A distorção do Satanismo pelas seitas cristãs – Damien Vorhess e Floki

Bate-Papo Mayhem 230 Com Damien Vorhess e Floki – A distorção do Satanismo pelas seitas cristãs

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

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#Batepapo

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Ciência, Religião e Religiosidade

Acredito que há um equilíbrio entre os malefícios e os benefícios da religião (nos últimos séculos pendendo para o malefício). Religião não é importante, mas sim a religiosidade inerente a TODAS elas. Religião é pró-forma. Religiosidade é atitude de vida. Um budista não precisa sair por aí de bata laranja pra lembrá-lo dos seus deveres enquanto budista. Um crente não precisa esquentar a bíblia debaixo do braço e se envolver em discussões teológicas até pra comprar um pãozinho… Eu faço essa distinção, que na minha mente é clara, de que não precisamos de religião (rótulo), e sim de atitudes religiosas (de qualquer religião). Religião escraviza, formata a pessoa num certo dogma. Religiosidade liberta, porque não pode ser confinada a uma religião. Jesus não patenteou o lema “amai-vos uns aos outros”, isso está no cerne de várias religiões, e é convenientemente esquecido por todas. A Inquisição NUNCA teria existido se tivesse havido religiosidade na Igreja Católica da Idade das trevas (e penso eu que ela ainda continua saudosista).

Ciência sem religião é manca. Religião sem ciência é cega

(Albert Einstein)

A ciência, quando tomada como religião, é tão ou mais nociva quanto as Religiões “de fato”, porque ela primeiramente nem é pra ser tomada como Verdade absoluta (tem sempre o “até que se prove o contrário”), mas muitos fazem disso o seu Dogma. Como levar a sério quando os cientistas dizem em um ano: “Café faz mal” e no outro, sob pressão da indústria dos cafeicultores, dizem que “Café faz bem”? Eu li essas notícias… Tudo baseado por amostragens, com 1.000 ou 2.000 pessoas que, se uma delas brochar ou brigar no trânsito, afeta completamente o resultado da pesquisa… Quando leio que “Vinho faz bem” e “Videogame faz mal” fica evidente que há alguma manipulação (não de resultado, mas de abordagem) baseada no preconceito, onde a Ciência não está sendo guiada por cientistas de verdade, da mesma forma que o Cristianismo não está sendo conduzido por cristãos de verdade! Mas não se pode jogar na lata do lixo nem um nem outro… precisamos sim ter discernimento, conhecimento de causa, pra ir buscar nós mesmos as respostas para o grande mistério da Vida… Até porque somos parte essencial da resposta.

A ciência é incapaz de resolver os mistérios finais da natureza, porque nós somos parte da natureza e, portanto, do mistério que tentamos resolver

(Max Planck)

“Assim como a religião não conseguiu aniquilar a ciência, a ciência também não poderá aniquilar a religião, pois ambas estão fundamentadas em leis idênticas. Entre elas não existe nem separação, nem contradição. As separações e as contradições existem apenas nas mentes dos ignorantes, que não sabem como Deus criou o universo. A ciência, bem compreendida, só pode ajudar os crentes a concentrarem-se no essencial. Assim como a religião, se bem compreendida, dá à ciência a sua verdadeira dimensão. Cada uma delas tema sua própria função e, desde já, devem coexistir um religioso e um cientista em todo ser humano. Realmente, para que religião e ciência não se combatam mais entre si na sociedade, elas devem parar de se combater no ser humano, pois é exatamente aí que se produzem os maiores desastres. Quando um homem de fé se opõe a um homem da ciência, ou vice-versa, cada um deles pensa que está atacando um adversário externo a ele. Nada disso, está atacando a ele mesmo!”

(Omraam Mikhaël Aïvanhov)

A ciência nos afasta de Deus, mas a ciência pura nos aproxima de um Criador

(Albert Einstein)

A Ciência cuida do Homem, enquanto a Religião cuida da Alma… Só que não dá pra separar a Alma do Homem, e a Filosofia deveria fazer essa ponte de forma “oficial”. Só que ela se tornou por demais acadêmica, e Platão é estudado apenas como uma mera curiosidade epistemológica do pensamento humano… Ironicamente Sócrates, o pai da dialética, foi alçado à condição de “fundamento da filosofia” e seus estudantes não fazem mais do que balançar a cabeça, em concordância com suas teorias e ensinos. É por isso que gosto de Matrix: pegou a idéia de Sócrates e expandiu-a, revestiu-a de novos conceitos, novos questionamentos, trouxe-a para as massas novamente (como Sócrates gostava de fazer) e nos fez questionar, nem que seja por um segundo: o que é “real”?

O mundo que habitamos está invertido em relação ao mundo onde a alma se eleva

(Livro dos mistérios cabalísticos)

Esse post é resultado direto de um bate-papo mental com meu “EU”, que chamo de Grilo Falante. Há meses que não o “acessava”, e calhou de ser agora, enquanto preparava meu almoço. Para a ciência médica eu sou um esquizofrênico. Para a psicologia eu acessei meu ID, ou o inconsciente coletivo da humanidade; Para a Teosofia eu acessei meus corpos mais sutis; Para os crentes eu estou endemoniado ou então falei com o espírito santo (a depender do que eles achem da mensagem); Para a filosofia eu falei com um daemon (gênio bom), enquanto para o espiritismo posso ter me comunicado telepaticamente com algum espírito… e, no fim, a única coisa concreta é esse post (aliás, nem isso, já que são tudo dados magnéticos)… afinal, o que é “real”?

#Ciência #Religião

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A Magia das Palavras

Todos somos feiticeiros e a palavra é o principal ingrediente do caldeirão. Através do que é dito ou escrito podemos convidar os povos a dançar, semeando alegria e esperança ou construir muros, espalhando ódio e medo. Este é o poder e ele é seu. Assim, cada manifestação se torna um ato de magia e define qual tipo de feiticeiro escolhemos ser.

Desde tempos remotos ensina-se que a palavra tem poder. Toda palavra traz em si uma ideia. Diversas culturas ensinam valiosas lições sobre o cuidado que devemos ter com a palavra.

O cristianismo orienta que as palavras revelam o que cada um tem no coração. Elas são a exata medida do nível de consciência de quem as emite.

Os cabalistas narram uma bela história em que um professor, para corrigir um aluno que difamou o colega, pede que escreva a ofensa em um pedaço de papel. Depois que a rasgue em muitos pedaços e os solte em lugar assolado por forte ventania. Agora recolha tudo, determina o professor. Impossível, responde o aluno faltoso que já não consegue ver para onde os pedaços restaram espalhados e perdidos. Assim acontece com as nossas palavras, explica o bondoso professor, depois de ditas já não nos pertence mais e ignoramos qual será o seu destino.

– Preste atenção antes de falar. Escute todos os lados envolvidos, em toda discórdia há no mínimo duas versões, além da verdade!

– Pondere quais sentimentos te movem: ódio, ciúme, vingança, inveja ou amor e paz?

– Outro cuidado que devemos ter é não travestir o desejo de vingança com as vestes da justiça. Não raro, sob a falsa e pretensa alegação do ato nobre, ocultamos e damos vazão aos nossos sentimentos mais densos e sombrios.

– Seja claro e objetivo em suas palavras. Não é não; sim é sim. Exponha seu raciocínio serenamente e respeite o entendimento alheio contrário ao seu. Que seu coração nunca esqueça que a boa semente não se perde e, no momento oportuno, germinará.

– As mais sábias palavras despencam no abismo se não forem o espelho das atitudes de quem as disse.

– Seja sempre sincero e nunca finja afeição, porém lembre que o amor é a força mais poderosa que existe. O amor é a matéria-prima de todos os milagres. A palavra traz Luz aos cegos.

O budismo ensina que Universo é um ser vivo em eterna transformação e reage na exata razão das nossas ações. A melhor maneira de comungar com Ele é espalhando alegria por toda a gente. Para tanto, a palavra é uma sementeira poderosa e barata.

A sabedoria empresta cores à filosofia das mais diversas tradições. Reconhecer a árvore através de seu fruto é outro belo quadro desenhado com as mesmas tintas. Sendo você a árvore, os frutos são suas palavras (e atitudes). Decida se vai envenenar ou alimentar a humanidade em suas ceias espirituais. Você se define a cada ato ou palavra.

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Maçonaria e Islamismo

A relação entre Islamismo e Maçonaria sempre foi tema obscuro, delicado, polêmico, e por isso evitado por muitos autores. Quando das raras vezes abordado, os autores se restringem em citar Lojas e Obediências que existiram e existem nos países árabes e, de modo geral, param por aí. Uma postura um tanto quanto incoerente se observarmos os objetivos maçônicos da livre pesquisa da verdade, da busca pela justiça e do combate à ignorância, a intolerância e o fanatismo.

O objetivo aqui é tentar apresentar algo diferente do que “mais do mesmo”, fornecendo informação válida e de forma neutra sobre o assunto e abordando as questões que realmente importam.

Após o triste dia de 11/09/01, muito se tem falado sobre o Islamismo, o qual teve sua imagem de certa forma manchada no mundo ocidental com o marcante incidente. Apesar dos esforços das autoridades, uma onda de intolerância e preconceito, reforçada pela ignorância, tem caído sobre o Islã e seus adeptos no Ocidente desde então.

Por isso, faz-se necessário esclarecer alguns pontos:

Símbolo Islã – Lua e Estrela

O Islamismo não é uma religião radical. É apenas uma religião como as demais que, por ter mais de 1,5 bilhão de adeptos, possui algumas vertentes baseadas em diferentes interpretações de diferentes passagens de seu livro sagrado, sendo que apenas uma minoria dessas é radical. O mesmo ocorre no Cristianismo, que também possui suas vertentes minoritárias radicais, fanáticas, baseadas em diferentes interpretações de suas sagradas escrituras. Não é toda mulher muçulmana que usa burca ou véu, assim como não é toda mulher cristã que tem cabelo até o joelho e saia até o calcanhar.

Shriners – Lua e Estrela

Por isso, não se pode julgar 1,5 bilhão de pessoas presentes em dezenas de países com base em grupos terroristas que agem por si próprios e sem a concordância de qualquer país ou mesmo de autoridades religiosas. E no que se refere a autoridade religiosa, o Islamismo não possui uma hierarquia com autoridade constituída, não existindo algo um “Papa” ou algo do gênero. Por esse motivo, dizer que existe uma postura oficial do Islamismo sobre determinado assunto seria, no mínimo, imprudente.

Compreendido tais questões, vejamos o Islamismo perante a Maçonaria:

Alguns maçons podem pensar que a Maçonaria talvez seja incompatível com a fé islâmica por conta de sua simbologia. Afinal de contas, muito da Maçonaria está relacionado ao Templo de Salomão, e em muitos graus de muitos ritos vê-se símbolos como letras em hebraico, cruzes, etc. Deve-se ter em mente que existem dezenas e dezenas de ritos maçônicos, sendo que alguns têm maior influência de uma ou outra religião, cultura ou época. Assim, temos ritos maçônicos com influências católicas, protestantes, judaicas, iluministas, egípcias, muçulmanas, cavaleirescas, nacionalistas, etc.Como já esclarecido, não existe uma autoridade que fale em nome da religião muçulmana. Assim sendo, é impossível que o Islamismo seja oficialmente a favor ou contra a Maçonaria. Diferente disso, outras Igrejas já se declararam oficialmente contrárias à Maçonaria, como a Igreja Católica e algumas outras Igrejas Cristãs de menor porte. Mesmo assim, isso não impediu que muitos dos fiéis dessas, sendo homens livres e de bons costumes, ingressassem na Ordem Maçônica nos últimos séculos.

Ainda nesse sentido, observa-se que a Maçonaria é Ordem voltada a homens livres, e essa liberdade também se refere às amarras da intolerância. Um exemplo claro é que muitos dos ritos maçônicos fazem referência a “São João”, ou aos “Santos de nome João”, enquanto que grande parte de seus adeptos são protestantes. Isso ocorre porque o maçom é homem racional, e compreende que a citação de “São João” não é questão dogmática, e sim referência histórica aos Solstícios.

Já Salomão e a construção de seu templo, tão presentes na Maçonaria, ao contrário do que muitos possam presumir, não se encontram apenas na cultura e religião judaica. Esse importante personagem e evento também estão descritos no Alcorão. Para os maometanos, Salomão era um rei dotado por Deus de toda a prudência e sabedoria, um grande profeta como todos os descendentes de Davi estariam predestinados a ser. E sua importância era tamanha que Deus ordenou que os homens e “gênios” obedecessem a suas ordens e trabalhassem na construção de seu templo e palácio.

Gênios? Que gênios?

Esse é um ponto tão interessante que mereceu esse destaque. Os gênios estão presentes na cultura árabe desde tempos imemoriais. Seriam seres criados por Deus, invisíveis, mas que possuem a habilidade de se materializarem entre os homens e realizarem feitos notáveis. Não são anjos, pois possuem o livre-arbítrio e podem ser castigados ou mesmo aprisionados. Dessas crenças surgiu o famoso “gênio da lâmpada”, tão explorado em contos infantis. Esses gênios teriam, sob as ordens de Salomão, auxiliado os homens na construção de seu templo.

As duas faces da moeda

A questão religiosa está presente na Maçonaria desde seu início e, apesar de não ser discutida nas Lojas, está mais em voga do que nunca. Prova disso é que, nos últimos anos, os Nobres Shriners, instituição maçônica fundada no século XIX com temática e simbologia árabe, vem discutindo sobre a redução dessa influência árabe na instituição. Em contrapartida, as históricas críticas à Ordem dos Cavaleiros Templários, último degrau do Rito de York e restrito aos maçons que professam a fé cristã, continuam mais presentes do que nunca. Qual seria o caminho ideal: a busca pela universalidade ou a promoção das diferenças?

Conclusão

A Maçonaria está para o muçulmano assim como está para o cristão: dependente da ausência de intolerância e fanatismo por parte do fiel, e da ausência de ignorância por parte dos demais integrantes.

A durabilidade e sucesso da Maçonaria sempre se deveu ao fato de sua união ser baseada nos pontos comuns e sua riqueza nos pontos diferentes. Enquanto os diversos Ritos, Ordens internas e Corpos aliados proporcionam ao maçom participar daquilo com que se identifica, cujos valores compartilha, todos os membros dessas instituições se sentem integrantes de uma única família, e constroem a fraternidade sobre os landmarks que tornam a todos iguais: a crença num Ser Supremo e na imortalidade da alma.

O Dr. SM Ghazanfar, professor emérito da Universidade de Idaho, escreveu em um de seus artigos que “alienantes por aqueles que são diferentes, nós acabamos nos afastando e diminuindo nossa própria humanidade”. Que a Maçonaria, essa Sublime Ordem cuja finalidade é a felicidade da humanidade, saiba renovar seu compromisso de unir os diferentes pelo que eles têm em comum.

#Maçonaria #Islã #Islamismo

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Jesus, o ídolo dos Ateus

O termo atheos surgiu durante a Grécia Antiga, em aproximadamente 500 AC, onde o termo significava “sem Deus”, ou “aquele que cortou seus laços com os deuses” e designava um sacerdote que estava rompendo seus laços com seu antigo templo. O termo foi muito usado nos primeiros séculos após as pregações do Avatar Yeshua, em debates entre helenistas (os sacerdotes gregos), essênios e outras facções de cristãos primitivos (antes do Vaticano) onde cada um dos lados usava o termo para designar pejorativamente o outro. Este termo nunca era designado para um membro do povão e seria impensável alguém se auto-proclamar “ateu”. Era o equivalente a um xingamento.

E Jesus, para os helenistas, era o exemplo máximo dos ateus.

Uma das primeiras coisas que eu aprendi quando estudava Religiões e Mitologias comparadas é a de nunca julgar um movimento religioso ou filosófico com os olhos do presente. Para entender o que realmente estava se passando, é necessário nos colocarmos no tempo e no espaço onde cada movimento religioso ou filosófico ocorreu.

E o mesmo vejo acontecer com o dito “movimento ateu” aqui no Brasil. Sempre que leio em algum lugar um alegado ateu que diz “Eu não acredito em Deus” eu penso “Não acredita em Deus ou não acredita no Deus psicopata, vingativo e ao mesmo tempo amoroso e magnânimo (dupla personalidade?) que a Igreja Católica inventou e empurrou goela abaixo durante toda a sua vida?”.

Deus não é um velho sentado na montanha

Entendendo a Kabbalah, podemos perceber que o Jeová (YHVH) bíblico, em suas duas faces, nada mais é do que a representação dual das esferas Geburah (Força, representando a grande restrição e molde das formas) e Chesed (Misericórdia, representando o grande provedor universal) atuando sobre as esferas mais baixas da Árvore da Vida (que é um mapa dos estados de consciência do ser humano). Não há nada que já não estivesse DENTRO do ser humano o tempo todo. Yeshua sabia disso, e o Deus (Keter) que ele pregava é um deus simbólico das arestas que devemos aparar em nós mesmos para atingir o nível de consciência divino. Em outras palavras, Jesus ensinou aos homens como se tornarem deuses (Yeshua era chamado de “O Portador da Luz” em algumas ordens cristãs primitivas… este nome… “Portador da Luz”, lembra alguma coisa para vocês?)..

Outra coisa que precisamos deixar claro é que, hoje em dia, a maioria das pessoas acha que Deuses eram algo como os x-men: criaturas fantásticas cheias de poderes que lançavam raios e trovões, voavam, acertavam flechas a quilômetros de distância e podiam transformar chumbo em ouro. Na verdade, fora dos círculos do povão, os Iniciados sempre souberam que os deuses nada mais são do que grandes egrégoras voltadas para a personificação de forças naturais. São Iniciações nas quais você aprende no Plano físico (Malkuth) a lapidar sua forma de pensar (Hod), sentir (Netzach) e intuir (Yesod) de modo a dominar os seus 4 elementos interiores para permitir o contato com o ser Crístico (e tem cético que acha até hoje que os quatro elementos da alquimia são literais… terra, ar, água e fogo).

Alegorias

Muitos dos ensinamentos da kabbalah são passados adiante através de alegorias, cujas chaves, imagens e desenhos são necessárias para se entender (e principalmente SENTIR) a mensagem que se quer passar. Para os obtusos que não conseguem enxergar nada além do Plano Material, estas alegorias nada mais são do que “contos de fadas”.

Tomemos um exemplo clássico: Todo mundo sabe que os alquimistas são capazes de “transformar chumbo em ouro“. Mas transformamos o chumbo do ego no ouro da essência. Vocês acreditam que outro dia no orkut um dos líderes de comunidades céticas estava em uma discussão exigindo “provas laboratoriais” da transformação de chumbo em ouro? Tem como ser mais patético do que isso?

Vamos pegar um outro exemplo, um conto de fadas clássico: “A princesa está aprisionada em um castelo ou masmorra, protegida por um dragão. Um cavaleiro de armadura reluzente vai até ela, derrota o dragão e salva a princesa, casando-se com ela e, como Rei e Rainha, são felizes para sempre”.

Isto nada mais é do que uma alegoria dentro da Kabbalah para demonstrar o caminho de um iniciado até estar purificado para receber o ser Crístico e tornar-se um boddisathva (ou iluminado, ou christos, ou mestre ascencionado ou qualquer outro nome que queiram dar para isso).

Dentro da simbologia, a princesa representa Yesod, nossa intuição, aprisionado na Pedra Bruta (que é o castelo ou masmorra, representando o plano material de Malkuth).

Através do cavaleiro, que SEMPRE tem uma armadura brilhante e representa todas as sete virtudes, personifica o SOL crístico (Tiferet) da beleza que vai trabalhar esta reforma íntima.

O Dragão representa os 4 elementos (além de ser uma serpente de asas, ele cospe fogo, voa pelo ar, nada na água e caminha sobre a terra) que, por sua vez, representa o caminho de evolução da consciência através das esferas de Hod (razão), Netzach (emoção) e Malkuth (físico), chegando até Tiferet (espiritual). A luta entre o dragão e o cavaleiro representa a essência divina sendo despertada e dominando cada etapa dos 4 elementos (material, intelectual, emocional e espiritual) até que a fagulha divina (princesa) é libertada e se casa com o cavaleiro (no chamado Casamento Alquímico – ver poema de William Blake e música do Bruce Dickinson de mesmo nome) e tornam-se Rei (Hochma) e Rainha (Binah), ultrapassando o Véu de Paroketh e escalando a Árvore da Vida. Falaremos mais sobre isso quando começarem os posts sobre Kabbalah.

Podemos lembrar também da história Perseu e Andrômeda, ou mesmo da alegoria católica para “São Jorge derrotando o dragão” e muitas, muitas outras.

Então, a moral da história é: enquanto as pessoas ficarem procurando por deuses fora de si mesmos, sempre existirá algum pilantra disposto a vendê-los e a dizer o que vocês podem e o que não podem fazer. O Oráculo de Delfos dizia “Conhece a ti mesmo, e conhecerá os deuses e as maravilhas do Universo”. E é disso que se trata a alquimia, astrologia e a kabbalah. Tornar-se você mesmo um deus.

Mas tio Marcelo, e os deuses?

Use os outros Deuses para obter sabedoria. Não os Venere (do latim Venerationem, ou “curvar-se à”), mas os Admire (do latim Admirationem, ou seja “exalte seus sentimentos”). Todos os deuses de todas as mitologias possuem histórias por trás deles e todas estas histórias trazem grandes ensinamentos.

Por outro lado, os deuses formam grandes e poderosas Egrégoras , cheias de energia para serem usadas por aqueles que sabem como acessá-las. Você acha mesmo que pessoas muito mais inteligentes que você iriam venerar um “deus de cabeça de elefante”? A alegoria de Ganesha (meu deus favorito, aliás) é uma das mais lindas e completas lições de vida que já encontrei nas mitologias. Um dia farei um posto apenas sobre ele.

Mas voltando ao assunto: então surge a grande questão “Se todos os deuses estão dentro de seus pensamentos apenas, mas todo pensamento é projetado no astral, então os deuses estão ao mesmo tempo no Universo e dentro de você”, o que nos remete ao Oráculo de Delfos novamente. Parece uma serpente mordendo a própria cauda…

Entendendo os ateus e céticos

Muitas pessoas, lendo esta coluna, devem achar que eu odeio os ateus e céticos ou sou o nêmesis deles, mas nada está mais afastado da verdade. Eu compreendo perfeitamente a posição na Árvore da Vida em que eles estão (da mesma maneira como também compreendo os fanáticos religiosos ou os místicos hippies ou os ateus materialistas).

Tem gente que deve imaginar até que eu e o Kentaro Mori somos inimigos mortais, mas a verdade é que às vezes passamos madrugadas inteiras batendo papo no msn e eu o acho um cara muito inteligente e muito gente boa. Ele tem me ajudado a bolar alguns parâmetros científicos rigorosos para experimentos em alguns laboratórios rosacruzes e eu tenho passado pra ele imagens, fotos e idéias que não tive tempo de pesquisar para ele me ajudar a descobrir se são hoaxs ou não.

Como o ocultista William Blake disse, “Sem opostos não há progresso“.

Todo ocultista é, obrigatoriamente, um cético. Se não for, vai virar um esquisotérico comprador de revistas de horóscopo, amigo dos gnomos de Além da Lenda, abraçador de árvores, entoador de mantras hippies, leitor de revistas de pink wicca e outras modinhas toscas, o que não os tornaria nem um pouco diferentes de um fanático religioso ou de um cético tapado.

Dentro da kabbalah, todos estes casos são desvios do Caminho do Equilíbrio (a título de curiosidade, caminho 25, Arcano XIV, a Temperança): Os materialistas puros (Malkuth), os misticóides (Yesod), os fanáticos céticos (Hod) e os fanáticos religiosos (Netzach). Todos os excessos dos 4 elementos que precisam ser equilibrados na alquimia!

Para entender um ateu, precisamos nos colocar no lugar dele, e acompanhar o desenvolvimento do termo ao longo da história: A partir de Constantino, a religião “oficial” de Roma passou a ser aquele “cristianismo frankenstein” que ainda vamos estudar, mas qualquer pessoa que não estivesse de acordo com a doutrina romana seria considerado um pagão (vindo do latim pagani, ou “pessoa do campo”) ou ateu (“que não possui deuses”).

Esta classificação era meramente filosófica, pois ambos deveriam converter-se ou iriam para a fogueira e nenhum dos dois tipos realmente acabava se convertendo.

No caso dos Pagani, a Igreja bolou formas de absorver, converter seus deuses em diabos e transformar datas festivas em datas católicas (vide 25 de Dezembro). No caso dos ateus, não havia muito o que se fazer a respeito. Uma das curiosidades é que, ironicamente, a imensa maioria das pessoas consideradas atheos pela Igreja encontrava-se dentro das fraternidades rosacruzes (os filósofos iluminados).

Por que “Iluminados”?

Porque dentro destas escolas de pensamento, considera-se que quem está no começo de sua trilha espiritual está “nas trevas da ignorância” e, conforme vai galgando os degraus do autoconhecimento e se lapidando, adquirindo cada vez mais “luz da sabedoria”, até que passa a irradiar esta luz para outras pessoas, ou seja, tornar-se iluminado.

Note que esta “luz” só aparece com muito esforço. Ficar sentado de cabeça baixa esperando alguém te iluminar vai te transformar apenas em uma pedra que recebe luz, mas o brilho precisa vir de dentro para fora, através da lapidação dos defeitos capitais (os tais “7 pecados” que eu vou esmiuçar em colunas futuras). A pessoa precisa “buscar” esta luz através do ceticismo e do ocultismo e, nesta jornada, torna-se um buscador. Note novamente a semelhança com a história de Prometeu/Lúcifer.

Voltando aos Ateus

Posso imaginar um ateu brasileiro como uma pessoa com inteligência acima da média, que tem entre 16 e 40 anos e morou no Brasil por quase toda a sua vida. Esta pessoa foi alimentada com bizarrices durante toda a sua vida: falaram para ele na escola que um sujeito colocou dois animais de cada espécie em um barquinho durante 40 dias para escapar da chuva, falaram que Deus criou o mundo em 7 dias, que a Terra tem 6000 anos de idade, que uma torre desmoronando era a responsável pelas línguas da Terra e por ai vai… e que tudo isso era “a palavra de Deus”. Mais tarde, jogam na nossa cara um Jesus-Apolo com uma história toda picotada e incompreensível e dizem que “ele morreu pelos nossos pecados” ou “morreu para nos salvar”. E pior, que se não acreditarmos nele, este deus bondoso e magnânimo nos lançará nas profundezas do inferno para sermos torturados pela ETERNIDADE.

Qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência e cultura vai começar a questionar tudo isso.

As pessoas mais velhas, por terem passado 30… 40 anos ouvindo estas histórias em um período sem troca de informações (não havia internet) e onde a dominação educacional, moral e dogmática era MUITO mais pesada do que a nossa certamente terão muito mais dificuldades em largarem este pensamento. Temos de ter paciência e compreender a posição deles: eles nunca tiveram acesso ao conhecimento “oculto”.

Os mais jovens passam pelo estágio da negação: tendo uma inteligência acima da média, escutam essas coisas e assistem ao show de horrores e injustiças que é a cultura do dízimo e pensam “que merda é essa? Isso não pode ser sério!” e passam a se considerar ateus.

É o que eu considero um “ateu estágio 1”. A criação do não-Deus como resposta aos absurdos das Igrejas caça-níqueis. A imensa maioria do pessoal que eu conheço que se denomina “ateu” começa nesta posição.

A partir deste estágio, a pessoa pode se dividir em três categorias: as que adquirem uma revolta interior tão grande com isso que assumem uma forma mais agressiva de contestar esta religião, abraçando qualquer outra coisa que lhe apresentem apenas como resposta direta aos ataques dos crentes… O problema com isso é que estas pessoas geralmente são manipuladas por iniciados em NOX e Goetia para servirem de gado energético com seus “rituais satânicos” disponíveis na internet (um dia eu falo mais sobre satanismo sério) ou montam a sua “religião do não-deus católico” e saem por ai pregando. Esse pessoal, que costumamos chamar de “satanistas de orkut“, leram meia dúzia de livros do Aleister Crowley, não têm a menor idéia de como a ritualística funciona e geralmente são vampirizados e usados como baterias energéticas para iniciados de verdade das Fraternidades Negras.

A segunda categoria é a dos preguiçosos mentais, que decidem parar seu ceticismo por ai. Decidem que “todas as religiões são iguais, não preciso estudar nenhuma, ninguém presta, são todos picaretas e são todas iguais” e normalmente pensam o mesmo das ciências ocultas, fazendo uma mistureba com os charlatões, videntes e afins (e eu também nem vou culpá-los por isso, porque a coisa é realmente suína no ramo misticóide). Eles normalmente consideram efeitos espirituais como fraudes (e também não podemos julgá-los, já que a maioria das coisas que aparecem na TV é mesmo uma palhaçada), mas nunca se deram ao trabalho de buscar pessoalmente qualquer tipo de comprovação, seja para sim, seja para não. Desta categoria surgem os fanáticos-céticos.

Falar “Deus não existe” é, na melhor das hipóteses, uma demonstração de ignorância, arrogância e prepotência, que assumiria que o indivíduo estudou tudo o que há para ser estudado no planeta e, do alto do conhecimento total, poderia tecer algum comentário semelhante. Por outro lado, falar “Deus existe” quando esse “Deus” é aquela aberração fabricada pela Igreja Católica também é um contrasenso… Oh, a ironia.

E percebemos que o comportamento destes céticos é EXATAMENTE IGUAL ao dos fanáticos religiosos. Ambos são “donos totais da verdade suprema e absoluta incontestável”. Discutir com eles é tão ou mais perda de tempo do que discutir com um pastor evangélico.

A terceira categoria é a que eu respeito. Estes buscadores céticos estudam as outras religiões e filosofias (e por estudar não quero dizer “fuçaram na wikipedia”) e entendem os princípios de suas filosofias e doutrinas, chegando até mesmo a absorver e comparar seus ensinamentos sem se deter nos dogmas impostos (Não mentir, não roubar, não matar, ter ética…). Eles podem chegar à conclusão que “nenhuma das religiões que conheci até agora me serve” (esta resposta eu respeito) mas isso não os impede de continuar estudando e respeitando quem ainda não chegou neste estágio.

Eventualmente ele pode encontrar uma filosofia que lhe sirva, OU continuará uma eterna busca. O mesmo vale para os tais “fenômenos sobrenaturais” (e também pode ser estendido para as informações que eu coloco nesta coluna).

Eu, pessoalmente, acredito que não existe nada “sobrenatural”; existem apenas coisas “naturais” que a ciência ortodoxa não teve capacidade para explicar ainda. Incluindo os espíritos e a magia.

Alguns buscadores acabam chegando a um deus-pessoal, ou seja, o chamado EU SOU. Se basta ter um adorador para qualificar um Deus, se você adorar (do latim Adore, ou “conversar, conhecer”) a si mesmo, isto não configuraria o suficiente para classificá-lo como um Deus? Neste estágio, eles deixam de se tornar um “sem-deus” e se tornam a própria divindade, sem necessidade de procurar nada externo (olha o Oráculo de Delfos novamente, crianças).

O Deus-Ciência

Posso afirmar que o universo que conhecemos foi criado no Big Bang (sopro divino), que formou as galáxias, estrelas e planetas, todos compostos dos mesmos átomos originais, apenas combinados de maneira diferente. Os seres humanos são um amontoado de átomos provenientes desta poeira cósmica, que um dia morrerão e serão recombinados em outros átomos para formar outros seres humanos; assim “reencarnando”. Um dia, quando o universo parar de se expandir e passar a se comprimir, ele acabará no Big Crush e todos os átomos retornarão à origem (embora esta teoria ainda esteja sendo intensamente debatida entre os físicos).

Chame o Big Bang de “Deus” e temos: “O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, e um dia retornará ao criador. O homem é Deus”. E a Kabbalah se prova certa mais uma vez, mesmo no maior dos materialismos.

Non nobis, Domine, Domine, non nobis, Domine

Sed nomini, sed nomini, tuo da gloriam.

Marcelo Del Debbio

#Ceticismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/jesus-o-%C3%ADdolo-dos-ateus

Como perdoar um adultério

Há uma belíssima história do Novo Testamento que fala sobre a manhã em que Jesus foi apresentado a uma mulher que havia supostamente traído o seu marido. Quem a trouxe foram os judeus escribas e fariseus, isto é, que estudavam e aplicavam as leis da época. Segundo a legislação, ela deveria ser apedrejada até a morte.

No entanto, o texto diz, em João 8:6, que os fariseus o tentavam a dar o seu próprio julgamento, a fim de que o pudessem acusar… Ora, se Jesus concordasse com as leis judaicas, estaria contrariando as leis romanas, que não consentiam com punição tão severa. Se, no entanto, defendesse uma punição mais branda, estaria contrariando, supostamente, as leis estabelecidas por Moisés.

A reação do Rabi da Galileia foi, como sabemos, de uma sabedoria profunda. Após se inclinar sobre a terra e escrever algumas palavras com o dedo, sem dúvida deixando todos em sua volta confusos, mas também fazendo com que tivessem tempo de refletir, ele simplesmente respondeu:

“Aquele entre vocês que esteja sem pecado, que atire a primeira pedra”.

A análise literal deste trecho já é bela por si só, mas será possível alcançar uma compreensão mais profunda desta história?

Surpreendentemente, eu fui encontrar esta interpretação aprofundada não no cristianismo, mas no sufismo, a vertente mística do Islã, e que considera Jesus um de seus profetas. Foi da boca de um mestre sufi que eu conheci esta história:

Na doutrina sufi, há sete níveis de consciência, como que gradações que marcam o caminho da animalidade até a união mística com Deus. Quatro desses níveis são tão avançados que pertencem basicamente aqueles que já estão em seu caminho de iluminação espiritual. Os três demais, no entanto, são comuns no mundo todo, e são exatamente estes que são retratados na história de Jesus e da mulher adúltera.

“Mas, espera aí, quer dizer que essa história é só uma metáfora, que nunca ocorreu de verdade?” – você pode perguntar, e a realidade é que, para muitos sufis, assim como para muitos místicos, não faz tanta diferença se a história “ocorreu de verdade”, há cerca de dois mil anos, exatamente como descrita nos textos sagrados; o que mais importa, no final das contas, é o que esta história, assim como tantas outras narrativas esotéricas, podem nos ensinar hoje, neste momento, nesta vida. Em outras palavras, os místicos não querem provar nada a ninguém, exceto a eles mesmos…

Voltando a explicação sufi, os três níveis de consciência, ou três “eus”, que são retratados neste trecho de João são:

Nafs ammara (o eu animal, ou que induz ao mal)

Esta é a condição básica de todo ser humano ainda desconectado de sua própria essência e, dessa forma, da essência divina da própria realidade. Sem condições de controlar sua própria animalidade, é “arrastado” por ela para aqui e acolá, de modo que a satisfação dos desejos do ego se torna o principal objetivo da sua existência.

Porém, como o ego jamais pode realmente ser satisfeito, neste nível de consciência os seres passam por grandes conflitos e angústias, e raramente conhecem reais momentos de paz.

Na história bíblica, este “eu” é representado pela mulher adúltera, que “vive no pecado”. No entanto, como veremos em seguida, é exatamente este nosso aspecto mais obscuro o que tem o maior potencial de elevação, de reforma, de depuração, de melhora.

Vale lembrar, é claro, que todos os personagens da história se referem a aspectos de nós mesmos, o que significa que nós somos ao mesmo tempo tanto a mulher adúltera quanto os demais “eus” presentes na narrativa.

Nafs lawwama (o eu acusador)

Neste nível, a consciência alcança um entendimento intuitivo profundo do que é “certo” e “errado”. Porém, é preciso destacar que esta noção vai além da mera legislação humana, e se encontra arraigada no próprio coração de cada ser.

Há uma passagem belíssima da poesia de Jalal ud-Din Rumi, um grandioso poeta sufi, que diz assim:

“Além das ideias de certo e errado existe um campo, eu lhe encontrarei lá”.

Quem nos encontrará lá é o Amado, isto é, Deus, ou o alvo final de toda esta milenar caminhada espiritual. Não é da noite para o dia, obviamente, que conseguiremos nos elevar “além das ideias de certo e errado”, e viver no bem naturalmente, sem que precisemos de leis para nos colocar nos trilhos…

Até lá, corremos o risco de nos tornarmos acusadores tenazes, a focar nosso julgamento inteiramente nos outros, e não em nós mesmos. É daí que nasce o fanatismo religioso, que absolutamente nada tem a ver com o misticismo ou com a verdadeira religião; enfim, que afasta, e jamais aproxima do Amado.

Dito isso, é fácil identificar como os fariseus representam este estado de consciência. Estão inteiramente dentro da lei, é verdade, mas ainda não conseguirem ir além dela. Ainda não conseguiram chegar ao real conceito de perdão, e por isso acusam os demais, pois são incapazes de perdoar a si mesmos.

Assim, todos nós que carregamos todas essas culpas nos sótãos da consciência somos também como os fariseus, incapazes de perdoar nossos pensamentos adúlteros.

Nafs mulhima (o eu inspirado)

Aqui a consciência finalmente abre sua janela para a luz eterna que banha a tudo o que há desde o início dos tempos. E, ainda que a fresta aberta ainda seja tão pequena, e ainda que os ventos volta e meia façam a janela voltar a se fechar, fato é que a visão de tal luz é inesquecível, e não há caminhante que não se lembre deste momento, para sempre.

A resposta de Jesus, “atire a primeira pedra quem estiver sem pecado”, é ao mesmo tempo um exemplo da inspiração que chega de algum outro mundo, uma ideia genuinamente nova, e um testemunho de que o caminho de ascensão da consciência é árduo e muito, muito longo…

Nós, que trafegamos ao mesmo tempo por esses três níveis de consciência, certamente temos de levar em consideração que por muito tempo ainda viveremos no pecado. Mas isso não deveria ser motivo para cairmos no pessimismo ou na falta de ânimo.

Pois se foi o próprio Rabi quem disse que dia virá que faremos tudo o que ele mesmo fez, e ainda muito mais, isto significa que nós também poderemos um dia chegar aonde ele chegou, e assim, olhar para nossa pobre mulher adúltera e lhe dizer, conectados a luz que cintila em tudo que existe:

“Ninguém lhe condenou, e eu também não lhe condeno. Vá, e não peques mais”.

É assim que nos perdoamos, que domesticamos nossa animalidade, e que nos tornamos aptos a um dia, finalmente, encontrarmos aquele tal campo onde veremos o Amado, face a face.

***

Crédito da imagem: Cena de A última tentação de Cristo

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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#Cristianismo #Jesus #Rumi #sufismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/como-perdoar-um-adult%C3%A9rio

II Simpósio Brasileiro de Hermetismo

O II Simpósio Brasileiro de Hermetismo e Ciências Ocultas, que será realizado nos dias 23, 24 e 25 de junho de 2011, tem por objetivo trazer estudos mais aprofundados à Ciência Hermética. Com apoio da Associação Educacional Sirius-Gaia e do Projeto Mayhem, o evento tem como tema geral a discussão sobre as práticas ocultistas.

A Programação deste ano será composta de Palestras e Workshops com alguns dos mais importantes estudiosos de Hermetismo, Ordens Iniciáticas e Magia no Brasil.

PROGRAMAÇÃO
23/jun/2011

08:30 – 08:50 – Abertura Oficial

08:50 – 10:50 – Astrologia Hermética – Marcelo Del Debbio

11:00 – 12:45 – Umbanda, Xamanismo e Magia – Alexandre Cumino

12:45 – 14:00 – Almoço

14:00 – 16:00 – O Tarot de Crowley e a Magia Sexual Thelemica – Frater Goya

16:00 – 16:30 – Coffe Break

16:30 – 18:00 – Magia no Islamismo – Mário Alves da Silva Filho

18:00 – 20:00 – Xamanismo: O Arquétipo do Animal de Poder – Fernando Maiorino

20:00 – Jantar de Confraternização

24/jun/2011

09:00-11:00 – Arquitetura Sagrada: Simbologia, Geometria e o Ser – Márcio Lupion

11:10 – 12:40 – I Ching, do Xamanismo ao Computador – Gilberto Antônio Silva

12:40 – 13:50 – Almoço

13:50 – 15:50 – Magia Egípcia: O Novo Equinócio dos Deuses – Frater Goya

15:50 – 16:10 – Coffe Break

16:10 – 18:10 – Escolas iniciáticas da Kabbalah: Judaica, Cristã, Hermética, Maçônica e Mágica – Edmundo Pellizzari

18:15 – 20:15 – Mesa Redonda – O lado místico das religiões: Sufismo, Hinduismo, Cristianismo e Judaísmo

25/jun/2011

09:00 – 11:00 – A Felicidade segundo a ótica da Magia Cerimonial – André Calladan

11:10 – 12:45 – Magia do Budismo Esotérico – Renan Romão

12:45 – 14:00 – Almoço

14:00 – 14:55 – Visão da Teosofia sobre os 7 raios – Carlos B. Conte

15:00 – 16:00 – As 7 raças humanas – Carlos B. Conte

16:00 – 16:30 – Coffe Break

16:30 – 18:00 – LHP – O Caminho da Mão Esquerda – Adriano Camargo

18:00 – 19:30 – Projeção Astral – Lázaro Freire

PALESTRANTES
Adriano Camargo – Autor do “Sistemagia” e “Cabala Draconiana”, membro da Dragon Rouge e um dos pouquíssimos caras sérios em LHP no Brasil.

Alexandre Cumino – autor de “A História da Umbanda” e editor do “Jornal da Umbanda Sagrada”. Um dos sacerdotes mais respeitados no Brasil.

Carlos Basílio Conte – Membro da Sociedade Teosófica e Secretário de Cultura da Maçonaria, autor dos livros: “Magia Cerimonial” e “Pitagoras- Ciencia e Magia na Antiga Grecia”.

Edmundo Pellizzari – Prof. Edmundo Pellizzari é teologo (BD, BTh, OCR) com formação em estudos biblicos e judaicos.

Durante trinta anos estudou a Mistica Judaica (Kabalah) em institutos internacionais e com mestres tradicionais. E membro da Order of Corporate Reunion, da Order of Christian Renewal e da Apostolic Church of the Divine Mysteries.

Fernando Maiorino – Fundador e Presidente da Associação Educacional Sírius-Gaia (AESG). Orientador Espiritual em Umbanda Natural, vertente filosófica trazida por seus Guias Espirituais há uma década.

Frater Goya – Mais conhecido nos meios internéticos, é o fundador do Círculo Iniciático de Hermes (CIH). Já postei entrevistas com ele.

Gilberto Antônio Silva – Estudioso de filosofias e culturas orientais desde 1977, pesquisou e analisou com profundidade a cultura e o modo de pensar oriental, especialmente o Taoísmo. É atual Coordenador Editorial da revista Medicina Chinesa Brasil e Editor-responsável do jornal Saúde & Longevidade.

Marcelo Del Debbio – Arquiteto com especializações em Semiótica, História da Arte e História das Religiões Comparadas. Autor da Enciclopédia de Mitologia e coordena o blog “Teoria da Conspiração” e o Projeto Mayhem. É autor da Wikipedia de Ocultismo, com cerca de 5.000 verbetes.

Márcio Lupion – Discipulo da Maha Yoga Chegada ao Ramana Ashram do Brasil Swami Sri Maha Krishna – Aprende as 4 yogas, Bakti, Raja, Jnana e Karma Yoga. Iniciado no budismo tibetano com Chagdud Tulku Rinpoche, Templo Odsal Ling, São Paulo, SP.

Mário Alves da Silva Filho – Pratica e estuda o Sufismo ha mais de 15 anos, tendo sido membro das seguintes Ordens Sufis (Turuq): Attasiyya (foi o representante – Muqadam – para o Brasil), Khalwatiyya al-Jerahiyya e Ahmadiyya at-Tijaniyya (é membro desta atualmente). Viajou pela Turquia, Irã, Iraque e Arábia Saudita entrando em contato com diversos Shaykhs da Tradição do Tasawwuf (Sufismo), aprendendo com eles. Dirige o Centro de Estudos Filosóficos e Espirituais Caminho do Oriente (CEFECO). É membro do Grupo de Pesquisas CERAL- Centro de Estudo de Religiões Alternativas de Origem Oriental, Setor de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP.

Renan Romão – Graduando em Psicologia e Letras (FFLCH-USP), estuda Magia e Misticismo atraves de diversas tradicoes ocidentais e orientais sob a luz do Iluminismo Cientifico. Maçom, membro da ARLS “Estrela do Brasil” n°4321 GOB/GOSP, representante do CALEN/SP e membro-fundador da Confraria de Estudos Antigos.

Informações e inscrições:
http://www.simposiohermetismo.com.br/

#Mayhem #Palestras #SiriusGaia

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Arautos do Caos – Satanismo, Vampirismo, Necromancia e Teologia – Com Damien Vorhees e Igor “Floki”

Bate Papo Mayhem é um projeto extra desbloqueado nas Metas do Projeto Mayhem.

O vídeo desta conversa está disponível em: https://youtu.be/S5L9cIkJW98

Todas as 3as, 5as e Sabados as 21h os coordenadores do Projeto Mayhem batem papo com algum convidado sobre Temas escolhidos pelos membros, que participam ao vivo da conversa, podendo fazer perguntas e colocações. Os vídeos ficam disponíveis para os membros e são liberados para o público em geral três vezes por semana, às terças, quartas e quintas feiras e os áudios são editados na forma de podcast e liberados duas vezes por semana.

Faça parte do projeto Mayhem:

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arautos-do-caos-satanismo-vampirismo-necromancia-e-teologia-com-damien-vorhees-e-igor-floki

A Descoberta do Invisível

» Parte 1 da série “Reflexões sobre o materialismo”

A matéria (do latim: materia) é aquilo que existe, aquilo que forma as coisas e que pode ser observado como tal; é sempre constituída de partículas elementares com massa não-nula (como os átomos, e em escala menor, os prótons, nêutrons e elétrons).

Empédocles foi um filósofo pré-socrático que viveu na atual região da Sicília, entre 490 e 430 a.C.; Também foi médico, legislador e místico. Aproximadamente 2460 anos antes de Darwin e Wallace, já postulava que “os seres evoluíram da água por processos naturais” e que “sobrevive aquele que está mais bem capacitado”. Empédocles viveu em uma era onde os sábios ou filósofos eram ao mesmo tempo religiosos e cientistas.

Por exemplo, ele defendia que o universo era mantido por suas forças fundamentais: o Amor unia os elementos e o Ódio os separava. Esse tipo de nomenclatura pode afugentar os cientistas atuais (bastaria substituir o termo “amor” por “gravidade” para, quem sabe, mudarem de ideia), mas os bem informados saberão que a própria ciência deve muito aos pensadores daquela época. Ao contrário de Pitágoras, Empédocles não achava que a natureza poderia ser desvendada apenas pelo pensamento ou pelo estudo místico dos números. Ele era, portanto, um místico observador…

De fato, um dos primeiros experimentos científicos de que se tem notícia foi realizado por Empédocles com um instrumento de cozinha bastante simples – o ladrão de água. Tratava-se de uma espécie de esfera de latão com perfurações de um lado e um longo cano fino no lado inverso. É usado até os dias de hoje, mas mesmo em sua época já vinha sendo usado há muito tempo. Basta imergir a esfera em qualquer balde com água, segurando-a pelo cano e sem tapa-lo, e depois retirar da água tapando o orifício do cano com o dedão – enquanto mantemos o cano tapado, a água da esfera não sai, mas quando retiramos o dedo do cano, ela vira uma espécie de regador e respinga a água para fora por suas pequenas perfurações.

Ora, muita gente deve ter inserido a esfera na água com o cano tapado, por engano, e percebido que nenhuma água havia sido “roubada” do balde pelo ladrão de água… Para praticamente todos isso não tinha nenhum significado oculto ou profundo, mas nas mãos do cientista isso era de uma significância até mesmo aterradora – se não havia “nada” dentro do ladrão de água, se ele estava sem água alguma, como pôde a água do balde não conseguir adentrá-lo apenas porque pressionamos a ponta do cano com os dedos? A única explicação era que o próprio ar ocupava aquele espaço!

Empédocles havia descoberto o invisível. “O ar” – pensou ele – “deve ser matéria em uma forma tão divinamente dividida que não podia ser vista”. Certamente os antigos já consideravam o ar um dos elementos básicos da criação, e Empédocles partilhava dessa crença. Porém, talvez para eles o ar fosse o elemento visto nas nuvens ou sentido nas ventanias e mesmo nas brisas sutis… Mas certamente ninguém havia concebido que o ar ocupava espaço, que preenchia o aparente vazio entre nós e os móveis de nossa casa, ou a árvore do outro lado da estrada. Empédocles havia provado a existência do ar através da observação da natureza, algo que não poderia ser feito somente com a mente, ou com os números.

Toda a ciência moderna se baseia naquilo que pode ser percebido ou diretamente pelos olhos, como um utensílio de cozinha ou uma árvore, ou através de instrumentos, como ondas de rádio ou galáxias distantes. A ciência moderna não considera aquilo que é percebido apenas pela mente, dentre outras coisas porque normalmente não é uma experiência que pode ser percebida por mais de uma pessoa – ou seja, geralmente não é um experimento replicável. Por isso costuma-se pensar que todo cientista é uma materialista, mas isso faz sentido?

O termo “materialismo” só foi cunhado em torno de 1702 pelo filósofo alemão Leibiniz, mas seu conceito está diretamente relacionado ao atomismo, que nada mais é do que um desenvolvimento das ideias de Empédocles por um filósofo que, apesar de ter vivido na mesma época de Sócrates, está “historicamente agrupado” também entre os pré-socráticos: Demócrito.

Nascido em 460 a.C. na região da Trácia, Demócrito foi um discípulo de Leucipo de Mileto, e depois seu sucessor. É considerado por alguns “o pai da ciência moderna” pelo desenvolvimento do atomismo, mas há quem afirme que ele apenas continuou o trabalho de Leucipo, inspirado pelo pensamento de Empédocles. Em todo caso, nenhuma obra original de Demócrito sobreviveu até a modernidade, o que se sabe sobre ele é, sobretudo, o que outros pensadores de sua época disseram a seu respeito. Dizem que Platão o detestava, por exemplo, e que gostaria que seus livros fossem queimados, mas isso é provavelmente apenas uma anedota que procura demonstrar como o atomismo era, de certa forma, o oposto do idealismo platônico.

Outra anedota talvez seja mais realista, e conta que Demócrito dizia que “o riso torna sábio”, além de retratá-lo como alguém que costumava levar a vida com muito bom humor e gargalhadas ocasionais – “a vida sem festas ocasionais é como uma longa estrada sem estalagens pelo caminho”. Por essas e outras, ficou conhecido na Renascença como “o filósofo que ri”… Mas certamente os partidários do idealismo e particularmente do cristianismo não partilharam de seu bom humor: relegaram sua obra a um ínfimo “rodapé histórico”, uma espécie de filosofia apócrifa.

Mas com o renascimento da ciência, seu pensamento voltou à tona e, apesar de termos apenas pequenas referências de sua obra, sabemos que ele estava fundamentalmente correto quando defendia que “tudo é feito de átomos”. Apenas não pôde vislumbrar o quão profundamente sagrados eram tais átomos.

» Na continuação, como cortar uma maçã sem causar um incidente nuclear…

***

Crédito das imagens: [topo] Wikipedia (Democritus, por Hendrick ter Brugghen); [ao longo] Imagem retirada do episódio 7 da série de TV Cosmos, de Carl Sagan (eis o ladrão de água descrito no artigo).

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Ciência #Filosofia #materialismo

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A Inquisição Protestante

Muitos evangélicos falam da Inquisição Católica, mas poucos sabem sobre a Inquisição Protestante.

Alemanha

Bandos protestantes esfolaram os monges da abadia de São Bernardo, em Bremen, passaram sal em suas carnes vivas e depois os penduraram no campanário.

Em Augsburgo, em 1528, cerca de 170 anabatistas foram aprisionados por ordem do Poder Público. Muitos foram queimados vivos; outros foram marcados com ferro em brasa nas bochechas ou tiveram a língua cortada.

Em 1537, o Conselho Municipal publicou um decreto que proibia o culto católico e estabelecia o prazo de oito dias para que os católicos abandonassem a cidade. Ao término desse prazo, soldados passaram a perseguir os que não aceitaram a nova fé. Igrejas e mosteiros foram profanados, imagens foram derrubadas, altares e o patrimônio artístico-cultural foram saqueados, queimados e destruídos. Também em Frankfurt, a lei determinou a total suspensão do culto católico e a estendeu a todos os estados alemães.

O teólogo protestante Meyfart descreveu uma tortura que ele mesmo presenciou: “Um espanhol e um italiano foram os que sofreram esta bestialidade e brutalidade. Nos países católicos não se condena um assassino, um incestuoso ou um adúltero a mais de uma hora de tortura (sic). Porém, na Alemanha, a tortura é mantida por um dia e uma noite inteira; às vezes, até por dois dias; outras vezes, até por quatro dias e, após isto, é novamente iniciada. Esta é uma história exata e horrível, que não pude presenciar sem também me estremecer. “

Inglaterra

Seis monges Cartuxos e o bispo de Rochester foram sumariamente enforcados. Na época da imperadora Isabel, cerca de 800 católicos eram assassinados por ano e Jesuítas foram assassinados ou torturados. Um ato do Parlamento inglês, em 1562, decretou que “cada sacerdote romano deve ser pendurado, decapitado e esquartejado; a seguir, deve ser queimado e sua cabeça exposta num poste em local público”.

Suíça

O descobridor da circulação do sangue foi queimado em Genebra, por ordem de Calvino. No distrito de Thorgau, um missionário zwingliano liderou um bando protestante que saqueou, massacrou e destruiu o mosteiro local, inclusive a biblioteca e o acervo artístico-cultural.

Em Zurique, foi ordenada a retirada de todas as imagens religiosas, relíquias e enfeites das igrejas; até mesmo os órgãos foram proibidos. A catedral ficou vazia, como continua até hoje. Os católicos foram proibidos de ocupar cargos públicos; o comparecimento aos sermões católicos implicava em penas e castigos físicos e, sob a ordem de “severas penas”, era proibido ao povo possuir imagens e quadros religiosos em suas casas.

Ainda em Zurique, a Missa foi prescrita em 1525. A isto, seguiu-se a queima dos mosteiros e a destruição em massa de templos. Os bispos de Constança, Basiléia, Lausana e Genebra foram obrigados a abandonar suas cidades e o território. Um observador contemporâneo, Willian Farel, escreveu: “Ao sermão de João Calvino na antiga igreja de São Pedro, seguiram-se desordens em que se destruíram imagens, quadros e tesouros antigos das igrejas”.

Irlanda

Quando Henrique VIII iniciou a perseguição protestante contra os católicos, existiam mais de mil monges dominicanos no país, dos quais apenas dois sobreviveram à perseguição.

Escócia

Durante um período de seis anos, John Knox, pai do presbiteranismo, mandou queimar na fogueira cerca de 1.000 mulheres, acusadas de bruxaria.

O saque de Roma

O Saque de Roma foi um dos episódios mais sangrentos da Reforma Protestante.

No dia 6 de maio de 1527, legiões luteranas do exército imperial de Carlos V invadiram a cidade. Um texto veneziano, daquela época, afirma que: “o inferno não é nada quando comparado com a visão da Roma atual”. Os soldados luteranos nomearam Lutero “papa de Roma”. Todos os doentes do Hospital do Espírito Santo foram massacrados em seus leitos.

Os palácios foram destruídos por tiros de canhões, com seus habitantes dentro. Os crânios dos Apóstolos São João e Santo André serviram para os jogos esportivos das tropas. Centenas de cadáveres de religiosas, leigas e crianças violentadas – muitas com lanças incrustadas na região genital – foram atirados no rio Tibre. As igrejas, inclusive a Basílica de São Pedro, foram convertidas em estábulos e celebraram-se missas profanas.

Gregóribo afirma a respeito: “Alguns soldados embriagados colocaram ornamentos sacerdotais em um asno e obrigaram um sacerdote a conferir-lhe a comunhão. O sacerdote engoliu a forma e seus algozes o mataram mediante terríveis tormentos”.

Conta o Padre. Mexia: “Depois disso, sem diferenciar o sagrado e o profano, toda a cidade foi roubada e saqueada, inexistindo qualquer casa ou templo que não foi roubado ou algum homem que não foi preso e solto apenas após o resgate”. O butim foi de 10 milhões de ducados, uma soma astronômica para a época.

Dos 55.000 habitantes de Roma, sobreviveram apenas 19.000.

Os “Grandes Reformadores Protestantes” e o emprego da violência:

Lutero

Em 1520, escreveu em seu “Epítome”: (…) francamente declaro que o verdadeiro anticristo encontra-se entronizado no templo de Deus e governa em Roma (a empurpurada Babilônia), sendo a Cúria a sinagoga de Satanás (…) Se a fúria dos romanistas não cessar, não restará outro remédio senão os imperadores, reis e príncipes reunidos com forças e armas atacarem a essa praga mundial, resolvendo o assunto não mais com palavras, mas com a espada (…) Se castigamos os ladrões com a forca, os assaltantes com a espada, os hereges com a fogueira; por que não atacamos com armas, com maior razão, a esses mestres da perdição, a esses cardeais, a esses papas, a todo esse ápice da Sodoma romana, que tem perpetuamente corrompido a Igreja de Deus, lavando assim as nossas mãos em seu sangue?”

Em um folheto intitulado “Contra a Falsamente Chamada Ordem Espiritual do Papa e dos Bispos”, de julho de 1522, ele declarou: “Seria melhor que se assassinassem todos os bispos e se arrasassem todas as fundações e claustros para que não se destruísse uma só alma, para não falar já de todas as almas perdidas para salvar os seus indignos fraudadores e idólatras. Que utilidade tem os que assim vivem na luxúria, alimentando-se com o suor e o sangue dos demais?”

Em outro folheto, “Contra a Horda dos Camponeses que Roubam e Assassinam”, ele dizia aos príncipes: “Empunhai rapidamente a espada, pois um príncipe ou senhor deve lembrar neste caso que é ministro de Deus e servidor da Sua ira (Romanos 13) e que recebeu a espada para empregá-la contra tais homens (…) Se pode castigar e não o faz – mesmo que o castigo consista em tirar a vida e derramar sangue – é culpável de todos os assassinatos e todo o mal que esses homens cometerem”.

Em julho de 1525, Lutero escrevia em sua “Carta Aberta sobre o Livro contra os Camponeses”:

“Se acreditam que esta resposta é demasiadamente dura e que seu único fim e fazer-vos calar pela violência, respondo que isto é verdade. Um rebelde não merece ser contestado pela razão porque não a aceita. Aquele que não quer escutar a Palavra de Deus, que lhe fala com bondade, deve ouvir o algoz quando este chega com o seu machado (…) Não quero ouvir nem saber nada sobre misericórdia”.

Sobre os judeus, assim dizia em suas famosas “Cartas sobre a Mesa”: “Quem puder que atire-lhes enxofre e alcatrão; se alguém puder lançá-los no fogo do inferno, tanto que melhor (…) E isto deve ser feito em honra de Nosso Senhor e do Cristianismo. Sejam suas casas despedaçadas e destruídas (…) Sejam-lhes confiscados seus livros de orações e talmudes, bem como toda a sua Bíblia. Proíba-se seus rabinos de ensinar, sob pena de morte, de agora em diante. E se tudo isso for pouco, que sejam expulsos do país como cães raivosos”.

Em seus “Comentários ao Salmo 80?, Lutero aconselhava aos governantes que aplicassem a pena de morte a todos os hereges.

Melanchton, o teólogo luterano da Reforma, aceitou ser o presidente da inquisição protestante, com sede na Saxônia. Ele apresentou um documento, em 1530, no qual defendia o direito de repressão à espada contra os anabatistas. Lutero acrescentou de próprio punho uma nota em que dizia: “Isto é de meu agrado”. Convencido de que os anabatistas arderiam no fogo do inferno, Melanchton os perseguia com a justificativa de que “por que precisamos ter mais piedade com essas pessoas do que Deus?”

Calvino

Em seus “Institutos”, declarou: “Pessoas que persistem nas superstições do anticristo romano devem ser reprimidas pela espada”. Em 1547, James Gruet publicou uma nota criticando Calvino e foi preso, torturado no potro duas vezes por dia durante um mês e, finalmente, sentenciado à morte por blasfêmia. Seus pés foram pregados a uma estaca e sua cabeça foi cortada. Em 1555, os irmãos Comparet foram acusados de libertinagem, executados e esquartejados. Seus restos mortais foram exibidos em diferentes partes de Genebra.

Zwínglio

Em 1525, começou a perseguir os anabatistas de Zurique. As penas iam desde o afogamento no lago ou em rios, até a fogueira.

Protestantes versus Protestantes

Os reformadores também lutavam entre si..

Lutero disse: “Ecolampaio, Calvino e outros hereges semelhantes possuem demônios sobre demônios, têm corações corrompidos e bocas mentirosas”. Por ocasião da morte de Zwínglio, afirmou: “Que bom que Zwínglio morreu em campo de batalha! A que classe de triunfo e a que bem Deus conduziu os seus negócios!”, e também: “Zwínglio está morto e condenado por ser ladrão, rebelde e levar outros a seguir os seus erros”.

Zwínglio também atacava Lutero: “O demônio apoderou-se de Lutero de tal modo que até nos faz crer que o possui por completo. Quando é visto entre os seus seguidores, parece realmente que uma legião o possui”.

Acerca da Reforma, disse Rosseau: “A Reforma foi intolerante desde o seu berço e os seus autores são contados entre os grandes repressores da Humanidade”. Em sua obra “Filosofia Positiva”, escreveu: “A intolerância do Protestantismo certamente não foi menor do que a do Catolicismo e, com certeza, mais reprovável”.

Texto original de Marcelo “Druyan” Esteves.

#Protestantismo

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