de mouros, guerreiros nôma­des do deserto (tuaregs), sábios marroquinos, etc… A maioria é mu­çulmana. Uma Legião está composta de rabinos, cabalistas e mestres judeus que ensinam dentro da Umbanda a mis­teriosa Cabala. Está sob a chefia de Pai Jimbaruê.

03 – Falange dos Chineses, Mon­góis e outros Povos do Oriente:

Espíritos de chineses, tibetanos, japoneses, mongóis, etc. Curio­sa­men­te, uma Legião está in­te­grada por es­pí­ri­tos de origem esquimó, que tra­balham muito bem no desmanche de demandas e feitiços de magia ne­gra. Sob a chefia de Pai Ory do Oriente.

04 – Falange dos Egípcios:

Espíritos de antigos sacerdotes, sacer­dotisas e magos de origem egípcia antiga. Sob a chefia de Pai Inhoaraí.

O5 – Falange dos Maias, Toltecas,Astecas e Incas:

Espíritos de xamãs, chefes e guer­rei­ros destes povos. Sob a chefia de Pai Itaraiaci.

06 – Falange dos Europeus:

Não são propriamente do Oriente, mas inte­gram esta Linha que é bas­tante sincrética. Espí­ri­­tos de sábios, ma­gos, mestres e velhos gue­rreiros de origem europeia: romanos, gau­leses, ingleses, es­can­dinavos, etc. Sob a che­fia do Impe­rador Marcus I.

07 – Falange dos Médicos e Sábios:

Os espíritos desta Falange são especiali­zados na arte da cura, que é integrada por médicos e tera­peutas de diversas origens. Sob a chefia de Pai José de Arimateia.

ALGUNS PONTOS CANTADOS E SUA MAGIA:

Aqui reproduzo alguns Pontos Can­tados, mas destaco a sua eficácia mân­trica e não somente invocatória. Ou seja, nesta Linha os Pontos podem ser usados como mantras com fina­lidades específicas, independente de servirem para chamar as entidades pa­ra o trabalho de caridade no Centro ou Terreiro. Neste caso, os Pontos de­vem ser acompanhados das res­pectivas oferendas (veja abaixo).

PONTO DO POVO HINDU:

• para afastar energias negativas diversas.

Oferenda: velas amarelas – 3, 5 ou 7, flores amarelas ou brancas e incenso de flores (rosa, verbena, etc…), coloca­dos dentro de uma estrela de seis pontas, hexagrama, traçada no chão com pemba amarela.

Ory já vem,

Já vem do oriente

A benção, meu pai,

Proteção para a nossa gente.

A benção, meu pai,

Proteção para a nossa gente.

PONTO DO POVO TURCO:

• para afastar os inimigos pessoais ou da religião umbandista.

Oferenda: velas brancas – 3, 5 ou 7 e charutos fortes, dentro de uma estrela de cinco pontas, pentagrama, traçado no chão com pemba branca. Jamais ofereça bebida alcoólica a este Povo.

Tá fumando tanarim,

Tá tocando maracá.

Meus camaradas, ajudai-me a cantar,

Ai minha gente, flor de orirí

Ai minha gente, flor de orirí.

Em cima da pedra

Meu pai vai passear, orirí.

PONTO DO POVO ESQUIMÓ:

– para afastar os inimigos ocultos e destruir forças maléficas.

Oferenda: velas rosas – 3, 5 ou 7, pedacinhos de peixe defumado em um alguidar, tudo dentro de um círculo traçado no chão com pemba rosa.

Salve o Polo Norte,

Onde tudo tudo é gelado,

Salve Povo Esquimó,

Que vem de Aruanda dar o recado.

Salve a Groenlândia,

Salve Povo Esquimó,

Que conhece a lei de Umbanda.

PONTO DO POVO GAULÊS:

• para as lutas e necessidades diárias.

Oferenda: velas brancas – 3, 5 ou 7, cerveja branca ou vinho tinto, tudo dentro de uma cruz traçada no chão com pemba verde.

Gauleses, Oh gauleses,

Somos guerreiros gauleses.

Gauleses, Oh gauleses

São Miguel está chamando.

Gauleses, Oh gauleses,

Somos guerreiros de Umbanda,

Gauleses, Oh gauleses,

Vamos vencer demanda.

PONTO DO POVO ASTECA:

• para buscar a sabedoria espiritual.

Oferenda: nove velas alaranjadas, milho, fumo picado, tudo dentro de um círculo traçado no chão com pemba branca.

Asteca vem, Asteca vai,

Nosso povo é valente,

Tomba, tomba e não cai…

(cantar nove vezes)

PONTO DO POVO CHINÊS:

• para proteção diante de situações muito graves.

Oferendas: sete velas vermelhas (é a cor preferida deste Povo), arroz cozido sem sal, vinho branco, tudo dentro de um círculo traçado no chão com pemba vermelha.

Os caminhos estão fechados,

Foi meu povo quem fechou,

Saravá Buda e Confúcio,

Saravá meu Pai Xangô.

Saravá Povo Chinês,

Que trabalha direitinho,

Saravá lei de Quimbanda,

Saravá, eu fecho caminho.

Curioso Ponto Cantado do Caboclo Tim­birí – onde ele afirma sua origem japonesa.

ANTIGO PONTO DE TIMBIRÍ:

Marinheiro, marinheiro,

olha as costas do mar…

É o japonês, é o japonês !

Olha as costas do mar.

Que vem do Oriente!

***

Revisão final: Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-linha-do-oriente-na-umbanda/

Sangue, Necessidade e a Casa da Noite

Encontramos o termo ‘bruxaria’ utilizado como uma referência aos hábitos pagãos, ao naturalismo e uma série de práticas de tom mais sombrio. Em todas as suas variações, a idéia da bruxaria é diluída, enriquecida e amputada pela diversidade de práticas e inclinações que buscam este rótulo. Pode ser por isso que a que a arte das bruxas pode ser tomada por qualquer pessoa, assim como qualquer um pode se educar sobre um comércio ou arte através de alguns livros. Há outros que enveredam nos terrenos dos selvagens e há outros, por propósito ou acidente, que são reconhecidos como ‘o outro’ por um dos seus pares.

Ninguém pode ser o juiz de nada disso levado por sua própria crença, pode-se, entretanto, dizer algo sobre sua natureza. Para mim, minha percepção da Arte Tradicional vem se desenvolvendo ao longo de quase duas décadas agora, onde tenho sido abençoado em encontrar peregrinos e mestres de uma variedade de convicções que eu definiria como o Ofício dos Sábios investido na ascendência tradicional. Como muitos, tomei conhecimento do termo ‘bruxaria tradicional’ através das cartas e escritos de Robert Cochrane, e minha busca foi recompensada ao encontrar uma hoste de praticantes da arte maravilhosos, onde a consangüinidade foi mutuamente reconhecida. 

As artes e ofícios da bruxa são muitas vezes relacionados à transgressão, contudo, do tipo de transgressão e práticas que honram a natureza e desafiam a  ordem social profana em favor da verdade. Verdade — aquela incômoda palavra! Pois a verdade não está relacionada com fatos e evidências, mas com a imanência da fonte — por esta razão, podemos dizer que o ‘feiticeiro’ lida com a fonte e a bruxa transforma os trabalhos sobre a fonte em um ofício. Isto é verdade — a verdade é um estado ativo do ser. Em um mundo que ama o engano mais do que a verdade, naturalmente aqueles que defendem isto se arriscam a  serem vilipendiados e tornam-se alvo de ódio e desconfiança.

Então talvez seja correto assumir que ofício da bruxa possa ser definido como ‘possuir o conhecimento natural e oculto’, o que torna alguém apto a manipular ou apaziguar os espíritos da natureza, e fazer com que a alma do mundo seja favorável. Se assim for, muitos podem se declarar praticantes de bruxaria pela virtude feiticeira ou conhecimento íntimo do ofício de encantamentos e meios simpáticos para alcançar determinados objetivos. Naturalmente quando o conhecimento considerado oculto é revelado em divinação e pelos meios da astrologia clássica, ele pode causar suspeita — e do mesmo modo o murmurar de encantamentos que torcem e refinam uma corrente natural e desfavorável em uma favorável e gratificante.

O sábio que encanta uma verruga para desaparecer, o astrólogo que faz uma eleição e cria um talismã para determinado propósito, ou o andarilho solitário que abençoa o útero estéril para que dê luz a uma criança são praticantes da superabundância do Ofício. Poderíamos concordar que estas variedades da arte podem ser consideradas como ‘bruxaria’ no mesmo nível em que a ‘venefica’ (originalmente ‘trabalhos venerados’, que mais tarde foram associados com ‘envenenamento’) e ‘malefica’ (práticas negativas) estavam sujeitas à condenação pelo o Tribunal da Inquisição. O Ofício em si é, em última instância, os conhecimentos relacionados à ‘mão que amaldiçoa’ e à ‘mão que concede’. Também deve ser observado que há uma tendência em separar a bruxa benigna da bruxa malévola. Ginzburg descreve bem como a balança do mundo é mantida pela batalha entre os benadanti, que abençoam o mundo, e os maladante, que amaldiçoam o mundo. É o mesmo poder e segredos que são manipulados, mas por um é para benefício da comunidade e pelo outro para o detrimento do bem-estar comum. Assim, este ícone da bruxa como uma envenenadora e personificação da possível perversidade — sendo uma constante ameaça à ordem social — é, de fato, uma realidade que a bruxa abraça voluntariamente ou com relutância.

As acusações de bruxaria foram passadas às pessoas que eram acusadas de malefica, e também por agirem de formas que não estavam em conformidade com o que era considerado magia ‘lícita’. Magia lícita era, em maior parte, o trabalho simpático e com ervas, plantas e raízes, geralmente feitos por um clérigo, e daí aqueles que se envolviam com isso e estavam fora dos confinamentos eclesiásticos ou reais, e corriam risco de ser condenados por maléfica. Isso  mesmo se o trabalho fosse realizado com bons propósitos. Desde a Idade Média e até a maturidade da Idade Moderna, a ‘bruxaria’ passou por muitas fases de entendimento, mas sempre contendo algo perverso, misterioso e estranho. A palavra ‘bruxa’ se tornou tão problemática que os praticantes da Arte Tradicional muitas vezes aceitam o rótulo, só para escapar dele, como no caso de Robert Cochrane, que se limitou a aceitar o rótulo enquanto manteve um tipo de significado, embora não definisse a si como um bruxo. Para Cochrane, este desconforto com o termo ‘bruxo’ era parcialmente causado por um grupo de Wiccanos denominado por ele de ‘Gardnerianos’, que também se consideravam ‘bruxos’. Deixarei esta questão e apenas mencionar que Gerald Gardner — como demonstrado em pesquisas recentes por Philip Heselton — provavelmente obteve uma introdução tradicional em uma linhagem de bruxos tradicionais. Mas ele também queria fazer a transmissão e o conhecimento que ele recebeu como dele próprio. Para Gardner isso significava transformar a bruxaria em um sistema ritualístico mediado por uma guarnição maçônica polvilhada com alguns elementos crowleyanos e Rosacrucianos. Nada de errado nisso, mas ao fazer isso ele também se tornava o pai da religião da fertilidade moderna que vemos na Wicca hoje. Isso pode ser visto como uma transgressão em seu próprio direito, uma vez que assumiu aspectos dogmáticos distintos que são incomuns para as crenças daqueles que se definem como ‘bruxos tradicionais’ que conheço.

A idéia do sangue-bruxo/élfico é um tema constante, e de fato a questão do sangue é exatamente o que põe a bruxa à parte de um sábio ou um feiticeiro — uma linhagem secreta que vive desde tempos esquecidos, onde tudo era mistério, onde os mundos visível e invisível eram livres do véu. Possuir o sangue ou não é uma questão que às vezes é visto como provocativo e causado por elitismo, mas isso não é assim. Trata-se de linhagem e pertencimento em relação à família e aos parentes. Ao longo do tempo, muitas destas famílias se dissolveram e foram fragmentadas, levando aqueles do sangue para se encontrarem novamente, apelando ao sangue da terra e encontrando o reavivamento de seu ardente sangue lá, em sua terra natal. Para outros, o ‘cunning meeting’ (encontro sábio) e os vínculos familiares intactos fizeram o reconhecimento e aceitação do sangue-élfico menos enigmático e seus mistérios mais claros do que é para muitos peregrinos solitários que caminham pelas florestas e montanhas seguindo os sussurros de uma silenciosa pulsação na alma dos mundos.

A Arte dos Sábios é diversa, mas diversificada em todos os pólos de sangue e terra. Isso significa que uma prática específica pode manifestar-se em uma miríade de variações mediadas pela terra, pelo sangue e pelo homem — e para aqueles de olhos aguçados, estes laços se tornam salientes e evidentes onde quer que sejam encontrados. É também de minha convicção que, mesmo se o sangue for esquecido, isso não significa que ele não esteja lá.

O ícone da Bruxa que temos hoje deve muito à ‘La Celestina’ de Fernando de Rojas e a ‘La sorcière’ de Jules Michelet. Em ‘La Celestina’ encontramos o apaixonado Calisto que procura ajuda da dona do bordel, Celestina, para dominar o objeto de desejo com poções e feitiços, pintando uma imagem da bruxa sedutora e perigosa, tal como uma sereia da libertinagem possuidora da sabedoria proibida, espelhando Circe. Michelet segue essa imagem de muitas maneiras, mas dentro das anotações históricas e explicações, ele permite que a bruxa surja. Uma realidade poética — um conto de fadas encarnado — e talvez seja este ícone poético que colore nossa percepção da bruxa mais do que qualquer outro conto. Vejo Julio Caro Baroja e Carlo Ginzburg aperfeiçoarem este ícone. Também gostaria de colocar Emma Wilby e Gustav Henningsen nesta sucessão de pesquisa, pois eles alargaram o escopo de seus estudos e trouxeram mais nuances no estudo da bruxaria.

Como mencionado, Michelet argumentou que a bruxaria ocorreu como uma rebelião contra o sistema feudal e o abuso clerical na Idade Média, em outras palavras, como um contra-movimento ao abuso clerical e político. Ele se equivocou como a pesquisa de Keith Thomas e Eva Pocs demonstrou. Parece que a ‘feitiçaria’ que ele tem como foco para sua apresentação se desenvolveu dentro das paredes eclesiásticas da Igreja e dos monastérios. É possível sugerir que os clérigos e frades na verdade entraram no santo ofício com esta sabedoria ou simplesmente fizeram uso destas habilidades e encantamentos que aprenderam com os moradores da zona rural. Isso também pode ser assumido pelas idéias sobre Missa Negra e o Sabbath das Bruxas serem a mesma coisa, segundo Michelet e outros que o acompanharam. O Sabbath das Bruxas é o principal motivo que encontramos entre o povo basco e deste modo reconhecido pelas bruxas de outros lugares no mundo familiarizadas com o congresso do espírito. Pode ser que a Missa Negra seja uma corrupção deste Sabbath ou Aquelarre das Bruxas, dada a forma e significado profanos. Pelo o menos as ocorrências das Missas Negras e as investigações sobre o Sabbath das Bruxas coincidem ao longo da mesma linha de tempo e geografia. O precedente histórico das Missas Negras, no entanto, é largamente apresentado nos escândalos em torno os conventos das Ursulinas em Loudon e Aix-en-Provence, onde possessões diabólicas e matrimônios com demônios foram realizados em estilo orgiástico condizente com o imaginário popular das Missas Negras e continuados pelo abade Etienne Guibourg (1610 -1686). Guibourg morreu na prisão, mas as Missas Negras ainda foram celebradas, de verdade ou por boatos, dentre o clero francês e germânico, o que conduziu à adoração orgiástica do monsenhor carmelita Eugene Vintras e seu sucessor, o abade Boullan. Boullan adotou a Missa Negra em trabalhos de natureza sexual e mágica de forma mais similar à feitiçaria do que celebrações para apaziguar a natureza e a noite. Podemos de fato questionar se estes clérigos eram do sangue ou não — não será possível dar uma resposta, apenas admitir ou negar… O terreno da Bruxaria Tradicional é, e talvez deva ser e permanecer um mistério?

A marca da ‘bruxa’ é que ele ou ela busca ‘o outro’ em lugares de poder — e eles são encontrados em todos os lugares, assim como os parentes da ‘bruxa’ dispersos por todo o mundo, e estas encruzilhadas são encontradas em todos os lugares. É aqui que onde entra a idéia da Bruxaria Tradicional; trata-se de uma conexão com a origem pela virtude de um sangue e descendência partilhada. Trata-se de família no sentido mais radical da palavra, como famulus — habitantes de um agregado familiar, sejam eles vivos ou desencarnados, simulando a idéia de um totem entre os índios norte-americanos. A Bruxa que é Tradicional terá tal parentesco e enquanto muitas destas famílias mantêm um selo da discrição buscando manter a sua quietude e silêncio, há alguns que possuem e ainda demonstram a atividade do famulus de forma que eles se mostram ao mundo, conscientes ou não — é sobre a alteridade que fala a partir do silêncio, onde a verdade perdura e se arrasta…

A maioria dos dicionários, como por exemplo, o Webster, definirá a bruxaria como ‘um poder mais que natural’, ‘o poder da influência’ ou ‘encantar as pessoas’ — daí encantamento, o poder de atar alguém ou algo pela utilização de ligações naturais ou atividade espiritual. Feitiçaria e bruxaria são muitas vezes palavras sinônimas e definidas como ‘a arte das bruxas’ — e assim é o congresso em sonho ou ‘orgia’ (em seu real significado Elísio; uma comunhão mágica dos sentidos) com espíritos, geralmente considerados maléficos — ainda que eles sejam, na verdade, os habitantes da Noite.

O cruzamento entre feitiçaria, bruxaria, tradição e culto é um assunto delicado e se torna cada vez mais estonteante se voltarmos nosso olhar para fora e ver, por exemplo, na Índia, onde hoje a bruxaria é sinônima de maldade e é tratada como uma ameaça à ordem social. Apesar disso a bruxaria, na verdade, pode ser vista como algo transmitido entre Kapalikas e as seitas tântricas de várias orientações com o foco em yathuvidah — ‘o conhecimento feiticeiro’. Seria mais preciso, talvez, rotular estes praticantes como um tipo semelhante à idéia das ‘Bruxas Tradicionais’ do Norte da Europa, pois eles possuem um darshana/samaya, ou doutrina tradicional sobre a qual proferem a sua arte mágica em companhia dos espíritos. Da mesma forma, o obscuro keshupherim judeu — aqueles que conhecem keshup (os trabalhos secretos da lua) são pessoas conduzidas aos mistérios pela virtude da intercessão dos antigos Rabbis e Rebbas que continuam a trabalhar a partir do outro lado e abrem o mundo da noite para o praticante. Estas pessoas podem ser consideradas ‘bruxas tradicionais’ ou elas são mais semelhantes aos feiticeiros que trabalham com os poderosos djinns? Se assim for, onde está a linha divisória entre a arte da bruxa e a bruxa em si? Até certo ponto trata-se da indução de um grupo que possui uma sucessão linear que jaz no conhecimento tradicional, o conhecimento variado em foco e escopo.

Se nos voltarmos à África Ocidental, a bruxaria é considerada um poder inato com o qual algumas pessoas nascem – um fogo caótico e eruptivo que deve ser temperado, mas que, a partir de uma perspectiva do povo ioruba — não deve ser combatido. Este poder bruxo (ajé) é encontrado entre mulheres que são chamadas para receber a iniciação à Senhora dos Pássaros da Noite, Iyami Osoronga. Estas mulheres fazem parte do conselho Ogboni — a sociedade dos sábios — e somente elas possuem o poder de coroar ou destronar um rei. É somente quando malefica é proferida com férvidas paixões e em um espírito de cólera e vingança que estas mulheres são entendidas como bruxas em uma forma negativa e perversa. Do ponto de vista de uma bruxa tradicional, isso pode ser visto como um reconhecimento da ‘alteridade’ que conduz à iniciação e indução aos mistérios. Além disso, há também o Imole Oso, ao qual é dada a forma de mago e é o espírito protetor de um culto secreto ligado vagamente ao Ogboni. Acesso ao culto é concedido pela divinação e somente alguns são chamados para ingressar — eles são, então, sujeitos a iniciação destes mistérios e devem fundir-se ao espírito de Oso — tornando-se o próprio Oso. Alguns destes — ou talvez todos — são possíveis candidatos ao rótulo de Bruxaria Tradicional quando seus adornos culturais são removidos?

O ponto de debate é que, quando você convoca o espírito e ele responde, quem pode negar a você esta conexão? Se você julgar esta conexão como a do sangue, repousa apenas em sua irrevogável convicção de ter encontrado o seu Self — e isso automaticamente causará uma humilde lembrança do que foi esquecido. Ao encontrar a si mesmo você pode encontrar família e parentes — ou não. Ao afirmar isto também estou ciente de que abro as portas — porém, também sei que a Verdade fala em Silêncio e, portanto, qualquer necessidade de verificação profana sobre a descoberta do próprio Self de alguém se transformará em poeira e ilusões arruinadas. O sangue reconhece o sangue, pois a iniciação, como tal, foi um pacto do passado… que pode ser encontrado e perdido repetidas vezes.

Podemos entender a Bruxaria Tradicional como uma realidade poética da noite e da natureza que, enquanto toma várias formas, concede forma à possibilidade do ‘outro’. A Bruxaria Tradicional é um conjunto de práticas nascidas da necessidade, terra e sangue. Ela é a arte do trabalho com seu próprio Destino e a arte de trabalhar com o limiar, o monte e morro para o benefício próprio. Este benefício pode ser limitado a uma necessidade imediata própria ou a de um grupo ou conclave de pessoas e suas necessidades. A bruxa, em um sentido tradicional, é alguém que é ciente de sua linhagem — o sangue característico que põe a bruxa à parte, como o outro.

Robert Cochrane afirmou que uma bruxa nunca é uma pagã, mas uma pagã pode ser uma bruxa, apontando ao erro em confundir paganismo e reconstruções pagãs com bruxaria tradicional propriamente. A distinção encontra-se na diferença entre reverência e adoração, e aquilo que é conhecido como dupla observância, que é bastante característico de várias vertentes de bruxaria tradicional. A dupla observância indica que a pessoa é capaz de ver o mesmo mistério agindo em várias manifestações culturais e é capaz de abarcar ambos — sendo mais salientes as bruxas que utilizam santos, bem como seus próprios famulus e guias espirituais para alcançar seus fins.

Por Nicholaj de Mattos Frisvold

Do original Blood, Need and the House of Night

Traduzido por Leonardo Martins

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/sangue-necessidade-e-a-casa-da-noite

Moral e Dogma, por Albert Pike

A Maçonaria possui em sua filosofia um ensinamento que pode ser expresso num simples ditame: “Proteja os oprimidos dos opressores; e dedique-se a honra e aos interesses de seu País“. Maçonaria não é especulativa nem teórica, mas experimental, não sentimental, mas prática. Ela requer renúncia e autocontrole. Ela apresenta uma face severa aos vícios do homem e interfere em muitos de nossos objetivos e prazeres. Penetra além da região do pensamento vago; além das regiões em que moralizadores e filósofos teceram suas belas teorias e elaboraram suas esplendidas máximas, alcançando as profundezas do coração, repreendendo-nos por nossa mesquinhez, acusando-nos de nossos preconceitos e paixões e guerreando contra nossos vícios.É uma luta contra paixões que brotam do seio dos mais puros sentimentos, um mundo onde preconceitos admiráveis contrastam com práticas viciosas, de bons ditados e más ações; onde paixões abjetas não são apenas refreadas pelos costumes e pelos cerimoniais, mas se escondem por trás de um véu de bonitos sentimentos.

Este solecismo tem existido por todas as épocas. O sentimentalismo católico tem muitas vezes acobertados a infidelidade e o vício. A retidão dos protestantes apregoa, freqüentemente, a espiritualidade e a fé, mas negligencia a verdade simples, a candura e a generosidade; e a sofisticação do racionalismo ultraliberal em muitas ocasiões conduz ao céu em seus sonhos, mas chafurda na lama de suas ações.

Por mais que exista um mundo de sentimentos maçônicos, ainda assim ele pode ser um mundo onde ela esta ausente. Ainda que haja um sentimento vago de caridade maçônica, generosidade e desprendimento, falta a pratica ativa da virtude, da bondade, do altruísmo e da liberalidade. A Maçonaria assemelha-se aí às luzes frias, embora brilhantes.Há clarões ocasionais de sentimentos generosos e viris, um esplendor fugaz de pensamentos nobres e elevados, que iluminam a imaginação de alguns. Mas não há o calor vital em seus corações.

Boa parte dos homens tem sentimentos, mas não princípios. Os sentimentos são sensações temporárias, enquanto os princípios são como virtudes permanentemente impressas na alma para seu controle. Os sentimentos são vagos e involuntários; não ascendem ao nível da virtude. Todos os têm. Mas os princípios são regras de conduta que moldam e controlam nossas ações. Pois é justamente neles que a Maçonaria insiste.

Nós aprovamos o que é certo, mas geralmente fazemos o que é errado; esta é a velha história das deficiências humanas. Ninguém encoraja e aplaude injustiça, fraude, opressão, ambição, vingança, inveja ou calúnia; ainda assim, quantos dos que condenam essas coisas são culpados delas, eles mesmos.Já nos foi dito: “Homem, quem quer que sejas, se julgas, para ti não há desculpa, porque te condenas a ti mesmo, uma vez que fazes exatamente as mesmas coisas.”É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem por outra. A boca exprime o que o coração deveria ter em abundância, mas quase sempre é o reverso do que o homem pratica.

Os homens podem realmente, de um certo modo, interessar-se pela Maçonaria, mesmo que muitos deficientes em virtudes. Um homem pode ser bom em geral e muito mau em particular: bom na Loja e ruim no mundo profano, bom em público e mau para com a família.Muitos desejam sinceramente ser bons Maçons. Mas é preciso que resistam a certos estímulos, que sacrifiquem certos caprichos. Como é ingrato aquele que morre medíocre, sem nada fazer que o glorifique para os Céus. Sua vida é como árvore estéril, que vive, cresce, exaure o solo e ainda assim não deixa uma semente, nenhum bom trabalho que possa deixar outro depois dele! Nem todos podem deixar alguma coisa para a posteridade, mas todos podem deixar alguma coisa, de acordo com suas possibilidades e condições.

Quem pretender alçar-se aos Céus, sozinho dificilmente encontrará o caminho.A operosidade jamais é infrutífera. Senão trouxer alegria com o lucro, ao menos, por mantê-lo ocupado, evitará outros males. Têm-se liberdade para fazer qualquer coisa, devemos encara-la como uma dádiva dos Céus; têm-se a predisposição de usar bem esta liberdade, então é uma dádiva da Divindade.

Maçonaria é ação, não inércia. Ela exige de seus iniciados que trabalhem, ativa e zelosamente, para o benefício de seus Irmãos, de seu país e da Humanidade. É a defensora dos oprimidos, do mesmo modo que consola e conforta os desafortunados.

Frente a ela é muito mais honroso ser o instrumento do progresso e da reforma do que se deliciar nos títulos pomposos e nos autos cargos que ela confere. A maçonaria advoga pelo homem comum no que envolve os melhores interesses da Humanidade. Ela odeia o poder insolente e a usurpação desavergonhada. Apieda-se do pobre, dos que sofrem, dos aflitos; e trabalha para elevar o ignorante, os que caíram e os desafortunados. A fidelidade à sua missão será medida pela extensão de seus esforços e pelos meios que empregar para melhorar as condições dos povos. Um povo inteligente, informado de seus direitos, logo saberá do poder que tem e não será oprimido. Uma nação nunca estará segura se descansar no colo da ignorância. Melhorar a massa do povo é a grade garantia da liberdade popular.

Se isto for negligenciado, todo o refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores perecerão mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular.Não é a missão da Maçonaria engajar-se em tramas e conspirações contra o governo civil. Ela não faz propaganda fanática de qualquer credo ou teoria; nem se proclama inimiga de governos. Ela é o apostolo da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Não faz pactos com seitas de teóricos, utopistas ou filósofos. Não reconhece como seus iniciados aqueles que afrontam a ordem civil e a autoridade legal, nem aqueles que se propõem a negar aos moribundos o consolo da religião. Ela se coloca à parte de todas as seitas e credos, em sua dignidade calma e simples, sempre a mesma sob qualquer governo.

A maçonaria reconhece como verdade que a necessidade, assim como o direito abstrato e a justiça ideal devem ter sua participação na elaboração das leis, na administração dos afazeres públicos e na regulamentação das relações da sociedade. Sabe o quanto à necessidade tem por prioridade nas lidas humanas.

A maçonaria espera e anseia pelo dia em que todos os povos, mesmo os mais retrógrados, se elevem e se qualifiquem para a liberdade política, quando, como todos os males que afligem a terra, a pobreza, a servidão e a dependência abjeta não mais existirão. Onde quer que um povo se capacite à liberdade e a governar-se a si próprio, ai residem as simpatias da Maçonaria.A Maçonaria jamais será instrumento de tolerância para com a maldade, de enfraquecimento moral ou de depravação e brutalização do espírito humano. O medo da punição jamais fará do maçom um cúmplice para corromper seus compatriotas nem um instrumento de depravação e barbarismo. O

nde quer que seja, como já aconteceu, se um tirano mandar prender um crítico mordaz para que seja julgado e punido, caso um maçom faça parte do júri cabe a ele defende-lo, ainda que à vista do cadafalso e das baionetas do tirano.O maçom prefere passar sua vida oculto no recesso da penumbra, alimentando o espírito com visões de boas e nobres ações, do que ser colocado no mais resplandecente dos tronos e ser impedido de realizar o que deve. Se ele tiver dado o menor impulso que seja a qualquer intento nobre; se ele tiver acalmado ânimos e consciências, aliviado o jugo da pobreza e da dependência ou socorrido homens dignos do grilhão da opressão; se ele tiver ajudado seus compatriotas a obter paz, a mais preciosa das possessões; se ele cooperou para reconciliar partes conflitantes e para ensinar aos cidadãos a buscar a proteção das leis de seu país; se ele fez sua parte, junto aos melhores e pautou-se pelas mais nobres ações, ele pode descansar, porque não viveu em vão.

A Maçonaria ensina que todo poder é delegado para o bem e não para o mal do povo. A resistência ao poder usurpado não é meramente um dever que homem deve a si próprio e a seu semelhante, mas uma obrigação que ele deve a Deus para restabelecer e manter a posição que Ele lhe confiou na criação. O maçom sábio e bem informado dedicar-se-á à Liberdade e a Justiça. Estará sempre pronto a lutar em sua defesa, onde quer que elas existam. Não será nunca indiferente a ele quando a Liberdade, a sua ou a de outro homem de mérito, estiver ameaçada.

O verdadeiro maçom identifica a honra de seu país como a sua própria. Nada conduz mais à glória e à beleza de um país do que ter a justiça administrada a todos de igual modo, a ninguém negada, vendida ou preterida.Não se esqueçam, pois daquilo a que você devotou quando entrou na Maçonaria: defenda o fraco contra o truculento, o destituído contra o poderoso, o oprimido contra o agressor! Mantenha-se vigilante quanto aos interesses e à honra de teu país! E possa o Grande Arquiteto do Universo dar-lhe a força e a sabedoria para mantê-lo firme em seus altos propósitos.

Por Albert Pike

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/moral-e-dogma-por-albert-pike