A Origem das Sefirot

 Um artigo de Spartakus FreeMann sobre a origem das Sefirot.
Para Melmothia.

Uma discussão com Melmothia me desafiou sobre a origem das Sefirot. No início, a resposta a esta pergunta parecia tão óbvia que respondi com um truque cabalístico: “ó minha boa dama, as dez Sefirot, bem, são o Sefer Yetzirah“. Ao refletir melhor, este curto-circuito me desagradou, e percebi que nunca havia tentado dar nem mesmo uma breve história da doutrina das Emanações. Espero que este lapso seja retificado neste artigo.

Um dos conceitos mais importantes na Cabala é sem dúvida o das Emanações ou Sefirot (singular: sefira) através das quais Deus se revela. Estas Emanações são atributos ou caracteres arquetípicos que a literatura cabalística frequentemente descreve como “esferas”, “regiões” ou “vasos” contendo a energia que emana de Deus, o infinito e ilimitado En-Sof, incognoscível por natureza. É somente através destas Emanações que se pode ganhar conhecimento (parcial) de Deus e de Sua criação.

As 10 Sefirot são segundo a representação tradicional da Árvore da Vida:

  1. Kether ou Kether Elyon, a Coroa Suprema
  1. Hokhmah, Sabedoria
  1. Binah, Inteligência
  1. Gedullah ou Hesed, Grandeza ou Amor
  1. Gedulah ou Din, Poder ou Julgamento
  1. Rahamim ou Tifereth, Compaixão ou Beleza
  1. Netzach, Vitória
  1. Hod, Majestade
  1. Tzaddik ou Yesod Olam ou Yesod, os Justos, a Fundação do Mundo ou a Fundação
  1. Malkhuth, o Reino.
Árvore da Vida do Pardes Rimmonim de Moisés Cordovero (século XVI).

Origem das Sefirot

Os nomes das dez Sefirot parecem ter sua fonte em I Crônicas 29:11:

“Tua é, Senhor, a grandeza, e a força, e a glória e o esplendor, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos.”

Estes são os 7 atributos associados com as 7 Sefirot inferiores. No século XIII, Isaac, o Cego de Narbonne, que alguns acreditam ser o pai da Cabala, fez a conexão com esta passagem da Escritura em seu Comentário sobre o Sefer Yetzirah, a fim de falar da doutrina das Sefirot.

O Sefer Yetzirah (ou Livro de Formação) é outra fonte da doutrina das Emanações. De fato, este pequeno tratado cabalístico nos fala dos “32 Caminhos da Sabedoria” pelos quais Deus criou o mundo. Estes Caminhos compreendem as 22 letras do alfabeto hebraico e 10 numerações, ou Sefirot, um termo derivado, segundo G. Scholem, do “sapar” hebraico, para a palavra “contar”.

Mais tarde, encontramos o Sefer ha-Bahir, um tratado no qual os Sefirot não são mais percebidos como números, mas como éons, logos ou atributos (middoth em hebraico) que servem como instrumentos de criação. O Bahir identifica estes atributos com as 10 ma’amoroth ou 10 Palavras pelas quais o mundo foi criado (ver Pirke Avoth 5:1. Tratado Avoth).

Esta visão ecoa o Talmude onde lemos: “Por dez coisas o mundo foi criado, pela sabedoria e compreensão, e pela razão e força, pelo rigor e poder, pela justiça e julgamento, pelo amor e compaixão” (Talmude: Tratado Haguiga, 12a).

A Árvore da Vida de Kircher. Origem das Sefirot.

Com Azriel de Girona (século XIII), obtemos um desenvolvimento filosófico do sistema das Emanações que pode ser resumido em três características fundamentais:

  1. As Sefirot são manifestações finitas de En-Sof ;
  1. En-Sof é Infinito, Perfeito, Incognoscível;
  1. As Sefirot e En-Sof são um só.

Além disso, as Emanações são dez em número porque são limitadas pelas expressões da existência do mundo “físico” da criação do qual participam: substância, comprimento, altura, profundidade, tempo, lugar, etc.

Esta última ideia é muito próxima da teoria aristotélica das categorias do ser. Se Deus é incognoscível, o mundo foi criado pelas Dez Palavras e de acordo com Luzzatto:

“En-Sof é a Vontade como Ele poderia ter querido, aquele que não tem termo ou medida ou fim; os Sefirot são o que Ele quis com limite e que constituem os atributos particulares que Ele quis”.

O Zohar, esse tratado volumoso e críptico da Cabala, não fala explicitamente das Sefirot, mas usa uma série de termos diferentes que podem ser relacionados às qualidades das Sefirot (no fólio 176b eles são mencionados por suas iniciais, no entanto, isto parece ser uma adição tardia – do século 16 – à versão do Codex de Mantoue). Entretanto, o Zohar oferece uma explicação da estrutura da Árvore da Vida: as Sefirot estão dispostas dentro dela na forma de um Mishkal, ou Equilíbrio, com suas duas panelas (as duas colunas à esquerda e à direita) e seu centro. Assim, cada Sefirah é um equilíbrio entre a força e a energia dos dois Sefirot anteriores.

A fonte mais clara parece ser a Patah Eliyahu – uma oração recitada em certas liturgias judaicas – encontrada no Tikkunei Zohar (fólio 19a), uma obra mais tardia que o próprio Zohar. As referências às Sefirot muitas vezes aparecem apenas em adições (tosafot) ou em comentários (como na tradução de Baal haSulam, por exemplo). Daniel Matt, autor de uma tradução contemporânea do Zohar em inglês, escreve:

“os comentadores gostam de encontrar referências às Sefirot que os ba’alei ha-Zohar (os autores do Zohar) nem sempre pretendiam. Mas os brilhos são ingênuos não acrescentando as Sefirot, mas reduzindo a poesia do Zohar ao persistir em nomear as diferentes Sefirot onde o texto original apenas alude a eles sutilmente”. Além disso, os estudiosos são quase unânimes em dizer que o Zohar “raramente usa o termo Sefirah ou o próprio nome das Sefirot” (Sperling e Simon, tradução de 1931, 384).

A doutrina das Sefirot será desenvolvida por Isaac Luria. Está além do escopo deste artigo para descrevê-la mais detalhadamente e remetemos o leitor ao nosso trabalho sobre a Cabala Luriânica. Basta dizer aqui que, segundo Luria, a criação de um mundo de natureza finita é uma indicação da autolimitação de Deus por meio de Tzimtzum, ou retração, contração. Por este ato, Deus preserva um espaço livre para Sua criação, que então se desdobra através do derramamento de Sua luz através dos “vasos” (Sefirot).

Este processo não ocorreu corretamente, levando à “quebra dos vasos” e à queda na materialidade, mas esta imperfeição deveria, segundo Luria, ser concluída em um tikkun, uma reparação que apareceria então como a realização de uma parousia de Deus dentro da criação restaurada a sua perfeição original.

Isaac Luria dá outra classificação das Sefirot, omitindo Kether e acrescentando Da’ath (Etz Chaim 23:5,8), como segue (Etz Chaim 23:1,2,5,8; 25:6; 42:1):

  1. Hokhmah ;
  1. Binah ;
  1. Da’ath ;
  1. Hesed ;
  1. Goborah ;
  1. Tifereth ;
  1. Netzach ;
  1. Hod;
  1. Yesod;

Moisés Cordovero, por outro lado, enfatiza uma estrutura baseada nos Quatro Mundos (Pardes Rimonim 3:1 e Or Ne’erav 6:1) e organiza as Sefirot na seguinte ordem:

  • Atziluth (Emanação) que inclui Kether e Hokhmah;
  • Briah (Criação) que inclui Binah;
  • Yetzirah (Formação) que inclui Tifereth, Hesed, Goborah, Netzach, Hod e Yesod (que são as 6 direções do mundo);
  • e finalmente Assiah (Ação) que inclui Malkhuth.

A cada um destes quatro níveis, modelados nos quatro mundos, é atribuída uma das letras do divino Tetragrammaton YHVH.

“As três primeiras Sefirot devem ser consideradas como uma e a mesma coisa”. A primeira representa “Conhecimento”, a segunda “Conhecedor” e a terceira “o que é conhecido”. O Criador é o próprio conhecimento, conhecedor e conhecido… Assim, todas as coisas no universo têm sua forma dentro das Sefirot e as Sefirot tem sua fonte no que emana deles” (Cordovero, Pardes Rimonim).

O diagrama abaixo representa a ordem das Sefirot de acordo com Cordovero. Cada Sefira é representado pela inicial de seu nome:

Moses Cordovero, Pardes Rimmonim, 1592. Origem das Sefirot.

Deve-se notar que as várias representações das Sefirot em forma de árvore, embora favorecidas pela tradição, não são as únicas. Além de Cordovero, há também uma representação chamada “Coração de Deus” onde Tifereth está no centro de uma roda composta de outras Sefirot, sem mencionar a Menorah ou o castiçal de sete ramos (veja abaixo). Em qualquer caso, a árvore continua sendo o diagrama mais revelador, quanto mais não seja por causa de seu simbolismo na Cabala e no Judaísmo.

En-Sof e as 10 Sefirot.
Representação retirada de um manuscrito anônimo.

Ao longo dos séculos, da Cabala Cristã de Reuchlin à angustiante e redutora Nova Era contemporânea, passando pelo ocultismo sincrético de Crowley, a doutrina das Sefirot foi enxaguada, traída, pervertida, embelezada, complexificada e distorcida. Cada um puxando o “manto” para si mesmo, acrescentando aqui e ali atributos angélicos ou mesmo demoníacos; discutindo as virtudes mágicas desta Sefira ou daquela; escrevendo páginas abstrusas sobre as interações mais ou menos difusas da energia (como se a Árvore da Vida fosse um quadro elétrico);, etc.. Em suma, de uma teoria límpida, de uma safira, se pudermos usar este trocadilho, uma torre trêmula foi construída para nós que ninguém hoje pode entender totalmente. O nevoeiro é tão espesso hoje que algumas pessoas limitam tudo que sabem sobre as Sefirot aos jogos de RPG.

Para concluir, convidamos o leitor a voltar à fonte, a mergulhar na simplicidade de um sistema que postula em seu coração que o mundo foi criado por 10 “numerações”, nem mais nem menos.

As Dez Sefirot na Menorah de Kether (1) a Malkhuth (10).

Para ir mais longe na origem das Sefirot e da Cabala, leia nosso livro Initiation to the Way of the Cabalah (Iniciação ao Caminho da Cabala).

The Origin of the Sefirot, Spartakus FreeMann, dezembro de 2008 e.v.

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Fonte: L’origine des Sephiroth, Spartakus FreeMann, décembre 2008 e.v.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/a-origem-das-sefirot/

Os Templários e o Baphomet

Baphomet (do grego), o andrógeno bode-cabra de Mendes. Segundo os cabalistas ocidentais, especialmente os franceses, os Templários foram acusados por adorar Baphomet. Jacques de Molay, Grão-Mestre da Ordem do Templo, com todos os seus irmãos, morreram por causa disso. Porém, esotérica e filosoficamente falando, tal palavra nunca significou “bode” nem qualquer outra coisa tão objetiva como um ídolo. O termo em questão quer dizer, segundo Von Hammer, “batismo” ou iniciação na sabedoria, das palavras gregas Baph e Metis, significando “Batismo de Sabedoria”, e da relação de Baphometus com Pã.

Von Hammer deve estar certo, Baphomet era um símbolo hermético-cabalístico, mas a história, tal como foi inventada pelo clero, é falsa. Pã é o deus grego da Natureza, do qual deriva a palavra Panteísmo; o deus dos pastores, caçadores, lavradores e habitantes das campinas.

Segundo Homero, é filho de Hermes e Dríope; seu nome significa “Todo”. Foi inventor da chamada flauta do deus Pã, e uma ninfa que ouvisse o som desse instrumento não resistia ao fascínio do grande Pã, apesar de sua figura grotesca. Pã tem certa relação com o bode de Mendes, no que este representa, como um talismã de grande potência oculta, a força criadora da Natureza.

Toda a filosofia hermética se baseia nos segredos ocultos da Natureza e, assim como Baphomet, era inegavelmente um talismã cabalístico. O nome de Pã era de grande virtude mágica naquilo que Eliphas Levi chamava de “Conjuração dos Elementais”. Outra teoria nos leva a uma composição do nome de três deuses: “Baph”, que seria ligado ao deus Baal; “Pho”, que derivaria do deus Moloc; e “Met”, advindo de um deus dos egípcios, Set. Para conhecê-los, sugiro a leitura do livro Maçonaria – Escola de Mistérios – Seus Símbolos e Tradições, de Wagner Veneziani Costa, lançamento da Madras Editora.

A palavra “Baphomet” em hebraico é como segue: Beth-Pe-Vav-Mem-Taf. Aplicando-se a cifra Atbash (método de codificação usado pelos cabalistas judeus), obtem-se Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph, que se soletra Sophia, palavra grega para Sabedoria.

O símbolo do Baphomet é fálico, haja vista que em uma de suas representações há a presença literal do falo, devidamente inserido em um vaso (símbolo claro da vulva). O Baphomet de Levi possui mamas de mulher, e o pênis é metaforicamente representado por um caduceu (símbolo de Mercúrio, usado hoje na Medicina). Esse tipo de simbologia sexual aparece com freqüência na alquimia (o coito do rei e da rainha), com a qual o ocultismo tem relação. O Sol e a Lua ou, até mesmo, o Sol e Vênus, a Estrela matutina e vespertina, Phosforus, Lúcifer, o Portador da Luz…

Pode ser interpretado em seu aspecto metafísico, no qual pode representar o espírito divino que “ligou o céu e a terra”, tema recorrente na literatura esotérica. Isso pode ser visto no Baphomet de Eliphas Levi, que aponta com um braço para cima e com o outro para baixo (em uma posição muito semelhante a representações de Shiva na Índia). No ocultismo, isso representaria o conceito que diz: “Assim é em cima, como é embaixo”.

Antes, porém, quero apresentar um personagem muito importante: Eliphas Levi Zahed é tradução hebraica de Alphonse Louis Constant, abade francês, nascido no dia 8 de fevereiro de 1810 em Paris. O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, era filho do modesto sapateiro Jean Joseph Constant e da dona de casa Jeanne-Agnès Beaupurt. Tinha uma irmã, Paulina-Louise, quatro anos mais velha que ele. Apesar de mostrar desde menino aptidão para o desenho, seus pais o encaminharam para o ensino religioso.

Foi assim que, aos 10 anos de idade, ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis em L´lle, onde aprendeu o catecismo sob a direção do abade Hubault, que selecionava os garotos mais inteligentes que demonstravam alguma inclinação para a carreira eclesiástica. Desse modo, Eliphas foi encaminhado por ele ao seminário de Saint-Nicolas du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios. A vida familiar cessou para ele a partir desse momento. No seminário, teve a oportunidade de se aprofundar nos estudos lingüísticos e, aos 18 anos, já era capaz de ler a bíblia em seu texto original.

Após 15 anos de estudos, Eliphas Levi deixou o grande seminário para ingressar no mundo; tinha então 26 anos de idade. Sua mãe, ao saber disso, suicidou-se. Abalado e sem nenhuma experiência do mundo, teve muitas dificuldades para encontrar um emprego. Essa barreira aumentava ainda mais pelo boato que correu, segundo o qual ele teria sido expulso do seminário. Após ter percorrido o interior da França, trabalhando em um circo, Eliphas encontrou em Paris alguns trabalhos como pintor e jornalista. Fundou, com seu amigo Henri-Alphonse Esquirros, uma revista intitulada As Belas Mulheres de Paris, na qual se aplicava como desenhista e pintor, e Esquirros atuava como redator.

Eliphas Levi passou por vários empregos, sempre perseguido pelo clero que via nele um apóstata. Foi então que escreveu sua Bíblia da liberdade, desejando dividir com seus irmãos as alegrias de suas descobertas (1841). Essa publicação lhe custou oito meses de prisão e 300 francos de multa! Foi acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contra as bases da sociedade, de propagar o ódio e a insubordinação.

Ao sair da prisão, realizou pequenos trabalhos, principalmente pintura de quadros e murais de igrejas, e fez colaborações jornalísticas. Apesar dos contratempos materiais, não deixou jamais de aperfeiçoar seus conhecimentos e enriquecer sua erudição. Foi após Emanuel Swedenborg que encontrou os grandes magos da Idade Média, os quais o lançaram definitivamente no Adeptado: Guillaume Postel, Raymond Lulle, Henry Corneille Agrippa. Assim, em 1845, aos 35 anos de idade, escreveu sua primeira obra ocultista, intitulada O Livro das Lágrimas ou o Cristo Consolador.

Em 1855, fundou a Revista Filosófica e Religiosa (cujos artigos principais se encontram em seu livro A Chave dos Grandes Mistérios. Nesse mesmo ano, publicou seu Dogma e Ritual da Alta Magia e o poema Calígula, identificando no personagem o imperador Napoleão III. Por causa disso, foi preso imediatamente. No fundo da prisão escreveu uma réplica, o Anti-Calígula, retratando-se. Foi então posto em liberdade.

No dia 31 de maio de 1875, faleceu Eliphas Levi. Aqueles que o acompanharam até o último momento testemunharam sua grande coragem e resignação. No momento de expirar, estava bastante calmo. Sua vida tinha sido plena de realizações espirituais. Havia cumprido a missão de iniciado e de iniciador.

“Toda intenção que não se manifesta por atos é uma intenção vã,

e a palavra que a exprime é uma palavra ociosa. É a ação que prova a vida, e é também a ação que prova e demonstra a vontade.

Por isso está escrito nos livros simbólicos e sagrados que os homens serão julgados, não conforme seus pensamentos e suas idéias, mas segundo suas obras.

Para ser é preciso fazer…”

A ilustração mais famosa de Eliphas Levi sobre Baphomet, que muitos conhecem, seja de cartas de Tarot, como o demônio, seja como símbolo ocultista, é esta: “Figura panteística e mágica do absoluto. O facho colocado entre os dois chifres representa a inteligência equilibrante do ternário; a cabeça de bode, cabeça sintética, que reúne alguns caracteres do cão, do touro e do burro, representa a responsabilidade só da matéria e a expiação, nos corpos, dos pecados corporais. As mãos são humanas, para mostrar a santidade do trabalho; fazem o sinal do esoterismo em cima e em baixo, para recomendar o mistério aos iniciados e mostram dois crescentes lunares, um branco que está em cima, o outro preto que está em baixo, para explicar as relações do bem e do mal, da misericórdia e da justiça. A parte baixa do corpo está coberta, imagem dos mistérios da geração universal, expressa somente pelo símbolo do caduceu. O ventre do bode é escamado e deve ser colorido em verde; o semicírculo que está em cima deve ser azul; as pernas, que sobem até o peito, devem ser de diversas cores. O bode tem peito de mulher e, assim, só traz da humanidade os sinais da maternidade e do trabalho, isto é, os sinais redentores. Na sua fronte e em baixo do facho, vemos o signo do microcosmo ou pentagrama de ponta para cima, símbolo da inteligência humana que, colocado assim, embaixo do facho, faz da chama deste uma imagem da revelação divina”.

Esse panteu deve ter por assento um cubo e, para estrado, uma bola e um escabelo triangular. É uma boa representação; no entanto, peca historicamente e não deve ser tomado como “verdadeiro” Baphomet, pois essa figura é muito parecida com a curiosa representação do Diabo, esculpida alguns anos antes da sua “tese”, em 1842, no pórtico da igreja de Saint-Merri, em Paris.

Em relação aos Templários, encontramos uma gárgula que poderia ter servido de inspiração a Levi na comendoria de Saint Bris le Vineux que pertencia à Ordem.

Spectrum nos dá alguns esclarecimentos: “…Em meio às diversas polêmicas que compõem o tema do satanismo, alguns pontos não ficam totalmente esclarecidos. Por exemplo, a representação de uma cabra com corpo humano encontrada nos cultos do satanismo religioso é denominada Baphomet, que já era conhecida desde os tempos pré-cristãos. Portanto, não possui nenhuma relação com o demônio conhecido no cristianismo. Para os satanistas, Baphomet é uma energia da natureza que os motiva a conseguir nossos objetivos. Nesse caso, a cabra com corpo humano e asas simboliza força, fertilidade e liberdade, características muito valorizadas pelos povos pagãos.

O pentagrama é um símbolo encontrado originalmente nas culturas pré-cristãs com diversos significados. No caso do satanismo religioso, é utilizado com duas pontas voltadas para cima, representando a face de Baphomet.

A origem da cruz invertida nos remete a São Pedro, que não se julgava digno de morrer como Jesus e pediu para ser crucificado de cabeça para baixo. Esse símbolo é encontrado na Basílica do Vaticano, no trono ocupado pelo Papa. Porém, a cruz invertida também foi adotada por grupos que se intitulam satanistas ou anticristãos”.

Na época dos celtas, o homem reconhecia o espírito animador dos seres vivos. Ele era geralmente descrito como o Deus Cornudo, um homem com chifres. Era uma força sem moralidade, que não podia ser aplacada e com ela não se podia barganhar. Era simbolizada como o Deus Cornudo porque conferia certos poderes sobre os animais, e um homem com chifres porque representava algo extra que o homem poderia conquistar. Os chifres duplos simbolizavam a natureza bipolar da força que era tanto boa quanto má, luz e escuridão, beleza e terror, positivo e negativo. Ainda mais, a imagem do Deus Cornudo dava uma impressão da espantosa e temível natureza desse tipo de poder.

Blavatsky relaciona Baphomet a Azazel, o bode expiatório do deserto, de acordo com a Bíblia Cristã, cujo sentido original – segundo a célebre ocultista russa – foi deploravelmente deturpado pelos tradutores das Sagradas Escrituras. Ela ainda explica que Azazel vem da união das palavras Azaz e El, cujo significado assume a forma de um interessante “Deus da Vitória”. Não obstante a essa definição, Blavatsky vai além em seus preceitos, quando equipara Baphomet – O Bode Andrógino de Mendes – ao puro Akasha, a Primeira Matéria da Obra Magna.

O Akasha é o princípio original, o espaço cósmico, o éter dos antigos, o quinto elemento cósmico. Ele é o substrato espiritual do Prakriti diferenciado. Segundo a Teosofia, ele está relacionado a uma força chamada Kundalini. Eliphas Levi o chamou de Luz Astral. Na Filosofia Hindu é um lugar, o elemento éter. Também significa ar, atmosfera, luz. Designa o espaço sutil onde estão armazenados todos os conhecimentos e feitos humanos, desde os primórdios. É a memória da humanidade. Corresponde ao Inconsciente Coletivo de Carl Jung.

O deus Pã, antiqüíssima divindade pelágica especial para Arcádia, é o guarda dos rebanhos que ele tem por missão fazer multiplicar. Deus dos bosques e dos pastos, protetor dos pastores, veio ao mundo com chifres e pernas de bode. Pã é filho de Mercúrio. Era muito natural que o mensageiro dos deuses, sempre considerado intermediário, estabelecesse a transição entre os deuses de forma humana e os de forma animal. Parece, contudo, que o nascimento de Pã provocou certa emoção em sua mãe, ela ficou assustadíssima com tão esquisita formação. As más línguas diziam que, quando Mercúrio apresentou o filho aos demais deuses, todo o Olimpo desatou a rir. Mas como é provável que haja nisso um pouco de exagero, convém restabelecer os fatos na sua verdade, e eis o que diz o hino homérico sobre a estranha aventura: “Mercúrio chegou a Arcádia, que era fecunda em rebanhos; ali se estende o campo sagrado de Cilene. Nesses páramos, ele, deus poderoso, guardou as alvas orelhas de um simples mortal, pois concebera o mais vivo desejo de se unir a uma bela ninfa, filha de Dríops. Realizou-se então o doce enlace matrimonial. Por fim, a jovem ninfa deu à luz o filho de Mercúrio, menino esquisito, de pés de bode e testa armada de dois chifres. Ao vê-lo, a nutriz abandona-o e foge. Espantam-na aquele olhar terrível e aquela barba tão espessa. Mas o benévolo Mercúrio, recebendo-o imediatamente, colocou-o no colo, cheio de júbilos. Chega assim à morada dos imortais ocultando o filho, cuidadosamente, na pele aveludada de uma lebre. Depois, apresenta-lhes o menino. Todos os imortais se alegram, sobretudo Baco, e dão-lhe o nome de Pã, visto que para todos foi considerado um objeto de diversão”.

Conta-se que as ninfas zombavam incessantemente do pobre Pã em virtude do seu rosto repulsivo, e o infeliz deus, ao que se diz, tomou a resolução de nunca amar. Mas Cupido é cruel, e afirma uma tradição que Pã, desejando um dia lutar corpo a corpo com ele, foi vencido e abatido diante das ninfas que se riam.

O deus Pã, entidade silvestre extremamente lúbrica (por isso é metade homem, metade bode), assedia a deusa Afrodite, personificação do amor carnal, com um sorriso maroto; Eros, que personifica o impulso amoroso, empurra com ar brincalhão e malicioso os chifres de Pã, ocultando-os. Eros era considerado filho de Afrodite e de Ares, deus da guerra. Sua forma também me faz lembrar de outro deus, um deus Egípcio, AMON, que muitas vezes é representado também como um bode, com chifres grandes. Amon era o deus do oculto, do escuro… da noite… do invisível…

No século XX, o controvertido ocultista inglês Aleister Crowley desenvolveu um culto e uma religião que têm como um de seus principais fundamentos exatamente o referido ídolo templário, segundo sua própria e peculiar concepção de Baphomet. O entendimento de Crowley por certo lançará mais matérias à reflexão sobre este discutível tema, bem como ajudará a avaliar o modo polêmico de abordagem desse mistério, modo este que é típico de uma crescente vertente de ocultistas contemporâneos.

Ao longo das obras de Crowley, são fartas as referências a Baphomet, chamado por ele de “Mistério dos Mistérios”, no cânone central de sua religião, composto na forma de um missal denominado Liber XV – A Missa Gnóstica. Tal era sua identificação com Baphomet, que esse nome foi adotado como um de seus mais importantes pseudônimos, ou motes mágicos.

O assunto é tão relevante que nos Rituais de Iniciação da Ordo Templi Orientis, uma das Ordens lideradas por Crowley, praticamente todas as consagrações são feitas em nome de Baphomet, não importando se os consagrados estejam conscientes ou não a respeito do sentido de tal ato e muito menos de suas implicações futuras. Tamanha é a proeminência do conceito implícito ao termo que no VI Grau da referida Ordem, a título de ilustração, numa clara referência a suas supostas raízes orientais, a palavra Baphomet é declarada como aquela que comporta os Oito Pilares (as oito letras que formam a palavra) que sustentam o Céu dos Céus, a Abóbada do Templo Sagrado dos Mistérios, no qual está o Trono do Rei Salomão.

Ainda em sua Missa Gnóstica, Crowley identifica Baphomet com um símbolo chamado “Leão-Serpente”, que, assim como Baphomet, é a representação do andrógino ou hermafrodita. Mais especificamente, ele é um composto que possui em si mesmo o equilíbrio das forças masculinas e femininas transmu-tadas num só elemento.

O Leão-Serpente, na verdade, é uma forma cifrada de mencionar a concepção humana, a união dos princípios masculinos (Leão) com os femininos (Serpente), ou do espermatozóide com o óvulo, formando o zigoto. Há, seguindo com os preceitos de Crowley, diversos modos de mencionar essa dualidade: Sol e Lua, Fogo e Água, Ponto e Círculo, Baqueta e Taça, Sacerdote e Sacerdotisa, Pênis e Vagina, além de várias outras duplas de eternos polares. E eu tomo a liberdade de acrescentar A Espada e o Graal.

Originalmente, o símbolo representado pelo Leão-Serpente consta em alguns dos mais antigos documentos gnósticos, os quais remontam ao começo do século II d.C. Apresentado sob a forma de uma figura arcôntica com cabeça de leão e corpo de serpente, o Leontocéfalo era a própria imagem do Demiurgo do Mundo, sendo a versão gnóstica para o Jeová mosaico. Crowley, ao se utilizar desse mesmo simbolismo, pretendia resgatar os cultos de um cristianismo hoje considerado primitivo.

Crowley e seus adeptos, entretanto, não se detêm apenas em demonstrar o Mistério de uma forma puramente alegórica. A “Luz da Gnose”, como é chamada, é celebrada de modo literal. Assim, o ponto máximo da encenação de seu missal consiste na celebração do Supremo Mistério, ou seja, durante a realização das Missas Gnósticas ocorre a comunhão, por parte de todos os partícipes da cerimônia, das hóstias, também chamadas de hóstias dos céus, ou bolos de luz, preparadas com sêmen e fluido menstrual. De acordo com Crowley, Baphomet, sob o nome Leão-Serpente, surge desse composto, da matéria primeva, oriunda da grande obra, ou seja, do ato sexual entre Sacerdote e Sacerdotisa.

Por meio dos poderes mágicos dos operantes do rito da grande obra, a matéria primeva é transmutada em “Elixir”, ou “Amrita”. A grande obra, contudo, por meio das propriedades mágicas da fórmula de Baphomet, ainda teria a capacidade de transmutar os operantes do rito e não apenas as substâncias que o compõem. Baphomet, assim como concebido por Crowley, é então o Elixir ou tintura da sabedoria, o veículo da Luz da Gnose, a qual compõe o Mistério Místico Maior, também chamado segredo central de sua Ordo Templi Orientis.

Crowley considerava Baphomet como o supremo Mistério Mágico dos Templários, segredo este que estaria concentrado nos graus superiores de sua Ordem. Da mesma forma, ele clamava que esse era o mesmo mistério oculto nos graus superiores da Maçonaria. Será que ele se enganou? Ou conhecia um outro rito na Maçonaria?

Por Frater WLUX 11

Bibliografia:

BANZHAF, Hajo e THELER, Brigitte. O Tarô de Crowley – Palavras-Chave. São Paulo: Madras Editora, 2006.

BORGES, Jorge Luis. O Livro dos Seres Imaginários. Rio de Janeiro: Editora Globo, sd.

CARROLL, Peter James, texto traduzido por Pássaro da Noite.

CROWLEY, Aleister. O Livro de Thelema. São Paulo: Madras Editora, 2000.

KING, Francis. Sexuality, Magic & Pervesion, p. 98. Los Angeles: Feral House, 2002.

–. The Secrets Rituals of the O.T.O., p. 164. Nova York: Samuel Weiser, 1973.

LEVI, Eliphas. Dogma e Ritual de Alta Magia. São Paulo: Madras Editora, 2004.

–. A Chave dos Grandes Mistérios. São Paulo: Madras Editora, 2005.

RAPOSO, Carlos. In: “Baphomet”, Revista Sexto Sentido.

STANLEY, Michael (coordenação). Emanuel Swedenborg. São Paulo: Madras Editora, 2006.

#Maçonaria #Ocultismo #Templários

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-templ%C3%A1rios-e-o-baphomet

A Corrente Anticósmica 218

As bases da Corrente 218 firmam se originalmente nos mitos sumérios contidos no poema épico Enuma Elish escrito há mais de 3000 anos. No mito babilônio, Tiamat, um monstruoso dragão feminino, é a mãe de tudo aquilo que existe e de todos os deuses. Ela é a personificação da água salgada, das águas do Caos. Tiamat tem originalmente Apsu como consorte. Apsu é a personificação do abismo primordial da água doce do mundo inferior. Da união de Tiamat e Apsu surgiram os primeiros deuses.

O comportamento dos primeiros deuses irritava o casal primordial e Tiamat e Apsu planejaram matar a própria descendência. Ea (deus das águas doces; patrono da magia e da sabedoria; dizia-se que era onisciente.) , deus da quarta geração após Tiamat e Apsu, descobriu os planos e engendrou um plano para matar Apsu.

Ea aguardou Apsu adormecer e o matou. Tiamat foi tomada por fúria violenta ao saber da morte de seu esposo, tomou seu filho Kingu (Tiamat e Kingu são chamados Dragões do Caos.) como novo consorte e criou um exército de onze demônios para vingar a morte de Apsu. Tiamat pretendia que seu filho e esposo se tornasse Senhor dos Deuses, deu a ele as Tábuas do Destino e o colocou à frente de sua armada.

Foi Marduk, filho de Ea e Damkina, quem enfrentou e venceu Tiamat e Kingu ( Segundo o mito babilônio, Marduk criou a humanidade com o sangue de Kingu.). A vitória sobre os dragões do Caos conferiu a Marduk “poderes supremos”.

Marduk representa os poderes cósmicos que são combatidos pela Corrente 218 que, por sua vez, é representada pelos deuses anticósmicos e pelos onze poderes criados por Tiamat, ou seja, por Azerate.

Cosmos e Logos, Um Esboço de Definição

O cosmos nos é apresentado como a totalidade de um universo “ordenado”. Descrevem-no como o espaço universal, composto de matéria e energia, regulado por certas leis.

À suposta lei universal e fixa, regedora da “harmonia”, Heráclito de Éfeso chamou “Logos”. “Logos” também significa Palavra, Verbo e Razão.

O evangelista João se referiu ao Cristo como sendo o Logos. “Adaptado”, o vocábulo passou a ser uma forma de sinônimo para Deus e para seu filho.

Para os filhos do Logos morto o universo está sob a lei de uma pretensa força criadora onipotente, responsável pela manutência da “harmonia”: o funesto e confuso “demiurgo”. O Logos Morto, a pretensa força criadora do “demiurgo”, os conceitos arcaicos, tolos e estagnados resumem a corrente cósmica, a Grande Ilusão de Maya.

Nesse contexto, encontramos Marduk, o “demiurgo” associado a Javé.

Da Não Percepção ou da Percepção Ilusória

O homem ordinário (não) “percebe” o universo ao seu redor através de sentidos comuns, sendo ele mesmo parte do cosmos. O homem ordinário não percebe nada além de ilusão. No estado de dormência há uma espécie de sensação de equilíbrio (falso‐), um caminho com o qual se conformar, uma senda que se segue guiado por outrem, por algo. Um “ir” junto aos “muitos”, um caminhar entre os vários. Um não ver aquilo que é. Um não‐ser. Um enaltecer da ilusão. Um doloroso sonho cósmico. O indivíduo tem o Eu (Ego) plasmado, modelado pelas restrições impostas pelas correntes cósmicas, por Maya. O indivíduo comum É algo que não É.

Da Dominação do Pão e do Circo

Servilismo. Subserviência. Alienação. Prostração. Cega sujeição à vontade alheia e aos interesses manipuladores daquilo que o próprio homem ordinário criou e que não controla. Alheação. Incapacidade. O rebanho oprimido sob o jugo se deleita no que é franca e deliberada mentira, ilusão. Os muitos são os Vermes.

Da Caosofia

O vazio informe e a vacuidade ilimitada a que se referiu Hesíodo, a desordem e a confusão dos platônicos. Estado indefinido de não‐ordem que antecedeu a pretensa obra do “demiurgo”. Caos, o estado original do que está além e sob o abismo. Propiciar o Caos é incitar, impelir e impulsionar Transformação. Somente a transformação é contínua. O cosmos é tridimensional, linear, causal, previsível. O caos é multidimensional, não linear, é acausal e imprevisível. No cosmos jazem forças. No caos, energia dinâmica explode mundos e possibilidades sem fim. O cosmos precisou ser criado. O caos é causado por si, em si. Caos é potencial ilimitado em destruição (transformação) e criação. Nele estão todas as coisas manifestas e não‐manifestas.


   Azerate

Divindade – Fórmula – Conceito

Azerate é formado pelos 11 demônios criados por Tiamat para ajudá‐la a vingar a morte de Apsu.

Azerate é o nome da Divindade amorfa e anticósmica originária da reunião dos Onze Arquidemônios das Qliphoth. É o Deus Híbrido formado pela totalidade dos aspectos de Nahema, Lilith, Adramelek, Baal, Belfegor, Asmodeus, Astaroth, Lucifuge Rofocale, Beelzebub e Moloch.

Azerate alude aos onze príncipes de Edom que reinaram ao sul do Mar Morto antes das guerras judaicoromanas. É a fórmula de consecução mágicka que opera a destruição dos véus da Ilusão que aprisiona e aliena.

Azerate é a união das onze potências da Árvore do Conhecimento que destroem a mentira sobre o Universo criado.

Azerate é a chave para as dimensões de poder além dos limites da consciência.

Azerate é o Dragão Negro de 11 Cabeças que vomita fogo, morte, destruição e terror.

218 é o número místico de Azerate e da Corrente Anticósmica.

Aleph = 1
Zayin = 7
Resh = 200
Aleph = 1
Teth = 9

1+7+200+1+9=218
218
2+1+8=11
1+2+3+4+5+6+7+8+9+10+11=66

Azerate evoca e manifesta o conceito maldito e banido do Onze sobre o Dez.

O Onze, aquele que sucede o Ciclo Eterno, aquele que traz destruição, antítese e embate ao cosmos.

Azerate é o Onze que é Sessenta e Seis.

66 é o número místico das Qliphoth e da Grande Obra.

Σ(1‐11) =66

Azerate é o duplo 109, a dupla Esfera da Iluminação.

Proposições Básicas da Corrente Anticósmica

Destruir os véus da Ilusão, trazer a condição de Caos ao universo manifesto. A implosão impele e impulsiona dolorosa Transformação e Renascimento em Nox.

Fazer ruir estruturas decrépitas nas quais se fundamentam as idéias dos opositores da Vida.

Desfazer laços e cortar amarras que impedem o avanço e a evolução do indivíduo.

Proporcionar desafio ao indivíduo que, por vocação, aprende e faz guerra contra os agentes alienadores em todos os aspectos.

Trazer ao Universo manifesto as forças que combatem eternamente para que elas possam destruí‐lo tal como o conhecemos.

Trazer Morte ao Universo, propiciar Dissolução do Ego plasmado sobre os moldes da restrição imposta por padrões hipócritas, vazios e mentirosos.

A Corrente 218, Algumas Características Mais

Podemos dizer que a Corrente 218 é anticósmica, caótica, luciferiana e satânica.

É uma corrente por ser caracterizada pelo movimento acelerado das forças que a compõe.

É anticósmica por estar alinhada à Destruição dos conceitos estagnados de cosmos e logos tal como os

conhecemos e por buscar a Dissolução da dispersão do Ego que concorre contra a verdadeira vontade.

É Caótica por não se apegar a conceitos estagnados, superficiais e submissos; por enfatizar que o processo verdadeiro de aprendizado e de evolução do indivíduo se dá através da própria experiência, do contato direto com as forças inerentes à corrente; por estar alinhada com muitas das idéias do que se costuma rotular como magia do CAOS; por ter como uma de suas proposições básicas trazer o CAOS ao Universo manifesto e Destruí-lo como Ilusão, como Maya.

Luciferiana por propiciar ao indivíduo a possibilidade de evolução através do Conhecimento (Luz, Gnose Luciferiana).

Satânica por ser uma força de embate contra valores idiotas, hipócritas, ultrapassados, dominadores e alienadores.

O motor da Corrente é a força dinâmica de Azerate como Divindade, Conceito, Chave e Fórmula de consecução mágicka.

A fundamentação da corrente se dá a partir de um vasto sincretismo de ramos e vertentes do Caminho da Mão Esquerda. Tal sincretismo busca sintetizar a essência de cada aspecto que compõe a heterogeneidade e aplicá-la na consecução das proposições fundamentais. Dentre as diversas tradições que coadunam forças que se combinam na Corrente 218 citamos: a magia do Caos, o Satanismo (Tradicional e Moderno), o Luciferianismo
(Tradicional e Moderno), a tradição Draconiana, a tradição Tifoniana, a Bruxaria Sabática, a Qabalah Qliphótica, Thelema, o Tantra, a Quimbanda, o Vodu e cultos ligados à Morte.

Atualmente o Templo da Luz Negra na Suécia é o maior expoente relacionado à corrente anticósmica. O Templo é a evolução do trabalho iniciado pela Ordem Misantrópica Luciferiana (MLO). Seus principais trabalhos literários publicados são Liber Azerate, Liber Falxifer – The Book of the Left‐Handed Reaper e Quimbanda – Vägen till det Vänstra Riket. O Templo planeja lançar Liber Azerate em inglês durante o ano de 2010.

Uma das principais manifestações artísticas relacionadas à Corrente 218 é o singular álbum Reinkaos, último trabalho da banda Dissection.

Algumas Divindades Anticósmicas

Kali e Shiva

Deuses hindus que conduzem à liberação removendo a ilusão do Ego. Kali é a toda‐consumidora do tempo (Kal), Deusa que traz Morte à falsa consciência, pois está além de Maya.

Kali é uma das variadas formas de Devi, Mãe compassiva que traz liberação (moksha) aos seus filhos. Seus devotos adoram‐na com amor incondicional. É conhecida e adorada por vários nomes: Kalikamata, Kali Ma, Bhavatarini, Dakshineshvara, Kalaratri, Kottavei, Kalighat e Negra Mãe Divina. Kali Ma é a dissolução e a destruição. Foi graças a ela que os deuses, feitos Shiva, puderam destruir Raktabija, pois Kali consumiu todo o sangue que jorrava dos ferimentos de Raktabija e ele não pôde mais se reproduzir.

Shiva é o Deus da destruição e regeneração, fogo consumidor da transformação, cujo olhar relampeja e destrói violentamente. É um dos Três formadores da Trimurti hindu. Shiva é chamado o Destruidor. Shiva e Kali costumam ser adorados em crematórios a céu aberto, pois aludem à transitoriedade da vida material. O Lingam está para Shiva como a Yoni está para Kali: na destruição estão os elementos da geração.

Apsu

Deus primevo sumero-acadiano das águas doces do submundo. Primeiro consorte de Tiamat.

Tiamat

Deusa Dragão senhora do Caos e das águas salgadas. Deusa das águas abissais e do oceano primevo. Na mitologia sumeriana é chamada Nammu. É provavelmente uma das divindades mais antigas do panteão sumeriano.

Kingu

Deus Dragão, filho de Tiamat. Seu sangue foi utilizado para criar a humanidade segundo o mito babilônio. Tiamat o tomou como esposo após a morte de Apsu.

Lúcifer

Insígnia máxima da não-servidão, da rebeldia, do conhecimento aplicado e esclarecido. Beleza sem mácula. Portador do Archote, da Luz que guia “seus filhos” no tortuoso caminho da liberação.

Lilith
Negra Mãe Divina, Rainha da Noite e das Bestas da Escuridão, personificação da plena

Pharzhuph

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/a-corrente-anticosmica-218/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/a-corrente-anticosmica-218/

Arquivo de Fontes Morte Súbita Inc.

Para fazer o download clique aqui (.zip)

Símbolos sempre fizeram parte do ocultismo, desde os primeiros alquimistas aos viciados em criptologia medieval. Línguas antigas ou estrangeiras, línguas criadas ou recebidas por ocultistas vitorianos, línguas mortas, línguas fictícias; aparentemente a cada geração alguém criava uma forma de complicar tudo.

Por anos esses símbolos e letras características eram exclusividade de livros, para ter acesso a elas era preciso gastar algum tempo estudando-as e aprendendo a desenhá-las, isso quando se tinha acesso a elas, já que livros eram objetos caros e as livrarias não possuíam uma diversidade deles. Com a internet isso mudou, o acesso a cópias deste material ficou mais fácil, mas a reprodução dele não, os símbolos ainda estavam na forma de páginas escaneadas muitas vezes com uma resolução baixa que deixava muito a desejar; até que algumas pessoas começaram a reproduzir tudo isto na forma de fontes, uma forma muito mais fácil de usar esses símbolos, inclusive para publicar materiais, criar amuletos, lamens e armas mágicas. Não era mais necessário gastar horas desenhando letras enoquianas ou gregas em um sigilo, tentando manter a fidelidade, agora bastava digitar, mesmo assim ainda era, e é, difícil, encontrar fontes específicas em um único lugar, e não é raro mais da metade dos sites onde elas estavam hospedadas estarem já fora do ar, a internet acaba se tornando um mar de links quebrados.

É por isso que a Morte Súbita Inc. reuniu em um arquivo mais de 25 tipos diferentes de fontes, e cada uma com algumas variantes. Agora basta fazer o download do arquivo e instalar as fontes que queira na máquina para conseguir incrementar textos e tratados, criar sigilos ou o que precisar. Além disso elas são muito úteis para pessoas que simplesmente gostem de fontes e simbolos diferentes assim como para jogadores de RPG que desejem criar um material com aparência mais real, antiga e maldita para suas sessões.

Mas nós não simplesmente juntamos fontes e largamos aqui para que você pegue e intale em sua máquina, vamos deixar um breve histórico sobre cada uma delas para servir como guia ou base de estudos também.

O Alfabeto Magi

Foi criado por Theophrastus Bombastus von Hohenheim – também conhecido como Paracelso – no século XVI. Ele usava estes caracteres para gravar o nome dos anjos em talismãs que eram usados para tratar doenças e trazer proteção para aquele que o usasse.

Ele provavelmente foi influenciado em sua criação pelos vários outros alfabetos mágicos que existiam na época e eram utilizados por outros pesquisadores e praticantes do ocultismo. Uma influência óbvia também é o alfabeto hebraico, já que muitos textos mágicos e grimórios, influenciados pelos cabalistas, traziam estudos e sigilos desenvolvidos com o alfabeto dos hebreus.

Símbolos Alquímicos

Há muito pouca coisa que se possa dizer sobre a alquimia que já não se tenha sido dito em algum lugar. Sua origem já foi associada com o Egito, com a China, com Atlântida e mesmo com extra-terrestres, mas como todo estudioso sabe a sua origem é apenas um fato alegórico, já que ela é uma arte prática e não simplesmente especulativa. Desde tratados como O Segredo da Flor de Ouro a compêndios medievais atribuídos a magos que haviam alcançado a imortalidade vemos a busca de homens não por riquezas ou poder, mas evolução pessoal – tanto mental quanto espiritual. A busca pela sabedoria que a natureza escondia em cada elemento que a constitui e dos processos de descobrir essas segredos ocultos, como transmutar elementos, como criar novos e mais importante como tudo se relaciona. É por isso que diferente de outras práticas mágicas a alquimia recebe o título de “proto ciência” já que não parava apenas no aspecto especulativo da vida e não se focava apenas na mente das pessoas mas combinava elementos da química, física, astrologia, arte, filosofia, metalurgia, medicina, ocultismo e religião.

Com o tempo aqueles atraídos por esta prática chegaram a uma espécie de consenso em como registrar seus trabalhos não apenas criando símbolos que agilizassem sua leitura – imagine escrever enxofre a cada vez que usasse este elemento, depois distinguindo os três, quatro tipos que surgissem e compare isso a simplesmente desenhar o símbolo deste elemento ou de uma de suas derivações – como também a esconde-se dos olhos profanos – lembre-se que eles não apenas buscavam um modo de tranformar metais inferiores em ouro, mas lidavam com ácidos, explosivos, materiais tóxicos… era uma forma de evitar que alguém resolvesse brincar com pólvora porque leu por acaso que isso era parte do processo de ficar imortal ou podre de rico.

A simbologia Alquímica se tornou tão rica que seria praticamente impossível se reproduzir cada símbolo já usado, mas aqui apresentamos uma compilação de alguns dos mais populares e usados e não apenas símbolos de elementos, mas processos alquímicos, aparatos e elementos.

Escrita Angelical

Foi criada por Heinrich Cornelius Agrippa, também durante o século XVI, também conhecido como alfabeto Celestial este foi dos dos vários alfabetos criados por este que foi um dos ocultistas mais conhecidos em sua época e até hoje influencia muitos dos praticantes da Arte.

Os alfabetos que Agrippa criou possuiam similaridades entre si em termos de formas e estilo, todos traziam serifas pouco comuns na forma de círculos e eram muito semelhantes aos caracteres gregos e hebraicos, mas apesar das semelhanças temos que nos contentar apenas com uma análise superficial entre os alfabetos de Agrippa e os já existentes já que não existe um material que descreva o processo usado para se criá-los.

Este alfabeto era usado para se comunicar com anjos.

Aramaico

Aramaico é a designação que recebem os diferentes dialetos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história de mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Oriente Médio. Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude.

Pertencendo à família de línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o árabe e o hebraico.

Muitos acreditam que o Aramaico foi a língua falada por Jesus e até os dias de hoje é falada por algumas comunidades no Oriente Médio principalmente no interior da Síria. Sua longevidade se deve ao fato de ser escrito e falado pelos aldeões que durante milênios habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud,  além dessas outras aldeias da Mesopotâmia como Tur’Abdin ao sul da Turquia.

No início do século passado, devido a perseguições políticas e religiosas, milhares de pessoas que tinham o Aramaico como língua nativa fugiram para o ocidente onde ainda hoje restam poucas centenas, vivendo nos Estados Unidos da América, na Europa e na América do Sul e que curiosamente falam e escrevem fluentemente o idioma.

A história do aramaico pode ser dividida em três períodos:

– Arcaico 1100 a.C.–200 D.C.), incluindo:
O aramaico bíblico, do hebraico.
O aramaico de Jesus.
O aramaico dos Targum.

– Aramaico Médio (200–1200), incluindo:
Língua siríaca literária.
O aramaico do Talmude e dos Midrashim.

– Aramaico moderno (1200–presente)

Símbolos Astrológicos

Hoje a astrologia é vista por muitos simplesmente como uma superstição ou a crença de que planetas podem reger a personalidade das pessoas ou prever o futuro mas isso está muito longe da verdade. A astrologia foi a primeira ciência a estudar os corpos celestes.

Os documentos mais antigos encontrados hoje sugerem que o estudo dos astros já acontecia três milênios antes da nossa era e já naquela época, mesmo sem a tecnologia que temos hoje, haviam mapas celestes surpreendentes, que registravam posições de planetas, mapeamento de estrelas e constelações, relações de fenômenos físicos como a ligação entre a maré e os ânimos das pessoas com os astros e o registro de cometas, o surgimento de super novas, etc.

A parte deste estudo que se popularizou foi o uso dele para tentar prever o futuro, o que não chega a ser algo absurdo, se levarmos em conta que cada planeta e estrela possuiu sua órbita, seus atributos como gravidade, luminosidade e todos estão relacionados, como uma grande engrenagem cósmica, tornando possível relacionar a posição da lua e de estrelas como Sírius como grandes secas ou cheias de rios, o avanço das marés, as estações do ano e as coisas relacionadas a elas como migração de animais, resultado de colheitas e não apenas da terra mas de outros astros como as estações do sol – relacionadas com as quandidades de manchas solares, a ligação com tempestades e muitas outras coisas. Relegar a astrologia à simples superstição é o mesmo que associar as ollimpíadas a uma simples entrega de medalhas para que os países celebrem quem tem o melhor saltador de vara. Para se ter uma idéia da influência desses estudos, fora do brasil muitos paises de lingua saxônica e espanhola ainda tem os dias da semana nomeados graças ao astro que estava relacionado a eles:

Segunda-Feira

em inglês: Monday
em espanhol: Lunes
em catalão: Dilluns
em norueguês: Mandag
em francês: Lundi
em Italiano: Lunedi
em japonês: 月曜日 (Getsuyôbi)
em alemão: Montag

todos esses querem dizer: dia da Lua, assim ocorrem com os outros dias, associados a planetas, estrelas ou deuses que tinham sua contraparte celeste.

Os símbolos astrológicos, assim como os alquímicos, serviam para que se pudesse ter acesso rápido a informações, ao invés de tabelas e mais tabelas com nomes encontramos símbolos que representam os planetas e o sol, as estações, os elementos, já que o Sol por exemplo não era apenas uma estrela, mas estava relacionado com estações do ano, com Deuses, com obrigações, com a hora do dia, etc. o símbolo trazia não apenas uma forma rápida de se registrar a informação, mas também uma forma de se condensá-la.

Temos aqui não apenas os símbolos astrológicos, mas também os símbolos associados ao zodíaco.

Cuneiforme Persa

Escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos sumérios e é a designação geral dada a certos tipos de escrita feitas com auxílio de objetos em formato de cunha. É, juntamente com os hieróglifos egípcios, o mais antigo tipo conhecido de escrita, tendo sido criado pelos sumérios por volta de 3500 a.C. Inicialmente a escrita representava formas do mundo (pictogramas), mas por praticidade as formas foram se tornando mais simples e abstratas.

Os primeiros pictogramas eram gravados em tabuletas de argila, em sequências verticais de escrita, e com um estilete feito de cana que gravava traços verticais, horizontais e oblíquos. Então duas novidades tornaram o processo mais rápido e mais fácil: as pessoas começaram a escrever em sequências horizontais (rotacionando os pictogramas no processo), e um novo estilete em cunha inclinada passou a ser usado para empurrar o barro, enquanto produzia sinais em forma de cunha. Ajustando a posição relativa da tabuleta ao estilete, o escritor poderia usar uma única ferramenta para fazer uma grande variedade de signos.

A escrita cuneiforme foi adotada subsequentemente pelos acadianos, babilônicos, elamitas, hititas e assírios e adaptada para escrever em seus próprios idiomas; foi extensamente usada na Mesopotâmia durante aproximadamente 3 mil anos.

Nós escolhemos liberar a versão persa do alfabeto cuneiforme porque o primeiro registro escrito sobre os persas se encontra numa inscrição assíria de 834 a.C., que menciona tanto Parsua (“persas”) quanto Muddai (“medos”), este termo utilizado pelos assírios, Parsua, era uma designação especial utilizada para se referir às tribos iranianas do sudoeste (que referiam-se a si próprios como ‘arianos’), e vinha do persa antigo Pârsâ. Os gregos (que até então utilizavam nomes relacionados a Média e aos medos) começou, a partir do século V a.C., a utilizar adjetivos como Perses, Persica ou Persis para se referir ao império de Ciro, o Grande.

Enoquiano

O enoquiano foi uma línguagem divulgada pelo astrólogo e mago da corte victoriana Dr. John Dee, que junto com seu assistente Edward Kelley, a recebeu dos anjos no século XVI.

O Alfabeto é usado na prática da Magia Enoquiana e comunicação com os anjos.

Para se aprofundar na magia Enoquiana você pode visitar a nossa sessão dedicada ao assunto, clicando aqui. Este link contem uma sessão de downloads onde é possível conseguir o programa visual enochian, para PC’s, que permite trabalhar com as tabelas e chamadas enoquianas com caracteres enoquianos e latinos.

As versões do alfabeto enoquiano aqui trazem os mesmo caracteres com apenas algumas mudanças no estilo. Temos também duas versões deles que trazem os caracteres simples e a versão acentada dele que apaerecem no Loagaeth.

Etrusco

Os Etruscos eram um aglomerado de povos que viveram na península Itálica na região a sul do rio Arno e a norte do Tibre, então denominada Etrúria e mais ou menos equivalente à atual Toscana, com partes no Lácio e a Úmbria. Eram chamados Τυρσηνοί, tyrsenoi, ou Τυρρηνοί, tyrrhenoi, pelos gregos e tusci, ou depois etrusci, pelos romanos; eles auto-denominavam-se rasena ou rašna.

Até hoje a história dos Etruscos permanece uma colcha de especulações, não se sabe ao certo quando eles se instalaram na região, mas foi provavelmente entre os anos 1200 e 700 a.C.. Nos tempos antigos, o historiador Heródoto acreditava que os Etruscos eram originários da Ásia Menor, mas outros escritores posteriores consideram-nos italianos.

A Etrúria era composta por cerca de uma dúzia de cidades-estados (Volterra, Fiesole, Arezzo, Cortona, Perugia, Chiusi, Todi, Orvieto, Veio, Tarquinia, Fescênia, etc.), cidades muito civilizadas que tiveram grande influência sobre os Romanos. A Fescênia, próxima a Roma, ficou conhecida como um local de devassidão. Versos populares licenciosos, na época muito cultivados entre os romanos, ficaram conhecidos como versos fesceninos (obscenos). Os últimos três reis de Roma, antes da criação da república em 509 a.C., eram etruscos.

A sua língua, que utilizava um alfabeto semelhante ao grego, era diferente de todas as outras e ainda não foi decifrada, aparentemente não era aparentada com as línguas indo-européias. Sua fonética é completamente diferente da do grego ou do latim. O etrusco utilizava a variante calcídica do alfabeto grego, pelo qual pode ser lido sem dificuldade, embora não compreendido. Deste alfabeto grego básico, algumas das letras não eram utilizadas em etrusco e ademais acrescentavam um grafema para /f/ e a digamma grega utilizava-se para o fonema /v/ inexistente em grego.

As principais evidências da língua etrusca são epigráficas, que vão desde o século VII a.C. (diz-se que os etruscos começaram a escrever no século VII a.C., mas a sua gramática e seu vocabulário diferem de qualquer outro conhecido do mundo antigo) até princípios da era cristã. São conhecidas cerca de 10.000 destas inscrições, que são sobretudo breves e repetitivos epitáfios ou fórmulas votivas ou que assinalam o nome do proprietário de certos objetos. Além deste material, existem alguns outros testemunhos mais valiosos:

1. O Liber Linteus ou texto de Agram é o texto etrusco mais extenso com 281 linhas e mais de 1.300 palavras. Escrito num rolo de linho, posteriormente foi cortado a tiras e utilizado no Egito para envolver o cadáver mumificado de uma mulher nova; conserva-se atualmente no museu de Zagrebe (provavelmente quando isto sucedeu considerava-se que tinha mais valor o rolo de linho que o próprio texto, que paradoxalmente hoje é nosso melhor testemunho da língua; talvez se não tivesse sido conservado como envoltura nem sequer teria chegado até nós).

2. Alguns textos sobre materiais não perecíveis como uma tabela de argila encontrada perto de Cápua de cerca de 250 palavras, o cipo de Perugia (ver foto) escrito por duas caras e com 46 linhas e cerca de 125 palavras, um modelo de bronze de um fígado encontrado em Piacenza (cerca de 45 palavras).

3. Além destes testemunhos temos duas mais inscrições interessantíssimas: a primeira delas é a inscrição de Pyrgi, encontrada em 1964, sobre lâminas de ouro que apresenta a peculiaridade de ser um texto bilíngüe em etrusco e púnico-fenício e que ampliou consideravelmente nosso conhecimento da língua. A segunda das inscrições resulta algo intrigante, já que foi encontrada na ilha de Lenos (N. do mar Egeu, Grécia). Composta de 34 palavras, parece escrita num dialeto diferente dos encontrados na Itália, quer seja sintomático da presença de colônias etruscas em outros pontos do mediterrâneo, quer de uma língua irmã do etrusco, o lénio, embora se acredite que a presença de uma só inscrição não aclara grande coisa.

Seguramente a inscrição de Pyrgi é a única inscrição etrusca razoavelmente longa que podemos traduzir ou interpretar convenientemente graças a que o texto púnico, que parece ser uma tradução quase exata do texto etrusco, é perfeitamente traduzível. Quanto ao acesso às inscrições: a maioria de inscrições etruscas conhecidas e publicadas encontram-se recolhidas no corpus inscriptionum etruscarum (CIE).

Fenício

A Língua fenícia era falada originalmente na região do litoral do Mediterrâneo oriental conhecida como Fenícia pelos gregos e latinos, como Pūt pelos Egípcios antigos, como Canaan no próprio Fenício, em hebreu e em aramaico; é uma das Línguas semíticas Ocidentais, Centrais, do Noroeste, do subgrupo das Canaanitas; o Hebreu é, dentra as línguas vivas, a mais próxima ao fenício. A região onde se falava o fenício é aquela onde ficam hoje o Líbano, o litoral da Síria, o norte de Israel, Malta.

A Língua Fenícia foi sendo conhecida por inscrições encontradas no sarcófago de Ahiram (rei de Biblos), nos túmulos de Kilamuwa e de Yehawmilk em Biblos, também em notas ocasionais em obras escritas em outras línguas. Autores romanos como Salústio citam certos livros escritos em Púnico, mas nenhum dessas obras sobreviveu, exceto algumas poucas traduções (Ex, um tratado de Mago) ou em pequenos trechos (Ex. nas peças de Plauto). Na Estela Funerária dita de Melqart descoberta em 1694 havia inscrições em grego antigo e em Cartaginês (Púnica) e isso permitiu ao estudioso francês decifrar e reconstruir o alfabeto Cartaginês e as mais antigas inscrições conhecidas em Fenício vieram de Biblos e datam cerca de 1000 AC. Inscrições Púnicas e Fenícias foram encontradas no Líbano, Síria, Israel, Chipre, Sardenha, Tunísia, Marrocos, Argélia e até na Península Ibérica, até os primeiros séculos da Era Cristã.

Uma curiosidade para os Brasileiros que se relaciona com os fenícios é a Pedra da Gavea, no Rio de Janeiro. Entre os bairros da Barra da Tijuca e São Conrado, no Rio de Janeiro, e a 842 metros acima do nível do mar existe uma montanha com a face de um gigante desconhecido. Seu nome Gávea, remonta à época do descobrimento, quando os portugueses que aqui chegaram notaram que ela era um observatório perfeito das caravelas que chegavam. A face que vemos quando olhamos para ela parece uma figura esculpida e existem inscrições antigas em um de seus lados.

No século XIX algumas “marcas” na rocha chamaram a atenção do Imperador D. Pedro I, apesar de seu pai, D. João VI, rei de Portugal, já ter recebido um relatório de um padre falando sobre as marcas estranhas, as quais foram datadas de antes de 1500. Até 1839, pesquisas oficiais foram conduzidas e no dia 23 de março, em sua oitava seção extraordinária, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil decidiu que a Pedra da Gávea deveria ser extensamente analisada, ordenando então o estudo do local e suas inscrições. Uma pequena comissão foi formada para estudar a rocha. 130 anos mais tarde o jornal O Globo questionou tal comissão, querendo saber se eles realmente escalaram a rocha, ou se simplesmente estudaram-na usando binóculos. O relatório fornecido pelo grupo de pesquisa diz que eles “viram as inscrições e também algumas depressões feitas pela natureza.” No entanto, qualquer um que veja estas marcas de perto irá concordar que nenhum fenômeno natural poderia ser responsável por elas.

Após o primeiro relatório, ninguém voltou a falar oficialmente sobre a Pedra até 1931, quando um grupo de excursionistas formou uma expedição para achar a tumba de um rei fenício que subiu ao trono em 856 a.C. Algumas escavações amadoras foram feitas sem sucesso. Dois anos depois, em 1933, um grupo de escaladas do Rio de Janeiro organizou uma expedição gigantesca com 85 membros, o qual teve a participação do professor Alfredo dos Anjos, um historiador que deu uma palestra “in loco” sobre a “Cabeça do Imperador” e suas origens.

Em 20 de janeiro de 1937, este mesmo clube organizou outra expedição, desta vez com um número ainda maior de participantes, com o objetivo de explorar a face e os olhos da cabeça até o topo, usando cordas. Esta foi a primeira vez que alguém explorava aquela parte da rocha depois dos fenícios, se a lenda está correta.

Segundo um artigo escrito em 1956, em 1946 o Centro de Excursionismo Brasileiro conquistou a orelha direita da cabeça, a qual está localizada a uma inclinação de 80 graus do chão e em lugar muito difícil de chegar. Qualquer erro e seria uma queda fatal de 20 metros de altura para todos os exploradores. Esta primeira escalada no lado oeste, apesar de quase vertical, foi feita virtualmente a “unha”. Ali, na orelha, há a entrada para uma gruta que leva a uma longa e estreita caverna interna que vai até ao outro lado da pedra.

Em 1972, escaladores da Equipe Neblina escalaram o “Paredão do Escaravelho” – a parede do lado leste da cabeça – e cruzaram com as inscrições que estão a 30 metros abaixo do topo, em lugar de acesso muito difícil. Apesar do Rio ter uma taxa anual de chuvas muito alta, as inscrições ainda conservavam-se quase intactas.

Em 1963 um arqueólogo e professor de habilidade científica chamado Bernardo A. Silva Ramos traduziu-as como:

LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT

Que lidas ao contrário:

TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL

Ou:

TIRO, FENÍCIA, BADEZIR PRIMOGÊNITO DE JETHBAAL

Além disso existem alguns outros fatos interessantes relacionados com a pedra:

– A grande cabeça com dois olhos (não muito profundos e sem ligação entre eles) e as orelhas;

– As enormes pedras no topo da cabeça a qual lembra um tipo de coroa ou adorno;

– Uma enorme cavidade na forma de um portal na parte nordeste da cabeça que tem 15 metros de altura e 7 metros de largura e 2 metros de profundidade;

– Um observatório na parte sudeste como um dolmen, contendo algumas marcas;

– Um ponto culminante como uma pequena pirâmide feita de um único bloco de pedra no topo da cabeça;

– As famosas e controversas inscrições no lado da rocha;

– Algumas outras inscrições lembrando cobras, raios-solares, etc, espalhados pelo topo da montanha;

– O local de um suposto nariz, que teria caído há muito tempo atrás

Roldão Pires Brandão, o presidente da Associação Brasileira de Espeleologia e Pesquisas Arqueológicas no Rio afirmou: “É uma esfinge gravada em granito pelos fenícios, a qual tem a face de um homem e o corpo de um animal deitado. A cauda deve ter caído por causa da ação do tempo. A rocha, vista de longe, tem a grandeza dos monumentos faraônicos e reproduz, em um de seus lados, a face severa de um patriarca”. (O GLOBO)

Hoje já se sabe que em 856 a.C., Badezir tomou o lugar de seu pai no trono real de Tiro, isso fez com que muitos acreditassem que a Pedra da Gávea poderia ser o túmulo deste rei.

Segundo consta, outros túmulos fenícios que foram encontrados em Niterói, Campos e Tijuca sugerem que esse povo realmente esteve aqui. Em uma ilha na costa do Estado da Paraíba, pedras ciclope e ruínas de um castelo antigo com quartos enormes e diversos corredores e passagens foi encontrado. De acordo com alguns especialistas, o castelo seria uma relíquia deixada pelos fenícios, apesar de haver pessoas que contextem essa teoria.

Alfabeto dos Gênios

Também conhecido como Alfabeto da Linguagem Celestial, Alfabeto dos Anjos ou Escrita Celestial.

Cada símbolo deste alfabeto está relacionado com um gênio específico. Os valores fonéticos de cada um deles é derivado do nome do gênio específico. Além disso cada um dos símbolos possui associação com os sinais utilizados na geomancia como vemos no gráfico abaixo:

os nomes dos símbolos são:

Agiel – Belah – Chemor – Din – Elim – Fabas – Graphiel – Hecadoth – Iah – Kne – Labed – Mehod – Nebak – Odonel – Paimel – Quedbaschemod – Relah – Schethalim – Tiriel – Vabam – Wasboga – Xoblah – Yshiel – Zelah

Gênio é a tradução usual em português para o termo árabe jinn, mas não é a forma aportuguesada da palavra árabe, como geralmente se pensa. A palavra em português vem do Latim genius, que significa uma espécie de espírito guardião ou tutelar do qual se pensava serem designados para cada pessoa quando do seu nascimento. A palavra latina tomou o lugar da palavra árabe, com a qual não está relacionada. O termo parece ter entrado em uso no português através das traduções francesas d’As Mil e Uma Noites, que usavam a palavra génie como tradução de jinni, visto que era similar ao termo árabe em som e significado, uso que acabou se estendendo também para o português.

Entre os arqueólogos lidando com antigas culturas do Oriente Médio, qualquer espírito mitológico inferior a um deus é freqüentemente referenciado como um “gênio”, especialmente quando descrevem relevos em pedra e outras formas de arte. Esta prática se inspira no sentido original do termo “gênio” como sendo simplesmente um espírito de algum tipo.

Fonte Grega

O alfabeto utilizado para escrever a língua grega teve o seu desenvolvimento por volta do século IX a.C. e é usado até os nossos dias. Anteriormente, o alfabeto grego foi escrito mediante um silabário, utilizado em Creta e zonas da Grécia continental como Micenas ou Pilos entre os séculos XVI a.C. e XII a.C. O Grego que reproduz parece uma versão primitiva dos dialectos Arcado-cipriota e Jónico-ático e é conhecido habitualmente como Micénico.

Crê-se que o alfabeto grego deriva duma variante do semítico, introduzido na Grécia por mercadores fenícios. Dado que o alfabeto semítico não necessita de notar as vogais, ao contrário da língua grega e outras da família indo-europeia, como o latim e em consequência o português, os gregos adaptaram alguns símbolos fenícios sem valor fonético em grego para representar as vogais. Este facto pode considerar-se fundamental e tornou possível a transcrição fonética satisfatória das línguas Europeias.

Por ter sido considerado durante séculos como uma língua culta muitos estudos filosóficos e mágicos foram feitos e registrados nesta língua, inclusive em séculos recentes como podemos ver em livros de Eliphas Levi, Francis Barret e outros.

Dentro da pasta de fontes gregas estamos disponibilizando também a fonte Apollonian, uma fonte baseada no grego que surgiu no período da baixa Idade Média e era tida pelos ocultistas como um alfabeto secreto criado por Apolônio de Tiana.

Fonte Hebraica

Enquanto o termo “hebreu”, refere-se a uma nacionalidade, ou seja especificamente aos antigos israelitas, a língua hebraica clássica, uma das mais antigas do mundo, pode ser considerada como abrangendo também os idiomas falados por povos vizinhos, como os fenícios e os cananeus. De facto, o hebraico e o moabita são considerados por muitos, dialectos da mesma língua.

O hebraico assemelha-se fortemente ao aramaico e, embora menos, ao árabe e seus diversos dialetos, partilhando muitas características linguísticas com eles.

O hebraico também mudou. A diferença entre o hebraico de hoje e o de três mil anos atrás é que o antigo era um abjad ou seja, não possuía vogais para formar sílabas. As vogais foram os sinais diacríticos inventados pelos rabinos para facilitar na pronúncia de textos muito antigos e posteriormente desativados, nos meios de comunicação atuais.

Não existe um estudioso ou praticante sério de magia que nunca tenha cruzado com o hebraico. Durante a idade média o estudo da cabala e o desenvolvimento mágico da cultura dos judeus influenciou praticamente todos os grandes magos dos quais já ouvimos falar. De livros que exaltam a grandiosidade de Deus a tratados que ensina a chamar demônios de forma que se manifestem e obedeçam ao operador o hebraico se tornou a base para a confecção de sêlos e sigilos mágicos, círculos de evocação, amuletos de proteção e muito mais.

É uma língua que se torna indispensável para o estudioso da magia medieval, da cabala e da demonologia. E com esta fonte se torna muito mais fácil se criar novos amuletos e sigilos sem a necessidade de um domínio completo da grafia original das letras.


Hieróglifos Egípcios

Hieróglifo ou Hieroglifo é cada um dos sinais da escrita de antigas civilizações, tais como os egípcios, os hititas, e os maias. Também se aplica, depreciativamente, a qualquer escrita de difícil interpretação, ou que seja enigmática. Originário duas palavras gregas: ἱερός (hierós) “sagrado”, e γλύφειν (glýphein) “escrita”. Apenas os sacerdotes, membros da realeza, altos cargos, e escribas conheciam a arte de ler e escrever esses sinais “sagrados”.

A escrita hieroglífica constitui provavelmente o mais antigo sistema organizado de escrita no mundo e era vocacionada principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos. Com o tempo evoluiu para formas mais simplificadas, como o hierático, uma variante mais cursiva que se podia pintar em papiros ou placas de barro e, ainda mais tarde, com a influência grega crescente no Oriente Próximo a escrita evoluiu para o demótico, fase em que os hieróglifos iniciais ficaram bastante estilizados havendo mesmo a inclusão de alguns sinais gregos na escrita.

Os hieróglifos foram usados durante um período de 3500 anos para escrever a antiga língua do povo egípcio. Existem inscrições desde antes de 3000 a.C. até 24 de Agosto de 394, data aparente da última inscrição hieroglífica, numa parede no templo de Ilha de Filae. Constituíam uma escrita monumental e religiosa, já que eram usados nas paredes dos templos, túmulos, etc. havendo poucas evidências de outras utilizações. Durante os mais de três milênios em que foram usados, os egípcios inventaram cerca de 6900 sinais. Um texto escrito nas épocas dinásticas não continha mais do que 700 sinais, mas no final desta civilização já eram usados milhares de hieróglifos, o que complicava muito a leitura, sendo isso mais um dos fatores que tornavam impraticável o seu uso e levaram ao seu desaparecimento.

O arquivo que estamos disponibilizando traz os hieróglifos do chamado “alfabeto” egípcio. São estes os sinais hieroglíficos que mantiveram o seu valor fonético praticamente inalterado durante mais de 3000 anos, desde os tempos pré-dinásticos até ao século 5 d.C.

Alfabeto Kemético

Kemet era o nome do antigo egito, (kṃt), ou “terra negra” (de kem, “negro”). Como vimos, as formas mais antigas de hieróglifos era pictogramas mas com o tempo eles evoluiram para um sistema escrito muito similar ao chines, onde cada caracter representava tanto sílabas quanto palavras.

E assim se desenvolveu um alfabeto que apesar de se manter sofisticado como os pictogramas anteriores – por exemplo a letra que significava boca podia ser seguida por um determinativo (um tipo especial de caracter que servia para indicar o sentido de letras individuais) que determinasse se a boca estava relacionada com o ato de comer ou de conversar.

Com o passar do tempo este alfabeto evoluiu ainda mais, onde cada simbolo se
torna uma letra que indicava o primeiro som da palavra e se cria um sistema que indicava se o símbolo deveria ser interpretado como uma palavra completa ou apenas como uma letra.

As fontes apresentadas aqui não são simples transcrições do alfabeto latino, algumas letras não possuiam relações com as nossas modernas algumas faltavam, outras eram adições, e o sistema numérico está mais próximo do romano do que do árabe. Aqui temos duas versões desta fonta a cursiva e uma com ângulos que era a forma como ela era gravada em pedra, metais ou madeira.

Malachim

Outra das escritas criadas por Agrippa. Ela foi derivada também dos alfabetos grego e hebraico e até hoje é usada, em certo grau, por maçons modernos. Esta versão foi feita em cima da que aparece no Biblioteca Magna Rabbinica de Bartolozzi editado em 1675.

Travessia do Rio

Mais uma fonte de Agripa, também conhecida como Passage de Fleuve. Este alfabeto foi derivado do alfabeto hebraico. Este alfabeto era usado para se escrever de forma que aquilo registrado não pudesse ser compreendido e também em sigios e selos mágicos.

Runas

As runas são um conjunto de alfabetos relacionados que usam letras características (também chamadas de runas) e eram usadas para escrever as línguas germânicas, principalmente na Escandinávia e nas ilhas Britânicas.

Em todas as suas variedades, as runas podem ser consideradas como uma antiga forma de escrita da Europa do Norte.

As inscrições rúnicas mais antigas datam de cerca do ano 150, e o alfabeto foi substituído pelo alfabeto latino com a cristianização, por volta do século VI na Europa central e no século XI na Escandinávia.

Elas também eram usadas como oráculos, ou Runemal como era chamada a esta arte pelos iniciados.

Contam as lendas vikings que os deuses moravam em Asgard, um lugar localizado no topo de Yggdrasil, a Árvore que sustenta os nove mundos. Nesta árvore, o deus Odin conheceu a sua maior provação e descobriu o mistério da sabedoria: as Runas. Alguns versos do Edda Maior, um livro de poemas compostos entre os séculos IX e XIII, cantam esta aventura de Odin em algumas de suas estrofes:

“Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento,
Lá balancei por nove longas noites,
Ferido por minha própria lâmina, sacrificado a Odin,
Eu em oferenda a mim mesmo:
Amarrado à árvore
De raízes desconhecidas.

Ninguém me deu pão,
Ninguém me deu de beber.

Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas,
Até que vi as Runas.

Com um grito ensurdecedor peguei-as,
E, então, tão fraco estava que caí.

Ganhei bem-estar
E sabedoria também.

Uma palavra, e depois a seguinte,
conduziram-me à terceira,
De um feito para outro feito.”

Esta é a criação mítica das Runas, na qual o sacrifício de Odin (que logo depois foi ressucitado por magia) trouxe para a humanidade essa escrita alfabética antiga, cujas letras possuiam nomes significativos e sons também significativos, e que eram utilizadas na poesia, nas inscrições e nas adivinhações, mas que nunca chegaram a ser uma língua falada.

Graças a estas crenças as runas sempre tiveram um significado que ia além da simples função de uma letra ou um simples alfabeto. E aqui disponibilizamos alguns tipos diferentes de runas:

Runas Futhark

A forma rúnica mais antiga usada pelas tribos germânicas, ela aparece em inscrições em artefatos como jóias, amuletos, ferramentas, armas e pedras. Mais tarde foi simplificada na Escandinávia e depois alterada pelos anglo-saxões e Frisões, mas diferente dessas novas versões que permanece em uso até os dias de hoje, a sabedoria do Futhark antigo foi perdida e apenas em 1865 pode ser novamente decifrada pelo estudioso noruegues Sophus Bugge.

Runas Germânicas

Uma outra versão das Runas Futhark

Runas Inglesas

Conhecidas como Futhorc, a versão desenvolvida pelos anglo saxões das 24 runas Futhark originais, que continha entre 26 e 33 caracteres. Teve seu uso iniciado no século V.

Runas de Cthulhu

Contém três tipos diferentes de caracteres, os hieroglifosde Cthulhu, pictogramas que trazem símbolos que fazem parte do universo lovecraftiano. As Runas de Cthulhu, caracteres desenvolvidos com o mesmo princípio das runas. O afabeto de Nug-Soth, como mostrado no necronomicon.

Apesar de apenas o alfabeto de Nug-Soth ter um valor “histórico” por aparecer em uma das primeiras versões do Necronomicon, os outros dois alfabetos se tornaram populares entre alguns praticantes de magia negra e magia do caos e são muito utilizados em trabalhos que envolvam o Mito Lovecraftiano ou belíssimas reproduções de novas versões (ou versões antigas, como preferir) do tomo escrito por Abdul Al-Hazred.

Sânscrito

A língua sânscrita, ou simplesmente sânscrito, (संस्कृत; em devanāgarī, pronuncia-se saṃskṛta) é uma língua da Índia, com uso litúrgico no Hinduísmo, Budismo, Jainismo. O sânscrito faz parte do conjunto das 23 línguas oficiais da Índia.

Com relação à sua origem, a língua sânscrita é uma das línguas indo-européias, pertencendo, portanto, ao mesmo tronco lingüístico de grande parte dos idiomas falados na Europa. Um dos sistemas de escrita tradicionais do sânscrito é o devanāgarī, uma escrita silábica cujo nome é um composto nominal formado pelas palavras deva (“deus”, “sacerdote”) e nāgarī (“urbano(a)”), que significa “[escrita] urbana dos deuses”. O sânscrito foi registrado ao longo de sua história sob diversas escritas, visto que cada região da Índia possui uma escrita e uma tradição cultural particularmente diferenciada. A escrita devanágari (seu nome, em português, é acentuado como proparoxítona) acabou-se tornando a mais conhecida devido a ser a mais utilizada em edições impressas de textos originais.

É uma das línguas mais antigas da família Indo-Européia. Sua posição nas culturas do sul e sudeste asiático é comparável ao latim e o grego na Europa e foi uma proto-língua, pois influenciou diversas outras línguas modernas. Ela aparece em forma pré-clássica como o sânscrito védico, sendo o idioma do Rigveda o seu estado mais antigo preservado, desenvolvido em torno de 1500 a.C.[1]; de fato, o sânscrito rigvédico é uma das mais antigas línguas indo-iranianas registradas, e um dos membros mais antigos registrados da família de línguas indo-européias[2]. O sânscrito é também o ancestral das linguagens praticadas da Índia, como o Pali e a Ardhamgadhi. Pesquisadores descobriram e preservam mais documentos em sânscrito do que documentos em latim e grego. Os textos védicos foram escritos em uma forma de sânscrito.

Alfabeto Tebano

As origens do alfabeto Tebano se perderam há muito tempo, ele é conhecido como as Runas de Honório – já que muitos atribuem sua criação a Honório de Thebas, mas durante a idade média ficou conhecido também como o alfabeto das bruxas.

Este alfabeto é notável por não possuir nenhuma correspondência com o alfabeto latino, à excessão das letras j e u (ou I e V). Ele surgiu a primeira vez na publicação Polygraphia de Johannes Trithemius, de 1518. Enquanto Trithemius o atribuia a Honório, seu estudante mais conhecido, Agrippa, o atribuiu a Pietro d’Abano.

Hoje em dia este alfabeto é muito usado por praticantes de Wicca e outras formas mais antigas de paganismo. Alguns o chamam também de Escrita Angélica(l) e é usada também como forma de comunicação com anjos já que muitos crêem que caso se queira pedir algo para um anjo a chance de ser agraciado com um resultado positivo é muito maior caso se use esta escrita.

Alfabeto das Adagas

Este alfabeto é uma cifra baseada no alfabeto latino e é usado para propósitos mágicos, como desenvolver imagens, selos ou mesmo textos inteiros. Existem inclusive cartas como as de taro e peças como as de dominó que usam esses símbolos como formas divinatórias, ele aparece a primeira vez no livro A Visão e A Voz de Aleister Crowley.


BÔNUS

Além das fontes de símbolos, nós coletamos algumas fontes desenvolvidas pela Howard Philips Lovecraft Historical Society para fins mais lúdicos. Inspirada pelos contos do autor essas fontes reproduzem os meios de comunicação de época de forma extremamente fiel. Estas fontes podem ser usadas por pessoas que desejem dar uma aparência antiga e real para documentos, tratados e mesmo panfletos e livros.

HPLHS-OldStyle1, PLHS-OldStyle Italic, HPLHS-OldStyle Small Caps,  são fontes digitalizadas diretamente do catálogo Linotype da década de 1930.

HPLHS-Blackletter é uma fonte texturizada e irregular que simula uma letra escrita à mão inspirada no engravador frances Charles Demengeot. É o tipo de letra usada para se escrever tomos de ocultismo que parecem ter sido escritos por monges loucos.

HPLHS-WW2Blackletter foi baseada em documentos alemães reais da década de 1930. Existe em duas versões: uma com ornamentos e outra sem.

HPLHS-Telegram é uma réplica detalhada das fontes usadas em telegramas reais da Western Union nas décadas de 1920 e 1930.

HPLHS-Headline One é uma réplica das letras usadas em cabeçalhos de jornais da época.

HPLHS-Headline Two é uma adaptação mais rústica da fonte Erbar, usada nas máquinas de linotipo usadas para o corpo das notícias em jornais das décadas de 1920 e 1930.

HPLHS-SlabSerif é um alfabeto condensado baseado nas letras esculpidas em madeira, era muito usado em subtítulos em notícias de jornais, posteres de procurados e outras coisas do tipo.

NOTA

É importante notar que todas as fontes aqui apresentadas tem como o objetivo complementar trabalhos mágicos. Muitas delas faziam partes de sistemas que possuem uma gramática própria enquanto outras eram apenas transliterações. Caso você não tenha conhecimento dos sistemas em que elas são utilizadas elas ainda servem como curiosidade. Mas as fontes e caracteres por sí próprios não possuem muito valor, é necessario um estudo para saber como utilizá-los da maneira correta.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/arquivo-de-fontes-morte-subita-inc/

Carta a um evangélico

Olá Sr. Evangélico, aqui quem fala sou eu, o Sr. Espiritualista.

Antes de mais nada, preciso lembrar-lhe de que somos irmãos, ou pelo menos não há nada explícito em nossas doutrinas que afirme o contrário…

Vejamos, então, a questão da espiritualidade africana. Tenho visto o senhor dizer que os orixás são demônios e que toda macumba é necessariamente coisa do Capeta… No entanto, é preciso que saiba: para o pessoal lá dos terreiros, macumba é só um instrumento musical, tipo reco-reco, sabe como é? Nem tem tanta importância assim, o som dos tambores é bem mais importante no ritual deles; E, já que falamos nos rituais, são coisas bem antigas, bem antigas mesmo! Muito antes dos termos “demônio” e “Capeta” terem sido inventados, já se faziam rituais para os orixás na África. Se ler um pouco de ciência e antropologia, saberá o que os cientistas já dão por quase certo: que viemos todos da África, o homo sapiens surgiu em algum ponto entre a parte sul e central do continente mãe.

O próprio deus bíblico deve muito ao deus que era cultuado na Mesopotâmia por povos que já eram bisnetos milenares dos primeiros africanos que batiam tambores em homenagem a Natureza. Sem El, Javé não seria muito mais do que o espírito ancestral de alguma tribo de hebreus perambulando por Canaã. Javé foi cultuado como um patriarca de homens, El foi compreendido como um deus cósmico, criador de tudo o que há [1]… Mais ou menos como Olorun, que criou o mundo, mas está tão acima de nosso plano de existência que não há nenhum xamã africano que tenha tido coragem de tratar diretamente com ele [2].

Foi muita engenhosidade dos hebreus esta que associou Javé a El, e com isso criou a ideia de um deus cósmico que, não obstante, poderia ser contatado como qualquer outro grande patriarca. O problema é supor que somente os rabinos podiam contatá-lo… Não foi exatamente por isto que Lutero lutou toda sua vida? Para que as pessoas comuns pudessem ler os textos sagrados e conhecer a Deus por si mesmas, sem a intermediação de Roma? Pois bem, pois os nossos irmãos africanos já falavam com Deus há muito mais tempo que a gente, e nem precisavam de livros para isso.

Quer dizer que todo o ritual que evoca orixás é coisa do bem? Claro que não, mas a maioria é. Maçãs podres, temos em qualquer pomar, e tenho certeza de que mesmo o neopentecostalismo tem as suas… Ou o senhor acha que abençoar talismãs com óleo ungido, ou derrubar fileiras inteiras de pessoas ao chão, é algo perfeitamente baseado nas Escrituras?

Tudo bem, vamos ser honestos: o que achamos um barato é essa tal experiência religiosa. Decerto Pentecostes foi uma loucura do Espírito Santo, mas quem garante que foi a primeira? Se até hoje os senhores procuram falar a língua dos anjos, porque encrencar com o caboclo que fala a língua dos espíritos da Natureza? Por mim, anjos e rios, cachoeiras e carruagens de fogo, florestas e sarças ardentes, se foram vistas pelas mentes que creem, se fizeram o bem para elas, que mal há? Onde o senhor vê o Capeta nessa história toda?

Por mim, se existe um ser assim, condenado a ser mal por toda a eternidade, ele não iria atuar sobre os verdadeiramente religiosos, mas antes optar pela via mais simples: tentar aqueles que já não creem, que não se dedicam, que nunca se arriscaram realmente a mergulhar neste Oceano de Amor que permeia todo o espaço e todos os tempos…

Me perdoe, eu tenho certeza que não é o seu caso, mas acaso nunca viu um cristaozão desses que bate no peito dentro da Igreja e diz: “Sou de Cristo!”, mas que começa a falar mal da sogra 5 minutos depois de terminar a oratória do pastor? De que adianta se achar um grande cristão ao chutar imagens de santos e orixás por aí, se ao chegar em casa chuta o seu cachorro e esbofeteia sua esposa? Será que Cristo falou numa espada para matar os infiéis, ou em oferecer a outra face para o agressor?

Os índios das Américas, coitados, também nunca tinham ouvido falar em Cristo. Os colonizadores europeus não deram muitas escolhas para eles: ou se convertiam, ou eram exterminados [3]. Até mesmo muitos que disseram ter se convertido foram exterminados do mesmo jeito, pois não serviam para o trabalho escravo… E o que há de cristão nisso tudo? Nas Cruzadas, o general francês perguntou ao representante do Papa como iriam identificar os cristãos dos não cristãos, na invasão de uma cidade onde cristãos, judeus e cátaros viviam em harmonia; Ele apenas disse isto: “Matem todos, que Deus escolherá os seus”… Ao que lhe pergunto: e quais deles não eram “de Deus”?

Ainda hoje, no Centro-Oeste do Brasil, há tribos indígenas sendo evangelizadas. Evangelizar não é o problema, pois ao menos estão dando a oportunidade para que esses indígenas se tornem parte de alguma outra comunidade que não a sua, e não vivam isolados, como párias, em um país construído sobre a invasão e o extermínio de suas terras ancestrais… O problema, este sim, é proibi-los de pintar o corpo de vermelho. “Vermelho é a cor do Capeta!”, seus colegas dizem… Mas, e o que diabos os índios tem a ver com o Capeta? Na maioria das mitologias indígenas, sequer existe um ser representante do mal, quanto mais um anjo caído… Eles nem sabem o que é um anjo! Se não podem se pintar de vermelho, vão se pintar de branco? Ou de verde? Ou lilás? Convenhamos, isso não faz o menor sentido.

Vamos tentar ser mais seguidores de El, e menos seguidores de Javé. Javé era um espírito ancestral, e precisava de barganhas e favores, e tinha ciúmes dos cultos de espíritos e deuses alheios, como foi o caso com Baal. Mas El não, El não tinha um oposto, pois o Tudo não tem oposto – o Nada não existe.

Dessa forma, se existe um Capeta, seria injustiça da parte de Deus que ele pudesse controlar a mente dos seres puros, corrompendo-os… Acho que faz mais lógica, além de estar mais de acordo com o que vemos na Natureza e na psicologia humana, considerarmos que o mal existe na alma de cada um de nós, e que é somente lá, precisamente lá, que precisamos fazer uso desta espada de que Cristo falou…

Para cortar a trave que obstruí nosso próprio coração. Para que nossa luz de amor transborde, e englobe os irmãos a nossa volta. Para que evangelizemos realmente uma boa nova, uma notícia de uma nova era, de uma nova sociedade, uma nova espiritualidade, uma nova religião… Assim, quem sabe, também poderemos ler, dentro de nossa alma, conectada a Alma do Mundo: “também eu sou da raça dos deuses, também eu trago o Pai dentro de mim, também eu farei tudo aquilo que o Cristo realizou, e talvez até mais”. E nem sequer precisaremos de um livro para guardar tal Verdade.

Cristo salva, afinal, todos aqueles que o encontram dentro de si mesmos… Mas Cristo é apenas uma palavra. O que salva é a fé, e não há fé mais profunda do que a fé no Amor. Pense nisso meu amigo, meu irmão. Pense, e reflita esta boa nova adiante!

***

[1] Maiores detalhes na série A roda dos deuses (esta teoria não é minha, mas de Mircea Eliade, um dos maiores especialistas em mitologia do séc. XX).

[2] Na mitologia Iorubá, talvez a de maior influência no Brasil, Olorun ou Olodumare é o criador do universo e mora no Orun (Céu). Embora reconhecido como Ser Supremo, não existe um culto ou templo que lhe é dedicado exclusivamente. Os orixás são os seus representantes em Aiye (Terra).

[3] Michel de Montaigne dá sua opinião, bem mais embasada do que a minha, nesta série de Reflexões sobre o sexo.

***

#Cristianismo #Candomblé #sabedoriaindígena #Protestantismo #UmbandaSagrada #ecumenismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/carta-a-um-evang%C3%A9lico

O Caminho Sinistro – Parte 1

Preparação

Diante da crescente torrente de absurdos vistos na internet envolvendo o Caminho da Mão Esquerda (que prefiro chamar de Caminho Sinistro, por motivo fonético e abreviativo apenas, vide adiante), nasceu a necessidade de trazer luz ao tema. E não se trata de mero jogo de palavras, há uma errônea associação compulsória do caminho sinistro com as trevas e a malignidade que deve ser desfeita durante a nossa caminhada juntos.

Não tenhamos pressa, contudo. Vamos lidar aqui com temas e conceitos que se opõem ao status quo e elementos fortemente enraizados no inconsciente coletivo, e isto NÃO é sinônimo de lesar a integridade física, a humanidade, as leis básicas ou a propriedade, de si mesmo ou de outrem. Se você entende a associação a uma ordem ou culto sinistro como um facilitador para a prática de más ações, saiba que o Código Penal brasileiro prevê tal intenção em seu artigo 288. E se você tem inclinação criminal, peço encarecidamente que pare por aqui.

Uma coisa que talvez decepcione alguns de vocês é que eu não vou dar carteirada. Não vou me esconder atrás de um nome mágico de demônio milenar, nem apresentar cargos, graus iniciáticos e títulos, pois creio ser desnecessário nesse momento. Espero que você se contente, por hora, em saber que sou uma pessoa relativamente acessível, apesar de introvertido.

Bom, vamos ao que interessa.

Meta-Percepção

Antes de qualquer coisa pare e se pergunte por que você está aqui, lendo isso. O Ego destreinado tende a responder que está aqui “porque quer”, porque assim o decidiu baseado em uma escolha pessoal qualquer, e a estes eu surpreendo dizendo que estão aqui porque eu quero. Claramente não escolhi cada leitor deste artigo, mas escolhi ter leitores, escolhi transmitir um conhecimento, escolhi a forma, o conteúdo, o veículo, enfim, criei este instante, este continuum do qual você agora faz parte para, apenas posteriormente, existir algum exercício da sua vontade. Não se trata, neste caso, de um conflito de vontades, visto que elas não se contrapõem, mas curiosamente a minha se faz manifesta e predominante desde antes da existência da sua.

Essa diferença sutil em como percebemos as coisas e seus significados é a forma que escolhi para começar nossa caminhada, pois dela vai depender não só nossa compreensão como nosso sucesso no caminho sinistro. E eis aqui a primeira grande oportunidade de exercitar a semântica.

O Caminho Sinistro
Sinistrum, forma neutra do latim clássico, significando apenas… esquerdo. Oposto a destro. As sinonímias referentes a “impróprio”, “adverso”, “desafortunado”, “funesto” e congêneres são do período pós-clássico. É perfeitamente possível um caminho sinistro ser ensolarado, florido e cheio de vivacidade, como também é perfeitamente possível que seja desolado, pútrido e nefasto. Sinistro, neste caso, apenas alude ao fato dele se encontrar à esquerda de outro.

Mas porque estamos falando de esquerda mesmo?

O ocultismo moderno pegou emprestados os termos usados no Tantra indiano para caracterizar duas correntes doutrinárias: O Caminho da Mão Direita (Righ-Hand Path; RHP; Dakshinachara) refere-se a doutrinas e/ou grupos que seguem princípios éticos, morais e filosóficos mais rígidos e conservadores, com forte tendência ortodoxa e o Caminho da Mão Esquerda (Left-Hand Path; LHP; Vamachara) refere-se a doutrinas e/ou grupos com práticas heterodoxas em sua maioria, que reforçam e induzem o questionamento e a oposição moral, não adotando estruturas éticas e filosóficas complexas.

Contudo, perceba que é um erro grotesco presumir e associar de imediato o caminho destro ao bem e o caminho sinistro ao mal, cabendo aqui lembrar que a prática do bem ou do mal é uma escolha humana individual, independente do caminho trilhado.

Os Aghori

Muitas definições em pouco tempo, certo? Para bem entender o termo, vamos evoluir com ele in loco, com praticantes do Vamachara, o caminho sinistro tântrico.

Os Aghori são devotos de Kala Bhairava, uma manifestação de Shiva associada à aniquilação… do mal. Eles se submetem em sua rotina ritualística à necrofagia, coprofagia, urofagia, caminham entre cadáveres e fazem utensílios com ossos humanos, justificando tal comportamento como uma prática não-dual, o contato com o Advaita Vedanta, o verdadeiro Eu, transcendendo através dos tabus sociais. Apesar de não serem considerados “hindus” pelos indianos em geral, os Aghori têm curandeiros reconhecidos por seus poderes ditos milagrosos. Pense na prática Aghori como uma vacina, em que você se contamina com o que quer evitar e a diferença entre imunização e infecção está simplesmente na dose e na manipulação do agente.

Fatores Históricos

Note, caro leitor, não haver menção sobre o caminho sinistro em época anterior à adoção do termo pelos textos védico e simplesmente não há outros fatores que definam com firmeza a existência da corrente antes das definições tântricas.

Mas não teriam Ahriman ou Baal seus cultos bem antes disso? Por certo que sim, mas neste momento peço encarecidamente que, se ainda não entendeu o motivo da minha pergunta, volte a ler este artigo do início. Um culto a Ahriman pode ser extremamente organizado, ortodoxo, conservador e fundamentalista (nenhuma dessas características se opõe às da entidade e, na verdade, até fazem sentido no contexto histórico e social), classificando-o na corrente doutrinária da Mão Direita. Insisto que, na grande maioria das vezes, “bem” e “mal” são definições e escolhas humanas.

E o que isso quer dizer? Quer dizer que o Caminho Sinistro não é exatamente uma “tradição”. Pra ser bem franco, é um caminho ainda em exploração e formação. Não existem ordens medievais assumidamente sinistras, por exemplo. Faço pequena ressalva para stregheria, druidismo e semelhantes, de forte inclinação heterodoxa que ainda hoje vivem se escondendo por causa dos traumas da… bom, você sabe porque.

Existem pouquíssimas ordens e/ou cultos sinistros que transpuseram ou sequer se aproximaram do seu primeiro século de existência, como a controversa Ordem Tifoniana, antiga O.T.O. Tifoniana (T.O.T.O.), que tem como base o mesmo Thelema e graus iniciáticos de outras ordens Crowleyanas não-sinistras.

Portanto, atenção redobrada com o termo “tradição sinistra” e seus semelhantes, em geral eles não são literais e não são usados para nossa geração, mas embasam e fundamentam a credibilidade dos textos para gerações futuras, quando a tradição de fato existir. Ou não.

Fatores Antropológicos

O ser humano, especialmente o moderno, tem uma forte tendência ao oportunismo, e isso é lamentavelmente notável na área do ocultismo sinistro. O conceito de oposição moral acabou por fazer pessoas de moral intrínseca duvidosa aderirem às fileiras da corrente doutrinária (vide observação sobre crime em Preparação), e fatores psicológicos e sociais deram continuidade a essa prática transformando-a em uma espécie de tendência. Hoje não é completamente errado afirmar que o caminho sinistro é trilhado por outcasts, proscritos e misantropos.

As ordens muitas vezes abraçam alguma espécie de fundamentalismo injustificado, às vezes disfarçado, o que separa ainda mais seus probandos, neófitos e (sic) adeptos do convívio social saudável. Tenha em mente neste ponto, caro leitor, que a misantropia mística exige um nível de concentração, dedicação e domínio mental altíssimos, sendo totalmente contra-indicada para o caminho sinistro sem rígida supervisão.

De uma forma geral, as pessoas buscam o caminho sinistro pelos motivos errados, buscando os objetivos errados e são, invariavelmente, enganadas. Isso tem corroborado para a rápida degeneração da corrente original, desaparecimento das ordens sérias (p.e. O.T.O. Tifoniana deixar de usar o nome O.T.O., círculos internos de outras ordens se desassociarem, recrutamento cancelado, atividades públicas canceladas, etc…), multiplicação de pequenas ordens e cultos oportunistas, crescimento e migração de egrégoras nefastas e a invariável ridicularização geral dos praticantes.

Considerações

Por hora, caro leitor, eu o convido a ficar com a imagem dos Aghori na mente para reflexão. Um povo religiosamente proscrito? Sim. Com hábitos sanitários perigosos? Sem dúvida. Mas qual é o valor prático disso? Note que eu ainda não me atenho ao valor místico, mas o prático mesmo. Quanto sabe de anatomia um Aghori em relação a um hindu que nada faz além de orar? Qual tem melhor sistema imunológico? Qual tem medo do escuro? Qual é o real valor da contaminação física e moral a que se expõem os praticantes? E talvez a questão mais pertinente de todas: você se imagina um Aghori ou ficaria satisfeito em conhecer um curandeiro Aghori quando um familiar adoecesse?

Como este é o nosso primeiro contato, vou ser breve e deixar o que está aqui pra ser digerido e debatido. Procurei usar exemplos de fácil pesquisa para aqueles que queiram se aprofundar em quaisquer dos elementos abordados no artigo.

Gostaria de aproveitar o ensejo e agradecer ao Marcelo pelo espaço e pela oportunidade, e a você leitor pela companhia.

Até breve.

#LHP

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-caminho-sinistro-parte-1

Corpos Celestes no Mito de Cthulhu

Lovecraft foi um homem de muitas paixões, e teve uma vida que lhe permitiu explorar várias delas. Mesmo que seu trabalho não tenha lhe proporcionado conforto, ou remuneração, ou mesmo um emprego, sua mente viajava sempre em busca de mais e mais conhecimento. Todos os que o conheceram se maravilhavam com sua cultura e o tamanho de seu conhecimento nas mais diversas áreas do saber. Dentre suas musas intelectuais uma que sempre teve um destaque especial foi a astronomia. Desde criança se dedicava a seu estudo e, quando começou a escrever, não a deixou de fora de seu material.

Quando sua ficção começou a ganhar volume e a inspirar outros escritores os corpos celestes se tornaram uma parte importante no Mito que começou a tomar forma. Os ritos inomináveis em seus textos, e nos de seus colegas, estavam ligados a astros e configurações estrelares. Suas criaturas enlouquecedoras provinham de outros planetas, alguns conhecidos, outros que não existiam em nosso plano mas em outras dimensões. Assim com o tempo tanto Lovecraft quanto seus “colaboradores”, acabaram criando uma carta celeste muito rica e assustadoramente mais estranha e bizarra do que os sonhos mais enlouquecidos dos astrólogos que já viveram.

Com o tempo esses corpos celestes deixaram de existir apenas nas páginas de contos e passaram a integrar a imaginação dos fãs de histórias de terror sobrenatural intergalático e tomaram vida em muitos rituais mágicos, onde cartas astrológicas Cthulhianas são usadas, e onde a energia dos planetas, outrora fictícios, é utilizada. Existem inclusive, horóscopos inteiros baseados nesses gigantes celestes que passam desapercebidos para os astrônomos que insistem apenas em fazer anotações sobre os astros que seus olhos podem perceber.

A Morte Súbita Inc. possuia um artigo com este mesmo título que lidava com alguns desses planetas e estrelas, mas o texto era muito pobre e limitado. Era como uma descrição de três cores deixando toda a caixa de lápis de cor de lado, assim decidimos revisar o artigo e dar o tratamento que um artigo que se propõe a explorar o universo Lovecraftiano merece. O presente texto é o resultado deste fuckerupper. O texto antigo continua no site, mas com o título de Astronomia Lovecraftiana.

Os corpos celestes que veremos a seguir aparecem de forma proeminente nas histórias do Mito de Cthulhu, mas que não foram descritos apenas por Lovecraft mas também por outros contribuintes do mito como August Derleth, Ramsey Campbell, Lin Carter, Brian Lumley, Clarck Ashton Smith e outros. Eles forma hoje parte integrante da egrégora dos Mitos de Cthulhu

 A Cartografia do Medo


Abbith

Um planeta que orbita ao redor de sete estrelas que existem além de Xoth. É habitado por cérebros metálicos que possuem acumulada toda a sabedoria do universo. De acordo com o livro escrito por Friedrich von Junzt, o Unaussprechlichen Kulten, Nyarlathotep vive ou está aprisionado neste planeta, apesar de outras lendas entrarem em contradição a este respeito. Considerado por algum os restos artificiais operantes de uma antiga civilização cósmica.

 

Arcturus

A estrela de onde os gêmeos Zhar e Lloigor vieram. Juntos eles são conhecidos como as “obscenidades gêmeas”, as vezes comportando-se como seres distintos as vezes como um sendo a parte do outro e ainda como sendo um ser só.

 

Celaeno

Uma das sete estrelas das Pleiades. No quarto planeta que a orbita é que se encontra a Grande Biblioteca de Celaeno e nela podemos encontrar as placas de pedra que contém os segredos roubados dos Grandes Antigos e dos Deuses Mais Velhos. Foi nesta biblioteca que o professor Laban Shrewsbury passou um período de tempo transcrevendo a sabedoria contida nos livros para seus cadernos de nota, essas transcrições acabaram se tornando o texto conhecido como os Fragmentos de Celaeno.

 

Cykranosh

Cykranosh é a forma pela qual os antigos sumérios chamavam o planeta Saturno. Ele foi o lar do deus Tssathoggua antes dele vir para a Terra e continua sendo a morada de inúmeros “parentes” seus, inclusive seu tio Hziulquoigmnzhah.

 

Glyu-Uho (também Glyu-Vho, também K’Lu-Vho)

É a maneira que os antigos habitantes do continente Mu chamavam Betelgeuse em sua linguagem nativa, o naacal. Ela é a estrela de onde os Deuses Mais Velhos vieram para guerrear contra os Grandes Antigos.

Existem ainda aqueles que afirmam que na verdade Glyu-Uho e o local onde se encontra um portal que leva para Elysia, a dimensão que se acredita seja o local de origem e habitação dos Deuses Mais Antigos.

 

Haddath (também Haddoth, talvez Urakhu)

É um planeta ardente que possivelmente de localiza no “olho” da constelação de Hidra. Muitos acreditam que ele é o lar dos chthonianos e também de Shub-Niggurath.

 

Ktynga (também o Cometa de Norby)

É o nome de um cometa azulado que faz sua órbita elíptica nas proximidades da estrela Arcturus. O cometa é excepcionalmente quente e possui propriedades estranhas como por exemplo, viajar mais rápido do que a velocidade da luz.

Na superfície do cometa se encontra uma enorme construção onde vive o ser Fthaggua e seus servos, os vampiros de fogo. Fthaggua e seus subordinados podem guiar o cometa e fazê-lo ciajar por entre as estrelas, e eventualmente visitará nosso sistema solar daqui a quatro séculos.

 

Kynarth

Um corpo celestial misterioso que se encontra além de Yuggoth (que muitos afirmam ser o planeta Plutão), nos limites do sistema solar.

 

Kythanil (também Kythamil, também Kthymil)

São planetas gêmeos orbitando a estrela Arcturus e foi dele que as crias sem forma de Tsathoggua vieram.

 

L’gy’hx

É como é conhecido o planeta Urano. É habitado por seres cúbicos metálicos que possuem múltiplas pernas. Essas criaturas adoram uma deidade menor conhecida como L’rog’g, que é possivelmente um outro aspecto de Nyarlathotep. Em sua adoração realizam um ritual que demanda um sacrifício de um ano na forma da amputação das pernas de um nativo.

Quando os Insetos de Shaggai, os Shan, chegaram ao planeta os nativos de L’gy’hx inicialmente os toleraram e permitiram que construíssem uma enorme cidade para si, mas com o passar de dois séculos os nativos começaram a acreditar que os Shan eram também governantes do planeta.

Com o passar do tempo, muitos Shan começaram a substituir a adoração que tinham por Azathoth pela adoração a L’rog’g, mas assim que alguns L’gy’hx passaram a substituir a adoração a L’rog’g pela a Azathoth, os sacerdotes de L’rog’g deram início a uma inquisição, infligindo horríveis punições aos hereges.

Por causa disso o relacionamento com os Shan rapidamente foi se tornando hostil e os sacerdotes de L’rog’g ordenaram que todos os templos erigidos em nome de Azathoth fossem demolidos. Um pequeno grupo de Shan, ainda fieis a Azathoth, abandonaram L’gy’hx teleportando a si e a sua templo para o planeta Terra.

 

Mthura

Planeta sombrio habitado por seres cristalinos e o lar do Grande Antigo Q’yth-az. Os Nug-Soth de Yaddith viajaram para este mundo na esperança de encontrar uma fórmula mágica que fosse útil para que eles derrotassem os Dholes.

 

Mundo dos Sete Sois

Possivelmente um planeta próximo de Fomalhaut, de acordo com alguns escritores. Seus habitantes criaram sete sóis artificiais para substituir seu sol natural moribundo. Lovecraft afirmou que Nyarlathotep habita no mundo de sete sóis, mas ele não faz nenhuma ligação com Fomalhaut. Já outros escritores ligam os setes sóis às sete estrelas das Pleiades, das Hyades ou provavelmente da Ursa Maior.

 

Shaggai (também Chag-Hai)

É um planeta orbitando os sois verdes gêmeos e o mundo natal dos Shan, os Insetos de Shaggai. O planeta foi destruído oito séculos atrás, provavelmente por Ghroth o Mensageiro. O ser conhecido apenas como O Verme que AtormentaRói à Noite também vivia neste planeta.

 

Shonhi (também Stronti) 

É um mundo transgalático frequentado pelos habitantes de Yaddith.

 

Thuggon

Um planeta habitado por algum tempo pelos Insetos de Shaggai. Eles inicialmente acreditaram que o planeta era inabitado, mas quando seus escravos começaram a desaparecer logo descobriram a terrível verdade. Eles deixaram o planeta logo depois.

 

Thyoph

Um planeta gigante que se partiu, formando um cinturão de asteróides. De acordo com os Fragmentos de G’harne, o evento foi causado por uma “semente de Azathoth”.

 

Tond

Um planeta misterioso que muitos acreditam fazer parte de nosso sistema solar, apesar de grande parte dos relatos o colocar em um sistema de estrelas binárias próximo de Baalbo (uma estrela negra) e do astro que a acompanha Yifne (um sol verde). Muitos dizem que o ser Glaaki visitou este mundo em sua rota rumo à Terra.

 

Vhoorl

Um planeta existente na “vigésima terceira nebula” e supostamente o local de nascimento do Grande Cthulhu.

 

Xentilx

Uma galaxia distante e o lar do Grande Antigo Zathog.

 

Xiclotl

O planeta irmã de Shaggai. Os Shan conquistaram este mundo e escravizaram seus habitantes nativos, uma raça de monstros carnívoros. Quando Shaggai foi destruído os Shan reuniram ali seus irmãos e lá permaneceram por algum tempo.

 

Xoth (também Zoth)

É a estrela binária verde que brilha como um olho demoníaco na escuridão além de Abbith. De acordo com o ciclo de lendas de Xoth, foi onde Cthulhu se acasalou com Idh-yao e gerou Ghatanothoa, Ythogtha, e Zoth-Ommog, antes de virem para a Terra.

Xoth também é o mundo nativo de Ycnágnnisssz e Zstylzhemghi e o lar temporário de Ghisguth, parceiro de Zstylzhemghi, e seu infante Tsathoggua.  Tsathoggua acabou mais tarde indo para Yuggoth, mais tarde indo para Cykranosh tentando escapar dos hábitos canibalísticos de Cxaxukluth.

Muitos estudiosos ligam Xoth à estrela Sirius, devido à sua similaridade com Sothis, o nome egípcio da estrela.

 

Yaddith

Um planeta distante que orbita cinco sóis. Eras atrás foi habitado pelos Nug-Soth, criaturas com características similares aos mamíferos, répteis e insetos. Os Nug-Soth buscavam uma forma de evitar a destruição da crosta de seu planeta pelos Dholes, mas sem sucesso. Eventualmente os Dholes os subjulgaram e destruiram a civilização Nug-Soth. Sobreviventes da catástrofe conseguiram escapar e se esconderam em outros planetas. Yaddith era o lar do feiticeiro Zkauba e seus cientistas visitavam a Terra regularmente para realizar experimentos em seus habitantes, alguns inofencivos, como muda o tipo sanguíneo de algumas pessoas de A para B, e outros nem tanto, como os gêmeos alemãos que afirmavam que um anjo surgiu e trocou suas mãos e olhos.

 

Yaksh

É como é conhecido o planeta Netuno e é habitado por estranhos seres de constituição fungóide. Foi o lar temporário de Hziulquoigmnzhah, antes que partisse para Yuggoth para escapar das compulsões canibais de Cxaxukluth. Hziulquoigmnzhah foi adorado pelos Yakshians, mas logo se cansou da veneração e se mudou para Cykranosh.

 

Yarnak

Planeta com três luas que orbita Betelgeuse no misterioso Golfo Cinza de Yarnak. A agora deserta cidade de Bel Yarnak ainda existe em sua superfície. Esse mundo pode ter sido o lar do Grande Antigo Mnomquah.

 

Yekub

Um planeta em uma galáxia distante. É habitado por uma raça de seres tecnologicamente avançados que se assemelham a centoupéias gigantes, pouco maiores que um ser humano. A população adora uma entidade conhecida como Juk-Shabb, que surge como uma orbe brilhante de cores que mudam. Muito pouco se sabe a respeito desta deidade além de ser telepata e muito reverenciada pelos cidadãos de Yekub.

Os Yekubianos destruiram toda a vida inteligente na galaxia que habitam e tentaram expandir sua influência para todo o universo. Como parte de seu grande plano eles enviaram probes em forma de cubo capazes de realizar uma troca de mentes com qualquer criatura inteligente que as encontrasse. Desta forma agentes Yekubianos poderiam se infiltrar no mundo do descobridor da sonda. Um desses cubos chegou à Terra no período do reinado da Grande Raça dos Yith. Quando os Yith descobriram o perigo do cubo vários membros da raça já haviam sido dominados, o cubo então foi escondido e mantido sob guarda. Eventualmente o cubo foi perdido.

 

Yith

O planeta natal da Grande Raça dos Yith, de acordo com o Eltdown Shards. Ele é descrito como uma “orbe negra morta ha eras”. Sua localização é atualmente um mistério, alguns estudiosos a colocam em algum lugar do nosso sistema solar logo além de Plutão; outros dizem que ele é o quarto dos cinco planetas que orbitam a estrela Ogntlach. Yith possui uma atmosfera muito rala e os oceanos são aquecidos pela energia geotérmica do planeta.

 

Ylidiomph

O nome hiperbóreo do planeta Jupiter.

 

Ymar

Um planeta na mesma constelação de Abbith, Xoth e Zaoth.

 

Yrautrom

É um planeta distante orbitando a estrela Algol, alguns afirmam ser o lar de Zvilpogghua, uma das crias de Tsathoggua.

 

Yuggoth (também Iukkoth)

É o planeta anão Plutão. Alguns estudiosos afirmam que na verdade se trata de um planeta gigante que orbita nos confins do sistema solar.

 

Zaoth

Um planeta próximo a Xoth. É o lar dos cérebros metálicos e possuiu uma grande biblioteca de livros de Yuggoth. Logo após a destruição de Yaddith pelos Dholes, vários sobreviventes da catástrofe fugiram para este planeta.

Mudança de Planos

Um ponto importante na questão da cartografia sideral dos mitos de Cthulhu é que as viagens entre estes mundos dificilmente, para não dizer nunca, são percorridas no estilo homo sapiens, ou seja com uso de naves, foguetes e sistemas de propulsão. A viagem entre mundos e muitos deles não possuem condição de ser habitados por seres humanos, é feita ou por intersecções dimensionais, ou viagens astrais ou ainda uma visita telepática onde é a mente e não o corpo que se desloca. Assim encerraremos este artigo propondo, como isso pode ser feito por um magista experiente.

Inicialmente, saiba que se você não tem nenhuma experiência com exercicios básicos do ocultismo, a prática abaixo pode se revelar não apenas inútil mas prejudicial a sua sanidade. Além disso se você não possui intimidade com a egrégora cthulhiana os resultados podem revelar-se igualmente funestos.

O primeiro passo é chamado ‘Mudar de fase’. Isso pode ser feito de muitas formas, seja induzindo um sonho lúcido, iniciando uma projeção astral ou entrando em estado de gnosis. Assim, apague a luz, certifique-se  que não será interrompido e abandone a realidade mundana.

Após isso contemple em sua mente o nome do Planeta para onde quer ir e expulse do pensamento qualquer outra impressão mental que possa surgir. Você deve manter em um estado abissal de vazio e silêncio onde tudo o que existe é o nome. A chave desta técnica é a mesma usada por tradições ocultistas para direcionar viagens astrais. Ela se baseia no fato de que no mundo real da mente não há diferença entre um nome e aquilo a que ele se refere. Pensar no nome de uma pessoa é para a consciência como estar com essa pessoa.

No caso dos planetas cthulhianos é natural e esperado que antes das primeiras imagens se formarem você seja invadido por um sentimento de medo ancestral. Não fuja disso, continue com sua concentração. O pavor é parte essencial daquilo que você vai ver em seguida.
por Shub-Nigger, A Puta dos Mil Bodes

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/corpos-celestes-no-mito-de-cthulhu/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/corpos-celestes-no-mito-de-cthulhu/

Enochiano: bases, estruturas, conceitos e fontes.

Em meio a todo o movimento hermético e suas ramificações, iniciadas pela metade do século XV, podemos notar uma série de similaridades, que podem muito contribuir em nossa apreciação do posterior trabalho de John Dee.
Marsilio Ficino, por exemplo, foi o primeiro a dar impulso a este movimento, pois procurou polarizar o platonismo com o cristianismo, e em seus esforços procurou demonstrar que haveria uma sólida e consistente tradição, vinda desde Hermes Trimegistus até Platão, tendo passado por zoroastristas, órficos e pitagóricos afirmando a necessidade do homem de atingir a autoconsciência de sua própria imortalidade e divindade, através iluminação através de uma iluminação racional (ratio), intelectual (mens) e imaginativa (spiritus e fantasia), e procurando determinar via esta polarização, que todas as coisas existem no deus afirmado na bíblia, ou emanam do deus ali citado.
Já Giovanni Pico della Mirandola, que foi discípulo de Ficino, resolveu estudar a cabala e a torah e combiná-las a filosofia, e dentre outros detalhes afirmava que o deus citado na bíblia, torah, corão e talmud criou o homem para apreciar sua obra, sendo que Mirandola afirma que o homem ascende ao status angélico, sempre que folosofa e cai no estágios de vegetal e animal, quando falha em usar sua filosofia.
Giordano Bruno que nasceu em 1548 e.v., ou seja 50 anos após a morte de Ficino, desenvolveu conceitos bem peculiares, e foi perseguido ao extremo por conta dos mesmos.
Na teoria de Bruno, o Universo é infinito, povoado por incontáveis sistemas solares, e por vezes povoados por vida inteligente, sendo que deus citado no monoteísmo, seria em sua concepção a alma universal do mundo, da qual todas as coisas materiais são manifestações que teríam justamente nascido deste principio infinito.
Estes movimentos tem todos em comum o fato de terem nascido sob o período humano chamado de Renascimento, e serem imbuídos em muito dos conceitos dos filósofos antigos, mas que principalmente continham muito de Plotino – considerado o pai do neo-platonismo – como sua mola propulsora.
Mas haviam outras coisas movendo-se sob o pano de fundo da sociedade daquela época.
Um sentimento imenso de desconforto com o fato de que, em todos os textos observados e estudados, sempre pairava a sombra da impotência perante o povo eleito, conforme citações dos livros que afirmam o dógma monoteísta. Pois não importando o esforço feito em busca do entendimento e desenvolvimento do conhecimento, dentro da temática apresentada por Bruno, Ficino, Mirandolla e outros que os seguiram, sempre aos olhos dos estudantes e mestres fica a idéia da superioridade do povo eleito, sobre os demais povos.
Isso produziu em muitos um sentimento que por vezes se reveza a vergonha com a ira, ou mesmo a inveja com o ciúme, pois para um seguidor dos preceitos do dógma, mesmo quando se tratava de um filósofo, este empecilho sempre se fazia presente. O que em suas próprias concepções era algo inadmissível, uma vez que em maioria esmagadora dos casos, os estudantes e mestres, eram todos eles de ascedência celtica ou setentrional.
E foi sob a óptica das bases acima relatadas que John Dee, que viveu entre 1527 até 1609 da vulgar era cristã, ergueu seu tratado sobre o Enochiano.
No entanto, antes mesmo de alicersarmos nossa atenção sobre as notas deixadas por Dee, voltemos a mesma para o Hermetismo e suas estruturas.
A base deste movimento está no textos que teríam sido atribuidos a Hermes Trimegistus, chamados de “Corpore Hermeticum”, que originalmente foram traduzidos para o grego por Miguel Psellus e Ulf Ospaksson, em Bizâncio, e que depois sofreram uma posterior tradução ao latim por parte de Marsilio Fisino, acima citado, sendo que muito provavelmente o texto que procede dos Sabeanos sofreu consideráveis alterações, quando passou pelas mãos de seus tradutores, sobre tudo pelas mãos de Fisino.
Sabe-se que o “Corpore Hermeticum” é um texto de características similares aquelas encontradas por exemplo entre os trabalhos dos essênios e seus antecessores, os judeus hassídicos.
Os essênios professaram culto a mítica figura de Hermes Trimegistus, por eles identificado com Enoche, sendo que o texto apócrifo que cita o contato dos anjos com as mulheres humanas, que acaba gerando os Néphelins, é creditado a figura de Enoche.
Somado a isto, devemos notar um dado interessante eu somente vem somar informações a nossos objetivos.
Houve outro povo que adotou os costumes dos essênios, cuja cidade foi originalmente usada como um posto avançado da cidade suméria de Uruk, sendo portadores dos costumes astronômicos, religiosos e simbólicos naturais dos Sumérios e Babilônicos.
Este povo era o dos harranitas ou sabeanos, também conhecidos como sabinos, como depois foram conhecidos na região atualmente chamada de Iraque.
Sua cidade, Harran, situada no norte da Mesopotâmia, foi conquistada
pelos árabes entre 633 e.v. e 643 e.v., mas apesar de convertidos ao islã, os
harranitas mantiveram suas práticas pagãs, adorando a Lua e os sete planetas
então conhecidos. Tidos como neo-platônicos, escolheram, por imposição, da
religião dominante, a figura de Hermes Trimegistus para representá-los como
profeta. Um grupo de harranitas mudou-se para Bágdá, onde mantiveram uma
comunidade distinta denominada sabinos.
Devemos notar que a isto soma-se o fato de que ali já viviam os Curdos, que em sua origem eram Yezidis, e que ofereceram forte resistência aos árabes em toda a sua história, fato este que foi tomado como estratégico para os harranitas se estabelecerem na região de Bagda – e como sabemos os Yezidis contém elementos gnósticos e mitraicos em seu culto.
Tanto Harran como a comunidade dos sabeanos em Bagdá, eram constituídas de pessoas instruídas, que dominavam o grego e tinham grande conhecimento e literatura, filosofia, lógica, astronomia, matemática, medicina, além de ciências secretas relativas a culturas dos árabes e dos gregos. Os sabinos mantiveram sua semi-independência até o século XI, quando provavelmente foram aniquilados pelas forças ortodoxas islâmicas, pois não se ouve mais falar deles à partir do ano 1000 da era vulgar.
Por volta de 1041 da era vulgar, Miguel Psellus recebeu em Bizâncio uma grande quantidade de documentos dos Sabeanos e bem como de Harran, possivelmente levados para Bizâncio por parte de caravanas de mercadores, que sabiam da imensa biblioteca que havia na cidade.
Dentre os textos harranitas que para lá foram levados, havia o “…Corpore Hermeticum…”, que é a base para o conhecimento chamado de hermético nos tempos atuais.
John Dee que foi várias vezes acusado de bruxaria, entre tantas outras formas de perseguição, veio a estreitar laços de amizade com a então princesa Elisabeth, que viria a ser Elisabeth I, a primeira rainha protestante da Inglaterra, e depois tornou-se seu conselheiro, astrólogo particular, e trabalhou como um espião para o Império Britânico, durante a guerra anglo-espanhola – termo aliás que é de sua autoria.
Foi astrônomo, astrólogo, diplomata e em particular era especialista em línguas, e sua ascendência era galesa.
Nacionalista extremado, Dee procurou em toda a sua vida servir ao seu país, e devotar seu tempo livre ao estudo do que a seu ver, seria considerada a ciência sagrada e suprema, sendo que a parte final de sua vida foi designada exclusivamente para este último.
Neste contexto, entregou-se ao estudo do hermetismo e foi grandemente influenciado pelo seu sentimento de nacionalismo em seu trabalho.
Um caso que não é único, se observarmos que pouco tempo após a morte de Dee, os presbiterianos ligados a maçonaria, vieram a promulgar o Confessio Fraternitatis – publicado na cidade alemã de Kassel em 1615 e.v. – e os outros dois documentos que são a base do Rosacrucianismo, e procuraram refúgio contra igreja, em meio ao solo Boêmio.
Na verdade, a Inquisição foi uma mola propulsora para muitos descontentes procurarem refúgio em meio a protestantes, e em meio a estes fomentarem filosofias que embora atreladas ao dogma cristão, se opusessem em alguma medida ao vaticano.
John Dee, como foi citado acima, era Gales o que por si só nos leva a apontamentos diferentes do que pretendem a maioria.
Este povo permaneceu usando o idioma nativo, o galês, e permaneceu céltico jamais sendo invadido pelos anglo-saxões, devido a belicosidade de si e bem como da natureza montanhosa daquela região.
O nome da região provém do termo germânico Wales, que significa “estrangeiro”, ligando a região e o povo dali, a uma grande quantidade de contatos com migrações setentrionais vinculadas a célticas, que por ali tenham passado.
Este termo contém em si mesmo uma série de chaves para compreensão das bases do conhecimento, e da tradição antiga.
Fixemos nossa atenção para começarmos a entender este dado na sociedade celta.
A base da sociedade celta é a família no sentido extenso da palavra, comparável ao que foi observado nas cidades gregas e romanas. Essa família se chama “fine” entre os antigos gaélicos, e se observará que dito nome procede da mesma raiz que “Gwynedd”, nome do noroeste do País de Gales, e da palavra “veneti”, nome do povo gaulês que habitava o país de Vannes, Gwened em bretão.
Veneti ou Venedotia, é também como se conhece o termo para a Britânica Veneti, que é um nome tribal pelo qual os povos Belgas da costa do Atlântico foram conhecidos e citados até mesmo por Cesar, em seu intenso contato com as Ilhas Britânicas.
Seus ancestrais vieram dos Alpes à Norte, do Lago Venetico parte dos Bodensee, e da Bavária, potencialmente também dos Thuringios – que são a fonte dos mitos modernos sobre os Anões “…dwarfs…”, que são chamados de “…Walen…”.
Também há a sequência etimológica: Wealas que resulta em “…Welshmen…”, ou “Venezianer/Venediger/Veneder” na Suiça, Austria, Bavaria e Thuringia.
Os Illyrianos conheciam o nome também, possivelmente eles trouxeram-no como “…Veneti…”, que ocorre no Norte da Itália na região de Veneza.
Estes Vannen, de características célticas e vinculados ao Gwennwed, são a fonte regional para os Deuses Vanes da tradição Nórdica, os chamados Deuses da Terra.
Como sabemos, a presença dos germânicos e dos celtas implica em uma relação de inimizade respeitada, na qual a proximidade das culturas nunca superou a belicosidade de uma para com a outra, mesmo sendo esta proximidade vívida em meio as similaridades de sua cultura e religião, como é o caso da semelhança dos deuses Vanires dos Nórdicos, com os Sdhee dos Celtas, e bem como o uso do Oghimius, originado do contato com o Elder Futhark nórdico, por parte dos celtas, que ancestralmente já usavam o oghame para si.
Estes elementos somados aos dados acima citados, todos eles fortemente solidificados na natureza tanto inventiva quanto reticente de John Dee, formaram a base para que no devido tempo em sua vida, viesse a ganhar corpo aquilo que foi conhecido como “Sistema Angélico” ou “Sistema Enochiano.
O ardente desejo de reconhecimento por parte dos esforços intelectuais, para dar sentido ao sem sentido, que foi presente marca dentro do renascimento, e que foi freqüente meio usado pelos pensadores de então, para buscar uma solução filosófica para lidar com o dogma presente na bíblia, talmud e por vezes no corão, levaram ao aparecimento e desenvolvimento do hermetismo, mas também resultaram em um beco sem saída para estas mesmas mentes ardorosas.
Pois se é fato que seus esforços acabaram por levar em consideração os povos taxados de inferioridade pelo dogma, como é o caso dos helênicos, fonte da filosofia usada por Mirandola, Marcílio Fisino e outros. E que estes mesmos esforços somente foram possíveis, graças àqueles que fazem parte de povos que jamais guardaram qualquer contato com os povos descritos nos livros do monoteísmo, e mais, que foram terminantemente taxados de inferiores por estes mesmos livros, tamanha a quantidade de bruxos e bruxas que foram parar nas fogueiras, e em uma imensa maioria dos casos, por apresentarem Inteligência se contrapondo ao Fanatismo.

Como seria possível a qualquer ser munido dos princípios da filosofia supor a si inferior, por usar-se do que é chave para dar sentido ao dogma, por mais tortuoso e inconsistente que este o seja?

A questão acima torna-se ainda mais inquietante, quando levamos em consideração a natural perseguição contra discordantes, assim como contra concorrentes diretos, que foi muito utilizada pela igreja católica, e que foi assim absorvida e mantida pelos movimentos presbiterianos, protestantes e neo-pentecostais que se seguiram.
Notemos que Lutero foi responsável direto pela morte de 100.000 pagãos somente em solo alemão, e que ele mesmo atacou publicamente e estimulou a perseguição contra judeus, como podemos observar em “Von den Juden und ihren Lügen” – Sobre os judeus e suas mentiras, escrito em 1543, quando Lutero tinha 60 anos, ou “Vom Schem Hamphoras und vom Geschlecht Christi” – Sobre o schem Hamphoras e sobre o sexo de Cristo – de 1544.
Este ponto de vista de perseguição contra as correntes concorrentes e contra os opositores, este sempre presente em todas formas de monoteísmo, e ocorre entre elas umas com as outras – fervorosamente – e entre elas e religiões e formas de pensamento que sejam divergentes.
No caso do protestantismo que foi absorvido pelos ingleses, esta forma de sectarismo enraizou-se severamente, na mente das pessoas que formaram aquilo que pouco depois veio a ser chamado de Império Britânico por John Dee.
Desta forma o germe da discórdia do maior de todos os pontos considerados lugar comum, por parte de hermetistas e ocultistas mesmo nos tempos modernos, foi lançado no fértil solo da mente de John Dee.
O Sistema Enochiano, estava em gestação na mente de Dee já haviam muitos anos, houveram picos do que viria a ocorrer depois durante sua vida em várias ocasiões, sendo que talvez o maior destes tenha sido aquele que ocorreu em 1564 da era vulgar, quando desenvolveu um muito conhecido e importante trabalho seu chamado “Mônada Hieroglífica”, por volta dos tempos em que serviu como um conselheiro às viagens de descoberta da Inglaterra, fornecendo auxílio técnico na navegação e o no apoio ideológico à criação de sua maior ideal de devoção o nascente Império Britânico.
Quando Dee em meados de 1582 da era vulgar, veio a desenvolver este sistema de magia, com base no que foi acima exposto podemos tranquilamente dizer que estava imbuído do máximo de seus ideais de nacionalismo, combinados aos seus pontos de vista descontentes com o tratamento deferido a seu povo, a seu ver o mais elevado, por parte tanto do dógma religioso oficial, quanto das bases do hermetismo em si.
Desta forma, torna-se tanto interessante quanto mais fácil de entender, todos os apelos “angélicos” existentes no enochiano, contra o Goétia!
Estes apelos são muito similares a outro texto vinculado ao hermetismo, que muitas pessoas até o presente momento tem em alta conta, mesmo que seja mais um manual de sectarismo do que uma obra para desenvolvimento espiritual.
Trata-se do livro da “Magia Sagrada de Abramelin” do rabino Yaakov Moelin o qual viveu aproximadamente entre 1365 e 1427, da era vulgar.
Podemos citar a respeito deste texto, alguns dados que podem esclarecer estes fatos, uma vez que logo no início o praticante é incitado com as seguintes passagens:

“…Possa o único e santíssimo deus conceder a todos a graça necessário a serem aptos a compreender e penetrar os altos mistérios da cabala e da lei, mas devem se contentar com aquilo que o senhor lhes conferir…”!
“…Em Praga encontrei um homem malvado de nome Antonio, com vinte e cinco anos de idade, que efetivamente mostrou-me coiss maravilhosas esobrenaturais, mas preserve-nos deus de cair em tão grande erro, pois o infame asseverou-me ter feito pácto com o demônio, e a este se entregara de corpo e alma, enquanto Leviatã o ludibriador lhe prometere quarenta anos de vida para agir ao seu bel-prazer…”

Um pesquisador atento, ou um praticante cauteloso, saberão nos dias de hoje que o monoteísmo é tão somente uma invenção moderna perante tantas outras modalidades de tradições antigas, e foi galgado sobre os conhecimentos das mesmas, e bem como terá em mãos os meios de determinar a veracidade de quaisquer afirmações a respeito de páctos com demônios, que em verdade são uma renomada tolice em meios ocultistas menores, uma vez que demônio é tão somente um termo de origem grega que implica em espírito, e que Leviatã é uma expressão tardia reaproveitada na tradição rabínica, cuja fonte se encontra na luta de Baal contra Lotan, e de Marduk contra Tiamat.
Se ocorrer por parte do pesquisador ou do praticante, a idéia de voltar sua atenção para dados históricos, verá que a mais antiga citação sobre “…Daemoniun…” reside no demônio socrático ou platônico, que é um gênio inventivo ligado a genialidade humana e seu desenvolvimento, tal e qual o moderno conceito de Santo Anjo Guardião dentro do ocultismo mais esclarecido, que lida com o mesmo em grande parte, na mesma medida com a qual tratamos de assuntos ligados a individuação como era vista por Jung.
Voltando então a John Dee, verifiquemos agora os meandros que residem em seus inscritos, para podermos nos instruir na melhor forma de lidar com os mesmos.
Iniciemos então os mesmos pelo parceiro de estudos e práticas de John Dee, Edward Kelly.
Edward Kelly, ou Edward Talbot, viveu entre os anos de 1555 a 1597 da era vulgar, e foi considerado como um charlatão ou mesmo criminoso pela maioria das pessoas de sua época.
Em meados de 1582 e.v., entrou em contato com John Dee que por volta desta época já estava descontente com os sistemas ritualísticos de seu tempo, pois desejava ardentemente tomar contato apenas com o conhecimento sagrado e mais elevado, desdenhando imediatamente tudo que pudesse estar correlacionado com baixa magia ou demonologia, por seu ponto de vista pessoal.
Dee já se utilizava de uma vidente, procurando respostas a suas questões, mas não estava produzindo bons resultados em seu empreendimento naquele período.
Ocorre que Kelly soube que Dee desejava encontrar um médium para seus experimentos, e bem como sabia da influência e das vantagens que Dee possuía perante a corte britânica, por conta de sua ligação pessoal com a Rainha Elisabeth I.
Havia também outros pretendentes ao cargo de auxiliar para o Doutor Dee, mas Kelly aproveitou-se de uma distração e fez com que uma pedra escura aparecesse em um local estratégico, no momento mais oportuno, levando então John Dee a acreditar que ele seria a escolha perfeita para desenvolver seus experimentos. Esta pedra veio a ser o cristal usado nos experimentos vinculados a “Pedra da Observação”, usada no Sistema Enochiano, que inclusive é fonte para tantos e tantos livros e filmes contendo “…Bolas de Cristal…”, que chegaram ao conhecimento de toda a sociedade, até os dias de hoje.
É dito que ele fingiu estar em transe sob influência do Anjo Michael, e desta forma ter influência Dee a pagar-lhe uma verdadeira fortuna mensal, que seria o devido pagamento pelo julgamento do anjo, para honrar os serviços de “tão nobre auxiliar”, e bem como se diz que Kelly chegou a conversar via um espelho, com os 72 anjos herméticos, vinculados a um texto chamado “Chave Maior de Salomão”, que aborda os quinários da astrologia, sob o ponto de vista rabínico e hermético menor.
A maioria das pessoas sempre se pergunta, perguntou mesmo perguntará como é possível que alguém tão esclarecido para tantos assuntos como John Dee, pôde ser enganado tanto e por tanto tempo, pelas artimanhas de Kelly.
Quanto a isso, temos o talento de Edward Kelly – também conhecido como Edward Talbot, quando falsificava documentos – com um verdadeiro mestre na arte de representar, e também que no decorrer do tempo ocorreram coisas durante o contato de Dee e de Kelly, que fizeram até mesmo com que Kelly o mais conhecido falsário de sua época, sucumbisse a arroubos de insanidade, no final de sua vida.
Durante as etapas que se desenrolaram, sob a mediunidade de Kelly começaram a transcorrer contatos com várias entidades diferentes, taxadas por Dee e Kelly no transcurso do nascimento do Enochiano como anjos, como foi o caso de “…Ave…”, que instruiu Dee através de Kelly em vários momentos e em várias seções de invocação.
Em dado momento, os anjos assustaram tanto Kelly, que ele instigou Dee a desistir, dizia que na verdade estavam tomando contato com demônios, pois o que propunham era algo absurdo em todos os sentidos, tanto para época quanto para o dogma que regia a vida de ambos, pois através de Kelly chegou a deixar uma suspeita de que deveriam os dois deitarem-se juntos – coisa que acabou se desenvolvendo na famosa troca de esposas entre Dee e Kelly – e no último contato propriamente dito, o “anjo” se apresentou e deixou bem claro a ambos que “…o conhecimento que estavam desfrutando destruiria completamente a sociedade humana…”!
Este último golpe foi demais para tanto para Kelly quanto para Dee, sendo que ambos definitivamente se separaram em 1588 e.v. .
John Dee morreu em 1609 da era vulgar, não estando mais nas graças da coroa, pois o Rei James não era favorável as práticas de Dee, como foi o caso da Rainha Elisabeth I.
Kelly, contudo, faleceu bem antes em 1597 e.v., tendo vivido uma opulenta vida sob a corte do Rei Rudolf II em Praga, prometendo-lhe por muitos anos que produziria “…Ouro Alquímico…”, que se gabava constantemente saber produzir.
Rudolf cansou-se de Kelly e atirou-o em uma masmorra até que este viesse a produzir o tal “…Ouro Alquímico…”, quando falhou pela segunda vez foi novamente preso, desta vez no Castelo de Hněvín, e é da opinião da maioria que a corda que usou para tentar fugir era muito curta, e ele quebrou uma perna ao cair da torre, morrendo em decorrência dos ferimentos.
Dentre os mais interessantes detalhes do Enochiano e dos contatos que Dee e Kelly tiveram por meio dele, podemos citar as severas advertência contra o uso do Goétia, que pela óptica dos supostos anjos “foi o motivo da queda da humanidade”.
Isso é inquietante, por muitos motivos, e o mais interessante deles é que o ponto de vista comum sobre os assim chamados demônios, apresenta aos mesmos como sendo portadores de doenças, desvios de comportamentos e depravações, que são os meios usuais pelos quais em teoria arrastariam a alma dos humanos para o inferno.
Isso se choca diretamente com as observações dos ditos “anjos enochianos” que apareceram para Dee e Kelly, pois ambos afirmaram categoricamente que “nada seria motivo de pecado” e os instigaram a deitarem-se unidos, coisa que é inadmissível pelo dogma bíblico, talmúdico, corânico e bem como rabínico.
Outra coisa que é inquietante no texto, e que nos faz muito especular, são as afirmações que de que as adorações jamais deveriam se voltar a “Iaseus Christus” e sim a deus único, dentro do ponto de vista dos seres que tomaram contato com Kelly e Dee. Pois sabemos que houveram cultos heréticos que foram perseguidos com violência pela igreja católica, que afirmavam justamente isto, como foi por exemplo o caso do arianismo pregado pelo padre ário, que foi absorvido como culto pelos Visigodos quando vieram a entrar em decadência e se converteram ao monoteísmo, mas que não aceitavam em nenhuma hipótese prestar culto a “cristo”. E justamente este fato em si, encaixa-se como uma luva com o sentimento de ultra-nacionalismo de John Dee, assim como outros motivos acima citados.
Agora observemos a natureza essencial do enochiano, na forma como Dee e Kelly o apresentaram e destrincharam, pois por meio disto poderemos entender muitas chaves e elementos que até hoje não foram combinados aos mesmos, e que os explicam em todos os sentidos.
Durante os contatos com os “seres enochianos”, foram destilados extensos relatórios que Dee minuciosamente copiava, acerca de tudo que Kelly proferia ao observar o cristal escuro escolhido para as práticas, que foi acima citado.
Dentro destes relatórios que geraram detalhados grimórios e documentos, foram organizadas Letras do Alfabeto Enochiano, Chaves de Invocação, Detalhes sobre as Regiões Celestes Enochianas ou Aethyrs, Seres e Séquitos ou Cortes Enochianas, e metodologia que em todos os sentidos estava vinculada aos detalhes mais conhecidos do Hermetismo.
Quanto as Chaves Enochianas, foram organizadas em número de 19, sendo que a última serve exclusivamente para abrir os Aethyrs Enochianos, e as duas primeiras servem, na temática usada dentro da Golden Dawn e Aurum Solens por exemplo, para convocar todos os Aetryrs – Segunda Chave Enochiana – e a primeira para invocar os quatro Reis Enochianos e seus respectivos séquitos.
Esta visão também é partilhada por thelemitas.
No entanto, estudos mais apurados também apontam para formas diferentes de agir quanto ao enochiano, como por exemplo demonstra Donald Tyson ao lembrar aos leitores de seus trabalhos sobre este tema, de que nunca os ditos “anjos” deram permissão de uso e invocação da maioria dos detalhes que eram passados para Dee e Kelly, e que o método de trabalho se faria especificamente de forma invocativa, e sem círculo mágico, na versão original que ambos receberam dos seres enochianos, e que Dee e Kelly jamais usaram por não lhes ter sido dada a permissão para tanto.
Ambos os métodos, o original e o de uso das organizações mágicas, funcionam e atendem aos objetivos dos que praticam via o método enochiano, e isto muitos dizem que se deve a força da fonética da língua e mesmo dos símbolos vinculados ao caracteres do enochiano, que desencadeiam uma cadência naturalmente gutural em sua entonação, sem mencionar a violência natural contida na leitura da tradução das Chaves Enochianas, como por exemplo é o caso da Décima Chave Enochiana:
“…Coraxo chis cormp od blans lucal aziazor paeb sobol ilonon chis OP virq eophan od raclir, maasi bagle caosgi, di ialpon dosig od basgim; Od oxex dazis siatris od saibrox, cinxir faboan. Unal chis const ds DAOX cocasg ol oanio yorb voh m gizyax, od math cocasg plosi molvi ds page ip, larag om dron matorb cocasb emna. L Patralx yolci matb, nomig monons olora gnay angelard. Ohio! Ohio! Ohio! Ohio! Ohio! Ohio! Noib Ohio! Casgon, bagle madrid i zir, od chiso drilpa. Niiso! Crip ip Nidali…”
“…Os Trovões do Juízo da Ira estão numerados e descansam no Norte, semelhantes a um carvalho cujos ramos são ninhos, 22, de lamentações e lágrimas, caídas sobre a Terra, que queimam noite e dia, e vomitam cabeças de escorpiões e enxofre ardente misturado com veneno. Estes são os Trovões que 5678 vezes na 24ª parte de um momento rugem com centenas de poderosos terremotos e milhares de vezes tantas ondas que não descansam, e não conhecem qualquer tempo de calmaria. Aqui uma pedra produz 1000, da mesma forma que o coração do homem produz seus pensamentos. Maldita, maldita, maldita, maldita, maldita, maldita! Sim, maldita seja a Terra, pois a iniqüidade é, foi e será grande. Ide! Mas não vossos ruídos!…”
No entanto, exatamente aqui começamos a usar de outros métodos de entendimento, que podemos afirmar com razoável chance de êxito, terem sido os mesmos de John Dee e Edward Kelly, para compor a tradição enochiana.
Sabemos que tanto Dee quanto Kelly se interessavam por estudos sobre Hermetismo e sobre o Sobrenatural, mais especificamente voltados para a natureza dogmática que habitava em ambos.
E sabemos que Dee em seus estudos sobre hermetismo, como por exemplo atesta seu texto “Mônada Hieroglífica”, conhecia bem os documentos que engendraram o hermetismo, bem como o pensamento dos que foram seus progenitores nos tempos na verdade muito próximos aos dele mesmo, sendo que Marsilio Fisino fez uma cópia e tradução do “Corpore Hermeticum” – apenas 100 anos antes de Dee começar a suas pesquisas com Hermetismo – e que Miguel Psellus já havia traduzido para o grego este texto com o auxílio de Ulf Ospaksson, meio milênio antes.
Sabendo então que Hermes Trimegistus é chamado de Enoche pelos essênios e pelos que adotaram muitos dos costumes dos essênios em suas peregrinações até Bagda – os Harranitas ou Sabeanos – sem mencionar a própria natureza ligada ao mitraísmo e gnosticismo dos Curdos e Yezidis sob os quais foram se proteger dos árabes.
E principalmente que foram estes mesmos harranitas ou sabeanos que escreveram o texto que Psellus e posteriormente Marsilio Fisino, viriam a traduzir e que tem por nome “…Corpore Hermeticum…”.
Começa a ficar muito claro qual foi o principal ponto de motivação de John Dee para nomear seu sistema como “Enochiano”, ou angélico – dado o já conhecido fato ligando os Nefelins com as mulheres humanas creditado a história de Enoche, em um apócrifo.
Mas devemos ir muito além disto, devemos penetrar na mente do Doutor Dee, e seguir seus pontos de motivação pessoal, sua indignação, seu nacionalismo extremado e bem como sua idiossincrasia arraigada em seu ser, e cuja origem se mostrou presente em seu trabalho.

Como sabemos Dee era de origem “Wale” ou Galês , ou seja estrangeiro, e que este povo foi o último a perder o seu sentido de identidade e de língua em todo o império britânico, o que implica em Dee conhecer bem por parte de sua família a língua de seus ancestrais, coisa que deve lhe ter muito valido, pois ele era um especialista em línguas, e por conta disto e de seus conhecimentos em várias áreas, foi escolhido como diplomata e espião pela Rainha.
A necessidade natural de provar o próprio valor e o valor do povo, e da identidade fervorosamente arraigada naquilo que foi chamada de reforma protestante que começou com Lutero, para este mesmo conceito de império britânico, com o conteúdo de pleitear que o mesmo fosse entendido como a verdadeira nação sagrada, como verdadeiro povo eleito, são as peças de encaixe final que nos faltam para compreender uma parte do Sistema Enochiano.
Pois Dee ao entender melhor do que muitos em sua época, das raízes semânticas e lingüísticas de seus ancestrais, e de outros povos, viu a necessidade de expressar uma língua sagrada e um verbo sagrado, que fossem mais precisos a seu ver para demonstrar a natureza do povo eleito, conforme nossas suposições avançam – embora o façam embasadas na lógica e no raciocínio.
Desta forma não somente os textos e contatos acima, que parecem se alinhar ou com os processos da assim chamada reforma protestante, ou com os caminhos de cultos taxados como heréticos pela igreja católica. Mas também, muito do simbolismo usado, parece ter caminhado neste sentido.
Se observarmos outro ponto forte do Enochiano, seu Alfabeto, notaremos algumas coisas no mínimo estranhíssimas.
Vejamos que “Une”, que corresponde a fonética do “A”, liga-se a perspectiva de espírito e leveza, ao mesmo tempo que “Veh” que corresponde a fonética do “C” implica em fogo e criatividade.
E que este Alfabeto foi dividido em 3 grupos de 7 letras em cada um.
Até aqui tudo parece extremamente original, e para a maioria das pessoas assim o é.
Mas será que as coisas são assim mesmo?
Como já foi dito, John Dee conhecia muito bem línguas e bem como a língua de seus ancestrais, e que os mesmos eram os “Wales” uma palavra de origem Nórdica ou Germânica, que implica em estrangeiro, e que este povo foi o mais feroz em guardar sua língua e suas tradições, em meio a outros povos como os Escoceses e os Ingleses.
Se levarmos em consideração estes dados, e nos atermos simplesmente a história e etimologia, veremos que há também outro alfabeto que possuí um caractere de fonética “A” ligado a vento, espírito e leveza, da mesma forma que seu caractere de fonética “C”, liga-se ao fogo e a criatividade. E que este mesmo alfabeto igualmente se divide em 3 grupos, contudo de 8 letras, que são chamados na língua deste povo setentrional que dele se usa, de Aetts – extremamente similar a fonética Aethyr por sinal – e que inclusive tanto este povo é aparentado com os “Wales”, quanto influenciou na formação geral dos caracteres do Oghimius dos celtas na Europa.
Mas muitas questões serão levantadas contra isto, se não fosse a problemática da similaridade das afirmações enochianas sobre “Iaseus Christos” não dever ser adorado em nome de Iaida, termo enochiano para a palavra “Altíssimo”, como ocorreu com o arianismo abraçado pelos Viosigodos, que foi um fato de conhecimento apenas dos homens que puderam ter cultura na época de Dee, o que o incluí entre os mesmos.
Altíssimo é também um termo usado para designar o deus pai maior dos povos setentrionais, contudo ali chamado de “Har”, mas que se liga justamente ao caractere que dá nome aos deuses ali cultuados, aos “Ases” ligados ao caractere “As”, que foi absorvido e usado pelos Boêmios e outros hermetistas, para dar nome a raiz dos poderes de fogo, ar, água e terra dentro da temática do taro, e das permutações da escala platônica de fogo, ar, água e terra chamadas pelos herméticos de “Tetragrammaton”.
Em meio ao Enochiano nos deparamos com muitos termos e colocações, que em si mesmos não parecem corroborar com este ponto de vista – a primara vista é claro – mas logo chegamos ao termo enochiano “Mikaleso”, cuja raiz está no Old Norse “Miklas”, que tanto em enochiano quanto em Nórdico, quer dizer “Poderoso”.
Desta forma, John Dee procurou usar da temática que lhe era comum tanto por herança de família, como por julgar que esta seria a natureza mais acertada para dar impulso a sua visão de um império britânico, movido por um povo com uma verdadeira palavra e verbos divinos, que o movessem em direção a glória que em seu nacionalismo fervoroso, considerava como sendo de seu direito, e relegando o velho testamento e o novo testamento a uma visão ultrapassada, sob suas perspectivas, que deveria dar passagem a uma revelação mais coesa com os pontos de vista que estavam se formando na Europa daquele período, como acima foi citado, e sob a regência do nascente império britânico.
Notando a organização enochiana, onde aparecem Reis, príncipes e citações sobre o séquito dos mesmos, organizados e orientados nas 4 Tábuas Elementais somadas a Tábua da União, taxada como sendo a Tábua de Espírito, podemos perceber os elementos herméticos completamente dispostos nas mesmas.
Notando que 3 Chaves Enochianas já foram citadas acima, e a grosso modo seus usos dentro do enochiano, sobram então as Chaves que vão de 3 a 18, perfazendo um total de mais 16 Chaves Enochianas.
Pela óptica adotada dentro das organizações do passado e das atuais, e pela origem em grande parte hermética do trabalho do Doutor Dee, estas 16 Chaves Enochianas, se posicionam na escala de fogo, ar, água e terra usada dentro do hermetismo com base no cabalismo, cuja origem é neo-platônica em todos os sentidos.
E desta forma temos da 3ª até a 6ª Chaves justamente a escala de Ar do Ar, Água da Água, Terra da Terra e Fogo do Fogo.
Da 7ª até a 9ª Chaves teremos Água do Ar, Terra do Ar e Fogo do Ar.
Da 10ª até a 12ª Chaves teremos Ar da Água, Terra da Água e Fogo da Água.
Da 13ª até a 15ª Chaves teremos Ar da Terra, Água da Terra e Fogo da Terra.
Da 16ª até a 18ª Chaves teremos Ar do Fogo, Água do Fogo e Terra do Fogo.
Que são escalas totalmente atreladas ao desenvolvimento conseqüente das 20 letras entre as 4 Torres de Vigília Enochianas, as Tábuas Elementais, que foram utilizadas mais recentemente aos trabalhos de Dee, para formarem a Tábua da União, que encerra o maior segredo dentro das práticas cabalístico herméticas dos tempos atuais.
Estas letras foram organizadas de tal forma que formam os nomes de Ar (Exarp), Água(Hcoma), Terra (Nanta) e Fogo (Bitom).
As primeiras letras de cada um dos nomes em enochiano acima, são representações dos Reis Elementais e de sua Corte, e são explicitamente ativados pela entonação da Primeira Chave Enochiana, pela aplicação das Ordens.
As outras 16 letras, correspondem justamente as permutações de fogo, ar, água e terra que foram acima citadas, vinculadas a escala platônica que aparece na cabala com algumas diferenças, e que ao se utilizar de uma das 16 Chaves Elementais acima relatadas, ativam-se uma das Letras da Tábua da União no mesmo instante.
Que se vinculam por sua vez aos 16 sub-quadrantes elementais das 4 Torres de Vigília Enochianas, ou 4 Tábuas Elementais.
Estas quatro Tábuas Elementais, vinculadas as letras da Tábua da União, são dividias em uma proporção 12×13 quadrados em cada uma, 156 no total. Cada tábua é atribuída a um dos quatro elementos: Ar, Água – da esquerda para direita na área superior – Terra e Fogo – da esquerda para direita na área inferior.
Adicionalmente, cada Tábua possui quatro sub-quadrantes. Estes são arranjados em 5×6 e posicionados em cada canto da tábua em questão. Também são atribuídos aos quatro elementos.
Por exemplo, na Tábua do Ar, você terá um sub-quadrante do Ar correspondendo ao Ar do Ar; o sub-quadrante correspondente a Água do Ar; o sub-quadrante da Terra representando a Terra do Ar; e o sub-quadrante do Fogo para Fogo do Ar.
Cada sub-quadrante contém uma Cruz Sephirotica que é a 3ª Coluna e 2ª Linha do sub-quadrante. Contém os Nomes de Deus do sub-quadrante. Os quadros com letras na Cruz são chamados Quadros Sephiroticos.
A primeira linha de um sub-quadrante (com exceção da 3ª coluna) é chamado os Quadros dos Querubins.
Linhas 3-6 de um sub-quadrante (com exceção da Coluna 3) são chamadas os Quadros Servientes.
Com os sub-quadrante destacados, uma cruz é revelada no centro da Tábua. Esta cruz é atribuída ao elemento místico do Espírito e contém os nomes de Deus, o Rei (cujo nome obrigatoriamente tem 8 letras), e os 6 Senhores Enochianos (cujos nomes obrigatoriamente tem 7 letras), da Tábua em questão.
A 7ª Linha da tábua é chamada a Linha do Espírito Santo ou Linea Spiritus Sancti.
A 6ª Coluna da tábua é chamada a Linha do Pai ou Linea Patris.
A 7ª Coluna da tábua é chamada a Linha do Filho ou Linea Filii.
Quando as quatro tábuas elementares são colocadas junto como as Torres de Vigia, a divisórias entre as tábuas são chamadas a Cruz Negra e são atribuídas ao Espírito (Tábua da União).

E é precisamente aqui que encontramos o maior fator de surpresa no hermetismo e no Sistema Enochiano, quando observamos a estrutura do universo que é apresentada no organograma das Torres e da Tábua da União, e na conjugação de seus símbolos.
É dito que um caractere enochiano que está sobrando na Torre Elemental da Água, cujo som seria o mesmo de “L” e a designação enochiana seria “Ure”, na verdade ali subsiste para entrar em União com as 20 letras da Tábua da União, e gerar desta forma os 3 nomes de 7 letras dos 3 Governadores do Aetryr do Abismo, cujo nome é Zax, e que é o maior terror dos praticantes de hermetismo, cabalismo e tradições ligadas ao ocultismo, pois o mesmo é tal e qual a Daath citada pela cabala, sobretudo a hermética, e mais, este abismo enochiano é o lar daquilo que se descreve como o mais poderoso “demônio” da criação, pelo ponto de vista monoteísta, ou seja “Choronzon”, a dissolução.
Em outras palavras, ao se lidar com cada parte do Enochiano, com cada elemento, cada ser ou cada letra, o estudante e praticante estão invocando a própria natureza do Abismo para dentro de si, e para sua volta, pois o lar de Choronzon, o abismo Zax, é e subsiste em cada uma e todas as coisas a sua volta, e pela óptica do Enochiano, assim o é mesmo quando não se está consciente do mesmo.
Se o abismo é tamanha fonte de terror para as mentes dos hermetistas praticantes ou não de enochiano, podemos então imaginar o horror dos mesmos quando finalmente se deparam em seus estudos e práticas com estes dados, e quando pesquisam a vida de John Dee e de Edward Kelly, e desembocam diretamente nas incitações dos ditos “anjos”, levando-os a práticas consideradas imorais para seu tempo, e afirmando blasfêmias inimagináveis para suas mentes dogmáticas, tais como a já citada frase que afirma a total destruição da sociedade que Dee e Kelly conheciam.
O que nos leva a concepção de que em meio aos esquemas e estratagemas de Kelly, e do fervor nacionalista de Dee, entremeado ao dogmatismo de ambos, o sistema que serviu de âncora para gerar o enochiano, justamente a raiz germânica acima citada, começou a resvalar na psique de ambos, e veio a se manifestar depois de algum tempo de invocações e usos de linguagem aproximada, causando os choques acima citados, e bem como os temores ligados aos mesmos.
Pois é fato conhecido que o puritanismo e preconceitos sexuais exigidos dentro do dogmatismo do monoteísmo, em verdade não existiam na sociedade original dos “Wales”e dos Nórdicos, e na verdade justamente os costumes destes povos nos dão uma pista muito interessante a respeito dos meios usados por Dee, para suas técnicas de observação e viagem pelos Aethyrs Enochianos, e bem como a respeito das tais advertências contra as práticas Goéticas, uma vez que por goéticas entendam-se todas as formas não monoteístas ou não cristãs, tanto para Kelly quanto para Dee.
Dentre os Celtas podemos encontrar o culto aos Sdhee, que é o termo pelo qual os deuses célticos são efetivamente conhecidos, sendo que os mesmos são também chamados pelos ingleses de Elfos, que é uma derivação do Old Norse do termo Alf, que implica exatamente na mesma coisa.
Este culto aos Sdhee é extremamente próximo e aparentado ao culto Vanir, inclusive a mais conhecida deusa setentrional vinculada ao panteão dos deuses da terra, entre os povos setentrionais, é Freija, que é chamada de Vanadis e bem como de Seidh Lady ( Senhora do Seidhr).
Seidhr é uma técnica de transe para viagem a outros mundos na tradição nórdica, e sua raízes é a mesma da palavra Sdhee, como acima citada, bem como da raiz da palavra indo-ária siddhi – que quer dizer virtude ou poder.
O transe seidhr implica em êxtase sexual como catalisador dos eventos em si.
Isto explica o motivo pelo qual o ser enochiano que tomou contato com Kelly e Dee, ter exigido que os dois se deitassem juntos, ou que suas esposas fossem trocadas. Pois havia entre os nórdicos ligados aos povos vanires, sacerdotes de Freir – deus vanir irmão de Freija – e de Freija que eram taxados como “Erg”, que quer dizer homossexual, e que se afeminavam para efetuar o transe seidhr como as seidkhonas – feiticeiras – o faziam.
Mas nos é muito interessante que um certo tema seja básico, tanto nos trabalhos ligados ao Enochiano, quanto naquilo que acima foi citado como o “…Abramelin…”. Este tema, como já se pode perceber é o que aborda os trabalhos acerca do Santo Anjo Guardião!
É comum que em todos os trabalhos ligados a gnose, hermetismo, ocultismo, thelemismo e bem como enochiano, o assunto do S.A.G. venha a tona.
É dito que sem o S.A.G., fazer uma invocação de qualquer tipo ligada tanto a ditos anjos quanto a ditos demônios, resultaria em auto destruição ou loucura para o praticante.
No entanto sabemos que todos os seres goéticos e demais seres que foram taxados de demônios pelas formas de monoteísmo que existem desde os atos de akhenaton, tendo-o como sua fonte, nada mais são do que as fontes reais para a sustentação do monoteísmo, uma vez que o politeísmo é o tema básico que com suas tradições, veio a alimentar os símbolos do monoteísmo, via os atos de sacerdotes inconseqüentes e inescrupulosos.
Desta forma, torna-se senão ridículo inútil permanecer com os pensamentos voltados a estes temas, ao abordar as artes cerimoniais.
S.A.G. liga-se aos assuntos abordados por Jung no que tratava como sendo o conceito de Individuação, apenas que em um nível muito mais intenso e mais alto do que ele mesmo poderia chegar a supor, apesar de ter usado o Bardo Todol, como uma de suas fontes principais de inspiração. E se viéssemos a estabelecer um procedimento para aferir o desenrolar do desenvolvimento de cada praticante, e bem como os efeitos disto em seu ser, teríamos necessariamente tanto que aferir quanto do cérebro o praticante passa a utilizar, quando o contato com seu inconsciente superior passa a banhar a relação do inconsciente inferior com o consciente, quanto aferir quanto do inconsciente passou a ser tanto conhecido como conscientemente experimentado pelo praticante.
Nesta conceituação entraríamos então na essência do que os atavismos se despertando no ser, realmente fazem ao mesmo, e isto em verdade lida com o que trazemos de herança antiga de nossos antepassados, o que em si é a fonte e a explicação para o Enochiano, que em si é uma criação com vistas ao nacionalismo extremado, pode tanto ser forte como é, quanto ser potente para várias modalidades invocativas, evocativas e experimentais, inclusive podendo ser combinado aos estilos que lidam com a temática dos centros psíquicos humanos.
Ou seja, que Kelly e Dee despertaram via seus trabalhos baseados na língua antiga dos “Wales” e em suas fontes etimológicas, e pelo uso do transe frente o cristal escuro, traços dos cultos antigos, que paulatinamente ganharam força e vida no decorrer dos trabalhos feitos, tanto no caso original de John Dee e Edward Kelly, quanto nos de tantos outros praticantes, como e principalmente é o caso de Aleister Crowley, que fez a façanha de percorrer e catalogar tudo o que pôde ver nos 30 Aethyrs Enochianos.
Desta forma, o Santo Anjo Guardião é plenamente compreendido quando se tem em mente suas ligações com os termos que geram a palavra Self – Sdhee e Alf – pois tal e qual o Xintoísmo, a tradição setentrional alerta para o fato de que tudo guarda vida em si, e bem como um wyrd próprio – destino próprio, aproximadamente como o carma – e tudo tem vida ou essência, sendo o Alf que dá vida a uma planta ou animal o conceito aqui citado. Fato este que colabora em muito para o nosso entendimento das correlações dos atavismos ligados as fontes do Enochiano, com as forças em si que ganharam passagem e vida por outras vias, emprestando-lhes sentido e força, exatamente como fizeram com o Sistema Mágico que John Dee e Eward Kelly “revelaram” ao mundo.
Agora, voltando a Aleister Crowley, poderemos estender esta abordagem sutil ao enochiano, contudo munidos do necessário para alçar entendimento além dos limites impostos até então.
Como foi acima citado, Crowley é celebrado como o primeiro – alguns dizem que o único – que viajou por todos os 30 Aethyrs, catalogou o que viu, e deixou indicações claras para quem quisesse se arriscar a seguir seus passos.
Contudo, notamos que o trabalho de Crowley seguiu a temática proposta por Dee, de guiar-se em direção a formula nacionalista apresentada por este, com base no conceito do império britânico.
Podemos dizer inclusive que ambos possuíam outros pontos em comum, além do fato de serem ingleses, pois se John Dee foi aceito entre os membros fundadores do Trinity College d Cambridge, Aleister Crowley, estudou no mesmo a partir de 1.985 e.v e lá se destacou em meios aos estudantes.
No Liber 418, Crowley cita a fórmula cabalística em meio a todos os Aethyrs, entremeados de recomendações e detalhes que são posicionados de tal forma que criem a temática da queda do Aeon de dos deuses dos escravos, o Aeon de Osiris, e bem como lentamente mostrem a ascensão do Aeon da Criança conquistadora e Orgulhosa, que é o centro de seus trabalhos mágicos, e por fim complementa os receios e temores vinculados ao abismo, quando aborda o Décimo Aethyr, ZAX, para apresentar uma ascensão pelos aspectos derivados da escala de atziluth, briah, yetzirah e assyah presentes na cabala, e que são mais uma vez uma apresentação da escala dos elementos platônicos de fogo, ar, água e terra.
Se apreciarmos as passagens abaixo, que são excertos retirados das citações contidas no Aethyr ZAX, dentro do Liber 418, poderemos compreender mais:
“…Se tu não podes comandar-me pelo poder do Altíssimo, saiba que eu indubitavelmente tentá-lo-ei e isso me causará arrependimento. Eu me curvo ante os grandes e terríveis nomes que usaste para me conjurar e confinar. Todavia, teu nome é misericórdia e eu brado por perdão. Que eu ponha então minha cabeça entre teus pés para que possa servi-lo. Porém, se tu me mandas obedecer pelos Sagrados nomes, eu não posso me curvar assim, pois seus primeiros sussurros são maiores que o ribombar de todas as minhas tempestades. Peça-me então para que chegue a ti e assim adorar-te e partilhar de tuas bênçãos. Não é infinita a tua misericórdia?…”
“…Eu me alimento nos nomes do Altíssimo. Eu esmago-os em minhas mandíbulas eu evacuo do meu fundamento. Eu não temo o poder do Pentagrama, pois sou o Mestre do Triângulo. Meu nome é trezentos e trinta e três que é três vezes um. Atentai, pois te previno que estou preste a ludibriar-te. Proferirei palavras que tu usarás para invocar o Aethyr e as escreverás pensando serem grandes segredos de poder Mágico todavia, não passarão de escárnio…”
Tal passagem acima teria sido citada por Choronzon, o Arqui-demônio que habita em ZAX, e que é a dispersão em si mesmo, encarnando em si todos os terrores que são citados a respeito da temática da Sephirah Daath, vista como uma entrada que dá diretamente no que a cabala chama de Árvore da Morte, composta por Qlipoth, que são os lares dos demônios citados dentro da bíblia, corão, talmud e torah.
As Sephiroth são citadas em uma tradução mais aproximada, como “…os papiros…”, e as Qlipoth, são citadas em tradução mais aproximada, como sendo “…as cascas…”, sendo que o termo rabínico usado para se referir as primeiras é “…Esposas…” e em relação as Qlipoth “…Prostitutas…”.
Sabe-se que isto implica apenas e tão somente no fato de que as ditas “…esposas…” são somente tocadas e manipuladas pelo esposo – dando margem a idéia cabalística de ruach e nephesh, alma e corpo, esposo e esposa – que é o sacerdote dentro da temática cabalística, e as “…prostitutas…” necessariamente são aquelas que vem a ser manipuladas pelas mãos de todos os outros, e que não tem vínculos exclusivos com o sacerdote, e mais que em nenhum momento o obedecem.
O Talmud vai além, e afirma que Qlipoth é o nome que é dado a alma dos que não fazem parte do povo eleito – coisa que explica em muito o antagonismo gerado contra o mesmo, por parte de outros estilos de monoteísmo, e presente na temática de muitos hermetistas, mesmo que sutilmente.
Desta forma, entenderemos que houve uma forma de adulteração na temática do contato coligado com o Enochiano, tanto em sua raiz quanto nos movimentos que posteriormente usaram-se dele.
Após o Aethyr 10º, vem a descrição de um Aethyr de nome ZIP que lida com a temática do adentrar na cidade das pirâmides, que é uma representação daquele que foi além da Daath da cabala, e entrou no local onde reside Aima Helohim e Ama Helohim, vistas como Babalon, ali mais uma vez ocorre referência ao tema da Rosa e da Cruz, que em verdade formam o Brasão de Armas de Luthero, algo que escapa aos usuários e que deveria ter sido repensado pelo modelo thelemico do período, por representar um modelo do Aeon dos Escravos.
Da mesma forma que houve sobreposições de muitos símbolos para compor as estruturas psicológicas da “…Visão e da Voz…”, precisamente as descrições do Liber 418, o modelo cabalístico serviu de suporte em alguns momentos, e a simbologia ligada ao número 8 e seu contexto em tanto quanto um modelo que se encaixa nos padrões, estruturas e natureza de Hermes o mensageiro dos deuses, também aqui o Aethyr Oitavo ZID, é descrito como o mensageiro dos deuses para o praticante, pois as instruções o coligam com a experiência do Santo Anjo Guardião, como acima foi citado, e isto é muito estranho uma vez que muito abaixo da escala do que é chamado de Três Sephiroth Supremas, o Contato e a Conversação com o Santo Anjo Guardião, são exigência mínima para conhecer a verdadeira vontade, e poder desta forma atravessar o Abismo ou ZAX.
No entanto, lembramo-nos que o “…Sdhee Alf…”, mensageiro da Lei pessoal e intransferível da divindade de cada homem ou mulher que o podem convocar, tem a missão de serem os portadores da Lei, e não a mesma, e desta forma o entendimento de que se trata do comprometimento final do ser com sua verdadeira vontade, brinda aos que estão atentos.
Em DEO, o Aethyr seguinte, citada é a Estrela Vespertina, Lúcifer, que é o planeta Vênus e bem como um símbolo do que é chamado de Netzach na cabala, em total sintonia com a idéia numérica do cabalismo, como acima já foi alertado, e que saturno exaltado em Libra contém também o seu contrário, no segundo decanato de capricórnio, regido por Astaroth, o qual é Astarte e Inanna, Deusa Suméria da Cidadela de Uruk, senhora escarlate da guerra, sexo e magia, celebrada também como Deusa-Mãe, e sendo venerada como Athirat, também chamada Asherah, Astarte ou Anat e, da mesma forma que no culto de Inanna, seus sacerdotes transexuais, os Qedshtu, extraíam seus órgãos sexuais para executarem os ritos, muitas vezes sexuais ligados a deusa da Estrela da Manhã.
O amor ali citado contém sua fonte nesta deusa e a chave real disto, que como podemos ver também se conecta nos conceitos ligados a Freia e a Freir, como foi acima citado, explica-nos todos os detalhes vinculados a idéia conectada com os chamados Irmãos Negros, ligados a este Aethyr, que dizem ser aquele até onde os mesmos podem atingir, pois estes que se negam a deixar seu sangue adentrar na copa das abominações de Babalon, na temática da visão do décimo primeiro grau como foi explanado por Crowley, não podem ser “…tais e quais noivas…”, que é um termo que conecta todos os praticantes dentro da Argentum Astrum, e muitos mistérios ligados a esta fórmula mágica do Amor, ou Ágape, correlacionam-se com o sacerdócio de Freir, e bem como o Sacerdócio Masculino de Inanna, que é a Senhora das Abominações da Babilônia. Desta forma as chaves ocultas para adentrar os sacramentos como Crowley os via, passam necessariamente pelo entendimento destes símbolos e em sua aplicação.
No entanto, esta é apenas uma visão a respeito dos sacramentos superiores, e não é nem a melhor e nem a única.
No Aethyr seguinte, MAS, Crowley usa-se de uma passagem bíblica retirada do genesis – 19:32-33,35 – sobre as filhas de Ló, que o embriagaram para se deitarem com ele, a título de “…povoar a terra…”:
“…Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai. E deram de beber vinho a seu pai naquela noite; e veio a primogênita e deitou-se com seu pai, e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou. E sucedeu, no outro dia, que a primogênita disse à menor: Vês aqui, eu já ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe de beber vinho também esta noite, e então entra tu, deita-te com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso pai…E deram de beber vinho a seu pai também naquela noite; e levantou-se a menor, e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou…”
Notemos a similaridade contida no texto deste Aethyr, para representar as ditas 3 Tradições Mágicas – Branca, Amarela e Negra – que na teoria hermética e cabalística, abrangeriam o mundo:
“…E uma voz diz: Maldito seja aquele que desnudou o Altíssimo, pois ele embriagou-se do vinho que é o sangue dos adeptos. E BABALON embalou-o, no seu colo e no sono ela sumiu e deixou-o nu chamando o seu filho para junto dizendo: Acompanha-me para zombarmos da nudez do Altíssimo. E o primeiro dos adeptos cobriu Sua vergonha com um pano, caminhando para trás e era da cor branca. E o segundo dos adeptos cobriu Sua vergonha com um pano, caminhando lateralmente e era amarelo. E o terceiro dos adeptos zombou de Sua nudez, caminhando para frente e era negro. Essas são as três grandes escolas dos Magi que também são os três Magi que dirigiram-se ao Local Sagrado e, por não possuir sabedoria, tu não saberás qual escola predomina, ou se as três escolas são uma. Pois os Irmãos Negros não ergueram suas cabeças na Sagrada Chokmah já que foram afogados no grande mar que é Binah, antes que a verdadeira vinha pudesse ser plantada no sagrado monte Sião…”
O mar de Binah é o Mar que subsiste citado na Lámina do Enforcado, e é uma representação das Qlipoth, implicando na incapacidade de ir além da Menstruação, que é símbolo da inexistência de vida na mulher, que na tradição monoteísta e fálico solar, é vista como tendo alma somente quando está preenchida pelo sêmen, que é o portador de Ruach – alma e símbolo para o “…esposo…”, acima citado – e está contido em Yod – letra hebraica que o cabalismo usa para identificar o elemento fogo e o falo.
Desta forma os finalmente entenderemos que os Irmãos Negros, como citados por Crowley, são os que não tem o que é entendido como sendo “…LUX, ou, LUZ…”, que implica em uma fórmula totalmente voltada para o espírito solar como algo solar, como foi dito pelo criador do monoteísmo, Akhenaton, e pelo ponto de vista da cidadela de “ON” ou “Heliópolis”, no Egito.
As 3 cores citadas como representantes da alquimia não estão aqui por conivência, mas antes devem ser necessárias para dar pano de fundo para o conceito de alquimia, e do elixir alquímico que é citado nas linhas acima. Desta forma Negro lida com os que ainda perfazem a fórmula levando em consideração o conceito de mulher e das Kalas do Tantrismo ligado aos Drávidas e a deusa Kali; Amarelo lida com o ponto que seria intermediário entre este primeiro e o seguinte, o qual é Branco, por lidar apenas e tão somente com a Luz ou os mistérios sexuais puramente masculinos, ocorre que isto lida com o antigo Aeon, pois o cristo do monoteísmo se auto proclama “…a luz, o caminho a verdade e a vida…”.
Destrinchados assim os símbolos aqui presentes, podemos avançar ainda mais a cerca da “…Visão e da Voz…”.
Lit desvela-se com o entendimento claro da atmosfera fálica espiritual da flecha, cuja ponto é Argentum Astrum , a Estrela de Prata ali mencionada.
O trocadilho de não há deus com “…Lá…”, o qual é a mesma composição de “…AL…”, que é o termo hebraico para deus, e que é o nome divino usado na Sephiroth de Chesed, a sephiroth da misericórdia, e que na verdade é o nome do deus pai supremo dos Fenícios “…AL…” que foi absorvido para uso pelos rabinos, dentro da temática do hebraico, nos dá o entendimento necessário, de que ali á afirmado que “…Lá…” o nada, é o deus naquele Aethyr, e que está é a chave do Aethyr dando a entender outro trocadilho simbólico com o Olho de Shiva, que aniquila o universo no “…Nada…”, e daí somos levados ao conceito da cabala que lida com “…Ayin…” o nada universal, representado também na lâmina de Baphometh, na Lâmina do Diabo, cuja letra hebraica é justamente “…Ayin…”, e sendo que o olho ali citado, também vai na direção de Horus, pois há o conceito dos dois olhos de Horus, o direito e o esquerdo, um deles os métodos de Crowley citam em combinação com o Ajna Chacra, que é o Olho de Shiva, e o outro é citado como sendo o Muladhara Chacra, vinculado a ponta do cóccix e que participa da fórmula dos sacerdotes de Freir e dos sacerdotes homossexuais do culto de Inanna, como acima foi citado.
Mesmo em PAZ, ocorre este fenômeno de justaposição pois os elementos da rosa e da cruz voltam a entrar em sena, e mais, caos e trevas cosmos e luz são ali citados, sendo o caos algo como uma representação do Olho de Ayin que é acima citado.
Há o trocadilho da palavra “…PAX…” com o nome do Aethyr “…PAZ…”, e no entanto ao colocar os dados acima mesclados a isto, a chave do que Crowley expressa como sendo a essência deste Aethyr esta neste excerto:
“…Abaixo de seus pés está o reino e em sua cabeça a coroa. Ele é o espírito e matéria, ele é paz e poder, nele está Caos e Noite e Pan e sobre BABALON sua concubina, que embriagou-se dos sangues dos santos que ela coletou em sua taça dourada tem ele originado a virgem que agora ele deflorou. E isso é o que está escrito: Malkuth será elevada e colocada no trono de Binah. E essa é a pedra dos filósofos que é posta como um selo na tumba do Tetragrammaton e o elixir da vida que é destilado do sangue dos santos e a força rubra opressiva dos ossos de Choronzon…”
Pois já foi citado no texto da “…Visão e a Voz…”, que a chave do termo hebraico para adão está em “…Adm…”, visto como um anagrama para a palavra enochiana “…Mad…”, que quer dizer deus.
Desta forma o “…Adm Kadmon…”, é a chave de entendimento para aquele que é cavalgado por Babalon no trecho acima citado, e que nele habita a essência do Aethyr “…PAZ…”, que é o Caos ou a Noite de Pan, isto se liga a emanação de Aiyn Soph Aour, “…LUZ…”, que se contrai para gerar Kether e dela gerar todo o restante da Ortz Chaim, Árvore da Vida, que é o próprio “…Adm Kadmon…”. Porém a pedra dos filósofos é mais uma vez um anagrama do Velho Aeon, ligada a cristo, que é citado como a pedra, ou a rocha, no cristianismo, e é dito do mesmo como o elixir e o selo do tetragrammaton, pelas conexões que o filho tem para com o pai, dentro do monoteísmo, em tanto quanto a relação de Ruach e Yod, vista na fórmula fálico solar acima citada.
Em “…ZOM…” o seguinte Aethyr, vemos uma fórmula vinculada a ascensão em direção a Kether, passando por Chokimah que é o falo e liga-se com o ponto de vista de Yod, Ruach e da fórmula fálico solar – uma vez que Marah o grande mar, é ligado a Binah e é o Mar de Sangue e Trevas que impropriamente e indevidamente o sistema fálico solar taxou de incorreto ou daninho.
Observemos então estes trechos:
“…E o olho de Sua benevolência se fecha. Que não seja aberto sobre o Æthyr para que as severidades sejam abrandadas e a casa desmorone”. A casa não cairá e o Dragão descerá? Todas as cousas foram de fato engolidas pela destruição; e Chaos abriu suas mandíbulas e esmagou o Universo como um Adorador de Baco esmaga uma uva entre seus dentes. A destruição não engolirá a destruição e a aniquilação confundirá aniquilação? Vinte e duas são as mansões da Casa de meu Pai, porém lá vem um boi cabeceando a Casa que cairá. Todas essas cousas não passam de brinquedos do Magista e o Criador de Ilusões que barra a Compreensão da Coroa…”
“…E por isso BABALON está sob o poder do Magista submetendo-se a obra e guardando o Abismo. Nela está uma perfeita pureza superior; ainda que seja enviada como o Redentor para os que se encontram abaixo. Não existe outro caminho para o Mistério das Supremas além dela e da Besta na qual cavalga; e o Magista é colocado além dela para ludibriar os irmãos das trevas para que eles não façam de si mesmos uma coroa; pois se houvessem duas então Yggdrasil, a antiga árvore, seria lançada no Abismo, extirpada e lançada no Mais Distante Abismo profanando o Arcanum que é o Adytum* e a Arca seria tocada e a Loja profanada por aqueles que não mestres e o pão do Sacramento seria as fezes de Choronzon e os vinho do Sacramento a água de Choronzon e o incenso seria espalhado e o fogo sob o Altar odiado. Erga-te, todavia, firma, goze o homem e contemplai! Será revelado a ti o Grande Terror, o inominado temor…”.
Acima vemos que nem mesmo Crowley pôde escapar dos símbolos mais antigos do conhecimento, pois em lugar do uso do termo comum da cabala para a Árvore da Vida, ele se usou do nome Setentrional e mais antigo da mesma, Yggdrasil, também conhecida como Eomersyl ou Yrminsul, o Pilar do Mundo.
Todos os símbolos de destruição lidam com o ponto onde ocorre a elevação em direção ao Nada, o Caos, saindo do ponto de Ordem mais próximo deste, que é o caos espermático do que chokimah é e representa, na teoria dos cabalistas.
Tolices são ditas sobre Taumiel, o dragão de duas cabeças que seria o oposto na árvore da morte, a árvore das qlipoths – que já vimos acima, que nada tem haver com os conceitos citados sobre ela pelo hermetismo comum – e a alegação de que O Magus estaria comandando-a para negar a força dos que não se curvam a luz de cristo, por ser este o caminho correto, desaba sobre si mesma, pois de fato são dois os potenciais mais altos que engendraram o universo, e são opostos e infinitos em si mesmos, e quando se tocam encontram limite, o qual é vida e o que os gregos chamaram de Cosmos, e são amplamente vislumbrados na antiga tradição original que a Yggdrasil que Crowley citou no texto deste Aethyr, apresenta como as mais antigas forças, anteriores ao universo conhecido.
No Aethyr seguinte, temos gratas surpresas!
Crowley cita a lenda suméria sobre os Sibilli Azag Aphikalluh, liderados por U-Na, ou Dagon, cuja forma é a do homem peixe que leva os códigos da civilização em amor aos humanos, e mantém relações com as mulheres, sendo esta a fonte original para os Nephelins citados no texto de Enoch. Notemos que o termo Azag é aparentado com Az, Ases e Aesir ou Ansjus, que já nos referimos acima.
Diz Crowley que a chave deste Aethyr está na idéia de Cain ser filho da Serpente e não de Adm, citando este último como um culto externo e destituído de vida, e tendo Cain uma marca em sua testa – que lida com o Olho de Shiva e com a temática acima citada sobre o mesmo – e que elimina Abel, de acordo com o texto da “…Visão e da Voz…” usando do Mjollnir o Martelo de Thor, e devemos nos lembrar que este deus é saudado tradicionalmente como o inimigo do cristo branco invasor, em uma das línguas dos povos setentrionais.
Crowley jamais suspeitou – ou jamais deixou que os que estavam a sua volta suspeitassem – que o símbolo que aparece neste Aethyr, das 3 flechas cruzadas nada mais é do que a Runa Gótica Hagalaz, que tem exatamente aquele diagrama, e que implica na idéia de despertar, desagregação do que é velho para dar lugar ao que é novo, e lida com a idéia de Hagal e de Haimdall, que é chamado de Aesir Branco.
E em seguida, somos brindados com as mesmas idéias implícitas, presentes no próprio texto deste Aethyr:
“…Então o fogo cobriu-me e ressecou-me, uma tortura. E o meu suor está amargo como veneno. E todo o meu sangue torna-se agro em minhas veias, como gonorréia. Parece que estou apodrecendo rapidamente e os vermes devorando-me vivo. Uma voz, não minha ou externa diz: Lembrai de Prometeus; lembrai de Ixion. Estou rasgando o nada. Não darei atenção. Pois até esse pó deve ser consumido pelo fogo. Embora não exista imagem ainda pelo menos resta uma sensação de obstrução, como se houvesse alguém puxando próximo a fronteira do Æthyr. Mas estou morrendo. Não consigo avançar ou esperar. Meus ouvidos agonizam, bem como minha garganta, e meus olhos parecem tão cegos há muito que não consigo lembrar que existe visão…”

E quando o texto cita Leviatã e o Mar, nos perguntamos se Crowley perversamente não escondeu os termos a cerca de Jourmungand ou Niddhog, a descrição que ali é dada afirma um, mas se expressa por meio dos outros dois.
Finalmente no Primeiro Aethyr, LIL, é apresentada a fórmula do Senhor do Aeon, Rá Hoor Khuit, apresentado ali apenas como Horus, e uma informação incorreta é ali dada.
“… Iaida…” não quer dizer “…Eu Sou…” e sim quer dizer “…Altíssimo…”.
Hoor ou Har, é o Senhor Altíssimo dos Céus de Leste a Oeste em meio a tradição mais antiga dos Egípcios, antes das bobagens osirianas corromperem o culto e apresentarem a Har como o filho de Osiris posteriormente, inclusive como as formulas usadas em Heliópolis apresentam.
No entanto esta primeira parte do texto em si nos dá outros elementos:
“…Eu sou o filho de tudo que é o pai de tudo, pois de mim veio tudo o que eu posso ser. Eu sou a fonte nas neves e sou o mar eterno. Eu sou o amante e sou o amado e sou os primeiros frutos do amor deles. Eu sou primeiro débil tremor da Luz e eu sou a roca onde a noite tece o seu impenetrável véu…”
“…Eu sou o capitão das hostes da eternidade, dos espadachins e dos lanceiros e dos arqueiros e dos aurigas. Eu liderei as forças do leste contra as forças do oeste e as forças do oeste contra as forças do leste. Porque eu sou Paz…”
“…Eu sou luz e sou noite e eu sou aquilo além deles. Eu sou a fala e eu sou o silêncio e eu aquilo além deles.Eu sou vida e eu sou morte e eu sou aquilo além deles. Eu sou guerra e eu sou paz e eu sou aquilo que está além deles. Eu sou a fraqueza e eu sou a força e eu sou aquilo que está além deles. Assim por nenhum deles pode o homem chegar a mim. Assim por cada um deles deve o homem chegar a mim…”

Crowley vê a força do Senhor do Aeon neste Aethyr e o descreve como o poder anterior a criação, e que move a tudo e todos inclusive causando guerra e paz, e bem como dando vida e morte a bel prazer.
Em seus elementos descritivos, somos forçados a questionar se os usos do Enochiano, que tem fortíssima descarga atávica dos elementos dos “…Wales…” e de suas tradições, usados por John Dee para dar corpo a esta tradição, não afetaram a Crowley a ponto de trazer finalmente os elementos profundos do senhor do Salão dos Eleitos, deus de guerra e de vida e morte, para dentro da descrição de “…Iaida…” o Altíssimo, como acima citado, uma vez que também seu nome é Har, e igualmente ao Har Egípcio ele é cego de um olho, sacrificado em nome do conhecimento?
O que podemos concluir de mais elementar em tudo isto, é que o poderio mágico do enochiano se deve a suas fontes atávicas serem tão fortes, que estão drenando usos das tradições antigas de onde retiram suas bases e essências, e que isto intoxica e causa êxtase a quem quer que o seja que use-se deste sistema, e que acabará se destruindo em Choronzon, ou antes disto, por conta de sua teimosia em lidar com pontos de vista do Aeon dos Escravos, quando deveria liberar-se disto e empunhar sua espada em função do Aeon dos Fortes e Orgulhosos, pois esta é a essência deste Aeon.
Desta forma, todos os trabalhos mágicos que tem sido praticados com o Enochiano, levaram seus praticantes ao portal do terror da negação do dogma, em função do poder e da veracidade, que sejam tanto históricas quanto espirituais, e alinhadas em si mesmas, de tal forma que por mais que o texto lide com uma direção, o praticante será encaminhado para outra, ou se destruirá no processo.
Visto desta forma, o alinhamento das fontes antigas do Enochiano, com os elementos thelemicos, torna-se mais que natural por mais que seja incidental sob certos aspectos, e nãos e choca em sua essência, por mais que se choque em sua aparência, uma vez que tanto uma realização espiritual quanto a outra, abominam o subserviente e miserável culto dos escravos, e contém entre si elementos de conexão que tanto são claros e visíveis a qualquer um, com contém também segredos velados que podem ser experimentados tanto pelo estudo, quanto pela prática, o mesmo se dando com o avanço do thelemismo em meio ao solo Enochiano, ou em meio ao núcleo ou tema central do thelemismo em si mesmo.

Por Grimm Wotan

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/enochiano-bases-estruturas-conceitos-e-fontes/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/enochiano-bases-estruturas-conceitos-e-fontes/

A Magia de ARBATEL

Tradução, organização edição, comentários por
Robson Bélli [1]

Arbatel de magia veterum

A Magia de ARBATEL:

Ou ainda,

A Sabedoria Espiritual dos Antigos,
bem como Sábios do povo de Deus,
como magos dos gentios:
para a ilustração da glória de Deus e seu amor à humanidade.

Agora, antes de tudo, produzido das trevas para a luz, contra todos os feiticeiros malignos e desprezadores dos dons de Deus; para proveito e deleite de todos aqueles que amam verdadeira e piedosamente as criaturas de Deus e as usam com ações de graças, para honra de Deus e proveito de si mesmos e de seus próximos.

INDEX

Conteúdo

Contendo os nove volumes (tomos) e os sete ternários de aforismos.

O primeiro volume (tomo) chama-se ISAGOGE, ou o livro dos princípios (gerais) da magia, ou do (mundo) espiritual que em quarenta e os nove aforismos gerais que abarcam os ensinamentos da arte.

O segundo volume chama-se Magia Microcósmica: O que é o microcosmo e como realizar sua magia, que é a sabedoria espiritual, através de seu próprio espírito e do espírito guardião (SAG) ligado a ele desde o nascimento, isto é, com a sabedoria espiritual.

O terceiro volume é a MAGIA OLÍMPICA, como se pode pratica-la e submeter os espíritos do Olimpo.

O quarto volume é A MAGIA DE HESIODO E HOMERO, que ensina as operações por meio de espíritos chamados Eudaemons (bons daemons). Eles não são hostis à espécie humana.

O quinto volume  é a MAGIA ROMANA ou SIBILINA, que discute e trabalha com os espíritos guardiões e Senhores, a quem é distribuído o orbe da Terra. Esta magia é muito distinta. Aqui também são referidos os ensinamentos dos druidas.

O sexto volume é a MAGIA PITAGÓRICA, que os espíritos só atendem a quem é atribuído o ensino de artes como a cura, a medicina, a matemática, a alquimia e artes afins.

O sétimo volume é a MAGIA DE APOLÔNIO e similares, que se sobrepõe à magia romana e microcósmica. Tem apenas uma distinção, pois tem poder sobre os espíritos hostis à raça humana.

O oitavo volume é sobre MAGIA HERMETICA, que é EGÍPCIA, e não está muito longe da magia divina. Isso revela deuses de todos os tipos, que habitam os templos.

O nono volume é aquela SABEDORIA, que depende apenas da palavra de DEUS, e se chama profética.

O primeiro volume dos tomos do Arbatel Relativo à Magia chamada Isagoge.

No nome (YHWH) do criador do visível e do invisível, que revela seus mistérios e segredos de seus tesouros, quando chamado, e como um pai, e com clemência nos concede sem medida. Que ele nos dê, por meio de seu filho unigênito nosso Senhor Jesus ​​Cristo, seus espíritos ministradores que revelam os segredos, para que possamos nos comprometer a escrever o livro de ARBATEL (anjo) – sobre os maiores segredos que a lei divina permite que a humanidade conheça e use sem ofensa à Deus. Amém.

O PRIMEIRO DOS SETENÁRIOS.

Aforismo 01. Sobre segredos

Quem deseja saber os segredos, precisa saber guardar segredos, revelando o que pode ser revelado, selando o que pode ser selado, e não dando aos cães o que é sagrado; não jogue pérolas aos porcos (citando Mateus 7:6). Observe esta lei, e os olhos de sua mente se abrirão para você entenda os segredos, e você ouvirá divinamente revelado tudo o que sua mente desejar. Você também encontrará os anjos de Deus e os espíritos mais prontos e dispostos em sua natureza para ensinar a você, tanto quanto qualquer mente humana poderia desejar.

Aforismo 02. Invocar no nome do Senhor

Em todas as coisas invoque o nome do Senhor, e você não deve desejar empreender ou realizar nada sem a invocação de DEUS por meio de seu Filho unigênito.” Portanto, use os espíritos dados a você e designados como ministros, sem temeridade ou presunção, com o devido respeito para com o senhor dos espíritos, tanto quanto você dá a Deus. E termine o resto de sua vida pacificamente, para a honra de Deus e para o benefício de si mesmo e de seu próximo.

Aforismo 03. Modo de vida

Viva para si e para as Musas; evite a amizade das massas e multidões. Seja mesquinho com o seu tempo. Seja benéfico para todas as pessoas. Use seus dons. Seja diligente em sua vocação (verdadeira vontade). Nunca se permita que as palavras de Deus deixem seus lábios.

Aforismo 04. Sobre ser

Preste atenção àqueles com bons conselhos. Evite toda procrastinação.

Acostume-se a ser perseverante e sério, tanto em suas palavras quanto em suas ações. Resista às tentações do tentador (o diabo) através da palavra de Deus. Fuja do mundano; busque as coisas celestiais. Não confie em sua própria sabedoria, mas observe à Deus em tudo, seguindo a opinião das Escrituras: “Quando não sabemos o que fazer, levantamos nossos olhos para você, ó Deus, e de você esperamos ajuda”. Pois onde a ajuda humana nos abandona, ali resplandece a ajuda de Deus. O segundo ditado de Filo.

Aforismo 05. Cuidados

“Ame o Senhor seu Deus com todo o seu coração e com todas as suas forças o seu próximo como a si mesmo” e o Senhor cuidará de você como a pupila de seus olhos, e ele te livrará de todo mal, e ele te encherá novamente com toda a sua bondade, e não há nada que sua alma deseje que não será concedido no futuro, desde que sirva para a salvação do corpo e da alma.

Aforismo 06. Aprendizado

O que quer que você tenha aprendido, repita-o com frequência, e fixe em sua mente, e aprenda muito, mas não muitas coisas, porque a mente humana não pode ser igualmente capaz em todas as coisas, a menos que você seja capaz de ser divinamente renovado. Para ele não há nada que seja tão árduo ou complexo quanto o que ele é.

Aforismo 07. Ignorancia

“e clame a mim no dia da angústia; eu o livrarei, e você me honrará. ” Salmos 50:15, diz o Senhor. Toda ignorância é apenas a tribulação da mente; portanto, invoque o Senhor em sua ignorância, e ele o ouvirá claramente. E lembre-se de que você atribui a honra a Deus e diz com o salmista: “Não a nós, Senhor, nenhuma glória para nós, mas sim ao teu nome, por teu amor e por tua fidelidade! Salmos 115:1”

O SEGUNDO DOS SETERNARIO

Aforismo 08. Nomes e atribuições

Bem como as Escrituras testificam que, Deus impõe nomes a coisas ou pessoas, e ao mesmo tempo dá a eles capacidades (poderes) e certas responsabilidades. Assim, os caracteres e nomes das estrelas não têm poder por causa de sua forma ou como eles são pronunciados, mas por causa do poder e responsabilidade divinamente atribuída em seus nomes e caracteres. De fato, não há poder, seja no céu, ou na terra, ou no inferno, que não provenha de Deus, tal que sem sua benção (ou ajuda) nada pode ser obtido, feito ou trazido à existência.

Aforismo 09. Sabedoria

A sabedoria suprema é a que está em Deus, depois nas criaturas espirituais, depois nas criaturas corpóreas, em quarto lugar a que está na natureza e nas coisas naturais. Os espíritos rebeldes seguem-nas depois de um longo intervalo, que é reservado ao juízo final. Seis são os agentes de punições no inferno, e os obedientes a Deus são sete, os gnomos ocupam o lugar mais baixo, daqueles que habitam entre elementos e são compostos por elementos. Convém ver e reconhecer todas as diferenças da sabedoria do Criador e da Criação, para que propósito devemos escolher cada um, para nosso uso, assim pois certamente (suas capacidades) estarão de acordo, e pode de fato descobrir exatamente como as coisas acontecem: Pois de fato toda criação existe para a utilidade da raça humana e para seu serviço, como atestado pelas escrituras, raciocínio e experimentação.

Aforismo 10. Obediencia

Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, e de tudo o que é visível e invisível, a Sagrada Escritura relata que ele mesmo é vigilante: E como um pai que ama com ternura seus filhos, ele nos ensina o que pode ser útil, o que não, o que devemos nos afastar, o que abraçar. Então também ele gentilmente nos atrai à obediência com as mais altas perspectivas de benefícios físicos e eternos, e nos impede de coisas que não são benéficas com as perspectivas de punição. Portanto, continue revirando em suas mãos a sagrada escritura de noite e de dia, para que você seja feliz e abençoado, tanto no presente como por toda a eternidade. Faça isso e você viverá, como as páginas sagradas lhes ensinam.

Aforismo 11. Quaternario (elementos)

O número quaternário é o pitagórico, e o primeiro quadrado. Portanto, colocaremos aqui o fundamento de toda sabedoria, segundo a sabedoria de DEUS revelada nas Sagradas Escrituras, e examinando a natureza. “·Portanto, atribuirei apenas àquele que depende inteiramente de Deus, a sabedoria de todas as criaturas, para servir e obedecer, querendo ou não. E nisso a onipotência de Deus começa a brilhar. Nisto, portanto temos O LIMITE DAS COISAS que consiste em: que a criação cuide DAQUILO QUE NÓS DESEJAMOS. E devemos reconhecer aqueles que estão dispostos a nos servir e ver quais não estão dispostos e, portanto, aprender a adaptar a discrição e os deveres de cada um para nós mesmos. Isto não nos é dado senão divinamente, Há àqueles a quem Deus está disposto a revelar esses segredos; e há aqueles a quem ele não está disposto a conceder nada de seus tesouros, nada pode ser tomado à força.

Portanto, com razão, podemos pedir somente a Deus a ciência espiritual, que misericordiosamente nos concederá. De fato, já que ele nos deu seu Filho e nos ordenou orar por seu Espírito Santo, quanto mais ele nos sujeitará toda a criação, visível e invisível. VOCÊ RECEBERÁ TUDO O QUE PEDIR (parafraseando Mt 21:22, Jo 14:13). Cuide para não fazer mau uso dos dons de Deus, e tudo cooperará para sua preservação. E antes de tudo esteja sempre vigilante nisso, para que seus nomes sejam escritos no céu. É mais trivial que os espíritos lhe obedeçam, como Cristo nos lembra.

Aforismo 12. Ide e não duvide!

No Ato dos Apóstolos, o Espírito diz a Pedro após a Visão, “Vai, e não duvide que eu vos enviei”, quando ele foi intimado por Cornelius o Centurião. Desta maneira, em palavras ditas, todos os ensinos são entregues, pelos santos anjos de Deus, como é perceptível nos monumentos dos Egípcios. E posteriormente estas coisas foram corrompidas com as opiniões humanas; e por instigação dos Espíritos malignos, que semeiam o joio entre os filhos da desobediência, como demonstrado por São Paulo, e Hermes Trismegistus. Não há outra forma de restaurar estas Artes além da doutrina dos santos espíritos de Deus; pois a verdadeira fé vem pelo ouvir (Romanos, 10:17). Mas desde que voce possas estar certo da verdade, e não duvidar se os Espíritos que falam contigo declaram coisas verdadeiras ou falsas, apenas deixa que tua fé dependa de Deus; para que possas dizer como Paulo, Eu sei em quem confio (Romanos, 14:14). Se nenhum pardal pode cair no chão sem a vontade do Pai, que está no Céu, Quanto mais não sofrerá Deus em ti ver enganado, ó voce, homem de pouca fé, se voce dependes inteiramente de Deus, e prende-se a ele? (Mateus 10:29-31, Lucas 12:6-7)

Aforismo 13. Viver

O Senhor vive, e tudo o que vive, vive nele. E ele é verdadeiramente YHWH, que dá ao mundo inteiro para que eles sejam o que são, e somente com a sua Palavra falada, através do Filho, trouxe todas as coisas do nada, para que elas possam existir. Ele chama todas as estrelas, e todas as hostes do céu pelos seus nomes. A quem, portanto, Deus mostrou os NOMES DA CRIAÇÃO, ele conhecerá os verdadeiros poderes e natureza das coisas: a posição e administração de todas as criaturas visíveis e invisíveis. Também permanece que ele recebe de Deus o poder de tomar os poderes da natureza e toda a criação oculta, e produzir ação do poder: Das trevas para a luz. Seu OBJETIVO, portanto, deve ser que você domine os nomes dos espíritos, que é seu ofício e poderes, e como eles estão sujeitos ao seu ministério ou serviço por Deus. Então RAFAEL foi enviado a Tobias para que ele curasse seu pai “, e livrasse seu filho do perigo e persuadisse sua querida esposa. Assim MICHAEL, a “força de Deus”, governa o povo de Deus. GABRIEL, o “mensageiro de Deus”, foi enviado a Daniel, Maria e Zacarias, pai de João Batista, E se voce pedir por isto, a ti será dado, aquele te ensinará tudo aquilo que tua alma desejar, na natureza das coisas. Você deve usar o ministro com respeito e temor ao teu Criador, Redentor e Santificador, isto é, ao Pai, Filho e Espírito Santo: e não deixe escapar qualquer ocasião de aprendizado, e sê vigilante em teu chamado, e tu não desejarás nada além do que é necessário para ti.

Aforismo 14. Obrigações

Tua alma vive eternamente, por meio daquele que vos criou: portanto, clama ao Senhor, teu Deus, e só a ele tu servirás. Isto tu farás, se tu considerares cuidadosamente o fim para o qual Deus te preparou e quais tuas obrigações com Deus e com o teu próximo. Deus requer de ti uma mente sã, para que tu possas honrar o seu Filho, e manter as palavras deste mesmo Filho em teu coração: se tu honrá-lo, então faz a vontade de teu Pai que está no céu. Ao teu próximo você deve os ofícios de benevolência, e que você recebas todos os homens que vierem a ti, para honrar o Filho. Esta é a Lei e os Profetas (Mateus 7:12). E nos momentos apropriados voce deve invocar a Deus como um pai, para que ele dê a ti todas as coisas necessárias desta vida: e voce deves ainda ajudar o teu próximo com os dons que Deus conferiu a ti, sejam eles espirituais ou corporais.

Portanto, assim deves orar:

Ó Senhor do céu e da terra, Autor e Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; Eu, embora indigno, clamo por teu auxílio e te invoco, por meio de teu Filho unigênito, Jesus Cristo, nosso Senhor, para que tu possas conceder a mim o teu Espírito Santo, para que me guie em tua verdade para o bem. Amém.

Pois ardentemente desejo conhecer de forma perfeita as Artes  desta vida; e aquelas coisas que são necessárias para nós, e que estão sobrecarregadas em imensas trevas, e poluídas com infinitas opiniões humanas, pois eu percebo que em meu poder próprio, não sou capaz de alcançar qualquer conhecimento nelas, a menos que tu me ensines: Concede-me, portanto, um dos teus Espíritos, para que possa me ensinar tais coisas, quais anseio por aprender e conhecer, para teu louvor e glória, e o benefício do meu próximo. Concede-me também um coração apto e ensinável, a fim de facilmente eu possa entender as coisas que tu tens me ensinado, e possa escondê-las em meu entendimento, para que  eu possa levá-los adiante, como teus inesgotáveis tesouros, para todos os usos necessários. E concede-me graça, para que eu possa usar tais dons humildemente, com respeito e temor, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, com teu Espírito Santo. Amém.

O TERCEIRO DOS SETERNARIOS

Aforismo 15. Olímpicos

Os Espíritos chamados de Olímpicos são aqueles que habitam nos céus, e nas estrelas do céu: e as funções destes Espíritos é determinar destinos, e gerir casualidades do destino, na medida em que Deus consente e permite: pois nada, nem espírito do mal nem mau destino, será capaz de afligir aquele que possuí o Altíssimo como seu refúgio. Em verdade, qualquer um dos espíritos olímpicos pode ensinar ou afetar tudo o que é pressagiado ou adequado à sua estrela, porém, sem a permissão divina, nada pode ser feito. É somente Deus quem concede a eles o poder de realizar tais coisas. A Deus, o criador de todas as coisas, são obedientes todas as coisas celestiais, sublunares, e infernais. Portanto, apóia-te nisto: Que Deus seja teu guia em todas as coisas que tu fizerdes, e todas as coisas alcançarão um fim próspero e desejado; tal como a história do mundo inteiro atesta, e demonstra diariamente. Há paz para o devoto: não há para o os ímpios, diz o Senhor (Isaías, 42:22, 57:21)

Aforismo 16. As sete autoridades

Existem sete diferentes autoridades de espíritos do Olímpo, a quem Deus sabiamente determinou o governo de toda a estrutura do universo e deste mundo: e suas estrelas visíveis são Aratron, Bethor, Phaleg, Och, Hagith, Ophiel, Phul, de acordo com o discurso Olímpico. Cada um deles possui sob seu comando uma poderosa legião no firmamento.

Aratron senhoria 49 Províncias.

Bethor, 42.

Phaleg, 35.

Och, 28.

Hagith, 21.

Ophiel, 14.

Phul, 7.

Há portanto, 196 Províncias Olímpicas (este conhecimento foi perdido) em todo o Universo, no qual os sete governantes exercem sua influencia: os quais todos são elegantemente demonstrados na Astronomia da graça (obras perdidas de Ptolomeu). Porém, é neste espaço que deve ser explicado, de que maneira estes Príncipes e Poderes podem ser atraídos para comunicação. Aratron surge na primeira hora do Sábado, e de forma muito verdadeira concede respostas sobre suas Províncias e Partes. Do mesmo modo todos os outros aparecerão em ordem em seus dias e horas. Cada um deles também governa 490 anos. O primeiro ciclo iniciou 60 anos antes do Nascimento do Cristo, quando foi o início da regência de Bethor; e ela durou até o ano 430 de Nosso Senhor. Em seguida sucedeu Phaleg, até o 920º ano. Então começa a regência de Och, e continua até o ano de 1410, e desde então rege Hagith até o ano de 1900.

Tabela de regencias

60ac – 430dc Bethor
431dc – 920dc Phaeleg
921dc – 1410dc Och
1411dc – 1900dc Hadith
1901dc – 2390dc Ophiel
2391dc – 2880dc Phul
2881dc – 3370dc Aratron

Aforismo 17. Os principes regentes

Os sete príncipes regentes são evocados somente por meio da magia, no período, dia, e hora em que eles governam visível ou invisivelmente, pelos Nomes e atributos que Deus concedeu a eles; e expondo o simbolo deles, qual eles deram ou confirmaram.

O Regente Aratron possui em seu poder estas coisas, quais ele faz naturalmente, ou  seja, a respeito do mesmo modo e essência das coisas que na Astronomia são atribuídas ao poder de Saturno.

As coisas quais ele faz por sua própria vontade, são estas:

  1. Ele é capaz de converter qualquer coisa em pedra num instante, seja animal ou planta, mantendo o mesmo em sua aparência própria.
  2. Ele transforma tesouros em carvão, e carvão em
  3. Ele concede familiares com um poder
  4. Ele ensina Alquimia, Magia, e
  5. Ele reconcilia os espíritos subterrâneos aos homens; os homens
  6. Ele torna alguém invisível.
  7. O estéril ele torna fecundo, e concede vida

Ele possui 49 Reis sob seu comando, 42 Príncipes, 35 Presidentes, 28 Duques, 21 Ministros, diante dele; 14 familiares, sete Mensageiros: ele comanda 36000 legiões de Espíritos; o número de uma legião é 490.

Bethor governa as coisas que são atribuídas a Júpiter: ele virá rapidamente, ao ser chamado. Aquele que é dignificado com seu sigilo, ele elevará a dignidades muito elevadas, exporá tesouros e garantirá a cooperação dos espíritos aéreos para que eles concedam respostas verdadeiras: eles transportam pedras preciosas de um lugar a outro, e eles produzem remédios que operaram milagres em seus efeitos: ele também concede os familiares do firmamento, e prolonga a vida em 700 anos, se for da vontade de Deus.

Sob seu comando há 42 Reis, 35 Príncipes, 28 Duques, 21 Conselheiros, 14 Ministros, 7 Mensageiros, 29000 legiões de Espíritos.

Phaleg governa as coisas que são atribuídas a Marte, o Príncipe da Paz. Aquele que porta seu sigilo a ele, ele erguerá a grandes honras em questões marciais.

Och governa sobre questões solares; ele dá 600 anos, com saúde perfeita; ele defere grande sabedoria, concede os mais excelentes espíritos; ensina remédios perfeitos: ele converte todas as coisas no mais puro ouro e pedras preciosas: ele concede ouro, e uma bolsa que verte ouro. Aquele que é exaltado com seu sigilo, ele o fará adorado como uma deidade, pelos os Reis de todo o mundo.

Ele possui 36536 legiões sob seu comando: ele governa todas as coisas sozinho: e todos os seus Espíritos o servem há séculos.

Hagith governa as questões relativas a venûs. Aquele que é enobrecido com seu sigilo, ele o fará amável, e adornado com toda beleza. Ele converte cobre em ouro num instante, e ouro em cobre: ele dá espíritos que servem fielmente aqueles a quem eles são entregues.

Há 4000 legiões de Espíritos para ele, e sobre cada mil destes ele determina Reis para suas estações estabelecidas.

Ophiel é o senhor das coisas atribuídas a mercúrio: Seus espíritos constituem cem mil legiões: ele concede espíritos familiares facilmente: ele ensina todas as artes: e aquele que é exaltado com seu sigilo, ele o torna capaz de, num instante, de transformar o Mercúrio na Pedra dos Filósofos.

Phul governa as coisas Lunares; cura edema (hidropsia): Ele transforma todos os metais em prata, em palavra e ação; ele concede espíritos da água, que servem aos homens em forma corpórea e visível; e faz com que os homens vivam 300 anos.

  1. Cada governante age com todos os seus Espíritos, seja naturalmente, sempre da mesma maneira; ou, de outra forma, por seu próprio e livre arbítrio, se Deus os permitir.
  2. Cada governante é capaz de fazer todas as coisas que são feitas naturalmente em muito tempo (muito lentamente), a partir da matéria antes preparada; e também as fazem repentinamente, a partir da matéria nunca antes preparada. Och, como o Príncipe das coisas Solares, elabora ouro nas montanhas em períodos longos; em menos tempo, pela Arte Alquímica; e Magicamente, isto é feito num instante.
  3. O verdadeiro Mago divino pode utilizar todas as criaturas de Deus, e os atributos dos governantes do mundo, à sua própria vontade, pois os governantes do mundo são obedientes a ele, e vêm quando são chamados, e executam os comandos dele: mas Deus é o autor disso e isto não é feito sem a autoridade dele: tal como Josué fez o Sol ficar parado no céu (Josué, 10:12-13).
  4. Eles enviam alguns de seus espíritos aos magos medianos, aos quais eles obedecem apenas em alguns determinados assuntos: mas eles não ouvem os falsos magos, exceto os expondo aos enganos dos mordazes demônios, e os lançando para que mergulhem em perigos, segundo o comando de Deus; como o Profeta Jeremias testifica, em seu oitavo Capítulo.
  5. Em todos os elementos há os sete Governantes com suas hostes, que os movem com movimento igual do firmamento; e os inferiores sempre dependem dos superiores, como é ensinado na Filosofia.
  6. Um homem que é um verdadeiro Mago é gerado como um Mago desde o útero de sua mãe: os outros, que se dão a este ofício, são ineficientes. Eis o que João Batista fala sobre isto: Nenhum homem pode fazer qualquer coisa de si, exceto o que lhe é dado de cima (João, 3:27).
  7. Cada sigilo dado por um Espírito, para qualquer causa que seja, possui sua eficácia naquele assunto para o qual é dado, no tempo instituído: mas ele é para ser utilizado no mesmo dia e hora Planetária a qual ele pertence.
  8. Deus vive, e tua alma vive nele: mantenha a tua Aliança, e tu terás tudo o que o Espírito revelará a ti em Deus, pois todas as coisas que o Espírito te promete deverão ser feitas.

Aforismo 18. Outros espiritos

Há outros nomes dos Espíritos Olímpicos apresentado por outras pessoas; mas estes nomes somente são efetivos para aqueles quais foram entregues, pelo Espírito revelador, visível ou invisível: e eles são entregues a todos conforme estes sejam predestinados:

por essa razão eles são chamados por nomes estelares; e eles raramente possuem qualquer eficácia acima de 140 anos. Por isso, é mais seguro, para os praticantes mais novos na Arte, que eles trabalhem somente pelos atributos dos Espíritos, sem seus nomes; e se eles são predeterminados para alcançar a Arte da Magia, as outras partes da Arte serão oferecidas a eles de acordo com sua vontade. Rogai, pois, por uma fé constante, e Deus fará com que todas as coisas aconteçam no tempo devido.

Aforismo 19. Resguardo

O Olímpo e seus habitantes voluntariamente se apresentam na forma de espíritos, por vontade própria, aos homens, e estão prontos para realizar seus atributos a eles, segundo ou não a vontade deles: mas quantas vezes eles vos atenderão, se são eles apetecidos? Mas também aparecerão espíritos malignos, e destruidores, e isto é causado pela inveja e malícia do demônio; e devido aos homens se fascinarem e atraí-los para si através de seus pecados, como uma punição aos pecadores. Portanto, aquele que deseja familiarmente ter uma conversa com os espíritos, que ele se resguarde dos infames pecados, e implore diligentemente ao Altíssimo para que ele seja seu protetor, e ele romperá todos os laços e impedimentos do demônio: e que ele se dedique ao serviço de Deus, e ele receberá crescimento em sabedoria.

Aforismo 20. Tudo é possivel

 

Todas as coisas são possíveis para aqueles que nelas acreditam, e são desejosos por recebê-las; mas para o incrédulo e relutante, todas as coisas são impossíveis: não há maior obstáculo do que uma mente distraída, leviandade, inconstância, burburinho tolo, embriaguez, luxúrias, e desobediência à Palavra de Deus. Por conseguinte, um mago deve ser uma pessoa que é piedosa, honesta, constante em suas palavras e ações, tendo uma fé firme em direção a Deus, prudente, e ávida de sabedoria e coisas divinas.

Aforismo 21. (RITUAL A SER EXECUTADO)

Quando voce desejar chamar qualquer um dos espíritos Olímpicos, observa (saiba qual o horario) o nascer do sol neste dia (dia apropriado ao espirito), e qual a natureza do espírito que tu desejas; e dizendo a seguinte Oração, teus desejos serão aperfeiçoados.

Deus eterno e onipotente, que determina toda a criação ao teu louvor e glória, e para a salvação do homem, te peço que envie seu espírito (Nome do espirito), da ordem (Nome do planeta), para que me instrua e me ensine as coisas que eu pedir a ele; ou, que ele possa trazer a mim remédio contra a hidropisia, &c. No entanto, que não seja feita a minha vontade, mas a tua, através de Jesus Cristo, teu único Filho, nosso Senhor. Amém.

Mas tu não deves deter o Espírito por mais de uma hora, a menos que ele esteja familiarmente devotado a ti (Seja seu espirito familiar).

[Licença para partir]

Visto que voce veio em paz e quietamente, e respondeu aos meus pedidos; dou graças a Deus, por cujo nome voce veio: e agora voce pode partir em paz para teus comandos; e retornar novamente a mim quando eu chamar por teu nome, ou por tua ordem, ou por teu atributo, que é concedido a ti pelo Criador. Amém.

Eclesiastes, Capítulo 5. Não te precipites com tua boca, nem o teu coração se apresse em pronunciar palavra alguma diante de Deus; pois Deus está nos céus, e tu na terra: Portanto, que tuas palavras sejam poucas, pois um sonho vem de uma multidão de ações, e da multidão de palavras, a voz de um tolo.

O QUARTO DOS SETERNARIOS

 

Aforismo 22. Os segredos espirituais

Aquilo que nós chamamos de segredo, é o que nenhum homem pode alcançar por meio da habilidade humana, sem revelação; aquilo que para a ciência está obscurecido, ocultado por Deus na criação; que, no entanto, Ele permite que seja revelado pelos espíritos, para o devido uso. E estes segredos são relativos sejam a coisas divinas, naturais, ou humanas. Mas voce deve ponderar um pouco, e o mais seleto, que tu guardará com muitos outros segredos.

Aforismo 23. A natureza dos segredos

Primeiro, considera a natureza do que é secreto, quer seja ou não feito por meio de um espírito na forma de uma pessoa, ou por meio de forças distintas, ou por qualquer outra coisa. E isto sendo conhecido, pede a um espírito que conheça tal arte, para que ele brevemente declare a ti o que é secreto: e ora a Deus, para que ele possa te inspirar com sua graça, através da qual tu poderás conduzir o segredo ao fim que tu desejas, para glória e louvor de Deus, e para o benefício de teu próximo.

Aforismo 24. Três conjuntos de segredos

Os maiores segredos estão no número sete.

  1. A primeira coisa é a cura de todas as doenças no espaço de sete dias, seja pelos sigilos, ou pelas coisas naturais, ou pelos espíritos superiores com o auxílio
  2. A segunda é ser capaz de prolongar a vida de tudo o que envelhece, daquilo que nos agrada: ou seja, uma vida corpórea e
  3. A terceira é ter a obediência das criaturas nos elementos que estão nas formas dos espíritos pessoais; também dos gnomos, Fadas, Ninfas, Dríades e Espíritos dos Bosques.
  4. O quarto é ser capaz de dialogar com conhecimento e entendimento de todas as coisas visíveis e invisíveis, e entender o poder de cada coisa, e a que ela
  5. O quinto é que o homem seja capaz de governar a si mesmo de acordo com a finalidade que Deus determinou a
  6. O sexto é conhecer Deus, e Cristo, e seu Espírito Santo: esta é a perfeição do Microcosmo.
  7. O sétimo é ser regenerado, como Enoch o Rei do mundo

Estes sete segredos um homem honesto e com uma mente e coração constante pode aprender dos Espíritos, sem qualquer ofensa a Deus.

Os segredos médios também estão em número sete.

  1. O primeiro é a transmutação dos Metais, qual é vulgarmente chamada de Alquimia: que certamente é dada a muito poucos, e não senão por graça
  2. O segundo é a cura das doenças com Metais, seja pelas virtudes magnéticas das pedras preciosas, ou pelo o uso da Pedra dos Filósofos, e
  3. O terceiro é ser capaz de realizar milagres Astronômicos e Matemáticos, tais como os mecanismos hidráulicos, administrar negócios pela influência do Céu, e coisas similares.
  4. O quarto é realizar as obras da Magia natural, de qualquer tipo que elas
  5. O quinto é conhecer todas as visões proféticas.
  6. O sexto é conhecer a fundação de todas as artes que são exercitadas com as mãos e os ofícios do
  7. O sétimo é conhecer a fundação de todas as Artes que são exercidas pela natureza angelical do

 

Os segredos menores são sete.

  1. O primeiro é fazer algo de forma eficaz e energeticamente, e adquirir fortuna.
  2. O segundo é ascender de um estado médio de dignidades e honras, e estabelecer uma nova família, que possa ser ilustre e fazer grandes coisas.
  3. A terceira coisa é sobressair em questões militares, e alegremente alcançar grandes coisas, e ser um chefe do comando dos Reis e Príncipes.
  4. O quarto é ser um(a) bom(a) amo(a) de um lar, tanto no Interior quanto na Cidade.
  5. O quinto é ser um laborioso e afortunado Comerciante.
  6. O sexto é ser um Filósofo, Matemático, e Físico, de acordo com Aristóteles, Platão, Ptolomeu, Euclídes, Hipócrates e Galeno.
  7. Ser um bom teólogo ou estudioso bíblico e escolástico, educado em todos os escritos de teologia, antiga e moderna.

Aforismo 25. Conhecer o que desejamos

Nós já declaramos o que é o um segredo, e os tipos e espécies de tal: o que resta agora é mostrar como podemos chegar a conhecer as coisas que desejamos.

A verdade e único caminho a todos os segredos, é recorrer a Deus, Autor de todas as coisas boas; e como Cristo ensina:

  1. Em primeiro lugar, buscai o reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas. (Mateus, 6:33)
  2. Procurai também para que vossos corações não se sobrecarreguem com intemperança, e embriaguez, e dos cuidados desta vida. (Lucas, 21:34)
  3. E confia teus cuidados ao Senhor, e ele o fará. (Salmo 55:22)
  4. E eu, Senhor teu Deus te ensinarei quais coisas são proveitosas a ti, e te guiarei no caminho por onde deves seguir. (Isaías, 48:17)
  5. E eu te darei entendimento, e te ensinarei por onde deves ir, e eu te guiarei com meus olhos. (Salmo 32:8)
  6. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? (Mateus 7:11)
  7. Se vós fizerdes a vontade de meu Pai que está no Céu, vós sois verdadeiramente meus discípulos, e viremos até vós, e faremos nossa morada convosco. (Comparar com João 14:23)

Se voce entender estas sete passagens das escrituras em seu sentido exato, e colocá-las em teu espírito, ou em ação, voce não será capaz de errar, e somente alcançará os teus desejos, e o teu objetivo não perderás o alvo, e o próprio Deus, através de seu Espírito Santo vos ensinará coisas úteis e verdadeiras. Ele também concederá os seus anjos auxiliares a ti, para que sejam teus companheiros, instrutores, e assistentes em todos os segredos deste mundo. Ele também comandará todas as criaturas para que te obedeçam, para que alegremente e jubilosamente voce possas dizer como os apóstolos:

 

“Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.”

(Lucas 10:20).

 

Aforismo 26. Sonhos espirituais

Há outra forma mais comum, na qual segredos podem ser revelados a voce, mesmo sem o teu conhecimento, vindos de Deus ou dos espíritos; que é através dos sonhos, ou através das poderosas imagens ou impressões mentais, ou das tuas constelações de nascença, através das inteligências celestiais. Da mesma forma surgem os heróis, bem como as pessoas mais sábias do mundo, Aristóteles, Hipócrates, Galeno, Euclides, Arquimedes, Hermes Trismegistus O Pai dos Segredos, juntamente com Theophrastus Paracelsus, e eles tinham dentro de si todos os poderes destes segredos. E dizem que também Homero, Hesíodo, Orfeu, e Pitágoras possuíram este mesmo segredo, mesmo que não na mesma medida que os listados anteriormente. Aqui são referidas as ninfas, tal como as filhas de Melusina, e os deuses criados, como Aquiles, Enéias, Hércules, bem como Ciro, Alexandre o Grande, Júlio César, Lúculo, Sylla e Marius.

É de um principio geral, que cada um possa identificar seu espírito guardião (SAG), e que ele o obedeça como se fosse a palavra de Deus: e ele deve acautelar-se das armadilhas do espírito do mal, e que ele evite as calamidades de Brutus e Marco Antônio.

A terceira forma é o trabalho árduo, pois sem a vontade divina nada grandioso ou maravilha pode ser alcançada, como diz o verso:

Nada tu podes dizer ou fazer se não for da vontade de Minerva.

Tu nihil invita dices facie sue Minerva

Nós abominamos todos os caco-magi (magos malignos) que, com superstições proibidas associam-se com demônios, e embora eles alcancem determinadas coisas permitidas por Deus, em troca eles sofrem a punição dos demônios. E assim o diabo também faz com que coisas más aconteçam, como testifica as escrituras sobre Judas. Aqui são referidas toda a idolomania dos tempos antigos e de nossa era, e o abuso da divinação, que foi tão comum entre os pagãos. Aqui também estão relacionadas a sombra dos mortos carônticas (pertencente ao Submundo), como no trabalho de Saul com a mulher, e a profecia de Lucan do soldado morto quanto ao resultado da batalha de Farsália, e coisas similares.

Aforismo 27 Circulo mnemônico

Fazei um círculo cujo centro seja A, qual é modelado por um quadrado BCDE, tal que o lado BC esteja em direção ao Leste, CD em direção ao Norte, DE em direção ao Oeste, e EB ao Sul. Divide cada um dos quatro quadrantes em sete partes, de modo que ao todo existam 28 partes. E cada setor é dividido em quatro, perfazendo um total de 112 partes para o círculo, e muitos são os verdadeiros segredos a serem revelados. E este círculo assim dividido é o Selo dos Segredos de todo o universo, qual emana do centro único A, ou seja, do Deus indivisível em toda a criação.

O príncipe dos segredos orientais reside no meio, e possui três governadores em cada lado. Há quatro [segredos] sob cada um destes governadores, além de quatro sob o próprio príncipe. De forma similar, os quadrantes restantes (Norte, Oeste, e Sul) possuem seus próprios príncipes e governadores, com quatro segredos cada.

Em cada um dos quatro quadrantes estão os seguintes assuntos a serem estudados ou buscados: Leste, toda a sabedoria; Oeste, força; Sul, zelo; Norte, uma vida mais rígida.

Os segredos do Leste são, assim, considerados como os maiores, os do Sul são médios, enquanto os do Oeste e Norte são os menores.

O uso deste selo dos segredos é a forma pela qual tu podes saber onde os espíritos ou anjos são revelados, que podem ensinar os segredos que foram entregues a eles por Deus. Mas os nomes deles são escolhidos a partir das funções e virtudes que Deus distribuiu a cada um deles. Assim, um destes anjos ou espíritos possui o poder da espada, outro possui o poder da peste, outro possui o poder de infligir a fome ao povo, como ordenado por Deus. Outros destroem cidades, como os dois mensageiros que foram enviados para destruir Sodoma e Gomorra, e a área ao redor. E as escrituras descrevem outros exemplos destes fatos. Alguns deles zelam pelos reinos, enquanto outros guardam cidadãos em particular.

Assim, tu poderás facilmente formar os nomes deles em tua própria língua. E conseqüentemente tu poderás pedir o Anjo da Cura, ou da Filosofia, ou Matemática, ou o Anjo da Orientação Legal, ou Sobrenatural ou da Sabedoria Natural, e assim por diante. Mas pede a eles com seriedade, com o maior dos sentimentos, com Fé e Perseverança, e sem dúvida de que aquilo que tu buscas tu receberás de Deus, o pai de todos os espíritos. Esta Fé supera todos os selos, e submete todos os anjos à vontade humana. O método característico de evocação dos anjos vem depois desta fé, qual depende unicamente da revelação divina. Mas sem que esta fé venha antes e preceda a evocação, o evocador permanecerá na obscuridade.

Se tu quiseres utilizar este desenho apenas como um dispositivo mnemônico, e assim somente como algo criado por Deus, ele terá a vantagem de estar ligado à essência espiritual, e pode ser utilizado sem a ofensa a Deus. Porém, que tu sejas cuidadoso para que não caias na idolatria e nas ciladas do demônio, que é um caçador intencionado e obstinado, e pode facilmente enganar os incautos. E tu não serás capturado, exceto pelo o dedo de Deus, e devotado ao serviço das pessoas, de modo que tu serás instigado a servir o justo. Porém, ainda haverá tentações e tribulações, pois certamente isto é ordenado àquele que ferirás o calcanhar do Cristo, a semente da mulher. Portanto, com temor e respeito devemos nos aproximar do espiritual, e com grande reverência a Deus, e nos harmonizar com as entidades espirituais com seriedade e justiça. Mas se tu tentares tal incumbência deve tomar cuidado de toda leviandade, arrogância, ganância, vaidade, inveja e impiedade, a menos que queiras uma morte miserável.

Aforismo 28. O que é bom vem de Deus

Visto que tudo o que é bom provém de Deus, aquele que é unicamente bom, aquilo que desejamos, devemos obter dele ao orar em espírito e verdade, e com um coração simples. A conclusão do segredo dos segredos é: aquele que incita oração fervorosa para aquilo que deseja não sofrerá rejeição. Ninguém deve desprezar suas preces, pois Deus, se a ele pedirmos, pode e irá nos dar aquilo que buscamos; devemos, portanto, reconhecê-lo como o autor, e humildemente pedir a ele aquilo que desejamos. Este bom e misericordioso pai ama os desejos dos filhos, como fez a Daniel, e ouve-nos mais rapidamente e com mais clareza, quando vencemos a dureza de nossos corações em oração. Mas ele não quer que nós “entreguemos aos cães aquilo que é sagrado”; ele não deseja que as jóias de seu tesouro sejam desprezadas, ou subestimadas. Portanto, lê e relê diligentemente o primeiro setenário dos segredos. E preparai e organizai tua vida e todos os teus pensamentos para estas instruções, e todos os teus desejos se sujeitarão ao Senhor, em quem tu confias.

O QUINTO DOS SETERNARIOS

 

Aforismo 29.  Avançando nos estudos

Para que possamos prosseguir nosso estudo da magia, passaremos agora dos preceitos gerais para as explicações mais específicas. Os Espíritos são tanto os atendentes divinos da Palavra e da Igreja e de seus membros, quanto os zeladores da criação física, e alguns deles são para o benefício do corpo e alma, e outros para a ruína destes. E nada de bom ou ruim acontece sem uma ordem específica e definida e uma determinação. Quem deseja um fim bom deve buscar o bem. E maus desejos conduzirão a um fim infeliz, e de forma muito rápida, devido à retribuição divina, pois aquele que escolheu isto se afastou da vontade divina. Portanto, todos devem unir seus objetivos com a Palavra de Deus, e usá- la como uma pedra lídia, ou um padrão-ouro, para decidir entre o bem e o mal. E eles devem decidir o que evitar, e o que aspirar. Quer seja o que tu decidas ou determines, energeticamente segue sem procrastinar, a fim de alcançar o objetivo determinado.

Aforismo 30. Riquezas terrenas

Aqueles que desejam obter riquezas, uma vida fascinante, honras, dignidades ou poderes políticos por meio da magia, se eles se esforçarem o suficiente, isto eles obterão, cada um segundo o seu destino, diligência, e conhecimento da magia. A história de Melusina testifica isto. Outro exemplo é o mago que decretou que nenhum italiano jamais reinaria em Nápoles. E assim ele sucedeu mesmo na época em que o governante foi destronado. Quão grande é o poder dos anjos guardiões dos reinos do mundo.

Aforismo 31. Desejos e autoridade

Evocai o anjo regente do Reino, pede o que tu desejas, e tenha certeza de que isto será feito, até a ocasião em que tal regente seja liberto por um mago subseqüente. Assim o Reino de Nápoles poderia novamente ser restituído a um italiano, se o mago que o convocou fosse obrigado a remover o vínculo. Ele também pode ser obrigado a restituir as jóias roubadas de um tesouro mágico, o livro, a gema, e o chifre mágico cuja propriedade poderia facilmente tornar alguém o monarca do mundo, se assim ele desejasse. Mas este mago judeu escolheu viver entre os deuses, até o dia do julgamento, em vez de viver neste mundo de coisas fugazes. E o coração dele está iludido e ainda não entende ou considera que eles também são do Deus do Céu e da Terra. Desta forma ele desfruta dos prazeres dos imortais para a sua própria ruína eterna. E ele pode ser evocado com mais facilidade do que o espírito guardião que Plotino chamou no templo de Ísis.

Aforismo 32. Tamanho é documento

De maneira similar, os romanos foram bem instruídos a partir dos livros das Sibilas, por meio de tais eles seriam capazes de se fazerem mestres do mundo, como a história testifica. Mas ofícios menores são concedidos aos subordinados do príncipe do reino. Portanto, se tu cobiças um cargo ou dignidade menor, convoca magicamente o subordinado do príncipe, e teu pedido será concedido.

Aforismo 33. As ferramentas certas

Entretanto, se tu desprezas dignidades, e anseia riqueza, convoca o príncipe da riqueza, ou um de seus regentes subordinados, e teu desejo será concedido, e tu ficarás rico da forma que tu desejas, seja através dos bens terrenos, ou através do comércio, ou através dos presentes dos príncipes, ou por meio da prática da metalurgia ou química, desde que tu faças o governador apropriado aparecer, e obtenha dele a autoridade necessária.

Aforismo 34. Evocação de espiritos

Toda evocação dos espíritos é de um tipo e forma, e este é o método utilizado nos tempos antigos pelas Sibilas e seus sumos sacerdotes. Em nossa época isso está totalmente perdido, devido à ignorância e impiedade. O que resta está distorcido com superstição e infinitas falsificações.

Aforismo 35. Prodígios

A alma humana é a única produtora de prodígios, à medida que ela está acompanhada com o espírito escolhido; uma vez acompanhada, ela revelará o que voce deseja. Portanto, devemos proceder cautelosamente nos atos de magia, para que não sejamos enganados pelas sereias e monstros, que também são atraídos em direção à alma humana. Por esta razão, te esconde sempre sob as asas do Altíssimo, a fim de que voce não te ofereças para ser devorado pelo leão que ruge. Pois aqueles que desejam as coisas do mundo são fortemente pressionados para fugir das armadilhas de Satanás.

O SEXTO DOS SETERNARIOS

Aforismo 36. Palavras

Cuidado deve ser tomado, para que os experimentos não sejam misturados com outros experimentos; todavia, que cada um seja simples e diferente: pois Deus e a Natureza ordenaram a todas as coisas um fim certo e determinado: deste modo, por causa dos exemplos, aqueles que realizam curas com as mais simples ervas e raízes, curam da forma mais feliz. E desta maneira, nas Constelações, Palavras e Caracteres, Pedras, e similares, jazem ocultas as maiores influências ou virtudes que, na verdade, fluem como milagres.

Assim também são as palavras, que sendo pronunciadas, imediatamente induzem que criaturas tanto visíveis e invisíveis se rendam em obediência, tanto as criaturas deste nosso mundo, como as do aquoso, aéreo, subterrâneo, e Olímpico, celestial e infernal, e também o divino.

Por conseguinte, a simplicidade deve ser especialmente estudada e buscada, e o conhecimento de tal simplicidade deve ser buscado a partir de Deus; caso contrário, por nenhum outro meio ou experiência eles poderão encontrá-la.

Aforismo 37. Três coisas importantes

E que todas as partes possuam seus lugares apropriadamente: a Ordem, Razão, e os Meios, que são as três coisas que conferem todo o aprendizado das criaturas visíveis, bem como das invisíveis. Este é o curso da Ordem, de modo que algumas criaturas são criaturas da luz; outras, da escuridão: estas estão sujeitas à vaidade, pois elas rumam impetuosamente para a escuridão, e sua rebelião contra a graça provocou a punição eterna delas. Parte do reino deles é muito bonito em coisas transitórias e corruptíveis por um lado, pois ele não poderia existir sem alguma virtude e muitos dos grandes presentes de Deus; e a outra parte é muito suja e horrível para que dela seja falado, pois desta parte transborda toda a maldade e pecado, idolatria, o desprezo de Deus, blasfêmias contra o verdadeiro Deus e suas obras, adoração de demônios, desobediência contra as autoridades, dissensões, homicídios, roubos, mentiras, perjúrios, orgulho, e um ávido desejo de poder; nesta mistura consiste o Reino da escuridão: mas as criaturas da luz são preenchidas com a luz eterna, e com a graça de Deus, e os Senhores de todo o mundo reinam sobre os Senhores da escuridão, e são como os membros de Cristo. Entre estes e aqueles, há uma guerra continua, até que Deus ponha um fim nesta contenda, em seu Julgamento Final.

Aforismo 38. Divisão da magia

Deste modo, a divisão da Magia é dupla; o primeiro aspecto é dado por Deus, que ele concede às criaturas de luz; o outro também é de Deus, mas este é o dom que ele concede às criaturas da escuridão: e este aspecto também é duplo:

A primeira divisao é para uma finalidade boa, como quando os príncipes da escuridão são compelidos a fazer algo bom para as criaturas, através do poder de Deus; o outro é para uma finalidade infeliz, quando Deus permite a punição de pessoas más, que magicamente ele permite que elas sejam iludidas e direcionadas para a destruição.

A segunda divisão da Magia é aquela que cumpre seus efeitos com  instrumentos visíveis através do visível. E ela afeta outras obras com instrumentos invisíveis através de coisas invisíveis; e age em outras coisas, com a mistura das técnicas, instrumentos e efeitos.

A terceira divisão são aquelas coisas que são realizadas por meio das invocações a Deus. Isto é parcialmente Profético, e Filosófico; bem como parcialmente Teosófico.

Alternativamente, em ignorância ao verdadeiro Deus, é isto o que é realizado por meio dos príncipes dos Espíritos, para que os desejos possam ser realizados; este é o trabalho dos Mercurialistas.

A quarta divisão é a que faz uso do exercício dos bons Anjos em vez de Deus, como se fosse uma prática descendida do Altíssimo: tal era a Magia dos Baalim, ou da Magia dos ídolos.

Outra Magia é aquela que realiza suas ações com os chefes dos espíritos do mal; esta foi a magia forjada pelos Deuses menores dos pagãos.

A quinta divisão é aquela em que agem abertamente alguns dos Espíritos, frente a frente; isto é dado a alguns: os outros fazem o trabalho através de sonhos e outros sinais; como o que os antigos alcançavam através de seus augúrios e sacrifícios.

A sexta divisão é aquela do trabalho com criaturas imortais, e com criaturas mortais, como Ninfas, Sátiros, e habitantes similares dos outros elementos, gnomos, etc.

A sétima divisão é aquela dos Espíritos que servem aos outros voluntariamente, sem qualquer tipo de arte; outras pessoas estes Espíritos dificilmente atenderão, mesmo sendo chamados pela arte.

Entre todas estas espécies de Magia, a mais excelente de todas é aquela que depende unicamente de Deus. A segunda é aquela a quem os Espíritos servem fielmente. A terceira é aquela que é propriedade dos cristãos, que dependem do poder de Cristo, tanto no céu quanto na terra.

Aforismo 39. Preparação para o aprendizado

Para se aprender a Arte da Magia há uma preparação sétupla.

A primeira parte é meditar dia e noite sobre como alcançar o verdadeiro conhecimento de Deus, tanto por sua palavra revelada a partir da criação do mundo; como também pelo o selo ou escada da criação, e das criaturas; e pelos maravilhosos efeitos que as criaturas visíveis e invisíveis de Deus manifestam.

O segundo requisito é de que desça em si, e principalmente estudar para se conhecer; quais as partes em si ele possui que são mortais e quais são as imortais; e quais são as partes pertencem a ele, e quais são as partes alheias.

Em terceiro lugar, ao contemplar a parte imortal de si, ele deve aprender a adorar, amar e temer ao Deus eterno, e a adorá-lo em Espírito e Verdade; a contemplação de sua mortalidade deve levá-lo a conhecer o que é aceitável por Deus, e o benefício de seu próximo.

Estes são os primeiros três e principais preceitos da Magia, e é com cada um destes que aquele que deseja alcançar a verdadeira Magia ou Sabedoria divina deve se preparar. E desta forma ele poderá se tornar digno de que as criaturas angelicais possam atendê-lo, não apenas invisivelmente, mas também visivelmente, frente a frente.

Em quarto lugar, a partir do útero materno, cada um é destinado a uma determinada posição na vida; e, portanto, que ele seja vigilante para discernir se ele nasceu para a Magia, e para qual tipo de Magia. Qualquer um pode perceber isto facilmente se ele cuidadosamente estudar nossos escritos, e com sucesso testar os experimentos por si próprio. Pois grandes coisas e dons são dados somente aos pequenos e humildes.

A quinta condição prévia é ele seja capaz de perceber os Espíritos que estão nos auxiliando, quando estamos realizando grandes obras; se ele perceber isto, é sinal que Deus ordenou que tal pessoa seja um Mago e que ele pode utilizar o poder dos espíritos para realizar grandes coisas. Aqui, muitos caem em pecado, por meio da desatenção, negligência, ignorância, desprezo, ou por muita superstição; eles também pecam por conta da ingratidão a Deus, motivo pelo qual muitos homens de grande fama atraem sua própria destruição. Eles também pecam pela imprudência e teimosia; e também quando eles não utilizam seus dons para a honra de Deus, que é necessária, e é preferido que seja feito em menores trabalhos.

O sexto requisito é que o Mago deve ter Fé e Discrição, especialmente para que ele não revele nenhum segredo que o espírito o proibiu, como ordenou para que Daniel selasse ou guardasse determinadas coisas, ou, para que ele não as declarasse em público; de modo semelhante, nem para Paulo era lícito falar abertamente sobre todas as coisas que lhe eram entregues em uma visão. homem algum acreditará o quanto está contido neste único preceito.

A sétima exigência para aquele que deseja ser um Mago é o maior nível de justiça, para que ele não empreenda coisa alguma que seja ímpia, perversa, ou injusta, nem permita que isso se passe em sua mente; e assim ele estará divinamente protegido de todo o mal.

Aforismo 40. As sete leis

Quando o Mago percebe agentes imateriais em torno dele, seja com a percepção externa ou interna, ele deve governar a si mesmo de acordo com as sete leis seguintes, para realizar o seu objetivo Mágico.

  1. A primeira Lei é, Que ele saiba que tal espírito é ordenado a ele por Deus; e que ele esteja atento de que Deus é o observador de todos os seus pensamentos e ações; Por esta razão, que ele direcione todo o andamento de sua vida de acordo com a Palavra de
  2. A segunda Lei é, Ore sempre como Davi:
    1. Não retireis de mim teu Espírito Santo; e fortalece-me com um Espírito livre; e não nos deixei cair em tentação, e livrai-nos do mal: eu te imploro, ó Pai celestial, que não entregues poder a qualquer Espírito mentiroso, como tu fizeste a Ahab para que ele perecesse; mas mantenha-me em tua verdade. Amém.
  3. Terceiro, Que ele acostume-se a testar os espíritos, como as escrituras admoestam; pois uvas não podem ser colhidas dos espinheiros (Mateus 7:16): Devemos testar todas as coisas, e reter aquilo que é bom e louvável, para que possamos evitar tudo aquilo que é repugnante para o poder divino.
  4. A quarta Lei é estar afastado, segregado e livre de toda forma de superstições; pois isto é superstição: atribuir divindade às coisas que não possuem relação alguma com a divindade; ou escolher ou tomarmos formas de adorar a Deus quais ele não ordenou: tais são as cerimônias mágicas de Satanás, através das quais ele se oferece descaradamente para ser adorado como
  5. A quinta coisa a ser evitada é a adoração dos Ídolos, que vinculam qualquer poder divino às imagens ou ídolos ou outras coisas próprias, onde estes poderes não foram colocados pelo Criador, ou pela ordem da Natureza: tais coisas muitos caco-magos dissimulam.
  6. Em sexto lugar, Todas as imitações fraudulentas e enganosas e afeições do diabo devem ser evitadas truques, e é através disto que ele imita o poder da Criação, e do Criador, para que ele possa produzir coisas com uma palavra, parecendo ser o que não são. Isto pertence somente à Onipotência de Deus, e não é comunicável para a criatura.
  7. A sétima Lei é que nos apeguemos firme aos dons de Deus, e de seu Espírito Santo, para que possamos conhecê-los, e diligentemente cingi-los plenamente com nosso coração, e toda a nossa força.

Aforismo 41. Algumas questões finais

Nós nos aproximamos agora dos últimos nove Aforismos com os quais finalizaremos este Tomo; no qual iremos, com a misericórdia divina nos assistindo, concluir todo este Isagoge (resumo) Mágico.

Portanto, em primeiro lugar, deve ser entendido, i.e. deve ser esclarecido, aquilo que entendemos pela palavra Mago/Magus neste trabalho.

Aquele que consideramos como sendo um Mago, é aquele que pela graça de Deus as essências espirituais servem para manifestar o conhecimento de todo o universo, e dos segredos da natureza nele contido, sejam eles visíveis ou invisíveis, por meio da graça divina. Esta descrição de um Mago é ampla e universal.

Um Caco-mago é aquele, que pela permissão divina os espíritos malignos servem, para a destruição temporal e eterna dele e também para a perdição, para atrair os homens, e afastá-los de Deus; tal como ocorreu a Simão, o Mago, a quem o Ato dos Apóstolos menciona, e em Clemente; a quem o Divino São Pedro ordenou que fosse lançado a terra, pois ele havia sido elevado ao ar por meio dos espíritos imundos.

A esta categoria pertence as referências das Duas Tábuas da Lei; onde são registradas as várias formas criminosas de magia.

As divisões e espécies de ambos os tipos de Magia, observaremos nos Tomos seguintes. Neste será suficiente, que façamos a distinção das Ciências, daquela que é boa, e daquela é que maligna: visto que quando o homem que busca o conhecimento de cada um destes, ele é conduzido para sua própria ruína e destruição, como Moisés e Hermes demonstram.

Aforismo 42. Predestinação

Em segunda instância, devemos saber: Um Mago é uma pessoa predestinada a este tipo de obra desde o útero de sua mãe; e que ele não assuma coisas grandes, a menos que ele seja divinamente designado para uma boa finalidade pela graça; ou para um fim infeliz, em cumprimento destas escrituras:

 

As coisas que induzem as pessoas ao pecado são obrigadas a virem, mas ai daquela pessoa por meio de quem o pecado vem.

Por esta razão, como muitas vezes admoestamos anteriormente, Devemos viver com temor e respeito neste mundo.

Não negarei que, alguns homens podem com o estudo e diligência obter algum sucesso em cada um dos tipos de Magia, se permitido. Mas eles nunca alcançarão os tipos mais elevados desta; pelo o contrário, se ele cobiça abordá-las, ele sem dúvida será injuriado tanto em corpo quanto em alma. Tais são aqueles, que pelas operações dos Caco-magos, às vezes são transportados para o Monte Horeb/Horch, ou em alguma selva, ou desertos; ou são mutilado ou desfigurado de alguma forma, ou são simplesmente rasgados em pedaços, ou são privados da razão; assim como muitas coisas que acontecem por uso disto, onde os homens são abandonados por Deus, e entregues ao poder de Satanás.

O SÉTIMO DOS SETERNARIOS

Aforismo 43. O poder de satanás

O Senhor vive, e as obras de Deus vivem nele por ordenação dele, nas condições em  que elas são almejadas; pois ele terá que usar a liberdade delas em obediência à sua ordem, ou desobediência de tal. Ao obediente, ele brinda com suas recompensas; ao desobediente ele propõe sua merecida punição. Portanto, estes Espíritos, pela livre vontade deles, através de seu orgulho e desprezo do Filho de Deus, se rebelaram contra Deus, seu Criador, e estão reservados ao dia da Ira (Jó 21:30); e embora eles tenham abandonado os maiores poderes na criação, eles ainda possuem poder limitado, que é mantido em restrição, confinados em seus limites com a rédea de Deus. Portanto, o Magus de Deus, que significa Um Homem Sábio de Deus, ou a Pessoa Instruída de Deus, é conduzido pela mão de Deus para o bem eterno, e também para os bens médios e pequenos, e também para as coisas físicas mais corpóreas.

Grande é o poder de Satanás por causa dos grandes pecados dos homens. Por essa razão também os Magus de Satanás realizam grandes coisas, coisas maiores do que qualquer homem possa acreditar: embora eles subsistam em seus próprios limites, eles possuem uma incompreensível influência, tanto para as coisas corpóreas quanto para as coisas transitórias desta vida; muitas antigas Histórias e exemplos diários disto são testificados. Ambos os tipos de Magia são diferentes um do outro em suas finalidades: um conduz às boas coisas eternas, e utiliza as coisas temporais com gratidão; o outro é pouco preocupado com as coisas eternas; mas deleita-se completamente em torno das coisas físicas, para que possa livremente aproveitar todas as suas luxúrias e deleites em desprezo e ira contra Deus.

Aforismo 44. Dialogo interno

A passagem da vida comum do homem para uma vida Mágica, não é tão diferente quanto à passagem do estado de sono para o estado de estar completamente acordado/desperto nesta vida; pois aquelas coisas que acontecem ao ignorante e ao homem desconhecedor em sua vida comum, as mesmas acontecem ao Magus disposto e instruído.

O Magus entende quando sua mente medita; ele pondera, raciocina, institui, e determina o que deve ser feito; ele observa quando suas cogitações são frutos de uma essência divina em separado, e ele prova de que forma tal essência divina é separada.

Porém, o homem que é ignorante da Magia ou inconsciente dela, é impulsionado para um lado e outro como um animal, como se estivesse em Guerra com suas afeições; ele não sabe quando estas afeições saem de sua própria mente, ou se está impressionada por uma essência auxiliar ou entidade; e ele não sabe como derrotar os conselhos de seus inimigos pela Palavra de Deus, ou se prevenir das ciladas e fraudes do tentador.

Aforismo 45. Os maiores ensinamentos

O maior dos ensinamentos da Magia é que cada homem entenda o que pode  ser recebido de um Espírito assistente, e o que deve ser rejeitado: Isto ele pode aprender a partir daquilo que o Salmista diz:

 

Com o que purificará um jovem homem o seu próprio caminho? Sendo fiel às vossas palavras, ó Senhor.

Acautelar-se para manter a Palavra de Deus, para que o demônio não arranque esta do teu coração, é o maior dos ensinamentos da sabedoria. É lícito admirar, e exercer outras sugestões que não sejam contrárias à glória de Deus, ou a caridade de nossos próximos, sem indagar de qual Espírito tais sugestões originam-se; mas devemos tomar cuidado, para que não estejamos muito ocupados com coisas desnecessárias, de acordo com a admoestação de Cristo:

Marta, Marta, tu que estais preocupada com tantas coisas; mas Maria escolheu a melhor parte, qual não será retirada dela.

(Lucas 10:41-42).

Assim, que sempre levemos em consideração o que diz Cristo:

 

Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua retidão, e todas as outras coisas vos serão acrescentadas.

Isto é, todas as coisas que são próprias ao Microcosmo mortal, como alimento, vestuário, e as artes necessárias desta vida.

Aforismo 46. Constância

Nada convém tanto a um homem quanto a constância em suas palavras e ações, e quando o semelhante regozija-se em seu semelhante; ninguém é mais feliz do que estes (aqueles que vivem em harmonia), pois os santos Anjos permanecem próximos a eles, e a eles protegem: ao contrário, os homens que são inconstantes são mais leves do que as folhas podres e o nada. A estes nós entregamos o Quadragésimo Sexto aforismo. Conforme cada pessoa escolhe conduzir sua vida, deste modo tal pessoa atrairá os tipos de espíritos que possuem uma natureza e qualidade semelhante: este, porém, é um bom conselho, para que não tentemos nos elevar acima daquele que nós chamamos, a fim de que não possamos atrair para nós mesmos algum Espírito maligno das regiões mais distantes da terra, por quem nos enamoraremos e nos iludiremos, ou seremos levados à destruição final.

Este ensinamento é amplamente conhecido: pois Midas, quando queria transformar todas as coisas em ouro, atraia para si um Espírito, que era capaz de realizar isto; e sendo iludido por tal espírito, ele poderia ter sido levado a morrer de fome, se sua loucura não tivesse sido corrigida pela misericórdia de Deus. A mesma coisa ocorreu a uma mulher próxima de Frankfurt em Odera, em nossos tempos, que apanhava e consumia qualquer tipo de dinheiro. Bom seria se os homens pesassem diligentemente este preceito, e não considerassem as Histórias de Midas como meras fábulas; eles seriam muito mais fervorosos em moderar seus pensamentos e afeições, nem que eles sejam, assim, perpetuamente vexados com os Espíritos das montanhas douradas da Utopia. Desta forma, devemos observar com atenção para expulsar estas presunções da mente, pela palavra, enquanto elas são novas; nem permitir que elas tenham qualquer hábito na mente ociosa, que está vazia da palavra divina.

Aforismo 47. Fidelidade

Aquele que é fiel e devotado a sua vocação, também terá constância devotosa da companhia dos espíritos, que suprirão as necessidades dele em todas as coisas. Mas se ele possui algum conhecimento em Magia, eles não serão relutantes em se mostrarem a ele, e de forma familiar conversarão com ele, para servi-lo nas formas que são adequadas aos ofícios e naturezas deles; os bons Espíritos em boas coisas, até a salvação, e os espíritos malignos em toda coisa infeliz, até a destruição. Exemplos não faltam nas Histórias de todo o mundo. Teodósio antes da vitória de Arbogasto, é um exemplo do bom uso; Brutus, antes de ser morto, foi um exemplo de ser usado pelos Espíritos malignos, quando ele foi perseguido pelo Espírito de César, e este espírito exigindo vingança, fez com que ele se matasse, aquele que matou seu próprio Pai, e o Pai de seu país.

Aforismo 48. Revelação

Toda Magia é a revelação de uma espécie de espírito desta natureza; de modo que as nove musas são chamadas em Hesíodo de a Nona Magia, como ele testifica claramente em Teogonia. Na obra de Homero, o gênio de Ulisses, em Psicogogia. Hermes, os Espíritos das partes mais sublimes da mente. O próprio Deus se revelou a Moisés em um arbusto. Os três homens sábios foram procurar Cristo em Jerusalém, sendo o Anjo do Senhor o líder deles. Os Anjos do Senhor direcionaram Daniel. Portanto, não devemos nos vangloriar; Pois não depende daquele que quer, nem daquele que corre; mas de Deus, que se compadece (Romanos, 9:16), ou de algum destino espiritual. A partir daí brota toda a Magia, e assim também ele penetrará, seja bom ou mau. Desta forma, Tages, o primeiro professor de Magia dos Romanos, brotou da terra. Diana dos Efésios apresentou sua adoração, como se fosse enviado do céu. Assim também Apolo. E toda a Religião dos Pagãos é retirada dos mesmos Espíritos; nem são as crenças dos saduceus, invenções humanas.

Aforismo 49. Conclusão

A conclusão deste Isagoge é, portanto, o mesmo qual apresentamos acima, Mesmo que exista um só Deus, de onde tudo o que é bom procede; e um pecado, a saber, desobediência, contra a vontade do comando de Deus, de onde procede todo o mal; por esta razão o temor a Deus é o início de toda sabedoria, e a graça de toda Magia; pois a obediência à vontade de Deus, resulta no temor a Deus; e após isto, sucede a presença de Deus e do Espírito Santo, e o ministério dos santos Anjos, todas as coisas boas dos tesouros inesgotáveis de Deus.

Mas a Magia inútil e condenável nasce disto: quando de nossos corações extinguimos o temor a Deus, e sofremos deixando que o pecado reine em nós, e eis que o Príncipe deste mundo, o Deus que originou este mundo, e estabeleceu seu reino em vez de coisas santas, tal como achou útil para seu próprio reino; assim, tal como a aranha que apanha a mosca que cai em sua rede, igualmente Satanás propaga suas armadilhas, e apanha os homens com os laços da cobiça, até que ele sugue-os, e arraste-os para o fogo eterno, a estes ele valoriza e nestes ele investe, para que a queda deles possa ser a maior.

Para que o Leitor Cortês e Atencioso, utilizando seus olhos próprios e sua mente para as Histórias sagradas e profanas, e para aquelas coisas que voce busca que sejam feitas diariamente no mundo, e para que voce possas encontrar todas as coisas repletas da Magia, de acordo com a Ciência dupla, boa e má; para que, elas possam ser melhor discernidas, aqui dispomos suas divisões e subdivisões, como a conclusão desta Isagoge; na qual todos possam considerar, o que deve ser seguido, e o que deve ser evitado, e o quão longe está a ser trabalhado por cada um, para um final de vida e uma vivência idônea.

Respostas para perguntas gerais sobre a prática

  1. Preciso de circulo de proteção, baqueta bola de cristal ou qualquer coisa para a pratica desse grimorio?

Resposta: sim, mas, apenas dos medalhoes de cada uma dessas entidades, nada mais ou alem é necessario, pois, usar estes amuletos vai lhe trazer contato com essas entidades, seja através da conjuração do aforismo 21 seja através de sonhos, onde voce poderá conversar com estas entidades diretamente, conforme o 26.

  1. Posso chamar as entidades fora dos seus dias e horarios estipulados para elas?

Resposta: poder chamar voce pode, o que virá no entando, cabe como ensina o proprio livro, ser julgado pelo seu entendimento do que são as forças demoniacas ou celestiais.

  1. Preciso fazer banimentos?

 

Resposta: não é obrigatorio, contudo sim é aconselhado fazer algum tipo de limpeza espiritual com regularidade, se voce souber como realizar o ritual de invocação das forças planetarias com o ritual maior do hexagrama poderia ser interessante, faça pesquisas e descubra qual ritual de banimento melhor se adequa para voce!

  1. Como posso saber quais os dias e horarios para usando os medalhoes dos espiritos olimpicos possa fazer o que ensina o aforismo 21 para fazer meus pedidos a estas forças olimpicas?

Resposta: olhe as tabelas a seguir:

Dia Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
Planeta Sol Lua Mar Mer Júp Vên Sat
Espirito Och Phul Phalec Ophiel Bethor Hadit Aratron

 

  Dom Seg Ter Qua Qui sex sab Hr
Horas do dia Sol Lua Mar Mer Júp Vên Sat 1
Vên Sat Sol Lua Mar Mer Júp 2
Mer Júp Vên Sat Sol Lua Mar 3
Lua Mar Mer Júp Vên Sat Sol 4
Sat Sol Lua Mar Mer Júp Vên 5
Júp Vên Sat Sol Lua Mar Mer 6
Mar Mer Júp Vên Sat Sol Lua 7
Sol Lua Mar Mer Júp Vên Sat 8
Vên Sat Sol Lua Mar Mer Júp 9
Mer Júp Vên Sat Sol Lua Mar 10
Lua Mar Mer Júp Vên Sat Sol 11
Sat Sol Lua Mar Mer Júp Vên 12

 

  Dom Seg Ter Qua Qui sex sab Hr
Horas da noite Júp Vên Sat Sol Lua Mar Mer 1
Mar Mer Júp Vên Sat Sol Lua 2
Sol Lua Mar Mer Júp Vên Sat 3
Vên Sat Sol Lua Mar Mer Júp 4
Mer Júp Vên Sat Sol Lua Mar 5
Lua Mar Mer Júp Vên Sat Sol 6
Sat Sol Lua Mar Mer Júp Vên 7
Júp Vên Sat Sol Lua Mar Mer 8
Mar Mer Júp Vên Sat Sol Lua 9
Sol Lua Mar Mer Júp Vên Sat 10
Vên Sat Sol Lua Mar Mer Júp 11
Mer Júp Vên Sat Sol Lua Mar 12
  1. Preciso de um circulo magico e um altar?

Resposta: Não para ambos, pois estes espiritos não são perigosos e não é necessario altar ou circulo para o ritual, mas caso se sinta confortavel em utilizar tais implemetos, fique a vontade, contudo não é canonico neste grimorio.

 

 Textos usados

  • Primeira Impressão Original, Basiléia, 1575 (Biblioteca Yale Beinecke)
  • Primeira Impressão Original, Basiléia, 1575 (Biblioteca Britânica)
  • C. Rooks, Londres, 1665 (Biblioteca Oxford Bodleian)
  • Publicação Desconhecida, Londres, Londres, 1655 (Biblioteca da Universidade de Harvard)
  • C. para J. Harrison, Londres, 1655 (Biblioteca do Congresso)
  • Leipzig Cod.Mag. 55

Robson Belli, é tarólogo, praticante das artes ocultas com larga experiência em magia enochiana e salomônica, colaborador fixo do projeto Morte Súbita, cohost do Bate-Papo Mayhem e autor de diversos livros sobre ocultismo prático.

Arbatel da Magia (pdf)

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/a-magia-de-arbatel/

A Iniciação no Velho e no Novo Aeon: Antagonismos

Dentro de corpos iniciáticos, é muito comum que um dos pontos críticos mais importantes justamente aborde os segredos iniciáticos, assim como os mistérios que sustentam estes segredos, e bem como as estruturas que são usadas para unir o praticante ao mistério, tal e qual a descrição costumeira do casamento alquímico nos demonstra.

No entanto, os rituais e fórmulas do chamado Velho Aeon estão muito longe de terem tais aplicações básicas no presente momento, e isto porque além da própria mudança de eixo ligada a este Aeon, também há a constante presença da ciência e da história, que unidas provaram ser um poderoso instrumento de dissolução de enigmas, ou mesmo de inverdades.

 

No entanto para poder abordar os elementos qualquer sistema de iniciação, precisamos citar suas fontes históricas, o que se pretende desencadear com o drama ligado ao rito, conforme o sistema religioso originalmente o fazia, e se há diferenças em relação à tradição original.

Desta forma, vejamos o que a ciência e a história nos podem dizer sobre o que se determinou chamar de “Velho Aeon”.

Ao contrário do que se tem afirmado por muitos hermetistas, ocultistas, e por vezes por várias vertentes ditas como sendo científicas, ligadas normalmente a correntes criacionistas, a tradição determinada como sendo o cabalismo, não tem a história antiga que lhe é imputada, e na verdade, a história do povo a qual ela estaria coligada não é tão velha como tem sido defendido por tantas pessoas, muitas delas nunca agindo por inocência, ou apenas por ignorância, e sim por motivos totalmente escusos.

Se pudéssemos retornar nos tempos históricos, veríamos então que em dado momento no império egípcio, houve uma quebra interna de suas instituições, em que o modelo de administração que sustentava todo o reino, foi agredido por um golpe sócio, econômico, religioso que foi promovido por Amen-hotep IV, que reinou no Egito em 1345 antes da era vulgar, e que esvaziou os cofres reais, para construir e sustentar uma cidade no meio do deserto, para onde transferiu a capital do reino, durante seu reinado.

Seu reinado durou apenas 15 anos, e durante o mesmo o faraó que declarou a todos ser o filho e representante do “deus único” Aton, na Terra, sob alegação de que estava levando o povo para a “Terra Prometida por Aton”, fundou ali justamente a cidade conhecida como Akhetaton (como é dito que Abraão teria procedido).

A todos que o seguiram, prometeu Akhenaton (nome assumido por Amen-hotep IV quando assumiu o culto a Aton), a “Vida Eterna no Paraíso de Aton”, e bem como a permissão para ser enterrado na necrópole de Akhetaton.

Curiosamente, ao atingir o local dito como sendo sagrado, Akhenaton ofereceu um sacrifício a Aton, e depois edificou no local um templo, demarcando assim por seus atos o abandono da Terra Sagrada de Karnac ( tal e qual o Abraão da bíblia teria feito).

Cada residência possuía um altar de pedra com inscrições em dois lados. “Todas as casas do reino tinham uma feição similar. Elas tinham um santuário colocado em seu aposento principal. Ele possuía apenas um portal pintado em vermelho e um nicho para receber uma pedra que continha o retrato da família real engajada numa no culto de adoração”, assim descrito por Cyril Aldred.

Como conexão aos relatos da história do êxodo bíblico, os portais vermelhos são uma lembrança ao sangue dos hebreus pintados nos portais das portas de suas casas. “Javé passará para matar os egípcios. E quando ele olhar o sangue nos postes dos portais e na parte superior, Javé atravessará a porta e não permitirá que a destruição entre em suas casas e mate vocês”. Êxodo 12:23.

Por conta do culto monoteísta, Akhenaton apagou o nome de Amon dos templos e obeliscos. Levando sua heresia adiante, ele profanou o nome de Amon no interior do cartucho de seu pai Amenhotep III. A supressão do nome do deus foi considerada como um verdadeiro sacrilégio pelos habitantes do antigo Egito. A bíblia monoteísta ecoa estas palavras no seu Deus Único: “Eu apagarei totalmente o nome de Amalek dos céus”.

Da mesma forma como Moisés fez, ele se apresentava diante do povo com duas tábuas de pedra onde estava inscrito o nome de Aton nos dois cartouches. O povo prostrava-se diante do nome de Aton. Essas tábuas com inscrições, podiam ser lidas em ambos os lados. A similaridade com as tábuas de lei de Moisés é notável. Ambas eram ovais nas extremidades e podiam ser lidas de ambos os lados: “E virou-se Moisés e desceu a montanha com duas tábuas da lei em suas mãos, tábuas que eram escritas em ambos os lados.” [Êxodo 32:15].

Na tumba de seu sucessor, seu irmão menor que foi entronizado somente quando se tornou adulto, Tutankhamon, muitos outros detalhes extremamente esclarecedores foram encontrados.

 

Na escavação de Howard Carter e Phlinders Petrie, em 1923 da era vulgar, a tumba do sucessor de Akhenaton foi encontrada intacta – uma vez que seu nome foi apagado em maldição, a mando dos sacerdotes que fizeram oposição a Akhenaton, e sua tumba foi ocultada, o que acabou servindo em muito aos pesquisadores do mundo todo.

 

Estudos na tumba revelaram que na parede leste da câmara funerária, acima das figuras de doze sacerdotes carregando uma urna mortuária, haviam oito colunas pintadas com inscrições religiosas. Essas figuras lançaram uma nova luz sobre momento da história da humanidade onde monoteísmo foi estabelecido. Na parede norte da tumba contém uma figura enigmática, usando a coroa do Egito com a serpente, um antigo símbolo de realeza. O nome deste misterioso personagem aparece nos dois cartouches[1][6] colocados à frente de sua face. Ele era chamado de “O Pai Divino” – Faraó Ay. Seu nome está escrito por um símbolo hieróglifo duplo, (Yod Yod), que é o nome de Deus na Bíblia Aramaica, o qual é a nossa fonte mais antiga do velho testamento.

Este “Ay” sucedeu a Akhenaton, quando sua derrocada ocorreu – apenas 15 anos após ter começado, dado o ódio que sua profanação provocou em meio aos egípcios – e após alguns anos, entronizou Tutankhamon, que reinou apenas por Dois anos, sendo depois execrado e caindo em ostracismo, sob todas as maldições póstumas naturais no Egito de sucederem a blasfemadores ou criminosos.

A câmara funerária possuía quatro caixotes sobrepostos, um dentro do outro. Esses caixotes estavam cobertos por um tecido de linho, sustentado por uma moldura de madeira, apresentando-se com aparência de uma tenda. Essa moldura foi comparada no momento da descoberta, com os tabernáculos do Antigo Testamento, o sagrado dentre os mais sagrados, construído de madeira e sustentando a “Arca da Aliança”.

Ao abrir o terceiro caixote, Carter observou que em uma de suas laterais havia um painel com duas figuras aladas, onde suas asas abriam-se bem ao alto, evocando os anjos descritos do objeto citado na bíblia como sendo a “arca da aliança”, estavam reproduzidos nas duas portas seladas do quarto e último caixote. Esses e outros achados arqueológicos nos levam a considerar, que as descobertas da arqueologia egípcia possuem grande correlação com a escritura hebraica, sendo a fonte para a mesma.

O “Ay” acima mencionado, determinou a evacuação de Akhetaton denominando a cidade como terra impura e amaldiçoada, e os povos de mercadores que se mesclaram na cidade sob Akhenaton, se dividiram em dois grupos, sendo que um deles retornou para as terras egípcias, e outro seguiu a grande expansão egípcia que teve início a partir deste período, e aproximadamente 300 anos depois, em um dos pontos onde ocorreu a fixação por mais tempo do exército egípcio, veio a ser fundado o Reino de Judá.

Agora que conseguimos estabelecer estes pontos, vamos nos aproximar de outro grande eixo de sustentação do estilo de iniciação do Antigo Aeon.

Falemos agora de Constantino e de “Iaseus Christus”, de origem essênica.

Como sabemos, a seita Hassidim cresceu durante a dominação dos gregos sobre os judeus, e efetuou a ponte de dominação helênica traduzindo para o grego o ponto de vista hebraico, mas principalmente gerando a dominação do ponto de vista dos gregos sobre o povo dominado.

Destes Hassidim vieram os Essênios, que são os chamados pré-gnósticos, e que mantinham em Nag-Hamad uma sociedade a parte, com textos próprios que sofreram enorme influência de gregos, sumérios, egípcios e hindus.

Desta forma foram lançadas as bases para que por meio dos Essênios os textos chamados de apócrifos, e os textos chamados de aceitos, pelos concílios da posterior Igreja Católica.

Ocorre que os Essênios conceberam uma fusão de costumes religiosos, normalmente vinculados a adoração do Sol ou da Estrela que o anuncia em todas as manhãs, e atribuíram a divindade que nasceu desta fusão o termo “Iaseus Christus”, que foi absorvido posteriormente como “Jmmanuel”, dentro da bíblia.

Nascido de um “notaricom” que implica em sua origem em provável saudação a Zeus, muitas eram as diferenças do golpe religioso e político que Constantino veio a praticar depois.

Um dado interessante entre os essênios, é que adoravam Hermes Trimegistus, e o viam como o Enoch da torah e bíblia, principalmente no que tange a um texto apócrifo sobre Enoch, que cita os “nephelim”.

Fato é que o Pistis Sophia dos essênios, contém enormes similaridades com um texto anterior ao ano Zero da era vulgar, que tem por nome “saberia de jesus”.

Agora, abordemos outros dados.

Sob Constantino, que objetivava unificar todas as vertentes religiosas em guerra na época, e que estavam por desestabilizar e exterminar seu reinado por completo.

Desta forma, a vertente do sacerdócio politeísta romano, em eterna guerra com os mitraicos persas, que jamais cederia a língua ou costumes dos persas, e bem como a vertente persa, que pensava o mesmo da vertente romana, foram fundidos sob outra língua, e outros costumes, que fundiram a ambos, com enorme miscelânea de cultos fálico solares.

Assim, Mitra que escondeu as chaves do paraíso em Petrus, e que era nascido de uma virgem no dia 25 de dezembro, teve seus símbolos fundidos a Horus que combateu Set por 40 dias no deserto, juntamente com o deus de Belém, Tammuz, que ressuscita 3 dias após morrer, pelas artes de Inanna após a mesma verter muitas lágrimas por seu esposo, e descer a mansão dos mortos para resgatá-lo.

Tendo então a vida de conhecido filósofo da época, Apolônio de Tiana, dado o pano de fundo, para um “…christus…” físico, que jamais existiu.

Tendo sido então estudados a luz da ciência, história e antropologia, todos estes dados que são a base e sustentação dos cultos do Velho Aeon – pois em nenhum momento nos esquecemos que os Islâmicos alegam serem os verdadeiros descendentes de Abraão, e que Allah provém de Al Iliah que é uma saudação a Sin ou Nanna, o deus Lunar dos Antigos Sumérios. Podemos então começar a destilar informações preciosas sobre a Iniciação Mágica dentro do Velho Aeon.

Dentro do contexto das Ordens Iniciáticas chamadas de “osirianas”, o postulante a iniciação é visto como “cristo”, que deve perambular pelas mortificações, e depois adentrar em glória pelas dores da iniciação, para então renascer dos mortos como filho unigênito, e por fim exaltado as alturas.

Alega-se que a linguagem é universal, e que todas as religiões do passado procuravam desencadear o mesmo processo, sendo que na verdade todas as religiões, cultos e povos vieram a abraçar o monoteísmo como sua verdade.

Aqui já temos percebido o grande erro do Velho Aeon, pois como foi visto acima nada além de golpes de estado, maquinações políticas, e isso sem mencionar as torturas e assassinatos praticados por protestantes – como por exemplo os 100.000 pagãos que Lutero ordenou o massacre na Alemanha em seu tempo – os crimes da inquisição católica, os crimes da opressão muçulmana contra os infiéis – como pode nos mostrar o comportamento Taleban, por exemplo.

Assim sendo podemos logo de início perceber que as Iniciações do Velho Aeon, procuravam escravizar a mente, corpo e emoções do postulante a iniciação, a uma forma de ser que em todos os sentidos, defende uma mentira histórica, sendo então não sua Verdadeira Vontade, mas sim a Vontade de outro entronizado em lugar de sua individualidade.

Nisto repousa aquilo que é visto como a “fazer a vontade do pai”, que é tão comum em todos os sistemas monoteístas, como facilmente pode ser observado tanto em seus livros dogmáticos, como no comportamento de seus fiéis e de seus sacerdotes.

Outro fator preocupante aqui presente, é visto como algo natural e inclusive incentivado dentro destas organizações iniciáticas.

Tendo a temática tão conhecida e usada por Akhenaton como base, e levando-se em consideração o ciclo do ano com suas estações, é dito que sendo o sol o centro do sistema solar, o postulante a iniciação deve procurar ser um espelho do próprio sol, e a ele se unificar.

A este ponto, outro tópico iniciático problemático se junta, para causar uma “catástrofe oculta” para aquele que busca a iniciação.

Este tópico vive nas palavras de Dion Fortune, que inclusive nos define a forma de pensar do antigo aeon, dentro do ponto de vista a cerca da iniciação como era entendida até então:

…O máximo que alguém pode atingir em vida é a iniciação até Tiphareth – a Sephiroth do Sol – ou no máximo e apenas para alguns Geburah – a Sephiroth Marcial . Tendo então todos os seus passos regulados pelas ordens dos adeptos isentos de carma de Chesed – Sephiroth de Júpiter – que recebem as influência divinas diretamente da tríade suprema, que nenhum ser vivo pode alcançar em vida, salvo gênios como Moisés – Moshé…” .

Bem sabemos pelas úteis informações acima citadas, que Moshé e Abraão foram nomes posteriores gerados para representar a lembrança dos atos de Akhenaton, sobrevivente em meio aos descendentes dos que viveram em Akhetaton, e que seguiram a expansão egípcia, fundando depois o Reino de Juda.

Mas isto seria apenas um detalhe simbólico, tomado com base para apenas por seu uso para coisas maiores, se não existissem mais coisas a serem mencionadas nas entrelinhas.

Em primeiro lugar, não é o Sol o centro do universo daquele que observa o universo.

O observador do universo é o centro do universo que ele mesmo observa, e em outras palavras, deve ele ir em direção a si mesmo e não em direção ao ponto de vista de outro, mesmo que simbolicamente.

Em seguida, devemos ressaltar que os adeptos chamados de “isentos de carma”, são citados pelas tradições como sendo, por exemplo: “Cristo, Saint Germain, Maomé, Moisés, Akhenaton, etc…”

Deduzimos então, que em nenhum momento houve a isenção de carma de qualquer um dos que acima forma citados, pois o único que não foi abordado anteriormente de alguma forma, foi Saint Germain, que foi muito conhecido na Europa por suas enormes dívidas de jogo, todas elas no geral pagas pelas artes de sua bela e sensual esposa.

Desta forma, se observarmos bem o que Dion Fortune nos transmite, e que inclusive é opinião geral das formas inciáticas e religiosas do Velho Aeon, os Adéptos Menores – uma representação esquematizada dos vetores solares, incluindo aqui das religiões monoteístas, que no geral são todas elas fálico solares – são dominados e direcionados pelos Adeptos Maiores – que são representações dos líderes e criadores de religiões dogmáticas, ou seja, monoteístas.

Esta é a escala de dominação que subsiste no dogma fálico solar!

E há ainda mais oculto dentro disto.

Por mais penoso que o seja, devemos abordar este tema de forma clara.

Em meio aos cultos gnósticos, dos quais o foco gerador são os Essênios, gerados pelos Hassidim, a idéia difundida ali presente era de que havia um deus bom e um deus mal, ou no caso do monoteísmo com hoje o conhecemos, um “deus versus um de seus anjos”!

Estes cultos percebem o mundo físico como dominado pelo deus mal, no caso “Saklas” o demiurgo, e o mundo dos céus ou celeste como reino do deus bom.

Isto advém do pensamento de grupos humanos como os Maniqueus, por exemplo, que eram dualistas e apresentavam este ponto de vista, que na verdade nasceu das representações Fálico Solares da eterna oposição do Deus Sol contra um Ser Serpentiforme – como é o caso da oposição de Apolo contra Piton; de Rá contra Apophis, de Baal contra Lotan; e até mesmo da oposição de Marduk contra Tiamat, também vista na representação grega deste mito onde Zeus enfrente Typhon, que não é Solar mas guarda muitos dos elementos usados como base pelo monoteísmo.

Disto floresceu a idéia de que o espírito, sendo visto da mesma forma que os egípcios adoradores do sol o viam, seria uma representação solar, e portanto pertinente ao céu, e como o espírito somente estava presente no corpo da mulher quando esta estava grávida – segundo a visão fálico solar aqui apresentada.

Logo a mulher veio a ser uma expressão da matéria e da Terra, e portanto algo visto como pertencente ao demiurgo, ou mesmo uma expressão do demiurgo – como na lenda monoteísta de Lilith, que nada possuía em comum com a Lilith suméria.

O veículo para o espírito passou a ser então o falo, e o espírito é visto nesta temática como estando concentrado no sêmen.

Um detalhe muito importante neste momento para o nosso devido entendimento, das fontes e bases desta forma de pensar, foi o modelo Védico, que via os essênios e bem como o culto de Krishna, foi usado como modelo a este respeito – ou mesmo antes disto, já que o Demiurgo originalmente pensado por Sócrates e Platão, não tinha nada haver com o Demiurgo dos gnósticos, mas teve sua origem no Purusha do Vedanta.

Os atos sexuais levam ao contato com uma mulher, ou com alguém que fará as vezes de passivo – e portanto de quase feminino – e desta forma, estes atos foram vistos como vias malignas, que afastam o adorador ou o pleiteante de iniciação dos benefícios do céu, do sol e da fé.

Perder o sêmen foi visto como uma forma de adentrar nos reinos da desgraça do demiurgo e do que veio a ser entendido como “inferno” – embora saibamos que o Hell, tal e qual o Tártaro, nada tem haver como ponto de vista monoteísta, mas foram absorvidos e plagiados, e depois adulterados para servirem aos propósitos do dogmatismo.

Assim sendo a magia sexual deste tipo foi desenvolvida com o pensamento ligado a esta via que é solar e masculina, e é justamente nisto que muitas das estruturas básicas da iniciação do Velho Aeon se baseiam, e é também por isto que não se aceitam mulheres naquilo que se determinou por “maçonaria oziriana”.

No Velho Aeon, o iniciando na maioria das organizações de cunho “Iluminati”, é visto como o próprio “jesus cristo”, que sofre inicialmente os martírios, para então após a crucificação se erguer em glória, em retorno ao pai.

Desta forma, podemos observar que em muitos casos, é pleiteado que as fases da dita vida do assim dito “cristo”, são subdivididas como as sephiroth da Árvore da Vida, sendo que o assim chamado “mistério da crucificação” seria então a passagem pelo abismo, que no cabalismo e hermetismo é chamado de Daath, sendo então sua descida a mansão dos mortos Binah, e sua ascensão ao s céus, Chokimah, estando a experiência que se atribui a Kether, como algo jamais mencionado, e taxado como inatingível, e além de qualquer descrição para os que não passaram pela mesmo, sendo que é dito que os que “viram yaveh face a face”, jamais relataram o que viram, dentro da concepção do Velho Aeon.

Se somente houvesse o monoteísmo desde o início dos tempos, e se somente fosse um culto masculino, desde o começo dos tempos, ou pelo menos que o mais antigo culto fosse monoteísta e fálico solar, então estaríamos lidando com alguma possibilidade de veracidade a cerca do desenvolvimento dos praticantes, dentro desta temática.

Mas não é assim!

Em primeiro lugar, devemos entender que o ponto de vista que aborda este princípio, tem por base a idéia fálico solar, que como já foi exposto acima, tende a mencionar a Terra como domínio e reduto do mal, e o céu como domínio e reduto do bem, e ao homem como exemplo do Céu e do Sol, e a mulher como exemplo da Terra e da Lua, esta temática leva a concepção de que somente o homem possuí espírito e é passível de evolução, aliás este pensamento era muito presente dentro do gnosticismo, pois era dito que uma mulher deveria renascer como um homem, para poder evoluir para além do mundo físico, em direção aos reinos espirituais.

Em segundo lugar, também como já foi mencionado acima, os ritos fálicos solares que são a base para estas formulas iniciáticas, são todos eles de origem de cultos politeístas e que não são obrigatoriamente solares, em verdade muitos cultos solares do passado eram vinculados a deusas e não a deuses, como é o caso da Deusa Sowelo dos Nórdicos, da Suria dos Hindus, Sekhemet dos Egípcios.

E uma enorme quantidade símbolos de cultos mais antigos, foi usada para dar base para os cultos monoteístas e fálico solares, como é o caso de Horus, Mitra, Krishna e Tamuz, que deram corpo ao monoteísmo cristão.

No monoteísmo encontramos a necessidade implícita de eliminar o diferente e o discordante, com um fundo absolutista, claramente coerente com a proposta de centralização a qualquer preço, mesmo que seja aquele que a sociedade humana tem pago a dois mil anos.

Se observamos com cuidado, o corpo de experiências descrito dentro do monoteísmo, contém os mesmos elementos (até um certo ponto), que poderíamos encontrar dentro do politeísmo como era citado pelos gregos, por exemplo, e isso tem sido muito usado como base para causar adulteração do conhecimento, por muitos movimentos de pseudo iniciação.

Estes movimentos afirmam o mesmo que os movimentos dogmáticos afirmam, que a fonte da tradição e do ser humano é aquela que está descrita tal e qual a torah, bíblia e Corão, o apregoam, e que as multiplicidades de idiomas partem do episódio de babel, e que os povos impuros adoraram na verdade anjos caídos, e que somente o povo eleito (quer seja ele o judeu, islâmico ou cristão), é o único que está em afinidade com o deus único do absolutismo dogmático.

Duas de suas maiores bases residem na história de Moshé (Moisés), e antes dela, na história de Abraão (doze gerações posterior a Enoche pelo torah), sendo que a cabala teria sido transmitida por Enoche a seus descendentes.

Sobre Enoche é dito:

“E andou Enoche com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoche trezentos e sessenta e cinco anos. E ando Enoche com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.

Este Enoche os Essênios e os pós essênios chamaram também de Hermes Trimegistus, figura presente mesmo nos testos sabeanos traduzidos por Miguel Psellus e Ulf Ospaksson em Bizâncio, como é o caso de um documento chamado Corpore Hermeticum, que os cidadãos de Harram – os sabeanos – teriam escrito, sob influência dos já citados movimentos gnósticos.

Desta figura mítica teve origem o movimento hermético, e o cabalismo em voga na idade média e moderna, usado até estes dias.

No entanto, como vimos na apresentação dos fatos históricos, acima, tanto Moisés quanto Abraão, são formas geradas para dar substância a sobrevivência da lembrança de Akhenaton, em meio aos cultos gerados na terra de Judah, praticados pelos rabinos, que ampliaram sua história e adicionaram os problemas que tiveram com outros povos, para dar mais corpo a mesma, sendo também usados símbolos, palavras, deuses e formas adorativas de povos a sua volta para tanto.

Um exemplo disto é o deus Shemesh, cujo nome foi por eles empregado como atribuição do sol, ou mesmo o uso das 22 letras fenícias para dar base ao hebraico, posteriormente reforçado pela dominação dos gregos sobre os judeus, com o advento do uso dos costumes dos gregos em empregar suas letras como vetores numéricos, sem mencionar o nascimento da gematria, notaricom e temurah tanto disto, quanto dos costumes dos seguidores de Pitágoras e Platão, absorvidos via os judeus hassídicos, antecessores dos essênios. Ou mesmo o nome de Zeus, “Joveh”, que foi absorvido pelos rabinos para ser a base etimológica de onde surgiu o nome “Yaveh”, que é o nome o dito “nome de deus” na Torah.

Desta forma, toda a atribuição dada a cabala e ao hermetismo, de fontes únicas da tradição da humanidade, reverte-se com as mesmas expressando-se como um composto de várias tradições matemáticas, simbólicas e politeístas, sob orientação monoteísta e dogmática, cujas experiência místicas e mágicas, podem gerar uma catarse que leve ao ser humano a desenvolver-se além dos limites impostos pelo dogmatismo, que naturalmente é um elemento de escravização da mente humana.

Os terrores do abismo, nada mais são do que expressões dos medos que são tão comuns em Zeus, Apolo, Rá, Omuz Mazda e Baal a cerca de Typhon, Píton, Apophis, Ariman e Lotan.

Estes medos são claramente uma forma representativa dos temores do ego, que está envergando uma série de medos e receios de perder a plena dominação da psique, que está em vias de tomar contato com o inconsciente superior, e portanto estando as portas de sua verdadeira vontade.

Como explicado acima, os meios e modos iniciáticos ligados ao sistemas fálico solar, contém esta armadilha interna, e na vazão exata da forma de pensar presente no hermetismo, tal e qual Dion Fortune expressou, ao atingir o ponto imediatamente anterior experiência ctônica do abismo, a manifestação máxima presente dentro dos cultos dogmáticos, plenamente visível nos vultos como o de Zeus e Marduk por exemplo, gera uma cisão na psique do praticante, que contempla nesta modalidade iniciática aquilo que se determina como sendo “…El…”, vivendo na sephiroth de Chesed. El por sua vez, é entendido como sendo o termo singular para Helohim (Deuses), que aparece em descrição acima.

Deus-El vive em Chesed, que é dita como sendo a serphiroth da misericórdia, e desta forma contemplamos os vínculos herméticos forjados das origens etimológicas politeístas, pois Chesed é atribuída a Zeus-Joveh, e assim passamos a compreender quais são os verdadeiros temores citados sobre o abismo, e o que realmente representa transcender o abismo, em termos realmente práticos.

Quando nos erguemos além do chamado abismo, o que viremos a contemplar além das muralhas tecidas pelo dogma é justamente o oposto do que é pretendido, dentro dos mecanismos de manipulação fálicos solares, pois percebemos que a experiência do dito deus uno, como apresentada pelo dogma presente nas Iniciações do Velho Aeon, são fatores naturais e presentes apenas e tão somente até aquilo que se determina chamar de chesed, e apenas e tão somente se os meios e modos iniciáticos usados para se chegar até este ponto, forem os que estão presentes no tradicionalismo hermético, sendo que outras formas de desenvolvimento que não se utilizem da metodologia apresentada dentro da Ortz Chaim, excluem de si esta situação.

Basicamente falando, os elementos acima são em muitos casos a base para os modelos iniciáticos conhecidos pelo termo “illuminati”, pois as chamadas irmandades da luz, dedicam-se a estes modelos de iniciação universal, desprezando a possibilidade de se ir além dos modelos concebidos previamente sem conhecimento das fontes, origens ou outras formas de pensamento, mas supostos como universais – e portanto católicos – para todos os povos, coisa que em si mesmo é um erro, já que como vimos, as coisas não correm desta forma.

Estes movimentos que oficialmente foram iniciados por Adam Weishaupt, na Baviera em 1776 da era vulgar, e aos quais se procuram estudar a origem extra-oficial em Hassam Ibn Sabbah o “velho da montanha”, ou posteriormente em Saladino, que combateu eficientemente os cruzados, e desencadeou o nascimento da Ordem dos Templários, indiretamente, que veio a dar nascimento a Maçonaria.

O fato é que a disposição criada por Sabbah dentro da Ordem dos Nizarins – termo que implica nos fundamentos do Corão – levou em consideração o batanya, que é a forma como se pode referir as ciências secretas, ligadas a iniciações e costumes Gnósticos, que foram introduzidos dentro desta Ordem assim como o costumeiro uso do Hashishiyun – usado de forma similar a algumas descrições modernas dadas por Crowley sobre Eleusis – e que alguns afirmam ser a fonte para muitas organizações extremistas árabes, nos dias atuais, tem vínculos em larga escala com a história de Saladino.

Para começar, o líder da Ordem dos Nizarins Hassam Ibn Sabbah, viveu entre 1034 e 1124 da era vulgar, e Saladino – aliás Rei Curdo do Egito – viveu entre 1.138 e 1.193 da era vulgar, tendo justamente o ápice administrativo de sua vida existido no momento de maior fervor religioso da Ordem dos Nizarins, pouco tempo após a morte de seu fundador.

Como foi logo em seguida a mais proeminente figura islâmica – por assim dizer, pois sua ascendência Curda, fazia dele muito provavelmente um herdeiro Yezidi, ou seja, um adorador de Malak Thaus ou Shaitan – reuniu a sua volta guerreiros mulçumanos em grande quantidade, para enfrentar a ameaça dos cruzados, que sob ordens do Vaticano estavam invadindo a região da terra, que para os árabes também era considerada sagrada, se bem que por outros motivos.

A força e estratégia de Saladino, causaram tamanhos entraves ao avanço dos templários, que o engendrar de uma companhia militar mercenária se fazia necessária em todos os sentidos para aquele período, tanto para salvaguardas as caravanas, quanto para servir de oposição aos islâmicos e seus Nizarins.

Desta forma foram criados os assim chamados “…pobres cavaleiros de Cristo…”, que em verdade após anos combatendo Saladino, tomando contato com a administração e trato usados pelo mesmo e bem como pelo que era visto, ou sabido por terceiros, a cerca dos Nizarins. Sem mencionar que alguns dentre os templários, ao serem capturados não foram mortos, como uma forma de estratégia para introduzir-se dentro da Europa sob várias frontes de batalha ao mesmo tempo, alguns dos templários foram introduzidos dentro dos círculos mais externos da Ordem dos Nizarins, sob a administração e ponto de vista de Saladino – que como foi acima mencionado, parece ter muito em comum com o culto de Shaitan – e enviados de volta para a Europa.

Estes ao entrarem em contato com seus superiores, aliados ao que se sabia e se ouvia dizer sobre a mesma, geraram um diferencial dentro da Ordem dos Templários, combinando-a com elementos gnósticos – assim como Ibn Sabbah o fez com os Nizarins – e fundindo a esta, elementos naturalmente encontrados em solo espanhol, como por exemplo mapas de rotas antigas, elementos ligados ao culto Herético do padre Ário, e em suma, muito do que foi a administração dos Godos sobre quase toda a Espanha e toda a parte norte de Portugal, desencadeando assim entre outras coisas, o surgimento da arquitetura gótica, e dos movimentos góticos, no decorrer do tempo.

Os templários acumularam tal capital em seus castelos, que o protótipo da ordem de pagamento, ou do “cheque”, foi engendrado por eles, pois qualquer um que chegasse a um castelo templário, poderia trocar seus bens por um determinado peso em ouro, e excetuando-se um valor cobrado pelo castelo para fazer tal coisa, poderia trocar o documento por ouro, em qualquer outro castelo templário.

Seus hábitos e costumes mesclados, imbuídos tanto de elementos cristãos, quanto de elementos mitraicos e gnósticos, levou-os a adotarem o culto a Baphomet, que pode ter as seguintes correlações: Baph somado a Metis do grego “Batismo de Sabedoria”; ou da composição do nome de três deuses: Baph – que seria ligado ao deus Baal – Pho – que derivaria do deus Moloc – e Met – advindo de um deus dos egípcios, Set – e há ainda “Baph Mitra”, que significaria “Pai Mitra”; ou o mais usado “TEM OHP AB” que é a abreviação de “Templi Omnivm Hominum Pacis Abbas“, ou em português, “O Pai do Templo da Paz de Todos os Homens”.

O fato é que Felipi VI, falido Rei da Espanha, pensou em se apoderar de seus muitos bens, e para tanto mandou assassinar um Papa, e colocou outro em seu lugar para dar prosseguimento a seus planos.

No entanto o poder e terror inspirados pelos templários era tamanho, que o papa Clemente V temia fazê-lo, e somente o fez com uma adaga encostada em sua garganta, quando assinou o documento que deu origem ao mais nefasto período da história da humanidade, a Inquisição.

Com este documento em mãos Felipi VI, mandou prender Jaques de Molay, líder da Ordem dos Templários, assim como muitos outros da mesma, se apropriou de todos os bens desta ordem que pode encontrar, e provocou uma fuga em massa dos Templários para região da França, onde tempos depois foi fundada a Franco Maçonaria.

A Maçonaria por sua vez, contando com elementos já vinculados ao cabalismo e hermetismo, tornou-se responsável com o crescimento de sua influência, de uma série de marcantes movimentos políticos, como a ascensão de Napoleão e bem como sua queda, ou a queda da bastilha e a revolução francesa, que foi toda ela galgada sobre os três pilares maçônicos “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”.

No entanto, desejosa de obter controle sobre este tremendo instrumento de poder, a Coroa Britânica ordenou o assassinato do Grão Mestre da Maçonaria daquela época, e colocou no poder um Grão Mestre Inglês, que instituiu dentro da Ordem Maçônica, um voto de juramento a Coroa da Inglaterra.

Daí em diante nobres, comerciantes, militares e pessoas do povo, que fizessem parte da maçonaria, passaram a trabalhar em prol da Inglaterra.

Isto explica o fato dos piratas que atacavam os barcos Portugueses e Espanhóis, serem chamados de Corsários pelos Ingleses, e serem todos eles nobres da corte britânica, ou mesmo participantes da Câmara dos Lordes. E bem como, isto explica por que o Brasil assumiu a dívida de Portugal, favorecendo a Coroa da Inglaterra em muito com tal ato.

Mas a muito mais dentro do conceito das organizações secretas a ser discutido, no tocante a maçonaria e aos que a ela se ligaram.

Voltemos nossa atenção brevemente para aquilo que se conhece como Ordem Rosacruz.

Ali encontraremos o Confessio Fraternitatis escrito em 1615, onde é feita a defesa da Fraternidade, exposta no primeiro manifesto em 1614, contra vozes que se levantavam na sociedade colocando em pauta a autenticidade e os reais motivos da Ordem Rosacruz. Neste manifesto se pode encontrar as seguintes passagens que nos mostram a natureza “illuminati e portanto cristã” dos Rosacruzes:

“…O requisito fundamental para alcançar o conhecimento secreto, de que a Ordem se faz conhecer possuidora, é que sejamos honestos para obter a compreensão e conhecimento da filosofia descrevendo-nos simultaneamente como Cristãos! Que pensam vocês, queridas pessoas, e como parecem afetados, vendo que agora compreendem e sabem, que nós nos reconhecemos como professando verdadeira e sinceramente Cristo, não de um modo exotérico e sim no verdadeiro sentido esotérico do Cristianismo! Viciamo-nos na verdadeira Filosofia, levamos uma vida Cristã! Condenamos o Papa como a verdadeira Besta…”

E por notarmos que o Brasão de Armas de Lutero é o mesmo usado pelos Rosacruzes, para dar nome a seu símbolo máximo – justamente a Rosa e a Cruz – e a isto aliarmos o fato de que este movimento nasceu para dar apoio a administração dos Estados Protestantes da Boêmia, sob Frederico V, saberemos então porque foram apoiados pelo mesmo naquele território, e bem como qual a natureza de sua força motriz.

E quanto pensamos na história da organização que veio a dar origem a Maçonaria, ou seja a Ordem dos Templários, e bem como nos atemos ao que sobreveio a mesma sob os atos do papa Clemente V, entenderemos então os atos entrelaçados da Maçonaria e bem como os usos que a mesma deu as contribuições dos protestantes, a cerca tanto da movimentação política de então, quanto ao direcionamento simbólico que pretendeu posteriormente, principalmente quando ela veio a estar sob total influência da Coroa Britânica, já totalmente desvinculada do Vaticano.

Com tudo isto veremos que na verdade, Adam Weishaupt foi influenciado em sua reformulação do movimento dos Illuminati da Baviera, por ação do protestantismo rosacruciano, contido por exemplo no Confessio Fraternitatis acima descrito, e no entanto todos este movimentos contém sementes do gnosticismo quer seja pela via indireta dos Templários e de seus descendentes os Maçons, quer seja pela via da Ordem dos Nizarins de Hassam Ibn Sabbah, também usada por Saladino o Curdo, e quer seja pela influência que Saladino deu a todos que passaram por sua autoridade, uma vez que o mesmo era Curdo e que muito provavelmente possuía fortes influências Yezidis, em sua conduta.

No entanto observamos em todos os movimentos acima, Duas Coisas muito proeminentes.

A primeira delas é a constante batalha destes movimentos uns contra os outros.

A segunda, é o fato de que todos eles ou são descendentes de uma mesma fonte, ou detém os mesmos símbolos, ou afirmam as mesmas verdades, e ao final das contas são todos movimentos ligados a “iluminação do ser pelo sol da sabedoria secreta monoteísta”, que incansavelmente luta contra as trevas do grande inimigo infiel, que vive apartado da dita graça de “cristo-allah-yaveh-aton”!

E por tudo que já foi anteriormente descrito, saberemos que trata-se por um lado de corpos religiosos baseados em dogma, que em si mesmo sempre é vazio, e por outro em processos de catarse psicológica, que estão incompletos pelo uso apenas do que afirma a base escravagista da fórmula fálico solar, sendo sempre deixadas de lado toda e qualquer forma simbólica, por mais rica que seja, que aborde formas de pensamento diversos do dogma corânico, bíblico ou talmúdico, mas que mantém de forma adulterada, os simbolismos dos quais o dogma veio a se apropriar indevidamente, para dar sustentação a si mesmo – como foi largamente discutido acima.

Agora surgirá a seguinte pergunta:

Há possibilidade iniciática nos tempos modernos, dissociada dos melindres e tolices seculares – milenares na verdade – que possa nestes dias levar alguém a se erguer para além dos limites do ego, da falsidade social, da falsidade pessoal ou do rastejar contido na lastimável misericórdia, que tanto é citada como grande e respeitável virtude?

Certamente que sim!

Observemos que os reflexos deste Aeon, já eram notados em 1848 e.v. – com a obra de Orestes Brownson – e em 1888 da vulgar era cristã, quando uma das mais celebradas obras de Friedrich Nietzsche “O Anticristo” foi escrito – embora tenha sido somente publicada em 1895 e.v. – e desde aquele momento, começaram a tomar sena em meio ao mundo com cada vez mais ênfase, pois pouquíssimo tempo depois movimentos de renascimento de cultos, tradições e formas de conhecimento que historicamente se opuseram ao cristianismo e a outras formas de expressão fálico solar, ou dogmáticas conhecidas, começaram tanto a ganhar contornos quanto a se fazerem cada vez mais presentes na sociedade moderna.

Pois justamente em 1895 e.v. Carl Kellner, Franz Hartmann e Theodor Reuss engendraram os moldes do que então viria a ser conhecido como Ordo Templi Orientis, que veio a ser fundada concretamente em 1902 e.v., justamente o mesmo ano em que Karl Anton List desenvolveu um sistema de resgate das tradições setentrionais, que impulsionou uma gigantesca quantidade de trabalhos seus e de outros que vieram posteriormente.

Apesar da O.T.O., fundada por Carl Kellner, ter sido pensada nos mesmos moldes dos sistemas “illuminati” que acima foram mencionados, a mesma tanto já nasceu com alguns elementos diferentes em sua forma de expressão, como também veio a passar por alterações imensas poucos anos depois.

Esta academia de treinamento para maçons, como era o intento dos fundadores no início, contava com rituais sexuais ligados ao ponto de vista de Franz Hartimann e bem como a filosofia dos movimentos Samkhya e Addvaista, e contava com métodos de preparação do chamado elixir alquímico, que se usa de uma abordagem ligada a um ponto de vista acima citado, referente ao espírito estar presente no sêmen, e se fixar para o consumo via a emanação lunar do sangue menstrual.

Em 1904 e.v., na cidade egípcia do Cairo, Rose Kelly veio a ser o veículo pelo qual Aleister Crolwey recebeu o Liber Al vel Legis como a lei máxima do novo Aeon.

Este livro possuía uma tal natureza, que o comentário de Crowley ao seu término era caracterizado pelo terror, dado o choque cultural, social, religioso e político proposto no mesmo, que em muito já se alinhava com as disposições traçadas por Nietzsche em seu Anticristo, com o trabalho de Raleais “Gargântua e Pantagruel” e com o enfoque de Karl Anton List, perante a ética e o caminho de oposição a ser tomado.

Em 1912 e.v. Theodor Reuss convidou Aleister Crowley para encabeçar o ramo inglês da O.T.O., após ter testemunhado em um de seus trabalhos a chave do Santuário Supremo da Gnose.

Crowley que já havia engendrado a A.A. dentro de pontos de vista similares aos da O.T.O., mas já embasada no Liber Al vel Legis, não viu nenhum obstáculo em polarizar a O.T.O. com o Liber AL, tornando-a desta maneira uma forma de expressão do Thelemismo.

Paralelo a isso, os movimentos engendrados por K.A. List desdobraram-se de tal forma, que um trabalho de Orestes Brownson de nome “O Renascer do Odinismo” escrito em 1848 e.v., foi usado como base para engendrar um movimento com este nome em 1930 e.v., e que se estendeu em vários países, incluindo a Islândia, chegando a engendrar ali em 1972 e.v., a aceitação de uma derivação de seus conceitos sob o nome Asatru, com religião oficialmente aceita naquele país, e em 1973 e.v. foi criado o Odinic Rite na Inglaterra, e uma série de outros sistemas setentrionais entrou em curso desde então.

Em meados de 1900 e.v., em solo eslavo o mesmo começou a ocorrer, pois a Romuva – tradição natural dos povos Eslavos e Bálticos – que havia sido suprimida pelas artimanhas, perseguições e engodos dos jesuítas, voltou a tomar corpo no leste asiático.

No entanto em meados de 1940 e.v., o avanço soviético usando-se dos meios mais violentos a sua disposição, procurou exterminar todos os praticantes de Romuva que pôde encontrar, sendo que a mesma veio a se manter oculta no seio das famílias que ainda sustentavam seus ideais, até que 52 anos depois, por puro esforço de vontade e insistência veio ela a ser reconhecida em meio a muitos estados eslavos.

Em tempos muito recentes, os templos gregos voltaram a ser usados pelos “Hellenistas”, que procuram o resgate dos cultos antigos da região grega, e ali puderam reunir 50.000 pessoas, para adoração dentro dos templos helênicos.

Todos estes movimentos polarizados em seu início basicamente no mesmo momento histórico, não foram outra coisa senão o efeito indireto do despertar de melhores e mais precisas formas de iniciação, ligadas a fórmulas verídicas do desenvolvimento humano e que no geral contém veracidade histórica, tanto como um de seus sustentáculos, quanto expressão esta veracidade via seus símbolos e mistérios falando diretamente aos povos que participam da ancestralidade dos mesmos, ou falando aqueles que ligam-se a esta ancestralidade por identificação.

Se analisarmos o texto básico do thelemismo, notaremos que seu desenrolar nada tem em comum com as fórmulas de miserabilidade humana que Nietzsche sempre atacou, uma vez que neste mesmo texto não há espaço para o fraquejar ou para a misericórdia, que em si é vista como um vício.

Se notarmos os elementos acima reunidos, lembraremo-nos que a esfera de chesed citada dentro do cabalismo e hermetismo, lar da fórmula de “…Yaveh-Joveh-Zeus-Deus…” expressa pelo nome do deus supremo dos fenícios “..El…” ou “…Al…”, que foi absorvido para uso pelo hebraico como termo que define o deus do monoteísmo “…El…”, cujo plural ou coletivo é “…Helohim…” – como acima descrito.

Veremos que misericórdia é atribuída diretamente a esta sephiroth, que aliás é a antecessora da citada experiência do abismo, que abriga em si todos os temores de Zeus a cerca do despertar e liberdade dos Titãs.

Sobre isto o Liber Al vel Legis, deixa bem claro em suas estrofes a orientação pretendida para este Aeon:

21. Nós não temos nada com o proscrito e o incapaz: deixai-os morrer em sua miséria. Pois eles não sentem. Compaixão é vício de reis: pisa o infeliz & o fraco: esta é a lei do forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo. (Livro II – Hadit);

18. Que a piedade esteja fora: malditos aqueles que se apiedam! Matai e torturai; não vos modereis; sede sobre eles! (Livro III – Rá Hoor Khuit)

;

Que muito guardam em comum com esta estrofe da tradição setentrional:

127.Se estás consciente que o outro é perverso, diga: não tenho trégua ou acordo com inimigos! (Havamal)

E bem como com estas importantes passagens do Anticristo de Nietzsche:

O que é bom? – Tudo que aumenta, no homem, a sensação de poder, a vontade de poder, o próprio poder.

O que é mau? – Tudo que se origina da fraqueza.

O que é felicidade? – A sensação de que o poder aumenta – de que uma resistência foi superada.

Não o contentamento, mas mais poder; não a paz a qualquer custo, mas a guerra; não a virtude, mas a eficiência (virtude no sentido da Renascença, virtu(1), virtude desvinculada de moralismos).

 

Os fracos e os malogrados devem perecer: primeiro princípio de nossa caridade. E realmente deve-se ajudá-los nisso.

 

O que é mais nocivo que qualquer vício? – A compaixão posta em prática em nome dos malogrados e dos fracos – o cristianismo…

 

Como pudemos então observar acima, o alinhamento que culminou com o nascimento do Liber Al vel Legis, tem características muito bem definidas que tendem a extirpar de si as formas mendicantes e sofríveis, que marcaram os tempos antigos, e procuram livrar-se das adulterações históricas e bem como dos dogmas e vícios que são tão comuns em meio ambiente fálico solar secular, que tem acompanhado a humanidade de forma tirânica tolhendo-lhe o livre pensamento.

O advento do thelemismo serviu como uma cabeça de aríete para dar passagem a uma série de estilos de expressão religiosa, artística, filosófica e científica em total oposição ao Aeon do Culto dos Escravos, buscando a divindade que subsiste na humanidade e pela humanidade, e bem como as formas de enaltecimento da nobreza de ser, da disciplina, da força, da vontade e da coragem do espírito do ser humano, não mais visto agora como um pecador a ser salvo, e sim como um deus a ser despertado, pois se o thelemismo afirma que “cada homem e cada mulher, são uma estrela”, também isto pode ser encontrado dentro das formas setentrionais, eslavas e célticas – entre outras – renascidas dentro deste pulso crescente, onde podemos encontrar citações tais como “quando os deuses criaram a humanidade, eles criaram uma arma”!

Neste Aeon aquele que pleiteia a iniciação deve buscar encontrar a si mesmo como o Centro do Universo, e não mais o Sol como tão freqüentemente ocorreu no Aeon passado, sob o dogma e as adulterações, e entender a si como uma estrela com um propósito, uma órbita, uma lei especificamente sua.

Ele não mais deve buscar virar a outra face, antes deve ele atingir o inimigo e extirpar-lhe a existência de forma fria e dura, pois a lei é a lei do forte e do mais capacitado.

Desta maneira vem a ser uma obrigação de todos os sistemas nascidos nesta maré de renovação, de eliminar todo e qualquer vestígio de maculo dos antigos tempos do dogma, pois tanto dão margem para suposições e aplicações baseadas em falsidade e mentira histórica ardilosamente manipulada, quanto são instrumentos de plágio e de experiências vividas pela metade, para dar alguma consistência ao “monotonoteísmo” – parafraseando Nietzsche.

Não é mais cristo quem está visível no altar!

Ali devem estar as imagens bélicas, belas e orgulhosas de Hoor, Baldhur, Dazbog, Belennos, Heracles ou Utu Absu.

Não é mais o manto recatado de uma Maria inviolada que deve instigar o coração das mulheres, e sim o brilho da estrela da manhã, sob a graça de Inanna, Astaroth, Freija, Lada, Afrodite e Isis.

Não mais deve ser celebrado um matador de dragões, antes disto Hadit, Svarog, Neit, Lock, Ophion, Dagon, Zalts serão celebrados como a fonte do saber humano, e origem da divindade humana.

Não mais as fórmulas que relegaram diferenças baseadas na simbologia do falo solar, podem ser empregadas nestes tempos sem que se pague o preço do ridículo, do escárnio ou do manto da tolice ou do engodo. Pois a história e a ciência juntas comprovam, que tem sido sempre assim em meio ao dogma e seu bastião.

No entanto tristemente podemos notar como, apesar dos sinais diretos e indiretos, sutis ou grosseiros, violentos ou suaves, constantemente baterem a porta de todos os ditos iniciadores. Estes em sua maioria prosseguem nos usos e costumes das falhas do Antigo Aeon, e em nenhum momento pautam-se em meios e modos de alterar sua conduta, ou sequer supõe-se errados em usá-la.

Esta conduta contumaz é fruto da relutância em perceber os próprios erros, ou na necessidade do ganho fácil proveniente do uso dos modelos antigos, ou do tráfico de influência que se possa fazer ao mantê-lo em voga, mesmo que se saiba o quão errado tal ato está.

Assim sendo, e tendo como base de análise o caso thelemico, veremos que em dado momento é afirmado no tema básico dos thelemitas, o Liber Al vel Legis, a cerca de Crowley que:

…49. Abrogados estão todos os rituais, todas as ordálias, todas as palavras e sinais. Ra-Hoor-Khuit tomou seu assento no Equinócio dos Deuses; e que Asar fique com Isa, que também são um. Mas eles não são meus. Que Asar seja o Adorador, Isa a sofredora; Hoor em seu nome secreto e esplendor é o Senhor iniciante. (Livro I – Nuit)…

 

…5. Vide! os rituais da velha era são negros. Que os maus sejam abandonados; que os bons sejam expurgados pelo profeta! Então este Conhecimento seguirá de forma correta. (Livro II – Hadit)…

E considerando-se estas passagens do Livro III de Rá Hoor Khuit, do Liber Al vel Legis:

51. Com minha cabeça de Falcão eu bico os olhos de Jesus enquanto ele se dependura da cruz.

52. Eu bato minhas asas na face de Mohammed & o cego.

53. Com minhas garras Eu rasgo a carne do Indiano e do Budista, Mongol e Din. 

54. Bahlasti! Ompedha! Eu cuspo em seus credos crapulosos.

55. Que Maria inviolada seja despedaçada sobre rodas: por sua causa que todas as mulheres castas sejam totalmente desprezadas entre vós!

56. Também por causa da beleza e amor.

57. Desprezai também todos os covardes; soldados profissionais que não ousam lutar, mas brincam; todos os tolos desprezai!

58. Mas o perspicaz e o orgulhoso, o real e o altivo; vós sois irmãos! 

59. Como irmãos, lutai!

 

Entenderemos que a lei de thelema é irmanada a todas as formas de expressão que veiculam o forte e o orgulhoso, o disciplinado e o capaz, em total oposição a misericórdia, compaixão, hipocrisia religiosa, falsidade moral e mentiras históricas que são legítimas representantes do movimento religioso fálico solar, desde Akhenaton dos golpes políticos, religiosos, militares e econômicos descendentes de sua atitude néscia.

E, no entanto, o próprio Crowley manteve alguns destes erros, que foram continuados por seus discípulos diretos e indiretos, tanto por descuido quanto por descaso.

Seus atos abriram portas a muito fechadas, mas muitas de suas atitudes e posicionamentos mantiveram-se seguramente mantidos dentro das muralhas do que o thelemismo afirma ser o Velho Aeon.

Uma prova disto, é uma análise sua a cerca de “Yod”:

Aleister Crowley, em sua obra O Livro de Thoth – O Tarot, explica: “Yod é a primeira letra do nome Tetragramaton e este simboliza o Pai, que é Sabedoria; ele é a forma mais elevada de Mercúrio, o Logos, o Criador de todos os mundos. Conseqüentemente, seu representante na vida física é o espermatozóide e esta é a razão da carta ser chamada O Eremita…

Em primeiro lugar, os movimentos gnósticos foram galgados sobre as fórmulas que foram acima descritas, e que pela observação adequada, se mostram incapazes de sobreviver neste Aeon, pois nem são históricas e nem são verdadeiramente tradicionais, e no geral apenas sustentam a atuação das bases do Aeon, que insidiosamente mentem-se presente até estes dias, por meio de seus sustentáculos do passado, tipificados como conhecimento, mesmo não o sendo sob a luz da ciência e da história.

Em segundo lugar, esta fórmula gnóstica que relega a mulher ao segundo plano, vista como “…He-Vau-He…”, ou “…Eva…”, enquanto Therion é visto como “…Yod…” e “…Adão…”, questionada inclusive por outro thelemita de nome Kenneth Grant, entra em um beco sem saída quando se observam as seguintes passagens do Liber Al vel Legis, Livro I de Nuit:

…52. Se isto não estiver correto, se vós confundirdes as demarcações dizendo: Elas são uma; ou dizendo, Elas são muitas; se o ritual não for sempre a mim: então aguardai os terríveis julgamentos de Ra Hoor Khuit!…

…16. Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas para ele é a secreta chama alada, e para ela a descendente luz estrelar…

Se a mulher é somente um corpo sem alma, como gosta de afirmar toda versão antiga da bíblia, e muitas formas de entendimento tanto gnósticas como dogmáticas, então como pode ela tomar contato diretamente com a Luz Estelar de Nuit?

E se Hadit claramente afirmado ali como a Kundalini, no Homem, e deve ser erguer até Nuit, portanto as alturas do Sahashara Chacra, com pode ele ser o espírito se o mesmo procede do Nada Primordial que é Nuit/Tiamat por excelência, e tem nela sua verdadeira morada?

E sabendo-se da verdadeira história de Akhenaton, dos desdobramentos reais ligados a ele, do fato de que não houve envolvimento algum de uma língua sagrada ou sistema sagrado – ou de qualquer divindade real patronal – ligado aos usos e costumes do idioma, usado como base para estudos e aplicações. E entendendo-se pelo estudo adequado, que seus símbolos mais fortes, são de origem de povos mais velhos e mais sábios, e que estes símbolos perderam muito de si ao serem anexados indevidamente para uso do dogmatismo fálico solar dos herdeiros de Akhenaton, e mesmo para representação de fórmulas filosóficas destes, uma vez que em verdade o drama do fiasco que a cidade de Akhetaton foi, é o tema central destes símbolos base que sustentam sua tese de existência, contudo modificados para terem algum sustento histórico, mesmo que extremamente ficcional.

Não se admite mais em momento algum, que se possa supor qualquer uso real ou valor dentro da iniciação, para os códigos e meios e modos, tais e quais acima foram descritos.

Assim sendo, é chegado o momento de dar um basta no medíocre comportamento que tem abundado em meio aos ocultistas e ditos praticantes de outros estilos, onde coisas velhas e já sem uso algum são vendidas com novas roupagens, para não causar náusea aos clientes.

Outros sistemas e símbolos melhores, e outras línguas em total afinidade com o despertar do thelemismo se fazem necessárias para alavancá-lo adiante, como um baluarte da verdadeira e pura vontade humana.

É necessário que a ordem e o valor do alfabeto inglês sejam veridicamente empregado para tanto, com o estudo de suas origens e com o estudo de seus símbolos, que se adéquam em todos os sentidos a lei de thelema, e dos quais tanto necessitam os humanos para poderem dar seu passo além, e finalmente virarem esta página da história onde os grilhões do dogma foram pintados de ouro, e chamados de honraria.

Pois nesta ordem e valor das tradições do alfabeto da língua inglesa, “tzaddi” finalmente poderá ser descartado como “A Estrela”, e o caractere que demarca a “humanidade”, assumira ali seu lugar devido, e “Isa” estará com “Asar”, o qual é “Har” para os anglo-saxões antigos, que em verdade conheceram “Vontade” como seu irmão, e bem como um de seus principais deuses.

Por Grimm Wotan, o Berserker

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/a-iniciacao-no-velho-e-no-novo-aeon-antagonismos/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/a-iniciacao-no-velho-e-no-novo-aeon-antagonismos/