12 livros que moldaram o Cristianismo Contemporâneo

Verdade seja dita, na cultura popular hoje a imagem do cristão é a de um ser bem intencionado e ignorante sem qualquer senso crítico. Um “Mr. Flanders” supersticioso, cabeça-fechada, alienado, e parado no tempo que nada tem a acrescentar. Contudo devemos lembrar que a figura do ‘cristão’ é uma figura que muda e se transforma no decorrer da história. De maltrapilhos e pedintes à reis abastados dos sacro-impérios; de escravos jogados aos leões de Roma aos severos mestres da Inquisição.

No século XX a subcultura cristã cresceu ainda mais como um movimento de massas, especialmente com a ascensão do tele-evangelismo e o surgimentos dos templos relâmpagos. Isso causou duas coisas com a imagem do cristianismo contemporâneo:

I. Fez com que a imagem dos cristãos se tornasse a de ignorantes que fazem tudo por um pouco de consolo espiritual e conforto material

II. Deu as igrejas a imagem de máquinas de fazer dinheiro.

Mas de certa forma isso foi bom também, pois mostrou deu a oportunidade para muitas pessoas de provarem que a metafísica Cristã continua única e que sua ética continua tão revolucionária quando nos seus primeiros dias. Este novo surgimento do Cristianismo de massas deu margem para o surgimento de uma contra-cultura Cristã, digna dos primeiros portadores da Palavra, aqueles que independente dos costumes criados ou pregados traziam não apenas aquilo que foi dito por Cristo, mas também a criatividade e a sabedoria que emanavam dele. Isso se transformou em uma explosão testemunhada por todos na segunda metade do século XX.

Bandas como o U2, Pod, Cranberries e Creed, entre outras, emergiram de um background cristão e são amplamente celebrados, inclusive por muitos dos que criticam o cristianismo.  Teólogos como Paul Tillich tiveram a coragem de rever alguns conceitos importantes e apontar o dedo de volta para a cara dos filósofos existencialistas e hoje muitos crentes falam abertamente sobre sexo, arte e filosofia, tornando o Cristianismo uma das religiões mais inclusivas e atuante do mainstream cultural do ocidente.

Por estes motivos, celebramos abaixo os 12 Livros mais importantes na história recente do cristianismo. Eles são testemunhas solitárias que se erguem contra o estereótipo do crente tapado, mostrando que o Cristianismo não se resume a ternos, bíblia debaixo do braço e cabelos e saias longas. A lista é parcialmente baseada numa classificação feita pela revista Christianity Today em 2004. Sempre que possível será indicado a Editora que trouxe o livro em questão para a língua portuguesa, e um link para entrar em contato direto com ela caso deseje adquirir algum deles:

 

12 – Cristianismo Criativo

F. F. Bruce
W4 Editora

O livro que abre a lista é um tapa na cara da imensa maioria dos “artistas cristãos’. Ele demonstra como a produção artística e cultural entre os cristãos se tornou uma enorme prisão criativa e conclama pela necessidade de tornar a arte produzida pelos discipulos de Jesus algo realmente relevante para a sociedade.

11 –  Em Seus Passos Que Faria Jesus?

Charles M. Sheldon
Editora: HAGNOS

O que aconteceria se os cristãos de uma igreja em uma certa cidade se comprometessem durante um ano inteiro a não fazer nada sem antes perguntar? Que faria Jesus em meu lugar? É esta a situação apresentada por este livro. Seguir os passos de Jesus que trouxe muita alegria a inúmeros cristãos, mas também causou incompreensão, conflito e sofrimento para alguns. Afinal, tal decisão significava uma total dedicação de bens materiais, talentos e carreiras pelo amor a Cristo.

10 – Uma vida com propósitos

Rick Warren
Ed. Vida

Muitas vezes o dia a dia no trabalho, o culto pessoal e a comunhão na igreja parecem três coisas separadas. Este livro se propõe a ser uma ferramenta útil em tornar uma a vida do cristão na criação de um relacionamento mais intimo com Deus, seu próximo e com a Igreja que freqüenta.

9 – Cordeiros que Rugem

Robert Briner
W4 Editora

De volta ao início dos anos 90, quando ser “engajado” não estava na moda, “Cordeiros que Rugem” promoveu uma explosão criativa sem precedentes que livrou de vez incontáveis cantores evangélicos dos guetos mentais das suas próprias igrejas.

8 – O Ato Conjugal

Ed. Betânia 

Tim and Beverly LaHaye

Um manual explícito de como os casais podem se satisfazer sexualmente. Na lista por mostrar que o cristão não precisa se envergonhar para falar de seu amor sexual e que ele também pode (e deve) se divertir.

7 – Maravilhosa Graça

Philip Yancey
Ed. Vida

Deus ama o criminoso condenado a pena de morte tanto quanto o cobrador de impostos do tempo de Jesus. Deus perdoa o cônjuge infiel? O racista? O corruptor de crianças? Este livro abriu as portas de muitas igrejas. “A Graça vem sem custo nenhum e para pessoas que não a merecem. Eu sou uma dessas pessoas.”

6 – Cristianismo Básico

John Stott
Ed. Vida Nova

Nas palavras de John Stott: Eles se opõem a qualquer coisa que aparente institucionalismo. Eles detestam o status quo e seus benefícios estabelecidos. E rejeitam a igreja – não sem certa razão – porque a consideram como irremediavelmente corrupta por esses males. Porém o que eles rejeitaram é a igreja contemporânea, não Jesus Cristo.

5 – Evangelismo explosivo

D. James Kennedy
Ed. JUERP

Mais do que qualquer outro livro, considerando que as “Quatro Leis Espirituais” é apenas um folheto, esta obra deu aos crentes uma maneira sistemática de compartilhar sua fé. Ele fez a pergunta que criou a abordagem mais conhecida na pregação contemporânea: “Se você fosse morrer hoje, você teria a certeza de ir para o céu?

4 – Cristãos Ricos em um Mundo com fome

Ronald J. Sider

Este é o único livro desta lista que não tem edição em português ainda. Talvez porque aqui a histórica “opção pelos pobres” encabeçada pela esquerda cristã, já tenha dito o mesmo de maneira mais prática e direta. Jesus sempre esteve do lado dos miseráveis, tanto na pregação quanto na assistência. Sider lembra sem papas nas línguas que negligenciar isso é negligenciar o evangelho em si.

3 – O Deus que intervém

Francis A. Schaeffer
Ed. Cultura Cristã

Este livro e seus volumes seguintes começaram algo extremamente necessário: tornou a história intelectual da humanidade uma parte vital da visão de mundo evangélico. O livro abriu o mundo da arte de vanguarda e da filosofia moderna para uma subcultura (a cristandade) até então ignorante de ambos.

2 – A Bíblia Viva

Kenneth N. Taylor
Ed. Mundo Cristão
Uma das primeiras bíblias na linguagem de hoje. Após anos de escuridão milhares de pessoas entenderam o que quer dizer por exemplo: “A criança de peito brincará sobre a toca da áspide e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco.” Mais do que qualquer coisa este trabalho começou uma verdadeira mania leiga pelo sentido primeiro por trás das palavras das escrituras .

1 – Cristianismo Puro e Simples

C. S. Lewis
Martins Fontes

Talvez o livro mais influênte entre os evangêlicos nos últimos 100 anos. Qualquer um que tenha lido este livro, não precisa de qualquer explicação do porque C.S Lewis, (Sim, é o autor de Crônicas de Narnia) é considerado um dos maiores apologistas cristãos de nossa era.

[…] Este livro é a adaptação de uma série de entrevistas feitas pela BBC entre 1941 e 1944 com C.S.Lewis. O escritor das Crônicas de Narnia foi também um dos maiores e mais divertidos apologistas do cristianismo no século XX.  Sua escrita é leve e cheia de humor e lembra bastante o estilo de G. K. Chesterton. O livro tornou-se um clássico instantâneo e considerado pela revista Christianity Today um dos  12 Livros mais importantes na história recente do cristianismo. […]

[…] O livro tornou-se um clássico instantâneo e considerado pela revista Christianity Today um dos 12 Livros  mais importantes na história recente do cristianismo. Sua escrita é leve e cheia de humor e […]

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/jesus-freaks/12-livros-que-moldaram-o-cristianismo-contemporaneo/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/jesus-freaks/12-livros-que-moldaram-o-cristianismo-contemporaneo/

Fernando Pessoa e a Filosofia Hermética

A filosofia hermética assume-se como uma das facetas mais importantes do pensamento de Fernando Pessoa. Se é verdade que é na obra poética que se dá a grande realização de Fernando Pessoa, não é menos verdade que a contínua reflexão filosófica e religiosa, é uma faceta igualmente importante que convém revelar.

Em certos poemas de Alexander Search, o heterónimo juvenil, revela-se já o interesse pelo ocultismo.

O ocultismo é precisamente uma das chaves da pluralidade de que ele se reclama.

“Todos os que pensam ocultistamente criam em absoluto todo um sistema do Universo, que fica sendo real. Ainda que se contradigam: há vários sistemas do universo, todos eles reais”. (Textos Filosóficos I).

Um dos seus projectos de conto, arquivado no espólio, tem precisamente por título O Filósofo Hermético. Aqui define o oculto “como o interno, a outra face das coisas”, e diz ainda que o oculto “significa o que não é presente, o que não é actual… o que já passou, o que virá a ser e também o que é, mas nós não o conhecemos”.

A criação literária é para Fernando Pessoa, uma das faces do mistério iniciático. Mistério que se encontra subjacente na Mensagem, na heteronímia, no diálogo entre os vários poetas.

A iniciação única e sempre a mesma, que se encontra no pensamento filosófico, como na actividade literária é a do desdobramento que na criação se verifica desde o primeiro ser. Desdobramento, multiplicação, que depois de assumidos e esgotados permitem a unidade pela transcendência.

Em Essay of Initiation ele identifica transcendência com a fusão de toda a poesia lírica, épica e dramática: “O meu destino pertence a outra lei…”, escreve numa carta a Ofélia.

A perfeição, para os gnósticos supõe a androginia, o regresso ao estado de pureza original do Eden.

A energia sexual deve ser canalizada para outros tipos de actividades. No poema Eros e Psique (1934) apontará uma via e uma revelação (com uma epígrafe tirada do Ritual do Grande Mestre do Átrio da Ordem Templária de Portugal).

Este gnosticismo, explica talvez parte da dificilmente explicável filosofia de Pessoa, que é hermética, mas numa multiplicidade de sentidos, apenas comparáveis aos múltiplos da heteronímia.

Explica também a recusa do casamento e a ausência da mulher na sua obra. “Sentir tudo de todas as maneiras” é um elo bem explícito, entre a filosofia hermética e a prática dos heterónimos, a maneira que tem de se entregar à multiplicidade até chegar à unidade, ao não-diferenciado.

A visão do mundo do poeta é altamente sincrética. A busca, como a iniciação, diz respeito a três ordens de coisas – 1- A verdadeira natureza da alma humana, da vida e da morte; 2- A verdadeira maneira de entrar em contacto com as forças secretas da natureza e manipulá-las; 3- A verdadeira natureza de Deus ou dos Deuses e da criação do mundo (Esp. 54-97).

Fernando Pessoa revela-se venerador de um Deus-Mundo, de um Deus-Homem e um Deus-Deus-Reflexo do Espírito Santo, do Filho e de Si Mesmo “manifestação de si mesmo a si mesmo, hermafrodita espírito-matéria”, segundo diz num apontamento sobre a Kabala (Esp. 54 A-20).

Assim, o simultaneismo da heteronimia é, um verdadeiro exercício espiritual não confessado: “Organiza a tua vida como uma obra literária, pondo nela toda a unidade que fôr possível” (Esp. 28-43).

A Ordem do Subsolo organiza-se à volta de um projecto, a criação de uma ordem interior “Ordem da Emoção”, com os seus graus próprios. Os textos apresentados não passam de fragmentos ou projectos semi-alinhavados de ensaios que o poeta não chegou a acabar.

Faz a distinção entre “Ordem Interna” e “Ordem Externa”, estabelecendo esquemas e correspondências entre duas ordens.

Faz também alusão a uma ordem de ciência ou de sabedoria que é a da emoção: “Há três ordens de scª: a da vontade, a da inteligência, a da emoção. A intuição é a inteligência da emoção. Mas a emoção pura – eis a ciência”.

Mais adiante escreve: “O mistério (que é tudo) não é comprehensível se não há emoção. A inteligência não pode compreender o mistério”.

O Subsolo parece ser o esboço de uma estrutura simbólica servindo de suporte às ordens iniciáticas conhecidas, uma espécie de “assinatura”, de “fundamento” de todas as que o poeta procurasse organizar. Ordem simbólica, para o seu entendimento contribui o texto em que se indica a gradação dos vários sentidos dos símbolo, literal, alegórico, moral, espiritual e divino. Para concluir que “numa cadeia racional, tudo é um” (Esp. 54-91).

Encontramo-nos em plena filosofia hermética .

São vários os documentos em que Fernando Pessoa se ocupa da Ordem do Templo, de que se disse filiado, afirmando que ela se encontra em “dormência” desde 1888 (data do seu nascimento). Herdeira da Ordem do Templo, surge em Portugal a Ordem de Cristo, cujo ideário é o mesmo.

No “documento 54 A-29 do Espólio, Fernando Pessoa refere-se ao celebrado Pymandro de Hermes: O que está em baixo é como o que está em cima. Por esta citação se estabelece o elo (que ele deseja ser relacional, mas que não precisa de o ser, quando se trata do oculto) do Subsolo ao Átrio.

Pessoa diz que a organização das chamadas Baixas Ordens copia “guardadas as diferenças obrigatórias” a organização das Altas Ordens.

As Ordens do Átrio iniciam por meio de símbolos as Ordens do Claustro, superiores às primeiras, por meio de chaves herméticas, e as Ordens do Templo “iniciam plenariamente – isto é, dizendo e explicando os mystérios” (Esp. 54 A-95).

Ao adepto são pedidas várias vitórias: a vitória sobre o Mundo, a vitória sobre a Carne, a vitória sobre o Diabo (Esp. 53-59/60). Mas no fim do caminho, descobre que “terá o que sempre teve”, isto é, que nada lhe é dado exteriormente que ele já não possua primeiro interiormente.

Este é o sentido místico de toda a iniciação. Dá-se “no Ego Íntimo” (Esp. 53-78), em quem morrer o mundo, a carne, o diabo (a tentação de ambos) e que ressurge para uma vida nova, esclarecida, iluminada.

Para Pessoa “a vida é uma symbolologia confusa” (Esp. 53 B-79) e nada deve ser tomado como definitivamente conhecido. Existe sempre o perigo do erro e da ilusão.

Desenvolve ainda a ideia de que a iniciação tem a ver com alma, sendo “uma espécie de nova região por onde a alma se transforma” (Esp. 53 B-83).

Os graus de inciação representam estados de conhecimento que são simultaneamente estados de vida. Quando se consegue esta união de verdade, o inferior liga-se ao superior, ou seja, o inferior revela-se o superior, pois tudo é um.

A maçonaria é para Fernando Pessoa, “uma vida”, mais do que uma sociedade ou uma Ordem. O objectivo final que se pretende atingir é, na sua opinião, a sabedoria e não um Grau. Entendido pela intuição (que é a inteligência da emoção, como ele diz), o significado dos símbolos ritualmente recebidos, o adepto transforma-se em filósofo.

Ao filósofo ele aconselha como regra o silêncio, o estudo e o trabalho. E que organize a sua vida “como uma obra literária pondo nela a maior unidade possível” (Esp. 28-43).

Diz contudo que “o significado real da iniciação é, para este mundo em que vivemos um símbolo e uma sombra, que esta vida que conhecemos pelos sentido é uma morte e um sono, ou, por outras palavras, que o que vemos é uma ilusão” (Esp. 54 A-55). A iniciação é o dispersar desa ilusão.

Confia-se sobretudo no estudo e na intuição. A intuição é reveladora de conteúdos profundos e espirituais. Permite “a união com deus” de que se fala (Esp. 54 A-63).

Aquele que procura iniciar-se torna-se adepto da Ordem Interior, despido de preconceitos dogmáticos. Dos três caminhos à escolha poderá seguir o místico, o mágico e gnóstico (no entanto, a verdadeira iniciação inclui os três).

Os graus também são três: Neófito, Adepto, Mestre, ou melhor, são dez: quatro em Neófito, três em Adepto e três em Mestre. O Neófito é essencialmente um estudioso. No Adepto há o progresso da unificação do conhecimento com a vida. No Mestre há a destruição desta unidade por via de uma unidade mais alta. (Esp. 54 B-17)

Diz ainda Pessoa que escrever poesia é o objectivo da iniciação. O grau de Neófito será a aquisição dos elementos culturais com que o poeta terá de lidar ao escrever poesia; o grau de Adepto será o de escrever simples poesia lírica; o grau e Mestre será o de escrever poesia épica, poesia dramática; e a fusão de toda a poesia, lírica, épica e dramática, em algo de superior que as transcenda (Esp. 54 B-18).

Fernando Pessoa encontra na poesia hermética uma via para o instruir sobre a natureza do homem (e da arte, como sua mais elevada dimensão), a natureza do Universo e Deus.

Alcança deste modo uma forma de sabedoria, em que, segundo as palavras do livro do Desassossego, resta a literatura, que é a única verdade, com o pensamento, que é afinal a única maneira de conhecer e sentir, em que a escrita (a sua obra literária) é a grande revelação.

Fonte: http://www.ufp.pt/ – Universidade Fernando Pessoa – Portugal

#Arte

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/fernando-pessoa-e-a-filosofia-herm%C3%A9tica

A Alma é a Alma do Negócio

“Um corpo vivo e um corpo morto contém o mesmo número de partículas. Estruturalmente não há diferença discernível. Vida e morte são abstrações não quantificáveis, por que deveria me importar?”

– Dr. Manhatan, Watchmen

Basta olharmos para um corpo “morto” e percebemos de cara duas coisas: ele é exatamente igual a um corpo vivo, não há uma diferença entre alguém que acabou de falecer e alguém vivo; ao mesmo tempo ele é completamente diferente de um corpo vivo, algo estava lá, agora não está mais.

Essa diferença é percebida inclusive por animais, quem já conviveu com bichos sabe como eles lidam com a morte, podem não fazer funerais, ou passar a vida em preces ou homenageando o “colega que se foi”, mas eles sabem dizer quando o companheiro não está mais lá. Existem até mesmo relatos de que os elefantes africanos possuem uma espécie de rito fúnebre no qual se alinham e guardam silêncio frente a um companheiro morto.

Esse tipo de metáforas, inclusive, é curioso. “Não está mais lá”, “Foi desta para uma melhor”, etc. O que não está mais lá? Obviamente um corpo morto não está realmente morto, cabelos e unhas crescem. Ele pode ter convulsões, arrotar, peidar. Você pode massageá-lo e fazer com que ele se mova sozinho, assuma novas posições. O chamado Sinal de Lázaro pode fazer um paciente com morte encefálica mover os braços e o tronco via estímulo medular.

Segundo a polêmica pesquisadora Mary Roach, o mesmo princípio poderia, ao menos teoricamente, ser usado para dar um orgasmo ao cadáver, embora até hoje nenhum cientesta tenha passado pelo comitê de ética em pesquisa para provar isso experimentalmente. O fato é que o corpo não é como uma fotografia do corpo vivo, ele é dinâmico, continua mudando. Dê tempo e nova vida brota dele, vermes, fungos, etc. Talvez isso tenha sido o que primeiro fez com que as pessoas, muito tempo atrás, pensassem em algo que havia abandonado aquele corpo. Nada tão complexo quanto uma personalidade, ou um conjunto de conhecimento, mas a vida que habitava aquele invólucro de carne e o fazia se mover.

Esse algo foi identificado pela primeira vez pelos egípcios que lhe deram o nome de “Ka”. Mais tarde os hebreus o chamara de “nephesh”, ambos os termos podem ser traduzidos aproximadamente como sopro de vida. Quando perdemos esse sopro, nos tornamos apenas adubo. Esse termo, apesar do que possa parecer, não chegava a ser religioso, já que haviam outras palavras para espírito, como por exemplo “ruah”. Nephesh era algo muito mais etéreo, mais sutil, muito mais fundamental. Os gregos usavam a palavra “psyche”, derivada do verbo soprar, para nomear este princípio que animava os humanos e outros animais. A versão latina da palavra era “anima”. Nos povos de língua barbara a palavra usada era “sáwol”, derivada do gótico “saiwala”, do alemão antigo “sêula”, do antigo saxão “sêola”; os nórdicos diziam “sála” enquanto os lituanos a chamavam “siela”, dando origem ao “soul” moderno em inglês. Os gregos antigos usavam a mesma palavra para indicar algo vivo e algo que possuia uma “alma”, isso já nos mostra que a origem da vida estava ligada de forma inseparável a este “sopro”.

Com a evolução do pensamento a alma não era apenas mais a origem da vida, mas um princípio maior que nos ligava a um mundo do qual estávamos conscientemente separados. O antigo poeta grego Pindarus (522-443 a.C.),  afirmou que a alma não tem vida alguma enquanto nossos membros estão ativos, mas quando dormimos, e a alma desperta, nos revela em sonhos, “uma recompensa de alegrias ou tristezas que se aproximam”. Logo que a alma se tornou uma constante na filosofia muitos acreditavam que ela não possuia vida por si própria, era apenas um princípio, assim que abandonava o corpo ia para o sub-mundo, o Hades, onde ficava presa sem chance de retornar ao corpo. Com Sácrates e Platão, ou o que Platão nos diz que Sócrates dizia, a alma se tornou a essência da pessoa, sendo a responsável pela maneira como a a pessoa se comportava, ela era considerada incorpórea e eterna, ocupando nosso ser, quando um corpo morria a alma pulava para outro.

Ainda na Grécia antiga a alma passou a ser, de acordo com Aristóteles, a primeira atualidade de um corpo organizado, o primeiro momento da formação de um corpo e não acreditava que ela tivesse uma existência independente do corpo.

Então a alma fugiu do controle. Passando por mulçumanos, cristãos, filósofos iluministas e psicólogos a alma foi se metamorfoseando, passando de algo real para um mero conceito. Mas será que essa metamorfose tem fundamento?

Basicamente a crença de cada geração é julgar que a geração passada pecava em sua inocência, ignorância e crença. Em qualquer momento presente a regra é acreditar que por sermos mais evoluidos, tecnologicamente ou socialmente, aquilo que sabemos no momento está muito mais próximo dos fatos, da verdadeira Verdade, do que as superstições que nossos antepassados criavam para explicar o que desconheciam. Esse é um comportamente até certo ponto sadio, o próprio Freud afirmava que o assassinato do pai fazia parte do desenvolvimento do filho, algo claramente, ou nem tão claramente assim, mostrado no mito de Édipo. Mas esse “assassinato” é uma fase, não um fim em si mesmo. Devemos avoluir, não enterrar qualquer coisa que não tenha sido defendida em nossa época, temos que ter em mente que seres humanos adora re-inventar a roda.

Com a atual moda de ateismo/agnosticismo/ceticismo mesmo as pessoas de mente mais aberta costuma ficar reticentes quando o assunto passa para o etéreo. Dificilmente alguém colocaria o próprio nome na reta ao se defender algo que não pode ser engarrafado ou não tem nem cheiro. Um peido é o resultado da formação de gases que sai pelo único caminho que tem acesso. E uma alma? De onde vem, onde fica? Para onde vai? Por onde sai?

Na era do animismo a alma era parte real e fundamental do mundo, um ingrediente que permeava não apenas seres vivos, mas tudo o que era real, quando foi substituído pela religião a alma passou a ser um elo com a força criadora do universo, o sopro da vida que nos distinguia de pedras e dos elementos. Quando surgiu a psicologia, a alma passou a ser parte de nossa mente, um aspecto do cérebro. No mundo moderno científico a alma assumiu o posto de mera superstição, mas podemos dizer que isso acontece simplesmente porque, em tese, ela não pode ser detectada. Isso mostra, talvez, mais a incapacidade de nossa tecnologia do que a comprovação da existência ou inexistência de algo, afinal ondas de rádio sempre existiram, mas nós só pudemos comprová-las quando inventamos aparelhos que as captassem e as traduzissem para uma “linguagem” que pudéssemos compreender, quando passamos a vê-las e ouvi-las. Assim talvez o que precisemos para comprovar a existência da alma são engenhocas que a percebam e a mostrem para nós de uma forma que possamos vê-la e ouví-la.

Diga “X”

Hipólito Baraduc, o médico francês do século XIX, afirmava que os campos magnéticos do corpo humano poderiam ser impressos em uma placa fotográfica sem a ajuda de uma câmera. Influenciado pelo Barão Dr. Karl Ludwig von Reichnbach, o típico gênio de época – era químico, geólogo, metalúrgico, naturalista, industrial e filósofo, membro conhecido da Academia Prussiana de Ciências – Baraduc acreditava ter descoberto evidências de uma força vital misteriosa dentro do corpo humano que ele descreveu como um tipo de névoa fluida. Reichnbach, nos seus últimos anos de vida, estava pesquisando um campo de energia que combinava eletricidade, magnetismo e calor, que emanava de todos os seres vivos que ele batizou de força Ódica. Inspirado pelo trabalho de Reichnbach e pelo próprio, Baraduc afirmou ser capaz de detectar cientificamente essa “força sutil” que ele afirmou emanar da alma humana.

Baraduc então criou um biômetro, um aparelho que poderia medir essa radiação causada pela alma. Seu aparelho foi confeccionado de materiais não magnéticos isotérmicos e isolantes, para descartar qualquer influência magnética, elétrica e térmica. Uma linha, dentro de um containar isolado, era ligada a uma agulha, feita de material que não seria afetoda por essas forças, e colocadas sobre uma tábua com graduações. Quando determinada pessoa colocava a mão sobre o container a agulha se movia e ele podia medir a intensidade do campo da alma da pessoa. Mas apenas medir a radiação e vibrações da alma não era o suficiente, por isso ele foi além. Em 1907 sua esposa, Nadine, adoeceu. Ele então passou a colocar chapas fotográficas e câmeras junto ao leito de sua esposa e a registrar o que quer que houvesse para ser registrado. Logo após a morte da esposa ele tirou fotos e conseguiu registrar três aglomerados nevoentos flutuando acima de Nadine. Quinze minutos após, Baraduc tirou outra foto e viu que as três formas de névoa haviam se aglomerado em uma grande bola branca luminosa – que não era visível aos nossos olhos. Logo em seguida a bola não estava mais presente.

Baraduc afirmou então que “não existe razão, a priori, para a alma não ser um corpo que ocupa um lugar no espaço, a não ser na tradição teológica. Até onde sabemos, a alma pode ser um ponto de força, que existe dentro e anima algum tipo de corpo etéreo, que corresponde, em tamanho e forma, a nosso corpo material”. Se Baraduc estivesse certo, ao ocupar um corpo etéreo nossa alma teria ao menos uma certa massa, algo que pudesse ser medida e quantificada,  ela poderia, livre do corpo, não ter exatamente nossa forma, seria como um gás que assume o tamanho e a forma do container que o contêm, mas teria um peso. Veremos na próxima seção, que ele estava certo.

Outro médico, desta vez um russo, Dr. Konstantin Korotkov sentiu-se obrigado a desenvolver sua própria tecnologia para estudar a alma, na mesma medida em que Galileu inventou o telescópio para estudar os planetas. As fotos Kirliam já eram amplamente conhecidas, mas ele decidiu que iria examinar suas manifestações em uma linha do tempo. Para isso ele e sua equipe desenvolveram uma câmera e um software que não apenas consegue fotografar campos de energia em plantas e animais, mas faz isso de maneira serial de modo que, segundo ele, pode ser usada como uma ferramenta de e feedback quanto à eficiência de remédios e tratamentos em condições específicas. O Chamado GDV faz as antigas fotos Kirlian parecer uma carroça comparada a uma bicicleta, e realmente foi criado a partir de vinte anos de pesquisa em cima desta tecnologia.

Em suas pesquisas para evitar cair em discussões religiosas, Dr. Karatkov chama o que suas câmeras registram de “Campo Biológico”. Ele os define nos seguintes termos: “Uma estrutura energética e informacional complexa composta por diferentes campos de diferentes naturezas e possivelmente diferentes origens. Incluindo os  campos eletro-magnéticos e gravitacionais, assim como campos para os quais não temos nenhum parâmetro conhecido. Assim, o Campo Biológico pode ser definido como uma campo ou aura que  envolve as coisas vivas, ele é invisível em sua estrutura e sua atividade é correlata ao comportamento de um sistema vivo único.”

A maior vantagem do sistema GDV sobre os sistemas anteriores, é a possibilidade de fazer registros e medições em tempo real. isso permitiu que o software desenvolvido pelo Dr. Korotkov registra-se em 2010 a primeira evidência em tempo real de uma “alma” ou “campo biológico” sumindo de um corpo no exato momento de sua morte.

Os instantes registrados na foto acima, foram retirados do monitoramento feito pelo sistema DGV e revelam dois momentos distintos: o primeiro imediatamente após a morte clínica do paciente e o segundo cerca de um minuto depois. Em um corpo vivo e saudável a área azul é dominante. No entanto no momento da morte há uma grande perda na região do abdômen. Essa perda súbita é seguida de uma gradual diminuição energética na região cerebral. por fim, o coração e a virilha são as ultimas partes a se apagarem.

 

Eu Fico Gorda Neste Corpo?

Em 1901 o Dr. Duncan “Om” MacDougall, médico na cidade de Haverhill, Massachusetts EUA, fez uma experiência interessante. Ele pegou uma balança industrial capaz de pesar até os gramas de objetos e sobre ela colocou uma cama. Nesta cama ele colocou pacientes que estavam no estágio final de tuberculose e esperou. Assim que o paciente morreu, a balança registrou uma perda no peso, muito pequena, mas perceptível. MacDougall repetiu o experimento com outro paciente, e novamente, no momento da morte, uma perda ocorreu. Ele repetiu a experiência mais quatro vezes e em todas elas a balança acusava a perda de peso.

O doutor então anotou os resultados, a variação de peso nos seis casos, e desenvolveu a hipótese de que a alma humana de fato tinha uma massa, e essa massa tinha um peso médio de 21 gramas. Ele partiu então para experimentos com animais, ratos e ovelhas, todos mostrando essa perda após a morte. É preciso destacar que está é uma perda súbida, onde o peso cai rapidamente, não podendo portando ser comfundida com a perda lenta e gradual causada pela evaporação que ocorre tanto nos vivos como nos mortos. MacDougall publicou o resultado de seus experimentos no Jornal da Sociedade Americana de Pesquisas Médicas em 1907, seguido por uma publicação no jornal Medicina Americana; não demorou muito até que ele se tornasse notícia no New York Times.

Curiosamente quando repetiu a experiência com cães, incluindo um pesado São Bernardo, a perda de peso não se mafestou, o que o levou a concluir que animais não tem alma. Contudo, pouco depois o professor La V. Twining, chefe do Departamento Científico da Escola Politécnica de Los Angeles, fez experimentos semelhantes com ratos e gatos, que encerrou em frascos de vidro hermeticamente fechados. Suas balanças eram as mais sensíveis de sua época, e comparativamente muito mais precisas que a usada por MacDougall, além disso foram colocadas dentro de uma grande câmara de onde foi extraída toda umidade. Observou-se então que todos os animais perdia peso quando morriam, embora numa escala bem menor que os humanos. Um rato pesando 12,886 gramas perdeu subitamente 3,1 gramas. Um gatinho perdeu 100 miligramas ao agonizar e mais 60 miligramas em seu momento final. Estes experimentos indicariam que a Alma, ou “Corpo Vital” dos animais é proporcionalmente mais leve do que a do ser humano.

Agora, se de fato a alma é um corpo com certa massa e ela “deixa” nosso corpo quando morremos, onde exatamente ela está localizada? Durante eras essa pergunta permaneceu sem resposta. Acreditava-se que a alma ocupava todo o espaço do corpo, ou que existia no coração. Mas com o tempo começaram a se questionar. Se uma pessoa perde um braço, ela perde parte da alma? O coração deixou de ser o receptáculo dos sentimentos e foi rebaixado a mero músculo que bombeia o sangue. E a mente ganhou um súbito destaque dentro do corpo. Logo o cérebro se tornou o lar de tudo o que nos torna únicos, nossa identidade, nossa personalidade, nosso conhecimento… nossa psiquê. Assim como o umbigo é o que nos liga a nossas mães através do cordão umbilical, nossa alma se tornou o umbilical que nos liga, através do cérebro, à vida.

 

É um Pássaro? Um Avião? Não! É o Último Filho de…

Cripton, ou criptônio é um dos elementos químicos presentes em nossa tabela periódica desde 1898, quando foi descoberto por William Ramsay e Morris Travers em resíduos da evaporação do ar líquido. Seu símbolo químico é Kr, possui 36 prótons, 36 elétrons e tem massa atômica igual a 83,8u. Como todo gás nobre ele possui uma baixa reatividade e não combinam com outros elementos. Também é usado principalmente na fabricação de lâmpadas incandescentes e fluorescentes. Outra característica do criptônio é que foi encontrado dentro do cérebro humano.

No córtex do terceiro ventrículo de nosso cérebro, na região exatamente sob nosso tálamo, forma detectados praticamente por acaso, átomos de criptônio, ao todo foram mapeados 86 conjuntos biatômicos – cada um formado por dois átomos – que giravam em órbitas comuns. Seus planos orbitais dispunham de um eixo comum que descrevia um movimento vibratório harmônico. Em uma temperatura ambiente de 35C graus centígrados, apresentava uma frequência e amplitude de 0,2 megaciclos. Encontrar tal gás no cérebro não é algo absurdo, já que desde que começaram a realizar experimentos de fecundação in vitro, muitos laboratórios encontraram o gás no interior de óvulos, na desoxirribose, nos extremos da cadeia helicoidal do ácido desoxirribonucleico. Assim a presença do gás não foi exatamente surpreendente, mas quando decidiram analisar a distribuição dos elétrons nos átomos as surpresas surgiram.

Para prosseguir vamos a uma brevíssima aula para relembrarmos como átomos funcionam. Elétrons são pequenas partículas atômicas que orbitam ao redor do núcleo do átomo, eles tem massa extremamente menores do que a dos prótons e tem carga elétrica negativa. Não é possível se saber onde os elétrons se encontram com precisão, eles ocupam posições instantâneas cuja função probabilística se rege pelo acaso. Esse é o princípio da incerteza da física quântica, o indeterminismo.

Agora, os átomos de criptônio apresentaram um sincronismo desconcertante.

Até então, tais séries ordenadas de átomos só tinham sido detectadas nas células germinais de homens e animais pluricelulares, embora, com o passar do tempo, a descoberta se alargasse ao resto das células. Os átomos homólogos nas cadeias do criptônio dos vários espermatozóides investigados apresentavam uma distribuição semelhante e sincrônica, como se fossem relógios que funcionassem sincronizados, ligados, aparentemente, por algum tipo de emissão até então não detectadas que estimulassem esse comportamento. Era como se um misterioso fenômeno de ressonância obrigasse todos os elétrons a regerem-se seguindo o mesmo padrão. A princípio pensaram-se que era a proximidade das células em estudo que estavam provocando tal efeito de ressonância. Mas então descobriram, com idêntica surpresa, que todos os seres vivos se comportavam nas suas cadeias de átomos de criptônio de maneira idêntica.

Chega a parecer que este fenômeno é universal e que o código genético encerrado no DNA não é mais que um dos elos dessa cadeia de fatores que explicam o comportamento da matéria animada pela vida. Em um experimento buscando observar possíveis alterações quânticas por prováveis transferências energéticas outra descoberta foi feita. Um dos voluntários estudados jazia numa câmara especialmente preparada da qual tinham sido eliminados todos os resíduos do gás nobre.

Ele tinha uma série de sondas fixadas na zona parietal direita de seu crânio e embora tivesse sido submetido a anestesia local, os seus mecanismos reflexos e conscientes não se encontravam inibidos. Em um computador colunas com cifras e parâmetros com as leituras era mostrada em um monitor. Cada um desses dígitos refletia a situação probabilística de cada elétron. Quando uma cifra saltava de uma coluna para outra registrava-se um salto quântico para outro nível energético. De repente notaram que os dígitos mantinham uma relação sequencial, ou seja, apresentavam-se distribuídos harmonicamente, segundo uma função periódica. Os elétrons que deveriam se localizar nos seus níveis energéticos de um modo anárquico pareciam ultrapassar o teórico e obrigatório caos, regulando a sua função probabilística e rompendo assim com a suposta lei imutável do referido indeterminismo quântico. Repetiram a experiência em inúmeros outros voluntários, o resultado foi sempre o mesmo: os movimentos harmônicos dos elétrons corticais coincidiam com os impulsos nervosos emitidos pelo córtex cerebral dos voluntários, ou seja com os movimentos conscientes dos seus braços, pés, mãos, fala, etc. Por outro lado, o mesmo não acontecia com os movimentos chamados reflexivos ou com os impulsos emitidos pelo sistema neurovegetativo. Um ano mais tarde verificaram uma nova descoberta: aqueles movimentos harmônicos PRECEDIAM a conduta voluntária dos homens e mulheres sujeitos à experiência, o avanço, em questão oscilava à volta de um milionésimo de segundo sobre as reações neurofisiológicas do organismo.

Era como se aqueles elétrons ditassem as ordens e nosso corpo as obedeciam.

Os experimentos foram repetidos então em outros seres orgânicos unicelulares e pluricelulares, incluindo-se vírus e compostos orgânicos auto-reproduzíveis, mas os resultados foram negativos. Detectaram-se átomos isolados de néon e xenonônio em muitos seres vivos e milhões de átomos de gás hélio nos sinais dotados de estruturas nervosas superiores. Mas as suas nuvens, de criptônio moviam-se segundo a função probabilística habitual no resto dos átomos na Natureza.

 

Quem Enxerga Aquilo que Seus Olhos Vêem?

Os experimentos de Baraduc, Twining e MacDougall – assim como toda a filosofia metafísica sobre a alma – apontam para algo que apesar de estar, de certa forma, preso ao corpo físico, também pode se desprender dele. Se a evidência coletada a partir da observação dos átomos de criptônio do cérebro aponta para o seu cérebro “saber” que você vai fazer algo mesmo antes que você faça não pode indicar que na verdade a alma é apenas algum efeito colateral neurológico? Apenas uma ilusão causada graças ao próprio comportamento do cérebro?

Bem, existem inúmeros relatos de indivíduos em determinadas situações que falam de uma percepção de consciência existindo àparte do cérebro e do corpo físico. Geralmente este tipo de relato está associado com duas experiências distintas as Experiências de Quase-Morte (EQM) e Experiências Fora do Corpo (EFC). A ciência moderna não tem como explicar este tipo de fenômeno e acaba o classificando como delírios, alucinações ou simplesmente como mentiras, o problema é que a ciência moderna também não sabe como explicar a consciência “normal” “dentro” do cérebro. Hoje temos uma compreensão detalhada de como funcionam nossos neurônios e nossas transmições sinápticas relativas a funções cognitivas não relacionadas à conciência, mas nada que diga respeito a uma consciência de nossa consciência ou livre arbítrio ou seja lá como você queira chamar. Não sabemos nada sobre a neurologia das percepções experienciadas, como a vermelhidão, a textura e a fragrância de uma rosa. E é essa incapacidade de encontrar o foco de nossa consciência que faz com que a ciência moderna simplesmente ignore qualquer tipo de experiência que não envolva o corpo, inclusive rejeitando a possibilidade de sua realidade.

Mas a ciência possui algumas ferramentas para medir atividades de nosso cérebro que se correlacionam com a consciência, um exemplo é a eletroencefalografia sincronizada de alta frequência (EEG) do padrão gama (sincronia gama). Um uso desse processo é garantir que um paciente anestesiado não esteja apenas paralisado mas consciente da operação, ou seja, consciente do que estão fazendo com seu corpo. São utilizados monitores “BIS” que registram e processam a eletroencefalografia (EEG) frontal e produzem um “index bi-espectral”, também chamado de número BIS, em uma escala entre 0 e 100. Um BIS 0 significa silêncio no EEG e um BIS 100 é o valor esperado de um adulto completamente alerta e consciente. Os valores recomendados que indicam um bom nível de anestesia geral está entre 40 e 60. Como era de se esperar, recentemente, esses monitores passaram a ser usados para outras coisas além de auxiliar anestesistas. Começaram a ligá-los a pacientes que estavam para morrer ou naqueles que já se encontravam em um processo irreversível de morte. Os resultados foram surpreendentes, para dizer o mínimo.

Em um estudo publicado no Jornal de Medicina Paliativa foram descritos 5 experimentos onde 7 pacientes em estado crítico tiveram seus sistemas de prolongamento artificial de vida desligados, permitindo que morressem em paz. Por causa do protocolo todos eles foram monitorados com um monitor cerebral BIS. Antes do suporte ser desligado os pacientes estavam neurologicamente intactos, mas sob sedação pesada, seus números BIS próximos de 40. Assim que foram desconectados os números BIS dos pacientes caiam, indo para menos de 20 e se mantinham nesse nível por vários minutos, até o momento que a morte cardíaca ocorria – marcada pela completa ausência de pressão sanguínea ou inexistência de batimentos cardíacos. Então após a confirmação da morte cardíaca nos sete pacientes houve uma explosão de atividade no cérebro, fazendo o número BIS pular para 60, 80 e em alguns casos mais. Os períodos desta atividade duravam entre um e vinte minutos e então os números caiam para quase 0.

Em um dos pacientes a análise dos dados coletados revelou que a explosão de atividade cerebral pós morte cardíaca, apresentava sincronia gama, o que indica o surgimento de uma consciência. Isso fez com que os médicos levantassem a possibilidade de que a atividade mental pós morte cardíaca possam se relacionar com as experiências de EQM e EFC. Infelizmente como os pacientes morreram não há como confirmar se eles tiveram consciencia de algo.

Outro estudo, publicado no Jornal de Anestesia e Analgesia, descreve três pacientes que sofreram lesão cerebral que também tiveram o apoio médico removido e suportes artificiais de vida desligados, suas famílias autorizaram a doação de seus órgãos e nesses casos o suporte é removido para que os pacientes morram de morte natural e então tenham os órgãos removidos. Seus cérebros estavam irremediavelmente danificados, mas não estavam mortos. Antes de desligarem os aparelhos, os números BIS dos pacientes estavam abaixo dos 40, um deles próximo de 0. Após a retirada dos equipamentos, quando estavam próximos do momento da morte cardíaca o número BIS disparou para aproximadamente 80, nos três casos, e permaneceram lá por um tempo que variou de 30 a 90 segundos e então abruptamente retornaram para quase 0, quando foram levados para a remoção dos órgãos.

Que conclusões podemos tirar dessas experiências? Não há como afirmar que esse pico de consciência dentro do cérebro tem algo a ver com as EQM e EFC, nem que isso indique que a alma deixou o corpo. Nem mesmo podemos afirmar com que frequência isso ocorre, apesar de ter ocorrido em dez dos dez casos estudados. Mas podemos tentar entender o que dispara essa atividade no cérebro. Como essa atividade de fim-de-vida pode ocorrer em um tecido cerebral que está metabolicamente morto, um tecido que já não recebe mais sangue ou oxigênio. Os números BIS, que indicam o nível de consciência estão próximod do 0 e então uma explosão de atividade bi-frontal cerebral coerente e sincronizada acontece, aparentemente com sincronia gama – um indicador de auto-consciência (perceber conscientemente algo, não apenas estar “desperto”). Os números chegam próximos do 80 ou mais e então, abruptamente, caem para quase 0.

Foi proposto que a atividade de fim da vida cerebral é não funcional, generalizada e despolarizada. O primeiro estudo sugere que o excesso de potássio extra-celular causam o último pico de espasmos dos neurônios através do cérebro. Mas isso não explica a coerência global, a sincronia e a organização. Também foi sugerido que a indução com cálcio de morte dos neurônios poderia causar a disrupção dos micro-túbulos cistoesqueletais dentro dos neurônios e isso seria um dos fatores que causariam o fenômeno. Mas novamente, como explicar a coerência da sincronia bifrontal?

Talvez essa atividade de morte cerebral tenha relação com as EQM e EFC conscientes, uma consciência que habita o nosso corpo mas não está presa a ele, mas nos casos documentados a parte “quase”, de quase morte, foi removida, os pacientes não foram ressuscitados. Assim as descrições de flutuar para longe do corpo, de observar tudo ao redor, túneis de luz, paz interior, presença de entes queridos mortos seriam experiências reais da consciência, que neste caso não puderam ser recontadas. Existem os céticos – sempre existirão – que sugeram que essas experiências são alucinações ou ilusões, manifestação de um cérebro sofrendo isquemia ou hipoxia, o problema é que pacientes isquêmicos ou hipóxicos, se conscientes, se encontram em um estado de confusão, de agito e não conseguem criar memórias.

Algo que deve ser considerado é porque esse tipo de atividade ocorre quando o corpo está morto e o cérebro pára de funcionar. Uma possibilidade é que a consciência humana seja um processo de baixa energia quântica e neste caso uma dinâmica molecular muito baixa pode limitar uma descoerência térmica criando assim uma janela para um aumento de estados quânticos coerentes e uma explosão de consciência aprimorada. E uma base quântica para a nossa consciência cria a possibilidade científica de um pós vida, de uma alma real abandonando o corpo e persistindo como emaranhados de flutuações na geometria do espaço-tempo quântico.

Suzan McPussy

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/a-alma-e-a-alma-do-negocio/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/a-alma-e-a-alma-do-negocio/

A Greve dos Signos

Por Carlos Hollanda

Num dado momento da Eternidade, os signos do Zodíaco se reuniram perante o Ser Supremo. Sentados em torno de sua távola de estrelas, reclamavam que, apesar de conferirem ao Homem seus atributos (conforme o Ser assim havia dito), a espécie, a máxima criação divina, não se harmonizava e não estava conseguindo chegar ao ponto de relação com a Fonte de Luz. Um signo acusava o outro de impedir a harmonia e a felicidade humana. Cada um achava ser o senhor da verdade e que a humanidade deveria agir conforme seu padrão. A discussão aumentou até que o Ser Supremo, com infinita sabedoria, sugeriu: “Façam uma greve.” Todos ficaram estupefatos. Silêncio total na Eternidade. O Ser continuou: “Aqueles cuja ausência puder ser equilibrada pelos outros serão retirados do Zodíaco e passarão a fazer parte das outras constelações. A greve será para um de cada vez, de forma que todos vejam os efeitos. Para que a vida no Universo não sofra as conseqüências, vamos fazer isso no plano das idéias. Se vocês acharem que tudo estará bem, faremos no plano físico logo em seguida”.

Todos se aprumaram, prontos para começar nessa empreitada do “o que aconteceria se?”.

Áries tomou a dianteira e declarou: “Sem mim, nada no Universo poderá ser iniciado”.

E assim começou um período onde crianças permaneciam presas no útero, nenhuma semente brotava e nem surgia nas plantas, ninguém saía mais de suas casas, não havia mais nada que interessasse na Terra, pois sem a energia e a iniciativa de Áries a realidade se tornara estagnada, sem movimento. Além disso, não era possível decidir coisa alguma, tal era a dificuldade de optar por um caminho a seguir. Todos esperavam a aprovação de todos, o que levava a mais e mais estagnação. Ninguém conseguia sacrificar-se o suficiente para reverter a situação, não havia mais honestidade nem nobreza para enfrentar as vicissitudes. A falta de energia era tão grande que os planetas pararam de se movimentar. Na Terra, em um dos hemisférios só havia dia e calor causticante. No outro só a noite e o frio congelante. A locomotiva do Zodíaco parara.

Com o mundo à beira da destruição devido à inatividade total, os arquétipos se reuniram e decidiram afagar o ego do Carneiro pedindo-lhe para retornar a seu posto. Orgulhoso, ele atendeu o pedido.

“Que Touro se apresente”, disse o Ser em sua voz de mil trovões.

Touro então inicia sua greve. Logo tudo passa a cheirar mal, a terra seca e as pessoas empobrecem. Miséria espalhada por todo canto, colapso econômico, ganância e falta de contenção de impulsos geraram ondas de violência sem igual. A paz taurina havia sido banida. Todas as coisas mudavam repentinamente e sem parar. Não se podia mais esperar nada do futuro. As crianças nasciam e morriam logo em seguida, devido à dificuldade de manter as coisas por um certo período. Aliás, os organismos perdiam a resistência tão rapidamente que qualquer alteração (e haviam muitas), provocava uma catástrofe.

Os arquétipos, convencidos do problema, pediram o retorno de Touro, que recusou-se a fazê-lo. Depois de muitas vezes e com muita insistência, os arquétipos se reuniram e pediram o retorno de Touro, que, relutante, sentou-se em seu lugar.

Chegou a vez de Gêmeos. Todos sentiram o ar ficar rarefeito, houve silêncio novamente, mas tal silêncio era involuntário e sepulcral. Ninguém mais concatenava as idéias, nada podia ser dito e quando era dito se tornava dogma, sem lógica, sem flexibilidade, sem humor. As coisas se repetiam infinitamente, pois nunca houve tanta falta de variedade no Universo. Se alguma coisa era ensinada de um jeito, ninguém mais podia ter outra opção. A falta de comunicação, com as pessoas não querendo mais ouvir e muito menos ponderar questões mesmo as simples, estava criando o ambiente perfeito para a guerra, isso sem falar nos problemas respiratórios e de sistema nervoso que afetaram a todos.

Após uma série de controvérsias, discussões, mudanças de assunto e muito falatório, Gêmeos resolveu voltar ao seu lugar.

A primeira medida de Câncer foi extingüir todos os alimentos. Isso por si só já acabaria com toda a vida existente, mas Câncer, como sempre, nunca deixa as coisas pela metade. Além da ameaça de morte por inanição, as mães largavam seus filhos a esmo, mesmo os recém-nascidos. Não havia mais famílias. Todas as pessoas decidiram ser independentes demais, apesar de a maioria estar despreparada para enfrentar a vida sem apoio emocional, um lar e gente que nos quer bem por perto. Todos esqueceram o passado, portanto nem mesmo sabiam porque estavam fazendo tudo aquilo e porque tudo estava horrível.

Assim, a pedidos imersos em lágrimas e com um pouco de chantagem emocional, Câncer retornou ao seu lugar.

Leão não se manifestou. Por causa disso, todos estavam se perdendo na animalidade, sem contato consigo mesmos. Ninguém queria mais saber o impacto que tinha sobre as outras pessoas, daí que nem valia a pena viver. Suicídios. Não havia mais nenhuma procriação, nenhum auto-respeito e muito menos personalidades integradas. Esquizofrenia geral, frieza nas relações. Todos os seres vivos pereciam devido à isenção de contato e à inexistência de vontade de se sentir vivo. Tudo estava se perdendo numa horrenda rotina, com sistemas para tudo, sem participação do indivíduo naquilo que deveria trazer satisfação. A incidência de enfartes aumentou 1000% a cada dia. O Sol começava a perder seu calor, e o sistema solar entrava na era da escuridão e do frio eternos.

Para evitar isso, Leão, exprimindo seu desejo de ser apreciado e de demonstrar sua importância, por vontade própria, voltou a ocupar seu lugar.

Virgem não gostou muito da idéia de interromper suas atividades, mas seguiu as ordens. Sem ele, todas as ações terminavam em obras extremamente mal feitas, perigosíssimas para a saúde e integridade física de todos no Universo. Ninguém mais se importava se havia necessidade de trabalhar, todos só queriam as coisas boas sem nenhum sacrifício. Isso gerou sérios problemas, pois novamente não havia comida. As pessoas ficaram doentes e não havia médicos. As crendices sem sentido imperavam. O caos tomou conta de tudo e nenhum ser existente conseguia mais digerir o que restou dos alimentos, que por sinal estava muito sujo e estragado. Nenhum conhecimento era aprofundado, tudo era fútil e sem sentido. Não se estabelecia rotinas nem mesmo no corpo dos seres viventes, pois a química do organismo estava suspensa. Houve mortalidade sem igual pela falta de higiene.

Terrivelmente arrependido pelo engano, resmungando muito e se criticando (e também ao Supremo, por fazer as coisas de um jeito que ele não achava certo), Virgem voltou correndo a seu lugar.

Libra não sabia se entrava na greve ou se permanecia no lugar onde estava. Com muito custo e chateado por ser desagradável, retirou-se. Num instante tudo perdeu o brilho, as pessoas ficaram horripilantes, os animais, tudo. Nem mesmo a vegetação era verde, mas de uma cor desbotada, indefinível. Guerra por todos os lados, ninguém mais tinha vontade de unir e reunir, somente os egos eram importantes e a vontade de cada ente tinha de prevalecer. Ninguém tinha mais medo de nada, mas também não tinha bom senso, que é um tipo de medo. Não se podia mais usar roupas, porque elas feriam a pele, o chão feria os pés, o sol queimava sem trégua e até os planetas perderam o rumo de suas órbitas, chocando-se uns com os outros, tal era a falta de equilíbrio. Divórcios eram tão comuns que as pessoas nem mesmo se casavam mais – até porque todos estavam horríveis.

Após um diálogo com contrato assinado dividindo as responsabilidades de tudo, Libra concordou em retornar.

Escorpião saiu e com ele saíram todas as possibilidades de reciclagem do Universo. As coisas apodreciam, mas não se desintegravam. Nada morria. Cadáveres andavam pelas ruas putrefatos, sem alma, mas com os corpos funcionando tal como máquinas ligadas indefinidamente. As emoções mais primitivas desapareceram também, mas com elas se foi tudo o que a vida tem de importante. Não havia mais intensidade de propósitos e tudo se tornou rotina pura, sem sentido. Todos os seres agiam como autômatos e os dias, horas, minutos, etc., tudo era o mesmo. O Universo não mais se destruiria, devido à falta de Escorpião, mas também não mais seria reconstruído e melhorado. Tudo passou a ser superficial e falso, apenas cascas sem vida com movimento. Nos seres humanos todo o processo orgânico de excreção foi interrompido, gerando grande sofrimento.

Satisfeito com a lição que dera, mas já entrando em depressão, Escorpião voltou a seu lugar.

Repentinamente as coisas diminuíram de tamanho e a desesperança tomou conta de todos os seres. EraSagitário entrando em greve. As mentalidades se tornaram tacanhas, regionalistas, sem o mínimo senso de amplitude. Nada no Universo se expandia ou crescia mais. A humanidade definhava, emagrecia, como que acometida por mil e uma doenças e isso acontecia mesmo com aqueles que ainda podiam conseguir alimentos. O ceticismo imperava a tal ponto que não se acreditava mais nem mesmo que a pessoa ao lado respirava também. Tudo tinha de ser comprovado cientificamente, o que gerava muita confusão, pois não havia tempo para ter certeza de tudo nos mínimos detalhes. Não havia mais significado em nada, tudo era aleatório. Quanto mais banal o conhecimento e quanto menos ele levasse a alguma coisa melhor. Estava instaurada a era da futilidade total, enquanto que o mundo se destruía pelo descaso e pela falta de pessoas dedicadas a ensinar.

Sagitário rapidamente voltou ao convívio daqueles que considerava o que de melhor o Universo poderia oferecer, pois não agüentava mais estar perdendo as novidades do high society celestial.

Chegando a vez de Capricórnio, toda a ordem cronológica das coisas perdeu o sentido. Coisas que deveriam acontecer em seqüência, tinham sua lógica alterada. Morria-se antes de nascer, os jovens se tornavam velhos aos 20 anos e quem chegava aos 50 anos estava à beira da morte ou já estava reencarnando, não importava se houvesse problemas de saúde ou não. Não havia mais sistema e ordem. Não bastasse isso, em todos os outros pontos do Universo a irresponsabilidade tomava conta. Tudo era feito de forma passional, sem ponderação. Depois de tudo isso a destruição final seria fazer tudo o que era sólido se tornar líquido, até mesmo as rochas e os esqueletos.

Os arquétipos precisaram intervir, “depondo” Capricórnio de seu “status” de grevista. Só assim ele retornou a seu lugar.

Aquário em greve resultou em perda total da liberdade. Todo o fluxo e refluxo universal cessara e todas as pessoas passaram a pensar, agir, sentir e viver do mesmo jeito. A preocupação maior de cada um era consigo mesmo, nada era feito em prol da comunidade. Alguns conseguiram viver durante um tempo em castelos feitos de ouro, mas em volta desses castelos havia um oceano de excrementos, lixo humano e devastação. A conseqüência foi a destruição gradativa desses monumentos ao egoísmo pela própria ignorância de seus donos a respeito da necessidade de disseminar recursos para que pudessem tê-los de volta. Todos esqueceram do ciclo da vida, da Lei do Retorno. A palavra amizade foi banida de todos os dicionários. Não chovia mais em lugar nenhum, pois a chuva distribui água para todos sem exceção, portanto as nuvens desapareceram. A humanidade quase se extinguiu, pois Aquário é o signo da Humanidade. Até mesmo as estrelas pararam de emitir luz, uma vez que ela banha a todos e isso faz farte da tarefa de Aquário.

Cansado da rotina de nada fazer, Aquário voltou repentinamente ao seu lugar, pois estava bolando uma revolução para modificar tudo o que se julgava bom até aquele momento.

Peixes, retirado como de costume, simplesmente deixa de se importar com o sofrimento humano. As crueldades infligidas são incontáveis. Não há mais compaixão no Universo, apenas regras rígidas. Qualquer desvio, por mínimo que seja, é punido com severidade sem igual. A Graça Divina deixa de descer sobre a Criação, pois preza-se sobremaneira a execução exata das tarefas e rotinas (orgânicas, sociais ou cósmicas), não havendo lugar para o incognoscível ou para a possibilidade de adequar qualquer anomalia à vida cotidiana. Por causa disso, as formas viventes são violentamente forçadas a desenvolver-se dentro dos padrões de perfeição absoluta. O resultado foi a extinção da maioria dos seres , inclusive os humanos, pois nenhum ser vivente é uma cópia fiel do protótipo do Criador, daí que fez-se necessária a interrupção desta última greve o quanto antes.

Após o retorno lacrimejante de Peixes, que, por sinal, sentia muita piedade e auto-piedade daquilo que só aconteceu na imaginação, ouviu-se a pergunta do Ser Supremo: “Então? Já decidiram quais são os signos que podem ser retirados? Há algum que não tenha feito falta?”

Os doze entreolharam-se cabisbaixos e, agora mais sábios, responderam em uníssono: “Senhor, percebemos que somos partes de um imenso mecanismo cósmico que jamais sobreviveria desfalcado, mesmo de apenas um de nós. Pedimos perdão por nossa ignorância. Decidimos, portanto, dar como missão ao Homem a mesma tarefa que deste a nós, fazendo com que ele, a cada geração, harmonize nossos aspectos dentro de si mesmo. Dessa maneira, concedemos a ele, Senhor, aquilo que recebemos de Ti: o Livre-Arbítrio e a capacidade de superar até mesmo o que nós, como símbolos, representamos. O Homem jamais será uma marionete das estrelas se não quiser sê-lo.”

Satisfeito, o Ser deu por concluída sua obra e irradiou sua energia divina à espera daqueles que por ela procuram.

#Astrologia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-greve-dos-signos

‘Grimorium Verum

Conteúdo completo do mais perigoso dos grimórios medievais

ALIBECK O EGÍPCIO – 1517

Quando decidiu-se que traríamos uma tradução profissional do Grimorium Verum para nosso portal, a equipe do Morte Súbita se dividiu. Alguns achavam que este seria um trabalho impossível dada as dificuldade de acesso a algumas fontes originais e as diferenças gritantes das versões em francês e italiano. Realmente, esta minoria estava certa, o trabalho durou mais de um ano, e por vezes sugeriu-se trancá-lo na gaveta. Entretanto, dado o valor histórico do livro para o ocultismo e em especial para a demonologia, após várias noites em claro o trabalho foi finalmente concluído.

“Grimorium Verum” significa em latim ‘Grimório Verdadeiro’. É um livro de demonologia supostamente escrito por “Alibeck, o Egípcio”, em Mênfis no ano de 1517. Contudo, as edições mais antigas que encontramos foram impressas em Roma apenas no século XVIII. MacGregor Mathers, fundador da Golden Dawn e destacado ocultista do século XIX chegou a incluir parte do Grimorium Verum em seu “As Clavículas de Salomão: Livro 3”, mas os retirou das edições mais recentes sob a alegação de que os selos e nomes pertencem a um sistema irmão, mas distinto da Goetia.

Sem falsa modéstia, podemos dizer que esta é a primeira versão em português digna de nota. Não apenas devido as traduções pobres (e algumas vezes automáticas), mas também porque todas as versões disponíveis hoje em dia vem da tradução da cópia francesa do livro, que é em muitos aspectos inferior ao original italiano. O que ocorre é que ao ser levada para a frança, apenas parte do documento foi copiada, a segunda e terceira parte foram pobremente traduzidas e para se criar um volume maior inseriram partes de outros grimórios. A versão trazida até você pela equipe Morte Súbita inc vem diretamente da tradução do texto original italiano, que o torna de certa forma inédito na internet.

Comparado com Goetia, o Grimorium Verum apresenta um sistema mais simples, e por isso mesmo mais acessível, mas igualmente interessante de se explorar. Quando ele surgiu, no renascimento, era um livro raro e muito procurado por ocultistas que chegavam a pagar pequenas fortunas para conseguirem uma cópia, geralmente falha ou feita do texto francês que estava incompleto. Hoje nós a apresentamos para os pesquisadores que desejam poupar as economias de sua vida e que preferem ter em mãos um texto mais próximo do concebido originalmente. Os magistas nostálgicos pelos sistema medievais de magia, assim como os pós-modernos que não tem medo de experimentação encontrarão neste grimório um sistema fascinante de onde sem dúvida tirarão algumas histórias para contar.

GRIMORIUM VERUM

ALIBECK O EGÍPCIO – 1517

Aqui se inicia o Sanctum Regnum, chamado o Rei do Espíritos ou as Clavículas de Salomão, um erudito necromante e grande feiticeiro e mestre hebreu. No Primeiro Livro estarão dispostos vários selos e símbolos, usados para invocar as Potências, os espíritos ou, mais apropriadamente, os Demônios, para que venham quando for do agrado do operador. Cada um destes Demônios, de acordo com o próprio domínio, responderão a tudo o que lhes for questionado e obedecerão em tudo o que lhes for ordenado. E nisto não deve haver nenhum medo ou hesitação por parte do operador, pois deve-se levar em conta que eles também ficam satisfeitos com a operação, desde que também recebam aquilo que pedirem, pois esta classe de criaturas não oferece seus serviços para receber nada em troca. Ainda neste Primeiro Livro serão ensinados meios de dispensar estes espíritos sem que causem mal ou dano algum ao operador, sejam espíritos do Ar, da Terra, da Água ou das profundezas infernais, como você mesmo poderá atestar através dos médotos aqui ensinados.

No Segundo Livro

Onde são revelados os segredos Naturais e Sobrenaturais, para o espanto e maravilha do estudioso, segredos que são operados através do poder dos Demônios. Aqui você será ensinado a usá-los de forma a se servir deles sem o risco de ser ludibriado ou se decepcionar.

No Terceiro Livro

Onde o operador encontrará a Chave da Obra e a forma correta de utilizá-la; mas antes de prosseguir o estudioso deve ser instruído sobre a natureza dos seguintes símbolos:

LIBER PRIMUS

Livro Primeiro

Aquele onde serão expostos os Mistérios referentes aos Símbolos dos Espíritos, seus sigilos e selos.

LIBER SECUNDUS

Livro Segundo

Aquele onde será revelado o real poder dos espíritos infernais.

LIBER TERTIUS

Livro Terceiro

Aquele onde será revelado a maneira correta de se preparar as ferramentas mágicas, de se realizar os rituais e de chamar os espíritos infernais.

Raros e Surpreendentes Segredos Magicos

 

FIM DO GRIMORIUM VERUM

 

[…] ao Santo por sua ajuda e assistência. Pense no Santo, como sendo semelhante a Scirlin do Grimorium Verum, ou qualquer um dos outros espíritos intermediários de qualquer grimório ou sistema. O Santo, […]

[…] ao Santo por sua ajuda e assistência. Pense no Santo, como sendo semelhante a Scirlin do Grimorium Verum, ou qualquer um dos outros espíritos intermediários de qualquer grimório ou sistema. O Santo, […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/grimorium-verum/

A Nuvem sobre o Santuário – Carta 3

Por Karl von Eckartshausen.

A verdade que se encontra no mais íntimo dos mistérios, é semelhante ao Sol; só é permitido ao olhar da águia (a alma do homem capaz de receber a luz), fixá-lo. A visão de outro qualquer mortal é ofuscada e a penumbra o envolve na própria luz.

Jamais a sublime “qualquer coisa” que está no mais íntimo dos santas mistérios se ocultou ao olhar da águia, daquele que é capaz de receber a luz.

Deus e a natureza não têm mistérios para seus filhos. O mistério existe somente na fraqueza do nosso ser, incapaz de suportar a luz, e ainda sem preparo para vislumbrar em toda sua pureza a verdade nua.

Esta fraqueza é a nuvem que cobre o santuário; o véu que oculta o Santo dos Santos.

Mas para que o homem pudesse recuperar a luz, a força e dignidade perdidas, a divindade amante abaixou-se à fraqueza de suas criaturas e escreveu as verdades e os mistérios interiores e eternos, no exterior das coisas, a fim de que o homem pudesse elevar-se por elas até o espírito.

Estes textos são as cerimônias ou o exterior da religião, que conduz ao espírito interior de união com Deus, ativo e cheio de vida.

Os hieróglifos dos mistérios são também partes destes textos; eles são os esquemas e os desenhos das verdades interiores e santas, que cobre o véu estendido sobre o Santuário.

A religião e os mistérios se unem para conduzir todos os nossos irmãos a uma verdade, ambos têm por finalidade uma transposição, uma renovação de nosso ser. Os dois têm por fim a reedificação de um templo no qual a sabedoria habite com o amor, Deus com o homem. Mas a religião e os mistérios seriam fenômenos inteiramente inúteis, se a Divindade não lhes houvesse dado os meios efetivos para alcançar seus grandes fins.

Ora, estes meios sempre têm estado no Santuário o mais interno; os Mistérios estão destinados a construir um templo à Religião, e a Religião está destinada a reunir nele os homens com Deus.

Tal é a grandeza da religião e esta tem sido a alta dignidade dos mistérios de todos os tempos.

Seria ultrajante para vós, irmãos intimamente amados, se pudéssemos pensar que não tivésseis “jamais” contemplado os santos mistérios em seu verdadeiro ponto de vista, que os representa como o único meio de conservar na sua pureza e sua integridade, a doutrina das verdades importantes sobre Deus, a natureza e o homem; esta doutrina estava encerrada na santa linguagem dos símbolos e as verdades que ela continha, tendo sido traduzidas pouco a pouco entre os profanos na sua linguagem comum, tornaram-se cada vez mais obscuras e mais ininteligíveis.

Os mistérios, como sabeis, irmãos caríssimos, prometem coisas que serão sempre a herança de um pequeno número de homens; mistérios que não podem ser vendidos nem ensinados publicamente, são segredos que só podem ser recebidos por um coração que se esforça para adquirir a sabedoria e o amor e aonde a sabedoria e o amor já tenham sido despertados.

Aquele no qual esta chama santa foi despertada, vive completamente feliz, contente com tudo e sente-se livre até na escravidão. Ele vê a causa da corrupção humana e sabe que ela é inevitável. Não odeia nenhum criminoso, deplora e procura levantar aquele que cai, chamando para si ao que se extraviou; não extingue o pavio que bruxuleia e de maneira alguma acaba de quebrar o caniço envergado, porque ele sente que apesar de toda corrupção, nada existe corrompido em sua totalidade.

Ele penetra num olhar firme a verdade de todos os sistemas religiosos em seus alicerces; ele conhece as origens da superstição e da incredulidade como sendo as modificações da verdade, que ainda não atingiram seu equilíbrio.

Estamos certos, dignos irmãos, que considerais o homem místico deste ponto de vista e que não atribuis de modo algum, à sua “arte real”, aquilo que a atividade desregrada de alguns indivíduos isolados tenha feito dele.

É com estes princípios, que são inteiramente os nossos, que vós considerais a religião e os mistérios das santas escolas da sabedoria como irmãos que, dando-se às mãos, têm velado pelo bem de todos os homens desde o seu nascimento.

A religião se divide em uma religião exterior e uma interior. A religião exterior tem por objeto o culto e as cerimônias, e a religião interior, a adoração em espírito e em verdade.

As escolas de sabedoria dividem-se também em escolas exteriores e interiores. As escolas exteriores possuem a letra dos hieróglifos, e as escolas interiores, o espírito e o sentido.

A religião exterior está ligada à religião interior pelas cerimônias.

As escolas exteriores dos mistérios ligam-se, pelos hieróglifos com o interior.

Mas aproximamo-nos agora dos tempos em que o espírito deve tornar a letra viva, a nuvem que cobre o Santuário desaparecerá, os hieróglifos passarão à visão real, as palavras ao entendimento.

Aproximamo-nos dos tempos em que será rasgado o grande véu que cobre o Santo dos Santos. Aquele que venera os santos mistérios não se fará mais compreender por palavras e sinais exteriores, mas pelo espírito das palavras e a verdade dos símbolos.

Assim é que a religião não será mais um cerimonial exterior, mas os mistérios interiores e santos transfigurarão o culto exterior a fim de preparar os homens à adoração de Deus em espírito e em verdade.

Não tardará que a noite escura da linguagem das imagens desapareça, a luz engendrará o dia e a santa obscuridade dos mistérios se manifestará no esplendor, da mais alta verdade.

Os caminhos da luz estão preparados para os eleitos e para aqueles que são capazes de por ele marcharem. A luz da natureza, a luz da razão e a luz da revelação se unirão.

O átrio da natureza, o templo da razão, e o santuário da revelação formarão um só Templo. É assim que o grande edifício será completamente concluído, edifício que consiste na reunião do homem com a natureza e com Deus.

O conhecimento perfeito de Deus, do homem e da natureza, serão as luzes que iluminarão os condutores da humanidade para reconduzir de todos os lados os homens seus irmãos, das verdades obscuras dos preconceitos, à razão pura, e dos recônditos das paixões tumultuosas aos caminhos da paz e da virtude.

A coroa daqueles que governam o mundo será a razão pura, seu cetro, o amor ativo, e o Santuário lhes dará a unção e a força para libertar o entendimento dos povos dos preconceitos e das trevas, seus corações das paixões, do amor próprio é do egoísmo, e sua existência física da pobreza e da doença.

Aproximamo-nos do reino da luz, do reino da sabedoria e do amor, de reino de Deus que é a origem da luz; irmãos da luz, existe somente uma religião cuja verdade simples encontra-se dividida em todas as religiões como ramos, para retornar da multiplicidade a uma religião única.

Filhos da verdade, não há senão uma ordem, uma fraternidade, uma associação de homens unidos para adquirir a luz. Deste centro, o mal-entendido fez surgir ordens inumeráveis; todas voltarão da multiplicidade de opiniões à verdade única e a verdadeira associação daqueles que são capazes de receber a luz ou a Comunidade dos Eleitos.

Com esta medida deve-se medir todas as religiões e todas as associações dos homens.

A multiplicidade está no cerimonial exterior, no interior a verdade é uma só.

A causa da multiplicidade das confrarias está na multiplicidade de explicação dos símbolos segundo o tempo, as necessidades e as circunstâncias. A verdadeira comunidade da Luz não pode ser senão uma.

Todo exterior é um envoltório que cobre o interior, assim é que todo exterior é também uma letra que se multiplica sempre, mas que não muda nem enfraquece jamais a simplicidade do espírito no interior.

A letra era necessária, devíamos encontrá-la, compô-lo e aprender a decifrá-la para recobrar o sentido interior, o espírito.

Todos os erros, todas as divisões, todos os mal-entendidos, tudo o que nas religiões e nas associações secretas, dá lugar a tantos erros, somente diz respeito à letra; tudo isso se relaciona somente com o véu exterior sobre o qual os hieróglifos, as cerimônias e os ritos são escritos; nada toca o interior, o espírito permanece intacto e santo.

Presentemente os tempos de realização para os que procuram a luz se aproximam.

Aproxima-se o tempo em que o velho deve ser ligado ao novo, o exterior ao interior, o alto ao baixo, o coração à razão, o homem a Deus, e esta época está reservada à presente idade.

Não me pergunteis, irmãos bem amados… por que na presente idade?

Tudo tem seu tempo para os seres que vivem no tempo e no espaço; assim é que, são as leis invariáveis da Sabedoria de Deus que coordenam tudo de acordo com a harmonia e a perfeição.

Os eleitos deviam primeiramente trabalhar para adquirir a sabedoria e o amor até que fossem capazes de merecer o poder que a invariável Divindade só poderá dar àqueles que conhecem e àqueles que amam.

Durante as trevas da noite espera-se a alvorada; depois o sol se levanta e atinge o meio dia onde toda sombra desaparece ante sua luz direta. No princípio a letra da verdade devia existir, em seguida veio a explicação prática, depois a própria verdade e não foi senão após ela que o Espírito de Verdade pode vir, o qual confirma a verdade e imprime o selo que autentica a luz.

Aquele que está ao alcance da verdade nos entenderá.

É a vós, irmãos intimamente amados, que vos esforçais para adquirir a verdade, que haveis conservado fielmente os hieróglifos dos santos mistérios no vosso templo, é para vos que se dirige o primeiro raio de luz, este raio penetra através das nuvens dos mistérios para anunciar o meio-dia e os tesouros que traz.

Não pergunteis “quem” são aqueles que vos escrevem; olhai o espírito e não a letra, a coisa e não as pessoas.

Nenhum egoísmo, nenhum orgulho ou móbil de baixos sentimentos reina em nosso incógnito. Conhecemos a finalidade do destino dos homens e a luz que nos ilumina guia todas nossas ações.

Somos especialmente chamados para vos escrever, irmãos bem amados na luz; e o que dá vida a nossa incumbência, são as verdades que possuímos e que vos comunicaremos ao menor indício de acordo com a medida de capacidade de cada um.

A comunicação é própria à luz, onde há receptividade e capacidade para ela, mas não obriga ninguém, e aguarda que queiram recebê-la espontaneamente.

Nosso desejo, nossa finalidade, nosso encargo é vivificar por toda parte a letra morta e fazer retornar aos hieróglifos o espírito vivo; e transformar o inativo em ativo, a morte em vida; não podemos realizar tudo isto por nós mesmos, mas pelo Espírito de Luz Daquele que é a Sabedoria, o Amor e a Luz do mundo, e deseja tornar-se também vosso espírito e vossa luz.

Até o presente, o Santuário, o mais interno, foi separado do Templo, e o Templo assediado por aqueles que estavam no exterior; aproxima-se o tempo em que o Santuário interior deve reunir-se ao Templo, para que, aqueles que nele se encontram, possam agir sobre os que estão nos átrios, até que tudo se converta em um só templo.

No nosso santuário, todos os mistérios do espírito e da verdade são conservados puramente; ele não pode ser jamais violado pelos profanos, nem maculado pelos impuros.

Este santuário é invisível como o é uma força que se conhece apenas pela própria ação.

Por esta curta descrição, caros irmãos, podeis julgar quem somos e seria supérfluo assegurar-vos que não fazemos parte dessas cabeças inquietas que, no mundo profano, querem erigir um ideal de suas próprias fantasias. Também não pertencemos àqueles que desejam representar grandes papéis no mundo e prometem prodígios que eles próprios não compreendem. Tão pouco pertencemos a essa classe de descontentes que desejariam vingar-se de sua categoria inferior, ou que têm por finalidade a sede de dominar, o gosto das aventuras e das coisas extravagantes.

Podemos assegurar-vos que não pertencemos a nenhuma outra seita e nenhuma outra associação, que a grande e verdadeira associação de todos aqueles que são capazes de receber a luz, e, nenhuma parcialidade, qualquer que seja ela, terminando por “us” ou por “er” não tem a menor influência sobre nós.

Também não pertencemos àqueles que se julgam no direito de subjugar tudo segundo seus planos e têm a arrogância de querer reformar todas as sociedades; podemos assegurar-vos com fidelidade que conhecemos exatamente o mais íntimo da Religião e dos Santos Mistérios; e que também possuímos realmente aquilo que sempre conjeturou-se estar na profundidade interna do ser, e que esta mesma posse nos dá a força de legitimarmos nosso encargo, e de comunicar por toda parte, ao hieróglifo, à letra morta, o espírito e a vida.

Os tesouros de, nosso santuário são grandes; nós possuímos o sentido e o espírito de todos os hieróglifos e de todas as cerimônias que existiram desde o dia da Criação até os nossos tempos; e as verdades, as mais internas, de todos os Livros Sagrados, com as razões dos ritos dos mais antigos povos.

Possuímos uma luz que nos unge e pela qual percebemos o mais oculto e o mais interior da natureza.

Possuímos um fogo que nos alimenta e nos dá a força para agir sobre tudo aquilo que está na natureza. Possuímos uma “Chave para abrir” as portas dos mistérios, e uma “chave para fechar” o laboratório da natureza.

Possuímos o conhecimento de um elo para nos ligar aos mundos superiores e transmitir-nos suas linguagens.

Todo o maravilhoso da natureza está subordinado ao poder de nossa vontade em união com a Divindade.

Possuímos a ciência que interroga a própria natureza, onde não existe o erro, mas somente a verdade e a luz.

Na nossa escola, tudo pode ser ensinado; pois nosso mestre é a própria Luz e o seu Espírito. A plenitude de nosso saber é o conhecimento da correspondência do mundo divino cora o mundo espiritual, deste com a mundo elemental, e, do inundo elemental com o mundo material.

Por estes conhecimentos estamos em condições de coordenar os espíritos da natureza e o coração do homem.

Nossas ciências são a herança prometida aos Eleitos ou àqueles que são capazes de receber a luz e a prática de nossa ciência é a plenitude da Divina Aliança com os filhos dos homens.

Poderíamos vos contar, queridos irmãos, coisas maravilhosas que estão ocultas no tesouro do Santuário, coisas tais que vos deixariam admirados e fora de vós mesmos; poderíamos vos falar de coisas de cuja concepção, o filósofo, pensando o mais profundamente possível, está tão afastado como a terra do sol, e das quais estamos tão próximos, como o está o ser mais interior de todos da luz mais profunda.

Mas a nossa intenção não é de excitar vossa curiosidade; a única persuasão interior e a sede do bem dos nossos irmãos deve impelir aquele que é capaz de receber a luz na fonte, onde sua sede de sabedoria pode ser aplacada e a fome de amor saciada.

A sabedoria e o amor habitam no nosso íntimo, lá não reina nenhum constrangimento; a verdade de suas incitações é o nosso poder mágico.

Podemos assegurar que tesouros de um valor infinito estão nos mistérios mais íntimos; asseguramos, também que tal simplicidade os envolve, que permanecerão sempre inacessíveis ao sábio orgulhoso, e ainda que tais tesouros, cuja procura traz a muitos profanos inquietação e loucura, são e permanecerão para nós a verdadeira sabedoria.

Bênçãos para vós meus irmãos, se sentis estas grandes verdades. A recuperação do “Tríplice Verbo” e de sua força será vossa recompensa. Vossa felicidade será a de ter a força de contribuir a reconciliar os homens com os homens, a natureza e Deus; aquele que é o verdadeiro trabalho de todo obreiro que não rejeitou a “Pedra Angular”.

Agora nós cumprimos nosso encargo e anunciamos a aproximação do grande meio-dia, e a reunião do Santuário o mais interior com o Templo.

Deixamos o resto à vossa livre vontade.

Sabemos bem, para nosso amargo desgosto, que assim como o Salvador foi pessoalmente desconhecido, ridicularizado e perseguido quando veio na Sua humildade, assim Seu Espírito que aparecerá na glória, será rejeitado e ridicularizado por muitos. Apesar disto o advento do Seu Espírito deve ser anunciado nos templos, para que aquilo que está escrito se realize.

“Bati às vossas portas e vós não as abristes; Chamei e vós não escutastes Minha voz; convidei-vos para as bodas e estáveis ocupados com outras coisas”.

A Paz e a Luz do Espírito estejam convosco.

#Martinismo #Ocultismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-nuvem-sobre-o-santu%C3%A1rio-carta-3

A Condição Vodu

Vodu é uma religião caribenha misturada com religiões africanas tradicionais e santeria católica cristã. Originalmente associada a Haiti também é uma expressão espiritual forte na Jamaica e em São Domingos. Vodu é uma palavra nigeriana que significa divindade ou ainda espírito.

O vodu está dominado pela crença nos loas, também chamados de mysteres, espíritos da terra, do ar, do fogo, da água e dos ancestrais. Os seguidores do vodu acreditam que Deus, Le Gran Maitre, é elevado demais para se preocupar com questões mundanas como a vida na terra, e assim os loas agem como seus intermediários em questões humanas.

No vodu, o ser humano é tido como sendo composto de cinco partes:

  • Corps cadavre
  • N’âme,
  • Z’etoile
  • Gros bon ange e
  • Ti bon ange

Corps Cadavre se refere à carne mortal, o coro humano. N’âme é a energia vital que permite o corpo funcionar durante a vida, sendo correlato ao chi oriental. Z’etoile refere-se a estrela do destino de determinado indivíduo, é aquele eu-amahã para onde diariamente todos caminhamos. Gros bom ange (literalmente “grande anjo bom”) e Ti bon ange (“pequeno anjo bom”) constituem, por assim dizer, a alma do indivíduo.

O Gros bon ange entra nos seres humanos durante a concepção. É uma porção da energia universal, a condição de consciência que todos os humanos têm. O ti bon ange, pelo contrário, é a alma ou essência do indivíduo que se constrói durante á vida, ou seja, sua personalidade. É esta  “pequena alma” que viaja para fora do corpo durante os sonhos, assim como também quando o corpo está sendo possuído por um loa.

A possessão é parte importante e algo extremamente desejável no contexto vodu. Um provérbio haitinano diz: “cristãos vão a igreja para falar com Deus, nós vamos ao hounfort (templo vodu) para nos transformarmos nele.” Os loa se apossam de uma pessoa viva, ato conhecido como “montar o cavalo”. Quando isso acontece a pessoa perde a consciência e se torna completamente um instrumento de um loa.  Os gestos e as expressões faciais transformam-se nos do seu espírito possuidor. Esta crença esta tão enraizada no povo haitiano que faz parte até de seu processo de independência. Durante a guerra contra a França, os bokor (feiticeiros vodu) realizavam rituais no qual os soldados eram possuídos pelos mais poderosos e guerreiros Loas. Quem lutou contra os franceses não foram humanos, dizem os haitianos, mas semi-deuses. Verdade ou não, dotados desta convicção os haitianos lutaram ao ponto de libertar o seu pais.

Quando a pessoa morre, de acordo com a crença vodu, a alma permanece perto do corpo por uma semana. Durante esse período de sete dias, o ti bom ange é vilnerável e pode ser capturado e transformado em “zumbi espiritual” por um feiticeiro. Para que isso não ocorra, um sacerdote arranca-a ritualmente doc corpo para que a alma possa morar em águas escuras por um ano e um dia. Nesse ponto, os parente elevam a alma ritualmente e colocam-na no govi, agora conhecido como esprit. Esses esprits são alimentados, vestidos e tratados como divindades. Mais tarde são libertados e vão morar nas rochas e nas árvores. Eventualmente esses espíritos passam a fazer parte do intercambio espiritual entre humanos e Loas até seu renascimento. Dezesseis incorporações mais tarde, os espíritos se fundem na energia cósmica novamente.

Mas, o que torna o vodu único entre as religiões caribenhas são as crenças vinculadas ao lado mais obscuro da natureza humana. Isso reflete-se nos “Petro Loa“,  poderosos espíritos ameaçadores e vingativos portadores de doenças que só prestam ajuda mediante uma promessa de serviços e vingam-se violentamente se ela não é cumprida. Este é o chamado “trabalho da mão esquerda” praticado por seitas surgidas de diversas comunidades vodu. Essas seitas surgem sob o mais estrito segredo e são rejeitadas pelos praticantes da corrente principal do vodu.

Alguns desses Petro Loa são invocados via rituais para efetuarem perigosos serviços em troca de um sacrifício: normalmente um porco, um cabrito, um touro, ou as vezes um cadáver pego em um cemitério, quando não um verdadeiro sacrifício humano.

Em setembro de 1994 pouco antes dos Estados Unidos terem invadido o Haiti, supões-se que foi celebrada uma cerimônia vodu que durou três dias, no quartel militar da junta dominante, para evitar que os invasores continuassem seu avanço. Durante a cerimônia os Petro Loa ais violentos foram invocados e, relatos não confirmados dizem que foram recebidas pelo menos treze pessoas ao sacrifício. Talvez seja uma coincidência, mas em meados de outubro, três soldados suicidaram-se, entre eles Geraldo Luciano, que disparou contra sua própria cabeça enquanto jogava uma partida de cartas. Em um país onde freqüentemente os bokor fazem as leis serem cumpridas e onde as execuções são habituais, ninguém pode assegurar se ocorrem ou não sacrifícios humanos.

Dentre as seitas as mais terríveis são o Bizango e o Cochon Gris, que invocam os Petro Loa  para prejudicar outras pessoas, praticam sacrifícios humanos (muitas vezes desculpas para assassinatos encomendados) e transformam pessoas em zumbis como castigo contra comportamentos sociais considerados incorretos ou que não condiga com os interesses dos bokor. Nas regiões mais remotas do Haiti, o vodu é muito poderoso, de modo a força estatal constituída ser praticamente irrelevante.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-condicao-vodu/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-condicao-vodu/

Noé – o que merece ser salvo? (parte final)

« continuando da parte 1

O mito moderno

De acordo com Richard Saul Wurman, em seu livro Ansiedade de Informação, uma edição de domingo do jornal The New York Times tem cerca de 12 milhões de palavras e contém mais informação do que aquela que um cidadão do século 17 recebia ao longo de toda a vida. A capacidade de computação mundial aumentou 8 mil vezes nos últimos 40 anos. Com esse ritmo, especialistas calculam que produzimos mais informação na última década do que nos 5 mil anos anteriores. E todo esse acúmulo causa ansiedade.

A velocidade com que a informação viaja o mundo é algo muito recente, com o qual os seres humanos ainda não sabem lidar – e muito menos aprenderam a filtrar. Já foram cunhados até alguns termos para definir a ansiedade trazida pelos novos meios de comunicação: technologyrelated anxiety (ansiedade que surge quando o computador trava, que afeta 50% dos trabalhadores americanos), ringxiety (impressão de que o seu celular está tocando o tempo todo) e a ansiedade de estar desconectado da internet e não saber o que acontece no mundo, que já contaminou 68% dos americanos [1].

Uma outra consequência de tamanha “globalização da informação” é a de que hoje somos prontamente informados de todos os grandes desastres naturais, genocídios e conflitos armados que ocorrem ao redor do globo. Certamente o seu bisavô, por mais bem informado que fosse, não estaria muito preocupado com um acidente de trem na Espanha, um estupro coletivo na Índia ou um ataque de algum esquizofrênico numa universidade americana. E, mesmo as notícias da Primeira Guerra Mundial não eram tão impactantes quanto as notícias das guerras de hoje – na sua época a guerra era descrita em alguns parágrafos de jornal, hoje ela muitas vezes é filmada ao vivo com câmeras de alta definição.

Dessa forma, se no mito de Noé o fim do mundo era um anúncio divino que nem todos levaram a sério (exceto Noé e sua família), nos dias atuais o fim do mundo parece ocorrer de tempos em tempos no noticiário, ao ponto de sermos obrigados a nos tornar, de certa forma, “insensíveis” a tanta desgraça anunciada nas dezenas ou centenas de canais de notícia de nossa TV a cabo e em nossos portais favoritos da web.

Não é que hoje o mundo esteja mais violento do que há milênios atrás, pelo contrário: hoje vamos a um estádio ver jogadores praticando esportes, e não se matando; hoje não há mais escravidão, ao menos oficialmente; hoje as mulheres que apanham de seus maridos têm uma opção de escolha que antes lhes era absolutamente negada. O mundo melhorou fora das zonas de guerra, sem dúvida, mas o problema é que hoje podemos saber de tudo (ou quase tudo) de catastrófico e violento que ocorre nos quatro cantos do globo.

Como sobreviver a essa época tão fluida e tão cheia de atrativos, a esse verdadeiro “dilúvio de informações”? Talvez, quem sabe, a Arca de Noé possa ser uma possibilidade de salvação. Afinal, se a construção de nossa Arca pode ser tão difícil e custosa, ela nos traz um grande consolo, um grande alento, em sua conclusão: teremos, enfim, uma embarcação só nossa, onde guardamos a informação que nos importa de verdade, assim nos livrando de todo um mar revolto de irrelevâncias.

A Arca moderna nada mais é, portanto, do que o pensamento próprio, livre de dogmas de crença ou descrença, livre da enxurrada de informações que nada acrescentam ao nosso autoconhecimento e ao nosso caminho espiritual. Para sobreviver no mundo moderno como um indivíduo de pensamento livre, sem dúvida precisaremos aprender mais acerca das técnicas de construção de Noé.

O que merece ser salvo?

Se o mito pode ser reinterpretado à luz da era moderna, nada nos impede de voltar atrás e interpretá-lo a nossa maneira também no contexto da época bíblica. Afinal, há certamente uma boa parte do mito que se encontra mesmo fora do tempo, que é eterna…

Uma lição que sempre me saltou aos olhos é que o Criador não pediu a Noé para que salvasse alguma relíquia, algum plano de construção de templos, e tampouco algum livro sagrado. Nem ouro, nem prata nem joias – o que havia de mais valioso para ser salvo do Grande Dilúvio era a vida, a vida!

E não somente os seres vivos em si, mas a sua simbologia. Afinal, já na época de Noé os animais eram também símbolos, informações vivas que representavam a Criação. Não bastaria, portanto, salvar somente o elefante macho, era preciso salvar também a fêmea, para que a continuidade da espécie, a continuidade do símbolo “elefante”, fosse garantida.

Nesse sentido, a Arca de Noé era, de certa forma, a Igreja sonhada por nosso querido Francisco de Assis: uma casa não somente de homens e mulheres, mas de vida, de toda a vida.

Quantas vilas, cidades e templos já existiam na época de Noé? Quantas estátuas dedicadas as mais diversas divindades? Quantos manuscritos sagrados e poemas épicos? Nada disso passou do Dilúvio. Nada sobrou, exceto a vida ela mesma…

Aquilo que ultrapassa vidas

Há algo que permeia todos os mitos referentes a um Grande Dilúvio nas mais variadas culturas ancestrais: com Arca ou sem Arca, fato é que somente um herói, ou um casal, ou um grupo muito pequeno de pessoas, sobrevive para repovoar o mundo todo após as águas aplainarem.

Ora, se formos transportar esta metáfora para o conceito de reencarnação, tão antigo quanto as primeiras religiões e mitologias, temos que o Dilúvio, o fim do mundo pelas águas, nada mais é do que a “morte”; e o mundo novo, a espera de ser povoado, nada mais é do que a “próxima vida”.

Nesse contexto, o que seria capaz de cruzar a fronteira entre uma e outra vida, senão tudo aquilo que conseguimos trazer para a nossa Arca?

É bem verdade que a maioria de nós sequer começou a aprender a construir uma Arca – mas quem disse que não somos capazes? Ainda que de início nosso barco seja pequeno e quebradiço, facilmente virado pelas ondas, o que importa é que iniciamos a aprendizagem.

E é precisamente esta aprendizagem, de construção de arcas, aquilo que ultrapassa vidas, a ciência mais preciosa e primordial de toda a existência… Não importa se hoje não acreditamos que seja realmente possível construirmos uma Arca tão grande quanto a de Noé. Não importa se nos parece inverossímil que ela pudesse mesmo carregar todas as espécies não marinhas do planeta. Pois há algo de sobrenatural nesta ciência, algo que escapa a lógica usual de todas as ciências…

Tudo é natural, e assim está bom. Mas há algo que salta por sobre, que ultrapassa as maiores barreiras; algo que é capaz de vencer até mesmo a morte; algo atemporal, eterno, infinito.

É precisamente esta Arca de Amor a única coisa que realmente possuímos, a única coisa que realmente importa, a única coisa que vale a pena construir… E cada martelada, cada tábua posta no lugar, cada gota de suor a escorrer de nossa testa, terão valido a pena.

Até que ela, a Grande Arca, consiga abarcar o mundo todo. De modo que o mundo todo será nossa Arca, e nossa Arca será todo o mundo. E somente assim poderemos, de verdade, estabelecer nossa Aliança com o Tudo. Somente assim poderemos ser carregados pelas marés internas da alma até atracarmos, um dia, nas praias do Reino de Deus:

“Senhor, árdua foi a construção da minha Arca, e longa foi a minha navegação; mas eu cheguei, eu finalmente cheguei!”

***

[1] Os dois primeiros parágrafos desta parte do artigo foram retirados de Sobre a ansiedade, por Karin Hueck para a Revista Superinteressante (Novembro de 2008).

Bibliografia: Guia Ilustrado Zahar de Mitologia (Philip Wilkinson e Neil Philip); Enciclopédia de Mitologia (Marcelo Del Debbio); O Poder do Mito (Joseph Campbell e Bill Moyers)

Crédito da imagem: Noé – O filme (Divulgação)

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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#Cinema #Cristianismo #Gênesis #Mitologia #Judaismo

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Hino a Pã

Tradução de Fernando Pessoa

Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!

Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da àmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente – do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão –
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!

Fernando Pessoa

#Poemas #Thelema

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/hino-a-p%C3%A3

Adam Weishaupt

Adam Weishaupt foi educado em um colégio de jesuítas e acabou obtendo o título de professor dos cônegos.  No decorrer dos anos os conceitos do catolicismo acabaram não lhe agradando mais.  Isso o levou a tornar-se aluno particular do filósofo judeu Mendelsohn, que o converteu ao gnosticismo.

Em 1770, Weishaupt provavelmente foi procurado pelos sócios-capitalistas da casa Rothschild, que se haviam reunido antes, para que ele fundasse em Ingolstadt, a  “Ordem Secreta dos Iluminados  da  Baviera”.

Breve explicação:

É necessário não confundir os Iluminados da Baviera de Weishaupt com o grupo de pessoas denominadas  Illuminati.  Os verdadeiros  Illuminati  tinham-se infiltrado na  “Confraria  da  Serpente”  na  Mesopotâmia, conforme  já  mencionei.  Eles nunca eram mencionados e jamais apareciam pessoalmente em público.  Uso o termo de  Illuminati  neste livro porque ele é empregado pelos iniciados para designar esse grupo de pessoas que agem secretamente.  Adam Wieshaupt utilizou entretanto o nome de Iluminados para designar sua ordem cujas finalidades eram semelhantes a dos Illuminati, que já existiam antes (talvez para que essa designação de Iluminados pudesse criar uma confusão para o público entre aqueles que procuravam saber demais?).  Para prevenir qualquer confusão, designarei, o grupo de Weishaupt pelo nome de  “Iluminados da Baviera” e os outros pelo nome de Illuminati.

Os Iluminados da Baviera estavam organizados em círculos imbricados uns nos outros (como as bonecas russas).  Desde que um iniciado provasse sua faculdade de guardar um segredo, ele era admitido num círculo mais restrito e ligado aos segredos ainda mais profundos.  Somente aqueles que se encontravam nos círculos menores conheciam a verdadeira finalidade dos  “Iluminados  da  Baviera”.  Diziam aos membros dos graus inferiores que não existia graus superiores e se lhes ocultava ao mesmo tempo a identidade do grão-mestre, como aconteceu na  “Estrita  Observância”.  Os Iluminados da Baviera eram divididos em 13 graus, simbolizados pelos 13 degraus da pirâmide dos Iluminados, representada  “na cédula de um dólar”.

Eles copiaram dos jesuítas seu sistema de espionagem para testar as fraquezas dos membros que alcançavam o título de  “patriarcas”.  Essa política da ordem permitia-lhes colocar os patriarcas nas posições onde seu talento era explorado ao máximo.  Lançar o descrédito tornou-se também uma das táticas para assegurar-se de que nenhum dos patriarcas se desviasse da ordem.
Weishaupt sabia como atrair à sua ordem as melhores e mais esclarecidas mentes, as quais escolhia na alta finança, na indústria, na educação e na literatura.  Ele utilizava a corrupção pelo dinheiro e pelo sexo para controlar as pessoas de posição elevada.
Isso feito, ele sabia chantagear as pessoas que o procuravam, dando-lhes postos de direção para ficar seguro de poder tê-las sob seu controle.  Os Iluminados da Baviera puseram-se a aconselhar pessoas do governo, servindo-se dos adeptos (dos graus superiores).  Isto, bem entendido, secretamente.  Esses “especialistas” sabiam como dar conselhos aos políticos em exercício, para que adotassem certas formas de política que correspondesse ao que eles visavam.

Isso era feito, no entanto, com tanta sutileza que aqueles que recebiam os conselhos acreditavam serem eles os próprios autores das idéias que colocavam em prática.

Alegava-se como pretexto para explicar a existência dos Iluminados da Baviera, que eles eliminariam o que a sociedade tinha de ruím e levariam o ser humano ao seu estado natural e feliz.  Isso significava que eles iriam sujeitar a monarquia e a Igreja, o que lhes valeu perigosos adversários.  Isso demonstra mais uma vez, que manter o segredo era a diretriz mais importante da ordem.
Nós reconhecemos que ela era verdadeiramente a ideologia de Weishaupt, devido a um documento que era conhecido pela designação  Novo Testamento de Satã, severamente guardado pelos Iluminados da Baviera.  É intencionalmente que apresento aqui esse documento, pois existem sempre aqueles que duvidam da veracidade dos  Protocolos dos Sábios de Sião.  Talvez seja mais fácil para essas pessoas aceitarem meu plano e a continuidade do livro se não empregar a palavra judeu.  Esse documento só se tornou acessível ao público em 1875:  um mensageiro dos Iluminados da Baviera, durante sua cavalgada de Frankfurt a Paris, foi atingido por um raio;  esse incidente permitiu que se tomasse conhecimento de uma parte das informações relativas a uma conspiração mundial.

Eis o conteúdo desse documento:

O primeiro segredo para dirigir os seres humanos e ser senhor da opinião pública é semear a discórdia, a dúvida e criar pontos de vista opostos, o tempo necessário para que os seres humanos, perdidos nessa confusão, não se entendam mais e se persuadam de que é preferível não ter opinião pessoal quando se tratar de assuntos de Estado.  É preciso atiçar as paixões do povo e criar uma literatura insípida, obscena e repugnante.  O dever da imprensa é de mostrar a incapacidade dos não-iluminados em todos os domínios da vida religiosa e governamental.

O segundo segredo consiste em exacerbar as fraquezas humanas, todos os maus hábitos, as paixões e os defeitos até o ponto em que reine total incompreensão entre os seres humanos.
É preciso principalmente combater as personalidades fortes, que são os maiores perigos. Se demonstrarem um espírito criativo, elas produzem um impacto mais forte do que milhões de pessoas deixadas na ignorância.

Invejas, ódios, disputas e guerras, privações, fome e propagação de epidemias (Por exemplo a AIDS) devem esgotar os povos a tal ponto que os seres humanos não possam ver outra solução senão que a de submeter-se plenamente à dominação dos Iluminados.

Um estado esgotado por lutas interinas ou que caia no poder de inimigos estrangeiros depois de uma guerra civil, em todos os casos, está fadado ao inaquilamento e acabará ficando no poder destes.
É preciso habituar os povos a tomar a aparência do dinheiro como verdade, a satisfazer-se com o superficial, a desejar somente tomar seu próprio prazer, esgotando-se em sua busca sem fim de novidades, e, no fim das contas, seguir os Iluminados.

Estes conseguiram sua finalidade, remunerando bem as massas por sua obediência  e sua atenção.  Uma vez que a sociedade esteja deprevada, os seres humanos perderão toda fé em Deus.
Objetivando seu trabalho pela palavra e por escrito e dando prova de adaptação, eles dirigirão o povo segundo sua vontade.

É preciso desabituar os seres humanos a pensar por si mesmos:  dar-se-á a eles um ensinamento baseado no que é concreto e ocuparemos sua mente em disputas oratórias que não passam de simulações.  Os oradores entre os Iluminados aviltarão as idéias liberais dos partidos até o momento no qual os seres humanos se sentirão tão cansados que se aborrecerão de todos os oradores, seja qual for o seu partido.  Por outro lado, é preciso repetir incessantemente aos cidadãos a doutrina de Estado dos Iluminados para que eles permaneçam em sua profunda inconsciência.

A massa, estando cega, insensível e incapaz de julgar por si mesma, não terá o direito de opinar nos negócios de Estado, mas deverá ser regida com mão forte, com justiça, mas também com impiedosa severidade.

Para dominar o mundo, é preciso empregar vias indiretas procurar desmantelar os pilares sobre os quais repousa toda a verdadeira liberdade  –  a da jurisprudência, das eleições, da imprensa, da liberdade da pessoa e, principalmente, da educação e da formação do povo  –  e  manter o mais estrito segredo sobre todo o empreeendimento.

Minando intencionalmente as pedras angulares do poder do Estado, os Iluminados farão dos governos seus burros de carga até, que de cansaço, eles renunciem a todo o seu poder.

É preciso exarcebar na Europa as diferenças entre as pessoas e os povos, atiçar o ódio racial e o desprezo pela fé, a fim de que se abra um fosso intransponível, para que nenhum estado cristão encontre sustento:  todos os outros Estados deverão negar-se a ligar-se com ele contra os Iluminados, por medo que essa tomada de posição os prejudique.

É preciso semear a discórdia, as perturbações e as inimizades por toda a parte da Terra, para que os povos aprendam a conhecer o medo e que não sejam capazes de opor a menor resistência.

Toda a instituição nacional deverá preencher uma tarefa importante na vida do país para que a máquina do Estado fique paralisada quando uma instituição se retire.

É preciso escolher os futuros chefes de Estado entre aqueles que serão servis e submissos incondicionalmente aos Iluminados e também aqueles cujo passado tenha manchas escondidas.  Eles serão os executores fiéis das instruções dadas pelos Iluminados.  Assim, será possível, a estes últimos contornar as leis e modificar as constituições.

Os Iluminados terão em mãos todas as forças armadas se o direito de ordenar o estado de guerra for conferido ao presidente.
Pelo contrário, os dirigentes “não iniciados” deverão ser afastados dos negócios de Estado.  Será suficiente fazê-los assumir o cerimonial e a etiqueta em uso em cada país.

A venalidade dos altos funcionários do Estado deverá impulsionar os governantes a aceitarem os empréstimos externos que os endividarão e os tornarão escravos dos Iluminados;  a consequência:  as dívidas de Estado aumentarão sensivelmente!Suscitando crises econômicas e retirando repentinamente da circulação todo o dinheiro disponível, isso provocará o desmoranamento da economia monetária dos “não iluminados”.

O poder monetário deverá alcançar com muita luta a supremacia no comércio e na indústria a fim de que os industriais aumentem seu poder político por meio de seus capitais.  Além dos Iluminados  –  de quem dependerão os milionários, a polícia e os soldados  –  todos os outros nada deverão possuir.

A introdução do sufrágio universal (direito de voto a todos os cidadãos) deverá permitir que somente prevaleça a maioria.
Habituar as pessoas à idéia de autodeterminar-se contribuirá para destruir o sentido de família e dos valores educativos.  Uma educação baseada sobre uma doutrina enganadora e sobre ensinamentos errôneos embrutecerá os jovens, pervertendo-os e os tornando depravados.

Ligando-se às lojas franco-maçônicas já existentes e criando aqui e acolá novas lojas, os  Illuminatti  atingirão a finalidade desejada.
Ninguém conhece sua existência nem suas finalidades, e muito menos esses embrutecidos que são os não-iluminados que são levados a tomar parte das lojas franco-maçônicas abertas, onde nada se faz senão jogar-lhes poeira nos olhos.

Todos esses meios levarão os povos pedir aos Iluminados para tomarem a rédea do mundo.  O novo governo mundial deve aparecer como protetor e benfeitor por todos aqueles que se submeterem livremente a ele  (à ONU) .  Se um estado rebelar-se, é preciso instigar seus vizinhos a guerrear contra ele.  Se eles desejarem aliar-se, é preciso desencadear uma guerra mundial.

Coralf:  Maitreya, der kommende Weltlehrer.  Maitreya, o futuro mestre do mundo  –  Konny-Verlag, 1991, p.115 e s.

É muito fácil reconhecer que o conteúdo do  “Novo  Testamento” de  Satã” é quase o mesmo dos  “Protocolos dos Sábios de Sião”, com a única diferença de que os judeus foram trocados pelos Iluminados.  Nós já vimos por ordem de quem Adam Weishaupt fundou a ordem dos Iluminados da Baviera, e é fácil concluir de onde vem o  Novo Testamento de Satã.

Os conspiradores tinham reconhecido a força e a influência das lojas franco-maçônicas já existentes e começaram a infiltrar-se nelas segundo um plano preciso para obter o seu controle (§11 dos protocolos).

As lojas que foram infiltradas foram designadas pelo nome de  “Lojas  do  Grande  Oriente” (Lodges of the Grand Orient).
Um cérebre orador francês, o Marquês de Mirabeau, endividou-se seriamente levando uma vida dispendiosa e foi então contactado por Weishaupt por ordem dos emprestadores judeus.  Nisso, Moses Mendelsohn fez Mirabeau conhecer a esposa do judeu Herz.  Em seguida, percebeu-se que ela estava mais freqüentemente em companhia de Mirabeau do que de seu marido.  Com isso Mirabeau sofreu uma chantagem e acumulou dívidas;  logo encontrou-se sob o controle absoluto dos Iluminados da Baviera.  Pouco depois, foi obrigado a familiarizar-se com o iluminismo.

Ele recebeu a missão de persuadir o Duque de Orleans, que era então o grão-mestre dos franco-maçons na França, a transformar as  “Lojas Azuis” em  “Lojas do Grande Oriente”.
Mirabeau organizou um encontro em 1773 entre o duque de Orleans, Talleyrand e Weishaupt, que iniciou os dois na franco-maçonaria do  “Grande Oriente)”.

Quando a declaração da independência americana foi assinada em 1.º de maio de 1776, Adam Weishaupt levou ao fim seu plano bem pensado e introduziu oficialmente a ordem dos Iluminados da Baviera.  Esta data é dada erroneamente como sendo a data da fundação da ordem.  Mas os mais importantes anos da ordem foram os seis anos que precederam sua instauração oficial.
Entre outros membros da ordem, constam Johann Wolfgang von Goethe, o duque Carlos Augusto de Weimar, o duque Fernando de Brunswick, o barão de Dahlberg (vago-mestre geral de Thurn und Taxis), o barão de Knigge e muitos outros…

Em 1777, Weishaupt foi iniciado na loja franco-maçônica de  “Theodoro do Bom Conselho” (“Theodore of Good Council”) em Munique, onde logo infiltrou toda a loja.

Em 16 de abril de 1782, a aliança entre franco-maçons e os Iluminados da Baviera foi selada em Wilhelmsbad.  Esse pacto estabeleceu uma ligação entre mais ou menos três milhões de membros das sociedades secretas dirigentes.  Um acordo do Congresso em Wilhelmsbad tornou possível a admissão dos judeus nas lojas, enquanto que estes últimos tinham, nessa época, poucos direitos.

Controlando os Iluminados da Baviera, os Rothschild exerciam agora uma influência direta sobre outras lojas secretas importantes.
Todas as pessoas presentes juraram como bons conspiradores guardar segredo absoluto: de fato, quase nada transpareceu desse encontro.  Perguntaram ao conde de Virieu, um dos franco-maçons participantes do congresso, se ele poderia dizer algo das decisões tomadas.  Ele respondeu:

Não posso revelar-te, posso somente dizer-te que é bem mais sério que possas imaginar.  A conspiração que se desenvolveu aqui foi tão perfeitamente imaginada que não há possibilidade para a monarquia e a Igreja escaparem disso.

Outra pessoa presente, o conde de Saint Germain, advertiu mais tarde sua amiga Maria Antonieta do complô de morte que deveria derrubar a monarquia francesa.  Não levaram em conta, infelizmente, seu conselho.

Alguns segredos subversivos começaram a manifestar-se apesar de tudo, o que teve como conseqüência que em 11 de outubro de 1785, o Eleitor da Baviera ordenou uma invasão da casa do sr. Zwack, principal assistente de Weishaupt.  Pilharam muitos documentos que descreviam o plano dos Iluminados da Baviera, a  “Nova Ordem Mundial” –  (Novus Ordo Seclorum).  Eleitor da Baviera decidiu então publicar esses papéis com o nome de  “Escritos originais da ordem e seita dos Iluminados”.

Esses escritos foram, em seguida, divulgados tão largamente quanto possível para advertir os monarcas europeus.  O título de professor foi retirado de Weishaupt, que desapareceu com o duque de Saxe-Gotha, outro membro dos Iluminados da Baviera.  Como eles não se opuseram ao rumor que a ordem dos Iluminados estava aniquilada, isso permitia-lhes continuar trabalhando em segredo para ressurgir, mais tarde, com outro nome.  No espaço de um ano, vimos aparecer publicamente a Deutsche  Einheit  (Unidade Alemã), que expandiu a propaganda dos Iluminados entre os círculos de leitores existentes.

Foi aí que nasceu o grito de guerra:  “Liberdade, igualdade, fraternidade”.

Os monarcas europeus não estavam nada conscientes do perigo, o que teve como conseqüência o nascimento da Revolução Francesa e o aparecimento do regime do terror.
Jan van Helsing

[…] Adam Weishaupt fundou — ou reviveu — a secreta Ordem dos Illuminati em 1º de maio de 1776; isso parece um fato histórico. Todo o resto permanece disputado e acaloradamente controverso. […]

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/adam-weishaupt/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/adam-weishaupt/