Discurso de Neil Gaiman

Esse é o vídeo do discurso que Neil Gaiman fez para os formandos da University of the Arts, na Filadelfia, Estados Unidos em 2012.

Além de inspirador nós podemos ver o modo de pensar dele e um exemplo sobre o que é seguir sua verdadeira vontade sem medo de errar.

Abaixo o vídeo legendado e a versão traduzida em texto logo após o vídeo.

 17 de Maio de 2012

Eu nunca real­mente espe­rei me encon­trar dando con­se­lhos para pes­soas se gra­du­ando em um esta­be­le­ci­mento de ensino supe­rior. Eu nunca me gra­duei em um des­ses esta­be­le­ci­men­tos. E nunca nem come­cei um. Eu esca­pei da escola assim que pude, quando a pers­pec­tiva de mais qua­tro anos de apren­di­za­dos for­ça­dos antes que eu pudesse me tor­nar o escri­tor que dese­java ser era sufocante.

Eu saí para o mundo, eu escrevi, eu me tor­nei um escri­tor melhor na medida em que escre­via mais, e eu escrevi um pouco mais, e nin­guém nunca pare­cia se impor­tar que eu estava inven­tando na medida em que eu pros­se­guia, eles sim­ples­mente liam o que eu escre­via e paga­vam por isso, ou não, e fre­quen­te­mente eles me enco­men­da­vam alguma outra coisa pra eles.

O que me dei­xou com um sau­dá­vel res­peito e admi­ra­ção pela edu­ca­ção supe­rior do quais meus ami­gos e fami­li­a­res, que fre­quen­ta­ram uni­ver­si­da­des, se cura­ram há muito tempo atrás.

Olhando para trás, eu tri­lhei uma cami­nhada memo­rá­vel. Não tenho cer­teza de que posso chamá-la de uma car­reira, por­que uma car­reira implica que eu tivesse algum tipo de plano de car­reira, e eu nunca tive. A coisa mais pró­xima que tive foi uma lista que fiz quando tinha 15 anos com tudo que eu que­ria fazer: escre­ver um romance para adul­tos, um livro infan­til, uma revista em qua­dri­nhos, um filme, gra­var um audi­o­book, escre­ver um epi­só­dio de Dr. Who… e assim por diante. Eu não tive uma car­reira. Eu sim­ples­mente fui fazendo a pró­xima coisa da lista.

Então pen­sei em con­tar para vocês tudo que eu gos­ta­ria de saber de saída, e algu­mas coi­sas que, olhando para trás pra isso, supo­nho que eu sabia. E tam­bém em dar o melhor con­se­lho que já recebi, o qual falhei com­ple­ta­mente em seguir.
O pri­meiro de todos: Quando você começa em uma car­reira nas artes você não tem ideia do que está fazendo.

Isso é ótimo. As pes­soas que sabem o que estão fazendo conhe­cem as regras, e sabem o que é pos­sí­vel e o que é impos­sí­vel. Vocês não. E vocês não devem. As regras sobre o que é pos­sí­vel e impos­sí­vel nas  artes foram fei­tas por pes­soas que não tinham tes­tado os limi­tes do pos­sí­vel indo além deles. E vocês podem.

Se vocês não sabem que é impos­sí­vel é mais fácil fazer. E por­que nin­guém fez antes, não inven­ta­ram regras para evi­tar que alguém faça de novo, ainda.
Em segundo, se você tem uma ideia do que você quer fazer, sobre o que você foi colo­cado aqui para fazer, então sim­ples­mente vá e faça aquilo.

E isso é muito mais difí­cil do que parece e, algu­mas vezes, no fim, muito mais fácil do que você pode­ria imaginar.

Porque nor­mal­mente, há coi­sas que você pre­cisa fazer antes de que você possa che­gar aonde quer estar. Eu que­ria escre­ver qua­dri­nhos e roman­ces e his­tó­rias e fil­mes, então me tor­nei um jor­na­lista, por­que jor­na­lis­tas têm per­mis­são para fazer per­gun­tas, e para sim­ples­mente ir adi­ante e des­co­brir como o mundo fun­ci­ona, e, além disso, para fazer essas coi­sas eu pre­ci­sa­ria escre­ver e escre­ver bem, e eu estava sendo pago para apren­der como escre­ver eco­no­mi­ca­mente, cla­ra­mente, às vezes em con­di­ções adver­sas, e em tempo.

Algumas vezes o cami­nho para fazer o que você espera fazer estará cla­ra­mente deli­ne­ado; e às vezes será quase impos­sí­vel deci­dir se você estará ou não fazendo a coisa certa, por­que você terá de balan­cear suas metas e espe­ran­ças, e alimentar-se, pagar as con­tas, encon­trar tra­ba­lho, e se ade­quar ao que pode encontrar.

Uma coisa que fun­ci­o­nou para mim foi ima­gi­nar que onde eu gos­ta­ria de estar – um autor, prin­ci­pal­mente de fic­ção, fazendo bons livros, fazendo bons qua­dri­nhos e me man­tendo atra­vés de minhas pala­vras – era uma mon­ta­nha. Uma mon­ta­nha dis­tante. Minha meta.

E eu sabia que enquanto eu me man­ti­vesse andando em dire­ção à mon­ta­nha eu esta­ria bem. E quando eu ver­da­dei­ra­mente não estava certo acerca do que fazer, eu podia parar, e pen­sar se aquilo estava me levando em dire­ção à mon­ta­nha ou me afas­tando dela. Eu disse não para tra­ba­lhos edi­to­ri­ais em revis­tas, tra­ba­lhos ade­qua­dos que teriam pago um dinheiro res­pei­tá­vel por­que eu sabia que, por mais  atra­ti­vos que fos­sem, para mim eles esta­riam me dei­xando mais dis­tante da mon­ta­nha. E se essas ofer­tas tives­sem apa­re­cido mais cedo tal­vez as tivesse aceito, por­que elas ainda me dei­xa­riam mais perto da mon­ta­nha do que eu estava à época.

Eu aprendi a escre­ver escre­vendo. Eu ten­dia a fazer qual­quer coisa con­quanto que pare­cesse uma aven­tura, e a parar de fazê-la quando pare­cia tra­ba­lho, o que sig­ni­fi­cou que a vida não se pare­cia com trabalho.

Ter­ceiro, quando você começa, você pre­cisa lidar com os pro­ble­mas do fra­casso. Vocês pre­ci­sam ser osso duro de roer, pre­ci­sam apren­der que nem todo pro­jeto sobre­vi­verá. Uma vida como fre­e­lan­cer, uma vida nas artes, é mui­tas vezes como colo­car men­sa­gens em gar­ra­fas, em uma ilha deserta, e espe­rar que alguém encon­tre uma de suas gar­ra­fas, e a abra, leia, e colo­que algo em outra gar­rafa que fará seu cami­nho de volta até você: apreço, ou uma enco­menda, dinheiro, ou amor. E vocês têm de acei­tar que vocês pode­rão lan­çar uma cen­tena de coi­sas para cada gar­rafa que apa­re­cerá retornando.

Os pro­ble­mas do fra­casso são pro­ble­mas de desen­co­ra­ja­mento, de deses­pero, de ansi­e­dade. Você deseja que tudo acon­teça e você quer que as coi­sas acon­te­çam agora, e as coi­sas dão errado. Meu pri­meiro livro – uma peça de jor­na­lismo que tinha feito pelo dinheiro, e que já tinha me com­prado uma máquina de escre­ver ele­trô­nica do adi­an­ta­mento – deve­ria ter sido um best­sel­ler. Deveria ter me pagado muito dinheiro. Se a edi­tora não tivesse invo­lun­ta­ri­a­mente ido à ban­car­rota entre a pri­meira impres­são se esgo­tar e a segunda sair, e antes que quais­quer direi­tos pudes­sem ser pagos, ele teria me dado muito dinheiro.

E eu dei de ombros, eu ainda tinha minha máquina de escre­ver ele­trô­nica e dinheiro o bas­tante para pagar o alu­guel por um par de meses, e decidi que eu faria o meu melhor para no futuro não escre­ver  livros ape­nas pelo dinheiro. Se você não ganha o dinheiro, então você não tem nada. Se eu fizesse um tra­ba­lho do qual me orgu­lhasse, e não ganhasse a grana, ao menos eu teria o trabalho.

De vez em quando, eu esqueço essa regra, e sem­pre que o faço, o uni­verso me bate com força e me relem­bra dela.

Eu não sei se isso é um pro­blema para mais alguém além de mim, mas é ver­dade que nada que eu fiz na qual a única razão para fazê-lo fosse o dinheiro jamais valeu a pena, exceto como amarga expe­ri­ên­cia. Normalmente nunca dei o tra­ba­lho por encer­rado ao rece­ber o dinheiro, por outro lado. As coi­sas que fiz por­que estava empol­gado, e que­ria vê-las exis­ti­rem na rea­li­dade, nunca me decep­ci­o­na­ram, e eu nunca me arre­pendi do tempo gasto com nenhuma delas.

Os pro­ble­mas do fra­casso são difíceis.

Os pro­ble­mas do sucesso podem ser ainda mais difí­ceis, por­que nin­guém lhes avisa sobre eles.

O pri­meiro pro­blema de qual­quer tipo de sucesso limi­tado é a con­vic­ção ina­ba­lá­vel de que você está fugindo com algo, e de que a qual­quer momento irão descobri-lo. É a Síndrome do Impostor, algo que  minha esposa Amanda bati­zou de Polícia da Fraude.

Em meu caso, eu estava con­ven­cido de que have­ria uma batida na porta, e um homem com uma pran­cheta (não sei por que ele car­re­gava uma pran­cheta, em minha cabeça, mas ele car­re­gava) esta­ria lá, para me dizer que estava tudo aca­bado, e eles me pega­riam e agora eu teria de ir e con­se­guir um tra­ba­lho de ver­dade, algum que não con­sis­tisse de inven­tar coi­sas e escrevê-las, e ler livros que eu qui­sesse ler. E então eu par­ti­ria silen­ci­o­sa­mente e pega­ria o tipo de tra­ba­lho no qual você não tem de inven­tar mais coisas.

Os pro­ble­mas do sucesso. Eles são reais, e com sorte vocês irão experienciá-los. O ponto em que você para de dizer sim pra tudo, por­que agora as gar­ra­fas que você lança ao oce­ano estão todas vol­tando, e você pre­cisa apren­der a dizer não.

Eu obser­vei meus colegas e ami­gos, e aque­les que eram mais velhos que eu e obser­vei quão infe­li­zes alguns deles se sen­tiam: eu os ouvi con­tar pra mim que eles não podiam enca­rar um mundo no qual eles não podiam mais fazer o que sem­pre qui­se­ram fazer, por­que agora eles tinham de ganhar uma certa quan­ti­dade de grana todo mês ape­nas para se man­ter onde esta­vam. Eles não podiam ir e fazer as coi­sas que impor­ta­vam, e que real­mente que­riam fazer; e isso me pare­ceu uma tra­gé­dia tão grande quanto qual­quer pro­blema de fracasso.

E depois disso, o maior pro­blema do sucesso é que o mundo cons­pira para que você pare de fazer o que você faz, por­que você é famoso. Houve um dia em que olhei e me dei conta de que eu tinha me tor­nado alguém que pro­fis­si­o­nal­mente res­pon­dia a e-mails, e escre­via como um hobby. Eu come­cei a res­pon­der menos e-mails, e fiquei ali­vi­ado por per­ce­ber que estava escre­vendo muito mais.
Em quarto, eu espero que vocês come­tam erros. Se vocês estão come­tendo erros, sig­ni­fica que vocês estão por aí fazendo algo. E os erros em si podem ser úteis. Uma vez escrevi Caroline errado, em uma  carta, tro­cando o A e o O, e eu pen­sei, “Coraline parece um nome real…”

E lembrem-se que não importa a área em que este­jam, se você é um músico ou um fotó­grafo, um artista fino ou um car­tu­nista, um escri­tor, um dan­ça­rino, um desig­ner, o que quer que você faça, vocês têm algo que é único. Vocês têm a habi­li­dade de fazer arte.

E para mim, e para mui­tas das pes­soas que conheci, isso tem sido um salva-vidas. O salva-vidas defi­ni­tivo. Ele lhe leva atra­vés dos bons momen­tos e pelos outros.

A vida as vezes é dura. As coi­sas dão errado, na vida e no amor e nos negó­cios e nas ami­za­des e na saúde e em todos os outros modos que a vida pode dar errado. E quando as coi­sas ficam difí­ceis, isso é o que vocês devem fazer.

Façam boa arte.

Eu estou falando sério. O marido fugiu com uma política(o)? Faça boa arte. Perna esma­gada e depois devo­rada por uma jibóia mutante? Faça boa arte. Imposto de renda te ras­tre­ando? Faça boa arte. Gato explo­diu? Faça boa arte. Alguém na inter­net pensa que o que você faz é estú­pido ou mau ou já foi feito antes? Faça boa arte. Provavelmente as coi­sas se resol­ve­rão de algum modo, e even­tu­al­mente o tempo levará a dor mais aguda, mas isso não importa. Faça ape­nas o que você faz de melhor.  Faça boa arte.

Faça-a nos dias bons também.

E, em quinto: Enquanto esti­ve­rem nisso, façam a sua arte. Façam as coi­sas que só vocês podem fazer.

O impulso inicial é copiar. E isso não é uma coisa ruim. A mai­o­ria de nós só des­co­bre nos­sas pró­prias vozes depois de ter­mos soado como um monte de outras pes­soas. Mas uma coisa que você tem que nin­guém mais tem é você. Sua voz, sua mente, sua estó­ria, sua visão. Então escreva e dese­nhe e cons­trua e toque e dance e viva como só você pode viver.

No momento em que você sen­tir que, pos­si­bi­li­dade, você está andando na rua nu, expondo muito de seu cora­ção e de sua mente e do que existe em seu inte­rior, mos­trando demais de si mesmo. Esse é o momento em que você pode estar come­çando a acertar.

As coi­sas que fiz que mais fun­ci­o­na­ram foram as coi­sas das quais menos estava certo, as estó­rias as quais eu tinha cer­teza de que ou fun­ci­o­na­riam, ou, mais pro­va­vel­mente, seriam o tipo de fra­casso emba­ra­çoso que as pes­soas se jun­tam para falar a res­peito até o fim dos tem­pos. Elas sem­pre tive­ram isso em comum: olhando para em retros­pec­tiva para elas, as pes­soas expli­cam por­que foram suces­sos ine­vi­tá­veis. Enquanto as estava fazendo, eu não tinha ideia.

E ainda não tenho. E onde esta­ria a graça de fazer alguma coisa que você sou­besse que iria funcionar?

E às vezes as coi­sas que fiz real­mente não fun­ci­o­na­ram. Há estó­rias minhas que nunca foram reim­pres­sas. Algumas delas nunca sequer saí­ram da casa. Mas eu aprendi com elas tanto quando aprendi com as coi­sas que funcionaram.

Sexto. Eu pas­sa­rei algum conhe­ci­mento secreto de fre­e­lan­cer. Conhecimento secreto é sem­pre bom. E é útil para qual­quer um que alguma vez já pla­ne­jou criar arte para outras pes­soas, em entrar em um mundo de fre­e­lance de qual­quer tipo. Eu aprendi isso com os qua­dri­nhos, mas se aplica a outros cam­pos tam­bém. E é isto:

As pes­soas são con­tra­ta­das por­que, de algum modo, elas são con­tra­ta­das. Em meu caso eu fiz algo que atu­al­mente seria fácil de che­car, e me colo­ca­ria em pro­ble­mas, e quando eu come­cei, naque­les dias pré-internet, pare­cia uma estra­té­gia de car­reira sen­sata: quando edi­to­res me per­gun­ta­vam para quem eu já tinha tra­ba­lhado, eu men­tia. Eu lis­tei uma série de revis­tas que soa­vam razoá­veis, e soei con­fi­ante, e con­se­gui os empre­gos. Então trans­for­mei em uma ques­tão de honra con­se­guir escre­ver algo para cada uma das revis­tas que eu lis­tei para con­se­guir aquele pri­meiro emprego, de modo que eu não menti de fato, só fui cro­no­lo­gi­ca­mente desa­fi­ado… Você começa a tra­ba­lhar por qual­quer maneira que comece a trabalhar.

As pes­soas se mantêm tra­ba­lhando, em um mundo de fre­e­lan­ces, e mais e mais do mundo de hoje é fre­e­lance, por­que seu tra­ba­lho é bom, e por­que são fáceis de con­vi­ver, e por­que elas entre­gam o tra­ba­lho em tempo. E você nem pre­cisa de todos os três. Dois em três está bem. As pes­soas irão tole­rar quão desa­gra­dá­vel você é se seu tra­ba­lho for bom e você o entre­gar no prazo. Elas per­do­a­rão o atraso do tra­ba­lho se ele for bom, e elas gos­ta­rem de você. E você não pre­cisa ser tão bom quanto os outros se você é pon­tual e é sem­pre um pra­zer ouvi-lo(a).

Quando con­cor­dei em fazer este dis­curso, eu come­cei ten­tando pen­sar em qual tinha sido o melhor con­se­lho que já tinha rece­bido ao longo dos anos.

E ele veio do Stephen King, há vinte anos atrás, no auge do sucesso de Sandman. Eu estava escre­vendo um qua­dri­nho que as pes­soas ama­vam e esta­vam levando a sério. King gos­tara de Sandman e de meu romance com Terry Pratchett, Belas Maldições (Good Omens), e ele viu a lou­cura, as lon­gas filas de autó­gra­fos, tudo aquilo, e seu con­se­lho foi esse:
“Isso é real­mente ótimo. Você deve­ria apre­ciar isso.”
E eu não apro­vei­tei. O melhor con­se­lho que já recebi que igno­rei. Ao invés disso, eu me pre­o­cu­pei com aquilo. Eu me pre­o­cu­pei com o pró­ximo prazo, a pró­xima ideia, a pró­xima estó­ria. Não houve um momento nos pró­xi­mos qua­torze ou quinze anos em que não esti­vesse escre­vendo algo em minha cabeça, ou ima­gi­nando a res­peito. E eu não parei e olhei em redor e pen­sei, isso é real­mente diver­tido. Eu que­ria ter apro­vei­tado mais. Tem sido uma cami­nhada incrí­vel. Mas houve par­tes da tri­lha que eu perdi, por­que estava muito pre­o­cu­pado em as coi­sas darem errado, sobre o que viria depois, para apre­ciar a parte em que estava.

Essa foi a lição mais difí­cil pra mim, eu acho: rela­xar e cur­tir a cami­nhada, por­que a jor­nada o leva a alguns luga­res memo­rá­veis e inesperados.

E aqui, nesta pla­ta­forma, hoje, é um des­tes luga­res. (E eu estou cur­tindo isso imensamente.)

Para todos os gra­du­an­dos de hoje: eu desejo a vocês sorte. Sorte é útil. Frequentemente vocês des­co­bri­rão que quanto mais duro vocês tra­ba­lha­rem, e mais sabi­a­mente, mais sor­tu­dos vocês serão. Mas existe sorte, e ela ajuda.

Nós esta­mos em um mundo em tran­si­ção neste momento, se vocês estão em qual­quer campo artís­tico, por­que a natu­reza da dis­tri­bui­ção está mudando, os mode­los pelos quais os cri­a­do­res entre­ga­vam seu  tra­ba­lho ao mundo, e con­se­guiam man­ter um teto sobre suas cabe­ças e com­prar alguns san­duí­ches enquanto faziam isso, estão todos mudando. Eu falei com pes­soas do topo da cadeia ali­men­tar em publi­ca­ções, ven­das de livros, em todas essas áreas, e nin­guém sabe com o que a pai­sa­gem se pare­cerá daqui a dois anos, que dirá daqui a uma década. Os canais de dis­tri­bui­ção que as pes­soas cons­truí­ram ao longo do último século ou mais estão con­tí­nua mudança, para os impres­sos, para artis­tas visu­ais, para músi­cos, para pes­soas cri­a­ti­vas de todos os tipos.

O que é, por um lado, inti­mi­dante e, por outro, imen­sa­mente liber­ta­dor. As regras, as supo­si­ções, os agora nós deve­mos fazer de como você con­se­gue expor seu tra­ba­lho, e o que você faz a seguir, estão ruindo. Os por­tei­ros estão dei­xando seus por­tões. Vocês podem ser tão cri­a­ti­vos quanto pre­ci­sa­rem para con­se­guir visi­bi­li­dade para seus tra­ba­lhos. YouTube e a web (e o que quer que venha depois do YouTube e da web) podem dar a vocês mais pes­soas de audi­ên­cia do que a tele­vi­são jamais deu. As velhas regras estão des­mo­ro­nando e nin­guém sabe quais são as novas regras.

Então inven­tem suas pró­prias regras.

Alguém recen­te­mente me per­gun­tou como fazer alguma coisa que ela achava que seria difí­cil, em seu caso, gra­var um audi­o­book, e eu sugeri que ela fin­gisse que ela era alguém que pode­ria fazê-lo. Não fin­gir fazê-lo, mas fin­gir que era alguém que podia fazer. Ela colo­cou uma nota para este efeito na parede do estú­dio, e disse que isso ajudou.

Então sejam sábios, por­que o mundo neces­sita de mais sabe­do­ria, e se vocês não pude­rem ser sábios, fin­jam ser alguém que é sábio, e então ape­nas se com­por­tem como eles se comportariam.

E agora vão, e come­tam erros inte­res­san­tes, come­tam erros mara­vi­lho­sos, façam erros glo­ri­o­sos e fan­tás­ti­cos. Quebrem regras. Façam do mundo um lugar mais inte­res­sante por vocês esta­rem aqui.

Façam boa arte.

#HQ #NeilGaiman #VerdadeiraVontade

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/discurso-de-neil-gaiman

A Liga Extraordinária

Olá amigos , devido a pedidos fiz um texto analisando uma HQ e apontando algumas coisas interessantes.

Escolhi a Liga Extraordinária , no original “The League of Extraordinary Gentlemen” de Alan Moore e Kevin O’Neill.

Um dos motivos é pelos quadrinhos ser pouco conhecidos mesmo existindo um filme , que aliás é totalmente diferente da obra em si , algo que é bem normal nesses casos quando uma HQ vira filme.

Fiquei em dúvida se deveria apontar as partes que tem relação com a literatura , já que a HQ tem ligação com clássicos da literatura britânica , mas resolvi não me apegar nessa parte para não deixar o texto muito grande.

Pensei muito em como fazer o texto , achei interessante usar o sistema Página/Quadrinho.

Então por exemplo : 50/04 quer dizer : Página 50/Quadrinho 04

Infelizmente não coloquei as imagens de cada cena , pois assim eu seria obrigado a colocar muitas e é preferível que vocês as vejam na própria obra.

Então vamos lá!

Antes de mais nada o nome original é : The League of Extraordinary Gentlemen.

Somando todas as letras temos 33 , esse número é considerado um número mestre , e ainda se somarmos temos 3+3= 6.

A história começa na página 7 , o número perfeito.

PS: Não vou me aprofundar no significado dos números , pois essa num é minha especialidade mais vocês podem encontrar facilmente o que eles significam.

Página 8 – Estátua de Atena segurando um caduceu.

Página 17/3 – Nautilus é o nome de um cefalópode que tem uma concha com a proporção áurea.A concha está na testa do capitão.

Página 21/01 – Shiva no Timão.

Página 30 – Um detalhe interessante é que na história Edward é um Símio , diferente da obra “O médico e o monstro” , possivelmente uma comparação com o lado instintivo do ser humano .Update : relação com Alan Poe, Os assassinatos da Rua Morgue.

Página 37/10 – Aparentemente estão jogando xadrez , um jogo da qual para alguns tem relação com ocultismo , um dos jogos preferidos de Crowley. As peças parecem Leviathan e Poseidon.

Página 38 – OXO é um jogo da velha programado Alexander S. Douglas como uma tese de doutorado, demonstrando a interação humano-máquina.

O Colégio Correcional é um local “carregado” de imagens e arquétipos relacionados a sexualidade , isso para de certo modo simbolizar como esses locais são realmente.

Página 42/05 – Centauro fêmea e um casal fazendo sexo.

Página 43 – Fauno, criatura que tem muita ligação com o sexo.

Página 44/02 – Ninfa e o Falo.

Página 50/02 – Hórus.

Página 51/04 – Sr. Bond cita o ano 1886 e se vocês verem os 2 pregos da parede junto com suas sombras formam o número 14.

1886 = 1+8+8+6=23=2+3= 5

14 = 1+4 = 5

Página 53 – 1787

1+7+8+7= 23 = 2+3 = 5

Página 54 – Entre as nuvens podemos ver o rosto de um velho chinês , nada mito complicado de se ver.

Página 56 – Quatermain cortando um queijo (mais lembra a espada apontada para o triângulo? , vocês decidem).

Também algumas inscrições na mesa , a qualidade da versão não permite que eu consiga ler…)

Página 79/5 e 6 – Deuses Hindus.

Página 101 /3 e 4 – Busto de um faraó , símbolo da Maçonaria , o número 5 aparece algumas vezes.

Página 110/1 – Mais alguns símbolos da maçonaria , e no topo do prédio a justiça fazendo o símbolo do silêncio.

Página 115/1 – Outros símbolos e duas estátuas egípcias.

Página 115/2 – Estátuas da personificação da Morte.

Vou encerrando por aqui , quero dizer que se vocês lerem com atenção vão encontrar muitas outras coisas interessantes.

O objetivo não é dar tudo desvendado mas dar o prazer de que vocês mesmo possam fazer e ver que não é complicado achar referências ocultistas em alguns quadrinhos.

Por isso mesmo coloquei uma quantidade um pouco baixa de referências para ver se alguém se anima em ler!

Também deixei uma e outra coisa fora por alguns motivos , algumas estavam aparecendo demais como o esquadro e compasso então não apontei todas vezes que aparece, em outros casos achei que poderiam ser apenas impressão minha e preferi não arriscar.

Peço perdão por essa postagem estar meio desorganizada , foi a primeira experiência em fazer um texto desse modo.

#AlanMoore #HQ

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-liga-extraordin%C3%A1ria

Nove Anos do Teoria da Conspiração!

Hoje, 10/08, exatamente nove anos atrás, em 10/08/2007, era postado o primeiro texto do Teoria da Conspiração no Sedentário: A Santa Ceia e os Símbolos Astrológicos. Lembrando as palavras de um Exu amigo, “Quando vai ver, já foi!”.

Nos dias de hoje, onde qualquer estudante de primeiro ano de filosofia pode inventar para si um titulo pomposo e criar um blog esotérico para tentar impor suas verdades, e dezenas de blogs de magias e pactos e ordens e curiosos de todos os calibres esquisotéricos surgem a cada dia na internet, como podemos saber se determinado autor é confiável?

Eu me fiz essa pergunta dez anos atrás, quando encontrei com o Del Debbio pela primeira vez em uma loja Maçônica, em uma palestra sobre “Kabbalah Hermética” (que vocês ja devem ter assistido pelo menos alguma versão dela. São todas iguais, mas todas diferentes. Só assistindo duas para ver. Para quem não viu, tem um link de uma delas no youtube Aqui). Adoro essa palestra porque sempre os judeus tradicionais se arrepiam todo quando ele faz as correlações da árvore das vidas com outras religiões. E este, talvez, seja o maior legado que ele deixará na história do Hermetismo.

Mas o que o gabarita para fazer estas afirmações?

Talvez porque a história do MDD dentro das Ordens iniciáticas seja única. A maioria de nós, estudiosos do ocultismo pré-internet, começávamos pela revista Planeta, depois comprávamos os livros da editora Pensamento, entrávamos na Maçonaria, em alguma ordem rosacruz e seguíamos pela senda sem nunca travarmos contato com outras vertentes. Quem é da macumba, caia em um terreiro escondido no fundo de algum quintal e ficava por lá décadas, isolado. Cada um com suas verdades…

O DD começou em 1989 lá na Inglaterra. E ainda teve sorte (se é que alguém aqui ainda acredita que existam coincidências) de cair em um craft tradicional de bruxaria, com a parte magística da coisa (que inclui incorporações) e contato com o pessoal da SRIA, do AA e de outros grupos rosacruzes. Quando voltou para o Brasil, talvez tivesse ficado trancado em seu quarto estudando e nunca teríamos este blog… mas ele também foi um dos primeiros Jogadores de RPG aqui no Brasil. (RPG é a sigla de um jogo que significa “role playing games” ou jogos de teatro). Em 1995 publicou um livro que utilizava o cenário medieval de mitologias reais em um jogo que foi um dos mais vendidos da história do RPG no Brasil (Arkanun). Por que isso é importante?

Porque ele se tornou uma espécie de subcelebridade pop. E isso, como veremos, foi de importância vital para chegarmos onde estamos hoje (vai anotando as coincidências ai…).

Bem, o DD se graduou em arquitetura e fez especializações em história da arte, semiótica e história das religiões comparadas. De um trabalho de mais de dez anos de pesquisas, publicou a Enciclopédia de Mitologia, um dos maiores trampos sobre o assunto no Brasil.

Com a faculdade veio a maçonaria e aqui as coisas começam a ficar interessantes. Por ser um escritor famoso, ele conheceu o Grande Secretário de Planejamentos do GOB, Wagner Veneziani Costa, um dos caras mais importantes e influentes dentro da maçonaria, editor da Madras, uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço e fundador da loja maçônica Madras, que foi padrinho do Del Debbio. E aqui entra o ponto que seria crucial para a história do hermetismo no Brasil, a LOJA MADRAS.

No período de 2004 a 2008, a ARLS Madras contou entre seus membros com pessoas como Alexandre Cumino (Umbanda), Rubens Saraceni (Umbanda Sagrada), Johhny de Carli (Reiki), Cláudio Roque Buono Ferreira (Grão Mestre do GOB), Sérgio Pacca (OTO, Thelemita e fundador da ARLS Aleister Crowley), Mario Sérgio Nunes da Costa (Grão Mestre Templário), Adriano Camargo Monteiro (LHP, Dragon Rouge), José Aleixo Vieira (Grande Secretário de Ritualística), Severino Sena (Ogan), Waldir Persona (Umbanda e Candomblé), Carlos Brasilio Conte (Teosofia), Alfonso Odrizola (Umbanda, diretor da Tv espiritualista), Ari Barbosa e Cláudio Yokoyama (Magia Divina), Marco Antônio “Xuxa” (Martinismo), Atila Fayão (Cabalá Judaica), César Mingardi (Rito de York), Diamantino Trindade (Umbanda), Carlos Guardado (Ordem da Marca), Sérgio Grosso (CBCS), entre diversos outros experts em áreas de hermetismo e ocultismo. Agora junte todos estes caras em reuniões quinzenais onde alguém apresentava uma palestra sobre um tema ocultista e os outros podiam questionar e debater sobre o assunto proposto com seus pontos de vista e você começará a ter uma idéia do que isso representou em termos de avanço do conhecimento.

Entre diversas contribuições para a maçonaria brasileira, trouxeram o RER (Rito Escocês Retificado), O Rito Maçônico-Martinista, para o Brasil, fundando a primeira loja do rito, ARLS Jerusalem Celeste, em SP, e organizaram as Ordens de Aperfeiçoamento (Marca, Nauta, Arco Real, Templários e Malta). O Del Debbio chegou a ser Grande Marechal Adjunto da Ordem Templária em 2011/2012.

Em paralelo, tínhamos a ARLS Aleister Crowley e a ARLS Thelema, onde se estudava magia prática e que era formada por membros da OTO, Astrum Argentum, Arcanum Arcanorum, AMORC, TOM e SRIA, e trocávamos conhecimento com a OTO no RJ (Loja Quetzocoatl, com minha querida soror Babalon) e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema (que, dentre outros, tivemos a honra de poder conversar algumas vezes com Frater Áster – Euclydes Lacerda – antes de seu falecimento em 2010). Além disso, tínhamos acesso a alguns dos fundadores do movimento Satanista em São Paulo e Quimbandeiros (cujos nomes manterei em segredo para minha própria segurança kkkkk). A ARLS Crowley era tão engajada que até o Padre Quevedo palestrou uma vez sobre demonologia lá.

Palestra no evento de RPG “SANA”, em 2006. Eu avisei que ele era subcelebridade, não avisei? Bem… nesse meio tempo, o MDD já estava bem conhecido dentro das ordens Iniciáticas, dando diversas palestras e cursos fechados apenas para maçons e rosacruzes. De dia, popstar; de noite, frequentando cemitérios para desfazer trabalhos de magia negra com a galera do terreiro. Fun times!

Ok, mas e a Kabbalah Hermética?

O lance de toda aquela pesquisa sobre Mitologia e suas correlações com a Cabalá judaica o levou a estudar a Torah e a Cabalá com rabinos e maçons do rito Adonhiramita por 5 anos, tendo sido iniciado na Cabalá Sefardita em um grupo de estudos iniciáticos. Apesar da paixão e conhecimento pela cultura judaica, ele escolheu não se converter (segundo palavras do próprio “Não tem como me converter ao judaísmo; como vou ficar sem filé à Parmigiana?“). Seus estudos se intensificaram entre os textos de Charles “Chic” Cicero via suas publicações na Ars Quatuor Coronatorum, nas Lojas Inglesas e os textos de Tabatha Cicero via Golden Dawn.

A idéia da Kabbalah associada aos princípios alquímicos, unificando tarot, alquimia e astrologia sempre levantou uma guerra com os judeus ortodoxos, que consideram a Cabalá algo profundamente vinculado à sua religião (por isso costumamos grafar estas duas palavras de maneira diferente: Kabbalah e Cabalá.

Em 2006, Adriano Camargo publica o “Sistemagia”, um dos melhores guias de referência de Kabbalah Hermetica, onde muitas das correlações debatidas em loja foram aproveitadas e organizadas.

No meio de todos estes processos de estudos, chegamos em 2007 em uma palestra na qual estava presente o Regis Freitas, mais conhecido como Oitobits, do site “Sedentário e Hiperativo”, que perguntou a ele se gostaria de ter um blog para falar de ocultismo. O nome “Teoria da Conspiração” foi escolhido pelo pessoal do S&H e em poucas semanas atingiu 40.000 leitores por post.

Del Debbio se torna a primeira figura “pública” dentro do ocultismo brasileiro a defender uma correlação direta entre os orixás e suas entidades com as Esferas da Árvore das Vidas e as entidades helênicas evocadas nos rituais de Aleister Crowley. “Apenas uma questão de máscaras que a entidade espiritual escolherá de acordo com a egrégora em que estiver trabalhando” disse uma vez em uma entrevista.

Estes trabalhos em magia prática puderam ser feitos graças ao intercâmbio de conhecimentos na ARLS Madras, pois foi possível que médiuns umbandistas estudassem hermetismo, kabbalah e cabalá em profundidade e, consequentemente, as entidades que trabalham com eles pudessem se livrar das “máscaras” africanas e trabalharem com formas mais adequadas, como alquimistas, templários e hermetistas. Com a ajuda dos terreiros de Umbanda Sagrada, conseguimos trabalhar até com judeus estudiosos da cabalá que eram médiuns, cujas entidades passaram grandes conhecimentos sobre correspondências dos sistemas judaico e africano, bem como de sua raiz comum, o Egito. A maioria deste conhecimento ainda está restrito ao AA, ao Colégio dos Magos e a outros grupos fechados mas, aos poucos, conforme instruções “do lado de lá”, estão sendo gradativamente abertos.

Em 2010, conhece Fernando Maiorino, diretor da Sirius-Gaia e ajuda a divulgar o I Simpósio de Hermetismo, onde participam também o Frater Goya (C.I.H.), Acid (Saindo da Matrix), Carlos Conte (Teosofia), Renan Romão (Thelema) e Ione Cirilo (Xamanismo). Na segunda edição, em 2011, participam além dos acima o monge Márcio Lupion (Budismo Tibetano), Mário Filho (Islamismo), Alexandre Cumino (Umbanda), Adriano Camargo (LHP), Gilberto Antônio (Taoísmo) e Lázaro Freire (projeção Astral).

A terceira edição ampliou ainda os laços entre os pesquisadores, chamando Felipe Cazelli (Magia do Caos), Wagner Borges (Espiritualista), Claudio Crow (Magia Celta) e Giordano Cimadon (Gnose).

O Blog do “Teoria da Conspiração” também cresce, agregando pensadores semelhantes. Além de textos de todos os citados neste post, também colaboram estudiosos como Jayr Miranda (Panyatara, FRA), Kennyo Ismail (autor do blog “No Esquadro” e um dos maiores pesquisadores contemporâneos sobre maçonaria), Aoi Kwan (Magia Oriental), Raph Arrais (responsável pelas belíssimas traduções da obra de Rumi), o Autor do blog “Maçonaria e Satanismo” (cujo nome continua em segredo comigo!), Tiago Mazzon (labirinto da Mente), Fabio Almeida (Música e Hermetismo), Danilo Pestana (Satanismo), Bruno Cobbi (Ciganos), PH Alves e Roe Mesquita (Adeptus), Frater Alef (Aya Sofia), Jeff Alves (ocultismo BR), Yuri Motta (HQs e Ocultismo), Djaysel Pessoa (Zzzurto), Leonardo lacerda e Hugo Ramirez (Ordem Demolay).

A ARLS Arcanum Arcanorum, braço maçônico da Ordem de Estudos Arcanum Arcanorum, que trabalha em conjunto com a SOL (Sociedade dos Ocultistas Livres), o Templo Aya Sofia, o Colégio dos Magos e o Teoria da Conspiração.

E os frutos desse trabalho se multiplicaram. Com o designer Rodrigo Grola, organizou o Tarot da Kabbalah Hermética, possivelmente um dos melhores e mais completos tarots que existem, além dos pôsteres de estudo. Hoje seus alunos estão desenvolvendo HQs, Livros, Músicas, dando aulas e até mesmo produzindo um Seriado de TV baseado nos estudos da Kabbalah Hermética.

E agora esta em financiamento coletivo para um livro que deve elevar todos os paradigmas de Kabbalah hermética para outro patamar. O Livro bateu todos os recordes de arrecadação no Catarse e ainda há mais de um mês pela frente.

Quando sair publicado, o estudo de mitologias comparadas, kabbalah e astrologia hermética nunca mais será o mesmo. Isso se chama LEGADO.

E ai temos a resposta que tive para a pergunta do início do texto: Como saber se um autor é confiável? Oras, avaliando toda a história dele e quais são suas bases de estudo, quem são seus professores, quais as pessoas que o ajudam e quem são seus inimigos. Quais são os caras que ele pode perguntar alguma coisa quando tem dúvida? e quais são os caras que tentam atrapalhar o seu trabalho?

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Pronto. Aqui está o texto que eu tinha prometido sobre os nove anos de Blog. Parabéns, Frater Thoth, já passou da hora de alguém começar a organizar uma biografia decente sobre os seus trabalhos.

#Blogosfera

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/nove-anos-do-teoria-da-conspira%C3%A7%C3%A3o

As HQs como parte da Humanidade

Por Vagner Abreu

Desde o inicio dos tempos o homem com o poder da imaginação, vem desenvolvendo, em sua própria Mente, Histórias sobre Heróis capazes de feitos que beiram o inacreditável. Heróis capazes de proezas épicas que incluem: matar monstros de sete cabeças, caçar muitos animais para alimentar uma tribo inteira, desafiar os mortos em busca de um ente querido.

Esse mesmo homem também criou um meio de passar para os demais de sua espécie a originalidade de sua história. Com o advento da Linguagem, o homem agora poderia contar a seus irmãos como se desenvolve a saga de seu próprio herói.

Ao se acender uma fogueira, tinha-se ali o riscar de fósforo para a aventura começar. O humano primitivo agora conta, em meio às labaredas, uma jornada que transcende da sua mente para a Imaginação de seus ouvintes. Usando a Linguagem e a, embora precária, Narrativa, ele criava imagens mentais de fatos de um mesmo personagem que o tornaria cada vez mais ligado com a realidade.

A aceitação do público fez com que, cada vez mais, o homem contasse a mesma história ouvida na última fogueira. De pessoa a pessoa, de uma família a família, de uma tribo a tribo. Era dada cada vez mais importância aos acontecimentos de uma determinada história, levando o nosso contador a passar para a próxima geração quais eram os tais feitos de seu herói de fogueira. Deste modo nasceu a escrita em cavernas.

Através de desenhos de parede, os narradores, agora contavam seus mitos que seriam reinterpretados por seus demais – em sua comunidade ou em milhares de anos no futuro. Essa, talvez fosse, a primeira vez que fora usado o desenho para se criar uma história. Mas, um mero rabisco rupestre não diria muita coisa a alguém, a menos que se inclua narração e palavras em cada imagem. Nascia, assim, o desenho que ilustrava uma narrativa.

Esse modo de contar histórias tornou-se um sucesso. Qualquer espectador agora tinha uma imagem um pouco mais palpável do épico narrado. De uma caverna a outra, de uma região a outra, o desenho narrativo transcendia qualquer reino, qualquer tempo, criando estilo que levaram o homem a criar seus próprios meios de desenhar, narrar e interpretar suas Aventuras.

Dizem ter começado pelos antigos babilônicos, onde os muros de da cidade de Ur traziam jornadas inteiras de Reis Heróis capazes de terem o amor de deuses ou enfrentarem o próprio dilúvio. A famosa epopéia de Gilgamesh – o talvez primeiro Herói mitológico – está totalmente gravada “cuneiformemente“ nestas paredes. As paredes da Babilônia deram origem a Arte Sequencial.

Da Babilônia para as margens do Nilo, onde os desenhos narravam os mitos dos próprios deuses. Toda a classe nobre e sacerdotal do Egito usava os Hieróglifos (imagens no papel ou papiro) para obter e passar informações sobre ritos religiosos, modos de comportamento do faraó, fatos históricos.

O desenho não só contava histórias, como também ditava a cultura de uma das mais prósperas civilizações do mundo antigo. Ele fazia parte do cotidiano de todos.

Tão poderosa é a história narrada com desenhos que tal costume chegara até os dias modernos, nossos próprios mitos de nossos próprios tempos são narrados usando textos e imagens, deuses dão lugar para Homens com super força, Homens destemidos como Odisseu passam a ser vigilantes com trajes de morcego, deusas do mundo antigo recebem vestes modernas.

Claro, amigo leitor que você já deve ter “sacado” que é de Histórias em Quadrinhos de que iremos falar neste artigo.

Tão poderosa é essa forma de narração que, desde a década de 80, sabe-se através de estudos do Pentágono que a narrativa em quadrinhos é a melhor maneira para se compreender e reter informações. Palavras trabalhando com o lado esquerdo de nosso cérebro e a arte seqüencial interagindo com o lado direito, que é pouco racional, sendo pré-verbal. Ou seja, durante uma leitura de quadrinhos estamos colocando os dois lados do cérebro para trabalhar.

Com capacidade Dualcore de processamento acredita-se que o leitor freqüente possa ser capaz de ativar entre 20 e 30 porcento da capacidade cerebral. Essa teoria não é um fato concreto, de modo que é apenas uma especulação de uma entidade governamental de um país que “não dá muita importância” ao assunto. Não é mesmo?

Com base de todas estas informações, chego ao ponto de que o quadrinho não apenas é uma das melhores maneiras de se contar uma história (tanto que influencia até mesmo a grande mídia de massa, com filmes campeões de bilheteria) como também um hábito comum a humanidade. De tal forma que cada país tem seus próprios meios de trabalhar desenhos e narrações. Isso sem contar que em cada período de nossa história como seres deste planeta tivemos formas diferentes de ilustrar nossa mitologia. O que os Gregos faziam em vasos ou os egípcios em papiro, nós fazemos hoje dentro de quadrados com balões (sejam eles impressos ou digitais).

Sabem quem mais utiliza o método palavras e imagens para difundir informação? A mídia impressa; jornais e revistas todos se apropriando de métodos que o homo sapiens já conhecia a muito tempo.

Assim, o gibi, tal como a narrativa em desenhos do passado, trás temas que envolvem públicos específicos. Temos histórias destinadas a pessoas bem instruídas, histórias que fisgam adolescentes, história para o público infantil; a arte seqüencial é uma Linguagem Universal não tendo idade para se perder o interesse por sua apreciação e merecendo muito mais respeito do que ele realmente tem hoje em dia. Ora, se os povos antigos (e até mesmo homens das cavernas) valorizavam desenhos com narração, o que dizer de nós Homens Modernos.

Ref. Bibliográfica

As Obras que me inspiram a escrever esse post foram:

MOORE, Alan – Promethea

CAMPBELL, Joseph – O Herói de Mil Faces

#AlanMoore #Ocultismo #Quadrinhos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/as-hqs-como-parte-da-humanidade

Referencias Herméticas em Promethea – Parte 2

Por Octávio Aragão

Leia primeiro Referencias Hermeticas em Promethea – Parte 1

As raízes e as ramificações de todos os mundos possíveis
O conceito da “árvore da vida” que serve como esteio do mundo é uma constante em várias mitologias e, além disso, um dos conceitos básicos da cabala. Yggdrasil, a árvore nórdica cuja seiva alimenta os deuses e que sustenta Asgard sobre seus ramos [9], é o conceito sobre o qual Alan Moore estruturou a série Glory, originalmente desenvolvida para a Awesome em 1997, mas apenas publicada em 2001, pela Avatar Press.

A princesa Glorianna, filha da deusa grega Deméter, nada mais era que um clone indisfarçado da Mulher Maravilha, da DC Comics, com sua ilha povoada apenas por mulheres e poderes muito semelhantes à personagem original. Moore repetiu a fórmula bem sucedida com Supreme, assumindo a semelhança entre as duas, mas transcendendo a mera cópia ao acrescentar elementos mitológicos, mais ou menos como Stan Lee e Jack Kirby fizeram em Thor, durante a década de 60. Glory passou a ter uma vida dupla: de dia garçonete de beira de estrada; à noite, princesa guerreira trajando uma escandalosa roupa-armadura colante. Mas a obviedade termina por aí, já que Gloria West, a garçonete, acredita que “sonha” ser Glory, a deusa.

Nada de identidades secretas ou cabines telefônicas para essa heroína, mas a constante dúvida a respeito da própria sanidade. Glory surge quando necessitada e trata Gloria como uma casca, um disfarce útil para seus momentos na Terra, quando não está no reino de sua mãe Deméter ou visitando o pai, o demônio Silverfall.

Moore estabelece Ultima Thule, o reino de Deméter, Ceres, Geb e outras divindades ligadas ao elemento terra, no patamar inferior da árvore da vida, como se Yggdrasil fosse um edifício onde cada andar abrigasse uma esfera de influência elemental relativa aos vários níveis de percepção da realidade. Imediatamente acima de Ultima Thule, está a Esfera Lunar, relativa à inconsciência, aos sonhos, à fantasia, governada por Selene, Diana, Ártemis e outras deusas ligadas à Lua, e logo seguida pela Terra da Magia, da linguagem, da ciência, da comunicação, sob a batuta, mais uma vez, de Hermes, Thot e Odin. Na seqüência, vem o Reino do Amor e das Emoções, território de Vênus, Afrodite, Nike e todas as divindades oriundas da paixão dos sentidos; sucedido pelo lar de Apolo, Horus, Baldur, Osiris e Jesus, as divindades solares. Trata-se do Reino do Espírito, da Unidade, sobreposto pela morada de Marte, Ares e Tyr, os deuses da guerra e do conflito, e pelas terras gerenciadas Júpiter, Thor, Indra e Jove, o território das figuras paternas, do casamento bem-sucedido entre matéria e espírito.

Sobre todos esses feudos espirituais vem o Abismo, e após, as últimas três esferas, sendo que a mais alta de todas é a morada de Yaveh, do Allah islâmico, de todas as divindades supremas, os Deuses Vivos das religiões monoteístas. A árvore da vida ainda abrigaria sobre suas raízes, as terras das sombras, os Hades/Infernos/Submundos, de onde veio o pai de Glory, Silverfall. O governo deste mundo que não é necessariamente ‘mau’, ficaria sob o encargo de Plutão, Hades e outras divindades sombrias, e margeando tudo ainda haveria lugar para um imenso corpo de água, “Chromoceano’, rio de luz presente em várias culturas.

Esse cenário amplo e detalhado serviria como manancial quase inesgotável para várias histórias de Glory, mas, infelizmente, a série foi interrompida no número três, sem previsão de continuidade por causa das baixas vendas. Moore, porém, não abandonaria um trabalho tão complexo que, obviamente, exigiu muita pesquisa e concentração, guardando-o para o futuro. Esse futuro chegou em 1999, encarnado em Promethea.

A outra volta do caduceu
Com a falência definitiva de Liefeld e da Awesome em 1998, Alan Moore descobriu-se cheio de novos conceitos, projetos inéditos e cercado por jovens ilustradores ansiosos para trabalhar em parceria, mas sem um meio para desagüar tantas idéias represadas. Entra em cena Jim Lee, artista contemporâneo de Rob Liefeld na Image Comics, com outra proposta faustiana: Moore teria carta branca para criar os títulos que quisesse, para que fossem englobados num selo próprio, o America’s Best Comics, e publicados pela WildStorm, de Lee, na época ainda sócio da Image. Moore aceitou e começou a trabalhar imediatamente, mas logo o projeto pareceu ameaçado com a venda da WildStorm para a DC Comics, para quem Moore havia jurado nunca trabalhar outra vez.

Desta vez, as condições de trabalho oferecidas a Moore pela DC eram extremamente positivas, mantendo o escritor como detentor dos direitos de todos os personagens concebidos e com uma boa percentagem de retorno advindo de qualquer projeto derivado das séries, tais como produções cinematográficas ou linhas de brinquedos. Era uma proposta irrecusável e o roteirista lançou cinco títulos em 1999: The League of Extraordinary Gentlemen, uma brincadeira steampunk [10] sobre os personagens da literatura vitoriana; Tom Strong, que reaproveitava vários conceitos originalmente pensados para Supreme; Top Ten, uma série policial misto de Hill Street Blues com super-heróis; Tomorrow Stories, uma antologia de várias HQs de estilos diferentes e independentes entre si sob o mesmo título, e Promethea; o título mais ambicioso dos cinco, que Moore utilizaria como palco para uma aula de esoterismo, usando a cabala como vertente principal.

Alexandria, 411 A. D. Uma menina foge de padres fanáticos que acabaram de chacinar seu pai, acusando-o de feitiçaria. Ele, para surpresa de seus algozes, morre feliz, agarrado a seu bordão em forma de caduceu[11].

Nova York, 1999 (não exatamente a Nova York de nossa realidade, mas um lugar onde discos voadores são um meio de transporte trivial, juntamente com táxis munidos de dispositivos antigravitacionais e outros aparelhos nada comuns aos habitantes de qualquer megalópole). Sophie Bangs, jovem estudante, prepara uma pesquisa sobre uma figura folclórica chamada Promethea. Sophie descobriu que o mesmo personagem, em várias épocas diversas que abrangem um período entre 1780 e 1999, foi tema de obras diferentes, em diversas mídias tais como poemas, romances, pulp fiction e até fotonovelas, por autores que nunca se conheceram e agora conseguiu marcar uma entrevista com a viúva do último artista a trabalhar no conceito. A reunião, porém, termina precocemente com um aviso da mulher:

“Listen, kid, you take my advice. You don’t wanna go looking for folklore. And especially don’t want folklore to come looking for you.” [12]

Mas certas palavras já foram ditas, certos nomes pronunciados. O mal está feito e a roda do universo gira em velocidade tal que logo Sophie Bangs é apresentada pessoalmente ao objeto de sua pesquisa: uma mulher obesa e decadente, porém poderosa, que a salva do ataque de um Smee, entidade fantasmagórica e letal enviada para evitar que a pesquisadora vá mais fundo em seu trabalho.

A narrativa dá um salto de volta a Alexandria, em 411 A.D. Vemos a criança fugitiva do início da história, perdida no deserto, confrontando as figuras colossais de Thot, deus egípcio da comunicação, cuja cabeça tem a forma de um pássaro, o íbis, e Hermes, que porta um imenso caduceu ornado por serpentes vivas. Thot, por sua vez, traz na mão um Ankh, símbolo egípcio do deus único Aton. Eles são a encarnação de uma divindade dupla, Thot-Hermes, e oferecem abrigo e segurança à menina, contanto que ela atravesse com eles o véu que separa o mundo físico de seu reino, um lugar chamado Immateria, onde “ela viverá eternamente, como as histórias”.

Immateria, segundo as entidades, não é muito longe, mas está sempre “onde você se encontra” e, uma vez lá, a criança deixará de ser um ser humano e passará a ser uma “história” eterna e que, possivelmente, dentro de determinadas condições, poderá transpor o portal para o mundo físico, pois, afinal, “algumas vezs, se uma história é muito especial, ela pode arrebatar as pessoas”. Só então as divindades gêmeas se lembram de perguntar o nome da criança. “Promethea”, ela responde, antes de desaparecer no ar[13].

Se ela não existisse, teríamos de inventá-la
Podemos ver claramente a conexão entre Glory e Promethea. Immateria nada mais é que a Terra da Magia descrita anteriormente, reino da linguagem, da ciência, da comunicação, governado por Thot-Hermes. A partir daqui, Moore irá aprimorar os conceitos cabalísticos apresentados anteriormente, adaptando-os à genealogia de Promethea numa evolução do que concebeu para Glory, sem medo de utilizar uma linguagem menos acessível ao grande público e distanciando-se cada vez mais da iconografia super-heroística. Assim como o caduceu que herdou de Thot-Hermes, Promethea é uma personagem transcendente e, em conseqüência, rebela-se contra gêneros e catalogações.

O primeiro arco de histórias da série, que vai do número 1 ao 6, além de apresentar Sophie Bangs e o elenco de coadjuvantes, inicia, a partir do terceiro fascículo, a viagem de auto-conhecimento de Promethea, explorando o reino de Immateria. No arco seguinte, as várias esferas já apresentadas na sinopse de Glory serão visitadas. A peregrinação durará até o final do terceiro arco, no episódio 23, mas os primeiros seis números estarão focados nos diversos aspectos da entidade. O primeiro termina explicitando que Sophie é a nova encarnação de Promethea, em substituição à personagem obesa que confronta o Smee. Essa mulher, Barbara Shelley, explica à estudante quem realmente foi a Promethea original, a filha de um acadêmico hermético egípcio – ou melhor, um sacerdote de Hermes – que viveu no século V, e dá os nomes de cinco artistas que serviram como veículo para a conjuração da divindade.

Esses criadores, um poeta, uma cartunista, uma ilustradora, um quadrinista e um romancista, foram o canal por meio da qual a entidade atravessava até o mundo físico, mas o “combustível” que a alimenta é o amor. “Qualquer um com imaginação e entusiasmo suficiente pela personagem pode trazê-la de Immateria, apenas pensando em si próprio ou em outra pessoa encarnando o papel”[14], diz Barbara, viúva do último artista a conjurar Promethea, deixando claro que a mistura de imaginação, talento artístico e amor é o gatilho capaz de materializar um sonho.

Avatares desbocados
Maurice Merleau-Ponty afirma que, diferente da crença geral, a linguagem vira as costas à significação, não se preocupa com ela. Ou seja, há uma independência subjacente à comunicação, cuja característica principal é uma diferenciação e sistematização de signos, seja nos fonemas, nas palavras ou em toda uma estrutura linguística. Uma coisa até pode levar à outra, mas isso não quer dizer que a função primordial dos signos seja estar à disposição dos significados. Os signos, ao que parece, têm uma agenda própria.

“Num certo sentido, a linguagem jamais se ocupa senão de si mesma. Tanto no monólogo interior como no diálogo não há ‘pensamentos’: trata-se de palavras suscitadas por palavras, e, na medida mesmo em que ‘pensamos’ mais plenamente, as palavras preenchem tão exatamente nosso espírito que nele não deixam um canto vazio para pensamentos puros e significações que não sejam de linguagem”[15]

Essa independência entre signo e significado parece ser a mola motriz da série como um todo e aparece muito claramente quando, no terceiro número da série, no capítulo intitulado Misty Magic Land, ao visitar pela primeira vez o reino de Immateria, Promethea encontra uma encarnação física de Chapeuzinho Vermelho, que, apesar de aparecer como uma doce e angelical menina loura de dez anos de idade, fuma muito e fala palavrões como uma prostituta de beira do cais.

Moore parece fascinado por essa contradição já que esta é apenas a primeira de uma série de guias que Promethea irá encontrar em suas diferentes jornadas pelos planos cabalísticos. Esses avatares desbocados serão, em diferentes momentos, velhos feiticeiros garanhões, anjos em forma feminina e roupas masculinas, doces travestis transsexuais e até as duas serpentes do caduceu trocam gracinhas pouco condizentes com sua condição de entidades cósmicas. No capítulo seguinte, A Faerie Romance, somos apresentados às quatro últimas versões de Promethea, todas vivendo em Immateria e cada uma representando uma característica da personagem: musa, guerreira, amante e professora, todas passando a Sophie uma diferente significação para o uso do “verbo” como instrumento transformador. Se brandidas como lâmina, palavras cortam, separam os corpos dos homens de suas cabeças; por outro lado, durante as guerras, palavras podem ser a última inspiração, uma taça de esperança. Mas palavras também pertencem ao mundo material, são moedas para troca, compra, liberação de prazer físico e, finalmente, palavras podem ser um bastão, símbolo fálico masculino, varinha mágica, poder. Lâminas, taças, moedas e varas. Espadas, copas, ouros e paus. As cartas estão na mesa e, a partir do episódio 12, o jogo cósmico começa.

Anagramas arcanos
Depois de dois números, respectivamente 8 e 9, onde combate as forças combinadas do inferno num clima ‘super-heroístico’ – quase como um lembrete aos leitores de que, no fundo, a revista faz parte dessa tradição – , Promethea dá uma guinada sem precedentes nos quadrinhos comerciais publicados nos Estados Unidos. Moore dedica uma revista inteira a uma cena de sexo tântrico entre a heroína e o vilão Jack Faustus na história entitulada Sex, Stars and Serpents. Não que isso fosse alguma novidade para o autor: quem lembra de sua fase áurea em Swamp Thing, da DC, nos anos 80, sabe que ele já havia abordado o tema ‘sexo entre diferentes’ de forma bastante ousada para a conservadora mídia estadunidense, com sucesso. Mas dessa vez Moore, com o auxílio do ilustrador J. H. Williams III, foi bem mais longe, com cenas explícitas de cunilíngüus, variações de posições e orgasmo, sem, contudo, escorregar no mau gosto pornográfico. Essa edição, que narra passo-a-passo um intercurso sexual pautado sobre citações mais ou menos óbvias tais como a serpente kundalini, o poder simbólico de camas e cavernas e como a humanidade pode comungar através do ato, foi indicada ao Eisner 2001 como melhor história individual.

Após a pausa para descanso, temos mais uma aventura do tipo “heroína-derrota-o-vilão-do-mês”, no número 11, que serve de preparação para a grande jornada que virá a seguir, com Promethea percorrendo todos os 12 reinos que congeminam as casas do zodíaco e os arcanos maiores do tarô, um por mês, durante um ano.

Logo no primeiro número da saga, Moore utiliza um artifício para relacionar a personagem a cada carta do tarô, produzindo anagramas com a palavra Promethea relacionados às 21 imagens ou aos conceitos inerentes durante as 24 páginas da edição.Assim, Metaphore é o termo representativo do Louco; Pa Theorem remete ao Mago; Mater Hope é a Sacerdotisa; A Pert Home casa com a Imperatriz e Rope Thema é o Imperador; Ape Mother é o Hierofante; Me Atop Her é a carta dos Amantes; O Mere Path, o Carro; A Pro Theme vem com a Temperança; Here Tempo, o Eremita; Eh, Tempora é a Roda da Fortuna; A carta Força corresponde a O Harem Pet; Hm Operate é oEnforcado, enquanto a Morte é O Reap Them; A Arte é Emote Harp, o Diabo é The Mop Era, a Casa de Deus é Metro Heap; A Estrela é Map O Ether, a Lua, Earth Mope, e o Sol é Meth Opera; O Julgamento é Meet Harpo, e, finalmente, o Mundo é Heart Poem.

Cada uma dessas reescrituras do nome “Promethea” descortina um dos sentidos dos arcanos e ajuda a traçar um resumo da história da humanidade desde seus primórdios até o fim inadiável – que, segundo as serpentes do caduceu, ocorrerá no ano 2017 – até o recomeço, quando o a carta do Louco mais uma vez for descartada do baralho. Sophie, assim como o leitor, tem agora um panorama, um mapa do futuro. Basta decidir que caminho seguir.

Notas
9. “Supunha-se que todo o universo era sustentado pelo gigantesco freixo Yggdrasil, que nascera do corpo de Ymir – o gigante do gelo -e tinha raízes imensas, uma das quais penetrava em Asgard, outra no Jotunheim (morada dos gigantes) e a terceira no Niffleheim (regiões das trevas e do frio). Ao lado de cada raiz havia uma fonte que a regava. A raiz que penetrava em Asgard era cuidadosamente tratada por três Norns, deusas consideradas como donas do destino. Eram Urdur (o passado), Verdande (o presente) e Skuld (o futuro). A fonte ao ldao de Jotunheim era o poço de Ymir, no qual se escondiam a sabedoria e inteligência, mas a do lado de Niffleheim alimentava Nidhogge (escuridão), que corroía a raiz perpetuamente. Quatro veados corriam sobre os ramos da árvore e mordiam os brotos; representavam os quatro ventos. Sob a árvore, ficava estendido o Ymir e, quando ele tentava livrar-se de seu peso, a terra tremia.” BULFINCH, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia, Histórias de Deuses e Heróis. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações, 2000 – 9ª edição, p.
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10. Steampunk é um derivado da ficção científica literária, geralmente ligado ao subgênero da história alternativa, que tem como características os cenários vitorianos e as tecnologias de caráter retrô, tais como locomotivas e dirigíveis, geralmente ligadas ao uso do vapor e da eletricidade como fonte de energia. Tem como alguns expoentes literários os autores Tim Powers (The Anubis Gates), Kim Newman (Anno Dracula) e a dupla William Gibson e Bruce Sterling (The Difference Engine), que foram considerados os inventores do Cyberpunk. Já nos quadrinhos, além de Moore, temos Joe Kelly e Chris Bachallo (Steampunk), Boaz e Erez Yakin (The Remarcable Works of Professor Phineas B. Fuddle), Randy e Jean-Mark Lofficier (Robur) entre muitos outros.

11. O caduceu, varinha portada por Hermes em torno da qual duas serpentes aparecem enroladas, é um símbolo de transcendência e terapêutica, tanto que até hoje é considerado um representativo da classe médica, já que Asclépius, filho de Apolo e deus da medicina, também a utilizava como instrumento de cura. O caduceu, ou herma, também é considerado como um símbolo de fertilidade, sendo constantemente associado a falos eretos, mas também à fertilidade do espírito, da transcendência. A mescla da serpente, animal rasteiro, com o capacete e as sandálias aladas ajudam a compreender o caráter composto da divindade Hermes, que faz a comunicação das coisas terrenas com a esfera superior.

12. “Olha, garota, siga o meu conselho. Você não quer ir atrás de folclore. E de preferência não queira que o folclore venha procurar por você.” In: MOORE, Alan. Promethea #1: The Radiant Heavenly City. USA: America’s Best Comics, 1999 – 1ª edição, p. 9.

13. O cerne da lenda de Prometeu, o titã que ousou roubar o fogo celeste e terminou acorrentado e com o fígado picado por uma éguia eternamente, manteve inalterado durante séculos, mas certas evoluções concernentes à personalidade do mito foram notadas a partir do Prometeu Acorrentado, de Ésquilo, escrito entre 467 e 459 A. C. O dramaturgo helênico foi o primeiro a emprestar ao titã transgressor uma característica civilizatória: ele haveria roubado o fogo de Zeus para cedê-los aos homens, para dar-lhes oportunidade de evolução. Parece-nos que foi esse o viés escolhido por Alan Moore ao construir sua Promethea, que também é portadora de um caduceu, cujas serpentes vivam e convolutas resplandecem com brilho interior. Uma entidade que, apesar de fisicamente superior ao homem comum, se manifesta por meio do princípio criador da humanidade, a chama artística, e se levanta contra o obscurantismo, as forças do caos desordenado, caixa de Pandora representada por vários personagens vilanescos, principalmente o enlouquecido ‘omnipata’ andrógino Painted Doll e o prefeito da cidade, Sonny Baskerville, cuja mente é lar de toda uma comunidade infernal. Ao combater essas forças, a Promethea de Moore não apenas aproxima os céus do homem, mas funciona como termômetro para o caminho contrário, evidenciando a evolução constante da humanidade em direção ao divino.

14. MOORE, Alan. Promethea #1: The Radiant Heavenly City. USA: America’s Best Comics, 1999 – 1ª edição, p. 24

15. MERLEAU-PONTY, Maurice. O Algoritmo e o Mistério da Linguagem, in A Prosa do Mundo. São Paulo, SP: Cosac & Naify Edições, 2002 – 1ª edição, p. 147

#HQ #Kabbalah

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/referencias-herm%C3%A9ticas-em-promethea-parte-2

Lúcifer Estrela-da-Manhã

Lúcifer ficou conhecido pelo leitores de quadrinhos em Sandman de Neil Gaiman como senhor do inferno junto de Azazel e Beelzebub, um local de autopunição dos pecadores que já morreram e lar dos seres chamados de demônios , um lugar também conhecido pelos nomes de Hades, Abaddon, Sheol, Avernus, Reflexo Negro do Cêu entre outros nomes.

Nesse capítulo Morpheus foi lá em busca do seu elmo que perdeu durante o período que esteve preso e que agora está em posse do demônio Choronzon.

Depois que Morpheus consegue recuperar o seu elmo, Lúcifer decide não deixar ele ir, ai ocorre o diálogo.

Lúcifer : “Com ou sem o seu elmo , você não tem poder nenhum aqui… que força tem os sonhos no inferno?”

Morfheus : “…que poder teria o inferno se os prisioneiros daqui não fossem capazes de sonhar com o cêu?”

E assim de certo modo Morpheus sai ganhando e vai embora , e Estrela-da-Manhã jura vingança pela humilhação .

Dois anos depois desse acontecido Morpheus precisa voltar ao inferno para resgatar uma antiga amada sua que ele deixou no inferno por milhares de anos , após ela cometer suicídio.

Desta vez o anjo caído está um pouco diferente com asas de demônio , (antes estava com asas de anjo) ao invés da esperada vingança Lúcifer faz algo diferente do esperado , apenas dizendo que esta cansado do inferno depois de 10 bilhões de anos e gostaria de ser livre , e depois de um longo diálogo enquanto fecha as portas do inferno , pede para Morpheus cortar suas asas e dá para ele a chave do inferno.

Algo muito inteligente , quem sabe seria a esperada grande vingança afinal muitos gostariam de serem donos do inferno e poderiam fazer de tudo para serem.

Lúcifer se apresenta como um homem alto , loiro de aparência jovem e é conhecido por vários nomes , Lord Lúcifer , Estrela-da-Manhã , Aquele que traz a luz , O primeiro entre os caídos , Senhor do Inferno, Samael , Anjo das trevas entre outros nomes.

Esse é um diálogo interessante extraído de Sandman :

Porque eles culpam a mim pelos seus defeitos ?

Usam meu nome como se eu passasse o dia inteiro instingando-os a cometerem atos que , de outra forma achariam repulsivos.

“O demônio me forçou a isso.” Nunca forcei ninguém a fazer nada. NUNCA.

Eles falam de mim como se eu andasse comprando almas na feira , sem jamais se perguntassem por quê.

Não preciso de almas.

E como alguém pode comprar uma alma?

Passando alguns anos Lúcifer ganha sua própria revista , assim como ocorreu com Constantine que nasceu coadjuvante em O Monstro do Pântano no inglês Swamp Thing, na época que Alan Moore assumiu a revista.

Em sua revista , depois de tudo ele cria o bar noturno chamada Lux em Los Angeles e fica lá com Mazikeen , uma filha de Lilith fiel a ele desde o inferno.

Lúcifer é considerado um dos seres mais poderosos do universo DC , após Deus e Miguel.

Foi difícil achar um escritor para Lúcifer , quem sabe o nome assustava os escritores , o próprio Neil Gaiman sempre indicou ele para outros escritores mais por anos ninguém pegou o “trampo” e não sei porque Gaiman não fez isso também.

Mas em 2000 Mike Carey resolveu escrever Lúcifer , usando como base Paradise Lost de John Milton e nasceu um grande sucesso.

Em sua revista conhecemos melhor esse anjo , que se mostra extremamente inteligente , informado , cheio de ironia e raramente apelando para força bruta usando sempre perspicácia , neutro e agindo apenas conforme o seu favor, estando além do “bem” e do “mal”.

Entre as centenas de temas que são tratados temos : Deuses , Magia , Runas , Bíblia , Xamanismo , Anjos , Demônios , Mitologia , Lilith , Tarot , Literatura , Filosofia , Mediunidade , Livre Arbítrio entre outros assuntos..

Assim como Sandman , Lúcifer teve 75 edições em 6 anos de 2000 até 2006.

Texto Sobre Neil Gaiman

 Texto Sobre Os Perpétuos de Sandman

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Outros Textos da Coluna de Quadrinhos

#Quadrinhos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/l%C3%BAcifer-estrela-da-manh%C3%A3

Hellboy

Hellboy é jovem em relação a outros quadrinhos e, apesar disso, conseguiu muito destaque e fama.

O gênio por traz dele é Mike Mignola , que fez algo totalmente original , colocando um ser que sempre é ligado ao “mal” (demônio) fazendo o “bem” , tendo uma vida dedicada a ser herói e resolver casos ligados ao sobrenatural ao redor do mundo.

A história começa em 1944 , Hellboy era um pequeno demônio , filho de um dos príncipes do inferno com uma bruxa , ele veio para terra quando o Monge Rasputin abriu um portal para o inferno perto do final da Segunda Guerra Mundial , com o objetivo de dar início ao projeto Ragnarock para usar magia negra para ganhar a guerra.

Metade demônio e metade criança , com cauda , pequenos chifres , pele vermelha e um braço direito enorme a pequena criaturinha é encontrada pelos aliados nas ruínas de um local longe do ritual dos nazistas e ganha o nome de Hellboy.

Mesmo sendo “diferente” é adotado pelo professor Trevor Bruttenholm , estudioso de paranormalidade , membro da sociedade paranormal britânica e conselheiro de assuntos desse tipo do presidente Roosevelt.

Por ser um demônio ele se tornou adulto rápido e depois se torna um agente da Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal , organização do governo fundada pelo Professor Trevor na mesma época em que Hellboy é encontrado , o objetivo era combater os planos dos nazistas ocultistas e posteriormente resolver casos paranormais ao redor do mundo.

Lá ele trabalha com diversos agentes , alguns bem singulares como Abe Sapien um homem anfíbio com poderes telepáticos , Liz Sherman uma mulher que possui a capacidade de produzir fogo , Roger o homúnculo e Johann Kraus um homem que possui apenas o corpo ectoplasmico.

Mas chega de spoiler né???

Mike Mignola escreve um tanto devagar o que faz existir uma quantidade não muito grande de edições de Hellboy e no Brasil menos ainda , mas uma quantidade até razoável , algumas bem curtas, fora as histórias solo da Bureal.

Cada edição é uma obra de arte , principalmente as capas , fora os traços de Mignola um estilo muito original.

As histórias de Hellboy giram em torno de contos , lendas urbanas ou não , folclores , mitologias , fatos históricos e ocultismo , tudo isso de várias partes do mundo .

Hellboy também é um “Ocultista Fodão” pois nem sempre resolve as coisas com porrada , mas também com magia.

Como foi dito essa hq envolve fatos históricos , como ter como personagem o monge Rasputin que realmente existiu entre outras personagens.

Baba Yaga , bruxa do folclore russo aparece em algumas histórias , também aparecem lobisomens , vampiros , zumbis , demônios , humúnculos , fantasmas , dragões e outros diversos tipos de criaturas.

Além disso também temos um assunto muito explorado , os nazistas e ocultismo , a sociedade Thule(que realmente existiu/existe) e que Hitler patrocinava pesquisas relacionadas a ocultismo.

Também explorando lendas urbanas como foi dito por exemplo a existência de uma área do governo especializada em assuntos paranormais , uma base militar estilo área 51.

Misturando suspense , aventura , terror e ficção científica Mike Mignola cria Hellboy , mostrando que ele entende de ocultismo também.

Também não podemos esquecer os dois filmes dirigidos Guillhermo del Toro (Labirinto do Fauno) ,Hellboy e Hellboy II e o Exército Dourado e também tem animações e aparentemente o terceiro filme está sendo produzido.

Quem interpretou Hellboy foi Ron Perlman , uma escolha muito boa e quem interpretou Abe Sapien foi Doug Jones que também se encaixou muito bem no papel.

#HQ

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/hellboy

História do RPG no Brasil

Parte 1 – O início do RPG no Brasil. A “Geração xerox” e os primeiros RPGs. Dos primeiros encontros na Forbidden Planet até a organização da Uspcon, primeiro evento de RPG do Brasil. A Gibiteca Henfil, a Dragão Brasil e as adaptações de desenhos, filmes e HQs. Arkanun e Trevas, dois dos mais importantes jogos de RPG do Brasil, baseados em hermetismo e kabbalah, que concorriam em igualdade com os principais jogos importados. 3D&T, o sistema mais jogado do país, graças à distribuição em bancas de jornal.
https://www.youtube.com/watch?v=Lf0UZsnJR_I

Parte 2 – Anos 1995-2000 – A era de Ouro do RPG: Eventos para 30 mil pessoas no Martcenter, patrocínio de grandes empresas como Coca-Cola, Banco do Brasil e prefeituras. O Crime de Ouro preto em 2001, falsamente atribuído ao RPG e as consequências negativas que quase quebraram o mercado. Boicotes de distribuidoras e o fim do Encontro Internacional de RPG. A “Era de Prata” e a ascensão dos eventos de Anime. Publicação do AnimeRPG, único RPG brasileiro escrito por uma mulher, que vendeu 20 mil exemplares. A explicação de como funciona o ciclo de vida do mercado de RPG.
https://www.youtube.com/watch?v=-qYw6f8iHWM

Parte 3 – Final dos anos 2007-2008, a morte do RPG? RPGQuest e stands na Bienal do Livro e nas escolas; o fim da Dragão Brasil e o renascimento dos RPGs indies através de impressões de 100-200 exemplares e a mudança de público no mercado. Os novos livros da Daemon em sistema aberto e os mais de 500 netbooks gratuitos. Como a pirataria manteve o Sistema Daemon como um dos mais jogados até os dias de hoje. O renascimento tímido do mercado através dos Financiamentos Coletivos e o novo mercado dos Boardgames.
https://www.youtube.com/watch?v=_KQAjX39ZxQ

Parte 4 – Pequenas Igrejas, Grandes Negócios: a história de um dos cardgames mais engraçados e ao mesmo tempo mais polêmicos que já foram lançados, batendo todos os recordes de Financiamento Coletivo de 2014, que virou até matéria na revista Playboy; da procura pelas notícias bizarras aos processos e ameaças de morte. Dois mil exemplares esgotados e material para três novas edições só com as barbaridades que os pastores criam a cada dia…
https://www.youtube.com/watch?v=DHLbNudzdMg

#Entrevista #RPG

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/hist%C3%B3ria-do-rpg-no-brasil

Mapa Astral de Alan Moore

Alan Moore é um Mago inglês mais conhecido pelo seu trabalho como roteirista de quadrinhos, ganhador de mais prêmios que você pode imaginar e considerado o maior escritor de HQs da história, com obras primas como Watchmen, V, From Hell e Promethea (minha favorita) no currículo.

Fizemos um Post especial contando algumas curiosidades da Biografia de Alan Moore.

Sua infância e adolescência foram conturbadas, devido à influência da pobreza do seu meio social e da família. Quando jovem, foi expulso de uma escola conservadora e tal motivo fazia com que outras escolas que Moore quisesse estudar não o aceitassem. Com 18 anos, estava desempregado e sem nenhuma formação profissional.

Começou, porém, a trabalhar na revista Embryo, um projeto elaborado junto com amigos. O seu convívio na área fez com que se envolvesse com o Laboratório de Artes de Northampton. Lá, conheceu Phyllis, com quem se casaria em 1974. Teve duas filhas com ela: Leah e Amber.

Alan trabalhou para revista britânica Warrior. Nela começou a escrever duas importantes séries em quadrinhos. V de Vingança, um conto sobre a luta pela dignidade e liberdade numa Inglaterra dominada pelo fascismo, e Marvelman, conhecido nos Estados Unidos como Miracleman. Ambas as séries conferiram a Moore o título de melhor escritor de quadrinhos em 1982 e 1983 pela British Eagle Awards.

Para a DC Comics escreveu as histórias de conteúdo ecológico do Monstro do Pântano, ficando conhecido no mercado americano. Nessa sequência de histórias introduziu o personagem John Constantine, que posteriormente teria sua própria revista, Hellblazer.

Mapa Astral

O Mapa de Moore possui Sol, Mercúrio, Vênus e Saturno em Escorpião; Ascendente, Marte e Netuno em Libra; Lua em Áries; Júpiter em Gêmeos e Caput Draconis em Capricórnio-Aquário (Cavaleiro de Espadas). Seu planeta mais forte é o Sol, com nada menos que 8 Aspectações. Isso significa que praticamente todos os planetas do Mapa de Moore estão conectados de alguma maneira com esta energia escorpiana, que faz com que ele se aprofunde em praticamente qualquer coisa que fizer (vide as pesquisas feitas em Hqs como From Hell, Top Ten, Voz do Fogo ou Promethea). Moore não se contenta em escrever sobre alguma coisa, ele precisa investigá-la até o último limite do conhecimento possível. Um cético no verdadeiro significado desta palavra.

O Mapa indica uma pessoa capaz de não apenas entender as pessoas ao seu redor, mas que possui uma capacidade enorme de se aprofundar em qualquer tema que pesquisar. Graças aos deuses que ele foi expulso da escola e decidiu se dedicar a histórias em quadrinhos!

Júpiter em Gêmeos denota uma enorme facilidade com códigos, símbolos e imagens, trabalhadas em conjunto com Mercúrio em Escorpião (uma mente racional, cética e profunda) e Marte em Libra (talento para observar todos os lados de um problema antes de agir), canalizando uma combinação sensacional para escritores ou pesquisadores, embora também pudesse ser um excelente psiquiatra se esta tivesse sido a sua Verdadeira Vontade.

Como ocultista, podemos concordar que Moore está plenamente realizando sua Grande Obra, o que no Mapa está indicado pelo Caput Draconis em Capricórnio-Aquário (Cavaleiro de Espadas, aquele que conhece todas as regras e é capaz de quebrá-las; um hacker da realidade).

#Astrologia #Biografias

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/mapa-astral-de-alan-moore

Mapa Astral de Antoni Gaudi

Antoni Placid Gaudí i Cornet (Reus ou Riudoms, 25 de junho de 1852 — Barcelona, 10 de junho de 1926) foi um arquiteto catalão, um dos símbolos da cidade de Barcelona, onde se educou e passou grande parte da vida. Aparece como um arquiteto de novas concepções plásticas ligado ao modernismo catalão (a variante local da art nouveau).Antoni Gaudí trabalhou essencialmente em Barcelona, a sua terra natal, onde havia estudado arquitetura.

Originário de uma família não muito abastada, Gaudí tendeu para a procura do luxo durante a juventude; no entanto na idade adulta e no final da vida essa sua tendência diluiu-se por completo. Quando jovem aderiu ao Movimento Nacionalista da Catalunha e assumiu algumas posições críticas face à igreja; no final da sua vida essa faceta desapareceu também.

O Mapa

O Mapa de Gaudi mostra Sol e Mercúrio em Câncer/Gêmeos, Lua em Libra, Ascendente e Marte em Virgem e Caput Draconis de volta a Câncer. Também possui Júpiter em Escorpião e Saturno em Touro. O Planeta mais forte no Mapa de Gaudi é Marte em Virgem, com 7 Aspectações fortes.

A combinação das energias de Câncer e Gêmeos forma o que chamamos do arquétipo da Rainha de Copas; que reúne a habilidade de contar histórias geminiana com o envolvimento emocional canceriano. Mercúrio nessa combinação é o que apelidamos do “Mercúrio do Calvin” em referência ao personagem de HQs e sua imaginação prodigiosa. Aliando esta imaginação à vontade virginiana do Marte através de um sextil de 0,01 graus temos alguém extremamente metódico e muito, muito criativo. Lua em Libra completa com um dos maiores sensos estéticos e apurados de harmonia do zodíaco.

Muita gente pergunta “Onde está a tendência para a arquitetura no Mapa?” mas esta é uma pergunta que não tem resposta. O mapa indica que ele era uma pessoa metódica e criativa muito acima do normal, mas Gaudi poderia ter escolhido ser um escultor ou artesão com os talentos que possuía. Seu Júpiter em Escorpião (facilidade natural de se lidar com poderes e recursos vindos dos outros) o impulsionou para estaturas de maior poder… ao invés de esculturas; prédios-esculturas e a facilidade para se lidar com obras da complexidade da Igreja Sagrada Família (um dos meus templos favoritos no mundo!).

Combinando criatividade, perfeccionismo e grandiosidade, sem dúvida nenhuma ele soube trabalhar aquilo que veio fazer neste Planeta.

#Astrologia #Biografias

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