Exilados de Capella

– “Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se, desenhada, uma grande estrela na Constelação do Cocheiro que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela (Capella)”.

“Magnífico Sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias divinas do Ilimitado.” (A Caminho da Luz, Emmanuel, cap. III) A Constelação do Cocheiro é formada por um grupo de estrelas de várias grandezas, entre as quais se inclui a Capela, de primeira grandeza, que, por isso mesmo, é a alfa da constelação. Capela é uma estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol e, se este fosse colocado em seu lugar, mal seria percebido por nós, à vista desarmada. Dista da Terra cerca de 45 anos-luz, distância esta que, em quilômetros, se representa pelo número de 4.257 seguido de 11 zeros.

Na abóbada celeste Capela está situada no hemisfério boreal, limitada pelas constelações da Girafa, Perseu e Lince: e, quanto ao Zodíaco, sua posição é entre Gêmeos e Touro.

Conhecida desde a mais remota antigüidade, Capela é uma estrela gasosa, segundo afirma o célebre astrônomo e físico inglês Arthur Stanley Eddington (1882-1944), e de matéria tão fluídica que sua densidade pode ser confundida com a do ar que respiramos.

Sua cor é amarela, o que demonstra ser um Sol em plena juventude, e, como um Sol, deve ser habitada por uma humanidade bastante evoluída.

* ver O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perg.188.

CAPELINOS

Periodicamente acontecem as chamadas “rondas planetárias”, que são migrações de consciências para outros planetas, onde poderão dar continuidade ao seu aprendizado e desenvolvimento. Falarei agora da ronda que trouxe para a Terra os espíritos que transformaram de vez a face do nosso planeta:

Os clássicos povos antigos (egípcios, hindus, etc) que fizeram florescer a civilização como a conhecemos foram compostos de espíritos provenientes do sistema de Capela. Ali havia um planeta com alto grau de conhecimento e espiritualidade, mas, como em toda escola, havia a “turma do fundão” que não quer saber de nada, que usam o conhecimento para fins egoístas e não muito louváveis. Como a maioria da população do planeta, através da evolução, atingiu um nível espiritual incompatível com as atitudes e freqüência dessa minoria, esses espíritos recalcitrantes no mal foram então transferidos (banidos seria um termo mais correto) para o planeta Terra, para que pudessem ser a mola propulsora na evolução do povo daqui (espíritos terrícolas).

Há alguns milhares de anos, quando os espíritos dos degredados começaram a encarnar aqui, tudo o que encontraram em nosso planeta eram tribos, sociedades rudimentares baseadas na força bruta. Claro que esses espíritos degredados não gostaram nadinha de sair de seu luxo, conforto e tecnologia para um planeta atrasado como o nosso, e muito menos encarnar nesses corpos diferentes.

Mesmo com o véu do esquecimento causado pela reencarnação, esses espíritos traziam em seus olhos – além de toda a sua evolução espiritual (essa que não se perde) – uma saudade indefinível, um sentimento de perda de algo e desejo de voltar não se sabe ao certo para onde. Então, com o passar dos anos, inconscientemente esses espíritos adiantados foram se juntando – por afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na constelação de Cocheiro – em quatro grandes grupos: os arianos, egípcios, hindus e o povo de Israel. Assim, pela sua inteligência superior, essas raças facilmente sobrepujaram as outras, e assim nascem as grandes civilizações como as conhecemos.

Numa simples descrição encontramos referência a vôo orbital, descida de seres do espaço, mísseis dirigidos, explosões nucleares e contaminação radioativa. Nada de novo sobre a Terra… isso mostrava aos seres do espaço que a turminha de “gente ruim” não havia aprendido nada com o banimento e que aqui iria virar um Carandiru mesmo. Então, percebendo que sua ajuda comprometeria gravemente a evolução do planeta, os extraterrestres foram embora da nossa vista, estabelecendo uma quarentena para o nosso planeta (para nosso próprio bem).

Nada como um romance com personagens cativantes e boa história para passar uma mensagem. Então foi isso que Albert Paul Dahoui fez com o livro A saga dos Capelinos, onde misturou ficção com o que se sabe sobre a nossa origem espiritual, através de relatos espíritas e teosóficos. A introdução é tão didática que a publicarei aqui para que entendam melhor como se deu o expurgo dos Capelinos para a Terra:

“Há cerca de 3.700 a.C., num dos planetas que gravitam em torno da estrela dupla Capela, existia uma humanidade muito parecida com a terrestre, à qual pertencemos atualmente, apresentando notável padrão de evolução tecnológica. Naquela época, Ahtilantê, nome desse planeta, o quinto, a partir de Capela, estava numa posição social e econômica global muito parecida com a da Terra do século XX d.C. A humanidade que lá existia apresentava graus de evolução espiritual extremamente heterogêneos, similares aos terrestres do final do século XX, com pessoas desejando o aperfeiçoamento do planeta, enquanto outras apenas desejavam seu próprio bem-estar.

Os governadores espirituais do planeta, espíritos que tinham alcançado um grau extraordinário de evolução, constataram que Ahtilantê teria que passar por um extenso expurgo espiritual. Deveriam ser retiradas do planeta, espiritualmente, as almas que não tivessem alcançado um determinado grau de evolução. Elas seriam levadas para outro orbe, deslocando-se através do mundo astral, onde continuariam sua evolução espiritual, através do processo natural dos renascimentos. No decorrer desse longo processo, que iria durar cerca de oitenta e quatro anos, seriam dadas oportunidades de evolução aos espíritos, tanto aos que já estavam na carne, como aos que estavam no astral – dimensão espiritual mais próxima da material – através das magníficas ocasiões do renascimento. Aqueles que demonstrassem endurecimento em suas atitudes negativas perante a humanidade ahtilante seriam retirados, gradativamente, à medida que fossem falecendo fisicamente, para um outro planeta que lhes seria mais propício, possibilitando que continuassem sua evolução num plano mais adequado aos seus pendores ainda primitivos e egoísticos. Portanto, a última existência em Ahtilantê era vital, pois demonstraria, pelas atitudes e pelos pendores do espírito, se ele havia logrado alcançar um padrão vibratório satisfatório dos requisitos de permanência num mundo mais evoluído e pronto para novos vôos ou se teria que passar pela dura provação de um recomeço em planeta ainda atrasado.

Os governadores espirituais do planeta escolheram para coordenar esse vasto processo um espírito do astral superior chamado Varuna Mandrekhan, que formou uma equipe atuante em muitos setores para apoiá-lo em suas atividades. Um planejamento detalhado foi encetado de tal forma que pudesse abranger de maneira correia todos os aspectos envolvidos nesse grave cometimento. Diversas visitas ao planeta que abrigaria parte da humanidade de Ahtilantê foram feitas, e, em conjunto com os administradores espirituais desse mundo, o expurgo foi adequadamente preparado.

Ahtilantê era um planeta com mais de seis bilhões de habitantes e, além dos que estavam ali renascidos, existiam mais alguns bilhões de almas em estado de erraticidade. O grande expurgo abrangeria todos, tanto os renascidos como os que se demoravam no astral inferior, especialmente os mergulhados nas mais densas trevas. Faziam também parte dos passíveis de degredo os espíritos profundamente desajustados, além dos assassinos enlouquecidos, dos suicidas, dos corruptos, dos depravados e de uma corja imensa de elementos perniciosos.

Varuna, espírito nobilíssimo, destacara-se por méritos próprios em todas as suas atividades profissionais e pessoais, sendo correto, justo e íntegro. Adquirira tamanho peso moral na vida política do planeta que era respeitado por todos, inclusive por seus inimigos políticos e adversários em geral. Os capelinos foram trazidos em levas que variavam de vinte mil a pouco mais de duzentas mil almas. Sob a direção segura e amorosa dos administradores espirituais, vinham em grandes transportadores astrais, que venciam facilmente as grandes distâncias siderais e que eram comandados por espíritos especializados em sua condução.

A Terra, naquele tempo, era ocupada por uma plêiade de espíritos primitivos, os quais serão sempre denominados terrestres nestes escritos, para diferenciá-los dos capelinos que vieram degredados para cá, a fim de evoluir e fazer com que outros evoluíssem. Uma das funções dos capelinos, aqui na Terra, era ser aceleradores evolutivos, especialmente no terreno social e técnico. Embora fossem a escória de Ahtilantê, eram mais adiantados do que os terrestres relativamente a níveis de inteligência, aptidão social e, naturalmente, sagacidade. Os terrestres, ainda muito embrutecidos, ingênuos e apegados a rituais tradicionais, pouco ou nada criavam de novo. Cada geração se apegava ao que a anterior lhe ensinara, atitude muito similar à em que vemos demorarem-se os nossos índios, que estagiam comodamente no mesmo modo de vida há milhares de anos.

Havia entre os exilados um grupo de espíritos que, em Ahtilantê, se intitulavam de alambaques, ou seja, dragões. Esses espíritos, muitos deles brilhantes e de sagaz inteligência, eram vítimas de sua própria atitude negativa perante a existência, preferindo serem ‘críticos a atores da vida’. Muitos deles se julgavam injustiçados quando em vida e, por causa desses fatos, aferravam-se em atitudes demoníacas perante os maiores. Era mais fácil para eles comandar a grande massa de espíritos inferiores que os guardiões do astral inferior, que eram em pouco número. Por isso, Varuna foi até as mais densas trevas, para convidar os poderosos alambaques a se unirem a eles e ajudarem as forças da evolução e luz a triunfarem sobre eventuais espíritos recalcitrantes. Varuna, através de sua atitude de desprendimento, de amor ao próximo e de integridade e justiça, foi acolhido, após algum tempo, pela maioria dos alambaques, como o grande mago, o Mykael, nome que passaria a adotar como forma de renovação que ele mesmo se impôs ao vir para a Terra. A grande missão de Mykael era não apenas de trazer as quase quarenta milhões de almas capelinas para o exílio, porém, principalmente, fundamentalmente, levá-las de volta ao caminho do Senhor, totalmente redimidas.”

Referência: A caminho da luz, de Emmanuel / Chico Xavier;

Vinha de luz, de Emmanuel / Chico Xavier;

Exilados de Capela, de Edgar Armond

Site: Saindo do Matrix, mas eu achei no site do Beraldo.

#Espiritismo #kardecismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/exilados-de-capella

Allan Kardec e o Preto Velho

Pouca gente sabe, mas numa das reuniões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec evocou um Espírito que, segundo as terminologias da cultura brasileira, poderia ser classificado como um “preto velho”. Esse encontro, narrado pelo próprio Kardec nas páginas da sua histórica “Revista Espírita” (Revue Spirite), de junho de 1859, aconteceu na reunião do dia 25 de março de 1859.

Pai César – este o nome do Espírito comunicante – havia desencarnado em 8 de fevereiro também de 1859 com 138 anos de idade – segundo davam conta as notícias da época –, fato este que certamente chamou a atenção do Codificador, que logo se interessou em obter, da Espiritualidade, mais informações sobre o falecido, que havia encerrado a sua existência física perto de Covington, nos Estados Unidos.

Pai César havia nascido na África e tinha sido levado para a Louisiana quando tinha apenas 15 anos.

Antes de iniciar a sessão em que se faria presente Pai César, Allan Kardec indagou ao Espírito São Luís, que coordenava o trabalho, se haveria algum impedimento em evocar aquele companheiro recém-chegado ao Plano Espiritual. Ao que respondeu São Luís que não, prontificando-se, inclusive, a prestar auxílio no intercâmbio. E assim se fez. A comunicação, contudo, mal iniciada, já conclamou os participantes do grupo a muitas reflexões. Na sua mensagem, Pai César desabafou, expondo a todos as mágoas guardadas em seu coração, fruto dos sofrimentos por que passara na Terra em função do preconceito que naqueles dias graçava em ainda maior escala do que hoje. E tamanhas eram as feridas que trazia no peito que chegou a dizer a Kardec que não gostaria de voltar à Terra novamente como negro, estaria assim, no seu entendimento, fugindo da maldade, fruto da ignorância humana. Quando indagado também sobre sua idade, se tinha vivido mesmo 138 anos, Pai César disse não ter certeza, fato compreensível, como esclarece o Codificador, visto que os negros não possuíam naqueles tempos registro civil de nascimento, sobretudo os oriundos da África, pelo que só poderiam ter uma noção aproximada da sua idade real.

A comunicação de Pai César certamente ajudou Kardec, em muito, a reforçar as suas teses contra o preconceito, o mesmo preconceito que o levou a fazer, dois anos depois, nas páginas da mesma “Revista Espírita”, em outubro de 1861, a declaração a seguir, na qual deixou patente o papel que o Espiritismo teria no processo evolutivo da Humanidade, ajudando a pôr fim na escuridão que ainda subjuga mentes e corações: “O Espiritismo, restituindo ao espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou as castas e os estúpidos preconceitos de cor.”

Não obstante, é claro verificar o preconceito que existia da sociedade européia de fato na época do fato narrado. Não me surpreende também, o epiritismo, doutrina derivada da sociedade européia vigente daqueles tempos, e codificada por Kardec, a priori, ter qualquer preconceito com relação a espíritos que diferissem dos moldes por eles preconizados pela era européia contemporânea. Ora, não deveria sequer se dar tamnha ênfase nessa comunicação deveras ordinária por Kardec, haja visto que a única diferença, tratava-se pela origem humilde e racial do espírito comunicante. Seria de mesmo modo, como se a Umbanda se maravilhasse quando um espírito de um nobre europeu fizesse comunicação em uma de suas sessões.

Publicado originalmente no boletim “Serviço Espírita de Informações” (www.boletimsei.org.br/?wpfb_dl=393), na edição 2090, do ano 2008.

#kardecismo #Umbanda

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/allan-kardec-e-o-preto-velho