Palestras e Cafés Filosóficos – Fev-Abr 2014

É com grande prazer que anuncio o retorno às atividades da Arcanum Arcanorum em 2014. Em conjunto com a S.O.L. (Sociedade dos Ocultistas Livres), da Loja Teosófica São Paulo, do Templo AyaSofia e do Arcanum Arcanorum, gostaria de convidar os leitores do Blog para as palestras públicas que acontecerão às terças Feiras, 20h, no Templo AyaSofia (r. Alferes Magalhães, 347 – prox. ao Metrô Santana). Os eventos são gratuitos e pedimos apenas que levem doces, salgados ou refrigerantes para um ágape fraterno após as palestras.

25/02 – “Umbanda Sagrada”, palestrante: Alfonso Odriozola

11/03 – “O que é Teosofia”, palestrante: Carlos Brasilio Conte

18/03 – “Práticas Magísticas no Judaísmo”, palestrante: Átila Fayão

25/03 – “Anjos no Esoterismo”: palestrante: Frater Zugon Villar

01/04 – “Como fazer um incensamento” palestrante Rose D´Moraes

08/04 – “As Polaridades do Ocultismo” palestrante Sérgio Pacca

15/04 – “A Kabbalah e a Capela Sistina” palestrante Rosa Maria Bastos

CURSO DE UMBANDA SAGRADA

E também aproveito para anunciar o Curso de Teologia da Umbanda Sagrada, que será ministrado pelo ir.’. Alfonso Odriozola e vários professores convidados. O curso tem duração de aproximadamente 9 meses e as aulas serão às segundas feiras, 20h, no Templo AyaSofia. Investimento: R$ 50,00 ao mês.

#Arcanum

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Palestras e Cafés Filosóficos – Abr 2014

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Em conjunto com a S.O.L. (Sociedade dos Ocultistas Livres), da Loja Teosófica São Paulo, do Templo AyaSofia e do Arcanum Arcanorum, gostaria de convidar os leitores do Blog para as palestras públicas que acontecerão às terças Feiras, 20h, no Templo AyaSofia (r. Alferes Magalhães, 347 – prox. ao Metrô Santana). Os eventos são gratuitos e pedimos apenas que levem doces, salgados ou refrigerantes para um ágape fraterno após as palestras.

22/04 – “Gurdjieff e O Quarto Caminho” por Frater Alef

29/04 – “Caput Draconis e Cauda Draconis no Mapa Astral” por Elizabeth Nakata

#Arcanum

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Eu não acredito em idade

Sim, esta é uma frase que sempre digo as pessoas quando o assunto envolve o tema “idade”. A maior parte delas apenas desconversa ou ignora completamente o que foi dito. Algumas ficam admiradas e me olham com uma aparência confusa: “Hmm, isto deve ser algo muito profundo, melhor não perguntar nada”. E somente umas poucas chegam a me perguntar: “O que você quer dizer com isso?”. Penso que está na hora de responder…

Primeiramente, é importante frisar que esta é uma das conclusões puramente intuitivas que trago de minha infância. “Eu não acredito em idade, eu nunca acreditei em idade” – é algo que simplesmente “nasceu comigo”, se é que é possível dizer. Não foi algo que li nalgum lugar, e nem mesmo algo que, somente pelo fato de haver lido em algum lugar, se tornaria parte da minha essência. Eu não acredito em idade, é parte da minha essência, e desde minha infância tenho tentado descobrir o que exatamente isto significa.

Quando pensam em idade, a maioria das pessoas pensa – conscientemente ou não, quer admita ou não – em uma espécie de relógio de areia onde cada grão que escorre pela fresta abaixo é um dia a menos, um dia que ficou para trás. E, da mesma forma, quanto menos grãos de areia restam na parte superior do relógio, menos tempo há para viver. Neste sentido, falar em idade é basicamente falar em morte: quanto maior o número, quanto mais próximo dos 70, 80, 100 anos, mais próxima estará a morte.

Eu ainda vou retornar ao assunto, mas por agora gostaria apenas de deixar claro que o fato de eu não crer em idade não significa que ignore a existência da morte. Da mesma forma que não ignoro que, com o passar das horas do dia, e com o pôr do sol e a chegada da noite, eventualmente irei deitar minha cabeça num travesseiro e dormir (ah não ser que esteja jogando RPG ou numa rave, mas isto têm sido cada vez mais raro em minha vida, para o bem ou para o mal).

Dito isto, após muito refletir cheguei a conclusão de que para mim existem em realidade três tipos distintos de “idades”. Embora eu creia nas três, talvez percebam que nenhuma delas tem relação direta com o que as pessoas usualmente chamam de idade.

A primeira idade em que tenho fé é a idade fisiológica. Ora, seja lá o que seja o “eu” ou a alma, é certo que, ao menos neste mundo, habitamos um corpo humano. E este corpo humano possuí diversas características, físicas e mentais, que são desenvolvidas ao longo da infância e da juventude, até a chamada idade adulta. Diz-se que um adulto é um ser humano que vive numa sociedade onde o texto de algum pedaço de papel afirma que, de acordo com sua idade, ele pode se casar, ter relações sexuais, votar, dirigir um automóvel, etc. O valor numérico destas idades varia de acordo com a região e a cultura do planeta. Na África há muitos adultos com 13 anos, enquanto que na maior parte do globo a idade da maioridade é 18 (19 na Coréia do Sul, 20 no Japão e 21 nos EUA). Como eu sou um sujeito que segue a maior parte das leis, sou obrigado a concordar e botar fé em tais números.

Mesmo o cérebro humano, dizem os neurologistas, têm suas “idades”. Por hora do nascimento, um cérebro humano pesa cerca de 350 gramas e têm ¼ do tamanho de um cérebro adulto. Com um 1 ano de idade, já têm o dobro do peso, 700 gramas, e metade do peso da versão adulta. Aos 6 anos, já têm 90% do tamanho final. Aos 12 anos, o córtex pré-frontal atinge sua fase final de desenvolvimento, que abrange toda a adolescência. Recentemente, cientistas têm discutido se este desenvolvimento não ultrapassaria em muito a idade dita adulta, geralmente os 18 anos, para terminar ainda muitos anos depois – o que estenderia, teoricamente, o tempo da adolescência, pois somente um “adulto com o córtex pré-frontal plenamente formado” teria condições de pensar com “toda a racionalidade condizente a fase adulta”…

Desta forma, ainda que eu acredite na idade fisiológica, isto por si só não me dá certezas se este ou aquele jovem já é mesmo adulto, se têm sua racionalidade “plena”, ou se ainda está em fase de desenvolvimento. Por via das dúvidas científicas, digamos que alguém na casa dos 30 anos estaria plenamente desenvolvido. Este sou eu: plenamente desenvolvido e, segundo uma amiga minha bem mais jovem, “já meio velhinho”.

E isto me leva para a segunda idade em que acredito, a idade espiritual. Bem sei que muitos aqui não irão concordar, mas fato é que também, desde minha infância, apesar de crer na morte, também creio na existência pós-morte e, da mesma forma, na existência pré-nascimento. Ou seja, não é que eu creia em vida após a morte, mas creio, isto sim, em vida após a vida, e em vida antes da vida. Creio em muitas e muitas vidas, enfim, e isto também está intimamente associado a intuições e lembranças de minha infância.

Quero lembrar que não é minha intenção “evangelizar” esta crença adiante, mas apenas explicar os motivos de minha descrença em idade – motivos, portanto, subjetivos. Dessa forma, para não me alongar muito, basta dizer que, quando lembramos de outras vidas e outras mortes, quem sabe da mesma forma que lembramos de viagens de nossa infância, ou do dia em que desmaiamos durante nosso primeiro porre alcóolico (embora eu não tenha tido tanta sorte, pois tenho uma grande dificuldade em perder a consciência), toda a vida atual é vista por um outro aspecto, um outro ângulo.

Dessa forma, se alguém me diz que estou “meio velhinho”, isto para mim faz tanto sentido quanto dizer que eu estou “a muito tempo nesta viagem de trem”. Não importa se os outros cismam em contar as horas até a próxima estação, eu não preciso mais me preocupar com isso, pois sei que a próxima estação é somente isso: mais uma estação nesta viagem infinita pelo Cosmos. Estação Terra, estação anos-luz da Terra – tanto faz, são todas estações.

Eu não sei se consegui me fazer compreender, pois isto é difícil de explicar com palavras fora de poemas, mas em todo caso acredito que a próxima idade ainda será esclarecedora…

Finalmente, creio na idade das montanhas.

Cícero dizia que “filosofar é aprender a morrer”. Há muitos que se admiram até hoje com Sócrates mais por sua serenidade ante a morte do que propriamente com suas ideias (“Mas eis a hora de partir: eu para morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo ninguém o sabe, exceto os deuses” [1]).

Já Schopenhauer, influenciado pelas ideias religiosas do Oriente, afirmava que “para seu enorme espanto, um homem se vê de repente existindo, após milhares de anos de não existência; vive por algum tempo, e então transcorre de novo um período igualmente longo em que ele não existe mais. O coração rebela-se contra isso, sentindo que não pode ser verdade.” [2]

Há muitos pensadores modernos, como Jim Holt, que não têm tanta fé na existência pós-morte, e admitem a plenos pulmões o seu grande medo do Nada: “O medo da morte vai além da ideia de que o fluxo da vida continuará sem nós […] É a perspectiva do Nada que provoca em mim certa náusea – senão puro e simples terror. Como encarar esse Nada?”. [3]

Epicuro, apesar de tampouco crer na existência após a morte do corpo, lidava com o tema de forma muito natural: “Quando a morte está, eu não estou. Quando eu estou, ela não está. A morte, o dito mais terrível dos males, não significa nada para mim”. [4]

Dessa forma, não é bem a crença em existências anteriores e posteriores a esta vida, a esta estação, que nos alivia do peso da morte, do peso do Nada. Este peso não tem propriamente a ver com um medo paralisante de algo que um dia chegará, e que está neste momento sendo contado no relógio de areia que chamamos idade; este peso tem a ver com uma falta de sentido existencial, um vácuo aberto dentro do peito, um grande tédio, um Nada que pela lógica jamais pode haver existido, mas que não obstante pode nos atormentar por cada momento da vida.

Filosofar pode, de fato, ser aprender a morrer. Tanto quanto aprender a morrer é aprender a subir montanhas…

Uma outra coisa que trago da minha infância é a Serra da Mantiqueira, ao sul de Minas Gerais. Isto já não tem nada ver com lembranças de outras estações, mas com a suprema sorte de haver, nesta mesma estação, tido a oportunidade de passar proveitosos períodos de férias em um hotel fazenda de minha família.

Foi na Mantiqueira que aprendi a subir e subir, por entre florestas antigas que estão por lá há centenas de estações, pisando em rochas que sobrevivem há milhares, há milhões!

Foi na Mantiqueira que aprendi a olhar para baixo do topo do mundo, e observar (mesmo antes de voar de avião) como há tantos e tantos homens e mulheres e crianças brincando em seus terrenos pequeninos, em suas fazendas pequeninas, em suas casas de brinquedo, em suas caixas de areia.

Eles juntam montes de areia, colocam seus enfeites e um telhado para proteger das chuvas. Eles vivem lá boa parte de suas vidas. Eles guardam por lá boa parte do que amontoaram em suas viagens. Eles mal sabem quantas montanhas e estações existem pelo Cosmos…

O que a idade das montanhas me ensinou, e têm até este momento me ensinado, é que não devemos por certo entrar em pânico ante ao Nada. Se iremos dormir para não mais acordar, ou se iremos sonhar com outras viagens e outras estações, fato é que nada do que somos, nem mesmo do que nos forma, pode de fato ser aniquilado, arremessado ao Nada.

Pois as montanhas são a prova de que o Nada não existe. Elas estão lá, imponentes, acima de todos nós, nos lembrando de que há coisas maiores, bem maiores, cósmicas, que existiram e continuarão a existir muito após esta nossa pequena viagem.

E se vamos acordar para um novo sonho ou não, pouco importa. O que importa é não deixar o entusiasmo escapar por entre os dedos da alma. Que se vamos ou não deixar de existir um dia, isto não é algo que seja definido, de forma alguma, por nossa idade. E eu não acredito em idade.

***
[1] Platão. Fédon.
[2] Arthur Schopenhauer, O vazio da existência.
[3] Jim Holt. Por que o mundo existe? (Intrínseca).
[4] Epicuro. Carta a Meneceu (UNESP).

Crédito da foto: raph + instagram (Serra da Mantiqueira)

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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#existência #Filosofia #morte #Vida

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20 de Agosto, Dia do Maçom

Maçonaria

No dia 20 de agosto comemora-se o Dia do Maçom. Para os obreiros da arte real, trata-se de um dia muito importante, visto reforçar o comprometimento daquele que jurou respeito à Lei ao próximo e, sobretudo, ao Grande Arquiteto do Universo, criador de todas as obras. O verdadeiro maçom não defende sua causa, mas a causa de todos aqueles que visam a incansável construção do edifício social mais justo e perfeito.

Defende a justiça contra a tirania. Jamais mergulha suas mãos nas águas lodosas da corrupção. Clama, constantemente, pela prevalência do espírito sobre a matéria. Ser Maçom é ser amante da virtude, da sabedoria, da justiça e da humanidade. Ser Maçom é ser amigo dos pobres e desgraçados, dos que sofrem, dos que choram, dos que têm fome e sede de justiça; é propor como única norma de conduta o bem de todos e o seu progresso e engrandecimento. Ser Maçom é querer a harmonia das famílias, a concórdia dos povos, a paz do gênero humano. Ser Maçom é derramar por todas as partes os esplendores divinos da instrução; a educar a inteligência para o bem, conceber os mais belos ideais do direito, da moralidade e do amor; e praticá-los. Ser Maçom é levar à prática aquele formosíssimo preceito de todos os lugares e de todos os séculos, que diz, com infinita ternura aos seres humanos, indistintamente, do alto de uma cruz e com os braços abertos ao mundo: “Amai-vos uns aos outros, formai uma única família, sede todos irmãos”!

Ser Maçom é olvidar as ofensas que se nos fazem, ser bom, até mesmo para com nossos adversários e inimigos, não odiar a ninguém, praticar a virtude constantemente, pagar o mal com o bem. Ser Maçom é amar a luz e aborrecer as trevas; ser amigo da ciência e combater a ignorância, render culto à razão e à sabedoria. Ser Maçom é praticar a tolerância, exercer a caridade, sem distinção de raças, crenças ou opiniões, lutar contra a hipocrisia e o fanatismo. Ser Maçom é realizar, enfim, o sonho áureo da fraternidade universal entre os homens.

Portanto, meus amados irmãos Maçons, a história da Maçonaria Universal tem “O HOMEM COMO FONTE INESGOTÁVEL DE SABEDORIA, IMBUÍDO DA VONTADE FÉRREA DE ATINGIR OS SEUS OBJETIVOS, MESMO COM O SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA”. E nem é preciso lembrar (ou relembrar) que dezenas — ou quiçá milhares — de irmãos nossos tiveram as suas vidas ceifadas lutando por uma causa nobre, isto é, a de difundir, de propagar, no Universo, os fundamentos da nossa notável instituição Maçônica, que se assentam nos princípios de: liberdade, fraternidade e igualdade.

Diante de tudo isso, rendo-me, de joelhos, a tantos quantos foram e têm sido os irmãos que participaram e ainda participam, direta ou indiretamente, da história da Maçonaria universal, ao tempo em reconheço sua efetiva luta, sacrifício, dissabor, incompreensão, censura dos governos déspotas e de falsos pregadores, além de outros setores retrógrados de hoje. O verdadeiro maçom tem a MAÇONARIA UNIVERSAL como instituição séria, respeitada, admirada e consagrada como uma sociedade secreta, na qual se pratica o bem sem olhar a quem; forja-se masmorras ao vício; nutre-se o ideal de melhor servir à humanidade; pratica-se filantropia na última acepção da palavra; dignifica-se o homem; inspira-se confiança aos obreiros; levanta-se templos à virtude; reúne-se em nome da democracia, da liberdade, da fraternidade e da igualdade entre todos os povos; exalta-se o nome do Grande Arquiteto do Universo – G.A.D.U., como inspiração divina e como proteção de nossos trabalhos; leva-se à compreensão de todos os homens livres e conscientes a certeza plena de que é possível se viver sem os princípios da Maçonaria, nunca sem praticar nenhum ato maçônico.

Concluo, afirmando, peremptóriamente, que ser Maçom é um estado de espírito; é viver em paz com sua consciência; é, essencialmente, praticar o bem à humanidade. Que sejamos bons e verdadeiros Maçons!

#Maçonaria

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O dia em que a Terra parou (parte final)

« continuando da parte 1

Artigo original em inglês por Lynn Picknett e Clive Prince (para a revista Fortean Times), tradução de Rafael Arrais. Algumas das notas ao final também são minhas.

“Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.” (Bernard de Chartres).

A revolução hermética

Voltando a Bruno, em 1592 ele se mudou para Veneza – e conforme as coisas ocorreram após, foi uma decisão equivocada. A república era um viveiro de oposição a autoridade papal, e inclusive haviam movimentos no sentido de se forjar uma aliança política e religiosa com a Inglaterra. As figuras chaves neste plano estavam todas associadas a Bruno, incluindo Traiano Boccalini, autor de Novidades do Parnaso que, explicitamente modelado numa das obras de Bruno, pedia uma “reforma geral de todo o mundo” [1]. Bruno também visitou um antigo contato em Pádua, na República da Veneza, Gian Vincenzo Pinelli, o distinto erudito no centro da rede de intelectuais e pensadores radicais da Europa. Ele hoje é mais conhecido como o mentor de Galileu.

Entretanto, Bruno foi traído e entregue a Inquisição, tendo permanecido na prisão, em Roma, por oito anos, antes de ser queimado na fogueira em Fevereiro de 1600. Seu julgamento final e execução foram presididos pelo Cardeal Inquisidor Roberto Bellarmino, mais tarde um personagem chave do drama envolvendo Galileu.

A saída de cena de Bruno deixou um vazio no palco central, uma grande oportunidade para um intelectual aspirante. Bruno havia aplicado para a cadeira de matemática na Universidade de Pádua, mas após sua detenção o emprego caiu no colo de outro candidato – chamado Galileu Galilei [2]. No entanto, algo de maior impacto imediato foi a chegada, alguns meses após a partida de Bruno, de seu herdeiro no Hermetismo.

As impressionantes similaridades entre as carreiras, filosofias e objetivos de Bruno e Tommaso Campanella (1568-1639) sugerem um plano compartilhado. De fato, a chegada do jovem Campanella (então com apenas 23 anos) na cena hermética italiana, logo após a prisão de Bruno, sugere que ele estava dando continuidade ao que o napolitano foi forçado a largar. Assim como Bruno, Campanella era um napolitano e dominicano que tornara-se um cruzado do Hermetismo. Chegando a Pádua logo após a saída de cena de Bruno, Campanella encontrou-se com Pinelli e Galileu. Foi também em Pádua que ele foi preso pela Inquisição, no início de 1594, e transferido para Roma – para a mesma prisão onde esteve Bruno. Comparado a Bruno, Campanella teve uma pena bem mais branda: após haver abjurado toda sua obra, foi levado a um monastério dominicano e então, logo após, enviado de volta a Nápoles.

Campanella compartilhava da visão de Bruno onde o heliocentrismo seria um gatilho para uma mudança de era – seu maior trabalho foi A cidade do Sol (La città del Sole, escrito antes de 1602; publicado em 1623), onde ele delineou sua visão de uma sociedade ideal amparada pelos princípios herméticos – que ele acreditava que iria se iniciar a partir de 1600 [3]. A aproximação do novo século o encorajou a ser muito mais proativo, politicamente, do que Bruno. Ele ajudou a organizar a Revolta Calabresa, tentando expulsar os regentes espanhóis do Reino de Nápoles para pavimentar o caminho ao estabelecimento de uma república baseada em princípios mágicos, um sistema que iria manter soerguida a tocha da nova era, para que o resto do mundo os seguisse.

Informantes traíram a insurreição em favor da Espanha, e após a organização haver sido impiedosamente esmagada em Novembro de 1599, Campanella e os outros líderes foram presos. Isto quase certamente explica o repentino desejo da Inquisição em se livrar de Bruno, que também protestava contra a regência espanhola e foi o inspirador espiritual da revolta; ele foi para a fogueira praticamente três meses depois. Stephen Mason, da Universidade de Cambridge, argumenta que ele foi executado como forma de exemplo aos rebeldes calabreses, por conta de sua conexão com Campanella [4]. Executando publicamente o líder espiritual dos insurgentes no início de seu ano especial, 1600, foi sem dúvida um movimento calculado [5].

Campanella escapou da pena de morte fingindo-se louco, e foi então sentenciado a pena perpétua em sua própria residência. Mas ele não apenas teve direito ao acesso a livros e materiais de escrita, como também recebia visitas de eruditos, que se asseguravam de que seus escritos fossem publicados na Alemanha. Presumivelmente propinas estavam envolvidas neste processo.

Vista sob a luz das maquinações políticas dos herméticos – especialmente a ameaça dos sombrios Giordanos – a evocação original do nome de Hermes Trimegisto, feita por Copérnico em seu Da Revolução das Esferas Celestiais, era algo que dificilmente teria escapado do olhar dos guardiões da Igreja. Os defensores da Igreja – a Inquisição e os Jesuítas – tinha todas as razões para estarem nervosos. Durante o século 16, a Igreja Romana havia experimentado seu maior trauma, o advento do Protestantismo. Quem poderia dizer o que poderia ocorrer a seguir? Talvez a Inquisição e os Jesuítas tenham reagido de forma desproporcional, mas aqueles tempos despertavam a paranoia.

Enquanto a ideia de Copérnico permanecesse como uma simples teoria, entretanto, as implicações herméticas poderiam ser contidas. Porém, quando um indivíduo declarou que ele havia encontrado uma prova, então a Igreja ficou seriamente preocupada. E a ansiedade eclesiástica cresceu ainda mais com tal ameaça de um associado direto dos místicos revolucionários, Tommaso Campanella e os outros Giordanos suspeitos – em outras palavras, Galileu.

O mensageiro das estrelas

A carreira de Galileu Galilei se iniciou em 1592 aos 28 anos – graças à prisão de Bruno –, quando ele se tornou professor de matemática na Universidade de Pádua. Lá, como vimos, ele se encontrou com Campanella, no que foi o início de uma colaboração de toda uma vida. Outra grande influência foi seu mentor Pinelli, que o introduziu a ciência emergente da ótica, que ajudou a formar sua reputação. Outro associado herege era Traiano Boccalini, autor de Novidades do Parnaso (inspirado em Bruno). Com amigos como esses, Galileu certamente já estava na lista negra da Inquisição desde o início.

Galileu também estava familiarizado com os escritos de Bruno. De fato, após a publicação do primeiro livro de Galileu que tocava esta controvérsia, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler o criticou por não deixar claro em sua obra o débito intelectual que ela tinha para com as ideias de Bruno.

Foi por volta de 1610, com a nova tecnologia do telescópio, que Galileu fez observações – a superfície acidentada da Lua, as luas de Júpiter, e particularmente as fases “quase lunares” de Vênus – que davam imenso suporte a teoria de Copérnico. Galileu reconheceu o potencial de suas descobertas, e rapidamente resumiu a primeira leva de observações em seu Sidereus Nuncius (O Mensageiro das Estrelas), de 1610. A intelligentsia (grupo de pessoas engajadas em trabalho intelectual) estava entusiasmada: ele rapidamente tornou-se matemático e filósofo da corte de Cosimo de Medici, Grade Duque da Toscana.

Entretanto, Galileu não usou suas descobertas para apoiar a teoria copernicana, mesmo em sendo um defensor ardoroso dela, conforme escreveu a Kepler em 1597, contanto que havia “sido convencido por Copérnico muitos anos atrás”. No Mensageiro das Estrelas, e noutro livro sobre suas descobertas acerca das fases de Vênus, ele meramente apresentou suas observações. Talvez já imaginasse que seria mais seguro não alardear as implicações copernicanas de seus livros.

É claro que o destino de Bruno estava gravado em sua mente como um conto ameaçador. Mas não há nenhuma dúvida de que ele estava totalmente a par da significância do Hermetismo no heliocentrismo. Um de seus mais firmes defensores durante a controvérsia, Campanella escreveu A Apologia de Galileu (Apologia pro Galileo) de sua cela prisional, em 1622. E – então vivendo como um homem livre em Roma sob a proteção do próprio Papa – Campanella ainda se correspondia com Galileu por toda a década seguinte, durante seu período mais difícil, o encorajando a permanecer firme e a lembrar da importância espiritual de seu trabalho [6].

Conforme escreveu Frances Yates, um historiador britânico: “Tanto na Apologia quanto nas cartas a Galileu, Campanella fala sobre o heliocentrismo como um retorno a verdade antiga e o início de uma nova era, usando de linguagem muito similar a de Bruno em A Cena de Le Ceneri [A Ceia da Quarta-Feira de Cinzas, onde ele defende a teoria de Copérnico e declara que o estabelecimento do heliocentrismo iria libertar o espírito humano]… E em outras cartas ele assegura a Galileu que estava construindo uma nova teologia que iria vingá-lo.” [7]

As coisas se encaminharam a uma decisão em 1615 quando Galileu finalmente foi a público, escrevendo: “Eu afirmo que o Sol está localizado ao centro da revolução das órbitas celestes e não se move, e que a Terra gira sobre si mesma e se move em torno do Sol” [8]. Ele tornou-se uma celebridade notória da noite para o dia.

Galileu, Campanella e o Papa

Quando, como resultado da declaração pública de Galileu, o Papa Paulo V ordenou uma investigação em bases teológicas do heliocentrismo, que concluiu que esta teoria era contrária às escrituras, o livro de Copérnico, Da Revolução das Esferas Celestiais, foi finalmente banido, juntamente com outras obras que defendiam o heliocentrismo [9]. Galileu foi chamado a Roma para ser repreendido. O Sol se movia em torno da Terra e não o contrário. Era verdade porque o Vaticano afirmava ser verdade.

Mas houve um subtexto não alardeado: o cardeal que recebeu a tarefa de repreender Galileu foi Roberto Bellarmino, o mesmo que havia interrogado Bruno, o mesmo que havia sido responsável por sua condenação e execução. Isto não foi uma coincidência; Bellarmino havia sido Arcebispo de Cápua desde 1602, porém foi chamado de volta a Roma especificamente para tratar do caso de Galileu.

Bellarmino, é claro, entendia, por experiência própria (tendo lidado com o caso de Bruno), a significância do heliocentrismo para a revolução hermética. Bruno estava morto e Campanella encarcerado em Nápoles, mas eles tinham seguidores – ninguém sabia quantos.  E agora aqui estava Galileu, associado com sujeitos como Campanella, se encaminhando para cada vez mais perto da prova que, segundo Bruno, iria iniciar uma nova era do Hermetismo. Galileu recebeu uma declaração escrita por Bellarmino dizendo que o Papa havia decretado que as ideias de Copérnico não poderiam ser “defendidas ou sustentadas”. Galileu concordou apressadamente.

Ainda mais indicativa foi sua reação imediata: ele pediu a permissão de seu patrono, Duque Cosimo, para viajar a Nápoles – mas esta foi negada. Porque Nápoles? Um ponto crucial do quebra cabeças se encaixou quando lemos num artigo de Olaf Pedersen, um especialista nos aspectos religiosos do caso Galileu, que a razão do pedido de seu pedido e da estranha recusa de seu patrono foi precisamente porque Galileu desejava visitar Tommaso Campanella em sua cela [10]. A Igreja traz de volta o homem que havia condenado Bruno para repreender Galileu, e sua primeira reação é tentar se consultar com o sucessor de Bruno, Campanella…

Ainda que a Galileu tenha sido negada sua viagem, Campanella escreveu A Apologia de Galileu, que foi publicada, em seguida, em Frankfurt, com a ajuda de seus seguidores. No entanto, em se considerando a reputação de Campanella – condenado por heresia e subversão – ele dificilmente ajudaria no caso Galileu. Isto é provavelmente a causa de, em Florença, Galileu ter mantido sua cabeça baixa. Nada no decreto papal proibia a discussão do heliocentrismo como uma hipótese, e muitos intelectuais estavam fazendo exatamente isso, entusiasmadamente. O próprio Galileu não mencionou a questão por muitos anos, embora estivesse claramente esperando por uma oportunidade mais apropriada para retornar a ela.

Então em 1623, um velho amigo, Maffeo Barberini, tornou-se o Papa Urbano VIII. Tomando isto como um sinal de que sua sorte finalmente havia mudado, Galileu foi até Roma visitá-lo pouco depois. A eleição de Urbano era também uma boa notícia para Campanella. Em 1626, Urbano requisitou que o rei da Espanha libertasse-o de sua prisão para que Campanella fosse até Roma realizar magias de proteção. Após 27 anos, Campanella não somente estava livre, como também era o mais novo conselheiro do Papa! Urbano chegou inclusive a lhe dar permissão para fundar uma universidade em Roma para treinar missionários que simpatizavam com suas ideias filosóficas e religiosas. Este favor papal garantido ao seu maior e mais controverso colaborador foi outro bom sinal aos olhos de Galileu.

Galileu decidiu que era seguro escrever seu Diálogo Acerca dos Dois Sistemas Principais do Mundo (Dialogo sopre i due massimi sistemi del mondo), uma discussão cerca do antigo sistema ptolomaico, e do novo sistema copernicano. Com a aprovação prévia da Inquisição, ele foi publicado em Florença em 1632. O Papa apenas pediu a Galileu para que suas próprias ideias anti-heliocêntricas fossem incluídas.

Era significativo, no entanto, que houvessem alguns conceitos próximos entre o Diálogo de Galileu e a obra de Bruno, A Ceia da Quarta-Feira de Cinzas, de 1584. Pode não ter sido uma coincidência, já que esta era exatamente a obra giordana favorita de Campanella. Apesar do mito da “batalha de egos”, ficou claro que Urbano teve de ser “incentivado” a entrar em ação. Seus diversos oponentes dentre os Cardeais Inquisidores estavam começando a sugerir que o aval papal a publicação do Diálogo era um sinal que endossava os crescentes rumores acerca de suas tendências heréticas. Não houve nenhuma batalha de egos. O Papa Urbano estava apenas ficando cada vez mais temeroso.

Um relutante Urbano instruiu a Inquisição a chamar um chocado Galileu até Roma, onde se apresentou diante da Inquisição em Abril de 1633. Ele declarou que seu livro apenas discutia brevemente a teoria de Copérnico, e que até o decreto de 1616 ele não havia considerado nem a hipótese copernicana nem a ptolomaica como definitivas (contradizendo o que escreveu a Kepler 36 anos antes), mas que desde então havia passado a considerar a visão ptolomaica como “verdadeira e além de questionamentos”. Enquanto poucos iriam condenar Galileu por tentar escapar – afinal, esta era a Gestapo do Vaticano – estas palavras dificilmente podem ser imputadas a um nobre defensor da liberdade intelectual, futuro “mártir da ciência”. E ainda assim, Galileu tampouco se pareceu com um velho arrogante que se recusava a admitir que estava errado [11].

Galileu perdeu. Os inquisidores declararam que o Diálogo era uma tentativa dissimilada de promover o heliocentrismo – e nisto provavelmente estavam certos – e que suas desculpas não haviam lhes convencido do contrário. Ele se encontrou “veementemente suspeito de heresia” – apenas um degrau inferior a ser formalmente acusado como herege. Sua única escapatória foi “abjurar e amaldiçoar” as ideias heréticas.

Ajoelhado ante o altar de Santa Maria, no mesmo local onde Bruno foi condenado 33 anos antes, Galileu renegou oficialmente o heliocentrismo. Todas as suas publicações passadas e futuras foram formalmente proibidas, e ele foi condenado a passar o resto de seus dias em prisão domiciliar, embora já tivesse mais de 70 anos na época. Uma de suas primeiras visitas na prisão foi de seu grande colaborador e apologista, Tommaso Campanella.

Conclusão

Apesar do julgamento de Galileu ser sempre citado como o momento onde as forças da razão e do dogma colidiram, o fator hermético é, nós argumentamos, mais importante. A reverência religiosa que os seguidores do Hermetismo davam ao heliocentrismo foi a principal razão que levou a Igreja a condenar tardiamente a teoria de Copérnico, e logo após, ao próprio Galileu. O fator hermético estava lá, mas no pano de fundo, o que é precisamente a causa deste senso de que falta alguma coisa na controversa história deste julgamento.

Entretanto, Galileu de forma alguma era tão inocente quanto parecia. Existem inúmeras questões válidas acerca de sua relação com o movimento undergroud da reforma hermética. Há sua contínua associação e correspondência com Campanella, especialmente seu desejo de visitá-lo logo após a primeira repreensão dada pela Inquisição, em 1616. Campanella dificilmente seria o tipo de companhia que Galileu gostaria de manter, há menos que tivesse relação com os Giordanos.

E há ainda o aparente uso das ideias de Bruno – que, em seu A Ceia da Quarta-Feira de Cinzas, fez a primeira menção ao Sol de Copérnico como o gatilho para uma nova era hermética – como modelo para o seu Diálogo Acerca dos Dois Sistemas Principais do Mundo. Seria esta a forma que encontrou para demonstrar aos Giordanos que era um simpatizante? Ou seria o próprio Galileu um dos membros ativos desta organização revolucionária?

***

[1] Nota dos autores: Esta é descrição da obra de Boccalini declamada no primeiro dos famosos manifestos rosacrucianos de 1614, que incluíam um trecho de Novidades do Parnaso (News from Parnassus), uma dos diversos exemplos da conexão estreita entre o movimento de reforma do Hermetismo italiano e os círculos germânicos de onde o rosacrucionismo surgiu.

[2] Nota dos autores: Timothy Ferris: Coming of Age in the Milky Way, The Bodley Head, 1989, p.85–86.

[3] Devemos levar em consideração que as mudanças de séculos (ao menos no calendário cristão) despertavam muitas ideias de “mudanças de era”. No entanto, há muitos espiritualistas que, como eu, enxergam tais mudanças como processos que levam muitos séculos. Ou, como diz a lei hermética: “Tudo flui, nada está parado”.

[4] Nota dos autores: Stephen Mason: Religious Reformation and the Pulmonary Transit of the Blood, History of Science, vol. 41, part 4, no. 134, Dec 2003, p.468.

[5] Tanto Bruno quanto Campanella eram, afinal, dominicanos, parte da Igreja. Bem ou mal, condená-los a fogueira era algo que “arranhava” a imagem do Vaticano. Desta forma, preferiram queimar apenas um, apenas o líder espiritual, Giordano Bruno. Campanella era somente o “líder de operações”, e por isso foi poupado da fogueira.

[6] Para os “mártires da ciência”, ironicamente, seu próprio trabalho tinha profundo significado espiritual. Campanella estava apenas a reafirmar o que Galileu já sabia desde muito cedo.

[7] Nota dos autores: Frances Yates: Giordano Bruno and the Hermetic Tradition, Routledge & Kegan Paul, 1964, p.383.

[8] Só muito tempo depois se descobriu que mesmo o Sol se move ao redor da Via Láctea, e que mesmo nossa galáxia se move em relação às galáxias próximas, e também em relação ao aglomerado de galáxias locais. Mas as implicações espirituais destas descobertas ainda estão um tanto quanto distantes de serem assimiladas. Talvez o novo guru tenha sido um agnóstico, e não um espiritualista.

[9] É aqui que fica muito claro o caráter de “guerra religiosa” na questão do heliocentrismo. Ainda que Copérnico não declarasse ter provas da teoria, se em sua época ela fosse associada a uma tentativa de derrubada da Igreja em favor de uma nova era espiritual com menos dogmas e mais investigações filosóficas e livre pensamento (o que desejavam os Giordanos), certamente já haveria sido banida muitos anos antes. É precisamente esta história que a Academia e o Vaticano não contam.

[10] Nota dos autores: Olaf Pedersen: Galileo’s Religion, in CV Coyne (ed.): The Galileo Affair: A Meeting of Science and Faith – Proceedings of the Cracow Conference, May 24–27, 1984, Specola Vaticana, Vatican City, 1985, p.97.

[11] Galileu nunca teve um espírito revolucionário da altura de Giordano Bruno. A Inquisição havia queimado o sujeito certo. Mas, como vimos, as ideias de Bruno não puderam ser destruídas junto com seu corpo… Iriam ecoar ainda na mente do próximo gênio da história da ciência, o matemático, físico, alquimista, teólogo, filósofo e ocultista – Sir Isaac Newton. Mas esta é uma outra história.

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Crédito das imagens: [topo] National Geographic Society/Corbis (pintura de Jean-Leon Huens, onde Galileu explica a topografia lunar aos céticos); [ao longo] Gravura de autor anônimo, divulgada primeiramente em um livro de Camile Flammarion

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

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#Ciência #hermetismo #história

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-dia-em-que-a-terra-parou-parte-final

Frank Sherman Land, 100 anos de maçonaria

“Se trabalharmos sobre o mármore, um dia ele se acabará. Se trabalharmos sobre o metal, um dia o tempo o consumirá. Se erguermos templos, um dia se tornarão pó. Mas se trabalharmos sobre almas jovens e imortais, se nós a imbuirmos com os princípios do justo temor ao criador e amor à humanidade, nós gravaremos sobre essas almas algo que brilhará eternamente. Daqui a cem anos pouco importará o quanto tenhamos acumulado no banco, que tipo de casa, palacete ou carro possuímos. Mas o mundo poderá ser diferente, talvez porque fomos importantes na vida dos jovens.” – Frank Sherman Land.
Quando jovem, Frank Sherman Land, ainda não conhecia o Tao The King,Lao Tse ou o I Ching, pouco difundidos no ocidente na época, porém é um exemplo de homem que desde criança seguiu o caminho que não pode ser melhor identificado do que com o Hexagrama 8 do I Ching, que significa Solidariedade, nem melhor descrito do que com o verso 49 do Tao The King. Como vamos ver durante toda a biografia desse homem e da história da Ordem DeMolay, Frank S. Land foi uma pessoa que não se limitou em transmitir, durante toda sua vida, a sabedoria e a bondade.

Lao Tse, sec IV a.C., antiga China.

No primeiro passo vimos o que levou Louis a procurar ajuda da maçonaria, e aqui vamos acompanhar os aspectos da infância de Frank S. Land até sua grande inspiração, que foi o encontro com esse garoto. Os fundamentos de sua vida que o levou a estruturar toda ideologia DeMolay e ser reconhecido como Pai (“Dad” em inglês, como era chamado) por milhares de jovens.

Frank, o Pequeno Ministro

Elizabeth Lottie em 1889 era uma garota de 15 anos dentro de uma família autoritária, e se apaixonara por um rapaz mais velho chamado William Sherman Land. Apesar da oposição de sua família, se casaram. No ano seguinte, no dia 21 de junho de 1890 em Kansas City no estado de Missouri, nascia seu primeiro filho, batizado com o nome Frank Sherman Land.

Já aos nove anos Frank S. Land possuía o dom da oratória, liderança que usava para incentivar seus amigos, tanto mais velhos como mais novos. Nessa idade pediu ajuda a sua mãe para iniciar uma “Escola de Domingo” que reunisse seus amigos nas tardes de domingo para que pudessem aprender sobre a Bíblia. Elizabeth reformou o porão de sua casa para atender ao desejo de Frank. Um ano depois a fama de Frank já havia se espalhado e ele era conhecido como o Pequeno Ministro. Não só seus amigos frequentavam o porão de sua casa, mas também estavam sendo acompanhadas por suas mães, que o escutavam atentamente. Nessa época a família Land morava em St. Louis no estado de Missouri.

Uma mãe expôs a Elizabeth toda a curiosidade de todas as outras mães presentes: como tudo isso havia começado? A resposta de Elizabeth foi: “Ele constantemente lê a Bíblia. Ele já a leu toda, possivelmente mais de uma vez. Ele pode citar capítulos de memória. Eu me pergunto sobre Frank, ele é muito interessado no que os outros meninos fazem. Ele brinca com os outros garotos, mas existe uma profunda parte espiritual nele que eu não consigo explicar.”

Desde cedo Frank demonstrou seu espirito cuidadoso e companheiro, cuidando dos seus amigos e os instruindo através de histórias bíblicas, sobre o amor filial e sobre o patriotismo. Num de seus sermões no domingo a tarde, Frank compartilharia o ensinamento que em alguns anos se tornou a virtude central da Ordem DeMolay: “Amigos são muito importantes! Nós devemos ter amigos. Nós devemos partilhar com eles. Ajudar uns aos outros. Eu vou lhes contar uma história do Antigo Testamento sobre dois amigos, Davi e Jônatas”. E assim começou seu sermão com tom profético, que aos seus 10 anos já implantava idéias de virtudes e cidadania a todos que os escutavam.

Dos 12 aos 21 anos

Assim como toda família, a dos Land também tinham problemas. Os desentendimentos e dificuldades cresceram ao nível de conflitos pessoais e a única solução foi o divorcio. William ficou na cidade de St. Loius e Elizabeth, que na época tinha Frank com 12 anos e a caçula Sissy com 7, voltou para sua cidade natal Kansas City para morar com sua mãe. Foi uma época perturbada para Frank, pois ele perdera sua figura masculina em uma importante parte do seu desenvolvimento pessoal, o que transformou o Pequeno Ministro em alguém recolhido e tímido, a ponto de dar a volta no quarteirão para evitar encontrar com as garotas de sua classe.

Nesse tempo de timidez de sua adolescência, Frank preenchia seu tempo com leituras que o fez conhecer e passar a aceitar a responsabilidade individual que cada ser humano possui, aprendeu o dever do jovem crescer e se tornar um “herói” honesto em meio a sociedade, e um de seus sonhos foi de se tornar um bombeiro. Seus autores favoritos eram Horatio Alger e G. A. Henty.

Em 1907 Frank, sua mãe e avô montaram um restaurante. As mulheres cozinhariam e Frank seria o administrador. No ano seguinte Frank entrou no Kansas City Art Institute (Instituto de Arte) por seu interesse na arte e na pintura, e nesse instituto expandiu seu conhecimento artístico adquirindo amor e apreciação por todas as formas de artes. E esse conhecimento cultural adquirido na juventude foi o que lhe garantiu um grande conhecimento e destaque dentro os ritos da Maçonaria.

Exemplo de brasão heráldico Templário.

Frank admirava secretamente Nell, uma menina do instituto. E certa vez Nell foi a Frank perguntar o que ele estava desenhando, e sua resposta foi: “Estou pintando um Escudo da Cavalaria”, e explicou “Eu sempre fui interessado nas Cruzadas e nos tempos da história em que os cavaleiros lutavam em batalhas e resgatavam belas damas do perigo. Esse emblema que estou desenhando é do século quatorze. Foi nessa época que espadas foram sobrepostas por escudos. Era a época de ouro da Heráldica. Eu acrescentei um elmo também. Você sabia que os elmos só eram usados por cavaleiros, e só podiam ser usados nos brasões  das famílias de cavalaria? Você se interessa por isso?”

Assim começou seu diálogo com Nell, e uma semana depois Frank tomou coragem para convidá-la para tomar sorvete e conversar sobre escudos, espadas e a época da cavalaria. Mas nesse encontro, Frank nunca mencionou quaisquer desses assuntos, simplesmente perguntou a Nell quem era ela, e pedindo para ela falar sobre ela mesma. Três anos mais nova que Frank, descendente polonês, nascera em 5 de fevereiro de 1893 em Kansas City, batizada como Nell Madeline Swiezewski. Não demorou muito para os dois se sentirem bem juntos e iniciarem o romance.

Dessa maneira a família Land ia aumentando, pois a mãe de Frank, Elizabeth se casou com um rapaz um ano mais velho que ela em 1909. Dando a Frank uma nova irmã, Elizabeth Irene, que Frank chamava de “Princesa Irene”, e que foi a grande inspiração materna que ele precisou para futuramente colocar o Amor Filial como a primeira das virtudes DeMolay por observar o amor de sua mãe com sua irmã mais nova.

Tomando conta do restaurante, de sua própria educação, e de Nell, Frank desenvolveu ainda mais seu senso de liderança e organização. No dia 21 de junho de 1911 ao chegar na maioridade, Frank recebeu o presente mais importante da sua vida de sua avó, através de algumas palavras e um envelope: “Frank, você agora tem 21 anos. Eu estou orgulhosa de você e do que você fez. Seu avô era Maçom. Eu ficaria feliz se você se unisse a Fraternidade que ele tanto amou. Em sua memória, e como um presente meu, você achará nesse envelope o dinheiro necessário para apresentar uma petição para ingresso na Maçonaria. Faça como seu coração ordenar, mas me agradaria muito ver você fazendo isso.”

Encontro com Louis Gordon Lower

Sua petição foi aceita na Ivanhoe Lodge 446 (clique aqui para ver a Loja no Google Street View) e sua iniciação ao Grau de Aprendiz aconteceu no dia 25 de maio de 1912. Alcançando o Grau de Companheiro em 17 de junho do mesmo ano, e alguns dias depois já tinha autorização para ser exaltado ao Grau de Mestre Maçom, cerimônia ocorrida no dia 29 do mesmo mês.

Uma nova porta foi aberta para Frank S. Land, que ao iniciar na maçonaria percebeu que havia encontrado algo a mais, algo que sempre procurara. A Maçonaria proveu meio que ele pôde expressar seu amor aos seus novos irmãos, sua compaixão aqueles que se encontravam em dificuldade, e sua vontade de ajudar seus companheiros, tudo através das lições aprendidas nos três graus simbólicos da maçonaria. Dessa maneira sentiu vontade de entrar em todos os grupos e ritos que tivesse acesso para absorver seus ensinamentos e filosofias. Começou a cavalgar os graus do Rito de York, Rito Escocês Antigo e Aceito, se tornando Grau 32 no Kansas City Scottish Rite, e participou do Ararat Temple se iniciando no Ancient Arabic Order of the Nobles of the Mystic Shrine, dentro de alguns anos alcançando todos os graus e recebendo diversos cargos dentro dos ritos. É importante relembrar que Frank sempre esteve em destaque apesar de sua jovem idade dentro da Maçonaria devido aos estudos que fez durante sua juventude e pelo seu interesse em ajudar o próximo.

Se casou com Nell no dia 15 de setembro de 1913. Em 1914 Frank recebeu uma nova oportunidade e precisou da ajuda de Nell para tomar essa decisão, que era de vender o restaurante e dedicar-se em tempo integral a se tornar administrador e secretário em um novo projeto no Templo do R.E.A.A. Ao invés de insegurança com o futuro, Nell mais uma vez contribuiu para que as coisas na vida de Frank tomassem um novo rumo: “Frank, aceite essa oferta. Assuma esse trabalho. Você nunca será feliz enquanto não achar meios de servir as pessoas. Acredito que isso abrirá um novo mundo para você. É o limite da sua vida de trabalho. Eu sinto que disso virá uma grandeza para você e para os outros”. E como uma profecia, entre 1914 e 1919, Frank trabalhou em projetos que o incentivaria a criar a Ordem DeMolay, só precisando de mais um empurrão, que viria a seguir.

Em janeiro de 1919 Frank recebeu uma ligação de San Freet, Primeiro Vigilante de sua Loja Mãe, Ivanhoe 446, com um pedido: “Um de nossos membros, Elmer E. Lower, que foi iniciado ao grau de Companheiro, morreu ano passado, acredito que no dia 3 de janeiro. Ele deixou sua esposa e quatro filhos que agora estão entre seis e 17 anos. A mãe tem feito um grande trabalho para sustentar a família. Ela achou um emprego como inspetora no hospital, mas isso não é suficiente para sustentar a família.Você conseguiria achar um emprego de meio expediente para o garoto, Louis? Ele é um dos melhores jovens que eu já conheci.”

Assim aconteceu a fundação da vida de Frank. Sua dedicação a vida religiosa o fez ser uma pessoa carismática e profética desde criança, estudando simbolismo bíblico, conhecendo a cultura medieval, e adentrando nos estudos e ensinamentos dos diversos graus da maçonaria que concretizaram e expandiram ainda mais todo seu conhecimento e interesse. Junto ao seu amor a Deus, a pátria, ao próximo, e o ao amor materno, dentro de alguns meses iniciou um projeto para mudar para sempre a vida de Louis e de mais oito de seus amigos.

É dever de um DeMolay conhecer o Pai e o objetivo de sua Ordem. Aqui conhecemos o caráter e um pouco da jornada desse homem. Conhecer nos faz pensar e refletir sobre nosso propósitos, valores e verdadeiros objetivos. No próximo passo veremos o nascimento do nosso tesouro, o Ritual dos Trabalhos Secretos.

Em homenagem a Frank Sherman Land, o homem que com sua bondade e sabedoria mudou, muda e continuará mudando, a vida de milhares de jovens. O Pai da Ordem DeMolay que hoje completa 100 anos de maçonaria.

N.N.D.N.N.

Leonardo Cestari Lacerda

Leonardo Cestari Lacerda é Sênior DeMolay do Cap. Imperial de Petrópolis, nº 470, e Maçom da A.’.R.’.L.’.S.’. Amor e Caridade 5ª, nº 0896.

Virtude Cardeal é uma coluna com o propósito de desenvolver a reflexão sobre características fundamentais de todo DeMolay, bem como apresentar a Ordem aos olhos dos forasteiros.

#Demolay

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/frank-sherman-land-100-anos-de-ma%C3%A7onaria

Feliz Ano Novo Rosacruz!

Nesse dia 20 de março de 2015, iniciou-se um novo ciclo para os Rosacruzes de todo planeta. O sol em sua trajetória pelo zodíaco cruza a Linha do Equador Terrestre, e assinala o equinócio de outono no hemisfério sul, e o equinócio da primavera no hemisfério norte e marca a saída do signo de Peixes, o último do Zodíaco, para o de Áries, o primeiro.

Os raios do Sol incidem nos hemisférios Norte e Sul de forma igual (daí o nome “equinócio”) e o dia e a noite se equilibram, tendo 12 horas cada.

Este momento de harmonia da Natureza, que dá fim ao Inverno no Norte e ao Verão no Sul, marca o Ano Novo Zodiacal. É como se fosse um réveillon astrológico, ideal para você começar uma nova fase com o pé direito. Um grande número de sociedades, mantém a milenar tradição de comemorar o Ano Novo no mês de março, ocasião em que tomam deliberações para o período seguinte, e em singular cerimônia, assumem o compromisso de manter os elevados ideais, bem como o de servir altruisticamente à humanidade.

A comemoração do ano novo é feita através do ritual de Ano Novo Rosacruz, que faz parte do Calendário Anual Permanente de Cerimônias Especiais Rosacruzes e deve celebrado na Convocação Ritualística mais próxima do Equinócio.

A cerimônia é organizada em duas partes. A primeira comemora o simbolicamente a vida, e a segunda, instala os novos oficiais ritualísticos e administrativos, para a nova gestão.

A todos os novos oficiais, os nossos mais sinceros votos de sucesso, que o Deus do nosso coração vós ilumine com luz, vida e amor.

E para todos os Rosacruzes, nossos votos são para que neste novo ano, possamos todos evoluir e que o caminhar na Senda nos traga mais sabedoria, saúde e amor.

Com os mais sinceros votos de paz,

A Paz mais Profunda,

Quero desejar para todos, Rosacruzes ou não,

Raul Tabajara

#rosacrucianismo #Rosacruz

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/feliz-ano-novo-rosacruz