As Pesquisas de Michel Gauquelin

Além da pesquisa centrada no zodíaco, que não foi favorável à astrologia, embora, como veremos em outro artigo, seu planejamento tenha sido no mínimo discutível, outro experimento, que mostrava a distribuição no espaço dos planetas do sistema solar, mais o Sol e a Lua, obteve um extraordinário sucesso. Calcularam-se as posições desses corpos celestes no horário de nascimento de médicos eminentes da Academia de Medicina da França, num total de 576 profissionais, tendo como resultado uma interessante correlação. Dois anos depois, repetiu-se o mesmo tipo de experiência, dessa vez com outros 508 médicos, e novamente as correlações se confirmaram. A grande “descoberta” foi que, dividindo a esfera celeste em doze setores, os planetas Marte e Saturno, e só eles, apareciam com maior freqüência próximo ao nascer (surgimento no horizonte) e à culminação superior (passagem pelo meridiano local) no horário em que os futuros médicos vieram ao mundo. Essa freqüência em dois dos setores demarcados superava em muito o que seria o esperado numa distribuição aleatória. O resultado, como veremos no segmento que explica a experiência, mostrava-se estatisticamente muito significativo, ou seja, a probabilidade de que esses dados fossem obra do acaso era remotíssima.

Outras profissões também foram avaliadas em relação aos planetas. Correlações significativas surgiram igualmente no nascer e na culminação de Marte para atletas, de Júpiter para atores e políticos, de Saturno para cientistas e da Lua para escritores e também para políticos. Entre 1956 e 1958, Gauquelin reproduziu o mesmo procedimento com amostras de outros países europeus: Alemanha, Bélgica, Holanda e Itália. Mais uma vez observou o mesmo efeito, os mesmos planetas apareciam com freqüência bem maior do que o normal nas proximidades do horizonte leste e da culminação superior no momento em que nasciam indivíduos que, no futuro, viriam a ser profissionais bem-sucedidos numa área específica. Havia também um pequeno aumento da freqüência próximo ao ocaso e à culminação inferior. Os outros planetas do sistema solar, bem como o próprio Sol, componentes fundamentais da análise astrológica, não apresentaram correlação com nenhuma das profissões pesquisadas. Em 1960, Gauquelin publica Les Hommes et Les Astres, apresentando todos esses novos resultados.

Continuando a pesquisa, em 1966 ele publica o livro L’Hérédité Planetaire, mais um marco em sua carreira. Aqui são comparadas as posições dos astros na hora de nascimento de pais e filhos, segundo o mesmo método de divisão da esfera diurna utilizado para as profissões. Os planetas que ocupam a região em torno do nascer e da culminação superior no momento em que nascem os pais tendem a reproduzir essas posições no caso dos filhos. Estatisticamente, os valores novamente são muito significativos e o efeito planetário na hereditariedade vem reforçar o significado das experiências anteriores. Desta vez, o planeta Vênus também aparece como significativo nas correlações. Gauquelin ainda encontraria uma outra correlação interessante: entre a atividade geomagnética e a intensidade do efeito planetário na hereditariedade em termos de casos positivos. De acordo com os cálculos efetuados, o efeito planetário era aproximadamente duas vezes mais forte quando a criança nascia em dias de maior perturbação magnética, ou seja, as correlações envolvendo pais e filhos eram mais freqüentes nesses dias. E se o parto (dos filhos) fosse por cesariana em vez de normal, a correlação diminuía sensivelmente.

No final da década de 60, Gauquelin deu um novo rumo a suas pesquisas. Os resultados de duas décadas de trabalho pareciam apontar numa direção bem mais promissora. Melhor do que relacionar profissões com planetas seria vincular esses corpos celestes com traços de personalidade típicos de pessoas que são bem-sucedidas numa determinada carreira. Afastava-se, assim, a incômoda idéia de destino, do “estar escrito nas estrelas”, que dava lugar a predisposições de natureza psicológica. Para alguém ter êxito numa profissão, e a pesquisa de Gauquelin nesse sentido só encontrou correlações estatisticamente válidas nos profissionais de alto nível, naqueles que atingiram o topo da carreira, é preciso possuir certas características praticamente indispensáveis a um desempenho competente no ofício. Por exemplo: executivos devem ter iniciativa e dinamismo (Marte), cientistas precisam ser disciplinados e introspectivos (Saturno), atores via de regra são extrovertidos (Júpiter), e assim por diante.

Antes de examinarmos com mais detalhes esta última etapa do trabalho de Michel Gauquelin, sem dúvida a mais importante, explicaremos alguns conceitos de astronomia necessários ao entendimento da metodologia utilizada. Depois poderemos apresentar a elaboração dos experimentos e, em seguida, qual o impacto que os resultados tiveram na comunidade científica, se é que houve algum.

O Movimento Diurno

Devido à rotação da Terra sobre seu próprio eixo, um observador pode ver, no céu, o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas descreverem uma trajetória na esfera celeste, cujo tempo aproximado é de 24 horas. Esse movimento segue no sentido do leste para o oeste, já que nosso planeta gira no sentido contrário. Na Figura 1, Gauquelin dá um exemplo do movimento diurno de Marte para o dia 24 de maio de 1956, em Paris. Nesse dia, o planeta vermelho nasceu, isto é, surgiu no horizonte leste, à 0h44, culminou às 5h33 e se pôs no horizonte oeste às 10h22.

Vemos nessa figura dois grandes círculos perpendiculares que são o horizonte e o meridiano do lugar. O movimento de Marte é marcado pelo círculo ABCDA. O ponto A assinala o momento em que este corpo celeste aparece no horizonte leste, portanto quando cruza a linha do horizonte, à 0h44. Continuando sua trajetória, ele se eleva no céu, com uma certa inclinação, até atingir a culminação, ou seja, seu ponto mais alto na esfera celeste, o ponto B, às 5h33. Daí ele começa a descer, chegando ao ponto C, na intersecção com o horizonte oeste, às 10h22. A partir dessa posição, Marte segue abaixo do horizonte até alcançar o ponto D, onde cruza o meridiano em sua culminação inferior, localizada a 180 graus da culminação superior. Desse ponto ele voltará para o ponto A, nascendo novamente. Softwares de astronomia ou de astrologia fornecem a posição dos demais planetas, além do Sol e da Lua, entre o horizonte e o meridiano para um determinado momento. Assim, pode-se fazer um estudo de correlação envolvendo todos eles.

O que interessava a Gauquelin era justamente determinar a posição de um planeta, do Sol e da Lua no momento em que uma pessoa nascesse. Para fazer um cálculo estatístico da freqüência de nascimentos nas diversas posições possíveis, era preciso dividir o círculo do movimento diurno em partes iguais. Desta maneira, são computados separadamente todos os nascimentos ocorridos

O número de médicos nascidos no momento em que Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4 era maior que 16,7% da amostra, indicando uma “preferência” pela proximidade com o Ascendente e o Meio-do-Céu, os dois pontos mais importantes de uma carta astrológica.

Quando um planeta estava numa determinada região da esfera celeste. Assim, seguindo com o exemplo de Marte, o movimento diurno deste planeta é dividido em 12 partes ou setores. Não confundir esta divisão com a divisão astrológica das Casas Terrestres, embora as posições do Ascendente e do Meio-do-Céu (culminação superior) sejam as mesmas. Futuramente, Gauquelin adotaria o sistema de Casas astrológicas de Plácido.

Na Figura 2, vemos que Marte esteve acima do horizonte durante 9 horas e 38 minutos (578 minutos). Logo, permaneceu abaixo do horizonte por 862 minutos, num total de 1440 minutos, ou seja, 24 horas. Dividiu-se então o arco diurno do planeta em seis setores iguais, cada um com 96 minutos de arco; o mesmo para o arco noturno, cada setor com 144 minutos de arco. Numerados os setores de 1 a 12, o primeiro começa exatamente ao nascer à 0h44, o segundo às 2h20, depois passando pela culminação às 5h33, pelo ocaso às 10h22, e assim sucessivamente. Se nesse dia uma pessoa nasceu à 1h10, Marte estava no setor 1, pouco acima do horizonte. Se o nascimento foi às 5h15, Marte aproximava-se da culminação superior, ainda no setor 3. O mesmo procedimento vale para a posição dos outros corpos celestes. Em amostras de alguns milhares de nascimentos, os planetas e os luminares estarão distribuídos entre esses setores, ocupando cada um deles com uma determinada freqüência.

Procedimentos Experimentais

Teoricamente, espera-se que cada corpo celeste, ou operador celeste astrológico, passe um dozeavos (8,33%) do tempo em cada setor, embora existam variáveis astronômicas e demográficas, devidamente controladas nas pesquisas de Gauquelin, que alteram um pouco esse valor, daí a necessidade de um grupo de controle, tomado aleatoriamente e formado por indivíduos que nasceram no mesmo intervalo de tempo e na mesma região das pessoas que compõem a amostra. Assim é possível conhecer a distribuição média e compará-la com o resultado obtido. Se a distribuição dos nascimentos pesquisados estiver dentro dessa média, portanto com um número praticamente igual de nascimentos em cada setor, então não há problema nenhum, trata-se de uma distribuição aleatória. É o que deve acontecer. Ou pelo menos deveria. Para analisar estatisticamente as amostras, Gauquelin utilizou o teste do qui-quadrado, uma medida que compara freqüências observadas com freqüências teoricamente esperadas e indica a extensão da discrepância entre os dois conjuntos de dados, e a distribuição normal padronizada (z score), que dá a distância relativa da média em unidades de desvio padrão.

Essa distribuição, ou seja, quantas vezes um planeta encontra-se presente num certo setor para uma determinada amostra, pode revelar se existe de fato uma correlação estatisticamente significativa entre a posição do planeta e a natureza específica de um conjunto de nascimentos. Como já dissemos, o primeiro experimento bem-sucedido do casal Gauquelin foi com a amostra que reunia o horário de nascimento de 576 médicos ilustres. O número de médicos nascidos no momento em que Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4, ou seja, quando estes planetas se elevavam no horizonte leste ou pouco depois de cruzarem o meridiano do lugar, era maior que 16,7% da amostra, indicando uma “preferência” pela proximidade com o Ascendente e o Meio-do-Céu, os dois pontos mais importantes de uma carta astrológica. A freqüência encontrada era bastante significativa. Sendo a amostra relativamente grande – 576 indivíduos -, o resultado era altamente improvável se atribuído ao acaso.

Gauquelin repetiu o experimento com outra amostra, desta vez com 508 médicos ilustres, uma quantidade também adequada para fins estatísticos. O resultado novamente confirmou uma freqüência bastante significativa de nascimentos quando Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4, que mais tarde passariam a ser chamados de setores-chave.

A associação encontrada por Gauquelin entre medicina e os planetas Marte e Saturno corrobora os significados tradicionais que a astrologia atribui a esses dois planetas ao vinculá-los, especialmente no caso de Marte, à medicina e aos médicos. As observações empíricas dos antigos já detectavam uma correlação que só no século XX viria a ser redescoberta, embora a ciência oficial continue com seus ataques histéricos contra a astrologia.

Sendo ele um pesquisador sério e honesto, qualidades nem sempre aplicáveis a seus detratores, Gauquelin sabia que deveria continuar repetindo essas experiências para assegurar-se da validade do fenômeno. Pois tudo poderia não passar de uma combinação fortuita. Depois de muitos malogros, alguma vez ele poderia fatalmente sair com um resultado positivo – apenas por acaso. Assim, seguiu em frente, agora recolhendo dados de nascimento de franceses que se destacaram nos esportes, na política, na guerra, enfim, nas mais diversas atividades. As informações sobre cada pessoa, ele as obtinha de dicionários biográficos; o horário de nascimento, de cartórios de registro.

Mais uma vez, alguns planetas confirmavam seus significados tradicionais. Aqueles mesmos setores – às vezes também outros, quando se dividia o movimento diurno em 18 ou 36 setores – apresentavam uma freqüência maior que a esperada, e agora Gauquelin chegava a resultados ainda mais impressionantes, principalmente naquilo que ficou conhecido como o Efeito Marte e sua altíssima freqüência no caso de esportistas eminentes. Em um dos experimentos, para uma freqüência esperada de 253 nascimentos nos setores-chave, ou zona de acréscimo, como ele a chamou, a freqüência observada foi de 327 nascimentos, numa amostra de 1485 campeões. Dado o tamanho da amostra, a diferença em relação à freqüência teórica, mesmo sendo relativamente pequena torna-se extremamente significativa. Aqui temos um desvio de 29,2% para mais. A probabilidade do resultado ser obra do acaso é de menos de 1 para 1 milhão!

Na Figura 3, uma representação gráfica circular da distribuição de Marte no horário de nascimento de 2088 esportistas campeões. O círculo representa a distribuição teórica; a linha contínua, as posições de Marte; e a linha tracejada, a distribuição para Marte no nascimento de 717 esportistas comuns. Observa-se que a linha contínua apresenta picos pouco depois do nascer e da culminação superior. Para os esportistas medianos, porém, o padrão desaparece. Sistematicamente, Gauquelin constatou que esse resultado estatístico significativo só ocorria entre profissionais eminentes. Antes de apresentarmos a explicação que ele encontrou para essa discrepância, vejamos mais alguns gráficos de distribuição planetária.

A Figura 4 mostra as posições de Saturno para 3647 cientistas (linha contínua) e 5100 artistas (linha tracejada) . O planeta tradicionalmente associado à introspecção, disciplina, introversão, concentração, aparece com muito mais freqüência pouco depois do nascer e da culminação superior na amostra de cientistas. Ao contrário, entre os artistas, é como se ele evitasse essas posições e ali sua freqüência caísse abaixo da média esperada, representada pelo círculo.

Na Figura 5 podemos ver a distribuição de Júpiter para uma amostra de 993 políticos. O círculo tracejado corresponde ao resultado teórico de um grupo de controle. O mesmo padrão se repete. Na astrologia, esse planeta encerra características como extroversão, otimismo, sociabilidade, ambição, etc.

Traços de Personalidade

No começo da década de 60, houve um redirecionamento no trabalho de Gauquelin. Em vez de planetas e profissões, ele percebeu que existia uma relação subjacente mais efetiva, agora entre planetas e traços de personalidade. Esta nova relação podia explicar por que um padrão de distribuição recorrente só aparecia em amostras de profissionais de alto nível e não em pessoas comuns, medianas. Pessoas bem-sucedidas costumam apresentar certos traços de personalidade bem acentuados, o que justamente lhes permite destacar-se entre os demais. Aqueles estranhos resultados, que sugeriam algo como um destino estabelecido pelos planetas, talvez não fossem tão estranhos assim. Talvez estivessem indicando um certo tipo de comportamento associado ao desempenho em determinadas profissões. Assim, o planeta nada tinha a ver com esta ou aquela profissão, mas com certas características da personalidade de um indivíduo.

Assim, pessoas mais agressivas, bastante determinadas, preocupadas com a auto-afirmação, competitivas, que prontamente tomavam iniciativas teriam mais chance de se destacar em carreiras que exigissem atitudes dessa natureza: militares, executivos, atletas. Neste caso, pode-se dizer que predomina Marte nos setores 1 e 4 (na divisão por doze). Se predominar a Lua, os profissionais lunares serão escritores e/ou políticos: imaginação, sensibilidade, flexibilidade, popularidade são, entre outros, os traços que definem a natureza do nosso satélite. O mesmo acontece com Saturno e Júpiter e seus respectivos traços.

Para fundamentar sua hipótese – que a posição de um planeta no momento e local de nascimento está relacionada a determinados tipos de personalidade -, Gauquelin utilizou as informações biográficas dos profissionais eminentes cujos dados de nascimento ele já tinha em mãos. Partindo, portanto, de descrições elaboradas por terceiros, ele extraía do texto palavras que o autor usava para caracterizar a personalidade ou o comportamento do biografado. Termos como passional, sério, obstinado, agressivo eram exemplos de traços de personalidade que serviam para tipificar determinada pessoa. Consultando várias fontes, Gauquelin abria uma ficha para cada traço, e numa mesma linha escrevia o nome da celebridade e as posições dos planetas no nascimento.

Não é difícil imaginar o imenso trabalho envolvido numa pesquisa de tal magnitude. Durante dez anos, Gauquelin, a esposa Françoise e uma equipe de pesquisadores juntaram mais de 5.000 documentos biográficos de cerca de 2.000 pessoas famosas, num total de 6.000 traços para esportistas campeões, 10.000 para cientistas, 18.000 para atores e 16.000 para escritores. No começo, os dados eram tratados manualmente, mas depois puderam contar com os recursos da Astro Computing Services, em San Diego, Califórnia. Entre 1973 e 1977 foi publicada uma série de monografias com a análise final de todos os dados da pesquisa.

Para deixar bem claro que o que estava em jogo era uma correlação entre planetas e traços de personalidade, e não profissões, comparou-se o perfil de um profissional com os traços típicos de sua profissão – no caso, esportistas campeões, atores, cientistas e escritores – com o de outros que apresentavam um antiperfil. Em nascimentos de campeões bastante obstinados e de vontade férrea, Marte aparecia com freqüência duas vezes maior nos setores-chave do que no caso de campeões pouco determinados e inseguros. Atores muito sociáveis nasciam com Júpiter muito mais freqüente nos setores-chave do que aqueles menos comunicativos. Cientistas introspectivos nasciam em maior número quando Saturno se posicionava próximo ao nascer e à culminação superior do que cientistas mais extrovertidos. E, finalmente, a Lua comparecia maior número de vezes aos setores mencionados para os escritores realmente sensíveis e imaginativos.

Surgiam, portanto, quatro fatores planetários que de algum modo funcionavam como determinantes da personalidade; e o que é mais importante, esse tipos planetários reproduziam os significados da tradição astrológica. As observações dos antigos, conquanto empíricas e sem a sofisticação do método científico moderno, mostravam-se corretas. Para os astrólogos, é claro que não havia nenhuma surpresa. Há séculos que esses corpos celestes eram vistos como vinculados a certos temperamentos. E havia também os outros planetas e mais o Sol, para os quais Gauquelin não encontrou as evidências necessárias.

Pais e Filhos

Vencidas as dificuldades para obter os dados de nascimento de mais de 30.000 indivíduos, incluindo pais e filhos, passou-se para o cálculo das posições planetárias. Confirmou-se que os filhos apresentam a tendência a nascer no momento em que um determinado planeta, posicionado no nascer e na culminação superior, também ocupasse essa mesma região do espaço no nascimento de seus pais. As semelhanças valiam tanto para o pai quanto para a mãe. Se ambos nascessem com o mesmo planeta nas zonas 1 e 4, duplicava a tendência do filho acompanhar o padrão. A probabilidade de que a correlação fosse obra do acaso era de menos de 1 para 1 milhão. Onze anos depois, Gauquelin repetiu o experimento e novamente obteve resultados igualmente significativos. Não foram observadas correlações significativas para Mercúrio, Urano, Netuno e Plutão, e nem para o Sol.

Finalmente, Gauquelin observou que esse efeito de hereditariedade planetária não se manifestava quando a criança nascia de parto cirúrgico, ou se o nascimento de algum modo era induzido por meio de medicamentos apropriados. Vale dizer que apesar dessa constatação, a experiência astrológica, utilizando o mapa natal como um todo, não tem verificado nenhuma diferença nesse sentido. Os mapas de crianças nascidas de cesariana, por exemplo, prática extremamente comum no Brasil, mostram-se perfeitamente válidos e funcionais.

Na Figura 6, o gráfico mostra o efeito combinado da hereditariedade planetária. No eixo horizontal, a posição dos planetas e da Lua em 18 setores , no momento do nascimento. No eixo vertical, as freqüências observada e esperada para os cinco corpos celestes. A marca do zero corresponde à freqüência esperada ou teórica. Na Figura 7, uma comparação entre os dois padrões: profissões e hereditariedade. Na curva de cima, a distribuição combinada para Marte, Júpiter, Saturno e Lua no nascimento de profissionais bem-sucedidos. A curva inferior mostra a distribuição combinada de Marte, Júpiter, Saturno, Vênus e Lua no nascimento de crianças cujos pais nasceram com o mesmo planeta nos setores-chave.

O Difícil Diálogo com a Ciência

Gauquelin sempre publicou os resultados de suas pesquisas com todos os detalhes metodológicos, conforme as normas acadêmicas, esperando assim que o trabalho fosse lido e comentado pelos cientistas. Ledo engano. O tema em si trazia um estigma que simplesmente horrorizava o meio acadêmico.

Astrologia? Nem pensar. É superstição e ponto final. Para que perder tempo examinando experimentos que tratam de tamanha bobagem? Esqueça. Jean Rostand, um acadêmico francês, chegou a declarar que se a estatística demonstrara a veracidade da astrologia, então ele não acreditava mais na estatística!

De nada adiantava enviar os resultados de sua elaborada pesquisa estatística para as sábias otoridades da ciência ortodoxa. Ninguém dava a mínima. Não respondiam ou alegavam não ter tempo. Mas a obstinação de Gauquelin fez com que ele não parasse de insistir. O Comitê Belga de Investigação Científica de Fenômenos Ditos Paranormais, cujo lema era “Nada negue a priori, nada afirme sem prova” respondeu dizendo que “…é claro que os destinos humanos dependem de fatores humanos e não astrais”. E ponto final. Nem todos, porém, o desprezaram. O estatístico Jean Porte examinou os dados e, apesar de não aceitar a “influência astral”, reconheceu a validade do trabalho e disse não ter encontrado nenhum erro. Depois disso, Jean Dath, do próprio Comitê Belga, diria a mesma coisa sobre o método estatístico, mas, juntamente com seus pares, não estava convencido de que aquilo pudesse ser verdadeiro. Também não quiseram reproduzir o trabalho.

Passados cinco anos, Gauquelin voltou a procurar o Comitê Belga. Agora propôs a reprodução do experimento com um novo grupo de esportistas campeões belgas e franceses. Esperava, como das outras vezes, uma freqüência significativamente mais alta de Marte nos setores-chave. O comitê aceitou e de fato realizou a pesquisa nas condições propostas por Gauquelin. O resultado foi positivo. A amostra com 535 campeões confirmava as observações anteriores do psicólogo e estatístico francês (ver Figura 8). Só que agora Jean Dath colocava em dúvida o método de Gauquelin, o que não fizera antes. As discussões se arrastaram e, sintomaticamente, o tal Comitê acabou não publicando os resultados. O Professor Koenigsfeld, presidente do Comitê, teria escrito numa carta a um colega pesquisador: “De fato, verificamos os cálculos do sr. Gauquelin e concordamos com eles… Mas não concordamos com suas conclusões, que não podemos aceitar.” Interessante… não podemos aceitar.

Nem tudo foi decepção. Em 1975, ninguém menos que o psicólogo Hans Eysenck, da Universidade de Londres, assim elogiou o trabalho de Gauquelin: “Acho que em termos de objetividade de observação, significância estatística das diferenças, verificação da hipótese e reprodutibilidade, há poucos conjuntos de dados na psicologia que podem competir com essas observações”. Era um grande aliado. Em 1976, os dois submeteram um artigo ao XXI Congresso Internacional de Psicologia, sediado em Paris, mas o trabalho não foi aceito. Era o estigma novamente.

Naquele mesmo ano de 1975, além do famoso, autoritário e infantil manifesto anti-astrológico assinado por 186 cientistas, que na verdade nem sabiam direito o que estavam fazendo, publicava-se um artigo na revista Humanist criticando duramente o trabalho de Gauquelin. O estatístico Marvin Zelen, a pedido do editor da revista, comentou que os argumentos matemáticos do autor do artigo, um tal Lawrence Jerome, eram insignificantes, e propôs ele mesmo um experimento para verificar a validade do efeito Marte. Feito o teste, pela enésima vez o resultado confirmava o nosso incansável herói. Então estava tudo certo? Não! Depois disso, Paul Kurtz, o editor da Humanist, Zelen e o astrônomo George Abell escreveram um artigo em que manipulam espertamente os dados e ainda põem em dúvida a honestidade de Gauquelin. Uma professora de estatística escreveu uma nota para a revista, criticando os erros do artigo. A nota nunca foi publicada.

Em 1976, o mesmo Paul Kurtz anunciava a criação do infame e teratológico CSICOP ou Comitê de Investigação Científica das Alegações de Paranormalidade, que de científico não tinha absolutamente NADA. Tratava-se apenas de um clubinho de indivíduos, predominantemente machos, que odiavam fenômenos paranormais, religião, astrologia, esoterismo, misticismo, enfim, tudo que não fosse ortodoxia cientificista. E para “provar” que estavam certos e que detinham a posse da verdade inconteste, eram capazes de qualquer coisa. O impagável Paul Kurtz chegou mesmo a adulterar dados para “derrotar” Gauquelin. O ridículo e lamentável episódio ficou conhecido como O Caso STARBABY, que será tema de um artigo futuro. Interessante é que os céticos não contam essa história quando resolvem espinafrar a astrologia.

Conclusão

Apresentamos apenas uma visão geral do trabalho de Michel Gauquelin, uma verdadeira saga de quase 40 anos de pesquisa, infelizmente pouco reconhecida. Gauquelin enfrentou o preconceito tanto da comunidade acadêmica, por razões óbvias, quanto da comunidade astrológica, esta por falta de preparo científico e com a visão embaçada de magia, ocultismo e esoterismo. Se em muitas ocasiões Gauquelin interpretou mal a astrologia, a culpa foi mais dos astrólogos, que até então praticamente não haviam renovado os conceitos astrológicos, contentando-se em repetir os ecos da tradição, sem a necessária visão crítica. A astrologia parecia um dinossauro extemporâneo, insistindo numa terminologia arcaica e no pensamento mágico pré-científico, sem se preocupar com o método científico moderno, como se o tempo houvesse parado.

Gauquelin não provou que a astrologia funciona, como querem alguns astrólogos, nem tampouco que não funciona, segundo afirmam os céticos de carteirinha. É muito comum depararmos com leituras tendenciosas e superficiais da obra desse grande pesquisador. Os vieses parecem alimentar posições rígidas de ambos os lados. Portanto, é preciso ter cuidado. Seus experimentos são muito importantes para a astrologia, contanto que sejam minuciosamente examinados, analisados e possam assim contribuir para a elaboração de trabalhos mais bem orientados. O desenvolvimento de métodos de leitura mais ordenados e uma revisão profunda do que realmente significa a correlação entre o mapa astrológico e as diferenças individuais de personalidade, bem como fenômenos de outra natureza, é uma tarefa urgente para de fato entendermos a essência do fenômeno astrológico e projetarmos novos experimentos com o devido rigor científico.

Texto original do colega Mauro Silva

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Bibliografia

– De Francisco, Walter. Estatística. Ed. Atlas, 1982.

– Eysenck, H.J. e Nias, D.K.B. Astrology: Science or Superstition? [Cap 10]. Pelican Books, 1984.

– Fuzeau-Braesch, Suzel. A Astrologia [Cap 5]. Jorge Zahar Editor, 1990.

– Gauquelin, Michel. Birthtimes: A Scientific Investigation of the Secrets of Astrology. Hill and Wang, 1983.

– Gauquelin, Michel. The Cosmic Clocks. Astro Computing Services, 1982.

– Gauquelin, Michel. Cosmic Influences on Human Behavior. Aurora Press, 1985.

– Gauquelin, Michel. A Cosmopsicologia. Edições Ática, 1978.

– Gauquelin, Michel. Planetary Heredity. ACS Publications, Inc., 1988.

– Gauquelin, Michel. Rythmes Biologiques, Rythmes Cosmiques. Marabout, 1973.

– Gauquelin, Michel. The Scientific Basis of Astrology. Stein and Day, 1970.

– Glasnapp, D.R. e Poggio, J.P. Essentials of Statistical Analysis for the Behavioral Sciences. Charles E. Merrill Pub. Company, 1985.

– West, John Anthony. Em Defesa da Astrologia [Cap 3]. Ed. Siciliano, 1992.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/as-pesquisas-de-michel-gauquelin

CSICOP e o sTARBABY

A astrologia sempre incomodou. Desde a sua pré-adolescência no mundo helenista até os dias de hoje, nunca foi unanimidade. Defendida por uns, atacada por outros, atrai polêmicas, discussões acaloradas e a indignação irada de quem não se conforma com tão longeva existência. A muitos causa espanto estar viva e atuante no mundo racionalista e materialista de nossos dias. Presume-se que ela seja incompatível com a razão e com o mundo material, como se, por essência, pertencesse à esfera do irracional e místico. As investidas que vem sofrendo são duras, e como não atingem o objetivo pretendido, que é riscá-la de uma vez por todas da vida cultural do Ocidente, às vezes a dureza dá lugar àquele tipo de astúcia cultivada por pessoas para quem a ética é apenas um estorvo.

Alguns indivíduos do meio acadêmico não suportam a idéia de que uma boa parte da humanidade seja religiosa e se deixe orientar pela crença numa realidade espiritual ou sobrenatural. Para eles essa atitude é irracional, e mais do que isso, perigosa. Com o objetivo de proteger bilhões de pessoas desse mal que é a religião e seus correlatos: doutrinas místicas, ocultismo, esoterismo, e no meio de tudo isso também a parapsicologia e a astrologia, tomam para si a missão de empreender uma verdadeira cruzada contra a fé ingênua e supersticiosa desses “pobres ignorantes”. Alegam os esclarecidos senhores – a grande maioria é do sexo masculino – que a ciência é o único árbitro da verdade.

E de todas essas “superstições”, parece que a mais temível e danosa à razão humana é a astrologia. Tanto é assim que, na década de 70, um sujeito de nome Paul Kurtz, editor do periódico The Humanist, publicou na edição de setembro/outubro de 1975 o manifesto “Objeções à Astrologia”, com a assinatura de 186 cientistas, alguns dos quais eminentes. Ah, sim, antes que me esqueça, Kurtz era um professor de filosofia. Alguns viam talento naquilo que ele escrevia, outros chegaram a compará-lo, como filósofo, a Shirley MacLaine. Mas ninguém duvida de sua enorme aptidão para marketing e negócios. Provavelmente começou na carreira errada, mas depois corrigiu.

Nessa época, porém, tanto a revista quanto o editor não tinham qualquer expressão, mas Kurtz enviou o tal manifesto para quase todos os jornais dos Estados Unidos e do Canadá. Saiu até no New York Times, especialmente por causa dos nomes de alguns cientistas famosos que assinaram o Objeções. Foi esperto, o filósofo. Assim começou a atrair a atenção da mídia e no ano seguinte, 1976, nascia a criatura: The Committee for the Scientific Investigation of Claims of the Paranormal (Comitê para a Investigação Científica de Alegações de Paranormalidade), mais conhecido por CSICOP. O nome parece dizer tudo sobre seus objetivos. Mas apenas parece. Antes de explicarmos por que o CSICOP está longe de ser o que o nome sugere, ou melhor, afirma, é fácil demonstrar que a chave do seu significado está no acrônimo.

O nome do Comitê é construído de tal modo a formar, no acrônimo, a palavra cop, que em inglês significa tira, policial, como em Robocop, o tira robô. Aqui trata-se de os tiras, os autointitulados “policiais” da ciência. Aqueles que, imbuídos de “autoridade”, cuidam da vigilância, para que ninguém possa agir contra alguma lei, que no caso é a vontade autoritária desses indivíduos. Eles determinam o que é verdadeiro e o que não é, e a sociedade, claro, deve obedecer. É verdade que alguns de seus membros originais, como o sociólogo Marcello Truzzi, que depois deixou o Comitê, pretendiam promover o debate e a pesquisa em torno do tema, mas outros, como Kurtz, Martin Gardner e James Randi queriam mesmo era uma presença agressiva nos meios de comunicação e o desmascaramento de “impostores”. Não desejavam o debate, pois já tinham uma posição pré-estabelecida, fanática e inarredável.

As idéias de seus membros apareciam na publicação oficial do comitê, o Skeptical Inquirer, que sistematicamente apresentava os fenômenos paranormais e a astrologia como perigosos para a ciência e para a sociedade. Freqüentemente recorria-se à ridicularização e à ofensa grosseira a pessoas envolvidas nesses temas, e quase sempre só um dos lados tinha voz, aquele que interessava aos propósitos do CSICOP. O tom e o estilo da revista eram totalmente estranhos à postura científica que tanto defendia.

O Desafio

Houve, porém, uma única vez em que o CSICOP de fato se dispôs a realizar um experimento científico, e como não poderia deixar de ser, em tom de desafio. E o desafiado, ninguém menos que o nosso já conhecido Michel Gauquelin e seu polêmico Efeito Marte, de que já tratamos no artigo A Pesquisa de Michel Gauquelin (1928-1991). Só para recordar, Gauquelin dividiu a esfera celeste em 12 setores e descobriu, entre outras coisas, que 22% dos indivíduos de uma amostra de 2088 atletas europeus campeões nasciam quando Marte ocupava os setores 1 e 4. A probabilidade esperada seria de 17%, o que, dado o tamanho da amostra, é uma diferença bastante significativa em termos estatísticos. A chance do resultado ser obra do acaso é de um para alguns milhões.

A acirrada polêmica em torno desses resultados num determinado momento envolvia, de um lado, o casal Gauquelin e de outro, Paul Kurtz, George Abell, astrônomo, e Marvin Zelen, bioestatístico, todos do CSICOP. No calor da batalha, em meio a críticas e refutações, Zelen, que não confiava na amostra de Gauquelin, teve a infeliz idéia de fazer um teste definitivo: verificar, num novo grupo de controle, se a distribuição de Marte para a população média seria realmente de 17% naqueles dois setores. Caso se aproximasse de 22%, o valor encontrado por Gauquelin, estaria invalidado o Efeito Marte. Segundo Zelen, “Agora temos um método objetivo para corroborar ou refutar…”

Ótimo. Então o caso estaria resolvido com um experimento relativamente simples. Zelen era estatístico e muito provavelmente sabia o que estava propondo. Um dos membros do Conselho, entretanto, mostrou-se bastante preocupado.

Era Dennis Rawling, astrônomo, que mais tarde escreveria o acachapante artigo sTARBABY para a revista Fate, denunciando a farsa em que se transformara todo esse caso envolvendo o Efeito Marte. Rawling não concordava com os argumentos que estavam sendo apresentados, já detectara alguns erros e previa problemas, pois tudo indicava que pelo menos os cálculos de Gauquelin eram corretos. Embora também um cético, ele não via como provar o contrário. Sendo assim, por que arriscar a reputação do CSICOP?

Quase um ano depois, de acordo com o relato de Rawling, Abell ainda não havia reproduzido e verificado os cálculos originais de Gauquelin. A tarefa lhe parecia intrincada. Referindo-se à dificuldade do colega, Rawling escreveu: “Sua análise…baseava-se num almanaque fornecido pelo Observatório Naval dos Estados Unidos, que apresentava uma listagem das longitudes celestes de Marte num intervalo fixo. Em vez de usar a trigonometria esférica para converter as posições de Marte em coordenadas equatoriais (conforme exigia o experimento de Gauquelin), Abell persistia com as coordenadas eclípticas do programa do ONEU”.

Nessa altura, também Marcello Truzzi, então editor da Skeptical Inquirer, começava a discordar de artigos que insistiam em explicações demográficas para o Efeito Marte. Gauquelin já desmontara todos esses argumentos. Mas o trio Kurtz, Abell e Zelen não desistia. Rawlins até já redigira explicações matemáticas demonstrando os erros dos colegas céticos.

Como são espertinhos!

O experimento, portanto, basicamente resumia-se em formar um novo grupo de controle, reunindo pessoas comuns nascidas na mesma época e na mesma região dos atletas campeões. Primeiramente, Zelen queria utilizar apenas 100 ou 200 casos da amostra original de campeões, a partir dos quais seria localizado o grupo de controle. Mas essa subamostra era pequena demais para detectar o efeito em causa. É claro que Gauquelin não aceitou, apresentando evidências matemáticas da incorreção estatística que resultaria desse procedimento.

Por uma questão de viabilidade prática, acordou-se que um subgrupo de 303 campeões seria suficiente. Essa amostra acabou gerando 16.756 não-atletas como grupo de controle. Zelen procedeu a um rigoroso exame dos dados e encontrou os seguintes valores: 16,4% para o grupo de controle e 21,8% para os 303 atletas campeões, conforme indicava a previsão de Gauquelin. Assunto encerrado? De jeito nenhum.

Num artigo publicado pelo Zetetic Scholar de dezembro de 1982, Richard Kammann, professor de psicologia da Universidade de Otago, Nova Zelândia, dizia o seguinte: “Não há dúvida quanto à inquestionável vitória dos Gauquelin em relação ao efeito Marte – entre 16.756 pessoas comuns, Marte esteve nos setores 1 e 4 em 16,4% de seus nascimentos, conforme o esperado, enquanto para 2.088 esportistas campeões europeus Marte ocupou esses setores em 21,6 % dos nascimentos, uma diferença totalmente fora da esfera do mero acaso.

O que fez então o trio de “céticos”? Ora, a única coisa que estava ao seu alcance depois dessa fragorosa derrota: recorreu à astúcia capciosa. Dividiram a amostra de 303 campeões, que já era uma subamostra, em cinco subgrupos, segundo a região específica de origem e as fontes dos dados. Dessa maneira, apenas um subgrupo obteve resultado estatisticamente significativo, o restante não atingiu o mínimo. Reduzindo drasticamente o tamanho da amostra, o efeito Marte, obviamente, desaparecia. O próprio Michel Gauquelin, seis meses antes, já demonstrara que isso eliminaria o efeito planetário.

Os céticos se fizeram de desentendidos e passaram a apontar as “disparidades” e “anomalias” do experimento. Não satisfeitos com os malabarismos que fizeram, removeram os campeões do sexo feminino de uma das sub-subamostras e as mulheres do grupo de controle, tornando ainda menos significativo o resultado. O procedimento em si era uma verdadeira aberração estatística, uma ofensa à ciência! De nada valeram as advertências de Rawlins, ele mesmo um especialista em movimento planetário, e de Elizabeth Scott, professora de estatística da Universidade da Califórnia, em Berkeley, preocupados com as conseqüências para a reputação do CSICOP.

sTARBABY

O principal relato sobre os bastidores dessas peripécias e seus desdobramentos foi apresentado por Dennis Rawlings num artigo que escreveu para a edição de outubro de 1981 da revista Fate, uma publicação especializada em paranormalidade, new age e temas do gênero. O texto é um ataque feroz, um verdadeiro tomahawk dirigido aos antigos colegas de CSICOP, denunciando a prática de alguns desses senhores, especialmente o grande líder, Paul Kurtz, no tratamento da questão que envolve o incômodo Efeito Marte. Rawlings então já havia sido defenestrado do CSICOP e estava tremendamente irritado com a situação. Não deixou por menos. Entregou o ouro bem no campo do inimigo.

É interessante esclarecer o significado do título dado ao artigo original: sTARBABY. Rawlins faz aqui um divertido jogo de palavras em inglês. No sentido mais aparente, starbaby significaria algo como “filho das estrelas” ou o “bebê das estrelas”. Mas, no título, a palavra começa grafada com um “s” minúsculo e com as letras seguintes todas em maiúsculo, enfatizando uma segunda palavra: TARBABY. Ora, tarbaby é o nome do boneco de piche (tar é alcatrão, piche) de uma história infantil de J.C. Harris. O personagem principal, Brer Rabbit, cada vez que golpeava o boneco, ficava ainda mais grudado e preso ao piche, uma substância altamente viscosa e pegajosa. É a própria situação dos Três Patetas do CSICOP: quanto mais procuravam destruir a teoria de Gauquelin, mais se enredavam nos próprios erros e trapalhadas, sem poder livrar-se daquele terrível visgo estelar.

Tudo ficaria ainda pior depois que Kurtz, Zellen e Abell, embaralhados com a amostra européia, resolveram realizar um teste independente com esportistas campeões nascidos nos Estados Unidos. Trombetearam a nova aventura “científica” na edição de novembro/dezembro de The Humanist. Acertaram os detalhes com Gauquelin (cuja infinita paciência parecia inabalável) num encontro realizado em julho de 1977. Os céticos sabiam o que teriam de fazer e como conduzir o experimento segundo parâmetros aceitos por ambos os lados.

Os dados para o novo teste norte-americano seriam coletados pelo próprio CSICOP. Mas insatisfeito com Abell, que demorava em agir, Kurtz pede ajuda a Rawlins e diz a ele que dessa vez queria dar uma olhada nos resultados antecipadamente, para ver o que iria acontecer. Kurtz enviava os dados e Rawlins calculava as posições de Marte. Após o cálculo de 120 nomes de atletas, os setores 1 e 4 acumulavam 22% da amostra. Novamente aquele número maldito. Kurtz liga para Rawlins para saber do andamento dos dados e ouve a má notícia. É Rawlins quem nos conta:

Ele soltou um gemido. Enfatizei que o tamanho da amostra era muito pequeno para que o resultado fosse estatisticamente significativo. Ele não se consolou com essa observação. Perguntei se ele tinha certeza de que se tratava de uma amostra correta. Ele disse que sim, então lhe assegurei que a contagem reverteria a uns 17% à medida que a amostra aumentasse…a não ser que as alegações astrológicas fossem verdadeiras, o que eu certamente não acreditava. No entanto, ele continuou falando com a voz atormentada, como alguém perturbado por um demônio que não queria ir embora.

No dia 8 de junho de 1978, Rawlins concluía seu trabalho e enviava um relatório para Kurtz com os resultados de 325 atletas. Pouco depois, Kurtz ligava para dizer: “Opa, acidentalmente esquecemos de muitos nomes… eles serão enviados imediatamente para os cartórios de registros dos estados e receberemos as datas de nascimento ainda neste verão.” No final do verão chegaram mais 82 nomes, totalizando 407. Com esses últimos dados, o resultado final não foi de 22% nem 17%, mas, curiosamente, de 13,5% para os setores críticos 1 e 4, portanto derrubando o Efeito Marte. O próprio Abell achou que os cálculos deviam estar errados ou que a amostra tinha sido adulterada. Rawlins respondeu: “A amostra veio de Kurtz.”

Não podemos esquecer que Rawlins estava também interessado num resultado negativo para Gauquelin e a astrologia. Apesar de sua revolta contra as manipulações de seus colegas, no artigo sTARBABY ele não questiona abertamente a subamostra final de 82 nomes, que acaba produzindo um Efeito Marte negativo, pois bem abaixo do esperado 17% e muito aquém dos 22% que até então vinham ocorrendo. Mas também não a endossa com entusiasmo. Fica nas entrelinhas um silêncio.

Os acréscimos foram feitos sem o conhecimento de Gauquelin, que obviamente suspeitou de uma fraude. Mas Kurtz ignorou as queixas do estatístico francês. É compreensível. Como explicar que os 120 primeiros nomes confirmam o resultado pró-Gauquelin, de 22%, Kurtz fica furioso, e depois disso há uma misteriosa queda para 13,5%? Resultado, aliás, altamente improvável, mas no sentido oposto. Na verdade, Kurtz não cumprira os principais critérios combinados com Gauquelin: o grau de excelência dos atletas e a inclusão, na amostra, somente de indivíduos nascidos mediante parto natural.

Obsessão e condenação a priori

O cientificismo fundamentalista do CSICOP, somado à incompetência e falta de ética de alguns de seus membros, principalmente seu fundador e presidente, já condenara a astrologia antes mesmo de qualquer experimento. Para eles, somente a ciência pode arbitrar sobre o que é ou não é verdadeiro, uma presunção no mínimo pueril. A ciência moderna, em nome da qual falam esses senhores, nem sequer se apresenta, na figura de seus representantes mais esclarecidos, como um discurso sobre a verdade, e sim como uma tentativa de modelização da realidade. Por certo, a mais eficaz até hoje realizada, mas sempre incompleta, sempre aberta a questionamentos e revisões.

Irônico que Paul Kurtz tenha escrito um livro com o título Fruto Proibido: A Ética do Humanismo e que tenha sido presidente de uma tal União Internacional Humanista e Ética. O fundador do CSICOP despreza qualquer ética, joga pesado e age segundo uma obsessão perturbadora. Não obstante, é hábil em aliciar algumas figuras importantes da ciência, que fora de suas especializações apenas engordam o argumento falacioso da autoridade, prestando um desserviço à razão. Kurtz parece não se deter diante de nada para atingir seus objetivos, é extremamente autoritário e não admite que a mídia apresente matérias relativas à paranormalidade, medicina alternativa e saberes alternativos de um modo geral, de uma forma que ele considere favorável a essas práticas.

Em 1997 o Conselho para a Integridade da Mídia, órgão do CSICOP que tem por objetivo impedir que assuntos como OVNIs, astrologia, parapsicologia, esoterismo, etc. sejam apresentados de um modo tal que desagrade à ideologia cientifascista do sr. Paul Kurtz e colegas, anunciava uma campanha para a criação de um Fundo de Ações da Mídia (Media Stock Fund). Traduzindo, queriam dinheiro dos associados para comprar ações de empresas como CBS, NBC, Fox, ABC, AOL/Time Warner e outras, pretendendo assim obter poder como acionista para influenciar no conteúdo da programação. Veja só até que ponto chega a obsessão de pessoas que dispõem de muito tempo ocioso e que rejeitam a democracia e a livre expressão do pensamento. Como sua história demonstra, Kurtz não deseja um debate objetivo e equilibrado sobre esses temas. Simplesmente quer bani-los da mídia ou ridicularizá-los.

É claro que defendemos uma postura crítica diante das alegações das chamadas ciências alternativas ou paralelas, astrologia inclusive, e de qualquer ciência enfim. É preciso apenas deixar bem claro o que é atividade científica, racional, e o que é crença mística ou religiosa, e que esta última tem todo o direito de se manifestar e organizar seu discurso sobre a realidade.

Texto do colega Mauro silva que, como eu, é um dos poucos que defende o estudo sério da Astrologia como ciência, através do método científico e estudos estatísticos.

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Bibliografia

• HANSEN, George P. CSICOP and the Skepitcs: An Overview. The Journal of the American Society for Psychical Research, 86, janeiro 1992.

• KAMMANN, Richard. The True Disbelievers: Mars Efffect Drives Skeptics to Irrationality. Zetetic Scholar, 10, dezembro 1982, pp. 50-65. (Disponível em http://www.psicounsel.com/starbaby.html

• RAWLINS, Dennis. sTARBABY. Fate, outubro 1981, pp 67-98. (Disponível em http://www.discord.org/~lippard/kammann.html

• WEST, John Anthony. Em Defesa da Astrologia. São Paulo: Siciliano, 1992.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/csicop-e-o-starbaby

Dez Razões da Queda do Ocultismo Popular

cassandra

Os dias de glória do Hermetismo aberto para as massas está chegando ao fim. Mesmo aqueles que tentam a todo custo manter as luzes da sabedoria acesa estão achando a conta de luz cada vez mais cara e menos satisfatória. Recentemente, pesquisando sobre as Nuances da Árvore da Vida para o livro de Kabbalah, me deparei com saltos de conhecimento enormes a respeito da geometria da Árvore da Vida, das correlações dos deuses de diversos pontos do tempo-espaço da cultura terrestre e sua relação com os tradicionais Nomes de Deus, estruturas maçônicas e rosacruzes e toda o entrelaçamento disto com a Astrologia, Tarot e a Arte. Mas, ao contrário dos anos anteriores, eu não estou com tesão de escrever mais sobre isso publicamente ou postar estas informações para fora do círculos que envolvem meus irmãos de ordem ou alunos dos meus cursos.

A razão é que, assim como muitos que nos acompanharam durantes os últimos vinte ou trinta anos dentro do ocultismo, estou cada vez mais percebendo que os dias de Hermetismo para grandes escalas acabou. O “Real Deal” ainda existe, mas tende a ficar cada vez mais fechado e oculto do que tem sido. O grande experimento da Golden Dawn de deixar as informações esotéricas semi-públicas falhou miseravelmente… a idéia de que se você colocar toda a informação existente disponível fará com que a humanidade evolua é uma falha completa. Tudo que um livro ou uma página da net pode fazer é apresentar uma opinião – uma sombra na parede. Isso não nos torna magos, da mesma forma que ler receitas online não nos torna grandes cozinheiros.

Claro que algumas idéias e técnicas podem ser encontradas na internet ou nos livros, mas o conhecimento sério está espalhado, como peças de um quebra-cabeças que demorara anos para ser colocado no lugar. Mesmo com o auxílio de um bom professor ou uma Ordem Hermética, no final cada um de nós precisa montar o quebra-cabeças sozinho…

Historicamente, o hermetismo aparece e desaparece continuamente, e o florescimento que aconteceu no início do século XX está diluindo. Acredito que em duas gerações estará extinto novamente. O material continuará ali, mas cada vez menos pessoas estarão interessadas; a maioria apenas seguirá quaisquer movimentos religiosos que aparecerem nos próximos 20 anos…

E o problema não é com o Hermetismo. Os ensinamentos estão por ai há milênios. O problema é que o conhecimento verdadeiro nunca será popular. É muito intelectual para ser popular. É muito prático para ser popular. É muito desgastante e profundo para ser popular. A queda do Esoterismo acontecerá da mesma maneira que ocorreu no século V, quando o paganismo filosófico foi substituído por uma versão muito mais organizada e simples chamada cristianismo.

DEZ RAZÕES DA QUEDA DO OCULTISMO POPULAR

1. A contaminação do Ocultismo pelas baboseiras New Age. O hermetismo têm sido sistematicamente aguado por esquisoterices, fantasias e fraudes. O hermetismo nunca poderá ser simplificado em regrinhas básicas que podem ser seguidas como um “jogo da vida” por qualquer um. Coisas como “o Segredo”, PNL, Magia do Caos, New Age, Teoria da Prosperidade, pactos pactorums e outras besteiradas dão esta falsa impressão de que magia é receita de bolo. Elas incentivam uma pesquisa rasa dos chamados “turistas” ao invés de “buscadores” dentro do hermetismo e estas pessoas logo constatam que os sistemas não funcionam (não por que eles não funcionem, mas porque a técnica apresentada está tão ruim que não vai funcionar mesmo…)

2. Contaminação pelos intelectualóides. Apesar de parecer uma contradição com a razão 1, na verdade isso causa uma polarização extrema do que temos visto no ocultismo hoje em dia e que está matando as discussões e debates. Se por um lado temos os esquisotéricos e suas invencionices, do outro temos os chamados “magos da poltrona” (Armchair Occultists) que ficam no Facebook discutindo “a pronúncia correta do trigésimo sexto aethyr enochiano comparado à Qabbalah judaica de acordo com autor X ou Y da Golden Dawn” mas que, na prática, nunca sequer pisaram em um terreiro. Ler milhares de livros sobre natação não faz você atravessar uma piscina. Magia é prática constante. E esses debates intelectualóides sobre minúcias causam brigas e dogmas entre as poucas ordens que tentam continuar a propagação dos exercícios mágicos a troco de massagens no ego.

3. Contaminação pela Psicologia. A Psicologia coincidiu com a elevação do hermetismo no século XX e ambos pegaram emprestados conceitos um do outro. Porém, por volta da década de 60, a psicologia começou a espalhar que a magia (e as idéias religiosas) existiam “apenas na mente”, confundindo “mediunidade” e “conjurações” com “esquizofrenia” e “multiplas personalidades”. Isso é uma vergonha, pois a psicologia pode ajudar a explicar a compreensão de diversos símbolos internos e consegue manter parâmetros para objetivar o que poderia ser considerado subjetivo (como por exemplo, dez pessoas terem a mesma “alucinação” ao mesmo tempo). Mas com os extremos de achar que tudo se passa na mente, muita coisa que poderia ser aprofundada se torna apenas masturbação intelectual.

4. Contaminação pelo fundamentalismo esotérico. O Século XX tem sido bastante aleijado pela maldição do fundamentalismo – movimentos que tentam purificar uma tradição pela interpretação literal dos seus escritos – O hermetismo e espiritualismo não estão sendo diferentes. Por exemplo, o Kardecismo, que começou como um estudo científico, hoje está mais embolorado e dogmático que muitas igrejas evangélicas em suas regras e verdades absolutas e inquestionáveis. No hermetismo, isso se tornou uma verdadeira “guerra pokemon dos mestres”, onde cada estudante, ao invés de estudar comparativamente todas as doutrinas e entender os pontos lógicos e ilógicos de cada um, abraça com cegueira fervorosa os textos do mestre X ou Y como se fossem times de futebol, cada vez mais literais e afastados uns dos outros. “Meu mestre é melhor que o seu” é seu lema. Assim como seus amiguinhos evangélicos, os fanáticos ocultistas tendem a ser seletivos sobre quais pontos acreditam ou desacreditam serem literais dentro dos textos de cada autor.

5. Contaminação por líderes não hermetistas. O começo do século XXI viu o surgimento de uma série de aventureiros, charlatões e picaretas que só queriam ganhar uma grana ou chiconelar as meninas. Poucos conseguiram se instalar na comunidade, pois não tinham estudos ou grupos capazes mas, neste processo a confiança das pessoas nas ordens e ensinamentos foi destruída. Estudantes assumem que, por causa desses trambiqueiros, todos os professores e ordens são picaretas ou charlatões. Místicos de auto-ajuda, gurus da prosperidade, centros holísticos de quintal e toda sorte de aventureiros da fé alheia abundam pela internet, cada um se achando a única verdade do universo.

6. A Falha dos estudantes modernos em estudar ou se empenhar em qualquer coisa. Os chamados “magos do facebook” colecionam milhares de fatos, textos, pdfs, ensinamentos e grupos (geralmente só os gratuitos), mas não praticam, lêem ou estudam nada. Treinar Hermetismo e autoconhecimento é como treinar uma arte marcial. Leva tempo para se acostumar, praticar e aperfeiçoar… mas, assim como nas artes marciais, a imensa maioria não leva suas práticas como prioridade… sempre tem algo mais importante para fazer… gente que tem preguiça de seguir em uma ordem mágica só porque precisa dirigir 40 minutos para chegar lá… ler livros de verdade, então, só para concurso público e olhe lá… para ter uma idéia do volume dessa preguiça, em uma Ordem tradicional como o Arcanum Arcanorum, das mais de 7.000 pessoas que se inscreveram, receberam e começaram os estudos no grau de Átrio, menos de 10% sequer teve capacidade para completar os exercícios da primeira monografia… conversei com o Frater Goya, Fernando Maiorino, Sérgio Pacca, Rubens Saraceni, Alexandre Cumino e outros magisters de Ordens tradicionais e sérias e a porcentagem é mais ou menos a mesma… de cada 100 pessoas que entram em um grupo de estudos, menos de 1% vai chegar a um Círculo Interno.

7. Falha em apoiar financeiramente professores, escritores e ordens. No século XIX e XX, as Ordens Ocultistas eram apoiadas por seus membros. A Golden Dawn, Inner Light, BOTA, White Eagle, Theosophy, SOL, AMORC, etc todas recebiam ricos donativos de seus membros e sobreviviam. Seus professores podiam viver de escrever e ensinar dentro da Ordem, mas isso parou por volta da década de 1970. Os professores começaram, então, a escrever para fora de seus grupos fechados e até que conseguiam sobreviver, mas recentemente isso também está acabando. Os professores têm de escolher cada vez mais em “coelhizar” seus textos para atingir um mínimo de público semi-analfabeto funcional, ou “satanizar” seus textos para atingir os adolescentes que querem posar de malvadinhos na internet. Ordens conhecidas de fora, como a Aurum Solis ou Dragon rouge não juntam nem 20 membros aqui no Brasil e muitas ordens sérias às vezes mal juntam o suficiente por mês para pagar o salário da faxineira. Perdi a conta de quantos espertalhões me escrevem pedindo pdfs grátis dos livros que escrevo. E o pior de tudo é que mesmo se esses jumentos conseguissem os tais livros, provavelmente eles ficariam apenas guardados na coleção dentro do ipad, sem nunca sequer serem lidos…

8. O Colapso das Ordens e do Sistema de Ensino. Antigamente, as Ordens e os Professores estavam todos equilibrados. Os professores davam as aulas e auxiliavam o desenvolvimento pessoal dos alunos que, por sua vez, precisavam se esforçar para obter cada grau. Pelas razões que citei acima, está cada vez mais difícil trabalhar com ordens herméticas, pois os alunos não respeitam mais seus professores ou grupos. Os que tentam sobreviver querem quantidade em cima de qualidade, abrindo turmas para 100-120 alunos pagando pouco e se esforçando menos ainda para pegar graus e titulos (todos saem do curso com o grau de “mestre”, por exemplo). Alguns chegam ao absurdo de anunciar iniciação maçônica via SPAM ou anúncio de Facebook até mesmo em comentários em sites (!!!) Com medo de arrumar encrenca com os alunos, já vi professores sofrendo bullying nas mãos de alunos ignorantes por não querer dizer que a baboseira quantica que o aluno estava falando era algo completamente esquisotérico! Até mesmo no TdC já tive posts que as pessoas me escreviam depois perguntando se valia mesmo à pena comprar briga com X ou Y por falar a verdade sobre numerologia pitagórica, sagrado masculino, homeopatia, portais alienígenas, Saint German, qualquer baboseira “Quantica”, maçonaria galática, dança do ventre masculina, pactos com lucifer, almas gêmeas, pactum pactorum, amarração, civilização pleidiana, sistema arcturiano de cura dimensional, lilith, quíron, ceres, juno, sputnik, ciência Keylontica, Sacerdócio de Melchizedek, cristais etéricos akashicos, mesa quantica radiônica prateada, reiki kahuna viking, Nibiru e outras invencionices cada vez mais e mais picaretas.

9. A internet deixou o Ocultismo acessível demais. Hoje em dia, se você quer uma informação de alguma “personalidade” do ocultismo, voce pode pesquisar no google e enviar um email para ele. E a maioria desses caras são gente-boa e acabam respondendo. O problema com isso é que o estudande acaba se achando muito importante e que informações vindas de uma fonte valiosa podem ser obtidas a apenas um SMS mal escrito de distância. A maioria das perguntas que me mandam poderia ser respondida nas primeiras 4 monografias do AA, fazendo o curso básico de Kabbalah Hermética ou lendo com atenção diversos posts no blog. Ao contrário do que os gurus de auto ajuda pregam, EXISTEM SIM perguntas estúpidas… e dentro do hermetismo, fazer a pergunta certa é realmente importante… por exemplo, se você tivesse a chance de conversar com Aleister Crowley ou Arthur Waite, iria ficar perguntando a eles sobre quais são os quatro elementos? As pessoas hoje em dia não querem direcionamento para aprofundar os estudos, querem respostas prontas para dúvidas primárias, sem ter de mexer a bunda da cadeira para pesquisarem sozinhos.

10. A qualidade das informações está ficando cada vez pior. Aqui no Brasil, principalmente. Para cada livro ou texto importante, temos uma centena de porcarias, cópias mal feitas ou escrita para retardados. Foi uma das principais razões pelas quais eu simplesmente parei de colocar qualquer fonte das pesquisas no TdC e tirei as que tinham das matérias. Os blogs exotéricos que abundam por ai copiavam meus textos na cara dura e colocavam as referências do TdC como se eles tivessem pesquisado lá (até o site Whiplash fez isso uma vez!). Tenho visto por ai ex-alunos meus querendo dar aula como se fossem mestres autoiniciados e autodidatas, sendo que mal começaram os estudos 5 ou 6 anos atrás. Vi um sujeito que teve aulas de PNL e hipnose poucos anos atrás e que ja começou a inventar seu próprio método (!?!) para dar cursos… pessoas anunciando que “estudam ocultismo desde os 10 anos de idade” mas, pela idade, vemos que acabaram de completar 18-19 anos e ja querem dar cursos; “professor” anunciando ritual de iniciação em motel; perfumes da prosperidade; pingentes de sangue menstrual; vemos livros a rodo publicados como panfletos nesses sites de self-publishing; rituais e tradições wiccas inventadas… isso quando o cara não finge que é rabino, cabalista, maçom, enochiano, sacerdotisa wiccana, templária do sagrado feminino, iniciado no Haiti e por ai vai… para cada podcast sério, tem cem programas alucinados na Radio Mundial, para cada site sério, tem uma centena de esquisoterices quanticas de Saint German do calendário maia, para cada buscador, cem turistas.

Todos estes fatores criaram um abismo onde as vozes dos estúpidos possuem o poder de abafar aqueles que sabem do que estão falando. Um lugar onde todo mundo pensa que é “mago” mas nem 1% quer estudar de verdade. Um universo onde boas ordens herméticas são destruídas por não terem apoio de alunos cada vez mais preguiçosos e mimados da internet. O resultado disso é que o interesse do público no hermetismo real irá lentamente se dissolver, com poucos ou nenhum estudioso real para preencher o vazio que está ficando, até que nem mesmo esses consigam preencher as expectativas dos alunos cada vez mais mimados e preguiçosos, até que o ocultismo retorne para as Sombras novamente.

#MagiaPrática

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/dez-raz%C3%B5es-da-queda-do-ocultismo-popular

O Novo Signo do Zodíaco… NOT!

De tempos em tempos aparece na Grande Mídia algum espertalhão esquisotérico ou astrônomo completamente leigo para falar algum absurdo sobre o que eles imaginam que seja a Astrologia. A bola da vez são uns astrônomos do Planetário de Minnesota, nos EUA, que afirmam que, por causa da atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra, o alinhamento das estrelas foi empurrado por cerca de um mês.

“Quando [os astrólogos] dizem que o sol está em Peixes, não está realmente em Peixes”, disse Parke Kunkle, um dos integrantes do Minnesota Planetarium Society à revista “Time”. O signo astrológico é determinado pela posição do sol no dia em que a pessoa nasceu, o que significa que, de acordo com os astrônomos, tudo o que se sabia sobre horóscopo está errado“… Uma grande imbecilidade que tem sido repetida por céticos e esquisotéricos.

A imagem abaixo mostra o que os esquisotéricos, “Astrólogos do Braziu”, céticos e pseudo-céticos pensam que a astrologia é… um conjunto de 12 caixinhas fechadas onde se uma pessoa nasce às 23h59 de um dia é do “signo” de Áries e se nascer as 00h00 será do signo de Touro. Uma completa besteira; a Natureza não usa relógio. Mas, entendendo o que eles acreditam que seja a Astrologia, a afirmação dos astrônomos poderia até fazer algum sentido… afinal, se “apareceu outro signo na passagem do sol pelas estrelas, então deve ter aparecido outro signo no zodíaco”… Como diriam Pen and Teller… Bullshit!

A Segunda imagem mostra a divisão das energias da maneira como elas poderiam ser representadas em um aspecto cromático. Os “signos” nada mais são do que as imagens simbólicas e arquetipais que os povos antigos escolheram para representar este fluxo energético através do astro que lhes era mais acessível: o Sol.

A Astrologia Hermética, ou Científica (aquela que é estudada na Maçonaria, na Rosacruz e em Ordens Iniciáticas), não tem nem nunca teve nada a ver com Estrelas e Constelações. Os Planetas não “influenciam” nada; eles apenas servem como ponteiros para que possamos observar os efeitos destas energias.

Planetas não influenciam as pessoas, da mesma maneira que os ponteiros do seu relógio não fabricam as horas, eles apenas as MOSTRAM. Não existem “emanações planetárias”: O médico que faz o parto exerce mais influencia gravitacional sobre a criança na hora do nascimento do que a Lua ou Marte…

O que são as Astrologias?

Fazendo uma analogia com o Tempo, as diversas “astrologias” nada mais são do que diferentes designs de “relógios” adaptados aos costumes e ao tempo de cada cultura. Em umas culturas chamam de “touro”, em outras de “elefante”, em outras de “moedas”, mas signos são apenas SÍMBOLOS… da mesma maneira que escolhemos arbitrariamente medir as horas em nossos relógios a partir de Greenwich. Se o seu relógio está desregulado ou se adiantamos uma hora no horário de verão, ou mesmo se girarmos aquele anel que marca os minutos para frente ou para trás, isso NÂO MUDA o tempo real.

Assim como o Tempo, que é uma dimensão abstrata, precisa de um veículo para que possamos medí-lo, as emanações astrais (ou Luz Astral, como Eliphas Levi a chamou) às quais o Sistema Solar está submetido também precisam de uma representação concreta para ser compreendida pelos menos eruditos. Podemos observar os resultados práticos disto nas personalidades e vocações das pessoas (a combinação das reverberações destas energias nas DEZ Esferas de consciência de cada ser humano do planeta).

Desta forma, o que chamamos de “Mapa Astral” (o completo com os dez planetas/ponteiros… ESQUEÇA de uma vez por todas aquela maluquice de horóscopo de jornal e signos solares, pelo amor de Zeus) nada mais é do que os parâmetros de configuração de software de nossa biomáquina (nosso corpo físico e cérebro de carne), que é o veículo da nossa Vontade enquanto Pensamentos Encarnados no Plano Físico. Ele é um “manual de instruções” das configurações que você mesmo escolheu antes de encarnar, usando o seu livre arbítrio, para facilitar a realização do que quer que você tenha se proposto a fazer aqui.

Parece complexo? Isso porque você sabe o que é hardware e software… agora tenta explicar isso para alguém nascido no século XIX… mesmo gênios como Isaac Newton, Fernando Pessoa, Carl Jung e Aleister Crowley passaram décadas estudando a Astrologia Hermética e apenas conseguiam corresponder os efeitos e os ponteiros do relógio, mas faltava a eles o conhecimento de psicologia, a facilidade de cálculos astronômicos que temos hoje com computadores e o contato com as entidades do Plano Astral, que utilizam-se destas energias de maneira prática e ativa em seus trabalhos. Como toda ciência, a astrologia avançou muito nestas últimas décadas… pena que céticos e esquisotéricos ainda se apeguem a textos de dois séculos atrás.

Mas como a natureza não dá saltos, temos que cada intervalo entre dois signos possui também sua própria energia, que combina atributos destas duas energias. Basta dividir e arredontar… No Esoterismo, isto está representado pelos ARCANOS DA CORTE DO TAROT (Rei, Rainha e Cavaleiro dos 4 Naipes, totalizando 12 combinações). Ofiúco é o Rei de Bastões, a energia que possui as características mescladas de Escorpião e Sagitário… ficou famoso porque Nostradamus possuía alguns planetas nessa configuração e escreveu sobre eles e, como tudo o que Nostradamus escreve os esquisotéricos adoram, temos essa polêmica do 13o signo desde o século XVI… Eu até achei estranho que não falaram nada sobre Baleia (Cetus) que é uma Constelação que apareceu entre Peixes e Áries por um tempo…

No Oriente, são 64 divisões, chamadas Hexagramas, mas representam as mesmas energias psicológicas, mentais e astrais, divididas em outras proporções. Ou na Babilônia, os chamados 88 Anjos Enochianos, que trabalham as mesmas energias. Enquanto místicos de orkut e pseudo-cético ficam brigando para saber se eles são “seres de verdade” ou “amigos imaginários”, os Ocultistas sempre souberam que estas imagens são SÍMBOLOS de energias que nos permeiam astralmente.

E as Constelações? Onde os Astrônomos enfiam?

Constelações são apenas pontos luminosos usados como referência para estes ponteiros pelos Antigos. Os egipcios faziam outras divisões de períodos de tempo e atribuíam deuses a elas… deuses com características Mistas dos dois “signos” que faziam parte. Mas podemos dividir estas partes em quantas quisermos… se optarmos por 36 partes de 10 graus cada, teremos o que os astrólogos chamam de DECANATOS.

Se dividirmos estes decanatos por 2, chegando a 72 partes de 5 graus cada, chegaremos ao que os judeus chamavam de NOMES DE DEUS ou, se antropomorfizarmos estas energias, transformando-as em qualidades e atributos, teremos os 72 Anjos Cabalísticos (voce não achou que eu postei 3 matérias sobre Anjos Cabalísticos à toa, achou?)… fazendo os cálculos matemáticos de em que posição está cada Planeta, temos a origem dos tai “Anjos Protetores de cada dia” que os esquisotéricos adoram (o que também é um arredondamento, visto que são 365 dias e 72 anjos… então cada “anjo” não rege um dia, mas sim um período de tempo).

Desta maneira, podemos dividir as estrelinhas do céu em quantas combinações quisermos… as 12 constelações do zódiaco eram agrupamentos de estrelas que estavam alinhadas com os estratos de 30 graus quando as primeiras observações surgiram. Hoje, se quiséssemos mesmo ser corretos, teríamos de dividir o céu novamente nestes estratos, recolocar as estrelas que estivessem dentro destas faixas e renomeá-las para atributos mais modernos, organizando-as a partir dos Solstícios e Equinócios, que são os pontos utilizados para definir estas divisões.

Se os esquisotéricos e os céticos querem incluir Ofiúco, tudo bem… então vamos fazer do jeito certo e trabalhar com as VINTE QUATRO energias usadas no Hermetismo… só que ai vamos fazer TUDO direito e trabalhar também com as DEZ Sephiroth, não apenas o Sol…

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-novo-signo-do-zod%C3%ADaco-not

Maçonaria, Templo de Salomão e Geometria Sagrada

Por Hamal

“Sob as aparências de Universo, de Tempo, de Espaço e de Mobilidade está sempre encoberta a Realidade Substancial – a Verdade Fundamental” – O Caibalion, Capítulo IV.

A influência do hermetismo e da alquimia dentro da Maçonaria são muito claras para quem conhece um pouco dessas filosofias.

A Maçonaria parte do princípio de que Deus arquitetou o Universo de maneira harmônica, e o homem como “Pedreiro” é capaz de reproduzir ou continuar sua obra com o devido conhecimento sobre essa “Harmonia Universal” e sobre suas ferramentas de construção, tal como fez Salomão e seus arquitetos na construção do Primeiro Templo em Jerusalém. Mas hoje a Maçonaria se apoia no campo do simbolismo, onde esse Templo está dentro de nós.

O conhecimento de como o Macro se manifesta no Microcosmo está ligado às antigas Artes Liberais descritas na antiga Grécia. Os detentores desses conhecimentos que se dedicavam a construção de Templos eram chamados de Mestre Construtores e tralhavam em seus templos a Geometria Sagrada da Terra.

MACRO E MICROCOSMO

“Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.” – 1 Reis 7:21.

Assim era no Templo de Salomão, assim são em muitas Catedrais Templárias e assim são nos Templos Maçons: na porta de entrada encontram-se duas colunas que marcam o inicio do Templo.

Mas por que duas? Na tradição da cabalista, da qual Rei Salomão se baseou para construção do Templo, é dito que Deus manifestou tudo em dualidade no nosso Universo para que houvesse sustentação e evolução. Jaquim significa “firme”, “estável”, “ereto” e “Ele estabelecerá”, Boaz significa “forte”, “força”, “fonte de força” ou “Nele está a força”.

A base para a existência é a dualidade. São os átomos com partículas de cargas positivas e negativas que formam a base da matéria, o frio e o calor que são idênticos mas estão em polos opostos, assim como o amor e o ódio, o vício e a virtude que são polos opostos da mesma energia. Tudo que existe é dual e precisa do seu oposto para poder existir e se completar. É o Yin Yang, ou Tai Chi, dos orientais. Se de um lado existe o macrocosmo, do outro temos o microcosmo pelo qual o Macro se manifesta, e vice versa, que são as duas colunas do Templo.

Esse é o Princípio da Polaridade que dá a estabilidade e força da criação, assim como nossas duas pernas nos sustentam.

Rei Salomão chamou arquitetos capazes de construir o Templo nas proporções do Macrocosmo, e dessa maneira reproduziu em menor escala a geometria do macrocosmo.

GEOMETRIA SAGRADA

A arquitetura e geometria na Babilônia e no Antigo Egito, onde a Geometria Sagrada foi iniciada, eram ensinamentos literalmente guardados a sete chaves reservado somente a classe sacerdotal. Ser um Mestre Construtor, Arquiteto, Escultor, Carpinteiro, era estar entre a classe mais elevada do seu reino. A exemplo citamos Imhotep de aproximadamente 2655 a.C do Antigo Egito tido como primeiro Geômetra Sagrado que se tem noticias, além de ter conhecimento em medicina e astronomia. Somente com um amplo conhecimento sobre todas as áreas do homem (micro) e do universo (macro) conseguiria-se reproduzir o macro no microcosmo.

Assim teve inicio as iniciações aos mistérios da arte da construção, onde o iniciado era conduzido através de rituais a entender o mundo que está sua volta e acima dele, como esses mundos funcionam e a como modificá-los.

As iniciações aos mistérios sempre começam com as chaves para que o indivíduo tenha no controle de si mesmo, das suas emoções e atitudes, pois o primeiro dever é ser mestre de si mesmo. A maneira pela qual o iniciado é conduzido a esse auto controle e auto conhecimento varia de tradição em tradição. Uma forte influência que prevaleceu foi a da alquimia que identificou os quatro elementos (terra, ar, água e fogo) como temperamentos do homem, e ao controlar esses elementos, o homem encontraria a Pedra Oculta, ou Filosofal, dentro de si.

O domínio sobre os elementos significa ter controle sobre suas emoções, pois cada um dos elementos representam um grau emocional da psique. Significa que o iniciado para dominar a arte da construção deve em primeiro lugar dominar as suas emoções para não ser escravos delas. Portanto o primeiro aprendizado nas iniciações aos mistérios é o aprendizado e prática do Livre Arbítrio, aquele que não é escravo dos seus estados emocionais altos e baixos.

Após a fase de aprendizado sobre si mesmo, mais chaves eram dadas ao iniciado que o auxiliariam a iniciar o entendimento sobre a construção: a Astronomia, a chave a chave para o Macrocosmo e a Geometria, a chave para o Microcosmo.

Com essa ciência o iniciado descobria que sobre um pilar se apoia a geometria terrestre e em outro a geometria celestial, ambas com os mesmos padrões e regras.

Um dos símbolos que representam o macro e microcosmo é o Hexagrama. No Hexagrama estão contidos a representação dos 4 elementos (terra, ar, água e fogo) que formam a matéria pela intercessão dos dois triângulos, e dos 7 astros errantes do espaço. Seus triângulos entrelaçados referem-se também ao o que está acima (macro) está ligado ao que está abaixo (micro).

O Templo de Salomão que abrigou a Arca da Aliança foi tido como um Templo Perfeito porque seus arquitetos aplicaram nele esse conhecimento geométrico e astronômico.

Muitas Ordens pela história já tiveram o objetivo de sua reconstrução física desse Templo, como os Essênios, Templários e a Maçonaria Operativa. Hoje o mundo precisa, de maneira bem mais urgente, da construção do Templo Perfeito simbólico, que está dentro de nós. Conhecer cada um dos nossos vícios para soterrá-los e erguer Templos a Virtude.

O símbolo da Maçonaria, como vimos no Esoterismo na Maçonaria, tem ainda um outro simbolismo oculto não mencionado, que é o do próprio hexagrama. O Esquadro faz o triângulo com vértice para baixo e o Compasso com o triângulo com o vértice para cima, e o G é o próprio Sol.

Fica de reflexão sobre essa coincidência entre o esquadro, compasso e G com o hexagrama e analisem o painel do inicio do texto com os conhecimentos aqui passados.

Eis o hermetismo na tradição maçônica tão pouco conhecido, mas ainda muito preservado.

Geometria Sagrada foi redescoberta pelos Templários e por isso tem grande importância para o DeMolay que deseja conhecer os mistérios da Ordem dos Cavaleiros Templários, não sendo restrito ao estudo Maçom.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/ma%C3%A7onaria-templo-de-salom%C3%A3o-e-geometria-sagrada

Cursos de Tarot, Astrologia e Kabbalah – Maio/2010

Este é um post sobre um Curso de Hermetismo já ministrado!

Se você chegou até aqui procurando por Cursos de Ocultismo, Kabbalah, Astrologia ou Tarot, vá para nossa página de Cursos ou conheça nossos cursos básicos!

Seguindo na minha tentativa de ficar mais organizado em 2010, seguem as datas e os cursos do final do mês de Maio, em SP.
Maio/2010

22/05 (sab) – Tarot – Arcanos Maiores Neste curso serão abordados 12 tipos diferentes de tarot (em especial o Rider-Waite, Toth/Crowley, Hermético, Mitológico, Marselha, Sephirótico, Africano e da Golden Dawn)

23/05 (dom) – Chakras, Kundalini e Magia Sexual

29 e 30/05 (sab e dom) – I-Ching – com o prof. Daniel Mendes Netto, que é um dos maiores especialistas em I-ching no Brasil. Finalmente conseguimos bater as agendas e farei este curso que é uma das minhas maiores curiosidades dentro do esoterismo oriental. Ele deixou abrir vagas pros leitores do blog também, então aproveitem.

Informações no email: marcelo@daemon.com.br

PS: Porto Alegre está confirmado cursos de Kabbalah e Astrologia para os dias 26/27 de Junho e Hoje de manhã consegui o lugar no RJ, estou acertando a data e anuncio assim que estiver tudo OK.

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cursos-de-maio-2010

Linhas de Ley 1 ½ – respondendo dúvidas

Na medida do possível, eu vou procurar, se acumularem muitas dúvidas, organizar uma coluna intermediária para tentar sanar as questões mais pertinentes antes de continuarmos. Estou retomando a partir do post das pirâmides, as dúvidas que ficaram de lá, ok?

Elvis, Bananeira – Eu coloquei “próximos” porque a terra não é uma esfera, mas achatada nos pólos, e descobrimos isso porque pelo mapa no papel os pontos ficam perfeitamente alinhados, mas um colega conspiratório fez um programa pra jogar estas linhas no Google Earth e acabou que elas precisam ser “esticadas” um pouco na proporção para ajustar ao achatamento da Terra. Mas estas (as linhas base) são as realmente poderosas. O restante é, como alguém mencionou, um fractal, de intensidade BEM menor. Imagina por analogia que são como “veias” em um ser humano… você tem as principais artérias, mas tem também os capilares. Putz… não queria fazer outro post só sobre Linhas de Ley… vou tentar acrescentar esses conceitos do feng shui na próxima coluna, ok?

Julien, Nascimento, Tarcizo Ferreira, André, Psycoberto, Dimmm, Lázaro, João, Jean Carlos, Fernando Fenero, eu não vou começar um blog porque eu já tenho um blog… chama-se “Sedentário e Hiperativo”. Aqui eu escrevo os textos, junto as imagens e dou pro eightbits se virar de postar… se eu tivesse de fazer esta parte técnica, o blog não iria durar uma semana porque eu não tenho paciência e nem tempo para diagramar um blog. Se alguém quiser copiar os textos e imagens pra qualquer blog ou orkut ou fórum, fique à vontade, o importante é difundir a informação.

Carlos Magno, ah sim… Grande Apolônio de Tyana!!! falarei mais sobre ele mais para frente, com os outros alquimistas.

Tarcio Zemel – Um próximo do pólo norte e o outro no Cabo da Boa Esperança (ex- Cabo das Tormentas).

CaYo – 33.

Bananeira – sim, há, em menor ou maior intensidade… a maioria é sutil demais para influenciar, mas existem lugares onde determinado tipo de energia se acumula, e isso pode ser equilibrado com elementos opostos ou complementares. É o princípio do feng shui tradicional.

Sherer – pedras de Ica… procura um livro do JJ Benitez chamado “Meus enigmas favoritos”. Vamos falar sobre elas também, afinal, são a prova viva que os Flintstones realmente existiram (e não estou brincando – homens e dinossauros já conviveram juntos no planeta, esta biblioteca de 11.000 pedras esculpidas mostram isto). Procurem “Javier Cabrera darquea” ou “pedras de ica” no google e divirtam-se.

Arumik, normalmente ministro palestras sobre astrologia hermética, ritualística dentro da maçonaria, templarismo, mitologia básica, simbolismo na mitologia grega, esoterismo em templos antigos (gregos, egípcios), história da arte, história das cruzadas, história da maçonaria, rosacrucianismo, martinismo, história da Igreja Católica, Vida mística de Jesus, Linhas de Ley, ritualística dentro do rosacrucianismo, golden dawn, ocultismo no século XIX, tarot, oráculos, sociedades secretas, origens do nazismo, entre outras. Depende do convite que fizerem.

A maioria é fechada para o público “profano” (não se ofendam com isso, é apenas um termo técnico para designar quem não é iniciado) mas geralmente quando tem algum evento de RPG ou Anime o pessoal pede também palestras sobre alguma coisa diferente. De qualquer forma, eu aviso aqui no Sedentário.

Thaty, Rose, Kojak – vai ter um post só sobre estas pirâmides na Amazônia… tudo a seu tempo… e quanto a deixar vocês curiosos, faz parte da brincadeira para ver se vocês tomam a iniciativa de fuçar no google pra ver se descobrem algo sozinhos também. Para aguçar a curiosidade, comecem pelos círculos de pedra amazonenses.

Marcelo – eu não escrevo só RPGs (risos)… suponha que você seja um Mestre Iluminatti daqueles bem poderosos e ricos. E você queira construir sua casa de praia ou mansão cheia de simbolismos e ritualística de acordo com o seu grau, com detalhes de decoração de arquitetura sagrada, ou simbolismo egípcio, grego, celta… ou colocar um pentagrama disfarçado no seu jardim de inverno… que tipo de arquiteto você contrataria? Quantas pessoas capacitadas para atender a este tipo de demanda você acha que existem no Brasil?

Isto é só uma suposição, ok? Todo mundo sabe que os Iluminatti não existem…

Otávio, Bolívar, Victorius, Arthur, Único – esta coluna vai trabalhar justamente com o que as otoridades não reconhecem como ciência, porque lhes falta visão ou simplesmente porque não tem interesse em apoiar. Quer um exemplo? Tenho um amigo pessoal que trabalhou no Egito e lá a coisa funciona da seguinte maneira: o governo egípcio controla TODAS as escavações e fornece autorizações para você escavar e catalogar os achados, e vigia o seu trabalho com “equipes de supervisão”. Qualquer objeto ou descoberta eu você faça que contradiga minimamente o status quo das otoridades resulta na suspensão da sua autorização com uma desculpa esfarrapada e substituição da sua equipe por outra do governo, que “toma as providências necessárias”. E se você decidir brigar, sua carreira como arqueólogo/pesquisador acaba ali mesmo. É este tipo de coisa que me inspirou para escrever esta coluna. Saco cheio de “cientistas” que não tem capacidade nem para estudar e aceitar o fenômeno do mundo espiritual, por exemplo, que já é dominado pelas ordens ocultistas há séculos.

Mesmo os 40 anos de trabalho laboratorial nos melhores padrões técnicos do prof. Waldo Vieira são boicotados pelas otoridades que mantém seus narizes enfiados na areia recitando a sua “bíblia científica” sagrada e morrendo de medo que o seu mundinho ateu/agnóstico caia sobre suas cabeças se passarem a aceitar o mundo extrafísico como realidade.

Thibas – fantástica a entrevista com o Amit Goswami. Recomendo a todos que leiam.

Feliz, Clevanei, Neiz Lune, Pedrof, Vimerson, Fellipe – sim, é claro que falarei sobre a maçonaria e ordem demolay. Mas para entender como ela surgiu e sua importância, preciso começar pelo Egito e caminhar através dos tempos… ainda teremos pitagóricos, PHI, kabbalah, chakras, essênios, ordens hindus e orientais, tantra, Jesus Cristo e sua esposa e filhos, cátaros, criação da Igreja Católica, perseguição aos hereges, Santo Graal e rei arthur, bruxas e wiccans, satanismo e demonização das religiões, templários, catedrais européias, cruzadas, Jacques demolay, Leonardo Davinci e o Priorado do Sião, Rosacruzes e alquimistas, Guildas de construtores, rito escocês, Rosslin e o grande incêndio de 1666 em Londres antes de chegar as origens da Maçonaria, em 1717. Ainda vai demorar um pouco, mas vale a pena esperar.

Pikib – por falar em coisas harmônicas (e desarmônicas) com a natureza, você sabia que existe uma massa de resíduos plásticos flutuando no Oceano Pacífico com duas vezes o tamanho do Texas? A situação de nossos oceanos é muito pior do que as “otoridades” dizem nos noticiários… A destruição que os “sábios” do nosso tempo estão causando já é muito maior do que eles querem que vocês imaginem. Leia esta matéria AQUI e tenta não embrulhar o estômago com a foto da tartaruga.

Camila e Sérgio – eu tento manter os textos curtos e escritos de uma forma simples, como uma “conclusão”. Os posts PARECEM incompletos porque, na verdade, estou colocando apenas as bases para explicar a origem de algumas coisas importantes mais para a frente e explicar o que representam e preciso que vocês saibam de onde vieram estas referências. Citando o exemplo que você colocou (e eu vou estragar uma surpresa, ok?), o ato de imergir o corpo do candidato dentro de um rio ou banheira com água em uma iniciação (“Baptizem” em grego) representa simbolicamente que, apesar das águas terem coberto toda a civilização antiga e destruído tudo, sempre haverá alguém – o iniciado – para guardar e proteger estes segredos. Além disto, está ligado intimamente aos ritos de morte e renascimento (as doutrinas da reencarnação) de Osíris, o deus sol e outras funções ritualísticas e mágicas que envolvem o astral (a água é um grande condutor de energias astrais, mas que não vem ao caso agora)… mas a importância de se citar este ato simbólico de iniciação egípcia será necessário, por exemplo, quando estivermos demonstrando que Jesus, o Cristo, pertencia à Ordem dos Essênios e, como tal, era guardião das tradições egípcias e um mago iniciado, além de Rabino. E que sua iniciação com o Baptizem foi feita por João Batista (São João, padroeiro adivinhem de que ordem secreta?) seguindo a ritualística dos cultos egípcios (e que mais tarde seriam macaqueados pela igreja católica em sua colcha de retalhos religiosa).

Na medida do possível, vou passar links e livros para vocês consultarem também.

Felipedecoy – Não, nenhuma relação.

Leandro – sim, existem. Exatamente da maneira como você descreveu, com cristais ou agulhas. Os pontos principais de energia que passam por nosso corpo chama-se Chakras estas “rodas” energéticas que podem ser estimuladas com exercícios de respiração e meditação ou cristais para equilibrar as energias e também para desenvolver habilidades “sobrenaturais” (vai no youtube e digita meu nome, depois me conta o que você achou).

Vimerson – as três linhas que você citou já são sérias (Giovani Maciocia, Ysao Yamamura [auricular especialmente!], Auteroche), quem as deturpa são os ocidentais picaretas que fazem cursos de final de semana e se autointitulam “médicos” e saem por ai atendendo. Como você sabe, demora pelo menos 6 meses para se ter um domínio suficiente para começar a se aventurar como acupunturista. Pergunta quem é que respeita isso? Mas acupuntura nem é o maior estupro. Acho que os cursos de final de semana de Reiki – módulo I a IV são os piores… Já vi casos que um fulano fez o curso em uma semana e, um mês depois, estava ministrando cursos… é esse tipo de absurdo que me refiro.

Peço desculpas ao pessoal que não lê inglês, mas não existe quase nada a respeito destes temas em português, infelizmente. A maioria destes livros podem ser encontrados na Amazon.

– Study in Pyramidology , 263p., 1986 by E. Raymond Capt, ISBN 0-934666-21-0

– Back in time to the great pyramids – Sócrates G Taseo, (ISBN ISBN 0-9626053-0-1)

– The Orion Mystery: Unlocking the Secrets of the Pyramids , 325 p., 1994 by Robert Bauval and Adrian Gilbert, Crown Publishers, ISBN 0-684-16171-0

– Symbolic Prophecy of the Great Pyramid , H. Spencer Lewis (acho que este tem em Português, pela AMORC)

– The Giza Power Plant , de Christopher Dunn

– The Complete Pyramid , by Mark Lehner (este tem mais de 600 ilustrações).

– The Great Pyramid Speaks : An Adventure in Mathematical Archaeology , by Joseph B. Gill

– Propehcies of Melchi-Zedek in the Great Pyramid and the Seven Temples , by Brown Landone

– Pyramid Prophecies , 368p., 1988 by Max Toth, Destiny Books, VT, ISBN 0-89281-203-6

– The Rape of the Nile , 399p., 1975 by Brian M. Fagan, ISBN 0-684-15058-1

– Qualquer livro do Graham Hancock

http://www.leyman.demon.co.uk/Book,_Safe_As_Houses.html – sobre influências eletromagnéticas no ser humano

– Ley Lines and Earth Energies – por David Cowan

– Ley Lines, a compreensive guide to alighnments, de D.P.Sullivan

– The old straight path – Alfred Watkins

– The Atlantis Mystery – Eleanor Van Zandt

– Gravitational Mystery spots – Doug Vougt (contém relatórios de trocentas experiências com linhas de Ley)

– The world Grid – David Hatcher

– Earth Star Globe – Bethe Hagens (este tem até um globo para montar incluído)

Mapas de Piri Reis

http://serqueira.com.br/mapas/pirireis.htm

Marcelo Del Debbio

#Astrologia #LinhasdeLey #Pirâmides

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/linhas-de-ley-1

Física Quântica não é muleta

Estava eu numa palestra sobre Hermetismo quando alguém, empolgado com as teorias do palestrante, emendou: “Isso aí é um pensamento quântico, não é?”

Estremeci dos pés à cabeça. Parece que o “vírus dos quanta” se espalhou irremediavelmente entre os esotéricos. Me sinto um pouco culpado, pois meu artigo sobre o filme Quem somos nós? é um dos mas lidos do blog, todo mês. Não, eu não mudei de idéia a respeito do filme, que continuo achando muito bom (com ressalvas, claro) pra expandir um pouco a visão para além do mundo rígido e materialista, que a física quântica nos ensina que, em certo nível, é IRREAL. Mas, pela primeira vez, procurei me colocar de fora, na pele de um apreciador do misticismo fast-food sem conhecimentos científicos, e percebi que o filme passa uma idéia bastante errônea de que os físicos quânticos estão endossando o esoterismo, quando NÃO ESTÃO!

Se perceberem bem no final do filme quem são os entrevistados, temos físicos sérios ao lado de pesquisadores amadores (como eu, sem especialização em nada), como um quiroprátrico e (acreditem se quiser) um “espírito guerreiro de 35 mil anos chamado Ramtha, canalizado no filme por J.Z. Knight”. Os que fazem essa ponte (física quântica = espiritualidade) são eles, e o sentimento geral é que TODOS fizeram isso durante o filme. Infelizmente o filme foi editado de uma maneira que um dos cientistas, o professor da Columbia University, David Albert, é – segundo ele mesmo – “profundamente não-simpático a tentativas de ligar mecânica quântica à consciência”, tendo explicado isso em frente às câmeras, em 4 horas de entrevista. “Se eu soubesse que seria tão radicalmente deturpado no filme, certamente não teria concordado em participar”. Os realizadores do filme se defenderam em uma carta aberta, onde deixam claro o caráter de auto-ajuda do filme, especialmente na frase: “Quando nós criamos Quem somos nós?, nós procuramos apresentar aos espectadores uma visão de mundo particular – um modo de ver a vida – que é diferente do que a maioria das pessoas têm adotado. Para fazer isso, nós entrevistamos um grupo de avançados cientistas. Mas nós nunca pretendemos que nosso fime fosse uma exaustiva visão geral da física quântica”. Pena isso não ter ficado muito claro no filme, que assumiu status de “documentário”.

Um dos problemas de interpretação da física quântica é o efeito do pesquisador no resultado. É chamado de “observador”: Na mecânica quântica, um sistema encontra-se indefinido até que um observador consciente realize uma medida, por ocasião da qual o sistema (aparentemente) “escolhe” um estado particular em que se apresentará. O problema é que o sistema pesquisado é tão pequeno, tão susceptível a interferências, que NÃO HÁ MANEIRA (até agora) de você chegar a uma estimativa precisa sem perturbar o sistema, mais ou menos como tentar localizar, lá no fundo do mar, a trajetória de um peixinho sem entrar na água. “Observador”, na mecânica quântica, tem o significado de dispositivo físico que faz a medida ou a interação entre dois sistemas, e não exatamente um observador com auto-consciência. Mas especula-se academicamente que até mesmo esses dispositivos fazem parte de uma cadeia que se liga à consciência do pesquisador, que causa indiretamente o colapso (o que não deixa de ter alguma razão, mais no aspecto metafísico do que físico, mas ainda são teorias, ok? Se formos extender esse pensamento a tudo, até mesmo a sua torradeira é um “observador consciente”).

Outro problema que deve ser bem esclarecido é o tal do “salto quântico”, que muitos esquisotéricos usam pra tudo! Segundo uma amiga física explicou:

“Quando um elétron dá um salto quântico não significa que ele sumiu… Ele esta lá ainda!

Não é o elétron que possui energia quantizada, mas sim o estado em que se encontra, o estado que chamamos de ligado. Os elétrons, quando estão num estado ligado, como por exemplo um átomo, possuem níveis de energia certos que podem ser ocupados. No caso de um átomo esse estado ligado permite que o elétron ocupe ‘órbitas’ mais ou menos definidas, que chamamos de orbitais atômicos. Ou seja, eles possuem energia bem definidas, ou quantizadas. Por isso nos desenhos de átomos vemos elétrons girando em seus orbitais (que pode não corresponder à realidade, mas dá uma idéia de como os elétrons se acomodam). O salto quântico é quando esse elétron perde ou ganha energia EXATAMENTE igual a energia necessária para ele passar para outra órbita possivel. Mas deve-se lembrar que elétrons não são partículas. Não é uma bolinha que “pula” para outra órbita. Ele é algo que possui características de partícula e de onda.

No caso dos elétrons não há mudança de massa, de densidade, ou perda de temperatura com o salto quântico. Ele salta de um nível para outro – quando se encontra em estados ligados – ganhando ou perdendo um fóton (luz), mas o que muda na estrutura do elétron?? Nada! Ele não perde massa, não ganha massa, não muda de “cor”, não fica mais quente…

Então não é o elétron que é quântico, mas os níveis de energia do estado ligado dele é que o são – quer dizer, estados de energia bem definidos. Por que as órbitas possiveis são quantizadas? Para garantir a conservação da energia, e é a explicação do porque o elétron não ‘cai’ no núcleo… Já que o núcleo possui carga positiva e exerce atração eletromagnética a carga negativa do elétron.

Um elétron livre, sem campos externos, pode assumir qualquer energia, então ele não faria salto algum…”

Dito isto, como se explicam cientificamente as “curas quânticas”, “terapias quânticas” ou “qualquer-outra-coisa quântica” que pipocam por aí em cursos e comunidades esotéricas? Estariam elas lidando com energias quantizáveis? Queria eu que coisas como o Reiki pudessem ser explicadas cientificamente, mas AINDA NÃO O SÃO! E temos de viver com isso, sem precisar inventar uma explicação pseudo-científica pra convencer pessoas relutantes, mesmo que seja por uma boa causa…

Os “fenômenos” aparentemente surreais da mecânica quântica ocorrem em sistemas muito, muito pequenos. Estamos tratando aqui de elétrons. Essa mecânica funciona muito bem pra ESSES sistemas, mas falha por completo ao tentar explicar objetos MACROS, como uma folha, uma cadeira ou uma galáxia. Para isso a física clássica, previsível, ou a relativística, de Einstein, ainda funcionam muito bem. Se quiserem fazer o teste, basta cuspir pra cima num ângulo de 90º. De acordo com a física quântica, há uma probabilidade desse cuspe assumir outra direção que não o seu rosto. Façam o teste e depois me digam qual das leis está valendo na SUA realidade.

Um documentário muito mais comprometido com a ciência e que possui uma linguagem bem moderna é o The Elegant Universe (O Universo Elegante), apresentado pelo físico Brian Greene (autor do livro homônimo). O primeiro episódio, O sonho de Einstein, trata exatamente das diferenças ao tentar explicar o mundo o micro e o macro.

#físicaquântica

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/f%C3%ADsica-qu%C3%A2ntica-n%C3%A3o-%C3%A9-muleta

Ordem sobre o Caos

O Rito Escocês Antigo e Aceito é, sem sombra de dúvidas, o sistema maçônico mais especulado e difundido no mundo, com forte hegemonia nos países latinos, em especial no Brasil. Por ter tido como seu maior expoente o erudito e controverso personagem Albert Pike, e como obra clássica seu Moral & Dogma, ambos citados na maioria das Teorias da Conspiração antimaçônicas, o Rito Escocês é, com certeza, a vitrine maçônica para o mundo não maçônico.

De caráter sincretista, tendendo a uma teologia natural, seu lema em latim é Ordo ab Chao, cuja tradução ao português deu origem ao título do novo livro de Kennyo Ismail, ORDEM SOBRE O CAOS, cuja proposta é de ser um tratado sobre história, funcionamento e ensinamentos dos 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, alicerçado nas principais obras nacionais e internacionais escritas sobre o tema nos últimos 200 anos, incluindo, é claro, Moral & Dogma.

A obra descreve a incrível e ainda nublada história do REAA, seu desenvolvimento até chegar ao Brasil, como é seu funcionamento no país e no mundo, e então decodifica grau por grau, do 1 ao 33, cada lenda, principais símbolos, filosofia, teologia, esoterismo e princípios éticos e morais contidos, revelando as ligações ocultas entre eles e os objetivos a serem inculcados em cada grupo de graus.

Pesquisador, professor e autor de obras como Desmistificando a Maçonaria (2012), O Líder Maçom (2014), Debatendo Tabus Maçônicos (2016), História da Maçonaria Brasileira para Adultos (2017), Um Clone para Deus (2017), e O Livro do Venerável Mestre (2018), Kennyo Ismail ainda foi o tradutor e comentarista do clássico Ahiman Rezon (2016) e o revisor técnico de Maçonaria para Leigos (2015).

Para esta obra, cuja proposta extrapola os limites gráficos muitas vezes impostos por editoras convencionais, Kennyo optou por uma produção independente, via No Esquadro, parceiro aqui do Teoria da Conspiração. Com liberdade para trabalhar de forma que sua obra ganhe a forma que merece, a No Esquadro firmou contrato com o talentoso ilustrador Felipe Bandeira, da Lápis Designer, que desenvolveu a arte final do pôster, que irá como encarte, e a da capa do livro.

O pôster é uma releitura nacional do lado esquerdo da escada da famosa ilustração de Everett Henry, chamada “A Estrutura da Maçonaria” e originalmente publicada na revista Life, em seu volume 41, número 15, no dia 8 de outubro de 1956. O artista utilizou os títulos dos graus e os paramentos oficiais conforme adotado no Brasil. A capa foi desenvolvida tomando por inspiração a clássica publicação de Moral & Dogma, de Albert Pike, e outras obras clássicas da Maçonaria que tinham por comum a capa dura em cor sólida e detalhes em dourado. ORDEM SOBRE O CAOS também terá capa dura, honrando essa antiga tradição, além de papel pólen em seu miolo, o que proporcionará conforto superior, tanto na leitura quanto no passar das páginas. Ainda, cada grau decodificado na obra é ilustrado com seus respectivos painéis, desenhados pelo mais famoso ilustrador maçônico brasileiro, João Guilherme da Cruz Ribeiro.

Em busca de financiamento coletivo, Kennyo Ismail espera contar com seu apoio para levantar o investimento necessário e transformar esse projeto inédito em realidade. Os custos com desenvolvimento, ilustrações e diagramação já foram suportados por ele, que ainda arcará com os fretes das recompensas. Assim, 100% do valor arrecadado será destinado às despesas com produção gráfica: livros, pôsteres, caixas e embalagens.

Para saber mais sobre a campanha e suas recompensas, acesse:

https://www.catarse.me/ordemsobreocaos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/ordem-sobre-o-caos

Quanto tempo demora?

A questão familiar “Então, quanto tempo demora para ver resultados?” É frequentemente ouvida em uma loja esotérica ou grupo, depois de explicar uma técnica esotérica para um recém-chegado à Arte. Ao perguntar “Quanto tempo leva?” O aluno revela várias coisas que são endêmicas do esoterismo moderno.

Falta de paciência: Relatórios trimestrais e Lucros Anuais

Muitas pessoas se aproximam do esoterismo como se estivessem olhando para um plano de negócios: o pensamento de curto prazo, retornos rápidos, o investimento mínimo, e de reforço usual através de ‘dividendos’ (fenômenos paranormais), parecem ser as áreas de foco. Esta falta de “investimento a longo prazo” opera pequenas mudanças em seus professores, companheiros de loja, e o mais importante eles próprios.

A verdadeira realidade é que crescimento interior leva tempo! Se leva um mínimo de 8 a 12 anos pra tornar-se um candidato a doutor em artes ou ciências, como nós podemos esperar algo menos para tornarmos proficientes na prática esotérica? (atenção q a palavra usada foi Proficiente, não expert, ou mestre, mas técnicamente capaz, com resultados confiáveis). Dolores Ashcroft-Nowicki, uma estudante do que mais tarde seria W.E. Butler, e co-fundadora dos Servants of Light (SOL), afirmou em uma intrevista que leva aproximadamente 10 anos para tornar-se hábil em técnicas mágicas. Jean Dubuis, fundador da sociedade alquímica Francesa – The Philosophers of Nature, frequentemente afirma que leva mais de 20 anos de práticas esotéricas sérias para desenvolver um dialogo de trabalho com um dos “Mestres Interiores”.

No Manual Rosacruz publicado pela Ordem Rosacruz (AMORC), há uma seção dedicada ao tema da Iluminação psíquica e a obtenção da Consciência Cósmica. No artigo, escrito pelo fundador da organização Harvey Spencer Lewis, tem vários pontos que valem a pena ressaltar:

O maior progresso é frequentemente feito por aqueles pouco concentrados nisso.

Desenvolvimento Psíquico é desigual, e frequentemente somente manifesta-se em momentos de grandes necessidades.

O período de tempo para a maestria não é importante.

“Olhando de forma genérica, os cinco ou seis anos para trazer o aluno mediano para o limiar da maestria, quando comparado com um de ciclo todo de encarnações, é como um ponto de caneta em uma linha de um kilometro de comprimento. Mas como nos podemos ampliar aquele ponto e perder a linha como um todo!”.

Sim, em 5 ou 6 anos é possível trazer um estudante para “o limiar da maestria”. Sim, o limiar, mas não além dele! Na Golden Dawn, os primeiros 3 anos e meio são gastos apenas praticando 1 ou 2 rituais. Os próximos anos envolvido na aprendizagem de técnicas base que muitas escolas já tem como garantido. Assim sendo, 5 ou 6 anos de estudos intensos e específicos são obrigatórios para aprender as técnicas necessárias para trazer uma pessoa para o eu interior no qual ela poderia realmente se tornar um Adeptus Minor(i.e. iniciação interior), e não somente na teoria.

Pouquíssimos estudantes progridem interiormente tão rapidamente, mas ao longo do caminho eles tem as experiências interiores que irão guia-los a partir daquele ponto, onde um dia, eles cruzarão o limiar da verdadeira maestria. Esta travessia pode ser nesta encarnação ou em outra. A relevância do tempo é importante somente para o ego, e não para a alma, se seu desejo é verdadeiramente inspirado pela alma, então o tempo não terá importância para você, e o domínio do trabalho você terá.

Se você busca crescimento, então sirva, e sirva anonimamente, por detrás do véu dos adeptos. Então você estará em boa compania, e a travessia não estará muito longe.

Todos os exercícios esotéricos são designados para reparar nossos veículos psíquicos do “dano” que eles levam enquanto encarnados. Desde que eles aceleram o processo de reparo, ou reintegração, na escala cósmica seus efeitos são praticamente instantâneos, é so o espaço-tempo da terra que faz aparecer longo ou curto, entretanto, algumas idéias que valem a pena manter em mente ao realizar os exercícios.

Jean Dubuis, e Dolores Ashcroft-Nowicki confirmaram para o autor que leva até 18 meses para um processo de trabalho interior esotérico. Além disso, exercícios voltados para o mundo lunar, a maioria dos quais, podem levar vários meses para integração, mas nossa experência diz que eles são mais poderosos se aliarmos ao ciclo lunar. Assim, podemos estar fazendo um ciclo lunar por vários meses, mas achar que é mais “efetivo” nos dias de maior força lunar do mês. Apesar de não estarmos sentindo –ativamente- , os efeitos são cumulativos, o poder é expresso mais facilmente durante a lua cheia.

Outros exercícios que visam Briah levam mais tempo ainda, assim como podem ser conseguidos “mais facilmente” em seus estágios iniciais pelos efeitos do ano solar. Assim, um mínimo de um ano inteiro pode ser necessário para que estes exercícios se estabeleçam em nossa psiquê. Como os exercícios “lunares”, uma vez no seu lugar, ou suas funções re-estabelecidas, não estamos mais dependentes de ciclos astrológicos para seu funcionamento, ela sempre estará disponível para nós.

Concentração: ou porque sistemas lixo falham

Concentração é uma das chaves fundamentais para o sucesso, visualização e meditação são outros 2. mas concentração não é apenas uma faculdade mental, é também uma atitude, uma aproximação para uma vida com o eu interior. Se gastarmos todo nosso tempo olhando para o “sistema certo” ou uma combinação de técnicas que nos darão a experiência que procuramos, então muito frequentemente nos não nos derrotamos. Escolha um sistema e um conjunto de práticas diárias e manda bala neles! Uma boa base básica sólida da mais resultados do que o mais complexo empreendimento mágico. Acumulando iniciações e técnicas de diversas fontes nos distancia do que realmente importa – a iniciação em nosso Coração, e a conversa com nosso Mestre Interior.

É melhor recitar “OM” todos os dias do resto de nossas vidas e nada mais, do que tecnicamente conhecer meia dúzia de sistemas mágicos e acabar com nada mais que uma indigestão psíquica. Mantenha simples e direto, como o voar de uma flecha, e então você alcançará seu alvo.

By Mark Stavish

Traduzido por Duende

#MagiaPrática

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/quanto-tempo-demora