A Crença do Espiritualista

Através de diálogos pela internet uma vez fiquei sabendo de uma história, conforme contada por um amigo cético. Ele dizia que um amigo a quem admirava a inteligência sofreu um acidente de carro e ficou alguns dias desacordado. Ao recobrar a consciência, consta que ele perguntou “se ainda estava vivo, ou se já estava do outro lado”. Seu amigo era espírita e acreditava em vida após a morte (na realidade, em vida após a vida), e ele se perguntou: “mas como uma pessoa tão inteligente pode crer numa coisa dessas?” – Esta é uma excelente pergunta…

Muitos céticos e aqueles classificados como “eruditos ou intelectuais” parecem não conseguir resolver tal enigma. É que eles esbarram em duas interpretações algo preconceituosas: a primeira é a de que a fé não pode ser racional, e a segunda é a de que a grande maioria dos espiritualistas e religiosos é alienada da realidade. Este artigo tentará abrir os olhos dessas pessoas, para que possam analisar aos espiritualistas pelo que eles realmente são: pessoas como qualquer outra, mas que consideram a possibilidade da existência do espírito.

Fé e Razão
A etimologia da palavra “fé” nos traz duas origens não necessariamente complementares. A primeira deriva do grego pistia e quer dizer “acreditar”. Este é o significado mais usual, entretanto ainda incompleto, pois não basta crer, é necessário também compreender a razão pela qual se crê. Esta é a chamada fé raciocinada. Antes de ser uma contradição, como podem pensar alguns, o uso da razão solidifica a fé, pois ao analisarmos o objeto de nossa fé, compreendo-o e aceitando-o, estamos criando alicerces que tornarão nossa fé inquebrantável, fortalecendo-nos frente aos desafios mais árduos. Por outro lado, a fé sem a razão é frágil, está sujeita a ser desfeita e pode, frente ao menor abalo, desmoronar. Ou ainda pior, esta fé irracional pode nos conduzir ao fanatismo, a negação de tudo que seja contra o nosso ponto de vista. Por não ser oposta a razão, a pistia é por si mesma não dogmática e, portanto, perfeitamente compatível com o ceticismo.

Mas temos uma outra origem da palavra “fé”, derivada do latim fides, que também possui o sentido de acreditar, mas agrega a este o conceito de fidelidade, ou seja, é necessário que sejamos fieis ao objeto de nossa fé. Falando em fé religiosa, estamos falando em Deus, portanto é preciso que sejamos fieis a Deus e isto só é possível seguindo os seus preceitos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos”.

No entanto, é preciso tomar muito cuidado na definição deste Deus, pois muitas vezes as pessoas de fé seguem o deus definido pelo discurso eclesiástico, quando o caminho da espiritualidade nos leva a busca de nossa própria definição de Deus. E isso nos leva ao contraponto do segundo tipo de interpretação preconceituosa…

O Deus de cada um
Cada doutrina religiosa traz sua própria concepção de Deus, e na maioria das vezes elas são conflitantes. Isto, por si só (e não sem razão), já soa absurdo para aqueles que cultivam um pensamento mais cético e racional. Não é a toa que muitos acabam taxando a maioria dos teístas de alienados: se não chegam a um acordo sequer sobre a natureza de Deus, como podem querer ditar regras de conduta a serem seguidas?

Essa pergunta é pertinente porque toca no cerne da religiosidade. O verdadeiro religioso não é aquele que se inscreveu em uma comunidade dos escolhidos de Deus (a origem de “igreja”, do grego ekklesia), mas aquele que pratica uma comunhão com Deus ou com o Cosmos, um caminho de retorno a compreensão de sua própria origem (do latim re-ligare, origem de “religião”). Desnecessário seria dizer que são definições bastante distintas, e que embora todo seguidor de igrejas possa ser religioso, nem todo religioso é seguidor de igrejas. Mas, ainda mais profundo do que isso: a todo verdadeiro espiritualista parece mesmo óbvio que a forma de comunhão com Deus (ou o Cosmos) é própria de cada um, pessoal e intransferível. Não serão livros nem padres nem gurus espirituais quem poderão lhe ensinar – todos esses ajudam, mas cada um aprende por si próprio, e na prática.

Uma comparação pertinente pode ser feita entre aprender espiritualidade e aprender a nadar: de nada adianta ler extensos manuais sobre natação, ou infindáveis palestras de grandes nadadores – você só irá se tornar um grande nadador se tomar coragem de mergulhar e enfrentar as ondas por si próprio.

O verdadeiro espiritualista não é, portanto, um alienado da realidade. Ele apenas mergulhou na própria consciência, enquanto outros (não sem razão) preferiram abster-se da aventura.

Navegar é preciso
Para o espiritualista em constante estudo e deslumbramento perante o infinito do Cosmos, a razão e a fé andam lado a lado com a moral e o amor, e ele encontra na religião, assim como na filosofia e na ciência, preciosos instrumentos para sua longa caminhada…

Nada pode ter contra o cético. Se este ainda não acredita, é por dois motivos: ou porque ainda não passou pela mesma experiência religiosa – e, portanto, subjetiva – que o espiritualista; ou porque simplesmente o espírito realmente não existe, e todas as questões espirituais se resumem a questões psicológicas, a serem analisadas conforme o avanço da ciência. Em ambos os casos, não há razão para nenhuma inimizade entre o espiritualista e aquele que não crê.

Na verdade, se alguém tem o dever moral de evitar brigas e permanecer em postura apaziguadora e amorosa, este é o espiritualista – que bem ou mal, assumiu a responsabilidade de assim o ser, um ente amoroso e equilibrado. Os outros não têm responsabilidade alguma, tampouco Deus algum para lhes inspirar temor, e não há nenhum problema nisso.

Pois que se o caminho espiritual foi trilhado apenas por medo de punições divinas, por barganhas ridículas em troca de um céu para poucos, então ele já se iniciou na direção errada. Que aquele que ainda não compreendeu que todos os seres do infinito são filhos da mesma substância, e que entrarão todos no céu de mãos dadas, é porque ainda está no início da trilha.

Então, perdoai-vos, pois eles não sabem o que fazem. E perdoai-nos, pois nós também não. Mas dos confins do Cosmos uma ponta da longa teia é puxada, e todos somos impelidos em sua direção… quer compreendamos, quer não.

***

Crédito da foto: 21guilherme

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Espiritualidade #Deus #Ceticismo #Religiões #Preconceito

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-cren%C3%A7a-do-espiritualista

A Arte Tengu da Lura com espadas (Tengu-Geijutsu-Ron)

O Tengu-geijutsu-ron foi escrito pelo mestre espadachim Shissai Chozan em 1729. Existem vários outros livros sobre o uso da espada que nem o livro Fudochi Shinmyo-roku de Takuan Soho. Ma s o que faz este livro ser assim tão valioso é a sua grande quantidade de alegorismos e metáforas e comparações fazendo a obra ser muito pitoresca possibilitando ao leitor e aluno (DESHI) entender melhor seus ensinamentos.

A base destes ensinamentos é o despego, o WU WEI. O não ser. Somente sendo nada e se desapegando do eu (ego) é que o guerreiro pode deixar de se preocupar com sigo mesmo, se esquecer e agir conforme tem que agir.

Os ensinamentos de Shissai se resumem:

1. Um bom espadachim tem que treinar tanto o aperfeiçoamento das técnicas e golpes, como o desenvolvimento de seu espírito.

2. A grandeza interna (espiritual) se amostra na simplicidade do coração. Suas reações têm que ser que nem as imagens de um espelho. Ele tem que aprender a agir em vez de meramente reagir.

3. Só se esquecendo que se é capaz de agir. É a harmonia entre corpo, mente e espírito.

4. Agora a perfeição no manuseio da espada só tem valor se ela estiver ancorada a valores éticos e respeitar as leis cósmicas.

O objetivo deste capítulo não é traduzir este maravilhoso texto e sim incentivar o aluno a lê-lo. Portanto irei me restringir a citar somente uma pequena passagem do capitulo IV:

Um aluno pergunta: Existem várias escolas que usam diferentes formas de lanças, lanças com laminas restas, laminas cruzadas, com ganchos, laminas escondidas num tubo, e muitas mais. Qual destas armas é a melhor?

E o mestre responde: Que pergunta boba! A melhor arma é a lança com a qual se perfura. Só que o que faz você perfurar não é a forma da lança e sim o teu EU. Tanto faz que tipo de lamina se usa, o aluno deve tentar entender os ensinamentos dos velhos mestres e das diferentes escolas e captar as vantagens de cada uma das armas, e através de seu manuseio e treino adquirir a sua liberdade pessoal (o desapego).
Tanto faz que tipo de laminas eu usar, o importante é se dedicar a aprender as técnicas e entender as suas vantagens para adquirir através do manuseio a sua liberdade.

Mesmo se alguém treinar todos os sistemas, este se sentirá mais confortável usando a arma com a qual começou a treinar do que com uma outra. Mas se persistir treinando e aprendendo este irá se próprio encontrar e aí tanto faz se ele tiver um cajado na mão ou uma lança.
Existem escolas que ensinam as vantagens e desvantagens de cada lamina se concentrando no manuseio e nas técnicas. Eu por minha vez ensino aos meus alunos uma outra arma, arma do próprio EU. Porque, quem não entendeu isto, não faz sentido carregar uma arma.

É um erro somente pensar que a lança reta quando perfura se torna inútil e que a lança com gancho só serve para prender outras lanças. Quem assim pensa acaba fazendo o erro de um principiante.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/a-arte-tengu-da-lura-com-espadas-tengu-geijutsu-ron/

‘Autodefesa Psíquica

Dion Fortune

Pela primeira vez na história da tradição hermética uma ocultista explica através de instruções detalhadas, o modo de detectar os ataques psíquicos e como defendé-los. É verdade que por meio dos mecanismos aqui revelados, qualquer pessoa maliciosa poderá fazer uso justamente dos ataques que a autora tentou expor, mas isso não desmerecimento o valor da obra como uma importante ferramenta de defesa contra as artes das trevas.

O texto a seguir contem surpreendentes revelações acerca das Lojas Negras e dos métodos nelas usados para provocar tais ataques. São apresentados, também os motivos destes ataques, suas manifestações a nível físico e as possíveis formas de proteção contra eles. Trata-se de uma obra considerada “muito mais emocionante do que qualquer literatura de terror”, embora seu conteúdo seja mais factual do que sensacionalista.

Índice

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/autodefesa-psiquica/

A Oração ao Deus Desconhecido

“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!” [1]

Quem disse isso foi um dos bigodudos mais geniais da filosofia, e também um dos maiores escritores da história. Muitos “ateus militantes” tem elegido Friedrich Nietzsche, filósofo alemão que viveu no fim do século XIX, como um de seus grandes “heróis”. Talvez pelo fato de o próprio Nietzsche ter se auto-intitulado um ateu:

“Para mim o ateísmo não é nem uma consequência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto” [2]

Basear argumentos com base na opinião de escritores famosos não deixa de ser uma falácia do apelo à autoridade – não é muito diferente de defender a infalibilidade da bíblia com base no que algum papa antigo disse sobre o assunto -, mas funciona… As pessoas ficam impressionadas – “nossa, esse bigodudo escrevia muito bem, se ele falou que Deus está morto, é bem capaz de estar mesmo!”.

Estamos mesmo na era das generalizações apressadas, talvez porque com a internet os pequenos pedaços de informação tenham sido compartilhados de forma cada vez mais frenética… Faz muito efeito citar Nietzsche em 140 caracteres e completar com algo como #orgulhoateu ou coisa do gênero.

Você deve estar achando que eu estou aqui para criticar os ateus, mas não é bem esse o meu ponto: quero criticar nossa tendência a ler frases, e não parágrafos, páginas, livros, ou quem sabe até boa parte da obra e da biografia de um dado filósofo, e interpretar a crença alheia de forma super simplificada, tornando nosso próprio conhecimento um tanto quanto superficial.

E o pior de tudo é que muitos nem se dão ao trabalho de perder uns 30 minutos na própria internet para se inteirar mais sobre o assunto. É muito simples chegar a esta interpretação um pouco mais profunda da frase de Nietzsche, pesquisando na Wikipedia:

“A morte de Deus representa metaforicamente o fato dos homens não mais serem capazes de crer numa ordenação cósmica transcendente, o que os levaria a uma rejeição dos valores absolutos e, por fim, à descrença em quaisquer valores. Isso conduziria ao niilismo, que Nietzsche considerava um sintoma de decadência associada ao fato de ainda mantermos uma sombra, um trono vazio, um lugar reservado ao princípio transcendente agora destruído, que não podemos voltar a ocupar. Para isso ele procurou, com o seu projeto de transmutação dos valores, reformular os fundamentos dos valores humanos em bases, segundo ele, mais profundas do que as crenças do cristianismo.

Segundo ele, quando o cheiro do cadáver se tornasse inegável, o relativismo, a negação de qualquer valoração, tomaria conta da cultura. Seria tarefa dos verdadeiros filósofos estabelecer novos valores em bases naturais e iminentes, evitando que isso aconteça. Assim, a morte de Deus abriria caminho para novas possibilidades humanas.”

O bigodudo atacava a religião institucionalizada, baseada em dogmas “castradores do potencial humano”. Seu alvo era, sobretudo, as igrejas baseadas no cristianismo. Segundo o filósofo alemão, “o evangelho morreu na cruz”…

Ora, o que Nietzsche anunciou não era nada de novo, muitos antes dele já haviam anunciado a decadência da igreja, e uma nova oportunidade para a ascensão da religião livre, da espiritualidade genuína [3]. Poderíamos retornar até muito mais no tempo, mas bastará lembrar de Benedito de Espinosa, o grande filósofo holandês que foi excomungado do judaísmo. Espinosa, em sua Ética, havia chegado à conclusão de que “uma substância não poderia criar a si mesma, mas haveria de ter criado tudo o que há”.

A grande peça oculta do Iluminismo também foi acusado de ateísmo – mas é preciso ser racionalmente cego para acusar Espinosa de não acreditar em Deus. Toda sua obra foi dedicada a Deus… Conforme Borges bem disse em sua homenagem em forma de poema: “O feiticeiro insiste em esculpir a Deus com geometria delicada” – Mas, que espécie de Deus estaria visualizando Espinosa do alto de sua grandiosa racionalidade geométrica? Seria um Senhor dos Exércitos? Seria um deus que opera barganhas com os homens? Seria alguma espécie de avatar divino encarnado em algum profeta?

Embora possamos hoje chamar de ateu aquele que não acredita em um Criador nem tampouco em deus algum, na época de Espinosa, de Jesus, e até mesmo de Sócrates, ser acusado de ateísmo era ser acusado de não seguir a cartilha religiosa da igreja dominante, era ser acusado de subverter dogmas, de rezar secretamente, quem sabe, para “algum deus estranho e desconhecido, que ninguém sabe onde está e nem exatamente como é”… Ora, não se enganem: Espinosa foi excomungado por ser ateu! Jesus foi crucificado por ser ateu! Sócrates se viu condenado a beber veneno por ser ateu!

Mas, é claro, todos esses acreditavam em algum Criador… Esbarramos aqui em um profundo problema etimológico. É como pedir para um grupo de pessoas interpretar a frase “disciplina é liberdade” – cada qual vai interpretá-la, obviamente, de acordo com sua própria definição dos termos “disciplina” e “liberdade”. E, por mais que tais conceitos já sejam capazes de gerar uma imensidão de interpretações diversas, mesmo combinados eles mal chegam aos pés das quase infinitas interpretações para que se responda a pergunta “o que é Deus para você?”.

Nietzsche também era um filósofo profundamente espiritual, o que pode ser constatado facilmente em uma de suas obras primas, Assim falou Zaratustra. Mas, e qual seria a visão que o bigodudo tinha de Deus? Talvez este poema, que ele escreveu na juventude, possa nos dar uma boa pista:

Antes de prosseguir em meu caminho
e lançar o meu olhar para frente uma vez mais,
elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração,
tenho dedicado altares festivos para que, em
cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
“Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, tal qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante,
quero Te conhecer, quero servir só a Ti.

Oração ao Deus desconhecido (traduzido do alemão por Leonardo Boff) [4]

Existem algumas interpretações bem detalhadas sobre o motivo de Nietzsche ter escrito um poema tão profundamente espiritual, e tão aparentemente teísta, mas o que nos importa aqui é reconhecer a complexidade inata da relação que cada ser tem com Deus – e, quanto mais sábio este ser, mais deliciosamente complexa será sua interpretação, pelo menos se a formos tentar resumir com meras palavras, que no fundo são apenas cascas de sentimentos…

Se você crê ou não nalgum Criador, contente-se com sua própria crença ou descrença, pois a não ser que faça parte de alguma comunidade eclesiástica profundamente ortodoxa e dogmática, é bem provável que a interpretação do que seja Deus de seus semelhantes, mesmo aqueles mais próximos e queridos, seja algo diversa da sua própria… Uns crêem em líderes militares que comandam povos escolhidos, outros em um pai bondoso muito velho e de barba perfeitamente branca, outros em um avatar que encarnou na Terra e ressuscitou 3 dias após ser crucificado, outros em alguma espécie de ser de pela azulada que gosta muito de música e dança, outros apenas em um conceito de libertação da mente do sofrimento mundano, outros na mãe natureza, outros em uma substância que abarca a tudo e a todos, outros num evento aleatório que gerou leis profundamente simétricas por todo o Cosmos… E, quem sabe, cada um deles tenha conseguido visualizar um pequeno pedaço do incompreensível, do desconhecido, do nosso mais profundo semelhante.

Mas não adianta apenas crer, é preciso se mover em sua direção. É preciso amar. Julguemos os seres por seus frutos, por suas obras; Pois julgá-los por suas crenças ou descrenças não é muito diferente de julgar que Nietzsche era apenas mais um louco, apenas porque achamos o seu imenso bigode um tanto quanto fora de moda…

***
[1] Retirado de A Gaia Ciência, de Friedrich Nietzsche.
[2] Retirado de Ecce Homo, de Friedrich Nietzsche.
[3] Embora todo seguidor de igrejas seja religioso, nem todo religioso é um seguidor de igrejas. Religião vem do latim religare e significa “religação a Deus ou ao Cosmos”, enquanto que Igreja vem do grego ekklesia e significa algo como “a comunidade dos escolhidos por Deus”. É claro que é possível seguir uma doutrina eclesiástica ou algum dogma e ainda assim ser genuinamente religioso e espiritual, mas a maioria se contenta em repetir orações decoradas uma vez por semana, e esperar pelo tão aguardado céu de ócio eterno… A crítica de Nietzsche era endereçada diretamente e esses últimos.
[4] O texto em alemão pode ser encontrado em Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-12 ou em F.Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994. Ver também o artigo Wotan, por Carl Jung; e também este trecho do livro Nietzsche, God and the Jews, por Weaver Santaniello.

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Crédito das imagens: [topo] Bettmann/Corbis (Nietzsche); [ao longo] Philippe Lissac/Godong/Corbis (imagem de Krishna quando criança)

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#Espiritualidade #Filosofia #Nietzsche #Linguagem #Espinosa

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‘Baixa Magia: um estudo introdutório

Morbitvs Vividvs

Todo magista que considerar com atenção a definição de magia como “a arte de mudar a realidade conforme sua vontade” será obrigado a expandir o seu campo de atuação para além do traçar dos pentagramas.

Crowley deixou isso muito claro em Magick Without Tears e Anton Szandor LaVey também compreendia isso ao ponto de em sua Bíblia Satânica definir a prática mágica em duas categorias: A Alta Magia, de caráter ritual e natureza cerimonial e a Baixa Magia de caráter não ritual e natureza social. Segundo ele: “Magia não ritual ou manipulativa consiste de um ardil ou fraude obtida através de vários artifícios ou situações planejadas, que, quando utilizados, podem criar “mudança, de acordo com a própria vontade.”

Ele continua: “Muitas vitimas dos julgamentos das bruxas não eram bruxas. As bruxas reais raramente foram executadas, ou mesmo trazidas a julgamento, pois elas foram proficientes na arte do encantamento e podiam enfeitiçar os homens e salvar suas próprias vidas. Muitas das bruxas verdadeiras estavam dormindo com os inquisidores. Esta e a origem da palavra “glamour”. O significado antigo para “glamour” era feitiçaria. A qualidade mais importante para a bruxa moderna e a sua habilidade de ser atraente ou utilizar “glamour”. A palavra “fascinação” tem uma origem oculta similar. Fascinação foi o termo aplicado para o olho do demônio. Manter a atenção fixa da pessoa, em outras palavras, fascinar, era sua maldição com o olho do demônio.”

Em The Crystal Tablet of Set, o livro inicial que todo novo membro do Temple of Set recebe, Michael Aquino define a Baixa Magia como a arte de controlar a atenção e o comportamento das pessoas sem elas perceberem que são controladas. Em primeiro lugar isso envolve o conhecimento das motivações e leis gerais por trás das decisões das pessoas. Em seguida se aplica este conhecimento de forma a guiar as ações das pessoas de forma discreta para não ser flagrado. É em outras palavras Baixa Magia é a arte da trapaça.

Individualmente este tipo de bruxaria se traduz na maestria no traquejo social, na psicologia aplicada e em algumas leis ocultas do ser humano. Já fora do campo individual a Baixa Magia é usada para a manipulação das massas da qual o mago deve também estar atendo para se precaver – cultivando o pensamento crítico – para não cair nestas armadilhas tão comuns e indissociáveis da religião, da propaganda e da política.

Existem vários campos de estudos que podem ser explorados por quem busca a maestria nesse tipo de manipulação da realidade. Vejamos alguns deles:

Leitura das Pessoas

Significa literalmente aprender a ler o ser humano.  Consiste em um conjunto de técnicas que nos permite dizer coisas sobre a vida de uma pessoa, para impressionar, ganhar confiança ou até mesmo criar empatia. Inclui os campos de leitura fria, da leitura corporal, das leis básicas do comportamento humano e principalmente da atenção aos detalhes.

Alguns livros para quem quiser se aperfeiçoar nessa área:

Ilusionismo

Ainda em The Crystal Tablet of Set, Aquino diz que “O ilusionismo deveria ser considerado como hobby por qualquer pessoa interessada na magia de verdade. Em primeiro lugar permite placar a curiosidade daqueles que querem que você “mostre seu poder” e dá a habilidade de  maravilhar e deleitar seus amigos e quebrar o gelo com desconhecidos.

Na Bíblia Satânica LaVey diz que a quantidade de energia necessária para levitar uma xícara de chá (de fato) seria a mesma de se colocar uma ideia em um grupo de líderes mundiais motivando-os a concordar em algo. E mesmo se você tiver sucesso na levitação da xícara deveria admitir que algum tipo de truque foi usado de qualquer modo. Se deseja flutuar objetos no ar, use cordas, espelhos ou outros artifícios e guarde sua energia para coisas importantes. Diz ainda que todos os médiuns e místicos “divinos” praticam sempre a pura e aplicada mágica de palco, com seus olhos vendados e envelopes lacrados, e qualquer ilusionista competente pode duplicar o mesmo efeito.

Assim o ilusionismo é uma excelente maneira de ganhar experiência na chamada Baixa Magia de uma forma prazerosa e com um mínimo risco de ofender suas cobaias. Oferece ainda um ótimo treinamento nas técnicas básicas de controle da atenção e do comportamento humano. O mágico deve aprender a avaliar seu público e guiar sua atenção sem levantar suspeitas de modo a aparentemente realizar coisas impossíveis bem diante de seus olhos.

Embora as ilusões baseadas em prestigiação equipamentos também ajudem no desenvolvimento da habilidade do mago em manipular a plateia nenhum tipo de magia é tão adequado quando o chamado mentalismo. As técnicas do mentalismo são as mais adaptáveis às necessidades do cotidiano humano e as mais facilmente usadas foram do contexto do palco. Nelas se cria ilusão de poder ler a mente, predizer o futuro e determinar as escolhas das pessoas. Além disso as mais impressionantes rotinas de mentalismo requerem rigoroso treino de memória e outras ginásticas mentais por parte do mago que lhe trarão vantagens em várias outras esferas da vida. Ser um bom mágico é um bom começo para ser um bom mago.

Alguns livros clássicos sobre mentalismo:

Sedução

Sedução não inclui apenas o flerte bem sucedido, mas todo uso útil da sua atração pessoal. O termo latim seductione, significa literalmente “levar por outro caminho”. Da mesma forma a palavra “charme” tem origem francesa e significa “fórmula mágica”. Consiste em criar uma personalidade encantadora em todos os sentidos, em fortalecer o próprio carisma e dominar as sutilezas da comunicação não verbal, do poder dos símbolos e da estética pessoal.

Alguns bons livros sobre o tema:

Manipulação Social

Mais poderoso do que escutar espíritos e falar com demônios é saber ouvir e falar com outros seres humanos. Convencer um juiz, um chefe, um cliente ou uma multidão é tão ou mais poderoso do que convencer um espírito dentro de um triângulo.

Este talvez seja o campo mais amplo justamente por ser o próprio coração da Baixa Magia. Trata-se da percepção dos jogos sociais de um nível mais elevado, capaz de antecipar e orquestrar seus movimentos. Inclui o domínio de estratégias políticas, da oratória, da retórica, assim como técnicas de venda, negociação, liderança e propaganda.

Existem vários bons livros que podem ajudar nesse campo:

Auto-aperfeiçoamento

Por fim a Baixa Magia inclui tudo aquilo que pode ajudar a desenvolver o poder pessoal e a prevenir o praticante em não cair nas armadilhas de manipulação – em especial por aquelas praticadas a séculos pelas religiões, pelo estado e pelas grandes corporações.

Auto-Aperfeiçoamento inclui também tudo aquilo que tornará mais provável a transformação da realidade segundo a sua vontade. Fuja de cursos e grupos que simplesmente defendam o pensamento positivo ou sirvam de substituto para uma espiritualidade esvaziada. Os melhores “livros de auto-ajuda” quase nunca estarão nas prateleiras de auto ajuda.  Procure aqueles que o ajudem a desenvolver senso crítico e habilidades reais. Alguns exemplos:

Além de todas as obras indicadas neste artigo estude a biografia de grandes homens e mulheres como Mohammad, Cleópatra, Napoleão, Rainha Vitória. Existem muitos livros e filmes sobre estas e muitas outras personalidades que foram verdadeiros magos transformadores da realidade. Muitos deles como LaVey, Crowley, Rasputin e Cagliostro eram também praticantes da Alta Magia, o que pode dar a você uma compreensão maior de como estas duas modalidades da arte mágica interagem.

No fim das contas a Baixa Magia é simplesmente Magia. Consiste então em desenvolver uma inteligência aguda capaz de ver as coisas como elas realmente são e uma habilidade obstinada em transformá-las para como gostaria que fossem.

Morbitvs Vividvs é autor de Lex Satanicus: O Manual do Satanista e outros livros sobre satanismo.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/baixa-magia/a-baixa-magia-um-estudo-introdutorio/

Deus e o Diabo Estão na Sua Cabeça

Por Adriano Camargo Monteiro

“Meu sistema nervoso é meu único deus”.

Isso pode ser uma metáfora, ou pode ser literal…

Experiências não dependem de crenças, mas as crenças muitas vezes surgem das experiências. As experiências são interpretadas conforme a crença de cada um, conforme o “filtro” psicossocial-religioso de cada indivíduo, e podem ser tão reais como sentir o sabor de uma comida. O indivíduo sente e experimenta, e isso é real para ele; a experiência em si, puramente, nada tem a ver com religião; a religião é o “mau” filtro que a interpreta.

Experiências são experiências, e são sentidas e vivenciadas, trazendo sensações físicas, mentais e emocionais que podem ser intensas ou fracas. É preciso entender que dogmas científicos nada têm a ver com a experiência individual em si, assim como a religião também não; é a religião do indivíduo que reveste experiências ocorridas em nível mental/espiritual com interpretações religiosas (muitas vezes pessoais e tendenciosas). Isso não acontece com indivíduos sem vínculos religiosos e dogmáticos.

“Meu sistema nervoso é o único diabo”. O sistema nervoso pode trazer prazer ou dor como experiências e verdades individuais. Podem estar no sistema cérebro-espinhal a origem do céu e do inferno, dependendo da experiência e dos estados alterados em variados graus por variados meios, tais como ingestão de substâncias psicoativas, disciplina físico-mental, meditações, rituais, exercícios físicos extremos, privações (e “provações”) extremas, etc. O inferno não existe (ou existe, se as pessoas quiserem acreditar numa ilusão forjada). “Inferno” quer dizer “o que está embaixo”, “inferior”. E, de fato, aquilo que é inferior depende muito do referencial e do ponto de vista de cada um, com suas devidas justificativas, idiossincrasias e discernimento. O “inferno” de uma pessoa pode ser considerado um paraíso para outra. Mas, muitas vezes, quase tudo é o inferno e o Diabo para o “religioso” fundamentalista.

Contudo, é óbvio que nem todo mundo quer experimentar coisas novas ou diferentes em seu próprio cérebro, mente e espírito, por motivos diversos (tabus; preconceitos; desinformação; receios; medo do desconhecido, sendo o desconhecido o próprio indivíduo para ele mesmo; etc.) Mas o fato de que céticos tenham medo, receio ou preconceito com experiências cerebrais (mentais e emocionais) não muda o fato de que tais experiências existem como experiências em si, sejam elas chamadas de fantasias, alucinações ou fenômenos religiosos e místicos. A experiência existe e pronto; nem a ciência nem a religião mudam esse fato. Nada do que a ciência (e a religão) diz sobre isso, importa para o indivíduo psiconauta; não importam teorias científicas nem dogmas religiosos. Muitos pseudocientistas apenas teorizam e repetem teorias de outros sem ao menos fazer uma pesquisa em si mesmos, experimentando no próprio sistema nervoso a experiência “transcendental” (que transcende o comum e o corrente, o banal e o conveniente). Então, são apenas teorias para categorizar e classificar fenômenos cerebrais. E a real experiência com o assunto? Não há.

É importante ter em mente que somente as experiências deveriam valorizar e validar qualquer opinião. Além disso, a única coisa que importa para um indivíduo é a experiência que ele vivencia. E é importante apenas para ele, não para o mundo, nem para a humanidade, nem para a ciência ou para a religião; a experiência é importante para quem a experimenta. E, desde que o indivíduo não queira impor à força crenças e dogmas baseados em sua experiência, ou criar religiões doentias, não importam também as interpretações que ele tenha de sua experiência. As teorias científicas nesse caso nada importam porque elas não mudam os fatos nem apagam as experiências individuais. Nossa visão, audição, olfato, etc., funcionam, obviamente, porque temos cérebro. Outras experiências também ocorrem por causa do cérebro, experiências que não são comuns e correntes porque o cérebro é “alterado” em seu funcionamento. Nada de sobrenatural. São apenas experiências que não ocorrem normalmente porque o cérebro também está condicionado ao comum e corrente, ao banal da vida cotidiana e ao normal das percepções dos sentidos. Mas quando o cérebro é alterado, o indivíduo experimenta outras sensações, outros sentidos além dos sentidos comuns, emoções não habituais, novas percepções, novos conhecimentos, etc.

Exemplos sobre experiências individuais podem ser qualquer coisa. Alguém pode ter uma experiência maravilhosa numa viagem (ou em qualquer outra coisa) e contar a outro como foi. O outro jamais vai saber como é a experiência se não fizer essa viagem, sendo que ainda poderá experimentar sensações diferentes nessa mesma viagem, ou ainda não sentir nada e achar que a pessoa está inventando, exagerando ou mentindo sobre sua experiência. Como alguém pode dizer que sua experiência mental e emocional é falsa, que é uma fantasia, só porque outros não tiveram a mesma experiência? Como pode desvalidar a experiência emocional, física e mental só porque outros não vivenciaram as mesmas coisas? Como pode dizer que a pessoa está inventando e que sua experiência não pode ser comprovada em laboratório como fato incontestável para a humanidade? Esse é o ponto da questão. Ninguém pode contestar a experiência de ninguém porquer ela é unicamente individual, pessoal e intransferível, vivenciada por um indivíduo, e que jamais outra pessoa (seja cientista, crente, descrente, etc.) poderá sentir, ou talvez chegar próximo. É uma verdade individual incontestável, e não alienações coletivas impostas à força ou sob ameaças dogmáticas.

Assim são as experiências que ocorrem no cérebro/mente/espírito (como queira chamar) de cada indivíduo. Sim, espírito. Porque o espírito autoconsciente pode ser considerado a contraparte invisível de um cérebro potencializado e totalmente em atividade, funcionando em toda a sua capacidade, além do cotidiano, muitas vezes medíocre. Mas, apesar de tudo, é claro que ninguém é obrigado a experimentar nada mais além. Porém, negar que experiências individuais existam seria tão fanático e dogmático quanto qualquer postura fundamentalista e intransigente. Há fanatismo entre ateus e há fanatismo na religião, especialmente quando, em certos assuntos, somente há teorias sem a experiência pessoal no próprio sistema nervoso e quando ditam regras e lançam anátemas.

Nem a ciência nem a religião podem ditar “regras” sobre experiências individuais; nem a religião nem a ciência podem cercear a natureza humana nem regrar dogmaticamente vontades e desejos. Esse é o ponto. Além disso, a ciência (com toda a sua inegável utilidade) e a religião servem ao sistema (sociopolítico-econômico), que busca impedir que as pessoas tenham experiências diferentes do comum e impedir que busquem expandir a consciência; o sistema obviamente faz de tudo para desestimular e desacreditar tais experiências e disseminar ideias preconceituosas nas massas controladas por interesses políticos, por dogmas e tabus sociorreligiosos e por teorias cientificistas total ou parcialmente impostas, por vezes sutilmente. O cérebro humano é muito limitado em seu estado “normal”, podendo ter suas atividades potencializadas e expandidas. Mas isso parece não ser interessante para o sistema sociopolítico-religioso.

Muitas pessoas ao redor do mundo, pessoas de extremo senso comum e completamente desinformadas, criticam depreciativamente a busca por experiências, a busca pelo prazer e a busca pela expansão da consciência que são empreendidas por diversos meios, tais como aqueles já mencionados (substâncias, rituais, práticas físicas e mentais, etc.). Por outro lado, milhões de pessoas têm cometido os piores desatinos, as piores barbaridades e atrocidades sem estar sob o efeito de coisa alguma. Milhões de pessoas causam acidentes, matam, roubam, humilham umas as outras, sofrem e fazem sofrer sem estar sob o efeito de nada mais que sua própria ignorância, miséria interior e degradação, o que nem a ciência nem a religião podem “curar”. Milhões sofrem de problemas psicológicos, traumas, complexos, manias, psicoses profundas, sem ao menos beberem álcool (sendo o álcool a droga da hipocrisia que rende ao sistema milhões em dinheiro enquanto milhões de pessoas fracas são aprisionadas pelo vício). Milhares enlouquecem e se matam após voltar dos horrores da guerra (uma coisa “normal”, comum e corrente!), sem saber sequer da existência de meios que alteram a consciência (sadia e positivamente). O mundo é louco e ninguém é normal nem está completamente em sua sanidade, como as pessoas supõem.

É preciso ter a mente aberta e discernimento. O fanatismo pode existir em todos os lugares: na religião, na ciência, no entretenimento, no lar… O preconceito também existe em todos os lugares: na religião, na ciência, na sociedade, nas famílias, etc… É interessante para o sistema que as pessoas não conheçam nada além do comum e corrente, nada além do que é oferecido sob controle e com a marca da restrição. As informações mais interessantes talvez não estejam abertamente disponíveis para as massas, não são divulgadas porque é interessante para o sistema que as pessoas não saibam e não avancem. Mas, afinal, nem todo mundo está preparado para mais, para o “desconhecido”, para conhecer a si mesmo. A ciência, a religião e a cultura divulgam informações (e desinformações) controladas, difundem apenas o que eles querem que as pessoas saibam, divulgam aquilo que serve para desestimular as pessoas de buscarem mais, de experimentarem mais, de irem além dos limites que o sistema impõe, disseminando o medo, o cisma e os preconceitos científicos, religiosos e sociais. Isso tudo parece evidente.

Muitas teorias não mudam os fatos e, nesses assuntos, não levam a nada. Certas teorias apenas desestimulam a busca pela experiência, pois as pessoas meramente dizem crer e evitam experimentar. E aqueles indivíduos inteligentes, de mente livre e discernimento não pretendem impor suas experiências ao mundo nem mudar as massas cegas. Afinal, o sistema já tem a sociedade no cabresto, já estabeleceram a conveniência e o que as pessoas devem fazer e o que devem pensar.

Passar a vida preso a limitações cotidianas e banais, para muitas pessoas é algo muito triste, deprimente e desestimulante; a vida sempre pode ser mais do que o comum e corrente. E muitos felizmente estão contra essa corrente limitadora, contra a “moral”, como dizem, e subvertem os paradigmas usuais e condicionados. Muitos não se contentam com essas limitações, com tantas regras inúteis e proibições pseudomorais baseadas em interesse sociopolítico e dominação religiosa, difundidas por meio de desinformações e preconceitos, “blasfemando” o deus/diabo cerebral individual com suas próprias verdades.

Lembre-se de que Deus e o Diabo estão na sua cabeça. Um faz se passar pelo outro e você, mesmo que não perceba, faz se passar pelos dois!

#LHP

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/deus-e-o-diabo-est%C3%A3o-na-sua-cabe%C3%A7a

A arte de Kiotomi – 木偶厭魅の術

Por Robson Bélli

Kiyomi é uma magia negra comum que usa bonecas de madeira para amaldiçoar as pessoas, mas na China, o uso de madeira como material para bonecas era frequentemente destinado a indivíduos específicos. Mokugu Uenmi, que era usado principalmente para amaldiçoar um indivíduo específico.

Bonecos de madeira são parte integrante da magia negra chinesa, que usa bonecos de madeira para amaldiçoar as pessoas. Na China, como em outras partes do mundo, a magia das marionetes é praticada há muito tempo. Existem muitos materiais possíveis para estas bonecas, mas a tendência geral é que as bonecas de madeira sejam frequentemente usadas para amaldiçoar e matar certos indivíduos. Além disso, mas não podia ser de qualquer madeira deveria ser de paulownia (sim este é o nome mesmo!).

Os procedimentos e rituais detalhados da maldição variam de acordo com a região, mas a ideia básica era esculpir em madeira de paulownia em forma humana e enterrá-la no solo (sepultando a vitima). Além disso, se houvesse muito rancor envolvido, deveria se amarrar o boneco e pregar um prego nele (no lugar referente ao seu coração).

Agora, vamos dar uma olhada no método de fascinação com figuras de madeira descrito na literatura chinesa antiga. Kenko Koshu Esta é uma história no livro “Kankyo Hiroshu” de um escritor da dinastia Qing. De acordo com ele, a certa altura, uma pessoa chamada Han Zhuangyuan na província de Zhejiang invadiu a terra da casa do vizinho, e estes por sua vez queriam fazer algo a respeito, mas o estado não o apoiava. Então descobriram um feiticeiro que poderia ajuda-los a obter sua vingança de maneira secreta, imediatamente a família foi a este feiticeiro e pagaram uma enorme quantia de dinheiro. Este então por sua vez foi para fora e voltou com um pedaço de madeira e passou sete dias e sete noites cantando uma formula magica secreta enquanto esculpia o boneco de sete polegadas. Então, ele escreveu a data de nascimento de Zhuangyuan na boneca e a colocou no chão. Então, enquanto lançava um feitiço pediu que se desse marteladas de cima para baixo no boneco até que afunda-se uma polegada por noite, o ritual se seguiu por sete noites até que o boneco estivesse todo embaixo da terra, quando o boneco penetrou sua ultima polegada na terra a pessoa de Zhuangyuan morreu. Sem ar e com fortes dores de cabeça.


Robson Belli, é tarólogo, praticante das artes ocultas com larga experiência em magia enochiana e salomônica, colaborador fixo do projeto Morte Súbita, cohost do Bate-Papo Mayhem e autor de diversos livros sobre ocultismo prático.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/a-arte-de-kiotomi-%e6%9c%a8%e5%81%b6%e5%8e%ad%e9%ad%85%e3%81%ae%e8%a1%93/

O Sexto Deus

Era um planeta minúsculo, não mais do que 100 km quadrados, a vagar em torno de alguma estrela de alguma galáxia do universo. Mas os deuses que o habitavam não se importavam com o restante do cosmos, estavam bem atribulados com suas existências imortais. Nesse distinto mundo, contavam-se ao todo seis deuses:

O primeiro deus era o Legislador. Era quem determinava as relações entre os demais deuses, cuidando para que ninguém fosse injustiçado. Ele recebia um imposto dos demais por seu trabalho, de acordo com as condições de cada um.

O segundo deus era o Lorde. Foi quem primeiro descobriu a única mina de ouro que existia em seu planetóide, e portanto a proclamou como sua posse. Era com o ouro do Lorde que a economia girava, e obviamente ele ficava com a maior parte dele (“para o caso de alguma crise”, explicava).

O terceiro deus era o Mercador. Era o responsável pelo giro financeiro do mundo. Através dele todos os outros deuses podiam comprar e vender mercadorias, de modo que todos ficavam satisfeitos de poder fazer alguma coisa com o ouro que recebiam. O Mercador sobrevivia da taxação de todas as transações comerciais. Muitos diziam que ele certamente teria mais ouro que o próprio Lorde, embora ninguém soubesse onde o escondia…

O quarto deus era o Minerador. Foi quem primeiro descobriu as técnicas para se extrair o ouro da terra, a convite do Lorde. Desde então trabalhou incansavelmente para extrair a maior quantidade de ouro possível, visto que seu pagamento equivalia a uma percentagem do que conseguia extrair. Obviamente que a maior parte ficava com o próprio Lorde.

O quinto deus era o Agricultor. Era ele quem conhecia os segredos das plantações de árvores frutíferas, folhas e legumes em geral. Apesar de imortais, todos os deuses precisavam comer para se manterem saudáveis. Estranhamente, o Agricultor era quem recebia menos ouro pelo seu trabalho, já que quase todos os outros deuses (menos o sexto) valorizavam mais o ouro do que a própria saúde. Dessa forma as frutas e verduras eram vendidas por preços ínfimos.

O sexto deus era o Sábio. Ele se recusava a trabalhar para outros deuses, e como era amigo do Agricultor, aprendeu com ele o necessário para plantar as próprias sementes. Tirando seu amigo, todos os outros deuses eram inimigos do Sábio: O Legislador não gostava dele porque quase nunca tinha qualquer imposto a pagar (já que não tinha renda alguma); O Lorde o ignorava solenemente porque abominava seu discurso de que “o ouro não é tão importante quanto à sabedoria”; O Mercador o tratava como um reles mendigo porque nunca tinha ouro suficiente para comprar qualquer mercadoria; Já o Minerador nunca havia compreendido como o Sábio podia viver sem o fascínio pelo ouro.

Então veio uma catástrofe mundial: o ouro que havia na montanha do Lorde acabou! Não havia mais nada para se extrair, e o ouro que já havia sido extraído estava adornando as mansões e os cofres secretos dos deuses mais abastados… Mas não havia mais como pagar pelos trabalhos do Minerador ou pelas frutas e verduras do Agricultor!

De um dia para o outro, todos eram tão mendigos quanto o Sábio. Porém, ao contrário do sexto deus, que dedicou sua imortalidade a estudar a si mesmo, eles haviam relegado a existência ao estudo do ouro, e de tudo que ele podia comprar e adornar – tudo que de nada mais serviria a eles…

Após confabularem entre si, para evitar um colapso mundial de seu sistema de existência, foram humildemente pedir conselho ao sexto deus, que fora chamado a fazenda de seu amigo Agricultor. O Legislador falou por todos:

“Sabes que sou responsável por manter nosso sistema justo para todos. Sempre me pareceu que o sistema de mérito pelo trabalho era o mais adequado, e que todo mérito deveria ser pago em ouro… Mas o ouro acabou e não sabemos mais com o que pagar nossos irmãos. Tu sempre fostes alienado de nosso sistema, nunca concordou com ele. Por isso viemos lhe pedir conselho sobre o que fazer agora. Acaso durante todo esse tempo tendes pensado em um novo sistema para o mundo? Acaso havia previsto que o ouro acabaria?”

“Eu nunca previ que o ouro acabaria, mas fico satisfeito que finalmente acabou. Tu dizes que eu era contra o sistema de mérito, mas não é verdade: sou contra o pagamento em ouro. Durante todo esse tempo tenho pensado numa melhor forma de pagar pelo mérito alheio.” – Respondeu o Sábio.

“E achastes uma forma melhor?” – Prosseguiu aflito o Mercador.

“Não. Mas o que importa é que tenho sobrevivido esse tempo todo sem participar do sistema de vocês graças ao que o Agricultor me ensinou. E ele não me ensinou apenas a plantar sementes… Ensinou também a plantar amizades. Não tenho, depois de todo esse tempo, uma resposta simples para nosso sistema futuro. Mas tenho uma resposta simples para o que me manteve contente e mentalmente produtivo durante todos esses ciclos: sementes e amizade.”

raph’09

» Veja também em meu blog a continuação deste conto, “O sétimo deus” (obrigado a Mariana e a todos que comentaram abaixo, as vezes comentários se refletem e viram novas histórias…)

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Crédito da imagem: Divânia

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Posts relacionados a este tema, aqui no TdC:

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» Onde está o seu deus?

» O que é o dinheiro? (este da coluna Labirinto da Mente)

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Contos #Economia #Filosofia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-sexto-deus

 A Cereja ‘Jirohei’, Kyoto – Uma Lenda Japonesa

Os japoneses dizem que os fantasmas na natureza inanimada geralmente têm mais vivacidade do que os fantasmas dos mortos. Há um velho provérbio que diz algo no sentido de que “os fantasmas das árvores não amam o salgueiro”; pelo que, suponho, significa que eles não o assimilam. Nas imagens japonesas de fantasmas, quase sempre há um salgueiro. Se Hokusai, o antigo pintor, ou Okyo Maruyama, famoso pintor de Kyoto de data mais recente, foi o responsável pelos quadros com fantasmas e salgueiros, não sei; mas certamente Maruyama pintou muitos fantasmas sob os salgueiros – o primeiro de sua esposa, que estava doente.

Na parte norte de Kyoto há um templo xintoísta chamado Hirano. É celebrado pelas belas cerejeiras que ali crescem. Entre eles está uma velha árvore morta que se chama ‘Jirohei’ e é muito bem cuidada; mas a história ligada a ela é pouco conhecida e nunca foi contada, creio eu, a um europeu antes.

Durante a época das cerejeiras, muitas pessoas vão ver as árvores, principalmente à noite.

Perto da cerejeira Jirohei, muitos anos atrás, havia uma grande e próspera casa de chá, que já foi de propriedade de Jirohei, que começou de forma bem pequena. Ele ganhou dinheiro tão rapidamente que atribuiu seu sucesso à virtude da velha cerejeira, que ele venerava. Jirohei prestou o maior respeito à árvore, atendendo aos seus desejos. Ele impediu os meninos de subir e quebrar seus galhos. A árvore prosperou, e ele também.

Certa manhã, um samurai (do tipo sangue e trovão) caminhou até o Templo Hirano e sentou-se na casa de chá de Jirohei para dar uma longa olhada na flor de cerejeira. Ele era um homem poderoso, de pele escura e rosto maligno, com cerca de um metro e meio de altura.

— Você é o senhorio desta casa de chá? perguntou ele.

‘Sim, senhor’, Jirohei respondeu humildemente: ‘Estou. O que posso lhe trazer, senhor?

“Nada: obrigado”, disse o samurai. — Que bela árvore você tem aqui em frente à sua casa de chá!

— Sim, senhor: é à finura da árvore que devo minha prosperidade. Obrigado, senhor, por expressar sua apreciação.

“Quero um galho da árvore”, disse o samurai, “para uma gueixa.”

— Por mais que me arrependa, sou obrigado a recusar seu pedido. Devo recusar a todos. Os sacerdotes do templo deram ordens para isso antes de me deixarem erguer este lugar. Não importa quem possa perguntar, devo recusar. As flores podem nem ser colhidas da árvore, embora possam apenas ser colhidas quando caem. Por favor, senhor, lembre-se que há um velho provérbio que nos diz para cortar a ameixeira para os nossos vasos, mas não a cerejeira!’

“Você parece ser uma pessoa desagradavelmente argumentativa para sua posição na vida”, disse o samurai. “Quando digo que quero uma coisa, quero dizer que irei tê-la: então é melhor você ir e cortá-la.”

‘Por mais que você esteja determinado, eu devo recusar’, disse Jirohei, calma e educadamente.

— E, por mais que você possa recusar, mais determinado estou a tê-lo. Eu, como samurai, disse que deveria tê-lo. Você acha que pode me desviar do meu propósito? Se você não tiver a polidez de pegá-lo, eu o pegarei à força. Combinando sua ação com suas palavras, o samurai puxou uma espada de cerca de um metro de comprimento e estava prestes a cortar o melhor galho de todos. Jirohei agarrou-se à manga do braço da espada, gritando:

‘Pedi para você deixar a árvore em paz; mas você não faria. Por favor, tire minha vida.

‘Você é um tolo insolente e irritante: acompanho seu pedido de bom grado’; e dizendo isso o samurai esfaqueou Jirohei levemente, para fazê-lo soltar a manga. Jirohei soltou; mas ele correu para a árvore, onde em mais uma luta pelo galho, que foi cortado apesar da defesa de Jirohei, ele foi esfaqueado novamente, desta vez fatalmente. O samurai, vendo que o homem devia morrer, fugiu o mais rápido possível, deixando o galho cortado em plena floração no chão.

Ouvindo o barulho, os servos saíram da casa, seguidos pela pobre e velha esposa de Jirohei.

Foi visto que o próprio Jirohei estava morto; mas ele se agarrou à árvore com tanta firmeza como em vida, e passou uma hora inteira antes que eles pudessem afastá-lo.

A partir desse momento as coisas correram mal com a casa de chá. Pouquíssimas pessoas vieram, e as que vieram eram pobres e gastavam pouco dinheiro. Além disso, desde o dia do assassinato de Jirohei a árvore começou a murchar e morrer; em menos de um ano estava absolutamente morta. A casa de chá teve de ser fechada por falta de fundos para mantê-la aberta. A velha esposa de Jirohei se enforcou na árvore morta alguns dias depois que seu marido foi morto.

As pessoas diziam que fantasmas haviam sido vistos perto da árvore e tinham medo de ir até lá à noite. Até as casas de chá vizinhas sofreram, assim como o templo, que por um tempo se tornou impopular.

O samurai que havia sido a causa de tudo isso manteve seu segredo, não contando a ninguém além de seu próprio pai o que ele havia feito; e expressou ao pai sua intenção de ir ao templo verificar as declarações sobre os fantasmas. Assim, no terceiro dia de março do terceiro ano de Keio (ou seja, há quarenta e dois anos) ele começou uma noite sozinho e bem armado, apesar das tentativas de seu pai de detê-lo. Ele foi direto para a velha árvore morta e se escondeu atrás de uma lanterna de pedra.

Para sua surpresa, à meia-noite a árvore morta de repente floresceu em plena floração, e parecia exatamente como quando ele cortou o galho e matou Jirohei.

Ao ver isso, ele atacou ferozmente a árvore com sua espada afiada. Ele atacou com fúria louca, cortando e cortando; e ele ouviu um grito medonho que lhe pareceu vir de dentro da árvore.

Depois de meia hora, ele ficou exausto, mas resolveu esperar até o amanhecer, para ver o dano que havia causado. Quando o dia amanheceu, o samurai encontrou seu pai deitado no chão, cortado em pedaços e, claro, morto. Sem dúvida, o pai tinha seguido para tentar ver que nenhum mal aconteceria ao filho.

O samurai foi acometido de tristeza e vergonha. Nada restou a não ser ir rezar aos deuses por perdão e oferecer sua vida a eles, o que ele fez estripando a si mesmo.

A partir daquele dia, o fantasma não apareceu mais, e as pessoas vieram como antes para ver as cerejeiras em flor de noite e de dia; assim eles fazem até agora. Ninguém jamais foi capaz de dizer se o fantasma que apareceu era o fantasma de Jirohei, ou o de sua esposa, ou o da cerejeira que morreu quando seu galho foi cortado.

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Fonte: SMITH, Richard Gordon. Ancient Tales and Folk-lore of Japan. Sacred-Texts, 2022. Disponível em https://www.sacred-texts.com/shi/atfj/atfj50.htm. Acesso em 28 de fev. de 2022.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/a-cereja-jirohei-kyoto-uma-lenda-japonesa/

Deus no Hermetismo, Maçonaria e Demolay

Estudar Deus segundo o hermetismo é como descobrir pontos que faltam para o nosso entendimento sobre o assunto.

Todos os seis Princípios Herméticos já citados ao longo dos textos são derivamos e se fundamentam no Primeiro Princípio, que é o “Princípio Mental”. Nesse Princípio é dada a chave para entendermos e interpretarmos “quem” e “o quê” é esse mistério que colocamos o nome de “Deus”.

O Hermetismo como uma ciência na área da filosofia tem o objetivo de descobrir o segredo de Deus, do Homem, da Natureza e do Universo. E a chave para essa descoberta é encontrada ao meditarmos sobre o Primeiro Princípio.

Aqui discutiremos Deus segundo o Hermetismo, a Maçonaria e a Ordem DeMolay.

PRINCÍPIO MENTAL – Deus no Hermetismo

O Primeiro Princípio Hermético afirma: “O Todo é MENTE; o Universo é Mental.”

Esse é o Princípio mais importante em toda sabedoria hermética. Vamos analisar cada palavra.

O “Todo” da primeira frase refere-se ao que chamamos “Deus”, que é infinito e indefinível ao nosso nível de comunicação. Ao afirmar que esse Todo é “MENTE”, significa que Deus é, na verdade, a grande mente universal. Porém para entendermos realmente o que isso significa, devemos combinar o entendimento da segunda frase.

Como dissemos, todos os Princípios Herméticos são derivamos do Primeiro, e devemos recorrer ao Princípio da Correspondência (“o que está em cima é igual ao que está em baixo”) para compreendermos o Primeiro Princípio.

O Todo (“Deus”) é “o que está em cima” e o “Universo” é “o que está em baixo”. Isso significa que tudo manifesto é um reflexo do imanifesto, significa que o Universo é o Todo manifestado. Dessa maneira podemos dizer que o Hermetismo afirma que: o Universo é o corpo físico de Deus.

Sendo o Universo um corpo que está vivo, por trás existe uma mente. Esse é o motivo da expressão que “O Todo é MENTE”. Sendo o universo Seu corpo e o Todo uma Mente, o Universo material no qual vivemos é uma existência dentro da Mente do Todo. Por isso afirmar também que o Universo é Mental.

A matéria e tudo que compõe nosso universo, é somente um estado de vibração dentro da Mente do Todo – vemos aqui o Princípio da Vibração.

O universo ser o corpo manifestado do Todo e tudo estar dentro de Sua mente, concede ao Todo a característica de Onipresença, Onisciência e Onipotência. Eis um exemplo pelo qual falamos também que o Hermetismo é a fundamentação do simbolismo religioso.

Resumindo… o Hermetismo afirma que Deus (O Todo) é imanifestado, é uma MENTE, e que o Universo manifestado em que vivemos é um estado da sua mente (o material).

A tradição cabalista afirma que nós fomos feitos a imagem e semelhança de Deus, e isso é fundamentado também por esse Princípio. O Todo é Deus, e o Universo é também o ser humano. Pelo Princípio da Correspondência, nós somos a imagem e semelhança do Todo, do Universo manifestado. Somos um microcosmo.

Esse Princípio também nos ensina sobre a existência de outros planos de existência, afinal o universo material que estamos é somente uma vibração existente dentro da Mente do Todo. Lembrem-se que “Na casa de meu Pai há muitas moradas”.

Para terminar devemos compreender somente mais uma coisa: motivo do Hermetismo existir.

Nós somos a manifestação e estamos dentro da Mente do Todo, portanto estudar o mundo e decifrar os segredos da existência através da Ciência, penetrar dentro da nossa mente e descobrir os segredos que habitam dentro de nós, é desvendar a Mente do Todo, é conhecer Deus, é conhecer como o Universo e nossa vida funciona e seu papel na existência. Por isso que o antigo Oráculo de Delfos afirmou: “Conhece a ti mesmo e conhecerá os segredos dos Deuses e do Universo”, e esse é o objetivo do Hermetismo e por isso temos dentro da Alquimia o VITRIOL.

GADU – Deus na Maçonaria

O conceito de Deus como Arquiteto e Geômetra é antigo, remonta do tempo da filosofia grega e foi empregado com muita ênfase na tradição Hermética Cristã na Idade Média.

Na Idade Média, a Maçonaria como uma Ordem de construtores inspirados na Geometria Sagrada que trabalhava para a Igreja Católica Apostólica Romana, teve como base o Hermetismo e a Alquimia de tradição helênica que eram amplamente difundidos nesse meio, absorvendo assim esse conceito de Deus como o Grande Arquiteto Do Universo que tudo criou geometricamente harmônico.

O conceito de Deus na Maçonaria é muito bem explicado por Isaac Newton: “A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta”.

Essa é a visão de Deus como Arquiteto existente no estudo da Geometria Sagrada.

Portanto a visão de Deus dentro da Maçonaria é ampliada pela maneira que o Maçom tem a oportunidade de conhecer e penetrar na Mente de Deus: através principalmente das Sete Artes Liberais e do Conhecimento de Si mesmo.

Ainda teremos estudos dedicados a esses temas para aprofundarmos melhor.

PAI CELESTIAL – Deus na Ordem DeMolay

“Pai Celestial” é como chamamos Deus, o Todo, GADU, na Ordem DeMolay.

A expressão refere-se a um Deus existente no céu, ou seja, tudo que forma o Universo. Tanto é verdade que o Pai Celestial sendo o criador do Universo, nosso Ritual expressa que toda a humanidade é filho de um único Pai Universal.

Enquanto o nome de Deus na Maçonaria faz referência diretamente a Geometria, os fundadores da Ordem DeMolay fizeram uma direta referência Arte Liberal da Astronomia em Seu nome.

A ideia de Pai Celestial que temos na Ordem DeMolay nos faz ter a responsabilidade de reconhecer que todos os homens tem a mesma origem e cada um é parte de um Todo, assim somos todos Irmãos e nos dá a responsabilidade de sermos algo de positivo à sociedade e ter fraternidade com todos os homens e mulheres do mundo.

Esse é o Deus no Hermetismo, na Maçonaria e no DeMolay. O mesmo Deus que está em todas as culturas, porém com um nome simbólico diferente.

#Demolay #hermetismo #Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/deus-no-hermetismo-ma%C3%A7onaria-e-demolay