Curso em Brasília e Cursos no Carnaval

Este é um post sobre um Curso já ministrado!

Se você chegou até aqui procurando por Cursos de Hermetismo, Kabbalah, Astrologia ou Tarot, vá para nossa página de Cursos ou conheça nossos cursos básicos!

Cursos de Fevereiro/2009

21/02 – SP – Sábado – Kabbalah.

22/02 – SP – Domingo – Astrologia Hermética.

23/02 – SP – Segunda – Tarot (Arcanos Maiores).

24/02 – SP – Terça – Chakras, Kundalini e Magia Sexual.

Uma alternativa para o Ziriguidum dos infernos que toma conta desta República de Bananas. Os interessados escrevam pro marcelo@daemon.com.br

Mais sobre a experiência dos cursos na continuação…

Queria agradecer à galera da Pendragon, que conseguiu o local, e ao pessoal que se dispôs a passar 16 horas estudando sobre coisas que até então faziam parte das suas vidas, mas que parecem estar espalhadas e desconexas… até que tudo faz sentido! Normalmente o pessoal sai com o cérebro zunindo deste curso e demora alguns meses para digerir todas as informações.

Uma vez um aluno me perguntou quanto tempo demorava para aprender toda a Kabbalah. “Algumas vidas” – respondi.

Como tudo começou…

Estou curtindo ministrar esses cursos. Antigamente eles eram abertos apenas para membros da maçonaria ou rosacruz, porque eu não tinha a menor paciência para ensinar estas coisas no método que as pessoas vêem nas “Escolas Ezotéricas” (com Z mesmo, porque nem X de “Exotérica” esse povo está merecendo hoje em dia). Conheci um pessoal de um desses centros holísticos da vida e fiz uma experiência:

ministrei um curso de tarot.

Apareceram umas vinte tias, e o curso era dividido em três meses, uma aula por semana… “tem de ser mastigado, senão o pessoal não entende” – me disse a dona do local – “É mesmo?“.

Nem preciso dizer que as tias apareciam aula sim, aula não.. e davam a impressão que, se o curso fosse de culinária ao invés de tarot, daria na mesma. Para elas, era como se fosse um passatempo.

Como eu gosto das coisas bem feitas, mandei esse esquema à merda e parei de dar aulas para profanos. Dentro das Ordens Iniciáticas, o pessoal que vai fazer estes cursos já sabe o que quer e tem a disciplina e a vontade de aprender, mesmo que não saibam NADA sobre o assunto em questão.

E assim foi durante alguns anos, até que o Eightbits me convidou para escrever a coluna no S&H e o pessoal começou a insistir para abrir estes cursos para os leitores.

Fiz a experiência em Dezembro do ano passado e devo reconhecer que têm sido muito legal. Conheci um pessoal que realmente está a fim de estudar, ler, pesquisar e ir a fundo nestes assuntos. Tanto que boa parte deles acabou se iniciando em ordens filosóficas e iniciáticas e hoje já seguem com as próprias pernas. Fico muito feliz e honrado de poder ter sido a pessoa que abriu estas portas para vocês.

Agora em 2009, com o pessoal mais adiantado, podemos abrir turmas de 72 anjos da Kabbalah, Goécia, Geometria Sagrada, Florais, I-Ching, Runas e Gematria, pois seria impossível ter grupos de estudos pegando um pessoal novato.

Justamente por isso, pensei em fazer a série com os 4 cursos que eu considero mais importantes ao estudante de Ocultismo. Eu já preparei toda a didática para quem não sabe nada a respeito destes assuntos ter as bases para estudar sozinho depois.

Kabbalah vai tratar da Árvore da Vida. A origem e a explicação de todas as escolas filosóficas e religiões, a resposta para a Vida, o Universo e tudo mais…
Astrologia Hermética já traz muitos aspectos práticos de autoconhecimento. Entender como funcionam os ciclos da natureza e como estas forças astrais podem ser utilizadas para impulsionar praticamente qualquer ação realizada no Plano Material é uma ferramenta básica de qualquer iniciado.

O Tarot é o meu oráculo favorito. Dispensa apresentações.

E por fim, Chakras, Kundalini e Magia Sexual eu considero muito importante para qualquer pessoa que já tenha alguma mediunidade, para casais que queiram estudar ocultismo juntos e para quem deseja lidar com aspectos de magia prática no futuro.

Mas já aviso antes… São cursos puxados, de 8h cada e com um volume enorme de material (mas se você prefere tudo mastigadinho, tudo bem, eu posso recomendar umas casas ezotéricas…)

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/curso-em-bras%C3%ADlia-e-cursos-no-carnaval

As Pesquisas de Michel Gauquelin

Além da pesquisa centrada no zodíaco, que não foi favorável à astrologia, embora, como veremos em outro artigo, seu planejamento tenha sido no mínimo discutível, outro experimento, que mostrava a distribuição no espaço dos planetas do sistema solar, mais o Sol e a Lua, obteve um extraordinário sucesso. Calcularam-se as posições desses corpos celestes no horário de nascimento de médicos eminentes da Academia de Medicina da França, num total de 576 profissionais, tendo como resultado uma interessante correlação. Dois anos depois, repetiu-se o mesmo tipo de experiência, dessa vez com outros 508 médicos, e novamente as correlações se confirmaram. A grande “descoberta” foi que, dividindo a esfera celeste em doze setores, os planetas Marte e Saturno, e só eles, apareciam com maior freqüência próximo ao nascer (surgimento no horizonte) e à culminação superior (passagem pelo meridiano local) no horário em que os futuros médicos vieram ao mundo. Essa freqüência em dois dos setores demarcados superava em muito o que seria o esperado numa distribuição aleatória. O resultado, como veremos no segmento que explica a experiência, mostrava-se estatisticamente muito significativo, ou seja, a probabilidade de que esses dados fossem obra do acaso era remotíssima.

Outras profissões também foram avaliadas em relação aos planetas. Correlações significativas surgiram igualmente no nascer e na culminação de Marte para atletas, de Júpiter para atores e políticos, de Saturno para cientistas e da Lua para escritores e também para políticos. Entre 1956 e 1958, Gauquelin reproduziu o mesmo procedimento com amostras de outros países europeus: Alemanha, Bélgica, Holanda e Itália. Mais uma vez observou o mesmo efeito, os mesmos planetas apareciam com freqüência bem maior do que o normal nas proximidades do horizonte leste e da culminação superior no momento em que nasciam indivíduos que, no futuro, viriam a ser profissionais bem-sucedidos numa área específica. Havia também um pequeno aumento da freqüência próximo ao ocaso e à culminação inferior. Os outros planetas do sistema solar, bem como o próprio Sol, componentes fundamentais da análise astrológica, não apresentaram correlação com nenhuma das profissões pesquisadas. Em 1960, Gauquelin publica Les Hommes et Les Astres, apresentando todos esses novos resultados.

Continuando a pesquisa, em 1966 ele publica o livro L’Hérédité Planetaire, mais um marco em sua carreira. Aqui são comparadas as posições dos astros na hora de nascimento de pais e filhos, segundo o mesmo método de divisão da esfera diurna utilizado para as profissões. Os planetas que ocupam a região em torno do nascer e da culminação superior no momento em que nascem os pais tendem a reproduzir essas posições no caso dos filhos. Estatisticamente, os valores novamente são muito significativos e o efeito planetário na hereditariedade vem reforçar o significado das experiências anteriores. Desta vez, o planeta Vênus também aparece como significativo nas correlações. Gauquelin ainda encontraria uma outra correlação interessante: entre a atividade geomagnética e a intensidade do efeito planetário na hereditariedade em termos de casos positivos. De acordo com os cálculos efetuados, o efeito planetário era aproximadamente duas vezes mais forte quando a criança nascia em dias de maior perturbação magnética, ou seja, as correlações envolvendo pais e filhos eram mais freqüentes nesses dias. E se o parto (dos filhos) fosse por cesariana em vez de normal, a correlação diminuía sensivelmente.

No final da década de 60, Gauquelin deu um novo rumo a suas pesquisas. Os resultados de duas décadas de trabalho pareciam apontar numa direção bem mais promissora. Melhor do que relacionar profissões com planetas seria vincular esses corpos celestes com traços de personalidade típicos de pessoas que são bem-sucedidas numa determinada carreira. Afastava-se, assim, a incômoda idéia de destino, do “estar escrito nas estrelas”, que dava lugar a predisposições de natureza psicológica. Para alguém ter êxito numa profissão, e a pesquisa de Gauquelin nesse sentido só encontrou correlações estatisticamente válidas nos profissionais de alto nível, naqueles que atingiram o topo da carreira, é preciso possuir certas características praticamente indispensáveis a um desempenho competente no ofício. Por exemplo: executivos devem ter iniciativa e dinamismo (Marte), cientistas precisam ser disciplinados e introspectivos (Saturno), atores via de regra são extrovertidos (Júpiter), e assim por diante.

Antes de examinarmos com mais detalhes esta última etapa do trabalho de Michel Gauquelin, sem dúvida a mais importante, explicaremos alguns conceitos de astronomia necessários ao entendimento da metodologia utilizada. Depois poderemos apresentar a elaboração dos experimentos e, em seguida, qual o impacto que os resultados tiveram na comunidade científica, se é que houve algum.

O Movimento Diurno

Devido à rotação da Terra sobre seu próprio eixo, um observador pode ver, no céu, o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas descreverem uma trajetória na esfera celeste, cujo tempo aproximado é de 24 horas. Esse movimento segue no sentido do leste para o oeste, já que nosso planeta gira no sentido contrário. Na Figura 1, Gauquelin dá um exemplo do movimento diurno de Marte para o dia 24 de maio de 1956, em Paris. Nesse dia, o planeta vermelho nasceu, isto é, surgiu no horizonte leste, à 0h44, culminou às 5h33 e se pôs no horizonte oeste às 10h22.

Vemos nessa figura dois grandes círculos perpendiculares que são o horizonte e o meridiano do lugar. O movimento de Marte é marcado pelo círculo ABCDA. O ponto A assinala o momento em que este corpo celeste aparece no horizonte leste, portanto quando cruza a linha do horizonte, à 0h44. Continuando sua trajetória, ele se eleva no céu, com uma certa inclinação, até atingir a culminação, ou seja, seu ponto mais alto na esfera celeste, o ponto B, às 5h33. Daí ele começa a descer, chegando ao ponto C, na intersecção com o horizonte oeste, às 10h22. A partir dessa posição, Marte segue abaixo do horizonte até alcançar o ponto D, onde cruza o meridiano em sua culminação inferior, localizada a 180 graus da culminação superior. Desse ponto ele voltará para o ponto A, nascendo novamente. Softwares de astronomia ou de astrologia fornecem a posição dos demais planetas, além do Sol e da Lua, entre o horizonte e o meridiano para um determinado momento. Assim, pode-se fazer um estudo de correlação envolvendo todos eles.

O que interessava a Gauquelin era justamente determinar a posição de um planeta, do Sol e da Lua no momento em que uma pessoa nascesse. Para fazer um cálculo estatístico da freqüência de nascimentos nas diversas posições possíveis, era preciso dividir o círculo do movimento diurno em partes iguais. Desta maneira, são computados separadamente todos os nascimentos ocorridos

O número de médicos nascidos no momento em que Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4 era maior que 16,7% da amostra, indicando uma “preferência” pela proximidade com o Ascendente e o Meio-do-Céu, os dois pontos mais importantes de uma carta astrológica.

Quando um planeta estava numa determinada região da esfera celeste. Assim, seguindo com o exemplo de Marte, o movimento diurno deste planeta é dividido em 12 partes ou setores. Não confundir esta divisão com a divisão astrológica das Casas Terrestres, embora as posições do Ascendente e do Meio-do-Céu (culminação superior) sejam as mesmas. Futuramente, Gauquelin adotaria o sistema de Casas astrológicas de Plácido.

Na Figura 2, vemos que Marte esteve acima do horizonte durante 9 horas e 38 minutos (578 minutos). Logo, permaneceu abaixo do horizonte por 862 minutos, num total de 1440 minutos, ou seja, 24 horas. Dividiu-se então o arco diurno do planeta em seis setores iguais, cada um com 96 minutos de arco; o mesmo para o arco noturno, cada setor com 144 minutos de arco. Numerados os setores de 1 a 12, o primeiro começa exatamente ao nascer à 0h44, o segundo às 2h20, depois passando pela culminação às 5h33, pelo ocaso às 10h22, e assim sucessivamente. Se nesse dia uma pessoa nasceu à 1h10, Marte estava no setor 1, pouco acima do horizonte. Se o nascimento foi às 5h15, Marte aproximava-se da culminação superior, ainda no setor 3. O mesmo procedimento vale para a posição dos outros corpos celestes. Em amostras de alguns milhares de nascimentos, os planetas e os luminares estarão distribuídos entre esses setores, ocupando cada um deles com uma determinada freqüência.

Procedimentos Experimentais

Teoricamente, espera-se que cada corpo celeste, ou operador celeste astrológico, passe um dozeavos (8,33%) do tempo em cada setor, embora existam variáveis astronômicas e demográficas, devidamente controladas nas pesquisas de Gauquelin, que alteram um pouco esse valor, daí a necessidade de um grupo de controle, tomado aleatoriamente e formado por indivíduos que nasceram no mesmo intervalo de tempo e na mesma região das pessoas que compõem a amostra. Assim é possível conhecer a distribuição média e compará-la com o resultado obtido. Se a distribuição dos nascimentos pesquisados estiver dentro dessa média, portanto com um número praticamente igual de nascimentos em cada setor, então não há problema nenhum, trata-se de uma distribuição aleatória. É o que deve acontecer. Ou pelo menos deveria. Para analisar estatisticamente as amostras, Gauquelin utilizou o teste do qui-quadrado, uma medida que compara freqüências observadas com freqüências teoricamente esperadas e indica a extensão da discrepância entre os dois conjuntos de dados, e a distribuição normal padronizada (z score), que dá a distância relativa da média em unidades de desvio padrão.

Essa distribuição, ou seja, quantas vezes um planeta encontra-se presente num certo setor para uma determinada amostra, pode revelar se existe de fato uma correlação estatisticamente significativa entre a posição do planeta e a natureza específica de um conjunto de nascimentos. Como já dissemos, o primeiro experimento bem-sucedido do casal Gauquelin foi com a amostra que reunia o horário de nascimento de 576 médicos ilustres. O número de médicos nascidos no momento em que Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4, ou seja, quando estes planetas se elevavam no horizonte leste ou pouco depois de cruzarem o meridiano do lugar, era maior que 16,7% da amostra, indicando uma “preferência” pela proximidade com o Ascendente e o Meio-do-Céu, os dois pontos mais importantes de uma carta astrológica. A freqüência encontrada era bastante significativa. Sendo a amostra relativamente grande – 576 indivíduos -, o resultado era altamente improvável se atribuído ao acaso.

Gauquelin repetiu o experimento com outra amostra, desta vez com 508 médicos ilustres, uma quantidade também adequada para fins estatísticos. O resultado novamente confirmou uma freqüência bastante significativa de nascimentos quando Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4, que mais tarde passariam a ser chamados de setores-chave.

A associação encontrada por Gauquelin entre medicina e os planetas Marte e Saturno corrobora os significados tradicionais que a astrologia atribui a esses dois planetas ao vinculá-los, especialmente no caso de Marte, à medicina e aos médicos. As observações empíricas dos antigos já detectavam uma correlação que só no século XX viria a ser redescoberta, embora a ciência oficial continue com seus ataques histéricos contra a astrologia.

Sendo ele um pesquisador sério e honesto, qualidades nem sempre aplicáveis a seus detratores, Gauquelin sabia que deveria continuar repetindo essas experiências para assegurar-se da validade do fenômeno. Pois tudo poderia não passar de uma combinação fortuita. Depois de muitos malogros, alguma vez ele poderia fatalmente sair com um resultado positivo – apenas por acaso. Assim, seguiu em frente, agora recolhendo dados de nascimento de franceses que se destacaram nos esportes, na política, na guerra, enfim, nas mais diversas atividades. As informações sobre cada pessoa, ele as obtinha de dicionários biográficos; o horário de nascimento, de cartórios de registro.

Mais uma vez, alguns planetas confirmavam seus significados tradicionais. Aqueles mesmos setores – às vezes também outros, quando se dividia o movimento diurno em 18 ou 36 setores – apresentavam uma freqüência maior que a esperada, e agora Gauquelin chegava a resultados ainda mais impressionantes, principalmente naquilo que ficou conhecido como o Efeito Marte e sua altíssima freqüência no caso de esportistas eminentes. Em um dos experimentos, para uma freqüência esperada de 253 nascimentos nos setores-chave, ou zona de acréscimo, como ele a chamou, a freqüência observada foi de 327 nascimentos, numa amostra de 1485 campeões. Dado o tamanho da amostra, a diferença em relação à freqüência teórica, mesmo sendo relativamente pequena torna-se extremamente significativa. Aqui temos um desvio de 29,2% para mais. A probabilidade do resultado ser obra do acaso é de menos de 1 para 1 milhão!

Na Figura 3, uma representação gráfica circular da distribuição de Marte no horário de nascimento de 2088 esportistas campeões. O círculo representa a distribuição teórica; a linha contínua, as posições de Marte; e a linha tracejada, a distribuição para Marte no nascimento de 717 esportistas comuns. Observa-se que a linha contínua apresenta picos pouco depois do nascer e da culminação superior. Para os esportistas medianos, porém, o padrão desaparece. Sistematicamente, Gauquelin constatou que esse resultado estatístico significativo só ocorria entre profissionais eminentes. Antes de apresentarmos a explicação que ele encontrou para essa discrepância, vejamos mais alguns gráficos de distribuição planetária.

A Figura 4 mostra as posições de Saturno para 3647 cientistas (linha contínua) e 5100 artistas (linha tracejada) . O planeta tradicionalmente associado à introspecção, disciplina, introversão, concentração, aparece com muito mais freqüência pouco depois do nascer e da culminação superior na amostra de cientistas. Ao contrário, entre os artistas, é como se ele evitasse essas posições e ali sua freqüência caísse abaixo da média esperada, representada pelo círculo.

Na Figura 5 podemos ver a distribuição de Júpiter para uma amostra de 993 políticos. O círculo tracejado corresponde ao resultado teórico de um grupo de controle. O mesmo padrão se repete. Na astrologia, esse planeta encerra características como extroversão, otimismo, sociabilidade, ambição, etc.

Traços de Personalidade

No começo da década de 60, houve um redirecionamento no trabalho de Gauquelin. Em vez de planetas e profissões, ele percebeu que existia uma relação subjacente mais efetiva, agora entre planetas e traços de personalidade. Esta nova relação podia explicar por que um padrão de distribuição recorrente só aparecia em amostras de profissionais de alto nível e não em pessoas comuns, medianas. Pessoas bem-sucedidas costumam apresentar certos traços de personalidade bem acentuados, o que justamente lhes permite destacar-se entre os demais. Aqueles estranhos resultados, que sugeriam algo como um destino estabelecido pelos planetas, talvez não fossem tão estranhos assim. Talvez estivessem indicando um certo tipo de comportamento associado ao desempenho em determinadas profissões. Assim, o planeta nada tinha a ver com esta ou aquela profissão, mas com certas características da personalidade de um indivíduo.

Assim, pessoas mais agressivas, bastante determinadas, preocupadas com a auto-afirmação, competitivas, que prontamente tomavam iniciativas teriam mais chance de se destacar em carreiras que exigissem atitudes dessa natureza: militares, executivos, atletas. Neste caso, pode-se dizer que predomina Marte nos setores 1 e 4 (na divisão por doze). Se predominar a Lua, os profissionais lunares serão escritores e/ou políticos: imaginação, sensibilidade, flexibilidade, popularidade são, entre outros, os traços que definem a natureza do nosso satélite. O mesmo acontece com Saturno e Júpiter e seus respectivos traços.

Para fundamentar sua hipótese – que a posição de um planeta no momento e local de nascimento está relacionada a determinados tipos de personalidade -, Gauquelin utilizou as informações biográficas dos profissionais eminentes cujos dados de nascimento ele já tinha em mãos. Partindo, portanto, de descrições elaboradas por terceiros, ele extraía do texto palavras que o autor usava para caracterizar a personalidade ou o comportamento do biografado. Termos como passional, sério, obstinado, agressivo eram exemplos de traços de personalidade que serviam para tipificar determinada pessoa. Consultando várias fontes, Gauquelin abria uma ficha para cada traço, e numa mesma linha escrevia o nome da celebridade e as posições dos planetas no nascimento.

Não é difícil imaginar o imenso trabalho envolvido numa pesquisa de tal magnitude. Durante dez anos, Gauquelin, a esposa Françoise e uma equipe de pesquisadores juntaram mais de 5.000 documentos biográficos de cerca de 2.000 pessoas famosas, num total de 6.000 traços para esportistas campeões, 10.000 para cientistas, 18.000 para atores e 16.000 para escritores. No começo, os dados eram tratados manualmente, mas depois puderam contar com os recursos da Astro Computing Services, em San Diego, Califórnia. Entre 1973 e 1977 foi publicada uma série de monografias com a análise final de todos os dados da pesquisa.

Para deixar bem claro que o que estava em jogo era uma correlação entre planetas e traços de personalidade, e não profissões, comparou-se o perfil de um profissional com os traços típicos de sua profissão – no caso, esportistas campeões, atores, cientistas e escritores – com o de outros que apresentavam um antiperfil. Em nascimentos de campeões bastante obstinados e de vontade férrea, Marte aparecia com freqüência duas vezes maior nos setores-chave do que no caso de campeões pouco determinados e inseguros. Atores muito sociáveis nasciam com Júpiter muito mais freqüente nos setores-chave do que aqueles menos comunicativos. Cientistas introspectivos nasciam em maior número quando Saturno se posicionava próximo ao nascer e à culminação superior do que cientistas mais extrovertidos. E, finalmente, a Lua comparecia maior número de vezes aos setores mencionados para os escritores realmente sensíveis e imaginativos.

Surgiam, portanto, quatro fatores planetários que de algum modo funcionavam como determinantes da personalidade; e o que é mais importante, esse tipos planetários reproduziam os significados da tradição astrológica. As observações dos antigos, conquanto empíricas e sem a sofisticação do método científico moderno, mostravam-se corretas. Para os astrólogos, é claro que não havia nenhuma surpresa. Há séculos que esses corpos celestes eram vistos como vinculados a certos temperamentos. E havia também os outros planetas e mais o Sol, para os quais Gauquelin não encontrou as evidências necessárias.

Pais e Filhos

Vencidas as dificuldades para obter os dados de nascimento de mais de 30.000 indivíduos, incluindo pais e filhos, passou-se para o cálculo das posições planetárias. Confirmou-se que os filhos apresentam a tendência a nascer no momento em que um determinado planeta, posicionado no nascer e na culminação superior, também ocupasse essa mesma região do espaço no nascimento de seus pais. As semelhanças valiam tanto para o pai quanto para a mãe. Se ambos nascessem com o mesmo planeta nas zonas 1 e 4, duplicava a tendência do filho acompanhar o padrão. A probabilidade de que a correlação fosse obra do acaso era de menos de 1 para 1 milhão. Onze anos depois, Gauquelin repetiu o experimento e novamente obteve resultados igualmente significativos. Não foram observadas correlações significativas para Mercúrio, Urano, Netuno e Plutão, e nem para o Sol.

Finalmente, Gauquelin observou que esse efeito de hereditariedade planetária não se manifestava quando a criança nascia de parto cirúrgico, ou se o nascimento de algum modo era induzido por meio de medicamentos apropriados. Vale dizer que apesar dessa constatação, a experiência astrológica, utilizando o mapa natal como um todo, não tem verificado nenhuma diferença nesse sentido. Os mapas de crianças nascidas de cesariana, por exemplo, prática extremamente comum no Brasil, mostram-se perfeitamente válidos e funcionais.

Na Figura 6, o gráfico mostra o efeito combinado da hereditariedade planetária. No eixo horizontal, a posição dos planetas e da Lua em 18 setores , no momento do nascimento. No eixo vertical, as freqüências observada e esperada para os cinco corpos celestes. A marca do zero corresponde à freqüência esperada ou teórica. Na Figura 7, uma comparação entre os dois padrões: profissões e hereditariedade. Na curva de cima, a distribuição combinada para Marte, Júpiter, Saturno e Lua no nascimento de profissionais bem-sucedidos. A curva inferior mostra a distribuição combinada de Marte, Júpiter, Saturno, Vênus e Lua no nascimento de crianças cujos pais nasceram com o mesmo planeta nos setores-chave.

O Difícil Diálogo com a Ciência

Gauquelin sempre publicou os resultados de suas pesquisas com todos os detalhes metodológicos, conforme as normas acadêmicas, esperando assim que o trabalho fosse lido e comentado pelos cientistas. Ledo engano. O tema em si trazia um estigma que simplesmente horrorizava o meio acadêmico.

Astrologia? Nem pensar. É superstição e ponto final. Para que perder tempo examinando experimentos que tratam de tamanha bobagem? Esqueça. Jean Rostand, um acadêmico francês, chegou a declarar que se a estatística demonstrara a veracidade da astrologia, então ele não acreditava mais na estatística!

De nada adiantava enviar os resultados de sua elaborada pesquisa estatística para as sábias otoridades da ciência ortodoxa. Ninguém dava a mínima. Não respondiam ou alegavam não ter tempo. Mas a obstinação de Gauquelin fez com que ele não parasse de insistir. O Comitê Belga de Investigação Científica de Fenômenos Ditos Paranormais, cujo lema era “Nada negue a priori, nada afirme sem prova” respondeu dizendo que “…é claro que os destinos humanos dependem de fatores humanos e não astrais”. E ponto final. Nem todos, porém, o desprezaram. O estatístico Jean Porte examinou os dados e, apesar de não aceitar a “influência astral”, reconheceu a validade do trabalho e disse não ter encontrado nenhum erro. Depois disso, Jean Dath, do próprio Comitê Belga, diria a mesma coisa sobre o método estatístico, mas, juntamente com seus pares, não estava convencido de que aquilo pudesse ser verdadeiro. Também não quiseram reproduzir o trabalho.

Passados cinco anos, Gauquelin voltou a procurar o Comitê Belga. Agora propôs a reprodução do experimento com um novo grupo de esportistas campeões belgas e franceses. Esperava, como das outras vezes, uma freqüência significativamente mais alta de Marte nos setores-chave. O comitê aceitou e de fato realizou a pesquisa nas condições propostas por Gauquelin. O resultado foi positivo. A amostra com 535 campeões confirmava as observações anteriores do psicólogo e estatístico francês (ver Figura 8). Só que agora Jean Dath colocava em dúvida o método de Gauquelin, o que não fizera antes. As discussões se arrastaram e, sintomaticamente, o tal Comitê acabou não publicando os resultados. O Professor Koenigsfeld, presidente do Comitê, teria escrito numa carta a um colega pesquisador: “De fato, verificamos os cálculos do sr. Gauquelin e concordamos com eles… Mas não concordamos com suas conclusões, que não podemos aceitar.” Interessante… não podemos aceitar.

Nem tudo foi decepção. Em 1975, ninguém menos que o psicólogo Hans Eysenck, da Universidade de Londres, assim elogiou o trabalho de Gauquelin: “Acho que em termos de objetividade de observação, significância estatística das diferenças, verificação da hipótese e reprodutibilidade, há poucos conjuntos de dados na psicologia que podem competir com essas observações”. Era um grande aliado. Em 1976, os dois submeteram um artigo ao XXI Congresso Internacional de Psicologia, sediado em Paris, mas o trabalho não foi aceito. Era o estigma novamente.

Naquele mesmo ano de 1975, além do famoso, autoritário e infantil manifesto anti-astrológico assinado por 186 cientistas, que na verdade nem sabiam direito o que estavam fazendo, publicava-se um artigo na revista Humanist criticando duramente o trabalho de Gauquelin. O estatístico Marvin Zelen, a pedido do editor da revista, comentou que os argumentos matemáticos do autor do artigo, um tal Lawrence Jerome, eram insignificantes, e propôs ele mesmo um experimento para verificar a validade do efeito Marte. Feito o teste, pela enésima vez o resultado confirmava o nosso incansável herói. Então estava tudo certo? Não! Depois disso, Paul Kurtz, o editor da Humanist, Zelen e o astrônomo George Abell escreveram um artigo em que manipulam espertamente os dados e ainda põem em dúvida a honestidade de Gauquelin. Uma professora de estatística escreveu uma nota para a revista, criticando os erros do artigo. A nota nunca foi publicada.

Em 1976, o mesmo Paul Kurtz anunciava a criação do infame e teratológico CSICOP ou Comitê de Investigação Científica das Alegações de Paranormalidade, que de científico não tinha absolutamente NADA. Tratava-se apenas de um clubinho de indivíduos, predominantemente machos, que odiavam fenômenos paranormais, religião, astrologia, esoterismo, misticismo, enfim, tudo que não fosse ortodoxia cientificista. E para “provar” que estavam certos e que detinham a posse da verdade inconteste, eram capazes de qualquer coisa. O impagável Paul Kurtz chegou mesmo a adulterar dados para “derrotar” Gauquelin. O ridículo e lamentável episódio ficou conhecido como O Caso STARBABY, que será tema de um artigo futuro. Interessante é que os céticos não contam essa história quando resolvem espinafrar a astrologia.

Conclusão

Apresentamos apenas uma visão geral do trabalho de Michel Gauquelin, uma verdadeira saga de quase 40 anos de pesquisa, infelizmente pouco reconhecida. Gauquelin enfrentou o preconceito tanto da comunidade acadêmica, por razões óbvias, quanto da comunidade astrológica, esta por falta de preparo científico e com a visão embaçada de magia, ocultismo e esoterismo. Se em muitas ocasiões Gauquelin interpretou mal a astrologia, a culpa foi mais dos astrólogos, que até então praticamente não haviam renovado os conceitos astrológicos, contentando-se em repetir os ecos da tradição, sem a necessária visão crítica. A astrologia parecia um dinossauro extemporâneo, insistindo numa terminologia arcaica e no pensamento mágico pré-científico, sem se preocupar com o método científico moderno, como se o tempo houvesse parado.

Gauquelin não provou que a astrologia funciona, como querem alguns astrólogos, nem tampouco que não funciona, segundo afirmam os céticos de carteirinha. É muito comum depararmos com leituras tendenciosas e superficiais da obra desse grande pesquisador. Os vieses parecem alimentar posições rígidas de ambos os lados. Portanto, é preciso ter cuidado. Seus experimentos são muito importantes para a astrologia, contanto que sejam minuciosamente examinados, analisados e possam assim contribuir para a elaboração de trabalhos mais bem orientados. O desenvolvimento de métodos de leitura mais ordenados e uma revisão profunda do que realmente significa a correlação entre o mapa astrológico e as diferenças individuais de personalidade, bem como fenômenos de outra natureza, é uma tarefa urgente para de fato entendermos a essência do fenômeno astrológico e projetarmos novos experimentos com o devido rigor científico.

Texto original do colega Mauro Silva

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Bibliografia

– De Francisco, Walter. Estatística. Ed. Atlas, 1982.

– Eysenck, H.J. e Nias, D.K.B. Astrology: Science or Superstition? [Cap 10]. Pelican Books, 1984.

– Fuzeau-Braesch, Suzel. A Astrologia [Cap 5]. Jorge Zahar Editor, 1990.

– Gauquelin, Michel. Birthtimes: A Scientific Investigation of the Secrets of Astrology. Hill and Wang, 1983.

– Gauquelin, Michel. The Cosmic Clocks. Astro Computing Services, 1982.

– Gauquelin, Michel. Cosmic Influences on Human Behavior. Aurora Press, 1985.

– Gauquelin, Michel. A Cosmopsicologia. Edições Ática, 1978.

– Gauquelin, Michel. Planetary Heredity. ACS Publications, Inc., 1988.

– Gauquelin, Michel. Rythmes Biologiques, Rythmes Cosmiques. Marabout, 1973.

– Gauquelin, Michel. The Scientific Basis of Astrology. Stein and Day, 1970.

– Glasnapp, D.R. e Poggio, J.P. Essentials of Statistical Analysis for the Behavioral Sciences. Charles E. Merrill Pub. Company, 1985.

– West, John Anthony. Em Defesa da Astrologia [Cap 3]. Ed. Siciliano, 1992.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/as-pesquisas-de-michel-gauquelin

Magia e Mistério no Tibete

Os aspectos mágicos são sempre lembrados quando se fala sobre o Tibete. Com a vinda do Dalai Lama ao Brasil, a redação de Bodisatva e o C.E.B. receberam cartas com perguntas que deveriam ser formuladas a Sua Santidade buscando esclarecer estas questões. Temas como reencarnação, identificação de lamas reencarnados, oráculos, o exame do budismo pela ciência, a noção de “vazio” e sua contribuição ao pensamento ocidental, entre outros, são muito relevantes no nosso contexto cultural, sendo áreas de diálogo e superposições.

Em seu livro “Freedom in Exile”*, S.S. dedica um capítulo inteiro a este tema, cuja tradução e resumo Bodisatva aqui apresenta. A importância dessa obra pode ser avaliada pelo fato de S.S. ter ofertado cópias do livro a todas as autoridades com quem trocou presentes e a vários dos colaboradores do programa de sua visita ao Brasil.

Freqüentemente sou perguntado sobre os aspectos assim chamados “mágicos” do budismo tibetano. Muitas pessoas no Ocidente querem saber se os livros sobre o Tibete, escritos por pessoas como Lobsang Rampa e alguns outros, onde se fala em práticas ocultas, são verdadeiros. Também me perguntam se Shambhala (um país legendário referido em certas escrituras e supostamente oculto nas regiões desérticas do norte do Tibete) realmente existe. Há também a carta que eu recebi de um eminente cientista, no início dos anos 60, dizendo que ele havia ouvido que certos lamas são capazes de realizar certos fenômenos sobrenaturais, e perguntando se ele mesmo poderia realizar experimentos para determinar a veracidade disso.

Em reposta à primeira destas questões, usualmente digo que a maioria desses livros são frutos da imaginação e que Shambhala existe sim, mas não em um sentido convencional. Ao mesmo tempo, seria errado negar que algumas práticas tântricas dão origem a fenômenos misteriosos. Por essa razão, escrevendo ao cientista, por um lado disse que o que ele havia ouvido estava correto, mas, por outro lado, tinha que lastimar o fato de que tal pessoa, sobre a qual os experimentos poderiam ser realizados, ainda não havia nascido! De fato, na época, várias razões práticas tornavam impossível colaborar em pesquisas desse tipo.

Desde então, no entanto, vim a concordar com a realização de várias investigações científicas sobre a natureza de certas práticas específicas. O primeiro desses trabalhos foi realizado pelo Dr. Herbert Benson, que é atualmente o chefe do Departamento de Medicina Comportamental de Faculdade de Medicina de Universidade de Harvard, EUA. Quando nos encontramos durante a minha visita de 1979, ele me disse que estava trabalhando na análise do que ele chama de “relaxation response”, um fenômeno fisiológico encontrado quando uma pessoa entra em um estado meditativo. Ele acreditava que poderia ir adiante em seu estudo se pudesse fazer experimentos com praticantes muito avançados de meditação.

Como alguém que crê fortemente no valor da ciência moderna, decidi deixá-lo ir adiante com a idéia, não sem alguma hesitação. Eu sabia que muitos tibetano não gostavam muito dessa idéia, eles sentiam que o acesso a essas práticas deveria ser mantido restrito, uma vez que elas vêm de doutrinas secretas. Por outro lado, argumentei sobre a possibilidade de que os resultados de tal estudo poderiam beneficiar não apenas a ciência, mas também os praticantes de religião, e poderiam, portanto, ser de benefício geral para a humanidade.

No evento, Dr. Benson ficou satisfeito por ter encontrado algo extraordinário. (Suas pesquisas foram publicadas em muitos livros e jornais científicos, entre os quais Nature.) Ele veio à Índia acompanhado de dois assistentes e trazendo sofisticado equipamento científico, tendo conduzido os experimentos com alguns monges em mosteiros próximos de Dharamsala, e ao norte, no Ladakh e Sikkim.

Tais monges eram praticantes de Tum-mo Yoga, excelente para demostrar a eficiência de certas disciplinas tântricas particulares. Meditando com a atenção nos chakras (centros de energia) e nos nadis (canais de energia), o praticante é capaz de controlar e suspender temporariamente a operação dos níveis mais grosseiros da consciência, podendo experienciar níveis mais sutis de consciência. Os mais grosseiros pertencem à percepção ordinária — tato, visão, olfato, e assim por diante — enquanto que os mais sutis são os experienciados no momento da morte. Um dos objetos do Tantra é capacitar o praticante a “experienciar” a morte, pois é aí, então, que surgem as experiências espirituais mais poderosas.

Quando são suprimidos os níveis mais ordinários de consciência, podem ser observados fenômenos fisiológicos colaterais. Nos experimentos do Dr. Benson, esses efeitos incluíram a acentuada elevação da temperatura do corpo (medida internamente por uma termômetro retal e externamente por um termômetro na pele). Esses acréscimos levaram os monges a secarem lençóis mergulhados em água fria e enrolados em vota deles, mesmo em temperaturas externas abaixo de zero. O Dr. Benzon também testemunhou e mediu, de forma semelhante, monges sentados nus sobre a neve. (…)

Sejam quais forem os mecanismos aqui envolvidos, o que mais interessa é a clara visão de que existem coisas que a ciência moderna pode aprender da cultura tibetana. E mais, eu acredito que muitas outras áreas de nossa experiência poderiam ser investigadas proveitosamente. Por exemplo, eu gostaria de organizar algum dia uma experiência sobre os oráculos, que permanecem uma parte importante da vida tibetana.

Antes de falar disso em detalhe, gostaria de enfatizar que o propósito dos oráculos não é, como poderíamos supor, simplesmente antever o futuro. Isto é apenas parte do que eles fazem. Além disso, eles podem ser chamados como protetores ou, em alguns casos, como agentes de cura. Sua principal função, no entanto, é auxiliar os pessoas em sua prática do Darma. Outro ponto a lembrar é que a palavra “oráculo”, ela própria, conduz a enganos, uma vez que traz implícito que existem pessoas que possuem poderes de ser um oráculo. Isto é errado. Na tradição tibetana existem apenas certos homens e mulheres que atuam como médium entre os mundos natural e espiritual e que são chamados de kuten, o que significa, literalmente, “base física”. Também é importante enfatizar que, embora seja de uso corrente falar do oráculo como uma pessoa, isso é feito apenas por conveniência. De modo mais acurado, eles podem ser descritos como “espíritos” que estão associados a coisas particulares (por exemplo, uma estátua), pessoas e lugares. Isso não deve, no entanto, implicar na crença da existência de entidade externas independentes.

Em tempos antigos havia muitas centenas de oráculos por todo o Tibete. Poucos se mantiveram, mas os mais importantes — os usados pelo governo tibetano — ainda existem. Desses, o principal é conhecido como oráculo de Nechung. Através dele se manifesta Dorje Drakden, uma das divindades protetoras do Dalai Lama.

Nechung veio originalmente para o Tibete com um descendente do sábio indiano Dharmapala, estabelecendo-se em um lugar da Ásia Central chamado Bata Hor. Durante o reinado do rei Trisong Dretsen, no oitavo século a.C., ele foi designado pelo mestre tântrico indiano Padmasambhava, supremo guardião espiritual do Tibete, como protetor do mosteiro de Samye. Subseqüentemente, o segundo Dalai Lama desenvolveu uma relação muito próxima com Nechung, que nessa época havia estabelecida uma relação muito próxima com o monastério de Drepung, e após, Dorje Drakden designado com protetor pessoal dos Dalai Lamas que se sucederam.

Por centenas de anos até os dias presentes, tornou-se tradicional, para o Dalai Lama e para o governo tibetano, consultar Nechung durante os festivais de ano novo. Mas além dessas oportunidades, ele poderia ser chamado outras vezes para responder perguntas específicas. Eu mesmo o encontro muitas vezes por ano. Isso pode parecer estranho para os leitores ocidentais do século XX. Mesmo alguns tibetanos, que se consideram “progressistas”, não apreciam o meu uso continuado desse método antigo de buscar a compreensão das coisas. Faço isso pela razão simples de que quando olho para trás e relembro as muitas ocasiões em que formulei perguntas ao oráculo, em cada uma delas o tempo mostrou que sua reposta estava correta. Não que eu me baseie apenas nas respostas do oráculo. Não é assim. Busco sua opinião da mesma forma que busco a opinião do meu Gabinete (o Kashag), e da mesma forma que busco a opinião de minha própria consciência. Considero os deuses como minha “casa de cima”. O Kashag constitui minha “casa de baixo”. Á semelhança de outro líderes, consulto a ambos quando devo tomar uma decisão em assuntos de estado. Além disso, adicionalmente ao conselho de Nechung, também procuro levar em consideração certas profecias. Apesar de nossas funções serem similares, minha relação com Nechung é a do comandante com o ajudante: nunca me inclino a ele, ele é que se inclina ao Dalai Lama. Ainda assim somos muito próximos, quase amigos.

Ainda que possa parecer surpreendente, as respostas do oráculo raramente são vagas. Como no caso de minha fuga de Lhasa, ele é freqüentemente muito específico. Ainda assim, creio que seria difícil que algum tipo de investigação científica pudesse provar conclusivamente a validade de seus pronunciamentos. O mesmo se dá com outras áreas da experiência tibetana, por exemplo, a questão dos tulkus. Ainda assim, espero que, algum dia, possa ser realizado algum tipo de experimento com respeito a esses dois fenômenos.

Na realidade, a tarefa de identificar os tulkus é mais lógica do que pode parecer á primeira vista. Dada a crença budista no renascimento, e considerando que todo o propósito da reencarnação é possibilitar ao ser continuar seus esforços em benefício de todos os seres vivos, é uma conclusão clara que deveria ser possível identificar casos individuais. Isso habilita-os a serem educados e colocados no mundo de tal forma que continuem seu trabalho o mais rápido possível.

Certamente podem ocorrer eventuais erros nesse processo de identificação, mas as vidas da grande maioria dos tulkus (atualmente existem algumas centenas deles reconhecido, sendo que antes da invasão chinesa eram provavelmente milhares os tulkus reconhecidos) são um testemunho de sua eficácia.

Como disse, todo o propósito de reencarnação é facilitar a continuidade do trabalho de um ser. Esse fato tem grandes implicações quando se busca pelo sucessor de uma pessoa em particular. Por exemplo, ainda que meus esforços sejam geralmente dirigidos a auxiliar todos os seres, em particular eles se dirigem a auxiliar os tibetanos. Portanto, se eu morrer antes dos tibetanos readquirirem sua liberdade, seria lógico admitir que eu renasceria fora do Tibete. Naturalmente, poderia ocorrer que meu povo, nessa ocasião, não visse mais utilidade para um Dalai Lama, e nesse caso não se ocuparia de procurar-me. Assim, eu poderia renascer como um inseto, ou como um animal, de tal forma que pudesse ser de maior utilidade ao maior número de seres secientes.

O modo pelo qual o processo de identificação é procedido é também menos misterioso do que se pode parecer. Começa com um simples processo de eliminação. Digamos, por exemplo, que estamos buscando a reencarnação de um certo monge. Primeiro, devemos estabelecer quando e onde o monge morreu. Então, considerando que a nova reencarnação será concebida usualmente em torno de um ano após a morte de seu predecessor — esta duração sabemos por experiência —, fica já estabelecido um referencial temporal. Então, se um lama X morre no ano Y, sua nova encarnação provavelmente nascerá dezoito meses a dois anos após. No ano Y mais cinco, a criança deverá estar com uma idade entre três e quatro anos: o campo de busca já se estreitou consideravelmente.

A seguir, tenta-se estabelecer o lugar da reencarnação. Usualmente isso é muito fácil. Primeiro, ocorrerá dentro do Tibete? Se fora, há um número muito limitado de lugares onde seria provável: as comunidades tibetanas da Índia, Nepal, Suíça, por exemplo. Após, precisaria se decidido em que cidade a criança seria mais provavelmente encontrada. Geralmente isso é feito buscando-se referências na vida prévia.

Tendo reduzido as opções e estabelecido os parâmetros do modo descrito, o próximo passo, usualmente, é organizar o grupo de busca. Isso não significa necessariamente que um grupo de pessoas deverá ser enviado como se estivessem buscando um tesouro. De modo geral, basta perguntar a várias pessoas da comunidade para procurar pelas crianças entre três e quatro anos que poderiam ser candidatos. De modo geral, existem algumas indicações que auxiliam, como fenômenos incomuns ocorridos quando do nascimento, ou a criança pode exibir características peculiares.

Algumas vezes, duas, três ou mais possibilidades emergirão neste estágio. Ocasionalmente tal grupo será inteiramente desnecessário, porque a encarnação anterior deixou informação detalhada, inclusive com o nome de seu sucessor e de seus pais. Mas isso é rara. Outras vezes, os que buscam o monge reencarnado podem ter sonhos claros ou visões sobre onde encontrar seu sucessor. De outro lado, um elevado lama recentemente deu ordens de que sua reencarnação não deveria ser procurada. Ele disse que melhor seria instalar como seu sucessor a quem quer que pareça capaz de servir ao Darma do Buda e a sua comunidade, em lugar de preocupar-se com uma identificação precisa. Não existem regras duras, rígidas.

Se ocorre que muitas crianças surgem como candidatos, é usual que alguém muito próximo à encarnação anterior venha a fazer o exame final. Freqüentemente essa pessoa será reconhecida por uma das crianças, o que é uma forte evidência de prova; outras vezes marcas especiais no corpo são também levadas em consideração.

Algumas vezes o processo de identificação envolve a consulta a oráculos ou a alguém que tenha o poder de ngon shé (clarividência). Um dos métodos que essas pessoas usam é o Ta, através do qual o praticante fixa o olhar em um espelho, no qual ele ou ela podem ver a própria criança, ou uma construção, ou uma palavra escrita. Eu chamo isso de “televisão antiga”. Isto corresponde às visões que as pessoas tiveram no lago Lhamoi Lhatso, onde Reting Rinpoche viu as letras Ah, Ka, e Ma e teve a visão de um mosteiro e de uma casa onde começou a buscar por mim.

Algumas vezes eu mesmo sou chamado para dirigir a busca por uma reencarnação. Nessas circunstâncias, é de minha responsabilidade tomar a decisão final sobre o candidato que deve ser corretamente escolhido. É importante que diga que eu não tenho poderes de clarividência. Não tive nem tempo nem oportunidade de desenvolvê-los, apesar de ter elementos para acreditar que o Décimo Terceiro Dalai Lama tenha tido alguma habilidade nessa esfera.

Como um exemplo de como faço isso, vou relatar a história de Ling Rinpoche, meu antigo tutor. Eu sempre tive o maior respeito por Ling Rinpoche; mesmo quando eu era uma criança, bastava apenas ver seu ajudante para ficar com medo, e tão pronto ouvia seus passos, meu coração paralisava. Com o tempo, vim a valorizá-lo como um de meus maiores e mais próximos amigos. Quando ele morreu, não faz muito tempo, senti que a vida sem ele ao meu lado seria muito difícil. Ele havia se tornado uma rocha sobre a qual eu podia me apoiar.

Estava na Suíça, no verão de 1983, quando pela primeira vez ouvi sobre sua doença: ele havia sofrido um derrame cerebral e ficara paralisado. Essas notícias me perturbaram muito, ainda que, como budista, soubesse que de nada adiantaria a preocupação. Tão pronto pude, retornei a Dharamsala, onde encontrei-o ainda com vida, mas em más condições físicas. Ainda assim, sua mente continuava aguda como sempre, graças a uma vida de constante treinamento mental. Sua condição permaneceu estável por muitos meses antes de subitamente deteriorar. Ele entrou em coma, de onde nunca saiu e morreu em 25 de dezembro de 1983. Mas, como se alguma evidência de ter sido uma pessoa extraordinária ainda fosse necessária, seu corpo não começou a se decompor antes de trinta dias após ter sido declarado morto, apesar do clima quente. Era como se ele ainda habitasse seu corpo, mesmo que clinicamente estivesse sem vida.

Quando olho para trás e vejo o modo pelo qual as coisas ocorreram, fico certo de que a doença de Ling Rinpoche, com sua duração prolongada, foi inteiramente deliberada, para ajudar a que me acostumasse com sua ausência. Isso, no entanto, é apenas a metade da história. Como estamos falando de tibetanos, tudo continua de forma feliz. A reencarnação de Ling Rinpoche já foi encontrada, e ele é atualmente um garoto muito vivo e espontâneo de três anos de idade. Sua descoberta foi um exemplo de quando a criança reconhece claramente um membro do grupo de busca. Apesar de estar com apenas 18 meses de idade, ele chamou pelo nome e se dirigiu sorrindo para esta pessoa. Subseqüentemente ele identificou corretamente muitos dos pertences de seu antecessor.

Quando encontrei o menino pela primeiro vez, não tive dúvida sobre sua identidade. Ele comportou-se de um modo que ficou óbvio que havia me reconhecido. Nessa ocasião eu dei ao pequeno Ling Rinpoche uma grande barra de chocolate. Ele permaneceu impassível segurando-a, braço estendido e cabeça inclinada durante todo o tempo em que esteve na minha presença. Não consigo lembrar de qualquer criança que tenha ficado com algo doce guardado sem abrir e provar, e tenha ficado parado, em pé, tão formalmente. Então, quando recebi o menino em minha residência e ele foi trazido até a porta, comportou-se exatamente como seu predecessor. Era evidente que ele lembrava do caminho. Após, quando entrou na minha sala de trabalho, imediatamente mostrou familiaridade com um dos meus auxiliares que, nessa época, se recuperava de uma perna quebrada. Em primeiro lugar, essa pequenina figura solenemente presenteou-o com um kata, e então, cheio de risadas e brincadeiras de criança, apanhou uma das muletas de Lobsang Gawa e correu em volta, sem parar, como se aquilo fosse um pau de bandeira.

Outra história muito impressionante sobre o menino refere-se ao tempo em que ele foi levado, na idade de dois anos, a Bodh Gaya, onde eu deveria dar ensinamentos. Sem que ninguém indicasse a ele e tendo subido uma escada com suas mãos e joelhos, encontrou minha cama e colocou um kata sobre ela. Hoje Ling Rinpoche já está recitando as escrituras, ainda que esteja para ser visto se ele, após aprender a ler, será como alguns dos jovens Tulkus que memorizam textos com uma velocidade estonteante, como se estivessem apenas pegando novamente o que haviam deixado. Eu conheço muitas crianças que podem declamar, com facilidade, várias páginas de texto.

Há, certamente, um elemento de mistério nesse processo de identificação dos reencarnados. Mas é suficiente dizer que, como budista, não acredito que pessoas como Mao ou Churchill apenas “acontecem”.

Uma outra área da experiência tibetana que eu gostaria muito que fosse examinada cientificamente é o sistema de medicina tibetana. Além de datar de mais de dois mil anos, derivou de várias diferentes fontes, incluindo a antiga Pérsia; hoje os princípios são inteiramente budistas. Ela tem uma abordagem inteiramente diferente da medicina ocidental. Por exemplo, ela afirma que as causas-raiz da doença são a ignorância, o desejo ou o rancor.

De acordo com a medicina tibetana, o corpo é dominado pelos três principais nopa, literalmente “venenos”, mas freqüentemente traduzidos como “humores”. Considera-se que esses nopa estão sempre presentes no organismo. Isto significa que nunca se pode estar completamente livre das doenças, pelo menos de seu potencial, mas contanto que esteja em equilíbrio, o corpo mantém-se saudável. Entretanto, um desbalanço causado por uma das três causas-raiz se manifestará como doença, o que é diagnosticado pelo pulso do paciente ou pelo exame de sua urina. Também existem doze principais lugares nas mãos e punhos onde o pulso é examinado. A urina é similarmente examinada de diferentes maneiras (como cor, cheiro, etc.). Com respeito ao tratamento, o primeiro aspecto é a dieta; os remédios formam a segunda linha; a acupuntura e moxabustão, a terceira; a cirurgia, a quarta. Os próprios medicamentos são feitos de materiais orgânicos, algumas vezes combinados com óxidos de metais e certos minerais (incluindo, por exemplo, diamantes moídos)

Até agora tem havido pouca pesquisa clínica com respeito ao valor do sistema médico tibetano, ainda que o meu médico pessoal anterior, Dr. Yeshe Dhonden, tenha participado de uma série de experimentos de laboratório na Universidade de Virgínea, EUA. Ele teve resultados surpreendentemente bons em curar o câncer em ratos brancos, mas muito mais trabalho será necessário até que se possa chegar a conclusões definitivas. Com respeito a minha experiência própria, vejo os medicamentos tibetanos como muito eficientes. Tomo-os regularmente, não apenas para curar, mas para prevenir-me de adoecer. Percebi que esses remédios promovem um reforço da constituição física do corpo e têm efeitos colaterais desprezíveis. O resultado é que, apesar de meus longos dias e períodos intensivos de meditação, eu quase nunca experimento a sensação de cansaço.

Ainda, uma outra área onde acredito que há uma região de diálogo entre a ciência moderna e a cultura tibetana concerne ao conhecimento teórico e não experiencial. Alguma das mais recentes descobertas da física de partículas parecem apontar para a não-dualidade entre mente e matéria. Por exemplo, foi encontrado que se um vácuo (o que significa o espaço vazio) é comprimido, aparecem partículas onde nada havia antes, o que seria matéria, de alguma maneira, aparentemente inerente. Essas descobertas parecem oferecer uma área de convergência entre a ciência e a teoria budista Madhyamika do vazio. Essencialmente, essa teoria afirma que a mente e a matéria existem separadamente, mas de forma interdependente.

Estou bem consciente, no entanto, do perigo de ligar as crenças espirituais a qualquer sistema científico. Pois, enquanto o budismo continua sendo relevante dois e meio milênios após seu início, os fundamentos absolutos da ciência têm uma vida relativamente muito mais curta. Isto não é para poder afirmar que eu considero que coisas como os oráculos ou a capacidade dos monges de ficarem ao relento durante noites, em condições de congelamento, seja uma evidência de poderes mágicos. Ainda assim não posso concordar com nossos irmãos e irmãs chineses, que sustentam que a aceitação desses fenômenos é uma evidência de nosso atraso e barbárie. Mesmo do mais rigorosos ponto de vista científico, esta não é uma atitude objetiva.

Ao mesmo tempo, mesmo que um princípio seja aceito, isso não significa que tudo que esteja conectado com ele seja válido. Por analogia, seria burlesco seguir escravizadamente e sem qualquer discriminação todas as afirmações de Marx e Lênin, mesmo em face da evidência clara de que o comunismo é um sistema imperfeito. É preciso manter grande vigilância em áreas onde não temos grande experiência. Isso, naturalmente, é onde a ciência pode auxiliar. Enfim, só vemos as coisas como misteriosas quando não as entendemos.

Até agora os resultados das pesquisas que descrevi têm sido benéficos para todas as partes. Compreendo, no entanto, que esses resultados são tão acurados quanto os experimentos que conduziram a eles. Além do mais, estou consciente que se algo não é encontrado isso não significa sua inexistência, isso apenas prova que o experimento foi incapaz de encontrá-lo. Esta é a razão pela qual precisamos ser cuidadosos em nossas pesquisas, especialmente quando lidando em uma área onde a pesquisa científica é pequena. É também importante manter em mente as limitações impostas pela própria natureza. Por exemplo, enquanto a investigação cientifica não pode apreender meus pensamentos, isso não significa que eles sejam inexistentes, nem que algum outro método de pesquisa não possa descobrir algo a respeito deles, e aí é que entra a experiência tibelana. Através do treinamento mental, desenvolvemos técnicas que a ciência atual não pode ainda explicar adequadamente. Isto, então, é a base da suposto “magia e mistério” do budismo tibetano.

Por: Dalai Lama.

#Budismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/magia-e-mist%C3%A9rio-no-tibete

Magia para passar em qualquer Concurso ou Prova

Quase todo dia, pessoas me escrevem pedindo magias ou rituais que os permitam passar em provas, concursos, exame da OAB ou testes de qualquer tipo. Recentemente, recebi autorização dos Poderes Illuminati que regem o Governo Oculto do Mundo para revelar apenas aos leitores deste blog os segredos goéticos para passar magistralmente em qualquer concurso sem levantar suspeitas.

Este é um ritual enochiano complexo que necessitará de seis meses de preparo (para um Exame da OAB ou Concurso Público), acompanhando as tábuas lunares e aspectações astrológicas, de acordo com as anotações deixadas por Aleister Crowley.

Em primeiro lugar, veja a data exata do Concurso. Isso possui uma importância fundamental astrológica no ritual.

Veja seu calendário magístico e marque exatos 6 meses, 6 horas e 6 minutos antes (666). Separe todos os livros e matérias que constam nas “Disciplinas do Edital” ou a “matéria da Prova”. Estes serão denominados de agora em diante “Coelum Philosophorum”. É importante que você separe TODOS os livros que cairão na prova ou concurso, porque precisaremos de todo o conteúdo para o pacto com as forças das trevas.

Caso seja uma prova menor, com menos matéria, o estudante pode começar a preparar o ritual exatamente 6 dias, 6 horas e 6 minutos antes da prova.

O contrato com os demônios da Goécia para realizar o pacto precisa ser feito todos os dias, sem falhas, ou o ritual não funcionará. Segundo Abramelin, durante não menos do que duas horas a cada dia, o Estudante começará a preparar os “Sigilos de Resumo” que são fórmulas cabalísticas para transformar grandes conteúdos literários em pequenos trechos que deverão ser compreendidos no pacto final. Para tanto, separe toda a matéria do Coelum Philosophorum, dividindo-o pelo número de dias que você fará as invocações.

A cada dia, certifique-se que não será perturbado pelos profanos por pelo menos duas horas. Desligue todos os equipamentos eletrônicos ao redor, pois as emanações eletromagnéticas prejudicarão o entrosamento psicomental necessário para contactar os seres goéticos.

O mago deverá usar suas vestes ritualísticas (se não possuir, poderá usar roupas pretas) e, atentamente, leia e faça anotações e RESUMOS em seu Grimório Pessoal com todo o conteúdo dos textos separados (isto é importante para que o mago saiba exatamente o conteúdo total da energia que será exigida na prova, a fim de invocar a entidade goética mais adequada). Segundo McGregor Mathers, Dion Fortune e Peter J. Carroll, esta etapa do ritual é fundamental e não pode ser negligenciada, pois os sigilos ficariam incompletos.

São Cipriano recomenda, em seu livro de capa preta, que o feiticeiro tenha ao seu lado um copo de água cheio, que deverá ser consumido durante estas duas horas de ritual.

Na noite anterior, é necessário que o Adepto medite a respeito dos objetivos e não pense mais no assunto, pois os sigilos precisam ser lançados no Astral para o dia seguinte. Com o tempo e com as práticas ritualísticas, o iniciado dominará qualquer tipo de assunto, bastando para isso incorporar novos livros ao Coelum Philosophorum.

Na hora do exame, toda a matéria resumida nos sigilos aparecerá de maneira mágica e inexplicável na mente do iniciado, trazida diretamente de seu Sagrado Anjo Guardião, fazendo com que ele consiga passar em qualquer prova ou teste!

De Paracelsus a Isaac Newton, de Agrippa a Leonardo DaVinci, todos os alquimistas utilizaram-se deste método que agora está disponível a qualquer digno estudante de ciências ocultas. Desta maneira, o estudante das ciências herméticas conseguirá os melhores resultados na escola, na faculdade ou em qualquer outro lugar, sem despertar suspeitas!

93!

Marcelo Del Debbio

Dies Martis, Sol in Aquarius, Luna in Pisces

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/magia-para-passar-em-qualquer-concurso-ou-prova

Dalai Lama – Magia e Mistério no Tibete

Os aspectos mágicos são sempre lembrados quando se fala sobre o Tibete. Com a vinda do Dalai Lama ao Brasil, a redação de Bodisatva e o C.E.B. receberam cartas com perguntas que deveriam ser formuladas a Sua Santidade buscando esclarecer estas questões. Temas como reencarnação, identificação de lamas reencarnados, oráculos, o exame do budismo pela ciência, a noção de “vazio” e sua contribuição ao pensamento ocidental, entre outros, são muito relevantes no nosso contexto cultural, sendo áreas de diálogo e superposições.

Em seu livro “Freedom in Exile”*, S.S. dedica um capítulo inteiro a este tema, cuja tradução e resumo Bodisatva aqui apresenta. A importância dessa obra pode ser avaliada pelo fato de S.S. ter ofertado cópias do livro a todas as autoridades com quem trocou presentes e a vários dos colaboradores do programa de sua visita ao Brasil.

Freqüentemente sou perguntado sobre os aspectos assim chamados “mágicos” do budismo tibetano. Muitas pessoas no Ocidente querem saber se os livros sobre o Tibete, escritos por pessoas como Lobsang Rampa e alguns outros, onde se fala em práticas ocultas, são verdadeiros. Também me perguntam se Shambhala (um país legendário referido em certas escrituras e supostamente oculto nas regiões desérticas do norte do Tibete) realmente existe. Há também a carta que eu recebi de um eminente cientista, no início dos anos 60, dizendo que ele havia ouvido que certos lamas são capazes de realizar certos fenômenos sobrenaturais, e perguntando se ele mesmo poderia realizar experimentos para determinar a veracidade disso.

Em reposta à primeira destas questões, usualmente digo que a maioria desses livros são frutos da imaginação e que Shambhala existe sim, mas não em um sentido convencional. Ao mesmo tempo, seria errado negar que algumas práticas tântricas dão origem a fenômenos misteriosos. Por essa razão, escrevendo ao cientista, por um lado disse que o que ele havia ouvido estava correto, mas, por outro lado, tinha que lastimar o fato de que tal pessoa, sobre a qual os experimentos poderiam ser realizados, ainda não havia nascido! De fato, na época, várias razões práticas tornavam impossível colaborar em pesquisas desse tipo.

Desde então, no entanto, vim a concordar com a realização de várias investigações científicas sobre a natureza de certas práticas específicas. O primeiro desses trabalhos foi realizado pelo Dr. Herbert Benson, que é atualmente o chefe do Departamento de Medicina Comportamental de Faculdade de Medicina de Universidade de Harvard, EUA. Quando nos encontramos durante a minha visita de 1979, ele me disse que estava trabalhando na análise do que ele chama de “relaxation response”, um fenômeno fisiológico encontrado quando uma pessoa entra em um estado meditativo. Ele acreditava que poderia ir adiante em seu estudo se pudesse fazer experimentos com praticantes muito avançados de meditação.

Como alguém que crê fortemente no valor da ciência moderna, decidi deixá-lo ir adiante com a idéia, não sem alguma hesitação. Eu sabia que muitos tibetano não gostavam muito dessa idéia, eles sentiam que o acesso a essas práticas deveria ser mantido restrito, uma vez que elas vêm de doutrinas secretas. Por outro lado, argumentei sobre a possibilidade de que os resultados de tal estudo poderiam beneficiar não apenas a ciência, mas também os praticantes de religião, e poderiam, portanto, ser de benefício geral para a humanidade.

No evento, Dr. Benson ficou satisfeito por ter encontrado algo extraordinário. (Suas pesquisas foram publicadas em muitos livros e jornais científicos, entre os quais Nature.) Ele veio à Índia acompanhado de dois assistentes e trazendo sofisticado equipamento científico, tendo conduzido os experimentos com alguns monges em mosteiros próximos de Dharamsala, e ao norte, no Ladakh e Sikkim.

Tais monges eram praticantes de Tum-mo Yoga, excelente para demostrar a eficiência de certas disciplinas tântricas particulares. Meditando com a atenção nos chakras (centros de energia) e nos nadis (canais de energia), o praticante é capaz de controlar e suspender temporariamente a operação dos níveis mais grosseiros da consciência, podendo experienciar níveis mais sutis de consciência. Os mais grosseiros pertencem à percepção ordinária — tato, visão, olfato, e assim por diante — enquanto que os mais sutis são os experienciados no momento da morte. Um dos objetos do Tantra é capacitar o praticante a “experienciar” a morte, pois é aí, então, que surgem as experiências espirituais mais poderosas.

Quando são suprimidos os níveis mais ordinários de consciência, podem ser observados fenômenos fisiológicos colaterais. Nos experimentos do Dr. Benson, esses efeitos incluíram a acentuada elevação da temperatura do corpo (medida internamente por uma termômetro retal e externamente por um termômetro na pele). Esses acréscimos levaram os monges a secarem lençóis mergulhados em água fria e enrolados em vota deles, mesmo em temperaturas externas abaixo de zero. O Dr. Benzon também testemunhou e mediu, de forma semelhante, monges sentados nus sobre a neve. (…)

Sejam quais forem os mecanismos aqui envolvidos, o que mais interessa é a clara visão de que existem coisas que a ciência moderna pode aprender da cultura tibetana. E mais, eu acredito que muitas outras áreas de nossa experiência poderiam ser investigadas proveitosamente. Por exemplo, eu gostaria de organizar algum dia uma experiência sobre os oráculos, que permanecem uma parte importante da vida tibetana.

Antes de falar disso em detalhe, gostaria de enfatizar que o propósito dos oráculos não é, como poderíamos supor, simplesmente antever o futuro. Isto é apenas parte do que eles fazem. Além disso, eles podem ser chamados como protetores ou, em alguns casos, como agentes de cura. Sua principal função, no entanto, é auxiliar os pessoas em sua prática do Darma. Outro ponto a lembrar é que a palavra “oráculo”, ela própria, conduz a enganos, uma vez que traz implícito que existem pessoas que possuem poderes de ser um oráculo. Isto é errado. Na tradição tibetana existem apenas certos homens e mulheres que atuam como médium entre os mundos natural e espiritual e que são chamados de kuten, o que significa, literalmente, “base física”. Também é importante enfatizar que, embora seja de uso corrente falar do oráculo como uma pessoa, isso é feito apenas por conveniência. De modo mais acurado, eles podem ser descritos como “espíritos” que estão associados a coisas particulares (por exemplo, uma estátua), pessoas e lugares. Isso não deve, no entanto, implicar na crença da existência de entidade externas independentes.

Em tempos antigos havia muitas centenas de oráculos por todo o Tibete. Poucos se mantiveram, mas os mais importantes — os usados pelo governo tibetano — ainda existem. Desses, o principal é conhecido como oráculo de Nechung. Através dele se manifesta Dorje Drakden, uma das divindades protetoras do Dalai Lama.

Nechung veio originalmente para o Tibete com um descendente do sábio indiano Dharmapala, estabelecendo-se em um lugar da Ásia Central chamado Bata Hor. Durante o reinado do rei Trisong Dretsen, no oitavo século a.C., ele foi designado pelo mestre tântrico indiano Padmasambhava, supremo guardião espiritual do Tibete, como protetor do mosteiro de Samye. Subseqüentemente, o segundo Dalai Lama desenvolveu uma relação muito próxima com Nechung, que nessa época havia estabelecida uma relação muito próxima com o monastério de Drepung, e após, Dorje Drakden designado com protetor pessoal dos Dalai Lamas que se sucederam.

Por centenas de anos até os dias presentes, tornou-se tradicional, para o Dalai Lama e para o governo tibetano, consultar Nechung durante os festivais de ano novo. Mas além dessas oportunidades, ele poderia ser chamado outras vezes para responder perguntas específicas. Eu mesmo o encontro muitas vezes por ano. Isso pode parecer estranho para os leitores ocidentais do século XX. Mesmo alguns tibetanos, que se consideram “progressistas”, não apreciam o meu uso continuado desse método antigo de buscar a compreensão das coisas. Faço isso pela razão simples de que quando olho para trás e relembro as muitas ocasiões em que formulei perguntas ao oráculo, em cada uma delas o tempo mostrou que sua reposta estava correta. Não que eu me baseie apenas nas respostas do oráculo. Não é assim. Busco sua opinião da mesma forma que busco a opinião do meu Gabinete (o Kashag), e da mesma forma que busco a opinião de minha própria consciência. Considero os deuses como minha “casa de cima”. O Kashag constitui minha “casa de baixo”. Á semelhança de outro líderes, consulto a ambos quando devo tomar uma decisão em assuntos de estado. Além disso, adicionalmente ao conselho de Nechung, também procuro levar em consideração certas profecias. Apesar de nossas funções serem similares, minha relação com Nechung é a do comandante com o ajudante: nunca me inclino a ele, ele é que se inclina ao Dalai Lama. Ainda assim somos muito próximos, quase amigos.

Ainda que possa parecer surpreendente, as respostas do oráculo raramente são vagas. Como no caso de minha fuga de Lhasa, ele é freqüentemente muito específico. Ainda assim, creio que seria difícil que algum tipo de investigação científica pudesse provar conclusivamente a validade de seus pronunciamentos. O mesmo se dá com outras áreas da experiência tibetana, por exemplo, a questão dos tulkus. Ainda assim, espero que, algum dia, possa ser realizado algum tipo de experimento com respeito a esses dois fenômenos.

Na realidade, a tarefa de identificar os tulkus é mais lógica do que pode parecer á primeira vista. Dada a crença budista no renascimento, e considerando que todo o propósito da reencarnação é possibilitar ao ser continuar seus esforços em benefício de todos os seres vivos, é uma conclusão clara que deveria ser possível identificar casos individuais. Isso habilita-os a serem educados e colocados no mundo de tal forma que continuem seu trabalho o mais rápido possível.

Certamente podem ocorrer eventuais erros nesse processo de identificação, mas as vidas da grande maioria dos tulkus (atualmente existem algumas centenas deles reconhecido, sendo que antes da invasão chinesa eram provavelmente milhares os tulkus reconhecidos) são um testemunho de sua eficácia.

Como disse, todo o propósito de reencarnação é facilitar a continuidade do trabalho de um ser. Esse fato tem grandes implicações quando se busca pelo sucessor de uma pessoa em particular. Por exemplo, ainda que meus esforços sejam geralmente dirigidos a auxiliar todos os seres, em particular eles se dirigem a auxiliar os tibetanos. Portanto, se eu morrer antes dos tibetanos readquirirem sua liberdade, seria lógico admitir que eu renasceria fora do Tibete. Naturalmente, poderia ocorrer que meu povo, nessa ocasião, não visse mais utilidade para um Dalai Lama, e nesse caso não se ocuparia de procurar-me. Assim, eu poderia renascer como um inseto, ou como um animal, de tal forma que pudesse ser de maior utilidade ao maior número de seres secientes.

O modo pelo qual o processo de identificação é procedido é também menos misterioso do que se pode parecer. Começa com um simples processo de eliminação. Digamos, por exemplo, que estamos buscando a reencarnação de um certo monge. Primeiro, devemos estabelecer quando e onde o monge morreu. Então, considerando que a nova reencarnação será concebida usualmente em torno de um ano após a morte de seu predecessor — esta duração sabemos por experiência —, fica já estabelecido um referencial temporal. Então, se um lama X morre no ano Y, sua nova encarnação provavelmente nascerá dezoito meses a dois anos após. No ano Y mais cinco, a criança deverá estar com uma idade entre três e quatro anos: o campo de busca já se estreitou consideravelmente.

A seguir, tenta-se estabelecer o lugar da reencarnação. Usualmente isso é muito fácil. Primeiro, ocorrerá dentro do Tibete? Se fora, há um número muito limitado de lugares onde seria provável: as comunidades tibetanas da Índia, Nepal, Suíça, por exemplo. Após, precisaria se decidido em que cidade a criança seria mais provavelmente encontrada. Geralmente isso é feito buscando-se referências na vida prévia.

Tendo reduzido as opções e estabelecido os parâmetros do modo descrito, o próximo passo, usualmente, é organizar o grupo de busca. Isso não significa necessariamente que um grupo de pessoas deverá ser enviado como se estivessem buscando um tesouro. De modo geral, basta perguntar a várias pessoas da comunidade para procurar pelas crianças entre três e quatro anos que poderiam ser candidatos. De modo geral, existem algumas indicações que auxiliam, como fenômenos incomuns ocorridos quando do nascimento, ou a criança pode exibir características peculiares.

Algumas vezes, duas, três ou mais possibilidades emergirão neste estágio. Ocasionalmente tal grupo será inteiramente desnecessário, porque a encarnação anterior deixou informação detalhada, inclusive com o nome de seu sucessor e de seus pais. Mas isso é rara. Outras vezes, os que buscam o monge reencarnado podem ter sonhos claros ou visões sobre onde encontrar seu sucessor. De outro lado, um elevado lama recentemente deu ordens de que sua reencarnação não deveria ser procurada. Ele disse que melhor seria instalar como seu sucessor a quem quer que pareça capaz de servir ao Darma do Buda e a sua comunidade, em lugar de preocupar-se com uma identificação precisa. Não existem regras duras, rígidas.

Se ocorre que muitas crianças surgem como candidatos, é usual que alguém muito próximo à encarnação anterior venha a fazer o exame final. Freqüentemente essa pessoa será reconhecida por uma das crianças, o que é uma forte evidência de prova; outras vezes marcas especiais no corpo são também levadas em consideração.

Algumas vezes o processo de identificação envolve a consulta a oráculos ou a alguém que tenha o poder de ngon shé (clarividência). Um dos métodos que essas pessoas usam é o Ta, através do qual o praticante fixa o olhar em um espelho, no qual ele ou ela podem ver a própria criança, ou uma construção, ou uma palavra escrita. Eu chamo isso de “televisão antiga”. Isto corresponde às visões que as pessoas tiveram no lago Lhamoi Lhatso, onde Reting Rinpoche viu as letras Ah, Ka, e Ma e teve a visão de um mosteiro e de uma casa onde começou a buscar por mim.

Algumas vezes eu mesmo sou chamado para dirigir a busca por uma reencarnação. Nessas circunstâncias, é de minha responsabilidade tomar a decisão final sobre o candidato que deve ser corretamente escolhido. É importante que diga que eu não tenho poderes de clarividência. Não tive nem tempo nem oportunidade de desenvolvê-los, apesar de ter elementos para acreditar que o Décimo Terceiro Dalai Lama tenha tido alguma habilidade nessa esfera.

Como um exemplo de como faço isso, vou relatar a história de Ling Rinpoche, meu antigo tutor. Eu sempre tive o maior respeito por Ling Rinpoche; mesmo quando eu era uma criança, bastava apenas ver seu ajudante para ficar com medo, e tão pronto ouvia seus passos, meu coração paralisava. Com o tempo, vim a valorizá-lo como um de meus maiores e mais próximos amigos. Quando ele morreu, não faz muito tempo, senti que a vida sem ele ao meu lado seria muito difícil. Ele havia se tornado uma rocha sobre a qual eu podia me apoiar.

Estava na Suíça, no verão de 1983, quando pela primeira vez ouvi sobre sua doença: ele havia sofrido um derrame cerebral e ficara paralisado. Essas notícias me perturbaram muito, ainda que, como budista, soubesse que de nada adiantaria a preocupação. Tão pronto pude, retornei a Dharamsala, onde encontrei-o ainda com vida, mas em más condições físicas. Ainda assim, sua mente continuava aguda como sempre, graças a uma vida de constante treinamento mental. Sua condição permaneceu estável por muitos meses antes de subitamente deteriorar. Ele entrou em coma, de onde nunca saiu e morreu em 25 de dezembro de 1983. Mas, como se alguma evidência de ter sido uma pessoa extraordinária ainda fosse necessária, seu corpo não começou a se decompor antes de trinta dias após ter sido declarado morto, apesar do clima quente. Era como se ele ainda habitasse seu corpo, mesmo que clinicamente estivesse sem vida.

Quando olho para trás e vejo o modo pelo qual as coisas ocorreram, fico certo de que a doença de Ling Rinpoche, com sua duração prolongada, foi inteiramente deliberada, para ajudar a que me acostumasse com sua ausência. Isso, no entanto, é apenas a metade da história. Como estamos falando de tibetanos, tudo continua de forma feliz. A reencarnação de Ling Rinpoche já foi encontrada, e ele é atualmente um garoto muito vivo e espontâneo de três anos de idade. Sua descoberta foi um exemplo de quando a criança reconhece claramente um membro do grupo de busca. Apesar de estar com apenas 18 meses de idade, ele chamou pelo nome e se dirigiu sorrindo para esta pessoa. Subseqüentemente ele identificou corretamente muitos dos pertences de seu antecessor.

Quando encontrei o menino pela primeiro vez, não tive dúvida sobre sua identidade. Ele comportou-se de um modo que ficou óbvio que havia me reconhecido. Nessa ocasião eu dei ao pequeno Ling Rinpoche uma grande barra de chocolate. Ele permaneceu impassível segurando-a, braço estendido e cabeça inclinada durante todo o tempo em que esteve na minha presença. Não consigo lembrar de qualquer criança que tenha ficado com algo doce guardado sem abrir e provar, e tenha ficado parado, em pé, tão formalmente. Então, quando recebi o menino em minha residência e ele foi trazido até a porta, comportou-se exatamente como seu predecessor. Era evidente que ele lembrava do caminho. Após, quando entrou na minha sala de trabalho, imediatamente mostrou familiaridade com um dos meus auxiliares que, nessa época, se recuperava de uma perna quebrada. Em primeiro lugar, essa pequenina figura solenemente presenteou-o com um kata, e então, cheio de risadas e brincadeiras de criança, apanhou uma das muletas de Lobsang Gawa e correu em volta, sem parar, como se aquilo fosse um pau de bandeira.

Outra história muito impressionante sobre o menino refere-se ao tempo em que ele foi levado, na idade de dois anos, a Bodh Gaya, onde eu deveria dar ensinamentos. Sem que ninguém indicasse a ele e tendo subido uma escada com suas mãos e joelhos, encontrou minha cama e colocou um kata sobre ela. Hoje Ling Rinpoche já está recitando as escrituras, ainda que esteja para ser visto se ele, após aprender a ler, será como alguns dos jovens Tulkus que memorizam textos com uma velocidade estonteante, como se estivessem apenas pegando novamente o que haviam deixado. Eu conheço muitas crianças que podem declamar, com facilidade, várias páginas de texto.

Há, certamente, um elemento de mistério nesse processo de identificação dos reencarnados. Mas é suficiente dizer que, como budista, não acredito que pessoas como Mao ou Churchill apenas “acontecem”.

Uma outra área da experiência tibetana que eu gostaria muito que fosse examinada cientificamente é o sistema de medicina tibetana. Além de datar de mais de dois mil anos, derivou de várias diferentes fontes, incluindo a antiga Pérsia; hoje os princípios são inteiramente budistas. Ela tem uma abordagem inteiramente diferente da medicina ocidental. Por exemplo, ela afirma que as causas-raiz da doença são a ignorância, o desejo ou o rancor.

De acordo com a medicina tibetana, o corpo é dominado pelos três principais nopa, literalmente “venenos”, mas freqüentemente traduzidos como “humores”. Considera-se que esses nopa estão sempre presentes no organismo. Isto significa que nunca se pode estar completamente livre das doenças, pelo menos de seu potencial, mas contanto que esteja em equilíbrio, o corpo mantém-se saudável. Entretanto, um desbalanço causado por uma das três causas-raiz se manifestará como doença, o que é diagnosticado pelo pulso do paciente ou pelo exame de sua urina. Também existem doze principais lugares nas mãos e punhos onde o pulso é examinado. A urina é similarmente examinada de diferentes maneiras (como cor, cheiro, etc.). Com respeito ao tratamento, o primeiro aspecto é a dieta; os remédios formam a segunda linha; a acupuntura e moxabustão, a terceira; a cirurgia, a quarta. Os próprios medicamentos são feitos de materiais orgânicos, algumas vezes combinados com óxidos de metais e certos minerais (incluindo, por exemplo, diamantes moídos)

Até agora tem havido pouca pesquisa clínica com respeito ao valor do sistema médico tibetano, ainda que o meu médico pessoal anterior, Dr. Yeshe Dhonden, tenha participado de uma série de experimentos de laboratório na Universidade de Virgínea, EUA. Ele teve resultados surpreendentemente bons em curar o câncer em ratos brancos, mas muito mais trabalho será necessário até que se possa chegar a conclusões definitivas. Com respeito a minha experiência própria, vejo os medicamentos tibetanos como muito eficientes. Tomo-os regularmente, não apenas para curar, mas para prevenir-me de adoecer. Percebi que esses remédios promovem um reforço da constituição física do corpo e têm efeitos colaterais desprezíveis. O resultado é que, apesar de meus longos dias e períodos intensivos de meditação, eu quase nunca experimento a sensação de cansaço.

Ainda, uma outra área onde acredito que há uma região de diálogo entre a ciência moderna e a cultura tibetana concerne ao conhecimento teórico e não experiencial. Alguma das mais recentes descobertas da física de partículas parecem apontar para a não-dualidade entre mente e matéria. Por exemplo, foi encontrado que se um vácuo (o que significa o espaço vazio) é comprimido, aparecem partículas onde nada havia antes, o que seria matéria, de alguma maneira, aparentemente inerente. Essas descobertas parecem oferecer uma área de convergência entre a ciência e a teoria budista Madhyamika do vazio. Essencialmente, essa teoria afirma que a mente e a matéria existem separadamente, mas de forma interdependente.

Estou bem consciente, no entanto, do perigo de ligar as crenças espirituais a qualquer sistema científico. Pois, enquanto o budismo continua sendo relevante dois e meio milênios após seu início, os fundamentos absolutos da ciência têm uma vida relativamente muito mais curta. Isto não é para poder afirmar que eu considero que coisas como os oráculos ou a capacidade dos monges de ficarem ao relento durante noites, em condições de congelamento, seja uma evidência de poderes mágicos. Ainda assim não posso concordar com nossos irmãos e irmãs chineses, que sustentam que a aceitação desses fenômenos é uma evidência de nosso atraso e barbárie. Mesmo do mais rigorosos ponto de vista científico, esta não é uma atitude objetiva.

Ao mesmo tempo, mesmo que um princípio seja aceito, isso não significa que tudo que esteja conectado com ele seja válido. Por analogia, seria burlesco seguir escravizadamente e sem qualquer discriminação todas as afirmações de Marx e Lênin, mesmo em face da evidência clara de que o comunismo é um sistema imperfeito. É preciso manter grande vigilância em áreas onde não temos grande experiência. Isso, naturalmente, é onde a ciência pode auxiliar. Enfim, só vemos as coisas como misteriosas quando não as entendemos.

Até agora os resultados das pesquisas que descrevi têm sido benéficos para todas as partes. Compreendo, no entanto, que esses resultados são tão acurados quanto os experimentos que conduziram a eles. Além do mais, estou consciente que se algo não é encontrado isso não significa sua inexistência, isso apenas prova que o experimento foi incapaz de encontrá-lo. Esta é a razão pela qual precisamos ser cuidadosos em nossas pesquisas, especialmente quando lidando em uma área onde a pesquisa científica é pequena. É também importante manter em mente as limitações impostas pela própria natureza. Por exemplo, enquanto a investigação cientifica não pode apreender meus pensamentos, isso não significa que eles sejam inexistentes, nem que algum outro método de pesquisa não possa descobrir algo a respeito deles, e aí é que entra a experiência tibelana. Através do treinamento mental, desenvolvemos técnicas que a ciência atual não pode ainda explicar adequadamente. Isto, então, é a base da suposto “magia e mistério” do budismo tibetano.

Por: Dalai Lama.

#Budismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/dalai-lama-magia-e-mist%C3%A9rio-no-tibete

Magia Enochiana para passar no ENEM

Quase todo dia, pessoas me escrevem pedindo magias ou rituais que os permitam passar em provas, concursos ou testes de qualquer tipo. Os mais retardados fazem Pacto Pactorum ou mergulham nas qliphot e só se ferram… Mas seus problemas acabaram! Recentemente, recebi autorização dos Poderes Illuminati para revelar apenas aos leitores deste blog os segredos reptilianos para passar magistralmente no ENEM sem levantar suspeitas.

Este é um ritual enochiano complexo que necessitará de seis meses de preparo (para o ENEM), acompanhando as tábuas lunares e aspectações astrológicas, de acordo com as anotações deixadas por Aleister Crowley. “Sucesso é a única possibilidade!” ele escreveu. E você também conseguirá.

Em primeiro lugar, veja a data exata do Concurso. Isso possui uma importância fundamental astrológica no ritual.

Veja seu calendário magístico e marque exatos 6 meses, 6 horas e 6 minutos antes (666). Separe todos os livros e matérias que constam nas “Disciplinas do Edital” ou a “matéria da Prova”. Estes serão denominados de agora em diante “Coelum Philosophorum“. É importante que você separe TODOS os livros que cairão na prova ou concurso, porque precisaremos de todo o conteúdo para o pacto com as forças enochianas. A nota da Redação tem grande peso na nota final do Enem. Por isso, além de ficar bem informado é necessário focar nas técnicas de redação. Por isso é importante estudar pelo caminho do hermetismo. Em todos estes anos de internet, nunca vi um crente ou satanista que escrevesse direito…

Sei que Você já deve ter ouvido isto antes, mas ler bastante é muito importante para quem deseja escrever bem. Papus e Eliphas Levi já diziam isso e eu apenas reforço seus pensamentos.

O contrato com os anjos enochianos para realizar o pacto precisa ser feito todos os dias, sem falhas, ou o ritual não funcionará. Segundo John Dee, durante não menos do que duas horas a cada dia, o Estudante começará a preparar os “Sigilos de Resumo” que são fórmulas cabalísticas para transformar grandes conteúdos literários em pequenos trechos resumidos que deverão ser compreendidos no pacto final. Para tanto, separe toda a matéria do Coelum Philosophorum, dividindo-o pelo número de dias que você fará as invocações.

A cada dia, certifique-se que não será perturbado pelos profanos por pelo menos duas horas. Desligue todos os equipamentos eletrônicos ao redor, pois as emanações eletromagnéticas prejudicarão o entrosamento psicomental necessário para contactar os seres enochianos.

O mago deverá usar suas vestes ritualísticas (se não possuir, poderá usar roupas pretas) e, atentamente, leia e faça anotações e RESUMOS em seu Grimório Pessoal com todo o conteúdo dos textos separados (isto é importante para que o mago saiba exatamente o conteúdo total da energia que será exigida na prova, a fim de invocar a entidade enochiana mais adequada). Segundo McGregor Mathers, Dion Fortune e Peter J. Carroll, esta etapa do ritual é fundamental e não pode ser negligenciada, pois os sigilos ficariam incompletos.

São Cipriano recomenda, em seu livro de capa preta, que o feiticeiro tenha ao seu lado um copo de água cheio, que deverá ser consumido durante estas duas horas de ritual.

Na noite anterior, é necessário que o Adepto medite a respeito dos objetivos e não pense mais no assunto, pois os sigilos precisam ser lançados no Astral para o dia seguinte. Com o tempo e com as práticas ritualísticas, o iniciado dominará qualquer tipo de assunto, bastando para isso incorporar novos livros ao Coelum Philosophorum e poderá usar este ritual não apenas no ENEM, mas também em outros testes como o vestibular, prova da OAB e concursos.

Na hora do exame, toda a matéria resumida e estudada nos sigilos aparecerá de maneira mágica e inexplicável na mente do iniciado, trazida diretamente de seu Sagrado Anjo Guardião, fazendo com que ele consiga passar em qualquer prova ou teste!

De Paracelsus a Isaac Newton, de Agrippa a Leonardo DaVinci, todos os alquimistas utilizaram-se deste método que agora está disponível a qualquer digno estudante de ciências ocultas. Desta maneira, conseguirá os melhores resultados na escola, na faculdade ou em qualquer outro lugar, sem despertar suspeitas!

93!

Marcelo Del Debbio

Dies Martis, Sol in Aries, Luna in Taurus

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/magia-enochiana-para-passar-no-enem

Como anda o seu humor e a sua vida?

Geralmente os textos que aqui posto são de outros autores. Então, depois de um bom tempo, faço uma postagem. É sobre problemas que passamos em nossas vidas e vou enfocar nos transtornos de humor. Os que vou utilizar são Depressão, Mania, Transtorno Bipolar e Transtorno de Ansiedade Generalizada.  É extenso, mas vai ser uma leitura agradável e bastante prática. Conforme disse, vou falar sobre alguns transtornos de humor inicialmente, explicando o que é, os sintomas deles, depois fazer explanações sobre eles e sobre a vida em si. Espero que gostem!

Depressão é uma doença psiquiátrica que produz alteração de humor caracterizada por tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixo autoestima, sentimento de culpa, distúrbios de sono e apetite. Não é uma tristeza igual a de acontecimentos difíceis e desagradáveis, inerentes à vida, como perda de emprego, desencontros amorosos, morte, etc. Nestes casos, elas sofrem e encontram por si mesmas uma forma de superá-las. Nos casos de depressão a tristeza é crônica, não dá trégua e não tem causa aparente. Pode ficar o tempo todo, dias e dias seguidos. Predisposição genética, disfunção bioquímica, acontecimentos traumáticos na infância, estresse crônico, doenças sistêmicas, consumo de drogas lícitas e ilícitas e certos medicamentos podem causar.

O oposto da depressão é a Mania (geralmente utilizamos esta palavra para definir hábitos, mas aqui tem outro sentido). É totalmente o oposto da depressão e as causas são praticamente as mesmas. Mas existe o Transtorno (ou Espectro, dependendo do caso) Bipolar, onde há alternâncias de episódios de mania, depressão e períodos assintomáticos. As crises podem variar de intensidade (leve, moderada e grave), frequência e duração. O humor é flutuante e tem reflexos negativos nos comportamentos e atitudes, onde as reações deles são sempre desproporcionais aos fatos que serviram de gatilho ou, até mesmo, independem deles. Ainda não foi descoberto uma causa específica para isto.

Além destes distúrbios de humor, temos a Ansiedade. É uma reação normal diante de situações que provocam medo, dúvida ou expectativa. É um sinal que prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo que ele seja superado, favorece sua adaptação às novas condições de vida (o conceito é praticamente idêntico ao de eustresse). Porém há um distúrbio caracterizado pela preocupação e expectativa excessiva e apreensiva, persistente e de difícil controle, que perdura por meses causando inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. É o transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

As pessoas até podem saber destes fundamentos, mas não sabem como lidar com isto, geralmente piorando a situação do indivíduo. Este faz a sua parte como pode, sabe que pode relaxar, fazer práticas místicas, ocultistas ou mágicas, aplicar Reiki ou qualquer outra terapia holística, caminhar, medicar-se, fazer psicoterapia, praticar yoga, fazer coisas que você fique melhor, mas de toda forma a sua mente continua no mesmo estado, você acaba não tomando as rédeas e não fazendo direito o que deve ser feito para sair da situação e acaba se vendo num beco sem saída. E o pior, além de afetar a si, afeta também as pessoas que ama e isto o faz piorar mais ainda. As pessoas colocam coisas na sua cabeça, dizem coisas que não se devem dizer, e pioram o quadro, assim como você também pode fazer. Ou seja, acabam mais atrapalhando que ajudando, por mais que pensem que estão ajudando. E ainda o indivíduo com tais problemas fica mal por saber que está deixando elas mal ou preocupadas com você ou achar que você não tem mais jeito e ninguém vai gostar de você.

Alguns exemplos clássicos sobre coisas que não devem ser ditas acompanhadas dos porquês. Pedir para “caminhar”, se ele sabe que é bom, mas tem uma dificuldade absurda de forçar uma interação com um mundo aberto sem surtar; “É coisa de sua cabeça!” Merece um Nobel quem concluiu isto, refrescando a memória do amigo e piorando; “Por que não sai mais com a gente?”, onde quando você pensa isto, ele está no quarto, deitado ou acordado, tentando juntar motivação de onde não tem; “Pense nas coisas boas da vida”, como se um depressivo não soubesse o que é isto, sendo que o problema é que, por melhores que sejam essas coisas, elas são como pontos nulos para o deprimido por conta da condição – ele não gosta de si mesmo, acha que ninguém gosta dele e não vê futuro para ele mesmo – por mais que pense nelas tem efeito zero; “Tem gente pior que você”, aí ele se sente culpado por estar num estado psicológico que por mais que se esforce não controla enquanto outras pessoas controlam e está tendo uma dificuldade imensa em colocar as coisas sob uma perspectiva só e regular suas reações e a pior, “Você parece outra pessoa”, a maior “facada” que você dá num depressivo, você fala para ele o que ele não quer acreditar, dá a ele a certeza que nunca mais vai voltar e conseguir reverter o que vem acontecendo e nunca serão normais normalmente, nunca serão quem elas verdadeiramente são.

Dizem também que tudo acontece porque você não se ajuda. Que você está assim porque quer. Mas e a medicação, o tratamento médico, as ordens místicas, as práticas e cursos e tudo o mais, são para quê? Você tenta, mas não consegue. Faz de tudo para melhorar, mas não consegue. Acha que não há solução. Você se ajuda, mas não consegue encontrar uma solução, tenta se apoiar em outras pessoas, às vezes até de forma possessiva, mas machuca a você mesmo e todos ao redor. Mas, às vezes, os outros também fazem isto.

Você colocaria poeira no nariz de quem sofre de sinusite? Daria algo bem açucarado para um diabético? Gritaria com uma pessoa com a pressão extremamente alta? Falaria coisas para pessoas em estados alterados de humor que afetariam ainda mais o humor delas? Falaria para um depressivo aquelas coisas que falei? Gritaria dando mais motivo de preocupação para um ansioso? Então, coloque na cabeça, é uma doença como qualquer outra, que tem cura, que realmente as pessoas que tem só vão ficar boas se quiserem se ajudar, mas se você fizer isto, você vai retardar ou piorar a situação. Se for um ansioso, ele pode ficar furioso e se irritar ou ficar pensando freneticamente numa só coisa e não falar nada com nada! Se for um depressivo, ele pode até se suicidar por conta de algo que você disse! Não só você, como até mesmo os tratamentos podem fazer mal. Medicamentos podem ter interações e terem efeitos negativos, piorando também. Então, tenha paciência e compreensão com o que ocorre com essas pessoas e saiba que quando você magoa elas ou elas te magoam, no caso se transtornos de humor, elas realmente vão ficar pior pelo sentimento de culpa! Elas se culpam tanto quando te magoam quanto quando você as magoa.

O trajeto evolutivo é difícil! A vida é difícil! Às vezes tudo o que você tenta fazer não resolve! E nestas horas vem são necessários a Fé e a Vontade! Você pode mudar a situação! Tudo passa, transforma-se! A filosofia budista diz algo como “só você pode ajudar a você mesmo, não espere que façam por você”! Se algo acontece com você, a culpa é sua de algum modo! Para quem gosta de misticismo, o Karma explica muitas coisas. Porém, o ambiente também interfere nas nossas situações! A genética, a criação dos pais, a formação na escola, os grupos de amigos, os ambientes que frequenta, as experiências que você passa, o local e a vizinhança onde vive, seu ambiente de trabalho, a sociedade, o país e daí vai… Pensando desta forma, mesmo que tudo seja responsabilidade nossa, o externo também influencia! Você também influencia o próximo (quem gosta de Magnetismo e Hipnotismo sabe bem disto). Então, de certa forma, apontar o dedo e dizer que a culpa é somente do outro, de quem tem estes problemas, embora seja uma verdade se formos pensar de acordo com as Leis Cósmicas, é um pouco ignorante e arrogante e só vai piorar a situação.

O mundo de hoje faz com que esses problemas surjam com mais frequência. Em breve a depressão vai ultrapassar as doenças cardíacas e ser a doença que mais mata! E quando pensamos que o externo influencia, além do que já foi dito, percebemos uma coisa: as pessoas são simpáticas demais! Tenham Empatia!

Este estado tem quatro características: entendimento de perspectiva, a habilidade de ter a perspectiva dos outros, reconhecer a perspectiva deles como verdade e não julgar. Empatia é sentir-se como o outro. Alguém está deprimido, no fundo do poço e grita que está preso, é escuro, estou soterrado! E você diz: Acalme-se, sei como se sente e você não está sozinho nessa. Simpatia é dizer: “é ruim, né?”, “tem pessoas piores”, “quer uma coxinha?”. E muitas vezes começa com “pelo menos”. Às vezes alguém compartilha algo doloroso e você tenta ajudar querendo ver o lado bom de tudo isto. “Vou reprovar nesta disciplina!” “Pelo menos tu pode pagar de novo” Tente fazer as coisas melhorarem tendo empatia! Se eu compartilhar algo com você que seja difícil, prefiro que diga “nem sei o que dizer ou fazer, mas obrigado por compartilhar comigo” e dar um bom abraço. Respostas mudam tudo e, sendo simpáticos, vocês vão estar mais atrapalhando do que ajudando, mesmo que pense ajudar.

A vida é dura! A realidade é um desafio! Mas estamos aqui para evoluir! Não é uma tarefa fácil! A felicidade que tanto buscamos não é fácil de ser adquirida! Quando nossos pais dizem que é um trabalho árduo, é porque é mesmo. Mas estamos aqui para isto. E não estamos sós nesta tarefa.  “Se não houvesse a angústia não existiria a alegria”. “Todo homem leva um céu e inferno dentro de si mesmo”. “Sou um pecador e mortal e devo, a todo momento, dia e noite, desprender-me, lutar e combater o Diabo que aflige minha natureza corrupta e perdida, esse poder colérico que existe continuamente em minha carne, como na de todos os homens”. “Nem o dinheiro, nem as posses mundanas, nem a ciência, nem a autoridade, nada disso trará a vós o doce descanso do paraíso (nota minha: ou melhor, felicidade), que só pode ser atingido através do nobre conhecimento de si mesmo. Lá poderes vestir vossa alma; trata-se da pérola que não é devorada pelas traças e que nenhum ladrão pode levar. Buscai-a e encontrareis um nobre tesouro”.

“Segue meu conselho: deixa de buscar o conhecimento de Deus através de tua vontade egoísta e de teu raciocínio; joga fora tua razão imaginária, aquela que teu eu mortal pensa que possui, então tua vontade será a vontade de Deus. Se Ele encontrar a Sua Vontade como sendo a Tua vontade na Dele, então a Sua vontade irá se manifestar em tua vontade, como se fosse Sua própria propriedade. Ele é Tudo, e o que quer que desejes saber do Tudo está Nele. Não há nada oculto diante Dele e tu verás em Sua própria Luz”. “O entendimento nasce de D’us. Não é produto de escolas nas quais a ciência humana é ensinada. Não condeno o aprendizado intelectual e, se eu tivesse obtido uma educação mais elaborada, com certeza seria uma vantagem para mim, quando minha mente recebia o dom divino. Mas agrada a D’us transformar a sabedoria deste mundo em tonteira e dar Sua força ao fraco a fim de que todas as coisas se curvem diante dele”. “Acima de tudo, examina contigo mesmo o propósito de conhecer os mistérios de D’us e se estás preparado a empregar aquilo que receberes para a glorificação de D’us e para o benefício do próximo. Tu estás pronto para morrer, inteiramente para a tua vontade terrestre e egoísta, e desejas, sinceramente, ser um com o Espírito? Aquele que não tiver tais propósitos elevados e que busca apenas um conhecimento que satisfaça o seu eu ou para ser admirado pelo mundo não está apto para receber tal conhecimento”. E, por fim, “Deve-se auxiliar o próximo com aquilo que for obtido”. Um muito obrigado a Jacob Bohme por todas estas citações e verdades.

Como disse, tudo passa. “Se há muito sofrimento, também há sempre alegria e vice-versa. Até estas lindas flores algum dia irão murchar e todas as coisas vivas deste mundo não param nem por um momento. Estão sempre se movendo e mudando, esse é o maior prazer existente, a vida das pessoas é igual. Mas, se a morte certa espera por todos, não é a tristeza que deveria controlar a vida de todos? Enquanto se vive, não importa quantas vezes tentem se aliviar do sofrimento, ou quantas vezes buscam por amor e alegria, a morte sempre acaba com tudo. Se é assim, para que um homem nasce? Não podemos fingir que não existe a morte, completa e eterna. Apenas não se esqueça de uma coisa. A morte não é o fim de tudo, a morte é o passo que leva à vida seguinte. A morte não é algo definitivo. No passo, todos aqueles que nasceram neste mundo, mas foram chamados de santos, superaram a morte e se entenderes isto se iluminarás. As flores nascem e depois murcham. As estrelas brilham, mas algum dia se extinguem. Comparado a isto, a vida do homem não é nada mais do que um simples piscar de olhos, um breve momento. Nesse pouco tempo, as pessoas nascem, riem, choram, lutam, são feridas, sentem alegria, tristeza, odeiam alguém, machucam alguém, amam alguém. Tudo isto em um só momento”. Aproveite! Viva a vida! Tudo tem solução! Mas compreendam os outros, perdoem, não fiquem “buscando chifre em cabeça de cavalo”, não fiquem apontando o dedo na cara dos outros, não se machuque tanto com coisas efêmeras, simplesmente amem e vivam!

Para o Hermetismo Cristão, não existem Mestres ou Iniciadores (só um, que é o Iniciador que está no alto), apenas codiscípulos e cada um é mestre de cada um sob algum aspecto, como cada um é discípulo de cada um sob outro aspecto. Santo Antão dizia que “se submetia de boa vontade aos ascetas que ia visitar e se instruía deles na virtude e na ascese de cada um. Contemplava em um a amabilidade, em outro a assiduidade à oração; neste via a paciência, naquele o amor ao próximo; em um observava as vigílias, em outro a aplicação à leitura; admirava um à constância, a outro por seus jejuns e por seu sono na terra nua. Observava a mansidão de um e a magnanimidade de outro; em todos notava a devoção ao Cristo e o amor mútuo. Assim, satisfeito, voltava para seu eremitério, condensando e se esforçando por exprimir em si mesmo a virtude de todos”.

Entendam que todas as pessoas têm seus defeitos e suas dificuldades. Recentemente tive alguns, por exemplo. Magoei pessoas, magoei a mim mesmo. Teve situações que aconteceram que mudaram totalmente o fluxo das coisas e isto não tem mais volta! Laços rompidos que talvez nunca mais voltem! Então, não estou sendo hipócrita em dizer que a vida é só flores e que o caminho que seguires vai te trazer só coisas boas e que as pessoas que o seguem não vão ter seus problemas. Repito, a vida é dura! Posso até estar sendo hipócrita neste ponto, por pedir algo que desenvolvo, ou julgar as pessoas por isto ou aquilo, mas peço desculpas por isto.Mas, de fato, as pessoas têm suas dificuldades! Você tem seus defeitos, mas não se martirize por isto! Há solução! Há uma Luz no fim do túnel!

Vocês também tem seus defeitos e problemas, assim como eu tenho. Mas vejam as virtudes ao invés dos defeitos. Tenham empatia que, relembrando, é um estado em que há entendimento de perspectiva, a habilidade de ter a perspectiva dos outros, reconhecer a perspectiva deles como verdade e não julgar. Desenvolvam o AMOR. “O amor nunca falha porque o amor é sem fim, sem começo, sem meios de ser interrompido e também se renova à medida que se origina e age no tempo e espaço de todas as dimensões que existem no universo em expansão”. Citações estas de um anime simples, mas verdades profundas. Amem primeiro ao Criador (ou seja lá em quem acredite, ou mesmo que não acredite em nada) e lembrem-se sempre de amar a si mesmos. Por mais que a vida seja dura há uma solução! E se encontra dentro de nós mesmos, ‘no D’us de seu coração, no D’us de sua compreensão”.

Entendam que por mais que esta seja uma verdade universal, você também interfere na vida do outro. Já pensou quantas pessoas contribuíram para você chegar até aqui e ler este texto? Infinitas! Já pensou em que as suas escolhas interferem nas escolhas de outras pessoas? Que situações que você toma também interferem? Não existe coincidência, não existe acaso, existe sincronicidade. Não estamos sozinhos. Há uma luz no fim do túnel, repito. Mas você interfere nas outras pessoas. Ame a si mesmo, mas também ame os outros. Da mesma forma, compreenda estes problemas nas pessoas, qualquer que seja o problema, tenha empatia e com certeza seremos e teremos pessoas mais felizes.

A você, que passa por estes problemas, que se identificou com tudo que eu disse, saiba que você pode sair da sua caverna! Posso não saber o que dizer a vocês, mas espero do fundo de minha alma que superem isto, vivam o agora, cuidem de si mesmo,s pois tudo depende de vocês! Aos que te seguem, compreensão, amor e empatia. Assim tanto você quanto os outros podem crescer e evoluir juntos.

Para finalizar, peço desculpas a todos que causei algum mal, transtorno ou situação desagradável. Tudo que passou, passou e não volta. Mas vivo agora o presente, com uma perspectiva no amanhã, onde luto para ser melhor a cada dia que passa e superar os meus demônios internos. Palavras são somente palavras. Somente os meus atos, e sendo eles constantes, ou seja, com o tempo, é que podem provar que o que falo é uma verdade. A vocês dedico este texto.

#Felicidade #Humor #Sofrimento

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A Disciplina no Estudo da Magia – Frater Magog

Bate-Papo Mayhem 180 – gravado dia 31/05/2021 (segunda) Com Frater Magog – A Disciplina no Estudo da Magia Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

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Dharma: a Base da Vida Humana

por Swami Paratparananda

(*) Publicado na edição de Nov/Dez de 1984 da revista “Vedanta Kesari”

(Cedo ou tarde o homem descobre que os prazeres que os sentidos trazem a ele são extremamente transientes e até contra-produtivos. É o Dharma que o coloca em contato com o mundo supra-sensório da Realidade e o eleva da existência do bruto para a vida Divina. Swami Paratparananda, dirigente do Ramakrishna Ashrama, Argentina (**) e um ex-editor da “Vedanta Kesari”, explica como Sri Ramakrishna enfatiza que o principal ingrediente do Dharma ou disciplina religiosa é a renúncia – externa, se possível, mas interna, categoricamente).

(**) de 1973 a 1988.

Vários são os significados deste termo sânscrito, Dharma. Por exemplo, retidão, a natureza inata de algo, deveres devido ao nascimento e posição na vida, são alguns deles. Nós lidaremos aqui com o mencionado em primeiro lugar, isto é, retidão, retitude ou religião como é algumas vezes definido. É claro que na Índia a religião inclui deveres de acordo com varna e âsrama (nascimento e posição na vida) apesar de que estes são conceitos não tão rigidamente praticados hoje em dia. Religião ou Dharma é algo mais do que a mera conformidade com obrigações sociais, restrições ou regras; mais do que meros dogmas e credos. Regras sociais e códigos morais podem e realmente mudam de acordo com a época e lugar. Por exemplo, o que é considerado como imoral em alguns países pode ser aceito como totalmente normal ou natural em outros, etc. Mas mera moralidade não é a meta e finalidade do homem. É apenas o meio para atingir algo superior, algo eterno e este algo é o sujeito da religião ou Dharma. Pode-se chamar este sujeito como Deus ou Espírito ou por qualquer outro nome.

A questão que surge na mente do homem moderno é: que papel pode a religião desempenhar na atual era de ciência e tecnologia? Poderá ela sobreviver aos ataques destas forças? Devemos lembrar que a ciência e a tecnologia lidam com a matéria, coisas perecíveis e não eternas. A matéria, por mais que possa durar, um dia se destrói; ela não pode durar para sempre, não pode ser permanente. Tendo sido composta de elementos, deve retornar mais cedo ou mais tarde aos seus elementos; e aquilo que não é permanente não pode dar felicidade duradoura. O homem nunca consegue felicidade duradoura. O homem nunca se satisfaz com a riqueza. Quanto mais ele tem, mais ele deseja. Assim também é o caso com os prazeres dos sentidos. O corpo pode ficar fraco, mas o desejo por eles não deixa o homem. Habilmente Bhartrihari disse no seu Vairagya Sataka: bhogâ na bhuktâ vayam eva bhuktâh, “Os prazeres mundanos não foram desfrutados por nós; pelo contrario nós mesmos temos sido devorados”. E ele continua: trsnâ na jirnâ vayam eva jirnâh, “O desejo não é enfraquecido, apesar de que nós mesmos nos debilitamos”. E mais: valibhir mukham âkrântam pâlitena ankitam sirah, gâtrâni sithilâyante trsnaikâ tarunâyate, “A face está coberta por rugas, a cabeça pintada de branco (por causa dos cabelos grisalhos), os membros se tornaram fracos, apesar de que apenas o desejo é sempre rejuvenescido”. Esta é a condição do homem entregue à satisfação dos sentidos. A ciência e a tecnologia ainda não descobriram métodos de parar ou prevenir este declínio ou deterioração das forças físicas e mentais do homem nem trazer a ele a satisfação que pode durar mesmo sob circunstâncias adversas como enfermidade e senilidade, etc.

Contudo, nós não dizemos que não existam pessoas que ignorem as realidades da vida e tentem desfrutar dos prazeres. Como o avestruz, que quando caçado, se diz, corre tanto quanto pode e enfia sua cabeça na areia e acredita que não há mais perigo ou inimigos. Para estas pessoas este mundo é tudo quanto existe.

No Kathopanishad, Yama diz: “O além nunca aparece diante das pessoas tolas, enganadas pela ilusão da riqueza. Aqueles que pensam: ‘Este é o único mundo e não há nenhum outro’, caem sob meu domínio inúmeras vezes”. Swami Vivekananda diz: “Somente os tolos correm atrás dos gozos dos sentidos. É fácil viver nos sentidos. É mais fácil andar pelo velho caminho com o piso batido, comendo e bebendo, mas o que estes modernos filósofos querem dizer a você é que peguem estas idéias confortáveis e coloquem o selo da religião nelas. Tal doutrina é perigosa. A morte jaz nos sentidos. A vida no plano do Espírito é a única vida, a vida em qualquer outro plano é apenas a morte”. Aqui nós encontramos a resposta também para aqueles que querem fazer da religião algo confortável, adaptada ao plano sensório.

O homem busca a felicidade e acha que pode obtê-la nos objetos dos sentidos; mas, tristemente, ele descobre que a felicidade que estes objetos podem dar é de muito pouca duração e que ele tem que ganhá-la a um custo muito elevado. Ele começa com tremendo otimismo, mas quando fica velho, gradualmente torna-se um pessimista. Swami Vivekananda declara: “A felicidade real não está nos sentidos, mas acima dos sentidos e está em todos os homens. O tipo de otimismo que vemos no mundo é o que levará até a ruína através dos sentidos.”

Novamente, por mais que o homem tenda a ignorar o fato de que o sofrimento, físico e mental é inevitável no plano sensório e mergulhe completamente nele, um dia chegará quando ele perguntará a si mesmo: “É isto tudo? Será a meta da vida viver como plantas e animais por alguns anos e morrer?” Isto é um imperativo, pois enquanto o homem retiver a faculdade do raciocínio, ele não pode deixar de colocar estas questões para si mesmo quando deparar com terríveis e insuperáveis circunstâncias. E este raciocínio deveria levá-lo a auto-análise e gradualmente à Religião, pois tendo sofrido no plano dos sentidos ele não tem outra alternativa além de tentar conseguir consolo de algo superior e não perecível.

Agora vamos ver o que a Religião realmente significa e o que ela pode fazer por nós. Religião é um sistema de disciplinas que traz uma penetração intuitiva na natureza real do mundo espiritual, pelo controle dos sentidos e a conquista da mente. Com esta penetração intuitiva, nós chegamos a conhecer o propósito real da vida humana, como também sobre a vacuidade do mundo sensual. Swami Vivekananda afirma: “Este nosso universo, o universo dos sentidos, racional, intelectual, está cercado de ambos os lados pelo ilimitado, o não-conhecível, o sempre desconhecido. Nisto está a busca, nisto estão as investigações, aqui estão os fatos; disto vem a luz que é conhecida para o mundo como religião. A Religião pertence ao Supra-sensório e não ao plano sensório. Está além de todo raciocínio e não está no plano do intelecto. É uma visão, uma inspiração, um mergulho no desconhecido e não-conhecível, fazendo o não-conhecível mais do que conhecido, pois ele jamais poderá ser conhecido.” Isto parece ser um paradoxo, à uma primeira leitura, mas se nós pararmos e refletirmos, poderemos ser capazes de compreender a verdade por detrás desta afirmação. A mente humana em sua forma impura pode conhecer apenas coisas apresentadas a ela pelos cinco sentidos e nada mais. É por isso que o Espírito é chamado de não-conhecível; mas quando esta mesma mente se livra de sua impureza, seu apego e desejos, ela é capaz de perceber o não-conhecível, fazendo-o mais do que conhecido. Pergunta Yajnavalkya: “Com o quê você conhecerá o Conhecedor”- vijnataram are kena vijaniyat. Este desconhecido pode ser percebido somente através de uma mente pura, afirma o Kathopanishad: manasaivedam aptavyam, “Somente pela mente isto será realizado.”

O melhor testemunho com relação à vida interior é daqueles que mergulharam profundamente nela e eles são os homens capazes de falar sobre o assunto. Vamos ver o que Swami Vivekananda diz sobre a necessidade desta buscado que está além: “A vida será um deserto, a vida humana será em vão, se nós não pudermos conhecer o que está além. É muito bom dizer: Contente-se com as coisas do presente. As vacas e os cães estão e estão também todos os animais e isto é o que os faz animais. Portanto se o homem contenta-se com o presente e abandona toda busca do que está além, a humanidade terá que voltar ao plano animal de novo.

É a religião, a investigação do que está além que faz a diferença entre um homem e um animal”. Respondendo à uma pergunta sobre o que a religião pode fazer por nós, ele afirma: “A salvação não consiste na quantidade de dinheiro que em seu bolso ou na roupa que você veste ou na casa em que você vive, mas na riqueza do pensamento espiritual em seu cérebro. Isto é o que promove o progresso humano, esta é a fonte de todo progresso material e intelectual, o poder motivador atrás do entusiasmo que empurra a humanidade para a frente.”

Além disto, a Religião pode nos dar a vida eterna, trazer-nos a Luz que jamais falha e a paz e tranqüilidade constantes. Contudo a religião não deveria ser julgada do ponto de vista das posses ou coisas materiais. Swami Vivekananda comenta: “Várias vezes você escuta esta objeção levantada: ‘Pode ela retirar a pobreza dos pobres?’ Suponha que ela não possa, isto provaria a inverdade da religião? Suponha que uma criança se levante entre vocês quando você está tentando demonstrar um teorema astronômico e diz, ‘Isto vai me dar biscoitos de gengibre?’ ‘Não, isto não vai dar’, você responde. ‘Então’, diz a criança, ‘não serve para nada’. Crianças julgam o universo inteiro de seu ponto de vista, de produzir biscoitos de gengibre; e assim também fazem as crianças do mundo. Nós não devemos julgar as coisas superiores de um baixo ponto de vista… A Religião interpenetra toda a vida do homem, não apenas o presente, mas o passado, presente e futuro… É lógico medir seu valor por sua ação sobre cinco minutos da vida humana?” Ele continua: “A Religião fez do homem o que ele é e fará deste humano animal um Deus. Isto é o que a religião pode fazer. Tire a religião da sociedade humana e o que restará? Nada além de uma floresta de brutos.”

Do que foi dito nós vemos como a religião está inerentemente absorvida na estrutura da existência humana, mais ainda, a própria existência do homem depende dela. E é por isso que o Senhor se encarna sempre que houver o declínio de Dharma e o crescimento de Adharma, como Ele mesmo diz no Bhagavad Gita. Agora nós veremos quais são as disciplinas que a religião recomenda para atingir o supremo estado da Eterna Bem-aventurança que ela promete. A primeira e mais importante destas disciplinas é a renúncia, sem ela o homem não pode avançar em direção à meta. Pode-se perguntar: são todas as pessoas capazes de renunciar ao mundo? Certamente que não. Então a salvação que a religião promete é para uns poucos? Se for assim, por que deveria a maioria da humanidade ter interesse nela? Sri Ramakrishna responde: “Não é possível adquirir a renúncia de forma repentina. O fator tempo deve ser levado em consideração. Mas também é verdade que um homem deveria escutar sobre ela. Quando a hora certa chegar, ele dirá a si mesmo: ‘Ó, sim, eu escutei sobre isto.’ Você deve também se lembrar de outra coisa. Constantemente ouvindo sobre a renúncia, o desejo pelos objetos do mundo gradualmente se desvanece”. Sri Ramakrishna aconselha aos chefes de família a cultivarem a renúncia interna e amor por Deus, a serem desapegados as coisas do mundo e a buscarem a companhia de pessoas santas. Mas ele categoricamente diz que sem a renúncia, pelo menos a interna, não se pode atingir a Meta.

#Budismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/dharma-a-base-da-vida-humana

Templários, Hospitalários, Teutônicos

Publicado no S&H dia 30/9/09,

Semana passada vimos todas as bases históricas que acabaram gerando o Início das Cruzadas, incluindo a formação dos Cavaleiros Templários. Muita gente confunde Templários com Cruzados, misturando tudo em um mesmo saco, mas estas duas classificações militares eram MUITO, mas MUITO diferentes, tanto em sua origem quanto em seus propósitos:
Os Templários eram nobres (a maioria do Sul da França), iniciados nos conhecimentos do oriente e com uma visão de religiosidade muito mais próxima do Catarismo do que do Catolicismo; já os Cruzados eram uma massa de manobra do Vaticano, para tentar recuperar Jerusalém das mãos dos Muçulmanos, custe o que custar.

A Primeira Cruzada
Foi chamada também de Cruzada dos Nobres ou dos Cavaleiros. Ao pregar e prometer a salvação a todos os que morressem em combate contra os pagãos (leia-se, muçulmanos) em 1095, o Papa Urbano II estava a criar um novo ciclo na história mundial.
É certo que a idéia de juntar um bando de gente armados com espadas e tocha e mandá-los para matar os inimigos hereges não era algo totalmente novo, pois já no século IX se declarava que os guerreiros mortos em combate contra os muçulmanos na Sicília mereciam a salvação eterna. Mas desta vez a salvação não era prometida numa situação excepcional.
Urbano II declarou que não apenas todos os pecados dos cruzados seriam perdoados, mas que todo aquele que morresse nesta “Guerra Santa” teria seu lugar garantido no Céu. O problema com isso é que a Primeira cruzada acabou “recrutando” todo tipo de bandido, estuprador, mercenário e vilão que você puder imaginar. Todo aquele que era um pária na Europa enxergou na cruzada uma chance de desaparecer de seus algozes, ficar com a ficha limpa e ao mesmo tempo matar, pilhar e destruir à vontade “em nome de Jesus”. Tudo gente finíssima nas cruzadas…

Por volta de 1097, um exército de 30 mil homens, dentre eles muitos peregrinos, cruzou a Ásia Menor, partindo de Constantinopla. A cruzada dos cavaleiros, possuindo recursos, embora progredindo devagar, fizera um acordo com o imperador de Bizâncio de lhe devolver os territórios conquistados aos turcos. Esse acordo seria desrespeitado, claro, à medida que o mal-entendido entre as duas partes cresceria.

E quem eram os “nobres” das cruzadas?
Imagine que você seja um nobre europeu feudal do século X ou XII. O filho primogênito era tradicionalmente o herdeiro de tudo o que o seu pai tivesse, e era devidamente preparado para assumir as responsabilidades de vassalo ou nobre de acordo com a posição das terras de seu pai; o filho mais novo era, por tradição, destinado à Igreja ou ao Clero, para manter o povo sob o domínio do Cristianismo: eram enviados para os mosteiros para estudar ou para serem introduzidos no catolicismo (desculpem pelo trocadilho…). As nobres fêmeas eram leiloadas em grandes festas junto a outros nobres, dentro de acordos políticos e diplomáticos realizados entre os Senhores Feudais; fora do Sul da França e dos Territórios Celtas, as mulheres não tinham muito poder de decisão de nada, sendo valorizadas mais por sua beleza do que por seus atributos mentais (estas festas deram origem ao que hoje em dia chamamos de “Festas de Debutantes”). Aos irmãos “do meio”, sobrava um abraço e um aperto de mão: não tinham direito a nada.
Neste aspecto, as Cruzadas se ofereciam para eles como algo realmente tentador: comandar um monte de crentes, peregrinos, bandidos e assassinos “em nome de Jesus”, matar vários hereges e, quem sabe, virar um nobre dono de terras no Além Mar? Parecia uma ótima idéia!

As tensões entre os bizantinos e os cruzados
Os bizantinos queriam um grupo de mercenários solidamente enquadrados ao qual se pagasse o soldo e que obedecessem às ordens – não aquelas turbas de remelentos indisciplinados; por outro lado, os cruzados não estavam dispostos, depois de tantos sacrifícios, a entregar o que obtinham.
Apesar da animosidade entre os líderes e das promessas quebradas entre os cruzados e os bizantinos que os ajudavam, a Cruzada prosseguiu. Os turcos estavam simplesmente desorganizados. A cavalaria pesada e a infantaria franca não tinham experiência em lutar contra a cavalaria leve e arqueiros turcos, e vice-versa. No final das contas, a resistência e a força dos cavaleiros venceram a campanha em uma série de vitórias, a maioria muito difíceis.

Em 19 de Junho de 1097, os cruzados cercaram e tomaram Nicéia, devolvendo-a aos bizantinos, e logo tomaram o rumo de Antioquia. Em julho, foram atacados pelos turcos em Dorileia, mas conseguiram vencê-los e, após penosa marcha, chegaram aos arredores de Antioquia em 20 de outubro. A cidade de Antioquia somente cairia, após longo cerco, a 3 de Junho de 1098, com a ajuda de um sentinela armênio que facilitou a entrada dos cruzados nas muralhas da cidade. Seguiu-se um saque terrível da população muçulmana da cidade, que ficou na posse de Boemundo de Taranto, o chefe dos normandos.

Godofredo de Bulhão, após longo cerco, conquistou Jerusalém atacando uma guarnição fraca em 1099. A repressão foi violenta. Segundo o arcebispo Guilherme de Tiro, a cidade oferecia tal espetáculo, tal carnificina de inimigos, tal derramamento de sangue que os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.
Conta-se que haviam rios de sangue correndo pelas ruas da cidade…

Godofredo de Bulhão ficou só com o título de protetor e, à sua morte, Balduíno, seu irmão, proclamou-se rei. Após a vitória, era preciso organizar a conquista. Para dividir os territórios conquistados entre os principais nobres que participaram da matança, surgiram quatro estados cruzados, conhecidos coletivamente como Outremer (“Ultramar”), do norte para o sul: o Condado de Edessa, o Principado de Antióquia, o Condado de Trípoli, e o Reino de Jerusalém.

O sucesso da primeira cruzada pelas tropas de Noobs foi até certo ponto uma surpresa e ocorreu porque os cruzados chegaram num momento de desordem naquela periferia do mundo islâmico. Uma vez conquistado o território ao inimigo, os cruzados, cujos desentendimentos com os bizantinos começaram ainda durante a campanha, não mais quiseram devolver as terras aos seus irmãos de fé cristã do Império Bizantino. Balduíno teria dito, inclusive, para o Imperador Bizantino a seguinte frase: “Perdeu, playboy”.

Muitos dos combatentes retiraram-se de Jerusalém (incluindo os grandes senhores), mas um núcleo ficou (cálculos chegam a falar de algumas centenas de cavaleiros e um milhar de homens a pé). As cidades principais (como Antioquia e Edessa) tornarem-se capitais de principados e reinos (embora Jerusalém fosse de certo modo o centro político e religioso), com outras marcas a protegê-los.
O sistema feudal foi transplantado para o oriente com algumas alterações: muitas vezes, em vez de receber feudos, os cavaleiros eram pagos com direitos ou rendas (modalidade que existia também na Europa). As cidades mercantis italianas tornaram-se fundamentais para a sobrevivência desses estados: permitiram a chegada de reforços e interceptar os movimentos das esquadras muçulmanas, tornando o Mediterrâneo novamente um mar navegável pelos ocidentais.

Mas os muçulmanos iriam reagir…
De qualquer modo, nos anos seguintes, com a euforia da vitória, mais voluntários seguiram para o Oriente. Os contingentes seguiam por nacionalidades, continuando pouco organizados. As motivações eram variáveis: se alguns pretendiam obter novos feudos, ou redimir-se das suas faltas, havia também aqueles que “apenas” pretendiam ganhar batalhas, cobrir-se de glória, bênçãos espirituais, e voltar para a sua terra.
Os governantes cruzados encontravam-se em grande desvantagem numérica em relação às populações muçulmanas que eles tentavam controlar. Assim, construíram castelos e contrataram tropas mercenárias para mantê-los sob controle. A cultura e a religião dos francos era muito estranha para cativar os residentes da região.

Por aproximadamente um século, os dois lados mantiveram um clássico conflito de guerrilha. Os cavaleiros francos eram muito fortes, mas lentos. Os árabes não agüentavam um ataque da cavalaria pesada, mas podiam cavalgar em círculo em volta dela, na esperança de incapacitar as unidades dos francos e fazer emboscadas no deserto. Os reinos cruzados localizavam-se, em sua maioria, no litoral, pelo qual eles podiam receber suprimentos e reforços, mas as constantes incursões e o infeliz populacho mostravam que eles não eram um sucesso econômico.

Ordens de monges cavaleiros foram formadas para lutar pelas terras sagradas. Os cavaleiros templários e hospitalários eram, em sua maioria, francos. Os cavaleiros teutônicos (Teutonicorum) eram germânicos. Esses eram os mais bravios e determinados dos cruzados, mas nunca foram suficientes para fazer a região ficar segura, ao contrário do que é ensinado nas escolas. Os reinos cruzados só sobreviveram por um tempo, em parte porque aprenderam a negociar, conciliar e jogar os diferentes grupos árabes uns contra os outros (mas onde que a educação escolar católica brasileira vai admitir que os “guerreiros de Deus” negociavam, manipulavam e conciliavam com os hereges?).

Os Templários
Oficialmente, a Ordem foi fundada por Hugo de Payens após a Primeira Cruzada, em 1119, com a finalidade de defender a Terra Santa dos ataques dos maometanos, mantendo os reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente.
Os seus membros faziam voto de pobreza e seu símbolo passou a ser um cavalo montado por dois cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede (junto ao local onde existira o Templo de Salomão, em Jerusalém) do voto de pobreza e da fé em Cristo surgiu o nome “Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”. Sua bandeira consistia em uma cruz vermelha sobre um fundo mosaico preto-e-branco; nos templos, esta bandeira era representada pelo pavimento mosaico.
A regra dessa ordem religiosa de monges guerreiros (militar) foi escrita por São Bernardo. A sua divisa foi extraída do Livro dos Salmos: “Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam” (Sl 115,1) que significa “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória”.
O seu crescimento vertiginoso, ao mesmo tempo que ganhava grande prestígio na Europa, deveu-se ao grande fervor religioso e à sua incrível força militar. Os Papas guardaram a ordem acolhendo-a sob sua imediata proteção, excluindo qualquer intervenção de qualquer outra jurisdição fosse ela secular ou episcopal. Não foram menos importantes também os benefícios temporais que tal ordem recebeu dos soberanos da Europa.
O poder da Ordem tornou-se tão grande que, em 1139 que o papa Inocêncio II emitiu um documento declarando que os templários não deviam obediência a nenhum poder secular ou eclesiástico, apenas ao próprio papa.
Um contemporâneo (Jacques de Vitry) descreve os Templários como “leões de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus amigos“.
Levando uma forma de vida austera não tinham medo de morrer para defender os cristãos que iam em peregrinação a Terra Santa. Como exército nunca foram muito numerosos (não passavam de 400 cavaleiros em Jerusalém no auge da ordem), mesmo assim foram conhecidos como o terror dos maometanos.

Os Hospitalários
Por volta de 1099, alguns mercadores de Amalfi fundaram em Jerusalém, sob a regra de S. Bento e com a indicação de Santa Maria Latina, uma casa religiosa para recolha de peregrinos. Anos mais tarde construíram junto dela um hospital que recebeu, de Godofredo de Bulhão, doações que lhe asseguraram a existência, desligou-se da igreja de Santa Maria e passou-se a formar congregação especial, sob o nome de São João Baptista.
Em 1113, o Papa nomeou-a congregação, sob o título de São João, e deu-lhe regra própria. Em 1120, o francês Raimundo de Puy, nomeado Grão-Mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.
“Hospitalários” vem da palavra “Hospício”, que naquele tempo tinha a conotação de local para tratamento e/ou hospedagem de pessoas doentes ou pobres sem gratificação, monetária ou econômica, ao serviço prestado. Então quando vocês lerem por ai que os Hospitalários eram proprietários de vários hospícios (Hospices) na Terra Santa, não vão achar que eles eram psiquiatras! (se bem que… dada todas as condições de horror das batalhas, pensando bem, não era um nome tão inapropriado assim…). Do seu nome, vem a palavra “Hospital” que usamos até hoje como sinônimo para “Edifício onde se tratam os doentes”. Mais tarde, veremos que a Ordem irá mudar seu nome e local de sede por motivos alheios à sua vontade, adotando uma nova bandeira que hoje é mundialmente conhecida.

Os Teutônicos
Fundados no Acre a partir do século XII (mas cuja origem precisa remota a 1143, quando o Papa Celestino II pediu um destacamento especial de Hospitalários que falassem a língua germânica para tomar conta de um hospital especial para peregrinos alemães, o Domus Theutonicum), tinha originalmente o nome de “Cavaleiros Teutônicos do Hospital de Santa Maria em Jerusalém” (Ordo domus Sanctæ Mariæ Theutonicorum). Formados a partir de tropas germânicas, nunca tiveram um número muito grande de membros, pois todos os principais cavaleiros sempre tinham origem nobre. Durante os períodos mais complicados, eles recrutavam voluntários e mercenários, que não eram considerados do “Círculo Interno” da Ordem.
Seu primeiro grão mestre foi Henrich Walpot Von Bassenheim (governou de 1198 a 1200). Walpot recebeu em 1199 as regras de Monastério dos Templários das mãos deGilbert Horal, Grão mestre Templário na ocasião, e foi ele quem transformou a Ordem de médicos e protetores para monges guerreiros. Walpot morreu em batalha no Acre.
Os Teutônicos tiveram uma influência muito grande na defesa da região, mas quando os cristãos foram derrotados em 1211, os Teutônicos moveram sua sede para a Transilvânia, para ajudar a defender a Hungria dos ataques dos turcos muçulmanos.

A partir do próximo Post, farei as narrativas paralelas para que vocês entendam melhor as relações de amor e ódio existentes entre estas três Ordens Militares (e os Muçulmanos, e os Católicos, e os Cruzados e os Cátaros…)

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#Templários

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/templ%C3%A1rios-hospital%C3%A1rios-teut%C3%B4nicos