Rastros Luminosos

Só vale a vida terrestre – pelo bem que fizermos…

Pelo rasto de luz que deixarmos após a partida…

Se entre o teu berço e esquife bocejar um vácuo hiante, uma treva estéril, não viveste – vegetaste apenas…

“Aqui jazem os restos mortais de fulano, que morreu – mas não viveu”…

Meu amigo, faze da tua vida um poema de fé – uma epopéia de amor…

Assinala tua passagem pela terra com uma esteira de amor e benquerença…

São tantos os males – não os aumentes com tua chegada…

São tantas as dores – não as intensifiques com tua aspereza…

Ilumina a zona da tua presença com grandes idéias e belos ideais…

Por que extinguir essas lâmpadas que, incertas, bruxuleiam?

Por que quebrar de todo a cana fendida?

Por que apagar a mecha fumegante?

Fala às alma sem luz das luzes eternas…

Aponta às almas tristes as alturas de Deus…

Não olhes, como o chorão, para a terra – que um ente querido tragou…

Verdade nas palavras, sinceridade nas intenções, bondade nos atos, indulgência no juízo, fidelidade nas promessas, serenidade na dor, castidade contigo, caridade com todos – margeia destas luzes tua vida e a vida dos outros…

Ninguém é infeliz em hora noturna – quando sabe que à noite sucede sorridente alvorada…

Faze transbordar nas almas o excesso da tua plenitude.

Transfunde nos homens a abundância da tua luz.

Comunica ao mundo a beatitude de que Deus te encheu.

Fixa a estrela polar da vontade divina – e dirige tua nau por trevas e procelas…

Mão firme no leme! – serena confiança na alma!…

Tua calma acalmará os companheiros da travessia…

Se, algum dia, desalento te invadir o coração – dize-o ao Deus eterno, e não a creaturas efêmeras!

Se lágrimas rebeldes romperem as represas – chora a sós com o Onipotente, e não com seres impotentes.

Se dúvida atroz te oprimir o espírito – pede luzes ao Sapiente, e não aos insipientes.

Vive assim como desejarias ter vivido quando a morte teu corpo ceifar…

Erige nas almas dos pósteros um monumento de amor – um obelisco de fé…

Fonte:

Huberto Rohden, De Alma para Alma: Martin Claret, 2011. pg. 55.

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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/rastros-luminosos