Quem é quem na Távola Redonda

Publicado no S&H dia07/05/09.

Qualquer um que extrair
esta espada desta pedra
será o rei da Inglaterra
por direito de nascimento

Falar ou escrever com propriedade e fidedignidade sobre o Rei Arthur é uma tarefa muito difícil, porque simplesmente não existe nada historicamente confiável. Aliás, “Arthur” é um herói que nem consta das linhas do tempo nos sites de história ortodoxa. Para suprir esse vazio, abundam as tradições dos antigos trovadores e novelistas que iam de burgo em burgo cantando as proezas heróicas de um grande guerreiro que unificou as tribos bretãs e expulsou os invasores normandos e saxões provenientes do continente europeu no século V de nossa era cristã.

Também se pode dizer que as lendas arthurianas serviram de inspiração para outras versões heróicas posteriores, como a de Carlos Magno e seus cavaleiros (século IX). E, da mescla de tudo que se cantou (e os heróis realizaram) nos primeiros dez séculos depois de Cristo, surgiram as versões que hoje são conhecidas (portanto, bem distantes dos acontecimentos reais).
Começarei pelos 12 Cavaleiros mais conhecidos: Kay, Lancelot, Gaheris, Bedivere, Lamorak de Galis, Gawain, Galahad, Tristão, Gareth, Percival, Boors e Geraint. Com Arthur, formam os 12 apóstolos e o Rei, onde o mais fiel de todos os cavaleiros é justamente o que trai Arthur. Já ouviu esta lenda em algum outro lugar?

Lancelot
Vou começar pelo mais importante e mais controverso de todos: Lancelot Du Lac.
Ele é mais conhecido hoje em dia por ter chifrado o Rei Arthur do que pelo seu papel na busca pelo Santo Graal. A vida de Lancelot é contada em diversos romances medievais, geralmente como um personagem secundário. Sua primeira aparição “séria” ocorre no texto “Le Chevalier de La charette””, de Chretien de Troyes, datado do século XII., mas foi durante o século XIII que ele se torna realmente conhecido nas cortes européias, no ciclo chamado “Vulgata”, nas “Prosas de Lancelot”. O texto pode ser encontrado AQUI (em francês).

As origens literárias de Lancelot são um tanto quanto obscuras. Antes de sua aparição nos poemas de Chrétien de Troyes, Lancelot é praticamente um ilustre desconhecido. O erudito Roger Sherman Loomis sugere que Lancelot esteja relacionado ao herói Llwch Llenlleawg de Galês (“Llwch da mão impressionante”) do ciclo Culhwch e de Olwen.

No poema “Erec e Enide” de Chrétien, o Lancelot conhecido aparece como o terceiro personagem em uma lista de cavaleiros na corte do rei Arthur. O fato de que o nome de Lancelot segue Gawain e Erec indica a importância presumida do cavaleiro na corte, mesmo que não figure proeminente no conto de Chrétien. Lancelot reaparece em “Cligès”, também de Chrétien. Aqui, Lancelot toma um papel mais importante como um dos cavaleiros que Cligès deve superar em sua procura.
Não é até o “Le Chevalier de La charette”, entretanto, que Lancelot torna-se o protagonista. Neste texto, é apresentado como o cavaleiro o mais formidável na corte do rei Arthur. Seu relacionamento adúltero com a rainha é introduzido igualmente neste conto pela primeira vez. De acordo com Pamela Raabe, no trabalho de Chrétien de Troyes, Lancelot está retratado enquanto não somente o mais justo e perfeito dos cavaleiros, mas todos os que o encontram também o descrevem como excepcionalmente perfeito. O problema é que os críticos foram incapazes de conciliar seu “estado de santidade” com seu adultério óbvio com Guinevere. Como pode a consumação dos amantes ser considerada “um caso santificado” quando for igualmente adúltero?
Embora Lancelot seja associado mais tarde com a procura do Graal, Chrétien não o inclui no seu romance final, Le conte du graal. Nesta história, que introduz a alegoria do Graal na literatura medieval, Percival é o único buscador do graal. A participação de Lancelot na lenda do Graal é publicada primeiramente no poema Perlesvaus escrito entre 1200 e 1210.

Galahad
Galahad (também conhecido por Galaaz ou Gwalchavad), é filho de Lancelot com a princesa Helena, filha do Rei Pelles (o “Rei Pescador”). Como Lancelot havia feito um juramento de não amar nenhuma mulher a não ser Guinevere, Helena usa magia para enganar Lancelot, fazendo-o levar a crer que ela era Guinevere. Eles dormem juntos mas, ao descobrir o que aconteceu, Lancelot deixa Helena e volta para a Corte do Rei Arthur. Galahad é, então, entregue aos cuidados de uma sua tia, abadessa de um convento, e ali criado. É interessante notar que “Galahad” era também o nome original de Lancelot, mas é-lhe alterado em criança, pois Merlin profetiza que o seu filho irá ultrapassar o seu pai em valor e terá sucesso na demanda do Graal.

Ao chegar à vida adulta, Galahad reune-se ao seu pai, que o inicia como cavaleiro. É, então, trazido para a Corte do Rei Arthur em Camelot durante a festa de Pentecostes. Sem ter conhecimento do perigo em que se estava a meter, Galahad dirige-se para a Távola Redonda e senta-se na cadeira proibida. Este lugar tinha sido sempre mantido vago para a única pessoa que conseguisse alcançar o sucesso na Busca pelo Santo Graal. Qualquer outra pessoa que aí se sentasse teria morte imediata. Galahad sobrevive ao evento testemunhado por Arhtur e pelos seus cavaleiros. O Rei faz um outro teste, solicitando-lhe que arrancasse uma espada cravada numa rocha, teste que ele passa com facilidade (interessante teste iniciático, certo?).
O Rei Arthur proclama então Galahad como o melhor cavaleiro do mundo. Ele é, então, convidado a juntar-se à Ordem da Távola Redonda e, depois de uma visão do Graal, lança-se na sua busca.
O incrível poder e sorte de Galahad na Busca pelo Graal são sempre atribuídos à sua piedade. De acordo com a lenda, só os cavaleiros puros conseguirão alcançar o Graal. Galahad parece levar uma vida totalmente sem pecado e, como resultado, vive e pensa num nível totalmente à parte dos outros cavaleiro da lenda.
Talvez devido à sua natureza totalmente pura, Galahad parece quase sobre-humano. Ele derrota os cavaleiros rivais aparentemente sem esforço, praticamente não lhes fala e leva os seus companheiros ao Graal com uma determinação indestrutível. Assim, dos três que terminam a demanda (Boors, Percival e o próprio Galahad), ele é o único que realmente o alcança. Quando o faz, Galahad é levado para os Céus, tal como os Patriarcas Bíblicos Enoque e o profeta Elias, deixando os seus companheiros para trás.

Percival
Existem numerosas versões sobre a origem de Percival. Na maioria das histórias ele é de origem nobre, sendo filho de Pellinor, cavaleiro valoroso e rei de Listenois. A sua mãe, habitualmente anônima, desempenha um papel importante na história. Ela vai viver para uma floresta isolada, para impedir o filho de se tornar cavaleiro. A sua irmã, portadora do Santo Graal é chamada Dandrane. Nas versões da história em que Percival é filho de Pellinor, os seus irmãos são Tor, Agloval, Lamorat e Dornar.
Depois da morte do pai de Percival, a sua mãe o leva para o isolamento da floresta, fazendo com que ele ignore, até aos quinze anos, como se comportam os homens. Um dia, ao treinar com sua espada na floresta, o jovem Percival encontra cinco cavaleiros com armaduras tão brilhantes que os toma por anjos. Após ter vislumbrado esta cena, adquire o desejo de se tornar, ele próprio, um cavaleiro, e dirige-se à corte do Rei Arthur. Aí, depois de se ter revelado um excelente guerreiro, é convidado a juntar-se aos Cavaleiros da Távola Redonda.

Nos contos mais antigos, Percival participa na busca do Santo Graal. Na versão de Chrétien de Troyes ele encontra o Rei Pescador ferido e observa o Graal, mas abstém-se de pôr a questão que iria trazer a cura do soberano. Apercebendo-se do seu erro ele esforça-se por voltar ao Castelo do Graal e terminar a sua busca.
As histórias posteriores fazem de Galahad, filho de Lancelot, o verdadeiro herói do Santo Graal. Mas mesmo que o seu papel tenha sido diminuído, Percival mantém-se como uma importante personagem e é um dos dois cavaleiros (juntamente com Boors) que acompanha Galahad ao castelo do Graal, terminado com ele a sua demanda.
Nas versões primitivas da história, a amada de Percival é Blanchefleur e ele torna-se rei de Corbenic, depois de ter curado o Rei Pescador. Já nas versões posteriores, ele mantém-se virgem e morre depois de ter encontrado o Graal. Na versão de Wolfram von Eschenbach o filho de Percival é Lohengrin, o Cavaleiro do Cisne.

Kay
Kay está sempre presente a literatura Arthuriana, mas raramente passa algo além do que ser um fanfarrão aos outros personagens. Embora ele manipule o rei para seus propósitos, sua lealdade a Arthur não é questionada. No “Ciclo Vulgate”, “Pós-Vulgate” e “Le Morte d’Arthur” de Malory, o pai de Kay, Heitor adota o pequeno Arthur após Merlin tomá-lo de seus pais, Uther e Igraine.
Heitor os cria como irmãos, mas a descendência de Arthur é revelada quando retira a Espada da Pedra em um torneio em Londres. Arthur servia como escudeiro a Kay, recém nomeado como cavaleiro, quando perdeu a espada de seu irmão e usa a Espada da Pedra para substituí-la. Kay, com seu oportunismo característico, tenta chamar para si o feito de retirar a espada da pedra, fazendo-se o Rei dos Bretões, porém cede e admite que fôra Arthur quem havia retirado a espada. Kay acaba se tornando um dos primeiros cavaleiros da Távola Redonda e serve seu irmão adotivo como escudeiro pelo resto da vida.
O pai de Kay é chamado de Heitor na literatura recente, mas nos contos galeses é nomeado como Cynyr Fork-Beard. Chrétien de Troyes menciona que tinha um filho chamado Gronosis, que era versado no mal, enquanto que o galês o dá um filho e uma filha chamados Garanwyn e Celemon. Romances raramene surgem na vida amorosa de Kay com uma exceção de Girart d’Amiens’ Escanor, que detalha seu amor por Andrivete de Northumbria, em que deve defendê-la das maquinações políticas do tio dela antes que casem.

Gawain
Gawain é muitas vezes descrito como sendo sobrinho do rei Arthur, filho de Morgause e irmão de Gaheris, Gareth, Agravaine e Mordred. Possuía um comportamento muito irritadiço, como pode-se constatar em Layamon, quando Arthur descobre a traição de Lancelot e Guinevere, Gawain declara que vai enforcar Mordred com suas próprias mãos e que Guinevere deve ser despedaçada por cavalos selvagens. Outra passagem, descrita por Thomas Malory, onde se pode visualizar o caráter vingativo de Gawain, é mostrada quando do cerco ao castelo de Lancelot. Lancelot, que durante a fuga com a rainha mata os irmãos de Gawain, Gaheris e Gareth, afirma que a acusação de traição contra ele é falsa e que o julgamento por combate havia mostrado que ele estava certo. Arthur poderia até perdoá-lo, mas Gawain não deixa que isso ocorra. O clímax da história é a luta entre Gawain e Lancelot.
Gawain tem uma peculiaridade que lhe permite ganhar força física no período que vai das nove da manhã até ao meio-dia. Malory diz que isso era um presente de um homem santo, mas é claro que, originalmente, Gawain era a representação de um adorador do deus-sol e Lancelot representa o cristianismo. Lancelot simplesmente resiste nas horas de força de Gawain e, quando elas declinam, lança-o à terra. Por duas vezes essa luta sobrenatural acontece e a cada vez que Gawain é jogado no chão, chama Lancelot para continuar a luta. Lancelot responde que quer lutar com ele de novo, mas só quando estiver de pé.
O conto mais famoso de Gawain, no entanto, é intitulado “Sir Gawain and the Green Knight” (Sir Gawain e o Cavaleiro Verde), escrito por volta do ano 1400. No dia do Ano-Novo, quando o rei, a rainha e a corte estão reunidos para um jantar, um cavaleiro de tamanho incomum entra no casarão com seu cavalo. Pede que algum cavaleiro ali presente lhe dê um golpe no pescoço com o machado que ele carrega e que, no próximo Ano-Novo, o oponente esteja na Capela Verde para receber, por sua vez, o seu golpe. O cavaleiro e suas roupas, assim como seu cavalo, os trajes e os arreios, tudo era verde. O ouro e o aço estavam manchados de verde, os arreios reluziam e cintilavam com pedras verdes e filetes de ouro estavam entrelaçados na crina verde do cavalo. Arthur imediatamente se oferece para o desafio do cavaleiro, mas Gawain se interpõe e o toma para si. Com um golpe de machado, decepa a cabeça do cavaleiro que rola pelo chão, espalhando sangue na carne verde. O cavaleiro verde recolhe a cabeça. Levanta as pálpebras, olha vivamente e então encarrega Gawain de encontrá-lo naquele dia, após um ano, na Capela Verde. Segurando a cabeça pelos cabelos verdes, monta em seu cavalo e deixa o casarão. Creepy, ne?
Um ano depois, para manter a palavra, Gawain chega ao castelo de Bertilak, anfitrião cordial e generoso que, por ter cor normal, não é reconhecido como sendo o cavaleiro verde. Gawain chega ao castelo em completo estado de exaustão. Recebido com hospitalidade, envolvido em um manto de arminhos enfileirados, é convidado a sentar ao lado de uma lareira com brasas de carvão. Quando Sir Bertilak retorna ao seu castelo, depois da caça, recebe o hóspede com muita cortesia e combina com ele que daria o produto de sua caça a Gawain todo dia e, em troca, Gawain lhe daria algo que tivesse recebido no castelo.
Durante a sua estada no castelo, Gawain recebe de manhã, antes de sair da cama, a visita da bela mulher de Bertilak, se vendo obrigado a resistir às suas investidas. Por dois dias assim o faz, aceitando somente beijos que, à noite, transmite a Sir Bertilak em troca da caça. Na terceira manhã, porém, a senhora oferece-lhe um cordão verde que o protegerá de qualquer ferimento, o medo de sua provação faz com que o aceite, mas esconde o fato de seu anfitrião. Quando chega o dia do Ano Novo, para honrar seu compromisso, ele sai em busca da Capela Verde. Achando o local, o Cavaleiro Verde aparece para devolver o golpe de Gawain. Se ele não tivesse aceitado o cordão verde, o machado teria caído sobre ele inofensivamente, mas, como isso não aconteceu, o machado esfola sua pele e seu sangue jorra. Agora revela-se que o Cavaleiro Verde é o próprio Bertilak, que havia sido enfeitiçado pela irmã de Arthur, a fada Morgana. Depois de trocarem muitas cortesias, Gawain parte e retorna à corte de Arthur, a quem confessa sua pequenez por ter aceitado o cordão.
Claro que, contando assim, parece um poema maluco, mas ele faz todo o sentido simbolicamente, onde retrata o “Green Man”, sacerdotes dos cultos osirianos e celtas, e Gawain representa o cristianismo. O Cavaleiro Verde também pode ser uma referência a Al-Khidr, um obscuro personagem que aparece no Corão, testando o profeta Moisés.

Boors, o Exilado
Boors, o Jovem (posteriormente também conhecido por Boors, O Exilado, ou ainda, Boors, O Destemido) é mais conhecido que seu pai (que possui o mesmo nome, Boors) nas histórias do Ciclo Arthuriano. Ele e seu irmão Leonel vivem durante vários anos na corte do rei Claudas, mas acabam por se rebelar contra ele e chegam a matar o seu cruel filho Dorin. Antes de Claudas ter tempo de retaliar, os rapazes são resgatados por um servo da Senhora do Lago e são levados para serem criados junto ao seu primo Lancelot.
Os três crescem e tornam-se excelentes cavaleiros, indo para Camelot para se juntarem à corte do Rei Arthur. Boors é identificável por uma cicatriz na testa e participa na maioria dos conflitos de Arthur, incluindo a batalha final contra Claudas que liberta o país do seu pai. Boors havia feito o voto de castidade, mas acaba se tornando pai de Elian quando Brandegoris, a filha de Arthur (nesse ciclo de contos), o consegue levar a dormir com ela, através de um anel mágico. Mais tarde, leva o seu filho a entrar na Távola Redonda.
Boors é sempre retratado como um dos melhores da Távola Redonda, mas a sua glória vem da Demanda do Santo Graal, na qual ele prova ter o valor suficiente, juntamente com Galahad e Percival, para alcançar e testemunhar os mistérios do Graal.
Vários episódios demonstram o seu carácter virtuoso. Num deles, uma dama aproxima-se de Boors, ameaçando-o de se suicidar se ele não dormisse com ela. Ele se recusa, porém, a quebrar o seu voto de celibato. Perante a sua recusa, a dama e as suas aias ameaçam atirar-se do alto das muralhas do castelo e, ao caírem, revelam-se demônios disfarçados que tentavam aproveitar-se da compaixão de Boors.

Tal como o resto da sua família, Bors junta-se a Lancelot no exílio, depois do seu caso amoroso com Guinevere ser revelado, e salva a rainha de ser executada no cadafalso. Ele acaba se tornando um dos conselheiros de maior confiança de Lancelot na sua guerra contra Arthur, tornando-se o governante dos antigos reinos de Claudas. Quando Arthur e Gawain têm que regressar à Bretanha para combater o usurpador Mordred, Gawain envia uma carta a Lancelot pedindo-lhe auxílio. Lancelot chega para dominar o resto da rebelião liderada pelos filhos de Mordred, mas Leonel é morto por um deles e, dessa forma, Boors vai então vingar a morte do irmão.
Boors, Galahad e Percival vão em busca do Santo Graal, conseguindo alcançá-lo. Então acompanham-no a Sarras, uma ilha mítica no Médio Oriente. Tanto Galahd como Percival morrem enquanto lá se encontram, sendo Boors o único a regressar.
Do nome Sarras originou-se o termo SARRACENOS.

#ReiArthur

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Tarot da Kabbalah Hermética

É com muita alegria e satisfação que posso finalmente anunciar que o Tarot da Kabbalah Hermética está na gráfica. Todos vocês sabem que um dos grandes projetos do Blog sempre foi ter um Tarot. Mas não poderia ser qualquer tarot… Na minha concepção, o Tarot é um livro onde estão guardados todos os estudos iniciáticos que um Mago precisa e o seu domínio é peça fundamental em qualquer Ordem Magística.

Por um lado, meu espírito virginiano perfeccionista não estaria satisfeito até conseguir compilar todos estes ensinamentos em um Deck Completo. Por outro lado, minhas capacidades artísticas deixam muito a desejar. Porém, desde o ano passado, estive desenvolvendo este projeto em parceria com o Rodrigo Grola, um dos melhores artistas que já tive a honra de trabalhar. Sua capacidade de materializaçao de idéias e síntese artística do uso das cores e formas já o tornaram famoso nos meios iniciáticos, com seus trabalhos na Árvore da Vida, Lamen e o fantástico Arqueômetro que trabalhamos em conjunto.

E falta pouco para este trabalho se concretizar em Malkuth.

O Tarot da Kabbalah Hermética contém todas as informações para a utilização dos Arcanos como PORTAIS, a serem usados no Altar Pessoal do Mago e para trabalhos envolvendo Anjos cabalísticos e Demônios Goéticos. Ele é o deck oficial do Arcanum Arcanorum e pode ser usado também como Guia de estudos da Árvore da Vida, Correspondências Cabalísticas e, claro, como Oráculo.

Como o processo de se criar e imprimir um tarot é MUITO caro, ainda mais na qualidade que escolhemos (cartas de PVC no estilo das de Poker, com 111x72mm, tamanho original do Thoth Tarot de Crowley), preferimos fazer uma tiragem menor primeiro e arrecadar o dinheiro para a impressão comercial do Tarot.

De forma a brindar esta idéia, imprimimos apenas 300 decks na primeira edição, em homenagem aos Bravos Guerreiros de Esparta que acreditaram na idéia em primeiro lugar. Estes 300 decks terão o verso diferenciado das edições posteriores, o que fará deles, além de tudo, objetos de colecionador.

Faremos uma festa de lançamento e uma lista de reservas da Primeira Edição.

Aguardem.

#Tarot

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Magia para passar em qualquer Concurso ou Prova

Quase todo dia, pessoas me escrevem pedindo magias ou rituais que os permitam passar em provas, concursos, exame da OAB ou testes de qualquer tipo. Recentemente, recebi autorização dos Poderes Illuminati que regem o Governo Oculto do Mundo para revelar apenas aos leitores deste blog os segredos goéticos para passar magistralmente em qualquer concurso sem levantar suspeitas.

Este é um ritual enochiano complexo que necessitará de seis meses de preparo (para um Exame da OAB ou Concurso Público), acompanhando as tábuas lunares e aspectações astrológicas, de acordo com as anotações deixadas por Aleister Crowley.

Em primeiro lugar, veja a data exata do Concurso. Isso possui uma importância fundamental astrológica no ritual.

Veja seu calendário magístico e marque exatos 6 meses, 6 horas e 6 minutos antes (666). Separe todos os livros e matérias que constam nas “Disciplinas do Edital” ou a “matéria da Prova”. Estes serão denominados de agora em diante “Coelum Philosophorum”. É importante que você separe TODOS os livros que cairão na prova ou concurso, porque precisaremos de todo o conteúdo para o pacto com as forças das trevas.

Caso seja uma prova menor, com menos matéria, o estudante pode começar a preparar o ritual exatamente 6 dias, 6 horas e 6 minutos antes da prova.

O contrato com os demônios da Goécia para realizar o pacto precisa ser feito todos os dias, sem falhas, ou o ritual não funcionará. Segundo Abramelin, durante não menos do que duas horas a cada dia, o Estudante começará a preparar os “Sigilos de Resumo” que são fórmulas cabalísticas para transformar grandes conteúdos literários em pequenos trechos que deverão ser compreendidos no pacto final. Para tanto, separe toda a matéria do Coelum Philosophorum, dividindo-o pelo número de dias que você fará as invocações.

A cada dia, certifique-se que não será perturbado pelos profanos por pelo menos duas horas. Desligue todos os equipamentos eletrônicos ao redor, pois as emanações eletromagnéticas prejudicarão o entrosamento psicomental necessário para contactar os seres goéticos.

O mago deverá usar suas vestes ritualísticas (se não possuir, poderá usar roupas pretas) e, atentamente, leia e faça anotações e RESUMOS em seu Grimório Pessoal com todo o conteúdo dos textos separados (isto é importante para que o mago saiba exatamente o conteúdo total da energia que será exigida na prova, a fim de invocar a entidade goética mais adequada). Segundo McGregor Mathers, Dion Fortune e Peter J. Carroll, esta etapa do ritual é fundamental e não pode ser negligenciada, pois os sigilos ficariam incompletos.

São Cipriano recomenda, em seu livro de capa preta, que o feiticeiro tenha ao seu lado um copo de água cheio, que deverá ser consumido durante estas duas horas de ritual.

Na noite anterior, é necessário que o Adepto medite a respeito dos objetivos e não pense mais no assunto, pois os sigilos precisam ser lançados no Astral para o dia seguinte. Com o tempo e com as práticas ritualísticas, o iniciado dominará qualquer tipo de assunto, bastando para isso incorporar novos livros ao Coelum Philosophorum.

Na hora do exame, toda a matéria resumida nos sigilos aparecerá de maneira mágica e inexplicável na mente do iniciado, trazida diretamente de seu Sagrado Anjo Guardião, fazendo com que ele consiga passar em qualquer prova ou teste!

De Paracelsus a Isaac Newton, de Agrippa a Leonardo DaVinci, todos os alquimistas utilizaram-se deste método que agora está disponível a qualquer digno estudante de ciências ocultas. Desta maneira, o estudante das ciências herméticas conseguirá os melhores resultados na escola, na faculdade ou em qualquer outro lugar, sem despertar suspeitas!

93!

Marcelo Del Debbio

Dies Martis, Sol in Aquarius, Luna in Pisces

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/magia-para-passar-em-qualquer-concurso-ou-prova

Sagrado Anjo Guardião

Por J. R.R. Abrahão

A mais importante invocação que o Mago pode efetuar é a de seu Gênio, Daemon, Anjo-Demônio da Guarda, Santo Anjo da Guarda, Sagrado Anjo Guardião, Amante Secreto, Vontade Verdadeira ou Augoeides.
Essa operação é tradicionalmente conhecida como conseguir o Conhecimento e a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião.
O Sagrado Anjo da Guarda (“SAG”), é o nosso poder de consciência, Magia e Gênio.
Nós temos a pesarosa capacidade de ficarmos obsediados com meros produtos de nosso próprio gênio, crendo, por engano, ser o próprio Gênio legítimo, não uma criação nossa.
Os efeitos colaterais dessa obsessão tem um nome genérico, CHORONZON, ou, ainda DEMÔNIOS CHORONZON, pois seu nome é LEGIÃO. Louvar essas criações é aprisionar a si mesmo na loucura, além de invocar desastres eventuais.

Mas CHORONZON, o “outro lado” do AUGOEIDES, só aparece aonde se busca o “SAG”. Daí o perigo da busca frenética e mal dirigida, como está na moda atualmente. Em algumas Escolas Iniciáticas CHORONZON é identificado como o Deus Egípcio ANÚBIS.
Para os que nada buscam, porém, também há uma nefasta criatura espreitando: o HABITANTE DO UMBRAL.
Habitante do Umbral é um conceito metafísico. É nossa própria criação. Ele tende a controlar nossas fraquezas, especialmente através da Vontade e força de vontade. Isso está relacionado à possessão num nível astral. É especialmente dominante nos casos de toxicomania, alcoolismo, tabagismo e outros problemas de vícios em geral.
Para entender a envergadura desses problemas, basta conhecer o nome do Anjo da Guarda junto ao Tantrismo: O Amante Secreto. Portanto, todas as fantasias pessoais, inclusive as sexuais, têm origem na natureza e aparência dessa Entidade. Eis por que todas as anomalias e desvios sexuais têm origem em seus “opostos”, isto é, nos opostos do Amante Secreto.
O Santo Anjo da Guarda é o mais importante dos elos mágicos – e o único seguro – entre os humanos e as “forças externas”.

Aleister Crowley é extremamente claro ao afirmar que o Anjo da Guarda não deve ser confundido com entidades nebulosas como o Eu Superior. Diz ainda que o Anjo da Guarda é um indivíduo real, com seu próprio universo, assim como os seres humanos.
O Santo Anjo da Guarda não é uma entidade subjetiva, nem consiste numa forma de “oposto da consciência” da pessoa. Seus reflexos, porém, podem constituir um potencial de ordem distinta, que pode vir a ser interpretado como o “mal” (ou o “Anjo Mau”), potencial esse que supera, em muito, o de qualquer ser humano.
Esse “Anjo Mau” ou “Mau Anjo da Guarda” é um habitante de uma Zona Intermediária entre os universos humano e não-humano, e é o único intermediário, ou “ponte”, entre esses dois universos.
Esses dois universos, o Solar (ou Dévico), e o Terrestre (ou Assurico), são as Zonas habitadas pelas correntes homônimas, portanto também são as Zonas aonde se situam os Eu Superior e Eu Inferior, respectivamente.
O encontro de um ser humano com seu Anjo da Guarda dá-se na Esfera Cabalística de Tiferet, esfera Solar na Árvore Cabalística.
Tiferet é o assento dessas duas consciências, e até que os seres humanos atinjam Tiferet, permanecerão atados à Corrente Assurica de consciência.
Como conseqüência de não alcançarem Tiferet, os seres humanos não obterão uma consciência real do mundo dévico, mas não tornar-se-ão imunes às radiações e vibrações dessas regiões.
Por outro lado, o Santo Anjo da Guarda, cujo ponto de contato com os seres humanos é em Tiferet, liga a consciência humana com as Esferas além do Universo Solar.
Os reflexos do Anjo da Guarda, porém, também iluminam as paragens Qliphóticas, aonde ele se torna o “Anjo Negro”, posto que as Qliphás são a parte trevosa do Universo, a região das sombras.
Tendo em vista o que foi dito acima, antes de se praticar a Evocação Mágica, o indivíduo deve obter o conhecimento de seu Anjo da Guarda, fator imprescindível para que qualquer operação mágica com Entidades externas não se transforme num fiasco, ou numa tragédia.
É importante ressalvar que o “HGA” é, na verdade, nosso “Deus Pessoal”, nossa “Divindade Pessoal”, e não um Anjinho alado…
Esse “Guardião” que aconselha, protege, encaminha, induz e alerta seu “protegido” não é nenhum anjo – é, isto sim, alguém desencarnado que recebe essa função quando do nascimento de cada indivíduo.
Aliás, o único trabalho que aborda este assunto na extensão devida é o magnífico “Initiation Into Hermetics” de Franz Bardon.
Neste sentido, de “protetor”, o Anjo da Guarda está mais para “Guia” de Umbanda ou Quimbanda, ou ainda para “Babá-Egum” de Candomblé, do que para uma Divindade pessoal.
E por falar em Candomblé, o que chamamos de “nossos Orixás” corresponde muito bem ao conceito de “HGA”. Mas não “o nosso Orixá”, porém “os nossos Orixás”, isto é, o conjunto de Orixás – 2, 3, 4, 5, 6 e até 7 Orixás “combinados” – que formam o Arquétipo perfeito para que efetuemos a união – a União com o Arquétipo – que não é outra coisa que a união com o HGA – o Conhecimento e a Conversação com o Santo Anjo da Guarda.
E quando se fala em “Anjo da Guarda”, vem sempre à mente a pergunta:

– Quem, e o que, são os Anjos?
Logo a seguir, nos perguntamos:
– E quem, e o que, são os Demônios?
Os Anjos são sempre bons?
E os Demônios são sempre maus?
É seguro contatar os Anjos?
É perigoso contatar Demônios?
Anjos e Demônios são Inteligências.
E isto equivale a dizer que são Entidades de certa complexidade, o oposto aos Elementares, cujo nome por sí só explica a simplicidade de constituição.
Também fica claro que, enquanto os Elementares só podem executar tarefas simples, às Inteligências cabem tarefas complexas.
As Inteligências podem ser Originais (naturais) ou Artificiais (fabricadas pela mente humana).
As Originais tem mais poder e maior envergadura desse poder que as Artificiais.
Mas são sempre Entidades poderosas e potencialmente perigosas.
É perigoso afirmar que os Anjos são sempre bons, tanto quanto o é crer que os Demônios são sempre maus.
O correto é afirmar que os Anjos são seres Dogmáticos, enquanto os Demônios são seres Pragmáticos.
Isto equivale a dizer que os Anjos aderem aos Dogmas, são atraídos pelos Rituais Dogmáticos, e identificam-se mais com os Magos que praticam a Magia Dogmática.
Com os Demônios ocorre o inverso – aderem ao Pragmatismo, sentindo-se atraídos pela Magia Pragmática e identificando-se com seus praticantes.
Mas isso não significa que os Demônios sejam bons, pois lhes agrada ver o sofrimento dos seres humanos, quando não causar esses sofrimentos.
Seria mais adequado dizer que aos Anjos cabe a missão de provocar efeitos agradáveis; aos Demônios, de gerar efeitos desagradáveis.
Isto, porém, não significa que os Anjos estejam sempre dispostos a satisfazer os caprichos de qualquer pseudo-mago; eles são Inteligências, seres dotados de imenso poder.
Exigem respeito e moderação.
Bom senso e cautela.
É sempre perigoso contatar Anjos e Demônios, donde se conclúi que o Mago deve ter total controle da situação, para nunca ser subjugado – quer seja por um Demônio, quer seja por um Anjo.
Voltando por um instante ao tema inicial, visando eliminar quaisquer dúvidas, vejamos:
O que se convencionou chamar de Anjo-da-Guarda, isto é, uma Entidade que protege, aconselha, orienta, direciona, é o Espírito de alguém desencarnado, bem no estilo dos “Mentores” Kardecistas, “Guias” de Umbanda e assim por diante; o verdadeiro Anjo-da-Guarda, porém, é o Deus pessoal, o Arquétipo com o qual buscamos união, a mais sublime Energia alcançável pelos seres humanos.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/sagrado-anjo-guardi%C3%A3o

Grandes Iniciados – Alan Moore

Confira abaixo um resumo dos principais fatos na vida e bibliografia do escritor e mago inglês Alan Moore. Trata-se de excertos do livro Alan Moore: Portrait of an Extraordinary Gentleman, um livro-tributo dedicado aos 50 anos do artista. São páginas recheadas de ensaios, ilustrações, artigos, fotografias, entrevistas, e opiniões sobre o mago-escritor de Northampton. Escritores, desenhistas e pessoas relacionadas aos quadrinhos comentam sua relação com Moore.

Alguns nomes presentes no livro: Michael Moorcock, Ian Sinclair, Darren Shan, Brad Meltzer, John Coulthart, Neil Gaiman, Dave Gibbons, Bryan Talbot, David Lloyd, J. H. Williams III, Kevin O’Neill, Will Eisner, Howard Cruse, James Kochalka, Adam Hughes, Peter Kuper, Jose Villarubia, Jimmy Palmiotti, Rick Veitch, Michael T. Gilbert, Steve Parkhouse, Nabiel Kanan, Bill Koeb, Rich Koslowski, Trina Robbins, Michael Avon Oeming, Sean Phillips, Jeff Smith, Sergio Toppi, Giorgio Cavazzano, Claudio Villa, Daniel Acuna, Willy Linthout, Jean-Marc Lofficier, Eduardo Risso, Dave Sim, Ben Templesmith e outros tantos.

O lançamento da editora Abiogenesis Press, do artista britanico Gary Spencer Millidge, tem caráter beneficente. Toda sua renda está destinada para o Fundos de Combate ao Mal de Alzheimer. Para mais informações, acesse www.millidge.com

Linha da Vida de Alan Moore

– Alan nasceu com pouca visão na vista esquerda e surdo do ouvido direito. Mesmo assim, ele evitou usar óculos até quinze anos. Já adulto, abandonou os óculos chegando a cogitar a possibilidade de usar um monóculo, acabando por achar essa alternativa muito kistch.

– A primeira casa do jovem escritor não tinha banheiro nem gás em sua rua.

– Em 1961, aos 7 anos, Moore descobriu os quadrinhos americanos da DC Comics.

– Moore atribui sua formação moral graças as histórias do Super-Homem.

– Padecendo de uma gripe comum, o jovem Alan Moore pediu para a mãe lhe comprar uma BlackHawk. Ao invés de trazer a HQ pedida, sua mãe o presenteou com a edição número 3 de Fantastic Four (Quarteto Fantástico). Essa revista foi o primeiro contato do escritor com os trabalhos de Jack Kirby, de quem se tornou fã imediato.

– Moore matava aulas no colegial para andar de motocicleta no pátio de um hospital para doentes mentais.

– Em 1968, Moore se tornou fã dos personagens da Charlton Comics, que mais tarde seriam os arquétipos dos personagens da maxi-saga Watchmen.

– Em 1969, ele começou a colaborar com vários fanzines, sempre como desenhista

– Aos 17, em 1970, Moore foi expulso da escola por uso de LSD. O diretor escreveu uma carta para todas as outras escolas e universidades da região, para que ele jamais fosse aceito em outro estabelecimento de ensino.

– Sem poder estudar, Alan trabalhou em um matadouro e limpou latrinas em um hotel de Northampton.

– Nessa época, ele deixou o cabelo crescer, ajudou a publicar o fanzine Embryo e conquistou sua futura esposa Phyllis lendo poesias em um cemitério. Em 1974, aos vinte anos, Moore e Phyllis se casaram.

– Em 1977, nasceu Leah, a primeira filha de Moore. Nessa época, Moore percebeu que tinha que fazer alguma coisa que gostasse logo ou então passaria a vida frustrado. O escritor começou a colaborar com jornais e revistas locais, escrevendo e desenhando tiras de humor. A mais conhecida delas foi Maxwell, the Magic Cat, uma espécie de Garfield inglês. Anos depois, Moore declarou que odiava escrever as historias de Maxwell e que se sentia envergonhado de receber dinheiro por elas. Mesmo assim, ele passou 7 anos escrevendo estas tiras. Detalhe: Moore assinava as tiras com o pseudônimo de Jill de Ray (uma alusão ao francês acusado de ter assassinado dezenas de crianças).

– A experiência com Maxwell mostrou que ele não servia como desenhista. Moore passou a dedicar “apenas” a escrever.

– Moore comecou a trabalhar com a Marvel UK (divisão anglo-saxônica da Casa das Idéias) em 1981. Aos 27 anos, Moore escrevia pequenas tramas nas revistas Star Wars e Dr. Who. Na mesma época, ele fez alguns trabalhos para a 2000AD e teve sua segunda filha: Amber.

– Em 1982, Alan recebeu sua primeira grande chance ao escrever para a recém-criada revista Warrior. Para quem não sabe, a Warrior publicava 4 a 6 histórias por edição, cada história com 6 a 8 páginas. Moore escreveu 3 sagas para a Warrior simultaneamente: The Bojeffrie’s Saga (uma família de monstros muito engraçada), Marvelman (Miracleman) e V de Vingança.

– Naquele mesmo ano, Moore começou a escrever as histórias do Capitão Bretanha. Já no primeiro capítulo, ele se livrou dos conceitos criados pelo escritor anterior e no capitulo seguinte matou o próprio protagonista da série, recriando-o totalmente reformulado na edição de número 3.

– Enquanto a fama de Moore crescia nos quadrinhos, ele encontrava tempo para se envolver em outros projetos. Ele formou uma banda chamada The Sinister Ducks, gravando um single em 1983.

– Na 2000 AD, Moore escreveu D.R. & Quinch, uma hilária saga de dois alienígenas delinqüentes. E ainda escreveu A Balada de Halo Jones e Skizz.

– Todos esses trabalhos renderam a Moore o prêmio Eagle Award de melhor escritor de 1982 e 1983. Foi quando os Estados Unidos começou a se interessar pelos trabalhos do autor.

– Em novembro de 1983, Lein Wein, criador do Monstro do Pântano, ligou para a casa de Alan perguntando se ele queria trabalhar para a DC e escrever as historias do monstro. Alan achou que era um trote e desligou na cara do escritor. É claro que depois ele viu que não era mentira e aceitou trabalhar com o personagem.

– Sob ao comando de Alan Moore, Swamp Thing passou das 17.000 cópias/mês para mais de 100.000 cópias!!!

– No período em que escreveu o Monstro do Pântano, Moore fez outros trabalhos pouco divulgados na DC, como “Tales of the Green Lantern Corps”, “Vigilante”(uma historia sobre abuso sexual de crianças) e uma historia do Batman onde ele enfrenta o Cara de Barro (publicada no Brasil na extinta SuperAmigos). Moore ainda escreveu 2 histórias memoráveis com o Homem de Aço (ambas relançadas no Brasil pela Opera Graphica). Uma delas, “For the Man who has Everything” é possivelmente uma das melhores histórias do Super-Homem.

– O próximo trabalho de Moore seria A Piada Mortal. A história foi escrita em 1985, mas devido a atrasos do desenhista Brian Bolland, a revista só foi terminada e publicada em 1988.

WATCHMEN

Ainda em 1986, a DC concordou em deixa-lo produzir sua própria série. Com o artista britânico Dave Gibbons, Moore sugeriu o projeto de uma série chamada WATCHMEN. A história, como Weaveworld de Clive Barker, é uma epopéia sobre um mundo fictício – embora o mundo que Moore inventou seja de várias maneiras igual ao mundo real de hoje.

Começando em uma Nova Iorque durante os anos 80, Watchmen descreve uma América como poderia ter sido se realmente tivesse testemunhado o surgimento de fato dos “super-heróis” – isto é, seres que possuem habilidades super-normais ou que se apresentam como vigilantes idealistas. Assim como a América nunca teria sofrido uma divergencia política progressiva dos Anos sessenta, imagina Moore, também nunca teria perdido a Guerra de Vietnã, e teria achado um modo para manter Richard Nixon como Presidente. Já no início de Watchmen, dificilmente as coisas são sublimes: alguém decidiu eliminar ou desacreditar os poucos super-heróis remanescentes enquanto que, em uma série de eventos aparentemente não relacionados, os Estados Unidos e a União soviética desenham um crescente conflito nuclear por causa de uma disputa na Ásia.

No centro da consciência desta história, de olho na (e tentando desafiar a) maneira de como o mundo está desmoronando, está um incomum herói criado por Moore: um mascarado, horrendo e transtornado vigilante direitista conhecido como Rorschach. Rorschach fala para o psiquiatra sobre a noite em que ele cruzou a linha da brutalidade:

“Me senti limpo. Senti o sombrio planeta girando sob os meus pés e descobri o que faz os gatos gritarem como bebês durante a noite. Olhado para o céu através da espessa fumaça de gordura humana, e Deus não estava lá. A escuridão fria e sufocante, continua para sempre, e nós estamos sós. Vamos viver nossas vidas na falta de qualquer coisa melhor para fazer. Deixemos a razão para depois.

Nascemos para o esquecimento; agüentando crianças destinadas para o inferno, nós mesmos; caminhando para o esquecimento. Não há nada mais. A existência é fortuita. Nenhum padrão seguro imaginado por nós depois de encarar isto por muito mais tempo. Nenhum significado seguro além do que nós escolhemos impor. Este mundo sem direção não é moldado por vagas forças metafísicas. Não é Deus que mata as crianças. Não é o destino que as abate ou que as dá de alimento para os cachorros. Somos nós. Somente nós… Estava renascido então, livre para rabiscar meu próprio desígnio neste mundo moralmente vazio..”

O assustador Rorschach

“Aquela foi uma história terrivelmente depressiva para se escrever,” disse Moore, “em parte porque Rorschach em nada se parece comigo: Eu não compartilho a sua política, e nem compartilho a sua filosofia. Ele é um homem aterrorizado e, em minha visão, ele acaba se rendendo ao horror do mundo.

Mas eu penso que o fundo do poço dos medos e ansiedades de muitas pessoas pode ser igual ao do Rorschach. As coisas que uma vez usamos para nos abrigarmos da escuridão – como Deus, a rainha, o país, e a família – foram se distanciando de nós. Em muitos casos, temos esmagados a nós mesmos, e agora nos deixamos tremendo na chuva, olhando para o mundo e vendo um obstáculo preto que não tem nenhum significado moral, afinal”.

Até que alcance seu devastador mas reafirmado fim, é evidente que, acima de tudo o mais, Watchmen é uma história de como as pessoas encaram a perplexidade do mundo de hoje: como alguns se movem furiosamente e de maneira fatal contra ele e de como outros, heroicamente, reúnem forças até mesmo em face ao Armageddon.

“Enquanto estava trabalhando em Watchmen,” conta Moore, “eu tive que me perguntar, O que é que mais me assusta? E percebi que a verdade é que quando o mundo acabar, não haverá nenhum aviso de quatro minutos, não haverá nenhum conflito nuclear de baixa escala. A verdade é que os mísseis poderiam estar no ar em cinco minutos. E se houver um Armageddon nuclear, não iremos retirar o pó de nós mesmos e nem reinventar os valores humanos. Não poderia haver nenhum valor humano após uma guerra nuclear porque não haveria nenhum humano.

Nosso passado seria erradicado. Nosso futuro seria erradicado. Nosso presente seria erradicado. E eu me achei pensando, Quando as crianças foram para escola esta manhã, eu gritei com elas ou lhes falei que eu as amo?”.

Os roteiros de Moore para essa saga viraram uma lenda pela riqueza de detalhes. O primeiro capítulo, por exemplo, tinha mais de 100 páginas e foi entregue ao desenhista Dave Gibbons sem parágrafos.

Com Watchmen, Moore virou uma celebridade do mundo dos quadrinhos, mas não estava feliz com isso. Certo dia, em uma convenção sobre HQ´s em San Diego, ele foi cercado por dezenas de fãs que o imprensaram contra uma escadaria na tentativa de agarrá-lo e conseguir um autógrafo. Moore decidiu que jamais participaria de convenções novamente.

A Casa do Trovão, em Twilight of the Superheroes

O próximo projeto de Moore na DC seria Twilight of the Superheroes, mas por razões desconhecidas, esse projeto não foi adiante. Anos depois, muitas das idéias de Moore para essa série seriam reaproveitadas na aclamada saga “Kingdon Come”(Reino do Amanhã) de Mark Waid e Alex Ross. A dupla nega qualquer reciclagem dos conceitos de Twilight.

Moore, que já não trabalhava para a Marvel desde a época de Capitão Bretanha, tambem passou a não trabalhar mais para a DC, pois discordava sobre os royalties de Watchmen e principalmente com o fato da DC adotar o código “for mature readers” (própria para leitores maduros/adultos) nas suas revistas.

A última colaboração de Moore para a DC foi o final de V de Vingança, que havia ficado incompleta apos a falência da Warrior. A série foi reeditada nos EUA e se tornou outro best-seller.

Miracleman

Na mesma época, ele voltou a escrever Miracleman (agora para a editora Eclipse). Além de tudo o que já havia sido escrito para a Warrior, Moore criou novas historias, entre elas a maravilhosa saga Olympus. Depois disso, ele passou os direitos autorais do personagem para Neil Gaiman (que mais tarde resultou naquele pega ´pra capar entre Gaiman e a cria do inferno, Todd McFarlane. O embate jurídico dura até os dias de hoje).

Moore recusou varios trabalhos nessa época, inclusive o roteiro de Robocop 2 (que assumiu a criança foi Frank DKR Miller). Seus próximos trabalhos foram o livro “Brought to Light”, com ilustrações de Bill Sienkieckz e a graphic novel “A Small Killing”.

Em 1989, Moore decidiu colaborar com a recém-criada revista “Taboo” de Stephen Bissete (parceiro de Moore em Swamp Thing). Para a Taboo, ele escreveu a espetacular “From Hell” – fruto de mais de 8 anos de pesquisa, e “Lost Girls”.

Ainda naquele ano, Moore passou a viver um triângulo amoroso com sua esposa e sua namorada Deborah Delano. Irritado com a intolerância do governo de Margareth Tatcher com os homosexuais, Moore colaborou com entidades GLS, publicando a história “Mirror of Love”, pela editora Mad Love, propriedade do próprio autor e de sua esposa.

Big Numbers

O próximo projeto era a serie Big Numbers, projetada para 12 capítulos e mais de 500 páginas. Somente 3 edições foram lançadas, 2 com desenhos de Sienckwiecz e uma com os traços de Al Columbia. Ninguém sabe ao certo porque o projeto nao foi adiante, mas especula-se que a complexidade do texto de Moore foi demais para os desenhistas que nao conseguiram dar conta do recado.

Nessa época teve início o inferno astral de Alan Moore: a Mad Love faliu e seu casamento terminou. A Taboo também chegou ao fim, deixando sagas como From Hell para serem completadas anos depois.

Em 1993, Moore tomou uma decisão que desapontou muitos de seus fãs. Aceitou trabalhar para a Image Comics escrevendo títulos como Spawn, Supreme, Glory, Youngblood, Wild C.a.t.s. Moore desabafou que aquilo não era um retrocesso ou que ele estava vendendo sua alma para os demônios Rob Liefeld e Jim Lee, e sim um desejo de escrever histórias mais simples, para garotos de 14 anos e não para adultos de 30. Ainda pela Image, ele participou do projeto 1963. Este ultimo projeto acabou gerando uma briga entre ele e Stephen Bissette. Até hoje eles não se falam.

Moore passou a morar com uma nova companheira: Melinda Gebbie. No dia em que completou 40 anos, Moore decidiu se tornar um mago. Ainda em 1993, ele praticou performances teatrais como “Snakes and Ladders” e “BirthCaul”. Mais tarde essas performances foram adaptadas para HQ´s por Eddie Campbell, seu companheiro de trabalho em From Hell.

Algumas conclusões de Moore em relação à magia foram adaptadas para histórias como Supreme, Glory e mais tarde Promethea. Em Supreme, Moore explorou o conceito do IDEASPACE, um mundo de arquétipos, semelhante ao Mundo das Idéias de Platão. Supreme vai investigar uma estranha cidade no alto do Tibet, encontrando uma paisagem desnorteante, formada por um grande número de paisagens diferentes fundidas numa só. Há partes dela que parecem como um bairro decadente durante a Depressão de 1930, onde ele conhece uma gangue de crianças e um herói fantasiado.

O Grande Criador

Supreme continua a vagar pela estranha paisagem até encontrar uma trincheira de um campo de batalha, onde há uma infinidade de soldados de várias etnias: Um irlandês, um judeu, um negro, tudo muito parecido com o Sgt. Fury e toda uma enorme linha de heróis patrióticos.

Isto continua até Supreme conhecer o criador supremo deste mundo, que se mostra ser Jack Kirby. Isto é muito difícil de explicar porque leva uma história inteira para ser contada, mas é basicamente uma gigantesca cabeça flutuante, que se altera sob uma fotomontagem da cabeça de Kirby em transmutação; ela sempre é apresentada no estilo dos desenhos de Jack Kirby. Esta entidade gigantesca explica a Supreme que ele foi um artista de carne e osso e sangue, mas agora ele está completamente no reino das idéias, que é muito melhor porque a carne e os ossos e o sangue tem suas limitações, já que ele podia fazer somente quatro ou cinco páginas em um dia de trabalho; mas agora ele existe puramente no mundo das idéias. As idéias só podem fluir sem interrupções. Ele fala sobre todo um conceito de um espaço onde idéias são reais, que é o tipo de lugar onde, de algum modo, todos os criadores de quadrinhos trabalham durante toda a sua vida, talvez Jack Kirby mais do que a maioria. É como se uma idéia se tornasse livre do corpo físico, e este artista pode então explorar os mundos infinitos da imaginação e das idéias.

Em 1996, Moore escreveu seu primeiro romance, intitulado A Voz do Fogo. Foram 5 anos para escrever este livro, um tratado de 5 mil anos da sua cidade natal, Northampton. O primeiro capítulo é narrado em primeira pessoa (de forma muito singular) por um personagem que vive numa Northampton paleolítica, quando a cidade tinha duas a três cabanas de barro e uma ponte. O segundo é narrado em primeira pessoa por um personagem totalmente desligado do primeiro que vive em Northampton durante a Idade de Bronze, em uma comunidade que começou a crescer, se desenvolvendo através das eras. Lentamente, nós movemos através dos séculos, até o décimo primeiro capítulo, que é narrado pelo próprio autor na Northampton do presente.

Trabalhando para a editora Wildstorm (que acabou sendo posteriormente vendida para a DC) Moore criou uma nova linha de HQ´s, a America’s Best Coomics (ou ABC), onde surgiram as aclamadas séries: Top Ten, Tom Strong, League of Extraordinary Gentlemen, Promethea e Tomorrow Stories.

Aos 50 anos, Moore anunciou que pretende se aposentar dos quadrinhos. Será?

Liga dos Cavalheiros Extraordinários

Se você assistiu LXG, a dica de leitura é um antídoto para a pataquada que você viu na telona. Leia a edição especial A Liga Extraordinária da Devir. Apesar do preço salgado (R$ 45,00), você pode encontrar esse lançamento na FNAC por R$ 36,00. Preço justificado pela luxuosa edição de 192 páginas repleta de material inédito, incluindo o tão aguardado conto “Allan e o Véu Rasgado”, no melhor estilo das obras de H.P. Lovecraft.A Liga de Moore não tem nada a ver com aquela versão X-Men Vitorianos. As Aventuras da Liga dos Cavalheiros Extraordinários é o fanfict definitivo: Imagine uma força-tarefa formada por personagens da literatura inglesa, mas com uma pitadinha do tempero de Alan Moore: Então o Capitão Nemo é uma figura intrigante, um fanático cheio de equipamentos misteriosos. Hyde é de uma complexidade assustadora. Mina Murray não é uma vampira anabolizada e o decadente Alan Quatermain passa longe da interpretação impecável de Sir Connery. Só para você ter uma idéia, o Quatermain da HQ é viciado em ópio! Leia o mais rápido possível e fique aguardando ansiosamente o volume dois, ainda “inédito” aqui no Brasil.

Entrevista com Alan Moore

Apresento-vos uma entrevista com o escriba, realizada por Alan David Doane. A tradução é de David Soares (Portugal)

Eu soube que este “Quiz de 5 perguntas” seria um esforço maior que os anteriores, excedendo certamente esse número de questões, quando o homem que eu considero ser o melhor escritor de banda desenhada de sempre deteu-se, pensativamente, durante oito minutos para responder à minha primeira interrogação (envisionando e esclarecendo, em conjunto, as seguintes). Olhando a isso, abandonei a fórmula inicial; que outra escolha tinha? Durante a década de 80, Alan Moore recriou a banda desenhada por imprevisto, como irão ler adiante, e, desde a sua estréia, uma engenhosidade e paixão superlativas constantes são as características reconhecidas no seu trabalho. Conversar com Alan Moore, mais que uma honra, foi uma aventura e é meu dever agradecer ao autor a sua disponibilidade, mas, também, a Chris Staros, da Top Shelf Productions, por apadrinhar este encontro. Esta editora publica muitos dos melhores trabalhos de Moore, como o seu romance “Voice of the Fire”.

Alan David Doane – O que te inspirou a escrever um romance com a profundeza de “Voice of the Fire”?

Alan Moore – Sempre vivi em Northampton, como os meus pais, talvez tenha sido isso. Somos todos descendentes uns dos outros nesta única grande família que são os seus cidadãos. “Nascidos de fresco com sangue em segunda-mão”, como gostamos de dizer por cá. Esta cidade fascina-me e saber que a sua história, tão singularmente rica, é completamente ignorada sempre se me apresentou contra-sensual. A maioria dos ingleses é capaz de identificar Northampton apenas como uma mancha indistinta a meio da M-1, entre Birmingham e Londres, mas quando comecei a investigar as suas origens na altura em que me lembrei de escrever este livro encontrei matéria convincente o bastante para concluir que Northampton é, mesmo, o centro do universo. No mínimo, eu fiquei convencido.

Penso que a sua é uma história esplêndida que remonta desde a Idade da Pedra quando caçadores de mamutes, e os próprios mamutes obviamente, ainda caminhavam sobre estas ruas, atravessando a Idade do Bronze e as migrações dos povos Celtas, prosseguindo pela Idade do Ferro e as invasões romanas e, ainda, parece-me ser uma cidade que assumiu sempre uma importãncia central, de um modo mais complexo que a sua simples localização geográfica. Lembro-me, se me encontro sem erro, que os avós de George Washington, e de Benjamin Franklin, habitavam duas pequenas aldeotas vizinhas durante os anos da Guerra Civil Inglesa. Os pais de Washington moravam aqui, os pais de Franklin moravam em Ekton e ambos os casais abandonaram Northampton após a guerra civil que terminou nesta cidade (provavelmente, o local mais desconfortável para comprar uma casa durante o séc. XVII) e emigraram para a América. De acordo com aquilo que sei, a própria bandeira norte-americana é baseada no seu, agora esquecido, brasão de família, tradicional de Northampton.

O tipo que descobriu o ADN, Francis Crick, viveu aqui e foi aluno na mesma escola que eu frequentei com apenas algumas décadas de intervalo entre os seus anos lectivos e os meus e ia semanalmente à catequese na igreja que ainda se encontra no fim da minha rua. Muitos episódios da história inglesa também circulam Northampton, como a Guerra das Rosas que também conheceu o seu fim neste lugar, simetricamente à nossa Guerra Civil, como já te contei, e a Conspiração da Pólvora que foi urdida nesta cidade e pretendia rebentar a sede do parlamento, em Londres, em 1605. Pensamos, inclusive, que o empreendimento foi um fracasso e é por essa razão que o tornámos numa festa anual, mas os conspiradores não se saíram, realmente, mal.

Também foi nesta cidade que a rainha Mary, da Escócia, foi decapitada e é avaliando esse conjunto de acontecimentos que te digo que existe muita história aqui, nem sempre agradável, admito, mas está presente uma força nuclear para a vida humana e que influenciou de certeza a evolução do modo de vida inglês, e, em última análise, possivelmente outros modos de vida em outros lugares.

A génese do livro nasceu dessa fé que me diz que, sim, Northampton é, na verdade, o centro do universo. Acredito nisso, assim como acredito que é esta é uma cidade despida de características especiais. Posso dizer-te que qualquer pessoa, habitante de qualquer lugar sobre o globo, pode desenterrar uma mão-cheia de maravilhas da terra do seu próprio quintal, se tiver feito uma pesquisa paciente sobre esse local e se for engenhosa o bastante para as encontrar. Demasiadas vezes caminhamos pelas nossas ruas, a pé ou de automóvel, e não compreendemos que sob as fachadas descaracterizadas se pode esconder o antigo cárcere de algum poeta ou um sítio reservado ao homicídio, o sepulcro oculto de alguma rainha lendária e é o somatório destas pequenas histórias que enriquecem um lugar: de repente, não te encontras simplesmente a passear numa cidade comum, aborrecida e homogénea, mas numa aventura em avenidas prodigiosas recheadas de histórias fantásticas. Na minha opinião, viver é uma experiência muito mais recompensadora se conhecermos intimamente a parte do mundo que nos foi destinada como casa e esta é a melhor resposta que te posso dar sobre a tua pergunta.

ADD – Bom, na verdade já respondeste às primeiras quatro perguntas.

AM – A sério? (Risos) Estou em forma.

ADD – (Risos) Sendo assim, vamos à última. Imagino que durante a criação das histórias deste livro, à medida que ias desenvolvendo a tua pesquisa e estruturando a narrativa, foste apanhado de surpresa por algumas coisas acidentais que não estavam previstas quando iniciaste o empreendimento.

AM – Fui surpreendido por uma grande quantidade de coisas. Repara que uma das minhas premissas iniciais era a de não querer escrever um trabalho histórico, por que não queria abdicar da liberdade que um trabalho de ficção me oferece, como, por exemplo, entrar na personalidade das pessoas sobre quem eu pretendo escrever e o sentido dessas vidas, pois acredito que dessa forma o resultado final é mais verdadeiro, mais humano. Contudo, mesmo conjurando todas estas vozes fictícias do passado queria que o seu discurso se baseasse em fatos reais e circunstâncias possíveis e comecei com esse objetivo em mente para, em seguida, compreender que determinados temas, determinadas imagens, estavam a emergir da minha narrativa.

Aparentemente, a maioria dos episódios ocorrem em Novembro, no dia do meu aniversário,e, paralelamente a isso, outros elementos estavam a manifestar-se repetidamente em diferentes histórias e indicavam-me uma espécie de padrão: pessoas com membros amputados; matilhas de cães pretos espectrais; cabeças decepadas e outros ícones de natureza igualmente inquietante.

O desafio de “Voice of the Fire”, se eu queria realizar esse livro de acordo com a minha ideia original, era ter um narrador diferente para cada uma das doze histórias, alguém que pertencesse a esse espaço-tempo e que relatasse na primeira pessoa. Para o último capítulo, que tem lugar nos dias de hoje, o único narrador possível só poderia ser mesmo eu próprio. Contar essa história com a minha voz, debruçando-me sobre os meus assuntos particulares sem inventar pormenores sobre o que estaria a acontecer durante essa altura e, coincidentemente, quando finalmente comecei a fazê-lo, descobri que já me encontrava em Novembro, mais uma vez… Iniciei a escrita desse capítulo com a esperança que a própria cidade me sugerisse um final que amarrasse todas as pontas e todas as hipóteses que fui deixando por rematar ao longo dos capítulos anteriores sem saber se isso iria acontecer ou se, pelo contrário, os últimos cinco anos da minha vida tinham sido um logro e que não deveria ter começado o livro, em primeiro lugar.

Sempre acreditei que existem momentos na vida de um escritor em que ele, ou ela, é confrontado com a noção de que as fronteiras entre a ficção e a vida real são, muitas vezes, inexistentes e isso é frequente em trabalhos nos quais optamos por um registro auto-referencial. Esses dois universos inclinam-se para um maior cruzamento à medida que te aproximas de casa o que pode ser desconfortável, no mínimo. Por isso não foi surpreendente, mas ainda assim bizarro, quando sucessivas ocorrências se conjugaram para satisfazer as necessidades do meu texto. Coisas sobre e com cabeças cortadas e enormes cães pretos que me mostraram que enquanto ações mirabolantes têm lugar na ficção, outros movimentos igualmente mirabolantes, e perigosos, acontecem na vida real; experiências que são simétricas. Por mais que as esperes, são sempre perturbantes.

ADD – Esse capítulo final, acredita, foi uma das coisas mais perturbantes que já li.

AM – Pois. Obrigado.

ADD – Existe uma frase nesse capítulo… Tu sabes qual: “O Homem escreve.”, “O Homem escreve.”…

AM – Sim

.

ADD – Essa tua frase que aparece repetidas vezes e que parece tão absurda consegue reunir toda a informação do livro e fazer sentido no final, quando todas as centenas de páginas e todas as centenas de anos que assimilaste acabam por nos conduzir à tua casa, ao teu quarto, não é verdade?

AM – É quase isso. Não és conduzido ao meu quarto, felizmente para ti, mas à minha mente. Até esse ponto exato, ainda poderias pensar que “Voice of the Fire” é composto por uma série arbitrária de histórias suavemente associadas em órbita da minha cidade e nesse capítulo quis fundir tudo isso: as histórias, a minha vida, a minha mente e as vidas e as mentes dos leitores. Aparentemente, para surpresa de todos, o livro acaba mesmo por ser sobre mim. Pode ser sobre mim, sentado a escrever o próprio livro. Ou ser sobre o processo criativo de se escrever outro livro. Ou sobre outro assunto qualquer. É isso. E fico contente que tenhas reagido bem à frasezinha, por que ela arrepiou-me um bocadinho quando a escrevi. Lembro-me que pensei: “-Isto está a ficar sinistro, por isso devo estar a criar algo interessante”.

ADD – A frase não é sinistra, em si, mas consegue impressionar-te dessa forma.

AM – Obrigado.

ADD – É perturbante, como já te disse. Aliás, já li o teu “From Hell” e senti em algumas passagens dessa história que ultrapassaste a barreira entre autor e leitor. Uma barreira que não tinha sido ultrapassada em nada que já tivesse lido.

AM – Isso é maravilhoso…

ADD – Não tenho a certeza de qual dos livros foi editado em primeiro lugar, mas o efeito que “Voice of the Fire” me provocou pareceu-me uma ampliação do que senti em segmentos de “From Hell”, naqueles momentos em que tu, como acabaste de explicar, penetras, e nós contigo, na mente da personagem, que neste caso és tu. Não tinha pensado nisso, mas o leitor acaba por se transformar em Alan Moore.

AM – Pois… é possível. Penso, inclusive, que um ingrediente que pode ajudar a cozinhar esse efeito é o facto de que no último capítulo de “Voice of the Fire” não possuo um conhecimento “in loco” do meu consciente não-autónomo, ou seja: o meu “eu” pensante. Falando nisso, nunca utilizo a palavra “eu”, entendes? Acaba por funcionar como uma narração na primeira pessoa do singular, mas sem uma pessoa. Não sei se era a isto que fazias referência, mas eu também não compreendo muito bem o que me leva a escolher uma determinada forma de fazer as coisas. Na altura, pareceu-me que funcionava.

Pareceu-me que deixava o leitor respirar, sem estar constantemente a ser confrontado com a noção de que é um… deixa-me pensar… um ego de outra ordem que fala com ele. Fico satisfeito pela tua reacção a esta experiência.”Voice of the Fire” e “From Hell” nasceram mais ou menos na mesma altura, talvez com um ano de diferença, e isso acaba por estabelecer uma comunicação entre os dois, por que têm algumas afinidades, como, por exemplo, o facto de partilharem um momento da minha vida em que decidi tornar-me um ocultista e estudar a fundo matérias que estão imersas num mundo à parte às quais, vulgarmente, chamamos magia. No “From Hell” isso está explícito nos diálogos de William Gull quando ele nos descreve as suas crenças e que os deuses existem realmente, em majestade e monstruosidade, na nossa mente. Escrevi isso quase por acidente e compreendi depois que tinha escrito algo mais profundo, algo significante que, eventualmente, acabou por introduzir o meu interesse pela magia.

Certamente, esta inclinação coloriu com outros tons o final de “From Hell”, e a conclusão de “Voice of the Fire”. Este título reservou-me outra surpresa: comecei o livro contando a história de um xamã que procura um código de palavras, uma ladainha, um conjunto mnemónico para aglutinar o seu povo e na última história, eu sou esse xamã, inconscientemente, milénios depois, realizando a mesma rotina. Não a mesma, claro, pois os meus métodos não envolveram nenhum sacrifício humano. Podes dormir sossegado.

ADD – A mensagem de “From Hell, bom, pelo menos a que eu retirei da minha leitura e que, infelizmente, não é expressa pela sua adaptação cinematográfica…

AM – Tens de compreender que estás em vantagem sobre mim nesse tópico, por que não vi o filme.

ADD – Tudo bem. Penso que na melhor das hipóteses representar todas as preocupações do teu trabalho, já por si bastante extenso, num filme de duas horas é uma tarefa impossível de concretizar. Mas falava-te do que retirei do livro, a tal mensagem que é a de que a arte tem o poder de transformar o artista, até divinizá-lo, e no decurso da minha leitura percebi que ambos os livros, “From Hell” e “Voice of the Fire”, partilham essa preocupação. Não sei se foi intencional, mas a verdade é que quando se chega ao fim desses livros essa mensagem é, de facto, sugerida.

AM – A magia tem o poder de mudar a relação que tens com o mundo que te rodeia e isso aconteceu comigo. Comecei a olhar as coisas de outra forma, com um sentido, felizmente, mais útil, até, e considerando tudo isso, o que dizes sobre os dois livros pode ser verdade. Através deles, apresento uma visão alternativa da nossa história e das nossas experiências, mesmo que em “From Hell” a minha intenção principal fosse contar uma história sobre um crime, um homicídio. Nessa altura, nem pensei nos crimes de Jack, o estripador. Era, apenas, o uso de um crime como uma experiência avassaladora que me norteava. Felizmente, um homicídio, no contexto de uma vida, é uma experiência bastante improvável. Repara que o número de pessoas que acabam por morrer dessa forma é, ainda assim, muito reduzido.

Essa raridade sugeriu-me a idéia de falar sobre o homicídio de uma forma particular. Porquê abordar apenas a identidade do autor, que parece ser o motor constante de tantos romances policiais? Essa é uma alusão quase tão redutora como um vulgar jogo de salão. Como o CLUEDO, por exemplo, onde só precisas de descobrir quem foi o assassino, a arma que usou e em que local a vítima foi abatida. Com “From Hell” quis esclarecer, também, as variáveis sociais e culturais que permitiram a práctica desse crime, muito mais que, somente, especular sobre a identidade do homicida. Queria ver como um crime poderia agir sobre a sociedade e estudar todas as hipóteses de desenvolvimento que poderiam florescer posteriores a essa ação.

Prosseguindo nessa óptica, se estás a falar sobre um crime, essa experiência avassaladora que pode acontecer na nossa vida, tomas consciência que és capaz, inclusive, de ir mais longe e ter alguma coisa a dizer sobre a grandiosidade da própria condição humana. Podes dirigir este ponto de vista para “Voice of the Fire”, claro, mas desviado suavemente, já que a intenção desse livro não é provar-te que Northampton é o núcleo do universo, mesmo tendo fé absoluta na verdade dessa afirmação, como já te disse, mas mostrar-te que qualquer local, onde quer que te encontres, é muito mais rico, muito mais exótico e prodigioso do que parece à primeira olhadela, entendes? No primeiro livro, procurei mostrar um ponto de vista crítico sobre a condição humana e a cultura, neste caso a cultura e a sociedade inglesas, usando um crime como casa de partida, mas com “Voice of the Fire”, as minhas ambições estavam à solta, a pensar em outras paisagens e para onde a nossa evolução nos conduz. Penso que o que estabelece a comunicação entre os dois livros é mesmo o meu interesse pela magia, que influencia o meu modo de olhar as coisas e de as contar.

ADD – Gostaria que falasses do modo como vê a tua carreira na banda desenhada e a forma como as obras que tu escreveste, como “From Hell”, mas também “Watchmen” e “The League of Extraordinary Gentlemen”, mudaram o comportamento da indústria da publicação de comics.

AM – Posso dizer-te que a minha ambição foi sempre ganhar a vida como cartunista e nem pretendia ser famoso. O problema foi quando descobri que nunca seria um artista bom e rápido o suficiente para aguentar uma carreira nessa atividade.

Lembrei-me, então, da hipótese de me concentrar na escrita, por que senti que poderia fazer um trabalho melhor como escritor e que desenhando os storyboards para as histórias a minha ligação com o desenho continuaria. Investi com essas premissas e compreendi logo no início que seria incapaz de escrever uma história de encomenda. Se uma idéia sugerida não fosse aquilo que eu tinha em mente, invertia-a para a transformar em algo que me desse prazer escrever ou que fosse, no mínimo, um desafio. Penso que o método que desenvolvi me salvou de muitos compromissos e sempre me providenciou com a motivação necessária para realizar um bom trabalho.

Comecei a ser requisitado aos poucos, para ali e para acolá, em resultado dele e apliquei-o, concisamente, quando a DC me engajou para escrever o “Swamp Thing”. Na minha lógica, o leitor nunca se irá interessar em ler uma história escrita por mim, se eu próprio não estiver interessado em escrevê-la. Isso pressente-se, não te parece? Penso que os leitores são muito bons em descobrir se o autor gostou realmente de fazer o seu trabalho.

Tive de tornar o material mais arrojado, mais destemido, para o forçar a ser interessante. Pensei que fosse arranjar uma porção de problemas por causa disso, mas não. Os leitores compreenderam as minhas escolhas e eu, encorajado por eles, inovei mais ainda, sempre com o apoio da Karen Berger, claro, a minha editora da DC na altura, e, também, por outras pessoas que apreciaram muito a subida das vendas do título, sempre maiores a cada mês. Todo esse conjunto de situações fez nascer uma relação de confiança mútua na qual os editores perceberam que se eu tivesse controlo sobre as minhas decisões criativas nunca lhes iria apresentar um trabalho inteiramente despropositado e foi essa credibilidade que me permitiu ir sempre mais longe, por vezes a locais perturbadores ou tétricos, mas sempre interessantes. De que forma é que isso influenciou a indústria? Não te posso oferecer uma explicação clara. Depende da minha disposição, se queres mesmo saber. Se eu me sentir deprimido penso que a minha influência foi terrível e que os autores que cresceram a ler o “Swamp Thing” ou “Watchmen” só foram capazes de imitar a violência desses trabalhos, e a sua pose intelectualista, sem a suportarem com a ingenuidade e a aventura que também lá se encontram. Sinto que ignoraram completamente a minha vontade de romper os limites da própria fórmula de contar histórias em BD e contentaram-se em produzir uma série de livros tristes e penosos. Como te disse, esta visão desconsolada da realidade depende muito da minha má-disposição e hoje tiveste azar.

A sério que gostava mesmo de acreditar que, em vez de tudo isto que contei, consegui realmente mostrar com o meu trabalho que a banda desenhada permite inúmeras possibilidades aos seus autores e que estão para nascer livros fabulosos com contornos que somos incapazes de imaginar neste momento. Que podes fazer tudo com algo tão simples como palavras e imagens se as abordares sensivelmente e se fores inteligente, diligente e virtuoso no teu esforço. Talvez esteja a ser brusco, lamento, mas queres afirmar que existe uma influência minha na indústria? Então, por favor, coloca-a aqui em vez de encorajares a minha percepção de que a minha herança será invariavelmente composta por psicopatia e sarcasmo.

ADD – Sou capaz de regressar mais longe que os anos oitenta, quando o teu “Watchmen” e o “The Dark Knight Returns”, do Frank Miller, foram publicados. Na minha opinião, o que poderá ter iniciado a redefinição das personagens, dos super-heróis, poderá muito bem ter sido aquela história que escreveste no “Swamp Thing” na qual representaste os membros da Liga da Justiça, o Batman, o Super-Homem e os outros, como se fossem novos deuses, curiosos em relação à humanidade. É um segmento de quantas páginas? Duas? Contudo, penso que a mudança começou nesse momento.

AM – Quem sabe se a razão está do teu lado… Lembro-me que foi a primeira vez que escrevi sobre super-heróis, no mínimo, os americanos. O Swamp Thing não conta, por que, na altura, era refugo. Para mim, escrever essa história foi voltar a divertir-me com os brinquedos da minha infância, o Flash, o Super-Homem e sentá-los todos no seu grande gabinete cósmico e devolver-lhes o carisma que eles costumavam ter para mim e que, infelizmente, se tinha transformado num sentimento mais próximo de casa. Fi-lo usando pequenos ardis, como nunca os chamar pelo nome verdadeiro e ocultá-los na penumbra. Podes ver uma insígnia pelo canto do olho ou uma silhueta, mas isso é tudo. Sobretudo, quis fazer poesia com estas personagens.

Dizer que uma personagem consegue ver o que acontece no outro lado do globo ou que é capaz de aquecer a antracite o suficiente para a transformar em diamante, como fiz para o Super-Homem, ou que se move a uma velocidade tão intensa que a sua vida se assemelha a uma visita numa galeria de estátuas, como escrevi para o Flash. Falei em poesia e isto, de fato, não é um exemplo de boa poesia, mas constitui um novo olhar sobre estas personagens que temos inclinação a desdenhar, ou a esquecer, por que se tornaram, com o passar dos anos, demasiado familiares e a aproximação que nos liga às coisas e aos assuntos tende, por vezes, a criar essa desilusão. Só pintei uma maquilagem nova sobre o encanto que já existia. O Frank Miller fez a mesma coisa nas páginas do “Daredevil”, não? Quando introduziu outras personagens da Marvel nessa cronologia.

ADD – Tens razão, mas repara que ele não se desviou dos padrões instituídos e nunca nos fez olhar uma personagem conhecida de um modo singular. A mesma acusação é válida para a maioria dos criadores posteriores. É mesmo como dizes: se tivessem considerado a face mais experimental dos vossos trabalhos em vez de se concentrarem no sensacionalismo as coisas poderiam, certamente, ter conhecido outra evolução.

AM – Não duvides e essa face mais arriscada é o que existe de atraente no trabalho do Frank, essa sua mestria narrativa e a inovação constante que ele introduziu no género através das histórias do Demolidor e do Batman, muito mais que o desalento e a testosterona. Seria tão bom se a sua influência penetrasse mais fundo que a camada superficial feita de sexo e violência.

Não vamos dizer, todavia, que tudo o que apareceu depois de “Watchmen” e “The Dark Knight Returns” se encaixa nessa pobre categoria e posso dizer-te que na periferia do mainstream encontras grandes trabalhos que não são clones de nenhum destes títulos, mas ainda assim penso que a nossa herança é maldita e uma péssima desculpa para oportunidades perdidas, o que não desvirtua a qualidade do trabalho do Frank e do meu, obviamente.

ADD – Esta conversa sobre herança vem mesmo a propósito. O teu amigo Neil Gaiman já tornou público o que ele diz ser “a conclusão, ou o fim eminente, de um episódio interminável com um editor desonesto, desleal até ao limite do imaginável”, aludindo ao desfecho do processo que levantou contra Todd McFarlane pela posse dos direitos que envolvem parte do franchise do personagem Miracleman, que tu próprio resgataste e ressuscitaste nos anos oitenta. Passados todos estes anos, o que é que tu gostaria de ver feito com essas histórias que escreveste e qual é a tua opinião sobre o processo-crime?

AM – Estou muito contente pelo Neil, como podes imaginar. Ainda bem que acabou, por que deve ter sido um pesadelo moroso. É sempre ridículo que alguém que não seja o criador venha exigir direitos sobre um trabalho e custa-me a entender essa falta de ética, ou melhor, compreendo-a, mas não posso pronunciar-me sobre ela sem dizer um ou dois palavrões. É algo embaraçoso, seboso até, que acaba por nos sujar a todos e que não oferece uma boa imagem da indústria da banda desenhada, por culpa dela própria, também, já que, infelizmente, casos semelhantes a este são frequentes. Penso que o Neil, chegando impoluto à outra margem desse lodaçal para onde irrefletidamente o quiseram arrastar, comportou-se como um verdadeiro super-herói.

Seria divertido ver reimpressões do Miracleman, para que os leitores não estivessem a pagar preços proibitivos por edições raras guardadas religiosamente desde a sua publicação original. Algum do material apresentado nessas histórias era realmente fantástico, como o escrito pelo Neil, por exemplo, e era bom que ele, em algum momento, tivesse oportunidade para lhe dar continuidade. Ele já me propôs há uns tempos uma parceria com vista à realização de uma conta em que todos os royalties derivados das vendas das reimpressões fossem guardados para serem distribuídos com justiça aos autores que trabalharam na série, como nós ou como o Mark Buckingham.

Parte desse dinheiro podia ir, também, para o Comic Book Legal Defense Fund e se houvesse a infelicidade de um ou outro filme aparecer o dinheiro, os meus royalties pelo menos, poderiam ir diretamente para esse fundo ou ficar no estúdio para serem partilhados pelos criadores envolvidos no projeto, por que eu não quero receber um único centavo de mais um filme adaptado de um dos meus livros, nem desejo ver o meu nome associado a um empreendimento desse género. O ideal era que não se fizessem mais filmes inspirados em livros do Alan Moore. Em vez disso, era mais agradável ver bons trabalhos serem reimpressos por um bom editor, sob uma boa política editorial.

Isso seria uma excelente premissa para o futuro e não digo isto motivado pela ganância de ganhar mais uns tostões com o meu material antigo, mas com a intenção de garantir que criadores como eu e como o Neil não tenham de atravessar campos minados no percurso das suas carreiras, por que, na verdade, temos assuntos muito mais importantes com que nos preocupar.

de http://www.mortesubita.org/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/grandes-iniciados-alan-moore

Como anda o seu humor e a sua vida?

Geralmente os textos que aqui posto são de outros autores. Então, depois de um bom tempo, faço uma postagem. É sobre problemas que passamos em nossas vidas e vou enfocar nos transtornos de humor. Os que vou utilizar são Depressão, Mania, Transtorno Bipolar e Transtorno de Ansiedade Generalizada.  É extenso, mas vai ser uma leitura agradável e bastante prática. Conforme disse, vou falar sobre alguns transtornos de humor inicialmente, explicando o que é, os sintomas deles, depois fazer explanações sobre eles e sobre a vida em si. Espero que gostem!

Depressão é uma doença psiquiátrica que produz alteração de humor caracterizada por tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixo autoestima, sentimento de culpa, distúrbios de sono e apetite. Não é uma tristeza igual a de acontecimentos difíceis e desagradáveis, inerentes à vida, como perda de emprego, desencontros amorosos, morte, etc. Nestes casos, elas sofrem e encontram por si mesmas uma forma de superá-las. Nos casos de depressão a tristeza é crônica, não dá trégua e não tem causa aparente. Pode ficar o tempo todo, dias e dias seguidos. Predisposição genética, disfunção bioquímica, acontecimentos traumáticos na infância, estresse crônico, doenças sistêmicas, consumo de drogas lícitas e ilícitas e certos medicamentos podem causar.

O oposto da depressão é a Mania (geralmente utilizamos esta palavra para definir hábitos, mas aqui tem outro sentido). É totalmente o oposto da depressão e as causas são praticamente as mesmas. Mas existe o Transtorno (ou Espectro, dependendo do caso) Bipolar, onde há alternâncias de episódios de mania, depressão e períodos assintomáticos. As crises podem variar de intensidade (leve, moderada e grave), frequência e duração. O humor é flutuante e tem reflexos negativos nos comportamentos e atitudes, onde as reações deles são sempre desproporcionais aos fatos que serviram de gatilho ou, até mesmo, independem deles. Ainda não foi descoberto uma causa específica para isto.

Além destes distúrbios de humor, temos a Ansiedade. É uma reação normal diante de situações que provocam medo, dúvida ou expectativa. É um sinal que prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo que ele seja superado, favorece sua adaptação às novas condições de vida (o conceito é praticamente idêntico ao de eustresse). Porém há um distúrbio caracterizado pela preocupação e expectativa excessiva e apreensiva, persistente e de difícil controle, que perdura por meses causando inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. É o transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

As pessoas até podem saber destes fundamentos, mas não sabem como lidar com isto, geralmente piorando a situação do indivíduo. Este faz a sua parte como pode, sabe que pode relaxar, fazer práticas místicas, ocultistas ou mágicas, aplicar Reiki ou qualquer outra terapia holística, caminhar, medicar-se, fazer psicoterapia, praticar yoga, fazer coisas que você fique melhor, mas de toda forma a sua mente continua no mesmo estado, você acaba não tomando as rédeas e não fazendo direito o que deve ser feito para sair da situação e acaba se vendo num beco sem saída. E o pior, além de afetar a si, afeta também as pessoas que ama e isto o faz piorar mais ainda. As pessoas colocam coisas na sua cabeça, dizem coisas que não se devem dizer, e pioram o quadro, assim como você também pode fazer. Ou seja, acabam mais atrapalhando que ajudando, por mais que pensem que estão ajudando. E ainda o indivíduo com tais problemas fica mal por saber que está deixando elas mal ou preocupadas com você ou achar que você não tem mais jeito e ninguém vai gostar de você.

Alguns exemplos clássicos sobre coisas que não devem ser ditas acompanhadas dos porquês. Pedir para “caminhar”, se ele sabe que é bom, mas tem uma dificuldade absurda de forçar uma interação com um mundo aberto sem surtar; “É coisa de sua cabeça!” Merece um Nobel quem concluiu isto, refrescando a memória do amigo e piorando; “Por que não sai mais com a gente?”, onde quando você pensa isto, ele está no quarto, deitado ou acordado, tentando juntar motivação de onde não tem; “Pense nas coisas boas da vida”, como se um depressivo não soubesse o que é isto, sendo que o problema é que, por melhores que sejam essas coisas, elas são como pontos nulos para o deprimido por conta da condição – ele não gosta de si mesmo, acha que ninguém gosta dele e não vê futuro para ele mesmo – por mais que pense nelas tem efeito zero; “Tem gente pior que você”, aí ele se sente culpado por estar num estado psicológico que por mais que se esforce não controla enquanto outras pessoas controlam e está tendo uma dificuldade imensa em colocar as coisas sob uma perspectiva só e regular suas reações e a pior, “Você parece outra pessoa”, a maior “facada” que você dá num depressivo, você fala para ele o que ele não quer acreditar, dá a ele a certeza que nunca mais vai voltar e conseguir reverter o que vem acontecendo e nunca serão normais normalmente, nunca serão quem elas verdadeiramente são.

Dizem também que tudo acontece porque você não se ajuda. Que você está assim porque quer. Mas e a medicação, o tratamento médico, as ordens místicas, as práticas e cursos e tudo o mais, são para quê? Você tenta, mas não consegue. Faz de tudo para melhorar, mas não consegue. Acha que não há solução. Você se ajuda, mas não consegue encontrar uma solução, tenta se apoiar em outras pessoas, às vezes até de forma possessiva, mas machuca a você mesmo e todos ao redor. Mas, às vezes, os outros também fazem isto.

Você colocaria poeira no nariz de quem sofre de sinusite? Daria algo bem açucarado para um diabético? Gritaria com uma pessoa com a pressão extremamente alta? Falaria coisas para pessoas em estados alterados de humor que afetariam ainda mais o humor delas? Falaria para um depressivo aquelas coisas que falei? Gritaria dando mais motivo de preocupação para um ansioso? Então, coloque na cabeça, é uma doença como qualquer outra, que tem cura, que realmente as pessoas que tem só vão ficar boas se quiserem se ajudar, mas se você fizer isto, você vai retardar ou piorar a situação. Se for um ansioso, ele pode ficar furioso e se irritar ou ficar pensando freneticamente numa só coisa e não falar nada com nada! Se for um depressivo, ele pode até se suicidar por conta de algo que você disse! Não só você, como até mesmo os tratamentos podem fazer mal. Medicamentos podem ter interações e terem efeitos negativos, piorando também. Então, tenha paciência e compreensão com o que ocorre com essas pessoas e saiba que quando você magoa elas ou elas te magoam, no caso se transtornos de humor, elas realmente vão ficar pior pelo sentimento de culpa! Elas se culpam tanto quando te magoam quanto quando você as magoa.

O trajeto evolutivo é difícil! A vida é difícil! Às vezes tudo o que você tenta fazer não resolve! E nestas horas vem são necessários a Fé e a Vontade! Você pode mudar a situação! Tudo passa, transforma-se! A filosofia budista diz algo como “só você pode ajudar a você mesmo, não espere que façam por você”! Se algo acontece com você, a culpa é sua de algum modo! Para quem gosta de misticismo, o Karma explica muitas coisas. Porém, o ambiente também interfere nas nossas situações! A genética, a criação dos pais, a formação na escola, os grupos de amigos, os ambientes que frequenta, as experiências que você passa, o local e a vizinhança onde vive, seu ambiente de trabalho, a sociedade, o país e daí vai… Pensando desta forma, mesmo que tudo seja responsabilidade nossa, o externo também influencia! Você também influencia o próximo (quem gosta de Magnetismo e Hipnotismo sabe bem disto). Então, de certa forma, apontar o dedo e dizer que a culpa é somente do outro, de quem tem estes problemas, embora seja uma verdade se formos pensar de acordo com as Leis Cósmicas, é um pouco ignorante e arrogante e só vai piorar a situação.

O mundo de hoje faz com que esses problemas surjam com mais frequência. Em breve a depressão vai ultrapassar as doenças cardíacas e ser a doença que mais mata! E quando pensamos que o externo influencia, além do que já foi dito, percebemos uma coisa: as pessoas são simpáticas demais! Tenham Empatia!

Este estado tem quatro características: entendimento de perspectiva, a habilidade de ter a perspectiva dos outros, reconhecer a perspectiva deles como verdade e não julgar. Empatia é sentir-se como o outro. Alguém está deprimido, no fundo do poço e grita que está preso, é escuro, estou soterrado! E você diz: Acalme-se, sei como se sente e você não está sozinho nessa. Simpatia é dizer: “é ruim, né?”, “tem pessoas piores”, “quer uma coxinha?”. E muitas vezes começa com “pelo menos”. Às vezes alguém compartilha algo doloroso e você tenta ajudar querendo ver o lado bom de tudo isto. “Vou reprovar nesta disciplina!” “Pelo menos tu pode pagar de novo” Tente fazer as coisas melhorarem tendo empatia! Se eu compartilhar algo com você que seja difícil, prefiro que diga “nem sei o que dizer ou fazer, mas obrigado por compartilhar comigo” e dar um bom abraço. Respostas mudam tudo e, sendo simpáticos, vocês vão estar mais atrapalhando do que ajudando, mesmo que pense ajudar.

A vida é dura! A realidade é um desafio! Mas estamos aqui para evoluir! Não é uma tarefa fácil! A felicidade que tanto buscamos não é fácil de ser adquirida! Quando nossos pais dizem que é um trabalho árduo, é porque é mesmo. Mas estamos aqui para isto. E não estamos sós nesta tarefa.  “Se não houvesse a angústia não existiria a alegria”. “Todo homem leva um céu e inferno dentro de si mesmo”. “Sou um pecador e mortal e devo, a todo momento, dia e noite, desprender-me, lutar e combater o Diabo que aflige minha natureza corrupta e perdida, esse poder colérico que existe continuamente em minha carne, como na de todos os homens”. “Nem o dinheiro, nem as posses mundanas, nem a ciência, nem a autoridade, nada disso trará a vós o doce descanso do paraíso (nota minha: ou melhor, felicidade), que só pode ser atingido através do nobre conhecimento de si mesmo. Lá poderes vestir vossa alma; trata-se da pérola que não é devorada pelas traças e que nenhum ladrão pode levar. Buscai-a e encontrareis um nobre tesouro”.

“Segue meu conselho: deixa de buscar o conhecimento de Deus através de tua vontade egoísta e de teu raciocínio; joga fora tua razão imaginária, aquela que teu eu mortal pensa que possui, então tua vontade será a vontade de Deus. Se Ele encontrar a Sua Vontade como sendo a Tua vontade na Dele, então a Sua vontade irá se manifestar em tua vontade, como se fosse Sua própria propriedade. Ele é Tudo, e o que quer que desejes saber do Tudo está Nele. Não há nada oculto diante Dele e tu verás em Sua própria Luz”. “O entendimento nasce de D’us. Não é produto de escolas nas quais a ciência humana é ensinada. Não condeno o aprendizado intelectual e, se eu tivesse obtido uma educação mais elaborada, com certeza seria uma vantagem para mim, quando minha mente recebia o dom divino. Mas agrada a D’us transformar a sabedoria deste mundo em tonteira e dar Sua força ao fraco a fim de que todas as coisas se curvem diante dele”. “Acima de tudo, examina contigo mesmo o propósito de conhecer os mistérios de D’us e se estás preparado a empregar aquilo que receberes para a glorificação de D’us e para o benefício do próximo. Tu estás pronto para morrer, inteiramente para a tua vontade terrestre e egoísta, e desejas, sinceramente, ser um com o Espírito? Aquele que não tiver tais propósitos elevados e que busca apenas um conhecimento que satisfaça o seu eu ou para ser admirado pelo mundo não está apto para receber tal conhecimento”. E, por fim, “Deve-se auxiliar o próximo com aquilo que for obtido”. Um muito obrigado a Jacob Bohme por todas estas citações e verdades.

Como disse, tudo passa. “Se há muito sofrimento, também há sempre alegria e vice-versa. Até estas lindas flores algum dia irão murchar e todas as coisas vivas deste mundo não param nem por um momento. Estão sempre se movendo e mudando, esse é o maior prazer existente, a vida das pessoas é igual. Mas, se a morte certa espera por todos, não é a tristeza que deveria controlar a vida de todos? Enquanto se vive, não importa quantas vezes tentem se aliviar do sofrimento, ou quantas vezes buscam por amor e alegria, a morte sempre acaba com tudo. Se é assim, para que um homem nasce? Não podemos fingir que não existe a morte, completa e eterna. Apenas não se esqueça de uma coisa. A morte não é o fim de tudo, a morte é o passo que leva à vida seguinte. A morte não é algo definitivo. No passo, todos aqueles que nasceram neste mundo, mas foram chamados de santos, superaram a morte e se entenderes isto se iluminarás. As flores nascem e depois murcham. As estrelas brilham, mas algum dia se extinguem. Comparado a isto, a vida do homem não é nada mais do que um simples piscar de olhos, um breve momento. Nesse pouco tempo, as pessoas nascem, riem, choram, lutam, são feridas, sentem alegria, tristeza, odeiam alguém, machucam alguém, amam alguém. Tudo isto em um só momento”. Aproveite! Viva a vida! Tudo tem solução! Mas compreendam os outros, perdoem, não fiquem “buscando chifre em cabeça de cavalo”, não fiquem apontando o dedo na cara dos outros, não se machuque tanto com coisas efêmeras, simplesmente amem e vivam!

Para o Hermetismo Cristão, não existem Mestres ou Iniciadores (só um, que é o Iniciador que está no alto), apenas codiscípulos e cada um é mestre de cada um sob algum aspecto, como cada um é discípulo de cada um sob outro aspecto. Santo Antão dizia que “se submetia de boa vontade aos ascetas que ia visitar e se instruía deles na virtude e na ascese de cada um. Contemplava em um a amabilidade, em outro a assiduidade à oração; neste via a paciência, naquele o amor ao próximo; em um observava as vigílias, em outro a aplicação à leitura; admirava um à constância, a outro por seus jejuns e por seu sono na terra nua. Observava a mansidão de um e a magnanimidade de outro; em todos notava a devoção ao Cristo e o amor mútuo. Assim, satisfeito, voltava para seu eremitério, condensando e se esforçando por exprimir em si mesmo a virtude de todos”.

Entendam que todas as pessoas têm seus defeitos e suas dificuldades. Recentemente tive alguns, por exemplo. Magoei pessoas, magoei a mim mesmo. Teve situações que aconteceram que mudaram totalmente o fluxo das coisas e isto não tem mais volta! Laços rompidos que talvez nunca mais voltem! Então, não estou sendo hipócrita em dizer que a vida é só flores e que o caminho que seguires vai te trazer só coisas boas e que as pessoas que o seguem não vão ter seus problemas. Repito, a vida é dura! Posso até estar sendo hipócrita neste ponto, por pedir algo que desenvolvo, ou julgar as pessoas por isto ou aquilo, mas peço desculpas por isto.Mas, de fato, as pessoas têm suas dificuldades! Você tem seus defeitos, mas não se martirize por isto! Há solução! Há uma Luz no fim do túnel!

Vocês também tem seus defeitos e problemas, assim como eu tenho. Mas vejam as virtudes ao invés dos defeitos. Tenham empatia que, relembrando, é um estado em que há entendimento de perspectiva, a habilidade de ter a perspectiva dos outros, reconhecer a perspectiva deles como verdade e não julgar. Desenvolvam o AMOR. “O amor nunca falha porque o amor é sem fim, sem começo, sem meios de ser interrompido e também se renova à medida que se origina e age no tempo e espaço de todas as dimensões que existem no universo em expansão”. Citações estas de um anime simples, mas verdades profundas. Amem primeiro ao Criador (ou seja lá em quem acredite, ou mesmo que não acredite em nada) e lembrem-se sempre de amar a si mesmos. Por mais que a vida seja dura há uma solução! E se encontra dentro de nós mesmos, ‘no D’us de seu coração, no D’us de sua compreensão”.

Entendam que por mais que esta seja uma verdade universal, você também interfere na vida do outro. Já pensou quantas pessoas contribuíram para você chegar até aqui e ler este texto? Infinitas! Já pensou em que as suas escolhas interferem nas escolhas de outras pessoas? Que situações que você toma também interferem? Não existe coincidência, não existe acaso, existe sincronicidade. Não estamos sozinhos. Há uma luz no fim do túnel, repito. Mas você interfere nas outras pessoas. Ame a si mesmo, mas também ame os outros. Da mesma forma, compreenda estes problemas nas pessoas, qualquer que seja o problema, tenha empatia e com certeza seremos e teremos pessoas mais felizes.

A você, que passa por estes problemas, que se identificou com tudo que eu disse, saiba que você pode sair da sua caverna! Posso não saber o que dizer a vocês, mas espero do fundo de minha alma que superem isto, vivam o agora, cuidem de si mesmo,s pois tudo depende de vocês! Aos que te seguem, compreensão, amor e empatia. Assim tanto você quanto os outros podem crescer e evoluir juntos.

Para finalizar, peço desculpas a todos que causei algum mal, transtorno ou situação desagradável. Tudo que passou, passou e não volta. Mas vivo agora o presente, com uma perspectiva no amanhã, onde luto para ser melhor a cada dia que passa e superar os meus demônios internos. Palavras são somente palavras. Somente os meus atos, e sendo eles constantes, ou seja, com o tempo, é que podem provar que o que falo é uma verdade. A vocês dedico este texto.

#Felicidade #Humor #Sofrimento

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/como-anda-o-seu-humor-e-a-sua-vida

Curso de Kabbalah e Astrologia em Belo Horizonte

Este é um post sobre um Curso de Hermetismo já ministrado!

Se você chegou até aqui procurando por Cursos de Ocultismo, Kabbalah, Astrologia ou Tarot, vá para nossa página de Cursos ou conheça nossos cursos básicos!

Finalmente conseguimos um lugar e data!

01/09 – Kabbalah

02/09 – Astrologia Hermética

Horário: Das 10h00 as 18h00

Informações: marcelo@daemon.com.br

KABBALAH

Este é o curso recomendado para se começar a estudar qualquer coisa relacionada com Ocultismo.

A Kabbalah Hermética é baseada na Kabbalah judaica adaptada para a alquimia durante o período medieval, servindo de base para todos os estudos da Golden Dawn e Ordo Templi Orientis no século XIX. Ela envolve todo o traçado do mapa dos estados de consciência no ser humano, de extrema importância na magia ritualística.

O curso abordará as diferenças entre a Kabbalah Judaica e Hermética, a descrição da Árvore da Vida nas diversas mitologias, explicação sobre as 10 Sephiroth (Keter, Hochma, Binah, Chesed, Geburah, Tiferet, Netzach, Hod, Yesod e Malkuth), os 22 Caminhos e Daath, além dos planetas, signos, elementos, cores, sons, incensos, anjos, demônios, deuses, arcanos do tarot, runas e símbolos associados a cada um dos caminhos.

O curso básico aborda os seguintes aspectos:

– A Árvore da Vida em todas as mitologias.

– Simbolismo e Alegorias na Kabbalah

– Descrição e explicação completa sobre as 10 esferas (sefirot).

– Descrição e explicação completa sobre os 22 caminhos.

– Cruzando o Abismo (Véu de Paroketh).

– Alquimia e sua relação com a Árvore da Vida.

– O Rigor e a Misericórdia.

– A Estrela Setenária e os sete defeitos capitais.

– Cores, metais, incensos,

– Construção do Templo Astral e exercícios relacionados.

– Letras hebraicas, elementos, planetas e signos.

– Sigilações envolvendo a Kabbalah.

ASTROLOGIA

A Astrologia é uma ciência que visa o Autoconhecimento através da análise do Mapa Astral de cada indivíduo. Conhecido pelos Astrólogos e Alquimistas desde a Antigüidade, é um dos métodos mais importantes do estudo kármico e um conhecimento imprescindível ao estudioso do ocultismo.

O curso básico aborda os seguintes aspectos:

– Introdução à Astrologia,

– os 7 planetas da Antigüidade, Ascendente e Nodos

– os 12 Signos,

– as 12 Casas Astrológicas,

– leitura e interpretação básica do próprio Mapa Astral.

Cada aluno recebe seu próprio Mapa Astral (precisa enviar antecipadamente data, hora e local de nascimento) para que possa estudá-lo no decorrer do curso.

Informações: marcelo@daemon.com.br

#Astrologia #Cursos #Kabbalah

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/curso-de-kabbalah-e-astrologia-em-belo-horizonte

Os Habitantes do Plano Astral

Este é um texto básico, mas muito importante, escrito por Beraldo Lopes Figueiredo, que eu considero um dos maiores especialistas em Projeção Astral do Brasil. Não é fácil classificar e ordenar os seres astrais, tal sua variedade e complexidade, mas podemos nos esforçar para isso, começando a dividi-los em 3 grandes categorias: Humanos, os não-humanos e os artificiais.

01.2.1 – HUMANOS:

Os cidadãos humanos do mundo astral, separam-se naturalmente em dois grupos: Os vivos e os Mortos.

01.2.1.1 – VIVOS:

01 – Adeptos e seus discípulos: São os humanos evoluídos, instruídos que operam tanto com o corpo mental como astral, mas muito mais com mental, pertencentes as Lojas, escolas orientais e algumas ocidentais.

02 – Indivíduos Psiquicamente adiantados: Esses não estão sob orientação de um Mestre (amparador), em geral são conscientes fora do corpo físico, mas por falta de necessário treino e experiência estão sujeitos a enganos e apreciação do vêem. Sua lucidez é variável , variam de acordo com seu grau de desenvolvimento e em muitos casos quando voltam ao corpo físico não lembram de sua experiência.

03 – A pessoa Vulgar: Não possuem maturidade astral, flutuam perto do corpo físico durante o sono., num estado mais ou menos inconsciente, em alguns casos numa semi-adormecido, vagueia daqui para ali, deitado seguindo algumas correntes astrais passando por toda espécie de aventuras, umas agradáveis outras desagradáveis. Quando menos evoluído for uma pessoa, mal definida será suas formas astrais, sem contornos definidos, devido a alta densidade do seu duplo etérico.

04 – O mago negro e seus discípulos: É semelhante a primeira, porém voltada para o mal. As ordens que lidam com essas forças ocultas poderosas são várias, mas podemos citar: Dügpas Europeus, Vodoo, Obeah, Magia Negra, etc.

01.2.1.2 – MORTOS:

01 – Os Nirmânakáyas: Seres elevados, no entanto por qualquer necessidade de missão que se julgue necessário descem para o plano Astral.

02 – Discípulos a espera de Reencarnação: Esse não é um habitante comum do mundo astral e sim do mundo mental, mas ocasionalmente pode-se encontrar um ocasionamente por isso é uma população muito reduzida.

03 – Os mortos Vulgares: É uma classe cuja população são de milhares e milhares de almas, também complexa limitar sua estadia no mundo astral, varia de algumas horas, dias, semanas, meses, anos e até séculos.

Todos sem exceção tem que passar por todos as subdivisões do plano astral no seu caminho para o mundo-céu, algumas percorrem essas subdivisões inconscientes, para as pessoas evoluídas com várias reencarnações, essa passagem é extremamente rápida.

04 – As Sombras: Quando a extinção de um indivíduo é completa é sinal que acabou sua vida Astral, ele passa para o plano Mental (Plano Devachânico). Mas, assim como ao passar para o plano físico para o Astral há um abandono do corpo físico, assim também na passagem do corpo astral para o mental, o invólucro astral é abandonado e também irá se desintegrar, neste caso o corpo astral abandonado, é um verdadeiro cadáver. Infelizmente o homem vulgar deixa-se dominar por todos os desejos inferiores, que uma parte da mente inferior se funde com o corpo dos desejos, essas partículas da matéria astral possuem vida própria e animam esse cadáver, gerando uma classe chamada: Sombras Essa sombra não é o indivíduo real, mas conserva hábitos, semelhança física, memória mas sua inteligência é limitada, pois é um farrapo de suas piores qualidades. A duração de uma sombra varia segundo a qualidade da mente inferior que a anima, mas apesar desta astúcia que engana alguns médiuns despreparados em sessões espíritas, na medida que o tempo passa ela vai perdendo a vitalidade e se degradando até cair na classe seguinte: Os invólucros (Cascões Astrais).

05 – Os invólucros (Cascões Astrais): São os cadáveres astrais, o corpo astral abandonado e em estado de desintegração, são desprovidos de qualquer espécie de consciência e de inteligência, vagueiam nas correntes astrais como nuvens impelidas por ventos contrários. {b]Não pode ser confundido com o Duplo Etérico que conserva-se a poucos metros post-mortem do cadáver físico, se desintegrando lentamente são vistos nos cemitérios essas formas azuladas com aparência de vapores, flutuando nos túmulos dos cemitérios daqueles que recentemente deixaram o mundo físico, não é um espetáculo agradável de ver. Mas os Cascões Astrais, que vagam, podem ser usados e manipulados por meio de Magia Negra.

06 – Os invólucros vitalizados: Alguns elementais artificiais, as vezes entram dentro destas cascas astrais e dão uma vida aparente a eles. Geralmente o usam de uma forma malévola,

07 – Vitimas de Morte Súbita e os Suicidas: Todo o indivíduo que for arrancado de sua vida terrena repentinamente, em pleno gozo de sua saúde e energias, vai se encontrar no mundo astral numa situação diferenciada dos demais seres que morreram por doença. No caso de suicídio ou de morte por acidente, desastre, não se realizando os preparativos naturais e graduais, compara-se como retirar o caroço de uma fruta quando esta fruta estiver verde, grande quantidade de perietérico (combustível vital), duplo etérico, alta densidade desta matéria é pertubadora para o indivíduo recém morto, esta alta densidade vibratório levará o indivíduo a cair na sétima zona astral conhecido por baixo astral (Umbral). Porém se o indivíduo for de boa índole ficará insconsciente e por pouco tempo neste mundo trevoso. O fato do suicida, é bem mais difícil, porque interromperam sua vida através do livre arbítrio, embora cada caso tem suas variantes e nem todos os suicídios são consideráveis condenáveis, como o caso de Sócrates.

08 – Vampiros e Lobisomens: É a entidade mais cruel e repelente, mas felizmente muito raras são essa criaturas, essas relíquias horrorosas de um tempo em que o ser humano era mais animalesco, são considerados fábulas da Idade Média, pertenciam a Quarta Raça da terra, como na Rússia e Hungria, apesar das lendas exageradas, no fundo tem uma verdade inquestionável. Essas criaturas apegadas ao extremo a vida terrena usavam seu corpo astral para manter íntegro seu corpo físico, roubando sangue dos vivos com seu corpo astral semi materializado, existindo casos registrados na Europa Central de aberturas de caixão encontrava-se o corpo fresco e sadio, muitas vezes mergulhado num sangue fétido.

Já os lobisomens, também de extrema raridade, nos dias de hoje, eram de uma raça extremamente carnívora que se alimentava de animais vivos, numa extrema violência, quando mortos esses indivíduos semi materializados numa espécie de Lobo e Homem atacavam nas matas outros animais.

Portanto aos estudiosos de Viagens Astrais, não se preocupem pois esses tipos são de extrema raridade nos dias de hoje e geralmente os que existem ainda, agem próximos ao seu corpo físico.

09 – Magos Negros e seus Discípulos: Pertencem ao outro extremo da escala, são espíritos desencarnados, tendem a manter-se o maior tempo possível neste plano, renegando o plano mental, são criaturas extremamente hábeis com os poderes do mundo astral, violam a lei natural da evolução , pois mantém-se no mundo astral pela manipulação de artes mágicas: MAGIA NEGRA. Deve-se frisar que para se conseguir isso, é a custa de outras vidas, roubando de outrem o tempo de vida legítimo.

01.2.2 – NÃO HUMANOS:

01 – Corpos Astrais dos Animais: Apesar de extraordinariamente numerosa, esta classe ocupa um lugar subalterno no plano astral, visto ser muito curta a permanência neste plano dos membros que a compõem. Os animais em sua grande maioria ainda não adquiriram ainda uma individualização permanente e quando morrem a essência monádica que os animava volta ao stratum especial donde vieram. Geralmente essa existência não passa de uma espécie de sonho inconsciente impregnado, ao que parece de uma perfeita felicidade. Quanto aos animais domésticos que já atingiram a individualidade, o caso de alguns gatos e alguns cachorros, esses tem uma vida astral mais longa e mais ativa, mas caindo por fim num estado passivo subjetivo que dura pouco. Dos animais selvagens os que já atingiram a individualização encontra-se os Macacos Antropóides, que forma uma classe interessante, visto que se aproximam de reencarnarem como seres humanos.

02 – Os espíritos Naturais: Compreende-se esta classe subdivisão tão numerosa e tão variada que pode-se dizer não serem totalmente conhecidas em sua integralidade. Classificadas por alguns escritores como ELEMENTAIS, são espíritos da natureza, tendo os da terra, do ar, da água e fogo. São entidades astrais dotadas de inteligência, definidas, que habitam e funcionam cada um desses meios. Na linguagem popular tem uma grande variedade de nomes: Fadas, pixies, brownies, salamandras, duendes, trolls, sátiros, faunos, sacis, etc. São em forma reduzida ou de baixa estatura.

Em geral são invisíveis para a visão física mas alguns possuem a propriedade de se materializarem quando lhes convém.

Em sua maioria evitam os seres humanos, visto não gostarem das emanações fluídicas humanas, os vícios e desejos desordenados põem em ação correntes astrais que os pertubam. Os períodos de vida desses seres variam muito, alguns muito curtos, outros maiores que as nossas vidas.

03 – Os Devas: O mais alto sistema de evolução que tem relação com a terra, são seres que os hindus chamam de Devas, no Ocidente Anjos, “Filhos de Deus”, amparadores, são considerados um reino acima do humano, assim como os animais irracionais um reino inferior aos humanos, chamados também de Regentes da Terra, Anjos Celestiais, são eles agentes do Karma do ser humano. Poucas vezes se manifestam no mundo astral, estão mais presentes no mundo mental, mas quando o fazem são notáveis pela beleza e luz que irradiam, parecendo possuírem asas tal beleza de suas auras, parecem possuir uma aureola tal é a luz do seu chakra coronário.

01.2.3 – ARTIFICIAIS:

01 – Elementais criados inconscientemente: A essência elemental nos rodeia por todos os lados. É flagrante o efeito produzido por um pensamento que quando apodera-se da matéria plástica astral, ele molda instantaneamente um ser vivo, ser que uma vez criado não fica de forma nenhuma sob a influência do seu criador , mas adquire o instinto básico de qualquer réstia de vida que o INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA. A duração de um elemental (Formas-Pensamento) varia muito sendo proporcional a intensidade dos pensamentos de quem o gerou. Alguns minutos, horas, mas o pensamento forte, repetitivo, convicto pode durar alguns dias. Os elementais ficam em volta do seu criador em suspensão, circulando, tendem a provocar a repetição da idéia buscando se fortificar para viver mais tempo. Crianças criam companheiros astrais. Tem como tendência prolongar suas curtas vidas reagindo sobre o seu criador, provocando a renovação do pensamento que o originou. Existem casos de criações encontrarem energias paralelas e se alimentarem de várias ao mesmo tempo, o que prolongaria sua vida por um tempo bem considerável, alguns deixam seus criadores , encontrando essa energia no próprio astral se transformam em demônios errantes. Casos de mães devotas criando para seus filhos anjos da guarda, visto por muitos clarividentes, acompanhando algumas crianças.

02 – Elementais Criados Conscientemente: Tantos os adeptos e ocultistas da Magia Branca e Magia Negra se servem freqüentemente de elementais artificiais nos seus trabalhos, neste caso essas criaturas são como escravas, poucas são as tarefas que não possam ser realizadas por essas criaturas quando cientificamente preparadas e habilmente dirigidas. Não tem sido pouco o mal que essas criaturas espalham pelo mundo. Os elementais formados conscientemente são dotados de uma inteligência superior aos formados inconscientemente, além da duração de suas vidas, serem bem maiores, por isso são mais perigosos. Da mesma forma são mais astutas para prolongar a vida, quer alimentando-se como Vampiros da vitalidade de seres humanos, quer influenciando que façam oferendas, matando animais, cuja vitalidade é direcionada e absorvida pelo elemental. Podem prolongar suas vidas por anos a fio, tem casos que são séculos. Tem um caso na índia que uma entidade protetora das lavouras, quando não lhes era ofertada as oferendas, alimentos, focos de fogos espontâneos rebentavam simultaneamente entre as cabanas, apareciam do nada.

03 – Artificiais Humanos: apesar de ser pouco numerosa esta entidade existe, guardiões de Lojas Brancas, Demônios da Idade Média, líderes que já reencarnaram, mas seu ser artificial ainda continuam vivo no mundo astral e são vistos por clarividentes.

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Charles Webster Leadbeater (Londres, Inglaterra, 16 de fevereiro de 1847 – Perth, Austrália, 1º de março de 1934), foi sacerdote da Igreja Anglicana e Bispo da Igreja Católica Liberal, clarividente, escritor, orador, maçom e uma das mais influentes personalidades da Sociedade Teosófica.

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Zaratustra, Mithra e Baphomet – parte III

Publicada originalmente no S&H dia 14/5/2008,

Acompanhando esta série “desvendando a origem dos demônios”, cujos posts iniciais estão AQUI e AQUI, o tio Marcelo explicará hoje sobre como surgiram os conceitos de Bem x Mal, deturpados na Igreja Católica e por conseguinte nas Evangélicas e caça-níqueis afins, para providenciar um campo fértil de “nós versus eles” e permitir que agregassem melhor o gado.

E se existia um deus “do bem”, seria necessário inventar deuses “do mal” para servirem como opositores. Para entender como surgiram os demônios, precisamos entender quem eram os deuses das religiões “adversárias” (Shaitanicas).

E, de quebra, também desvendaremos os mistérios de Baphomet!

Diabo, Diabolos e Daimon

Antes de prosseguir, é necessário fazer um adendo. Muitos religiosos gostam de inventar traduções adaptadas às suas necessidades para certas palavras, normalmente de maneira tosca e grosseira, mas que dependendo da erudição com que são colocadas, acabam enganando os desavisados. Uma das favoritas dos fanáticos religiosos é relacionar Daemon, Diabo ou Diabolos com “Acusador” ou “Caluniador”.

Pois bem: Daimon ou Daemon significa “gênio” ou “espírito”. São os Anjos da Guarda da mitologia católica. A palavra em grego para Daimon é “??????”. Já caluniador se escreve “??????????” e acusador “???’??????”, ou seja, palavras BEM diferentes.

Já Diabo vem de Diabolos, cujo significado está atrelado a outra palavra bem conhecida: Símbolos. Diabolos significa “Aquilo que nos separa” enquanto Símbolos significa “Aquilo que nos une”. Desta maneira, uma seita “diabólica” significa, no sentido correto da palavra, “uma seita que nos separa”. Já a relação entre símbolo e união é bem fácil: basta imaginar um time de futebol. O símbolo do time é o brasão que une os torcedores.

Assim falou Zaratustra

Zaratustra, às vezes chamado de Zoroastro, é o fundador do Zoroastrismo. Ele foi um verdadeiro iniciado, nascido na Pérsia cerca de 1.000 anos antes de Cristo. Desde muito cedo, Zoroastro já demonstrava sabedoria fora do comum; aos 15 anos realizava valiosas obras religiosas e era conhecido e respeitado por sua bondade para com os pobres e pelo sistema religioso-filosófico que criou.

Seus sacerdotes, os Magi (sábios), eram vegetarianos, reencarnacionistas, espiritualistas e conheciam muito bem a astrologia. Zoroastro reformulou uma religião chamada Mazdeísmo, com uma visão mais positiva do mundo.

Para entender melhor esta religião, precisamos estudar a estrutura social da época: os persas estavam divididos em três classes; os sacerdotes, os guerreiros e os camponeses. Os Ahuras (“senhores”) eram venerados apenas pela primeira classe, Mithra era um Ahura venerado na classe dos guerreiros; e os camponeses possuíam seus próprios deuses da fertilidade.

O Zoroastrismo prega a existência de um Deus único, Ahura Mazda (“Divindade Suprema”), a quem se credita o papel de criador e guia do universo (Keter, na Kabbalah). Desta divindade emanam seis espíritos, os Amesas Spenta (Imortais Sagrados), que auxiliam Ahura Mazda em seus desígnios.

São eles: Vohu-Mano (Espírito do bem), Asa-Vahista (Retidão suprema), Khsathra Varya (Governo Ideal), Spenta Armaiti (Piedade sagrada), Haurvatat (Perfeição) e Ameretat (Imortalidade). Estes seres travam uma batalha dentro de cada pessoa contra o princípio do mal: Angra Mainyu, por sua vez acompanhado de entidades malignas: O Mau pensamento, a mentira, a rebelião, o mau governo, a doença e a morte.

A grande questão do bem e do mal, colocada por Zoroastro, se resolve DENTRO da mente humana. O bom pensamento cria e organiza o mundo e a sociedade, enquanto o mau pensamento faz o contrário. Esta opção é feita no dia-a-dia da pessoa e ninguém pode fazer uma opção definitiva, pois este é um processo dinâmico e progressivo.

O nome Mithra (Sol) era visto como o “Deus da Luz”. Os vedas o chamavam de Varuna e os persas de Ahura Mazda.

Zoroastro teve muitos problemas em tentar implementar a religião monoteísta, tentando se opor aos sacerdotes de Mithra e os sacrifícios sangrentos dos touros. Zoroastro foi assassinado por sacerdotes de Mithra no templo de Balkh.

Após este período, o culto a Mithra floresceu. Seu dia sagrado, o Solis Invictus, é comemorado a 25 de Dezembro, mesma data do nascimento de Hórus e celebrando a “vinda da nova luz” (claro que não existia o dia 25 de dezembro com este nome, pois o calendário gregoriano só seria inventado muitos séculos depois; a data era calculada pelas luas e pelos astros para cair no Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano).

Mithra era considerado o “Filho de Deus”; filho de Ahura Mazda, recebeu a incumbência de matar o touro primordial. Mithra nasce em uma gruta (lembram-se do que falamos nas outras colunas sobre cavernas, certo?) e o céu é sua casa. Matar o touro é o motivo principal do culto mitraico.

Isto é tão importante para compreendermos várias coisas dentro de diversas culturas que eu vou repetir: “matar o touro é o motivo principal da religião mitraica”.

E tudo isto tem a ver com Astrologia e as precessões (você assistiu Zeitgeist, certo?). Então Mithra simboliza o signo de Áries (o guerreiro) substituindo o signo de Touro nas Eras Cósmicas.

Nos rituais Mitraicos, o boi era sacrificado e imolado (queimado), e sua carne e sangue eram oferecidos aos sacerdotes como oferendas de poder. Eles também consumiam vinho e realizavam rituais sexuais, onde através do sexo e do vinho, chegavam ao êxtase, ou a comunhão com Deus.

Do culto a Mithra também surge a história do Minotauro, onde a cada ano, sete pares de jovens eram oferecidos em seu sacrifício (representando os sete pecados capitais – falaremos mais sobre isto no futuro). Teseu, o guerreiro (Áries), encontra o caminho do labirinto e mata o minotauro (touro), restaurando a paz. A lenda de Teseu é uma derivação iniciática dos cultos a Mithra.

Outro aspecto cultural derivado do Mitraismo são as touradas. Nela, o guerreiro entra em uma arena (a arena representa a Terra) e precisa derrotar em combate o touro, tal qual Mithra fez com o touro primordial. No final da batalha, o touro é imolado e servido como banquete aos sacerdotes e guerreiros da irmandade.

Na bíblia temos referência ao touro quando Moisés desce do monte Sinai com os mandamentos (Kabbalah) e depara com os sacrifícios ao bezerro de ouro. Outra referência astrológica.

Posteriormente, os Essênios e Yeshua (Jesus) substituem o touro imolado e o sangue pelo pão e vinho egípcios: o pão representando o corpo de Osíris e o vinho o sangue de Osíris (“tomai e comei todos vós; este é o meu corpo e o meu sangue que é derramado por vós” é uma oração EGIPCIA e representa o sacrifício de Osíris). Jesus, como iniciado, estava celebrando o culto ao Deus-Sol na chamada “Santa Ceia”.

Com o tempo, as pessoas passaram a preferir a eucaristia vegetariana de Yeshua ao invés do banquete carnívoro de Mithra e o ritual de culto ao Deus-Sol acabou se transformando no que chamamos hoje de Eucaristia. Embora o ritual original tenha sido modificado e sobrevivido até os dias de hoje, de uma forma ou de outra.

Os celtas também tinham o costume de fazer sacrifícios ao Deus-Sol. Mas ao invés do touro, sacrificavam o Javali, símbolo do sol. Quem já leu as aventuras de Asterix sabe que toda vitória era comemorada com um grande banquete celebrado por toda a vila, em um Ágape Fraternal. O mesmo ocorria nas legiões romanas e entre os sacerdotes Mitraicos. Note que a távola redonda (ops, eu disse “távola”… eu quis dizer “Mesa”) ao redor da fogueira forma justamente o símbolo astrológico do SOL (um círculo com um ponto central).

Outro costume de Batismo de Fogo, muito popular entre os soldados romanos de alta patente, consistia no Taubólio, o ritual de sacrifício do touro. Sobre uma forte estrutura em forma de rede de aço, era imolado um touro pelos sacrificadores e seu sangue escorria sobre o iniciado, que fica abaixo desta estrutura, nu, em uma fossa escavada no chão. Ali recebe o sangue sobre a cabeça e banha com ele todo o seu corpo. Ao sair da fossa, todos se precipitavam à sua frente, saudando-o. Após a imolação, recolhiam-se os órgãos genitais do touro (cojones), que eram cozinhados, preparados e servidos ao iniciado.

Apesar de parecer nojento, o ritual é impressionante…

As tradições Mitraicas permaneceram em Roma até o século IV, coexistindo com o Cristianismo. Em 325 DC, o Concílio de Nicéia fixou o deus “verdadeiro” e iniciou-se a queda do culto a Mithra.
Mithra é o padrinho da Igreja Católica, já que roubaram sua festa de aniversário (25 de dezembro), seu dia de celebração (as missas são celebradas no Domingo de manhã – Dia do Sol e hora do sol), o chapéu que os papas, cardeais e bispos usam chama-se Mitra e o templo maior de Mithra ficava em um lugar conhecido como Colina Vaticano, que também foi “substituído” pela Igreja principal católica.

Tertuliano presenciou as cerimônias de culto à Mithra e chamou este ritual de “Paródia Satânica da Eucaristia”, ou “Missa Negra” e muitas das histórias bizarras inventadas sobre o “satanismo” foram derivadas destes cultos. Da distorção destas festividades surgiram as famosas “missas satânicas” nas quais se “usava uma mulher nua como altar, bebia-se sangue e comia-se carne ao invés de pão e vinho, os sacerdotes vestiam-se de preto e usavam o terrível pentagrama” e por ai vai. Uma mistureba de cultos celtas, gregos e mitraicos, com um pouco de criatividade mórbida para assustar os crentes e voilá.

No Concílio de Toledo, em 447, a Igreja publicou a primeira descrição oficial do diabo, a encarnação do mal: “um ser imenso e escuro, com chifres na cabeça e patas de bode”. Claramente uma mistura de Mithra, Pan e Cernunnus.

Claro que quase todos nós prestamos homenagens a Mithra até os dias de hoje: Festividades realizadas no dia dedicado ao Sol (Domingo – Sun-day), envolvendo sacrifícios de bois imolados cuja carne e sangue são consumidos pelos sacerdotes, junto com vinho ou cerveja. A Igreja Católica chama isso de “Paródia Satânica da Eucaristia”, mas as pessoas costumam chamar estas homenagens a Mithra de “Churrasco de Domingo”.

Baphomet

(agradecimentos ao irmão Cezaretti)

Para entender a criação e a falsa associação desta figura meio homem meio bode com a Maçonaria, teremos que seguir um longo e tortuoso caminho iniciando no século XII.

Depois da Primeira Cruzada, no ano 1119 em Jerusalém, surge um pequeno grupo de militares formando uma ordem religiosa tendo como seu principal objetivo proteger os peregrinos visitantes à Palestina. Ficaram conhecidos como os Cavaleiros Templários.

Falarei muito mais sobre eles em uma série de matérias futuras, mas por enquanto, basta sabermos que, devido à necessidade de enviar dinheiro e materiais regularmente da Europa à Palestina, os Cavaleiros Templários gradualmente desenvolveram um eficiente sistema bancário que nunca existira.

Assim, levando uma vida austera com uma forte disciplina, defendendo com desinteresse as Terras Santas, recebendo doações de benfeitores agradecidos, os Templários acumularam com o passar dos anos grande riqueza. Tais poderes, militar e financeiro, os tornaram respeitados e confiáveis para a população da época.

Os Templários financiavam, através de vultosos empréstimos, muitos reis da época. Porém, por volta de 1300 os Templários sofreram diversas derrotas militares, deixando-os em uma posição vulnerável e assim, suas riquezas se tornaram objeto de ganância e ciúme para muitos.

Na época o Rei francês Felipe IV (Felipe, o Belo) estava envolvido em uma tumultuada disputa política contra o Papa Bonifácio VIII e ameaçava com a possibilidade de embargar seus impostos ao clero. Tal agressividade do Rei contra o sumo pontífice era principalmente devido à corte francesa estar falida. Então o Papa Bonifácio em 1302 editou a Bula Unam Sanctam, uma declaração máxima do papado, que condenava tal atitude. Os partidários de Felipe então aprisionaram Bonifácio que escapou pouco tempo depois, mas veio a falecer logo em seguida. Em 1305 Felipe, com uma trama política e pressão militar, obteve a eleição de um dos seus próprios partidários, inclusive amigo de infância, como Papa Clemente V e o convenceu a residir na França, onde estaria sob seu controle todo movimento eclesiástico. (Este era o começo do denominado “Cativeiro Babilônico do Papado”, de 1309 a 1377, durante o qual os Papas viveram em Avignon e sujeitos a lei francesa).

Novamente, falarei mais sobre isso quando chegar a vez de falar sobre os Templários, mas por ora, basta sabermos que o Papa estava sob o controle total do rei Felipe, o Belo.

Agora com o Papa firmemente sob seu controle Felipe voltou-se para os Cavaleiros Templários e a fortuna deles, então denunciou os Templários à Igreja por heresia e esta aceitou tal denúncia. Então em 1307, com o consentimento do Papa, Felipe ordenou uma perseguição aos Templários prendendo-os e jogando-os em calabouços, incluindo o Grão Mestre Jacques de Molay que foi acusado de sacrilégio e satanismo. Em 1312, o Papa, agora um boneco do Rei, emitiu a ordem que suprimia a ordem militar dos Templários com subseqüente confisco da riqueza por Felipe. (Os recursos ingleses dos Templários foram confiscados de forma semelhante pelo Rei Edward II da Inglaterra, sendo a maior parte desta imensa fortuna para Portugal, onde foi criada mais tarde em 1319, a Ordem de Cristo).

Claro que os Templários já sabiam das intenções de Felipe e, quando seus exércitos invadiram os castelos templários, não acharam nem uma moeda sequer do fabuloso tesouro templário, nem a arca da aliança, nem o Santo Graal, que foram enviados em 12 galeões para fora da França.

Assim, os Templários deixaram de existir daquela data em diante e muitos de seus membros, inclusive Jacques de Molay foram torturados e obrigados a se declararem “réus confessos” para uma miríade de crimes, inclusive uma lista 127 acusações e 9 subitens! Estas incluíram tais coisas como a “reunião noturna secreta”, homossexualismo (embasado no símbolo da Ordem, que é dois soldados montando o mesmo cavalo), cuspir na cruz, negar a Cristo, etc…

Entre as acusações contra os Templários havia uma que haviam produzido algum tipo de “cabeça barbuda”. O tal do Baphomet.

Existem várias teorias, inclusive seria um relicário contendo a cabeça de João Batista ou a cabeça de Cristo, a Mortalha de Turin, uma imagem de Maomé (o pai da religião islâmica) entre outras.

Após ser torturado por 7 anos, o Mestre Jacques de Molay acabou, após sua prisão, queimado vivo em praça pública com fogo brando e muitos templários foram mortos também e outros fugindo para outros países. O que vem a ser exatamente o “Baphomet” nunca foi descrito pela Inquisição, mas é fácil perceber que se trata de uma mistureba feita pela Igreja dos ritos antigos egípcios, gregos e romanos, para variar.

Mas… e aquela imagem demoníaca?

Mais de 500 anos depois dos Templários, em 1810 na França, nasce Alphonse Louis Constant, filho de um sapateiro.

Bem cedo, ainda criança, ganhou as atenções de um padre da paróquia local que providenciou para que Alphonse fosse enviado para o seminário de Saint Nichols du Chardonnet e mais tarde para Saint Sulpice estudando o catolicismo romano com o objetivo ao sacerdócio.

Mas deixou o caminho do catolicismo para se tornar um ocultista. De qualquer forma enquanto vivo seguiu o caminho esotérico e adotou o pseudônimo judeu de Eliphas Lévi, que dizia ser uma versão judaica de seu próprio nome.

O trabalho de sua vida foi escrever volumes enormes sobre Magia que incluiam comentários extensos sobre os Cavaleiros Templários e o Baphomet. De todos seus trabalhos o mais conhecido é o que contém a ilustração (o desenho é cópia do original e observe que está assinado por Eliphas Lévi) e era usado como uma fachada para o livro “A Doutrina da Alta Magia” publicado em 1855. Levi também afirmava que se a pessoa reorganizasse as letras de Baphomet invertendo-as, adquiriria uma frase latina “TEM OHP AB” que é a abreviação de “Templi Omnivm Hominum Pacis Abbas“, ou em português, “O Pai do Templo da Paz de Todos os Homens”. Uma referência ao Templo do Rei Salomão, capaz de levar a paz a todos.

A palavra “Baphomet” em hebraico é como segue: Beth-Pe-Vav-Mem-Taf. Aplicando-se a cifra Atbash (método de codificação usado pelos Cabalistas judeus), obtém-se Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph, que soletra-se Sophia, palavra grega para “sabedoria”.

E o que esta imagem significa?

Na Alquimia, o uso de alegorias e imagens é muito comum para expressar idéias e conceitos. Vamos analisar com calma a figura do Baphomet:

– A imagem possui a cabeça com características de chacal, touro e bode, representando os chifres da sabedoria, virilidade e abundância. O chacal representa Anúbis (o deus-chacal) e também o “Mercúrio dos Sábios”, o Touro representa o elemento terra e o “Sal dos Filósofos” e o bode representa o Fogo e o “Enxofre fixo”. Juntos, a cabeça da imagem representa os três princípios da Alquimia.

– A tocha entre seus chifres representa a sabedoria divina e a iluminação. Tochas estão associadas ao espírito nos 4 elementos e colocadas sobre a cabeça de uma imagem representam a inspiração divina. Isso pode ser observado até os dias de hoje, em personagens de quadrinhos que, quando tem uma idéia, aparece uma lâmpada sobre suas cabeças (grande Walt Disney!).

– O conjunto dos dois chifres também representam as duas colunas na Árvore da Vida e o fogo sendo o equilíbrio entre elas. A lua branca representa a magnanimidade de Chesed (Júpiter) e a lua negra o rigor de Geburah (Marte).

– O pentagrama na testa de Baphomet representa Netzach (Vênus), o Pentagrama, o símbolo da proteção e da magia. Importante notar que ele se encontra voltado com a ponta para cima. As pernas cruzadas associadas ao cubo representam Malkuth.

– Nos braços do Baphomet estão escritos “Solve” no braço que aponta para cima e “Coagula” no braço que aponta para baixo. Solve representa “dissolver a luz astral” e coagula significa “coagular esta luz astral no plano físico”. Em outras palavras: tudo aquilo que você desejar e mentalizar no plano astral irá se manifestar no plano físico. Alguém ai assistiu ao filme “The Secret?”

– Os braços nesta posição representam o “Tudo o que está acima é igual ao que está abaixo”, ou “O microcosmo é igual ao macrocosmo”, ou “Assim na Terra como no Céu”. É a mesma posição dos braços representada no Arcano do Mago no tarot.

– a imagem possui escamas, representando o domínio sobre as águas, ou emoções.

– a imagem possui asas, representando o domínio sobre o Ar, ou a razão.

– a imagem possui patas de bode, representando seu domínio sobre a Terra, ou o material. Também representam a escalada espiritual.

– a imagem possui fogo em seus chifres, representando o domínio sobre o Fogo.

– Os seios representam a maternidade e a fertilidade, e também o hermafroditismo, simbolizando que a alma não possui sexo e que não “somos” homens ou mulheres, mas “estamos” homens ou mulheres.

– a imagem está parcialmente coberta, parcialmente vestida (atenção, irmãos e fraters), representando que o corpo não está apenas no plano material (roupas), mas por debaixo da matéria está também o espírito (parte nua). Podemos perceber isto melhor nos arcanos Estrela e Lua no tarot.

– Baphomet está sentado sobre o cubo. O cubo e o número 4 representam o Plano Material, e estar sentado sobre ele representa o domínio sobre o plano material (vide arcanos Imperador e Imperatriz no tarot).

– O falo do Baphomet é o Caduceu de Hermes, representando a Kundalini e as energias sexuais ativadas, a virilidade e todo o desenvolvimento dos chakras.

– Finalmente, a figura representa a Esfinge, aquela que guarda os portais das iniciações, pela qual os covardes não passarão. Aquele que teme uma figura por pura ignorância nunca será um iniciado.

No tarot de Marselha, podemos observar algumas destas representações. O Diabo (Arcano XV) no tarot representa as Paixões, por isso o homem e a mulher acorrentados em Malkuth (a Terra, o gado) aos pés da imagem. No tarot de Rider Waite, no século XX, o diabo já aparece com a estrela invertida, por influência da Ordo Templi Orientalis (e que para os iniciados não significa nada “satânico”… falarei sobre pentagramas invertidos na próxima coluna).

Associações mentirosas com a Maçonaria

Para analisarmos como esta figura foi parar nas mãos dos ignorantes evangélicos e católicos, precisamos explicar quem foi Leo Taxil (seu verdadeiro nome era Gabriel Antoine Jogand Pagès).

Taxil havia sido iniciado na Maçonaria, mas fora expulso ainda como aprendiz. Por vingança, acabou por inventar uma ordem maçônica “altamente secreta” chamada Palladium (que só existia na imaginação fértil de Taxil) supostamente comandada por Albert Pike (o Grão Mestre da Maçonaria na época). Seu objetivo, então, era revelar à sociedade tal misteriosa e maléfica Ordem.

Ficou famoso com isso e ganhou uma audiência com o Papa em 1887. Assim, a Igreja Católica alegremente patrocinou e financiou a campanha de Taxil, inclusive a edição de seus livros.

Albert Pike (1809-1891) era um Brigadeiro General da Confederação na Guerra Civil Americana que, quase sozinho, foi responsável pela criação da forma moderna do Rito Escocês Antigo e Aceito. Abastado, literato e detentor de uma extensa biblioteca, foi o Líder Supremo da Ordem de 1859 até à data da sua morte em 1891, tendo escrito diversos livros de História, Filosofia e viagens, sendo o mais famoso “Moral e Dogma”.

O panfleto de lançamento do livro de Taxil pode-se ver Baphomet com algumas modificações e um avental maçônico cobrindo o falo. O livro “Os Mistérios da Franco Maçonaria” (lado esquerdo) descreve um grupo de maçons endiabrados que dançam ao redor do Baphomet puxado por um ex-padre, nada mais nada menos, que o famoso e falecido “Pai do Baphomet”, Eliphas Lévi (falecido em 1875). Leo Taxil ganhou muito dinheiro, inclusive do Vaticano, enganado todo tipo de crédulos.

Finalmente, em 19 de abril de 1897 em um salão de leitura, Taxil iria apresentar uma tal senhorita Vaughan, que na verdade nunca existiu, renunciando a Satã e convertendo-se ao catolicismo. A igreja ansiosamente aguardou tal apresentação. Na data o salão lotou de pessoas do clero católico, maçons e jornalistas. Depois de um palavreado enorme, cheio de volteios, Taxil então finalmente revelou que nada tinha a revelar, porque nunca havia existido tal “Ordem Palladium”. Foi um tumulto imenso. De fato, Gabriel Jogand tinha fabricado a história inteira como uma farsa monumental às custas da igreja. No final, foi chamada a polícia para os ânimos fossem controlados e tudo não acabasse em uma imensa briga e quebra-quebra. (Para ler a A Conferência de Leo Taxil na íntegra, clique AQUI). Taxil morreu dez anos depois, em 1907, com 53 anos.

Em suma, Baphomet nasceu de uma lenda dos Templários, ganhou forma nas mãos de Eliphas Leví e foi associado à Maçonaria por Leo Taxil.

E daqui, o resto é história. A fraude, apesar de ter sido revelada por seu criador, continua e é aceita como “verdade absoluta e incontestável” por novas gerações de religiosos ignorantes (ou de má-fé).

A Maçonaria é difamada por uma acusação absurda e também por aqueles que pensam ser religiosos corretos e acabam por perpetuar uma mentira inconscientemente.

#ICAR

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/zaratustra-mithra-e-baphomet-parte-iii

O que são Sigilos Pessoais?

Eu já havia postado este texto anteriormente, mas como estamos com muitos leitores novos e boa parte deles não sabe sobre a hospitalaria ou sobre o que são e para que servem os sigilos, resolvi repostar este texto.

No mundo profano, as pessoas utilizam um instrumento chamado Assinatura para marcarem documentos e outros papéis importantes com um símbolo que é reconhecido como sendo seu. Contratos, cheques, documentos, certidões e diplomas só são reconhecidos se estiverem assinados, e muitas vezes esta assinatura precisa ter a Firma reconhecida para ter validade.

No Plano Astral existe algo semelhante.

O Uso de Sigilos sempre existiu. Desde os menores elementais aos maiores e mais poderosos anjos e demônios, todos os magos, iniciados, adeptos e leigos, todos os construtos e entidades astrais… todos os seres conscientes possuem a sua marca pessoal astral.

A Goécia

Desde a Antiguidade, magistas utilizam-se destes sigilos para evocar e invocar estes seres. Os mais famosos de todos os sigilos são, sem dúvida, os sigilos conhecidos como Goécios, usados na Idade Média (e nos dias de hoje) para conjurar demônios que servem (ou dominam) os magistas que os evocam.

Estes sigilos de cada um dos 72 demônios deve ser traçado no círculo que será usado na conjuração. É uma maneira de se chamar a entidade para manifestar-se naquele tempo-espaço. O mesmo ocorre com os Anjos Cabalísticos, através das fórmulas enochianas.

Estes círculos de conjuração são chamados de Sigilos (do latim Sigillum, que significa “Selo”). Além das entidades, existem sigilos planetários, astrológicos, alquímicos e cabalísticos. Cada um deles é utilizado para trazer estas energias para o magista.

Os Símbolos

Cada tipo de entidade possui suas particularidades de acordo com aspectos culturais, temporais e sua função. No desenho ao lado, pode-se perceber três tipos de círculos de Invocação:

O primeiro data de aproximadamente 700 DC, e era utilizado por magos islâmicos para invocar os poderosos Djinns, ou os famosos “Gênios da Lâmpada” das lendas. Criaturas capazes de conceder desejos ou causarem grandes problemas.

O segundo é um sigilo goécio, que serve para a evocação de Murmur (Murmux ou Murmus, dependendo para quem você pergunta), um dos 72 demônios da Goécia. A versão ao lado é a de Matthers, de 1904).

O terceiro é o Ponto Riscado de um Exu Capa Preta, utilizado na Umbanda e no Candomblé.

Estes círculos pertencem a entidades diferentes, mas podemos reparar em seus traços, na maneira como são dispostos e nos elementos utilizados (pontas, luas, tridentes, circulos, cruzes), que estas imagens possuem muitas características comuns.

O Sigilo Pessoal

Assim como estas entidades, todos nós também possuímos nossas assinaturas astrais, que é a maneira pela qual estas entidades nos reconhecem. Desenhar um sigilo pessoal é uma tarefa complexa, que deve ser feita somente por alguém que você confie muito dentro da magia. Carregar com você um sigilo errado é tão útil quanto andar por aí com uma chave que não encaixa em lugar nenhum…

Em primeiro lugar, você precisa que um rabino de sua confiança escreva seu nome em hebraico. Em seguida, faz a sigilização de acordo com o método enochiano e, finalmente, alinha os traços do sigilo de acordo com a sua carta natal. Cada sigilo pessoal é único.

Usos do Sigilo Pessoal

Assim como a sua assinatura, o Sigilo Pessoal é utilizado pelo mago para personificar todos os seus objetos mágicos, ferramentas e aparelhos, além de reforçar todo e qualquer tipo de ritual, especialmente se traçados dentro de Círculos de Proteção, do Ritual Menor do Pentagrama, Ritual Maior do Pentagrama, Ritual do Hexagrama, Ritual Rubi Estrela ou Ritual Estrela Safira (O RMP eu vou ensinar aqui na coluna. Os outros eu não posso, mas vocês são espertos e sabem usar o google). Também pode ser traçado dentro da Cruz Cabalística, na cera de velas usadas em rituais ou usado em anéis ou selos.

Ao lado temos um exemplo de amuleto de proteção com sigilo pessoal traçado.

#Kabbalah #MagiaPrática

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-que-s%C3%A3o-sigilos-pessoais