A Flor de Lis

A flor de lis (flor-de-lis) é uma figura heráldica muito associada à monarquia francesa, particularmente ligada com o rei da França. Ela permanece extra-oficialmente um símbolo da França, assim como a águia napoleônica, mas seu uso é muito mais antigo do que isso.

De acordo com o historiador Georges Duby, representa os três braços da monarquia feudal: Aqueles que trabalham, aqueles que lutam e aqueles que rezam.

É um símbolo religioso tão arraigado que pode ser encontrado no brasão papal, nos escudos dos nobres ingleses e escoceses; bósnios e canadenses. É um símbolo maçônico utilizado para representar a ponta de lança que guia o homem em direção ao seu destino.

O símbolo aparece nos primeiros cetros reais, representando o FOGO na alquimia. O espiritual que guia o rei em suas decisões de caráter divino, sendo encontrada em praticamente todas as eras e civilizações. Sua origem provável remonta do simbolismo com a lótus oriental: de uma flor bela e pura que nasce em meio ao lodo do pântano, representando os ocultistas e hermetistas em sua Verdadeira Vontade, com o espiritual (fogo) erguendo-se sobre o material (terra+água). Representa a união do homem com o divino e é uma das principais referências dentro da alquimia.

É uma das quatro figuras mais populares em heráldica, juntamente com a águia, a cruz e o leão.

Era comumente encontrado em descrições cristãs sobre Jesus, por sua associação com uma das canções de Salomão “Lírio entre os espinho” (lilium inter spinas), considerado uma referência a Maria Madalena e também à Virgem Maria, além de representar também a mesma simbologia da Lótus oriental e egípcia. O Lírio, na Grécia, era considerada a planta sagrada de Hades, e usada até hoje como símbolo de passagem segura para o Reino dos Mortos.

Sua forma estilizada também faz referência ao Tridente, símbolo de Exú (guardião das encruzilhadas e reinos), que guarda as funções de mensageiro entre os orixás e os humanos, sendo muito utilizada em pontos riscados na Umbanda e Candomblé.

Alguns grupos de religião ateísta brasileira adotaram este símbolo, provavelmente por completo desconhecimento de seu significado.

#Arte

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-flor-de-lis

Milho de Pipoca

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser.
O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.

O milho de pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.

Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos.
Dor.

Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.

Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos, cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo.

Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente.

Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.

Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! ? e ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela mesma nunca havia sonhado.

Bom, mas ainda temos o piruá ? o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia.
Não vão dar a alegria para ninguém.

Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada.

Seu destino é o lixo…

Texto de Rubem Alves no livro “O amor que acende a Lua”.

#Alquimia #Umbanda

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/milho-de-pipoca