Sanatório para Espíritos

Pra comemorar os 160 anos de “O Livro dos Espíritos”, posto um trecho do livro “Na próxima dimensão”, de Carlos A. Baccelli, que conta a história de Inácio Fereira, médico que, encarnado, cuidava de um sanatório em Uberaba e era ferrenho defensor da doutrina espírita. Ao desencarnar, continuou cuidando de um sanatório (do lado de lá), mas passou a ver as coisas com outros olhos:

– Mas – redargüiu o valoroso companheiro -, os espíritas haverão de se decepcionar; eu não sei a causa de, ao nos tornarmos espíritas, passarmos a achar que somos privilegiados… A Doutrina nos torna conscientes de nossas enfermidades, porém a tarefa da cura nos pertence, pois a simples condição de adepto do Espiritismo não isenta ninguém de suas provas…
– É, principalmente, do esforço de renovação… O espírita sincero é aquele que não recua diante das lutas que trava para ser melhor. Deus não cultiva preferencias… As orações dos fiéis de todas as crenças têm para Ele o mesmo valor; às vezes, quem ora aos pés de um santo de barro ora com maior fervor do que aquele que já libertou a fé de tantas formalidades…
– Como você mudou, Inácio! – brincou Odilon comigo. – Eu diria tratar-se de um espírito… Se eu não fizer esta ressalva, os nossos irmãos do mundo não acreditarão que eu esteja conversando com você, o ferrenho adversário da Igreja Católica…
– Ora, não exagere! Você sabe que eu apenas me defendia, ou melhor, procurava defender a Doutrina… Agora, no entanto, estou aqui, às voltas com a própria realidade…
– E com muito trabalho neste hospital, não é?
– Neste hospital onde, por incrível que pareça, a maioria dos pacientes é espírita… Eu preferiria lidar com um louco espírito do que com um espírita louco… Como somos, Odilon, vaidosos do nosso pequeno saber!
– Muitos médiuns internados aqui?
– O problema maior não são os médiuns que, na maioria das vezes, faliram por falta de discernimento; o problema maior são os dirigentes espíritas, aqueles que quiseram ter as rédeas do Movimento nas mãos e impunham os seus pontos de vista. Já os médiuns se assemelham aos pecadores do Evangelho, mas os dirigentes são os doutores da lei…
– Algum católico ou evangélico por aqui?
– Poucos. E são os que me dão menos trabalho… Conforme lhe disse, os espíritas é que estão mal arrumados: conversam comigo de igual para igual e, não raro, acabam invertendo de papel comigo, ou seja: tratam-me como se o doente fosse eu… Citam trechos de “O Livro dos Espíritos”, referem-se ao Espiritismo científico, fazem questão de demonstrar conhecimentos, no entanto já pude fazer entre eles curiosa constatação: quase todos foram espíritas teóricos; nunca arregaçaram as mangas numa atividade assistencial que, ao contrário, criticavam veladamente…
Conheci alguns deles, quando ainda no mundo – aparteou o devotado amigo. – Um aos quais eu me refiro chegou a combater com veemência o nosso trabalho de Sopa Fraterna na “Casa do Cinza”, em Uberaba; disse-me que o Espiritismo tinha que parar com aquilo, que nós estávamos desvirtuando tudo – o povo precisava de luz, não de pão…
– Por acaso – indaguei -, teria sido o R.?
– Ele mesmo, Inácio – respondeu. Sempre que me via no Mercado Municipal pedindo verduras e legumes para a nossa Sopa, eu tinha que ouvir um sermão… Coitado!… Nem sei se já desencarnou.
– Ele é um dos meus pacientes aqui, Odilon, e, por sinal, é um dos que mais reivindicam…
– O R., internado neste hospital?…
– E deveria dar graças a Deus, pois, a rigor, o seu lugar seria mais embaixo… Não sei como foi que conseguiu chegar até aqui.
Ele cuidava da mãe, que morava sozinha, e não deixava que nada lhe faltasse…
De fato, eu não sei o que seria dos filhos, se não fossem as mães – comentei, emocionado. – Não fosse por elas, as regiões trevosas estariam regurgitando…
– Mas, Odilon – falei, com a intenção de mudar de assunto. E o seu trabalho com os médiuns junto à Crosta, como é que tem se desenrolado?
– Estamos indo, Inácio. Como você não desconhece, os progressos são lentos – tão lentos, que, por vezes, nos parecem inexistentes, mas vamos caminhando. A turma não quer estudar e assumir a tarefa com disciplina. Muitos começam e quase todos desistem…
– Querem colher antes de semear, não é?
– E semear antes de preparar o terreno…
– Não é mesmo fácil perseverar, ainda mais no mundo de hoje, que mete medo em qualquer candidato à reencarnação…
– Porém não existe alternativa; se você deseja escalar a montanha, não adianta ficar rodeando-a, concorda?…
E nem esperar, indefinidamente, melhor tempo para fazê-lo… Creio, Odilon, que talvez este tenha sido o nosso mérito, se é que algum mérito tivemos: embora conscientes de nossas imperfeições e mazelas, ousávamos fazer o que era preciso.
– Os médiuns, Inácio, acham que mediunidade corre por conta dos espíritos; quase nenhum quer ser parceiro ou sócio e entrar com a parte que lhe compete… Fazem uma série de alegações, quase todas sofismas, para justificar a sua falta de empenho e melhor adequação da instrumentalidade.
– O velho “fantasma” da dúvida…
– Dúvida que, conforme sabemos, persistirá em cada um, até que seja definitivamente afastada pela sua lucidez espiritual; é a dúvida que desafia o homem a caminhar… A certeza é o ponto final de jornada empreendida.
– Se o Espiritismo pudesse contar com médiuns mais conscientes… – lamentei.
– Seria uma maravilha, mas estamos confiantes para o futuro… Tudo está certo. Será, por outro lado, que se tivéssemos sobre a Terra um número maior de medianeiros convictos e responsáveis, o excesso de luz, ao invés de lhes facilitar a visão da Verdade, não induziria os homens à cegueira? Sempre me intrigou o fato de Jesus ensinar por parábolas; por que o Mestre não falava claramente?… Quero crer que não era por falta de capacidade pedagógica ou por pobreza de vocabulário… Ele tencionava nos induzir à procura, exercitando a nossa capacidade interpretativa. A Humanidade não se redimirá coletivamente; a porta é estreita exatamente para conceder passagem a um de cada vez…
– Você, como sempre, tem razão, Odilon – concordei com a linha de raciocínio do companheiro. – É possível que Moisés, se tornasse a viver hoje sobre a Terra, viesse a reeditar a sua proibição dos homens se contactarem com os mortos; queremos mais, no entanto não estamos tão preparados assim…

#Espiritismo #espiritualismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/sanat%C3%B3rio-para-esp%C3%ADritos

Magnetismo: A Chave de uma imensidade de fenômenos

    Nelson Moraes

Na conclusão de O Livro dos Espíritos, capítulo I, Kardec afirma:

      “Quem, de magnetismo terrestre, apenas conhecesse o brinquedo dos patinhos imantados que, sob a ação do imã, se movimentam em todas as direções numa bacia com água, dificilmente poderia compreender que ali está o segredo do mecanismo do Universo e da marcha dos mundos”.

Essa afirmação de Kardec não se restringe apenas ao magnetismo consistente nos corpos celestes, mas se estende ao magnetismo nas suas mais variadas configurações e que está presente em todas partículas com as quais se constituem o micro e o macro Universo. É através desse fluido elétrico que os seres pensantes se atraem ou se repelem e se influenciam mutuamente segundo seus pensamentos, suas emoções e seus sentimentos.

Na pergunta 388, de O livro dos Espíritos, Kardec indaga:

 “Os encontros, que costumam dar-se, de algumas pessoas e que comumente se atribuem ao acaso, não serão efeito de uma certa relação de simpatia?”

E obteve a seguinte resposta:

“Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor”.

Esta resposta dos espíritos coloca o magnetismo como piloto dessa ciência. Quer dizer, está no comando dos acontecimentos e é ele que atua para que haja tal encontro. Ou seja, quando necessitamos compartilhar de uma convivência com alguém, nosso encontro se dará infalivelmente, pois seremos atraídos mutuamente por força de uma imantação magnética que liga os nossos destinos para uma convivência em comum.

Essa imantação é construída através das nossas ações praticadas durante nossas vidas sucessivas segundo as quais não só nos imantamos às pessoas, mas também aos acontecimentos que irão compor o roteiro das nossas provações e resgates enquanto encarnados neste mundo de expiação e prova.

É através do magnetismo cósmico ou fluido cosmico universal que nos imantamos e nos submetemos às leis naturais e divinas que nos impulsionam na direção das nossas necessidades evolutivas, situando-nos exatamente onde merecemos estar e com quem devemos estar segundo as leis de causa e efeito.

Em O Livro dos Espíritos, no capítulo da Intervenção dos Espíritos, os espíritos afirmam:

  “O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única*, revela a realidade das coisas e suas verdadeiras causas”.

Realmente, o estudo do Espiritismo sem uma compreensão maior do magnetismo fica incompleto, pois o Espiritismo nos revela a natureza espiritual do ser humano e nos esclarece sobre as leis naturais e divinas às quais todos os seres estão submetidos, e o magnetismo por sua vez nos revela o meio por onde essas leis se cumprem.

Assim como tudo se origina de uma transformação do fluido cosmico universal, o magnetismo ou fluido magnético também é uma modificação do fluido cosmico universal e não difere do fluido vital revelado pelos espíritos e que está presente em todos os corpos orgânicos.

No Capítulo intitulado Do Princípio Vital, de O Livro dos Espíritos, os espíritos fazem uma analogia interessante:

“Um aparelho elétrico, como todos os corpos da Natureza, contém eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos, porém, não se produzem senão quando o fluido elétrico é posto em atividade por uma causa especial. Poder-se-ia então dizer que o aparelho está vivo. Vindo a cessar a causa da atividade, cessa o fenômeno: o aparelho volta ao estado de inércia.”

“Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade causa a morte. A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por assim dizer saturados desse fluido, enquanto os outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de certo modo, superabundante. A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm. O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.”

O progresso no estudo do eletromagnetismo, ocorrido principalmente no século XIX, provocou uma mudança a respeito dos conceitos da Ciência sobre a energia.

Segundo as teorias quânticas, a troca de energia a distância se produz em conseqüência das ondas eletromagnéticas, que viajam no espaço à velocidade da luz. Tais ondas, constituídas por fótons, atuam sobre as partículas do meio e dos corpos.

Os apontamentos dos espíritos e o estudo da física quântica nos induzem a uma compreensão ampliada do que consiste o fluido cosmico universal e nos dá uma idéia da importância do magnetismo e da sua função no contexto das relações entre os mundos e entres os seres, o qual podemos defini-lo como o veiculo condutor dos pensamentos e da vontade do Criador e de todos os seres pensantes.

Na parte 2 cap. IX de O Livro dos Espíritos, os espíritos afirmam:

“…o fluido universal entrelaça todos os mundos, tornando-os solidários; veículo imenso da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o da transmissão do som.”

Se, segundo a ciência as ondas eletromagnéticas atuam sobre as partículas do meio e dos corpos e, considerando que hoje o pensamento é reconhecido como pulsos eletromagnéticos, torna-se clara a força incomensurável com que o pensamento atua sobre os corpos e partículas quando direcionado sob o impulso de uma vigorosa vontade ou desejo.

Ainda em O Livro dos Espíritos, pergunta 424.

“Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido?”

Resposta:

“Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos”.

Segundo Franz Anton Mesmer (1733-1815), médico austríaco, todo ser vivo seria dotado de um fluido magnético capaz de se transmitir a outros indivíduos, estabelecendo-se, assim, influências psicossomáticas recíprocas, inclusive com fins terapêuticos.

Considerando o magnetismo como condutor da vontade e dos pensamentos dos seres pensantes atuando incessantemente sobre as partículas e os corpos, sua ação pode ser benéfica ou maléfica dependendo da fonte que o irradia. Neste caso, a fonte geradora, ou seja, o ser pensante, pode ser comparado a uma usina de eletricidade e os seus pensamentos e sentimentos os transformadores que graduam e determinam sua potência e qualidade. Nada melhor para a comprovação dessa realidade do que os fatos observados e que são muito numerosos, registrando a ação magnética direcionada através dos pensamentos e dos sentimentos humanos.

Lembro-me quando eu contava apenas nove anos de idade e como sempre fazíamos, estava eu e minha mãe no portão de casa aguardando meu pai retornar do trabalho quando uma vizinha parou para conversar com minha mãe. Em determinado momento, ela voltou-se para a jardineira onde minha mãe cultivava suas plantas e, demonstrando uma certa indignação, afirmou:

– Dona Aurora! Que avenca linda! Por que a minha nunca ficou tão bonita?

Logo depois ela foi embora. Minha mãe, após alguns instantes, apontou para a avenca cujas folhas haviam se fechado como se estivessem murchando, e explicou-me:

– Viu meu filho, o que o pensamento de despeito e de inveja da nossa vizinha fez com a nossa plantinha? Guarde esta lição! Nunca use o seu pensamento para invejar ou odiar alguém. Da mesma forma que a planta se ressentiu do magnetismo negativo da nossa vizinha, as pessoas mais sensíveis também se ressentem e podem até adoecer. Mas, se você usar os seus pensamentos para ajudar, envolvendo-as com o seu amor, o teu magnetismo poderá até curá-las das suas enfermidades.

Dizendo isso, voltou-se para a planta e impôs suas mãos sobre ela e orou. Antes que o meu pai retornasse do trabalho, a avenca já havia se recuperado. Minha mãe passou-me esta lição com conhecimento de causa, pois durante toda sua vida aliviou e curou muita gente impondo suas mãos revestidas da generosidade e do amor que nos ensina o Espiritismo Cristão.

A avenca é uma das plantas mais sensíveis, por isso logo se ressentiu da carga magnética negativa que enfraqueceu o fluido vital que lhe garantia a vida. O mesmo ocorre com os animais, cujo efeito demora um pouco mais para se manifestar, mas se não socorrido este acabará morrendo.

No ano de 1970, eu morava em uma casa com um quintal muito grande, como eu gosto de animais, passei a criar algumas galinhas, um casal de gansos e um peru. Certo dia eu estava muito feliz, pois a gansa havia chocado seus ovos trazendo à vida seis filhotes. Uma conhecida nossa, dona do armazém onde realizávamos nossas compras, ficou sabendo e quis ver os gansos, pois, segundo ela, eles não procriavam facilmente no cativeiro. Certo dia ela apareceu em casa e logo ao entrar no quintal demonstrou ser uma apaixonada pela criação de gansos e revelou-me que possuía três casais que nunca haviam procriado. Percebi no seu olhar e semblante uma certa indignação. Ficou algum tempo olhando para os gansos admirando-os e elogiando a beleza de todas as aves do meu quintal, logo depois se despediu e partiu.

No dia seguinte da sua visita, as galinhas não desceram do poleiro para se alimentarem e ali ficaram defecando fezes líquidas até que acabaram morrendo. No terceiro dia foi o galo que, à semelhança das galinhas, permaneceu no poleiro até a morte. No quarto dia morreu os gansos, entretanto, o peru continuou vivo, mas apresentava sinais de que também morreria, pos já não descia do poleiro e não se alimentava. Foi quando conversando com minha mãe chegamos à conclusão de aquela mulher poderia estar por trás daquelas mortes, pois nenhum remédio veterinário conseguira curá-los. Foi então que resolvemos tentar salvar o peru magnetizando-o. Qual não foi a nossa surpresa quando depois de algumas horas após atuarmos sobre ele, apresentava uma visível revitalização recuperando-se completamente ao final do dia.

A ação magnética negativa emitida pela mulher enfraqueceu o fluido vital dos animais, levando-os à morte em uma sinistra seqüência: primeiramente morreu os mais fracos, no caso as galinhas, depois o galo, mais tarde os gansos, porém, o peru, por apresentar uma constituição física mais forte, conseguiu resistir mais tempo até que pudéssemos socorrê-lo.

A ação magnética que direcionamos sobre o peru, operou no sentido inverso e repôs o fluido vital enfraquecido pelo magnetismo maléfico da mulher.

Quando observamos os relatos acima onde ambas as mulheres com um simples olhar alteraram as condições físicas da planta e dos animais, fica claro para nós que a ação magnética não depende de gestos manuais e nem de técnicas. O magnetismo não é captado, é próprio do indivíduo. A simples presença de uma pessoa dotada de bons sentimentos pode causar uma influência magnética benéfica nas pessoas a sua volta, da mesma forma que uma pessoa dotada de maus sentimentos pode causar uma influência maléfica.

O espírito reencarnado através do magnetismo que irradia a sua volta revela sua índole e grava o seu perfil mental nos seus objetos de uso pessoal e no ambiente onde vive, impregnando-os com o seu psiquismo.

Certa vez, quando eu administrava a construção de um prédio industrial na capital do estado de São Paulo, ocorreu um fato que ilustra bem esse fenômeno de impregnação psíquica magnética nos objetos de uso pessoal. Um dos meus funcionários, o encarregado da obra, foi acometido de um mal estranho. Todo dia chegava bem no canteiro da obra, mas assim que começava a trabalhar passava a sofrer de cólicas intestinais violentas sendo obrigado a retornar para casa, porém, assim que deixava a obra, sentia-se muito bem. Isso se repetiu durantes três dias. No quarto dia conversávamos enquanto ele se trocava no barraco da obra e observando-o, fui intuído de que o problema estava na roupa que usava para trabalhar, então perguntei a ele a origem da roupa e ele afirmou que a calça e a cinta que ele usava ganhara de uma vizinha e que era a roupa do seu marido que há pouco tempo havia desencarnado de câncer intestinal. Diante dessa afirmação, a qual confirmava a minha intuição, eu atuei com o meu magnetismo sobre as calças e a cinta. A partir daquele dia não mais sentiu as cólicas que o importunavam.

É evidente que a calça e a cinta do recém-desencarnado ainda se mantinham impregnadas do seu psiquismo de dor e de sofrimento que havia precedido à sua passagem para o mundo dos espíritos, cuja atuação magnética alterava a estabilidade das moléculas situadas na região gástrico intestinal do meu funcionário provocando dores semelhantes as que havia sofrido.

Aqui fizemos um pálido estudo sobre o magnetismo, pois seria impossível em um espaço diminuto de uma matéria se aprofundar mais num assunto tão empolgante e esclarecedor, porém, tenho a certeza que foi o suficiente para compreendermos a profunda visão de Kardec quando afirmou que ninguém imagina que no brinquedo dos patinhos imantados está o segredo do mecanismo do Universo e da marcha dos mundos.

Matéria publicada na Revista Internacional de Espiritismo 07/LXXXI

Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/magnetismo-a-chave-de-uma-imensidade-de-fenomenos/

Lúcifer, o Portador da Luz

Lúcifer é uma palavra latina que significa “portador da luz” (Vem do latim, lux, lucis = luz; ferre = carregar) cuja correspondente em grego é “phosphoros”, significa “o portador do archote” ou “o portador da luz”, sendo ele mesmo, como indica o seu nome, aquele que traz a luz onde ela se faz necessária.

Além disso, Lúcifer foi um nome dado pelos latinos ao planeta Vênus. (Nesta acepção leva inicial maiúscula.) Todos sabem que Vênus, por sua proximidade ao sol, “aparece” quando este se encontra ao horizonte, durante os crepúsculos, seja esse matutino ou vespertino. Dai ele ser conhecido como a estrela da manhã, e também a estrela vespertina. Durante o amanhecer, a “estrela” Vênus aparece ao horizonte antes do “nascimento” do sol. Na observação dos antigos, é como se fizesse o papel de arauto do sol, puxando o astro rei de seu sono nas regiões abissais. Ele, nas manhãs, anunciava a chegada do sol, como se o carregasse. No entardecer, Vênus “empurrava” o Sol de volta para as regiões obscuras. Dai se dizer que Vênus ou Lúcifer, estrela da manhã “porta” o archote, ou, o sol… Esta é a razão pela qual um dos primeiros papas foi chamado de Lúcifer, como provam Yonge e registros eclesiásticos. (O termo “Lúcifer” não aparece no Novo Testamento como nome de demônio).

Em Apocalipse 22:16 está escrito: “Eu, Jesus, … Eu sou a raiz e o descendente de Davi, sou a estrela radiosa da manha.” — Isso abre uma discussão interessante pois se o próprio Jesus se auto denominou a estrela radiosa da manhã, que também é Lúcifer, este nome não deveria ter sido associado ao mal de forma alguma! — Houve também um Bispo chamado Lúcifer, de Cagliari, na Sicília, de 370 a 371, que montou uma doutrina contrária a todo e qualquer contato com os idólatras.

Posteriormente, para combater e substituir a versão aceita corrente dos Livros de Enoch para a “quedados anjos”, Tomás de Aquino entre outros, criaram uma segunda versão, tomando a decisão infeliz de transformar a palavra num epíteto do demônio. Helena Blavatsk, escreveu uma crítica na introdução da revista “Lúcifer” [Vol. I, No 1, Setembro, 1887] informando que “foi Gregório Magno quem aplicou pela primeira vez a seguinte passagem de Isaías, ‘Como caíste do céu, ó Lúcifer, filho da manhã’, etc. à Satã e, desde então, a ousada metáfora do profeta, que se referia, afinal, a um rei assírio inimigo dos israelitas, tem sido aplicada ao Diabo”. Já outros atribuem essa tradição como tendo se originado com uma interpretação — bastante forçosa — de Orígenes de algumas passagens Bíblicas.

Falando a respeito do poder dado aos discípulos, para lutarem contra o poder do Inimigo, Cristo disse: “Eu vi Satanás cair do céu como um relâmpago!” (Lucas 10, 18). No Apocalipse 9, uma estrela cai do céu sobre a Terra e se transforma em Apollyon, o anjo do poço do abismo. Obviamente, ambos se referiam metaforicamente a humanos usando uma analogia de passagens da condenação dos anjos, liderados por Semjazah, em Enoch. Entretanto, estas palavras foram interpretadas por Orígenes, e depois pelos Padres da Igreja, como referências a um capítulo do Livro de Isaías no qual Yaveh protege seu povo destruindo o orgulho de seu inimigo. (O nome de “Estrela d’alva”, ou Lúcifer, foi interpretado por Orígines como sendo o nome de Satanás antes de sua queda do Paraíso. Segundo ele, Lúcifer e seus anjos caíram por sua própria escolha. Seu motivo teria sido o orgulho, representado pela tentativa de se equipararem a Deus. Desejavam colocar sua própria vontade no lugar da vontade de Deus. E isto era considerado como a base do pecado em todos os níveis. Aos poucos, estas idéias começaram a se transformar na base dos ensinamentos tradicionais sobre o Diabo). Trata-se de uma interpretação errônea do seguinte trecho de Isaías que fala da “morte do rei da Babilônia” Nabucodonosor (Nebukadneççar em hebraico), que recebeu a maldição suprema da privação da sepultura:

“Como caíste do céu, ó estrela dálva, filho da aurora!
Como foste atirado à terra, vencedor da nações!
E, no entanto, dizias no teu coração:
‘Hei de subir até o céu, acima das estrelas de Deus colocarei o meu trono, estabelecer-me-ei na montanha da Assembléia, nos confins do norte.
Subirei acima das nuvens, tornar-me-ei semelhante ao Altíssimo.’
E, contudo foste precipitado ao Xeol, nas profundezas do abismo”.
Os que te vêem fitam os olhos em ti, e te observam com toda atenção, perguntando:
“Porventura é este o homem que fazia tremer a terra, que abalava reinos?”

(Isaías 14, 12-15)

Segundo estudiosos da Bíblia, a expressão usada no texto “ó estrela d’alva, filho da aurora!” parece inspirar-se num modelo fenício. Em todo caso, eles apresentaram vários pontos de contato com os poemas de Râs-Shamra: a estrela d’alva e a aurora são duas figuras divinas; a montanha da assembléia é aquela em que os deuses se reuniam, como no Olimpo dos gregos. Posteriormente, os padres interpretaram a queda da estrela d’alva (Vulg., “Lúcifer”) como a do príncipe dos demônios.

Daí em diante a história se arrastou acumulando erro após erro. Como já era de se esperar, não seria tão simples sepultar Enoch. Muitos aceitaram a nova versão da “queda dos anjos” mas não esqueceram a antiga e, logo, as interações culturais cuidaram de unir ambas. Relações sexuais de anjos com humanos saíram de um passado longínquo de Enoch e passaram para o “tempo presente”. Falava-se de Íncubos e Succubos; Então, como o novo objetivo do lado negro seria tomar o trono de Deus, nada mais prático do que criar um novo messias. Assim, já nos primeiros tempos da cristandade, a profetiza Sibila Tiburtina, previa a chegada do Anticristo — que seria de origem judia. Entretanto, Santa Hildegarda foi a primeira a dizer que ele seria filho de “um demônio disfarçado de anjo de luz”. Diz ela:

“O filho de perdição que reinará pouco tempo, virá ao anoitecer da duração do mundo, no tempo correspondente a esse momento em que o sol desapareceu já no horizonte, isto é, que virá nos últimos dias. Armai-vos com tempo, e preparai-vos para o mais terrível de todos os combates. Após haver passado uma juventude libertina no meio de homens muito perversos e num deserto onde haverá sido conduzido por um demônio disfarçado de anjo de luz, a mãe do filho de perdição o conceberá e o alumiará sem conhecer seu pai. O filho de perdição é essa besta muito malvada’, que fará morrer os que recusam crer nele…

Quando o filho de perdição tiver levado a cabo todos os seus propósitos, reunirá todos os crentes e lhes dirá que quer subir ao céu. No momento dessa ascensão, um raio lhe ferirá, matando-o. Por outro lado, a montanha na qual se terá estabelecido para proceder à sua ascensão, será coberta no mesmo instante por uma nuvem que propagará um cheiro de podre horrível e infernal.”

Ainda no século V, Dante Alighieri apresentava o quadro mais falso, famoso e hediondo que o mundo já conheceu:

“O imperador do reino doloroso erguia o peito para fora da geleira. Eu, com minha estatura, mais próximo estou de um gigante do que um gigante comparado com o braço, apenas, de Lúcifer. Imagina pois, leitor, quão grande será Lúcifer, se calculado pelo tamanho de seus braços. Se um dia foi belo, quanto é hoje horrendo; se contra seu Criador alçou a fronte, bem entendo seja ele a fonte única do mal que o mundo inteiro chora.

Nem sei como diga a estupefação que em mim causou o haver-me aparecido de três faces era sua cabeça. Era vermelha (a indicar o ódio que o move) a face que eu via de frente; as outras duas repousam, cada uma, sobre largo ombro, mas lá em cima, no alto crânio, formavam três um só conjunto. A face da direita estava entre o branco e o amarelo; a da esquerda lembrava a cor que amorena a gente nascida e afeita à terra onde o Nilo tem seu curso. Sob cada face, duas asas vastas quando convém a um ser de modo volátil e mau.

Velas tão grandes não vi jamais em nau de alto mar. Não tinham penas, e mais lembravam aquelas asas próprias dos morcegos. Continuamente agitadas, produziam os três ventos gélidos / que mantém o Cócito enregelado. Pelos seis olhos, chorava; por três peitos escorriam suas lágrimas, pranto feito de sangue e espuma. Em cada boca triturava um pecador, qual moinho a esmagar o grão. Ao condenado que na boca fronteira a mim atormentava, acrescentava-se um outro sofrimento, pois com as garras, em fúria constante, Lúcifer por inteiro lhe arrancava a pele.”

(ALIGHIERI, Dante. A divina comédia. S. Paulo: Cultrix, 1965, p. 121, vv. 28-60)

Inúmeros inquisidores, artistas, etc. propagaram pelos séculos esta desmerecida “má fama”, juntando horrores após horrores num “efeito bola de neve”, que aglomerava e crescia com todo tipo de disparates, frutos do medo dos condenados e da demência humana. Provavelmente, dos autores mais recentes, o que mais influenciou a imaginação humana foi Milton, com sua cultuada obra “O Paraíso Perdido”:

“Fere-lhes com tais modos os ouvidos:
Dominações, virtudes, principados,
Tronos, poderes, se são vossos inda
Estes imensos títulos pomposos,
Se acaso inda não são nomes inúteis:

Há quem, por um tirânico decreto,
Todo o poder a si vem arrogar-se
Fazendo dele horrível monopólio,
E, sob o nome de monarca ungido,
Eclipsa nossa glória e privilégios.

Toda esta marcha rápida, noturna,
Esta convocação acelerada,
Promove-as ele, a fim de vermos como,
Com que pompas nos cumpra recebê-lo
Quando vier extorquir de nós – escravos !-
Tributo genuflexo agora imposto,
Vil prostração, que feita ante um já cansa,
Que feita a dois se torna insuportável!

E não pode outro arbítrio mais sisudo
Dar-nos mais elevados pensamentos,
Que a sacudir tal jugo nos ensinem?
Curvareis vosso colo majestoso ?
Súplice joelho dobrareis humildes ?
Decerto o não fareis, se não me engano,

Que vosso jus por vós é conhecido:
Bem sabeis que no Céu nascidos fostes,
No Céu antes de vós nunca habitado;
E, se ente vós não sois iguais de todo,
Iguais contudo sois na liberdade:
As várias gradações, as jerarquias
Da liberdade os forros não estragam,
Antes maior firmeza lhes transmitem.

Quer dentre iguais na liberdade pode
Por direito ou razão alçar um cetro
Sobre consórcios seus, posto mostraram
Menor poder em si, menos fulgores?

Não temos leis e nem por isso erramos;
E quem tais leis impor-nos pode ou deve ?
Ninguém pois pode ser monarca nosso,
Nem de nós exigir tão vil tributo
Em desprezo dos títulos excelsos,
Que atestam destinada nossa essência
Para ser dominante e não escrava.”

(MILTON, John. O paraíso perdido. Trad. de Antônio José de Lima Leitão. S. Paulo: Logos, p. 261-2)

O mal esta feito, o erro divulgado. “É o falso Lúcifer da legenda heterodoxa; é este anjo altivo para julgar-se Deus, bastante corajoso para comprar a independência a custo de uma eternidade de suplícios, bastante belo para ter podido adornar-se em plena luz divina; bastante forte para reinar ainda nas trevas e na dor e para construir um trono com sua inextinguível fogueira.”

(LÉVI, Éliphas, História da Magia, S. Paulo, Pensamento, p. 29).

 

por Shirlei Massapust

Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/lucifer-o-portador-da-luz/

Livre Arbítrio

Jean Dubuis

Existe ou não livre arbítrio para os humanos?

A resposta depende do ponto de Evolução do indivíduo. Como qualquer coisa resultante da incorporação da Eternidade e do espaço-tempo, a questão do livre-arbítrio na Evolução é uma questão difícil de explicar. No entanto, como é uma chave principal, tentaremos entender como ela funciona.

Tudo na Natureza passa primeiro por uma fase de involução e depois por uma fase de evolução. Na origem, o homem é um ser eterno em potencial, mas pode, de repente, partir do ponto-semente primordial para o Ser realizado do fim dos tempos. Essa mudança ocorre em etapas. O homem necessariamente desce a mundos mais densos até chegar ao nosso: é a fase de involução. Quando as estruturas apropriadas estiverem preparadas, o homem pode iniciar a viagem de retorno. Esta é a fase evolutiva, o caminho da reintegração. Esta viagem, em ambas as direções, é realizada em dez passos que correspondem a dez níveis de consciência no homem, os dez níveis de energia da Criação.

O Homem Verdadeiro é, portanto, de Essência Eterna (Energia Primal). Essa Essência, como tudo que vem do Universo, passa por uma série de preparativos no tempo. Portanto, o Ser de Essência Eterna eleva-se gradativamente até sua realização através do tempo, parte ativa da Eternidade. Esta preparação é realizada em três ciclos:

  • Involução-evolução mineral,
  • Involução-evolução da planta,
  • Involução-evolução animal.

Então o foco da Energia Primordial, o ponto-semente do Ser atinge a autoconsciência, o primeiro passo decisivo para a Realização. A diferença essencial que causará a involução e a evolução é que o homem onisciente mas passivo do começo se torna o homem onisciente ativo do retorno, ou seja, livre.

Na Essência Eterna, o determinismo não existe. Não pode existir porque o elemento tempo ainda não se manifestou. Ele se manifestará em 3-4 (veja o diagrama acima). Na Criação há duas áreas: a do infinito, a da Eternidade; e a do Espaço-tempo do mundo finito e determinado. É neste último que o homem adquirirá a liberdade.

A Primeira Energia, quando brota, envolve três estágios:

  • Emanação no manifesto,
  • Diferenciação que cria dualidade em energia,
  • Condensação ou coagulação da energia em matéria.

Essa diferenciação de energia, ao criar dualidade, separa as polaridades passiva e ativa do homem andrógino.

Concomitantemente ocorre a diferenciação do espaço-tempo. Aparece então uma possibilidade de ação, ou iniciativa, de que o ser ativo seja capaz de agir sobre o passivo. O livre arbítrio pode começar a se manifestar.

Durante a descida (ou involução), essa dualidade vai aumentando, e com ela a possibilidade de aumentar a ação. Mas, ao mesmo tempo, o esquecimento abrange a onisciência da Origem e o determinismo aumenta sua aderência. Vamos esclarecer esse fenômeno.

A parte eterna do homem, livre em sua essência, não pode atuar em seu mundo de eternidade por falta de espaço-tempo. Seu domínio das leis da Natureza só pode ser expresso através do vínculo com a parte encarnada do homem. À medida que o ser progride para mundos cada vez mais densos, o ser é cada vez mais forçado a agir sob a pressão de forças mecânicas determinísticas da matéria. Assim, o vínculo entre o ser Eterno e o eu na Terra se estica e enfraquece. O livre arbítrio do homem depende da qualidade da conexão entre seu ser Eterno e seu ser na Terra.

No nível mais baixo, o nosso (nível 10), as leis dos vários planos limitam o campo de ação do homem, e ele não pode mudar isso antes do início de sua ascensão ao seu estado original. Dentro da área do “mundo finito”, o homem é livre, ou seja, livre dentro desse quadro finito. Ele pode, portanto, aprender a ser ativo, a empreender.

Ele também pode se recusar a agir e ignorar momentaneamente a “Pressão Cósmica” que o leva a se tornar. Neste caso, se ele estiver muito atrasado em seu Caminho, o vínculo com a eternidade enfraquecerá ainda mais com sua recusa em estar atento ao que lhe convém. Essa escuta, é verdade, ainda é muito baixa ou inaudível. Assim, o determinismo o obrigará a retomar sua Rota, geralmente de maneira desconfortável.

De fato, o livre-arbítrio para o homem é estar atento às Leis da Natureza e aplicá-las para aumentar seu escopo de ação. Podemos ordenar a Natureza apenas pelo uso de suas leis.

A boa vontade, ou a abordagem inteligente de ir na direção da “Pressão Cósmica” aumentará o livre arbítrio do homem e ao mesmo tempo permitirá que ele retorne (evolução).

Quando a jornada de Retorno estiver completa, o homem recuperará a onisciência original e terá forjado dentro de si a capacidade de usá-la em ciclos contínuos de Criação.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/livre-arbitrio/

A Verdade Oculta protege a si mesma

“As características da obscuridade são a ignorância, a preguiça, a inércia, a letargia, a insensatez e a escravidão às ilusões dos sentidos. Aquele que é subjugado pela obscuridade mental é um cego que jamais contemplará a Luz do Espírito.”

Por Roberto Lucíola

Uma pessoa pode ser bem dotada de inteligência, ser portadora de vasta cultura intelectual e até estar bem informada a respeito das coisas esotéricas, mas jamais será um sábio na pura extensão da palavra, por ainda está envolvida na obscuridade da personalidade, portanto, sujeita a ser vítima da ilusão de Maya. Por isso, encontrará dificuldades para entender as subtilezas do Conhecimento Sagrado porque o mesmo tem o seu apoio e origem na própria Mónada, pelo que só uma Mente bafejada pela Luz de Budhi pode penetrar nos Grandes Arcanos da Sabedoria Eterna. Não basta pesquisar sem experimentar em si mesmo a realidade do Saber Oculto. Aí reside o poder mágico do Conhecimento Hermético, que difere muitíssimo do conhecimento mundano que não exige do pesquisador nenhum compromisso com a Verdade.

A Sabedoria Iniciática das Idades exige uma interação entre o que se aprende e o comportamento moral e intelectual do modo de vida do estudioso. Se não houver esse compromisso, jamais se conseguirá penetrar os meandros iniciáticos do Saber Oculto. Infinitamente menos quando o estudo tem apenas carácter de diletantismo ou de passatempo sem nenhum compromisso com a sua vivência, servindo apenas como meio de afirmação de vaidades próprias de desajustados psicomentais do género “sei tudo porque tenho tudo”. Mas a Verdade Oculta protege-se por si mesma dos curiosos e egoístas. A bondade e o amor, pela sua pureza e o alto padrão vibratório, podem facilitar até certo ponto a aquisição do Saber Arcano.

As pessoas de carácter dominador assinalam com isso que estão envolvidas na obscuridade da personalidade, e não dominando a si mesmas procuram dominar os outros. Porém e incluindo a sua eventual cultura livresca onde incontáveis teorias desencontradas vagueiam no campo árido da mente com mais ou menos misticismo desapurado ou gosto pelas “coisas fantásticas e insólitas”, revelam com tudo isso a sua natureza débil ainda muito longe de estar integrada aos reais valores do Espírito. Segundo Shankaracharya, as características da obscuridade são a ignorância, a preguiça, a inércia, a letargia, a insensatez e a escravidão às ilusões dos sentidos. Aquele que é subjugado pela obscuridade mental é um cego que jamais contemplará a Luz do Espírito.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-verdade-oculta-protege-a-si-mesma

Homem, Sansara e o Princípio Diretor

Paulo Jacobina

O Homem é um dos estados transitórios no qual o Eu se manifesta e, como tudo o que existe e o que não existe, é composto por infinitos Eus, cada um em um estágio distinto da Consciência e responsável por reger um ponto específico da constituição do Homem.

No núcleo do Homem existe um Eu Central, que é o responsável por reger a orquestra de Eus que compõe o Homem, aplicando o Amor para que toda a estrutura se mantenha coesa. Ao seu redor, infinitos Eus se encontram, alguns em estágios mais sutis da Consciência, compondo os estágios do Psiquismo Diretor que atuam sobre o Homem; além de outros em estágios menos sutis em comparação ao Eu Central, compondo os elementos básicos que constituem o Homem. A esse conjunto de Eus centrados em um Eu Central dá-se o nome de Persona.

Em cada Persona, infinitos Eus com seus Livres-Arbítrios atuam vivenciado as situações necessárias para o deslocamento por ressonância na Consciência, fazendo uso do Amor e do Ódio. Na condição de núcleo do Homem, um dos estágios do Psiquismo Diretor, o Eu Central deve se conectar aos Eus mais sutis para receber a orientação necessária à sua transformação, bem como orientar os menos sutis, seguindo a Escada de Jacó e estabelecendo a harmonia necessária para a sutilização, para percorrer o Dharma.

RODA DE SAMSARA

Tal qual ocorre com o Planeta, a Existência e a tudo o que existe e o que não existe, todos os Eus que integram o Homem também têm os seus ciclos de sístoles e diástoles, inclusive o Eu Central. E, tal qual ocorre em todos os estágios de Consciência, o Eu Central inicia o seu ciclo no ponto de maior Vitalidade e, consequentemente, de maior estado de sutilização.

Quando atinge o seu ponto de menor fluxo de vitalidade, no ápice da sístole, o Eu Central do Homem perde a capacidade de manter coesa toda a estrutura que dá forma ao Homem, e aqueles Eus que compunham os elementos básicos da constituição do Homem são redistribuídos pelo sistema em que se encontram, de acordo com o seu estado de Consciência.

Iniciando o período de diástole, o Eu Central começa a receber mais Vitalidade, e, por isso, aumenta a sua capacidade de atrair novos Eus elementares, dando forma a outro organismo, a outra Persona. Quando essa Persona se encontra inteiramente formada no ponto de maior fluxo de Vitalidade, de maior sutileza possível para este organismo, no ápice da diástole, tem início o período de sístole.

Durante o período de sístole, em decorrência da mudança do fluxo de Vitalidade, a Persona se torna menos sutil e, por isso, começa a transitar entre Mundos Existenciais, passando a experimentar as situações desses Mundos, compatíveis aos Corpos Existenciais de que principalmente faz uso. A esse processo, que acompanha o período de sístole, costuma-se dar o nome de Encarne e, em contrapartida, ao período de diástole, dá-se o nome de Desencarne.

A Persona que durante o período de sístole ou Encarne manifesta-se, sobretudo, fazendo uso de um Corpo Físico, e durante o período de diástole ou Desencarne, sobretudo fazendo uso de um Corpo Energético.

Tanto o Encarne ou sístole, quanto o Desencarne ou diástole, são períodos nos quais a Persona manifesta-se simultaneamente em dois Corpos Existenciais com estados de sutileza próximos, como o Corpo Físico e o Corpo Energético, e por consequência, coexiste em dois Mundos Existenciais, como o Mundo Físico e o Mundo Energético[1].

No início do período de sístole ou Encarne, o Corpo Existencial mais sutil se encontra em zênite e o menos sutil em nadir. Durante esse período, o mais sutil entra em ocaso, ao passo que o menos sutil inicia a sua aurora.

E no início do período de diástole ou Desencarne, o Corpo Existencial menos sutil se encontra em zênite e o mais sutil em nadir. Durante esse período, o menos sutil entra em ocaso à medida que o mais sutil inicia a sua aurora, como duas ondas sobrepostas e que possuem a mesma frequência e amplitude, mas em oposição de fase.

PSIQUISMO DIRETOR

O Psiquismo Diretor é um dos atributos dos elementos que constituem o Grande Plano Atman, sendo responsável pelos infinitos padrões adotados por tudo o que existe e o que não existe, seja no Grande Plano Mental, seja no Grande Plano Físico, e que visam, tão somente, promover a integralidade da manifestação.

Para experimentar o Mundo de Existência, cada Eu, ilusoriamente, é submetido à atuação de elementos integrantes dos Grandes Planos de Existência, de acordo com o estado de Consciência no qual se encontra. Ao ser submetido ilusoriamente aos elementos do Grande Plano Atman, o Eu passa a adotar características desse plano existencial, à medida que se encontra mais identificado com cada Mundo Existencial.

O Eu mais próximo ao Eu Inferior gera um padrão mais simples, enquanto o Eu mais próximo ao Eu Superior dá origem a um padrão mais complexo, e tudo que se manifesta no Grande Plano Físico e no Grande Plano Mental decorre de uma amálgama dos padrões originados no Grande Plano Atman.

Essas amálgamas que se manifestam no Grande Plano Físico seguem parcialmente a classificação taxonômica[2], sendo que cada Clado[3] tem origem em um Eu.

Apenas para ilustrar, a manifestação de uma Persona só é possível em virtude da atuação de elementos do Grande Plano Atman no Eu Central, que estabelece o padrão daquela Persona. São infinitos os Eus em estados mais próximos do Eu Inferior que do Eu Central, os responsáveis pelos padrões mais simples que compõem aquela Persona, como, por exemplo, a habilidade de andar, respirar, sentir etc.

Do mesmo modo, são infinitos os Eus em estados mais próximos ao Eu Superior que do Eu Central, responsáveis por padrões mais complexos, como, por exemplo, a forma humana, as características físicas típicas de um povo, os padrões culturais, a compreensão do Todo, a manifestação no Planeta, a correlação com o Sistema Planetário etc.

[1] Em que pese a utilização do termo Mundo Energético, como ocorre com o Absoluto e com tudo o que existe e o que não existe, o nome em si não é relevante e, por isso, o Mundo Energético também, como acontece em algumas culturas, pode receber o nome de Umbra ou Umbral, Mundo Espiritual, Submundo, Salão das Duas Verdades, o Mundo das Sombras, Mundo dos Mortos, a Sombra Aveludada, Mundo Inferior etc.

[2] Modelo de classificação científica adotado pela biologia para agrupar espécies de seres de acordo com as suas características morfológicas, mas que deixa de englobar a vida que se manifesta no reino mineral, por exemplo.

[3] Clado ou ramo é o nome dado cientificamente a um grupo de organismos originados de um único e exclusivo ancestral comum.


Paulo Jacobina mantêm o canal Pedra de Afiar, voltado a filosofia e espiritualidade de uma forma prática e universalis

Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/homem-sansara-e-o-principio-diretor/

As lições do carma

Existem várias interpretações para o significado de carma, de acordo com as doutrinas hinduísta, budista, jainista, e posteriormente do espiritismo (que o chama, em realidade, de “lei da causa e efeito”), da teosofia e do movimento new age. A essência do termo pode ser associada a lei física que diz que “para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário”. A analogia, no entanto, deve ser feita com cautela: primeiro porque o carma não é uma lei científica que possa ser medida em laboratório (embora seja uma lei natural); segundo porque a “reação a ação” geralmente não se dá imediatamente, como em reações físicas, e pode até mesmo levar anos, ou vidas.

Há uma forma superficial e outra profunda de interpretarmos o carma. Imaginemos um exemplo: um inquisidor acusa e mata inúmeros inocentes nas fogueiras durante a época negra medieval, numa outra vida, ele precisará “resolver seu carma”… Na visão superficial, entende-se que ele deva morrer queimado na nova vida, exatamente como suas vítimas. Na visão profunda, entende-se que ele possa também optar, por exemplo, por ser um médico de instituições que auxiliam em zonas de guerra, tratando das queimaduras daqueles que foram vítimas da ignorância dos homens. Existe a via da dor, e a do amor, mas nem sempre estamos aptos a cumprir nossas promessas de caridade – nem sempre o futuro médico se torna, efetivamente, um médico de almas.

É importante, portanto, compreender que o carma não é um sistema de crédito e débito, de “aqui se faz aqui se paga”. Seu mecanismo não atua para “punir os maus” com uma dose de seu próprio veneno. Na realidade, se trata de um remédio, às vezes de gosto amargo, mas que visa sempre impelir aos seres da ignorância para a sabedoria, dos instintos animais para a consciência abrangente, da terra para os espaços cósmicos adiante.

Tendo essa compreensão em mente, acredito que ela possa nos trazer algumas lições:

Adeus inveja

Para quem realmente crê no carma, a inveja não faz sentido. Ora, se tudo o que somos, tudo o que temos, é resultado direto do que fizemos com o tempo que nos foi dado, com as escolhas que nos coube a decisão, então invejar o que os outros têm ou são é tão somente uma forma de ignorância persistente.

Afinal, se tudo o que somos e temos é resultado de nossa própria caminhada, jamais poderemos conseguir alguma coisa apenas porque “desejamos”, porque invejamos de outro alguém… O que parece ser mais sábio é usar os outros como modelo, como incentivo, como a meta a ser alcançada. Não exatamente o que os outros têm, pois tudo o que temos é transitório, mas o que os outros são. Não devemos invejar nem desejar a sabedoria, devemos afinar nossa própria vontade para nos movermos em sua direção. O mero desejo é estagnação, pois nada “cairá do céu” – mas a vontade é o movimento em direção à luz.

A dor aguarda os que ficam para trás

Em dado momento, todos somos livres para escolher a via do amor ou da dor. Qualquer estudioso das doutrinas cármicas saberá que viemos ao mundo para desenvolver nossas potencialidades, e não nossos vícios. Viemos caminhar à frente, e não ficar estagnados na ignorância. Que a evolução espiritual segue a física: nada anda para trás, mas a natureza não costuma poupar os que se arrastam pelo caminho.

Nessa longa trilha, em que as vezes possa parecer que somos como um cão selvagem acoleirado a uma velha carroça rodando lentamente pelos velhos sulcos, podemos optar por seguir a frente, antes que a coleira nos puxe, ou podemos ladrar como cães raivosos, e nosso latido não impedirá que a coleira nos force o pescoço, que nos provoque dor. No fim, seguiremos a frente, quer queiramos, quer compreendamos aonde vamos, quer não. Melhor escolher o amor, enquanto há tempo, pois as dores desse mundo não se comparam as dores da alma.

Suportamos o que podemos suportar

Conforme a roda avança, a cada um é dado apenas os desafios que podem suportar. Podemos imaginar uma universidade cósmica: o calouro de física não poderá compreender as equações de física quântica ou da teoria das cordas já em seu primeiro ano, mas aqueles que se arrastam nas repetências terão eventualmente que resolvê-las, pois os reitores sabem muito bem que eles já têm a capacidade para tal.

É preciso saber avaliar os desafios por aquilo que são: não desastres, tragédias, ou problemas insolúveis, mas oportunidades de progressão, de entendimento, de edificação de nossas potencialidades.

Muitas vezes, amamos e perdemos, e essa nos parece a maior dor do mundo. Porém, curioso de se pensar: é melhor amar e perder do que nunca haver sequer amado… Os seres vêm e vão, mas a capacidade de amar é uma das potencialidades que jamais andam para trás, e que molda nosso despertar da consciência desde as eras pregressas.

Da próxima vez que estiver a se lamentar por uma perda, e desejar se ver livre do amor que sentia, e que agora dói tanto, pense novamente: a sua dor é uma luz. Os seres que se arrastam nas sombras de si mesmos, que ainda não descobriram o amor, podem parecer mais felizes, mas sua dor é muito mais profunda do que a sua – e você certamente sabe disso, mesmo que de alguma forma obscura, pois todos já estivemos na escuridão.

Só Deus o sabe

Quando nos deparamos com tragédias humanas em pequena ou larga escala, existe essa tentação própria dos seguidores de doutrinas cármicas em elaborar teorias mirabolantes sobre o porque de tais seres terem sofrido este ou aquele infortúnio… Tudo em vão!

Assim como não podemos saber por que o vento sopra aqui ou acolá, jamais poderemos compreender exatamente o que outra parte da substância cósmica experiencia. Somos todos conectados, filhos da mesma substância, formados pelos mesmos átomos e as mesmas fagulhas divinas, mas cada um pode saber apenas de sua própria visão do Cosmos. Não há nenhum ser onisciente além de Deus, ninguém que possa realmente ter habitado nosso âmago profundo e visto o horizonte da mesma forma que nós, e experienciado a caminhada dando exatamente os mesmos passos.

Quando um espírito incorpora, ele habita um corpo, e não outro espírito. Jamais estaremos dentro uns dos outros, de modo que as razões que fazem o mecanismo do carma operar desta ou daquela maneira, só o próprio ser que ama e que sofre tem um breve entendimento, e só Deus o sabe. Ele está dentro de todos nós.

O aflorar da consciência

Se na evolução física das espécies, a vida é a função do sistema, na evolução espiritual, da qual o carma é o mecanismo primordial, o afloramento da consciência é o grande objetivo a ser alcançado. Nosso caminho foi longo: de fagulhas divinas criadas sabe-se lá onde, neste ou nalgum planeta próximo habitamos coletivamente os reinos mineral, vegetal e boa parte do animal… Nas savanas africanas despertamos, compreendemos ao longo dos séculos que a vida era, afinal, muito mais do que caça e coleta, muito mais do que uma mera luta pela sobrevivência…

Até o dia em que optamos por viver, e não apenas sobreviver. Quando nossas potencialidades amorosas, artísticas e técnicas começaram a aflorar. Quando nos indagamos de onde viemos, e para onde vamos, e o que somos, e surpreendentemente começamos a encontrar elaboradas teorias para o que nos parecia inatingível. Quando olhamos para as estrelas e vimos deuses, e depois vimos fornalhas cósmicas, e depois vimos um turbilhão de galáxias além de tudo aquilo que poderíamos imaginar… Quando vimos o infinito, e lhe estendemos a mão.

A mente que adquire um novo conhecimento jamais retorna ao seu estado anterior. A alma que se abre para o Cosmos, jamais volta a se fechar novamente. A função do sistema não era, afinal, apenas a vida, mas a vida eterna.

A lei do carma
Faça ao próximo aquilo que gostaria que o próximo fizesse contigo.

Resta-nos saber quem são nossos próximos: será nossa família, nossos amigos, nossa cidade, nossa nação, nosso planeta? Serão apenas seres enquanto humanos, ou também os animais, os vegetais, os minerais, a natureza como um todo? Da próxima vez que levantar uma pedra, ou observar um galho partido, saiba que todo o infinito nos abarca, que o reino de Deus está em todo lugar… Apenas esperando que finalmente abra teus olhos para ver.

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Crédito das imagens: [topo] John-Francis Bourke/Corbis; [ao longo] Nacho Uranga

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/as-li%C3%A7%C3%B5es-do-carma

Histórias de Fantasmas Reais que você precisa conhecer

A seguir listaremos os 10 casos mais relevantes entre os pesquisadores de casos paranormais envolvendo histórias de fantasmas. Se participa de algum clube de caça certamente já ouvir falar deles, caso contrário é bom aprender para não passar por desinformado. O critério para entrar nesta lista e que sejam aparições famosas,  testemunhadas por várias pessoas em diversas circunstâncias e geralmente em um mesmo lugar ou lugares relacionados.

Quanto maior o número de testemunhas mais credibilidade do caso que, por fim, foram organizados aqui em ordem de crescente importância.

10 – O Suicídio de Kate Morgan

O Hotel del Coronado é um deslumbrante resort vitoriano à beira-mar vitoriana na cidade de Coronado, no Sul da Califórnia próxima de San Diego. Ele funcionava a somente quatro anos quando uma linda jovem chamada Kate Morgan pediu um quarto no dia 24 de novembro de 1892. Era estava aparentemente muito doente e o boato é que ela havia tomado uma dose grande de Quinina para induzir o aborto de uma gravidez indesejada. Ela estava tão perturbada que assim que foi encontrada na escadaria com uma bala na testa e uma arma nas proximidades a conclusão só poderia ser uma: suicídio. Deste aquele dia uma série de fenômenos estranhos tem sido relatados no hotel incluindo ruídos estranhos, vultos luminosos e ocasionais relatos de uma mulher vestida a moda vitoriana vagando pelos corredores.

 

 

9 – Os Fantasmas do Hotel Stanley

Se você se hospedar no Hotel Stanley em Estes Park, Colorado e ligar o canal 42 da sua televisão você estará a qualquer momento dia ou hora assistindo a obra prima do terror de Stephen King, ‘O Iluminado.”. Não se trata de nada sobrenatural é apenas uma forma do hotel de se promover pois é justamente este o estabelecimento onde se passa o filme. As histórias do Hotel Stanley que inspiraram a película são antigas. Funcionários relatam ouvir barulhos no salão de festas quando não há ninguém lá. Crianças são ouvidas brincando nos corredores quando não há qualquer criança hospedada e muitos hóspedes relatam ter visto figuras fantasmagóricas em seus quartos durante a noite, apenas em pé, observado. O quarto andar é especialmente rico em relatos e há um fantasma em particular Lord Dunraven, o antigo dono do terreno, é usualmente responsabilizado por quaisquer objetos de valor que desapareceu do hotel ao longo dos anos.

 

 

8 – A Dama de Marrom

Raynham Hall, em Norfolk , Inglaterra, é o lar de  uma das fotos de fantasmas mais famosas já tiradas, a Dama de Marrom (Brown Lady) é chamada assim porque ela aparece em um vestido de renda marrom. Ela é amplamente creditada como sendo Lady Dorothy Walpole , irmã de Sir Robert Walpole, que se casou com Charles, segundo Visconde de Townshend em 1713. A Dama de Marrom morreu sob circunstâncias misteriosas em 1726 , e os avistamentos começaram pouco depois. Apesar dos relatos de avistamentos terem diminuído drasticamente desde que a foto foi tirada em 1936, antes suas aparições já haviam sido relatadas por fontes bastante respeitáveis, com oo do Major Loftus, que estava hospedado em Raynham Hall, em 1849. Ao se despedirem em direção aos seus quartos, ele e um amigo chamado Hawkins observaram uma mulher em renda marrom que desapareceu assim que o Major Loftus se aproximou dela. Determinados em confrontar a aparição, na noite seguinte eles voltaram para ela mesmo local e mais uma vez a viram. Ele ficou horrorizado ao ver, no entanto, que, quando ele olhou para seu rosto, viu apenas dois buracos negros onde deveriam estar seus olhos.

 

7 – Caso de Clifton Hall

Se você tem três milhoes de libras sobrando pode ser o feliz proprietário do Clifton Hall em Nottinghamshire, Inglaterra. Pertencendo por muitos séculos a família Clifton até sua venda em 1958. A partir dai se tornou uma escola, tempos depois um conjunto de apartamentos de luxo e finalmente uma residência privada que atualmente pertencem a família Rashid. São 17 quartos, 10 banheiros, 10 salas, um ginário e uma sala de cinema… e é claro, alguns fantasmas. Os Rashid testemunharam alguns fenômenos já na primeira noite em casa na forma de sons de fortes pancadas e vozes chamando. Em um incidente a esposa Nabila desceu as escadas as 5 da manhã para preparar a mamadeira para seu filho de 18 meses. Ela observou sua filha mais velha sentada em frente a televisão e ao chamá-la não obteve resposta. Ao voltar passou pelo quarto da filha e a encontrou dormindo em sua cama. Os Rashids experimentaram 8 meses de assombrações e então abandonaram o local. Apesar deste caso ser o mais recente as histórias no Clifton Hall remontam ao século 11 e incluem bebes etéreos chorando e mulheres vistas em janelas de quartos emparedados e inacessíveis.

 

6 – A Carona de Balete

 

Ahh os fantasmas das Filipinas! Sempre vêem com um toque dramático de terror, possivelmente ganhos nas transformações boca a boca. A Dama de Branco, como é conhecida em Quezon City, Filipinas é um destas lendas urbanas que é repetida por tantas pessoas que começamos a duvidar se é realmente apenas uma lenda. Os vários relatos falam de uma mulher vestida de branco com longos cabelos negros, vez por outra coberta de sangue que aparece a noite no meio da estrada de Balete Drive. Diz-se que não se deve passar por lá de madrugada mas que se você fizer isso, deve garantir que o lugar dos passageiros esteja lotado. Muitas histórias contam que ela aparece em bancos traseiros desocupados para pegar uma carona, aparecendo no espelho retrovisor e desaparecendo ao tentar ser vista diretamente.

 

5 – A Fazenda de Francisville

 

A lenda diz que Chloe foi uma escrava na cada de uma Fazenda de Francisville, Louisiana que tinha o hábito de escutar pelas fechaduras das portas. Um dia ela foi flagrada pelo dono da casa que como punição furou seus ouvidos, forçando-a a usar um pano verde em volta da cabeça para ocultar os ferimentos pelo resto da vida. Como vingança Chloe preparou um bolo envenenado, e embora seu alvo fosse o dono da casa, também matou sua esposa e suas duas filhas que agonizaram por dias andes de sucumbir. Chloe tentou fugir mais foi linchada pelos outros escravos. Desde então Chloe tem aparecido para diversos moradores, incluindo em algumas fotos famosas. Mas esta não é a única história de fantasmas da propriedade, quase sempre envolvendo espíritos de escravos. Cadeiras de balanço balançando sozinhas, cantos voodoo ouvidos em quartos específicos, entre outros.

 

 

4 – A Carona de Resurrection

Viajando por entre Ballroom Willowbrook e Resurrection Cemetery em Justice, Illinois os rapazes podem acabar dando carona para uma jovem que viaja na beira da estrada. Ela tem cabelos loudos, olhos azuis, usa um vestido branco e esta morta desde a década de 1930. Se você deixar ela embarcar ela vai desaparecer do carro assim que você passar pelo cemitério. Marry, como é chamada é um exemplo clássico do fantasma carona, como o de Balete visto anteriormente. O que faz de Marry Resurrection um caso distinto de tantos outros é a consistência de sua história. A menina tem a mesma aparência , usa o mesmo vestido e desaparece no mesmo local incontáveis vezes. Os relatos se arrastam até a década de 30 e ocorrem mesmo com aqueles que nunca tinham ouvido falar da história. Em um relato de 1973 foi feito por um taxista que reclamou entre os moradores do local de uma menina que fugir sem pagar a corrida, para então descobrir que não havia sido o primeiro.

 

3 – O Holandes Voador

Era 1641 quando o capitão Hendrik van der Decken jurou que iria dobrar o Cabo da Boa Esperança, mesmo que isso demorasse o juizo final para cnseguir. Bom… ele aind anão chegou lá. O navio do capitão, conhecido como O Holandes Voador foi visto com grande freqüência ao redor de uma mesma área sendo o caso mais consagrado de navio fantasma que temos documentado. Muitas vezes foi visto tão perto que as testemunhas juraria que estava em um curso de colisão com seu navio, só para vê-lo desaparecer diante deles no último instante. Ele é sempre visto como um mau presságio pelos marinheiros.Até o Rei George V da Inglaterra deixou um relato feito em 1881 onde escreveu: “Às 4 da manhã do Holandes Voador cruzou nossos arcos. Uma estranha luz vermelha emanava do navio fantasma como que incandescente, em meio a qual brilhavam os mastros, as vergas e velas a distancia tal de 200 metros destacando-se em fortes relevos na proa “. Mais tarde naquela manhã, o marinheiro que originalmente avistou o navio caiu morto. O caso do Holandes Voador é discutido em detalhes no nosso artigo, O Navio da Morte.

 

 

 

2 – Abraham Lincoln

Além de um personagem histórico fascinante Abraham Lincoln é um poderoso atrator estranho em termos de casos paranormais. E não vamos nem entrar aqui no mérito das coincidências e paralelos com a vida de John Kennedy. Diz a lenda que Lincoln viu seu destino antes de ser assassinado e que reportou um sonho na noite anterior onde presenciou o próprio funeral na casa branca. É na casa branca também que muitos visitantes e residentes testemunham ter tido contato com ele, entre eles a primeira dama Grace Coolidge, a Rainha Wilhelmina dos Paises Baixos e mesmo Winston Churchill, que como de costume tinha algo curioso a dizer na ocasião. Relata o estadista britânico que havia acabado de sair do banho quando, ainda nu entrando em seu quarto viu Lincoln sentado próximo a lareira. Teria dito então surpreso, “Boa tarde Sr. Presidente, como vê me encontrou em desvantagem.” Depois disso Lincoln sorri e desapareceu.

 

1 – Anne Boleyn

 

A segunda esposa de Henrique VIII e mãe da futura rainha Elizabeth I, Anne Boleyn tinha três anos de casada antes de seu marido se cansar dela. Foi acusada então falsamente de adultério, incesto e feitiçaria e enfrentou a lâmina do carrasco e ser decapitada em 19 de maio de 1536 . Conta-se que o carrasco teria perguntado : “Onde está a minha espada ?” logo antes de cortar seu pescoço com um golpe só num aparente esforço de aliviar a antecipação de Anne, fazendo-a pensar que tinha alguns momentos a mais. Seu fantasma foi visto então por várias pessoas diferentes em vários locais diferentes sempre dentre as propriedades reais como o Castelo de Hever, o Salão de Blockling, a Igreja de Salle, o Salão Marwell  e, talvez a mais famosa, Torre de Londres. Embora a imensa maioria dos relatos falem de uma mulher bonita de vestido exuberante alguns são um pouco mais perturbadores. Indivíduos azarados dizem tê-la visto como estava na hora da morte, ou seja, sem a cabeça ou algumas vezes segurando a cabeça debaixo do braço. Tornou-se uma imagem tão icônica que é frequentemente parodiada em filmes e na televisão tornando-se inclusive uma fantasia comum de Halloween em Londes.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/10-historias-de-fantasmas-reais-que-voce-precisa-conhecer/

Existe diferença entre Felicidade e Paz Interior?

Retirado do livro O poder do agora, de Eckhart Tolle:

Existe diferença entre felicidade e paz interior?
Existe. A felicidade depende de circunstâncias consideradas positivas, ao passo que a paz interior não precisa delas.

Há possibilidade de só atrairmos coisas positivas para as nossas vidas? Se a nossa atitude e o nosso pensamento forem sempre positivos, só haverá situações e acontecimentos positivos, não é mesmo?
Você pode afirmar, com certeza, o que é positivo e o que é negativo? Já fez o levantamento completo? Muitas pessoas devem ter aprendido bastante com as suas próprias limitações, seus fracassos, suas perdas, suas doenças e sofrimentos. Tudo isso ensinou-as a se desfazer das imagens falsas que tinham de si mesmas, dos desejos e objetivos superficiais ditados pelo ego e lhes deu profundidade, humildade e compaixão. Fez delas pessoas mais reais. Sempre que acontece alguma coisa negativa, há sempre uma lição embutida, embora nem sempre se perceba isso na hora. Uma doença ou um acidente pode mostrar o que há de real ou irreal em uma situação, aquilo que é importante e o que não é.

De uma perspectiva mais elevada, as circunstâncias são sempre positivas. Para ser mais preciso, elas não são positivas nem negativas. São do jeito que são. E quando aceitamos as coisas como são, o “bem” ou o “mal” deixam de existir em nossas vidas. Só o que existe é um bem supremo, que inclui o “mal”. Mas, pela perspectiva da mente, existe o bem e o mal, o igual e o diferente, o amor e o ódio. É por isso que no Livro do Gênesis está escrito que Adão e Eva não tiveram mais permissão para habitar o “paraíso” quando “comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal”.

Lembre-se de que não estamos aqui tratando de felicidade. Por exemplo, quando a pessoa amada acabou de morrer, ou se sentimos a nossa própria morte se aproximar, não podemos nos sentir felizes. É impossível. Mas podemos estar em paz. Pode até haver tristeza e lágrimas, mas, se deixarmos de resistir, conseguiremos perceber uma profunda serenidade por baixo da tristeza, uma calma, uma presença sagrada. Isso é a emanação do Ser, isso é a paz interior, o bem que não tem opositores.

Parece que a maioria das pessoas precisa vivenciar uma grande carga de sofrimento antes de abandonar a resistência e aceitar, isto é, antes de perdoar. Com o perdão, acontece o milagre do despertar da consciência do Ser, através do que aparenta ser o mal: a transformação do sofrimento em paz interior. Todo o mal e todo o sofrimento do mundo vão nos forçar a descobrir quem somos realmente. Assim, aquilo que, de uma perspectiva limitada, percebemos como o mal é, na verdade, parte de um bem maior que não tem opositores. Entretanto, isso só se torna uma verdade através do perdão. Sem ele, o mal permanece como mal.
Através do perdão – que significa reconhecer a falta de consistência do passado e permitir que o momento presente seja como é -, acontece o milagre da transformação, não só no lado de dentro, mas também do lado de fora. Um espaço silencioso de uma presença intensa surge dentro de nós e à nossa volta. Quem quer e o que for que penetre no campo da consciência será afetado, algumas vezes de forma clara e imediata, outras em níveis mais profundos, com mudanças só notadas algum tempo depois. Você dissolve a discórdia, cura o sofrimento, desfaz a inconsciência, sem fazer nada, simplesmente sendo e sustentando essa freqüência de presença intensa.

A impermanência e os ciclos da vida

Enquanto permanecermos na dimensão física e em conexão com a psique humana coletiva, o sofrimento, embora raro, ainda pode acontecer. Não devemos confundi-lo com o sofrimento emocional. Todo sofrimento é criado pelo ego e fruto de uma resistência. Além disso, nessa dimensão, ainda nos sujeitamos à natureza cíclica e à lei da impermanência de todas as coisas, mas já não vemos mais o sofrimento como uma coisa “má”. Ele simplesmente é.

No nível da forma existe nascimento e morte, criação e destruição, crescimento e dissolução de espécies aparentemente independentes. Podemos ver isso em tudo: no ciclo da vida de uma estrela ou de um planeta, em um corpo físico, em uma árvore, em uma flor. Existem ciclos de sucesso, como quando as coisas acontecem e dão certo, e ciclos de fracasso, quando elas não vão bem e se desintegram. Você tem de permitir que elas terminem, dando espaço para que coisas novas aconteçam ou se transformem. Se nos apegamos às situações e oferecemos uma resistência nesse estágio, significa que estamos nos recusando a acompanhar o fluxo da vida e que vamos sofrer. Não é verdade que o ciclo ascendente seja bom e o ciclo descendente seja ruim, a não ser no julgamento da mente. O crescimento é, em geral, considerado positivo, mas nada pode crescer para sempre. Se o crescimento nunca tivesse fim, poderia acabar em algo monstruoso e destrutivo. É necessário que as coisas acabem, para que coisas novas aconteçam.

O ciclo descendente é absolutamente essencial para uma realização espiritual. Você tem de ter falhado gravemente de algum modo, ou passado por alguma perda profunda, ou algum sofrimento, para ser conduzido à dimensão espiritual. Ou talvez o seu sucesso tenha se tornado vazio e sem sentido e se transformado em fracasso. O fracasso está sempre embutido no sucesso, assim como o sucesso está sempre encoberto pelo fracasso. Nossa energia física também está sujeita a ciclos. Não consegue estar sempre no máximo. Teremos momentos de baixa e de alta energia. Em alguns períodos, estaremos altamente ativos e criativos, mas em outros tudo vai parecer estagnado, teremos a impressão de não estarmos indo a lugar nenhum, nem conseguindo nada. Um ciclo pode durar de algumas horas a alguns anos e dentro dele pode haver ciclos longos ou curtos. Muitas doenças são provocadas pela luta contra os ciclos de baixa energia, que são fundamentais para uma renovação. Enquanto estivermos identificados com a mente, não poderemos evitar a compulsão de fazer coisas e a tendência para extrair o nosso valor de fatores externos, tais como as conquistas que alcançamos. Isso torna difícil ou impossível para nós aceitarmos os ciclos de baixa e permitirmos que eles aconteçam. Assim, a inteligência do organismo pode assumir o controle, como uma medida autoprotetora, e criar uma doença com o objetivo de nos forçar a parar, de modo a permitir que uma necessária renovação possa acontecer.

A natureza cíclica do universo está intimamente ligada à impermanência de todas as coisas e situações. Buda fez disso uma parte central de seu ensinamento. Todas as circunstâncias são altamente instáveis e estão em um fluxo constante, ou, como ele colocou, a impermanência é uma característica de cada circunstância, de cada situação com que vamos nos deparar na vida. Elas vão se modificar, desaparecer, ou deixar de proporcionar prazer. A impermanência também é um ponto central dos ensinamentos de Jesus: “Não acumule tesouros na terra, onde as traças e a ferrugem arruínam tudo, onde os ladrões arrombam as paredes para roubar…”

Enquanto a mente julgar uma circunstância “boa”, seja um relacionamento, uma propriedade, um papel social, um lugar, ou o nosso corpo físico, ela se apega e se identifica com ela. Mas nada dura muito nessa dimensão, onde as traças e a ferrugem devoram tudo. Tudo acaba ou se transforma: a prosperidade de hoje se torna o consumismo vazio de amanhã. O casamento feliz e a lua-de-mel se transformam no divórcio infeliz ou em uma convivência infeliz. A mente não consegue aceitar quando uma situação com a qual ela tenha se apegado muda ou desaparece. Ela vai resistir à mudança. É quase como se um membro estivesse sendo arrancado do seu corpo. Buda ensinou que até mesmo a felicidade pessoal é dukka – uma palavra da língua páli que significa “sofrimento” ou “insatisfação”. Ela é inseparável do seu oposto. Significa que a felicidade e a infelicidade são, na verdade, uma coisa só. Somente a ilusão do tempo as separa. Isso não significa uma negatividade. É simplesmente reconhecer a natureza das coisas, para não viver atrás de uma ilusão pelo resto da vida. Nem quer dizer que você não deva mais apreciar os objetos e as circunstâncias agradáveis e bonitas. Porém, usá-los para procurar aquilo que não podem dar – uma identidade, um sentido de permanência e satisfação – é uma receita para a frustração e o sofrimento.

Toda a indústria da propaganda e a sociedade de consumo entrariam em colapso se as pessoas se tornassem iluminadas e deixassem de tentar encontrar as suas identidades através dos objetos. Quanto mais usarmos esse caminho para encontrar a felicidade, mais estaremos nos iludindo. Nada lá fora vai conseguir nos trazer satisfação, exceto por um tempo e de modo superficial. Mas talvez você precise passar por muitas decepções antes de perceber a verdade.

Nada é o que parece ser. O mundo que você criou e vê através da mente pode parecer um lugar bem imperfeito, até mesmo um vale de lágrimas. Mas o que quer que você perceba é somente uma espécie de símbolo, como uma imagem em um sonho. É o jeito pelo qual a sua consciência interpreta e interage com a dança de energia molecular do universo. Essa energia é o material bruto da assim chamada realidade física. Você a vê em termos de corpos e de nascimento e morte, ou como uma luta pela sobrevivência. Existe um número infinito de interpretações diferentes, de mundos completamente diferentes, tudo dependendo do que a consciência percebe. Cada ser é um ponto focal da consciência e cada ponto focal cria o seu próprio mundo, embora todos esses mundos se interliguem. Existe um mundo humano, um mundo das formigas, um mundo dos golfinhos, etc. Existem incontáveis seres cuja freqüência de consciência é tão diferente da nossa que provavelmente não temos consciência da existência deles, assim como eles não têm da nossa. Seres altamente conscientes da ligação que mantêm com a Fonte habitam um mundo que para nós pareceria com um domínio celeste. Mas ainda assim todos os mundos são basicamente um só.

A alegria não tem uma causa e brota dentro de nós como a alegria do Ser. É uma parte essencial do estado de paz interior, conhecido como a paz de Deus. É o nosso estado natural, não algo por que tenhamos de lutar para conseguir. As pessoas, em geral, não percebem que a “salvação” não está em nada do que façam, possuam ou consigam. Aquelas que percebem ficam, muitas vezes, enfastiadas do mundo e deprimidas. Se nada pode lhes dar um verdadeiro prazer, será que resta alguma coisa por que se empenhar? Com que objetivo? O profeta do Velho Testamento deve ter chegado a essa conclusão quando escreveu: “Tenho visto tudo o que se faz debaixo do sol e eis que tudo é vaidade e uma luta contra o vento”. Quando você chega a esse ponto, está a um passo do desespero e um passo mais longe da iluminação.

Todos os males são efeito da inconsciência. Podemos aliviar os efeitos da inconsciência, mas não podemos eliminá-los, a menos que eliminemos sua causa. A verdadeira transformação acontece no interior, não no exterior. Sem uma profunda mudança na consciência humana, o sofrimento é um buraco sem fundo. Se você quiser realmente ajudar, atue no efeito, mas principalmente na causa.

Se quiser impedir que os seres humanos destruam uns aos outros e acabem com o planeta, lembre-se de que, assim como não consegue combater a escuridão, você também não pode combater a inconsciência. Se tentar fazer isso, a oposição polar vai se tornar fortalecida e mais profundamente arraigada. Você vai se identificar com uma das polaridades, vai criar um “inimigo” e será conduzido ao seu eu interior inconsciente. Eleve a consciência ao disseminar a informação, ou melhor, pratique a resistência passiva. Mas tenha a certeza de que você não carrega nenhuma resistência interior, nenhum ódio, nenhuma negatividade. “Ame os seus inimigos”, disse Jesus. O que, obviamente, significa: não tenha inimigos.

Uma vez um monge budista me disse: “Tudo o que aprendi nos vinte anos em que sou monge pode ser resumido em uma frase: Tudo o que surge, desaparece. Isso eu sei”. O que ele quis dizer foi o seguinte: aprendi a não oferecer qualquer resistência ao que é; aprendi a permitir que o momento presente aconteça e a aceitar a natureza impermanente de todas as coisas e circunstâncias. Foi assim que encontrei a paz.

A felicidade que provém de alguma coisa secundária nunca é muito profunda. É apenas um pálido reflexo da alegria do Ser, da paz vibrante que encontramos dentro de nós ao entrarmos no estado de não-resistência. O Ser nos transporta para além das polaridades opostas da mente e nos liberta da dependência da forma. Mesmo que tudo em volta desabe e fique em pedaços, você ainda sentirá uma profunda paz interior. Você pode não estar feliz, mas vai estar em paz.

#espiritualismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/existe-diferen%C3%A7a-entre-felicidade-e-paz-interior