Cursos de Hermetismo do final de Ano

Cursos intermediários/avançados de Hermetismo (São Paulo).

15/11 – Runas e Magia Rúnica

16/11 – 72 Nomes de Deus

17/11 – Magia Prática

Informações e inscrições: marcelo@daemon.com.br

Cursos de Hermetismo em Lisboa/Portugal.

23/11 – Kabbalah

24/11 – Qlipoth, a Árvore da Morte

30/11 – Tarot (Arcanos Maiores)

01/12 – Tarot (Arcanos Menores)

Informações e inscrições: cptarot@gmail.com

Em Dezembro (São Paulo)

14/12 – Tarot (Arcanos Maiores)

15/12 – Tarot (Arcanos Menores)

Informações e inscrições: marcelo@daemon.com.br

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cursos-de-hermetismo-do-final-de-ano

Feitiços de Envultamento

Shirlei Massapust

Tomei a liberdade de compilar alguns rituais bizarros somente para estudo folclórico-antropológico. Além de antiéticos, os crimes de perturbação de cerimônia funerária, violação de sepulturas, destruição e vilipêndio a cadáver estão todos tipificados do artigo 209 ao 212 do Código Penal Brasileiro.

Agulha Encantada

Fonte: Livro Vermelho e Negro de São Cipriano (versão de Murzin G Gemwy).

São Cipriano, propositalmente, tornava suas mágicas bem difíceis de preparar, a fim de evitar que caísse na mão de pessoas ignorantes ou mal intencionadas. Hoje, que o povo está mais evoluído, há mais instrução, pode-se publicar as fórmulas mágicas sem aqueles obstáculos propositais.

A mágica da agulha falava em passar uma agulha com um fio de linho galego por três vezes, pela pele da barriga de um defunto. No original grego São Cipriano fala “epiderme” (επιδερμίδα) significando “em cima da pele”. (…) Referia-se pois, São Cipriano à mortalha do defunto e não ao seu corpo. (…) Para fazer esta mágica deve-se oferecer para ajudar a costurar a mortalha ou a roupa de um defunto. Leve uma agulha virgem e use-a para isso. Enquanto costura a peça concentre-se nas seguintes palavras: “Fulano (o nome do morto) esta agulha na tua pele vou passar, para que fique com força de encantar”. Terminado leve a agulha para casa e guarde-a muito bem, pois servirá para muitas mágicas.[1]

Para que um morto nos livre de uma doença

Fonte: Livro do Touro Negro.

Aproximai-vos de um defunto que esteja para ser enterrado, e dizei: “Fulano (dizei o nome do morto), já que estás indo embora, leva contigo esta minha doença (dizei o nome da doença), para que eu dela fique livre, e nunca mais volte a sofrer dela nem de coisa parecida[2].

Trabalho aos pés de um morto para matar alguém

Fonte: O Livro de São Cipriano.

Deve-se dirigir a um cemitério em que esteja acontecendo um velório (…) sendo que de preferência o defunto seja amigo ou conhecido, mas se não o for que saiba-se o nome do mesmo. (…) Aproximando-se do defunto, o que deverá ser feito pelos pés do defunto, finge-se que se está arrumando as flores que por certo estarão cobrindo o cadáver, e com muito cuidado e concentração, mentaliza-se o nome da pessoa que se quer despachar para o “outro mundo” e, com um pedaço de papel branco em que já deverá ter sido escrito o nome completo dessa pessoa, enterra-se no meio das flores. Ao fazê-lo, como se falasse a si próprio, pede-se ao defunto que, ao partir para a eternidade leve com ele a tal pessoa. A seguir dever-se-á dirigir para o lado em que se encontra a cabeça do defunto e, curvando-se como se ao seu ouvido algo fosse dizer, pronuncia-se novamente o nome da pessoa que se quer despachar e pedir, mais uma vez, ao morto, que a leve desta para outra vida. (…) Ao sair dirigi-se imediatamente ao Cruzeiro das Almas e acende-se uma vela preta em homenagem a seu Omulu e pede-se ao mesmo que tome conta da pessoa que se quer despachar.[3]

Circunstância Despenalizadora (Consentimento do Ofendido)

Em 13/10/2012, o Programa do Pedro Augusto, na Rádio Tupi, noticiou uma ocorrência policial inusitada. Logo depois que a mãe de uma mulher chamada Jussara faleceu, a filha escreveu dezessete nomes de desafetos num papel, abriu a boca do cadáver e colocou a lista dentro. As pessoas cujos nomes estavam escritos no feitiço ficaram sabendo e tentaram roubar o cadáver durante o velório para retirar o papel. A polícia impediu e a falecida foi enterrada enquanto as pessoas medrosas tentavam inutilmente explicar para a polícia que colocar o nome de alguém na boca de um cadáver faz com que o inimigo morra… Isso é interessante porque se a mãe, sabendo que ia morrer, deu permissão para a filha fazer isso, não existe crime de vilipêndio a cadáver. É o mesmo caso da pessoa que doa o corpo para autópsia educativa em faculdades de medicina ou para finalidade artística (ao exemplo de certo amante das artes cênicas que só conseguiu realizar o sonho de ser artista de teatro depois da morte, doando o próprio crânio em testamento para fazer o papel do pai de Hamlet).

Diferentemente dos maus tratos a animais, inclusive sapos, que ganharam penalidades severas com o artigo 32 da Lei Federal nº. 9.605/98, o consentimento do moribundo por codicilo ou testamento pode fazer com que não haja crimes de perturbação de cerimônia funerária, violação de sepultura, destruição e vilipêndio a cadáver, todos tipificados do artigo 209 ao 212 do Código Penal Brasileiro. E como o crime de “tentativa de homicídio” não prevê pena para feitiço, logo não existe ato ilícito quando se enterra pessoa que deixa testamento ou codicilo autorizando rituais exóticos.

Outro trabalho ao pé de um morto

Fonte: Mandinga ensinada por Márcia Cristina Neves.

Pegue um boneco de pano ou de cera e o batize em uma cachoeira com o nome da pessoa a ser atingida. Vá ao cemitério, segure o boneco com a mão esquerda e vá espetando alfinetes e agulhas virgens no boneco. A cada parte do boneco que for espetada, deve-se dizer: Com este alfinete estou atingindo fulano na perna, na cabeça e assim por diante. Depois de espetar todas as partes do corpo, enfie uma agulha no coração do boneco e diga as mesmas palavras. A seguir, enterre o boneco aos pés de um defunto fresco e peça a este que o leve com ele.[4]

Trabalho para que todos os mortos persigam alguém

Fonte: Mandinga ensinada por Márcia Cristina Neves.

Obtenha uma amostra do cabelo da vítima, e coloque-a num pequeno caixão. Enterre-o num cemitério. Em três dias a pessoa morrerá.[5]

Exemplos de Casos Concretos

Fonte: Pesquisa de campo de Clarival do Prado Valladares.

O achado mais estranho nessas pesquisas ocorreu no velho cemitério, de cripta, no antigo Convento de São Francisco, de Vila Velha de Alagoas, hoje Deodoro. O cemitério em desuso, com entrada de alçapão pela Capela do Sacramento, consta de uma cripta de cerca de 4 X 6 m em correspondência às dimensões da capela, com carneiros construídos nas paredes laterais e lajes de campas. Sua coberta tem a altura máxima de 2,5 m. Fizemos a documentação fotográfica com um refletor que providencialmente nos serviu para o exame detalhado das inumeráveis inscrições de nomes de pessoas e datas recentes, até de 1965, em letras de imprensa e de uma mesma caligrafia, enchendo totalmente o forro abobadal da cripta. De maneira alguma aquelas inscrições, feitas a fumo de velas, contra o reboco, poderiam corresponder aos nomes dos sepultados. Praticamente todas as datas já estavam fora do seu uso, e nem há sinais nem notícias de sepultamento nestes últimos decênios. Encontramos urnas de restos mortais trasladados, violadas, com os ossos, cabelos e fragmentos de vestes, espalhados sobre um batente.

As freiras que dirigem o educandário instalado no antigo convento franciscano de Deodoro nada sabem informar porque é uma ocorrência antes da presença delas. Em nossa interpretação trata-se de prática de feitiçaria, com uma caligrafia idêntica para várias inscrições, cujos nomes não parecem ser de mortos, mas de indiciados do fetichismo. Nada mais podemos indicar sobre esses achados, ignorados pelas pessoas locais, senão a evidência das fotografias.

No velho Cemitério de N. S. do Rosário (1875), das ruínas de Iguaçu Velha, além da prática de macumba em torno do Cruzeiro, que tem ação votiva e de apelo nas viscitudes dos crentes, há os restos de um luxuoso e impotente jazigo de cerca de cinco metros de altura construído em base de alvenaria revestida de laje de mármore, pedestal e nicho em colunatas de mármore. Próximo deste jazigo encontram-se os restos da base de uma capela-jazigo cuja entrada foi fechada por parede de alvenaria e na qual, posteriormente, se fez uma abertura de 40 X 50 cm. Examinando o interior desta capela-jazigo, com o foco de uma lanterna, encontramos uma quantidade espantosa de objetos de uso pessoal (roupas, cartas, retratos, vidros, terços, etc.) e todas as paredes preenchidas com nomes e datas de pessoas riscadas a carvão, grafite, tinta, e também a fumo de vela. Há uma certa semelhança entre esta observação e aquela outra de Deodoro, de Alagoas. Nossa cautela está em diferenciar a prática ingênua da macumba, em termos de ação votiva e de apelo, com esta outra de caráter de feitiçaria demonológica capaz de atingir a criminalidade do vandalismo, do sacrifício e do infanticídio que não é tão desconhecido do próprio noticiário dos jornais brasileiros.[6]

Trabalho para matar alguém

Fonte: Mandinga compilada pela revista Homem Mito e Magia.

Em 1939, teria chegado mais uma receita, procedente de Illinois, Estados Unidos: “Uma maneira segura de matar um homem é colocar sua imagem sob uma cantoneira do telhado da casa de quem executa o feitiço, durante tempo chuvoso, e deixar que a água pingue sobre ela”.[7]

O Maléfico da Figura de Cera

Fonte: Mandinga ensinada por N. A. Monina.

Pegue um pedaço de cera virgem, amolece-o em água quente, modela então com ele uma figurinha, pensando intensamente nas pessoas que queres enfeitiçar: “Fulano de Tal, à tua semelhança faço esta efígie para que tu fiques amarrado a ela de tal maneira que teu corpo seja seu corpo e o seu seja lugar de todas as sensações”.

Se tens cabelos, algum dente ou aparas de unhas provenientes da pessoa que estás enfeitiçando, põe na figura e, se possuis roupas ou peças interiores usadas pela vítima, faze com elas um vestuário que o relembre quanto seja possível.

Disposta assim a figura, uma noite à hora de Saturno atravessa-a em todos os sentidos, com agulhas ou espinhos envenenados, cobre-a de injúrias e maldições em nome de Guland, imaginando firmemente que tens à tua frente a mesma pessoa de corpo e alma; joga por fim o boneco no fogo.

Se tudo isto fizeres como digo, pondo toda tua fé e força de vontade, não duvides de que, como a cera se derreterá e consumirá, assim se consumirá a pessoa sofrendo dores agudas em todas as partes correspondentes às feridas feitas na figura.

Eis a descrição do enfeitiçamento clássico, que se encontra com ligeiras variações na maioria dos antigos grimórios. Em alguns, à descrição copiada, acrescenta-se: “A figurinha de cera pode ser substituída por um sapo vivo” mas as imprecações são as mesmas. Outra prática requer que o sapo seja amarrado com cabelos da vítima e, depois de ter cuspido sobre ele, enterra-se sob a entrada da casa da pessoa enfeitiçada ou em outro sítio sobre o qual a pessoa tenha que passar com freqüência.[8]

Castigo de Amor

Fonte: Livro Vermelho e Negro de São Cipriano (versão de Murzin G Gemwy).

Para se castigar alguém que não cede às nossas solicitações amorosas, se for mulher, consiga um sapo e, segurando-o com a mão direita, estando inteiramente nua, passe-o pela barriga, até o sexo, por sete vezes, dizendo: “Sapo, sapinho, assim como eu te passo na minha vagina, assim também (fulano) não tenha sossego nem descanso, enquanto não me procurar para praticar aquilo que desejo, ficando sob meu poder, de corpo e alma”.

Pega-se linha de retroz verde, com uma agulha bem fina, e costura-se as pálpebras do sapo, com o máximo cuidado para não cegá-lo (se isso acontecer poderá cegar a pessoa a quem se destina a magia) dizendo: “Assim como este sapo deixará de ver, (fulano) também deixará de ver outras mulheres, tendo olhos só para mim”.

Guarda-se o sapo em uma gaiola onde se deverá alimentá-lo até ter conseguido tudo. Depois disso, com uma tesourinha de unha, corta-se a linha e solta-se o sapo em alguma lagoa.[9]

Como fazer uma mulher apaixonar-se por um homem

Fonte: Picatrix.

Faz-se a imagem de cada um deles com pó de pedra, misturado com goma e, depois, colocam-se as imagens, frente a frente, em um vaso com sete brotos; queima-se o vaso no forno, a seguir acende-se o fogo na lareira e põe-se um pedaço de gelo no fogo; quando o gelo derrete, tira-se o vaso e a feitiçaria está completa. O fogo derretendo o gelo representaria o amor aquecendo os corações do homem e da mulher.[10]

 Magia negra ou feitiçaria que se faz com dois bonecos para fazer mal a qualquer criatura

Fonte: Antigo Livro de São Cipriano (versão de N. A. Molina).

Fazei dois bonecos. Um deles significa a criatura a quem se vai fazer o feitiço, e o outro significa o que vai enfeitiçar. Depois que os ditos bonecos estejam prontos, deveis uni-los um ao outro, de maneira que fiquem muito abraçados. Depois de tudo isto pronto, atrai-lhes a ambos uma linha em volta do pescoço, como quem os Está a esganar, e depois de feita esta operação pregai-lhe cinco pregos, nas partes indicadas:

1° Na cabeça, que vare um e outro.

2º No peito, da mesma maneira.

3° No ventre, que vare de um lado ao outro.

4° Nas pernas, que vare de um ao outro lado.

5° Nos pés, de modo que lhes fure de um lado ao outro.

Há ainda uma condição é que os ditos pregos devem ser empregados com acompanhamento das seguintes invocações nos diferentes sítios em que se espetam:

1° prego — Fulano ou fulana, eu, fulano, te prego e te amarro e espeto o corpo, tal e qual como espeto, amarro e prego a tua figura.

2º prego — Fulano ou fulana, eu fulano, te juro debaixo do poder de Lúcifer e Satanás que, de hoje para o futuro, não hás de ter nem uma hora de saúde.

3° prego — Fulano ou fulana, eu fulano, te juro debaixo do poder da mágica malquerença, que não hás de hoje para o futuro, ter uma só hora de sossego.

4° prego — Fulano ou fulana, eu fulano, te juro debaixo do poder de Maria Padilha, que de hoje para o futuro ficarás possesso de todo o feitiço.

5° prego — Fulano ou fulana, eu fulano, te prego e amarro dos pés à cabeça, pelo poder da mágica feiticeira.

Desta forma a criatura enfeitiçada nunca mais pode ter uma hora de saúde.[11]

Exemplo de caso concreto

Fonte: Pesquisa de campo de Letícia Matheus e testemunho de Glória Perez.

 

Os ossos da atriz Daniella Peres, assassinada em 28 de dezembro de 1992, foram transferidos pela família para um lugar não revelado, depois que foi constatada a violação do túmulo da atriz, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. De acordo com a novelista Glória Perez, mãe da vítima, o túmulo foi aberto na semana do Natal, e, dentro dele, havia flores do cruzeiro. Ao lado, foram encontrados dois bonecos amarrados e espetados com alfinetes. Na lápide, uma inscrição indicava a data do assassinado. — “Havia um detalhe impressionante, que nos remete à noite do crime: bem junto ao corpo dela, havia ossos de um animal grande serrados. As pontas da sapatilha que enfeita o túmulo também foram cuidadosamente serradas” — contou Glória, revoltada com o vandalismo. (…) Na época do assassinato da atriz Daniella Perez, a escritora Glória Perez acreditava que ela teria sido morta num ritual de magia negra. Próximo ao seu corpo foram achados ossos e na casa onde Guilherme e Paula moravam, em Copacabana, a polícia encontrou uma imagem de um preto velho. Uma ex-empregada confirmou que o casal praticava rituais. (…) A tese de que a atriz teria sido morta num ritual ganhou as páginas dos jornais, mas a polícia não levou a sério a hipótese de a jovem ter sido assassinada em meio a um espetáculo macabro. Ao ser encontrada, Daniella tinha 18 perfurações no corpo.[12]

Para livrar alguém da perseguição dos fantasmas

Fonte: Livro do Touro Negro.

Aquele que souber pintar ou desenhar poderá ver-se livre, muito facilmente, de algum fantasma que o perseguir. E é que, ao desenhar o fantasma, estará fazendo com que ele fique preso na tela ou no papel. E o que se desenhar ou pintar há de ser o mais possível semelhante ao fantasma que se vê, porque só assim ficará ele preso. E de outra maneira não ficará.[13]

Para livrar alguém da perseguição de vampiros

Fonte: Manual Prático do Vampirismo.

Os que se crêem perseguidos por vampiros devem pintar numa tela esses vampiros, ou desenhá-los num papel. Uma vez pintados ou desenhados, os vampiros ficam presos, e deixam de importunar os seres humanos. Quem tiver habilidade para pintar ou desenhar deve aproveitar essa habilidade para livrar-se dos vampiros que sugam o nosso sangue durante à noite.[14]

O Alfabeto Simpático

Fonte: Magia ensinada por Gérard Encause (1865-1916).

Este gênero de operação consiste em traçar algumas letras sobre o braço, por meio de uma agulha e em introduzir sangue de um amigo na incisão feita.

Esta operação deve ser praticada igualmente sobre o indivíduo com o qual se deve entrar em correspondência e, então, por muito afastado que esteja um do outro, podem ambos se comunicarem certos acontecimentos, dando o que avisa uma ligeira picada em certas letras de seu braço, e que será sentida imediatamente por aquele com quem se comunica.[15]

Feitiço contra distúrbio na produção de Oxitocina

Fonte: Wier, V. IX.

Para um homem que quer curar-se do amor infeliz que apaixonadamente devota a uma mulher, que ponha excremento mole dessa mulher no sapato, porque o seu cheiro fará diminuir nele progressivamente a chama![16]

Notas

[1] GEMWY, Murzim G. O Grande e Legítimo Livro Vermelho e Negro de São Cipriano. São Paulo, Edrel, p 77.

[2] BAKKATUYU, Sirih. Livro do Touro Negro. Rio de Janeiro, Ediouro, p 87.

[3] STAMM, Samuel. O Livro de São Cipriano. Rio de Janeiro, Rede Carioca, 2002, p 103.

[4] NEVES, Márcia Cristina A. Do Vodu à Macumba. São Paulo, Tríade, 1991, p 85.

[5] NEVES, Márcia Cristina A. Do Vodu à Macumba. São Paulo, Tríade, 1991, 72.

[6] VALLADARES, Clarival do Prado. Arte e Sociedade nos Cemitérios Brasileiros: Um estudo da arte cemiterial ocorrida no Brasil desde as sepulturas de igrejas e as catacumbas de ordens e confrarias até as necrópoles secularizadas. Vol I. Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Nacional, 1972, p 439-1440.

[7] A MAGIA DA IMITAÇÃO. Em: Homem, Mito & Magia. São Paulo, Três, 1973, p 44.

[8] LE DRAGON ROUGE. Em: N. A.MOLINA. Nostradamus, a Magia Branca e a Magia Negra. (2a edição). Rio de Janeiro, Espiritualista, p 122-124.

[9] GEMWY, Murzim G. O Grande e Legítimo Livro Vermelho e Negro de São Cipriano. São Paulo, Edrel, p 67.

[10] PICATRIX. Em: Homem, Mito & Magia. São Paulo, Três, 1973, p 45.

[11] N. A.MOLINA. Antigo Livro de São Cipriano: O gigante e verdadeiro Capa de Aço. (29a edição). Rio de Janeiro, Espiritualista, p 240-241.

[12] MATHEUS, Letícia. Túmulo de atriz é violado. Em: EXTRA, 2ª edição, 30/12/1999, p 12.

[13] BAKKATUYU, Sirih. Livro do Touro Negro. Rio de Janeiro, Ediouro, p 76.

[14] LIANO JR, Nelson e COELHO, Paulo. Manual Prático do Vampirismo. 1ª ed. Rio de Janeiro, ECO, 1986.

[15] PAPUS. Tratado Elementar de Magia Prática. Trd. E. P. São Paulo, Pensamento, 1978, p 401.

[16] DUMAS, François Ribadeau. Arquivos Secretos da Feitiçaria e da Magia Negra. Trd. M. Rodrigues Martins. Lisboa, Edições 70, 1971, p 126.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/feiticos-de-envultamento/

Entendendo as Três Trilogias Tifonianas

O Nono Arco (The Ninth Arch), que inclui o Livro da Aranha (Book of the Spider – OKBISh), é o volume final de uma série de Trilogias que traçam o surgimento em tempos históricos de um antigo corpo de doutrina oculta conhecido como a Tradição Tifoniana. A fim de compreender plenamente seu propósito e conteúdo, o Nono Arco deve ser escaneado contra o pano de fundo maior sobre a qual é pintado. Tal abordagem facilitará a compreensão dos Oráculos de OKBISh e seus comentários.

Como uma ajuda adicional para focalizar características salientes da Tradição, a narrativa Against the Light, ‘Contra a Luz’ (Starfire Publishing, 1997) do autor deve servir como uma “nota de rodapé” útil e explicativa para as circunstâncias existentes na época em que o OKBISh foi “recebido”. Os Oráculos foram comunicados audivelmente, e ocasionalmente visualmente, a vários membros da New Isis Lodge, a Loja Nu-Ísis (1955-62) e em certos estágios do ritual mágico. A Corrente que gerou o material começou, esporadicamente, já em 1939, com o movimento inicial de uma transmissão que se desenvolveu ao longo dos anos no texto conhecido como Wisdom of S’lba, A Sabedoria de S’lba, (ver Outer Gateways, Portais Externos, Skoob Books Publishing, 1994). Em 1945, Wisdom of S’lba, – então em sua fase nascente – foi reconhecida por Aleister Crowley como uma comunicação autêntica. A partir dessa época, a Inteligência Informante passou a completar o Wisdom, e passou a produzir a série maciça de Oráculos apresentada em O Nono Arco. O modo de recepção foi descrito na Introdução. O método de documentação confirma além do sofisma a validade da cabala em série, como usada anteriormente nas análises de Wisdom. O padrão ricamente complexo de correspondências mágicas, em ambos os casos, provou ser de valor inigualável na determinação do contato genuíno com forças ocultas possuídas de Conhecimento e Presciência a respeito de eventos terrestres importantes. Que o padrão reflete o contato direto com uma Gnose Tifoniana indefinidamente antiga e sempre nova, é demonstrado pela aplicação de uma exegese cabalística incansável e rigorosa, como registrado nos comentários.

Para os leitores interessados em relações significativas entre os conceitos Numérico (físico) e Mágico-Místico (metafísico), O Nono Arco contém uma exaustiva enciclopédia da Tradição Tifoniana. Mas, além das considerações sobre gematria, os Oráculos de OKBISh esboçam Eventos que provavelmente passarão pelo planeta Terra dentro da vida de muitos leitores do livro; e – para indivíduos que são capazes de interpretar os Oráculos em termos relativos a seu próprio universo mágico – eles emitem avisos sobre os perigos que estão à frente daqueles despreparados para invocar o Sinal de Proteção contra a onda vindoura das Forças Exteriores dispostas a assumir o controle do planeta. Agora, na virada de um milênio, parece apropriado liberar este Conhecimento.

O lançamento de “O Nono Arco” foi realizado na noite de 21 de dezembro de 2002 na sala de eventos do The Plough Inn, Museum Street, Londres. O lançamento começou às 18h, e pouco depois foi servido um buffet de recepção. Michael Staley explicou que Kenneth não pôde comparecer ao lançamento, e assim, na ausência do tocador de órgão, as pessoas teriam que se contentar com o macaco naquela noite. Cópias da edição padrão de “O Nono Arco”, assinado por Kenneth e Steffi Grant especialmente para o lançamento, estavam à venda.

Às 19h15, Michael deu a primeira de duas palestras, uma breve visão geral do trabalho de Kenneth Grant antes de “O Nono Arco”. A palestra incluiu trechos de vários livros de Grant, e estes foram lidos por Caroline Wise.

O texto desta palestra, que foi bem recebido, está a seguir:

As Trilogias Tifonianas

por Michael Staley

As Trilogias Tifonianas consistem em nove volumes, distribuídos em trinta anos, desde o primeiro livro, O Renascer da Magia, em 1972, até o último livro, O Nono Arco, publicado agora em 2002. Embora cada volume seja completo em si mesmo, tomados em série, eles representam um corpo de trabalho em desenvolvimento.

Antes de considerar esta série com mais detalhes, precisamos saber algo de suas origens. Os anos formativos de Grant são os anos da New Isis Lodge, o grupo mágico que ele fundou no início dos anos 50, cujo corpo principal de trabalho durou de 1955 a 1962, e que se dissolveu alguns anos depois. Quando jovem, Grant se interessou apaixonadamente pelo ocultismo, e leu amplamente obras de mitologia, religião comparada, misticismo e magia. No decorrer de seus estudos, ele encontrou o trabalho de, entre outros, Aleister Crowley e Austin Osman Spare, e foi atraído por ambos. Em 1944 ele iniciou uma correspondência com Aleister Crowley, e viveu com Crowley por um curto período em 1945 como seu “chela” ou discípulo, cantando para seu jantar e atuando como secretário. Durante este tempo, Grant recebeu instruções orais de Crowley. Ele também recebeu o retrato de Lam de Crowley, ao qual ele se sentiu atraído ao vê-lo pela primeira vez no portfólio de Crowley, e que Crowley finalmente lhe deu em agradecimento pela ajuda durante uma noite particularmente ruim para sua saúde. Em 1991, Grant publicou um livro de memórias de sua associação com Crowley, intitulado Remembering Aleister Crowley (Relembrando Aleister Crowley). Trata-se de um livro de memórias afetuoso, mas que não se coíbe de retratar uma relação que às vezes era difícil. Crowley era velho, doente e frágil, e muitas vezes não era muito generoso. No entanto, Grant aprendeu muito com Crowley. Há uma tradição de “darshan”, de receber iniciação de estar na presença do guru; que assim como uma imagem diz mais do que qualquer quantidade de palavras, há uma compreensão e uma percepção que é passada de adepto para adepto que não tem preço.

Um pouco depois da morte de Crowley em 1947, Grant finalmente conheceu Austin Osman Spare. Este foi um relacionamento mais longo, que durou até a morte de Spare em 1956. E também, a julgar pelo relato publicado por Kenneth e Steffi em seu Zos Speaks! (Zos Fala!) em 1998, bem como pelo anterior Images & Oracles of Austin Osman Spare (Imagens e Oráculos de Austin Osman Spare), publicado em 1975, foi uma relação mais profunda, talvez menos formal. É minha impressão, como leitor da obra de Grant, que Spare teve o maior impacto sobre ele. O trabalho de Spare é certamente mais fugidio que o de Crowley, mas está de alguma forma mais próximo da fonte da consciência na imaginação cósmica. Um relato da relação entre os Grant e Spare é dado em Zos Speaks! Foi em grande parte devido aos apelos dos Grant que Spare reconstruiu muito do Alfabeto do Desejo e outros aspectos de seu sistema que ele havia esquecido em grande parte ao longo dos anos, e se comprometeu muito mais com o papel.

Durante o início dos anos 50, um círculo de ocultistas se agrupou em torno de Grant que formou o núcleo de um grupo de trabalho, a Loja Nu-Ísis. Vários dos membros haviam sido membros da O.T.O. sob Crowley – Kenneth e Steffi, e é claro; um peleiro e alquimista, David Curwen; e uma mulher a quem Grant se refere por seu nome mágico Clanda. O próprio Spare nunca foi membro da Loja Nu-Ísis, preferindo trabalhar sozinho. Ele apoiou os Grant em seus esforços, e projetou vários cenários para a Loja. Os Grants descreveram a Loja Nu-Ísis como uma célula dependente da O.T.O., e ela tinha uma estrutura de grau e um programa de trabalho que devia muito mais à Astrum Argenteum de Crowley do que à O.T.O. como era na época de Crowley. A relação com Curwen também foi fundamental para Grant obter uma cópia de um comentário de um adepto Kaula sobre um texto tântrico, o Anandalahari. Isto deu importantes insights sobre a magia sexual tântrica, aproximando a magia sexual de uma direção muito diferente da de Crowley. A abordagem de Crowley à magia sexual é basicamente solar-fálica, para não dizer que é falo-cêntrica. Ou seja, há grande ênfase na importância das energias sexuais masculinas, mas muito pouco nas energias femininas. Muitas vezes, a parceira feminina é apenas uma taça na qual o mago masculino derrama seu fogo de estrela. O texto Kaula abordou o assunto de uma perspectiva diferente, acentuando o papel dos kalas e como eles variam ao longo do ciclo menstrual.

Os Grants emitiram um Manifesto da Loja Nu-Isis em seu lançamento em 1955, no qual falavam da descoberta de um planeta além de Plutão, a Ísis transplutoniana, e o que ela poderia significar para a evolução da consciência neste planeta. Deixando de lado a questão de existir ou não um planeta neste sistema solar além de Plutão, é certamente óbvio que os Grant não estavam falando sobre a descoberta de um planeta físico. Tal descoberta teria sido mais relevante para uma revista astronômica. Se tivermos em mente que a primeira sephira, Plutão (Pluto), é atribuída a Plutão, então um planeta transplutoniano, seria o “Um Além de Dez”, o Grande Exterior. Grant o expressou assim alguns anos depois, em Aleister Crowley e o Deus Oculto:

“No Livro da Lei, a deusa Nuit exclama: “Meu número é onze, como todos os números deles que são de nós”, o que é uma alusão direta à A.’. A.’., a Astrum Argentum ou Ordem da Estrela de Prata, e seu sistema de Graus. Nuit é o Grande Exterior, representada fisicamente como “Espaço Infinito e as Estrelas Infinitas dali” – ou seja, Ísis. Nuit e Ísis são assim identificadas no Livro da Lei. Ísis é o espaço terrestre, iluminado pelas estrelas. Nuit é o espaço exterior, ou espaço infinito, a escuridão imortal que é a fonte oculta da Luz; Ela também é, em um sentido místico, o Espaço Interno e o Grande Interior.”

Ao longo dos anos de 1959 a 1963, os Grants produziram uma série de monografias, as Carfax Monographs (Monografias Carfax), cada uma sobre um tema diferente. Anos mais tarde, em 1989, estas foram publicadas em um único volume, como Hidden Lore (O Conhecimento Oculto).

Grant não publicou muito sobre os rituais mágicos da Loja Nu-Ísis até agora, mas uma série de anedotas resultantes do trabalho, o que Grant chama de “magicollages”, estão espalhadas por muitos dos nove volumes das Trilogias Tifonianas, principalmente em Hecate’s Fountain (A Fonte de Hécate), publicada há dez anos, em 1992. Há também vislumbres de Trabalhos da Loja na ficção de Grant.

O trabalho subsequente de Grant surge a partir do trabalho feito na Loja Nu-Ísis. Estes anos foram, portanto, extremamente formativos para ele. Antes da Loja Nu-Ísis ele teve um aprendizado extremamente amplo e profundo, assim como sua associação com Crowley e Spare. Entretanto, todas estas influências foram sintetizadas através do trabalho mágico da Loja Nu-Ísis. São as experiências obtidas através destes trabalhos, a iniciação, a percepção, que dão poder ao trabalho subsequente de Grant. É o poço sem o qual o trabalho de Grant teria secado. Sem ele, ele teria se tornado apenas mais um imitador do trabalho de outros – e Deus sabe que já temos o suficiente deles.

A Primeira Trilogia

Um artigo foi publicado por Grant no ‘International Times’ no final dos anos 60, sobre Crowley, no qual ele afirma ter escrito um estudo sobre o trabalho de Crowley e outros, chamado Aleister Crowley e o Deus Oculto. Posteriormente, ele o apresentou aos editores londrinos Frederick Muller, que expressaram seu interesse, mas sugeriram que, devido ao seu tamanho, ele deveria ser dividido em dois volumes. O primeiro volume foi publicado em 1972 como O Renascer da Magia.

O Renascer da Magia é um estudo e uma análise de uma variedade de tradições ocultas que sobreviveram durante muitos milhares de anos, e que agora estão revivendo em novas formas e novos vigor. Em particular a gênese e o desenvolvimento do Culto Draconiano através das Dinastias egípcias são traçados, e contra este cenário mais antigo são examinadas as manifestações mais modernas tais como Blavatsky, Crowley, a Golden Dawn (A Aurora Dourada), Dion Fortune e Austin Osman Spare. É demonstrado que embora sejam manifestações recentes, elas estão enraizadas na corrente mágica muito mais antiga que alimentou e sustentou todos os eflorescentes subsequentes. Incluído como uma placa no livro está uma reprodução do desenho de Lam de Crowley, a primeira vez que foi publicado desde sua publicação original no Blue Equinox (O Equinócio Azul) em 1919.

Isto foi sucedido em 1973 pelo segundo volume, Aleister Crowley e o Deus Oculto. Este é um estudo mais especificamente sobre o sistema de magia sexual de Crowley, amplificado por uma consideração do comentário Kaula referido acima. Há também um capítulo sobre “Nu-Isis and the Radiance Beyond Spare” (Nu-Ísis e a Radiância Além de Spare), no qual Grant se refere à  Loja Nu-Ísis e seu programa de trabalho.

Cults of the Shadow (Os Cultos da Sombra) foi publicado em 1975, e explorou aspectos obscuros do ocultismo que são frequentemente vistos negativamente como “magia negra”, o “caminho da mão esquerda”, etc. De particular destaque é um capítulo sobre o trabalho de Frater Achad e o Aeon de Maat, no qual Grant tem uma visão um tanto céptica das reivindicações de Frater Achad sobre o alvorecer do Aeon de Maat. Posteriormente, Grant veio a mudar sua visão. O livro também continha um par de capítulos sobre a obra de Michael Bertiaux (expoente do Voudon Gnóstico).

A Segunda Trilogia

A segunda Trilogia inicia com Nightside of Eden (O Lado Noturno do Éden), publicado em 1977. Esta é essencialmente uma exploração dos Túneis de Set, que se encontram sob os caminhos da Árvore da Vida. Esta obra foi baseada inicialmente em um breve e obscuro trabalho de Crowley, o Liber 231, publicado pela primeira vez em no Equinox. Este livro consiste em sigilos dos gênios das 22 escamas da Serpente, e os sigilos das 22 células das Qliphoth, e alguns oráculos obscuros. Esta obra evidentemente fascinou Grant, e a exploração destas células das Qliphoth forma a espinha dorsal da obra da Loja Nu-Ísis. Grant tem sido criticado em alguns setores por trabalhar com o que alguns consideram como os aspectos maléficos e avessos da magia. Entretanto, os aspectos mais obscuros da experiência são tão necessários para entender como os aspectos mais claros; é necessário entender ambos.

Em 1980 Grant publicou Outside the Circles of Time (Fora dos Círculos do Tempo), uma obra que cobre uma área extremamente ampla e expõe, para citar a sinopse da capa: “uma rede mais complexa do que jamais foi imaginada: uma rede não muito diferente da visão escura de H.P. Lovecraft das forças sinistras que se escondem na borda do universo”. O livro é mais famoso, talvez, por mostrar a obra de Sóror Andahadna (que mais tarde se tornou Nema, autora de A Magia de Maat), uma Sacerdotisa contemporânea de Maat cuja obra tinha paralelos com a obra de Frater Achad muitas décadas antes. Muitos Thelemitas têm problemas com o Aeon de Maat. No que lhes diz respeito, cada Aeon dura 2.000 anos; estamos no início do Aeon de Hórus, portanto, Maat ainda está longe. Eles farão eco da famosa réplica de Crowley ao jovem Grant: “Maat pode esperar!”. Entretanto, a seguinte passagem de Outside the Circles of Time coloca o assunto sob uma luz muito mais interessante:

“Mitos e lendas são do passado, mas Maat não deve ser pensada em termos de eras passadas ou futuras. Maat está presente agora para aqueles que, conhecendo os ‘alinhamentos sagrados’ e o ‘Portal da Intermediária’, experimentam a Palavra sempre vindo, sempre emanando, da Boca, nas formas sempre novas e sempre presentes que estão sendo geradas continuamente a partir do Atu ou Casa de Maat, o Ma-atu … “

Mas o livro é sobre muito mais. É uma tecelagem potente de uma série de fios aparentemente diversos em uma única, ampla e poderosa corrente. Embora os livros de Grant sejam todos diferentes de seus predecessores, Outside the Circles of Time parecia anunciar um salto para uma dimensão diferente.

Outside the Circles of Time foi o último livro publicado pela (Editora) Muller, e houve uma pausa de 12 anos até 1992, quando a Editora Skoob publicou a Hecate’s Fountain. Grant tinha originalmente concebido isto como um relato dos rituais da Loja Nu-Ísis. No entanto, como muitas vezes acontece, o trabalho tomou um impulso próprio e lançou uma flor bem diferente. O livro ainda era tecido em torno do trabalho da Loja. Entretanto, esta obra é ilustrada como relatos anedóticos de trabalhos específicos, ilustrando em particular o que Grant denomina de “tantra tangencial”, onde um trabalho mágico tem efeitos colaterais curiosos e às vezes alarmantes em desacordo com seu aparente propósito. Grant traça essas anomalias para uma interface catalítica que ele chama de “Zona Malva”, existente entre os domínios do sono sonhador e do sono sem sonhos. Na Zona Malva, há movimentos, verticilos e turbilhões que dão origem a tênues espectros, sonhos, e imagens que entram na consciência e são revestidas pela imaginação.

A Terceira Trilogia

A terceira Trilogia abre com Outer Gateways (Portais Exteriores), publicado pela Skoob em 1994. Este livro continua e amplia alguns dos temas de Hecate’s Fountain. Ele contém um longo relato das vertentes aparentemente contraditórias do Livro da Lei, explora a obra de Crowley em relação à Sunyavada, e tem algumas coisas notáveis a dizer sobre a gematria criativa. No entanto, o seu núcleo é sem dúvida Wisdom of S’lba e os vários capítulos de análise que se seguem. S’lba é uma bela, altamente carregada e rica transmissão recebida durante muitos anos por Kenneth Grant desde o final dos anos 30, a maior parte dela recebida durante os anos da Loja Nu-Ísis.

Há uma grande quantidade de mal-entendidos sobre a natureza das transmissões. Não se trata de simplesmente tirar ditados de uma entidade desencarnada. O contato com o que é chamado de planos internos é muito mais complexo e mais sutil do que isso. Tomemos por exemplo a seguinte nota introdutória de Grant:

“A série de versos intitulados coletivamente a Wisdom of S’lba … não foram escritos em nenhum momento ou lugar em particular, embora o estado de consciência em que foram recebidos fosse invariavelmente o mesmo. O processo foi iniciado já no ano de 1939, quando a Visão de Aossic se manifestou pela primeira vez da maneira descrita em Outside the Circles of Time (capítulo 8). A visão se desenvolveu esporadicamente durante todo o tempo da associação de Aossic com Aleister Crowley e Austin Osman Spare. Mas o aspecto dinâmico do Trabalho, ou seja, a integração da Visão em um todo coerente, ocorreu durante o período de existência da Loja Nu-Ísis.”

O próximo volume, Beyond the Mauve Zone (Além da Zona Malva), estava prestes a ir para a imprensa quando os editores de Grant, a Skoob Publishing, decidiram que não iriam publicar mais nada dele. Nenhuma razão para isto jamais foi dada. O resultado foi que mais alguns anos se passaram até sua eventual publicação, pela Starfire Publishing, em 1999. Beyond the Mauve Zone é, como seu nome sugere, uma consideração mais profunda daquela região entre o sono sem sonhos e o sonho que fecunda a imaginação, e em particular uma consideração de vários métodos de acesso à Zona Malva. Há três capítulos sobre o Ritual Kaula da Serpente de Fogo, dando muito mais material do comentário Kaula iniciado, obtido de David Curwen. Há também uma análise prolongada da Liber Pennae Praenumbra recebida por Sóror Andahadna (A futura Nema), e um relato do trabalho do sérvio Zivorad Mihajlovic Slavinski.

Olhando para estes primeiros oito volumes das Trilogias Tifonianas, podemos ver o quanto o trabalho de Grant mudou, e ainda assim se reintegrou com sua fonte. Por maiores e mais profundos que sejam os volumes anteriores, eles dão poucos indícios da gloriosa floração que é a terceira e última Trilogia. E é o último volume, O Nono Arco, para o qual nossa atenção se volta em seguida.

No entanto, para encerrar esta parte da palestra, há uma passagem de Outside the Circles of Time que sempre achei inspiradora. Ela expressa um conceito que é a essência de grande parte do trabalho de Grant, e o faz de uma forma excepcionalmente bela e intensamente comovente. São os dois parágrafos finais da Introdução a esse livro extraordinário:

“Um último ponto é aqui relevante, e eu o declaro sem desculpas. Não é meu propósito tentar provar nada; meu objetivo é construir um espelho mágico capaz de expressar algumas das imagens menos elusivas vistas como sombras de um futuro Aeon. Isto eu faço por meio de sugestão, evocação e por aqueles conceitos oblíquos e “intermediários” que Austin Spare definiu como “Neither-Neither (Nem-Nem)”. Quando isto é compreendido, a mente do leitor torna-se receptiva ao influxo de certos conceitos que podem, se recebidos sem distorções, fertilizar as dimensões desconhecidas de sua consciência. Para atingir este objetivo, uma nova forma de comunicação deve ser desenvolvida; a própria linguagem deve renascer, reviver e dar uma nova direção e um novo impulso. A imagem verdadeiramente criativa nasce da imaginação criativa, e este é – em última análise – um processo irracional que transcende a compreensão da lógica humana.”

 “É bem conhecido que cientistas e matemáticos desenvolveram uma linguagem críptica, uma linguagem tão esquiva, tão fugitiva e, no entanto, tão essencialmente cósmica que forma um modo de comunicação quase cabalístico, muitas vezes mal interpretada por seus próprios iniciados! Nossa posição não é tão desesperada, pois estamos lidando principalmente com o complexo corpo-mente em sua relação com o universo, e o corpo-aspecto está profundamente enraizado no solo do sentimento. Nossa mente pode não compreender, mas nas camadas mais profundas do subconsciente onde a humanidade compartilha um leito comum, há um reconhecimento instantâneo. Da mesma forma, um mago concebe sua cerimônia em harmonia com as forças que ele deseja invocar, portanto, um autor deve prestar considerável atenção à criação de uma atmosfera adequada para suas operações. As palavras são seus instrumentos mágicos, e suas vibrações não devem produzir um ruído meramente arbitrário, mas uma elaborada sinfonia de reverberações tonais que provocam uma série de ecos cada vez mais profundos na consciência de seus leitores. Não se pode enfatizar ou superestimar a importância desta forma sutil de alquimia, pois é nas nuances, e não necessariamente nos significados racionais das palavras e números empregados, que reside o mago. Além disso, é muito frequentemente na sugestão de certas palavras não utilizadas, ainda indicadas ou empregadas por outras palavras sem relação direta com elas, que se produzem as definições mais precisas. O edifício de uma construção real pode às vezes ser criado apenas por uma arquitetura de ausência, onde o edifício real é ao mesmo tempo revelado e escondido por uma estrutura alienígena assombrada por probabilidades. Estas são legiões, e é a faculdade criativa do leitor – desperto e ativo – que pode povoar a casa com almas. Portanto, este livro pode significar muitas coisas para muitos leitores, e diferentes coisas para todos; mas para nenhum pode significar nada, pois a casa é construída de tal maneira que nenhum eco pode ser perdido.”

…continua em Vislumbres do Novo Arco

 

Fonte: Glimpses Through the Ninth Arch.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-sexual/entendendo-as-tres-trilogias-tifonianas/

Bhagwan Shree Rajneesh (Osho)

“Aposte todas as suas fichas. Seja um apostador!
Arrisque tudo, pois o momento seguinte não é uma certeza. Então, por que se importar com ele? Por que se preocupar?
Viva perigosamente, viva com prazer. Viva sem medo, viva sem culpa.
Viva sem nenhum medo do inferno ou sem ansiar o céu. Simplesmente viva.”
– Faça o Seu Coração Vibrar

Nasceu em 11 de dezembro de 1931, 1o filho de um mercador de tecidos. Passou os sete primeiros anos com os avós, que lhe davam total liberdade. Após a morte do avô foi viver com os pais. Sempre revelou um espírito rebelde e independente. Em 1946 experimentou seu primero satori. Com o tempo aprofundou suas experiências em meditação, sendo que a intensidade de sua busca espiritual chegou a afetar sua saúde física. Em 1953 atingiu o estado de “iluminação”.

Em 1956 graduou-se como 1o aluno da turma de Filosofia na Universidade de Jabalpur. Foi campeão de debates da Índia e ganhou a medalha de ouro no ano de sua graduação. Em 1957 lecionou no Sanskrit College e um ano depois tornou-se professor de Filosofia na Universidade de Jabalpúr.

Em 1966 passou a dedicar-se inteiramente à arte de ensinar a meditação ao homem moderno. Durante os anos 60 viajou toda a Índia como Acharya Rajneesh (professor), provocando a ira do establismment e encontrando-se com pessoas de todas as classes sociais. Ele desmascarava a hipocrisia do sistema e suas tentativas para impedir que o homem alcançasse seu direito mais fundamental: ser ele mesmo. Desafiava os líderes religiosos ortodoxos em debates públicos. Dirigia-se a audiências de milhares de pessoas, sensibilizando os corações de milhões. Lia muito: tudo o que pudesse ampliar sua compreensão sobre os sistemas de crenças e a psicologia do homem contemporâneo.

Em 1968 estabeleceu-se em Bombaim e organizou, regularmente, “campos de meditação”, quase sempre nas montanhas. Aí introduziu sua revolucionária Meditação Dinâmica, técnica que ajuda a parar a mente, ao permitir que ela tenha primeiramente uma catarse. Segundo ele, o homem moderno está tão sobrecarregado das antiquadas tradições do passado e das ansiedades da vida moderna, que precisa passar por um profundo processo de limpeza antes de poder descobrir a ausência de pensamento no relaxamento da meditação. A partir de 1970 começou a iniciar pessoas no Neo-Sannias, caminho de compromisso com a auto-exploração e a meditação, amparado pelo amor e orientação pessoal. Passou a ser chamado de Bhagwan, o abençoado. Sua fama espalhou-se pela Europa, América, Austrália e Japão.

No curso de seu trabalho. Osho falou sobre praticamente todos os aspectos do desenvolvimento da consciência humana. Destilou a essência do que é significativo para a busca espiritual do homem contemporâneo, com base não na compreensão intelectual, mas na sua própria experiência existencial.

A partir de 1974, em Puna, seus ensinamentos foram intensificados. Sua saúde tornava-se mais frágil. Foram criados grupos de terapia combinando o insight oriental da meditação com as técnicas ocidentais de psicoterapia. Em dois anos o ashram já tinha a reputação de melhor centro de crescimento e terapia do globo. Nos últimos anos da década de 70 o ashram transformara-se na meca dos buscadores modernos da verdade. As palestras de Osho abrangiam todas as grandes tradições religiosas do mundo. Sua vasta erudição na ciência e no pensamento ocidentais, a clareza de suas palavras e a profundidade de seus argumentos desfaziam o abismo entre o oriente e o ocidente, para seus ouvintes.

O 1o ministro indiano, Morarji Desai, obstruiu todas as tentativas de transferência do ashram para uma parte remota da Índia, onde seria experimentada a aplicação dos ensinamentos de Osho na construção de uma comunidade autosuficiente, onde viveriam em meditação, amor, criatividade e alegria. Isso não impediu que suas palestras, gravadas e transcritas em mais de 600 livros e traduzidas em mais de 30 idiomas, constituíssem hoje incontáveis volumes e atingissem inúmeros leitores.

Sua Filosofia

O pensamento de Rajneesh está exposto em mais de mil livros que podem elucidar sobre a sua filosofia.No seu trabalho, Osho falou praticamente sobre todos os aspectos do desenvolvimento da consciência humana. Seus discursos para discípulos e buscadores de todo o mundo foram publicados em mais de 650 títulos e traduzidos para mais de trinta línguas.

Segundo referem os seus admiradores, Osho não pretendia impor a sua visão pessoal nem estimular conflitos. Enfatizou, pelo contrário, a importância de se mergulhar no mais profundo silêncio, pois somente através da meditação se poderia atingir a verdade e o amor, guiada pela consciência individual, sem intermediários como sacerdotes, políticos, intelectuais ou ele mesmo. Transmitia, pois, uma mensagem otimista que apontava para um futuro onde a humanidade deixaria o plano da inconsciência e, por consequência, a destruição, o medo e o desamor, já que cada um seria o buda de si próprio, recordando aquilo que a consciência imediata esqueceu. Segundo esta visão, a humanidade parece-se a um conjunto de cegos guiados por outros cegos.

Todo o trabalho de Osho é de desconstrução e silêncio. Segundo Osho, todo o planeta (com raras exceções) está doente. Mas é uma doença autoimposta. Liberdade seria, em sua visão, o fundamento de um homem auto-realizado e digno. O silêncio, por sua vez seria a comunhão da criatura com sua essência divina e pura, sendo reencontrado pela meditação, onde o homem experimenta seu verdadeiro ser. Osho negava a existência de um Deus pessoal dizendo que a lógica do evolucionismo abriria grandes lacunas para tal entendimento. Em sua concepção, a ideia da existência de Deus deve ser rejeitada para o bem da humanidade.

Ao dizer, por exemplo, que “o orgasmo sexual oferece o primeiro vislumbre da meditação porque, nele, a mente para, o tempo para”, a mídia o apelidou de “guru do sexo”. Quando se descobriu a causa da aids, Osho determinou que seus discípulos fizessem o teste de HIV. Pioneiro, recomendou usar camisinha e luvas de látex na hora do sexo, coisas ridicularizadas na época. Para A. Racily, que conviveu com Osho, o guru queria apenas que o sexo não fosse renegado. Ela diz que nunca houve orgias na comunidade e que esses boatos vinham de quem queria se aproveitar da liberdade sexual.

Em 1980, um membro de uma tradicional seita hindu tentou assassinar Osho, durante uma palestra. Enquanto as religiões e igrejas oficiais faziam oposição a seu trabalho, ele já tinha mais de 250 mil discípulos em todo o mundo. Em maio de 1981 Osho parou de falar e iniciou uma fase de “comunhão silenciosa de coração a coração”, para que seu corpo, com graves problemas de coluna, descansasse.

Ida a América

Foi levado aos EUA pela eventual necessidade de uma cirurgia de emergência. Seus discípulos americanos compraram um rancho de 64 mil acres no deserto de Oregon Central, onde ele se recuperou rapidamente. Uma comuna modelo cresceu ao seu redor com uma velocidade alucinante, transformando o deserto num oásis verde, capaz de alimentar 5 mil habitantes. Nos festivais anuais de verão até 20 mil visitantes eram acomodados e alimentados na nova cidade de Rajneshpuram. Surgiram outras grandes comunas em todos os principais países do ocidente e no Japão. Osho solicitou residência permanente nos EUA, mas teve seu pedido recusado pelo governo americano; uma das razões alegadas foi seu voto público de silêncio. Cresciam as investidas do governo de Oregon e da maioria cristã do estado, contra a nova cidade.

Em 1984 Osho começou a falar em pequenos grupos em sua residência e em 1985 voltou a fazer discursos para milhares de buscadores. Sua secretária e diversos membros da direção da comuna partiram repentinamente e atos ilegais cometidos por eles vieram à tona. Osho convidou as autoridades para que procedessem as investigações necessárias. Assim elas aceleraram sua luta contra a comuna. Em outubro Osho foi preso em Carolina do Norte, sem mandato de prisão. Durante a audiência de sua fiança foi acorrentado. Sua viagem de volta a Oregon, onde seria julgado – normalmente um vôo de cinco horas, durou oito dias. Depois ele revelou que na penitenciária de Oklahoma foi registrado como David Washington e colocado numa cela com um prisioneiro que sofria de herpes infecciosa. Uma hora antes de ser libertado, uma bomba foi descoberta na cadeia de Portland, presídio de máxima segurança de Oregon, onde Osho estava detido. Todos saíram menos ele, que foi mantido mais uma hora dentro da cadeia. Em novembro confessou-se “culpado” em duas das 34 violações de imigração das quais era acusado, para evitar que sua vida corresse outros riscos nas garras do sistema judiciário americano. Foi multado em US$ 400 mil e obrigado a deixar os EUA, sem poder voltar por cinco anos.

Voou para a Índia, onde repousou nos Himalaias. Uma semana depois a comuna no Oregon resolveu dispersar-se. O procurador dos EUA, Charles Turner disse que a prioridade do governo era destruir a comuna; que não desejavam transformar Osho num mártir e que não havia evidência que o implicasse em crimes. Em dezembro sua nova secretária, sua assistente, seu médico particular e outros discípulos ocidentais que o acompanhavam foram expulsos da Índia e tiveram seus vistos cancelados. Osho juntou-se a eles no Nepal, onde retomou seus discursos diários.

Em fevereiro de 1986 Osho foi para a Grécia, mas o clero da igreja Ortodoxa ameaçou o governo de que haveria derramamento de sangue se ele não fosse expulso do país. Em março a polícia invadiu a casa de campo onde ele estava hospedado e, sem mandato de prisão, enviou-o a Atenas. Ele foi para a Suíça, onde seu visto de sete dias foi cancelado no momento de sua chegada. Foi então para a Suécia, onde foi acolhido da mesma forma. Na Inglaterra aconteceu o mesmo e na Irlanda conseguiu ficar alguns dias como turista. Antígua, Holanda Alemanha não permitiram sua entrada. Na Itália seu pedido de visto de turista não foi concedido até hoje. Tudo isso até 7 de março. No dia 19 o Uruguai o convidou. Ele foi para lá com seus companheiros, mas o país recebeu “informações” dos EUA de que eles estavam envolvidos em contrabando, tráfico de drogas e prostituição. Em maio, quando ia receber visto permanente, Washington ameaçou cancelar empréstimos no valor de US$ 6 bilhões, se Osho permanecesse no país. Em junho foi embora para a Jamaica, onde conseguiu visto de 10 dias, cancelado no dia seguinte à sua chegada. Foi para Lisboa e permaneceu escondido por duas semanas numa casa de campo. Ao todo 21 países o deportaram ou impediram sua entrada. Assim retornou à Índia em julho.

Ficou seis meses em Bombaim, onde retomou seus discursos diários, na casa de um amigo. Em janeiro de 1987 mudou-se para a casa do ashram em Puna, mas logo teve ordem de partida. Ao mesmo tempo, embaixadas indianas pelo mundo e os funcionários da emigração no aeroporto de Bombaim começaram a recusar a entrada de seus seguidores ocidentais. Em novembro, após uma enfermidade de sete semanas, foi diagnosticada uma deterioração geral de sua condição física, devido a envenenamento por tálio. Num discurso público, Osho declarou acreditar que o governo dos EUA o tenha envenenado durante os 12 dias em que esteve sob sua custódia, em setembro de 1985.

Osho deixou seu corpo em 19.01.1990. Poucas semanas antes, disse: “quero que as pessoas conheçam a si mesmas, que não sigam as expectativas dos outros. E a maneira é ir para dentro.”

Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/bhagwan-shree-rajneesh-osho/

As Táticas da Magick

“O cérebro humano opera evidentemente de acordo

      com alguma variação do princípio enunciado em

 The Hunting of the Snark: ” O que eu te disser

 três vez é verdade” é verdade”.

Norbert Wiener, Cybernetics

 

A ideia mais importante do Livro da Magia Sagrada de Abra-Melin o Mago é a fórmula aparamente simples “Invo­car muitas vezes.”

Na Teoria do Comportamento, de Pavlov, Skinner, Wolpe. etc., a forma mais conseguida de tratamento para as chamadas doenças mentais pode muito bem ser resumida em três palavras semelhante: “Reforçar muitas.” (Para to­dos os efeitos práticos, “reforçar” significa aqui o mesmo que o termo do leigo “recompensar”) A essência da Teoria do Comportamento é recompensar o comportamento; a medida que se sucedem as recompensas, o comportamento de­sejado começa ocorrer com cada vez maior frequência, “como por magia.”

Como todos sabem, a publicidade baseia-se no axioma “Repetir muitas vezes.”

Aqueles que se consideram “materialistas,” e que julgam que o que o “materialismo” lhes exige a negação de todos os factos não conformes com a sua definição de “matéria”, sentem-se naturalmente relutantes em admitir a lista extensa e bem documentada de indivíduos que foram curados de doen­ças graves por essa forma de magick tão vulgar e absurda conhecida por ciência cristã. Não existe nenhuma diferença essencial entre a magick a Terapia do Comportamento, a publi­cidade e a ciência crista. Todas elas podem ser condensadas na fórmula simples de Abra-Melin, “Invocar muitas vezes.”

A realidade é termo-plástica e não termo-estável. Ela não totalmente disparatada, corno o senhor Paul Krassner certa vez afirmou, mas encontra-se omito mais perto disso do que geralmente supomos Se nos disserem vezes suficientes que “Budweiser a rainha das cervejas,” a Budweiser aca­bará por saber um nadinha melhor e talvez mesmo multo melhor do que antes desse encantamento ter sido lançado. Se um terapeuta do comportamento a soldo dos comunistas o recompensar de cada vez que você repetir um slogan comu­nista. você começará a repeti-lo mais veres, passando a apro­ximar-se do mesmo tipo de crenças que os cientistas cristãos usam para os seus mantras. E se um cientista cristão repetir para si próprio todos os dias que a sua úlcera lá desaparecer, ela desaparecerá mais rapidamente do que sucederia se ele nunca se tivesse enjeitado a esta campanha caseira de publici­dade. Finalmente, se um mágico evocar vezes suficiente o Grande Deus Pã, o Grande Deus Pã acabará por surgir, do mesmo modo como o comportamento heterossexual a surgir em homossexuais que estejam a ser tratados (alguns diriam maltratados) através da terapia do comporta­mento.

O oposto e recíproco de “Invocar muitas vezes” é “Banir muitas vezes”

O mágico que deseje uma manifestação de Pã não apenas invocará Pã directa e verbalmente, como também cria­rá ambientes de Pã no seu tempo, reforçando as associações com Pã em todos os seus gestor, e usando peças de mobiliário, cores e perfumes associados com Pã, etc.; mas também bani­rá verbalmente todos os outros deuses, através da remoço das mobílias, cores e perfumes associados com eles. e banindo-os também de todos os outros modos possíveis. O terapeuta do comportamento chama a este procedimento de “reforço negativa” e, ao tratar um doente com, a fobia dos elevadores, não apenas reforçará (recompensará) todas as situações era que o paciente andar de elevador sem evidenciar terror, como tam­bém reforçará negativamente (castigará) todas as indicações de terror evidenciadas pelo doente. Evidentemente, o cientista cristã usa rnantras ou encantamentos que, simultaneamen­te, reforçam a saúde e reforçam negativamente (afastam) a doença. Dum modo semelhante, um anuncio publicitário não apenas motiva o consumidor para o produto do patrocinante, como desencoraja também o interesse por todos os “falsos deuses,” reduzindo-os à desprezada e desprezível Marca X.

O hipnotismo, o debate e inúmeros outros jogos apre­sentam todos o mesmo mecanismo: Invocar muitas vezes e Banir muitas vezes.

O leitor que estiver interessado em alcançar uma com­preensão mais profunda desta questão poderá consegui-la aplicando na prática estes princípios. Faça esta experiência muito simples. Durante quarenta dias e quarenta noites, comece cada dia invocando e glorificando o mundo como se ele fos­se uma expressão das divindades egípcias. Recite de madrugada:

Abençoo Ra, o brilhante e quente sol

Abençoo Isis-Luna na noite

Abençoo o ar, o falcão de Hórus

Abençoo esta terra em que caminho

Repita ao nascer da Lua. Prossiga durante os quarenta dias e quarenta noites. Garantimos sem quaisquer reservas que, no mínimo, o leitor se sentirá mais contente e mais em casa neste canto da galáxia (e compreenderá também melhor a ati­tude dos índios americanos para com o nosso planeta); no má­ximo, obterá recompensas muito para além das suas expectati­vas, convertendo-se ao uso deste mantra para o resto da sua vi­da. (Se os resultados forem excepcionalmente bons, poderá mesmo começar a acreditar nas antigas divindades egípcias.)

Uma selecção de técnicas mágycas incapazes de ofen­der a razão de qualquer materialista pode ser encontrada em You Are Not the Target (que poderoso mantra é este título!) de Laura Archera Huxley, Gestalt Therapy de Perls, Hefferline e Goodman, e Mind Games de Masters e Houston.

Evidentemente, tudo isto se resume à programação da nossa própria realidade através da manipulação de aglomera­dos apropriados de palavras, sons, imagens e energia emocional (prajna). Mas a faceta da magick que mais desconcerta, espanta e escandaliza a mentalidade moderna é aquela em que, agindo á distância, o operador programa a realidade de outra pessoa. Para este tipo de mentalidade, a afirmação de que seria possí­vel programar uma dor de cabeça para o presidente dos Esta­dos Unidos pareceria incrível e insultuosa. Pessoas assim pode­riam aceder em que essa manipulação de energia fosse possível caso o presidente estivesse informado dos nossos propósitos, mas nunca aceitariam que o feitiço funcionasse também se o seu receptor não se encontrasse consciente da maldição.

Sendo assim, o materialista afirmará então que todos os casos em que, nestas condições, a magia parece resultar, não passam de ilusões, enganos, alucinações, “coincidências,” má compreensão, “sorte,” acidente ou pura fraude.

Ao tomar esta atitude, o materialista não parece com­preender que ela equivale a afirmar que, afinal, a realidade é mesmo termo-plástica – pois está a admitir que muitas pessoas vivem em realidades diferentes da sua. Mas em vez de o deixar­mos debatendo-se com esta auto-contradição, sugerimo-lhe que consulte Psychic Discoveries Behind the Iron Curtain, de Óstrander e Schroeder – e especialmente o capítulo 11, “Dos Animais à Cibernética: A Procura duma Teoria da Psi.” Poderá então perceber que, quando a matéria acabar por ser totalmen­te compreendida, não existe nada que um materialista precise de rejeitar na acção mágica á distância, que está a ser ampla­mente explorada por cientistas afectos à rígida causa do mate­rialismo dialéctico.

Aqueles que têm mantido vivas as antigas tradições da magick, como a Ordo Templi Orientalis, compreenderão que o segredo essencial é sexual, e que podemos encontrar mais luz nos escritos do Dr. Wilhelm Reich do que nas actuais pesquisas soviéticas. Mas o Dr. Reich foi encarcerado como tolinho pelo governo americano e não nos passaria pela cabeça pedir aos nossos leitores que considerem a hipótese do governo america­no alguma vez se haver enganado.

Qualquer psicólogo adivinhará imediatamente os si­gnificados simbólicos mais prováveis da Rosa e da Cruz; mas nenhum psicólogo dedicado à pesquisa psi parece ter alguma vez aplicado esta chave na decifração dos textos mágicos tradi­cionais. A mais antiga referência à franco-maçonaria em inglês surge em “Muses Threnody” de Anderson, 1638:

Porque nós somos irmãos da Cruz Rosada

Nós temos a Palavra Maçónica e a segunda visão (1)

mas nenhum parapsicólogo seguiu ainda a pista evidente conti­da nesta conjunção da rosa vaginal, a cruz fálica, a palavra da invocação e o fenómeno da projecção do pensamento. Parte desta cegueira pode ser explicada pelos tabus contra a sexuali­dade que ainda se encontram latentes na nossa sociedade; sen­do a outra parte o medo de abrir a porta ás formas de paranóia mais insidiosas e subtis. (Se a magick pode funcionar à distân­cia, diz o pensamento reprimido, qual de nós se encontra segu­ro?) Um estudo profundo e objectivo da histeria anti-LSD na América iluminará melhor os mecanismos de evitamento aqui discutidos.

O racionalista descobrirá evidentemente ainda outras ofensas e afrontas no estudo mais aprofundado da magick. To­dos sabemos, por exemplo, que as palavras não passam de con­venções arbitrárias sem nenhuma ligação intrínseca com as coisas que simbolizam. No entanto, a magick utiliza as palavras de tal modo que parece implicar a existência de alguma co­nexão, ou mesmo identidade, deste tipo. Se o leitor se encon­trar disposto a analisar alguns exertos de linguagem geralmen­te não considerados como mágicos, poderá conseguir descobrir parte da resposta. Por exemplo, o padrão 2 + 3 do “lo Pan! lo Pan Pan!” de Crowley não difere muito do 2 +3 de “Santa Ma­ria, Mãe de Deus.” Assim, quando um mágico nos diz que. no momento mais intensamente emocional da evocação, devemos gritar “Abracadabra” e nenhuma outra palavra, ele está a exa­gerar; poderíamos utilizar outras palavras; mas faremos abor­tar os resultados se nos afastarmos muito do ritmo pentatónico de “Abracadabra.”

O que nos trás de volta à teoria mágica da realidade.

Escreve o Mahatma Guru Sri Paramahansa Shivaji em Ioga para Tolinhos:

 

Consideremos um pedaço de queijo. Dizemos que ele tem certas qualidades, como forma, estrutura, cor, so­lidez, sabor, cheiro, consistência e outras mais; mas a investigação demonstrou que elas são todas ilusórias. Onde se encontram então estas qualidades? Não no queijo, pois observadores diferentes farão descrições delas muito diferentes. Em nós também não, pois não as sentimos na ausência do queijo.

Que qualidades serão então essas sobre as quais nos sentimos tão certos? Elas não existiriam sem os nos­sos cérebros; não existiriam sem o queijo. São o resul­tado da união, isto é, do Ioga, daquilo que vê e daqui-lo que é visto, do sujeito e do objecto…

Um físico moderno não encontraria aqui motivo para discórdia; e esta é a teoria mágica do universo. O mágico assu­me que a realidade sentida – o conjunto de impressões filtra­das pelos sentidos e processadas pelo cérebro – é radicalmente diferente da chamada “realidade objectiva.” Como dis­se William Blake, “O louco não vê a mesma árvore que o sábio vê.” Sobre a realidade supostamente “objectiva” pouco mais podemos fazer do que especular ou elaborar teorias que, se formos muito cuidadosos e subtis, não contradirão nem a ló­gica nem os relatos dos sentidos. Esta falta de contradição é a lógica; existem sempre algumas divergências entre a teoria e a lógica, ou entre a teoria e os dados dos sentidos. Por vezes pas­sam-se séculos sem essas divergências serem descobertas (por exemplo, o afastamento de Mercúrio em relação ao cálculo newtoniano da sua órbita). E, mesmo quando é alcançada, esta falta de contradição prova apenas que a teoria não é totalmen­te falsa. Em caso algum prova que a teoria é totalmente verda­deira – pois, a partir dos dados disponíveis em determinada al­tura é possível construir um número indefinido de teorias. Por exemplo, as teorias de Euclides, de Gauss e Riemann, de Lobachevski e de Fuller resultam todas razoavelmente bem na superfície da Terra. Quanto ao espaço interestelar, não se tem ainda a certeza se o sistema que resulta melhor é o de Gauss­-Riemann ou o de Fuller.

Ora, se dispomos assim de tanta liberdade para esco­lher as nossas teorias sobre a “realidade objectiva,” seremos ainda mais livres no aspecto da decifração da realidade sentida. A pessoa média vê como foi ensinada a ver – isto é, como foi programada pela sociedade. O mágico é um auto-programador. Usando a invocação e a evocação – que, como mostramos aci­ma, são funcionalmente idênticas ao auto-condicionamento, à auto-sugestão e à hipnose – ele selecciona ou orquestra, co­mo um artista, a realidade sentida. (É evidente que, inconscien­temente, todos procedemos assim; ver o parágrafo sobre o queijo. O mágico, agindo conscientemente, controla esse processo.)

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Nota:

(1) N. do T. – No original, “For we be brethren of the Rosey Cross / We have the Mason Word and second sight.”

Bibliografia: Robert Anton Wilson, O Livro dos Illuminati.
Editora Via Óptima, Porto, 1º edição, Dezembro de 1985.

Robert Anton Wilson

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/as-taticas-da-magick/

Contatos Imediatos do Primeiro Grau: Red Rocks, Dezembro de 2000

Por Llewellyn.

Extraído de Messages (Mensagens), por Stan Romanek.

…[M]inha esposa Lisa e eu nos conhecemos on-line no verão de 2000 e logo estabelecemos uma amizade pela Internet, trocando mensagens eletrônicas quase diariamente. Eventualmente, eu queria levar nossa amizade ao próximo passo e me encontrar pessoalmente, mas como ela estava morando no Nebraska e eu estava no Colorado, tal encontro parecia muito improvável. No entanto, eu estava determinado a conhecê-la e, uma vez que ganhei coragem, decidi pedir-lhe que viesse me visitar. Agora este é um grande passo para alguém que só a conhece através de mensagens na Internet, então ela não estava inicialmente interessada na ideia. Além disso, ela só esteve no Colorado uma vez antes, e durante essa visita choveu quase o tempo todo, dando-lhe uma impressão menos que favorável do estado (que, curiosamente, ostenta uma média de trezentos dias de sol por ano. Lá se vai a propaganda da Câmara de Comércio). Não é de surpreender que ela não estivesse ansiosa para repetir a experiência – ou pelo menos, essa era sua desculpa.

Então, como convenceria Lisa a vir ao Colorado para uma visita? Ocorreu-me uma série de possibilidades antes que eu finalmente me acomodasse com a brilhante ideia de filmar alguns dos espetaculares cenários locais e enviá-los para ela. Uma vez que ela viu como as montanhas eram bonitas – e que o estado geralmente era banhado pelo sol – ela não pôde deixar de dizer que sim. Achei que era um plano brilhante e alguns dias depois do Natal de 2000, parti com a câmera de vídeo na mão.

Em minha mente, o melhor lugar para começar a filmar era o Red Rocks Amphitheater (Anfiteatro Rochas Vermelhas) perto de Morrison, Colorado – um marco conhecido aninhado na base das majestosas Montanhas Rochosas a oeste de Denver. Pensei que esta vista panorâmica emocionante da cidade seria o começo perfeito para o meu vídeo caseiro.

Tomando uma das estradas secundárias ao Red Rocks Park, logo estava na periferia da cidade e apenas começando a chegar ao sopé das montanhas. Logo que cheguei à estrada que me levaria a Red Rocks quando observei um número de carros encostados no acostamento e pessoas olhando para cima em direção às linhas de energia que corriam ao longo da estrada. É claro que as pessoas ao lado de seus carros apontando para o céu é sempre irresistível e eu olhava para cima para ver o motivo de toda a excitação. Quando o fiz, me assustei ao ver um objeto brilhante pairando acima das linhas elétricas, a não mais de cinquenta metros acima do solo. Meu primeiro pensamento foi que era algum tipo de balão de ar quente, mas quanto mais eu o observava, menos certo eu ficava. Rolando pela janela da minha van, eu diminuí a velocidade enquanto tentava ter uma visão melhor da coisa.

Estudando o objeto de perto, logo determinei que era algum tipo de nave metálica de forma estranha, segmentada em múltiplas esferas com o corpo principal arredondado na parte superior e com seis esferas menores girando lentamente no sentido anti-horário ao longo de sua parte inferior. Era altamente reflexivo, como o alumínio polido, e inclinava-se ligeiramente na direção em que se movia, mas talvez a coisa mais peculiar da nave fosse a área negra e estaladiça entre as esferas inferiores em rotação. Era o negro mais negro que eu já havia visto em minha vida, como se de alguma forma fosse capaz de sugar toda a luz ao seu redor. Me chamou a atenção que se alguém jogasse uma pedra neste vazio, ele simplesmente continuaria nele por infinito.

Eu estava ficando um pouco enervado enquanto passava lentamente, mas isso não era nada até que comecei a notar que a maldita coisa parecia estar andando na minha van! Fiquei tão assustado que pisei no acelerador e tentei acelerar antes de me lembrar de repente que tinha minha câmera de vídeo comigo. Resistindo à tentação de fugir, peguei minha câmera e encostei no ombro.

Quase imediatamente notei a sensação mais estranha em minha pele. Parecia que o ar estava cheio de eletricidade estática, fazendo com que os cabelos dos meus braços ficassem de pé na ponta. Era como se a própria atmosfera estivesse grávida de uma poderosa carga eletromagnética. Sem me deixar levar pela estranha sensação, apontei minha câmera de vídeo para o objeto e durante os segundos seguintes fiquei ali na estrada, filmando a coisa.

Curiosamente, parecia que quando o fiz, o ofício reagiu reorientando-se até ficar perfeitamente vertical. Então, com um “pop”, de repente voou direto para cima, criando um pequeno boom sônico que fez minha camisa vibrar contra minha pele. Ainda mais notável, ela parou tão rapidamente quanto havia voado para cima, forçando-me a duvidar dos meus sentidos. Não sou especialista em aviação, mas mesmo eu sabia que nenhum objeto tripulado era capaz de tal manobra, nem havia uma pessoa no mundo que pudesse sobreviver ao tipo de força G que tal manobra criaria se houvesse. Eu fiquei impressionado.

Depois de mais alguns segundos, o ofício finalmente se afastou em espiral e desapareceu no céu azul brilhante, deixando-me à beira da estrada com a sensação de que eu tinha acabado de ver algo mais surrealista do que real. Ainda muito abalado, voltei para a minha van e dirigi cerca de cem metros até onde mais algumas pessoas foram encostadas perto de um pequeno parque para passear cães. Enquanto conversávamos entre nós, todos olharam para cima e viram um par de caças a jato F-16 acelerando na direção de onde o OVNI tinha sido visto pela última vez. Houve risos quando uma das testemunhas disse: “Boa sorte em perseguir aquela coisa”. O fato de eu ter acabado de testemunhar esta nave exótica foi especialmente irônico, devido ao fato de que poucos dias antes eu tinha gozado com meu amigo Mark por acreditar nesta loucura de OVNI e agora eu tinha minha própria experiência para lidar com isso! Tudo o que eu sabia com certeza era que estava feliz por ter minha câmera de vídeo comigo.

Quando cheguei em casa naquela tarde, liguei imediatamente minha câmera de vídeo ao VCR para ver se tinha conseguido capturar o objeto bizarro em fita. Estava um pouco confuso e o objeto ousava precariamente enquanto eu tentava fixar minha câmera nela, mas eu a havia capturado! Não era o tipo de imagem nítida, clara, incontestável que eu esperava, mas era definitivamente algo incomum – “algo” que não podia ser facilmente explicado ou descartado. Ou ignorado.

Mesmo assim, momentos após o avistamento, minha mente parecia não querer que eu acreditasse no que havia acabado de acontecer, mas depois de ver a fita repetidamente, finalmente decidi que havia visto algo mais notável. Liguei para Lisa no Nebraska para dizer a ela que nunca tinha chegado a Red Rocks e por quê.

Suponho que eu deveria saber que ela seria um pouco cético, como eu teria sido se ela tivesse me chamado do nada e me contado uma história semelhante. Além disso, como só nos conhecíamos há alguns meses e ela ainda não estava bem certa sobre mim, o som de apreensão em sua voz era compreensível; tenho certeza de que ela não estava entusiasmada com a possibilidade de se envolver com um maluco! Sua incredulidade me fez lamentar as muitas vezes que eu descartasse ou ridicularizasse relatos semelhantes de OVNIs feitos por outros e pensasse: “Agora eu sei como as pessoas devem ter se sentido quando eu gozei com elas”.

De alguma forma eu tinha que provar isso a ela. Rapidamente baixei o arquivo de vídeo para o meu computador e enviei a ela uma cópia para ser reproduzida por ela. O plano funcionou e eu fiquei aliviado quando ela finalmente acreditou que eu estava dizendo a verdade. Infelizmente, embora eu tivesse conseguido convencer Lisa, como eu ia me convencer?

Meses depois, depois de ter tido a oportunidade de pensar no que tinha visto, sentei-me e desenhei um esboço a lápis do objeto. É claro que tentar estimar o tamanho e a distância de um objeto no céu nunca é uma coisa fácil de se fazer, mas esta era a aparência geral e as dimensões como melhor me lembro.

Provavelmente nunca saberei qual era o objeto, nem vi nada semelhante a ele desde então. Tudo o que sei é que o misterioso objeto prateado foi o prenúncio de uma cadeia de eventos que iriam alterar dramaticamente minha vida nos próximos anos, tanto de maneira boa quanto ruim.

Até hoje, ainda fico um pouco nervoso quando passo de carro pela área onde vi o objeto, percebendo com uma sensação de consternação que este era o local onde tudo começou.

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Fonte:

Close Encounter of the First Kind: Red Rocks, December, 2000, by Llewellyn.

https://www.llewellyn.com/journal/article/2070

COPYRIGHT (2009) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/contatos-imediatos-do-primeiro-grau-red-rocks-dezembro-de-2000/

Homem Mariposa

Seus primeiros avistamentos ocorreram próximos à cidadezinha de Point Pleasant, West Virginia, em 1966.

No dia 12 de novembro, cinco homens da cidade vizinha de Clendenin disseram ver uma figura do que parecia ser um homem alado que passou voando de maneira rasante sobre suas cabeças enquanto cavavam um túmulo. 3 dias depois, 2 jovens casais avisaram à polícia que seus carros foram perseguidos por uma figura escura de olhos vermelhos brilhantes com asas de 3 metros de comprimento.

Relatos como estes começaram a surgir em Point Pleasant e em uma antiga área de armazenagem de munições da 2ª Guerra chamada “TNT Area”.

Dia 16 de novembro surge a primeira menção a ele impressa em jornais “CASAIS AVISTAM UM PÁSSARO… CRIATURA… ALGUMA… COISA DO TAMANHO DE UM HOMEM! Foi o editor de um jornal de Ohio que o batizou de Homem Mariposa (Mothman).

Muitos locais acreditavam que ele vivia em uma usina nuclear abandonada nos arredores da cidade.

Em 1967 os avistamentos cessaram logo após uma terrível tragédia acontecer na ponte Silver Bridge, em Point Pleasant. Dia 15 de dezembro a ponte entrou em colapso, durante a hora do rush, matando 46 pessoas.

John Keel foi o primeiro a associar os avistamentos do Homem Mariposa ao acidente em seu livro The Mothman Prophecies, publicado em 1975 – ele também o associou a alienígenas e Homens de Preto – dizendo que os avistamentos eram premonições sobre o colapso da ponte. O livro se tornou um filme homônimo em 2002.

Muitos o consideram presságio de tragédias que simplesmente desapareceu depois de uma série de avistamentos e o subsequente colapso da Silver Bridge em 1967. Mas e se os avistamentos não foram apenas lá e não terminaram?

Mas os avistamentos não se restringiram a West Virginia: ele foi visto em São Paulo – dias antes do edifício Joelma pegar fogo em 1974 – em Chernobyl – dias antes do desastre – em Nova York – quando os aviões atingiram as torres gêmeas – de 2011 a 2017 pelo menos 55 pessoas o viram em Chicago.

Um “documentário” recente que busca explicar a criatura foi lançado em 2020 “The Mothman Legacy”, procurem pelo trailer.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/homem-mariposa/

A Origem das Sefirot

 Um artigo de Spartakus FreeMann sobre a origem das Sefirot.
Para Melmothia.

Uma discussão com Melmothia me desafiou sobre a origem das Sefirot. No início, a resposta a esta pergunta parecia tão óbvia que respondi com um truque cabalístico: “ó minha boa dama, as dez Sefirot, bem, são o Sefer Yetzirah“. Ao refletir melhor, este curto-circuito me desagradou, e percebi que nunca havia tentado dar nem mesmo uma breve história da doutrina das Emanações. Espero que este lapso seja retificado neste artigo.

Um dos conceitos mais importantes na Cabala é sem dúvida o das Emanações ou Sefirot (singular: sefira) através das quais Deus se revela. Estas Emanações são atributos ou caracteres arquetípicos que a literatura cabalística frequentemente descreve como “esferas”, “regiões” ou “vasos” contendo a energia que emana de Deus, o infinito e ilimitado En-Sof, incognoscível por natureza. É somente através destas Emanações que se pode ganhar conhecimento (parcial) de Deus e de Sua criação.

As 10 Sefirot são segundo a representação tradicional da Árvore da Vida:

  1. Kether ou Kether Elyon, a Coroa Suprema
  1. Hokhmah, Sabedoria
  1. Binah, Inteligência
  1. Gedullah ou Hesed, Grandeza ou Amor
  1. Gedulah ou Din, Poder ou Julgamento
  1. Rahamim ou Tifereth, Compaixão ou Beleza
  1. Netzach, Vitória
  1. Hod, Majestade
  1. Tzaddik ou Yesod Olam ou Yesod, os Justos, a Fundação do Mundo ou a Fundação
  1. Malkhuth, o Reino.
Árvore da Vida do Pardes Rimmonim de Moisés Cordovero (século XVI).

Origem das Sefirot

Os nomes das dez Sefirot parecem ter sua fonte em I Crônicas 29:11:

“Tua é, Senhor, a grandeza, e a força, e a glória e o esplendor, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos.”

Estes são os 7 atributos associados com as 7 Sefirot inferiores. No século XIII, Isaac, o Cego de Narbonne, que alguns acreditam ser o pai da Cabala, fez a conexão com esta passagem da Escritura em seu Comentário sobre o Sefer Yetzirah, a fim de falar da doutrina das Sefirot.

O Sefer Yetzirah (ou Livro de Formação) é outra fonte da doutrina das Emanações. De fato, este pequeno tratado cabalístico nos fala dos “32 Caminhos da Sabedoria” pelos quais Deus criou o mundo. Estes Caminhos compreendem as 22 letras do alfabeto hebraico e 10 numerações, ou Sefirot, um termo derivado, segundo G. Scholem, do “sapar” hebraico, para a palavra “contar”.

Mais tarde, encontramos o Sefer ha-Bahir, um tratado no qual os Sefirot não são mais percebidos como números, mas como éons, logos ou atributos (middoth em hebraico) que servem como instrumentos de criação. O Bahir identifica estes atributos com as 10 ma’amoroth ou 10 Palavras pelas quais o mundo foi criado (ver Pirke Avoth 5:1. Tratado Avoth).

Esta visão ecoa o Talmude onde lemos: “Por dez coisas o mundo foi criado, pela sabedoria e compreensão, e pela razão e força, pelo rigor e poder, pela justiça e julgamento, pelo amor e compaixão” (Talmude: Tratado Haguiga, 12a).

A Árvore da Vida de Kircher. Origem das Sefirot.

Com Azriel de Girona (século XIII), obtemos um desenvolvimento filosófico do sistema das Emanações que pode ser resumido em três características fundamentais:

  1. As Sefirot são manifestações finitas de En-Sof ;
  1. En-Sof é Infinito, Perfeito, Incognoscível;
  1. As Sefirot e En-Sof são um só.

Além disso, as Emanações são dez em número porque são limitadas pelas expressões da existência do mundo “físico” da criação do qual participam: substância, comprimento, altura, profundidade, tempo, lugar, etc.

Esta última ideia é muito próxima da teoria aristotélica das categorias do ser. Se Deus é incognoscível, o mundo foi criado pelas Dez Palavras e de acordo com Luzzatto:

“En-Sof é a Vontade como Ele poderia ter querido, aquele que não tem termo ou medida ou fim; os Sefirot são o que Ele quis com limite e que constituem os atributos particulares que Ele quis”.

O Zohar, esse tratado volumoso e críptico da Cabala, não fala explicitamente das Sefirot, mas usa uma série de termos diferentes que podem ser relacionados às qualidades das Sefirot (no fólio 176b eles são mencionados por suas iniciais, no entanto, isto parece ser uma adição tardia – do século 16 – à versão do Codex de Mantoue). Entretanto, o Zohar oferece uma explicação da estrutura da Árvore da Vida: as Sefirot estão dispostas dentro dela na forma de um Mishkal, ou Equilíbrio, com suas duas panelas (as duas colunas à esquerda e à direita) e seu centro. Assim, cada Sefirah é um equilíbrio entre a força e a energia dos dois Sefirot anteriores.

A fonte mais clara parece ser a Patah Eliyahu – uma oração recitada em certas liturgias judaicas – encontrada no Tikkunei Zohar (fólio 19a), uma obra mais tardia que o próprio Zohar. As referências às Sefirot muitas vezes aparecem apenas em adições (tosafot) ou em comentários (como na tradução de Baal haSulam, por exemplo). Daniel Matt, autor de uma tradução contemporânea do Zohar em inglês, escreve:

“os comentadores gostam de encontrar referências às Sefirot que os ba’alei ha-Zohar (os autores do Zohar) nem sempre pretendiam. Mas os brilhos são ingênuos não acrescentando as Sefirot, mas reduzindo a poesia do Zohar ao persistir em nomear as diferentes Sefirot onde o texto original apenas alude a eles sutilmente”. Além disso, os estudiosos são quase unânimes em dizer que o Zohar “raramente usa o termo Sefirah ou o próprio nome das Sefirot” (Sperling e Simon, tradução de 1931, 384).

A doutrina das Sefirot será desenvolvida por Isaac Luria. Está além do escopo deste artigo para descrevê-la mais detalhadamente e remetemos o leitor ao nosso trabalho sobre a Cabala Luriânica. Basta dizer aqui que, segundo Luria, a criação de um mundo de natureza finita é uma indicação da autolimitação de Deus por meio de Tzimtzum, ou retração, contração. Por este ato, Deus preserva um espaço livre para Sua criação, que então se desdobra através do derramamento de Sua luz através dos “vasos” (Sefirot).

Este processo não ocorreu corretamente, levando à “quebra dos vasos” e à queda na materialidade, mas esta imperfeição deveria, segundo Luria, ser concluída em um tikkun, uma reparação que apareceria então como a realização de uma parousia de Deus dentro da criação restaurada a sua perfeição original.

Isaac Luria dá outra classificação das Sefirot, omitindo Kether e acrescentando Da’ath (Etz Chaim 23:5,8), como segue (Etz Chaim 23:1,2,5,8; 25:6; 42:1):

  1. Hokhmah ;
  1. Binah ;
  1. Da’ath ;
  1. Hesed ;
  1. Goborah ;
  1. Tifereth ;
  1. Netzach ;
  1. Hod;
  1. Yesod;

Moisés Cordovero, por outro lado, enfatiza uma estrutura baseada nos Quatro Mundos (Pardes Rimonim 3:1 e Or Ne’erav 6:1) e organiza as Sefirot na seguinte ordem:

  • Atziluth (Emanação) que inclui Kether e Hokhmah;
  • Briah (Criação) que inclui Binah;
  • Yetzirah (Formação) que inclui Tifereth, Hesed, Goborah, Netzach, Hod e Yesod (que são as 6 direções do mundo);
  • e finalmente Assiah (Ação) que inclui Malkhuth.

A cada um destes quatro níveis, modelados nos quatro mundos, é atribuída uma das letras do divino Tetragrammaton YHVH.

“As três primeiras Sefirot devem ser consideradas como uma e a mesma coisa”. A primeira representa “Conhecimento”, a segunda “Conhecedor” e a terceira “o que é conhecido”. O Criador é o próprio conhecimento, conhecedor e conhecido… Assim, todas as coisas no universo têm sua forma dentro das Sefirot e as Sefirot tem sua fonte no que emana deles” (Cordovero, Pardes Rimonim).

O diagrama abaixo representa a ordem das Sefirot de acordo com Cordovero. Cada Sefira é representado pela inicial de seu nome:

Moses Cordovero, Pardes Rimmonim, 1592. Origem das Sefirot.

Deve-se notar que as várias representações das Sefirot em forma de árvore, embora favorecidas pela tradição, não são as únicas. Além de Cordovero, há também uma representação chamada “Coração de Deus” onde Tifereth está no centro de uma roda composta de outras Sefirot, sem mencionar a Menorah ou o castiçal de sete ramos (veja abaixo). Em qualquer caso, a árvore continua sendo o diagrama mais revelador, quanto mais não seja por causa de seu simbolismo na Cabala e no Judaísmo.

En-Sof e as 10 Sefirot.
Representação retirada de um manuscrito anônimo.

Ao longo dos séculos, da Cabala Cristã de Reuchlin à angustiante e redutora Nova Era contemporânea, passando pelo ocultismo sincrético de Crowley, a doutrina das Sefirot foi enxaguada, traída, pervertida, embelezada, complexificada e distorcida. Cada um puxando o “manto” para si mesmo, acrescentando aqui e ali atributos angélicos ou mesmo demoníacos; discutindo as virtudes mágicas desta Sefira ou daquela; escrevendo páginas abstrusas sobre as interações mais ou menos difusas da energia (como se a Árvore da Vida fosse um quadro elétrico);, etc.. Em suma, de uma teoria límpida, de uma safira, se pudermos usar este trocadilho, uma torre trêmula foi construída para nós que ninguém hoje pode entender totalmente. O nevoeiro é tão espesso hoje que algumas pessoas limitam tudo que sabem sobre as Sefirot aos jogos de RPG.

Para concluir, convidamos o leitor a voltar à fonte, a mergulhar na simplicidade de um sistema que postula em seu coração que o mundo foi criado por 10 “numerações”, nem mais nem menos.

As Dez Sefirot na Menorah de Kether (1) a Malkhuth (10).

Para ir mais longe na origem das Sefirot e da Cabala, leia nosso livro Initiation to the Way of the Cabalah (Iniciação ao Caminho da Cabala).

The Origin of the Sefirot, Spartakus FreeMann, dezembro de 2008 e.v.

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Fonte: L’origine des Sephiroth, Spartakus FreeMann, décembre 2008 e.v.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/a-origem-das-sefirot/

Aleister Crowley: o Homem Mais Perverso do Mundo

Por Mike Karn

Revista The Square, volume 43, n° 2, junho 2017, páginas 32-34.

Aleister Crowley é considerado uma das figuras mais notáveis e sinistras do século passado. Ele foi um renomado estudioso que usou seu incrível intelecto para se tornar um especialista e praticante do ocultismo e da magia negra. Tão grande era o seu domínio que, para muitas pessoas, ele se transformou na personificação absoluta do mal. Seus ritos, orgias e cerimônias profanas chocaram até mesmo os mais cínicos e despertaram curiosidade, fúria e ódio nas outras pessoas.

​Ele sempre insistiu que seu nome fosse pronunciado como “Crow-ly” – muitas vezes acrescentando, com um sorriso malicioso: “para rimar como holy [sagrado]!”. No entanto, provavelmente é difícil, para quem desconhece a reputação de Crowley, imaginar a controvérsia que seu nome incitou no público em geral – e o ódio e medo que sentiram.

​Crowley nasceu no auge da era vitoriana, em 1875, em Leamington, Warwickshire, Inglaterra. Proveniente de uma família próspera adepta da seita dos Irmãos de Plymouth, ele foi devidamente batizado como Edward Alexander Crowley. Foi criado para acreditar que Deus era todo-poderoso e que o livre-arbítrio não era uma opção. Seu pai, Edward, era de uma rica família quaker, e ele e sua esposa, Emily, eram fanáticos religiosos que se juntaram aos Irmãos de Plymouth na fundação da seita.

​Para Crowley, o Cristianismo assumiu proporções extremas e se tornou o inimigo. Em seu tormento, ele procurava ajuda e conforto em outras fontes – essa direção por fim levava ao inimigo natural: o demônio. Ele se rebelou totalmente contra a religião de sua família e posteriormente mudou seu nome para Aleister, para não partilhar do mesmo nome de seu pai, Edward.

​Crowley teve uma infância muito infeliz. Seu pai viajava pelo país pregando, enquanto sua mãe rezava, lamentava e atormentava o filho. O pior ainda estava por vir: seu pai faleceu quando ele tinha 11 anos de idade, e sua guarda foi concedida à mãe de seu irmão, que o tratava com crueldade. Isso só foi ultrapassado por um mestre sádico de uma escola dos Irmãos Plymouth, à qual foi confiado.

​Portanto, quando criança, Crowley rezou para o demônio em segredo, para se manter protegido de sua mãe, de seu tio, do mestre e dos garotos que o maltratavam na escola. Seus sentimentos em relação ao Cristianismo e à sua família eram de puro ódio, e ele não foi criado como uma criança normal. No início de sua adolescência, como seu comportamento comum era não aceitar a doutrina dos Irmãos Plymouth, a mãe de Crowley o amaldiçoou e passou a chamá-lo de “a besta”, cujo número era 666, conforme o Livro do Apocalipse no Novo Testamento da Bíblia. Em vez de ficar ofendido com isso, ele adotou o nome e agiu como se não houvesse mais nada a fazer a não ser aceitá-lo.

Crowley frequentou a Malvern College como uma criança oprimida e mentalmente perturbada. Uma escola pública não era lugar para um garoto tão tímido e estranho, e ele sofria agressões físicas e psicológicas, a ponto de ser retirado da escola e transferido para a Tonbridge School. Mas então houve uma transformação nele. Crowley tinha crescido e se tornou forte física e mentalmente. Ele passou por uma mudança completa, como se algo tivesse sido despertado dentro dele. Deixando de lado toda a sua insegurança, superou os intimidadores e se transformou em um deles.

Nessa época, ele começou a praticar alpinismo. O cabo de Beachy Head e as montanhas galesas foram os cenários de suas primeiras expedições, mas então ele começou a escalar penhascos que ninguém jamais havia ousado, e realmente obteve muitas experiências na escalada.

Em 1895, aos 20 anos de idade e denominando-se Aleister, foi para a Trinity College, em Cambridge, como graduando do curso de ciência moral. Ele também escreveu, estudou poesia e continuou a praticar alpinismo. Crowley era considerado um jovem com um futuro promissor, mas enveredou pelo ocultismo e por todas as formas de imoralidade. Ele vivia como um aristocrata privilegiado e mantinha uma vida sexual vigorosa, conduzida com prostitutas e mulheres que ele escolhia nos bares locais, mas isso posteriormente se estendeu a atividades homossexuais. Ele também começou a publicar poesia explicitamente sexual.

Quando frequentava a Trinity College, conheceu Allan Bennett. Os dois se interessaram pelo ocultismo e começaram a experimentar rituais mágicos. Ao que tudo indica, eles obtiveram resultados impressionantes, incluindo a manifestação de uma hoste de seres sobrenaturais e de atividades de espíritos.

Em 1898, Crowley e Bennett se juntaram à Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn) em Londres, que praticava magia ritualística, alquimia, astrologia, tarô e outras ciências ocultas. A ordem foi fundada em 1887 por três membros da Maçonaria: Samuel MacGregor Mathers, William Robert Woodman e dr. William Wynn Westcott. Todos eles também foram membros da Sociedade Rosacruciana.

A Golden Dawn afirma que sua origem remonta de documentos codificados na posse de Wynn Westcott, segundo os quais o grupo era uma ramificação da Ordem Rosacruz alemã. Eles conceberam cinco rituais nos moldes maçônicos, que foram expandidos por Mathers. Sua influência no desenvolvimento do ocultismo moderno ocidental foi profundo, e muitos grupos afirmam serem originados da Golden Dawn.

Um ano depois, um fundo em depósito que foi estabelecido após a morte de seu pai lhe foi liberado. Crowley se tornou um homem rico, sem ter que depender mais de sua família. Ele abandonou a universidade sem concluir o curso, adquiriu um apartamento em Londres e começou a se dedicar a seus estudos ocultistas. Crowley tinha uma aptidão natural para a magia e logo fez avanços, tornando-se um mago poderoso, assim como seu amigo Allan Bennett.

Crowley não apenas se aprofundou no ocultismo, mas também foi promovido rapidamente pelos graus da Golden Dawn. Em 1889, ele completou os estudos necessários para obter o grau de Adeptus Minor. Entretanto, por causa de suas atitudes e de seu comportamento homossexual, o líderes em Londres o consideraram inadequado para avançar na Segunda Ordem. Então, Crowley foi para a França, onde o líder da Golden Dawn em Paris, MacGregor Mathers, o iniciou na Segunda Ordem.

Posteriormente, em 1900, a Golden Dawn foi fragmentada. Mathers, em uma tentativa de se unir à Loja londrina e se tornar um líder incontestável da ordem, mandou Crowley para a Inglaterra como seu “enviado especial”. Crowley fez uma tentativa frustrada de obter novamente o controle das propriedades da ordem em nome de Mathers. Ele surgiu em uma reunião ritualística vestido de maneira excêntrica com traje escocês completo e um capuz preto. Pouco tempo depois, Mathers e Crowley foram expulsos da ordem.

Crowley era maçom. Registros apontam que ele foi para a França em 1903, onde foi iniciado na Maçonaria na Loja Anglo-Saxônica nº 343, em Paris. Essa era uma Loja principalmente para expatriados e para aqueles que não podiam se afiliar à Maçonaria na Inglaterra por causa dos altos padrões da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI).

Crowley afirmou ter sido recomendado por um Past Grão-Capelão Provinciano de Oxfordshire. No entanto, não existem evidências documentadas disso, e Crowley certamente nunca foi iniciado na Maçonaria inglesa. Posteriormente, ele continuou tentando ser admitido em reuniões de Lojas em Londres, mas frequentemente era recusado, pois pertencia a uma Ordem Maçônica ilegítima.

Em seu livro The Confessions of Aleister Crowley, uma auto-hagiografia, Crowley se explica:

Eu mencionei ter obtido o 33° na Cidade do México. Isso não acrescenta muita importância ao meu conhecimento dos mistérios, mas ouvi falar que a Maçonaria era uma irmandade universal e esperava ser recebido em todo o mundo por todos os Irmãos. Fui surpreendido com um considerável choque nos meses seguintes, quando, tendo a chance de discutir o assunto com um apostador arruinado ou agente de apostas – não me lembro exatamente –, descobri que ele não me “reconhecia”! Havia uma diferença simples em um dos apertos de mão ou alguma outra formalidade totalmente sem sentido. Demonstrei um desprezo imenso por todo o ritual. Eu fui admitido ao ser iniciado na Loja Anglo-Saxônica nº 343, em Paris.

Retornei à Inglaterra um tempo depois, após passar meu posto na minha Loja, e, esperando me juntar ao Arco Real, dirigi-me a seu venerável Secretário. Apresentei minhas credenciais. “Ó Grande Arquiteto do Universo”, o velho homem irrompeu de raiva, “por que não queimais este impostor no fogo dos céus? Senhor, vá embora. Você não é um maçom!”.

Pensei que isso seria um pouco difícil de meu Reverendo Pai em Deus, o criador, e percebi que, obviamente, todos os ingleses e norte-americanos que visitam uma Loja na França correm o risco de expulsão ou detenção instantânea e irrevogável. Então, eu não disse nada, mas fui para outra sala no Freemasons’ Hall sem seu conhecimento, e tomei meu lugar como um Past Master em uma das Lojas mais antigas e importantes de Londres.

Em 1905, Crowley voltou a se dedicar ao alpinismo e tentou conquistar o Kangchenjunga, no Nepal, a terceira montanha mais alta no mundo. Houve grande controvérsia durante a tentativa frustrada, e Crowley foi acusado de crueldade por agredir seus carregadores e deixar outro homem morrer na montanha. Era evidente que ele não conseguia tolerar qualquer tipo de fraqueza nas outras pessoas, mas essa viagem acrescentou muitas outras histórias terríveis à sua reputação crescente como um homem perverso.

Em 1906, Crowley fez uma viagem com sua esposa e sua filha para a China e depois para o Vietnã, onde as abandonou. A criança faleceu posteriormente, e sua esposa recorreu ao consumo de álcool para aliviar a dor, chegando à loucura. Tempos depois, Crowley a internou em um sanatório, e eles por fim se divorciaram em 1909.

Em 1910, Crowley conheceu John Yarker. Yarker era maçom, costumava escrever sobre assuntos relacionados à Maçonaria e era membro da Loja Quatuor Coronati. Em 1871, ele esteve envolvido com a fundação de um Grande Conselho do Rito Antigo e Primitivo em Manchester, uma ordem que se separou da GLUI e criou uma conexão com o Rito Antigo e Aceito e com outros ritos egípcios. Isso não era considerado comum pela maioria das Grandes Lojas. Crowley se juntou à ordem, da qual mais tarde se tornou Grão-Administrador Geral e também Mestre Patriarca Geral.

Em 1913, Crowley visitou o Secretário da Loja Quatuor Coronati e o Grande Secretário do Freemasons’ Hall, buscando uma forma de se juntar à Loja inglesa. Ele então escreveu à Grande Loja solicitando seu direito de se juntar a Lojas inglesas e participar delas, baseado em sua associação à Loja francesa. Seu pedido foi negado, devido à irregularidade de sua Loja-Mãe. A Grande Loja não identificou Crowley como um membro da Maçonaria. Todas as suas afiliações estavam ligadas a órgãos irregulares, portanto lhe negaram reconhecimento.

Crowley estava escalando montanhas na Suíça quando a Primeira Guerra Mundial irrompeu e ele retornou para a Inglaterra. Estava impossibilitado de se juntar às forças armadas por causa de sua saúde debilitada, mas ofereceu seus serviços: sua escrita e sua inteligência. Supostamente, sua oferta foi rejeitada com desprezo pelo Serviço de Inteligência Britânico, e, para um homem como Crowley, isso resultou em seu ressentimento e apoio subsequente à Alemanha. Ele foi para os Estados Unidos, onde escreveu e publicou propaganda antibritânica, o que o tornou um traidor e desertor na Inglaterra.

Nos Estados Unidos, ele estudou com ocultistas norte-americanos, começou a pintar e escreveu muitos livros. Em 1919, enquanto vivia em Greenwich Village, conheceu Leah Hirsig, e os dois sentiram uma conexão imediata e instintiva. Em 1920, eles foram para a Sicília e criaram um templo em uma antiga fazenda. Eles tiveram uma filha e, sob a influência de ópio e cocaína, fundaram um novo culto religioso chamado Thelema. Com Crowley considerando-se um profeta da nova era, a famosa Abadia de Thelema foi fundada. Thelema era uma religião, e sua lei era: “Faze o que tu queres”. Rapidamente, circularam histórias sobre depravação. O povo italiano se ressentiu das atividades diabólicas de Crowley, e Benito Mussolini, o ditador italiano, determinou que ele fosse deportado. Como sempre, Crowley não negou as acusações feitas contra ele.

Crowley também foi membro da Ordo Templi Orientis (O.T.O.) e, em 1925, por fim assumiu liderança e revisou os ritos, estabelecendo rituais da ordem nos mesmos moldes da Maçonaria. A O.T.O. é uma sociedade secreta e, ao longo dos anos, ressurgiu diversas vezes. Atualmente, está em atividade em 25 países, com uma afiliação crescente de mais de 4 mil membros. Segundo consta, todos os homens e mulheres livres, com maioridade completa e bons precedentes, têm o direito de serem iniciados nos primeiros três graus dessa ordem.

Muitos livros ocultos foram escritos por Crowley, os quais, apesar de terem sido escritos com discernimento, são muitas vezes difíceis de serem acompanhados. Um deles é o sagrado Livro da Lei, que tem como princípio fundamental: “Faze o que tu queres há de ser o todo da lei”, que significa que todo homem e toda mulher deverão encontrar sua verdadeira vontade, seu propósito e seu sentido de vida, seguindo isso e nada mais. Dois de seus romances, The Diary of a Drug Fiend (1922) e Moonchild (1929), foram parcialmente baseados em sua vida pessoal e em suas alucinações egomaníacas. Acredita-se que Crowley tenha realizado muitas tentativas sem sucesso, com diferentes mulheres, de procriar uma “criança mágica”. Ele escreveu sobre essas tentativas em forma de ficção no livro Moonchild.

Crowley sempre atraiu um pequeno grupo de seguidores nos Estados Unidos e na Alemanha, talvez não mais de algumas centenas de pessoas por vez, e, por quatro anos, perambulou pela Alemanha e por Portugal, sendo financiado por seus seguidores fiéis. Ao retornar para a Inglaterra, em 1935, foi à falência após perder um processo judicial contra um jornal que o teria chamado de mago negro. A evidência contra ele era devastadora – e é de se imaginar que o caso só tenha sido levado à corte por mera publicidade!

Durante os anos seguintes, Crowley parou de viajar e permaneceu na Inglaterra, onde escreveu muitos outros livros. Ele passou seus últimos anos sozinho em uma pensão em Hastings, como um homem velho e debilitado, mal sobrevivendo por seu vício em heroína. Seu ato final foi amaldiçoar o médico que se negou a prescrever a quantidade de heroína que ele queria. Crowley morreu em 1º de dezembro de 1947, aos 72 anos de idade, e foi cremado em Brighton. Suas cinzas foram enviadas a seus seguidores nos Estados Unidos. O médico que ele amaldiçoou teria morrido em menos de 24 horas depois.

Sem arrependimentos e sem se curvar, ele partiu deste mundo com um desprezo final pela sociedade. Crowley havia preparado seu próprio funeral e, em vez do serviço religioso comum, criou seu último ritual com suas obras. Amigos leram Hymn to Pan e Collects and Anthems, de Gnostic Mass. Passagens selecionadas do Livro da Lei também foram lidas. Houve tantas reclamações por parte do público a respeito do serviço funerário que o Conselho de Brighton decidiu tomar providências para prevenir que um incidente como esse nunca mais acontecesse.

Provavelmente, Crowley foi o mago mais famoso de sua época, tornando-se ainda mais influente após sua morte do que quando estava vivo. Ele foi muitas vezes odiado em vida, mas certamente causou influência e impacto no desenvolvimento da nova era do ocultismo moderno. Seu conhecimento sobre magia e bruxaria era certamente profundo, e ele transmitiu esse conhecimento por meio de seus diversos livros. Na sociedade liberal dos dias de hoje, seus livros estão sendo procurados e reimpressos, e algumas pessoas parecem apreciar seu estranho intelecto. Sua impiedade persistente era um traço de sua personalidade e influenciou homens e mulheres, mas Crowley deixou para traz um rastro de devastação em se tratando das mulheres e dos homens em sua vida. Alcoolismo, vício em drogas, insanidade e suicídio surgiram em seu caminho. Portanto, Crowley era um mago negro perverso? Provavelmente sim, mas tão importante quanto isso era o fato de ele querer que todo mundo acreditasse nisso.

Há uma reviravolta na história, pois, quando Crowley morreu, foi encontrada uma carta da Inteligência Naval Britânica endereçada a ele, requerendo o prazer de sua companhia em uma recepção. A história então revelada é a de que ele teria sido recrutado pela Inteligência Britânica durante a Segunda Guerra Mundial, quando queriam explorar as informações de que nazistas de alto posto estavam envolvidos com astrologia e ocultismo. Agente britânico por muito tempo, Ian Fleming (que escreveu os romances de James Bond) disse que Crowley foi recrutado pela primeira vez para a investigação de Rudolf Hess. Fleming também revelou que foi Crowley quem sugeriu o símbolo de “V” de vitória usado por Churchill – o símbolo com os dois dedos sendo o oposto direto e destrutivo do símbolo solar da suástica.

Atualmente, poucas pessoas irão refutar a ideia de que Crowley teria sido um agente britânico durante a Primeira Guerra Mundial, trabalhando nos Estados Unidos e ajudando na campanha de desinformação, em vez de ter sido um traidor, como se acreditava.

Crowley foi chamado de “o homem mais perverso do mundo”. No entanto, talvez hoje em dia ele não fosse considerado assim. Ele possivelmente seria tratado como um excêntrico, com poucas pessoas se incomodando com seu comportamento – o que não seria de forma alguma apropriado para ele.

#Thelema

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/aleister-crowley-o-homem-mais-perverso-do-mundo

As Chaves Maiores e as Clavículas de Salomão

por Eliphas Levi Zahed

EDIÇÃO, ORGANIZAÇÃO, COMENTARIOS E TRADUÇÃO por Robson Belli

Creio ser de fundamental importância a tradução comentada deste material, por trazer uma visão magística diferenciada de um de seus grandes autores contemporâneos, Eliphas Levi um dos mais importantes autores da alta magia, e a sua visão de um dos principais grimórios medievais, as “Clavículas de Salomão”.

O fato desta obra ainda não ter uma tradução para o português em pleno ano de 2022, nos mostra o pouco ou nenhum interesse do nosso mercado editorial de nos servir com obras ótimas, e com as diferentes visões do mesmo tomo, estamos exaustos de ver traduções das clavículas traduzidas por Samuel Lidel “McGregor” Mathers, que apesar de ser um ótimo trabalho, expõe apenas uma visão embasada em algumas poucas fontes dos manuscritos das conhecidas Clavículas de Salomão que juntos somam mais do que 144 tomos manuscritos diferentes, só considerando os tomos das chaves maiores, tendo uma miríade muito maior quando consideramos as chaves menores.

Portanto não espere encontrar aqui os tradicionais pantáculos, este livro não é mais do mesmo, e justamente por isso vem a ser a minha primeira clavícula traduzida e publicada, a fim de quebrar os paradigmas impostos a esse tomo.

Muitos talismãs para invocação das forças celestiais estão descritos aqui, contudo é importante mencionar, que além de invocar estes poderes, nos sagrados e poderosos 72 nomes de Deus, esta clavícula nos ensina trabalhar também repelindo as forças malignas de nossas vidas, sendo, portanto, uma das mais puras clavículas no sentido de chamar para si a atenção do divino e do sagrado, afastando de si as forças negativas.

Este não é em definitivo, um tomo para membros do caminho da mão esquerda, este livro é para aqueles que entendendo que devem se ligar aos poderes elevados e aos nomes divinos, o fazem para expurgar de si os poderes das trevas, que apenas atrasam seu desenvolvimento enquanto ser humano e magista.

Este livro não pede sua aceitação ou concordância, ele apenas o é como deveria ser, peço apenas ao leitor a compreensão de obras como “Dogma e ritual da alta magia” e o livro “O grande arcano”, ambos de Levi, para entender melhor que este aqui é o livro referenciado na obra citada e não, as obras que Eliphas Levi considerava espúrias e impuras que visam chamar demônios para si, profanando assim o ideal Cabalístico de evolução do ser.

Esta é na opinião de Levi, a clavícula de Salomão retificada a sua gloria original, dentro de uma proposta muito mais próxima a ideia da cabala, e mesmo que tenha símbolos nos amuletos, a força deles provem na realidade dos nomes divinos e dos números gravados nos mesmos, sendo não um livro de evocação e dialogo com estas forças, este é um livro de magia talismanica, tal qual as Chaves Maiores de Salomão mais conhecidos do grande público, contudo faz uso dos 72 anjos ou 72 nomes divinos para atrair para si estes poderes benignos e afastar de si os 72 demônios, uma clara contra posição ao “Ars Goétia” do “Lemegeton” que Eliphas provavelmente considerou impuro e pagão, um livro corrompido.

Visão que pode ser bem compreendida por aqueles que adentram ao estudo da Cabala judaica, mesmo em seus níveis mais superficiais, creio ter bem referenciado o porquê desta obra ser o que é, e por que Eliphas Levi tentou retificar a tradição Salomônica escrevendo este livro.

Infelizmente este livro não se popularizou tanto quanto suas outras obras, mas finalmente chega agora ao leitor brasileiro que, espero sinceramente faça um maravilhoso uso desta obra a tanto tempo deixada de lado.

~Robson Bélli

23 de maio de 2022.

ADVERTENCIA

Este livro é uma reprodução fiel do manuscrito escrito e desenhado por Eliphas Levi para seu discípulo e amigo, Barão Spedalieri, que, de acordo com o desejo do Mestre, foi posteriormente entregue a J. Charrot, que o entregou a L. Chamuel para ser editado. A primeira edição apareceu em 1895; que está esgotado e raro.

Hoje, o número crescente de discípulos póstumos de Eliphas Levi nos obriga a reimprimi-lo.

As Clavículas de Salomão são um retorno da Doutrina Cabalística em sua pureza primitiva; baseado no Grande Nome Incomunicável, descrevendo com precisão e simplicidade setenta e dois ramos. Eles incluem as figuras de trinta e seis talismãs e os trinta e dois Caminhos da Sabedoria (os dez números e vinte e duas letras hebraicas); finalmente, o ritual é completado com instruções teúrgicas, profecias e um cânone para o uso das Clavículas.

Estas Clavículas são explicadas e discutidas através da correspondência do Mestre com o Barão Spedalieri.

Esta edição foi revisada e atualizada de acordo com o manuscrito original.

~P. Chacornac.

A COMPOSIÇÃO E O USO DESSAS CLAVÍCULAS

Estas clavículas, reestabelecidas em sua pureza original, e desenhadas pela primeira vez por mim, Eliphas Lévi, em 1860, se realizam em sua pureza e sem mescla de símbolos samaritanos ou egípcios, só com ajuda das cifras, dos símbolos hieroglíficos e dos números.

Os hebreus tinham horror ao uso de figuras em imagens sagradas, e é por este motivo que as imagens do Zohar são em sua maioria, quase todas traçadas apenas com letras.

O complemento perfeito deste livro é o jogo de Tarô italiano, cujos talismãs de Salomão explicam e resumem os símbolos.

Os talismãs podem, cada um em particular, servir de instrumento (magico) magnético e representar uma vontade análoga ao nome divino cuja explicação se encontra sob cada talismã.

É preciso observar que as dezenas que se encontram no tarô não são desenhadas nos talismãs porque, sendo a dezena a síntese da unidade, está contida virtualmente na unidade de cada número.

As imagens dos talismãs podem ser gravadas em sete metais ou desenhadas em pergaminho virgem, depois consagradas e magnetizadas segundo uma intenção muito precisa.

Desta forma, serão criados focos de luz astral, perfumados com os perfumes do ritual e mantidos em seda ou em recipientes de vidro para que não percam sua força.

Eles não devem ser emprestados ou dados, a menos que tenham sido feitos em nome de outra pessoa e de acordo com ela.

Servem para afastar ilusões e miragens de luz. Os espíritos errantes estremecem diante deles porque são símbolos fixos, personagens do verbo que é por si mesmo e que comanda vitoriosamente todos os espíritos.

Mas, para usar essas chaves corretamente, é necessário manter uma grande lucidez de espírito e uma grande pureza de coração. Caso contrário, eles se tornariam os instrumentos de uma maldição da qual o operador imprudente ou culpado seria a primeira vítima.

AS CHAVES MAIORES E CLAVÍCULAS

A TAU SAGRADA OU CHAVE UNIVERSAL.

COMENTARIO A RESPEITO DA CHAVE UNIVERSAL

Este símbolo de Levi vem aqui expor algumas questões importantes que podem ajudar ao leitor elucidar algumas ideias que Levi tinha a respeito das clavículas, em seu nível simbólico direto vemos as letras Yod, He, Vav, He, do tetragrama divino expostas cada uma em uma direção, com elementos mágicos bem conhecidos do público atual tanto pelo taro quando pela magia cerimonial.

Yod acima e ao lado da Baqueta representação do fogo e da autoridade divina do comando, o mundo de Aziluth ou ainda o mundo dos arquétipos, e graças a Taça que representa o elemento agua, sabemos que a ponta direita é a sequência e representa o mundo de Briah do mundo formativo ou da criação,  a próxima letra na sequência é Vav ao lado da espada que é um naipe e ferramenta mágica do ar, que também representa o mundo de Yetzirah, o mundo formativo e por fim nos temos ultimo He ao lado da moeda ou Pantáculo que são relacionados ao elemento terra, a realização material, ou ainda o muito material.

A cruz tau para Eliphas Levi estava associada ao Universo, sendo o seu criador (através do seu nome impronunciável) e principio e o universo o fim ou a sua manifestação material, Alfa e Ômega, sendo o magista então uma representação do próprio Deus que o criou sua imagem e semelhança, para dominar todas as coisas, por conta da representação dos quatro elementos que são todas estas coisas.

A seguir e a esquerda vemos um símbolo que parece uma cruz com um P e do seu lado na parte inferior a letra Alfa e Ômega, este símbolo chama-se Tau Rho que é um dos dois monogramas de cristo, sendo o Tau Rho a imagem de Moises com seus braços estendidos e o alfa e o ômega a representação do cristo ajudando o homem, vemos ao mesmo tempo um X pontilhado dando a ideia da transformação do estaurograma (sacrifício) no  cristograma (redenção) também conhecido por Chi Rho, que é o símbolo mais conhecido como monograma do Cristo.

Do lado direito da cruz Tau vemos o símbolo geomantico de conjunctio e dentro dele escrito Bara-Taish ( ) que é uma expressão cabalística que alude a baphometh ou o iniciado, o desperto e conhecedor dos mistérios ou ainda Bereshit ( ) que alude as primeira palavras do início do livro de gênesis “No princípio”, mas essa expressão aos judeus, que por sua vez alude ao bode que foi levado para ser sacrificado pelo patriarca Abraão e está ligada a uma ideia de lascívia (luxuria) divina em sua criação.

O SHEM HA MEPHORASH[1]

Toda a ciência está numa palavra e toda a força num nome.

A inteligência deste nome é a ciência de Salomão e a luz de Abraão.

Ninguém conhece Deus em sua essência, a não ser ele mesmo.

Mas a Ciência absoluta está no conhecimento dos nomes divinos que são todos formados a partir de um único nome.

Esta ciência é o que ela chama, o Shem Há Mephorasch ou nome explicado.

O Esquema ou nome incomunicável é composto de quatro letras.

  • Todo o poder (força) está em um, Yod.
  • Seu reflexo está em outro, He.
  • É explicado pelo terceiro. Vav.
  • É fertilizado pelo quarto. He

É formado com vinte e quatro pontos que são as vinte e quatro alegorias antigas de São João.

  • Cada ponto tem três linhas.
  • Há então sessenta e dois traços.

Sessenta e dois nomes são formados, que são escritos dois a dois em trinta e seis talismãs.

OS TRINTA E SEIS TALISMÃS

Estude cuidadosamente os hieróglifos e as letras sagradas dos trinta e seis talismãs e escreva ao redor de cada um deles um versículo bíblico de sua escolha, aquele que melhor expressa para você[2] a virtude das letras e dos nomes (números).

Esses talismãs fixam o espírito, fortalecem o pensamento e servem de sacramento à (verdadeira) vontade.

Os espíritos de todas as hierarquias estão em comunhão com aquele que entende e usa corretamente esses sinais.

TALISMÃ 01 – O PRIMEIRO PRINCIPIO

01 VEHUIAH/ 04 ELEMIAH [3]

[4]

TALISMÃ 02 – AJUDA DO SALVADOR

02 JELIEL / 05 MAHASIAH

TALISMÃ 03 – ESPERANÇA DIVINA

03 SITAEL / 06 LELAHEL

TALISMÃ 04 – QUATRO VEZES PAI

07 ACHAIAH / 10 ALADIAH

TALISMÃ 05 – RAZÃO DE CULTO

08 CAHETEL / 11 LAOVIAH[5]

TALISMÃ 06 – CONSOLO DIVINO

09 HAZIEL / 12 HAHAIAH

TALISMÃ 07 – BASE DE TODA A GRANDEZA

13 YESALEL[6] / 16 HEKAMIAH[7]

TALISMÃ 08 – PROVIDENCIA

14 MEBAHEL/ 17 LAUVIAH[8]

TALISMÃ 09 – CONSOLADOR

15 HARIEL / 18 CALIEL

TALISMÃ 10 – O AMOR

19 LEUVIAH[9]/ 22 IEIAIEL[10]

TALISMÃ 11 – A SALVAÇÃO

20 PAHALIAH / 23 MELAHEL

TALISMÃ 12 – A BONDADE

21 NELCHAEL / 24 HAHEUIAH[11]

TALISMÃ 13 – A FORÇA DO BEM

25 NITH-HAIAH[12] / 28 SEHEIAH

TALISMÃ 14 – O ARCANO DO AMOR

26 HAAIAH / 29 REYEL[13]

TALISMÃ 15 – PACIENCIA

27 IERATHEL[14] / 30 OMAEL

TALISMÃ 16 – CIENCIA DO AMOR

31 LECABEL / 34 LEHAHIAH

TALISMÃ 17 – AMOR DO JUSTO

32 VASAHIAH[15] / 35 CHAVAKIAH

TALISMÃ 18 – HIERARQUIA DO AMOR

33 IEHUIAH[16] / 36 MENADEL

TALISMÃ 19 – FORÇA QUE FECUNDA

37 ANIEL / 40 IEIAZEL[17]

TALISMÃ 20 – EQUILIBRIO POLITICO

38 HAAMIAH / 41 HAHAHEL[18]

TALISMÃ 21 – PAZ UNIVERSAL

39 REHAEL / 42 MIKAEL[19]

TALISMÃ 22 – IMPERIO DO VERBO

43 VEULIAH[20] / 46 ARIEL[21]

TALISMÃ 23 – A NOVA JERUSALEM

44 YELAIAH[22] / 47 ASALIAH[23]

TALISMÃ 24 – HARMONIA

45 SEALIAH[24] / 48 MIHAEL[25]

TALISMÃ 25 – VITORIA

49 VEHUEL / 52 IMAMAIAH[26]

A PARTIR DESTE PONTO O LIVRO PÁSSA A SER UMA RECONSTRUÇÃO, POIS ESTA PARTE É AUSENTE NO ORIGINAL OS SIGILOS SÃO OS MESMOS USADOS NO LIVRO “the kabbalistic and occult tarot of eliphas levi” E EM “The Science of the Kabbalah” de Lazare Lenain

TALISMÃ 26 – O SEGREDO DO VEICULO

50 DANIEL / 53 NANAEL

TALISMÃ 27 – O SEGEDO DA CRIAÇÃO

51 HAHASIAH / 54 NITHAEL

TALISMÃ 28 – O MAIS SAGRADO

55 MEBAHIAH / 58 IEIALEL

TALISMÃ 29 – OS ANEIS DA ALIANÇA

56 POIEL / 59 HAHAEL

TALISMÃ 30 – OS TRES ANEIS LUMINOSOS

57 NEMAMIAH / 60 MITZRAEL

TALISMÃ 31 – VONTADE

61 UMABEL / 64 MEHIEL

TALISMÃ 32 – SABER

62 IAH-HEL / 65 DAMABIAH

TALISMÃ 33 – OCULTISMO

63 ANAUEL / 66 MANAKEL

TALISMÃ 34 – REALIZAÇÃO

67 AYEL / 70 YABAMIAH

 

TALISMÃ 35 – EQUILIBRIO

68 HABUHIAH / 71 HAIAIEL

TALISMÃ 36 – FORÇA CONTRA OS TERRORES DA MORTE

69 ROCHEL / 72 MUMIAH

A partir deste ponto o este livro volta a ser uma tradução fiel ao original.

AS LETRAS SAGRADAS

Correspondem as figuras simples do Tarô

(O rei de paus, o Pai)

(O rei de copas, o esposo da mãe)

(O rei de espadas, O principe do amor)

(O rei de ouros, o pai de criação)

(A rainha de paus, a esposa de seu pai)

(A rainha de copas, a mulher que é dona de si mesma)

(A rainha de espadas, A princesa do amor)

(A Rainha de ouros, a mãe dos seus filhos)

(O cavaleiro de paus, Conquistador de poder)

(O cavaleiro de Copas, o conquistador da felicidade)

(O cavaleiro de espadas, o conquistador do amor)

(O cavaleiro de ouros,  o conquistador de obras)

(O valete de paus, escravo do homem)

(O valete de copas, o escravo da mulher)

(O valete de espadas, escravo do amor)

(O valete de ouros, o escravo das crianças)

OS NÚMEROS SAGRADOS

Comentário: Eliphas Levi coloca algumas atribuições que para nós estudantes atuais de cabala são completamente estranhas, tal como o Sol e Kether, Chockmah a esquerda sendo a Lua, e Binah a direita sendo Vênus, e isso pode nos causar tamanha estranheza, contudo é exatamente o que está descrito aqui.

AS LETRAS SAGRADAS OU AS CHAVES MAIORES

Os dez nomes e as vinte e duas letras formam trinta e dois caminhos da ciência universal.

A LETRA ALEPH

(Hieróglifo- o menestrel)

(O PENTACULO DO EDEN, PROTOTIPO DAS LETRAS SAGRADAS)

A LETRA BEITH
(A alta sacerdotisa)

(o binário é o primeiro número, é a unidade somada a ela mesma[27])

A LETRA GUIMEL
(O Terciário —  a mãe (gravida) — a geração)

(O primeiro grande número sagrado.

O triangulo de Jeová.
O mercúrio dos sábios.)

A LETRA DALETH

(O quaternario – a quadratura)

(O número do ciclo perfeito.
A cruz filosófica.
O fogo Elemental dos sábios.)

A LETRA HE
(Número cinco das letras e quinze dos caminhos)

(O número da ciência do bem e do mal.
A letra da mulher da religião.
O pentagrama angelico ou diabolico.)

A LETRA VAV
LINGHAM
(A flecha do amor — O lingham[28])

(O número do antagonismo e da liberdade. A união. O trabalho. Semana da criação)

A LETRA ZAÏN
(O septenio sagrado)

(O número completo da cabala. O espirito e a Forma. As três potencias do Ternário e suas quatro relações)

A LETRA HETH
(O equilíbrio universal)

(O tetragrama com seu reflexo. A estaca dupla. O quaternário multiplicado pelo binário)

A LETRA TETH
(O número da hierarquia)

(Nove

O número do iniciado.
o grande número magico.)

A LETRA JOD

(O número da criação do reino)

(Malkuth. O reino de Deus. O universo visível. O princípio natural das coisas sobrenaturais)

A LETRA KAPH
(O número da força)

(A unidade sintética
o homem feito.
A virilidade.
A idade da razão.)

A LETRA LAMED
(O número do ciclo perfeito)

(A realização.
O sacrifício
A consumação.
A crucificação.
O espirito que se desprende da matéria.)

A LETRA MEM
(O número treze, a morte)

(O renascimento
A imortalidade pela mudança.
A transmutação.)

A LETRA NUN
(Os afetos — As misturas)

Fig112

(Formas temperadas pelo equilíbrio.
A harmonia das misturas.)

A LETRA SAMEKH

(O número quinze — a serpente astral)

(A vida física e mortal.
O movimento continuo. O grande agente magico.)

A LETRA GNAYN
(O número dezesseis, o grande equilíbrio)

(Destruição pelo antagonismo.
Equilíbrio dos grandes poderes.)

A LETRA PHE
(O número dezessete)

(A natureza imortal e uma em sua diversidade.
A fecundidade eterna.)

A LETRA TSADE
(O número dezoito)

(Distribuição hierárquica da luz.
O ocultismo.
O dogma.
Os misterios.
O esoterismo.)

A LETRA COPH

(O numero dezenove)

(A verdadeira luz.
A verdade.
A cidade santa.
O ouro filosófico.)

A LETRA RESCH
(O número vinte)

(O reconhecimento de todo o grande arcano da vida eterna.)

A LETRA SCHIN
(nenhum número)

(A fatalidade. A cegueira o louco. A matéria abandonada a si mesma)

A LETRA TAV
(O número vinte um)

(tres vezes o sete, o absoluto, o resumo de toda a ciencia universal.)

OS ESPIRITOS E AS CONJURAÇÕES

OS ESPÍRITOS

Os espíritos são as inteligências secundarias, ou seja, criadas. Eles são de três tipos, fixos, errantes e mistos. Os fixos são puros espíritos libertos das leis que regem a matéria. Os andarilhos são os que flutuam na luz astral. Os mistos são os andarilhos que trabalham e conseguem se fixar em parte. Entre os fixos, pode-se distinguir os muito puros, os mais puros e os mais puros.

Entre os mistos: os dominantes, os militantes e os dominados. Entre os andarilhos: os motoristas, os inconstantes e os animados.

Os fixos são os anjos.

Os mistos” são os homens inteligentes.

Os andarilhos são os homens brutos.

Os espíritos se atraem e se governam hierarquicamente.

Eles estão ligados por correntes e círculos. Entrar em um círculo é jurar com os espíritos do círculo. Ao conjurar espíritos superiores, você não os atrai para você, você se eleva até eles. A conjuração por evocações só pode ser exercida em relação a espíritos inferiores. Para conjurar os espíritos superiores é preciso dar-se a eles, para conjurar os espíritos inferiores por evocação, é preciso constrangê-lo. Para nos dar.

Os Espíritos superiores são evocados fazendo-lhes sacrifícios, ou melhor, comprometendo-se assim a nos evocar. Os espíritos inferiores são evocados ao lisonjear suas avidezes ou suas atrações. As palavras nada mais são do que fórmulas que servem para fixar à vontade.

Os espíritos inferiores ao homem são os elementais e os andarilhos de última ordem. Os antigos teurgistas os chamavam de demônios. Esses demônios são mortais e tentam viver às nossas custas, procuram o esperma e as efusões de sangue, o vapor da carne e temem a ponta e o fio das espadas.

A hierarquia dos espíritos é infinita. Rila começa em Deus que não tem começo em nada – ou seja, ela não começa. As estrelas têm almas astrais, os sóis têm almas solares, e os universos são governados pelos Elohim vivos, os deuses que estão em Deus. A vida dos espíritos é uma contínua ascensão e mutação, sobem e descem na grande escala simbólica de Jacó.

Os anjos, governantes espirituais das estrelas, ascendem ao governo dos sóis e são substituídos pelo chefe das almas.

As cabeças das almas são os sucessivos reis da humanidade. O chefe das almas da terra leva o nome de Métatron Sarpanim, que significa príncipe das luzes. O chefe das almas não morre, ele sobe vivo para o rio. Enoque foi, em tempos após a criação de Moisés, o primeiro elevado ao posto de Metatron Sarpanim.

Depois de Enoque, reinou Moisés.

Depois de Moisés, Elias.

Depois de Elias, Jesus.

Todos os Metatrons devem ter dois reinados, eles retornam à terra depois de passar por todas as esferas do nosso sistema solar. É por isso que o retorno de Enoque e Elias precederá a segunda vinda de Jesus.

Em seu primeiro advento, Jesus se revelou como sumo sacerdote. Em seu segundo advento, ele se revelará como Rei.

Ele era o Cristo.

Ele deve ser o Messias que os judeus têm razão para esperar. Foi Enoque quem, no Sinai, deu a lei divina a Moisés. Moisés e Elias, no Tabor, ensinaram a Jesus os grandes mistérios da revelação cristã. Jesus transmitiu a iniciação a São João Evangelista e é por isso que este apóstolo deve permanecer até o segundo advento de seu mestre. Em tempos de decomposição, os espíritos inferiores se manifestam como vermes em cadáveres.

Eles são evocados pela corrupção e sendo devorados por eles. Estes são os vampiros de almas insalubres. Essas decomposições sempre precedem e anunciam a chegada à terra de um espírito regenerador na pessoa do Metatron Solar. As mesas falantes e os espíritos se debatendo anunciaram o retorno de Enoque. Ele virá quando o papado perder sua autoridade no mundo e os cabalistas brilharem. O advento de Elias seguirá de perto o de Enoque e então Jesus, o Salvador do mundo, virá à terra pela segunda vez.

Ele será precedido pelo Anticristo, cuja missão será preparar o grande império temporal do revelador do Evangelho.

A luz astral formiga nos espíritos elementais, pois uma nova criação está sendo preparada. As chaves de Salomão são encontradas e os mistérios da alta Maçonaria são explicados.

Uma escola, cujos primórdios são ainda mais obscuros e quase invisíveis, será formada no império eslavo, na Alemanha e na França. Em um século, esta escola terá sete mil seguidores e seu último Grão-Mestre será Enoque.

Enoque aparecerá no ano dois mil do mundo cristão. Depois e! O messianismo fiel que ele será o precursor, florescerá na terra por mil anos. Essas previsões são o resumo de todas as profecias e de todos os cálculos cabalísticos… elas devem ser mantidas em segredo para não expor as mais respeitáveis ​​obras do gênio humano e da ciência divina às profanações da ignorância.

Terminou no dia quinze de novembro, o décimo sétimo das calendas de dezembro, o último mês do ano sagrado.

ELIPHAS LEVI

Paris, 1860.

 Notas

Copiado para uso exclusivo e pessoal do Sr. Barão de Spedalieri, em outubro e novembro de 1861.

[1] Eliphas Levi aqui comente um erro estranho a alguém tão letrado em cabala e diz que o shem do inicio do shem há mephorash significa esquema (schem).

[2] Foram usados os versículos originais dos salmos que compõe os nomes dos 72 nomes divinos em cada um dos talismãs, o significado e uso de cada um dos 36 talismas esta no apêndice no final do livro.

[3] Eliphas levi escreve este nome como Chalamiah

[4] Todos os amuletos devem ser feitos dupla face, e são para serem usados no pescoço, são talismãs e não sigilos evocatórios.

[5] Eliphas levi grafa este nome de maneira errada como:

[6] EZALEL segundo Levi

[7] HACKAMIAH segundo Levi

[8] LOVIAH segundo levi

[9] LEVIVIAH segundo Levi

[10] JEJAHEL segundo Levi

[11] HAHUIAH segundo Levi

[12] NITHAIAH segundo Levi

[13] REJAJEL segundo Levi

[14] JERATHEL segundo Levi

[15] VASARIAH segundo Levi

[16] JEHUJAH segundo Levi

[17] JEJAZEL segundo Levi

[18] HAHAEL segundo Levi

[19] MICHAEL segundo Levi

[20] VAVALIAH segundo Levi

[21] NGARIEL segundo Levi

[22] JELAIAH segundo Levi

[23] AZALIAH segundo Levi

[24] SEATHIAH segundo Levi

[25] MEHIEL segundo Levi

[26] IMAMIAH segundo Levi

[27] Em francês falava-se sobre multiplicação, mas no desenho vemos uma adição.

[28] Não encontrei o significado dessa palavra


Robson Belli, é tarólogo, praticante das artes ocultas com larga experiência em magia enochiana e salomônica, colaborador fixo do projeto Morte Súbita, cohost do Bate-Papo Mayhem e autor de diversos livros sobre ocultismo prático.

As Chaves Maiores e as Claviculas de Salomão (pdf)

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/as-chaves-maiores-e-as-claviculas-de-salomao/