A Ordem de Aset Ka e a Popularização do Vampirismo Moderno

Em Hotep,

Tomei conhecimento da Ordem de Aset Ka em 2007 quando a Bíblia Asetiana foi liberada para deleite do publico em geral, em especial os europeus que já tinham alguma noção dos trabalhos vinculados a misteriosa sociedade cuja sede, sabe-se através do autor Luís Marques, se encontra na cidade de Porto, Portugal. É provavel que hajam outros capitulos da mesma espalhados ao redor do globo terrestre, todos estes interligando os adeptos as suas origens vampíricas presentes no Egito Antigo, onde a matriarca divina, Ísis, compartilhou não somente sua sabedoria entre sua descendencia, como sua própria imortalidade.
Por séculos a Ordem tomou a si a regencia do Antigo império egipcio, em um glamoroso reinado de Beleza e Poder, meramente esquecido pelos historiadores de nossa época, sequer reconhecido pelos mesmos.

“Para o seu grupo secreto e silencioso, Aset (Ísis) atribuiu-lhes o nome de Aset Ka, um símbolo direto de suas verdadeiras origens – a essência de Ísis, o Ka de Aset. E assim ela disse te-los vinculados através do sangue, e os fiéis a ela seriam para sempre fiéis para eles próprios, porque eles eram um só. Em seu “Beijo Negro”, ela gravou o sigilo santo no fundo de suas almas, que seria para sempre sua Marca Asetiana, e eles fariam o mesmo com seus seguidores” A Bíblia Asetiana.

A Aset Ka, enquanto ordem iniciática, existia muito antes de qualquer ordem vampírica, tal como Crimson Tongue, Dreaming, House Kheperu, ou até mesmo a notória Black veil, famosa pelos seus roles playing games e fãs de Nox Arcana. É certo que, em contexto de exposição muito diferente e com recursos completamente distantes dos que utiliza hoje em dia, vide o site oficial circulando na Web, mas já à 20 anos atrás haviam serões de palestras sobre manipulação de energia organizadas pela Aset Ka em Londres e Paris. Fatos tais são dificilmente encontrados em textos liberados, mas correm aos sussurros pelos círculos ocultistas, da onde a autora que os expõe aqui, sugou deliberadamente as informações.

Pois bem, antes que tomem notas através do trabalho que aqui se segue, é importante fazer um parecer sobre a pratica do Vampirismo, já muito propagada fora dos círculos ocultos, em especial pelos sujeitos mais problemáticos que são os adolescentes deslumbrados e fãs de qualquer alegoria sombria/sensual. Tais ordens como Aset Ka jamais registraram qualquer indicio de prática canibalista em seus meios como uma questão de obrigatoriedade de sua natureza divina, senão uma alusão ao que seria “sugadores da essência divina”, energia psiquica ou sexual. Fora isto, moldar em mente sujeitos de preto, cabelos longos, pele pálida e feições aquilinas voando entre árvores de um bosque a caçar mocinhas, é apenas uma visão romanceada, figurativa, do que o Vampiro de fato representa. A questão da alimentação sanguinea não é uma condição inerente ao Asetiano, que privado desta dieta, padecerá em uma funesta não-existencia cá entre os vivos. Sobre esta questão, busquei referencias na fonte mais correta da Ordem, sua Bíblia, que nos trás a questão de maneira bem direta:

“O que um vampiro real realmente anseia em seu núcleo é o Ka, a essência da vida, se liberada por um intenso orgasmo sexual, desde o sangue pingando da veia do doador, ou simplesmente pelo toque da carne”

Procede-se então que o Vampiro se comporta de maneira similar a um daemon invocado cujo sigilo necessita ser alimentado pela energia do seu conjurador, seja numa gota de sangue, seja através do fluído sexual. O Vampiro todavia, não é uma condição sobrenatural inalcançavel. Tomando o presuposto que o Vampiro se alimenta da energia exterior, o vampirismo psiquico fora abordado de maneira bastante elucidatoria por autores como Dion Fortune e Anton Lavey.O “Psyvamp” sendo uma condição repassada seja geneticamente ou através de ataques exteriores, PORÉM, não resulta no recrutamento do mesmo para uma Ordem como Aset Ka. Simplesmente porque ser asetiano não é somente ser um vampiro. A questão é mais profunda e essencialmente vinculada a hereditariedade.

Não adianta donativos, puxa-saquismo, sequer seu sangue é interessante a Ordem. Sendo um círcuo estritamente fechado, entende-se bem o porque de poucos conhecerem Aset ka. Esta casa ocultista não é como as casas por ai que dizem serem secretas, e fazem entrevistas até para o Jô Soares se puderem. Não deve-se confundir Ordem restrista com Ordem Secreta, pois nem todas as ordem restritas sobrevivem na obscuridade, por exemplo a famosa Maçonaria. Mas então porque diabos lançar um livro, um site, até uma pagina na Wikipedia, se a palavra de ordem da Aset Ka é Sigilo?

Em dialogos com um possivel conhecedor dos trabalhos asetianos nas terras lusitanas, este me deu a entender que alguns descendentes da Ordem vagavam por ai sem conhecimento de suas origens. As publicações rescentes, por tanto, pretendiam, e pretendem, despertar esses irmãos e levá-los de encontro a suas origens. O reconhecimento se daria de uma maneira profundamente íntima, é deduzível, já que não consta um manual de comportamentos asetianos, senão poucas caracteristicas referentes as linhagens. Obviamente, as publicações atraíram muitos tipos de fanboys e fangirls de RPG, Anne Rice, Saga Crepúsculo e até membros de outras ordens, curiosos acerca desta identidade otherkind presente no asetiano. Mas é provavel que os curiosos não obtiveram sucesso em suas pesquisas, tal como eu que apenas pude me satisfazer com informações minguadas espalhadas entre os círculos.

 

Aset Ka e as Três Linhagens Vampíricas

“Vivemos em segredo. Vivemos em silêncio. E nós vivemos sempre …Que a Serpente beije o infinito de sua beleza fria”

A palavra Asetiana refere-se à linhagem imortal criada por Ísis no Antigo Egito. Em seu ato de criação divina, ela deu sozinha à luz a três crianças para fora de sua essência. Esses são os Asetianos Primordiais, os primeiros de seus parentes, representações perfeitas das Linhagens encontrados em Asetianismo. Isso explica a natureza tríplice da linhagem que é representada por três linhagens distintas: Serpente, a Linhagem dos Viperines, Escorpião, a linhagem dos Guardiões, Escaravelho, a Linhagem dos Concubines.

1 – Linhagem das Serpentes (tambem conhecida como a linhagem de Hórus): Esta linhagem assenta as suas bases na honra, no poder e na força da liderança. Os seres desta linhagem destacam-se por possuir elevados poderes metafisicos, e uma criatividade extraordionária. São habitualmente temidos por aqueles que conhecem os seus poderes. Fisicamente, tem uma aparência frágil (apesar de serem de todas as linhagens os mais poderosos) devido a possuirem um grande desprendimento da Terra em si. São na maioria das vezes pessoas palidas, magras, e tem um olhar profundo que lhes é caracteristico.

2 – Linhagem dos Escorpiões (Guardiões) :os seres desta linhagem denotam-se por uma grande ligação ao amor, e busca do mesmo. Para eles, o amor é a propria razão da vida. São desligados das pessoas em geral, apresentando por diversas vezes pontos de vista divergente da maioria das opinioes da sociedade. São muito ligados á Terra, o que resulta no desenvolvimento de um grande escudo de protecção á sua volta quase constante. São seres notoriamente protetores, contudo só permitem a alguns aproximarem-se de si intimamente. Nao interagem muito facilmente com a energia, devido precisamente ao seu “escudo” quase constante. São donos de uma saude excelente assim como de um ótimo sistema imunologico. São poucos sensiveis á luz solar, e podem ainda ser menos palidos que os asetianos das outras duas linhagens. Tem um metabolismo energetico lento, logo sao raras as vezes em que necessitam de retirar energia dos outros. São avançados na alimentação tantrica. Alimentam-se de energia sexual.

3 – Linhagem dos Escaravelhos (Concubines): Tem uma natureza caótica, e ao mesmo tempo adaptativa. Tem a habilidade de partilhar grandes quantidades de energia, tornando-os excelentes doadores , sobretudo para a linhagem das serpentes. Sao submissos e controlados, mas apenas por aqueles que lhe são bastante proximos. Tem uma grande necessidade de contacto humano social, e por isso mesmo sao das 3 linhagens a que possui uma alma mais humanizada, sendo que o facto de se misturarem com os humanos e agirem muitas vezes como eles emotivamente é um dos seus maiores fardos, uma vez que assim se torna mais dificil de atingir o seu eu interior divino. Umas das suas capacidades mais marcantes é a de conseguirem transformar a dor fisica em prazer, alimentando-se muitas vezes de energia sexualmente liberada. Não tem uma aparencia fisica esteriotipamente definida, a mesma costuma variar imensamente.

Keepers – Crianças de Anubis

São os protetores dos Asetianos, estão a eles ligados através de lealdade, respeito, honra e dedicação. Tal como os Asetianos, tem uma alma imortal nao humana, logo sao conhecidos como otherkins. Alguns possuem uma alma vampirica, outros tem uma alma humanizada. Discípulos de Anubis, sao extremamente avançados no que toca a praticas e ritos de magia e feitiçaria. A sua maior ambiçao é proteger os Asetianos.

“Desenvolvimento e iluminação são processos lentos e persistentes da viagem Asetiana através da vida. Esta iniciação metafísica é um sistema de transmutação. Com esta mudança pura e profunda, significa que o Asetiano consegue alterar de forma,aparência e natureza, que é uma manifestação da força da Chama Violeta em si. Esta transmutação, profundamente conectada com o nascimento vampírico, representa a natureza da alquimia da alma Asetiana, sempre mudando eternamente. De acordo com isto, podemos estabelecer o Asetianos como os alquimistas do alma, criadores e destruidores,catalisadores de mudança e evolução, com o poder de transformar chumbo em ouro. Asetianos são os doadores de vida, os pilares da existência sutil, os proprietários darespiração da imortalidade. ”

Mas então, qual seria o sistema asetiano? Como vivem e o que fazem?

Existem trechos deveras notáveis nas obras de Luis Marques que calam a boca dos insistentes, porém nao conseguem fazer morrer o interesse. Tal como o autor é uma pessoa física E conhecida, os asetianos assim são, habitando entre nós, podendo ser nossos vizinhos ou um apresentador de um talk show na TV.
“Para aqueles fora da Ordem, nós jamais existiremos” (A Biblia Asetiana).

No entando, sabemos que eles sim existem, mas não da maneira extravagante que Hollywood demonstrou.

“Os vampiros e criaturas similares podem ser encontradas em quase todas as culturas ao redor do mundo. Nos contos do Vetalas da Índia encontram-se no folclore sânscrito, chamados demonios vampiricos, tanto que os Lilu são conhecidos desde os mistérios da Babilônia, e mesmo antes, os sanguessugas de Akhkharu foram vistos na mitologia suméria. De fato,um desses demônios do sexo feminino, chamado Lilitu, foi adotado mais tarde pelademonologia judaica, Lilith, sendo um arquétipo ainda atualmente utilizado em algumas tradições ritualísticas do Caminho da Mão Esquerda. Mas a maioria do que é reconhecido do vampiro vem da Romênia e contos eslavos, os Strigoi chamados Nosferatu e Varcolaci, entre outros. No entanto, o Vampiro verdadeiro, como um ser real e não o conceito encontrado em todo o mundo e na história como puro mito criado pelo homem, tem suas raízes no Antigo Egito, sendo ele o Asetiano”. (A Bíblia Asetiana)

Nathalia Claro.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-ordem-de-aset-ka-e-a-popularizacao-do-vampirismo-… […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-ordem-de-aset-ka-e-a-popularizacao-do-vampirismo-moderno/

A Goetia do Dr. Rudd

O livro “Goetia do Dr. Rudd” é um dos livros do financiamento Tomos Goéticos da Editora Via Sestra, participe


A Goetia é o grimório mais famoso depois da Chave de Salomão. Este volume contém uma transcrição de um manuscrito inédito do Lemegeton que inclui quatro grimórios completos:

  1. Ars Paulina
  2. Ars Almadel
  3. Theurgia-Goetia
  4. Lemegeton Clavicula Salomonis
  5. Liber Malorum Spiritum seu Goetia

Este manuscrito era propriedade do Dr. Thomas Rudd, um mago erudito praticante do início do século XVII. Existem muitas edições da Goetia, das quais a mais definitiva é a de Joseph Peterson, mas aqui estamos interessados ​​em como a Goetia foi realmente usada por magos praticantes nos séculos XVI e XVII, antes que o conhecimento da magia prática desaparecesse na obscuridade.

Muitas técnicas práticas usadas no passado foram esquecidas. Os autores as restauram usando o manuscrito do Dr. Rudd. Por exemplo, evocar os 72 demônios listados aqui sem a capacidade de restringi-los seria realmente temerário. Era bem conhecido em tempos passados ​​que invocatio e ligatio, ou restrição, eram uma parte chave da evocação, mas nas edições modernas da Goetia esta técnica chave é expressa em apenas uma palavra ‘Shemhamphorash’, e seu uso não é explicado.

Este volume explica como os 72 anjos do Shemhamphorash são usados ​​para amarrar os espíritos e o procedimento correto para invocá-los com segurança usando selos duplos que incorporam o necessário anjo Shem controlador, cujo nome também está gravado no Peitoral e no Vaso de Bronze.

RESENHAS DE A GOETIA DO DR. RUDD:

Uma ‘Obra Obrigatória’ para Estudantes e Praticantes

Resenha de Thabion (Orange, CA EUA), 25 de fevereiro de 2008:

Este livro é uma “obra obrigatória” para qualquer pessoa que esteja seriamente interessada na Magia Cerimonial Salomônica, seja do ponto de vista acadêmico ou prático. Está no mesmo nível do Lemegeton de Joseph Peterson — que complementa e amplifica com uma riqueza de materiais autênticos do século XVII inéditos do famoso mago Thomas Rudd (ver o Tratado sobre Magia dos Anjos, McLean 1982). Rudd não era um seguidor escravo de textos antigos. Ele até tentou uma síntese do sistema enoquiano do século 16 do Dr. John Dee e da Goetia. No interesse da pureza, Joseph Peterson recusou qualquer uso importante da versão pessoal particular de Rudd da Goetia (e os livros restantes do Lemegeton: B.L. Harley MS. 6483) por causa das adições e modificações criativas de Rudd – com exceção da próprio importante amostra das invocações e sigilos de Shemehamphorash que Rudd usara para controlar com segurança seus espíritos goéticos.

Como Skinner e Rankine apontam, Rudd também incluiu material do Heptameron anterior, atribuído a Pedro de Abano, em sua versão da Goetia. Parece também que Rudd pode não ter usado um triângulo em suas operações goéticas, embora ele fosse consciencioso o suficiente para não excluir nenhuma das inúmeras instruções para seu uso nos textos que estava empregando. Neste caso, os autores-editores encontram significado na ausência de uma representação gráfica do triângulo na versão de Rudd da Goetia. (É possível que Rudd simplesmente tivesse sua própria versão do triângulo que ele não desejava registrar, ou que estivesse faltando um fólio do Manuscrito.) Os autores-editores também sugerem que Rudd usou o Vaso de Bronze como um dispositivo de conjuração primário. Eles prudentemente se abstêm de conjeturar como poderia ter sido empregado (veja a página 185, não 181), mas citam as notas de Rudd seguindo as conjurações padrão: “Você pode comandar esses espíritos no Vaso de Bronze como você faz no Triângulo. Dizendo isso você faz imediatamente aparecer diante deste Círculo, neste Vaso de Bronze em uma forma bela e graciosa & etc. como é mostrado (sic) antes nas conjurações.”

Somos deixados à nossa própria engenhosidade sobre como exatamente isso seria feito, mas, com base na experiência passada, sugiro que um amortecedor e um bom grau de polimento de bronze possam ser essenciais…

Como uma nota lateral, Skinner e Rankine apontam que o desenho do século XVII de Peter Smart do que eu supunha ser a parte de trás de um suporte de espelho era na verdade um desenho do Vaso de Bronze. Eu acho que eles estão certos sobre isso, mas eu estava em boa companhia com Adam McLean neste caso, então não me sinto muito chateado com meu erro…

Com esta pequena reclamação, gostaria de mencionar algumas outras contribuições muito importantes neste volume. Os autores-editores fizeram o melhor trabalho até agora em desvendar a complexidade rosnante das atribuições planetárias e astrológicas goéticas que atormentaram estudiosos e magos sérios por séculos. Obviamente, temos espíritos marcianos (condes), embora não tenhamos lamens de ferro ou aço para eles. (Embora não esteja claramente declarado neste livro, devemos assumir que o ferro não é usado porque tradicionalmente repele e controla os demônios – especialmente na tradição árabe do Anel de Salomão, que os autores mencionam).

Rudd aparentemente não usa o tradicional Selo Goético Secreto de Salomão para fechar seu Vaso de Bronze. Este dispositivo é familiar a todos os estudantes da arte e está representado no desenho de Peter Smart mencionado acima. Mostra o Vaso de Bronze em corte transversal, tampado com uma camada de ferro (Marte) e selado com uma camada de chumbo (Saturno). O ferro controla os espíritos e Saturno é o limite planetário/sefirótico externo do universo cabalístico que os espíritos goéticos habitavam antes da Queda (rebaixados até Yesod, se você tomar nossa interpretação – rebaixados até as Klippoth se você seguir Steve Savedow).

Rudd prefere usar outro desenho que encontramos em Trithemius e Agripa. Os autores-editores fornecem uma riqueza de tabelas extrapoladas, apêndices e notas de rodapé copiosas. Este é um trabalho muito valioso e, com minhas pequenas objeções, sou compelido a admirar e apreciar sua erudição. Como eu disse no início desta revisão. Este livro é “obrigatório” se você leva a sério o estudo e/ou a prática na escola da Magia Salomônica.

Carroll “Poke” Runyon, editor do The Seventh Ray.

***

Um Livro que Todos os Magos Precisam Ler e Possuir

Resenha por Mark Stavish, do Instituto para Estudos Herméticos de Wyoming, Pensilvânia, 14 de novembro de 2007:

Ao publicar “A Goetia do Dr. Rudd”, Skinner e Rankine forneceram à comunidade de magos operativos uma porta de entrada para as práticas mágicas medievais e renascentistas tradicionais que até agora só haviam sido parcialmente abertas. Embora muitos livros tenham sido escritos sobre a Goetia, é aqui, neste livro, que temos uma visão do funcionamento real de um mago que era uma conexão direta com o círculo de Dee, e parte da transmissão contínua dessas ideias em forma OPERATIVA para o período pós-renascentista. A primeira seção do livro é uma introdução geral ao mundo da magia e uma base importante para entender as diferenças significativas entre as práticas modernas e tradicionais. Há também uma discussão sobre ‘por que outro livro sobre goetia’ e os detalhes significativos que diferenciam este dos outros – ser parte de um diário operatório da obra, bem como a inclusão de materiais não vistos anteriormente com goetia, como o Heptameron, sugerindo uma ligação direta entre os dois. Embora de interesse para o mago de poltrona e ocultista acadêmico, são os magos práticos que mais se beneficiarão deste trabalho, bem como os dois volumes anteriores da série – Magia Angélica: Prática das Tabelas Enochianas do Dr. Dee e Chaves para o Portal da Magia: Convocando os Arcanjos Salomõnicos e os Princípes Demônios, também um manuscrito raro de Rudd. Não posso falar o suficiente desses trabalhos e estou em dívida com os editores por disponibilizá-los e estou ansioso para futuras adições à série.

Um Histórico Brilhante e Instantâneo do Lemegeton em Ação!

Resenha de M. Stone “Frater Iustitia Omnibus” de San Antonio, Texas, 14 de outubro de 2007:

A primeira pergunta que vem à mente quando se vê mais uma “Goetia” no mercado, obviamente, é: “Por que devo considerar esta edição?” Nesse caso, a resposta é um pouco complexa demais para ser resumida em um único slogan.

A primeira coisa que quero deixar claro é que não é apenas a Goetia, como o título sugere, mas todo o Lemegeton! Além disso, é baseado na versão manuscrita inédita compilada pelo Dr. Thomas Rudd. (Harley MS 6483)

Enquanto o Lemegeton de Joseph Peterson é claramente a versão definitiva, Skinner e Rankine usam este livro como uma mesa de operação para descobrir como este material foi usado por magos reais dos séculos XVI e XVII. O processo, de acordo com os autores, é de dualismo, onde o mago controla entidades básicas pelo uso de suas contrapartes divinas correspondentes. Esse é um conceito que é mencionado, mas nunca desenvolvido no próprio Lemegeton. Este volume entra em muitos detalhes sobre o uso dos 72 nomes do Shemhamphorash para prender e controlar os 72 “demônios” da Goetia. Este conceito não é apenas explicado, são ilustrados nestas páginas, os verdadeiros selos de dupla face como empregados pelo Dr. Rudd e presumivelmente seus contemporâneos.

Outros detalhes que não foram publicados anteriormente, como o uso adequado do Vaso de Bronze e do Peitoral, serão suficientes para tirar até os teóricos goéticos de poltrona da cerca, para fazer essa compra.

Os magos enoquianos podem estar interessados ​​em ver a versão do Dr. Rudd da Tabula Sancta cum Tabulis Enochi (A Mesa Santa com as Tábuas Enochianas) de Dee.

Este trabalho maciço de 448 páginas (no original em inglês) tem muitas notas de rodapé, e o estudante de Magia Salomônica apreciará o amplo material posterior.

O conteúdo no original em inglês está dividido da seguinte forma:

  • Matéria de Capa – 14 páginas, incluindo a introdução.
  • História e Origens – 43 páginas.
  • Métodos de Evocação – 24 páginas explorando restrições, nomes, anjos adversários, invocações, equipamentos e cerimônias.
  • Os Manuscritos – tratamento de 241 páginas do Lemegeton completo do Dr. Rudd, que ele mesmo chamou de Goetia por razões que me escapam. Deve-se entender que, na verdade, a Goetia é apenas um dos livros do Lemegeton completo.

Os Apêndices estão divididos da seguinte forma:

Apêndice 1 – Theugia-Goetia em Sloane 3824.

Apêndice 2 – Tabelas de Demônios do Lemegeton (24 páginas de tabelas!) Este é um trabalho dos sonhos de estudo comparativo sobre as entidades goéticas e sua classificação. Também estão incluídas as grafias hebraicas dos nomes, grafias alternativas, e se algum lugar for montado, outras qualidades, anjo governante, número de legiões, planeta (com base no metal associado à classificação do espírito) aparência evocada e poderes atribuídos.

Apêndice 3 – Síntese de Thomas Rudd de Goetia e Enochiano.

Apêndice 4 – Rudd descreve 61 demônios.

Anexo 5 – Fontes para o material no Lemegeton.

Apêndice 6 – Selos da Goetia de Sibley.

Apêndice 7 – Anjos Shem ha-Mephorash

Apêndice 8 – Horas Planetárias Eclesiásticas

Apêndice 9 – Esta é uma peça estranha, mas realmente fala com a mentalidade do século 16 da Goetia e auto justificação. É uma explicação dos nomes usados ​​na Goetia, com alguma outra Cabala aleatória lançada. Mas se você precisar dizer, a oração consagradora de Vênus, bem, aí está.

Anexo 10 – Estudo de algumas das palavras utilizadas na evocação. Esta seção é uma lista grega e hebraica de derivações de palavras usadas em evocações goéticas.

Apêndice 11 – Narrativa do Dr. Rudd, Sir John Heydon e um espírito “Como um homem pode ter a sociedade contínua de um gênio guardião”

Apêndice 12 – Formas variantes de círculos ao estilo do Heptameron.

Anexo 13 – Observações de metais e tempos de restrição.

Anexo 14 – Diagramas de equipamentos. Eu estava esperando por mais aqui, mas serve ao seu propósito.

Apêndice 15 – A forma do comando de espíritos dada no livro A Descoberta da Bruxaria, de Reginald Scot.

Se você deseja ter um currículo completo de estudo salomônico, sugiro que compre este volume junto com o Lemegeton de Joseph Peterson. A edição de Peterson é um trabalho comparativo erudito, enquanto o presente trabalho é um instantâneo da Magia Salomônica sendo colocada em prática. Esses dois volumes não apenas se complementam, mas são igualmente vitais para construir uma imagem precisa do escopo e do impacto deste ciclo de magia.

Sr. Skinner e eu discutimos a teoria do funcionamento goético no passado. Deve-se notar que os autores não apenas relatam o modelo dualista do funcionamento goético, eles defendem a teoria por trás dele. Eu mesmo tenho uma visão diferente, vendo o Lemegeton como um “Livro dos Mortos” para os vivos, movendo o Alto Xamanismo para a Europa do século XVI (para não mencionar as Américas do século XXI). Considere quantos desses seres começam como um espírito-animal, apenas assumindo uma formosa forma humana após uma batalha de vontades com o exorcista da Arte. Mesmo assim, eu mal conseguia largar esse volume. Há muitas pérolas nestas páginas para qualquer estudante de Magia Salomônica.

Em uma nota final, o autor afasta um pouco o véu sobre por que não há espíritos goéticos associados a Marte e levanta a questão de haver um único demônio atribuído a Saturno. Eu havia feito um comentário semelhante em minha revisão da reformulação do Goetia por Runyon há algum tempo.

***

Espero que as resenhas precedentes tenham dado uma boa ideia do que está contido no livro – recomendo-o sem reservas aos interessados na área, tanto como um texto histórico interessante quanto principalmente como um sistema de evocação completo e prático. Termino com a citação de Rudd que adorna o início do livro As Chaves para o Portal da Magia: Convocando os Arcanjos Salomônicos e os Príncipes Demônios, de Stephen Skinner & David Rankine:

“Aquele que é um verdadeiro mago, é gerado como um mago desde o ventre de sua mãe; e aquele que foi gerado de outra forma, deve compensar esse defeito da Natureza pela Educação”.

E este livro, A Goetia do Dr. Rudd, certamente faz parte dessa educação.

Resenhas originais em inglês.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.


O livro “Goetia do Dr. Rudd” é um dos livros do financiamento Tomos Goéticos da Editora Via Sestra, participe

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/a-goetia-do-dr-rudd/

A Estrela Negra do Caos: Lafcursiax

© Linda Falorio 1995.

Cambaleando no fio da navalha de descontrole entre o Esquecimento e a Felicidade, trazemos a vida de volta ao equilíbrio deixando ir, permitindo o Caos criativo.

Quando a Estrela Negra do Caos, o Décimo Segundo Planeta, se aproxima do nosso mundo, em sua órbita de 3.600 anos do Sol, a Terra é bombardeada com radiação eletromagnética desestabilizadora, causando grandes convulsões geofísicas – terremotos, erupções vulcânicas, condições climáticas esquisitas. , tempestades monstruosas, maremotos e inundações cataclísmicas. Os antigos sumérios falavam da existência deste planeta de catástrofes cíclicas, que chamavam de Nibiru. Embora pensado por muito tempo como puramente mítico, a existência objetiva deste planeta enigmático foi confirmada em 1983 por um avistamento do satélite IRAS (San Francisco Chronicle, 27 de dezembro de 1983). Arqueólogos modernos que levantam a hipótese de que este planeta pode ter desempenhado um papel na extinção em massa de espécies que ocorreu no período cretáceo, cerca de cem milhões de anos atrás, o nomearam “Nêmesis”, em homenagem à deusa grega da vingança divina e retribuição.

Corpos em órbita elíptica, como Nibiru e os vários cometas, são grandes forças “sementes” da galáxia, trazendo para o nosso sistema solar dos confins do espaço profundo, elementos alienígenas e metais desconhecidos, sequências orgânicas de moléculas e protofios de DNA — vírus — que permanecem frios e adormecidos nas temperaturas de zero absoluto do espaço enquanto viajam silenciosamente de estrela a estrela distante, em busca de hospedeiros viáveis ​​e uma atmosfera para florescer. Assim, a descoberta de novos cometas e o advento de seu retorno cíclico, bem como o evento cosmicamente maior do retorno do planeta, Nibiru, desperta a excitação arquetípica de uma “Segunda Vinda” e prenuncia a possibilidade de mudança radical. Esses eventos levantam esperança e medo, na psique humana, da possibilidade de forças transcósmicas assumirem um papel deliberado nos assuntos humanos. Vemos isso na crescente evidência de abduções de Óvnis e na sombra lançada ao longo da história pelo conceito cristão do Milênio e, enquanto aguardamos a fase final da sequência da “Convergência Harmônica” maia, programada para ocorrer no ano de 2012 CE.

O planeta Nibiru, porque tende a criar desequilíbrio quando sua órbita cruza nosso sistema solar e seu caminho se aproxima de nosso mundo enquanto viaja de Plutão para dentro em direção ao Sol, está associado ao signo de Libra, o signo dos Balanças, e , significativamente, o sinal do “outro”, ou seja, nossos irmãos extraterrestres. Sabe-se que os deuses, os personagens divinos das culturas e religiões do mundo, como os do panteão sumério, Ishtar, Anu, Enki, Marduk, o Maia Quetzalcoatl, os deuses dos egípcios, Ra, Osíris, Hórus, Ísis, Set, os deuses gregos, Cronos, Zeus, Atena, Afrodite, o Cuchulhain celta, o Dagon do filisteu, Shaitan dos antigos Yezidi e Yahweh da Tribo de Judá, Buda, Cristo, os deuses e deusas hindus, Šiva, Kali, Padmasambhava, essas divindades iradas dos Bön Pó e do Tibete, para citar apenas alguns – todos tiveram interações milagrosas com a humanidade, concedendo dons de cultura, consciência social, códigos morais, lei, arte, artesanato, agricultura e, em alguns casos, exigindo adoração em troca. Uma vez que tais iluminações entregues pelos deuses parecem coincidir com o ciclo do periélio de Nibiru, momento em que está mais próximo do Sol e que se repete a cada 3.600 anos, não será que estes eram, na verdade, visitantes extraterrestres que periodicamente retornavam para guiar e instruir a humanidade, e parecer a seus visitantes como deuses – todos os antigos nibiruanos – e verdadeiros portadores de cultura para o nosso mundo? Ou será que são apenas expressões míticas de uma antiga memória do Primeiro Contato?

O retorno mais recente de Nibiru ao nosso sistema solar ocorreu por volta de 100 AEC. e provavelmente influenciou fontes gnósticas. O símbolo sumério de Nibiru era a estrela de oito pontas, o mesmo símbolo da Estrela de Belém, a Estrela de Cristo. O Cristo histórico foi na verdade um antigo visitante extraterrestre do planeta Nibiru, aqui para mostrar à humanidade o erro de nossos caminhos? O símbolo gnóstico para Cristo é 888 – o número universal – que em leituras digitais contém todos os números possíveis de 000 a 999 dentro de si.

O retorno de Nibiru ao nosso sistema solar em 3600 a.C. foi cuidadosamente registrado em antigas fontes sumérias, e foi interpretado de forma interessante por Zacharia Sitchin em sua série Crônicas da Terra.

Atualmente, (até cerca de 2150 d.C.), o ciclo de Nibiru está 400 anos após seu afélio, movendo-se em direção ao nosso sistema solar a partir de seu ponto mais distante do Sol em sua longa órbita elíptica, similarmente posicionado como quando o Centauro grego, Quíron, curador e professor, viveu na Terra cerca de 3600 anos atrás. Este ponto do ciclo de Nibiru trouxe uma evolução na consciência humana, resultando na mudança do Matriarcado para o Patriarcado, e na usurpação e declínio das religiões da Deusa. Por volta de 1500 a.C., a antiga ilha de Calliste, conhecida nos tempos gregos posteriores como Thera, e hoje chamada de Santorini, explodiu em uma enorme erupção vulcânica, desencadeando um maremoto que os oceanógrafos modernos pensavam ter chegado a 300 pés de altura, e que varreu as costas da Grécia, Ásia Menor e Egito. Este maremoto provocou a destruição de Creta e causou a ascensão do Mar Vermelho, que afogou aqueles que perseguiam os hebreus durante o êxodo do Egito, e foi similarmente a fonte do dilúvio que o grego Deucalião, filho de Prometeu, sobreviveu. com sua esposa Pirra, e depois disso eles começaram a renovar a raça humana.

A deusa grega, Themis, que pode ter sido uma nibiruana, teve uma mão no repovoamento da terra após o dilúvio de Deucalião. “Themis”, que significa “ordem”, era um dos Titãs, ou Deuses Anciões, e foi ela quem “ordenou” o ano em treze meses lunares de 28 dias cada, perfazendo um total de 364 dias, com um dia adicionado. o ano. A frase “um ano e um dia” não significa 366 dias como comumente se supõe, mas se refere ao ano lunar de Themis de 364 dias, com um dia “sobrando”. Foi a grande deusa como Themis que decretou a Ilha da Iluminação, que era a “Ilha de Amber”, a ilha oriental de Samotrácia, como um lugar sagrado onde nenhuma reverência seria prestada a qualquer divindade além da Grande Deusa Tríplice. As filhas de Themis, as Horai, exemplificam as qualidades que os librianos, governados por Nibiru, buscam: Eunomia, “ordem legal”; Dike, “apenas retribuição”; e, Eirene, “paz”.

Foi de Têmis que Zeus derivou sua autoridade judicial, e foi Ela quem convocou as assembleias dos Olimpianos nas quais ela se sentou ao lado de Zeus como a personificação da “Justiça Divina”, que é o poder oracular da própria Terra. Esse poder oracular, residente no inconsciente coletivo, recebeu voz nos tempos antigos através do Oráculo de Delfos, um presente para a própria Themis da Mãe Terra. Para Libra, signo de justiça, era originalmente parte da constelação de Escorpião conhecida como Chelae, “As Garras do Escorpião”. Sua imagem foi retratada no zodíaco babalônico como as garras do Escorpião, uma criatura escura e primitiva das profundezas ctônicas e do inconsciente coletivo, segurando a Lâmpada da Iluminação: é fora da conexão com a vida instintiva profunda que vem a sabedoria transcendente.

Libra, signo de relacionamento e contato social, símbolo do desejo humano de se conectar com “não eu”, com “o Outro”, é um signo duplo, regido por Inanna/Ishtar, Deusa do Amor e Deusa da Guerra. Os nascidos com este asterismo fortemente marcado são puxados para criar harmonia e equilíbrio na esfera humana. Os librianos buscam justiça no reino humano, buscam uma paz que deriva de uma ordem social justa e equitativa e leis derivadas da sabedoria. No entanto, normalmente, os librianos não são avessos a lutar para alcançar seus objetivos. Girando em torno de um fulcro central, seu objetivo final é o Caminho do Meio Budista. No entanto, na tentativa de criar equilíbrio, de ver todas as possibilidades inerentes a uma determinada situação, em um esforço para ser justo e justo em seus pronunciamentos, o temperamento libriano às vezes é vítima de uma aparente indecisão. Mais frequentemente, porém, aqueles com sintonização interna com os poderes do Equilíbrio serão encontrados indo de um extremo ao outro em um esforço para criar equilíbrio no aparente caos de seus atos.

O vidente cego, Tirésias, tipifica essas qualidades de equilíbrio e justiça, bem como as de dualidade e ambivalência. Embora nascido homem, o grego, Tirésias, transformou-se em mulher, passando sete anos como uma prostituta célebre. Essa circunstância o qualificou para julgar a questão que Zeus lhe fez, sobre quem tirava mais prazer do ato sexual, homem ou mulher. Tirésias, ao responder que a mulher sentia mais prazer, ficou cego por Hera, a ciumenta deusa-esposa de Zeus, por responder com tanta sinceridade, mas sem tato.

A mais antiga imagem do Tarô associada a Libra é a carta chamada “Justiça”, que mostra a deusa Themis segurando a balança da Justiça na mão esquerda, enquanto a espada de dois gumes da Verdade está na direita. As escalas que Themis segura são as escalas do Karma, indicando que as ações uma vez tomadas não podem ser desfeitas. Devemos colher a colheita formada por ações realizadas no passado, pois formamos nosso destino futuro por ações realizadas agora. E Libra rege as Balanças, as balanças sobre as quais o coração humano é pesado nos Salões dos Mortos quando a alma se aproxima da vida após a morte egípcia em Amenta. A pena equilibrada contra a qual o coração é pesado na balança do julgamento é um símbolo da Deusa Maat. Nas paredes funerárias egípcias, o monstro Amemait, “o devorador”, parte leão, parte hipopótamo e parte crocodilo, é visto agachado nas proximidades, esperando para comer os corações daqueles julgados entre os condenados.

Conhecida nos ensinamentos esotéricos como “Filha dos Senhores da Verdade”, “A Regente do Equilíbrio”, esta carta está associada ao signo de Libra e ao Equinócio Atumnal, quando, no ciclo minguante do ano, surgem Luz e Trevas. num equilíbrio precário e momentâneo, que então rapidamente se transforma no escurecimento da luz, à medida que as noites inevitavelmente se alongam. O tarô de Thoth retrata “Justiça” como uma dançarina na ponta dos pés, usando a Serpente Uraeus do “Senhor da Vida e da Morte” na testa e coroada com as plumas de Maat, a deusa egípcia da Verdade e da Perfeição. A espada da Verdade varre a emoção nublada, trazendo clareza de mente e, finalmente, Iluminação. A espada da Sabedoria corta o Mistério, para que, vendo e aceitando o passado, nos libertemos dele. A ação que sai do entendimento traz significado e valor para nossas vidas. Ao encontrar nosso centro, nossas vidas entram em equilíbrio; quando tudo entra em equilíbrio, somos finalmente livres. Mascarado e misterioso, este dançarino, girando constantemente, dança a dança da ilusão da manifestação, é a dança de Maya, a dança colorida da própria vida, em que todas as possibilidades são apreciadas, em que todas as coisas são harmonia e beleza, e todas as manifestações são Verdade. Nirvana é igual a Samsara nesta dança da vida. Tudo é ilusão, não importa quão assustador ou atraente possa parecer, onde cada experiência deve ser absorvida, transmutada, ajustada, sublimada e, finalmente, nascida, em sua próxima manifestação.

“Justiça”, “Ajuste”, Atu VIII, do tarô diurno, encontra seu lado Sombra no Túnel de Lafcursiax, onde Themis vira o rosto para nós como Nêmesis, “devida promulgação”. Nascida do sangue de Urano, ela é conhecida como “Vingança Divina” e como Adrasteia, “a Inescapável”, que é a Anciã oracular do Outono. Com Ela não há graça, não há culpa, não há oração profilática para aplacar o destino que nós mesmos criamos. Nem Nêmesis nem Aidos tinham seu lar entre os deuses, pois “somente quando os homens se tornarem completamente perversos eles deixarão a terra e partirão para a companhia dos imortais”, seus belos rostos velados em roupas brancas. (EH)

No túnel de Lafcursiax, Inanna/Ishtar encontra seu duplo sombrio Ereshkigal. Maat, deusa da perfeição, é também A Deusa das Trevas, Maut, o Abutre voraz, um pássaro tabu, sagrado para Osíris, que se diz ser fertilizado pelo vento e importante para os áugures etruscos. No Tibete atual, os mortos ainda são deixados aos abutres; e em Bombaim, os parsis expõem seus cadáveres no alto das “torres do silêncio”, deixando-os à mercê dos clãs dos abutres. Em A Dádiva da Águia, Carlos Castanheda fala do “poder que rege o destino de todos os seres vivos”, que ele chama de “a Águia . . . [que] . . . está devorando a consciência de todas as criaturas que, vivas na terra um momento antes e agora mortas, flutuaram até o bico da águia, como um enxame incessante de vaga-lumes, para encontrar seu dono, suas razões de ter tido vida. A Águia desembaraça essas minúsculas chamas, as deita planas, como um curtidor estica um couro, e depois as consome; pois a consciência é o alimento da Águia. A Águia, esse poder que governa os destinos de todas as coisas vivas, reflete igualmente e ao mesmo tempo todas essas coisas vivas.”

Aqui, no túnel de Lafcursiax, a deusa abutre, Maut, brinca com sua aranha de estimação, alimentando-a com fitas de carne, arrancadas das almas dos vivos. Que Ela vem fazendo isso desde eras passadas é atestado pelo crânio descartado de Australopithecus africanus, tendo uma idade geológica de cerca de 3 milhões de anos. Centelhas de vidas humanas são o combustível de sua existência, cujas origens se perderam nas brumas do tempo, quando os Filhos de Deus, os Nephilim andaram na Terra, quando o Povo das Estrelas veio de Nibiru, planeta de Equilíbrio e Desequilíbrio.

A aranha é o emblema sombrio dos mistérios tifonianos, do antigo culto da serpente de Obeah e da corrente ofidiana, é o emblema da deusa Maat em seu ciclo de retorno. A louca simetria da teia de aranha atravessa o abismo do meio-termo no qual, de outra forma, poderíamos cair para trás; cruzando do ser para o não-ser, do universo conhecido para o Aeon de Maat sempre espiralando em direção a nós de um futuro desconhecido. Pendurada de cabeça para baixo, a Rainha Aranha do Espaço gira Sua teia, criando 256 janelas para outras dimensões, torres de transmissão no vazio, pulsando energias extraterrestres que servem para corroer e depois transformar a consciência humana: é a terrível voz de Hastur, rodopiando sombriamente. pela vastidão do universo.

Em seu livro “Chiron: Rainbow Bridge Between the Inner & Outer Planets (Quíron: Ponte do Arco-íris Entre os Planetas Internos e Externos)”, Barbara Clow fala da explosão cataclísmica de uma memória interna daquele ano de 1500 a.C., revivendo a memória interna da destruição anterior da Atlântida, e isso é responsável pelo medo cego de desastre global atual em nossa cultura hoje. A Deusa foi culpada pelo cataclismo, pois cabia à religião da Deusa guardar a fertilidade e o equilíbrio planetário. Se não entendermos o ciclo do Décimo Segundo Planeta que rege o equilíbrio de nosso planeta no sistema solar, desta vez o patriarcado será culpado pela destruição que está sobre nós.

Este ponto do ciclo de Nibiru, até cerca de 2150 d.C., é o principal ponto de equilíbrio/desequilíbrio, onde podemos finalmente equilibrar Marte/Vênus, anima/animus, masculino/feminino, como fez o vidente cego Tirésias. “A energia eletromagnética está aumentando na atmosfera, como evidenciado pela reenergização de círculos de pedras megalíticas e complexos de templos de pirâmides em todo o mundo, apenas porque este ponto do ciclo de Nibiru é um ponto de desequilíbrio. “… Estamos à beira de uma fase de sincronização totalmente nova e estelar.” Sempre que isso acontece, temos a chance de ‘saltar o ciclo’ e passar para outro lugar na espiral da evolução da consciência. Nibiru causa desequilíbrios climáticos e libera forças profundas da Terra, mas também libera Eros…” “Esta força é plutoniana quando reprimido, como Prometeu no Mundo Inferior, porque toda repressão se torna plutoniana. Mas sua força é idealmente o poder da serpente uraniana, se cada um de nós a deixar subir na espinha como energia kundalini.

O Retorno iminente desta vez é marcado pelo ressurgimento do Feminino, uma reedição do equilíbrio-desequilíbrio masculino-feminino: “Take Back The Night! (Tome a Noite de Volta!)” É esta Deusa que retorna de nosso passado arcaico, seu rosto um prenúncio de nossos eus futuros distantes, distorcidos no tempo em um presente caótico: Inanna/Ishtar, Deusa do Amor, Deusa Guerreira que corrige todo desequilíbrio com uma espada rápida impiedosa.

Nesta carta: “Vida desequilibrada”; somos lembrados da necessidade de permanecer em harmonia com os ciclos naturais. Somos lembrados de que devemos aceitar as limitações de nossa existência física. Assim, os sintomas da necessidade de trabalhar esse túnel são a adesão rígida a noções abstratas de lei patriarcal linear; crença na paz sem justiça; crença no Direito Divino, nas hierarquias, no lugar de direito da Mulher, na Virtude do status quo; crença em um deus misericordioso; medo do conhecimento, da liberdade, da alegria e da vida, de se divertir “muito”. Qualquer bloqueio dessas manifestações da kundalini elevada resulta em vertigem literal. A fórmula para lidar com esse vasto influxo de energias eletromagnéticas e biônicas é a do “não-equilíbrio”, o afrouxamento, o abandono da necessidade diurna de equilíbrio linear e controle consciente que está na raiz da náusea e da vertigem; relaxante, permitindo uma espiral ascendente natural de energia.

Os poderes deste túnel estão operando no fio da navalha do descontrole; de temer não corrigir o desequilíbrio; não temendo o poder da fúria justa. Aqui está a alegria da vida e o amor apaixonado, cambaleando à beira do perigo do desequilíbrio entre o esquecimento e a bem-aventurança; êxtase e caos criativo: símbolo de oito braços do planeta Nibiru.

***

Fonte:Dark Star of Chaos: Lafcursiax, by Linda Falorio.

© AnandaZone 1998 – 2019

All articles and art © Linda Falorio unless otherwise noted.

anandazone@anandazone.nu

 

Linda Falorio / Fred Fowler, Pittsburgh, PA 15224 USA.

 

***

 

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/a-estrela-negra-do-caos-lafcursiax/

A Imagem de Maioral

Por Danilo Coppini

Dentro dos costumes e tradições da Quimbanda, a grande maioria dos Templos/Terreiros usa uma imagem muito similar à Deusa “Baphomet” para representar o “Imperador Maioral”. Essa forma de idolatria também ocorreu por conta do sincretismo religioso ocorrido na formação do culto, principalmente pela grande influência das obras literárias do “mago cristão” Eliphas Levi, criador da imagem. Dentre suas obras, o livro “Dogma e Ritual da Alta Magia” foi um dos responsáveis pela profanação da “Senhora da Terra” e pela propagação de um dos maiores erros no círculo ocultista. Transcreveremos um trecho dessa obra que expõem sobre Baphomet:

“Figura panteística e mágica do Absoluto. O facho colocado entre os dois chifres representa a inteligência equilibrante do ternário; a cabeça de bode, cabeça sintética, que reúne alguns caracteres do cão, do touro e do burro, representa a responsabilidade só da matéria e a expiação, nos corpos, dos pecados corporais. As mãos são humanas para mostrar a santidade do trabalho; fazem o sinal do esoterismo em cima e em baixo, para recomendar o mistério aos iniciados e mostram dois crescentes lunares, um branco que está em cima, o outro preto que está em baixo, para explicar as relações do bem e do mal, da misericórdia e da justiça. A parte baixa do corpo está coberta, imagem dos mistérios da geração universal, expressa somente pelo símbolo do caduceu. O ventre do bode é escamado e deve ser colorido em verde; o semicírculo que está em cima deve ser azul; as pernas, que sobem até o peito devem ser de diversas cores. O bode tem peito de mulher e, assim só traz da humanidade os sinais da maternidade e do trabalho, isto é, os sinais redentores. Na sua fronte e em baixo do facho, vemos o signo do micro-cosmo ou pentagrama de ponta para cima, símbolo da inteligência humana, que colocado assim, em baixo do facho, faz da chama deste uma imagem da revelação divina. Este panteus deve ter por assento um cubo, e para estrado quer uma bola só, quer uma bola e um escabelo triangular” Levi, Eliphas. Dogma e Ritual da Alta Magia, Editora Madras – 2008.”

Segundo essa descrição, Baphomet trata-se de uma figura filosófica, hermafrodita, cuja principal função é manter o equilíbrio entre os polos energéticos (+ e -) e promover uma suposta redenção motivada por impulsos de misericórdia e justiça. O ídolo Baphomet foi concebido por esses estudiosos cristitas como sendo um conjunto de fagulhas das mais diversas culturas antigas que capacitaram o entendimento da geração, polaridade, dualidade, entre tantos outros significados.

“Baphomet”, segundo nossos entendimentos, não é a figura panteística do “Absoluto”, tampouco, algum esboço representativo da santidade do homem. Acreditamos que a palavra “Baphomet” é junção das palavras gre-gas “Baphe-Metra” (Βαφή μητερα), que corresponde à “Mãe tingida/sangrenta”, “A tintura da Mãe” ou ainda “o batismo da Mãe” onde ocorre o encontro com a face da Deusa Sinistra. O nome, apesar de filosófico, representa o “Grande Útero Negro” que gerou e capacitou forças para guerrear contra a inércia das religiões estigmatizadas.

Para desmistificar algumas ideias, vamos expor um conjunto de conceitos que nos fazem acreditar que “Baphomet ou Bafomé” não é o “Antigo deus templário” que motivou autoridades católicas e reis perseguirem os “cavaleiros de cristo” ou “uma corrupção do nome Maomé” como infelizes ocultistas persistem perpetuando em escritos sem nexo.

Visivelmente, a imagem de Baphomet é carregada de significados esotéricos. Tais sinais são tão amplos que dão margem à diversas interpretações, por tal motivo, cada corrente filosófica enxerga a imagem com atributos diferentes. Associam-na ao deus Pan (panteão grego), ao Vigilante Azazel (hebreu), ao demônio Behemot e ao próprio Satanás cristão. Alguns alegam que a imagem é o puro “Akasha” (primeiro espírito), outros que representa o “Batismo da Sabedoria” (corrupção da expressão grega “BaphesMetis”) ou “Sophia” e os mais infortunados alegam ainda que o nome é uma corrupção de “Abufihamat” (ou ainda Bufihimat, como pronunciado na Espanha), expressão moura para “Pai do Entendimento” ou “Cabeça do Conhecimento”. Dezenas de teorias enxertam a massa formadora do ícone gnóstico mais corrompido da história da filosofia esotérica.

Como dito anteriormente, o autor e ocultista cristão Eliphas Levi, que outrora se tratava de um abade com impulsos ao “desconhecido”, moldou através dos conceitos preexistentes uma figura filosófica repleta de significados e nomeou-a como “O bode Baphomet ou o Bode de Sabbath”, uma figura visivelmente corrompida e repleta de influências demoníacas. Portanto, o ídolo Baphomet foi construído nas pranchetas de um abade que fundiu dezenas de conceitos e culturas para desenhá-lo.

A imagem de Baphomet, carregada de traços demoníacos e simbologias não cristãs, foi o vaso perfeito para a habitação do “inimigo de Deus”. A Igreja cristã fundiu os dois conceitos e criou uma forma física para propagar o medo que sua doutrina necessita para manter-se viva. A imagem de Baphomet torna-se a imagem de Satã/Lúcifer, cultuado pelos bruxos em suas ritualísticas de “Sabbat Negro”, onde o deus adorado era o “bode negro”, também conhecido como “Mestre Leonardo”.

No processo formador da Quimbanda, a imagem de Levi chegou em terras brasileiras concomitantemente aos demais livros inquisitórios de demonologia. Como a imagem é forte e expressiva, ostentando a cabeça de um bode (animal repudiado), não tardou para ser proliferada como a imagem do próprio demônio ou ainda a imagem que retratava o demônio e suas legiões. Dessa forma, foi a imagem usada para representar as forças de Maioral e a amplitude de seus poderes dentro do culto da Quimbanda. Esse conhecimento é fundamental para a compreensão da imagem de Maioral.

Evidentemente que fica uma lacuna na mente dos adeptos: “Se a imagem de Maioral foi o desenho de um abade esotérico corrompido pela Igreja Católica, a mesma torna-se uma figura desprovida de poder e verdade dentro do culto da Quimbanda. Como seria a imagem de Maioral?” Para sanarmos essa lacuna, temos de readaptar nosso entendimento acerca da imagem, bem como os fundamentos que a mesma carrega. Segundo nossa Tradição V.S. Maioral é um Ser amorfo, portanto, todas as imagens ou gravuras são apenas formas representativas que facilitam o processo evolutivo. Outro ponto importante é que independente da imagem ter sido fruto da imaginação de um ser humano, a mesma adquiriu um poder energético condensado por centenas de anos de egrégora. Cabe aos dirigentes espirituais entenderem e adaptarem novos conceitos para que a imagem possa ser usada nos cultos.

Ao observarmos a imagem de Baphomet, encontraremos alguns aspectos deveras importantes para associá-la ao culto de Maioral. A imagem possui:

Asas: Representa o elemento ar, associado ao “Maioral Beelzebuth”. As asas são a expressão de liberdade que quebram as barreiras mentais.

Escamas: Representa o elemento água, associado ao “Maioral Leviatã”. As escamas são intransponíveis armaduras que garantem a continuidade do astral amorfo, ou seja, a libertação de tudo que escraviza no astral.

Cascos: Representa o elemento terra, associado ao “Maioral Belial”. Os cascos são fortes e as fendas garantem o equilíbrio sob qualquer circunstância. Esse é o símbolo da força necessária para destruir as correntes aprisionadoras físicas, os vícios, as falhas, o ego, o humanismo, a necessidade de auto afirmação, dentre outros comportamentos aprisionadores.

Tocha/Archote: Representa o elemento fogo, associado ao “Maioral Lúcifer”. Esse elemento é responsável pela busca da iluminação interior e espiritual. É o fogo que transforma nossa “Pedra Filosofal” no “Diamante Negro”. É o sacrifício que logra êxito nas jornadas espirituais.

Os quatro Maiorais são os formadores do Grande Dragão Negro e suas representações, bem como seus poderes estão simbolizados na imagem. A cabeça do bode indica uma relação direta com a bestialidade, com o caos, instintos animais, agressivos que o homem tenta sufocar e as Leis aprisionar. É uma forma de entender que apesar da aparência, somos animais e devemos saciar nossos instintos. A tocha sobre a cabeça lembra-nos que tais instintos devem ser controlados e manipulados segundo a necessidade e vontade. Os cornos também são uma expressão do lado animal e da dualidade energética (pela força de penetração e por sua abertura em forma de receptáculo) que todos os adeptos possuem. Indicam a ancestralidade, o poder, a coroa e a proteção ao archote de Lúcifer, afinal, “é a luz que cega os profanos”. Os chifres do bode são um símbolo de sexualidade e procriação, mostrando a ligação com a Terra e todas as disputas que ocorrem nela. Sob uma visão mais esotérica, tais chifres são símbolos relacionados aos poderes infernais, afinal, representam o aspecto lunar e não solar como os do carneiro. Resumimos toda essa explanação em uma frase dita pelo grandioso Exu Pantera Negra: “Abra os olhos, seja corajoso e se torne um bode preto!”.

– 69 -Sob tal entendimento, apesar de Maioral possuir a chama de Lúcifer em sua essência, protege-a de tolos profanos. Seus chifres representam que na Terra é Imperador e possui poderes receptivos e dinâmicos, masculinos e femininos, positivos e negativos, construindo ou destruindo conforme a necessidade. Não se trata de um Ser andrógino, mas de um Ser que possui domínio sob ambas as energias.

Diversas culturas pagãs acreditavam que o bode era um animal divino e carregado de forças de libido e procriação, cujo sangue possui o poder de “temperar o ferro” em associação ao próprio fogo. Todavia, a figura de animal expiatório, iniciada através das religiões de Israel que concentravam a redenção de seus pecados simbolicamente na cabeça desses animais. A religião cristita fez do bode a própria figura do “diabo”, retirando desse animal sagrado o direito de ser divino e repleto de energias de procriação.

“… em ambos os casos, contudo, é importante salientar que tanto o carneiro quanto o bode são claros símbolos de divindades solares, sendo que no primeiro tem-se a exaltação da divindade, enquanto que no segundo a expiação e morte do deus.” Chevalier, Alain Jean Geerbrant. Dicionário de Símbolos. José Olympio Editora. Rio de Janeiro, 2000); p. 134

A imagem apresenta em cima do chacra Ajna, que na nossa tradição chama-se “Abaddon”. Esse centro energético está diretamente ligado ao Senhor Astaroth e no mergulho para a mente inconsciente que possui sombrios “vales”, a fim de encontramos respostas para nossos caminhos evolutivos. Na imagem tradicional, um pentagrama cósmico representa esse centro energético, todavia, segundo nosso entendimento, apenas o pentagrama invertido pode representar esse caminho, pois a ponta que representa o espírito deve estar voltada para o submundo (para baixo), local de onde habita a escuridão em nossos inconscientes. Dessa forma, existirá o autoconhecimento e a força de Maioral terá o poder de libertação sobre seus escolhidos através da unificação das forças elementares, assim como reza as antigas tradições dos deuses corníferos.

Os braços musculosos mostram o lado guerreiro, forte e onipotente, portador dos garfos (tridentes) eternos no culto da Quimbanda e as mãos, posicionadas para cima e para baixo são símbolos da equação: “O que está em cima e o que está embaixo são mistérios que só os iniciados enxergarão!”, todavia, como apenas dois dedos apontam o caminho (Luz ou Escravidão), concluímos que o caminho oculto deve ser preservado. Não se trata de um símbolo de equilíbrio, trata-se do mistério da escalada do próprio autoconhecimento.

Os seios na imagem de Maioral são apenas representações do “oceano primordial” e honrarias ao ser que deu origem à sagrada linhagem. Também mostram que foi criado como forma de embate aos dogmas e comportamentos preestabelecidos, um Ser que protege seus escolhidos eternamente.

Na barriga da imagem encontramos um dos elementos mais importantes da mesma: “O falo emblemático” denominado como “Caduceu de Hermes/Mercúrio”. O falo aparece de forma peculiar, afinal, salta de um manto que cobre as pernas do ídolo. O mesmo atravessa um “semicírculo” que divide a imagem. Entendemos que esse semicírculo represente as constelações. O falo fecunda e age como um totem para forças além-matéria, e é como um cetro de poder regendo o equilíbrio dinâmico de duas forças. Segundo a tradição esotérica que seguimos e entendemos como correta (não desmerecendo as demais), representa a ascensão do Dragão Cego carregando Lilith através dos centros energéticos do corpo para promover o reencontro com Samael/Satã e receber as sagradas sementes. É um símbolo para despertar uma forma de serpente/dragão, profanamente denominada de “Kundalini” e gerar uma poderosa descarga energética no microcosmo que refletirá no macrocosmo.

Essa imagem possui duas cobras entrelaçadas que posicionam suas cabeças como se estivessem aptas à guerra. Essas duas serpentes possuem uma grande gama de explicações, todavia, acreditamos que no culto ao Senhor Maioral, representem as duas polaridades em embate, comunhão e procriação. Além disso, também comungamos a ideia de que representem a unidade em um mesmo corpo de Luz e Trevas (base de toda nossa crença). De forma esotérica, junto com o falo (eixo central) representa o desenho da própria Otz Daath (Árvore da Morte). Outro conceito interessante é associar as duas serpentes com as correntes lunares e solares, denominadas de Ob e Od (veneno e antídoto).

O manto cobre aquilo que não deve ser visto, que ainda se forma ou que nunca existiu. Cobre as pernas entrecruzadas de Maioral, numa espécie de posição autoritária, assentado sobre a Terra donde rege Seus reinos, povos e legiões, assim como seus escravos.

Sob esses prismas, a imagem de Baphomet, adaptada ao culto de Quimbanda para representar o Senhor Maioral torna-se real e verdadeira. Alguns enxergam a imagem como representação do Senhor Maioral Beelzebuth. Essa visão também é válida, afinal, a imagem contêm a essência desse “Ser” em sua formação.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-imagem-de-maioral/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-imagem-de-maioral/

A Demonologia Clássica e o Fenômeno OVNI

Observando a literatura sobre ocultismo de séculos passados podemos constatar que observadores antigos citavam a existência de aparições que normalmente eram classificadas como demônios. O trabalho Oficial de Francis Barret, The Magus – Book 2 (Os Magos – Livro 2), de 1801, entre as páginas 48 e 54, descreve os anjos decaídos ou demônios:

…alguns dos que estão perto de nós perambulam para cima e para baixo neste ar obscuro: outros habitam lagos, rios e mares, outros a terra e aterrorizam todas as coisas… perturbando não só os homens, mas também outras criaturas; alguns se contentam com brincadeiras e zombarias, aborrecendo os homens sem causar-lhes dano; outros… mudando de forma, transtornam os homens e fazem com que eles temam em vão…

…os demônios falam; e o que o homem faz com voz audível, eles o fazem imprimindo a idéia de fala na mente daqueles a quem se dirigem, de um modo melhor do que se fizessem isso em voz audível… todavia, eles muitas vezes emitem uma voz audível.

Em seu livro Earth’s Earliest Ages And Their Connection with Modern Spiritualism and Theosophy (As primeiras Idades da Terra e Sua Conexão com o Espiritualismo e Teosofia Modernos, 1876, página 254, G. H. Pember Observa que o ocultista “é levado à comunicação inteligente com espíritos do ar, e pode receber qualquer conhecimento possuído por eles, ou qualquer falsa impressão que decidam comunicar… os demônios parecem ter permissão para operar vários prodígios a seu pedido”.

As obras “De Magia” e “De Vinculis in Genere” escritas pelo Mago Bruno Giordano, em meados de 1590, consagradas à magia, apresenta práticas religiosas de origem egípcia para atrair demônios para dentro de suas estátuas e um método de condicionamento da imaginação ou da memória para receber influências demoníacas, através de imagens ou sinais estampados na memória. Estes métodos não seriam suficientes para se criar falsas lembranças de abdução, por exemplo?!

Segundo os milhares de registros de casos de aparições de “tripulantes de discos voadores” em todo o mundo, os supostos extraterrestres variam seu tamanho entre alguns centímetros a quase seis metros, sendo que na maioria dos casos o tamanho fica entre 1,20 m e 2,00 m, sendo, normalmente, de forma humanóide, embora também há casos de formas muito estranhas (semelhantes a insetos, por exemplo) ou fantasmagóricas. Sendo que, por muitas vezes, estes seres correspondem a figuras folclóricas, mitológicas, demoníacas ou do ocultismo, relacionados a muitas tradições e culturas de diversas épocas, mostrando tratar-se de entidades polimorfas que, não tendo um corpo físico, são capazes de criar, de alguma forma, uma imagem adequada às culturas com as quais pretendem interagir.

Na obra “Asclépio” de Hermes Trimegisto, século XVI, há a afirmação de que o Anjo Decaído (Lúcifer ou Satanás) recrimina suas hostes por terem fundamentado suas imagens somente em animais, fazendo simbolizar as constelações com figuras de animais (ursa, áries etc) e, para fazer uma paródia contra Jesus Cristo, o Anjo Decaído admite ser uma besta (um animal), porém vitoriosa, triunfante, a “Bestia Triofante”. Levando em conta esta afirmação da obra de Hermes Trimegisto e partindo-se do pressuposto de que entidades sobrenaturais existem e que podem ser classificadas como “demônios” que procuram se adequar às culturas para interagir com a humanidade, não seria ousado contar com a possibilidade de que para os religiosos do antigo Egito, seus deuses eram reais e que transmitiam suas mensagens e mandamentos através dos médiuns egípcios. Afirmações semelhantes poderiam ser feitas com relação à crença na existência de Orixás, Espíritos de Mortos e, para os que não são religiosos, estas entidades poderiam se passar por tripulantes de naves extraterrestres. Até mesmo Martinho Lutero (conforme Commentary on Galatians, cap. 3, verso 1, pág 290) observou:

“Satanás é perfeitamente capaz de afetar todos os sentidos da pessoa, de modo que ela juraria ter visto, ouvido, sentido e tocado algo que – na verdade – não viu, etc.

Também na Bíblia vemos citações à capacidade de Satanás mudar sua forma:

E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz.

(II Coríntios 11:14)

Há diversos registros históricos que nos relatam como eram as possessões demoníacas e, surpreendentemente, o pesquisador Jacques Vallee, após muitos anos de pesquisas do fenômeno OVNI, em sua obra Confrontations (Confrontos), na pág. 63, declara:

“O ‘exame médico’ a que os seqüestradores dizem ter-se submetido, muitas vezes acompanhados de manipulação sexual sádica, é remanescente das lendas medievais de encontros com demônios. Não faz sentido numa estrutura sofisticada, técnica, ou biológica: qualquer ser inteligente equipado com as maravilhas científicas que os OVNIs possuem estaria em posição de realizar quaisquer desses supostos objetivos científicos num prazo mais curto e com menos riscos”.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/a-demonologia-classica-e-o-fenomeno-ovni/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/a-demonologia-classica-e-o-fenomeno-ovni/

A Besta 666

A herança de Aleister Crowley na magia, é uma das jóias do ocultismo moderno.

O legado de experiências magicas documentadas, assim como de material sobre o mesmo é um fato inquestionável. Crowley foi tudo que o ocultismo moderno quer ser – pioneiro, caótico e (r)evolucionário. Porém, nem tudo são flores.

Qualquer pessoa que tenha lido sobre Aleister Crowley, já percebeu certos fatores desconcertantes. O uso de drogas pesadas não é o suficiente para surpreender ninguém, já que no inicio do próprio uso, Crowley acreditava que uma Vontade Forte dominaria, não seria dominado – erro qual ele passou boa parte da vida lutando contra – o Diary of Dope Fiend, descreve bem todo esse momento. Logicamente, algo mais idiossincrático que o próprio Criador da Thelema (ou receptor, como os mais evangélicos denominam), a busca nessa pequena dissertação é apenas uma – mostrar, de uma perspectiva largamente inflada por ceticismo.
Vale lembrar que isso não justifica seus escritos, muito menos os invalida. O objetivo é apenas mostrar um lado que exige, uma leitura atenciosa de suas obras e que quase sempre os estudantes insistem em negar ou distorcer (e olhe que de distorção, ele foi realmente um mestre – e alguns discípulos estão indo bem) para adequar sua visão, digamos inocente, para não usar outro termo pejorativo, de quem foi.
Os escritos e o legado mágicko foi real. E a sujeira, teoricamente, apagada com o tempo.  Um das coisas mais estranhas do Ocultismo Moderno são os “Thelemitas que não gostam de Crowley” que justificando isso através das más ações do bad boy tentam, de forma simplória, separar o Eu-Mágicko do Eu-Ego.

Para isso, basta lembrar que em Magical Diaries of the Beast, no dia 22 de Outubro de 1920, Crowley disse;

“Eu sou a Besta… Eu sou a Thelema.”

To Mega Hupokrisis 666

 

“Hipocrisia é uma virtude que nos permite pregar o bem mesmo quando praticamos o mal .” -Tamosauskas

Qualquer um que revirar fundo atrás de “Thelema”, vai encontrar o nome “sir Francis Dashwood”. Não somente “Thelema”, como tambem o lema “Faça o que quiser”, em seu HellFire Club. Para não ser pré-julgado, vamos revirar um pouco de história – o sir Francis Dashwood nasceu em dezembro de 1708, seu pai faleceu quando ele possuía 15 anos, assim dando á ele o titulo de Baron e as terras de seu pai. Ele atuou como uma espécie de sumo sacerdote nas missas do Hellfire Club. No livro de Horace Wapole, Memórias de George III, descreve Dashwood e sua busca por notoriedade; “Ele possuía reputação pela Europa por causa de suas aventuras. Ele vagava … de tribunal para tribunal em busca de notoriedade. Na Rússia, ele se disfarçou de Charles XII e nesse caráter inadequado aspirava  ser o amante da Czarina Anne. Na Itália, seus ultrajes sobre religião e moralidade levou à sua expulsão dos domínios da Igreja.” Na tradução da biografia feita por R.C. Zarco para a Morte Súbita Inc., podemos ler o seguinte;

” ‘O infame Hell Fire Club de West Wicombe, organizou missas negras celebradas sobre os corpos desnudos de garotas recrutadas entre os locais camponeses.Era costumeiro aos que participavam de tais ritos,sorverem um pouco de vinho consagrado do umbigo destas garotas.A decoração interna do clube era alguma cousa incrível até mesmo para esta era degenerada;por exemplo,uma lanterna padrão consistia de um enorme morcego artificial completado com um pênis erecto.Essencialmente,as cerimônias eram criadas para servirem de paródia ao ritual orthodoxo da Igreja Católica Apostólica-Romana,mas aqui os participantes variavam suas atividades entre a luxúria e a cantoria de um lascívio hino.Lindas mulheres,totalmente nuas abaixo de robes de freiras,submetiam-se jubilosamente aos cuidados da gangue selvagem, que também tinha o incesto como uma de suas práticas correntes.É pouca surpresa que muitos dos participantes homens já eram impotentes quando atingiam trinta anos de idade.’ Este vívido relato das horas de lazer de Sir Francis Dashwood e seus amigos pode ser achado no ‘O Mundo Negro das Bruxas’,publicado em 1962,por Eric Maple.
(texto integral aqui )

Cremos que por aqui, algumas leves semelhanças foram notadas – o ultraje a religião de Crowley, assim como sua expulsão (ainda que por motivos teoricamente “diferentes”) da Italia. Mas vamos continuar, Dashwood, tem muito mais para nos fornecer. Vamos um pouco mais fundo.

Sir Francis Dashwood, seguiu as ideias de um homem mais pervertido que ele. Seus nome, François Rebelais, foi o primeiro a usar a palavra Thelema e a própria em um dos seus primeiros escritos, (chamado ‘Gargantua and Patagruel’) descreve algo um pouco peculiar – através da critica a sociedade em que vivia, ele escreve sobre a Abbey of Thelema. Um local aonde você poderia ( e deveria ) fazer o que quiser. Nas palavras do livro, “Os habitantes da abadia eram governados apenas por sua própria vontade e prazer, a única regra é “Faça o que tu queres”. Rabelais acreditava que os homens que são livres, bem nascidos e criados têm honra, que intrinsecamente leva a ações virtuosas. Quando restritos, os seus nobres naturezas transformar em vez de remover sua servidão, porque os homens desejam que eles são negados”.

Comparando ao Liber Al Vel Legis;

I:40.  Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

I:41. A palavra de Pecado é Restrição

Logicamente que, tantas “semelhanças” não iriam passar batido. Os thelemitas modernos aceitam Rebelais como um Santo. Exatamente essa palavra. No Liber XV, em sua missa gnóstica podemos ler o seguinte;

DIÁCONO
Senhor de Vida e Alegria, que és o poder do homem, que és a essência de todo  verdadeiro deus que está sobre a face da Terra, conhecimento contínuo de  geração a geração, tu adorado por nós em brejos e nas florestas, em montanhas e nas cavernas, abertamente nos mercados e secretamente nas câmaras de nossos lares, em templos de ouro e marfim e mármore, assim como nestes outros templos de nossos corpos, nós dignamente comemoramos aqueles ilustres que te adoraram na antiguidade e manifestaram tua glória diante dos homens, Laio–Tse e Siddartha e Krishna e Tahuti, Moshe, Dionysius, Mohammed e To Mega Thérion, com estes também, Hermes, Pan, Priapus, Osíris e Melchizedek, Khem, e Amoun e Menthu, Héracles, Orpheus e Odysseus; com Vergilius, Catullus, Martialis, Rabelais (…) 


Ó Filhos do Leão e da Serpente! Nós dignamente comemoramos todos os Teus Santos, 
aqueles dignos que foram e são e serão.

 
Liber XV – Ecclesiæ Gnosticæ Catholicæ Canon Missæ e o  Agape Vel Liber C Vel Azoth Crowley usavam o Cristianismo como uma metáfora para sua maior forma de magicka. O Liber XV, além de um grimório e ritual, continha nas entre linhas todos os segredos da Thelema. O mais incrível de observar é que, praticamente todos os escritos de Crowley continham magia sexual velada. “Semelhança” ou não, Crowley “repetia os mesmos rituais” do Sir Francis Dashwood. A menos que Dashwood tenha avançado no tempo, já que ele nasceu 1708 e Crowley e em 1875, Crowley claramente se “inspirou” no Sir Francis. Hellfire Club, ficou extremamente conhecido pela Inglaterra por seus rituais e políticos importantes da época participavam das loucuras de Dashwood. (A Abadia de Thelema da Sicília, tambem e rendeu a expulsão de Crowley da Itália).
Não há como negar que Crowley deve ter absorvido de lá. Muita coisa. Tanto que no livro Antecedents of Thelema(1926), Crowley cita Dashwood. E o Biografo do Crowley, Lawrence Soutin, em seu livro  Do What Thou Wilt: A Life of Aleister Crowley, tambem.
A parte interessante, é que Crowley materializou completamente as ideias de Rebelais e assim como Dashwood em suas missas satânicas, Crowley parecia disfarçar sua adoração ao demônio.  O próprio Aiwaz (ou Aiwass, Aiwas ) ele alegava ser uma deidade suméria chamada Shaitan (?). Mas Crowley nunca alegou adorar demônio algum e era totalmente contra praticas de magia negra. Ele utilizava essas metáforas mais obscuras para resguardar seus segredos mágicos, como podem ver no segredo do oitavo grau, velado no texto “Dos Casamentos Secretos dos Deuses com os Homens” . Sobre ser um mago negro, escreveu um texto sobre ao qual, copiarei um pequeno trecho;
“Eu tenho sido acusado de ser um “mago negro”. Nenhuma afirmação mais tola do que essa já feita foi sobre mim. Desprezo a coisa de tal forma que mal posso acreditar na existência de pessoas tão corrompidas e idiotas para praticá-la.” (Link do texto integral aqui)
Mais adiante, em um texto chamado, Sobre Magia Negra, Crowley afirma;

O ritual supremo é o alcance do conhecimento e conversação com o santo anjo Guardião. É a elevação completa do Homem em linha reta vertical. Qualquer desvio desta linha tende a se tornar magia negra. Qualquer outra operação é Magia Negra.

O que parece uma linha de conduta, na verdade demonstra uma grande, grande hipocrisia. Crowley foi um grande hipócrita, não somente nesse ponto. De inicio, vamos começar por um dos diários mais conhecidos dele – Magical Diaries of Aleister Crowley, 1923 – Stephen Skinner, ele enumera em uma pequena lista o numero de operações do Crowley. Entre operações de sabedoria, força magica, adquirir compreensão dos mistérios dos graus, encontramos, uma das praticas mais comuns de magia “negra” – Fascínio. E essa pratica não é feita aleatoriamente. São 22 registros sobre. E não precisa ir muito fundo para encontrar, logo na introdução essa lista é apresentada. A Magia de Amor, de Fascínio, é uma das praticas intituladas negras, já que, está restringindo a vontade de outrem.

Vamos de novo, aquela frase inicial – I:41. A palavra de Pecado é Restrição

Pois bem, seria cômico, se não trágico saber que em seu Liber Librae, Crowley relatava o seguinte;

20. Então, irás tu gradualmente desenvolver os poderes de tua alma, e encontrar te a comandar os Espíritos dos elementos. Por que esteves a convocar os Gnomos para alcovitar tua avarice, tu não irias mais comandá-los, mas eles te comandariam. Abusarias dos puros seres dos bosques e das montanhas para encher teus cofres e satisfazer tua fome de Deus? Rebaixarias os Espíritos do Fogo Vivo para servir a tua ira e ódio? Violarias a pureza das Almas das Águas para alcovitar teu desejo de devassidão? Forçarias os Espíritos da Brisa Noturna para servir a tua loucura e capricho? Saiba que com tais desejos tu podes apenas atrair o Fraco, não o Forte, e naquele caso o Fraco terá poder sobre ti.

No livro do Stephen Skinner as operações são baseadas em magia sexual. Ele nunca usaria nenhum elemental para satisfazer seus desejos por ouro. Será? No livro Magical Diaries of The Beast 666, do John Symonds e Kenneth Grant – Aleister, oferta o exilir para ICZHHCL em troca de favores dos gnomos. Sim, ele contradiz completamente o que falou no Liber Librae acima. Segue o trecho;

“Objetivo; dinheiro. Eu evoquei ICZHHCL com o objetivo de nos proporcionar favores dos gnomos. Eu ofertei parte do elixir á ele.”(Pág.15)

Observe que a hipocrisia é um assunto comum em seus escritos. No Livro Magick Book 4, encontramos trechos que podem ser chamados de ápice da hipocrisia Crowleyana. Veja á seguir;

“O primeiro grande perigo é a vaidade. Devemos estar sempre de sobreaviso quando a “lembranças” de que fomos Cleópatra ou Shakespeare.” (Memória Magicka Liber ABA Magick Book 4)

Perdoem-me minha incapacidade de relacionar uma pessoa que escreve essa frase e em seguida alega ser Edward Kelley, Papa Alexandre VI, Ankh F Khonsu, Eliphas Levi, Alessandro Cagliostro e Ge Xuan. Pesquisando cada um envolvido, você percebe que de fato, esse “grande perigo” da vaidade, foi o que o Crowley caiu. Ele dava fatos simplórios de que tem lembranças da vida de cada um, como uma tentativa de justificar tal hipocrisia alarmante. Do mesmo modo que alegava não poder usar dos gnomos para encher seu bolso e usava. Da mesma forma que, alega que o abuso da fórmula homossexual XI° é uma abominação. Mas, no livro Magical Records of the Beast, lá estava ele praticando essa fórmula a torto e direito e inclusive com desconhecidos que ele encontrava em banho turco.

É interessante notar que dessa fórmula, pulamos para outro lado obscuro de Crowley.

O Machismo 666

A ideia de que a Thelema não é machista nem sexista se inicia no Liber Al Vel Legis, aonde cita “Todo homem e toda mulher é uma estrela”. Nos comentários do livro da lei e em alguns outros escritos, encontramos referências maravilhosas sobre o poder da mulher e sua importância. Visto que Thelema, teoricamente é um Culto á Nuit/Babalon e que sua fórmula mágicka, a união heterossexual e consequente os fluidos sexuais resultantes do mesmo, são a fonte de toda vida.

Esse progresso sobre a visão do feminino, tem levado diversas mulheres a estudar e se dedicar a Lei de Thelema. Assim como a Bruxaria de Gardner, um culto a Yoni, nos remete ao prazer inconsciente aonde o homem e a mulher acabam igualando-se. Claro que assim como na Bruxaria, varias vertentes destacaram-se abrigando um femismo ao invés de feminismo. Na Thelema, como já dito, prevaleceria um culto igualitário, aonde homem e mulher, independente de sua posição ou orientação sexual, seriam ambos uma força divina. Isso aniquilava todo machismo bíblico e para a época machista em que Crowley vivia, era uma revolução.

No entanto, quando começamos a nos aprofundar em estudos de seus materiais, vemos que eles possuem classes – os de classe A, foram recebidos pelo ‘Profeta” (Crowley) e não devem ser mudados em nada, nem estilo nem palavra/letra, pois contem mistérios do Eon e da Magia dentro de seus versos.

Os de classe B, são obras “iluminadas”, como diz o site da A.A. . Os das outras classes não vem ao caso. Vamos focar numa dessas “Obras Iluminadas” – O Liber 111 Aleph.

Quero que antes de mais nada, leia alguns trechos do Liber Aleph que separei para vocês.
(E consulte a pagina, caso deseje – baixe o livro aqui)

Pag.133

 DE VERITATE QUEM FEMINAE NON DICERE LICET

Da Verdade que não pode ser contada a uma Mulher
MEU Filho Eu te peço: não importa quão sejas provocado a faze-lo, nunca digas a Verdade a uma Mulher. Pois isto é o que está escrito: Não atires tuas Pérolas aos Porcos, para que eles não se voltem contra ti e te despedacem. Vê, na Natureza da Mulher não há Verdade, nem Percepção da Verdade, nem Possibilidade de Verdade, apenas se tu lhes confias esta Jóia, elas imediatamente a usam para tua Perda e Destruição.
Pag.134

DE NATURA FEMINAE

Da Natureza da Mulher
A NATUREZA da Mulher, ó meu Filho, é como tu aprendeste em Nossa santíssima Cabala e Ela é o Vestimento em Sexo do Homem, a Imagem Mágica da Vontade de Amar dele.
Pag.169

DE FORMULA FEMINEA

Da Fórmula da Mulher

Portanto, em Magia, se bem que a Mulher exceda todos os Homens em toda Qualidade que lhe é útil para Consecução, entretanto ela Nada é naquela Obra, tal como um Homem sem mãos na Oficina de um Carpinteiro, pois ela não possui o Organismo que poderia fazer Uso desta Oportunidade.
Pag.170

VERBA MAGISTRI SUI DE FEMINA

As Palavras do seu Mestre relativas à Mulher
(…)Allan Bennett, de forma que ele me recebeu como seu Discípulo em Magia. E ele foi insistente comigo neste Assunto e veemente, adjurando seus Deuses que isto (que Eu mesmo aqui acima te declarei) era a Verdade sobre a Natureza da Mulher (acima). (…) Eu me curvo humildemente diante de Allan Bennett, e me arrependo de minha insolência, pois o que ele disse era pura Verdade.

Pag.171

DE VIA PROPRIA FEMINIS

Do Apropriado Caminho para a Mulher
É REALMENTE fácil para uma Mulher obter as Experiências da Magia, de certo Tipo, como Visões, Trances e outras tais porém, estas coisas não tomam Posse dela, para transformá-la, como acontece com os Homens, mas apenas passam como Imagens sobre um Espelho. Assim, pois, uma Mulher nunca progride em Magia, mas permanece a mesma, reta ou erradamente organizada de acordo com a Força que A move. Aqui portanto está o Limite da Aspiração dela em Magia: permanecer alegre e obediente sob o Homem(…)

Isso me soa bem contraditório com a inicial afirmação thelêmica de que todo homem e mulher é uma estrela. Afirmar que uma mulher não vai longe em magia, que deve permanecer obediente ao homem e que sem o homem ela é nada, é ao meu ver um absurdo. (Ou um conhecimento iluminado, dependendo do quanto você for evangélico)

Para quem não se satisfez com tais alardes, vamos adiante atrás de mais indícios. Dentro do Confessions, a auto biografia de Crowley, editado pelo John Symonds e Kenneth Grant, encontramos as seguintes frases;

Cap.10

  • “Está certo um homem suficientemente forte usar mulheres como escravas e objetos de prazer”
  • “A mulher é uma criatura de hábitos, isto é, de impulsos solidificados. Não tem qualquer individualidade.”
  • “Uma mulher é apenas tolerável na nossa vida se for treinada para ajudar o homem na sua obra sem qualquer referência a quaisquer outros interesses”
  • “O homem que confia em uma mulher para ajuda-lo está cavalgando em um tigre. A qualquer momento ela vai trai-lo”
  • “A mulher é fundamentalmente incapaz de compreender a natureza do trabalho”
  • “O papel dominante da mulher sempre será a maternidade.”
  • A Monogamia é um erro pois deixa o excesso de mulheres insatisfeita.
Devido ao tamanho do Confessions, quase ninguém que lê percebe essas falácias. Mas a parte mais interessante disso tudo, é que, devido a inclinação homossexual dele, ele negava o poder feminino e usava-o como uma extensão do Falo. O poder da Mulher, de seu corpo e fluidos, foi amplamente explorado por Kenneth Grant em sua OTO Typhonian. Até então Crowley não alarmava tanto sobre os fluidos femininos, exceto um, ao qual ele fez inúmeras experiências para atrair dinheiro – o elixir rubeus.
“III; 24. O melhor sangue é o da lua”
Sangue lunar ou sangue da Lua, é a menstruação. Crowley construía seus bolos de Luz consagrando-os com sêmen e menstruo, para então come-lo. Ou misturando-os (fluidos e menstruo) em uma taça com alguma bebida, o adepto deveria então mentalizar o seu desejo e então beber até a ultima gota, como Crowley diz sobre o Elixir dentro do De Ars Magica. Com exceção desse fluído, nos trechos acima fica claro o papel da mulher para Crowley.

 Victor Neuburg


“Meu instinto homossexual me dá a ideia de admiração estética. Se um homem come uma mulher, ele a admira esteticamente. Quando um homem me come, eu sei que ele faz isso porque sou lindo”
– Aleister Crowley  (Magical Diaries of Aleister Crowley, Stephen Skinner – pag. 35)

Crowley afirmava claramente na introdução do seu diário de 1916 “Estou inclinado a acreditar que o grau XI° é superior ao grau IX°… Oh como o Olho de Hórus é superior á Boca de Ísis”. As duas metáforas principais do grau XI° da OTO são; o Olho de Hórus ( ânus ) e o Olho que Chora ( pênis). No Cap.61  do Liber 333, temos uma das referências mais notáveis (e claras) disso;

“Tu, Garoto Safado, tu abriste o olho de Hórus ao Olho Cego que chora!”

O vício do Crowley por pênis é evidente. Ele foi passivo em suas relações sexuais com homens. De sua assinatura, aos sinais ritualísticos e rituais, todo poder do Crowley se baseia numa evidência. O poder do Sol, o falo, o gerador da vida. Além de seu affair durante os estudos da faculdade, Crowley teve outro homem-parceiro-discípulo-affair  o sr. Victor Benjamin Neuburg.

Segundo o livro de Francis King, Magical World of Aleister Crowley, Crowley e C.G. Jones foram inicialmente os dois únicos membros da A.A., até que eles adquiriram dois discípulos, Capitão J.F.C. Fuller, um jovem oficial da infantaria que eventualmente se tornou major-general, um expert em tanque de guerra e amigo pessoal de Adolf Hitler e Victor Neuburg, um jovem poeta que foi um judeu ortodoxo mas se tornou agnóstico.

Os dois últimos foram amigos na graduação em Cambridge. Através da sugestão de Fuller, Crowley conheceu Victor, entrando no quarto dele em Cambridge e se apresentou. Nessa época, Neuburg achou em Crowley tudo que procurava em poesia e principalmente em magia e logo então se tornou probacionista da A.A. O relacionamento dos dois aos poucos ganhou aspectos problemáticos. Crowley era um sado-maso e demonstrava isso nas humilhações que fazia com Neuburg e nas que obrigava Neuburg fazer com ele. Em nome do aniquilamento do ego.

Na pagina 47 desse mesmo livro, um aspecto obscuro de Crowley é revelado – o racismo. O trecho é transcrito a seguir em uma tradução livre.

Uma noite, por exemplo, Crowley foi até o quarto de Victor e começou a bater na bunda dele com urtiga (urtiga dioica). Em outra ocasião, ele começou a fazer comentarios agressivos anti-semitas. Isso teve um impacto muito maior que a violência física.

“Meu nobre guru foi desnecessariamente grosso e brutal. Eu não sei o porquê. Ele provavelmente não sabe. Ele aparentemente fez isso somente para se divertir e passar o tempo.Seja como for, eu não vou mais insistir nisso. Ele tem sido brutal comigo na prerrogativa de eu pertencer a uma raça inferior. É o limite da maldade desprezar o homem por sua raça. Não há desculpas para isso. É mesquinho abusar da posição de guru (…) Se não fosse pelo meu voto, eu não viveria mais na mesma casa que ele. Minha família e raça foram perpetuamente insultados.”

Além de sexo casual em honra a Pã, Victor fez parte dos trabalhos mais importantes de Crowley – A evocação e domínio de Choronzon, a viagem pelos Aethrys Enochianos, as publicações do Equinox e o Liber CDXV, Opus Lutetianum – A Operação de Paris – trabalho ao qual, Crowley modificou sua visão de Deuses, descrito em Magick Book 4, de “Forças da Natureza” para “Espíritos Reais” – isso é, passiveis de aparição, comunicação E possessão, como foi relatado nesse Liber.

Uma curiosidade interessante é que no Magick Teoria e Prática, Crowley relata que foi até o apartamento de uma Circe e traçando o simbolo de Saturno em sua porta, em 24 horas ela atirou em si mesma. O fato é, que essa “Circe” na verdade era uma mulher pelo qual Victor estava apaixonado. Transcrevo e traduzo a pagina 91 do livro Magical World of Aleister Crowley, do Francis King ;
“‘Ione de Forest “era o nome artístico adotado por Joan Hayes, uma ex-aluna da Academia Real de Arte Dramática (…) Ela tinha tomado parte nos ritos de Elêusis, sem ter qualquer interesse prévio, conhecimento do ocultismo em geral ou magia em particular. Ela tinha simplesmente respondeu a um anúncio no palco e de lá 
passou a dançar como várias deusas sob a direção de Crowley.Neuburg foi fascinado por ela desde o primeiro momento e sentiu uma afeição por ela que assim que ela apareceu. Crowley desaprovou alegando que ela era uma “Circe”, que pode enfeitiçar Neuburg e leva-lo para longe caminho mágico. Crowley ficou muito aliviado quando ela não se casou com Neuburg mas sim com um velho amigo dele chamado Wilfred Merton. Seis meses após o casamento Joan deixou o marido e passou a residir em um estúdio em Chelsea. Ao mesmo tempo, ou talvez um pouco antes, ela se tornou amante Neuburg o dois alugaram uma casa em Essex que eles usavam nos fins de semana e Crowley ficou furioso. Dois meses depois, ela atirou em si mesma. Não há razão clara para este suicídio(…)  Neuburg estava certo de que Crowley tinha colocado um feitiço sobre ela, como a ‘Circe’.”
Duas coisas ficam evidentes nesse texto – Crowley matou a mulher de Victor, provavelmente porque era apaixonado pelo o mesmo. E que em seu livro, mentiu dizendo que ela se matou em 24 horas, sendo que na verdade foi dois meses. Como todas as pessoas que passaram pela vida de Crowley após romper laços com o mesmo e ser amaldiçoado, Neuburg passou o restante de sua vida em um estado de infertilidade mental. Vide tanto o livro do Francis King, como The Magical Dilemma of Victor Neuburg, de Joan Oliver Fuller.

 Fetiche e Feitiçaria – ‘Leah Sublime’ e os rituais da Puta e da Besta


“Na minha missa, fezes são hóstia
, que Eu consumo com reverência e adoração”

-Aleister Crowley em seu diário, Magical Record of the Beast 666, pág.202

A palavra fetiche, vem do francês, fetiche que por sua vez é entendido como feitiço. Isso foi o que Crowley fez com cada discípulo – ele os encantava, enfeitiçava, levava eles para as profundezas de seus fetiches sexuais, mascarando em uma causa nobre, aquilo que chamamos de Iluminação – Um dos propósitos de toda magia  – o ato de transcender os limites do próprio ego, ou destruí-lo em prol a uma causa – seja essa palavra entendida como você desejar – e os rituais de Crowley com Neuburg eram repletos disso. A humilhação pode ser uma forma de inflamar ou subjugar o ego, e quando a Besta dizia destruir a si próprio, ela estava se referindo a se entregar aos abominações (ou prazeres, você escolhe tambem) que a perversão (ou a magia, ou sexo, escolha a palavra apropriada) pode proporcionar.

Leah Hirsig – conheceu Crowley através da sua irmã, Alma Hirsig, na primavera de 1918, sua irmã já tinha conversado algumas vezes com a Besta, porém, quando a Besta viu a Leah, ele se apaixonou, perdidamente. Leah não saia dos seus pensamentos e tudo que queria, era ela para si – que devido ao seu interesse em ocultismo, rapidamente aceitou o convite de ser sua Mulher Escarlate e participar das cerimônias de Thelema. O Fetiche, charme, encanto da Besta rapidamente levava as mulheres se entregarem as suas paixões. Ainda que elas fossem… Animalescas.

Leah usou o nome de Alostrael – O Útero de Deus – e com esse nome desenvolveu papel fundamental na corrente 93, junto com Crowley ela estabilizou o Colégio do Espirito Santo – vulgo Abadia de Thelema – ela largou todas as suas coisas e se entregou numa viagem com a Besta para a Sicília. Ela viveu na Abadia em uma mistura de liberdade total junto com delicada ritualística a Besta dava aos seus discípulos,  – ela acompanhou Crowley em sua (auto) graduação de Ipsissimus e em uma péssima situação financeira.

“Durante um ano de subserviência á sua mulher escarlate, Leah Rising, Crowley obedecia ela comendo suas fezes em um prato de prata, como um símbolo de sua devoção á Grande Puta. Para selar esse ritual, ela queimava o peito da Besta com cigarro” – está escrito no livro Demons of Flesh – Nicolas Scherek e Zeena Scherek – Já no Magical Record of the Beast 666 do Kenneth Grant, vemos a descrição completa do ritual.

A coprofagia foi um instrumento de iluminação Crowleyana – a mistura de sêmen, sangue e detritos (fezes) era uma forma de oferenda aos espíritos demoníacos. Oferecer merda á espíritos não é algo tão incomum assim, por mais estranho que pareça ser – qualquer demonologista sério já deve ter lido obra prima de demonologia Dictionnaire Infernal de Jacques Auguste Simon Collin de Plancy, publicado no ano de 1818. Deixo duas versões para conferir – link1 e link2 . Nesta obra ele descreve que “Alguns rabinos, fazem seu culto á ele (Belfegor) em seus banheiros, ofertando á ele os resíduos de sua digestão”.

Curiosidades á parte, vamos focar em Leah. Leah prosseguia com todas as loucuras de Crowley – a Besta, não se satisfazia com orgias, heroína e coprofagia –  Uma de suas estudantes Mary Butts, deparou-se com algo inusitado (ou não). Transcrevo agora do livro Demons of Flesh, da Zeena (LaVey) Shreck e Nicolas Scherek;

“Quando uma das alunas de Crowley, Mary Butts – nome eminentemente adequado para abordagem singular da Besta – chegou para a tutela Abadia de Thelema, seu Mestre saudou-a ofertando fezes de bode em um prato. Não podemos ter certeza e Crowley a presenteou com esta refeição como uma verdadeira prova de seu compromisso com a Grande Obra ou simplesmente como uma indulgência do seu humor. Butts foi logo um testemunhar um dos rituais menos bem sucedidos de Crowley, uma tentativa de induzir um bode simbolizando a cabra lendária de Mendes para copular com corpo de sua Mulher Escarlate, Leah Hirsig. Apesar de todos os esforços para persuadir o bode para executar sua função sagrada, o animal permaneceu indiferente ao fascínio de Babalon. Caindo em um de seus ataques freqüentes de raiva, um exasperado Crowley cortou a garganta do bode.”

No livro do Francis King, o mesmo fato é recontado;

“E Leah nua deveria copular com um Bode que iria ser sacrificado por Crowley, no momento do orgasmo. Infelizmente o bode recusou-se a executar. Apesar disso, ainda foi sacrificado, o sangue jorrou sobre o dorso branco de Leah. Leah ficou bastante surpresa ao ver que as coisas não ocorreram como planejado. Pingando sangue, ela virou-se para Mary Butts e perguntou o que ela deveria fazer agora. ‘Eu tomaria um banho, se fosse você’, respondeu Mary. ”

Crowley transgredia todas as regras e sua loucura o levava a bestialidade, seu humor (ou sadismo) contagiava á todos que o cercava, não é de todo errado que todas as pessoas que passaram pela vida de Aleister, acabaram de uma forma ou outra, com um fim trágico – o uso desregrado de heroína (entre outras drogas) fez com que duas de suas estudantes da época, Mary Butts e Cecil Maitland deixarem a abadia com sérios problemas de saúde – o vício em heroína. Enquanto Leah ainda se mantinha sob custódia e obediência á Crowley, praticamente cega. Na época, um outro discípulo, chamado Frederick Russel  (Frater Genesthai)  se mostrou com certa aptidão para o misticismo sexual do Master Therion. Enquanto Alostrael (Leah) masturbava o Genesthai para uma ereção, Crowley esperava á mesma ardentemente para então, sentar no falo de Genesthai. A descrição foi dada tanto no livro de Kenneth Grant como o do Francis King.

Leah, acompanhou Crowley nos piores momentos de sua vida – além de fazer rituais ao Sol ou invocações a nomes de Deus, Anjos ou fumar haxixe e fazer sexo com estranhos  – a filha dela e do Crowley, morreu alguns dias após nascer, acompanhou diversas cerimônias fracassadas, a falta de dinheiro que o levou a publicar o Diary of Dope Fiend –  ao qual um jornalista, James Douglas, começou a fazer criticas pesadas e acusando ele até de canibalismo. Crowley que visitava sazonalmente a Itália, foi expulso de lá pelo governo Italiano.

Em setembro de 1924 Crowley apontou uma nova mulher escarlate – Dorothy Olsen. Mesmo perdendo seu status, passou algum tempo como secretaria, auxiliando rituais e mais adiante, quando rompeu laços, devido sua falta de dinheiro, findou sua vida trabalhando como prostituta.

Notas do autor, bibliografia e a poesia “Sublime Leah”

“Crowley é bom porque foi ruim, seria melhor se fosse pior.”  – Kayque Girão

Falar de Aleister Crowley é, algo sempre incompleto.

Por mais que se queira, uma vida não pode ser resumida em um pequeno texto ou livro. Quando eu comecei esse texto, meu intento profundo era revelar um lado ao qual muitos adoradores negam – o lado humano. Cheio de fraquezas, falhas, com falta de dinheiro, vícios e hipocrisia. Assim como qualquer pessoa no mundo, com seus altos e baixos, Crowley nos dá a partir desse mal exemplo de muitos outros,  sua essência – faça a sua vontade – ainda que por muitas vezes, ele restrinja seus discípulos com a promessa de elevação espiritual – talvez até seu anjo (Aiwaz/s/ss, Shaitan) não exista, seja fruto de uma imaginação doentia, o legado, como disse inicialmente é incomparável.

Talvez amanhã ou quem saiba daqui alguns anos (ou décadas, séculos) nasça outro messias. De fato Crowley foi um homem além de seu mundo ou talvez infantil (ou ousado) demais para não aceitar o mundo e querer criar um mundo próprio.

Eu demorei cerca de um mês e meio (re)lendo a bibliografia á seguir e então comentando seus erros – uma atitude vulgar, eu assumo, no entanto, creio ter sido necessária.

Necessário para perdemos a idealização de que a magia é fonte de todos os prazeres e juventude eterna. Necessário para observarmos que mesmo o maior mago de todos os tempos, como assim foi nomeado, vivenciou momentos ruins. Necessário para observarmos que a magia pode tanto nos elevar como nos rebaixar. Necessário para que possamos mensurar nossos atos com o conhecimento obtido e entendamos de que nada serve esse conhecimento, se não for compartilhado.

Por nota final, deixo a bibliografia que usei e uma poesia traduzida pelo Pythio. Quero manifestar profunda gratidão pelo apoio, ajuda e companheirismo do mesmo.

Bibliografia

 

Gargantua and Patagruel, François Rebelais
Liber Al Vel Legis, Aleister Crowley
Liber 333, Aleister Crowley
Liber Aleph, Aleister Crowley
Confessions, Aleister Crowley
Magical World of Aleister Crowley, Francis King
The Magical Record of the Beast 666, John Symonds and Kenneth Grant
Demons of Flesh, Zeena and Nicolas Schrek
Liber XV – Ecclesiæ Gnosticæ Catholicæ Canon Missæ, Aleister Crowley
Liber Agape Vel Liber C Vel Azoth, Aleister Crowley
Do What Thou Wilt: A Life of Aleister Crowley, Lawrence Soutin
Magick without Tears, Aleister Crowley
Magick Book 4, Aleister Crowley
The Magical Dilemma of Victor Neuburg, Joan Oliver Fuller
Dictionnaire Infernal, Jacques Auguste Simon Collin de Plancy

 

 

Sublime Leah

Sublime Leah,

Deusa em cima de mim!
Serpente de um lodaçal!
Alostrael, ame-me!
Nosso mestre, o demônio.
Prospere a orgia.
Pise com seu pé
Em meu coração até que doa!
Pise sobre ele, ponha
O unta com sua imundície
Sobre meu amor, sobre minha vergonha
Rabisque seu nome!
Monte sua besta
Minha Vadia Soberana.
Com as suas coxas todas umedecidas
Com o suor de sua sarna
Cuspa em mim, escarlate
Boca de minha prostituta!
Agora de sua ampla
Boceta crua, o abismo
Envie a maré nascente
De seu quente mijo
Em minha boca, oh minha prostituta
Deixe-o escorrer, deixe-o escorrer!
Sua mão, Oh imunda
Sua mão que tem desperdiçado
Seu amor, ato obsceno
Massas negras, que degustaram
Sua alma, é sua mão
Sinta meu caralho erguer.
Você cavalga como uma égua
E peida enquanto você cavalga
Por úmidos cabelos pixaim
Você jorra como uma baleia.
Encharca o estrume
E mija como esgoto!
Desça a mim rápido
Com seus dentes em meus lábios
Com suas mãos em meu cacete
Com pegada fervente
Minha vida é  saborear –
Como seu hálito fede!
Sua vida multiplica o lascivo
De garotinha a Madura
Puta usada que já mastigou
Sua própria pilha de estrume
Suas mãos foram as chaves para –
E agora você me refresca também!
Esfregue todo o muco
De sua boceta em mim Leah
Boceta, deixe-me chupar
Toda essa gonorreia gosmenta!
Boceta! Sem fim
Amém! Até você cansar!
Puta você me acolheu
Toda sujeira e doença
Em seu cu peludo
Afrouxe o buraco com queijinho
Com sua menstruação e varíola
Você que mastiga os cacetes!

Esfregue toda sua gonorreia em mim!
Envenene a flecha.
Ponha pra fora toda sua varíola
Me dê sua medula

Puta, você me tem completamente

Eu amo sua podridão!

Mais uma vez, me bata!
Leah, um espasmo
Grite enquanto me bate
Lodo do Abismo,
Me sufoque com o líquido
O chorume do seu ventre sujo.

Esfaqueie sua demoníaca
Sorriso ao meu cérebro
Encharque-me em conhaque
Buceta e cocaína
Espalhe em mim! Sente
na minha boca Leah e cague!

Cague em mim vadia

Cremosa coalhada
que goteja de suas entranhas
Merda gordurosa
Leve suas fezes
até a ponta da minha língua!

Bata em mim, Leah!
Me sufoque em suas coxas
borradas de diarreia

Em meus olhos.
Esfregue toda merda
Do abismo sem fim.
Vire-a mim, mastigue-a
Junto comigo, Leah, vadia!
Vomite-a, cuspa-a
E lamba-a outra vez
Nos podemos gerar luxúria
Bêbados em nojeira.

Derrame toda suas tripas
Sua burra, minha amante!
Sua vadia pederasta
Eu sei aonde leva-la!
Aí ela vai, descendo
mexendo em sua bunda prostituída!

Saco de pele
E ossos, assim falo
Eu irei violar seu sorriso
Em um grito
Vou te estuprar, vadia
Violar suas entranhas!

Eu te torço, sua porca!
Eu te prendo!

Sua boqueteira, engula tudo
Metade dele, chupe-o todo
Grite sua porca, suja!
Eu quero que te machucar!
Besta-leoa jorre de seu
Buraco fodedor!
Vomite toda a sujeira de sua
Alma pestilenta
Peide palavras vazias

Faça uma ceia de fezes!

Que o Demônio nosso senhor,
rabisque sua alma
Com palavras escrotas
Me chame de amante
Escravo das suas entranhas
Do rabo de uma puta!
Me chame de semeador
De sujeira e podridão
Cheiradora de merda
Da bosta em seu cú
Me chame disto o quanto quiser
Durante o estupro do seu escravo
Porra! Caralho! Me deixe gozar
Alostrael! Porra!
Gozei em teu buraco
Merda! Me de o muco.
Do rabo de minha puta
Suja do meu cacete
Coma-a sua semente!
Eu sou teu cão, porra, merda!
Engula-a agora!
Descanse por um momento!
Satã, você deu
Uma coroa a um escravo.
Eu sou seu destino, em
Seu ventre, sobre você
Eu juro em nome de Satã
Leah, eu te amo
Estou indo a loucura
Repita isso comigo.

por King

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/a-besta-666/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/a-besta-666/

A Arquidemônia Qalilitu

Nomes: Madogiel, Qalilitu

Direção: Oeste

Qlipha: Gamaliel (Lua Negra / Lilith)

Cor: Preto, Amarelo, Roxo

Qalilitu é uma arquidemonia que habita nos mares de sangue de Gamaliel (Lua Negra/ Lilith). Ela é uma combatente astral surpreendentemente brutal e talentosa. É uma ajuda poderosa em ritos de coerção ou abatimento de espíritos, na predação vampírica dos inimigos e por meio do glamour ela desencaminha quem quer que o mago precise enfeitiçar. Seja qual for seus inimigos, coloque-os diante de Qalilitu e veja-os devorados. Ela é o demônio mais mortal com quem eu já trabalhei.

Qalilitu instrui no uso do tarô, também ajuda em visões no  espelho negro, cristal, adivinhação por geomancia e nas runas, e ela pode encantar esses mecanismos de adivinhação pois é poderosa em encantamento de objetos. Ela é profundamente conhecedora das runas e pode dar assistência e gnose para aqueles que aspiram executar esse oráculo.

Qalilitu é uma demonia vingativa, sádica e cruel que usa emoções doentias em seu trabalho de feitiço. No entanto, ela pode ensinar a amar alguém com honestidade. Qalilitu é praticamente incapaz de afetar nosso mundo quando está coberto pela luz solar.

Qalilitu domina o sadismo, sedução, ilusão, assassinato, amor, ocultação, discrição, manipulação. Ela habilita o duplo etérico do feiticeiro com garras aptas para alimentação vampírica e chifres que podem ser usados ​​para discernir a localização de inimigos escondidos nos planos físico e astral. Qalilitu é especialista em bebidas espirituais. Ela pode criar egregoras vampíricas que orientem onde estão as vítimas de sangue para o mago e se alimenta da vítima de sangue junto com o mago, adoçando o sangue que ela provar. Qlilitu pode ajudar na manipulação do seu magnetismo pessoal e determinar como você se relaciona com as pessoas.

Ela pode ensiná-lo a mudar seu duplo etérico em vários atavismos – bestas aquáticas, por exemplo. Pode capacitar os rituais de iniciação através dos elementos água e terra, também instruir nas esferas de Gamaliel (Lua Negra / Lilith), Nehemoth (Terra Negra) e Gashkalah (Jupiter / Astaroth) e as esferas planetárias da Terra e da lua.

As miríades de aptidão mágica de Qalilitu incluem vampirismo psíquico e sanguíneo, magia do sangue, proteção contra necromancia, maldições letais, combate astral, abertura de portais, trabalho com os chakras, sacrifício de sangue, shaktidharma, experiência de consciência transcendental, encantamento de objeto e psicometria. Ela pode fortalecer os sentidos astrais do mago e telepatia.

Qalilitu geralmente aparece como uma sereia. A sereia representa uma fantástica perversão do desenvolvimento evolutivo da humanidade, enquanto o sapo, como anfíbio, representa um estágio evolutivo intermediário durante o qual nossa espécie evoluiu para deixar as águas e ir para a terra. A sereia assinala uma evolução obscura da humanidade. Ela é uma ramificação da nossa espécie adaptada para retornar às profundidades primitivas que aprendemos a temer. A sereia é o ser humano que transgrediu os limites da lei natural para reintegrar as características primárias e caóticas que pensávamos estar perdidas no tempo.

Como uma espécie híbrida, a sereia representa as realidades ocultas que negam os sistemas que usamos para “compreender” a vida – o caos que revela a verdadeira blasfêmia de não entendermos a natureza e nem termos idéia do nosso lugar nesse mundo. Tanto quanto sei, o primeiro lugar a falar sobre Qalilitu foi o jornal chamado Qliphoth Opus III da Black Tower Publishing em um artigo de Daemon Barzai. Barzai descreve-a da seguinte maneira: “Ela aparece como metade mulher, metade peixe. Seus olhos são completamente brancos, e ela tem um terceiro olho ardente em sua testa. Ela tem um cabelo avermelhado e dentes muito afiados. Ela freqüente aparece em visões sobre templos subaquáticos, feitos de caveiras e ossos que pertenciam a suas vítimas anteriores. Ela não fala, mas é capaz de se comunicar telepaticamente.”  Se as profundezas do mar representam o subconsciente, esses templos subaquáticos podem significar os atos religiosos primitivos, inconscientemente retidos em nossa memória genética. Uma vez que um dos atributos mais conhecidos de Gamaliel é a percepção dos desejos e instâncias subconscientes, isso faz sentido.

Quando Qalilitu se manifesta ao meu redor pessoalmente, ela geralmente aparece como uma sereia de nove metros de altura envolta em sombra e olhos brancos. Quando ela se manifesta de forma totalmente humana, ela aparece na raça caucasiana com cerca de cinco á sete pés, com cabelo longo e preto. Também tem uma forma física incrível – Seu rosto é idêntico ao rosto de Amy / Avnas na forma feminina (veja meu artigo), exceto que a forma feminina de Avnas tem pele branca e olhos completamente vermelhos.

Canto de Evocação

Liftoach Pandemonium, Et Germinet Qalilitu!

Abra o plano infernal e traga Qalilitu

Qalilitu, venire Madogiel venire Aperiatur Acharayim Et Germinet Qalilitu!

Qalilitu / Madogiel, venha. Abra o plano infernal e traga o Qalilitu

Agios Ischyros

(V.K. Jehannum, Adaptação e Trad.Pt Dom Wilians)

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/a-arquidemonia-qalilitu/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/a-arquidemonia-qalilitu/

A Clássica Paternidade: Venom

Prélude: Um bocado de História

Trata-se dalgo salutar e corriqueiro principiar qualquer estudo a partir das  causas daquilo o qual se falará. Portanto, arranja-se natural começar-se a  série de escritos e apreciações musicais entorno do que, hoje, convencionou-se nomear Black Metal a partir de sua teórica origem.

Contudo, a tarefa  genealógica não se assoma tão fácil quanto um pressado entusiasta ou leviano interessado no gênero imaginam. Fora do Senso Comum histórico e “enciclopédico” do gênero existe uma infinidade de leituras e perspectivas possíveis,cada uma delas pavoneando-se saber a insofismável verdade do primum movens [primeiro motor;causa primeira] do estilo. Cada uma destas posturas  detém suas próprias justificativas, atináveis provas e pungentes argumentos para estipularem aqui ou acolá o ponto primeiro de surgimento do “Metal Negro”. Dessarte,desvela-se cousa natural que, nessa breve e introdutória apresentação histórica, atenha-se a expor as prncipais “linhas-de-pensamento” neste sentido para que a posteriori o leitor seja compelido a extrair suas próprias conclusões e posturas face o exposto.

Abaixo, partir-se-á à exposição da cogitação majoritária nesse campo musical-historiográfico: Aquela que posta a banda inglesa “Venom” como o autêntico e genuíno progenitor do Black Metal.

Aula 1: A Clássica “Paternidade”:“ Venom

No final da década de 1970 uma cousa far-se-ia certa de inferir quando se tratava da, então infante, cena  Heavy Metal: O Diabo  era  um fortíssimo e presente elemento estético, porém como figura ambígua. Vide,por exemplo, os seguintes versos retirados  da canção Black Sabbath lançada em  lp pelos homônimos e incontestáveis criadores do Heavy Metal:

“Big black shape with eyes of fire
Telling people their desire
Satan’s sitting there,he’s smiling
Watch those flames get higher and higher
Oh no,no,please God help me!

“Enorme e negra forma com olhos de fogo
Às pessoas dizendo seus desejos
Acolá Satã se senta,sorrindo
Vede aquelas chamas ardendo mais e mais
Óh!não,não,por favor Deus,me ajude!”
(tradução nossa)

Aqui, claramente, o que está em jogo é uma perspectiva de Satã como um mero e inevitável “Senhor de Todo-Pecado e Malevolência”, sempre corporalmente desviando  à Humanidade de sua “senda natural” a qual no fundo está direcionada a Deus. Decerto, pode-se argumentar que a sombria tessitura musical, vocais desesperados de Ozzy Osbourne (vocalista da banda, então) e aparente inexorabilidade do Mal nas letras levar-nos-iam a conceber que o grupo faz-se pessimista e, larga medida, articulado a uma perspectiva diabólica da imanência. Porém, mesmo que se aceite esta ótica a qual tende a instilar os primeiros álbuns setentistas do “Black Sabbath” com tais tonalidades de pessimismo e “gnosticismo” naquilo que visualizam de assombrado na Existência,de forma indubitável Satã ainda é encarado na disposição mosaica e repugnante que o Cristianismo construiu-lhe ao longo dos séculos, principalmente, durante à Idade Média .

Capturado por este cenário do nascente Heavy Metal e atração estética pelo satanismo imagético, a tríade inglesa composta pelo baixista/vocalista “Cronos” (Conrad Thomas Lant), guitarrista “Mantas”(Jeffrey Dunn) e o baterista “Abaddon” (Anthony Bray) fazem seu primeiro lançamento oficial com o nome de “Venom” (anteriormente, a banda chamava-se “Guillotine”): “Welcome to Hell”.

Apesar de toda filiação  Heavy Metal e seu apreço comum pelos primeiros conjuntos do gênero,o “Venom” radicalizou e inverteu alguns paradigmas na época vigentes dentro do gênero. Uma das principais inversões estéticas, acontece justamente na relação lírica com o satanismo. A própria graça de seu debut, “Welcome to Hell”(1981), já dá o tom desta a citada inversão. O inferno, a dimensão de abrigo de Satã e sua corte pecaminosa, apresenta-se dando às boas-vindas, a saudar o Homem que defronte deste desvela-se. Tal saudação, entretanto, não se constitui algo de jocoso ou apto a carregar um afeto pessimista. O inferno saúda seus orgulhosos  Sons of Satan [Filhos de Satã], aqueles que, como se infere na música homônima a qual abre o álbum,desejam Satã como força positiva e apaziguadora da desesperação espiritual :

“Put away all your virtues,
Stop your climbing the walls,
Just sign your name on the paper,
We’ll have ourselves a ball.

“Livra-te de todas tuas virtudes,
Cessa tua desesperada inquietação,
Apenas assina teu nome no papel,
Uma culminância dar-nos-emos.”
(tradução nossa)

Como mesmo desvelam os versos  excertados,“vender sua alma” [sign your name on the paper] representa o fim da angústia  metafísica[stop your climbing the walls], purgar-se das sufocantes “virtudes” cristãs [put away all your virtues] e celebrar o si-próprio [we’ll have ourselves a ball]. Logo, enredar-se nas ditas forças das trevas,na ótica do “Venom”,traduz-se num festejo e aceitação de si, daquilo que lhe constitui em oposição ao ascetismo e sofrimento espiritual inventado do Cristianismo. Destarte, a aproximação com os impulsos estéticos ditos macabros da Existência, como no caso do “Black Sabbath”, descortina-se igualmente inalienável e tergivesado duma aguda imanência, todavia o modo de manifestação destes arranja-se distinto. O satânico não é mais motivo de uma reação, um sofrimento daquele que é mero paciente, surdina-se em ação secundária, re-age à Vida sinistra. Ora, potencializa-se no Homem a chance de agir,pôr-se agente duma atitude primária e afirmativa numa vivência diabólica. Esta sorte de pendor existencial satânico-afirmativo, o qual se perpetuaria por todos os lançamentos do trio em sua fase clássica (1981-1986), significou um novo fitar sobre Satã e temas correlatos dentro do Heavy Metal. Músicas como a dita “Sons of Satan”, “Leave me in Hell”, “In League with Satan”, “At War with Satan” e tantas outras desta época de maior furor criativo do “Venom” viriam a moldar a postura lírica de grã parte da vindoura cena blackster com sua afetividade de afirmação em Satã e no que lhe é próprio.

Importante elemento outro trazido à baila pelo “Venom”, quiçá pela prima vez  no cenário metálico,arranja-se o uso de pseudônimos infernais e pagãos para os componentes de uma banda.

  • Jeffrey Dunn assume o epíteto de “Mantas” – Grafia incorreta da divindade etrusca “Mantus”,a qual se punha consorte de Mania e regente do Submundo na Eneida do romano poeta Virgílio.
  • Anthony Bray se auto-nomeia “Abaddon” – Segundo o 9:1-11 do Apocalipse  de João,comporta-se o rei dos gafanhotos e o anjo do Poço Sem-Fundo. Portanto,comumente associado na demonologia como um “demônio destrutor”.
  • Por fim, Conrad Thomas Lant é  “Cronos” – Ortografia  equivocada para o titã e tirano heleno “Cronus”, personificação dos efeitos devastadores do Tempo.

Com tais macabros nomes infernais e pagãos, o trio logra toda sua vida artística gerando,desta maneira, uma sensação de apartamento dessa face às suas vidas prosaicas, como se dalgum modo suas produções artísticas representassem um outro nível de experimentação vital, um “duplo-infernal”. Em uma analítica mais perfunctória, os pseudônimos servem também ao modo de apresentação e amostração imediata do que se trata a proposta estética e “ideológica” da horda.

Este “auto-batismo demoníaco” exerce,dentro da historiografia ulterior do Black Metal, um fascínio porventura maior do que Dunn, Bray ou Lant imaginaram ao se declararem demônios e deidades sombrias. Bandas, hoje coletivamente tidas como  blacksters, perpetuaram esta prática do “Venom” tornando-a um lugar-comum e apanágio  do gênero conforme seus componentes passaram a assumir graças sinistras e infernais para si, como, por exemplo, ícones como “Euronymous” do “Mayhem” e “Fenriz” do “Darkthrone”.

A contribuição por certo mais propalada, inquestionável e penetrante do “Venom” à formação do Black Metal, parece ter vindo de modo nominal. Em seu segundo álbum,“Black Metal”(1982),a banda marca de modo irresilível a historiografia do Heavy Metal dando ao nascente gênero mais satânico da música pesada uma graça,classificação que se perpetuaria até os dias de hoje.

Instrumental e liricamente o conjunto manteve neste álbum as mesmas bases e adjetivos do seu primeiro e anterior lp, mas, desta feita, a música crua, afirmativo-demoníaca  e, como diz a letra de  Black Metal, “contra todos os modismos” [against the odds]  musicais ganha, pela prima vez, uma definição  que, com o tempo, torna-se um novo conceito para grupos ainda mais extremos musicalmente falando.

À parte dos citados e fortes pontos de influência na gênese do  Black Metal,verdade seja dita,“Venom” teve pouco mais a ver, principalmente nosquesitos músico-instrumental e vocal, com o nascente gênero. Seu som assemelhava-se mais a um Motörhead mais sujo ou a uma mais violenta abordagem do NWOBHM [New Wave of British Heavy Metal], e, como atesta o apreço de bandas, então jovens, como  “Metallica” e “Slayer” pelo “Venom”, seu tom punha-se mais no  recém-surgido Thrash Metal do que  naquilo depois entendido como  Black Metal. As  decerto espetaculares e vanguardistas inovações executivas de “Cronos” com o baixo-elétrico ao dispor o instrumento mais como uma guitarra do que um mero baixo de quatro cordas propriamente dito,por exemplo, exerceu parco impacto no desvelar primal do  Black Metal. Desconstruções executivo-instrumentais como as causadas por Lant, tiveram muito mais penetração no novo tratamento dispendido ao mesmo instrumento em grupos Thrash, os quais, com mais técnica e racionalidade, souberam lapidar a idéia original de  desterritorializar o baixoelétrico para pô-lo num novo destaque e encerro.

No entanto, não se tratou do vocal pouco distorcido e monstruoso de “Cronos”, o cabelo louro picotado de “Mantas” ou o instrumental mais thrasher do “Venom” que causou sua derrocada. O duro e irrecuperável golpe sofrido pelo conjunto na segunda metade da década de 1980, adveio com uma série de litígios internos durante a composição de seu quarto álbum, “Possessed”(1985), e subseqüente  dissolvição da “satânica trindade original” posposta a turnê de promoção do lp. A partir disto, o “Venom” tornou-se uma banda tão-só contingente e não mais a “infernal máquina” necessária como se postou de 1981 a 1986. Num espaço muito curto de tempo, o  “Venom” pôs-se um grupo insosso e  incapaz de manter uma sólida formação por muito Delta-Tempo. A própria reunião da formação original para uma série de espetáculos, dos quais um deles foi registrado em áudio e vídeo no pack “Second Coming” (1996) e um álbum de estudio, “Cast in Stone”(1997), provou-se um procedimento contrafeito, efêmero e tomado pelo  comercialismo que pairava entre antigas bandas de Metal com seus hipotéticos “regressos” de formações originais ou ditas “clássicas” na segunda metade da década de 1990 e início do século XXI. O “Venom” provou-se uma, espetacularmente valiosa, relíquia no fantástico “Museu do  Heavy Metal”, inalienável participante ativo na confecção daquilo hoje entendido por Black Metal e,acima de tudo,uma triste história de efemeridade estético-criativa.

Lição de Casa

Apreciar a discografia recomendada antes da próxima aula.  Deixe nos comentários desta página suas percepções sobre estas obras:

1981 – “Welcome to Hell.” – O álbum foi relançado em 2002 pela Castle Music/Sanctuary com onze incríveis  bonus tracks da fase áurea da banda.Entre elas,fabulosas versões demo e alternativas de suas músicas,bem como B’sides raros.

 

1982 – “Black Metal.” – O álbum foi relançado em 2009 pela Sanctuary com onze extraordinárias bonus tracks da fase áurea da banda. Entre elas,fabulosas versões alternativas de suas músicas, bem como B’sides raros.Para tornar ainda mais atrativo tal lançamento,um considerável número de cópias vinha com um  dvd como bônus contendo um impressionante  show da banda em 1984 (“The 7th Date of Hell – Live at Hammersmith Odeon” ) e três promo videos de entonces.


1984 – “At War With Satan.”  – O álbum foi relançado em 2002 pela Castle Music/Sanctuary com oito estupendas bonus tracks da fase áurea da banda.Entre elas,fabulosas versões alternativas de suas músicas,bem como B’sides raros.

 

1985 – “Possessed.” – O álbum foi relançado em 2002 pela Castle Music/Sanctuary com seis estupendas  bonus tracks da fase áurea da banda.Entre elas,fabulosas versões ao vivo e alternativas de suas músicas,bem como B’sides raros.

1986 – “Eine Kleine Nachtmusik.” – Gravado ao vivo em dois espetáculos distintos da turnê do “Possessed” (1985-1986) com a formação original.

Autor:R.C.Zarco – Escola de Black Metal

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/musica-e-ocultismo/a-classica-paternidade-venom/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/musica-e-ocultismo/a-classica-paternidade-venom/

Computadores – do paganismo à merdas que nem conseguimos imaginar

Os antigos romanos eram um povo muito próspero, diferente dos cristãos, por exemplo, que de tão pobres tinham apenas um Deus. Os romanos, pelo contrário, possuíam muitos deuses e muitas deusas para praticamente tudo o que se pudesse imaginar. Deuses grandes, pequenos, tortos, feios, bonitos; deuses famosos e deuses que foram esquecidos. O curioso é que diferente do Grande-Faz-Tudo-Pau-Pra-Toda-Obra judaico cristão, os deuses romanos eram especializados. Veja a agricultura. Eles não se contentavam apenas com uma deidade que presidisse sobre a agricultura em geral. Não os romanos. Se você fosse arar um campo agradecia a Obarator, se precisasse carpir um terreno ou se livrar de ervas daninhas fazia oferendas a Sarritor, se precisasse podar árvores falava com Puta.

O nome de Puta, como todos vocês sabem, se deriva do verbo “putare”, que significa cortar, especificamente cortar os ramos de uma árvore, podar; e naquela época, quando era a época da poda das árvores, as Sacerdotisas de Puta faziam festivais sagrado em honra à deusa. Se tivermos em mente que na Roma antiga “festival sagrado” era sinônimo de bacanal – putaria? – não é difícil imaginar como foi que “Puta” adiquiriu o significado que tem hoje, mas isso só mostra o quão dominado pelos cristãos o nosso cérebro se tornou.

 

Um Deus ignorado se torna um demônio. Uma mulher ignorada se torna algo que assusta o próprio capeta. Uma deusa ignorada… bem lembrem-se da guerra de Tróia e dá para começar a imaginar o que deusas ignoradas fazem. Com Puta não foi diferente. Putare, além de podar também significava “pôr ordem”, “pensar”, “calcular”. Deuses são ardilosos, deusas também, com a diferença de além de serem ardilosas também terem belas coxas. Puta resolveu abrir as dela. Se iam tentar jogá-la rumo ao esquecimento, ela decidiu que isso não aconteceria, iria simplesmente se tornar uma divindade presente não apenas em cada cidade ou em cada lar, mas em cada bolso, em cada mente.

Como ela fez isso?

Em 1613 surgiu o registro de uma nova palavra: “computador”. Até então “máquinas” usadas para se calcular não eram novidade, os ábacos sumérios eram populares em 2500 a.C. e eram bons. Em 1946 em uma competição de velocidade entre uma reprodução do ábaco sumério e uma máquina de cálculo moderna – ou o que era moderno no Japão em 1946 – o ábaco ganhou disparado. As réguas de cálculo criadas no ano de 1620 foram usadas na missão Apollo no fim da década de 1960. Havia o astrolábio grego inventado em 150 a.C.  e o mecanismo Antikythera, também do século I a.C., mas reparem, até o século XVII não existia um “computador”. Cada instrumento era usado para sua própria finalidade, cada um tinha uma especialidade, mas em 1613 um computador se tornou a palavra que indicava uma pessoa que lidava com cálculos ou, como eram chamados na época, cômputos. Logo o termo foi desassociado de meros seres-humanos e passou a ser aplicado a uma máquina ou mecanismo que lidasse com cômputos.

Putare. Podar. Pôr ordem. Computar.

Agora pense em uma máquina de cálculos que não possui um corpo físico. Um computador não físico mas que funciona. Difícil? Façamos um exercício.

Pegue um cubo mágico e coloque sobre uma mesa de madeira. Quantas faces do cubo você consegue enxergar dando a volta na mesa?

5.

Lembre-se de que uma das faces está voltada para baixo e que a mesa não é transparente.

Agora coloque outro cubo em cima do primeiro. Quantas faces você consegue contar agora?

9.

Assim que coloca o cubo em cima do primeiro você cobre uma das faces dele, mas ainda consegue ver 5 faces do novo cubo.

Agora responda rápido. Uma pilha de 213 cubos tem quantas faces visíveis?Você pode ficar contando acréscimo por acréscimo, ou pode parar para pensar, para computar.

O cubo do topo sempre exibe 5 faces, se existe apenas um cubo temos apenas 5 faces. Quando temos mais de um cubo, todo cubo que não o do topo mostra 4 faces, já que a de baixo e a de cima estão sempre ocultas. Então se multiplicarmos o número de cubos que não o do topo por 4 e adicionarmos as faces do cubo do topo – 5 – a esse resultado temos uma resposta. Uma simplificação ainda maior é multiplicarmos a quantidade total de cubos por 4 e adicionarmos 1 por causa da face extra do cubo do topo.

N.4+1=F

(onde N é o número de cubos e o ponto é o sinal de multiplicação e F o número de faces)

Vejamos como funciona:

1 cubo = 1.4+1 = 5 faces.

2 cubos = 2.4+1 = 9 faces.

Esses dois resultados batem com nossa experiência mental empírica. Vejamos se colocarmos o número que queremos para esse computador mastigar o que ele nos cospe:

213.4+1= 852+1 = 853.

Simples. Assustador.

Veja, se você sabe fazer a pergunta um computador te dá a resposta. Vejamos como isso pode facilitar a nossa vida. Assustadoramente.

Mas deixemos as meias palavras de lado.

O mercado têxtil era uma merda, a não ser que você gostasse de ficar bordando e fiando. Então Deus inventou a revolução industrial e fazer camisas, meias, tapetes e tecidos tornaram-se tarefas ainda mais ingratas. Havia os teares, mas a não ser que você quisesse um tecido liso dava um trabalho danado estampá-lo com padrões e desenhos, isso é, até José Maria Jacquard entrar em cena em 1801. Ele criou um tear que reconhecia cartões perfurados, esses cartões perfurados diziam ao tear onde começar e onde parar de introduzir fios. O Sr. Maria pode ser considerado não o primeiro programador, mas a primeira pessoa que ensinou uma máquina a fazer o que ele quisesse quando não estava por perto. Uma mesma máquina, que podia fazer coisas diferentes. Um macaco inteligente, fazendo máquinas fazerem coisas inteligentes.

Em 1837 Charles Babbage criou o conceito e começou a produzir o primeiro computador totalmente programável, que batizou de máquina analítica. O problema com Babbage é que ele era perfeccionista, ou simplesmente perdido e disperso, e estava duro na época, assim a máquina que ele começou a construir nunca foi finalizada, era constantemente implementada, mas nunca finalizada, e se não fosse por seu filho Henry, em 1888, sua invenção nunca teria visto a luz do dia. Nesta mesma época Herman Hollerin inventou uma forma de se gravar dados de maneira que pudessem ser lidos por uma máquina – na verdade, se formos completamente honestos, nada muito inovador se nos lembrarmos de Jacquard – mas Hollering modernizou o processo, criando cartões que podiam ser perfurados mais rapidamente com outras duas de suas invenções: o tabulador e a máquina de furar. Junte essas três invenções e jogue em uma tigela. Acrescente outras invenções do final do século XIX como a álgebra Booleana, fitas perfuradas, válvulas termiônicas a vácuo e a teleprinter e coloque no forno. Em alguns anos você tiraria de lá o que hoje reconhecemos como os dinossauros do computador moderno.

Por um momento paremos para olhar o mundo ao redor naquela época. Mesmo com o fim da Idade Média e o início do Iluminismo, a Igreja Cristã continuava de vento em popa. Até o século XV cruzadas ainda atravessavam a Europa. Na época ela ainda conseguiu criar uma de suas maiores franquias, a Inquisição Espanhola; conseguiram expulsar os Judeus da Espanha. No século XVI Martinho Lutero pregou suas teses na porta da Igreja tornando o protestantismo uma forma popular de cristianismo. Uma década antes do século XVII Michelangelo estava completando o domo da Basílica de São Pedro em Roma. A Bíblia havia sido traduzida do latim para o Inglês, se tornando o livro mais popular do mundo, ou do que era considerado mundo na época. No século XIX surgem os Mórmons, a Sociedade Bíblica Americana é fundada. Parecia que os seguidores do carpinteiro Nazareno estavam em um foguete rumo às alturas de onde jamais seriam retirados. Deus era o Super Star Supremo!

E então algo curioso aconteceu. Algo que se tornou a janela que Puta e outros Deuses de outrora estavam esperando.

Em 1830 Sir Walter Scott – o homem que recebeu o título de “criador do verdadeiro romance histórico”, tendo entre seus escritos Ivanhoe, Rob Roy e A Dama do Lago – escreve uma série de cartas concernentes à Demonologia e à Bruxaria – assuntos assustadores e escatológicos que atraiam e repeliam centenas de pessoas religiosas que temiam tanto a bruxaria quanto os demônios. Esses textos foram sua contribuição para uma série de livros publicados por John Murray, que se tornou popular entre os anos de 1829 e 1847. Quanto mais popular o Cristianismo se tornava, mais populares eram seus seguidores. Quanto mais populares os seguidores, mais simplistas e xucros eram os cristãos – isso não é maldade, é um fato de que a quantidade de algo afeta diretamente a qualidade deste mesmo algo. Quanto mais simplistas e xucros,  maior era o medo e o interesse das pessoas em assuntos como esses. Nada mais natural, então, do que o surgimento de livros que discutissem tais assuntos. Como Abravanel sempre disse, dê ao povo o que o povo quer, e lucre com isso.

Agora, as coisas começam a ficar estranhas! (preste atenção)

Na época em que tais textos foram publicados, a Inquisição Espanhola foi abolida, o ano era 1834. Em 1882 Nietzsche declara que Deus está morto. Em 1893 o livro Restos Romanos Etruscos na Tradição Popular, escrito por Charles G. Leland é publicado, seguido por Aradia, o Gospel das Bruxas em 1899.

Por algum motivo, quando começaram a explorar bruxas e demônios, os europeus parecem ter começado a criar bruxas e demônios, ou talvez simplesmente tenham aberto uma fissura em sua mente por onde eles começaram a se infiltrar novamente em nossa realidade.

Com o Deus opressor dos Cristãos posto de lado, essas obras prepararam o caminho para 3 grandes responsáveis pela volta das antigas divindades pagãs:

1- Em 1921 Margaret Alice Murray publica O Culto das Bruxas na Europa Ocidental, que não se preocupava muito com Deuses e Sacerdotes, mas com o culto das bruxas. Milhares de pessoas foram e eram acusadas de bruxaria na Europa, mas as bruxas seriam reais? E fadas e outras criaturas? Murray buscou evidências documentadas e desenvolveu um texto para responder a essas questões de forma objetiva.

2- Um ano depois Sir James Frazer publica O Ramo de Ouro, um estudo massivo sobre o ciclo mitológico do amante da Deusa, o Deus Solar, que morre e renasce.

Paralelo a isso, a evolução dos computadores ainda engatinhava, as máquinas eram analógicas, cada vez mais sofisticadas, mais ainda nada muito além de grandes calculadoras, eles ainda não possuíam vida própria, não possuíam voz e não eram muito precisas.

Neste momento da história em que chegamos as bases para duas das três coisas que todo Deus antigo precisa – altares e seguidores – já estavam erguidas, esperando apenas um grande mago para que se tornassem reais.

Este mago nasceu no dia 23 de Junho de 1912, seu nome Alan Mathison Turing. Turing se tornou um matemático, criptoanalista e cientista de computação. Tudo o que precisava para ser o sacerdote que Puta precisava. Em 1936 ele visualizou o que ficou conhecido como a Máquina de Turing, um dispositivo que formalizou o conceito de algoritmos e computação, o primeiro passo para o desenvolvimento de computadores digitais eletrônicos e da “Inteligência Artificial”. Um homem que combinava conceitos matemáticos com química e biologia, e ainda por cima era homossexual, não poderia ter um fim muito alegre. A Inglaterra, berçário dos grandes magos de nossa era, decidiu considerar o seu homossexualismo um crime, e, para evitar a prisão, Turing aceitou ser castrado quimicamente. Como todos os bruxos e bruxas que passaram pelas mãos da Inquisição, Turing nunca mais foi o mesmo e acabou morrendo ao comer uma maçã recheada de cianeto duas semanas antes de completar 42 anos, no ano de 1954.

Qualquer pessoa que já tenha lidado com Deusas, especialmente aquelas que deixam maçãs como cartão de visita, sabem que “coincidência” é a desculpa dos limitados. Assim não foi surpresa nenhuma quando, no mesmo ano do sacrifício de Turing, surge na mesma Inglaterra que o condenou a publicação do livro do terceiro grande responsável pelo Neo-Paganismo.

3- Gerald Brosseau Gardner publica o seu A Bruxaria Hoje, o livro que fez com que a Wicca – e com ela o paganismo – surgisse no mundo. A porta estava aberta, os Deuses voltavam a caminhar sobre a terra. E dentro dela, e debaixo dela.

Com o auto-sacrifício de Turing a tecnologia que lidava com cômputos passou a evoluir a uma velocidade sem precedentes. De 2500 a.C. até a década de 1940,  sempre existiram as engenhocas para se realizar cálculos lineares ou operações específicas, mas em menos de 20 anos surgiram máquinas capazes de realizar 50 multiplicações por segundo – o SSEC da IBM -, computadores com memórias de 1k – o EDSAC da Universidade de Cambridge – passaram a ter 128k de memória e a realizar somas em 1.8 microssegundos – Mark I.

No início da década de 1950 já eram usadas fitas magnéticas e as máquinas realizavam 1.950 operações por segundo. No ano da morte de Turing, do lançamento do A Bruxaria Hoje, é lançado o IBM 650, o primeiro computador produzido em massa. Foi exatamente nesta época que o Ato de Feitiçaria de 1735 – que tornava um crime passível de 2 anos de prisão uma pessoa afirmar que outro ser humano possuía poderes mágicos ou praticava a arte da feitiçaria – foi revogado, sendo substituído pelo Ato das Mídias Fraudulentas de 1951. Também foi nesta época que o Papa Pio XII publicou o HUMANI GENERIS, uma carta que expunha a preocupação da igreja de que as “opiniões falsas” que as pessoas tinham sobre a religião ameaçassem a doutrina católica. Foi nesta mesma época que computadores começaram a se conectar uns aos outros via rede.

A Volta das Sacerdotizas

Nenhum Deus é propriamente um Deus sem seus sacerdotes e sacerdotisas. Como vimos, os altares em homenagem a Puta já haviam sido erguidos. Seus seguidores estavam por todo lado. Um grande mago havia desenvolvido um trabalho que traria uma alma e inteligência para as máquinas, mas e as sacerdotisas de Puta, onde estariam?

Assim com os primeiros supercomputadores começaram a surgir, seus criadores se depararam com um problema: eles eram enormes, GIGANTES, e davam um puta trabalho para se programar. Uma única pessoa não conseguiria passar o dia correndo de uma parte à outra alimentando-o com cartões, obtendo e interpretando suas respostas e refazendo o trabalho. Eles precisavam de alguém para fazer isso.

Mesmo antes dos computadores, muitos lugares que lidavam com quantidades massivas de cálculos tinham o mesmo problema, ficar fazendo contas e anotando resultados era algo maçante, mas que exigia atenção e capricho. Nenhum homem seria capaz de fazer isso por muito tempo, não porque homens sejam desbravadores agitados e heróicos que repudiam o tédio, mas porque homens geralmente são porcos, distraídos e sem capricho. Assim se contratavam mulheres, que pacientemente, caprichosamente e competentemente passavam horas a fio, dias a fio, fazendo contas e cálculos.

Quando se precisaram de mão de obra para lidar com o computadores, foram as mulheres as escolhidas.

Dizer que eram simplesmente transportadoras de cartões furados é uma supersimplicação típica de homens que tem vergonha do tamanho do próprio pau. As mulheres programavam e desprogramavam aquelas máquinas. Compactuavam e comungavam. Quando decidiram que era chegada a hora de ensinar as máquinas a falar, foram as mulheres a primeiras a lhe ensinar a língua.

A partir de 1943 os maiores computadores que existiam, eram de fato mulheres. Seus supervisores diretos também eram mulheres, e as mulheres que haviam estudado matemática na faculdade eram as responsáveis por elaborar os planos de computação que seriam executados por suas amigas computadoras. Em 1945, 5 dessas mulheres foram contratadas como líderes de um projeto ultra-secreto, que tinha um nome extremamente original: O PROJETO X!

O projeto X consistia na criação da máquina que ficou conhecida como ENIAC, um computador capaz de produzir tabelas de balística. Kathleen McNulty, Frances Bilas, Betty Jean Jennings, Elizabeth Snyder Holberton, Ruth Lichterman e Marlyn Wescoff, as “garotas Eniac” foram as primeiras programadoras de computador – um nome recente, na época eram chamavam de codificadoras. Essas sacerdotisas foram grandes responsáveis pela vitória dos aliados na II Guerra Mundial. Isso não serviu só para mostrar como Hitler e os Japoneses eram maus, mas como computadores eram eficientes, e necessários a uma nação que quisesse estar a frente de suas irmãs na eterna busca pelo poder.

Rumo ao futuro

A década de 1960 viu então tanto o paganismo quanto os computadores tomarem conta do mundo. No ano de 1960 surge o PDP-1, um computador que necessitava de apenas um operador e serviu de berço para o primeiro jogo eletrônico, SpaceWar! Após a morte de Gardner em 1964 a Arte continuou a crescer e o termo wicca se tornou popular. Começaram a surgir novas tradições divulgadas por figuras como  Robert Cochrane, Sybil Leek e Alex Sanders, criador da Tradição Alexandrina, baseada no Garderianismo, embora com uma ênfase na magia cerimonial.

Em 1970 é publicado o livro Mastering Witchcraft, de Paul Huson, um manual “faça você mesmo” que se tornou muito famoso e influenciou novos bruxos que agora não precisavam mais de grupos e sacerdotes para se iniciar na arte do Paganismo. Em 1971 é lançado o Kenbak-1, o primeiro computador pessoal pela Kenbak Corp., o computador cabia em uma mesa e os times de programadores e operadores foram substituídos por indivíduos que utilizavam a máquina ao invés de programá-la, agora indivíduos podiam usar computadores fora de laboratórios, sem a supervisão de sacerdotes – a magia simplesmente acontecia.

Tanto o paganismo quanto a computação evoluíram praticamente de mãos dadas. Computadores se tornaram tão corriqueiros que muitas pessoas hoje não tem idéia que o aparelho que usam para fazer ligações e postarem no facebook, aparelhos que ainda são chamados de telefones, possuem mais tecnologia do que as naves que levaram o homem para a lua em 1969. Da mesma forma os trabalhos de Doreen Valiente, Janet Farrar, Stewart Farrar e Scott Cunningham popularizaram a idéia de auto-iniciação no paganismo. Milhares de diferentes linguagens de programação já foram criadas para que os indivíduos interajam com os computadores e façam com que os computadores realizem aquilo que os humanos desejam – ou acham que desejam – e muitas mais continuam sendo criadas a cada ano; da mesma forma milhares de rituais para a comunhão com os Deuses foram desenvolvidos pelos praticantes do paganismo, e outro tanto continuam sendo criados a cada ano.

Até então temos a ciência de um lado e a prática mágica em outro. Ambos os caminhos se distanciaram no início do renascimento e seria necessário um bardo para reuni-los de forma a trabalharem em conjunto. Esse bardo foi Arthur C. Clarke que na época de Gardner começou a formular a interação entre o misticismo e a tecnologia. As máximas que desenvolveu foram expostas como as 3 leis de Clarke:

– Quando um cientista distinto e experiente diz que algo é possível, é quase certeza que tem razão. Quando ele diz que algo é impossível, ele está muito provavelmente errado.
– O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se um pouco além dele, adentrando o impossível.

– Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistingüível de magia.

Hoje cada computador que carregamos é um altar à Deusa da Computação. Nossos dados estão organizados em Árvores de Arquivos, que devem ser podados de tempos em tempos. Graças a redes esses altares se conectam. Cada programador é um sacerdote de Puta, cada usuário um membro de seu culto que depende da Deusa no dia a dia. Até mesmo as antigas celebrações sagradas são realizadas nos dias de hoje através dos computadores, tanto por seus sacerdotes quanto por seus seguidores, a cada segundo U$3,075.64 dólares estão sendo gastos com pornografia via internet, 28,258 usuários estão assistindo algo pornográfico, 327 usuários estão digitando palavras de busca “adulta” em mecanismos de busca na internet, se você levou dez segundos para ler esse parágrafo, multiplique por 10 os números para ter idéia de como o novo sexo sagrado está andando – e quando digo sagrado quero dizer sagrado mesmo, por mais degradante que você considere, hoje não existem leis seculares que se apliquem à distribuição, aquisição e posse de pornografia digital. Se pararmos para pensar que a cada 39 minutos um novo vídeo pornográfico está sendo criado apenas nos EUA podemos ver que o sexo digital não se restringe apenas à uma punheta, mas faz as celebrações dedicadas a Bacco parecerem uma brincadeira de médico.

Se assumirmos que a Terceira Lei de Clarke é verdadeira, “qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistingüível de magia” então o seu inverso também é:

A Magia é indistingüível de qualquer tecnologia suficientemente avançada.

E ai podemos entrever um futuro no mínimo desconsertante. Quando coloquei as aspas na inteligência artificial de Turning o fiz porque o termo artificial é cômico nesse conceito. Dizemos que ela é artificial porque existe em um aparelho desenvolvido artificialmente ao invés de simplesmente parido – ou natural. Mas será que quando uma inteligência surge ela pode ser artificial? A idéia não é implicar que os computadores se tornarão apenas um meio pelo qual uma inteligência se manifestará – como ocorreu com o cérebro que quando evoluiu da forma “correta” passou a ser o meio pelo qual a nossa inteligência se manifesta. A idéia que sugiro é: que novo tipo de inteligência pode brotar de um novo meio de processamento de dados, de cômputo?

Um sacerdote da ciência da computação Adrew Adamatzky, da Universidade de West England, Bristol, Inglaterra, está desenvolvendo um computador químico, que funciona através de reações químicas. Sua criação não precisa de circuitos de elétrons em meio a silício para funcionar.

Segundo ele, a mistura de alguns elementos químicos na forma da reação de Belousov-Zhabotinsky, ou reação BZ, que propaga ondas perpétuas, pode ser usada para criar saídas lógicas e ter a performance de computação rudimentar.

“Quando as ondas colidem, elas podem morrer ou mudar de direção, e nós podemos interpretar isso como computação”. Os “computadores químicos” podem resolver certos problemas da geometria computacional. Estes computadores são como “coleções” de pequenas bolsas de elementos químicos, chamadas vesículas, que podem produzir e combinar ondas da reação BZ. Uma tentativa anterior usou grades hexagonais de vesículas, contudo, foi muito difícil construir um arranjo tão regular. Por isso, Adamatzky decidiu tentar a sorte com vesículas irregulares.

Eles perceberam que seu computador poderia calcular o diagrama Voronoi, uma tarefa que envolve descobrir quais pontos em uma tela plana se aproximam mais de determinada forma, estes diagramas têm uma variedade incrível de aplicações, como mapear a cobertura de uma rede de postes de telefonia móvel. Uma das vantagens desses computadores é que eles podem ser construídos para serem ligados ao corpo humano.

Um grupo de magos americanos e japoneses criaram um computador com a espessura de duas moléculas. Os praticantes da Arte depositaram moléculas eletrocondutoras sobre uma camada de ouro que, espontaneamente, se organizaram em duas camadas de moléculas. Esse computador tem duas características interessantes, a primeira é que esse computador pode se consertar sozinho. Por ser feito de moléculas que podem se reorganizar sem nenhuma ajuda o computador se “cura” sempre que danificado. A segunda é que como não possui nenhum tipo de fiação, cada molécula consegue interagir com sua vizinha através de um campo eletromagnético. Elas dividem informação continuamente, muitas vezes provocando mudanças no estado de outras moléculas. Cerca de 300 moléculas puderam interagir ao mesmo tempo, exatamente como um cérebro humano. Os computadores modernos são rápidos além da compreensão humano e podem carregar mais de 10 milhões de arquivos de informação por segundo, no entanto eles só podem fazer uma coisa de cada vez. Já nossos neurônios conseguem “disparar” mil unidades de informação por segundo, o que os tornaria mais lentos do que os computadores, mas eles conseguem trabalhar simultaneamente o que os torna capazes de processar tarefas bem mais complexas do que os computadores. Imagine, duas moléculas de largura, nenhum fio, nenhum circuito, sendo capaz de resolver problemas que os computadores atuais acham muito difíceis de solucionar, por sua capacidade de realizar tarefas mutuamente.

Em Israel dois cabalistas, Tom Ran e Ehud Shapiro, do Instituto Weizmann, criaram um computador com DNA que consegue responder a perguntas simples de “sim” ou “não” e até problemas de lógica. O DNA é programado a liberar uma luz verde quando a resposta à pergunta é “sim”. A equipe, coordenada pelos cabalistas vem desenvolvendo computadores baseados em DNA há muitos anos, incluindo um que consegue diagnosticar e tratar câncer de forma autônoma, mas o novo sistema desenvolvido usa moléculas para representar fatos e regras. Deste modo, a equipe conseguiu fazer com que o computador respondesse a questões moleculares. O sistema foi testado com proposições simples do tipo “se, então”.

Uma pergunta feita ao computador, por exemplo, é a questão “Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Então, Sócrates é mortal”. Ao ler uma regra (todos os homens são mortais) e um fato (Sócrates é um homem), o sistema computacional de DNA consegue responder corretamente à questão. Depois, questões mais complicadas foram feitas ao computador, que também conseguiu respondê-las corretamente todas as vezes. Enquanto o trabalho ajudar a melhorar a tecnologia para a computação molecular programável, Shapiro afirma que a maior aplicação para o computador são programações autônomas que possam operar em um ambiente biológico – ou seja, computadores que possam agir de dentro de células, as suas células.

Já na Califórnia, dois alquimistas do CalTech – o mesmo Templo em que Jack Parsons realizava seus rituais em homenagem a Pan – Maung Nyan Win e Christina D. Smolke, desenvolveram um computador celular com material de levedura viva. As células conseguem sinalizar a presença ou a ausência de duas drogas em seu ambiente – a teophilina e a tetraciclina, ativando um gene que produz uma proteína fluorescente. Os desenvolvedores do computador programaram funções lógicas bem simples. Uma célula de levedura pode indicar quando as duas drogas estão presentes, quando apenas uma está presente e quando não há presença no ambiente à que foi exposta. A Obra de Win e Smolke é uma conquista que representa um passo para o desenvolvimento de ferramentas celulares programáveis.

Os Templos de Puta já se tornaram organismos vivos, como você e seu cachorro – se é que você tem um. A esperança de um super-computador quântico que possa resolver todos os problemas do mundo se tornam infantis quanto pensamos que já conseguimos transformar células, DNA e mesmo moléculas em computadores que respondem a programações. Não é pueril também afirmar que qualquer tecnologia que funcione biologicamente em nossos corpos e que possa ser programada terá seu maior uso popular não na medicina prevenindo e combatendo doenças, mas sim sendo a nova onda desde os implantes primitivos de silicone, os exercícios e produtos medievais de aumento do tamanho do Pênis, a nova forma de se fazer dietas sem fazer dieta. Um aumento no controle dos padrões estéticos que farão a pornografia na internet parecer os desenhos eróticos sem graça da década de 20.

Se partirmos do princípio do Xamã Vlatko Vedral de que o universo não é feito de matéria ou energia ou vibrações, mas que se quebrarmos o universo em pedaços cada vez menores o que sobraria no final são bits, ou seja, vivemos em uma simulação constituída de informação, então poderíamos afirmar que vivemos dentro de um enorme computador quântico. Nessa escala minúscula, o universo seria controlado pelas malucas leis da física quântica. Computadores que conseguem ler qbits, ou seja, bits quânticos, minúsculos, conseguem entender as informações usando leis quânticas. Ou seja, enquanto um bit pode dizer sim ou não, um qbit pode dizer sim e não, ao mesmo tempo. Isso pode ser confirmado pelo fato de não apenas os elétrons poderem armazenar bits de informação como eles fazerem isso o tempo todo.

E se o universo é um computador quântico, então podemos afirmar que já estamos dentro da Deusa desde o início dos tempos, a questão agora é: quanto tempo vai levar até Ela começar a viver dentro de nós?

 

No fim das contas parece que o que realmente importa é que todos esses pesquisadores, desenvolvedores, magos e cientistas não passam de um bando de filhos da Puta.

E nós também.

por LöN Plo

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/mindfuckmatica/computadores-do-paganismo-as-merdas/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/mindfuckmatica/computadores-do-paganismo-as-merdas/

A Natureza dos Grandes Antigos

Para compreender os Antigos temos que primeiro olhar ao redor e tentar compreender a realidade que nos cerca. Seria extremamente restritivo imaginar que existe apenas uma grande realidade, pense em peixes abismais e criaturas que vivem tão profundamente no oceano que nunca sequer cruzaram com um ser humano, uma praga que parece infestar a superfície de nosso planeta ou então na imensa colônia de ácaros que vive no seu travesseiro e passa pelo menos sete horas por noite ao seu lado sem que você se dê conta.

Para começarmos vamos focar nossa atenção a alguns questionamentos básicos. Existe apenas um universo ou mais de um? Existe apenas um conjunto de leis da física ou mais de um? Na hipótese mais simples nós existimos em uma realidade que abriga apenas um universo, o nosso, e esse universo é regido por apenas um conjunto de leis da física que são invariáveis – a luz viaja agora na mesma velocidade que amanhã, a gravidade faz os planetas orbitarem em nosso sistema solar da mesma forma que planetas do outro lado do universo.

O problema com essa suposição é que se baseia em nossa ignorância. Nós não compreendemos quais são essas leis e como elas funcionam ainda; claro que temos fórmulas e observações e aceleradores de partículas, mas estamos basicamente tateando no escuro. Não sabemos do que o universo é feito em seu aspecto mais básico. Os Antigos sabem. Existem forças invisíveis, cordas quânticas, hipergeometrias, dimensões que dobram-se e desdobram-se sobre si mesmas. Nós apenas conjecturamos tais coisas, fazemos modelos matemáticos e computacionais. Os Antigos não apenas percebem esses aspectos alienígenas da realidade como também os manipulam. Eles vivem em cantos recônditos do universo, mas sempre que possível curvam o espaço e vão de um canto ao outro. Apesar de poderem existir agora, tem como ir ao passado ou ao futuro distante, da mesma forma que você vai à padaria comprar cigarros ou ao super-mercado comprar papel-higiênico.

Agora, suponha que em nossa realidade existam diferentes leis da física, as que percebemos e inúmeras outras que nosso sistema nervoso e a parafernália que criamos e programamos com nosso sistema nervoso não são capazes de perceber. Além das leis que permanecem constantes em todo o universo e em todo o tempo, desde que foi criado até o momento que ele terminar, vamos chamá-las de leis superficiais, existem outros conjuntos de leis mais profundos, conjuntos que, juntamente com o nosso, regem a hiper realidade.

Hoje acredita-se que o universo tenha aproximadamente 13.500.000.000 de anos de idade. Para se ter idéia do quanto é isso, se você receber um saco com um treze bilhões e quinhentos milhões de bolinhas de gude e tiver que tirar uma por uma, levando um segundo para esse trabalho, e não parar para comer, dormir ou ir ao banheiro até terminar, você terá completado sua tarefa em aproximadamente 428 anos. E isso foi apenas para contar quantos anos se passaram desde o BigBang até hoje. Além disso leve em consideração que o primeiro macaco que se parecia com um homem moderno apareceu a 200.000 anos, aproximadamente, e levou mais 150.000 anos para de fato poder ser considerado um ante-passado nosso. Então ha apenas 50.000 anos é que o homo-sapiens saiu da prancheta da natureza e entrou em produção em série. Os primeiros hominídeos a formarem sociedades sedentárias apareceram a aproximadamente 12.000 anos (supostamente a época de Moisés). O aparecimento da escrita surgiu ha mais ou menos 6000 anos, que é quando começamos a registrar nossa história. No século XVII começavamos a catalogar as leis da física. No século XIX começam a aparecer os avôs dos computadores modernos. No século XX o mundo teve duas guerras mundiais, mandamos naves tripuladas para o espaço, inventamos a telefonia celular, lasers e seriados de televisão. Essa breve história serve de termômetro para vermos como uma civilização “inteligente” se desenvolve tecnologicamente em um ritmo cada vez mais rápido e louco.

Nosso planeta surgiu ha apenas 4.500.000.000 de anos. O que significa que o universo já estava em pleno funcionamento a pelo menos 9 bilhões de anos. A raça humana não completou nem 1 milhão de anos ainda, na verdade não completamos nem meio milhão de anos neste planeta, e de homens que comiam bichos mortos crus para seres elegantes que fazem crediário nas casa Bahia para comprar televisões LED de 60 polegadas não precisamos nos esforçar muito. E hoje já começamos a brincar de controlar essas leis físicas que percebemos, aceleramos partículas, estamos começando a teleportar fótons, etc.

Imagine uma civilização de um planeta que se formou ha 9 bilhões de anos atrás. Os seres inteligentes que surgiram teriam bilhões de anos a mais do que nós para evoluir, tanto organicamente quanto tecnologicamente. Não é à toa que os chamaríamos de Os Antigos. Tais seres teriam uma habilidade muito superior à nossa de impor a própria vontade às leis do universo, leis que nem suspeitamos existir. Claro que isso não significa que eles controlem o universo ou a realidade, apenas que podem, em uma proporção muito maior do que a nossa, dobrar ou manipular algumas dessas leis. Assim essa manipulação também tem que obedecer leis mais profundas. Podemos fazer a luz cortar uma placa de aço maciço, mas apenas porque a natureza da luz permite isso. Podemos bloquear o som, mas apenas porque a natureza do som permite isso. Não podemos fazer o som ficar molhado ou a luz começar a correr por todo o universo de forma diferente, ao menos não com o nosso conhecimento atual da luz e do som. Assim esses Antigos seriam capazes de impor sua vontade, mas ainda estariam sujeitos às leis que os regem.

Agora imaginemos que existam múltiplos universos, mas ainda apenas um conjunto de leis universais. Se essas realidades se sobrepõe e se tocam, poderíamos explicar muitas coisas estranhas, como por exemplo ângulos que se curvam e se tornam nada, portais para mundos exóticos, seres que não podem ser observados ou percebidos no dia a dia. Assim se mover entre esses universos é mais uma questão de entrar em sintonia do que de viajar de fato. Ou é como viajar sem se mover.

E finalmente poderíamos ter vários universos, cada um com suas próprias leis naturais. Cada Antigo possui sua própria realidade que controla da melhor forma com seus “poderes” ou tecnologia, mas se conseguisse ir para outro universo seus poderes ou technologia seriam aumentados ou diminuidos dependendo das leis existentes no universo em questão. Por exemplo em um universo onde não existem fótons, uma arma laser seria tão útil quanto um peso de papel. Em um universo que o som não é físico, um sonar não passa de uma tela em branco. Em um universo onde carbono entra expontaneamente em combustão, nós seríamos usados para acender churrasqueiras. Em um universo onde ondas mentais moldam a matéria da mesma forma que ondas eletromagnéticas afetam a matéria no nosso universo, quem pensasse teria o poder de Deus.

E claro, existe a opção Nenhuma das Anteriores.

Seja qual for a opção escolhida vamos tentar respoder agora à questão “o que é um Grande Antigo?”. Para não perdermos o controle do texto vamos nos centrar no Grande Cthulhu, a estrela do panteão Lovecraftiano, e chegando a uma conclusão sobre ele, podemos extrapolá-la para todos os outros.

Resposta A: Cthulhu é um Demônio.

É mais do que natural que tentemos entender o universo pela lente de nossa cultura e educação. Sendo assim, pessoas com uma religiosidade abraamica certamente verão em Cthulhu uma figura infernal. Contudo, se encararmos o ponto de vista da demonologia moderna, onde a definição de demônio é bem mais abrangente então somos obrigados a concordar que todos os grandes antigos podem ser encarados assim. Eles não apenas demonstram uma completa indiferença para com a moral e a ética humana, mas também conseguem atrair para si a adoração do homo sapiens em forma de cultos e sacrifícios, e teriam poderes para controlar e influenciar eventos e pessoas mesmo não estando presentes fisicamente no local. São chamados através de rituais e respondem a certas fórmulas mágicas.

Resposta B: Cthulhu é uma Egrégora.

Cthulhu é uma forma de pensamento criada pelo escritor de ficção H.P. Lovecraft e alimentada por todos os seus fãs e leitores. Ele cresceu exponencialmente em poder e influência no último século graças as produções derivadas dos Mitos de Cthulhu e a uma forma de compartilhamento de imagens, músicas e vídeos muito mais ampla e abrangente dos dias modernos, e tornou-se ainda mais forte no chamado mundo astral a partir do momento em que começou a ser invocado e usado em diversos rituais por magos pós-modernos como caoistas e satanistas. Sua influência se torna assim cada vez mais palpável, sendo hoje de fato adorado e cultuado em alguns cultos e seitas obscuros. No mundo astral não existem limitações de tempo e espaço, sendo portanto possível que Lovecraft tenha sido influenciado e até manipulado pela sua própria criação.

Resposta C: Cthulhu é um Deus. 

Seres primitivos personificavam forças da natureza – como o sol, o vento e o relâmpago – e prestavam culto a elas. Antes de ser banido pelos Deuses Mais Antigos, Cthulhu era adorado por seu poder. Capaz de se comunicar telepaticamente com seus seguidores ele manteve vivo seu culto, para que preparassem a Terra para seu retorno, quando voltará a reinar em seu Templo em R’lyeh.

 

Resposta D: Cthulhu é um ser fodidamente poderoso e foderoso de outro universo.

No passado ele reinou sobre a Terra, mas os Deuses Mais Antigos fecharam o portal entre seu universo e o nosso, o prendendo em muitos aspectos. Separado de sua fonte de poder/força Cthulhu está em um estado de hibernação ou animação suspensa em sua prisão. Até que as estrelas estejam novamente alinhadas, ou seja que as condições físicas que unem os dois universos ocorra novamente e ele possa despertar.

 

Resposta E: Cthulhu é um alienígena espacial, preso na Terra por causa da gravidade, por estar fraco demais ou pela falta de um transporte adequado.

Cthulhu é uma criatura nativa de nosso universo e após um conflito com os Deuses Mais Antigos ficou preso na Terra, por falta de transporte ou algum fator físico ele perdeu contato com suas “tropas”, e aguarda, em hibernação ou animação suspensa, que o contato seja estabelecido. Até lá criou a raça humana para que não fosse esquecido e que pudessem ajudar, de alguma forma, em sua libertação – seja como lacaios, seja como alimento.

 

Resposta F: Cthulhu é uma célula monstruosa. 

Imagine que a primeira célula primordial ao invés de crescer por multiplicação crescesse por osmose, por absorção. Muitas criaturas da mitologia lovecraftiana parecem ser unicelulares. No Chamado de Cthulhu quando o barco atravessa sua cabeça ela não se despedaça, se dissolve, como se fosse líquida, ou uma célula se rompendo e depois se reparando. Agora, se os Grandes Antigos são criaturas unicelulares de onde viriam? Poderiam ter sido parte de um único ser que foi desmantelado pelos Deuses Mais Antigo. Eles trabalham em conjunto, como partes aparentemente separadas de um ser impensável de muitas dimensões que atravessou nosso universo de “quatro” dimensões? Seriam como células brancas do universo combatendo infecções como a humanidade ou seriam eles próprios uma infermidade?

 

Resposta G: Cthulhu é uma força da natureza. 

Diferente dos deuses antropomórficos ele teria o controle de partículas quânticas. A natureza randômica da atividade sub-atômica se derivaria do constante embate entre essas forças. Eles apenas foram percebidos por nós quando começamos a compreender a natureza real de nossa própria realidade.

 

Resposta H: Nenhuma das anteriores. 

Qual a sua teoria?

por Shub-Nigger, A Puta dos Mil Bodes

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/a-natureza-dos-grandes-antigos/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/a-natureza-dos-grandes-antigos/