A Arte de produzir Ferramentas Mágicas – Yann França

O Boteco do Mayhem (Marcelo Del Debbio, Thiago Thamosauskas, Rodrigo Elutarck, Ulisses Massad, Paulo Jacobina, Tales de Azevedo, Barbara Nox, Ivan de Aragão e Robson Belli) conversam com Yann França sobre A arte magica de produzir ferramentas da magia

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

Faça parte do Projeto Mayhem aqui:

Site do Projeto Mayhem – https://projetomayhem.com.br/

Siga a gente no Instagram: https://www.instagram.com/projetomayhem/

Livros de Hermetismo: https://daemoneditora.com.br/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-arte-de-produzir-ferramentas-m%C3%A1gicas-yann-fran%C3%A7a

Exercício Prático: Templo Astral

O Templo Astral é uma das primeiras coisas que um estudioso de ocultismo aprende a fazer, em praticamente qualquer Ordem ou Fraternidade que ingresse. Ele é chamado de Oficina Astral, Sanctum, Templo, Local de Descanso, Santuário e muitos outros nomes.

Trata-se de uma construção no Plano Mental e Astral de um refúgio onde o magista pode descansar a mente, preparar uma viagem astral e guardar suas ferramentas. Trata-se de um local onde ele pode até mesmo realizar rituais se não dispor de espaço físico no Plano Material para tal.

Em primeiro lugar, sente-se em um local confortável, mantenha os pés paralelos, a coluna ereta e as mãos relaxadas sobre as coxas. Relaxe e respire bem devagar e profundamente. Mantenha a Respiração 4-4-4 (significa inspirações de 4 tempos, retenção do ar por 4 tempos e expiração em 4 tempos… por exemplo, se você demora 10 segundos para inspirar, segure o ar 10 segundos e expire o ar em 10 segundos… se demora 6 segundos, segure o ar por 6 segundos e assim por diante) e os olhos fechados.

Quando sentir que está bem relaxado, comece a contar lentamente de dez até zero enquanto visualiza os números no ar. Comece a contar bem devagar enquanto relaxa ainda mais o corpo e a mente.
10… relaxe o couro cabeludo. Imagine sua cabeça ficando mais leve, como se estivesse se dissolvendo em uma névoa azulada. Sinta as terminações nervosas desligando e toda a sua cabeça se soltando
9… faça o mesmo para o pescoço. Relaxe todos os músculos do pescoço, externos e internos. Deixe o pescoço completamente relaxado.
8… relaxe os ombros… solte os ombros e deixe-os caírem. Não exerça nenhuma força sobre eles.
7… relaxe o braço esquerdo. Sinta ele se dissolver e deligar-se
6… faça o mesmo com o braço direito.
5… relaxe o abdômen e a barriga. Neste momento, você deve estar com o torso completamente relaxado de desligado, talvez sinta um leve formigamento ou escute um pequeno zumbido. Sensação de calor no corpo também é razoavelmente comum.
4… relaxe completamente sua perna esquerda.
3… relaxe agora a perna direita.
2… relaxe o pé esquerdo. Sinta todos os ossos do pé desligarem e se fundirem ao cósmico.
1… faça o mesmo com o pé direito.
Zero… relaxe os dedos dos dois pés…

Todo este processo deve demorar aproximadamente um ou dois minutos. Em seguida, você deve imaginar o que seria o seu “Templo Astral”, ou seja, sua base de operações no Astral. Lembre-se que ela pode ser QUALQUER COISA: seu quarto de dormir, uma cabana na floresta, uma sala de um castelo, uma ilha, um quarto de Hogwarts, um hotel, um escritório, uma cobertura com vista para a praia, Stonehenge, uma Pirâmide, uma igreja, um templo maçônico, um campo florido, uma mansão vitoriana, um laboratório, um submarino de pedra, uma fortaleza voadora… enfim, QUALQUER COISA que você idealizar. Não há limites para a sua imaginação. Basta que seja um local onde você se sinta bem.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/exerc%C3%ADcio-pr%C3%A1tico-templo-astral

Fernando Pessoa escreve sobre a Maçonaria

A Maçonaria compõe-se de três elementos: o elemento iniciático, pelo qual é secreta; o elemento fraternal; e o elemento a que chamarei humano – isto é, o que resulta de ela ser composta por diversas espécies de homens, de diferentes graus de inteligência e cultura, e o que resulta de ela existir em muitos países, sujeita portanto a diversas circunstâncias de meio e de momento histórico, perante as quais, de país para país e de época para época reage, quanto à atitude social, diferentemente.

Nos primeiros dois elementos, onde reside essencialmente o espírito maçônico, a Ordem é a mesma sempre e em todo o mundo. No terceiro, a Maçonaria – como aliás qualquer instituição humana, secreta ou não – apresenta diferentes aspectos, conforme a mentalidade de Maçons individuais, e conforme circunstâncias de meio e momento histórico, de que ela não tem culpa.

Neste terceiro ponto de vista, toda a Maçonaria gira, porém, em torno de uma só idéia – a “tolerância”; isto é, o não impor a alguém dogma nenhum, deixando-o pensar como entender. Por isso a Maçonaria não tem uma doutrina. Tudo quanto se chama “doutrina maçônica” são opiniões individuais de Maçons, quer sobre a Ordem em si mesma, quer sobre as suas relações com o mundo profano. São divertidíssimas: vão desde o panteísmo naturalista de Oswald Wirth até ao misticismo cristão de Arthur Edward Waite, ambos tentando converter em doutrina o espírito da Ordem. As suas afirmações, porém, são simplesmente suas; a Maçonaria nada tem com elas. Ora o primeiro erro dos Antimaçons consiste em tentar definir o espírito maçônico em geral pelas afirmações de Maçons particulares, escolhidas ordinariamente com grande má fé.

O segundo erro dos Antimaçons consiste em não querer ver que a Maçonaria, unida espiritualmente, está materialmente dividida, como já expliquei. A sua ação social varia de país para país, de momento histórico para momento histórico, em função das circunstâncias do meio e da época, que afetam a Maçonaria como afetam toda a gente. A sua ação social varia, dentro do mesmo país, de Obediência para Obediência, onde houver mais que uma, em virtude de divergências doutrinárias – as que provocaram a formação dessas Obediências distintas, pois, a haver entre elas acordo em tudo, estariam unidas. Segue daqui que nenhum ato político ocasional de nenhuma Obediência pode ser levado à conta da Maçonaria em geral, ou até dessa Obediência particular, pois pode provir, como em geral provém, de circunstâncias políticas de momento, que a Maçonaria não criou.

Resulta de tudo isto que todas as campanhas antimaçônicas – baseadas nesta dupla confusão do particular com o geral e do ocasional com o permanente – estão absolutamente erradas, e que nada até hoje se provou em desabono da Maçonaria. Por esse critério – o de avaliar uma instituição pelos seus atos ocasionais porventura infelizes, ou um homem por seus lapsos ou erros ocasionais – que haveria neste mundo senão abominação? Quer o Sr. José Cabral que se avaliem os papas por Rodrigo Bórgia, assassino e incestuoso? Quer que se considere a Igreja de Roma perfeitamente definida em seu íntimo espírito pelas torturas dos Inquisidores (provenientes de um uso profano do tempo) ou pelos massacres dos albigenses e dos piemonteses? E contudo com muito mais razão se o poderia fazer, pois essas crueldades foram feitas com ordem ou com consentimento dos papas, obrigando assim, espiritualmente, a Igreja inteira.

Sejamos, ao menos, justos. Se debitamos à Maçonaria em geral todos aqueles casos particulares, ponhamos-lhe a crédito, em contrapartida, os benefícios que dela temos recebido em iguais condições. Beijem-lhe os jesuítas as mãos, por lhes ter sido dado acolhimento e liberdade na Prússia, no século dezoito – quando expulsos de toda a parte, os repudiava o próprio Papa – pelo Maçom Frederico II. Agradeçamos-lhe a vitória de Waterloo, pois que Wellinton e Blucher eram ambos Maçons. Sejamos-lhe gratos por ter sido ela quem criou a base onde veio a assentar a futura vitória dos Aliados – a “Entente Cordiale”, obra do Maçom Eduardo VII. Nem esqueçamos, finalmente, que devemos à Maçonaria a maior obra da literatura moderna – o “Fausto” do Maçom Goeth.

Acabei de vez. Deixe o Sr. José Cabral a Maçonaria aos Maçons e aos que, embora o não sejam, viram, ainda que noutro Templo, a mesma Luz. Deixe a Antimaçonaria àqueles Antimaçons que são os legítimos descendentes intelectuais do célebre pregador que descobriu que Herodes e Pilatos eram Vigilantes de uma Loja de Jerusalém.

(*) Fernando Pessoa – Este é um trecho do artigo que Fernando Pessoa publicou no Diário de Lisboa, no 4.388 de 4 de fevereiro de 1935, contra o projeto de lei, do deputado José Cabral, proibindo o funcionamento das associações secretas, sejam quais forem os seus fins e organização.

#FernandoPessoa #Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/fernando-pessoa-escreve-sobre-a-ma%C3%A7onaria

O que significa Loja Maçônica?

Qual maçom nunca foi questionado por um profano do porquê do termo “LOJA”? Muitos são aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa nas Lojas, para justificar o nome. Alguns, fanáticos e ignorantes, chegam a ponto de indagar que é na Loja que os maçons vendem suas almas!

Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que, só porque “loja”, em português, denomina um estabelecimento comercial, isso não significa que o mesmo termo em outras línguas tem o mesmo significado. Vejamos:

“Loge”, palavra francesa, pode se referir à casa de um caseiro ou porteiro, um estábulo, ou mesmo o camarote de um teatro. Mas os termos franceses para um estabelecimento comercial são “magasin”, “boutique” ou “commerce”.

Da mesma forma, o termo usado na língua inglesa, “lodge”, significa cabana, casa rústica, alojamento de funcionários ou a casa de um caseiro, porteiro ou outro funcionário. Os termos mais apropriados para um estabelecimento comercial em inglês são “store” ou “shop”.

Já o termo italiano “loggia” significa cabana, pequeno cômodo, tenda, mas também pode designar galeria de arte ou mesmo varanda. Os termos corretos para um estabelecimento comercial são “magazzino”, “bottega” ou “negozio”.

Em espanhol, “logia”, derivada do termo italiano “loggia”, denomina alpendre ou quarto de repouso. As palavras mais adequadas para estabelecimento comercial são “tienda” e “comercio”.

Por último, podemos pegar o exemplo alemão, “loge”, que não tem apenas a grafia em comum com o francês, mas também o significado: um pequeno cômodo mobiliado para porteiro ou caseiro, ou um camarote. Já os melhores termos para estabelecimento comercial em alemão são “kaufhaus”, “geschaft” ou “laden”.

Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas nas línguas francesa, italiana, espanhola, alemã e inglesa, pode-se compreender que as expressões referem-se a uma edificação rústica utilizada para alojar trabalhadores, e não a um estabelecimento comercial. Verifica-se então uma relação direta com a Maçonaria Operativa, em que os pedreiros costumavam e até hoje costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de obras, onde eles guardam suas ferramentas e fazem seus descansos. Essas simples edificações que abrigam os pedreiros e suas ferramentas nas construções são chamadas de “loge, lodge, loggia, logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa, italiana e espanhola.

A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse significado não seria “loja” e sim “alojamento”. Nossas Lojas Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de construtores especulativos. Isso fica evidente ao se estudar a história da Maçonaria em muitos países de língua espanhola, que algumas vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em substituição à “Logia”, o que denuncia que ambas as palavras têm o mesmo significado.

À luz dos significados dos termos que designam as Lojas Maçônicas em outras línguas, podemos observar que a teoria amplamente divulgada no Brasil de que o uso da palavra “Loja” é herança das lojas onde os artesãos vendiam o “handcraft”, ou seja, o fruto de seu trabalho manual, além de simplista, é furada. Se fosse assim, os termos utilizados nas outras línguas citadas teriam significado similar ao de estabelecimento comercial, se seria usado em substituição às outras palavras que servem a esse fim.

Na próxima vez que você passar em frente a um canteiro de obras e ver à margem aquela estrutura simples de madeira compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas, níveis, prumos e outros utensílios em seu interior, muitas vezes equipada também com um colchão para o pedreiro descansar à noite, lembre-se que essa estrutura é a versão atual daquelas que abrigaram nossos antepassados, os maçons operativos, e que serviram de base para nossas Lojas Simbólicas de hoje.

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-que-significa-loja-ma%C3%A7%C3%B4nica

Dia do Maçom

Por Adelino Lorenzetti Neto

No dia 20 de agosto comemora-se o Dia do Maçom. Para os obreiros da arte real, trata-se de um dia muito importante, visto reforçar o comprometimento daquele que jurou respeito à Lei ao próximo e, sobretudo, ao Grande Arquiteto do Universo, criador de todas as obras. O verdadeiro maçom não defende sua causa, mas a causa de todos aqueles que visam a incansável construção do edifício social mais justo e perfeito.

Defende a justiça contra a tirania. Jamais mergulha suas mãos nas águas lodosas da corrupção. Clama, constantemente, pela prevalência do espírito sobre a matéria. Ser Maçom é ser amante da virtude, da sabedoria, da justiça e da humanidade. Ser Maçom é ser amigo dos pobres e desgraçados, dos que sofrem, dos que choram, dos que têm fome e sede de justiça; é propor como única norma de conduta o bem de todos e o seu progresso e engrandecimento. Ser Maçom é querer a harmonia das famílias, a concórdia dos povos, a paz do gênero humano. Ser Maçom é derramar por todas as partes os esplendores divinos da instrução; a educar a inteligência para o bem, conceber os mais belos ideais do direito, da moralidade e do amor; e praticá-los. Ser Maçom é levar à prática aquele formosíssimo preceito de todos os lugares e de todos os séculos, que diz, com infinita ternura aos seres humanos, indistintamente, do alto de uma cruz e com os braços abertos ao mundo: “Amai-vos uns aos outros, formai uma única família, sede todos irmãos”!

Ser Maçom é olvidar as ofensas que se nos fazem, ser bom, até mesmo para com nossos adversários e inimigos, não odiar a ninguém, praticar a virtude constantemente, pagar o mal com o bem. Ser Maçom é amar a luz e aborrecer as trevas; ser amigo da ciência e combater a ignorância, render culto à razão e à sabedoria. Ser Maçom é praticar a tolerância, exercer a caridade, sem distinção de raças, crenças ou opiniões, lutar contra a hipocrisia e o fanatismo. Ser Maçom é realizar, enfim, o sonho áureo da fraternidade universal entre os homens.

Portanto, meus amados irmãos Maçons, a história da Maçonaria Universal tem “O HOMEM COMO FONTE INESGOTÁVEL DE SABEDORIA, IMBUÍDO DA VONTADE FÉRREA DE ATINGIR OS SEUS OBJETIVOS, MESMO COM O SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA”. E nem é preciso lembrar (ou relembrar) que dezenas — ou quiçá milhares — de irmãos nossos tiveram as suas vidas ceifadas lutando por uma causa nobre, isto é, a de difundir, de propagar, no Universo, os fundamentos da nossa notável instituição Maçônica, que se assentam nos princípios de: liberdade, fraternidade e igualdade.

Diante de tudo isso, rendo-me, de joelhos, a tantos quantos foram e têm sido os irmãos que participaram e ainda participam, direta ou indiretamente, da história da Maçonaria universal, ao tempo em reconheço sua efetiva luta, sacrifício, dissabor, incompreensão, censura dos governos déspotas e de falsos pregadores, além de outros setores retrógrados de hoje. O verdadeiro maçom tem a MAÇONARIA UNIVERSAL como instituição séria, respeitada, admirada e consagrada como uma sociedade secreta, na qual se pratica o bem sem olhar a quem; forja-se masmorras ao vício; nutre-se o ideal de melhor servir à humanidade; pratica-se filantropia na última acepção da palavra; dignifica-se o homem; inspira-se confiança aos obreiros; levanta-se templos à virtude; reúne-se em nome da democracia, da liberdade, da fraternidade e da igualdade entre todos os povos; exalta-se o nome do Grande Arquiteto do Universo – G.A.D.U., como inspiração divina e como proteção de nossos trabalhos; leva-se à compreensão de todos os homens livres e conscientes a certeza plena de que é possível se viver sem os princípios da Maçonaria, nunca sem praticar nenhum ato maçônico.

Concluo, afirmando, peremptóriamente, que ser Maçom é um estado de espírito; é viver em paz com sua consciência; é, essencialmente, praticar o bem à humanidade. Que sejamos bons e verdadeiros Maçons!

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/dia-do-ma%C3%A7om

A Cabala e o Zohar – Yair Alon

O Boteco do Mayhem (Marcelo Del Debbio, Thiago Tamosauskas, Rodrigo Elutarck, Ulisses Massad, Jesse Puga, Barbara Nox, Tales de Azevedo e Robson Belli) conversam com Yair Alon e Frater Goya sobre cabalá, zohar, sefirat ha omer, qliphot e muito mais!

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

Faça parte do Projeto Mayhem aqui:

Site do Projeto Mayhem – https://projetomayhem.com.br/

Siga a gente no Instagram: https://www.instagram.com/projetomayhem/

Livros de Hermetismo: https://daemoneditora.com.br/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-cabala-e-o-zohar-yair-alon

Quem é quem na Távola Redonda

Publicado no S&H dia07/05/09.

Qualquer um que extrair
esta espada desta pedra
será o rei da Inglaterra
por direito de nascimento

Falar ou escrever com propriedade e fidedignidade sobre o Rei Arthur é uma tarefa muito difícil, porque simplesmente não existe nada historicamente confiável. Aliás, “Arthur” é um herói que nem consta das linhas do tempo nos sites de história ortodoxa. Para suprir esse vazio, abundam as tradições dos antigos trovadores e novelistas que iam de burgo em burgo cantando as proezas heróicas de um grande guerreiro que unificou as tribos bretãs e expulsou os invasores normandos e saxões provenientes do continente europeu no século V de nossa era cristã.

Também se pode dizer que as lendas arthurianas serviram de inspiração para outras versões heróicas posteriores, como a de Carlos Magno e seus cavaleiros (século IX). E, da mescla de tudo que se cantou (e os heróis realizaram) nos primeiros dez séculos depois de Cristo, surgiram as versões que hoje são conhecidas (portanto, bem distantes dos acontecimentos reais).
Começarei pelos 12 Cavaleiros mais conhecidos: Kay, Lancelot, Gaheris, Bedivere, Lamorak de Galis, Gawain, Galahad, Tristão, Gareth, Percival, Boors e Geraint. Com Arthur, formam os 12 apóstolos e o Rei, onde o mais fiel de todos os cavaleiros é justamente o que trai Arthur. Já ouviu esta lenda em algum outro lugar?

Lancelot
Vou começar pelo mais importante e mais controverso de todos: Lancelot Du Lac.
Ele é mais conhecido hoje em dia por ter chifrado o Rei Arthur do que pelo seu papel na busca pelo Santo Graal. A vida de Lancelot é contada em diversos romances medievais, geralmente como um personagem secundário. Sua primeira aparição “séria” ocorre no texto “Le Chevalier de La charette””, de Chretien de Troyes, datado do século XII., mas foi durante o século XIII que ele se torna realmente conhecido nas cortes européias, no ciclo chamado “Vulgata”, nas “Prosas de Lancelot”. O texto pode ser encontrado AQUI (em francês).

As origens literárias de Lancelot são um tanto quanto obscuras. Antes de sua aparição nos poemas de Chrétien de Troyes, Lancelot é praticamente um ilustre desconhecido. O erudito Roger Sherman Loomis sugere que Lancelot esteja relacionado ao herói Llwch Llenlleawg de Galês (“Llwch da mão impressionante”) do ciclo Culhwch e de Olwen.

No poema “Erec e Enide” de Chrétien, o Lancelot conhecido aparece como o terceiro personagem em uma lista de cavaleiros na corte do rei Arthur. O fato de que o nome de Lancelot segue Gawain e Erec indica a importância presumida do cavaleiro na corte, mesmo que não figure proeminente no conto de Chrétien. Lancelot reaparece em “Cligès”, também de Chrétien. Aqui, Lancelot toma um papel mais importante como um dos cavaleiros que Cligès deve superar em sua procura.
Não é até o “Le Chevalier de La charette”, entretanto, que Lancelot torna-se o protagonista. Neste texto, é apresentado como o cavaleiro o mais formidável na corte do rei Arthur. Seu relacionamento adúltero com a rainha é introduzido igualmente neste conto pela primeira vez. De acordo com Pamela Raabe, no trabalho de Chrétien de Troyes, Lancelot está retratado enquanto não somente o mais justo e perfeito dos cavaleiros, mas todos os que o encontram também o descrevem como excepcionalmente perfeito. O problema é que os críticos foram incapazes de conciliar seu “estado de santidade” com seu adultério óbvio com Guinevere. Como pode a consumação dos amantes ser considerada “um caso santificado” quando for igualmente adúltero?
Embora Lancelot seja associado mais tarde com a procura do Graal, Chrétien não o inclui no seu romance final, Le conte du graal. Nesta história, que introduz a alegoria do Graal na literatura medieval, Percival é o único buscador do graal. A participação de Lancelot na lenda do Graal é publicada primeiramente no poema Perlesvaus escrito entre 1200 e 1210.

Galahad
Galahad (também conhecido por Galaaz ou Gwalchavad), é filho de Lancelot com a princesa Helena, filha do Rei Pelles (o “Rei Pescador”). Como Lancelot havia feito um juramento de não amar nenhuma mulher a não ser Guinevere, Helena usa magia para enganar Lancelot, fazendo-o levar a crer que ela era Guinevere. Eles dormem juntos mas, ao descobrir o que aconteceu, Lancelot deixa Helena e volta para a Corte do Rei Arthur. Galahad é, então, entregue aos cuidados de uma sua tia, abadessa de um convento, e ali criado. É interessante notar que “Galahad” era também o nome original de Lancelot, mas é-lhe alterado em criança, pois Merlin profetiza que o seu filho irá ultrapassar o seu pai em valor e terá sucesso na demanda do Graal.

Ao chegar à vida adulta, Galahad reune-se ao seu pai, que o inicia como cavaleiro. É, então, trazido para a Corte do Rei Arthur em Camelot durante a festa de Pentecostes. Sem ter conhecimento do perigo em que se estava a meter, Galahad dirige-se para a Távola Redonda e senta-se na cadeira proibida. Este lugar tinha sido sempre mantido vago para a única pessoa que conseguisse alcançar o sucesso na Busca pelo Santo Graal. Qualquer outra pessoa que aí se sentasse teria morte imediata. Galahad sobrevive ao evento testemunhado por Arhtur e pelos seus cavaleiros. O Rei faz um outro teste, solicitando-lhe que arrancasse uma espada cravada numa rocha, teste que ele passa com facilidade (interessante teste iniciático, certo?).
O Rei Arthur proclama então Galahad como o melhor cavaleiro do mundo. Ele é, então, convidado a juntar-se à Ordem da Távola Redonda e, depois de uma visão do Graal, lança-se na sua busca.
O incrível poder e sorte de Galahad na Busca pelo Graal são sempre atribuídos à sua piedade. De acordo com a lenda, só os cavaleiros puros conseguirão alcançar o Graal. Galahad parece levar uma vida totalmente sem pecado e, como resultado, vive e pensa num nível totalmente à parte dos outros cavaleiro da lenda.
Talvez devido à sua natureza totalmente pura, Galahad parece quase sobre-humano. Ele derrota os cavaleiros rivais aparentemente sem esforço, praticamente não lhes fala e leva os seus companheiros ao Graal com uma determinação indestrutível. Assim, dos três que terminam a demanda (Boors, Percival e o próprio Galahad), ele é o único que realmente o alcança. Quando o faz, Galahad é levado para os Céus, tal como os Patriarcas Bíblicos Enoque e o profeta Elias, deixando os seus companheiros para trás.

Percival
Existem numerosas versões sobre a origem de Percival. Na maioria das histórias ele é de origem nobre, sendo filho de Pellinor, cavaleiro valoroso e rei de Listenois. A sua mãe, habitualmente anônima, desempenha um papel importante na história. Ela vai viver para uma floresta isolada, para impedir o filho de se tornar cavaleiro. A sua irmã, portadora do Santo Graal é chamada Dandrane. Nas versões da história em que Percival é filho de Pellinor, os seus irmãos são Tor, Agloval, Lamorat e Dornar.
Depois da morte do pai de Percival, a sua mãe o leva para o isolamento da floresta, fazendo com que ele ignore, até aos quinze anos, como se comportam os homens. Um dia, ao treinar com sua espada na floresta, o jovem Percival encontra cinco cavaleiros com armaduras tão brilhantes que os toma por anjos. Após ter vislumbrado esta cena, adquire o desejo de se tornar, ele próprio, um cavaleiro, e dirige-se à corte do Rei Arthur. Aí, depois de se ter revelado um excelente guerreiro, é convidado a juntar-se aos Cavaleiros da Távola Redonda.

Nos contos mais antigos, Percival participa na busca do Santo Graal. Na versão de Chrétien de Troyes ele encontra o Rei Pescador ferido e observa o Graal, mas abstém-se de pôr a questão que iria trazer a cura do soberano. Apercebendo-se do seu erro ele esforça-se por voltar ao Castelo do Graal e terminar a sua busca.
As histórias posteriores fazem de Galahad, filho de Lancelot, o verdadeiro herói do Santo Graal. Mas mesmo que o seu papel tenha sido diminuído, Percival mantém-se como uma importante personagem e é um dos dois cavaleiros (juntamente com Boors) que acompanha Galahad ao castelo do Graal, terminado com ele a sua demanda.
Nas versões primitivas da história, a amada de Percival é Blanchefleur e ele torna-se rei de Corbenic, depois de ter curado o Rei Pescador. Já nas versões posteriores, ele mantém-se virgem e morre depois de ter encontrado o Graal. Na versão de Wolfram von Eschenbach o filho de Percival é Lohengrin, o Cavaleiro do Cisne.

Kay
Kay está sempre presente a literatura Arthuriana, mas raramente passa algo além do que ser um fanfarrão aos outros personagens. Embora ele manipule o rei para seus propósitos, sua lealdade a Arthur não é questionada. No “Ciclo Vulgate”, “Pós-Vulgate” e “Le Morte d’Arthur” de Malory, o pai de Kay, Heitor adota o pequeno Arthur após Merlin tomá-lo de seus pais, Uther e Igraine.
Heitor os cria como irmãos, mas a descendência de Arthur é revelada quando retira a Espada da Pedra em um torneio em Londres. Arthur servia como escudeiro a Kay, recém nomeado como cavaleiro, quando perdeu a espada de seu irmão e usa a Espada da Pedra para substituí-la. Kay, com seu oportunismo característico, tenta chamar para si o feito de retirar a espada da pedra, fazendo-se o Rei dos Bretões, porém cede e admite que fôra Arthur quem havia retirado a espada. Kay acaba se tornando um dos primeiros cavaleiros da Távola Redonda e serve seu irmão adotivo como escudeiro pelo resto da vida.
O pai de Kay é chamado de Heitor na literatura recente, mas nos contos galeses é nomeado como Cynyr Fork-Beard. Chrétien de Troyes menciona que tinha um filho chamado Gronosis, que era versado no mal, enquanto que o galês o dá um filho e uma filha chamados Garanwyn e Celemon. Romances raramene surgem na vida amorosa de Kay com uma exceção de Girart d’Amiens’ Escanor, que detalha seu amor por Andrivete de Northumbria, em que deve defendê-la das maquinações políticas do tio dela antes que casem.

Gawain
Gawain é muitas vezes descrito como sendo sobrinho do rei Arthur, filho de Morgause e irmão de Gaheris, Gareth, Agravaine e Mordred. Possuía um comportamento muito irritadiço, como pode-se constatar em Layamon, quando Arthur descobre a traição de Lancelot e Guinevere, Gawain declara que vai enforcar Mordred com suas próprias mãos e que Guinevere deve ser despedaçada por cavalos selvagens. Outra passagem, descrita por Thomas Malory, onde se pode visualizar o caráter vingativo de Gawain, é mostrada quando do cerco ao castelo de Lancelot. Lancelot, que durante a fuga com a rainha mata os irmãos de Gawain, Gaheris e Gareth, afirma que a acusação de traição contra ele é falsa e que o julgamento por combate havia mostrado que ele estava certo. Arthur poderia até perdoá-lo, mas Gawain não deixa que isso ocorra. O clímax da história é a luta entre Gawain e Lancelot.
Gawain tem uma peculiaridade que lhe permite ganhar força física no período que vai das nove da manhã até ao meio-dia. Malory diz que isso era um presente de um homem santo, mas é claro que, originalmente, Gawain era a representação de um adorador do deus-sol e Lancelot representa o cristianismo. Lancelot simplesmente resiste nas horas de força de Gawain e, quando elas declinam, lança-o à terra. Por duas vezes essa luta sobrenatural acontece e a cada vez que Gawain é jogado no chão, chama Lancelot para continuar a luta. Lancelot responde que quer lutar com ele de novo, mas só quando estiver de pé.
O conto mais famoso de Gawain, no entanto, é intitulado “Sir Gawain and the Green Knight” (Sir Gawain e o Cavaleiro Verde), escrito por volta do ano 1400. No dia do Ano-Novo, quando o rei, a rainha e a corte estão reunidos para um jantar, um cavaleiro de tamanho incomum entra no casarão com seu cavalo. Pede que algum cavaleiro ali presente lhe dê um golpe no pescoço com o machado que ele carrega e que, no próximo Ano-Novo, o oponente esteja na Capela Verde para receber, por sua vez, o seu golpe. O cavaleiro e suas roupas, assim como seu cavalo, os trajes e os arreios, tudo era verde. O ouro e o aço estavam manchados de verde, os arreios reluziam e cintilavam com pedras verdes e filetes de ouro estavam entrelaçados na crina verde do cavalo. Arthur imediatamente se oferece para o desafio do cavaleiro, mas Gawain se interpõe e o toma para si. Com um golpe de machado, decepa a cabeça do cavaleiro que rola pelo chão, espalhando sangue na carne verde. O cavaleiro verde recolhe a cabeça. Levanta as pálpebras, olha vivamente e então encarrega Gawain de encontrá-lo naquele dia, após um ano, na Capela Verde. Segurando a cabeça pelos cabelos verdes, monta em seu cavalo e deixa o casarão. Creepy, ne?
Um ano depois, para manter a palavra, Gawain chega ao castelo de Bertilak, anfitrião cordial e generoso que, por ter cor normal, não é reconhecido como sendo o cavaleiro verde. Gawain chega ao castelo em completo estado de exaustão. Recebido com hospitalidade, envolvido em um manto de arminhos enfileirados, é convidado a sentar ao lado de uma lareira com brasas de carvão. Quando Sir Bertilak retorna ao seu castelo, depois da caça, recebe o hóspede com muita cortesia e combina com ele que daria o produto de sua caça a Gawain todo dia e, em troca, Gawain lhe daria algo que tivesse recebido no castelo.
Durante a sua estada no castelo, Gawain recebe de manhã, antes de sair da cama, a visita da bela mulher de Bertilak, se vendo obrigado a resistir às suas investidas. Por dois dias assim o faz, aceitando somente beijos que, à noite, transmite a Sir Bertilak em troca da caça. Na terceira manhã, porém, a senhora oferece-lhe um cordão verde que o protegerá de qualquer ferimento, o medo de sua provação faz com que o aceite, mas esconde o fato de seu anfitrião. Quando chega o dia do Ano Novo, para honrar seu compromisso, ele sai em busca da Capela Verde. Achando o local, o Cavaleiro Verde aparece para devolver o golpe de Gawain. Se ele não tivesse aceitado o cordão verde, o machado teria caído sobre ele inofensivamente, mas, como isso não aconteceu, o machado esfola sua pele e seu sangue jorra. Agora revela-se que o Cavaleiro Verde é o próprio Bertilak, que havia sido enfeitiçado pela irmã de Arthur, a fada Morgana. Depois de trocarem muitas cortesias, Gawain parte e retorna à corte de Arthur, a quem confessa sua pequenez por ter aceitado o cordão.
Claro que, contando assim, parece um poema maluco, mas ele faz todo o sentido simbolicamente, onde retrata o “Green Man”, sacerdotes dos cultos osirianos e celtas, e Gawain representa o cristianismo. O Cavaleiro Verde também pode ser uma referência a Al-Khidr, um obscuro personagem que aparece no Corão, testando o profeta Moisés.

Boors, o Exilado
Boors, o Jovem (posteriormente também conhecido por Boors, O Exilado, ou ainda, Boors, O Destemido) é mais conhecido que seu pai (que possui o mesmo nome, Boors) nas histórias do Ciclo Arthuriano. Ele e seu irmão Leonel vivem durante vários anos na corte do rei Claudas, mas acabam por se rebelar contra ele e chegam a matar o seu cruel filho Dorin. Antes de Claudas ter tempo de retaliar, os rapazes são resgatados por um servo da Senhora do Lago e são levados para serem criados junto ao seu primo Lancelot.
Os três crescem e tornam-se excelentes cavaleiros, indo para Camelot para se juntarem à corte do Rei Arthur. Boors é identificável por uma cicatriz na testa e participa na maioria dos conflitos de Arthur, incluindo a batalha final contra Claudas que liberta o país do seu pai. Boors havia feito o voto de castidade, mas acaba se tornando pai de Elian quando Brandegoris, a filha de Arthur (nesse ciclo de contos), o consegue levar a dormir com ela, através de um anel mágico. Mais tarde, leva o seu filho a entrar na Távola Redonda.
Boors é sempre retratado como um dos melhores da Távola Redonda, mas a sua glória vem da Demanda do Santo Graal, na qual ele prova ter o valor suficiente, juntamente com Galahad e Percival, para alcançar e testemunhar os mistérios do Graal.
Vários episódios demonstram o seu carácter virtuoso. Num deles, uma dama aproxima-se de Boors, ameaçando-o de se suicidar se ele não dormisse com ela. Ele se recusa, porém, a quebrar o seu voto de celibato. Perante a sua recusa, a dama e as suas aias ameaçam atirar-se do alto das muralhas do castelo e, ao caírem, revelam-se demônios disfarçados que tentavam aproveitar-se da compaixão de Boors.

Tal como o resto da sua família, Bors junta-se a Lancelot no exílio, depois do seu caso amoroso com Guinevere ser revelado, e salva a rainha de ser executada no cadafalso. Ele acaba se tornando um dos conselheiros de maior confiança de Lancelot na sua guerra contra Arthur, tornando-se o governante dos antigos reinos de Claudas. Quando Arthur e Gawain têm que regressar à Bretanha para combater o usurpador Mordred, Gawain envia uma carta a Lancelot pedindo-lhe auxílio. Lancelot chega para dominar o resto da rebelião liderada pelos filhos de Mordred, mas Leonel é morto por um deles e, dessa forma, Boors vai então vingar a morte do irmão.
Boors, Galahad e Percival vão em busca do Santo Graal, conseguindo alcançá-lo. Então acompanham-no a Sarras, uma ilha mítica no Médio Oriente. Tanto Galahd como Percival morrem enquanto lá se encontram, sendo Boors o único a regressar.
Do nome Sarras originou-se o termo SARRACENOS.

#ReiArthur

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/quem-%C3%A9-quem-na-t%C3%A1vola-redonda

A luz se foi de nossa Ordem

Hoje é um dia muito difícil para milhares e milhares de jovens e não-tão-jovens DeMolays, Filhas de Jó e membros da Estrela do Oriente.

O Fundador destas três Ordens no Brasil, Alberto Mansur, nos deixou na madrugada do dia 17 de julho, aos 89 anos, deixando nesta terra um enorme legado fruto do trabalho contínuo por décadas de Maçonaria.

O Tio Alberto Mansur, Grande Mestre Fundador do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil, será sempre lembrado como um maçom visionário que se dedicou sem reservas ao seu grande sonho, que ele chamava de “minha querida família da Maçonaria”, cujo objetivo era reunir em torno dos elevados ideais dessa instituição os filhos, filhas e esposas dos Irmãos.

Breve História

O Tio Alberto Mansur nasceu em 7 de setembro de 1922, o Centenário da Independência do Brasil. Era filho de imigrantes libaneses, Anthônio Nehmetalla Mansur e Ramza Mansur, e recebeu seu nome em homenagem ao Rei Alberto I, da Bélgica, herói da I Guerra Mundial. Teve dois filhos com sua companheira inseparável de toda vida, Tia Célia, Cristina Maria e José Alberto Mansur, 1º Mestre Conselheiro do Brasil.

Em 1933 mudou-se para o Rio de Janeiro e mais tarde, em 30 de setembro de 1950, foi Iniciado na Loja Perfeita União, nº 13, em Valença – RJ, onde em 23 de maio de 1969 veio a ser Instalado como Venerável Mestre. Dirigindo-se à capital, passou a ser membro do Supremo Conselho e mais tarde seu Soberano Grande Comendador, em 24 de novembro de 1974. Sua gestão levou o Supremo Conselho de uma posição ignorada e uma sede apertada para uma entidade de milhares de Maçons abrigada em um grande local. Mais tarde, tornou-se o primeiro ocupante do cargo a deixar o posto – até então vitalício – em favor de eleições.

Em 1993, fundou a Ordem Internacional das Filhas de Jó no Brasil, enquanto em 1997 trouxe a Ordem Estrela do Oriente para o país.
[Boa parte das informações desta seção foi obtida através do material compilado pelo Irmão Guilherme Santos, ex-Mestre Conselheiro Nacional do SCODB.]

Ordem DeMolay

Em 1969, o Maçom Alberto Mansur entra em contato pela primeira vez com a ideia de uma organização juvenil existente nos Estados Unidos chamada “Order of DeMolay”. Enxergando no grupo idealizado por Frank Sherman Land um projeto essencial para a Maçonaria brasileira, Tio Mansur trabalha durante mais de uma década para conseguir finalmente ser nomeado Oficial Executivo para o Brasil do Supremo Conselho Internacional e fundar e instalar o Capítulo Rio de Janeiro, nº 001.

Em 1985, após atingir a marca de 25 Capítulos instalados com o Capítulo Grande Rio, nº 025, o Supremo Conselho Internacional firma tratado de fundação e reconhecimento do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil, o SCODB. Alberto Mansur é indicado como Grande Mestre Nacional, cargo que ocupa através de numerosas reeleições sem contestação até 2004, quando é sucedido por Toshio Furukawa.

Na sua gestão à frente da Ordem DeMolay, o país viu a fundação de mais de 600 Capítulos, o surgimento dos Conventos da Ordem da Cavalaria, das Cortes Chevaliers, das Távolas de Escudeiros e dos Colégios Alumni, bem como a Iniciação de quase 100.000 jovens brasileiros nas fileiras da Ordem DeMolay.

Do Sonho para a Realidade

Com uma biografia tão rica e imponente, com o peso de Grande Mestre Fundador da Ordem DeMolay no Brasil, é compreensível entender que eu, assim como milhares de Irmãos, sentia-me muito intimidado com a ideia de conversar com essa figura algo legendária.

A primeira vez que o vi e sentei à mesa com o Tio Mansur foi no II Encontro Fluminense da Ordem da Cavalaria, em Macaé, sediado pelo Convento Godofredo de Saint Omer, nº 096. De repente, todos os presentes se apressaram em formar duas fileiras e começaram a aplaudir e eu ouvi gritos de “Mansur! Mansur! Mansur!” enquanto um senhor baixo, de cabelos encaracolados brancos, bigode e olhos muito serenos acenava com um sorriso de satisfação de estar presente no evento.

Com o passar de alguns anos e a participação de outros eventos, especialmente nos Congressos Nacionais da Ordem, eu descobri que esse coro de “Mansur! Mansur!” não era programado e nem um pouco raro, mas natural da parte de todos os DeMolays que sabiam que o velhinho apareceria. Com uma popularidade imensa e demonstrando carinho pelos DeMolays como fossem seus filhos [e netos e bisnetos, dada a diferença de idade], o velho Tio Mansur tinha grande disposição para aparecer ao lado da Tia Célia, Madrinha da Ordem DeMolay e sempre apoiadora dos grandes projetos do seu marido.

Era possível perceber nos olhos do Tio Mansur uma espécie de felicidade única, de ver diante de si, depois de três décadas de trabalho e uma a mais de sonhos, aquele grandioso projeto com uma forma bem definida. Perceber que ele realmente tinha sonhado que seus Irmãos Maçons brasileiros abraçariam a causa da Ordem DeMolay e permitiriam que milhares de jovens rapazes de 12 a 21 anos, muitos deles sem qualquer ligação com a Maçonaria, como eu, participassem deste grupo de ideais tão elevados e encontrassem em perfeitos estranhos verdadeiros Irmãos e Tios.

Parece bobo, mas eu realmente acreditava que os anos continuariam passar e eu continuaria a participar nos Congressos do coro de “Mansur! Mansur!” precedendo a entrada do velho Tio, como se o Pai Celestial concedesse um presente mágico para seus filhos DeMolays e permitisse que os anos não levassem embora o responsável por tanta coisa na vida de tantas pessoas.

A luz se foi de nossa Ordem

Meu irmão de sangue e Irmão gêmeo de Ordem DeMolay, Luís, enviou uma mensagem na lista do meu Capítulo citando o discurso do Primeiro-Ministro Jawaharlal Nehru quando do assassinato de Gandhi, em 1948. Eu o parafrasearei porque acredito que é perfeito para este momento [tradução livre]:

“A luz se foi, eu disse, e ainda assim eu estava errado. Pois a luz que brilhou nesta Ordem não era uma luz comum. A luz que iluminou esta Ordem por esses tantos anos iluminará esta Ordem por muitos mais anos e daqui mil anos esta luz ainda poderá ser vista nesta Ordem e o mundo a verá e ela será consolo para inúmeros corações. Pois aquela luz representava a verdade viva… as verdades eternas, lembrando-nos do caminho correto, nos afastando do erro, levando esta Ordem ao crescimento.

“Tudo isto aconteceu quando ainda havia tanto para ele fazer. Nós jamais poderíamos pensar nele como desnecessário ou que ele já havia cumprido sua missão. Porém agora, em particular, quando estamos diante de tantas dificuldades, ele não estar conosco é um golpe terrível de se suportar.

“Uma complicação médica tirou sua vida, mas ainda assim veneno demais se espalhou por esta Ordem durante os últimos anos e meses e este veneno teve seu efeito sobre a mente das pessoas. Nós devemos enfrentar esse veneno, nós devemos arrancar esse veneno e devemos encarar todos os perigos que o envolvem não de forma louca ou ruim, mas da forma como nosso amado Tio nos ensinou. Nós precisamos nos comportar como pessoas fortes e determinadas a enfrentar todos os perigos que nos cercam, determinadas a levar adiante o mandato que nosso grande Tio e nosso grande líder nos deixou, lembrando-nos sempre que se, como eu acredito, o seu espírito olha por nós e nos vê, nada desagradaria mais a sua alma do que nos ver envolvidos em qualquer comportamento mesquinho ou em violência.

“Então, não devemos agir dessa forma. Porém, isto não significa que devemos ser fracos, mas que devemos com força e união encarar todos os problemas e dificuldades e conflitos que devem ser encerrados diante deste grande desastre. Um grande desastre é um símbolo para nos lembrar de todas as grandes coisas da vida e nos fazer esquecer das pequenas coisas, nas quais pensamos demais.”

Hugo Lima é Sênior DeMolay do Capítulo Imperial de Petrópolis, nº 470 graças ao sonho e ao trabalho do Tio Alberto Mansur.

#Demolay

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-luz-se-foi-de-nossa-ordem

Por dentro do Pró-Vida

(publicado em Marie Claire nº 68, novembro de 1996)

Poucas vezes o segredo funcionou tão bem como a alma de um negócio. O Pró-Vida cerca sua atuação de mistério. Apresenta-se como uma escola filosófica de desenvolvimento mental, mas não divulga métodos e conteúdo dos cursos. Quem quiser saber mais deve literalmente pagar para ver. Ou melhor, ingressar no quadro de alunos. É o que constato no primeiro telefonema, após receber de Marie Claire a missão de desvendar os bastidores desse enigmático grupo. Quando começo a frequentar o curso Básico, descubro que não se trata apenas de uma escola filosófica às voltas com as velhas interrogações do espírito humano – quem somos, por que vivemos, para onde iremos. Em muitos pontos, as aulas se assemelham aos cultos da Igreja Universal do Reino de Deus e afins. De maneira mais sutil, o Pró-Vida também envolve, incute idéias, desperta culpas, cobra dízimos. Não falta nem mesmo a revelação da existência de um paraíso na Terra.

Alguma vez na vida você ouviu falar que “um mundo melhor” existe aqui e agora? Para desfrutá-lo, basta entrar para o Pró-Vida e conviver com os “irmãos” do grupo. E não são poucos os que fazem essa opção. Chegam a abandonar outras atividades para marcar presença constante nos cursos, prestar trabalho voluntário e integrar definitivamente o rebanho de eleitos. A comparação é quase inevitável: o Pró-Vida atua como uma versão mais elaborada da igreja do bispo Edir Macedo. Dirige-se à classe média alta e, portanto, utiliza meios mais complexos de persuasão. O discurso dos monitores é articulado. No lugar de trechos bíblicos, supostas referências científicas. De Einstein a Freud e Jung, proliferam citações que procuram emprestar credibilidade aos ensinamentos.

Antes de descobrir esses e outros detalhes, tive de passar por uma entrevista para ser aceita no seleto rebanho. Durante a conversa não revelei, claro, minhas intenções jornalísticas. Criei uma pequena mentira. Disse ser uma publicitária em busca de sucesso profissional. Admito que estava um pouco amedrontada. Se soubessem ler pensamentos, como de fato sugerem, descobririam a farsa. Mas a história convenceu e fui aprovada com a garantia de que, ao final do curso, teria mudanças radicais na minha vida. Que tipo de mudanças? “Você verá os resultados”, desconversou uma educada monitora na faixa dos 50 anos.

A manutenção do suspense tem finalidade. O Pró-Vida funciona como um grupo “iniciático”, segundo a classificação do antropólogo José Guilherme Magnani, professor da Universidade de São Paulo. “É a mesma estrutura de sociedades como a maçonaria e a rosa-cruz”, ele compara. “Nessas organizações, há sempre um segredo mantido pela lealdade dos adeptos. É preciso passar por etapas para ter acesso a certas dimensões do grupo”. Quer dizer, para conhecer o referido “segredo”, é necessário prosseguir na iniciação – o que no Pró-Vida significa pagar mais e mais cursos. Como a meta é conquistar adeptos selecionados, de preferência os financeiramente saudáveis, a propaganda é dirigida. O Pró-Vida mantém uma página na Internet e promove divulgação boca-a-boca – alunos de cursos avançados levam parentes, amigos e conhecidos. Outra ferramenta publicitária é um adesivo para ser colado no vidro do carro. O anúncio traz uma frase que confirma o teor enigmático utilizado pelo grupo: “Se você já estiver preparado, uma força maior o levará ao Pró-Vida”. Quem ler – e não conseguir segurar a curiosidade – irá telefonar.

Logo no primeiro dia, percebo que o marketing do mistério funciona. Cerca de 60 pessoas desembolsaram R$ 350,00 para “aprender a utilizar melhor o cérebro”. A procura é tamanha que a organização promove de dois a quatro cursos iguais a este por mês – não só em São Paulo, mas também em várias cidades do país e em Buenos Aires, na Argentina. Faço uma conta rápida, considerando a presença mínima de 50 alunos em cada um deles, e constato que o Pró-Vida deve faturar pelo menos de R$ 35 mil a R$ 70 mil reais por mês só com essa fonte. E os cursos não são a única forma de ganhar dinheiro. O clube de Campo, situado em Araiçoiaba da Serra, no interior de São Paulo, é outro negócio bastante rentável.

É PROIBIDO ANOTAR

Uma nova sede do Pró-Vida em São Paulo está funcionando desde agosto. Erguido nas imediações da Marginal Pinheiros, o prédio ostenta uma vistosa pirâmide em sua fachada e abriga os cursos ministrados na capital paulista. Substituiu outras duas sedes, situadas nos bairros de Moema e Vila Olímpia. Fiz o Básico na casa da Alameda dos Nhambiquaras, em Moema, pouco tempo antes da inauguração do prédio da Marginal. No primeiro dia, uma segunda-feira, chego 30 minutos antes do horário estipulado. A aula estava marcada para começas às 20h30. Procuro um lugar vago entre as cadeiras enfileiradas, que acomodam homens e mulheres com idades e profissões variadas. Há médicos, engenheiros, professores, estudantes, publicitários, empresários, donas de casa. E também crianças e adolescentes (maiores de 9 anos podem frequentar o curso).

Enquanto espero, converso com uma colega. Ela namora um “avançado” do Pró-Vida e está lá por insistência dele. Tem 24 anos e é muito falante. A aula começa com atraso – o que se repete todos os dias. A monitora fala longamente sobre as agruras do mundo moderno, as guerras, as doenças, as drogas. Fico olhando os rostos atentos e percebo que três alunos avançados estão sentados em posição estratégica para assistir a platéia. Sinto-me vigiada. Tento decifrar o que estariam observando. Nessa primeira aula, a monitora garante que aquela semana mudará a nossa vida e promete algo do tipo: satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”.

Durante a minha maratona de “desenvolvimento mental”, ouvi ensinamentos sobre o funcionamento do cérebro, sono, poderes das pirâmides, energia, aura e fenômenos de levitação e materialização. Participei de sessões de relaxamento e pratiquei exercícios comandados pela monitora. Mas, nesses tempos de farta literatura esotérica, cursos de auto-ajuda aos borbotões e familiaridade com anjos, achei que nada poderia ser visto como novidade.

O entusiasmo dos meus colegas, no entanto, confirmou não ser essa a opinião da maioria. Boa parte parecia estarrecida. Mas será o conteúdo que conquista os alunos ou a forma como ele é transmitido? Para se ter uma idéia, somos instruídos a “sentir” o que está sendo falado. Não temos autorização de fazer qualquer anotação. O professor do Departamento de Psicologia Social da Universidade de São Paulo, Esdras Guerreiro Vasconcellos, explica por que esse detalhe é tão importante, “O ensinamento da primeira noite é internalizado no nível da consciência, mas uma parte se perde. Na noite seguinte, outra leva de conhecimentos é internalizada da mesma forma e só uma parte fica – e assim sucessivamente”, afirma. Como nossa memória possui capacidade limitada, segundo o professor, a internalização torna-se um processo inconsciente. Com um agravante: o curso compacto não oferece tempo para elaborar o aprendizado. Conclusão: “A pessoa guarda essencialmente aquilo que tem valor emocional”. Em conversas durante os intervalos, percebo que muitos chegam ao Pró-Vida em busca do genérico “algo mais”. Ou estão embalados por crises conjugais, dificuldades profissionais, estresse acumulado.

A aula de terça-feira trata do sono e sonhos. Freud e Jung, os mais badalados estudiosos do tema, não são esquecidos. O bê-a-bá das teorias de ambos faz parte do menu de ensinamentos do dia. Depois, aprendemos a programar nosso cérebro para acordar no horário desejado, lembrar dos sonhos ou ter um sono revitalizante. Basta, antes de adormecer, em estado de relaxamento, emitir uma ordem objetiva para ele. Assim, se eu ordenar que “quero acordar às 7 horas”, despertarei. Se só possuo quatro horas disponíveis para dormir, devo apenas dizer com firmeza a meu cérebro que acordarei disposta e descansada. E ponto final.

CONTRABANDO DE EISNTEIN

A aula de quarta-feira é anunciada como especial e ansiosamente aguardada por todos. No encerramento da noite anterior, somos avisados de que teremos um grande dia. Receberemos um ensinamento, cunhado de “chave de prata”, que nos ajudará a abrir portas da felicidade. Durante a explicação, descobrimos que a “chave” em questão leva o nome pomposo de “Verdade Suprema e Absoluta ao nível da Consciência Humana”. Mas rapidamente verifico que o resumo da ópera é menos sofisticado e equivale à difundida idéia de que a energia do pensamento tem poderosa força. Todos são instruiídos a fazer “tela mental” para o que quiserem. Em outras palavras, quem almeja um carro novo precisa, em primeiro lugar, determinar marca, cor e detalhes. Depois, imaginar-se desfrutando da supermáquina, no velho estilo Lair Ribeiro. Se conseguir “eliminar conflitos” – do tipo “será que mereço?”-, vai obter o que pretende. Para convencer sobre a veracidade dessa sabedoria, a aula inclui exemplos de pessoas que alcançaram o desejado. Até mesmo a equação de Einstein – E=mc2 – entra na dança, numa tentativa de provar que a energia do pensamento é capaz de materializar desejos.

Naquele momento, suspeito que a teoria de Einstein foi retirada de seu contexto. O professor do Instituto de Física da USP Luiz Carlos de Menezes confirma minhas suspeitas. “É uma interpretação rastaqüera da ciência”, critica o físico. Ele explica que é possível transformar matéria em energia e vice-versa, desde que sejam observadas “determinadas leis de conservação”. E conclui: “Não desprezo outras formas de conhecimento que não sejam a dos cientistas. Mas tenho grande desconfiança desse contrabando de conceitos Você pode usar a fórmula de Einstein até para vender pasta de dentes”.

A noite da grande apoteose é marcada para sexta-feira. Teremos demonstrações de cura. Alunos avançados promovem uma sessão rápida de imposição de mãos. No melhor estilo Doril, a dor de cabeça de um colega simplesmente sumiu. Outro garante que se livrou do incômodo no estômago e uma terceira sente a inflamação na garganta aliviada. Lembro novamente dos cultos da Universal com suas curas, mas o pior ainda está por vir. Chegou a hora e a vez de despertar culpas e induzir todos a fazerem uma auto-avaliação. “Classifique-se”, ordena a monitora. Ela sugere que cada um faça uma auto-avaliação do seu estágio de evolução. A “evolução” pregada pelo Pró-Vida, a grosso modo, significa migrar do reino “mineral”, formado pelas pessoas menos evoluídas, passar pelo intermediário mundo “vegetal” e atingir o grupo dos “animais superiores”. Esses últimos, segundo eles, são aqueles que praticam “a ajuda verdadeira” e tratam os outros como “irmãos”.

Os últimos momentos da aula reservam mais surpresas. Faremos um exercício para sentir a chamada “harmonia universal”. Estamos relaxados quando a monitora começa a ler um texto escrito pelo fundador do Pró-Vida, o médico Celso Charuri. O texto descreve o ser evoluído como aquele que “conhece-se a si mesmo, tal qual é, e conhece a Deus”. Enquanto isso, uma fita mal gravada, com chiados de fundo, embala a catarse com a versão instrumental do tema da Disneylândia – “Para ser feliz é preciso ver / Este céu azul na imensidão… / Há um mundo bem melhor” etc. Muitos não seguram as lágrimas.

O sábado promove mais catarse. A monitora nos conduz a um castelo imaginário, onde encontraremos o chamado “guardião”ou o “eu maior”. Cada um pode enxergar a imagem que bem quiser. Durante o “encontro”, alguns choram e posso ouvir os soluços. No final, todos os alunos contam o que viram. O campeão absoluto das citações é Jesus Cristo. houve até quem mantivesse contatos imediatos com “um monge”, “um oriental” ou “um hindu”. Da minha parte, confesso que não vi nada.

Na manhã de domingo, estou esgotada. Na reta final da maratona, somos orientados a praticar tudo o que aprendemos nas aulas. Fazemos exercícios “parapsicológicos”em duplas. Imaginem, por exemplo, que meu companheiro fará minha mão levitar. Depois, eu repetirei a dose com a mão dele. Na hora, abro discretamente um dos olhos para conferir se meu colega já eliminou a força gravitacional. Vejo que sim e vou suspendendo vagarosamente minha mão para que ele se sinta feliz e satisfeito.

O destaque da manhã é a sessão de clarividência. Funciona mais ou menos assim: uma das partes da dupla entra em alfa (pratica o relaxamento) e a outra cochicha o nome de alguém de seu rol de amigos, acompanhado de idade e endereço. Quem ouviu não conhece a pessoa, mas deve visitá-la mentalmente e descrevê-la – e, quem sabe, falar algo sobre sua personalidade. Torci para que, pelo menos isso, desse certo. Tive uma clarividência? Claro que não. Quase todos, entretanto, garantem que obtiveram êxito. E quem errou a descrição contou com o apoio do companheiro e da monitora para arriscar uma adaptação convincente do que “viu”. Exemplo: se a “clarividente” enxergou uma morena, e ela é loira, chutavam: mas será que ela não pintou o cabelo? Pior: mas será que não pensa em mudar a cor? E assim por diante. Cada um relata sua história, os outros batem palmas e dão nota dez.

Um mês mais tarde, tenho a oportunidade de repetir o Básico. Os interessados em prosseguir na “iniciação” necessitam cumprir esse procedimento. Precisam assistir de novo às sete aulas e registrar oficialmente a presença. Desta vez, contabilizo mais de cem novatos, além de cerca de 200 “repetentes”. Desde o primeiro momento, percebo que o discurso é igualzinho. Mudou o monitor, mas as aulas continuam as mesmas. Como no primeiro Básico, muitas perguntas ficam sem resposta porque são assunto de cursos mais avançados. Um colega pergunta por que a pirâmide azul é mais indicada para auxiliar curas. A resposta: “Isso você vai saber no Avançado 1”. Nem todos, porém, chegarão lá. no terceiro dia de repetição, constato a desistência da jovem publicitária, que foi minha colega na primeira vez e era uma das mais entusiasmadas. Ao mesmo tempo, outro colega, um empresário de 33 anos, confidencia que não tem certeza se prosseguirá. Passou a fase da empolgação. Um dia, até brincou comigo que estava se sentindo “na igreja do Edir Macedo”.

DÍZIMOS PARA TREINAR O CÉREBRO

Aqueles que resistem à provoção de assistir a todas as aulas novamente – e permanecem entusiasmados – estão fisgados e prontos para se matricular no Avançado 1. E, aí, o céu pode não ser o limite. “Desde o Básico, o aluno vai sendo envolvido aula após aula. Colocam em sua cabeça que harmonia e amigos só se encontram ali. Você acaba se convencendo de que é mais do que os outros”, explica a ex-integrante Elza Aparecida de Castro. Conforme informações de ex-adeptos do grupo, depois do Avançado 1, vem o curso Introdução. Ambos custam igualmente R$ 350 e são seguidos dos Avançados 2 ao 7. Para ser promovido, é preciso passar por uma espécie de comissão julgadora, que escolhe os “eleitos”. Por isso, muitos adeptos permanecem anos no mesmo curso e não são autorizados a seguir adiante. Os que atingem os três últimos níveis são identificados por um crachá com o símbolo ” 4/ ” , que significa “avançados quatro e meio”. Do seleto grupo fazem parte basicamente diretores, conselheiros e monitores.

A exemplo de diversas seitas evangélicas, o Pró-Vida também recolhe dízimo. Não existe uma pressão escancarada para doar dinheiro como nos cultos da Igreja Universal, onde pastores aos berros lembram aos fiéis que “Deus quer dar, mas o demônio segura a carteira”. O convencimento é sutil. Quem colocar os pés na escola será contemplado por uma frase de pretenso efeito sugestivo: “O privilégio de ser nas mãos de quem dá”. Essa mensagem, assinada pela Central Geral do Dízimo e seguida pelo número de uma conta bancária está estampada nos crachás recebidos pelos alunos, nas paredes e até na página da Internet. O lucro, em última análise, é o sabor predominante nesse caldeirão que mistura psicanálise com neurolingüística, princípios de física com jargões de auto-ajuda, retórica evangélica com estrutura de maçonaria, parapsicologia com ficção científica.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/por-dentro-do-pr%C3%B3-vida

Os Illuminati e o Dia do Trabalho

Weishaupt era Maçom versado nos diversos campos da filosofia de sua época. Seu caráter foi marcado pela extrema liberdade de pensamento e independência de opinião. Graduou-se em Direito na Universidade de Ingolstadt onde, mais tarde, foi professor titular de Direito Canônico e decano da Faculdade de Direto. Foi iniciado nos antigos Mistérios de Elêusis e nos ensinamentos secretos dos Pitagóricos. Obteve conhecimentos secretos para fundar os Illuminati através da seita do Xeque persa Hassan Sabbath, conhecido como o “Velho da Montanha”.

Adam Weishaupt escolheu o dia 1º de maio para fundação dos Illuminati, ordenando certos números para que formassem uma cifra poderosa. O primeiro de maio sempre fora comemorado pelas sociedades primitivas na Primavera Pagã. Entendia-se, portanto, que a data estava carregada do simbolismo da fertilidade do solo e, por analogia, a fecundidade do pensamento político.

Weishaupt utilizou ainda um sistema cabalístico associado à numerologia: sendo maio o quinto mês do ano (o número 5, em nossos estudos, está relacionado com as mudanças e com a evolução) somado ao número 1 (1º dia) temos SEIS (arcano da Liberdade). Em seguida, Weishaupt acrescentou a soma dos algarismos do número do ano, 1776, obtendo o resultado VINTE E UM (arcano da Busca da Felicidade e Caminho da Alma).

Detalhes sobre as operações utilizadas por Adam Weishaupt não cabem no âmbito deste artigo. Basta considerarmos que as chamadas “adições” e “reduções teosóficas” consistem nas somas da série natural dos números começando pela unidade até incluir o número proposto; ou reduzir a um único dígito a soma dos algarismos que compõem determinado número.

Os Illuminatti acreditaram que as combinações de 3, 5, 7 , 9, 21 e a escolha desta data para fundação da Ordem, eram essenciais para que seus planos obtivessem absoluto sucesso. Faltavam menos de vinte anos para a Revolução Francesa. Os arcanos numéricos, interpretados pelos Illuminatti, apontavam para o grande Renascimento do Homem mediante o arcano da Justiça.

Adam fez contato com a Loja Maçônica de Adolf Von Knigge e juntos fundaram a Ordem dos Iluminados da Baviera na Noite Mágica de Walpurgis (deusa Viking da primavera), entre 30 de abril e 1 de maio de 1776. O Rito de Weishaupt foi introduzido na Grande Loja da Baviera (Walpurgisnacht) e depois nas Lojas do Grande Oriente da maçonaria francesa que já se referia abertamente aos Illuminatti.

Os primeiros desses Illuminatti eram dirigidos por um conselho Areópago (correspondente aos modernos Kadosch) presididos por um Mestre cujo título era “Spartacus”.

Havia três graus: I- Aprendiz, ou Sementeira; II- Maçom de Simbologia e Ciências; e III- o Grau dos Mistérios Menores e Maiores. Depois, os Mestres do Terceiro Grau eram elevados aos 12 Graus Superiores que culminavam no XII cujo título era Rex Ordinis.

George Washington conheceu Adam Weishaupt e esteve, durante algum tempo, associado aos Illuminatti. Mas, quando em 1789 começaram os movimentos da Revolução Francesa, Washington preferiu se afastar, mantendo sua filiação exclusivamente na Maçonaria.

Não há dúvida que os ideais de Adam Weishaupt influenciaram a França entre 1789 e Novembro de 1799. O aparecimento público da Deutsche Einheit (Unidade Alemã) expandiu a propaganda dos Illuminatti entre os círculos de leitores donde nasceu o grito de guerra: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”.

Cerca de 90 anos mais tarde, as idéias dos Illuminatti ressurgiam vigorosamente na América. O fato de o 1º de maio ser mundialmente consagrado aos trabalhadores não foi uma coincidência. O 1º de maio de 1886 fazia ressonância dos planos de Weishaupt para o renascimento dos ideais de Liberdade. Aquele movimento nas ruas de Chicago fez lembrar o ano de 1776, a mesma data que aparece no dólar americano, em algarismos romanos sob uma pirâmide, como selo da Novus Ordo Seclorum.

#Illuminati #Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-illuminati-e-o-dia-do-trabalho