Psicologia Anomalística: Aliens, Alquimia e Ayahuasca – Com Ricardo Assarice

Bate-Papo Mayhem 212 – Com Ricardo Assarice – Psicologia Anomalística: Aliens, Alquimia e Ayahuasca

O vídeo desta conversa está disponível em: https://youtu.be/MkgqvK3MEPU

Bate Papo Mayhem é um projeto extra desbloqueado nas Metas do Projeto Mayhem.

Todas as 3as, 5as e Sabados as 21h os coordenadores do Projeto Mayhem batem papo com algum convidado sobre Temas escolhidos pelos membros, que participam ao vivo da conversa, podendo fazer perguntas e colocações. Os vídeos ficam disponíveis para os membros e são liberados para o público em geral duas vezes por semana, às segundas e quintas feiras e os áudios são editados na forma de podcast e liberados uma vez por semana.

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Santo Daime e Ayahuasca

Por Acid Zero.

Antes de mais nada, “Santo Daime” é o nome de uma doutrina da linha do Mestre Irineu que, segundo eles, faz “uso ritual das plantas expansoras de consciências dentro de um contexto apropriado”. Foi a doutrina que se tornou mais popular no Brasil, e por isso a bebida que eles fazem uso (Ayahuasca), rebatizada por eles de Santo Daime, acabou se tornando sinônimo de Ayahuasca para a maioria leiga (eu incluso), assim como Gillette se tornou sinônimo de lâmina de barbear. Mas chamar a bebida de “Santo Daime” dentro de outras doutrinas que fazem uso da Ayahuasca é como visitar a fábrica da Assolan e chamar de Bombril as esponjas de aço deles… Entretanto, o título do post continua, por uma questão de melhor identificação pra quem busca informações.

INTRODUÇÃO

Certa vez fui convidado a assistir a uma palestra da União do Vegetal (UDV), para escolher se tomaria ou não a Ayahuasca. Foi uma explanação interessante, onde era dito que o chá não criava dependência, não era droga, buscava a evolução espiritual, e tal… Saí de lá confuso, afinal, qualquer coisa que eu tome para deliberadamente alterar minha consciência pra mim é droga. Seja um sonífero, aspirina ou cocaína, estarei brincando perigosamente com meu cérebro.

Resolvi decidir só após consultar Oráculo. Ela não disse pra eu ir ou não ir, mas foi taxativa: aquilo é droga, assim como maconha. Falou pra eu estudar sobre os princípios ativos, e que a maioria das experiências que as pessoas têm lá são alucinações.

Acabei não indo, afinal não tenho a MENOR curiosidade em experimentar drogas alucinógenas. Alguns parentes foram, tiveram experiências boas, outras ruins, e logo deixaram de freqüentar. Pra mim não é através de experiências alucinógenas que uma pessoa alcança a iluminação. Jesus, pelo que se sabe, não usou drogas (e muito menos recomendou-as). Buda também não. Gandhi e Sócrates também não… Ao contrário, participaram ativamente de sua REALIDADE, procurando modificá-la através do Amor, do bom-senso, da responsabilidade para com o mundo e com as pessoas, e principalmente das AÇÕES.

A BEBIDA

A Ayahuasca (Vegetal, Uasca ou Santo Daime) é uma mistura de duas plantas (Cipó Mariri e Chacrona) que, após cozidas, resultam num chá de gosto amargo e alucinógeno, que normalmente evoca visões e imagens religiosas (a chamada “miração”), costumando por vezes provocar vômitos ou diarréia em quem toma (por isso os locais onde a beberagem é consumida são equipados de algum tipo de “vomitório”, e recomenda-se comer pouco nos 3 dias anteriores).

O RITUAL

O Santo Daime preserva o caráter sagrado da festa e da dança, oriundo do catolicismo popular. Convivem no seu panteão mítico Deus, Jesus, a Virgem Maria, os santos católicos, entidades originárias do universo afro-brasileiro e seres da natureza. Também são louvadas as figuras do Mestre Irineu, identificado com Jesus Cristo, e do Padrinho Sebastião, “encarnação de São João Batista” — de onde são derivadas algumas concepções messiânicas e apocalípticas. Do espiritismo kardecista são reelaboradas noções como as de karma e reencarnação. Os indivíduos possuem dentro de si elementos de uma “memória divina”; ao mesmo tempo, podem, através do próprio comportamento, alterar seu karma, “evoluindo espiritualmente” em direção a sua “salvação”. Em consonância com os sistemas xamânicos, verifica-se a existência de uma “guerra mística” entre os homens e os seres espirituais. Os daimistas são concebidos como os “soldados do Exército de Juramidam”, empenhados numa “batalha astral para doutrinar os espíritos sem luz”. Todo o ritual está permeado por um espírito militar com ênfase na ordem, na disciplina.

Na união do Vegetal (UDV) a cerimônia costuma ter a duração de quatro horas e são dirigidas ou pelo Mestre ou por quem tenha ele designado. A presença do Mestre ou do seu delegado é imprescindível para garantir a necessária concentração e o alto nível do ritual. Após terem bebido a Oaska, os participantes da sessão permanecem sentados até o fim da cerimônia. O Mestre faz então as “chamadas” (cantos iniciáticos) de abertura e inicia a doutrinação espiritual, na qual se pode intercalar alguma peça musical, para criar um clima propício a ter boas “mirações”. Nessa ocasião os discípulos têm a oportunidade de ouvir aquilo que eles mais precisam de ouvir, pois o Mestre atua como canal de ligação com a “Força Superior”, da qual provêm todos os ensinamentos espirituais. Encerrada a doutrinação, os participantes têm a oportunidade de se expressar e fazer perguntas ao Mestre. Chegada a hora de encerramento, o Mestre entoa as “chamadas” finais e dá por finda a sessão.

Já no Daime eles acrescentam a isso trabalhos espirituais de concentração (com períodos de meditação) ou bailado (execução de uma coreografia simples), podendo chegar a produzir um verdadeiro êxtase coletivo. Há também trabalhos de missa (para os mortos) e rituais de fardamento (momento em que o indivíduo adere oficialmente ao grupo, passando a usar suas vestimentas). Recentemente, vem ganhando força alguns ritos onde ocorre incorporação de espíritos, produto das influências crescentes da umbanda nesta instituição.

OS EFEITOS

O efeito alucinógeno do chá, embalado pelo ritual e egrégora do local, produzem as “mirações”, imagens contempladas durante a “burracheira” (efeito da bebida) que podem se manifestar de formas variadas: ora são duradouras, ora fugazes; ora nítidas, ora dotadas de tênues contornos; ora de aparência assustadora, ora de grande beleza. Muitas vezes as mirações revelam fatos do passado, às vezes de um passado anterior à atual encarnação. E, segundo eles, até mesmo o futuro pode ser revelado. Na verdade, as mirações constituem recursos de ilustração utilizados pela burracheira para revelar ensinamentos e o estado de espírito de cada um. Em todas é possível encontrar um significado; todas pedem uma decifração. Mas a forma pela qual elas revelam seus conteúdos é também extremamente variável: às vezes são bastante claras e diretas; outras vezes são enigmáticas e oraculares. Por este motivo, os discípulos podem precisar do auxílio do Mestre para conseguir compreender o seu significado.

Algumas vezes pode ocorrer, associada a limpeza (vômitos), uma experiência de intenso sofrimento, que os daimistas chamam de “peia”, ou “surra do Daime”. A peia está associada também a outros processos fisiológicos incômodos ou aparece, ainda, sob forma de pensamentos ou sensações. Apesar de extremamente desagradável — incluindo visões aterradoras de monstros, vermes, trevas, sensação de morte ou medo intenso, enfim, toda classe de tormentos conhecidos ou não — a peia produziria efeitos benéficos, didáticos e transformadores.

Os defensores da planta dizem que ela provoca uma limpeza física ou energética do canal ou instrumento que a usa, “pois luz não habita em templo sujo”. Então, se você estiver com problemas, numa baixa vibração, ou tiver ingerido carne ou comida pesada, vai vomitar copiosamente, ter diarréia de se acabar, ficar enjoado, etc. Só que qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento de biologia sabe porque o organismo expulsa e rejeita certas substâncias estranhas, quando ingeridas…

Existem denúncias de que o uso deste chá faz mal, a longo prazo, tendo como um dos efeitos adversos o eventual retorno da “miração” nas horas mais inadequadas, e os mais puristas até alegam que o chá apresenta riscos para a tela búdica dos usuários, ou seja, poderia fazer mal até nas próximas encarnações. Nada disso, entretanto, está confirmado, assim como não se dispõe de estudos científicos sobre os efeitos à longo prazo da ingestão do Daime.

O chá contém dois alcalóides potentes: a harmalina, no cipó, e a dimetiltriptamina (DMT), que vem da chacrona. O DMT é uma substância controlada e foi proscrita para uso humano pelo Escritório Internacional de Controle de Narcóticos, órgão da ONU encarregado de estudar substâncias químicas e aconselhar os países membros quanto à sua regulamentação. O governo dos EUA afirma que seu uso é perigoso mesmo sob supervisão médica, e seu uso é proibido em países que possuem legislação anti-drogas, mas recentemente os EUA liberaram o uso APENAS para uma pequena seita brasileira em território americano, enquanto no Brasil ele é liberado para uso religioso. Advogados da União do Vegetal (UDV) dizem que especialistas atestaram que o chá é inofensivo, mas o CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) em seu parecer não fala nada sobre ser inofensivo, e libera apenas seu uso terapêutico, em caráter experimental, e que o “controle administrativo e social do uso religioso da ayahuasca somente poderá se estruturar, adequadamente, com o concurso do saber detido pelos grupos de usuários”. Lembrando que o LSD também já foi permitido legalmente, e que no Canadá a maconha é liberada para uso terapêutico também… o problema não são as drogas, mas o uso que se faz delas…

No site do IPPB, vemos no artigo do Dr. Luiz Otávio Zahar que explica que “a DMT (dimetiltriptamina) é naturalmente excretada pela glândula pineal, e que desempenha um papel no processo de sonhar e possivelmente nas experiências próximas à morte e em outros estados místicos. A mistura das duas plantas potencializa a ação das substâncias ativas, pois o DMT é oxidado pela enzima Monoaminoxidase (MAO), a qual está inibida pela harmina, acarretando um aumento nos níveis de serotonina, o que causa impulsão motora para o sistema límbico no sentido de aumentar a sensação de bem-estar do indivíduo, criando condições de felicidade, contentamento, bom apetite, impulso sexual, equilíbrio psicomotor e alucinações.”

Ou seja, você está ingerindo uma dose cavalar de uma substância que deveria ser naturalmente produzida pelo corpo, afetando uma parte importantíssima como o cérebro.

Lázaro Freire, da lista exotérica Voadores, explica o processo:
Há uma aceleração vibracional desordenada, onde cada chakra entra num estado vibracional de freqüência diferente. Não sei se isso é bom ou mal, se vale a pena ou não (essa resposta depende de cada um, e do que conseguirá com o processo), mas me parece um método estranho que, alterando as freqüências vibracionais / conscienciais das (áreas) corpóreas e cerebrais, só pode mesmo levar a uma saída (expulsão) do corpo físico. Além do mais, encontrei exatamente o que imaginava encontrar, do lado de lá; com detalhes de controle, e influências tanto projetivas reais quanto oníricas aceleradas pelo uso do FORTÍSSIMO alucinógeno.

A ORIGEM

A ingestão ritual de Ayahuasca por parcelas da população urbana inicia-se no Brasil, na década de 30, em Rio Branco, Acre, com o culto ao Santo Daime, sistematizado por Raimundo Irineu Serra, que atribuiu à Ayahuasca a denominação “Santo Daime” e fundou o “Centro de Iluminação Cristã Luz Universal – CICLU Alto Santo”. No final da década de 60, em Porto Velho, Rondônia, José Gabriel da Costa organizou outro grupo ayahuasquero, denominando-o “União do Vegetal” (UDV), visto que nele a Ayahuasca é chamada de “Vegetal”. O processo de divergências e de desdobramentos dos núcleos originais propiciaram a expansão das religiões ayahuasqueras por grande parte do território nacional e mesmo pelo exterior.

As religiões ayahuasqueras estão atualmente divididas em três “linhas”:
Uma, a do Mestre Irineu, fundador da seita. Não admitem incorporação, praticando estritamente o xamanismo, e não aderem e nem mesmo toleram o uso de outros psicoativos que não a Ayahuasca.
Outra, do Mestre Gabriel (União do Vegetal).
Outra ainda, a do Padrinho Sebastião Mota, do CEFLURIS (dissidência do CICLU). Esse grupo atraiu acadêmicos, jornalistas, artistas, estudantes e diferentes categorias de profissionais liberais empenhados em torná-lo objeto de estudo, notícia ou modo de vida. Algumas conseqüências decorreram dessa aliança, entre elas a adoção (não endossada pelo CEFLURIS) de muitos dos costumes e crenças dos jovens urbanos, a exemplo do controvertido uso “ritual” da Cannabis sativa (Maconha, que é chamada por esses usuários de “Santa Maria”) e Cocaína (conhecida por “Santa Clara”). Emiliano Dias Linhares, conhecido como “Gideon Lakota” (do CICLU), fez denúncias graves contra o CEFLURIS neste vídeo, em que acusa a seita de ser ponto de distribuição de drogas ilícitas.

Entretanto, é enorme o número de depoimentos de pessoas que faziam uso de álcool e drogas pesadas, foram atraídas a um desses grupos e ficaram curadas. Mas não sabemos o número de pessoas que continuam dependentes, por isso fica aqui o alerta aos pais: se seu filho(a) enveredar em qualquer um desses grupos, procure ir com ele, mesmo que não beba o chá. Procure conhecer as práticas, e principalmente os freqüentadores destes locais. Um grupo que se reúne regularmente pra tomar alucinógenos, mesmo que em uso ritual e por motivos nobres, por melhor que seja a orientação espiritual da casa, pode acabar atraindo pessoas interessadas APENAS na bebida e seus efeitos, sem nenhum comprometimento espiritual nem interesse em desenvolver-se no autoconhecimento. Pra ilustrar o que estou falando, entre no Orkut e digite “Ayahuasca”. A primeira comunidade que aparece, com o maior número de pessoas, é “Ayahuasca sem dogmas” que, pelas opiniões expostas, procura deslocar a bebida de seu contexto religioso (o que agride frontalmente a liberação do CONAD, baseada no relatório final do GMT), com pessoas oferecendo o chá a quem quiser. O problema não é a doutrina, são as pessoas que se acercam da doutrina com interesses outros, SEM PREPARO, SEM SUPERVISÃO, verdadeiros irresponsáveis que podem acabar influenciando pessoas para o uso de drogas mais pesadas. Tanto isso é verdade que, mesmo na linha de Irineu, que é rígida e não permite quaisquer outras drogas, soube-se que já teve membros presos no exterior por tráfico de drogas.

Lázaro explica os perigos:

No contexto xamânico de vários povos as ervas são usadas em eventos com conotação espiritual, visando uma determinada iniciação dentro daquele nível. Já no contexto urbano, pode ser usado como fuga da realidade. Conheço vários casos assim: as pessoas usavam porque não aguentavam conviver com um nível de realidade duro como a vida física na Terra. A substância acelera o acesso ao inconsciente, com tudo de bom ou de doentio que estiver ali. Pode ser interessante para alguns, sagrado para outros. Mas como tudo que tira a consciência do normal, e/ou altera abruptamente os estados cerebrais, tem seus preços. Neurológicos e, principalmente, psicológicos.
A mente tende sempre à compensação. O uso excessivo de Prozac, por exemplo, leva a pessoa à depressão. Café demais excita, e quando passa o efeito você se sente cansado. Cocaína deixa a pessoa entusiasmada, mas a compensação disso a faz insegura quando não usa a substância. TUDO na mente humana é assim, e o preço do acesso “espiritual” do daime é CARÍSSIMO, em termos psicológicos posteriores. A não ser, claro, que a pessoa tome mais, para ter de novo o acesso e miração, e assim sucessivamente. Dependência psicológica. E depois, sem o “espiritual” miraculoso, a vida “comum” passa a ser mais e mais vulgar. E começa tudo outra vez. Com o agravante de que até mesmo as formas de contato espiritual parecerão fúteis, afinal, como comparar com o barato do Daime? Então, essa é uma droga que rouba do dependente até mesmo o seu direito à conexão espiritual…

#ayahuasca #santodaime

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/santo-daime-e-ayahuasca

Alucinógenos e Pseudo-alucinógenos

POR VÁRIAS SEMANAS, revisei a literatura científica sobre alucinógenos e seus supostos efeitos no cérebro humano.

Aqui está um fato que aprendi durante minha leitura: Não sabemos direito como nosso sistema visual realmente funciona. Ao ler essas palavras, você não vê realmente a sua tela ou a tinta, o papel, suas mãos e o ambiente, mas uma imagem interna e tridimensional que os reproduz e que é construída pelo seu cérebro. Os fótons refletidos por esta página atingem as retinas de seus olhos, que os transformam em informações eletroquímicas; os nervos ópticos transmitem essas informações ao córtex visual na parte de trás da cabeça, onde uma rede de células nervosas em cascata separa a entrada em categorias (forma, cor, movimento, profundidade etc.). Como o cérebro reúne esses conjuntos de informações categorizadas em uma imagem coerente ainda é um mistério. Isso se soma ao fado de que a base neurológica da consciência também ainda é desconhecida. (2)

Se não sabemos como vemos um objeto real à nossa frente, entendemos ainda menos como percebemos algo que não está lá. Quando uma pessoa alucina, não há nenhuma fonte externa de estímulo visual, o que, é claro, é o motivo pelo qual as câmeras não captam imagens alucinatórias.

Estranhamente, e com poucas exceções, esses fatos básicos não são mencionados nos milhares de estudos científicos sobre alucinações; em livros com títulos como “Origem e mecanismos de alucinações”, os especialistas dão respostas parciais e principalmente hipotéticas, que formulam em termos complicados, dando a impressão de que atingiram a verdade objetiva ou estão prestes a fazê-lo.(3)

As vias neurológicas dos alucinógenos são mais bem compreendidas do que os mecanismos das alucinações. Durante a década de 1950, os pesquisadores descobriram que a composição química da maioria dos alucinógenos se assemelha muito à da serotonina, um hormônio produzido pelo cérebro humano e usado como mensageiro químico entre as células cerebrais. Eles levantaram a hipótese de que os alucinógenos agem na consciência se encaixando nos mesmos receptores cerebrais que a serotonina, “como chaves semelhantes que se encaixam na mesma fechadura”.

O LSD, um composto sintético desconhecido na natureza, não tem o mesmo perfil das moléculas orgânicas como a dimetiltriptamina ou a psilocibina. A psilocibina, que é encontrada em mais de cem espécies de cogumelos, é uma variante próxima da dimetiltriptamina, como Schultes e Hofmann escrevem (4). No entanto, a grande maioria das investigações clínicas concentrou-se no LSD, considerado o mais poderoso de todos os alucinógenos, visto que apenas 50 milionésimos de grama exercem seus efeitos.

Na segunda metade da década de 1960, os alucinógenos tornaram-se ilegais no mundo ocidental. Pouco tempo depois, os estudos científicos dessas substâncias, que haviam sido tão prolíficos nas duas décadas anteriores, foram interrompidos em geral. Ironicamente, foi nessa época que vários pesquisadores apontaram que, segundo critérios rigorosos da ciência, o LSD na maioria das vezes não induz verdadeiras alucinações, onde as imagens se confundem com a realidade. As pessoas sob a influência do LSD quase sempre sabem que as distorções visuais ou as cascatas de pontos e cores que percebem não são reais, mas se devem à ação de um agente psicodélico. Nesse sentido, o LSD é “pseudo-alucinógeno”.

“Alucinação” é muito grosseiro usados para muitas coisas diferentes. Grinspoon e Bakalar (1979) escrevem  “É usado para descrever a percepção estetizada ou efeito de fascinação, maior senso de significado em objetos familiares, imagens vívidas de olhos fechados, visões no espaço subjetivo ou distorções visuais e cinestésicas induzidas por drogas como o LSD ‘ . Se as alucinações são definidas pela falha em testar a realidade e não meramente como impressões sensoriais bizarras e vívidas, essas drogas raramente são alucinógena ou então a própria visão normal também teria que ser classificada assim. Contudo; esses autores consideram que o termo “pseudoalucinogênico” é estranho, mesmo que descreva precisamente os efeitos de substâncias como LSD e MDMA (“Ecstasy”). Slade (1976) escreve: “A experiência da verdadeira alucinação sob intoxicação por mescalina e LSD-25 é provavelmente bastante rara”. Para uma discussão sobre o conceito de “pseudo-alucinação”, ver Kräupl Taylor (1981).

Assim, os estudos científicos de alucinógenos se concentraram principalmente em um produto que não é realmente alucinógeno; os pesquisadores negligenciaram as substâncias naturais, que são usadas há milhares de anos por centenas de pessoas, em favor de um composto sintético inventado em um laboratório do século XX.

Em 1979, descobriu-se que o cérebro humano parece secretar dimetiltriptamina – que também é um dos ingredientes ativos da ayahuasca. Essa substância produz verdadeiras alucinações, nas quais as visões substituem convincentemente a realidade normal, como as cobras fluorescentes para as quais nos desculpamos ao passar por cima.

Além dos 72 povos usuários de ayahuasca da Amazônia Ocidental, há aqueles que cheiram pós de origem vegetal contendo dimetiltriptamina, ou que lambem pastas contendo dimetiltriptamina. Estas pastas e pós são feitos de diferentes plantas (Virola, Anadenanthere, etc.) dependendo da região. Cheirar pós de dimetiltriptamina também parece ter sido um costume entre os povos indígenas do Caribe, até que foram eliminados fisicamente durante os séculos XVI e XVII.

Cabe destacar que, contrariamente aos recentes estudos científicos que indicam que a dimetiltriptamina é o principal ingrediente ativo da bebida, os ayahuasqueiros consideram que Banisteriopsis caapi (contendo as beta-carbolinas) é o ingrediente principal, e que Psychotria viridis (contendo a dimetiltriptamina) é apenas o aditivo. Em relação às pesquisas científicas sobre os efeitos da dimetiltriptamina, os estudos de Szára (1956, 1957, 1970), Sai-Halasz et al. (1958), e Kaplan et al. (1974) todos consideram essa substância como um “psicotomimético ou um psicotógeno”, um imitador ou gerador de psicose. O estudo de Strassman et al. (1994) é o único que encontrei com uma abordagem neutra.

No entanto, todos esses estudos concordam em um ponto: a dimetiltriptamina produz verdadeiras alucinações, nas quais as visões substituem a realidade normal de forma convincente. Como Strassman et al. (1994) escrevem: “O teste de realidade foi afetado na medida em que os sujeitos muitas vezes desconheciam o cenário experimental, tão absorvidos estavam aos fenômenos”

Infelizmente, a pesquisa científica sobre dimetiltriptamina é rara. Até hoje, os estudos clínicos de seus efeitos em seres humanos “normais” podem ser contados nos dedos de uma mão. Por fim, vale a pena notar que existem vários estudos não científicos interessantes, fornecidos por pessoas que usaram essa substância, publicados em Stafford (1977, pp. 283-304), bem como os escritos de Terence McKenna (1991).

Notas e observações:

[1] Ver Crick (1994, pp.24, 159) sobre o sistema visual, e mais amplamente Penrose (Shadows of the Mind, 1994) e Horgan (Scientific American 271(1):88-94, 1994) sobre os limites atuais do conhecimento sobre a consciência.

[2] Entre as exceções, Hofmann (1983, pp. 28-29) escreve: “Ainda não conhecemos os mecanismos bioquímicos pelos quais o LSD exerce seus efeitos psíquicos”; Grinspoon e Bakalar (1979, p. 240) escrevem sobre os principais efeitos dos alucinógenos: “A única conclusão razoavelmente segura que podemos tirar é que seus efeitos psicodélicos estão de alguma forma relacionados ao neurotransmissor 5-hidroxitriptamina, também chamado de serotonina. Não muito. mais do que isso é conhecido”; e Iverson e Iverson (1981) escrevem: “Continuamos notavelmente ignorantes da base científica para a ação de qualquer uma dessas drogas.” Veja as bibliografias em Hoffer e Osmond (1967) e em Slade e Bentall (1988) para uma visão geral dos numerosos estudos sobre alucinações e alucinógenos durante as décadas de 1950 e 1960.

[3] Schultes e Hofmann (1979, p.173)

[4] “Estudos de degradação mostraram que a psilocibina é uma 4-fosforiloxi-N,N-dimetiltriptamina, quantidades equimoleculares de ácido fosfórico e psilocina, que é 4-hidroxi-N,N-dimetiltriptamina” (p.74). O LSD é 100 vezes mais ativo que a dimetiltriptamina. (4) Veja Hofmann (1983, p.115) para a comparação entre LSD e psilocibina, e Strassman et al. (1994) para uma estimativa da dose básica de dimetiltriptamina.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/psico/alucinogenos-e-pseudo-alucinogenos/

O espírito no tempo

» Parte 1 da série “Para ser um médium” ver a introdução

O homem, as gerações humanas, morrem no tempo. Mas o espírito não. O tempo é o campo de batalha e que os vencidos tombam para ressuscitar. Quem poderia deter a evolução do espírito no tempo? (J. Herculano Pires)

Ernesto Bozzano foi um pesquisador e intelectual italiano com grande interesse em antropologia, sociologia, evolução e as origens da mediunidade no palco obscuro da pré-história. Num de seus livros ele inicia suas exposições dizendo que “se consultarmos as obras dos mais eminentes antropólogos e sociólogos, notamos que todos concordam em reconhecer que a crença na sobrevivência do espírito humano se mostra universal”. Na época em que Bozzano publicou seus primeiros livros, no final do século XIX, falar abertamente sobre “espírito” ainda não era tão escandaloso na Academia. Os espiritualistas europeus daquela época, muitos influenciados pelas ideias expostas nos livros de Allan Kardec, eram igualmente grandes entusiastas da teoria de Darwin-Wallace… Mas, enquanto esta se ocupava exclusivamente da evolução física das espécies, alguns espiritualistas – dentre eles o próprio Wallace – se interessavam em tentar elucidar a evolução espiritual, particularmente em como o espírito humano havia evoluído através do tempo.

Se saltarmos diretamente para a época em que os primeiros hominídios surgiram no tempo, podemos nos aproveitar de uma bela, simples e elegante teoria proposta pelo arqueólogo Steven Mithen, conforme exposta em A pré-história da mente: Mithen acreditava que algumas potencialidades da mente eram suficientemente conectadas entre si para que pudessem ser agrupadas conceitualmente em módulos mentais… A inteligência geral foi herdada das outras espécies das quais os hominídios evoluíram, e é responsável pelos processos básicos de instinto e sobrevivência; A inteligência naturalista desenvolveu-se ao longo da persistente guerra da fome – o conhecimento do terreno em sua volta, a análise dos rastros de presas livres deixados no solo, o cuidado para evitar plantas venenosas, etc.; A inteligência técnica permitiu o manuseio de objetos e até mesmo a elaboração de ferramentas, como pedras pontiagudas que facilitam o corte da carne das presas abatidas; E, finalmente, a inteligência social evoluiu desde que nossos ancestrais reconheceram que caminhar pelo mundo em bandos era mais seguro do que enfrentar as caçadas sozinho.

Mithen acreditava que o que nos separava definitivamente dos outros hominídios de inteligência primitiva era a interseção entre tais módulos mentais, que parece ter ocorrido de forma mais abrangente no homo sapiens. Subitamente, os dentes de animais caçados, que antes eram descartados, se tornaram decoração de colares; Colares estes que também serviam para demonstrar para outros membros (e mulheres, quem sabe) da mesma tribo quão bons eram os caçadores que os ostentavam; Da mesma forma, as pegadas deixadas na terra pelas presas tornaram-se também símbolos que demonstravam o tamanho e a direção em que o animal se deslocou; E logo tanto símbolos naturais quanto animais quanto os próprios homens se fundiram em pictogramas pintados em cavernas profundas – registros da história de um povo que se reconheceu como povo; Talvez ao mesmo tempo, surgiram os mitos, as forças naturais tornadas meio-homem, meio-animal, meio-espírito, meio-deus – a religião ancestral surgia em meio ao animismo e ao xamanismo, juntamente com a consciência de nossa vida e nossa mortalidade.

A teoria de Mithen não têm absolutamente nada de espiritualista, como podemos ver, mas a sorte de sermos espiritualistas é que não precisamos ignorar as teorias daqueles que não creem em espíritos. Se alguns sentem-se escandalizados com a possibilidade do espírito ter surgido antes do homem, e ser formado por matéria fluida, parte dos 96% da matéria cósmica que não interage com a luz, e que vêm habitando corpos das mais variadas espécies, desde organismos unicelulares até os hominídios e animais com cérebro adequado para comportar um espírito em processo de individualização consciente, numa odisseia multimilenar que caminha lado a lado com a evolução descrita por Darwin e Wallace, deixem estar: lembremos que boa parte de nossa compreensão espiritual se baseia em experiências subjetivas, e que a matéria fluida, espiritual, ainda não foi detectada em laboratório.

Ainda assim, nos anais da pré-história humana, e das primeiras tribos e civilizações, permanece a dúvida objetiva: como podem tantas comunidades isoladas terem chegado a crenças tão parecidas? Em realidade, as crenças nem são tão próximas quanto às atividades místicas em si: a mediunidade, esta sim, conecta de forma definitiva todos os povos primitivos da Terra, sem exceção.

Define-se religião primal como um “sistema de crenças anterior às grandes religiões mundiais”. As religiões primais seguidas por povos tão distintos quanto os inuítes da América do Norte e os aborígenes australianos são variadas, mas com amplas similaridades. Os adeptos ainda hoje vivem quase sempre isolados e privados das comodidades modernas. Enfrentam rigores climáticos, escassez de comida e desastres naturais. Suas crenças lhes dão suporte para lidar com esses problemas. Seus milhares de espíritos ou divindades os ajudam a lidar com as forças naturais, e suas práticas religiosas variam desde experiências místicas e extáticas, normalmente guardadas aos médiuns ativos, até coisas bem mais práticas, como perguntar a um espírito qual a região próxima mais apropriada para a caçada de amanhã…

Muitos chamam tais médiuns ancestrais de xamãs, mas este é um termo surgido na Sibéria, e significa algo como “aquele que enxerga no escuro” na língua local. Mas sejam xamãs, ou pajés, babalorixás, iogues, curandeiros, feiticeiros, etc., todos são em essência médiuns, e suas práticas de comunicação com espíritos, sejam os seus próprios, sejam os de fora, são, estas sim, a grande prática universal que os conecta a todos, e assim conecta a humanidade como um todo, desde sua origem. Conforme disse o Chefe Seattle em sua carta ao presidente americano: “Todas as coisas são interligadas, como o sangue que nos une. O homem não tece a teia da vida – ele é apenas um fio dela. O que fizer à teia, fará a si mesmo.”

Como por vezes é complexo identificar como exatamente tantas sociedades primitivas chegaram a ideias e símbolos tão elaborados e “fora da realidade”, muitos antropólogos preferem deixar tudo a cargo das experiências psicodélicas induzidas por alucinógenos naturais. Por exemplo, há escritos do hinduísmo, que é reconhecidamente uma das religiões mais antigas do globo, que louvam a soma, uma planta alucinógena. No Brasil muitos já conhecem o Santo Daime, que é uma doutrina religiosa totalmente baseada nos costumes de povos da grande floresta amazônica, que consomem o chá de ayahuasca a fim de desencadearem experiências místicas… Esta explicação, porém, é incapaz de dar conta de todas as experiências mediúnicas, pois sabemos melhor do que ninguém que a mediunidade hoje pode ser praticada sem o consumo de qualquer tipo de substâncias alucinógenas, e, de fato, esta é a recomendação da grande maioria das doutrinas espiritualistas de hoje em dia. Não há a menor razão para crermos que na pré-história todos os médiuns usavam substâncias do tipo – na verdade, há razões para crer que eles eram minorias localizadas em algumas regiões do globo onde era possível extrair tais substâncias da natureza. Não haviam cogumelos alucinógenos em todas as partes do planeta.

Talvez a religião primal que mais intrigue os antropólogos materialistas seja a religião nativa do Japão que, a despeito do país ter se tornado um verdadeiro polo tecnológico e comportar provavelmente a sociedade mais moderna do mundo, continua plenamente ativa. O xintoísmo, ou “o caminho dos deuses”, foi o título dado à religião nativa do Japão aproximadamente em 720 d.C., poucas décadas após a chegada do budismo na ilha. A questão é que se trata de uma religião pré-histórica, que só foi nomeada em razão de diferencia-la do budismo, recém chegado. Antes o xintoísmo era apenas “a religião”. O xintoísmo reconhece diversos seres divinos chamados kami, supostamente infinitos, que preenchem tudo o que exibe poder ou força vital. Para os japoneses, a natureza é literalmente divina.

Como sabemos, a natureza não é somente divina, como potencialmente viva. Nos dias atuais, presos em nossas selvas de concreto, talvez tenhamos esquecido de como um pequeno galho partido é apenas a parte morta de uma árvore, mas que irá se decompor e formar novamente coisas vivas… Ou que mesmo uma pedra abriga tanto parte da matéria que forma nossos corpos, como parte da matéria que formará espíritos das eras vindouras, embora hoje estejam confortavelmente dormindo no ventre sagrado da Mãe Terra, esperando o chamado do Pai Céu…

Termos antigos, conhecimento antigo, intuição antiga. Certamente tinham uma compreensão precária, parcial, da natureza à volta. Mas, estariam todos eles errados em tudo o que perceberam? Talvez a essência daquilo que viram e sentiram em suas experiências mais sagradas seja exatamente aquilo que falte hoje no mundo moderno. Alguns japoneses o sabem, e também alguns xamãs em meio ao frio do norte, alguns aborígenes, alguns indígenas, alguns poetas, alguns médiuns… Talvez você possa ser um deles, talvez já o seja. Esta é a nossa história, a história do espírito no tempo. Caberá a você escrever os próximos capítulos.

» A seguir, loucura e normalidade…

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Leitura recomendada: O espírito e o tempo, de J. Herculano Pires (Paidéia). Religiões, de Philip Wilkinson (Zahar, Guia Ilustrado).

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Crédito das imagens: [topo] Edward S. Curtis/Corbis (indígena da ilha de Nunivak, no Alasca – EUA, com sua máscara cerimonial); [ao longo] Rainer Hackenberg/Corbis (um torii, símbolo xintoísta, em Kyoto – Japão)

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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#Antropologia #Espiritismo #Mediunidade

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-esp%C3%ADrito-no-tempo

Entrevista com Del Debbio no site Animus Libertus

Por Daniel Moricz

Era um fim de semana relativamente tranquilo e durante minhas pesquisas na internet me deparei com a Coluna Teoria de Conspiração no site Sedentários e Hiperátivos. Achei os posts interessantes e no fim das contas acabei devorando o material escrito, e passando para o site do autor, Marcelo Del Debbio, onde encontrei mais uma quantidade sem fim de posts. Marcelo Del Debbio é um cara polêmico, faz suas declarações e indagações com a coragem de poucos.Mas uma coisa é certa… quem lê material de Del Debbio, acaba tendo sua sede por mais conhecimento desperta. O Animus não podia perder a oportunidade de saber o ponto de vista de Marcelo sobre alguns dos assuntos que abordamos aqui. E sendo assim… segue abaixo uma esclarecedora entrevista. Um abraço a todos!

Nascido em 1974, é hoje considerado um dos maiores escritores de Role Playing Games do Brasil.

– Formado Arquiteto pela FAU-USP e com especializações em Semiótica, História da Arte e Urbanismo, Mestre de RPG com ênfase no uso do RPG na Educação e técnicas teatrais aplicadas ao RPG, escritor com mais de 45 títulos publicados e mais de duas centenas de artigos publicados em revistas.

– Autor do site www.deldebbio.com.br e colunista do site “Sedentário e Hiperativo” www.sedentario.org, onde escreve semanalmente sobre ocultismo e filosofia. Autor da Enciclopédia de Mitologia, e Editor chefe da Daemon Editora, a segunda maior editora de livros de RPG no Brasil.

– Membro Maçon, Frater Rosacruz e iniciado em diversas ordens, é conhecedor de Tarô, Runas, Kabbalah e Numerologia formado pelas escolas herméticas mais tradicionais do ocidente.

– Faixa-Preta (10º grau) de Kung Fu, praticante do estilo Louva-Deus Sete Estrelas e professor e praticante de Chi-Kung, modalidade de técnicas de kung fu que lidam com energia interna.

Animus – Com frequência, você indica em seus textos as obras básicas de Alan Kardec como importante estudo para aqueles que buscam o conhecimento. Chico Xavier também é citado algumas vezes de forma positiva. Gostaria de saber como você vê o material psicografado por Chico Xavier, principalmente no que se refere aos “Romances de Emmanuel”, série composta por obras como “Há 2000 anos” e “Paulo e Estevão” onde Jesus é descrito de forma muito mais parecida com o Jesus “Católico” do que com o Jesus “Histórico” ou Yeshua.

MDD – Acredito que tenha tido interferência da egrégora na qual ele estava ligado, ou que seja o ponto de vista daquela entidade/espírito, pois não é porque alguém está no astral que vai ter acesso a todas as informações que tinha no Físico. Muitas informações são passadas de acordo com o que a egrégora deseja e, naquele momento, o espiritismo precisava do apoio dos católicos, que formariam a grande massa dos espíritas de hoje em dia, e uma visão que fosse mais aceitável aos seus olhos seria a melhor forma de ampliar aquela egrégora.

Animus – Jogo rápido… Estaria o espiritismo de hoje muito influenciado pelo catolicismo? Sim ou não? Chico Xavier tem parte nisso? Sim ou não?

MDD – Sim. Muito. O Brasil é um país com mais de 88% de católicos. É natural que a imensa maioria dos espíritas tenha vindo deste movimento, e boa parte deles trazendo os dogmas e preconceitos inerentes de passar a vida toda sem pensar e aceitando o que lhes era imposto. Vejo muitos espíritas venerando Chico Xavier como se ele fosse um Santo Católico (não é “privilégio” dos kardecistas isso… vejo muita gente tendo a mesma atitude na Grande Fraternidade Branca, no Pró-Vida, na Gnosis e em outros lugares). Muito da visão católica se manifestou na tradução dos textos do francês para o português dos livros de Kardec, nas atitudes contra a Astrologia Hermética e contra a Umbanda. Até na visão dos livros do Kardec como se fossem “bíblias” espíritas…

Animus– Ainda no que se refere à obra “Paulo e Estevão”, que conta a história de Saulo de Tarso (São Paulo), durante o texto, Paulo se encontra com o espírito de Jesus e este momento se torna um divisor de águas em sua vida, levando-o a se transformar em Paulo, o apóstolo.
Como seria isso possível se Jesus não havia morrido na cruz, estaria Jesus se apresentando a ele através de projeção astral? E mais, há quem diga que foi Paulo quem criou a imagem de Jesus que vemos hoje. Outros, o tem como um espírito de altíssima elevação. Qual a sua visão de São Paulo Apóstolo?

MDD – É a visão daquela egrégora, que ficaria mais palatável ao público brasileiro e causaria menos problemas. Na verdade, Paulo teve uma visão que seria mais agradável aos romanos, que depois foi abraçada por Constantino, então, por tabela, ele é indiretamente responsável pela visão deste Cristo-Apolo que temos hoje na ICAR e nas evangélicas.

Animus – Fica claro em seus depoimentos o seu descontentamento com a igreja Católica. O passado da igreja Católica realmente a condena, tendo em vista que até mesmo o último Papa, João Paulo, pediu perdão pelas atrocidades cometidas. As igrejas evangélicas, principalmente as caça-níqueis, também não lhe agradam (e a mim também não). No entanto, tenho o prazer de conhecer alguns padres e pastores destas igrejas que são pessoas boníssimas e que trabalham incessantemente em prol do próximo e no bem. Muitas vezes indo fazer caridade onde poucos espiritas, por exemplo, arriscariam ir. Será que estas instituições não tem também seu lado bom? Será que estes padres e pastores não acreditam mesmo no trabalho que está sendo feito como a obra de Deus? Ou será que todos eles tem conhecimento de todo o processo por trás destas instituições, de todas as histórias, que como foi citado no www.sedentario.org, foram inventadas para manter o controle e o poder sobre as pessoas através do medo e ainda assim continuam seguindo em frente? Resumindo, seriam eles controlados ou controladores?

MDD – Existem pastores e padres de boa-fé, que realmente acreditam estar fazendo o trabalho do velhinho barbudo e que conquistarão o seu “espaço no céu” quando morrerem. E fazem o que fazem de coração. Não são muitos, mas existem. Essas pessoas estão se enganando e enganando os fiéis, porque ficam mergulhados em dogmas e serão conflitados com eles quando morrerem. Já vi muitos cardeais e padres fazendo ataques astrais em centros espíritas, ou então revoltados em Igrejas da IURD após sua morte (sendo tratados como falsários de satanás quando conseguiam incorporar em algum médium inconsciente no público, claro!). Alguns são espíritos mais evoluídos que escolheram vir à Terra com pouca instrução para atender justamente a este publico sem estudos ou instrução. Seguem o que chamamos de “Via Úmida” da Árvore da Vida e, após suas mortes no Plano Físico, entenderão sua missão e continuarão o progresso.

Animus– Agora falando sobre os frequentadores das igrejas católicas e evangélicas. É comum ouvirmos nos centros espíritas frases do tipo: “Todos estão exatamente onde devem estar, afinal, não há coincidência”. Segundo alguns espíritas principalmente, se uma pessoa frequenta a igreja evangélica e se submete ao controle através do medo do demônio e ao pagamento de dízimos descabidos, isso é porque se trata de um espírito ainda muito rebelde, que tem dificuldade em se manter no caminho do bem por si só, e que estas religiões serviriam como um controle necessário a estes indivíduos, para que eventualmente, em outras reencarnações possam buscar a iluminação sozinhos e fazer o bem porque sabem que é o certo. Você concorda com estas afirmações? Até que ponto?

MDD – Concordo sim. É muita pretensão achar que um iletrado ignorante teria capacidade para seguir os Exercícios de Franz Bardon, por exemplo. Para aquela classe de espíritos, é melhor e mais condizente com o estado de consciência dele ouvir um “faça o bem ou vá para o inferno!” que estará mais em sintonia com o que aquelas pessoas entendem. Mais cedo ou mais tarde, migrarão para sendas mais adaptadas ao seu nível intelectual e espiritual.

Animus – O Santo Daime é uma religião tipicamente brasileira, mas conta com influências diversas. O Sacramento utilizado é a Ayahuasca, cuja história remete aos Incas, Maias e quiçá até aos Atlantes. O conteúdo doutrinário sofre clara influência da igreja católica, sendo que os trabalhos principais são realizados em dias de santos, como Santo Antônio e São José. Além disso, diversos hinos, inclusive no principal hinário, do Mestre Irineu, se referem a seguir a linha espirita, a seres espirituais e a reencarnação. Como você enxerga a doutrina do Santo Daime?

MDD – Infelizmente, em muitos lugares acabou virando uma mistureba. A Ayahuasca é uma erva que serve para despertar o Caminho 32, conectando a matéria ao astral. Infelizmente, o ser humano só consegue profanar tudo o que coloca as mãos e conseguiu deturpar até mesmo o uso destes chás como conexão com o divino.

Os piores exemplos são a mistura do chá com cocaína (Santa Clara), Maconha (Santa Maria) e crack (São Pedro) com essa desculpa esfarrapada de entrar em estados alterados de consciência que existem em alguns lugares por ai. Os daimistas não são pessoas más, como as igrejas e até mesmo os espíritas ficam falando, mas em geral são muito pouco estudados e informados sobre o que estão fazendo. Acabam se tornando “crentes de Daime” quando deveriam estudar e pesquisar mais e entender aquilo que estão fazendo ali: suas consequências e implicações.

Se a pessoa estuda e pesquisa; não só vai tomar chá, esse sim acaba conseguindo respostas.

Foi em uma das meditações com ayahuasca que eu consegui enxergar a Arvore da Vida completa, com todos os deuses e todos os encaixes que faltavam no final da pesquisa da enciclopédia. Sem aquela visão, eu não me animaria tanto a começar a escrever o Blog…

Animus – Falando ainda do Santo Daime, mirações (visões recebidas dentro dos trabalhos) recorrentes entre os participantes são de pirâmides, do Egito antigo e de templos. Como isso pode estar associado ao ocultismo e ao conhecimento milenar da busca por iluminação?

MDD – Pode… ou pode estar dentro da cabeça do sujeito, influenciado pela mistureba que se faz ali. Poucas pessoas têm tantas encarnações assim na Terra para se lembrarem de “pirâmides do Egito” e menos ainda tem autorização para se lembrar destas encarnações tão antigas. A maioria dos que tem essas visões são apenas frutos de fantasia, construções mentais e desejos da própria pessoa.

Animus – Finalmente, gostaria que você falasse um pouco sobre suas obras publicadas, como a Enciclopédia de Mitologia, onde podemos encontrar seus livros e que você deixasse uma dica para aqueles que buscam o conhecimento e a verdade.

MDD – A Enciclopédia de Mitologia é um dos trabalhos mais importantes no meio acadêmico com relação à pesquisa de múltiplas mitologias em uma linguagem fácil e acessível ao buscador. Embora atualmente eu esteja gostando mais de escrever para o Blog (www.deldebbio.com.br) e some mais de 900 textos sobre alquimia, maçonaria, Rosacruz, hermetismo, astrologia hermética e muitos outros assuntos de interesse do buscador que esteja em qualquer senda.

A dica é: nunca pare de estudar… nunca esteja satisfeito com aquilo que falaram para você. Procure conhecer todas as vertentes e todas as posições, mesmo se forem de Ateuzinhos de Dawkins ou Crentes Criacionistas.

Nota do Animus Libertus: Atenção, o uso concomitante de Daime (Ayahuasca) e qualquer outra substância, principalmente ilegal é TOTALMENTE PROIBIDO dentro da doutrina em todas suas vertentes. O verdadeiro Daimista sabe que para alcançar a iluminação e seguir a lei de Deus, primeiramente é necessário estar puro em estado de consciência e seguir a lei dos homens. O uso de qualquer droga juntamente com o Daime não é aprovado pela dotrina e definitivamente não faz parte da mesma.

#Entrevista

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/entrevista-com-del-debbio-no-site-animus-libertus

Conexão Ayahuasca-Alien

Pablo César Amaringo e Luis Eduardo Luna, Ph.D.

Trechos de Visões da Ayahuasca

Voar é um dos temas mais comuns do xamanismo em qualquer lugar. O xamã pode se transformar em pássaro, inseto ou ser alado, ou ser levado por um animal ou ser para outros reinos. Os xamãs contemporâneos às vezes usam metáforas baseadas em inovações modernas para expressar a ideia de voar. Assim, não é estranho que o motivo UFO, que faz parte do imaginário moderno – talvez, como proposto por Jung (1959), até mesmo uma expressão arquetípica de nossos tempos – seja usado pelos xamãs como um dispositivo de transporte espiritual para outros mundos.

O motivo da nave espacial tem um lugar importante nas visões de Pablo. Como vimos anteriormente, quando a curandeira que curou sua irmã lhe deu ayahuasca, Pablo viu um enorme disco voador fazendo um barulho tremendo que o deixou em pânico (Visão 7). Don Manuel Amaringo, irmão mais velho de Pablo, tem uma história parecida. Ele me disse – com lágrimas nos olhos – que o principal ícaro que ele empregou para curar muitas pessoas ele aprendeu com uma fada chamada Altos Cielos Nieves Tenebrosas, que veio em uma espaçonave azul:

Ela me perguntou: ‘Você quer ouvir minha música?’ Ela cantou e essa música eu sempre guardei no meu coração.

Apesar da frequência com que Pablo retrata as naves espaciais, ele é esparso em seus comentários sobre elas. Pablo diz que esses veículos podem ter várias formas, atingir velocidades infinitas e podem viajar debaixo d’água ou debaixo da terra. Os seres que neles viajam são como espíritos, tendo corpos mais sutis que os nossos, aparecendo e desaparecendo à vontade. Eles pertencem a civilizações extraterrestres avançadas que vivem em perfeita harmonia. Grandes civilizações ameríndias como os Maias, Tiahuanaco e Inca tiveram contato com esses seres. Pablo conta que viu em suas jornadas com ayahuasca que os maias sabiam dessa bebida, e que partiram para outros mundos em algum momento de sua história, mas estão prestes a retornar a este planeta. Na verdade, ele diz que alguns dos discos voadores vistos pelas pessoas hoje são pilotados por anciões maias.

Uma ideia semelhante foi relatada pela antropóloga alemã Angelika Gebhart-Sayer. Em 1981, enquanto fazia trabalho de campo em Caimito, um pequeno assentamento Shipibo às margens do rio Ucayali, seus amigos índios estavam preocupados com estranhos fenômenos de luz que testemunhavam há meses e que interpretaram como uma nova tática dos brancos para penetrar em seus territórios tribais. Quando se aproximaram das luzes, elas desapareceram. Em várias ocasiões, a própria Gebhart-Sayer viu luzes amareladas silenciosas do tamanho de uma bola de futebol, movendo-se cerca de 400 metros de distância e cerca de um metro acima do solo. Ela não conseguiu encontrar nenhuma explicação lógica para o que viu. José Santos, o xamã, acalmou as pessoas, explicando que em uma visão de ayahuasca ele entendeu o que era: uma nave dourado com grandes lâmpadas e assentos lindamente decorados. ‘O piloto, um distinto Inca, sai. Às vezes ele usa as roupas modernas dos brancos, às vezes uma preciosa cushma inca (roupa tradicional masculina). Nós nos curvamos um ao outro, mas não falamos, porque conhecemos os pensamentos um do outro. Então ele se retira. Ainda não chegou a hora de ele falar. Os incas querem se aliar a nós, para derrotar o branco e o mestiço, e estabelecer um grande império no qual viveremos nossa vida tradicional e possuiremos as mercadorias dos incas e dos brancos. Em breve chegará o tempo em que ele trará presentes e dará orientações. (Gebhart-Sayer 1987:141-2)

O historiador finlandês Martti Parssinen gentilmente me indicou um texto escrito pelo padre Francisco de San Jose sobre um fenômeno que o missionário testemunhou na confluência dos rios Pozuzo e Ucayali em 8 de agosto de 1767. Padre Francisco e outros missionários foram cercados à noite por um grupo de Conibos hostis, que atiravam neles suas flechas, ao que responderam com tiros. Ele escreve:
Estávamos no meio dessa batalha quando algo aconteceu que vale a pena ser lembrado. Vimos, tanto cristãos como gentios, um globo de luz mais brilhante que a lua que sobrevoou as linhas dos Conibos e iluminou o campo do tempo. Não sei se os índios viram algum mistério no evento, mas só sei que abandonaram suas flechas… (San Jose 1767:364)

Os extraterrestres estão em contato com as nina-runas (pessoas do fogo) que vivem no interior dos vulcões. Eles se comunicam telepaticamente entre si. Sob os efeitos da ayahuasca pode-se ver esses seres e seus veículos, mas poucos vegetalistas realmente têm contato com eles, apenas os escolhidos, a quem os extraterrestres ensinam canções de poder e dão informações úteis para ajudar a curar seus pacientes.

A antropóloga francesa Françoise Barbira-Freedman, que fez um extenso trabalho entre os Lamistas da província de San Martin, me disse que entre seus informantes xamãs avistamentos de naves espaciais com ayahuasca eram comuns. Quando visitei Don Manuel Shuna, tio de Pablo, um vegetalista de mais de 90 anos, mostrei suas várias fotografias de pinturas de Pablo. Apontando para o disco voador em uma das fotos, ele me disse com entusiasmo, quase com estresse, que nos últimos dois anos ele havia sido assombrado por pessoas saindo de máquinas como aquela. Ele disse que essas pessoas voam um pouco acima da superfície da água. Don Manuel descreve suas máquinas como tendo cerca de 50 metros de comprimento, com luzes que tornam a noite tão clara quanto o dia. Quando em repouso, eles nunca tocam o solo ou a água, mas permanecem suspensos no ar. Às vezes, os seres a bordo destas máquinas derrubam e levam árvores inteiras com eles.

Dom Manoel disse: “Eles sabem quando estou tomando ayahuasca. Eles vêm e cantam todo tipo de música, e os icaros que eu canto. Eles também sabem orar. Eles querem ser meus amigos, porque tem coisas que essas pessoas não sabem. Eles querem me levar com eles, mas eu não quero ir porque essas pessoas comem umas às outras. Eles tentaram me assustar movendo a terra ou derrubando grandes árvores. Quase me deixaram louco. Mas eles não chegam mais perto porque eu soprei tabaco neles.

É claro que é muito difícil saber o que fazer com esse tipo de relatório. Parece que os xamãs estão constantemente se apropriando simbolicamente de todas as inovações que vêem ou ouvem, usando-as em suas visões como metáforas vívidas para explorar ainda mais os reinos espirituais, aumentar seu conhecimento ou se defender de ataques sobrenaturais. Os xamãs shipibos recebem livros nos quais podem ler a condição dos pacientes, ter farmácias espirituais ou viajar em aviões cobertos com desenhos geométricos significativos até o fundo dos lagos para recuperar a caya (alma) de seus pacientes (Gebhart-Sayer 1985:168,172; 1986:205;1987:240); Canelos Quichua recebem dos espíritos máquinas de raios X, aparelhos de pressão arterial, estetoscópios e grandes luzes cirúrgicas brilhantes (Whitten 1985:147); um xamã Campa aculturado usa em suas canções de cura frequências de rádio para se comunicar com os espíritos da água (Chevalier 1982:352-3); Os xamãs Shuar, que adquirem de várias plantas, animais, pedras ou outros objetos flechas mágicas (tsentsak) para curar ou defender-se, também as obtêm de um witrur (do espanhol vitrola, fonógrafo) (Pellizzaro 1976:23,249); Don Alejandro Vazquez, um vegetalista que vive em Iquitos, me disse que além de anjos com espadas e soldados com armas, ele tem um caça a jato que usa quando é atacado por feiticeiros fortes (Luna 1986:93; ver também Pellizzaro 1976:47); Don Fidel Mosombite, um ayahuasquero de Pucallpa, me disse que em suas visões ele recebeu chaves mágicas, para que pudesse dirigir belos carros e aviões de vários tipos.

Os discos voadores, seres extraterrestres e civilizações intergalácticas que aparecem nas pinturas de Pablo não devem necessariamente ser considerados incomuns ou estranhos ao xamanismo amazônico; podem ser manifestações de motivos antigos. Descrições de viagens xamânicas sob a influência da ayahuasca e outras plantas psicotrópicas, mesmo entre tribos amazônicas culturalmente isoladas, frequentemente incluem a ideia de um xamã ascendendo ao céu para se misturar com pessoas celestiais ou, inversamente, seres celestiais descendo ao local da cerimônia. (cf. Gomez 1969; Reichel-Dolmatoff 1971:43,173; Vickers & Plowman 1984:19; Ramirez de Jara & Pinzon 1986:173-4; Chaumeil 1982:40; Cipoletti1987;etc.).

Um exemplo interessante da cosmologia cuna foi relatado por Gomez:

As estrelas são as luzes de um conjunto habitacional de natureza intermediária entre os corpos sólidos e o ar. Essas moradias são habitadas por belas mulheres que à noite fiam algodão iluminado por lamparinas semelhantes às dos brancos.

Eles se reproduzem pela vontade de Paptummatti {literalmente, o Grande Pai} sem a intervenção dos homens, sempre dando à luz fêmeas. Passam de uma casa a outra por meio de pires dourados com os quais também viajam para outros mundos, ocasionalmente descendo a qualquer um deles para transportar em seus veículos aquelas pessoas que são dignas do favor divino.

Em seguida, o autor acrescenta a seguinte nota de rodapé:

Na mitologia cuna, existem inúmeras referências a esses discos voadores em suas narrações sobre heróis culturais. Essa noção passou para o folclore, e descrições desses discos ocorrem na vida cotidiana. (Gomes 1969:67)

Tanto Valle (1979) quanto Meheust (1988) perceberam o paralelismo que pode ser encontrado entre motivos folclóricos, viagens xamânicas e abduções de discos voadores. Como em outras partes do mundo hoje, a Amazônia é constantemente bombardeada por novas imagens e símbolos exóticos que rapidamente se misturam às crenças tradicionais.
Por outro lado, a conexão entre OVNIs e alucinógenos de triptamina foi apontada por Terence McKenna, que verificou por questionário que o contato com OVNIs é o motivo mais frequentemente mencionado por pessoas que tomam psilocibina recreativamente, usando doses uficientes para liberar todo o espectro de efeitos psicodélicos (cf. McKenna 1984,1989).

Já ouvi falar dessas histórias de ocidentais que tomaram ayahuasca, psilocibina cubensis ou dimetiltriptamina pura. Como Valle (1979:209-10) apontou, os OVNIs são manifestações físicas que não podem ser compreendidas à parte de sua realidade psíquica e simbólica. O tema OVNI é um assunto que não deve ser negligenciado por antropólogos cognitivos, psicólogos profundos e pessoas interessadas nas mitologias do homem moderno.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/conexao-ayahuasca-alien/

Um antropólogo em Vênus

» Parte 2 da série “Xamãs ancestrais” ver parte 1

Ayahuasca é uma bebida produzida a partir de duas plantas amazônicas: Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis. O nome significa, literalmente, a “Videira dos Mortos”. Os cientistas sabem que a ayahuasca produz visões, principalmente por ser rica em DMT, um alucinógeno de ação extremamente rápida. Entretanto, os xamãs ancestrais têm conhecimento considerável do que ocorre após bebermos a ayahuasca, enquanto os cientistas não, principalmente porque a maioria jamais experimentou.

O tempo passa sem que eu tenha noção. Fecho meus olhos, e um grande desfile de visões subitamente se inicia… Começo a prestar atenção em uma imagem em particular, ou, mais exatamente, a uma área de meu campo visual interno, onde complexos padrões geométricos entrelaçados provam, numa inspeção mais cuidadosa, ser parte de uma grande serpente, aparentemente viva, com sua cabeça e sua cauda afastadas de mim. Posso distinguir as escamas individuais, retangulares, como janelas… Existe um círculo no centro de cada retângulo, círculos púrpura, girando como fogos de artifício, brilhando com a luz escura de um outro mundo onde agora estou… Aqui? Onde é aqui? Por que é um lugar onde vejo cores que não existem na vida cotidiana?

O xamã recomeça a entoar seu ritual. A cantoria inicia em tom mais baixo, mas aumenta, e aumenta… As serpentes são muito grandes, e todo corpo, da cabeça à cauda, é claramente visível para mim. Agora as cores castanho e amarelo predominam. Lendo sobre o assunto, antes de vir a Amazônia, aprendi que pessoas em regiões e culturas diversas, de todo o mundo, encontram serpentes na jornada da ayahuasca… Elas agora formam padrões de rodas e espirais entrelaçados, se fundem e depois se dividem em duplas individuais serpenteando em volta uma da outra, como a dupla hélice do DNA… A náusea chega com força e estou agora vomitando na escuridão…

Saio do círculo ritual e volto após vomitar, agora minha cabeça está aliviada. Então, de repente, dois seres completamente feitos de luz branca surgem a minha frente. São pequeninos – cerca de 1,20m de altura –, mas estou ciente apenas da parte superior de seus corpos, não vejo os pés. Sua faces têm mais ou menos o formato de um coração, com grandes testas e queixos estreitos e pontudos. Narinas e bocas, se é que as tem, são apenas fendas em suas feições suaves. Seus olhos são completamente negros e aparentemente sem pupilas… Eles parecem querer se comunicar. A tentativa de comunicação, que me parece telepática, não está funcionando por alguma razão. Sinto ansiedade e… frustração da parte deles. A náusea retorna, os seres de luz se vão, eu volto a vomitar na escuridão…

Os três últimos parágrafos são trechos (selecionados por mim) dos depoimentos de Graham Hancock [1], pesquisador e escritor britânico que resolveu participar dos rituais xamânicos de povos indígenas da Amazônia e de regiões da África. Em seu monumental Sobrenatural, Hancock parte da análise dos signos e símbolos pictóricos da arte rupestre para fazer uma associação fortuita desse tipo de imagem com as visões “psicodélicas” usualmente experimentadas em tais rituais, pelo menos por aqueles que efetivamente experimentam a ayahuasca, a iboga, e outras bebidas rituais que “trazem visões do outro mundo”. Esta associação não foi ideia original sua, mas sim de David Lewis-Williams, um professor, antropólogo e pesquisador de arqueologia cognitiva sul africano.

Segundo o modelo neuropsicológico de Lewis-Williams, a real origem da arte rupestre e, por conseguinte, da religião primal dos povos da pré-história, poderia ser mais profundamente explicada e compreendida se levarmos em consideração que o que estava sendo ali representado eram visões provenientes de estados de transe e consciência alterada, originários de experiências rituais extremadas (como danças até a exaustão e/ou a repetição de ritmos musicais durante horas e horas de ritual) e, principalmente, da ingestão de bebidas e substâncias naturais alucinógenas. Esta era, segundo sua teoria, a maneira mais simples e lógica de justificar o porquê da arte rupestre ter características tão enigmáticas, não encontradas na natureza, mas que estão representadas tanto em cavernas europeias quanto em inúmeras regiões africanas, distantes milhares de quilômetros, e milhares de anos na história, umas das outras.

Diferentemente das outras teorias propostas pelos antropólogos em quase um século, esta está baseada em evidências bastante sólidas… Que por muito pouco não se perderam para sempre.

Até 1927, ano em que foi dada a última permissão oficial para se caçar bosquímanos, era legal para os brancos da África do Sul assassinar os san, cujas partes dos corpos eram exibidas orgulhosamente como troféus pelos matadores… Não, os bosquímanos, os san, não eram animais, eram seres humanos, como nós. Na realidade, faziam parte de uma das culturas mais ancestrais e persistentes de nossa história, e até meados do final do séc. XIX, ainda praticavam a arte rupestre. Os san eram, portanto, os continuadores de um estilo de arte que perdurou por dezenas de milhares de anos, até que fossem praticamente extintos pelos “grandes colonizadores racionais”. Poderíamos saber, afinal, se a teoria de Lewis-Williams faz mesmo sentido, desde que encontrássemos algum xamã san ainda vivo, e que ainda conhecesse os antigos rituais que originavam as visões representadas na arte rupestre. Alguns xamãs, algum conhecimento, ainda restou, mas o povo san não é mais o mesmo – seu espírito se foi, e com ele, qualquer esperança para que a arte rupestre pudesse continuar sua longa jornada.

Felizmente, alguma evidência restou, mais precisamente cerca de cem cadernos com notas escritas a mão, descrevendo a cultura e os rituais do povo san no final do séc. XIX, quando ainda praticavam sua arte nas pedras e cavernas. As entrevistas foram conduzidas pelo filólogo alemão Wilhelm Bleek e sua cunhada, Lucy Lloyd, dois acadêmicos muito adiante do seu tempo, que anteciparam com muita clareza a aniquilação que então pairava sobre o povo e a cultura san. O conteúdo de seu estudo permaneceu oculto da Academia até a década de 1930, quando um jornal sul africano fez uma breve referência aos cadernos. Apenas em meados das décadas de 1960 e 1970 os cadernos foram novamente mencionados na mídia especializada, até que Lewis-Williams finalmente colocou seus olhos neles: “mas que estranha experiência, folhear 12 mil páginas de cadernos de notas ancestrais, sobrenaturais” – descreveu o antropólogo acerca do evento.

De posse dos registros de uma cultura ancestral perdida, Lewis-Williams finalmente tinha a evidência que faltava para talvez a única teoria científica sólida jamais postulada acerca da real origem dos signos rupestres. Ainda assim, quando Hancock encontrou pessoalmente com o professor sul africano, não resistiu a lhe indagar:

“Afinal, o senhor já experimentou entrar em transe por meio de danças e batuques ritmados de tambor, ou jejuou por 40 dias até delirar, ou tomou o chá da ayahuasca ou qualquer outra substância natural psicoativa?”

Diante da negação veemente, Hancock perguntou o porquê, e Lewis-Williams deu de ombros:

“Não quero fundir minha cuca e não estou nem um pouco interessado na experiência.”

Vênus, com sua superfície uniforme e seu brilho incomparável no céu noturno, sempre despertou o sonho da humanidade. A estrela vespertina parecia, certamente, um céu prometido, um mundo de luz… Entretanto, hoje sabemos que sua superfície é inóspita e, na realidade, bem mais próxima dos lagos de enxofre do inferno. Assim, também sabemos, ocorre com as drogas: num primeiro momento são estupendas, maravilhosas, mas depois viciam, e podem nos levar a ruína psíquica… Por tudo o que sabemos acerca delas, não é difícil compreender os motivos que levaram Lewis-Williams a evitar os chás alucinógenos e os estados de transe.

A questão é: os povos antigos sabem muito bem desse perigo, e por isso mesmo jamais se utilizaram de suas plantas sagradas como diversão ou mera busca do prazer. Seus rituais sempre foram controlados, e seus xamãs sempre foram raros, escolhidos a dedo por sabe lá qual entidade… E, exatamente por isso, por terem sido tão poucos e tão especiais, hoje praticamente não existem mais.

Os xamãs ancestrais já se foram há muito, e nem mesmo entre os san restou algum. O espírito de um povo desaparece, e o deixa perdido, atordoado, procurando o suicídio, há menos que tal espírito retorne para os auxiliar, como a estrela da manhã… Mas não é fugindo de Vênus que vamos vislumbrar qualquer esperança de um dia os compreender melhor. Tal qual a ciência enviou sondas robô a estrela vespertina, e hoje a compreende muito mais do que há séculos atrás, os exploradores da mente não têm outra alternativa que não mergulhar neste outro mundo, repleto de serpentes, padrões geométricos, seres de luz e armadilhas na escuridão…

Mas, para tal, sondas e robôs não nos servem, precisamos realizar a travessia por nós mesmos. Graham Hancock teve a coragem de mergulhar no próprio lago em que empreendeu seu extensivo estudo – ele é o nosso antropólogo em Vênus.

» Na continuação: Quimeras mentais, homens feridos, e o delicioso Vin Mariani…

***

Leitura recomendada: Sobrenatural, de Graham Hancock (Nova Era).

[1] Retirados do livro recomendado acima.

***

Crédito das imagens: [topo] Susan Seddon Boulet (mulher xamã dançando em ritual); [ao longo] Pinturas do xamã peruano Pablo Amaringo, que serviu também como “guia” de Hancock nos rituais com ayahuasca.

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/um-antrop%C3%B3logo-em-v%C3%AAnus

Princípios da Engenharia Mágica

Thiago Garcia Tamosauskas

Nomes podem ser trapaceiros. O Nacional Socialismo não é socialista, a República Democrática do Congo não é democrática e a República Federativa do Brasil não é federativa. Este não é um problema exclusivo da política: A Teoria da Relatividade trata de absolutos nada-relativos como a constante cosmológica e velocidade da luz e a teoria do caos, por sua vez encarrega-se, na verdade, de lidar com a ordem que surge em meio à complexidade. O mesmo pode ser dito da corrente conhecida como Magia do Caos, que ao contrário do que pode soar, na verdade é uma corrente ordenadora que consegue unificar os mais diferentes campos da prática mágica, muitos dos quais seriam paradoxais e contraditórios caso ela não existisse.

A magia, assim como outras expressões da natureza – como a música por exemplo – pode ser convertida em linguagem matemática para medir sua harmonia, seus padrões e assim ser estudada, observada e desenvolvida. É justamente isso que Peter J. Carroll propôs, em seu livro Liber Kaos, editado pela primeira vez em 1992. Carroll se utilizou da matemática formal para ordenar a mecânica mágica em uma série de equações. Não é minha intenção, repetir sua explicação e suas justificativa, nem mostrar o porquê e o como destas equações. Ele mesmo já fez um trabalho fenomenal na seção intitulada ‘Chaos Mathematics’, logo no primeiro capítulo da obra acima citada. Sendo assim irei apenas citar rapidamente as três equações básicas e fornecer uma rápida legenda para elas  na esperança de que o praticante perceba novas ramificações da prática mágica e vá imediatamente atrás da fonte original. Feito isso entrarei na real proposta deste artigo.

Pm = P + (1-P) M^(1/P)

A primeira equação calcula a Probabilidade de Sucesso Mágico (Pm).

Entre as centenas de definições existentes de magia uma das mais acuradas é a “Ciência de manipular as probabilidades”, isso porque ela abarca tanto a definição de Alta Magia como de Baixa Magia manipulativa e não se apega a termos de nenhum modelo mágico específico como Vontade, Espírito ou Destino.  Esta equação é uma das maneiras de se calcular a influência do processo mágico em aumentar a probabilidade de algum evento acontecer.

O bom resultado de qualquer operação mágica depende portanto de dois fatores: P, que é a chance de algo acontecer por simples chance e M, o fator que se cria pela operação mágica que aumentando a probabilidade deste algo acontecer. Esta probabilidade varia entre 0 (fracasso, impossibilidade) e 1 (sucesso, certeza). A equação a seguir demonstra como calcular M, segundo o paradigma proposto por Peter Carroll.

M = GL(1-A)(1-R)

Numa explicação rápida, podemos dizer que o fator mágico (M) é o produto do estado de Gnosis (G), pela Ligação com o alvo (L) descontada a ansiedade (A) e a resistência subconsciente ao processo todo (R). Resumindo de forma clara: Ansiedade é sua preocupação de que algo aconteça e Resistência é a voz  na sua cabeça dizendo que aquilo não vai acontecer. O fator M, após ser calculado deve ser incluído na primeira equação. Isso entretanto apenas para o caso de tentar-se aumentar a probabilidade de algum evento.

Existe também o caso de querer se utilizar de magia não para aumentar a probabilidade de algo ocorrer, mas o oposto, que a probabilidade de algo caia drasticamente. Um exemplo rápido disso é imaginar que um ritual que seria usado caso você deseje que um conhecido, por exemplo, não consiga arranjar um emprego. Neste caso, do segundo exemplo, você deve utilizar esta terceira fórmula:

Pm = P - PM^[1/(1-P)]

Como pode-se notar, trata-se apenas de uma inversão da primeira equação. Lembrando que o sinal ^ refere-se a exponenciação matemática. A probabilidade resultante nesta fórmula é portanto igual a probabilidade natural subtraída pelo produto de si mesma  com o fator M elevado a 1 dividido por 1 menos esta mesma probabilidade original.

Estas fórmulas, permitem uma série de conclusões interessantes e trazem boas e más notícias aos magistas. A primeira boa notícia é que o Fator de Equilíbrio que mencionei alguns anos atrás no Manual do Satanista é algo matematicamente óbvio e de extrema importância. Qualquer valor M entre 0.5 e 0.7 terá um grande resultado sobre probabilidades na mesma faixa numérica, mas pouco efeito em eventos altamente improváveis onde P é superior ou igual a 0.8. O magista deve portanto sempre tentar alimentar as chances naturais antes de se engajar magicamente. Por outro lado, se M chegar a 1, então mesmo eventos altamente improváveis tornar-se-ão possíveis.

Explicadas as três equações da magia, chegamos ao verdadeiro objetivo deste artigo e minha real contribuição a engenharia mágica iniciada acima.  Não basta apenas ter muita vontade de se trocar uma lâmpada se antes você não tiver uma lâmpada nova em mãos. Creio que Peter Carroll deixou uma grande lacuna em sua obra que pode e deve ser explorada para benefício de todos os praticantes. Trata-se da ausência de fatores bem definidos para as variáveis G, L, A e R. É necessária uma aproximação numérica para cada uma destas partes, pois sem isso as fórmulas não alcançam toda sua utilidade prática, permanecendo apenas no reino da pura especulação subjetiva.

É realmente muito difícil padronizar coisas tão sutis como o funcionamento da mente, contudo considero que graças a experiência pessoal, longas discussões com outros praticantes e muita revisão em cima dos conceitos consegui chegar a um resultado aceitável. As tabelas a seguir são uma pequena aproximação pragmática dos quatro fatores essenciais da equação M:

Fator L = Ligação

Esta primeira tabela é uma sugestão de padrão numérico para a sua ligação com o alvo de seu ato mágico. Ela por si mesma mostra porque rituais de iluminação costumam ser mais efetivos do que rituais de encantamento, pois o vinculo consigo mesmo é sempre mais garantido do que a ligação com terceiros. Eis a tabela do Fator L:

  • 0    Nenhuma forma de vinculo
  • 0.1  Vinculo abstrato/simbólico (símbolos, assinaturas, nomes)
  • 0.2  Vinculo material (sangue, cabelos, roupas, etc.. )
  • 0.3  Vinculo pictórico/representativo (fotos, desenhos )
  • 0.4  Constructo mental ordinário (imaginação não treinada, lembrança vaga que você associe com o alvo)
  • 0.5  Vinculo usando 3 sentidos ( em geral, visual e sonoro + olfativo ou tátil)
  • 0.6  Uso pleno dos cinco sentidos no vinculo
  • 0.7  Cinco sentidos + tempo (filme, teatro, psicodrama)
  • 0.8  Constructo mental elaborado (imaginação bem treinada e realista)
  • 0.9  Contato real com o alvo (entrar em contato com ele)
  • 1    Contato real e interativo com o alvo (entrar em contato e interagir com ele)

Note que os itens 0.9 e  1 são para contatos reais com o seu alvo. Para a maioria das pessoas isso representará uma proximidade espacial, mas não a diferença significativa entre uma mente completamente convencida de um contato físico e uma mente completamente convencida de um contato astral.

Fator A = Ansiedade

A segunda tabela é uma escala da preocupação com o ritual ou trabalho mágico funcionar. A Sigilização, esta grande contribuição do século XX a tradição mágica ,é uma maneira conhecida de reduzir a ansiedade, mas não é a única forma, como prova toda a história anterior do ocultismo. Idiomas bárbaros, pentáculos e chaves enoquianas são alguns dos exemplos comuns. Al;em disso, todo grau avançado de Gnosis reduz a Ansiedade na medida em que a mente fica tão envolvida e/ou satisfeita que não tem motivos para se preocupar e o ritual oblitera qualquer ânsia de resultados. Eis a tabela do Fator A:

  • 0    Não ligo se o resultado for negativo ou positivo.
  • 0.1  Não tenho necessidade, nem urgência. O fracasso é uma opção.
  • 0.2  Não tenho pressa, nem necessidade urgente de um resultado favorável
  • 0.3  Tenho necessidade de um resultado favorável, mas quase não perco tempo pensando nisso
  • 0.4  Tenho necessidade de um resultado favorável e penso nisso ocasionalmente
  • 0.5  Tenho necessidade de um resultado favorável e penso nisso freqüentemente
  • 0.6  Tenho necessidade de um resultado favorável e penso nisso o tempo todo.
  • 0.7  Tenho urgência. Esta é uma das mudanças importante para mim agora.
  • 0.8  De todas esta é a mudança mais relevante para mim atualmente.
  • 0.9  Esta e uma das mudanças mais importantes da minha vida
  • 1    Esta é a mudança mais importante de toda a minha vida

Fator R = Resistência subjetiva

A terceira tabela esquematiza a sua resistência psicológica a magia. A segunda palavra é importante porque lembra que não se trata de uma crença superficial que pode ser facilmente mudada, mas daquilo que interiormente é aceito como verdadeiro. Ela define em última instancia sua opinião sobre um ritual ou um trabalho mágico.

  • 0    Tudo é possível, indivíduos podem afetar até as leis da realidade.
  • 0.1  As leis da natureza podem ser temporariamente quebradas
  • 0.3  Existem leis cósmicas que fazem a magia funcionar
  • 0.2  Tudo é possível sob certas condições raras
  • 0.4  É possível. Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia
  • 0.5  A Magia é real mas está restrita à natureza e às suas leis. Funciona em alguns casos e em outros não.
  • 0.6  As leis da natureza as vezes de comportam de modo a parecer mágicas.
  • 0.7  Magia é apenas uma maneira de conseguir estar no lugar certo na hora certa.
  • 0.8  Magia tem um poder limitado a consciência individual ligado apenas a psicologia, neuro-linguistica, etc.
  • 0.9  Magia é um nome pomposo para auto-ilusão, placebo e sorte
  • 1    Magia não existe.

Fator G = Gnosis

A última variável é calculada de maneira diferente. Realizei alguns experimentos com algumas  escalas lineares para a Gnosis  e todas elas mostraram-se insatisfatórias e imprecisas. Este problema foi contornado pelo aperfeiçoamento da escala original que resultou na criação de uma quarta equação da magia:

G = S T

Gnosis é portanto, o produto do fator Spare (S) pelo Tempo (T). O conceito importante aqui é o fator S central. Ele se refere a Tabela Spare que desenvolvi, (em homenagem a Austin Spare) e que será relacionada abaixo.

O Tempo, T não é uma escala cronológica de segundos ou horas. Isso não faria sentido uma vez que o tempo linear é por si só ilusório e se torna cada vez mais irrelevante a medida que nos aprofundamos da realidade psíquica interior. Trata-se portanto da percepção subjetiva que a consciência tem da duração do estado de Gnosis.  De 0.1 a 0.3 são experiências rápidas e fugazes, como um espirro, um susto ou uma topada no pé. Valores T iguais a 0.4 a 0.6 são para experiências moderadas como auto-flagelação, os giros dervixes ou uma corrida em uma montanha russa. De 0.7 a 0.9 são experiências relativamente longas, como um transe xamânico, uma seção sado-masoquista ou um exorcismo neo-pentecostal. O fator 1.0 é reservado apenas a aquelas experiências onde a noção de tempo é completamente superada e o adepto experimenta a atemporalidade como no caso do Samadi yogui, das Experiências Culminantes de Abraham Maslow e das visões descritas no Apocalipse de João.

A Tabela Spare, por sua vez, não é uma escala progressiva mas sim a soma ponderada de diversos sintomas específicos. Cada um deles com seu valor. Ela foi criada com base no trabalho de Austin Spare e dos Círcuitos de Consciência de Timothy Leary e enriquecida com as experiências de minha prática mágica pessoal.  A unidade de medida do estase eu chamo de spare. A Tabela foi estrategicamente concebida de maneira a evitar trapaças evitando acúmulos desleais na contagem. Assim, qualquer soma superior a 1 spare é indício claro de que você está enganando a si mesmo na hora de estimar o fator.

A Tabela Spare

  • 0.1   Sensações intensas de Prazer/Dor física.
  • 0.1   Privação/Estase dos sentidos.
  • 0.1   Privação/Sobrecarga do organismo  (jejum, fastio, insônia, imobilidade, exaustão)
  • 0.1   Emoções atávicas, fortes ou significativas.
  • 0.1   Estímulos abstratos complexos (música, dança, matemática, teatro, etc…)
  • 0.1   Libertação socio-cultural. Entrega completa. (perda de auto-censura, alivio de normais cotidianas, quebra de tabus tribais)
  • 0.1   Memórias Simultâneas/Amnésia
  • 0.1   Consciência não-local. Transcedência da noção de espaço.
  • 0.1   Superação conceito de individualidade.
  • 0.2   Pensamento único extremamente concentrado
  • 0.2   Vacuidade. Ausência absoluta de pensamentos.

Para exemplificar a consulta da Tabela Spare: Um orgasmo de má qualidade acumularia o estado de vacuidade, 0.2 spares (sp), ao prazer físico 0.1 sp, a perda de auto-censura 0.1 sp e a emoção da luxúria 0.1 sp num total de 0.5 spares. Já um orgasmo tântrico acumularia ainda, o estase dos sentidos 0.1 sp, os estímulos sensórios complexos próprios do ritual 0.1 sp, a consciência expandida não-local resultante 0.1 sp e a superação do conceito do Eu ordinário 0.1. num total de 0.9 sp.

Aplicando a equação G=ST teríamos que uma seção tântrica longa de T=0.9 que atinja 0.9 spares resultaria em uma Gnosis na ordem de 0.8.

Fator P = Probabilidade

Agora, voltando às duas fórmulas, não adianta nada se ter todas os elementos mágicos calculados se não temos o fator P (a chance de algo acontecer por simples chance) na equação também. O fator P é a probabilidade natural de algo acorrer sem a influência do magista ainda, é a probabilidade simples que deve ser calculada antes de mais nada. Nossas duas fórmulas dependem deste fator como podemos ver:

Pm = P + (1-P) M^(1/P)
Pm = P - PM^[1/(1-P)]

Vamos ver então como chegar a este número agora. Para se calcular a probabilidade de qualquer evento acontecer podemos nos valer de três regras principais de cálculo. A primeira delas afirma que a probabilidade de dois eventos ocorrerem nunca pode ser maior do que a probabilidade de que cada evento ocorra individualmente. Essa é a primeira lei da probabilidade. Trocando em miúdos ela simplesmente afirma que em um caso onde temos dois eventos possíveis, evento A e evento B, a chance do evento A acontecer = chance que evento A e B ocorram + chance que evento A ocorra e evento B não ocorra.

Um exemplo mais visual para isso é: A chance de a primeira pessao entrar numa sala ser uma garota de vestido vermelho nunca pode ser maior do que a chance da primeira pessoa que entrar na sala seja uma garota. Que evento você acha que tem uma probabilidade maior de acontecer, qual acha mais provável:

  1. A) Que uma pessoa se forme em aconomia
  2. B) Que uma pessoa se forme em economia e vá trabalhar em um banco
  3. C) Que uma pessoa se forme em economia, vá trabalhar em um banco e depois de 3 anos seja promovida à vaga de gerente

Resposta certa: A

Em casos mais complexos a lei permanece. Por exemplo a probabilidade de um garoto ser destro é sempre maior do que a probabilidade dele ser destro e ter cabelos pretos e maior do que ele ser destro. Para isso basta calcular a probabilidade de um garoto ser destro (GD), a probabilidade dele ter cabelo preto(CP) e colocar na fórmula: (GD + CP) + (GD + Cabelo qualquer outra cor).

A segunda lei da probabilidade importante para chegarmos no fator P é a lei da combinação de probabilidades: Se dois eventos possíveis, A e B, forem independentes, a probabilidade de que A e B ocorram é igual ao produto de suas probabilidades individuais.

Hoje com o advento da compra de ingresso pela internet para assitir a filmes no cinema, suponha que um cinema exibindo o último filme comentado esteja quase lotado, tenha apenas mais uma cadeira disponível e dois ingressos tenham sido reservados pelo site do cinema. Suponha que, a partir da experiência, o atendente do cinema saiba que existe uma chance de 2/3 de alguém que reserva um ingresso apareça para ver o filme, ou seja de cada 3 pessoas que reservam ingressos 2 pelo menos aparecem para ver o filme. Então ele sabe que, caso essas últimas duas reservas que faltam ser preenchidas, se tiverem sido feitas por pessoas independentes, podem resultar em uma chance de 2/3 X 2/3 de terminar com um cliente puto porque reservou um lugar e quando chegou não tinha cadeiras, ou seja a chance do cliente 1 aparecer, multiplicada pela chance do cliente 2 aparecer, que é de aproximadamente 44%. Ao mesmo tempo existe uma chance de 1/3 (probabilidade da pessoa reservar e não aparecer) X 1/3 do filme começar com uma cadeira vazia apesar das reservas, ou seja: 11%.

E existem ainda casos onde aplicamos outra lei: se um evento pode ter diferentes resultados possíveis, A, B, C e assim por diante, a possibilidade de que A ou B ocorram é igual à soma das probabilidades individuais de A e B, e a soma das probabilidades de todos os resultados possíveis (A,B,C e assim por diante) é igual a 1 (ou seja 100%). Esta lei serve para calcular a probabilidade de que um dente dois eventos mutuamente excludentes, A ou B, ocorra. Como exemplo vamos voltar para o caso do cinema. Suponha que o atendente queira calcular a chance de que as duas pessoas que reservaram a cadeira apareçam ou que nenhuma delas apareça. Calculando com os números acima, e somando ao invés de multiplicar, terminamos com o resultado de 55% aproximadamente.

Essas três leis são basicamente tudo o que você precisa para poder chegar ao fator P e adicioná-lo à fórmula. Agora para isso você precisa saber a sutileza do que quer saber para descobrir que fórmula usar.

A seguir faremos uma sugestão de uma abordagem experimental para tudo o que foi explicado até agora. A Engenharia Mágica que propomos deve ser baseada em resultados práticos e acima de tudo mensuráveis.

Provas Experimentais

A prática mágica só se distingue da religião e das demais crenças na medida em que coloca a si mesmo a prova. Por enquanto tenha toda a teoria passada até agora apenas como uma hipótese a ser testada. Para isso vou propor um experimento simples para a utilização da formula sem que o adepto perca-se com números e possa por sua própria experiência pessoal cruzar a linha entre o mito e o método. Além disso este será exercício fundamental para você “afinar” a sua percepção sobre si mesmo e superar suas limitações enquanto magista.

Você vai precisa de papel e caneta, ou alguma outra forma de registro e dois dados de 6 lados cada.

O espaço amostral, ou seja o conjunto de todos os resultados possíveis do resultado de um lance de dois dados são:

[1-1], [1-2], [1-3], [1-4], [1-5], [1-6]

[2-1], [2-2], [2-3], [2-4], [2-5], [2-6]

[3-1], [3-2], [3-3], [3-4], [3-5], [3-6]

[4-1], [4-2], [4-3], [4-4], [4-5], [4-6]

[5-1], [5-2], [5-3], [5-4], [5-5], [5-6]

[6-1], [6-2], [6-3], [6-4], [6-5], [6-6]

Existem 36 resultados possíveis, logo a chance de qualquer combinação é de 1 para cada 36 jogadas ou 1/36, P = 0,027. Em outras palavras, sando o espaço amostral do resultado do jogo de dois dados, temos uma chance de 2,7% de saírem 2 números 6 em cada jogada.

Atire 200 vezes os dois dados e anote os resultados. Atire 500, 1000 vezes, lembre-se que quanto maior o número de resultados melhor você vai poder mensurar os seus atributos mágicos. Caso tenha a possibilidade, você pode simular rapidamente estas jogadas usando softwares próprios de sorteio, isso não influenciará em nada o resultado da experiência.

Depois de anotar todos os resultados, veja quantos duplos 6 você tirou. Tabule esta informaçao.

Realize então o sua prática mágica de preferência. Evoque espíritos antigos, assuma uma forma-deus, canalize as linhas Leis, faça pactos com demônios, etc. Exercite sua magia dentro de sua área de expertise desejando que os próximos resultados da experiência sejam apenas duplos 6. Se possivel passe uma semana realizando rituais ou se preparando antes das próximas jogadas e então faça o mesmo exercício de jogar os mesmos dados.

Anote todos os resultados e veja como a sua magia influencia a probabilidade natural dos resultados. Estes serão os dados de controle para o restante da experiência.

Na próxima semana, utilizando as fórmulas e tabelas fornecidas neste artigo tente melhorar o resultado matemático do seu fator M. Munido deste ajuste fino prepare-se mais uma semana e repita a experiência. Estas três semanas devem bastar para convencer o magista sobre o poder desta abordagem magica. Entretanto alguns praticantes podem desejar realizar este exercício por um tempo mais longo devido aos benefícios óbvios que ele fornece. Se este for o seu caso, aproveite para comparar os resultados com o passar das semanas, se possível mantendo alguma espécie de registro gráfico ou tabular.

Isso é interessante por vários motivos, por um lado você pode ter uma “prova” real de como pode influenciar a probabilidade natural de algo com o sua magia, e outro é ver porque você não influencia tanto quanto gostaria. Use os princípios ensinados neste artigo e afine os parâmetros de suas experiências. Depois da segunda amostragem realize outro tipo de ritual buscando variar os elementos fundamentais das fórmulas e repita o experimento, veja como isso afeta de forma diferente os resultados. Será que sua Gnose não é tão intensa quanto você acha que é? Será que é extremamente ansioso e não consegue relaxar depois? Será ainda que no fundo acredita que magia é besteira e só funciona com coisas que apresentem um resultado vago o bastante para poder ser atribuído ao acaso? Estas são perguntas que só você poderá responder e mestre ou guru nenhum no mundo poderão substituir.

Conclusão

Como conclusão resta dizer que estas ferramentas dadas acima servem não apenas para se calcular o quanto a interação mágica pode afetar a chance de algo ocorrer, mas também como forma de ver como o praticante deve evoluir ou se adaptar para que essa probabilidade mude. Identifique suas forças e fraquezas. Trabalhe com os pontos das tabelas para ver como aumentar a chance de sucesso vendo como sua crença e sua ansiedade, por exemplo, afetam os resultados de suas práticas trabalhando então de forma a mudar a balança a seu favor.

Da mesma forma este estudo pode ser usado como uma excelente arma de ataque mágico. Sabendo como funcionam essas engrenagens você pode afetar outros magistas usando os elementos da tabela de forma que afetem o sucesso de seus trabalhos. Aumentando a ansiedade de seus oponentes, fazendo com que o seu fator R aumente ou diminuindo a ligação dele/a com o alvo, etc… Essas informações são tão mais poderosas conforme a ignorância de seu oponente chegando a perfeição no caso de magos naturais que sequer sabem o que estão fazendo.

Eu estimulo meus irmão da prática mágica a explorar sutilezas dos métodos aqui ensinados. Isso é não apenas aceitável, mas bastante recomendado, inclusive tentando acrescentar ou mudar elementos de acordo com sua própria experiência. Devo destacar ainda que é necessária completa honestidade consigo mesmo na hora de avaliar cada um dos fatores. No caso de G devemos ser francos com o grau de alteração de consciência que realmente conseguimos atingir. Em L os graus 0.4 e 0.8 devem ser judiciosamente distinguidos, pois existe uma tendência entre os iniciantes de achar que suas imagens mentais fracas sejam como aquelas que uma mente treinada consegue projetar. Como distinguir? Tente fazer uma descrição de uma pessoa para alguém e então peça para a pessoa tentar adivinhar de quem você está falando. Em A e R, é necessário que escolhamos com sinceridade nossa posição, buscado aquilo que realmente pensamos e não aquilo que gostaríamos de pensar.

Uma nota se faz necessária quanto a possibilidade de drogas e substâncias químicas para melhorar o desempenho das variáveis que compõem o fator M. Não existem evidências de que nenhuma substância química possa ajudar no elemento R, isso porque trata-se da resistência subconsciênte. O uso de Álcool por exemplo, para esse fim se prova impróprio pois ele apenas aflora as mesmas crenças subjetivas. A variável A, de ansiedade pode ser melhorada pelo uso haxixe e de ansiolíticos em geral como os derivados da morfina. Por fim spares podem ser acumulados pelos uso de uma grande variedade de substâncias químicas, e notadamente o LSD, a Psilocibina e o Ayahuasca.

Agora devemos estar atentos quando formos inserir qualquer forma de consumo de drogas em rituais por um motivo simples: a banalização que se tornou o consumo deste tipo de substância.

Gregos e romanos antigos, e xamãs muito antes deles, era famosos de substâncias em seus rituais, de ópio a anticolnérgicos, passando por toda uma gama de cogumelos e outros vegetais ou substâncias biológicas excretadas por animais. E esse uso de drogas era feito de forma precisa e “sagrada”, ou seja, consciente. O uso de drogas, mesmo o álcool, em trabalhos mágicos tem 3 estágios claros. O primeiro é aquele em que a droga é necessária para se atingir certos níveis de percepção que apenas a mente não atinge sozinha sem muita prático, é o estágio da droga como auxiliar. Esse estágio pode evoluir para o uso da droga sempre que se deseja atingir aquele estágio, já que é mais fácil do que exercitar a mente, este é o estágio da droga como muleta. E finalmente existe o estágio onde você pode usar drogas para seus rituais da mesma forma que usa para escovar os dentes, assistir tv ou sair na rua que é o estágio “eu sou um drogado que gosta de fazer rituais”.

Acredito que o objetivo da magia é a evolução do praticante para um estágio onde apenas a própria vontade seja capaz de causar alterações na realidade sem o uso de muletas. Desta forma, até algum estudo provar o contrário afirmo que as substâncias químicas não constituem substitutos seguros para o treinamento mágico. É por este motivo que os treinamentos mentais e as práticas de iluminação constituem a parte inicial de qualquer tradição mágica competente. Ansiedade, Resistência, Ligação e os estados alterados de consciência da Gnosis são elementos que podem sem dúvida ser aprimorados com treino e persistência. É a alquimia interna que acaba servindo como exercícios para melhorar cada um destes fatores consideravelmente.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/principios-da-engenharia-magica/

Ayahuasca e Umbanda – Elisa Taborda

Bate-Papo Mayhem 125 – gravado dia 19/01/2021 (Terça) Marcelo Del Debbio bate papo com Elisa Taborda – Ayahuasca

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/ayahuasca-e-umbanda-elisa-taborda