Religiões dogmáticas e Moral

Texto de Desidério Murcho

A ideia de que a religião deve estar firmemente separada da ciência levou algum tempo a afirmar-se; mas é hoje um lugar-comum — infelizmente só depois de muitos cientistas terem sido silenciados ou até assassinados pela Igreja. A ideia de que a religião deve estar firmemente separada do Estado é ainda uma luta que países mais atrasados, como Portugal, têm de travar. Mas há uma outra separação que urge aprofundar e defender: a separação entre a religião e a moral.

A ideia errada de que a moral ou a ética tem qualquer coisa a ver com a religião dogmática está patente no modo como se enfrenta no nosso país as questões éticas, como o aborto ou a eutanásia. Quando se pensa em discutir estas questões pensa-se em convidar padres ou pessoas profundamente ligadas à religião para exporem as suas ideias. Mas isto é tão absurdo como convidar um padre ou uma pessoa ligada à religião quando se discute a origem do universo.

Do mesmo modo que o pensamento religioso confundiu e impediu o desenvolvimento da ciência, também o desenvolvimento do pensamento moral e ético fica castrado e confuso quando a religião se intromete. A confusão começa logo nisto: um católico, ou um muçulmano, defendem um código moral específico, mas não são de modo algum especialistas em ética, nem têm nada a dizer às pessoas que não professam a sua religião. Por que razão hei-de ouvir as opiniões de um padre sobre a eutanásia ou o aborto se ele baseia a sua posição na ideia de que a vida foi dada por Deus? E por que razão há-de o padre pensar que os seus argumentos religiosos contra o aborto ou contra a eutanásia têm um carácter universal? Mas se não têm um carácter universal, o padre não deve fazer mais do que explicar aos seus fiéis as razões pelas quais eles, e só eles, não devem praticar o aborto nem a eutanásia; mas aqueles que não são seus fiéis nada têm a aprender com os seus ensinamentos.

A ética secular, a ética filosófica, é uma ética para todas as pessoas e não apenas para as que professam determinadas crenças. Claro que as pessoas que professam essas crenças, religiosas ou para-religiosas, merecem todo o nosso respeito. Mas também as pessoas que não professam essas crenças merecem o nosso respeito. E legislar como se todas as pessoas fossem crentes é uma injustiça. É por esta razão que, se os únicos argumentos que os padres têm contra o aborto e a eutanásia é o facto de estas práticas violarem a ideia de que a vida é sagrada, tanto uma prática como outra devem ser permitidas, pois muitas pessoas não acreditam, pura e simplesmente, na existência do sagrado, tal como não acreditam na água benta. Num país com uma legislação permissiva relativamente ao aborto ou à eutanásia, as pessoas com crenças religiosas que não queiram praticar abortos nem eutanásia, têm toda a liberdade de o não fazer. Tal como as mulheres cristãs têm toda a liberdade de não tomar a pílula; mas proibir a pílula a toda a gente só porque os padres acham que a pílula viola um qualquer código moral cristão seria injusto.

A religião é um obstáculo ao desenvolvimento de um pensamento ético livre. A religião desnorteia o pensamento ético normal das pessoas, tal como desnorteia o pensamento científico normal das pessoas. Qualquer pessoa razoável diria, perante as provas de Galileu: a Terra move-se. Mas as pessoas de formação religiosa disseram o contrário. Qualquer pessoa razoável percebe que a eutanásia é um direito humano inalienável, ou que o direito à escolha da sexualidade é também inalienável. Mas as pessoas de formação religiosa, não.

Nas pessoas de formação religosa verifica-se a síndrome da proibição: o ponto de partida do pensamento moral religioso é a proibição, mesmo que do inócuo, como o facto de uma pessoa ter relações sexuais com pessoas do seu sexo. Esta atitude confunde o verdadeiro pensamento moral, tornando-o uma caricatura. Pelo contrário, o verdadeiro pensamento moral procura o bem comum e não a defesa de dogmas religiosos que só são aceitáveis para os respectivos fiéis.

#ICAR

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/religi%C3%B5es-dogm%C3%A1ticas-e-moral

O Chapéu na Maçonaria

Por Kennyo Ismail

Qual a origem do chapéu na maçonaria, usado pelo Venerável Mestre nas reuniões de Aprendiz e Companheiro e por todos os Mestres nas reuniões de Mestre Maçom?

Uma das obras de José Castellani declara que herdamos o chapéu preto dos judeus ortodoxos, e que o chapéu em Loja é a “coroa maçônica”, influência da realeza européia, usada pelo Venerável como símbolo de sua posição de liderança.

Afinal de contas, herdamos dos judeus ou dos reis europeus? E os judeus ortodoxos, usam o chapéu preto porque se consideram reis? Não há como misturar uma coisa com a outra, chapéu de judeu com coroa de europeu. Mas Castellani e muitos outros irmãos tentaram.

Se herdamos o chapéu dos judeus ortodoxos, será que não deveríamos adotar também a circuncisão? Ou talvez as tranças nas orelhas e a barba longa?

Na verdade, o uso do chapéu na Maçonaria é praticamente inverso ao uso do chapéu pelos judeus! Os judeus utilizam o chapéu obrigatoriamente durante as orações e cerimônias religiosas, em sinal de temor a Deus. Já o maçom utiliza durante toda a reunião e retira o chapéu exatamente nos momentos de orações, em sinal de respeito! Dessa forma, fica claro que o uso do chapéu pelos maçons não tem nenhuma relação com o uso do chapéu pelos judeus ortodoxos, como pensava Castellani.

Já a teoria do chapéu ser um símbolo da “coroa maçônica”, influenciada pelo símbolo de liderança que distingue o rei dos demais, seria mais plausível, afinal de contas, o Venerável Mestre representa o Rei Salomão, não é mesmo? Porém, porque o Venerável não utilizaria uma verdadeira coroa em Loja? Uma coroa de louros, ou flores, ou de metal? Porque seria um chapéu preto de abas caídas (REAA) ou mesmo uma cartola (Rito de York)? E por que todos os Mestres usariam em reuniões de Mestre, se o representante do rei Salomão é apenas o Venerável?

Na Grécia Antiga o chapéu era símbolo de sabedoria e liberdade. O famoso escritor maçom Oliver comenta sobre o mesmo significado para os romanos, tendo sobrevivido na maçonaria desde as Guildas Romanas. Sua relação com a sabedoria permaneceu na Idade Média, como os chapéus dos magos denunciavam, os quais foram adaptados para cartolas pelos mágicos. O chapéu representa proteção. Se na prática o chapéu protege a cabeça do dono contra o sol, simbolicamente, o chapéu é como um elmo que confirma e protege a sabedoria que se encontra na cabeça do Venerável Mestre. Assim sendo, o chapéu do Venerável Mestre pode realmente ser interpretado como uma coroa representativa de sua autoridade. Porém, uma autoridade com base na Sabedoria, assim como a de Salomão. E é por serem detentores da sabedoria maçônica que todos os Mestres utilizam o chapéu nos ritos originados na França.

O costume do uso de chapéu pelo Venerável Mestre era um costume na maçonaria inglesa até a fusão que originou a Grande Loja Unida da Inglaterra. Após a fusão, os antigos costumes foram “reformulados” para agradar ambas as partes, e a tradição do chapéu simplesmente foi descartada. O único ritual na Inglaterra que mantém o uso do chapéu pelo Venerável Mestre é o Bristol. Mas por uma ironia do destino, essa tradição permaneceu viva nos EUA. E os ritos de origem francesa também mantiveram esse antigo costume, tão presente no Brasil.

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-chap%C3%A9u-na-ma%C3%A7onaria

A jornada espiritual não é confortável

No período em que vivemos nós temos a ideia de que o objetivo da vida é obter o máximo de prazer e de conforto. E nós refletimos esses desejos também quando buscamos uma religião ou práticas espirituais.

Vivemos numa época individualista, materialista e utilitarista. O individualismo se manifesta quando buscamos uma religião cuja meta seja satisfazer apenas a nós mesmos, como indivíduos separados de todo o resto. Perdemos a noção de que fazemos parte de um todo e nossa busca não é mais tentar reconectar-se com as outras pessoas, com o divino ou com a natureza. Nós apenas identificamos que “eu” estou com um problema e “eu” preciso arrumar um jeito de resolver isso. Como se minha perda de conexão com Deus, com o mundo ao meu redor e com as outras pessoas não tivesse nenhuma relação com isso.

Quando percebemos que a realidade é muito maior do que a nossa pequena existência, a morte já não parece assim tão assustadora. Não parece tão terrível o pensamento de desaparecer, porque o mundo não gira ao meu redor. Se eu morrer, não estarei sozinho, porque muitos seres já morreram antes e muitos seres ficarão. Eles, de certa forma, são uma extensão de mim mesmo, porque eu não sou totalmente separado de todo o resto como acho que sou.

O materialismo se manifesta quando buscamos somente gratificação material numa prática espiritual. Atualmente é comum achar que somente a realidade que eu experimento com meus cinco sentidos tem existência, e que a mente é somente uma projeção do cérebro, como se fôssemos máquinas. Então, se tudo que existe é meu corpo físico e minhas emoções, a religião se torna apenas um veículo para aumentar o êxtase que sinto com meu corpo físico (prazer dos sentidos) e com minha mente (prazer emocional).

Com isso, a meta da jornada espiritual do materialista acaba se reduzindo a busca de prazeres. Você vai à igreja para sentir uma sensação de paz mental ou realiza uma meditação para sentir aquele êxtase obtido com os estados alterados de consciência. Se a religião servisse só para isso não seria muito diferente de usar drogas.

Por fim, o utilitarismo se manifesta quando optamos por realizar certa prática espiritual apenas na medida em que ela me é útil. “Para que serve isso?” você se pergunta. E somente passa a realizar as práticas que são convenientes para você. A espiritualidade já não é boa por si mesma, ela precisa “servir” para alguma coisa e esse objetivo precisa ser necessariamente material ou emocional, para satisfazer a máquina que é o ser humano.

Muita gente diz que o objetivo de ter uma religião é alcançar coisas como paz mental, alegria, ter disciplina ou simplesmente sentir-se bem. Mas se fosse assim, ela poderia ser substituída por qualquer outra coisa, como uma visita ao psicólogo, uma agenda, um sorvete ou sair com os amigos.

É verdade que você pode obter essas coisas ao longo de sua jornada espiritual, mas sugiro que as pense mais como subprodutos de sua prática e não como a meta em si. O foco principal de uma religião é o espírito, o transcendente.

Mas o que isso quer dizer? No mundo em que vivemos já não há espaço para o espírito, porque ele parece meio antiquado e não parece ter uma utilidade imediata como um lápis ou uma panela. Então, que tal deixá-lo de lado? Que tal reduzir a nossa vida somente ao essencial e abandonar tudo o que é supérfluo para a obtenção dos meus prazeres?

Muitos de nós sentem uma sensação de tédio ou vazio. Nossa vida está aparentemente completa. Nós estudamos, ou trabalhamos, temos amigos, pequenos lazeres. Mas a vida é apenas isso? Parece que falta alguma coisa. Parece que, em algum momento da sua vida, você deixou para trás algo absolutamente importante, ou nunca foi atrás disso de fato.

As religiões lidam com a porção espiritual de nossa existência. Não é algo que possa ser substituído por filosofia, que se ocupa da razão, ou por psicologia, que se ocupa da mente e emoções. No máximo, essas e outras áreas podem complementar as religiões, mas nunca substituí-las.

No budismo não se fala tanto em Deus ou em alma, mas a iluminação é tida como um “apagar”. Precisamos nos desapegar da nossa noção de “identidade” e nos desapegar de nossos desejos incessantes por prazeres do corpo e da mente. Algumas pessoas que praticam meditação o fazem porque buscam os prazeres que ela proporciona, mas a meta é deixar de lado até esse tipo de prazer. O budismo não existe para obter “paz mental” ou “conforto”. O primeiro passo é obter desenvolvimento moral (produzir bom karma e deixar de produzir mau karma). O passo seguinte é deixar de lado até o bom karma (não se identificar mais com as ações do corpo e da mente).

Mas isso é doloroso. Quando abandonamos até mesmo os prazeres obtidos na meditação, ficamos sem nada. E esse é exatamente o momento de travarmos nossa guerra contra Mara, que procura nos tentar novamente com as ilusões do mundo.

Jornadas similares são trilhadas em outras religiões. No cristianismo, muita gente passa a frequentar a igreja porque quer se sentir bem. No momento da missa, sentem um grande êxtase e passam a realizar práticas como orações porque gostam da sensação de conforto e segurança.

Ou seja, encaram a religião como se tivesse uma utilidade e essa utilidade fosse somente material: sinto boas sensações no corpo inteiro quando me ajoelho, e também sinto paz e felicidade. Sendo assim, a prática não é espiritual, mas uma busca de um êxtase dos sentidos, como relata São João da Cruz, que pode ser substituída por um banho de espuma ou uma massagem.

Acaba-se por acreditar em Deus porque se busca a salvação individual. Eis o individualismo: quero crer em Deus para salvar a mim mesmo e não porque busco reconectar-me com o divino para descobrir que meu pequeno eu não está sozinho no universo. E eu não devo buscar isso porque a solidão que sinto é insuportável, mas porque tenho uma busca pela verdade.

Claro que não é errado começar buscando uma religião tendo desejos como esses. No entanto, com o tempo, é desejável ocorrer algum amadurecimento espiritual para notarmos as coisas que realmente importam em nossa jornada.

Hoje em dia, as meditações budistas realizadas nos templos viraram sinônimo de um momento confortável de relaxamento para aliviar o estresse e a ansiedade. Da mesma forma, frequenta-se uma igreja não para adorar a Deus porque essa adoração é excelente, mas para que o padre me diga palavras de conforto e eu me sinta bem. Essa mudança de paradigma ficou muito clara com as mudanças ocorridas após o Concílio Vaticano II na década de 60. Antes nas missas o padre ficava de costas e a meta central não era deixar os frequentadores da missa satisfeitos, mas honrar a Deus e não resolver meus problemas psicológicos. Agora, o padre se volta para a frente, como se a utilidade da missa fosse mostrar que nós somos os protagonistas e não Deus.

O cristianismo de hoje é praticado de uma forma que C.S. Lewis chama de “cristianismo água com açúcar”: muitos acreditam em Deus, mas não no diabo. Mal se fala no diabo hoje em dia. As pessoas preferem o Deus mais reconfortante do Novo Testamento e criticam o Deus do Velho Testamento, porque não se sentem confortáveis com seus discursos e ações.

Com isso, estamos usando a religião para atender as nossas necessidades individuais: vou escolher somente os dogmas que me parecem bonitos, especialmente os mais confortáveis e fáceis, que confirmem minhas visões de mundo.

Então a religião não passa mais a ter um estudo e prática dedicado para que se tente compreender os dogmas mais difíceis. É muito mais fácil criticar as religiões e dizer que elas são antiquadas, preconceituosas e erradas do que admitir que talvez nós possamos estar errados.

Recentemente terminei de ler um livro sobre anjos do grande teólogo Peter Kreeft. E uma das perguntas contidas no livro reflete exatamente o mal de nosso tempo:

“De acordo com a angeologia, anjos supostamente formam uma hierarquia. Por quê? Isso não é apenas uma projeção das políticas monárquicas medievais?”

Kreeft inicia sua resposta com os seguintes dizeres:

“A noção alternativa de que anjos são iguais poderia também muito bem ser uma projeção das nossas políticas igualitárias modernas”

O que isso significa? Que preferimos achar que os pensamentos medievais são atrasados ou incorretos do que admitir que talvez nós estejamos cometendo o erro de interpretar uma religião antiga com os preconceitos existentes na nossa própria época.

Hoje o cristão não deseja entender o que é Deus. Deseja inventar em sua cabeça o Deus que é conveniente para ele.

Kreeft observa no mesmo livro que Rabbi Abraham Hescel objetou seriamente a noção de um Deus reconfortante. Hescel disse:

“Deus não é um tio. Deus não é bonzinho. Deus é um terremoto”

O termo “temor a Deus” é muito mal compreendido hoje e geralmente interpretado como respeito. Porém, a interpretação ideal do termo “awe” seria: “um sentimento de respeito reverente, misturado com medo ou espanto”.

Quando meditamos, nós sentimos medo. Até mesmo medo da morte. Quando nos entregamos a práticas místicas do cristianismo, também sentimos medo diante de Deus. E esse medo é essencial para a jornada, que São João da Cruz chama de “a noite escura da alma”.

É claro que queremos uma meditação confortável. É evidente que preferimos um Deus e um anjo que somente massageiam nosso ser. Mas não é assim que iremos avançar na jornada.

Para avançar, precisamos dos obstáculos e desafios. É necessário o mal, o diabo, a dor, o sofrimento. É preciso cair. É imprescindível sentir temor a Deus ou verdadeiro temor diante dos estados alterados de consciência, pois somente assim gera-se a concentração de acesso para ir adiante nos jhanas.

Tire os demônios do cristianismo, tire as práticas ascéticas e desconfortáveis das religiões indianas e você matará essas religiões.

Tente assistir a um filme em que todos os personagens são felizes e em que não há situações difíceis. Experimente jogar um jogo muito fácil e logo enjoará. Tente viver uma religião cor-de-rosa, na qual existem apenas inocentes querubins (e não anjos magníficos e assustadores, que também podem cair como nós) e meditações com chás e bolos. Talvez essa religião te satisfaça por um tempo. Você apenas cortou os galhos da árvore e não atingiu suas raízes. Siga uma religião que apenas te deixe confortável na maior parte do tempo, e, no momento que chegar a dor e a morte não terá maturidade para lidar com elas.

A jornada espiritual não é confortável. Mas ela também não é terrível. Na Idade Média se falava em excesso sobre o demônio, o que também pode ser um exagero. Mas atualmente não se fala nem em Deuses e nem em demônios, mas apenas no ser humano, como se não houvesse o espírito e o transcendente, e a religião fosse meramente uma metáfora para desenvolver a moralidade.

O primeiro passo para equilibrarmos nossa busca espiritual é ler seriamente e praticar seriamente. Não ler e praticar apenas o que nos agrada, mas ousar dar um passo adiante para sair da zona de conforto e aceitar que não sabemos de tudo. Ainda há muito a aprender.

E uma mensagem para os praticantes da Magia do Caos: investigue, experimente, ouse. Além de pragmática e divertida, a sua prática poderá se tornar repleta de espíritos, Deuses e desafios. Afinal, caoísmo não é fazer qualquer coisa, mas montar um laboratório de experimentos e permitir-se o aprendizado tanto da matéria quanto do espírito em sua jornada.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-jornada-espiritual-n%C3%A3o-%C3%A9-confort%C3%A1vel