A Primeira Ordem Vampírica do Ocidente

Este breve dossiê trará alguma informações sobre a primeira ordem vampírica do ocidente. Trata-se de considerações iniciais sobre as aparições de Otto von Graff e Helena Karponoava ao escapar dos tribuais da Satnat Veheme e o abrigo de Frenc Nadasdy em Bratislava em 1579.

PARTE I:

Uma Introdução Histórica a Bathory: A Lolita Medieval

 

  • (Agosto de 1560) Erzsébet Bathory nasce em Nyirbátor, Hungria. Filha de George e Anna Bathory. Passa toda sua infância no castelo de Ecsed, umas das muitas propriedades de sua família; das mais importantes e influentes nos séculos doze, treze e quatorze. Desde os quatro anos de idade, Erzsébet sofre com terríveis dores de cabeça que fazem-na despertar durante a noite aos gritos, tornando-a uma criança agressiva e reclusa.
  • (Julho de 1572) Bathory é prometida em casamento ao Conde Ferenc Nadasdy. Ela recebe uma educação invejável: aprende o francês, alemão, italiano e o russo, além da língua-materna. Interessa-se por assuntos como Biologia, Matemática e Astronomia, algo incomum para as mulheres da época.
  • (Novembro de 1574) Bathory muda-se com o noivo para o castelo de Sárvár, propriedade da família Nadasdy. Dois meses após sua chegada ao castelo, ela se envolve com um camponês de quem terá um filho ilegítimo. Recusa-se a fazer um aborto e deixa a criança com uma família lituana e uma pensão de 350 florins anuais. Nadasdy forja a notícia de que a criança já nasceu morta. A esta altura, ela já têm a exata noção de seu poder de dominação sobre os homens e os manipula com grande habilidade. Tal qual a Lolita do livro de Vladimir Nabokov. Uma criada da família diz que Bathory é possuidora de uma beleza e encantos que fazem o mais santo dos homens na Terra cair em tentação.
  • (Agosto de 1575) Bathory casa-se com Ferenc Nadasdy em Varannó. O presente de casamento de Ferenc à esposa é um castelo em Csejte, tendo a sua volta os tenebrosos montes cárpatos. O castelo fica numa localidade cercada de pequenos vilarejos que somam juntos, uma população de três mil habitantes.
  • (Novembro de 1578) Nadasdy é nomeado comandante-chefe das tropas húngaras contra os turcos otomanos. Com apenas dezoito anos, Bathory assume quase todos os negócios do casal.
  • (Janeiro de 1579) Bathory é apresentada a Helena Karpanova. Esta ucraniana misteriosa introduzirá Bathory na magia negra e nos cultos e rituais vampíricos.
  • (Maio de 1581) Bathory dá início a uma relação amorosa com um jovem alemão chamado Otto von Graff – apresentado a ela por Helena Karpanova, juntos os três formaram um dos clãs vampíricos mais sangrentos de todos os tempos.
  • (Dezembro de 1583) Bathory faz as suas primeiras vítimas em rituais vampíricos: um casal de gêmeas ainda na pré-adolescência. O ritual contou com a supervisão de von Graff e Karponova. Foi a primeira vez em que Bathory bebeu o sangue de suas vítimas.
  • (Primavera de 1584) O castelo de Csejte torna-se um ponto de encontro para as madames da alta burguesia húngara. Em pouco tempo, Bathory e Karponova fazem do lugar um antro de feitiçaria e despudor sexual. Bathory desenvolve o gosto pelo vouyerismo, principalmente para casos de estupro.
  • (Outono de 1590) Surgem pela primeira vez, denúncias contra o estranho comportamento de Bathory e seu casal de hóspedes. Meses depois ela opta por uma reclusão na propriedade da família em Viena para melhor dedicar-se as estudos da magia negra.
  • (Fevereiro de 1592) Bathory retorna ao castelo de Csejte.
  • (Inverno de 1593) Karponova e Bathory sequestram e mantém como prisioneiras quase uma dezenas de jovens. As virgens são mantidas reclusas para o uso em rituais de magia negra e vampirismo – as outras são entregues a Otto von Graff que estupra e mata uma por uma segundo depoimento de Dorotthya Szentes ao tribunal que julgou Bathory. O castelão de Csejte suspeita do cheiro de cadáveres em decomposição e questiona Bathory sobre o caso. Karponova aconselha-a matar o pobre camponês.
  •  (Verão de 1594/Primavera de 1604) No período que corresponde exatamente uma década, Bathory e seus companheiros passam a ser mais cuidadosos no trato com os rituais e com o comportamento ante aos olhos de possíveis curiosos. É neste período também que ela torna-se mais agressiva com suas vítimas. Bathory passa a divir o seu tempo entre Viena, Csejte e Bratislava, onde fica sabendo da morte do marido. Bathory sequer retorna para os funerais, limitando a redigir uma carta onde exalta a coragem e a bravura de Ferenc Nadasdy, morto no campo de batalha contra os turcos. Ao contrário do que se verifica nos relatos sobre Erzsébet e Ferenc, ele jamais participou dos rituais da esposa. Embora o diário de Helena Karponova nos mostre que ele tinha conhecimento de quase tudo o que se passava. Num relato assombroso de uma carta de Helena para uma tal Sarah Taddwell ( possivelmente uma nobre galesa da época ) -, ela demostra preocupação quanto ao comportamento de Bathory em relação a ela e a Otto von Graff. Chega a imaginar que Bathory – enciumada – planeje a morte de ambos, ou pelo menos a dela. Embora Bathory já despertasse certa desconfiança, cada vez que ela retornava a Csejte, retornavam também as damas ( inclusive membros da corte ) para sua companhia. É certo que a decisão de não incluir os diários de Karponova e Darvulia no julgamento, tinha como objetivo omitir a participação de tantas outras mulheres em festas orgiásticas no castelo.

 

 Csejte, 22 de Maio de 1597

“Foram duas noites de terror. Sei que ela planeja a minha morte e talvez a de Otto. Bathory torna-se cada vez mais violenta e possessiva. O retorno de Karel ( filho dela com o camponês ) parece ter deixado-a um pouco mais calma, mas tenciono não mais retornar ao convívio dela (…) Estou certa de que Bathory e Karel mantém uma relação incestuosa, encontrei ambos nus em sua cama poucos dias após seu retorno ao castelo. As carícias entre ambos estavam longe daquelas verificadas entre mãe e filho (…) ela assume as práticas vampíricas ao extremo.”

Os trechos da carta encontrada no castelo por Gyorgy Thurzo, Palatino da Hungria e responsável pelo julgamento de Erzsébet, mostra que até mesmo aqueles que introduziram Bathory na magia negra já temiam pelo seu comportamento cada vez mais violento. O estranho neste fato e que mais tarde discutiremos, é o fato de os diários e escritos de Anna Darvulia e Helena Karponova não serem aceitos no julgamento de Bathory. Darvulia foi o braço direito de Bathory para assuntos particulares entre 1596 e 1601, quando esta veio a falecer.

  • (Novembro de 1604) O Pastor luterano Istvám Magyari pressiona as autoridades locais a respeito das notícias que vem de Vienna e Bratislava, locais onde Bathory têm propriedades. Após muita relutância, Thurzo convoca alguns notários para acompanhá-lo até o castelo de Bathory  e intimá-la a comparecer no julgamento em que será acusada por homicídio, estupro e ocultação de cadáveres. A discussão dos termos do julgamento ganha novo rumo quando os homens de Thurzo descobrem que existe participação de membros da corte e muitas mulheres de nobres nas festas orgiásticas que Bathory promovia no castelo. Fica acordado que Bathory não estará presente ao seu julgamento e que apenas poucas testemunhas e acusadores serão levados em consideração pelo júri.
  • (Fevereiro de 1605) O rei Matthias, que havia contraído um empréstimo vultuoso junto a Ferenc Nadasdy, enxerga no aprisionamento e execução de Bathory uma maneira de se ver livre dos débitos, já que sua corte encontra-se semi-falida no início do século dezessete. Além disso, Matthias planeja apossar-se das muitas propriedades de Bathory, inclusive as propriedades em Bratislava, Vienna e Sárvár.
  • (Inverno de 1609) A região registra o desaparecimento de quase quarenta meninas entre 11 e 14 anos de idade. Uma testemunha afirma junto aos juízes que viu dois homens em uma carroça carregada de corpos. Ao seguí-los noite adentro, pode vê-los amontoando os cadáveres e ateando fogo em todos eles. Foi a gota d’agua para que o Rei aumentasse a pressão sobre as autoridades locais, inclusive ameaçando-os com o cárcere caso não capturassem Bathory.
  • (Maio de 1610) Paul, filho mais novo de Bathory recebe Thurzo para acertar os últimos detalhes sobre o julgamento da mãe. Ao saber das ameaças de Bathory sobre os segredos de tantos nobres locais e suas relações comerciais ( proibidas na época ) com os Otomanos, Thurzo arquiteta junto a Helena Karponova e Paul Bathory a fuga de Bathory para Florença na Itália.
  • (Julho de 1610) Uma testemunha relata para os juízes a constituição física de Erzsébet Bathory, da qual a maioria dos cidadãos da região não viam há muitos anos: “Alta e esguia, cabelos longos castanho-avermelhados e bastante volumosos. Olhos negros como azeviche, pele branca como a mais branca das neves. Seios relativamente fartos e uma pele sem nenhuma marca de expressão, rugas ou manchas provenientes de alguma enfermidade, algo bastante incomum para uma mulher de quarenta anos de idade naquela época. E o mais assustador de tudo: Bathory não aparentava mais do que 20, no máximo 25 anos de idade. Sua jovialidade impressionava aqueles poucos que com ela conviveram.

 As acusações contra Erzsébet Bathory no tribunal:

1. Expôr as vítimas a temperaturas muito baixas ao ponto do congelamento por hipotermia.
2. Morte por inanição.
3. Espancamento por longos períodos de tempo até a morte devido a complicação dos ferimentos.
4. Queima ou mutilação de órgãos como mãos e braços e as vezes a genitália.
5. Ferimentos nas vítimas por mordidas na face, braços, pernas e genitália.

Todas as acusações eram feitas e aceitas pelo modo: ouvi dizer que alguém sabe ou viu ou ouviu; ou seja, a maioria dos que a acusavam jamais viu ou ouviu alguma coisa da própria acusada. Mesmo assim todas as acusações foram aceitas. O tal diário que continha as atrocidades de Bathory relatadas de próprio punho jamais foi encontrado se é que realmente existiu. Os supostos ajudantes de Bathory nos crimes: Dorottya Szentes, Ilona Jó, Katalin Benická e János Újváry tiveram as suas sentenças decretadas na tarde do dia 11 de Janeiro de 1611.

Szentes, Ilona e Újváry foram considerados culpados. Os três tiveram as mãos decepadas e foram mantidos em cativeiro por dez dias para então, serem queimados em fogueiras assim como haviam procedido sob as ordens de Bathory. Benická não pôde ser acusada como culpada ( também era amante de um dos jurados do tribunal ). Decidiu-se que ela fora totalmente dominada por Bathory e que tinha apenas 12 anos quando começou a prestar seus serviços no castelo de Sárvár como criada da condessa.

Severamente ameaçados por Paul Bathory, houve o recuo da acusação e uma proposta de acordo: Bathory deixaria o país e cederia grande parte de suas terras para Matthias e seus aliados. Além de perdoar a dívida contraída pelo rei junto ao falecido esposo. A farsa toda foi montada por Gyorgy Thurzó. Primeiramente ele assegurou-se de que não havia o menor risco de os escritos de Helena Karponova e Anna Darvulia caírem em mãos erradas – isso comprometeria gente do mais alto escalão burguês do império Austro-Húngaro, e que se caso isso ocorresse, se vingaria sobre os três filhos e os dois afilhados de Bathory.

Para desespero de Matthias, isso seria o máximo que conseguiria pois as terras confiscadas serviriam apenas no abatimento da dívida do Império com exércitos mercenários e outras provisões necessárias. Na madrugada de 30 de Julho de 1611, Bathory deixa o castelo rumo ao porto de Varna, de onde embarcaria numa viagem para Florença e mais tarde Veneza. Uma camponesa é amarrada e atirada para dentro da cela que Bathory deveria ocupar em Csejte. Daí em diante, as autoridades fizeram e ainda fazem o possível e o impossível para manter longe da história da Hungria e da Eslováquia o nome e o legado de Erzsébet Báthory. Padres e estudiosos que coletaram material sobre a vida e o comportamento da Condessa até a sua fuga para a Itália desapareceram misteriosamente, até que tudo passasse a cheirar a lenda. A versão de sua prisão no castelo seguida de sua morte três anos depois acabou se tornando a versão oficial dos fatos.

Helena Karponova e Otto von Graff também desapareceram e chega-se a especular se estes realmente eram os seus nomes. Ao longo do século 17, a família Bathory perde prestígio e poder. Pouca informação temos sobre o destino dos filhos e netos de Bathory. Especula-se que Karel, seu primeiro filho, tenha partido com a mãe para a Itália. Otto von Graff, assim como misteriosamente chegou, misteriosamente se foi. Mas há um interessante relato sobre este homem no díario de Karponova em 7 de Agosto de 1580, vigésimo aniversário da condessa:

“Graff presenteou Bathory com esmeraldas quase tão lindas quanto os seus próprios olhos. A primeira vista, é muito difícil dizer se Otto é mesmo um homem ou alguma coisa de sexualidade confundível. Seus traços são tão delicadas quanto os de uma jovem da idade de Bathory. Seus lábios grossos e severamente avermelhados e sua incapacidade de sorrir sem ter de flertar com alguém. Isso enfurece Bathory, disse-me que ele é o único homem a quem ela poderia amar. A masculinidade agressiva e repleta de músculos e coragem não a atraem em nada. Bathory é amante de mulheres e homens com certeza. Mas lembro agora da longa e macia cabeleira de nosso belo Otto. Se eu acreditasse nos anjos, certamente acreditaria que este homem é um deles. Termino meus pensamentos de hoje e provavelmente o único desta semana a relembrar o sabor daquela tez branca e saudável. Feliz da fêmea que repousa em tua cama meu querido, e que Bathory não nos ouça.”

Já no século dezoito, pouca informação é tida como concreta a respeito de Erzsbet Báthory. Diversos biógrafos tentam repaginar a história apenas misturando lendas e tentando associar Báthory à história de Vlad Tepes. Embora sejam originários do mesmo local, jamais travaram qualquer tipo de contato. Possivelmente nem mesmo suas famílias tiveram relações mais estreitas.

Lendas & Fatos

… certo dia a condessa, envelhecendo, estava sendo penteada por uma jovem criada, quando a menina puxou seus cabelos acidentalmente. Elizabeth virou-se para ela e a espancou. O sangue espirrou e algumas gotas ficaram na mão de Elizabeth. Ao esfregar o sangue nas mãos, estas pareciam tomar as formas joviais da moça. Foi a partir desse incidente que Elizabeth desenvolveu sua reputação de desejar sangue de jovens virgens…

Isso não é verdade. A condessa ( bissexual assumida ), numa relação com um outra jovem, exerce o seu já conhecido sadismo: mordendo, chicoteando e coisas mais – típicas dos sadomasoquistas. A menina em questão também mantinha relações sexuais com Karponova. Com esta sim, a relação envolvia agressão e prazeres mútuos. Báthory não aceitava ser agredida. Quando a menina a golpeou no rosto durante o coito, Báthory enfurecida, partiu para cima da garota espancando a violentamente. Este incidente é relatado no diário de Karponova no dia 14 de Novembro de 1686 – portanto – Báthory contava apenas 26 anos de idade na época e nenhum sinal de envelhecimento era notado em suas expressões; como aliás jamais pôde ser notado devido ao seu envolvimento com o vampirismo.

…Elizabeth após a morte do marido, se dizia que ela envolvia-se com homens mais jovens. Numa ocasião, quando estava em companhia de um desses homens, viu uma mulher de idade e perguntou a ele: “O que você faria se tivesse de beijar aquela bruxa velha?”. O homem respondeu com palavras de desprezo. A velha, entretanto, ao ouvir o diálogo, acusou Elizabeth de excessiva vaidade e acrescentou que tal aparência era inevitável, mesmo para uma condessa. Diversos historiadores têm ligado a morte do marido de Elizabeth e essa história à sua preocupação com o envelhecimento, daí o fato de ela se banhar em sangue…

Fato real. O jovem em questão era Otto von Graff e a velha era uma das cozinheiras do castelo de Csejte. Na ocasião Báthory contava 37 anos de idade. Em 1607, Karponova, Graff e a condessa já haviam assassinado quase 400 meninas em Bratislava, Vienna e Csejte; segundo o próprio diário ignorado da primeira professora de Erzsébet Báthory.

Embora a Igreja Ortodoxa mantenha essas informações e as estude com certa frequencia, a posição oficial é de que os documentos são fraudulentos, incluindo os de propriedade de Willi Schrodter, autor de AS ARTES SECRETAS DOS ROSA-CRUZES. Willi foi o responsável por coletar e  documentar os escritos de Otto von Graff e Helena Karponova sobre a primeira ordem vampírica do ocidente, inclusive descobrindo seus nomes e locais de nascimento.

Parte II

Consideraçõe Iniciais por Otto Von Graff e Helena Karponova

Nenhum ser humano sobre a Terra deve renegar o seu direito a imortalidade. Sim, um direito inalienável. Pode-se exercê-lo u entregá-lo nas mãos dos espíritos elementares. Reencarnes são etapas da existência que o homem desconhece e prefere cedê-los aos destronadores. Roubam do homem o trono oferecido a nós pela Grande-Mãe, que nos arrebatou do julgo do criador.

A Grande-Mãe, que ao contrário de Eva, recusou-se a se submeter e fez de cada ser, de cada alma, um princípio de poder, força e energia; vivenciados com gozo e liberdade. Grilhões rompidos, física e espiritualmente, honraremos a Grande-Mãe. De cada culto a ela surgirá uma Ordem Fraterna. Irmãos e irmãs, seus filhos-amantes que honraram com carne, sangue e espírito sua luta por liberdade e poder.

O vampirismo é a condição natural do homem, que acumula poder, força e inteligência através de séculos.

Ordens e Cultos Vapíricos

Otto von Graff e helena Karponova, alto sacerdote e alto sacerdotisa respectivamente da primeira Ordem Vampírica do Ocidente ( têm-se registros de cultos vampíricos no antigo Egito em adoração a Ísis, embora o termo vampiro ainda não existisse ) foram expulsos de um templo paramaçônico de Bremen, norte da Alemanha em 1576, e condenados a morte por um tribunal da Santa Vehme.

Em fuga, Graff e Karponova trocaram diversas vezes de identidade, até encontrarem refúgio na propriedade da família Nadasdy em Bratislava. Ferenc Nadasdy era então, noivo de Erzsébet Báthory, da qual Graff e Karponova se tornariam bastante íntimos.

O folclore dos balcãs possui diversas versões para a origem e desenvolvimento dos cultos vampíricos e fica difícil decidir-se sobre qual deve ser levado em consideração. O fato dis tribunais terem caçado sem sucesso a intrépida dupla, por converter rituais dos rosacruzes em rituais vampíricos, nos faz admirar e respeitar a coragem destes precursores do vampirismo como arte negra.

O Despertar do Sono

A primeira ordem fundada por Graff e Karponova tinha um interessante método de recrutamento: parodiando a Vehme, um pilar afixava com uma adaga, um pergaminho na porta do recrutado, com a inscrição Vade et Vine; numa analogia aos sucessivos despertares do vampiro. Se o recrutado u201cdespertasse do sonou201d, ele escreveria as iniciais de seu nome com o próprio sangue no pergaminho, e cravaria-o com a adaga de volta a porta na primeira noite de lua nova. O pilar então recolheria o pergaminho e conduziria o profano até o local de culto.

Os “degraus” da ordem dos vampiros

Alto Sacerdote/Sacerdotisa
Pilares
Neófitos
Profanos

A Formação do Culto

A formação de um culto vampírico é relativamente simples. Não há necessidade de altares, templos ou cerimônias complicadas. Tendo sido originada de uma dissidência de membros rosa-cruzes, seus codificadores optaram por simplificar ao máximo a doutrina, se é que assim pode ser chamada. Seus membros munem-se exclusivamente de velas negras ou vermelhas, amuletos de prata em formato de lua ou cruzes egípcias, e objetos pessoais das pessoas de quem se deseja sugar energia. O Consumo de sangue só é indicado em casos em que se deseja o extermínio definitivo da vítima ou pactos de amor.

Culto Transformado em Ordem

Quando um culto atinge um número igual ou superior a doze integrantes, ele é automaticamente transformado em ordem. Realiza-se então um sufrágio onde serão escolhidos o Alto-Sacerdote ou Alto-Sacerdotisa. Também serão escolhidos os dois pilares, um homem e outro mulher. Pilares são os responsáveis pelo recrutamento de novos membros e adoção de profanos.

A Escolha por meio do Sufrágio

A eleição do líder da ordem têm por objetivo, testar a reciprocidade e respeito a autoridade pelos integrantes do culto que será transformado em ordem. Enquanto simples culto, todos são iguais; após a formação da ordem, todos devem obediência e liderança cega ao Alto Sacerdote/Sacerdotisa.

Paulie Hollefeld

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-primeira-ordem-vampirica-do-ocidente/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-primeira-ordem-vampirica-do-ocidente/

A Bruxaria na Velha Itália

E quando um padre causar-te mal com suas bênçãos,
deves imputar a ele males duas vezes piores.
-Mito da Vinda de Aradia

Charles G. Leland no século XIX apresentou para o mundo em seu livro Aradia: Evangelho das Bruxas, a obra que cem anos mais tarde inspiraria Gardner junto com os escritos de Crowley a tecer a Wicca ou Bruxaria Moderna. Mas a crença das Bruxas da Itália, nem de longe se limitaria a ele. Outro historiador e escritor, Raven Grimassi, dedicou sua vida a explorar os mistérios da Bruxaria da Velha Europa.

Altamente influenciado pela Wicca, Grimassi manteve em seus livros um paradigma cerimonial básico para a estrutura da Bruxaria, isto é, celebrações de lua cheia, oito festivais ligados a roda do ano (as treguendas), e adoração a Diana e estranhamente Dianus. Dianus não é outro senão Lúcifer, que utilizando seu outro nome, tornava seu material mais viável e menos diabólico. Afinal, as bruxas do século XXI fazem de tudo para se afastar da imagem de adoradores do Diabo. Talvez mais ligadas ao cristianismo do que eram as bruxas de antigamente, a palavra diabo sequer é mencionada em livros de bruxaria. Ou totalmente repugnada.

É interessante que a palavra diabo vem de diabolus, em latim, “o adversário”. Assim como a palavra Bruxaria e Witchcraft, a Stregheria era um culto marginal. Era encontrado mais nas beiras da comunidade, com mulheres que jogavam cartas ou faziam poções. E um aborto ou outro de vez em quando.

E uma das coisas que mantinha a fé na Stregheria era a Sagrada Strega – Aradia.

Aradia, a Filha de Lúcifer

E deves ser a primeira das bruxas conhecidas;
E deves ser a primeira de todas no mundo;
E deves ensinar a arte do envenenamento,
-Aradia, Evangelho das Bruxas

Na Itália, a Inquisição foi fundada para reprimir a seita dos cátaros e começou a funcionar em 1224 quando o Papa Honório III incumbiu vários bispos para proceder contra os hereges; como tribunal, oficialmente começou a funcionar, como nos demais países, no ano de 1232 pela bula do Papa Gregório IX. Ela era responsável por julgar indivíduos acusados de um vasto leque de crimes relacionados com a heresia, incluindo a feitiçaria, a imoralidade, blasfêmia, e bem como para a censura da literatura impressa.

A Igreja não imaginava que no meio de toda sua diversão – o roubo de terras, estupros, saques, abuso de poder dos papas e tudo que só o Catolicismo faz por você – iria nascer uma contra cultura, uma mulher que mudaria os rumos daquela terra. No norte da Itália na região de Toscana, no dia 11 de agosto de 1313 iria nascer uma das figuras mais peculiares da Bruxaria: Aradia.

Foi dito que Aradia ouvia vozes desde pequena. E em um certo dia, ela escutou Diana a chamando e então começou a aprender com Ela a arte da Stregheria. E nem de longe era essa bruxaria regada a borboletas e unicórnios que vemos atualmente. Diana ensinava a ela evocar tempestades, envenenar pessoas, amaldiçoar padres. Padres eram os alvos mais claros de toda bruxaria italiana. Em um dos seus vários mitos, um padre após ter insultado uma imagem de Diana, é acordado várias vezes com assombrações e então decepado.

Lúcifer, o pai de Aradia e filho/irmão de Diana tem um mito interessante. Ele foi criado pela própria Diana logo no inicio, que em seguida se apaixonou pela sua criação. Tão grande era a beleza de Lúcifer que fez Diana fazer o primeiro de todos os feitiços de amor: e então prende-lo a si para gerar toda a criação.

No trabalho de Raven Grimassi, o nome Lúcifer foi substituído por Dianus, “Divino”. Dianus Lucifero, o nome correto do Deus da Luz e do Esplendor da Itália, que mais adiante se tornou o temido Lúcifer, rei do inferno.  É interessante que no livro do Leland, Lúcifer e Diana são tidos tanto como reis do céu como do inferno. Charles Godfrey Leland (18241903) escritor de diversas obras sobre folclore e ocultismo, entre as mais conhecidas Aradia, or The Gospel of the Italian Witches, Etruscan and Roman Remains e Legends of Florence, obras que falam sobre Stregheria, a Bruxaria Italiana. O evangelho das bruxas, foi lançado em 1899 através de umas cartas que ele recebeu de uma bruxa chamada Madalena, que jogava tarot e ocasionalmente, passava uma parte dos mistérios para ele.

Aradia então passou a ensinar as pessoas a cultuar Lúcifer e Diana. A própria figura de Aradia é muito discutida entre historiadores e poucos realmente acreditam que ela viveu. Ela supostamente foi capturada pela inquisição e então, após seduzir os guardas e escapar desapareceu pela velha Itália. Sua magia, que na época passou para seus treze discípulos, foi então espalhada em vários outros grupos e sobreviveu a fogueiras, torturas e missas nauseantes.

O Elo Perdido do Catolicismo e a Stregheria

 

Se há algo que as bruxas italianas entendem, é de missas e santos. É dito que quem é do sangue, nasce vendo e usando o poder em cada oportunidade. A missa é a base da magia cerimonial cristã – é o encontro entre o céu e a terra, a purificação e a iluminação. É aonde as bruxas buscam para amaldiçoar nomes, enfiando-os na agua benta.

Os movimentos da streghe são sempre delicados. O terço nas mãos é usado antes de qualquer ritual, que muito diferente da cerimônia atualmente praticada em grupos modernos, se baseia tradicionalmente em se sentar na cozinha, com algumas velas acesas e um terço na mão. E então evocando enquanto conta o terço, o streghe começa a dar vida a Chama – o elo espiritual entre as bruxas da Velha Europa.

A Chama é um conceito espiritual erroneamente tido como um fogo no meio da cerimônia, por grupos que tentam modernizar a stregheria. A Chama, é a palavra Fé, é o espírito da própria bruxaria, que é pedido enquanto o praticante reza “Diana , bella Diana , pensa a me in questo momento”, é acreditado dentro da Stregheria que a Chama, é algo que deve ser alimentado, através da pratica de adoração aos antigos. Segundo contam as lendas, no dia que não houver mais um streghe para para alimentar a Chama, nem o Sol, nem a Lua irão brilhar mais.

As Bruxas da Velha Itália mantém uma vela acesa ao San Michele Arcangelo, que assim como San Pietro e Santa Luzia, tem papel fundamental. Ele não é visto como um arcanjo guerreiro pronto para combater Satã. Pelo contrario, ele é visto como um antigo espírito de guerra, que foi usurpado pelo catolicismo e ganhou a forma de anjo; o mesmo ocorreu com San Pietro que é um espírito que prende, amarra ou libera as pessoas e situações.

Por nascer em uma terra fortemente católica, a bruxaria italiana mantém essas raízes. Tanto católicas, como etruscas. Os etruscos são povos que viveram na região da Península Itálica. O período exato em que houve a ocupação não se sabe, mas acreditam que ela ocorreu por volta dos anos de 1200 a 700 a.C. A região cuja qual eles habitavam equivale o que é hoje a Toscana, com partes no Lácio e Umbria, na Itália.

A Bruxaria se espalhou pelo mundo e aqui no Brasil também tem fortes representantes. Obviamente, cada grupo de bruxaria incorpora sua visão, suas praticas e acaba alterando um pouco o conteúdo recebido. É importante que a tradição se mantenha viva, mesmo que não nos tornemos fanáticos pela mesma, mas mantendo um respeito pela sua beleza e sua manifestação.

A Stregueria é uma das manifestações da Bruxaria, carregando consigo a riqueza de um povo apaixonado, fervoroso e forte. Que Aradia abençoe a cada um de nós.

 

 

por King

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-bruxaria-na-velha-italia/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-bruxaria-na-velha-italia/

Confissões de um metamorfo

Soror Ísis

Eu sou um metamorfo. É um dom, um talento que tenho. Pense em mim não como uma criatura nascida do folclore, nem como um produto das teias de aranha da superstição e do pensamento arcano desmascarado. Eu mudo minha aparência à vontade, e outros me verão em diferentes peles em noites diferentes. Você não conhece meu verdadeiro gênero, minha verdadeira raça e cor. Isso é um segredo só meu.

A senhora Antoinette, durante um jantar na casa do embaixador em Washington D.C., apresentou-se a mim quando eu era um homem de boa educação e reputação. Passamos a noite conversando furiosamente sobre nossas atividades e nossos passatempos. Deliciei-me em tocá-la suave e brevemente durante toda a noite, sua respeitabilidade sendo o véu de suas frias reações aos meus avanços. Recebi o número dela e a agraciei com um beijo suave na varanda. Essa mesma senhora, ao ver-me no dia seguinte, velha e abatida senhora de saco, com a pele áspera como uma lixa, empurrando um carrinho de compras cheio de coisas sujas e sujas, me jogou na esquina da rua ao lado do Morro tão rapidamente quanto ela piscou os olhos para mim na noite anterior. Não vejo isso como um teste de preferência ou caráter. Tenho razões muito mais sutis para minhas escolhas.

A mudança de forma é uma reencarnação menor. O segredo para mudar de forma é que você não muda sua forma, mas convence os outros a vê-lo de forma diferente. A hipnose é uma ferramenta fundamental. É uma ferramenta que aprendi enquanto sob a orientação do meu mentor, enquanto nas montanhas em um país que eu não tenho liberdade para divulgar.

O sigilo da linhagem dessa habilidade é primordial para minha sobrevivência, minha existência. No entanto, ao contar alguns segredos não entrego tudo. Pois, uma coisa é dizer e outra é fazer. Um estranho não pode entender o que significa mudar de forma, a menos que eles próprios possuam o talento e a compreensão de tal.

Sem dúvida, minha habilidade me deu força para fazer coisas que apenas homens comuns podem sonhar. Você pode me perguntar: “O que uma pessoa como você faria com tal presente? Como você pasaria seus momentos de vigília em busca? Existem poucos como eu. Posso contá-los em uma mão. E, no entanto, possivelmente ainda alguns sem o meu conhecimento, por razões fora do meu alcance de habilidade. Se seus motivos são nobres ou vis, cabe a eles decidir. Não pense em nós como uma organização secreta; um Illuminati, por assim dizer, de homens e mulheres que se reúnem nas profundezas de uma caverna, decidindo o destino da humanidade.

Manter o controle das massas, na minha humilde opinião, seria uma perda de tempo. A maioria, se não todos os homens da terra, trabalham e vivem dentro de seu próprio alcance limitado. Eles não podem ver o que está além deles, então por que devo gastar meu tempo executando as mesmas ações repetitivas neles? Se o objetivo da minha vida fosse riqueza material e poder, eu poderia facilmente fazer de mim um império. Eu poderia facilmente brincar com as massas, os governos, os príncipes e reis do poder. Mas, isso faz um desserviço ao meu talento. Há riquezas muito maiores que o estranho não pode ver. Então, para responder à pergunta que me foi imposta, meu talento é o meu fim. O ato em si é o fim;

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/confissoes-de-um-metamorfo/

Alberto Magno

pesquisa & texto Ligia Cabús

albertomagno.gifO Grande Alberto ou Alberto Magno nascido na Bavária ─ Alemanha em data incerta, 1193 ou 1206, é um dos nomes mais citados entre os ocultistas de diferentes épocas, do fim da Idade Média à Renascença até o Iluminismo. Ele é um santo, [santo Albertus Magnus],  beatificado em 1622, canonizado pelo papa Pio XI e honrado com o título de Doutor da Igreja em 1931. Mestre de outros doutores, São Tomás de Aquino, figura notável da escolástica, foi seu pupilo e seus livros influenciaram fortemente a formação do abade Johannes Trithemius [1462-1516, nascido Johann Heidenberg] e Cornelius Agrippa [1486-1535].

Educado em Pádua, ali conheceu o pensamento de Aristóteles e foi um dos primeiros filósofos cristãos-católicos a se empenhar na tarefa de conciliar pensamento aristotélico e doutrina cristã. Entre 1221 e 1223 Alberto teria tido um encontro místico, uma visão com a Virgem Maria. Depois disso, contrariando a vontade paterna, decidiu se dedicar à vida religiosa. Dizem que antes da visão ele era um jovem completamente estúpido. A experiência com o sobrenatural teria resultado na “iluminação mental” que tomou conta do rapaz. Caso semelhante ocorreu com o padre Vieira no Brasil, completamente bronco até sofrer o “estalo de Vieira”, uma dor de cabeça acachapante, um desmaio e um despertar de gênio.

Albertus tornou-se membro da Ordem Dominicana e como monge dominicano foi estudar teologia em Bolonha. Em Colônia, foi pregador. Em 1254 foi designado para ser provincial, o mais alto posto regional da Ordem e, em 1260, o papa Alexandre IV ordenou-o bispo de Rosensburg. Em 1263, já beirando os 70 anos, renunciou a todos os cargos e retirou-se no convento de Wuzburg, [em Colônia], onde dedicou-se aos estudos pelo resto da vida.

Embora seja uma contradição, na Europa ocidental medieval muitos dos estudiosos proeminentes das ciências ocultas pertenceram ao clero da Igreja católica, o que deu origem a uma curiosa geração de ocultistas fervorosamente cristãos cuja herança aparece claramente nas obras de mestres como abade Thritemius, Paracelso, Agrippa, Eliphas Levi, Papus.

Na chamada Alta Idade Média ou nos primeiros tempos do cristianismo medieval os mosteiros eram centros de cultura onde a erudição da obras de cientistas e artistas clássicos era preservada em meio à treva intelectual que dominava o povo e mesmo parte da nobreza do período. Os monges, muitos dos frades enclausurados, escribas das bibliotecas, tornavam-se intelectuais que transcendiam a esfera doa teologia; eram poliglotas, estudiosos de ciências comparadas, tinham acesso aos textos pagãos e adquiriam um saber enciclopédico.

Os escritos de Alberto Magno, reunidos em 1899, somaram 38 volumes sobre os mais variados temas: lógica, botânica, geografia, astronomia, astrologia, mineralogia, química, zoologia, psicologia, frenologia (estudo da relação entre a configuração do crânio e traços de caráter e personalidade) e, naturalmente, sobre teologia. Possivelmente, foi o autor mais lido de sua época. Poucos séculos depois de sua morte, em 15 de novembro de 1280, surgiram rumores de que o bispo dominicano tinha sido um mago alquimista. Afinal, entre suas numerosas obras havia tratados como Alchemy, Metals and Materials, Secrets of Chemistry, Orign of Metals, Origns of Compounds e Theatrum Chemicum, esta, uma coleção de observações sobre a Pedra Filosofal, Sobre a pedra filosofal, um segredo que teria sido a ele transmitido pelos discípulos de São Domenico [1170-1221].

Estudava astrologia; tal como muitos intelectuais de seu tempo, Alberto Magno admitia que os corpos celestes influenciam a vida dos homens determinando características físicas e comportamentais. Escreveu sobre suas teorias astrológicas em Speculum Astronomiae. Acreditava que as pedras possuem propriedades ocultas conforme relata em De mineralibus. Atribui-se a Magno a descoberta do arsênico e diz a tradição que pouco antes de morrer em 15 de novembro de 1280 ele transmitiu o segredo da pedra filosofal para o discípulo Thomas de Aquino, a quem teria revelado que testemunhara a criação de ouro por meio de um processo de transmutação.

Bispo & Mago

É curioso que o religioso e santo Albertus Magnus, respeitado estudioso escolástico do século XIII tenha sido o mestre virtual, por meio de seus escritos, de alguns dos nomes mais destacados do ocultismo ocidental. Sua influência é evidente quando se conhece um pouco dos textos, que necessitam de uma urgente reedição em português; são títulos muito raros.

Collin Wilson, em The Occult, transcreve um ensinamento atribuído a Magno: “O alquimista deve viver em solidão, afastado dos homens. Deve ser silencioso e discreto… Deve saber escolher a hora certa para suas operações, isto é, quando os corpos celestes estão propícios”. Agrippa, Paracelso, Eliphas Levi, Papus, todos esses grandes mestres recomendam a mesma postura ao pesquisador da Magia.

É notório que Alberto Magno conhecia extensivamente as propriedades ocultas das pedras preciosas para influenciar a saúde do corpo e do espírito. a ametista, propiciando concentração; a esmeralda, inspiradora da virtude, castidade, temperança, abstenção; ágata, para a saúde dos dentes e para afastar fantasmas e serpentes.

Sobre ervas, diz que a betônica (Betônica Officinalis) produz o poder da profecia e a verbena, o encantamento do amor.  O Eupatório (Eupatorium perfoliatum) é usado no tratamento de febres, em quadros de dengue, por exemplo.

Alberto Magno, com toda a sua erudição, também ensinou sobre a eficiência da magia simpática ação à distância, indireta, sobre um objeto relacionado ao objetivo desejado. Trata-se de uma crença bastante difundida e é a base da magia que trabalha com roupas e objetos de indivíduos ou bonequinhos de cera representativos de uma pessoa.

O Grande Alberto acreditava ser possível tratar a lesão de um homem operando simultaneamente sobre o objeto/arma que o feriu: a faca, a pedra com que o golpe foi desferido ou aconteceu. A machadinha com a qual o açougueiro feriu a si mesmo em um momento de descuido deve ser “medicada” com o mesmo remédio que é ministrado ao doente.

Depois, o objeto assim “magnetizado” deve ser colocado atrás da porta do quarto. Em alguns casos, quando o paciente reclamava de dor verificava-se que o objeto tinha caído.  Outros ocultistas, nos séculos seguintes à época de Magno, repetiram o ensinamento e esforçaram-se para explicar este fenômeno. Apesar de, a primeira vista, “operar objetos” ou, ainda ─ operar as/nas secreções do paciente, no sangue ─ pareça uma providência absurda, sem lógica, o fato é que a magia simpática está na origem de todas as “técnicas” de auto-cura/auto-ajuda tão disseminadas nesta pós-modernidade doentia.

Embora as autoridades eclesiásticas insistissem em negar o teor ocultista dos escritos de Albertus classificando obras alquímicas a ele atribuídas como espúrias, em 1480, The Great Chronicle of Belgium referia-se a ele como “Grande em magia, grande em filosofia, grande em teologia”. Um escritor anônimo tenta desconstruir a imagem do monge mago alegando que Albertus jamais praticou a Arte Hermética sobre a qual escreveu.

O Andróide do Grande Alberto

Consta que uma das mais fantásticas proezas de Albertus Magnus foi a invenção de um andróide. A artefato teria consumido 30 anos de estudos das ciências ocultas e, muito evidentemente, ciências exatas. Foi confeccionado com metais cuidadosamente escolhidos sob as influências planetárias adequadas. O autômato era maravilhoso: falava e tinha a sabedoria de um oráculo infalível, respondendo a qualquer questão ou problema que lhe fosse proposto. Eliphas Levi relata o fim daquele que teria sido o primeiro robô dotado de inteligência artificial de todo o mundo:

Asseguram os cronistas que ele [Alberto Magno] … conseguiu depois de trinta anos de trabalho, a solução do problema do andróide, isto é, ele fabricou um homem artificial, vivo, falante, dizendo e respondendo a todas as questões com uma precisão e sutileza tal que Santo Tomás de Aquino [discípulo de Magno], aborrecido de não poder reduzi-lo ao silêncio, o partiu com uma cajadada. [LEVI, 2004 ─ p 208]

Eliphas Levi explica que a “lenda do andróide de Alberto, o Grande” é uma metáfora para o fanatismo aristotélico do monge, escolástico do tipo que pretendia promover a filosofia aristotélica a sustentáculo da teologia cristã-católica, fonte inesgotável de respostas para tudo com suas “palavras preparadas” pela “lógica do silogismo que argumentava em vez de raciocinar”. A filosofia de Aristóteles era o “autômato filosófico”, o “Andróide” de Alberto e a “Suma Theologica… foi o bastão magistral” que destruiu a aberração
[LEVI, 2004].

Segundo Clute e Nicholls a palavra andróide apareceu na língua inglesa em 1727 para referir-se justamente as supostas tentativas do alquimista Albertus Magnus (1200-1280) de criar o homem artificial(8) (apud Oliveira, op. cit. p. 9). …De Albertus Magnus era dito que tinha trato com o próprio diabo, pois tinha confeccionado uma cabeça de cobre que era capaz de falar e responder a estímulos. Seus inimigos o acusavam também de ter fabricado um autômato capaz de falar. [BOECHAT, , 2009]

Senhor do Tempo

Embora o Andróide seja incrível, o mais assombroso prodígio realizado pelo Grande Alberto entrou para a história da Universidade Paris. O religioso ocultista tinha convidado William II, Conde de Holanda e Rei dos Romanos para um jantar, uma ceia em sua sua casa monacal, em Colônia. Estavam em pleno inverno e Albertus mandou preparar as mesas no jardim do convento.

A terra estava coberta de neve e os cortesãos que acompanhavam William murmuravam sobre a imprudência do filósofo, expondo o príncipe ao desconforto do tempo. Porém, quando tomaram seus lugares, a neve subitamente desapareceu e todos sentiram o frescor de um dia primaveril. O jardim coloriu-se de flores perfumadas que desabrocharam, nas árvores e arbustos; pássaros voavam e cantavam sob o sol. Era uma metamorfose da natureza e espetáculo tornou-se ainda mais impressionante quando, ao fim do jantar, todas as maravilhas desapareceram em um instante e o vento frio voltou a soprar castigando o jardim invernal.

Reputação Duvidosa

Apesar da fama de poderoso, há quem diga que “Magno”, no nome de Alberto não proveio, originalmente, de sua grandeza intelectual mas, antes, é um nome de família: Albert the Groot.  Para Eliphas Levi, que notoriamente não aprecia os escolásticos aristotélicos, o prestígio do monge é um folclore entre e somente entre a plebe ignara ele é considerado “o grande mestre de todos os Magos”. De sua extensa produção científica, poucos textos genuínos teriam chegados aos dias atuais e, ironicamente, suas obras mais conhecidas seriam “espúrias”. O ocultista Gerard Anacelet Vincent Encausse, o Papus, comenta os dois textos.

Os Admiráveis Segredos de Alberto, o Grande, publicado em 1791, “contém certos ensinamentos que podem ser utilizados, misturados com receitas bizarras e tradições da magia dos campos. O Grande Alberto compreende:

1º ─ Um tratado de embriologia…
2º ─  Um tratado de correspondências mágicas consagrado ao estudo das virtudes de ervas, pedras e animais, acompanhado de um quadro de influências planetárias.
3º ─  Um livro de “segredo” que se refere mais às práticas da feitiçaria que às da Magia.
4º ─  Um apêndice contendo noções fundamentais de fisionomia.

Pequeno Alberto

Segredos Maravilhosos da Magia Natural e Cabalística do Pequeno Alberto, Lion ─ 1758. O Pequeno Alberto é consagrados às tradições populares relativas à Magia. Encontram-se aí páginas inteiras inspiradas na Filosofia Oculta de Agrippa [Henry Cornelius Agrippa, 1486–1535]. São receitas ingênuas e curiosas sobre os processos empregados nos campos para inspirar e aumentar o amor… satisfação dos interesses materiais e resolução de questões de dinheiro. Relata processos mais ou menos pueris para conseguir ganhar no jogo e para a descoberta de tesouros. Este último capítulo só é interessante pelo estudo teórico que faz referente aos espíritos dos defuntos e aos que gnomos que guardam os referidos tesouros. [[PAPUS, 2003].

Sobre trechos “inspirados” na Filosofia Oculta de Agrippa, não é de se estranhar o fato: a biografia de Agrippa, [também alemão e também nascido em Colônia], mostra que este ocultista também estudou os textos atribuídos a Alberto Magno pouco mais de 200 anos depois da morte do monge, época em que, talvez, ainda fosse possível diferenciar os livros falsos dos verdadeiros. Deste modo, é muito difícil determinar se os livros de Agrippa influenciaram os “espúrios” de Alberto; se os originais de Magno influenciaram os “espúrios” de Magno; e seus originais [ou não], por sua vez, fizeram parte da formação de Agrippa.

O próprio Agrippa confessa em uma carta [epístola  23, I, I] que desde muito jovem era dominado por uma curiosidade pelos mistérios. Esse interesse pelas coisas secretas pode ter sido romantizado e exagerado pela sombra histórica do grande estudioso do oculto Alberto Magno. Ele [Agrippa] escreve a Teodorico, bispo de Cirene, que um dos primeiros livros de magia que estudou foi o Speculum, de Alberto. Devia ser fácil para um jovem corajoso e rico adquirir os grimórios de magia em um centro comercial e escolástico tão prolífero. [TYSON, 2008 ─  p 14]

O fato é que hoje a autenticidade das obras é colocada em dúvida. Em português, os títulos são raríssimos. Este articulista pesquisou e encontrou três exemplares de O Grande e o Pequeno Alberto, editado pela Edições 70 Lisboa em 1977, 458 páginas, listado em Estante Virtual, livros usados, aos preços salgadinhos de 180 e 200 reais. Online, outros poucos títulos como: O Composto dos Compostos ─ IV volume do Theatrum Chemicum  ─ e o suspeitíssimo Egyptian Secrets, White and Black Art for Man and Beast.

Os Admiráveis Segredos de Alberto, o Grande

Apesar da imensa obra deixada pelo dominicano seu nome foi eternizado justamente pelos livros considerados falsos, não escritos, de fato, por Magnus. O Grande Alberto e o Pequeno Alberto, mais se parecem com almanaques que reúnem receitas mágicas para enfrentar todo tipo de mazela ou infortúnio. O valor destes textos é conservar a memória de uma cultura que é a matéria prima de uma magia popular [magia exotérica, folclórica] que floresceu na Europa medieval, levou muita gente para a fogueira, atravessou eras e ainda se mostra presente em costumes e crenças hoje cultivados nas áreas rurais, pelas comunidades mais simplórias, especialmente no mundo ocidental.

Trata-se do conhecimento não científico mas tradicional das propriedades ocultas de plantas, pedras, animais e do poder dos rituais [e orações, pois é uma curiosa magia cristã] como forma de projeção da vontade. Algumas “receitas” são, atualmente, impensáveis, pelo tanto que ofendem aos princípios básicos da higiene e assepsia. Conforme assinala Marco Antonio Lopes em Princípios de ciência médica na época de Montaigne e Cervantes [2009]:

O pepino, por exemplo, figurava nessa farmacologia estritamente empírica como eficaz repelente de insetos. É o que afirma o tratado alemão de sabedoria médica popular intitulado Os admiráveis segredos de Alberto, o Grande, publicado em 1703, em finais da Idade Média. Para erradicar percevejos, o livro recomenda apanhar um pepino em forma de serpente, mergulhá-lo em água para, em seguida, esfregá-lo na cama infestada. Excremento de boi era recomendado para o mesmo fim, com a garantia expressa de que nenhum percevejo jamais seria encontrado nessa cama. Já o excremento de rato misturado com mel era recurso infalível para a calvície; a sua fricção tópica promovia a recomposição dos pêlos, em qualquer parte do corpo em que tinham existido [cf. Sallmann, 2002, p.172-173].

Fontes:
AUGHTERSON, Kate. The english Renaissence: Sources and Documents. Routledge, 2008. IN Google Books ─ acessado em 06/04/2009.
BOECHAT, Walter. Ficções do Corpo na Era Tecnológica: Mitologias da Ficção Científica. IN Revista Coniunctio nº 5 Volume 2 | SIZIGIA: Núcleo de Estudos em Psicologia Analítica ─ acessado em 06/04/2009.
Grimoires: Albertus Magnus.  In The Miskatonic University Library.
LEVI, Eliphas. História da Magia. [Trad. Rosabis Camayasar] São Paulo: Pensamento, 2004.
TYSON, Donald. A Vida de Agrippa IN Três Livros de Filosofia Oculta. [Trad. Marcos Malvezzi] ─  São Paulo: Madras, 2008.
WAITE, Arthur E.. Alchemists Through the Ages. In Google Books ─ acessado em 05/04/2009.

1193 – 1280

[…] dentro das paredes da Igreja. Todos os grandes alquimistas desta fase foram sacerdotes católicos. Albertus Magnus, Basilio Valentim e Roger Bacon são alguns desses nomes.  Foi apenas a partir de Nicolas Flamel […]

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/alberto-magno/ […]

[…] dentro das paredes da Igreja. Todos os grandes alquimistas desta fase foram sacerdotes católicos. Albertus Magnus, Basilio Valentim e Roger Bacon são alguns desses nomes.  Foi apenas a partir de Nicolas Flamel […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/alberto-magno/

Deuses Virais

GAVIN FOX

Muitos caoístas mantem uma postura firmemente agnóstica como sua configuração padrão entre uma operação mágica e outra.
Quando a crença é vista simplesmente como uma ferramenta a ser adotada e descartada conforme a necessidade surge, há pouco espaço para adoração ou dogma, a menos que um benefício direto possa ser obtido com isso. Mas aqueles que parecem experimentar contato direto com entidades que se assemelham aos deuses e deusas do folclore clássico sempre ficam ponderando uma questão aparentemente impossível.

Exatamente o que, se é que alguma coisa, é invocado dentro do círculo?

Se descartarmos as teorias aceitas de que as divindades e demônios do mito clássico são ancestrais venerados, anjos caídos, espíritos onipotentes ou apenas a espuma de algum grande ovo cósmico, outras hipóteses alternativas se apresentam.

Destas, duas continuam sendo os mais atraentes para aqueles que utilizam a memética em seu trabalho com feitiços.

A primeira envolve processos internos da psique que permanecem como algo que se aproxima de uma visão reducionista ou niilista do mundo invisível.

O segundo pega essas mesmas formas divinas e as arremessa com intenção no reino material para que todos possam ver.

Sob a primeira teoria, encontramos também os deuses como construções sociológicas que apelam para algum aspecto oculto de nossas naturezas pessoais. Eles são pouco melhores do que memes internalizados que o mago habilidoso ou o crente cego pode invocar para acionar esses aspectos dentro de si como e quando necessário. Tal sistema, que deve muito ao modelo psicológico da magia, exige que esses espíritos não tenham existência própria finita, simplesmente formando um caminho pelo qual a psique humana se defende contra o fracasso ou a adversidade.

A segunda teoria argumenta que os deuses são formas de pensamento projetadas, alimentadas por aqueles que estão interessados ​​neles e dotados de uma aparência estranha e mecânica de vida pelo interesse contínuo de crentes e não iniciados.
O que torna essa visão exclusivamente memética é a falta de distinção entre seguidores e fanboys que ela permite.

A atenção mental, sonhos e pesadelos de cada pessoa que já parou para pensar sobre um determinado conceito ou personagem é o que adiciona contexto a essa informação, e não a pureza da crença. Que o material de sua mente transborde no tecido da realidade enquanto focado em um determinado tópico é mais do que o suficiente. Todos os livros e sites de fan-fics que mencionam uma determinada entidade tornam-se uma Bíblia em constante expansão.

Esta é uma visão de mundo extremamente libertadora pela qual os arquétipos internos podem ganhar apoio no mundo supostamente real. Como evidência de apoio, podemos chamar os muitos seguidores deliciosamente estranhos de Cthulhu ao banco das testemunhas. Poucos podem argumentar contra seu sucesso em trabalhar com uma divindade que não tem existência real fora da escrita de um eles obtêm resultados.

É óbvio que os seguidores verdadeiramente dedicados dos Grandes Antigos não são nem de longe numerosos o suficiente para gerar a energia mental necessária para capacitar um panteão de pesadelos balbuciantes sobre a normalidade predominante da vida cotidiana. Mas a teoria externalizada descrita acima afirma que eles não precisam ser.

Tudo o que eles devem fazer é se tornar adeptos o suficiente para elaborar práticas devocionais e meméticas que lhes permitam sequestrar os bolsões de pensamento existentes que estão aguardando ainda inexplorados no zeitgeist cultural. Assim, cada fandom se torna uma corrente mágica potencial, e cada forma divina nada mais do que uma criação da mente do grupo.

Existem milhares de propriedades da cultura pop em potencial para explorar, e não há necessidade de se restringir a trabalhar apenas com os deuses que eles fornecem. Se ‘Magic the Gathering’ é seu hobby preferido, Liliana Vess pode ser abordada para ajudar na compreensão das artes necromânticas. Se você gosta de histórias em quadrinhos, Constantine pode ser chamado para aconselhá-lo sobre como encontrar uma saída para um acordo menos favorável. E, claro, Grimlock é de longe o Transformer mais óbvio a ser peticionado quando tudo mais falha e a raiva fervente é a única opção que resta.

A principal consideração que temos que ter m no entanto, é de alcance.

Não importa o quão poderoso em sua narrativa pessoal, um herói mortal não terá a onipotência de uma divindade do mesmo reino. A diferença de alcance já está impressa e essa fraqueza será codificada mimeticamente no zeitgeist por aqueles que consomem essas histórias com prazer ou indiferença. Grimlock nunca poderia destruir Unicron, a coisa mais próxima do mal supremo, conforme descrito no universo Transformers, e Liliana Vess também nunca venceria o dragão Nicol Bolas em uma luta justa. Como tal, aqueles que desejam trabalhar com tulpas como formas divinas também podem usar aqueles que já foram codificados com a ideia de divindade desde o início.

Em última análise, este processo esconde mais do que simplesmente usar super-heróis para substituir os anjos e demônios nomeados em rituais de grimórios existentes, como era a moda entre os mágicos do caos na virada do século. Vai além de fazer listas do seu personagem literário favorito se encaixando-os em tabelas de arquétipos subconscientes aceitos para uso futuro.

A ideia por trás do modelo memético da magia é codificar o próprio material do universo com conceitos que alteram o zeitgeist de maneiras intrigantes e inesperadas, bem como reconhecer os benefícios de pegar aqueles que já foram empoderados por outros e adaptá-los para suas necessidades.

Para os ocultistas que dogmaticamente consideram a divindade algo infinito e incognoscível para a mente humana, ainda pode valer a pena ver esses deuses literários como arquétipos potenciais ou tulpas mais gerais sem as armadilhas onipotentes. Resultados podem ser obtidos dessa maneira, embora isso fique muito aquém da verdadeira feitiçaria memética.

Em última análise, na magia, a evolução contínua da técnica e a compreensão da função são as únicas coisas que importam.
Não há vacas sagradas para proteger e nem sacerdotes dignos de louvor. Existe apenas a sempre presente marcha para a grandeza, um experimento de cada vez.

Fonte: https://chaosmagick.com/you-viral-gods/

Postagem original feita no https://mortesubita.net/popmagic/deuses-virais/

A Ordem de Aset Ka e a Popularização do Vampirismo Moderno

Em Hotep,

Tomei conhecimento da Ordem de Aset Ka em 2007 quando a Bíblia Asetiana foi liberada para deleite do publico em geral, em especial os europeus que já tinham alguma noção dos trabalhos vinculados a misteriosa sociedade cuja sede, sabe-se através do autor Luís Marques, se encontra na cidade de Porto, Portugal. É provavel que hajam outros capitulos da mesma espalhados ao redor do globo terrestre, todos estes interligando os adeptos as suas origens vampíricas presentes no Egito Antigo, onde a matriarca divina, Ísis, compartilhou não somente sua sabedoria entre sua descendencia, como sua própria imortalidade.
Por séculos a Ordem tomou a si a regencia do Antigo império egipcio, em um glamoroso reinado de Beleza e Poder, meramente esquecido pelos historiadores de nossa época, sequer reconhecido pelos mesmos.

“Para o seu grupo secreto e silencioso, Aset (Ísis) atribuiu-lhes o nome de Aset Ka, um símbolo direto de suas verdadeiras origens – a essência de Ísis, o Ka de Aset. E assim ela disse te-los vinculados através do sangue, e os fiéis a ela seriam para sempre fiéis para eles próprios, porque eles eram um só. Em seu “Beijo Negro”, ela gravou o sigilo santo no fundo de suas almas, que seria para sempre sua Marca Asetiana, e eles fariam o mesmo com seus seguidores” A Bíblia Asetiana.

A Aset Ka, enquanto ordem iniciática, existia muito antes de qualquer ordem vampírica, tal como Crimson Tongue, Dreaming, House Kheperu, ou até mesmo a notória Black veil, famosa pelos seus roles playing games e fãs de Nox Arcana. É certo que, em contexto de exposição muito diferente e com recursos completamente distantes dos que utiliza hoje em dia, vide o site oficial circulando na Web, mas já à 20 anos atrás haviam serões de palestras sobre manipulação de energia organizadas pela Aset Ka em Londres e Paris. Fatos tais são dificilmente encontrados em textos liberados, mas correm aos sussurros pelos círculos ocultistas, da onde a autora que os expõe aqui, sugou deliberadamente as informações.

Pois bem, antes que tomem notas através do trabalho que aqui se segue, é importante fazer um parecer sobre a pratica do Vampirismo, já muito propagada fora dos círculos ocultos, em especial pelos sujeitos mais problemáticos que são os adolescentes deslumbrados e fãs de qualquer alegoria sombria/sensual. Tais ordens como Aset Ka jamais registraram qualquer indicio de prática canibalista em seus meios como uma questão de obrigatoriedade de sua natureza divina, senão uma alusão ao que seria “sugadores da essência divina”, energia psiquica ou sexual. Fora isto, moldar em mente sujeitos de preto, cabelos longos, pele pálida e feições aquilinas voando entre árvores de um bosque a caçar mocinhas, é apenas uma visão romanceada, figurativa, do que o Vampiro de fato representa. A questão da alimentação sanguinea não é uma condição inerente ao Asetiano, que privado desta dieta, padecerá em uma funesta não-existencia cá entre os vivos. Sobre esta questão, busquei referencias na fonte mais correta da Ordem, sua Bíblia, que nos trás a questão de maneira bem direta:

“O que um vampiro real realmente anseia em seu núcleo é o Ka, a essência da vida, se liberada por um intenso orgasmo sexual, desde o sangue pingando da veia do doador, ou simplesmente pelo toque da carne”

Procede-se então que o Vampiro se comporta de maneira similar a um daemon invocado cujo sigilo necessita ser alimentado pela energia do seu conjurador, seja numa gota de sangue, seja através do fluído sexual. O Vampiro todavia, não é uma condição sobrenatural inalcançavel. Tomando o presuposto que o Vampiro se alimenta da energia exterior, o vampirismo psiquico fora abordado de maneira bastante elucidatoria por autores como Dion Fortune e Anton Lavey.O “Psyvamp” sendo uma condição repassada seja geneticamente ou através de ataques exteriores, PORÉM, não resulta no recrutamento do mesmo para uma Ordem como Aset Ka. Simplesmente porque ser asetiano não é somente ser um vampiro. A questão é mais profunda e essencialmente vinculada a hereditariedade.

Não adianta donativos, puxa-saquismo, sequer seu sangue é interessante a Ordem. Sendo um círcuo estritamente fechado, entende-se bem o porque de poucos conhecerem Aset ka. Esta casa ocultista não é como as casas por ai que dizem serem secretas, e fazem entrevistas até para o Jô Soares se puderem. Não deve-se confundir Ordem restrista com Ordem Secreta, pois nem todas as ordem restritas sobrevivem na obscuridade, por exemplo a famosa Maçonaria. Mas então porque diabos lançar um livro, um site, até uma pagina na Wikipedia, se a palavra de ordem da Aset Ka é Sigilo?

Em dialogos com um possivel conhecedor dos trabalhos asetianos nas terras lusitanas, este me deu a entender que alguns descendentes da Ordem vagavam por ai sem conhecimento de suas origens. As publicações rescentes, por tanto, pretendiam, e pretendem, despertar esses irmãos e levá-los de encontro a suas origens. O reconhecimento se daria de uma maneira profundamente íntima, é deduzível, já que não consta um manual de comportamentos asetianos, senão poucas caracteristicas referentes as linhagens. Obviamente, as publicações atraíram muitos tipos de fanboys e fangirls de RPG, Anne Rice, Saga Crepúsculo e até membros de outras ordens, curiosos acerca desta identidade otherkind presente no asetiano. Mas é provavel que os curiosos não obtiveram sucesso em suas pesquisas, tal como eu que apenas pude me satisfazer com informações minguadas espalhadas entre os círculos.

 

Aset Ka e as Três Linhagens Vampíricas

“Vivemos em segredo. Vivemos em silêncio. E nós vivemos sempre …Que a Serpente beije o infinito de sua beleza fria”

A palavra Asetiana refere-se à linhagem imortal criada por Ísis no Antigo Egito. Em seu ato de criação divina, ela deu sozinha à luz a três crianças para fora de sua essência. Esses são os Asetianos Primordiais, os primeiros de seus parentes, representações perfeitas das Linhagens encontrados em Asetianismo. Isso explica a natureza tríplice da linhagem que é representada por três linhagens distintas: Serpente, a Linhagem dos Viperines, Escorpião, a linhagem dos Guardiões, Escaravelho, a Linhagem dos Concubines.

1 – Linhagem das Serpentes (tambem conhecida como a linhagem de Hórus): Esta linhagem assenta as suas bases na honra, no poder e na força da liderança. Os seres desta linhagem destacam-se por possuir elevados poderes metafisicos, e uma criatividade extraordionária. São habitualmente temidos por aqueles que conhecem os seus poderes. Fisicamente, tem uma aparência frágil (apesar de serem de todas as linhagens os mais poderosos) devido a possuirem um grande desprendimento da Terra em si. São na maioria das vezes pessoas palidas, magras, e tem um olhar profundo que lhes é caracteristico.

2 – Linhagem dos Escorpiões (Guardiões) :os seres desta linhagem denotam-se por uma grande ligação ao amor, e busca do mesmo. Para eles, o amor é a propria razão da vida. São desligados das pessoas em geral, apresentando por diversas vezes pontos de vista divergente da maioria das opinioes da sociedade. São muito ligados á Terra, o que resulta no desenvolvimento de um grande escudo de protecção á sua volta quase constante. São seres notoriamente protetores, contudo só permitem a alguns aproximarem-se de si intimamente. Nao interagem muito facilmente com a energia, devido precisamente ao seu “escudo” quase constante. São donos de uma saude excelente assim como de um ótimo sistema imunologico. São poucos sensiveis á luz solar, e podem ainda ser menos palidos que os asetianos das outras duas linhagens. Tem um metabolismo energetico lento, logo sao raras as vezes em que necessitam de retirar energia dos outros. São avançados na alimentação tantrica. Alimentam-se de energia sexual.

3 – Linhagem dos Escaravelhos (Concubines): Tem uma natureza caótica, e ao mesmo tempo adaptativa. Tem a habilidade de partilhar grandes quantidades de energia, tornando-os excelentes doadores , sobretudo para a linhagem das serpentes. Sao submissos e controlados, mas apenas por aqueles que lhe são bastante proximos. Tem uma grande necessidade de contacto humano social, e por isso mesmo sao das 3 linhagens a que possui uma alma mais humanizada, sendo que o facto de se misturarem com os humanos e agirem muitas vezes como eles emotivamente é um dos seus maiores fardos, uma vez que assim se torna mais dificil de atingir o seu eu interior divino. Umas das suas capacidades mais marcantes é a de conseguirem transformar a dor fisica em prazer, alimentando-se muitas vezes de energia sexualmente liberada. Não tem uma aparencia fisica esteriotipamente definida, a mesma costuma variar imensamente.

Keepers – Crianças de Anubis

São os protetores dos Asetianos, estão a eles ligados através de lealdade, respeito, honra e dedicação. Tal como os Asetianos, tem uma alma imortal nao humana, logo sao conhecidos como otherkins. Alguns possuem uma alma vampirica, outros tem uma alma humanizada. Discípulos de Anubis, sao extremamente avançados no que toca a praticas e ritos de magia e feitiçaria. A sua maior ambiçao é proteger os Asetianos.

“Desenvolvimento e iluminação são processos lentos e persistentes da viagem Asetiana através da vida. Esta iniciação metafísica é um sistema de transmutação. Com esta mudança pura e profunda, significa que o Asetiano consegue alterar de forma,aparência e natureza, que é uma manifestação da força da Chama Violeta em si. Esta transmutação, profundamente conectada com o nascimento vampírico, representa a natureza da alquimia da alma Asetiana, sempre mudando eternamente. De acordo com isto, podemos estabelecer o Asetianos como os alquimistas do alma, criadores e destruidores,catalisadores de mudança e evolução, com o poder de transformar chumbo em ouro. Asetianos são os doadores de vida, os pilares da existência sutil, os proprietários darespiração da imortalidade. ”

Mas então, qual seria o sistema asetiano? Como vivem e o que fazem?

Existem trechos deveras notáveis nas obras de Luis Marques que calam a boca dos insistentes, porém nao conseguem fazer morrer o interesse. Tal como o autor é uma pessoa física E conhecida, os asetianos assim são, habitando entre nós, podendo ser nossos vizinhos ou um apresentador de um talk show na TV.
“Para aqueles fora da Ordem, nós jamais existiremos” (A Biblia Asetiana).

No entando, sabemos que eles sim existem, mas não da maneira extravagante que Hollywood demonstrou.

“Os vampiros e criaturas similares podem ser encontradas em quase todas as culturas ao redor do mundo. Nos contos do Vetalas da Índia encontram-se no folclore sânscrito, chamados demonios vampiricos, tanto que os Lilu são conhecidos desde os mistérios da Babilônia, e mesmo antes, os sanguessugas de Akhkharu foram vistos na mitologia suméria. De fato,um desses demônios do sexo feminino, chamado Lilitu, foi adotado mais tarde pelademonologia judaica, Lilith, sendo um arquétipo ainda atualmente utilizado em algumas tradições ritualísticas do Caminho da Mão Esquerda. Mas a maioria do que é reconhecido do vampiro vem da Romênia e contos eslavos, os Strigoi chamados Nosferatu e Varcolaci, entre outros. No entanto, o Vampiro verdadeiro, como um ser real e não o conceito encontrado em todo o mundo e na história como puro mito criado pelo homem, tem suas raízes no Antigo Egito, sendo ele o Asetiano”. (A Bíblia Asetiana)

Nathalia Claro.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-ordem-de-aset-ka-e-a-popularizacao-do-vampirismo-… […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-ordem-de-aset-ka-e-a-popularizacao-do-vampirismo-moderno/

Aklo, a “linguagem” dos Grandes Antigos de H.P.Lovecraft

Dicionários são sempre divertidos, mas nem sempre reconfortantes
– M.F.K. Fisher

É inegável que um dos maiores charmes presentes não apenas nas histórias de Lovecraft mas também de seus “afilhados”, são os fragmentos de rituais escritos em línguas alienígenas ou inumanas.

O trecho mais famoso está presente em seu conto O Chamado de Cthulhu – Call of Cthulhu – escrito em 1926 e publicado dois anos depois. No conto a história se desenrola em torno do que se identifica como o Culto a Cthulhu e suas práticas ao redor do globo desde eras imemoriais até os dias de hoje. Durante uma batida policial em um pântano encontram quase 100 membros do culto em um frênesi, cercado por corpos talhados com marcas estranhas e no centros das antenções uma estatueta, todos eles entoando a frase:

ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn

Eventualmente Lovecraft a traduz, dando como significado “Em sua casa em R’lyeh, Cthulhu morto espera sonhando”.

Essa língua inteligível nunca foi propriamente batizada, mas em outras três obras Lovecraft menciona um nome, criado por um de seus escritores favoritos, Arthur Machen. Em 1899 Machen escreveu As Pessoas Brancas – The White People – um conto curto de horror fantástico que mostra como uma conversa entre dois homens sobre a natureza do mal leva um deles a revelar um temido Caderno Verde, que tem em sua posse. O caderno contém os escritos de uma jovem que, de forma ingênua e provocante, descreve suas memórias de quando era ainda mais nova, além de conversas que teve com sua ama, que a inicia em um mundo secreto repleto de folclore e magia ritual. Em seu caderno a jovem faz alusões cripticas a ninfas, Dôls, voolas, cerimônias brancas, verdes e vermelhas, caracteres Aklo, às línguas Xu e Chian, jogos Mao e a um jogo chamado Cidade de Tróia.

Aklo nunca passou disso em suas primeiras evocações, Machen apenas cita “caracteres Aklo” uma vez em todo o conto, mas isso serviu para incendiar a imaginação de Lovecraft que o menciona em três contos seus, O Horror de Dunwich, escrito em 1928, O Diário de Alonzo Typer, escrito em parceria com  William Lumley em outubro de 1935 e O Assombro das Trevas, escrito em novembro de 1935.

Machen não faz nenhuma menção nem tentativa alguma de sequer explicar o que são caracteres Aklo, ou como, onde ou por quem são usados. Já Lovecraft, em o Horror de Dunwich, o menciona duas vezes em uma única passagem encontrada no diário de uma das personagens:

“Hoje aprendi o Aklo para o Sabaoth, mas não gostei, podendo ser respondido das colinas, mas não do ar.”

e

“Imagino como irei parecer quando a terra for limpa e não houverem mais nela seres terrenos. Aquele que veio com o Aklo Sabaoth disse que eu posso ser transfigurado já que muito do exterior deve ser trabalhado.”

Neste trabalho Lovecraft une Aklo ao termo Sabaoth. Sabaoth é o termo judaico para “Hoste” ou “Exército”, e é usado exclusivamente com o nome do Senhor, para designar Deus como sendo o Senhor das Hostes ou Senhor dos Exércitos. Lovecraft teve acesso a livros de Eliphas Levi, como o Dogma e Ritual da Alta magia onde o termo Sabaoth aparece em dois capítulos, O “Sabbat” dos Feiticeiros”, que foi usado por Lovecraft em seu romance O Caso de Charles Dexter Ward e “O Setenário dos Talismãs”. Em ambos os textos o nome Sabaoth aparece precedido de um dos títulos de Deus: Adonai Sabaoth e Elohim Sabaoth respectivamente. Em ambos os casos o nome parece ser usado para rituais de necromancia ou a confecção de amuletos que necessitam de rituais que envolvem sangue. Algo perfeito para Lovecraft, mas que no texto, como ele o colocou, parece ficar deslocado. Uma hipótese é que tenha usado a palavra Sabaoht no lugar da palavra Sabbath, o termo utilizado para designar, popularmente, a conferência das feiticeiras, assunto tratado à exaustão e com todos os detalhes góticos no capítulo do livro de Levi. Assim ter aprendido as runas para o Sabbath e aquele que veio do Sabbath talvez fizessem mais sentido. Mas isso é indiferente no momento.

No segundo conto que escreveu com Lumley, O Diário de Alonzo Typer, Lovecraft menciona o Aklo três vezes, dando um pouco mais de forma à idéia do que poderia ser:

“Eu acredito que possa ter se aliado a poderes que não desta terra – poderes no espaço além do tempo e além do universo. Ele se eleva como um colosso, se levarmos em consideração o que dizem os textos Aklo.”

seguido por

“Mais tarde eu subi ao sótão, onde encontrei vários baús repletos de livros estranhos – muitos de aspecto completamente alienígena, tanto em sua escrita quanto em sua forma. Um continha variações da fórmula Aklo que eu nem sabia existir.”

e finalmente

“Eu acredito que mais de uma presença possui tal tamanho e eu sei agora que o terceiro ritual Aklo – que achei no livro do sótão ontem – tornaria tal ser sólido e visível.”

Neste texto Lovecraft espande o conceito de Aklo de meros caracteres ou língua para uma cultura, os Textos Aklo, fórmulas e rituais Aklo. A idéia de que um ritual Aklo deveria ser usado para tornar um ser imaterial em uma presença sólida e visível é compatível com a idéia usada no Horror de Dunwich, onde Wilbor deseja manifestar em nosso mundo uma dessas criaturas usando as fórmulas do Necronomicon. Assim o Aklo que ele aprende pode ser uma parte fundamental do processo de evocação. Nos Diários de Alonzo Typer existe a menção a uma série de rituais e escritos Aklo. Isso poderia indicar uma forma não apenas de linguagem, mas de “escola mágica”, assim como a cabala tem sua cultura e caracteres, o Bon Po também, etc. Aklo poderia ser uma cultura que transcende apenas um alfabeto e uma linguagem.

No Assombro nas Trevas Lovecraft faz apenas uma menção ao Aklo, mas desta vez mais ampla.

“Foi em junho que o diário de Blake falou de sua vitória sobre o criptograma. O texto estava escrito, ele descobriu, na sombria linguagem Aklo, usada por certos cultos de maligna antigüidade e que ele aprendera de maneira hesitante através de pesquisas anteriores. O diário é estranhamente reticente sobre o que Blake decifrou, mas ele estava claramente impressionado e desconcertado por seus resultados. Haviam referências a um Assombro das Trevas que podia ser desperto ao se contemplar nas profundezas do Trapezoedro Brilhante e conjecturas insanas sobre os golfos negros do caos de onde ele era invocado.”

Tanto o texto de Machen quanto os de Lovecraft dão a idéia clara que o Aklo se deriva de uma cultura incrivelmente antiga e muito avançada nas artes obscuras. Capazes de evocar criaturas de outras dimensões, materializá-las em nosso mundo e conhecida por poucas pessoas nos dias de hoje. Uma cultura que possuia uma língua proibida e poderosa e possivelmente não humana.

Em vários textos Lovecraft faz uso de sua língua para dar clímax a alguma passagem específica, como no Caso de Charles Dexter Ward onde a fórmula “Y’AI ‘NG’NGAH, YOG-SOTHOTH H’EE-L’GEB FAI THRODOG UAAAH” é usada. Ou os gritos de “IA SHUB-NIGGURATH” que ecoam em diversos de seus contos.

Lovecraft não apenas nunca batizou explicitamente esta língua como também nunca ligou suas diversas menções em diferentes contos com uma única fonte. Geralmente aponta que uma das personagens encontrou as evocações em livros malditos como o Necronomicon ou o De Vermis Mysteriis, cada um desses livros tendo sido escrito por diferentes pessoas em diferentes épocas, mas, implicitamente, lidando com as mesmas criaturas do panteão Lovecraftiano, conhecido como Mito de Cthulhu.

Mais do que mera linguagem

Assim podemos assumir que essa linguagem poderia de fato ter origem extra-terrestre e ser ensinada a magos, feiticeiros, sacerdotes e ocultistas que entraram em contato com os Antigos. Mas seria correto dizer que esta língua/cultura alienígena seria o Aklo? E por que não? Machen nunca se foi além de sua única menção aos “caracteres Aklo” e Lovecraft escreve que o Aklo é usado “por certos cultos de maligna antigüidade” trazendo informações sobre os horrores que se escondem além do tempo e do espaço. Os próprios nomes das divindades parecem se derivar do Aklo, ou ao menos parecem ter chegado à terra nessa língua: Cthulhu, Shub-Niggurath, Shoggots, Cthugua, Tsatogua, etc. Além de outros nomes como a cidade de R’lyeh construída por Cthulhu, o planalto de Leng ou mesmo a misteriosa Sarnath, além disso existem menções a fórmulas e rituais como a fórmula de Dho-Hna; se somarmos a isso a menção de Lovecraft ao aspecto “completamente alienígena, tanto em sua escrita quanto em sua forma” podemos associar não apenas os rituais mas a origem dos Antigos e seus costumes ao Aklo. Talvez os Antigos sejam o Aklo assim como nós somos humanos.

Um ponto importantíssimo do idioma Aklo é que, ao contrário de qualquer outro idioma conhecido, ele não foi concebido para ser pronunciado por humanos, ou por criaturas presas na forma humana. Ele não foi nem mesmo concebido para ser pronunciado com o uso da garganta e língua humana, de modo que devemos ter ciência de que um homo sapiens falando Aklo é como a Gorila Koko falando a linguagem de sinais. Sempre uma mera aproximação limitada por nossa anatomia, neurologia e nossa consciência. É um idioma que deve ser falando principalmente com a mente, e não com as cordas vocais.

Essa idéia foi desenvolvida de forma magistral por Alan Moore no conto curto O Pátio – The Courtyard -, publicado na antologia Sabedoria Estrelar: Um Tributo a H. P. Lovecraft -The Starry Wisdom: A Tribute to H. P. Lovecraft. Em sua visão Aklo não é apenas uma língua alienígena, mas uma chave para se abrir as portas da percepção da mente humana. De acordo com Moore apenas ouvir, ler ou pronunciar o Aklo não causa nenhum efeito à mente, mas se “absorvida” por um cérebro em um estado alternado de consciência os resultados podem ser devastadores. No conto o agende federal Sax ingere DMT-7, para que pudesse “receber” o Aklo. A escolha de Moore é curiosa e muito acertada, já que a DMT, ou dimetiltriptamina é uma substância psicodélica encontrada não apenas em vários gêneros de plantas como a Acacia, Mimosa, Anadenanthera, Chrysanthemum, Psychotria, Desmanthus, etc. – famosa em celebrações religiosas como o culto do Santo Daime, da ayahuasca e da Jurema – como também é sintetizada no cérebro pelo próprio corpo humano. Não se sabe até hoje de forma concreta qual a função do DMT em nosso organismo, nem que órgão o produz – frequentemente se especula que a responsável é a glândula pineal. De acordo com Moore, assim que o DMT produz seu efeito no cérebro, cada “dose”, ou palavra em Aklo destrava na mente a compreensão física para seu próprio significado. Enquanto Lovecraft trabalhava apenas com a tradução do significado de cada palavra:

ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn = Em sua casa em R’lyeh, Cthulhu morto espera sonhando

Moore trabalha com a compreensão de cada significado, especificamente de três palavras:

WZA-Y’EI

Conhece a Tudo. É uma palavra para o espaço conceitual negativo que rodeia um conceito positivo. As classes de coisas maiores do que o pensamento, sendo tudo o que o pensamento exclui.

DHO-HNA

Uma força que define. Algo que dá significado ao seu receptáculo como uma mão dentro de uma luva, ou vento nos moinhos de vento. Um visitante ou um intruso que cruzam um umbral, lhe dando significado.

YR NHHNGR

Não há uma definição em palavras, pensamentos esquecidos se juntam em flashes que cegam, e fusões impensáveis ocorrem. Surge uma visão de tudo o que existe além de nosso universo, não apenas físico, mas mental.

Se uma língua é um sistema formado por regras e valores presentes na mente dos falantes de uma comunidade linguística, podemos evocar Korzybski que afirmou que todos nós somos limitados por nosso sistema nervoso e nossa linguagem. Assim Moore pode ter encontrado a fórmula para se reprogramar o cérebro e a consciência com os valores presentes em uma cultura alienígena pré-humana, o DMT serviria para preparar o sistema nervoso para receber não apenas uma palavra mas todos os valores presentes nela, desta forma a pessoa aprenderia um dialeto novo não pela repetição ou pelos inúmeros atos de fala com que tem contato, mas de forma viral, já que para compreender o significado de uma palavra a pessoa entraria em contato com todas as palavras usadas para descrevê-la, e cada palavra, por si só, tem o próprio significado. Moore afirma que Aklo é a Síntaxe de Ur, o vocabulário primogênito que recebeu sua forma de ordens pré-conscientes vindas da quente incoerência de estrelas. Ela é composta de cores perdidas e intensidades esquecidas e isso faria com que, uma vez absorvida pelo cérebo, desimpedisse a mente de suas limitações ou, como escreveu Blake: “Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito”. Isso também faria com que a pessoa pudesse enlouquecer, já que os valores que temos podem ser completamente diferentes daqueles que inundarão nossa mente, e isso é uma constante nos textos de Lovecraft, onde a personagem, quando se defronta com o conhecimento alienígena/antigo enlouquece, traz para si uma antiga maldição, morre ou as três coisas – não necessariamente nesta ordem.

 

Escrevendo Aklo

Como Lovecraft e sua turma não desenvolveram o Aklo além de citações breves e enigmáticas, coube a seus fãs modernos e contemporâneos desenvolver a língua. Inclusive muitos a rebatizaram de R’lyehan, Cthuvian e até Tsath-yo, além de Lovecraftiano e outros nomes mais estúpidos. Tanto R’lyehan quanto Cthuvian associam a língua diretamente a Cthulhu e a cidade que lhe serve de prisão, R’lyeh. O problema com esses nomes, é que além de ridículos tranformam a linguagem em um dialeto, lhe roubando a universalidade que seus criadores lhe atribuiram originalmente, é como chamar a língua falada no Brasil de Santista, Paulista ou Carioca só porque uma celebridade de alguma dessas cidades caiu na graça dos estrangeiros. Assim vamos nos ater a seu nome original.

Um primeiro obstáculo que encontramos quando começamos a estudar o Aklo é que ele foi desenvolvido por pessoas que falavam o inglês e que não tentaram desenvolver a complexidade da língua. Assim “Cthulhu fhtagn” é traduzido pra o inglês “Cthulhu Dreaming” ou Cthulhu Sonhando. “ph’nglui mglw’nafh Cthulhu R’lyeh wgah’nagl fhtagn” é traduzido para o inglês “In his house at R’lyeh dead Cthulhu waits dreaming” – Em sua casa em R’lyeh, Cthulhu morto espera sonhando. As únicas três palavras que podem ser traduzidas corretamente por comparação são dois nomes, Cthulhu e R’Lyeh e Fhtagn que significaria sonhando. Qualquer tradução palavra por palavra do texto cai no achismo, ainda mais que podemos ver que R’lyeh e Cthulhu são invertidos na tradução. Não há indicações do que “ph’nglui”, “mglw’nafh” e “wgah’nagl” signifiquem respectivamente, e ainda se pararmos para pensar que existem três palavras/termos/conceitos em Aklo que devem ser transliterados nas palavras/termos restantes, “em sua casa”, “morto” e “espera/aguarda”, não sabemos como a gramática funciona – por exemplo, em Latim, o que determina o significado de uma palavra não é sua ordem na frase, mas a terminação de cada palavra, assim ‘Caim matou Abel’ pode ser escrito, em latim, tanto ‘Caim matou Abel’ quanto ‘Abel matou Cain’ ou ainda ‘matou Abel Caim’ que saberíamos não apenas o significado da sentença mas quem faz o papel de assassino e quem foi a vítima. Poderíamos afirmar que Aklo seria semelhante ao latim ou teria uma estrutura mais rígida como o português ou inglês moderno? Não podemos afirmar nada.

Mesmo assim, compilando frases e termos em Aklo usado não apenas na ficção Lovecraftiana mas no material que surgiu posteriormente, podemos chegar a algumas conclusões:

– Aparentemente o Aklo não faz distinções entre pronomes, verbos, adjetivos e outras figuras de linguagem.

– Pronomes podem não aparecer.

– Verbos possuem apenas dois tempos: presente e não presente. A mente dos Antigos não pode ser explicada linearmente, e o nosso conceito de tempo – presente, passado e futuro – se mostra extremamente limítrofe e primitivo.

– Não existem preposições soltas, elas estão geralmente implícitas.

– As palavras se combinam facilmente com prefixos e sufixos que explicam se está sendo descrito um lugar, entidade ou dimensão, ou se algo está acontecendo agora ou não agora.

– Prefixos e sufixos são ligados, geralmente através de apóstrofe.

– Termos novos formados por duas ou mais palavras são ligados por hífem.

– O plural geralmente é indicado pela repetição da última letra.

– Não existe definição de gênero, que é uma limitação característica do tipo de existência física deste planeta, ao invés disso existe uma ligação entre energia e forma, tudo relacionado a energia é tido como masculino, tudo relacionado ao que dá forma é feminino, por isso a distinção entre Pai – principio energético – e Mãe – o ser que dá a forma à vida.

– Não existe diferenciação de localização espacial e localização temporal.

Além da forma, a direção da escrita também é vista como elemento diferenciador do sistemas Aklo. Semelhante ao grego antigo, o Aklo é escrito em linhas com direção alternada: uma linha da direita para a esquerda e a linha seguinte da esquerda para a direita, invertendo a direção das letras; a terceira linha equivalia à primeira e a quarta à segunda e assim sucessivamente. Esse método é chamado de boustrophedon, uma palavra grega que significa “da maneira como o boi ara o campo”. Em livros recentes é compreensível que a escrita seja feita da esquerda para a direita como se tornou comum no ocidente.

 

Caracteres Aklo

Não existe um alfabeto Aklo “oficial” apontado por Machen, Lovecraft ou outro escritor, o que existem são trabalhos feitos por fãs que tentam representar o que consideram ser o alfabeto. O problema com a maioria é que se revelam rebuscados demais para serem práticos. Ou runas trabalhadas demais, ou simbolos carregados de um barroquismo que interferem em sua escrita.

O Aklo sempre foi mostrado de duas formas: ou a transliteração fonética das palavras, como Fhtagn, ou descrição de arabescos e hieroglifos hediondos, antigos e não relacionados com nenhuma civilização. É sabido que a forma de escrita mais antiga que se tem conhecimento hoje era essencialmente formada por ideogramas. O desenho de um pão representava o próprio pão. Duas pernas poderiam representar tanto andar quanto ficar de pé. Com o tempo as simbolos se tornaram abstratos, deixando de representar conceitos para indicar sons. A letra M do nosso alfabeto evoluiu de um hieróglifo egípcio que representava ondas na água e o som que essas ondas faziam, a palavra egípcia água contem apenas uma consoante: M, assim a figura M não representava apenas a idéia de água mas o som que faziam.

Quando a escrita necessitou se tornar “portátil”, os ideogramas foram substituídos por caracteres que pudessem ser desenhados com rapidez pelas ferramentas de mão no meio em que seriam carregados. As ferramentas eram um instrumento pontiagudo e forma triangular e o “papel” da época eram tábuas de argila. O que determinou a evolução da escrita então foi o instrumento usado para escrever, logo que o triangular foi substituído por outro em forma de cunha, surgiu a escrita cuneiforme aproximadamente no século XXIX a.C.

Assim é lógico que qualquer tipo de escrita primitiva feita por humanos teria que seguir uma linha cuneiforme, ou sem formas que exigissem muita complexidade. Isso explicaria também a aparência alienígena atribuída aos textos encontrados nos tomos antigos.

Em 1934, seis anos após a publicação do conto O Chamado de Cthulhu, H.P. Lovecraft enviou uma carta a R.H. Barlow com uma ilustração de próprio punho da escultura de Cthulhu sentado em um bloco com inscrições ao redor.

As inscrições com certeza seriam, na estatueta descrita, Aklo. Lovecraft tentou no desenho incorporar sua versão do Aklo ou simplesmente fez rabiscos sem sentido apenas para mostrar o conceito da estatueta? Alguns dos rabiscos de Lovecraft lembram alguns caracteres do alfabeto fenício.

Outros simplesmente parecem rabiscos mesmo. Mas como os fenícios evoluiram dos sumérios, e uma das cidades estados mais conhecidas da Suméria era Ur talvez não seja um chute tão extremo dizer que Aklo poderia ser representado por caracteres que tenham sido usados pelos fenícios. Curiosamente em uma das edições mais populares do Necronomicon, a de Simon, todo panteão Lovecraftiano é associado com as divindades sumérias, mas essa associação nunca foi feita de forma explícita ou implícita pelos escritores do Mito.

Outra curiosidade a respeito do Necronomicon é que outra de suas edições, conhecida como O Necronomicon de Wilson-Hay-Turner-Langford, graças a seus autores, Colin Wilson, George Hay, Robert Turner e David Langford, oferece um alfabeto de Nug-Soth para ser usado em rituais e sigilos. Nug-Soth é personagem do conto “A Sombra fora do Tempo” de Lovecraft, um mago dos conquistadores negros que viveu no século XVII d.C – DEPOIS DE CRISTO – e que por causa de uma tranferência de mentes com um dos membros da Grande Raça dos Yith ficou aprisionado no ano 150,000,000 a.C. – ANTES DE CRISTO.

Nunca foi afirmado que esse alfabeto fosse Aklo, e basta uma olhada para ver que, apesar dele ter uma funcionalidade prática para a antiguidade, lhe falta a aura alienígena e o aspecto sombrio tão presentes nos textos lovecraftianos. E assim voltamos ao alfabeto fenício. Em 1518 um alfabeto de origem desconhecida foi publicado na obra Polygraphia de Johannes Trithemius. O alfabeto foi atribuido a Honório de Tebas, uma figura cuja existência beira a lenda. Ninguém sabe quem foi Honório, já afirmaram que na verdade era o Papa Honório, e assim sua figura foi associada não apenas com um Papa mas dois: Honorius I e Honorius III. Ele é o autor de um dos maiores livros de magia negra medieval existentes, conhecido como Liber Juratus ou O Livro Jurado de Honório. Curiosamente esse alfabeto não foi encontrado em nenhum dos dois livros atribuídos a Honório que sobreviveram a Inquisição. O alfabeto Tebano, como ficou conhecido, não apresenta semelhança com os alfabetos da época em que foi publicado, seus caracteres não se assemelham a letras latinas, hebraicas, árabes ou de nenhum tipo, mas tem certa semelhança a um alfabeto mais antigo, o fenício. O Alfabeto Tebano, também conhecido como Alfabeto das Bruxas, por causa do seu uso difundido em grupos de feiticeiras ou mesmo por praticantes solitárias, tem as características oníricas e estranhas evocadas por Lovecraft e se assemelham a alguns de seus “rabiscos” na base da estátua. Se levarmos em conta sua presença em livros de magia negra medievais, sua origem desconhecida, sem uso místico, podemos ver que serve perfeitamente como um bom candidato a canal para o Aklo ser transmitido.

Assim como no Latim não existe diferença entre a pronuncia do I e do J ou do U e do V – ou o W moderno – sendo o mesmo caracter usado para indicar os diferentes sons. Não existem também diferenciação entre maiúsculas ou minúsculas, como no caso do hebraico. Assim as diferentes “letras” representam os sons pronunciados pelo mago. Também não existem apóstrofes, hífens ou qualquer pontuação além de uma indicação de fim de sentença, o que indica que o texto não era separado em frases ou parágrafos, sento escrito em bloco com o sinalizador de fim de sentença.

Isso sim é algo que esperamos encontrar garatujado no Necronomicon.

Os apóstrofes, hífens, etc. que surgem na transliteração são indicativos apenas da sonoridade da palavra, de sua pronúncia, não existem no texto Aklo original.

Baixe aqui o Alfabeto Tebano

Pronunciando Aklo

Apesar de deixar sempre claro que os nomes e palavras Aklo não poderiam ser pronunciados por gargantas humanas, existe uma aproximação fonética.

Por exemplo, apesar de Lovecraft ter sugerido diferentes pronúncias para o nome Cthulhu, a mais aceita é a que oferece em Selected Letter V: o “u” é similar a urubu, e a primeira sílaba não sendo muito diferente de “Klul”, então o primeiro “h” representa o som gutural do “u”. Isso seria, de acordo com Lovecraft, o mais próximo que as cordas vocais humanas chegariam de pronunciar uma língua alienígena.

Mas a pronúncia nos contos é muito próxima da fonética das letras. No Caso de Charles Dexter Ward a fórmula:

Y’ai ‘ng’ngah, Yog-Sothoth

é pronunciada no inglês antigo:

Aye, engengah, Yogge-Sothotha

ou, “abrasileirando”:

Iai, ingeingá, Iogui-Sototi

ou ainda:

Yi nash Yog Sothoth

ou, “abrasileirando”:

I-í náchi Ióg Sossóss

Além disso esbarramos em outro problema levantado pelo próprio Lovecraft quando desejamos aprender a pronunciar corretamente as palavras. Em O Chamado de Cthulhu ele escreve:

“[…] de um ponto indeterminado das profundezas veio uma voz que não era uma voz; uma sensação caótica que apenas uma suposição poderia traduzir como som, mas que ele tentou traduzir com um entulho de letras quase impronunciável, ‘Cthulhu fhtagn’.”

“[…] uma voz ou inteligência subterrânea gritando monotonamente em enigmáticos impactos sensoriais indescritíveis a não ser como sons inarticulados […]”

“[…] o modo de discurso [dos Grandes Antigos] era a transmissão de pensamentos.”

E no Horror de Dunwich:

“É quase errôneo chamá-los de ‘sons’, uma vez que muito do seu medonho, e grave timbre falava diretamente com lugares sombrios de consciência e do terror, muito mais sutis do que o ouvido; mesmo assim é necessário que o façamos, uma vez que sua forma era indiscutivelmente, todavia de forma vaga, a de ‘palavras’ semi-articuladas.”

Assim fica claro que qualquer transliteração de Aklo se torna apenas uma aproximação fonética da forma pronunciada da palavra, pronunciada por uma mente alienígena; forma esta que inclui imagens, sensações, emoções, impressões e qualquer outra forma de informação que o limitado cérebro humano possa processar. É um idioma que deve ser falando principalmente com a mente, e não com as cordas vocais. Faça um exercício, tente traduzir a sua última trepada em uma única palavra, escreva em um papel e depois leia a palavra e veja se ela está à altura do ato. Isso torna a proposta de Moore muito mais interessante, talvez com o uso de alguma droga, como o DTM, o aprendizado do Aklo nos leve mais próximo de seu real significado do que meramente de sua pronuncia. Já que nossa mente filtra apenas o que podemos processar e compreender podemos afirmar que o que sabemos desta língua é muito limitado se comparado com o que um Antigo pode compreender e tentar nos passar.

 

Glossário Aklo – Humano

-agl = (sufixo) lugar

aag = local/realidade dos espíritos / essência sem o corpo

ah = ação genérica, e.g. saudar, comer, fazer

‘ai = falar / chamar / glorificar

athg = firmar (contrato) / concordar

ath = nativa / nascida de

azoth = caos

azathoth = caos + nascer/ser criado

 

‘bthnk = corpo / essência

bug = ir

 

c- = (prefixo) nós / nosso

ch’ = cruzar / viajar / atravessar

chtenff = irmandade / sociedade

 

ebumna = poço

eeh = respostas

ehye = coesão / integridade

ep = não agora / então / mas

ep hai = como consequência neste momento

 

f’- = (prefixo) eles / deles

‘fhalma = mãe

fhayak = enviar / oferecer / lugar

fhhui = considerar / preparar

fhtagn = estado de não consiência do momento (contempla sem conseguir sair da contemplação) o espaço entre dois momentos a experiência mais próaxima é “dormir” ou não estar desperto.

fm’latgh = queimar

ftaghu = pele / o espaço externo que limita uma forma / os ângulos que contém uma forma

 

geb = aqui / agora / esta área

gha = vida

ghft = aquilo que revela formas / luz?

gnaiih = pai/criador

gof’n = criança/criação

gof’nn = crianças/criações

goka = garantir/garantia/assegurar

gotha = desejo/desejar

grah = o mesmo que gha

grah’n = desgarrado/larva (possivelmente grah + nnn)

 

h’- = (prefixo) aquilo/daquilo

hafh’drn = sacerdote / aquele que evoca/chama (possivelmente ai/ah + f’ + ron)

hai = agora

hlirgh = aquele que trilha o caminho próprio / que cria a própria escolha

hri = seguidor

hrii = seguidores

hupadgh = nascido de / pertencente a

 

ilyaa = esperar / aguardar

 

k’yarnak = compartilhar / trocar

kadishtu = compreender (Kadath = não compreendida?)

kn’a = indagar / aprender / absorver

 

l’geb = não aqui mas ao lado / próximo

lg = informação sem forma / “pensamento”

li’hee = “ser oprimido sensorialmente por” o sentimento mais próximo para expressar essa palavra é “sofrendo de”

ll = em / ao lado

lloig = mente / psiquê

lw = consciência livre do corpo/da restrição

lw’nafh = ensino por sonhos / influência por sonhos / doutrina por sonhos (lw + nafh?)

 

mg = (conjunção) ainda que

mnahn’ = sem valor

 

‘nagl = local / espaço de influência

n’ = negação do atributo / não

n’gha = não existência / não consciência / morte (n’ + gha)

n’ghft = ausência de sentidos / escuridão (n’ + ghft)

na’ = (prefixo) (contração de nafl-)

nafl- = (prefixo) não, aplicado ao agora

ng- = (prefixo) (conjunção) e / por consequência / uma ação que depende de uma ação não tomada

nglui = limite

niggur = negro

nilgh’ri = qualquer coisa / todas as coisas

nnn- = (prefixo) observar / proteger

nnn-l = tomar conta / proteger / acompanhar

nnn-lagl = aquele que espreita / aquele que observa de “não aqui”

nog = vir/estar agora

nw = cabeça / lugar / indivíduo

-nyth = (sufixo) servo / extensão da vontade de

 

-og = (sufixo) ênfase

ogg = poder perceber / estar cônscio

ooboshu = carregar / levar para / visitar

-or = (sufixo) força de / aspecto de

orr’e = essência / informação que compõe / ser sem forma ou fronteiras

-oth = (sufixo) nativo de / nascido de

 

ph’ = (prefixo) sobre / além

phlegeth = onde a informação existe / também o local onde duas mentes se encontram (ph’+ lg ?)

 

r’luh = secreto / segredo / escondido / ofuscado (R’lyeh = cidade oculta?)

r’luh-eeh = sem coerção / conhecimento secreto/proibido (R’lyeh = cidade do conhecimento secreto/proibido?)

ron = aquilo que define a vontade / “religião”

 

s’uhn = aliança

sgn’wahl = espaço que existe para mais de um / espaço compartilhado

sh = um aspecto da realidade / reino

shagg = onde sonhos existem (sh + agg ?)

shogg = onde a ausência de sentidos/escuridão existe (sh + ogg ?)

shub = sh + ub ? lugar fértil / o aspecto da fertilidade?

shub-niggurath = shub + niggur + ath = a manifestação negra (cor) viva da fertilidade

shugg = reino da Terra / dimensão onde a Terra é real

soth = forma que dá origem

sothoth = soth + oth ? aquele que nasceu da forma que dá origem

shtunggli = transmitir / contato

sll’ha = convidar / oferecer

stell’bsna = pedir / rezar por

syha’h = todo tempo / ausência de tempo (neste momento) / eternidade

 

tharanak = juramento / exorcismo / trazer a um preço (sacrifício?)

thflthkh’ngha = preparar (para) receber (a) essência/consciência/vida (daquele) que serve/que é extensão de sua vontade

throd = tremer

 

uaaah = conclusão do ritual

ub = fértil

Ugaga = Cria a vida em nosso planeta / é responsável pela vida em nosso planeta (ugg+gha ?)

ugg = Terra / nosso plano de existência

uh’e = muitos / multidão

uln = chamar / evocar / tornar real

 

vra = entrar / se tornar um com

vulgtlagln = pedir/desejar

vulgtm = pedido/desejo

 

wgah’n = ocupar / habitar / controlar

wgah’nagl = casa (de) (ocupar/controlar + local/espaço de influência)

wgn = aguardar no local que habita

wk’hmr = transferir a / impregnar com

 

y’hah = “que se realize”

y- = (prefixo) eu / meu

ya = eu

-yar = (sufixo) tempo de / momento

yog = era / tempo

yog-sothoth = yog+soth+oth = aquele que nasceu da forma que dá origem ao tempo

 

zhro – anular desejo/feitiço

por Shub-Nigger, A Puta dos Mil Bodes

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/aklo/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/aklo/

Bruxas (folclore)

Bruxa (mulher) ou bruxo (homem), no Brasil e em Portugal, equivale em muitos à Bruja da Espanha, à strega italiana e à tlahuelpuchi do México, a bruxa chupadora de sangue, sua versão espanhola e das américas era um ser vivo capaz de se transformar em vários tipos de animais para atacar crianças. A bruxa era uma figura pré-cristã que se tornou proeminente na Idade Média. Naquele tempo a Inquisição deu especial atenção às crenças pagãs e as considerou endemoninhadas, como atividades maléficas de Satã. Nas regiões rurais de Portugal a crença na bruxaria sobreviveu até o século XX e o governo tem tomado medidas periodicamente para desfazer sua continuada influência.

A Bruxa erai considerada um ser horripilante, um dos maiores pesadelos a serem temidos dentre os que andam pelas noites. No conceito popular que dominou o ocidente por séculos, uma Bruxa à noite se transforma, adquirindo feições horríveis ou assumindo a forma de uma pata, ratazana, o pombo ou a formiga. ou algum outro animal.

Como pessoa, pode ser moça. Não é obrigatoriamente velha nem feia. Chupa o umbigo dos recém-nascidos e carrega consigo crianças, que esquece depois em outras cidades. Nas noites de encantamento deve correr sete praças, isto é, visitar sete cidades e voltar ao lugar de partida entre a meia-noite e as três horas da madrugada. Se transformada em animal não alcançar, dentro desse rprazo, o lugar onde deixou a roupa, aparecerá nua, onde estiver. Ela entra e sai das casas pelo buraco da fechadura.

As bruxas da região reuniam-se nas encruzilhadas às terças e sextas-feiras e esses dias assumiam uma conotação negativa no folclore português. Durante suas reuniões acreditava-se que as bruxas adoravam Satã, de quem teriam recebido vários poderes do mal, entre os quais o olho maligno.

Como é que alguém vira Bruxa?

A Bruxa é sempre a última filha de uma série de sete mulheres. Seu fadário (maldição) é de sete anos. Para escapar a ele deverá ser batizada pela irmã mais velha. Mais tarde será madrinha de crisma dessa irmã. Ela gosta de sal, Cada vez que o recebe está aliviando sua pena, porque o sal é sagrado.

Uma informante estava em casa, com toda a farmília, à noite, quando começou a ouvir um assobio fininho e prolongado. O pai falou: – Fiquem quietos, porque é a Bruxa. E, para ser ouvido por ela, levantou a voz: – Amanhã bem cedo venha buscar sal. O assobio cessou. No dia seguinte, logo que se levantou e foi para o quintal picar lenha, apareceu uma velhinha que ele conhecia, porque morava no bairro. Olhou para ele, calada. Ele também nada perguntou. Entregou-lhe um punhado de sal. Ela agradeceu e partiu. Suas suspeitas, de que havia uma Bruxa nas vizinhanças, confirmaram-se. E ficou sabendo quem era ela.

Bruxas rondam as casas onde há bebês. Se são recém-nascidos e, principalmente, se ainda não foram batizados, é preciso deixar uma luz acesa e não descuidar deles; ela costuma chupar-lhes o umbigo, matando-os por essa forma. Se são crianças maiores, carrega-as para outros lugares, longe de casa, entra sempre em uma venda onde há bebida alcoólica e embebeda-se. Depois volta correndo e esquece-as lá.

Uma Bruxa metamorfoseada em pata apanhou uma menina e transformou-a também em pata. Foram para longe, a Bruxa preocupou-se em procurar bebida e lá esqueceu a menina. No dia seguinte, o dono da venda encontrou a menininha nua, perto das bebidas. Nesses casos é preciso sair procurando os pais das crìanças, para devolvê-las.

Havia duas moças, muito amigas. Uma delas era Bruxa. Fazia orações e gestos especiais e transformava-se. A outra resolveu imitá-la e conseguiu também se transformar, acompanhando-a para local distante, onde havia uma venda com bebidas. Lá beberam bastante. A certa altura, a Bruxa mais recente começou a arrepender-se do que fizera e então voltou à forma humana. A primeira passou pelo buraco da fechadura e foi-se embora. A outra ali ficou, nua. Apanhou um saco vazio e com ele se cobriu. Quando o dono da venda chegou, pela manhã, ficou muito espantado. – Como ê que você conseguiu entrar aqui, com tudo trancado? A moça, chorando, explicou o que acontecera e contou-lhe do seu arrependimento. A esposa do vendeiro emprestou-lhe roupas e ela voltou para casa. Nunca mais quis acompanhar a amiga, a qual, envergonhada, mudou-se do lugar.

Proteção contra bruxas

A proteção contra as bruxas era fornecida por uma série de amuletos mágicos. As crianças também eram protegidas pelo uso de ferro e aço. Um prego de aço fincado no chão ou uma tesoura sob o travesseiro manteria as bruxas afastadas. Havia também uma crença na palavra falada e o folclore era rico em exemplos de inúmeros encantamentos contra as bruxas. Dentes de alho costurados nas roupas das crianças evitariam que fossem levadas pelas bruxas.

Após um ataque eram feitas tentativas de identificar a bruxa maligna. A mãe da criança morta poderia ferver as roupas da criança enquanto as cutucava com um instrumento perfurante. A bruxa, supostamente, sentiria os golpes em seu próprio corpo e seria compelida a voltar para pedir misericórdia. Ou a mãe poderia pegar uma vassoura e varrer a casa ao contrário, da porta para dentro, enquanto repetia o feitiço para que a bruxa se manifestasse. A vassoura, símbolo da bruxaria, era usada para fazer com que as bruxas se acalmassem. Já em 1932 o autor Rodney Gallop relatou o caso de uma criança na cidade de Santa Leocádia de Baião que morreu sufocada. Os pais tinham certeza de que a criança tinha sido “chupada pelas bruxas”. A avó disse que viu a bruxa sair voando disfarçada num pardal preto.

Devido à sua habilidade de se transformar em várias formas de animais a bruxa era freqüentemente associada ao lobisomem, que, na crença popular, também se transformava às terças e sextas-feiras, os mesmo dias em que as bruxas se reuniam.

Para estudos aprofundados:

O Martelo das Feiticeiras,  Heinrich Kramer e J. Sprenger
O Manual do Inquisitor, Antonio Lobos Antunes

 

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/a-visao-folclorica-das-bruxas/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/a-visao-folclorica-das-bruxas/

As Influências Religiosas em Silent Hill

Os mitos da franquia de jogos Silent Hill contém vários paralelos e temas religiosos.

Cristianismo:

A religião que a maioria das pessoas pensa quando olha para a Ordem. Como o cristianismo, a Ordem chama sua divindade de “Deus”. Ambos os Deuses são divindades salvadoras que se acredita que um dia retornarão à Terra e darão aos crentes (ou a toda a humanidade, dependendo da interpretação de cada um) vida eterna e felicidade.

Outra ideia em que a Ordem acredita é o Inferno. Embora nem todos os cristãos acreditem no inferno, especialmente na era moderna, mas como a Ordem, a maioria dos cristãos por agora acredita no inferno.

O Deus da Ordem também é dito ser uma divindade solar, e dentro do Cristianismo Esotérico, Jesus é uma divindade solar.

Valtiel também é considerado pela Ordem como o mesmo ser que Metatron.

Por fim, o culto do filme Terror em Silent Hill, The Brethren (A Irmandade), parece seguir alguma crença arcaica de fanáticos cristãos sobre a caça às bruxas, embora o roteiro diga que são maniqueístas.

Catolicismo:

A Ordem também tem semelhanças com o catolicismo especificamente. O clero realiza confissões como os católicos. Ambos acreditam no Purgatório.

Alessa também tem semelhanças com Maria. Ambas estavam grávidas de deuses apesar de serem virgens. Ambos os deuses deveriam levar a humanidade à salvação. Acreditava-se que Maria nasceu sem o Pecado Original, e Alessa nasceu com poderes. Finalmente, no terceiro jogo, a Ordem fez de Alessa em “Santa Alessa, Mãe de Deus, Filho de Deus”. As diferenças são óbvias, pois Maria foi abençoada e voluntariamente deu à luz Jesus, enquanto Alessa foi desfigurada e atormentada.

Gnosticismo:

Alguns apontaram temas gnósticos em Silent Hill. A Ordem acredita que este mundo é um Inferno, enquanto o Outro Mundo mais fantástico é um reino agradável, assim como os Gnósticos acreditam que o mundo físico é um mundo inferior. Isso é, no entanto, revertido em que o Outro Mundo é na verdade um reino infernal, enquanto os vislumbres que temos do mundo real são um lugar normal.

Alessa também foi comparada a Sophia. Sophia no Gnosticismo é um ser que dá à luz o Demiurgo, a divindade maligna que criou este mundo físico inferior. Da mesma forma, a Deusa da Ordem é uma divindade criadora e quando realmente a vemos, ela é má. Como Sophia, Alessa também odiava seu “filho” e tentou impedi-lo.

O roteiro do filme também afirma que os membros de A Irmandade são maniqueístas, que é uma seita do gnosticismo.

Wicca e Neopaganismo:

Perto do final de Silent Hill 3, Heather lê parte de um livro sobre Tarô. Ele menciona o “deck de Gardner”. Esta é provavelmente uma referência a Gerald Gardner, um dos fundadores da Wicca.

A divindade principal da Ordem também é uma deusa feminina, que espelha a Wicca e muitas religiões neopagãs, pois dão grande ênfase às divindades femininas.

Religiões Mesoamericanas:

Os criadores afirmaram que a Ordem estava parcialmente fora dos rituais e crenças mesoamericanas. Vemos isso na prática de sacrifício humano da Ordem, especialmente quando Heather derrama sangue no altar encontrado no Hospital Brookhaven do Outro Mundo.

Os nomes de dois deuses importantes nas crenças da Ordem são Xuchilbara e Lobsel Vith. Ambos os nomes vêm da língua maia.

Antiga Religião Celta:

O Outro Mundo é um termo do paganismo celta. No paganismo celta, o Outro Mundo era um lugar mágico onde viviam fadas, deuses e outras criaturas mágicas. Alguns também acreditavam que era a vida após a morte celta. Os celtas acreditavam que o Outro Mundo estava localizado do outro lado do mar ocidental, sob os montes das fadas, ou ao lado do nosso próprio mundo. Na maioria das fontes, acreditava-se que o Outro Mundo era uma terra verde livre de doenças, fome e velhice. No entanto, algumas fontes dizem que às vezes pode ser um lugar escuro e aterrorizante para aqueles que não deveriam estar lá. Também é notado que o Outro Mundo deve ter névoas em suas fronteiras. A série parece fazer referência a isso em Silent Hill 3, quando uma placa no shopping pode ser vista que diz “Tirn Aill”, que é o termo em galês para “mundo das fadas” ou “outro mundo”.

Xintoísmo:

Outra possível influência é a religião xintoísta. No xintoísmo, há uma crença nos “Kami”. “Kami” é muitas vezes mal traduzido como “deus”, mas na verdade é mais complexo do que isso. Kami é realmente considerado algo superior em beleza e poder. Nesse sentido, os seres humanos eram tecnicamente considerados Kami. Kami também poderia ser a “alma” animista de um lugar, pois acreditava-se que muitas árvores, montanhas e nascentes tinham seus próprios Kamis. É possível que o poder de Silent Hill tenha sido influenciado pela crença nos Kamis.

Outro aspecto do Xintoísmo que aparece em Silent Hill é a crença na limpeza e na poluição. Está implícito que o poder de Silent Hill foi manchado pelos eventos que ocorreram lá.

O Book of Lost Memories (Livro das Memórias Perdidas) também afirma que o santuário encontrado em Silent Hill 1 se parece com um santuário xintoísta.

Por último, o Toluca Lake (Lago Toluca) é um tanto importante na série. No folclore japonês, pensava-se que a água era um portal para Yomi, o mundo dos mortos.

Adoração do Diabo:

Alguns apontaram que a Ordem tem semelhanças com a Adoração do Diabo. Ambas as religiões acreditam no Ocultismo e tentam obter poderes Ocultos. Quando o Deus foi expulso de Alessa no primeiro jogo, criou o Incubus (mais tarde identificado como Samael), que se parece com o Baphomet, uma figura associada ao Caminho da Mão Esquerda.

Judaísmo:

O primeiro jogo contém referências cabalísticas na forma de um quebra-cabeça. O terceiro jogo também faz referência à Cabala quando Heather lê sobre o Aglaophotis (um líquido vermelho que é obtido a partir do refinamento de uma erva de mesmo nome. Tem a capacidade de dissipar forças demoníacas e conceder proteção contra tais forças àqueles que usam o item). Além disso, os inimigos da Ordem chamam seu Deus de “Samael”. Samael é um anjo que às vezes é equiparado ao diabo cristão, e também é o anjo da morte.

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Fonte:

Religious Influences On Silent Hill.

https://silenthilltheories.fandom.com/wiki/Religious_Influences_On_Silent_Hill

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/popmagic/as-influencias-religiosas-em-silent-hill/

A Lenda dos Tatus Brancos

Shirlei Massapust

Mutantes existem. Todos nós somos mutantes. Assumindo que a vida humana começou no continente africano, deduzimos que os negros que lá vivem estão mais próximos da configuração original do código genético do Homo sapiens, embora nunca hajam parado de evoluir. Sempre, ao mudar de ambiente, os membros de nossa espécie sofrem adaptações. Para sobreviver em cenários climáticos mais frios, caucasianos perderam melanina e ganharam gordura. Nos olhos dos orientais a inserção do músculo reto superior é mais baixa na pele palpebral provocando diferenciação ou ausência, em 50% dos casos, da prega supra tarsal. Pessoas da tribo Huaorani desenvolveram pés planos com dedos mais curtos, em número de seis em cada membro, o que os tornam melhores para escalar árvores. Povos andinos sofreram mutação no gene AS3MT possibilitando que o organismo metabolize arsênio. Os povos Bajaus sofreram uma mutação no gene PDE10A e outra no gene BDKRB2, que resultou em mais hemácias oxigenadas e melhor reflexo de mergulho. Por este motivo eles conseguem permanecer submersos por até treze minutos em profundidades de até sessenta metros.

Sempre que dois ou mais grupos humanos se reencontram, após uma separação por tempo e espaço consideráveis, as pessoas ficam curiosas diante das diferenças étnicas e culturais desenvolvidas cá e acolá. No continente europeu os viajantes do mundo antigo costumavam exagerar e até fantasiar as características de povos vivendo nos rincões mais distantes de sua terra. Alguns acreditavam em blêmias (pessoas sem cabeça, com olhos, nariz e boca no busto) e temiam pigmeus (termo pejorativo utilizado para vários grupos étnicos cuja altura média é invulgarmente baixa, cerca de 1,50 cm).

Os portugueses transmitiram aos brasileiros o gosto por bestiários e crônicas de viagens extraordinárias, de modo que o poeta Bernardo Guimarães (1825-1884) acabou inspirado a descrever uma tribo hostil e exótica no conto O pão de Ouro (1879). As adaptações dos membros da tribo Tatu Branco são: Baixa estatura, brancura excessiva, cegueira diurna, visão noturna e unhas curvas como as dos animais carnívoros.

Todos os numerosíssimos integrantes são ágeis e robustos, apesar de “quase anões[1]”. Eles fazem caça humana e comem crus àqueles que capturam em seu território, porém não praticam endocanibalismo. Ou seja, não comem os mortos de sua própria tribo e etnia mesmo que estejam famintos e que haja muitos corpos disponíveis.

Seus bens culturais se resumem à linguagem exclusiva de seu grupo étnico, pois não pintam grafismos corporais, não produzem artesanato e desconhecem até o fogo. Suas ferramentas são paus que quebram pelo mato e pedras que encontram pelo chão. Seus lares são cavernas escavadas com as unhas. Eles conseguiram criar um grande e complexo sistema espeleológico artificial numa região do Estado de Goiás.

Em O pão de Ouro o autor romanceia histórias pitorescas sobre as expedições dos bandeirantes paulistas trilhando em busca de riquezas no interior do Brasil desde o século XVII até o meado do XVIII. Tudo termina quando Gaspar Nunes, o último chefe de expedição, encontra uma nativo-americana que lhe informa sobre a proximidade dos jardins de Tupã onde “o cascalho dos rios é de diamantes, e os rochedos das montanhas são de ouro, e o que há de mais extraordinário ainda, é um grande penedo todo inteiro do mais puro ouro, que existe encima de uma serra”.[2]

Nenhum intruso jamais sobreviveu ao pernoite nesta localidade porque a região é dominada pela temida tribo Tatu Branco. É a personagem indígena quem os define:

Uma casta de gente terrível, que vive debaixo da terra como o tatú durante o dia, e só de noite sai do buraco. São brancos, brancos como o leite d’estes meus peitos, e numerosos como as formigas, e ai de quem lhes cai nas garras; não deixam ficar nem os ossos. Tupã não quer que ninguém pise nos seus jardins, e pôs lá essa raça maldita para vigiá-lo.[3]

Hélio Lopes e Alfredo Bosi interpretam essa “raça de índios pigmeus”, como um dos “obstáculos alimentados pela imaginação” que dificultaram o desbravamento do sertão.[4] Sem atribuir autoria ao poeta, Afonso Arinos de Mello Franco (1905-1990), apresentou, em sua coletânea de palestras Lendas e tradições Brasileiras (1917), o resumo da “lenda bandeirante” rememorada a partir dum impresso lido na infância.

Imortal que ocupou a cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras, Afonso Arinos foi um dos fundadores do partido União Democrática Nacional (UDN) em 1945 e deputado federal a partir de 1947. É de sua autoria a Lei no 1.3901, aprovada pelo Congresso Nacional em 03/07/1951, pioneira na tipificação da discriminação racial como contravenção penal no Brasil. Este homem exerceu diversas atividades ao longo da vida, dentre elas as de crítico literário, historiador, memorialista, biógrafo e jurista, sendo que a preocupação em se apoiar em vasta documentação caracterizou sua produção bibliográfica. Luís da Câmara Cascudo confiou na boa-fé de tão respeitável autor e reproduziu a sua versão da lenda da tribo Tatu Branco nos livros Antologia do folclore brasileiro (1944) e Lendas brasileiras (1945). A jornalista Maria Rosa Moreira Lima também reescreveu a palestra, apresentando-a na qualidade de “lenda paulista”, publicada no Diário de São Paulo, edição do dia 09/08/1975.

Verificamos poucas, porém significativas, diferenças entre O pão de Ouro e a lenda de Afonso Arinos. O cenário esvaziado de suas riquezas maravilhosas foi transferido de Goiás para uma região agreste de Minas Gerais, “conhecida pela grande quantidade de furnas e cavernas temerosas”.[5] Quem adverte os bandeirantes sobre o desaparecimento de pessoas já não é uma jovem e elegante personagem de sexo feminino, de etnia indígena, falante dum idioma do tronco linguístico tupi, mas sim um “caboclo velho da escolta” conhecedor das tradições do sertão.

Na descrição de Bernardo Guimarães, os tatus brancos são apenas canibais que fazem caça noturna e dizimam todos os aventureiros: “A carne humana parece que era para eles finíssima iguaria por isso mesmo que raras vezes podiam obtê-la”[6].

Na lenda de Afonso Arinos os cavernícolas são definidos como “índios vampiros” com poderes quase mágicos, pois “enxergavam como as corujas” e farejavam a carne humana tão bem quanto os melhores cães de caça. [7]  (Sim, eles tinham sentidos aguçados na versão anterior, mas não conforme tal mesura). Na variante posterior de Miranda Santos, compilada no livro didático Lendas e mitos do Brasil (1955), editado pela prestigiosa Companhia Nacional[8], estes ainda são “índios vampiros, que moravam em cavernas daquela região, e que só saíam à noite para atacar os viajantes”. Enfim, o conhecimento da área já não pertence a índia ou caboclo, mas a “um velho sertanejo”.[9]

Em todas as variantes da narrativa a única forma de escapar da horda esfaimada é caindo nas graças duma fêmea que faz de Gaspar Nunes o seu brinquedo sexual, ao invés de permitir que ele seja canibalizado tal como os demais prisioneiros. Quando a mulher sem nome chega no banquete, enxota seus iguais como a um bando de urubus.

sentou-se depois outra vez junto de Gaspar, tocou-lhe o corpo com as mãos, encostou as faces em suas faces, os lábios em seus lábios, e pousou seu peito sobre o dele. Gaspar reconheceu, que era uma mulher, e sentiu um horror e um asco irresistível. Essa mulher, que assim o afagava, tinha as mãos e a boca besuntadas do sangue de seu camarada a pouco devorado, e seu hálito tresandava um cheiro infecto e nauseabundo de sangueira. Gaspar sentiu as entranhas se lhe revolverem em ânsias cruéis. Se ele se visse com o pescoço enleado entre as roscas de uma serpente, que com a farpada língua lhe lambesse as faces e os lábios, não sentiria tanto horror e repugnância, como ao ver-se enlaçado nos braços de tão repulsiva criatura.[10]

No conto de Bernardo Guimarães a mulher que toma Gaspar para si percebe o nojo do bandeirante, não se apresenta mais babada de sangue e lhe oferece frutas ao invés de carne humana. Ainda assim é irremediavelmente asquerosa. Coabitar com ela na murrinha duma toca mal arejada pareceu-lhe um destino pior do que a morte.

Quando o sol dardejou seus primeiros raios, Gaspar (…) contemplou pela primeira vez à luz do dia aquele corpo, que não era mal feito, porém de alvura tão excessiva, que fazia repugnância; os cabelos eram finos, corredios e de um louro quase branco; o rosto era irregular, mas não inteiramente destituído de graça; porém as unhas curvas e compridas, e os dentes aguçados, que se viam por entre os lábios entreabertos, davam-lhe um ar feroz e repulsivo. Gaspar depois de ter lançado um último olhar de comiseração sobre aquela infeliz selvagem, pôs-se a fugir a bom andar para longe daqueles sítios fatais.[11]

A índia vampira da lenda de Afonso Arinos não entra em combustão espontânea quando exposta à luz solar, mas ainda encontra dificuldade de locomoção. Ela é uma princesa! Algumas imperfeições anatômicas desapareceram. Seus cabelos ganharam volume. Mesmo assim, durante a fuga, Gaspar só olha momentaneamente para traz para se certificar que sua perseguidora não o alcançará.

Era pequenina e branca; cabelos longos, de um louro embaçado, caíam-lhe abundantes sobre as costas. Quanto mais clareava o dia, maior parecia a angústia da princesinha dos “tatus brancos” que tapava com as mãos os olhos gázeos, bracejava e gemia, incapaz de caminhar, às tontas, como inteiramente cega. O bandeirante olhou uma última vez para a triste selvagem, e fugiu da terra maldita.[12]

Na variante de Theobaldo Miranda Santos – à época considerada adequada para leitura por alunos da terceira série primaria e crianças com mais de oito anos, – Gaspar parece tão pouco preocupado com o cárcere privado quanto a personagem protagonista do conto de fadas francês A Bela e a Fera; porque eles amam suas feras.

A madrugada encontrou fora da caverna a salvadora do bandeirante. (…) Era branca e loura. E linda como um anjo. O bandeirante ficou com pena de abandonar a princesinha. Mas não teve outro remédio.[13]

Confesso que essa monstra me causa mais embrolhos agora que é nobre, bela e virtuosa do que quando ela oferecia o braço do cadáver do colega para o cativo comer. O próximo passo para a desconstrução do antagonismo índio nesta lenda equivocada seria reconstruir elementos de terror como horror ou contágio sobrenatural de um mal europeu pelo nativo-americano. Assim surgiu a variante do imponente romance gráfico Papa-Capim – Noite Branca (2016), a 11ª edição do selo Graphic MSP, com roteiro de Marcela Godoy e desenho de Renato Guedes, publicada pela Panini.

Os extras do álbum informam que Marcela Godoy realizou “uma rica pesquisa” antes de criar vilões inspirados na lenda da tribo Tatu Branco.[14] Neste roteiro o leitor é apresentado à Noite Branca, tribo de índios possessos com poderes de desdobramento no universo onírico, onde geram pesadelos. Todo indivíduo integrado à Noite Branca se transforma num horrendo monstro albino capaz de resistir a qualquer ferimento, exceto à perfuração do coração por flechas de madeira. Somente o religar de seu Eu com a natureza, da qual se afastou, pode lhe devolver a humanidade. O fundador da Noite Branca seria um pajé imortalizado pelo consumo do coração de um vampiro europeu.

A fonte de Marcela Godoy é Câmara Cascudo que, conforme exposto, compilou um texto de Afonso Arinos. Este último certamente resumiu Bernardo Guimarães, sendo que antes imperava o silêncio… Que a verdade seja dita: Poderíamos passar um pente fino em todos os trabalhos arqueológicos e antropológicos realizados no centro-oeste e sudeste do Brasil sem localizar quaisquer menções no folclore nativo-americano a uma tribo denominada Abati Tatu, ou mesmo a um mero xingamento peē tatu.

Profissionais ocupados com pesquisa de campo fazem chacota do tema; a exemplo da ironia de Gilmar Pinheiro ao comentar o achado duma estatueta de tatu (Dasypodidae) quando buscavam por vestígios de ocupação humana em cavernas mineiras: “A análise das fontes primárias dos séculos XVI e XVII, aliada aos recentes dados que vêm sendo levantados pelo PASF, deixa uma certeza incontestável: é mais fácil crer na existência dos Tatus Brancos de Câmara Cascudo, que nos temíveis Cataguá de Diogo de Vasconcellos e seus discípulos”.[15]

Apesar de tudo, talvez não seja inútil rememorar a proposta de um personagem de Bernardo Guimarães, em O pão de Ouro, que planejou, mas não executou, um modo de vencer a tribo Tatu Branco: “O melhor é ajuntar bastante lenha na boca de cada furna, e deitar fogo; assim os sufocaremos e os mataremos todos, como se matam as formigas cabeçudas lá em nossa terra”.[16] É assim que vários povos nativo-americanos caçam morcegos. E foi assim que heróis do folclore Apinajé e Kayapó-Xikrin derrotaram a tribo dos homens-morcego kupẽ nhêp, caçadora de homens, que abduzia todos que pernoitavam nos arredores de sua caverna, numa área misteriosa no Alto Tocantins.

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GUIMARÃES, Bernardo. A Ilha Maldita. O pão de ouro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1879. URL: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/3079

ARINOS, Affonso. Lendas e Tradições Brasileiras. São Paulo, Typographia Levi, 1917, p 23-27. URL: https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?id=145784

Notas:

[1] GUIMARÃES, Bernardo. A Ilha Maldita. O pão de ouro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1879, p 280.

[2] GUIMARÃES, Bernardo. A Ilha Maldita. O pão de ouro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1879, p 260.

[3] GUIMARÃES, Bernardo. A Ilha Maldita. O pão de ouro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1879, p 261.

[4] LOPES, Hélio & BOSI, Alfredo. Letras de Minas e outros ensaios. São Paulo, EdUSP, 1997, p 23.

[5] ARINOS, Affonso. Lendas e Tradições Brasileiras. São Paulo, Typographia Levi, 1917, p 23.

[6] GUIMARÃES, Bernardo. A Ilha Maldita. O pão de ouro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1879, p 281.

[7] ARINOS, Affonso. Lendas e Tradições Brasileiras. São Paulo, Typographia Levi, 1917, p 23-24.

[8] A Companhia Editora Nacional é uma editora brasileira que foi fundada por Monteiro Lobato em 1925 e, em 1980, passou a fazer parte do Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas.

[9] SANTOS, Theobaldo Miranda. Lendas e mitos do Brasil. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1955, p 86.

[10] GUIMARÃES, Bernardo. A Ilha Maldita. O pão de ouro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1879, p 287-288.

[11] GUIMARÃES, Bernardo. A Ilha Maldita. O pão de ouro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1879, p 261.

[12] ARINOS, Affonso. Lendas e Tradições Brasileiras. São Paulo, Typographia Levi, 1917, p 26.

[13] SANTOS, Theobaldo Miranda. Lendas e mitos do Brasil. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1955, p 87.

[14] GODOY, Marcela e GUEDES, Renato. Papa-Capim – Noite Branca. São Paulo, Panini, abril de 2016, p 76.

[15] JÚNIOR, Gilmar Pinheiro. Arqueologia Regional da Província Cárstica do Alto São Francisco: um estudo das tradições ceramistas Uma e Sapucaí. (Dissertação de Mestrado). Belo Horizonte, MAE-USP, Março de 2006, p 20-21.

[16] GUIMARÃES, Bernardo. A Ilha Maldita. O pão de ouro. Rio de Janeiro, B. L. Garnier, 1879, p 276.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-lenda-dos-tatus-brancos/