Arquitetura

A Arquitetura, ligada à arte da construção, nasce simultaneamente como uma necessidade material e uma necessidade espiritual. Como necessidade material, foi imperioso, num determinado momento da história, pôr-se a coberto e abrigado das intempéries meteorológicas e de toda classe de perigos e condições adversas. E como necessidade espiritual, porque toda edificação, quaisquer fossem os materiais e os modelos arquitetônicos utilizados, tinha e tem uma significação unida ao culto religioso e sagrado. Um exemplo deste é o próprio Templo ou Santuário, do qual já falamos, ainda que também estava, e está presente aonde ainda se conserva uma cultura tradicional, na própria moradia, na qual destaca o lar ou fogo central análogo ao Altar. Em ambos os casos a arte da construção se baseia na contemplação de um gesto divino primordial: a Criação do Mundo. O Cosmo físico, criação do divino Arquiteto, proporcionava ao arquiteto humano o modelo de sua própria morada. Céu e Terra constituem a parte superior e inferior do edifício. Neste sentido, sendo a realidade concreta do Cosmo uma manifestação dos mundos invisíveis, a construção da casa familiar e cultual deve cumprir uma função similar, ou seja, servir de recipiente e suporte às energias criadoras do Universo, plasmando-as na configuração de seu traçado e em cada uma de suas partes e elementos. E já vimos que essas energias se expressam simbolicamente por meio de módulos numéricos e geométricos, estreita e harmonicamente vinculados entre si. Catedrais e mosteiros, por exemplo, são verdadeiros compêndios da vida universal, onde estão representados na pedra os diversos reinos da natureza, do mundo intermediário, e do mundo espiritual ou angélico, em suma, o “Livro do Universo”. Por isso os Mestres arquitetos e os operários a suas ordens, divididos em diversos graus, tivessem um conhecimento perfeito da Metafísica, a ontologia, a cosmologia e as ciências naturais. As próprias ferramentas e elementos utilizados para a edificação são simbólicos, além de práticos, e entre eles merecem ser destacados o compasso, o esquadro, o nível, o prumo, a régua, a colher de pedreiro, o martelo e o cinzel.

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A Montanha e a Caverna

A montanha, junto com a pedra (forma reduzida desta) e a árvore, com que se encontra associada, é um símbolo natural do “Eixo do Mundo”. Por ser na realidade uma elevação ou protuberância da terra, a estrutura imaginal do homem sagrado vê na montanha um símbolo da sua própria natureza, que aspira verticalmente para o superior ou celeste. Em geral todas as montanhas têm esse significado, mas existem algumas que, devido a certas correspondências espaciais relacionadas com a topografia sagrada estão “carregadas” de influxos espirituais. Estas são as denominadas “Montanhas Santas” ou “sagradas”, morada de entidades espirituais. Por isso, muitos templos e santuários (como é o caso, por exemplo, do Partenon grego) foram construídos nos cumes de determinadas montanhas, ou seja, ali onde a Terra parece tocar o Céu.

Assim a montanha, quanto a sua estrutura, é um arquétipo do templo, o que é especialmente visível nas pirâmides egípcias e pré-colombianas e nos zigurates babilônicos. Relacionado com isto, é significativo o fato de que Dante, na Divina Comédia, situe ao Paraíso Terrenal, ou Jardim do Éden (do qual todo templo é uma imagem simbólica), no cume de uma montanha, que é a “Montanha Polar”, “Celeste” ou “Mítica”, comum a muitos povos tradicionais, como é o caso do monte Meru entre os hindus, o Alborj entre os antigos persas, o Sinai e Moriah entre os hebreus, a montanha Qaf entre os árabes, ou o morro Urulu (ou ¨Ayers Rock¨) entre os aborígines australianos, etc. A vinculação da montanha com o Paraíso nos sugere seu caráter primordial, pois este, ou seu equivalente em qualquer tradição, é considerado como o começo ou origem mítica da humanidade (a “Idade de Ouro”), quando todos os homens sem exceção participavam do Conhecimento e da Verdade. O Paraíso era também a residência da Grande Tradição Universal, conservadora da doutrina e da sabedoria perene, e toda montanha sagrada, como o Éden, é o símbolo do Centro do Mundo. Mas a partir de certa época, e devido às condições cíclicas adversas, o Conhecimento deixou de pertencer à totalidade dos homens, ficando em posse tão só de umas minorias que, para o salvaguardar e o manter através dos tempos, criaram as culturas tradicionais, conformadas pelos ritos e símbolos sagrados. O Conhecimento se repregou no interior de si mesmo, no coração da montanha, ou seja, na caverna, um lugar que por sua situação está oculto e protegido.

Por tal motivo o mundo “supra-terrestre” gerou, em certo modo, o “mundo subterrâneo”. Fez-se invisível. Ocultou-se, mas não desapareceu. A vacuidade escura da caverna substituiu à luminosidade da cúspide da montanha. A Verdade, que nos primeiros tempos era espalhada aos quatro ventos e estava na boca de todos, converteu-se num segredo só percebido no mais interno. A caverna (como o ovo) é também um símbolo do Cosmo, um “Centro do Mundo” igualmente à montanha. Porém, assim como nesta [a Verdade] se manifesta em todo seu desenvolvimento e amplitude, à vista de todos, na caverna, o Centro se mantém invisível, virtual e potencial. O templo é igualmente uma caverna, ainda que esta se encontra mais bem representada pela cripta, situada em muitas catedrais debaixo do Altar, ou seja, sobre o mesmo eixo perpendicular que parte da “chave de abóbada”, ou seja, da sumidade. Na caverna sagrada se produzem as hierofanias e se celebram os mistérios da Iniciação, o mesmo que as “revelações” e “aparições” da divindade. Lembremos que Jesus Cristo nasce num estábulo, equivalente da caverna. Por outro lado, o mesmo esquema simbólico tradicional para representar a caverna é idêntico ao do coração e ao da copa, ou seja, um triângulo eqüilátero com o vértice para baixo, dando a imagem de um recipiente que recolhe os eflúvios espirituais. O símbolo geométrico da montanha é por sua vez um triângulo, mas com o vértice para cima.

Existe aqui uma aplicação deste símbolo, que completa o que se disse até agora, e é que como a caverna está no interior da montanha, podemos ver que a reunião de ambos conforma o símbolo já conhecido do “Selo de Salomão” ou “Estrela de David”. Este é, como já sabemos, o símbolo da analogia, que faz que o de baixo seja complementar com o de cima e vice-versa. Portanto o triângulo invertido é um reflexo do outro, exatamente igual que o microcosmo é um reflexo do macrocosmo, ou que a realidade relativa do manifestado é um reflexo da Realidade Absoluta do imanifestado.

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A Coroa

Numa primeira leitura, a coroa simboliza as virtudes mais elevadas que existem no homem, eis o motivo de cingi-la sobre a cabeça, a “cúspide” do microcosmo humano, isto é, naquela parte do mesmo que se corresponde com o Céu, cuja forma circular a coroa reproduz. Mas, precisamente por isso, a coroa também expressa o que está por “cima” ou “além” do Cosmo e do homem: a realidade do divino e do transcendente. Poder-se-ia dizer que no significado da coroa coincidem, pois, as qualidades mais nobres e superiores do ser humano e, ao mesmo tempo, aquilo que as transcende por constituir o arquétipo das mesmas. No caminho do Conhecimento, ou via iniciática, ditas qualidades se vão desenvolvendo depois de um longo processo de transmutação alquímica, durante o qual o aspirante a ele vai tomando gradualmente consciência da sacralidade de sua existência, ou de sua realidade no universal, até se identificar plenamente com esta.

Essa identificação se visualiza muitas vezes como a “conquista” de um estado espiritual (ou supra-individual), que é o que, efetivamente, “coroa” a realização de dito processo, ou seja, “legitima-o” (ou o faz verdadeiro e certo, que é o que esta palavra significa realmente), investindo a quem o complementa de uma autoridade que emana diretamente do próprio poder de Deus, o Rei Supremo, ou Rei do Mundo. Este é o sentido que tinham na Antigüidade os ritos de coroamento dos reis, os chefes de um povo ou de uma comunidade tradicional, que eram tais porque antes tinham chegado a ser os reis e chefes de si mesmos, governando de acordo com a Vontade do Céu, à qual representavam ante seus súditos. O verdadeiro coroamento (que é uma “consagração” ou assunção plena do sagrado) ocorre no mais secreto, no coração, onde se estabelece a “aliança” que sela a união com a Deidade, sendo então a coroa um signo externo e distintivo que confirma a posse da autêntica realeza interior.

Por outro lado, não podemos deixar de mencionar as estreitas vinculações que se dão entre a coroa e os cornos, os quais também se cingiam sobre a cabeça, e simbolizam exatamente o mesmo que aquela. Os cornos são um atributo da potência do Espírito que “desce” à natureza do homem, ao qual fecunda e transfigura integrando-o na entidade superior, que é seu verdadeiro Si Mesmo. Igualmente, é evidente a relação que existe entre os cornos e o raio, e desta forma com o relâmpago, e recordaremos, a este respeito, que as coroas mais antigas estavam enfeitadas de pontas que se assemelhavam aos raios luminosos. O mesmo poderia se dizer da coroa de espinhos que portava o Cristo Rei durante sua Paixão. Com tudo isso, busca-se destacar o aspecto solar destes símbolos, que também aparece na coroa de louros (símbolo eminentemente solar) levada pelos imperadores romanos e com a qual eram coroados os heróis, mas sem esquecer que dito aspecto se complementa com o simbolismo polar, que é o mais primordial.

Efetivamente, ambas as palavras, coroa e cornos, procedem de idêntica raiz lingüística, KRN, a mesma de Kronos, ou Cronos, que é o nome grego de Saturno, a mais alta e elevada das esferas planetárias e considerado como o rei da Idade de Ouro. Também a achamos em Karneíos, que era um dos nomes que recebia entre os gregos o Apolo hiperbóreo (Apollón Karneíos), o deus do “alto lugar” (Karn), sendo esse lugar a própria cúspide da Montanha sagrada do Pólo (o Eixo do Mundo), sede da Tradição e da humanidade primigênia. Aparece deste modo na palavra crânio, que é, efetivamente, a parte mais elevada da coluna –ou eixo– vertebral. Sendo o crânio um símbolo da abóbada celeste, seu extremo superior equivaleria então à Estrela polar, chamada o “ápice” do Céu porque ela “coroa” todo nosso universo visível, e além disso é considerada em todas as tradições como o lugar por onde simbolicamente se acede aos estados superiores do ser, essencialmente supra-cósmicos e metafísicos. Recordemos, neste sentido, que Kether, a Unidade, significa precisamente a “Coroa”, cingida pelo Adam Kadmon ou “Homem Universal”.

Esta idéia do supra-cósmico é a que representa também o Sahasrâra chakra na tradição indiana e budista. Todo este simbolismo polar e axial convém perfeitamente ao da diadema papal (de origem muito remota), que é uma coroa de três andares sobrepostos, e cuja parte superior aparece arrematada por uma cruz, outra figura do Eixo do Mundo (ver por exemplo o arcano V do Tarô). Se a coroa propriamente dita é o símbolo da autoridade temporal exercida pelo rei (o guerreiro), a diadema simboliza a autoridade espiritual assumida pelo sumo pontífice ou sacerdote, que na Antigüidade tradicional ocupava a cúspide da hierarquia iniciática, exercendo sua função sobre os três mundos, ou seja, sobre o conjunto da Existência manifestada, tal qual o Deus Hermes Trismegisto. Ele era, é, a ponte ou eixo que comunica a Terra com o Céu, e o Céu com a Terra, o que transmite as bênçãos ou as influências espirituais e o que possui íntegros a Doutrina e o Ensino tradicional. Isto explicaria o porquê de, durante a Idade Média ocidental, os reis serem coroados pela autoridade espiritual, reconhecendo-se assim a superioridade do metafísico sobre o temporal, do divino sobre o humano.

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Hermes na Alquimia

Referir-nos-emos agora a Hermes, deidade chave na tradição egípcia, grega e romana. Thot, o Hermes egípcio, que na Alexandria é conhecido como Hermes Trismegisto, ou seja, o possuidor das três quartas partes da sabedoria universal, é identificado igualmente com o Hermes grego e com o Mercúrio romano. Sempre se considerou este deus como uma imagem da transmissão, e a isso se deve que os atributos com os quais é identificado, capacetes e sandálias aladas, estejam relacionados com o vento. Uma de suas características é a rapidez de seu deslocamento, o que na Alquimia pode ser observado, de forma análoga, quanto ao metal do mesmo nome, que conhecemos como Mercúrio em sua versão latina.

Bem se diz que Hermes é eterno, seja este ou aquele o nome que lhe dispensaram os distintos povos. Unanimemente é transmissor de ensinos e segredos, chame-se Thot, Enoch, Elias ou Mercúrio, como já dissemos. Sua revelação pelo batismo da inteligência se produz naqueles que encararam sem preconceitos nem muletas o Conhecimento e se filiam intelectualmente a seu patrocínio; sua invocação, a concentração e a aplicação dos distintos métodos de sua ciência estabelecem uma comunicação direta com esta altíssima entidade, que se manifesta internamente em qualquer grau nas individualidades dispostas a isso. Como se sabe, esta deidade se manifestou –e o segue fazendo– na história do Ocidente por meio da Tradição Hermética e das disciplinas que a conformam.

Espírito protetor dos viajantes, dos comerciantes e peregrinos, sua influência se faz sentir como a própria energia que nos transmite as mensagens mais rápidas e ligeiras no caminho iniciático. Seu poder é tal que sem ele nada seria, já que, como iniciador nos mistérios da vida e do Cosmo, suas vibrações protetoras –e também dissolventes– atuam como um catalisador dos efeitos da viagem do Conhecimento. Mercúrio é sutil e ligeiro, mas ao mesmo tempo leva em sua mão a vara do caduceu, símbolo do eixo e das duas correntes que se enroscam simultaneamente nele. Sua missão é específica e nos aguarda em todas as encruzilhadas de nossos caminhos. Seu pensamento é sábio e revelador, como bem o atesta o Corpus Hermeticum, um dos documentos mais excelsos da Antigüidade, emanado da Alexandria nos primeiros tempos do cristianismo, e do qual queremos extrair este texto:

“Já que o Demiurgo criou o mundo inteiro, não com as mãos, senão pela palavra, concebe-lhe, pois, como sempre presente e existente, e tendo feito tudo e sendo Um Só, e como tendo formado, por sua própria vontade, os seres, porque, verdadeiramente, é este seu corpo, que não se pode tocar, nem ver, nem medir, que não possui dimensão alguma, que não se parece a nenhum outro corpo. Já que não é nem fogo, nem água, nem ar, nem alento, mas todas as coisas provêm dele. Agora bem, como é bom, não quis dedicar-se esta oferenda só a si mesmo nem enfeitar a terra só para ele, senão que enviou aqui para baixo, como ornamento deste corpo divino, o homem, vivente mortal, ornamento do vivente imortal.”

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Macrocosmos e Microcosmos

Divisão dos 4 planos da Árvore de Vida em correspondência com outras linguagens simbólicas presentes em textos sagrados hebreus:

Os termos hebreus Arik Anpin e Zeir Anpin –Macroprosopos e Microprosopos–, em grego querem dizer, respectivamente, “Face Maior” e “Face Menor”. Estes se encontram separados por um fosso imenso chamado o Abismo (Tehom). Entre eles se costuma situar a sefirah “invisível”, ou não-sefirah, Daath, Conhecimento. Efetivamente, na Árvore da Vida, Daath está no pilar do meio, justo entre Hokhmah (Sabedoria) e Binah (Inteligência), pois se diz que ela surge da união ou combinação destas duas sefiroth, constituindo o próprio conhecimento que a Unidade (Kether) tem de si mesma, o qual se transmite às restantes sete sefiroth (o Microprosopos) através dos canais ou caminhos que as comunicam entre si, dando lugar à criação propriamente dita.

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As Palavras, Símbolos e o Poder

Muitos anos atrás quando ainda podíamos sair de nossas casas, fui com a Pri Martinelli assistir à peça “Troilo e Créssida” no teatro SESI, pois um grande amigo nosso, Eduardo Semerjian, está fazendo o papel de Ulisses, um dos generais gregos no texto. A peça, escrita por William Shakespeare em 1602, é uma de suas peças menos conhecidas no grande público mas, por lidar diretamente com a Guerra de Tróia e conter diversas referências herméticas, é uma das favoritas dos apreciadores de História da Arte.
No caminho, estava aguardando a Priscilla recarregar o cartão dela e, quando retornou, explicou que havia demorado pois a moça à sua frente na fila era analfabeta e não conseguia de jeito nenhum fazer a recarga na máquina sozinha e tiveram de ajudá-la na tarefa.

“Analfabetismo” talvez seja uma das coisas que, como escritor, creio ser das mais cruéis possíveis quando se diz respeito à alma humana e a Pri me pediu para escrever alguma coisa sobre isso… analfabetismo não apenas no sentido mais tradicional, mas também voltado ao espiritual. É uma verdadeira prisão em todos os sentidos possíveis e imaginários, que limita e encolhe o ser humano à condição quase de um animal. E é algo muito difícil de se compreender, pois se você está lendo este texto, significa que nunca conseguirá imaginar o que é não ter a capacidade de interpretar os símbolos ao seu redor, pois é impossível fingir ser analfabeto mesmo que para um teste de se colocar no lugar do outro.

Esta prisão é estudada na Kabbalah dentro das Qlipoth. Thantifaxath é o nome pela qual conhecemos o 32o túnel de Set, a Sombra de TAV. Enquanto TAV representa os portais do Templo do conhecimento que nos permitem adentrar a Árvore da Vida, Thantifaxath são as portas fechadas aos que querem aprender. Neste texto não falarei sobre responsabilidades governamentais, políticas nem nada assim, EMBORA como os túneis estão conectados, Thagirion, a Corrupção (a Sombra de Tiferet) demanda que os servos estejam aprisionados e Thantifaxath cumpre este papel de carcereiro, da mesma maneira que um povo ignorante e analfabeto político serve aos interesses dos ditadores e populistas de plantão…

Magia e Imagem

Não é à toa que a palavra MAGIA está ligada diretamente à palavra IMAGEM, e GRIMÓRIO vem do francês Grimoire, que relata à Gramática. “spell” em inglês tem a mesma relação com soletrar uma palavra e conjurar um feitiço ou sortilégio. Os primeiros magos da humanidade foram as primeiras pessoas que aprenderam a ler e escrever. Com estes hieróglifos, eles eram capazes de passar o conhecimento para um papiro ou parede no templo e outros com o mesmo conhecimento eram capazes de resgatar estes ensinamentos mesmo longe da presença dos Mestres. O “Conhecimento invisível” (e daí o termo “Colégio Invisível” usado na Rosacruz) vem da capacidade de aprender algo novo simplesmente olhando para um desenho na parede (ou, no seu caso, olhando símbolos na tela de um computador)! o quão mágico pode ser isso? E ai o Elemento AR estar ligado diretamente ao Conhecimento, aos Símbolos e às letras. E, em última instância, ao AUTO-CONHECIMENTO.

Pois é… você não tem como saber. Você não possui as CHAVES. Porém, você sabe ler em Português, e consegue ler o que EU escrevo. Se eu soubesse ler Akkadio, eu poderia traduzir os textos para você entender… e se eu não soubesse, eu poderia inventar e você não teria como saber se eu estou dizendo a verdade. O que, nas duas alternativas, coloca você, analfabeto acadiano, nas mãos da pessoa que DIZ que sabe interpretar os textos… o princípio vale para os textos acadianos e também para a BÍBLIA… ou você também fala aramaico, grego ou latim?

Em 1998, no interior da Grécia, tive por algumas horas a sensação de não conseguir interpretar as palavras e letras que estão dispostas nos letreiros de ônibus, lojas, restaurantes, mercados e jornais… um mundo alienígena onde só conseguia compreender as fotos, logomarcas e imagens nas embalagens do produto, onde mal se conseguiria diferenciar um shampoo de uma embalagem de ketchup. As notícias de todos os jornais pareciam todas iguais! Letras incompreensíveis e algumas fotos de pessoas de terno apertando as mãos em alguma reunião. O que estariam discutindo?Apenas quando perdemos algo que nos é tido como garantido que percebemos como nos faz falta!

Todos nós somos ignorantes em algum aspecto. Não há vergonha alguma em admitir isso. O problema começa quando algumas pessoas DIZEM ter todas as chaves e respostas que, de fato, não possuem. E isso vale para um jornal em grego ou para a BÍBLIA. E pior ainda, para as interpretações do que é “certo” e do que é “errado” de acordo com qualquer texto “sagrado”. Fica mais simples de entender porque justamente o túnel de Thantifaxath controla as chaves para os portões do Templo, certo? Sem o triângulo TAV-SHIN-RESH, não temos competência para interpretar os símbolos que são apresentados diante dos nossos olhos e nos tornamos vulneráveis às mentiras e informações falsas (SAMAEL, a Qlipoth de HOD, trata justamente da Mentira e é a emanação do túnel de Shalicu, o Preconceito).

Samael também cuida da MÍDIA como grande manipuladora da informação. Um povo analfabeto acredita em qualquer coisa que a mídia disser. Não é à toa que todas as Igrejas compram emissoras de rádio, jornais e televisões e que por trás de todo grande partido político corrupto está uma ligação com emissoras de televisão, jornais e rádios (e agora blogs e “jornalistas” de internet?).

Como escapar de Thantifaxath?
Não há uma maneira fácil, a evolução demanda sacrifício. A Espada Excalibur está permanentemente enterrada na pedra bruta, aguardando todo aquele que será o Rei de seu Reino retirá-la da pedra. Se a Espada e o elemento Ar representam o Conhecimento e a Pedra Bruta o Mundo Profano, o que deve fazer um Mago, ou Rei? Estudar sempre. Aprender, questionar, procurar obter as chaves do conhecimento em todos os sentidos. Alfabetizar-se em todos os sentidos (não apenas saber juntar as letras e formar palavras, isso minha filha de sete anos consegue fazer…). O grande problema de Thantifaxath é quando as pessoas ACHAM que são alfabetizadas, mas são o que chamamos de “Analfabetos funcionais”, o segundo degrau da escada, ainda mais perigoso que o primeiro, como demonstrei acima. Em 2001 quando fazia especialização em Semiótica, um professor disse que “A população brasileira não tem capacidade nem para discernir entre um merchandising e um conselho… Quando o povão vê uma apresentadora de TV dizer que usa um shampoo X no cabelo, eles não acreditam que aquilo seja uma propaganda; 78% das pessoas acreditam que a apresentadora está REALMENTE recomendando e usa aquele produto”. Bem, isso explica muita coisa em relação à nossa TV aberta e os programas de auditório, certo?

Alfabetizar-se no Elemento AR significa ter a capacidade crítica e racional de questionar o mundo ao seu redor e conseguir separar o joio do trigo. No Brasil, apenas 8% das pessoas podem ser consideradas realmente alfabetizadas, de acordo com as pesquisas mais recentes, o que significa que a situação ficou PIOR nestes últimos 15 anos.

Hermetismo e Metalinguagem
O Hermetismo no Renascimento assume o papel de uma Metalinguagem capaz de implementar mais força e impacto na apreciação de qualquer obra de Arte. Um artista talentoso consegue fazer um retrato ou um desenho, mas somente um Mestre é capaz de colocar os símbolos certos nos locais certos e invocar em nosso subconsciente as sensações que tornarão aquela obra de arte inesquecível. Da mesma maneira, qualquer um consegue escrever um texto, uma peça de teatro ou uma história em quadrinhos, mas somente os verdadeiros Mestres conseguirão mexer com o público em sua forma mais íntima e impactante, como camadas (ver o texto anterior sobre O Hermetismo ser como Camadas de uma Cebola). É a diferença entre aquela HQ mensal meia-boca que será esquecida daqui alguns meses e um Sandman, Promethea, Invisibles, Liga Extraordinária ou Watchmen que serão clássicos para sempre.

Cada camada desta cebola exige um vocabulário específico, uma maneira de conversar com o público e uma linguagem que atinja o público que você deseja. E os Símbolos conversam com todas as pessoas ao mesmo tempo. É possível escrever um texto em camadas, desde que você tenha o fio de Ariadne para conduzir a narrativa (se duvida, releia os primeiros textos do TdC após alguns anos e veja se continuam iguais aos que você lembra de ter lido…). Desta maneira, seu texto conversará com todo mundo, não importa o grau de conhecimento que a pessoa possua. E quanto mais culta a pessoa for e mais chaves ela tiver, mais ela gostará do seu texto, pois será capaz de se aprofundar cada vez mais no labirinto.

Troilo e Créssida
Para finalizar, queria dar os parabéns a toda a equipe da peça, tanto o diretor Jô Soares em suas escolhas de adaptar o roteiro junto com Maurício Guilherme para uma versão mais popular e simplificada, sem perder o simbolismo da história. A escolha de redefinir os figurinos dos Gregos e Troianos com base na dicotomia do Xadrez, para facilitar a compreensão do público em relação a qual lado da disputa cada personagem estava, entre outros detalhes muito bem acabados. O balanço entre a comédia e a tragédia ficou bem marcado (embora a peça tenha pendido muito mais para o lado da comédia nesta versão… uma “comédia sinistra, como diz o cartaz) e as caracterizações dos atores estão sensacionais (eu não assisto TV aberta, mas alguns dos atores da peça são conhecidos por seus trejeitos em programas como Zorra Total e outros e os aspectos mais caricatos foram bem explorados para conseguir a empatia do público junto a personagens complicados como Aquiles, Pátroclo, Menelau, Ajax, Pândoro e o estrupício Térsito.

Os gregos

Shakespeare conseguia conversar com todos os tipos de público em sua linguagem simples e suas obras podem ser adaptadas para praticamente qualquer contexto, por serem profundamente hermetistas e dançarem na Árvore da Vida. Suas obras podem ser apreciadas tanto pelas camadas mais populares quanto pelos mais eruditos e cultos. E quanto mais chaves você tiver, mais gostará desta peça.

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Pitágoras

Na Antigüidade existia uma lenda segundo a qual Pitágoras foi engendrado no seio materno graças a uma intervenção direta do deus Apolo, também pai das Musas e herdeiro da lira de Hermes. Destacava-se assim a origem celeste e divina de sua doutrina, máxime tendo em conta que Apolo (númen da Luz inteligível, da Harmonia e da Beleza) era considerado uma deidade de origem hiperbórea, o que o punha em relação com a Tradição Primordial. O mesmo nome de Pitágoras procede da Pítia do templo de Delfos (dedicado a Apolo) que profetizou seu nascimento como um bem doado aos homens, nascimento que aconteceu aproximadamente no ano 570 a.C., na ilha grega de Samos. Tendo recebido os mistérios órficos próprios da antiga tradição grega, Pitágoras abandona sua pátria natal para realizar uma série de viagens que o levarão por todo o mundo antigo, especialmente Fenícia, Babilônia e Egito, país onde residiu durante um longo período de tempo, sendo iniciado pelos sacerdotes egípcios, guardiões da sabedoria de Hermes-Thot. Amadurecido seu pensamento, e depois de realizar a síntese de todo o saber recebido, Pitágoras regressou a Samos trinta e quatro anos depois, preparado para cumprir com o alto destino predito em seu nascimento, e que não era outro senão o de criar as bases sobre as quais se assentaria a cultura grega, e posteriormente a civilização ocidental.

Em Samos fundou sua primeira escola, que seria o germe das que mais tarde se estabeleceram por toda a planície mediterrânea, especialmente na Magna Grécia (Sicília), em cuja cidade de Crótona esteve o centro mais importante na vida de Pitágoras. Seus ensinos (cosmogônicos, esotéricos e metafísicos) articulavam-se em torno ao Número, onde residia a origem da Harmonia Universal, pois através dele se revelam as medidas e proporções de todas as coisas, celestes e terrestres, idéia que Platão recolhe no Timeu, seu livro pitagórico por excelência. Para Pitágoras “tudo está disposto conforme o Número” encontrando na tetraktys, ou Década, o número perfeito, e a própria expressão dessa Harmonia, pois “serve de medida para o todo como um esquadro e uma corda em mãos do Ordenador”. Harmonia manifestada fundamentalmente também por meio da música e das formas geométricas, como atestam seus famosos teoremas e a estrela pentagramática ou pentalfa, distintivo da própria fraternidade pitagórica, que continuou subsistindo durante longo tempo, ao menos até a Alexandria dos séculos II e III d.C., onde acabou se integrando na Tradição Hermética, chegando assim até nossos dias através das diversas artes e ciências que tendem à transmutação do ser humano mediante a Sabedoria, a Inteligência, o Amor e a Beleza.

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Richard Wagner: Conceitos Herméticos na obra “o Anel dos Nibelungos” – Flavio Apro

Bate-Papo Mayhem #078 – gravado dia 19/09/2020 (Sabado) 21h Marcelo Del Debbio bate papo com Flavio Apro – Richard Wagner: Conceitos Herméticos na obra “o Anel dos Nibelungos”

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

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Grandes Iniciados – Pitágoras

Pitágoras foi um dos vultos mais elevados deste ciclo de civilização. Nasceu na ilha de Samos, na Jônia (Grécia) no ano 585 AC. Quando ainda criança ele foi levado para residir no Líbano, onde um sacerdote disse à sua mãe: “Ó mulher Jônica, teu filho será grande pela sabedoria; os gregos já possuem a ciência dos deuses, mas a ciência de Deus só se encontra no Egito”. Sua mãe, então, resolveu mandar o jovem Pitágoras para o Egito a fim de obter a sua iniciação.

Portador de uma carta de apresentação endereçada ao Faraó Amasis, Pitágoras chegou ao Egito e foi pelo próprio faraó recomendado aos sacerdotes de Menfis que o aceitaram com reservas. Em Menphis o jovem submeteu-se com inquebrantável vontade às provas iniciáticas. Sua iniciação completa durou 22 anos. Foi após esse longo tempo de preparação que ele teve uma visão sintética da essência da vida e das formas, compreendendo a involução do espírito na matéria ( a queda ), mediante a criação universal e a sua evolução ( ascensão ) rumo à unidade pela criação pessoal, que se chama desenvolvimento da consciência.

Ainda estava Pitágoras no Egito por ocasião em que Cambisses invadiu aquele país, levando os dirigentes como escravos. Assim, Pitágoras acompanhou os escravos para a Babilônia onde foi iniciado nos conhecimentos deixados por Zoroastro (Fundador do Mazdeismo, a religião predominante na Pérsia).

Os sacerdotes egípcios tinham altos conhecimentos das ciências sagradas, mas eram os magos persas os que tinham os maiores desenvolvimento nas práticas mágicas, na manipulação das leis ocultas da natureza. Diziam-se capazes de dominar as potências ocultas da natureza, que denominavam de o fogo pantomorfo e de a luz astral. Há registros que dizem que nos templos persas as lâmpadas ascendiam-se por si, deuses brilhavam com luzes desconhecidas, surgiam raios e trovões. Os magos denominavam “leão celeste”, “fogo incorpóreo”, o gerador daqueles raios.

Por certo os sacerdotes tinham conhecimentos e dominavam muitos fenômenos elétricos, gerando de alguma forma eletricidade. Também mantinham controle sobre fenômenos atmosféricos despertando correntes elétricas na atmosfera e manipulações magnéticas desconhecidas das pessoas da época, muita ainda desconhecidas da ciência atual.

Os sacerdotes da Babilônia tinham grandes conhecimentos do poder sugestivo, atrativo e criativo da palavra humana.

Assim, na Babilônia, Pitágoras penetrou nos arcanos da antiga magia persa. A religião da Pérsia, embora já totalmente degenerada naquela época, mesmo assim ainda havia um grupo de iniciados unidos defensor de uma autêntica ciência oculta. Iniciados que defendiam a sua fé e também a Justiça, e secretamente enfrentavam os déspotas, fascinavam, muitas vezes dominavam o poder absoluto dos governantes.

Depois da iniciação egípcia e caldaica Pitágoras, ainda jovem, já sabia mais que todos os seus mestres e do que qualquer grego de seu tempo. Durante todos aqueles anos ele tomou ciência de fartos conhecimentos secretos, tornando-se sabedor da verdadeira natureza da humanidade e de grande parte da sua verdadeira história, de tudo aquilo que a “conjura do silêncio” a todo custo tentava ocultar ou que havia deformado. Sabia sobre religiões, continentes e raças totalmente desaparecidas.

Com o seu enorme conhecimento ele teve condições de fazer estudo comparado de todas as religiões tanto ocidentais quanto orientais. Estava consciente da força negativa e do obscurantismo importo pela “conjura” que havia imposto sua pesada mão e jugo aos egípcios, e depois à própria Babilônia e Pérsia (onde esteve por cerca de 12 anos). Pitágoras prevendo que o passo seguinte seria a Europa se antecedeu e voltou à Grécia, de onde havia passado cerca de 34 anos ausente.

Voltando à Grécia teve a alegria de ainda encontrar com vida o seu Primeiro Grande Mestre, assim com a sua mãe. Sabedor que o próximo passo do domínio da conjura seria a Grécia tomou a decisão de partir para um lugar onde pudesse fundar uma escola iniciática para legar à humanidade muitos conhecimentos, entre eles os matemáticos, dos quais o mais conhecido é o “Teorema de Pitágoras”. Juntamente com a sua mãe foi se fixar em Crotona no golfo de Tarento na Itália Meridional. Ele pretendia fundar um centro, não apenas para ensinar a doutrina esotérica a um grupo de discípulos escolhidos, mas também para aplicar seus princípios à educação, à mocidade e à vida do Estado. Pretendia fundar uma instituição com a intenção de ir transformando aos poucos a organização política das cidades e estados. É compreensível que bastaria isso para acirrar ódios e perseguições.

Grande matemático, Pitágoras legou importantes conhecimentos à humanidade, e por outro lado foi também um místico proeminente. Estabeleceu um sistema político, além do movimento religioso e educativo e que foi considerado aristocrático e ditatorial. Platão, assim como Aristóteles foram discípulos da Escola Pitagórica. O que Platão escreveu na sua obra “A Republica” teve como base os ensinamentos da Escola Pitagórica.

Pitágoras, por defender o principio da autoridade, hoje seria tido como um ditador, como um opressor, mas na realidade nada disso é verdade, o que pode ser comprovado pelos seus atos pessoais, como veremos depois. Na realidade ele defendia acirradamente o principio da autoridade, e não podia ser diferente. Ele fora iniciado em escolas iniciáticas em que havia uma rígida obediência hierárquica e vivido sobre regimes títeres e escravagistas. Como já dissemos em outras palestras o sistema iniciático era muito rígido como uma forma de defesa contra a mão impiedosa da “conjura”. Também se deve ter em conta que as escolas iniciáticas do Egito descendiam da Civilização Atlântida onde o poder era controlado com rigor pela religião e pela ciência e vice-versa.

O sentido de ordem e respeito estabelecido por Pitágoras, propugnador de um estado hierárquico, fez com que muitos o perseguissem. Se, por um lado, ele tinha uma plêiade de seguidores e de admiradores, também ocorria o inverso, como uma decorrência de Crotona ser uma cidade já degenerada por vícios, com forte tendência à vida voluptuosa, como acontecia na vizinha Sibaris, tida como uma das mais devassas cidades daquela época. Suscitou uma verdadeira revolução nos costumes. Procedia mais como um mágico do que como um filósofo. Reunia os rapazes no templo e com sua eloqüência conseguia afastá-los da vida debochada de então, fazia com que abandonassem até mesmo as suas vestes luxuosas. A beleza da sua fisionomia, a nobreza da sua pessoa, o encanto dos seus traços e da sua voz, concorriam para o fascínio que exercia sobre as pessoas, de modo que as mulheres o comparavam a Júpiter, os rapazes a Apolo.

O Senado de Crotona – o Conselho dos Mil – então começou a se preocupar com o prestígio de Pitágoras e por isso ele foi intimado a dar explicações sobre a sua conduta. Nesta fase foi quando ele criou um Instituto para atender aos seus discípulos. Uma confraria de iniciados com vida comunitária, onde havia um sistema iniciático exigente. Dizia Pitágoras: “Não é qualquer madeira que serve para fazer-se mercúrio”.

No Instituto Pitagórico dava-se grande importância também ao lado físico, por isso era cultivada a prática de ginásticas e exercícios diversos. Ali os que tentavam a iniciação antes tinham que passar por provas sérias, muitas vezes sarcásticas; passava até mesmo por humilhações, cujo objetivo era evidenciar o verdadeiro desejo de saber e a sinceridade do iniciando. Isso gerou inimigos entre os noviços fracassados. Um deles, o Cilon, mais tarde amotinou o povo contra os pitagóricos, levando a cabo o incêndio e o saque do Instituto em que os principais dirigentes morreram e dizem que o próprio Pitágoras. (Dizem que ele conseguir escapar com vida juntamente com uns poucos adeptos).

As controvérsias existentes em torno dos ensinamentos pitagóricos, sobre suas idéias e ensinamentos motivaram ódios tanto por parte do povo quanto dos governantes. Incitados por Cilon isto motivou a destruição do Instituto, mas como não se mata facilmente uma idéia os ensinamentos perduraram por mais de dez séculos e ainda existem até o presente.

Com o intuito de serem evitadas perseguições às pessoas, durante séculos os ensinamentos pitagóricos foram sendo transmitidos através de confrarias e sociedades secretas, entre essa a célebre Ordem Pitagórica que subsiste até hoje funcionando de forma oculta, com caráter rígido de seleção e mantendo um sistema iniciático bem rigoroso. É uma dessas ordens secretas em que não se chega à ela diretamente, mas somente por indicação de outras ordens preliminares. Por outro lado existiram e existem ainda muitas organizações que se intitulam de pitagórica por estudarem a doutrina, mas que na realidade não são autênticas. Algumas estudam com sinceridade e honestidade os princípios pitagóricos mesmo que não mantenham vínculos diretos com a ordem original; mas por outro lado também existem aquelas que usurpam o nome apenas, que nada sabem, nada ensinam de autêntico e quando não, apresentam ensinamentos outros com intenções espúrias.

Por José Laércio do Egito – F.R.C.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/grandes-iniciados-pit%C3%A1goras