A Espiritualidade Queer nas Comunidades Mágicas Modernas do Leste Asiático

O TAO DO ENTENDIMENTO OPOSTO:

Para uma abordagem mais prática do pensamento taoísta, serei seu convidado especial. Se você leu outros livros meus, pode se surpreender ao me ver como o representante do taoísmo, já que minha abordagem do espiritual é mais eclética e uma colcha de retalhos do que há de melhor. Mas cá entre nós, já que passamos tanto tempo juntos nessa jornada global, vou contar um pequeno segredo: no nível central da minha espiritualidade, sou mais taoísta do que qualquer outra coisa. Sim, sigo a filosofia hermética, tenho devoção à Santa Muerte e participo de práticas ecléticas de várias tradições, mas o taoísmo é o que me mantém fundamentado e atua como minha perspectiva básica a partir da qual vejo tudo isso e o mundo ao meu redor. Então, aqui estão algumas filosofias LGBT+ taoístas que eu usei e espero que você experimente pelo menos uma vez.

Como o Tao, tanto o gênero quanto a identidade são fluidos e impermanentes. Você pode se considerar masculino, mas isso é relativo, pois algumas pessoas podem ser consideradas mais masculinas ou menos masculinas do que você. Então, se a masculinidade não é sequer capaz de ser definitivamente identificada, a busca da masculinidade é, por sua própria natureza, uma tarefa absurda e impossível. O mesmo vale para a feminilidade. Como alguém pode realmente se chamar de masculino ou feminino quando esses ideais existem apenas em comparação com seus opostos, que, por sua vez, só existem em comparação com esses ideais iniciais?

Ainda assim, vivemos em um mundo onde os rótulos são uma necessidade. A vida é muito mais fácil quando podemos apontar para algo e saber imediatamente o que é e o que não é. Ao comparar o que não é, entendemos o que é. A masculinidade é assim porque não é feminina, e a feminilidade é assim porque não é masculina. Mas e tudo no meio? E o que é masculinidade/feminilidade afinal? Bem, o taoísmo tem uma abordagem única para entender os extremos e os espaços entre eles.

O capítulo 36 do Tao Te Ching expõe essa ideia de realização por meio de ações aparentemente opostas:

Se alguém deseja reduzi-lo
Deve-se primeiro expandi-lo
Se alguém deseja enfraquecê-lo
É preciso primeiro fortalecê-lo
Se alguém quiser descartá-lo
Deve-se primeiro promovê-lo
Se alguém quiser agarrá-lo
Deve-se primeiro dar-lhe
Isso é chamado de clareza sutil
O mole e o fraco superam o duro e o forte. 199

Aplicando esta lição na prática, a melhor maneira de entender nossa própria identidade de gênero é primeiro entender o oposto. Então, para se tornar mais masculino, primeiro você precisa se tornar mais feminino e vice-versa. Eu sei que parece ridículo no começo, mas se você pensar sobre isso, é verdade. Pense no homem ideal, um homem que sabe tratar bem uma mulher em todos os níveis: emocional, social, sexual. Ele só pode ser esse homem ideal porque entende os desejos e necessidades de uma mulher. Ser a mulher ideal é a mesma coisa; ela entende os desejos e necessidades de um homem. Quando você entende verdadeiramente a psique do sexo oposto, sabe como abordá-los e, assim, ser o ideal de um verdadeiro homem ou mulher aos seus olhos.

A maioria das pessoas não entende o sexo oposto porque não tem tempo para pensar fora da caixa de sua própria identidade de gênero. Então, o exercício taoísta para você é passar o tempo sendo o sexo oposto. Em um dia de folga do trabalho, viva um dia na vida. Se você se considera masculino, levante-se mais cedo para pentear seu cabelo de uma maneira especial, aplique maquiagem, use roupas femininas se tiver acesso a elas, assista a um “chick flick (gíria inglesa para filmes destinados geralmente destinados à audiência feminina, como Cinquenta Tons de Cinza, Crepúsculo, Aquamarine, Legalmente Loira, O Diabo Veste Prada, Titanic, Ghost, Ritmo Quente, O Guarda-Costas, para citar os mais conhecidos)” e saia e visite lojas e locais estereotipados como femininos (dentro/fora do drag, dependendo do seu nível de conforto e segurança).

Se você se considera feminina, passe o dia fazendo coisas estereotipicamente masculinas: sente-se com as pernas abertas e os cabelos compridos escondidos sob um chapéu, assista a um filme de ação brega, vá para uma quadra de basquete ou gaiola de rebatidas para praticar algum esporte, etc. Sim, estes são todos estereótipos, mas esse é o ponto. Ao viver os extremos ridículos do outro gênero, todas as outras diferenças começam a parecer menos ridículas em comparação.

E se sua reação imediata for “eu não vou fazer isso”, então eu te pergunto: por que não? Há algo de errado em ser feminino ou masculino? O que exatamente você tem que é tão contra essa atividade? Se você se considera de mente aberta, então este é o momento de falar.

Afinal, o importante a lembrar é que isso é mais do que fazer drag e fingir. Para ver como a outra metade vive, tente realmente incorporar o sexo oposto na mente e no espírito, não de maneira zombeteira, mas de uma maneira profundamente psicanalítica que promova a compreensão. Uma vez que você realmente experimente a feminilidade, você entenderá a masculinidade, e uma vez que você realmente experimente a masculinidade, você entenderá a feminilidade. Até então, você está realmente apenas adivinhando.
—Tomás Prower.

O CANTO DO MANTRA BUDISTA NICHIREN:

Voltar para dar outro exemplo é Nikko, nosso residente budista queer. Você já sabe como o budismo foi uma força transformadora para melhor em sua vida como homem gay. Aqui ele vai compartilhar um canto de mantra budista japonês para nós praticarmos por conta própria, o que pode nos levar a uma maior iluminação.

O mantra do Budismo Nichiren é “Nam-myohorenge-kyo,” também conhecido como daimoku. Cantar o daimoku é a principal prática de milhões de budistas Nitiren em todo o mundo. Esta prática, juntamente com o estudo dos escritos da tradição, é dita para ajudar os praticantes em sua busca para transformar suas vidas e atingir a iluminação.

Esta forma de budismo foi iniciada por um sacerdote japonês do século XIII chamado Nichiren. A busca de Nichiren era estabelecer uma prática que fosse facilmente acessível para todas as pessoas, independentemente de classe, ocupação, nível de educação ou sexo. Nichiren baseou seus ensinamentos no Sutra de Lótus, uma antiga escritura budista.

Cantar daimoku é como um treino espiritual para explorar a natureza de Buda. Nossa natureza de Buda pode ser vista como nosso potencial inerente caracterizado por uma condição de vida energizada com maior coragem, compaixão e sabedoria.

Há muitas camadas de significado para a frase “Nam-myoho-rengue-kyo”. Por uma questão de brevidade, pode ser traduzido como “Eu dedico minha vida à maravilhosa lei de causa e efeito” – que leva ao estado de Buda – ou “Eu me dedico ao ensinamento do Sutra de Lótus” – que é que todos nós tem a natureza de Buda.

Os curiosos interessados em testar a prática podem seguir os passos listados abaixo:

1. Faça uma lista de metas que deseja realizar. (O Budismo de Nichiren Daishonin leva em conta a realidade em que os leigos se encontram. Os desejos não são vistos como algo a ser eliminado, mas sim enfrentado e transformado.)

2. Escolha um lugar onde você possa relaxar e cantar confortavelmente em voz alta. Você pode estar sentado em uma cadeira, ajoelhado ou sentado com as pernas cruzadas. É com você. Basta estar confortável.

3. Escolha um ponto de foco em uma parede em branco ligeiramente acima do nível dos olhos. Mantenha os olhos abertos e concentre-se no ponto selecionado.

4. Segure as mãos com as palmas voltadas para dentro e se tocando (uma posição de oração frequentemente vista) na frente do peito.

5. Mantenha as costas o mais retas possível, mantendo-se confortável.

6. Não há necessidade de esvaziar a mente ou visualizar nada em particular. Seja você mesmo e concentre-se em suas esperanças e orações.

7. Comece a cantar “Nam-myoho-rengue-kyo”. As palavras são pronunciadas da seguinte forma:

• Nam (Nahm, Namu) = Nahm-moo (Nárm-mú)

• Myoho = Mee-yoh-hoh (Mí-io-rrô)

• Renge = Rain-gay (Reín-guêi)

• Kyo = Kee-oh (Kí-ô)

8. O ritmo recomendado de recitação é vigoroso e rápido.

Comprometa-se a cantar por 5 a 10 minutos duas vezes ao dia todos os dias por algumas semanas. As sessões de canto devem ser feitas pela manhã e à noite.

Estabelecer um ritmo duas vezes ao dia é importante. Yon também pode fazer cânticos extras sempre que tiver tempo livre ou estiver enfrentando um problema.

Deixe as palavras e suas vibrações penetrarem profundamente em sua vida. Permita que eles tragam sua sabedoria e reenergize você com a força para não ser derrotado e superar seus problemas e aflições. Depois de alguns dias ou semanas, observe como o canto o ajudou a alcançar seus objetivos ou os transformou em uma realidade mais construtiva.

Para realmente aproveitar ao máximo a prática, você deve ler, estudar e aplicar os escritos de Nichiren e o Sutra de Lótus. Estes podem ser encontrados online através de várias organizações budistas Nichiren.
—Nikko.

Bibliografia:

199. Lin, Tao Te Ching.

Fonte: Queer Magic, por Tomás Prower.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/a-espiritualidade-queer-chinesa/

‘Corpus Hermeticum

Hermes Trimegistus

Também conhecido por “Coleção Hermética” este livro é atribuído à Hermes Trimegistus, um semi-deus sincrético entre o deus grego Hermes e o deus egípcio Toth.

O livro atravessou a idade média por meio de traduções e influências de alquimistas sírios, arábes e coptas, mas chegou ao seu formato atual graças aos esforços de ocultistas durante a renascença.

O livro que chegou até nossos dias é constituido principalmente de textos gregos escritos nos primeiros séculos da era Cristã. Seu conteúdo forma a base na qual se sustenta as principais cripto-sociedades conhecidas hoje como “Ordens Herméticas”.

ÍNDICE

 

[…] Corpus Hermeticum, como passou a ser chamado teve um impacto gigantesco entre os pensadores renascentistas e são em […]

[…] mesma biblioteca do cristianismo original estejam fragmentos da República de Platão e trechos do Corpus Hermeticum mostrando como o intercambio cultural era algo frequente e comum na […]

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/corpus-hermeticum/ […]

[…] mesma biblioteca do cristianismo original estejam fragmentos da República de Platão e trechos do Corpus Hermeticum mostrando como o intercambio cultural era algo frequente e comum na […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/corpus-hermeticum/

A roda dos deuses (parte final)

« continuando da parte 1

Nós vinhamos falando do Uno, da Deusa Mãe e do “deus do pai”, e agora prosseguimos nesta roda ancestral…

Entidades divinas

Schiller talvez tenha nos presenteado com a melhor síntese do que seriam, afinal, os deuses de outrora, citando a mitologia grega:

“Naqueles dias do belo acordar das forças espirituais, os sentidos e o espírito não tinham, com rigor, domínios separados. […] Por mais alto que a razão subisse, arrastava sempre consigo, amorosa, a matéria, e por finas e nítidas que fossem as suas distinções, nada ela mutilava. Embora decompusesse a natureza humana para projetá-la, aumentada em suas partes, no maravilhoso círculo dos deuses, não o fazia rasgando-a em pedaços, mas sim compondo-a de maneiras diversas, já que em deus algum faltava a humanidade inteira. Quão outra é a situação entre nós mais novos. […] Eternamente acorrentado a uma pequena partícula do todo, o homem só pode formar-se enquanto partícula.” [1]

Todas as entidades divinas, como os deuses gregos, são mitos associados a aspectos da Natureza; o que certamente incluí a nossa natureza – a natureza humana. É óbvio que não existe, na natureza terrestre pelo menos, um homem que mora acima das nuvens e de vez em quando desce a Grécia para seduzir e copular com belas mulheres desavisadas; mas, por outro lado, a iconografia de Zeus é toda ela um imenso conjunto de símbolos, símbolos estes que existem e sempre existirão, ao menos enquanto existirem mentes com vontade de pensar sobre eles.

Os símbolos nada mais são do que imensas quantidades de informação reduzidas a uma única imagem ou história fantástica ou ícone que funcionam como uma chave mental para o acesso dessas informações e sensações, desde que a pessoa saiba, em seu pensamento, como usar esta chave de uma forma consciente. Você pode perfeitamente substituir a imagem (o símbolo) de Zeus por uma série de palavras (formadas por conjuntos de símbolos – as letras do alfabeto) a formar uma extensa lista: nobreza, inteligência, sabedoria, espiritualidade, sedução, magia, fúria, excitação, ciúmes, vingança, etc. É claro que, dependendo da interpretação de cada pessoa, e de cada tradição folclórica, essa lista pode variar imensamente, mas não absolutamente. Zeus é um conjunto de símbolos, ele serve para que acessemos tais ideias em nosso pensamento, sentimento e intuição, de forma simplificada e cada vez mais potente (o hábito faz o monge).

O grande problema do “uso dos mitos” é quando os entendemos como seres literais (e não metáforas), dispostos a barganhar conosco em troca de “favores espirituais”, “boa sorte”, “boa saúde”, etc. Isso é um problema porque, exatamente, a grande vantagem dos mitos é poder ativar a nossa vontade para que nós mesmos busquemos tais objetivos, que nós mesmos nos tornemos heróis a vivenciar a grande aventura da vida, que nós mesmos nos tornemos, enfim, deuses (“sois deuses, farão tudo o que faço e ainda muito mais” – disse o grande rabi da Galileia [2]).

Ainda em O poder do mito, Joseph Campbell nos ajuda a entender melhor a questão: “Todos os símbolos da mitologia se referem a você. Você renasceu? Você morreu para a sua natureza animal e voltou à vida como uma encarnação humana? Na sua mais profunda identidade, você é Deus. Você é um com o ser transcendental”…

Dizem os Upanixades hindus que “aquele que sabe que também é parte de Deus se torna, em sua Criação, um criador”. É claro que ninguém imagina que possa criar outros universos por aí, apenas pensando sobre eles, nem muito menos que é onipotente neste universo (ou ao menos, ninguém que manteve certa sanidade em sua crença); por outro lado, todo aquele que reconhece a fagulha divina dentro de si, pode potencialmente, como Cristo, tornar-se “um com o Uno”. Neste sentido, todos os mitos, todos os deuses, são apenas “atalhos no caminho”, símbolos que podem nos auxiliar em nossa religação ao Uno.

Para finalizar o assunto, é sempre proveitoso consultarmos a sabedoria de Alan Moore: “Na Cabala há uma grande variedade de deuses, mas acima da escala, da Árvore da Vida, há uma esfera que é o Deus Absoluto, a Mônada. Algo que é indivisível, você sabe. E todos os outros deuses, e, de fato, tudo mais no universo é um tipo de emanação daquele Deus. E isto está bem. Mas, quando você sugere que lá está somente esse único Deus, a uma altura inalcançável acima da humanidade, e que não há nada no meio, você está limitando e simplificando o assunto. Eu tendo a pensar o paganismo como um tipo de alfabeto, de linguagem. É como se todos os deuses fossem letras dessa linguagem. Elas expressam nuances, sombras de uma espécie de significado ou certa sutileza de ideias, enquanto o monoteísmo é só uma vogal, onde tudo está reduzido a uma simples nota, e que quem a emite nem sequer a entende.” [3]

Avatares e heróis

Um avatar (do sânscrito, aval) é “aquele que descende de Deus”. Ora, se formos considerar o que falamos até aqui, isto não será nenhuma novidade – todos nós descendemos de Deus, assim como todas as coisas descendem de Deus. Um avatar, entretanto, geralmente é também um ser mitológico, um herói ancestral dos antigos contos falados nas fogueiras das primeiras tribos, uma prática que se estendeu por todas as civilizações humanas.

Joseph Campbell também nos falou algo interessante sobre essas jornadas heroicas da mitologia antiga: “O reino de Deus está dentro de nós e, não obstante, também está fora de nós; Deus, todavia, não é senão um meio conveniente de despertar a bela adormecida, a alma. A vida é o seu sono; a morte, o despertar [4]. O herói, aquele que desperta a própria alma, não é mais do que o meio conveniente de sua própria dissolução. Deus, aquele que desperta a alma, é, nesse sentido, sua própria morte imediata.

Provavelmente o símbolo mais eloquente possível deste mistério seja o do deus crucificado, o deus oferecido “ele mesmo a si mesmo”. Entendido numa das direções, o sentido é a passagem do herói fenomênico para a supraconsciência: o corpo, com os cinco sentidos, fica pendendo da cruz do conhecimento da vida e da morte. […] Mas é igualmente verdadeiro que Deus desceu voluntariamente e colocou sobre si mesmo a carga de sua agonia fenomênica. Deus assume a vida do homem, que liberta o Deus que se acha em seu interior no ponto médio do cruzamento das hastes da mesma “coincidência de opostos”, a mesma porta do sol pela qual Deus desce e o homem sobe – Deus e o homem se alimentam mutuamente [5].”

Ora, se os xamãs da pré-história dedicaram-se com tanto sacrifício a realizar pinturas nas cavernas mais inacessíveis, eles de fato tinham uma boa razão: as experiências espirituais eram parte central de sua vida, de nossas primeiras tentativas de tatear a Natureza inefável. Seja caçando bisões ou imensos dragões, as jornadas dos heróis de outrora também diziam respeito a nossa própria jornada, a conquista de uma vontade devidamente conectada ao Cosmos, e não mais aos desejos desenfreados dos monstros subconscientes. Sim, pois aqui a mitologia e a psicologia se confundem, e fica muito claro, ao menos para quem tem olhos para ver, que a roda dos deuses tem girado, sobretudo, dentro da mente humana – esta grande desconhecida!

Conforme o Buda meditando ao lado de uma árvore, ou Jesus sendo tentado em pleno deserto, buscando despertar o Cristo que jazia em seu interior: todas essas histórias são símbolos transmitidos pelos sábios ancestrais, e ainda que não tenham transcorrido exatamente da forma como foram contadas, elas vem sendo incansavelmente reencenadas em seu palco mais primordial – a consciência humana. A questão, portanto, não é se os deuses e os avatares existem ou não, mas a experiência que provocam em nós. A experiência mística, religiosa, a reconexão ao sagrado, a vivência do amor: disto, todo verdadeiro religioso sempre teve convicção, e não precisou de experimentos comprovando aquilo tudo de que sabem lá dentro de suas almas.

O sagrado

Conforme o disco de Newton a girar, todos os pensamentos, mitos e histórias sagradas se revelam, em sua essência mais profunda, não como uma gama de deuses separados e rivais, mas como pontos de vista e reflexões de um só Deus, Uno.

Então chegamos ao primeiro paradoxo a ser reconciliado: o Uno não tem, nem nalgum dia teve, nem poderá um dia ter um oposto – pois o nada não existe. Da posse desta reconciliação, desta compreensão que em realidade não pode ser descrita por palavras ou linguagem, alcançaremos à experiência de reconhecer ao sagrado derramado sobre tudo o que há…

E poderemos, quem sabe, compreender que todos os outros opostos também vieram da mesma fonte, e todos os monstros e dragões em realidade nada mais eram do que atores deste teatro da alma. Uma vez compreendidos, reconciliados, também poderão ser nossos amigos – o lobo terá sido adestrado pelo amor.

Há essa ponte entre duas terras:
A terra onde tudo está separado em pequenas caixas, como segredos hermeticamente fechados;
E a terra onde tudo jaz junto, unido, conectado…

O amor é a ponte
O amor é uma fonte
Deus está a aguardar na outra margem
Deus não está a aguardar na outra margem
Deus é uma experiência

(Onde vivem os deuses, raph)

***

[1] Trecho de Cartas sobre a educação estética da humanidade (carta VI).

[2] João 10:34; João 14:12 (Novo Testamento). Compare-se com as frases gravadas nas pequenas tábuas de ouro utilizadas pelos antigos praticantes do orfismo: “Também eu sou da raça dos deuses”.

[3] Trecho de sua entrevista para o documentário The mindscape of Alan Moore.

[4] Este tipo de “morte espiritual” é antes um símbolo do renascimento, do despertar da alma, ainda nesta vida.

[5] Trecho de seu livro, O herói de mil faces.

Crédito das imagens: [topo] Google Image Search (busto de Zeus); [ao longo] Agni Comics (quadrinhos com deuses do hinduísmo)

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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***

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#Cristianismo #hermetismo #Mitologia #JosephCampbell #Budismo #AlanMoore

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-roda-dos-deuses-parte-final

‘Manual dos Caça Fantasma

As pessoas têm o péssimo hábito de morrer.

Este é um costume tão enraizado na humanidade que antes de inventarmos as igrejas, a ciência e a arte, as pessoas já faleciam aos montes, um hábito que permanece até os dias de hoje. Não demorou muito para aqueles que ainda estavam vivos começassem a questionar o que acontecia com quem deixava este mundo. E assim que começaram a surgir formas de entretenimento sociais como a religião, o teatro, livros e as megaproduções de Hollywood, este assunto foi explorado ao extremo; não é de se espantar que pessoas tenham se especializado nele e o transformado não apenas em uma área de estudo, mas também em uma profissão. Talvez uma das profissões mais antigas da história, já que raramente o xamã local tinha que caçar a própria comida.

A morte e seu principal subproduto, os fantasmas, inflamam a imaginação do ser humano desde que este se entende como tal, e não demorou muito para que ele voltasse seus meios de estudo e sua compreensão para tentar entender aquelas coisas translúcidas que eram capazes de atravessar as paredes. A religião, a filosofia, o ocultismo e finalmente a ciência foram usadas para tentar se compreender e analisar esses eventos que nem os mais cínicos conseguem ignorar por muito tempo. O fenômeno é tão comum que dificilmente alguém não tem uma história pessoal para contar.

Mas como classificar essas atividades chamadas de paranormais, que envolvem a aparição e interação de fantasmas com os vivos? Existem milhares, talvez mesmo milhões, de registros mecânicos e digitais de espíritos dignos de confiança. Alguns deles vêm sendo estudados há décadas sem que tenha surgido uma evidência sequer de fraude. Mas mesmo assim aqueles que se utilizam do método científico e jornalístico não estão mais próximos de explicarem o fenômeno do que o velho xamã preguiçoso.

O filme Os Caça-Fantamas, de 1984, e depois uma série de outros filmes e seriados televisivos, acabaram excitando a curiosidade de muitas pessoas e as incentivou a sair também coletando seus dados e evidências em busca de uma prova de que a existência do ser persiste além da morte física e com o tempo se criou um processo mais ou menos aceito por muitos como a forma correta, ou mais eficaz, de se buscar não apenas espíritos mas também atividades fantasmagóricas e muitos outros tipos de eventos desconhecidos. Mais recentemente, na era do Reality Show seriados como Ghost Hunters tem registrado o procedimentos de profissionais do ramo, levando os casos do fundo do porão para a sala de estar das pessoas.

O que você tem em mãos agora é o resultado do trabalho da Morte Súbita Inc. de se criar um manual prático, baseado na experiência de alguns de seus membros, para que os interessados possam se equipar e sair buscando suas próprias experiências. Este manual contém itens didáticos que tornam possível que a pessoa, mesmo sem nenhuma experiência prévia, possa identificar aquilo com que está lidando, até dicas de como encontrar locais assombrados para pesquisar, como criar um arquivo de casos, equipamentos necessários e um guia prático de como se conduzir uma pesquisa de campo.

Este é um campo de pesquisa e estudos que não possui ainda um currículo necessário, ou seja, qualquer um com uma base boa pode fazer parte dele, a única coisa que servirá para dizer se você é um bom caçador de fantasmas ou não são suas próprias experiências. Por isso se prepare, tome notas e boa sorte.

Agradecimentos

Agradecimentos

Este trabalho é uma homenagem a memória de Octávio Castelani, (Frater Abel 93) falecido em agosto de 2009 e Jaime Garcias, (Frater EctoZ) falecido em abril de 2010, pioneiros do projeto Morte Súbita Inc. no ramo de caçadas fantasmas. Estamos atrás de vocês, camaradas 🙂

Índice

PARTE I – Fantasmagoria teórica:

PARTE II – A Fauna Espectral

PARTE III – Arsenal

PARTE IV – A Rotina da Caça

PARTE V – Administração e Orientações Gerais:

Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/101-manual-dos-caca-fantasma/

‘Demonologia sem Cerimônias

Anjos caídos, deuses antigos, formas-pensamento, espíritos desencarnados. Ou quem sabe um mero subterfúgio neurolinguístico? Que diferença faz? O objetivo deste trabalho sobre demonologia não é fornecer explicações metafísicas, mas procedimentos práticos. Então se você é um satanista moderno padrão, não se sinta culpado de continuar lendo. Encare o que vem a seguir como uma hipótese a ser testada.

Seja o que forem os demônios, o fato inegável é que quando nos dedicamos à demonologia podemos trabalhar sem ter conhecimento prévio de uma entidade e no processo experimentar e descobrir coisas que batem exatamente com a experiência de outros demonologistas que já trabalharam com ela. Ou seja, podemos afirmar que existe algo de objetivo nos demônios. Algo que vai além de nossa própria mente. Algo que pode ser usado como uma poderosa ferramenta para a realização do trabalho do feiticeiro.

De fato, desde os primórdios da prática mágica os Demônios tem sido usados. Os métodos para interagir com eles variam com cada civilização e com cada cultura mas a essência desta interação sobrevive a todas elas. Muitos destes métodos são desnecessariamente complexos e carregam toda uma moral religiosa da época em que eram usados, uma moral, especialmente judaico-cristã nos dias atuais, que deveria estar esquecida juntamente com a Idade Média. Por estas e outras razões que ficarão claras adiante, o procedimento que proponho a seguir supera em muito os métodos antigos e mais populares.

 I. A Escolha do Demônio

Devem existir mais demônios sob o céu do que pessoas sobre a terra. Talvez por conter dimensões extras o mundo dos demônios tenha muito mais espaço do que nossa esfera tridimensional para acomodar sua população. Lembre-se que todo deus ignorado é, por assim dizer, um demônio e em uma época onde o monoteísmo é monopólio o inferno tem superlotação. Só entre os devas hindus existem mais de um bilhão entidades. Some a eles todos os outros milhões de seres que foram e são cultuados em todos os continentes em todas as épocas até hoje e você verá que o leque de opções tem realmente proporções abissais. Como escolher? Pensando nisso ao decorrer dos milênios, os demonologistas fizeram catálogos de demônios que julgassem mais úteis, sendo que os mais conhecidos são o Grimorium Verum, o Pseudomonarchia Daemonum e, é claro, as Chaves Menores de Salomão, popularmente conhecido com o Goetia. Nestas e em outras obras são descritos diversos demônios bem como seus poderes e especialidades. É enriquecedor e divertido explorar os diversos seres à disposição e esta é a única forma de você encontrar aqueles seres com os quais terá mais afinidade e que, portanto, trabalharão melhor com você.

Por outro lado estes catálogos são grandes demais, com informações recheadas de preconceitos medievais e apresentam demônios com características repetitivas e muitas vezes redundantes. E pior, por séculos foram utilizados sem nenhum tipo de atualização em relação a nossos avanços tecnológicos, desta forma parece besteira evocar um demônio para encontrar tesouros enterrados, mas a coisa muda de figura se você pode chegar a este  tesouro de maneira virtual mas está tendo problemas com senhas, acessos ou localização remota.

Assim, se você não sabe por onde começar, recomendo escolher um dos sete demônios principais – Satã, Lilith, Belphegor, Lúcifer, Belial, Astaroth e Leviatan. Eles foram eleitos segundo o sistema septenário e são todos seres tradicionalmente evocados entre os chamados praticantes da magia negra desde a antiguidade:

Satã: Emancipação, Rebelião, Auto-domínio, Sucesso, Independência, Confiança, Status. Também assuntos de saúde e vitalidade da carne e do corpo.

Lilith: Fertilidade, mas também abortos. Sexo, tesão, inversão de orientação sexual e questões de beleza e juventude. Também pode fazer alguém se apaixonar por você, ou se matar de amor por você.

Belial: Guerra, casos de vingança, agressão, derrota de inimigos. Instigação de acidentes, tragédias, traumas e ferimentos . Também proteção contra os perigos.

Belphegor: Concentração, sucesso profissional, capacidade de aprendizagem, criatividade, encontrar coisas e pessoas desaparecidas. Sucesso em concursos e entrevistas.

Astaroth: Riqueza, Dinheiro, Prosperidade, abundância, investimentos. Também questões jurídicas e fiscais. Sucesso nos negócios e boas oportunidades. aumentar a clientela. Lúcifer: Sedução, carisma, afetividade, amor, fidelidade e infidelidade, reconciliação e separação, popularidade, auto-estima, amizade. Também questões políticas e interpessoais.

Leviatã: Morte, Assassinato, Doenças, Destruição, Eliminar obstáculos ou dificuldades, esquecimento, falência. Pode causar depressão, psicose e outros distúrbios mentais e afetivos ou longo sofrimento seguido de morte.

II. A Pratica da demonologia

A demonologia é essencialmente um trabalho com informação. Da mesma forma que você pesquisa, busca profissionais ou professores, estuda e pratica algo quando precisa lidar com um assunto novo que não conhece, você faz com demônios. Usando uma comparação tosca eles seriam como diferentes wikipédias sobre determinados assuntos que você acessa quando esbarra em um problema cuja solução parece estar fora do seu conhecimento. A diferença é que ao invés de acessar o site você evoca o demônio. Na verdade existem duas práticas que apesar de diferentes causam certa confusão entre os praticantes. A diferença entre invocação e evocação é que na invocação o corpo e mente do mago recebe a essência e os atributos dos demônios e divindades, você faz um download do demônio para seu sistema nervoso; enquanto que na evocação as entidades agem sempre como inteligências e realidades externas, você os chama para bater um papo. Portanto, na demonologia invocação é o mesmo que possessão. Embora isso ocorra com frequência e os conceitos se misturem este não será o foco dos procedimentos aqui descritos. Não recomendo abrir espaço em sua própria mente para nenhuma inteligência externa caso não esteja pronto para arcar com as consequências depois.

Primeiro Passo

Prepare um altar ao demônio escolhido. Não é necessário nada sofisticado inicialmente, a importância disto é apenas a de de ser um ponto focal para o relacionamento que está para nascer. Se você é um satanista praticante deve ter uma câmara ritual ou um altar montado em algum lugar, use-o. Ele será um ponto de encontro entre você e as forças das trevas no espaço-tempo se quiser entender assim. Você pode ter nele uma imagem do demônio que será evocado, mas não se preocupe se não tiver. Para começar tenha uma vela negra constante, uma vela da cor da entidade (veja adiante) e um recipiente bonito (prato, pote ou taça) para as ofertas. Mais tarde este altar pode ficar  mais sofisticado, mas nem sempre isso é necessário ou mesmo verdadeiro.

A demonologia prática se divide em três passos:

I – O Pacto

II – O Culto

II.I -O Pacto

III – A Despedida

 

 

Na medida do possível faça o pacto no dia indicado na seção ofertório a seguir. Sente-se em um lugar isolado de preferência, mas não obrigatoriamente, escuro e silencioso e se possível de frente ao seu altar. Busque uma postura mental adequada fazendo, por exemplo uma respiração 9x9x9x9 (9 segundos inspirando, 9 segurando o ar, 9 expirando, 9 sem ar). Chame o demônio em voz alta ou em pensamento usando suas próprias palavras até sentir sua presença. Peça exatamente o que quer. Este pedido também deve ser feito com suas próprias palavras e ser o mais exato possível, se quiser uma Ferrari peça uma Ferrari, não ganhar uma promoção ou na loteria para então comprar uma. Por fim, agradeça a presença e faça a primeira oferenda.

Descobri ser interessante combinar um prazo para a realização do pedido. Isso evita que o demônio seja alimentado indefinidamente sem que seja feito progresso real. Um prazo curto é obviamente bom para você mas para o demônio vai significar menos tempo sendo alimentado (detalhes sobre isso a seguir). Um prazo muito longo, por outro lado, pode significar não apenas uma distância da realização dos seus desejos, mas também que o demônio seria alimentado demais ficando, digamos assim, acomodado. Proponha um prazo realista e justo para os dois lados. Caso este prazo não seja cumprido recomendo chamar a entidade novamente e refazer o pedido com alguma alteração do que acredite possa estar complicando o pacto. É difícil que uma terceira vez seja necessária, mas caso isso ocorra talvez seja interessante usar algum sistema de divinação para “negociar” com o demônio e assegurar um pedido e prazo razoável. Quando você ganhar desenvoltura com o processo e intimidade com as entidades o prazo poderá ficar cada vez menor e os pedidos cada vez maiores. Por fim, quando atingir a maestria, poderá pedir coisas para que sejam feitas imediatamente ou o quanto antes assim que o  pacto inicial for fechado. Mas se você está começando agora na pratica demonológica duvido que isso funcione.

Outro ponto interessante de se combinar no pacto é o acompanhamento do progresso. Peça que o demônio te envie sinais de que as coisas estão caminhando. Esse sinais podem ser tanto em visões e sonhos como em notícias que chegam direta ou indiretamente até você cada vez que seu pedido se aproxima da realização.

 II.II – O Culto

Um demônio ignorado desfaz-se no ar. Essa é uma máxima importante tanto em exorcismos quanto na demonologia prática. Assim é necessário alimentar o demônio evocado para que o efeito iniciado com a evocação não se dissipe. Você pode entender isso como um desinteresse da entidade por quem não lhe oferece nada ou como um enfraquecimento natural de um constructo astral que é abandonado, no fundo isso não importa. O que importa é que assim como entre seres humanos não é diferente com os demônios, quem quer rir tem que fazer rir.

A melhor definição de como a magia demoniaca funciona veio de meu irmão em Satã, Inkubus King. Para ele,os demônios funcionam como bexigas que vão sendo enchidas e, quando estouram, aquilo que você pediu se realiza. Essa metáfora é genial porque ilustra um ponto importante que geralmente é esquecido que é a alimentação do demônio. Para pedidos de longo prazo você enche a ‘bexiga’ com muita intensidade e então solta ela no ar para que um dia estoure. Para pedidos mais imediatos você enche a bexiga sem parar, alimentando o demônio todo dia até que estoure.

Por alimentar quero dizer preencher o demônio de significância dando a ele vigor no nosso mundo. Eu me arrisco a dizer que os demônios querem que você prove a si mesmo o quão reais eles reais antes de agirem como tal, mas talvez eles só queriam mesmo nosso culto. Isso pode ser feito de muitas formas diferentes e varia de demônio para demônio mas tem sempre a ver com algum presente ou oferta dado a ele. Entre as possibilidades que citaremos a seguir estão velas, incensos, bebidas e alimentos propriamente ditos. Entretanto, com a prática, você verá que existem outras formas complementares de  alimentação para cada entidade como evocações, afirmações, dança, fluidos sexuais, sangue, dor, entre outros. Além disso os praticantes de vampirismo podem sempre oferecer energia vital sua ou dos demais drenada para este fim. Aos praticantes da magia do caos, basta dizer que qualquer estado de gnosis também pode ser oferecido, respeitando-se é claro, o gosto de cada demônio.

 II.III – A Despedida

Quanto o demônio estiver satisfeito ou, se preferir, completamente carregado de sua energia vital, então seu desejo se torna real. Talvez este seja o conceito mais importante deste artigo então, sob o risco de me repetir vou enfatizar. Tudo é troca. A maior erro dos praticantes inexperientes é achar que os demônios são uma mistura de entidade beneficente com disque-pizza. Eles acendem uma vela, se vestem como se estivessem no século XIII, fazem milhares de piruetas na câmara ritual e no dia seguinte, quando não conseguiram o que queriam, ficam putos e culpam o demônio que não os atendeu. Uma resposta imediata é possível sim, mas apenas depois de investir tempo e energia no domínio do processo. Se você pedir para um amigo um favor urgente, é claro que ele o atenderá com rapidez. Mas peça isso a um estranho e não dê nada em troca, vai ganhar no máximo um olhar de indiferença. Demonologia prática é como um namoro. Demanda tempo e dedicação se você realmente quiser chegar em algum lugar.

Esse namoro não termina nem mesmo depois que seu desejo se concretizou. Depois que seu pedido foi realizado é hora de encerrar apropriadamente sua ligação com o demônio. Isso é muito importante pois te protege de ficar dependente dos demônios eternamente ao mesmo tempo que garante um bom relacionamento para suas futuras necessidades. Outro ponto importante para se ter em mente é que cada demônio tem sua personalidade, sua assinatura energética, sua influência demoníaca, se preferir. Agora faça uma experiência, ou a imagine. O que acontece se você apanhar um prego e ficar passando um ímã perto dele? Depois de alguns instantes o prego passa a atrair metais, ele se torna, por um tempo, um ímã. O mesmo ocorre entre casais, com a convivência um cônjuge começa a adquirir as características do outro, muitos chegam a começar a se parecer fisicamente. Isso acontece em qualquer convívio. Drogas que num primeiro momento servem como recreação, se usadas por muito tempo criam dependência e mudam a personalidade da pessoa.

Animais de estimação, ambientes de trabalho, cores pintadas em  paredes. Isso tudo nos afeta. Agora imagine o que acontece com uma pessoa que está ligada 24 horas por dia a um demônio. Assim, tratar com ele estritamente o necessário e então cortar o vínculo é o melhor que você pode fazer pela sua sanidade e saúde emocional.

A melhor forma de encerrar esse compromisso é chamá-lo novamente e agradecê-lo com suas próprias palavras assim que receber as boas notícias. Alimente-o por mais alguns dias ou faça uma oferenda especial para selar o encerramento do pacto. O que é verdade para humanos é verdade para demônios. Nunca queime uma ponte.

 III – Ofertório

O ofertório a seguir serve de tabela de correspondência para o que pode ser ofertado a cada um dos demônios sugeridos acima. A cor refere-se a cor da vela ou de algum outro item no altar ou na oferta. As Essências podem ser usadas para incenso, como gotas de essência em uma taça de água, perfume ou mesmo em formato de comida ou bebida. O Dia pode significar não apenas o dia do pacto mas também um dia propício para uma oferta especial e para a despedida. Lembre que você não precisa se limitar a estas indicações. Fique atento para os sinais e intuições a este respeito.

Satã

Dia:Domingo

Cor: Dourada

Essência: Canela, louro e alecrim.

Lilith

Dia : Segunda-feira

Vela: Prata

Essência: mirra, jasmim e rosa branca.

Belial

Dia : Terça-feira

Cor: Vermelha

Essência: Pinho, vravo, pinho e absinto

Belphegor

Dia : Quarta-feira

Cor: Laranja

Essência: Benjoim, Lavanda

Astaroth

Dia:Quinta-feira Cor:Azul

Essência:Cedro, Cravo

Lucifer

Dia:Sexta-feira

Cor:Verde

Essência:Almíscar, rosa e verbena, flor de Laranjeira

Leviatã

Dia:Sábado

Cor: Roxo

Incenso:patchulli e cipreste, Violeta

 

IV. Dúvidas Comuns

Como me comunicar com os demônios? A comunicação direta com os demônios é possível, mas não é indicada. Especialmente se você for um iniciante. Se você não tem nenhuma experiência com conjurações evite o diálogo no primeiro momento. Se for realmente necessário iniciar uma conversação (e quase nunca é), os demônios aparecerão para você em sonhos, pois neste estado os olhos da mente estão muito mais abertos. Limite-se apenas ao um protocolo respeitoso de reforço do pacto inicial na hora da alimentação.

Logo de cara, o iniciante pode desistir da idéia neste ponto, afinal quem deseja trabalhar com demônios se não podemos vê-los ou mesmo conversar com eles? E a resposta para isso é simples: Sejam demonologistas sérios! O objetivo deste trabalho é ensinar a trabalhar com demônios, não conseguir provas para satisfazer o ego ou o ego dos amigos do praticante. Demônios existem em planos diferentes do nosso, não tem traquéias e não respiram ar. A voz deles, a não ser que se manifestem em um corpo físico ou de maneira física, a maior parte da comunicação será mental. E é muito fácil confundir seus próprios pensamentos com os deles e isso pode complicar as coisas. Dito isso, se você já se sente confiante o bastante para conversar com o demônio, para aprender mais sobre eles, perguntar coisas ou por sincera curiosidade, comece usando técnicas de divinação como um intermediário. Em seguida passe para técnicas de escrita automática e algaravias. Alie isso à prática do Scrying, explicada a seguir, e com o  tempo conseguirá discernir o dialogo interior com os demônios de seus próprios pensamentos.

 Como enxergar os demônios?

Querer enxergar um demônio é algo como querer dançar um bolo de chocolate. É possivel desde que você mude a receita. A natureza dos demônios não é como a de um quadro onde a luz se reflete e é absorvida pelos olhos. Se quiser enxergar uma entidade não-corporea será necessário usar seus olhos não corpóreos. Na maioria dos casos, como nos sonhos, isso significa fechar seus olhos de carne. Alguns diriam que os demônios só aparecem se realmente quiserem ou se este for um dos pedidos de um pacto no qual concordaram em participar.

Todavia, se você não quer ver os demônios apenas em sonhos ou em visões descontroladas e esporádicas pode tentar a técnica conhecida como Scrying, para forçar seus olhos mentais a abrirem durante a vigília. Para isso, precisará criar um espelho negro.

Para fazer um espelho negro use um porta retrado e pinte um dos lados do vidro com várias camadas de tinta preta. Com Rev Obito aprendi que a ‘Tinta Spray RC280 Metallic Black’ é especialmente boa para espelhos negros porque forma certos reflexos coloridos deformando a luz que se reflete nele. Deixe secar e retorne o vidro para a moldura. Quando quiser treinar sua visão de entidades deixe o espelho na altura dos olhos e concentre-se nele sob a fraca luz de uma vela colocada entre você e o espelho. Esta é uma forma de distrair os olhos físicos e deixar a mente fluir. Não creio em qualquer propriedade sobrenatural do espelho, nem na necessidade de consagrá-lo de qualquer forma, mas sim que é um aparato rústico que funciona como uma máquina Ganzfeld e que fará com que, no estado mental apropriado, sua mente possa formar as imagens na escuridão. Tenha paciência, inicialmente é provável que você veja apenas a sua vista embaçar. Depois de um tempo passará a formar visões aleatórias do seu próprio inconsciente. Se perseverar entretanto, poderá ter visões mais concretas não só do demônio invocado, mas de coisas que ele queira lhe mostrar.

Como me proteger dos demônios evocados? Como se proteger de um convidado? Não o convide em primeiro lugar. É em realidade uma grande hipocrisia evocar um demônio para em seguida prendê-lo dentro de um triângulo e esconder-se dentro de um círculo de proteção. Seria como chamar alguém para jantar e recebê- lo com um revolver em mãos. Isso realmente faz sentido se você trabalha em um paradigma cristão onde os demônios são seus inimigos. Mas a prática da demonologia trabalha com a ideia de somente uma aliança com estas forças e a melhor maneira de obter sucesso.

Não tenha medo do medo. Quem se recusa a ir até o fim em uma prática mágica por medo de cometer algum erro e libertar alguma ‘força maligna’ já esta desde o início cometendo um erro e se abrindo uma porta que não conseguirá fechar sozinho depois. Ao invés disso use o medo ao seu favor. Esse temor que todo praticante sente no começo é natural e não é necessariamente algo ruim. Use o medo ao seu favor como catalizador para uma postura emocional de reverência às entidades que certamente fará bem para todo o processo. O medo pode ser um tipo de gnosis. É verdade que com o tempo você vai se acostumando com a ideia de um relacionamento com os demônios e isso deixa de causar qualquer receio. A essa altura entretanto sua intimidade com eles e sua experiência compensarão as vantagens iniciais do temor perdido. Mas não se preocupe com isso, use o a tensão ao seu favor, a pressa em perder o medo só o intensifica.

Morbitvs Vividvs

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/demonologia-sem-cerimonias/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/demonologia-sem-cerimonias/

O Evangelho do Agnóstico

» Parte final da série “Reflexões sobre a evangelização” ver parte 1 | ver parte 2

As bases filosóficas do agnosticismo foram assentadas no séc. XVIII por Kant e Hume. O termo, porém, foi cunhado pelo biólogo britânico Thomas Huxley em 1876 – ele definiu o agnóstico como aquele que acredita que a questão da existência de Deus não pode e talvez jamais possa ser resolvida.

“O Cosmos é tudo que existe, que existiu ou existirá” – Assim, com essa frase inesquecível, Carl Sagan inaugura o primeiro episódio da série de 13 documentários intitulada “Cosmos”, veiculados na TV americana em 1980, e depois no restante do mundo. Ao pretender explicar ciência e cosmologia para o público leigo, Sagan acabou criando um épico que abrange também muitas questões existenciais, história, mitologia, religião e espiritualidade em geral.

Em alguma costa rochosa, em alguma praia do globo, Sagan observa as ondas, os pássaros, o vento, e algum tempo depois nos traz outra pérola em sua narrativa: “Recentemente, aventuramo-nos um pouco pelo raso (do Cosmos), talvez com água a cobrir-nos o tornozelo, e essa água nos pareceu convidativa. Alguma parte de nosso ser nos diz que essa é a nossa origem. Desejamos muito retornar, e podemos fazê-lo, pois o Cosmos também está dentro de nós. Somos feitos de matéria estelar, somos uma forma do próprio Cosmos conhecer a si mesmo.”

Sagan era profundo conhecedor de religiões e mitologia, além de cientista e cético, mas não era nem ateu nem teísta ou deísta, era puramente agnóstico. Seu evangelho era constituído de uma obra de divulgação científica totalmente voltada para tal espanto, tal deslumbramento, tal amor pela natureza e todo o Cosmos a sua volta. Essa era a boa notícia de Carl…

Para muitos teístas, o fato de existirem pessoas que não creem em um Deus pessoal, ou que pelo menos não tem certeza de sua existência, parece causar um certo desconforto. Não é raro perceber, em qualquer pessoa ligada a doutrinas eclesiásticas, uma tendência a classificar ateus, agnósticos, céticos, e às vezes simplesmente todo e qualquer cientista, como “gente sem fé”, perdida, afastada de Deus, e até mesmo imoral.

Mas a verdade é que, a despeito do aparente consenso dos eclesiásticos, a moralidade, o amor, não são exclusividade daqueles que oram todos os dias a Deus, que frequentam missas, que consultam algum manual da Verdade Absoluta frequentemente. Para o religioso superficial, isto que digo não levanta muitas questões – “Ora, mas é exatamente assim: uns são bons, outros maus, crer em Deus não faz de ninguém um santo”. Sim, isso faz sentido, mas a questão é mais profunda…

Se Deus existe – e para teístas e deístas ele certamente existe –, porque ele “permite” que algumas de suas criaturas vivam sem sequer crer nele?

Em outro produto da obra de Sagan, o livro de ficção “Contato”, que também deu origem a um excelente filme homônimo, é descrito um contato com inteligências extra-terrestres de uma forma verossímel e científica. Existe também um conflito entre as crenças de cientistas e religiosos – em dado momento, a protagonista do primeiro contato (no livro são vários contatos ao longo das décadas, no filme há apenas um), uma cientista agnóstica, nos traz uma importante indagação:

“Se Deus quisesse nos mandar uma mensagem e escrituras antigas fossem a única forma que pudesse imaginar, ele poderia ter feito um trabalho melhor. E ele dificilmente teria que se confinar a escrituras. Por que não há um monstruoso crucifixo orbitando a Terra? Por que a superfície da Lua não é coberta com os Dez Mandamentos? Por que Deus deveria ser tão claro na Bíblia e tão obscuro no mundo?”

Ao contrário do que muitos eclesiásticos possam imaginar, esta mensagem não denota um pensamento que diminua de alguma forma a importância da Bíblia, mas antes um pensamento que aumenta enormemente a amplitude do que há de sagrado no mundo – o reino é todo o Cosmos. E não poderia ser de outra forma…

Podemos encontrar neste mundo ateus, agnósticos, teístas e deístas, sim isso tudo é verdade. Mas será muito difícil encontrar algum ser que negue a existência de um sistema que rege todo o universo. Seja a crença nas leis fundamentais da natureza, seja a crença nos desígnios divinos, seja um misto de ambos, todos creem em algum sistema, cuja função pode ainda ser um mistério – mas que há de ser buscado, há de ser resolvido passo a passo, por todos nós, juntos!

Sim, nós realmente somos a forma do Cosmos conhecer a si mesmo. E pouco importa, na prática, se tal Cosmos é um ser pessoal, uma força cósmica ou até mesmo um acaso miraculoso – pois no fim, conforme postularam Kant e Hume, não compreendemos ainda muito bem nenhum deles, não podemos ainda resolver tal questão. Será que poderemos um dia?

Para resolvê-la, talvez não bastem apenas orações e experiências místicas, apenas meditação e autoconhecimento, mas também o estudo meticuloso, prático, objetivo, material, profundamente mundano, da natureza a nossa volta. Há muitos gigantes da história da ciência que, buscando talvez um deus barbudo senhor dos exércitos, acabou esbarrando em verdades muito mais profundas. Talvez buscando um reino confinado a um pequeno pedaço de rocha na periferia da uma de bilhões de galáxias, acabou esbarrando no infinito.

E, se mesmo hoje existem seres que buscam aos mistérios de Deus sem sequer crer nele, que se aventuram pelas entranhas dos átomos e quarks, pelo reino bizarro da mecânica quântica, pelos códigos ocultos do DNA, pelos quasares e sóis distantes, pelas singularidades de seções inimagináveis do espaço-tempo, deixem que busquem, pois de uma coisa teremos sempre a certeza: é impossível estar “fora” de Deus.

Talvez o trabalho deles seja tão importante para o mundo quanto os mandamentos dos evangelhos. O importante é encarar as boas novas não como enigmas solucionados, mas como o início de um caminho, subjetivo e objetivo, interior e exterior, que preenche toda nossa existência.

Amai sim, o próximo, e toda a vida, como a ti mesmo. Mas amai a coletividade da vida, amai os átomos que nos conectam a tudo e a todos em uma teia sem fim, amai ao Cosmos acima de todas as coisas.

***

Crédito das imagens: Divulgação (Cosmos de Carl Sagan).

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Espiritualidade #Deus #CarlSagan #universo #Ciência #Bíblia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-evangelho-do-agn%C3%B3stico

A Chave de Prata – O Ritual do Décimo Nono Portal

Morbitvs Vividvs

“Zin se encontra na Terra dos Sonhos, sob uma ancestral cidade sem nome, habitada por aterradores gigantes que também se lembram da era das Antigas Criaturas, mas não se lembram do Símbolo dos Deuses Mais Antigos…As Portas são uma caminho alternativo para a Terra dos Sonhos, o outro sendo os setecentos degraus para o Portal do Sono Profundo. O número de Portas a serem transpostas não é conhecido, mas você deve permanecer caminhando até que as trevas de Zin se manifestem, o que pode acontecer após se ter atravessado por apenas duas portas, ou se estender à travessia de não menos de oito delas. Sabe-se também que possuindo a chave correta as Portas podem levar o mago para o lugar que desejar na Terra dos Sonhos.”  – O Livro da Chave 

Este é sem dúvida o ritual mais poderoso que já compartilhei. A operação que mostrarei seguir fez parte do processo criativo que culminou em boa parte de todos os meus livros e em porção substancial de meus textos. Ela faz parte de um ensinamento oculto do do círculo interno do Templo de Satã que só agora está sendo aberto.

O objetivo desta operação é permitir ao celebrante adentrar dentro de todos os Aethyrs e de lá extrair visões. Os 30 Aethyres desenham o mapa do universo conhecido na forma de anéis concêntricos. Sendo que o 30º TEX é o mais interno e o 1º LIL é mais externo. Se você precisa de um forte influxo de inspiração e criatividade este é o mais potente caminho a seguir, em especial se busca conhecimentos do chamado Oculto ainda não disponíveis na literatura atual ou de difícil acesso.

Trata-se do mesmo mecanismo usado por John Dee, Aleister Crowley e Michael Aquino. Boa parte do currículo da Golden Dawn foi criado de ensinamentos extraídos de visitas aos Aethyres.  Aleister Crowley também buscou entrar neles e descreveu seus resultados em “A Visão e a Voz”, Liber 418 onde afirma que “O conhecimento dos Éteres é mais profundo do que o das Sephiroth, pois nos Éteres está o conhecimento dos aeons e de Thelema”. Não é segredo que às principais ideias do seu sistema de magia sexual vieram desta operação. Michael Aquino também utilizou um método semelhante na invocação chamada por ele de “Palavras de Set” e daquilo que obteve criou muitos materiais usados tanto na Church of Satan como no Temple of Set. 

Requisitos para o ritual 

Deve se garantir antes de começar vocês terá bastante tempo disponível e não será interrompidos. O ideal é realizar a operação em algum lugar afastado longe das poluições sonoras próprias das cidades.  

Tenha decorado o nome do Aethyrs que se quer chamar bem como o de seus governantes. Os nomes são aqueles encontrados nas tábuas enoquianas, para facilitar eles serão relacionados em um tópico mais a frente. 

O jejum é recomendado para aumentar os resultados das visões. O estado ideal é aquele em que o corpo já parou de reclamar de fome caso contrário a própria fome será uma distração. Se o jejum não for usado uma refeição leve é feita cerca de uma hora antes da operação. refeições pesadas devem ser evitadas de qualquer forma. 

Uma cerimônia noturna é mais indicada pois o estado de leve sonolência é apropriado. a posição rija garantirá que não se caia no sono.  Não deveria ser preciso ressaltar, mas o treinamento adequado de concentração e visualização mental são pré-requisitos.

A Chave de Prata

 

A Chave de Prata não é requisito para a operação mas mostrou-se muito útil como ferramenta de proteção. Criá-la não é difícil. O praticante deve deitar em um lugar confortável e silencioso, podendo acender um incenso se desejar. Após relaxar alguns instantes o corpo se tornará pesado e a mente enxergando as trevas deve tranquilamente dar a forma, tendo antes guardado na memória sua aparência.  

Ele deve então enxergar os raios da Lua sendo refletidos na Chave, gradualmente a tornando Prateada. O procedimento deve ser repetido por alguns dias para que a chave se torne facilmente visualizada com detalhes sempre que se quiser. 

Os Governantes dos Aethyrs 

Não é sábio avançar para Aethyrs mais externo sem passar pelos anteriores sendo que o início óbvio é TEX. Um retiro de um mês dedicado a invocação dos 30 Aethyrs é algo absolutamente transformador. 

  1. LIL

Occodon Pascomb Valgars     

  1. ARN

Doagnis Pacasna Dialioa     

  1. ZOM

Samapha Virooli Andispi     

  1. PAZ

Thotanp Axziarg Pothnir     

  1. LIT

Lazdixi Nocamal Tiarpax     

  1. MAZ

Saxtomp Vavaamp Zirzid     

  1. DEO

Opmacas Genadol Aspiaon     

  1. ZID

Zamfres Todnaon Pristac     

  1. ZIP

Oddiorg Cralpir Doanzin     

  1. ZAX

Lexarph Comanan Tabitom     

  1. ICH

Molpand Usnarda Ponodol     

  1. LOE

Tapamal Gedoons Ambriol     

  1. ZIM

Gecaond Laparin  Docepax     

  1. UTA

Tedoond Vivipos Ooanamb     

  1. OXO

Tahamdo Nociabi   Tastoxo     

  1. LEA

Cucarpt Lauacon Sochial     

  1. TAN

Sigmorf  Avdropt  Tocarzi     

  1. ZEN

Nabaomi  Zafasai Yalpamb     

  1. POP

Torzoxi  Abriond Omagrap     

  1. CHR

Zildron Parziba Totocan     

  1. ASP

Chirzpa Toantom Vixpalg     

  1. LIN

Ozidaia Paraoan Calzirg     

  1. TOR

Ronoomb Onizimp Zaxanin     

  1. NIA

Orcanir  Chialps Soageel     

  1. UTI

Mirzind Obvaors Ranglam     

  1. DES

Pophand Nigrana Bazchim     

  1. ZAA

Saziami Mathula Krpanib     

  1. BAG

Labnixp Poclsni Oxlopar     

  1. RII

Vastrim Odraxti Gmziam     

  1. TEX

Taoagla Gemnimb Advorpt  Doxmael Laxdizi  

O RITUAL 

 1 – O altar satânico é arranjado como de costume com uma cadeira em sua frente e os sete primeiros passos descritos na Bíblia Satânica são seguidos. Os nomes infernais lidos devem ser os nomes dos governadores do Aethry. 

 3 – Leitura em voz alta da  Décima Nona Chave Enoquiana (em português). 

 *O celebrante então deve sentar-se confortavelmente em uma cadeia com as costas retas, os pés firmes no chão e as mãos sobre as coxas.

 4 –  Fazer nove respirações profundas enquanto dá forma em sua mente a uma Chave de Prata..  

 5 – Entoe a Décima Nona Chave Enoquiana (em enoquiano). O celebrante deve permitir que seu senso estético o guie na entoação. É importante é que a terceira palavra da chave LIL, seja substituída pelo nome do Aethyrs que se está abrindo. 

 6 – Em seguida feche os olhos e esvaziar a mente para que possa enxergar às trevas.  

 7 – Com a imagem da chave criada na mente deve ser vista agora uma Porta atrás dela, o desenho da porta não importa, basta que seja grande o bastante para se passar por ela.  A Chave deve ser colocada sobre a porta para que esta se abra e possa ser atravessada. 

 8 – Ao atravessar deixe a mente tão receptiva quanto possível para quaisquer imagens, sons ou ideias e sentimentos que irão surgir. A experiência deverá ser semelhante a um sonho, com a diferença que você estará no controle e acordado. As coisas mais belas, estranhas e horríveis e maravilhosas poderão agora ser encontradas.  

 Caso a visão se enfraqueça, fique confusa demais veja a Chave de Prata aumentar seu brilho para limpar a mente e aumentar seu foco. Crie uma nova porta e entre por ela como fez. Se a situação complicar e você cair nas garras do medo você deve abandonar viagem o mais rápido antes de se encontrar em uma situação de real perigo 

 7 – Para encerrar a viagem você deve uma vez mais apanhar a Chave de Prata e deixar seu brilho se irradiar com cada vez mais intensidade até que nada além de sua luz prateada possa ser visto. Então o brilho deve ir reduzindo sua intensidade e você estará a salvo para retornar à sua próprias esfera. Por fim de olhos abertos entoe mais uma vez os nomes dos governantes. 

 8 –  Ritual do Pentagrama invertido em banimento.

 9 – Se encerra a cerimônia de acordo com o procedimento padrão, tocar o sino e dizendo as palavras  “Assim está feito”. 

 Conselhos práticos 

 A paciência é uma chave no momento da visualização. Para ajudar a mente após atravessar você pode imaginar outras portas sendo abertas, um imenso labirinto ou uma floresta por exemplo criando assim um ambiente para às manifestações. Mas este deve ser o máximo que a imaginação ativa deve criar. 

 Você pode não ver nada nos primeiros dez ou mesmo vinte minutos. Qualquer sentimento de se estar perdendo tempo ou se esforçando de mais pode arruinar a operação. Mantenha a postura relaxada, a mente quieta e aguarde. 

 Em grupos algumas pessoas terão mais facilidade com a prática do que outras. Nestes casos uma delas pode assumir o papel de escriba enquanto a outra descreve as imagens e impressões que surgem em sua mente. Em praticantes solitários não se deve fazer anotações para não se perde o foco, pois interromper as visões é semelhante a interromper sonhos e raramente são recuperados.  

 Nestes casos uma gravação para transcrição futuro é mais adequada. 

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/a-chave-de-prata-o-decimo-nono-portal/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/a-chave-de-prata-o-decimo-nono-portal/

‘Árvore Qliphotica: Seu mapa de fuga da prisão

Tamosauskas

Este material é um acompanhamento do curso de Qlipoth: A Árvore da Morte, oferecido por Marcelo del Debbio adicionado de alguns insights pessoais do autor e apresenta uma introdução ao estudo da árvore da morte da cabala qliphótica. Esse estudo pode trazer medo quem só está acostumado com o lado luminoso da cabala e ilusões quem não está acostumado com cabala nenhuma. Ele fornece entretanto conceitos importantes tanto para quem quer evitar os erros do caminho com para quem quer se proteger da malícia dos demais.

Lida de cima para baixo a árvore da morte é um manual de como a opressão é criada e mantida,  Lido de baixo para cima entretanto pode ser vista como uma rota de fuga. Um mapa capaz de denunciar os mecanismos usados para nos escravizar. Este resumo trará a segunda opção com os nomes e características de cada Qlipha, bem como dos túneis que as ligam. Também foi incluído um pequeno questionamento meditativo em cada qlipha sobre os obstáculos que a árvore da morte impõe.Também será fornecida uma referência de ficção da literatura ou do cinema de uma distopia .

Entretanto a forma mais de compreender a árvore da morte é comparar cada um de seus elementos com seu correspondente na árvore da vida. Trata-se sempre de uma versão corrompida, prostituída e degenerada de sua contraparte. Por essa razão a cada elemento estudado será sempre mencionada a sephira ou caminho da qual é a sombra. Se estes nomes forem novidades para você, interrompa a leitura e faça um estudo da cabala pela via luminosa antes de continuar.

Conceitos chave:

  •  Árvore da morte: É o oposto da árvore da vida. Composta por qliphoth e túneis.Algumas pessoas tratam a árvore da morte como como as raízes subterrâneas, a sombra ou ainda o reflexo invertido da árvore da vida.
  • Qlipha: Qlipha (plural Qliphoth) é para a árvore da morte o que uma sephiras é para a árvore da vida. Cada uma possui sua correspondente em uma das duas árvores. Qlipha significa literalmente casca no mesmo sentido da casca de uma fruta, que depois de separada de sua polpa doce e nutritiva e só que só serve para ser jogada fora para servir de adubo.
  • Túneis: Os túneis ligam duas qliphoth na árvore da morte da mesma maneira que os caminhos ligam duas sephiroth na árvore da vida. São pontos em que duas forças se influenciam mutuamente gerando um resultado específico e que engana e prende a luz como uma teia.

Vejamos agora as Qliphoth e seus túneis separadamente:

X – Nahema (Os sussuradores)

Sombra de Malkuth

Conceito chave: escravidão

Ficção distópica: Matrix

Também chamada de Lilith. Esta é a masmorra, o porão da árvore da morte. É o resultado concreto em um reino de escravidão, ignorância e servidão onde em vez de perseguirem sua verdadeira vontade as pessoas aceitam, servem e obedecem completamente um sistema criado para aprisioná-las. É uma jaula fácil de ver por fora mais difícil de enxergar por dentro. Por essa razão é trivial detectar as ideologias, sistemas e religiões que manipulam outras pessoas mas é muito difícil detectar os sistemas que manipulam a nós mesmos. A primeira atitude para quem quer liberdade é se tornar consciente da falta dela.

Questionamento meditativo:

“Consigo enxergar os mecanismos de escravidão em que estamos imersos?”

 

IX –  Gamaliel (Os obscenos)

Sombra de Yesod
Conceito chave: Ilusão
Ficção distópica: Jogos Vorazes, a Ilha

Gamaliel é a terra das ilusões. Enquanto a imaginação consciente pode ser libertadora a mera fantasia é um grande obstáculo para o desenvolvimento. Em Gamaliel são produzidas as aspirações e ideias de que que um dia, de alguma forma a verdadeira realização virá e justificará toda escravidão dando então ao oprimido os mesmos benefícios que os opressores já tem.  Essa mitologia artificial deve de preferência durar toda a vida, por isso tradicionalmente nos sistemas religiosos a justificação só ocorre depois da morte. Enquanto isso, em termos de política, o socialismo convence as massas que a elite do partido é um mal temporário é necessário e o capitalismo convence os pobres que um dia, se tiverem sorte ou trabalharem muito poderão se tornar ricos. Tudo isso faz os prisioneiro serem os primeiros a defender suas prisões e a defender o mesmo sistema que os vampiriza. Na escala pessoal se trata da preguiça e da auto-ilusão que tudo consome e nada produz.

Questionamento meditativo:

“Quanto da minha criatividade é limitada pelas fantasias que consumo?”

 

Túneis:

32 (IX – X)

Thantifarax (Intolerância)

Sombra do Mundo

Afim de vender as ilusões de Gamaliel dominar os escravos de Nahema, Thantifarax, o carcereiro do jardim do éden, é a intolerância que garante exclusividade dos sonhos. Individualmente é a incapacidade de imaginar. Na sociedade  é o consumo apenas dos mitos enlatados e autorizados rechaçando qualquer sonho que saia da norma como ridículo, insano ou perverso.

 

VIII – Samael (O veneno de Deus)

Sombra de Hod

Conceito chave: Mentira

Ficção distópica: 1984

Esta qlipha é a ninho da mentira e da desonestidade intelectual e da auto-ilusão. Aqui os interesses são mais importantes do que a verdade e a própria linguagem é manipulada para não mais expressar a realidade mas sim favorecer nossos planos. No indivíduo essa sombra se manifesta sempre que pronunciamos inverdades e distorcemos os fatos por interesse próprio. Em uma escala maior ela faz nascer o controle da mídia para atender interesses políticos. Por essa razão quem tem o poder político sempre tentará controlar o poder midiático. Além disso o próprio controle de quais palavras e rótulos são usados para descrever uma situação já é uma expressão de poder. Usualmente em um sistema opressor bem estabelecido a liberdade de expressão é cerceada e toda produção intelectual precisa de aprovação.

 

Questionamento meditativo:

“Fui convencido de que algo é tão complicado que não possa entender?”

“Minto para mim mesmo por conforto ou comodismo?”

 

Túneis:

 

31(VIII-X) Shalicu  (preconceito)

Sombra do Julgamento
As mentiras fabricadas em Samael são perpetuadas no reino de Nahema através do preconceito. A cultura de escravidão e das falsas idéias são disseminada aqui por meio do uso de imagens, símbolos, piadas, histórias e linguagem viciadas que sustentam algumas mentiras essenciais.

 

30 (VIII-IX) Raflifu (falsos ídolos)

Sombra do Sol

Para assegurar que as mentiras se integrem a sociedade são construídos ídolos que representam o sucesso dentro de um sistema particular.  Estes falsos ídolos, são castas ou heróis que representam os sonhos encarnados dos escravos, mostrando que é possível chegar lá. Para serem como eles as massas o imitarão e farão tudo o que ele disser.

 

VII – A’arab’zarak (Os corvos da dispersão)

Sombra de Netzach

Conceito chave: Distração

Ficção distópica: Admirável Mundo Novo

Aqui gralham os corvos da dispersão cujo grande objetivo é tirar o nosso foco. Na esfera pessoal a influência dessa qlipha é sentida no escapismo de distrações usadas como válvula de escape para os problemas reais. Na esfera coletiva essas distrações reafirmam as ilusões criadas em Gamaiel e as mentiras criadas em Samael quando as autoridades desviam a atenção das massas mantendo-as ocupadas e longe das questões importantes e dos problemas reais. É o famoso Pão e Circo de Roma que se desenvolveu hoje para se transformar na indústria do entretenimento vazio onde o burlesco e o grotesco impede as pessoas de pensarem.

 

Questionamento meditativo:
“As distrações que me ocupam me afastam de meus problemas reais?”

 

Túneis:

 

29 (VII-X) Quliefi (Medo)

Sombra da Lua

Por outro lado quando os corvos da distrações falam diretamente com os escravos é sempre em um contexto de restrição no intuito de gerar um medo institucionalizado. Enquanto Tzuflifu diz que tudo vale, Quliefi brada que tudo é proibido. Isso torna os escravos confusos, sem saber como agir, para onde seguir e prontos para obedecer.

 

28 (VII-IX) Tzuflifu (Desejos)

Sombra do Imperador

As distrações de  A’arab’zmak quando conversam com as ilusões de Gamaliel criam um espaço onde finalmente os oprimidos podem dar vazão aos seus desejos. Numa escala pessoal aqui estão os vícios m geral Seguindo uma receita aprovada todos os desejos e paixões podem ser satisfeitos. Estes desejos não são apenas permitidos, mas compulsórios e quem quer que não os alimente é um proscrito.

 

27 (VII-VIII) – Paraxitas (Ódio ao diferente)

Sombra da Torre

As distrações de  A’arab’zmak somadas as mentiras de Samael se unem para formar uma casca mental de o ódio a tudo o que for diferente.  Assim esse túnel é a origem de toda cultura do “nós contra eles” e faz uma eficiente separação de seres humanos em grupos opostos. Se você identifica um certo ódio irracional a um tipo específico de ser humano, provavelmente já está respirando o ar deste túnel.

 

VI – Thagirion (O Sol Negro)

Sombra de Tipheret

Conceito chave: Egoísmo

Ficção distópica: V de Vingança

Thagirion é o agente centralizador das ações de todas as esferas vistas anteriormente. Ela queima com a  obsessão de fazer valer seus desejos acima de todas as outras  vontades e arde ao extremo de não emitir mais qualquer luz de cima. Isso faz  a estrela da vontade entrar em colapso gravitacional tornando-se um grande buraco negro no centro da árvore da morte. Em uma escala pessoal é o egoísmo autoritário, na história tem se traduzido na ascensão de imperadores na antiguidade e dos grandes ditadores industriais como Stalin, Hitler e Mao.

 

Questionamento meditativo:

“Abro mão de minha verdadeira vontade por medo e insegurança? Sou autoritário com alguém?”

 

Túneis:

 

26 (VI-VIII) A’ano’nin (Propaganda)

Sombra do Diabo

O imperativo egolatria de Thagirion é reforçado por meio da máquina da propaganda. Ou seja, um esforço ativo e oficial de promulgar sua ideologia e, muitas vezes, um culto a sua imagem divina. Na política pode surgir como um monopólio declarado dos meios de comunicação ou como criptocracia das mídias por parte

dos poderosos.

 

25 (VI-IX) SakSakSalin (Status Quo)

Sombra da Temperança

A normalização da realidade para atender os designeos de Thagirion é o que dá origem ao status quo. A idéia aqui é que a opressão não é apenas uma configuração arquitetada com malícia mas sim o estado natural e original das coisas. Qualquer tentativa de mudança é portanto não natural e fadada ao fracasso.

 

24 (VI-VII) Niantiel (Culto a juventude)

Sombra da Morte

Uma das maneiras de tornar seu controle certo é criar nos escravos um culto a juventude no qual qualquer acúmulo de sabedoria ou vivência é visto como não desejável. A indústria da moda, os padrões de beleza são alguns de seus efeitos físicos na coletividade. Mas o culto a ignorância e a infantilização são também sinais mais sutis deste túnel.

 

V – Golachab (Os incendiários)

 

Sombra de Geburah

Conceito chave: Violência

Ficção distópica: MadMax

Esta é a esfera da violência e da subjugação por meio do uso da força. Sua diretriz é reinar pelo terror causando danos, sofrimento ou morte em qualquer oposição. No mundo particular se traduz em ira ou mesmo violência doméstica e em termos de geopolítica na indústria bélica. O monopólio das armas e o constante pensamento belicoso é um dos mais antigos artifícios de tomada e concentração da autoridade. Se a concentração de força for desproporcional a opressão está garantida, permitindo como disse Sun Tzu, em A Arte da Guerra, subjugar o inimigo sem lutar. Quem controla as armas coloca-se ainda acima de todos os conflitos menores e geralmente prospera vendendo munição para os dois lados.

 

Questionamento meditativo:

“De quem ou do que tenho medo? Do que esse medo me afasta?”

 

Túneis:

 

23 (V-VIII) Malkunofat (Burocracia)

Sombra do Enforcado

A força de Gloachab se expressa no mundo das mentiras de Samael por meio da regularização extrema e imposição de regras e procedimentos explícitos. Aqui nascem os impostos dos governos,  as regras inúteis capazes de validar ou invalidar rituais e em particular a hierarquia das castas que colocam cada pessoa em seu devido lugar.

 

22 (V-VI) Lafoursian (Injustiça)

Sombra da Justiça

Enquanto as regras de  Malkunofat algemam toda intelectualidade, Lafousian estabelece a injustiça por meio de uma política de exceção. Por um lado isso significa que algumas pessoas terão tratamento especial enquanto outras pessoas enfrentarão todo o rigor da lei. A decisão de quem é quem cabe a quem possui o monopólio da violência.

 

IV – Gma’Asheklah (Os perturbadores)

Sombra de Chesed
Conceito chave: Ganância
Ficção distópica: Elysium

A influência dessa qlipha se revela quando a prosperidade e riqueza serve apenas a si mesma.  Quando isso acontece o comércio e a indústria não prosperaram mais provendo soluções, mas sim perpetuando problemas. Aqui nascem as atuais indústrias químico-farmacêutica-alimentar onde as sementes só podem ser plantadas uma vez para serem compradas e remédios de uso prolongado recebem mais pesquisas do que a cura das doenças propriamente ditas. É também a casa da indústria financeira onde riqueza não tem mais origem no trabalho e sim na especulação e nos juros sobre juros. Em uma escala microcósmica a influência dessa qlipha pode ser vista quando o dinheiro torna-se um fim em si mesmo.

 

Questionamento meditativo

“Quais são as coisas que cobiço? Do que essa cobiça me afasta?”

 

Túneis

 

21 (IV-VIII) Kurgasiax (Poluição)

Sombra da Roda da Fortuna

A fim de vender e enriquecer cada vez mais Gma’Asheklah produz neste túnel toda sorte de poluição. De um lado do túnel o vendedores vendem qualquer coisa que gere lucro, do outro lado o comprador compra qualquer coisa que lhe sirva de distração. Isso significa total negligência com as consequências de longo prazo, o meio ambiente e as outras pessoas.

 

20 (IV-VI) Yamalu (Suborno)

Sombra do Heremita

O poder do ego aliado ao desejo da riqueza por si só faz nascer o corrupto e o corruptor. Sabendo disso Gma’Asheklah e Thagirion se manipulam mutuamente o tempo todo, um para acumular ainda mais recursos e o outro para impor mais facilmente seus planos

 

19 (IV-V) Temphioty (Desumanização)

Sombra da Força

O acúmulo de poder como meta e a violência extrema como método nos levam ao último limiar da árvore da morte que ainda pode ser considerado humano. Aqui ocorre a completa desumanização e não existe mais nenhuma barreira. O “Nós contra eles” se degenera ainda mais e dá origem ao “Eu contra todos”.

 

III – Satariel (Os ocultadores)

Sombra de Binah

Conceito chave: Negação

Ficção distópica: Fahrenheit 451

Ocultar recursos, informações e possibilidades é o que rege esta qlipha. A idéia é que as pessoas não podem lutar contra um inimigo que você nem sabem que existe e não podem buscar por tesouros dos quais você nunca ouviram falar. Daí vem o impulso imediato de todo criminoso de ocultar o próprio crime e de todo ser humano de negar as próprias falhas. Além disso, quanto mais subimos na hierarquia de uma corporação, mais avessa ela será a transparência. Existem câmeras de vídeo apontando para a cabeça de todo caixa, mas nenhuma janela nas salas de reunião de cúpula. O governo nega ter conhecimento.

 

Questionamento meditativo:

“Sou um agente de luz e libertação ou um agente da restrição e ocultamento?”

 

Túneis:

18 (III – V) – Characith (Censura)

Sombra da Carruagem

A ocultação violenta se traduz em censura.  Ou seja, no uso sistemático de uma força superior para suprimir idéias, recursos e pessoas. Queimar livros, controlar acesso, proibir manifestações e calar pessoas são os primeiros degraus deste túnel, o último deles é a execução  de qualquer pessoa que pense ou fale demais.

 

17 (III-VI) – Zanradiel (Difamação)

Sombra dos Amantes

Difamação é outra arma usada para ocultar esforços da oposição. Numa escala pessoal este túnel se traduz na fofoca e na inveja, mas na humanidade não faltaram exemplos históricos do uso sistemático da difamação como no macartismo e na inquisição espanhola.

 

II – Ghogiel (Os estorvadores)

Sombra de Chokmah

Conceito chave: Confusão

Ficção distópica: Arquivo X

Enquanto Satariel preocupa-se em ocultar a realidade por meio da restrição e da falta de acesso, Gkogiel faz a mesma coisa por meio de um lamaçal de lixos inúteis, vomitando infinitas versões deturpadas da verdade. A idéia aqui é que a razão se não pode ser completamente eliminada ela será então ocultada em uma multidão de irracionalidade. A verdade desaparece assim em meio a um mar de mentiras. Um governo por exemplo pode criar e soltar as mais bizarras teorias da conspiração para ocultar a conspiração verdadeira tornando-se impossível distinguir o certo do errado. Os estorvadores causam a alienação pelo excesso de informação.

 

Questionamento meditativo:

“As coisas que consum, defendo, e acredito colaboram com minha verdadeira vontade?”

 

Túneis:

 

16 (II-IV) Uriens (Sectarismo)

Sombra do Hierofante

O enxame de lixo de Gkogiel  encontra a ganância de  Gma’Asheklah e dá origem ao túnel do sectarismo.  Em pequena escala aqui nascem as panelinhas, mas nas grandes corporações gera círculos internos dentro de círculos internos e eventualmente no surgimento de dissidências concorrentes.

 

15 (II-VI) Hemetherith (Loucura)

Sombra da Estrela

O ego inflado em Thagirion dá a luz a todo tipo de extravagância que reforça seu poder e caráter único distanciando-o das demais pessoas. Desvirtuada da verdadeira vontade quando mais poder, mais loucura ao ponto de não haver diferença entre o poder supremo e a loucura completa.

 

14 (II-III) Dagdagiel (Corrupção)

Sombra da Imperatriz

Ação dos ocultadores e dos estorvadores dão origem a corrupção em seu sentido mais abstrato, de essência estragada, ou core (núcleo), rupto (rompido). Se estabelece uma versão invertida do lema caoista e então “Nada é permitido e tudo é verdadeiro”. Daqui o erro se multiplica de forma virulenta para todos os outros túneis abaixo como uma herança maldita, um pecado original e um câncer fora de controle que cresce até consumir tudo, incluindo a si mesmo.

 

I – Thaumiel (O Gêmeo de Deus)

Sombra de Kether.

Conceito chave: Destruição

Ficção distópica: H.P. Lovecraft

Toda perversão vista nas outras sombras e que causam a escravidão ao desembocar em Nahema podem ser rastreadas até essa qlipha que essencialmente fala da essência do mal sendo causada por um ato de vontade externo ao sistema em uma intenção de destruí-lo. Essa é a única explicação possível para a existência da arte da morte, pois ela existe em uma constante situação de auto-destruição com diversos sistemas de opressão concorrendo uns com os outros e  se destruindo mutuamente. Segundo a tradição da cabala sepharadita, por exemplo, entidades de fora do nosso sistema solar, não podendo participar da criação de nosso mundo lançaram no coração humano suas sementes de corrupção e essas sementes por sua vez destroem toda a árvore da vida, de dentro para fora. Esses seres anti-cósmicos são retratados também nos mitos de H.P Lovecraft que fala de deuses extraterrenos completamente fora de nossa realidade, sem qualquer interesse humano e capazes de destruir tudo o que existe.

 

Questionamento meditativo:

 

“Eu mesmo colaboro com a escravidão e opressão de outras pessoas?”

 

Túneis

 

13 (I-IV) Gargoprias (Traição)

Sombra do Sacerdotiza

O agente externo é o verdadeiro manipulador que puxa os cordões de quem puxa o cordão. Ele promete o domínio completo da árvore ao mesmo tempo que estimula sua destruição, o resultado não poderia ser outro senão a traição. O ego pensa estar traindo o mundo quando na verdade está sendo traído e colaborando com sua aniquilação final.

 

12 (I-III) Barachial (Feitiçaria)

Sombra do Mago

As sementes do mal de Thaumiel podem corromper mais facilmente o sistema quando existe dentro dele um agente colaborador. A figura do mago negro como alguém que usa a feitiçaria de um poder sombrio superior é fácil de visualizar e representa bem este túnel, mas em outras escalas a feitiçaria está presente em qualquer ato intencional e consciente de maldade. Esse agente entende que a árvore da morte não pode ser mantida por muito tempo e, decidido a tirar o maior proveito possível antes da destruição final, opta pelo mal.

 

11 (I-II) Amprodias (Suicídio)

Sombra do Louco

O terceiro túnel que liga a Thaumiel é o daquelas pessoas que, entendendo que a árvore da morte é por si só decadente e que esconde em sua própria estrutura a essência de sua destruição, não vê outra solução senão destruir a si mesmo em antecipação da destruição do todo. Essas pessoas também optam pelo mal, mas levam seu ódio ao cosmos a última consequência acabando com sua própria vida numa tentativa de escapar do sistema.

 

Considerações finais

 

Embora essas explicações possam dar a entender que a Árvore da Morte só existe em grandes instituições, seitas e organizações, devemos considerar que o aspecto sombrio pode estar presente em qualquer manifestação. Mesmo uma relação a dois pode ser qliphotica. Ainda mais, é possível e bastante comum sabotarmos nós mesmos e assim fazemos sempre que nos desvirtuamos do caminho de nossa verdadeira vontade.

 

Rápidas Análises Qliphotica

Com base no que foi passado tentamos estruturar duas árvores da morte para servirem de comparação.

Este primeiro exemplo foi escolhido para mostrar como é muito fácil ver os mecanismos de escravização dos outros, particularmente um tão reforçado atualmente como a alemanha nazista. Por outro lado o atual sistema ocidental também tem um viés escravizador que muitas vezes passa despercebido.

Qlipha Terceiro Reich Ocidente
I. Thaumiel Mönch mit dem grünen Handschuh
(O monge da luva verde)
Elite Oculta (?)
(“Illuminati”, “sionistas”, “reptilianos”, etc..)
II. Ghogiel Contrainformação e Naziesoterismo
(Heinrich Himmler, Der Stürmer, Julios Evola, Savitri Devi Mukherji,
Karl Maria Wiligut)
Grande Mídia
(Thomson-Reuters, Time-Warner, News Corporation)
III. Satariel Gestapo
(Walter Schellenberg, Espionagem, Bücherverbrennung)
G8
(NSA, CIA, MI6, GCHQ, etc…)
IV. Gma’Asheklah Fascismo

(Lebensraum, Dr. Hjalmar Schacht )

Indústria Petroquímica
(Exxon Mobil, Chevron, Bayer, Basf, etc…)
V. Golachab Militarismo
(Invasões, Präventivkrieg, Holocausto, Einsatzgruppen)
Indústria Bélica
(Lockheed Martin, Constellis Holdings, Boeing, etc…)
VI. Thagirion Adolf Hitler

(Führerprinzip, Gleichschaltung)

Elite Financeira
Bilderberg Group, Fórum Econômico Mundial, etc…)
VII. A’arab’zmak Propaganda e Totalitarismo

(Lebensorn, Joseph Goebbels)

Show business e Politicamente correto
(Comcast, Disney, Sony, Viacom, etc..)
VIII. Samael Filosofia e Ciência Nazista
(Nietzschismo, Darwinismo Social, Eugenia,  Racismo, Joseph Mengele)
Controle da Informação
(Silicon valley: Google, Facebook, Amazon, Apple, Microsoft, etc..)
IX. Gamaliel Ideal Nazista

(Volksgemeinschaft, Herrenvolk, Richard Wagner, Leni Riefenstahl, Albert Speer)

American Way of Life
X. Nahema Povo Alemão Consumismo Global

A segunda análise traz duas aproximações genérica para facilitar o reconhecimento de uma natureza Qliphotica em cultos e organizações políticas. O primeiro caso é um bom exemplo de árvore da morte de ação particular, e o segundo de ação coletiva, embora é claro uma coisa afete a outra. Note que em ambos os casos em Thaumiel temos alguém que sobrevive ao desmoronamento de toda estrutura e que pode facilmente fundar outro grupo para reiniciar o processo de vampirização. Outro ponto interessante é que nestes exemplos fica clara a natureza fractal destas estruturas. Assim com a árvore da vida cada qlipha tem dentro de si uma mini árvore da morte. Dentro da Gestapo certamente os membros e subdivisões se organizam de modo semelhante, assim como o Politicamente Correto que rege o que é ou não pecado no mundo moderno tem expressões em todas as outras Qliphas.

Qlipha Grupos Religiosos Grupos Políticos
I. Thaumiel Alta hierarquia Alta Cúpula
II. Ghogiel Boataria Desinformação
III. Satariel Tabus Censura
IV. Gma’Asheklah Lavagem de Dinheiro Lobismo
V. Golachab Repressão Militancia agressiva
VI. Thagirion Líder do Culto Caudilhismo
VII. A’arab’zarak Monopólio Social Pão e Circo
VIII. Samael Doutrinação Propaganda
IX. Gamaliel Promessas da fé Ideologia
X. Nahema Cultistas Eleitores

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/arvore-qliphotica-seu-mapa-de-fuga-da-prisao/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/arvore-qliphotica-seu-mapa-de-fuga-da-prisao/

Cria em mim, ó Deus, um coração puro – Parte 1 de 2

No mês passado, escrevi um pouco sobre a melhor preparação para os futuros deveres da vida, o grande objetivo da Ordem DeMolay e seu diferencial em comparação com todos os outros grupos de jovens. Assentados na prática das Sete Virtudes, nossos trabalhos são apenas reflexos dos ensinamentos que brilham em nosso interior – evidentemente, isto é verdadeiro para toda e qualquer pessoa, não só para os DeMolays.

A Sexta Virtude, Pureza, é talvez a mais complexa. O que é ser puro? Puro em palavras, em sentimentos, em ações, nos gestos e nos pensamentos? Como colocar isso em prática, dentro e fora da Sala Capitular? Eu sei reconhecer se minha própria visão é pura ou turva?

A Igreja Católica considera os dias 1 e 2 de novembro como festas. O dia 2 é muito conhecido aqui no Brasil por ser feriado nacional. O dia 1º, contudo, costuma ser largamente ignorado – o Dia de Todos os Santos. Esta é a data para comemorar todas as pessoas que tornaram-se exemplos àqueles ao seu redor por viverem como santos, isto é, tornarem suas existências sagradas. São os santos anônimos que não receberam uma data no calendário litúrgico nem são venerados em algum santuário particular. Em simplicidade, suas ações tocaram todos os que conheceram.

Enquanto isso, no México, o dia 1º de novembro é a primeira parte da grande comemoração do Dia dos Mortos e é chamado Dia dos Inocentes, dedicado à lembrança das crianças que faleceram; elas são chamadas de inocentes ou ingênuas porque não têm conhecimento do bem e do mal, agindo somente por instinto. Precisam ser ensinadas e educadas para compreenderem as consequências de seus atos, tanto os bons quanto os maus.

Os DeMolays Ativos, de 12 a 21 anos, já não são mais inocentes. É muito comum, especialmente entre os homens, demonstrar que deixaram a meninice falando palavrões e fazendo referência ou insinuação ao sexo. Geralmente atuam desta forma emulando seus irmãos e colegas mais velhos ou mesmo seus pais.

Os seres humanos miram-se em seus pares e os imitam para sentirem-se parte de um grupo, para não perceberem-se sozinhos e solitários em um mundo tão grande. Nosso “Dad” Frank Sherman Land, fundador da Ordem DeMolay, tinha grande consciência deste fato e compreendeu que os garotos mais novos deveriam estar em contato com garotos mais velhos e se espelhar em seus bons exemplos – do contrário, era possível que na falta deles, acabariam adquirindo vícios dos homens dissolutos.

A Pureza é companheira direta da Cortesia, a Terceira Virtude. A má educação não condiz com um interior sem máculas. Como dissemos logo no início deste artigo, esta Virtude é possivelmente a mais complexa porque possui uma série de camadas e de sutilezas. Para ser sincero, todas as Virtudes e todas as lições têm um conjunto cada vez maior de significados e ensinamentos. Acontece que este é um caso particularmente notável onde é preciso mergulhar muito fundo no entendimento para conseguir colocar em prática o ideal.

É mais sincero aquele que não consegue pronunciar “Eu te amo” do que aquele que fala muitas vezes essas palavras sem qualquer sentimento envolvido. Palavras são apenas meios de comunicação, símbolos e signos para transmitir o significado, o verdadeiro sentido da mensagem. A pureza dos gestos e das palavras só existe com a pureza das intenções. Não adianta ser extremamente educado se os pensamentos são destrutivos e a cordialidade, falsa.

Isto não quer dizer que devemos simplesmente ignorar ou nos acostumar com qualquer forma de se expressar. Uma mente limpa não encontra desculpas para destratar subalternos, para tirar vantagem de colegas ou para adular supervisores. A Pureza é a verdade colocada em prática; não a verdade sarcástica ou insensível, mas a verdade de bons propósitos.

O Dr. House é sincero, mas não é puro. Sua atuação, apesar de ser completamente pautada pela franqueza, também é guiada por uma personalidade ególatra, autoabsorvida e irrascível. Mr. Catra é bastante direto e honesto em suas frases, mas o conteúdo e os assuntos de que trata não servem de exemplo de conduta.

Ao mesmo tempo, pureza não é ingenuidade ou inocência. O homem puro conhece o mal que existe no âmago dos homens e, acima de tudo, em seu próprio coração. Ele não reprimiu seus demônios interiores, ele os trouxe para a luz e entendeu que a sombra é parte da composição de qualquer ente. Compreendeu que possui pontos fracos e pontos fortes, mas que o caminho que leva ao Pai Celestial somente pode ser trilhado pelos portadores desta Virtude.

Tudo isso, no entanto, é apenas o primeiro nível, as águas superficiais do oceano da vela representada pelo Sexto Preceptor. No mês que vem, trataremos um pouco sobre os efeitos do comportamento puro e do real sentido da atitude respeitosa dentro de Sala Capitular.

Hugo Lima é Sênior DeMolay do Capítulo Imperial de Petrópolis, nº 470.

Virtude Cardealé uma coluna compartilhada por dois Irmãos distantes geograficamente, Kennyo Ismail e Hugo Lima, mas unidos com propósitos dignos da Ordem DeMolay e da causa exemplificada por Jacques DeMolay.

#Demolay #VirtudeCardeal

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cria-em-mim-%C3%B3-deus-um-cora%C3%A7%C3%A3o-puro-parte-1-de-2

Abe no Seimei 

Abe no Seimei (japonês 安倍 晴明) é o onmyōji mais famoso da história japonesa. Um onmyōji é um especialista na prática do Onmyōdō, cosmologia esotérica tradicional do Japão que mistura ciência natural e ocultismo. Descendente do famoso poeta Abe no Nakamaro, Seimei viveu no Japão durante o período Heian, entre 921 e 1005. Devido ao seu sucesso como um astrólogo e adivinho, ele era amplamente creditado como um gênio e portador de poderes mágicos e conhecimentos secretos.

Seimei foi discípulo dos onmyōjis Kamo no Tadayuki e Kamo no Yasunori, e sucedeu Yasunori como astrólogo e adivinho da corte imperial. Os deveres de Seimei incluíam determinar o sexo de um feto, encontrar objetos perdidos ou ausentes, dar conselhos sobre como levar sua vida pessoal, conduzir exorcismos, criar defesas contra magia negra e espíritos malignos e analisar e interpretar eventos, como por exemplo fenômenos celestes. Ele escreveu vários livros, dentre eles o Senji Ryakketsu (占 事略 决, lit. “O Resumo de Julgamentos de Divindades”), que contém seis mil previsões e trinta e seis técnicas de adivinhação usando espíritos familiares conhecidos como shikigami, e uma tradução do Hoki Naiden, detalhando técnicas secretas de adivinhação.

Abe no Seimei era tão renomado que a família Abe continuou no controle do Onmyōryō (ministério do governo de onmyōdō) até ele ser encerrado, em 1869. Após sua morte, as histórias sobre Seimei começaram a se espalhar rapidamente e continuaram por centenas de anos. Eventualmente, os detalhes de sua vida tornaram-se tão entrelaçados com inúmeras lendas que já não era mais possível distinguir o que é verdade e o que é mito.

Acreditava-se que a aptidão mágica de Abe no Seimei era derivada de uma linhagem sobrenatural. Dizia-se que sua mãe era uma kitsune, fazendo dele um Hanyō (meio-yokai). O pai de Seimei, Abe no Yasuna, salvou uma raposa branca que estava sendo perseguida por caçadores. A raposa então se transformou em uma bela mulher e disse que seu nome era Kuzunoha. Em agradecimento por salvar sua vida, Kuzunoha se tornou a esposa de Yasuna, e deu-lhe um filho, Seimei.

Aos cinco anos de idade, a linhagem yokai de Abe no Seimei começou a se tornar evidente. Nessa idade, ele já era capaz de comandar um Oni fraco e forçá-lo a cumprir suas ordens. Um dia, ele testemunhou sua mãe em sua forma de raposa. Kuzunoha explicou a Seimei que ela era a raposa branca que seu pai havia salvado no passado. Após a revelação, ela fugiu para a floresta, para nunca mais voltar. Kuzunoha confiou seu filho ao onmyōji Kamo no Tadayuki, a fim de garantir que ele não se tornaria uma pessoa má.

Abe no Seimei teve muitos rivais. Um deles foi um famoso sacerdote chamado Chitoku Hōshi. Chitoku era um feiticeiro habilidoso, e certa vez quis testar Seimei para ver se ele era realmente tão bom quanto as pessoas diziam que ele era. Chitoku se disfarçou como um viajante e visitou a casa de Seimei, pedindo para que lhe ensinasse magia. Seimei percebeu o disfarce de Chitoku instantaneamente. Além disso, ele também viu que os dois servos que Chitoku havia trazido consigo eram na verdade shikigamis disfarçados.

Seimei decidiu se divertir um pouco com Chitoku. Ele concordou em treiná-lo, mas lhe disse que aquele não era um bom dia, e pediu-lhe  para voltar no dia seguinte. Chitoku então voltou para sua casa, enquanto Seimei libertou os seus dois shikigamis sem que ele percebesse. No dia seguinte, Chitoku percebeu que seus criados haviam desaparecido, e voltou até a casa de Seimei, pedindo para que ele devolvesse seus shikigami. Seimei riu dele, o repreendendo duramente por tentar enganá-lo. Seimei lhe disse que qualquer outra pessoa não seria tão bondosa a ponto de devolver shikigamis que foram empregados contra ela. Chitoku então percebeu que estava muito acima de sua cabeça; Seimei não foi só capaz de enxergar através de seu disfarce, mas ele foi capaz de manipular todos os seus feitiços também. Chitoku então Inclinou-se perante Seimei, clamou pelo seu perdão e ofereceu-se para se tornar seu servo.
O principal rival de Abe no Seimei foi um feiticeiro chamado Ashiya Dōman. Dōman era muito mais velho que Seimei, e acreditava que não havia ninguém no mundo que fosse um onmyōji melhor do que ele. Ao ouvir sobre o talento de Seimei, ele o desafiou para um duelo mágico.

No dia do duelo, os dois feiticeiros se encontraram nos jardins imperiais para a competição, onde muitos funcionários e testemunhas estavam presentes para assisti-los. Primeiro, Dōman pegou um punhado de areia, concentrou-se sobre ele por um momento, e o jogou para o alto. As partículas de areia se transformaram em inúmeras andorinhas que começaram a voar ao redor do jardim. Seimei então pegou seu leque, e balançando-o apenas uma vez, fez com que todas as andorinhas se transformassem em grãos de areia novamente.

Em seguida, Seimei recitou um feitiço. Um dragão apareceu acima deles no céu, e uma fina chuva começou a cair. Dōman recitou seu feitiço, no entanto, ele não foi capaz de fazer com que o dragão desaparecesse. Em vez disso, a chuva tornou-se mais forte, enchendo o jardim com água até a cintura de Dōman. Finalmente, Seimei lançou seu feitiço outra vez. A forte chuva parou, e o dragão desapareceu.

A terceira e última competição foi um desafio de adivinhação: os competidores tiveram que adivinhar o conteúdo de uma caixa de madeira. Dōman, indignado por ter perdido a rodada anterior, desafiou Seimei: “Quem perder essa rodada se tornará o servo do outro!”. Dōman declarou confiantemente que haviam 15 laranjas dentro da caixa. Seimei o contradisse, dizendo que haviam 15 ratos na caixa. O imperador e seus acompanhantes que haviam preparado o teste sacudiram a cabeça, pois puseram 15 laranjas na caixa. Eles anunciaram que Seimei tinha perdido. No entanto, quando abriram a caixa, 15 ratos pularam para fora! Seimei não havia só adivinhado o conteúdo da caixa, mas transformou o mesmo em ratos, enganando Dōman e toda a corte e assim vencendo o duelo.

Ashiya Dōman continuou a guardar rancor contra Abe no Seimei, e continuou a conspirar contra ele. Ele seduziu a esposa de Seimei e a convenceu a lhe contar os segredos mágicos de Seimei. Ela lhe mostrou a caixa de pedra na qual Seimei guardava o Hoki Naiden, seu livro de feitiços. Hoki Naiden era um livro de segredos que foram transmitidos desde tempos imemoriais da Índia para Tang, na China. Ele chegou à posse do enviado japonês, Kibi no Makibi, que ao retornar ao Japão, apresentou o livro aos familiares de seu amigo Abe no Nakamaro, que permaneceu na China. De lá foi transmitido de geração em geração, e eventualmente foi herdado por Abe no Seimei.

Uma noite, após Seimei voltar para casa, encontrou Dōman, vangloriou-se de ter adquirido o livro mágico secreto de Seimei. Seimei repreendeu-o, dizendo que isso era impossível, mas tão impossível, que se Dōman tivesse o livro, ele poderia cortar sua garganta.Triunfante, Dōman apresentou o livro a Seimei, que ao perceber que tinha sido traído por sua esposa, ofereceu sua garganta a Dōman. Dōman alegremente cortou a garganta de Seimei, que acabou morrendo.

Quando Seimei foi assassinado, Saint Hokudō – o mago chinês que havia dado o Hoki Naiden a Kibi no Makibi – sentiu a perda de um grande feiticeiro. Ele viajou pelo mar até o Japão, recolheu os ossos de Seimei e o trouxe de volta a vida. Os dois então se prepararam para se vingar de Dōman e da ex-esposa de Seimei, que agora estava casada com Dōman.

Saint Hokudō fez uma visita à casa de Seimei, onde Dōman e sua esposa agora viviam juntos. Ele perguntou a  Dōman se Seimei estava em casa, e Dōman lhe respondeu que, infelizmente, ele havia sido assassinado há algum tempo. Saint Hokudō disse que isso era impossível, pois ele tinha visto Seimei naquele mesmo dia. Dōman riu dele, dizendo que isso era impossível, mas tão impossível, que se Seimei estivesse realmente vivo, ele poderia cortar sua garganta. Saint Hokudō então gritou para Abe no Seimei, que se apresentou e prontamente cortou as gargantas de Dōman e sua esposa.

Seimei também figura em inúmeros outros contos. Ele aparece como um personagem menor no épico Heike Monogatari, sendo responsável por adivinhar a localização de Shuten-doji, um poderoso oni supostamente morto por Minamoto no Yorimitsu. As vezes ele é dito ser o onmyoji que descobriu a verdadeira natureza da lendária kitsune Tamamo-no-Mae, embora a época da história da Tamamo-no-Mae não coincida com o período de vida de Seimei. Essa descoberta muitas vezes creditada a um de seus descendentes, Abe no Yasuchika.

Hoje, Abe no Seimei é adorado como um deus em muitos santuários em todo o Japão. Seu santuário principal está localizado em Kyōto, e fica no local ficava sua antiga casa.

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