Como anda o seu humor e a sua vida?

Geralmente os textos que aqui posto são de outros autores. Então, depois de um bom tempo, faço uma postagem. É sobre problemas que passamos em nossas vidas e vou enfocar nos transtornos de humor. Os que vou utilizar são Depressão, Mania, Transtorno Bipolar e Transtorno de Ansiedade Generalizada.  É extenso, mas vai ser uma leitura agradável e bastante prática. Conforme disse, vou falar sobre alguns transtornos de humor inicialmente, explicando o que é, os sintomas deles, depois fazer explanações sobre eles e sobre a vida em si. Espero que gostem!

Depressão é uma doença psiquiátrica que produz alteração de humor caracterizada por tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixo autoestima, sentimento de culpa, distúrbios de sono e apetite. Não é uma tristeza igual a de acontecimentos difíceis e desagradáveis, inerentes à vida, como perda de emprego, desencontros amorosos, morte, etc. Nestes casos, elas sofrem e encontram por si mesmas uma forma de superá-las. Nos casos de depressão a tristeza é crônica, não dá trégua e não tem causa aparente. Pode ficar o tempo todo, dias e dias seguidos. Predisposição genética, disfunção bioquímica, acontecimentos traumáticos na infância, estresse crônico, doenças sistêmicas, consumo de drogas lícitas e ilícitas e certos medicamentos podem causar.

O oposto da depressão é a Mania (geralmente utilizamos esta palavra para definir hábitos, mas aqui tem outro sentido). É totalmente o oposto da depressão e as causas são praticamente as mesmas. Mas existe o Transtorno (ou Espectro, dependendo do caso) Bipolar, onde há alternâncias de episódios de mania, depressão e períodos assintomáticos. As crises podem variar de intensidade (leve, moderada e grave), frequência e duração. O humor é flutuante e tem reflexos negativos nos comportamentos e atitudes, onde as reações deles são sempre desproporcionais aos fatos que serviram de gatilho ou, até mesmo, independem deles. Ainda não foi descoberto uma causa específica para isto.

Além destes distúrbios de humor, temos a Ansiedade. É uma reação normal diante de situações que provocam medo, dúvida ou expectativa. É um sinal que prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo que ele seja superado, favorece sua adaptação às novas condições de vida (o conceito é praticamente idêntico ao de eustresse). Porém há um distúrbio caracterizado pela preocupação e expectativa excessiva e apreensiva, persistente e de difícil controle, que perdura por meses causando inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. É o transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

As pessoas até podem saber destes fundamentos, mas não sabem como lidar com isto, geralmente piorando a situação do indivíduo. Este faz a sua parte como pode, sabe que pode relaxar, fazer práticas místicas, ocultistas ou mágicas, aplicar Reiki ou qualquer outra terapia holística, caminhar, medicar-se, fazer psicoterapia, praticar yoga, fazer coisas que você fique melhor, mas de toda forma a sua mente continua no mesmo estado, você acaba não tomando as rédeas e não fazendo direito o que deve ser feito para sair da situação e acaba se vendo num beco sem saída. E o pior, além de afetar a si, afeta também as pessoas que ama e isto o faz piorar mais ainda. As pessoas colocam coisas na sua cabeça, dizem coisas que não se devem dizer, e pioram o quadro, assim como você também pode fazer. Ou seja, acabam mais atrapalhando que ajudando, por mais que pensem que estão ajudando. E ainda o indivíduo com tais problemas fica mal por saber que está deixando elas mal ou preocupadas com você ou achar que você não tem mais jeito e ninguém vai gostar de você.

Alguns exemplos clássicos sobre coisas que não devem ser ditas acompanhadas dos porquês. Pedir para “caminhar”, se ele sabe que é bom, mas tem uma dificuldade absurda de forçar uma interação com um mundo aberto sem surtar; “É coisa de sua cabeça!” Merece um Nobel quem concluiu isto, refrescando a memória do amigo e piorando; “Por que não sai mais com a gente?”, onde quando você pensa isto, ele está no quarto, deitado ou acordado, tentando juntar motivação de onde não tem; “Pense nas coisas boas da vida”, como se um depressivo não soubesse o que é isto, sendo que o problema é que, por melhores que sejam essas coisas, elas são como pontos nulos para o deprimido por conta da condição – ele não gosta de si mesmo, acha que ninguém gosta dele e não vê futuro para ele mesmo – por mais que pense nelas tem efeito zero; “Tem gente pior que você”, aí ele se sente culpado por estar num estado psicológico que por mais que se esforce não controla enquanto outras pessoas controlam e está tendo uma dificuldade imensa em colocar as coisas sob uma perspectiva só e regular suas reações e a pior, “Você parece outra pessoa”, a maior “facada” que você dá num depressivo, você fala para ele o que ele não quer acreditar, dá a ele a certeza que nunca mais vai voltar e conseguir reverter o que vem acontecendo e nunca serão normais normalmente, nunca serão quem elas verdadeiramente são.

Dizem também que tudo acontece porque você não se ajuda. Que você está assim porque quer. Mas e a medicação, o tratamento médico, as ordens místicas, as práticas e cursos e tudo o mais, são para quê? Você tenta, mas não consegue. Faz de tudo para melhorar, mas não consegue. Acha que não há solução. Você se ajuda, mas não consegue encontrar uma solução, tenta se apoiar em outras pessoas, às vezes até de forma possessiva, mas machuca a você mesmo e todos ao redor. Mas, às vezes, os outros também fazem isto.

Você colocaria poeira no nariz de quem sofre de sinusite? Daria algo bem açucarado para um diabético? Gritaria com uma pessoa com a pressão extremamente alta? Falaria coisas para pessoas em estados alterados de humor que afetariam ainda mais o humor delas? Falaria para um depressivo aquelas coisas que falei? Gritaria dando mais motivo de preocupação para um ansioso? Então, coloque na cabeça, é uma doença como qualquer outra, que tem cura, que realmente as pessoas que tem só vão ficar boas se quiserem se ajudar, mas se você fizer isto, você vai retardar ou piorar a situação. Se for um ansioso, ele pode ficar furioso e se irritar ou ficar pensando freneticamente numa só coisa e não falar nada com nada! Se for um depressivo, ele pode até se suicidar por conta de algo que você disse! Não só você, como até mesmo os tratamentos podem fazer mal. Medicamentos podem ter interações e terem efeitos negativos, piorando também. Então, tenha paciência e compreensão com o que ocorre com essas pessoas e saiba que quando você magoa elas ou elas te magoam, no caso se transtornos de humor, elas realmente vão ficar pior pelo sentimento de culpa! Elas se culpam tanto quando te magoam quanto quando você as magoa.

O trajeto evolutivo é difícil! A vida é difícil! Às vezes tudo o que você tenta fazer não resolve! E nestas horas vem são necessários a Fé e a Vontade! Você pode mudar a situação! Tudo passa, transforma-se! A filosofia budista diz algo como “só você pode ajudar a você mesmo, não espere que façam por você”! Se algo acontece com você, a culpa é sua de algum modo! Para quem gosta de misticismo, o Karma explica muitas coisas. Porém, o ambiente também interfere nas nossas situações! A genética, a criação dos pais, a formação na escola, os grupos de amigos, os ambientes que frequenta, as experiências que você passa, o local e a vizinhança onde vive, seu ambiente de trabalho, a sociedade, o país e daí vai… Pensando desta forma, mesmo que tudo seja responsabilidade nossa, o externo também influencia! Você também influencia o próximo (quem gosta de Magnetismo e Hipnotismo sabe bem disto). Então, de certa forma, apontar o dedo e dizer que a culpa é somente do outro, de quem tem estes problemas, embora seja uma verdade se formos pensar de acordo com as Leis Cósmicas, é um pouco ignorante e arrogante e só vai piorar a situação.

O mundo de hoje faz com que esses problemas surjam com mais frequência. Em breve a depressão vai ultrapassar as doenças cardíacas e ser a doença que mais mata! E quando pensamos que o externo influencia, além do que já foi dito, percebemos uma coisa: as pessoas são simpáticas demais! Tenham Empatia!

Este estado tem quatro características: entendimento de perspectiva, a habilidade de ter a perspectiva dos outros, reconhecer a perspectiva deles como verdade e não julgar. Empatia é sentir-se como o outro. Alguém está deprimido, no fundo do poço e grita que está preso, é escuro, estou soterrado! E você diz: Acalme-se, sei como se sente e você não está sozinho nessa. Simpatia é dizer: “é ruim, né?”, “tem pessoas piores”, “quer uma coxinha?”. E muitas vezes começa com “pelo menos”. Às vezes alguém compartilha algo doloroso e você tenta ajudar querendo ver o lado bom de tudo isto. “Vou reprovar nesta disciplina!” “Pelo menos tu pode pagar de novo” Tente fazer as coisas melhorarem tendo empatia! Se eu compartilhar algo com você que seja difícil, prefiro que diga “nem sei o que dizer ou fazer, mas obrigado por compartilhar comigo” e dar um bom abraço. Respostas mudam tudo e, sendo simpáticos, vocês vão estar mais atrapalhando do que ajudando, mesmo que pense ajudar.

A vida é dura! A realidade é um desafio! Mas estamos aqui para evoluir! Não é uma tarefa fácil! A felicidade que tanto buscamos não é fácil de ser adquirida! Quando nossos pais dizem que é um trabalho árduo, é porque é mesmo. Mas estamos aqui para isto. E não estamos sós nesta tarefa.  “Se não houvesse a angústia não existiria a alegria”. “Todo homem leva um céu e inferno dentro de si mesmo”. “Sou um pecador e mortal e devo, a todo momento, dia e noite, desprender-me, lutar e combater o Diabo que aflige minha natureza corrupta e perdida, esse poder colérico que existe continuamente em minha carne, como na de todos os homens”. “Nem o dinheiro, nem as posses mundanas, nem a ciência, nem a autoridade, nada disso trará a vós o doce descanso do paraíso (nota minha: ou melhor, felicidade), que só pode ser atingido através do nobre conhecimento de si mesmo. Lá poderes vestir vossa alma; trata-se da pérola que não é devorada pelas traças e que nenhum ladrão pode levar. Buscai-a e encontrareis um nobre tesouro”.

“Segue meu conselho: deixa de buscar o conhecimento de Deus através de tua vontade egoísta e de teu raciocínio; joga fora tua razão imaginária, aquela que teu eu mortal pensa que possui, então tua vontade será a vontade de Deus. Se Ele encontrar a Sua Vontade como sendo a Tua vontade na Dele, então a Sua vontade irá se manifestar em tua vontade, como se fosse Sua própria propriedade. Ele é Tudo, e o que quer que desejes saber do Tudo está Nele. Não há nada oculto diante Dele e tu verás em Sua própria Luz”. “O entendimento nasce de D’us. Não é produto de escolas nas quais a ciência humana é ensinada. Não condeno o aprendizado intelectual e, se eu tivesse obtido uma educação mais elaborada, com certeza seria uma vantagem para mim, quando minha mente recebia o dom divino. Mas agrada a D’us transformar a sabedoria deste mundo em tonteira e dar Sua força ao fraco a fim de que todas as coisas se curvem diante dele”. “Acima de tudo, examina contigo mesmo o propósito de conhecer os mistérios de D’us e se estás preparado a empregar aquilo que receberes para a glorificação de D’us e para o benefício do próximo. Tu estás pronto para morrer, inteiramente para a tua vontade terrestre e egoísta, e desejas, sinceramente, ser um com o Espírito? Aquele que não tiver tais propósitos elevados e que busca apenas um conhecimento que satisfaça o seu eu ou para ser admirado pelo mundo não está apto para receber tal conhecimento”. E, por fim, “Deve-se auxiliar o próximo com aquilo que for obtido”. Um muito obrigado a Jacob Bohme por todas estas citações e verdades.

Como disse, tudo passa. “Se há muito sofrimento, também há sempre alegria e vice-versa. Até estas lindas flores algum dia irão murchar e todas as coisas vivas deste mundo não param nem por um momento. Estão sempre se movendo e mudando, esse é o maior prazer existente, a vida das pessoas é igual. Mas, se a morte certa espera por todos, não é a tristeza que deveria controlar a vida de todos? Enquanto se vive, não importa quantas vezes tentem se aliviar do sofrimento, ou quantas vezes buscam por amor e alegria, a morte sempre acaba com tudo. Se é assim, para que um homem nasce? Não podemos fingir que não existe a morte, completa e eterna. Apenas não se esqueça de uma coisa. A morte não é o fim de tudo, a morte é o passo que leva à vida seguinte. A morte não é algo definitivo. No passo, todos aqueles que nasceram neste mundo, mas foram chamados de santos, superaram a morte e se entenderes isto se iluminarás. As flores nascem e depois murcham. As estrelas brilham, mas algum dia se extinguem. Comparado a isto, a vida do homem não é nada mais do que um simples piscar de olhos, um breve momento. Nesse pouco tempo, as pessoas nascem, riem, choram, lutam, são feridas, sentem alegria, tristeza, odeiam alguém, machucam alguém, amam alguém. Tudo isto em um só momento”. Aproveite! Viva a vida! Tudo tem solução! Mas compreendam os outros, perdoem, não fiquem “buscando chifre em cabeça de cavalo”, não fiquem apontando o dedo na cara dos outros, não se machuque tanto com coisas efêmeras, simplesmente amem e vivam!

Para o Hermetismo Cristão, não existem Mestres ou Iniciadores (só um, que é o Iniciador que está no alto), apenas codiscípulos e cada um é mestre de cada um sob algum aspecto, como cada um é discípulo de cada um sob outro aspecto. Santo Antão dizia que “se submetia de boa vontade aos ascetas que ia visitar e se instruía deles na virtude e na ascese de cada um. Contemplava em um a amabilidade, em outro a assiduidade à oração; neste via a paciência, naquele o amor ao próximo; em um observava as vigílias, em outro a aplicação à leitura; admirava um à constância, a outro por seus jejuns e por seu sono na terra nua. Observava a mansidão de um e a magnanimidade de outro; em todos notava a devoção ao Cristo e o amor mútuo. Assim, satisfeito, voltava para seu eremitério, condensando e se esforçando por exprimir em si mesmo a virtude de todos”.

Entendam que todas as pessoas têm seus defeitos e suas dificuldades. Recentemente tive alguns, por exemplo. Magoei pessoas, magoei a mim mesmo. Teve situações que aconteceram que mudaram totalmente o fluxo das coisas e isto não tem mais volta! Laços rompidos que talvez nunca mais voltem! Então, não estou sendo hipócrita em dizer que a vida é só flores e que o caminho que seguires vai te trazer só coisas boas e que as pessoas que o seguem não vão ter seus problemas. Repito, a vida é dura! Posso até estar sendo hipócrita neste ponto, por pedir algo que desenvolvo, ou julgar as pessoas por isto ou aquilo, mas peço desculpas por isto.Mas, de fato, as pessoas têm suas dificuldades! Você tem seus defeitos, mas não se martirize por isto! Há solução! Há uma Luz no fim do túnel!

Vocês também tem seus defeitos e problemas, assim como eu tenho. Mas vejam as virtudes ao invés dos defeitos. Tenham empatia que, relembrando, é um estado em que há entendimento de perspectiva, a habilidade de ter a perspectiva dos outros, reconhecer a perspectiva deles como verdade e não julgar. Desenvolvam o AMOR. “O amor nunca falha porque o amor é sem fim, sem começo, sem meios de ser interrompido e também se renova à medida que se origina e age no tempo e espaço de todas as dimensões que existem no universo em expansão”. Citações estas de um anime simples, mas verdades profundas. Amem primeiro ao Criador (ou seja lá em quem acredite, ou mesmo que não acredite em nada) e lembrem-se sempre de amar a si mesmos. Por mais que a vida seja dura há uma solução! E se encontra dentro de nós mesmos, ‘no D’us de seu coração, no D’us de sua compreensão”.

Entendam que por mais que esta seja uma verdade universal, você também interfere na vida do outro. Já pensou quantas pessoas contribuíram para você chegar até aqui e ler este texto? Infinitas! Já pensou em que as suas escolhas interferem nas escolhas de outras pessoas? Que situações que você toma também interferem? Não existe coincidência, não existe acaso, existe sincronicidade. Não estamos sozinhos. Há uma luz no fim do túnel, repito. Mas você interfere nas outras pessoas. Ame a si mesmo, mas também ame os outros. Da mesma forma, compreenda estes problemas nas pessoas, qualquer que seja o problema, tenha empatia e com certeza seremos e teremos pessoas mais felizes.

A você, que passa por estes problemas, que se identificou com tudo que eu disse, saiba que você pode sair da sua caverna! Posso não saber o que dizer a vocês, mas espero do fundo de minha alma que superem isto, vivam o agora, cuidem de si mesmo,s pois tudo depende de vocês! Aos que te seguem, compreensão, amor e empatia. Assim tanto você quanto os outros podem crescer e evoluir juntos.

Para finalizar, peço desculpas a todos que causei algum mal, transtorno ou situação desagradável. Tudo que passou, passou e não volta. Mas vivo agora o presente, com uma perspectiva no amanhã, onde luto para ser melhor a cada dia que passa e superar os meus demônios internos. Palavras são somente palavras. Somente os meus atos, e sendo eles constantes, ou seja, com o tempo, é que podem provar que o que falo é uma verdade. A vocês dedico este texto.

#Felicidade #Humor #Sofrimento

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/como-anda-o-seu-humor-e-a-sua-vida

Templários, Hospitalários, Teutônicos

Publicado no S&H dia 30/9/09,

Semana passada vimos todas as bases históricas que acabaram gerando o Início das Cruzadas, incluindo a formação dos Cavaleiros Templários. Muita gente confunde Templários com Cruzados, misturando tudo em um mesmo saco, mas estas duas classificações militares eram MUITO, mas MUITO diferentes, tanto em sua origem quanto em seus propósitos:
Os Templários eram nobres (a maioria do Sul da França), iniciados nos conhecimentos do oriente e com uma visão de religiosidade muito mais próxima do Catarismo do que do Catolicismo; já os Cruzados eram uma massa de manobra do Vaticano, para tentar recuperar Jerusalém das mãos dos Muçulmanos, custe o que custar.

A Primeira Cruzada
Foi chamada também de Cruzada dos Nobres ou dos Cavaleiros. Ao pregar e prometer a salvação a todos os que morressem em combate contra os pagãos (leia-se, muçulmanos) em 1095, o Papa Urbano II estava a criar um novo ciclo na história mundial.
É certo que a idéia de juntar um bando de gente armados com espadas e tocha e mandá-los para matar os inimigos hereges não era algo totalmente novo, pois já no século IX se declarava que os guerreiros mortos em combate contra os muçulmanos na Sicília mereciam a salvação eterna. Mas desta vez a salvação não era prometida numa situação excepcional.
Urbano II declarou que não apenas todos os pecados dos cruzados seriam perdoados, mas que todo aquele que morresse nesta “Guerra Santa” teria seu lugar garantido no Céu. O problema com isso é que a Primeira cruzada acabou “recrutando” todo tipo de bandido, estuprador, mercenário e vilão que você puder imaginar. Todo aquele que era um pária na Europa enxergou na cruzada uma chance de desaparecer de seus algozes, ficar com a ficha limpa e ao mesmo tempo matar, pilhar e destruir à vontade “em nome de Jesus”. Tudo gente finíssima nas cruzadas…

Por volta de 1097, um exército de 30 mil homens, dentre eles muitos peregrinos, cruzou a Ásia Menor, partindo de Constantinopla. A cruzada dos cavaleiros, possuindo recursos, embora progredindo devagar, fizera um acordo com o imperador de Bizâncio de lhe devolver os territórios conquistados aos turcos. Esse acordo seria desrespeitado, claro, à medida que o mal-entendido entre as duas partes cresceria.

E quem eram os “nobres” das cruzadas?
Imagine que você seja um nobre europeu feudal do século X ou XII. O filho primogênito era tradicionalmente o herdeiro de tudo o que o seu pai tivesse, e era devidamente preparado para assumir as responsabilidades de vassalo ou nobre de acordo com a posição das terras de seu pai; o filho mais novo era, por tradição, destinado à Igreja ou ao Clero, para manter o povo sob o domínio do Cristianismo: eram enviados para os mosteiros para estudar ou para serem introduzidos no catolicismo (desculpem pelo trocadilho…). As nobres fêmeas eram leiloadas em grandes festas junto a outros nobres, dentro de acordos políticos e diplomáticos realizados entre os Senhores Feudais; fora do Sul da França e dos Territórios Celtas, as mulheres não tinham muito poder de decisão de nada, sendo valorizadas mais por sua beleza do que por seus atributos mentais (estas festas deram origem ao que hoje em dia chamamos de “Festas de Debutantes”). Aos irmãos “do meio”, sobrava um abraço e um aperto de mão: não tinham direito a nada.
Neste aspecto, as Cruzadas se ofereciam para eles como algo realmente tentador: comandar um monte de crentes, peregrinos, bandidos e assassinos “em nome de Jesus”, matar vários hereges e, quem sabe, virar um nobre dono de terras no Além Mar? Parecia uma ótima idéia!

As tensões entre os bizantinos e os cruzados
Os bizantinos queriam um grupo de mercenários solidamente enquadrados ao qual se pagasse o soldo e que obedecessem às ordens – não aquelas turbas de remelentos indisciplinados; por outro lado, os cruzados não estavam dispostos, depois de tantos sacrifícios, a entregar o que obtinham.
Apesar da animosidade entre os líderes e das promessas quebradas entre os cruzados e os bizantinos que os ajudavam, a Cruzada prosseguiu. Os turcos estavam simplesmente desorganizados. A cavalaria pesada e a infantaria franca não tinham experiência em lutar contra a cavalaria leve e arqueiros turcos, e vice-versa. No final das contas, a resistência e a força dos cavaleiros venceram a campanha em uma série de vitórias, a maioria muito difíceis.

Em 19 de Junho de 1097, os cruzados cercaram e tomaram Nicéia, devolvendo-a aos bizantinos, e logo tomaram o rumo de Antioquia. Em julho, foram atacados pelos turcos em Dorileia, mas conseguiram vencê-los e, após penosa marcha, chegaram aos arredores de Antioquia em 20 de outubro. A cidade de Antioquia somente cairia, após longo cerco, a 3 de Junho de 1098, com a ajuda de um sentinela armênio que facilitou a entrada dos cruzados nas muralhas da cidade. Seguiu-se um saque terrível da população muçulmana da cidade, que ficou na posse de Boemundo de Taranto, o chefe dos normandos.

Godofredo de Bulhão, após longo cerco, conquistou Jerusalém atacando uma guarnição fraca em 1099. A repressão foi violenta. Segundo o arcebispo Guilherme de Tiro, a cidade oferecia tal espetáculo, tal carnificina de inimigos, tal derramamento de sangue que os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.
Conta-se que haviam rios de sangue correndo pelas ruas da cidade…

Godofredo de Bulhão ficou só com o título de protetor e, à sua morte, Balduíno, seu irmão, proclamou-se rei. Após a vitória, era preciso organizar a conquista. Para dividir os territórios conquistados entre os principais nobres que participaram da matança, surgiram quatro estados cruzados, conhecidos coletivamente como Outremer (“Ultramar”), do norte para o sul: o Condado de Edessa, o Principado de Antióquia, o Condado de Trípoli, e o Reino de Jerusalém.

O sucesso da primeira cruzada pelas tropas de Noobs foi até certo ponto uma surpresa e ocorreu porque os cruzados chegaram num momento de desordem naquela periferia do mundo islâmico. Uma vez conquistado o território ao inimigo, os cruzados, cujos desentendimentos com os bizantinos começaram ainda durante a campanha, não mais quiseram devolver as terras aos seus irmãos de fé cristã do Império Bizantino. Balduíno teria dito, inclusive, para o Imperador Bizantino a seguinte frase: “Perdeu, playboy”.

Muitos dos combatentes retiraram-se de Jerusalém (incluindo os grandes senhores), mas um núcleo ficou (cálculos chegam a falar de algumas centenas de cavaleiros e um milhar de homens a pé). As cidades principais (como Antioquia e Edessa) tornarem-se capitais de principados e reinos (embora Jerusalém fosse de certo modo o centro político e religioso), com outras marcas a protegê-los.
O sistema feudal foi transplantado para o oriente com algumas alterações: muitas vezes, em vez de receber feudos, os cavaleiros eram pagos com direitos ou rendas (modalidade que existia também na Europa). As cidades mercantis italianas tornaram-se fundamentais para a sobrevivência desses estados: permitiram a chegada de reforços e interceptar os movimentos das esquadras muçulmanas, tornando o Mediterrâneo novamente um mar navegável pelos ocidentais.

Mas os muçulmanos iriam reagir…
De qualquer modo, nos anos seguintes, com a euforia da vitória, mais voluntários seguiram para o Oriente. Os contingentes seguiam por nacionalidades, continuando pouco organizados. As motivações eram variáveis: se alguns pretendiam obter novos feudos, ou redimir-se das suas faltas, havia também aqueles que “apenas” pretendiam ganhar batalhas, cobrir-se de glória, bênçãos espirituais, e voltar para a sua terra.
Os governantes cruzados encontravam-se em grande desvantagem numérica em relação às populações muçulmanas que eles tentavam controlar. Assim, construíram castelos e contrataram tropas mercenárias para mantê-los sob controle. A cultura e a religião dos francos era muito estranha para cativar os residentes da região.

Por aproximadamente um século, os dois lados mantiveram um clássico conflito de guerrilha. Os cavaleiros francos eram muito fortes, mas lentos. Os árabes não agüentavam um ataque da cavalaria pesada, mas podiam cavalgar em círculo em volta dela, na esperança de incapacitar as unidades dos francos e fazer emboscadas no deserto. Os reinos cruzados localizavam-se, em sua maioria, no litoral, pelo qual eles podiam receber suprimentos e reforços, mas as constantes incursões e o infeliz populacho mostravam que eles não eram um sucesso econômico.

Ordens de monges cavaleiros foram formadas para lutar pelas terras sagradas. Os cavaleiros templários e hospitalários eram, em sua maioria, francos. Os cavaleiros teutônicos (Teutonicorum) eram germânicos. Esses eram os mais bravios e determinados dos cruzados, mas nunca foram suficientes para fazer a região ficar segura, ao contrário do que é ensinado nas escolas. Os reinos cruzados só sobreviveram por um tempo, em parte porque aprenderam a negociar, conciliar e jogar os diferentes grupos árabes uns contra os outros (mas onde que a educação escolar católica brasileira vai admitir que os “guerreiros de Deus” negociavam, manipulavam e conciliavam com os hereges?).

Os Templários
Oficialmente, a Ordem foi fundada por Hugo de Payens após a Primeira Cruzada, em 1119, com a finalidade de defender a Terra Santa dos ataques dos maometanos, mantendo os reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente.
Os seus membros faziam voto de pobreza e seu símbolo passou a ser um cavalo montado por dois cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede (junto ao local onde existira o Templo de Salomão, em Jerusalém) do voto de pobreza e da fé em Cristo surgiu o nome “Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”. Sua bandeira consistia em uma cruz vermelha sobre um fundo mosaico preto-e-branco; nos templos, esta bandeira era representada pelo pavimento mosaico.
A regra dessa ordem religiosa de monges guerreiros (militar) foi escrita por São Bernardo. A sua divisa foi extraída do Livro dos Salmos: “Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam” (Sl 115,1) que significa “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória”.
O seu crescimento vertiginoso, ao mesmo tempo que ganhava grande prestígio na Europa, deveu-se ao grande fervor religioso e à sua incrível força militar. Os Papas guardaram a ordem acolhendo-a sob sua imediata proteção, excluindo qualquer intervenção de qualquer outra jurisdição fosse ela secular ou episcopal. Não foram menos importantes também os benefícios temporais que tal ordem recebeu dos soberanos da Europa.
O poder da Ordem tornou-se tão grande que, em 1139 que o papa Inocêncio II emitiu um documento declarando que os templários não deviam obediência a nenhum poder secular ou eclesiástico, apenas ao próprio papa.
Um contemporâneo (Jacques de Vitry) descreve os Templários como “leões de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus amigos“.
Levando uma forma de vida austera não tinham medo de morrer para defender os cristãos que iam em peregrinação a Terra Santa. Como exército nunca foram muito numerosos (não passavam de 400 cavaleiros em Jerusalém no auge da ordem), mesmo assim foram conhecidos como o terror dos maometanos.

Os Hospitalários
Por volta de 1099, alguns mercadores de Amalfi fundaram em Jerusalém, sob a regra de S. Bento e com a indicação de Santa Maria Latina, uma casa religiosa para recolha de peregrinos. Anos mais tarde construíram junto dela um hospital que recebeu, de Godofredo de Bulhão, doações que lhe asseguraram a existência, desligou-se da igreja de Santa Maria e passou-se a formar congregação especial, sob o nome de São João Baptista.
Em 1113, o Papa nomeou-a congregação, sob o título de São João, e deu-lhe regra própria. Em 1120, o francês Raimundo de Puy, nomeado Grão-Mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.
“Hospitalários” vem da palavra “Hospício”, que naquele tempo tinha a conotação de local para tratamento e/ou hospedagem de pessoas doentes ou pobres sem gratificação, monetária ou econômica, ao serviço prestado. Então quando vocês lerem por ai que os Hospitalários eram proprietários de vários hospícios (Hospices) na Terra Santa, não vão achar que eles eram psiquiatras! (se bem que… dada todas as condições de horror das batalhas, pensando bem, não era um nome tão inapropriado assim…). Do seu nome, vem a palavra “Hospital” que usamos até hoje como sinônimo para “Edifício onde se tratam os doentes”. Mais tarde, veremos que a Ordem irá mudar seu nome e local de sede por motivos alheios à sua vontade, adotando uma nova bandeira que hoje é mundialmente conhecida.

Os Teutônicos
Fundados no Acre a partir do século XII (mas cuja origem precisa remota a 1143, quando o Papa Celestino II pediu um destacamento especial de Hospitalários que falassem a língua germânica para tomar conta de um hospital especial para peregrinos alemães, o Domus Theutonicum), tinha originalmente o nome de “Cavaleiros Teutônicos do Hospital de Santa Maria em Jerusalém” (Ordo domus Sanctæ Mariæ Theutonicorum). Formados a partir de tropas germânicas, nunca tiveram um número muito grande de membros, pois todos os principais cavaleiros sempre tinham origem nobre. Durante os períodos mais complicados, eles recrutavam voluntários e mercenários, que não eram considerados do “Círculo Interno” da Ordem.
Seu primeiro grão mestre foi Henrich Walpot Von Bassenheim (governou de 1198 a 1200). Walpot recebeu em 1199 as regras de Monastério dos Templários das mãos deGilbert Horal, Grão mestre Templário na ocasião, e foi ele quem transformou a Ordem de médicos e protetores para monges guerreiros. Walpot morreu em batalha no Acre.
Os Teutônicos tiveram uma influência muito grande na defesa da região, mas quando os cristãos foram derrotados em 1211, os Teutônicos moveram sua sede para a Transilvânia, para ajudar a defender a Hungria dos ataques dos turcos muçulmanos.

A partir do próximo Post, farei as narrativas paralelas para que vocês entendam melhor as relações de amor e ódio existentes entre estas três Ordens Militares (e os Muçulmanos, e os Católicos, e os Cruzados e os Cátaros…)

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#Templários

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/templ%C3%A1rios-hospital%C3%A1rios-teut%C3%B4nicos

Física Quântica e a Arca da Aliança 1 ½

Conforme a tradição, ficamos entre colunas para tentar responder as questões levantadas na coluna anterior e preparar o espírito de vocês para a próxima parte.

Em primeiro lugar, queria agradecer as quase 5.000 pessoas que estão visitando esta coluna semanalmente (OBS: neste blog, as visitas estão atualmente em 12.000 visitas/semana), e também agradecer aos que estão indicando aos amigos e comentando.

Eu acho que descobri o por que de alguns posts ficaram sem resposta. A moderação do Sedentário às vezes demora para liberar algum comment e eles não aparecem necessariamente na ordem que foram postados, então às vezes alguém que postou antes acaba sendo liberado depois e o comentário dele fica “fora de ordem”. Como eu vou respondendo um por um no word para adiantar, acho que acabei “pulando” alguma questão. Se deixei de responder algo, basta perguntar de novo que uma hora eu acerto.

Renan – hummmm… deixa ver… então eu “não entendo nada de Física” porque “não coloquei as partículas subatômicas em ordem de tamanho, confundindo partículas de meio-spin (a saber: elétron, muón, tauon e os respectivos neutrinos) com partículas de spin inteiro (a saber: fótons, gluons, w+, w- e outras)”? E que eu devo ser muito ignorante por não saber que três quarks (ou anti-quarks) perfazem um bárion…

Realmente… este conhecimento mudou minha vida e eu tenho de pedir milhares de desculpas para as pessoas cujas vidas eu arruinei divulgando este monte de informações errôneas… e tudo para provar no final do texto que “espíritos não existem e chakras não servem para nada”. E, segundo nosso amigo Renan, “acupuntura não funciona e certas práticas quiropráticas podem levar o indivíduo à morte”.

Bom… de qualquer forma, esta coluna é generosa e vai lhe dar uma migalha de visitação, que é o que você deve estar querendo desde o início, pois repetiu meu nome tantas vezes no seu texto para ver se algum “google” da vida chega a você através destes links.

Mori – agradeço os comentários e os links interessantes. O povo que vivia em Albion (Inglaterra) não era tão evoluído quanto os egípcios nem dispunham de tanta mão de obra, e principalmente não tinham uma Arca da Aliança, então o mais provável é que tiveram de erguer os monolitos de pedra no braço mesmo, sem truques de cordas.

E não tenho dúvidas de que obviamente devem existir milhares de “pedras de Ica” falsas, assim como centenas de “crânios de cristal” falsos. Mas colegas meus que já estiveram no Peru e já visitaram o museu disseram que é muito fácil para alguém com experiência (eles são arqueólogos e restauradores, trabalham atualmente na Itália restaurando obras de arte renascentistas) diferenciar as pedras falsas das verdadeiras, pela qualidade do desenho e pelo tipo de pigmentação, traçado e estilo.

Já as ESTÁTUAS DE ACAMBARO eu não conhecia. Até onde vi na wikipedia, parece que há um debate sobre se são falsas ou não. É preciso tomar cuidado com afirmações do tipo “também uma fraude” pois nunca se sabe em que Tumba do Faraó elas foram encontradas, certo? Mas agradeço pela referência. Vou procurar algum livro que fale sobre elas.

Jean bulinckx e Mateus– Grande pergunta. O que faz uma fonte ser confiável ou não? Eu acredito que utilizo o mesmo rigor que os cientistas usam para demonstrar leis da física/química. A única diferença, como já disse, é que os ocultistas possuem mais ferramentas. Eu concordo totalmente contigo quando você diz que “acreditar não implica na existência”… Eu acredito no que pode ser testado e comprovado.

Vou ficar em um exemplo simples: você acredita que uma pessoa é capaz de dobrar uma lâmina de aço na garganta? Quando comecei a treinar kung-fu era comum ouvir as lendas dos guerreiros da antiguidade que quebravam espadas com os punhos e pegavam flechas com as mãos entre outras façanhas inacreditáveis. Pois bem… um dia eu perguntei a um mestre se estas coisas eram mesmo possíveis e ele disse que sim. Como cético profissional, ao invés de simplesmente acreditar ou não nele, pedi que me ensinasse a técnica de chi kung do fogo.

O chi-kung é a manipulação de certas energias (prana) através de certos chakras. Até dominar razoavelmente as técnicas de respiração e manipulação de energia, foram 4 anos de treinos, especialmente disciplina mental. Claro que, como magista, eu já tinha muita facilidade em visualização e concentração, mas mesmo assim o treinamento é de matar. Sem falsa modéstia, eu duvido que 0,001% da população tenha a disciplina para fazer os exercícios que estas técnicas requerem. Mas funciona. Ninguém me contou ou mostrou… EU fui lá pessoalmente e provei que era possível.

Já fiz mais de 50 demonstrações em público destas técnicas (quebramento de tijolos e tacos de beisebol, garganta de ferro, camisa de ferro, palma de ferro, canela de ferro e assim por diante… o único que nunca quis tentar foi aquele de agüentar chute no saco) e poderia repeti-las no laboratório de qualquer cientista que me pagasse bem.

Abaixo tem uns vídeos de algumas destas demonstrações:
Vídeo 1
Vídeo 2
Vídeo 3

E uma demonstração de um Sifu chamado Austin Goh (15 anos de treino de chi kung)

O mesmo aconteceu com Tarot e Astrologia. Quando eu quis saber se funcionavam ou não, não fiquei como um bunda-mole acreditando que “funcionavam” porque a cigana Joana disse que sim, ou que “não funcionavam” porque o professor Boring disse que não. Eu encontrei dentro das Ordens iniciáticas um astrólogo que tinha 30 anos de experiência e fiz um curso de um ano com ele. Para concluir o curso, ele me obrigou a fazer nada menos do que 100 mapas astrais de praticamente todo mundo que eu conhecia… e o resultado foi impressionante. O mesmo com o tarot. Eu SEI que funcionam porque eu fui lá e testei. E o mesmo vale para fenômenos psíquicos.

Infelizmente (ou felizmente), não tenho nenhum tipo de mediunidade de nascimento, mas tive a sorte de conviver com vários médiuns. Pessoas que, sem possuir nenhum tipo de educação formal, quando se deixavam incorporar eram capazes de falar inglês e alemão com mais fluência do que eu (e melhor sotaque também); pessoas que, sem nenhuma habilidade artística, conseguiam pintar de maneira impressionante (como o GASPARETTO, por exemplo, que tive a oportunidade de ver ao vivo uma demonstração na qual ele pintava 4 quadros diferentes ao mesmo tempo com mãos e pés utilizando 4 técnicas diferentes); uma das minhas melhores amigas (e também uma das melhores magistas que eu conheço) é médium vidente (imagine o moleque do sexto sentido e você terá uma boa idéia) e passávamos um bom tempo interrogando os “fantasmas” e anotando e comparando as respostas… depois eu descobri que um senhor chamado WALDO VIEIRA fazia a mesma coisa que eu há 40 anos.

Mas e quanto a livros e relatos históricos? Bem… o fato de fazer parte da loja Maçônica Madras, que é considerada uma das mais ocultistas e tradicionais dentro do Grande Oriente do Brasil, também ajudou muito nisso. Dela fazem parte pessoas de todas as tradições que você puder imaginar (do budismo ao candomblé, do xamanismo ao satanismo, da teosofia à teurgia), além do possível contato com a maioria dos autores da editora MADRAS. Com isso, quando eu tinha dúvidas sobre onde tal autor encontrou tal informação, eu sempre poderia ir perguntar diretamente a ele. O mesmo ocorre dentro da Rosacruz, da Ordo Templi, das Ordens Templárias e assim por diante. E estas pessoas são extremamente acessíveis em responder às dúvidas de um pesquisador. Portanto não é tão difícil estabelecer uma “rede de autores de confiança” para pesquisar ou tirar dúvidas.

Claro… este é o MEU caso… eu respiro essas coisas desde que era moleque, mas tenho plena noção do quão difícil é para alguém “normal” encontrar autores ou textos confiáveis (ainda mais na internet). Por esta razão, aceitei o convite do eightbits para escrever pra esta coluna. Pra ver se conseguimos despertar em vocês a curiosidade que fará com que vocês mesmos corram atrás do conhecimento e vejam o que faz mais sentido para vocês.

Arthur, Krebys, Felipedecoy, Miguel, Igor Pereira – porque estas verdades não são divulgadas e onde estão as provas? Bem… existem diversos problemas, mas creio que o principal é que a humanidade ainda está tão adormecida que simplesmente não tem capacidade para entender. Existe o fator religioso (nem preciso comentar que nos EUA e até recentemente no Rio de Janeiro haviam projetos para ensinar CRIACIONISMO nas escolas como se fosse algo sério). Para estas pessoas, violar o status quo e contradizer a bíblia é algo que simplesmente não pode acontecer… custe o que custar… por isso temos de conviver com “tumbas do Faraó”, “livros escritos por Deus” e “barcos carregando dois de cada animal do planeta”.

Outro fator é o famoso “para não cair em mãos erradas”… mas o que isto realmente significa?

Neste caso eu posso contar um “causo” bem interessante. Alguns anos atrás, quando uma banda veio se apresentar no Brasil, um colega inglês pediu que um grupo ligado a OTO Inglesa monitorasse as apresentações desta banda. A razão é que, sem querer, este grupo havia usado em uma música uma batida cuja combinação de freqüências fazia com que a supra-renal produzisse quantidades enormes de adrenalina em homens (para mulheres, a música era considerada “irritante” apenas). Eles já estavam fazendo estudos sobre isto há meses, registrando uma incidência de atos de vandalismo, brigas e desordem muito superior ao normal sempre que tal banda se apresentava e tocava esta música.

Pois bem. Há registros empíricos de estudos sobre estas freqüências, documentação farta dos shows, testes feitos por irmãos militares em treinamentos (descobrimos que ela deixa os homens que a escutam mais propensos a não sentirem dor ou cansaço durante uma briga ou exercício, e a se tornarem mais violentos e impetuosos sob o efeito destas descargas de adrenalina), etc, etc… tudo dentro dos mais rigorosos padrões científicos. Esta informação está trancada dentro de algumas ordens invisíveis. Por que? Porque supondo que eu irresponsavelmente revelasse para vocês o nome da banda ou da música para “provar” que as ordens realmente possuem este poder, em uma semana ela seria o hino oficial das torcidas organizadas de times de futebol. Isto é “cair em mãos erradas”.

Zaztras – A mente emite SIM determinados tipos de energia. Ela é capaz de criar, através do pensamento e das emoções, ondas e freqüências específicas que atuam no astral (que é aquela zona de freqüências que ainda não podemos detectar). As ondas eletromagnéticas que os cientistas conseguem medir são conseqüências destas emissões mentais no plano físico (cérebro). Quando os cientistas ortodoxos conseguirem aparelhos capazes de detectar estas ondas e freqüências, será apenas um passo construir aparelhos capazes de interpretar estes sinais e teremos computadores comandados por pensamentos. Procura por “brain computer interface” no google que você encontrará centenas de páginas sobre o assunto.

Quero ver se faço um post só falando sobre disciplina mental, egrégora, telepatia, psicocinesia e visualização para dar uma noção mais completa sobre como este tipo de fenômeno de computadores mentais funcionaria (nem que seja na teoria, para quem não acredita em nada disso).

Jean, Bananeira, Preguiça – Tesla e Tunguska. Esta é uma “teoria da conspiração” mesmo, porque não é ocultista, mas sim militar e, como tal, considerada top-secret. Está mais pro pessoal dos Arquivos X, eu sou da turma dos Templários… Em todo caso, aqui estão alguns textos a favor e contra a hipótese para vocês se divertirem:

http://www.viewzone.com/tesla.tunguska.html
http://www.world-mysteries.com/sci_tesla1.htm
http://www.grandunification.com/hypertext/Tunguska_Explosion.html

Betopow – Teoria da Terra Oca. Existe uma explicação bastante razoável para estas lendas (tanto que até o Führer procurou pela cidade de Thule), mas é melhor falar sobre civilizações intraterrenas só lá pra frente, ai vocês vão entender melhor do que se trata. Por enquanto, isso é “viagem demais” mesmo pra esta coluna, ok?

Paulo Roberto – A Ordem Rosacruz AMORC e o Lectorium Rosicrucianum são fraternidades discretas, não secretas. Para entrar, basta entrar em contato com eles através dos sites.

Chuvadenovembro – “Evidence: the case for NASA UFOS” – procurar no youtube por “sts-75” ou “sts ufo”. Anotei AQUI pra me lembrar de ver depois com calma… mas realmente, naves espaciais, ufos, greys, lagartos do espaço, Ashtar Sheron e criaturas afins são coisas que eu não entendo absolutamente nada. Nunca me interessei e nunca fui atrás para ver. Mas se for depender das otoridades, devem ser todos “balões metereológicos”.

Talvez ufologia seja o campo dos ateus… eles negam Deus mas usam aqueles programas bizarros como o Boinc para procurar aliens… vai entender…

Spartaggus – Eu gosto muito do espiritismo, mas depois quando você estuda pra valer o ocultismo, percebe que ele nada mais é do que uma versão “simplificada” da teosofia e rosacrucianismo, de mais fácil compreensão para as “Massas” (não usando este termo de uma maneira pejorativa – vá tentar entender rondas, raças, manvataras e pralayas e você saberá do que estou falando – heh). Se não fosse pelo trabalho do Kardec a gente teria de decorar todos aqueles nomes impronunciáveis hindus e não teríamos um décimo dos espiritualistas que temos hoje.

Histórias a respeito dos Exilados de Capela aparecem em várias ordens ocultistas e algumas ordens satânicas também (os exilados eram a escória de Capela… você não acha que todos eles vieram mesmo para “ajudar” a Terra, acha?)

Mi , Gustavo, Thibas – Signo de Peixes – O signo de peixes está em sincronicidade com o “contato com outras dimensões” por falta de uma terminologia melhor. Ele é complicado de se lidar porque a gama de energias que rege é muito ampla. Em uma ponta estão aqueles messias, médiuns, videntes, artistas, músicos, pintores, escultores, compositores, escritores, viajantes astrais… aquelas pessoas em contato com o “cósmico”. Conforme estas energias caem para as oitavas menores, esta conexão tende a se tornar uma fuga da realidade e temos pessoas que vivem em seus próprios mundos, daydreamers, sonhadores, aéreos… gente que se isola do mundo em sua própria realidade… nos pontos mais baixos temos viciados, esquizofrênicos, pessoas que perderam a noção de onde começa a realidade 3D e onde termina os planos astrais… nos pontos mais baixos estão os depressivos e suicidas.

Por isto é extremamente importante prestar atenção se vocês tem filhos com planetas neste signo, porque ele vai estar sempre em conexão com outros estados de consciência e cabe aos pais orientar para que eles se mantenham nas OITAVAS MAIS ELEVADAS.

Guerini, Thahy, Rodrigo Guedes, Mauro – Drogas, Sexo e Rock&Roll – Sim, eles abrem (ou fecham) os chakras. Falo mais sobre isso no próximo post.

PH, Santiago, Vimerson, Ticopunkrock, Élder, Vinicius S. Abreu, Danilo, Thahy, Victor Hugo, Ed, Chitão, Damienvalek, Gustavo, Dirk – Ok, farei um post “padre Quevedo”… provavelmente a parte III desta série sobre chakras. Acho que a partir do próximo post eu irei intercalar estas colunas com “teoria da magia” com “histórias ocultas”, fazendo pares relevantes como Moisés/Kabbalah, Salomão/72 anjos cabalísticos, Pitágoras/Numerologia, Essênios/Espíritos, Hindus/Tantra-yoga, rei arthur/santo graal e assim por diante, para não cansar quem quer ver logo a história dos templários e também para não deixar as explicações sem uma base mais elaborada.

#Pirâmides

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/f%C3%ADsica-qu%C3%A2ntica-e-a-arca-da-alian%C3%A7a-1

O que há para se conservar?

“Nada no mundo pode durar para sempre” (frase encontrada numa parede em Pompeia)

Os conservadores insistem em manter o mundo tal qual ele é, ou foi, nalguma “época áurea” em que tudo funcionava, e a moral e os bons costumes eram regra geral do procedimento do bom cidadão. Seu ofício mental é o de relembrar aquilo que já passou, numa tentativa hercúlea de “trazer de volta”, conservar, manter tudo como “sempre foi”.

Os conservadores vivem numa ilha de puritanismo cercada do fluxo selvagem da mudança por todos os lados. O mundo é, afinal, um fluxo… Todos que observam a Natureza percebem isso cedo ou tarde, mas os conservadores insistem em sua crença de que tudo “pode e deve permanecer como está”. É o fundamentalismo da estagnação…

Mas não devemos nos deixar iludir pelos rótulos. Chamar alguém de conservador não significa que aquela pessoa aceite a alcunha, nem tampouco que ela seja 100% conservadora. Dizem que os conservadores são “de direita”, mas há muitos conservadores “de esquerda”. Estes gostariam tanto de conservar a sua própria utopia e o seu próprio ideal, que chegam a embalsamar os seus líderes, tal qual aos egípcios antigos, talvez também mais por motivos políticos do que religiosos.

Quando a Dama de Ferro disse que “não existe essa coisa de sociedade”, estava se alinhando a uma ala dos conservadores que preferiram conservar a ideia do indivíduo. Eles creem piamente que um indivíduo pode “vencer na vida” sem ajuda da sociedade – e que, dessa forma, o Estado, que representa a sociedade, não deveria intervir nos afazeres do indivíduo que está ali, afinal, apenas para “vencer na vida”. Mas, se refletirmos um pouco, o único indivíduo que “venceu na vida” sem uma sociedade é aquele que viveu a vida toda num deserto ou no cume de alguma montanha isolada. Mas neste caso, o fato de ele haver “vencido na vida” nem faz muito sentido, não é mesmo?

Vamos ser sinceros aqui: nenhum ser humano consegue viver sozinho. Podemos não admitir ou não enxergar, mas somos seres gregários, e não há indivíduo que viva fora de uma família, ou grupo, ou sociedade… Portanto, me parece óbvio que existe uma sociedade, a grande questão é o que ela reflete. Pois que toda sociedade reflete o pensamento de seus indivíduos. Quando uma sociedade prefere “fingir que não há sociedade”, é obviamente para o proveito de uma elite, exatamente aquela que “já venceu na vida” – seja no berço, seja através do Mercado.

Por outro lado, pretender que todos os indivíduos de uma sociedade tenham direitos precisamente iguais é uma utopia ainda um tanto quanto inalcançável… Direito a educação básica, a saúde, a uma defesa nos tribunais, ok. Direito a um mesmo salário e um mesmo naco de terra, é hoje obviamente impraticável. Não estamos preparados para a grande utopia da Fraternidade Universal, e a prova disso é que sempre que isto foi tentado, terminou como uma imitação de um feudalismo bizarro, onde o “líder do partido” era uma nova espécie de senhor feudal.

Dizem que não há nada de novo debaixo do Céu, mas ainda que nenhuma substância se perca, apenas se transforme, fato é que tudo muda, tudo vibra, e nada está parado. Os ponteiros sempre se movem no Cosmos, e isto é também válido para este mundo cá embaixo… Você não está parado nenhum segundo, nem quando medita num quarto com as cortinas fechadas. As placas tectônicas se movem e carregam continentes, e este é um movimento lentíssimo… Mas o próprio planeta gira que nem pião ao largo de uma estrela, e esta estrela não está fixa. Sóis como o nosso estão girando em torno de gigantescos buracos negros no centro das galáxias, e mesmo as galáxias estão catapultadas ao Infinito, agrupadas em grandes aglomerados… Mas o conservador gostaria muito de crer que “tudo pode continuar sendo como era antes”!

O que há para se conservar? Certamente, os bons exemplos, os bons pensamentos, as mais belas emoções… Conservemos não uma fronteira ou um sistema político-econômico, mas uma sabedoria muito mais antiga do que a civilização em si. O Chefe Seattle, por exemplo, respondeu assim ao presidente americano (que fez uma oferta pela terra dos indígenas do oeste americano): “Ele diz que deseja comprar nossa terra, mas como pode um homem comprar ou vender a terra, as florestas, os rios, o céu? Esta ideia é estranha para nós”.

O que há para se conservar? Decerto não os hábitos moribundos dos charcos de pensamento estagnado; Decerto não os preconceitos e os dogmas de religiosidade represada; Decerto não a ignorância e o medo do que é novo… São os jovens que herdarão esta terra, aqueles recém-chegados da Mansão do Amanhã. Mas eis que todo o livre-pensador se mantém jovem (ou relembra de sua juventude); e todo poeta, e todo dançarino, recitam, cantam e dançam; e rodopiam num campo de ventos sempre frescos.

Louco não é o dançarino do Cosmos, louco é aquele que acha possível apanhar o vento com as mãos e o trancafiar nalguma “doutrina”… Não há nada de novo debaixo do Céu, exceto o próprio Céu – a cada vez que o ponteiro se move, tudo muda.

E o ponteiro está se movendo neste momento, e os dançarinos estão seguindo o ritmo de seu fluxo divino…

Esta dança não acaba nunca.

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Crédito da imagem: Scott Barrow/Corbis

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

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#Espiritualidade #política #Tempo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-que-h%C3%A1-para-se-conservar

Origens do Espiritismo

Neste trabalho procuraremos reunir alguns dados importantes da história do Espiritismo, especialmente os referentes a Allan Kardec e ao Espiritismo nascente. Nossa fonte básica será a obra Allan Kardec, em três volumes, da autoria de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, dada a público pela Federação Espírita Brasileira em 1979/80. Qualquer estudioso do Espiritismo reconhecerá prontamente que ela representa o mais completo e rigoroso estudo já publicado sobre a vida e a obra de Kardec. Os volumes 2 e 3 contêm ainda análises e comentários de grande justeza e profundidade sobre muitos tópicos referentes à Doutrina e ao movimento espíritas.

Os três volumes dessa obra apresentam uma massa de informações bastante densa. Dispõem de índices e antroponímicos e analíticos, mas não remissivos. Nos dois últimos volumes, os capítulos são de amplas proporções, contendo muitas seções. Os autores optaram, com razões ponderáveis, por não fazer uma apresentação cronológica dos fatos. Tudo isso torna um tanto difícil a localização rápida de determinados assuntos. Por tais motivos, julgamos útil compilar aqui, de forma mais simples e direta, alguns dos acontecimentos mais importantes. Fomos motivados por nossa experiência pessoal, de muitas vezes querermos citar datas e lugares precisos e não conseguirmos encontrar de pronto as referências. Também pode ser de alguma utilidade dispor de um painel sucinto dos fatos, que permita sua visualização global.

Naturalmente, sabemos que o que mais importa não são os nomes, as datas e os lugares, mas a sua significação histórica, científica e filosófica. O pesquisador cuidadoso não poderá dispensar a respeitável obra de Thiesen e Wantuil. Também deve-se lembrar que a segunda parte das Obras Póstumas de Allan Kardec consiste de textos de enorme relevância para a história do Espiritismo, repletos, como não poderia deixar de ser, de preciosas considerações doutrinárias. O mesmo vale para os volumes da Revue Spirite editados por Kardec.

Há algumas outras fontes sobre o Espiritismo e sua história, que podem ser consultadas, embora nem de longe se aproximem, em abrangência e precisão, da que nos legaram Thiesen e Wantuil. Entre elas encontram-se:

* Moreil, André. La vie et l’Œuvre d’Allan Kardec. Paris, Vermet, sem data.[2]

* Sausse, Henri. Biographie d’Allan Kardec. 4a ed., Paris, Éditions Jean Meyer, 1927. A Federação Espírita Brasileira faz figurar uma tradução dessa biografia em sua edição de O que é o Espiritismo, sem indicação do tradutor.[3]

Para facilidade de referência, adotaremos as seguintes abreviaturas:

* AK I, AK II e AK III ¾ respectivamente volumes I, II e III da obra Allan Kardec.

* OP ¾ Obras Póstumas

* Revue ¾ Revue Spirite

* SPES ¾ Société Parisienne des Études Spirites

* FEB ¾ Federação Espírita Brasileira

Os números que aparecerão diante desses símbolos referem-se a páginas das obras, salvo indicação em contrário. Utilizamos a 1a edição de Allan Kardec e a 18a edição da tradução febiana de Obras Póstumas, traduzida por Guillon Ribeiro (o texto em francês, em versão fiel à edição original de Leymarie, está hoje disponível na Internet, na “página” do Centre d’Études Spirites Léon Denis (http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/).

2. Hippolyte-Léon Denizard Rivail

1804 – (3/10) – Nascimento de Hippolyte-Léon Denizard Rivail, o futuro Allan Kardec, em Lyon, a segunda maior cidade francesa depois de Paris. Seus pais foram Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de leis, e Jeanne Louise Duhamel, residentes à Rue Sale, 76; essa casa foi demolida ainda em meados do século XIX. (AK I 29)

1815 – Rivail segue para o Instituto de Johann Heinrich Pestalozzi para continuar seus estudos. O Instituto ficava na cidade de Yverdon, Suíça, e funcionava em regime de internato. Os alunos recebiam ali educação integral esmerada, segundo inovador método pedagógico do famoso professor, baseado na convicção de que o amor é o eterno fundamento da educação. (AK I caps. 2 a 11 e 15)

1822 – Rivail deixa Yverdon e instala-se em Paris. Não há segurança completa sobre essa data. Sabe-se que em janeiro de 1823 já residia à Rue de la Harpe, 117. Confirma-se também que pelo menos de 1828 a 1831 morou na Rue de Vaugirard, 65. (AK I , caps. 12, 21 e p. 184)

1824 – Rivail publica o seu primeiro livro didático, o Cours pratique et théorique d’arithmétique, concebido segundo o método pestalozziano. Foi publicado em Paris na Imprimerie de Pillet Ainé, Rue Christine, 5. (AK I caps. 14 e 16)

1825 – Rivail abre sua primeira escola, a École de Premier Degrée. (AK I cap. 18)

1826 – Rivail funda a Institution Rivail, instituto técnico, sito à Rue de Sèvres, 35; funcionou até 1834. Neste mesmo local existiria depois o Lycée Polymathique, dirigido também por Rivail, até 1850, quando foi cedido a A. Pilotet. A partir dessa data o Prof. Rivail não mais exerceria atividades didáticas. (AK I cap. 19 e pp. 131, 145 e 146)

1828 – Rivail dá a público o “Plan proposé pour l’amélioration de l’éducation publique”, sugerindo diretrizes para a educação pública, à venda com o autor e com Dentu (que mais tarde publicaria diversas obras espíritas de Kardec; ver AK I cap. 21 e p. 184).

1831 – Aparece, da autoria de Rivail, a Grammaire Française Classique sur un nouveau plan. (AK I cap. 22)

1832 – Casa-se com Amélie-Gabrielle Boudet (1795-1883), que seria sua dedicada companheira e apoio de todos os momentos, até a sua desencarnação. Conhecida mais tarde entre os espíritas como “Madame Allan Kardec”, Amélie-Gabrielle era professora e colaborou com o esposo em suas atividades didáticas. Não tiveram filhos, conforme explicitamente se lê na Revue Spirite de 1862. (AK I cap. 20, III 45)

Rivail e sua esposa foram pessoas dignas, de moralidade inatacável, dedicando-se integralmente aos ideais superiores da cultura, da educação, do bem. Lutaram a favor das causas da liberdade de ensino e da educação para meninas. Rivail ministrou por muitos anos cursos gratuitos para crianças pobres. Além de mestre, foi sempre amigo dos alunos. (AK I cap. 23 a 29)

Do ponto de vista material, o casal Rivail levou vida simples, não raro enfrentando dificuldades econômicas. Na fase espírita, seus parcos recursos seriam empregados na publicação das obras iniciais e em outras despesas referentes ao Espiritismo. Nos anos de maiores limitações, Rivail complementou sua receita com empregos temporários modestos, como o de guarda-livros. (AK I cap. 33)

Há referências seguras de cerca de 21 textos publicados pelo Prof. Rivail, entre livros didáticos e opúsculos diversos referentes à educação. (AK I cap. 37)

Rivail possuía sólida erudição, conhecendo bastante bem as diversas ciências, a filosofia e as artes. Traduziu, preferencialmente, obras alemãs para o francês, e vice-versa. Foi membro de diversas academias culturais, possuindo vários diplomas. (AK I caps. 22, 30, 35)

Contrariamente ao que afirmou Henri Sausse, e alguns mantém até hoje, Rivail não foi médico (AK I cap. 31). Também não há evidência de que tenha sido maçon, sendo mais razoável assumir que não o foi (AK I cap. 32).

3. Das observações iniciais à primeira edição de O Livro dos Espíritos

1848 – Início dos famosos fenômenos espíritas que envolveram a família Fox, em Hydesville (EUA). A 28 de março verificam-se as primeiras manifestações físicas; três dias após, estabeleceu-se a primeira comunicação tiptológica. Em poucos anos, fenômenos semelhantes passaram a chamar a atenção pública, não somente nos Estados Unidos, mas também na Europa. Foi a fase das chamadas “mesas girantes”. (AK II 49-60; ver também As Mesas Girantes e o Espiritismo, de Zêus Wantuil, publicado pela FEB.)

1854 – Rivail é informado pelo Sr. Fortier, magnetisador seu conhecido, acerca da ocorrência dos fenômenos das mesas girantes. Embora estranhando-os, não os julgou impossíveis, já que poderiam ter alguma causa física ainda não bem determinada. No entanto, algum tempo depois esse mesmo Sr. Fortier lhe disse que as mesas também “falavam”, isto é, davam sinais de inteligência. A reação agora foi cética: “Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula.” (OP 265; AK II 62)

1855 – No início desse ano, o Sr. Carlotti lhe faz longo relato dos singulares fenômenos. Embora Rivail o conhecesse havia 25 anos, mais uma vez expressa reservas, dado o temperamento exaltado do amigo, tão em oposição ao seu. (OP 266; AK II 124)

1855 – Em maio, Rivail vai, em companhia de Fortier, à casa da Sra. Roger, sonâmbula, onde conhece o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison. Este lhe fala dos fenômenos, mas com seriedade e frieza, o que o predispõe, finalmente, a observar os fatos. (OP 266)

1855 – Assim foi que, ainda em maio, a convite de Pâtier, Rivail assiste a algumas experiências na casa da Sra. Plainemaison, sita à Rue Grange-Batelière, 18. Rivail impressiona-se com os fenômenos, declarando que se verificavam em condições “que não deixavam lugar para qualquer dúvida. […] Minhas idéias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia naquelas aparentes futilidades […] qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo.”(OP 267; AK II 64)

1855 – Numa dessas reuniões, conhece a família Baudin, então residente à Rue Rochechouart (a partir de 1856 iria para a Rue Lamartine; ver AK II 64). Convidado pelo Sr. Baudin, passou a freqüentar assiduamente as sessões semanais que se realizavam em sua casa. Os médiuns eram as filhas do casal, Caroline e Julie, que no início escreviam com o auxílio de uma cestinha.[4] De numerosas e frívolas que eram, sob a influência de Rivail as reuniões passaram a reservadas e sérias, dedicadas à pesquisa racional e metódica do novo domínio. “Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controverso do passado e do futuro da Humanidade […]. Era, em suma, toda uma revolução nas idéias e nas crenças; fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspeção, e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir” (OP 267-68; AK II 64). Rivail submetia aos Espíritos séries de questões visando a elucidar problemas relativos à filosofia, à psicologia e à natureza do mundo invisível. Um grupo de intelectuais encarregou-o de analisar e joeirar cerca de 50 cadernos com comunicações espirituais diversas. (AK II 71, 68 e 125)

1856 – Nesse ano passou a freqüentar também as reuniões espíritas da casa do Sr. Roustan, na Rue Tiquetonne, 14. O médium era a Srta. Japhet, sonâmbula. As anotações de Rivail, provenientes em grande parte das comunicações obtidas pelas Srtas. Baudin, tomaram as proporções de um livro, embora se saiba que por volta de abril ainda não estava claro para ele que deveria ser um dia publicado (OP 276). Depois que isso se tornou evidente, foi por intermédio da Srta. Japhet que os Espíritos auxiliaram Rivail a fazer uma revisão completa do texto já elaborado. Era O Livro dos Espíritos. (OP 270, 276 e 277; AK II 72)

1856 – A 30 de abril, pela mediunidade da Srta. Japhet, Rivail tem a primeira notícia de sua missão, em linguagem bastante alegórica. Outras se seguiram, de cunho mais positivo. O conjunto dessas comunicações e, principalmente, os comentários de Rivail indicando sua reação, constituem leitura obrigatória para todo espírita, por sua beleza e elevada significação. (OP 277-87; AK II 69 e 72)

1857 – No início desse ano o texto manuscrito de O Livro dos Espíritos está concluído; o editor, E. Dentu, envia-o à Imprimerie de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, que dista 23 km de Paris, a oeste (AK II 73 e 75). As despesas correm inteiramente por conta de Rivail (AK II 257). O casal Rivail residia então à Rue des Martyrs, 8, no segundo andar, nos fundos do pátio, onde estava pelo menos desde março de 1856 (OP 273).

1857 – A 18 de abril, vem à luz a primeira edição de O Livro dos Espíritos (Le livre des Esprits). Contendo os princípios da doutrina espírita sobre a natureza dos Espíritos, sua manifestação e suas relações com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade; escrito sob o ditado e publicado por ordem de Espíritos Superiores por Allan Kardec. Paris, E. Dentu, livreiro, Palais Royal, Galerie d’Orléans, 13.[5]

Essa primeira edição contém 501 questões, distribuídas em 3 partes (176 pp.). Afora a tábua dos capítulos, há um útil índice remissivo (“Table alphabétique”). Não há conclusões; apenas um Epílogo, de menos de uma página. As notas de Rivail, em número de 17, vêm todas no final, ocupando 12 páginas. Ao longo de toda a primeira parte (“Livre premier. ¾ Doctrine spirite.”) adota-se uma forma de exposição dupla: na coluna da esquerda, perguntas e respostas; na da direita, o texto corrido equivalente. É nesta obra que Rivail adota o pseudônimo de Allan Kardec, nome que teria tido em antiga encarnação entre os druidas, sacerdotes do povo celta, que ocupou a Gália, a Grã-Bretanha e a Irlanda (AK II 74-80). No Epílogo, anuncia-se para breve a publicação de um suplemento, contendo novos ensinos. No entanto, Kardec acaba desistindo da idéia, elaborando, em seu lugar, uma se­gunda edição “inteiramente refundida e consideravel­mente aumentada”, que viria a público em março de 1860 (ver seção 6 deste nosso trabalho). Em 1957 Canuto Abreu publicou edição bilíngüe da primeira edição de O Livro dos Espíritos, sob o título O Primeiro Livro dos Espíritos (São Paulo, Companhia Editora Ismael).

4. A Revue Spirite

1858 – A 1o de janeiro Kardec lança o primeiro número da Revue Spirite (Revista Espírita), jornal de estudos psicológicos. Contendo o relato das manifestações materiais ou inteligentes dos Espíritos, aparições, evocações, etc., assim como todas as notícias relativas ao Espiritismo. ¾ O ensino dos Espíritos sobre as coisas do mundo visível e do mundo invisível; sobre as ciências, a moral, a imortalidade da alma, a natureza do homem e seu porvir. ¾ A história do Espiritismo na Antigüidade; suas relações com o magnetismo e o sonambulismo; a explicação das lendas e crenças populares, da mitologia de todos os povos, etc. Paris; bureau à Rue des Martyrs, 8.

O primeiro número, com 36 páginas, foi impresso na Imprimerie de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, a mesma que já imprimira O Livro dos Espíritos; as despesas, como no caso desse livro, também ficaram por conta e risco de Kardec (AK III 21-33; II 76). A Revue era de periodicidade mensal e durante a vida de Kardec funcionou em sua própria residência, ou seja:

· 1o /1/1858 – Rue des Martyrs, 8.

· 15/7/1860 – Passage Ste.-Anne (Rue Ste.-Anne, 59)).

· 1/4/1869 – Nessa data estava programada a transfferência dos Escritórios e do Expediente para a Librairie Spirite, Rue de Lille, 7, que também sediaria provisoriamente a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; a Redação iria para a Villa Ségur (Av. de Ségur, 39), casa de propriedade de Kardec pelo menos desde 1860, para a qual se mudaria com a dedicada esposa. (AK III 21-24, 35-37, 118-19; II, pp. 24-25). Kardec desencarnou na véspera.

Era Kardec quem redigia integralmente a revista e cuidava de toda sua correspondência e expedição, trabalho hercúleo suficiente para consumir todo o tempo de uma pessoa ordinária. E isso era apenas uma parte de seus trabalhos, havendo ainda os livros, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, as centenas de visitantes anuais, as viagens…[6]

A Revue Spirite constitui rico manancial doutrinário, pouco explorado pelos espíritas. Os originais franceses, necessários para pesquisas cuidadosas, são raríssimos em todo o mundo. Em feliz iniciativa, motivada pela comemoração do 140o aniversário da fundação da Revue, o Centre d’Études Spirites Léon Denis, de Thann, França, está inserindo o precioso material em seu “site” na Internet (http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/), à razão de um fascículo por mês.

Kardec discorre sobre a idéia da criação da Revue em OP 293-94. Em suas própria palavras, ela tornou-se-lhe “poderoso auxiliar” na elaboração da doutrina e na implantação do movimento espírita (AK III 22; OP 294).

A partir da declaração de propósitos do primeiro número da Revista e do exame dos volumes escritos por Kardec (ver também AK III 21-33; II 24-25), podem-se identificar os seus objetivos principais, entre os quais destacam-se:

1. Manter o público atualizado quanto à evolução da ciência espírita;

2. Alertá-lo acerca dos excessos de credulidade e ceticismo;

3. Servir de meio de comunicação entre as pessoas que compreendem a doutrina “sob seu verdadeiro ponto de vista moral”;

4. Veicular relatos de fenômenos espíritas, psicológicos e antropológicos que contribuam para a elucidação da natureza espiritual do ser humano;

5. Fazer a “apreciação racional” desses fenômenos e examinar-lhes as conseqüências;

6. Publicar e analisar criticamente produções mediúnicas selecionadas, obtidas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas ou enviadas por correspondentes;

7. Sondar a opinião dos homens e Espíritos sobre princípios em elaboração;

8. Examinar, à luz do Espiritismo, as crenças, lendas e tradições referentes aos Espíritos;

9. Comentar artigos de jornais, obras literárias, filosóficas e científicas à luz do Espiritismo.

Kardec editou a Revue até o número de abril de 1869, inclusive. Após a morte de Kardec (31/3/69) ela continuou sendo publicada, graças ao idealismo da Senhora Allan Kardec, de Pierre-Gaëtan Leymarie e de Jean Meyer, principalmente (AK III 153-57; Reformador, 09/1990, p. 286). A partir de 1913, aditou-se ao título da revista o artigo ‘la’ (‘a’), a qual ficou, desde então ‘La Revue Spirite’ (AK III 32 e 47).

Em lamentável decisão, a publicação foi extinta em 1976 por André Dumas, junto com a Union Spirite Française,[7] para dar lugar a Renaître 2000 e a Union des Sociétés Fran­cophones pour l’Investigation Psychique et l’Étude de la Survivance (USFIPES), ambas de cunho não-espírita. Sob a lúcida e firme direção de Francisco Thiesen, a FEB envidou esforços para salvá-la em 1977, não obtendo sucesso (AK III 45-57). Felizmente, em 11 de maio de 1989 a Union Spirite Française et Francophone, com sede em Tours, conseguiu judicialmente recuperar o título, retomando a publicação da Revue, com periodicidade trimestral.[8]

5. A Société Parisienne des Études Spirites

1857 – Por volta de outubro desse ano iniciaram-se reuniões espíritas na residência do casal Allan Kardec, à Rue des Martyrs, 8. Aconteciam às terças-feiras à noite e o médium principal era a Srta. Ermance Dufaux. Com o número crescente de freqüentadores, fez-se indispensável encontrar um local mais amplo. A solução encontrada foi alugar uma sala, cotizando-se as despesas entre as pessoas. (OP 294-95; AK III 34)

1858 – A 1o de abril é fundada legalmente a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, ou, em francês, Société Parisienne des Études Spirites (SPES), cujo título Kardec freqüentemente abreviava para ‘Societé Spirite de Paris’, ‘Societé des Études Spirites’, ou mesmo ‘Societé de Paris’.

Foi nas reuniões semanais da Société que boa parte das atividades mediúnicas e de estudo supervisionadas por Kardec se desenvolveram. As portas da SPES não eram abertas ao público, conquanto houvesse “reuniões gerais” em que visitantes apresentados por membros da Société podiam ser admitidos; essas reuniões se alternavam, semanalmente, com as “reuniões particulares”, às quais somente os sócios tinham acesso. Isso se compreende perfeitamente, dados os objetivos das reuniões, ligados essencialmente à pesquisa teórica e experimental dos fenômenos. A Société era, assim como a Revue, um terreno de elaboração da doutrina espírita. (OP 294-95; AK III 34-44; II 36-37)

Durante a vida de Kardec, a SPES esteve em três endereços (OP 295; AK III 35-37 e 118):

· 1o /4/1858 – Galerie de Valois, 35, no Palais Royal. As reuniões eram às terças-feiras. O Palais Royal é importante edifício histórico situado ao lado do Louvre. Foi construído pelo Cardeal Richelieu no século XVII. Suas elegantes galerias externas, que circundam o jardim (Galeries Montpensier, de Beujolais e de Valois), foram mandadas construir por Louis-Philippe d’Orléans, na segunda metade do século seguinte. Na Galerie d’Orléans (do séc. XIX) ficavam as livrarias de Dentu (no 13) e Ledoyen (no 31), que editaram várias das obras espíritas de Kardec (ver adiante).

· 1o /4/1859 – Galerie Montpensier, 12, no Palais Royal (num salão do restaurante Douix). Nesse local SPES reunia-se às sextas-feiras.

· 20/4/1860 – Passage Ste.-Anne (Rue Ste.-Anne, 59). Nesse mesmo endereço, a partir de 15 de julho, passa a residir Kardec, que levou consigo a Revue Spirite. Embora nessa época já possuísse a casa da tranqüila Villa Ségur, Allan Kardec viu-se na contingência de se alojar nesse apartamento com a abnegada esposa, dividindo espaço com a Revue e a SPES, para economizar seu minguado tempo.

· 1/4/1869 – Estava programada para essa data a trransferência provisória da Société para a Librairie Spirite, Rue de Lille, 7. Com a desencarnação de Kardec, a transferência ainda se verifica, mas a SPES não se sustenta por muito tempo.

6. As outras obras importantes de Allan Kardec

Fornecemos a seguir alguns dados sobre as principais obras de Allan Kardec (além de O Livro dos Espíritos, de que já tratamos; para uma lista possivelmente completa, ver AK III 15, 18 e 19). Algumas das informações referentes a dias e meses das publicações foram colhidas nas edições da FEB. Quanto às edições em francês atuais, indicamos as que pessoalmente possuímos; em alguns casos, há nas livrarias outras edições.[9] Abreviaremos os dados referentes aos editores originais segundo estas convenções (note-se que várias das obras saíram por mais de um editor):

* Dentu ¾ E. Dentu, Libraire. Palais Royal, Galerie d’Orléans, 13.

* Ledoyen ¾ Ledoyen, Libraire. Palais Royal, Galerie d’Orléans, 31.

* Didier ¾ Didier et Cie., Libraires-Éditeurs. Quai des Augustins, 35.[10]

1858 – Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas (Instruction pratique sur les manifestations spirites). Contendo a exposição completa das condições necessárias para se comunicar com os Espíritos, e os meios de se desenvolver a faculdade mediadora nos médiuns. Paris, bureau da Revue Spirite, Rue des Martyrs, 8; Dentu; Ledoyen.

Com a publicação de O Livro dos Médiuns, em 1861, Kardec deixou de imprimir a Instrução (152 pp.), à época já esgotada, considerando-a superada, quanto à abrangência, pela nova obra. O livro é, porém, de significativo valor histórico; hoje está novamente disponível em francês (Paris, La Diffusion Scientifique) e em português, em tradução de Cairbar Schutel (in: Iniciação Espírita, 6a ed., São Paulo, Edicel, 1977; foi também publicado pela Casa Editora O Clarim, de Matão, em 1987).

1859 – O que é o Espiritismo (Qu’est-ce que le Spiritisme). Introdução ao conhecimento do mundo invisível pelas manifestações dos Espíritos, contendo o resumo dos princípios da doutrina espírita e respostas às principais objeções.[11] Ledoyen. [100 pp.]

Edição francesa corrente: Paris, Dervy-Livres. Tradução brasileira recomendada: Rio, FEB (não se indica o tradutor).

1860 – (março) – Segunda edição de O Livro dos Espíritos. Contendo os princípios da doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade. Segundo o ensino dado pelos Espíritos Superiores com o auxílio de diversos médiuns, recolhidos e ordenados por Allan Kardec. Segunda edição, inteiramente refundida e consideravelmente aumentada. Didier; Ledoyen.

Acima do título, aparece agora a frase “Filosofia espiritualista”. Essa nova edição, que se tornou definitiva, tem 1019 questões, distribuídas em quatro partes. É acrescentada a Conclusão, mas o índice alfabético infelizmente não mais existe. A forma de exposição dupla não aparece em nenhuma das partes. As notas vêm agora logo após as respostas dos Espíritos, sendo muitíssimo mais numerosas; é fácil ver que muitas delas provêm do texto corrido da primeira parte da primeira edição.[12]

1861 – (15 de janeiro) – O Livro dos Médiuns (Le livre des médiums), ou guia dos médiuns e dos evocadores. Contendo o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de se comunicar com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos com que se pode deparar na prática do Espiritismo. Para fazer seqüência ao Livro dos Espíritos. Didier; Ledoyen. [498 + iv pp.; AK III 173]

1861 – Segunda edição de O Livro dos Médiuns. Revista e corrigida com o concurso dos Espíritos, e acrescida de grande número de instruções novas. Didier; Ledoyen. [510 + viii pp.]

Edição francesa corrente: Paris, Dervy-Livres. Edição brasileira recomendada: FEB, tradução de Guillon Ribeiro, inteiramente revista a partir da 59ª edição.

1862 – (fevereiro) – O Espiritismo na sua expressão mais simples (Le Spiritisme à sa plus simple expression). Exposição sumária do ensino dos Espíritos e de suas manifestações. Ledoyen. [36 pp.]

Em 1994 esse opúsculo foi recentemente reeditado pelo Centre d’Études Spirites Allan Kardec, de Paris. Existem várias traduções para o vernáculo, sendo hoje disponíveis as de Dafne R. Nascimento, publicada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1984, e a de Joaquim da Silva Sampaio Lobo (in: Iniciação Espírita, 6a ed., São Paulo, Edicel, 1977).[13]

1862 – Viagem Espírita em 1862 (Voyage spirite en 1862). Contendo: 1. As observações sobre o estado do Espiritismo; 2. As instruções dadas por Allan Kardec nos diferentes grupos; 3. As instruções sobre a formação dos grupos e das sociedades, e um modelo de regulamento para o uso deles e delas. Ledoyen. [64 pp.]

Esse livro é atualmente publicado em Paris pela Éditions Vermet; no Brasil, em Matão, pela Casa Editora O Clarim, em tradução de Wallace Leal Rodrigues. Nenhuma dessas edições trazem dizeres após o título; tomamo-los de AK III 18.[14] Afora as mencionadas instruções e regulamento, o corpo da obra consiste de três discursos proferidos por Kardec aos espíritas de Lyon e Bordeaux em sua famosa viagem.

1864 – (abril) – Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo (Imitation de l’Évangile selon le Spiritisme). Contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas posições da vida. Por Allan Kardec, autor do Livro dos Espíritos. Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. Paris, os editores do Livro dos Espíritos; Ledoyen, Dentu, Fréd. Henri, livreiros, no Palais Royal, e no escritório da Revue Spirite, Rue e Passage Sainte-Anne, 59.

Essa obra, impressa na Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie, Rue Mazarine, 30, possui 444 + xxxvi páginas. É precursora de O Evangelho segundo o Espiritismo. No entanto, é de grande valor histórico, sendo essa a razão pela qual em 1979 a FEB reeditou-a em reprodução fotográfica. Não temos notícia de outras edições recentes, nem de traduções. Naturalmente, ‘imitação’ aqui não se deve entender no sentido hoje popular, de ‘cópia’, mas no de ‘prática’ (ver as anotações de Hermínio Miranda à edição febiana para esclarecimentos adicionais).

1865 – (1o de agosto) – O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo (Le ciel et l’enfer, ou la justice divine selon le Spiritisme). Contendo o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas, etc.; seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte. “Por mim mesmo juro, disse o Senhor Deus, que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva.” (Ezequiel, 33:11). Paris; os editores de O Livro dos Espíritos, Librairie Spirite.

Em nossos dias, está disponível edição belga da Éditions de l’Union Spirite. A tradução da FEB é, neste caso, de Manuel Quintão. (AK III 108 faz menção à “21a edição, revista, 1974, FEB.”)

1866 – O Evangelho segundo o Espiritismo (L’Évangile selon le Spiritisme).

Os dizeres da página de rosto são idênticos aos de Imitation, exceto pela data e pela frase “Terceira edição, revista, corrigida e modificada”. Segundo se infere do que é dito no prefácio de Thiesen à edição febiana de Imitation (página 15, não numerada), a segunda edição, de 1865, seria apenas outra tiragem da edição princeps. No entanto, em AK III 18 está escrito: “Da 2a ed. – 1865 – em diante, essa obra tomou novo título…”, querendo-se com isso dizer que já na 2a edição o título fora mudado para O Evangelho segundo o Espiritismo, tal como consta na coluna 322 do tomo II do Catalogue Général des livres imprimés de la Bibliothèque Nationale (Auteurs), Paris, Imprimerie Nationale, MDCCCXCIX, edição essa assim catalogada na referida Biblioteca: R 39901. Na Revue de 1865, meses antes do lançamento da 3a edição, já se fazia referência, em artigos, a O Evangelho segundo o Espiritismo, certamente da 2a edição.[15]

De qualquer modo, é a terceira edição que se tornou definitiva, servindo de base para as edições posteriores em francês e nos vários idiomas em que foi traduzida. Também devido à sua raridade e seu valor histórico, a FEB lançou, em 1979, uma reprodução fotográfica dessa edição. Na França, é hoje em dia publicada por La Diffusion Scientifique. Em português, a tradução clássica recomendada é a de Guillon Ribeiro (FEB), inteiramente revista a partir da 104a edição.

1868 – (6 de janeiro) – A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo (La genèse, les miracles et les prédictions selon le Spiritisme). Paris, Librairie Internationale.

Esse foi o último livro publicado por Kardec. Pode ser encontrado hoje em edição da La Diffusion Scientifique, de Paris. A corrente edição da FEB foi traduzida por Guillon Ribeiro, da 5a edição francesa, “revista, corrigida e aumentada”.

1890 – Obras Póstumas (Œuvres Posthumes). Paris, Société de Librairie Spirite. [450 pp.]

Organizado e editado por Pierre-Gaëtan Leymarie, esse livro reúne importantes textos de Kardec, quer de caráter teórico, sobre diversos assuntos, quer sobre fatos relativos às atividades espíritas do mestre. Em AK III 19 lê-se que uma segunda edição veio a lume ainda no mesmo ano de 1890. Guillon Ribeiro traduziu o livro para a FEB, a partir da primeira edição francesa. Hoje está disponível, em francês, a edição parisiense da Dervy-Livres, em que, no entanto, as matérias foram rearranjadas e renomeadas relativamente à edição original de Leymarie. Um aprofundado estudo sobre a história dessa obra pode ser lido no artigo “No centenário de Obras Póstumas”, de Zêus Wantuil, estampado em Reformador de janeiro de 1990, pp. 3 e 4.

Consoante o objeto deste nosso trabalho, a lista que acaba de ser dada menciona somente os textos mais importantes, dando, a seu respeito, apenas algumas informações básicas. O volume III da obra Allan Kardec é de consulta obrigatória para o estudioso que queira acercar-se da fonte mais extensa e segura de dados sobre o conjunto da produção de Kardec.

7. A partida de Allan Kardec e alguns acontecimentos posteriores

1869 – (31 de março) – Desencarna subitamente Allan Kardec, enquanto atende a um caixeiro de livraria, no seu apartamento da Rue Ste.-Anne, muito provavelmente vitimado pela ruptura de um aneurisma de aorta (AK III 110, 116 e 119). No dia seguinte, deveria desocupar esse imóvel, indo para a casa da Villa Ségur; os escritórios da Revue iriam para a Rue de Lille, 7 (onde funcionava a Librairie Spirite), que sediaria também a SPES.

O corpo foi sepultado ao meio-dia de 2 de abril, no cemitério de Montmartre. Estima-se que mais de mil pessoas acompanharam o cortejo, que seguiu pelas ruas de Grammont, Laffitte, Notre-Dame-de-Lorette, Fontaine e pelo Boulevard de Clichy. À beira da sepultura, Camille Flammarion, astrônomo e médium da SPES, pronunciou o seu importante discurso, que a FEB fez figurar na sua edição de Obras Póstumas. Na primeira reunião da SPES após esse fato, os membros presentes lançaram a idéia de se levantar um monumento ao mestre, que logo recebeu adesão de espíritas de muitas cidades. Foi assim que se fez construir o famoso dólmen do cemitério Père-Lachaise, para onde os restos mortais de Kardec foram transladados a 29 de março de 1870.

1870 – (31 de março) – Inaugura-se o monumento druida do Père-Lachaise. Esse famoso cemitério é considerado museu, tendo sido ali sepultados inúmeros dos grandes vultos franceses e mesmo de outros países. O de Kardec é o túmulo mais visitado e o mais florido de todos.[16]

Quando de sua inauguração, o dólmen não registrava a célebre frase “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei”, que foi insculpida ainda em 1870. Ao contrário do que muitas vezes se afirma, essa frase não se deve textualmente ao próprio Kardec, não obstante represente corretamente o pensamento espírita (AK III 118-152).

1871 – ( junho) – Pierre-Gaëtan Leymarie assume a gerência da Revue e da Librairie Spirite (AK III 157).

1875 – Vêm à público as primeiras edições brasileiras de livros de Kardec (excetuando-se o já citado opúsculo O Espiritismo na sua Expressão mais simples, publicado em São Paulo em 1862; ver nota no 10, acima): O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Céu e o Inferno, traduzidos pelo Dr. Joaquim Carlos Travassos. No ano seguinte, 1876, também apareceria, pelo mesmo tradutor, O Evangelho Segundo o Espiritismo. O Editor dessas obras foi B. L. Garnier, do Rio de Janeiro. (AK III 175-80)

1883 – (21 de janeiro) – Desencarna Madame Allan Kardec. Dois dias após seu corpo é sepultado junto ao do esposo, no Père-Lachaise, saindo o féretro de sua casa na Villa Ségur. Amélie-Gabrielle Boudet nascera em 1795, a 23 de novembro, e não a 21, como se insculpiu no túmulo. (AK III 158-60)

1883 – (21 de janeiro) – Fundação, por Augusto Elias da Silva, da revista Reformador.

1884 – (2 de janeiro) – Fundação da Federação Espírita Brasileira, também por Augusto Elias da Silva, à qual Reformador passa a pertencer.

1898 – A Revue muda-se da Rue du Sommerard, 12 para a Rue St.-Jacques, 42, onde permaneceu por um bom tempo; no local existe hoje a Librairie Leymarie, que pertenceu a Pierre-Gaëtan Leymarie. (AK III 226-27)

1923 – Jean Meyer funda a Maison des Spirites, na Rue Copernic, 8 (AK I 172; cf. porém AK III 203 ). Continha arquivos importantes que foram destruídos pelos nazistas. Sediou a Éditions Jean Meyer (B.P.S), que publicou muitas das obras clássicas do Espiritismo, bem como a Revue, de 1923 a 1971, quando morreu Hubert Forestier (AK III 227).

8. Relação dos endereços:

Fornecemos abaixo uma relação dos principais endereços ligados ao Espiritismo na França, destinada a facilitar visitas e a localização em mapas:

1) Rue Sale, 76 (Lyon) – Local onde nasceu Rivail.

2) Rue de la Harpe, 117 – Rivail estava nesse endereço em janeiro de 1823.

3) Rue Vaugirard, 65 – Rivail esteve nesse endereço pelo menos de 1828 a 1831.

4) Rue Christine, 5 – Imprimerie de Pilet-Ainé, que em 1824 publicou o primeiro livro de Rivail.

5) Rue de Sèvres, 35 – Institution Rivail, de 1826 a 1834; Lycée Polymathique, até 1850.

6) Rue Grange-Batelière, 18 – Casa da Sra. Plainemaison, onde Rivail fez as primeiras observações, em maio de 1855.

7) Rue Rochechouart – Família Baudin, 1855. Aqui começaram as pesquisas sistemáticas de Rivail.

8) Rue Lamartine – Novo endereço dos Baudin, a partir de 1856. Grande parte do trabalho inicial de Kardec desenvolve-se nesse local.

9) Rue Tiquetonne, 14 – Casa do Sr. Roustan. Com a médium Srta. Japhet, Rivail realizou aí importantes trabalhos, como a revisão de O Livro dos Espíritos.

10)Rue des Martyrs, 8 (segundo andar, ao fundo do pátio) – Residência de Rivail pelo menos desde março de 1856, ficando até 14/7/1860. Em outubro de 1857, começaram aí as reuniões de estudo que dariam origem à SPES. No local foi lançada 1a edição de O Livro dos Espíritos (18/4/57) e a Revue Spirite (1/1/58).

11)Saint-Germain-en-Laye (23 km oeste de Paris) – Imprimerie de Beau, que imprimiu a 1a ed. de O Livro dos Espíritos e a Revue Spirite.

12)Galerie d’Orléans, 13 (Palais Royal) – Dentu, editor da 1a edição de O Livro dos Espíritos, da Instrução Prática, da Imitação e de O Evangelho.

13)Galerie d’Orléans, 31 (Palais Royal) – Ledoyen, editor da 2a ed. de O Livro dos Espíritos, da Instrução, de O Livro dos Médiuns, de O Espiritismo em sua expressão mais simples, da Viagem Espírita, da Imitação, de O Evangelho e de O Céu e o Inferno.

14)Galerie de Valois, 35 (Palais Royal) – primeiro endereço da SPES, a partir de 1/4/58 (reuniões às terças-feiras)

15)Galerie de Montpensier, 12 (Palais Royal; restaurante Douix) – segundo endereço da SPES, a partir de 1/4/59.

16)Quai des Augustins, 35 – Didier et Cie, editor da 2a edição de O Livro dos Espíritos, de O Livro dos Médiuns e de O Céu e o Inferno.

17)Rue Mazarine, 30 – Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie, que imprimiu L’Imitation de l’Évangile, em abril de 1864.

18)Passage Sainte-Anne (Rue Sainte-Anne, 59) – SPES, a partir de 20/4/60; domicílio de Kardec e Revue Spirite, a partir de 15/7/60;

19)Villa Ségur (Av. de Ségur, 39) – casa de propriedade de Kardec pelo menos desde 1860, para a qual se mudaria definitivamente em 1/4/1869. O casal por vezes usava a casa para recepcionar visitas e para realizar trabalhos que exigiam recolhimento. Amélie-Gabrielle ficou nela até sua morte, em 1883. Era desejo de Kardec que a casa se transformasse, quando não mais estivessem encarnados ele e a esposa, em abrigo para espíritas desvalidos.

20)Rue de Lille, 7 – Revue e SPES depois da morte de Kardec (31/3/69); aí já funcionava a Librairie Spirite.

21)Rue du Sommerard, 12 – Sediou a Revue por breve período, de 1897 (quando foi liquidada a Librairie Spirite ) a 1898 (AK III 202, 227 e 262).

22)Rue Saint-Jacques, 42 – Librairie Leymarie, que abrigou a Revue de 1898 até 1923 (AK III 227); existe ainda hoje como livraria espiritualista.

23)Rue Copernic, 8 – Maison des Spirites, fundada em 1923 por Jean Meyer (AK I 172), funcionou até a década de 1970.

24)Rue Jean-Jacques Rousseau, 15 – Union Spirite Française, fundada em 1919 por Jean Meyer e Gabriel Delanne; substituída em 1976 pela U.S.F.I.P.E.S.

25)Rue du Docteur Fournier, 1, 37000 Tours – Union Spirite Française et Francophone, que atualmente publica La Revue Spirite.

26)Rue de Flandre, 131, Résidence Île de France, bâtiment E1, 75019 Paris, tel.: (01)42090869- Centre d’Études Spirites Allan Kardec (em funcionamento).

27)Cemitério de Montmartre (região norte de Paris) – Sepultamento de Kardec a 2/4/69.

28)Cemitério do Père-Lachaise (região leste de Paris) – Sepultura definitiva de Kardec, a partir de 29/3/70; o dólmen é inaugurado dois dias depois.

——————————————
[1] Gostaríamos de expressar nosso agradecimento a Zêus Wantuil, que leu com excepcional cuidado uma versão preliminar deste trabalho, contribuindo, com sua experiência e erudição, para que diversas falhas de conteúdo e de forma fossem eliminadas. Forneceu-nos ainda algumas informações históricas bastante relevantes, que não pudéramos haver obtido de outra forma; as principais delas são explicitamente indicadas nos locais pertinentes do texto.
[2] Na p. 79 do vol. I da obra Allan Kardec, encontra-se estampada a página de rosto de uma edição parisiense de 1961 do livro de Moreil, da editora Sperar. Em sua introdução a esse vol. I, Thiesen se refere, à p. 26, a uma tradução para o vernáculo, de Miguel Maillet, publicada sem data em São Paulo pela Edicel. Zêus Wantuil gentilmente informou-nos que tal tradução brasileira teve sua impressão concluída em junho de 1966.
[3] A primeira edição dessa biografia data de 1896 e aparecia traduzida na coletânea O Principiante Espírita, que a FEB publicava no passado; a quarta edição foi prefaciada por Léon Denis (ver Allan Kardec, vol. I, pp. 200, 198 e 29; vol. II, p. 15). Há referências a uma “nouvelle édition”, de 1910, com prefácio de Gabriel Delanne (ver ibid., vol III, p. 117 e vol II, p. 15).
[4] Em Obras Póstumas, p. 271, há uma comunicação atribuída à mediunidade da Senhora (“Mme” ) Baudin; teria sido uma falha tipográfica, ou ela também era médium? Embora na página 267 Kardec diga que os médiuns eram “as duas senhoritas Baudin”, nas comunicações mediúnicas transcritas nunca especifica qual serviu de médium, escrevendo simplesmente “Mlle Baudin”. Na Revue Spirite de 1858 (ver AK II 64-65) Kardec refere-se explicitamente a uma série de comuncações transmitidas por Caroline, notando, incidentalmente, que “mais tarde o médium se serviu da psicografia direta”. Em OP 271 Kardec relata que em fins de 1857 ambas se casaram e a família se dispersou, ficando implícito que não pôde mais contar com sua mediunidade. Em seus controversos comentários à edição bilíngüe da primeira edição de O Livro dos Espíritos (p. viii), Canuto Abreu avança que Caroline e a irmã tinham, em agosto de 1855, 16 e 14 anos, respectivamente, e que a mais velha era o médium principal; não pudemos confirmar essas informações em fontes independentes.
[5] Esses dizeres que se seguem ao título são os que constam da página de rosto da obra (ver fac-símile à p. 75 de AK II). Observações semelhantes valem para os demais livros de Kardec mencionados nas seções seguintes.
[6] Em 1866 sofreu séria crise de saúde, conseqüente à sobrecarga de trabalho e de preocupações, sendo assistido pelo Dr. Demeure, que o advertiu quanto aos limites das forças corporais. Por insistência desse Espírito, Kardec passou a contar, para a correspondência comum e a parte mais material das tarefas, com a ajuda de um secretário, o Sr. A. Desliens, médium e membro da SPES ( AK III 111, 286, 301, 302 e 42). Com a desencarnação do mestre em março de 1869, Desliens ficou como secretário-gerente da Revue, até junho de 1871 (AK III 157, 136).
[7] A Union Spirite Française foi fundada por Jean Meyer e Gabriel Delanne em 1919, não tendo relação direta com a antiga SPES, que encerrou suas atividades ainda no século passado, bem pouco tempo após a morte de Kardec. (AK II 16 e 17; III 156)
[8] Notícia veiculada em Reformador, abril e maio de 1990, pp. 128 e 130, respectivamente; ver também La Revue Spirite, janeiro de 1997 (no 30), p. 7. Assinaturas podem ser feitas escrevendo-se para o endereço da USFF: 1, Rue du Docteur Fournier, 37000 Tours, France. A USFF pode também ser contactada por e-mail (union.spirite@creaweb.fr), tendo recentemente inaugurado sua “página” na Internet (http://www.creaweb.fr/union-spirite). Além de editar La Revue Spirite, a Union, promove o intercâmbio entre os grupos espíritas da França (pouco mais de uma dezena, a maioria de criação recente), e tem representado o movimento espírita francês no plano internacional. Segundo se depreende de artigo da autoria de Affonso Soares publicado em Reformador de novembro de 1986 (p. 341), a USFF teria sido fundada em fins de 1985, junto com uma publicação oficial, a Revue des Spirites. No entanto, no número de junho de 1989 do periódico febiano, o mesmo autor diz que a fundação da Union ocorreu em 1987; este dado parece dever-se a um lapso. Neste artigo mais recente assevera-se ainda que a publicação trimestral se chama La Nouvelle Revue Spirite. Desse modo, antes de conseguir recuperar o título ‘La Revue Spirite’ o valoroso grupo espírita de Tours teria dado dois outros nomes à sua revista.
[9] No “site” da Federação Espírita Brasileira na Internet (http://www.febrasil.org.br) estão disponíveis diversas obras de Kardec, em francês, português, inglês e espanhol. Alguns outros originais franceses podem ser encontrados no “site” do Centre d’Études Spirites Léon Denis (http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/). No primeiro desses endereços também está a Livraria Virtual da FEB, com seu rico acervo de obras. Destacamos ainda que as exemplares traduções febianas das obras de Kardec foram recentemente lançadas em CD-ROM, que pode ser adquirido escrevendo-se para a FEB ou para info@apalavradigital.com.br .
[10] Pierre-Paul Didier foi um dos mais dedicados colaboradores de Kardec, membro fundador da SPES, tendo nela atuado como médium (AK III 377, 79, 323 e 82); desencarnou em 2/12/1865, mas como Espírito continuou diretamente envolvido nas atividades de Kardec (ibid. 85, 92, 289).
[11] Não vimos a primeira edição; nas edições a que tivemos acesso, há divergência quanto ao texto que segue ao título. O que traduzimos consta da edição atual da Dervy. Nas notícias da segunda edição de O Livro dos Espíritos (ver fac-simile no Reformador de abril de 1989, p. 105) está do seguinte modo: “Introduction à la connaissance du monde invisible ou des Esprits, contenant les principes fondamentaux de la doctrine spirite et la réponse à quelques objections préjudicielles.” O que se encontra em AK III 15 corresponde aproximadamente a esse texto.
[12] Constatou-se, em época relativamente recente (ver Reformador, abril de 1989, pp. 104-107), que Kardec anexou à segunda edição algumas notas e erratas, destinadas a complementar e corrigir o texto. Pôde-se também verificar que na oitava edição elas ainda apareciam; não se sabe a partir de qual edição deixaram de figurar, nem por que Kardec não conseguiu inserir as correções e acréscimos refundindo o texto. Lamentavelmente, nem as edições francesas atuais nem as traduções para o vernáculo incorporam ou sequer mencionam as modificações, que o próprio Kardec considerava imprescindíveis. Parece-nos de suma importância que esse material venha a público de forma completa, e que seja incorporado às novas edições.
[13] Em AK III 18, 176 e 353-54 informa-se acerca de três traduções antigas: uma por Alexandre Canu, colaborador da SPES, “que se achava à venda com J.P. Aillaud, Monlon e C…, em Lisboa, Rio de Janeiro e em Paris (1862); outra publicada em São Paulo, sem indicação de tradutor, pela Typographia Litteraria (1866); e finalmente outra da FEB, traduzida e anotada por Guillon Ribeiro (não se menciona a data da primeira edição, dizendo-se apenas que ainda há nos arquivos exemplares de 1921 e 1933).
[14] Zêus Wantuil gentilmente confirmou-nos que são os que constam na edição original da obra.
[15] As substanciais informações desse parágrafo foram-nos comunicadas por Zêus Wantuil, a quem agradecemos.
[16] Destaca-se esse ponto no próprio mapa do cemitério. Na madrugada 2 de julho de 1989 o túmulo sofreu um atentado a bomba, que o danificou parcialmente, sendo posteriormente restaurado pela Prefeitura de Paris. (Reformador, julho de 1989, p. 194, e setembro de 1990, p. 284.)

Texto fantástico e completo do Silvio Seno Chibeni.

#Espiritismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/origens-do-espiritismo

Chico Xavier e a Homossexualidade

Hoje faz 10 anos que Chico Xavier se ausentou deste lado do véu, num dia feliz, conforme o prometido, quando a seleção brasileira venceu a Copa do Mundo…

Muitas pessoas tem um conceito pré-estabelecido sobre Chico. Muitas pessoas jamais se preocuparam em estudar a vida de Chico, pelo menos não mais do que 15 minutos no Google, buscando por textos que, em todo caso, apenas reafirmam seu conceito pré-estabelecido.

Agora eu lhe convido para ouvir o que Chico tem a dizer sobre a homossexualidade, por cerca de 4 minutos (no vídeo abaixo).

Poderia lhe trazer aqui inúmeros outros assuntos sobre o qual Chico não apenas falou, como foi um exemplo moral de conduta. Porque então a homossexualidade? Ora, porque se você tem um conceito pré-estabelecido sobre Chico, mas é um cético ou ateu, então provavelmente você também é um humanista, e defende o fim do preconceito contra os homossexuais. E se você é um “evangélico com asco de espiritismo”, em todo caso você provavelmente nem leu até esta linha…

Não é preciso acreditar em espíritos para compreender o que Chico disse sobre a homossexualidade. Mas é interessante lembrar do momento histórico em que esta pergunta foi realizada:

Alvo de muitas especulações por parte da mídia desde o final da década de 50, Chico havia decidido por se preservar. Foram 20 anos sem qualquer contato com a imprensa. O silêncio foi rompido em 1971, quando o médium mineiro apareceu ao vivo no programa de entrevistas Pinga- Fogo, da extinta TV Tupi. Foi um marco. A audiência chegou a 75% dos televisores ligados, a maior da história da televisão brasileira.

Veja bem, se até hoje ainda existe muito preconceito para com a pessoa de Chico, naquela época era tanto pior. O espiritismo no Brasil ainda crescia muito timidamente, e era muito mais comum encontrar pessoas com asco “daquela turma que fala com mortos, e que certamente vai para o inferno”. Porém, tanto pior que isso, muitos tinham Chico como um homossexual, já que não tinha filhos nem mulher, e parecia ser “muito gentil” (na verdade Chico foi virgem a vida toda, assexuado). Quando a pergunta vinda de uma das pessoas que ligavam de todo o país foi feita (“Chico, fale sobre o homossexualismo a luz da doutruna espírita”), seria normal esperar que Chico desviasse do assunto, ou que fosse vago, pois afinal de contas, Chico não tinha nenhuma experiência com sexualidade alguma!

Além disso, o preconceito contra homossexuais era obviamente muito maior no início da década de 70. Não preciso nem explicar porque, não é? Pois bem, considerando tudo isso, goste ou não da pessoa de Chico, conheça ou não sua história, creia ou não em espíritos, observe se ele não foi corajoso nesta resposta…

Lá pelo final, quando o mediador estava doido para entrar com o comercial e encerrar o assunto inesperado, veio este trecho aqui (resumido): “Se as potências do homem na visão, na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, nas mãos, nos pés; se todas essas potências foram dadas ao homem para a educação, potências consagradas para o bem e a luz, mereceria o sexo, e as várias manifestações sexuais onde há respeito e carinho de ambas as partes, serem sentenciados às trevas?”

***

“O Pinga-Fogo com Chico Xavier foi um marco na história do espiritismo [no Brasil], que crescia com timidez; depois das entrevistas, a doutrina espírita ganhou o justo respeito. Não é um exagero dizer que há este divisor de águas – o antes e o depois do Pinga-Fogo, que, com o poder de penetração da televisão e do rádio (a rádio Tupi também transmitiu o programa), contagiou milhões de pessoas, levando-lhes este autêntico representante do espiritismo, Chico Xavier”.

Saulo Gomes, jornalista que esteve presente no Pinga-Fogo (texto retirado de Pinga-Fogo com Chico Xavier, publicado pela Editora Intervidas, que traz a transcrição completa de tudo que foi dito no programa).

***

Veja também:

» Passeios de aeróbus

» Animais, espíritos e deuses

» Chico Xavier: charlatão?

» Levítico: pedras não faltarão

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#ChicoXavier #homossexualidade

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O Satanismo Tradicional

Por Malachi Azi Dahaka.

Recordo-me de quando eu tinha dezesseis anos e estava na época de escola. Foi neste tempo que comecei a estudar o ocultismo de modo geral. A influência dos meus familiares católicos e umbandistas e suas opiniões a respeito da “magia negra” e do Satanismo ainda eram marcantes em mim. Em minha cabeça, a figura de um satanista era o exato aspecto “hollywoodiano” do grupo com capuzes negros sacrificando jovens virgens em seus ritos macabros.

Certa vez, o pai de um amigo foi buscar o mesmo na escola onde estudávamos. Era um senhor com cabelo grisalho, bem arrumado e simpático. Este senhor cumprimentou a nossa turma e levou seu filho até o carro. Um colega de classe, que sabia de meus interesses sobre ocultismo me confidenciou naquele momento que o pai de nosso amigo era um Satanista, e falava do assunto sem nenhum problema. Obviamente, me senti curioso (e ao mesmo tempo assustado) pelo assunto. Decidi conversar com meu amigo no dia seguinte.

E este foi o início da quebra de um estereótipo que circula até hoje no meio ocultista. O que é, afinal de contas, um Satanista?

Em primeiro lugar, para falarmos deste tema, é necessário nos situar muito bem dentro do mesmo, erro que normalmente é cometido pelos que se dizem entendidos no assunto. O Satanismo não é uma crença única, muito pelo contrário. Ele possui inúmeras variações e correntes filosóficas diferentes. A mais famosa delas, o Satanismo Moderno, foi fundado por Anton Lavey em 1969, e trata de uma forma de Antropocentrismo. Segundo esta filosofia, o sobrenatural deve ser deixado de lado, e o material deve ser vivido aqui e agora. Os Demônios e entidades seriam apenas aspectos psicológicos internos, exteriorizados para obter-se maior compreensão dos mesmos. Lavey popularizou o Satanismo, mas ao contrário do que se pensa, ele não foi o primeiro a organizar um grupo coeso e suas características não devem ser misturadas as de outras formas de crenças satânicas.

No outro extremo das vertentes, existe o chamado Satanismo Tradicional, e é deste que irei tratar aqui. Ao contrário da crença de Lavey – que é considerada pobre em espírito, já que ignora o desenvolvimento e evolução do Homem como um Todo – o Satanismo tradicional/ teísta crê nas entidades, deuses e demônios como seres independentes do ser humano. Estas deidades são utilizadas dentro do satanismo como auxiliares da Evolução do Adepto, e não como ídolos para mera adoração cega e submissão doentia, como normalmente se retrata.

Existe ainda o conceito do Luciferianismo, que é diferente do Satanismo, mas está presente no mesmo. Este é o conceito da iluminação e refinamento da mente-corpo-espírito através da Gnose Luciferiana e da utilização dos Mitos e “Máscaras de Deidades” associadas a Lúcifer e sua figura de portador do fogo do conhecimento e conhecedor tanto da Luz quanto da Escuridão.

A Mão Esquerda

Os termos “mão direita” e “mão esquerda” vieram do Tantra, mas passaram a ser utilizados para designar o caminho ocultista com base nas “árvores” da Cabalah. O caminho da mão esquerda seria aquele em que o ocultista se foca em sua própria evolução acima de tudo, sendo correspondente ao ideal satânico de evolução própria. Devido a isso, o Satanismo está contido no caminho da mão esquerda. Mas não é necessário ser um Satanista para ser um praticante do LHP (Left Hand Path).

Da Figura do Satanista

Um real adepto do Satanismo Tradicional, não será uma piada caricata diante da sociedade e não se valerá de meros “teatros” psicológicos em sua Mágicka. A figura de mantos negros e jóias exageradas existe apenas em seu mundo particular, durante seus rituais. Em seu dia-a-dia ele deve ser uma pessoa normal. Ser um satanista não significa perder o senso de educação, prestatividade e em especial, honra. Aqueles que não souberem entender e canalizar a sua Chama Interior, serão consumidos em sua ira – e não passarão de animais selvagens sem direção.

O Ideal Satânico

Cada corrente possui sua própria ideologia. A evolução do adepto é um ponto comum a todas. O despertar da Chama Negra interior, introduzido na humanidade por Samael, é o maior destes objetivos. Ser semelhante a Caim (a chama negra) ao executar simbolicamente Abel (o homem de barro) para se tornar um Deus em carne. O contato com o Demônio Guardião equivale ao despertar desta chama negra acausal, é o acordar do interior subconsciente. É a maior arma de um Satanista (adversário) contra a ordem causal e vigente.

Os Demônios

Derivado da palavra grega Daemon ou daimon (grego ??????, transliteração dáimon) que pode ser traduzida como “espírito” ou “divindade”, o tipo de entidades que eram nomeadas dessa forma passaram a ganhar fama de maléficos com o cristianismo, e a fama permanece até hoje, mesmo entre aqueles que não se consideram cristãos, de tal forma que está enraizada esta cultura na sociedade. O Satanista sabe que nem todos os demônios são maléficos e nem todos são bondosos, sendo aconselhável a relação com eles apenas após um bom tempo de prática. Cada um é único em essência, e podem fornecer o conhecimento necessário para o adepto evoluir. São uma gama de entidades difíceis de se trabalhar, o que envolve tempo e dedicação da parte do adepto.

As entidades demoníacas não devem ser confundidas com vermes astrais, eguns ou kiumbas. Demônios conseguem a energia com a qual trabalham através de oferendas e adoração, enquanto os vermes astrais são meros vampiros instintivos. Os vermes astrais podem muitas vezes se passar por outra entidade através da alteração de sua de sua forma de manifestação para se passarem por outros tipos de entidades (sejam demônios ou não). Isto torna uma exigência a aptidão do adepto para identificar e diferenciar impostores de seus “guias” ao trabalhar com eles. Entre estas formas de identificação, está a sensação percebida pela presença da entidade, que deve corresponder a frequência energética da mesma.

Este é um fato válido tanto para os praticantes do Satanismo quanto os de outras artes que lidem com entidades, e é algo geralmente negligenciado, e que culmina em erros graves.

Os Sacrifícios e Honrarias

Um Satanista é um ser orgulhoso de si, e que visa sua evolução. Desta forma, ele não se prostra diante de nenhum ser, a não ser a si mesmo. Os cânticos, oferendas, sacrifícios e honrarias concedidas as entidades são para exaltação e agradecimento as mesmas. Não existe devoção cega dentro do Satanismo. Não há “servir de alimento” para entidades. Não há pactos, e Demônio algum lhe dará nada em troca de sua “alma”. Aliás, se você não consegue se esforçar por algo e precisa pedir que caia do céu, sua alma para ele já não valerá nada. Os Sacrifícios, apesar de serem um ponto polêmico, podem ser realizados com oferendas. Objetos consagrados, confecção de imagens, incensos, velas, e até mesmo alimentos no caso de algumas entidades. Ou seja, não há necessidade de mortes humanas como retrata Hollywood.

Goétia e Satanismo

Outro mito do satanismo tradicional é a goétia. Deve-se ter consciência de que a goétia é apenas um dos muitos sistemas e formas de evocação que existem para se contatar entidades. Como todo sistema evocatório, ela deve ser adaptada à crença do praticante. Existe, portanto, alguns livros voltados para a prática da “goétia satânica”. Mas isto é apenas um passo na evolução do adepto, e não uma obrigatoriedade para um satanista e muito menos uma exclusividade, tendo em vista que o sistema original é judaico-cristão. Há muito que se discursar sobre este assunto.

Deidades Satânicas

Recentemente vi alguns leigos no Satanismo citando que o mesmo fazia uma “confusão com Deuses”. A realidade é bem diferente de uma confusão. As vertentes teístas do Satanismo realizam um resgate dos Deuses das Eras anteriores para utilizar na era atual. Os Deuses ancestrais não são esquecidos, mas adorados e sua energia utilizada em diversos trabalhos mágickos.

Para os Luciferianistas, não apenas os deuses “negros” sofrem este “resgate” ou esta “adaptação”, mas também os deuses considerados “luminosos” devido a seus aspectos semelhantes aos de Lúcifer. A assimilação destas deidades segue a máxima de que um Adepto deve absorver aquilo que lhe torna mais forte, e expurgar o que lhe torna fraco, para que o mesmo seja digno de alcançar a sua Chama interna.

Sobre os “Estereótipos”

É uma moda atualmente, que todo Satanista seja obrigado a ouvir “black metal” e derivados, andar sempre de preto e estar sempre mal encarado. Isto não poderia estar mais longe da verdade. Gostos pessoais não influem em uma crença, muito menos as roupas. E por sua vez, a crença não é desculpa para agir como um adolescente revoltado, faltando com respeito a tudo e todos. Deve-se ter o senso de postura e saber os meios certos de lutar contra a ordem vigente.

Os exemplos dados pelo Marcelo Del Debbio em sua postagem “Ordens Satanistas da Vida” é um grande exemplo do que um verdadeiro adepto NÃO é. Ele não fará ameaças que não pode cumprir e nem se valerá levianamente das entidades que o auxiliam em sua alquimia mental. As atitudes ali demonstradas são dignas apenas dos “estereótipos”, os jovens que acabam se apoderando de material presente na internet, e retirando de contexto e distorcendo informações, sem a mínima noção ou instrução – resultando no que foi aqui demonstrado.

Estes, não devem ser comparados aos praticantes sérios desta senda, que buscam a verdadeira evolução e possuem seus próprios objetivos, não se limitando a adoração cega e a serem “bateriais de entidades” (como foi denominado por alguns leitores), mas trilham um caminho difícil com seriedade para atingirem seus próprios objetivos, livres de amarras de qualquer espécie.

Este é apenas um resumo daquilo que eu estou trilhando, do que eu estudei e ainda estudo. Espero que sirva para quebrar alguns paradigmas e mudar alguns conceitos acerca desta senda espiritual, que é tão válida quanto qualquer outra, e que merece ser reconhecida pela sua funcionalidade e não por aqueles que mancham seu nome.

Malachi Azi Dahaka.

#LHP

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-satanismo-tradicional

A Bipolaridade do Mundo e do Homem

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“Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem o seu oposto.”  (Lei da Polaridade) 

Átomos e astros se movem em elipses bicêntricas – não existe no Universo um único círculo unicêntrico.

A eletricidade só se manifesta como luz, calor e força, graças à sua bipolaridade positiva e negativa.

Toda a vida superior da terra está baseada na bipolaridade dos elementos masculino e feminino.

Esses dois polos da natureza são rigorosamente equilibrados e funcionam em perfeita harmonia.

De modo análogo, é o Universo hominal governado pela bipolaridade da natureza humana, que a Filosofia e a Psicologia modernas denominam o Eu e o ego.

A Filosofia multimilenar do Oriente chama o Eu Atman e o ego Aham.

Os livros sacros do cristianismo usam os termos Alma ou espírito divino para designar o Eu central do homem, e a expressão corpo ou mundo para significar as periferias da natureza humana.

“Que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro se chegar a sofrer prejuízo em sua própria alma”? (o Cristo, Eu)

“Eu te darei todos os reinos do mundo e sua glória, se te prostrares em terra e me adorares”. (o Anticristo, ego)

O Eu corresponde ao Uni do Universo, e o ego ao elemento Verso.

O homem perfeito e integralmente realizado estabeleceu perfeito equilíbrio entre o seu Uno (Eu) e seu Verso (ego).

O homem profano só cultiva o seu ego, atrofiando o Eu. Alguns místicos tentam realizar somente o Eu sem o ego.

O homem cósmico, univérsico, porém, realiza o seu Eu através do seu ego, porque sabe que o Eu ou Uno é Fonte, e o ego ou Verso é canal, pelo qual as águas vivas da nascente fluem e beneficiam a sua vida.

A ciência tem por objeto as leis da natureza externa. A sapiência ou filosofia visa ao conhecimento e à realização do homem interno.

A ciência é cosmo-cêntrica.

A filosofia é antropo-cêntrica.

O aperfeiçoamento do Eu ou da alma humana é o fim supremo da vida – e essa realização se faz através do ego, cujos elementos são o corpo, a mente e as emoções.

Sendo que a evolução do homem começa pela periferia e vai rumo ao centro, os grandes Mestres da humanidade insistem sobretudo no desenvolvimento do Eu ou da alma humana, a fim de evitarem a hipertrofia unilateral do ego e a atrofia do Eu.

O homem perfeito é o homem cósmico ou universificado, que estabeleceu perfeito equilíbrio e harmonia entre os dois polos interno e externo. É este o fim supremo de toda a educação verdadeira.

O educador deve eduzir de dentro do educando, e desenvolver o Eu dele, a fim de equilibrá-lo com seu ego.

Huberto Rohden, Filosofia Univérsica: Sua origem, natureza e finalidade. 

#hermetismo #Rohden #Universalismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-bipolaridade-do-mundo-e-do-homem

A guerra dos 50 anos

» Parte 2 da série “Intoxicados” ver parte 1

Parece cocaína, mas é só tristeza… Muitos temores nascem do cansaço e da solidão; Descompasso, desperdício – herdeiros são agora da virtude que perdemos… (Legião Urbana)

Se você quer afastar seu filho, filha, ou algum familiar querido, ou amigo, das drogas, fará bem em começar por desiludi-los da lenda de que as drogas fazem sempre mal… Não é verdade, obviamente: se fosse assim, na primeira dose de cachaça um adolescente iria cuspir aquele terrível gosto amargo no chão e nunca mais pensaria em beber novamente. Porém, se esta fosse à regra, não haveriam bebidas alcoólicas sendo vendidas quase como água pelo mundo afora. Pode ser amargo no início, mas depois fica doce, e depois, se exagerarmos na dose, fica amargo de novo; Só que uma amargura muito mais triste – a amargura que anestesia a alma.

Outras drogas podem ser doces desde a primeira dose, gerando “grandes viagens psíquicas” que já chegaram até a inspirar alguns grandes artistas, contanto que sejam usadas com parcimônia – o que raramente é o caso. Você pode subir no pedestal da moralidade e avisar aos desavisados: “Tomem muito cuidado, pois o caminho das drogas é doce somente no início, depois provoca grande tristeza!” – Mas, devemos considerar que há alguns seres civilizados e cultos da pós-modernidade, assim como muitos miseráveis e oprimidos, que, de uma forma ou de outra, constataram que na vida só existe tristeza – Se pelo menos nas drogas conseguem um pouco de doçura aqui e ali, ainda estarão saindo no lucro… São essas tais máquinas tristes, com tendências suicidas, que não veem nenhum problema em se suicidar aos poucos, uma bala, uma cheirada, uma seringa de cada vez.

O vício em drogas produz verdadeiros zumbis psíquicos, incapazes de sentir quase nada de realmente profundo (ou seja, capaz de lhes tocar a alma) no transcorrer de sua fase viciada. Pode parecer terrível, mas ainda assim conseguem o que queriam desde o princípio: não sentir mais aquela melancolia, aquela angústia de terem de cuidar das próprias almas… Ainda que assim também se abstenham de sentir felicidade, está tudo bem: podem então “viajar” nas drogas, até que sua viagem pela vida, uma viagem que não veem muito sentido de ser, em todo caso, finalmente chegue ao fim.

Porém, o mais incrível em toda essa história é o fato de que alguns dos maiores governos do mundo, influenciados ou não pelas grandes doutrinas religiosas, acreditem até hoje que a repressão é o melhor caminho para se resolver o problema, deixando o tratamento dos zumbis em (décimo) segundo plano, como que se eles fossem efetivamente zumbis, e não mais seres; Não mais pessoas em busca de alguma doçura real nessa vida; Não mais almas atormentadas, mas que podem ainda ser curadas.

A chamada lei seca total entrou em vigor nos EUA em 1920, promulgada durante o segundo mandato de Woodrow Wilson. Seu cumprimento foi amplamente burlado pelo contrabando e fabricação clandestina de bebidas alcoólicas. A lei seca foi abolida em 1933, já no primeiro mandato de Roosevelt. Permaneceu ativa por quase 14 anos… Enquanto esteve efetiva, veio contribuir para o aumento das fortunas de vários mafiosos, dos quais o mais conhecido é, sem dúvida, Al Capone. A sua revogação veio ajudar a débil recuperação econômica (devido ao “crash” da Bolsa em 1929), mas essencialmente contribuiu para o final do período de ouro da máfia norte-americana. Esta década e meia de proibição do álcool em uma sociedade capitalista – e que preza a liberdade – nos ensinou muito acerca da natureza humana, e de sua propensão para a ilegalidade e violência, se for o caso, para conseguir chegar aos seus objetos de desejo ou, pelo menos, aos seus anestesiadores de almas…

No Corão (5:91) é dito que “Satã apenas deseja suscitar a inimizade e o ódio entre vós com intoxicantes e jogo, e impedir-vos de lembrardes de Alá e da prece. Sendo assim, não ireis vos abster?”; Não chega a ser uma proibição cabal, mas uma espécie de aconselhamento… Mesmo assim, ainda que as bebidas alcoólicas tenham sido largamente consumidas no mundo islâmico (e principalmente no período de ouro do Islã, em Al-Andalus), ainda hoje há inúmeros países islâmicos que punem o tráfico de entorpecentes mais pesados, como cocaína e heroína, com a pena de morte. Aparentemente funciona: com a pena de morte em estados totalitários, o tráfico de drogas ilegais é quase nulo nos países do Islã. A questão é que não apenas os traficantes são punidos e perseguidos, mas também os usuários. Aqui está a solução: matar todos os zumbis (que, em todo caso, já buscam a morte)… E então estaremos supostamente seguindo o desejo de algum deus estranho. Para os islâmicos, parece ter resolvido, ou pelo menos enquanto mantém sua população sob o jugo totalitário de seus estados teocráticos. Até que venham as primaveras árabes.

Mas, estranho de se pensar, a grande diversão dos bares islâmicos é fumar narguilé enquanto conversamos com os amigos… Lá, na terra onde quase todos os entorpecentes são proibidos, fuma-se tabaco (e outras especiarias) com essa espécie de cachimbo d’água, à vontade… Então, talvez nem lá, nem lá a questão esteja totalmente resolvida. Hoje a ciência sabe que o tabaco é bem mais prejudicial à saúde do que, por exemplo, a cannabis, entretanto a cannabis é ilegal em quase todo mundo, e a grande fonte de renda dos traficantes de drogas ilegais, enquanto que o tabaco é perfeitamente aceito (com algumas ressalvas) em todo o mundo, inclusive no islâmico…

Segundo a AVAAZ, nos últimos 50 anos as políticas atuais de combate às drogas falharam em toda a América Latina, mas o debate público está estagnado no lodo do medo, da corrupção e da falta de informação. Todos, até o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, que é responsável por reforçar essa abordagem, concordam – organizar militares e polícia para queimar plantações de drogas em fazendas, caçar traficantes, e aprisionar pequenos traficantes e usuários – tem sido completamente improdutivo. E ao custo de muitas vidas humanas – do Brasil ao México, e aos Estados Unidos [1], o negócio ilegal de drogas está destruindo nossos países, enquanto as mortes por overdose continuam a subir.

Enquanto isso, países com uma política menos severa – como Suíça, Portugal, Holanda e Austrália – não assistiram à explosão no uso de drogas que os proponentes da guerra às drogas predisseram. Ao invés disso, eles assistiram à redução significativa em crimes relacionados a drogas, e são capazes de focar de modo direto na destruição de impérios criminosos.

Lobbies poderosos impedem o caminho da mudança, inclusive militares, polícias e departamentos prisionais cujos orçamentos estão em jogo. E políticos de toda nossa região temem ser abandonados por seus eleitores se apoiarem abordagens alternativas. Mas pesquisas de opinião mostram que cidadãos de todo o mundo sabem que a abordagem atual é uma catástrofe.

Parece complexo, mas pode ser simples como uma partida de futebol: em time que esta ganhando não se mexe, mas em time que está perdendo ou, no máximo, amargando um empate em 0 a 0 ou 1 a 1, devemos pensar em mudanças, nem que sejam provisórias, nem que sejam apenas para que ganhemos o primeiro jogo deste longo campeonato… Se pararmos de dar murro em prego nos próximos anos, a guerra de 50 anos do combate às drogas no mundo ocidental poderá ficar conhecida por nossa história como a primeira tentativa, mas que não deu certo, e nos levou as próximas. Mas, se não pararmos para reavaliar a situação, poderemos chegar a um século de guerra inútil, com máquinas tristes cada vez mais tristes, grandes cidades cada vez mais violentas, playboys cada vez mais alienados, e zumbis cada vez mais aterrorizantes… Para um filme de horror, não está nada mal.

Nós pedimos que vocês acabem com a guerra às drogas e o regime de proibição, e movam-se em direção a um sistema baseado em descriminalização, regulamentação, saúde pública e educação. Essa política de 50 anos falhou, abastece o crime organizado violento, devasta vidas e está custando bilhões. É hora de uma abordagem humana e efetiva (AVAAZ; Manifesto endereçado a ONU, que neste momento conta com mais de 650 mil assinaturas online).

» Na continuação – um passeio pelo Inferno.

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[1] Recentemente, até mesmo os EUA, o país que iniciou a malfadada “guerra as drogas”, se rendeu a política de legalização da maconha, a grande responsável pelos lucros dos traficantes (em alguns países, chega a representar 80% do mercado):

“Por muito tempo – décadas – outros países corretamente entenderam que seriam criticados pelos EUA se tomassem medidas para liberalizar as suas leis. Mas no caso do Uruguai, os EUA se deram conta de que não estão na posição de criticar abertamente o governo uruguaio, e de fato não criticaram.”

– trecho de artigo da BBC Brasil

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» Veja também o post Intoxicados: o fim da guerra, que complementa esta parte da série.

Crédito da foto: Mauricio Abreu/JAI/Corbis

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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#Islamismo #Drogas #Medicina #política #Economia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-guerra-dos-50-anos

Chakras, Kundalini e Tantra parte 3 ½

Em primeiro lugar, queria agradecer as visitações e os links que vocês estão colocando para cá em seus blogs. Coloquei um título mais complicado para ver quanto estavam atraídos apenas pelas “pirâmides e atlantes” e quantos estavam dispostos a acompanhar a coluna a sério e me surpreendi. Agradeço também o pessoal que começou a comentar os textos em seus blogs e debater com os amigos os textos que encontram aqui.

Fiquei impressionado por ter visto esta mencionada coluna até em um blog de surfe! Aliás, queria comentar para este leitor que SIM, a sensação que você tem quando sai do mar depois de surfar, de “paz profunda” em relação ao oceano, é a mesma que os fiéis têm após sair de um culto, os monges após meditarem ou as dançarinas após suas grandes apresentações. É o contato com seu Deus Pessoal, o seu “religare” atuando.

Outra coisa: A coluna desta semana está incompleta. Consegui responder uns 60% das perguntas mas o tempo livre no final de semana foi praticamente zero. As pessoas sempre me perguntam como é fazer parte ativamente de várias ordens iniciáticas. Bem… normalmente dá pra conciliar tudo, exceto em Solstícios e Equinócios. E este final de semana foi Beltane.

Ph, L8cant, Zatraz, Zek, Darkshi – De novo a questão das “provas materiais para os espíritos”? hehehe sério… já deve ser a terceira ou quarta semana seguida… qual parte vocês ainda não entenderam do “esta coluna não possui a necessidade de convencer ninguém de nada”? Eu SEI perfeitamente que estou prejudicado em relação a arrumar “provas” de muitas coisas que escrevo aqui, porque a maioria dos fenômenos envolvendo estas N dimensões não pode ser reproduzido ao bel prazer em quaisquer condições e muitas outras coisas eu estou impedido de comentar.

Quer acreditar acredita, não quer, azar o seu…

Sempre que se fala nesse tipo de fenômeno e suas medições, é necessária a colaboração de um grupo no Plano Material com alguém (ou alguma entidade) no Astral/Extrafísico disposto a colaborar. É muito diferente de jogar uma moeda e ver ela cair para testar a gravidade. Para fazer uma mesa flutuar é necessário que haja alguém “do outro lado” para empurrá-la para cima e fazer com que esta força atue no plano material (não é porque a cadeira “flutua” que as leis da física deixaram de valer!!! Alguém EMPURRA a cadeira para cima no astral e faz esta força ser transferida para o Plano Material). Para fazer com que um médium psicografe uma carta, é obrigatório que haja alguém “do outro lado” para se conectar aos seus chakras e escrever a carta e assim por diante.

Vamos fazer uma brincadeira hipotética. Suponha que o Darkshi e o Zek morram hoje. De acordo com as minhas teorias (que não são “minhas”; elas já existem há 10.000 anos… mas enfim… ), você vão permanecer no seu estado astral/mental mantendo a MESMA forma física que possuíam, mas agora em um estado de vibração que os aparelhos da ciência moderna não são capazes de detectar, vagando por ai (vulgo “fantasmas”).

Como vocês mantém suas inteligências questionadoras, imagino que a primeira coisa que vocês vão fazer quando perceberem esta nova realidade é pensar “caraca, o DD estava certo!” e começar a estudar a sua nova condição. Talvez tentar mexer alguma coisa, conversar com alguém (e não vão conseguir, a menos que tenham a sorte de encontrar alguém com mediunidade próximo de vocês), então o que vocês fariam em seguida?

Boa parte do gado quando morre faz o que adoraria fazer quando descobre que são intangíveis e invisíveis… vão aos motéis espionar as pessoas (é… estou falando sério… vocês não tem noção como estes ambientes são podres astralmente). Outros ficam rondando as igrejas, outros ficam rondando os entes queridos, visitando boates, controlando as ex-namoradas, tentando se vingar dos que aprontaram com ele… etc.

Mas vocês são questionadores… cientistas… então provavelmente procurariam uma maneira de passar as experiências que vocês adquiriram para outros cientistas (estou lembrando que, para vocês, esta vai ser a “novidade científica mais importante que vocês já descobriram” ) mas… como fazer isso?

Mais cedo ou mais tarde, vocês vão lembrar das coisas que aquelas pessoas que vocês ridicularizavam falavam e vão ter de se dirigir até algum centro espírita ou rosacruz (se vocês foram até uma Igreja evangélica, é possível que acabem até apanhando dos pastores no desencapetamento… definitivamente não é uma boa idéia).

Em um centro kardecista, vocês conseguirão encontrar algum médium e ele pode até psicografar uma carta de vocês… mas o que vocês escreveriam? Coisas pessoais para não deixar dúvidas que são vocês que estão escrevendo… endereçadas para uma irmã que seja espírita ou alguém que vai “acreditar”, afinal, de nada vai adiantar mandar estas cartas para o Kentaro ou para o Zatraz ou para os céticos S/A, pois eles vão achar que é algum truque dos “espiritualistas picaretas”. Você até pode convencer sua mãe ou sua irmã, mas o resto da humanidade vai continuar achando que elas são loucas de acreditar nessas besteiras.

Eventualmente algum laboratório rosacruz ou kardecista ou teosófico no astral vai achar vocês e convida-los para estudar estes fenômenos junto com outros cientistas desencarnados. E as informações que vocês tiverem (já que, como céticos, vocês se dedicaram MUITO mais aos detalhes da física do que alguém como eu, que sou ocultista, por exemplo) vão ser úteis para os trabalhos deles. Em algum tempo, vocês estarão trabalhando junto com os membros das ordens secretas, só que “do outro lado” hehehe.

Supondo por hipótese que vocês mantenham suas consciências e inteligências após sua morte, eu narrei alguma coisa absurda? Vocês fariam algo diferente do que eu disse acima?

Bom… este médium AQUI psicografou cerca de 15.000 cartas nestas mesmas condições que eu descrevi, com centenas de testes grafológicos atestando a identidade dos espíritos. O Chico Xavier eu não faço idéia de quantas cartas ele já psicografou e o Waldo Vieira e suas equipes também escreveram outra tonelada de cartas nas mesmas condições, só para ficar em 3 exemplos (entre milhares)… E engraçado que MESMO assim eles não possuem credibilidade nos ditos “meios científicos”. Somando tudo podemos passar fácil de 100.000 experimentos documentados que foram IGNORADOS… cem mil experimentos!!!

Parafraseando Richard Dawkin, “Books about reencarnation are believed not because they are holy. They are believed because they present overwhelming quantities of mutually buttressed evidence”. E, assim como Richard Dawkins, “We believe in reencarnation because the evidence supports it, and we would abandon it overnight if new evidence arose to disprove it”.

A pergunta realmente importante que vocês deveriam estar se fazendo é… POR QUE as “otoridades” insistem em tratar estes assuntos como crendices, absurdos, alucinações, charlatanismo e seitas? A resposta chama-se CONTROLE DO GADO… E não pense que são apenas os ocultistas que são ferrados pelas “otoridades”. Se os céticos tivessem um mínimo de poder, você acha mesmo que coisas como “ensinar criacionismo nas escolas” seriam debatidas da maneira como são?

Entendem por que eu não dou a mínima se vocês acreditam no que eu estou escrevendo ou não?

Porque não faz diferença. Mais cedo ou mais tarde, vocês estarão do meu lado.

E o mais divertido é que em nenhum caso eu vou precisar convencer ninguém de nada…

Se vocês tiverem grana, eu recomendo este livro: 700 experimentos em Conscienciologia, de Waldo Vieira, com mais de mil páginas documentando e comentando muitos dos experimentos que eles realizaram ao longo de 40 anos (que totalizam mais de 100.000 páginas de material documentado disponíveis nas bibliotecas do IPPC). Se você está mesmo disposto a se questionar, este livro é muito mais indicado, pela abordagem científica que ele possui. Caso contrário, vai continuar subestimando os ocultistas e cair no mesmo erro babaca de 99,99% dos ateus/céticos que acham que o espiritualismo parou no século XIX com Kardec.

E, para os outros leitores, peço que evitem comentários agressivos contra eles, pois tanto o Zatraz quanto o Zek e o Darkshi têm mantido a educação e defendido de maneira racional e objetiva o ponto de vista deles… se mesmo depois de toda a argumentação, eles não acreditarem em uma vírgula do que eu escrevi, É UM DIREITO DELES e, como eu disse, não faz a menor diferença para mim.

Darkshi – Sobre o auxílio dos ocultistas para a paz e harmonia. É impossível ajudar quem não quer ser ajudado. Um exemplo simples: estes dois exercícios que eu passei abaixo, especialmente o dos chakras. Se eles fossem feitos pelas crianças das escolas públicas e particulares todos os dias, antes das aulas, elas estariam equilibradas física, mental e espiritualmente e os rendimentos acadêmicos (concentração, imaginação, retenção do que foi estudado) aumentariam consideravelmente. Elas também estariam muito menos sujeitas à doenças e stress (o que significa menos faltas, menos gastos com remédios e melhor disposição física para brincar), diminuição da agressividade e uma visão mais harmoniosa do universo ao seu redor. Tudo isso em troca de menos de 10 minutos de meditação (já comprovados por 5.000 anos de uso na China e Índia).

Mas… todos nós sabemos o que aconteceria se alguém propusesse estes exercícios nas escolas, não é mesmo?

Bolívar – Sim, este SITE que você recomendou também é bem legal sobre projeções astrais conscientes.

Cristian – o problema em fornecer mais links da internet é que são muito poucos os confiáveis. A imensa maioria (pra não dizer tudo) que eu pesquiso para esta coluna vem dos livros, não da net. Quando eu coloco um link, é porque já fucei no site e o conteúdo considerei decente, mas na medida do possível, o que der pra colocar de referências eu estou colocando.

Rodrigo, Spyke, Danilo – Maçonaria, Kabbalah… Chegaremos lá. Mais um pouco de paciência.

Kid Heinrich – Oitavas – Você está na oitava que você quer estar. “Subir” nas oitavas depende exclusivamente do seu empenho em autoconhecimento e sua vontade de evoluir moralmente e espiritualmente. Mas claro que isso exige uma boa dose de autocrítica, humildade e vontade de corrigir e melhorar o seu EU interior… esse é o trabalho da Alquimia… lapidar sua pedra bruta até que o chumbo do ego se torne o ouro da essência.

Numlock – As barras são de aço CA50, com meia polegada de diâmetro, usado em armaduras para concretagem de lajes e colunas. Você compra com 12m e manda cortar em 6 barras com 2m de comprimento.

Chitão – Proporção Áurea – chegaremos nisso com os Pitagóricos.

#Chakras #Tantra

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/chakras-kundalini-e-tantra-parte-3