A Missa do Caos H

Este curto rito pode ser usado como uma ferramenta de aterramento para encerrar algum trabalho mágico pesado. O seu objetivo é promover o riso expondo os perigos de se achar o ban-ban-ban.

Os discordianos há muito tempo identificaram Harpo Marx como um avatar contemporâneo de Harpócrates, o Deus do Silêncio. Harpo é o Senhor do Silêncio, Trikster (N. do t.: Malandro, Bufão), e Palhaço Sagrado. (N. do T.: HARPO não fala)

Harpo MarxPreparação:

O Sacerdote (MT) que manifestará HARPO poderá ser adornado com uma peruca colorida (de carnaval), cartola e uma buzina. Quaisquer outros adereços para uso do Deus poderão ser colocados no altar, tais como um espanador de pó ou uma vareta para cutucar os outros. (& bombinhas :D)

Declaração de Intento:

“É nossa Vontade invocar HARPO, o Louco Sagrado e Lorde do Escárnio Silencioso, para que todo o glamour da magia seja disperso, e que a Anarquia Gargalhante preencha nossos corações”

Rito:

Sacerdote: “Que a pomposidade comece!”

Os participantes começam a se pavonear pela sala, fazendo declarações importantes sobre si próprios e acerca dos caminhos “sérios” e “sagrados” da magia, e afirmar em alto e bom tom que como magos, devem ser adorados e respeitados por todos.

Enquanto isso, o Sacerdote (MT), no centro da sala, começa a se admirar e girar em volta de si enquanto faz gestos e caretas apropriadas (se visualizando como Harpo, um bufão sagrado) até que o avatar, atraído até esse espaço de tamanha pomposidade e prestígio, escolha se manifestar.

Quando o Sacerdote (MT) sentir o avatar incorporando, ele eleva a buzina e começa a litania:

Honk, Honk, Honk, Honk (ad infinitum)

Quando os participantes escutarem a buzina, devem congelar em estátuas de pompa e vaidade. HARPO então tem o domínio da cena para realizar quaisquer brincadeiras e sacanagens que quiser, com o objetivo de provocar a gargalhada em geral. Uma forma de fazer isso é assim que uma pessoa começar a rir, se juntar ao Palhaço e tentar puxar os outros para a gargalhada.

O Rito pode terminar aqui, ou Harpo pode escolher dar um sacramento (Torta na cara?) aos participantes de algum jeito. Se um banimento for necessário, o Sacerdote (MT) deverá tirar os adereços e passar do silêncio à fala.

Phil Hine. Tradução e Adaptação: Laurent Gabriel

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/a-missa-do-caos-h/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/a-missa-do-caos-h/

What is the Matrix? com Lionel Snell

Bate-Papo Mayhem #121 – gravado dia 16/12/2020 (Quarta) 12h Marcelo Del Debbio bate papo com Lionel Snell – What is the Matrix?

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

Lionel Snell/Ramsey Dukes – https://ramseydukes.co.uk/

Youtube channel – @Ramsey Dukes

Faça parte do Projeto Mayhem aqui:

Site do Projeto Mayhem – https://projetomayhem.com.br/

Siga a gente no Instagram: https://www.instagram.com/projetomayhem/

Livros de Hermetismo: https://daemoneditora.com.br/

#Batepapo #MagiadoCaos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/what-is-the-matrix-com-lionel-snell

A Missa do Caos

O rito pode ser realizado como um sacramento de invocação para elevar uma particular energia de manifestação para inspiração, divinificação ou  comunhão com um domínio particular de consciência. Isto pode ser feito  como um ato de encantamento, no qual encantamentos são projetados  para modificar a realidade física. Isso pode, também, ser feito para  consagrar instrumentos mágicos ou invocar entidades para uso  posterior. O rito consiste em um mínimo de seis partes: Preparação,  estabelecimento de intenção, invocação do Caos, invocação de  Baphomet, pacto e fechamento.

A preparação incluirá a feitura pronta do assento a ereção dos círculos e  triângulos, a colocação de instrumentos e armas e a administração de  um elixir químico ou botânico, que possa ser desenvolvido para elevação  gnóstica. Rituais de banimento, meditação, danças circulares e outras  formas de gnosis preparatória para a preparação dos participantes.

A declaração de intento deve ser feita da forma mais simples e  específica possível. Erguendo a base material utilizada para o ritual, o  sacerdote toma a palavra e diz: “É nosso desejo …”, adicionando o  objetivo do ritual que será realizado. A base material pode ser qualquer  tipo de alimento para subsequente consagração e consumação. Pode ser  um símbolo com o qual se lança um encantamento ou um talismã,  amuleto ou símbolo para consagração. Quando a base material for um  elixir sexual, o sacerdote deve erguer as mãos vazias para o sacrifício  que é feito de seu próprio corpo.

A invocação do Caos é feita por um encantamento bárbaro desenvolvido  na conjunção de métodos gnósticos, à escolha do operador. A suprema  advertência do Caos é dada abaixo, junto com uma tradução, na qual é  acusada dentro do possível, na estrutura caótica primitiva da linguagem  Enoquiana. O sacerdote desenha o símbolo do Caos, no ar, acima do  círculo assistido pela visualização dos assistentes. O sacerdote começa:

 Encantamento:

OL SONUF VAROSAGAI GOHU
 ( Eu Reino Sobre Você Saith )
VOUINA VABZIR DE TEHOM QUADMONAH
( O Dragão Águia do Caos Primal  )
ZIR ILE IAIDA DAYES PRAF ELILA
( Eu sou o Primeiro o Mais Alto Que Vive No Primeiro Étir  )
ZIRDO KIAFI CAOSAGO MOSPELEH TELOCH
( Eu sou o Terror da Terra os Chifres da Morte  )
PANPIRA MALPIRGAY CAOSAGI
( Vertendo os Fogos da Vida por sobre a Terra  )
ZAZAS ZAZAS NASATANATA ZAZAS
(Esta última linha não pode ser traduzida)

A estrela de oito raios do Caos radiante é visualizada acima e através do  círculo e sacrifícios de incenso, sangue ou elixires sexuais podem ser  feitos.

Invocação de Baphomet

O sacerdote ou sacerdotisa que assume a manifestação de Baphomet ornamenta-se e visualiza-se na tradicional forma do deus de suas fontes de poder. Baphomet, como a representação da corrente de vida terrestre, aparece como uma deidade theriomórfica com chifres, de aspecto andrógino, alado, réptil, mamífero e humano.

O sacerdote desperta em si uma ressurgência de Khi ou Kundalini ou sagrada Serpente de Fogo, como é comumente conhecida. Outros participantes podem auxiliar livremente tais encantamentos, utilizando por exemplo o incomparável “Hino a Pã”, por projeção de visualização do pentagrama invertido dentro do sacerdote e, se necessário for, pela administração de ósculo infame. Este assim chamado beijo obsceno na garupa do demônio tem sido muito mal entendido. Tudo que se requer é uma contração do períneo, o espaço entre os genitais e o ânus, dentro do qual a Kundalini espera para ser libertar. O sacerdote, então, completa a invocação com a litania eônica.

No primeiro éon, eu fui o Grande Espírito
No segundo éon, os Homens me conheciam como o Deus Cornudo Pangenitor Panphage
No terceiro éon, eu fui o Obscuro, o Diabo
No quarto éon, os Homens não me conhecem, pois sou o Escondido
Neste novo éon, surjo perante vocês como Baphomet
O Deus anterior a todos os deuses, que irá perdurar até o fim da Terra.  

O sacerdote, agora como Baphomet, apanha o objeto utilizado como um foco para consagração, para atingir o propósito do rito. Seja qual for o significado que o Deus veja nele, deve anunciá-lo, seja falando, por gesto ou algum outro sinal inesperado. O juramento marca o ápice do ritual, erguendo o objeto simbólico, o sacerdote e todos os participantes afirmam:

Esta É Minha Vontade.

Se o objeto é um sacramento, ele deve ser consumido. Se for um símbolo, deve ser destruído ou escondido, para que o objeto consagrado possa ser guardado e utilizado mais tarde.

O fechamento pode necessitar de um exorcismo do sacerdote, se a possessão for muito profunda. Qualquer símbolo de Baphomet e qualquer parafernália é removida e um pentagrama virado para cima é desenhado no sacerdote. É administrada uma lustração completa da face com água fria, e ele é chamado por quatro vezes, por seu nome profano, até que responda. O ritual é fechado por um último banimento.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/a-missa-do-caos/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/a-missa-do-caos/

A multiplicidade do pensamento mágicko no Hermetismo – Nino Denani

Bate-Papo Mayhem #152 – 16/03/2021 (Terça) Com Nino Denani – A multiplicidade do pensamento mágicko no Hermetismo

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

Faça parte do Projeto Mayhem aqui:

Site do Projeto Mayhem – https://projetomayhem.com.br/

Siga a gente no Instagram: https://www.instagram.com/projetomayhem/

Livros de Hermetismo: https://daemoneditora.com.br/

#Batepapo #hermetismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-multiplicidade-do-pensamento-m%C3%A1gicko-no-hermetismo-nino-denani

Servidores, Entidades Astrais, Devas e Deuses – Marcos Keller

Bate-Papo Mayhem #048 – 23/07/2020 (quinta) Com Marcos Keller – Servidores, Entidades Astrais, Devas e Deuses.

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as e 5as com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados.

Saiba mais sobre o Projeto Mayhem aqui:

#Batepapo #PlanoAstral

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/servidores-entidades-astrais-devas-e-deuses-marcos-keller

What is the Matrix? – Lionel Snell

Bate-Papo Mayhem 121 – gravado dia 16/12/2020 (Quarta) 12h Marcelo Del Debbio bate papo com Lionel Snell – What is the Matrix?

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

Lionel Snell/Ramsey Dukes – https://ramseydukes.co.uk/

Youtube channel – @Ramsey Dukes

Faça parte do Projeto Mayhem aqui:

Site do Projeto Mayhem – https://projetomayhem.com.br/

Siga a gente no Instagram: https://www.instagram.com/projetomayhem/

Livros de Hermetismo: https://daemoneditora.com.br/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/what-is-the-matrix-lionel-snell

A Missa de Panielo

Com o advento do capitalismo e a preocupação crescente no acúmulo de bens & capital, o inconsciente coletivo da humanidade acabou por resgatar uma das imagens arquetípicas primordiais: Papai Noel.

Papai Noel, como atribuição arquetipica, é visto como um velhinho simpático, que deseja sempre o bem para os seus & retribui este bem, ou seja, as boas ações, com presentes. Deste arquétipo principal derivou-se uma egrégora universal, onde um Papai Noel mundial percorre todo o globo na noite de Natal (25 de dezembro no calendario juliano, data aceita como o dia do nascimento do deus sacrificado do catolicismo) distribuindo presentes para as crianças que se comportaram conforme os padrões morais-éticos estabelecidos na época.

Esta egrégora é alimentada pelos proprio beneficiários, ou seja, as crianças. Milhões de crianças, de varios credos, raças e idades (devido à globalização da economia) unem sua vontade numa grande evocação onde pedem, fervorosamente, que Papai Noel traga, na noite de Natal, o seu presente, a sua paga pelo bom comportamento no decorrer do ano.

Papai Noel, como egrégora, vem sido alimentado há algumas décadas. O ritual da Missa de Papai Noel (PANIELO) tem como objetivo utilizar a imagem de Papai Noel como foco mágico para a concentração da vontade e reflexo das necessidades do conjurador. Sendo assim, o ritual conjura a egrégora e apresenta o desejo que cada conjurador quer ver realizado. A energia dispendida no ritual é acumulada pela egrégora, transmutada e devolvida ao conjurador na forma de seu pedido realizado.

Preparação & Materiais

O ritual deve ser realizado em um ambiente fechado, aconchegante e familiar a todos os participantes. São preferíveis ambientes tipicamente burgueses, como a sala de uma casa de familia “respeitável”, que possua, preferencialmente, uma lareira.

Deve-se encontrar um “pinheiro” (normalmente o topo deste), que caiba dentro da sala. Este pinheiro deve ser enfeitado com bolas de cristal multicoloridas, mini-lâmpadas coloridas que piscam, pequenas imagens com motivos natalinos (i.e. embalagens imitando presentes, trenos, papai-noelzinhos, etc). Não é necessário restringir os bibelôs à arvore, sendo que toda a sala pode ser enfeitada, conforme a vontade dos participantes (mas sempre seguindo a linha de motivos natalinos). A lareira, se existir, deve ser enfeitada com um cuidado especial, e nela devem ser penduradas meias (uma para cada participante).

O enfeite da árvore é de suma importância, visto que serve como um ponto de referência ao Papai Noel, para que ele reconheça a casa onde espera-se sua visita.

Esta preparação material deve ser feita pelo menos uma semana antes da realização do ritual. A sala deve ser mantida, durante essa semana, limpa e em “ordem” (i.e. ordem simétrica). Todos os participantes devem estar presentes durante a preparação da árvore e da sala, e se mostrar dispostos a ajudar na preparação.

A egrégora atual de Papai Noel tem como imagem um homem idoso (70-80 anos), caucasiano, de cabelos brancos bem aparados, uma barba longa (que vai até o meio do peito) branca e plena, bem aparada e limpa. Seu rosto apresenta poucas rugas, sendo mais visíveis quando sorri. Dentes limpos, simétricos e brilhantes. Usa um óculos de aros redondos, de grau imperceptível. Apresenta-se como obeso (120-150 kg), mas de uma forma bem “distribuída” entre os membros do corpo. É ginecomasta e possui um abdômem proeminente. Veste-se com um tecido vermelho acetinado, com as bordas brancas. Calça e camisa compridas, com um grande macacão para proteção contra frio extremo, botas pretas fechadas até o tornozelo, luvas brancas finas e um cinto preto, com uma grande fivela dourada. Utiliza um gorro em forma de cone, do mesmo tecido da roupa, e uma bola de pêlos pende da ponta do cone. Vive em uma parte obscura do Pólo Norte, provavelmente no subterrâneo. Desloca-se com a ajuda de um grande trenó dourado, próprio para neve, puxado por seis renas “mágicas”, que têm a capacidade de voar. Papai Noel traz consigo um grande saco vermelho, onde carrega os presentes que vem entregar.

O ritual deve ser realizado durante a noite, preferencialmente à meia-noite do dia 24 de dezembro. Os conjuradores devem escolher um simbolo qualquer para representar seu pedido, podendo ser um sigilo ou qualquer outro símbolo que contenha a ideia do pedido.

No dia da conjuração os participantes devem se reunir pelo menos uma hora antes do inicio da evocação. Durante essa hora os participantes podem utilizar qualquer tipo de substância que aumente sua percepção ou leve a estados catabólicos. Neste ínterim deve-se refletir ou mesmo comentar com os colegas seu pedido ao Panielo (Papai Noel).


A Conjuração

Na hora marcada, os participantes devem se reunir ao redor da arvore e bradar, em voz alta e com extremo desprendimento, apontando com o símbolo de seu pedido para a árvore, esta conjuração:

Vem turbulento pela noite! Vem!

De PANIELO! Iô PANIELO!

Iô PANIELO! Iô PANIELO! Do mar de além

Vem do Pólo Norte! Vem!

Vem trazer meu presente! Vem!

Sem mais demora! Vem!

Cortando o céu em seu trenó! Vem!

Com as renas cavalgando as nuvens! Vem!

Trazendo meu presente! Vem!

Iô PANIELO! Iô PANIELO!

Com sua barba branca! Vem!

Vem trazer meu presente! Vem!

Eu fui um(a) bom(a) menino(a)! Vem!

Ó PANIELO! Iô PANIELO!

Iô PANIELO! Iô PANIELO! Iô PANIELO!

Deve seguir uma grande gargalhada como a de Papai Noel (Hô! Hô! Hô!). Durante toda a conjuração cada participante deve visualizar um grande trenó cruzando o globo, saindo do Pólo Norte e dirigindo-se para onde o grupo agora se encontra. Dentro do trenó, o conjurador deve visualizar Panielo e seu saco, contendo seu presente.

Logo após a gargalhada, faz-se alguns instantes de silêncio, onde reflete-se novamente sobre o pedido feito ao Panielo. Então cada um dos participantes (um de cada vez) brada, em voz alta, segurando no ar (sobre a cabeça) o símbolo do pedido, esta fórmula:

Sim, Panielo! Eu fui um(a) bom(a) menino(a)!

Traga meu presente que é [falar o pedido], sem mais demora!

Repete-se a gargalhada em coro e faz-se mais alguns instantes de silêncio. Logo após finaliza-se bradando estas palavras:

Está feito!

Panielo ouviu meu clamor!

Satisfez meu desejo!

Agora volte para o Polo Norte, Panielo!

Continuarei a ser um(a) bom(a) menino(a)!

Agora cada participante gargalha livremente, de preferência até a exaustão, com grande desprendimento e entrega.

Conclusão

Dependendo da vontade de cada um, segue-se à conjuração uma grande orgia, ou um grande festim, onde cada participante deve abandonar o simbolo de seu pedido e esquecer completamente o pedido em si.

Se todos os passos do ritual forem realizados com grande devoção e desprendimento, o pedido será realizado.

 

por Leghba Valys 418 em 19980427 e.v.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/a-missa-de-panielo/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/a-missa-de-panielo/

Arte, Magia e os 40 Servidores – Tommie Kelly

IMPORTANTE: Vá em “legendas” e clique OK, depois vá em “configurações” e coloque “traduzir para Português”. O Youtube gerará as legendas automaticamente.

Bate-Papo Mayhem #064 – gravado dia 27/08/2020 (Quinta) 10h AM Marcelo Del Debbio bate papo com Tommie Kelly – Arte, Magia e os 40 Servidores

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as e 5as com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados.

Saiba mais sobre o Projeto Mayhem aqui:

#Batepapo #MagiadoCaos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arte-magia-e-os-40-servidores-tommie-kelly

HermetiCAOS – Tradição, Ciência, Arte e Cultura

PARTE 1: TRADIÇÃO*

Você quer praticar Magia. Quer se tornar um Mago. Tomou a decisão e está determinado.

Ótimo, que bom pra você. Mas e agora? Qual o próximo passo?

Descobrir que diabos é “Magia” e como é que se pratica isso é, logicamente, o caminho a seguir. E daqui a pouco você vai entender por quê. O que interessa agora é que as respostas mais acessíveis — seja em livrarias, seja na internet — vão te levar, conforme aponta o mago inglês Alan Chapman, ao “quase impenetrável transcendentalismo de textos mágicos do início do século XX, o moralismo ambientalista do movimento Pagão moderno, o sentimentalismo ingênuo e popular da Nova Era e o materialismo prático e bobo de alguns autores pós-modernos”. A escolha é difícil. O que existe por detrás das cortinas da realidade que dá fundamento à Magia e se encontra na base de qualquer “Tradição”? E por que elas são tão diferentes entre si? Este é o primeiro de uma série de textos que buscarão responder a essas e outras perguntas.

Antes de mais nada, é preciso esclarecer um ponto: qualquer coisa que se diga a respeito do assunto aqui tratado é, no fim das contas, uma interpretação pessoal. Cada indivíduo vive a partir de uma perspectiva que foi construída nele/por ele/com ele durante toda a sua vida, como um conjunto de suas impressões psíquicas derivadas de experiências vividas. É aquilo que o psicólogo e romancista (e mago) discordiano Robert Anton Wilson chamou de “túnel de realidade”. As experiências com a realidade podem se dar de forma direta ou indireta: quando a porção de realidade experienciada vai além de nossa capacidade de traduzí-la, para nós mesmos, a partir de uma lógica que nos pareça coerente, estamos diante de uma experiência direta; a indireta acontece quando, por conta de paradigmas que adotamos (consciente ou inconscientemente), já experienciamos a realidade a partir de uma leitura, ou explicação, prévia do fenômeno observado, ou seja, antes de obtermos o resultado de nossa experiência, já sabíamos exatamente o que esperar dela.

Pois bem. Ocorre que, mesmo na forma direta, a experiência é interpretada com a linguagem que conhecemos. Parece-me que está além da capacidade humana viver uma experiência sem elaborar uma explicação para ela. Por que isso aconteceu? Como aconteceu? Quais são as condições de possibilidade dessa experiência? Tudo isso vai ser elaborado a posteriori, sempre a partir do jogo de linguagem da pessoa, para usar uma expressão do filósofo Ludwig Wittgenstein. Vamos analisar um exemplo qualquer.

Algo na vida de uma determinada pessoa vai muito mal. Pode ser em qualquer âmbito: financeiro/profissional, sentimental/amoroso, saúde física ou mental, ou sei lá mais o quê. Se a pessoa é cristã — e especialmente se for evangélica –, é bem provável que ela atribuirá a culpa dos seus males ao Diabo ou a alguns de seus demônios enviados à Terra para espalhar o Mal (aquele, com letra maiúscula). Se, entretanto, o indivíduo foi criado dentro da crença espírita (e concorda com ela, veja bem), então será natural que ela atribua a origem de seus males a algum espírito obsessor que se alimenta de seu sofrimento (o famoso “encosto”) e não passa de alguém que morreu, mas se encontra num estado de ignorância sobre sua condição e como melhorá-la, seja, como “evoluir espiritualmente”. Ainda existe a possibilidade, mais complexa e rara, do indivíduo em questão ser um psicólogo junguiano ou transpessoal; se for esse o caso, a chance é a de que ele compreenda as dificuldades que está passando como uma projeção externa de complexos inconscientes que se colocam como obstáculos ao processo de individuação.

Cada um deles pode ter tido a mesma experiência. Entretanto, a interpretam de forma radicalmente diferente. Por que essa volta toda? Para esclarecer que, mesmo em Magia do Caos, as diferentes explicações para os diferentes fenômenos podem variar em abordagem. Mais sobre isso será discutido em textos vindouros. O que interessa aqui é que, no tocante à palavra MAGIA, ela diz respeito, diretamente, a uma determinada tradição sagrada de ensinamentos sobre a Mente e o Universo, típica do Ocidente. Em seu famoso diagrama, Peter Carroll liga os Grandes Mistérios Antigos diretamente ao Xamanismo, supostamente o Pai de toda a Magia. A partir daí, passamos pelas Escolas de Mistérios do Egito, da Babilônia e da Grécia, como os Pitagóricos, Órficos, Elêusis e Essênios. As transformações seguem, com influência do Cristianismo Primitivo (Gnosticismo) e do Sufismo, uma doutrina derivada do Islã.

A partir daí, passa pela Idade Média, através dos Cavaleiros Templários e da Alquimia, escondendo-se nas sociedades secretas rosacruzes e maçônicas, até encontrar Aleister Crowley e Austin Osman Spare.

Essas associações procedem muito mais por uma relação temática do que propriamente com base em evidências históricas (exceto talvez nos documentos secretos das Ordens iniciáticas, acessíveis a poucos — mas isso, por óbvio, é mera especulação). Os conhecimentos do passado parecem nunca haver estado completamente à disposição de todas as pessoas; o poder estabelecido geralmente encontra uma forma de exterminar aqueles que tentem libertar o povo da ignorância, tão necessária ao exercício da dominação das massas. Na Modernidade, com o advento do Estado laico, o problema parece ter mudado: como aprendemos no filme Matrix, as pessoas carregam o Sistema dentro de si e lutarão por ele quando o perceberem ameaçado. As pessoas lutam para se manterem aprisionadas. Assim, os conhecimentos que foram ocultos em sociedades secretas e transmitidos por baixo dos panos para sobreviver aos períodos mais sombrios da civilização, agora estão mais acessíveis que nunca. Só não os alcança quem não quer.

Na essência dos ensinamentos está a compreensão de que nossa realidade é moldada pela nossa mente e, a partir daí, a utilização de fórmulas, símbolos, palavras, rituais, canto, música, meditação, dança e até mesmo substâncias psicoativas para provocar impressões na mente e obter mudanças de acordo com a Vontade. O que muda de uma Tradição para a outra é a escolha de que elementos serão utilizados e de que maneira. O que determina essa escolha? Os fatores variam e têm diferentes graus de complexidade. Os mais simples apontam para uma mera apreciação estética, ou seja, pratica-se a Tradição que se considera mais bonita; os mais complexos sugerem um comprometimento ideológico a partir da dinâmica da crença. Em textos futuros pretendo abordar a questão da crença, sua função e sua disfunção.

No fim das contas, qual a importância de se adotar uma determinada Tradição e como escolher entre elas? Esse é, afinal, o objetivo desse texto. O objetivo de uma Tradição é oferecer um conjunto de associações simbólicas coerentes, testadas ao longo do tempo por determinado grupo de pessoas e, por isso, com condições de oferecer ao praticante um método de alcançar a sabedoria. Não se comprometer com uma Tradição pode significar, em muitos casos, uma vida inteira de doloroso aprendizado no esquema tentativa-erro, sem nunca atingir um bom nível de proficiência em Magia.

Seguem minhas recomendações pessoais para uma boa decisão:

Primeiramente, escolha uma Tradição pela estética. Pode parecer um motivo superficial, mas é fundamental que você veja beleza na sua prática mágica. Isso influencia diretamente no quanto o seu ato mágico é capaz de te impressionar e provocar os efeitos desejados na sua mente. Em segundo lugar, certifique-se que sua relação com a Tradição escolhida não impossibilite que você experimente coisas que não se encaixam necessariamente no paradigma escolhido; ou seja, esteja aberto para a possibilidade de estar errado sobre o que quer que seja. Três: atente-se para a possibilidade de a Tradição te oferecer o devido amparo nos momentos de dificuldade, sem que ela precise te escravizar por isso. Busque conhecer os fundamentos da Tradição ANTES de se comprometer com ela. Se houver liderança do tipo “sacerdotal”, desconfie severamente. A enorme maioria dos sacerdotes busca um séquito de admiradores e bajuladores; preste atenção, por exemplo, à enorme quantidade deles que afirma que você vai se dar muito mal se abandonar aquela Tradição. Não se meta em nenhum grupo que tenta se promover desvalorizando outro.

E, por último, confie sempre na sua intuição e na sua experiência acima de qualquer dogma. O que significa dizer que, se a sua experiência contradiz o dogma da sua Tradição, o melhor a fazer é, geralmente, abandonar a Tradição.

Uma vez que você tenha escolhido, é necessário também fazer alguns apontamentos:

Leve a sério sua escolha; conduzí-la de forma leviana significa desrespeitá-la e desvalorizá-la. Se isso acontecer, ela não poderá fazer mais nada por você. Estude bastante; somente um conhecimento aprofundado te dará a segurança necessária para conduzir um ritual que produza os efeitos desejados. Não desconsidere nenhum requisito da sua Tradição até que entenda perfeitamente seu sentido e propósito; as consequências podem ser nefastas.

No mais, tudo o que você leu aqui eu aprendi com minhas próprias experiências e erros e acertos, com experiências de amigos e conhecidos e, também, com relatos de pessoas em quem eu aprendi a confiar. Nesse último caso, essas pessoas não sabem o quanto sou grato pela disposição que elas tiveram em compartilhar com o mundo (e comigo, por tabela) aquilo que aprenderam. Minha forma de expressar essa gratidão é passar o ensinamento adiante. Por isso, se a Tradição que você escolheu (ou vier a escolher) for a Magia do Caos ou o Hermetismo, apareça por aí toda segunda-feira que vai ter texto novo.

É minha Vontade que minhas palavras levem Luz. Assim seja!

* Essa é a Parte 1 do texto em 4 partes abordando a Magia enquanto Tradição, Ciência, Arte e Cultura. Cada conceito desse, um texto. Mas não sei se eles serão publicados em sequência, porque pode ser que segunda que vem eu escreva sobre outra coisa, se me der na telha.

Publicado originalmente no Blog HermetiCaos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/hermeticaos-tradi%C3%A7%C3%A3o-ci%C3%AAncia-arte-e-cultura

Quebra de Paradigmas na Nutrição

“Que teu alimento seja teu remédio, e teu remédio seja teu alimento”

Hipócrates

É bastante comum que autores de livros sobre espiritualidade deem recomendações nutricionais, além de instruções sobre sono e exercícios físicos (Papus e Franz Bardon são alguns exemplos). Afinal, não somos apenas mente e alma. Além de nutrir o nosso espírito, é igualmente importante nutrirmos nosso corpo físico. Algumas pessoas consideram que a nutrição do corpo espiritual é mais relevante, já que o espírito seria eterno e o corpo seria impermanente. Não vou entrar nesse debate aqui. Por enquanto, basta sabermos que o bem estar do corpo possui uma íntima relação com o bem estar da mente e merece atenção. Nem todos nós somos experientes yogues para passar meses a fio em jejuns e asceses através de meditações e ignorar completamente o que acontece com o nosso corpo. Se você se encaixa nessa categoria, talvez esse post não seja para você.

Creio que a maioria de nós possamos exemplificar o estereótipo do homem ou da mulher da Idade Contemporânea: o dia a dia costuma ser corrido e não há muito tempo sobrando para dar atenção para o corpo. Comidas prontas são mais rápidas e práticas. Exercícios físicos regulares se tornam raros, com algumas experimentações na academia para alguns. Sono? Seis horas por dia já se tornou um luxo. Caso você seja alguém que cozinha suas próprias refeições, que se exercita três vezes por semana e dorme oito horas por dia, será visto por alguns quase como um alienígena. “E ainda tem tempo para lazer? Me diga com quem você fez um pacto, porque eu também quero! Usou o Fotamecus? Ou a Flor de Kairos?” seus amigos te perguntarão, com entusiasmo.

Existem inúmeros benefícios para aqueles que dormem horas suficientes por noite e praticam exercícios físicos regularmente, especialmente os benefícios cerebrais. Nós já estamos cansados de saber que há muitos ganhos em manter hábitos de vida saudáveis. Por um lado, sempre existirão aqueles que dirão: “Sim, eu sei que fumar aumenta em 20 vezes a chance de adquirir câncer de pulmão, mas eu não me importo”. Por outro lado, há aqueles que desejam ter hábitos de vida saudáveis, mas acabam confundidos pela mídia, que fornece informações incompletas e frequentemente contraditórias do que seja, por exemplo, uma alimentação correta. Isso é realmente frustrante para aquela categoria de pessoas que deseja se cuidar.

O que eu falei até aqui não é novidade para a maioria de nós. Agora, vamos ao que realmente interessa: por que as informações sobre nutrição chegaram a esse ponto? Por que até o ensino de nutrição nas universidades não parece fazer sentido? Por que parece que cada médico dá orientações nutricionais diferentes? Por que parece que as pesquisas científicas são contraditórias? Vou começar citando o nome de um cientista fundamental para esse quadro: Ancel Keys. Já já falaremos dele.

Até hoje eu ainda ouço pessoas citando benefícios que vieram com as guerras, como avanços científicos e a invenção do computador. Porém, muitos se esquecem de citar os grandes retrocessos científicos que as guerras geraram. As pesquisas sobre nutrição foram uma das áreas mais afetadas. Para começar, o hábito de fumar e o câncer de pulmão ganharam força com a Primeira Guerra Mundial, pois tal hábito foi adquirido pelos soldados nas trincheiras e levado para as esposas para casa. Nas décadas seguintes, o cigarro era largamente recomendado pelos médicos. Além disso, a Segunda Guerra resultou na morte de muitos cientistas alemães e austríacos. Era exatamente nesses países que as pesquisas sobre nutrição estavam mais avançadas.

A maior parte dos poucos cientistas alemães da área da nutrição que sobreviveram se mudaram para os Estados Unidos. Os americanos não levaram tão a sério as informações dadas pelos alemães, devido à rivalidade ainda existente entre os dois países. Eles desejavam realizar suas próprias pesquisas e é aqui exatamente onde entra Ancel Keys. Em 1955 o presidente americano Dwight D. Eisenhower sofreu um ataque cardíaco. Doenças cardíacas eram uma raridade nas três décadas anteriores e os americanos estavam com medo. Por isso, cientistas americanos como Keys foram pressionados a dar respostas.

O que acontece quando se exige que cientistas deem explicações rápidas para questões complexas? Estudos mal feitos. Ancel Keys conduziu um estudo observacional e epidemiológico em 7 países e relacionou o consumo de gordura saturada com maior risco de ataque cardíaco. Porém, foi um estudo extremamente tendencioso, já que para obter resultados em questões de nutrição estudos observacionais não são suficientes, pois não estabelecem relações de causa e efeito. Para conclusões mais consistentes é necessário realizar experimentos controlados, prospectivos e randomizados, de forma que se possa isolar as variáveis com mais eficácia.

Até o início do século XX, poucos questionaram o conceito de tempo absoluto de Newton, pois ele tinha muita influência. Ancel Keys também foi muito influente em sua época. Sua hipótese de que a gordura saturada tinha relação com doenças cardiovasculares virou quase um dogma. Essa foi a capa da revista Time em 1984:

Mas será que essa ideia faz sentido? Para responder isso, vamos voltar no tempo.

O ser humano viveu mais de 99,5% de sua existência no período Paleolítico. Isso significa que estamos evolutivamente adaptados para consumir alimentos que estavam disponíveis na natureza. E o que se comia naquela época? Éramos caçadores-coletores. Ou seja: caçávamos animais selvagens e coletávamos plantas.

Por isso, o corpo humano está fisiologicamente adaptado para digerir carnes de diversos animais e muitos tipos de vegetais. Certos tipos de frutos são sazonais: só encontrados em épocas específicas. Hoje em dia muitas frutas foram selecionadas para serem mais doces do que eram na natureza. Para mais detalhes a respeito, sugiro o livro “Armas, Germes e Aço” de Jared Diamond. Somente com o período Neolítico houve o advento da agricultura. Isso corresponde a menos de 1% da existência humana. Por isso ainda não deu tempo, evolutivamente falando, para nosso corpo se adaptar a aproveitar bem a maior parte dos grãos (carboidratos como trigo, arroz, milho, etc) que atualmente são consumidos em grandes quantidades.

Vamos falar do aspecto bioquímico. Existem diversas rotas metabólicas que produzem energia para o corpo. É totalmente possível tirar energia a partir da oxidação de aminoácidos e ácidos graxos. Isso significa que o consumo de proteínas e especialmente gorduras naturais pode suprir a maior parte da necessidade do corpo.

Pela gliconeogênese, podemos produzir glicose a partir de compostos diferentes de açúcares. Não é necessário consumir quantias enormes de carboidratos, como sugere a velha pirâmide alimentar, que os coloca em sua base. Para muitas pessoas, é suficiente consumir os carboidratos e fibras provenientes dos vegetais folhosos e de baixo amido.

É comum que se confunda a cetose com a cetoacidose. Cetose é um estado natural do nosso metabolismo, que ocorre quando o fígado transforma as gorduras em corpos cetônicos. Entramos em cetose no jejum ou quando reduzimos o consumo de cardoibratos. Nessa condição, pode-se queimar os depósitos de gordura do corpo e convertê-los em energia. Cetoacidose é uma condição patológica, sem relação direta com o processo natural da cetose.

Nos últimos anos, o jornalista Gary Taubes revolucionou a nossa percepção sobre nutrição, resgatando conceitos antigos que foram perdidos no pós-guerra. Com seus livros “Good Calories, Bad Calories” e “Por que Engordamos?” ele apresenta uma nova forma de interpretar disfunções metabólicas: comemos mais por estarmos engordando e não o contrário.

Quando nós consumimos carboidratos há um pico de glicose no sangue, seguido de uma diminuição, devido à ação da insulina. Assim, ficamos com fome pouco tempo depois de uma refeição. A solução seria eliminar os alimentos que elevam a insulina. Ou seja, açúcar e carboidratos de alto índice glicêmico. Quando comemos alimentos ricos em proteínas e gorduras (como carnes e ovos), a insulina do nosso corpo praticamente não se eleva, o que nos gera sensação de saciedade. Somente quando não há picos de insulina, o corpo pode queimar os depósitos de gordura com eficácia, gerando a perda de peso.

A proposta de Gary Taubes é questionar o que ele chama de paradigma ou hipótese do “balanço calórico”, da “alimentação excessiva” ou do “equilíbrio energético”. Acredito que a maioria de nós aplique as leis da termodinâmica na nutrição, o que, segundo o autor, seria um equívoco. Acreditamos que ao comermos demais engordamos e ao comermos pouco emagrecemos. Nós simplesmente atribuímos uma alimentação excessiva ao ganho de peso, quando no fundo o que geraria isso seria uma má alimentação (má nutrição).

O crescimento do tecido adiposo é controlado por hormônios. O que ocorre no aumento de peso é um desequilíbrio hormonal e não calórico. A insulina é um dos hormônios mais importantes que regula o ganho ou perda de peso. Com a ingestão de alimentos ricos em carboidratos de fácil digestão (especialmente bebidas açucaradas), a secreção de insulina pelo pâncreas aumenta, para tirar o excesso de açúcar do sangue e levar para as células, já que muito açúcar no sangue é extremamente tóxico. Enquanto isso, nossa gordura não é queimada, ou é queimada em ritmo mais lento. Porém, se comemos mais gorduras (não a gordura trans de produtos industrializados, mas a gordura natural dos alimentos) o tecido adiposo do nosso corpo é usado como fonte de energia e emagrecemos.

Com o tempo, os receptores de insulina das células podem começar a falhar. Ficamos resistentes à insulina e isso causa diabetes tipo 2. Alguns pesquisadores já estão começando a chamar o Alzheimer de diabetes tipo 3, que seria a resistência à insulina das células cerebrais. Quando envelhecemos temos tendência a engordar porque a produção de hormônios sofre alterações (na menopausa na mulher, há diminuição da produção de estrógenos) e porque, após décadas de consumo excessivo de carboidratos, nossos músculos são os primeiros a adquirir resistência à insulina, o que faz com que nosso sistema digestivo trabalhe com menor eficácia.

Um dos maiores equívocos no estudo da nutrição hoje é considerar a obesidade como um problema quase que exclusivamente comportamental: uma doença psiquiátrica em vez de um distúrbio metabólico. É o que Taubes chama de “o pecado original da ortodoxia médica”: engordar não é o resultado de preguiça e gula; não se trata de um fracasso moral! Isso porque há fatores fisiológicos muito mais relevantes no processo de ganho de peso do que fatores psicológicos.

Os médicos, a mídia, as pessoas ao nosso redor: parece que todos querem nos fazer acreditar que o excesso de peso é causado por estados mentais e curados por mera força de vontade. Como se fosse fruto de autoindulgência e ignorância! “Apenas faça um esforço, coma menos e faça mais exercícios físicos” é a recomendação de praxe. Contudo, essa recomendação é uma análise superficial e não trata a raiz do problema.

Temos apenas a impressão de que a solução para emagrecer é comer menos. Na prática, comer menos só emagrece porque ao reduzir o consumo de todos os tipos de alimentos, automaticamente também estamos reduzindo o consumo de carboidratos.

Porém, fazendo isso passamos fome, ficamos cansados e indispostos. Quando fazemos atividade física, nossa fome aumenta ainda mais, porque o corpo envia um alerta para repormos a energia perdida. Então fazer atividade física, embora tenha inúmeros benefícios (beneficia as atividades cerebrais, corrige postura, gera ganho de massa muscular, dá flexibilidade, força, maior concentração, disciplina, etc) não é o fator crucial do emagrecimento. Na maior parte dos casos, mesmo quem consegue emagrecer temporariamente comendo menos e se exercitando, depois engorda de novo ao longo dos meses ou anos.

Todos sabemos que para manter o peso constante é preciso mudar a alimentação definitivamente, não se privar de comida temporariamente. No livro “Por que Engordamos?” Gary Taubes dá um ótimo exemplo: se quisermos abrir o apetite para uma farta refeição, nós provavelmente iremos fazer atividades físicas para gastar energia, além de ficar em jejum. Então seria paradoxal se as mesmas recomendações que nos dão mais fome também nos fizessem emagrecer.

Outros exemplos do livro: quando uma criança ou adolescente está em fase de crescimento, geralmente dizemos: “ele está com fome porque está crescendo”, porque o hormônio de crescimento está atuando. Não dizemos “ele está comendo mais e por isso está crescendo”. Como a regulação da gordura também é hormonal, não faria sentido dizer que comer mais é o que nos faz engordar. Na verdade, como foi dito antes, comemos mais porque o nosso hormônio insulina está ativo: isso nos faz engordar e comemos mais como consequência. Nós fazemos uma inversão de causa e efeito ao empregar o raciocínio oposto.

Comer menos não seria a forma de diminuir a atuação do hormônio insulina, mas comer somente menos carboidratos. O consumo de gorduras naturais (banha de porco, manteiga, óleo de coco, etc) na verdade auxilia o emagrecimento. Engraçado que não dizemos para um fumante “se exercitar mais” para evitar câncer de pulmão, mas somente dizemos para que largue o cigarro. Da mesma forma, deveríamos dizer para alguém que quer emagrecer diminuir os carboidratos na dieta, e não recomendar atividades físicas. Exercitar-se pode beneficiar a todos (fumantes, obesos, etc), mas não tem relação direta com câncer de pulmão ou obesidade.

Como sabemos, a obesidade está relacionada ao maior risco para a maior parte das doenças crônicas (diabetes, câncer, doenças cardiovasculares, etc). Porém, quem é magro não está livre de ter essas doenças. Mesmo que uma pessoa magra não tenha muita gordura subcutânea, ela pode ter gordura visceral (a gordura que fica entre os órgãos) e essa é a mais perigosa.

Se analisarmos a constituição de nosso corpo, perceberemos que a membrana das nossas células, nosso cérebro e muitos outros órgãos (como coração e rins) são constituídos por gordura. Mais da metade da composição do leite materno é gordura, sendo considerado um dos alimentos mais completos e saudáveis para o bebê, que favorece o crescimento e desenvolvimento cerebral. Sendo assim, é questionável que hoje em dia se recomende o consumo de leite desnatado, pois contém mais açúcar (lactose), enquanto o integral tem mais gorduras e favorece o emagrecimento, pois eleva menos a insulina e dá mais saciedade. Existem ácidos graxos essenciais (que devem ser obtidos pela alimentação) e aminoácidos essenciais, mas não existem carboidratos essenciais.

Antigamente, doenças cardiovasculares, diabetes e muitos tipos de câncer eram relativamente raros. Essa epidemia de obesidade e de diversas doenças crônicas é bastante recente e explodiu nas últimas décadas. Não por acaso, desde as recomendações nutricionais para evitar a gordura natural dos alimentos e para aumentar o consumo dos supostos “grãos integrais saudáveis”.

O médico cardiologista William Davis em seu livro “Barriga de Trigo” deixa claro que o consumo de duas fatias de pão integral aumenta mais a taxa de glicose no sangue do que duas colheres de sopa de açúcar branco. Dentre os incontáveis males causados pelo trigo, Davis cita não somente diabetes e doença celíaca, mas também doenças cardiovasculares e câncer, passando por muitas outras doenças pelo caminho. O autor é bem direto e escreve: “Trigo causa câncer”.

Antes dos anos 20, o câncer de pulmão era uma enfermidade tão rara que quando havia um caso desses todos os médicos queriam olhar. Quando houve um enorme aumento nos casos de câncer de pulmão nas décadas seguintes, ninguém sabia o que o causava, pois quase todos fumavam (de forma análoga, hoje quase todos comemos carboidratos em excesso e por isso não associamos seu consumo a muitas doenças). Alguns achavam que era o ar poluído das cidades, dentre outras hipóteses, mas ninguém nunca mencionava o fumo. Foi preciso décadas de estudo para se descobrir a relação entre cigarro e câncer de pulmão. E muito tempo depois de as pesquisas mostrarem isso claramente, a comunidade científica ainda estava cética.

Os fabricantes de cigarro não queriam perder os clientes e colocavam nas propagandas que “não há estudos conclusivos que indiquem a relação de cigarro com câncer de pulmão”, ou diziam que muitos outros fatores estão envolvidos, etc. É bem parecido com o que se diz hoje sobre açúcar e carboidratos. Se diz que não há estudos conclusivos e que muitos outros fatores causam câncer.

Claro, o câncer não é uma doença só, são várias, então cada câncer possui diferentes fatores de risco, alguns pesando mais e outros menos. Mas de forma geral, o açúcar é um dos fatores mais perigosos. Há muitos relatos de pacientes com câncer que observaram uma melhora significativa após retirar o açúcar e os carboidratos da dieta.

Porém, ainda são necessários mais experimentos prospectivos e randomizados para que se descubra a relação exata da redução de carboidratos com a regressão de diversos tipos de câncer, incluindo um estudo das diferentes rotas metabólicas bioquímicas envolvidas. Nossas células saudáveis podem usar tanto glicose quanto corpos cetônicos como fonte de energia. No entanto, há evidências de que as células cancerosas utilizam apenas glicose.

Recentemente muito tem se falado sobre o uso da fosfoetanolamina para tratamento de câncer. Ela é uma amina envolvida na síntese de lipídeos. É produzida em nosso corpo e forma as membranas celulares, que são constituídas por uma bicamada lipídica. Seguindo o raciocínio apresentado ao longo do texto, uma possível conclusão seria que o uso da fosfoetanolamina sintética supriria, em parte, a falta de gordura em nossa alimentação, o que pode gerar benefícios na resposta imune de nosso corpo. A propósito, alguns dos procedimentos recentes mais revolucionários para tratamento de diversos tipos de cânceres têm sido através de imunoterapias: incentivar a resposta imune de nosso corpo. E nós sabemos uma maneira muito eficaz de aumentar nossa imunidade: através do consumo de alimentos com alta densidade nutricional, o que inclui gorduras.

Porém, aqui vai uma ressalva: não sou especialista em câncer, então eu recomendo o livro “O Imperador de Todos os Males: Uma Biografia do Câncer” de Siddhartha Mukherjee para uma maior compreensão do assunto (esse ano foi feito um excelente documentário sobre o livro), especialmente para saber mais sobre a história do câncer de pulmão e os diferentes métodos de tratamento já tentados para o câncer: dos mais antigos aos mais recentes. Doenças crônicas como o câncer são multifatoriais, então seria precipitado pensar que um dia existirá um panaceia mágica que irá curar todos os tipos de doenças.

No entanto, é verdade que existem alguns procedimentos mais eficazes que outros, embora alguns deles também possam variar de pessoa para pessoa, já que tanto fatores genéticos quanto ambientais estão em jogo. Conforme comentado no livro “Epigenética” de Richard C. Francis, a influência do meio ambiente sobre os genes não é algo estático e sim dinâmico. Nós temos um controle sobre os nossos genes muito maior do que imaginamos. A nossa propensão genética de ter ou não uma doença não é o fator crucial que determina nosso destino. Na verdade, para muitos tipos de enfermidades é justamente o contrário: dependendo da nossa alimentação, podemos evitar muitas doenças que parentes próximos já tiveram. Até mesmo algumas doenças com as quais os bebês já nascem ou que são adquiridas na infância podem ser evitadas dependendo da alimentação da mãe durante a gravidez ou do consumo de açúcar ou carboidratos na primeira infância (como é o caso do diabetes tipo 1).

E sobre a relação de consumo de gordura de carnes e ovos com doenças cardiovasculares? Basta olharmos a capa da revista Time do ano passado para concluirmos que houve uma mudança em relação à reportagem de 1984:

Contudo, é preciso tomar muito cuidado com reportagens de revistas sobre alimentação. Muitas vezes são feitos estudos observacionais (que estabelecem somente correlações e não causa e efeito) ou estudos com ratos, e as capas de revistas já estampam títulos duvidosos.

Assim como no passado se questionou a relação de causa e efeito do cigarro com o câncer de pulmão, atualmente muitos estão enfrentando resistência a aceitar a influência do consumo de açúcares e carboidratos com a maior parte das doenças crônicas.

Geralmente nos mostram aquelas imagens de um vaso sanguíneo sendo entupido por uma placa de gordura (aterosclerose) e dizem que o que causou a placa de gordura foi a gordura de carnes, quando na verdade os culpados foram os carboidratos (pão, massas, arroz, açúcares). Se a gordura de carnes realmente fosse responsável por doenças cardiovasculares, veríamos muitos animais na natureza com problemas de coração, o que não se verifica, sendo que eles comem os animais inteiros, incluindo pele e órgãos. Quem tem câncer são nossos animais domésticos que comem rações cheias de carboidratos em vez de carne. Na verdade, é observado que em diversos povos caçadores-coletores (incluindo os esquimós, que possuem mais de 90% da alimentação de origem animal) eram praticamente inexistentes doenças como câncer, aterosclerose e diabetes antes do contato com os alimentos ocidentais.

Muitas pessoas têm medo de possuir colesterol elevado, quando sabemos que o HDL é extremamente benéfico. Já o LDL se divide em dois tipos: há as partículas pequenas e densas, que são prejudiciais (advindas da metabolização dos carboidratos) e as partículas grandes e leves que são benéficas (vindas da gordura natural dos alimentos). A formação da aterosclerose começa com uma inflamação. Há evidências de que os grãos, açúcares e gorduras trans (gordura vegetal hidrogenada, como as margarinas) são inflamatórios e baixam a imunidade.

Um dos exames de sangue mais importantes para saber como anda sua saúde é a análise da glicemia e da insulina. Porém, para se ter um marcador ainda mais confiável do que a glicose em jejum, um dos exames mais indicados é a hemoglobina glicada (HbA1C). No livro “A Dieta da Mente” de David Perlmutter, é sugerido que o valor ideal deve estar entre 5 e 5,5. Um valor da insulina acima de 5 significa que o pâncreas está sobrecarregado e que o nível de açúcar no sangue não está sob controle.

E por que hoje em dia há tantas pessoas com falta de vitamina D? Em primeiro lugar, há a resposta que já sabemos: pelo medo do câncer de pele, evitamos tomar Sol. Porém, também há outra explicação: a vitamina D (que alguns consideram ser um hormônio ou esteroide), que atualmente também é usada para o tratamento de doenças autoimunes como a esclerose múltipla, é lipossolúvel (assim como as vitaminas A, E e K): ou seja, ela é solúvel em gorduras. Como hoje em dia se evita gorduras na alimentação devido a todas essas recomendações nutricionais sem base científica adequada, a vitamina D acaba não sendo absorvida e utilizada corretamente pelo nosso organismo. O colesterol presente na pele precisa ser exposto aos raios ultravioletas do Sol para haver a produção de vitamina D pelo corpo. A fórmula química do colesterol e da vitamina D são quase indistinguíveis.

Sobre vegetarianismo: não vou entrar nas discussões éticas e econômicas envolvendo o tema. Apenas irei ressaltar que é totalmente possível seguir um estilo de alimentação Low-Carb (ou seja, com baixos carboidratos) e ser vegetariano. A foto no topo da postagem é um exemplo. Ser vegano já é mais difícil, mas também é possível.

Eu ainda teria muitas coisas a dizer sobre esse assunto, mas acho melhor finalizar por aqui.

Finalmente, vale a pena ressaltar que ainda há muito a ser descoberto no campo da nutrição. Os atuais microscópios (incluindo o eletrônico) não são potentes o suficiente para observarmos de perto o funcionamento de uma célula. Muito do que sabemos ainda são hipóteses. Como será que a insulina age realmente e de que forma os carboidratos atuam no nosso corpo? Nós só conseguimos observar os resultados aqui fora e desenvolver hipóteses sobre o funcionamento de tais mecanismos. No futuro é possível que saibamos mais, que se deixe de lado conceitos atuais, se criem novos e se resgate os antigos.

Aqui vão dicas rápidas sobre recomendações nutricionais que funcionam bem, tanto para perda de peso como para melhorar a saúde: o consumo de carnes, ovos e vegetais folhosos e de baixo amido pode ser feito sem restrições (evitando carnes embutidas, que podem ter adição de amido ou açúcar). Alimentos de baixo índice glicêmico a ser consumidos com moderação: morangos e outras “berries”, coco, abacate, queijo amarelo e manteiga. Alimentos a serem evitados: carboidratos como trigo, milho, arroz, etc. Lembre-se que na hora de consultar o rótulo de um alimento é mais importante saber a quantidade de carboidratos do que as calorias. Para mais recomendações de alimentos e seus respectivos índices glicêmicos, sugiro consultar o livro “A Dieta dos Nossos Ancestrais” de Caio Augusto Fleury.

Esse é um post meramente informativo que expressa a minha opinião e a minha interpretação da opinião de autores dos livros citados que li. Realize alterações em sua dieta de forma gradual (já que alterações alimentares resultam em mudança na microbiota intestinal) e somente com a aprovação e orientação de seu médico e/ou nutricionista, especialmente se você possui alguma doença e toma medicação, pois as recomendações alimentares podem mudar de acordo com a pessoa e com as condições patológicas apresentadas.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/quebra-de-paradigmas-na-nutri%C3%A7%C3%A3o