Conexão ZosKia – Aliens

O contato imediato entre Magos e os seres de fora de nosso mundo é um fato há muito conhecido pelos interessados em Ocultismo. Quer seja o ser contatado do Espaço Sideral ou procedente de Espaços Interiores, eles representam em si aspectos da consciência que são a síntese do próprio Universo e que talvez seja o que há de perene nele: informação & dissolução, o velho jogo entre Thanatos e Eros. Sendo assim, cada magista que contata esses seres de outros mundos impregna de si a própria manifestação exterior do ser contatado. Isso explicaria o que seja popular e, digamos, erudito, em se tratando de contatos.

Essas visões e manifestações diferentes revelam também um pouco mais como a vida em seus diversos graus de evolução e consciência se dá como fenômeno e provam, talvez, que o próprio ser humano já fora alienígena à este mundo. Sejam deuses, anjos, demônios, gnomos, supermáquinas, todas estas visões foram se expressando de acordo com o lugar, época e pessoas que com elas fizeram contato. A interpretação que trata esses seres como Alienígenas, no atual sentido que compreendemos o termo, sempre existiu desde o antiqüíssimo passado. É o que vemos expressado, por exemplo, na Cabala e seu design de mundos interconectados; no Egito com seus deuses zoomórficos; no conhecimento sideral destes mesmos egípcios assim como dos Maias, dos Dogons da África, dos deuses astronautas dos Astecas, os seres divinos do Bön Po e da tradição Lamaista do Tibet relatado por Lobsang Rampa; assim como mais remotamente, na Suméria e sua tradição Tiphoniana.

Aleister Crowley e sua filosofia-mágicka, chamada Thelema, pertence à essa tradição Sumeriana, uma corrente mágicka que teve John Dee como antecessor direto de Crowley, como perscrutador de seus mistérios e busca de contato com seres ditos angelicais. E tanto Crowley como seus contemporâneos, principalmente aqueles que se engajaram nas fileiras renovadoras do que foi Thelema então, adentraram em uma verdadeira orgia de relações com seres alienígenas particularmente designadas então de “Inteligências Praeter-Humanas”.

No livro “Aleister Crowley e o Deus Oculto” Kenneth Grant escreve que Aleister Crowley “estava ciente da possibilidade de abrir portais espaciais e admitir a existência de uma corrente extraterrestre na onda vital do ser humano”, e que ao contrário do que outros iniciados de sua época chegavam a crer, essas forças não eram más e não queriam destruir a raça humana, mas investiam na expansão e evolução da consciência humana para torná-la cósmica, como salienta Robert Anton Wilson, que em seus escritos expõe tais conexões cósmico-consciência-thelemicas. Essa corrente leva consigo personagens como Ron Hubbard, Jack Parsons, Charles Stanfield Jones, Dion Fortune, Austin Osman Spare; assim como os expoentes mais recentes do ocultismo que inclui principalmente Kenneth Grant, Michael Bertiaux, tudo, pode-se dizer, seguidos de refrões de sucesso de Raul Seixas em parceria com Marcelo Motta.

Não podemos deixar de citar o background dos contos de H.P. Lovecraft que se interpenetra com H.P. Blavlastsk dando em J.J. Benitez, etc… Pensadores que fundiram espiritualidade e ufologia. Dentre todo o rol de magistas que tentaram contatos com seres extraterrestres, talvez aquele que tenha destilado a visão mais estranha destes seres alienígenas foi Austin Osman Spare. Encarando estes Aliens como seres interdimencionais, os quais viajam pelas frestas dos Universos, da matéria, do espaço, do tempo e da consciência, eles podem também podem possuir corpos como forma de traficar entre mundos sensações, conhecimento, energias e todo tipo de coisas que se pode trazer dos sonhos à carne e levar do Ser ao Não-Ser e vice-versa. A forma dos seres que se expressaram à Spare se aproxima bastante da descrição de entidades como o Mothman, que fora pesquisado por John Keel, ou como os alienígenas nomeados de Greys da casuística OVNI; seres extraterrestres que se relacionam intimamente no nível conciência-carne-medo-vácuo-matéria-caos… Seres sem nenhum vestígios de causalidade ou moral humana, seres que não podem ser compreendidos através da lógica, alcançando seus particulares objetivos somente se usando da loucura ou da crença cega que reflete a impotência da inteligência humana diante de tão dês-aforado lócus de ação por parte deles.

Particularmente em se tratando da criatura conhecida como Mothman que fez “fama” em suas aparições nos EUA no fim da década de 1960, é sabido que houve aparições deste em Londres nos idos do final do Século 19, mas precisamente na região de Piccadilly Circus Station, no centro de Londres. O que fazia lá, como fora atraído para o lugar, é como sempre uma questão que o pensamento humano comum não tem como responder, e talvez só se responda pela lógica da mística ou da própria loucura. Esses seres “entremundos” recordam-nos muito também os seres dos contos de Lovecraft, ligação que Kenneth Grant fez remetendo-se até a Anciã Paterson, iniciadora de Austin Osman Spare no culto da feitiçaria. Esses seres são feitos da mais pura essência do Necronomicon, o guia cósmico das aberrações interestelares. Seres, assim como a caracterização do Mothman feito por John Kell, parecem se alimentarem do próprio medo humano, vampiros psíquicos que se nutrem de emoções. Seres assim são citados inclusive pela tradição de alguns discípulos de Carlos Castãneda.

Tais parâmetros de contato e de seres, acrescido ao caráter especial de Austin Osman Spare, traz à tona o quanto mais tenebroso e intrínseco é o Fenômeno Alien e sua relação com o fator humano. É uma emanação que abarca Sexo, referência da lembrança humana de deuses, anjos e todo tipo de seres que desejaram e copularam com “as filhas dos homens”. Há também o congresso sempiterno da Carne que relembra o contato Alien carregado de mutilações e experiências cientificas com corpos humanos e animais, espécies de “êxtases feios”. Austin Osman Spare sempre aventa também o papel da Medicina, da Ciência, do Vírus, o que aproxima as referências aos agentes da desinformação no mundo OVNI, sempre munidos de tecnologia avançada e táticas de combate mental. Falamos dos misteriosos interventores conhecidos como Homens de Preto (MiB) e sua proximidade com os Irmãos Negros (Black Brothers), humanos que dedicam sua existência à construírem no Astral a engenharia necessária para a permanência indefinida de seu Ego (EU).

Em suas obras de arte, Spare retrata paisagens estranhas, de outros mundos onde habitam seres de uma estranheza inumana, parecendo seres vistos pela lente distorcida da mente que não os compreende em sua perfeição, uma carência estética humana talvez, ou simplesmente a distorção da compreensão máxima. Kenneth Grant escreve em “O Estranho Espírito de Zos vel Thanatos”, referente à Spare e o Culto de Zos Kia: “…Há um certo estado de consciência caracterizado por uma estranha perichoresis em que os sentidos mundanos, exaltados e infundidos com a Vontade magickamente carregada, i. e., dirigida, atraem influencias misteriosas do exterior.

A interação de elementos deste mundo com elementos de outro criam uma realidade ultradimensional Universo conhecido como Meon que só os artistas (ou Magos) mais sensíveis são capazes de responder de forma criativa…” Na obra que Spare busca representar aquilo que talvez seja o ponto de partida de sua inspiração místico-artística, tal obra é “Isis Sem Véu”, a figura dos mitos egípcios que representa o Infinito Espaço de Infinitas Estrelas, a morada dos Aliens. Enquanto que no livro-mor de Thelema, o Líber AL vel Legis (de 1904), já são explicitas as referências à alienígenas, outros mundos, tecnologia nuclear, et. al, já nos escritos de Spare tais referências são muitas das vezes subentendidas pelo véu da mística particular do Culto de Zos Kia. Assim podemos traçar uma linha de influência extraterrestre vindo através da Anciã Paterson, trazendo consigo a sabedoria de uma corrente mágicko-alienigena proveniente das paragens da América do Norte que fora herdada pelos nativos aos quais pertencia a anciã bruxa, tradição esta registrada pavorosamente nos escritos de Lovecraft e da qual Kenneth Grant pesquisou e descobriu ligações. A Sra. Paterson, como era usualmente chamada por Spare, migrou dos Estados Unidos para a Inglaterra, talvez fugindo do ambiente hostil de caça às bruxas das terras da outrora colônia, e então transmitiu ao jovem Spare essa diligência de outros mundos. Tal determinada espécie de conhecimento coincidentemente entraria novamente na vida de Spare quando mais tarde ele fora iniciado na Aurora Dourada e no pensamento de Thelema de Crowley. Conta-se que Spare só veio a aceitar de fato a revelação de “Líber AL” no fim de sua vida, mas Grant também nos revela que em certa fase de sua vida, Spare esteve totalmente devotado em fazer contato com seres alienígenas, buscando para isso os meio adequados. E esses meio segundo Grant, se revelam além dos grimórios que são cada uma de suas obras de arte e sigilos, mas também, e principalmente como sendo através da “Postura de Morte” como uma espécie de meio mediúnico para o contato interrealidades, uma forma de levar a consciência às plataformas de lançamento cósmicas para alcançar seres dispostos ao contato com os homens.

Dois parênteses: Primeiro, tais espécies de contatos a nível mediúnico, de forma mais tradicional, foram mais tarde efetuados com sucesso também pelo dito Grupo Rama nos Andes para contatar alienígenas e programar então avistamentos e até contatos do terceiro grau também. E segundo, em plena atividade nos dias de hoje, Michael Bertiaux, sacerdote Voodoo, identificou e em contatou, usando das mais diversas tecnologias mágickas-mediúnicas, os chamados Voltigeurs, seres esses que são caracterizados como reptilianos que saltam de mundo em mundo e que abarcam uma mística da lua. Parece-nos então que Austin Osman Spare foi um vetor muito especial de contatos com aliens, e seu Culto de Zos Kia então não poderia deixar de ser também um poderoso vortex que converge para si os portais de contato yóguicos da flexão da carne e da mente, uma espécie de crença astral e para o astral.

Com a influência Ameríndia através da Anciã Paterson e a influência Sumeriana via Aleister Crowley e Thelema, onde talvez o ponto de convergência seja não só o Necronomicon, mas também a própria ancestralidade humana neste mundo, que Spare explorou através da flexão dos atavismos, onde se pode perceber um verdadeiro rememoramento de “nomes mortos”. Então, do Oriente provém a Tradição Sumeriana via a síntese abrangente de Thelema, do Ocidente os eflúvios dos Mitos de Cthulhu, no meio de tudo isso o Greenwich de Zos Kia Cultus: a corrente xamânica que leva direto aos Alienígenas que sempre estiveram próximos ao seres humanos, em corpo, alma & Discos Voadores.

De todas estas escassas aproximações e fantásticos desdobramentos, a mente recua, mas as cartas estão na mesa. Anjos, Demônios ou Alienígenas, Inteligências Praeters-humanas, irradiações do subconsciente ou radiação do espaço sideral. Código Morse das estrelas refletida no DNA. Homens possuídos por deuses usando tecnologia e irremediando a realidade com vislumbres de outros mundo incapazes de habitarmos por simples leis físicas… Nikola Tesla pisou neste mundo… Heinrich Reich pisou nestas terras, Albert Einstein viveu aqui… Austin Osman Spare habitou aqui e lá, mas não viveu nem por isto e nem por aquilo. Ele traficou interrealidades através de uma arte alienígena a tudo, pois concretizou em caos e tinta sentimentos que não poderiam nunca coabitar com os homens sem pedir o pagamento do engrandecimento da visão humana que tem do vislumbre que é estar-aqui e do que está lá. A Ciência de mais baixa tecnologia que poderia haver abriu todos os canais de comunicação que poderiam existir com o Além/Alien, e essa ciência foi Arte, a expressão mais ferrenha e sem mentiras que possamos juntos fluir do Zos Kia Cultus.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/conexao-zoskia-aliens/

A Luz que não é

Por Kenneth Grant, Nightside of Eden, Capítulo III.

SEGUNDO A sabedoria oculta a Consciência Cósmica se manifesta na humanidade como sensibilidade que se concentra em um centro individualizado de consciência e divide-se em sujeito e objeto. O sujeito se identifica com o princípio consciente como ego, e o objeto é o seu mecanismo de consciência. Esta identificação de consciência com ego é ilusória e portanto o Princípio de Consciência é velado. [68] O ego se imagina como sendo uma entidade distinta dos objetos que ele sente e, ao invés de pura sensação, audição, visão, gustação, conhecimento, existe a falsa suposição que ‘eu sinto’, ‘eu ouço’, ‘eu vejo’, ‘eu experimento’, ‘eu conheço’. É assim que o mundo fenomenal (o mundo das aparências) é representado para nós como Malkuth. O processo inteiro, de Kether a Malkuth, é o de coberturas sucessivas acompanhado de uma perda crescente de consciência do Princípio de Consciência, sendo o pleno propósito da encarnação a ‘redenção’ e reintegração do Princípio perdido.

Budistas e Advaitas consideram estes véus como totalmente ilusórios, ao passo que outros os consideram como modificações do Princípio original. Sob quaisquer pontos de vista em que estes sejam considerados o problema continua inalterado: como resolver o perpétuo jogo de esconde esconde [69] que Kether joga através dos véus primários de sujeito e objeto (Chokmah e Binah), sendo o nexo deste localizado em Daäth. A causa do mistério, glamour, ou ignorância como os Budistas o chamam, é a identificação inicial e mal entendida do Self com seus objetos. Isto é causado principalmente pelo fato que, como os Qabalistas reivindicam, “Kether está em Malkuth e Malkuth está em Kether, porém de uma maneira diferente’. A presença de Kether em Malkuth [70] cria uma ilusão de realidade em todos os objetos. Este glamour engendra sensibilidade a qual desnorteia e submerge o Self em ilusão. Srí Ramakrishna compôs e cantou muitos hinos de transcendente beleza à sua ‘Maya encantadora do mundo’ ou jogo mágico de glamour e ilusão gerada nos sentidos da humanidade que confunde o irreal com o Real.

Kether é o foco da Consciência Cósmica, e a sua primeira manifestação é Luz [71]. O Ain, que é sua fonte, não é Escuridão mas a Ausência de Luz, e portanto a verdadeira essência da Luz. Kether é o ponto infinitesimal no espaço-tempo no qual a Ausência de Luz se torna sua Presença ao virar o Vazio (Ain) no avesso (de dentro para fora). Kether, e a Árvore da Vida resultante, podem portanto ser concebidos como o interior do Vazio [se] manifestando em Espaço, que é o mênstruo da Luz.

No microcosmo esta Luz se manifesta como a luz da consciência que ilumina a forma. Ela é a luz pela qual, e na qual, um pensamento pode ser visualizado na escuridão da mente; como os sonhos aparecem na escuridão do sono. Na esfera celestial, a consciência se manifesta como luz física, o sol. No reino mineral ela se manifesta como ouro. Biológicamente considerada ela é o falo que perpetua a semente de luz (consciência) no reino animal. Estas luzes são Uma Luz (Kether) e elas provém de uma infinita ausência de luz (Ain). Ao se derramar através de Kether ela é dividida em três raios que formam os três ramos supernos da Árvore. Estes possuem três pylons (portais_?): Chokmah, Daäth, e Binah, assim concentrando 16 kalas [72] que, com seu reflexo no mundo da anti-matéria (o Ain) constituem os 32 Caminhos ou Kalas da Árvore da Vida.

Escuridão é ausência de luz, uma ausência que torna possível a presença de tudo que parece ser. Não-ser, cujo símbolo é a escuridão, é a fonte do Ser, e entre estes dois terminais existe uma solution de continuité (solução de continuidade) representada pelo Abismo que separa o mundo numênico de Kether, com seus terminais gêmeos, [73] do mundo fenomenal de Malkuth. O ponto exato de discontinuité (descontinuidade) é marcado pelo Pylon de Daäth no meio do Abismo. Daäth é conhecimento do mundo fenomenal refletida para baixo através dos Túneis de Set na parte posterior da Árvore. Este conhecimento, ou Daäth, é a morte do Self. Ele representa o estágio primário no qual as mortalhas são tecidas em volta da múmia que entra em Amenta no Deserto de Set. Ele aparece na frente da Árvore como a semelhança aparentemente viva do ego com o qual ele se identifica em sua descida gradual para dentro da matéria (Malkuth). Seu despertar para a consciência mundana é em realidade um sono e uma morte dos quais o Princípio de Consciência original pode ser salvo apenas atravessando os Caminhos de Amenta em reverso. Esta jornada para trás através dos Túneis de Set começa no Tuat, a passagem preliminar ou 32o Caminho que conduz de volta de Malkuth (consciência mundana) até as esferas astrais de Yesod.

As tradições orientais tem tipificado esta descida de Consciência nos termos dos três estados de consciência sushupti (sono), svapna (sonho), e jagrat (vigília), e sua reintegração em um quarto estado – turiya – que não é realmente um estado definitivamente, mas o substrato dos outros três e o único elemento real naqueles três. Turiya se iguala com Kether (Consciência Indiferenciada), Sushupti se iguala com Daäth, Svapna com Yesod, e Jagrat com Malkuth. Este esquema se iguala à doutrina cabalista: O estado de sono profundo e sem sonhos (sushupti) é um estado no qual a mente não está consciente do universo objetivo ou fenomenal. Ele é vazio no sentido em que está isento de pensamento (imagens), e escuro no sentido em que dentro deste a luz está ausente. Sushupti funde-se em Svapna, o estado de objetividade subjetiva, ou sonho, porque Kether cria no vazio de Sushupti uma tensão que se manifesta como vibração. Esta tensão é refletida no mundo dos sonhos (Yesod) como sensibilidade latente nas zonas de poder micro cósmicas (chakras) nos quais ela assume formas elementais de éter, fogo, ar, água, e terra. Em outras palavras, esta vibração se manifesta como os seis sentidos que, por sua vez, são projetados como fenômenos objetivos no estado de vigília (jagrat; Malkuth). Desta maneira um estado ou mundo de consciência funde-se em outro. Similarmente, um estado ou nível de Consciência Cósmica se desenvolve e evolui em outro até que o Princípio de Consciência original seja objetivado com densidade crescente. Desta maneira o mundo do ‘nome e forma’ parece ao ego (o pseudo sujeito) como ‘realidade’, enquanto que no fato real a Realidade se retira enquanto o Princípio de Consciência retrocede e retorna ao ponto de sua ausência original.

Daäth como [sendo] o ego é a sombra-shakti ou poder ocultador de Kether no momento ultra rápido (como o raio) de sua bifurcação em Chokmah (sujeito) e Binah (objeto). O ego é uma sombra, mas ele é a sombra da realidade. É impossível expressar este conceito na linguagem da dualidade. Realidade é Não-Ser, e o ego é o reflexo ou reverso da Realidade nas águas do Abismo; mas a imagem não está apenas revertida, ela está também invertida. [74] Nos termos da Tradição Draconiana o ego é a miragem que aparece no Deserto de Set.

A exaltação do ego em Daäth e sua reivindicação em ser a Coroa [75] é a blasfêmia contra a divindade, e aqueles que estabeleceram este falso ídolo tem sido chamados de Irmãos Negros (Black Brothers). Por este ato eles banem a si mesmos para o Deserto de Set pela duração de um aeon; ou, se profundamente comprometidos com a hierarquia inversa, eles podem manter esta soberania de sombra durante ‘um aeon e um aeon e um aeon’, um kalpa inteiro ou Grande Ciclo de Tempo. O falso rei dura até que o kalpa seja eliminado por um Mahapralaya. [76] Contudo, tais Irmãos Negros não devem ser confundidos com os Irmãos Negros cujo ídolo não é o ego mas um certo Chefe secreto de uma hierarquia verdadeiramente inversa que resume todos os 777 [77] caminhos na parte posterior da Árvore. Eliphas Lévi indicou esta hierarquia em termos de ‘magia negra’ e do Chefe Bafomético iluminado com o enxofre do inferno e adorado pelos Templários. Outra Adepta que teve um breve vislumbre desta Hierarquia Negativa foi H.P.Blavatsky, embora sua imensa luta para retirar através do véu algum fragmento(?) de seus negros mistérios resultou apenas na confusão volumosa de suas duas obras monumentais. [78] Talvez a Ísis que ela buscou desvelar não fosse a Ísis da natureza manifesta na matéria, mas a Nova Ísis do Não Natural, da antimatéria, com seus vazios do ser e buracos negros no espaço. Antes de explorar os Túneis de Set temos que estabelecer o fato de que os mistérios do Não Ser, embora não interpretados nos tempos antigos no modo pelo qual nós os interpretamos hoje, foram não obstante considerados como possuindo um significado que era tanto vital como ameaçador. Isso é o mais surpreendente uma vez que é apenas dentro dos cinqüenta anos passados ou mais que estes assuntos obscuros tem sido iluminados através de descobertas surpreendentes nos campos da física nuclear e sub-nuclear e psicologia, nenhuma das quais tendo sido demonstrada cientificamente quando a doutrina cabalística estava sendo evoluída.

Ainda assim outro adepto dos tempos recentes, Salvador Dali, sugeriu através das ausências negras que surgem abruptamente em algumas de suas pinturas a doutrina do não-ser, do negativo,do numênico que é a Realidade subjazendo a existência fenomenal. [79]

Embora haja uma solução de continuidade entre os dois mundos – representados pelas partes anterior e posterior da Árvore – existe nada mais do que uma copula, e ela reside em uma função peculiar da sexualidade. Ela não é uma ponte em qualquer sentido positivo, e portanto ela não pode ser descrita, contudo ela pode ser pressagiada através da analogia de um raio brilhando entre eletrodos invisíveis de eletricidade positiva e negativa. As dimensões interiores do não-ser podem ser iluminadas pelo brilho ofuscante liberado pela energia sexual descarregada em conexão com certas técnicas de magia(k) Tifoniana na qual a energia pré- conceitual é capturada pelos mais tênues tentáculos da consciência assim que ela vaza através do véu do vazio a partir do olho transplutônico (Ain) além de Kether.

O Livro de Dzyan, O Livro da Lei, e os Livros Sagrados Thelêmicos, todos os quais tem sido disponibilizados durante o século passado, contém fórmulas mágicas que tem sido utilizada desde tempos imemoriais, mas não existe ainda nenhum comentário adequado à qualquer um deles, pois ambos Blavatsky e Crowley – avançados como eles indubitavelmente eram – estavam limitados por uma atitude basicamente de velho aeon perante o Vazio. Crowley, talvez em virtude de uma identificação consciente com a Corrente Draconiana (através dos mistérios do número 666), tinha compreendido intuitivamente a possibilidade de um anti-Cristo e um anti-Espírito embora ele não pudesse, ao que parece, confrontar a idéia de anti-Logos! Isto é evidenciado pelo horror com que ele se referiu ao Aeon que não possui nenhuma Palavra, um aeon ainda por vir ao qual ele atribui a letra Zain. [80] Apenas um Adepto, que eu saiba, estava atento ao fato de que Crowley não pronunciou uma Palavra, porque, sendo identificado com a Besta ele era incapaz de formulá-la [81]. Mas a reversão à falta de fala e incapacidade bestial de pronunciar uma palavra não explica a falha de Crowley que estava enraizada em sua inabilidade de sondar a dimensão atemporal onde a verdadeira anti-palavra (anti-cristo) verdadeiramente se obteve. [82]

Um exame sobre a versão de Dion Fortune sobre a Doutrina Cósmica revela uma relutância similar, ou talvez uma inabilidade genuína em perceber interiormente (insee_?) a questão a qual é a de que a Magia(k) da Luz (LVX) não se relaciona nem com magia branca nem com magia negra mas com uma corrente oculta que, como Austin Spare corretamente assumiu, vibra nos espaços intermediários [entre os espaços]; nos interstícios, por assim dizer, da ausência de espaço espiritual que existe em um vazio necessariamente atemporal por detrás, ou em algum lugar fora, da Árvore.

Se Daäth, cujo número é onze, [83] for contada junto com as quatro sephiroth remanescentes do Pilar do Meio, [84] o número 37 será obtido. Este é um número primo significando a plena manifestação da corrente mágica simbolizada por Set ou Shaitan. [85]

Aquilo que era conhecido pelos Cabalistas como a Árvore da Morte era de fato o outro lado da Árvore da Vida, e as qliphoth eram forças ‘demoníacas’, os anti-poderes ocultados nos túneis de Set que formavam a rede interior e reflexo reverso dos Caminhos.

O célebre Cabalista Isaac Luria (1534-1572) compôs as seguintes linhas as quais Gershom Scholem [86] descreve como um ‘exorcismo dos “cães insolentes”, os poderes do outro lado’:

Os cães insolentes devem ficar do lado de fora e não podem entrar, Eu chamo o ‘Antigo dos Dias’ à noite até que eles sejam dispersados, Até que sua vontade destrua as ‘conchas’. Ele os lança de volta para dentro de seus abismos, eles devem se esconder profundamente em suas cavernas. [87]

Os cães insolentes são, em um sentido muito especial, ‘os cães da Razão’ (i.e. de Daäth) mencionados em AL, capítulo 2, verso 27. A atribuição do cão aos reinos infernais deriva do Egito onde o chacal ou raposa do deserto é o típico habitante do Abismo, sendo ambos estes animais totens de Set. O simbolismo ilumina o capítulo 2, verso 19: ‘Deve um Deus viver em um cão? Não! mas os mais elevados são de nós . . .’ Cão, que é a palavra Deus ao contrário, indica o Pylon de Daäth através do qual o cão da razão entra no Abismo e ‘perece’. Um deus não deve ‘viver em um cão’, mas os ‘mais elevados são de nós’. O mais elevado é a altura representada pela oitava cabeça da Serpente que habita no Abismo. Os ‘mais elevados são de nós’ implica que existem outros três: a tríada superna ou mais elevada da Árvore, consistindo de Kether, Chokmah e Binah. Junto com o oitavo (ou mais elevado) estes três formam onze. A deusa Nuit (que é Não) proclama no capítulo 1, verso 60: ‘Meu número é 11, como todos os seus números que são de nós’. Estas palavras fornecem a chave para o mistério do Oito e do Três, ou o Um e o Três, [88] pois a Serpente é Uma embora ela tenha oito cabeças. [89] Onze é o número da magia(k), ou ‘energia tendendo à mudança’, e é no pylon de Daäth que esta morte ou modificação mágica ocorre. Daäth é o único ponto na Árvore que dá acesso ao mundo de Nuit (Não). A palavra ‘nós’, em ambos os versos, é cabalisticamente igual a 66 que é o ‘Número Místico das Qliphoth e da Grande Obra’. [90] Então aqui há uma chave para o real significado das Qliphoth que tem iludido cabalistas e ocultistas do mesmo modo, pois poucos tem sondado a função das qliphoth com relação à Grande Obra. Entretanto quando se percebe que o ‘mundo das conchas’ é formado pelo lado reverso da Árvore é possível compreender porque ele tem sido considerado como inteiramente maligno.

As qliphoth não são apenas as conchas dos ‘mortos’ mas, de forma mais importante elas são as anti-forças por trás da Árvore e o substrato negativo que subjaz toda vida positiva. Como no caso do Livro dos Mortos egípcio, cujo título significa seu oposto preciso, [91] assim também a Árvore da Morte judaica é a fonte numênica da existência fenomenal. É a última que é falsa pois o mundo fenomenal é o mundo das aparências, como seu nome implica. A fonte numênica por si É, porque ela NÃO é. Uma vez que esta verdade seja compreendida torna-se evidente que os antigos mitos sobre o mal, com sua demoníaca e terrificante parafernália de morte, inferno, e o Demônio, são sombras distorcidas do Grande Vazio (o Ain) que persistentemente assombra a mente humana. Estes mistérios são explicados em termos cabalísticos pelo número 66 que é a soma da série de números de um a onze. 66 é o número da palavra LVL que significa ‘torcer’ ou ‘circundar’(o outro lado da Árvore). Como já foi notado, a humanidade está ‘reservada a fazer um giro ao redor das costas da Árvore’ durante o Aeon de Zain. Este é o Aeon que não possuirá nenhuma Palavra porque este é o Aeon do anti-logos que será vivido no reino do cão, o que é um modo simbólico de denotar as costas da Árvore. Além do mais, Zain está conectado com o simbolismo ‘gêmeo’ de Gemini, e uma espada denotou a mulher, ou o que parte em dois (?), como mostrado na oitava chave do Taro. Esta chave também contém a fórmula do Amor através da polarização, pois no Aeon de Zain a humanidade terá transcendido as ilusões de tempo e espaço, tendo compreendido a base numênica da consciência fenomenal.

Segundo a tradição oculta o homem alcançará a iniciação final pelo Fogo antes do fechamento ou retirada final do presente Mahakalpa. [92] Sessenta e seis é também o número de DNHBH, o nome de uma Cidade de Edom que é a sombra da Cidade das Pirâmides (Binah, ) no Deserto de Set (). Seu pylon, Daäth, é o santuário daquele Chefe Secreto (o Oitavo) que os Templários adoravam sob a imagem de Baphomet, o Deus do Nome Óctuplo, Octinomos. Crowley assumiu a forma-deus de Baphomet como ‘Chefe’ da O.T.O. [93] Oito mais três (a Tríada Superna) constitui o Sagrado Onze: o número daqueles ‘que são de nós’. ‘Nós’ (66) é também o número de ALHIK que é interpretado em Deuteronômio, iv, 24, como ‘O Senhor teu Deus (é um fogo que consome)’. Pode ser demonstrado que este fogo é a Serpente de Fogo ou Corrente Ofidiana. 66 é o número de Gilgal (GLGL) ‘uma roda’ ou ‘espiral’ e é instrutivo notar que a tradição hindu dos chakras, ou rodas de força, confirma a interpretação egípcio-caldaica dos mistérios de Daäth.

Se um diagrama da Árvore da Vida for superposto de ponta cabeça sobre uma forma correta desta, vários fatos significativos virão à tona. Tiphareth permanece central, o pivô ao redor do qual nós giramos a Árvore invertida; mas ao invés do Fogo Branco do Sol nós agora temos o Fogo Negro de sua anti-imagem; e Kether se tornou Malkuth como se para ilustrar, literalmente, o texto ‘Kether está em Malkuth e Malkuth está em Kether, mas de uma maneira diferente’. Esta ‘maneira diferente’ se refere à um modo mágico associado com a fórmula do cão que, segundo meu conhecimento, foi indicada apenas em um exemplo – a saber: no Liber Trigrammaton. [94] Este livro é descrito por Crowley como um informe sobre o processo cósmico correspondente às stanzas de Dzyan em outro sistema’. [95] Finalmente, porém mais significativamente, Yesod agora cobre Daäth. Yesod é o assento das forças sexuais e do aspecto mais denso das energias eletromagnéticas da Serpente de Fogo. Ele é a morada de Shakti e o local ou centro especial de culto dos devotos de Shaitan (Set) entre os Yezidis. [96] Daäth potencializada por Yesod se torna portanto a Palavra energizada, o linga ao invés da língua, pois Daäth se equaciona com o Visuddha Chakra, como Yesod se equaciona com o Muladhara. [97] A ligação entre linguagem, [98] representada pela Palavra (Visuddha Chakra) e o linga, representado pelo Muladhara, é óbvia porque o Logos é a forma assumida pelo linga quando ele pronuncia sua Palavra suprema. [99]

A característica peculiar de Daäth sózinha é que as condições de iniciação obtidas nesta esfera requerem a total desintegração da Palavra. Em outras palavras: O Muladhara encontra seu anti-estado em Daäth, e a Palavra permanece não pronunciada. Isto em si mesmo inicia o Aeon de Zayin, que é um aeon subjetivo que começa se e quando um Adepto salta os vazios por trás da Árvore. Esta é a Grande Obra implicada pela fórmula de viparita como tipificada pelo reverso da Árvore.

Notas:

68 Isso é descrito no Liber LXV (verso 56, capítulo IV) como o ‘Erro do Início’. Esta é a falha essencial notada pelos Árabes, a ‘Queda’ original.

69 No Hinduísmo, este Jogo é descrito como um ‘Lila’ que tem sido traduzido como ‘esporte divino’, ‘máscara’ ou a eterna Dança de Shiva e Shakti. Esta ilusão básica mais tarde fez surgir o conceito de ‘pecado original’ que foi pervertido pelos cristãos se tornando uma doutrina de importância moral.

70 i.e. Consciência ou Sujeito em todos os objetos.

71 A LVX ou Luz da Gnose.

72 O número de Chokmah é 2; o de Daäth, 11; e Binah é 3; 16 kalas no total.

73 Chokmah (sujeito) e Binah (objeto).

74 Vide o Grande Símbolo de Salomão; figura 1 em Magia Transcendental de Eliphas Lévi.

75 Um título de Kether.

76 Literalmente, Grande Dissolução. O retrocesso para dentro do Vazio [por parte] do Universo após sua manifestação na matéria. Um Mahapralaya ocorre após cada sete fases de existência manifesta. Vide Aleister Crowley e o Deus Oculto, capítulo 4.

77 O número total de Caminhos e Sephiroth da Árvore da Vida.

78 Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta. Estas obras estão repletas com alusões à mistérios que são iluminados pela Tradição Draconiana e são explicadas no presente volume.

79 Vide em particular a pintura entitulada ‘Acomodação dos Desejos’, reproduzida em A Vida Secreta de Salvador Dali, e em outros lugares.

80 Vide capítulo anterior.

81 O adepto em questão era Charles Stansfeld Jones (1886-1950), conhecido como Frater Achad. Vide Cultos da Sombra, capítulo 8.

82 Frater Achad, com sua fórmula de reversão e negação, parece ter chegado mais próximo do verdadeiro significado de AL do que o próprio Crowley, pois os comentários de Crowley revelam uma abordagem consistentemente positiva e consequentemente fenomenal ao seu significado.

83 Daäth é 11 e 20, e portanto 31, AL, a Palavra Chave do Aeon de Hórus. 84 10 + 9 + 6 + 11 + 1 = 37.

85 Três, o número de Set ou Saturno, multiplicado por 37 resulta em 111 que é o número de Samael (Satã), Pan, e Baphomet.

86 A Kabbalah e seu Simbolismo (Routledge, 1965).

87 Velho dos Dias’, usualmente traduzido como ‘Antigo dos Dias’, é um título de Kether. As ‘Conchas’ são as qliphoth.

88 Existe um mistério maior aqui que concerne a letra de fogo – Shin. De acordo com o Sefer há-Temunah esta letra em sua forma completa possui quatro, não três, línguas. Scholem observa (ibid, pagina 81) ‘Em nosso aeon esta letra não é manifestada e portanto não ocorre em nosso Torah’. Também, ‘Todo aspecto negativo está conectado com esta letra ausente’. Shin, é a tripla língua de fogo, e a letra de Set ou Shaitan, também de Chozzar o deus da Magia(k) Atlante, e de Choronzon, a Besta do Abismo.

89 Hadit diz no capítulo 2, verso 30: ‘Eu sou oito, e um em oito’.

90 Liber D. (Vide O Equinócio, volume I, No.8).

91 i.e. O Livro dos Sempre Imortais.

92 Fogo = a chama de 3 línguas representada pela letra Shin. Segundo Crowley (Diário Mágico, p.144) ‘Shin é o Fogo de Pralaya, o “Juízo Final” ‘.

93 Ordo Templi Orientis, A Ordem do Templo do Oriente, da qual Crowley foi em uma ocasião o Grão Mestre.

94 Vide Os Comentários Mágicos e Filosóficos sobre o Livro da Lei. (Ed.Symonds and Grant; 93 Publishing, Montreal, 1974).

95 A referência é ao sistema exposto por H.P.Blavatsky.

96 Vide a Trilogia Tifoniana (Grant/Muller, 1972-75) para um informe completo sobre esta zona de poder.

97 As regiões da garganta e dos genitais respectivamente.

98 Mais corretamente, langage, no sentido de uma língua sagrada.

99 i.e. no momento do orgasmo.

***

Revisão final: Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/a-luz-que-nao-e/

Bases metafísicas da Magia Sexual

Fonte: Renascer da Magia, de Kenneth Grant

Existe um talismã de aplicação universal. No reino elemental ele é representado por pyramis, o fogo; em termos geométricos, pela pirâmide ou triângulo; e em termos biológicos, pelo falo. Como o sol irradia vida e luz através do sistema solar, assim também o falo irradia vida e luz sobre a terra e , similarmente, subordina; se a um poder maior do que ele mesmo. Pois assim como o sol é um reflexo de sírius, assim também o falo é o veículo da vontade do mago.

No não iniciado, o poder fálico opera independente mente de seu possuidor e , freqüentemente, em desarmonia com o mesmo. Ele funciona caprichosamente, sem relação como indivíduo. O poder fálico possui o indivíduo e não vice-versa.

No caso do iniciado, entretanto, a posição é inversa. A O.T.O. possui o conhecimento secreto da retificação e os meios de liberação do cativeiro do instinto degenerado. Ela instrui o operador no uso apropriado do fogo elemental, a correta construção da pirâmide, o empunhar bem-sucedido da baqueta mágica.

O controle do fogo elemental envolve a inibição dos resultados físicos habituais quando da união sexual. A libido não é “aterrada”, mas direcionada pela vontade para encarnar numa forma especialmente preparada para sua recepção.

Liber Agapé, o enquirídio do Soberano Santuário da Gnose da O.T.O., demonstra como a magia sexual está baseada na assunção de que nenhuma causa pode ser impedida de um efeito. Se o efeito natural for anulado , a descarga de energia não é perdida, e ela forma uma imagem sutil ou astral da idéia dominante na mente quando do clímax do coito. Habitualmente esta idéia é um pensamento de luxúria, e por causa disso uma tendência ou hábito se fixa na mente, que consequentemente se torna cada vez mais difícil de controlar. Esta tendência deve ser, portanto, destruída.

A exaltação mental gerada por um orgasmo magicamente controlado forma um portal de passagem reluzente semelhante a uma lente por onde flui o vívido imaginário astral da mente subconsciente. Imagens específicas são evocadas e “fixadas”; elas se tornam instantânea e vivamente vivas. Como a presença luminosa delas é obsessiva, salvaguardas mágicas são essenciais para compensar uma real obsessão. Esta imagens são elos dinâmicos com os centros mais profundos da consciência e atuam como chaves para experiência ou revelações que formam o objetivo da Operação. Encarnar tais experiências é o objetivo da magia sexual. É necessário, portanto , formular a vontade com grande cuidado e com estrita economia de meios. Não deve haver nada na mente no momento do orgasmo exceto a imagem da “criança” que se pretende dar a luz.

Condenações contra a masturbação, o onanismo, o coito interrompido, a karezza e outros métodos aparentemente estéreis de utilização da energia sexual baseiam-se logicamente no reconhecimento (ainda que este reconhecimento possa ser conscientemente irreconhecido) da natureza sacramental do ato procriativo.

Conclusões errôneas obtidas pela apreensão incompleta dos fatores envolvidos levaram, no passado, à admoestações do tipo “fogo e enxofre”, dirigidas contra os “abusos” que , neste tempo, acreditava-se levarem a degeneração do sistema nervoso, à cegueira, à paralisia e a insanidade.

Na verdade, nada da energia é perdida, embora ela não consiga encontrar um campo de operação na matriz que a natureza promoveu a ela.

Ela produz, ao invés de uma prole física, fantasmas compostos de matéria tênue. Através da prática deliberada e persistente de tais “abusos”, entidades qlifóticas são engendradas; elas vampirizam a mente e se alimentam de fluidos nervosos.

Crowley menciona que: “Os antigos rabinos judeus sabiam disso e ensinaram que, antes que VA fosse dada a Adão, o demônio Lilite foi concebido pêlos respingos de seus sonhos de modo que as raças híbridas de sátiros, elos e outros parecidos começaram a povoar aqueles lugares secretos da terra que não são sensíveis aos órgãos do Homem Comum”.

Muitas dissertações longas e tediosas sobre a possibilidade de uma “feiticeira” dando à luz a prole, após a união com o diabo na forma de um incubo, deveriam ser entendidas no sentido de que filhos nascem de tais uniões, embora não sejam filhos físicos.

Qualquer descarga de energia, de qualquer natureza, tem um efeito em todos os planos. Se os resultados em um plano são impedidos – como aconteceria no caso do íncubo – eles aparecem, então em outro [plano].

De acordo com antigas autoridades em Feitiçaria, íncubos e súcubos eram personificações do próprio diabo. O diabo é sinônimo do espírito criativo do homem. Crowley vai mais longe ao declarar que “o sátiro é a verdadeira natureza de cada homem e cada mulher”. O íncubo ou súcubo é a exteriorização, ou extrusão, do sátiro em cada indivíduo. Ele representa a vontade subliminar; Ele representa a Vontade subliminar; na verdade, [ele representa] o Ser Anão ou Sagrado Anjo Guardião.

Ele é o princípio no homem que é imortal e inextricavelmente ele possui estreita ligação com a sexualidade que , por sua vez, é a chave para sua natureza e os meios de sua encarnação.

No antigo Egito, tumba e útero eram termos intercambiáveis. O útero levava ao nascimento no mundo material, a tumba, no mundo espiritual.

As idéias de ressurreição e re-ereção era m também intercambiáveis. O falo ereto, ou erguendo-se, simbolizava a ressurreição para a nova vida no mundo espiritual; ele significava também a habilidade de viver e de trazer a vida novamente; dizia-se que ele “morria” no ato de transmitir o princípio vital, a sua Palavra, a sua Verdade.

Numa lenda egípcia da criação, gravada no papiro de Nesi Amsu, o deus do sol Atum é descrito como tendo pressionado seu membro com sua mão e realizado seu desejo, produzindo assim seus dois filhos Shu e Tefnut.

Estas crianças representam os princípios místicos do fogo e da água, calor e umidade, necessários para materializar o espectro; a matriz [representa] o útero úmido – ou “súcubo” – através do qual a energia é transmitida aos planos sutis.

O Deus Kefra também está gravado no mesmo papiro como tendo tido uma união com sua mão e tendo abraçado sua sombra num “abraço de amor”. A sombra é o súcubo.

Na tradição rabínica, seu nome é Lílite; ela foi a primeira mulher de Adão e foi criada da substância de sua imaginação. Em um manuscrito da Aurora Dourada [Ordem Goldem Dawn] intitulado “A Mercará”, ela é descrita como “uma mulher bonita por fora mas por dentro, corrupta e putrefata”.

Eva e Lílite não são duas criaturas diferentes, mais dois aspectos de uma única entidade. O aspecto brilhante, solar, criativo, angélico foi chamado Eva (uma forma da divindade criadora IHVH – Iavé [YOD – HEH – VAV – HEH];o aspecto lunar, corrupto, demoníaco foi chamado Lílite.

Ela estrangulava almas com seu abraço ou com o enlace de um único fio de cabelo. Ela era chamada de mulher-serpente por causa de sua conexão com a corrente lunar da periodicidade, simbolizada por sua capacidade de assassinar “crianças” tão logo eram concebidas; mais tarde ela se tornou a deusa da Feitiçaria, a magia da noite (ou seja, da escuridão: magia negra), em oposição à magia do dia (ou seja, magia solar ou branca).

Estes aspectos gêmeos do Sagrado Anjo Guardião – o bom e o mau dáimon – parecem fascinantes e terríveis por vezes, do mesmo modo que a deusa káli aparece aos seus devotos como a gentil Durga ou a terrível Bhavani.

Consideradas misticamente, eles são duas entidades subjetivas, aspectos da consciência que podem ser vitalizados por métodos mágicos apropriados. Eles são companheiros vagos e esfumaçados que respondem às mais tênues evocações do sistema nervoso.

Num sentido espiritual, eles podem ser considerados como guias da alma pelas trilhas luminosas e obscuras de Amenti.

A evocação do companheiro obscuro para fins pessoais é citada por J. Marques-Rivière (“Ioga Tântrica”): “Eu fui capas de conhecer pessoalmente o apetite sexual anormal e absolutamente depravado destes falsos iogis.

O método usado é chamado de Praioga, através do qual é possivel visualizar e animar certas entidades femininas que são chamadas de Súcubos. “Arthur Avalon também se refere a um processo análogo de magia negra sexual em “O poder da serpente”:

“Aqueles que praticam a magia do tipo mencionado, trabalham apenas com o centro mais baixo, recorrem à Praioga, que conduz à Mayika Siddhi, por meio da qual é efetuado o relacionamento com espíritos feminos e similares.”

Crowley dá um método de gerar tais companheiros que envolve o uso do Sistema Enoquiano de Dee (John) e Kelley. Tais elementais, ou espíritos familiares, devem, diz ele, ser tratados com gentileza e firmeza. [nota digitador: em outro texto, diz que deve ser tratado como se trata um cão fiel ].

Os melhores tipos de “espírito” são os espíritos das Tábuas Elementais de Dee e Kelley divisaram para a conjuração de servidores mágicos. Estes servidores são “fiéis e perfeitos em sua natureza, afeiçoando-se a raça humana. E se não são tão poderosos quanto , são menos perigosos que os Espíritos Planetários.” Crowley os conjurou através das Chaves ou Chamados de Enoque (Ver o Equinox , Vol. I. nos 7 e 8). Depois dos chamados, ele realizava um ato de magia sexual como descrito no papiro Nesi Amsu, deixando o sêmen cair sobre as pirâmides de letras, formando os nomes dos espíritos que ele estava conjurando e sendo preservado dentro delas.

Em 1945, o então chefe de uma loja da O.T.O. , na Califórnia, realizou com sucesso uma operação similar, mas com resultados desastrosos para ele mesmo (ver o capítulo 9).

Grande parte da magia de Crowley era realizada no plano astral e normalmente envolvia alguma forma de intercurso sexual:

“a única operação “física” realmente fácil que o corpo de luz pode realizar é o Congressus Subtilis. As emanações do “corpo de desejo” do ser material que se está visitando são, se a visita for agradável, que espontaneamente se ganha substância no enlace. Há muitos casos registrados de crianças que nasceram como o resultado de tais uniões.”

Estas “crianças” eram elementais ou companheiros. Se “crianças”, eles atuam como servidores, como o familiar de uma feiticeira; se companheiros, atuam como elos através dos quais ele era capas de se comunicar com habitantes dos reinos astrais consoantes com a natureza do súcubo. Desta forma, Crowley ganhou acesso direto a regiões escondidas dos ocultistas, utilizando as velhas técnicas

cerimoniais de evocação. Isto também possibilitou, em muitos casos, que ele dispensasse um médium entre ele próprio e as entidades contatadas, pois pela união sexual com uma entidade não terrestre, ele era capaz de entrar no fluxo de contatos não-humanos sobre os quais Dion Fortune faz menção freqüentemente.

O “corpo de luz” é assim chamado porque era sabido desde antigamente que o homem ressucitava, não em seu corpo físico (como acreditam os cristãos), mas num veículo mais tênue e etéreo que se erguia da escuridão da morte, o abismo, assim como as estrelas que se erguem resplandecentes acima do horizonte.

O corpo astral ou fantasma era o tipo mais antigo de ressurreição porque – de acordo com a doutrina egípcia – quando a múmia se transformava no submundo de Amenti, quando então ela se espiritualizava ou “obtinha uma alma entre as estrelas do céu”, ou indivíduo se erguia de novo no horizonte como a constelação de Órion – a estrela de Hórus – o Sahu, ou corpo glorificado ressurrecto eternamente nos campos de Sekhet Aarhu (espaço da eternidade).

Órion representava o Hórus reerguido (o defunto glorificado) há pelo menos 6 mil anos, quando a Estrela (corpo astral) erguia-se da morte escura no Oeste, o submundo de Amenti (Ver O livro dos Mortos, Capítulo LXXXIX, etc.).

O corpo estelar ou astral é também chamado de Corpo de Desejo, porque ele é o veículo da sensibilidade no organismo humano. Este corpo foi atribuído ao mais antigo deus estelar, Set, que era também um deus do fogo. A Hórus, seu irmão gêmeo, foi atribuído o corpo espiritual representado pelo Sol. A ligação entre deuses estelares – ou do fogo – e o sol é a corrente lunar tipificada por Tot, Senhor da Magia e Escriba dos deuses. Tot é sagrado para o jovem deus Khonsu, de quem Crowley, como um mago, afirmava ser um avatar, identificando-se assim como um elo entre a Besta (Set, Senhor as estrelas) e o Anjo(Hórus, Senhor do Sol).

Como o sexo é a mola mestra do corpo astral, foi através de seu uso que Crowley cumpria grande parte de sua magia nos planos sutis.

“Nenhuma causa pode ser impedida de seu efeito, e se o efeito for impedido de se manifestar em um plano, ele o fará em um outro. E em sua manifestação secundária que o perigo espreita o praticante não iniciado, porque nesta fase ele gera uma imagem corrompida da Vontade. Para evitar isto, a Vontade deve ser tão firme como uma chama num local sem vento. O menor tremor e a imagem oscila. Eis porque a prática intensa da concentração mental é essencial. A mente e a vontade devem estar unidas e funcionar unicentradamente. Quando a imagem é distorcida, ela produz uma cria alienígena e parasítica que sobrevive da energia vital da pessoa que a trouxe à existência. Com cada novo ato sexual a criatura ganha poder; ela se torna um vampiro, obsediando o indivíduo e levando-o a ações de crueldade ou luxúria das quais normalmente ele seria incapaz. Éliphas Lévi descreve bem a situação:

“Quando alguém cria fantasmas para si próprio, ele coloca vampiros no mundo e deve nutrir estes filhos de pesadelos voluntários com o seu sangue, sua vida, sua inteligência e sua razão, sem jamais satisfazê-los.” (A Chave dos Mistérios, tradução de Crowley).

Se corretamente utilizada, entretanto, não há limite para o que se pode conseguir através do controle mágico da corrente sexual. Crowley escreveu: “Eu não sabia, até junho de 1912, da tremenda importância do conhecimento detido pela O.T.O. e, mesmo quando soube, não me dei conta dele.”

Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu, Crowley suspeitou que o fim da civilização era iminente. Ele baseou suas suspeitas no texto do terceiro capítulo de O Livro da Lei. É interessante ver o que ele escreveu a Frater Achad (Charles Stansfeld Jones, de Vancouver). Achad estava para se tomar a prova viva de que O Livro da Lei havia sido comunicado a Crowley por uma Inteligência preter-humana, demonstrando assim que a consciência pode se manifestar, e realmente se manifesta, independentemente do homem (isto é, da estrutura cerebral e nervosa do homem):

“Em vista do iminente colapso (isto é, da ordem atual do mundo), não seria essencial selecionar um número de homens adequadamente treinados e confiar-lhes os segredos dos quais dispomos? Meu conhecimento da técnica aumentou grandemente desde que escrevi meu Comentário ao Nono Grau.

A suprema importância deste assunto jaz nas considerações seguintes. As descobertas da Ciência no século passado ou no atual têm sido semelhantes a este respeito, [ou seja] que todos estão afastados da Virtude.

Elas podem ser igualmente utilizadas por homens vulgares, freqüentemente por homens meramente brutais, sob o controle de mestres vis e ignóbeis. O resultado é o que vemos.

Mas através da O.T.O. nós possuímos uma forma de energia mais forte e mais sutil do que qualquer outra já conhecida; e sua virtude é que ela não pode ser empregada com sucesso por homens ignorantes das leis espirituais e não treinados pelos métodos espirituais. O ser mais maligno da humanidade é capaz de se concentrar, o que é um fato essencial no sucesso.

Mas, apesar de devermos fazer tudo o que pudermos para guardar o segredo das mentes incapazes, não podemos negar que ele já seja amplamente conhecido, pelo menos de formas grosseiras e errôneas. Devemos confiar no fato natural de que a técnica da Virtude deve necessariamente prevalecer.

Ainda que aconteça o pior, eu acho que seria melhor que o mundo fosse regido por Lojas Negras e Brancas do que, como agora, seu governo não passasse de mera confusão. Por conta disto eu não vou me eximir da responsabilidade de usar este grande Segredo para determinar a direção na qual a esfarrapada árvore da civilização deva cair. É prioritário em tais questões que eu solicite a Sabedoria dos Irmãos Anciãos.

Dada a aprovação Deles, deveríamos encontrar pouca dificuldade em selecionar e treinar número suficiente de homens para estudar, desenvolver e aplicar esta energia.”

O Comentário sobre Líber Ágape (mencionado na carta acima) refere-se ao conhecimento secreto sobre o qual o Soberano Santuário da Gnose, IXº O.T.O. está constituído. O que Crowley não explicou no Comentário foi o papel representado pela shakti, ou a parceira feminina, selecionada para ajudar no ritual.

Vinte anos de pesquisa independente com a fórmula do IXº me convenceram de que Crowley não estava plenamente ciente da parte representada pelos kalas místicos, ou vibrações vaginais, emanados das shaktis utilizadas no rito.

A natureza dos kalas forma uma parte altamente técnica da doutrina tântrica. E evidente pelos seus diários, cartas e ensaios que Crowley estava ciente da importância da parceira durante os ritos sexuais. Ele diz, por exemplo:

“Eu estou convencido que uma importante consideração é aquela da parceira, e isto … está além do controle da consciência. Ao realizar trabalhos cerimoniais comuns em tempos passados, eu costumava achar que algumas pessoas pareciam ter a faculdade de conseguir que as coisas acontecessem no plano material, e isto instantaneamente.

Normalmente, elas não podiam fazer nada por si próprias; elas não eram nem mesmo clarividentes, mas comigo a dirigi-las, os fenômenos começavam a ocorrer de imediato.”

Discutindo a adequabilidade da parceira numa carta datada de 1938, ele diz: “Eu não acho que os tipos finos (de mulheres) sejam muito bons; as grosseiras são as melhores. Pessoas cujos instintos procriadores são naturalmente excessivos, mas que se volveram por uma ou outra circunstância para canais de voluptuosidade e extrema libido; por libido eu pretendo usar a palavra realmente em seu sentido mais amplo — uma intensa e instintiva luxúria por objetos variados.”

E em certas instruções referentes à Operação do IXº, ele escreve: “A escolha de uma assistente parece ser tão importante que talvez isto deva ser deixado ao capricho; isto é, à atração subconsciente.”

Uma pista quanto ao tipo qualificado de assistente para o papel de Mulher Escarlate é fornecida em O Livro da Lei, capítulo dois:

“Magníficas bestas de mulheres com longos membros, e fogo e luz em seus olhos, e massas de cabelo flamejante à sua volta…”

Estes epítetos não são meros dispositivos literários. Eles são cifras dissimulando características definidas pelas quais o iniciado é capaz de reconhecer a atitude mágica em certos tipos de mulheres. Os floreados elogios do charme feminino encontrados em muitos tantras similarmente dissimulam as precisas características requeridas para uma operação mágica bem-sucedida.

Em termos tântricos, a Mulher Escarlate é Suvasini; literalmente “a mulher que emana um cheiro adocicado” do Círculo Místico (chacra) que é formado para o propósito de obter oráculos e tantras. Tantras são coleções de instruções em magia, comunicadas por inteligências para-terrestres de modo muito semelhante àquele em que O Livro da Lei foi comunicado a Crowley.

Nos tempos antigos, as sumo-sacerdotisas de Dodona, Delfos e Elêusis cumpriam funções oraculares similares; elas se tomavam o sagrado Uterus, o Emissor”‘, da Palavra.

A falta de informações precisas no que se refere às funções da parceira feminina e a descoberta por não-iniciados, após a morte de Crowley, de referências em seus Diários Mágicos a determinadas mulheres, algumas das quais preenchiam, e outras não, os requisitos necessários ao ofício de Mulher Escarlate, levaram a uma má interpretação generalizada de suas atividades e de seus motivos.

O Chacra Místico, ou Círculo Mágico dos Tantras, é uma forma simbólica e extemalizada dos centros sutis do corpo humano. A ioga está repleta de descrições destes chacras, sete dos quais são de grande importância. Eles foram descritos detalhadamente em numerosos livros de ioga e anatomia oculta, e ocultistas como Dion Fortune chamaram a atenção para suas correspondências no sistema endócrino. Vendo o assunto por este ângulo, muitos fatos interessantes emergem, alguns dos quais são descritos no Capítulo 4.

Os alquimistas preocupavam-se com o organismo vivo, e suas peculiares potencialidades, não menos do que os tântricos, sua contraparte oriental. Além disso, foi provado por experiências científicas que os chacras emanam um poder sutil. Em 1939, Wilhelm Reich descobriu uma energia radiante em bíons derivados da areia. Mais tarde, eles foram encontrados no solo, na atmosfera, na radiação solar e no organismo vivo.

Em Aspectos do Ocultismo, Fortune menciona as. vibrações detectadas na areia. Ela atribui a estranha influência do Egito à “eletricidade gerada pelas areias sempre em movimento do grande deserto do Saara, que, assim, muda o índice normal de vibrações, cujo resultado é uma expansão da consciência”. Descobriu-se que o chacra Ajna, comumente chamado de terceiro olho, consiste de partículas de uma substância muito fina semelhante à areia, ou a cristais num aparelho de rádio receptor.

A afinidade entre as secreções das glândulas endócrinas e as vibrações irradiando dos chacras sutis explorada pelos iogues forma a base da magia sexual que utiliza estas vibrações de um modo ainda desconhecido para a ciência. Todos os assim chamados cultos fálicos possuíam originalmente o verdadeiro conhecimento destas questões, antes que ele fosse perdido ou pervertido pelo uso impróprio. O que resta da sabedoria antiga é o vestígio somente de ritos corrompidos e fálicos; são estes, e não as verdadeiras doutrinas, que são hoje o alvo dos peritos que se auto-denominam “sofisticados” e “experts iluminados”, cuja sabedoria mundana é, de fato, nada comparável àquela dos antigos.

A Tradição Mágica, a qual incluía o sexo como um meio de consecução espiritual, existia muito antes dos tempos dinásticos do antigo Egito, e existem antigas referências a ela nos escritos sagrados da Índia e da China.

No Egito, esta tradição era conhecida como o Culto Draconiano ou Tifoniano. Ela foi a primeira forma sistematizada dos antigos mistérios africanos.

As doutrinas que os Egípcios elaboraram num culto altamente especializado floresceram mais tarde nos tantras da Índia, Mongólia, China e Tibete. “O quão paradoxal possa parecer”, escreve Crowley, “os Tântricos são na realidade os mais avançados entre os Hindus. A essência dos cultos tântricos é que pela realização de certos ritos de Magia, não apenas se escapa do desastre, mas obtêm-se bênçãos positivas.

O tântrico não é obcecado pela vontade de morrer. É difícil, não há dúvida, conseguir algum divertimento na existência, mas ainda assim não é impossível.

Em outras palavras, ele nega implicitamente a proposição fundamental de que a existência é sofrimento e formula o postulado essencial … que meios existem pelos quais o sofrimento universal (aparente na verdade a toda observação comum) pode ser desmascarado, assim como quando nos ritos iniciatórios de Ísis, nos antigos dias de Khem (Egito), um Neófito aproximando sua boca, sob compulsão, das espichadas nádegas do Bode de Mendes, via-se acariciado pelos lábios castos de uma sacerdotisa virgem desta Deusa, em cuja base do relicário estava escrito que Nenhum Homem levantou o Seu véu.”

Crowley sabia que o ponto crucial do ritual tântrico jaz em sua conexão com o êxtase magicamente induzido do orgasmo sexual. Orgasmo, no sentido reichiano de um fulminante paroxismo envolvendo o organismo inteiro, está algumas vezes em contradição com o conceito tântrico de (a) orgasmo total, ou (b) uma total ausência de orgasmo; ambas as interpretações foram lidas em textos tântricos.

Em ambos os casos, o orgasmo é comumente visto como fenômeno psicofísico. Mas isto é incorreto. Reich enfatizou a distinção entre ejaculação e orgasmo, um sendo físico e o outro, estritamente falando, metafísico.

Ejaculação sem orgasmo é uma ocorrência comum e, como Reich apontou, o orgasmo total é um fenômeno muito menos frequente. Ele é indubitavelmente bem menos frequente do que ele supunha. A concepção tântrica do orgasmo em seu sentido diretamente sexual (pois ele tem outros [sentidos]) é de uma natureza mais compreensível; ele pode, de fato, ser descrito como parassexual. Ele envolve a shakti Kundalini, da qual o aspecto sexual é sua forma mais material. A produção real do sêmen é o produto final, se não o produto-dejeto, que sobrou de uma corrente de consciência imprópria e incompletamente absorvida.

A Corrente da Consciência é dupla: mágica e mística. A primeira opera nos chacras mais baixos, a última, nos mais altos. Aquilo que é ejaculado como sêmen é a energia não absorvida (prana ou ojas), e ele sempre contribui para a criação de formas materiais, alojadas num útero ou não. Caso contrário, o transbordamento (como na masturbação, sodomia, felação, etc.) é tomado pelo astral e por entidades qlifóticas e transformado em organismos já existentes nos planos sutis.

Paracelso refere-se aos homúnculos (criaturas geradas artificialmente) feitas de esperma independentemente do organismo feminino e às larvas astrais e monstros parasíticos construídos da substância de imaginações voluptuosas.

O orgasmo pode ocorrer em qualquer dos seis principais centros do corpo ou em todos simultaneamente, em cujo caso um sétimo é trazido à existência como o supremo evento-ato. Ele é representado como existindo, ou vindo a existir, na coroa da cabeça. Este é o Sahasrarachacra, o lótus de mil pétalas que se diz estar situado na região da sutura craniana. No momento da morte de um Adepto, ou no princípio de um transe profundo, a consciência deixa o corpo por este centro.

Ela assim o faz acompanhada de uma indescritível felicidade. A felicidade é a verdadeira natureza da Consciência, que se manifesta como Luz.

Ela é o orgasmo ultima do qual todas as manifestações menores são senão sombras, pois este orgasmo é o Grande Ir, o andarilho sendo a designação especial dos deuses mais elevados, tanto na tradição do Egito quanto na da Índia. A cruz anca — ou a tira de sandália — é o seu símbolo, a semente secreta, o andarilho de vida em vida, o andarilho que transcende a morte completamente.

A tira de sandália, o símbolo do andar e, portanto, do orgasmo, é o glifo de Vênus, a deusa do amor; ela é o instrumento, no sentido sexual, da transcendência ultimal da consciência individual.

O orgasmo nos vários centros é o florescer de poderes específicos ocultos na anatomia sutil do corpo do homem. Os poderes (siddhis) pertencentes a cada lótus são descritos em qualquer manual de yoga. Quando a Serpente de Poder descarrega-se como sêmen, os resultados são físicos, em oposição aos [resultados] metafísicos.

Em O Livro da Lei, que pode ser descrito como um tantra moderno, o movimento deste Poder para baixo e para fora é descrito como resultando em peçonha, isto é, veneno (Hl.) em oposição ao néctar (^):

“Eu sou a secreta Serpente enroscada prestes a pular: em meu enroscar está o prazer. Se Eu ergo minha cabeça, Eu e minha Nuit somos um. Se Eu abaixo minha cabeça, e germino veneno, então é a raptura da terra, e Eu e a terra somos um.”

Seja qual for a meta do homem concebida por Reich e outros, para os tântricos a meta é atingida por uma reversão do processo que leva à substanciação do Poder gerado durante o orgasmo.

No Budismo Tântrico, por exemplo, ao bodicita (luz da consciência30) não é permitido formular-se como sêmen; o processo é inteiramente místico, e quando mulheres participam do ritual, elas são utilizadas para estimular a Kundalini, para despertá-la do sono no centro mais baixo, antes dela começar sua ascensão.

O notório Círculo Aula dos Vamacarins (tântricos do Caminho da Mão Esquerda), em algumas de suas divisões, utiliza a fêmea para propósitos similares, mas ela permanece virgem.

Criou-se alguma confusão devido à natureza curiosamente ambivalente do simbolismo adotado pelos iniciados orientais. Existem, sem dúvida, algumas divisões tântricas que de fato expressam a Corrente-Consciência como sêmen e, então, reabsorvem-no no sistema por um método no qual o pênis é usado como um sifão. Isto é perigoso, a menos que o praticante seja um adepto.

Crowley evitava, de certo modo, os perigos ao absorver a substância oralmente durante suas operações mágicas.

Para ser efetivamente utilizada desse modo, a Corrente-Consciência deve ser carregada pela Vontade do operador no momento de sua transformação em sêmen. É a fusão total dos princípios ativo e passivo numa explosão deslumbrante de êxtase que constitui a transubstanciação dos elementos grosseiros do Rito Sagrado nos sacramentos glorificados do verdadeiro casamento místico.

A palavra orgasmo implica um rito, ou operação, sagrado além também de seu significado indicatório do paroxismo e expansão emocionais. Os gnósticos chamavam este rito de Missa do Espírito Santo e as essências masculino-feminina — expressas em suas formas grosseiras — eram simbolizadas pelo pão e pelo vinho. A Missa Gnóstica é portanto um eidolon do êxtase, ou orgasmo, metafísico que está velado sob o símbolo do Espírito Santo, do qual a pomba (o pássaro de Vênus) é o veículo especial. A pomba é também um símbolo do Jardim do Éden (o Campo do intercurso de energias ódicas), tipificado e tomado real pela mulher. Jardim é um dos significados da conhecida palavra para a vulva (conforme Kent, “o jardim do sul”). Mas uma mulher não está necessariamente presente no ritual tântrico, não mais do que ela precisa estar presente quando ocorre o orgasmo sexual.

O sonho molhado é um exemplo disto. Há um despertar no momento crítico, exatamente quando a Corrente-Consciência começa a fluir para fora do corpo sob a forma de secreção. A Consciência fluindo para fora é a mente, ou mais precisamente, a mente em movimento, ou seja, o pensamento. Quando isto ocorre, o sonho (o estado subjetivo de criação de imagens) passa para o estado desperto (o estado objetivo de criação de imagens). E nessa junção que o adormecido desperta, e, por um rápido momento, fica convencido de que estava coabitando com uma mulher real. Um súcubo foi gerado, uma objetivação — pela luz da consciência dentro da mente — do desejo da mente, porque a mente sempre assume a forma de seu objetivo. A experiência é tão vívida quanto como se fosse real. Para o sonhador, a atividade do sonho é tão real quanto é a vida diária para a pessoa inteiramente acordada.

Quando a corrente é revertida, a Consciência assume a sua própria forma, que é em realidade Não-Forma, pois ela é vazia, isto é, além da forma. O vazio é o Atma do Hinduísmo que é igualado ao verdadeiro princípio imortal, o Verdadeiro Ser. No estado de vazio, a felicidade pura é experienciada, como no sono profundo e sem sonhos.

Não há nenhum conhecedor ali, nenhum objeto a ser conhecido, nenhum homem ou mulher, nenhum sujeito ou objeto. Conseqüentemente, a Consciência assume sua própria natureza que é auto-resplandescente. Quando esse estado é alcançado cognitivamente (não se pode dizer “conscientemente”, pois não há jamais um tempo em que a consciência não exista), então o sono profundo se toma não um esquecimento, mas imediata consciência de si, que é o Conhecimento Puro cuja natureza é a Felicidade.

Por este meio, o tântrico procura liberar-se da escravidão da matéria, da dualidade do universo fenomênico e numênico. Ele é um orgasmo da Consciência, um florescimento da Consciência além de toda dualidade.

Edward Carpenter (O Cimo de Adão para Elephanta, 1892) notou, a propósito de certas doutrinas hindus, que elas contêm “um vislumbre da profunda verdade subjacente de que o universo inteiro conspira no ato sexual e que o orgasmo em si é um flash da consciência universal…”

Isto é verdade, mas não é toda a verdade. A Corrente-Consciência é vista por clarividentes como um filete de brilho no interior do canal central (espinha) do corpo humano. Ela pode ser vista como uma trêmula teia de ramos cintilantes interpenetrando o corpo astral, o Corpo de Luz. A identificação da Consciência com a Luz é antiga e universal. A frase bíblica declara: “A luz do corpo é o olho; se, portanto, tiveres um único olho, teu corpo inteiro estará cheio de luz.”

O Olho é o símbolo do Vidente; ele é a consciência que ilumina objetos e toma a visão possível. Ele é também um símbolo da yoni, a fonte das imagens. Como tal, ele é idêntico à própria Consciência, sem a qual imagens ou formas não podem existir. A passagem bíblica refere-se à prática de reter a luz (Consciência) em seu estado imaculado ou pré-conceptual, impedindo seu fluxo ao exterior e a fabricação de imagens no mundo material.

No momento do orgasmo uma luz brilhante parece explodir interiormente. E difícil dizer precisamente aonde isto ocorre; diz-se que [a explosão] pode ser localizada, pelo observador alerta, em um ou outro dos centros sutis ao longo do canal espinhal. Dion Fortune chamou a atenção para o fato de que estes centros aproximam-se de regiões específicas do sistema endócrino e estão conectadas à produção de secreções endócrinas. Não se deve supor que os chacras respondam à investigação física, assim como a mente não pode ser descoberta por cirurgia cerebral. Os chacras existem como realidades em dimensões extra-físicas, e eles são tão reais em seu próprio plano quanto os sonhos o são no seu.

A polaridade sexual no seu sentido mais profundo e tântrico é uma forma natural de união (ioga) usada por Adeptos, Ocidentais e Orientais, para a consecução do Objetivo último. Paracelso, Lévi, Blavatsky, Hartmann, Fortune e outros pontilharam seus escritos com pistas, mas coube a Crowley falar plenamente, desenvolver o relato mais completo e mais sistemático deste caminho ambíguo.

A ignorância geral, os mal-entendidos e as interpretações malévolas de seus escritos fizeram o melhor que podiam para obscurecer seu propósito, mas agora, mais de vinte anos depois de sua morte, a situação afinal mostra sinais de mudança.

Nos tempos mais antigos, o fogo do processo criador era identificado com a Besta (conforme Bast, a deusa egípcia da luxúria e do calor sexual), simbolizada pelo hipopótamo, o crocodilo, a leoa, o gato, o porco ou a vaca. Quando este simbolismo foi interpretado antropo-morficamente, como mais tarde o foi, o próprio órgão gerador era escolhido para representar o processo criador inteiro. Com o decorrer do tempo, a besta transformou-se na forma humana31, mas a kteis, o órgão simbólico da mudança, ou transformação, permaneceu o mesmo.

Nos hieróglifos ela representava O Grande Poder Mágico32 que concentrava (simbólica e verdadeiramente) o poder da besta de recriar e transformar a si própria, de projetar sua imagem no futuro como se por magia e de continuar fazendo assim, para sempre. Uma santidade especial era então atribuída à genitália feminina, o portal da vida perpétua.

Num período bem mais tardio, os egípcios ocultaram a identidade humana de seus deuses sob máscaras de animais que representavam os tipos de energia que se desejava invocar e controlar. A acuidade visual do falcão, por exemplo, e sua habilidade de subir aos céus e de aproximar-se do sol fez com que ele se tomasse um glifo solar de deuses tais como Hórus e Rá.

Os sacerdotes assumiam a máscara ou a forma-deus de um falcão em operações envolvendo clarividência, descoberta de tesouros ocultos e assim por diante. A Cobra, com sua velocidade, sua sutileza e habilidade para trocar sua pele já usada, tomou-se o modelo de rejuvenescimento e mudança, e, portanto, de magia.

Assim também ocorreu com a Lua em uma fase de seu simbolismo. A Cobra era, originariamente, um glifo da fêmea devido a seus poderes de renovação periódica; ela unifica o dualismo do poder fálico, primeiramente em seu aspecto feminino e mutante (como a energia lunar) e, em segundo lugar, em seu aspecto criativo como energia solar tipificada pela súbita ereção e a fulminantemente e rápida ejaculação do veneno. O conceito finalmente mesclou-se com a Serpente de Poder, a Kundalini dos Tantras.

A antiga fórmula conhecida como Assunção de Forma-Deus foi revivida na Aurora Dourada e foi continuada na O.T.O, sob símbolos fálicos.

Esta fórmula evoca as shaktis (poderes) latentes nos elementos, nas bestas ou nos “deuses” que representavam aspectos da mente subconsciente do homem incorporados em formas simbólicas.

A transição do mortal para imortal é conseguida por um ato de vontade criativa, e a arma mágica (Baqueta ou Falo) é a erétil chama impetuosa comum na besta e no homem. O deus Mentu33 ou Min era a forma itifálica de Hórus; de Min é derivada a palavra Man (Homem).

Mentu tomou-se Mendes, o nome do antigo nomo egípcio consagrado à Cabra ou Bode, o Baphomet dos Templários retratado com o falo exaltado. O poder primai era também simbolizado pela Serpente Ureus que coroava os deuses egípcios ou pelos chifres que sobressaíam da fronte do Grande Deus Pã, o Todo-Criador dos gregos. É a Kundalini erguendo-se, idêntica à cadeia de símbolos de Set-Pã-Baphomet-Mendes-Fênix.

Nos primeiros estágios da carreira mágica de Crowley, o uso involuntário de magia sexual, mais as repetidas assunções de formas-deuses do antigo Egito — especialmente aquela de Hórus-Falcão —, resultaram no rapport com Aiwaz em 1904. Onze anos mais tarde (1915), ele reconheceu a si próprio como sendo A Besta 666, um Magus da A.’. A.’. e Senhor do Éon de Hórus, cuja Palavra é Abrahadabra e que oculta a fórmula de Shaitan e da magia sexual-34

Qualquer que seja a natureza específica desta “besta” (falcão, leão-serpente, dragão, fênix, etc.), isto implica na identificação com uma entidade não humana. Crowley identifica a si próprio com a Besta 666 porque este número é uma máscara de Hadit ou Set (Shaitan), representado celestialmente pela Estrela-Cão, e na terra, pelo falo.

O número do Sol é 6 (simbolizado pelo Selo de Salomão); o número da Estrela de Set é 6, como no Hexagrama Unicursal que é o Hexagrama de Invocação da Besta; o número do Filho (“criança”) é também 6 (Vau ^) — portanto, 666. Similarmente, a Mulher Escarlate, Babalon — o lar do Falo — representada astronomicamente por Nuit (Draco) e Suas “estrelas”, é, sobre a terra, a Vésica ou Kteis, e seu número é 7, que é o número de Vênus, seu representante planetário.

Originalmente, entretanto, o número 7 é derivado de sua identidade com as sete estrelas da Grande Ursa, ou Dragão do Espaço, cujo nome era Sephek ou Sevekh (Sete). “Hesitar entre o seis e o sete” é uma expressão baseada nesta vasta e antiga tradição oculta, derivada de um tempo em que a confusão reinava devido à mudança dos meios de cálculo Estelar (7) para o Solar (6). O assunto é muito complexo para ser tratado aqui.

O leitor deve consultar os capítulos de Gerald Massey sobre o “Tempo” em A Gênese Natural, Volume II, Seção XII. Os primeiros cálculos de tempo centravam-se na revolução da Serpente (Draco ou Nuit) em torno da Estrela-Cão (Hadit).

Sept ou Set, a Estrela de Sótis, é na realidade o nome do Número Sete, o número de Sevekh ou Vênus que, numa época mais tardia era a representante planetária dos conceitos estelares originais. Portanto, a Estrela de sete raios de Babalon ë um glifo do Espírito de Sótis; ela é a Estrela de Ísis-Sótis — a Mãe e a “Criança”. A Besta ou Dragão do Apocalipse tinha sete cabeças (as sete principais estrelas da Ursa Maior), e o manifestador destas Luzes ou Espíritos não era nem o sol nem a lua, mas “a Luz que ilumina a Cidade”.

Mas há uma outra interpretação do 6 e do 7, mais mágica ainda, que está oculta na união deles (13). Este número, além de sua implicação lunar é também 31 ao contrário e indica que a chave para a fórmula da Magia especialmente característica da Besta e da Mulher deve ser buscada no XIº O.T.O.

As “Estrelas”, magicamente falando, representam a consciência astral concentrada nas essências sutis (kalas, unidades de tempo) que foram descritas nos tantras secretos da Índia como vibrações vaginais. Em O Livro da Lei, Aiwaz revela sua identidade e concentra a fórmula de Shaitan nestas palavras misteriosas:

“Vê! Isto é revelado por Aiwass o ministro de Hoor-Paar-Kraat. O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs. Adore então o Khabs, e contemple minha (ou seja, de Nuit) luz derramada sobre vós!”

Khabs é uma palavra egípcia que significa “Estrela”, e o khu é a essência ou poder mágico feminino. A Estrela (isto é, Sótis, a Estrela de Shaitan) reside no poder mágico da essência geradora da fêmea, pois a Estrela-Cão é Sótis, que também é chamada a Alma de ísis. Pela adoração (isto é, utilizando deliberadamente ou ritualmente) desta “Estrela”, a Luz de Shaitan também é invocada. Estes versos compreendem a fórmula inteira da magia sexual e o seu modo de utilização.

Também, de acordo com o antigo saber mágico, a fórmula da encarnação de um deus era aquela da besta unida à mulher. Nos comentários sobre A Visão e a Voz, Crowley observa que “todas as mitologias contém o mistério da mulher e da besta como o coração do culto. Notadamente, certas tribos do Terai até os dias de hoje enviam suas mulheres anualmente para a selva, e todos os meio-macacos que daí resultam são adorados em seus templos.”

O ato sexual (nestes casos) pode ser elevado do nível de um ato animal pela influência humanizadora da Mãe, a qual, transmutando o fogo animal, produz uma criança que transcende ambas as qualidades bestiais e humanas de seus pais.

No Bhag-i-Muattar (1910) Crowley diz que “a Esfinge é a deificação do bestial e, portanto, um Hieróglifo apto da Grande Obra”.

A Besta, como a corporificação do Logos (que é Thelema, Vontade), encarna simbólica e verdadeiramente a Palavra deste cada vez que um ato sacramental de união sexual ocorre; ou seja, cada vez que o amor é feito sob vontade. Este é o sacramento que os Cristãos abominam como a suprema blasfêmia contra o Espírito Santo porque eles não podem admitir a operação da fórmula da besta unida à mulher como a condição necessária para a produção da divindade!

Esta fórmula remonta à antigüidade e, interpretada em seu próprio plano, é a sublime alegoria alquímica.

A tradição da tribo do Terai (vide acima) corresponde às lendas de Leda e o Cisne, Pasife e o Touro, Europa e a Serpente, Maria e a Pomba, e numerosas lendas cognatas. Em A Operação de Paris (1914), Crowley declara: “Esta é a grande idéia dos magistas em todos os tempos: obter um Messias por alguma adaptação do processo sexual.

Na Assíria, eles tentaram o incesto; também no Egito, os egípcios tentaram com irmãos e irmãs; os assírios, com mães e filhos.

Os fenícios tentaram com seus pais e filhas; os gregos e sírios, com as maiores bestialidades. Esta Idéia veio da Índia. Os judeus procuravam fazer isso por métodos de invocação, também por pae-dicatio feminarum.

Os maometanos tentaram com o homossexualismo; os filósofos medievais tentaram produzir homúnculos fazendo experimentos químicos com sêmen.

Mas a Idéia raiz é de que qualquer forma de procriação além da normal é a mais apta para produzir resultados de caráter mágico. Ou o pai da criança deveria ser um símbolo do sol ou a mãe deveria ser um símbolo da lua.”

No mesmo texto, Crowley menciona a adoração do touro Ápis num certo labirinto em Creta. Esta adoração é derivada do Egito. O touro era branco.

Na Festa do Equinócio da Primavera, doze virgens eram sacrificadas a ele, sendo doze o número simbólico das casas através das quais o sol passa durante o seu ciclo anual. Em cada caso, o touro usava as virgens conforme a lenda de Pasife. A cerimônia era realizada com a intenção de obter um Minotauro, uma encarnação do sol, um messias.

Uma variação deste sacrifício envolvia a imolação do touro. A virgem era colocada na carcaça quente e era violada pelo Sumo-sacerdote. Ela finalmente se sufocava no sangue do touro durante o orgasmo.

A fórmula da Besta unida à mulher está relacionada à undécima Chave do Tarô. Esta Chave intitula-se A Luxúria; ela mostra a Mulher Escarlate, Babalon, montando com as pernas abertas a besta de sete cabeças conforme descrito no Apocalipse. A letra sagrada Teth35, que significa uma serpente, é atribuída a esta Chave; seu número é Nove.

A Luxúria é especialmente importante no Culto de Thelema, e está relacionada à Vigésima Chave que exibe a Estela da Revelação36. A Estela é um talismã de grande poder no sistema de Crowley. Ela mostra a deusa Nuit arqueada sobre o Fogo fálico-solar de S? (Shin), o Espírito, a letra de Abrasax ou Abrahadabra, a Palavra do Éon do qual Aiwass é a atual expressão. Shin é também a letra de Shaitan ou Set, o Fogo do Desejo (Hadit) no Coração da Matéria (Nuit). A combinação dessas duas Chaves (Vinte e Onze) une, portanto, Shin e Teth. Na cabala Greco-Cóptica elas são fundidas em uma única letra que iguala-se a Kether, a Primeira Emanação da Luz Mágica.

Babalon e a Besta unidos, como na undécima Chave, realizam ao reverso a fórmula da vigésima Chave, que foi intitulada de O Juízo Final no baralho tradicional do Tarô. Agora, entretanto, tendo sido revisada de acordo com os ensinamentos do Novo Éon, a chave foi renomeada como O Éon.

Um Éon, conforme explicado anteriormente, designa não apenas um ciclo de tempo mas é também o nome que os gnósticos deram à sua Divindade Suprema, Abrasax, da qual Abrahadabra (a Palavra do atual Éon) é uma forma especial.

Na Chave intitulada Luxúria (Chave XI), Babalon é mostrada elevando o Graal; na Chave intitulada O Éon (Chave XX), o Graal — sob a forma do corpo arqueado de Nuit — está invertido, regando assim a terra com sua luz

35. Teth, Set ou Tot são termos sinônimos e todos associados ao Lúcifer Hermético, ou Luz de Hermes.

36. Outra prova cabalística do Sistema emerge aqui. O número da Estela é dado em u Livro da Lei como 718. 718 é duas vezes 359, o número de Shaitan. Isto identifica o Duplo Poder de Aiwaz (Ra-Hoor-Khuit e Hoor-Paar-Kraat) com o Éon — que é o nome da Chave que exibe a Estela estelar. A fusão dessas duas imagens formula o Divino Hexagrama:

o fogo fálico (A) ou triângulo ascendente intrelaçando-se com a Água do Espaço representada pela yoni de Nuit, Noite, Nox ou Nada apontando para baixo (V).

Mas a estrela de seis raios assim formada é sêxtupla apenas aparentemente, pois a semente secreta (Hadit) está oculta em seu centro, tornando-a na verdade o selo de sete raios de Babalon — a deusa das Estrelas, o Dragão de Luz no Coração de Nuit. Esta semente secreta, chamada hindu nos Tantras, é o Ponto potencialmente criador oculto dentro do Chacra Místico.

Os rituais da Ordem Rosa-Cruz (a Segunda Ordem da Aurora Dourada) estão amplamente impregnados com traços do Culto Sabeano ou Estelar Draconiano. Isto é particularmente evidente no simbolismo do Piso e do Teto da Cripta dos Adeptos.

Crowley usou a estrela sétupla como base para o Selo que ele formulou para a Grande Fraternidade Branca. O maior emblema da Estrela de Prata é, assim, o selo sétuplo sobre a Yoni da Deusa das Estrelas. Nas yonis, ou triângulos, aparecem as sete letras do Nome B.A.B.A.L.O.N.

No centro, uma Vésica é mostrada bloqueada ou barrada, indicando a presença da semente secreta; o ponto tomou-se a linha, o diâmetro tomou-se a circunferência. Esta semente é o “eremita”, a oculta, mascarada, anônima essência masculina no processo de gerar sua imagem como o filho-sol na deusa Mãe. Este é portanto o Selo de Set que abre o útero de sua mãe, assim como a estrela Sótis abre o Círculo do Ano. Sua luz infinita interrompe a Noite dela e faz com que ela apareça como a Escuridão infinita.

O simbolismo origina-se da fase mitológica da evolução humana, uma fase que data de muito antes dos sistemas patriarcais das sociedades mais tardias, tanto sociológica quanto religiosamente consideradas.

Ele se origina daquele período do tempo quando o papel do homem na procriação era ainda insuspeitado. O simbolismo, portanto, reflete um estágio na consciência humana quando os mecanismos da regeneração eram conduzidos por sacerdotes sob a máscara da besta, ensaiando assim o drama primitivo da fecundação, quando a Grande Deusa tinha a imagem de uma forma animal, acima de tudo. Nuit, arqueada sobre a terra, traduzia este simbolismo numa imagem antropomórfica.

A assunção ritualística de formas-deuses, conforme ensinada e praticada na Aurora Dourada tem, entretanto, um significado mais profundo do que o encenação de fases sociológicas primitivas do comportamento humano, e a assunção de Crowley da máscara da Besta não era um mero gesto de identificação com os processos primitivos.

Ele assumiu o papel com o intento mágico de afirmar sua identidade não apenas com os atavismos pré-civilizados, mas com aqueles poderes transcendentais que, quando adequadamente controlados e dirigidos, ele era capaz de encarnar à vontade. Isto forma as bases de sua magia.

John W. Parsons, chefe da Loja californiana da O.T.O., (de 1944 até sua morte prematura em 1952), resume esta magia:

“Para ir fundo, você precisa rejeitar cada fenômeno, cada iluminação, cada êxtase, indo sempre mais fundo, até que você alcance os últimos avatares dos símbolos que são também os arquétipos raciais.

Neste sacrifício aos deuses abissais está a apoteose que os transmuta na beleza e no poder que é a sua eternidade, e a redenção da humanidade.

Neurose e iniciação são a mesma coisa, exceto que a neurose pára logo após a apoteose e as forças tremendas que moldam a vida são enquistadas — colocadas em curto-circuito e tomadas venenosas. A Psicanálise transforma os símbolos do falso ego e os exterioriza em falsos símbolos sociais; ela é uma confusão entre conformidade e cura em termos de comportamento de grupo.

Mas a iniciação deve prosseguir até que a barreira seja ultrapassada, até que os bastiões nebulosos dos Trawenfells infantis se mudem em rochas e penhascos da eternidade; o jardim de Klingsor transforme-se na Cidade de Deus.”

Não importa, no fim, se a nova dimensão, o fator de redenção, o “Salvador” seja uma besta ou um deus, contanto que a fórmula da Matéria seja transcendida ou, mais precisamente, contanto que o Espírito (Shin) e a Matéria (Teth) sejam compreendidas como Um.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-sexual/bases-metafisicas-da-magia-sexual/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-sexual/bases-metafisicas-da-magia-sexual/

Thelema e o Número 11

Outra questão que me chega constantemente diz respeito ao valor simbólico do numeral 11, cujos mistérios possuem tremenda relevância dentro do Sistema de Iniciação proposto por Aleister Crowley. O estudo e a análise deste Undécimo Arcano, sob o ponto de vista thelêmico, muito trará para a consciência do Adepto ou do Estudante do Ocultismo, principalmente quando este for capaz de não se deter ou limitar antes as extravagantes ressalvas a ele atribuídas. Que fique claro, contudo, que o exposto abaixo segue uma linha de entendimento particular, totalmente em concordância com o Aprendizado e o Conhecimento Thelêmico. Portanto, aqui, fornecerei alguns elementos iniciais para que os thelemitas, ou quaisquer interessados, possam meditar a respeito e daí começar a tirar suas próprias conclusões.

Sobre o numero 11, alguns ocultistas, como Dion Fortune e seus seguidores, por exemplo, o associam há alguns aspectos pouco luminosos da criação, visto seu relacionamento com a assim chamada “não esfera”, o “excesso” além da Criação de Deus. Tal rígida interpretação tem nas bases do fundamentalismo cristão a sua provável raiz. Até mesmo no julgamento de Santo Agostinho encontraremos referências ao numeral 11 como sendo um estandarte dos excessos humanos, o “Brasão do Pecado”, dizia o pai da teologia cristã. O argumento que sustenta este ponto de vista sobre o 11 é curioso: se o número 10 compreende a totalidade da Criação de Deus, representando o Universo propriamente dito, aquilo que vier imediatamente após este número estará fora do Plano Divino, além da Vontade que tudo rege. Neste caso, o 11 aparece como sendo o ser humano integral e não mais como simples servo de Deus. Ele surgirá na forma de “algo” que excedeu os limites da Criação, que saiu do Paraíso perfeito e que agora caminha por vontade própria.

Sob o ponto de vista da religião thelêmica, inicialmente, o número 11 comporta indica o total de batidas (ou silabas) da frase inglesa “Do what thou wilt shall be the whole of the Law”, máxima central do Universo Thelêmico. A tradução mais próxima do original que conhecemos é: “Faze o que queres há de ser o todo da Lei”. Embora nesta tradução haja a perda do ritmo das 11 batidas, a frase mantém o ritmo Quádruplo e Sétuplo da sentença original. Mas, passemos para alguns outros mistérios.

Como todos sabem, a primeira letra do alfabeto hebreu, “Aleph”, equivale a letra “A” latina. Seu valor Gemátrico é 1. Assim, não fica difícil, por substituição, relacionar a Ordem criada por Crowley, de nome A.’.A.’. ao número 11. Os graus dessa Ordem somam um total de 11 graus principais (se considerarmos o estado de Probação 0=0 um Grau), classificados de 1=10, 2=9, 3=8 etc., até 10=1. Curiosamente, se somamos os números de qualquer uma dessas classificações, (1+10 ou 2+9 ou etc.) chegaremos a 11.

Nuit, entendida pelo nome da Deusa Egípcia Nu, possui valor igual a 56, segundo a Gematria. Note que 5 + 6 = 11. Logo, temos um dos principais aspectos femininos thelêmicos relacionados com o número 11. Mas essa relação não se limita somente a Nuit. Para tal, basta lembra-nos do Trunfo XI (Arcano 11 do “Livro de Thoth, mais conhecido como “Tarot de Crowley)), batizado como “Lust”, com uma marcante representação de Babalon, para vermos a relação direta desse outro aspecto feminino com o numero 11.

Falamos do 6 e do 5. Todos devem conhecer aquela simbologia da relação entre o Macrocosmos & Microcosmos, o Universo & o Homem, o Hexagrama & o Pentagrama, etc. & etc. Pois bem, em thelema, este símbolo ganha proeminência pois (isso fica claro na antiga imagem de um pentagrama dentro do hexagrama, 5 + 6) a soma resultante é 11, numero, como estamos vendo, de grande relevância dentro da Magick. Porém, mesmo sendo esse símbolo de grande significado para thelema, ele está carregado de fundamentos do Eon de Osíris. Assim, Crowley, em suas manias de inventar símbolos novos, para representá-lo, tirou fora o Hexagrama (que é um símbolo judaico, estando associada ao velho Eon) e pós a sua Estrela Unicursal de Seis Pontas e, do mesmo modo, ele substituiu o Pentagrama (também um símbolo associado ao Velho Eon), que havia no interior da estrela de seis pontas por um Trevo de Cinco Pétalas. Resumindo: Este símbolo, a Estrela Unicursal de Seis Pontas, com um Trevo de Cinco Pétalas nela inserido, é a visão thelêmica – segundo concebida por Crowley – da relação entre Macro e Microcosmos, que também é 11.

O Trevo, deve estar posicionado com uma pétala para cima, pois esse é o símbolo do Homem, do Microcosmos (isso não tem nada a ver com os conceitos de Bem e Mal). Na capa do Liber ABA (Magick), por exemplo, na qual há o Signo de To Mega Therion (são varias estrelas, inclusive o Hexagrama Unicursal com o Trevo em seu centro), ele está corretamente posicionado, com uma Pétala para cima.

11 também é o número da Magick, propriamente dita. O Eon de Hórus é representado no Tarot de Thoth pelo Trunfo XX, o Eon da Criança, que faz um dos principais gestos da Arte, o Sinal de Silêncio. Note que o Eon (XX) somado a Magick (11) é igual a 31 (AL), Liber AL; mas também, o mesmo Arcano 20, vezes a Magick (11) é igual a 220, ou, o numero de versículos do Livro da Lei de Crowley, (Liber AL).

Falamos acima em “Magick”. Crowley quando começou a escrever “Magic”, preferiu adotar a forma do inglês elizabethano, o arcaico “Magick”, para diferenciar das formas ditas normais de magia (magic).

Mais tarde o “k” adicional foi interpretado como sendo o indicativo do tipo de magia adotada e a natureza dos trabalhos propostos. Falamos acima sobre o aspecto feminino do 11. Pois bem, o “k” alem de ser a undécima letra do alfabeto inglês, também o é no hebraico (kaph) e no grego (kappa), também sendo a primeira letra da palavra “kteis”, que significa “vagina”, em grego.

Mencionamos o Signo de To Mega Therion. Mas qual seria a relação do 11 com o To Mega Therion ou 666? Aqui já mostramos a relação do número 11 com o Arcano associado a Babalon, o Trunfo XI. A estrela de Babalon é aquela unicursiva de 7 Raios, sendo a Gematria de Babalon de valor 156. Este numero, 156 é representado pela seguinte formula (77 + (7 + 7)/7 + 77). Ou seja, através de 7 números 7 escrevemos 156, ou, como dito, Babalon. Seguindo nesse raciocínio encontramos 7 x 7=49, e 4 x 9 = 36. E o número místico de 36 (1+2+3+…+35+36) é o próprio numero da Besta, 666. Por fim (por enquanto), a partir do numero 11 também chegamos ao 666, de um outro modo: O numero místico de 11 (somatório de 11) é 66. Desse duplo número do Sol, 6, chegamos ao 36 (6 x 6). Já foi mencionado aqui que o numero místico de 36 (o somatório de 36) é igual a 666.

Ainda como complemento adicional, não podemos deixar de mencionar que o numero místico de 11 (o já citado 66) também é o valor da palavra KHAM (20+5+1+40), cujas iniciais nos indicam as Cidades apresentadas no Ritual de Minerval da Ordo Templi Orientis, a saber: Korinto, Heliópolis, Atenas e Metilene.

Finalizando, vale sempre lembrar que “todo número é infinito”!

Por Carlos Raposo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/thelema-e-o-n%C3%BAmero-11

Full Metal Alchemist e a Kabbalah

FMA é um anime baseado em magia e alquimia. Como tal, a autora coloca em seus personagens principais as características de cada parte da Árvore da Vida. Veja a explicação de cada esfera abaixo (AVISO: contém pequenos spoilers):

– Malkuth – Amestris = O desenho do mapa de Amestris representa Malkuth, com as quatro divisões representando os quatro elementos. O nome do país remete a Hermes Trismesgistos.

– Yesod – Izumi Curtis = A mestra dos irmãos Elric, representando a sacerdotisa, o inicio da caminhada espiritual, a iniciação. Depois de muita insistência por parte dos irmãos Elric, Izumii decide treiná-los e lhes ensinar alquimia, mas primeiro os deixa sozinhos em uma ilha. (Os testes dos iniciados.)

– Hod – Winry Rockbell = A esfera de Hod por representar o intelecto e estar ligado à tecnologia, Winry expressa essa esfera, pela sua capacidade de aprender com facilidade e colocar em prática (esplendor) a tecnologia dos automails, que são a sua vida, tanto que quando ela chega em Rush Valley, fica encantada com a tecnologia dos automails e fica por um tempo ali para aprender mais.

– Netzach – Alphonse Elric = Calmo, bondoso e paciente, ele representa muito bem Netzach (um dos aspectos da esfera é a tolerância). Com seu comportamento amoroso e carinhoso, ele acaba se deixando levar emocionalmente durante o anime. Todos acham que ele é o Alquimista de Aço por causa da armadura, mas esse título pertence ao irmão dele, Edward, que conseguiu esse título após entrar para o exército.

– Tiphereth – Edward Elric = Mesmo sendo a história dos irmãos Elric, Edward se encaixa em Tiferet, por sempre assumir a responsabilidade de toda a situação que ele encontra (compaixão). Um exemplo disso é depois que eles fazem a transmutação humana, ele se sente responsável pela situação do Alphonse. No final do anime ele se sacrifica mais uma vez, ou seja, sacrifica seu conhecimento sobre alquimia para poder vencer o Homunculo do frasco. Outra parte interessante que pela minha visão se encaixa como “A Noite Negra da Alma”, é quando Edward vai desenterrar os ossos da transmutação humana que ele fez, pensando ser os ossos transmutados de sua mãe.

– Geburah – Roy Mustang = Ele é o estereótipo de Geburah, trabalha tanto com seus defeitos (pavio curto, impaciente) e com sua qualidade (sua ambição é chegar ao posto de Fuhrer – diligência), usa o elemento fogo.

– Chesed – Maes Huge = É o melhor amigo de Roy Mustang, e um pai exemplar. Ele se comprometeu em ajudar Roy a atingir o posto de Fuhrer, ficando logo atrás dele. Sempre trabalharam juntos, porém em postos distintos. Aqui podemos ver o trabalho das duas esferas entre si, a diligência de Geburah – Roy – Posto Fuhrer e Chesed – Maes – Pai Atencioso.

– Daath – Pequenino do Frasco = Tudo aquilo que temos que encarar e trabalhar em nós mesmos, nossos defeitos, representados pelos homunculos criados por ele, os tuneis e os imensos encanamentos que levam ao subterrâneo, ao interior da cidade. As nossas Oitavas Baixas estão representadas pelo Pequenino do Frasco.

– Binah – Scar = Revoltado pela dizimação de seu povo, começa a buscar vingança, e quer destruir a todos os envolvidos no massacre de Ishval, usando sua vingança como uma forma de justiça (pilar da severidade). Após se envolver mais com os outros personagens do anime, passa a usar a alquimia que aprendeu para a construção, para a vida. Aqui vemos o que o anime passa: “A alquimia consiste em três passos: compreensão, destruição e reestruturação”. Depois que Scar “compreende” o que a alquimia significa, ele deixa de “destruir” (o braço de seu irmão transplantado nele) e passa a “construir, reestruturar” (o outro braço coberto de tatuagens).

– Chokmah – Van Hohenheim = Uma figura masculina, barbada (Cabala Mística – Dion Fortune). Representa a Sabedoria, a força bruta que gera vida (no corpo dele contem metade das almas da população de Xerxes). Sábio e muito velho, teve tempo de conversar com todas as almas dentro de si, mais de 3000 almas.

– Kether – A Verdade = Um local branco, sem noção de espaço, tempo, apenas uma figura representa quem acessa essa esfera, com se fosse um negativo da pessoa/ser que a acessa. “Eu sou a existência que vocês chamam de ‘Mundo’. Sou o ‘Universo’. Sou ‘Deus’.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/full-metal-alchemist-e-a-kabbalah

A Primeira Defesa contra um Ataque Psíquico

Por Donald Michael Kraig

A descrição a seguir é adaptada do meu diário mágico pessoal. O evento aconteceu há cerca de vinte anos. Na época eu morava em San Diego, dividindo um apartamento de dois quartos com Scott Cunningham. Scott ganhava a vida na época escrevendo artigos para boletins informativos privados e escrevendo romances sob pseudônimos. Seu primeiro livro de ocultismo, Magical Herbalism (O Herbalismo Mágico), tinha acabado de ser publicado e ele estava começando a se tornar famoso.

Eu ganhava a vida vendendo revistas pelo telefone e ocasionalmente trabalhando em lojas de ocultismo (incluindo Ye Olde Enchantment Shoppe e The Bead Bag, onde também vendiam colares de contas e contas individuais para projetos de artesanato), uma loja mágica para prestidigitação. mágicos de mão, e dando aulas individuais e séries de palestras sobre uma ampla variedade de tópicos mágicos e espirituais.

Um dia, uma jovem ansiosa e enérgica entrou saltitando no The Bead Bag. “Lauren” era esbelta e tinha cabelos compridos. Nos próximos anos, seu dinamismo atrairia um grande número de pessoas para seu círculo. Ela me anunciou: “Olá! Estou tentando aprender sobre ocultismo. Você pode me ajudar?”

Respondi que ficaria feliz em dar a ela qualquer ajuda que pudesse. “Mas existem muitas direções diferentes no ocultismo. Qual área você está procurando aprender?” Ela respondeu que estava apenas começando e tinha comprado um livro. Era um livro de bolso, escrito por um autor popular, sobre como se tornar um satanista. “Bem, a primeira coisa que você pode fazer é se livrar desse livro”, eu disse.

Passamos várias horas naquela tarde discutindo onde ela poderia começar seus estudos. Dei a ela algumas informações introdutórias com base em aulas que eu estava lecionando há algum tempo. (Foi esse tipo de informação, e minhas experiências de ensino, que se tornaram a fonte do meu livro, Modern Magick (A Magia Moderna).)

Nos meses seguintes, nos encontramos várias vezes para discutir o ocultismo e suas práticas. Como eu disse acima, ela estava muito ansiosa e trabalhou diligentemente. Pelo menos, foi o que me pareceu. Fiquei impressionado com o progresso de Lauren.

Antes de prosseguir, é importante que os leitores entendam a situação no momento. Embora existisse há um quarto de século, a Wicca estava apenas começando a se tornar popular. Na época, você poderia contar o número de tradições wiccanas nos dedos de ambas as mãos. A maioria dos livros sobre magia eram de vinte anos antes, baseados em trabalhos feitos cinquenta anos ou mais antes disso. (Isso, é claro, exclui os livros “completos” absurdos sobre magia e feitiçaria que explicavam tudo em duzentas páginas de um livro de bolso!)

Uma das áreas que mais faltou informação foi a de ataque psíquico e autodefesa psíquica. Naquela época, havia realmente apenas um livro sobre o assunto. Foi por Dion Fortune, e foi publicado originalmente cinquenta anos antes. Já li várias vezes e não gostei. Parecia cheio de paranoia, e a solução final para seu problema – a iniciação em um grupo ocultista – era algo que muitas pessoas não conseguiam obter na época. E devido ao sigilo que cerca muitos grupos ocultistas hoje, mesmo agora, mais de setenta anos depois, muitos buscadores não podem obter iniciação local.

Foi nesse ambiente que Denning e Phillips lançaram seu Practical Guide to Psychic Self-Defense: Strengthen Your Aura (Guia Prático de Autodefesa Psíquica: Fortaleça Sua Aura). Que livro incrível esse foi – e é! Dá técnicas práticas e utilizáveis ​​para autodefesa psíquica. Mais importante, em vez de se basear na paranoia, é baseado na lógica e na razão. Apresenta a ideia clara de que o ataque psíquico era realmente muito raro. No entanto, como escrevi em Modern Magick, “Seja como for, a sensação de estar sob ataque psíquico pode ser um sentimento muito real. Também nossa psique está constantemente sob ataque da sociedade: vendedores nos mandam comprar; anúncios de TV nos mandam para comprar; amigos, familiares e até estranhos, conscientemente ou não, tentam manobrar psicologicamente e nos influenciar.”

“Um ataque psíquico real geralmente não é causado por uma pessoa que faz um feitiço para prejudicá-lo. Em vez disso, é causado por uma pessoa ou pessoas que por algum motivo estão com raiva de você. Sua raiva faz com que eles enviem, sem saber, um fluxo de energia preenchido com a raiva deles em relação a você. O mais provável, no entanto, é que você simplesmente acredite que alguma negatividade está vindo em sua direção. Em ambos os casos, você ainda se sentirá como se estivesse sob ataque, e ambos os casos podem ser tratados no mesma forma.” (pág. 45-46)

Mas havia um método que eu não descrevi, e ajudou a mim e à mulher que eu estava aconselhando. É um método simples de usar, especialmente em uma situação forte.

UMA BATALHA NO MEIO DA NOITE:

Scott estava fora e eu estava sozinho no apartamento. Eu ouvia rádio e lia. Ouvi uma batida na porta e olhei para o relógio. Já passava das 22h.

Olhei pela janela ao lado da porta e vi que era Lauren. Abri a porta e a convidei a entrar. Seus olhos pareciam selvagens e ela agarrou-me. “Você está bem? O que há de errado?”

“Você tem que me ajudar”, ela implorou.

“O que está errado?” Eu perguntei novamente.

“Eu terminei com meu namorado na semana passada. Ele disse que ia se vingar de mim e acho que ele me atacou psiquicamente.”

Eu a fiz sentar. “Ele sabe magia?” Eu perguntei.

“Não”, ela respondeu.

“Bem, é provável que ele não saiba o suficiente para atacá-la psiquicamente”, eu disse, tentando acalmá-la. “Sabe, na maioria das vezes as pessoas pensam que estão sob ataque psíquico, elas estão criando a impressão elas mesmas. Na maioria das vezes não é nada real.”

“Mas está me seguindo. Aonde quer que eu vá, ele aparece. Você é minha última esperança.”

“Este apartamento está muito bem protegido. Acho que nada mágico poderia…”

Ela pulou e ficou atrás de mim, segurando como se sua vida dependesse disso. “Então como você chama isso?” ela disse, apontando ao lado da cadeira verde em que estava sentada.

O ar havia esfriado. Eu meio que fechei meus olhos para permitir que meus sentidos psíquicos saíssem. Eu segurei minha palma direita para frente, tentando sentir de onde vinha a frieza que eu agora sentia. Sua fonte, de fato, estava ao lado da cadeira em que Lauren estava sentada.

Finalmente, minha visão se abriu a um nível onde eu podia ver a “criatura”. Para mim, parecia ser uma coisa sombria e semitransparente, talvez com dois terços de um metro de altura, e uma das coisas mais desagradáveis ​​que eu já tinha visto.

Era esférico, coberto de espinhos afiados como um porco-espinho. Em ambos os lados tinha uma perna dobrada como um buldogue. Sua boca era viciosa com dentes perigosamente afiados. Seus olhos estavam tão cheios de ódio e raiva que eu podia sentir.

PRIMEIRA AÇÃO:

Foram aqueles olhos cheios de ódio que entregaram a criação da coisa. “Você vê seus olhos?” Eu perguntei.

Lauren estava me segurando por trás. Meus braços estavam abertos para que, se a coisa atacasse, eu pudesse protegê-la. Ela meio sussurrou, meio assobiou, “Sim”.

“Esse ódio, raiva e raiva são a fonte de sua criação. Seu ex não conhece magia, mas suas emoções a criaram.”

“Você pode fazer alguma coisa?”

Caminhei até a porta, mantendo-me entre ela e a criatura de ódio. Eu abri a porta. Então voltamos para a posição em que estávamos antes, deixando um caminho claro entre ela e a porta. Levantei-me e, com voz de comando, disse: “Vá embora! Ordeno que vá embora”.

O resultado foi que a coisa rosnou horrivelmente. Eu podia sentir Lauren se encolhendo atrás de mim, seu corpo tenso.

Aumentei a “pressão psíquica” (por falta de uma frase melhor) sobre ele.

“Em nome de Yud-Heh-Vahv-Heh eu ordeno que você vá embora. Não sou eu quem te ordena, mas Adonai!”

A coisa não se moveu, mas a aparência de seus olhos mudou e seu rosnado parecia um pouco menos cruel. Eu sabia que estava no caminho certo.

Dei o mesmo comando várias vezes. Finalmente, começou a se mover. Ele avançou lentamente em direção à porta. Na porta, estava virado para fora. Ele virou o rosto para nós e rosnou novamente. Então virou para nós e pensei que ia pular e atacar. Repeti o comando e pareceu relaxar. Então começou a desbotar. Demorou cerca de cinco minutos antes que todos os vestígios dele desaparecessem.

MANTENDO ISSO:

Quando tive certeza de que havia desaparecido, usei o método de projeção do pentagrama para manter a coisa afastada. Isso envolve a visualização na testa de um “pentagrama azul-elétrico brilhante com uma ponta para cima”. Eu cerquei isso com minhas mãos formando um triângulo e depois projetei isso para onde a coisa havia desaparecido. Eu fiz isso várias vezes. Eu me separei de Lauren, fui até lá e fechei a porta. O som dele fechando parecia muito final para mim, mas eu sabia que havia mais a fazer.

Eu me virei para Lauren que estava tremendo. “Se foi?” ela perguntou.

“Sim, por enquanto. Mas voltará a menos que façamos algo a respeito.”

“Por que vai voltar?”

“Você ainda tem várias ligações mágicas com seu ex. Elas são causadas pelo tempo que você passou com ele, que você estava psicologicamente ligada a ele, e que você fez sexo com ele. Essa coisa segue as ligações diretamente para você.”

“O que eu posso fazer?”

Precisávamos cortar esses links. Um método ideal para isso era algo que chamei de “Técnica I.O.B.” quando revelei o sistema em Modern Magick.

O “I” significa “identificar”. A primeira coisa a fazer é identificar a verdadeira origem do problema. O “O” significa “objetivar”. Isso é feito dando uma forma à fonte, se ela ainda não tiver uma forma. Como conhecemos a fonte, a técnica exige que façamos uma maquete visualizada dela – ou, neste caso, dele.

“Você tem uma foto do seu ex?”

“No meu carro. Isso é um problema?”

“Não, pode ser usado apenas como base para visualização. Mas não precisamos disso. O que eu gostaria que você fizesse é visualizá-lo do outro lado da porta. Visualize-o o mais forte possível. Volto em um momento.”

Enquanto ela visualizava seu ex-namorado, entrei no meu quarto (o quarto de Scott ficava do outro lado do apartamento). No meu quarto fui ao meu altar e tirei a faca de cabo preto que usei em muitos rituais. Quando voltei para a sala onde Lauren estava sentada, pude ver que ela tinha um olhar um tanto temeroso em seus olhos. Ela olhou rapidamente para mim e depois de volta para onde estava sua visualização. “Eu não quero mais vê-lo. Quanto tempo eu tenho que manter isso?”

Eu andei para frente e com minha visão estendida vi vários fios de energia, como tendões brancos, estendendo-se pela porta e em várias partes de Lauren. “Não muito”, eu respondi. Dei um passo à frente e comecei a cortar os fios que a ligavam ao seu ex. Alguns eram como uma faca quente passando por um pote de sorvete. Outros eram duros e eu tinha que serrar para frente e para trás para cortá-los. A cada corte, eu podia ouvi-la ofegar levemente.

Uma vez que eles foram cortados, eu me coloquei entre ela e onde sua visualização de seu ex tinha estado. Como antes, projetei pentagramas na direção de sua visualização.

Por fim, fiz o “B”, ou banimento da técnica. Eu puxei Lauren para fora de sua cadeira e a fiz sentar no centro da sala. Realizei o Ritual Menor de Banimento do Pentagrama ao redor dela. (As instruções para a Técnica I.O.B. e o Ritual de Banimento estão incluídas na Magia Moderna.)

A “criatura” nunca mais voltou, e ela nunca mais teve notícias de seu ex-namorado. Considero esta operação um sucesso.

PROVAVELMENTE VOCÊ NÃO ESTÁ SOB ATAQUE PSÍQUICO:

Na maioria dos casos, se você acha que está sob ataque psíquico, é provável que não esteja. No entanto, em raras ocasiões, isso ocorre. Quando isso ocorre, é mais comum que o ataque seja uma manifestação da raiva e raiva do atacante e não um ato mágico calculado.

Se você sente que algo está atacando você, uma das coisas mais fáceis e rápidas que você pode fazer é simplesmente isso: diga para sair! Se isso parece simples, é. É tão simples que funciona e pode funcionar de forma bastante poderosa. Para maior resistência, você pode adicionar a Técnica I.O.B. e um ritual de banimento.

***

Fonte: The First Defense Against Psychic Attack, by Donald Michael Kraig.

COPYRIGHT (2002) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/a-primeira-defesa-contra-um-ataque-psiquico/

Aleister Crowley

1875 – 1947
“Faça o que quiseres pois é tudo da Lei.
O amor é a lei, amor sob a vontade.”

Edward Alexander (Aleister) Crowley nasceu dia 12 de Outubro de 1875, em Leamington Spa, Inglaterra. Seus pais eram membros do Plymouth Brethren, uma seita cristã muito estrita. Como resultado, Aleister cresceu com uma educação cristã muito forte, assim como um desdém muito forte pelo cristianismo.

Ele atendeu ao colégio de Trinity na Universidade de Cambridge, abandonando os estudos pouco antes de se formar. Pouco tempo depois ele foi apresentado a George Cecil Jones, que era membro da Ordem Hermética do Amanhecer Dourado (Hermetic Order of the Goldew Dawn). A Golden Dawn era uma sociedade oculta liderada por S. L. MacGregor Mathers, que ensinava magia (magick), cabala (qabalah), alquimia, taro, astrologia e outras matérias de interesse hermético. A ordem possuía muitos membros notáveis (entre eles A. E. Waite, Dion Fortune e W. B. Yeats), e sua influência no desenvolvimento do ocultismo ocidental moderno foi profunda.

Crowley foi iniciado na Golden Dawn em 1898, e iniciou muito rapidamente sua escalada através dos níveis de desenvolvimento. Mas em 1900 a ordem foi desmembrada pela separação dos membros em grupos que possuiam filosofias divergentes, e Crowley então abandonou a Inglaterra para viajar extensivamente através do Leste. Foi então, nessas viagens, que ele aprendeu e praticou disciplinas mentais de Yoga, suplementando seus conhecimentos de magia ritual de estilo ocidental, com métodos de misticismo Oriental.

Em 1903, Crowley se casou com Rose Kelly e então seguiu para o Egito para a lua-de-mel. Ao retornar ao Cairo, em meados de 1904, Rose (que até esse ponto não havia demonstrado nenhum interesse ou familiaridade com o oculto) passou a experienciar estados de transe e a dizer ao marido que o deus Horus estava tentando entrar em contato com ele. Finalmente Crowley levou Rose ao Museu Boulak e pediu a ela para mostrar a ele a imagem de Horus. Ela passou por inúmeras imagens conhecidas de do deus e levou Aleister diretamente a um tablete funerário de madeira da 26a dinastia, mostrando Horus recebendo o sacrifício dos mortos, de um sacerdote chamado Ankh-f-n-khonsu. Crowley ficou especialmente impressionado pelo fato dessa peça ter sido marcada pelo museu pelo número 666, um número com o qual ele se identificava desde a infância.

O resultado foi que ele começou a ouvir Rose, e, seguindo suas instruções, nos três dias consecutivos, a partir de 8 de Abril de 1904, ele entrou em seu estúdio e escreveu o que lhe foi ditado por uma presença envolta em sombras que permanecia atrás dele. O resultado foram os três capítulos conhecidos como Liber AL vel Legis, ou O Livro da Lei. Esse livro foi o mensageiro do despertar da nova era de Horus, que seria governada pela Lei de Thelema. “Thelema” é a palavra grega que significa “vontade”, e a Lei de Thelema é comumente citada como: “Faça o que for da sua vontade”. Como profeta desta nova era Crowley passou o resto de sua vida desenvolvendo e estabelecendo a filosofia Thelêmica.

Em 1906 Crowley reencontrou George Cecil Jones na Inglaterra, onde juntos iniciaram a tarefa de criar uma ordem mágica para continuar de onde a Golden Dawn havia parado. Eles chamaram essa ordem de A.’. A.’. (Astron Argon ou Astrum Argentium ou Estrela de Prata), e ela se tornou o principal veículo de transmissão do sistema de treinamento mágico baseado nos princípios do Thelema de Crowley.

Então em 1910 Crowley foi contatado por Theodore Reuss, o líder de uma organização de base na Alemanha chamada Ordo Templi Orientis (O.T.O.). Esse grupo, composto de maçons dos altos níveis, clamava ser o descobridor do segredo supremo da magia prática, que era ensinado em seu mais alto grau. Aparentemente Crowley concordou, se tornando membro da O.T.O. e eventualmente tomando o lugar como líder quando Reuss morreu em 1921. Crowley reformulou os rituais da O.T.O. para adaptá-los à Lei do Thelema, e investiu à organização o propósito maior de estabelecer o Thelema no mundo. A ordem se tornou independente da Maçonaria (apesar de terem sido mantidos os mesmos padrões) e permitiu a associação de mulheres e homens que não estivessem ligados à Maçonaria.

Aleister Crowley morreu em Hastings, Inglaterra, no dia 1 de Dezembro de 1947. Mas seu legado ainda vive na Lei do Thelema trazida por ele à humanidade (juntamente com dúzias de livros e escrituras em magia e outros assuntos místicos), e nas ordens A.’. A.’. e O.T.O. que continuam a seguir e desenvolver os princípios do Thelema até os dias de hoje.

 

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/aleister-crowley/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/aleister-crowley/

A Cabala Mística

Dion Fortune

A Cabala Mística é segundo alguns estudiosos a obra prima de Dion Fortune. Escrito após muitos anos de estudo, trata-se de um completo mergulho profundo nos aspectos avançados da Calaba. A obra retrata a dinâmica e o lado prático da antiga tradição ocidental.

PARTE I

PARTE II

 

PARTE III

 

 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/a-cabala-mistica/

O Plano Astral

Por Adi

Eliphas Lévi descreve a Luz Astral como sendo um agente que é natural e divino, material e espiritual, um mediador plástico universal, um receptáculo comum das vibrações cinéticas e das imagens das formas, um fluído e uma força, que podem de certo modo ser chamados de Imaginação da natureza, e diz que essa força é o grande arcano da magia. Já a definição que muitos esoteristas dão ao Plano Astral, é que se trata de um estágio de substância plástica refinada, menos densa e grosseira que a matéria, de natureza magnética e elétrica, servindo como o fundamento real sobre o qual as formas e o acúmulo de átomos do universo físico se ordenam a si mesmos. É dito também que o Plano Astral é povoado por vários tipos de espíritos, desde os desencarnados, até por espíritos de luz, de anjos e demônios a elementais, que esse plano compreende desde as faixas mais densas vibratórias (infernais) até as mais elevadas e sutis, que há cidades como as daqui do plano material, e que é pra esse plano que os desencarnados vão depois da morte.

Nós já sabemos que a Cabala é um dos sistemas mais completos de estudo e prática de magia, e tenho que concordar, de fato a ÁRVORE DA VIDA é completa em suas correspondências. Pois bem, é a Árvore da Vida que vai esclarecer pra nós sobre o plano Astral.

Antes, vale lembrar que as Sephiroth não são lugares, mas estados de consciência. Resumidamente, na Árvore da Vida, verificamos que os planos de manifestação se dão da seguinte forma: Primeiro temos as três Sephiroth superiores, ou três princípios supremos, Kether, Chochmah e Binah, é o primeiro triângulo de energias que representam o Ser Puro, são os princípios fundamentais, são a base de nossa manifestação, e que estão além de nossa compreensão. Aqui está o macroposopos ou macrocosmo, o rosto maior.

Abaixo do triângulo Supremo, está o mundo formativo, o “plano astral” é compreendido pelas seis Sephiroth seguintes, ou seja duas tríades (triângulos) de energias, em cujo mundo tudo é preparado para a manifestação visível em Malkuth.

O segundo triângulo na Árvore, logo abaixo das Supremas, e que consiste em Chesed, Geburah e Tiphareth, são as potências ainda abstratas que dão “expressão” à manifestação. Podemos dizer que as três Supremas são latentes e que as três inferiores ou rosto Menor são potentes, por isso se diz que essas três inferiores são como o reflexo do grande rosto, é o filho, a alma em Tiphareth.

Já as Sephiroth abaixo de Tiphareth, a tríade que compreende Netzach, Hod e Yesod, representam a personalidade, a unidade de encarnação.

Um ponto importante que Regardie destaca, é que esses dois triângulos de forças abaixo das Supremas, compreendem o “plano Astral”, essa luz Astral contém o planejamento ou modelo do construtor, projetado em sentido descendente pela ideação ou imaginação do Ser Puro, e que a tríade formada por Chesed, Geburah e Tiphareth no meio ocultista representa o Astral Superior, é a mais pura expressão do céu ou do Devachan, por isso é chamado de Divino Astral e de Alma do Mundo, na terminologia de Jung corresponde à “Psiquê objetiva”. Netzach, Hod e Yesod compreendem a esfera da ilusão, de Maya, porque é a partir dessa tríade que as forças edificam a forma, e fazendo também uma analogia com a psicologia, corresponderia ao inconsciente pessoal.

Netzach representa os instintos e as emoções e Hod simboliza a mente concreta ou intelecto, elas simbolizam respectivamente os aspectos da força e da forma da consciência. Na esfera de Thiphareth as forças são percebidas intuitivamente, com percepções de símbolos altamente abstratos. Na esfera de Netzach, nossas percepções atuam diferente, a mente humana que formula imagens começa a operar sobre eles, moldando a luz astral em formas que os representarão à consciência. É muito importante compreendermos que essas Sephiroth inferiores do plano da ilusão são densamente povoadas pelas formas mentais ; que tudo o que a imaginação humana foi capaz de conceber, embora confusamente, tem uma forma revestida de substância astral, e que, quanto mais a imaginação humana idealizar essa forma, mais definida essa forma se tornará. Em Yesod, que é a esfera onde tanto Netzach como Hod se equilibram, e que por isso é concebida como o receptora dessas emanações, também é chamada como ” fundação ou fundamento”, é o depósito das imagens do inconsciente, mas não daquele inconsciente arquetípico e abstrato, e que é conhecido como Astral Divino, mas é o depósito de imagens velhas e esquecidas, reprimidas desde sempre. Yesod é a esfera da ilusão, as imagens astrais refletidas no espelho do inconsciente, são realidades, e não serão interpretadas em termos de um plano superior e sob o aspecto de seu significado ou representação. O indivíduo permanecerá na esfera da ilusão e será iludido pelos fantasmas de sua própria projeção inconsciente.

Cada pensamento que temos, grava uma impressão nessa substância plástica e impressionável do plano astral. Observamos então, que ao tratar do plano astral em suas esferas abaixo de Tiphareth, que é essencialmente o nível de função dos aspectos mais densos da mente humana, que as forças e fatores desse plano se apresentam à consciência como formas etéreas de um tipo distintamente humano; Sempre que o homem entra em contato com o astral, seja como um sensitivo ou um mago, ele cria as formas à sua semelhança, para representá-las como forças sutis, fluídicas, a assim entrar em contato com elas. Os seres dessas esferas não são inteligências propriamente ditas, mas encarnações de idéias. É aqui que a forma antropomórfica é conferida à inspiração espiritual que tanto desorienta os sensitivos.

Vemos, assim, que todo ser celeste ou não, concebido pela mente humana tem como base uma força natural, mas que sobre a base dessa força natural, se ergue uma imagem simbólica que lhe corresponde e que é animada e ativada pela força que representa.

A arte da magia consiste em se desvincular da parte ilusória que as criações mentais exerce sobre o indivíduo, e que esse percebesse as idéias arquetípicas subjacentes, das quais essas imagens mágicas são apenas as sombras e as representações simbólicas, e poderia se tornar então um mestre do tesouro das imagens em vez de ser alucinado por elas, permitindo ao transcendental expressar-se em termos de simbolismo, e que o simbolismo se expresse em termos de metafísica, unindo assim o psiquismo com o espiritual por meio do intelecto.

A imagem, portanto, é apenas um modo de representação adotado pelo espírito humano para a sua própria conveniência, mas a força que a imagem representa e que a anima é uma coisa muito real, e que, sob certas circunstâncias, pode ser extremamente poderosa.

============================================================================

Fontes e ref.: “A Cabala Mística” – Dion Fortune; “A Árvore da Vida” – Israel Regardie.

#Kabbalah #PlanoAstral

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-plano-astral

A Iniciação no Velho e no Novo Aeon: Antagonismos

Dentro de corpos iniciáticos, é muito comum que um dos pontos críticos mais importantes justamente aborde os segredos iniciáticos, assim como os mistérios que sustentam estes segredos, e bem como as estruturas que são usadas para unir o praticante ao mistério, tal e qual a descrição costumeira do casamento alquímico nos demonstra.

No entanto, os rituais e fórmulas do chamado Velho Aeon estão muito longe de terem tais aplicações básicas no presente momento, e isto porque além da própria mudança de eixo ligada a este Aeon, também há a constante presença da ciência e da história, que unidas provaram ser um poderoso instrumento de dissolução de enigmas, ou mesmo de inverdades.

 

No entanto para poder abordar os elementos qualquer sistema de iniciação, precisamos citar suas fontes históricas, o que se pretende desencadear com o drama ligado ao rito, conforme o sistema religioso originalmente o fazia, e se há diferenças em relação à tradição original.

Desta forma, vejamos o que a ciência e a história nos podem dizer sobre o que se determinou chamar de “Velho Aeon”.

Ao contrário do que se tem afirmado por muitos hermetistas, ocultistas, e por vezes por várias vertentes ditas como sendo científicas, ligadas normalmente a correntes criacionistas, a tradição determinada como sendo o cabalismo, não tem a história antiga que lhe é imputada, e na verdade, a história do povo a qual ela estaria coligada não é tão velha como tem sido defendido por tantas pessoas, muitas delas nunca agindo por inocência, ou apenas por ignorância, e sim por motivos totalmente escusos.

Se pudéssemos retornar nos tempos históricos, veríamos então que em dado momento no império egípcio, houve uma quebra interna de suas instituições, em que o modelo de administração que sustentava todo o reino, foi agredido por um golpe sócio, econômico, religioso que foi promovido por Amen-hotep IV, que reinou no Egito em 1345 antes da era vulgar, e que esvaziou os cofres reais, para construir e sustentar uma cidade no meio do deserto, para onde transferiu a capital do reino, durante seu reinado.

Seu reinado durou apenas 15 anos, e durante o mesmo o faraó que declarou a todos ser o filho e representante do “deus único” Aton, na Terra, sob alegação de que estava levando o povo para a “Terra Prometida por Aton”, fundou ali justamente a cidade conhecida como Akhetaton (como é dito que Abraão teria procedido).

A todos que o seguiram, prometeu Akhenaton (nome assumido por Amen-hotep IV quando assumiu o culto a Aton), a “Vida Eterna no Paraíso de Aton”, e bem como a permissão para ser enterrado na necrópole de Akhetaton.

Curiosamente, ao atingir o local dito como sendo sagrado, Akhenaton ofereceu um sacrifício a Aton, e depois edificou no local um templo, demarcando assim por seus atos o abandono da Terra Sagrada de Karnac ( tal e qual o Abraão da bíblia teria feito).

Cada residência possuía um altar de pedra com inscrições em dois lados. “Todas as casas do reino tinham uma feição similar. Elas tinham um santuário colocado em seu aposento principal. Ele possuía apenas um portal pintado em vermelho e um nicho para receber uma pedra que continha o retrato da família real engajada numa no culto de adoração”, assim descrito por Cyril Aldred.

Como conexão aos relatos da história do êxodo bíblico, os portais vermelhos são uma lembrança ao sangue dos hebreus pintados nos portais das portas de suas casas. “Javé passará para matar os egípcios. E quando ele olhar o sangue nos postes dos portais e na parte superior, Javé atravessará a porta e não permitirá que a destruição entre em suas casas e mate vocês”. Êxodo 12:23.

Por conta do culto monoteísta, Akhenaton apagou o nome de Amon dos templos e obeliscos. Levando sua heresia adiante, ele profanou o nome de Amon no interior do cartucho de seu pai Amenhotep III. A supressão do nome do deus foi considerada como um verdadeiro sacrilégio pelos habitantes do antigo Egito. A bíblia monoteísta ecoa estas palavras no seu Deus Único: “Eu apagarei totalmente o nome de Amalek dos céus”.

Da mesma forma como Moisés fez, ele se apresentava diante do povo com duas tábuas de pedra onde estava inscrito o nome de Aton nos dois cartouches. O povo prostrava-se diante do nome de Aton. Essas tábuas com inscrições, podiam ser lidas em ambos os lados. A similaridade com as tábuas de lei de Moisés é notável. Ambas eram ovais nas extremidades e podiam ser lidas de ambos os lados: “E virou-se Moisés e desceu a montanha com duas tábuas da lei em suas mãos, tábuas que eram escritas em ambos os lados.” [Êxodo 32:15].

Na tumba de seu sucessor, seu irmão menor que foi entronizado somente quando se tornou adulto, Tutankhamon, muitos outros detalhes extremamente esclarecedores foram encontrados.

 

Na escavação de Howard Carter e Phlinders Petrie, em 1923 da era vulgar, a tumba do sucessor de Akhenaton foi encontrada intacta – uma vez que seu nome foi apagado em maldição, a mando dos sacerdotes que fizeram oposição a Akhenaton, e sua tumba foi ocultada, o que acabou servindo em muito aos pesquisadores do mundo todo.

 

Estudos na tumba revelaram que na parede leste da câmara funerária, acima das figuras de doze sacerdotes carregando uma urna mortuária, haviam oito colunas pintadas com inscrições religiosas. Essas figuras lançaram uma nova luz sobre momento da história da humanidade onde monoteísmo foi estabelecido. Na parede norte da tumba contém uma figura enigmática, usando a coroa do Egito com a serpente, um antigo símbolo de realeza. O nome deste misterioso personagem aparece nos dois cartouches[1][6] colocados à frente de sua face. Ele era chamado de “O Pai Divino” – Faraó Ay. Seu nome está escrito por um símbolo hieróglifo duplo, (Yod Yod), que é o nome de Deus na Bíblia Aramaica, o qual é a nossa fonte mais antiga do velho testamento.

Este “Ay” sucedeu a Akhenaton, quando sua derrocada ocorreu – apenas 15 anos após ter começado, dado o ódio que sua profanação provocou em meio aos egípcios – e após alguns anos, entronizou Tutankhamon, que reinou apenas por Dois anos, sendo depois execrado e caindo em ostracismo, sob todas as maldições póstumas naturais no Egito de sucederem a blasfemadores ou criminosos.

A câmara funerária possuía quatro caixotes sobrepostos, um dentro do outro. Esses caixotes estavam cobertos por um tecido de linho, sustentado por uma moldura de madeira, apresentando-se com aparência de uma tenda. Essa moldura foi comparada no momento da descoberta, com os tabernáculos do Antigo Testamento, o sagrado dentre os mais sagrados, construído de madeira e sustentando a “Arca da Aliança”.

Ao abrir o terceiro caixote, Carter observou que em uma de suas laterais havia um painel com duas figuras aladas, onde suas asas abriam-se bem ao alto, evocando os anjos descritos do objeto citado na bíblia como sendo a “arca da aliança”, estavam reproduzidos nas duas portas seladas do quarto e último caixote. Esses e outros achados arqueológicos nos levam a considerar, que as descobertas da arqueologia egípcia possuem grande correlação com a escritura hebraica, sendo a fonte para a mesma.

O “Ay” acima mencionado, determinou a evacuação de Akhetaton denominando a cidade como terra impura e amaldiçoada, e os povos de mercadores que se mesclaram na cidade sob Akhenaton, se dividiram em dois grupos, sendo que um deles retornou para as terras egípcias, e outro seguiu a grande expansão egípcia que teve início a partir deste período, e aproximadamente 300 anos depois, em um dos pontos onde ocorreu a fixação por mais tempo do exército egípcio, veio a ser fundado o Reino de Judá.

Agora que conseguimos estabelecer estes pontos, vamos nos aproximar de outro grande eixo de sustentação do estilo de iniciação do Antigo Aeon.

Falemos agora de Constantino e de “Iaseus Christus”, de origem essênica.

Como sabemos, a seita Hassidim cresceu durante a dominação dos gregos sobre os judeus, e efetuou a ponte de dominação helênica traduzindo para o grego o ponto de vista hebraico, mas principalmente gerando a dominação do ponto de vista dos gregos sobre o povo dominado.

Destes Hassidim vieram os Essênios, que são os chamados pré-gnósticos, e que mantinham em Nag-Hamad uma sociedade a parte, com textos próprios que sofreram enorme influência de gregos, sumérios, egípcios e hindus.

Desta forma foram lançadas as bases para que por meio dos Essênios os textos chamados de apócrifos, e os textos chamados de aceitos, pelos concílios da posterior Igreja Católica.

Ocorre que os Essênios conceberam uma fusão de costumes religiosos, normalmente vinculados a adoração do Sol ou da Estrela que o anuncia em todas as manhãs, e atribuíram a divindade que nasceu desta fusão o termo “Iaseus Christus”, que foi absorvido posteriormente como “Jmmanuel”, dentro da bíblia.

Nascido de um “notaricom” que implica em sua origem em provável saudação a Zeus, muitas eram as diferenças do golpe religioso e político que Constantino veio a praticar depois.

Um dado interessante entre os essênios, é que adoravam Hermes Trimegistus, e o viam como o Enoch da torah e bíblia, principalmente no que tange a um texto apócrifo sobre Enoch, que cita os “nephelim”.

Fato é que o Pistis Sophia dos essênios, contém enormes similaridades com um texto anterior ao ano Zero da era vulgar, que tem por nome “saberia de jesus”.

Agora, abordemos outros dados.

Sob Constantino, que objetivava unificar todas as vertentes religiosas em guerra na época, e que estavam por desestabilizar e exterminar seu reinado por completo.

Desta forma, a vertente do sacerdócio politeísta romano, em eterna guerra com os mitraicos persas, que jamais cederia a língua ou costumes dos persas, e bem como a vertente persa, que pensava o mesmo da vertente romana, foram fundidos sob outra língua, e outros costumes, que fundiram a ambos, com enorme miscelânea de cultos fálico solares.

Assim, Mitra que escondeu as chaves do paraíso em Petrus, e que era nascido de uma virgem no dia 25 de dezembro, teve seus símbolos fundidos a Horus que combateu Set por 40 dias no deserto, juntamente com o deus de Belém, Tammuz, que ressuscita 3 dias após morrer, pelas artes de Inanna após a mesma verter muitas lágrimas por seu esposo, e descer a mansão dos mortos para resgatá-lo.

Tendo então a vida de conhecido filósofo da época, Apolônio de Tiana, dado o pano de fundo, para um “…christus…” físico, que jamais existiu.

Tendo sido então estudados a luz da ciência, história e antropologia, todos estes dados que são a base e sustentação dos cultos do Velho Aeon – pois em nenhum momento nos esquecemos que os Islâmicos alegam serem os verdadeiros descendentes de Abraão, e que Allah provém de Al Iliah que é uma saudação a Sin ou Nanna, o deus Lunar dos Antigos Sumérios. Podemos então começar a destilar informações preciosas sobre a Iniciação Mágica dentro do Velho Aeon.

Dentro do contexto das Ordens Iniciáticas chamadas de “osirianas”, o postulante a iniciação é visto como “cristo”, que deve perambular pelas mortificações, e depois adentrar em glória pelas dores da iniciação, para então renascer dos mortos como filho unigênito, e por fim exaltado as alturas.

Alega-se que a linguagem é universal, e que todas as religiões do passado procuravam desencadear o mesmo processo, sendo que na verdade todas as religiões, cultos e povos vieram a abraçar o monoteísmo como sua verdade.

Aqui já temos percebido o grande erro do Velho Aeon, pois como foi visto acima nada além de golpes de estado, maquinações políticas, e isso sem mencionar as torturas e assassinatos praticados por protestantes – como por exemplo os 100.000 pagãos que Lutero ordenou o massacre na Alemanha em seu tempo – os crimes da inquisição católica, os crimes da opressão muçulmana contra os infiéis – como pode nos mostrar o comportamento Taleban, por exemplo.

Assim sendo podemos logo de início perceber que as Iniciações do Velho Aeon, procuravam escravizar a mente, corpo e emoções do postulante a iniciação, a uma forma de ser que em todos os sentidos, defende uma mentira histórica, sendo então não sua Verdadeira Vontade, mas sim a Vontade de outro entronizado em lugar de sua individualidade.

Nisto repousa aquilo que é visto como a “fazer a vontade do pai”, que é tão comum em todos os sistemas monoteístas, como facilmente pode ser observado tanto em seus livros dogmáticos, como no comportamento de seus fiéis e de seus sacerdotes.

Outro fator preocupante aqui presente, é visto como algo natural e inclusive incentivado dentro destas organizações iniciáticas.

Tendo a temática tão conhecida e usada por Akhenaton como base, e levando-se em consideração o ciclo do ano com suas estações, é dito que sendo o sol o centro do sistema solar, o postulante a iniciação deve procurar ser um espelho do próprio sol, e a ele se unificar.

A este ponto, outro tópico iniciático problemático se junta, para causar uma “catástrofe oculta” para aquele que busca a iniciação.

Este tópico vive nas palavras de Dion Fortune, que inclusive nos define a forma de pensar do antigo aeon, dentro do ponto de vista a cerca da iniciação como era entendida até então:

…O máximo que alguém pode atingir em vida é a iniciação até Tiphareth – a Sephiroth do Sol – ou no máximo e apenas para alguns Geburah – a Sephiroth Marcial . Tendo então todos os seus passos regulados pelas ordens dos adeptos isentos de carma de Chesed – Sephiroth de Júpiter – que recebem as influência divinas diretamente da tríade suprema, que nenhum ser vivo pode alcançar em vida, salvo gênios como Moisés – Moshé…” .

Bem sabemos pelas úteis informações acima citadas, que Moshé e Abraão foram nomes posteriores gerados para representar a lembrança dos atos de Akhenaton, sobrevivente em meio aos descendentes dos que viveram em Akhetaton, e que seguiram a expansão egípcia, fundando depois o Reino de Juda.

Mas isto seria apenas um detalhe simbólico, tomado com base para apenas por seu uso para coisas maiores, se não existissem mais coisas a serem mencionadas nas entrelinhas.

Em primeiro lugar, não é o Sol o centro do universo daquele que observa o universo.

O observador do universo é o centro do universo que ele mesmo observa, e em outras palavras, deve ele ir em direção a si mesmo e não em direção ao ponto de vista de outro, mesmo que simbolicamente.

Em seguida, devemos ressaltar que os adeptos chamados de “isentos de carma”, são citados pelas tradições como sendo, por exemplo: “Cristo, Saint Germain, Maomé, Moisés, Akhenaton, etc…”

Deduzimos então, que em nenhum momento houve a isenção de carma de qualquer um dos que acima forma citados, pois o único que não foi abordado anteriormente de alguma forma, foi Saint Germain, que foi muito conhecido na Europa por suas enormes dívidas de jogo, todas elas no geral pagas pelas artes de sua bela e sensual esposa.

Desta forma, se observarmos bem o que Dion Fortune nos transmite, e que inclusive é opinião geral das formas inciáticas e religiosas do Velho Aeon, os Adéptos Menores – uma representação esquematizada dos vetores solares, incluindo aqui das religiões monoteístas, que no geral são todas elas fálico solares – são dominados e direcionados pelos Adeptos Maiores – que são representações dos líderes e criadores de religiões dogmáticas, ou seja, monoteístas.

Esta é a escala de dominação que subsiste no dogma fálico solar!

E há ainda mais oculto dentro disto.

Por mais penoso que o seja, devemos abordar este tema de forma clara.

Em meio aos cultos gnósticos, dos quais o foco gerador são os Essênios, gerados pelos Hassidim, a idéia difundida ali presente era de que havia um deus bom e um deus mal, ou no caso do monoteísmo com hoje o conhecemos, um “deus versus um de seus anjos”!

Estes cultos percebem o mundo físico como dominado pelo deus mal, no caso “Saklas” o demiurgo, e o mundo dos céus ou celeste como reino do deus bom.

Isto advém do pensamento de grupos humanos como os Maniqueus, por exemplo, que eram dualistas e apresentavam este ponto de vista, que na verdade nasceu das representações Fálico Solares da eterna oposição do Deus Sol contra um Ser Serpentiforme – como é o caso da oposição de Apolo contra Piton; de Rá contra Apophis, de Baal contra Lotan; e até mesmo da oposição de Marduk contra Tiamat, também vista na representação grega deste mito onde Zeus enfrente Typhon, que não é Solar mas guarda muitos dos elementos usados como base pelo monoteísmo.

Disto floresceu a idéia de que o espírito, sendo visto da mesma forma que os egípcios adoradores do sol o viam, seria uma representação solar, e portanto pertinente ao céu, e como o espírito somente estava presente no corpo da mulher quando esta estava grávida – segundo a visão fálico solar aqui apresentada.

Logo a mulher veio a ser uma expressão da matéria e da Terra, e portanto algo visto como pertencente ao demiurgo, ou mesmo uma expressão do demiurgo – como na lenda monoteísta de Lilith, que nada possuía em comum com a Lilith suméria.

O veículo para o espírito passou a ser então o falo, e o espírito é visto nesta temática como estando concentrado no sêmen.

Um detalhe muito importante neste momento para o nosso devido entendimento, das fontes e bases desta forma de pensar, foi o modelo Védico, que via os essênios e bem como o culto de Krishna, foi usado como modelo a este respeito – ou mesmo antes disto, já que o Demiurgo originalmente pensado por Sócrates e Platão, não tinha nada haver com o Demiurgo dos gnósticos, mas teve sua origem no Purusha do Vedanta.

Os atos sexuais levam ao contato com uma mulher, ou com alguém que fará as vezes de passivo – e portanto de quase feminino – e desta forma, estes atos foram vistos como vias malignas, que afastam o adorador ou o pleiteante de iniciação dos benefícios do céu, do sol e da fé.

Perder o sêmen foi visto como uma forma de adentrar nos reinos da desgraça do demiurgo e do que veio a ser entendido como “inferno” – embora saibamos que o Hell, tal e qual o Tártaro, nada tem haver como ponto de vista monoteísta, mas foram absorvidos e plagiados, e depois adulterados para servirem aos propósitos do dogmatismo.

Assim sendo a magia sexual deste tipo foi desenvolvida com o pensamento ligado a esta via que é solar e masculina, e é justamente nisto que muitas das estruturas básicas da iniciação do Velho Aeon se baseiam, e é também por isto que não se aceitam mulheres naquilo que se determinou por “maçonaria oziriana”.

No Velho Aeon, o iniciando na maioria das organizações de cunho “Iluminati”, é visto como o próprio “jesus cristo”, que sofre inicialmente os martírios, para então após a crucificação se erguer em glória, em retorno ao pai.

Desta forma, podemos observar que em muitos casos, é pleiteado que as fases da dita vida do assim dito “cristo”, são subdivididas como as sephiroth da Árvore da Vida, sendo que o assim chamado “mistério da crucificação” seria então a passagem pelo abismo, que no cabalismo e hermetismo é chamado de Daath, sendo então sua descida a mansão dos mortos Binah, e sua ascensão ao s céus, Chokimah, estando a experiência que se atribui a Kether, como algo jamais mencionado, e taxado como inatingível, e além de qualquer descrição para os que não passaram pela mesmo, sendo que é dito que os que “viram yaveh face a face”, jamais relataram o que viram, dentro da concepção do Velho Aeon.

Se somente houvesse o monoteísmo desde o início dos tempos, e se somente fosse um culto masculino, desde o começo dos tempos, ou pelo menos que o mais antigo culto fosse monoteísta e fálico solar, então estaríamos lidando com alguma possibilidade de veracidade a cerca do desenvolvimento dos praticantes, dentro desta temática.

Mas não é assim!

Em primeiro lugar, devemos entender que o ponto de vista que aborda este princípio, tem por base a idéia fálico solar, que como já foi exposto acima, tende a mencionar a Terra como domínio e reduto do mal, e o céu como domínio e reduto do bem, e ao homem como exemplo do Céu e do Sol, e a mulher como exemplo da Terra e da Lua, esta temática leva a concepção de que somente o homem possuí espírito e é passível de evolução, aliás este pensamento era muito presente dentro do gnosticismo, pois era dito que uma mulher deveria renascer como um homem, para poder evoluir para além do mundo físico, em direção aos reinos espirituais.

Em segundo lugar, também como já foi mencionado acima, os ritos fálicos solares que são a base para estas formulas iniciáticas, são todos eles de origem de cultos politeístas e que não são obrigatoriamente solares, em verdade muitos cultos solares do passado eram vinculados a deusas e não a deuses, como é o caso da Deusa Sowelo dos Nórdicos, da Suria dos Hindus, Sekhemet dos Egípcios.

E uma enorme quantidade símbolos de cultos mais antigos, foi usada para dar base para os cultos monoteístas e fálico solares, como é o caso de Horus, Mitra, Krishna e Tamuz, que deram corpo ao monoteísmo cristão.

No monoteísmo encontramos a necessidade implícita de eliminar o diferente e o discordante, com um fundo absolutista, claramente coerente com a proposta de centralização a qualquer preço, mesmo que seja aquele que a sociedade humana tem pago a dois mil anos.

Se observamos com cuidado, o corpo de experiências descrito dentro do monoteísmo, contém os mesmos elementos (até um certo ponto), que poderíamos encontrar dentro do politeísmo como era citado pelos gregos, por exemplo, e isso tem sido muito usado como base para causar adulteração do conhecimento, por muitos movimentos de pseudo iniciação.

Estes movimentos afirmam o mesmo que os movimentos dogmáticos afirmam, que a fonte da tradição e do ser humano é aquela que está descrita tal e qual a torah, bíblia e Corão, o apregoam, e que as multiplicidades de idiomas partem do episódio de babel, e que os povos impuros adoraram na verdade anjos caídos, e que somente o povo eleito (quer seja ele o judeu, islâmico ou cristão), é o único que está em afinidade com o deus único do absolutismo dogmático.

Duas de suas maiores bases residem na história de Moshé (Moisés), e antes dela, na história de Abraão (doze gerações posterior a Enoche pelo torah), sendo que a cabala teria sido transmitida por Enoche a seus descendentes.

Sobre Enoche é dito:

“E andou Enoche com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoche trezentos e sessenta e cinco anos. E ando Enoche com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.

Este Enoche os Essênios e os pós essênios chamaram também de Hermes Trimegistus, figura presente mesmo nos testos sabeanos traduzidos por Miguel Psellus e Ulf Ospaksson em Bizâncio, como é o caso de um documento chamado Corpore Hermeticum, que os cidadãos de Harram – os sabeanos – teriam escrito, sob influência dos já citados movimentos gnósticos.

Desta figura mítica teve origem o movimento hermético, e o cabalismo em voga na idade média e moderna, usado até estes dias.

No entanto, como vimos na apresentação dos fatos históricos, acima, tanto Moisés quanto Abraão, são formas geradas para dar substância a sobrevivência da lembrança de Akhenaton, em meio aos cultos gerados na terra de Judah, praticados pelos rabinos, que ampliaram sua história e adicionaram os problemas que tiveram com outros povos, para dar mais corpo a mesma, sendo também usados símbolos, palavras, deuses e formas adorativas de povos a sua volta para tanto.

Um exemplo disto é o deus Shemesh, cujo nome foi por eles empregado como atribuição do sol, ou mesmo o uso das 22 letras fenícias para dar base ao hebraico, posteriormente reforçado pela dominação dos gregos sobre os judeus, com o advento do uso dos costumes dos gregos em empregar suas letras como vetores numéricos, sem mencionar o nascimento da gematria, notaricom e temurah tanto disto, quanto dos costumes dos seguidores de Pitágoras e Platão, absorvidos via os judeus hassídicos, antecessores dos essênios. Ou mesmo o nome de Zeus, “Joveh”, que foi absorvido pelos rabinos para ser a base etimológica de onde surgiu o nome “Yaveh”, que é o nome o dito “nome de deus” na Torah.

Desta forma, toda a atribuição dada a cabala e ao hermetismo, de fontes únicas da tradição da humanidade, reverte-se com as mesmas expressando-se como um composto de várias tradições matemáticas, simbólicas e politeístas, sob orientação monoteísta e dogmática, cujas experiência místicas e mágicas, podem gerar uma catarse que leve ao ser humano a desenvolver-se além dos limites impostos pelo dogmatismo, que naturalmente é um elemento de escravização da mente humana.

Os terrores do abismo, nada mais são do que expressões dos medos que são tão comuns em Zeus, Apolo, Rá, Omuz Mazda e Baal a cerca de Typhon, Píton, Apophis, Ariman e Lotan.

Estes medos são claramente uma forma representativa dos temores do ego, que está envergando uma série de medos e receios de perder a plena dominação da psique, que está em vias de tomar contato com o inconsciente superior, e portanto estando as portas de sua verdadeira vontade.

Como explicado acima, os meios e modos iniciáticos ligados ao sistemas fálico solar, contém esta armadilha interna, e na vazão exata da forma de pensar presente no hermetismo, tal e qual Dion Fortune expressou, ao atingir o ponto imediatamente anterior experiência ctônica do abismo, a manifestação máxima presente dentro dos cultos dogmáticos, plenamente visível nos vultos como o de Zeus e Marduk por exemplo, gera uma cisão na psique do praticante, que contempla nesta modalidade iniciática aquilo que se determina como sendo “…El…”, vivendo na sephiroth de Chesed. El por sua vez, é entendido como sendo o termo singular para Helohim (Deuses), que aparece em descrição acima.

Deus-El vive em Chesed, que é dita como sendo a serphiroth da misericórdia, e desta forma contemplamos os vínculos herméticos forjados das origens etimológicas politeístas, pois Chesed é atribuída a Zeus-Joveh, e assim passamos a compreender quais são os verdadeiros temores citados sobre o abismo, e o que realmente representa transcender o abismo, em termos realmente práticos.

Quando nos erguemos além do chamado abismo, o que viremos a contemplar além das muralhas tecidas pelo dogma é justamente o oposto do que é pretendido, dentro dos mecanismos de manipulação fálicos solares, pois percebemos que a experiência do dito deus uno, como apresentada pelo dogma presente nas Iniciações do Velho Aeon, são fatores naturais e presentes apenas e tão somente até aquilo que se determina chamar de chesed, e apenas e tão somente se os meios e modos iniciáticos usados para se chegar até este ponto, forem os que estão presentes no tradicionalismo hermético, sendo que outras formas de desenvolvimento que não se utilizem da metodologia apresentada dentro da Ortz Chaim, excluem de si esta situação.

Basicamente falando, os elementos acima são em muitos casos a base para os modelos iniciáticos conhecidos pelo termo “illuminati”, pois as chamadas irmandades da luz, dedicam-se a estes modelos de iniciação universal, desprezando a possibilidade de se ir além dos modelos concebidos previamente sem conhecimento das fontes, origens ou outras formas de pensamento, mas supostos como universais – e portanto católicos – para todos os povos, coisa que em si mesmo é um erro, já que como vimos, as coisas não correm desta forma.

Estes movimentos que oficialmente foram iniciados por Adam Weishaupt, na Baviera em 1776 da era vulgar, e aos quais se procuram estudar a origem extra-oficial em Hassam Ibn Sabbah o “velho da montanha”, ou posteriormente em Saladino, que combateu eficientemente os cruzados, e desencadeou o nascimento da Ordem dos Templários, indiretamente, que veio a dar nascimento a Maçonaria.

O fato é que a disposição criada por Sabbah dentro da Ordem dos Nizarins – termo que implica nos fundamentos do Corão – levou em consideração o batanya, que é a forma como se pode referir as ciências secretas, ligadas a iniciações e costumes Gnósticos, que foram introduzidos dentro desta Ordem assim como o costumeiro uso do Hashishiyun – usado de forma similar a algumas descrições modernas dadas por Crowley sobre Eleusis – e que alguns afirmam ser a fonte para muitas organizações extremistas árabes, nos dias atuais, tem vínculos em larga escala com a história de Saladino.

Para começar, o líder da Ordem dos Nizarins Hassam Ibn Sabbah, viveu entre 1034 e 1124 da era vulgar, e Saladino – aliás Rei Curdo do Egito – viveu entre 1.138 e 1.193 da era vulgar, tendo justamente o ápice administrativo de sua vida existido no momento de maior fervor religioso da Ordem dos Nizarins, pouco tempo após a morte de seu fundador.

Como foi logo em seguida a mais proeminente figura islâmica – por assim dizer, pois sua ascendência Curda, fazia dele muito provavelmente um herdeiro Yezidi, ou seja, um adorador de Malak Thaus ou Shaitan – reuniu a sua volta guerreiros mulçumanos em grande quantidade, para enfrentar a ameaça dos cruzados, que sob ordens do Vaticano estavam invadindo a região da terra, que para os árabes também era considerada sagrada, se bem que por outros motivos.

A força e estratégia de Saladino, causaram tamanhos entraves ao avanço dos templários, que o engendrar de uma companhia militar mercenária se fazia necessária em todos os sentidos para aquele período, tanto para salvaguardas as caravanas, quanto para servir de oposição aos islâmicos e seus Nizarins.

Desta forma foram criados os assim chamados “…pobres cavaleiros de Cristo…”, que em verdade após anos combatendo Saladino, tomando contato com a administração e trato usados pelo mesmo e bem como pelo que era visto, ou sabido por terceiros, a cerca dos Nizarins. Sem mencionar que alguns dentre os templários, ao serem capturados não foram mortos, como uma forma de estratégia para introduzir-se dentro da Europa sob várias frontes de batalha ao mesmo tempo, alguns dos templários foram introduzidos dentro dos círculos mais externos da Ordem dos Nizarins, sob a administração e ponto de vista de Saladino – que como foi acima mencionado, parece ter muito em comum com o culto de Shaitan – e enviados de volta para a Europa.

Estes ao entrarem em contato com seus superiores, aliados ao que se sabia e se ouvia dizer sobre a mesma, geraram um diferencial dentro da Ordem dos Templários, combinando-a com elementos gnósticos – assim como Ibn Sabbah o fez com os Nizarins – e fundindo a esta, elementos naturalmente encontrados em solo espanhol, como por exemplo mapas de rotas antigas, elementos ligados ao culto Herético do padre Ário, e em suma, muito do que foi a administração dos Godos sobre quase toda a Espanha e toda a parte norte de Portugal, desencadeando assim entre outras coisas, o surgimento da arquitetura gótica, e dos movimentos góticos, no decorrer do tempo.

Os templários acumularam tal capital em seus castelos, que o protótipo da ordem de pagamento, ou do “cheque”, foi engendrado por eles, pois qualquer um que chegasse a um castelo templário, poderia trocar seus bens por um determinado peso em ouro, e excetuando-se um valor cobrado pelo castelo para fazer tal coisa, poderia trocar o documento por ouro, em qualquer outro castelo templário.

Seus hábitos e costumes mesclados, imbuídos tanto de elementos cristãos, quanto de elementos mitraicos e gnósticos, levou-os a adotarem o culto a Baphomet, que pode ter as seguintes correlações: Baph somado a Metis do grego “Batismo de Sabedoria”; ou da composição do nome de três deuses: Baph – que seria ligado ao deus Baal – Pho – que derivaria do deus Moloc – e Met – advindo de um deus dos egípcios, Set – e há ainda “Baph Mitra”, que significaria “Pai Mitra”; ou o mais usado “TEM OHP AB” que é a abreviação de “Templi Omnivm Hominum Pacis Abbas“, ou em português, “O Pai do Templo da Paz de Todos os Homens”.

O fato é que Felipi VI, falido Rei da Espanha, pensou em se apoderar de seus muitos bens, e para tanto mandou assassinar um Papa, e colocou outro em seu lugar para dar prosseguimento a seus planos.

No entanto o poder e terror inspirados pelos templários era tamanho, que o papa Clemente V temia fazê-lo, e somente o fez com uma adaga encostada em sua garganta, quando assinou o documento que deu origem ao mais nefasto período da história da humanidade, a Inquisição.

Com este documento em mãos Felipi VI, mandou prender Jaques de Molay, líder da Ordem dos Templários, assim como muitos outros da mesma, se apropriou de todos os bens desta ordem que pode encontrar, e provocou uma fuga em massa dos Templários para região da França, onde tempos depois foi fundada a Franco Maçonaria.

A Maçonaria por sua vez, contando com elementos já vinculados ao cabalismo e hermetismo, tornou-se responsável com o crescimento de sua influência, de uma série de marcantes movimentos políticos, como a ascensão de Napoleão e bem como sua queda, ou a queda da bastilha e a revolução francesa, que foi toda ela galgada sobre os três pilares maçônicos “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”.

No entanto, desejosa de obter controle sobre este tremendo instrumento de poder, a Coroa Britânica ordenou o assassinato do Grão Mestre da Maçonaria daquela época, e colocou no poder um Grão Mestre Inglês, que instituiu dentro da Ordem Maçônica, um voto de juramento a Coroa da Inglaterra.

Daí em diante nobres, comerciantes, militares e pessoas do povo, que fizessem parte da maçonaria, passaram a trabalhar em prol da Inglaterra.

Isto explica o fato dos piratas que atacavam os barcos Portugueses e Espanhóis, serem chamados de Corsários pelos Ingleses, e serem todos eles nobres da corte britânica, ou mesmo participantes da Câmara dos Lordes. E bem como, isto explica por que o Brasil assumiu a dívida de Portugal, favorecendo a Coroa da Inglaterra em muito com tal ato.

Mas a muito mais dentro do conceito das organizações secretas a ser discutido, no tocante a maçonaria e aos que a ela se ligaram.

Voltemos nossa atenção brevemente para aquilo que se conhece como Ordem Rosacruz.

Ali encontraremos o Confessio Fraternitatis escrito em 1615, onde é feita a defesa da Fraternidade, exposta no primeiro manifesto em 1614, contra vozes que se levantavam na sociedade colocando em pauta a autenticidade e os reais motivos da Ordem Rosacruz. Neste manifesto se pode encontrar as seguintes passagens que nos mostram a natureza “illuminati e portanto cristã” dos Rosacruzes:

“…O requisito fundamental para alcançar o conhecimento secreto, de que a Ordem se faz conhecer possuidora, é que sejamos honestos para obter a compreensão e conhecimento da filosofia descrevendo-nos simultaneamente como Cristãos! Que pensam vocês, queridas pessoas, e como parecem afetados, vendo que agora compreendem e sabem, que nós nos reconhecemos como professando verdadeira e sinceramente Cristo, não de um modo exotérico e sim no verdadeiro sentido esotérico do Cristianismo! Viciamo-nos na verdadeira Filosofia, levamos uma vida Cristã! Condenamos o Papa como a verdadeira Besta…”

E por notarmos que o Brasão de Armas de Lutero é o mesmo usado pelos Rosacruzes, para dar nome a seu símbolo máximo – justamente a Rosa e a Cruz – e a isto aliarmos o fato de que este movimento nasceu para dar apoio a administração dos Estados Protestantes da Boêmia, sob Frederico V, saberemos então porque foram apoiados pelo mesmo naquele território, e bem como qual a natureza de sua força motriz.

E quanto pensamos na história da organização que veio a dar origem a Maçonaria, ou seja a Ordem dos Templários, e bem como nos atemos ao que sobreveio a mesma sob os atos do papa Clemente V, entenderemos então os atos entrelaçados da Maçonaria e bem como os usos que a mesma deu as contribuições dos protestantes, a cerca tanto da movimentação política de então, quanto ao direcionamento simbólico que pretendeu posteriormente, principalmente quando ela veio a estar sob total influência da Coroa Britânica, já totalmente desvinculada do Vaticano.

Com tudo isto veremos que na verdade, Adam Weishaupt foi influenciado em sua reformulação do movimento dos Illuminati da Baviera, por ação do protestantismo rosacruciano, contido por exemplo no Confessio Fraternitatis acima descrito, e no entanto todos este movimentos contém sementes do gnosticismo quer seja pela via indireta dos Templários e de seus descendentes os Maçons, quer seja pela via da Ordem dos Nizarins de Hassam Ibn Sabbah, também usada por Saladino o Curdo, e quer seja pela influência que Saladino deu a todos que passaram por sua autoridade, uma vez que o mesmo era Curdo e que muito provavelmente possuía fortes influências Yezidis, em sua conduta.

No entanto observamos em todos os movimentos acima, Duas Coisas muito proeminentes.

A primeira delas é a constante batalha destes movimentos uns contra os outros.

A segunda, é o fato de que todos eles ou são descendentes de uma mesma fonte, ou detém os mesmos símbolos, ou afirmam as mesmas verdades, e ao final das contas são todos movimentos ligados a “iluminação do ser pelo sol da sabedoria secreta monoteísta”, que incansavelmente luta contra as trevas do grande inimigo infiel, que vive apartado da dita graça de “cristo-allah-yaveh-aton”!

E por tudo que já foi anteriormente descrito, saberemos que trata-se por um lado de corpos religiosos baseados em dogma, que em si mesmo sempre é vazio, e por outro em processos de catarse psicológica, que estão incompletos pelo uso apenas do que afirma a base escravagista da fórmula fálico solar, sendo sempre deixadas de lado toda e qualquer forma simbólica, por mais rica que seja, que aborde formas de pensamento diversos do dogma corânico, bíblico ou talmúdico, mas que mantém de forma adulterada, os simbolismos dos quais o dogma veio a se apropriar indevidamente, para dar sustentação a si mesmo – como foi largamente discutido acima.

Agora surgirá a seguinte pergunta:

Há possibilidade iniciática nos tempos modernos, dissociada dos melindres e tolices seculares – milenares na verdade – que possa nestes dias levar alguém a se erguer para além dos limites do ego, da falsidade social, da falsidade pessoal ou do rastejar contido na lastimável misericórdia, que tanto é citada como grande e respeitável virtude?

Certamente que sim!

Observemos que os reflexos deste Aeon, já eram notados em 1848 e.v. – com a obra de Orestes Brownson – e em 1888 da vulgar era cristã, quando uma das mais celebradas obras de Friedrich Nietzsche “O Anticristo” foi escrito – embora tenha sido somente publicada em 1895 e.v. – e desde aquele momento, começaram a tomar sena em meio ao mundo com cada vez mais ênfase, pois pouquíssimo tempo depois movimentos de renascimento de cultos, tradições e formas de conhecimento que historicamente se opuseram ao cristianismo e a outras formas de expressão fálico solar, ou dogmáticas conhecidas, começaram tanto a ganhar contornos quanto a se fazerem cada vez mais presentes na sociedade moderna.

Pois justamente em 1895 e.v. Carl Kellner, Franz Hartmann e Theodor Reuss engendraram os moldes do que então viria a ser conhecido como Ordo Templi Orientis, que veio a ser fundada concretamente em 1902 e.v., justamente o mesmo ano em que Karl Anton List desenvolveu um sistema de resgate das tradições setentrionais, que impulsionou uma gigantesca quantidade de trabalhos seus e de outros que vieram posteriormente.

Apesar da O.T.O., fundada por Carl Kellner, ter sido pensada nos mesmos moldes dos sistemas “illuminati” que acima foram mencionados, a mesma tanto já nasceu com alguns elementos diferentes em sua forma de expressão, como também veio a passar por alterações imensas poucos anos depois.

Esta academia de treinamento para maçons, como era o intento dos fundadores no início, contava com rituais sexuais ligados ao ponto de vista de Franz Hartimann e bem como a filosofia dos movimentos Samkhya e Addvaista, e contava com métodos de preparação do chamado elixir alquímico, que se usa de uma abordagem ligada a um ponto de vista acima citado, referente ao espírito estar presente no sêmen, e se fixar para o consumo via a emanação lunar do sangue menstrual.

Em 1904 e.v., na cidade egípcia do Cairo, Rose Kelly veio a ser o veículo pelo qual Aleister Crolwey recebeu o Liber Al vel Legis como a lei máxima do novo Aeon.

Este livro possuía uma tal natureza, que o comentário de Crowley ao seu término era caracterizado pelo terror, dado o choque cultural, social, religioso e político proposto no mesmo, que em muito já se alinhava com as disposições traçadas por Nietzsche em seu Anticristo, com o trabalho de Raleais “Gargântua e Pantagruel” e com o enfoque de Karl Anton List, perante a ética e o caminho de oposição a ser tomado.

Em 1912 e.v. Theodor Reuss convidou Aleister Crowley para encabeçar o ramo inglês da O.T.O., após ter testemunhado em um de seus trabalhos a chave do Santuário Supremo da Gnose.

Crowley que já havia engendrado a A.A. dentro de pontos de vista similares aos da O.T.O., mas já embasada no Liber Al vel Legis, não viu nenhum obstáculo em polarizar a O.T.O. com o Liber AL, tornando-a desta maneira uma forma de expressão do Thelemismo.

Paralelo a isso, os movimentos engendrados por K.A. List desdobraram-se de tal forma, que um trabalho de Orestes Brownson de nome “O Renascer do Odinismo” escrito em 1848 e.v., foi usado como base para engendrar um movimento com este nome em 1930 e.v., e que se estendeu em vários países, incluindo a Islândia, chegando a engendrar ali em 1972 e.v., a aceitação de uma derivação de seus conceitos sob o nome Asatru, com religião oficialmente aceita naquele país, e em 1973 e.v. foi criado o Odinic Rite na Inglaterra, e uma série de outros sistemas setentrionais entrou em curso desde então.

Em meados de 1900 e.v., em solo eslavo o mesmo começou a ocorrer, pois a Romuva – tradição natural dos povos Eslavos e Bálticos – que havia sido suprimida pelas artimanhas, perseguições e engodos dos jesuítas, voltou a tomar corpo no leste asiático.

No entanto em meados de 1940 e.v., o avanço soviético usando-se dos meios mais violentos a sua disposição, procurou exterminar todos os praticantes de Romuva que pôde encontrar, sendo que a mesma veio a se manter oculta no seio das famílias que ainda sustentavam seus ideais, até que 52 anos depois, por puro esforço de vontade e insistência veio ela a ser reconhecida em meio a muitos estados eslavos.

Em tempos muito recentes, os templos gregos voltaram a ser usados pelos “Hellenistas”, que procuram o resgate dos cultos antigos da região grega, e ali puderam reunir 50.000 pessoas, para adoração dentro dos templos helênicos.

Todos estes movimentos polarizados em seu início basicamente no mesmo momento histórico, não foram outra coisa senão o efeito indireto do despertar de melhores e mais precisas formas de iniciação, ligadas a fórmulas verídicas do desenvolvimento humano e que no geral contém veracidade histórica, tanto como um de seus sustentáculos, quanto expressão esta veracidade via seus símbolos e mistérios falando diretamente aos povos que participam da ancestralidade dos mesmos, ou falando aqueles que ligam-se a esta ancestralidade por identificação.

Se analisarmos o texto básico do thelemismo, notaremos que seu desenrolar nada tem em comum com as fórmulas de miserabilidade humana que Nietzsche sempre atacou, uma vez que neste mesmo texto não há espaço para o fraquejar ou para a misericórdia, que em si é vista como um vício.

Se notarmos os elementos acima reunidos, lembraremo-nos que a esfera de chesed citada dentro do cabalismo e hermetismo, lar da fórmula de “…Yaveh-Joveh-Zeus-Deus…” expressa pelo nome do deus supremo dos fenícios “..El…” ou “…Al…”, que foi absorvido para uso pelo hebraico como termo que define o deus do monoteísmo “…El…”, cujo plural ou coletivo é “…Helohim…” – como acima descrito.

Veremos que misericórdia é atribuída diretamente a esta sephiroth, que aliás é a antecessora da citada experiência do abismo, que abriga em si todos os temores de Zeus a cerca do despertar e liberdade dos Titãs.

Sobre isto o Liber Al vel Legis, deixa bem claro em suas estrofes a orientação pretendida para este Aeon:

21. Nós não temos nada com o proscrito e o incapaz: deixai-os morrer em sua miséria. Pois eles não sentem. Compaixão é vício de reis: pisa o infeliz & o fraco: esta é a lei do forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo. (Livro II – Hadit);

18. Que a piedade esteja fora: malditos aqueles que se apiedam! Matai e torturai; não vos modereis; sede sobre eles! (Livro III – Rá Hoor Khuit)

;

Que muito guardam em comum com esta estrofe da tradição setentrional:

127.Se estás consciente que o outro é perverso, diga: não tenho trégua ou acordo com inimigos! (Havamal)

E bem como com estas importantes passagens do Anticristo de Nietzsche:

O que é bom? – Tudo que aumenta, no homem, a sensação de poder, a vontade de poder, o próprio poder.

O que é mau? – Tudo que se origina da fraqueza.

O que é felicidade? – A sensação de que o poder aumenta – de que uma resistência foi superada.

Não o contentamento, mas mais poder; não a paz a qualquer custo, mas a guerra; não a virtude, mas a eficiência (virtude no sentido da Renascença, virtu(1), virtude desvinculada de moralismos).

 

Os fracos e os malogrados devem perecer: primeiro princípio de nossa caridade. E realmente deve-se ajudá-los nisso.

 

O que é mais nocivo que qualquer vício? – A compaixão posta em prática em nome dos malogrados e dos fracos – o cristianismo…

 

Como pudemos então observar acima, o alinhamento que culminou com o nascimento do Liber Al vel Legis, tem características muito bem definidas que tendem a extirpar de si as formas mendicantes e sofríveis, que marcaram os tempos antigos, e procuram livrar-se das adulterações históricas e bem como dos dogmas e vícios que são tão comuns em meio ambiente fálico solar secular, que tem acompanhado a humanidade de forma tirânica tolhendo-lhe o livre pensamento.

O advento do thelemismo serviu como uma cabeça de aríete para dar passagem a uma série de estilos de expressão religiosa, artística, filosófica e científica em total oposição ao Aeon do Culto dos Escravos, buscando a divindade que subsiste na humanidade e pela humanidade, e bem como as formas de enaltecimento da nobreza de ser, da disciplina, da força, da vontade e da coragem do espírito do ser humano, não mais visto agora como um pecador a ser salvo, e sim como um deus a ser despertado, pois se o thelemismo afirma que “cada homem e cada mulher, são uma estrela”, também isto pode ser encontrado dentro das formas setentrionais, eslavas e célticas – entre outras – renascidas dentro deste pulso crescente, onde podemos encontrar citações tais como “quando os deuses criaram a humanidade, eles criaram uma arma”!

Neste Aeon aquele que pleiteia a iniciação deve buscar encontrar a si mesmo como o Centro do Universo, e não mais o Sol como tão freqüentemente ocorreu no Aeon passado, sob o dogma e as adulterações, e entender a si como uma estrela com um propósito, uma órbita, uma lei especificamente sua.

Ele não mais deve buscar virar a outra face, antes deve ele atingir o inimigo e extirpar-lhe a existência de forma fria e dura, pois a lei é a lei do forte e do mais capacitado.

Desta maneira vem a ser uma obrigação de todos os sistemas nascidos nesta maré de renovação, de eliminar todo e qualquer vestígio de maculo dos antigos tempos do dogma, pois tanto dão margem para suposições e aplicações baseadas em falsidade e mentira histórica ardilosamente manipulada, quanto são instrumentos de plágio e de experiências vividas pela metade, para dar alguma consistência ao “monotonoteísmo” – parafraseando Nietzsche.

Não é mais cristo quem está visível no altar!

Ali devem estar as imagens bélicas, belas e orgulhosas de Hoor, Baldhur, Dazbog, Belennos, Heracles ou Utu Absu.

Não é mais o manto recatado de uma Maria inviolada que deve instigar o coração das mulheres, e sim o brilho da estrela da manhã, sob a graça de Inanna, Astaroth, Freija, Lada, Afrodite e Isis.

Não mais deve ser celebrado um matador de dragões, antes disto Hadit, Svarog, Neit, Lock, Ophion, Dagon, Zalts serão celebrados como a fonte do saber humano, e origem da divindade humana.

Não mais as fórmulas que relegaram diferenças baseadas na simbologia do falo solar, podem ser empregadas nestes tempos sem que se pague o preço do ridículo, do escárnio ou do manto da tolice ou do engodo. Pois a história e a ciência juntas comprovam, que tem sido sempre assim em meio ao dogma e seu bastião.

No entanto tristemente podemos notar como, apesar dos sinais diretos e indiretos, sutis ou grosseiros, violentos ou suaves, constantemente baterem a porta de todos os ditos iniciadores. Estes em sua maioria prosseguem nos usos e costumes das falhas do Antigo Aeon, e em nenhum momento pautam-se em meios e modos de alterar sua conduta, ou sequer supõe-se errados em usá-la.

Esta conduta contumaz é fruto da relutância em perceber os próprios erros, ou na necessidade do ganho fácil proveniente do uso dos modelos antigos, ou do tráfico de influência que se possa fazer ao mantê-lo em voga, mesmo que se saiba o quão errado tal ato está.

Assim sendo, e tendo como base de análise o caso thelemico, veremos que em dado momento é afirmado no tema básico dos thelemitas, o Liber Al vel Legis, a cerca de Crowley que:

…49. Abrogados estão todos os rituais, todas as ordálias, todas as palavras e sinais. Ra-Hoor-Khuit tomou seu assento no Equinócio dos Deuses; e que Asar fique com Isa, que também são um. Mas eles não são meus. Que Asar seja o Adorador, Isa a sofredora; Hoor em seu nome secreto e esplendor é o Senhor iniciante. (Livro I – Nuit)…

 

…5. Vide! os rituais da velha era são negros. Que os maus sejam abandonados; que os bons sejam expurgados pelo profeta! Então este Conhecimento seguirá de forma correta. (Livro II – Hadit)…

E considerando-se estas passagens do Livro III de Rá Hoor Khuit, do Liber Al vel Legis:

51. Com minha cabeça de Falcão eu bico os olhos de Jesus enquanto ele se dependura da cruz.

52. Eu bato minhas asas na face de Mohammed & o cego.

53. Com minhas garras Eu rasgo a carne do Indiano e do Budista, Mongol e Din. 

54. Bahlasti! Ompedha! Eu cuspo em seus credos crapulosos.

55. Que Maria inviolada seja despedaçada sobre rodas: por sua causa que todas as mulheres castas sejam totalmente desprezadas entre vós!

56. Também por causa da beleza e amor.

57. Desprezai também todos os covardes; soldados profissionais que não ousam lutar, mas brincam; todos os tolos desprezai!

58. Mas o perspicaz e o orgulhoso, o real e o altivo; vós sois irmãos! 

59. Como irmãos, lutai!

 

Entenderemos que a lei de thelema é irmanada a todas as formas de expressão que veiculam o forte e o orgulhoso, o disciplinado e o capaz, em total oposição a misericórdia, compaixão, hipocrisia religiosa, falsidade moral e mentiras históricas que são legítimas representantes do movimento religioso fálico solar, desde Akhenaton dos golpes políticos, religiosos, militares e econômicos descendentes de sua atitude néscia.

E, no entanto, o próprio Crowley manteve alguns destes erros, que foram continuados por seus discípulos diretos e indiretos, tanto por descuido quanto por descaso.

Seus atos abriram portas a muito fechadas, mas muitas de suas atitudes e posicionamentos mantiveram-se seguramente mantidos dentro das muralhas do que o thelemismo afirma ser o Velho Aeon.

Uma prova disto, é uma análise sua a cerca de “Yod”:

Aleister Crowley, em sua obra O Livro de Thoth – O Tarot, explica: “Yod é a primeira letra do nome Tetragramaton e este simboliza o Pai, que é Sabedoria; ele é a forma mais elevada de Mercúrio, o Logos, o Criador de todos os mundos. Conseqüentemente, seu representante na vida física é o espermatozóide e esta é a razão da carta ser chamada O Eremita…

Em primeiro lugar, os movimentos gnósticos foram galgados sobre as fórmulas que foram acima descritas, e que pela observação adequada, se mostram incapazes de sobreviver neste Aeon, pois nem são históricas e nem são verdadeiramente tradicionais, e no geral apenas sustentam a atuação das bases do Aeon, que insidiosamente mentem-se presente até estes dias, por meio de seus sustentáculos do passado, tipificados como conhecimento, mesmo não o sendo sob a luz da ciência e da história.

Em segundo lugar, esta fórmula gnóstica que relega a mulher ao segundo plano, vista como “…He-Vau-He…”, ou “…Eva…”, enquanto Therion é visto como “…Yod…” e “…Adão…”, questionada inclusive por outro thelemita de nome Kenneth Grant, entra em um beco sem saída quando se observam as seguintes passagens do Liber Al vel Legis, Livro I de Nuit:

…52. Se isto não estiver correto, se vós confundirdes as demarcações dizendo: Elas são uma; ou dizendo, Elas são muitas; se o ritual não for sempre a mim: então aguardai os terríveis julgamentos de Ra Hoor Khuit!…

…16. Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas para ele é a secreta chama alada, e para ela a descendente luz estrelar…

Se a mulher é somente um corpo sem alma, como gosta de afirmar toda versão antiga da bíblia, e muitas formas de entendimento tanto gnósticas como dogmáticas, então como pode ela tomar contato diretamente com a Luz Estelar de Nuit?

E se Hadit claramente afirmado ali como a Kundalini, no Homem, e deve ser erguer até Nuit, portanto as alturas do Sahashara Chacra, com pode ele ser o espírito se o mesmo procede do Nada Primordial que é Nuit/Tiamat por excelência, e tem nela sua verdadeira morada?

E sabendo-se da verdadeira história de Akhenaton, dos desdobramentos reais ligados a ele, do fato de que não houve envolvimento algum de uma língua sagrada ou sistema sagrado – ou de qualquer divindade real patronal – ligado aos usos e costumes do idioma, usado como base para estudos e aplicações. E entendendo-se pelo estudo adequado, que seus símbolos mais fortes, são de origem de povos mais velhos e mais sábios, e que estes símbolos perderam muito de si ao serem anexados indevidamente para uso do dogmatismo fálico solar dos herdeiros de Akhenaton, e mesmo para representação de fórmulas filosóficas destes, uma vez que em verdade o drama do fiasco que a cidade de Akhetaton foi, é o tema central destes símbolos base que sustentam sua tese de existência, contudo modificados para terem algum sustento histórico, mesmo que extremamente ficcional.

Não se admite mais em momento algum, que se possa supor qualquer uso real ou valor dentro da iniciação, para os códigos e meios e modos, tais e quais acima foram descritos.

Assim sendo, é chegado o momento de dar um basta no medíocre comportamento que tem abundado em meio aos ocultistas e ditos praticantes de outros estilos, onde coisas velhas e já sem uso algum são vendidas com novas roupagens, para não causar náusea aos clientes.

Outros sistemas e símbolos melhores, e outras línguas em total afinidade com o despertar do thelemismo se fazem necessárias para alavancá-lo adiante, como um baluarte da verdadeira e pura vontade humana.

É necessário que a ordem e o valor do alfabeto inglês sejam veridicamente empregado para tanto, com o estudo de suas origens e com o estudo de seus símbolos, que se adéquam em todos os sentidos a lei de thelema, e dos quais tanto necessitam os humanos para poderem dar seu passo além, e finalmente virarem esta página da história onde os grilhões do dogma foram pintados de ouro, e chamados de honraria.

Pois nesta ordem e valor das tradições do alfabeto da língua inglesa, “tzaddi” finalmente poderá ser descartado como “A Estrela”, e o caractere que demarca a “humanidade”, assumira ali seu lugar devido, e “Isa” estará com “Asar”, o qual é “Har” para os anglo-saxões antigos, que em verdade conheceram “Vontade” como seu irmão, e bem como um de seus principais deuses.

Por Grimm Wotan, o Berserker

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/a-iniciacao-no-velho-e-no-novo-aeon-antagonismos/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/a-iniciacao-no-velho-e-no-novo-aeon-antagonismos/