Tempo de Despertar

Escrevi isso exatos dez anos atrás.. fiquei muito relutante em publicar, mas várias “indicações” ao longo do caminho me fizeram ter a certeza de que devo publicar sim. Espero que ninguém se sinta particularmente ofendido, pois não escrevi pensando em ninguém em especial:

Sabe, eu sempre procurei aliar meus estudos esotéricos a um objetivo prático. De nada adianta toda a teoria se não há um impacto aqui e agora em nossas vidas. Isso não quer dizer que ao ler “Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra” eu vá passar a aplicar isso automaticamente, mas tenho de ter um mínimo de bom-senso de que aquele deve ser meu objetivo. Então eu fico realmente cabreiro com o monte de teoria inútil que é distribuída por aí e que não fazem diferença alguma na vida de ninguém!! São em sua maioria canalizações, que espalham de forma indiscriminada coisas como duplicação de DNA, transmutação em corpo de luz, fim dos tempos, chegada dos extraterrestres, etc.

Ora, de que me adianta saber destas coisas que não têm nenhum paralelo com o mundo real e não servem nem como abstração para a evolução do meu espírito? Por exemplo, quando estudo sobre corpo astral (que é um troço abstrato) essa informação vai ter um impacto em minha vida. Como? Sabendo que eu tenho um corpo astral, que me interpenetra e é susceptível às energias circundantes, saberei que ele também precisa de limpeza e proteção, como o meu corpo físico, e ainda MAIS que ele, por não haver as limitações físicas de alcance e interação com outros corpos. Como posso comprovar essa teoria na prática? Conversando com aquele chato sanguessuga do trabalho, indo a um “inferninho”… Enfim, em pessoas sensíveis os efeitos são gritantes. Se eu fosse clarividente até me interessaria pelas cores da aura, que denotam a intenção do pensamento da pessoa, mas não sou, então essa informação não me interessa (mas pode ser útil pra milhares de outras pessoas!). Se eu me projetasse (saísse do corpo) com facilidade, a informação de que o corpo se subdivide em 7 corpos cada vez menos materiais poderia me ser útil, mas eu mal consigo sair do primeiro corpo!! Não me adianta querer fazer uma tese de mestrado se eu ainda não saí do primário!

Há alguns anos tais informações só estavam acessíveis a quem realmente precisasse delas, pois a obtenção era difícil e exigia real interesse. Com a Internet e o modismo esotérico, fala-se em “salto quântico” como se fosse falar de novela, em contextos totalmente incoerentes, e muitas vezes a pessoa que usou o termo mal sabe o que é um quanta!

Onde estou tentando chegar? No samba do esotérico doido que se tornou o ocultismo hoje, que mistura ufologia, ciência, todas as religiões possíveis (preferencialmente o judaísmo, porque estudar Cabalá “é muito chique”) e previsões catastróficas do futuro. Nem os Santos Católicos escapam: tem um site que traz supostas canalizações de uma Nossa Senhora da Aparecida que diz o tempo todo que “O que digo não é para causar-vos medo”, mas não tem uma mensagem sequer que ela não fale uma dúzia de desgraças como “Atenas tropeçará e perderá sua fama. O Braço forte de Deus agirá. Grande sofrimento experimentarão os habitantes da Dinamarca, Bélgica e Alemanha. A morte passará pelo Ceará. Arrependei-vos.” Tudo isso numa só linha! Não sabia que a mãe de Jesus era porta-voz do Apocalipse… Ora, o que se pode tirar de útil disso? Será que a Santa está insinuando que devemos nos converter pelo medo, como na Idade Média? Será que Jesus pregava através do medo? Considerando que o site não parece ter fins lucrativos (embora tenha doações envolvidas no meio) é de se pensar que seja alguma doença mental, ou então devemos aceitar que a mãe de Jesus tenha uma péssima assessoria de comunicação e tenha de descer sua vibração dos mais altos planos a cada dois dias para contatar pessoalmente alguém no Brasil pra ficar repassando mensagens vazias (A morte passará em tal local…), redundantes (ela já ameaçou o Japão três vezes) e intimidadoras.

Sei que eu não devia estar falando essas coisas das crenças dos outros, mas existe uma grande diferença entre respeito e covardia. Eu estaria sendo omisso comigo mesmo se, dentro do meu próprio blog não alertasse as pessoas que vêm em busca de informações de cunho espiritual. Jesus disse para olhar primeiro para a trave em nosso próprio olho, mas não deixava de criticar os hipócritas e aproveitadores da fé de sua época. Estaria sim, sendo desrespeitoso se entrasse no site deles para criticá-los.

Dito isso, vamos a outro tópico que me dá nos nervos: A tal da mudança do DNA. Isso surgiu em algum canto dos EUA e foi traduzido em diversas línguas, onde um tal de Dr. Berrenda Fox, com “doutorado em Fisiologia e Naturopatia” sugere (sem evidência científica alguma, claro) que o nosso DNA está mudando… e MUITO. Isso se espalhou como fogo pelas comunidades esquisotéricas. Um MÍNIMO de formação acadêmica já descartaria tal teoria como um absurdo, afinal, muitos sabem que a diferença entre o DNA do homem e do macaco é de apenas 1,5%, e como eu acredito que em tais comunidades existam médicos e professores, me parece ser mais uma questão de constrangimento que cria um véu de “tabu” ao redor desse assunto. Vejamos alguns trechos do artigo, onde vocês verão as inconsistências do texto:

Pergunta: Quais são as mudanças que estão ocorrendo neste momento no planeta, e como nossos corpos têm sido afetados?
Berrenda Fox: Existem grandes mudanças, mutações que não ocorriam, de acordo com geneticistas, desde quando, supostamente, saímos da água. Há alguns anos atrás, na cidade do México, houve uma convenção de geneticistas de todo o mundo e o tópico principal foi a mudança no DNA. Nós estamos fazendo uma mudança evolucionária, embora não saibamos em no que vamos nos transformar.

Pergunta: Como está mudando o nosso DNA?
Berrenda Fox: Todas as pessoas têm uma hélice dupla de DNA. O que estamos descobrindo é que existem outras hélices que estão sendo formadas. Na hélice dupla, existem duas seqüências de DNA enroladas em uma espiral. Meu entendimento é o de que iremos desenvolver doze hélices. Durante este tempo, que parece ter começado talvez entre 5 e 20 anos atrás, temos sofrido uma mutação. Esta é a explicação científica. É uma mutação da nossa espécie em algo para o qual o resultado final ainda não é conhecido.
As mudanças não são conhecidas publicamente, porque a comunidade científica sente que isso iria amedrontar a população. De qualquer forma, as pessoas estão mudando a nível celular. Estou trabalhando atualmente com três crianças que possuem três hélices de DNA.

E tem mais:

DNA, MUDANÇAS CORPORAIS E RECOMENDAÇÕES
Extraído do artigo “A imagem superior” por Susanna Thorpe-Clark

Nós estamos sendo mudados fisicamente de seres basicamente carbônicos com duas seqüências de DNA para seres cristalinos com 1.024 seqüências de DNA (eventualmente), porque apenas substâncias cristalinas podem existir em níveis dimensionais mais elevados.
Na verdade, estamos fundindo nossos corpos com seqüências de DNA dos Sírios, já que este formato é suficientemente próximo ao nosso para que nos integremos com relativamente poucos efeitos colaterais…

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Agora sim, uma explicação satisfatória… Eu bem que desconfiava que esses ETs de Sírios estavam querendo fundir com a gente… Eles que fundam a mãe, porque comigo não!

Se o bom-senso não for satisfatório pra descartar estes textos, então faço uso de uma réplica supostamente escrita por um PHD na comunidade “Biologia” do Orkut:

“Nunca me vi perdendo tanto tempo numa leitura absurda como esta de Berrenda Fox! As mutações acontecem, mas elas são postas em cheque quanto à letalidade do fenótipo apresentado ou sua implicação fisiológica geral no indivíduo.

Por exemplo:
1) Se o novo caractere for inócuo à sobrevivência do portador, ele pode se perpetuar com suas descendências em F1, F2, etc, ou poderá se combinar com os genes de seus compares, consortes ou se diluir depois de gerações e desaparecer por completo.

2) Se o novo caractere apresentar letalidade, então dificilmente apresentará uma variabilidade crescente (culminando depois em presença dominante genética) como conta o texto.

Absurdo! É até um paradoxo pensar nesta segunda hipótese, sem dúvida contra a herança genética como a conhecemos, e implicando diretamente em aberração à lógica da partilha de genes e sua recessividade/dominância.

NÃO, o nosso ADN (DNA) não está mudando como diz o texto. 12 hélices? Acho que o autor leu muito as histórias de Gene Roddenberry e quer passar algumas das idéias dos episódios de Star Trek em forma de ciência para fazer sucesso imediato nas revistas de pasquim, boletins via email da internet, manchetes de supermercados ou para deslumbrar o leigo com fantasias destoantes.

Mutação é uma ocorrência no ADN que pode ser transmitida para futuras gerações, dependendo do tamanho da seqüência do ADN que modificou, levando o portador daquela mudança a manifestar caracteres lesivos ou não a sua saúde, anatomia ou comportamento.

Algumas mutações são benéficas – como as que aconteceram com certos seres aquáticos quando evoluíram de uma vida totalmente aquática para uma semi-aquática e semi-terrestre, vindo a surgir assim os anfíbios, certos répteis e quelônios. Muitas espécies surgiram assim, através de mutações genéticas, muitas delas mantiveram a capacidade natural de se autopreservar e outras acabaram mal por falta de mecanismos de adaptação ao ambiente.

Outras mutações são inofensivas, como a perda de funcionalidade de nosso apêndice vermiforme (que se suspeita ser parte ativa de um intestino mais largo em pitecantropos – antepassados da espécie humana há centenas de milhares de anos).

Existem ainda as mutações danosas, como as que acontecem no aparecimento de cânceres, em aneuploidias diversas que acontecem entre nós (propiciando doenças e síndromes que dificultam a sobrevivência da espécie, incapacitando os portadores sexualmente, psicologicamente, imunologicamente, socialmente e patologicamente).

As mutações podem modificar o ADN de todas as células humanas sim, pelo menos daquele portador e seus descendentes (vide o que eu escrevi acima, sob certas circunstâncias), mas NÃO VÃO MODIFICAR TODO O ADN.

As mutações podem desequilibrar células somáticas (de todo o corpo) e/ou germinativas (nossos gametas, espermatozóides nos homens e óvulos nas mulheres), e freqüentemente apresentam estas falhas de código no ADN, negando a captação ou síntese de proteínas pelos genes, ou podem passar despercebidas caso atingirem áreas do ADN que não sejam hábeis a traduzir sequência de proteínas (íntrons).

Além disso, existem outros certos tipos de mutações que ocorrem apenas em células especializadas, ou em áreas localizadas como o que acontece em mosaicos durante alguma malformação na meiose ou em heterotopias subcorticais (o que acontece com algumas desordens de migração neuronal com a ativação parcial do gene LIS1).

Algumas dessas mutações são corrigidas pelo próprio ADN, a nível molecular através de uma rede de sinais celulares, enzimas diversos, ou equipamento regulador do ARN, etc, outras não precisarão ser corrigidas por caírem em regiões neutras do ADN, conforme descrito antes.

Mas o que acontece com mutações num período curto? Num período de 6 anos ou menos, a poluição poderia influenciar no aparecimento de novas mutações, assim como radiação, medicamentos, substâncias tóxicas administradas como drogas ou aditivos alimentares, respostas à infecção viral e bacteriana, cânceres e combinação deletéria de uma série de doenças genéticas em uma pequena população.

O resultado que possa se apresentar diferente do normativo (num indivíduo adulto) em decorrência da alteração genética de seus cromossomos por alguma mutação é conseqüência de alguma doença, síndrome ou aparecimento de debilidades diversas de cunho anatômico, comportamental, etc, isoladamente.

Acho muito difícil que isso venha implicar em uma total reestruturação biológica populacional com o escopo de criar uma nova espécie daquele ponto em diante somente em 6 anos, conforme o texto se coaduna, ou até mesmo em 50 anos!

Para se criar uma espécie é preciso muito mais tempo, muitos mais descendentes, todos funcionalmente interativos e cooperativos para a transmissão dos novos caracteres (cientes ou não deste fim) para as futuras gerações, e se possível em algum ambiente isolado e sem participação de fatores que permitam descontinuar o desenvolvimento próprio destes novos caracteres. Ou seja, algo como que ocorreu nas ilhas Galápagos, ao longo de séculos, seria um exemplo mais apropriado para que isso desse certo.

Seremos os mesmo no futuro, porém melhores…

Existem textos mais brilhantes que aventam a possibilidade da espécie humana estar mudando, acrescendo-se de novas características funcionais, eliminando aquelas nocivas, prejudiciais e deletérias, e fazendo aos poucos uma nova espécie que se acomode aos desafios do ambiente, aprenda a manipular melhor as diferentes facetas da natureza, adaptando-se ao meio melhor e enriquecendo a massa encefálica com novas e mais amplas conexões sinápticas. Eu vejo o homem do futuro, um ser com um ADN muito próximo ao atual (com pouquíssimas modificações), mas com uma anatomia muito mais adaptada ao mundo do que a que temos hoje – com maior volume encefálico, maiores defesas epiteliais, maior eficácia cárdio-respiratória, vascular, óssea, com maiores habilidades carpo-cinéticas, visuais, degustatórias, e de percepção… e menos pilosidade corporal.

Sem dúvida seremos humanos, mas é duvidoso que seremos uma espécie nova com outro ADN, ou com um ADN exógeno (a não ser que encontremos melhores espécies fora deste planeta, e com isso decidamos incorporar ou combinar nosso ADN com os da espécie mais talentosa, com devido indulto e reverência à astrobiologia, claro, heheheh).”

Bem, vamos passar a outro tópico: Mestres Ascensionados. Taí um assunto que já foi interessante, há alguns anos, quando estava vinculado tão-somente aos Sete Raios. Até fiz um post a respeito. Os Sete Raios podiam servir como “teste vocacional espiritual”, algo como um guia, um horóscopo, mas já naquela época estava se iniciando um movimento de glorificação do Saint-Germain como uma espécie de “Jesus da Nova Era”. E os outros Mestres ganharam status de santos, da mesma forma que na Igreja Católica. Se você quer ter sucesso em certa área da vida, reze ou acenda uma vela pra o Mestre tal, na cor tal (à venda nos shoppings e nas tendas esotéricas de duendes e bruxinhas).

Temos também o Ashtar Sheran, um ser alto, louro e nórdico das galáxias, protetor do planeta Terra e comandante-em-chefe das tropas estrelares da Confederação Intergaláctica da Grande Fraternidade Branca Universal, a serviço de Jesus (que é conhecido nesses meios por Sananda)! Pra quem não conhece, essa é a Ufologia mística, que aterroriza todos os pesquisadores SÉRIOS do estudo ufológico e contribui para que o fenômeno UFO seja ridicularizado. A idéia de Ashtar é antiga (1952), e sua missão é enviar mensagens aos habitantes do Planeta Terra, para que estes tomassem consciência de suas ações; orientar e ajudar durante os períodos de transição da Terra para uma “dimensão superior” e resgatar seres-humanos que estivessem “preparados” ou em perigo, para serem novamente recolocados na Terra, após um inevitável cataclismo que estaria se aproximando (há mais de 50 anos!). Ou seja, é mais uma seita apocalíptica de “eleitos” que prevê uma forma new-age de arrebatamento. Isso é mais velho do que andar para frente, só que, para as pessoas de hoje, insatisfeitas com o catolicismo e ainda dependentes de mitos e grupinhos fechados, isso cai como uma luva para suas aspirações, afinal, basta entrar para o grupo (e ler todas as mensagens) para se tornar uma pessoa especial, que vai ser “salva” nessa espécie de “juízo final”. Não precisa nem pagar dízimo! Mas é preciso ter cuidado os Greys, aqueles alienígenas cinzentos do cabeção. Tudo o que lhe acontecer de ruim você pode pôr a culpa neles, afinal, você agora é um trabalhador da luz, e os demônios da nova era irão persegui-lo. Por isso, NÃO SAIA DO NOSSO GRUPO ou você estará vulnerável! Perceberam?

Claro, devido a quantidade de grupos espalhados pelo Brasil que lidam com Ashtar e Mestres Ascensionados, é impossível não estar cometendo uma injustiça com alguns deles. É como se eu pegasse um centro espírita onde se faz charlatanismo e dissesse que todos são assim. Mas é preciso SIM ficar de olhos bem abertos. O Fantástico desse domingo vai começar uma série que visa desmistificar aqueles “gurus” que se fazem passar por místicos, seres iluminados com percepção extra-sensorial, e tal, mas que são na verdade aproveitadores cujo “poder” é apenas ler as mensagens que as próprias pessoas passam no dia-a-dia, com roupas, gestos, expressões, etc.

#Espiritualidade #espiritualismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/tempo-de-despertar

Osho: O Não Deus

Pergunta: Com Gautama Buda a religião deu um salto. Deus tornou-se sem sentido e somente a meditação era importante. Agora, vinte e cinco séculos após Buda, novamente a religião está dando o salto em sua presença e tornando-se religiosidade. Por favor, fale sobre este fenômeno.

O crédito de trazer um salto na religião regride vinte e cinco séculos antes de Gautama Buda para Adinatha, que foi quem pela primeira vez, pregou religião sem Deus. Isso foi uma tremenda revolução porque em nenhum lugar do mundo nunca havia sido concebido que a religião pudesse existir sem Deus. Deus era uma parte essencial – o centro – de todas as religiões: Cristianismo, Judaísmo, Maometismo. Mas para fazer de Deus o centro da religião torna o homem apenas uma periferia. Conceber Deus como criador do mundo torna o homem apenas um boneco. Eis porque em Hebreu, que é a língua do Judaísmo, o homem é chamado de Adão. “Adão” significa lama. Em Árabe o homem é chamado de “admi”; que vem da palavra Adão, novamente significa lama. Em inglês, que se tornou a língua do cristianismo, a palavra humano vem de “humus”, que significa lama. Se Deus é o criador, naturalmente, ele tem que criar a partir de alguma coisa. Ele teve que fazer o homem como uma estátua, assim, primeiro ele fez o homem da lama e depois soprou a vida nele. Mas se foi assim o homem perde toda sua dignidade e se Deus é o criador do homem e de tudo mais, a idéia toda é cômica porque o que ele esteve fazendo por toda a eternidade antes de criar o homem e o universo? De acordo com o Cristianismo, Deus criou o homem apenas quatro mil e quatro anos antes de Jesus Cristo. Assim, o que ele esteve fazendo por toda a eternidade? Isso parece cômico. Não pode haver nenhuma causa, porque para ter uma causa pela qual Deus tivesse que criar a existência significa que existem poderes acima de Deus, existem causas que podem fazê-lo criar. Ou existe a possibilidade de que subitamente brotou um desejo nele. Isso também não soa bem filosoficamente, porque por toda a eternidade ele sempre foi sem desejos. E ser sem desejos é tão glorioso que é impossível conceber que de uma experiência de eterna bem-aventurança um desejo de criar o mundo brote nele. Desejo é desejo, seja para querer fazer uma casa ou tornar-se primeiro ministro ou criar o mundo. E Deus não pode ser concebido como tendo desejos. Assim a única coisa que resta é que ele é cômico, excêntrico. Então não há necessidade de causa e nenhuma necessidade de desejo – apenas um capricho. Mas, se toda essa existência vem apenas de um capricho ela perde todo sentido, todo significado. E amanhã outro capricho pode surgir nele para destruir, para dissolver todo o universo. Assim somos simplesmente bonecos nas mãos de um Deus ditatorial que tem todos os poderes, mas que não tem uma mente sã, que é caprichoso.

Para conceber isso cinco mil anos atrás, Adinatha deve ter sido um profundo meditador, contemplativo e ele deve ter chegado à conclusão que com Deus, não há sentido no mundo. Se quisermos que o mundo tenha sentido então Deus tem que ser eliminado. Ele deve ter sido um homem de tremenda coragem. As pessoas ainda estão adorando Deus nas igrejas, nas sinagogas, nos templos; mesmo assim este homem Adinatha cinco mil anos atrás chegou a uma conclusão científica precisa de que não existe nada superior ao homem e qualquer evolução que venha a acontecer será no próprio homem e em sua consciência.

Este foi o primeiro salto – Deus foi eliminado. Adinatha é o primeiro mestre do Jainísmo. O crédito não vai para Buda porque Buda vem vinte e cinco séculos depois de Adinatha. Mas outro crédito vai para Buda. Adinatha eliminou Deus, mas não conseguiu pôr a meditação em seu lugar. Pelo contrário, ele criou asceticismo, austeridades, torturando o corpo, jejuando, despindo-se, comendo apenas uma vez por dia, não bebendo à noite, comendo apenas certos alimentos. Ele chegou a uma bela conclusão filosófica, mas parece que a conclusão era somente filosófica, não era meditativa. Quando você depõe Deus você não pode ter nenhum ritual, você não pode ter adoração, você não pode ter oração, algo tem que ser substituído. Ele substituiu por austeridades, porque o homem tornou-se o centro de sua religião e o homem tem que se purificar. Pureza em seu conceito era de que o homem tinha que se separar do mundo, tinha que se separar de seu próprio corpo. Isso distorceu a coisa toda. Ele chegou a uma conclusão muito significativa, mas isso permaneceu apenas um conceito filosófico.

Adinatha depôs Deus mas deixou um vácuo e Buda o preencheu com a meditação. Adinatha criou uma religião sem Deus; Buda criou uma religião meditativa. Meditação é a contribuição de Buda. A questão não é torturar o corpo; a questão é tornar-se mais silencioso, tornar-se mais relaxado, tornar-se mais pacífico. É uma jornada interior até alcançar nosso próprio centro da consciência e o centro de nossa própria consciência é o centro de todo o universo.

Vinte e cinco séculos se passaram novamente. Assim como o conceito revolucionário de Adinatha de uma religião sem Deus perdeu-se no deserto de austeridades e auto-torturas, a idéia de meditação de Buda – algo interior, que ninguém mais pode ver; só você sabe onde você está, só você sabe se você está progredindo ou não – perdeu-se noutro deserto e esse foi no da religião organizada. A religião diz que não pode confiar em simples indivíduos, estejam eles meditando ou não. Eles precisam de comunidades, mestres, monastérios, onde eles possam viver juntos. Aqueles que se encontram num nível mais elevado de consciência podem observar os outros e ajudá-los. Tornou-se essencial que a religião não deve ser deixada nas mãos de indivíduos, elas deveriam ser organizadas e deveriam estar nas mãos daqueles que atingiram o ponto mais elevado da meditação. No começo era bom; quando Buda estava vivo, muitas pessoas atingiram a auto-realização, a iluminação. Mas quando Buda morreu e estas pessoas também morreram, a própria organização que deveria ajudar as pessoas a medita, caiu nas mãos dos sacerdotes e em lugar de ajudar você a meditar eles começaram a criar rituais ao redor da imagem de Buda. Buda tornou-se outro Deus. Adinatha depôs Deus, Buda nunca aceitou a existência de Deus, mas esses sacerdotes não podem existir sem Deus. Assim pode não haver um Deus que seja um criador, mas Buda alcançou a divindade. Para os outros a única coisa é adorar o Buda, ter fé no Buda, seguir os princípios do Buda, viver a vida de acordo com sua doutrina; e Buda se perdeu na organização, na imitação. Mas todos eles esqueceram o básico, que era a meditação.

Todo meu esforço é criar uma religião sem religião. Temos visto o que aconteceu com as religiões que tinham Deus como centro. Temos visto o que aconteceu com o conceito revolucionário de Adinatha, religião sem Deus. Temos visto o que aconteceu com Buda – religião organizada sem Deus. Agora meus esforços são – assim como eles dissolveram Deus – dissolvam também a religião. Deixem apenas a meditação, então ela não poderá ser esquecida de maneira nenhuma. Não há nada que possa substituí-la. Não há nenhum Deus e não há nenhuma religião.

Por religião quero dizer uma doutrina organizada, credo, ritual, sacerdócio. E pela primeira vez, quero que a religião seja absolutamente individual, pois toda a religião organizada, seja com Deus ou sem Deus, tem iludido a humanidade. E a única causa tem sido organização, porque a organização tem seus próprios meios que vão de encontro à meditação. A organização é realmente um fenômeno político, não é religioso. É outro caminho para o poder e de desejo pelo poder. Agora todo padre cristão espera algum dia tornar-se ao menos um bispo, depois tornar-se cardeal, depois tornar-se papa. Essa é a nova hierarquia, uma nova burocracia e porque é espiritual ninguém objeta. Você pode ser um bispo, você pode ser um papa, você pode ser qualquer coisa. Isso não é objetável porque você não vai obstruir a vida de ninguém. É apenas uma idéia abstrata. Meu esforço é para destruir completamente o sacerdócio. Isso permaneceu com Deus, isso permaneceu com a religião sem Deus, o único jeito é que deveríamos depor Deus e a religião juntos para que não haja possibilidade de nenhum sacerdócio.

O homem é absolutamente livre, totalmente responsável por seu próprio crescimento. Meu sentimento é que quanto mais o homem for responsável pelo seu próprio crescimento, mais difícil é para ele adiar o crescimento por mais tempo. Pois isso quer dizer que se você for miserável, você é o responsável. Se você for tenso, você é o responsável. Se você não está relaxado, você é o responsável. Se você está sofrendo, você é a causa disso. Não há nenhum Deus, não há nenhum sacerdócio que você possa ir e pedir algum ritual. Você é deixado sozinho com sua miséria e ninguém deseja ser miserável. Os padres continuam lhes dando ópio, eles vão lhes dando esperança. “Não se preocupem, é apenas um teste da sua fé, de sua confiança e se você pode passar por esta miséria e sofrimento silenciosa e pacientemente, no outro mundo além da morte, você será imensamente recompensado”. Se não existir nenhum sacerdócio você terá que compreender que o que quer que você seja, você é responsável por isso, ninguém mais. E o sentimento de que “Eu sou responsável pela minha miséria” abre a porta.

Depois você começa a procurar por métodos e meios de sair fora desse estado miserável e isso é o que a meditação é. É simplesmente o oposto do estado de miséria, sofrimento, angústia, ansiedade. É um estado de florescimento de um ser pacífico, feliz, tão silencioso e tão intemporal que você não pode conceber que algo melhor seja possível. E não há nada melhor que o estado de uma mente meditativa. Assim você pode dizer que esses são os três saltos: Adinatha depõe Deus porque ele descobre que Deus está ficando pesado demais para o homem; em lugar de ajudá-lo em seu crescimento, ele tornou-se um peso – mas ele esquece de substituí-lo com algo. O homem precisará de algo em seus momentos miseráveis, em seu sofrimento. Ele costumava orar para Deus. Você eliminou Deus, você eliminou a oração deles e agora quando ele se sentir miserável, o que ele fará? No Jainismo não há lugar para a meditação.

Foi um insight de Buda perceber que Deus foi deposto; agora o vazio deve ser preenchido, senão o vazio irá destruir o homem. Ele colocou a meditação – algo realmente autêntico, que pode transformar todo o ser. Mas ele não estava ciente – talvez ele não pudesse estar ciente porque existem coisas que você não pode estar ciente delas a menos que elas aconteçam – de que não houvesse nenhuma organização, de que não houvesse nenhum sacerdócio, de que assim como Deus se foi, a religião também teria que desaparecer. Mas ele pode ser perdoado porque ele não pensou sobre isso e não havia um passado para ajudá-lo a enxergar isso, aconteceu depois dele. O problema real é o sacerdote, e Deus é uma invenção do sacerdote. Se você eliminar o sacerdote, você pode eliminar Deus, mas os padres sempre encontrarão novos rituais, eles criarão novos deuses.

Meu esforço é deixá-lo só com a meditação sem nenhum mediador entre você e a existência. Quando você não está em meditação você está separado da existência e este é o seu sofrimento. É o mesmo que quando você fisga um peixe do oceano e o joga numa caixa – a miséria, o sofrimento e a tortura pela qual ele passa, o desejo e o esforço para voltar ao oceano porque ele é de lá. Ele é parte do oceano e não pode permanecer separado.

Qualquer sofrimento está simplesmente indicando que você não está em comunhão com a existência; que o peixe não está no oceano. A meditação não é nada senão a retirada de todas as barreiras, pensamentos, emoções, sentimentos, que criam um muro entre você e a existência. No momento em que estes são abandonados subitamente você descobre a si mesmo em sintonia com o todo; não somente em sintonia, você realmente descobre que você é o todo. Quando uma gota de orvalho escorrega de uma folha de lótus no oceano, ela não acha que é parte do oceano, ela acha que ela É o oceano. E achar isso é a meta suprema , a suprema realização, não há nada além disso. Portanto, Adinatha depôs Deus, mas não depôs a organização. E porque não havia nenhum Deus, a organização criou o ritual. Buda, vendo o que aconteceu ao Jainísmo, que tinha se tornado um ritualismo, abandonou Deus. Abandonou todos os rituais e simplesmente insistiu na meditação, mas ele esqueceu que os sacerdotes que criaram o ritual no Jainísmo iram fazer o mesmo com a meditação. E eles o fizeram, transformaram o próprio Buda em um Deus. Eles falam sobre meditação mas os Budistas são basicamente adoradores de Buda – Eles vão ao templo e ao invés de Krishna ou Cristo há uma estátua de Buda. Não havia nenhuma estátua de Buda por quinhentos anos depois de Buda. Nos templos budistas eles têm somente a árvore sob a qual Buda tornou-se iluminado, gravada no mármore, apenas um símbolo. Buda não estava lá, somente a árvore.

Você ficará surpreso de saber que a estátua de Buda que vemos hoje não possui nenhuma semelhança com a personalidade de Buda, se assemelha com a personalidade de Alexandre, o Grande. Alexandre, o Grande veio para a Índia trezentos anos depois de Buda. Até então não havia nenhuma estátua de Buda. Os sacerdotes estavam buscando pois não havia nenhuma fotografia, não havia nenhuma pintura, então como fazer uma estátua de Buda? E a face de Alexandre parecia realmente um super-homem, ele tinha uma bela personalidade, a face e a psicologia Grega; eles pegaram a idéia da face de Buda e o corpo de Alexandre. Assim todas as estátuas que estão sendo adoradas nos templos Budistas são estátuas de Alexandre, o Grande, elas não tem nada a ver com Buda. Mas os sacerdotes tinham que criar uma estátua – Deus não estava lá. Rituais eram difíceis. Em torno da meditação os rituais eram difíceis. Eles criaram a estátua e começaram a dizer – do mesmo jeito que todas as religiões estiveram fazendo – tenham fé em Buda, confiem em Buda, e vocês serão salvos. Ambas revoluções ficaram perdidas.

Eu gostaria que o que estou fazendo não se perca. Assim, estou tentando de todas as maneiras possíveis abandonar todas essas coisas que no passado foram barreiras para a revolução continuar e crescer. Não quero que ninguém fique entre o indivíduo e a existência. Nenhuma oração, nenhum sacerdote, você sozinho é suficiente para encarar o nascer do sol, você não precisa de alguém interpretar para você como o nascer do sol é belo.

Dizem que toda manhã Lao Tzu costumava passear nos montes. Um amigo lhe perguntou, Posso ir um dia com você? Eu particularmente gostaria de vir amanhã, porque tenho um hóspede que está muito interessado em você e ele será imensamente grato de ter a oportunidade de estar com você por duas horas nas montanhas. Lao Tzu disse: Não tenho objeções, apenas uma coisa simples deve ser lembrada. Não quero que coisa alguma seja dito porque tenho meus olhos, você tem seus olhos, ele tem os olhos dele, podemos ver. Não há necessidade de falar nada. O amigo concordou, mas no caminho, quando o sol começou a nascer, o hóspede esqueceu. Estava tão bonito ao lado do lago, o reflexo de todas as cores, os pássaros cantando e os lótus florescendo, brotando, ele não pode resistir, ele esqueceu. Ele disse, Que belo nascer do sol. Seu anfitrião ficou chocado porque ele havia quebrado a condição. Lao Tzu não disse nada, nada foi dito então. De volta em casa ele chamou seu amigo e lhe disse, “não traga mais seu hóspede. Ele é muito tagarela”.

O nascer do sol estava lá, eu estava lá, ele estava lá, você estava lá – qual a necessidade de dizer algo, qualquer comentário, qualquer interpretação? E esta é a minha atitude: você está aqui, todo indivíduo está aqui, toda existência está disponível. Tudo que você precisa é apenas ficar em silêncio e escutar a existência. Não há nenhuma necessidade de qualquer religião, não há necessidade de qualquer Deus, não há necessidade de qualquer sacerdócio, não há necessidade de qualquer organização. Eu confio categoricamente no indivíduo. Ninguém até agora tinha confiado no indivíduo dessa maneira. Depois todas as coisas podem ser removidas. Agora tudo que restou para você é um estado de meditação, que simplesmente significa um estado de silêncio absoluto. A palavra meditação a faz parecer mais pesada. É melhor chamá-la apenas de um simples, inocente silêncio, e a existência abre toda sua beleza para você. E à medida que isso vai crescendo, você vai crescendo, e chega o momento quando você alcançou o pico da sua potencialidade – você pode chamar isso de estado Búdico, iluminação, bhagwatta, divindade, qualquer que seja, isso não tem nome, então qualquer nome servirá.

Osho; The Last Testament, Vol. 5, Cap. 16

#espiritualismo #Osho

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/osho-o-n%C3%A3o-deus

Campos Morfogenéticos

Havia um arquipélago no Pacífico povoado apenas por macacos. Eles se alimentavam de batatas, que tiravam da terra. Um dia, não se sabe porque, um desses macacos lavou a batata antes de comer, o que melhorou o sabor do alimento. Os outros o observaram, intrigados, e aos poucos começaram a imitá-lo. Quando o centésimo macaco lavou a sua batata, todos os macacos das outras ilhas começaram a lavar suas batatas antes de comer. E entre as ilhas não havia nenhuma comunicação aparente.

Essa história (fictícia) exemplifica uma teoria criada pelo fisiologista inglês Rupert Sheldrake, denominada teoria dos campos morfogenéticos. Segundo o cientista, os campos mórfogenéticos são estruturas invisíveis que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material. Todo átomo, molécula, célula ou organismo que existe gera um campo organizador invisível e ainda não detectável por qualquer instrumento, que afeta todas as unidades desse tipo. Assim, sempre que um membro de uma espécie aprende um comportamento, e esse comportamento é repetido vezes suficiente, o tal campo (molde) é modificado e a modificação afeta a espécie por inteiro, mesmo que não haja formas convencionais de contato entre seus membros. Isso explica porque, no exemplo, todos os macacos do arquipélago de repente começaram a lavar suas raízes, sem que houvesse comunicação entre as ilhas.

Mas outros exemplos na natureza – desta vez verdadeiros – ilustram bem uma organização invisível no comportamento dos animais. Pegue um gato, por exemplo. Separe-o do convívio com outros gatos poucos dias após o nascimento (algo infelizmente comum) e crie-o isolado. Ele vai ter todas as características comportamentais de um gato, as brincadeiras, inclusive o cacoete de só fazer as necessidades na areia (se tiver areia no lugar, claro). Quem ensinou isso? Milhares de anos de evolução, dirão os Darwinistas. Deus, dirão os Criacionistas. Mas nem um nem outro explica a questão: Quem ensinou isso ao maldito gato que foi criado fora do convívio dos outros de sua maldita raça milenar?!

Ainda mais extraordinários são os pássaros jardineiros, cujo ninho é uma obra de arte, feito de palhas e ramos, e que não se esquecem, para encantar mais a fêmea, de enfeitar com o que se denomina “jóias”, sejam ervas ou flores, ou pedrinhas todas iguais, para atapetar o chão. Quem ensinou isso? Foi um Deus caprichoso, que estava numa fase mais artistica e deu esse dom pra esse pássaro e não para os outros? Ou foram seus genes, tão caprichosos quanto? Será que, baseado tão-somente na sobrevivência e possibilidades de acasalamento, não seria mais inteligente pra natureza espalhar essa técnica pra todos os pássaros e outros animais?

A ciência dá um valor muito alto aos genes. É uma verdadeira panacéia: se não sabemos explicar algo, simplesmente “culpamos” os genes. Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado? A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos, e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do aglomerado e o meio ambiente). Tal formação do embrião acontece com precisão tanto aqui quanto na China, tanto no frio como no calor, tanto na poluição e radiação de NY, quanto nos bucólicos campos da Escócia…

A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genes ditam essa estrutura primária e ponto. “A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético”, afirma Sheldrake. “Dados os genes corretos, e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontaneamente.”

A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os organismos seria ditada pelos campos morfogenéticos, uma estrutura espaço-temporal que direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes, um papel semelhante ao da planta de um edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta é um conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operários envolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância entre os campos.

Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo. Tal organismo parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas. Sheldrake já realizou várias pesquisas para provar que o corpo possui um campo mórfico e, quando se perde uma parte desse corpo, o campo permanece. Um exemplo é uma das experiências que fez: Uma pessoa que não tem parte do braço age como se estivesse empurrando o membro fantasma através de uma tela fina. Do outro lado da tela, uma outra pessoa tenta tocar o braço fantasma. De acordo com Sheldrake, as duas pessoas envolvidas na experiência são capazes de sentir o toque. É uma prova (subjetiva) de que alguma coisa do braço ainda existe concretamente, e não apenas no cérebro da pessoa que o perdeu.

Depois de muitos anos de estudo e pesquisa chegou-se à conclusão de que a chave desse mistério estaria numa espécie de memória: uma memória coletiva e inconsciente que faz com que formas e hábitos sejam transmitidos de geração para geração. O campo morfogenético seria uma região de influência que atua dentro e em torno de todo organismo vivo. Algo parecido com o campo eletromagnético que existe em volta dos imãs. Para o cientista, cada grupo de animais, plantas, pássaros etc, está cercado por uma espécie de campo invisível que contém uma memória, e que cada animal usa a memória de todos os outros animais da sua espécie. Esses campos são o meio pelo qual os hábitos de cada espécie se formam, se mantém e se repetem. No exemplo dos macacos, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie.

O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de ressonância mórfica. Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva.

Os seres humanos também têm uma memória comum. É o que Jung chamou de inconsciente coletivo. A respeito disso, Sheldrake lança uma luz sobre a questão da existência de vidas passadas: Ele diz que, às vezes, as pessoas podem entrar em sintonia com as memórias de uma outra pessoa que existiu no passado. Isso que não significa que elas foram realmente aquela pessoa, mas que se teve acesso à memória dela. Talvez por isso existam por aí tantas reencarnações de Napoleão e Cleópatra…

Então, o campo morfogenético é algo que está dentro de nós, e fora de nós. Nos envolve e nos define, está presente em nossos pensamentos, e nossas atitudes. Pode estar por trás do Id; Pode ser a Força. O inconsciente coletivo; O Shaktipat; Em essência, o Tao; Ou mesmo Brahma! O Reino dos céus!

Os campos morfogenéticos também são responsáveis por aquela sensação que a maioria das pessoas tem quando sente que está sendo observada. Sheldrake explica:
“Entrevistei alguns detetives particulares, pessoal da vigilância na polícia, pelotões antiterrorismo da Irlanda do Norte e outras pessoas cujo negócio é olhar outras pessoas. A maior parte destes observadores profissionais está muito consciente desse fenômeno, e alguns daqueles que operam sistemas de segurança em shoppings, edifícios, aeroportos e hospitais também estão muito conscientes desse efeito. Em uma das principais lojas de departamento de Londres, os detetives da loja disseram que podiam olhar as pessoas na loja através de uma TV, e quando viam alguém roubando, um gatuno, muitas vezes perceberam que, se olhassem para essa pessoa muito intensamente, pela tela da TV, a pessoa começava a olhar a seu redor procurando as câmeras escondidas e depois devolvia o que tinha tirado e saía da loja. Um segurança em um hospital disse que onde isso dava mais certo era com uma câmera oculta que cobria uma área onde as pessoas iam fumar, embora não fosse permitido fumar no hospital, mas quando ele observava os fumantes através da televisão de circuito fechado eles imediatamente começavam a parecer constrangidos e apagavam seus cigarros e saíam dali. Portanto, há muitas experiências práticas. No SAS britânico, que são as forças especiais usadas para tomar de assalto terroristas em embaixadas e lugares semelhantes, parte do treinamento ensina que, se você está se aproximando cuidadosamente de uma pessoa por trás, para esfaqueá-la nas costas, você não deve olhar fixamente para as costas dela, porque é quase certo que, se o fizer, ela vai se virar. E a primeira lição que um detetive particular aprende sobre seguir alguém é que você não olha para quem está seguindo, porque se olhar, ele vai se virar e seu disfarce terá sido descoberto”.

Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior, focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao contrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrake apresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade:
“Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório, não existe nenhum precedente que determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, várias formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma dessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que isso ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelos primeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer laboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteça novamente em experimentos futuros.”

Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981, quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de maneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como “uma importante pesquisa científica”, a Nature o considerava “o melhor candidato à fogueira em muitos anos”.

Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida, Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muito bem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, havia experimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridge e da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórfogenéticos. A idéia foi assimilada com entusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos. Cada vez que dizia alguma coisa do tipo “eu preciso telefonar”, eles retrucavam com um “telefonar para quê? Comunique-se por ressonância mórfogenética”. Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese que trombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida.

A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogos durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo de campos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também a existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformação dos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. “Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam”, informa Sheldrake.

Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numa ilustração em alto constraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Isso foi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duas ocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas “soluções”. Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua “resposta” foram transmitidas pela TV. Verificou-se que o índice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1. Numa universidade inglesa, alguns pesquisadores conseguiram provar que as palavras cruzadas dos jornais são muito mais fáceis de resolver quando feitas no dia seguinte à publicação original.

Esse fenômeno é muito comum entre os químicos. Quando um deles tenta cristalizar um novo composto leva muito tempo para conseguir um bom resultado. Mas a partir desse momento em outros lugares do mundo muitos outros químicos conseguem cristalizar o mesmo composto num tempo muito mais curto.

Isso explicaria o porquê da geração dos anos 80 ter tido facilidade de programar o videocassete, e a geração de 90 dominar o computador e o celular?

Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. “Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado”, conjectura Sheldrake. E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York, dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.

Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung e Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço, em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (ver artigo “Nas fronteiras da consciência”, em Globo Ciência nº 32).

Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para a compreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, que assumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos mais efetivos de terapia. “A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal”, afirmou Sheldrake a Galileu. “Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina, pois nossas ações podem influenciar os outros e serem repetidas”.

Abaixo, os melhores momentos da palestra de Rupert Sheldrake, intitulada “A mente ampliada” (que pode ser lida integralmente aqui):

EXPERIMENTO DO CACHORRO

Deixe-me dar um exemplo do tipo de histórias que temos em nosso banco de dados, sobre um cachorro que sabe quando seu dono está chegando em casa. Essa é de uma pessoa no Havaí: “Meu cachorro Debby sempre fica esperando na porta uma meia hora antes de meu pai chegar em casa do trabalho. Como meu pai estava no exército, ele tinha um horário de trabalho muito irregular. Não fazia diferença se meu pai ligava antes, e uma época eu achei que o cachorro reagia à chamada telefónica, mas isso obviamente não era o caso, porque às vezes meu pai dizia que estava vindo para casa mais cedo, mas tinha que ficar até mais tarde. Às vezes ele nem telefonava. O cachorro nunca se enganava, portanto eu eliminei a teoria do telefone. Minha mãe foi a primeira pessoa que notou esse comportamento. Ela estava sempre preparando o jantar quando o cachorro ia para a porta. Se o cachorro não fosse até a porta, nós sabíamos que papai ia chegar mais tarde. Se ele chegasse tarde, o cachorro mesmo assim o esperava, mas só quando ele já estivesse no caminho de casa”.

Temos agora em nosso banco de dados cerca de 580 relatos de cachorros que fazem isso, e cerca de 300 relatos de gatos que fazem isso, com esse tipo de qualidades. O cético de carteirinha irá dizer “bem, é apenas uma rotina”, mas na maioria dos casos não é uma rotina (se fosse as pessoas nem notariam). O próximo argumento do cético de carteirinha é “bom, o que deve acontecer é que as pessoas da casa sabem quando o dono está vindo e com isso seu estado emocional muda, e o animal capta essa mudança através de deixas sutis”. Bem, é claro que isso é possível se as pessoas realmente prevêem que alguém está vindo para casa, seu estado emocional pode mudar, elas podem ficar excitadas ou talvez deprimidas e o animal pode captar essa mudança emocional e reagir a ela. Mas, em muitos dos casos, as pessoas na casa não sabem quando a outra está vindo para casa, é o animal que lhes diz, e não elas que dizem ao animal.

Quando eu estava discutindo esse assunto com Nicholas Humphrey, meu amigo cético disse: “bem, tudo isso ainda não elimina a possibilidade de que eles ouvem o barulho do motor do carro, um motor de carro familiar a 30, 40 quilômetros de distância”, e eu disse: “isso é obviamente impossível”. E ele: “pelo contrário, apenas demonstra como a audição dos cachorros é aguçada”. Foi essa discussão que levou à ideia de fazer um experimento. Eu disse: “OK, e se eles vierem para casa de táxi, ou no carro de um amigo, ou de trem, ou de bicicleta da estação em uma bicicleta emprestada, para que não haja sons familiares?” E ele disse: “nesse caso, o cachorro não reagiria”, e desde a publicação deste livro eu já descobri muitos cachorros, gatos e outros animais que fazem isso.

Telefonamos para pessoas escolhidas aleatoriamente usando técnicas padronizadas de amostragem e perguntamos se elas tinham animais. Dos donos de animais, havia mais donos de cachorros do que de gatos na maior parte das localidades. Perguntávamos: então “seu animal parece saber previamente quando um membro da família está vindo para casa?” Aproximadamente 50% dos donos de cachorro em todas as localidades disseram que sim – em Los Angeles foram mais de 60% – e podemos ver através desses resultados que os gatos em todas as localidades fazem isso menos que os cachorros.

Nos primeiros experimentos que foram feitos, pedíamos às pessoas que anotassem em um caderno o comportamento do cachorro, mas os céticos disseram: “bem, assim você tem uma tendência subjetiva”. Portanto, agora nós fazemos uma fita de vídeo de todos os experimentos. Temos uma câmera de vídeo em tripé, apontando para o lugar onde o cachorro ou o gato esperam pela pessoa que vem para casa. Há um controle de tempo na câmera e ela fica funcionando por horas. Então, temos horas de filme que irão mostrar se o cachorro ou o gato vão até a janela, e por quanto tempo ficam lá, um registro objetivo e perfeito. O que vou lhes mostrar é um vídeo de um desses experimentos que foi feito com um cachorro com que trabalhei principalmente na Inglaterra. O cachorro chama-se JT e o nome de sua dona é Pam. Quando Pam sai, ela deixa JT com seus pais, que vivem no apartamento ao lado do dela. Eles observaram há muitos anos que JT sempre ia para a janela quando Pam estava a caminho de casa, ou quase sempre. Esse experimento foi filmado profissionalmente pela televisão estatal austríaca, e foi filmado com duas câmeras, para que pudéssemos ver o cachorro e a pessoa que estava na rua ao mesmo tempo. E foi combinado que eles escolhessem as horas de sua vinda para casa de maneira aleatória, que nem ela mesma soubesse previamente, que ninguém soubesse previamente; e ela viria para casa de táxi, para eliminar a possibilidade de sons de carros familiares. Esse, portanto, é um experimento que foi realizado dentro dessas condições.

Na vida real, Pam não vem para casa em horas escolhidas aleatoriamente, e que ela própria desconheça previamente. Quando está no trabalho, ou quando sai para fazer compras ou visitar amigos, ela vem para casa em vários momentos diferentes, e nós monitoramos regularmente as horas em que ela volta, mais de 200 experimentos foram monitorados, temos dezenas deles em vídeo. O cachorro nem sempre reage, cerca de 85% das vezes JT realmente espera por ela quando ela está vindo para casa, cerca de 15% ele não o faz. Analisamos as ocasiões em que ele não faz, a maioria das vezes ocorreu quando a cadela do apartamento vizinho estava no cio. Isso mostra que JT pode se distrair. Isso também ocorreu algumas vezes quando havia visitas na casa ou outro cachorro, e algumas vezes sem nenhum motivo. De qualquer forma, JT normalmente reage quando Pam decide que vai para casa. No filme vê-se que ele não começa a reagir quando ela entra no táxi, e sim quando ela estava pronta para ir para casa. Na vida real ele não reage quando ela entra no carro para ir para casa, e sim quando ela começa a se despedir dos amigos e pensando “bem, vou-me embora”. Ele parece captar essa intenção dela. É bem verdade que JT vai até a janela ocasionalmente quando Pam não está a caminho de casa, normalmente porque vai latir para um gato que passa na rua ou está olhando alguma coisa que está acontecendo do lado de fora. Nesses gráficos incluímos todos esses casos, embora fique claro no vídeo que ele não está esperando, mas como os céticos dizem que, se você usar evidência seletiva isso demonstra que você inventou a coisa toda, não fizemos nenhuma seleção aqui. Às vezes há uns trechos barulhentos, quando ele vai até a janela de qualquer maneira, mas podemos ver que isso é a média de 12 ocasiões diferentes quando ela estava fora por mais de 3 horas. O tempo que ele está esperando na janela é maior quando ela está no caminho de casa do que quando ela não está. Vemos um pequeno aumento antes de ela ir para casa que, a meu ver, tem relação com esse efeito antecipatório.

JT está obviamente esperando por ela principalmente quando ela está no caminho de casa. O que é claro nesses gráficos é que JT não vai para a janela com mais frequência quanto mais tempo ela estiver fora. Ele obviamente está muito mais na janela aqui, quando ela está no caminho de volta, do que nos períodos correspondentes aqui. Esses efeitos têm uma enorme significância estatística. Vários tipos de análise mostram significâncias que vão mais além da escala de meu computador. Esses efeitos são do tipo p é menor que .00001.

Esses resultados foram amplamente publicados na Grã-Bretanha, nos jornais, e – é claro – foram criticados pelos céticos, que estão sempre prontos para dizer que nada semelhante poderia ocorrer. Um dos céticos mais ativos na Grã-Bretanha, cujo nome é Richard Wiseman, disse que eu não tinha usado procedimentos adequados, não os tinha registrado de forma adequada, etc. Eu fiz também muitos experimentos com horas de retorno aleatórias. Pam tem umpager em seu bolso que eu ativei por telefone de Londres e ela vem para casa em momentos verdadeiramente aleatórios, usando um desses pagers da telecom. De qualquer forma, ele criticou os detalhes, então eu disse: “Tudo bem, por que você mesmo não faz o experimento? Eu organizo tudo para que você possa fazê-lo com o mesmo cachorro. Emprestamos uma câmera de vídeo, Pam irá onde você quiser, o seu ajudante ficará observando-a”. Na verdade, então, o próprio Wiseman filmou o cachorro e ficou no apartamento dos pais da Pam, enquanto seu ajudante ia com a Pam para pubs, ou outros lugares, até que em um momento determinado aleatoriamente fosse decidido que eles voltariam para casa. Eles checavam o tempo todo para garantir que não haveria chamadas telefônicas secretas, nenhum meio de comunicação invisível, nenhuma fraude ou trapaça.

Wiseman é um mágico, e ele é um desses céticos que está sempre afirmando que tudo pode ser feito por trapaça ou ilusionismo. Bem, ele mesmo esteve lá, e eles estavam se protegendo de tudo, e ele realizou três experimentos com Pam na casa de seus pais, e esses foram os resultados dos três experimentos que ele fez, usando todos seus controles rigorosíssimos, seu próprio procedimento aleatório, e outras coisas mais (os resultados são exatamente iguais aos outros; o público ri). Portanto, esses resultados são sólidos, mesmo com um cético, que ao fazer o experimento na verdade não quer que ele dê certo. Atualmente realizo uma série de experimentos em Santa Cruz, Califórnia, com um tipo de periquito italiano que mostra o mesmo tipo de reação: eles guincham quando o dono está vindo para casa, e obtemos quase o mesmo tipo de gráficos, mostrando que os guinchos vão aumentando de intensidade quando o dono está a caminho de casa em horas aleatórias.

Um cão e um ser humano, quando formam uma união entre eles, são parte de um grupo social. Os cães são animais intensamente sociais, eles descendem dos lobos que têm uma vida social intensa. Portanto, eu acho que o que ocorre quando uma pessoa sai de casa, é que ela ainda continua conectada pelo campo mórfico da família, do qual o cão é parte. O campo mórfico se estica, por assim dizer, mas eles ainda estão ligados por esse campo mórfico, e é devido a essa conexão contínua invisível que a informação pode viajar, as intenções da pessoa podem afetar o cachorro em casa.

Portanto, eu interpreto tudo isso em termos de campos mórfícos. É claro, outras pessoas podem querer interpretá-lo em termos de outras coisas, e pode ser que isso esteja relacionado com a não-localidade quântica, ninguém sabe. Existem na física quântica, fenômenos não-locais misteriosos, sistemas que foram conectados como parte do mesmo sistema, e quando são separados retêm essa conexão não-local e não separável à distância. Bem, uma pessoa e um cachorro, que estiveram conectados por terem vivido juntos como companheiros, quando se separam podem ter uma conexão não-local semelhante. Mas ninguém sabe se essa não-localidade quântica se estende aos fenômenos macroscópicos ou não.

MEMÓRIA COLETIVA

Acho que esses campos têm uma espécie de memória, essa é minha ideia de ressonância mórfíca, o que significa que cada tipo de campo mórfico tem uma memória de sistemas passados semelhantes, por meio de um processo de ressonância através do espaço e do tempo. Os campos são locais, estão dentro e ao redor do sistema que eles organizam, mas sistemas semelhantes têm uma influência não-local através do espaço e do tempo, oriunda da ressonância mórfíca, que dá uma memória coletiva para cada espécie. Não tenho tempo de explicar os detalhes da teoria da ressonância mórfíca, a não ser para dizer que cada espécie neste planeta teria uma memória coletiva. Todos os ratos extrairiam memórias da memória coletiva de ratos anteriores. Se ratos aprenderem um novo truque no laboratório, outros ratos em outros locais deveriam ser capazes de aprender o mesmo truque mais rapidamente. Haja evidência, que eu discuti em meus livros, de que isso realmente ocorre.

No reino humano, se as pessoas aprendem uma nova habilidade, como windsurf, ou andar de skate, ou programação de computador, o fato de que muitas pessoas já aprenderam a mesma coisa deveria fazer com que fosse mais fácil para os outros aprenderem. Bem, essa é uma teoria que, claramente, é muito polêmica, e eu a descrevi em detalhe em meus livros A new science of life e A presença do passado. Já houve um número considerável de testes experimentais, e quando um número grande de pessoas está envolvida, eles dão resultados positivos; com uma amostra pequena (20, 30 pessoas) aprendendo algo novo, os resultados são às vezes positivos e às vezes não significativos. Esses efeitos são relativamente pequenos e difíceis de detectar no contexto de variações individuais. Mas há certos tipos de evidência que surgiram espontaneamente, que são relevantes aqui, e um deles está relacionado com testes de QI. Como vocês sabem, os testes padrão de QI vêm sendo ministrados por muitos anos para medir a inteligência e esses mesmos testes são aplicados ano após ano. Foram feitos estudos para examinar a contagem de testes de QI no decorrer do tempo; quando examinamos o desempenho absoluto nesses testes – e aqui estamos falando de testes feitos por milhões de pessoas – os testes mostram um efeito muito interessante que foi descoberto pela primeira vez por James Flynn, e portanto é chamado de Efeito Flynn: há um aumento misterioso e inesperado nas porcentagens do QI com o correr do tempo. Aqui temos um gráfico mostrando resultados de testes de QI, tirado de um número recente da revista Scientific American. As porcentagens aumentaram uns três por cento a cada década, não só nos Estados Unidos, mas também na Inglaterra, na Alemanha e na França. Por que o QI é uma questão polêmica na psicologia, tem havido muita discussão sobre a razão pela qual isso aconteceu: melhor nutrição, escolas melhores, mais experiência com os testes, e assim por diante. Mas nenhuma dessas teorias foi capaz de explicar mais do que uma fração desse efeito. O próprio Flynn, após 10 anos pensando sobre isso, e testando todas essas explicações, chegou à conclusão que o efeito é desconcertante, não há explicação para ele na ciência convencional. No entanto, é apenas o tipo de efeito que seria de se esperar com a ressonância mórfíca. Não é porque as pessoas estão realmente ficando mais inteligentes, mas o que está acontecendo é que elas simplesmente estão mais eficientes quando fazem os testes de QI, e eu acho que isso ocorre porque milhões de pessoas já fizeram os mesmos testes.

CRISTAIS

Se você fizer um novo cristal que nunca existiu antes, não poderia existir um campo mórfico para esse cristal. Essa teoria se aplica também a moléculas. Se você a cristalizar repetidamente, o campo mórfico ficará mais forte, e ficaria mais fácil para a substância se cristalizar. Na verdade isso é um fato bem conhecido dos químicos, que os novos compostos se cristalizam com mais facilidade com o passar do tempo nos vários laboratórios. A explicação desses químicos é que isso ocorre porque fragmentos dos cristais anteriores são levados de um laboratório para o outro, nas barbas de químicos migrantes, ou que foram transportados da atmosfera como partículas invisíveis de poeira. Mas eu estou sugerindo que isso poderia ser um efeito da ressonância mórfica e essa é uma das áreas em que ela pode ser testada. Na química existem também outras áreas onde ela pode ser testada.

O UNIVERSO E OS ANJOS

Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfogenético específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.

Se, através da teoria de Gaya, estamos passando a enxergar a Terra como um organismo vivo, então será que a Terra pensa? Será que ela poderia ser consciente? E o Sol? Todas as religiões tradicionais tratam o Sol como sendo consciente. É um deus (Hélios), na religião grega. Mitra, na Pérsia. Surya, na Índia, onde seus devotos o saúdam pela manhã, através de um exercício de yoga chamado Surya namaskar. Portanto, estas são tradições que existem em todas as partes, mas, é claro, para nós, com uma estrutura científica, o Sol é apenas uma grande explosão nuclear do tipo que ocorre o tempo todo emitindo radiação.

O Sol, sabemos hoje em dia, tem uma série incrível de mutações de ressonância elétrica e magnética ocorrendo em seu interior: ciclos de onze anos, explosões de manchas solares, dinâmica caótica, freqüências ressonantes. Atualmente sistemas estão monitorando, com um detalhamento anteriormente considerado impossível, essas incríveis mudanças eletromagnéticas – minuciosas e complexas – que estão ocorrendo no Sol. Bem, se padrões elétricos complexos são uma interface suficiente para a consciência e o cérebro humano, por que é que o Sol não poderia tê-los também? Por que o Sol não poderia pensar? E se o Sol é consciente, por que não as estrelas? E se as estrelas são conscientes, por que não as galáxias? Essas últimas teriam uma consciência de um tipo muito mais inclusivo do que a das estrelas que elas contêm. E se galáxias, por que não os grupos de galaxias? Então teríamos uma idéia de níveis hierárquicos de consciência por todo o universo. É claro, na tradição ocidental, como em todas as tradições, temos uma idéia exatamente desse tipo. A idéia das hierarquias dos anjos na Idade Média não era a de seres com asas – isso era apenas uma maneira bastante ingênua de representá-los. Eles eram compreendidos tradicionalmente como níveis de consciência além do humano. Havia nove níveis, dos quais três ou mais eram relacionados com as estrelas e com a organização de corpos celestiais. Eles eram as inteligências das estrelas e dos planetas, os três níveis intermediários dos anjos. Portanto, já existe a tradição no ocidente sobre uma consciência super-humana.

#espiritualismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/campos-morfogen%C3%A9ticos

Repartir a Chama

Vi no documentário National Geographic “A Estória de Deus” que na Igreja do Santo Sepulcro, em Jesusalém, na Páscoa, as 4 principais seitas de cristãos ortodoxos se reúnem para testemunhar um “milagre”: O acendimento espontâneo de uma vela (supostamente por um anjo) colocada na (suposta) tumba onde Jesus ficou sepultado. As pessoas se aglomeram naquele espaço apertado, se empurrado e brigando, pois os sentimentos nacionalistas se misturam com os religiosos, e aguardam o “milagre”, que ocorre há mais de 1.000 anos.

Para os mais céticos é um “milagre” de gosto duvidoso, já que em momento algum as velas ficam expostas para o público (e sim dentro de uma cripta), mas fui levado às lágrimas ao ver toda a simbologia, onde 3 a 5 velas acendidas pelo “anjo” se transformam rapidamente em milhares de pontos de luz, provindos do mesmo fogo. Na penumbra da capela, a luz se espalha entre gregos, armênios, coptas, sem fazer juízo de valor, e o último a recebê-la terá sua chama tão quente, tão vívida quanto a que incandesceu a primeira vela.

Me emocionei ao pensar: Por que as pessoas não fazem isso no dia-a-dia? Por que brigam minutos antes e só confraternizam diante de um milagre?! O ser humano pauta sua conduta em função da religiosidade, quando a religiosidade é que deveria ser para o ajuste da conduta!!! Não deveria ser preciso Deus “descer do Céu” e dizer “Não matarás” para que saibamos que matar não é correto, e ainda assim vemos no mesmo livro dessa religião relatos de chacinas diversas em nome do mesmo Deus… vimos as cruzadas justificadas (não sei como) em Jesus, e enquanto escrevo outros tantos matam e morrem em nome de Allah…

Pensamos cada vez menos no semelhante, vivemos em um mundo que faz por onde reproduzir exatamente as características do “fim dos tempos” predito por Jesus. Quem pensa no outro é fraco, babaca. Até mesmo na espiritualidade há concorrência de grupos, seitas, integrantes. O conhecimento não é compartilhado, mas sim usado como moeda de troca, ou explicitamente vendido. Coleciona-se títulos como quem coleciona selos, ou moedas. Não percebem que, ao buscarem gradualmente a ILUMINAÇÃO, não perderão o “brilho da chama” ao compartilhá-la com o outro! Ao contrário, duas chamas trazem mais luz ao ambiente, e ambos poderão ver mais longe e melhor!

#Espiritualidade #Religiões

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/repartir-a-chama