V de Vingança, Guia de Referências

Estas anotações sobre a série  V for Vendetta de Alan Moore foram preparadas por uma classe de graduação em Pesquisa Literária, sob a direção do Dr. James Means, da Universidade Estadual do Noroeste da Louisiana, durante a primavera de 1994. Na realização destas anotações, adotou-se um sistema que permite ao leitor seguir cada entrada facilmente.

O primeiro número indica a página na qual a entrada original pode ser achada. O segundo número indica a linha de arte, numerada de cima para baixo; a maioria das páginas tem três linhas de arte, enquanto algumas tem menos. Finalmente, o último número indica a coluna, numerada da esquerda para a direita.

PARTE 1

-, -, – Europa Depois do Reino (título – Na versão da Ed. Globo: O Vilão)

O título do primeiro livro refere-se à pintura Europa Depois da Chuva de Max Ernst, e retém dentro dela implicações de reviravoltas climáticas de um ataque nuclear próximo. Depois do Reino certamente se refere à dissolução da realeza com um certo anel ominoso, da mesma maneira que o título da pintura implica um grande peso em cima de todo continente. A imagem da página do título, de uma única mão enluvada (que com certeza indica tempo frio) colocando algo pesado e sombrio sob a superfície, contribui para a natureza ominosa. A pintura, intitulada L’Europe Apres la Pluie, foi criada entre 1940 e 1942. É descrita como uma cena fúnebre cheia de ruína e putrefação, povoada apenas por criaturas bestiais que vagam solitárias ao redor, (pg. 44-45). Ernst tinha criado trabalhos semelhantes que implicavam os arruinados, os fossilizados, os inanimados; superfícies parecem estar decadentes, corroídas por ácido e perfuradas com inúmeros buracos como a superfície de uma esponja, (pg. 44).
Durante algum tempo antes da Segunda Guerra (trabalhando na técnica chamada de decalcomania, datando de 1936, 37, 40 – será que foi realmente antes da guerra? Onde ele estava neste momento? Estava sendo posto em vários acampamentos, sendo reposto em outros, fugindo e finalmente voando para a América (pg. 94). Mas foi depois da sua “premonição de guerra traduzida em realidade” que ele fugido para a América. Lá, assombrado pelas recordações de uma Europa feita em pedaços, ele criou a composição também chamada Europa Nach dem Regen que se traduz como A Europa depois da Chuva ou A Europa depois da Inundação (pg. 44).
Ernst nasceu em 1891 em Bruhl, sul de Colônia, às margens do Reno (pg. 29). As suas pinturas descrevem freqüentemente um mundo no qual a história de gênero humano foi apagada completamente por um evento cataclísmico no Universo … ou pelo ato consciente de revolução que destruiu tudo (pg. 8). Em 1925, o melhor amigo dele, Paul Eluard escreveu sobre a atitude mental de Ernst, que buscou destruir toda a cultura que foi herdada ou não como resultado de experiência pessoal, como se fosse um tipo de esclerose na sociedade Ocidental: ‘Não pode haver nenhuma revolução total mas somente revolução permanente. Como o amor, é a fundamental alegria de viver’ (nota de rodapé, pg. 8).
Ernst participou de exibições dadaístas onde os observadores destruíram a sua arte e observaram seus pedaços pregados na paredes e espalhados no chão. Para alcançar a galeria onde se desenrolou o evento, espectadores atravessaram o lavatório de uma cervejaria onde uma menina vestida como uma beata que acabou de receber a comunhão recitava versos lascivos. A exibição foi fechada sob a acusação de fraude e obscenidade (baseado na estampa de Adão e Eva de D’rer, que tinham sido incorporada em um das esculturas de Ernst). Subseqüentemente, ela foi reaberta.
De acordo com Hamlyn, o evento foi realizado para embaraçar e provocar o público (nota, página 8). Este elemento de drama e provocação também é uma linha seguida em V de Vingança.

1, 1, 1, O 5 de Novembro…

Esta é a primeira referência ao dia de Guy Fawkes, o aniversário do dia em que Guy Fawkes foi pego no porão de Parlamento com uma grande quantidade de explosivos. Fawkes era um extremista católico e um herói militar que se distinguiu como um soldado corajoso e de fria determinação, através de suas façanhas lutando com o exército espanhol nos Países Baixos (Encyclopaedia Britannica 705). Ele foi recrutado por católicos insatisfeitos que conspiraram para explodir o Parlamento e matar o rei James I. James tinha trabalhado para instituir uma multa à pessoas que se recusassem a comparecer as missas anglicanas (Encyclopaedia Britannica 571), somando isso à opressão que os católicos já sofriam na Inglaterra. Um do conspiradores alugou uma casa que compartilhava parte de seu porão com o Parlamento, e o grupo encheu esse porão de pólvora. Fawkes foi escolhido para iniciar o fogo, e foi determinado que ele devia escapar em quinze minutos antes da explosão; se ele não pudesse fugir, ele estaria totalmente pronto para morrer por tão sagrada causa, (Williams 479). Um dos conspiradores tinha um amigo no Parlamento; ele advertiu o amigo para não estar presente na abertura durante o dia escolhido para o atentado, e o paranóico rei James imediatamente descobriu o complô. Fawkes foi pego no porão e foi torturado. Ele foi executado exatamente em frente ao Parlamento no dia 31 de janeiro de 1606.

2, 3, 2, Utopia (livro na estante)

Este foi o mais famoso trabalho de Sir Thomas em 1516 (Sargent 844) no qual ele esboçou as características humanitárias de um sociedade decente e planejada, (Greer 307) uma sociedade de comum propriedade de terra, liberalidade, igualdade, e tolerância (Greer 456).

2, 3, 2, Uncle Tom’s Cabin (livro na estante)

Escrito por Harriet Beecher Stowe e publicado em 1852, este romance fala sobre os deprimentes estilos de vida dos negros escravos no Sul dos EUA, contribuindo enormemente com o sentimento popular de anti-escravidão (Foster 756-66).

2, 3, 2, O Capital (livro na estante)

Este foi a obra máxima de Karl Marx, publicada em 1867. Foi seu maior tratado sobre política, economia, humanidade, sociedade, e governo; Tucker o descreve como a mais completa expressão (de Marx) de visão global.

2, 3, 2, Mein Kampf (livro na estante)

A biográfica proclamação das convicções do líder nazista Adolf Hitler, Mein Kampf (Minha Luta), foi escrita durante o seu encarceramento após a sua primeira tentativa de golpe contra o governo bávaro, em 1923 (Greer 512). Sem nenhuma dúvida, Moore quis ironizar ao colocar este trabalho próximo ao de Marx, Já que a extrema-direita nazista era forte oponente do comunismo.

2, 3, 2, Murder in the Rue Morgue (cartaz de filme)

Os Assassinatos da Rua Morgue. Este foi um filme de horror de 1932, produzido pela Universal. Foi uma importante adaptação da história de Edgar Allen Poe, estrelada por Bela Lugosi, um famoso ator do gênero. É sobre uma série de terríveis assassinatos que se supõe ser o trabalho de um macaco treinado (Halliwell 678). Esta referência pode conter alguns sinais sobre os métodos de investigação de V para os seus ataques contra o sistema, e suas características de serial killer.

2, 3, 2, Road to Morocco (cartaz de filme)

Este filme de 1942 da Paramount foi um de uma série de leves comédias românticas estreladas por Bing Crosby e Bob Hope como dois ricos playboys que viajam ao redor do mundo tendo tolas aventuras (Halliwell 825).

2, 3, 2, Son of Frankenstein (cartaz de filme)

O Filho de Frankenstein. Filme de horror de 1939 da Universal, Son of Frankenstein foi o último de uma trilogia clássica. Foi estrelado por Boris Karloff, um famoso ator de filmes de terror, e envolveu o retorno do filho do barão e seu subseqüente interesse por ele (Halliwell 906).

2, 3, 2, White Heat (cartaz de filme)

White Heat, feito em 1949 pela Warner, estrelado por James Cagney. O enredo envolvia um gângster violento com fixação por sua mãe que finalmente cai após a infiltração de um agente do governo em sua gangue (Halliwell 1073). Esta pode ser outra importante indicação, de como V também derruba o violento e disfuncional líder do partido se infiltrando através de suas fileiras.

3, 1, 3, …E novamente tornar a Bretanha grande!

Este é um sentimento tipicamente “nacionalista”. O nacionalismo europeu, que tem suas raízes na Guerra dos Cem Anos (Greer 269-275), é o conceito de que cada nação tem que manter em comum uma única cultura e uma única história e no qual se considera, inevitavelmente, que uma nação é melhor que as outras. Foi este sentimento, levado a seus extremos, que levou o partido nacional-socialista trabalhista de Hitler (o nazismo) a tentar livrar a Alemanha dos “não-alemães”. (Wolfgang 246-249).


4, 3, 3, The Multiplying vilanies of nature do swarm upon him… (de vilanias tão cumulado pela natureza…).

Esta é uma fala do Sargento no Ato I, cena II, de MacBeth, de Shakespeare (766).

7, 1, 1-2 Lembrai, lembrai do 5 de novembro, a pólvora, a traição, o ardil. Por isso, não vejo por que esquecer uma traição de pólvora tão vil.

Esta é uma versão de uma rima infantil inglesa. Em busca por um poema confirmatório, eu procurei no The Subject Index to Poetry for Children and Young People (1957-1975) que apresenta cinco coleções de poemas onde se incluiam versos sobre Guy Fawkes (Smith e Andrew 267). Um destes, Lavender’s Blue, incluiu a seguinte versão feita em, pelo menos, 1956:
Please to remember the fifth of November
Gunpowder, treason and plot
I see no reason why gunpowder treason
Should ever be forgot (Lines 161)
Cuja tradução é:

Agradeça por lembrar do 5 de novembro
A pólvora, a traição e o complô
Eu não vejo nenhuma razão por que tal traição de pólvora
Deveria para sempre ser esquecida (linha 161)
O Oxford Dictionary of Quotations atribui esta versão a uma canção de ninar infantil anônima de 1826 (Cubberlege 368), e as primeiras duas linhas como sendo tradicionais desde o século 17, (Cubberlege 9).

7, 1, 2, A explosão do Parlamento…

Nesta cena, V teve sucesso onde Fawkes falhou; a posição dele e de Evey em oposição ao Parlamento é, provavelmente, significativa, como se fosse a posição oposta ao Parlamento em que Fawkes foi enforcado (Encyclopaedia Britannica 705).

7, 2, 2, Os fogos de artifício em forma de V

Isto se refere à prática comum de explodir fogos de artifício no dia de Guy Fawkes como parte da celebração (Encyclopaedia Britannica, p.705). Também é provavelmente uma referência a ‘Arrependa-se, Arlequim!’ Disse o Ticktockman (algo como homem Tique-taque) por Harlan Ellison.
9, 3, 1, Inglaterra triunfa
Este sentimento parece muito com o impulso em um verso da peça Alfred: Uma Máscara, de James Thomson, de 1740 (Ato III, última cena):

When Britain first, at heaven’s command, Arose from
out the azure main,
This was the charter of the land, And guardian angels
sung this strain:
Rule Britannia, rule the waves; Britons never will be
slaves. (Cubberlege 545)
Cuja tradução é:

Quando a Inglaterra primeiro, ao comando do céu, Surgiu do
mar azul-celeste,
Esta foi a escritura da terra, E anjos guardiões
cantaram esta melodia:
Comande Britannia, comande as ondas; Bretões nunca serão
escravos. (Cubberlege 545).

12, 2, 3, Frankenstein (livro na estante)

Este é uma famosa explanação de ficção ciêntífica/social de 1818, por Mary Wollstonecraft Shelley. De acordo com Inga-Stina Ewbanks, é sobre o eterno tema da criação do homem que fica além de seu poder de controle, (5).

12, 2, 3, Gulliver’s Travels (livro na estante)

As viagens de Gulliver. Este foi um romance utópico escrito em 1726 por Jonathon Swift, um satírico escritor social inglês que passou a maior parte de sua vida na Irlanda (Adler ix-x).

12, 2, 3, Decline and Fall of…? (livro na estante)

Este, provavelmente, deve ser o trabalho de Edward Gibbs, The History of the Decline and Fall of the Roman Empire (A História do Declínio e Queda do Império Romano), mais comumente conhecido como The Decline and Fall of the Roman Empire (O Declínio e Queda do Império Romano). A coleção de seis volumes foi escrita entre 1776 e 1788, e é considerada como uma das melhores histórias já escritas (Rexroth 596).

12, 2, 3, Essays of Elia Lamb (livro na estante)

Elia, ou Charles Lamb, primeiro publicou seus famosos ensaios nas páginas da London Magazine, de 1820 a 1825, posteriormente encadernados em dois volumes, publicados em 1923 e 1833. Seus ensaios são considerados como pessoais, sensíveis e profundos (Altick 686-87).

12, 2, 3, Don Quixote (livro na estante)

Este foi um romance satírico sobre cavalaria, escrito por volta de 1600 (Adler) pelo autor espanhol Miguel de Cervantes. Seu herói é um caricatural cavaleiro romântico que é desesperadamente idealista (Greer 307).

12, 2, 3, Hard Times (livro na estante)

Charles Dickens escreveu este quase solitário ataque à… industrialização em 1854. Ele se justapõe aos sérios e aplicados industriais com um circo criativo e divertido que vem à cidade na qual o romance se desenrola (Ewbanks 786). Provavelmente pode ter servido de apelo ao senso de drama de V e sua vitória sobre as mazelas.

12, 2, 3, French Revolution (livro na estante)

Este volume pode ser sobre qualquer história passada durante a Revolução Francesa, ou sobre a própria Revolução Francesa, que ocorreu entre 1787 e 1792.

18, 2, 3, Faust (livro em estante)

O famoso poema de Goethe, Fausto, foi publicado no início de 1808. Ele reconta uma lenda renascentista sobre um doutor que barganha com o diabo por juventude e poder. A segunda parte, postumamente publicada, foi um tratado filosófico no qual a alma de Fausto é salva porque ele ama e serve tanto a Deus quanto a humanidade, apesar dos seus erros. Este Fausto é considerado como a encarnação do “moderno” ser humano (Greer 426).

12, 2, 3, Arabian Nights Entertainment (livro na estante)

As Mil e Uma Noites. Este livro é uma coleção de histórias folclóricas originárias da Índia, mas que foi levada para a Persia e para a Arábia. Embora iniciadas na Bagdá do século 8 ou 9, elas retêm muitos mais características do Egito do século 15, onde foram formalmente traduzidas (Wickens 164).

12, 2, 3, The Odessey (livro em estante)

A Odisséia. Um dos dois históricos poemas épicos gregos, feitos por volta de 800 A.C. e escritos por Homéro. Embora a identidade de Homéro seja incerta, e ele pode ter sido até mesmo um arquetípico personagem de si próprio, A Odisséia é uma aventureira história sobre o retorno de gregos que viram heróis que atravessam mares bravios (Greer 66).

12, 2, 3, V (livro em estante)

O romance V, escrito em 1963 por Thomas Pynchon, é considerado um dos primeiros importantes trabalhos pós-modernos. Ele combina pedaços de história, ciência, filosofia, e psicologia pop com personagens paranóicos e metáforas científicas. O trabalho de Pynchon é descrito como uma variação entre a ‘cultura intelectual’ e o meio termo da cultura pop underground das drogas, (Kadrey e McCaffery 19). Isto também pode ser dito tanto sobre a Galeria Sombria como sobre o próprio livro de V de Vingança.

12, 2, 3, Doctor No (livro na estante)

Ian Fleming, um ex-agente de inteligência britânica, escreveu este romance de espionagem em 1958. Os romances de Fleming eram supostamente baseados na vida que teve como um espião (Reilly 320).

12, 2, 3, To Russia With Love (livro na estante)

Outros dos romances de Fleming, este aqui foi escrito em 1957 (Reilly 320).

12, 2, 3, Illiad (livro na estante)

Outro poema de Homéro, A Ilíada fala sobre a violenta e sangrenta guerra de Tróia.

12, 2, 3, Shakespeare (2 volumes na estante)

Shakespeare foi um escritor elizabetano de peças de teatro cujos dramas e sonetos são considerados trabalhos clássicos do renascimento humanista (Greer 307).

12, 2, 3, Ivanhoe (livro na estante)

Um dos dramáticos romances históricos de Sir Walter Scott, Ivanhoe, foi escrito em 1820 (Greer 425).

12, 2, 3, The Golden Bough (livro na estante)

O exaustivo décimo terceiro volume do trabalho de James G. Frazer sobre superstições primitivas foi publicado primeiro em 1890. A estante de livros de V contém um único volume do trabalho.

12, 2, 3, Divine Comedy (livro em estante)

A Divina Comédia. Esta é uma obra-prima da literatura italiana, escrita por Dante Alighieri. Começada por volta de 1306 e terminada com a morte de Dante em 1321, ela trata da viagem do autor através da vida após a morte.

12, 3, 3, Martha and the Vandellas

Um grupo musical de Rhythm-and-Blues, produzido e distribuído pelo selo Motown Record entre 1963 e 1972. Eles tiveram seu começo como cantores de apoio de Marvin Gaye, outra estrela da Motown, e então se lançaram para uma carreira de sucesso como artistas agressivos e extravagantes. A canção Dancing in the Streets foi lançada em 1964. (Sadie 178).

12, 3, 3, Motown

Motown foi uma gravadora independente, de propriedade de afro-americanos, fundada em Detroit (também conhecida como Motortown, ou a Cidade dos Motores), Michigan. A palavra também descreve o distinto estilo de música pop-soul que trouxe sucesso à gravadora. Este Motown sound foi extraído do blues, do rhythm-and-blues, do gospel e do rock, mas diferente destes outros estilos musicais afro-americanos, também contou com algumas das práticas de música popular anglo-americana socialmente aceitas, e isto obscureceu algumas das mais vigorosas características da música afro-americana (Sadie 283).

13, 1, 2, Tamla e Trojan

Não consegui determinar nenhuma referencia para Tamla e Trojan. Como Motown se refere tanto a gravadora quanto para o estilo de música que ajudou a popularizar, eu não sei que relação Tamla teve com os outros grupos mencionados. Como os outros indivíduos mencionados são reais, eu acredito que Tamla e Trojan tenham existidos, mas não pude achar nenhum registro sobre eles.

13, 1, 2, Billie Holiday

Famosa Cantora de jazz, Billy Holiday foi extremamente popular entre os intelectuais brancos de esquerda de Nova Iorque. Ela gravou com alguns dos melhores do jazz, incluindo Benny Goodman e Count Basie. Ela acabou em um mundo de drogas, álcool e abusos, e morreu em 1959, com a idade de 44 anos (Sadie 409-410).

13, 1, 2, Black Uhuru

Este grupo foi uma das mais famosas bandas de reggae da Jamaica. Foi formada no ano de 1974 em Kingston (Sadie 46-47). Reggae é um típico estilo de dance music jamaicano, influenciado tanto pela música afro-caribenha quanto pelo Rhythm-and-Blues americano (Sadie 464).

13, 1, 2, A Voz do Dono…

O logo da RCA trazia um cachorro fitando o cone de um gramofone (um dos primeiro toca-discos), simbolizando o reconhecimento do animal pela voz de seu dono.

13, 3, 3, Aden

Aden tanto foi o outro nome para os habitantes da República democrática de Iêmen (o Iêmen do Sul) como a cidade da capital do país. O país que agora é fundido com o Iêmen do Norte, ocupou a extremidade Meridional da Península árabe, no sul de Arábia Saudita. Os britânicos o colonizaram, e mantiveram controle parcial ali até que o país se tornou uma república marxista em 1967 (Encyclopaedia Britannica 835). Embora a idade de Prothero não seja mencionada, ele parece ter cerca de 50 anos; é provável que ele tenha servido como soldado imediatamente antes da revolução de Iêmen. Assim, ele seria um jovem durante a revolução de 1967, e cerca de 40 durante os seus anos como chefe no Campo de Readaptação de Larkhill.

18, 3, 1, V num círculo

Este símbolo apresenta semelhanças com o sinal de anarquia de um A num círculo, e também com a dramática inicial de Zorro (Stolz 60).

19, 1, 2, Rosas “Violet Carson”

A Violet Carson é uma rosa híbrida introduzida em 1963 (Coon 201) ou 1964 (Rosas Modernas 7 432) por S. McGredy. É uma criada pelo cruzamento de uma Madame Leon Cuny com uma Spartan. É descrita como uma flor colorida, com creme (Coon 201) ou prata (Rosas Modernas 7 432) por sob as pétalas, e tem um arbusto robusto e espalhado. Não parece ser de uma variedade muito comum, e é listada em publicações de sociedades idôneas de rosas mas não em livros dirigidos a um leitor casual, assim é incerto como Finch pode tê-la reconhecido imediatamente.

20, 1, 3, The Cat (cartaz de filme)

O cartaz para um filme chamado The Cat pendurado na parede parece descrever um homem que segura uma arma. O único filme que pude achar com este título, porém, foi um drama francês de 1973 sobre a relação pouco comunicativa entre uma amarga estrela de trapézio e seu marido (Halliwell 168).

20, 1, 3, Klondike Annie (cartaz de filme)

Um filme de 1936 da Paramount, Klondike Annie foi estrelado por Mae West, como uma ardente cantora em fuga que, disfarçada como uma missionária, revitaliza uma missão no Klondike (Halliwell 542). Alguns dos filmes descritos nos cartazes parecem ter atraído V apenas por propósitos de entretenimento. Porém, este aqui pode dar o leitor uma pista sobre o caráter de V. Ele tanto está em fuga, disfarçado, quanto tenta revitalizar toda uma nação.

20, 1, 3, Monkey Business (cartaz de filme)

Este filme de 1931 dos irmãos Marx, feito pela Paramount, narra as artimanhas de quatro passageiros clandestinos em um navio que bagunçam uma festa social a bordo, onde eles capturam alguns escroques (Halliwell 666). Esta é outra pista, pois V é um clandestino num sistema social que bagunça o sistema e capturas vários inimigos.

20, 1, 3, Waikiki Wedding (cartaz de filme)

Waikiki Wedding foi produzido em 1937 pela Paramount. Seu enredo envolve um agente de imprensa que está no Havaí para promover uma competição de A Rainha do Abacaxi (Halliwell 1050).

21, 3, 2, Salve uma Baleia (camiseta)

Por causa da ameaça de extinção das baleias, muitas pessoas nos anos 70 começaram a usar camisetas e bottons proclamando que alguém deveria Salvar uma Baleia. Este sentimento veio a ser associado com política e ambientalismo “liberais”.

22, 1, 1, …Quando os Trabalhistas subiram ao poder…

De acordo com a Encyclopaedia Britannica, o Partido Britânico dos Trabalhistas é um partido reformista socialista com fortes laços institucionais e financeiros com os sindicatos. Em janeiro de 1981, devido a vastas mudanças internas, o Líder do partido trabalhista eleito foi Michael Foot, um militante socialista cuja política incluia o desarmamento nuclear unilateral, a nacionalização das indústrias-chaves, união de poder e pesados impostos (82), da mesma maneira que Moore descreve em Por Trás do Sorriso Pintado (271).

22, 1, 1, …Presidente Kennedy…

A implicação é que o presidente dos Estados Unidos ou é Ted Kennedy, senador democrata ou John Kennedy Jr, respectivamente, o sobrinho e o filho do ex-presidente John F. Kennedy.

23, 2, 1, Nórdica chama

Este provavelmente é o nome de um partido estadual, com todas as bandeiras e uniformes exibindo grandes N’s. Nórdica deriva dos nórdicos ou Vikings dos países escandinavos que invadiram a Europa nos séculos V e VI (Greer 183). Eles eram ferozes, fortes, e “arianos” – a população “idealizada” pelo partido nazista de Hitler: loira e de olhos azuis (Greer 513-514). A escolha desta imagem ajuda a identificar a política do governo.

27, 2, 3, O mundo é um palco!

Esta é uma citação da peça As You Like It, de Shakespeare, Ato II, cena VII. (Bartlett 211).
40, 2, 3, …voltamos às cinco.

Uma expressão popular para dar um intervalo vem de uma frase do show business, embora leis de sindicatos agora requeiram dez minutos de intervalo (Sergal 219).

46, 3, 2, Mea Culpa

Do latin eu confesso ou a culpa é minha (Jonas 69).

47, 1, 3 – Bring me my bow of burning gold, Bring me my arrows/ of desire, Bring me My spear, O clouds unfold, Bring/ me my chariot of fire…I will not cease from mental/ flight Nor shall my sword sleep in my hand ‘Till we/ have built Jerusalem In England’s green and pleasant/ land.


Este é parte do poema de William Blake, And Did Those Feet (E Fez Esses Pés), do prefácio à sua coleção Milton. O prefácio de Blake para este trabalho foi um chamado aos cristãos para condenassem os clássicos escritos de Homéro, Ovídio, Platão, e Cícero, venerados no lugar da Bíblia. Ele declarou: Nós não queremos modelos gregos ou romanos na Inglaterra; de preferencia, ele disse, seus companheiros Cristãos deveriam se esforçar para criar esses mundos de eternidade nos quais nós viveremos para sempre, (MacLagan e Russell xix). V está, a seu modo, tentando criar a sua idéia de Jerusalém, um mundo livre, na Inglaterra. A tradução é a seguinte:
Tragam meu arco de ouro candente,
Traga minhas flechas de desejo,
Tragam minha espada, ó nuvens que se desfraldam,
Tragam minha carruagem de fogo…
Eu não cessarei minha luta espiritual…
Nem descansarei a espada em minha mão…
Até termos erguido Jerusalém…
Nas terras verdes e aprazíveis da Inglaterra.

54, 2, 2, Por favor, deixe que eu me apresente. Eu sou um homem de posses… e bom-gosto!

Esta é a abertura da canção Sympathy for the Devil, dos Rolling Stones, lançada em 1968.
56, 3, 3, Eu sou o Demônio e vim realizar a obra demoniaca!
Finch descreve esta citação como vindo de um famoso caso de assassinato, quase vinte anos antes de 1997. Uma busca em almanaques dos anos 1974 a 1979 revela que o único caso famoso de assassinato naquele tempo foi o do Filho de Sam/David Berkowitz. Berkowitz foi condenado por matar seis pessoas e ferir outras sete em ataques aleatórios nas ruas de Nova Iorque entre 29 de julho de 1976 e 31 de julho de 1977. Não havia nenhum motivo aparente por trás dos assassinatos; Berkowitz os explicou dizendo que foi um comando. Eu tive um sinal e o segui (Delury, 1978, 942). Considerando esta citação, e a aparente insanidade de Berkowitz, na qual o fez interromper seu julgamento com violentos ataques, é provável que esta citação venha desse caso.

57, 2, 1-2: O Senhor é meu pastor: e nada me faltará; Em um lugar de pastos, ali me colocou. Ele me conduziu junto a uma água de refeição. Converteu minha alma, me levou pelas veredas da justiça, por amor de seu nome!

Esta é a tradução feita da seguinte versão inglesa do 23º Salmo do livro bíblico dos Salmos, usada originalmente na versão em inglês de V de Vingança:
The Lord is my shepherd: therefore I can lack
nothing; He shall feed me in green pasture and lead
me forth beside the waters of comfort. He shall
convert my soul and bring me forth in the paths of
righteousness, for His name’s sake…
Esta parece ser uma estranha versão deste salmo. Não é nada parecida com a versão padronizada pelo Rei James:

The Lord is my shepherd, I shall not want. He maketh
me lie down in green pastures; He leadeth me
beside the still waters. He restoreth my soul: he
leadeth me in the paths of righteousness for his
name’s sake. (Bartlett 18)
Procurei em várias bíblias e descobri que cada uma tinha uma versão diferente. Em uma versão bastante comum, da Holy Bible (versão católica padrão da Bíblia), lê-se:

The Lord is my shepherd, I shall not be in want. He
makes me lie down in green pastures, he leads me
beside quiet waters, he restores my soul. He guides
me in paths of righteousness for his name’s sake. (310)

PARTE 2

9, 3, 1, The Magic Faraway Tree, por Enid Bla?? (na tradução da Ed. Globo – A Árvore distante)

Embora muitos dos livros em V de Vingança sejam reais, este aqui parece ser uma das invenções de Moore. Nem o Oxdford Companion to Children’s Literature, nem a Science Fiction Encyclopedia incluem o seu título.

15, 1, 3, Ouvi falar de um experimento…

A experiência, que não foi tão dramática quanto descrita em V de Vingança, foi administrada na Universidade de Yale em 1963 por Stanley Milgram. Os voluntários não estavam realmente acreditando que estavam matando as vítimas, e 65% (26 de 40 voluntários) continuaram administrando o que eles acreditavam ser perigosos e severos choques em suas vítimas (Milgram 376).

23, 2, 3, … uma mistura de extrato de Hipófise e Pineal.

Moore se refere-se a uma mistura de substâncias extraidas das glândulas Pituitária e Pineal, embora eu duvide que tal mistura apresente os efeitos que Moore descreve na série. Deve ser apenas uma criação de Moore.

24, 3, 3, fertilizante de amônia

Alguns fertilizantes contêm amônia que, na presença de certas bactérias, pode ser transformada em nitrato, que é usada pelas plantas (Chittenden 99).

24, 2, 2, gás mostarda

Este gás foi criado para ser usado como arma química durante a Segunda Guerra Mundial. Causa severas vesículas na pele e irritação nos olhos. Sua estrutura química é (Cl2CH2CH2)2S (sulfeto de 1,1-dicloro-etil) (Enciclopédia Americana 679).

24, 2, 3, napalm

Napalm é um explosivo derivado da gasolina, também usado durante a Segunda Guerra Mundial (Enciclopédia Americana 724). Não acho que uma pessoa possa fazer Napalm ou gás mostarda a partir de ingredientes de jardinagem. (N. do T.: Como foi apontado por outras pessoas, há a possibilidade de produzir tais substâncias com produtos de jardinagem, dependendo, é claro, das condições de produção. Mas como estamos falando de uma obra de ficção, o autor deve ter admitido que, devido a sua impressionante natureza mental, o personagem V seria capaz de tais façanhas científicas).

53, 3, 2, As Dunas de Sal

Este não é um filme real. Halliwell não dá nenhuma referência desse filme, e parece servir apenas como um ponto secundário do enredo, como um popular filme de Valerie Page.

57, 2, 3, Storm Saxon

Este programa de televisão é (felizmente) outra invenção. The Complete Encyclopedia of Television Programs de 1947-1979, não inclui nenhum programa parecido. A escolha do nome Saxon (saxão) é importante; o Saxões foram os descendentes dos conquistadores escandinavos que povoaram a França e a Inglaterra no século V (Greer 178-179). Note que a companheira de Storm é uma mulher branca de cabelos loiros chamada Heidi – o modelo de perfeição da Pureza ariana!

58, 2, 2, …na N.T.V um!

Aparentemente, N.T.V. significa Norse Fire Television (Televisão da Nórdica Chama), e é a substituição para a BBC – TV, a corporação estatal de televisão e radiodifusão britânica (Greene 566). O um se refere ao número do canal. A B.B.C. atualmente vai ao ar pelos canais Um e Dois (Greene 566).

62, 1, 3, …A gente paga, e pra quê?!

A BBC não é um canal comercial; é mantida pela venda das licenças de transmissão, pagas por donos de aparelhos de televisão e de rádio.

PARTE 3

4, 1, 2, Imagem espacial

Este é Neil Armstrong, caminhando na superfície da lua. Armstrong, a primeira pessoa a caminhar na lua, deu seu histórico passo em 1968.

6, 3, 1, Hitler

Um das imagens na colagem ao fundo é de Adolf Hitler, líder do Partido Nazista alemão, a linha de extrema-direita do governo que comandou a Alemanha de 1933 a 1945 e executou aproximadamente 6 milhões pessoas, entre judeus, ciganos, homossexuais e outros prisioneiros políticos (Sauer 248).

6, 3, 1, Stalin

O quadro de Josef Stalin está incluído porque, como Hitler e Mussolini, ele está associado com a tirania violenta. Ele controlou a antiga União Soviética de 1929 a 1953; durante os anos entre 1934 e 1939, ele prendeu e matou seus inimigos políticos, que eram quase todos membros das camadas militar, política e intelectual do país (Simmonds 571-74)

6, 3, 1, Mussolini

Benito Mussolini, outro líder apresentado na colagem, foi um líder italiano que era quase igual à Hitler em despotismo. Embora ele tenha começado como um socialista pacifista, durante a primeira grande guerra, ele formou o seu partido fascista de direita. Ele foi o ditador da Itália de 1922 a 1943, e controlou o norte da Itália de 1943 a 1945, antes de ser executado (Smith 677-78).

7, 2, 1, Imagem de tropas marchando (ao fundo)

Estas são as tropas nazistas do exército de Hitler.

A partir de agora, vamos acompanhar, por conveniência, a numeração das páginas do livro dois de V de Vingança, publicado pela Via Lettera.

17, 2, 1, … alguém que se espelha numa bandeira vermelha…

Historicamente, bandeiras vermelhas simbolizaram o movimento anarquista ou o comunista, ou ambos.

17, 3, 1, …Quero a emoção… da vontade triunfante…

 

Esta linha da canção no caberé se refere o famoso filme-documentário de propaganda nazista, The Triumph of the Will (O triunfo da Vontade, produzido por Leni Riefenstahl em 1934. O filme descreve um comício ao ar livre do partido nazista em Nuremburg como uma experiência mística, quase religiosa, da mesma maneira que a cantora está encenando (Cook 366).

18, 1, 2, …se um gato loiro…
Outra referência ao ideal da raça ariana.

18, 1, 2, O Kitty-Kat Keller

O nome da boate é uma referência ao clube burlesco Kit Kat Klub, do filme Caberet durante a subida de Hitler ao poder numa Alemanha pré II Guerra mundial. Ambos apresentam as iniciais KKK, que leva a uma inevitável associação com a infame organização racista Ku Klux Klan.

18, 3, 1, Faz ‘heil’ pra mim…

Mais uma referência ao nazismo; heil era a saudação verbal dada à Hitler com o braço direito levantado e a palma da mão virada para baixo.

43, 3, 2, …um show de marionetes muito especial…

O show que o pai de Evey menciona, e que vemos representado na página 34 é um tipo de show de marionetes conhecido como Punch & Judy, que se originou na Itália antes do século XVII. É um espetáculo extremamente violento; o boneco Punch geralmente bate nos outros personagens até a morte. Como V, Punch sempre destrói seus inimigos (Encyclopedia Americana 6).

PARTE 4

15, 2, 1, Arthur Koestler, As Raízes da Coincidência

Koestler foi um jornalista humanista e intelectual do início do século XX. Este trabalho trata de fenômenos paranormais [Enciclopédia Americana (530-31)].

34, 3, 1, 1812 Overtune Solennelle

Este peça musical, escrita em 1880 por Peter Ilich Tchaikovsky, foi a consagração da Catedral de Cristo de Moscou. A catedral foi construída em agradecimento à derrota de Napoleão em 1812. O trabalho incorporou um velho hino russo, e incluiu tanto o hino nacional francês, a Marseillaise, para representar a invasão de Napoleão e God Save The Czar (Deus Salve o Czar) para simbolizar a vitória de Rússia. Moore provavelmente escolheu este trabalho tanto pelo seu som revolucionário, quanto por um motivo incomum: a orquestração original incluía sons de tiros de um campo de batalha que o maestro produzia ao acionar interruptores elétricos (Adventures in Light Classical Music 34), uma ação que V imita com suas bombas.

48, 3, 1, Ordnung

Palavra alemã que significa, nesse caso, ordem, disciplina (Betteridge 452).
Aparentemente, na edição da Via Lettera, a grafia está errada: a palavra está escrita como Ordung.

48, 3, 2, Verwirrung

Palavra alemã que significa confusão, perplexidade, desordem (Betteridge 686).

49, 1, 1, Rodando em giro cada vez mais largo,/ O falcão não escuta o falcoeiro;/ Tudo esboroa…/… o centro não segura.

Estas palavras são do poema de William Butler Yeats, The Second Coming (A Segunda Vinda), que fala sobre uma figura que representa Cristo/anti-Cristo que sustenta a caótica história da humanidade (Donoghue 95-96). Isso ilustra visão de V de um mundo caótico, mas V acredita que como resultado do caos virá a ordem. Isto também está prenunciado, pois V representa um Cristo/anti-Cristo e Evey é a segunda vinda. O trecho em inglês do poema original é o seguinte:
Turning and turning in the widening gyre the
Falcon cannot hear the falconer.
Things fall apart…
the centre cannot hold.

54, -, – Todavia, como se diz, vale tudo no amor e na guerra. Como, no caso, trata-se de ambos, maior a validade./ Embora ostente os cornos de um traído, não serão/ eles uma coroa que usarei sozinho./ Como vê, meu rival, embora inclinado a pernoitar fora,/ Amava a mulher que tinha em casa./ Há de se arrepender/ O vilão que roubou meu único amor,/ Quando souber que, há muitos anos…/ Eu me deito com o seu.

V fala freqüentemente, como ele faz aqui, em pentâmetro iambico, que é um esquema rítmico. Cada linha consiste em cinco pés métricos, cada um dos quais contêm duas sílabas, uma breve (átona) e uma longa (acentuada), (Encyclopedia Americana 688). Simplificando, um pentâmetro iambico é uma coluna de cinco estrofes, cada uma formada por um iambo, que é uma medida – um pé de verso – constituído de uma sílaba breve e outra longa. Falando em versos brancos, característicos de peças Jacobeanas, V presta uma homenagem. Era comum que os dramas Jacobeanos fossem uma peça de vingança, que V imita em mortal adaptação ao longo da história. O texto original em inglês é o seguinte:
Still all in love and war is fair, they say,
this being both and turn-about’s fair play.
Though I must bear a cuckold’s horns, they’re not a crown that I shall bear alone. You see,
my rival, though inclined to roam, possessed
at home a wife that he adored. He’ll rue
his promiscuity, the rogue who stole
my only love, when he’s informed how
many years it is since first I bedded his.


56, -, – A Queda dos Dominós (imagem)

Os dominós, que V tem colocado em pé desde o começo, estão prontos para cair. Na pequena história de Harlan Ellison ‘Repent, Harlequin!’ said the Ticktockman ( Arrependa-se, Arlequim! disse o Homem-Tick-Tack), o primeiro ato de terrorismo do Arlequim é descrito dessa forma:
Ele tinha tocado o primeiro dominó na linha, e um após o outro, em um ‘chik, chik, chik’, tinham caído.
‘Repent, Harlequin!’ said the Ticktockman demostra uma ridícula distopia onde o tempo é tanto os meios quanto os fins para o facismo; nisto, o atraso é erradicado pela constante exigência da vingança bíblica: se um indivíduo está dez minutos atrasado, dez minutos são tomados do fim de sua vida. Neste mundo, o Arlequim, disfarçado com uma fantasia de palhaço, consegue perturbar o tempo derramando 150.000 dólares em balas de mascar em uma multidão de transeuntes que esperam em uma calçada móvel. As balas de mascar, que são um mistério já que foram deixadas de ser fabricadas há mais de cem anos (como os fogos de artifício de V e o badalar do Big Ben na página 145 de V de Vingança), literalmente impede o funcionamento da calçada e anula todo o sistema desse mundo por sete minutos. Este ato faz do Arlequim um terrorista contra o estado, e o Mestre Controlador do Tempo (o Homem-Tick-Tack do título) tem que descobrir a identidade do encrenqueiro antes do sistema ser totalmente destruído. Muitos dos truques de V são semelhantes aos do Arlequim: ambos usam fogos de artifício para se comunicar com as massas, e ambos aparecem sobre edifícios para zombar das massas com canções ou poemas. O Ticktockman sabe, como Finch, que a identidade do Arlequimé menos importante que o entendimento de o que ele é. O Arlequim e V fundamentalmente representam idéias opostas àqueles que dirigem seus mundos, e ambos, embora usem de destruição, semeiam os que detém o poder para demolir as realidades que os consomem. Ambos são, de certa forma, celebridades, e ambos são inimigos do estado porque eles querem ser reformadores deste [uma referência à Civil Disobedience (Desobediência Civil) de Henry David Thoreau].

PARTE 5

1, 2, 2, Dietilamida de Ácido Lisérgico

Também conhecido como LSD ou LSD-25, esta droga é um psicotrópico que induz a um estado de psicose. Foi isolada pela primeira vez em Basle, Suíça, em 1938 por Albert Hoffman, que a sintetizou a partir de um fungo que ataca cereais, causando uma moléstia conhecida como ferrugem de gramíneas (Stevens 3-4).

2, 1, 1, Quatro tabletes

Hoffman também foi a primeira pessoa a experimentar a LSD-25. No seu primeiro experimento, ele usou 250 miligramas (Stevens 4). Ele experimentou uma violenta viagem e as doses subseqüentes foram reduzidas para menos de dois terços da quantidade inicial (Stevens 10). Assim, os quatro tabletes de Finch, cada um com 200 miligramas, era uma quantidade muito, mas muito excessiva.

5, 3, 1, …in nomini patri, et filii, et spiritus sancti…

Latim, da missa Cristã: Em nome do Pai, e do Filho, e do espírito santo.

7, 2, -, La Voie… La Verite… La Vie.

Estas palavras são francesas, e significam, respectivamente, o caminho (ou a estrada), a verdade, a vida.

7, 3,1, Stonehenge

Um dos maiores e mais completos monumentos de pedra dispostas da Inglaterra. Sua origem e propósito são desconhecidos, mas se acredita que tenha sido ou um tipo de local de observação astrológica, ou um lugar para cerimônias religiosas, ou ambos.

9, 1, 3, Everytime we say goodbye…I die a little./ Everytime we say goodbye, I wonder/ why a little. Do the gods above me, who must/ be in the know think so little of me they’d/ allow you to go?

A citação é de uma canção de Cole Porter intitulada Ev’ry time we say goodbye (Toda Vez Que Dizemos Adeus), do espetáculo de Porter, Seven Lively Arts, de 1944. Porter (1891-1964) foi um compositor americano que escreveu trabalhos sinfônicos de jazz e musicais. Ele é mais lembrado por sua adaptação da peça de Shakespeare, The Taming of the Shrew (A Megera Domada), no musical Kiss me, Kate (Lax and Smith 611; Havelince 200).
Uma tradução livre para esse trecho da canção é a seguinte:
Toda vez que dizemos adeus… Eu morro um pouco. Toda vez que dizemos adeus, eu desejo saber um pouco porquê.
Será que os deuses acima de mim,
que sabem tanto de tudo, pensam tão pouco em mim,
a ponto de permitir que você se vá?

9, 2, 2, Faze o que quiseres, Eve. Essa será a única lei!

Esta é a Lei de Thelema, de Aleister Crowley, em sua publicação de 1904, The Book of the Law (O Livro da Lei). Crowley foi um controverso e mal-compreeendido mago e ocultista dos meados do século XIX e início do século XX. Ele declarou que esse livro foi ditado a ele por seu espírito guardião, um deus-demônio, a encarnação de Set, um deus egípcio, a quem Crowley chamava de Aiwas. Embora alguns interpretem a lei como permissão para fazer pura anarquia, pode na verdade significar que alguém tem que fazer o que deve fazer e nada mais (Guiley, 76).

13, 1, 1, … uma história de Ray Bradbury que você me leu, sobre um trigal…

A história é A Foice, do livro The October Country. O livro contém outros nove contos, e aqui no Brasil foi publicado com o nome de Outros Contos do País de Outubro.

15, 2, 1, Eu estou esperando o homem.

Esta é uma citação da canção de Velvet Underground Heroin (Heroína) sobre um viciado que espera por sua conexão que vai trazer mais de sua droga para lhe vender.

15, 3, 3, Adeus, Minha Adorada (Cartaz)

Este filme de 1945, cujo título em inglês é Farewell, My Lovely, foi produzido pela RKO. Foi um dos primeiros filmes noir, um estilo caracterizado pelo violência e depravação de suas personagens, seu enredos complexos e sua fotografia sombria e de alto-contraste. Este filme foi adaptado de um romance de Raymond Chandler, e trata da procura de um detetive particular pela namorada de um ex-condenado (Halliwell 314).

21, 2, 2, Eva Perón…, Evita…e Não Chores por mim, Argentina…
Eva Perón foi a esposa de Juan Perón, antigo presidente da Argentina,de 1946 a 1952. Eva Perón, também conhecida como Evita, controlou o sindicato trabalhista, e os purgou de seus líderes, fazendo-os assim completamente dependente do governo. Ela também suprimiu grupos que a insultavam. Porém, ela era bastante querida por muitos de Argentina. Eva Perón inspirou um musical, Evita, escrito por Andrew Lloyd Webber, e encenado pela primeira vez em Londres em 1978.

23, 1, 1, …e deu estes passos em tempos antigos…

As primeiras linhas do poema And Did Those Feets, de William Blake.

27, 2, – …então, como podes me dizer que estas sozinho…/ … e afirmar que o sol não brilha para ti?/ Dá-me tuas mãos e vem comigo pelas ruas de Londres./ Eu lhe mostrarei algumas coisas…/ … que te farão mudar de idéia.

Esta pode ser uma canção real; porém, Fui incapaz de determinar sua origem ou qualquer outra informação sobre ela.

41, 3, 1, … um funeral viking.

Os vikings enterravam seus mortos primeiro colocando o cadáver em um navio e, depois de atear fogo na embarcação, empurravam-na para dentro do mar.

41, 3, 1, Ave atque vale

Latim, que significa, Olá e adeus (Simpson 63, 70, 629).

52, 1, 2, Les Miserables (cartaz)

Este cartaz pertence a Les Miserables (Os Miseráveis), uma moderna peça de ópera de Claude-Michel Schonberg, baseada no romance de Victor Hugo e encenada pela primeira vez em Londres em 1980. Fala sobre um insignificante ex-criminoso que, saído da prisão, se torna um líder revolucionário (Behr 391).

55, 2, 2, As notícias de minha morte foram… exageradas.

Esta citação é de um telegrama enviado de Londres à Associated Press por Mark Twain, escritor americano, em 1897 (Bartletts 625).

Por Madelyn Boudreaux – 27 de abril de 1994.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/popmagic/v-de-vinganca-guia-de-referencias/

A Quimbanda e o Povo Cigano

por T.Q.M.B.E.P.N

A sobrevivência da etnia cigana segue, como os lobos, as leis instintivas da horda!” (Oswaldo Macedo. Ciganos, natureza e cultura).

​Apesar da Quimbanda ter um domínio próprio para os espíritos ciganos, não existe uma liturgia sobre a extensão real do mesmo. Tudo que temos são fragmentos de experiências pessoais ou relatos recebidos por outros quimbandeiros. Dificilmente vemos um adepto da Sagrada Quimbanda Brasileira desenvolver a Linha Cigana e isso ocorre porque existem muitos terreiros de Umbanda que ‘praticam’ a Quimbanda e quando se desenvolvem com a Linha Cigana iniciam um ‘teatro’, onde médiuns maquiados, carregando sotaques latinos e expressões corporais que mesclam dança do ventre, cigana e indiana, interagem com as pessoas, entretanto, são proibidos de exercerem a verdadeira Magia Cigana e acabam atrelados à uma suposta Lei ordenada pelos Orixás.

​Entendemos que a Quimbanda é uma religião sem pré-conceitos, dessa forma temos liberdade para buscarmos dentro do Reino da Lira a Legião de Ciganos e Ciganas que serão encantados com a Lei do Sangue e poderão emanar plenamente suas essências. Temos plena ciência que os Ciganos são poderosos feiticeiros capazes de modificar o fluxo dos caminhos. Fechados, ardilosos e sábios, o Povo Cigano tem muito a contribuir com o desenvolvimento dos adeptos.

​O ícone dessa linha é a Pombagira Cigana. Glorificada em todas as casas de Quimbanda, esse espírito trás um movimento único quando é evocada para um ambiente. Senhora das Estradas e da Boa Sorte se divide por nomes que representam suas qualidades. Junto a essa Senhora, o responsável pela gestão é o Exu Cigano. Dono das rodas, esse espírito determina a evolução e o comércio de um grupo. Por vezes é agressivo e violento, mas torna-se cordial depois de alguns contatos. Todo Povo Cigano é cercado de mistérios e adoram exaltá-los como forma de confundir aqueles que não são parte de sua linhagem. Eles nos ensinam que existem formas diversas (manifestas pelas muitas cores que eles trabalham) de ludibriarmos o destino, imposições e limitações que consequentemente nos abatem.

​Existe um véu obscuro de cobre o grupo cigano: A descendência Caiinita. Segundo as lendas, os ciganos são os descendentes diretos de Cain. Por tal motivo vagam pela Terra em busca de seu espaço sagrado, donde edificarão o Reino do Primeiro Assassino. Outra lenda é que os ciganos foram responsáveis pela confecção dos pregos que prenderam Jesus na cruz. Se associarmos o Povo Cigano com a linhagem de Cain encontraremos a Tradição da forja, ensinada pelo Mestre Tubal-Cain (descendente) nos Ciganos Kovatsa. Isso não significa que os Ciganos fizeram os pregos, mas que certas relações esotéricas possivelmente estavam ocultas nas brumas dessa lenda.

​Uns alegam que são ladrões e prostitutas que vagam pela Terra, outros que são os mais poderosos magos, ninguém sabe exatamente quem são os não os ciganos, pois não existe um controle de inserção nas comunidades. “Ou é Cigano de Sangue ou é Cigano de Alma, porém, sempre Cigano!” (Exu Cigano)

A história é marcada de passagens onde o sofrimento do Povo Cigano tomou proporções assustadoras. Assim como os Judeus, esse Povo foi perseguido na segunda guerra e morto em campos de extermínio, mas antes disso foi escravizado, perseguido e humilhado. Muitos Ciganos tinham que fingir serem cristãos para poder ter acesso às cidades, haja vista que na Europa as cidades tinham medo deles. Alguns grupos tinham dons musicais e promoviam-se através de espetáculos, outros mesclavam música com misticismo promovendo a leitura de cartas, quiromancia e trabalhos espirituais sentimentais, entretanto, dentro desses grupos temos relatos de ciganas que se prostituiam. Os homens ciganos acabaram se tornando mestres nos negócios, pois levavam novidades em suas carroças para todas as partes do mundo.

“Sua religião era desconhecida, apesar de se dizerem cristãos, mas sua ortodoxia era mais que duvidosa. De onde vinham eles? De que mundo maldito e desaparecido…? Eram os filhos das feiticeiras e dos demônios? Que salvador moribundo e traído os condenara a marchar para sempre? Era a família do judeu errante? Não seria o resto das dez tribos de Israel perdidas…?” LEVI, Eliphas (Alphonsus Louis Constant). História da Magia. [Trad. Rosabis Camayasar]. São Paulo: Pensamento, 2005.

​A pressão que o mundo exerceu sobre esse Povo foi tão intensa que dificilmente não iriam sucumbir. O cigano aprendeu sobreviver usando todas as artimanhas possíveis que vão desde a falsificação de documentos, roubos, venda de ouro e joias falsas, enfim, usam de todos os meios lícitos ou não para assegurarem sua existência. Não podemos generalizar essa questão, pois todos os documentos oficiais que encontramos para dar embasamento nesse texto assim apontam. Sabemos que não existe uma história oficial sobre eles e que quase tudo que foi escrito veio de pessoas que não eram ciganos, dessa forma relatamos com parcimônia certas questões.

​“Mas deixando de lado a correção noética dessas práticas, no que diz respeito aos ciganos, é um traço cultural revelador que permite afirmar com certeza: 1. a antiguidade desses nômades na escala do passado histórico. O conhecimento e domínio desses Oráculos, desses métodos divinatórios que, sabe-se são de origem bem remota, essas “artes” sendo mantidas como forte tradição entre os ciganos significa que muito possivelmente todas as hipóteses dos estudiosos estão certas: os Ciganos transitaram pelo mundo, na Antiguidade, desde a Índia, Mesopotâmia, Egito, oriente Médio e depois, Grécia, leste europeu, Ásia Menor, até buscarem as terras mais ao Ocidente da Europa já entre meio-fim da Idade Média.

“De cada lugar visitado, país, região, de cada terra que lhes serviu de pouso, eles absorveram um tanto de cultura. Ou seja, adotaram práticas, fizeram escolhas e apropriaram-se delas de acordo com sua própria necessidade e conveniência. Práticas, saberes, do linguajar, da religiosidade, das tecnologias, dos costumes alimentares, vestuário, artes (especialmente musicalidade), convenções sociais.” VILAS-BOAS DA MOTA, Ático. Ciganos: Antologia de ensaios. Brasília: Thesaurus, 2004

​Para a Quimbanda a história tem uma importância fundamental, pois sem fatos não poderíamos alicerçar nossas práticas e condutas. Assim, entendemos que devemos apresentar o Povo Cigano como mais uma Tradição vítima de pressão por parte do Sistema Vigente. Assim como africanos e nativos, os ciganos se dividiram entre aqueles que aceitaram e se adaptaram às imposições e os que se rebelaram e confrontaram o Sistema à sua forma. Chegaram em Terra Brasileiras através das naus portuguesas como condenados da Justiça ou do Santo Ofício por volta do século XVI. A primeira leva era da etnia calon e somente no século XIV vieram os romani, porém, de forma voluntária ou para se esconder de condenações.

​Esse dado é importantíssimo, pois desmistifica apenas a aparição de espíritos que mesclam língua espanhola com língua portuguesa, haja vista que os Calon adotaram a língua como oficial e apenas inseriram parte de um dialeto particular para diferenciá-los.

​Em Terras Brasileiras, apesar de chegarem extraditados, não foram escravizados como ocorreu em outras partes do mundo. Alguns Ciganos, ao contrário do que as pessoas pensam, dedicaram-se ao comércio de escravos e atingiram grandes fortunas. Mas essa não é a regra. Até a atualidade são um Povo excluído, analfabeto e que sofre pelas diferenças sociais.

​Os espíritos ciganos que foram atraídos pela imantação da Quimbanda certamente foram e são os mais arredios à pressão material. Esses foram assassinos, ladrões, estelionatários, vagantes sem fé, magos negros, feiticeiras implacáveis, curandeiros, prostitutas, chefes intransigentes e violentos que lutavam pela sobrevivência de um Povo massacrado pelo Sistema. Esses espíritos jamais se submeteriam às Leis da Umbanda ou de qualquer outra expressão religiosa que não fornecesse a verdadeira Luz de Lúcifer. Os Ciganos da Quimbanda são a máscara mais perfeita dentro do Culto de Exu, pois ludibriam, enfeitiçam, praguejam, amaldiçoam e libertam enquanto dançam e bebem.

​Muitos feitiços e práticas que usamos na Quimbanda Brasileira possuem fundamentos ciganos. Não temos a exata noção do tamanho dessa influencia, mas ao estudarmos a Magia Cigana antiga começamos vislumbrar muitas similaridades. O mais impressionante é que as influencias já haviam ocorrido antes do descobrimento do Brasil, principalmente na Europa e Ásia. O culto lunar, o uso de talismãs, objetos de poder (chaves, ferraduras, moedas, etc.), quiromancia, cartas, runas, enfim, a Magia Cigana está fortemente presente em muitas Tradições de Bruxaria. Para a formação da Quimbanda Brasileira destacamos a Tradição Ibérica e, consequentemente, as Bruxas e Bruxos extraditados pelo Santo Ofício para as Terras colonizadas por Portugal e Espanha. Também encontramos referencias ciganas na Tradição Stregheria (Italiana). Certo é que os Ciganos absorvem tudo que podem sobre a Cultura e religião dos lugares onde estão e direta ou indiretamente em suas andanças e peregrinações acabam influenciando outros Povos. Esotericamente, são portadores das sementes do conhecimento proibido que só comercializam-nas para as pessoas que tem a coragem de procura-los e desnuda-los.

​Desenvolver a Linha Cigana na Quimbanda não significa que os adeptos deverão zelar de mais um espírito, tampouco, incorpora-lo. O adepto deverá ser apresentado ao Exu Cigano e Pombagira Cigana – chefes do Sub-Reino (esses representam o Rei e a Rainha Cigana) e reverenciar esse Povo. Após fazer as oferendas corretas, serão iniciados nos mistérios do ‘Baralho Cigano’ que, dentro da Quimbanda Brasileira, é um poderoso oráculo.

​Existem casos em que o adepto deseja se aprofundar na Magia Cigana. Para esses, após um estudo profundo sobre sua espiritualidade, um espírito da corrente Cigana deverá ser eleito como Mentor (a). Se essa relação enraizar demasiadamente, o adepto deverá zelar desse espírito da mesma maneira que zela de seus Mestres Pessoais. É uma grande responsabilidade. Por isso, só fazemos essa apresentação nos adeptos que tenham controle sobre sua espiritualidade e já estejam em graus elevados de ‘simbiose’ com seus Mestres Pessoais.

​Para os adeptos que possuem uma ancestralidade espiritual emanada pela corrente Cigana os feitiços e magias desse Povo fluem com imensa facilidade. Geralmente esses adeptos tem uma boa intuição e conseguem se desenvolver nos oráculos muito melhor do que os demais adeptos. Mas a contraparte é que da mesma maneira que dons são favorecidos, outros aspectos nocivos podem aflorar se o adepto não aprender filtrar as energias canalizadas. O Povo Cigano é a expressão máxima de Liberdade, mas essa tem muitos níveis e em alguns deles o adepto pode se perder e criar labirintos psíquicos. Esse também é um dos motivos que Nossa Tradição entende como fundamental para só fazer o desenvolvimento Cigano nos adeptos mais experientes.

​Fonte: https://quimbandabrasileira.wixsite.com/ltj49/povo-cino

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-quimbanda-e-o-povo-cigano/

Afinal de contas, o que torna o TdC Especial?

Por Frater Dybbuk,, Zelator do AA

Nos dias de hoje, onde qualquer estudante de primeiro ano de filosofia pode inventar para si um titulo pomposo e criar um blog esotérico para tentar impor suas verdades, e dezenas de blogs de magias e pactos e ordens e curiosos de todos os calibres esquisotéricos surgem a cada dia na internet, como podemos saber se determinado autor é confiável?

Eu me fiz essa pergunta oito anos atrás, quando encontrei com o Del Debbio pela primeira vez em uma loja Maçônica, em uma palestra sobre “Kabbalah Hermética” (que vocês ja devem ter assistido pelo menos alguma versão dela. São todas iguais, mas todas diferentes. Só assistindo duas para ver. Para quem não viu, tem um link de uma delas no youtube Aqui). Adoro essa palestra porque sempre os judeus tradicionais se arrepiam todo quando ele faz as correlações da árvore das vidas com outras religiões. E este, talvez, seja o maior legado que ele deixará na história do Hermetismo.

Mas o que o gabarita para fazer estas afirmações?

Talvez porque a história do MDD dentro das Ordens iniciáticas seja única. A maioria de nós, estudiosos do ocultismo pré-internet, começávamos pela revista Planeta, depois comprávamos os livros da editora Pensamento, entrávamos na Maçonaria, em alguma ordem rosacruz e seguíamos pela senda sem nunca travarmos contato com outras vertentes. Quem é da macumba, caia em um terreiro escondido no fundo de algum quintal e ficava por lá décadas, isolado. Cada um com suas verdades…

O DD começou em 1989 lá na Inglaterra. E ainda teve sorte (se é que alguém aqui ainda acredita que existam coincidências) de cair em um craft tradicional de bruxaria, com a parte magística da coisa (que inclui incorporações) e contato com o pessoal da SRIA, do AA e de outros grupos rosacruzes. Quando voltou para o Brasil, talvez tivesse ficado trancado em seu quarto estudando e nunca teríamos este blog… mas ele também foi um dos primeiros Jogadores de RPG aqui no Brasil. (RPG é a sigla de um jogo que significa “role playing games” ou jogos de teatro). Em 1995 publicou um livro que utilizava o cenário medieval de mitologias reais em um jogo que foi um dos mais vendidos da história do RPG no Brasil (Arkanun). Por que isso é importante?

Porque ele se tornou uma espécie de celebridade pop. E isso, como veremos, foi de importância vital para chegarmos onde estamos hoje (vai anotando as coincidências ai…).

Bem, o DD se graduou em arquitetura e fez especializações em história da arte, semiótica e história das religiões comparadas. De um trabalho de mais de dez anos de pesquisas, publicou a Enciclopédia de Mitologia, um dos maiores trampos sobre o assunto no Brasil.

Com a faculdade veio a maçonaria e aqui as coisas começam a ficar interessantes. Por ser um escritor famoso, ele conheceu o Grande Secretário de Planejamentos do GOB, Wagner Veneziani Costa, um dos caras mais importantes e influentes dentro da maçonaria, editor da Madras, uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço e fundador da loja maçônica Madras, que foi padrinho do Del Debbio. E aqui entra o ponto que seria crucial para a história do hermetismo no Brasil, a LOJA MADRAS.

No período de 2004 a 2008, a ARLS Madras contou entre seus membros com pessoas como Alexandre Cumino (Umbanda), Rubens Saraceni (Umbanda Sagrada), Johhny de Carli (Reiki), Cláudio Roque Buono Ferreira (Grão Mestre do GOB), Sérgio Pacca (OTO, Thelemita e fundador da ARLS Aleister Crowley), Mario Sérgio Nunes da Costa (Grão Mestre Templário), Adriano Camargo Monteiro (LHP, Dragon Rouge), José Aleixo Vieira (Grande Secretário de Ritualística), Severino Sena (Ogan), Waldir Persona (Umbanda e Candomblé), Carlos Brasilio Conte (Teosofia), Alfonso Odrizola (Umbanda, diretor da Tv espiritualista), Ari Barbosa e Cláudio Yokoyama (Magia Divina), Marco Antônio “Xuxa” (Martinismo), Atila Fayão (Cabalá Judaica), César Mingardi (Rito de York), Diamantino Trindade (Umbanda), Carlos Guardado (Ordem da Marca), Sérgio Grosso (CBCS), entre diversos outros experts em áreas de hermetismo e ocultismo. Agora junte todos estes caras em reuniões quinzenais onde alguém apresentava uma palestra sobre um tema ocultista e os outros podiam questionar e debater sobre o assunto proposto com seus pontos de vista e você começará a ter uma idéia do que isso representou em termos de avanço do conhecimento.

Entre diversas contribuições para a maçonaria brasileira, trouxeram o RER (Rito Escocês Retificado), O Rito Maçônico-Martinista, para o Brasil, fundando a primeira loja do rito, ARLS Jerusalem Celeste, em SP, e organizaram as Ordens de Aperfeiçoamento (Marca, Nauta, Arco Real, Templários e Malta). O Del Debbio chegou a ser Grande Marechal Adjunto da Ordem Templária em 2011/2012.

Em paralelo, tínhamos a ARLS Aleister Crowley e a ARLS Thelema, onde naquela época se estudava magia prática e trocávamos conhecimento com a OTO no RJ (Loja Quetzocoatl, com minha querida soror Babalon) e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema (que, dentre outros, tivemos a honra de poder conversar algumas vezes com Frater Áster – Euclydes Lacerda – antes de seu falecimento em 2010). Além disso, tínhamos acesso a alguns dos fundadores do movimento Satanista em São Paulo e Quimbandeiros (cujos nomes manterei em segredo para minha própria segurança ).

Palestra no evento de RPG “SANA”, em 2006. Eu avisei que ele era subcelebridade, não avisei? Bem… nesse meio tempo, o MDD já estava bem conhecido dentro das ordens Iniciáticas, dando diversas palestras e cursos fechados apenas para maçons e rosacruzes. De dia, popstar; de noite, frequentando cemitérios para desfazer trabalhos de magia negra com a galera do terreiro. Fun times!

Ok, mas e a Kabbalah Hermética?

O lance de toda aquela pesquisa sobre Mitologia e suas correlações com a Cabalá judaica o levou a estudar a Torah e a Cabalá com rabinos e maçons do rito Adonhiramita por 5 anos, tendo sido iniciado na Cabalá Sefardita em um grupo de estudos iniciáticos coordenado pelo prof. Edmundo Pellizari (Ras Adeagbo). Apesar da paixão e conhecimento pela cultura judaica, ele escolheu não se converter (segundo palavras do próprio “Não tem como me converter ao judaísmo; como vou ficar sem filé à Parmigiana?“). Seus estudos se intensificaram entre os textos de Charles “Chic” Cicero via suas publicações na Ars Quatuor Coronatorum, nas Lojas Inglesas e os textos de Tabatha Cicero via Golden Dawn.

A idéia da Kabbalah associada aos princípios alquímicos, unificando tarot, alquimia e astrologia sempre levantou uma guerra com os judeus ortodoxos, que consideram a Cabalá algo profundamente vinculado à sua religião (por isso costumamos grafar estas duas palavras de maneira diferente: Kabbalah e Cabalá.

Em 2006, Adriano Camargo publica o “Sistemagia”, um dos melhores guias de referência de Kabbalah Hermetica, onde muitas das correlações debatidas em loja foram aproveitadas e organizadas.

No meio de todos estes processos de estudos, chegamos em 2007 em uma palestra na qual estava presente o Regis Freitas, mais conhecido como Oitobits, do site “Sedentário e Hiperativo”, que perguntou a ele se gostaria de ter um blog para falar de ocultismo. O nome “Teoria da Conspiração” foi escolhido pelo pessoal do S&H e em poucas semanas atingiu 40.000 leitores por post.

Del Debbio se torna a primeira figura “pública” dentro do ocultismo brasileiro a defender uma correlação direta entre os orixás e suas entidades com as Esferas da Árvore das Vidas e as entidades helênicas evocadas nos rituais da Golden Dawn “Apenas uma questão de máscaras que a entidade espiritual escolherá de acordo com a egrégora em que estiver trabalhando” disse uma vez em uma entrevista.

Estes trabalhos em magia prática puderam ser feitos graças ao intercâmbio de conhecimentos na ARLS Madras, pois foi possível que médiuns umbandistas estudassem hermetismo, kabbalah e cabalá em profundidade e, consequentemente, as entidades que trabalham com eles pudessem se livrar das “máscaras” africanas e trabalharem com formas mais adequadas, como alquimistas, templários e hermetistas. Com a ajuda dos terreiros de Umbanda Sagrada, conseguimos trabalhar até com judeus estudiosos da cabalá que eram médiuns, cujas entidades passaram grandes conhecimentos sobre correspondências dos sistemas judaico e africano, bem como de sua raiz comum, o Egito. A maioria deste conhecimento ainda está restrito ao AA, ao Colégio dos Magos e a outros grupos fechados mas, aos poucos, conforme instruções “do lado de lá”, estão sendo gradativamente abertos.

Em 2010, conhece Fernando Maiorino, diretor da Sirius-Gaia e ajuda a divulgar o I Simpósio de Hermetismo, onde participam também o Frater Goya (C.I.H.), Acid (Saindo da Matrix), Carlos Conte (Teosofia), Renan Romão (Thelema) e Ione Cirilo (Xamanismo). Na segunda edição, em 2011, participam além dos acima o monge Márcio Lupion (Budismo Tibetano), Mário Filho (Islamismo), Alexandre Cumino (Umbanda), Adriano Camargo (LHP), Gilberto Antônio (Taoísmo) e Lázaro Freire (projeção Astral).

A terceira edição ampliou ainda os laços entre os pesquisadores, chamando Felipe Cazelli (Magia do Caos), Wagner Borges (Espiritualista), Claudio Crow (Magia Celta) e Giordano Cimadon (Gnose).

O Blog do “Teoria da Conspiração” também cresce, agregando pensadores semelhantes. Além de textos de todos os citados neste post, também colaboram estudiosos como Jayr Miranda (Panyatara, FRA), Kennyo Ismail (autor do blog “No Esquadro” e um dos maiores pesquisadores contemporâneos sobre maçonaria), Aoi Kwan (Magia Oriental), Raph Arrais (responsável pelas belíssimas traduções da obra de Rumi), o Autor do blog “Maçonaria e Satanismo” (cujo nome continua em segredo comigo!), Tiago Mazzon (labirinto da Mente), Fabio Almeida (Música e Hermetismo), Danilo Pestana (Satanismo), Bruno Cobbi (Ciganos), PH Alves e Roe Mesquita (Adeptus), Frater Alef (Aya Sofia), Jeff Alves (ocultismo BR), Yuri Motta (HQs e Ocultismo), Djaysel Pessoa (Zzzurto), Leonardo lacerda e Hugo Ramirez (Ordem Demolay).

A ARLS Arcanum Arcanorum, braço maçônico da Ordem de Estudos Arcanum Arcanorum, que trabalha em conjunto com a SOL (Sociedade dos Ocultistas Livres), o Templo Aya Sofia, o Colégio dos Magos e o Teoria da Conspiração.

E os frutos desse trabalho se multiplicaram. Com o designer Rodrigo Grola, organizou o Tarot da Kabbalah Hermética, possivelmente um dos melhores e mais completos tarots que existem, além dos pôsteres de estudo. Hoje seus alunos estão desenvolvendo HQs, Livros, Músicas, dando aulas e até mesmo produzindo um Filme baseado nos estudos da Kabbalah Hermética (“Supernova”).

E o estudo de mitologias comparadas, kabbalah e astrologia hermética nunca mais será o mesmo. Isso se chama LEGADO.

E ai temos a resposta que tive para a pergunta do início do texto: Como saber se um autor é confiável? Oras, avaliando toda a história dele e quais são suas bases de estudo, quem são seus professores, quais as pessoas que o ajudam e quem são seus inimigos. Quais são os caras que ele pode perguntar alguma coisa quando tem dúvida? e quais são os caras que tentam atrapalhar o seu trabalho?

—-

Pronto. Aqui está o texto que eu tinha prometido sobre os doze anos de Blog. Parabéns, Frater Thoth, já passou da hora de alguém começar a organizar uma biografia decente sobre os seus trabalhos.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/afinal-de-contas-o-que-torna-o-tdc-especial

Fenômenos Estranhos

“Observatio diuturna, notandis rebus, fecit artem”, dixit Cicero num livrinho que se intitula De divinatione Liber II“Observatio diuturna, notandis rebus, fecit artem”, dixit Cícero num livrinho que se intitula De divinatione Liber II. Essa passou a ser a divisa do Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina do Porto que se tornou, ao tempo de J. A. Pires de Lima, um centro de estudos de teratologia descritiva. Que fazer dos nado-mortos, senão autópsias? Que fazer do conceito biométrico de anomalia, ou do conceito estatístico de normalidade?

É verdade. Para ver basta ter olhos. Olhar exige muito mais: é necessário discernir o visível de si próprio, distinguindo nele planos em profundidade e em largura, delimitar formas, observar mudanças e seguir movimentos. Olhar acaba por ser impôr objectivos ao visível e, pouco a pouco, a fazer dele objectos.

A ciência tal qual é. A ciência pura. Puros fantasmas ao serviço de. Agamben, ao fazer a genealogia do conceito de vida, conclui que em toda a medicina grega não há um conceito médico-científico, como se pensa, mas um conceito filosófico-político. “O homem é o ser vivo que não tem nenhuma vocação biológica, histórica, etc.. É um ser de potência que não se identifica com nenhuma figura determinada” (Guerreiro).

O fantasma da inquisição é a pureza da fé. Que destino tiveram os judeus e os ciganos, mas também os atrasados mentais e outras criaturas consideradas como desvios à “raça pura”? Onde nos levará o horroroso culto da uniformização em que todos temos de corresponder a um formato? A que fantasma serve a ciência? De que “vida” se ocupa? Que formas de eugenismo dissimula desde Francis Galton (1890/1962) que defende o apuramento da raça humana através de cruzamentos selectivos? (Agamben). Não teremos entrado há muito na projecção aterrorizadora de uma forma de eugenismo, não ideológico – aquele que designaria categorias de pessoas que não merecem viver – mas técnico? Não se terá a técnica separado da ciência que servia a Vida, que, essa, fala em verdade? Não estará o próprio discurso ético a alinhar-se com o discurso técnico, sob pretexto de caridade: fazer as coisas o melhor possível? Barbosa Sueiro fala, a propósito da anatomia, de “finalidade utilitária – mas de virtuoso utilitarismo”.

“O monstro reflecte sempre uma determinada ordenação do mundo, seja este natural ou cultural. Eles são a ruptura da ordem em que cristalizam valores sociais e formas de conhecimento. Produz sentimentos e reacções contraditórias: medo, temor, asco, mas também prazer e lubricidade. Parte às vezes de uma cultura demonológica, outras vezes representação do exótico, do desconhecido, do estranho. Ou se manifesta de forma lúdica (lusus naturae), carnavalesca, ou transporta consigo o estigma da admonição (Deus Irae). O monstro não é só o negativo de formas variadas, mas também de graus diferentes de civilidade. Ambíguo, portanto (Mourão). O recurso à Antiguidade tem aqui alguma pertinência. A definição aristotélica de monstro (teras): “Aliás aquele que não se parece com os pais é já, de certa maneira, um monstro porque, neste caso, a natureza se afastou do tipo genérico” (Aristóteles). Um andrógino é um prodígio que publicamente deve ser exposto como sinal maléfico que o Estado deve fazer desaparecer. Levou tempo para que se passasse a uma outra atitude: interpretar o fenómeno como um erro da natureza, uma má-formação anatómica rara, mas explicável. Os seres dotados dos dois sexos serão vistos como um jogo da natureza, é o que Plínio o Velho explicitamente diz. A bixexualidade foi recebida primeiro como monstruosidade, ameaça, depois como fenómeno explicável e finalmente tolerado, recuperado como um “bem” de consumo (Bisson).

A norma anatómica (Sueiro, 1950) faz lei. “Monstra vero per excessum sunt”, escreve Vandelli (1776). Porém, o normal foi sempre a crux da ciência. As normas são essenciais aos discursos que animam a vida social. A sua constituição esquemática explica o impacto afectivo que acompanha a sua aparição discursiva. A norma parece exigir uma boa distância, da parte das ocorrências que ela avalia, e que não devem tomar o seu lugar. As normas manifestam uma sensibilidade dupla, correspondendo a uma topologia com duas entradas (pouco/assaz/demasiado), que regula os comportamentos aproximativos, nomeadamente a imprecisão exigida, de todos os fenómenos normativos, do domínio da gramática ao da jurisdição. Mas, em último caso, na norma trata-se da estabilização do imaginário através da referência ao semelhante, mecanismo que caracteriza a identificação categorial e analógica, diz P. A. Brandt.

Não obstante, mesmo entre cientistas o conceito de norma está sujeito a discussão. Carlos May Figueira (1864) considera impossível aceitar a ideia de Pareo, segundo a qual haveria hermafroditas com dupla aptidão geradora. Geoffroy Saint-Hilaire (fundador da teratologia em bases científicas) tem a melhor classificação: “hermafroditas com excesso e sem excesso). Para Luís Guerreiro (1921) o corpus da anatomia é o corps – cadáver. E, no entanto, tudo isto é considerado Biologia.

É fácil identificar um monstro. É fácil idealizar a forma humana, as suas variações musculares. Para o naturalista a vida não tem mistérios, tão bem ele vê, tão bem educou o senso crítico. Não será então necessário bem ver para melhor compreender? Se não podemos negar ao corpo medical uma existência histórica, científica ou ideológica, é pelo menos necessário reconhecer que esse corpo não é todo o corpo (quer dizer o todo duma imaginação do seu real) e trabalhar pelo menos com o mínimo de imaginário com que Valéry tentava descobrir nele funções figurativas, ordens fantasmáticas.

Todo o discurso médico contemporâneo, higienista e moral, de que as bonecas de Pierre Spitzner são uma espécie de caricatura, apoia-se num catálogo desordenado das aberrações de imagens do corpo (Schefer). Para lá das aberrações iconológicas, é necessário notar que a “escrita” médica não tende a fazer significar algo ao corpo. E não se esqueça o seguinte: “From the point of view of the subject, the representation of the body, even when narrowly biological, is always an image of the self: identity, genealogical resemblance, cultural norm and configuration, etc.” (Abel)”. E todavia, haverá, no discurso dos saberes, discurso mais marcado por uma espécie de regularidade do fantasma (o do corpo como objecto, como labirinto, etc.) do que o discurso da medicina?

Artigo originalmente publicado na revista Triplov

José Augusto Mourão

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/fenomenos-estranhos/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/fenomenos-estranhos/

A Linha do Oriente na Umbanda

Texto de Edmundo Pellizari escrito para o Jornal de Umbanda Sagrada.

A Linha do Oriente é parte da he­rança da Umbanda brasileira. Ela é com­posta por inúmeras entidades, classi­ficadas em sete falanges e maiorita­riamente de origem oriental. Apesar dis­­so, muitos espíritos desta Linha po­dem apre­sentar-se como caboclos ou pretos velhos.

O Caboclo Timbirí (ca­bo­clo japo­nês) e Pai Jacó (Jacob do Ori­ente, um preto velho bastante ver­sado na Ca­bala Hebraica), são os casos mais co­nhe­cidos. Hoje em dia, ganha força o cul­to do Caboclo Pena de Pa­vão, enti­dade que trabalha com as for­ças espiri­tuais divinas de origem indiana.

Mas nem todos os espíritos são ori­entais no sentido comum da palavra. Es­ta Linha procurou abri­gar as mais di­ver­sas entidades, que a princípio não se encaixavam na matriz formadora do bra­sileiro (índio, português e afri­cano).

A Linha do Oriente foi muito popular de 1950 a 1960, quando as tradições bu­­­distas e hindus se firmaram entre o povo brasileiro. Os imigrantes chineses e japoneses, sobretudo, passaram a frequentar a Umbanda e trouxeram se­us ances­trais e costumes mágicos.

Antes destas datas, também era co­mum nesta Linha a presença dos que­ridos espíritos ciganos, que possuem ori­­­gem oriental. Mas tamanha foi a sim­patia do povo umbandista por estas en­­­tidades, que os espíritos criaram uma “Linha” independente de trabalho, com sua própria hierarquia, magia e ensi­na­mentos. Hoje a influência do Povo Ci­gano cresce cada vez mais dentro da Umbanda.

Existem muitas maneiras de classi­ficar esta Linha e este pequeno artigo, não pretende colocar uma ordem na ma­neira dos umbandistas estudarem es­ta vertente de trabalho espiritual. Dei­xo a palavra final para os mais ve­lhos e sábios, desta belíssima e diver­sificada religião. Coloco aqui algumas instruções que colhi com adeptos e mé­diuns afinados com a Linha do Oriente.

Namaste e Salve o Oriente!

CARACTERÍSTICAS DA LINHA DO ORIENTE:

• Lugares preferidos para ofe­rendas: As entidades gostam de co­linas descampadas, praias desertas, jar­dins reservados (mas também rece­bem oferendas nas matas e santuários ou congás domésticos).

• Cores das velas: Rosa, amarela, azul clara, alaranjada ou branca.

• Bebidas: Suco de morango, suco de abacaxi, água com mel, cerveja e vinho doce branco ou tinto.

• Tabaco: Fumo para ca­chimbo ou charuto. Tam­­bém utili­zam ci­gar­ro de cravo.

• Ervas e Flores: Alfa­zema, todas as flores que sejam bran­cas, palmas ama­relas, mon­senhor branco, monse­nhor amarelo.

• Essências: Alfazema, olíbano, ben­joim, mirra, sân­da­lo e tâmara.

• Pedras: Citrino, quart­zo rutilado, topá­zio im­perial (citrino tor­nado ama­relo por aque­ci­men­to) e topá­zio.

• Dia da semana recomen­dado para o culto e ofe­rendas semanais: Quinta-feira.

• Lua recomendada (para oferenda mensal): Se­gundo dia do quarto min­guante ou primeiro dia da Lua Cheia.

• Guias ou colares: Colar com cento e oito contas (108), sendo 54 brancas e 54 amarelas. Enfiar sequencialmente uma branca e uma amarela. Fechar com firma branca. As enti­dades india­nas também utilizam o rosá­rio de sân­dalo ou tulasi de 108 con­tas (japa ma­la). Algumas criam suas pró­prias guias, se­gundo o mis­tério que trabalham.

CLASSIFICAÇÃO DA LINHA DO ORIENTE:

Suas Falanges, Espíritos e Chefes:

01 – Falange dos Indianos:

Espíritos de antigos sacerdotes, mes­tres, yogues e etc. Um de seus mais conhecidos inte­gran­tes é Ramatis. Está sob a chefia de Pai Zartu.

02 – Falange dos Árabes e Turcos:

Espíritos de mouros, guerreiros nôma­des do deserto (tuaregs), sábios marroquinos, etc… A maioria é mu­çulmana. Uma Legião está composta de rabinos, cabalistas e mestres judeus que ensinam dentro da Umbanda a mis­teriosa Cabala. Está sob a chefia de Pai Jimbaruê.

03 – Falange dos Chineses, Mon­góis e outros Povos do Oriente:

Espíritos de chineses, tibetanos, japoneses, mongóis, etc. Curio­sa­men­te, uma Legião está in­te­grada por es­pí­ri­tos de origem esquimó, que tra­balham muito bem no desmanche de demandas e feitiços de magia ne­gra. Sob a chefia de Pai Ory do Oriente.

04 – Falange dos Egípcios:

Espíritos de antigos sacerdotes, sacer­dotisas e magos de origem egípcia antiga. Sob a chefia de Pai Inhoaraí.

O5 – Falange dos Maias, Toltecas,Astecas e Incas:

Espíritos de xamãs, chefes e guer­rei­ros destes povos. Sob a chefia de Pai Itaraiaci.

06 – Falange dos Europeus:

Não são propriamente do Oriente, mas inte­gram esta Linha que é bas­tante sincrética. Espí­ri­­tos de sábios, ma­gos, mestres e velhos gue­rreiros de origem europeia: romanos, gau­leses, ingleses, es­can­dinavos, etc. Sob a che­fia do Impe­rador Marcus I.

07 – Falange dos Médicos e Sábios:

Os espíritos desta Falange são especiali­zados na arte da cura, que é integrada por médicos e tera­peutas de diversas origens. Sob a chefia de Pai José de Arimateia.

ALGUNS PONTOS CANTADOS E SUA MAGIA:

Aqui reproduzo alguns Pontos Can­tados, mas destaco a sua eficácia mân­trica e não somente invocatória. Ou seja, nesta Linha os Pontos podem ser usados como mantras com fina­lidades específicas, independente de servirem para chamar as entidades pa­ra o trabalho de caridade no Centro ou Terreiro. Neste caso, os Pontos de­vem ser acompanhados das res­pectivas oferendas (veja abaixo).

PONTO DO POVO HINDU:

• para afastar energias negativas diversas.

Oferenda: velas amarelas – 3, 5 ou 7, flores amarelas ou brancas e incenso de flores (rosa, verbena, etc…), coloca­dos dentro de uma estrela de seis pontas, hexagrama, traçada no chão com pemba amarela.

Ory já vem,

Já vem do oriente

A benção, meu pai,

Proteção para a nossa gente.

A benção, meu pai,

Proteção para a nossa gente.

PONTO DO POVO TURCO:

• para afastar os inimigos pessoais ou da religião umbandista.

Oferenda: velas brancas – 3, 5 ou 7 e charutos fortes, dentro de uma estrela de cinco pontas, pentagrama, traçado no chão com pemba branca. Jamais ofereça bebida alcoólica a este Povo.

Tá fumando tanarim,

Tá tocando maracá.

Meus camaradas, ajudai-me a cantar,

Ai minha gente, flor de orirí

Ai minha gente, flor de orirí.

Em cima da pedra

Meu pai vai passear, orirí.

PONTO DO POVO ESQUIMÓ:

– para afastar os inimigos ocultos e destruir forças maléficas.

Oferenda: velas rosas – 3, 5 ou 7, pedacinhos de peixe defumado em um alguidar, tudo dentro de um círculo traçado no chão com pemba rosa.

Salve o Polo Norte,

Onde tudo tudo é gelado,

Salve Povo Esquimó,

Que vem de Aruanda dar o recado.

Salve a Groenlândia,

Salve Povo Esquimó,

Que conhece a lei de Umbanda.

PONTO DO POVO GAULÊS:

• para as lutas e necessidades diárias.

Oferenda: velas brancas – 3, 5 ou 7, cerveja branca ou vinho tinto, tudo dentro de uma cruz traçada no chão com pemba verde.

Gauleses, Oh gauleses,

Somos guerreiros gauleses.

Gauleses, Oh gauleses

São Miguel está chamando.

Gauleses, Oh gauleses,

Somos guerreiros de Umbanda,

Gauleses, Oh gauleses,

Vamos vencer demanda.

PONTO DO POVO ASTECA:

• para buscar a sabedoria espiritual.

Oferenda: nove velas alaranjadas, milho, fumo picado, tudo dentro de um círculo traçado no chão com pemba branca.

Asteca vem, Asteca vai,

Nosso povo é valente,

Tomba, tomba e não cai…

(cantar nove vezes)

PONTO DO POVO CHINÊS:

• para proteção diante de situações muito graves.

Oferendas: sete velas vermelhas (é a cor preferida deste Povo), arroz cozido sem sal, vinho branco, tudo dentro de um círculo traçado no chão com pemba vermelha.

Os caminhos estão fechados,

Foi meu povo quem fechou,

Saravá Buda e Confúcio,

Saravá meu Pai Xangô.

Saravá Povo Chinês,

Que trabalha direitinho,

Saravá lei de Quimbanda,

Saravá, eu fecho caminho.

Curioso Ponto Cantado do Caboclo Tim­birí – onde ele afirma sua origem japonesa.

ANTIGO PONTO DE TIMBIRÍ:

Marinheiro, marinheiro,

olha as costas do mar…

É o japonês, é o japonês !

Olha as costas do mar.

Que vem do Oriente!

***

Revisão final: Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-linha-do-oriente-na-umbanda/

A Cerimônia de Avools: em paz com o medo

“Não é uma aranha, não exatamente, desta vez sua forma não foi tirada de nossas mentes; ela é apenas o mais próximo que nossas mentes podem chegar do que quer a coisa realmente seja.” 

– Stephen King, IT 

Assim como com a tristeza e a risada a maneira mais certa de aumentar o medo é reprimi-lo. O medo é parte da natureza humana e tem a função positiva de nos proteger e nos dar respostas rápidas em um mundo ameaçador. Ele só é de fato um problema quando deixa de ser um mensageiro. Em outras palavras quando em vez de ser a aranha que anda pela teia nos tornamos às moscas presos nela. Nos casos mais graves o casulo se fecha nos tornamos prisioneiros de nosso próprio terror. 

Quando o medo vira fobia e a ajuda médica torna necessária. É saudável o medo de um um rottweiler bravo, solto e desconhecido, mas é doentio o medo de um amigável beagle na coleira. A aracnofobia, o medo irracional de aranhas é entre os transtornos do medo um dos mais antigos e universais e isso faz de Avoosl o arquétipo perfeito para ser trabalhado nestas ocasiões. 

(Segundo Michael Aquino, fundador do Temple of Set, a figura de Avoosal foi criada por Anton LaVey como um nome em comum para todos os deuses e deusas aranhas. Seu nome foi tirado de um conto de Clark Ashton Smith “O Estranhamento de Avoosl Wuthoqquan”, publicado na Weird Tales de junho de 1932 no qual uma aranha gigante devora um ladrão. )

Avoosal é o nome a Rainha Aranha que tradicionalmente habita as cavernas escuras do interior da terra. As aranhas domésticas e do campo – assim como todos os insetos rastejantes são súditos de Avoosal e matá-los uma ofensa para ela, pois estas criaturas em geral inofensivas são rejeitadas e banidas para a corte do diabo simplesmente por serem consideradas feias e assustadoras.  

 O Rainha-Aranha vive em cavernas escuras nas quais guarda com zelo seus tesouros. É a versão de oito patas e muitos olhos do nórdico Fafnir e por isso talvez os ciganos digam que sonhar com aranhas é sinal de riqueza. Ela devora e se alimenta dos ladrões, mas por outro lado conquistar a simpatia de Avools  é ter livre acesso a sua câmara dos  tesouros. Quando Avools é respeitada se torna uma grande contadora de história como é na forma de Anansi, seu expressão entre os povos africanos. 

 O ritual a seguir é uma adaptação da Cerimônia de Avools tal como usada na Church of satan mas enriquecido com técnicas mais avançadas de programação neurolinguística e consiste em gradual e repetidamente expor a si mesmo diante do medo de uma forma segura e controlada com o objetivo de superá-lo. 

Requisitos do ritual 

 A câmara ritual é enfeitada com representações aracnídeas e teias de aranha decorativas. 

 Deve ser preparado também um temporizador desses que marcam de cinco minutos a huma hora. 

A  preparação seguinte é por si mesma é uma espécie de ritual e consiste em buscar um mensageiro de Avoosl. Isso deve ser feito obrigatoriamente sozinho, em local ermo e de preferência em contato com a natureza. Deve-se buscar um inseto e colocá-lo dentro de um vidro de bom tamanho. O animal deve ser tratado com todo respeito e de forma alguma ferido. 

 O súdito de Avoosl é imediatamente levado até a câmara ritual é colocado no altar e em seguida a cerimônia começa. 

 O Ritual 

1- Tocar nove vezes o sino e dizer 

In nomine Magni Dei Nostri Satanas. Introibo ad altare Domini Inferi. 

2 – Olhando para o recipiente contendo o inseto deve dizer: 

 

“Meu pequeno amigo, queira chamar o grande rei.” 

 

3 – Em seguida deve programar a cega o temporizador e senta-se de frente para o altar de olhos fechados. Enquanto aguarda a chegada de Avoosl deve permanecer de olhos fechados e respirar apenas pela boca e superficialmente. 

 

4 – Quando o temporizador tocar deve-se abrir os olhos imaginando uma enorme aranha ocupando a câmara. Voltando a respiração normal deve dizer: 

 

““Avoosl! Avoosal! Anansi! Aracne, grande Avó Aranha, Senhora de todos os pavores. 

 

Ouça-me! Em nome de Satã e Belial, me escute oh arquiteta do Inferno.  

 

Seu povo já andava sobre a terra eras antes do surgimento da humanidade. Quem quer que em arrogância roube seus tesouros será provado por seus pedipalpos. Quem ignora suas teias será preso por elas.  

 

Mas eu sou um contigo e me coloco fraternalmente em sua presença. Eu honro seu nome pois somos o mesmo.” 

 

5 – Em seguida deve-se transmitir para Avoosl a forma do seu medo. Faz-se isso lembrando com o máximo de detalhes possíveis alguma memória traumática, ou seja a primeira e mais importante lembrança relacionada e este medo 

 

6 – Em seguida diga 

 

“Avoosl eu lhe peço que capture este medo em sua teia.”   

 

Em seguida a cena é repassada na tela mental, mas desta vez não como participante ativo e sim dentro de uma esfera ou tela na qual você a Aranha Monarca assistem como observadores externos. 

 

6 – Ao término dizer:  

 

“Jogue suas teias Avoosl, não sobre mim mas sobre este medo.” 

 

Após isso a cena é visitada mais uma vez, mas desta vez em branco e preto. 

 

7 – Ao término dizer:  

 

“Mais uma vez Avoosl jogue suas teias.” 

 

A cena é então assistia mais uma vez mas mais embaçada. 

 

8 – Diga então: “Leve este medo embora, que seja alimento para os seus súditos que rastejam.” 

 

A esfera então é imaginada sendo colocada dentro do recipiente onde imediatamente começa a nutrir o inseto em seu interior. 

 

9 – Por fim diga: 

 

“Mostre-me agora mestre dos pavores, qual tesouro estava guardando para mim.” 

 

Agora o celebrante deve imaginar da forma mais realista possível como será sua vida agora que o medo foi levado embora. Deve participar da cena, sentir os gostos, sons e cores envolvidas. Deve também sentir a aprovação de Avools nesta realização. A Deus Aranha foi agradada. 

 

Neste sentimento de satisfação e gratidão deve se despedir: 

 

“Obrigado Avools, que eu seja sempre digno sua amizade.” 

 

10 – Tocar o sino  e então encerrar com as palavras  “Assim está feito” 

 

A criatura capturada deve ser devolvida ao seu ambiente original com todo respeito que merece.. 

Morbitvs Vividvs é autor de Lex Satanicus: O Manual do Satanista e outros livros sobre satanismo.

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Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/a-cerimonia-de-avools-em-paz-com-o-medo/

A lenda original do vampiro

Existem lendas de vampiros desde 125aC, quando ocorreu uma das principais histórias conhecidas de vampiros. Foi uma lenda grega. Na verdade pode-se afirmar que esse tenha sido o primeiro registro por escrito, pois as origens do mito se perdem séculos e séculos atrás quando a tradição oral prevalecia. Lendas sobre vampiros se originaram no oriente e viajaram para o ocidente através da Rota da Seda para o Mediterrâneo. De lá, elas se espalharam por terras eslavas e pelas montanhas dos Carpathos. Os eslavos têm as lendas mais ricas sobre vampiros. Elas estavam originariamente mais associadas aos iranianos e à partir do século VIII é que se espalharam por terras eslavas. Quase na mesma época em que essas histórias começaram a se difundir, iniciou-se o processo de cristianização da região, e as lendas de vampiros sobreviveram como mitos muitas vezes associados ao cristianismo.

Mais tarde, os ciganos migraram para o oeste pelo norte da Índia (onde também existem um certo número de lendas sobre vampiros), e seus mitos se confundiram com os mitos dos eslavos. Os ciganos chegaram na Transilvânia pouco tempo depois de Vlad Dracula nascer em 1431. O vampiro aqui era um fantasma de uma pessoa morta, que na maioria dos casos fora uma bruxa, um mago, ou um suicida.

Vampiros eram criaturas temidas, porque matavam pessoas ao mesmo tempo em que se pareciam com elas. A única diferença era que eles não possuíam sombra, nem se refletiam em espelhos. Além disso podiam mudar sua forma para a de um morcego, os tornavam difíceis de capturar e bastante perigosos. Durante a luz do dia dormiam em seus caixões, para à noite beber sangue humano, já que os raios eram letais para eles. O método mais comum era, pela meia noite, voar por uma janela na forma de um morcego e morder a vítima no pescoço de forma que seu sangue fosse totalmente sugado. Os vampiros não podiam entrar numa casa se não fossem convidados. Mas uma vez que eram poderiam retornar quando bem entendessem. Os vampiros eslavos não eram perigosos somente porque matavam pessoas, (muitos seres humanos também faziam isso) mas também porque suas vítimas, depois de morrerem, também se transformavam em vampiros. A característica mais temida dos vampiros era o fato deles serem praticamente imortais. Apenas alguns ritos podiam matar um vampiro como por exemplo: transpassar seu coração com uma estaca, decaptá-lo ou queimar seu sangue. Esse tipo de vampiro também é o mais conhecido, por ter sido imortalizado na figura do mais famoso vampiro de todos os tempos, o Conde Drácula, de Bram Stoker.

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