Arcanos da Corte e o ITMB

As Cartas da Realeza são figuras de 16 tipos de personalidades diferentes. Você poderá perguntar por que 16 tipos em vez de 10 ou 20, ou qualquer outro número? Por que especificamente 16?

Parece que, os criadores do Tarô, uma vez mais, quem quer que tenham sido, sabiam exatamente o que estavam fazendo. Entre 1913 e 1917, C.G. Jung escreveu o agora famoso livro, Tipos psicológicos, cuja primeira publicação ocorreu em 1923. Nesse livro, Jung descreve oito tipos de personalidades diferentes. Mais tarde, Katharine Briggs e Isabel Myers ampliaram a teoria original dos oito tipos de personalidade de Jung para dezesseis. Briggs e Myers planejaram um teste, ou indicador de tipo, agora chamado de Indicador de Tipo Myers-Briggs (ITMB), que é tão fantasticamente preciso que hoje é considerado por muitos como o instrumento mais exato disponível para verificar o tipo de personalidade, e é usado em empresas, universidades e centros de consulta em todo mundo.

O ITMB baseia-se em dezesseis tipos de personalidade de acordo com as quatro funções junguianas: sensação, emoção, pensamento e intuição, e são esses dezesseis tipos de personalidade arquétipa que as Cartas da Realeza representam. Embora, tanto quanto sabemos, Jung e Myers-Briggs não estivessem de forma alguma ligados à Ordem Hermética da Aurora Dourada, que no começo do século XX também descreveu as dezesseis Cartas da Realeza, as descrições da Aurora Dourada correspondem, com uma precisão sobrenatural, às personalidades estabelecidas pelo ITMB.

Os Arcanos Maiores são arquétipos invisíveis e universais, às vezes chamados de Arcanjos, Anjos, Espíritos, Eus Superiores, Guias Internos, ou superconsciente. As cartas Menores mostram como os Arcanos Maiores se apresentam nos eventos e situações arquetípicas individuais ou em questões que acontecem na Terra. E as Cartas da Realeza indicam o comportamento e a personalidade arquetípicos.

Crowley fez a correspondência entre os Arcanos da Corte com as cúspides entre dois signos na Astrologia, relacionando as “misturas” de energia entre dois signos causadas em Planetas que estejam muito próximos da fronteira entre eles (ex. um Planeta bem próximo da fronteira entre Gêmeos e Câncer). Estou arrumando estas correspondências e em breve farei um post a respeito.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arcanos-da-corte-e-o-itmb

Como escolher seu primeiro tarô

Por: Donald Michael Kraig

Como consequência de ter ensinado essas lições muitas vezes, me dei conta de que alguns de vocês se limitam a ler o livro e nada mais. São muitas mais as pessoas que estudam ocultismo que as que praticam. Se você está realmente interessado em aprender a praticar magia, sugiro muito seriamente que, antes de chegar às lições sétima ou oitava, leia ao menos outro livro. Na bibliografia que aparece ao final de cada lição são sugeridos muitos livros. Pode escolher algum deles ou qualquer outro relacionado com Cabala, Tarô ou Magia. O objetivo que se busca com isso é duplo:

1. Oferecer-lhe um pouco de vista distinto do tema. Eu não pretendo ser um guru nem um mestre divino. O estudo dos mesmos temas a partir de distintos pontos de vista pode ser muito benéfico para você.

2. Oferecer-lhe um estudo mais profundo de um tema particular que possa interessar-lhe.

Não é necessário que compre os livros. Pode consegui-los na biblioteca, pedi-los emprestados de um amigo ou até escolher algum de sua biblioteca particular. De fato, poderia ser um livro que já tivesse lido. Ademais, também seria uma boa ideia que fizesse uma relação de suas leituras. Anote em uma lista o título e o autor do livro, a data que o terminou e qualquer comentário que lhe tenha sugerido.

Agora, antes de apresentar-lhe o primeiro ritual, gostaria de falar de uma coisa que você deveria ter para obter o máximo proveito desse livro: um baralho de Tarô. Apesar deste não ser exatamente um curso sobre Tarô, o Tarô tem um importante papel no estudo, um papel que não se limita a “oferecer leituras”.

Os melhores baralhos para utilizar neste curso são: O Tarô da Aurora Dourada, O Tarô B.O.T.A. e o Tarô Hermético.

Alguns baralhos adequados para este curso são: o Tarô Rider-Waite (ou Albano Waite), os baseados no de Rider-Waite (como o Tarô Aquariano, o Tarô Morgan- Greer, o Tarô Marroquino de Fez Real e muitos outros), e baralhos antigos de taro (como o baralho suiço IJJ) que são baralhos “padrão” e tem 22 cartas de Arcanos Maiores e 56 cartas dos Arcanos Menores, num total de 78 cartas.

Os baralhos inadequados para iniciantes são: o baralho de Crowley, Thot, que é um excelente baralho, porém apresenta um simbolismo bastante complexo para os principiantes. Se você gosta realmente do baralho de Thot e não é um principiante no trabalho com o Tarô, pode utilizá-lo. Se não está familiarizado com este baralho, evite utilizá-lo por enquanto.

Sob nenhuma circunstância deve utilizar um baralho “não padrão”, quero dizer, um baralho com um número de cartas superior ou inferior a 78, conforme escrevi anteriormente. Entre esses baralhos figuram o Oráculo Daini Secreto, as cartas I Ching, o baralho cigano de tirar a sorte e muitos outros. Isto não quer dizer que esses baralhos sejam ruins ou estejam equivocados, mas que não funcionam com essas lições.

Os baralhos de Tarô podem ser adquiridos na maioria das grandes livraria, entretanto sugiro que frequentem as livrarias especializadas nesses temas ou as lojas de produtos ocultistas. As pessoas que trabalham nesses estabelecimentos possuem geralmente um conhecimento maior, são mais agradáveis e serviçais que aquelas que trabalham nas livrarias gerais.

Traduzido do espanhol por Infinitum

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/como-escolher-seu-primeiro-taro/

O Tarot e o Machismo

Segundo Nei Naiff, sua pesquisa a respeito das origens do tarot começou com o livro Tarô dos Boêmios (Paris, 1889) que seguramente é o primeiro na história do tarô a abordar os arcanos, tanto sob a ótica da metafísica cabalística quanto dos jogos adivinhatórios em uma única obra, pois os outros autores de sua época ou se reportavam a um ou a outro aspecto. O livro em questão foi escrito pelo médico espanhol, radicado na França, Gérard Anaclet Vincent Encausse (1865-1917), conhecido como Papus.

Apesar da grande quantidade de mulheres daquela época que jogavam cartas e faziam adivinhações sobre o futuro, nem Papus nem nenhum outro ocultista de sua época faz qualquer menção a elas ou a estes jogos de azar. Por quê?

Não adianta alegar que estes jogos eram secretos e raros. Para se ter uma idéia, entre 1583 e 1811 na Espanha, e entre 1769 e 1832 em Portugal, haviam empresas estatais que produziam cartas de tarô para consumo interno e nas colônias ao redor do mundo… dezenas de milhares de cartas por mês! Para jogar adivinhação com o tarô?! Não, nos museus portugueses constavam que eles eram feitos para os jogos lúdicos (e prestem atenção nisso, pois será importante no final deste texto).

Papus e os outros ocultistas/cientistas não reconheciam o papel da mulher, achando que elas eram todas burras e limitadas para entender algo tão complexo quanto a Kabbalah, a Astrologia, letras hebraicas e todas aquelas deduções abstratas que obviamente eram terreno dos homens da ciência! Como os bons céticos de hoje, achavam que “intuição” e “sincronicidade” não existiam.

Eu sempre me perguntei por quê os ocultistas do final do século XIX exaltavam a kabbalah e, ao mesmo tempo, ignoravam solenemente as milhares de ciganas, prostitutas e damas da corte que liam abertamente jogos de cartomancia desde meados de 1500. O baralho tem sido rigorosamente o mesmo desde o século XII, quando os mamelucos trouxeram os jogos de Tarokko do Egito para as terras dos Cruzados e os Templários os trouxeram para a Itália, onde durante o Renascimento existiram escolas dedicadas a ilustrá-los (algo que era feito em sua quase totalidade por HOMENS). Quando e como ocorreu esta transição entre o Tarot como instrumento de autoconhecimento e a profanação nas casas de leitura das cortes francesas?

Na bibliografia do Tarô dos Boêmios, Papus citava os autores de sua época até, no máximo, um século antes: Antoine Court de Gebelin (1775). Etteilla (1787), Claude de Saint Martin (1790), Saint Yves d’Alveydre (1830), J.A.Vaillant (1850), Eliphas Levi (1854), Stanislas Guaita (1886), Mac Gregor Mathers (1888), Piobb (1890), mas não se chega a lugar algum porque todos citavam uns aos outros e todos possuíam como ponto de partida Gebelin e Lévi.

Court de Gebelin e o tarô “egípcio”

Antoine Court de Gebelin (1725-1784) era filho do famoso pastor evangélico francês Antoine Court (1695-1760) que restaurou a Igreja reformada na França, fundou um importante seminário para a formação de pastores evangélicos, sendo um grande historiador de sua época. Gebelin seguiu os passos de seu pai tornando-se um pastor e, mais tarde, também influenciado, interessou-se por mitologia, história e lingüística.

Certo dia, como ele mesmo diz em sua obra (Le Mond Primitif…), “foi convidado a conhecer um jogo de cartas que desconhecia e em menos de quinze minutos declarou ser um livro egípcio salvo das chamas, explicando, imediatamente, aos presentes, todas as alegorias das cartas”. Escreveu, em sua obra, uma retórica do tarot como sendo a chave dos símbolos da língua primeva e da mitologia; fez uma relação dos arcanos com as letras egípcias e hebraicas e revelou que a tradução egípcia da palavra “tarot” é “tar” = caminho, estrada e “ot” = rei, real.

Mas esta história tem um pouco de Dan Brown nela… segundo ele, durante os primeiros séculos da Igreja, os egípcios, que estavam muito próximos dos romanos (Era Copta, conversão absoluta do Egito ao Cristianismo – 313 a 631 d.C.), ensinaram-lhes o culto de Ísis e os jogos de cartas de seu cerimonial. Assim, o jogo de tarô ficou limitado à Itália e Alemanha (Santo Império Romano); posteriormente, chegou ao sul da França (Provença, Avignon, Marselha) e, ainda desconhecido, no norte (Paris, Lion).

Realmente, este foi o caminho, mas o Tarot não possuía a forma de cartas nesta época, pelo simples fato que o papel era algo caro demais para ser feito e delicado demais para sobreviver ao deserto.

Dados, Dominós e a Kabbalah

Neste período, não se usavam cartas e a função de adivinhação estava restrita às bruxas e videntes. Por conta da divisão entre cultos Solares e lunares, homens e mulheres trabalhavam facetas diferentes do conhecimento ocultista. Enquanto os homens se dedicavam à matemática, geometria, astrologia, gematria e kabbalah, as mulheres eram treinadas nas danças iniciáticas, oráculos e magia sexual. Desta maneira, os dados foram o instrumento utilizado pelos magistas com uma função oracular, mas que foram rapidamente profanados e passaram a ser usados pelo povão para jogos de azar (o mesmo aconteceria com os arcanos do Tarot mais tarde). Os dados evoluíram para o que chamamos de Dominós. A versão com o zero (de 28 peças, a que usamos hoje) só aparece bem mais para frente… lembremos que nesta época o zero nem sequer havia sido “inventado” ainda, só aparecendo com os árabes muitos séculos depois.

Basicamente, os dominós representavam os 21 Arcanos Maiores do tarot. Ficava faltando o Louco e esta é a explicação verdadeira razão pela qual este arcano não possui um número. Alguns autores o colocaram como número zero, outros como 22 e outros ainda como Arcano 78… alguns até o deixam sem número. Eu já li textos onde se dizia que os dados eram arremessados dentro de um círculo traçado na areia e este arcano se manifestava quando algum dos dados caia fora do local demarcado (tal qual alguns jogos de Runas) mas não existem registros garantidos disto, visto que toda a tradição iniciática era oral.

O pesquisador e historiador especializado na história do tarot Kris Hadar defende que a origem do tarô na Europa pode ser encontrada no século 12 na região de Oc ou Provence, no sul da França (por isso a data simbólica 1181 na carta do 2 de Ouros encontrada em um dos baralhos); e que a criação do baralho foi uma maneira encontrada para ocultar e preservar, na forma de cartas de jogar, a cultura e o conhecimento daquela região (onde nasceu a cultura trovadoresca), que a Igreja e os reis de França da época procuraram exterminar por ser “herética”. Considera ainda que o tarô foi “o primeiro livro que permitiu que os analfabetos fossem capazes de refletir e meditar sobre sua salvação eterna e a busca de si mesmos”. A história dos Tarots, dados e jogos de azar acompanha o caminho percorrido pelas Ordens Gnósticas (Sul da França e Norte do Egito).

Em 1392, surge na Europa o Tarô de Gringonneur, até hoje conhecido como o tarot mais antigo que se tem notícias (Charles Poupart em Registre de la Chambre des Comptes, 1392).

Entre 1392 e o Famoso “Tarot de Marselha” (1761) surgem diversos tarots, dos quais temos apenas algumas poucas cartas remanescentes, como o Poema descrevendo os 22 arcanos, escrito por Matteo boiardo (1494), o Tarot de mantegna (1465), o sola Busca Tarot (1491), Francesco Marcolini (1540), Catelin Geoffroy (1557). No começo do século XVI, há um texto da inquisição acusando uma mulher de usar o Arcano do Diabo em uma Adoração Satânica, mas por algum motivo, o tarot é meio que deixado de lado pela Inquisição.

Na França, temos o Tarot de Paris (1650), o tarot de Jean Noblet (1650) e o Tarot de Jacques Vieville (1643), na Itália temos predominantemente o Tarocchino de Mitteli (1662). Mitteli era um rosacruz italiano, da mesma escola de Gabriel Ferrantini, Girolamo Curti e Angelo Colonna, o que nos traz novamente a ligação entre Ordens esotéricas e o tarot.

Em 1761, Nicolas Convert, conhecido como “Mestre da Guilda dos Fabricantes de Baralhos de Marselha”, produziu a versão mais famosa e mais popular de todos os tarots, o “Baralho de Marselha”.

Gebelin foi o primeiro a atribuir a origem Egípcia ao baralho. A partir de então, o tarô se tornou uma febre parisiense. Todos queriam aprender o jogo egípcio. As ciganas que eram consideradas, à época, de origem egípcia, aproveitaram a onda e Créu! Começaram a ler cartas e ganhar o the Money fazendo previsões!

Etteilla, discípulo de Gebelin

Etteilla, pseudônimo de Alliette, era professor de álgebra, amigo íntimo de Madame Lenormand (famosa cartomante de Napoleão, que criou seu próprio baralho também) e de Julia Orsini, outra famosa cartomante francesa. Não se tem notícias de que tivesse pertencido a nenhuma ordem ou fraternidade oculta. Em todas as referências é tido como charlatão. Lévi e Papus revelam que ele se apropriou para benefício próprio das idéias da origem egípcia, da relação das letras hebraicas e egípcias feitas por Gebelin, criando seu próprio tarô corrigido, compilando as obras de suas amigas e escrevendo onze livros. Instalou-se em um dos mais luxuosos hotéis de Paris, Hotel de Crillon, e começou a atender e ensinar a nata parisiense! Voilá, cherry! Gebelin e Etteilla devem ter falecido ricos e felizes, um sob a visão da fama científica e o outro do misticismo.

Eliphas Levi, o senhor da Kabbalah

Tanto Gebelin quanto Ettteilla mexeram com o imaginário popular da época e, conseqüentemente, dos esotéricos e exotéricos; pois fica muito claro nas obras de todos os ocultistas do final do século XVIII e início do XIX que no âmbito tradicional do universo das ciências ocultas nunca se analisou ou questionou o tarô — são palavras do próprio Gebelin e de todas as pessoas posteriores a ele, sem exceção.

Lévi, em seu primeiro livro (1854), Dogma e Ritual, e no segundo, História da Magia, detona as obras e a conduta de Etteilla, contesta a origem egípcia de Gebelin e repudia a palavra tar=caminho e ot=real. Vai mais além: Introduz o conceito de que Moisés escondeu nos símbolos do tarô a verdadeira Kabbalah.

Também, pela primeira vez, um ocultista, em toda a história da magia, faz uma acalentada tese de associações das letras hebraicas com os arcanos e diz que a palavra tarot é análoga a palavra sagrada IHVH, sendo também uma variação das palavras Rota / Ot-tara / Hathor / Ator / Tora / Astaroth / Tika.

Assim como no livro de Papus, numa segunda leitura, igualmente encontrei críticas às mulheres na obra de Lévi, um pouco mais cruéis eu diria — desdenha Mlle Lenormand chamando-a de gorda, feia e chata e duas outras cartomantes, Madame Bouche e Krudener, de prostitutas (coquetes ou Salomé à época) (História da Magia, páginas 346 e 347). Tanto Lévi quanto Papus condenavam as práticas femininas de cartomancia, achavam que elas usurpavam o poder do homem na ciência oculta…

Eu também sempre havia me perguntado o que eles teriam contra as mulheres, visto que nenhum deles tinha características gays nem nunca ninguém chegou a levantar esta possibilidade. Quem levantou a melhor idéia foi o pesquisador Nei Naiff, autor do livro “Tarô, ocultismo e Modernidade”:

“Comecei a pensar sobre a sociedade até o fim do século XIX: era patriarcal e misógina! Será que houve uma descrença no sistema de cartas por causa do contexto feminino? Ou será que pelo fato do tarô expressar símbolos comuns de sua época não teria nenhum valor ocultista? Neste caso, eu acredito que foram ambos os fatores!

A partir da história egípcia sobre o tarô criada por Gebelin, os ocultistas viram uma possibilidade de abarcarem as técnicas de cartomancia, sem caírem no ridículo de usarem “uma arte feminina nos vôos da imaginação”, como disse Papus, ou usaram a arte das “loucas e coquetes”, segundo Lévi. Como? Fizeram uma retórica metafísica impossível delas compreenderem.

Se reparar na história do ocultismo, da magia, da cabala e da alquimia observará que não há uma única mulher (eram todas consideradas bruxas, ignorantes e maldosas!) que anteceda a Helena Blavatsky (1831-1891)! Ela foi muito “macho” em peitar todos os ocultistas eruditos. Assim, não foi difícil começarem a estudar uma arte feminina, que estava bem debaixo do nariz deles por tantos séculos, mas que nunca ousaram tocar por puro preconceito machista.

Afinal, nada melhor do que a imaginação e a intuição feminina para desvendar o significado simbólico das cartas em vez da razão e da lógica dos eruditos que necessitavam de fórmulas complicadas para tudo.

Para mim ficou muito claro o porquê da ausência do estudo do tarô entre os renomados ocultistas até o século XVIII e, principalmente, o porquê de tanto escárnio nas obras de Lévi e Papus sobre as cartomantes ou, no caso de Etteilla, um homem que se atreveu a jogar cartas como elas, denegrindo a imagem do “macho esotérico que conjura demônios”… Coisas do século passado…

Embora o tarô fosse conhecido e utilizado há séculos na Itália, Alemanha, Suíça, Espanha e França, foi precisamente em Paris que ele criou sua própria luz espiritual, tanto no surgimento de seu nome (tarot), quanto em sua centrifugação com o ocultismo. Observe que todos os autores que descrevemos são franceses e publicaram suas obras na Cidade Luz”.

#Tarot

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Arcano 8 – A Força – Teth

Uma mulher abre com as duas mãos as mandíbulas de um leão. É vista de três quartos e olha para a direita; o leão, por sua vez, está de perfil. A mão direita da mulher, está apoiada no focinho do leão, enquanto que a esquerda segura o maxilar inferior.

O personagem veste uma saia azul e uma capa ou manto vermelho, com laterais de tamanhos diferentes, já que a da direita chega ao chão enquanto que a da esquerda não passa da cintura.

Todas as partes visíveis de seu corpo estão representadas em cor carne; tem ainda um chapéu, cuja forma lembra o do Prestidigitador (O Mágico).

Do leão, vê-se apenas a cabeça, a juba e as patas dianteiras. O fundo e o chão são incolores. Em algumas versões, a sandália da mulher, que surge debaixo da roda da saia, parece apoiar-se no ar.

Significados simbólicos
Virtude. Coragem. Potência anímica. Integração harmoniosa das forças vitais.

Força moral, autodisciplina, controle

Interpretações usuais na cartomancia
Energia moral, calma, coragem. Espírito que domina a matéria. A inteligência que doma a brutalidade. Subjugação das paixões.

Lucro nos empreendimentos empresariais.

Mental: Esta carta traz uma grande agudeza para distinguir entre o verdadeiro e o falso, o útil e o inútil, e uma clareza precisa na avaliação.

Emocional: Domínio sobre as paixões, poder de conquista. Para uma mulher que está para se casar: conseguirá que sua personalidade não seja anulada pelo afeto que sente pelo marido. Proteção afetuosa.

Físico: Vontade para vencer os obstáculos, domínio da situação; faz valer seus legítimos direitos. Capacidade para tomar direção em todos os assuntos materiais.

Sentido negativo: A pessoa não é dona da sua força; é brutal, desatenta, deixa-se levar pelo poder em vez de utilizá-lo.Os fatos ou as pessoas o abatem; sua força será aniquilada, e será vítima de forças superiores. Impaciência.

Cólera, ardor incontido. Insensibilidade, crueldade.

Luta, guerra, conquista violenta. Operação cirúrgica. Veemência, discórdia. Incêndio.

História e iconografia
A Força, simbolizada pelo homem triunfante sobre os animais ou sobre a natureza, foi amplamente glorificada na literatura antiga e na arte medieval. No Antigo Testamento aparece a história de Sansão, e na mitologia greco-latina a saga dos trabalhos de Hércules. A batalha do herói com o leão de Neméia foi usada provavelmente como alegoria da força desde a antigüidade mais remota: nas escavações realizadas nos arredores de Tróia, encontrou-se um capacete do século VII a.C. com o desenho de um homem que abre com as mãos as mandíbulas de um leão. A Idade Média recorre com freqüência a esta imagem, como símbolo da força moral e espiritual, usando como protagonista Sansão ou então o Rei Davi.

No Tarô, porém, é uma mulher que representa a Força, na mais difundida alegoria do leão (versão de Rider Waite), incluindo as colunas (Tarô de Carlos VI). O antecedente mais ilustre desta transposição alegórica é a lenda de Cirene, a ninfa caçadora que envergonhou e seduziu o instável Apolo.

Píndaro conta de uma excursão do deus até o monte Pelion, na Tessália, para a qual ele teria partido formidavelmente bem armado, a fim de prevenir-se dos perigos que poderiam lhe acontecer em tão longa travessia; ali encontrou Cirene, que “sozinha e sem uma lança combatia um imenso leão…”

Embora o Arcano VIII seja uma ilustração perfeita desta lenda, não se encontra um só exemplo que a reproduza nos manuscritos medievais. Iconograficamente, a carta da Força seria assim uma das contribuições mais originais do Tarô.

Uma instrução curiosa, escrita na margem de uma página da Somme du Roi, manuscrito do ano 1295, orienta o pintor que iria ilustrar os textos. Embaixo do número 8, pode-se ler: “Aqui vai uma dama de pé que domina um leão. O nome da dama é Força”. Mas a miniatura nunca foi executada.

A dama serena e triunfante do Arcano VIII representa, assim, a culminação da via seca e racional inaugurada pelo Prestidigitador. Iconograficamente, liga-se a ele pela expressão corporal – de pé, em atitude de ação repousada e, fundamentalmente, pelo chapéu que segue no seu desenho o signo do infinito.

Um exercício curioso de “adição e redução mística” permite relacionar as quatro figuras femininas da primeira parte do Tarô. Com efeito: 3 (Imperatriz) + 8 (Força) = 11 (Justiça), que se reduz a: 11 = 1 + 1 = 2 (Sacerdotisa). Partindo da via seca (masculina) dos arcanos, este esquema feminino (úmido e intuitivo) se presta a múltiplas especulações combinatórias.

Alguns estudiosos vêem na Força uma clara alusão zodiacal: Leão vencido por Virgem, ou, o que dá no mesmo, o calor ardente, que corresponde à plenitude do verão, domado pela antecipação serena do outono (no hemisfério norte).

Neste sentido é preciso interpretar a parábola esotérica do Arcano VIII: o personagem não mata o leão, mas o doma; a sabedoria consiste em não desprezar o inferior, em não aniquilar o que é bestial, mas sim em utilizá-lo. Não é outro o resultado natural que se depreende da Grande Obra alquímica.

Por Constantino K. Riemma
http://www.clubedotaro.com.br/

@MDD – Obs: a imensa maioria dos tarólogos brasileiros, que nunca estudaram Kabbalah, atribuem errôneamente o Arcano da Força ao Arcano XI, por conta do Baralho de Marselha, o mais difundido aqui no Brasil. O Tarot Mitológico, segundo mais utilizado, não atribui números aos Arcanos em suas lâminas.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arcano-8-a-for%C3%A7a-teth

Cursos de Kabbalah, Astrologia e Tarot – 2012

Este é um post sobre um Curso de Hermetismo já ministrado!

Se você chegou até aqui procurando por Cursos de Ocultismo, Kabbalah, Astrologia ou Tarot, vá para nossa página de Cursos ou conheça nossos cursos básicos!

Tentando ser mais organizado e também para ajudá-los a se organizar com passagens, hoteis e datas, programei todos os cursos de 2012 em São Paulo e já deixei tudo agendado.

Os cursos costumam ser realizados nos finais de semana, próximo ao Metrô Vila Mariana, das 10h às 18h e, nos sábados, emendamos o curso com a visita a um terreiro para que os alunos conheçam uma Gira de Umbanda.

Janeiro/2012

21/01 – Tarot (Arcanos Maiores) – SP

22/01 – Tarot (Arcanos Menores) – SP

Fevereiro/2012 – Carnaval

18/02 – Kabbalah – SP

19/02 – Astrologia Hermética – SP

20/02 – Runas, Talismãs e Magia Nórdica – SP

21/02 – Magia Prática

Março/2012

24/03 – Kabbalah – SP

25/03 – Astrologia Hermética – SP

Abril/2012

06/04 – Qlipoth (sexta-feira Santa) – SP

08/04 – Chakras, Kundalini e Magia Sexual – SP

Maio/2012

19/05 – Tarot (Arcanos Maiores) – SP

20/05 – Tarot (Arcanos Menores) – SP

Junho/2012

23/06 – Kabbalah – SP

24/06 – Astrologia Hermética – SP

Julho/2012

21/07 – Astrologia Hermética II – SP

22/07 – Magia Prática

Agosto/2012

18/08 – Kabbalah – SP

19/08 – Astrologia Hermética – SP

Setembro/2012

22/09 – Tarot (Arcanos Maiores) – SP

23/09 – Tarot (Arcanos Menores) – SP

Outubro/2012

06/10 – Magia Enochiana – SP

07/10 – Magia Prática – SP

Novembro/2012

17/11 – Kabbalah Judaica

18/11 – Astrologia Hermética II – SP

Dezembro/2012

08/12 – Runas, Talismãs e Magia Nórdica – SP

09/12 – Chakras, Kundalini e Magia Sexual – SP

Para maiores informações sobre valores e detalhes dos cursos:

marcelo@daemon.com.br

Quero marcar os Cursos em outras cidades. Com certeza teremos em Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília pelo menos os 6 principais, mas acho que é possível organizar isso em várias capitais. Tudo o que eu preciso é de uma Sala com carteiras para 20-25 pessoas com lousa branca, que seja de fácil acesso. O restante fica simples de organizar. Quem tiver contato com locais assim me manda por email que começamos a ver datas.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cursos-de-2012

Aprenda Cabala com Aleister Crowley

Anarco-Thelemita

No quarto capítulo de “Magick Without Tears”, Crowley enfatiza o estudo da cabala para qualquer pessoa realmente interessada na prática mágicka. De fato, este capítulo aparece quase imediatamente após aquele em que os postulados de sua Magicka são definidos. Mais do que isso, ele traça um itinerário de estudos breve de descrever, mas difícil de atravessar composto de três fases. São estes três atos que veremos abaixo de forma detalhada. Se você não tem nenhum conhecimento sobre cabala, veio ao lugar certo. Se já tem, leia mesmo assim, você pode ter algumas surpresas no final.

Ato 1: Alfabetização Mágicka

Crowley chama a cabala de “Alfabeto Magicko”, mas um alfabeto que consiste não de letras, mas de ideias, e numa observação mais atenta, ideias matemáticas. Contudo os números são apenas uma das formas com as quais essas ideias podem ser expressas.  Neste sentido é até uma boa coisa que o estudante não fale hebraico. Isso porque muitas palavras são em hebraico e sem referência o magista está impedido de fazer qualquer associação literal, tendo que desenvolver dentro de si a abstração necessária. Qualquer tentativa de traduzir os nomes das sephirot pode no final das contas mais atrapalhar do que ajudar. Nesse sentido o hebraico é para a cabala o que o francês é para o ballet ou o inglês para o marketing.

Cada uma dessas abstrações deve ser explicada, investigada, compreendida por meios muito diversos. Neste primeiro momento o estudante deve se preocupar apenas em criar em sua mente o esboço das letras hebraicas, seus valores numéricos e as 10 esferas por elas conectadas. Crowley não detalha como deve ser essa memorização mas uma boa ideia é simplesmente pegar um caderno novo e desenhe na primeira página a seguinte estrutura:

*Deixaremos de fora Daath por enquanto para que o estudante sério possa fazer suas próprias descobertas mais avançadas no futuro. 

Essa é a chamada “Árvore da Vida”. Por enquanto temos apenas números, nomes e posições. Cada um deles é uma sefira (no plural sefirot). Passe a semana consolidando esta estrutura em sua mente. Desenhe-a quantas vezes precisar até que sua ordem e números estejam internalizados. Só então para a próxima etapa. 

Feito isso temos que saber que cada sefira “se conecta” às demais por seus por meio de 22 ligações que também possuem seus nomes hebraicos. Estas ligações se somam às sephiras e se enumeram de 11 a 32. Concentre-se alguns dias em ter de memórias a estrutura a seguir:

Uma boa maneira de acelerar o processo é desenhar a árvore respeitando sua sequência numérica. Com isso você terá impresso na mente algo como uma planta do edifício que iremos construir a seguir. A Árvore da Vida deve ser aprendida de cor; você deve conhecê-lo de trás para a frente, de frente para trás, dos lados e de cabeça para baixo; deve se tornar o pano de fundo automático de todo o seu pensamento. Não negligencie esta etapa. Ela é semelhante ao aprendizado das notas musicais, do alfabeto e da tabuada. Só avance quando puder, a qualquer momento desenhar a árvore completa com todos os seus nomes e números.

Ato 2: o Código Fonte do Universo 

Contam às bocas prussianas que certa vez houve um diálogo entre Frederico Guilherme IV da Prússia e Argelander, seu astrônomo imperial. De forma provocativa o rei perguntou “Então, o que há de novo nos céus?” E o pesquisador respondeu: “Será que Vossa Majestade já conhece o que há de velho?”. Assim o próximo ato no desenvolvimento cabalistico deve ser um olhar atento para o passado.

A próxima etapa é atribuir a estes espaços alguns conjuntos de “elementos naturais”. Crowley admite que mesmo estes elementos são sempre arbitrariamente compostos, mas é a interação entre eles que fará toda máquina funcionar, principalmente quando o cabalista começa a perceber que toda e qualquer coisa no universo tem seu lugar no mapa da cabala. 

As primeiras atribuições sugeridas são aquelas que fazem conexão com outros três grandes campos de saber oculto: a astrologia, gematria e o tarô. Cada sefira tem uma correspondência astrológica, e portanto uma cor própria. Da mesma forma, cada uma das 22 ligações tem relação com uma das 22 letras do alfabeto hebraico (que é de onde tira seu nomes), mas também dos 22 Arcanos Maiores do Tarot. E para os caminhos próximos do Sol, um signo do zodíaco:

Só essas cinco atribuições iniciais (planetas, cortes, letras, valor gematrico e arcanos do tarô) já bastam para levar os estudos cabalísticos para outro patamar. Em particular às letras hebraicas darão um poder enorme por meio da prática da gematria no futuro.

Para facilitar essa etapa, pegue aquele mesmo caderno e depois da primeira página, em que a árvore estará desenhada, dedique uma folha para cada sefira e caminho. No topo da folha coloque o número apropriado e abaixo delas suas atribuições

Transcreva de punho próprio no seu caderno os dados abaixo em suas páginas apropriadas:

Sefira Correspondência Astrológica Cor
1. Kether Netuno Branco
2. Chochmah Urano Cinza
3. Binah Saturno Preto
4. Hesed Júpiter Azul
5. Geburah Marte Vermelho
6. Tipheret Sol Amarelo
7. Netzach Vênus Verde
8. Hod Mercúrio Laranja
9. Yesod Lua Violeta
10. Malkuth Terra Marrom

 

Ligação Zodiaco Gematria Arcano
11. Aleph א 1 O Louco
12. Bet ב 2 O Mago
13. Gimel ג 3 A Sacerdotisa
14. Dalet ד 4 A Imperatriz
15. Heh ה Áries 5 O Imperador
16. Vav ו Touro 6 O Hierofante
17. Zayin ז Gêmeos 7 Os Enamorados
18. Het ח Câncer 8 A Carruagem
19. Tet ט Leão 9 A Volúpia (Força)
20. Yud י Virgem 10 O Eremita
21. Kaf כ 20 (500 no final) A Fortuna (A Roda da Fortuna)
22. Lamed ל Libra 30 Ajustamento (A Justiça)
23. Men מ 40 (600 no final) O Enforcado
24. Nun נ Escorpião 50 (700 no fina) A Morte
25. Samech ס Sagitário 60 Arte (A Temperança)
26. Ayin ע Capricórnio 70 O Diabo
27. Peh פ 80 (800 no final) A Torre
28. Tzady צ Aquário 90 (900 no final) A Estrela
29. Koof ק Peixes 100 A Lua
30. Reish ר 200 A Sol
31. Shin ש 300 Aeon (O Julgamento Final)
32. Taf ת 400 O Universo (O Mundo)

Você deve então iniciar seus estudos cabalisticos. As próximas atribuições que podem ser feitas devem vir por meio de pesquisa. Algumas sugestões incluem as runas nordicas, os trigramas do i-ching, os patriarcas de Israel, os deuses egípcios e alguns nomes hebraicos de Deus e seus anjos. Também é muito esclarecedor buscar quais vícios e virtudes se encaixam em cada espaço da árvore da vida.

Crowley admite que o impacto inicial pode não ser fácil: 

“A princípio, é claro, tudo isso será terrivelmente confuso; mas persista, e chegará o tempo em que todas as partes estranhas se encaixarão no quebra-cabeças, e você verá – com graça e admiração! – a beleza e a simetria maravilhosas do sistema cabalístico. E então – que arma você terá forjado! Que poder de analisar, ordenar, manipular seu pensamento!

Cada ideia, seja qual for, pode ser, e deve ser, atribuída a um ou mais desses símbolos primários; assim, o verde, em diferentes tons, é uma qualidade ou função de Vênus, da Terra, do Mar, de Libra e de outros. Assim, também é com ideias abstratas; desonestidade significa “um Mercúrio sob tensão”, generosidade um bom, embora nem sempre forte, Júpiter; e assim por diante.

Agora você está armado! E poderá perguntar a si mesmo coisas como: por que a influência de Tiphareth é transmitida a Yesod pelo Caminho de Samekh, uma cerca, 60, Sagitário, o Arqueiro, Arte, azul – e assim por diante; mas para Hod pelo Caminho de Ayin, um olho, 70, Capricórnio, a Cabra, o Diabo, Indigo, etc..

Estas atribuições não apenas começam a lhe dar um entendimento da cabala, mas os sinais passam a explicar uns aos outros. Entender o signo de Gêmeos é entender o arcano dos Enamorados. Você sabe agora que a letra Peh tem às mesmas qualidades do Arcano Maior da Torre, e entende o tipo de percepções que ocorre quando a ligação entre Hod, com suas qualidades Mercuriais e Netzach, com suas qualidades Venusianas são feitas. 

A partir daqui você pode também iniciar seus estudos de gematria. 

Nas palavras de Crowley em uma observação no final da introdução de Magicka sem Lágrimas: “Os métodos da gematria servem para se descobrir verdades espirituais. Números são a rede estrutural do Universo e suas relações a forma de expressão do nosso Entendimento sobre ele.” A gematria une o rigor da matemática com as inspirações da poesia e assim enxerga coisas que os artistas não enxergam por falta de coerência e os matemáticos não enxergam por falta de imaginação.

Por exemplo, a palavra hebraica Achad (Unidade) e a palavra Ahebah (Amor) tem ambas o valor 13:

echadאחד  ahavah אהבה 
א = 1 

ח = 8

ד = 4

———-

Total: 13

א = 1 

ה = 5

ב = 2

ה = 5

———-

Total: 13

No pensamento cabalistico isso significa que Amor e Unidade são em última instância uma coisa só. Porque Jesus Cristo se uniu a um grupo de 12 apóstolos, porque o 13º Arcano é o Enforcado, relacionado a sacrifícios e porque o Diabo surge quando você duplica 13 e obtém 26, são outros pensamentos que surgem.

Ou achar graça que Pai + Mãe = Filho, visto que אב‎ (Pai, numericamente equivalente a 3) + אמ (Mãe, equiv. a 41) = ילד (Filho, equivalente a 44). Mas note, a gematria hebraica é só uma das possíveis. Lembre que seja em grego, hebraico ou inglês os números são os mesmos não importa sua grafia.

Para estudos mais profundos no segundo ato temos em português s livros fantásticos como a enciclopédia “Kabbalah Hermética” de Marcelo del Debbio e “Sistemagia” de Adriano Camargo Monteiro. Entre os autores estrangeiros às obras “Cabala Mística” de Dion Fortune, A Arvore da Vida de Israel Regardie e Liber 777 e o Sepher Sefira do próprio Crowley como boas indicações de estudos. 

Estas e outras relações se tornaram mais claras conforme se estuda a cabala, tornando-se enfim um novo estilo de pensamento que o tornará muito mais perceptivo, criativo e perspicaz do que às pessoas comuns. Sua memória também será expandida pois se tornará cada vez mais fácil fazer associações entre tudo lhe rodeia. De fato Crowley afirma que a Cabala é “O Melhor Treinamento para a Memória” e no capítulo “Jornada Astral”, acrescente que “Não há melhor treinamento para a memória do que a Santa Qabalah” dando então um exemplo possível:

“Você sai para dar uma caminhada e a primeira coisa que vê é um carro; que representa o Arcano VII, a Carruagem, relacionado ao signo de Câncer. Então você chega a uma peixaria e nota certos crustáceos, novamente o signo de Câncer. A próxima coisa que você nota é um vestido cor de âmbar em uma loja; âmbar também é a cor de Câncer. Agora você tem um conjunto de três impressões que são unidas pela classe de Câncer a ligação 17.Zayin. Você então verá que irá lembrar-se de todos os três eventos com muito mais clareza e precisão do que poderia lembrar-se de qualquer um dos três individualmente.”

Você não apenas pode pensar melhor sobre o universo. Você passa a pensar como o universo pensa. Neste mesmo capítulo Aleister Crowley explica o porque:

“Todo mecanismo da memória consiste na união de dados independentes. Você pode ir adicionando de pouco em pouco, sempre relacionando as impressões simples com outras mais gerais até que todo universo é organizado como um cérebro ou sistema nervoso. Este sistema de fato, se torna o Universo. Quando tudo esta apropriadamente correlacionado sua consciência central entende e controla todos os pequenos detalhes.”

Mas saiba desde já que uma vez que não podem compreender seu raciocínio para estas pessoas qualquer associação ou discurso cabalístico será indistinguível do delírio.

Ato 3: Sua própria Cabala

A próxima etapa de estudos cabalísticos é tão extravagante que o próprio Crowley a reconhece como uma sugestão sórdida e bestial. Mas faz a sugestão mesmo assim. Quando seu pensamento estiver absolutamente imerso nas associações da árvore da vida, chegou a hora de construir sua própria Cabala!

Após alguns anos seu caderno de estudo estará repleto de associações importantes. E se você o fez bem será algo muito semelhante aos livros já escritos sobre cabala citados acima. Mas existem associações que ninguém pode fazer a não ser você pois dizem respeito à perspectiva única de sua vida. 

A partir deste ponto você deve constantemente pendurar tudo que vier em seu caminho em seu galho mais apropriado. Onde cabe nesta grande estrutura a história da sua vida, suas conquistas, amores e maiores derrotas? Na sua perspectiva única em que espaços da Árvore da Vida estão seus parentes? Seus amigos? Seus relacionamentos? As etapas do seu crescimento? Suas comidas, roupas, músicas e livros favoritos?  E o que a gematria lhe diz sobre todos estes nomes? 

Após isso, fique atento para novas impressões. Uma prática excelente é adquirir o hábito de incluir um nome no caderno sempre que fizer sua leitura matinal ou noturna ou do que quer lhe chame atenção durante uma caminhada ou afazer.

Mega Therion coloca a questão da seguinte forma:

“Ninguém pode fazer isso por você. Qual é o seu verdadeiro número? Você deve encontrá-lo e provar que está correto. No decorrer de alguns anos, você deveria ter construído um Palácio da Glória Inefável, um Jardim do Prazer Indescritível. Afinal, é bastante simples. Cada palavra que você encontrar, some-a, cole-a contra aquele número em um livro guardado para esse propósito. Isso pode parecer tedioso e bobo; por que você deveria fazer de novo o trabalho que já fiz por você?

Motivo: simples. Fazer isso vai te ensinar Cabala como nada mais poderia. Além disso, você não ficará entulhado de palavras que nada significam para você; e se acontecer de você querer uma palavra para explicar algum número particular, você pode procurá-la em meu próprio Sepher Sephiroth.

Por este método, também, você pode encontrar um rico reservatório de suas próprias palavras ou de conceitos que foram completamente ignorados por outros autores até agora.

Para começar, é claro, você deve escrever as palavras que estão fadadas a atrapalhar seu caminho. Sem dúvida, um Grande Professor teria dito: “Cuidado! Use meu Dicionário, e apenas o meu! Todos os outros são espúrios!” Mas eu não sou um R.G.T. desse tipo.

Se qualquer palavra, estímulo, evento ou nome lhe chamar atenção coloque-o em seu livro. Crowley sugere inclusive diz que devemos deixar estas associações serem guiadas por nosso trabalho no Plano Astral. Ao investigar o nome e outras palavras comunicadas a você por seres que você encontra em suas projeções ou invocar, muitas outras conexões adequadas surgirão. Em breve, você terá seus próprios Sepher Sephiroth pequenos e agradáveis. “Lembre-se de almejar, acima de tudo, a coerência.”, completa a Grande Besta.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/aprenda-cabala-com-aleister-crowley/

Cartas do Tarô são entidades

Começando já com uma citação de Aleister Crowley, esse post de Douglas Gibb, do blog TarotEon.com, abriu meus olhos para uma realidade que eu, sem perceber, já venho sentido há algum tempo – de uma forma muito especial, as imagens das cartas são existências independentes, autônomas – entidades. Realmente, isso é fato, ainda que sequer passe pela cabeça da maioria das pessoas, a maior parte do tempo.

Partindo do começo, a origem conceitual da palavra “entidade” encontra-se no conceito filosófico grego de to on, que poderíamos traduzir livremente por “ser”, “ente”, e que literalmente quer dizer algo como “aquilo que é”. Mergulhando no significado do próprio verbo ser, uma entidade é, essencialmente, algo que possui uma existência distinta. Indivíduos são entidades, números são entidades, estados são entidades – e imagens de Tarot são entidades. Crowley dá mesmo um passo adiante, dizendo que “(…)cada carta é, em certo sentido, um ser vivo (…)”.

Mas o que isso significa? Isso significa que cada carta não se resume simplesmente a um conceito a ser aprendido, memorizado, compreendido, mas a um alguém, com quem você se relaciona e interage. Elas são mais que simples objetos de estudo. Você não pode simplesmente estudar as cartas como quem estuda plantas ou materiais sintéticos ou genética; as imagens têm sua autonomia, e quando você olha pra elas, elas também olham pra você. Eu poderia mesmo dizer que as cartas do Tarot são conceitos vivos – elas têm uma espécie de vida particular. Vê-las assim as faz deixarem de serem simplesmente ideias, itens x participantes de um grupo sistêmico, para transformarem-se em algo tridimensional e multifacetado. E eu não estou falando aqui simplesmente dos personagens de cada carta, mas da imagem em si, como um todo, enquanto entidade conceitual; daí eu dizer que as cartas são “conceitos vivos”.

Imagine que cada uma das 78 cartas do Tarot é uma pessoa, como seu amigo de trabalho, sua irmã ou seu namorado – personalidades que existem no mundo. Da mesma forma que as pessoas da nossa vida, as cartas então não são coisas chapadas que podem ser inteiramente vistas e apreendidas numa única olhada. Como uma pessoa – tão complexa – os elementos de Tarot são personalidades, agregados independentes de uma miríade de fatores que, interagindo, fazem acender a centelha da existência. Mais que serem simplesmente entendidas, as cartas requerem que você trave com elas uma relação, que se aprofunda à proporção do tempo e da intensidade da interação.

Então, é essa a ideia – abordar cada imagem do Tarot como alguém a ser descoberto, alguém com quem é possível trocar. Eu sei que é uma questão profunda e complicada, e pretendo falar mais sobre isso à medida que a ideia amadurecer mais. Por enquanto, só quero deixar a ideia – as imagens simbólicas do Tarot, sendo símbolos, são mais que simples objetos de estudo estáticos.

Cartas são Forças

Talvez outra forma de colocar isso seria dizer que as cartas são forças – forças inteligentes. Faz alguns dias, li uma coisa que fez muito sentido pra mim –

(…) embora no nosso plano de existência os símbolos sejam abstrações, em outros planos eles são coisas reais (…), trata-se basicamente de alguma coisa ‘carregada com a força que ela supostamente deva representar’”(Robert Wang, O Tarô Cabalístico, pgs. 61,63).

Isso faz um tremendo sentido quando a gente encara as cartas como mais do que simples desenhos. Além da carta está a imagem, e a imagem representa um conceito que abarca e ultrapassa o nosso pensamento. Esotericamente, a nossa realidade física é só um aspecto de uma Realidade mais ampla, que inclui os planos etérico, astral, mental, e os planos superiores. Segundo esse princípio, nossos pensamentos, no plano mental de onde se originam, são coisas reais, tangíveis e concretas. Os símbolos são imagens que surgem no nosso psiquismo, e como tal pertencem também aos planos astral e mental. É comumente aceito que símbolos são criações humanas. Porém, é possível da mesma maneira conjeturar que símbolos são entidades independentes que, de certa forma, entram em contato com a mente humana.

Num nível mais profundo do que o imediato, cotidiano, cada imagem do Tarot é a representação física de uma força real. Mais uma vez citando Wang, “(…) quando os Trunfos aparecem numa predição, eles são vistos a partir de fora e atuam como forças objetivas que afetam a questão.” (pg. 54, itálico meu). No caso, Wang refere-se especificamente aos Arcanos Maiores (Trunfos), porém é claro que é possível estender o mesmo principio às cartas pequenas, já que toda carta representa uma força. E essa noção não é nova – McGregor Mathers já dizia isso há como que cento e cinquenta anos atrás.

 

Mas o que isso tem a ver com a leitura de cartas em si?

A prática oracular do Tarot pode ser profundamente influenciada por essa noção à medida em que percebemos que, se cada imagem do Tarot é uma força real, uma leitura funciona como um mapa dinâmico das forças atuantes sobre uma questão, em um dado momento. Tal conceito justifica outra ideia que eu já mencionei aqui no blog – a de que uma mesma carta pode representar um sem número de coisas numa leitura. Quando vemos as cartas como forças ativas, então uma mesma força pode manifestar-se de diversas maneiras diferentes ao mesmo tempo. Tal ideia pode ser comparada à maneira que a Astrologia vê as influências e atuações dos astros – Vênus pode provocar amor e romance, mas também gozo, festas, divertimento e arte, por exemplo.

Em termos práticos, isso quer dizer que as cartas ganham vida. Elas deixam de ser expedientes mnemônicos para esse ou aquele conceito, e passam a ser o próprio conceito, ali presente, ativo e interagindo com seus companheiros.

O uso oracular do Tarot é só uma das facetas desse sistema simbólico tão significativo. O Tarot em si vai bem mais além disso. E a coisa é séria.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/cartas-do-taro-sao-entidades/

Arcano 13 – A Morte – Nun

Esta carta, comumente designada como “Morte”, não tem nome algum inscrito no tarô de Marselha, nem em suas variantes mais significativas.

Um esqueleto revestido por uma espécie de pele tem uma foice nas mãos. Do chão negro brotam plantas azuis e amarelas, e diversos restos humanos. O fundo não está colorido.

No primeiro plano, à esquerda, uma cabeça de mulher; à direita, uma cabeça de homem com uma coroa.

Um pé e uma mão aparecem também no chão; outras duas mãos – uma mostrando a palma e outra as costas – brotam atrás, ultrapassando a linha do horizonte.

O esqueleto está representado de perfil e parece dirigir-se para a direita. Maneja a foice, sobre a qual apóia as duas mãos. Em algumas variantes, seu pé direito não está visível.

Para o iniciante, mostra-se como a carta mais temível, mas os estudos simbólicos ajudam a entender um outro sentido no plano da evolução humana.

Significados simbólicos

Grandes transmutações e novos espaços de realização.

Dominação e força. Renascimento, criação e destruição.

Fatalidade irredutível. Fim necessário.

Interpretações usuais na cartomancia

Fim de uma fase. Abandono de velhos hábitos.

Profundidade, penetração intelectual, pensar metafísico. Discernimento severo, sabedoria drástica. Resignação, estoicismo, dom para enfrentar situações difíceis. Indiferença, desapego, desilusão.

Mental: Renovação de idéias, total ou parcial, porque algo vai intervir e tudo transformar; como um fenômeno catalisador ou um corpo novo que modifica totalmente a ação do corpo atual.

Emocional: Afastamento, dispersão. Destruição de um sentimento, de uma esperança.

Físico: Morte, perdas, imobilidade. Completa transformação nos negócios ou atividades.

Sentido negativo: Do ponto de vista da saúde, estagnação de enfermidade ou processo. A morte poderá ser evitada, mas em troca de uma lesão incurável. Segundo sua posição, pode significar a morte, em seus múltiplos matizes, mas também maus acontecimentos, más notícias.

Prazo fatal. Xeque-mate inevitável, mas não provocado pela vítima.

Ânimo baixo, pessimismo, perda de coragem. Suspensão de um processo para começar de modo diametralmente oposto.

História e iconografia

E provável que a alegoria da morte representada como um esqueleto com a foice, seja original do Tarô; se isto for verdade, trata-se de uma das contribuições fundamentais feitas pelas cartas à iconografia contemporânea, considerando a ampla popularidade desta metáfora macabra.

Van Rijneberk divide o estudo deste arcano em três aspectos: o número treze, o esqueleto, a foice. Como emissário de uma premonição sombria, o treze tem seu antecedente cristão nos comensais da Última Ceia, de onde a tradição extraiu um conto bastante popular da Idade Média: quando treze pessoas se sentam à mesa, uma delas morrerá em breve.

Esta superstição seria herdeira de outras versões mais antigas: Diodoro da Sicília, contemporâneo do imperador Augusto, explica desse modo a morte de Filipe da Macedônia, cuja estátua havia sido colocada junto as dos 12 deuses principais, dias antes de ser assassinado.

Simbolicamente, o 13 é a unidade superadora do dodecadenário, ou seja, a morte necessária de um ciclo completo, que implica também – ainda que este aspecto tenha sido esquecido na transmissão popular – a idéia conseqüente de renascimento.

Na arte cristã primitiva não há traços deste simbolismo durante os primeiros séculos, o que não parece estranho se considerarmos as idéias centrais dos catecúmenos: a morte entendida como pórtico de uma vida melhor, a confiança na proximidade do Juízo Final (e a conseqüente ressurreição da carne); a absoluta falta de medo frente a um estado transitório.

O esqueleto propriamente dito só aparece em todo o seu esplendor nas Danças da morte, disseminadas pelos cemitérios e claustros europeus, quase que simultaneamente, e com certeza não antes do séc. XV.

O tema das composições desse período mostra-se idêntico em todos os lugares: o esqueleto se apodera (o matiz está apenas no grau de violência ou gentileza) de criaturas humanas de ambos os sexos, de qualquer idade e condição.

Outro elemento que as Danças da morte têm em comum é que todas são posteriores ao Tarô, de cuja popularidade puderam extrair o encanto de suas imagens.

Nestas danças, no entanto, não há esqueletos com foices, mas sim com diversos objetos (uma espada, um arado, um par de tesouras, um arco e flechas) que se referem em geral ao ofício da pessoa que será levada pela morte.

Em Joel (4,13), Mateus (13,39), Marcos (4,29) e no Apocalipse (14,14-20) podem ser encontradas metáforas bíblicas em que se fala da foice como instrumento de justiça empunhado por Jeová, pelo Filho do Homem e, mais tarde, pelos anjos: como derivação deste princípio moral.

Os esotéricos não vêem a morte como falha ou imperfeição: as formas se dissolvem, variam de aparência quando se tornam incapazes de servir ao seu destino. Desse modo, entre o Imperador e a Morte (primeiros termos do segundo e do quinto ternário, respectivamente), há apenas uma diferença de matizes: ao esplendor máximo do poder e da matéria sucede sua extinção, que é uma conseqüência lógica e também uma necessidade. Como parábola do processo iniciático em oposição à vida corrente, é talvez o arcano mais explícito: “O profano deve morrer – lembra Wirth – para que renasça a vida superior que a Iniciação concede”.

A morte guarda relações simbólicas com a terra, com os quatro elementos, e com a gama de cores que vai do negro ao verde, passando pelos matizes terrosos. Também é associada ao esterco, menos pelo que este tem de desagradável do que pelo processo de transmutação material que representa.

Por Constantino K. Riemma
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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arcano-13-a-morte-nun

Arcano 3 – Imperatriz – Daleth

Uma mulher coroada, sentada num trono, mantém contra si, com sua mão direita, um escudo ornado com uma águia amarela, enquanto que com a esquerda sustenta um cetro que termina por um globo encimado pela cruz.

Está representada de frente, com os joelhos separados e com os pés ocultos nas dobras da túnica. A cintura da Imperatriz está marcada por um cinto, que se une a uma gola dourada. A coroa leva florões amarelos e permite que os cabelos da figura se derramem sobre os ombros.

O trono está bem visível e seu espaldar sobressai à altura da cabeça da Imperatriz. No ângulo inferior esquerdo da estampa cresce uma planta. A águia desenhada no escudo olha para a direita.

Significados simbólicos
O verbo, o ternário, a plenitude, a natureza, a fecundidade, a geração nos três mundos.
Sabedoria. Discernimento. Idealismo. Influência solar intelectual. É o arcano da Magia Sagrada, instrumento do poder divino.

Interpretações usuais na cartomancia
Gravidez, criatividade, sucesso. Compreensão, inteligência, instrução, encanto, amabilidade. Elegância, distinção, cortesia. Domínio do espírito, abundância, riqueza.

Mental: Penetração na matéria por meio do conhecimento das coisas práticas. Os problemas vêem à tona e podem ser reconhecidos.

Emocional: Capacidade para penetrar na alma dos seres. Pensamento fecundo e criador.

Físico: Esperança, equilíbrio. Soluciona os problemas. Renova e melhora as situações. Poder continuo e irresistível nas ações.

Sentido negativo: Desavenças, discussões em todos os planos. As coisas se embaralham e ficam confusas. Atraso na realização de um acontecimento que, no entanto, ocorrerá.
Afetação, pose, coqueteria. Vaidade, presunção, desdém. Futilidade, luxo, prodigalidade. Deixa-se levar pelas adulações, falta de refinamento, modos de novo-rico.

História e iconografia
A Imperatriz, adornada dos símbolos atribuídos à feminilidade triunfante, pode ser relacionada a um repertório interminável: a Madona cristã, a esposa do rei ou mãe do herói; a deusa primordial de todos os ritos matriarcais, as quatro damas do baralho.

Sobre a figura da Imperatriz parece ser mais importante considerar a sua localização no Tarô (como a terceira da série) e à sua relação com outras figuras do que o seu simbolismo individual, já que o caráter difuso da carta torna sua amplitude inesgotável. Assim, será interessante recapitular tudo que foi escrito sobre o simbolismo do três e a ordem do ternário, bem como às variadas significações atribuídas às damas dos Arcanos Menores.

Na versão de Wirth, a Imperatriz aparece aureolada por doze estrelas, das quais somente nove são visíveis: é evidente o duplo sentido alegórico desta representação, que se refere simultaneamente aos signos do Zodíaco e ao período da gestação.

Como o 9 é também representação da inteligência, no momento da sua maturidade, é possível associar os atributos centrais do Arcano III: feminilidade-experiência-sabedoria.

Relacionada em todas as cosmogonias ao simbolismo lunar e à face oculta do conhecimento (Sacerdotisa), a mulher admite também um período solar (Imperatriz), do qual há correspondências nas organizações culturais mais remotas da humanidade.

Do ponto de vista matriarcal, a Imperatriz não é ainda a Eva protagonista do pecado e da queda, mas a que aparece em certas tradições talmúdicas: a fundadora, que reencontra Adão depois de trezentos anos de separação; a que aniquila Lilit – a rival estéril e luxuriosa – para organizar junto ao primeiro pai a família dos homens.

Alguns comentaristas do Islã vêem nesta Eva triunfante do adultério a representação da passagem das sociedades anárquicas ao princípio de ordem dos tempos históricos. Seu túmulo mítico se localiza em Djeda ou Djidda, às margens do mar Vermelho e próximo da montanha sagrada de Arafat, onde o teria ocorrido seu reencontro com Adão, para formar o casal primordial.

A Imperatriz, finalmente, é símbolo da palavra e representa o envoltório material do corpo, seus órgãos e suas funções. Ouspensky a imagina repousando sobre um trono de luz, bela e fecunda, em meio à interminável primavera.

Por Constantino K. Riemma
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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arcano-3-imperatriz-daleth

Arcano 14 – Temperança – Samekh

Significados simbólicos

A alquimia, a transmutação dos elementos.

Renovação da vida, influência celeste, circulação, adaptação.

Serenidade. Harmonia. Equilíbrio.

Interpretações usuais na cartomancia

Tolerância, paciência, praticidade, felicidade. Aceitação dos acontecimentos,

flexibilidade para adaptar-se às circunstâncias. Educação, trato social. Caráter elástico para enfrentar as transformações. Temperamento descuidado.

Mental: Espírito de conciliação, ausência de paixões no julgamento; dá o sentido profundo das coisas, como representante de um princípio eterno de moderação. Exclui a rigidez, o emperramento. Corresponde à flexibilidade e ao plástico.

Emocional: Os seres se reconhecem e se encontram por suas afinidades. Sob a influência desta carta são felizes, mas não evoluem e não conseguirão se livrar um do outro.

Físico: Conciliação nos negócios, atividades e empreendimentos. Pesam-se os prós e contras, encontra-se a maneira de estabelecer um compromisso, mas se ignora se o empreendimento será ou não coroado de êxito. Reflexão, decisão que não pode ser tomada de imediato.

Do ponto de vista da saúde: enfermidade difícil de curar, porque se alimenta de si mesma.

Sentido negativo: Desordens, discordâncias. Indiferença. Falta de personalidade, passividade. Inconstância, humor irregular, desequilíbrio. Tendência a se deixar levar pela corrente, submissão à moda e aos preconceitos. Resultados não conformes às aspirações. Derramamento, saída, fluxo involuntário. As coisas seguem o seu curso.

História e iconografia
A mulher que derrama líquido é uma alegoria muito comum durante a Idade Média para representar a virtude da temperança: supunha-se que misturava água no vinho para diminuir os seus efeitos. Curiosamente, a mesma imagem serviu durante os primeiros séculos do cristianismo para ilustrar o contrário: o milagre das bodas de Canaã, onde a mulher – por ordem de Jesus – vira a água que vai se transformar em vinho.

Com outros significados pode ser encontrada nos versos de Horácio: “O cântaro reterá por longo tempo o perfume que o encheu pela primeira vez”.

Mistura de anjo e mulher, A Temperança evocou sempre, para os investigadores do Tarô, o mito do hermafrodita. Tema recorrente e vastíssimo, por um de seus aspectos – que é o que aqui interessa – a androginia tem sido considerada desde tempos antigos como premonição feliz. Isto faz da Temperança uma carta amável, do ponto de vista adivinhatório, cuja presença alivia sempre a densidade do oráculo.

Arcano de reunião, e portanto de equilíbrio – a coniunctio oppositorum, em sua fase anterior à bissexualidade – onde o derramamento do líquido já foi interpretado como uma metáfora das transformações: a passagem do espiritual ao físico, do sentimento à razão.

Astrologicamente, não deixa dúvidas sobre sua filiação sagitariana, que guarda correspondência com o simbolismo de Indra, divindade hindu da purificação.

Wirth relaciona a androginia da Temperança ao elemento relacionado ao quinto ternário do Tarô, que provém da morte assexuada (XIII) e culmina no Diabo bissexual (XV). É preciso assinalar também sua localização como último termo do segundo setenário, que corresponde à Alma ou psique, plano da personalidade fluente, flexível e instável na natureza, relacionada às águas em quase todas as teofanias, assim como o Espírito é associado à luz (fogo, ar) e o Corpo à terra.

O tema do derramamento e dos vasos gêmeos e opostos dominam, por outro lado, as especulações sobre os prodígios terapêuticos. Neste aspecto, o Arcano XIIII é claramente o curador, o agente reparador e reconstituinte, aquele que verte a harmonia universal sobre o desequilíbrio individual. Como o Eremita, lembra os médicos, curandeiros e charlatães; mais ainda, lembra conselheiros, confessores e terapeutas.

Resta estabelecer uma leitura da Temperança no contexto do interminável simbolismo aquático, pois refere-se à matéria unívoca (o oceano primordial), à corrente circulatória que mantém a vida (chuva, seiva, leite, sangue, sêmen), à mãe (as águas como elemento pré-natal) e às imersões como rito de morte e ressurreição (batismo).

Por Constantino K. Riemma
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