Curso em Brasília e Cursos no Carnaval

Este é um post sobre um Curso já ministrado!

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Cursos de Fevereiro/2009

21/02 – SP – Sábado – Kabbalah.

22/02 – SP – Domingo – Astrologia Hermética.

23/02 – SP – Segunda – Tarot (Arcanos Maiores).

24/02 – SP – Terça – Chakras, Kundalini e Magia Sexual.

Uma alternativa para o Ziriguidum dos infernos que toma conta desta República de Bananas. Os interessados escrevam pro marcelo@daemon.com.br

Mais sobre a experiência dos cursos na continuação…

Queria agradecer à galera da Pendragon, que conseguiu o local, e ao pessoal que se dispôs a passar 16 horas estudando sobre coisas que até então faziam parte das suas vidas, mas que parecem estar espalhadas e desconexas… até que tudo faz sentido! Normalmente o pessoal sai com o cérebro zunindo deste curso e demora alguns meses para digerir todas as informações.

Uma vez um aluno me perguntou quanto tempo demorava para aprender toda a Kabbalah. “Algumas vidas” – respondi.

Como tudo começou…

Estou curtindo ministrar esses cursos. Antigamente eles eram abertos apenas para membros da maçonaria ou rosacruz, porque eu não tinha a menor paciência para ensinar estas coisas no método que as pessoas vêem nas “Escolas Ezotéricas” (com Z mesmo, porque nem X de “Exotérica” esse povo está merecendo hoje em dia). Conheci um pessoal de um desses centros holísticos da vida e fiz uma experiência:

ministrei um curso de tarot.

Apareceram umas vinte tias, e o curso era dividido em três meses, uma aula por semana… “tem de ser mastigado, senão o pessoal não entende” – me disse a dona do local – “É mesmo?“.

Nem preciso dizer que as tias apareciam aula sim, aula não.. e davam a impressão que, se o curso fosse de culinária ao invés de tarot, daria na mesma. Para elas, era como se fosse um passatempo.

Como eu gosto das coisas bem feitas, mandei esse esquema à merda e parei de dar aulas para profanos. Dentro das Ordens Iniciáticas, o pessoal que vai fazer estes cursos já sabe o que quer e tem a disciplina e a vontade de aprender, mesmo que não saibam NADA sobre o assunto em questão.

E assim foi durante alguns anos, até que o Eightbits me convidou para escrever a coluna no S&H e o pessoal começou a insistir para abrir estes cursos para os leitores.

Fiz a experiência em Dezembro do ano passado e devo reconhecer que têm sido muito legal. Conheci um pessoal que realmente está a fim de estudar, ler, pesquisar e ir a fundo nestes assuntos. Tanto que boa parte deles acabou se iniciando em ordens filosóficas e iniciáticas e hoje já seguem com as próprias pernas. Fico muito feliz e honrado de poder ter sido a pessoa que abriu estas portas para vocês.

Agora em 2009, com o pessoal mais adiantado, podemos abrir turmas de 72 anjos da Kabbalah, Goécia, Geometria Sagrada, Florais, I-Ching, Runas e Gematria, pois seria impossível ter grupos de estudos pegando um pessoal novato.

Justamente por isso, pensei em fazer a série com os 4 cursos que eu considero mais importantes ao estudante de Ocultismo. Eu já preparei toda a didática para quem não sabe nada a respeito destes assuntos ter as bases para estudar sozinho depois.

Kabbalah vai tratar da Árvore da Vida. A origem e a explicação de todas as escolas filosóficas e religiões, a resposta para a Vida, o Universo e tudo mais…
Astrologia Hermética já traz muitos aspectos práticos de autoconhecimento. Entender como funcionam os ciclos da natureza e como estas forças astrais podem ser utilizadas para impulsionar praticamente qualquer ação realizada no Plano Material é uma ferramenta básica de qualquer iniciado.

O Tarot é o meu oráculo favorito. Dispensa apresentações.

E por fim, Chakras, Kundalini e Magia Sexual eu considero muito importante para qualquer pessoa que já tenha alguma mediunidade, para casais que queiram estudar ocultismo juntos e para quem deseja lidar com aspectos de magia prática no futuro.

Mas já aviso antes… São cursos puxados, de 8h cada e com um volume enorme de material (mas se você prefere tudo mastigadinho, tudo bem, eu posso recomendar umas casas ezotéricas…)

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/curso-em-bras%C3%ADlia-e-cursos-no-carnaval

Cursos/Palestras – Out/Nov – 2008

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– 18/10 – Astrologia Hermética

– 19/10 – Kabbalah

– 25/10 – Tarot (Arcanos Menores)

– 02/11 – Chakras, Kundalini e Magia Sexual

– 09/11 – Magia Prática

– 15/11 – Tarot (Arcanos Maiores)

– 16/11 – Astrologia Hermética (Intermediário/Avançado)

Informações: marcelo@daemon.com.br ou tel (11) 5539-1122

Palestras

Grande Oriente de São Paulo
http://www.cursosepalestrasgscem.blogspot.com/

As palestras acontecem aos sábados, as 10h00

Endereço: r. São Joaquim, 457

11 de Outubro: Palestra: Medicina Tradicional Chinesa – Com Marcus Rene Magalhães

25 de Outubro: Leonardo Da Vinci: Vida, Obra, Verdades e Mentiras – Com Carlos Brasílio Conte

6 de Dezembro: Caminhos pelo Mundo: Santiago de Compostela, Macchu Picchu, Assis – Com Omar João Zacharias

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Exclusivo para Maçons

18 de Outubro: Liderança para Mestres Instalados – Com Armando Ettore do Vale

08 de Novembro: Introdução à Maçonaria para Candidatos – Com Carlos Brasílio Conte

29 de Novembro: Oratória para Maçons – Com Carlos Brasílio Conte

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AMORC e Organismos Afiliados (SP)

Locais: http://saopaulosp1.amorc.org.br/PALESTRAS.html

HEPTADA MARTINISTA SÃO PAULO

A CABALA PRÁTICA: CONSTRUINDO O PILAR DO MEIO

Data: 18 outubro – 14h00

PALESTRANTE: Marcos Rogério Chaves da Silva

LOJA ROSACRUZ SANTANA

CONHECE-TE A TI MESMO, UMA VISÃO MARTINISTA

Data: 18 de outubro – 18h

PALESTRANTE: Silvia Munoz, Mestre da Heptada Martinista São Paulo

LOJA ROSACRUZ TATUAPÉ

O SENTIDO MÍSTICO DA PASCOA

Data: 31 outubro – 20h30

Palestrante: Joyce Setti Parkins

LOJA ROSACRUZ LAPA

CURSO DE CRIAÇÃO MENTAL

Data: todas as terças feiras- 20h00

Palestrante: Nelson Alonso, FRC

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RIO DE JANEIRO

Círculo de Estudos Egregore

19/10*SEMINÁRIO: “Mudras e Chakras:O poder em suas mãos” Por Allan Trimurti

Av. Lobo Junior, 1513 – Penha circular – das 10h as 17h.

26/10-Manhã:Departamento de Paganismo.Tarde:Palestra “ASTROLOGIA Você através do espelho” por Thaiana da Silva

09/11*WORKSHOP: “Magia do Amor” por Cleverson Fleming

23/11-Departamento de Paganismo

30/11-Palestra: “A magia que vem do Mar” por Gilson Júnior

07/12-2º Ritual dos 144 OMS por Caciano Camilo

14/12-Trabalho Voluntário

21/12-Caminhada Mística na Floresta da Tijuca Guiada por Cleverson Fleming e Atma

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cursos-palestras-out-nov-2008

Cursos de Kabbalah, Magia e Astrologia no Carnaval

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Putz… eu estava tão preocupado em organizar os cursos com meses de antecedência e mandar emails para o pessoal que já tinha o email cadastrado na lista que esqueci de anunciar aqui no Blog – #FAIL

Para quem abomina o ziriguidum e prefere aproveitar uma São Paulo silenciosa e vazia para estudar, seguem os cursos do final de Semana:

13/2 – Kabbalah

14/2 – Astrologia Hermética

15/2 – Tarot – Arcanos Menores, com ênfase na Kabbalah

16/2 – Chakras, Kundalini e Magia Sexual – Lotada!

Em compensação, já escolhi os cursos de Abril. Serão:

02/4 – 72 Nomes de Deus e os Anjos Cabalísticos

03/4 – Runas e Magia Rúnica

04/4 – Chakras, Kundalini e Magia Sexual

24 e 25 – Florais (Voltado para Médicos, Veterinários e Terapeutas)

Informações no email marcelo@daemon.com.br

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cursos-do-carnaval

Curso de Astrologia, tarot e Kabbalah – Junho, Julho e Agosto

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Neste final de semana, acontecerão dois cursos aqui em SP. No Sábado 18/6 teremos o curso de Qlipoths: a Árvore da Morte e os Túneis de Set, curso mais avançado voltado para o Estudo das Qliphoth (as cascas vazias da Árvore da Vida) que possuem pré-requisitos Kabbalah e Astrologia Hermética.

Domingo, 19/6 será dia do Curso sobre Chakras, Kundalini e Magia Sexual (sem pré-requisito). É um curso mais voltado para dois tipos de público: médiuns e pessoas que trabalhem ou estudem a espiritualidade de algum modo e casais que estejam estudando ocultismo juntos.

Julho

Em Julho terei novamente os cursos básicos de Kabbalah e Astrologia Hermética em São paulo e no Rio de Janeiro, preparando o pessoal para os cursos intermediários do final do ano.

16/07 – Kabbalah – SP

17/07 – Astrologia Hermética – SP

23/07 – Kabbalah – RJ

24/07 – Astrologia Hermética – RJ

Agosto

20/08 – Tarot (Arcanos Menores) – Porto alegre

21/08 – Magia Prática – Porto Alegre

São cursos intermediários, que precisam de Kabbalah e Astrologia Hermética como pré-requisitos.

27/08 – Tarot (Arcanos Maiores) – SP

28/08 – Tarot (Arcanos Menores) – SP

Em Setembro terei apenas cursos intermediários/avançados (Astrologia Hermética II e Enochiano), então se você pretende se programar para fazer Magia Prática em Outubro, recomendo que faça os básicos agora em Julho.

Dúvidas e informações: marcelo@daemon.com.br

PS: Nas Férias, estou vendo com leitores de se organizarem em pequenos grupos de 4-6 pessoas em cidades próximas de SP (que dê para ir e voltar no mesmo dia) para que eu possa ministrar os cursos básicos durante a semana, porque os finais de semana estão impossíveis até o final do ano mas acredito que esta possa ser uma solução.

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/curso-de-junho-julho-e-agosto

Cursos de Setembro/2008 – Update

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Seguem as datas dos cursos de Setembro, em São Paulo:

21/09 – Kabbalah

27/09 – Tarot (Arcanos Maiores)

28/09 – Chakras, Kundalini e Magia Sexual

Informações no email: marcelo@daemon.com.br

Para ver as Palestras abertas ao público, continue lendo este artigo:

Palestras:

As palestras são todas gratuitas e abertas ao público leigo.

Se for algo diferente disso, eu deixarei avisado!

Conforme prometido, segue o endereço da Palestra em Campinas:

ASTROLOGIA HERMÉTICA

Data: 19 de Setembro, 20h

PALESTRANTE: Marcelo Del Debbio

LOCAL: Loja Maçônica “Trabalho e Silêncio”

Av. da Saudade, 1289 – Bairro Ponte Preta, Campinas, SP

Telefone: (19) 3231-4184

Palestras abertas em São Paulo:

TEMPLÁRIOS E CÁTAROS

Data:13 de Setembro – 16H

PALESTRANTE: João Miguel Matos Nogueira e Alexandre Ullmann

LOCAL: LOJA ROSACRUZ SÃO PAULO

Endereço: Rua Borges Lagoa, 1345 – Vila Clementino

OS FUNDAMENTOS CABALÍSTICOS DO MARTINISMO

Data: 20 setembro – 14h00

PALESTRANTE: Marcos Rogério Chaves da Silva

LOCAL: HEPTADA MARTINISTA SÃO PAULO

Endereço:Rua Antonio de Godoy, 88 – 5º andar -Centro

Precisa confirmar presença pelo telefone: (011) 3362-2481

PREVISÕES ASTROLÓGICAS

Data: 20 de setembro – 18h

PALESTRANTE: Marcio Cassoni

LOCAL: LOJA ROSACRUZ SANTANA

Endereço:Rua Antonio dos Santos Neto, 129 – Carandiru.

A CABALA MEDIEVAL

Data: 20 de Setembro – 16h00

Palestrante:João Miguel Matos Nogueira e Alexandre Ullmann

LOCAL: LOJA ROSACRUZ SÃO PAULO

Endereço: Rua Borges Lagoa, 1345 – Vila Clementino

A BUSCA DO GRAAL

Data: 27 setembro – 17h

Palestrantes: Fabio Mendia e Cecilia Mendia

LOCAL: LOJA ROSACRUZ SÃO PAULO

Endereço: Rua Borges Lagoa, 1345 – Vila Clementino

INTUIÇÃO: A INTELIGÊNCIA DO CORAÇÃO

Data: 28 setembro – 14h

Palestrante: Mercedes Accorsi

LOCAL: LOJA ROSACRUZ LAPA

Endereço: Largo da Lapa, 178 – Lapa de baixo.

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cursos-de-setembro-2008-update

Magia e Mistério no Tibete

Os aspectos mágicos são sempre lembrados quando se fala sobre o Tibete. Com a vinda do Dalai Lama ao Brasil, a redação de Bodisatva e o C.E.B. receberam cartas com perguntas que deveriam ser formuladas a Sua Santidade buscando esclarecer estas questões. Temas como reencarnação, identificação de lamas reencarnados, oráculos, o exame do budismo pela ciência, a noção de “vazio” e sua contribuição ao pensamento ocidental, entre outros, são muito relevantes no nosso contexto cultural, sendo áreas de diálogo e superposições.

Em seu livro “Freedom in Exile”*, S.S. dedica um capítulo inteiro a este tema, cuja tradução e resumo Bodisatva aqui apresenta. A importância dessa obra pode ser avaliada pelo fato de S.S. ter ofertado cópias do livro a todas as autoridades com quem trocou presentes e a vários dos colaboradores do programa de sua visita ao Brasil.

Freqüentemente sou perguntado sobre os aspectos assim chamados “mágicos” do budismo tibetano. Muitas pessoas no Ocidente querem saber se os livros sobre o Tibete, escritos por pessoas como Lobsang Rampa e alguns outros, onde se fala em práticas ocultas, são verdadeiros. Também me perguntam se Shambhala (um país legendário referido em certas escrituras e supostamente oculto nas regiões desérticas do norte do Tibete) realmente existe. Há também a carta que eu recebi de um eminente cientista, no início dos anos 60, dizendo que ele havia ouvido que certos lamas são capazes de realizar certos fenômenos sobrenaturais, e perguntando se ele mesmo poderia realizar experimentos para determinar a veracidade disso.

Em reposta à primeira destas questões, usualmente digo que a maioria desses livros são frutos da imaginação e que Shambhala existe sim, mas não em um sentido convencional. Ao mesmo tempo, seria errado negar que algumas práticas tântricas dão origem a fenômenos misteriosos. Por essa razão, escrevendo ao cientista, por um lado disse que o que ele havia ouvido estava correto, mas, por outro lado, tinha que lastimar o fato de que tal pessoa, sobre a qual os experimentos poderiam ser realizados, ainda não havia nascido! De fato, na época, várias razões práticas tornavam impossível colaborar em pesquisas desse tipo.

Desde então, no entanto, vim a concordar com a realização de várias investigações científicas sobre a natureza de certas práticas específicas. O primeiro desses trabalhos foi realizado pelo Dr. Herbert Benson, que é atualmente o chefe do Departamento de Medicina Comportamental de Faculdade de Medicina de Universidade de Harvard, EUA. Quando nos encontramos durante a minha visita de 1979, ele me disse que estava trabalhando na análise do que ele chama de “relaxation response”, um fenômeno fisiológico encontrado quando uma pessoa entra em um estado meditativo. Ele acreditava que poderia ir adiante em seu estudo se pudesse fazer experimentos com praticantes muito avançados de meditação.

Como alguém que crê fortemente no valor da ciência moderna, decidi deixá-lo ir adiante com a idéia, não sem alguma hesitação. Eu sabia que muitos tibetano não gostavam muito dessa idéia, eles sentiam que o acesso a essas práticas deveria ser mantido restrito, uma vez que elas vêm de doutrinas secretas. Por outro lado, argumentei sobre a possibilidade de que os resultados de tal estudo poderiam beneficiar não apenas a ciência, mas também os praticantes de religião, e poderiam, portanto, ser de benefício geral para a humanidade.

No evento, Dr. Benson ficou satisfeito por ter encontrado algo extraordinário. (Suas pesquisas foram publicadas em muitos livros e jornais científicos, entre os quais Nature.) Ele veio à Índia acompanhado de dois assistentes e trazendo sofisticado equipamento científico, tendo conduzido os experimentos com alguns monges em mosteiros próximos de Dharamsala, e ao norte, no Ladakh e Sikkim.

Tais monges eram praticantes de Tum-mo Yoga, excelente para demostrar a eficiência de certas disciplinas tântricas particulares. Meditando com a atenção nos chakras (centros de energia) e nos nadis (canais de energia), o praticante é capaz de controlar e suspender temporariamente a operação dos níveis mais grosseiros da consciência, podendo experienciar níveis mais sutis de consciência. Os mais grosseiros pertencem à percepção ordinária — tato, visão, olfato, e assim por diante — enquanto que os mais sutis são os experienciados no momento da morte. Um dos objetos do Tantra é capacitar o praticante a “experienciar” a morte, pois é aí, então, que surgem as experiências espirituais mais poderosas.

Quando são suprimidos os níveis mais ordinários de consciência, podem ser observados fenômenos fisiológicos colaterais. Nos experimentos do Dr. Benson, esses efeitos incluíram a acentuada elevação da temperatura do corpo (medida internamente por uma termômetro retal e externamente por um termômetro na pele). Esses acréscimos levaram os monges a secarem lençóis mergulhados em água fria e enrolados em vota deles, mesmo em temperaturas externas abaixo de zero. O Dr. Benzon também testemunhou e mediu, de forma semelhante, monges sentados nus sobre a neve. (…)

Sejam quais forem os mecanismos aqui envolvidos, o que mais interessa é a clara visão de que existem coisas que a ciência moderna pode aprender da cultura tibetana. E mais, eu acredito que muitas outras áreas de nossa experiência poderiam ser investigadas proveitosamente. Por exemplo, eu gostaria de organizar algum dia uma experiência sobre os oráculos, que permanecem uma parte importante da vida tibetana.

Antes de falar disso em detalhe, gostaria de enfatizar que o propósito dos oráculos não é, como poderíamos supor, simplesmente antever o futuro. Isto é apenas parte do que eles fazem. Além disso, eles podem ser chamados como protetores ou, em alguns casos, como agentes de cura. Sua principal função, no entanto, é auxiliar os pessoas em sua prática do Darma. Outro ponto a lembrar é que a palavra “oráculo”, ela própria, conduz a enganos, uma vez que traz implícito que existem pessoas que possuem poderes de ser um oráculo. Isto é errado. Na tradição tibetana existem apenas certos homens e mulheres que atuam como médium entre os mundos natural e espiritual e que são chamados de kuten, o que significa, literalmente, “base física”. Também é importante enfatizar que, embora seja de uso corrente falar do oráculo como uma pessoa, isso é feito apenas por conveniência. De modo mais acurado, eles podem ser descritos como “espíritos” que estão associados a coisas particulares (por exemplo, uma estátua), pessoas e lugares. Isso não deve, no entanto, implicar na crença da existência de entidade externas independentes.

Em tempos antigos havia muitas centenas de oráculos por todo o Tibete. Poucos se mantiveram, mas os mais importantes — os usados pelo governo tibetano — ainda existem. Desses, o principal é conhecido como oráculo de Nechung. Através dele se manifesta Dorje Drakden, uma das divindades protetoras do Dalai Lama.

Nechung veio originalmente para o Tibete com um descendente do sábio indiano Dharmapala, estabelecendo-se em um lugar da Ásia Central chamado Bata Hor. Durante o reinado do rei Trisong Dretsen, no oitavo século a.C., ele foi designado pelo mestre tântrico indiano Padmasambhava, supremo guardião espiritual do Tibete, como protetor do mosteiro de Samye. Subseqüentemente, o segundo Dalai Lama desenvolveu uma relação muito próxima com Nechung, que nessa época havia estabelecida uma relação muito próxima com o monastério de Drepung, e após, Dorje Drakden designado com protetor pessoal dos Dalai Lamas que se sucederam.

Por centenas de anos até os dias presentes, tornou-se tradicional, para o Dalai Lama e para o governo tibetano, consultar Nechung durante os festivais de ano novo. Mas além dessas oportunidades, ele poderia ser chamado outras vezes para responder perguntas específicas. Eu mesmo o encontro muitas vezes por ano. Isso pode parecer estranho para os leitores ocidentais do século XX. Mesmo alguns tibetanos, que se consideram “progressistas”, não apreciam o meu uso continuado desse método antigo de buscar a compreensão das coisas. Faço isso pela razão simples de que quando olho para trás e relembro as muitas ocasiões em que formulei perguntas ao oráculo, em cada uma delas o tempo mostrou que sua reposta estava correta. Não que eu me baseie apenas nas respostas do oráculo. Não é assim. Busco sua opinião da mesma forma que busco a opinião do meu Gabinete (o Kashag), e da mesma forma que busco a opinião de minha própria consciência. Considero os deuses como minha “casa de cima”. O Kashag constitui minha “casa de baixo”. Á semelhança de outro líderes, consulto a ambos quando devo tomar uma decisão em assuntos de estado. Além disso, adicionalmente ao conselho de Nechung, também procuro levar em consideração certas profecias. Apesar de nossas funções serem similares, minha relação com Nechung é a do comandante com o ajudante: nunca me inclino a ele, ele é que se inclina ao Dalai Lama. Ainda assim somos muito próximos, quase amigos.

Ainda que possa parecer surpreendente, as respostas do oráculo raramente são vagas. Como no caso de minha fuga de Lhasa, ele é freqüentemente muito específico. Ainda assim, creio que seria difícil que algum tipo de investigação científica pudesse provar conclusivamente a validade de seus pronunciamentos. O mesmo se dá com outras áreas da experiência tibetana, por exemplo, a questão dos tulkus. Ainda assim, espero que, algum dia, possa ser realizado algum tipo de experimento com respeito a esses dois fenômenos.

Na realidade, a tarefa de identificar os tulkus é mais lógica do que pode parecer á primeira vista. Dada a crença budista no renascimento, e considerando que todo o propósito da reencarnação é possibilitar ao ser continuar seus esforços em benefício de todos os seres vivos, é uma conclusão clara que deveria ser possível identificar casos individuais. Isso habilita-os a serem educados e colocados no mundo de tal forma que continuem seu trabalho o mais rápido possível.

Certamente podem ocorrer eventuais erros nesse processo de identificação, mas as vidas da grande maioria dos tulkus (atualmente existem algumas centenas deles reconhecido, sendo que antes da invasão chinesa eram provavelmente milhares os tulkus reconhecidos) são um testemunho de sua eficácia.

Como disse, todo o propósito de reencarnação é facilitar a continuidade do trabalho de um ser. Esse fato tem grandes implicações quando se busca pelo sucessor de uma pessoa em particular. Por exemplo, ainda que meus esforços sejam geralmente dirigidos a auxiliar todos os seres, em particular eles se dirigem a auxiliar os tibetanos. Portanto, se eu morrer antes dos tibetanos readquirirem sua liberdade, seria lógico admitir que eu renasceria fora do Tibete. Naturalmente, poderia ocorrer que meu povo, nessa ocasião, não visse mais utilidade para um Dalai Lama, e nesse caso não se ocuparia de procurar-me. Assim, eu poderia renascer como um inseto, ou como um animal, de tal forma que pudesse ser de maior utilidade ao maior número de seres secientes.

O modo pelo qual o processo de identificação é procedido é também menos misterioso do que se pode parecer. Começa com um simples processo de eliminação. Digamos, por exemplo, que estamos buscando a reencarnação de um certo monge. Primeiro, devemos estabelecer quando e onde o monge morreu. Então, considerando que a nova reencarnação será concebida usualmente em torno de um ano após a morte de seu predecessor — esta duração sabemos por experiência —, fica já estabelecido um referencial temporal. Então, se um lama X morre no ano Y, sua nova encarnação provavelmente nascerá dezoito meses a dois anos após. No ano Y mais cinco, a criança deverá estar com uma idade entre três e quatro anos: o campo de busca já se estreitou consideravelmente.

A seguir, tenta-se estabelecer o lugar da reencarnação. Usualmente isso é muito fácil. Primeiro, ocorrerá dentro do Tibete? Se fora, há um número muito limitado de lugares onde seria provável: as comunidades tibetanas da Índia, Nepal, Suíça, por exemplo. Após, precisaria se decidido em que cidade a criança seria mais provavelmente encontrada. Geralmente isso é feito buscando-se referências na vida prévia.

Tendo reduzido as opções e estabelecido os parâmetros do modo descrito, o próximo passo, usualmente, é organizar o grupo de busca. Isso não significa necessariamente que um grupo de pessoas deverá ser enviado como se estivessem buscando um tesouro. De modo geral, basta perguntar a várias pessoas da comunidade para procurar pelas crianças entre três e quatro anos que poderiam ser candidatos. De modo geral, existem algumas indicações que auxiliam, como fenômenos incomuns ocorridos quando do nascimento, ou a criança pode exibir características peculiares.

Algumas vezes, duas, três ou mais possibilidades emergirão neste estágio. Ocasionalmente tal grupo será inteiramente desnecessário, porque a encarnação anterior deixou informação detalhada, inclusive com o nome de seu sucessor e de seus pais. Mas isso é rara. Outras vezes, os que buscam o monge reencarnado podem ter sonhos claros ou visões sobre onde encontrar seu sucessor. De outro lado, um elevado lama recentemente deu ordens de que sua reencarnação não deveria ser procurada. Ele disse que melhor seria instalar como seu sucessor a quem quer que pareça capaz de servir ao Darma do Buda e a sua comunidade, em lugar de preocupar-se com uma identificação precisa. Não existem regras duras, rígidas.

Se ocorre que muitas crianças surgem como candidatos, é usual que alguém muito próximo à encarnação anterior venha a fazer o exame final. Freqüentemente essa pessoa será reconhecida por uma das crianças, o que é uma forte evidência de prova; outras vezes marcas especiais no corpo são também levadas em consideração.

Algumas vezes o processo de identificação envolve a consulta a oráculos ou a alguém que tenha o poder de ngon shé (clarividência). Um dos métodos que essas pessoas usam é o Ta, através do qual o praticante fixa o olhar em um espelho, no qual ele ou ela podem ver a própria criança, ou uma construção, ou uma palavra escrita. Eu chamo isso de “televisão antiga”. Isto corresponde às visões que as pessoas tiveram no lago Lhamoi Lhatso, onde Reting Rinpoche viu as letras Ah, Ka, e Ma e teve a visão de um mosteiro e de uma casa onde começou a buscar por mim.

Algumas vezes eu mesmo sou chamado para dirigir a busca por uma reencarnação. Nessas circunstâncias, é de minha responsabilidade tomar a decisão final sobre o candidato que deve ser corretamente escolhido. É importante que diga que eu não tenho poderes de clarividência. Não tive nem tempo nem oportunidade de desenvolvê-los, apesar de ter elementos para acreditar que o Décimo Terceiro Dalai Lama tenha tido alguma habilidade nessa esfera.

Como um exemplo de como faço isso, vou relatar a história de Ling Rinpoche, meu antigo tutor. Eu sempre tive o maior respeito por Ling Rinpoche; mesmo quando eu era uma criança, bastava apenas ver seu ajudante para ficar com medo, e tão pronto ouvia seus passos, meu coração paralisava. Com o tempo, vim a valorizá-lo como um de meus maiores e mais próximos amigos. Quando ele morreu, não faz muito tempo, senti que a vida sem ele ao meu lado seria muito difícil. Ele havia se tornado uma rocha sobre a qual eu podia me apoiar.

Estava na Suíça, no verão de 1983, quando pela primeira vez ouvi sobre sua doença: ele havia sofrido um derrame cerebral e ficara paralisado. Essas notícias me perturbaram muito, ainda que, como budista, soubesse que de nada adiantaria a preocupação. Tão pronto pude, retornei a Dharamsala, onde encontrei-o ainda com vida, mas em más condições físicas. Ainda assim, sua mente continuava aguda como sempre, graças a uma vida de constante treinamento mental. Sua condição permaneceu estável por muitos meses antes de subitamente deteriorar. Ele entrou em coma, de onde nunca saiu e morreu em 25 de dezembro de 1983. Mas, como se alguma evidência de ter sido uma pessoa extraordinária ainda fosse necessária, seu corpo não começou a se decompor antes de trinta dias após ter sido declarado morto, apesar do clima quente. Era como se ele ainda habitasse seu corpo, mesmo que clinicamente estivesse sem vida.

Quando olho para trás e vejo o modo pelo qual as coisas ocorreram, fico certo de que a doença de Ling Rinpoche, com sua duração prolongada, foi inteiramente deliberada, para ajudar a que me acostumasse com sua ausência. Isso, no entanto, é apenas a metade da história. Como estamos falando de tibetanos, tudo continua de forma feliz. A reencarnação de Ling Rinpoche já foi encontrada, e ele é atualmente um garoto muito vivo e espontâneo de três anos de idade. Sua descoberta foi um exemplo de quando a criança reconhece claramente um membro do grupo de busca. Apesar de estar com apenas 18 meses de idade, ele chamou pelo nome e se dirigiu sorrindo para esta pessoa. Subseqüentemente ele identificou corretamente muitos dos pertences de seu antecessor.

Quando encontrei o menino pela primeiro vez, não tive dúvida sobre sua identidade. Ele comportou-se de um modo que ficou óbvio que havia me reconhecido. Nessa ocasião eu dei ao pequeno Ling Rinpoche uma grande barra de chocolate. Ele permaneceu impassível segurando-a, braço estendido e cabeça inclinada durante todo o tempo em que esteve na minha presença. Não consigo lembrar de qualquer criança que tenha ficado com algo doce guardado sem abrir e provar, e tenha ficado parado, em pé, tão formalmente. Então, quando recebi o menino em minha residência e ele foi trazido até a porta, comportou-se exatamente como seu predecessor. Era evidente que ele lembrava do caminho. Após, quando entrou na minha sala de trabalho, imediatamente mostrou familiaridade com um dos meus auxiliares que, nessa época, se recuperava de uma perna quebrada. Em primeiro lugar, essa pequenina figura solenemente presenteou-o com um kata, e então, cheio de risadas e brincadeiras de criança, apanhou uma das muletas de Lobsang Gawa e correu em volta, sem parar, como se aquilo fosse um pau de bandeira.

Outra história muito impressionante sobre o menino refere-se ao tempo em que ele foi levado, na idade de dois anos, a Bodh Gaya, onde eu deveria dar ensinamentos. Sem que ninguém indicasse a ele e tendo subido uma escada com suas mãos e joelhos, encontrou minha cama e colocou um kata sobre ela. Hoje Ling Rinpoche já está recitando as escrituras, ainda que esteja para ser visto se ele, após aprender a ler, será como alguns dos jovens Tulkus que memorizam textos com uma velocidade estonteante, como se estivessem apenas pegando novamente o que haviam deixado. Eu conheço muitas crianças que podem declamar, com facilidade, várias páginas de texto.

Há, certamente, um elemento de mistério nesse processo de identificação dos reencarnados. Mas é suficiente dizer que, como budista, não acredito que pessoas como Mao ou Churchill apenas “acontecem”.

Uma outra área da experiência tibetana que eu gostaria muito que fosse examinada cientificamente é o sistema de medicina tibetana. Além de datar de mais de dois mil anos, derivou de várias diferentes fontes, incluindo a antiga Pérsia; hoje os princípios são inteiramente budistas. Ela tem uma abordagem inteiramente diferente da medicina ocidental. Por exemplo, ela afirma que as causas-raiz da doença são a ignorância, o desejo ou o rancor.

De acordo com a medicina tibetana, o corpo é dominado pelos três principais nopa, literalmente “venenos”, mas freqüentemente traduzidos como “humores”. Considera-se que esses nopa estão sempre presentes no organismo. Isto significa que nunca se pode estar completamente livre das doenças, pelo menos de seu potencial, mas contanto que esteja em equilíbrio, o corpo mantém-se saudável. Entretanto, um desbalanço causado por uma das três causas-raiz se manifestará como doença, o que é diagnosticado pelo pulso do paciente ou pelo exame de sua urina. Também existem doze principais lugares nas mãos e punhos onde o pulso é examinado. A urina é similarmente examinada de diferentes maneiras (como cor, cheiro, etc.). Com respeito ao tratamento, o primeiro aspecto é a dieta; os remédios formam a segunda linha; a acupuntura e moxabustão, a terceira; a cirurgia, a quarta. Os próprios medicamentos são feitos de materiais orgânicos, algumas vezes combinados com óxidos de metais e certos minerais (incluindo, por exemplo, diamantes moídos)

Até agora tem havido pouca pesquisa clínica com respeito ao valor do sistema médico tibetano, ainda que o meu médico pessoal anterior, Dr. Yeshe Dhonden, tenha participado de uma série de experimentos de laboratório na Universidade de Virgínea, EUA. Ele teve resultados surpreendentemente bons em curar o câncer em ratos brancos, mas muito mais trabalho será necessário até que se possa chegar a conclusões definitivas. Com respeito a minha experiência própria, vejo os medicamentos tibetanos como muito eficientes. Tomo-os regularmente, não apenas para curar, mas para prevenir-me de adoecer. Percebi que esses remédios promovem um reforço da constituição física do corpo e têm efeitos colaterais desprezíveis. O resultado é que, apesar de meus longos dias e períodos intensivos de meditação, eu quase nunca experimento a sensação de cansaço.

Ainda, uma outra área onde acredito que há uma região de diálogo entre a ciência moderna e a cultura tibetana concerne ao conhecimento teórico e não experiencial. Alguma das mais recentes descobertas da física de partículas parecem apontar para a não-dualidade entre mente e matéria. Por exemplo, foi encontrado que se um vácuo (o que significa o espaço vazio) é comprimido, aparecem partículas onde nada havia antes, o que seria matéria, de alguma maneira, aparentemente inerente. Essas descobertas parecem oferecer uma área de convergência entre a ciência e a teoria budista Madhyamika do vazio. Essencialmente, essa teoria afirma que a mente e a matéria existem separadamente, mas de forma interdependente.

Estou bem consciente, no entanto, do perigo de ligar as crenças espirituais a qualquer sistema científico. Pois, enquanto o budismo continua sendo relevante dois e meio milênios após seu início, os fundamentos absolutos da ciência têm uma vida relativamente muito mais curta. Isto não é para poder afirmar que eu considero que coisas como os oráculos ou a capacidade dos monges de ficarem ao relento durante noites, em condições de congelamento, seja uma evidência de poderes mágicos. Ainda assim não posso concordar com nossos irmãos e irmãs chineses, que sustentam que a aceitação desses fenômenos é uma evidência de nosso atraso e barbárie. Mesmo do mais rigorosos ponto de vista científico, esta não é uma atitude objetiva.

Ao mesmo tempo, mesmo que um princípio seja aceito, isso não significa que tudo que esteja conectado com ele seja válido. Por analogia, seria burlesco seguir escravizadamente e sem qualquer discriminação todas as afirmações de Marx e Lênin, mesmo em face da evidência clara de que o comunismo é um sistema imperfeito. É preciso manter grande vigilância em áreas onde não temos grande experiência. Isso, naturalmente, é onde a ciência pode auxiliar. Enfim, só vemos as coisas como misteriosas quando não as entendemos.

Até agora os resultados das pesquisas que descrevi têm sido benéficos para todas as partes. Compreendo, no entanto, que esses resultados são tão acurados quanto os experimentos que conduziram a eles. Além do mais, estou consciente que se algo não é encontrado isso não significa sua inexistência, isso apenas prova que o experimento foi incapaz de encontrá-lo. Esta é a razão pela qual precisamos ser cuidadosos em nossas pesquisas, especialmente quando lidando em uma área onde a pesquisa científica é pequena. É também importante manter em mente as limitações impostas pela própria natureza. Por exemplo, enquanto a investigação cientifica não pode apreender meus pensamentos, isso não significa que eles sejam inexistentes, nem que algum outro método de pesquisa não possa descobrir algo a respeito deles, e aí é que entra a experiência tibelana. Através do treinamento mental, desenvolvemos técnicas que a ciência atual não pode ainda explicar adequadamente. Isto, então, é a base da suposto “magia e mistério” do budismo tibetano.

Por: Dalai Lama.

#Budismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/magia-e-mist%C3%A9rio-no-tibete

Dalai Lama – Magia e Mistério no Tibete

Os aspectos mágicos são sempre lembrados quando se fala sobre o Tibete. Com a vinda do Dalai Lama ao Brasil, a redação de Bodisatva e o C.E.B. receberam cartas com perguntas que deveriam ser formuladas a Sua Santidade buscando esclarecer estas questões. Temas como reencarnação, identificação de lamas reencarnados, oráculos, o exame do budismo pela ciência, a noção de “vazio” e sua contribuição ao pensamento ocidental, entre outros, são muito relevantes no nosso contexto cultural, sendo áreas de diálogo e superposições.

Em seu livro “Freedom in Exile”*, S.S. dedica um capítulo inteiro a este tema, cuja tradução e resumo Bodisatva aqui apresenta. A importância dessa obra pode ser avaliada pelo fato de S.S. ter ofertado cópias do livro a todas as autoridades com quem trocou presentes e a vários dos colaboradores do programa de sua visita ao Brasil.

Freqüentemente sou perguntado sobre os aspectos assim chamados “mágicos” do budismo tibetano. Muitas pessoas no Ocidente querem saber se os livros sobre o Tibete, escritos por pessoas como Lobsang Rampa e alguns outros, onde se fala em práticas ocultas, são verdadeiros. Também me perguntam se Shambhala (um país legendário referido em certas escrituras e supostamente oculto nas regiões desérticas do norte do Tibete) realmente existe. Há também a carta que eu recebi de um eminente cientista, no início dos anos 60, dizendo que ele havia ouvido que certos lamas são capazes de realizar certos fenômenos sobrenaturais, e perguntando se ele mesmo poderia realizar experimentos para determinar a veracidade disso.

Em reposta à primeira destas questões, usualmente digo que a maioria desses livros são frutos da imaginação e que Shambhala existe sim, mas não em um sentido convencional. Ao mesmo tempo, seria errado negar que algumas práticas tântricas dão origem a fenômenos misteriosos. Por essa razão, escrevendo ao cientista, por um lado disse que o que ele havia ouvido estava correto, mas, por outro lado, tinha que lastimar o fato de que tal pessoa, sobre a qual os experimentos poderiam ser realizados, ainda não havia nascido! De fato, na época, várias razões práticas tornavam impossível colaborar em pesquisas desse tipo.

Desde então, no entanto, vim a concordar com a realização de várias investigações científicas sobre a natureza de certas práticas específicas. O primeiro desses trabalhos foi realizado pelo Dr. Herbert Benson, que é atualmente o chefe do Departamento de Medicina Comportamental de Faculdade de Medicina de Universidade de Harvard, EUA. Quando nos encontramos durante a minha visita de 1979, ele me disse que estava trabalhando na análise do que ele chama de “relaxation response”, um fenômeno fisiológico encontrado quando uma pessoa entra em um estado meditativo. Ele acreditava que poderia ir adiante em seu estudo se pudesse fazer experimentos com praticantes muito avançados de meditação.

Como alguém que crê fortemente no valor da ciência moderna, decidi deixá-lo ir adiante com a idéia, não sem alguma hesitação. Eu sabia que muitos tibetano não gostavam muito dessa idéia, eles sentiam que o acesso a essas práticas deveria ser mantido restrito, uma vez que elas vêm de doutrinas secretas. Por outro lado, argumentei sobre a possibilidade de que os resultados de tal estudo poderiam beneficiar não apenas a ciência, mas também os praticantes de religião, e poderiam, portanto, ser de benefício geral para a humanidade.

No evento, Dr. Benson ficou satisfeito por ter encontrado algo extraordinário. (Suas pesquisas foram publicadas em muitos livros e jornais científicos, entre os quais Nature.) Ele veio à Índia acompanhado de dois assistentes e trazendo sofisticado equipamento científico, tendo conduzido os experimentos com alguns monges em mosteiros próximos de Dharamsala, e ao norte, no Ladakh e Sikkim.

Tais monges eram praticantes de Tum-mo Yoga, excelente para demostrar a eficiência de certas disciplinas tântricas particulares. Meditando com a atenção nos chakras (centros de energia) e nos nadis (canais de energia), o praticante é capaz de controlar e suspender temporariamente a operação dos níveis mais grosseiros da consciência, podendo experienciar níveis mais sutis de consciência. Os mais grosseiros pertencem à percepção ordinária — tato, visão, olfato, e assim por diante — enquanto que os mais sutis são os experienciados no momento da morte. Um dos objetos do Tantra é capacitar o praticante a “experienciar” a morte, pois é aí, então, que surgem as experiências espirituais mais poderosas.

Quando são suprimidos os níveis mais ordinários de consciência, podem ser observados fenômenos fisiológicos colaterais. Nos experimentos do Dr. Benson, esses efeitos incluíram a acentuada elevação da temperatura do corpo (medida internamente por uma termômetro retal e externamente por um termômetro na pele). Esses acréscimos levaram os monges a secarem lençóis mergulhados em água fria e enrolados em vota deles, mesmo em temperaturas externas abaixo de zero. O Dr. Benzon também testemunhou e mediu, de forma semelhante, monges sentados nus sobre a neve. (…)

Sejam quais forem os mecanismos aqui envolvidos, o que mais interessa é a clara visão de que existem coisas que a ciência moderna pode aprender da cultura tibetana. E mais, eu acredito que muitas outras áreas de nossa experiência poderiam ser investigadas proveitosamente. Por exemplo, eu gostaria de organizar algum dia uma experiência sobre os oráculos, que permanecem uma parte importante da vida tibetana.

Antes de falar disso em detalhe, gostaria de enfatizar que o propósito dos oráculos não é, como poderíamos supor, simplesmente antever o futuro. Isto é apenas parte do que eles fazem. Além disso, eles podem ser chamados como protetores ou, em alguns casos, como agentes de cura. Sua principal função, no entanto, é auxiliar os pessoas em sua prática do Darma. Outro ponto a lembrar é que a palavra “oráculo”, ela própria, conduz a enganos, uma vez que traz implícito que existem pessoas que possuem poderes de ser um oráculo. Isto é errado. Na tradição tibetana existem apenas certos homens e mulheres que atuam como médium entre os mundos natural e espiritual e que são chamados de kuten, o que significa, literalmente, “base física”. Também é importante enfatizar que, embora seja de uso corrente falar do oráculo como uma pessoa, isso é feito apenas por conveniência. De modo mais acurado, eles podem ser descritos como “espíritos” que estão associados a coisas particulares (por exemplo, uma estátua), pessoas e lugares. Isso não deve, no entanto, implicar na crença da existência de entidade externas independentes.

Em tempos antigos havia muitas centenas de oráculos por todo o Tibete. Poucos se mantiveram, mas os mais importantes — os usados pelo governo tibetano — ainda existem. Desses, o principal é conhecido como oráculo de Nechung. Através dele se manifesta Dorje Drakden, uma das divindades protetoras do Dalai Lama.

Nechung veio originalmente para o Tibete com um descendente do sábio indiano Dharmapala, estabelecendo-se em um lugar da Ásia Central chamado Bata Hor. Durante o reinado do rei Trisong Dretsen, no oitavo século a.C., ele foi designado pelo mestre tântrico indiano Padmasambhava, supremo guardião espiritual do Tibete, como protetor do mosteiro de Samye. Subseqüentemente, o segundo Dalai Lama desenvolveu uma relação muito próxima com Nechung, que nessa época havia estabelecida uma relação muito próxima com o monastério de Drepung, e após, Dorje Drakden designado com protetor pessoal dos Dalai Lamas que se sucederam.

Por centenas de anos até os dias presentes, tornou-se tradicional, para o Dalai Lama e para o governo tibetano, consultar Nechung durante os festivais de ano novo. Mas além dessas oportunidades, ele poderia ser chamado outras vezes para responder perguntas específicas. Eu mesmo o encontro muitas vezes por ano. Isso pode parecer estranho para os leitores ocidentais do século XX. Mesmo alguns tibetanos, que se consideram “progressistas”, não apreciam o meu uso continuado desse método antigo de buscar a compreensão das coisas. Faço isso pela razão simples de que quando olho para trás e relembro as muitas ocasiões em que formulei perguntas ao oráculo, em cada uma delas o tempo mostrou que sua reposta estava correta. Não que eu me baseie apenas nas respostas do oráculo. Não é assim. Busco sua opinião da mesma forma que busco a opinião do meu Gabinete (o Kashag), e da mesma forma que busco a opinião de minha própria consciência. Considero os deuses como minha “casa de cima”. O Kashag constitui minha “casa de baixo”. Á semelhança de outro líderes, consulto a ambos quando devo tomar uma decisão em assuntos de estado. Além disso, adicionalmente ao conselho de Nechung, também procuro levar em consideração certas profecias. Apesar de nossas funções serem similares, minha relação com Nechung é a do comandante com o ajudante: nunca me inclino a ele, ele é que se inclina ao Dalai Lama. Ainda assim somos muito próximos, quase amigos.

Ainda que possa parecer surpreendente, as respostas do oráculo raramente são vagas. Como no caso de minha fuga de Lhasa, ele é freqüentemente muito específico. Ainda assim, creio que seria difícil que algum tipo de investigação científica pudesse provar conclusivamente a validade de seus pronunciamentos. O mesmo se dá com outras áreas da experiência tibetana, por exemplo, a questão dos tulkus. Ainda assim, espero que, algum dia, possa ser realizado algum tipo de experimento com respeito a esses dois fenômenos.

Na realidade, a tarefa de identificar os tulkus é mais lógica do que pode parecer á primeira vista. Dada a crença budista no renascimento, e considerando que todo o propósito da reencarnação é possibilitar ao ser continuar seus esforços em benefício de todos os seres vivos, é uma conclusão clara que deveria ser possível identificar casos individuais. Isso habilita-os a serem educados e colocados no mundo de tal forma que continuem seu trabalho o mais rápido possível.

Certamente podem ocorrer eventuais erros nesse processo de identificação, mas as vidas da grande maioria dos tulkus (atualmente existem algumas centenas deles reconhecido, sendo que antes da invasão chinesa eram provavelmente milhares os tulkus reconhecidos) são um testemunho de sua eficácia.

Como disse, todo o propósito de reencarnação é facilitar a continuidade do trabalho de um ser. Esse fato tem grandes implicações quando se busca pelo sucessor de uma pessoa em particular. Por exemplo, ainda que meus esforços sejam geralmente dirigidos a auxiliar todos os seres, em particular eles se dirigem a auxiliar os tibetanos. Portanto, se eu morrer antes dos tibetanos readquirirem sua liberdade, seria lógico admitir que eu renasceria fora do Tibete. Naturalmente, poderia ocorrer que meu povo, nessa ocasião, não visse mais utilidade para um Dalai Lama, e nesse caso não se ocuparia de procurar-me. Assim, eu poderia renascer como um inseto, ou como um animal, de tal forma que pudesse ser de maior utilidade ao maior número de seres secientes.

O modo pelo qual o processo de identificação é procedido é também menos misterioso do que se pode parecer. Começa com um simples processo de eliminação. Digamos, por exemplo, que estamos buscando a reencarnação de um certo monge. Primeiro, devemos estabelecer quando e onde o monge morreu. Então, considerando que a nova reencarnação será concebida usualmente em torno de um ano após a morte de seu predecessor — esta duração sabemos por experiência —, fica já estabelecido um referencial temporal. Então, se um lama X morre no ano Y, sua nova encarnação provavelmente nascerá dezoito meses a dois anos após. No ano Y mais cinco, a criança deverá estar com uma idade entre três e quatro anos: o campo de busca já se estreitou consideravelmente.

A seguir, tenta-se estabelecer o lugar da reencarnação. Usualmente isso é muito fácil. Primeiro, ocorrerá dentro do Tibete? Se fora, há um número muito limitado de lugares onde seria provável: as comunidades tibetanas da Índia, Nepal, Suíça, por exemplo. Após, precisaria se decidido em que cidade a criança seria mais provavelmente encontrada. Geralmente isso é feito buscando-se referências na vida prévia.

Tendo reduzido as opções e estabelecido os parâmetros do modo descrito, o próximo passo, usualmente, é organizar o grupo de busca. Isso não significa necessariamente que um grupo de pessoas deverá ser enviado como se estivessem buscando um tesouro. De modo geral, basta perguntar a várias pessoas da comunidade para procurar pelas crianças entre três e quatro anos que poderiam ser candidatos. De modo geral, existem algumas indicações que auxiliam, como fenômenos incomuns ocorridos quando do nascimento, ou a criança pode exibir características peculiares.

Algumas vezes, duas, três ou mais possibilidades emergirão neste estágio. Ocasionalmente tal grupo será inteiramente desnecessário, porque a encarnação anterior deixou informação detalhada, inclusive com o nome de seu sucessor e de seus pais. Mas isso é rara. Outras vezes, os que buscam o monge reencarnado podem ter sonhos claros ou visões sobre onde encontrar seu sucessor. De outro lado, um elevado lama recentemente deu ordens de que sua reencarnação não deveria ser procurada. Ele disse que melhor seria instalar como seu sucessor a quem quer que pareça capaz de servir ao Darma do Buda e a sua comunidade, em lugar de preocupar-se com uma identificação precisa. Não existem regras duras, rígidas.

Se ocorre que muitas crianças surgem como candidatos, é usual que alguém muito próximo à encarnação anterior venha a fazer o exame final. Freqüentemente essa pessoa será reconhecida por uma das crianças, o que é uma forte evidência de prova; outras vezes marcas especiais no corpo são também levadas em consideração.

Algumas vezes o processo de identificação envolve a consulta a oráculos ou a alguém que tenha o poder de ngon shé (clarividência). Um dos métodos que essas pessoas usam é o Ta, através do qual o praticante fixa o olhar em um espelho, no qual ele ou ela podem ver a própria criança, ou uma construção, ou uma palavra escrita. Eu chamo isso de “televisão antiga”. Isto corresponde às visões que as pessoas tiveram no lago Lhamoi Lhatso, onde Reting Rinpoche viu as letras Ah, Ka, e Ma e teve a visão de um mosteiro e de uma casa onde começou a buscar por mim.

Algumas vezes eu mesmo sou chamado para dirigir a busca por uma reencarnação. Nessas circunstâncias, é de minha responsabilidade tomar a decisão final sobre o candidato que deve ser corretamente escolhido. É importante que diga que eu não tenho poderes de clarividência. Não tive nem tempo nem oportunidade de desenvolvê-los, apesar de ter elementos para acreditar que o Décimo Terceiro Dalai Lama tenha tido alguma habilidade nessa esfera.

Como um exemplo de como faço isso, vou relatar a história de Ling Rinpoche, meu antigo tutor. Eu sempre tive o maior respeito por Ling Rinpoche; mesmo quando eu era uma criança, bastava apenas ver seu ajudante para ficar com medo, e tão pronto ouvia seus passos, meu coração paralisava. Com o tempo, vim a valorizá-lo como um de meus maiores e mais próximos amigos. Quando ele morreu, não faz muito tempo, senti que a vida sem ele ao meu lado seria muito difícil. Ele havia se tornado uma rocha sobre a qual eu podia me apoiar.

Estava na Suíça, no verão de 1983, quando pela primeira vez ouvi sobre sua doença: ele havia sofrido um derrame cerebral e ficara paralisado. Essas notícias me perturbaram muito, ainda que, como budista, soubesse que de nada adiantaria a preocupação. Tão pronto pude, retornei a Dharamsala, onde encontrei-o ainda com vida, mas em más condições físicas. Ainda assim, sua mente continuava aguda como sempre, graças a uma vida de constante treinamento mental. Sua condição permaneceu estável por muitos meses antes de subitamente deteriorar. Ele entrou em coma, de onde nunca saiu e morreu em 25 de dezembro de 1983. Mas, como se alguma evidência de ter sido uma pessoa extraordinária ainda fosse necessária, seu corpo não começou a se decompor antes de trinta dias após ter sido declarado morto, apesar do clima quente. Era como se ele ainda habitasse seu corpo, mesmo que clinicamente estivesse sem vida.

Quando olho para trás e vejo o modo pelo qual as coisas ocorreram, fico certo de que a doença de Ling Rinpoche, com sua duração prolongada, foi inteiramente deliberada, para ajudar a que me acostumasse com sua ausência. Isso, no entanto, é apenas a metade da história. Como estamos falando de tibetanos, tudo continua de forma feliz. A reencarnação de Ling Rinpoche já foi encontrada, e ele é atualmente um garoto muito vivo e espontâneo de três anos de idade. Sua descoberta foi um exemplo de quando a criança reconhece claramente um membro do grupo de busca. Apesar de estar com apenas 18 meses de idade, ele chamou pelo nome e se dirigiu sorrindo para esta pessoa. Subseqüentemente ele identificou corretamente muitos dos pertences de seu antecessor.

Quando encontrei o menino pela primeiro vez, não tive dúvida sobre sua identidade. Ele comportou-se de um modo que ficou óbvio que havia me reconhecido. Nessa ocasião eu dei ao pequeno Ling Rinpoche uma grande barra de chocolate. Ele permaneceu impassível segurando-a, braço estendido e cabeça inclinada durante todo o tempo em que esteve na minha presença. Não consigo lembrar de qualquer criança que tenha ficado com algo doce guardado sem abrir e provar, e tenha ficado parado, em pé, tão formalmente. Então, quando recebi o menino em minha residência e ele foi trazido até a porta, comportou-se exatamente como seu predecessor. Era evidente que ele lembrava do caminho. Após, quando entrou na minha sala de trabalho, imediatamente mostrou familiaridade com um dos meus auxiliares que, nessa época, se recuperava de uma perna quebrada. Em primeiro lugar, essa pequenina figura solenemente presenteou-o com um kata, e então, cheio de risadas e brincadeiras de criança, apanhou uma das muletas de Lobsang Gawa e correu em volta, sem parar, como se aquilo fosse um pau de bandeira.

Outra história muito impressionante sobre o menino refere-se ao tempo em que ele foi levado, na idade de dois anos, a Bodh Gaya, onde eu deveria dar ensinamentos. Sem que ninguém indicasse a ele e tendo subido uma escada com suas mãos e joelhos, encontrou minha cama e colocou um kata sobre ela. Hoje Ling Rinpoche já está recitando as escrituras, ainda que esteja para ser visto se ele, após aprender a ler, será como alguns dos jovens Tulkus que memorizam textos com uma velocidade estonteante, como se estivessem apenas pegando novamente o que haviam deixado. Eu conheço muitas crianças que podem declamar, com facilidade, várias páginas de texto.

Há, certamente, um elemento de mistério nesse processo de identificação dos reencarnados. Mas é suficiente dizer que, como budista, não acredito que pessoas como Mao ou Churchill apenas “acontecem”.

Uma outra área da experiência tibetana que eu gostaria muito que fosse examinada cientificamente é o sistema de medicina tibetana. Além de datar de mais de dois mil anos, derivou de várias diferentes fontes, incluindo a antiga Pérsia; hoje os princípios são inteiramente budistas. Ela tem uma abordagem inteiramente diferente da medicina ocidental. Por exemplo, ela afirma que as causas-raiz da doença são a ignorância, o desejo ou o rancor.

De acordo com a medicina tibetana, o corpo é dominado pelos três principais nopa, literalmente “venenos”, mas freqüentemente traduzidos como “humores”. Considera-se que esses nopa estão sempre presentes no organismo. Isto significa que nunca se pode estar completamente livre das doenças, pelo menos de seu potencial, mas contanto que esteja em equilíbrio, o corpo mantém-se saudável. Entretanto, um desbalanço causado por uma das três causas-raiz se manifestará como doença, o que é diagnosticado pelo pulso do paciente ou pelo exame de sua urina. Também existem doze principais lugares nas mãos e punhos onde o pulso é examinado. A urina é similarmente examinada de diferentes maneiras (como cor, cheiro, etc.). Com respeito ao tratamento, o primeiro aspecto é a dieta; os remédios formam a segunda linha; a acupuntura e moxabustão, a terceira; a cirurgia, a quarta. Os próprios medicamentos são feitos de materiais orgânicos, algumas vezes combinados com óxidos de metais e certos minerais (incluindo, por exemplo, diamantes moídos)

Até agora tem havido pouca pesquisa clínica com respeito ao valor do sistema médico tibetano, ainda que o meu médico pessoal anterior, Dr. Yeshe Dhonden, tenha participado de uma série de experimentos de laboratório na Universidade de Virgínea, EUA. Ele teve resultados surpreendentemente bons em curar o câncer em ratos brancos, mas muito mais trabalho será necessário até que se possa chegar a conclusões definitivas. Com respeito a minha experiência própria, vejo os medicamentos tibetanos como muito eficientes. Tomo-os regularmente, não apenas para curar, mas para prevenir-me de adoecer. Percebi que esses remédios promovem um reforço da constituição física do corpo e têm efeitos colaterais desprezíveis. O resultado é que, apesar de meus longos dias e períodos intensivos de meditação, eu quase nunca experimento a sensação de cansaço.

Ainda, uma outra área onde acredito que há uma região de diálogo entre a ciência moderna e a cultura tibetana concerne ao conhecimento teórico e não experiencial. Alguma das mais recentes descobertas da física de partículas parecem apontar para a não-dualidade entre mente e matéria. Por exemplo, foi encontrado que se um vácuo (o que significa o espaço vazio) é comprimido, aparecem partículas onde nada havia antes, o que seria matéria, de alguma maneira, aparentemente inerente. Essas descobertas parecem oferecer uma área de convergência entre a ciência e a teoria budista Madhyamika do vazio. Essencialmente, essa teoria afirma que a mente e a matéria existem separadamente, mas de forma interdependente.

Estou bem consciente, no entanto, do perigo de ligar as crenças espirituais a qualquer sistema científico. Pois, enquanto o budismo continua sendo relevante dois e meio milênios após seu início, os fundamentos absolutos da ciência têm uma vida relativamente muito mais curta. Isto não é para poder afirmar que eu considero que coisas como os oráculos ou a capacidade dos monges de ficarem ao relento durante noites, em condições de congelamento, seja uma evidência de poderes mágicos. Ainda assim não posso concordar com nossos irmãos e irmãs chineses, que sustentam que a aceitação desses fenômenos é uma evidência de nosso atraso e barbárie. Mesmo do mais rigorosos ponto de vista científico, esta não é uma atitude objetiva.

Ao mesmo tempo, mesmo que um princípio seja aceito, isso não significa que tudo que esteja conectado com ele seja válido. Por analogia, seria burlesco seguir escravizadamente e sem qualquer discriminação todas as afirmações de Marx e Lênin, mesmo em face da evidência clara de que o comunismo é um sistema imperfeito. É preciso manter grande vigilância em áreas onde não temos grande experiência. Isso, naturalmente, é onde a ciência pode auxiliar. Enfim, só vemos as coisas como misteriosas quando não as entendemos.

Até agora os resultados das pesquisas que descrevi têm sido benéficos para todas as partes. Compreendo, no entanto, que esses resultados são tão acurados quanto os experimentos que conduziram a eles. Além do mais, estou consciente que se algo não é encontrado isso não significa sua inexistência, isso apenas prova que o experimento foi incapaz de encontrá-lo. Esta é a razão pela qual precisamos ser cuidadosos em nossas pesquisas, especialmente quando lidando em uma área onde a pesquisa científica é pequena. É também importante manter em mente as limitações impostas pela própria natureza. Por exemplo, enquanto a investigação cientifica não pode apreender meus pensamentos, isso não significa que eles sejam inexistentes, nem que algum outro método de pesquisa não possa descobrir algo a respeito deles, e aí é que entra a experiência tibelana. Através do treinamento mental, desenvolvemos técnicas que a ciência atual não pode ainda explicar adequadamente. Isto, então, é a base da suposto “magia e mistério” do budismo tibetano.

Por: Dalai Lama.

#Budismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/dalai-lama-magia-e-mist%C3%A9rio-no-tibete

EAD – (Ensino a Distância) de Kabbalah

Em 2007 os leitores do blog me convenceram a adaptar o curso de Kabbalah Hermetica e Astrologia que eu ministrava nas Ordens Maçônicas e Rosacruzes para que os iniciantes ao hermetismo também pudessem fazê-los.

Confesso que fui reticente em relação a organizar estes cursos, pois achava que esse tipo de conhecimento “deveria ficar restrito às Ordens Iniciáticas” e que “abrir este conhecimento para profanos seria como jogar pérolas aos porcos”. Felizmente, grandes irmãos como o Frater Alef, Rafhael Guimarães, Sérgio Pacca, Carlos Conte, Roberto Ramalho, Mozart Rosa, Jayr Miranda, Alfonso Odriozola, Alexandre Cumino, Fernando Maiorino, Leo Lousada e muitos outros me convenceram de que tudo depende do Professor para expandir o conhecimento com qualidade e que, se o trabalho fosse bem feito, haveria apenas expansão, sem perda do conteúdo maravilhoso que o Hermetismo possui.

A idéia deu muito certo e em pouco tempo haviam núcleos de alunos em SP, RJ, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Aracaju, Fortaleza e até mesmo em Rio Branco. Mas, ao mesmo tempo em que as pessoas interessadas em expandir a consciência e aprender mais sobre Hermetismo aumentavam, o tempo disponível para ministrar estes cursos ficava cada vez mais escasso.

E o PH Alves me convenceu a dar o próximo passo. Como sempre, sendo um velho alquimista rabugento, eu fui reticente ao EAD, pois achava que “não teria como igualar um curso de Hermetismo EAD a uma aula presencial” mas o Curso básico sobre os Chakras do PH me convenceu que era possível ter acesso a muitas vantagens que o curso presencial não tem, como por exemplo:

– O Curso de 8h (que na verdade ficou com quase 9h porque eu fui me empolgando nas gravações) foi dividido em 4 Aulas de 2h cada, subdividido em 8 blocos com aproximadamente 15 minutos, detalhando cada parte do curso. Desta maneira, além de ter o conteúdo integral do curso presencial (na verdade, tem mais conteúdo), o aluno faz seu próprio horário em casa, podendo estudar à noite, de tarde ou pela manhã, organizando os blocos de estudo de acordo com suas necessidades. Também pode repetir qualquer parte que não entendeu e pausar para fazer anotações ou consultar a apostila durante o curso.

– Facilidade para ser assistido em celulares ou ipads.

– Graças ao Chroma-Key, pudemos incluir imagens, gráficos e desenhos conforme vou explicando cada parte do curso, tornando a experiência muito mais visual e interativa.

– Conseguimos manter os mesmos valores dos cursos presenciais (e, para quem mora longe dos locais de curso, a economia com passagens, hospedagem e alimentação ficou enorme), com a vantagem que também é possível dividir o pagamento em até 12x no cartão.

– Durante o período do curso, estarei à disposição no fórum do EADeptus para tirar dúvidas dos alunos através do fórum. Desta maneira, é possível tirar dúvidas como um curso presencial. E também estarei disponível depois que o curso acabar, para dúvidas posteriores.

– Com os Certificados de Conclusão, os alunos que fizerem os cursos em EAD poderão frequentar os cursos intermediários e avançados presenciais.

Conteúdo do Curso

Aula 01 – Kabbalah Hermética, Introdução

1.1 – O que é a Kabbalah Hermética

1.2 – Diferenças entre a Cabalá Judaica e a Kabbalah Hermética

1.3 – Estrutura da Árvore da Vida e Nomenclaturas

1.4 – O Yin e o Yang

1.5 – Terra e Fogo

1.6 – Ar e Água

1.7 – Números: 1, 2, 3, 4, 5 e 6

1.8 – Números: 7, 8, 9 e 10

Aula 02 – Os 7 Planetas e as 10 Esferas

2.1 – A História de Lilith

2.2 – Terra, Lua, Mercúrio e Vênus

2.3 – Sol, Marte, Júpiter e Saturno

2.4 – Urano, Netuno e Plutão

2.5 – Malkuth

2.6 – Yesod

2.7 – Tav, Hod, Shin, Resh

2.8 – Netzach

Aula 03 – A Árvore

3.1 – Qof, Tzaddi, Peh

3.2 – Tiferet

3.3 – Ayin, Samekh, Nun

3.4 – Geburah

3.5 – Mem, Lamed

3.6 – Chesed

3.7 – Kaph, Yod, Teth

3.8 – Daath

Aula 04 – A Árvore

4.1 – Binah

4.2 – Cheth, Zain

4.3 – Hochma

4.4 – Vav, Heh, Daleth

4.5 – Kether

4.6 – Gimmel, Beit, Aleph

4.7 – Correlações de Caminhos entre diversos Autores

4.8 – Considerações Finais

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/ead-ensino-a-dist%C3%A2ncia-de-kabbalah

Cursos do Final de Ano – 2014

Este é um post sobre um Curso de Hermetismo já ministrado!

Se você chegou até aqui procurando por Cursos de Ocultismo, Kabbalah, Astrologia ou Tarot, vá para nossa página de Cursos ou conheça nossos cursos básicos!

Novembro

01/11 – Kabbalah – SP

02/11 – Astrologia Hermética – SP

29/11 – Qlipoth – SP

30/11 – Magia Prática – SP

Informações: marcelo@daemon.com.br

Dezembro

01/12 – EAD de Kabbalah Hermética no ar.

Nestas últimas semanas tenho gravado com o PH e a equipe do Conversa entre Adeptus o primeiro curso de Kabbalah Hermética em EAD. Sempre fui muito reticente em relação a gravar um curso em Ensino à Distância com medo que a qualidade final não conseguisse se igualar a um curso presencial, mas o Curso básico sobre os Chakras do PH me convenceu que era possível ter acesso a muitas vantagens que o curso presencial não tem, como por exemplo:

– O Curso de 8h foi dividido em 4 Aulas de 2h cada, subdividido em 8 blocos com aproximadamente 15 minutos, detalhando cada parte do curso. Desta maneira, além de ter o conteúdo integral do curso presencial, o aluno faz seu próprio horário em casa, podendo estudar à noite, de tarde ou pela manhã, e organizando os blocos de estudo de acordo com suas necessidades. Também pode repetir qualquer parte que não entendeu e pausar para fazer anotações ou consultar a apostila durante o curso.

– Facilidade para ser assistido em celulares ou ipads.

– Graças ao Chroma-Key, pudemos incluir imagens, gráficos e desenhos conforme vou explicando cada parte do curso, tornando a experiência muito mais visual e interativa.

– Conseguimos manter os mesmos valores dos cursos presenciais, com a vantagem que agora é possível dividir em até 12x no cartão.

– Durante o período do curso, estarei à disposição no fórum do EADeptus para tirar dúvidas dos alunos através do fórum.

– Com os Certificados de Conclusão, os alunos que fizerem os cursos em EAD poderão frequentar os cursos intermediários e avançados presenciais.

Conteúdo do Curso

Aula 01 – Kabbalah Hermética, Introdução

1.1 – O que é a Kabbalah Hermética

1.2 – Diferenças entre a Cabalá Judaica e a Kabbalah Hermética

1.3 – Estrutura da Árvore da Vida e Nomenclaturas

1.4 – O Yin e o Yang

1.5 – Terra e Fogo

1.6 – Ar e Água

1.7 – Números: 1, 2, 3, 4, 5 e 6

1.8 – Números: 7, 8, 9 e 10

Aula 02 – Os 7 Planetas e as 10 Esferas

2.1 – A História de Lilith

2.2 – Terra, Lua, Mercúrio e Vênus

2.3 – Sol, Marte, Júpiter e Saturno

2.4 – Urano, Netuno e Plutão

2.5 – Malkuth

2.6 – Yesod

2.7 – Tav, Hod, Shin, Resh

2.8 – Netzach

Aula 03 – A Árvore

3.1 – Qof, Tzaddi, Peh

3.2 – Tiferet

3.3 – Ayin, Samekh, Nun

3.4 – Geburah

3.5 – Mem, Lamed

3.6 – Chesed

3.7 – Kaph, Yod, Teth

3.8 – Daath

Aula 04 – A Árvore

4.1 – Binah

4.2 – Cheth, Zain

4.3 – Hochma

4.4 – Vav, Heh, Daleth

4.5 – Kether

4.6 – Gimmel, Beit, Aleph

4.7 – Correlações de Caminhos entre diversos Autores

4.8 – Considerações Finais

#Cursos #Kabbalah

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cursos-do-final-de-ano-2014

Cursos de Hermetismo Julho/Agosto [Update]

Este é um post sobre um Curso de Hermetismo já ministrado!

Se você chegou até aqui procurando por Cursos de Ocultismo, Kabbalah, Astrologia ou Tarot, vá para nossa página de Cursos ou conheça nossos cursos básicos!

25 e 26 de JULHO – Florais, com a prof. dr. Cynthia Carpigiani, em São Paulo. É um curso voltado para a área médica (médicos, veterinários, terapeutas) mas acho interessante para os que se interessam por herbalismo e alquimia. A Cynthia é uma das maiores conhecedoras de florais no Brasil, especialmente em animais selvagens de grande porte (inclusive leões e hipopotamos). Eu sou um dos alunos deste curso, hehehe.

22 e 23 de AGOSTO – Consegui confirmar os cursos de Kabbalah e Astrologia Hermética no Rio de Janeiro para AGOSTO. A boa notícia é que é uma sala bem bacana, no centro, com 20 lugares… a má notícia é que já tem 11 inscritos antes que eu conseguisse postar aqui, então se você quiser fazer os cursos, não fique de bobeira…

DESCRIÇÕES

Florais

– Introdução ao estudo dos florais, Os estudos e descobertas de Dr. Bach, Técnica para o preparo da matriz, solução estoque e solução de uso, Os 7 chakras, Corpos energéticos, Alterações comportamentais mais freqüentes, indicações para animais de companhia (cães, gatos, aves e outros pets), Emoções e órgãos de choque, Como explorar a história do paciente para a escolha dos florais (anamnese), Flores usadas no sistema de Saint Germain e suas indicações, Apresentação de fórmulas prontas, Discussão de casos clínicos (humanos e animais)

Vagas: 20 (atualmente 13)

Local: Rua Vergueiro, 2949 (próximo ao metrô Vila Mariana) – São Paulo – SP

Dias 25 e 26 de Julho, das 9h as 18h – Valor R$ 250,00 (pode ser dividido em 2x)

Maiores informações e reservas através do e-mail vetfloral@gmail.com.

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Rio de Janeiro

22/08 – Kabbalah

23/08 – Astrologia Hermética

Das 9h as 18h

– Haverá também uma palestra gratuita na Livraria Saraiva (em breve eu passo os detalhes de horário e endereço) dia 22/08, sobre “A Árvore da Vida e as diversas religiões e mitologias”.

Informações no email marcelo@daemon.com.br ou (11) 5539-1122.

#Cursos

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