Hermes Trismegistus

“O que está em cima é como o que está embaixo.

E o que está embaixo é como o que está em cima”

O que é magia? Esta é uma questão que, mesmo em círculos esotéricos, levanta muita discussão. Vários autores e filósofos em todas as épocas teceram variadas interpretações a respeito do assunto. Entretanto, os elementos-chave de todas as definições existentes parecem concordar em apenas um ponto: Magia (ou Magick) envolve o uso da mente humana para causar uma alteração: Mudança no mundo, mudança do próprio indivíduo, mudança para com os outros. Aleister Crowley definiu mágica como “a Arte ou Ciência de causar uma mudança. Para que esta ocorra em conformidade com a Vontade”. Doreen Valiente define magia como “a ciência do controle das forças secretas da natureza”. Scott Cunningham chama a magia de “o movimento de energias naturais para criar uma mudança necessária”. Mas é Margot Adler que tem a definição que considero ser a mais interessante de todas. Ela diz:

“Magia é uma palavra conveniente para toda uma coleção de técnicas, todas as quais envolvem o uso da mente. Neste caso, veremos que todas estas técnicas envolvem a mobilização da confiança, vontade e emoção, direcionadas a partir do reconhecimento da necessidade, do uso das faculdades da imaginação, principalmente através da habilidade de visualizar, a fim de entender como outros seres funcionam na natureza para que possamos usar este conhecimento de forma a atingir os fins necessitados”.

Magia, portanto, é um instrumento da mente e, como tal é mental por natureza. Magia é um meio através do qual a vontade (Thelema), a emoção (Emotionem) e a imaginação (Imaginatio) criam uma mudança verdadeira no mundo físico. Como, porém, pode um instrumento mental e não físico criar uma alteração no mundo físico e corpóreo? A resposta está na Verdade de que o universo em si mesmo é Mental por natureza e que a mente é a chave para abrir os poderes do Cosmo.

“Substância” pode ser definida como aquilo que está por dentro de todas as manifestações exteriores. Atrás de toda aparência exterior neste mundo e em todos os outros mundos, deve existir uma realidade substancial. Um imenso Panteão de deuses e deusas mostra-nos como o homem tentar dar nome a esta realidade substancial.

Como John Barnes afirmou certa vez, “O Todo é a Realidade Substancial que está escondida em todas as manifestações de vida. O Todo é a Grande Avó -Avô que criou a si mesmo, que sempre existiu e que irá existir para sempre”

Uma das chaves para entender como o Universo funciona nos foi dada por Hermes-Toth, também conhecido como Hermes Trismegistus. Algumas pessoas o consideram um deus, outras um grande iniciado, e algumas ainda acreditam que este nome represente uma das primeiras Ordens Iniciáticas do Antigo Egito e Grécia, cujos trabalhos de seus Iniciados perduram até os dias de hoje, através da ciência conhecida como Hermetismo. A seguir, falarei um pouco sobre quem foi esta figura e o que ele nos deixou de legado.

Toth

Toth (ou Thoth) é considerada uma das divindades mais importantes do Egito. Também chamado de “O escriba dos Deuses”, ele é geralmente descrito como tendo a cabeça de um Íbis.

Sua contraparte feminina era Maat, deusa da Justiça, e seu principal templo ficava em Khemennu (que os gregos chamavam de Hermopolis e os árabes de Eshmunen). Mas Toth também tinha templos iniciáticos em Abydos, Hesert, Urit, Per-Ab, Rekhui, Ta-ur, Sep, Hat, Pselket, Tamsis, Antcha-Mutet, Bah, Amen-heri-ab e Ta-kens. Nestes templos, seus discípulos aprendiam as bases do que chamamos de “Livro de Toth”, ou como é conhecido pelos profanos, o Tarot. As 78 lâminas, também chamada “Espelho da Alma”, são capazes de reproduzir simbolicamente todos os fluxos de energia que permeiam uma situação (as pessoas acreditam que o Tarot serve para “prever o futuro” mas isto não é verdade. Seu uso principal é para autoconhecimento). Falarei mais sobre Tarot em posts futuros.

Ele era considerado o coração e a língua de Rá, assim como a vontade de Rá traduzida para a fala (o Verbo). Dentro do Panteão Egípcio, ele possuía diversas funções muito importantes (entre elas, ensinar a escrita, magia, ciência, astrologia e ajudar no julgamento dos mortos).

Toth também é responsável pelo governo dos Planetas e das estações. È chamado de “Senhor das palavras Sagradas” pois foi ele quem inventou os hieroglifos e os números. Por ter sido o primeiro magista, Toth possuía mais poder até mesmo do que Osíris ou Rá.

Em algumas representações, podemos vê-lo com a crescente lunar sobre sua cabeça e sua figura carregando uma palheta e cinzel. Toth possuía duas esposas, Seshat e Nehmauit. Seu festival principal acontecia no décimo nono dia do mês de Toth, alguns poucos dias após a lua cheia do começo do ano.

Toth é considerado deus da Magia, escrita, invenções, profecia, música, tarot, conhecimento, ciências, medidas, matemática, fala, oráculos, julgamento, desenhos, arquitetura, gramática, teologia, hinos, aprendizado, livros, registros Akashicos, paz e orações.

Hermes

Hermes também é tido como uma das mais importantes divindades gregas do Panteão Olímpico. Considerado o mais jovem dos deuses, ele é o protetor de todos os viajantes e ladrões, é o mensageiro dos deuses, responsável por levar a palavra dos deuses até os mortais (qualquer semelhança com Prometeu ou Lúcifer NÃO é mera coincidência); Hermes é o deus da eloqüência, ao lado de Apolo, é o Deus dos diplomatas e da diplomacia (que era chamada de Hermeneus pelos gregos) e é o deus dos mistérios e interpretações (da onde vem a palavra Hermenêutica). Além disto, era um dos únicos deuses que tinha permissão para descer ao Hades e partir quando desejasse. Todos os outros (incluindo Zeus) estavam sujeitos às leis de Hades.

Hermes tinha vários símbolos, mas os mais tradicionais eram as sandálias com asas, o caduceu (que curiosamente representa a Kundalini, duas serpentes enroscadas em um cajado) e a tartaruga (de cujo casco ele criou a primeira Lira).

Como inventor de diversos tipos de corrida e também das lutas, Hermes era considerado o patrono dos atletas. Finalmente, era tido como o inventor do Fogo (em alguns textos anteriores a Prometeu) e considerado um deus pregador de peças, que adorava aprontar com seus irmãos (isto desde seu nascimento, quando a primeira coisa que fez quando aprendeu a andar foi roubar os bois de Apolo e esconde-los). Hermes era patrono dos alquimistas, magos e filósofos.

Mercúrio

Para os romanos, Mercúrio surgiu da fusão do deus Turms (Etrusco) com as características de Hermes grego, em aproximadamente 400 AC. Mercúrio tornou-se assim o deus do comércio (em muitos países o símbolo do Caduceu é usado para indicar administração e não medicina), das estradas e das relações de diplomacia. Mercúrio não era tão popular entre os romanos como Hermes era entre os gregos, sendo considerado um deus menor dentro do Panteão romano.

Mercúrio era patrono do comércio, transportes, sucesso, magia, viagens, apostas, atletas, eloqüência, mercadores e mensageiros.

Hermes Trimegistus

Hermes Trismegistus é a tradução em latim e significa “Hermes, o três vezes grande”.

Trata-se do nome dado pelos neoplatônicos, místicos e alquimistas ao deus egípcio Toth ou Tehuti, identificado com o deus grego Hermes. Ambos eram os deuses da escrita e da magia nas respectivas culturas.

Toth simbolizava a lógica organizada do universo. Era relacionado aos ciclos lunares, cujas fases expressam a harmonia do universo. Referido nos escritos egípcios como “duas vezes grande”, era o deus do verbo e da sabedoria, sendo naturalmente identificado com Hermes. Na atmosfera sincrética do Império Romano, deu-se ao deus grego Hermes o epíteto do deus egípcio Toth.

Como “escriba e mensageiro dos deuses”, no Egito Helenístico, Hermes era tido como o autor de um conjunto de textos sagrados, ditos “herméticos”, contendo ensinamentos sobre artes, ciências e religião e filosofia – o Corpus Hermeticum – cujo propósito seria a deificação da humanidade através do conhecimento de Deus. É pouco provável que todos esses livros tenham sido escritos por uma única pessoa, mas representam o saber acumulada pelos egípcios ao longo do tempo, atribuído ao grande deus da sabedoria.

Segundo Clemente de Alexandria, eram 42 livros subdivididos em seis conjuntos. O primeiro tratava da educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro, de geologia, geografia, botânica e agricultura; o quarto, de astronomia e astrologia, matemática e arquitetura; o quinto continha os hinos em louvor aos deuses e um guia de ação política para os reis; o sexto era um texto médico.

Também é creditado a Hermes Trismegistus, “O Livro dos Mortos” ou “O Livro da Saída da Luz” e o mais famoso texto alquímico – a “Tábua de Esmeralda”.

Os Escritos Herméticos

Os escritos Herméticos são uma coleção de 18 obras Gregas. Estes escritos contêm os aspectos teórico e filosófico do Hermetismo em seu aspecto teosófico. O período bizantino é marcado por uma outra coleção de obras herméticas, que também são relacionadas ao Hermes Trismegistus e contêm uma tradição hermética popular a qual é composta essencialmente por escritos relacionados a astrologia, magia e Alquimia. Esta versão popular encontra sustentação ou base nos diálogos Hermeticos, apesar dele se distanciar da magia.

A prática da magia entretanto não está distante das praticas realizadas no antigo Egito, a qual em uma última análise é a fonte de todos os diálogos herméticos, pois o Hermetismo lá floresceu e, portanto estabelece uma conexão entre as duas tradições Hermeticas: filosófica e magia.

Os ensinos de Hermes-Toth chegaram à atualidade baseados em escassos documentos que constituem o “Kabalion“, “A Tábua da Esmeralda“, “Pistis Sophia“, “Corpus Hermeticum“, e alguns outros papiros. Naturalmente que o acervo de ensinamentos de Toth estão contidos em muitos outros documentos que foram preservados e mantidos sob a guarda de Ordens Iniciáticas. Tratam-se de documentos originais e cópias que foram preservados do incêndio da Biblioteca de Alexandria. Entre os documentos preservados existem aqueles que deram base ao desenvolvimento da Alquimia.

As sete Leis Herméticas

As sete principais leis herméticas se baseiam nos princípios incluídos no livro Kabalion que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Kabalion, na língua hebraica significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz da palavra Kabbalah, que em hebraico, significa recepção. De acordo com Hermes Trismegistus:

Lei do Mentalismo

O universo é mental ou Mente. Isso significa que todo universo fenomenal é simplesmente uma criação mental do TODO… Que o universo tem sua existência na Mente do TODO.

Uma outra maneira de dizer isso é: “tudo existe na mente do Deus e da Deusa que nos ‘pensa’ para que possamos existir. Toda a criação principiou como uma idéia da mente divina que continuaria a viver, a mover-se e a ter seu ser na divina consciência.”

“O Universo e toda a matéria são consciência do processo de evolução.”

Minha opinião é que toda a matéria são como os neurônios de uma grande mente, o universo consciente, que “pensa”.

Todo o conhecimento flui e reflui de nossa mente, já que estamos ligados a uma mente divina que contem todo o conhecimento.

É claro que não estamos conscientes de “todo o conhecimento” em qualquer momento dado, por que seria uma tarefa exorbitante manuseá-lo e processa-lo e ficaríamos loucos no processo.

Os cinco sentidos do cérebro humano atuam tanto como filtros como fontes de informação. Eles bloqueiam uma considerável soma de informação caso contrário seriamos esmagados por informações que nos bombardeiam minuto a minuto como sons, cheiros e até idéias, não seriamos capazes de nos concentrarmos nas tarefas especificas em mãos. Mas sob condições corretas de consciência podemos moderar, ou até desligar o processo de filtração, com a consciência alterada, o conhecimento universal (Registros Akáshicos) torna-se acessível.

Lei da Correspondência

“Aquilo que está em cima é como aquilo que está embaixo.”

Essa lei é importante porque nos lembra que vivemos em mais que um mundo.

Vivemos nas coordenadas do espaço físico, mas também vivemos em um mundo sem espaço e nem tempo.

A perspectiva da Terra normalmente nos impede de enxergar outros domínios acima e abaixo de nós. A nossa atenção está tão concentrada no microcosmo que não nos percebemos o imenso macrocosmo à nossa volta. O principio de correspondência diz-nos que o que é verdadeiro no macrocosmo é também verdadeiro no microcosmo e vice-versa.

Portanto podemos aprender as grandes verdades do cosmo observando como elas se manifestam em nossas próprias vidas.

Por isso estudamos o universo: para aprender mais sobre nós mesmos.

Na menor partícula existe toda a informação do Universo.

A Lei da Correspondência, em conjunto com a Lei da Causa e Efeito, é a explicação para o funcionamento perfeito do Tarot e da Astrologia, bem como de todos os outros oráculos.

Lei da Vibração

“Nada está parado, tudo se move, tudo vibra”

No universo todo movimento é vibratório. O todo se manifesta por esse princípio. Todas as coisas se movimentam e vibram com seu próprio regime de vibração. Nada está em repouso. Das galáxias às partículas sub-atômicas, tudo é movimento.

Todos os objetos materiais são feitos de átomos e a enorme variedade de estruturas moleculares não é rígida ou imóvel, mas oscila de acordo com as temperaturas e com harmonia. A matéria não é passiva ou inerte, como nos pode parecer a nível material, mas cheia de movimento.

A Lei da Vibração rege toda a comunicação entre espíritos e matéria, bem como a conjuração de elementais, devas, exús, orixás, anjos enochianos e qualquer outro tipo de serviçal astral. Também rege os princípios de atração e repulsão entre indivíduos, a harmonia e as egrégoras.

Lei da Polaridade

“Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados”

A polaridade revela a dualidade, os opostos representando a chave de poder no sistema hermético. Mais do que isso, os opostos são apenas extremos da mesma coisa. Tudo se torna idêntico em natureza. O pólo positivo + e o negativo – da corrente elétrica são uma mera convenção.

O claro e o escuro também são manifestações da luz. A escala musical do som, o duro versus o flexível, o doce versus o amargo. Amor e o ódio são simplesmente manifestações de uma mesma coisa, diferentes graus de um sentimento.

Lei do Ritmo

“Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação”

Pode se dizer que o princípio é manifestado pela criação e pela destruição. É o ritmo da ascensão e da queda, da conversão da energia cinética para potencial e da potencial para cinética. Os opostos se movem em círculos.

É a expansão até chegar o ponto máximo, e depois que atingir sua maior força, se torna massa inerte, recomeçando novamente um novo ciclo, dessa vez no sentido inverso. A lei do ritmo assegura que cada ciclo busque sua complementação.

Lei do Gênero

“O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero se manifesta em todos os planos da criação”

Os princípios de atração e repulsão não existem por si só, mas somente um dependendo do outro. Tudo tem um componente masculino e um feminino independente do gênero físico. É semelhante ao principio com o principio animas animus que Carl Jung e seus seguidores popularizaram, ou seja que cada pessoa contém aspectos masculinos e femininos, independente do seu gênero físico, nenhum ser humano é 100% homem ou mulher, e isso é até astrologicamente explicado, uma vez que todos somos influenciados por todos os signos (uns mais, outros menos), e metade do zodíaco é feminino, enquanto que a outra metade é obviamente masculina (Esse é mais um argumento que suporta a igualdade entre Deus/Hochma e Deusa/Binah dentro das Esferas da Kabbalah).

Em todas as coisas existe uma energia receptiva feminina e uma energia projetiva masculina, a que os chineses chamavam de Yin e Yang.

Lei de Causa e Efeito

“Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei”

Nada acontece por acaso, pois não existe o acaso, já que acaso é simplesmente um termo dado a um fenômeno existente e do qual não conhecemos e a origem, ou seja, não reconhecemos nele a Lei à qual se aplica.

Esse princípio é um dos mais polêmicos, pois também implica no fato de sermos responsáveis por todos os nossos atos e é muito mais cômodo deixar os acontecimentos ao “acaso” ou ao “divino”. Também é conhecido como Lei do Karma.

Hermes/Toth na Kabbalah

A Árvore da Vida representa um mapa dos estados de consciência humanos. Vamos falar mais detalhadamente sobre isso em posts futuros, mas vou fazer a referência agora e vocês podem retornar e ler novamente este texto mais tarde, ok?

Em razão de sua eloqüência e inteligência privilegiada, Mercúrio está associado na Kabbalah à oitava esfera (sephira), chamada Hod (explendor). Hod representa a razão pura, a lógica, a matemática, o ceticismo e os desertos dos códigos rígidos e cartesianos, em contraste com Netzach (Vênus) que representa a Emoção Pura.

Hod está associado ao Planeta Mercúrio, ao metal mercúrio, ao incenso de sândalo, Mastic e Storax, à cânfora, lavanda, lírios, marjoran e mirtila e ao caduceu. Seu elemento é o Ar.

Hod influencia os Caminhos Shin (31), a Inteligência Perpétua, conectando a Razão ao Plano Material, servindo de filtro entre as idéias que permeiam o mundo material e o que pode ser aproveitada delas (este é literalmente o caminho do despertar dos céticos), Resh (30), o Sol, que conecta a Razão ao Plano Astral, perfazendo a segunda trilha que um mago deve percorrer na consciência, usando a razão de maneira questionadora no Plano Astral, Peh (27), a Torre, o caminho turbulento que conecta a esfera da Razão Pura à esfera da Emoção Pura. Imaginar este estado de consciência é como colocar um fanático cético com um fanático religioso para discutir. Mais cedo ou mais tarde, a estrutura vai rachar ao meio. Da conexão entre Hod e Tiferet (Sol) há o Caminho 26, Ayin, o Diabo, o caminho da iluminação através da razão ou através do Caminho da Esquerda, como vocês já devem ter ouvido falar por aí. O famoso “Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei” e finalmente, o caminho 23, Mem, que liga a Razão às planícies de provação de Marte/Geburah, simbolizando a estagnação do Enforcado.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/hermes-trismegistus-1

A Ascensão Tifoniana: O Legado Mágico de Kenneth Grant

Matthew Levi Stevens

Onze anos após a morte do autor, ocultista e poeta britânico Kenneth Grant (1924-2011), estamos apenas agora começando a ver as primeiras tentativas de avaliar o impacto e o legado do homem que foi o último estudante e secretário do famoso Aleister Crowley, e que muitos acreditam ser seu sucessor natural.

Grant também foi um amigo próximo do mago artista Austin Osman Spare, apoiando-o em seus últimos anos, teve o padrinho de Wicca, Gerald Gardner, como um colega e às vezes rival, assim como durante seu tempo com Crowley e conheceu a Sacerdotisa da Nova Era, Dion Fortune. Como tal, Grant teve contato direto com quatro das figuras mais influentes do Renascimento Mágico e Místico dos meados do século XX.

Com relação a seu próprio trabalho, os nove volumes das três “Trilogias Tifonianas” de Grant escritos ao longo das três décadas de 1972 a 2003 – assim como vários volumes de ficção com temática oculta, e memórias das personalidades mágicas que ele encontrou – abrangem temas como Alquimia, Cabala, Controle de Sonhos, Egiptologia, Mitos de Cthulhu de H. P. Lovecraft, Caminho da Mão Esquerda, Magia Sexual, Surrealismo, Tantra, Thelema, Budismo Tibetano, Ufologia, Bruxaria e Vodu, que são um retrato único do Renascimento Oculto Moderno, assim como indiscutivelmente uma de suas correntes mais criativas.

Então, quem era exatamente Kenneth Grant?

Nascido em 23 de maio de 1924, muito pouco se sabe sobre os antecedentes de Grant ou sobre a sua biografia real. Ele era um homem intensamente reservado, que apesar – ou talvez até mesmo por causa – da natureza de seu trabalho e a notoriedade de seu mentor, Aleister Crowley, seguia uma rígida política de não divulgação, semelhante ao apagamento da história pessoal defendida nos livros de Carlos Castañeda.

Por sua própria natureza, algo como um jovem livreiro, sonhador, fascinado pela magia e pelo misticismo, o jovem Grant havia experimentado projeção astral e, aos 15 anos de idade, o que ele vivia eram contatos espontâneos de um ser que se chamava Aushik ou Aossic, que mais tarde identificaria como seu Santo Anjo Guardião. Grant tinha encontrado Magick In Theory and Practice (Magia em Teoria e Prática) de ‘Mestre Therion’ (um pseudônimo de Crowley’s) na livraria Charing Cross Road, Zwemmer’s, e, sentindo aqui talvez uma chave para entender – ou mesmo controlar – suas experiências, convenceu Michael Houghton, proprietário da Livraria The Atlantis Bookshop, a colocá-lo em contato com o autor. Houghton declinou, no entanto – as razões para isso não são claras – mas o que é um assunto de registro é que Grant, depois de escrever pela primeira vez, finalmente se encontrou com Crowley. Era dezembro de 1945, e quando eles apertaram as mãos pela primeira vez a música Shine On Harvest Moon estava tocando no rádio em segundo plano.

Foi assim que o jovem Kenneth Grant se tornou, por um tempo, um assistente-secretário do velho Magus ao abandonar Londres devastada pela Blitzkrieg, pela paz, tranquilidade e relativa segurança de uma hospedaria na costa sul. Foi em ‘Netherwood’ em Hastings, onde A Grande Besta terminou seus dias apenas três curtos anos depois, que Grant se tornaria aprendiz da Magia de Crowley a sério, e seria iniciado em sua Ordo Templi Orientis, conheceria pessoas como Dion Fortune, Gerald Gardner e Lady Frieda Harris, a artista talentosa que ilustrou o superlativo Livro do Tarô de Toth de Crowley. Ele também tomou conhecimento da ainda extensa rede de correspondência de Crowley com ocultistas no exterior – tais como Karl Germer e Eugen Grosche na Alemanha, e Jane Wolfe, W. T. Smith e Jack Parsons na América. Por um tempo, parece até que a Besta envelhecida estava preparando o jovem Grant para ser um possível sucessor, referindo-se a ele como um “Presente dos Deuses“, e anotando em seu diário:

“…o valor de Grant. Se eu morrer ou for para os EUA, deve haver um homem treinado para cuidar da OTO inglesa.”

Mas mesmo nesta fase inicial, a propensão de Grant para o devaneio e para o outro mundo desnorteou e frustrou o homem mais velho, que – afinal de contas – procurava assistência prática, no dia-a-dia, em primeiro lugar, e treinar um herdeiro, em segundo. Finalmente tudo se tornou demais – particularmente para Grant, que sentia falta de sua noiva Steffi – e Crowley o deixou ir, mas não antes de iniciar Grant no Grau IXO da O.T.O. e de fornecê-lo com uma Carta para montar um acampamento da Ordem.

Pouco antes da morte de Crowley, Grant também conheceu um homem que mais tarde provaria ser quase tão influente sobre ele quanto A Grande Besta: embora mais na forma de uma eminência parda, que influenciou Grant nos bastidores. Ele forneceu uma iniciação e inspiração que teve um impacto definitivo na reformulação da Thelema de Grant, no propósito e rituais do ramo da O.T.O. que ele fundou, e muito do foco das suas Trilogias Tifonianas. Seu nome era David Curwen.

Um alquimista praticante e aluno do Tantra, que havia dado o passo da devoção a um guru indiano – incomum para um ocidental na época – David Curwen foi mencionado pela primeira vez nas memórias de Grant de 1991, Remembering Aleister Crowley (Relembrando o diário Aleister Crowley):

“David Curwen foi mencionado pela primeira vez nos diários de Crowley, em 2.9.1944. Quando o conheci, pouco antes da morte de Crowley, ele era membro do IX° O.T.O. Sua paixão pela Alquimia era tão grande que ele quase morreu depois de absorver o ouro líquido. Seu conhecimento do Tantra era considerável. Foi através de Curwen que recebi, eventualmente, a iniciação completa em uma fórmula altamente recôndita do Tântrico vama marg.”

Ao discutir a tentativa de Crowley de formular um “elixir” como parte de seu trabalho da magia sexual, Grant menciona um detalhe de relevância fundamental para sua posterior tecelagem de Tantra e Thelema, que seria essencial para sua própria jornada de iniciação:

“Existe um documento relativo a esta fórmula compilado pelo antigo guru de Curwen, um tântrico do sul da Índia. É na forma de um extenso comentário sobre um texto antigo da Escola Kaula. Curwen emprestou a Crowley uma cópia do mesmo.”

O documento em questão era uma cópia do Anandalahari, ou a “Onda de Felicidade“, anotado pelo guru sul-indiano de Curwen e com um Comentário explicando o simbolismo fisiológico – e explicitamente sexual -. Isto forneceu a Grant a chave para desvendar os mistérios ocultos dos Textos Sagrados em Sânscrito, a partir dos quais ele foi capaz de desenvolver – com a ajuda de Curwen – uma visão mais profunda do Tantra do que seu antigo mentor jamais havia conseguido:

Nas instruções que acompanham os graus superiores da O.T.O., não há um relato abrangente do papel crítico dos kalas, ou emanações psicossexuais da mulher escolhida para os ritos mágicos. O comentário foi um abrir de olhos para Crowley, e explicou algumas de suas preocupações durante minha estada no ‘Netherwood’. Estas envolviam uma fórmula de rejuvenescimento. Faltava ao O.T.O. algumas chaves vitais para o verdadeiro segredo da magia que Crowley afirmava ter incorporado nos graus mais altos. Curwen, sem dúvida, sabia mais sobre estes assuntos do que Crowley, e Crowley ficou irritado com isso.

Apesar de suas credenciais externas como ocultista e às vezes transgressor, como um bissexual promíscuo e drogado, Aleister Crowley ainda era, em muitos aspectos, um produto de seu tempo: ele pode não ter sido um misógino, mas sofria de um chauvinismo masculino, todo típico de sua origem vitoriana, privilegiada e branca. Ele também tinha pouco ou nenhum conhecimento do autêntico Tantra de fontes originais, enquanto quando eu troquei cartas e me encontrei brevemente com Kenneth Grant em 1981, ele deixou claro que apesar de sua dedicação de toda sua vida a Crowley e à Lei de Thelema, realmente seu “primeiro amor”, espiritualmente falando, foi o Advaita Vedanta. Esta antiga filosofia hindu da não-dualidade afirma que Atman, ou o Verdadeiro Eu, não é essencialmente diferente do Princípio Universal mais Elevado, ou Brahman. Grant se tornaria por um tempo, nos anos 50, um seguidor do Sábio de Arunachala, Bhagavan Sri Ramana Maharshi, e via sua meditação essencial “Quem sou eu?” como equiparada à busca de Thelema de realizar a Verdadeira Vontade de alguém, escrevendo:

“O espírito natural do Oriente, em sua rotunda mais profunda, está em total concordância com a doutrina de Thelema. Que isto pode ser provado comparando os princípios básicos de Thelema com o Caminho Chinês do Tao, a doutrina Vedântica de Advaita e a filosofia central do Tantricismo Hindu e Budista.”

Vários artigos que Grant escreveu para as revistas anglo-indianas foram posteriormente reunidos e publicados como At the Feet of the Guru (Aos Pés do Guru).

Depois de um período de associação com Gerald Gardner – que também era membro da O.T.O., também com um estatuto para criar um acampamento (embora não haja evidências de que ele alguma vez o tenha utilizado) – Grant criaria um Grupo de Trabalho próprio, “evoluído… para fins de tráfego com os Outer Ones (Exteriores)”, do qual ele escreveu:

“Entre os anos 1955-1962, eu estava envolvido com uma Ordem oculta conhecida como New Ísis Lodge (Nova Loja Ísis). Ela funcionava como uma filial da Ordo Templi Orientis (O.T.O.), com sede em Londres. Fundei a Loja para canalizar transmissões de fontes transplutônicas… O corpo dessas transmissões forma a base das Trilogias Tifonianas.”

Isto causou uma briga com Karl Germer, chefe nominal da O.T.O. quando da morte de Crowley, que sentiu que Grant havia excedido sua autoridade. Houve também conflitos de personalidade porque a New Ísis Lodge havia emitido um manifesto em conjunto com o antigo Grão-Mestre da Fraternitas Saturni alemã, Eugen Grosche, com quem Germer havia se desentendido anteriormente – o resultado foi a expulsão de Grant da Ordem. Este Grant desconsiderou, entretanto, considerando sua autorização de ter vindo do próprio Crowley, e também seus próprios contatos dos “Planos Interiores”. Assim começou a separação dos caminhos entre a Ordem Tifoniana de Grant e o chamado ‘Califado’ O.T.O. reformulado na América por Grady McMurtry.

Uma chave para entender a noção de ‘Gnose Tifoniana é a identificação enfática de Kenneth Grant com Tifón – uma entidade monstruosa da mitologia grega, líder dos Titãs, que fazem guerra contra os deuses do Olimpo, e decididamente feminina – como a Mãe de Set. Grant não hesita em se apropriar deste gigantesco monstro ctônico, de múltiplas asas e membros de cobra, Tifón Primordial, como um avatar da Grande Mãe, ou seja, da própria “Mãe Natureza”, e ousadamente afirma:

“Ela tipificou a primeiro progenitora numa época em que o papel do macho na procriação era insuspeito. Como ela não tinha consorte, ela era considerada uma deusa sem um deus, e seu filho – Set – sendo sem pai, também não tinha deus e era, portanto, o primeiro ‘diabo’, o protótipo do Satã das lendas posteriores.”

Em relação a Set – uma figura sombria e primordial da potência bruta do Egito aborígine, pré-dinástico, mais tarde lançado como o assassino do deus-rei Osíris e depois protótipo do “Deus contra os deuses” – Grant escreveu no prefácio da edição de 1990 do que havia sido originalmente seu primeiro livro, O Renascer da Magia:

“Para nós, que temos o conhecimento interior, herdado ou vencido, resta restaurar os verdadeiros ritos de Átis, Adônis, Osíris, de Set, Serápis, Mitra, e Abel”.

Estas palavras de Aleister Crowley me inspiraram quando jovem e, imaginando-me como um daqueles a quem eram dirigidas, logo descobri que, por alguma razão, não fui capaz de entender que era o deus Set que eu estava sendo chamado a honrar. Assim, tomei a mim mesmo a tarefa de penetrar nos Mistérios deste, o mais antigo dos deuses, e traçar a história de seus ritos desde uma antiguidade indefinida até os dias de hoje.

Os Mistérios Egípcios formam em grande parte o núcleo da Tradição Mágica Ocidental e foram certamente a base para os mitos e rituais da  Hermetic Order of the Golden Dawn (Ordem Hermética da Aurora Dourada), onde Crowley tinha aprendido a maior parte do que precisava para seu desenvolvimento posterior. O Antigo Egito como fonte de poder sobrenatural sancionou seu papel como Profeta, e construiu sobre o Éon de Horus de Crowley e O Livro da Lei, tanto quanto Grant cuja principal fonte para sua Gnose Tifoniana foi o controverso trabalho do egiptólogo esotérico autodidata, Gerald Massey.

Em obras monumentais como o Natural Genesis and Ancient Egypt: The Light of the World (Gênesis Natural e o Egito Antigo: A Luz do Mundo), Massey expôs em termos inequívocos o que ele afirmava ser a base afrocêntrica e fisiológica da Gnose: “Os mais antigos símbolos e religiões têm origem na África”. Ele concebeu o Tifón como equivalente à Tauret egípcia, ou Ta-Urt, o hipopótamo “Senhora da Casa de Nascimento”. Ela era a Deusa das Sete Estrelas do Norte (A constelação da Ursa Maior), e seu filho era a Estrela da (Constelação) do Cão (Maior), Sothis ou Sírius (igualado a Set), cuja ascensão heliacal aparecia acima do horizonte pouco antes da inundação do Nilo. A palavra “Tifoniano” se referia àqueles que adoravam esta Deusa Primordial, e os membros de Seu Culto Estelar haviam fugido para o Oriente, levando sua sabedoria com eles, quando os adoradores do Culto Solar ganharam a ascendência. Em muitos aspectos, a maior inovação de Kenneth Grant foi ligar esta Tradição Tifoniana ao Ocultismo Moderno.

Enquanto Grant se baseava extensivamente nas obras de outros ocultistas que o precederam – Blavatsky, Crowley, Fortune, Grosche, Spare – e citou acadêmicos e estudiosos, do sexólogo pioneiro Havelock Ellis ao ‘Egiptosofista’ Gerald Massey, ele também tinha o curioso hábito de referenciar obras de ficção com a uma aparente mesma seriedade. Assim, as discussões sobre a Sabedoria Estelar e a sobrevivência do culto pré-dinástico do primeiro Egito podem incluir, assim como referências a fontes arqueológicas, também material especulativo extraído dos Registros Akáshicos. Comparações com escritos sobre Tantra e Vodu são todas misturadas com as histórias de terror de Bram Stoker, as pulp novels (romances de celulose) de Sax Rohmer, a ficção sobrenatural de Arthur Machen e os ‘Contos Estranhos’ de H. P. Lovecraft.

Grant tinha uma afeição especial por Lovecraft, aparentemente acreditando que ele estava “em alguma coisa” – que seu temido grimório, O Necronomicon, de fato existia no plano astral, e que HPL (Lovecraft) tinha apreendido isso através de seus sonhos, mas era incapaz de aceitar a “verdade” do que ele tinha discernido – que ele era, de fato, um mago inconsciente. Para aumentar a aparente confusão, em várias obras Grant deu relatos – alegadamente dos Anais de sua Nova Loja Ísis – que parecer como algo da prosa roxa de escritores de horror sobrenaturais, e falou de personagens fictícios como se fossem “reais” – e então em suas obras supostamente fictícias ele se baseou em elementos presumivelmente biográficos de sua própria vida, também personagens e locais “reais”.

A meu ver, este exame excessivamente literal de certos escritos, tais como Grant – ou mesmo Carlos Castañeda, com quem às vezes foi comparado – pode passar despercebido. Se Don Juan ‘realmente’ transformou Castañeda em um corvo, ou se eles saltaram da montanha juntos – ou se Crowley ‘realmente’ perguntou a Kenneth Grant se eles eram parentes distantes por meio de um primo compartilhado em um clã estendido, que por acaso estava de posse de uma herança de família na forma de um grimório documentando seu tráfego de gerações – com inteligências de outros mundos – não está nem aqui nem lá. O que Grant está tentando enfatizar – do que ele era um indubitável Mestre – é o uso da ficção ou literatura como uma forma de Glamour mágico.

As palavras podem tecer mundos, as palavras podem conjurar fantasmas – as palavras podem transportar, transformar, e alterar a consciência – o único limite sendo a imaginação. É preciso lembrar que a imaginação se preocupa com a criação de imagens, em cujo respeito está diretamente relacionada à Antiga Heka egípcia: uma palavra que significava tanto “Magia” quanto “a criação de imagens”. O rol de escritores que também eram magos – ou, alternativamente, ocultistas que empregam a ficção como meio de expressar conceitos mágicos – é longa e distinta.

O próprio Grant segue as pegadas de Aleister Crowley e Dion Fortune, ambos com um passado na Golden Dawn e seus descendentes, assim como Algernon Blackwood, J. W. Brodie-Innes, Arthur Machen, Sax Rohmer, Bram Stoker e A. E. Waite. Grant viu as implicações ocultas no trabalho de tais escritores como não sendo tão diferentes das suas próprias:

“Machen, Blackwood, Crowley, Lovecraft, Fortune e outros, frequentemente usaram como tema para seus escritos o influxo de poderes extraterrestres que têm moldado a história de nosso planeta desde o início dos tempos…”

Assim como outros poetas e escritores decadentes e simbolistas, como Baudelaire, Huysmans, Lautréamont e Rimbaud, pintores surrealistas como Salvador Dali, Paul Delvaux, Max Ernst e Yves Tanguy tem uma apreciação especial. Dali em particular foi elogiado como “Um dos maiores magos de nosso tempo” – com Grant passando a explicitar a comparação deste com Spare:

“Spare já havia conseguido isolar e concentrar o desejo em um símbolo que se tornou senciente e, portanto, potencialmente criativo através dos relâmpagos da vontade magnetizada. Dali, parece, levou o processo um passo adiante. Sua fórmula de ‘atividade paranóico-crítica’ é um desenvolvimento do conceito primordial (africano) do fetiche, e é instrutivo comparar a teoria de Spare de ‘sensação visualizada’ com a definição de Dali de pintura como ‘fotografia colorida feita à mão de irracionalidade concreta’. A sensação é essencialmente irracional, e sua delineação em forma gráfica (“fotografia a cores feita à mão”) é idêntica ao método de Spare de “sensação visualizada”.”

A ênfase no uso de tal criatividade, carregada de intenção mágica e dirigida pela vontade treinada, é um conceito chave da Gnose Tifoniana:

“Dion Fortune enfatizou a importância do devaneio conscientemente controlado. Baseando suas práticas em aspectos dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, ela demonstrou o valor mágico do “sonho verdadeiro”, uma expressão derivada do romance de George du Maurier, Peter Ibbetson. A teoria é que se alguém tece um sonho diurno com intensidade suficiente induz a uma abstração tão total dos sentidos que o sonhador se funde num sonho acordado, no qual ele é o criador e mestre de suas próprias fantasias. Se poderosamente formuladas, estas concretizam, reificam e assumem uma realidade igual em grau – e muitas vezes maior – àquela que é experimentada na consciência desperta comum. As vantagens de ser capaz de induzir tal estado são evidentes.”

Talvez mais do que qualquer outro escritor ocultista moderno, Grant enfatizou a importância, potencial e poder de tal criatividade, escrevendo em Aleister Crowley & O Deus Oculto que, “A Grande arte é sempre simples… a verdadeira arte expressa a Eternidade”. Desde o início, a arte de Austin Osman Spare e a esposa de Grant, Steffi, é essencial para a função das Trilogias Tifonianas – o texto ilustra as figuras tanto quanto as figuras ilustram o texto. Mais tarde, em Outside the Circles of Time (Fora dos Círculos do Tempo), Grant escreve a respeito de artistas como Dali, Sidney Sime, Spare, e Tanguy:

“Estes artistas deram um salto em outras dimensões e – este é o ponto importante – voltaram para registrar suas experiências extradimensionais… A arte, no sentido verdadeiro e vital, é um instrumento, uma máquina mágica, um meio de exploração oculta que pode projetar o vidente no reino do invisível, e lançar a mente desperta nos mares do subconsciente.”

Por mais que as obras de Kenneth Grant possam ser documentos inestimáveis da evolução do ocultismo contemporâneo – assim como registros da contribuição de muitas das figuras pioneiras com as quais ele teve contato pessoal – é de se esperar que a maior contribuição de seus livros seja como catalisadores mágicos para o leitor que está preparado para abordá-los sob a mesma luz. Como escreveu a antiga protegida de Grant, Sacerdotisa da Magia de Maat, Nema: “Estes não são apenas livros sobre Magia; são livros que são Magia”.

Usados como portais para o Nightside (Lado Noturno), os nove volumes das Trilogias Tifonianas – assim como os vários outros livros de Grant – podem finalmente servir como guias para aquele lugar de exploração e inspiração além de distinções como ‘fato’ e ‘ficção’ que ele gostava de chamar de “a Zona Malva”.

Como tal, eles podem servir como plataformas de lançamento ou mesmo veículos para aquele lugar que cada um de nós precisa encontrar por si mesmo: o lugar onde a Magia acontece.

Finalmente, para concluir, sei que uma imagem de Grant é frequentemente pintada como autocrático, até mesmo autoritário da “Velha Escola”, o que pode muito bem ter sido assim – várias pessoas me levaram a acreditar que ele era realmente mais fácil de lidar se você não fosse um membro da sua Ordem Tifoniana! – mas não há dúvida da sua óbvia dedicação ao Feminino Daemônico (ou Demoníaco). A  Fellowship of Isis (Irmandade de Ísis), que Grant apoiou, afirmou que ele era “totalmente a favor da Deusa”. Sua defesa da obra de Dion Fortune, de Marjorie Cameron – numa época em que a maioria das pessoas, se é que tinham conhecimento dela, apenas a consideravam como a “viúva de Jack Parsons” – seu encorajamento ativo às sucessivas gerações de mulheres fortes ocultistas, como Janice Ayers, Jan Bailey, Linda Falorio, Margaret Ingalls (a supracitada Nema), Mishlen Linden e Caroline Wise – assim como sua devoção vitalícia à sua esposa, a artista Steffi Grant, cujas obras complementam e ilustram vividamente seus livros – todas atestam isso.

Retrato de Steffi e Kenneth Grant, por Austin Osman Spare.

Sendo o último elo vivo* com Aleister Crowley, Gerald Gardner, Eugen Grosche e Austin Osman Spare, o legado de Kenneth Grant ainda está para ser totalmente avaliado e não voltaremos a ver algo semelhante a ele novamente.

* Kenneth Grant faleceu em janeiro de 2011 aos 86 anos.


Fonte: Tifon Rising: The Magical Legacy of Kenneth Grant.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/a-ascensao-tifoniana-o-legado-magico-de-kenneth-grant/

A Gnose Afro-Americana e o Candomblé Gnóstico

Uma visão moderna dos Cultos-Afro e de suas potencialidades mágicas.

O MOTIVO PELO QUAL ESTE CURSO FOI ELABORADO: Durante meus mais de vinte anos de estudos teóricos e experiências práticas no Ocultismo, tenho travado contato com as mais variadas correntes de pensamento Esotérico.

Como pesquisador que sou, não me contento em permanecer na superfície da questão, como a grande maioria de interessados no tema; muito pelo contrário, pois eu procuro me aprofundar sobremaneira no assunto que me desperta interesse, adquirindo a maior quantidade de informações possível, sejam relatos pessoais, sejam escritos de que natureza forem, para, então, colocar em prática os ensinamentos de dito Sistema.

Tenho experimentado de tudo um pouco, em se tratando de Magia, sofrendo, por assim dizer, “na própria carne”, os resultados de minhas experiências e, porque não dizer, de minha ousadia.

Após algum tempo de militância em determinado Sistema de Magia, coloco os resultados obtidos numa balança imaginária, pesando os prós e os contras, até que me tenho por satisfeito com uma resposta clara e sem evasivas, obtida entre duas únicas opções: tal Sistema FUNCIONA, ou NÃO FUNCIONA.

Assim, concluindo definitivamente minhas pesquisas em tal Sistema, passo a incluí-lo em minhas práticas pessoais (meu próprio Sistema, se assim quiserem), caso a conclusão de meus estudos seja de que tal Sistema funciona; ou, então, descarto tal Sistema em definitivo, caso conclua que o mesmo não funciona.

Muitos dos Sistemas de Magia tidos em elevada conta por especialistas diversos, funcionam a contento. Outros, entretanto, ficam muito a desejar.

Como este não é o momento de abordar tal assunto (o que faço em detalhes no meu livro “CURSO DE MAGIA”), deter-me-ei a examinar os Cultos- Afro, sob um prisma Gnóstico e Esotérico.

Voltando ao assunto de Sistemas que funcionam ou não, vamos falar do Candomblé e seus congêneres.

Tenho observado, ao passar dos anos, que muitas pessoas, interessadas em Ocultismo, nutrem um forte preconceito contra o Candomblé e assemelhados.

Apesar disso, quando encontram-se “no aperto”, buscam, de imediato, “socorro” dentro das práticas mágicas candomblecistas.

Socorridos, entretanto, e mais, sanado o problema que os afligia, “dão as costas” para a tal de “macumba”, coisa que não compreendem mas sabem que funciona, voltando aos seus cristais e florais.

Atitude simplista, para dizer o mínimo.

A “macumba”, designação genérica de tudo quanto seja de origem Afro, manteve a fama de ser infalível; apesar disso, poucos estudiosos do assunto se deteviram a examinar o assunto a luz da ciência experimental, para concluir como funciona a “macumba” e, mais ainda, quando funciona, e por qual motivo, assim como compreender suas falhas e deficiências, que aumentam no mesmo passo em que o assunto é difundido – mas não explicado.

Interessante observar que, nos últimos anos, houve uma verdadeira explosão de livros sobre “macumba”, muitos dos quais ensinando trabalhos para os mais diversos fins, tal qual fossem receitas de bolo.

Assim, sem explicar nem justificar, passam adiante ensinamentos que exigem, para serem postos em prática, um profundo conhecimento dos Cultos- Afro, sem o que tais práticas tornar-se-iam perigosas para todos os envolvidos.

Mais ainda, incentivam ao leitor realizar tal trabalho, sem alertar para os cuidados que devem cercar tais práticas.

Dessa forma, indivíduos inescrupulosos, pouco conhecedores do assunto, mas sabedores das necessidades humanas, travestem-se de “Pais-de-Santo” ou “Mães-de-Santo”, realizando todo tipo de trabalhos, jogando búzios, interferindo na vida de todo e qualquer cidadão, sem o menor cuidado ou escrúpulo.

O resultado? Fracasso, desilusão, além da sensação de que “macumba não funciona”.

Eis o motivo deste curso – explicar tudo, tirar todos os véus, trazer o conhecimento mágico-místico-religioso à luz da ciência experimental, para que todos, admiradores ou não do assunto, possam compreender no que consistem tais práticas, tirando, assim, suas próprias conclusões.

Vamos, portanto, ao curso.

“INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE MAGIA DE ORIGEM AFRO”

“CANDOMBLÉ, VUDÚ, HOODOO, PETRO, RADA, LUCUMÍ, SANTERÍA, PALO-MAYOMBE, UMBANDA, QUIMBANDA E CATIMBÓ: SUAS SEMELHANÇAS, DIFERENÇAS, TABÚS E FUNDAMENTOS.”

Visão moderna dos Sistemas do Candomblé, do Vudú, da Umbanda e da Quimbanda.

Muitas vezes, quando se fala em Magia, as pessoas pensam imediatamente nas práticas executadas nos Cultos Afro-Brasileiros, Afro-Americanos e Afro- Ameríndios.

Diversas pessoas tem visões semelhantes desses Cultos, mas os conceitos difundidos são preconceituosos, misteriosos e dogmáticos, o que faz, pouco a pouco, com que a Realidade Mágica desses Cultos se perca para sempre.

Para começar, o Candomblé, o Vudú, a Santería, o Palo-Mayombe e o Lucumí são cultos muito semelhantes, de origem africana, mas tremendamente desenvolvidos nas Américas. Já a Umbanda é um culto muito distinto, com bem poucas semelhanças com os outros dois, enquanto a Quimbanda é algo totalmente diferente. O Catimbó é uma espécie de meio-caminho entre a Umbanda e a Quimbanda. O Hoodoo reúne características do Vudú, porém tem diversas peculiaridades, sendo a mais importante delas trabalhar apenas com Elementais, Elementares, Sombras, Cascarões, Larvas e “Almas”. Petro e Rada são duas raízes diferentes do Vudú haitiano, sendo o culto Rada mais voltado às Entidades do panteão Afro original, enquanto o Petro é mais voltado ao culto de Loas semelhantes aos Guias de nossas Umbanda e Quimbanda. O Voudon Gnóstico, apesar do nome, e da nítida influência do Vudú e do Hoodoo, é mais uma Ordem Hermética (uma vez que é ligado à O.T.O.A. – Ordo Templi Orientis Antiqua) do que um culto ou uma religião, razão pela qual está fora deste texto. Todos, porém, tem entre si uma semelhança marcante e de suma importância: são todas “Religiões Thelêmicas”, ou “Cultos Thelêmicos”, como queiram. E o que significa uma religião ser “Thelêmica”? Significa que cada indivíduo, dentro dela, tem sua própria religião, seu próprio Deus, distintos dos de qualquer outro indivíduo. E foi por isso que os cultos africanos sobreviveram na mudança para o novo mundo, cresceram e se multiplicaram.

Sendo assim, vamos começar a definir a Quimbanda.

A Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas, denominadas Exus, Pombas-Giras, Caboclos Quimbandeiros, Pretos-Velhos Quimbandeiros, e assim por diante. Na Quimbanda não há nenhum tipo de “Iniciação”, quer seja mágica, mística ou religiosa. Basicamente, há duas formas de se praticar a Quimbanda – a Evocação e a Invocação das Entidades. Qualquer que seja o meio escolhido, normalmente desenha-se o “Sigilo” (chamado “Ponto Riscado” na Umbanda e na Quimbanda) da Entidade no chão, pedindo-se, em seguida, sua intervenção. No caso da Invocação, a pessoa que “receber” a Entidade (chamado “Cavalo” ou “Burro” na Umbanda ou na Quimbanda) passa a ter os poderes da mesma; são então feitos pedidos à pessoa “incorporada”, que pedirá então algumas coisas para a execução do “trabalho de magia” . Em geral, na Quimbanda só se trabalha para o mal de alguém, ou então para submeter-se uma pessoa à vontade de outra. Quando se Evoca Entidades na Quimbanda, porém, faz-se oferendas simples, visando obter a intervenção da Entidade para obter o que se deseja, normalmente alguma maldade. Na Umbanda, o que acontece é a mesmíssima coisa, com uma diferença essencial: só se “trabalha” para o bem, pois as Entidades que “baixam” na Umbanda são somente benéficas. Em alguns “terreiros” de Umbanda foram implantados “Rituais Iniciáticos”, herdados de culturas diversas. Na Umbanda, vê-se uma nítida influência do Kardecismo, bem como da mentalidade católico-cristã, além do público e notório sincretismo religioso entre os Orixás da Umbanda (que só comungam dos nomes com os Orixás do Candomblé) e os Santos Católicos. O Catimbó é uma mistura completa entre a Umbanda e a Quimbanda, com algumas diferenças: as Entidades que “baixam” são chamadas de “Mestres”; se são benfazejos, diz-se que “fazem fumaça às direitas”, e dos malévolos se diz que “fazem fumaça às esquerdas”. Concluí-se daí que no Catimbó se “trabalha” indistintamente para o bem e para o mal. Além disso, no Catimbó não se cultuam Deuses ou outras Entidades de grande envergadura de poder, apenas “baixam” Entidades com especial identificação social no grupo aonde se desenvolve a “mesa” do Catimbó. Na Santería ocorrem práticas semelhantes às dos cultos descritos acima, mas há também um culto aos Orixás, no estilo do Candomblé, só que com toda a influência Católico-Cristã imaginável.

Mas existem sutis diferenças entre esses cultos. Na Umbanda, as Entidades são “espíritos” de pessoas desencarnadas (mortas); na Quimbanda, “baixam” indistintamente “espíritos” de pessoas mortas (normalmente de pessoas perniciosas ou criminosas), ou Demônios mesmo. No Catimbó só “baixam” os “espíritos” de mortos.

Mas, será que o que “baixa” em todas essas “sessões” é mesmo uma “alma”? E será que todas essas “almas” são sábias, sinceras e magicamente capazes? Não creio. Para mim, o que ocorre muitas das vezes, é o seguinte: A) o “médium”, desejoso de “receber um guia”, induzido pelo “chefe do terreiro” de que ele/ela “tem mediunidade, precisa desenvolvê-la”, acaba por criar uma Imagem Telemática correspondente a sua idéia do “guia”, que, então, cria “vida”, passando a agir como desejado…

B) cena “A”: alguém morre; seu corpo físico jaz inerte, seu corpo astral separa-se do cadáver físico e, em pouco tempo, o corpo mental do falecido separa-se também do corpo astral, ficando este último também destinado a morrer, a decompor-se; cena “B”: um Elementar Artificial, um Íncubo, um Súcubo, um Vampiro, uma Larva Astral, alguma dessas Entidades simples, busca sobreviver …vampirizando alguém! É porém difícil “sugar vitalidade a força” de alguém; cena “C”: a Larva da “cena B” encontra um cadáver de corpo astral (Cascarão Astral), penetra nele e o “aviva”; cena “D”: o “Cascarão Avivado” encontra uma pessoa receptiva, um “médium”, e começa o ataque; o “médium” acaba por ir a um “terreiro” ou “centro”, aonde “seu guia” o levou, e aonde irá “desenvolver sua mediunidade”; cena “E”: o “médium” já “desenvolvido”, recebendo seu “guia”, dá consultas, passes, faz trabalhos, aconselha…e o “guia” (o Cascarão Avivado) vampiriza o “médium” e as pessoas que vão consultá-los.

É claro que existem incorporações ou possessões reais, mas são muito raras na Umbanda e no Kardecismo. Ocorrem muito freqüentemente no Candomblé e correlatos, mas são raríssimos nos cultos à desencarnados.

Sem mais comentários sobre o assunto.

Agora, Candomblé, Vudú, Palo-Mayombe e Lucumí.

O que digo a seguir é minha experiência e enfoque pessoais. Quem desejar aprofundar-se no assunto deve consultar as obras dos seguintes autores, colocados em ordem de importância: Pierre “Fatumbí” Verger, Fernandes Portugal, Caribé, Bernard Maupoil, William Bascon, Michael Bertiaux, Luis Manuel Nuñes, Jorge Alberto Varanda, Roger Bastide, Juana Elbein dos Santos, Courtney Willis, Ogã Jimbereuá, Babalorixá Ominarê, Lydia Cabrera, Migene Gonzalez-Wippler e João Sebastião das Chagas Varella. Já os apreciadores de Mitologia em geral, deverão conhecer a obra de Joseph Campbell, o mais importante autor do assunto. A Editora Pallas tem bons títulos sobre Candomblé e Vudú. Este texto trata dos aspectos reais das Práticas Mágicas dos Cultos em questão. Desculpem a crueza, mas a verdade é cruel, e dói.

Muitos estudiosos de Magia, bem como inúmeros autores do gênero, colocam os Deuses dos diversos panteãos como Arquétipos. Considerando-os assim, alguns praticantes da Magia Ritual creem que pode-se trabalhar magicamente com os Deuses Internos, como se trabalhassemos com os Arquétipos Universais. Aqui existe um enorme equívoco, pois os Deuses Internos englobam aspectos arquetípicos, não se limitando, porém, a serem Arquétipos simplesmente.

Na verdade, há uma obra muito boa sobre Magia Planetária (Planetary Magick, editora Llewellyn), que, porém, considera os Deuses de diversos panteãos como a mesma coisa que os Arquétipos. Eu particularmente discordo desse prisma, pois considero que os Arquétipos são acessíveis a qualquer pessoa, enquanto que os Deuses só são acessíveis aos que tenham alguma identificação e familiaridade com os mesmos. Na verdade, a experiência chamada de “União com Os Arquétipos Universais”, quando a pessoa entra em “transe” e sofre a “possessão” da Divindade, é o contato que ocorre da pessoa com seu Microcosmos, ou seja, com seu “Universo Interior”, portanto, somente com os Arquétipos Universais, e não com o todo da Egrégora dos Deuses Internos do Homem. A diferença é, portanto, patente, no que diz respeito ao “transe” do sujeito “possuído” pelo Orixá (aonde são despertados poderes latentes dentro do próprio indivíduo), e da Evocação ou Invocação da energia do Orixá como um todo, uma Entidade de existência independente da psique do Mago. O que ocorre entre os profanos, os não-iniciados, o “bolar” no Santo, é somente a “União com O Arquétipo”; o que ocorre na Invocação, feita pelo Mago de forma consciente, é “abrir sua mente” para uma energia externa, de vida autônoma, externa ao Microcosmos do Mago. Portanto, podemos concluir que o Arquétipo Universal existe num nível sub-consciente de cada indivíduo, mas somente manifesta-se no Microcosmos; já o Deus Interno existe num nível Macrocósmico e, após uma iniciação, num nível Macro-Micro-Cósmico, isto é, pode manifestar-se dentro ou fora do indivíduo. Com isso quero dizer que um Orixá pode manifestar-se fora da psique do Mago, até mesmo fora de seu corpo, inclusive, algumas vezes, a um nível social. O poder de um Arquétipo é o de despertar talentos latentes na psique do indivíduo, enquanto que o poder de um Deus Interno (sendo uma Egrégora), é amplo, de uma envergadura bem maior que a psique de um indivíduo apenas, incomensurável em termos humanos. Com isto quero dizer que uma Egrégora antiga e poderosa como a dos Deuses Internos pode quase tudo. Sem exagero. E em se tratando de Deuses Internos (ou Panteônicos), podemos distinguir duas categorias: os Deuses adormecidos, cujo culto inexiste na atualidade, e os Deuses ativos, cujos cultos existem. Nessa última categoria estão os Deuses e Deusas cultuados no Candomblé, no Vudú, no Palo-Mayombe e no Lucumí. Fico, inclusive, muito curioso com a atitude de certos grupos de ocultistas, que cultuam Deuses adormecidos, e torcem o nariz para os Deuses do panteão Afro, talvez considerando-os algo inferior, muito provavelmente pelo motivo de que esses Deuses são cultuados pelo povo, não pelas elites culturais…preconceito e ignorância de sobra! Esses Deuses e Deusas dos Cultos Mágico-Religiosos Afro-Americanos são designados da seguinte forma: na “Fé Indígena” (Indigenous Faith), como o Culto é chamado na Nigéria (África), são chamados de Orixás e Odus, o mesmo ocorrendo nos Candomblés de origem Nigeriana ou Yorubana (“Nação” Keto ou Alaketo); nos Candomblés de origem Daomeana (Fon ou Gêge), são chamados Voduns e Odus; nos Candomblés de origem Angolana (“Nação” Angola), são conhecidos por Inkices ou Santos, e Odus; na Santería, praticada nos Estados Unidos (Puerto Rico, New Orleans, Miami, etc), são chamados de Orichás ou Santos, e Odus; no Vudú, praticado no Haiti e na França, são conhecidos como Loas e Odus; no Lucumí, praticado em Cuba e nos Estados Unidos (Miami), são os Nganga, Orichás, Padrinhos, Prenda, Ndoki, Odus, entre outros nomes, ocorrendo o mesmo no Palo-Mayombe.

Veja-se que o nome do panteão altera-se de região para região, e assim também se alteram as características das Entidades. É interessante notar que o nome Odu (Odus no plural), está presente em todas as “Nações” de Candomblé, e suas atribuições são idênticas em todas as citadas culturas.

Pois Odus são Entidades objetivas que personificam, de forma antropomórfica, as energias das figuras geomânticas. Vê-se que, quando o simbolismo e a energia não sofrem alterações, os nomes permanecem idênticos. O contrário ocorreu com a vinda dos Orixás da África para o Brasil, pois na África os Orixás não possuem as subdivisível ditas “qualidades”, fato que ocorreu no Brasil. Por isso é que o Culto aos Orixás, no Brasil, é mais rico e complexo do que na Nigéria atual, sem nenhuma conotação pejorativa quanto ao Culto praticado na Nigéria. Apenas digo que, no Brasil, cultua-se doze variedades de Xangô, enquanto na Nigéria há somente uma; aqui cultua-se onze Oyá, dezesseis Oxum, dez Oxalá, nove Yemanjá, vinte e um Exu, enquanto na Nigéria há um de cada. É bem verdade que a troca de informações entre Nigerianos e Brasileiros, do Culto, está levando “qualidades” de Orixás para lá, e trazendo para cá as práticas mais modernas do Culto. Assim, em breve, graças às trocas de informações, o Culto aos Orixás estará aprimorado e talvez até estandardizado no Brasil e na Nigéria. Mas aqui o assunto é outro.

Vide os Apêndices desta obra relativos a “Arquétipos” e “Deus, As Egrégoras Coletivas e Os Deuses Internos do Homem”, para compreender a mecânica de que falamos acima.

Somente recomendo, aos que pretendem praticar a Magia Planetária, a Magia Evocativa, a Magia Invocativa ou o “Casamento dos Homens com Os Deuses” (conceito de Aleister Crowley, uma das práticas secretas da O.T.O., revelada no livro “The Secret Rituals of the O.T.O.”, de autoria de Francis X. King)) com os Deuses dos panteãos Afro, que estudem a respectiva mitologia, familiarizem-se com as suas energias, para não sofrerem revezes nem decepções. Estejam avisados que essas energias são incomensuráveis, além de extremamente ativas, pois há, em todo o mundo, pessoas cultuando-os dioturnamente, vivendo para o Culto, alimentando a Egrégora a cada momento, ampliando sua envergadura de poder.

Apesar disso tudo, há muita gente que duvida das potencialidades mágicas dos Cultos-Afro; há também os que creem que tudo quanto se faz nesses Cultos funciona a contento, independentemente dos Fundamentos Mágicos que sejam ou não aplicados às práticas rituais. Pensando nisso gostaria de abordar alguns aspectos importantes desses cultos, muitas vezes mal interpretados pelas pessoas em geral. E é justamente visando separar o joio do trigo, embora revelando muitos segredos guardados com zêlo por muito tempo, que descrevo, a seguir, os Fundamentos Mágicos Racionais das Práticas Mágico-Místico-Liturgicas dos Cultos-Afro.

Espero estar contribuído assim, de alguma forma, para a preservação desse culto que tanto me atrai, e que estudo e pesquiso fazem anos. Afinal, em 1988, fui consagrado Babalaô (Nação Alaketo) – sacerdote de Ifá – , além de ter sido iniciado no culto de Yiá-Mí Oxorongá.

Iniciação

é tipicamente shamânica, quanto a parte do Iniciando, com práticas primitivas (raspar os cabelos da cabeça, esfregar folhas na cabeça e outras partes do corpo, fazer cortes em diversas partes do corpo – cabeça, testa, mãos, pés, língua, braços – para passar “pós mágicos” nos cortes abertos – Kuras – , sacrificar animais deixando o sangue escorrer sobre a região do Chakra Coronário, colocação de substâncias vegetais e animais sobre o Chakra Coronário – o Adoxú, no formato de um cone – , colocação de uma pena de alguma ave no local do Chakra Frontal – Terceiro Olho – , entre outras coisas), requerendo total submissão do Iniciando – Iaô – ao Sacerdote ou Sacerdotisa – Pai ou Mãe de Santo, Babalorixá ou Yialorixá – , que guarda os cabelos daquele, tendo assim, meios de impor sua autoridade à força…

A Iniciação no Candomblé é lenta (21 dias no mínimo) e penosa (a pessoa terá de se submeter aos ditames do Sacerdote, devendo comer o que lhe é permitido – com algumas restrições por toda a vida – , falar quando lhe é permitido, usar as roupas nas cores autorizadas – mais uma vez com restrições para o resto da vida – , até mesmo quais atividades sociais e profissionais poderá ter dali para diante). Uma das partes mais curiosas do Ritual Iniciático reside na pintura da cabeça e do corpo do Iniciando com pontos coloridos, feitos com pós coloridos, numa espécie de Cromo-Punctura rudimentar.

Vê-se aí, nesse conjunto de práticas antiquadas, o aspecto da autoridade do Mestre, inquestionável, sobre a vida do Discípulo, traço típico das iniciações em sociedades primitivas.

Quando, porém, observarmos a parte do Iniciador, do Sacerdote ou da Sacerdotisa, veremos uma enorme quantidade de práticas típicas da feitiçaria, portanto, de caráter muito distinto das práticas shamânicas.

Eis um dos mais flagrantes aspectos da ambiguidade do Candomblé.

Como disse o brilhante ocultista norte-americano Robert North, o que falta aos Cultos-Afro é uma “Auto-Iniciação”. Concordo plenamente. Seguindo as orientações dele, o iniciando deverá praticar uma técnica conhecida nos meios ocultistas como “visualizar uma imagem como se fosse uma porta e mentalmente atravessar a porta”. Daí, o iniciando travará contato com as Entidades que habitam o plano correspondente vibratoriamente à dita imagem.

Mas que imagem é essa? Os desenhos dos Vevés, Pontos-Riscados, Sigilos das Entidades, Figuras Geomânticas (Odus), entre outras. Essa técnica permite uma auto-iniciação com menos riscos que a Invocação Mágica (a “incorporação” da Entidade na pessoa), que evoca riscos óbvios de acidentes.

O que deve, porém, ficar claro, é que ninguém é “filho” desse ou daquele Orixá, ou de qualquer outra Entidade, nem tem tal ou qual Odu. Na verdade, as pessoas identificam-se com um Arquétipo, em geral composto, isto é, com qualidades mescladas de várias Entidades, o que caracteriza o Orixá e suas qualidades, bem como os outros Orixás da pessoa. Identificando-se com o Arquétipo, a pessoa passa a louvá-lo ou cultuá-lo, atraindo então a Entidade Egregórica correspondente ao Arquétipo da identificação pessoal. Fica claro, agora, o motivo pelo qual há pessoas com “santo forte”, outras sempre “acompanhadas” pelo seu Orixá ou Guia, e assim por diante? Lembrem-se de que a energia que flui no contato do Mago com a Egrégora é mutual e simbiótico, isto é, se recebe o tanto que se dá…

No caso dos Odu, eles apresentam-se e manifestam-se em cada momento, mudando de acordo com as chamadas “marés tatwicas”, as marés elementais.

Somente ocasionalmente cristalizam-se num local, situação ou espécie de atividade, promovendo constante sucesso ou fracasso. E os remédios já são conhecidos.

 

Sacudimento

Dá-se esse nome às Práticas Mágicas que são realizadas quando existe uma presença energética intrusa (em pessoas, objetos ou lugares) – Exus ou Egums, isto é, Entidades Demoníacas, Vampiros, Íncubos, Súcubos, Larvas, Espíritos de Desencarnados, entre outras – ; passa-se pelo corpo da pessoa atingida uma série de plantas, folhas, grãos crus, pipocas, legumes, verduras, até mesmo aves (pombo, frango); esses componentes tem atribuições diversas em se tratando de elementos naturais – presentes por analogia nos componentes do sacudimento – , impregnando-se-os com o fluído magnético, que tem a propriedade de sugar energia (no caso, a intrusa), o que então providenciará a remoção das energias intrusas. É prática primitiva que, porém, tem seus méritos; na verdade, há um elemento de grande importância, que não pode faltar, pois é o que faz o “Trabalho” funcionar: o ovo! Sim, um simples ovo de galinha é o suficiente para o “Trabalho” funcionar. Com um ovo e a atitude mental adequada, consegue-se resultados espetaculares.

Na simplicidade está a chave dos grandes mistérios. Quer dizer, a Energia intrusa, nefasta, é transferida para os elementos passados pelo corpo da pessoa; em seguida, esses elementos são deixados em local determinado (praia, cachoeira, rio, praça, encruzilhada, estrada, enterrados, atirados barranco abaixo, cruzeiro do cemitério, etc.), aonde a Energia tornar-se-á inofensiva, ou atingirá curiosos que porventura toquem o material energeticamente contaminado.

 

Ebós

Dá-se esse nome aos sacrifícios ou oferendas, dedicados a alguma Entidade, consistindo nas comidas, bebidas e animais votivos da mesma Entidade; quer dizer, todas as práticas mágicas convencionais do Camdomblé tem o nome de Ebós. Os Ebós funcionam por causa do uso de Condensadores Líquidos e Sólidos, infundidos da vontade do Mago, além de, algumas vezes, a Energia Vital que se desprende de um animal sendo imolado, além da própria Energia do sangue de dito animal. Este é o segredo para a eficiência dos Ebós. E também da ineficiência de muitas bobagens batizadas de Ebó, mas que, na verdade, não são nada, magicamente falando. Para os interessados, basta consultar um dos numerosos livros sobre Ebós – do Ogã Gimbereuá, do Babalorixá Ominarê, de Fernandes Portugal e de Antony Ferreira, por exemplo – para verificar o uso constante de Condensadores Líquidos e Sólidos (pimentas, cebolas e alhos, atribuídas ao Elemento Fogo, por exemplo).

Existem três espécies de Ebós: A) Periódico: dado em períodos de tempo regulares, para fortalecer o elo com a Entidade, ou para fortalecer uma Entidade Artificial criada pelo próprio grupo ou operador; B) Propiciatório: dado quando se deseja obter algo de uma Entidade, dando-se-lhe algo, esperando o favor almejado em troca; C) Expiatório: dado quando se necessita reparar alguma falta para com a Entidade que, aborrecida com o indivíduo, passa a prejudicá-lo; nos três tipos deve haver uma analogia adequada.

Só para ilustrar, incenso é uma oferenda que, além de agradar as Entidades (desde que de aroma análogo à Esfera da Entidade), pode permitir sua materialização (com sua possível aparição espectral); para Entidades Negativas ou perigosas/nefastas, o sangue (quente) de sacrifício animal faz efeito semelhante; a cebola constitui um elemento de grande vibração quando ofertada à alguma Entidade, o mesmo podendo dizer-se dos ovos; as velas são parte importante de qualquer ofertório, as de cera de abelha adequadas às Entidades Positivas, e as de cebo adequadas às Entidades Negativas.

Devemos sempre buscar as leis de analogia ao desejarmos ofertar algo para qualquer Entidade. Seguindo estes princípios, qualquer Mago poderá elaborar seus próprios Ebós, se esse for seu desejo.

 

Pós Mágicos

Também chamados de Atim (Alaketo), Pemba (Angola), Zorra (para o mal), são diversas substâncias misturadas e posteriormente reduzidas a pó; são usadas para atrair boas coisas (saúde, amizade, amor respeito, bons negócios, dinheiro, proteção contra maus fluidos, paz, etc.), espalhando-se nas mãos, pés, sapatos, roupas, cabeça e utensílios da pessoa, ou soprando-o na residência, veículo, local de trabalho, Templo, etc.; ou então para levar desgraças aos desafetos (doenças, acidentes, maus fluidos, ruína, morte), espalhando-se nos locais, ou soprando-se/jogando-se sobre a vítima.

Respeitando-se as leis de analogia, pode-se compor pós mágicos respectivos aos quatro elementos da natureza, que serão Condensadores Sólidos da vontade do Mago. Para maiores detalhes do assunto, ver o livro de Franz Bardon “Initiation Into Hermetics”, citado na bibliografia desta obra.

 

Azeite de Dendê

 

Elemento que constantemente é utilizado nas práticas ritualísticas Afro-Negras, constituindo poderoso Condensador Líquido; Condensador é um elemento capaz de condensar a vontade e os desejos do Mago.

 

Pólvora

Muito utilizada nos Cultos Afro, ao incandescer ou explodir libera tremenda energia ígnea (do Elemento Fogo), podendo ser utilizada para curar, livrar de alguma influência maléfica, criar embaraços ou até mesmo matar, tudo em analogia completa ao Elemento Fogo, isto é, ao seu campo de ação.

Recebe o nome de “Ponto-de-Fogo”. Nas obras do autor N.A.Molina encontra-se constante referência a ditas práticas, o mesmo ocorrendo nos livros de Antônio de Alva e Antônio Alves Teixeira Neto.

 

Nome Mágico

 

Chamado também de Orukó, é o Nome Mágico que a pessoa adota após a Iniciação no Culto; também os Templos (Ilê) recebem um Orukó.

Folhas Mágicas

Camdomblé e seus similares tem como grande fundamento o uso mágico, litúrgico e medicinal das ervas, folhas, frutos, raízes e outros elementos vegetais. Portanto, seria necessário um volume de centenas de páginas para abordar, de forma adequada, o assunto. De qualquer forma, selecionei algumas folhas e frutos especiais, devido às suas particularidades: A) Folha de Pinhão Branco (Jatrofa Curcas) – usada para substituir o sangue animal nas oferendas a Exu; B) Folha de Acocô (Naelvia Boldos) – usada da mesma forma que a anterior, inclusive sobre a cabeça das pessoas, quando falta o animal a ser imolado para o Orixá; C) Folha de Iroco (Clorophora Excelsa) – usada como substituto do sangue animal nas oferendas, iniciações e assentamentos de Orixás; D) Noz de Cola ou Obi (Sterculia Acuminata) – usada em todos os rituais iniciáticos do Camdomblé, exceto no culto à Xangô, que recebe, ao invés desta, o E) Orobô, Orogbo ou Falsa Noz de Cola (Garcínea Guinetóides).

Tendo-se em vista o que foi dito acima, poderemos tornar nosso Camdomblé mais moderno, utilizando as Essências de Flores e de Ervas (Essências Florais) como se utilizam as folhas, frutos, Flores, raízes, etc.

E, também, substituindo muitos elementos por uma substância sua, dinamizada homeopaticamente. Creio que dinamizações de D-1 ou D-3 combinadas com dinamizações de 10MM seriam o mais adequado, unindo presença física e energética. E, para evitar o sacrifício animal ou a destruição de elementos naturais, pode-se preparar tais substâncias pelos meios radiestésico ou radiônico (ver a obra intitulada “MATERIALIZAÇÕES Radiestésicas”, de autoria dos Irmãos Servranx, que trata do uso do Decágono para reproduzir magicamente a energia de qualquer substância).

 

Banhos Energéticos

Abô ou Omieró (banho pronto e, em geral, putrefato) e Amací (banho fresco feito com ervas maceradas com água da chuva), são um dos mais ricos, complexos e deturpados (magicamente falando) aspectos dos Cultos Afro- Negros; os banhos devem ter apenas duas finalidades: Atração e Repulsão.

Conhecendo-se a natureza dos elementos a serem utilizados no banho, através do conhecimento das leis de analogia, pode-se preparar um banho dotado das características de Atração ou de Repulsão de qualquer tipo de energia. Só isso. Basta escolher qual (ou quais) o elemento da natureza adequado (água, ar, terra, fogo), impregná-lo (o banho) com o fluído Elétrico (para Repulsão) ou Magnético (para Atração), e está tudo pronto. De qualquer forma, a obra de Franz Bardon aborda o assunto com maestria.

Defumação

Vale aqui o que foi dito relativamente aos Banhos.

Podem atrair ou repulsar energias.

 

Assentamentos (de Orixás, Exus, Egums, Odus, etc.)

Chamadas em ioruba “Igbas” pu “Ibás”, os Assentamentos são essencialmente uma construção de um corpo físico não-animado, para receber determinada energia. Cria-se um Elementar Artificial com corpo físico.

Assenta-se Orixás, Exus, Egums (Cascarões de desencarnados), Odus, além de outras Entidades cultuadas no Camdomblé – Ikú, a Morte; Yiá-Mi-Oxorongá, o pássaro negro que personifica todas as feiticeiras e suas energias, entre outras -.

Os elementos, vegetais (folhas, ervas, raízes, madeiras, folhas, cascas, frutos, nozes, caroços), minerais (águas, argilas, barros, terras, rochas, cristais, gemas, metais, areias, calcário), animais – insetos, répteis, mamíferos, aves, peixes, aracnídeos, batráquios, etc – (sangue, peles, chifres, garras, unhas, falanges de dedos, pêlos, olhos, dentes, prêsas, línguas, víscera, ossos, testículos, fluidos, cabeças, etc.) e humanos (sangue de aborto, sangue de acidentado, sangue de morto, feto, unhas, crânios, falanges de dedos, dentes, cérebros, línguas, fluidos corpóreos – até mesmo sêmen e fluidos vaginais -, cabelos, fezes, urina, sangue menstrual, placenta, testículos, víscera, tíbias, ossos diversos, corações, etc.), além de objetos variados (facas, lâminas, navalhas, pembas, giletes, cacos de vidro, ladrilhos, pó ou poeira de lugares variados, folhas de jornais e revistas, pedaços de veículos acidentados, bebidas variadas, condimentos, tinturas naturais, o pó produzido pelos cupins, etc.), são colocados num jarro, porrão, panela ou vaso, misturados com cimento e água, posteriormente assentados em camadas. Daí, sacrificam-se os animais votivos sobre o assentamento, decora-se o mesmo com as insígnias ou os paramentos da Entidade, além de enfeitar os elementos de decoração com pedaços dos animais sacrificados – cabeça, asas, penas, patas, etc -, além de praticar-se atos litúrgicos diversos, incluindo orações, cânticos e louvações.

Tudo isso é muito forte, além de Energeticamente eficiente. Apenas creio que podemos realizar coisa melhor sem todo esse trabalho.

Francis King descreve, em diversas obras suas, coisas interessantíssimas e de grande utilidade mágica, como “O Casamento dos Homens com Os Deuses” e o “The Homunculus”; Aleister Crowley no seu “MAGICK” dá os fundamentos do Mistério da Eucaristia, entre outras preciosidades; Franz Bardon no seu “Initiation Into Hermetics” versa sobre os mesmos Mistérios Eucarísticos, além da criação de Elementares e Elementais Artificiais, Animação Mágica de Figuras e Esculturas, além de muito, muito mais; Pascal Beverly Randolph no seu “Magia Sexualis” (em especial na edição espanhola) descreve também a Animação Mágica de Figuras (imagens, pinturas, fotografias, desenhos); Peter James Carroll nos seus “Liber Null & Psychonaut” e “Liber Kaos”, descreve didaticamente outras práticas de muito interesse. Com esse material em mãos, o Mago tem condições plenas de criar seus próprios Assentamentos, sem ter de realizar práticas ou rituais primitivos, nem sacrificar animais ou trabalhar com materiais orgânicos perecíveis.

Para aqueles que desejarem realizar um assentamento no melhor sistema africano, purgando as bobagens, dou a minha versão da conjuração chamada de “Evocação ao nível da Feitiçaria”, de autoria de Peter James Carroll: Construir um boneco, de material proveniente da natureza, com as próprias mãos (contando, é óbvio, com as ferramentas adequadas); dar forma humanóide ou de algum ser real ou mitológico; utilizar, para a escultura, argila, ou tabatinga, ou barro, ou madeira, ou pedra; anexam-se gemas, cristais, rochas e metais que possuam correspondência energética com a energia que desejamos obter do assentamento; todos os materiais utilizados deverão ser purificados com água mineral, sumo de ervas Energeticamente compatíveis, defumação com substâncias adequadas, além de eventuais desimpregnações por meio de gráficos emissores de Ondas-de-Forma; o interior do boneco deverá ser ôco, aonde deverá ser derramado um condensador líquido universal, o que permitirá a “Animação Mágica” da figura, fato este que dará à mesma movimento…(ver Initiation into Hermetics, de Franz Bardon); vasos com flores energeticamente compatíveis poderão ser mantidos próximos do assentamento, o que manterá energia viva perto de nossa criação; símbolos geomânticos ativos, gravados no boneco, ajudarão a definir e manter a energia definida e sob controle; a decoração externa ou acabamento do homúnculo é livre, devendo-se, porém, evitar materiais perecíveis, derivados ou extraidos de cadáveres de animais ou seres humanos, pois, caso contrário, o assentamento emitirá energias nocivas no ambiente; tomar muito cuidado com o formato do boneco, para que o mesmo não emita RADIAÇÕES nocivas – deveremos, durante a execução do corpo físico da entidade, verificar radiestésicamente, todo o tempo, a qualidade das EMISSÕES; utilizando-nos dos pêndulos cabalísticos para efetuar esse controle, nosso boneco deverá emanar “A Terra”, “Sôpro de Vida”, “Espírito” e “Shin”, além de poder emanar (embora devamos ter cuidado com essa energia) “Magia”; quanto as EMANAÇÕES nefastas, que deveremos evitar a qualquer custo, estão “V-e” (Verde Negativo Elétrico), “Matar” (Vermelho Elétrico), “Necromancia”, “Forças-do-Mal”, “O Adversário”, “Shin” invertido, “Iavê” invertido, “Ilha-de-Páscoa”, “A Terra” invertido, figuras geomânticas nefastas, entre outras coisas; seria muito bom que nossa criação emitisse, além das energias harmônicas, a energia-invertida das energias nefastas; se nossa figura destinar-se a causar influência em terceiros, provavelmente emitirá “Magia” – nesse caso, mantê-la longe de áreas de repouso, trabalho ou lazer, num local aonde somente tenhamos acesso quando quisermos realizar um ato mágico, e não um local aonde se realize outras atividades; isto é, no quarto ou escritório, nem pensar!; a entidade trabalhará somente para o Mago, portanto, só deverá emitir radiações benéficas; realizado o corpo físico da entidade, dirigir-se a ela como se a mesma tivesse vida, conversando com a mesma, afirmando e reafirmando nossos desejos e pedidos, sempre dentro do mesmo âmbito; poderemos realizar vários assentamentos, para ter paz e harmonia, para repelir a má-sorte e acidentes, para proteger contra inimigos e malfeitores, para evitar acidentes e enfermidades, para atrair amor e amizade, para obter conhecimento de planos ocultos ou pessoas distantes, para atrair a prosperidade e a riqueza, entre muitas outras coisas; para melhor definir a envergadura de poder de cada entidade, podemos tomar por base as casas astrológico-geomânticas, que contém em si a energia de uma Egrégora poderosa; tudo isso feito, mentalizar a existência de nosso boneco também no mundo da mente, criando uma Imagem Telemática idêntica em aparência e atribuições ao boneco; e, para terminar, tudo quanto existe deve ter um nome, motivo pelo qual nosso boneco deverá ter um nome, se possível análogo às suas quantidades e qualidades, escolhido ou montado com cuidados numerológicos, visando evitar, entre outras coisas, que a criatura se volte contra o criador…

Tudo feito adequadamente, essa entidade artificial poderá, inclusive, ser invocada e evocada pelo seu criador. Agirá então, a entidade, como qualquer inteligência original. Obviamente, poderão ser criadas entidades artificiais para as mais diversas finalidades, mas, coisas nefastas atraem energias perigosas, e assim por diante. Bom senso faz bem.

Para os que preferem “assentar” Entidades não-antropomórficas, podemos utilizar um cristal de quartzo para “corpo” de nossa criação, uma vasilha de cristal translúcido como receptáculo (à lá Dr. Edward Bach). Areia no fundo, para firmar a base do cristal, condensador sólido sob o cristal, condensador líquido pincelado ou espargido sobre o cristal. Pode-se utilizar de Essências Florais para enriquecer o condensador líquido; sigilo ou pantáculo consagrado são uma boa idéia para potencializar o conjunto. Um “Cofrinho Emissor de Raio PY” para colocar-se os “pedidos” à Entidade. Uma pirâmide, que mantenha todo o conjunto dentro de sua geometria, pode manter a energia num nível surpreendente. Substâncias homeopaticamente dinamizadas poderão tornar o Elementar poderoso e versátil. Pode-se utilizar gráficos moduladores de ondas-de-forma para definir melhor a natureza e a envergadura da Entidade. Por outro lado, ao se querer cultuar os Orixás, pode-se realizar rituais simples como a queima de velas coloridas (compatíveis, é claro), ou até mesmo oferendas de ovos ou de rodelas de cebola, com uma vela acesa no centro da rodela de cebola. Só não se deve tentar “assentar” um Orixá, ou cultuar um assentamento, pois são coisas totalmente distintas e que não devem jamais ser misturadas. Por aí é que se vê que muita coisa que se faz no Camdomblé é cultuar Elementares, suponde se estar cultuando o próprio Orixá.

Para os desejosos em se aprofundar no assunto, ver a obra de Franz Bardon, “Initiation into Hermetics”, e a obra de Peter James Carroll, “Liber Kaos”.

A indicação da utilização de materiais orgânicos perecíveis, freqüentemente encontrada nas instruções para a construção do GOLEM, não trará nenhuma vantagem ao Mago que deseje executar assentamentos de Energias Afro; há exceções, mas devem ser deixadas para quem sabe o que está fazendo.

Para terminar o assunto, evitando induzir alguém em erro, é conveniente lembrar que não devemos tratar um assentamento como se fosse um ídolo. O assentamento não pode ser louvado como uma imagem sacra num altar de Igreja.

O assentamento é, na realidade, uma poderosa “Imagem Talismânica”, criada para tornar mais efetiva a concentração quando da “chamada” (Invocação ou Evocação) da respectiva Entidade.

 

Águas

São utilizadas em praticamente todos os tipos de rituais, tendo especial importância devido a procedência (de poço, de chuva, de praia, de alto mar, de rio, de vala, de cachoeira, de lago, de açude, etc.). Seu uso é tanto interno quanto esterno.

 

Pedras

São importantes devido ao uso litúrgico, sendo o elemento principal da maioria dos assentamentos (são chamadas Otá ou Okutá). Nas pedras reside a força dos Orixás, e nelas devem concentrar-se o Culto, segundo a tradição religiosa. Pena não haverem utilizações mais amplas e práticas das pedras no Camdomblé, além da falta de conhecimento relativo às virtudes terapêuticas e mágicas das mesmas. De qualquer forma, há um Culto às Pedras, e isso é importante! E os cristais de quartzo são pedras! – Metais: diferentemente das pedras, os metais, no Camdomblé, tem papel coadjuvante apenas, tendo cada Entidade seus metais correspondentes, mas o conhecimento do assunto no meio é tão superficial que nada há para dizer.

 

As receitas (inflexíveis e complexas)

Peter James Carroll, brilhante autor e ocultista britânico, diz, em suas obras, que, se um ritual é tão complexo que precisamos escrevê-lo detalhadamente para não cometermos deslizes, esse ritual precisa, urgentemente, ser simplificado, de forma que caiba todo na cabeça! É exatamente assim que penso. Os Ebós utilizados no Camdomblé são como receitas de bolo: detalhados até na quantidade de cada elemento! Claro está que a tradição tem seu lugar, mas esse lugar é no folclore ou na religião, não na Magia e no Hermetismo. Para elaborar as próprias “receitas mágicas” seja lá do que for, o Mago deve conhecer as leis de analogia, bastando decidir se deseja atrair uma Energia, repulsá-la, influenciar alguém (ou a si mesmo) com a Energia Elemental escolhida, ou tratar uma enfermidade pelos fluidos eletro-magnéticos. Para aprofundar-se no assunto, ver as obras de Franz Bardon.

Só para deixar claro, os tópicos para que um “trabalho” funcione são: 1) vontade do operador; 2) invocação ou evocação de alguma Entidade cuja envergadura e natureza do poder permita realizar o que se deseja; 3) direcionamento da energia invocada, evocada ou criada.

Divinação

No Camdomblé, é feita utilizando-se da Geomancia. Há o Jogo da Alobaça (praticada com uma cebola cortada em quatro), o Jogo de Búzios (praticado com quatro ou dezesseis búzios da espécie “Ciprae Moneta” e seus semelhantes) e o Opelê-Ifá (praticado com o Opelê). Dividi-se essas práticas em divinações litúrgicas e profanas. O método Afro, apesar de rudimentar, é preciso e com ele obtem-se bons resultados. Só é necessário ater-se à interpretação da Geomancia Racional, descartando a interpretação clássica, por esta última ser insuficiente e inadequada, além de basear-se em parâmetros equivocados.

 

Criação de Zumbis

Aviva-se um cadáver físico de alguém, cria-se um Elementar Artificial, colocando-se o mesmo “dentro” do cadáver, que então terá novamente vida, muito embora de forma distinta. Mas esse processo é trabalhoso, perigoso e de conseqüências imprevisíveis.

 

Paramentos

São as roupas e insígnias dos Orixás e outros, que mostram clara distinção dos Arquétipos aos quais se deseja vinculá-los.

 

Armas

Vale aqui o que disse no item “paramentos”.

 

Fundamentos de Ifá

São os fundamentos da Geomancia e da Magia Geomântica.

 

Animais

Os Animais Sagrados são considerados Animais Votivos, e imolados em holocausto aos Orixás e Exus; uma deturpação do sentido verdadeiro tanto das correspondências das Entidades com os animais, quanto com relação a função dos sacrifícios animais.

 

Plantas

O mais importante item da cultura mágica Afro, pois as plantas são usadas em todos os rituais, da Iniciação aos funerais, da Magia à terapêutica. Há muito o que aprender sobre fitoterapia com o Camdomblé.

 

Efó

São os encantamentos recitados em Ioruba, que acompanham todos os rituais. Podem ser recitados ou cantados.

 

Evocação, Louvação

É o que se pratica quando se oferece algo (Ebó) à Entidade, pedindo sua proteção ou intervenção.

 

Invocação

É o que se chama “virar no santo” ou “bolar no santo”. Consiste em “receber” a Energia do Orixá de forma passiva, deixando-se usar como instrumento da Entidade.

Talismãs

São os “fios de contas”, “Axés” – breves -, alianças de cobre, pós mágicos dentro de saquinhos de tecido, entre outras coisas. A Magia Pantacular inesiste no Camdomblé.

Mangaka

É o bonequinho todo cravejado de pregos. Consiste simplesmente numa estátua animada magicamente, que contém, em seu interior, um condensador líquido. São cravejados nela inúmeros pregos. Quando se tira um prego, se condensa o desejo no mesmo, enfiando-se a seguir de volta no bonequinho.

Assim, o Homúnculo agirá de acordo com a vontade do Mago. É originário do Congo, atual Zaire.

Música, Ritmos e Cantos

Elementos de suma importância nos rituais Afro, aonde as emoções são expressadas livre e primitivamente, facilitando a atuação da Energia Evocada ou Invocada.

Consagrações

São práticas litúrgicas usadas sempre, em tudo. Os rituais em geral são simples, mas eficazes.

Ebós com Animais

São feitos com partes dos animais (intestinos, por exemplo), que recebem o testemunho da vítima, Condensadores Sólidos e/ou Líquidos, sendo posteriormente enterrados; aí, passado um tempo, o efeito se fará sentir por ação do Elemento Terra (por decomposição).

Há alguns tipos de Ebós que utilizam animais vivos (sapo com a boca costurada, cabra, porco ou coelho com caranguejo vivo costurado dentro do ventre, lagartixa ou caranguejo enrolado em filó), aonde se colocam o testemunho da vítima junto com elementos que farão o animal sofrer lenta e terrível agonia; aí, o que ocorre, é que o animal (sempre) emite Ondas Biológicas (as Ondas utilizadas para diagnóstico e tratamento em Tele- Terapias, Radiestesia e Radiônica), emitindo-as, no caso, permeadas de dor e sofrimento terríveis. Junta-se nessa emissão de Ondas Biológicas do animal a Energia também de Ondas Biológicas da vítima, através de seu testemunho (o Testemunho liga-se a seu “dono” por meio do Raio-Testemunho, o raio que liga a pessoa aos seus pedaços ou imagens). Atingido o alvo, é claro que o resultado será desastroso.

 

Assentamentos de Odus

Assenta-se a Energia das Figuras Geomânticas, da mesma forma que se faz com as outras Energias. O principal problema que se enfrenta aqui é que as interpretações das figuras geomânticas dentro do Camdomblé (e seus similares) é sempre ambíguo, tendo sempre aspectos bons e ruins. Uma reformulação é necessária, para desmanchar esse verdadeiro labirinto.

Só uma dica: pode-se fazer a fixação da energia das figuras geomânticas por meio de um simples Pantáculo! Para que tanto trabalho? Sobre Pantáculos, ver a obra de Franz Bardon.

 

Magia Sexual

Inexiste nos cultos Afro, exceto no Vudú Haitiano. Mesmo assim, está muito aquém de algo realmente prático e eficiente. Ver a obra “Magia Sexualis” de Pascal Beverly Randolph.

 

FT e FPA

Forças das Trevas e Forças Psíquicas Assassinas são dois conceitos metafísicos que definem a Energia da Magia maléfica Afro. Desse prisma, podem ser eliminadas pela Radiônica ou Ondas-de-Forma.

 

Boneco Vodu

 

O clássico bonequinho cheio de alfinetes é simplesmente um boneco de cera, madeira ou pano, com diversos elementos da vítima, que, por práticas ritualísticas, passa a ser um Testemunho Artificial Vivo da vítima; deve ser Animado Magicamente, batizado (utilizando-se da Egrégora do Batismo), posteriormente deixado para “Saturar de Energia” (deixado enterrado por toda uma lunação), o que fará com que o que for feito ao bonequinho cause algum efeito na vítima; daí, se espeta o boneco com alfinetes de aço, devidamente impregnadas com nosso desejo. E o desejado deve ocorrer, em breve. Quando se deseja a morte da vítima, se enterra o bonequinho, com caixão e tudo, reproduzindo um verdadeiro funeral (utiliza-se da Egrégora do Funeral, Enterro). Todas essas práticas podem ser classificadas como de “transplantação” ou “Magia Mumíaca”. Sobre o assunto, ver a obra completa de Franz Bardon (em especial o capítulo VIII do “Initiation Into Hermetics” e o “The Practice of Magical Evocation” em sua totalidade).

Podem ser utilizados, também, em magia benéfica, ou até mesmo em magia de proteção – criando-se, por exemplo, várias égides nossas, deixando-as em locais diversos, visando dispersar ataques mágicos desferidos contra nós.

Sobre isso, ver os livros de Frater U.D., sobre Sigilização Mágica e Magia Sexual.

 

Ferros dos Assentamentos

Usados sobre a massa do assentamento, emitem Ondas-de-Forma análogas às qualidades da Entidade.

 

Importância do Ovo

 

É um dos principais fundamentos da Cultura Mágica Afro, conforme disse antes. Só por curiosidade, o ôvo tem a capacidade de sugar Energias nocivas das pessoas, locais e objetos, quer seja pela colocação do mesmo junto a um testemunho da vítima, ou por passá-lo na própria pessoa (ou colocado no local) alvo da Energia nefasta. Se, após impregnado e saturada de dita Energia, for enterrado, o efeito da Energia some, e a mesma se dissipa nos Elementos. Se, porém, for atirado longe, de forma a espatifar-se, a Energia retorna a quem a enviou…e bem rápido! É importante, porém, frisar, que a Energia “sugada” pelo ovo pode, facilmente, passar para o operador, num instante! Além disso, há práticas místicas que transmutam a Energia natural do ovo em outra coisa; por exemplo, há uma “cantiga” que permite dar, ao ovo, a mesma Energia de um galo vivo! Dessa forma, ao se ofertar o ovo, se entrega à Entidade um galo! Só um alerta importante: NÃO TRABALHEM COM OVOS, sem um prévio conhecimento sobre o assunto.

Estejam avisados!

Troca-de-Cabeça

É a troca da vitalidade do enfermo ou do moribundo pela energia de outro ser, saudável e vigoroso.

Eu aconselho fazer-se com ovos, pedras ou plantas; no Camdomblé se faz com animais; há quem faça com pessoas…

Círculo Mágico

Só aparece na divinação, quer seja na peneira ou no colar de contas (Jogo dos Búzios), ou ainda no Opón, tábua de madeira usada na divinação por Ifá.

 

Tarot

 

 

Inexiste a tradição do uso de cartas para divinação ou meditação, mas já existe um Tarot do Voodoo de New Orleans, e um Tarot dos Orixás, da editora Pallas.

 

Proteção contra ataques psíquicos

 

 

Práticas inexistentes nos Cultos Afro.

 

Espelhos Mágicos

 

 

Existem, mas muito rudimentares, e em pequeno número; são mais comuns em Cuba. Ver obra de Franz Bardon e Pascal Beverly Randolph.

Uso de Testemunhos

 

Nos Cultos Afro, se utiliza muito, para Magia a distância, algum Testemunho (no sentido radiestésico) da pessoa visada. Para os Camdomblecistas, são testemunhos válidos quaisquer sinais da pessoa (sangue, urina, fezes, cabelos, aparos de unhas, esperma, SECREÇÕES vaginais, saliva, suor), sua foto (apesar que muitos Sacerdotes do Culto não gostam muito de trabalhar com fotos, enquanto outros exigem fotos novas – tudo bobagem, pois foto é um excelente testemunho, não importa a idade nem o tamanho), a roupa usada e suja (em especial as roupas íntimas e as meias), fronha do travesseiro, sapatos, palmilhas, assinatura, e, até mesmo, a pegada da pessoa – a terra aonde ela pisou ou o pó do local aonde pisou – , o que eu acho muito arriscado para um uso sério.

De qualquer modo, mesmo em se tratando de testemunhos válidos, a falta de cuidados no manuseio dos mesmos pode invalidar o ato mágico. Muito melhor contruir-se testemunhos artificiais do que trabalhar com um testemunho de valor energético duvidoso.

Assim, podemos observar que o Camdomblé navega num mar da mais profunda ambiguidade.

Enquanto suas práticas iniciáticas são decididamente shamânicas do lado do Iniciando ou Iniciado (ao menos durante seu período como Iaô), as mesmas práticas, isto é, as práticas complementares àquelas, mas realizadas pelo Iniciador, são claramente do nível da feitiçaria.

Na Geomancia, rica e elaborada, com um panteão próprio (uma vez que todos os Odus tem suas representações antropomórficas), o método de praticála é sempre simplificado, utiliza-se de instrumentos primitivos sem nenhum significado oculto, ignora-se as fusões das figuras, que portanto são 256 ao invés de apenas 16; essas, por sua vez, variam quanto a natureza da energia a todo momento, ora significando benesses, ora o oposto – e isto a mesma figura! Por exemplo, tomemos a melhor figura geomântica, no domínio energético e sutil, “Laetitia”, 1222; no Camdomblé, é o melhor Odu, “Obará”, 1222. No Camdomblé, Obará prenuncia riquezas (atribuição de Fortuna Major, 2211), promete que seus filhos nascem pobres mas morrem ricos. Obará só tem um aspecto nefasto: seus filhos são os mais sujeitos a feitiços, inveja, olho-grande e coisas afins. Laetitia significa “alegria”, simbolizada por uma barraca, que provê a proteção do céu. Ou a bobagem foi pura burrice, ou é coisa de painhos querendo faturar…

A Geomancia Afro é mais uma forma de Astrologia Horária; como todas essas, não possui um “evolutivo”. Somente a nossa “Nova Geomancia” a Geomancia Racional, possuí o “evolutivo”, obtido através da rotação das casas, resultado do resto na operação de divisão do total de traços obtidos por doze (ver obra do Panisha sobre o assunto).

Outras figuras de manifesta ambiguidade são o Odu Oxé e a figura Amissio (perda), 1212; como Odu, significa riqueza, mas como figura geomântica significa empobrecimento e, até mesmo, a morte. O Odu Oyekú, o Odu da morte (Oyá-Ikú), em nada corresponde a Populus, embora ambas tenham a mesma figura numérica, 2222. O Odu Odí é tido como o pior dos Odus, enquanto que a figura de Carcer é uma figura de entraves, tendo seu aspecto bom na casa 12 (entrava os acidentes, obstáculos e doenças), e algumas vezes bom na casa 8 (entrava as mudanças, mas também a morte). Isso só para começar. Mas basta de Geomancia.

O Camdomblé possuí um dos mais belos e ricos panteãos de Deuses jamais conhecidos, embora muitos aspectos de relevância tenham se perdido ao longo do tempo. E com a ausência desses elementos fica muito complicado encontrar as corretas atribuições com Deuses de outros panteãos, bem como com a Árvore da Vida. Aspectos relativos a sexualidade, tão patentes entre os Deuses da Índia, são praticamente ausentes entre os Deuses Afro, ou, quando presentes, seus dados são por demais perfunctórios, tornando sua utilização mágica muito arriscada. Creio que o resgate do “elo perdido” é necessitado com urgência.

Como se não bastasse o que relatei acima, temos, no Camdomblé, práticas mágicas do nível da feitiçaria, com alguns poucos toques de shamanismo. Curioso é que muitos praticantes do Camdomblé creem que, para que a Magia funcione, é necessário ter-se o auxílio de um “parceiro astral”, um Exu ou um Egum, devidamente assentado, com todos os Ossé (tratamentos e obrigações) em dia (portanto, potencializado). Quer dizer, o Exu (ou o Egum) deve existir tanto no plano físico, através do assentamento (ver Evocação ao nível da Feitiçaria), como nos planos sutis, pela manutenção da imagem mental da entidade (ver Evocação ao nível do Shamanismo).

E, para encerrar com “Chave-de-Ouro” o assunto, uma verdadeira barbaridade, prova cabal da profunda ignorância daqueles que se dizem detentores dos Fundamentos do Culto: definem os Orixás como sendo Elementais! Seria bom que essas pessoas estudassem um pouco de Mitologia, Arquétipos, Egrégoras e Elementais, para saírem do poço de ignorância que está destruindo o último Culto Vivo aos Deuses Internos do Homem, o Camdomblé!

Trocando em miúdos, na Umbanda e na Quimbanda, se pratica e Invocação Mágica (a qual se chama de Incorporação), e a Evocação Mágica – quando se busca, pelas oferendas compostas de velas coloridas, bebidas, charutos e outras coisas, criar uma atmosfera propícia à manifestação da Entidade – , quando então se pede à Entidade o que se deseja.

Já as oferendas no Candomblé – Ebós – tem dois aspectos distintos, o primeiro sendo a criação de uma atmosfera propícia à manifestação da Entidade, e o segundo a criação de Elementares, para a execução de operações mágicas. Nada, aliás, que não se consiga repetir por outras dezenas de métodos mais simples, práticos e baratos – o que, porém, não invalida a tradição. Praticar o Camdomblé com artigos importados da África ou da Nigéria é tão absurdo quanto importar gêlo das geleiras dos polos ou neve da América do Norte ou Europa para realizar rituais da Wicca adequados ao inverno…

É lamentável constatar que o Candomblé, religião Thelêmica, Sistema de Magia antes de tudo Pragmático, foi transformado num culto vazio, pobre, custoso e dominado por pessoas ignorantes, inescrupulosas e mercantilistas.

Apêndices

 

 

“CAMPO DE ATUAÇÃO, CORES VOTIVAS E SAUDAÇÕES AOS ORIXÁS

 

 

OXALÁ: paz, harmonia, longevidade, velhice, vitória;
– “XEU EU BABÁ!” (para o Velho – OXALUFÃ)
– “ÊPA BABÁ!” (para o Moço – OXAGUIÃ, e outras qualidades)
> branco, algumas vezes branco e azul;

XANGÔ: justiça, conquista, vitória, amor, sexo, lar, trabalho, riqueza;
– “OXÉ CAÔ CABIECILE!”
> branco e vermelho, algumas vezes só vermelho;

XANGÔ AFONJÁ: ídem Xangô.
> branco e vermelho;

XANGÔ AYRÁ: ídem Xangô, além de intelectualidade.
> branco, algumas vezes branco e vermelho;

XANGÔ AGANJÚ: ídem Xangô.
> marrom e vermelho;

OGUM: guerra, vitória, trabalhos manuais, habilidades;
– “OGUNHÊ PATACURÍ!”
> azul-escuro, azulão;

ABALUAIÊ: saúde, doenças, morte;
– “AJUBERÚ, ATÔTÔ!”
> branco e preto, preto e vermelho, preto e amarelo, branco-preto-vermelho;

OXUMARÉ: riqueza, boa sorte;
– “ARRÔBÔBÔI!”
> preto e amarelo;

EXÚ, BÁRA, ELEGBARÁ, LEGBÁ, BOMBOMGIRA: tudo;
– “LARÔIÊ EXÚ, EXÚ É MOJIBÁ!”
> preto, vermelho, branco e roxo, algumas vezes preto e vermelho, ou branco;

ERÊ: alegria, paz, harmonia, infância;
– “ERÊ-MIM!”
> azul-claro, ou rosa-claro, ou branco, ou dourado, ou verde-claro;

OXÓSSI: caça, amor, fartura, agricultura;
– “OKÊ ARÔ!”
> azul-claro;

NANÃ: morte, saúde, longevidade;
– “SALÚBA, NÂN!”
> roxo e branco, algumas vezes só branco;

OXUM: amor, sexo, boa sorte, riqueza, prosperidade;
– “ÓRÁIÊIÊO!”
> dourado, algumas vezes dourado e branco;

IEMANJÁ: harmonia, paz, lar, prosperidade, fartura;
– “ÔDÔIÁ!”
> branco ou incolor, algumas vezes azul-claro, outras azul e branco;

OBÁ: justiça, amor;
– “ÔBÁ XIRÊE!”
> vermelho, algumas vezes coral;

OYÁ: sexo, amor, guerra, os mortos;
– “ÊPARRÊI!”
> coral, algumas vezes vermelho, outras vermelho e coral, ou coral e branco;

IRÔCO: hemorragias;
– “IRÔDEGÍ!”
> cinza;

YEWÁ: visão, vidência;
– “RIRÓ!”
> amarelo e vermelho;

OSSÃE: ervas, saúde, medicina, alquimia, magia;
– “EUEU ASSA!”
> branco e verde;

TEMPO: o tempo, as forças da natureza;
– “ZÁRA, TEMPO!”
> amarelo e vermelho;

LOGUM-EDÉ: amor, sexo, caça;
– “LÓSSI, LÓSSI, LOGUM!”
> azul-claro e dourado;

IFÁ: destino, futuro, segredos;
– “ODÚDÚA DÁDÁ ÔRÚMILÁ – AXÉ IFÁ!”
> verde e amarelo;

YIÁ-MÍ-OXORONGÁ: magia-negra;
– “AXÉ!”
> preto;

AJÊ: riqueza, fartura, prosperidade;
– “AXÉ!”
> dourado e prateado;

EXÚ DE QUIMBANDA/POMBA-GIRA DE QUIMBANDA: tudo;
– “LARÔIÊ!”
> preto e vermelho, algumas vezes preto-branco-vermelho

 

CORRELAÇÃO DE NOMES NOS CULTOS AFROS

 

Segue os nomes respectivamente de ORIXÁ (ALAKETU) VODUM (GÊGE) e INKICE (ANGOLA)

OXALÁ OLISASSA LEMBA-DI-LÊ
XANGÔ SOBÔ, BADÊ ZAZE
OGUM GU ROXIMOCUMBI
IBÊJE ERÊ VUNJI
EXÚ BÁRA, ELEGBARA, LEGBÁ BOMBOMGIRA
OMOLÚ, OMULÚ {XAPANÃ, SAPATÁ, AZOANÍ, KIKONGO, CAJANJÁ
{BABALUAIÊ, INTÔTO
OXUMARÉ, OXUMARÊ {BESSÉM, ABESSÉM, SIMBÍ, {ANGOROMÉIA,
{DAMBALAH, SOBOADÃ {ANGORÔ
OXÓSSI, ODÉ ODÉ, AGUÊ KIBUCOMOTOLOMBO
{NANÃ, NANÃ BURUKÚ, TABOSSI RADIALONGA
{ANÃBURUKÚ
OXUM AZIRÍ KISSIMBÍ
{IEMANJÁ, YEMONJÁ, INAÊ, MARBÔ {JANAÍNA, MUCUNÃ,
{YIÊMÔNDJÁ {KAIALA, KIANDA,
{OLOXUM
YANSÃ OYÁ KAIONGO
TEMPO TEMPO KATENDE
IRÔCO LÔCO LÔCO
IFÁ FÁ IFÁ
YEWÁ YEWÁ YEWÁ
YIÁ-MÍ-OXORONGÁ AJÉ, ADJÉ, OXÔ ADJÉ
AJÊ, ADJÊ ADJÊ-XALÚGA AJÊ

 

OS ARCANOS MAIORES DO TAROT E OS ORIXÁS

 

ARCANO ORIXÁ
0 O LOUCO IAÔ – O INICIANDO
I O MAGO OSSAIN
II A GRÃ-SACERDOTISA NANÃ
III A IMPERATRIZ IEMANJÁ
IV O IMPERADOR XANGÔ
V O PAPA/O HIEROFANTE OXALÁ
VI OS NAMORADOS OXÓSSI
VII O CARRO OGUM
VIII A JUSTIÇA OBÁ
IX O HEREMITA/O HERMITÃO OMOLU
X A RODA DA FORTUNA IFÁ
XI A FORÇA OYÁ
XII O PENDURADO/O ENFORCADO LOGUM-EDÉ
XIII A MORTE ÉGUM
XIV A TEMPERANÇA OXUMARÊ
XV O DIABO EXÚ
XVI A TORRE TEMPO
XVII A ESTRELA OXUM
XVIII A LUA YEWÁ
XIX O SOL IBEJI
XX O RENASCIMENTO/O JUÍZO BABÁ-ÉGUM
XXI O MUNDO O ÔVO CÓSMICO DE DAMBALLAH E AYIDA

 

OS ODÚS E O JOGO DOS BÚZIOS

Segue i jogo com dezesseis búzios – “merindilogum”

nº de búzios abertos * figura geomântica * nome em latim  * nome em yoruba

0 * nenhuma * nenhum * Opira
1 * 1111 * Via * Ogbé ou Ejí-Onile
2 * 1112 * Cauda Draconis * Ogundá
3 * 1121 * Puer * Iretê ou Mejioco
4 * 1122 * Fortuna Minor * Irossum
5 * 1211 * Puela * Oturá ou Ejí-Oligbon
6 * 1212 * Amissio * Oxé
7 * 1221 * Carcer * Odí
8 * 1222 * Laetitia * Obará
9 * 2111 * Caput Draconis * Ossá
10 * 2112 * Conjunctio * Iwóri ou Obetegundá
11 * 2121 * Aquisitio * Ofum
12 * 2122 * Albus * Iká
13 * 2211 * Fortuna Major * Owanrin
14 * 2212 * Rubeus * Eji-Laxeborá ou Oturupon
15 * 2221 * Tristitia * Okaran
16 * 2222 * Populus * Aláfia ou Oyekú

 

por J. R. R. Abrahão

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-gnose-afro-americana-e-o-candomble-gnostico/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-gnose-afro-americana-e-o-candomble-gnostico/

Basilisco

O Basilisco é uma criatura mitológica com cabeça de ave e corpo de serpente, importante como símbolo na Alquimia e na Magia.

Existem três tipos de Basiliscos:

– O primeiro e mais mortal é chocado de um ovo de galinha por uma serpente; tem a cabeça de um galo com boca de sapo e o corpo de um dragão com pés de galinha, assim como olhos de Górgona que podem matar com um olhar. Este Basilisco tem aproximadamente o tamanho de uma galinha, não tem asas e tem penas curtas na cabeça, pescoço e costas. A única maneira de matá-lo é fazer com que ele olhe para seu próprio reflexo em um espelho de preferência feito de aço.

– O segundo tipo de Basilisco é feito magicamente com ervas e é venenoso.

– O terceiro tipo é inofensivo e existe nas minas. Ele tem a cabeça e os pés de uma galinha, a cauda de uma serpente e olhos bonitos. É preto carvão e tem asas brilhantes, sobre as quais podem ser vistas veias. Seu óleo e água são valiosos para os alquimistas, que às vezes encontram joias dentro de sua cabeça.

O Basilisco é um símbolo de sabedoria e é frequentemente mostrado devorando um humano. Para os antigos, ser devorado pela sabedoria significa esclarecimento, gnose e iniciação nos mistérios. O Basilisco também está relacionado ao deus gnóstico Abraxas, governante da magia e dos poderes espirituais no universo, que é retratado na arte como tendo a cabeça de um galo ou leão e o corpo de um homem com pernas que terminam em serpentes ou escorpiões.

O cristianismo demonizou o Basilisco como um símbolo do diabo.

***

Fonte:

The Encyclopedia of Magic and Alchemy, por Rosemary Ellen Guiley.

Copyright © 2006 by Visionary Living, Inc.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/basilisco/

‘Os 40 Servidores e como começar a usá-los

Os 40 Servidores são personalidades mágicas lançadas ao mundo por Tommie Kelly na noite de Halloween de 2016. Criados inicialmente como para ser um sistema oracular revelaram-se também como um sistema prático e simples de evocação que caiu no gosto dos praticantes de magia no caos. O material a seguir é tudo o que você precisa para começar a usá-los, entretanto Kelly lançou também um Grimório dos Quarenta Servidores (já editado pela Editora Penumbra) com um rico conteúdo adicional.

O que são os servidores ?

Estes 40 personagens podem ser compreendidos de várias formas, o próprio criador que inicialmente diziam se tratar de formas-pensamentos hoje chama os servidores de ‘encarnações de ideias universais” e evita bater o martelo e dizer que são entidades astrais, quantas de informação ou arquétipos psicológicos. Alguns servidores podem ser facilmente reconhecíveis em formas divinas e mágicas mais antigas. O importante é que se tratam de realidades que podem ser acessadas para se obter sucesso em todos os campos da vida.

Cada servidor possui sua própria carta com seu sigilo e imagem representativa. Você pode adquirir o baralho completo no site do Tommie Kelly mas ele também liberou muito conteúdo gratuito para ser utilizado pelos magistas:

Nota: Aqui no Morte Súbita inc. optamos por traduzir literalmente os nomes dos servidores. Entendemos que ao contrário dos nomes comuns os nomes destes servidores no original são absolutamente descritivos e esta característica se perde para quem não domina o idioma inglês.  Para fins de correspondência sempre que um servidor for mencionado a primeira vez ele será acompanhado do nome inglês.

O que os servidores querem em troca?

Nas palavras de Tommie:

“Tradicionalmente, os servidores precisam ser “alimentados” para continuar a existir. Os Quarenta Servidores foram criados para viver e se alimentar da atenção e do uso das pessoas. Quanto mais atenção eles recebem, mais poderosos eles se tornam para todos que os usam.” e ainda “Ser alimentado pela atenção significa que os Quarenta servidores dependem totalmente dos humanos para existir. Se as pessoas pararem de usá-los ou de pensar neles, eles deixarão de existir.”

Uso Básico dos 40 Servidores

A melhor maneira de conhecer e rapidamente começar a usar os 40 servidores é entrando em contato com eles.Você precisa conhecer sua equipe e com essa interação você vai aprender mais – e em muito menos tempo – do que qualquer teoria que poderíamos passar para você.

Escolha uma carta e deixe sua mente relaxar. Em particular tente não se prender a nenhuma noção preconcebida que você possa ter sobre seus nomes, rótulos ou personalidade. Deixe os servidores falarem diretamente com você sem intermediários por meio de suas imagens, sigilos e insinuações.  Essa primeira etapa é importante e geralmente negligenciada por quem só procura um servidor quando os boletos estão atrasados ou quando precisa dar uma lição em alguém. Pagar as contas e dar uma lição em quem merece são coisas ótimas, mas um aprofundamento anterior e desinteressado nos servidores leva a uma  percepções e compreensão maior de sua natureza.

Só com este pequeno exercício você poderá não apenas entender a personalidade dos servidores mas talvez ter acesso a nomes, mantras, símbolos e correspondências que eles queiram usar apenas com você. De qualquer forma durante este exercício preste atenção a seus sonhos e impressões, em especial em pensamentos que surgirem do nada. Anote quaisquer detalhes que vierem à mente.

Iniciação usando O Santo

Tommie Kelly sugere como um ritual de iniciação para este sistema que se utilize o servidor chamado “O Santo” como um intermediário, um concierge, um especialista em especialistas:

“Esta evocação pode ser um dos primeiros rituais que você realiza quando começa a trabalhar com os Quarenta Servidores. Este ritual tem três fases. Na primeira fase, você faz contato com O Santo durante um período de três dias e, na segunda fase, você pede a ele para apresentá-lo aos outros trinta e nove servidores restantes. Na fase final, você passa mais três dias agradecendo ao Santo por sua ajuda e assistência. Pense no Santo, como sendo semelhante a Scirlin do Grimorium Verum, ou qualquer um dos outros espíritos intermediários de qualquer grimório ou sistema. O Santo, neste primeiro papel inicial atua como intermediário entre o novo mago e os outros Quarenta Servidores.”

Retire a carta do Santo do Baralho, ou use seu sigilo ou imagem impressa, e coloque-o em seu altar, ou em um lugar especial por três dias. A cada dia, acenda uma nova vela e queime incenso em sua homenagem. O rum também é uma excelente oferta. Em seguida, diga o seguinte em voz alta para ele:

“Eu invoco você Grande Servidor ‘O SANTO’ para que venha a mim para que eu possa conhecê-lo.
Eu sou (diga seu nome), o mestre e governante deste domínio.
Você é o servidor conhecido por intercessão e convocação de especialistas, venha e apresente-se a mim.

Sempre me obedeça, Grande Servidor, e sempre me agrade.
Em troca, vou oferecer-lhe reconhecimento e sustento
para que aumentem a sua energia, potência e fama.

Dê-me um sinal de que você ouviu minha chamada e
venha me dar as boas-vindas como seu Mestre e Amigo.”

No quarto dia e pelos próximos trinta e nove dias, use a seguinte oração, mudando-a a cada dia para incluir o nome de cada um dos trinta e nove servidores restantes em ordem alfabética. Faça uma oferta ao santo e ao servidor a cada dia.

Convido-te, Grande Servidor ‘O Santo’, que venha até mim para que eu te conheça.
Eu sou (diga seu nome), o mestre e governante deste domínio.
Eu te chamo aqui para que você possa me apresentar ao servidor (diga o nome do servidor) que é conhecido por (descreva seus atributos),

Ó Grande Servidor O Santo,
traga (o nome do servidor) adiante para que eu possa reconhecê-lo,
E em troca ele / ela me reconhecerá como seu amigo e mestre.

Sempre me obedeça, Grande Servido (Nome do servidor do dia) e sempre me agrade.
Em troca, vou oferecer-lhe reconhecimento e sustento
para que aumentem a sua energia, potência e fama.

Dê-me um sinal de que você ouviu minha chamada e
venha me dar as boas-vindas como seu Mestre e Amigo.

Eu faço essas ofertas como um agradecimento a vocês dois.”

Depois de concluídas as apresentações a cada um dos servidores, coloque O Santo em seu Altar, ou em um lugar especial por três dias. Cada dia faça uma oferta e agradeça com suas próprias palavras por sua ajuda.

Os 40 Servidores

Abaixo temos agora uma listagem dos 40 servidores com uma rápida descrição de suas funções. Sugerimos fortemente que após este contato inicial realize o procedimento descrito acima antes de pesquisar mais profundamente sobre cada servidor.

A Aventureira

A Aventureira (The Adventurer) nos mostra como ter aventura e entusiasmo. Ela nos encoraja a sair de nossas zonas de conforto ao tentar novas coisas lá fora no mundo físico.

Palavras-Chave: Aventura, Entusiasmo, Acelerar, Espanto, Energizar, Intensificar, Sair por ai, Despertar, Surpreender, Provocar Mudança, Motivar, Animar, Inovação, Experimentação.

A Harmonizadora

A Harmonizadora (The Balancer) nos mostra como manter nossas vidas equilibradas e em harmonia. Ela nos encoraja a manter todas as áreas da nossa vida em igual proporção.

Palavras-Chave: Equilíbrio, Harmonia, Uniformidade, Simetria, Combinar, Corrigir, Agrupar, Estabilizar, Reajustar, Homeostase.

A Lasciva

A Lasciva (The Carnal) nos mostra como sermos positivos sobre a nossa sexualidade e nossos corpos físicos. Ela nos encoraja a nos sentirmos sensuais, atraentes e fisicamente desejados.

Palavras-Chave: Desejo, Beleza, Paixão, Sensualidade, Luxúria, Amor Próprio, Fisicalidade, Sexo, Carisma, Confiança.

A Casta

A Casta (The Chaste) nos mostra que disciplina e pureza também são elementos importantes de nossas vidas. Ela nos encoraja a refrearmos o desejo sexual e os prazeres físicos básicos e em vez disso nos concentremos em uma existência mais purificada.

Palavras-chave: Pureza, Castidade, Limpeza, Virtude, Honra, Virgindade, Inocência, Impecabilidade, Fé, Bondade, Respeitabilidade, Celibato, Abstenção, Disciplina.

O Maestro

O Maestro (The Conductor) nos mostra como tomar o controle das circunstâncias de nossa vida. Ele nos encoraja a assumir um papel mais ativo orquestrando a execução dos eventos que nos cercam.

Palavras-chave: Controle, Regular, Ordenar, Direcionar, Pilotar, Regrar, Autoridade, Dominação, Manipulação, Autonomia, Autodeterminação, Autogoverno, Soberania, Liberdade, Liderança.

O Contemplador

O Contemplador (The Contemplator) nos mostra como acessar nossa mente subconsciente. Ele encoraja-nos a temporariamente deixar de pensar sobre nossos problemas para que a mente subconsciente possa encontrar uma solução.

Palavras-chave: Subconsciente, Informação, Automação, Retirada, Deixar soluções apresentarem a si mesmas, Revelação, Subliminar.

A Dançarina

A Dançarina (The Dancer) nos mostra que é perfeitamente humano falhar ou não estar a altura de algo. Ela nos encoraja a aceitar que às vezes as coisas simplesmente não funcionam como planejado e isso é perfeitamente aceitável.

Palavras-Chave: Aceitação, Não resistência, Reconhecimento de como as coisas são, Estar OK, Entregar-se, Ser um bom perdedor, Sobreviver, Resiliência.

A Morte

A Morte (The Dead) nos mostra nossa conexão com nossos Antepassados e com o passado da humanidade. Ela nos encoraja a aprender com o passado, para assim não cometermos os mesmos erros de novo e de novo.

Palavras-chave: Morte, Antepassados, História, O Passado, A Antiguidade, Legado, Conexão, Experiência Coletiva, O Véu, Psicopompa (Orientação das almas), Conhecimento combinado, Encerramentos, Novas Fases.

O Esgotado

O Esgotado (The Depleted) nos mostra que todos os recursos tem sido usados em uma área de nossas vidas. Nos encoraja a levar o tempo que for preciso para reabastecer nossas reservas e talvez seguir em uma nova direção.

Palavras-chave: Encerramentos, Ciclos, Drenado, Esvaziado, Exaurido, Gasto, Usado, Finalizado, Acabado, Desgastado, Estações, Cansado, Definhado, Completo.

O Desesperado

O Desespero (The Desperate) nos mostra que tudo está atualmente tão ruim quanto poderia estar. Ele nos encoraja a reconhecer o inferno em que estejamos.

Palavras-chave: Lúgubre, Terrível, Drástico, Dor, Sofrimento, Depressão, Tristeza, Tormento, Misérias, Nuvens Negras, Desesperança, Desanimado, Desamparado.

O Diabo

O Diabo (The Devil) nos mostra que nossas crenças podem estar nos restringindo e nos mantendo afastados da liberdade. Ele nos encoraja a perceber que nós temos colocado estas amarras em nós mesmos e podemos nos livrar a hora que quisermos.

Palavras-chave: Restrição, Limitação, Limite, Comprometimento, Confinamento, Bloqueios, Restrição, Impedimento, Inibição, Tabu, Emancipação.

O Explorador

O Explorador (The Explorer) nos mostra como nos tornar uma pessoa melhor explorando a profundidade de nós mesmo. Ele nos encoraja a ser mais comprometido com nosso desenvolvimento pessoal e a descobrir nosso talentos ocultos e potencial.

Palavras-chave: Desenvolvimento pessoal, Auto-Ajuda, Exploração Interior, Definição de Novos Desafios, Estabelecimento de metas.

O Olho

O Olho (The Eye) nos lembra que existe um plano divino para todas as coisas. Este servidor nos encoraja a lembrar que todas as coisas são exatamente como deveriam ser.

Palavras-chave: Fé, Plano divino, Trilha Certa, Proteção, Ajuda do Alto, Espírito, Presença, Direção.

O Pai

O Pai (The Father) oferece amor árduo, conselhos e sabedoria para que você enfrente os desafios da vida por si mesmo. Ele nos encoraja a aprender as lições por nós mesmos para que possamos lidar com os problemas futuros com sabedoria e perspicácia.

Palavras-chave: Orientação, Sabedoria, Aprender com a Experiência, Defender a Si Mesmo, Conselho Prático, Coisas que você precisa ouvir.

O Consertador

O Consertador (The Fixer) nos mostra que qualquer problema pode ser resolvido se nos propusermos a fazer o que for preciso. Ele nos encoraja a fazer o que deve ser feito para conseguir o que queremos obter – custe o que custar.

Palavras-chave: Solução, Ajuste, Conserto, Resolução, Reparar, Corrigir, Preço a Pagar, Custo, Último Recurso, Esforço.

A Afortunada

A Afortunada (The Fortunate) nos ensina como ser felizes, saudáveis, prósperos e sábios. Ela nos encoraja a reconhecer quão boa vida boa pode ser.

Palavras-chave: Felicidade, Sucesso, Alegria, Maravilha, Prosperidade, Riqueza, Opulência, Bons Tempos, Abundância, Luxo, Plenitude, Conforto, Deleite, Euforia.

O Porteiro

O Porteiro (The Gate Keeper) nos mostra como entrar nas áreas de nossas vidas que parecemos estar trancados para fora. Ele nos encoraja a saber que sempre há uma chave para cada porta.

Palavras-Chave: Acesso, Exposto, Revelado, Disponível, Permitido, Atingível, Abertos, Acessíveis, Desatado.

O Doador

O Doador (The Giver) nos mostra todos os presentes que recebemos em nossas vidas. Ele nos encoraja a nos lembrarmos de sempre ser generosos e gratos pois hpje somos os doadores amanha podemos ser quem recebe.

Palavras-chave: Prêmio, Benefício, Caridade, Presente, Oferenda, Doação, Gratuidades, Aceitação, Generosidade, Coletar, Obter, Presente, Dar e Receber, Contrato, Posse, Gratidão.

O Guru

O Guru (The Guru) nos mostra como aplicar qualquer conhecimento que possuímos de forma prática. Ele nos encoraja a sempre tentar implementar as lições aprendidas de nossos caminhos espirituais em nossas vidas cotidianas.

Palavras-chave: Ensino, Funcional, Prático, Habilidade, Aplicação de Ideias, Mentor, Mestre Espiritual, Pragmático, Realista, Direção, Uso do Conhecimento, Aplicação de ideias.

A Curadora

A Curadora (The Healer) nos mostra como curar e se recuperar. Ela nos lembra de cuidar de nós mesmos e dos outros.

Palavras-chave: Cura, Curativo, Calmante, Repouso, Remendar, Recuperação, Doença, Saúde, Medicina, Restauração, Terapêutico, Tônico, Integralidade, Bem-estar, Conforto.

A Ideia

A Ideia (The Idea) nos mostra como sermos originais, inventivos e criativos. Nos encoraja a ver que a inspiração está sempre ao nosso redor.

Palavras-chave: Criatividade, Inspiração, Ideias, Imaginação, Engenhosidade, Originalidade, Visão, Design, Descoberta, Forma, Invenção, Composição, Iluminação.

O Levitador

O Levitador (The Levitator) nos mostra como se elevar acima do drama em nossas vidas para que fiquemos afastados e imparciais. Ele nos encoraja a ver as coisas de um ângulo diferente.

Palavras-chave: Elevar-se cima de tudo, Perceptiva Diferente, Ver as Coisas por um Ângulo Diferente,  Escapar do drama, Estar Afastado, Separado, Acima.

A Bibliotecária

A Bibliotecária (The Librarian) nos mostra a teoria por trás dos assuntos que nos interessam. Ela nos encoraja a estudar e aumentar nosso conhecimento.

Palavras-chave: Teoria, Livros, Informação, Dados, Aprendizado, Estudo, Documentos, Localização de Livros, Armazenamento de Informações, Educação, Know-how, Compreensão, Exames, Provas.

Os Amantes

Os Amantes (The Lovers) nos mostram como amar depois que a luxúria se vai. Eles nos encorajam a nos conectar em um nível mais profundo com nossos parceiros para que  laços sagrados sejam formados.

Palavras-chaves: Ternura, Devoção, Apreciação, Laços, Respeito, Afeto, Amados, Conexão, Contato, Parceria, Afinidade, Sentimento.

O Mestre

O Mestre (The Master) nos mostra como ser a melhor versão de nós mesmos. Ele nos encoraja a sempre nos esforçarmos para agir com nossos eus mais elevados, em vez de n com ossas naturezas inferiores.

Palavras-chaves: Ascenso, Divino, Completo, Sabedoria, Guia, Melhor Versão, Evoluído, Entrega, Santo, Místico, Sagrado, Espiritual, Maestria.

A Mídia

A Mídia (The Media) nos mostra como espalhar a palavra sobre todas as coisas é importante para nós. Nos encoraja a sempre lembrarmos do poder da propaganda – tanto a boa quanto a má.

Palavras-chaves: Desinformação, Hype, Publicidade, Anúncios, Promoção, Assessoria de Imprensa, Relações Públicas, Meias Verdades, Falsidades, Enganos, Desonestidade, Insincero, Dissimulado, Astúcia, Propaganda, Relações Públicas.

O Mensageiro

O Mensageiro (The Messenger) nos mostra como nos comunicar melhor. Nos encoraja a sermos abertos para o que a vida esteja tentando nos dizer.

Palavras-chaves: Comunicação, Notícias, Aviso, Conexão, Contato, Conversação, Escutar, Entrega, Ligação, Correspondência, Recebimento.

O Monge

O Monge (The Monk) nos mostra como manter nossas vidas simples e descomplicadas. Ele nos encoraja a passar mais tempo em meditação, introspecção e contemplação.

Palavras-chave: Simplicidade, Facilidade, Frugalidade, Natural, Quietude, Serenidade, Pacífico, Meditação, Calma, Harmonioso, Relaxado, Sereno, Plácido, Tranquilo, Gentil.

A Lua

A Lua (The Moon) nos mostra o que está escondido na escuridão.Nos encoraja a reconhecer nossas auto-ilusões, ao mesmo tempo em que estamos conscientes das mentiras que nos são contadas pelos outros, bem como as ilusões gerais da vida.

Palavras-chave: Ilusão, Reflexão, Decepção, Mentiras, Esperança, Desejos, Iluminação, Sombras, Mistério.

A Mãe

A Mãe (The Mother) nos mostra tudo sobre fertilidade, segurança e nutrição. Ela nos encoraja a nos sentirmos salvos, seguros e a estar atentos ao nosso bem-estar geral.

Mãe: Nutrição, Cuidado, Apoiado, Fertilidade, Maternidade, Amado, Aceitação, Amor Incondicional, Compaixão, Adorado, Mantido a Salvo, Protegido, Estimado, Honrado.

O Opositor

O Opositor (The Opposer) nos mostra como estamos sendo restringidos por forças externas. Ele nos encoraja a enfrentar a oposição e as restrições que nos são impostas por outros.

Palavras-chaves: Oprimido, Restrito, Limitado, Oposição, Hostilidade, Competição, Esforço, Choques, Contrariedade, Contenção, Obstrução, Duelo, Inimigo, Adversário, Antagonista, Obstáculo.

O Planeta

O Planeta (The Planet) nos revela nosso lugar na criação. Nos encoraja a lembrar quão imenso e inspirador é o universo.

Palavras-chaves: Gravidade, Admiração, Importância, Escala, Tamanho, Enormidade, Seu Lugar no Mundo, Padrões, Quadro Maior, Encarnação, Força, Puxar, Confusão, Ambiente, Imensidão, Poder.

O Protetor

O Protetor (The Protector) nos mostra como proteger a nós mesmos e aqueles que amamos de todo dano.  Ele nos encoraja a valorizar proteção, segurança e precaução.

Palavras-chave: Proteção, Segurança, Defesa, Proteger, Guardar, Blindar, Salvaguarda, Manter a Salvo, Tirar do caminho do dano.

A Protestadora

A Protestadora (The Protester) nos mostra como lutar contra a injustiça. Ela nos encoraja  a falar o que pensamos,  lutar pelo que sabemos estar certo e nunca recuar.

Palavras-chave: Protesto, Belicosidade, Desafio, Demonstração, Dissidência, Objeção, Clamor, Revolta, Raiva, Gritaria, Reclamação, Mau Humor, Brado, Manifestação, Insistência, Resistência.

O Abre-Caminhos

O Abre-Caminhos (The Road Opener) nos mostra como limpar, banir e remover os obstáculos em nosso caminho. Ele nos encoraja a reconhecer as oportunidades que são aparecendo ao nosso redor.

Palavras-chave: Abertura, Banimento, Limpeza, Remoção, Oportunidade, Dissipar, Sorte, Circunstâncias Favoráveis, Aumento da Probabilidade de Sucesso, Vantagem, Nova Direção, Golpe de Sorte, Prosperidade, Novo Foco.

O Santo

O Santo (The Saint) nos mostra como pedir ajuda. Ele nos encoraja a buscar a ajuda de especialistas mais preparados do que nós para lidar com a tarefa em mãos ou que possam interceder em nosso nome.

Palavras-chave: Interseção, Experts, Petição, Intervenção, Mediação, Oração, Pedido, Em seu nome, Favor, Experiente, Habilidoso, Profissional, Qualificado.

A Vidente

A Vidente (The Seer) nos mostra como usar nossa intuição e sistema de orientação interna. Ela nos encoraja a sempre seguir os instintos de nossas entranhas.

Palavras-chave: Intuição, Palpite, Clarividência, Discernimento, Seguir seus instintos, Percepção Extrassensorial,  Sentimentos, Percepção, Pressentimento, Premonição, Conhecimento Inato, Intuitivo, Sexto Sentido, Segunda Visão, Instinto, Vibrações.

O Sol

O Sol (The Sun) nos ensina como brilhar em todas as áreas da nossa vida. Ele nos encoraja a perceber a magnitude de nossa própria energia, poder e radiância.

Palavras-chave: Poder, Energia, Crescimento, Luz, Calor, Força, Intensidade, Potencial, Vigor, Capacidade, Dinamismo, Vigor, Potência, Estamina, Vitalidade.

O Pensador

O Pensador (The Thinker) nos mostra como resolver problemas usando nossa mente analítica e racional. Ele nos encoraja a seguir sempre o que é logicamente correto em vez de confiar no que nossos corações possam dizer.

Palavras-chaves: Astúcia, Inteligência, Racional, Luminoso, Cerebral, Brilhante, Sábio, Analítico, Deliberado, Imparcial, Coerente, Iluminação, Judicioso, Lógico, Equilibrado, Lúcido, Prudente, São, Sóbrio, Objetivo.

A Bruxa

A Bruxa (The Witch) nos ensina feitiçaria e conjurações. Ela nos encoraja a ver o mistério e a magia da vida.

Palavras-chave: Magia, Alquimia, Encanto, Feitiços, Conjuro, Diabrura, Ocultismo, Encantamento, Mistério, Mistificação, Poder, Enigma, Desconhecido, Secreto, Wyrd, Sobrenatural, Extraordinário, Miraculoso.

 

Uso inicial dos 40 servidores

Os dois usos mais populares dos 40 servidores são como uma forma de oráculo e uma forma de realizar desejos. Vamos ver os dois da forma o mais direta possível:

1.  Uso Oracular

A razão inicial da criação para Tommie Kelly ter desenhado e organizado os 40 servidores foi o uso deles como um baralho oracular. Essa leitura é feita exatamente como em um tarô tradicional. Embaralhe, tire algumas cartas e posicione-as em um layout significativo.  Existem várias formas de se posicionar as cartas e você não precisa conhecer todas. Par começar use o formado que Tommie Kelly apresentou chamado a Mão Direita de Éris:

Agora, pela análise da posição da carta e do que ela representa você poderá obter insights que respondem as questões levantadas.

Uma forma mais rápida despretensiosa de se fazer a tiragem é simplesmente fazendo uma pergunta e sorteando uma carta. Digamos que você pergunte:

“Devo entrar nesse novo relacionamento?”

E em seguida tira a carta do Opositor. Isso pode significar que este é o caminho para algum relacionamento abusivo. Ou pode significar que você vai ter que comprar briga com alguém (a ex, ou a família) para manter essa relação. Como todo oráculo essa é no final das contas uma forma de acessar a sua intuição.

Esse sorteio simples pode inclusive ser feito pelo uso de gifs animados ou vídeos como o abaixo:

2. Realizando desejos

A maneira sugerida por Kelly de interagir com os servidores é realmente simples e talvez por isso tão popular:

1. Escolha o servidor que pode prestar o serviço que você precisa.
2. De frente para sua imagem ou sigilo acenda uma vela.
3. Fale ao servidor o que você precisa.
4. Diga que acenderá outra vela quando seu desejo for satisfeito.

Após acender a primeira vela entenda que o servidor está presente e então fale diretamente com ele.

A parte final é importante. Adicionalmente a ela você pode fazer um agradecimento público ao servidor. Esses agradecimentos devem ser feitos sempre depois do desejo realizado, nunca antes.

Kelly sugere por fim o que chama de novenas para trabalhos maiores. Nesses casos você acende uma vela nova por 3, 5, 7 ou 9 dias e fala o seu desejo em voz alta para a servidor lembrando sua intenção.

Fontes:

[…] Como eles funcionam? Boa pergunta. Muitas pessoas têm muitas ideias diferentes. Mas aqui está uma postagem que fiz que pode ajudar a explicar tudo. […]

[…] a hora de tirar os 40 servidores da internet e materializá-los no mundo real. A prática apresentada a seguir se baseia no uso de […]

[…] da administração contemporânea. Ele é baseado na combinação de dois frameworks diferentes: Os 40 Servidores criados por Tommie Kelly e a terminologia mágica exposta no Liber KKK.  O Conhecimento prévio destes dois sistemas é um […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/os-40-servidores-como-comecar-a-usar/

‘Os Rituais Satânicos

Anton Szandor LaVey

Tradução Fenix Konstant

Os Ritos de Lúcifer

No altar do Diabo acima é abaixo, prazer é dor, escuridão é luz, escravidão é liberdade, e loucura é sanidade. A câmara do ritual satânico é o lugar ideal para a manifestação de intenções secretas ou para ser um verdadeiro palácio de perversidade.

Agora um dos mais devotados discípulos do Diabo apresenta detalhadamente todos os rituais satânicos tradicionais. Aqui estão os verdadeiros textos de ritos proibidos tais como a Missa Negra e o Batismo Satânico, tanto para adultos como para crianças.

“O único efeito de proteger o homem dos efeitos da tolice é encher o mundo de tolos.” – Herbert Spencer

Índice

Prefácio da versão em português

Introdução

Concernente aos Rituais

Le Messe Noir: O Psicodrama Original

Le Messe Noir (O Ritual)

L’air Epais: A Cerimônia da Atmosfera Sufocante

L’air Epais (O Ritual)

Das Tierdrama – A Sétima Declaração Satânica

Das Tierdrama (O Ritual)

Die Elektrischen Vorspiele: A Lei do Trapezóide

Die Elektrischen Vorspiele (O Ritual)

Homenagem a Tchort: uma noite na montanha

Homenagem a Tchort (O Ritual)

Peregrinos da Era do Fogo

Al-Jilwah (O Ritual)

Metafísica Lovecraftiana

A Cerimônia dos Nove Ângulos

A Invocação de Cthulhu

Os Batismos Satânicos

O “Batismo” Satânico – Rito Adulto

O “Batismo” Satânico – Cerimônia para Crianças

O Conhecimento Desconhecido

Ritual de Auto-Iniciação Satânica

 

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/os-rituais-satanicos/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/os-rituais-satanicos/

Poseidon e os Marinheiros de Oxóssi

Olá crianças,

Poseidon sempre foi uma das minhas divindades favoritas. Não apenas pelo seu arquétipo de fartura e prosperidade marítima, mas como irmão de Zeus e Hades, um dos governantes de todo o universo grego além, claro, de seu tridente ter sido a inspiração para a associação do tridente do diabo nos cultos católicos romanos mais antigos, que primeiro fizeram esta associação.

Costumamos associar Poseidon à esfera de Chesed, afinal de contas, Ele possui todos os arquétipos de “Deus-Pai”, associações óbvias à prosperidade, riqueza, poder de Rei administrador e governante.

Porém, em uma conversa certa vez com Soror Othila, ela disse que sentia Poseidon como um grande arquétipo masculino ligado a Yemanjá. Sua defesa era embasada: Poseidon é o Senhor dos Mares ao passo que a energia matriz de yemanjá-Yesod é o domínio das águas do mar, ou do Grande Subconsciente. O problema é que absolutamente TODOS os arquétipos mitológicos de Yesod são os de donzelas lunares.

E quando este Caminho é acrescentado, podemos perceber que muitas divindades que estávamos colocando em determinado Caminho podem ser “realocadas” para este novo arredondamento. Tomemos, por exemplo, ENKI, o Aguadeiro, deus mesopotâmico que muitas vezes é tido como o arquétipo original do signo de Aquário. Ele possui características de Chesed, mas também possui características que o associam ao Caminho de TZADDI, a Estrela, tanto que suas jarras de água foram emprestadas para duas cartas do tarot, a Temperança e a Estrela. Ao olharmos para a Árvore da Vida, vemos que curiosamente, estes dois arcanos delimitam as bordas do novo Caminho, que nomearei “O Pescador”.

Por que “O Pescador”? Por alguns motivos: O primeiro é que ele é delimitado pelos Caminhos de Tzaddi (Anzol), Samekh (erguer), Kaph (trabalhar/júpiter), Yod (vontade/eremita) e cruza NUN (peixe/morte).

Também vemos que seis dos apóstolos de Xristos são descritos como “Pescadores” e estas características geralmente são associadas ao Arcano da Estrela (Fé, Esperança) e os arquétipos de velho (Eremita) e Prosperidade (júpiter) coroam este novo Caminho quando ele se aproxima de Chesed. Da fusão destes símbolos têm-se “A prosperidade no mar”, ou “O domínio do subconsciente”.

Eis que me deparo com alguns decks antigos, pré-Gebelin, que TINHAM uma carta chamada “O Navio”, que ficava no Arcano 14… onde hoje é a Temperança (exceto pelo deck de Minchiati, que o colocava no Arcano XXi – descoberta do novo Mundo e o associava à água [MEM]). Com a estruturação do tarot ao redor do deck de Marseille, estas cartas foram substituídas por arcanos que estivessem mais próximos das 22 letras hebraicas.

Cabalísticamente, temos um Arcano cercado pelas energias de Resh (cabeça/pensar), Samekh (erguer), Mem (Água) e Lamed (Aguilhão/Justiça) cruzando Ayin (olho, observar). A figura de um marinheiro no topo de um mastro, observando e patrulhando os mares me vêm à cabeça. Em conversas com marinheiros da linha de Ogum, percebemos que muitos deles fazem exatamente isso: patrulhar e proteger aqueles que são atacados no campo emocional, estando muito ligados à proteção durante a gravidez (novamente, campo de Yemanjá).

Fica ai a proposta de estudos de dois Caminhos novos (porém antigos).

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/poseidon-e-os-marinheiros-de-ox%C3%B3ssi

(Não) Fique longe desses 13 livros!

Atenção! Os livros abaixo devem ser evitados por todos aqueles que quiserem ficar longe das artes negras:

1) Rumo aos portais da Magia (F.BUTTERSACK)

2) Dicionário dos conhecimentos ocultos (H.MIERS)

3) Magos, Poderes e Mistérios (W.MOUFANG)

4) Demonomania dos feiticeiros (JEAN BODIN)

5) Quarta dimensão e ocultismo (F.ZOELLNER)

6) A Incredulidade e Descrença nos Sortilégios (PIERRE DELANCRE)

7) A Deusa Cruel e seu Bobo (E.D’ESTIANI)

8) Filhos e Filhas do Diabo (A.STARANOV)

9) Governantes Invisíveis (S.HUTIN)

10) Culto a Satã e a Missa Negra (G.ZACHARIAS)

11) Aparições de Espíritos e Preságios (A.JAFFÉ)

12) Ensinamentos Secretos dos Livros dos Mortos do Tibete (D.LAUF)

13) Animal e Homem, Divindade e Demônio (K.SALZLE)

Mas sendo um leitor do Morte Súbita inc este certamente não é o seu caso. Então se você possuir traduções em português de boa qualidade dos livros acima citados entre em contato com a gente . Estamos interessados em publicá-los no portal mediante renumeração caso já estejam em domínio público. Além deles incluimos

  • Grimório Verum
  • Grande Grimorio
  • Livro Vermelho de Apin
  • Suk’Nazbot

Grande Queima de Livros de Magia

 

Famoso e um dos mais influentes líderes pentecostais nos Estados Unidos, Pat Robertson é conhecido pelo fundamentalismo religioso extremo com que conduz seu rebanho e o ódio que reserva a judeus e católicos americanos; mesmo algumas denominações pentecostais são chamadas de ninhos de anti-cristo pelo pregador.

Recentemente ele recomendou uma lista de livros raros e malditos relacionados a magia negra, demonologia e estudos do ocultismo, pedindo aos seus fiéis que os encontrassem: fosse em prateleiras de livrarias ou mesmo sites de leilões, que os adquirissem e os levassem para um templo no estado de Nebraska para que ele pudesse queimá-los. Talvez Robertson não saiba que todos os títulos por ele mencionados e muitos outros livros de magia raros, podem ser encontrados as pencas para download na Internet.

Mas “estranhamente”, um site com a lista de livros que Robertson sugeriu apareceu completa e com mais alguns outros títulos profanos e tão perigosos quanto a lista original. Com preços majorados em até 1000 por cento de seu valor original; era possível adquirí-los neste site, divulgado em um portal evangélico americano ligado a Robertson.

Obviamente como cordeirinhos, a leva de mais de seis mil livros ( todas cópias mal feitas e mal traduzidas ) foi comprado pelos fiéis e levaram para o pastor queimar, numa festa para jovens evangélicos, que mais parecia um tribunal da inquisição na Idade Média.

Mais tarde, uma rádio canadense voltada ao público católico na região de Alberta, descobriu que a gráfica que produziu as cópias é de propriedade de um líder do Clube 700 no Canadá. Além da picaretagem comercial visando seu próprio lucro e a fé alheia, o grupo desrespeitou leis autorais de vários livros da lista, que têm editoras americanas como donas dos direitos autorais.

Agora sabemos com quem certas seitas evangélicas brasileiras aprendem as suas vigarices. Menos mal. Será?

Paulie Hollefeld

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/nao-fique-longe-desses-13-livros/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/nao-fique-longe-desses-13-livros/

Yeshua no deserto…

Texto de Huberto Rohden

Antes de iniciar sua vida messiânica, retirou-se Jesus durante quarenta dias ao deserto da Judéia. Depois desse período de solidão e meditação enfrenta ele o “adversário”, que em grego se chama diabolus, e em hebraico shai’tan.

As teologias entendem por esse adversário uma entidade objetiva, externa, que teria tentado Jesus. Entretanto, é bem possível que esse adversário tenha sido a personalidade humana de Jesus, que se opôs ao seu Cristo divino, tentando dissuadi-lo dos seus planos de redenção e abrindo gloriosas perspectivas, em que o ego humano vê redenção.

Durante quarenta dias, havia a personalidade humana de Jesus sido suspensa das suas funções normais; nem a sua natureza física, nem as suas faculdades mentais haviam funcionado durante esse tempo, enquanto o Eu divino do seu Cristo se achava no “terceiro céu” do êxtase ou samadhi.

Era natural que, terminando esse período de ego-banimento, a personalidade humana reclamasse os seus direitos suspensos, tentando e testando a individualidade crística com três invectivas tipicamente humanas: satisfazer a sua fome material, exibir a sua magia mental e apoderar-se do domínio político do mundo inteiro.

O cristo divino derrota o seu adversário humano e dá-lhe ordem de se pôr na “retaguarda” (vade retro) como servidor, e não na vanguarda como senhor, porquanto “a deus adorarás e só a ele prestarás culto”.

A sabedoria milenar do Bhagavad Gita harmoniza-se com essa atitude, quando diz: “O ego é um péssimo senhor, mas é um ótimo servidor da nossa vida”.

O texto sacro não manda o adversário (ego humano) ir-se embora, mas, sim, pôr-se na retaguarda, como dócil servidor do Eu divino do Cristo.

E após esses dias de meditação no deserto, a primeira mensagem que, logo no princípio, dirigiu ao povo é o chamado “Sermão da Montanha”, um grande tratado de paz, que representa o programa da mística divina e da ética humana, visando a total auto-realização do homem…

(Huberto Rohden)

#Espiritualidade #Filosofia #meditação #Universalismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/yeshua-no-deserto

Queima ele, Jesus! – parte I

Postado no Sedentário em 24.09.2008.
Depois destes últimos meses estudando a origem dos demônios inventados pela Igreja Católica e fartamente utilizados pelas evangélicas, vamos retornar no Tempo e passar para dois temas que vocês estavam aguardando: Templários e Rei Arthur. Como veremos a seguir, estas duas histórias estão diretamente associadas aos descendentes de Jesus e Maria Madalena, bem como a guerra política, religiosa e mágica que Roma travou com os ocultistas/cientistas por mais de 1.600 anos.
Para quem chegou agora, eu recomendo ler os posts antigos Bota o Natal na conta do Papa, Yod-He-Shin-Vav-He e Maria Madalena, Pitágoras e Buda, os professores de Jesus e finalmente Seria Yeshua um x-men?
Continuemos, então, com um pouco de história antiga…

Terminamos nossa narrativa histórica no resgate de Yeshua da crucificação, quando os iniciados Essênios conseguem, através de acordos políticos com Pilatos, remover o corpo de Yeshua para o sepulcro (o “Santo Sepulcro”) e curá-lo através de imposição de mãos. Jesus reúne-se com seus apóstolos mais algumas vezes, e isto ficou retratado no Novo Testamento como se fosse uma “ressurreição”.

Mais tarde, ainda temendo a revolução, seus discípulos precisaram separar sua família e enviá-los para locais seguros. Maria Madalena, grávida, foi enviada sob proteção para o Egito, onde permaneceu durante quase um ano, quando se reencontrou com Yeshua no Sul da França. Falaremos sobre a Madonna Negra em posts futuros.
Outro dos filhos de Yeshua foi para Glastonbury, acompanhado de José de Arimatéia, seu tio. O terceiro filho de Yeshua, Barrabás (Barr Abas significa “filho de uma pessoa muito importante”), permaneceu com ele e muitos dizem que acabou se tornando um dos mentores intelectuais da Primeira Grande Revolta dos Judeus, que começa em 66DC. Yeshua termina seus dias na Caxemira.

A revolução começou na Cesárea, quando os judeus atacaram uma guarnição da legião romana em frente a uma sinagoga de Jerusalém, em reação à provocação de alguns gregos. Naquela época, era muito comum a disputa religiosa e filosófica entre Helenistas e Judeus: um grupo de gregos sacrificou pássaros em frente à sinagoga como uma provocação e, como os soldados romanos nada fizeram para impedir, os judeus começaram uma revolta atacando os gregos e os soldados. Esta primeira batalha ficou conhecida como a Batalha de Beth-Horon.
Os romanos estavam em vantagem de 5 homens para cada judeu, mas através de uma guerrilha bem planejada, os soldados treinados de Yeshua conseguiram matar uma legião inteira romana.
Muito puto da vida, o Imperador Nero decidiu acabar com os judeus de uma vez por todas.

Aliás, a vida de Nero não foi fácil: ele teve de lidar com revoltas na Inglaterra (60-61) orquestradas por guerreiros ligados a Boudicea, a rainha das tribos de Iceni e provavelmente pertencente aos clãs que acolheram os descendentes de Yeshua. As tribos daquela região estavam em relativa paz com os romanos, até a morte de Presutagus, marido de Boudicea. Como os romanos não reconheciam mulheres como legítimas herdeiras, o governador das Ilhas não quis reconhecer a autoridade de Boudicea, invadindo seu castelo. Boudicea foi chicoteada e suas filhas estupradas pelos romanos.
Como retaliação, os guerreiros celtas atacaram e destruíram 3 das mais importantes cidades romanas, incluindo Londinun (L0ndres) matando mais de 70.000 invasores no processo. Os rebeldes só retrocederam quando a legião comandada por Gaius Suetonius Paulinus conseguiu derrotá-los na batalha de Watling Street.

Boudicea serviu como uma das bases da heroína celta chamada Gwenhwyfach que muitos séculos depois se tornaria Guinevere, esposa do Rei Arthur. Assim como as outras rainhas celtas, Boudicea possuía concubinos (homens encarregados de lhe dar prazer sexual enquanto o rei estivesse longe em batalhas). Este costume celta irá horrorizar os púdicos católicos muitos séculos depois, e Guinevere terá um “amante” para “consertar” esta narrativa. É uma história interessante que contarei mais para a frente, mas adianto que o termo “carregar chifres” como sinônimo para adultério veio deste costume celta.

No meio destas confusões, Nero fazia o que todo Imperador e Papa romano faz melhor: mandava matar os judeus/cristãos (note que o termo “cristãos” usado aqui se refere aos judeus discípulos e seguidores de Yeshua, não aos católicos apostólicos romanos, como a Igreja mentirosamente quer que você acredite quando chama estes caras de “mártires do catolicismo”). As pessoas que iam para os leões eram judeus, maniqueístas, marcionistas, setianos, essênios, ofitas, bogomilos, valentinos e outras seitas judias.

Em 64, um incêndio de enormes proporções devastou 4 dos 14 bairros de Roma e destruiu severamente outros 7 bairros. Nero acusou os cristãos de cometerem este crime e utilizou todo este processo para dar as desculpas necessárias para inaugurar as festividades de jogar os cristãos na arena com os leões.

Flavio Josefus
Outro personagem importante em nossa história é Mattitiyahu ben Yosef ha-Kohen, fariseu que nasceu em 37 EC (Era Comum ou Depois de Cristo); a data da sua morte não é exata – algo entre 95 e 100 EC. Líder da revolta dos judeus contra o domínio de Roma na década de 60 EC e depois da derrota entregou-se aos romanos, caindo nas graças de Vespasiano – comandante das legiões romanas – ao profetizar que este se tornaria imperador. Como sua profecia se confirmou, ele tornou-se protegido do imperador romano, recebeu o título de cidadão e foi nomeado Flávio, o nome da dinastia romana dominante na época. Flávio Josefo – como é conhecido hoje – passou a residir em Roma e escreveu algumas obras históricas, entre elas “As Guerras Judaicas”, “Antiguidades Judaícas” e “Contra Apião”, fornecendo pormenores da destruição de Jerusalém em 70 EC, da qual foi testemunha ocular, e detalhes sobre outros aspectos da história dos hebreus não registradas na Bíblia.

Sei que esta parte será um pouco chata, mas é necessária para entendermos o que aconteceu com a doutrina de Yeshua após seu exílio. Enquanto o Império romano entrava em guerras cada vez mais violenta contra os judeus, sua expansão em direção às Ilhas Britânicas.

Masada

A única fonte histórica para o episódio é a obra do judeu romanizado Flavius Josephus, “Guerra dos Judeus“. Entretanto, os historiadores modernos concordam que realmente um grupo de Zelotes matou a si e às próprias famílias e incendiou algumas construções em Masada. Vocês lembram quem era um dos líderes dos Zelotes, não? Isso mesmo! Judas, o melhor amigo de Jesus.

Quando os zelotes tomaram a fortaleza em 66, após eliminar uma coorte da Legio III Gallica ali estacionada, encontraram um bem sortido estoque de armas, bem como quantidade de ferro, bronze e chumbo para o fabrico de armas e munição. Os armazéns estavam completos com grãos, óleos, tâmaras e vinho; as hortas forneciam alimentos frescos; os canais, escavados na pedra de calcário, coletavam e conduziam as águas pluviais para grandes cisternas subterrâneas, com capacidade superior a 200 mil galões.
Na Primavera de 73, a fortaleza encontrava-se ocupada por 960 zelotas, incluindo mulheres e crianças, sob o comando de Eleazar ben Yair. Outro comandante zelota, um dos envolvidos na defesa de Jerusalém, era Judas, que havia retirado para Masada após a queda de Jerusalém. A guarnição vinha resistindo por dois anos a um assédio das legiões romanas, constituindo-se no último foco de resistência judaica.
Nesse momento, o governador romano, general Flavius Silva, reassumiu as operações militares no sul da Judéia. Em fim de março, à frente da Legio X Fretensis, marchou de Jerusalém para o Mar Morto.
As tropas tomaram posição diante de Masada, passando a construir oito acampamentos de campanha na planície do lado Oeste da elevação. Foi principada ainda uma muralha de circunvalação ao redor de Masada, com cerca de três metros de altura, que se estendia por mais de duas milhas de comprimento, amparada por fortes e torres.
No lado Oeste, 137 metros abaixo do topo de Massada, e separado por um vale rochoso, havia um promontório chamado de Penhasco Branco. Os engenheiros militares romanos decidiram que, a partir desse promontório, seria construída uma única rampa para o topo do monte, iniciando-se a movimentação de terras.
A rampa assim construída, apresentava um gradiente de 1:3 e uma base de 210 metros. Em pouco tempo alvançou os 100 metros de altura e, em sua extremidade foi montada uma plataforma de 22 metros de altura por 22 de largura. Em seguida, uma torre de cerco de 28 metros de altura foi posicionada contra a muralha. Do seu alto, os artilheiros romanos faziam disparos com os escorpiões e balistas, enquanto que na sua base, um aríete golpeava a base da muralha.

Quando a muralha foi rompida, os legionários que penetraram pela brecha constataram a existência de uma segunda muralha, interna. Ao atacá-la, por sua vez, com o aríete, constatou-se que esta fora construída com vigas de madeira alternadas com pedra, técnica que absorvia os golpes de aríete. Desse modo, a 2 de Maio, promoveu-se o incêndio desta muralha, iniciando-se os preparativos para o assalto final no dia seguinte.
Enquanto isso, na fortaleza, os zelotas acompanhavam os preparativos romanos, constatando a iminência do assalto romano. Durante a noite, decidiram que preferiam morrer a ser escravizados ou mortos pelos romanos. Sacrificaram assim as mulheres e crianças, e depois os próprios defensores, até que restaram apenas dez e o comandante Eleazar ben Yair. Tiraram sortes para ver qual deles sacrificaria os demais. Após cumprir a sua tarefa, o último homem ateou fogo ao palácio, e lançou-se sobre a própria espada, ao lado da família morta.
Na manhã do dia 3 de Maio, os legionários ultrapassaram a brecha aberta na muralha interna, encontrando a fortaleza em silêncio. Chamando os rebeldes à luta, apresentou-se uma anciã seguida por uma mulher jovem, parente de Eleazar, e cinco crianças pequenas, que haviam se escondido em um dos condutos de água subterrâneos.
Masada era conhecida como uma das principais bases de resistência dos judeus. Um dos líderes deste agrupamento não era outro senão Barrabás. De acordo com as lendas templárias, Barrabás foi um dos dez últimos homens a se sacrificar, mas que seus filhos estariam a salvo fora da fortaleza antes do ataque romano. Esta lenda é interessante, porque ela explica a origem de outra lenda que surgiu na Idade Média a respeito dos romanos estarem procurando o “Santo Graal” em Masada, mas que os judeus conseguiram retirá-lo de lá antes do derradeiro ataque. Neste caso, o “Cálice Sagrado” (San Graal, Sangreal, ou simplesmente “sangue real” eram os descendentes de Jesus que estavam em Masada com os zelotes).
Estava encerrada assim a Primeira Revolta dos Judeus.

A Gnose
Gnosticismo designa o movimento histórico e religioso cristão que floresceu durante os séculos II e III, cujas bases filosóficas eram as da antiga Gnose (palavra grega que significa conhecimento), com influências do neoplatonismo e dos pitagóricos. Este movimento revindicava a posse de conhecimentos secretos (a “gnose apócrifa“, em grego) que, segundo eles, os tornava diferentes dos cristãos alheios a este conhecimento. Originou-se provavelmente na Ásia menor, e tem como base as filosofias pagãs, que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. O gnosticismo combinava alguns elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas, como os mistérios de Elêusis, com as doutrinas do Cristianismo. Em seu sentido mais abrangente, o Gnosticismo significa “a crença na Salvação pelo Conhecimento”.
Entre 100 e 300 DC surgiram muitos grupos cristãos que traziam o conhecimento pregado por Yeshua, derivado tanto da ritualística egípcia quanto dos conhecimentos do oriente.
Entre eles podemos destacar:

Mandeísmo
Mandeísmo é uma religião pré-cristã classificada por estudiosos como gnóstica.
Os mandeístas são assim classificados devido à etimologia da palavra manda em mandeu: conhecimento, que é a mesma palavra gnosis em grego. É considerada uma das religiões gnósticas remanescentes até os dias atuais, junto com o gnosticismo de Samael Aun Weor (que alguns segmentos gnósticos não aceitam).
Os mandeístas veneram João Baptista como o Messias e praticam o ritual do batismo. Possuem cerca de 100.000 adeptos em todo o mundo, principalmente no Iraque.
A religião mandeísta tem uma visão dualística mais estrita que a maioria dos gnósticos. Ao invés de um grande pleroma, existe uma clara divisão entre luz e trevas. O senhor das trevas é chamado de Ptahil (semelhante ao Demiurgo gnóstico) e o gerador da luz (Deus) é conhecido como “a grande primeira Vida dos mundos da luz, o sublime que permanece acima de todos os mundos“. Quando esse ser emanou, outros seres espirituais se corromperam, e eles e seu senhor Ptahil criaram o nosso mundo.
A escritura mandeísta mais importante é o Ginza Rba. A linguagem usada por eles é o mandeu, uma sub-espécie do aramaico.

Basilismo ou Basilíades
Basílides (circa de 117-138) foi um Filósofo gnóstico de Alexandria, possivelmente originário de Antioquia, atual cidade turca na província de Hatay. Admitiu um princípio incriado, o Pai, cinco hipóteses emanadas dele e trezentos e sessenta e cinco céus, um dos quais é o nosso mundo, comandado por YHVH (Yahweh, Jeová ou Javé). Santo Irineu e Santo Hipólito refutaram as suas doutrinas. Basílides foi, com Valentino o mais célebre dos gnósticos.

Carpocratos
Carpócrates de Alexandría foi o fundador de uma seita gnóstica na primeira metade do Século II
Filósofo e teólogo do Século II, suas opiniões são uma mescla de cristianismo e platonismo. Sustentava que o mundo foi criado por anjos caídos. Por isso, esta criação era ruim e somente poderia o homem liberar-se dela através da Gnose, ou ciência divina.
Algumas fontes ligam Carpócrates ao Mandeísmo.

Ceritios (não confundir com Coríntios)
Cerinto (c 100) foi um dos primeiros líderes do antigo gnosticismo que foi reconhecido como herético pelos primeiros Cristãos devido aos seus ensinamentos sobre Jesus Cristo e suas interpretações sobre o cristianismo. Ao contrário dos ensinamentos da Cristandade ortodoxa, a escola gnóstica de Cerinto seguiu a lei Judaica, negando que o deus supremo tinha feito o mundo físico e negando a divindade de Jesus. Na interpretação de Cerinto, o espírito de “Cristo” veio a Jesus no momento do seu batismo, guiando-lhe em todo o seu ministério, mas abandonando-o momentos antes de sua crucificação.
Cerinto, assim como os ebionitas, usava apenas uma versão do evangelho de Mateus como escritura, rejeitando os demais escritos, principalmente os do apóstolo Paulo por o considerarem apóstata da lei. Esforçava-se e se sujeitava aos usos e costumes da lei judaica e à maneira de viver dos judeus. Venerava a cidade de Jerusalém como se fosse a casa de Deus.
Cerinto ensinou numa época em que a relação do Cristianismo com o Judaísmo estava se tornando irreconciliável. Para definir o criador do mundo como Demiurgo, combinou a filosofia grega com os ensinos sincréticos dos gnósticos. Sua descrição de Cristo como um espírito sem corpo que residido temporariamente no homem Jesus combina com o gnosticismo de Valentim.
A tradição Cristã antiga descreve Cerinto como um contemporâneo e oponente de João, o Evangelista, que escreveu o Evangelho segundo João contra ele. Tudo que nós sabemos sobre Cerinto vem da escrita de seus oponentes teológicos.

Maniqueísmo
Filosofia religiosa sincrética e dualística ensinada pelo profeta persa Mani (ou Manes), combinando elementos do Zoroastrismo, Cristianismo e Gnosticismo, condenado pelo governo do Império Romano, filósofos neoplatonistas e cristãos ortodoxos.
Filosofia dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.
A igreja cristã de Mani era estruturada a partir dos diversos graus do desenvolvimento interior. Ele mesmo a encabeçava como apóstolo de Jesus Cristo. Junto a ele eram mantidos doze instrutores ou filhos da misericórdia. Seis filhos iluminados pelo sol do conhecimento assistiam cada um deles. Esses “epíscopos” (bispos) eram auxiliados por seis presbíteros ou filhos da inteligência. O quarto círculo compreendia inúmeros eleitos chamados de filhos e filhas da verdade ou dos mistérios. Sua tarefa era pregar, cantar, escrever e traduzir. O quinto círculo era formado pelos auditores ou filhos e filhas da compreensão. Para esse último grupo, as exigências eram menores.
Mais tarde, no Sul da França, os maniqueístas e o druidismo formariam as bases do Catarismo.

Menandritas
Menandro foi um patriarca gnóstico da corrente caldeu-síria, uma das figuras mais importantes do Gnosticismo. Como Simão Mago, era da mesma cidade de seu Mestre e transmitiu os ensinamentos Gnósticos e como também mágicos. A sua doutrina afirmava que a Gnose podia entender e controlar as forças da Natureza. O centro de suas atividades era a cidade de Antioquia. Menandro e seus discípulos afirmavam que havia uma entidade superior ao Demiurgo, o Inefável, na administração do mecanismo Universal. Foi o primeiro Gnóstico a separar as duas entidades.

Marcionismo
Fundado em 144 DC. em Roma por Marcião de Sinope (110-160), um religioso cristão do segundo século, e um dos primeiros a serem denunciados pelos cristãos como um herético.
O Marcionismo rejeita o Antigo Testamento. Alguns cristãos julgam mesmo que os marcionistas sejam Anti-Semitas. A palavra marcionismo é mesmo por vezes usada para referir as tendências anti-judaicas nas igrejas cristãs. Seus textos foram uma das bases que muitos e muitos séculos depois serviram de inspiração para a filosofia da Thulegesselshaft (ordem secreta por trás da filosofia nazista).
Mas Marcião tornou-se famoso em sua época, o que acabou tornando os judeus muito impopulares em Roma (anote isso no seu caderno: naquela época, os judeus eram muito impopulares em Roma! Isto ajudará a entender o porquê de Constantino deturpar tanto a história de Yeshua para se adaptar aos anseios de um povo que desejava um messias mais parecido com Apolo/Mithra do que com um “rei judeu”).

Saturninos
Saturnino de Antioquia: (séc. II DC) foi outro renomado teólogo, foi também um grande Cabalista e profundo conhecedor do Zend Avesta e do Gnosticismo. Seus ensinamentos eram tão conhecidos que até mesmo Papus confessou haver tomado muitas de suas fórmulas como base de estudos. Ele pregava a castidade e abstinência sexual como forma de religação com deus.

Setitas ou Setianitas
O Setianismo foi um grupo de antigos gnósticos, que datam sua existência antes do cristianismo . São assim chamados devido à sua veneração à Sete, que teria sido o escolhido de Deus para a promessa de se organizar uma sociedade humana perfeita . Apesar de ter uma origem judaica ,suas doutrinas tem uma forte influência do platonismo.
Tome cuidado para não confundir: em inglês, este culto é chamado de Sethianism. As vezes muitos confundem com Set, Deus egípcio, a sua veneração em inglês é chamada de Setianism.
Existe um trecho de um texto gnóstico descoberto em 1945 em Nag-Hammadi, no Egito, nomeada “A Revelação de Adão“, onde Adão é referido como pai de Seth e que passou todo o conhecimento secreto a ele: “Estas são as revelações que Adão desvelou ao seu filho Seth; e o seu filho ensinou a seus descendentes. Este é o conhecimento secreto que Adão entregou a Seth; é o santo de batismo daqueles que adquirem o conhecimento eterno…”

Lá pelo século III, havia cerca de 80 a 90 seitas cujos ensinamentos variavam por toda uma gama do Budismo ao Judaísmo ortodoxo, passando pelo Helenismo clássico, com todas as variações possíveis e imaginárias a respeito da divindade de Yeshua, da virgindade de Maria, de Reencarnação e Karma até o Olimpo e Hades (que mais tarde se transformarão no “Céu e Inferno” no catolicismo), sobre a traição ou não de Judas, sobre o culto à Madonna Negra, sobre o Sangue Real, sobre o sexo sagrado e sobre o uso de magia e teurgia, além de debates intermináveis sobre quais textos sagrados cada uma destas facções adotava como verdadeiros.

Na próxima semana: O Imperador Constantino botando ordem no galinheiro.

#ICAR

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/queima-ele-jesus-parte-i