O Caldeirão de Dagda

Na literatura celta, Dagda é o deus-druida, ou Ruad Ro-fhessa , o “Senhor da Ciência Integral”. O mais poderoso de todos os mágicos, temível guerreiro e habilíssimo artífice, mas de apetite voraz, Dagda possuía um caldeirão maravilhoso, a partir do qual se podiam alimentar todos os homens da terra, e que ninguém abandonaria sem nele se ter saciado. Assim, para além de conter o alimento material de todos os humanos, o Caldeirão de Dagda teria em si também todo o gênero de conhecimentos.

Possuía ainda o poder de ressuscitar os mortos, desde que os cadáveres fossem nele cozinhados de acordo com um ritual especial, do qual faziam parte ervas mágicas e aromáticas. Pensa-se que o mito do Caldeirão de Dagda teria estado na origem da ideia do Graal, que não só se lhe assemelha pela forma contentora, como nas descrições do conteúdo, já que pode saciar o corpo e o espírito, e conceder, senão a imortalidade, pelo menos o prolongamento e a ressurreição da vida humana.

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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-caldeir%C3%A3o-de-dagda

A Gnose Afro-Americana e o Candomblé Gnóstico

Uma visão moderna dos Cultos-Afro e de suas potencialidades mágicas.

O MOTIVO PELO QUAL ESTE CURSO FOI ELABORADO: Durante meus mais de vinte anos de estudos teóricos e experiências práticas no Ocultismo, tenho travado contato com as mais variadas correntes de pensamento Esotérico.

Como pesquisador que sou, não me contento em permanecer na superfície da questão, como a grande maioria de interessados no tema; muito pelo contrário, pois eu procuro me aprofundar sobremaneira no assunto que me desperta interesse, adquirindo a maior quantidade de informações possível, sejam relatos pessoais, sejam escritos de que natureza forem, para, então, colocar em prática os ensinamentos de dito Sistema.

Tenho experimentado de tudo um pouco, em se tratando de Magia, sofrendo, por assim dizer, “na própria carne”, os resultados de minhas experiências e, porque não dizer, de minha ousadia.

Após algum tempo de militância em determinado Sistema de Magia, coloco os resultados obtidos numa balança imaginária, pesando os prós e os contras, até que me tenho por satisfeito com uma resposta clara e sem evasivas, obtida entre duas únicas opções: tal Sistema FUNCIONA, ou NÃO FUNCIONA.

Assim, concluindo definitivamente minhas pesquisas em tal Sistema, passo a incluí-lo em minhas práticas pessoais (meu próprio Sistema, se assim quiserem), caso a conclusão de meus estudos seja de que tal Sistema funciona; ou, então, descarto tal Sistema em definitivo, caso conclua que o mesmo não funciona.

Muitos dos Sistemas de Magia tidos em elevada conta por especialistas diversos, funcionam a contento. Outros, entretanto, ficam muito a desejar.

Como este não é o momento de abordar tal assunto (o que faço em detalhes no meu livro “CURSO DE MAGIA”), deter-me-ei a examinar os Cultos- Afro, sob um prisma Gnóstico e Esotérico.

Voltando ao assunto de Sistemas que funcionam ou não, vamos falar do Candomblé e seus congêneres.

Tenho observado, ao passar dos anos, que muitas pessoas, interessadas em Ocultismo, nutrem um forte preconceito contra o Candomblé e assemelhados.

Apesar disso, quando encontram-se “no aperto”, buscam, de imediato, “socorro” dentro das práticas mágicas candomblecistas.

Socorridos, entretanto, e mais, sanado o problema que os afligia, “dão as costas” para a tal de “macumba”, coisa que não compreendem mas sabem que funciona, voltando aos seus cristais e florais.

Atitude simplista, para dizer o mínimo.

A “macumba”, designação genérica de tudo quanto seja de origem Afro, manteve a fama de ser infalível; apesar disso, poucos estudiosos do assunto se deteviram a examinar o assunto a luz da ciência experimental, para concluir como funciona a “macumba” e, mais ainda, quando funciona, e por qual motivo, assim como compreender suas falhas e deficiências, que aumentam no mesmo passo em que o assunto é difundido – mas não explicado.

Interessante observar que, nos últimos anos, houve uma verdadeira explosão de livros sobre “macumba”, muitos dos quais ensinando trabalhos para os mais diversos fins, tal qual fossem receitas de bolo.

Assim, sem explicar nem justificar, passam adiante ensinamentos que exigem, para serem postos em prática, um profundo conhecimento dos Cultos- Afro, sem o que tais práticas tornar-se-iam perigosas para todos os envolvidos.

Mais ainda, incentivam ao leitor realizar tal trabalho, sem alertar para os cuidados que devem cercar tais práticas.

Dessa forma, indivíduos inescrupulosos, pouco conhecedores do assunto, mas sabedores das necessidades humanas, travestem-se de “Pais-de-Santo” ou “Mães-de-Santo”, realizando todo tipo de trabalhos, jogando búzios, interferindo na vida de todo e qualquer cidadão, sem o menor cuidado ou escrúpulo.

O resultado? Fracasso, desilusão, além da sensação de que “macumba não funciona”.

Eis o motivo deste curso – explicar tudo, tirar todos os véus, trazer o conhecimento mágico-místico-religioso à luz da ciência experimental, para que todos, admiradores ou não do assunto, possam compreender no que consistem tais práticas, tirando, assim, suas próprias conclusões.

Vamos, portanto, ao curso.

“INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE MAGIA DE ORIGEM AFRO”

“CANDOMBLÉ, VUDÚ, HOODOO, PETRO, RADA, LUCUMÍ, SANTERÍA, PALO-MAYOMBE, UMBANDA, QUIMBANDA E CATIMBÓ: SUAS SEMELHANÇAS, DIFERENÇAS, TABÚS E FUNDAMENTOS.”

Visão moderna dos Sistemas do Candomblé, do Vudú, da Umbanda e da Quimbanda.

Muitas vezes, quando se fala em Magia, as pessoas pensam imediatamente nas práticas executadas nos Cultos Afro-Brasileiros, Afro-Americanos e Afro- Ameríndios.

Diversas pessoas tem visões semelhantes desses Cultos, mas os conceitos difundidos são preconceituosos, misteriosos e dogmáticos, o que faz, pouco a pouco, com que a Realidade Mágica desses Cultos se perca para sempre.

Para começar, o Candomblé, o Vudú, a Santería, o Palo-Mayombe e o Lucumí são cultos muito semelhantes, de origem africana, mas tremendamente desenvolvidos nas Américas. Já a Umbanda é um culto muito distinto, com bem poucas semelhanças com os outros dois, enquanto a Quimbanda é algo totalmente diferente. O Catimbó é uma espécie de meio-caminho entre a Umbanda e a Quimbanda. O Hoodoo reúne características do Vudú, porém tem diversas peculiaridades, sendo a mais importante delas trabalhar apenas com Elementais, Elementares, Sombras, Cascarões, Larvas e “Almas”. Petro e Rada são duas raízes diferentes do Vudú haitiano, sendo o culto Rada mais voltado às Entidades do panteão Afro original, enquanto o Petro é mais voltado ao culto de Loas semelhantes aos Guias de nossas Umbanda e Quimbanda. O Voudon Gnóstico, apesar do nome, e da nítida influência do Vudú e do Hoodoo, é mais uma Ordem Hermética (uma vez que é ligado à O.T.O.A. – Ordo Templi Orientis Antiqua) do que um culto ou uma religião, razão pela qual está fora deste texto. Todos, porém, tem entre si uma semelhança marcante e de suma importância: são todas “Religiões Thelêmicas”, ou “Cultos Thelêmicos”, como queiram. E o que significa uma religião ser “Thelêmica”? Significa que cada indivíduo, dentro dela, tem sua própria religião, seu próprio Deus, distintos dos de qualquer outro indivíduo. E foi por isso que os cultos africanos sobreviveram na mudança para o novo mundo, cresceram e se multiplicaram.

Sendo assim, vamos começar a definir a Quimbanda.

A Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas, denominadas Exus, Pombas-Giras, Caboclos Quimbandeiros, Pretos-Velhos Quimbandeiros, e assim por diante. Na Quimbanda não há nenhum tipo de “Iniciação”, quer seja mágica, mística ou religiosa. Basicamente, há duas formas de se praticar a Quimbanda – a Evocação e a Invocação das Entidades. Qualquer que seja o meio escolhido, normalmente desenha-se o “Sigilo” (chamado “Ponto Riscado” na Umbanda e na Quimbanda) da Entidade no chão, pedindo-se, em seguida, sua intervenção. No caso da Invocação, a pessoa que “receber” a Entidade (chamado “Cavalo” ou “Burro” na Umbanda ou na Quimbanda) passa a ter os poderes da mesma; são então feitos pedidos à pessoa “incorporada”, que pedirá então algumas coisas para a execução do “trabalho de magia” . Em geral, na Quimbanda só se trabalha para o mal de alguém, ou então para submeter-se uma pessoa à vontade de outra. Quando se Evoca Entidades na Quimbanda, porém, faz-se oferendas simples, visando obter a intervenção da Entidade para obter o que se deseja, normalmente alguma maldade. Na Umbanda, o que acontece é a mesmíssima coisa, com uma diferença essencial: só se “trabalha” para o bem, pois as Entidades que “baixam” na Umbanda são somente benéficas. Em alguns “terreiros” de Umbanda foram implantados “Rituais Iniciáticos”, herdados de culturas diversas. Na Umbanda, vê-se uma nítida influência do Kardecismo, bem como da mentalidade católico-cristã, além do público e notório sincretismo religioso entre os Orixás da Umbanda (que só comungam dos nomes com os Orixás do Candomblé) e os Santos Católicos. O Catimbó é uma mistura completa entre a Umbanda e a Quimbanda, com algumas diferenças: as Entidades que “baixam” são chamadas de “Mestres”; se são benfazejos, diz-se que “fazem fumaça às direitas”, e dos malévolos se diz que “fazem fumaça às esquerdas”. Concluí-se daí que no Catimbó se “trabalha” indistintamente para o bem e para o mal. Além disso, no Catimbó não se cultuam Deuses ou outras Entidades de grande envergadura de poder, apenas “baixam” Entidades com especial identificação social no grupo aonde se desenvolve a “mesa” do Catimbó. Na Santería ocorrem práticas semelhantes às dos cultos descritos acima, mas há também um culto aos Orixás, no estilo do Candomblé, só que com toda a influência Católico-Cristã imaginável.

Mas existem sutis diferenças entre esses cultos. Na Umbanda, as Entidades são “espíritos” de pessoas desencarnadas (mortas); na Quimbanda, “baixam” indistintamente “espíritos” de pessoas mortas (normalmente de pessoas perniciosas ou criminosas), ou Demônios mesmo. No Catimbó só “baixam” os “espíritos” de mortos.

Mas, será que o que “baixa” em todas essas “sessões” é mesmo uma “alma”? E será que todas essas “almas” são sábias, sinceras e magicamente capazes? Não creio. Para mim, o que ocorre muitas das vezes, é o seguinte: A) o “médium”, desejoso de “receber um guia”, induzido pelo “chefe do terreiro” de que ele/ela “tem mediunidade, precisa desenvolvê-la”, acaba por criar uma Imagem Telemática correspondente a sua idéia do “guia”, que, então, cria “vida”, passando a agir como desejado…

B) cena “A”: alguém morre; seu corpo físico jaz inerte, seu corpo astral separa-se do cadáver físico e, em pouco tempo, o corpo mental do falecido separa-se também do corpo astral, ficando este último também destinado a morrer, a decompor-se; cena “B”: um Elementar Artificial, um Íncubo, um Súcubo, um Vampiro, uma Larva Astral, alguma dessas Entidades simples, busca sobreviver …vampirizando alguém! É porém difícil “sugar vitalidade a força” de alguém; cena “C”: a Larva da “cena B” encontra um cadáver de corpo astral (Cascarão Astral), penetra nele e o “aviva”; cena “D”: o “Cascarão Avivado” encontra uma pessoa receptiva, um “médium”, e começa o ataque; o “médium” acaba por ir a um “terreiro” ou “centro”, aonde “seu guia” o levou, e aonde irá “desenvolver sua mediunidade”; cena “E”: o “médium” já “desenvolvido”, recebendo seu “guia”, dá consultas, passes, faz trabalhos, aconselha…e o “guia” (o Cascarão Avivado) vampiriza o “médium” e as pessoas que vão consultá-los.

É claro que existem incorporações ou possessões reais, mas são muito raras na Umbanda e no Kardecismo. Ocorrem muito freqüentemente no Candomblé e correlatos, mas são raríssimos nos cultos à desencarnados.

Sem mais comentários sobre o assunto.

Agora, Candomblé, Vudú, Palo-Mayombe e Lucumí.

O que digo a seguir é minha experiência e enfoque pessoais. Quem desejar aprofundar-se no assunto deve consultar as obras dos seguintes autores, colocados em ordem de importância: Pierre “Fatumbí” Verger, Fernandes Portugal, Caribé, Bernard Maupoil, William Bascon, Michael Bertiaux, Luis Manuel Nuñes, Jorge Alberto Varanda, Roger Bastide, Juana Elbein dos Santos, Courtney Willis, Ogã Jimbereuá, Babalorixá Ominarê, Lydia Cabrera, Migene Gonzalez-Wippler e João Sebastião das Chagas Varella. Já os apreciadores de Mitologia em geral, deverão conhecer a obra de Joseph Campbell, o mais importante autor do assunto. A Editora Pallas tem bons títulos sobre Candomblé e Vudú. Este texto trata dos aspectos reais das Práticas Mágicas dos Cultos em questão. Desculpem a crueza, mas a verdade é cruel, e dói.

Muitos estudiosos de Magia, bem como inúmeros autores do gênero, colocam os Deuses dos diversos panteãos como Arquétipos. Considerando-os assim, alguns praticantes da Magia Ritual creem que pode-se trabalhar magicamente com os Deuses Internos, como se trabalhassemos com os Arquétipos Universais. Aqui existe um enorme equívoco, pois os Deuses Internos englobam aspectos arquetípicos, não se limitando, porém, a serem Arquétipos simplesmente.

Na verdade, há uma obra muito boa sobre Magia Planetária (Planetary Magick, editora Llewellyn), que, porém, considera os Deuses de diversos panteãos como a mesma coisa que os Arquétipos. Eu particularmente discordo desse prisma, pois considero que os Arquétipos são acessíveis a qualquer pessoa, enquanto que os Deuses só são acessíveis aos que tenham alguma identificação e familiaridade com os mesmos. Na verdade, a experiência chamada de “União com Os Arquétipos Universais”, quando a pessoa entra em “transe” e sofre a “possessão” da Divindade, é o contato que ocorre da pessoa com seu Microcosmos, ou seja, com seu “Universo Interior”, portanto, somente com os Arquétipos Universais, e não com o todo da Egrégora dos Deuses Internos do Homem. A diferença é, portanto, patente, no que diz respeito ao “transe” do sujeito “possuído” pelo Orixá (aonde são despertados poderes latentes dentro do próprio indivíduo), e da Evocação ou Invocação da energia do Orixá como um todo, uma Entidade de existência independente da psique do Mago. O que ocorre entre os profanos, os não-iniciados, o “bolar” no Santo, é somente a “União com O Arquétipo”; o que ocorre na Invocação, feita pelo Mago de forma consciente, é “abrir sua mente” para uma energia externa, de vida autônoma, externa ao Microcosmos do Mago. Portanto, podemos concluir que o Arquétipo Universal existe num nível sub-consciente de cada indivíduo, mas somente manifesta-se no Microcosmos; já o Deus Interno existe num nível Macrocósmico e, após uma iniciação, num nível Macro-Micro-Cósmico, isto é, pode manifestar-se dentro ou fora do indivíduo. Com isso quero dizer que um Orixá pode manifestar-se fora da psique do Mago, até mesmo fora de seu corpo, inclusive, algumas vezes, a um nível social. O poder de um Arquétipo é o de despertar talentos latentes na psique do indivíduo, enquanto que o poder de um Deus Interno (sendo uma Egrégora), é amplo, de uma envergadura bem maior que a psique de um indivíduo apenas, incomensurável em termos humanos. Com isto quero dizer que uma Egrégora antiga e poderosa como a dos Deuses Internos pode quase tudo. Sem exagero. E em se tratando de Deuses Internos (ou Panteônicos), podemos distinguir duas categorias: os Deuses adormecidos, cujo culto inexiste na atualidade, e os Deuses ativos, cujos cultos existem. Nessa última categoria estão os Deuses e Deusas cultuados no Candomblé, no Vudú, no Palo-Mayombe e no Lucumí. Fico, inclusive, muito curioso com a atitude de certos grupos de ocultistas, que cultuam Deuses adormecidos, e torcem o nariz para os Deuses do panteão Afro, talvez considerando-os algo inferior, muito provavelmente pelo motivo de que esses Deuses são cultuados pelo povo, não pelas elites culturais…preconceito e ignorância de sobra! Esses Deuses e Deusas dos Cultos Mágico-Religiosos Afro-Americanos são designados da seguinte forma: na “Fé Indígena” (Indigenous Faith), como o Culto é chamado na Nigéria (África), são chamados de Orixás e Odus, o mesmo ocorrendo nos Candomblés de origem Nigeriana ou Yorubana (“Nação” Keto ou Alaketo); nos Candomblés de origem Daomeana (Fon ou Gêge), são chamados Voduns e Odus; nos Candomblés de origem Angolana (“Nação” Angola), são conhecidos por Inkices ou Santos, e Odus; na Santería, praticada nos Estados Unidos (Puerto Rico, New Orleans, Miami, etc), são chamados de Orichás ou Santos, e Odus; no Vudú, praticado no Haiti e na França, são conhecidos como Loas e Odus; no Lucumí, praticado em Cuba e nos Estados Unidos (Miami), são os Nganga, Orichás, Padrinhos, Prenda, Ndoki, Odus, entre outros nomes, ocorrendo o mesmo no Palo-Mayombe.

Veja-se que o nome do panteão altera-se de região para região, e assim também se alteram as características das Entidades. É interessante notar que o nome Odu (Odus no plural), está presente em todas as “Nações” de Candomblé, e suas atribuições são idênticas em todas as citadas culturas.

Pois Odus são Entidades objetivas que personificam, de forma antropomórfica, as energias das figuras geomânticas. Vê-se que, quando o simbolismo e a energia não sofrem alterações, os nomes permanecem idênticos. O contrário ocorreu com a vinda dos Orixás da África para o Brasil, pois na África os Orixás não possuem as subdivisível ditas “qualidades”, fato que ocorreu no Brasil. Por isso é que o Culto aos Orixás, no Brasil, é mais rico e complexo do que na Nigéria atual, sem nenhuma conotação pejorativa quanto ao Culto praticado na Nigéria. Apenas digo que, no Brasil, cultua-se doze variedades de Xangô, enquanto na Nigéria há somente uma; aqui cultua-se onze Oyá, dezesseis Oxum, dez Oxalá, nove Yemanjá, vinte e um Exu, enquanto na Nigéria há um de cada. É bem verdade que a troca de informações entre Nigerianos e Brasileiros, do Culto, está levando “qualidades” de Orixás para lá, e trazendo para cá as práticas mais modernas do Culto. Assim, em breve, graças às trocas de informações, o Culto aos Orixás estará aprimorado e talvez até estandardizado no Brasil e na Nigéria. Mas aqui o assunto é outro.

Vide os Apêndices desta obra relativos a “Arquétipos” e “Deus, As Egrégoras Coletivas e Os Deuses Internos do Homem”, para compreender a mecânica de que falamos acima.

Somente recomendo, aos que pretendem praticar a Magia Planetária, a Magia Evocativa, a Magia Invocativa ou o “Casamento dos Homens com Os Deuses” (conceito de Aleister Crowley, uma das práticas secretas da O.T.O., revelada no livro “The Secret Rituals of the O.T.O.”, de autoria de Francis X. King)) com os Deuses dos panteãos Afro, que estudem a respectiva mitologia, familiarizem-se com as suas energias, para não sofrerem revezes nem decepções. Estejam avisados que essas energias são incomensuráveis, além de extremamente ativas, pois há, em todo o mundo, pessoas cultuando-os dioturnamente, vivendo para o Culto, alimentando a Egrégora a cada momento, ampliando sua envergadura de poder.

Apesar disso tudo, há muita gente que duvida das potencialidades mágicas dos Cultos-Afro; há também os que creem que tudo quanto se faz nesses Cultos funciona a contento, independentemente dos Fundamentos Mágicos que sejam ou não aplicados às práticas rituais. Pensando nisso gostaria de abordar alguns aspectos importantes desses cultos, muitas vezes mal interpretados pelas pessoas em geral. E é justamente visando separar o joio do trigo, embora revelando muitos segredos guardados com zêlo por muito tempo, que descrevo, a seguir, os Fundamentos Mágicos Racionais das Práticas Mágico-Místico-Liturgicas dos Cultos-Afro.

Espero estar contribuído assim, de alguma forma, para a preservação desse culto que tanto me atrai, e que estudo e pesquiso fazem anos. Afinal, em 1988, fui consagrado Babalaô (Nação Alaketo) – sacerdote de Ifá – , além de ter sido iniciado no culto de Yiá-Mí Oxorongá.

Iniciação

é tipicamente shamânica, quanto a parte do Iniciando, com práticas primitivas (raspar os cabelos da cabeça, esfregar folhas na cabeça e outras partes do corpo, fazer cortes em diversas partes do corpo – cabeça, testa, mãos, pés, língua, braços – para passar “pós mágicos” nos cortes abertos – Kuras – , sacrificar animais deixando o sangue escorrer sobre a região do Chakra Coronário, colocação de substâncias vegetais e animais sobre o Chakra Coronário – o Adoxú, no formato de um cone – , colocação de uma pena de alguma ave no local do Chakra Frontal – Terceiro Olho – , entre outras coisas), requerendo total submissão do Iniciando – Iaô – ao Sacerdote ou Sacerdotisa – Pai ou Mãe de Santo, Babalorixá ou Yialorixá – , que guarda os cabelos daquele, tendo assim, meios de impor sua autoridade à força…

A Iniciação no Candomblé é lenta (21 dias no mínimo) e penosa (a pessoa terá de se submeter aos ditames do Sacerdote, devendo comer o que lhe é permitido – com algumas restrições por toda a vida – , falar quando lhe é permitido, usar as roupas nas cores autorizadas – mais uma vez com restrições para o resto da vida – , até mesmo quais atividades sociais e profissionais poderá ter dali para diante). Uma das partes mais curiosas do Ritual Iniciático reside na pintura da cabeça e do corpo do Iniciando com pontos coloridos, feitos com pós coloridos, numa espécie de Cromo-Punctura rudimentar.

Vê-se aí, nesse conjunto de práticas antiquadas, o aspecto da autoridade do Mestre, inquestionável, sobre a vida do Discípulo, traço típico das iniciações em sociedades primitivas.

Quando, porém, observarmos a parte do Iniciador, do Sacerdote ou da Sacerdotisa, veremos uma enorme quantidade de práticas típicas da feitiçaria, portanto, de caráter muito distinto das práticas shamânicas.

Eis um dos mais flagrantes aspectos da ambiguidade do Candomblé.

Como disse o brilhante ocultista norte-americano Robert North, o que falta aos Cultos-Afro é uma “Auto-Iniciação”. Concordo plenamente. Seguindo as orientações dele, o iniciando deverá praticar uma técnica conhecida nos meios ocultistas como “visualizar uma imagem como se fosse uma porta e mentalmente atravessar a porta”. Daí, o iniciando travará contato com as Entidades que habitam o plano correspondente vibratoriamente à dita imagem.

Mas que imagem é essa? Os desenhos dos Vevés, Pontos-Riscados, Sigilos das Entidades, Figuras Geomânticas (Odus), entre outras. Essa técnica permite uma auto-iniciação com menos riscos que a Invocação Mágica (a “incorporação” da Entidade na pessoa), que evoca riscos óbvios de acidentes.

O que deve, porém, ficar claro, é que ninguém é “filho” desse ou daquele Orixá, ou de qualquer outra Entidade, nem tem tal ou qual Odu. Na verdade, as pessoas identificam-se com um Arquétipo, em geral composto, isto é, com qualidades mescladas de várias Entidades, o que caracteriza o Orixá e suas qualidades, bem como os outros Orixás da pessoa. Identificando-se com o Arquétipo, a pessoa passa a louvá-lo ou cultuá-lo, atraindo então a Entidade Egregórica correspondente ao Arquétipo da identificação pessoal. Fica claro, agora, o motivo pelo qual há pessoas com “santo forte”, outras sempre “acompanhadas” pelo seu Orixá ou Guia, e assim por diante? Lembrem-se de que a energia que flui no contato do Mago com a Egrégora é mutual e simbiótico, isto é, se recebe o tanto que se dá…

No caso dos Odu, eles apresentam-se e manifestam-se em cada momento, mudando de acordo com as chamadas “marés tatwicas”, as marés elementais.

Somente ocasionalmente cristalizam-se num local, situação ou espécie de atividade, promovendo constante sucesso ou fracasso. E os remédios já são conhecidos.

 

Sacudimento

Dá-se esse nome às Práticas Mágicas que são realizadas quando existe uma presença energética intrusa (em pessoas, objetos ou lugares) – Exus ou Egums, isto é, Entidades Demoníacas, Vampiros, Íncubos, Súcubos, Larvas, Espíritos de Desencarnados, entre outras – ; passa-se pelo corpo da pessoa atingida uma série de plantas, folhas, grãos crus, pipocas, legumes, verduras, até mesmo aves (pombo, frango); esses componentes tem atribuições diversas em se tratando de elementos naturais – presentes por analogia nos componentes do sacudimento – , impregnando-se-os com o fluído magnético, que tem a propriedade de sugar energia (no caso, a intrusa), o que então providenciará a remoção das energias intrusas. É prática primitiva que, porém, tem seus méritos; na verdade, há um elemento de grande importância, que não pode faltar, pois é o que faz o “Trabalho” funcionar: o ovo! Sim, um simples ovo de galinha é o suficiente para o “Trabalho” funcionar. Com um ovo e a atitude mental adequada, consegue-se resultados espetaculares.

Na simplicidade está a chave dos grandes mistérios. Quer dizer, a Energia intrusa, nefasta, é transferida para os elementos passados pelo corpo da pessoa; em seguida, esses elementos são deixados em local determinado (praia, cachoeira, rio, praça, encruzilhada, estrada, enterrados, atirados barranco abaixo, cruzeiro do cemitério, etc.), aonde a Energia tornar-se-á inofensiva, ou atingirá curiosos que porventura toquem o material energeticamente contaminado.

 

Ebós

Dá-se esse nome aos sacrifícios ou oferendas, dedicados a alguma Entidade, consistindo nas comidas, bebidas e animais votivos da mesma Entidade; quer dizer, todas as práticas mágicas convencionais do Camdomblé tem o nome de Ebós. Os Ebós funcionam por causa do uso de Condensadores Líquidos e Sólidos, infundidos da vontade do Mago, além de, algumas vezes, a Energia Vital que se desprende de um animal sendo imolado, além da própria Energia do sangue de dito animal. Este é o segredo para a eficiência dos Ebós. E também da ineficiência de muitas bobagens batizadas de Ebó, mas que, na verdade, não são nada, magicamente falando. Para os interessados, basta consultar um dos numerosos livros sobre Ebós – do Ogã Gimbereuá, do Babalorixá Ominarê, de Fernandes Portugal e de Antony Ferreira, por exemplo – para verificar o uso constante de Condensadores Líquidos e Sólidos (pimentas, cebolas e alhos, atribuídas ao Elemento Fogo, por exemplo).

Existem três espécies de Ebós: A) Periódico: dado em períodos de tempo regulares, para fortalecer o elo com a Entidade, ou para fortalecer uma Entidade Artificial criada pelo próprio grupo ou operador; B) Propiciatório: dado quando se deseja obter algo de uma Entidade, dando-se-lhe algo, esperando o favor almejado em troca; C) Expiatório: dado quando se necessita reparar alguma falta para com a Entidade que, aborrecida com o indivíduo, passa a prejudicá-lo; nos três tipos deve haver uma analogia adequada.

Só para ilustrar, incenso é uma oferenda que, além de agradar as Entidades (desde que de aroma análogo à Esfera da Entidade), pode permitir sua materialização (com sua possível aparição espectral); para Entidades Negativas ou perigosas/nefastas, o sangue (quente) de sacrifício animal faz efeito semelhante; a cebola constitui um elemento de grande vibração quando ofertada à alguma Entidade, o mesmo podendo dizer-se dos ovos; as velas são parte importante de qualquer ofertório, as de cera de abelha adequadas às Entidades Positivas, e as de cebo adequadas às Entidades Negativas.

Devemos sempre buscar as leis de analogia ao desejarmos ofertar algo para qualquer Entidade. Seguindo estes princípios, qualquer Mago poderá elaborar seus próprios Ebós, se esse for seu desejo.

 

Pós Mágicos

Também chamados de Atim (Alaketo), Pemba (Angola), Zorra (para o mal), são diversas substâncias misturadas e posteriormente reduzidas a pó; são usadas para atrair boas coisas (saúde, amizade, amor respeito, bons negócios, dinheiro, proteção contra maus fluidos, paz, etc.), espalhando-se nas mãos, pés, sapatos, roupas, cabeça e utensílios da pessoa, ou soprando-o na residência, veículo, local de trabalho, Templo, etc.; ou então para levar desgraças aos desafetos (doenças, acidentes, maus fluidos, ruína, morte), espalhando-se nos locais, ou soprando-se/jogando-se sobre a vítima.

Respeitando-se as leis de analogia, pode-se compor pós mágicos respectivos aos quatro elementos da natureza, que serão Condensadores Sólidos da vontade do Mago. Para maiores detalhes do assunto, ver o livro de Franz Bardon “Initiation Into Hermetics”, citado na bibliografia desta obra.

 

Azeite de Dendê

 

Elemento que constantemente é utilizado nas práticas ritualísticas Afro-Negras, constituindo poderoso Condensador Líquido; Condensador é um elemento capaz de condensar a vontade e os desejos do Mago.

 

Pólvora

Muito utilizada nos Cultos Afro, ao incandescer ou explodir libera tremenda energia ígnea (do Elemento Fogo), podendo ser utilizada para curar, livrar de alguma influência maléfica, criar embaraços ou até mesmo matar, tudo em analogia completa ao Elemento Fogo, isto é, ao seu campo de ação.

Recebe o nome de “Ponto-de-Fogo”. Nas obras do autor N.A.Molina encontra-se constante referência a ditas práticas, o mesmo ocorrendo nos livros de Antônio de Alva e Antônio Alves Teixeira Neto.

 

Nome Mágico

 

Chamado também de Orukó, é o Nome Mágico que a pessoa adota após a Iniciação no Culto; também os Templos (Ilê) recebem um Orukó.

Folhas Mágicas

Camdomblé e seus similares tem como grande fundamento o uso mágico, litúrgico e medicinal das ervas, folhas, frutos, raízes e outros elementos vegetais. Portanto, seria necessário um volume de centenas de páginas para abordar, de forma adequada, o assunto. De qualquer forma, selecionei algumas folhas e frutos especiais, devido às suas particularidades: A) Folha de Pinhão Branco (Jatrofa Curcas) – usada para substituir o sangue animal nas oferendas a Exu; B) Folha de Acocô (Naelvia Boldos) – usada da mesma forma que a anterior, inclusive sobre a cabeça das pessoas, quando falta o animal a ser imolado para o Orixá; C) Folha de Iroco (Clorophora Excelsa) – usada como substituto do sangue animal nas oferendas, iniciações e assentamentos de Orixás; D) Noz de Cola ou Obi (Sterculia Acuminata) – usada em todos os rituais iniciáticos do Camdomblé, exceto no culto à Xangô, que recebe, ao invés desta, o E) Orobô, Orogbo ou Falsa Noz de Cola (Garcínea Guinetóides).

Tendo-se em vista o que foi dito acima, poderemos tornar nosso Camdomblé mais moderno, utilizando as Essências de Flores e de Ervas (Essências Florais) como se utilizam as folhas, frutos, Flores, raízes, etc.

E, também, substituindo muitos elementos por uma substância sua, dinamizada homeopaticamente. Creio que dinamizações de D-1 ou D-3 combinadas com dinamizações de 10MM seriam o mais adequado, unindo presença física e energética. E, para evitar o sacrifício animal ou a destruição de elementos naturais, pode-se preparar tais substâncias pelos meios radiestésico ou radiônico (ver a obra intitulada “MATERIALIZAÇÕES Radiestésicas”, de autoria dos Irmãos Servranx, que trata do uso do Decágono para reproduzir magicamente a energia de qualquer substância).

 

Banhos Energéticos

Abô ou Omieró (banho pronto e, em geral, putrefato) e Amací (banho fresco feito com ervas maceradas com água da chuva), são um dos mais ricos, complexos e deturpados (magicamente falando) aspectos dos Cultos Afro- Negros; os banhos devem ter apenas duas finalidades: Atração e Repulsão.

Conhecendo-se a natureza dos elementos a serem utilizados no banho, através do conhecimento das leis de analogia, pode-se preparar um banho dotado das características de Atração ou de Repulsão de qualquer tipo de energia. Só isso. Basta escolher qual (ou quais) o elemento da natureza adequado (água, ar, terra, fogo), impregná-lo (o banho) com o fluído Elétrico (para Repulsão) ou Magnético (para Atração), e está tudo pronto. De qualquer forma, a obra de Franz Bardon aborda o assunto com maestria.

Defumação

Vale aqui o que foi dito relativamente aos Banhos.

Podem atrair ou repulsar energias.

 

Assentamentos (de Orixás, Exus, Egums, Odus, etc.)

Chamadas em ioruba “Igbas” pu “Ibás”, os Assentamentos são essencialmente uma construção de um corpo físico não-animado, para receber determinada energia. Cria-se um Elementar Artificial com corpo físico.

Assenta-se Orixás, Exus, Egums (Cascarões de desencarnados), Odus, além de outras Entidades cultuadas no Camdomblé – Ikú, a Morte; Yiá-Mi-Oxorongá, o pássaro negro que personifica todas as feiticeiras e suas energias, entre outras -.

Os elementos, vegetais (folhas, ervas, raízes, madeiras, folhas, cascas, frutos, nozes, caroços), minerais (águas, argilas, barros, terras, rochas, cristais, gemas, metais, areias, calcário), animais – insetos, répteis, mamíferos, aves, peixes, aracnídeos, batráquios, etc – (sangue, peles, chifres, garras, unhas, falanges de dedos, pêlos, olhos, dentes, prêsas, línguas, víscera, ossos, testículos, fluidos, cabeças, etc.) e humanos (sangue de aborto, sangue de acidentado, sangue de morto, feto, unhas, crânios, falanges de dedos, dentes, cérebros, línguas, fluidos corpóreos – até mesmo sêmen e fluidos vaginais -, cabelos, fezes, urina, sangue menstrual, placenta, testículos, víscera, tíbias, ossos diversos, corações, etc.), além de objetos variados (facas, lâminas, navalhas, pembas, giletes, cacos de vidro, ladrilhos, pó ou poeira de lugares variados, folhas de jornais e revistas, pedaços de veículos acidentados, bebidas variadas, condimentos, tinturas naturais, o pó produzido pelos cupins, etc.), são colocados num jarro, porrão, panela ou vaso, misturados com cimento e água, posteriormente assentados em camadas. Daí, sacrificam-se os animais votivos sobre o assentamento, decora-se o mesmo com as insígnias ou os paramentos da Entidade, além de enfeitar os elementos de decoração com pedaços dos animais sacrificados – cabeça, asas, penas, patas, etc -, além de praticar-se atos litúrgicos diversos, incluindo orações, cânticos e louvações.

Tudo isso é muito forte, além de Energeticamente eficiente. Apenas creio que podemos realizar coisa melhor sem todo esse trabalho.

Francis King descreve, em diversas obras suas, coisas interessantíssimas e de grande utilidade mágica, como “O Casamento dos Homens com Os Deuses” e o “The Homunculus”; Aleister Crowley no seu “MAGICK” dá os fundamentos do Mistério da Eucaristia, entre outras preciosidades; Franz Bardon no seu “Initiation Into Hermetics” versa sobre os mesmos Mistérios Eucarísticos, além da criação de Elementares e Elementais Artificiais, Animação Mágica de Figuras e Esculturas, além de muito, muito mais; Pascal Beverly Randolph no seu “Magia Sexualis” (em especial na edição espanhola) descreve também a Animação Mágica de Figuras (imagens, pinturas, fotografias, desenhos); Peter James Carroll nos seus “Liber Null & Psychonaut” e “Liber Kaos”, descreve didaticamente outras práticas de muito interesse. Com esse material em mãos, o Mago tem condições plenas de criar seus próprios Assentamentos, sem ter de realizar práticas ou rituais primitivos, nem sacrificar animais ou trabalhar com materiais orgânicos perecíveis.

Para aqueles que desejarem realizar um assentamento no melhor sistema africano, purgando as bobagens, dou a minha versão da conjuração chamada de “Evocação ao nível da Feitiçaria”, de autoria de Peter James Carroll: Construir um boneco, de material proveniente da natureza, com as próprias mãos (contando, é óbvio, com as ferramentas adequadas); dar forma humanóide ou de algum ser real ou mitológico; utilizar, para a escultura, argila, ou tabatinga, ou barro, ou madeira, ou pedra; anexam-se gemas, cristais, rochas e metais que possuam correspondência energética com a energia que desejamos obter do assentamento; todos os materiais utilizados deverão ser purificados com água mineral, sumo de ervas Energeticamente compatíveis, defumação com substâncias adequadas, além de eventuais desimpregnações por meio de gráficos emissores de Ondas-de-Forma; o interior do boneco deverá ser ôco, aonde deverá ser derramado um condensador líquido universal, o que permitirá a “Animação Mágica” da figura, fato este que dará à mesma movimento…(ver Initiation into Hermetics, de Franz Bardon); vasos com flores energeticamente compatíveis poderão ser mantidos próximos do assentamento, o que manterá energia viva perto de nossa criação; símbolos geomânticos ativos, gravados no boneco, ajudarão a definir e manter a energia definida e sob controle; a decoração externa ou acabamento do homúnculo é livre, devendo-se, porém, evitar materiais perecíveis, derivados ou extraidos de cadáveres de animais ou seres humanos, pois, caso contrário, o assentamento emitirá energias nocivas no ambiente; tomar muito cuidado com o formato do boneco, para que o mesmo não emita RADIAÇÕES nocivas – deveremos, durante a execução do corpo físico da entidade, verificar radiestésicamente, todo o tempo, a qualidade das EMISSÕES; utilizando-nos dos pêndulos cabalísticos para efetuar esse controle, nosso boneco deverá emanar “A Terra”, “Sôpro de Vida”, “Espírito” e “Shin”, além de poder emanar (embora devamos ter cuidado com essa energia) “Magia”; quanto as EMANAÇÕES nefastas, que deveremos evitar a qualquer custo, estão “V-e” (Verde Negativo Elétrico), “Matar” (Vermelho Elétrico), “Necromancia”, “Forças-do-Mal”, “O Adversário”, “Shin” invertido, “Iavê” invertido, “Ilha-de-Páscoa”, “A Terra” invertido, figuras geomânticas nefastas, entre outras coisas; seria muito bom que nossa criação emitisse, além das energias harmônicas, a energia-invertida das energias nefastas; se nossa figura destinar-se a causar influência em terceiros, provavelmente emitirá “Magia” – nesse caso, mantê-la longe de áreas de repouso, trabalho ou lazer, num local aonde somente tenhamos acesso quando quisermos realizar um ato mágico, e não um local aonde se realize outras atividades; isto é, no quarto ou escritório, nem pensar!; a entidade trabalhará somente para o Mago, portanto, só deverá emitir radiações benéficas; realizado o corpo físico da entidade, dirigir-se a ela como se a mesma tivesse vida, conversando com a mesma, afirmando e reafirmando nossos desejos e pedidos, sempre dentro do mesmo âmbito; poderemos realizar vários assentamentos, para ter paz e harmonia, para repelir a má-sorte e acidentes, para proteger contra inimigos e malfeitores, para evitar acidentes e enfermidades, para atrair amor e amizade, para obter conhecimento de planos ocultos ou pessoas distantes, para atrair a prosperidade e a riqueza, entre muitas outras coisas; para melhor definir a envergadura de poder de cada entidade, podemos tomar por base as casas astrológico-geomânticas, que contém em si a energia de uma Egrégora poderosa; tudo isso feito, mentalizar a existência de nosso boneco também no mundo da mente, criando uma Imagem Telemática idêntica em aparência e atribuições ao boneco; e, para terminar, tudo quanto existe deve ter um nome, motivo pelo qual nosso boneco deverá ter um nome, se possível análogo às suas quantidades e qualidades, escolhido ou montado com cuidados numerológicos, visando evitar, entre outras coisas, que a criatura se volte contra o criador…

Tudo feito adequadamente, essa entidade artificial poderá, inclusive, ser invocada e evocada pelo seu criador. Agirá então, a entidade, como qualquer inteligência original. Obviamente, poderão ser criadas entidades artificiais para as mais diversas finalidades, mas, coisas nefastas atraem energias perigosas, e assim por diante. Bom senso faz bem.

Para os que preferem “assentar” Entidades não-antropomórficas, podemos utilizar um cristal de quartzo para “corpo” de nossa criação, uma vasilha de cristal translúcido como receptáculo (à lá Dr. Edward Bach). Areia no fundo, para firmar a base do cristal, condensador sólido sob o cristal, condensador líquido pincelado ou espargido sobre o cristal. Pode-se utilizar de Essências Florais para enriquecer o condensador líquido; sigilo ou pantáculo consagrado são uma boa idéia para potencializar o conjunto. Um “Cofrinho Emissor de Raio PY” para colocar-se os “pedidos” à Entidade. Uma pirâmide, que mantenha todo o conjunto dentro de sua geometria, pode manter a energia num nível surpreendente. Substâncias homeopaticamente dinamizadas poderão tornar o Elementar poderoso e versátil. Pode-se utilizar gráficos moduladores de ondas-de-forma para definir melhor a natureza e a envergadura da Entidade. Por outro lado, ao se querer cultuar os Orixás, pode-se realizar rituais simples como a queima de velas coloridas (compatíveis, é claro), ou até mesmo oferendas de ovos ou de rodelas de cebola, com uma vela acesa no centro da rodela de cebola. Só não se deve tentar “assentar” um Orixá, ou cultuar um assentamento, pois são coisas totalmente distintas e que não devem jamais ser misturadas. Por aí é que se vê que muita coisa que se faz no Camdomblé é cultuar Elementares, suponde se estar cultuando o próprio Orixá.

Para os desejosos em se aprofundar no assunto, ver a obra de Franz Bardon, “Initiation into Hermetics”, e a obra de Peter James Carroll, “Liber Kaos”.

A indicação da utilização de materiais orgânicos perecíveis, freqüentemente encontrada nas instruções para a construção do GOLEM, não trará nenhuma vantagem ao Mago que deseje executar assentamentos de Energias Afro; há exceções, mas devem ser deixadas para quem sabe o que está fazendo.

Para terminar o assunto, evitando induzir alguém em erro, é conveniente lembrar que não devemos tratar um assentamento como se fosse um ídolo. O assentamento não pode ser louvado como uma imagem sacra num altar de Igreja.

O assentamento é, na realidade, uma poderosa “Imagem Talismânica”, criada para tornar mais efetiva a concentração quando da “chamada” (Invocação ou Evocação) da respectiva Entidade.

 

Águas

São utilizadas em praticamente todos os tipos de rituais, tendo especial importância devido a procedência (de poço, de chuva, de praia, de alto mar, de rio, de vala, de cachoeira, de lago, de açude, etc.). Seu uso é tanto interno quanto esterno.

 

Pedras

São importantes devido ao uso litúrgico, sendo o elemento principal da maioria dos assentamentos (são chamadas Otá ou Okutá). Nas pedras reside a força dos Orixás, e nelas devem concentrar-se o Culto, segundo a tradição religiosa. Pena não haverem utilizações mais amplas e práticas das pedras no Camdomblé, além da falta de conhecimento relativo às virtudes terapêuticas e mágicas das mesmas. De qualquer forma, há um Culto às Pedras, e isso é importante! E os cristais de quartzo são pedras! – Metais: diferentemente das pedras, os metais, no Camdomblé, tem papel coadjuvante apenas, tendo cada Entidade seus metais correspondentes, mas o conhecimento do assunto no meio é tão superficial que nada há para dizer.

 

As receitas (inflexíveis e complexas)

Peter James Carroll, brilhante autor e ocultista britânico, diz, em suas obras, que, se um ritual é tão complexo que precisamos escrevê-lo detalhadamente para não cometermos deslizes, esse ritual precisa, urgentemente, ser simplificado, de forma que caiba todo na cabeça! É exatamente assim que penso. Os Ebós utilizados no Camdomblé são como receitas de bolo: detalhados até na quantidade de cada elemento! Claro está que a tradição tem seu lugar, mas esse lugar é no folclore ou na religião, não na Magia e no Hermetismo. Para elaborar as próprias “receitas mágicas” seja lá do que for, o Mago deve conhecer as leis de analogia, bastando decidir se deseja atrair uma Energia, repulsá-la, influenciar alguém (ou a si mesmo) com a Energia Elemental escolhida, ou tratar uma enfermidade pelos fluidos eletro-magnéticos. Para aprofundar-se no assunto, ver as obras de Franz Bardon.

Só para deixar claro, os tópicos para que um “trabalho” funcione são: 1) vontade do operador; 2) invocação ou evocação de alguma Entidade cuja envergadura e natureza do poder permita realizar o que se deseja; 3) direcionamento da energia invocada, evocada ou criada.

Divinação

No Camdomblé, é feita utilizando-se da Geomancia. Há o Jogo da Alobaça (praticada com uma cebola cortada em quatro), o Jogo de Búzios (praticado com quatro ou dezesseis búzios da espécie “Ciprae Moneta” e seus semelhantes) e o Opelê-Ifá (praticado com o Opelê). Dividi-se essas práticas em divinações litúrgicas e profanas. O método Afro, apesar de rudimentar, é preciso e com ele obtem-se bons resultados. Só é necessário ater-se à interpretação da Geomancia Racional, descartando a interpretação clássica, por esta última ser insuficiente e inadequada, além de basear-se em parâmetros equivocados.

 

Criação de Zumbis

Aviva-se um cadáver físico de alguém, cria-se um Elementar Artificial, colocando-se o mesmo “dentro” do cadáver, que então terá novamente vida, muito embora de forma distinta. Mas esse processo é trabalhoso, perigoso e de conseqüências imprevisíveis.

 

Paramentos

São as roupas e insígnias dos Orixás e outros, que mostram clara distinção dos Arquétipos aos quais se deseja vinculá-los.

 

Armas

Vale aqui o que disse no item “paramentos”.

 

Fundamentos de Ifá

São os fundamentos da Geomancia e da Magia Geomântica.

 

Animais

Os Animais Sagrados são considerados Animais Votivos, e imolados em holocausto aos Orixás e Exus; uma deturpação do sentido verdadeiro tanto das correspondências das Entidades com os animais, quanto com relação a função dos sacrifícios animais.

 

Plantas

O mais importante item da cultura mágica Afro, pois as plantas são usadas em todos os rituais, da Iniciação aos funerais, da Magia à terapêutica. Há muito o que aprender sobre fitoterapia com o Camdomblé.

 

Efó

São os encantamentos recitados em Ioruba, que acompanham todos os rituais. Podem ser recitados ou cantados.

 

Evocação, Louvação

É o que se pratica quando se oferece algo (Ebó) à Entidade, pedindo sua proteção ou intervenção.

 

Invocação

É o que se chama “virar no santo” ou “bolar no santo”. Consiste em “receber” a Energia do Orixá de forma passiva, deixando-se usar como instrumento da Entidade.

Talismãs

São os “fios de contas”, “Axés” – breves -, alianças de cobre, pós mágicos dentro de saquinhos de tecido, entre outras coisas. A Magia Pantacular inesiste no Camdomblé.

Mangaka

É o bonequinho todo cravejado de pregos. Consiste simplesmente numa estátua animada magicamente, que contém, em seu interior, um condensador líquido. São cravejados nela inúmeros pregos. Quando se tira um prego, se condensa o desejo no mesmo, enfiando-se a seguir de volta no bonequinho.

Assim, o Homúnculo agirá de acordo com a vontade do Mago. É originário do Congo, atual Zaire.

Música, Ritmos e Cantos

Elementos de suma importância nos rituais Afro, aonde as emoções são expressadas livre e primitivamente, facilitando a atuação da Energia Evocada ou Invocada.

Consagrações

São práticas litúrgicas usadas sempre, em tudo. Os rituais em geral são simples, mas eficazes.

Ebós com Animais

São feitos com partes dos animais (intestinos, por exemplo), que recebem o testemunho da vítima, Condensadores Sólidos e/ou Líquidos, sendo posteriormente enterrados; aí, passado um tempo, o efeito se fará sentir por ação do Elemento Terra (por decomposição).

Há alguns tipos de Ebós que utilizam animais vivos (sapo com a boca costurada, cabra, porco ou coelho com caranguejo vivo costurado dentro do ventre, lagartixa ou caranguejo enrolado em filó), aonde se colocam o testemunho da vítima junto com elementos que farão o animal sofrer lenta e terrível agonia; aí, o que ocorre, é que o animal (sempre) emite Ondas Biológicas (as Ondas utilizadas para diagnóstico e tratamento em Tele- Terapias, Radiestesia e Radiônica), emitindo-as, no caso, permeadas de dor e sofrimento terríveis. Junta-se nessa emissão de Ondas Biológicas do animal a Energia também de Ondas Biológicas da vítima, através de seu testemunho (o Testemunho liga-se a seu “dono” por meio do Raio-Testemunho, o raio que liga a pessoa aos seus pedaços ou imagens). Atingido o alvo, é claro que o resultado será desastroso.

 

Assentamentos de Odus

Assenta-se a Energia das Figuras Geomânticas, da mesma forma que se faz com as outras Energias. O principal problema que se enfrenta aqui é que as interpretações das figuras geomânticas dentro do Camdomblé (e seus similares) é sempre ambíguo, tendo sempre aspectos bons e ruins. Uma reformulação é necessária, para desmanchar esse verdadeiro labirinto.

Só uma dica: pode-se fazer a fixação da energia das figuras geomânticas por meio de um simples Pantáculo! Para que tanto trabalho? Sobre Pantáculos, ver a obra de Franz Bardon.

 

Magia Sexual

Inexiste nos cultos Afro, exceto no Vudú Haitiano. Mesmo assim, está muito aquém de algo realmente prático e eficiente. Ver a obra “Magia Sexualis” de Pascal Beverly Randolph.

 

FT e FPA

Forças das Trevas e Forças Psíquicas Assassinas são dois conceitos metafísicos que definem a Energia da Magia maléfica Afro. Desse prisma, podem ser eliminadas pela Radiônica ou Ondas-de-Forma.

 

Boneco Vodu

 

O clássico bonequinho cheio de alfinetes é simplesmente um boneco de cera, madeira ou pano, com diversos elementos da vítima, que, por práticas ritualísticas, passa a ser um Testemunho Artificial Vivo da vítima; deve ser Animado Magicamente, batizado (utilizando-se da Egrégora do Batismo), posteriormente deixado para “Saturar de Energia” (deixado enterrado por toda uma lunação), o que fará com que o que for feito ao bonequinho cause algum efeito na vítima; daí, se espeta o boneco com alfinetes de aço, devidamente impregnadas com nosso desejo. E o desejado deve ocorrer, em breve. Quando se deseja a morte da vítima, se enterra o bonequinho, com caixão e tudo, reproduzindo um verdadeiro funeral (utiliza-se da Egrégora do Funeral, Enterro). Todas essas práticas podem ser classificadas como de “transplantação” ou “Magia Mumíaca”. Sobre o assunto, ver a obra completa de Franz Bardon (em especial o capítulo VIII do “Initiation Into Hermetics” e o “The Practice of Magical Evocation” em sua totalidade).

Podem ser utilizados, também, em magia benéfica, ou até mesmo em magia de proteção – criando-se, por exemplo, várias égides nossas, deixando-as em locais diversos, visando dispersar ataques mágicos desferidos contra nós.

Sobre isso, ver os livros de Frater U.D., sobre Sigilização Mágica e Magia Sexual.

 

Ferros dos Assentamentos

Usados sobre a massa do assentamento, emitem Ondas-de-Forma análogas às qualidades da Entidade.

 

Importância do Ovo

 

É um dos principais fundamentos da Cultura Mágica Afro, conforme disse antes. Só por curiosidade, o ôvo tem a capacidade de sugar Energias nocivas das pessoas, locais e objetos, quer seja pela colocação do mesmo junto a um testemunho da vítima, ou por passá-lo na própria pessoa (ou colocado no local) alvo da Energia nefasta. Se, após impregnado e saturada de dita Energia, for enterrado, o efeito da Energia some, e a mesma se dissipa nos Elementos. Se, porém, for atirado longe, de forma a espatifar-se, a Energia retorna a quem a enviou…e bem rápido! É importante, porém, frisar, que a Energia “sugada” pelo ovo pode, facilmente, passar para o operador, num instante! Além disso, há práticas místicas que transmutam a Energia natural do ovo em outra coisa; por exemplo, há uma “cantiga” que permite dar, ao ovo, a mesma Energia de um galo vivo! Dessa forma, ao se ofertar o ovo, se entrega à Entidade um galo! Só um alerta importante: NÃO TRABALHEM COM OVOS, sem um prévio conhecimento sobre o assunto.

Estejam avisados!

Troca-de-Cabeça

É a troca da vitalidade do enfermo ou do moribundo pela energia de outro ser, saudável e vigoroso.

Eu aconselho fazer-se com ovos, pedras ou plantas; no Camdomblé se faz com animais; há quem faça com pessoas…

Círculo Mágico

Só aparece na divinação, quer seja na peneira ou no colar de contas (Jogo dos Búzios), ou ainda no Opón, tábua de madeira usada na divinação por Ifá.

 

Tarot

 

 

Inexiste a tradição do uso de cartas para divinação ou meditação, mas já existe um Tarot do Voodoo de New Orleans, e um Tarot dos Orixás, da editora Pallas.

 

Proteção contra ataques psíquicos

 

 

Práticas inexistentes nos Cultos Afro.

 

Espelhos Mágicos

 

 

Existem, mas muito rudimentares, e em pequeno número; são mais comuns em Cuba. Ver obra de Franz Bardon e Pascal Beverly Randolph.

Uso de Testemunhos

 

Nos Cultos Afro, se utiliza muito, para Magia a distância, algum Testemunho (no sentido radiestésico) da pessoa visada. Para os Camdomblecistas, são testemunhos válidos quaisquer sinais da pessoa (sangue, urina, fezes, cabelos, aparos de unhas, esperma, SECREÇÕES vaginais, saliva, suor), sua foto (apesar que muitos Sacerdotes do Culto não gostam muito de trabalhar com fotos, enquanto outros exigem fotos novas – tudo bobagem, pois foto é um excelente testemunho, não importa a idade nem o tamanho), a roupa usada e suja (em especial as roupas íntimas e as meias), fronha do travesseiro, sapatos, palmilhas, assinatura, e, até mesmo, a pegada da pessoa – a terra aonde ela pisou ou o pó do local aonde pisou – , o que eu acho muito arriscado para um uso sério.

De qualquer modo, mesmo em se tratando de testemunhos válidos, a falta de cuidados no manuseio dos mesmos pode invalidar o ato mágico. Muito melhor contruir-se testemunhos artificiais do que trabalhar com um testemunho de valor energético duvidoso.

Assim, podemos observar que o Camdomblé navega num mar da mais profunda ambiguidade.

Enquanto suas práticas iniciáticas são decididamente shamânicas do lado do Iniciando ou Iniciado (ao menos durante seu período como Iaô), as mesmas práticas, isto é, as práticas complementares àquelas, mas realizadas pelo Iniciador, são claramente do nível da feitiçaria.

Na Geomancia, rica e elaborada, com um panteão próprio (uma vez que todos os Odus tem suas representações antropomórficas), o método de praticála é sempre simplificado, utiliza-se de instrumentos primitivos sem nenhum significado oculto, ignora-se as fusões das figuras, que portanto são 256 ao invés de apenas 16; essas, por sua vez, variam quanto a natureza da energia a todo momento, ora significando benesses, ora o oposto – e isto a mesma figura! Por exemplo, tomemos a melhor figura geomântica, no domínio energético e sutil, “Laetitia”, 1222; no Camdomblé, é o melhor Odu, “Obará”, 1222. No Camdomblé, Obará prenuncia riquezas (atribuição de Fortuna Major, 2211), promete que seus filhos nascem pobres mas morrem ricos. Obará só tem um aspecto nefasto: seus filhos são os mais sujeitos a feitiços, inveja, olho-grande e coisas afins. Laetitia significa “alegria”, simbolizada por uma barraca, que provê a proteção do céu. Ou a bobagem foi pura burrice, ou é coisa de painhos querendo faturar…

A Geomancia Afro é mais uma forma de Astrologia Horária; como todas essas, não possui um “evolutivo”. Somente a nossa “Nova Geomancia” a Geomancia Racional, possuí o “evolutivo”, obtido através da rotação das casas, resultado do resto na operação de divisão do total de traços obtidos por doze (ver obra do Panisha sobre o assunto).

Outras figuras de manifesta ambiguidade são o Odu Oxé e a figura Amissio (perda), 1212; como Odu, significa riqueza, mas como figura geomântica significa empobrecimento e, até mesmo, a morte. O Odu Oyekú, o Odu da morte (Oyá-Ikú), em nada corresponde a Populus, embora ambas tenham a mesma figura numérica, 2222. O Odu Odí é tido como o pior dos Odus, enquanto que a figura de Carcer é uma figura de entraves, tendo seu aspecto bom na casa 12 (entrava os acidentes, obstáculos e doenças), e algumas vezes bom na casa 8 (entrava as mudanças, mas também a morte). Isso só para começar. Mas basta de Geomancia.

O Camdomblé possuí um dos mais belos e ricos panteãos de Deuses jamais conhecidos, embora muitos aspectos de relevância tenham se perdido ao longo do tempo. E com a ausência desses elementos fica muito complicado encontrar as corretas atribuições com Deuses de outros panteãos, bem como com a Árvore da Vida. Aspectos relativos a sexualidade, tão patentes entre os Deuses da Índia, são praticamente ausentes entre os Deuses Afro, ou, quando presentes, seus dados são por demais perfunctórios, tornando sua utilização mágica muito arriscada. Creio que o resgate do “elo perdido” é necessitado com urgência.

Como se não bastasse o que relatei acima, temos, no Camdomblé, práticas mágicas do nível da feitiçaria, com alguns poucos toques de shamanismo. Curioso é que muitos praticantes do Camdomblé creem que, para que a Magia funcione, é necessário ter-se o auxílio de um “parceiro astral”, um Exu ou um Egum, devidamente assentado, com todos os Ossé (tratamentos e obrigações) em dia (portanto, potencializado). Quer dizer, o Exu (ou o Egum) deve existir tanto no plano físico, através do assentamento (ver Evocação ao nível da Feitiçaria), como nos planos sutis, pela manutenção da imagem mental da entidade (ver Evocação ao nível do Shamanismo).

E, para encerrar com “Chave-de-Ouro” o assunto, uma verdadeira barbaridade, prova cabal da profunda ignorância daqueles que se dizem detentores dos Fundamentos do Culto: definem os Orixás como sendo Elementais! Seria bom que essas pessoas estudassem um pouco de Mitologia, Arquétipos, Egrégoras e Elementais, para saírem do poço de ignorância que está destruindo o último Culto Vivo aos Deuses Internos do Homem, o Camdomblé!

Trocando em miúdos, na Umbanda e na Quimbanda, se pratica e Invocação Mágica (a qual se chama de Incorporação), e a Evocação Mágica – quando se busca, pelas oferendas compostas de velas coloridas, bebidas, charutos e outras coisas, criar uma atmosfera propícia à manifestação da Entidade – , quando então se pede à Entidade o que se deseja.

Já as oferendas no Candomblé – Ebós – tem dois aspectos distintos, o primeiro sendo a criação de uma atmosfera propícia à manifestação da Entidade, e o segundo a criação de Elementares, para a execução de operações mágicas. Nada, aliás, que não se consiga repetir por outras dezenas de métodos mais simples, práticos e baratos – o que, porém, não invalida a tradição. Praticar o Camdomblé com artigos importados da África ou da Nigéria é tão absurdo quanto importar gêlo das geleiras dos polos ou neve da América do Norte ou Europa para realizar rituais da Wicca adequados ao inverno…

É lamentável constatar que o Candomblé, religião Thelêmica, Sistema de Magia antes de tudo Pragmático, foi transformado num culto vazio, pobre, custoso e dominado por pessoas ignorantes, inescrupulosas e mercantilistas.

Apêndices

 

 

“CAMPO DE ATUAÇÃO, CORES VOTIVAS E SAUDAÇÕES AOS ORIXÁS

 

 

OXALÁ: paz, harmonia, longevidade, velhice, vitória;
– “XEU EU BABÁ!” (para o Velho – OXALUFÃ)
– “ÊPA BABÁ!” (para o Moço – OXAGUIÃ, e outras qualidades)
> branco, algumas vezes branco e azul;

XANGÔ: justiça, conquista, vitória, amor, sexo, lar, trabalho, riqueza;
– “OXÉ CAÔ CABIECILE!”
> branco e vermelho, algumas vezes só vermelho;

XANGÔ AFONJÁ: ídem Xangô.
> branco e vermelho;

XANGÔ AYRÁ: ídem Xangô, além de intelectualidade.
> branco, algumas vezes branco e vermelho;

XANGÔ AGANJÚ: ídem Xangô.
> marrom e vermelho;

OGUM: guerra, vitória, trabalhos manuais, habilidades;
– “OGUNHÊ PATACURÍ!”
> azul-escuro, azulão;

ABALUAIÊ: saúde, doenças, morte;
– “AJUBERÚ, ATÔTÔ!”
> branco e preto, preto e vermelho, preto e amarelo, branco-preto-vermelho;

OXUMARÉ: riqueza, boa sorte;
– “ARRÔBÔBÔI!”
> preto e amarelo;

EXÚ, BÁRA, ELEGBARÁ, LEGBÁ, BOMBOMGIRA: tudo;
– “LARÔIÊ EXÚ, EXÚ É MOJIBÁ!”
> preto, vermelho, branco e roxo, algumas vezes preto e vermelho, ou branco;

ERÊ: alegria, paz, harmonia, infância;
– “ERÊ-MIM!”
> azul-claro, ou rosa-claro, ou branco, ou dourado, ou verde-claro;

OXÓSSI: caça, amor, fartura, agricultura;
– “OKÊ ARÔ!”
> azul-claro;

NANÃ: morte, saúde, longevidade;
– “SALÚBA, NÂN!”
> roxo e branco, algumas vezes só branco;

OXUM: amor, sexo, boa sorte, riqueza, prosperidade;
– “ÓRÁIÊIÊO!”
> dourado, algumas vezes dourado e branco;

IEMANJÁ: harmonia, paz, lar, prosperidade, fartura;
– “ÔDÔIÁ!”
> branco ou incolor, algumas vezes azul-claro, outras azul e branco;

OBÁ: justiça, amor;
– “ÔBÁ XIRÊE!”
> vermelho, algumas vezes coral;

OYÁ: sexo, amor, guerra, os mortos;
– “ÊPARRÊI!”
> coral, algumas vezes vermelho, outras vermelho e coral, ou coral e branco;

IRÔCO: hemorragias;
– “IRÔDEGÍ!”
> cinza;

YEWÁ: visão, vidência;
– “RIRÓ!”
> amarelo e vermelho;

OSSÃE: ervas, saúde, medicina, alquimia, magia;
– “EUEU ASSA!”
> branco e verde;

TEMPO: o tempo, as forças da natureza;
– “ZÁRA, TEMPO!”
> amarelo e vermelho;

LOGUM-EDÉ: amor, sexo, caça;
– “LÓSSI, LÓSSI, LOGUM!”
> azul-claro e dourado;

IFÁ: destino, futuro, segredos;
– “ODÚDÚA DÁDÁ ÔRÚMILÁ – AXÉ IFÁ!”
> verde e amarelo;

YIÁ-MÍ-OXORONGÁ: magia-negra;
– “AXÉ!”
> preto;

AJÊ: riqueza, fartura, prosperidade;
– “AXÉ!”
> dourado e prateado;

EXÚ DE QUIMBANDA/POMBA-GIRA DE QUIMBANDA: tudo;
– “LARÔIÊ!”
> preto e vermelho, algumas vezes preto-branco-vermelho

 

CORRELAÇÃO DE NOMES NOS CULTOS AFROS

 

Segue os nomes respectivamente de ORIXÁ (ALAKETU) VODUM (GÊGE) e INKICE (ANGOLA)

OXALÁ OLISASSA LEMBA-DI-LÊ
XANGÔ SOBÔ, BADÊ ZAZE
OGUM GU ROXIMOCUMBI
IBÊJE ERÊ VUNJI
EXÚ BÁRA, ELEGBARA, LEGBÁ BOMBOMGIRA
OMOLÚ, OMULÚ {XAPANÃ, SAPATÁ, AZOANÍ, KIKONGO, CAJANJÁ
{BABALUAIÊ, INTÔTO
OXUMARÉ, OXUMARÊ {BESSÉM, ABESSÉM, SIMBÍ, {ANGOROMÉIA,
{DAMBALAH, SOBOADÃ {ANGORÔ
OXÓSSI, ODÉ ODÉ, AGUÊ KIBUCOMOTOLOMBO
{NANÃ, NANÃ BURUKÚ, TABOSSI RADIALONGA
{ANÃBURUKÚ
OXUM AZIRÍ KISSIMBÍ
{IEMANJÁ, YEMONJÁ, INAÊ, MARBÔ {JANAÍNA, MUCUNÃ,
{YIÊMÔNDJÁ {KAIALA, KIANDA,
{OLOXUM
YANSÃ OYÁ KAIONGO
TEMPO TEMPO KATENDE
IRÔCO LÔCO LÔCO
IFÁ FÁ IFÁ
YEWÁ YEWÁ YEWÁ
YIÁ-MÍ-OXORONGÁ AJÉ, ADJÉ, OXÔ ADJÉ
AJÊ, ADJÊ ADJÊ-XALÚGA AJÊ

 

OS ARCANOS MAIORES DO TAROT E OS ORIXÁS

 

ARCANO ORIXÁ
0 O LOUCO IAÔ – O INICIANDO
I O MAGO OSSAIN
II A GRÃ-SACERDOTISA NANÃ
III A IMPERATRIZ IEMANJÁ
IV O IMPERADOR XANGÔ
V O PAPA/O HIEROFANTE OXALÁ
VI OS NAMORADOS OXÓSSI
VII O CARRO OGUM
VIII A JUSTIÇA OBÁ
IX O HEREMITA/O HERMITÃO OMOLU
X A RODA DA FORTUNA IFÁ
XI A FORÇA OYÁ
XII O PENDURADO/O ENFORCADO LOGUM-EDÉ
XIII A MORTE ÉGUM
XIV A TEMPERANÇA OXUMARÊ
XV O DIABO EXÚ
XVI A TORRE TEMPO
XVII A ESTRELA OXUM
XVIII A LUA YEWÁ
XIX O SOL IBEJI
XX O RENASCIMENTO/O JUÍZO BABÁ-ÉGUM
XXI O MUNDO O ÔVO CÓSMICO DE DAMBALLAH E AYIDA

 

OS ODÚS E O JOGO DOS BÚZIOS

Segue i jogo com dezesseis búzios – “merindilogum”

nº de búzios abertos * figura geomântica * nome em latim  * nome em yoruba

0 * nenhuma * nenhum * Opira
1 * 1111 * Via * Ogbé ou Ejí-Onile
2 * 1112 * Cauda Draconis * Ogundá
3 * 1121 * Puer * Iretê ou Mejioco
4 * 1122 * Fortuna Minor * Irossum
5 * 1211 * Puela * Oturá ou Ejí-Oligbon
6 * 1212 * Amissio * Oxé
7 * 1221 * Carcer * Odí
8 * 1222 * Laetitia * Obará
9 * 2111 * Caput Draconis * Ossá
10 * 2112 * Conjunctio * Iwóri ou Obetegundá
11 * 2121 * Aquisitio * Ofum
12 * 2122 * Albus * Iká
13 * 2211 * Fortuna Major * Owanrin
14 * 2212 * Rubeus * Eji-Laxeborá ou Oturupon
15 * 2221 * Tristitia * Okaran
16 * 2222 * Populus * Aláfia ou Oyekú

 

por J. R. R. Abrahão

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-gnose-afro-americana-e-o-candomble-gnostico/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-gnose-afro-americana-e-o-candomble-gnostico/

Basilisco

O Basilisco é uma criatura mitológica com cabeça de ave e corpo de serpente, importante como símbolo na Alquimia e na Magia.

Existem três tipos de Basiliscos:

– O primeiro e mais mortal é chocado de um ovo de galinha por uma serpente; tem a cabeça de um galo com boca de sapo e o corpo de um dragão com pés de galinha, assim como olhos de Górgona que podem matar com um olhar. Este Basilisco tem aproximadamente o tamanho de uma galinha, não tem asas e tem penas curtas na cabeça, pescoço e costas. A única maneira de matá-lo é fazer com que ele olhe para seu próprio reflexo em um espelho de preferência feito de aço.

– O segundo tipo de Basilisco é feito magicamente com ervas e é venenoso.

– O terceiro tipo é inofensivo e existe nas minas. Ele tem a cabeça e os pés de uma galinha, a cauda de uma serpente e olhos bonitos. É preto carvão e tem asas brilhantes, sobre as quais podem ser vistas veias. Seu óleo e água são valiosos para os alquimistas, que às vezes encontram joias dentro de sua cabeça.

O Basilisco é um símbolo de sabedoria e é frequentemente mostrado devorando um humano. Para os antigos, ser devorado pela sabedoria significa esclarecimento, gnose e iniciação nos mistérios. O Basilisco também está relacionado ao deus gnóstico Abraxas, governante da magia e dos poderes espirituais no universo, que é retratado na arte como tendo a cabeça de um galo ou leão e o corpo de um homem com pernas que terminam em serpentes ou escorpiões.

O cristianismo demonizou o Basilisco como um símbolo do diabo.

***

Fonte:

The Encyclopedia of Magic and Alchemy, por Rosemary Ellen Guiley.

Copyright © 2006 by Visionary Living, Inc.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/basilisco/

Pitágoras, o Grande Iniciado

Pitágoras foi um dos vultos mais elevados deste ciclo de civilização. Nasceu na ilha de Samos, na Jônia (Grécia) no ano 585 AC. Quando ainda criança ele foi levado para residir no Líbano, onde um sacerdote disse à sua mãe: “Ó mulher Jônica, teu filho será grande pela sabedoria; os gregos já possuem a ciência dos deuses, mas a ciência de Deus só se encontra no Egito”. Sua mãe, então, resolveu mandar o jovem Pitágoras para o Egito a fim de obter a sua iniciação.

Portador de uma carta de apresentação endereçada ao Faraó Amasis, Pitágoras chegou ao Egito e foi pelo próprio faraó recomendado aos sacerdotes de Menfis que o aceitaram com reservas. Em Menphis o jovem submeteu-se com inquebrantável vontade às provas iniciáticas. Sua iniciação completa durou 22 anos. Foi após esse longo tempo de preparação que ele teve uma visão sintética da essência da vida e das formas, compreendendo a involução do espírito na matéria ( a queda ), mediante a criação universal e a sua evolução ( ascensão ) rumo à unidade pela criação pessoal, que se chama desenvolvimento da consciência.

Ainda estava Pitágoras no Egito por ocasião em que Cambisses invadiu aquele país, levando os dirigentes como escravos. Assim, Pitágoras acompanhou os escravos para a Babilônia onde foi iniciado nos conhecimentos deixados por Zoroastro (Fundador do Mazdeismo, a religião predominante na Pérsia).

Os sacerdotes egípcios tinham altos conhecimentos das ciências sagradas, mas eram os magos persas os que tinham os maiores desenvolvimento nas práticas mágicas, na manipulação das leis ocultas da natureza. Diziam-se capazes de dominar as potências ocultas da natureza, que denominavam de o fogo pantomorfo e de a luz astral. Há registros que dizem que nos templos persas as lâmpadas ascendiam-se por si, deuses brilhavam com luzes desconhecidas, surgiam raios e trovões. Os magos denominavam “leão celeste”, “fogo incorpóreo”, o gerador daqueles raios.

Por certo os sacerdotes tinham conhecimentos e dominavam muitos fenômenos elétricos, gerando de alguma forma eletricidade. Também mantinham controle sobre fenômenos atmosféricos despertando correntes elétricas na atmosfera e manipulações magnéticas desconhecidas das pessoas da época, muita ainda desconhecidas da ciência atual.

Os sacerdotes da Babilônia tinham grandes conhecimentos do poder sugestivo, atrativo e criativo da palavra humana.

Assim, na Babilônia, Pitágoras penetrou nos arcanos da antiga magia persa. A religião da Pérsia, embora já totalmente degenerada naquela época, mesmo assim ainda havia um grupo de iniciados unidos defensor de uma autêntica ciência oculta. Iniciados que defendiam a sua fé e também a Justiça, e secretamente enfrentavam os déspotas, fascinavam, muitas vezes dominavam o poder absoluto dos governantes.

Depois da iniciação egípcia e caldaica Pitágoras, ainda jovem, já sabia mais que todos os seus mestres e do que qualquer grego de seu tempo. Durante todos aqueles anos ele tomou ciência de fartos conhecimentos secretos, tornando-se sabedor da verdadeira natureza da humanidade e de grande parte da sua verdadeira história, de tudo aquilo que a “conjura do silêncio” a todo custo tentava ocultar ou que havia deformado. Sabia sobre religiões, continentes e raças totalmente desaparecidas.

Com o seu enorme conhecimento ele teve condições de fazer estudo comparado de todas as religiões tanto ocidentais quanto orientais. Estava consciente da força negativa e do obscurantismo importo pela “conjura” que havia imposto sua pesada mão e jugo aos egípcios, e depois à própria Babilônia e Pérsia (onde esteve por cerca de 12 anos). Pitágoras prevendo que o passo seguinte seria a Europa se antecedeu e voltou à Grécia, de onde havia passado cerca de 34 anos ausente.

Voltando à Grécia teve a alegria de ainda encontrar com vida o seu Primeiro Grande Mestre, assim com a sua mãe. Sabedor que o próximo passo do domínio da conjura seria a Grécia tomou a decisão de partir para um lugar onde pudesse fundar uma escola iniciática para legar à humanidade muitos conhecimentos, entre eles os matemáticos, dos quais o mais conhecido é o “Teorema de Pitágoras”. Juntamente com a sua mãe foi se fixar em Crotona no golfo de Tarento na Itália Meridional. Ele pretendia fundar um centro, não apenas para ensinar a doutrina esotérica a um grupo de discípulos escolhidos, mas também para aplicar seus princípios à educação, à mocidade e à vida do Estado. Pretendia fundar uma instituição com a intenção de ir transformando aos poucos a organização política das cidades e estados. É compreensível que bastaria isso para acirrar ódios e perseguições.

Grande matemático, Pitágoras legou importantes conhecimentos à humanidade, e por outro lado foi também um místico proeminente. Estabeleceu um sistema político, além do movimento religioso e educativo e que foi considerado aristocrático e ditatorial. Platão, assim como Aristóteles foram discípulos da Escola Pitagórica. O que Platão escreveu na sua obra “A Republica” teve como base os ensinamentos da Escola Pitagórica.

Pitágoras, por defender o principio da autoridade, hoje seria tido como um ditador, como um opressor, mas na realidade nada disso é verdade, o que pode ser comprovado pelos seus atos pessoais, como veremos depois. Na realidade ele defendia acirradamente o principio da autoridade, e não podia ser diferente. Ele fora iniciado em escolas iniciáticas em que havia uma rígida obediência hierárquica e vivido sobre regimes títeres e escravagistas. Como já dissemos em outras palestras o sistema iniciático era muito rígido como uma forma de defesa contra a mão impiedosa da “conjura”. Também se deve ter em conta que as escolas iniciáticas do Egito descendiam da Civilização Atlântida onde o poder era controlado com rigor pela religião e pela ciência e vice-versa.

O sentido de ordem e respeito estabelecido por Pitágoras, propugnador de um estado hierárquico, fez com que muitos o perseguissem. Se, por um lado, ele tinha uma plêiade de seguidores e de admiradores, também ocorria o inverso, como uma decorrência de Crotona ser uma cidade já degenerada por vícios, com forte tendência à vida voluptuosa, como acontecia na vizinha Sibaris, tida como uma das mais devassas cidades daquela época. Suscitou uma verdadeira revolução nos costumes. Procedia mais como um mágico do que como um filósofo. Reunia os rapazes no templo e com sua eloqüência conseguia afastá-los da vida debochada de então, fazia com que abandonassem até mesmo as suas vestes luxuosas. A beleza da sua fisionomia, a nobreza da sua pessoa, o encanto dos seus traços e da sua voz, concorriam para o fascínio que exercia sobre as pessoas, de modo que as mulheres o comparavam a Júpiter, os rapazes a Apolo.

O Senado de Crotona – o Conselho dos Mil – então começou a se preocupar com o prestígio de Pitágoras e por isso ele foi intimado a dar explicações sobre a sua conduta. Nesta fase foi quando ele criou um Instituto para atender aos seus discípulos. Uma confraria de iniciados com vida comunitária, onde havia um sistema iniciático exigente. Dizia Pitágoras: “Não é qualquer madeira que serve para fazer-se mercúrio”.

No Instituto Pitagórico dava-se grande importância também ao lado físico, por isso era cultivada a prática de ginásticas e exercícios diversos. Ali os que tentavam a iniciação antes tinham que passar por provas sérias, muitas vezes sarcásticas; passava até mesmo por humilhações, cujo objetivo era evidenciar o verdadeiro desejo de saber e a sinceridade do iniciando. Isso gerou inimigos entre os noviços fracassados. Um deles, o Cilon, mais tarde amotinou o povo contra os pitagóricos, levando a cabo o incêndio e o saque do Instituto em que os principais dirigentes morreram e dizem que o próprio Pitágoras. (Dizem que ele conseguir escapar com vida juntamente com uns poucos adeptos).

As controvérsias existentes em torno dos ensinamentos pitagóricos, sobre suas idéias e ensinamentos motivaram ódios tanto por parte do povo quanto dos governantes. Incitados por Cilon isto motivou a destruição do Instituto, mas como não se mata facilmente uma idéia os ensinamentos perduraram por mais de dez séculos e ainda existem até o presente.

Com o intuito de serem evitadas perseguições às pessoas, durante séculos os ensinamentos pitagóricos foram sendo transmitidos através de confrarias e sociedades secretas, entre essa a célebre Ordem Pitagórica que subsiste até hoje funcionando de forma oculta, com caráter rígido de seleção e mantendo um sistema iniciático bem rigoroso. É uma dessas ordens secretas em que não se chega à ela diretamente, mas somente por indicação de outras ordens preliminares. Por outro lado existiram e existem ainda muitas organizações que se intitulam de pitagórica por estudarem a doutrina, mas que na realidade não são autênticas. Algumas estudam com sinceridade e honestidade os princípios pitagóricos mesmo que não mantenham vínculos diretos com a ordem original; mas por outro lado também existem aquelas que usurpam o nome apenas, que nada sabem, nada ensinam de autêntico e quando não, apresentam ensinamentos outros com intenções espúrias.

Por José Laércio do Egito – F.R.C.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/pit%C3%A1goras-o-grande-iniciado

‘Os 40 Servidores e como começar a usá-los

Os 40 Servidores são personalidades mágicas lançadas ao mundo por Tommie Kelly na noite de Halloween de 2016. Criados inicialmente como para ser um sistema oracular revelaram-se também como um sistema prático e simples de evocação que caiu no gosto dos praticantes de magia no caos. O material a seguir é tudo o que você precisa para começar a usá-los, entretanto Kelly lançou também um Grimório dos Quarenta Servidores (já editado pela Editora Penumbra) com um rico conteúdo adicional.

O que são os servidores ?

Estes 40 personagens podem ser compreendidos de várias formas, o próprio criador que inicialmente diziam se tratar de formas-pensamentos hoje chama os servidores de ‘encarnações de ideias universais” e evita bater o martelo e dizer que são entidades astrais, quantas de informação ou arquétipos psicológicos. Alguns servidores podem ser facilmente reconhecíveis em formas divinas e mágicas mais antigas. O importante é que se tratam de realidades que podem ser acessadas para se obter sucesso em todos os campos da vida.

Cada servidor possui sua própria carta com seu sigilo e imagem representativa. Você pode adquirir o baralho completo no site do Tommie Kelly mas ele também liberou muito conteúdo gratuito para ser utilizado pelos magistas:

Nota: Aqui no Morte Súbita inc. optamos por traduzir literalmente os nomes dos servidores. Entendemos que ao contrário dos nomes comuns os nomes destes servidores no original são absolutamente descritivos e esta característica se perde para quem não domina o idioma inglês.  Para fins de correspondência sempre que um servidor for mencionado a primeira vez ele será acompanhado do nome inglês.

O que os servidores querem em troca?

Nas palavras de Tommie:

“Tradicionalmente, os servidores precisam ser “alimentados” para continuar a existir. Os Quarenta Servidores foram criados para viver e se alimentar da atenção e do uso das pessoas. Quanto mais atenção eles recebem, mais poderosos eles se tornam para todos que os usam.” e ainda “Ser alimentado pela atenção significa que os Quarenta servidores dependem totalmente dos humanos para existir. Se as pessoas pararem de usá-los ou de pensar neles, eles deixarão de existir.”

Uso Básico dos 40 Servidores

A melhor maneira de conhecer e rapidamente começar a usar os 40 servidores é entrando em contato com eles.Você precisa conhecer sua equipe e com essa interação você vai aprender mais – e em muito menos tempo – do que qualquer teoria que poderíamos passar para você.

Escolha uma carta e deixe sua mente relaxar. Em particular tente não se prender a nenhuma noção preconcebida que você possa ter sobre seus nomes, rótulos ou personalidade. Deixe os servidores falarem diretamente com você sem intermediários por meio de suas imagens, sigilos e insinuações.  Essa primeira etapa é importante e geralmente negligenciada por quem só procura um servidor quando os boletos estão atrasados ou quando precisa dar uma lição em alguém. Pagar as contas e dar uma lição em quem merece são coisas ótimas, mas um aprofundamento anterior e desinteressado nos servidores leva a uma  percepções e compreensão maior de sua natureza.

Só com este pequeno exercício você poderá não apenas entender a personalidade dos servidores mas talvez ter acesso a nomes, mantras, símbolos e correspondências que eles queiram usar apenas com você. De qualquer forma durante este exercício preste atenção a seus sonhos e impressões, em especial em pensamentos que surgirem do nada. Anote quaisquer detalhes que vierem à mente.

Iniciação usando O Santo

Tommie Kelly sugere como um ritual de iniciação para este sistema que se utilize o servidor chamado “O Santo” como um intermediário, um concierge, um especialista em especialistas:

“Esta evocação pode ser um dos primeiros rituais que você realiza quando começa a trabalhar com os Quarenta Servidores. Este ritual tem três fases. Na primeira fase, você faz contato com O Santo durante um período de três dias e, na segunda fase, você pede a ele para apresentá-lo aos outros trinta e nove servidores restantes. Na fase final, você passa mais três dias agradecendo ao Santo por sua ajuda e assistência. Pense no Santo, como sendo semelhante a Scirlin do Grimorium Verum, ou qualquer um dos outros espíritos intermediários de qualquer grimório ou sistema. O Santo, neste primeiro papel inicial atua como intermediário entre o novo mago e os outros Quarenta Servidores.”

Retire a carta do Santo do Baralho, ou use seu sigilo ou imagem impressa, e coloque-o em seu altar, ou em um lugar especial por três dias. A cada dia, acenda uma nova vela e queime incenso em sua homenagem. O rum também é uma excelente oferta. Em seguida, diga o seguinte em voz alta para ele:

“Eu invoco você Grande Servidor ‘O SANTO’ para que venha a mim para que eu possa conhecê-lo.
Eu sou (diga seu nome), o mestre e governante deste domínio.
Você é o servidor conhecido por intercessão e convocação de especialistas, venha e apresente-se a mim.

Sempre me obedeça, Grande Servidor, e sempre me agrade.
Em troca, vou oferecer-lhe reconhecimento e sustento
para que aumentem a sua energia, potência e fama.

Dê-me um sinal de que você ouviu minha chamada e
venha me dar as boas-vindas como seu Mestre e Amigo.”

No quarto dia e pelos próximos trinta e nove dias, use a seguinte oração, mudando-a a cada dia para incluir o nome de cada um dos trinta e nove servidores restantes em ordem alfabética. Faça uma oferta ao santo e ao servidor a cada dia.

Convido-te, Grande Servidor ‘O Santo’, que venha até mim para que eu te conheça.
Eu sou (diga seu nome), o mestre e governante deste domínio.
Eu te chamo aqui para que você possa me apresentar ao servidor (diga o nome do servidor) que é conhecido por (descreva seus atributos),

Ó Grande Servidor O Santo,
traga (o nome do servidor) adiante para que eu possa reconhecê-lo,
E em troca ele / ela me reconhecerá como seu amigo e mestre.

Sempre me obedeça, Grande Servido (Nome do servidor do dia) e sempre me agrade.
Em troca, vou oferecer-lhe reconhecimento e sustento
para que aumentem a sua energia, potência e fama.

Dê-me um sinal de que você ouviu minha chamada e
venha me dar as boas-vindas como seu Mestre e Amigo.

Eu faço essas ofertas como um agradecimento a vocês dois.”

Depois de concluídas as apresentações a cada um dos servidores, coloque O Santo em seu Altar, ou em um lugar especial por três dias. Cada dia faça uma oferta e agradeça com suas próprias palavras por sua ajuda.

Os 40 Servidores

Abaixo temos agora uma listagem dos 40 servidores com uma rápida descrição de suas funções. Sugerimos fortemente que após este contato inicial realize o procedimento descrito acima antes de pesquisar mais profundamente sobre cada servidor.

A Aventureira

A Aventureira (The Adventurer) nos mostra como ter aventura e entusiasmo. Ela nos encoraja a sair de nossas zonas de conforto ao tentar novas coisas lá fora no mundo físico.

Palavras-Chave: Aventura, Entusiasmo, Acelerar, Espanto, Energizar, Intensificar, Sair por ai, Despertar, Surpreender, Provocar Mudança, Motivar, Animar, Inovação, Experimentação.

A Harmonizadora

A Harmonizadora (The Balancer) nos mostra como manter nossas vidas equilibradas e em harmonia. Ela nos encoraja a manter todas as áreas da nossa vida em igual proporção.

Palavras-Chave: Equilíbrio, Harmonia, Uniformidade, Simetria, Combinar, Corrigir, Agrupar, Estabilizar, Reajustar, Homeostase.

A Lasciva

A Lasciva (The Carnal) nos mostra como sermos positivos sobre a nossa sexualidade e nossos corpos físicos. Ela nos encoraja a nos sentirmos sensuais, atraentes e fisicamente desejados.

Palavras-Chave: Desejo, Beleza, Paixão, Sensualidade, Luxúria, Amor Próprio, Fisicalidade, Sexo, Carisma, Confiança.

A Casta

A Casta (The Chaste) nos mostra que disciplina e pureza também são elementos importantes de nossas vidas. Ela nos encoraja a refrearmos o desejo sexual e os prazeres físicos básicos e em vez disso nos concentremos em uma existência mais purificada.

Palavras-chave: Pureza, Castidade, Limpeza, Virtude, Honra, Virgindade, Inocência, Impecabilidade, Fé, Bondade, Respeitabilidade, Celibato, Abstenção, Disciplina.

O Maestro

O Maestro (The Conductor) nos mostra como tomar o controle das circunstâncias de nossa vida. Ele nos encoraja a assumir um papel mais ativo orquestrando a execução dos eventos que nos cercam.

Palavras-chave: Controle, Regular, Ordenar, Direcionar, Pilotar, Regrar, Autoridade, Dominação, Manipulação, Autonomia, Autodeterminação, Autogoverno, Soberania, Liberdade, Liderança.

O Contemplador

O Contemplador (The Contemplator) nos mostra como acessar nossa mente subconsciente. Ele encoraja-nos a temporariamente deixar de pensar sobre nossos problemas para que a mente subconsciente possa encontrar uma solução.

Palavras-chave: Subconsciente, Informação, Automação, Retirada, Deixar soluções apresentarem a si mesmas, Revelação, Subliminar.

A Dançarina

A Dançarina (The Dancer) nos mostra que é perfeitamente humano falhar ou não estar a altura de algo. Ela nos encoraja a aceitar que às vezes as coisas simplesmente não funcionam como planejado e isso é perfeitamente aceitável.

Palavras-Chave: Aceitação, Não resistência, Reconhecimento de como as coisas são, Estar OK, Entregar-se, Ser um bom perdedor, Sobreviver, Resiliência.

A Morte

A Morte (The Dead) nos mostra nossa conexão com nossos Antepassados e com o passado da humanidade. Ela nos encoraja a aprender com o passado, para assim não cometermos os mesmos erros de novo e de novo.

Palavras-chave: Morte, Antepassados, História, O Passado, A Antiguidade, Legado, Conexão, Experiência Coletiva, O Véu, Psicopompa (Orientação das almas), Conhecimento combinado, Encerramentos, Novas Fases.

O Esgotado

O Esgotado (The Depleted) nos mostra que todos os recursos tem sido usados em uma área de nossas vidas. Nos encoraja a levar o tempo que for preciso para reabastecer nossas reservas e talvez seguir em uma nova direção.

Palavras-chave: Encerramentos, Ciclos, Drenado, Esvaziado, Exaurido, Gasto, Usado, Finalizado, Acabado, Desgastado, Estações, Cansado, Definhado, Completo.

O Desesperado

O Desespero (The Desperate) nos mostra que tudo está atualmente tão ruim quanto poderia estar. Ele nos encoraja a reconhecer o inferno em que estejamos.

Palavras-chave: Lúgubre, Terrível, Drástico, Dor, Sofrimento, Depressão, Tristeza, Tormento, Misérias, Nuvens Negras, Desesperança, Desanimado, Desamparado.

O Diabo

O Diabo (The Devil) nos mostra que nossas crenças podem estar nos restringindo e nos mantendo afastados da liberdade. Ele nos encoraja a perceber que nós temos colocado estas amarras em nós mesmos e podemos nos livrar a hora que quisermos.

Palavras-chave: Restrição, Limitação, Limite, Comprometimento, Confinamento, Bloqueios, Restrição, Impedimento, Inibição, Tabu, Emancipação.

O Explorador

O Explorador (The Explorer) nos mostra como nos tornar uma pessoa melhor explorando a profundidade de nós mesmo. Ele nos encoraja a ser mais comprometido com nosso desenvolvimento pessoal e a descobrir nosso talentos ocultos e potencial.

Palavras-chave: Desenvolvimento pessoal, Auto-Ajuda, Exploração Interior, Definição de Novos Desafios, Estabelecimento de metas.

O Olho

O Olho (The Eye) nos lembra que existe um plano divino para todas as coisas. Este servidor nos encoraja a lembrar que todas as coisas são exatamente como deveriam ser.

Palavras-chave: Fé, Plano divino, Trilha Certa, Proteção, Ajuda do Alto, Espírito, Presença, Direção.

O Pai

O Pai (The Father) oferece amor árduo, conselhos e sabedoria para que você enfrente os desafios da vida por si mesmo. Ele nos encoraja a aprender as lições por nós mesmos para que possamos lidar com os problemas futuros com sabedoria e perspicácia.

Palavras-chave: Orientação, Sabedoria, Aprender com a Experiência, Defender a Si Mesmo, Conselho Prático, Coisas que você precisa ouvir.

O Consertador

O Consertador (The Fixer) nos mostra que qualquer problema pode ser resolvido se nos propusermos a fazer o que for preciso. Ele nos encoraja a fazer o que deve ser feito para conseguir o que queremos obter – custe o que custar.

Palavras-chave: Solução, Ajuste, Conserto, Resolução, Reparar, Corrigir, Preço a Pagar, Custo, Último Recurso, Esforço.

A Afortunada

A Afortunada (The Fortunate) nos ensina como ser felizes, saudáveis, prósperos e sábios. Ela nos encoraja a reconhecer quão boa vida boa pode ser.

Palavras-chave: Felicidade, Sucesso, Alegria, Maravilha, Prosperidade, Riqueza, Opulência, Bons Tempos, Abundância, Luxo, Plenitude, Conforto, Deleite, Euforia.

O Porteiro

O Porteiro (The Gate Keeper) nos mostra como entrar nas áreas de nossas vidas que parecemos estar trancados para fora. Ele nos encoraja a saber que sempre há uma chave para cada porta.

Palavras-Chave: Acesso, Exposto, Revelado, Disponível, Permitido, Atingível, Abertos, Acessíveis, Desatado.

O Doador

O Doador (The Giver) nos mostra todos os presentes que recebemos em nossas vidas. Ele nos encoraja a nos lembrarmos de sempre ser generosos e gratos pois hpje somos os doadores amanha podemos ser quem recebe.

Palavras-chave: Prêmio, Benefício, Caridade, Presente, Oferenda, Doação, Gratuidades, Aceitação, Generosidade, Coletar, Obter, Presente, Dar e Receber, Contrato, Posse, Gratidão.

O Guru

O Guru (The Guru) nos mostra como aplicar qualquer conhecimento que possuímos de forma prática. Ele nos encoraja a sempre tentar implementar as lições aprendidas de nossos caminhos espirituais em nossas vidas cotidianas.

Palavras-chave: Ensino, Funcional, Prático, Habilidade, Aplicação de Ideias, Mentor, Mestre Espiritual, Pragmático, Realista, Direção, Uso do Conhecimento, Aplicação de ideias.

A Curadora

A Curadora (The Healer) nos mostra como curar e se recuperar. Ela nos lembra de cuidar de nós mesmos e dos outros.

Palavras-chave: Cura, Curativo, Calmante, Repouso, Remendar, Recuperação, Doença, Saúde, Medicina, Restauração, Terapêutico, Tônico, Integralidade, Bem-estar, Conforto.

A Ideia

A Ideia (The Idea) nos mostra como sermos originais, inventivos e criativos. Nos encoraja a ver que a inspiração está sempre ao nosso redor.

Palavras-chave: Criatividade, Inspiração, Ideias, Imaginação, Engenhosidade, Originalidade, Visão, Design, Descoberta, Forma, Invenção, Composição, Iluminação.

O Levitador

O Levitador (The Levitator) nos mostra como se elevar acima do drama em nossas vidas para que fiquemos afastados e imparciais. Ele nos encoraja a ver as coisas de um ângulo diferente.

Palavras-chave: Elevar-se cima de tudo, Perceptiva Diferente, Ver as Coisas por um Ângulo Diferente,  Escapar do drama, Estar Afastado, Separado, Acima.

A Bibliotecária

A Bibliotecária (The Librarian) nos mostra a teoria por trás dos assuntos que nos interessam. Ela nos encoraja a estudar e aumentar nosso conhecimento.

Palavras-chave: Teoria, Livros, Informação, Dados, Aprendizado, Estudo, Documentos, Localização de Livros, Armazenamento de Informações, Educação, Know-how, Compreensão, Exames, Provas.

Os Amantes

Os Amantes (The Lovers) nos mostram como amar depois que a luxúria se vai. Eles nos encorajam a nos conectar em um nível mais profundo com nossos parceiros para que  laços sagrados sejam formados.

Palavras-chaves: Ternura, Devoção, Apreciação, Laços, Respeito, Afeto, Amados, Conexão, Contato, Parceria, Afinidade, Sentimento.

O Mestre

O Mestre (The Master) nos mostra como ser a melhor versão de nós mesmos. Ele nos encoraja a sempre nos esforçarmos para agir com nossos eus mais elevados, em vez de n com ossas naturezas inferiores.

Palavras-chaves: Ascenso, Divino, Completo, Sabedoria, Guia, Melhor Versão, Evoluído, Entrega, Santo, Místico, Sagrado, Espiritual, Maestria.

A Mídia

A Mídia (The Media) nos mostra como espalhar a palavra sobre todas as coisas é importante para nós. Nos encoraja a sempre lembrarmos do poder da propaganda – tanto a boa quanto a má.

Palavras-chaves: Desinformação, Hype, Publicidade, Anúncios, Promoção, Assessoria de Imprensa, Relações Públicas, Meias Verdades, Falsidades, Enganos, Desonestidade, Insincero, Dissimulado, Astúcia, Propaganda, Relações Públicas.

O Mensageiro

O Mensageiro (The Messenger) nos mostra como nos comunicar melhor. Nos encoraja a sermos abertos para o que a vida esteja tentando nos dizer.

Palavras-chaves: Comunicação, Notícias, Aviso, Conexão, Contato, Conversação, Escutar, Entrega, Ligação, Correspondência, Recebimento.

O Monge

O Monge (The Monk) nos mostra como manter nossas vidas simples e descomplicadas. Ele nos encoraja a passar mais tempo em meditação, introspecção e contemplação.

Palavras-chave: Simplicidade, Facilidade, Frugalidade, Natural, Quietude, Serenidade, Pacífico, Meditação, Calma, Harmonioso, Relaxado, Sereno, Plácido, Tranquilo, Gentil.

A Lua

A Lua (The Moon) nos mostra o que está escondido na escuridão.Nos encoraja a reconhecer nossas auto-ilusões, ao mesmo tempo em que estamos conscientes das mentiras que nos são contadas pelos outros, bem como as ilusões gerais da vida.

Palavras-chave: Ilusão, Reflexão, Decepção, Mentiras, Esperança, Desejos, Iluminação, Sombras, Mistério.

A Mãe

A Mãe (The Mother) nos mostra tudo sobre fertilidade, segurança e nutrição. Ela nos encoraja a nos sentirmos salvos, seguros e a estar atentos ao nosso bem-estar geral.

Mãe: Nutrição, Cuidado, Apoiado, Fertilidade, Maternidade, Amado, Aceitação, Amor Incondicional, Compaixão, Adorado, Mantido a Salvo, Protegido, Estimado, Honrado.

O Opositor

O Opositor (The Opposer) nos mostra como estamos sendo restringidos por forças externas. Ele nos encoraja a enfrentar a oposição e as restrições que nos são impostas por outros.

Palavras-chaves: Oprimido, Restrito, Limitado, Oposição, Hostilidade, Competição, Esforço, Choques, Contrariedade, Contenção, Obstrução, Duelo, Inimigo, Adversário, Antagonista, Obstáculo.

O Planeta

O Planeta (The Planet) nos revela nosso lugar na criação. Nos encoraja a lembrar quão imenso e inspirador é o universo.

Palavras-chaves: Gravidade, Admiração, Importância, Escala, Tamanho, Enormidade, Seu Lugar no Mundo, Padrões, Quadro Maior, Encarnação, Força, Puxar, Confusão, Ambiente, Imensidão, Poder.

O Protetor

O Protetor (The Protector) nos mostra como proteger a nós mesmos e aqueles que amamos de todo dano.  Ele nos encoraja a valorizar proteção, segurança e precaução.

Palavras-chave: Proteção, Segurança, Defesa, Proteger, Guardar, Blindar, Salvaguarda, Manter a Salvo, Tirar do caminho do dano.

A Protestadora

A Protestadora (The Protester) nos mostra como lutar contra a injustiça. Ela nos encoraja  a falar o que pensamos,  lutar pelo que sabemos estar certo e nunca recuar.

Palavras-chave: Protesto, Belicosidade, Desafio, Demonstração, Dissidência, Objeção, Clamor, Revolta, Raiva, Gritaria, Reclamação, Mau Humor, Brado, Manifestação, Insistência, Resistência.

O Abre-Caminhos

O Abre-Caminhos (The Road Opener) nos mostra como limpar, banir e remover os obstáculos em nosso caminho. Ele nos encoraja a reconhecer as oportunidades que são aparecendo ao nosso redor.

Palavras-chave: Abertura, Banimento, Limpeza, Remoção, Oportunidade, Dissipar, Sorte, Circunstâncias Favoráveis, Aumento da Probabilidade de Sucesso, Vantagem, Nova Direção, Golpe de Sorte, Prosperidade, Novo Foco.

O Santo

O Santo (The Saint) nos mostra como pedir ajuda. Ele nos encoraja a buscar a ajuda de especialistas mais preparados do que nós para lidar com a tarefa em mãos ou que possam interceder em nosso nome.

Palavras-chave: Interseção, Experts, Petição, Intervenção, Mediação, Oração, Pedido, Em seu nome, Favor, Experiente, Habilidoso, Profissional, Qualificado.

A Vidente

A Vidente (The Seer) nos mostra como usar nossa intuição e sistema de orientação interna. Ela nos encoraja a sempre seguir os instintos de nossas entranhas.

Palavras-chave: Intuição, Palpite, Clarividência, Discernimento, Seguir seus instintos, Percepção Extrassensorial,  Sentimentos, Percepção, Pressentimento, Premonição, Conhecimento Inato, Intuitivo, Sexto Sentido, Segunda Visão, Instinto, Vibrações.

O Sol

O Sol (The Sun) nos ensina como brilhar em todas as áreas da nossa vida. Ele nos encoraja a perceber a magnitude de nossa própria energia, poder e radiância.

Palavras-chave: Poder, Energia, Crescimento, Luz, Calor, Força, Intensidade, Potencial, Vigor, Capacidade, Dinamismo, Vigor, Potência, Estamina, Vitalidade.

O Pensador

O Pensador (The Thinker) nos mostra como resolver problemas usando nossa mente analítica e racional. Ele nos encoraja a seguir sempre o que é logicamente correto em vez de confiar no que nossos corações possam dizer.

Palavras-chaves: Astúcia, Inteligência, Racional, Luminoso, Cerebral, Brilhante, Sábio, Analítico, Deliberado, Imparcial, Coerente, Iluminação, Judicioso, Lógico, Equilibrado, Lúcido, Prudente, São, Sóbrio, Objetivo.

A Bruxa

A Bruxa (The Witch) nos ensina feitiçaria e conjurações. Ela nos encoraja a ver o mistério e a magia da vida.

Palavras-chave: Magia, Alquimia, Encanto, Feitiços, Conjuro, Diabrura, Ocultismo, Encantamento, Mistério, Mistificação, Poder, Enigma, Desconhecido, Secreto, Wyrd, Sobrenatural, Extraordinário, Miraculoso.

 

Uso inicial dos 40 servidores

Os dois usos mais populares dos 40 servidores são como uma forma de oráculo e uma forma de realizar desejos. Vamos ver os dois da forma o mais direta possível:

1.  Uso Oracular

A razão inicial da criação para Tommie Kelly ter desenhado e organizado os 40 servidores foi o uso deles como um baralho oracular. Essa leitura é feita exatamente como em um tarô tradicional. Embaralhe, tire algumas cartas e posicione-as em um layout significativo.  Existem várias formas de se posicionar as cartas e você não precisa conhecer todas. Par começar use o formado que Tommie Kelly apresentou chamado a Mão Direita de Éris:

Agora, pela análise da posição da carta e do que ela representa você poderá obter insights que respondem as questões levantadas.

Uma forma mais rápida despretensiosa de se fazer a tiragem é simplesmente fazendo uma pergunta e sorteando uma carta. Digamos que você pergunte:

“Devo entrar nesse novo relacionamento?”

E em seguida tira a carta do Opositor. Isso pode significar que este é o caminho para algum relacionamento abusivo. Ou pode significar que você vai ter que comprar briga com alguém (a ex, ou a família) para manter essa relação. Como todo oráculo essa é no final das contas uma forma de acessar a sua intuição.

Esse sorteio simples pode inclusive ser feito pelo uso de gifs animados ou vídeos como o abaixo:

2. Realizando desejos

A maneira sugerida por Kelly de interagir com os servidores é realmente simples e talvez por isso tão popular:

1. Escolha o servidor que pode prestar o serviço que você precisa.
2. De frente para sua imagem ou sigilo acenda uma vela.
3. Fale ao servidor o que você precisa.
4. Diga que acenderá outra vela quando seu desejo for satisfeito.

Após acender a primeira vela entenda que o servidor está presente e então fale diretamente com ele.

A parte final é importante. Adicionalmente a ela você pode fazer um agradecimento público ao servidor. Esses agradecimentos devem ser feitos sempre depois do desejo realizado, nunca antes.

Kelly sugere por fim o que chama de novenas para trabalhos maiores. Nesses casos você acende uma vela nova por 3, 5, 7 ou 9 dias e fala o seu desejo em voz alta para a servidor lembrando sua intenção.

Fontes:

[…] Como eles funcionam? Boa pergunta. Muitas pessoas têm muitas ideias diferentes. Mas aqui está uma postagem que fiz que pode ajudar a explicar tudo. […]

[…] a hora de tirar os 40 servidores da internet e materializá-los no mundo real. A prática apresentada a seguir se baseia no uso de […]

[…] da administração contemporânea. Ele é baseado na combinação de dois frameworks diferentes: Os 40 Servidores criados por Tommie Kelly e a terminologia mágica exposta no Liber KKK.  O Conhecimento prévio destes dois sistemas é um […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/os-40-servidores-como-comecar-a-usar/

A História Da Atlântida

Um Esboço Geográfico, Histórico e Etnológico

A amplitude do assunto que se nos apresenta será mais bem compreendida considerando-se a quantidade de informações que podem ser obtidas a respeito das várias nações que constituem nossa grande quinta raça ou raça árica.

Desde a época dos gregos e dos romanos tem-se escrito continuas obras* sobre os povos que, sucessivamente, ocuparam o palco da História. As instituições políticas, as crenças religiosas, os hábitos e costumes domésticos e sociais, tudo tem sido analisado e catalogado em inúmeras obras que, em muitas línguas, registram, para nosso benefício, a marcha do progresso.

Além do mais, é preciso lembrar que, da história dessa quinta raça, possuímos apenas um fragmento – o registro dos últimos descendentes da sub-raça céltica e das primeiras linhagens do nosso tronco teutônico.

Porém, as centenas de milhares de anos que decorreram desde a época em que os primeiros áricos deixaram sua terra natal, nas costas do mar asiático central, até a época dos gregos e dos romanos testemunharam a ascensão e queda de inúmeras civilizações. Da primeira sub-raça da nossa raça árica, que habitou a índia e colonizou o Egito em épocas pré-históricas, não sabemos praticamente nada, e o mesmo pode-se dizer dos povos caldeu, babilônico e assírio, que constituíram a segunda sub-raça – pois os fragmentos à nossa disposição, obtidos a partir de hieróglifos ou de inscrições cuneiformes, encontrados em tumbas egípcias e em placas babilônicas, decifrados recentemente, por certo não podem ser considerados como formadores da História. Os persas, que pertenceram à terceira sub-raça ou sub-raça iraniana, deixaram, é verdade, alguns poucos traços mais, mas das civilizações mais primitivas da quarta sub-raça, ou sub-raça céltica, não temos absolutamente nenhum registro. Somente com o surgimento dos últimos ramos deste tronco céltico, a saber, os povos grego e romano, é que chegamos aos períodos históricos.

A um período em branco do passado soma-se também um do futuro, pois das sete sub-raças necessárias para completar a história de uma grande raça-raiz, somente cinco, até agora, chegaram a existir. A nossa própria quinta sub-raça, ou sub-raça teutônica, já se desdobrou em muitas nações, mas ainda não completou seu curso, enquanto as sexta e sétima sub-raças, que se desenvolverão nos continentes da América do Norte e do Sul, terão milhares de anos de história a dar ao mundo.

Sintetizar, em poucas páginas, informações a respeito do progresso do mundo durante um período que, no mínimo, deve ter sido tão extenso quanto o acima referido é, por esse motivo, uma tentativa que, necessariamente, não pode ultrapassar os limites de um ligeiro esboço.

Um registro do progresso da Humanidade durante o período da quarta raça ou raça atlante deve abarcar a história de muitas nações, bem como registrar a ascensão e queda de muitas civilizações.

Além disso, durante o desenvolvimento da quarta raça, em mais de uma ocasião ocorreram catástrofes, numa escala que ainda não foi experimentada durante a existência da nossa atual quinta raça. A destruição da Atlântida foi motivada por uma série de catástrofés das mais variadas espécies, desde grandes cataclismos, onde territórios e populações inteiras pereceram, até os comparativamente insignificantes deslizamentos de terra, tais como os que ocorrem hoje em dia em nossas costas. Uma vez iniciada a destruição, pela primeira grande catástrofe, não houve mais intervalos entre os deslizamentos menores que, lenta porém incessantemente, continuaram a destruir o continente. Quatro grandes catástrofes sobressaem, em magnitude, a todas as outras. A primeira ocorreu durante o mioceno, cerca de 800.000 anos atrás. A segunda, de menor consequência, ocorreu há, aproximadamente, 200.000 anos. A terceira, há cerca de 80.000 anos, foi a mais descomunal e destruiu tudo o que restava do continente atlante, com exceção da ilha à qual Platão deu o nome de Posseidones e que, por sua vez, submergiu na quarta e última grande catástrofe, no ano de 9564 a.C.

As declarações dos mais antigos escritores e da pesquisa científica moderna igualmente confirmam a existência de um antigo continente, ocupando o local da Atlântida desaparecida.

Antes de passar ao exame do assunto em si, convém analisar rapidamente as fontes em geral reconhecidas por fornecerem dados corroborativos. Elas podem ser agrupadas nas cinco categorias seguintes:

Primeira Categoria

As provas das sondagens do fundo do mar. Segunda, a distribuição da fauna e da flora. Terceira, a similaridade de língua e do tipo etnológico. Quarta, a similaridade de crença, ritual e arquitetura religiosas. Quinta, os depoimentos dos antigos escritores, as tradições de raças primitivas e as antigas lendas a respeito do dilúvio.

Portanto, em primeiro lugar, temos as provas das sondagens do fundo do mar, que podem ser resumidas em poucas palavras. Graças principalmente às expedições das canhoneiras britânica e americana, a Challenger e a Dolphin (embora a Alemanha também tenha participado desta exploração científica), o fundo do Oceano Atlântico está agora totalmente mapeado, tendo-se constatado a existência de uma imensa cordilheira de grande altitude no médio Atlântico. Esta cordilheira estende-se para o sudoeste, mais ou menos a partir de 50°, latitude norte, em direção à costa da América do Sul; em seguida, para o sudeste, em direção à costa da África, mudando outra vez de direção, perto da ilha da Ascensão, seguindo então diretamente para o sul, rumo a Tristão da Cunha. A cordilheira ergue-se, de forma quase perpendicular, cerca de 2.743 m acima das profundezas do oceano, enquanto Açores, São Paulo, Ascensão e Tristão da Cunha formam os picos dessa terra que ainda continuam acima das águas. Para sondar as mais profundas regiões do Atlântico, foi necessário um prumo de 3.500 braças, ou seja, 6.400 m, mas as partes mais altas da cordilheira estão apenas a uns 200 m, ou pouco mais, abaixo da superfície.

As sondagens também demonstraram que a cordilheira está coberta de detritos vulcânicos, cujos vestígios foram encontrados de um lado a outro do oceano, até as costas americanas. Na verdade, o fato de que o fundo do oceano, particularmente perto dos Açores, foi palco de distúrbios vulcânicos numa escala gigantesca, e isso dentro de um período perfeitamente mensurável da era geológica, está conclusivamente provado pelas investigações realizadas durante as expedições acima citadas.

O sr. Starkie Gardner é da opinião que, durante o eoceno, as ilhas Britânicas faziam parte de uma imensa ilha ou continente, que estendia-se na direção do Atlântico, e “que uma grande extensão de terra existiu outrora onde hoje existe o mar, e que a Cornualha, as ilhas Scilly e Anglo-Normanda, a Irlanda e a Bretanha formam o que restou de seus cumes mais altos” (Pop. Sc. Review, julho de 1878).

Segunda Categoria

A comprovada existência, em continentes separados por vastos oceanos, de espécies idênticas ou similares de fauna e flora constitui o constante enigma dos biólogos e botânicos. Contudo, se existiu no passado uma ligação entre esses continentes, permitindo a natural migração desses animais e plantas, o enigma está decifrado. Atualmente, os fósseis de camelos são encontrados na índia, África, América do Sul e Kansas; no entanto, uma das hipóteses dos naturalistas, geralmente aceita, é a de que todas as espécies de animais e plantas originaram-se em apenas uma parte do globo e, deste centro, gradualmente invadiram as outras regiões. Sendo assim, como explicar a ocorrência desses fósseis, sem a existência de uma passagem por terra em alguma época remota? As descobertas nas camadas fósseis do Nebraska parecem também provar que o cavalo originou-se no hemisfério ocidental, pois essa é a única parte do mundo onde se tem descoberto fósseis demonstrativos das várias formas intermediárias, identificadas como precursoras do cavalo atual. Portanto, seria difícil explicar a presença do cavalo na Europa, exceto pela hipótese da existência de uma passagem por terra entre os dois continentes, já que não resta dúvida quanto à presença do cavalo, em estado selvagem, na Europa e na Ásia, antes de sua domesticação pelo homem, a qual poderia remontar praticamente à Idade da Pedra. O gado e o carneiro, como agora sabemos, possuem ancestrais igualmente remotos. Darwin descobre gado domesticado na Europa, pertencente à mais remota era da Idade da Pedra, e que, num período muito anterior, teria evoluído de formas selvagens, semelhantes ao búfalo da América. Fósseis do leão descobertos nas cavernas da Europa também foram encontrados na América do Norte.

Passando agora do reino animal ao vegetal, parece que a maior parte da flora européia, da época miocena – encontrada, principalmente, nas camadas fósseis da Suíça -, existe até hoje na América e, algumas espécies, na África. Contudo, deve-se ressaltar que, enquanto a maior incidência dessas espécies ocorra no leste americano, muitas delas não são encontradas na costa do Pacífico. Isso parece demonstrar que essas espécies penetraram no continente americano pelo lado do Atlântico. O professor Asa Gray afirma que dos 66 gêneros e das 155 espécies existentes na floresta a leste das Montanhas Rochosas, somente 31 gêneros e 78 espécies são encontradas a oeste dessas elevações.

Todavia, o maior de todos os problemas é a bananeira. O professor Kuntze, eminente botânico alemão, pergunta: “De que maneira esta planta” (nativa da Ásia tropical e da África), “que não poderia resistir a uma viagem através da zona temperada, foi transportada para a América?” Como ele assinala, a planta não tem sementes, não pode ser propagada através de chantões e tampouco possui um tubérculo que pudesse ser transportado facilmente. Sua raiz é semelhante a uma árvore. Para transportá-la, seria necessário um cuidado especial, e ela não resistiria a uma viagem longa. A única maneira pela qual ele pode explicar o aparecimento desta planta na América é supondo que ela deve ter sido transportada pelo homem civilizado, numa época em que as regiões polares possuíam um clima tropical! Ele acrescenta: “Uma planta cultivada que não possui sementes deve ter sido submetida a um processo de cultivo durante um período muito longo . . . talvez seja correio inferir que essas plantas foram cultivadas já no início do período diluviano.” Por que – pode-se perguntar – esta inferência não nos deveria remeter a tempos ainda mais remotos, e quando existia a necessária civilização para o cultivo da planta, ou condições climáticas e materiais para o seu transporte, a menos que houvesse, em alguma época, uma ligação entre o Velho Mundo e o Novo?

O professor Wallace, em sua deleitável obra Island Life, assim como outros autores, em obras muito importantes, formulou engenhosas hipóteses para explicar a identidade da flora e da fauna em terras bastante distantes entre si, e para o seu transporte através do oceano, mas nenhuma é convincente e todas apresentam diversas lacunas.

Sabe-se muito bem que o trigo, tal como o conhecemos, nunca existiu num estado verdadeiramente selvagem, e não há nenhuma evidência de que tenha se originado de espécies fósseis. Cinco variedades de trigo já foram cultivadas na Europa, na Idade da Pedra -uma delas, descoberta nos “povoados lacustres”, conhecida como trigo egípcio, fez Darwin argumentar que os lacustres “ou ainda mantinham relações comerciais com algum povo do sul, ou tinham originalmente vindos do sul como colonos”. Ele conclui que o trigo, a cevada, a aveia, etc. são provenientes de várias espécies hoje extintas, ou de tal modo alteradas que escapam à identificação; neste caso, afirma ele: “O homem deve ter cultivado cereais desde um período consideravelmente remoto.” Tanto as regiões em que essas espécies extintas floresceram, como a civilização que as cultivou por meio de inteligente seleção, foram ambas supridas pelo continente perdido, cujos colonizadores transportavam-nas para o leste e para o oeste.

Terceira Categoria

Da flora e da fauna, voltamo-nos agora para o homem:

Língua

O idioma basco mantém-se isolado entre as línguas européias, não tendo afinidade com nenhuma delas. De acordo com Farrar, “nunca houve alguma dúvida de que esta língua diferente, preservando sua identidade num recanto ocidental da Europa, entre dois poderosos reinos, assemelha-se, em sua estrutura, às línguas aborígines do vasto continente oposto (América), e apenas a estas” (Families of Speech, p. 132).

Ao que parece, os fenícios foram o primeiro povo do hemisfério oriental a usar o alfabeto fonético, sendo seus caracteres considerados simples sinais para os sons. É um fato curioso que, em data igualmente remota, encontremos um alfabeto fonético na América Central, entre os maias do Yucatán, cujas tradições atribuem a origem de sua civilização a uma terra situada do outro lado do mar, para leste. Lê Plongeon, a maior autoridade neste assunto, escreve: “Um terço desta língua (o maia) é puro grego. Quem levou o dialeto de Homero para a América? Ou quem levou para a Grécia o dos maias? O grego descende do sânscrito. O maia também? Ou seriam eles contemporâneos?” Mais surpreendente ainda é encontrar treze letras do alfabeto maia apresentando uma nítida relação com os sinais hieroglíficos egípcios, referentes às mesmas letras. E provável que a forma mais primitiva do alfabeto fosse hieroglífica, “a escrita dos deuses”, como os egípcios a chamavam, que, mais tarde, na Atlântida, desenvolveu-se em fonética. Seria natural admitir que os egípcios foram uma antiga colônia da Atlântida (como realmente foram) e que levaram consigo o tipo primitivo de escrita, que assim deixou seus traços em ambos os hemisférios, ao passo que os fenícios, que eram navegadores, obtiveram e assimilaram a forma posterior do alfabeto durante suas viagens comerciais aos povos do oeste. Há mais um detalhe que deve ser mencionado, a saber, a extraordinária semelhança entre muitas palavras da língua hebraica e palavras, que mantêm exatamente o mesmo significado, do idioma dos Chiapenecs – um ramo da raça maia, entre os mais antigos da América Central. A lista dessas palavras encontra-se em North Americans of Antiquity, p. 475.

A similaridade de língua entre os diversos povos selvagens das ilhas do Pacífico foi utilizada como argumento por escritores que tratam desta matéria. A existência de línguas semelhantes entre raças separadas por léguas de oceano, que, no período histórico, não possuíam nenhum meio de transporte para atravessá-las, é certamente um argumento a favor da descendência de uma única raça, que ocupava um único continente. Contudo, este argumento não pode ser utilizado aqui, pois o continente em questão não era a Atlântida, mas a ainda mais remota Lemúria.

Tipos Etnológicos

Dizem que a Atlântida, como veremos, foi habitada pelas raças vermelha, amarela, branca e negra. Está agora provado, pelas pesquisas de Lê Plongeon, de De Quatrefages, de Bancroft e outros, que populações negras do tipo negróide existiram, até mesmo em épocas recentes, na América. Muitos dos monumentos da América Central são decorados com rostos negros, e alguns dos ídolos encontrados destinaram-se, nitidamente, a representar negros, com crânios pequenos, cabelos curtos e crespos e lábios grossos. O Popul Vuh, discorrendo sobre a primeira pátria do povo guatemalteco, diz que “homens negros e brancos” viviam juntos nessa terra feliz, “em grande paz”, falando “uma só língua”. (Ver Bancroft, Native Roces, p. 547.) O Popul Vuh prossegue, relatando como o povo emigrou de sua pátria ancestral, como sua língua se alterou e como alguns se dirigiram para o leste, enquanto outros viajaram para o oeste (para a América Central).

O professor Retzius, em seu Smithsonian Report, considera que os primitivos dolicocéfalos da América são quase parentes dos guanchos das ilhas Canárias e dos habitantes do litoral atlântico da África, aos quais Latham chama de atlantidae-egípcios. O mesmo formato de crânio é encontrado nas ilhas Canárias, distantes da costa africana, e nas Pequenas Antilhas, afastadas da costa americana, embora, em ambas, a cor da pele seja pardo-avermelhada.

Os antigos egípcios descreviam a si mesmos como homens vermelhos, com um aspecto muito semelhante ao encontrado atualmente entre algumas tribos de índios americanos.

“Os antigos peruanos”, diz Short, “pelos numerosos exemplares de cabelos encontrados em suas tumbas, parecem ter sido uma raça ruiva.”

Um fato notável a respeito dos índios americanos, que constitui um enigma constante para os etnólogos, é a grande variação de cor e de compleição verificada entre eles. Da cor branca das tribos Me-nominee, Dacota, Mandan e Zuni, muitas das quais possuem cabelos ruivos e olhos azuis, até quase a negrura da raça negra dos Karos do Kansas e das já extintas tribos da Califórnia, as raças índias passam por todas as variações de vermelho-acastanhado, cobre, verde-oliva, canela e bronze. (Ver Short, North Amerícans of Antiquity, Win-chell, Pre-Adamites e, Catlin, Indians of North America’, ver também Atlantis, de Ignatius Donnelly, que coletou grande número de dados sobre este e outros assuntos.) Veremos dentro em pouco como a diversidade de compleição no continente americano é explicada pelos originais matizes da raça da Atlântida, o continente materno.

Quarta Categoria

No México e no Peru, nada parece ter surpreendido mais os primeiros aventureiros espanhóis do que a extraordinária similaridade entre as crenças religiosas, os rituais e os emblemas, estabelecidos no Novo Mundo, e aqueles do Velho Mundo. Os padres espanhóis viam essa similaridade como uma obra do demônio. O culto da cruz pelos nativos, bem como sua presença constante em todas as edificações e cerimônias religiosas, era a causa principal do seu assombro; na verdade, em parte alguma – nem mesmo na índia e no Egito – este símbolo era motivo de tanta veneração do que entre as tribos primitivas dos continentes americanos, embora o significado básico de seu culto fosse idêntico. No Ocidente, como no Oriente, a cruz era o símbolo da vida – às vezes, da vida física, mais amiúde, da vida eterna.

Do mesmo modo, em ambos os hemisférios os cultos do disco ou círculo solar e da serpente eram universais. Mais surpreendente ainda é a similaridade do significado da palavra “Deus” nas principais línguas do Oriente e do Ocidente. Compare o sânscrito “Dy-aus” ou “Dyauspitar”, o grego “Theos” e Zeus, o latino “Deus” e Júpiter, o celta “Dia” e “Ta”, pronunciado “Thyah” (aparentando afinidade com o egípcio Tau), o hebraico “Jah” ou “Yah” e, por fim, o mexicano “Teo” ou “Zeo”.

Os rituais de batismo foram praticados por todas as nações. Na Babilônia e no Egito, os candidatos à iniciação nos Mistérios eram, antes de tudo, balizados. Tertuliano, em seu De Baptismo, afirma que, aos balizados era prometido “a regeneração e o perdão de todos os perjúrios”. As nações escandinavas praticavam o batismo de crianças recém-nascidas; e se nos voltarmos para o México e o Peru, encontraremos o batismo de crianças como um cerimonial solene, consistindo de aspersão de água, do sinal da cruz e de orações para que o pecado fosse levado (lavado) pela água (ver Humboldt, Mexican Researches, e Prescott, México).

Além do batismo, as tribos do México, da América Central e do Peru assemelhavam-se às nações do Velho Mundo em seus rituais de confissão, absolvição, jejum e casamento, realizados por sacerdotes através da união das mãos. Elas praticavam até mesmo uma cerimônia semelhante à Eucaristia, na qual comiam bolos com a marca do Tau (uma forma egípcia de cruz). O povo chamava esses bolos de carne de seu Deus, o que os assemelha aos bolos sagrados do Egito e de outras nações orientais. Do mesmo modo que essas nações, os povos do Novo Mundo também possuíam ordens monásticas, masculinas e femininas, nas quais a quebra dos votos era punida com a morte. Tal como os egípcios, eles embalsamavam seus mortos, cultuavam o sol, a lua e os planetas, mas, além disso, adoravam uma Divindade “onipresente, conhecedora de todas as coisas… invisível, incorpórea, um Deus de completa perfeição” (ver Sa-hagun, Historia de Nueva Espana, livro VI).

Também tinham sua deusa virgem-mãe, a “Nossa Senhora”, cujo filho, o “Senhor da Luz”, era chamado “Salvador”, o que vem estabelecer uma correspondência exata com Isis, Béltis e muitas outras deusas-virgens do Oriente, com seus filhos divinos.

Seus rituais do sol e culto do fogo assemelhavam-se aos dos antigos celtas da Grã-Bretanha e da Irlanda – e, tal como estes últimos, denominavam-se “filhos do sol”. Uma arca, ou argha, era um dos símbolos sagrados universais, que encontramos tanto na índia, na Caldéia, na Assíria, no Egito e na Grécia, como entre os povos celtas. Lord Kingsborough, em sua obra Mexican Antiquities (vol. VIU, p. 250), afirma: “Assim como entre os hebreus a arca era uma espécie de templo portátil, onde, acreditava-se, a divindade estava continuamente presente, também entre os mexicanos, cheroquis e índios de Michoacán e Honduras, a arca era objeto da mais profunda veneração, considerada tão sagrada que só os sacerdotes podiam tocá-la.”

Quanto à arquitetura religiosa, descobrimos que, em ambas as margens do Atlântico, uma das mais antigas edificações sagradas é a pirâmide. Por mais obscuros que sejam os usos para os quais essas construções foram originalmente projetadas, uma coisa é certa: estavam estreitamente vinculadas a alguma idéia ou conjunto de idéias religiosas. A identidade do traçado entre as pirâmides do Egito e as do México e da América Central é por demais surpreendente para ser uma simples coincidência. De fato, algumas das pirâmides americanas – a maioria – terminam abruptamente, com um topo achatado; contudo, segundo Bancroft e outros, muitas das pirâmides encontradas em Yucatán, particularmente aquelas próximas a Palenque, possuem um topo pontiagudo, no mais genuíno estilo egípcio, ao passo que, por outro lado, temos algumas pirâmides egípcias em forma de escada e com o topo achatado. Cholula foi comparada aos grupos de Dachour, de Sakkara e à pirâmide escalonada de Mé-dourn. Semelhantes em orientação, em estrutura e mesmo nas galerias e câmaras internas, esses misteriosos monumentos do Oriente e do Ocidente atestam uma origem comum, a partir da qual seus construtores traçaram seus projetos.

As imensas ruínas de cidades e templos no México e Yucatán estranhamente também se assemelham às do Egito, sendo as ruínas de Teotihuacán freqüentemente comparadas às de Karnak. O “arco falso” – fiadas de pedras, levemente sobrepostas umas às outras – é encontrado, com a mesma forma, na América Central, nas mais antigas construções da Grécia e nas ruínas etruscas. Os maund builders, tanto dos continentes orientais como ocidentais, ergueram túmulos semelhantes para seus mortos, os quais foram depositados em esquifes de pedra também semelhantes. Ambos os continentes possuem seus enormes mounds da serpente; compare-se o do condado de Adams, em Ohio, com o primoroso mound da serpente descoberto em Argyllshire, ou com o exemplar menos perfeito de Avebury, em Wilts. Até mesmo a escultura e a decoração dos templos da América, do Egito e da índia têm muito em comum, enquanto algumas das decorações murais são absolutamente idênticas.

Quinta Categoria

Só resta agora resumir alguns depoimentos prestados pelos antigos e alguns dados extraídos das tradições de povos primitivos e das antigas lendas diluvianas.

Aelian, em sua Varia Historia (vol. Hl, cap. XVm) afirma que Teopompo (400 a.C.) registrou um encontro entre o rei da Frigia e Sileno, no qual este último referiu-se à existência de um grande continente do outro lado do Atlântico, maior que a Ásia, a Europa e a Líbia juntas.

Proclo cita um trecho de um antigo escritor que se refere às ilhas existentes no mar que ficava do outro lado das Colunas de Hércules (Estreito de Gibraltar), afirmando que os habitantes de uma dessas ilhas possuíam uma crença, que lhes fora legada por seus antepassados, a respeito de uma enorme ilha, chamada Atlântida, que, por um longo tempo, governou todas as ilhas do oceano Atlântico.

Marcelo menciona sete ilhas no Atlântico e afirma que seus habitantes conservam a lembrança de uma ilha muito maior, a Atlântida, “a qual, por longo tempo, exerceu domínio sobre as ilhas menores”.

Diodoro de Sicília relata que os fenícios descobriram “uma grande ilha no oceano Atlântico, além das Colunas de Hércules, a vários dias de viagem da costa africana”.

Contudo, a maior autoridade nesse assunto é Platão. No Timeu ele alude ao continente insulano, enquanto o Crítias ou Atlântico é nada menos que um relato detalhado da história, artes, usos e costumes do povo. No Timeu ele menciona “uma poderosa força bélica, partindo do mar Atlântico e alastrando-se com fúria hostil por toda a Europa e Ásia. Por esse tempo, o mar Atlântico era navegável e havia uma ilha antes da desembocadura que é chamada por vocês de Colunas de Hércules. Mas essa ilha era muito maior do que a Líbia e toda a Ásia juntas, e proporcionava fácil acesso às outras ilhas vizinhas. Além disso, era igualmente fácil passar daquelas ilhas para todos os continentes que se limitavam com o mar Atlântico”.

O Crítias fornece tantos dados valiosos que se torna difícil selecioná-los; o trecho abaixo, por exemplo, menciona as riquezas materiais do país: “Eles também tinham todas as coisas necessárias à subsistência, as quais, tanto numa cidade como em qualquer outro lugar, são tidas como benéficas aos propósitos da vida. Na verdade, em virtude de seu extenso império, supriam-se de muitas coisas provenientes dos países estrangeiros; mas a ilha fornecia-lhes a maior parte de tudo o que necessitavam. Em primeiro lugar, a ilha provia-os de minerais extraídos do solo em estado sólido, dos quais alguns eram fundidos; o oricalco, que hoje em dia raramente é mencionado, mas que outrora era muito conhecido, também era extraído do solo em muitas partes da ilha, sendo considerado o mais nobre dos metais, à exceção do ouro. Além disso, tudo quanto as florestas forneciam para os construtores, a ilha produzia em abundância. Havia, outrossim, suficientes pastagens para animais selvagens e domésticos, bem como um número prodigioso de elefantes. Havia pastagens para todos esses animais, que se alimentavam nos lagos, rios, montanhas e planícies. Do mesmo modo, havia alimento suficiente para as espécies maiores e mais vorazes de animais. Além disso, todos os tipos de odoríferos que a terra, atualmente, nutre, sejam raízes, gramíneas, bosques, sucos, resinas, flores ou frutos – isso tudo a ilha produzia, e fartamente.”

Os gauleses possuíam costumes da Atlântida, os quais foram compilados pelo historiador romano Timagenes, que viveu no século I a.C. Parece que três povos distintos habitaram a Gália. A princípio, populações indígenas (provavelmente os remanescentes de alguma raça lemuriana); em segundo lugar, os invasores provenientes da longínqua ilha de Atlântida e, em terceiro, os gauleses áricos (ver Pre-Adamites, p. 380).

Os toltecas do México reconstituíram seu próprio passado a partir de um marco inicial chamado Atlan ou Aztlan; os astecas também sustentaram ter se originado de Aztlan (ver Bancroft, Native Roces, vol. 5, pp. 221 e 321).

O Popul Vuh (p. 294) menciona uma visita que os três filhos do rei dos Quichés fizeram a uma terra “no leste, situada nas costas do mar de onde tinham vindo seus pais”, da qual trouxeram, entre outras coisas, “um sistema de escrita” (ver também Bancroft, vol. V, p. 553).

Entre os índios da América do Norte, há uma lenda muito popular, segundo a qual seus antepassados vieram de uma terra situada “na direção do nascer do sol”. Segundo o Major J. Lind, os índios de lowa e Dacota acreditavam que “todas as tribos de índios tinham sido, outrora, uma só tribo e que, juntas, haviam habitado uma ilha . situada na direção do nascer do sol”. Dali, elas atravessaram o mar “em enormes esquifes, nos quais os dacotas do passado flutuaram durante semanas, para finalmente alcançarem a terra firme”.

Os livros centro-americanos afirmam que uma parte do continente americano estendia-se para bem distante, oceano Atlântico adentro, e que essa região foi destruída por uma série de terríveis cataclismos, separados por longos intervalos. Três deles são freqüentemente mencionados (ver Baldwin, Anciení America, p. 176). Uma curiosa confirmação disso encontra-se numa lenda dos celtas da Grã-Bretanha, segundo a qual uma parte de seu país, que outrora estendia-se Atlântico adentro, foi destruída. Três catástrofes são mencionadas nas tradições galesas.

Diz-se que Quetzalcóatl, a divindade mexicana, veio do “oriente distante”. Ele é descrito como um homem branco, com uma enorme barba (os indígenas da América do Norte e do Sul são imberbes). Ele criou as letras e organizou o calendário mexicano. Depois de ensinar-lhes muitas artes e lições pacíficas, ele partiu para o leste, numa canoa feita de couro de serpente (ver Short, North Americans of Antiquity, pp. 268-271). A mesma história é contada a respeito de Zamna, o criador da civilização em Yucatán.

Resta apenas tratar da admirável uniformidade das lendas diluvianas em todas as partes do globo. Quer sejam antigas versões da história da Atlântida desaparecida e de sua submersão, ou eco de uma importante parábola cósmica outrora ensinada e mantida em reverência em algum centro comum, de onde se difundiram por todo o mundo, isso não nos diz respeito no momento. Por enquanto, basta-nos demonstrar a aceitação universal dessas lendas. Seria um desperdício inútil de tempo e espaço examinar, minuciosamente e uma a uma, essas lendas diluvianas. Basta dizer que na índia, na Caldéia, na Babilônia, na Média, na Grécia, na Escandinávia, na China, entre os hebreus e entre as tribos celtas da Grã-Bretanha, a lenda é absolutamente idêntica em seus pontos essenciais. E o que encontraremos, se nos voltarmos para o Ocidente? A mesma história, preservada em todos os detalhes pelos mexicanos (cada tribo tendo a sua versão), pelos povos da Guatemala, Honduras, Peru e por quase todas as tribos de índios norte-americanos. Seria ingênuo sugerir que a mera coincidência explicaria essa identidade fundamental.

O trecho abaixo transcrito, extraído da tradução de Lê Plongeon do célebre Manuscrito Troano, que pode ser visto no Museu Britânico, certamente proporcionará uma conclusão adequada a esta questão. O Manuscrito Troano parece ter sido escrito há cerca de 3.500 anos, entre os maias do Yucatán, e sua descrição da catástrofe que submergiu a ilha de Posseidones é a seguinte: “No ano 6 Kan, no II9 Muluc do mês Zac, ocorreram terríveis terremotos, que con- tinuaram, sem interrupção, até o 13- Chuen. A região das colinas de lodo, a terra de Mu, foi sacrificada: sendo erguida por duas vezes, desapareceu de súbito durante a noite, enquanto a bacia era continuamente sacudida por forças vulcânicas. Estas, confinadas, fizeram a terra afundar e erguer-se diversas vezes e em vários lugares. Por fim, a superfície cedeu e dez regiões foram violentamente separadas e dizimadas. Incapazes de resistir à força das convulsões, afundaram, com seus 64.000.000 de habitantes, 8.060 anos antes de este livro ser escrito.”

Hoje, porém, tem sido devotado espaço suficiente aos fragmentos de depoimentos – todos mais ou menos convincentes – que estão, até agora, em poder da Humanidade. Aos interessados em se dedicar a uma Unha especial de investigação, as várias obras acima mencionadas ou citadas poderão ser consultadas.

O assunto em questão agora poderá ser abordado. Os fatos aqui coletados, extraídos, como foram, de registros contemporâneos que, por sua vez, foram compilados e transmitidos através das épocas que teremos de abordar, não se baseiam em hipóteses ou conjecturas. O autor pode não ter alcançado uma compreensão exata dos fatos e, portanto, pode tê-los desfigurado parcialmente. Contudo, os registros originais poderão ser examinados por aqueles que se encontram devidamente qualificados, e os que estão dispostos a empreender o treinamento necessário poderão conseguir licença para examinar e conferir.

Todavia, ainda que todos os registros ocultos fossem acessíveis à nossa inspeção, é preciso compreender que um esboço que tenta resumir numas poucas páginas a história de raças e nações, cujo desenvolvimento se estende, pelo menos, durante centenas de milhares de anos, não poderia deixar de ser fragmentário. Entretanto, qualquer relato acerca desse assunto – ainda que desconexo – não deixa de ser algo inédito e, portanto, de amplo interesse para a Humanida- de em geral.

Entre os documentos acima mencionados, há mapas referentes a vários períodos da história da Humanidade, e a permissão de obter cópias – mais ou menos completas – de quatro desses mapas foi o grande privilégio do autor. Todos os quatro retraíam a Atlântida e as terras adjacentes em diferentes épocas da sua história. Essas épocas correspondem, aproximadamente, aos períodos que medeiam as catástrofes acima mencionadas e, a esses períodos assim representados pelos quatro mapas associar-se-ão, naturalmente, os registros da raça atlante.

Entretanto, antes de iniciar a história da raça, seriam úteis algumas observações a respeito da geografia das quatro diferentes épocas:


O primeiro mapa representa a superfície terrestre do globo há cerca de um milhão de anos, quando a raça atlante estava em seu apogeu e antes da ocorrência da primeira grande submersão, cerca de 800.000 anos atrás. O próprio continente da Atlântida, como se pode observar, estendia-se desde um ponto situado alguns graus a leste da Islândia até mais ou menos o local onde hoje fica o Rio de Janeiro, na América do Sul. Abrangendo o Texas e o golfo do México, os estados do sul e do leste da América, inclusive o Labrador, ele estendia-se através do oceano até as ilhas européias – Escócia e Irlanda e uma pequena porção do norte da Inglaterra, formando um de seus promontórios -, enquanto suas regiões equatoriais abrangiam o Brasil e toda a extensão do oceano, até a Costa do Ouro, na África. Os fragmentos dispersos de que, finalmente, se formaram os continentes da Europa, da África e da América, bem como os vestígios do ainda mais antigo e outrora extenso continente da Lemúria, também podem ser vistos nesse mapa. Os vestígios do ainda mais remoto continente hiperbóreo, que foi habitado pela segunda raça-raiz, também são visíveis e, tal como a Lemúria, em cor azul.

Como se pode observar pelo segundo mapa, a catástrofe de 800.000 anos atrás provocou grandes alterações na configuração terrestre do globo. O grande continente está agora despojado de suas regiões setentrionais, e sua porção remanescente encontra-se mais dilacerada ainda. O continente americano, agora em fase de crescimento, está separado de seu continente materno, por uma falha, a Atlântida, e esta já não abrange as terras ora existentes, mas ocupa a maior parte da depressão atlântica, desde mais ou menos 50° de latitude norte até uns poucos graus ao sul do equador. Os assentamentos e elevações da superfície terrestre em outras partes do globo também foram consideráveis – as ilhas Britânicas, por exemplo, agora fazem parte de uma imensa ilha, que também abrange a península escandinava, o norte da França, todos os mares intermediários e alguns mares circundantes. Pode-se constatar que as extensões dos vestígios da Lemúria sofreram mutilações ainda maiores, enquanto a Europa, a África e a América tiveram seus territórios acrescidos.

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O terceiro mapa mostra os efeitos da catástrofe ocorrida há mais ou menos 200.000 anos. Com exceção das fendas nos continentes atlante e americano e a submersão do Egito, pode-se observar como os assentamentos e as elevações da superfície terrestre nessa época foram relativamente insignificantes; na verdade, o fato de esta catástrofe nunca ter sido considerada como uma das maiores transparece no trecho acima transcrito do livro sagrado dos guatemaltecos -onde apenas três grandes catástrofes são mencionadas. Contudo, a ilha escandinava aparece, agora, unida ao continente. A Atlântida encontra-se agora dividida, formando duas ilhas, conhecidas pelos nomes de Ruta e Daitya.

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O caráter extraordinário da convulsão natural que ocorreu há cerca de 80.000 anos fica evidenciado pelo quarto mapa. Daitya, a menor e mais meridional das ilhas, já desapareceu quase totalmente, ao passo que, de Ruta, apenas resta uma ilha relativamente pequena, Posseidones. Este mapa foi compilado há cerca de 75.000 anos e, sem dúvida, representa razoavelmente a superfície terrestre do globo, desde esse período até a submersão definitiva de Posseidones, em 9564 a.C., embora, durante esse período, devam ter ocorrido pequenas alterações. Notar-se-á que os contornos da superfície terrestre começaram, então, a assumir, aproximadamente, a mesma aparência que possuem hoje, embora as ilhas Britânicas ainda estivessem unidas ao continente europeu, o mar Báltico não existisse e o deserto do Saara formasse uma parte do fundo do oceano.

Quando se aborda a formação de uma raça-raiz é indispensável alguma referência à temática bastante mística acerca dos Manus. No Relatório nº 26 da Loja Maçônica de Londres, fez-se uma referência ao trabalho realizado por esses Seres sublimes, que abrange não só o planejamento dos tipos de todo o Manvantara como também supervisiona a formação e educação de cada raça-raiz, sucessivamente. O seguinte trecho refere-se a esse plano: “Também há os Manus, cujo dever consiste em atuar de modo semelhante em cada raça-raiz de cada Planeta do Círculo, o Manu-Semente, planejando o aperfeiçoamento do tipo que cada sucessiva raça-raiz inaugura, e o Manu-Raiz, realmente encarnando entre a nova raça na qualidade de guia e mestre, a fim de dirigir o desenvolvimento e garantir o aperfeiçoamento.”

A maneira pela qual a necessária segregação das espécimes selecionadas é efetuada pelo Manu encarregado, bem como seu subsequente cuidado com a comunidade em desenvolvimento, pode ser abordada num futuro relatório. Uma informação bastante simples quanto ao modo de proceder será suficiente aos nossos propósitos.

Foi, naturalmente, de uma das sub-raças da terceira raça-raiz, que habitava o continente conhecido pelo nome de Lemúria, que se efetuou a segregação destinada a produzir a quarta raça-raiz.

A fim de acompanhar as principais etapas do processo histórico dessa raça, através dos quatro períodos representados pelos quatro mapas, convém dividir o assunto nos seguintes tópicos:

1. Origem e localização territorial das diferentes sub-raças.
2. As instituições políticas que, respectivamente, elas desenvolveram.
3. Suas migrações para outras partes do mundo.
4. As artes e ciências desenvolvidas.
5. Os usos e costumes adotados.
6. O desenvolvimento e o declínio de idéias religiosas.

Em primeiro lugar, portanto, uma lista dos nomes das diferentes sub-raças:

1. Rmoahal
2. Tlavatli
3. Tolteca
4. Turaniana primitiva
5. Semita original
6. Acadiana
7. Mongólica

Faz-se necessária uma explicação acerca do princípio pelo qual esses nomes são escolhidos. Nos casos em que os etnólogos atuais descobriram vestígios de uma dessas sub-raças, ou mesmo identificado pequena parte de uma delas, o nome que lhes deram é utilizado a bem da clareza; contudo, no caso das duas primeiras sub-raças, dificilmente foram deixados quaisquer vestígios para que a ciência deles se apoderasse e, desse modo, foram adotados os nomes pelos quais elas mesmas se designavam.

O período representado pelo Mapa nº l mostra como era a superfície terrestre do globo há cerca de um milhão de anos, mas a raça rmoahal surgiu há quatro ou cinco milhões de anos, no período em que grandes porções do vasto continente meridional da Lemúria ainda existiam, enquanto o continente da Atlântida não havia assumido as dimensões que, finalmente, atingiria. Foi num contraforte desta terra lemuriana que a raça rmoahal nasceu. Pode-se localizá-lo, aproximadamente, a 7° de latitude norte e 5° de longitude oeste, e uma consulta a qualquer atlas moderno revelará que sua localização coincide com a atual costa de Achanti. Era uma região quente e chuvosa, habitada por enormes animais antediluvianos, que viviam em pântanos juncosos e florestas tímidas. Os fósseis dessas plantas atualmente são encontrados nas jazidas de carvão. Os nnoahals eram uma raça morena – sendo sua pele da cor do mogno. Sua altura, naqueles tempos remotos, era de, aproximadamente, 3 a 3,5 m – na verdade, uma raça de gigantes – mas, ao longo dos séculos, sua estatura foi gradualmente diminuindo, tal como se deu com todas as outras raças, e, mais tarde, vamos encontrá-los reduzidos à estatura do “homem de Furfooz”. Por fim, migraram para as costas meridionais da Atlântida, onde travaram contínuos combates com as sexta e sétima sub-raças dos lemurianos, que então habitavam essa região. Em seguida, uma grande parte da tribo mudou-se para o norte, enquanto o restante estabeleceu-se no local e uniu-se aos aborígines lemurianos negros. Como consequência, não restou, neste período – o período do primeiro mapa -, nenhuma linhagem pura no sul e, como veremos, foi dessas raças morenas, que habitavam as regiões equatoriais e o extremo sul do continente, que os conquistadores toltecas subseqüentemente se abasteciam de escravos. Contudo, o restante da raça alcançou os promontórios do extremo nordeste, contíguos à Islândia, e, vivendo nessa região por incontáveis gerações, foi aos poucos assumindo uma coloração mais clara, até que, no final do período do primeiro mapa, deparamo-nos com um povo razoavelmente louro. Posteriormente, seus descendentes tornaram-se súditos, ao menos nominalmente, dos reis semitas.

O fato de terem habitado nessa região por inúmeras gerações não implica que aí se tenham estabelecido ininterruptamente, pois certos fatores os obrigavam, de tempos em tempos, a se dirigirem para o sul. Sem dúvida, o frio das épocas glaciais influiu de modo semelhante sobre as outras raças; contudo, a fim de evitar digressões, apenas algumas informações devem ser aqui incluídas.

Sem entrar na questão das diferentes rotações que a Terra executa, ou da variação de graus da deslocação de sua órbita, cuja combinação é, às vezes, considerada a causa das épocas glaciais, o fato é que – como já foi admitido por alguns astrônomos – uma curta época glacial ocorre, aproximadamente, a cada 30.000 anos. Além dessas, porém, houve duas ocasiões na história da Atlântida em que a grande extensão de gelo despovoou, não só as regiões setentrionais, como também, ao invadir a maior parte do continente, forçou todos os seres vivos a migrar para as terras equatoriais. A primeira delas ocorreu durante a época dos rmoahals, há cerca de 3.000.000 de anos, e a segunda, durante o domínio dos toltecas, cerca de 850.000 anos atrás.

No que se refere a todas as épocas glaciais, deve-se dizer que, embora os habitantes das terras setentrionais tenham sido forçados a migrar, durante o inverno, para o sul, afastando-se da zona de gelo, era nessa zona que ficavam os grandes povoados, para os quais podiam retomar no verão e onde, devido à caça, acampavam até que o frio do inverno os forçasse a se dirigir novamente para o sul.

O lugar de origem dos tlavatli, ou segunda sub-raça, foi uma ilha ao largo da costa ocidental da Atlântida. O local está assinalado no primeiro mapa com o algarismo 2. Dali eles se espalharam pela Atlântida propriamente dita, sobretudo através do centro do continente, deslocando-se, contudo, gradualmente para o norte, em direção à faixa litorânea voltada para o promontório da Groenlândia. Fisicamente, constituíam uma raça robusta e resistente, de cor vermelho- acastanhada, mas não tão altos quanto aos rmoahals, a quem impeliram mais ainda para o norte. Sempre foram um povo amante das montanhas, e seus principais povoados situavam-se nas regiões montanhosas do interior. Comparando-se os Mapas l e 4, verificar-se-á que sua localização era mais ou menos contínua à região que, mais tarde, tornou-se a ilha de Posseidones. Neste período do primeiro mapa, eles também ocuparam – como já foi mencionado – as costas setentrionais, enquanto uma mistura de raça tlavatli com a tolteca habitava as ilhas ocidentais, que, mais tarde, participaram da formação do continente americano.

A seguir, temos a raça tolteca, ou terceira sub-raça, que constituiu um desenvolvimento esplêndido. Governou todo o continente da Atlântida por milhares de anos, com grandes recursos materiais e muito brilho. Na verdade, esta raça era de tal modo dominante e dotada de vitalidade, que as uniões com as sub-raças vizinhas não conseguiram alterar-lhe o tipo, que ainda permaneceu essencialmente tolteca; e, centenas de milhares de anos mais tarde, encontramos uma de suas remotas linhagens governando, magnificamente, no México e Peru, muito., anos antes que seus degenerados descendentes fossem conquistados pelas mais ferozes tribos astecas do norte.

Essa raça também tinha uma pele vermelho-acastanhada, embora fosse mais vermelha, ou mais acobreada, que a dos tlavatli. Sua estatura também era elevada, medindo em torno de 2,5 m durante o período de seu domínio absoluto; contudo, assim como ocorreu com todas as raças, foi sofrendo uma redução, até atingir o tamanho médio de hoje em dia. O tipo foi um aperfeiçoamento das duas sub-raças anteriores, possuindo uma feição séria, bastante acentuada, bem parecida com a dos antigos gregos. O lugar aproximado de origem dessa raça pode ser observado no primeiro mapa, assinalado com o algarismo 3. Sua localização ficava perto da costa ocidental da Atlântida, a cerca de 30° de latitude norte, e, toda a região circunvizinha, incluindo a maior parte da costa ocidental do continente, foi habitada por uma raça tolteca pura. Contudo, como veremos ao tratarmos da organização política, seu território finalmente ampliou-se por todo o continente, e foi de sua grande capital, situada na costa oriental, que os imperadores toltecas estenderam seu domínio a quase todas as nações.

Essas três primeiras sub-raças são conhecidas como as “raças vermelhas” e, entre elas e as quatro seguintes, não houve, a princípio, muita mistura de sangue. Essas quatro, embora diferindo consideravelmente entre si, foram chamadas de “amarelas”, e esta cor pode caracterizar de maneira apropriada a tez dos turanianos e mongólicos, mas os semitas e acadianos eram brancos.

A turaniana, ou quarta sub-raça, originou-se no lado oriental do continente, ao sul da região montanhosa habitada pelo povo tlavatli. Esse local está assinalado, no Mapa n2 l, com o algarismo 4. Desde sua origem, os turanianos eram colonizadores e muitos deles migraram para as terras situadas a leste da Atlântida. Nunca foram uma raça completamente dominante no seu continente de origem, embora algumas de suas tribos e linhagens tenham se tornado razoa- velmente poderosas. As grandes regiões centrais do continente, situadas a oeste e ao sul da região montanhosa dos tlavatlis, constituíam seu habitat especial, embora não exclusivo, pois repartiam essas terras com os toltecas. As curiosas experiências políticas e sociais realizadas por essa sub-raça serão abordadas mais adiante.

Quanto à semita original, ou quinta sub-raça, os etnólogos têm estado um tanto confusos, como de fato é extremamente natural que estejam, considerando os dados por demais insuficientes que possuem para se orientar. Essa sub-raça surgiu na região montanhosa que formava a mais meridional das duas penínsulas nordésteas, as quais, como vimos, correspondem, atualmente, à Escócia, à Irlanda e a alguns dos mares adjacentes. No Mapa n- l, o local está assinalado com o algarismo 5. Nesta menos atraente porção do grande continente a raça se desenvolveu e floresceu, mantendo-se durante séculos independente dos agressivos reis sulistas, até que, aos poucos e em grupos, começaram a se espalhar em várias direções e a colonizar outras regiões. É preciso lembrar que, na época em que os semitas subiram ao poder, centenas de milhares de anos haviam transcorrido e o período do segundo mapa já havia sido atingido. Eram uma raça turbulenta e descontente, sempre em guerra com seus vizinhos, sobretudo com o império cada vez mais amplo dos acadianos.

O lugar de origem da sub-raça acadiana, ou sexta sub-raça, será encontrado no Mapa nº 2 (assinalado com o algarismo 6), pois foi após a grande catástrofe de 800.000 anos atrás que esta raça surgiu. O local ficava na região oriental da Atlântida, mais ou menos no centro da grande península, cuja extremidade sudeste estendia-se em direção ao velho continente. Pode-se localizá-lo aproximadamente a 42° de latitude norte e a 10° de longitude leste. Contudo, os acadianos não permaneceram por muito tempo em sua terra de origem, invadindo o continente da Atlântida, que, nessa época, já sofrera uma redução de suas dimensões. Eles travaram inúmeras batalhas terrestres e navais com os semitas, onde foi utilizado um grande número de frotas pelos dois combatentes. Por fim, há cerca de 100.000 anos, derrotaram definitivamente os semitas e, a partir de então, estabeleceram uma dinastia acadiana na antiga capital semita e, durante séculos, governaram o país com sabedoria. Tornaram-se grandes comerciantes, navegadores e colonizadores, estabelecendo muitos núcleos que serviam de pontos de ligação com terras distantes.

A sub-raça mongólica, ou sétima sub-raça, parece ter sido a única que não teve absolutamente nenhum contato com seu continente de origem. Originária das planícies da Tartária (local assinalado com o algarismo 7, no segundo mapa), a cerca de 63° de latitude norte e 140° de longitude leste, desenvolveu-se diretamente dos descendentes da raça turaniana, a quem suplantou paulatinamente por quase toda a Ásia. Essa sub-raça multiplicou-se de tal modo que, hoje em dia, a maior parte dos habitantes da Terra pertencem, tecnicamente, a ela, embora muitas de suas subdivisões estejam tão profundamente alteradas com o sangue de raças mais primitivas que mal se distinguem delas.

Instituições Políticas

Num resumo como este seria impossível descrever como cada sub-raça se subdividiu, posteriormente, em nações, cada qual com seu tipo e características distintos.

Tudo o que se pode tentar aqui é esboçar, em linhas gerais, a variedade de instituições políticas que se sucederam ao longo das grandes épocas da raça.

Embora reconhecendo que cada sub-raça, bem como cada raça-raiz, está destinada a permanecer, em alguns aspectos, num nível mais elevado do que aquela que a antecedeu, a natureza cíclica do desenvolvimento deve ser compreendida como um condutor da raça à semelhança do homem que, passando pela infância, juventude e atingindo a maturidade, retorna de novo à infância da velhice. Evolução significa, necessariamente, máximo progresso, ainda que o retrocesso de sua espiral ascendente pareça fazer da história da política ou da religião um relato não só do desenvolvimento e do progresso, mas também da degradação e da decadência.

Portanto, quando se afirma que a primeira sub-raça iniciou-se sob a mais perfeita forma de governo concebível, deve-se compreender que isso se deu antes em virtude das necessidades de sua infância do que dos méritos de sua maturidade. Os rmoahals eram incapazes de desenvolver um programa de governo fixo, e tampouco atingiram um nível de civilização tão elevado quanto o alcançado pelas sexta e sétima sub-raças lemurianas. Contudo, o Manu que efetuou a segregação encarnou, de fato, na raça e governou-a como rei. Até mesmo quando deixava de ter uma participação efetiva no governo da raça, governantes Adeptos ou Divinos, quando os tempos assim o exigiam, ainda garantiam o futuro da comunidade em sua tenra idade. Como é do conhecimento dos estudantes de Teosofia, nossa humanidade ainda não atingira o necessário estágio de desenvolvimento que lhe permitisse gerar Adeptos inteiramente iniciados. Portanto, os governantes acima mencionados, inclusive o próprio Manu, eram, necessariamente, fruto da evolução em outros sistemas de mundos.

O povo tlavatli mostrou alguns sinais de avanço na arte de governar. Suas várias tribos ou nações eram governadas por chefes ou reis que, geralmente, eram investidos de sua autoridade através da aclamação do povo. Naturalmente, os indivíduos mais vigorosos e os guerreiros mais destemidos eram, então, os escolhidos. Um império considerável finalmente se estabeleceu entre eles, onde um rei tornou-se o chefe nominal, embora sua suserania consistisse mais num título honorário do que numa autoridade real.

Foi a raça tolteca que desenvolveu o mais alto grau de civilização e organizou o mais poderoso império de todos os povos atlantes, estabelecendo pela primeira vez o princípio da sucessão hereditária. A princípio, a raça dividiu-se em vários e pequenos reinos independentes, que lutavam constantemente entre si, e todos em guerra com os rmoahals-lemurianos do sul. Estes últimos foram gradualmente conquistados e dominados – muitas de suas tribos foram escravizadas. Entretanto, cerca de um milhão de anos atrás, esses reinos independentes uniram- se numa grande federação e reconheceram um imperador como chefe. Naturalmente, isso se deu através de grandes guerras, mas resultou em paz e prosperidade para a raça.

Deve ser lembrado que a Humanidade sempre foi dotada, em sua grande maioria, de atributos psíquicos e, nessa época, os indivíduos mais desenvolvidos tinham se submetido ao aprendizado necessário nas escolas de ocultismo, tendo obtido vários estágios de iniciação – alguns, inclusive, haviam alcançado o grau de Adeptos. O segundo desses imperadores era um Adepto e, por milhares de anos, a dinastia Divina governou não só todos os reinos nos quais a Atlântida estava dividida, mas também as ilhas ocidentais e a porção meridional do território adjacente, situado a leste. Quando necessário, essa dinastia era fornecida pela Casa de Iniciados mas, por via de regra, o poder era legado de pai para filho, sendo todos mais ou menos qualificados; em alguns casos, o filho recebia um grau adicional das mãos do pai. Durante todo esse período, os governantes Iniciados mantiveram-se vinculados à Hierarquia Oculta que governa o mundo, submetendo-se às suas leis e atuando em harmonia com seus desígnios. Essa foi a idade de ouro da raça tolteca. O governo era justo e generoso; as artes e ciências eram cultivadas – na verdade, aqueles que trabalhavam nesses setores, guiados como foram pela ciência oculta, alcançaram resultados extraordinários; as crenças e rituais religiosos ainda eram relativamente puros – na verdade, a civilização da Atlântida alcançara, nessa época, seu apogeu.

Mais ou menos 100.000 anos após esta idade de ouro, iniciou-se a degeneração e o declínio da raça. Muitos dos reis tributários, e um grande número de sacerdotes e súditos, deixaram de usar suas faculdades e poderes de acordo com as leis estipuladas por seus governantes Divinos, cujos preceitos e conselhos eram agora desrespeitados. Seus vínculos com a Hierarquia Oculta se romperam. O engrandecimento pessoal, a obtenção de riqueza e poder, a humilhação e ruína de seus inimigos tornaram-se, cada vez mais, o alvo para o qual seus poderes ocultos estavam dirigidos: desse modo, afastados de seu emprego lícito e utilizados para a obtenção de todos os tipos de propósitos egoístas e malévolos, inevitavelmente esses poderes conduziram ao que devemos chamar de bruxaria.

Envolta como esta palavra está pelo ódio, cuja associação foi gradualmente produzida, durante séculos de superstição e ignorância, pela credulidade, por um lado, e pela impostura, por outro, consideremos por um momento seu significado real e as terríveis consequências que sua prática sempre acaba trazendo ao mundo.

Em parte por suas faculdades psíquicas, que ainda não tinham se extinguido nas profundezas da materialidade, para a qual a raça em seguida decaiu, e em parte por seus conhecimentos científicos, obtidos durante esse apogeu da civilização atlante, os membros mais intelectuais e vigorosos da raça foram aos poucos alcançando uma compreensão cada vez maior acerca da atuação das leis da Natureza, bem como um controle cada vez maior de algumas de suas forças ocultas. A profanação desse saber e seu emprego para fins egoístas é o que constitui a bruxaria. As terríveis consequências de tal profanação também estão suficientemente exemplificadas pelas horríveis catástrofes que se desencadearam sobre a raça. A partir do momento em que a magia negra foi posta em prática, ela estava destinada a se propagar em círculos cada vez mais amplos. Assim, uma vez afastado o guia espiritual supremo, o princípio kâmico, que era o quarto, atingiu naturalmente seu zênite durante a quarta raça-raiz, afirmando-se cada vez mais na Humanidade. A luxúria, a brutalidade e a ferocidade foram aumentando, e a natureza animal do homem foi assumindo seu aspecto mais abjeto. Desde os primórdios, o que dividiu a raça atlante em duas facções inimigas foi uma questão moral, e o que já havia começado na época dos rmoahals acentuou-se terrivelmente na era tolteca. A batalha de Armagedon é travada repetidas vezes em cada idade da história do mundo.

Deixando de se submeter ao sábio governo dos imperadores Iniciados, os seguidores da “magia negra” sublevaram-se e elegeram um imperador rival que, depois de muitas lutas e conflitos, expulsou o imperador branco de sua capital, a “Cidade dos Portais Dourados”, e assumiu o trono.

O imperador branco, expulso para o norte, reinstalou-se numa cidade fundada originalmente pelos tlavatli, na extremidade meridional da região montanhosa que, nessa época, era a sede de um dos reis tributários toltecas. Esse rei recebeu com alegria o imperador branco e colocou a cidade à sua disposição. Havia outros reis tributários que também permaneceram leais a ele, mas a maioria transferiu sua vassalagem ao novo imperador, que reinava na antiga capital. Entretanto, essa lealdade não durou muito tempo. Os reis tributáveis constantemente reivindicavam sua independência, e contínuas batalhas eram travadas em diferentes pontos do império, recorrendo-se largamente à prática de bruxaria a fim de suplementar os poderes de destruição que os exércitos possuíam.

Esses eventos ocorreram cerca de 50.000 anos antes da primeira grande catástrofe.

Dessa época em diante as coisas foram de mal a pior. Os bruxos usavam seus poderes de um modo cada vez mais arrojado, e um grupo cada vez maior de pessoas adquiria e praticava essa terrível “magia negra”.

Veio então a horrível punição, onde pereceram milhões e milhões de pessoas. A grande “Cidade dos Portais Dourados” tornara-se, nessa época, um perfeito antro de iniquidade. As ondas precipitaram-se sobre ela e exterminaram seus habitantes, e o imperador “negro” e sua dinastia caíram para sempre. O imperador do norte e os sacerdotes iniciados, de todas as partes do continente, há muito tempo estavam conscientes dos funestos dias que se aproximavam, e as páginas seguintes falarão das muitas migrações, lideradas pelos sacerdotes, que precederam esta catástrofe, bem como das que se deram em épocas posteriores.

O continente estava, então, bastante dilacerado. Mas a porção atual de território submerso de modo algum representava o dano provocado, pois os vagalhões varreram grandes extensões de terra, transformando-as em pântanos abandonados. Regiões inteiras tornaram-se estéreis, permanecendo desertas e sem plantações por muitas gerações.

Além disso, a população restante recebera uma terrível advertência. Levaram-na a sério e, durante certo tempo, a bruxaria foi menos freqüente entre eles. Passou-se um longo período, antes que se estabelecesse um novo governo eficaz. Por fim, depararemos com uma dinastia semita de bruxos entronizada na “Cidade dos Portais Dourados”, mas nenhuma autoridade tolteca destacou-se durante o período do segundo mapa. Ainda havia um número considerável de populações toltecas, mas pouco restava de seu puro sangue no continente de origem.

Entrementes, na ilha de Ruta, no período do terceiro mapa, uma dinastia tolteca novamente ascendeu ao poder e governou, através de seus reis tributários, uma grande porção da ilha. Essa dinastia devotava-se à magia negra. E importante salientar que essa prática tomou-se, durante todos os quatro períodos, cada vez mais predominante, até culminar na inevitável catástrofe que, em grande medida, purificou a terra do mal monstruoso. Deve-se também ter em mente que, até a destruição final, quando Posseidones desapareceu, um imperador ou rei Iniciado – ou ao menos alguém que conhecia a “boa lei” -, governou em alguma parte do continente insular, atuando sob a orientação da Hierarquia Oculta, a fim de refrear, onde fosse possível, os bruxos malignos e orientar e instruir a pequena minoria que ainda estava disposta a levar uma vida pura e saudável. Nos últimos dias, esse rei “branco” era, via de regra, eleito pelos sacerdotes – ou seja, pelos poucos que ainda seguiam a “boa lei”.

Pouco resta a ser dito sobre os toltecas. Em Posseidones, a população de toda a ilha era mais ou menos mesclada. Dois reinos e uma pequena república, localizada a oeste, dividiam a ilha entre si. A região norte era governada por um rei Iniciado. No sul, o princípio hereditário também fora substituído pela eleição popular. As dinastias raciais aristocráticas estavam acabando, mas reis de linhagem tolteca ocasionalmente subiam ao poder, tanto no norte quanto no sul, embora o reino setentrional fosse constantemente invadido pelo seu rival sulista, que conquistava para si uma parte cada vez maior de seu território.

Esta abordagem, até certo ponto minuciosa, da situação política na época dos toltecas, exime-nos de uma análise pormenorizada das principais características políticas das quatro sub-raças seguintes, já que nenhuma delas atingiu o apogeu alcançado pelos toltecas – na verdade, a degeneração da raça já havia começado.

Ao que tudo indica, foi a tendência inata da raça turaniana que a levou a desenvolver uma espécie de sistema feudal. Cada chefe era supremo em seu próprio território e o rei era apenas o primas inter pares. Os chefes que compunham o conselho de estado ocasionalmente assassinavam o rei, substituindo-o por um deles. Eram uma raça violenta e bárbara, bem como brutal e cruel. O fato de que, em alguns períodos de sua história, uma grande quantidade de mulheres participassem de suas guerras é indicativo dessas características.

Contudo, o fato mais interessante de sua história está na estranha experiência que empreenderam em sua vida social, que, não fosse por sua origem política, melhor se enquadraria na seção destinada aos “usos e costumes”. Os turanianos sofriam constantes derrotas nas batalhas travadas com seus vizinhos toltecas, muito mais numerosos; assim, tinham como meta principal o aumento da população. Para tanto promulgaram leis que retiravam de cada homem a responsabilidade de sustentar a família. O Estado cuidava e provia a subsistência das crianças, que eram consideradas propriedade sua. Isso contribuiu, sem dúvida, para o aumento do coeficiente de natalidade entre os turanianos, e a cerimônia do casamento passou a ser desprezada. Os laços da vida familiar e o sentimento de amor entre pais e filhos logicamente foram destruídos, o que levou o sistema a um verdadeiro fracasso total, sendo finalmente abandonado. Outras tentativas de encontrar soluções socialistas para problemas econômicos, que até hoje nos afligem, foram experimentadas e abandonadas por essa raça.

Os semitas originais, que eram uma raça belicosa, saqueadora e enérgica, sempre teve uma inclinação pela forma patriarcal de governo. Seus colonizadores, que geralmente levavam uma vida nômade, adotaram essa forma de governo de modo quase exclusivo, mas, como vimos, desenvolveram um considerável império durante o período do segundo mapa e invadiram a grande “Cidade dos Portais Dourados”. Entretanto, acabaram sendo obrigados a recuar diante do crescente poder dos acadianos.

Foi no período do terceiro mapa, cerca de 100.000 anos atrás, que os acadianos afinal derrotaram o poderio semita. Essa sexta sub-raça era um povo muito mais obediente às leis do que seus predecessores. Mercadores e navegadores, viviam em comunidades sedentárias e, naturalmente, criaram uma forma oligárquica de governo. Uma de suas características, da qual Esparta é o único exemplo recente, era o sistema dual de governo, onde dois reis governam a mesma cidade. Talvez em consequência de sua aptidão naval, o estudo das estrelas tomou-se uma atividade característica, tendo essa raça realizado grandes progressos na astronomia e na astrologia.

O povo mongólico foi um aperfeiçoamento de seus vizinhos ancestrais, originários do selvagem tronco turaniano. Nascidos, como eram, nas vastas estepes da Sibéria Oriental, nunca tiveram qualquer contato com o continente-mãe e, sem dúvida por causa de seu ambiente, tornaram-se um povo nômade. Mais psíquicos e mais religiosos do que os turanianos, de quem descendiam, a forma de governo para a qual tenderam exigia um suserano que exercesse o poder supremo, não só como governante territorial mas também como sumo sacerdote.

Emigrações

Três causas contribuíram para provocar as emigrações. A raça turaniana, como vimos, estava, desde sua origem, imbuída do espírito de colonização, o que ela levou a cabo numa escala considerável. Também os semitas e acadianos eram, até certo ponto, raças colonizadoras.

Com o passar do tempo, a população também tendia cada vez mais a ultrapassar os limites de subsistência. Por conseguinte, a miséria se instalava, de modo semelhante, entre os menos prósperos de cada raça, que se viram obrigados a procurar um meio de vida em países menos populosos. Deve-se ter em mente que, quando os atlantes atingiram seu apogeu na era tolteca, a proporção de habitantes por quilômetro quadrado no continente da Atlântida provavelmente era comparável, embora não excedesse, à que se verifica atualmente na Inglaterra e Bélgica. De qualquer modo, é claro que os espaços vagos disponíveis para colonização eram mais abundantes naquela época do que na nossa, embora a população total do mundo – que no momento [1986], não deve ser superior a 1,2 ou 1,5 bilhão de habitantes – atingisse naqueles dias a grande cifra de aproximadamente 2 bilhões de habitantes.

Por fim, havia as emigrações lideradas por sacerdotes, que ocorreram antes de cada catástrofe – e as quatro grandes catástrofes, acima mencionadas, não foram as únicas. Os reis e sacerdotes Iniciados que observavam a “boa lei” estavam, de antemão, cientes das calamidades iminentes. Portanto, cada um deles tornou-se um centro de advertência profética, acabando por liderar grupos de colonizadores. Deve-se observar aqui que, nos últimos dias, os governantes do país indignaram-se profundamente com essas emigrações lideradas pelos sacerdotes, as quais tendiam a empobrecer e despovoar seus reinos, e os emigrantes eram obrigados a embarcar secretamente durante a noite.

Acompanhando, mais ou menos, as rotas de emigração que, sucessivamente, foram seguidas por cada sub-raça, inevitavelmente acabaremos chegando às terras que seus respectivos descendentes hoje ocupam.

Quanto às emigrações mais antigas, temos de recuar até a época dos rmoahals. É preciso lembrar que apenas a porção da raça que habitava as costas nordésteas conservava seu sangue puro. Atacados em suas fronteiras meridionais e expulsos mais para o norte pelos guerreiros tlavatlis, começaram a penetrar no território vizinho, situado a leste, e no promontório da Groenlândia, que ficava mais próximo ainda. No período do segundo mapa, não havia mais nenhum rmoahal de sangue puro no já então reduzido continente-mãe, mas o promontório setentrional do continente, que se erguia a oeste, bem como o já mencionado cabo da Groenlândia e o litoral ocidental da grande ilha escandinava estavam ocupados por eles. Havia também uma colônia, na região situada ao norte do mar asiático central.

Naquele tempo, a Grã-Bretanha e a Picardia faziam parte da ilha escandinava, embora a própria ilha se tornasse, no período do terceiro mapa, parte do crescente continente europeu. Atualmente, é na França que os restos mortais desta raça têm sido encontrados, nos estratos quaternários, e o espécime braquicéfalo, de cabeça arredondada, conhecido como o “homem de Furfooz”, pode ser considerado como uma degeneração do tipo da raça em seu declínio.

Muitas vezes obrigados, devido às inclemências de uma época glacial, a se dirigirem para o sul, muitas vezes impelidos para o norte pela ganância de seus vizinhos mais poderosos, os remanescentes dessa raça, dispersos e degradados, podem ser encontrados hoje entre os atuais lapões, embora mesmo neste caso tenha havido uma mistura de sangue. Contudo, estes enfraquecidos e atrofiados espécimes da Humanidade são descendentes diretos da raça negra de gigantes que surgiu nas terras equatoriais da Lemúria, há quase cinco milhões de anos.

Os colonizadores tlavatlis parecem ter se espalhado por todas as direções. No período do segundo mapa, seus descendentes estavam instalados nas costas ocidentais do então crescente continente americano (Califórnia), bem como nas costas do extremo sul (Rio de Janeiro). Também podemos encontrá-los nas regiões litorâneas orientais da ilha escandinava, embora muitos deles se tivessem aventurado pelo oceano, contornando a costa da África e alcançando a índia, onde, num processo de miscigenação com a população indígena lemuriana, formaram a raça dravídica. Mais tarde, essa raça misturou-se, por sua vez, com a raça árica, ou quinta raça, de onde a complexidade tipológica encontrada hoje na índia. De fato, temos aqui um claro exemplo da dificuldade extrema de decidir qualquer questão de raça pela evidência meramente física, pois seria perfeitamente possível que egos da quinta raça encarnassem entre os brâmanes, egos da quarta raça entre as castas inferiores, e alguns retardatários da terceira raça entre as tribos montesas.

No período do quarto mapa, encontramos uma nação tlavatli ocupando as regiões meridionais da América do Sul, de onde se pode deduzir que os patagônios provavelmente tiveram uma remota ascendência tlavatli.

Restos mortais dessa raça, assim como dos rmoahals, têm sido encontrados nos estratos quaternários da Europa central, e o doli-cocéfalo “homem de Cro-Magnon”* pode ser considerado um típico espécime da raça em sua decadência, ao passo que os “povos lacustres” da Suíça constituíam um ramo ainda mais primitivo e não totalmente puro. Atualmente, os únicos povos que podem ser citados como espécimes de sangue razoavelmente puro dessa raça são algumas tribos pardas de índios da América do Sul. Os birmaneses e siameses também possuem sangue tlavatli nas veias, embora tenham se misturado com a estirpe mais nobre de uma das sub-raças ancas, cujo sangue é, portanto, dominante.

Chegamos, assim, aos toltecas. Eles emigraram sobretudo para o oeste. As costas próximas do continente americano estavam, no período do segundo mapa, povoadas por uma raça tolteca pura, enquanto a maioria dos que permaneceram no continente-mãe tinha o sangue muito misturado. Foi nos continentes da América do Norte e do Sul que essa raça se disseminou e floresceu; aí, milhares de anos mais tarde, os impérios do México e do Peru seriam fundados. A grandeza desses impérios é um assunto da História, ou ao menos da tradição, que tem à sua disposição inúmeras evidências, entre as quais as magníficas ruínas arquitetônicas. Pode-se notar aqui que, embora o império mexicano tenha sido, durante séculos, vasto e poderoso em todos os aspectos que nossa civilização atual considera como tal, ele nunca atingiu o apogeu alcançado pelos peruanos há cerca de 14.000 anos, sob o governo dos soberanos inças. No que diz respeito ao bem-estar geral do povo, à justiça e beneficência do governo, à divisão igualitária da posse da terra e à vida simples e religiosa dos habitantes, o império peruano daquela época poderia ser considerado como um eco tradicional, porém débil, da idade de ouro dos toltecas no continente-mãe da Atlântida.

O índio pele-vermelha típico da América do Norte ou do Sul, é o melhor representante atual do povo tolteca, mas naturalmente não se compara ao indivíduo altamente civilizado da raça em seu apogeu.

O Egito deve ser agora mencionado, e o estudo dessa matéria deve fornecer um importante esclarecimento a respeito de sua primitiva história. Embora o primeiro povoamento desse país não tenha sido, no sentido estrito da palavra, uma colônia, foi da raça tolteca que, posteriormente, foi aliciado o primeiro grande contingente de emigrantes, destinados a se misturarem com o povo aborígine e a dominá-lo.

Em primeiro lugar, houve a transferência de uma grande Loja de Iniciação, cerca de 400.000 anos atrás. A idade de ouro dos toltecas há muito terminara. A primeira grande catástrofe já ocorrera. A degradação moral do povo e a conseqüente prática das “magias negras” estavam se tornando mais acentuadas e se disseminavam por toda parte. Fazia-se necessário um ambiente mais puro para a Loja Branca. O Egito estava isolado e sua população era escassa. Por isso, foi escolhido. A colonização servia, assim, ao seu propósito e, não perturbada por condições adversas, a Loja de Iniciados realizou seu trabalho por, aproximadamente, 200.000 anos.

Cerca de 210.000 anos atrás, no tempo propício, a Loja Oculta fundou um império – a primeira “Dinastia Divina” do Egito – e principiou a ensinar o povo. Foi então que o primeiro grande grupo de colonizadores foi trazido da Atlântida e, em alguma época, durante os 10.000 anos que precederam a segunda catástrofe, as duas grandes pirâmides de Giseh foram construídas, em parte para proporcionar Salas de Iniciação permanentes, mas também para atuar como casa do tesouro e santuário de algum grande talismã de poder durante a submersão, que os Iniciados sabiam ser iminente. O Mapa nº 3 retrata o Egito nessa época, submerso. E ele assim permaneceu por um considerável período, mas quando tornou a emergir foi outra vez povoado pelos descendentes de muitos de seus antigos habitantes, que tinham se refugiado nas montanhas abissínias (que no Mapa D- 3 aparecem como uma ilha), bem como por novos grupos de colonos atlantes, vindos de várias regiões do mundo. Uma considerável imigração de acadianos ajudou, então, a alterar o tipo egípcio. Esta é a era da segunda “Dinastia Divina” do Egito – na qual os Adeptos Iniciados foram, novamente, os governantes do país.

A catástrofe de 80.000 anos atrás deixou, uma vez mais, o país submerso, mas dessa vez foi apenas uma onda temporária. Quando esta refluiu, a terceira “Dinastia Divina” – mencionada por Maneio — começou seu governo, e foi durante o reinado dos primeiros reis dessa dinastia que o grande templo de Karnak, e uma grande parte das mais antigas construções que ainda podem ser vistas no Egito, foram erigidas. Na verdade, excetuando-se as duas pirâmides, nenhuma outra construção no Egito é anterior à catástrofe de 80.000 anos atrás.

A submersão definitiva de Posseidones fez com que um outro vagalhão atingisse o Egito. Essa calamidade também foi apenas temporária, mas pôs fim às “Dinastias Divinas”, pois a Loja de Iniciados transferira suas sedes para outras terras.

Vários aspectos não mencionados aqui já foram tratados em Transaction of the London Lodge, “The Pyramids and Stonehenge”.

Os turanianos, que no período do primeiro mapa colonizaram as regiões setentrionais do território situado logo a leste da Atlântida, ocuparam, no período do segundo mapa, suas regiões litorâneas meridionais (que incluíam o Marrocos e a Argélia atuais). Também vamos encontrá-los vagando em direção ao oriente, povoando tanto as costas ocidentais como orientais do mar asiático central. Finalmente, seus grupos deslocaram-se ainda mais para o leste e, nos dias de hoje, o chinês do interior é o tipo que mais se aproxima dessa raça. Um curioso capricho do destino, a respeito de uma das ramificações ocidentais desta raça, deve ser mencionado. Apesar de dominados durante séculos pelos seus vizinhos toltecas, mais poderosos, estava reservado a um pequeno ramo do tronco turaniano a conquista e a ocupação do último grande império construído pelos toltecas, pois os brutais e pouco civilizados astecas possuíam o puro sangue turaniano.

Houve dois tipos de emigrações semitas: primeiro, as motivadas pelo impulso natural da raça; segundo, aquela emigração especial, efetuada sob direta orientação do Manu; pois, por mais estranho que possa parecer, o núcleo destinado a ser desenvolvido na nossa grande raça árica, ou quinta raça, não foi escolhido dentre os toltecas, mas sim, entre os dessa sub-raça violenta e anárquica, embora vigorosa e energética. A razão, sem dúvida alguma, repousa na característica manásica, com a qual o número 5 é sempre associado. A sub-raça desse número foi inevitavelmente desenvolvendo o poder e a inteligência de seu cérebro físico, embora à custa das percepções psíquicas; contudo, esse desenvolvimento do intelecto, em níveis infinitamente mais elevados, é ao mesmo tempo a glória e a meta prefixada de nossa quinta raça-raiz.

Analisando, em primeiro lugar, as emigrações naturais, constatamos que, no período do segundo mapa, enquanto ainda restavam nações poderosas no continente-mãe, os semitas espalharam-se tanto para o oeste como para o leste – a oeste, para as terras que hoje formam os Estados Unidos, explicando o porquê de o tipo semítico ser encontrado em algumas das raças índias; e a leste, para as costas setentrionais do continente vizinho, que formava tudo o que então havia da Europa, da África e da Ásia. O tipo dos egípcios antigos, bem como de outras nações adjacentes, foi, até certo ponto, alterado por essa linhagem semita original; contudo, com exceção dos judeus, os cabilas menos escuros das montanhas argelinas são, no momento, os únicos representantes da raça relativamente pura.

As tribos resultantes da segregação efetuada pelo Manu para a formação da nova raça-raiz finalmente encontraram seu caminho para as regiões litorâneas meridionais do mar asiático central, onde foi fundado o primeiro grande reino árico. Quando o Relatório acerca da origem de uma raça-raiz for escrito, verificar-se-á que muitos dos povos aos quais costumeiramente chamamos semíticos, na verdade são, quanto ao sangue, áricos. O mundo também será esclarecido a respeito do que consiste a reivindicação dos hebreus de serem considerados um “povo escolhido”. Em poucas palavras, pode-se afirmar que eles representam um vínculo anormal e artificial entre as quarta e quinta raças-raízes.

Os acadianos, apesar de se tornarem, finalmente, os governantes supremos no continente-mãe da Atlântida, originaram-se, como vimos no período do segundo mapa, no continente vizinho – seu habitat específico ficava na região ocupada pela bacia do Mediterrâneo, mais ou menos onde atualmente fica a ilha da Sardenha. A partir deste centro, avançaram para o oriente, ocupando as regiões que, posteriormente, formaram as costas do Levante, e chegaram até a Pérsia e a Arábia. Como já vimos, eles também ajudaram a povoar o Egito. Os antigos etruscos, os fenícios, incluindo os cartagineses e os sumério-acadianos, eram ramificações desta raça, embora os bascos de hoje, provavelmente, tenham uma porcentagem bem maior de sangue acadiano correndo em suas veias.

Uma referência aos antigos habitantes de nossas ilhas pode ser oportuna aqui, pois foi na primitiva era acadiana, cerca de 100.000 anos atrás, que a colônia dos Iniciados, que fundaram Stonehenge, desembarcaram nessas praias – sendo “essas praias”, naturalmente, as praias da parte escandinava do continente da Europa, como demonstra o Mapa nº 3. Parece que os sacerdotes iniciados e seus discípulos pertenciam a uma linhagem bastante antiga da raça acadiana – eram mais altos, mais bonitos e mais espertos do que os aborígines da região, que eram uma raça muito miscigenada e, em sua grande maioria, remanescentes degenerados dos rmoahals. Como os leitores do Transaction of the London Lodge, em “Pyramids and Stonehenge”, devem saber, a rude simplicidade de Stonehenge foi planejada para servir de protesto contra os ornamentos extravagantes e a exagerada decoração dos templos existentes na Atlântida, onde os habitantes prosseguiam com o degradante culto de suas próprias imagens.

Os mongóis, como vimos, nunca tiveram nenhum contato com o continente-mãe. Nascidos nas vastas planícies da Tartána, durante muito tempo suas emigrações se limitaram às grandes extensões dessas regiões; por mais de uma vez, porém, tribos de origem mongólica atravessaram o estreito de Bering, passando, assim, do norte da Ásia para a América. A última dessas emigrações – a dos k’i-tans, há uns 1.300 anos – deixou rastos, que alguns cientistas ocidentais puderam seguir. A presença de sangue mongol em algumas tribos de índios norte-americanos também foi admitida por vários etnólogos. Sabe-se que tanto os húngaros como os malaios são ramificações dessa raça, enobrecida, no primeiro caso, por uma estirpe de sangue árico, degradada, no segundo, pela miscigenação com os exaustos lemurianos. Contudo, o fato interessante sobre os mongóis é que seus últimos descendentes ainda estão em pleno vigor – na verdade, ainda não atingiram seu apogeu – e a nação japonesa ainda tem muita história a oferecer ao mundo.

* Os estudiosos de geologia e paleontologia devem saber que essas ciências consideram o “homem de Cro-Magnon” anterior ao “homem de Furfooz”, e considerando-se que essas duas raças seguiram lado a lado, por vastos períodos de tempo, pode muito bem ser possível que o esqueleto do indivíduo de “Cro-Magnon”, embora representativo da segunda raça, tenha se sedimentado nos estratos quaternários milhares de anos antes que o “homem de Furfooz” vivesse na Terra.

Artes e Ciências

Deve-se, antes de tudo, reconhecer que nossa própria raça árica tem, naturalmente, conquistado resultados muito maiores, em quase todos os campos de atividade, do que os atlantes. No entanto, mesmo onde eles fracassaram em alcançar o nosso nível, o relato de seus feitos serve para demonstrar o alto grau de desenvolvimento atingido pela sua civilização. Por outro lado, a qualidade de suas conquistas científicas, nas quais nos excederam, são de uma natureza tão deslumbrante que não podemos deixar de nos surpreender diante desse desenvolvimento desproporcional.

As artes e ciências, tal como praticadas pelas duas primeiras raças, eram, naturalmente, bastante rudimentares, mas não é nosso propósito seguir o progresso alcançado por cada sub-raça em separado. A história da raça atlante, bem como da raça árica, foi entremeada com períodos de progresso e de decadência. Às épocas de cultura seguiram-se períodos anárquicos, durante os quais todo o desenvolvimento artístico e científico se perdia, e esses períodos eram, por sua vez, sucedidos por civilizações que atingiam níveis ainda mais elevados. Naturalmente, serão desses períodos de cultura que tratarão as observações seguintes, entre os quais se distingue, sobretudo, a grande era tolteca.

A arquitetura, a escultura, a pintura e a música eram praticadas na Atlântida. A música, mesmo nos períodos de maior brilho, era rudimentar e os instrumentos bastante primitivos. Todas as raças atlantes gostavam das cores, e matizes brilhantes decoravam o interior e o exterior de suas casas. Contudo, a pintura, enquanto arte pura, nunca se firmou realmente, embora se ensinasse, nos últimos dias, algum tipo de desenho e pintura nas escolas. Por outro lado, a escultura, que também era ensinada nas escolas, era muito praticada e sua qualidade foi excepcional. Como veremos mais adiante, na seção destinada à “Religião”, tornou-se uma prática comum, desde que se tivesse recursos para tanto, colocar num dos templos uma imagem de si próprio. Essas imagens eram, algumas vezes, esculpidas em madeira ou numa pedra resistente e escura, semelhante ao basalto; entre os ricos, porém, tornou-se moda esculpir suas estátuas em metais preciosos, tais como o oricalco, o ouro ou a prata. Geralmente, conseguia-se uma imagem razoável do indivíduo e, em alguns casos, alcançava-se uma semelhança notável.

Contudo, a arquitetura era, sem dúvida, uma das artes mais praticadas. Suas construções consistiam em estruturas maciças, de proporções gigantescas. As moradias nas cidades não eram como as nossas, compactamente aglomeradas nas ruas, uma ao lado da outra. Do mesmo modo que suas casas rurais, algumas erguiam-se cercadas por jardins, outras separadas por lotes de terrenos comuns, mas todas eram estruturas isoladas. No caso dos edifícios mais importantes, quatro blocos circundavam um pátio central, no meio do qual geralmente erguia-se uma das fontes, cuja quantidade na “Cidade dos Portais Dourados” fez com que esta recebesse uma segunda denominação, a de “Cidade das Águas”. Não havia, como hoje, mercadorias expostas nas ruas para venda. Todas as transações de compra e venda eram efetuadas de modo particular, exceto em datas estabelecidas, quando se realizavam grandes feiras públicas nos espaços livres das cidades. Todavia, a principal característica da habitação tolteca era a torre que se erguia em um dos cantos ou no centro de um dos blocos. Uma escada espiral, construída do lado externo, conduzia aos andares superiores, e uma cúpula pontiaguda encimava a torre – esta parte mais elevada geralmente era usada como observatório. Como já foi mencionado, as casas eram decoradas com cores brilhantes. Algumas eram ornamentadas com esculturas, outras com afrescos ou desenhos decorativos. Os espaços das janelas eram preenchidos com algum artigo Manufaturado, semelhante ao vidro, mas menos transparente. Os interiores não eram guarnecidos com os elaborados detalhes de nossas habitações modernas, mas a vida era altamente civilizada em seu gênero.

Os templos eram edifícios enormes, assemelhando-se, mais do que quaisquer outros, às gigantescas construções egípcias, porém construídos num estilo ainda mais prodigioso. As colunas que sustentavam o teto raramente eram circulares, sendo, em sua maioria, quadradas. Na época da decadência, os corredores estavam rodeados por inúmeras capelas, onde se encontravam as estátuas dos habitantes mais importantes. Essas capelas laterais eram às vezes de um tamanho considerável, a fim de comportar toda uma comitiva de sacerdotes, que alguns homens especialmente importantes tinham a seu serviço para o culto cerimonial de sua imagem. Tal como as residências particulares, os templos nunca estavam completos sem as torres encimadas por domos, que naturalmente guardavam suas respectivas proporções em tamanho e magnificência. Elas eram utilizadas como observatórios astronômicos e para o culto do sol.

Os metais preciosos eram muito usados na decoração dos templos, cujos interiores eram freqüentemente não apenas marchetados mas chapeados de ouro. Valorizava-se altamente o ouro e a prata mas, como veremos mais adiante, ao abordarmos o assunto da moeda corrente, a finalidade do uso desses metais era artística e nada tinha que ver com o sistema monetário, embora a enorme quantidade então fabricada pelos químicos – ou devíamos hoje em dia chamá-los alquimistas -, deva tê-los afastado da categoria de metais preciosos. Esse poder de transmutação de metais não era universal, mas era tão largamente conhecido que se fabricavam enormes quantidades. Na verdade, a fabricação dos metais almejados pode ser considerada como um dos empreendimentos industriais daquela época, através dos quais os alquimistas ganhavam a vida. O ouro era bem mais admirado do que a prata e, conseqüentemente, fabricado numa escala muito maior.

Educação

Algumas palavras acerca do idioma introduzirá adequadamente um comentário a respeito da instrução ministrada nas escolas e nas faculdades da Atlântida. Durante o período do primeiro mapa, o tolteca era a língua universal, não apenas em todo o continente, mas também nas ilhas ocidentais e naquela porção do continente oriental que reconhecia o governo do imperador. Vestígios dos idiomas rmoahal e tlavatli sobreviviam, é verdade, em regiões remotas, assim como os idiomas celta e galês sobrevivem hoje entre nós, na Irlanda e no País de Gales. A língua tlavatli foi a base usada pelos turanianos, que introduziram tantas modificações que, com o tempo, criaram uma língua inteiramente diversa; por sua vez, os semitas e acadianos, adotando uma base tolteca, modificaram-na, cada um a seu modo, e criaram, assim, duas variações divergentes. Desse modo, nos últimos dias de Posseidones, havia várias línguas inteiramente distintas – embora todas pertencessem a um tipo aglutinante -, pois só na época da quinta raça é que os descendentes dos semitas e acadianos desenvolveram uma língua flexiva. Entretanto, através de todas as épocas, a língua tolteca manteve razoavelmente sua pureza, e o mesmo idioma falado na Atlântida, na época de seu esplendor, foi usado, com ligeiras alterações, milhares de anos mais tarde, no México e no Peru.

As escolas e faculdades da Atlântida, na grande era tolteca, bem como nos posteriores períodos de cultura, eram mantidas pelo Estado. Embora se exigisse que todas as crianças passassem pelas escolas primárias, a educação subsequente diferia bastante. As escolas primárias constituíam uma espécie de processo de seleção. As crianças que demonstrassem verdadeira aptidão para o estudo, juntamente com as crianças das classes dominantes, que naturalmente possuíam maiores habilidades, eram escolhidas para as escolas superiores, mais ou menos com doze anos de idade. A leitura e a escrita, consideradas como simples preliminares, já lhes tinham sido ensinadas nas escolas primárias.

Mas a leitura e a escrita não eram consideradas necessárias à maioria dos habitantes, que tinham de passar a vida cultivando a terra, ou então nos ofícios Manuais, cuja prática era requerida pela comunidade. Por essa razão, a grande maioria das crianças era imediatamente conduzida às escolas técnicas que melhor conviessem às suas diversas aptidões. Entre as escolas técnicas, as principais eram as agrícolas. Alguns ramos da mecânica também faziam parte da educação, ao passo que nas regiões mais afastadas e próximas do litoral incluíam-se a caça e a pesca. Desse modo, todas as crianças recebiam a educação ou treinamento que lhes fosse mais apropriado.

As crianças com aptidões superiores que, como vimos, tinham aprendido a ler e a escrever, recebiam uma educação mais elaborada. As propriedades das plantas e suas qualidades de cura constituíam um importante ramo de estudo. Nessa época não havia médicos reconhecidos como tais – todo homem Instruído sabia alguma coisa de medicina, bem como de cura magnética. Também ensinavam-se química, matemática e astronomia. O treinamento nessas matérias en- contra sua analogia entre nós, mas o objetivo para o qual os esforços dos professores se dirigiam era o desenvolvimento das faculdades psíquicas dos alunos e sua instrução acerca das forças ocultas da Natureza. As propriedades ocultas das plantas, dos metais e das pedras preciosas, bem como os processos alquímicos de transmutação, estavam incluídos nessa categoria. Com o passar do tempo, porém, isso tornou-se cada vez mais o poder individual, ao qual Bulwer Lytton dá o nome de vril, descrevendo exatamente sua ação em The Corning Roce, que as faculdades destinadas ao ensino superior dos jovens da Atlântida ocupavam-se particularmente em desenvolver. A mudança marcante, ocorrida por ocasião da decadência da raça, consistiu em que, em vez de o mérito e a aptidão serem considerados decisivos para a promoção aos mais altos graus de instrução, as classes dominantes, que se tomavam cada vez mais exclusivistas, apenas permitiam que seus próprios filhos se graduassem no mais alto nível de ensino, o que lhes proporcionava um grande poder.

Num império como o dos toltecas, era natural que a agricultura recebesse especial atenção. Não só os trabalhadores aprendiam seu ofício nas escolas técnicas, como também havia faculdades onde se ministrava, aos estudantes habilitados, o conhecimento necessário para levar a cabo experiências de cruzamentos de animais e de plantas.

Como os leitores de literatura teosófica devem saber, o trigo não tem sua origem neste planeta. Foi uma dádiva do Manu, que o trouxe de outro planeta, situado além de nosso sistema solar. Mas a aveia e alguns de nossos outros cereais são resultados dos cruzamentos entre o trigo e as ervas nativas da terra. Ora, as experiências que produziram esses resultados foram realizadas nas escolas agrícolas da Atlântida. Essas experiências foram, sem dúvida, orientadas por um conhecimento superior. Contudo, a mais notável façanha dos agricultores atlantes foi o desenvolvimento da pacobeira ou bananeira. No seu estado selvagem original, ela era um melão alongado, com pouquíssima polpa, porém repleta de sementes, como é o caso do melão. Naturalmente, só após séculos (se não milhares de anos) de continua seleção e eliminação que a atual planta sem sementes foi desenvolvida.

Entre os animais domesticados da era tolteca, havia uma espécie semelhante a uma anta muito pequena. Naturalmente, alimentava-se de raízes ou ervas; mas, como os porcos de hoje, com os quais se assemelhavam em vários aspectos, não era lá muito limpo e comia tudo o que aparecesse em seu caminho. Animais maiores, semelhantes ao gato, e ancestrais do cachorro, parecidos com um lobo, também podiam ser encontrados ao redor das habitações humanas. Parece que os carros toltecas eram puxados por animais um pouco parecidos com pequenos camelos. Os atuais lhamas peruanos provavelmente são seus descendentes. Os ancestrais do alce irlandês também vagavam pelas encostas dos morros, do mesmo modo que nosso gado montanhês, demasiado selvagem para permitir uma aproximação fácil mas, mesmo assim, sob o controle do homem.

Constantes experiências eram feitas relativas à criação e ao cruzamento de diferentes espécies de animais e, por mais curioso que nos possa parecer, o calor artificial era muito utilizado para estimular seu desenvolvimento a fim de que os resultados do cruzamento de raças e da hibridação pudessem ser verificados num espaço de tempo mais curto. Também foi adotado o uso de diferentes luzes coloridas nos compartimentos onde se realizavam essas experiências, a fim de se obter resultados variados.

Esse controle e moldagem das formas animais, sujeitos à vontade humana, leva-nos a um tema bastante surpreendente e muito misterioso. Já mencionamos o trabalho realizado pelos Manus. Pois bem, é na mente do Manu que se originam todos os aperfeiçoamentos no tipo e as potencialidades latentes em cada forma de vida. A fim de desenvolver minuciosamente os aperfeiçoamentos nas formas de vida animal, a ajuda e a cooperação do homem foram requeridas. As espécies anfíbias e os répteis, que então existiam em abundância, tinham quase completado seu curso e estavam prontas para adotar a forma de um tipo mais desenvolvido, pássaro ou mamífero. Essas formas constituíam a matéria-prima rudimentar que se encontrava à disposição do homem, e a argila estava pronta para assumir qualquer formato que as mãos do oleiro conseguissem moldar. As experiências acima mencionadas foram empreendidas principalmente com os animais que se encontravam num estágio intermediário; e, sem dúvida, os animais domesticados, tal como o cavalo, que hoje prestam tanto serviço ao homem, são o resultado dessas experiências, nas quais os homens daquela época aluaram em cooperação com o Manu e seus ministros. Todavia, não demorou para que essa cooperação se desfizesse. O egoísmo acabou prevalecendo, e a guerra e a discórdia puseram fim à Idade de Ouro dos toltecas. No momento em que os homens, em vez de trabalharem lealmente, com o mesmo objetivo, sob a orientação de seus reis Iniciados, começaram a se atacar mutuamente, os animais que, sob os cuidados do homem, poderiam assumir aos poucos formas cada vez mais úteis e domesticadas, abandonados à orientação de seus próprios instintos, acabaram seguindo o exemplo de seus monarcas e começaram a se atacar. Na verdade, alguns já haviam sido treinados e utilizados pelos homens em suas expedições de caça; assim, os animais semidomesticados semelhantes ao gato, acima mencionados, tornaram-se naturalmente os ancestrais do leopardo e do jaguar.

Um exemplo daquilo que algumas pessoas podem se sentir tentadas a considerar uma teoria fantástica, que embora não venha talvez elucidar a questão, chamará pelo menos a atenção para a moral encerrada neste suplemento ao nosso conhecimento quanto ao modo misterioso pelo qual se deu nossa evolução. Parece que o leão poderia ter uma natureza mais dócil e um aspecto menos feroz se os homens dessa época tivessem concluído a tarefa que lhes fora dado executar. Se ele está ou não destinado a, finalmente, “deitar-se com o cordeiro e a comer palha como o boi”, o destino que lhe estava reservado, tal como foi imaginado por Manu, ainda não tinha sido realizado, pois a imagem era a de um animal possante, porém domesticado – um animal forte, com a espinha dorsal em linha horizontal, olhos grandes e inteligentes, projetado para atuar como um servo muito possante do homem em trabalhos de tração.

A “Cidade dos Portais Dourados” e seus arredores devem ser descritos antes de passarmos à apreciação do maravilhoso sistema pelo qual seus habitantes se supriam de água. Situava-se, como já vimos, na costa oriental do continente, próxima do mar, e cerca de 15° ao norte do equador. Um campo lindamente arborizado, semelhante a um parque, circundava a cidade. Espalhadas por uma ampla área dessa região ficavam as casas de campo das classes mais abastadas. A oeste, estendia-se uma cadeia de montanhas, de onde vinha a água que abastecia a cidade. A própria cidade foi construída nas encostas de uma colina que se erguia cerca de 152 m acima da planície. No topo dessa colina ficava o palácio e os jardins do imperador, de cujo centro jorrava da terra um fluxo incessante de água, que, depois de abastecer o palácio e as fontes dos jardins, fluía em todas as direções, despencando em forma de cachoeiras e formando um canal ou fosso que circundava as terras adjacentes ao palácio, separando-as, assim, da cidade, que se estendia mais abaixo, em cada face da colina. A partir desse canal, quatro regos conduziam a água, passando pelas quatro zonas da cidade, até as cachoeiras que, por sua vez, formavam outro canal circundante, situado num nível mais baixo. Havia três desses canais dispostos em círculos concêntricos, entre os quais o mais exterior e inferior ainda se encontrava acima do nível da planície. Um quarto canal situado nesse nível mais inferior, porém com um traçado retangular, recebia os constantes fluxos de água e, por seu turno, despejava-os no mar. A cidade alcançava uma parte da planície, estendendo-se até a margem desse enorme fosso mais exterior, que a circundava e a defendia através de uma linha de pequenos canais, cuja extensão abrangia uns 200 km2.

Veremos, assim, que a cidade se dividia em três grandes zonas, cada uma cercada por seus canais. A zona mais alta, abaixo dos jardins do palácio, caracterizava-se por uma pista circular de corridas e amplos jardins públicos. A maioria das casas dos funcionários da corte também ficava nessa zona, onde havia ainda uma instituição da qual não temos paralelo nos tempos modernos. O termo “Casa dos Estrangeiros”, entre nós, dá uma impressão de desprezo e sugere um ambiente sórdido; tratava-se, porém, de um palácio que hospedava todos os estrangeiros que porventura chegassem à cidade, onde eram tratados, pelo tempo que desejassem ficar, como hóspedes do Governo. As casas separadas dos habitantes e os diversos templos espalhados pela cidade ocupavam as outras duas zonas. No período áureo da civilização tolteca, parece não ter havido uma pobreza propriamente dita – até mesmo os escravos que, em grande número, estavam à disposição de quase todas as famílias, alimentavam-se e vestiam-se muito bem – mas havia algumas famílias relativamente pobres, que moravam ao norte da zona mais baixa, bem como além dos limites do canal mais exterior, perto do mar. Os habitantes dessa região dedicavam-se, em sua grande maioria, à navegação, e suas casas, embora separadas, eram construídas mais perto umas das outras do que nas demais regiões.

Pode-se deduzir, do que foi dito acima, que os habitantes dispunham de um abundante estoque de água pura e limpa, que circulava incessantemente por toda a cidade, enquanto as zonas mais altas e o palácio do imperador eram protegidos por uma série de fossos, cada um num nível mais alto que o outro à medida que se aproximavam do centro.

Assim sendo, não é necessário um conhecimento profundo de mecânica para perceber quão estupendas devem ter sido as obras necessárias para fornecer esse abastecimento, pois a “Cidade dos Portais Dourados”, em seu período áureo, abrigava, dentro do espaço compreendido por seus quatro fossos circulares, mais de dois milhões de habitantes. Nenhum sistema semelhante de abastecimento de água foi alguma vez empreendido, quer na Grécia, em Roma, ou mesmo nos tempos modernos – de fato, é bastante duvidoso que nossos mais hábeis engenheiros, mesmo às custas de imensas fortunas, conseguissem produzir tal resultado.

Será interessante descrever algumas de suas principais características. O abastecimento era extraído de um lago situado entre as montanhas a oeste da cidade, numa altitude acima de 792 m. O aqueduto principal, que era de seção oval e media 15 m por 9 m, levava a água, através do subsolo, a um enorme reservatório em forma de coração, situado bem abaixo do palácio – na verdade, na própria base da colina onde se erguiam a cidade e o palácio. A partir desse reservatório, um poço perpendicular, com cerca de 152 m de altura, atravessava a rocha maciça e dava passagem à água, que jorrava nos jardins do palácio, de onde era distribuída por toda a cidade. Do reservatório central, também partiam diversos canos, destinados a fornecer água potável e a suprir as fontes públicas de vários setores da cidade. Naturalmente, também havia sistemas de comportas para controlar ou interromper o abastecimento das diferentes regiões.

Pelo acima mencionado, qualquer pessoa com algum conhecimento de mecânica deduzirá que a pressão no aqueduto subterrâneo e no reservatório central, de onde a água naturalmente subia até o pequeno lago nos jardins do palácio, devia ser enorme e, por conseguinte, o poder de resistência do material utilizado na sua construção era extraordinário.

Se o sistema de abastecimento de água na “Cidade dos Portais Dourados” era maravilhoso, deve-se admitir que os métodos atlantes de locomoção eram muito mais magníficos, pois era utilizado uma espécie de veículo-voador, embora não fosse um meio de transporte público que pudesse ser usado a qualquer hora. Os escravos, os servos e as classes inferiores, cujo trabalho era Manual, tinham de percorrer a pé as rotas que levavam à zona rural, ou fazer esse percurso em carroças primitivas, de rodas grossas, puxadas por estranhos animais. Os barcos aéreos podem ser considerados como os transportes particulares dessa época, ou melhor, os iates particulares, levando-se em conta o número relativo dos que os possuíam, pois a produção desses veículos deve ter sido sempre difícil e dispendiosa. Por via de regra, não eram planejados para acomodar muitas pessoas. Muitos deles eram construídos com apenas dois lugares; outros tinham espaço para seis ou oito passageiros. Nos últimos dias, quando a guerra e a discórdia puseram fim à Idade de Ouro, navios de guerra aéreos substituíram em grande escala os navios de guerra normais – à medida que o potencial de destruição daqueles revelou-se muito mais eficaz. Esses navios eram planejados para transportar o equivalente a cinqüenta combatentes e, em alguns casos, comportavam até cem homens.

O material com que esses barcos aéreos eram construídos era madeira ou metal. Os primeiros foram construídos de madeira – as tábuas utilizadas eram muitíssimo finas, mas a injeção de alguma substância, que, embora não lhes aumentasse materialmente o peso, fornecia-lhes uma resistência análoga à do couro, proporcionava a necessária combinação de leveza e rijeza. Quando o metal foi utilizado, geralmente era uma liga – dois metais brancos e um vermelho entravam nessa mistura. O resultado era um metal branco, semelhante ao alumínio, e até mesmo mais leve no peso. Sobre a estrutura básica do barco aéreo estendia-se uma folha grande desse metal, que, em seguida, era ajustada à forma e, onde necessário, soldada eletricamente. Contudo, quer fossem construídos de metal ou de madeira, a superfície exterior era aparentemente inconsútil e perfeitamente lisa; além disso, brilhavam no escuro, como se tivessem sido revestidos por uma tinta fosforescente.

Quanto à forma, assemelhavam-se a um barco, mas eram invariavelmente cobertos, pois, quando no auge da velocidade, não seria nada cômodo, mesmo que fosse seguro, permanecer no convés superior. Seu mecanismo de propulsão e de direção podia ser acionado em ambas as extremidades.

Mais curioso ainda, porém, é a energia que os impulsionava. A princípio, parece que o vril pessoal supria a força motriz – se era usado em combinação com algum dispositivo mecânico, pouco importa -, sendo substituído, mais tarde, por uma força que, embora gerada de um modo que desconhecemos, operava, não obstante, através de dispositivos mecânicos. Na verdade, essa força era de uma natureza etérica. Sem dúvida, os dispositivos mecânicos não eram exatamente idênticos em cada uma das embarcações. A seguinte descrição refere-se a um barco aéreo, no qual, em certa ocasião, três embaixadores do rei que governava a região setentrional de Posseidones viajaram até o palácio do reino meridional. Uma forte e pesada arca de metal, situada no centro do barco, era o gerador. Dali a força fluía através de dois grandes tubos flexíveis até as duas extremidades da embarcação, bem como através de oito tubos suplementares que, fixados nas amuradas, iam da proa até a popa. Estes tinham aberturas duplas, uma voltada para cima e a outra para baixo. Quando a viagem estava prestes a se iniciar, abriam-se as válvulas dos oito tubos da amurada que estavam voltadas para baixo – as demais válvulas permaneciam fechadas. Precipitando-se através dessas válvulas, a corrente chocava-se tão violentamente contra a terra, que impelia o barco para cima, enquanto o próprio ar continuava a fornecer o suporte necessário. Quando se alcançava uma altitude suficiente, acionava-se o tubo flexível dessa extremidade da embarcação voltada para a direção oposta à desejada, ao mesmo tempo que, pelo fechamento parcial das válvulas, reduzia-se a corrente que se precipitava através dos oito tubos verticais, até se obter o mínimo de corrente necessário à Manutenção da altitude alcançada. A grande intensidade da corrente, sendo agora dirigida através do amplo tubo voltado na direção da popa, com uma inclinação de aproximadamente 45°, além de ajudar a manter a altitude, também fornecia a grande força motriz que impulsionava a embarcação através do ar. A pilotagem se efetuava pela descarga da corrente ao longo desse tubo, pois a menor alteração do sentido dessa corrente provocava uma alteração imediata no rumo da embarcação. Mas não era necessário uma inspeção constante. No caso de uma viagem longa, o tubo podia ser fixado, de modo que não era preciso manejá-lo até que o percurso estivesse quase concluído. A velocidade máxima alcançada era de mais ou menos 160 km por hora; o percurso nunca era feito em linha reta, mas sempre em forma de longas ondulações, ora aproximando-se, ora afastando-se do solo. A altitude em que as embarcações faziam seu percurso era de apenas poucas centenas de metros – na verdade, quando altas montanhas surgiam na Unha de rota, era necessário mudar o curso e contorná-las. O ar mais rarefeito não fornecia o suporte necessário por muito tempo. Os morros de cerca de 300 m eram os mais altos que conseguiam transpor. O modo pelo qual se detinha a embarcação, quando esta chegava ao seu destino -o que também podia ser feito em pleno voo -, era através da liberação de uma quantidade da corrente pelo tubo que ficava na extremidade do barco voltada para o local de chegada; a corrente, chocando-se com o solo ou com o ar frontal, atuava como um freio, enquanto a força propulsora de trás era gradualmente reduzida pelo fechamento da válvula. Resta ainda explicar a razão da existência dos oito tubos, fixados nas amuradas, voltados para cima. Estavam mais relacionados com os combates aéreos. Tendo uma força tão poderosa à sua disposição, os navios de guerra, naturalmente, dirigiam a corrente uns contra os outros. Entretanto, isso podia destruir o equilíbrio do navio atingido e virá-lo de borco – sem dúvida, uma situação que permitia à embarcação inimiga desferir ataques com seu esporão. Havia também o perigo de ser precipitado ao solo, a menos que se providenciasse, imediatamente, o fechamento e a abertura das válvulas necessárias. Em qualquer posição que a embarcação se encontrasse, os tubos voltados para o solo eram, naturalmente, aqueles pelos quais a corrente deveria se precipitar, ao passo que os tubos voltados para cima deviam permanecer fechados. O modo pelo qual a embarcação virada de cabeça para baixo podia ser endireitada, retomando à posição original; era através do uso dos quatro tubos num dos lados da embarcação apontados para baixo, enquanto os outros quatro, do lado oposto, eram mantidos fechados.

Os atlantes também tinham embarcações marítimas que eram impulsionadas por uma energia análoga à acima mencionada, mas a força da corrente que, neste caso, demonstrou ser mais eficaz era menos densa do que a utilizada nos barcos aéreos.

Usos e Costumes

Houve, sem dúvida, tanta variedade nos usos e costumes dos atlantes, em diferentes épocas de sua história, quanto tem havido entre as várias nações que compõem a nossa raça árica. Não vamos acompanhar aqui a variação dos padrões durante o passar dos séculos. Os comentários que seguem procurarão abordar apenas as características principais que diferenciam seus hábitos dos nossos, e estes serão selecionados, na medida do possível, entre a grande era tolteca.

Com respeito ao casamento e ao relacionamento entre os dois sexos, já mencionamos as experiências realizadas pelos turanianos. Os costumes polígamos prevaleceram, em diferentes períodos, entre todas as sub-raças; na época dos toltecas, porém, embora a lei permitisse duas esposas, um grande número de homens tinha apenas uma. Tampouco as mulheres – como ocorre nos países onde atualmente prevalece a poligamia – eram consideradas inferiores, e não eram nem um pouco oprimidas. Sua posição social era perfeitamente igual à dos homens, embora a aptidão que muitas delas manifestavam para adquirir a energia vril, elevassem-nas à mesma categoria, e até acima, do outro sexo. Na verdade, essa igualdade era reconhecida desde a infância, e nas escolas ou faculdades os dois sexos não eram separados. Meninos e meninas aprendiam juntos. Além disso, essa era a regra, e não a exceção, para que a completa harmonia imperasse nas famílias duplas, e as mães ensinavam seus filhos a procurar amor e proteção nas outras esposas do pai, sem discriminação. Tampouco as mulheres eram impedidas de participar do governo. Às vezes participavam das assembléias administrativas e, ocasionalmente, eram escolhidas pelo imperador Adepto para representá-lo nas diversas províncias, como soberanas regionais.

O material de escrita dos atlantes consistia em finas lâminas de metal, com uma superfície branca semelhante à porcelana, sobre a qual eram escritas as palavras. Também tinham recursos para reproduzir o texto, colocando sobre a lâmina escrita uma outra chapa fina de metal previamente mergulhada em algum Líquido. Desse modo, o texto impresso na segunda chapa podia ser reproduzido à vontade em outras lâminas, e um grande número delas, agrupadas, formava um livro.

Em seguida, devemos citar um costume que difere consideravelmente do nosso no que concerne à escolha do alimento. Trata-se de um assunto desagradável, mas que não pode ser omitido. Geralmente a carne dos animais era posta de lado, embora devorassem as partes que nós nos abstemos de comer. Também bebiam o sangue -muitas vezes ainda quente do animal -, bem como preparavam vários cozidos com ele.

Entrementes, não se deve pensar que eles não tivessem alimentos mais leves e mais saborosos ao nosso paladar. Os mares e rios forneciam-lhes peixes, cuja carne comiam, embora muitas vezes num grau tão adiantado de decomposição que nos causaria náusea. Cultivavam em larga escala os mais diversos cereais, com os quais faziam pães e bolos. Também bebiam leite e comiam frutas e vegetais.

É verdade que uma pequena minoria dos habitantes jamais adotou os repulsivos costumes acima mencionados. Tal era o caso, por todo o império, dos reis e imperadores Adeptos, bem como dos sacerdotes iniciados. Estes tinham hábitos inteiramente vegetarianos, muito embora um grande número de conselheiros do imperador e de funcionários da corte apenas fingissem preferir essa alimentação mais pura, pois freqüentemente satisfaziam às escondidas seus gostos mais grosseiros.

As bebidas fortes não eram desconhecidas nessa época. Durante algum tempo, uma bebida alcoólica fermentada e muito forte esteve em voga. Mas era capaz de provocar em quem a ingerisse uma excitação tão perigosa que se promulgou uma lei proibindo, em absoluto, o seu consumo.

As armas de guerra e a caça diferiram consideravelmente, de acordo com a época. Em geral, as espadas e lanças, arcos e flechas foram suficientes aos rmoahals e aos tlavatlis. Os animais que caçavam, nesse período bastante remoto, eram os mamutes de pelos longos e lanosos, os elefantes e os hipopótamos. Também havia muitos marsupiais, bem como sobreviventes de tipos intermediários – alguns semi-répteis e semimamíferos, outros semi-répteis e semipássaros.

O uso de explosivos foi adotado numa época antiga e, em épocas posteriores, foi sendo aperfeiçoado. Parece que alguns eram feitos para explodir através do choque e outros depois de um certo intervalo de tempo mas, nos dois casos, a destruição da vida resultava, provavelmente, da liberação de algum gás venenoso, e não do impacto de projéteis. De fato, esses explosivos devem ter se tornado tão poderosos nos últimos tempos da Atlântida que temos notícias de companhias inteiras de homens destruídas em combate pelo gás nocivo produzido pela explosão de uma dessas bombas acima de suas cabeças, lançadas por alguma espécie de alavanca.

Vamos considerar agora o sistema monetário. Durante as três primeiras sub-raças, pelo menos, não se conhecia um sistema monetário oficial. Havia, é verdade, pequenas peças de metal ou de couro, estampadas, com um determinado valor, que eram usadas como fichas. Eram perfuradas no centro, amarradas juntas, de modo a formarem um cinto e geralmente usadas ao redor da cintura. Mas cada homem era, por assim dizer, o seu próprio cunhador e a ficha de metal ou de couro por ele fabricada e trocada com outro homem, pela aquisição de alguma mercadoria, significava apenas um reconhecimento pessoal da dívida, tal como existe, entre nós, a nota promissória. Nenhum homem estava autorizado a fabricar essas fichas em quantidade maior do que fosse capaz de compensar através da transferência dos bens em seu poder. As fichas não circulavam como moedas, embora o portador da ficha tivesse meios de avaliar, com exatidão, os recursos de seu devedor através da faculdade de clarividência que, em maior ou menor grau, todos possuíam; em caso de dúvida, essa faculdade era utilizada na apuração da veracidade dos fatos.

Contudo, é preciso registrar que, nos últimos dias de Posseidones, foi adotado um sistema semelhante à nossa circulação monetária, e a montanha tríplice, que podia ser avistada da grande capital meridional, era a imagem favorita na cunhagem oficial.

No entanto, o sistema fundiário é o assunto mais importante desta Seção. Entre os rmoahals e os tlavatlis, que viviam sobretudo da caça e da pesca, a questão da terra praticamente não existia, embora houvesse um sistema de cultivo aldeão na época dos tlavatlis.

Foi com o aumento da população e com o desenvolvimento da civilização, nos primeiros anos da era tolteca, que a terra, pela primeira vez, tornou-se algo pelo qual valia a pena lutar. Não é nosso propósito reconstituir o sistema ou descrever a pobreza do sistema predominante nos períodos turbulentos anteriores ao advento da Idade de Ouro. Mas os registros dessa época proporcionam matéria de reflexão do maior interesse e importância, não só aos economistas políticos, mas a todos os que estimam o bem-estar da raça.

Deve-se ter em mente que a população vinha aumentando de modo constante e que, sob o governo dos imperadores Adeptos, chegara à enorme cifra já citada; naqueles dias, porém, a pobreza e a miséria eram coisas jamais imaginadas e esse bem-estar social devia-se, sem dúvida, em parte ao sistema fundiário.

Não só a terra e seus produtos eram considerados propriedades do imperador, mas também todos os rebanhos e animais. O país dividia-se em diversas províncias ou regiões, e cada província tinha, à sua frente, um dos reis auxiliares, ou vice-reis nomeados pelo imperador. Cada vice-rei era responsável pelo governo e bem-estar de todos os habitantes sob o seu domínio. O cultivo da terra, a colheita dos produtos e a pastagem dos rebanhos eram de sua alçada, bem como a administração daquelas experiências agrícolas anteriormente mencionadas.

Cada vice-rei tinha à sua volta um conselho de consultores e coadjutores agrícolas, que, entre outras coisas, deviam ser versados em astronomia, pois, nessa época, esta não era uma ciência improdutiva. Estudava-se e tirava-se o maior proveito possível das influências ocultas sobre a vida vegetal e animal. Também o poder de produzir chuva à vontade não era, então, algo incomum, e os efeitos de uma era glacial em mais de uma ocasião foram parcialmente neutralizados nas regiões setentrionais do continente, através da ciência oculta. O dia apropriado para o início de cada atividade agrícola era, é claro, devidamente calculado e o trabalho era realizado por funcionários, cuja função consistia em supervisionar cada detalhe.

Os produtos colhidos em cada região ou reino eram, em geral, ali consumidos, embora, às vezes, os governantes organizassem trocas de alguns produtos.

Depois que se separava uma pequena porção para o imperador e para o governo central da “Cidade de Portais Dourados”, os produtos de toda a região ou reino eram divididos entre os habitantes -o vice-rei local e sua comitiva de funcionários recebiam naturalmente as maiores porções, mas o mais inferior dos trabalhadores agrícolas recebia o bastante para assegurar-lhe a subsistência e o bem-estar. Qualquer aumento da capacidade produtiva da terra ou de suas riquezas minerais era proporcionalmente dividido entre todos os interessados – desse modo, era do interesse geral tomar o fruto do trabalho coletivo tão lucrativo quanto possível.

Esse sistema foi bastante eficaz durante muito tempo. Contudo, à medida que o tempo passava, a negligência e o egoísmo foram se insinuando. Os que tinham o dever de supervisionar foram transferindo cada vez mais suas responsabilidades para seus funcionários subalternos e, com o tempo, tornou-se raro os imperadores interferirem ou interessarem-se por alguma atividade. Esse foi o início dos maus tempos. Os membros da classe dominante, que a princípio dedicavam todo o seu tempo aos devedores públicos, começaram a imaginar um modo de tornar suas vidas particulares mais agradáveis. A intemperança estava a caminho.

Um motivo em particular causou grande descontentamento entre as classes mais baixas. Já mencionamos o método pelo qual os jovens da nação eram selecionados para as escolas técnicas. Ora, era sempre a alguém da classe superior, cujas faculdades psíquicas tinham sido devidamente desenvolvidas, que cabia a seleção das crianças, a fim de que cada uma recebesse a devida instrução e, finalmente, se dedicasse à ocupação para a qual fosse mais qualificada. Mas quando os que eram dotados de visão clarividente, a única que tornava possível essa seleção, transferiram suas funções para subalternos destituídos desses atributos psíquicos, resultou que as crianças eram muitas vezes forçadas a rotinas injustas, e aquelas cuja aptidão se inclinava em determinada direção viam-se, freqüentemente, destinadas a uma ocupação que as desgostava e na qual, por conseguinte, raramente obtinham sucesso.

Foram muitos e variados os sistemas fundiários que se seguiram, em diferentes partes do império, à dissolução da grande dinastia tolteca. Mas não é necessário descrevê-los. Nos últimos dias de Posseidones, quase todos haviam sido substituídos pelo sistema de propriedade particular, que tão bem conhecemos.

Já nos referimos, no tópico “Emigrações”, ao sistema fundiário prevalecente no glorioso período da história peruana durante o poderio Inça, cerca de 14.000 anos atrás. Um pequeno resumo desse assunto pode ser interessante para demonstrar a fonte de onde sem dúvida derivaram as bases desse sistema, bem como para citar as variações adotadas neste sistema um tanto mais complexo.

Todos os direitos sobre a terra eram, em primeiro lugar, conferidos ao Inça, mas metade dela era cedida aos agricultores, que logicamente constituíam a maioria da população. A outra metade era dividida entre o Inça e os sacerdotes, que observavam o culto do sol.

Com a renda de suas terras, especialmente divididas, o Inça tinha de sustentar o exército, conservar as estradas de todo o império e manter todo o mecanismo de governo. Este era administrado por uma classe dirigente especial, em sua maioria composta por parentes do próprio Inça, representantes de uma civilização e de uma cultura bem superiores às da maior parte da população.

A quarta parte restante – “as terras do sol” – não só provia a subsistência dos sacerdotes, que dirigiam o culto público em todo o império, como também se destinava à educação do povo nas escolas e colégios; além disso, garantia o futuro de todas as pessoas doentes e fracas e de cada habitante (afora, é claro, a classe dirigente, para quem não havia interrupção de trabalho) que atingia a idade de quarenta e cinco anos, idade estipulada para a suspensão do árduo trabalho da vida e para o início do lazer e do divertimento.

Religião

O único assunto que ainda nos resta tratar é a evolução das idéias religiosas. Entre a aspiração espiritual de uma raça simples porém rude e o ritual degenerado de um povo intelectualmente culto, mas espiritualmente morto, existe um abismo que só o termo religião, usado no seu sentido mais amplo, pode transpor. Todavia, é o processo consecutivo de geração e degeneração que tem de ser investigado na história do povo atlante.

Deve-se ter em mente que o governo sob o qual surgiram os rmoahals foi descrito como o mais perfeito dos governos concebíveis, pois o próprio Manu atuou como rei. A lembrança desse governante divino foi, naturalmente, preservada nos anais da raça e, no devido tempo ele chegou a ser considerado um deus entre um povo que era, por natureza, psíquico e tinha, portanto, vislumbres daqueles estados de consciência que transcendem nosso estado de vigília habitual. Conservando esses atributos superiores, era muito natural que esse povo primitivo adotasse uma religião que, embora de modo algum representasse uma filosofia elevada, nada tinha de ignóbil. Mais tarde, essa fase de crença religiosa tomou-se uma espécie de culto aos antepassados.

Os tlavatlis, embora herdeiros da reverência e do culto tradicionais a Manu, foram ensinados pelos instrutores Adeptos sobre a existência de um Ser Supremo, cujo símbolo era reconhecido como o sol. Assim, desenvolveram uma espécie de culto ao sol, cuja pratica era celebrada no alto dos morros. Nesses locais, eles construíram enormes círculos de monolitos aprumados, que se destinavam a simbolizar o curso anual do sol, embora também fossem utilizados para observar o curso dos astros, sendo dispostos de tal modo que, para quem estivesse no altar-mor, o sol nasceria, no solstício de inverno, atrás de um desses monolitos e, no equinócio da primavera, atras de outro, e assim por diante, durante o ano todo. Esses círculos de pedra também eram usados em observações astronômicas ainda mais complexas, relacionadas com as mais distantes constelações.

Já vimos, no tópico referente às emigrações, como uma sub-ra-ça posterior – os acadianos – retornou a essa primitiva construção de monolitos, na edificação do Stonehenge.

Embora os tlavatlis fossem dotados de uma capacidade de desenvolvimento intelectual um tanto maior do que a da sub-raça anterior, seu culto ainda era de um tipo muito primitivo.

Na época dos toltecas, com a difusão mais ampla de conhecimentos e, mais particularmente, com o posterior estabelecimento de um sacerdócio iniciado e de um imperador Adepto, crescentes oportunidades foram oferecidas ao povo para a obtenção de uma concepção mais verdadeira do divino. A minoria que estava disposta a tirar total proveito do ensino oferecido, após ser posta à prova e apreciada, sem dúvida era admitida nas ordens dos sacerdotes, que então constituíam uma grande confraria oculta. Contudo, não estamos interessados aqui nesses poucos que sobrepujaram a grande maioria da humanidade e estavam dispostos a enveredar pelos caminhos das ciências ocultas; o tema geral do nosso estudo é, antes, as religiões praticadas pelos habitantes da Atlântida.

As classes inferiores da sociedade daquela época não tinham, é claro, o poder de se alçar às alturas filosóficas do pensamento – como, aliás, não o tem a grande maioria dos habitantes do mundo atual. A abordagem mais aproximada que um professor, por talentoso que fosse, poderia fazer, ao tentar transmitir qualquer idéia a respeito da inominável essência do Cosmos, presente em todas as coisas, era necessariamente comunicada na forma de símbolos e, como era de se esperar, o sol foi o primeiro símbolo adotado. Como ocorre também em nossos dias, o indivíduo mais culto e com inclinações espiritualistas veria através do símbolo e poderia, às vezes, divisar, com as asas da devoção, o Pai de nossos espíritos,

A razão e o centro do anseio de nossas almas,
Objeto e refúgio do fim da nossa jornada —

enquanto os mais vulgares não veriam outra coisa senão o símbolo, e o cultuariam, assim como a Madona esculpida ou a imagem de madeira do crucificado são hoje veneradas em toda a Europa católica.

A adoração do sol e do fogo tornaram-se então o culto, e para sua celebração construíram-se templos magníficos nos quatro cantos do continente da Atlântida, mais particularmente, porém, na grande “Cidade dos Portais Dourados” – o ofício era executado pela comitiva de sacerdotes mantida pelo Estado para esse fim.

Nessa época remota não se permitia nenhuma imagem da Divindade. O disco solar era considerado o único emblema apropriado de Deus e, como tal, era usado em todos os templos, onde em geral colocava-se um disco dourado de modo a captar os primeiros raios do sol nascente durante o equinócio da primavera ou o solstício de verão.

Um exemplo interessante da sobrevivência quase intata desse culto ao disco solar pode ser visto nas cerimônias xintoístas do Japão. Segundo essa doutrina, qualquer outra representação da Divindade é considerada ímpia, e até mesmo o espelho circular de metal polido fica oculto ao olhar do público, salvo por ocasião das cerimônias. Contudo, ao contrário das suntuosas decorações dos templos da Atlântida, os templos xintoístas caracterizam-se por uma total ausência de decoração – a uniformidade do requintado acabamento da singela carpintaria não é quebrada por nenhum entalhe, pintura ou adorno.

No entanto, o disco solar não permaneceu como o único emblema admissível da Divindade. A imagem de um homem – um homem arquetípico – foi, em épocas posteriores, colocada nos templos e adorada como a mais sublime representação do divino. De certo modo, isso poderia ser considerado um retorno ao culto rmoahal de Manu. Até então, a religião era relativamente pura e a confraria oculta da “Boa Lei” naturalmente fazia o possível para conservar no coração do povo o ardor pela vida espiritual.

Contudo, estava se aproximando a época maligna na qual não restaria nenhuma idéia altruística para salvar a raça das profundezas do egoísmo, onde estava fadada a submergir. A deterioração do conceito ético foi o prelúdio inevitável da perversão do espírito. As mãos de cada homem lutavam unicamente por ele próprio e seus conhecimentos serviam apenas a fins egoístas, até tornar-se uma crença estabelecida a de que, no universo, não havia nada que fosse maior ou superior aos próprios homens. Cada um era a sua própria “Lei, Senhor e Deus”, e o próprio culto nos templos deixou de ser o culto a algum ideal para tornar-se a mera adoração do homem, tal como ele era conhecido e visto. Como está escrito no Livro de Dzyan, “Então a

Quarta cresceu em orgulho. Dizia: nós somos os reis; somos os Deuses. . . . Construíram enormes cidades. Construíram-nas de terras e metais raros, e dos fogos vomitados, da pedra branca das montanhas e da pedra preta modelaram suas próprias imagens em seu tamanho e semelhança, e adoraram-nas.” Capelas foram dispostas nos templos, nas quais a estátua de cada homem, feitas de ouro ou prata, ou esculpida em pedra ou madeira, era venerada por ele próprio. Os homens mais ricos dispunham de séquitos inteiros de sacerdotes para o culto e a Manutenção de suas capelas, e faziam-se oferendas a essas estátuas, como se fossem deuses. A apoteose do eu não poderia ir mais longe.

É preciso lembrar que toda idéia religiosa verdadeira que alguma vez penetrou na mente do homem foi-lhe conscientemente sugerida pelos instrutores divinos ou pelos iniciados das Lojas ocultistas, os quais, ao longo de todos os períodos históricos, têm sido os guardiões dos mistérios divinos e das ocorrências dos estados supra-sensíveis de consciência.

Geralmente, só de um modo muito lento é que a humanidade se torna capaz de assimilar algumas dessas idéias divinas, ao passo que os crescimentos monstruosos e as terríveis distorções, exemplificadas por cada religião existente, têm sua origem na própria natureza mais inferior do homem. Na verdade, tem-se a impressão de que nem sempre ele esteve em condições de receber o conhecimento acerca dos simples símbolos sob os quais se ocultava a compreensão da Divindade, pois na época da hegemonia turaniana parte desse conhecimento foi erroneamente divulgada.

Vimos como a vida e a luz, enquanto atributos do sol, foram, em tempos remotos, usados como símbolo para despertar na mente das pessoas tudo o que elas fossem capazes de conceber acerca do grande Criador. Contudo, outros símbolos de maior profundidade e significado mais real eram conhecidos e guardados pelos sacerdotes. O conceito de uma Trindade na Unidade era um desses símbolos. As Trindades de significação mais sagrada nunca foram reveladas ao povo, mas a Trindade que personificava os poderes cósmicos do universo como Criador, Preservador e Destruidor tornou-se publicamente conhecida na época dos turanianos de um modo um tanto irregular. Essa idéia foi ainda mais materializada e degenerada pelos semitas, que a transformaram numa Trindade estritamente antropomórfica, consistindo de pai, mãe e filho.

É preciso mencionar ainda um outro fato bastante terrível que ocorreu na época dos turanianos. Com a prática da bruxaria, muitos dos habitantes, é claro, tornaram-se conscientes da existência de elementais poderosos – criaturas que tinham sido criadas ou ao menos animadas pelas próprias e poderosas vontades dos habitantes, as quais, à medida que eram direcionadas para fins maléficos, produziram naturalmente os elementais de poder e malignidade. Os sentimentos humanos de reverência e culto tinham degenerado tanto que os homens realmente começaram a adorar essas criações semiconscientes de seu próprio pensamento maligno. O ritual pelo qual se cultuava esses seres foi, desde o início, manchado de sangue e, sem dúvida, cada sacrifício oferecido em seus altares conferia vitalidade e persistência a essas criações vampirescas – a tal ponto que, mesmo hoje em dia, em várias partes do mundo, os elementais formados pela vontade poderosa desses antigos bruxos atlantes ainda continuam a exigir seu tributo de inocentes comunidades aldeãs.

Embora iniciado e largamente praticado pelos brutais turanianos, parece que esse ritual manchado de sangue nunca se difundiu entre as outras sub-raças; todavia, os sacrifícios humanos parecem não ter sido raros entre alguns ramos semitas.

No grande império tolteca do México, o culto do sol – praticado por seus antepassados – ainda era a religião nacional, embora as oferendas incruentas à sua Divindade benéfica, Quetzalcóatl, consistissem simplesmente de flores e frutos. Só com o advento dos astecas selvagens é que se acrescentou, ao inocente ritual mexicano, o sangue de sacrifícios humanos, que banhava os altares de seu deus da guerra, Huitzilopochtli, e a extração do coração das vítimas no cume do Teocáli pode ser vista como uma sobrevivência direta do culto aos elementais de seus ancestrais turanianos da Atlântida.

Pode-se observar então que, tal como em nossos dias, a vida religiosa do povo abrangia as mais variadas formas de crença e culto. Desde a pequena minoria que aspirava à iniciação e tinha contato com a mais elevada vida espiritual – que sabia que a boa vontade para com todos os homens, o controle do pensamento e a pureza de vida e ações eram as preliminares necessárias à obtenção dos mais elevados estados de consciência e dos mais amplos campos de visão -, inumeráveis estágios de decadência conduziram desde o culto mais ou menos irracional das energias cósmicas, ou dos deuses antropomórficos, até os ritos sangrentos do culto aos elementais, passando pelo ritual degenerado, porém de grande aceitação, no qual cada homem adorava sua própria imagem.

Não se deve esquecer que estamos tratando apenas da raça atlante, de modo que seria inoportuna qualquer referência relativa ao culto ainda mais infame do fetiche que então existiu – como ainda existe – entre os degradados representantes dos povos lemurianos.

Ao longo dos séculos, portanto, os vários rituais constituídos para celebrar essas diversas formas de culto continuaram existindo, até a submersão derradeira de Posseidones, quando um grande número de emigrantes atlantes já haviam estabelecido, em terras estrangeiras, os vários cultos do continente-mãe.

Reconstituir a ascensão e acompanhar minuciosamente o progresso das religiões antigas, que no período histórico floresceram em formas tão diversas e antagônicas, seria uma tarefa bastante difícil, mas o esclarecimento que isso traria às questões de importância transcendente poderá, algum dia, induzir à tentativa.

Concluindo, seria inútil tentar resumir o que já está por demais resumido. Antes, vamos esperar que o precedente possa servir como texto, a partir do qual seja possível desenvolver histórias acerca dos diversos ramos das várias sub-raças – histórias que possam, analiticamente, abordar as evoluções políticas e sociais que, aqui, foram expostas de modo bastante fragmentário.

Todavia, uma palavra ainda pode ser dita sobre essa evolução da raça – esse progresso que toda criação, com a humanidade à frente, está sempre destinada a alcançar, século a século, milênio a milênio, manvantara a manvantara e kalpa a kalpa.

A descida do espírito à matéria – esses dois pólos da substância eterna una – é o processo que abrange a primeira metade de cada ciclo. Ora, o período estudado nas páginas anteriores – o período durante o qual a raça atlante estava percorrendo sua trajetória – foi exatamente o ponto médio ou crítico deste manvantara atual.

O processo de evolução que se tem estabelecido em nossa atual quinta raça – isto é, o retorno da matéria ao espírito – manifestou-se, nessa época, em apenas uns poucos casos individuais isolados -precursores da ressurreição do espírito.

Mas o problema, que todos os que têm se dedicado de algum modo a esta matéria devem ter constatado estar ainda à espera de uma solução, está no surpreendente contraste verificado nas características da raça atlante. Ao lado de suas paixões brutais, de suas inclinações animais degradadas, estavam suas faculdades psíquicas, sua intuição divina.

A solução deste enigma aparentemente insolúvel repousa no fato de que a construção da ponte fora então apenas iniciada – a ponte do manas, ou mente, destinada a ligar, no indivíduo aperfeiçoado, as forças do animal, que se dirigem para o alto, ao espírito do Deus, que, num movimento crítico dirige-se para baixo. O atual reino animal revela um campo da natureza onde a construção dessa ponte ainda não se iniciou e, mesmo entre a humanidade nos tempos da Atlântida, a conexão era tão frágil que os atributos espirituais tinham pouco poder de controle sobre a natureza animal mais inferior. O tipo de mente que possuíam era capaz de acrescentar prazer à satisfação dos sentidos, mas não tinha o poder de vitalizar as faculdades espirituais ainda adormecidas que, no indivíduo aperfeiçoado, precisarão tornar-se o monarca absoluto. Nossa metáfora da ponte pode levar-nos um pouco mais além, se a considerarmos atualmente em processo de construção, porém destinada a permanecer incompleta, para a humanidade em geral, durante incontáveis milênios – na verdade, até que a Humanidade tenha completado mais um ciclo dos sete planetas e o grande Quinto Curso esteja a meio caminho de sua trajetória.

Embora tenha sido durante a segunda metade da terceira raça-raiz e o início da quarta que o Manasaputra desceu para dotar de mente a maior parte da Humanidade, que ainda estava sem a centelha, foi tão fraco o fogo que ardeu durante toda a era atlante que se pode dizer que foram poucos os que atingiram os poderes do pensamento abstraio. Por outro lado, os atlantes conseguiram um ótimo desempenho mental no campo da realidade concreta e, como vimos, foi nas atividades práticas do seu cotidiano, especialmente quando suas faculdades psíquicas eram direcionadas para os mesmos objetos, que eles alcançaram resultados notáveis e estupendos.

É preciso também lembrar que o Kama, o quarto princípio, alcançou sem dúvida o ápice do seu desenvolvimento durante a quarta raça. Isso explicaria os níveis de vulgaridade animal em que mergulharam, enquanto o ciclo, aproximando-se de seu nadir, inevitavelmente acentuou esse movimento decadente, de modo que há pouco para se surpreender quanto à perda gradual das faculdades psíquicas da raça e sua degradação rumo ao egoísmo e ao materialismo.

Tudo isso deve ser visto como parte do grande processo cíclico, em obediência à lei eterna.

Nós todos atravessamos aqueles péssimos dias, e as experiências que então acumulamos contribuíram para formar as qualidades que ora possuímos.

Contudo, um sol mais radiante brilha agora sobre a raça anca, mais do que aquele que iluminava a vereda de seus antepassados atlantes. Menos dominados pelas paixões dos sentidos, mais abertos à influência da mente, os homens da nossa raça obtiveram, e estão obtendo, um controle mais firme do conhecimento, um alcance intelectual mais amplo. Este arco ascendente do grande ciclo manvantárico naturalmente conduzirá um número cada vez maior de pessoas rumo à entrada do Caminho Oculto e emprestará um encanto cada vez maior às oportunidades transcendentes que ela oferece ao contínuo fortalecimento e purificação do caráter – fortalecimento e purificação não mais dirigidos pelo mero esforço espasmódico e constantemente interrompidos por atrações enganosas, mas orientados e vigiados, a cada passo, pelos Mestres da Sabedoria, de modo que a escalada, uma vez iniciada, não será mais hesitante e incerta, mas conduzirá direto à meta gloriosa.

Também as faculdades psíquicas, bem como a intuição divina, perdidas por um tempo, mas ainda heranças legítimas da raça, aguardam apenas o esforço individual para serem readquiridas, o que fornecerá ao caráter da espécie uma compreensão ainda mais profunda e poderes mais transcendentes. Desse modo, as ordens dos instrutores Adeptos – os Mestres da Sabedoria – sempre devem ser fortalecidas e renovadas, e mesmo entre nós, hoje, certamente estão alguns deles, indistinguíveis, salvo pelo imortal entusiasmo que os impulsiona, e que, antes que se estabeleça a próxima raça-raiz neste planeta, erguer-se-ão como Mestres da Sabedoria para ajudar a raça em seu progresso ascendente.

William Scott-Elliot

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/a-historia-da-atlantida/

Campos Morfogenéticos

Havia um arquipélago no Pacífico povoado apenas por macacos. Eles se alimentavam de batatas, que tiravam da terra. Um dia, não se sabe porque, um desses macacos lavou a batata antes de comer, o que melhorou o sabor do alimento. Os outros o observaram, intrigados, e aos poucos começaram a imitá-lo. Quando o centésimo macaco lavou a sua batata, todos os macacos das outras ilhas começaram a lavar suas batatas antes de comer. E entre as ilhas não havia nenhuma comunicação aparente.

Essa história (fictícia) exemplifica uma teoria criada pelo fisiologista inglês Rupert Sheldrake, denominada teoria dos campos morfogenéticos. Segundo o cientista, os campos mórfogenéticos são estruturas invisíveis que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material. Todo átomo, molécula, célula ou organismo que existe gera um campo organizador invisível e ainda não detectável por qualquer instrumento, que afeta todas as unidades desse tipo. Assim, sempre que um membro de uma espécie aprende um comportamento, e esse comportamento é repetido vezes suficiente, o tal campo (molde) é modificado e a modificação afeta a espécie por inteiro, mesmo que não haja formas convencionais de contato entre seus membros. Isso explica porque, no exemplo, todos os macacos do arquipélago de repente começaram a lavar suas raízes, sem que houvesse comunicação entre as ilhas.

Mas outros exemplos na natureza – desta vez verdadeiros – ilustram bem uma organização invisível no comportamento dos animais. Pegue um gato, por exemplo. Separe-o do convívio com outros gatos poucos dias após o nascimento (algo infelizmente comum) e crie-o isolado. Ele vai ter todas as características comportamentais de um gato, as brincadeiras, inclusive o cacoete de só fazer as necessidades na areia (se tiver areia no lugar, claro). Quem ensinou isso? Milhares de anos de evolução, dirão os Darwinistas. Deus, dirão os Criacionistas. Mas nem um nem outro explica a questão: Quem ensinou isso ao maldito gato que foi criado fora do convívio dos outros de sua maldita raça milenar?!

Ainda mais extraordinários são os pássaros jardineiros, cujo ninho é uma obra de arte, feito de palhas e ramos, e que não se esquecem, para encantar mais a fêmea, de enfeitar com o que se denomina “jóias”, sejam ervas ou flores, ou pedrinhas todas iguais, para atapetar o chão. Quem ensinou isso? Foi um Deus caprichoso, que estava numa fase mais artistica e deu esse dom pra esse pássaro e não para os outros? Ou foram seus genes, tão caprichosos quanto? Será que, baseado tão-somente na sobrevivência e possibilidades de acasalamento, não seria mais inteligente pra natureza espalhar essa técnica pra todos os pássaros e outros animais?

A ciência dá um valor muito alto aos genes. É uma verdadeira panacéia: se não sabemos explicar algo, simplesmente “culpamos” os genes. Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado? A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos, e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do aglomerado e o meio ambiente). Tal formação do embrião acontece com precisão tanto aqui quanto na China, tanto no frio como no calor, tanto na poluição e radiação de NY, quanto nos bucólicos campos da Escócia…

A biologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macro-moléculas. Os genes ditam essa estrutura primária e ponto. “A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético”, afirma Sheldrake. “Dados os genes corretos, e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontaneamente.”

A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os organismos seria ditada pelos campos morfogenéticos, uma estrutura espaço-temporal que direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes, um papel semelhante ao da planta de um edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta é um conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operários envolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância entre os campos.

Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo. Tal organismo parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas. Sheldrake já realizou várias pesquisas para provar que o corpo possui um campo mórfico e, quando se perde uma parte desse corpo, o campo permanece. Um exemplo é uma das experiências que fez: Uma pessoa que não tem parte do braço age como se estivesse empurrando o membro fantasma através de uma tela fina. Do outro lado da tela, uma outra pessoa tenta tocar o braço fantasma. De acordo com Sheldrake, as duas pessoas envolvidas na experiência são capazes de sentir o toque. É uma prova (subjetiva) de que alguma coisa do braço ainda existe concretamente, e não apenas no cérebro da pessoa que o perdeu.

Depois de muitos anos de estudo e pesquisa chegou-se à conclusão de que a chave desse mistério estaria numa espécie de memória: uma memória coletiva e inconsciente que faz com que formas e hábitos sejam transmitidos de geração para geração. O campo morfogenético seria uma região de influência que atua dentro e em torno de todo organismo vivo. Algo parecido com o campo eletromagnético que existe em volta dos imãs. Para o cientista, cada grupo de animais, plantas, pássaros etc, está cercado por uma espécie de campo invisível que contém uma memória, e que cada animal usa a memória de todos os outros animais da sua espécie. Esses campos são o meio pelo qual os hábitos de cada espécie se formam, se mantém e se repetem. No exemplo dos macacos, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie.

O processo responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de ressonância mórfica. Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva.

Os seres humanos também têm uma memória comum. É o que Jung chamou de inconsciente coletivo. A respeito disso, Sheldrake lança uma luz sobre a questão da existência de vidas passadas: Ele diz que, às vezes, as pessoas podem entrar em sintonia com as memórias de uma outra pessoa que existiu no passado. Isso que não significa que elas foram realmente aquela pessoa, mas que se teve acesso à memória dela. Talvez por isso existam por aí tantas reencarnações de Napoleão e Cleópatra…

Então, o campo morfogenético é algo que está dentro de nós, e fora de nós. Nos envolve e nos define, está presente em nossos pensamentos, e nossas atitudes. Pode estar por trás do Id; Pode ser a Força. O inconsciente coletivo; O Shaktipat; Em essência, o Tao; Ou mesmo Brahma! O Reino dos céus!

Os campos morfogenéticos também são responsáveis por aquela sensação que a maioria das pessoas tem quando sente que está sendo observada. Sheldrake explica:
“Entrevistei alguns detetives particulares, pessoal da vigilância na polícia, pelotões antiterrorismo da Irlanda do Norte e outras pessoas cujo negócio é olhar outras pessoas. A maior parte destes observadores profissionais está muito consciente desse fenômeno, e alguns daqueles que operam sistemas de segurança em shoppings, edifícios, aeroportos e hospitais também estão muito conscientes desse efeito. Em uma das principais lojas de departamento de Londres, os detetives da loja disseram que podiam olhar as pessoas na loja através de uma TV, e quando viam alguém roubando, um gatuno, muitas vezes perceberam que, se olhassem para essa pessoa muito intensamente, pela tela da TV, a pessoa começava a olhar a seu redor procurando as câmeras escondidas e depois devolvia o que tinha tirado e saía da loja. Um segurança em um hospital disse que onde isso dava mais certo era com uma câmera oculta que cobria uma área onde as pessoas iam fumar, embora não fosse permitido fumar no hospital, mas quando ele observava os fumantes através da televisão de circuito fechado eles imediatamente começavam a parecer constrangidos e apagavam seus cigarros e saíam dali. Portanto, há muitas experiências práticas. No SAS britânico, que são as forças especiais usadas para tomar de assalto terroristas em embaixadas e lugares semelhantes, parte do treinamento ensina que, se você está se aproximando cuidadosamente de uma pessoa por trás, para esfaqueá-la nas costas, você não deve olhar fixamente para as costas dela, porque é quase certo que, se o fizer, ela vai se virar. E a primeira lição que um detetive particular aprende sobre seguir alguém é que você não olha para quem está seguindo, porque se olhar, ele vai se virar e seu disfarce terá sido descoberto”.

Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior, focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao contrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrake apresenta um exemplo desconcertante dessa propriedade:
“Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório, não existe nenhum precedente que determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, várias formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma dessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que isso ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelos primeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer laboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteça novamente em experimentos futuros.”

Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981, quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de maneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como “uma importante pesquisa científica”, a Nature o considerava “o melhor candidato à fogueira em muitos anos”.

Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida, Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muito bem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, havia experimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridge e da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórfogenéticos. A idéia foi assimilada com entusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos. Cada vez que dizia alguma coisa do tipo “eu preciso telefonar”, eles retrucavam com um “telefonar para quê? Comunique-se por ressonância mórfogenética”. Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese que trombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida.

A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogos durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo de campos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também a existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformação dos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. “Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam”, informa Sheldrake.

Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numa ilustração em alto constraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas. Isso foi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duas ocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas “soluções”. Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua “resposta” foram transmitidas pela TV. Verificou-se que o índice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1. Numa universidade inglesa, alguns pesquisadores conseguiram provar que as palavras cruzadas dos jornais são muito mais fáceis de resolver quando feitas no dia seguinte à publicação original.

Esse fenômeno é muito comum entre os químicos. Quando um deles tenta cristalizar um novo composto leva muito tempo para conseguir um bom resultado. Mas a partir desse momento em outros lugares do mundo muitos outros químicos conseguem cristalizar o mesmo composto num tempo muito mais curto.

Isso explicaria o porquê da geração dos anos 80 ter tido facilidade de programar o videocassete, e a geração de 90 dominar o computador e o celular?

Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. “Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado”, conjectura Sheldrake. E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York, dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.

Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung e Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço, em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (ver artigo “Nas fronteiras da consciência”, em Globo Ciência nº 32).

Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para a compreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, que assumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos mais efetivos de terapia. “A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal”, afirmou Sheldrake a Galileu. “Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina, pois nossas ações podem influenciar os outros e serem repetidas”.

Abaixo, os melhores momentos da palestra de Rupert Sheldrake, intitulada “A mente ampliada” (que pode ser lida integralmente aqui):

EXPERIMENTO DO CACHORRO

Deixe-me dar um exemplo do tipo de histórias que temos em nosso banco de dados, sobre um cachorro que sabe quando seu dono está chegando em casa. Essa é de uma pessoa no Havaí: “Meu cachorro Debby sempre fica esperando na porta uma meia hora antes de meu pai chegar em casa do trabalho. Como meu pai estava no exército, ele tinha um horário de trabalho muito irregular. Não fazia diferença se meu pai ligava antes, e uma época eu achei que o cachorro reagia à chamada telefónica, mas isso obviamente não era o caso, porque às vezes meu pai dizia que estava vindo para casa mais cedo, mas tinha que ficar até mais tarde. Às vezes ele nem telefonava. O cachorro nunca se enganava, portanto eu eliminei a teoria do telefone. Minha mãe foi a primeira pessoa que notou esse comportamento. Ela estava sempre preparando o jantar quando o cachorro ia para a porta. Se o cachorro não fosse até a porta, nós sabíamos que papai ia chegar mais tarde. Se ele chegasse tarde, o cachorro mesmo assim o esperava, mas só quando ele já estivesse no caminho de casa”.

Temos agora em nosso banco de dados cerca de 580 relatos de cachorros que fazem isso, e cerca de 300 relatos de gatos que fazem isso, com esse tipo de qualidades. O cético de carteirinha irá dizer “bem, é apenas uma rotina”, mas na maioria dos casos não é uma rotina (se fosse as pessoas nem notariam). O próximo argumento do cético de carteirinha é “bom, o que deve acontecer é que as pessoas da casa sabem quando o dono está vindo e com isso seu estado emocional muda, e o animal capta essa mudança através de deixas sutis”. Bem, é claro que isso é possível se as pessoas realmente prevêem que alguém está vindo para casa, seu estado emocional pode mudar, elas podem ficar excitadas ou talvez deprimidas e o animal pode captar essa mudança emocional e reagir a ela. Mas, em muitos dos casos, as pessoas na casa não sabem quando a outra está vindo para casa, é o animal que lhes diz, e não elas que dizem ao animal.

Quando eu estava discutindo esse assunto com Nicholas Humphrey, meu amigo cético disse: “bem, tudo isso ainda não elimina a possibilidade de que eles ouvem o barulho do motor do carro, um motor de carro familiar a 30, 40 quilômetros de distância”, e eu disse: “isso é obviamente impossível”. E ele: “pelo contrário, apenas demonstra como a audição dos cachorros é aguçada”. Foi essa discussão que levou à ideia de fazer um experimento. Eu disse: “OK, e se eles vierem para casa de táxi, ou no carro de um amigo, ou de trem, ou de bicicleta da estação em uma bicicleta emprestada, para que não haja sons familiares?” E ele disse: “nesse caso, o cachorro não reagiria”, e desde a publicação deste livro eu já descobri muitos cachorros, gatos e outros animais que fazem isso.

Telefonamos para pessoas escolhidas aleatoriamente usando técnicas padronizadas de amostragem e perguntamos se elas tinham animais. Dos donos de animais, havia mais donos de cachorros do que de gatos na maior parte das localidades. Perguntávamos: então “seu animal parece saber previamente quando um membro da família está vindo para casa?” Aproximadamente 50% dos donos de cachorro em todas as localidades disseram que sim – em Los Angeles foram mais de 60% – e podemos ver através desses resultados que os gatos em todas as localidades fazem isso menos que os cachorros.

Nos primeiros experimentos que foram feitos, pedíamos às pessoas que anotassem em um caderno o comportamento do cachorro, mas os céticos disseram: “bem, assim você tem uma tendência subjetiva”. Portanto, agora nós fazemos uma fita de vídeo de todos os experimentos. Temos uma câmera de vídeo em tripé, apontando para o lugar onde o cachorro ou o gato esperam pela pessoa que vem para casa. Há um controle de tempo na câmera e ela fica funcionando por horas. Então, temos horas de filme que irão mostrar se o cachorro ou o gato vão até a janela, e por quanto tempo ficam lá, um registro objetivo e perfeito. O que vou lhes mostrar é um vídeo de um desses experimentos que foi feito com um cachorro com que trabalhei principalmente na Inglaterra. O cachorro chama-se JT e o nome de sua dona é Pam. Quando Pam sai, ela deixa JT com seus pais, que vivem no apartamento ao lado do dela. Eles observaram há muitos anos que JT sempre ia para a janela quando Pam estava a caminho de casa, ou quase sempre. Esse experimento foi filmado profissionalmente pela televisão estatal austríaca, e foi filmado com duas câmeras, para que pudéssemos ver o cachorro e a pessoa que estava na rua ao mesmo tempo. E foi combinado que eles escolhessem as horas de sua vinda para casa de maneira aleatória, que nem ela mesma soubesse previamente, que ninguém soubesse previamente; e ela viria para casa de táxi, para eliminar a possibilidade de sons de carros familiares. Esse, portanto, é um experimento que foi realizado dentro dessas condições.

Na vida real, Pam não vem para casa em horas escolhidas aleatoriamente, e que ela própria desconheça previamente. Quando está no trabalho, ou quando sai para fazer compras ou visitar amigos, ela vem para casa em vários momentos diferentes, e nós monitoramos regularmente as horas em que ela volta, mais de 200 experimentos foram monitorados, temos dezenas deles em vídeo. O cachorro nem sempre reage, cerca de 85% das vezes JT realmente espera por ela quando ela está vindo para casa, cerca de 15% ele não o faz. Analisamos as ocasiões em que ele não faz, a maioria das vezes ocorreu quando a cadela do apartamento vizinho estava no cio. Isso mostra que JT pode se distrair. Isso também ocorreu algumas vezes quando havia visitas na casa ou outro cachorro, e algumas vezes sem nenhum motivo. De qualquer forma, JT normalmente reage quando Pam decide que vai para casa. No filme vê-se que ele não começa a reagir quando ela entra no táxi, e sim quando ela estava pronta para ir para casa. Na vida real ele não reage quando ela entra no carro para ir para casa, e sim quando ela começa a se despedir dos amigos e pensando “bem, vou-me embora”. Ele parece captar essa intenção dela. É bem verdade que JT vai até a janela ocasionalmente quando Pam não está a caminho de casa, normalmente porque vai latir para um gato que passa na rua ou está olhando alguma coisa que está acontecendo do lado de fora. Nesses gráficos incluímos todos esses casos, embora fique claro no vídeo que ele não está esperando, mas como os céticos dizem que, se você usar evidência seletiva isso demonstra que você inventou a coisa toda, não fizemos nenhuma seleção aqui. Às vezes há uns trechos barulhentos, quando ele vai até a janela de qualquer maneira, mas podemos ver que isso é a média de 12 ocasiões diferentes quando ela estava fora por mais de 3 horas. O tempo que ele está esperando na janela é maior quando ela está no caminho de casa do que quando ela não está. Vemos um pequeno aumento antes de ela ir para casa que, a meu ver, tem relação com esse efeito antecipatório.

JT está obviamente esperando por ela principalmente quando ela está no caminho de casa. O que é claro nesses gráficos é que JT não vai para a janela com mais frequência quanto mais tempo ela estiver fora. Ele obviamente está muito mais na janela aqui, quando ela está no caminho de volta, do que nos períodos correspondentes aqui. Esses efeitos têm uma enorme significância estatística. Vários tipos de análise mostram significâncias que vão mais além da escala de meu computador. Esses efeitos são do tipo p é menor que .00001.

Esses resultados foram amplamente publicados na Grã-Bretanha, nos jornais, e – é claro – foram criticados pelos céticos, que estão sempre prontos para dizer que nada semelhante poderia ocorrer. Um dos céticos mais ativos na Grã-Bretanha, cujo nome é Richard Wiseman, disse que eu não tinha usado procedimentos adequados, não os tinha registrado de forma adequada, etc. Eu fiz também muitos experimentos com horas de retorno aleatórias. Pam tem umpager em seu bolso que eu ativei por telefone de Londres e ela vem para casa em momentos verdadeiramente aleatórios, usando um desses pagers da telecom. De qualquer forma, ele criticou os detalhes, então eu disse: “Tudo bem, por que você mesmo não faz o experimento? Eu organizo tudo para que você possa fazê-lo com o mesmo cachorro. Emprestamos uma câmera de vídeo, Pam irá onde você quiser, o seu ajudante ficará observando-a”. Na verdade, então, o próprio Wiseman filmou o cachorro e ficou no apartamento dos pais da Pam, enquanto seu ajudante ia com a Pam para pubs, ou outros lugares, até que em um momento determinado aleatoriamente fosse decidido que eles voltariam para casa. Eles checavam o tempo todo para garantir que não haveria chamadas telefônicas secretas, nenhum meio de comunicação invisível, nenhuma fraude ou trapaça.

Wiseman é um mágico, e ele é um desses céticos que está sempre afirmando que tudo pode ser feito por trapaça ou ilusionismo. Bem, ele mesmo esteve lá, e eles estavam se protegendo de tudo, e ele realizou três experimentos com Pam na casa de seus pais, e esses foram os resultados dos três experimentos que ele fez, usando todos seus controles rigorosíssimos, seu próprio procedimento aleatório, e outras coisas mais (os resultados são exatamente iguais aos outros; o público ri). Portanto, esses resultados são sólidos, mesmo com um cético, que ao fazer o experimento na verdade não quer que ele dê certo. Atualmente realizo uma série de experimentos em Santa Cruz, Califórnia, com um tipo de periquito italiano que mostra o mesmo tipo de reação: eles guincham quando o dono está vindo para casa, e obtemos quase o mesmo tipo de gráficos, mostrando que os guinchos vão aumentando de intensidade quando o dono está a caminho de casa em horas aleatórias.

Um cão e um ser humano, quando formam uma união entre eles, são parte de um grupo social. Os cães são animais intensamente sociais, eles descendem dos lobos que têm uma vida social intensa. Portanto, eu acho que o que ocorre quando uma pessoa sai de casa, é que ela ainda continua conectada pelo campo mórfico da família, do qual o cão é parte. O campo mórfico se estica, por assim dizer, mas eles ainda estão ligados por esse campo mórfico, e é devido a essa conexão contínua invisível que a informação pode viajar, as intenções da pessoa podem afetar o cachorro em casa.

Portanto, eu interpreto tudo isso em termos de campos mórfícos. É claro, outras pessoas podem querer interpretá-lo em termos de outras coisas, e pode ser que isso esteja relacionado com a não-localidade quântica, ninguém sabe. Existem na física quântica, fenômenos não-locais misteriosos, sistemas que foram conectados como parte do mesmo sistema, e quando são separados retêm essa conexão não-local e não separável à distância. Bem, uma pessoa e um cachorro, que estiveram conectados por terem vivido juntos como companheiros, quando se separam podem ter uma conexão não-local semelhante. Mas ninguém sabe se essa não-localidade quântica se estende aos fenômenos macroscópicos ou não.

MEMÓRIA COLETIVA

Acho que esses campos têm uma espécie de memória, essa é minha ideia de ressonância mórfíca, o que significa que cada tipo de campo mórfico tem uma memória de sistemas passados semelhantes, por meio de um processo de ressonância através do espaço e do tempo. Os campos são locais, estão dentro e ao redor do sistema que eles organizam, mas sistemas semelhantes têm uma influência não-local através do espaço e do tempo, oriunda da ressonância mórfíca, que dá uma memória coletiva para cada espécie. Não tenho tempo de explicar os detalhes da teoria da ressonância mórfíca, a não ser para dizer que cada espécie neste planeta teria uma memória coletiva. Todos os ratos extrairiam memórias da memória coletiva de ratos anteriores. Se ratos aprenderem um novo truque no laboratório, outros ratos em outros locais deveriam ser capazes de aprender o mesmo truque mais rapidamente. Haja evidência, que eu discuti em meus livros, de que isso realmente ocorre.

No reino humano, se as pessoas aprendem uma nova habilidade, como windsurf, ou andar de skate, ou programação de computador, o fato de que muitas pessoas já aprenderam a mesma coisa deveria fazer com que fosse mais fácil para os outros aprenderem. Bem, essa é uma teoria que, claramente, é muito polêmica, e eu a descrevi em detalhe em meus livros A new science of life e A presença do passado. Já houve um número considerável de testes experimentais, e quando um número grande de pessoas está envolvida, eles dão resultados positivos; com uma amostra pequena (20, 30 pessoas) aprendendo algo novo, os resultados são às vezes positivos e às vezes não significativos. Esses efeitos são relativamente pequenos e difíceis de detectar no contexto de variações individuais. Mas há certos tipos de evidência que surgiram espontaneamente, que são relevantes aqui, e um deles está relacionado com testes de QI. Como vocês sabem, os testes padrão de QI vêm sendo ministrados por muitos anos para medir a inteligência e esses mesmos testes são aplicados ano após ano. Foram feitos estudos para examinar a contagem de testes de QI no decorrer do tempo; quando examinamos o desempenho absoluto nesses testes – e aqui estamos falando de testes feitos por milhões de pessoas – os testes mostram um efeito muito interessante que foi descoberto pela primeira vez por James Flynn, e portanto é chamado de Efeito Flynn: há um aumento misterioso e inesperado nas porcentagens do QI com o correr do tempo. Aqui temos um gráfico mostrando resultados de testes de QI, tirado de um número recente da revista Scientific American. As porcentagens aumentaram uns três por cento a cada década, não só nos Estados Unidos, mas também na Inglaterra, na Alemanha e na França. Por que o QI é uma questão polêmica na psicologia, tem havido muita discussão sobre a razão pela qual isso aconteceu: melhor nutrição, escolas melhores, mais experiência com os testes, e assim por diante. Mas nenhuma dessas teorias foi capaz de explicar mais do que uma fração desse efeito. O próprio Flynn, após 10 anos pensando sobre isso, e testando todas essas explicações, chegou à conclusão que o efeito é desconcertante, não há explicação para ele na ciência convencional. No entanto, é apenas o tipo de efeito que seria de se esperar com a ressonância mórfíca. Não é porque as pessoas estão realmente ficando mais inteligentes, mas o que está acontecendo é que elas simplesmente estão mais eficientes quando fazem os testes de QI, e eu acho que isso ocorre porque milhões de pessoas já fizeram os mesmos testes.

CRISTAIS

Se você fizer um novo cristal que nunca existiu antes, não poderia existir um campo mórfico para esse cristal. Essa teoria se aplica também a moléculas. Se você a cristalizar repetidamente, o campo mórfico ficará mais forte, e ficaria mais fácil para a substância se cristalizar. Na verdade isso é um fato bem conhecido dos químicos, que os novos compostos se cristalizam com mais facilidade com o passar do tempo nos vários laboratórios. A explicação desses químicos é que isso ocorre porque fragmentos dos cristais anteriores são levados de um laboratório para o outro, nas barbas de químicos migrantes, ou que foram transportados da atmosfera como partículas invisíveis de poeira. Mas eu estou sugerindo que isso poderia ser um efeito da ressonância mórfica e essa é uma das áreas em que ela pode ser testada. Na química existem também outras áreas onde ela pode ser testada.

O UNIVERSO E OS ANJOS

Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfogenético específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.

Se, através da teoria de Gaya, estamos passando a enxergar a Terra como um organismo vivo, então será que a Terra pensa? Será que ela poderia ser consciente? E o Sol? Todas as religiões tradicionais tratam o Sol como sendo consciente. É um deus (Hélios), na religião grega. Mitra, na Pérsia. Surya, na Índia, onde seus devotos o saúdam pela manhã, através de um exercício de yoga chamado Surya namaskar. Portanto, estas são tradições que existem em todas as partes, mas, é claro, para nós, com uma estrutura científica, o Sol é apenas uma grande explosão nuclear do tipo que ocorre o tempo todo emitindo radiação.

O Sol, sabemos hoje em dia, tem uma série incrível de mutações de ressonância elétrica e magnética ocorrendo em seu interior: ciclos de onze anos, explosões de manchas solares, dinâmica caótica, freqüências ressonantes. Atualmente sistemas estão monitorando, com um detalhamento anteriormente considerado impossível, essas incríveis mudanças eletromagnéticas – minuciosas e complexas – que estão ocorrendo no Sol. Bem, se padrões elétricos complexos são uma interface suficiente para a consciência e o cérebro humano, por que é que o Sol não poderia tê-los também? Por que o Sol não poderia pensar? E se o Sol é consciente, por que não as estrelas? E se as estrelas são conscientes, por que não as galáxias? Essas últimas teriam uma consciência de um tipo muito mais inclusivo do que a das estrelas que elas contêm. E se galáxias, por que não os grupos de galaxias? Então teríamos uma idéia de níveis hierárquicos de consciência por todo o universo. É claro, na tradição ocidental, como em todas as tradições, temos uma idéia exatamente desse tipo. A idéia das hierarquias dos anjos na Idade Média não era a de seres com asas – isso era apenas uma maneira bastante ingênua de representá-los. Eles eram compreendidos tradicionalmente como níveis de consciência além do humano. Havia nove níveis, dos quais três ou mais eram relacionados com as estrelas e com a organização de corpos celestiais. Eles eram as inteligências das estrelas e dos planetas, os três níveis intermediários dos anjos. Portanto, já existe a tradição no ocidente sobre uma consciência super-humana.

#espiritualismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/campos-morfogen%C3%A9ticos

‘Stregheria: a bruxaria italiana

A velha religião na Itália começou com os povos Etruscos que apareceram na Itália por volta de 1.000a.c, por serem povos místicos e possuidores de conhecimento de magia eles influenciaram em muito a religião da Itália.

Os povos Etruscos deixaram tumbas magníficas decoradas, pintadas e ás vezes com jóias armas, utensílios de uso pessoal, todos esses objetos indicavam o nível social da pessoa que ali estava enterrada, acreditavam na vida após a morte e que os deuses se fossem bem celebrados durante suas vidas na terra, poderiam lhes reservar uma boa vida após a morte.

Os deuses ocupavam um lugar importante na vida dos Etruscos, influenciavam seus comportamentos, seus relacionamentos e a idéia principal dos Etruscos era o poder que os deuses podiam emprestar “aos humanos”, portanto o poder divino era consciente entre os Etruscos, com seus hábitos, sua religião e seus conhecimentos influenciaram sobre maneira toda a região da Itália.

A vinda do cristianismo na Itália determinou a queda do Paganismo e os cultos mágicos aos deuses foi considerado ilegal .As sacerdotizas de Diana se refugiaram em vilas isoladas… onde hoje é encontrado o templo de Diana em ruínas, portanto a Velha Religião foi conservada nessas áreas rurais e o seu conhecimento existem até hoje na Itália moderna.

A perseguição das bruxas na Itália não foi violenta como foi em outros países pois as bruxas italianas se concentravam em vilas isoladas e eram geralmente muito bem toleradas.

A bruxa italiana chama-se Stregha e o bruxo italiano chama-se Streghone e o coven de bruxos é chamado de Boschetto A Stregheria também tem várias tradições conforme as regiões da Itália, por exemplo na Sicilia, norte da Itália, sul da Itália etc…

Na Stregha é muito importante os laços familiares, os espíritos que protegem e preservam a antiga religião e seus conhecimentos. Ha muitas diferenças entre as bruxas americanas e as bruxas italianas, essas diferenças além de serem históricas são devidas a diferentes tradições e diferentes crenças. Os Estados Unidos fica muito longe da Itália e numa época passada, nos tempos primitivos é lógico que o conhecimento da Itália eram diferentes dos conhecimentos americanos assim como a sua história, por exemplo: uma bruxa Strega nunca ouviu falar sobre karma há tempos atrás, por que o conceito oriental místico só chegou na Itália neste século, portanto não se escutava falar sobre tantra, I’ching, chákra, yoga, estes conceitos não estavam presentes na Itália no ano de 1.300… Como a Stregha italiana têm seus alicerces na velha religião praticada nessa época, genuinamente ela não usa conceitos orientais .

Outro exemplo: Na Itália temos quase 200 dialetos diferentes, o que originam diversas formas de conhecimentos, tradições e clãs.

A magia Stregha usa muitos objetos da natureza, amuletos, talismãs, adivinhações, feitiços, os círculos mágicos também são feitos, é muito comum se encontrar chaves feitas de ouro ou prata, tesouras ferraduras, pérolas, fitas vermelhas e sal.

Já foi dito que é muito importante os laços familiares na bruxaria Stregha e geralmente a iniciação de uma bruxa Stregha começa desde o momento de seu nascimento. as mulheres mais velhas da família gradativamente vão oferecendo conhecimentos para a iniciada e vão notando quais os dons que esta iniciada nasceu com eles.

Isto também se dá com os meninos que florecem mais tarde na magia que as meninas.

Objetos usados na Strega

A concha: a mais antiga ferramenta que se tem conhecimento na Strega é a concha. Elas representam o útero feminino, a deusa, e é muito usadas em invocações. elas podem ser de vários tamanhos mas do tipo da concha da “shell”, são colocadas em altares com água do mar com uma pequenina concha no centro da maior para representar o poder da lua, a concha maior simboliza a grande deusa e a menor o pedido a ser feito para a deusa, ela pode ser preenchida com licor Stregha que ao pegar fogo representa a divindade.

A varinha: pode ser feita de árvores frutíferas tomando um galho delas de forma consagrada, cada árvore tem um poder respectivo que imanta a varinha com este poder. Quando formos colher um galho de uma árvore para fazer uma varinha devemos fazer uma reverencia a o espírito dela. A varinha representa a extensão do braço humano e ela pode ser usada desde para debelar uma demanda espiritual até mandar uma mensagem .É o símbolo do elemento ar.

O cálice: O cálice é uma derivação da concha ,também simbolizando o útero sagrado, a mesma associação feita à concha, o cálice está associado á compaixão e ao poder pessoal.

A espada ou athame: também chamada espada da razão , ela é necessária para manter a estabilidade mental. E associada ao elemento fogo onde foi forjada.

O pentagrama: O pentagrama original Stregha eram feitos em rochas ou substancias naturais como madeira, couro. Eles sempre foram usados como símbolos de proteção e para delimitar um espaço sagrado.

Nantabag: A Nantabag é usada na Stregha para manter sempre perto da bruxa seus objetos usados para os rituais e para ela criar sua magia em qualquer lugar e qualquer tempo. Ela é feita de couro ou tecido de algodão e nela temos representações em miniaturas das ferramentas usadas em rituais. Uma típica Nantabag contém:

  • um cálice

  • uma varinha ou a própria semente da árvore

  • um pentagrama cunhado em uma moeda

  • uma pedra representando a terra

  • uma pena representando o ar

  • um incenso

  • duas velas pequenas brancas

  • um pedaço de corda com os nós

  • um pequeno copinho para o licor

  • uma pequena concha, um símbolo da deusa

  • uma porção de sal

  • algumas ervas

  • seu objeto de poder pessoal, que pode ser um amuleto, um cristal etc…

A vassoura: A vassoura é usada na Stregha como proteção e para rituais de banimento, a vassoura é um símbolo de como uma bruxa Stregha pode viajar no astral, se projetar para qualquer lugar, entrar em qualquer porta e em qualquer área. Em rituais de banimento ela é usada atravessada na porta de entrada com o sal para remover as energias negativas, quando atravessamos a vassoura na porta de entrada de uma casa estamos impedindo a entrada de qualquer energia.

Tesouras: As tesouras são usadas para quebrar feitiços e para ajudar nas conexões astrais, deve ser colocadas sobre as janelas ou atrás das portas para cortar qualquer maldição.

O caldeirão: É usado nos rituais em celebração e oferendas aos deuses e espíritos.O ponto central do altar da bruxa Stregha é a chama azul gerada pela queima do Stregha, um licor preparado especialmente para os deuses que pode ser colocado no caldeirão ou na concha.

Oratório: O oratório é usado para representar um templo sagrado suportado por duas colunas esse oratório deve ser colocado sobre a terra e de maneira que oferendas possam ser feitas nesse lugar, o oratório é o ponto principal onde os velhos espíritos se comunicam com a Stregha. A imagem da deusa, de um anjo pode estar contido no oratório, um prato com leite, vinho e mel deve ser oferecido aos deuses, velas acesas, jóias, pinturas e os objetos pessoais da bruxa.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/introducao-a-stregheria/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/introducao-a-stregheria/

A Aura Púrpura do Vampiro

Shirlei Massapust

Existem pessoas que enxergam auras humanas. Eu, por exemplo, as vejo. E também vejo chuviscos coloridos dispersos em toda parte, o tempo todo. Ao consultar oftalmologistas disseram-me que não há nada em meus globos oculares que justifique tal coisa. Para a psiquiatria isto é uma variedade de fenômeno alucinatório visual. Para a parapsicologia a clarividência se justifica por si só e, para o espiritualismo, é um traço de mediunidade. Ursula Roberts propôs a seguinte técnica de observação:

A primeira coisa que se deve fazer é observar as pessoas. Isto não significa ter de olhar fixamente para elas, ou para as suas roupas ou para o tipo de maquilagem. Se você conseguir posicionar os seus amigos de forma a observa-los contra um fundo plano, isso será de grande ajuda. Uma parede com pintura a têmpera ou coberta com um tecido liso, preto ou branco, será o fundo mais adequado. Se você olhar um pouco para o lado da pessoa, será possível detectar a aura interior na forma de um contorno fraco e confuso sobre o fundo… Notei que posso ver muito bem as auras quando o aposento está bem iluminado, mas não posso vê-las com tanta clareza quando estou em local aberto, especialmente se os raios de sol estiverem muito fortes. Costumo vê-las quando o sol está se pondo, ou em dias nublados. Disso concluí que, no meu caso, certas luzes favorecem a visão das auras.[1]

Algumas vezes pedi a céticos e crédulos para testarem este método e muitos daqueles que não se declararam clarividentes conseguiram ver uma luminosidade ao redor dos que ficaram de pé, em frente a uma parede branca; todavia concordamos que que um voluntário trajando roupa vermelha tem aura vermelha. Sendo roupas amarelas a aura fica amarela, etc. A excessão são roupas pretas que não emanam auras pretas.

Por essa razão os observadores mais céticos questionaram se auras podem ser o reflexo da luz ambiente nas roupas e na pele dos observados. (Embora as auras dos indivíduos de pele negra nos pareçam iguais às dos indivíduos de pele branca). Já os mais crédulos teorizaram que, se a cromoterapia influencia o humor das pessoas, é esperado que as cores das roupas modifiquem temporariamente as cores das auras.

Embora exista consenso entre os autores de bibliografia especializada sobre o fato de as cores das auras possuírem significados, ninguém concorda com o que cada cor significa. Por exemplo, enquanto o amarelo-ouro indica “forte intelectualidade”[2] na classificação de C. W. Leadbeater, exposta no livro pioneiro Man, Visible and Invisible (1920), a mesmíssima cor sugere “forças telúricas, preguiça, ciúmes, calúnia”[3] na tabela de Colette Tiret, publicada na obra posterior, Auras humaines et ordinateur (1976), onde o autor teve o cuidado de objetivar suas conclusões em respostas de questionários que utilizam o método de Guilford-Zimmermann, emprestado da psicologia diferencial.

Durante quatorze meses Colette Tiret se reuniu com outros seis clarividentes e todos observaram inúmeros voluntários, de modo a concluir que “os belos tons pálidos são mais raros do que as cores fortes”[4]. Já eu nunca encontrei cores fortes em ninguém. Todas as auras me pareceram quase invisíveis, mais ralas do que a luz de um arco-íris. Menos um finíssimo fio dourado que circunda pessoas e coisas. Esse tem a cor tão forte que quase parece sólido. De qualquer modo, para um clarividente, depois que aprende a ver e interpretar, as auras humanas são todas muito parecidas. Colette Tiret observou:

Ante a objeção de que certas leituras de auras parecem semelhantes e pouco originais, responderemos isto: “Cada um julga viver uma história muito pessoal, única em seu gênero. Ora, graças às nossas pesquisas, pareceu-nos que cada um vive quase sempre a mesma história humana. Mas nossa atitude vaidosa – ou orgulhosa – faz-nos pensar que somos únicos em nosso comportamento interior”.[5]

Assim como dois ouvidores de vozes não escutam as mesmas vozes se reunidos num mesmo cômodo, dois clarividentes geralmente não experimentam vivências iguais. C. W. Leadbeater via imensas auras multicoloridas, de formato ovalado, as quais ele desenhou e interpretou. A clarividente Ursula Roberts, autora do livro The Mystery of the Human Aura (1950), definiu a aura humana como um campo magnético de vibração que circunda todas as pessoas, da mesma forma que a luz envolve uma vela acesa ou o perfume envolve uma flor.[6] A aura se assemelharia a uma cebola com camadas sobrepostas, uma envolvendo a outra. Os clarividentes distinguem a primeira camada com mais frequência, pois esta segue o contorno exato do corpo humano.

A segunda camada é mais extensa do que a primeira e muitas vezes parece ter uma estrutura dupla “porque revela os sentimentos da pessoa”.[7] A terceira camada é a maior e se irradia por cerca de 60 cm, na pessoa comum, apresentando coloração variável de acordo com o humor.[8] Contudo, numa “pessoa altamente desenvolvida”, a luz ao seu redor pode se estender à distância de 90 cm, de 120 cm ou de 150 cm.[9]

Na minha experiência frequentemente observo até duas pequenas camadas, mas nunca vi uma terceira e ampla camada em ninguém. As cores são combinações binárias ou ternárias. Certo dia pulei um obstáculo diante de três clarividentes e todos alegaram haver visto a minha aura emitir longos pseudópodes ou tentáculos que se apoiaram no chão, prevenindo uma queda. Eu mesma nunca vi nada parecido.

C. W. Leadbeater acreditava que o homem tem sete corpos, incluindo o corpo físico. O que o clarividente vê para além da matéria densa do corpo físico é o corpo astral; popularmente conhecido como aura em razão da semelhança com as aureolas de luz que adornam as cabeças, as mãos e algumas vezes também os corpos dos santos na iconografia medieval.

A propósito, existe uma teoria exotérica sobre por que Ursula Roberts via mais do que eu e C. W. Leadbeater via mais do que Ursula Roberts. Acontece que ele enxergava o conjunto completo dos sete corpos. Cada um desses corpos é adaptado a um plano da natureza, sendo constituído pela matéria de seu plano correspondente.  Sendo assim o ser humano pode servir-se de seu corpo astral para receber impressões e registrar as observações do mundo astral que o rodeia, e da mesma maneira pode servir-se de seu corpo mental para explorar o plano mental e obter informações desse plano.[10] Os graus superiores de matéria sucedem em ordem metódica, de modo que, mesmo considerando cada plano como um mundo, o conjunto de todos estes planos constitui um mundo ainda maior, que só pode ser visto por “almas muito adiantadas”.[11]

Segundo C. W. Leadbeater, um clarividente “é apenas alguém que desenvolve a faculdade de responder à outra oitava dessa prodigiosa escala de possíveis vibrações, e capacita-se desse modo a ver o mundo que nos rodeia, antes que possam vê-lo os dotados de percepção mais limitada”.[12] Embora C. W. Leadbeater nunca haja visto um vampiro pessoalmente, e relutasse em admitir sua crença, ele sugeriu noutros escritos que mortos-vivos, se existissem, só teriam três dos sete corpos.

Descrições de um estranho padrão impossível

À época em que trabalhava como músico integrante da banda Bell, Book & Candle, o clarividente estadunidense Konstantinos foi convidado por outro membro da banda a ir numa reunião social organizada por sua mãe. Lá ele viu uma determinada pessoa capaz de esvaziar uma sala limitando-se a estar nela durante algum tempo. A observação de seu corpo astral lhe impressionou tanto que ele julgou tal incidente como algo digno de registro em seu segundo livro, Vampires. The Occult Truth (1996).

Tinha tido um dia muito longo e, quando me sentei, tive a sensação de que entrava num estado de consciência levemente alterado como resultado da minha leve fadiga. Quando olhei em volta do, aparentemente, ainda mais cheio salão, notei que M. ainda não se havia movido do seu sofá. No entanto, por qualquer razão desconhecida, toda a gente se havia afastado dessa parte do salão.

Achei isso estranho, e no meu estado descontraído de leve aborrecimento, deixei que meu olhar caísse sobre ela. O que vi chocou-me deveras, em grande parte por ser tão inesperado. A senhora parecia-se de certo modo como uma aranha humana! Soube que aquilo que estava a ver não era físico, mas uma visão astral como resultado do meu estado alterado. Depois do choque inicial se ter desvanecido e de ter visto que ninguém estava a olhar para mim, deixei que o meu olhar se fixasse nela mais uma vez. Mais uma vez tive a mesma visão horrível.

Encontrava-se rodeada de uma aura púrpura escuro que emanava atingindo uma distância de cerca de sessenta centímetros do corpo. Para as extremidades, a aura parecia escurecer, tornando-se quase negra, embora a área escurecida não me impedisse de ver através dela na direção da área púrpura. Da parte escura da aura sobressaíam tentáculos negros e finos que se moviam na direção dos convidados da festa. Observei, por um período que não excedeu os quinze ou vinte segundos, quando ela se voltou e olhou para mim. Sem ter a certeza daquilo que poderia fazer limitei-me a sorrir para ela. Ela devolveu-me o sorriso. Enquanto via os tentáculos continuarem a ondular, convenci-me de que ela não tinha a menor ideia do que estava a fazer naquele momento. Devo ter parecido confuso porque ouvi o meu amigo chamar-me repetidamente, perguntando-me o que eu tinha.[13]

Konstantinos teorizou que, após repetidas “alimentações” por osmose, através do toque, o corpo astral de um vampiro inconsciente se torna capacitado a desenvolver novas técnicas, começando a formar pseudópodes ou “tentáculos astrais”, variando em comprimento desde alguns centímetros a vários decímetros. “Através dos tentáculos astrais, um vampiro psíquico poderia entrar em contato com quem quer que se encontrasse próximo e continuar a alimentar-se por osmose ou, estando consciente das suas ações, poderia dirigir mentalmente os tentáculos para um determinado alvo e alimentar-se por inalação da respiração. É fácil de imaginar que um vampiro que tenha estado ativo por um período razoável de tempo, possa criar vários desses tentáculos e alimentar-se de muitos indivíduos que se encontram no mesmo compartimento”.[14]

O curioso nisto tudo é que houve consenso entre alguns clarividentes a respeito do modo singular como a aura ou corpo astral de alguém se modifica quando tal pessoa se habitua a absorver campos energéticos de outrem. Depois que a neuropsiquiatra Shafica Karagulla (1914-1986) se desligou de suas funções para realizar pesquisa independente sobre pessoas com dons de Sentido de Percepção Superior (S.P.S.), ela passou a entrevistar e andar na companhia de clarividentes. No livro Breakthrough to Creativity (1967) lemos sobre observações de “solapadores” por seus convivas:

Foi de Diane que obtive a melhor descrição do que acontece quando um “solapador” extrai energia de sua vítima. Laura e Kay, cada uma separadamente, fizeram observações semelhantes. Os sensitivos descrevem uma abertura bastante ampla na área do plexo solar do corpo vital do “solapador”. Em torno dos bordos desta abertura fitas ou tentáculos parecem projetar-se para fora e enganchar-se no campo de um indivíduo que esteja bastante próximo. O “solapador” parece desejar tocar a pessoa de quem drena a energia, ou então estar o mais junto possível a ela. Há todo um grupo de “solapadores” que drenam outras pessoas, simplesmente mantendo-se junto a elas.[15]

Quem conta um conto aumenta um ponto. Após uma conversa com o francês Michel Sokoloff, o jornalista e editor brasileiro Luis Pellegrini discriminou dez perfiz de vampiros psíquicos, cujo melhor exemplo seria, para ele, o caso dum egocêntrico e eloquente projetor de tentáculos de energia luminosa, observado pela própria Shafica Karagulla durante uma reunião social em Londres.[16] Ora pois, imagino que o exemplar do livro lido por Luis Pellegrini, se existe, deve ter sido importado de algum universo paralelo onde tudo acontece de modo levemente diverso, porque naquele que eu comprei numa livraria a neuropsiquiatra não tem dons de S.P.S., como seus voluntários.

De qualquer modo é importante ressaltar o que a verdadeira Shafica Karagulla escreveu sobre os vórtices, que funcionariam como órgãos do corpo astral.

Já que esse fenômeno produz um efeito nítido na energia física, eu pedi que os sensitivos observassem os vórtices de energia que eles veem no corpo físico. Foi notado que a extração da energia se faz, geralmente, através do vórtice mais fraco da vítima. Um indivíduo que apresenta perturbações no vórtice de energia na área do coração, perde energia por esse vórtice. Um indivíduo cujo vórtice na área da garganta apresenta fraqueza ou perturbação, revela um esvaziamento de energia através do canal do vórtice da garganta.[17]

O jovem Konstantinos não menciona obras de Shafica Karagulla na bibliografia de seu livro temático de modo que não aparenta haver lido a descrição compatível com a sua, – endossada por Diane, Laura e Kay – publicada vinte e nove anos antes. Voltando ao relato de Konstantinos, sobre a reunião social onde visualizou a aura púrpura duma senhora, lemos que a anfitriã conduziu o músico a um cômodo isolado e relatou um caso de paralisia do sono acompanhada de fenômeno alucinatório visual:

B. contou-me que, na noite imediatamente antes da festa, havia tido aquilo que ela considerou como um pesadelo horrível estando acordada. Nas primeiras horas da manhã (não tinha certeza, lembrando-se apenas de que ainda estava escuro), B. acordou descobrindo que não se podia mexer (…). De acordo com o que B. me contou, sentia a cabeça “inchar e latejar devido a qualquer tipo de vibração estranha” e sentia uma impressão no peito como se alguém “fizesse pressão para baixo na coberta”.

Continuou dizendo-me que havia ficado imóvel durante alguns segundos, coberta de suor e aterrorizada. Foi então que, de repente, teve consciência de um som que se assemelhava ao som grave do vento. Julgando que era o seu marido que se levantava, tentou chama-lo, mas não lhe saiu qualquer som da boca, e o seu marido não se havia mexido. Dentro de alguns segundos o som de vento aumentou e começou a notar uma luz púrpura ondulando sobre ela. (…) A luz púrpura adquiriu uma forma que B. reconheceu imediatamente. Era uma serpente enrolada no peito dela. Nessa altura, o seu terror era tão grande, contou-me ela, que conseguia ouvir o bater do coração e conseguia sentir a dor do grito que não se escapava. A pressão no peito aumentou por momentos e a serpente abriu a boca. No momento em que isso se deu, a sua cabeça desvaneceu-se e foi substituída por uma esfera negra. Nessa esfera, B. viu nitidamente o rosto de M. Não havia qualquer expressão no rosto fantasmagórico e os seus olhos encontravam-se fechados.

Alguns segundos mais tarde, toda a visão se desvaneceu, fazendo com que também desaparecessem a pressão e o som que B. havia experimentado. O sentimento de terror imediato passou igualmente, mas B. disse que ainda se sentia aterrada quando pensava nisso. Ver M. na festa, fez-lhe regressar o seu medo e, por qualquer razão, não era capaz de afastar “aquilo que deve ter sido um sonho” e de passar algum tempo com a mulher moribunda, como sempre fazia. Na festa, tinha o sentimento de que alguma coisa não estava certa a respeito de M., pelo menos ultimamente.[18]

Segundo Ursula Roberts, “quando abandonamos o corpo físico, a consciência continua dentro do corpo áurico”.[19] Presumimos que, considerando esta perspectiva, se o corpo áurico for anômalo este atuará conforme sua anomalia enquanto existir. Ou seja, se a moribunda M. efetivamente batesse as botas ela seria promovida em definitivo ao status de assombração… Isso catapultaria os impopulares e capengas vampiros de energia inconscientes a outro nível de interesse no ocultismo.

Mas não se animem. Quatro clarividentes confirmando um padrão recorrente é uma coincidência notável, não uma unanimidade na matéria. Ursula Roberts observou que os idosos, os doentes e as pessoas com distúrbios mentais “tendem a sugar energia da aura interior de pessoas mais jovens e saudáveis”.[20] Entre as pessoas que drenam quem passa por perto, “pouquíssimas fazem isso intencionalmente, mas os egoístas o fazem, pois as irradiações de suas auras voltam-se um pouco para dentro; em vez de irradiarem para fora”.[21] Ou seja, desta vez, nada de tentáculos preto-púrpura.

Eu vi uma aura preto-púrpura somente uma vez na vida. Em abril de 2017 assisti à peça VAMP onde obtive um assento especialmente bom, no centro, à frente da parte alta da arquibancada. Os efeitos especiais em geral eram aqueles que se poderiam esperar duma peça teatral bem produzida. Teve cenários de clima sombrio, efeitos drásticos de luz e sombras e até fumaça de gelo seco fervido em água quente. Num dado momento, Claudia Ohana estava cantando quando passou a projetar algo como uma aura de energia preta com tons roxos. Eu pensei, “Como fizeram isso?”

Claudia Ohana saiu do palco e sua silhueta em negativo ficou pairando por todo o tempo em que demorou para começar a próxima cena que, talvez por coincidência, começou justamente quando o resquício de impressão da luz na retina se desvaneceu.

Na verdade, o truque era relativamente simples. Havendo um sólido à frente duma luz direta voltada na direção dos olhos de alguém, ao apagar as luzes fica uma imagem negativa pairando no ar. Todos já vimos isso antes. Só não vimos um fantasma ilusório de tal monta atuando no papel de espírito de “Eugênia Queiroz” deixando o corpo da sua médium “Natasha”. Um espirito impalpável que não pode ser filmado, fotografado nem reflete em espelhos, embora seja perfeitamente visível por todos.

E o tom púrpura? Provavelmente era só eu vendo coisas, e aquele detalhe em especial era a “aura” dela mesmo… Enfim, demorou para cair a ficha. Todo mundo viu os flashes das luzes laterais, mas só eu vi algo para além do que foi mostrado.

Bibliografia

PELLEGRINI, Luis. Ladrões de Energia. Em: Criativa, Ano IX, nº 99, Editora Globo, Julho 1997, p 38-42.

PELLEGRINI, Luis. O Decálogo dos Vampiros. Em: Planeta, edição 284, Editora Três, Junho de 1996, p 44-50.

KARAGULLA, Dra. Shafica. O Destino Criativo do Homem: Seu sentido de percepção superior. Trad. Dr. J. Treiger. Niterói, Fundação Cultural Avatart, 1982, capítulo VI, p 134-141.

KONSTANTINOS. Vampiros: A verdade oculta. Trad. Joaquim Antônio Nogueira Gil. Lisboa, Editorial Estampa, 1997. 200p.

Notas

[1] ROBERTS, Ursula. O Mistério da aura Humana. Trad. Sueli Mayumi Okutani. São Paulo, Pensamento, 1997, p 69-70.

[2] LEADBEATHER, C. W. O Homem Visível e Invisível. Trad. Joaquim Gervásio de Figueiredo. SP, Pensamento, I.

[3] TIRET, Colette. Auras Humanas: Onde o abstrato se cruza com o concreto. Trad. Álvaro Lorencini e Sidney Barbosa. São Paulo, Pensamento, 1993, p 30.

[4] TIRET, Colette. Auras Humanas: Onde o abstrato se cruza com o concreto. Trad. Álvaro Lorencini e Sidney Barbosa. São Paulo, Pensamento, 1993, p 29.

[5] TIRET, Colette. Auras Humanas: Onde o abstrato se cruza com o concreto. Trd. Álvaro Lorencini e Sidney Barbosa. São Paulo, Pensamento, 1993, p 33.

[6] ROBERTS, Ursula. O Mistério da aura Humana. Trad. Sueli Mayumi Okutani. São Paulo, Pensamento, 1997, p 9.

[7] ROBERTS, Ursula. O Mistério da aura Humana. Trad. Sueli Mayumi Okutani. São Paulo, Pensamento, 1997, p 66.

[8] ROBERTS, Ursula. O Mistério da aura Humana. Trad. Sueli Mayumi Okutani. São Paulo, Pensamento, 1997, p 35.

[9] ROBERTS, Ursula. O Mistério da aura Humana. Trad. Sueli Mayumi Okutani. São Paulo, Pensamento, 1997, p 67.

[10] LEADBEATHER, C. W. O Homem Visível e Invisível. Trad. Joaquim Gervásio de Figueiredo. SP, Pensamento, p 25.

[11] LEADBEATHER, C. W. O Homem Visível e Invisível. Trad. Joaquim Gervásio de Figueiredo. SP, Pensamento, p 26.

[12] LEADBEATHER, C. W. O Homem Visível e Invisível. Trad. Joaquim Gervásio de Figueiredo. SP, Pensamento, p 28.

[13] KONSTANTINOS. Vampiros: A verdade oculta. Trad. Joaquim Antônio Nogueira Gil. Lisboa, Editorial Estampa, 1997, p 160-161.

[14] KONSTANTINOS. Vampiros: A verdade oculta. Trad. Joaquim Antônio Nogueira Gil. Lisboa, Editorial Estampa, 1997, p 147-148.

[15] KARAGULLA, Dra. Shafica. O Destino Criativo do Homem: Seu sentido de percepção superior. Trad. Dr. J. Treiger. Niterói, Fundação Cultural Avatart, 1982, p 140-141.

[16]  Luis Pellegrini escreveu: “Cheio de charme e inteligência, o vampiro, sentado diante de sua vítima, falava sem parar. A vítima o escutava embevecida, numa atitude completamente passiva diante daquela torrente de palavras sedutoras que chegavam a seus ouvidos. Abrindo sua clarividência, a doutora Karagulla pôde ver o que realmente ocorria: como um tentáculo, um canal energético saíra da região do plexo solar do vampiro e se instalara diretamente no centro do plexo solar da vítima. Por esse canal, o vampiro sugava com avidez. Pouco a pouco (…) o corpo sutil da vítima perdeu brilho e intensidade, ao mesmo tempo em que ela começou a empalidecer e a bocejar”. (PELLEGRINI, Luis. O Decálogo dos Vampiros. Em: Planeta, edição 284, Editora Três, Junho de 1996, p 50). Onze meses depois Luis Pellegrini voltaria a rememorar e recontar o caso: “Ela estava numa festa, sentada numa poltrona. No sofá bem em frente, havia um casal. O homem, um tipo até bem-apessoado, falava sem parar de si mesmo, exibindo-se como um pavão de cauda aberta. A mulher colocara-se na posição de receptora passiva, fitando o sujeito com olhar lânguido, totalmente entregue ao seu palavrório. De repente, tentáculos de energia luminosa saíram da região do umbigo do homem – do seu plexo solar – e se lançaram em direção à mesma região da mulher. Fixaram-se ali, e Shafika Karagulla pôde perceber claramente o que acontecia: por aqueles canais sutis a energia da mulher começou a ser drenada em direção ao interlocutor. Até que a pobre, no início dona de uma aura luminosa e brilhante, ficou reduzida a um trapo energético. Sua aura tomou-se débil e opaca, olheiras escuras tinham se formado em seu rosto, e sua expressão agora era a de uma pessoa bem mais idosa e cansada. Mas o homem parecia um sol radiante. Bem-disposto e feliz da vida, despediu-se da vítima, levantou-se e foi gastar com outros participantes da festa toda a vitalidade que roubara”. (PELLEGRINI, Luis. Ladrões de Energia. Em: Criativa, Ano IX, nº 99, Editora Globo, Julho 1997, p 38-39).

[17] KARAGULLA, Dra. Shafica. O Destino Criativo do Homem: Seu sentido de percepção superior. Trad. Dr. J. Treiger. Niterói, Fundação Cultural Avatart, 1982, capítulo VI, p 137.

[18] KONSTANTINOS. Vampiros: A verdade oculta. Trad. Joaquim Antônio Nogueira Gil. Lisboa, Editorial Estampa, 1997, p 161-162.

[19] ROBERTS, Ursula. O Mistério da aura Humana. Trad. Sueli Mayumi Okutani. São Paulo, Pensamento, 1997, p 37.

[20] ROBERTS, Ursula. O Mistério da aura Humana. Trad. Sueli Mayumi Okutani. São Paulo, Pensamento, 1997, p 86.

[21] ROBERTS, Ursula. O Mistério da aura Humana. Trad. Sueli Mayumi Okutani. São Paulo, Pensamento, 1997, p 84.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-aura-purpura-do-vampiro/

Qual a origem da Alquimia?

por Anderson Domingues Corrêa

A origem da alquimia se perde no tempo, sendo mais antiga do que a história da humanidade. Seu verdadeiro início é desconhecido e envolto em obscuridade e mistério. Assim, seu surgimento confunde-se com a origem e evolução do homem sobre a Terra.

A utilização e o controle do fogo separou o animal irracional do ser humano. Nos primórdios, não se produzia o fogo, porém ele era controlado e utilizado para aquecer, iluminar, assar alimentos, além de servir para manejar alguns materiais, como a madeira. Bem mais tarde conseguiu-se produzir e manufaturar materiais com metal, a partir de metais encontrados na forma livre e posteriormente partindo dos minérios.

Muitos associam a origem da alquimia a herança de conhecimentos de uma antiga civilização que teria sido extinta. Na Terra, já teriam existido inúmeras outras civilizações em diversas épocas remotas, dentre elas várias eram mais evoluídas que a nossa. Estas civilizações tiveram uma existência cíclica, com o nascimento, desenvolvimento e morte ocorrida provavelmente por meio de grandes catástrofes, como a queda de um grande meteoro, inundações, erupções vulcânicas, dentre outras que acabavam por reduzir grandes civilizações a um número ínfimo de sobreviventes ou mesmo por dizimá-las, fazendo com que uma nova civilização brotasse das cinzas. Os conhecimentos sobre a alquimia estariam impregnados no inconsciente coletivo de todas as civilizações até hoje ou poderiam ter sido transmitidos pelos poucos sobreviventes, desta maneira a alquimia teria resistido ao tempo.

Os textos chineses antigos se referem as “ilhas dos bem aventurados” que eram habitadas por imortais. Acreditava-se que ervas contidas nestas três ilhas após sofrerem um preparo poderiam produzir a juventude eterna, seria como o elixir da longa vida da alquimia.

No ocidente, o Egito é considerado o criador da alquimia. O próprio nome é de origem árabe (Al corresponde ao artigo o), com raiz grega (elkimyâ). Kimyâ deriva de Khen (ou chem), que significa “o país negro”, nome dado ao Egito na antigüidade. Outros acham que se relaciona ao vocábulo grego derivado de chyma, que se relaciona com a fundição de metais.

Os alquimistas relacionam a sua origem ao deus egípcio Tote, que os gregos chamavam de Hermes (Hermes Trimegisto). Alguns alquimistas o considerava como um rei antigo que realmente teria existido, sendo o primeiro sábio e inventor das ciências e do alfabeto. Por causa de Hermes a alquimia também ficou conhecida como arte hermética ou ciência hermética.

Os relatos mais remotos de doutrinas que utilizavam os preceitos alquímicos, remontam de uma lenda que menciona o seu uso pelos chineses em 4.500 a.C. Ao que parece ela teria aflorado do taoísmo clássico (Tao Chia) e do taoísmo popular, religioso e mágico (Tao Chiao). Porém os textos alquímicos começaram a surgir na dinastia T’ang, por volta de 600 a.C. Na China, o mais famoso alquimista foi Ko Hung (cujo nome verdadeiro era Pao Pu-tzu, viveu de 249-330 d.C.) que acreditava que com a alquimia poderia superar a mortalidade. Atribui-se a ele a autoria de mais de cem livros sobre o assunto, dos quais o mais famoso é “O Mestre que Preserva sua Simplicidade Primitiva”. Teria aprendido a alquimia por volta de 220 d.C com Tso Tzu. O tratado de Ko Hung, além da alquimia trata também da ciência da alma e das ciências naturais. Sua obra trata tanto do elixir da longa vida bem como da transmutação dos metais. Até então a alquimia chinesa era puramente espiritual e foi Ko Hung que introduziu o materialismo, provavelmente devido a influências externas. Ela foi influenciada também pelo I Ching “O livro das Mutações”. Posteriormente seguiu a escola dos cinco elementos, que mesmo assim permaneceu quase que completamente mental-espiritual.

Na China a alquimia também ficou vinculada à preparação artificial do cinábrio (minério do qual se extraía o mercúrio – sulfeto de mercúrio), que era considerado uma substância talismânica associada a manutenção da saúde e a imortalidade. A metalurgia, principalmente o ato da fundição, era um trabalho que deveria ser realizado por homens puros conhecedores dos ritos e do ofício. A transformação espiritual era simbolizada pelo “novo nascimento”, associada a obtenção do metal a partir do minério (cinábrio e mercúrio).

A filosofia hindu de 1000 a.C. apresentava algumas semelhanças com a alquimia chinesa, como por exemplo o soma cujo conceito assemelhava-se ao do elixir da longa vida.

No Egito a alquimia teria surgido no século III d.C. e demonstrava uma influência do sistema filosófico-religioso da época helenística misturando conhecimentos médicos com metalúrgicos. A cidade de Alexandria era o reduto dos alquimistas. O alquimista grego mais famoso foi Zózimo (século IV), que nasceu em Panópolis e viveu em Alexandria, escreveu uma grande quantidade de obras. Nesta época, várias mulheres dedicavam-se a alquimia, como por exemplo Maria, a judia, que inventou o um banho térmico com água muito utilizado nos laboratórios atualmente, o “banho-maria”, Kleopatra que possivelmente não seria a Rainha Cleópatra, Copta e Teosébia. Os persas conheciam a medicina, magia e alquimia. A alquimia possuía um pouco da imagem da população de Alexandria, era uma mistura das práticas helenísticas, caldaicas, egípcias e judaicas.

Alexandre “o Grande” foi quem teria disseminado a alquimia durante suas conquistas aos povos Bizantinos e posteriormente aos Árabes. Os árabes, sob a influência dos egípcios e chineses, trouxeram a alquimia para o ocidente ao redor do ano de 950, inicialmente para a Espanha. Construíram-se escolas e bibliotecas que atraiam inúmeros estudiosos. Conta-se que o primeiro europeu a conhecer a alquimia foi o teólogo e matemático monge Gerbert que mais tarde tornou-se papa, no período de 999/1003, com o nome de Silvestre II. Na Itália Miguel Scott, astrólogo, escreveu uma obra intitulada De Secretis em que a alquimia estava constantemente presente.

No século X, a alquimia chinesa renunciou a preparação de ouro e se concentrou mais na parte espiritual. Ao invés de fazerem operações alquímicas com metais, a maioria dos alquimistas realizavam experimentos diretamente sobre seu corpo e espírito. Esta retomada a uma ciência espiritual teve como ponto culminante no século XIII com o taoísmo budaizante, com as práticas da escola Zen.

A alquimia deixou muitas contribuições para a química, como subproduto de seus estudos, dentre eles podemos citar: a pólvora, a porcelana, vários ácidos (ácido sulfúrico), gases (cloro), metais (antimônio), técnicas físico-químicas (destilação, precipitação e sublimação), além de vários equipamentos de laboratório. Na China produzia-se alumínio no século II e a eletricidade era conhecida pelos alquimistas de Bagdá desde o século II a.C.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/qual-a-origem-da-alquimia