A FRA e o Sol Central

A palavra “Sol” aqui não significa necessariamente a estrela que a Terra gira. Nestes termos, falamos em “Corpo de Consciência”. O corpo humano abriga uma consciência, que alguns designam como Eu. O planeta Terra tem uma massa maior do que um corpo humano, então a Terra abriga uma consciência maior do que um corpo humano, Gaia. Por sua vez, nossa estrela, no centro do nosso sistema solar, é ainda mais pesada e abriga uma consciência ainda maior, Logos Solar. O próximo nível de massividade é o “Sol Central”, na qual diversas tradições esotéricas falam que emana uma consciência maior ainda.

Escreve Helena Blavatsky que: “No oceano sem limites brilha o Sol Central, Espiritual e Invisível. O universo é seu corpo, espírito e alma; e TODAS AS COISAS são criadas de acordo com este modelo ideal”. Essa escada de consciência é também chamada de “Logos”. Heráclito estabeleceu o termo Logos como significando a fonte e a ordem fundamental do universo.

Tal “corpo de consciência” é referido como um Logos ou um Sol. A palavra “Sol” não deve, portanto, ser tomada literalmente. O Logos pode ser uma estrela, um buraco negro, uma constelação, ou qualquer outra coisa. Apesar de causar estranheza inicialmente, lembramos que nas Ciências Ocultas, escreve Papus, o emprego da analogia é o método característico do ocultismo. Essas correspondências unem todos os elementos do universo, assim o que está em cima é como o que está embaixo.

O Sol físico é definido por Blavatsky em sua obra “Ísis Sem Véu” como um símbolo vivo de uma fonte espiritual. Ideia que provem de um conceito pitagórico do Sol Central, na qual o nosso sol físico é apenas reflexo. Esse Sol espiritual é identificado com vários nomes, sendo a causa de diversas manifestações. Rudolf Steiner identificava que as radiações do Sol Oculto não provem de nenhum astro, mas da emanação de seres elevadíssimos, os Elohim ou Exusiai. A Sociedade de Thule também utilizou desse conceito, chamando de Sol Negro ou SS (Schwarze Sonne). Na maçonaria, o Grande Arquiteto do Universo é a outra referência ao ordenador oculto. Blavatsky é a principal fonte, ela lista algumas referências do Sol Central em outras culturas:

“o Caos dos antigos; o sagrado fogo de zoroastrino, ou o Âtas-Behrâm dos pârsîs; o fogo de Hermes; o fogo de Elmes dos antigos alemães; o relâmpago de Cibele; a tocha ardente de Apolo; a chama sobre o altar de Pan; o fogo inextinguível do templo de Acrópolis, e de Vesta; a chama ígnea do elmo de Plutão; as chispas brilhantes sobre os capacetes dos Dióscuros. Sobre a cabeça de Górgona, o elmo de Palas, e o caduceu de Mercúrio; o Ptah egípcio, ou Râ; o ZeusKataibates (o que desce); as línguas de fogo pentecostais; a sarça ardente de Moisés; a coluna de fogo do Êxodo, e a “lâmpada ardente” de Abraão; o fogo eterno do “poço sem fundo”; os vapores do oráculo de Delfos; a luz sideral dos Rosacruzes; o ÂKÂSA dos adeptos hindus; a luz astral de Éliphas Lévi; a aura nervosa e o fluido dos magnetizadores; o od de Raichenbach; o globo ígneo, ou o gato-meteoro de Babenet; o Psicode e a força extênica de Thury; a força psíquica de Sergeant E. W. e do St. Crookes; o magnetismo atmosférico de alguns naturalistas; galvanismo; e finalmente, eletricidade (…).”

Na FRA (Fraternitas Rosicruciana Antiqua) o Mestre Huiracocha também faz referência a uma fonte espiritual, que está por detrás do Sol: (…) “Cristo é a Luz do Sol. Não a física, mas apenas a espiritual, que está por detrás dela”. O Mestre Huiracocha identifica nosso Sol como um mediador, um caminho para o Sol Central. Ele explica que essa manifestação da luz é uma substância ou partícula emanada pelo Sol. Na qual o Sacerdote Gnóstico pode invocar o nome do Cristo e fazer que essa substância cristônica penetre no ritual da Eucaristia. A luz é uma substância ou matéria que provém do Sol e penetra em todas as coisas. Ele escreve em “Igreja Gnóstica” que:

“O Sol, por sua vez, depende de outro Sol Central. Ele por si mesmo, não é mais que um mediador que nos cria, nos faz evoluir constantemente e nos redime pela ação imperativa do Crestos Solar. Este Crestos, não é Maya, não é ilusão, nem sequer um símbolo. É algo de prático, real e evidente e tal como o Logos, tem a sua ressonância, o seu ritmo e o seu tom. Platão disse, que o Logos soa, e afirmou que o Sol tem o seu ritmo. Deste modo, o Crestos Cósmico, tem positividade efetiva e é uma substância, uma força, uma consciência atuante. A Matéria é, por essa ação, Luz materializada”.

Vemos nisso, como as emanações do Sol Central podem implicar perturbações no éter de nosso planeta. Influenciando a vida na Terra.

Kenneth Grant, no seu livro “O Renascer da Magia”, diz que de acordo com a tradição hermética nosso sol é apenas um reflexo do Sol maior: Sothis ou Sírius. O sol do nosso sistema solar, portanto, tem uma relação de filho (Hórus) com essa estrela. Relação que vem desde o Egito Antigo. Kenneth Grant interpreta à luz da Lei da Thelema que “a Estrela reside no poder mágico da essência geradora feminina, pois Canicula (Constelação do Cão Maior) é Sothis, que também é a alma de Ísis”.

Robert Temple em seu livro “O Mistério de Sírius” demonstra que os egípcios relacionavam Sírius com Ísis. Essa correspondência é largamente comprovada por diversos estudos. Na publicação da Royal Astronomical Society, o estudioso Chapman-Rietschi em seu artigo, “The Colour of Sirius in Ancient Times”, escreve que os primeiros egípcios relacionam o nascimento heliacal de Sopdet (Sírius) com o nascimento de Ísis. O nascer helíaco de Sopdet foi observado no Egito com a finalidade de estabelecer o calendário lunar.

Na Thelema, ao adorar ritualisticamente Nuit, seria também uma adoração a estrela Sírius. Remetendo ao simbolismo do Aeon de Ísis, na qual antecede aos Aeon de Osíris. Sírius se levanta quando o Sol se deita no ocaso. O poder por trás do Sol, conclui Kenneth Grant, é Sírius.

Concluímos, então, que o Mestre Huiracocha ao aceitar a Lei da Thelema na FRA estabeleceu uma ponte mágica entre esses dois Aeons: na Missa Gnóstica, invocando o Logos Solar; e nos rituais rosa-cruzes, o Sol Oculto de Sírius, o revelador de Nuit. Um aspecto Solar e outro Estelar: Sol e Sírius; Masculino e Feminino. Unindo as dualidades da nossa vida.

#FRA #rosacrucianismo #Rosacruz

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A Thelema e a FRA

Por Irmão Raphael

No início do século XX, a Lei da Thelema, sistema de filosofia e magia desenvolvido por Aleister Crowley (1875-1947) – To Mega Therion – teve grande influência filosófica na cultura esotérica, na cultura pop e também foi precursora do pensamento pós-moderno. No meio esotérico, a Lei da Thelema também influenciou outras ordens que não estavam ligadas diretamente a Crowley, ordens ligadas pelo fenômeno da O.T.O. (Ordo Templi Orientis), como a FRA (Fraternitas Rosicruciana Antiqua) do Dr. Krumm-Heller (1876-1949) – Mestre Huiracocha – foco do nosso estudo. Muitos argumentam que os ensinamentos do Dr. Krumm-Heller eram antagônicos com do Aleister Crowley, e que não possuíam nenhuma ligação esotérica, principalmente na questão da magia sexual. Mestre Huiracocha revela em seu livro, Logos Mantram Magia, ele afirma: “declaro que, para mim, a vocalização, o uso dos mantras e a oração, mediante o despertar das secreções sexuais, é o único caminho de chegar a meta, e o resto é, infelizmente, uma perda de tempo”.

Diante disso, Peter Koenig, classifica o ensinamento do Dr. Krumm-Heller como Gnosticismo Homeopático, já que há uma ideia de retenção inclusa; e classifica de Gnosticismo Libertino do Crowley, na qual não há nenhuma restrição quanto ao sexo.

Aparentemente, essas duas ordens não parecem ter muitos pontos em comum. No entanto, Crowley recomenda o estudo da Fórmula da Rosa-Cruz. O que leva muitos a considerar uma alegoria somente à magia sexual. Como ele mesmo escreve: “não precisamos nos sentir surpresos se a Unidade do Sujeito com o Objeto na Consciência é Samadhi, que é a unificação da Noiva e do Carneiro é o Céu (…), a união do Lingam e da Yoni, a da Cruz com a Rosa”. No entanto, James Eshelman escreve, que isso, na verdade, seria o trabalho mágico da união dos opostos em sua Natureza, que muitos místicos cristãos descrevem como no aniquilamento de si mesmo no Amado.

O Dr. Krumm-Heller foi membro da O.T.O., apesar de que recebeu seu grau, em 1908, de Theodor Reuss, antes da reformulação da ordem por Crowley. Mas após 1930, o Dr. Krumm-Heller e Crowley se encontram pessoalmente em Berlim onde Huiracocha foi presenteado com uma edição de Liber Aleph assinada pelo inglês, e trocaram uma extensa correspondência. O Mestre Huiracocha não foi discípulo do Mestre Therion, na verdade, Crowley em uma correspondência, considera o Dr. Krumm-Heller um maçom igual a ele, na qual tinha muito a ver com a realização da “Grande Obra”, e a divulgação da Lei da Thelema. E o Dr. Krumm-Heller escreve:

“Meus mestres foram Eliphas Levi e Papus, e graças a eles eu poderia decifrar os segredos da Magia. Dr. Hartman tem nos ensinado na Alemanha, a parte esotérica da Bíblia e da Igreja Cristã. Outro mestre que teve maior influência sobre mim foi o Mestre Therion, ele me deu a sua obra “Liber Aleph Vel CXI (O Livro da Sabedoria ou da Tolice)”.

E após esse encontro, o Dr. Krumm-Heller aceitou a Lei da Thelema, sendo que nos rituais de congregação da FRA é dito: “A nossa divisa é Thelema”. Apesar das muitas influências, o Dr. Krumm-Heller diz também em seu Logos Matram e Magia ter alçado aos últimos graus da Astrum Argentum (ordem esotérica desenvolvida por Aleister Crowley e George Cecil Jones), mas não ha documentação a respeito e nem há algum estudo aprofundado da doutrina thelêmica no currículo da FRA.

Diante disso, surge uma questão, como a Lei da Thelema se adequou ao ensinamento das ordens, como a FRA – uma ordem de tradição gnóstica rosacruciana.

THELEMA E O CRISTO

Para os seguidores de Crowley, a Lei da Thelema possui o objetivo de descobrir sua Verdadeira Vontade, através da Conversação com o Sagrado Anjo Guardião e, após isso, dedicar sua vida inteira ao seu cumprimento. A necessidade do cumprimento da Vontade se demonstra através daquele que é considerado o único mandamento em Thelema: “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei. O amor é a lei, amor sob vontade”. A Lei da Thelema prega uma ética individual, na qual nenhuma regra externa pode interferir, ou seja, o cultivo e satisfação plena das próprias vontades. Mas qual é a visão do Dr. Krumm-Heller acerca da Lei da Thelema.

Para entender essa visão, peguemos o artigo do Dr. Krumm-Heller: CHRISTO-ABRAXAS-BAPHOMET- THELEMA, na qual é dito que há quatro forças – Cristo, Abraxas, Bafomet e Thelema – são uma só coisa: LUZ. Para o Dr. Krumm-Heller, o cristianismo adotou a ideia gnóstica de que o Cristo simboliza o Sol, conforme a Cristologia Gnóstica. E a Luz Solar atua de diversos modos. Ela é o Cristo, aspecto derivado do Pai, como parte do Sol Central. Para os gnósticos seria Abraxas. Outro aspecto desta Luz seria Baphomet, um aspecto mais grosseiro, porque é a força astral. E por fim, outro aspecto desta Luz é Thelema que significa a Vontade atuante na Luz.

Todas essas diferentes variações da Luz são denominadas pelos Gnósticos como Força Cristônica.

“(…) Outro aspecto desta força é Thelema que significa a vontade atuante na Luz. O discípulo não deve esquecer que todos esses nomes e símbolos representam forças e nos Mistérios usavam-se símbolos para objetivar essas forças. (…) Assim, pois a força de Abraxas manifesta-se de modo distinto da força de Baphomet; porém, todas derivadas da força espiritual da Luz, que os Gnósticos chamam FORÇA CRISTÔNICA. O discípulo precisa aprender o manejo de todas essas forças”.

CRISTOLOGIA GNÓSTICA

A Cristologia Gnóstica diz que o Sol visível é o mediador do Sol Central. E o Crestos Cósmico é o meio astral que liga o homem ao Pai Solar. A força de Cristo pode manifesta-se de diferentes modos, seja como Baphomet, Abraxas ou Thelema, porém, todas derivadas da força espiritual da Luz do Sol Central. Podemos inferir, assim, que Thelema é Cristo. Ou que a Vontade do Crestos é Thelema.

Como símbolo, Cristo se liga aos deuses solares, Mitra, Abraxas e Dionísio. Mas também é um fato histórico, na pessoa de Jesus. O corpo de Jesus de Nazaré foi utilizado para que a entidade divina do Cristo, no momento do batismo, pudesse tomar a forma que lhe era necessária para, daí em diante, estar em comunhão com as almas humanas. Os acontecimentos na Palestina foram necessários para o nascimento da vida terrena do Cristo que aconteceu a partir do Mistério do Gólgota, esse acontecimento é denominado por Rudolf Steiner (1861-1925) de “Impulso do Cristo”.

Para os Gnósticos há uma diferença sensível entre os as personalidades de Buda, Zoroastro, Confúcio, Maomé e a divindade do Cristo. Os primeiros foram certamente grandes filósofos e grandes Iniciados a quem lhes foi dada a incumbência de pregar e instalar uma região em sua época. No entanto, Cristo tem uma personalidade diferente.

Ele é Deus, é o Logos Solar ou a Essência Solar, a força do Espírito que está fundida no Sol.

O Dr. Krumm-Heller diz que a Força Cristônica de Jesus, se propagou pelo mundo (Impulso do Cristo) e transformou seu ambiente, perpetuando-se até nossos dias. Para vida terrestre, o Sol possui grande importância para nosso planeta, por sua vez, o Sol físico depende de outro Sol espiritual. O Sol espiritual é algo prático e real, como também é o Logos. Cristo é a Luz do Sol física e espiritual.

O Dr. Krumm-Heller reúne na figura do Cristo uma força de consciência e uma substância material. Isso pode parecer estranho, mas nas próprias palavras do Dr. Krumm-Heller, a realidade é formada pelo trio de matéria, energia (força) e consciência. Deste modo, o Crestos Cósmico é uma substância, uma força, uma consciência atuante. Os gnósticos aprendem a manejar Crestos e sua força mediadora.

CRISTO EM CONSCIÊNCIA

Seguindo a linha de pensamento, na qual o Dr. Krumm-Heller entendia Cristo e Thelema como forças impessoais, inferimos, então que a Força Consciencial Cristônica também é impessoal. Podemos entender melhor esse conceito Vontade Universal estudando a obra “Uma Aventura entre os Rosacruzes”, de Franz Hartmann. A Vontade apresentada por Hartmann não é a Vontade individual, apesar de atuar no individuo, é um princípio universal, análogo a Divina Providência. Desta forma, podemos entender a Vontade como uma Força Impessoal, como é invocada na Missa

Gnóstica do Mestre Huiracocha: “Vem, Santo Querer, Divina Energia Volitiva. Transforma a minha vontade fazendo-a una com a Tua”. Assim, para o Dr. Krumm-Heller, Thelema é a Vontade Divina Universal, na qual atua sobre toda existência. Como escrito por ele mesmo, Thelema é a Vontade atuante na Luz. E a Luz é o Cristo. A Vontade provém do Crestos Cósmico, a fonte universal que todos podem beber. A diferença entre Crowley e o Dr. Krumm-Heller é a origem dessa Vontade.

Para Crowley, a Thelema brota no próprio homem, mas em sua particular “alma imortal”: “Todo homem e toda mulher é uma estrela” (AL I:3). Frater Achad escreveu o ensaio Passando do Velho ao Novo Aeon, no qual explica que a partir do momento em que o homem passar a se identificar com o Sol, ele passará a ser um Deus, pois será a fonte de luz:

“Você sabe o quão profundamente nós sempre ficamos impressionados com as ideias de Sol nascente e Sol poente, e como os nossos antigos irmãos, vendo o Sol desaparecer à noite e nascendo novamente na manhã seguinte, basearam as suas ideias religiosas neste conceito de um Deus Moribundo e Ressuscitado. Essa á a ideia central da religião do Velho Æon (…). O Sol não morre, como acreditavam os antigos, ele está sempre brilhando, sempre irradiando Luz e Vida. Pare por um momento e tenha uma clara concepção deste Sol, como Ele está brilhando já cedo pela manhã, brilhando ao meio-dia, brilhando à tarde e brilhando à noite. Você percebeu esta ideia claramente em sua mente? Você acabou de sair do Velho Æon e entrar no Novo. Agora consideremos o que aconteceu. O que você fez para obter essa imagem mental do Sol sempre brilhante? Você se identificou com o Sol. Você saiu da consciência deste planeta; e por um momento você teve que se considerar um Ser Solar”.

No novo Aeon de Hórus, a era thelêmica, da criança conquistadora, todo homem e toda mulher passam a serem deuses, co-criadores do Universo. E a Fraternitas Rosicruciana Antiqua é uma mediadora entre o antigo e o novo Aeon.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-thelema-e-a-fra

Assim Florescerão tuas Rosas

Texto do Mestre Huiracocha

Busca o Essencial.

Sabes tu, o que é o Essencial, Irmão querido?

Escuta: Todos os seres da Natureza, tudo quanto vês e não vês, todas as formas cristalizadas e mesmo aquelas que tua pobre retina não consegue espelhar, têm um ponto essencial, uma substância íntima, um espírito alado, inconsúteis pelos quais vivem e se desenvolvem.

Tudo o mais é secundário, acessório, mas não inútil.

A inutilidade não existe dentro da grande Obra do Universo.

Esses acessórios são meios, veículos, portadores, se assim se pode dizer, do Essencial.

O médio é mortal. Pertence à terra. O Essencial é eterno: pertence ao céu de nosso espírito.

Busca, pois, em tudo o Essencial.

Então, para buscá-lo, aprende estas sete regras e práticas. Tua Cruz far-se-á mais leve e tua Rosa emprestar-lhe-á seu sagrado perfume. Ouve:

1º – Põe em todos os teus atos uma finalidade e um alvo em todas as tuas coisas. Que elas sejam o desejo de descobrir o Essencial. Põe nisso toda a tua atenção e toma por armas o útil, e nobre, o bem e o belo. Desdenha todos os obstáculos que se interponham entre ti e tua busca.

Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

2º – Sê alegre. Que a satisfação e a alegria brotem sempre de tua alma, até mesmo pelas menores impressões recebidas. Que as coisas mais insignificantes te encham de íntimo prazer. Tua essência é divina, pois Deus está em tudo que existe. É preciso, pois, perceber o Essencial mesmo no mais diminuto organismo.

Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

3º – Aprende a respeitar a opinião sincera dos outros. Se os sente em erro, faze-lhes ver com doçura, sensatez e respeito a tua opinião autorizada, sem os magoar. O Essencial, o Divino fala também pelos demais homens, e, em breve, evoluindo, chegar-se-á à Verdade.

Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

4º – Sai diariamente ao ar livre e admira a Natureza. Alegra-te e regozija-te com o Sol, o Céu, o Ambiente , as Flores, como humílimo verme que se arrasta pela terra. Observa que a Divindade existe em tudo e que a tudo dá o alento, o Essencial.

Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

5º – Sê fiel aos teus amigos e assim terás amizades fiéis por isso, que no meio deles tu estarás. Embora sejas uma Entidade separada e isolada, sente sempre que não és mais que uma extensão do Divino. Medita nesse fato, compreende-o, ajusta teu comportamento a essa idéia e busca nela o Essencial.

Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

6º – Relaciona-te com todos. Deves dar preferência, porém, àqueles que saibam mais que ti, para aproveitares a substância do que aprenderam. Assim, conhecê-los-ás e ama-los-ás. Tua observação te fará ver que são tal qual és. O Essencial, o Divino é o que sabem e é isso que deves buscar neles porque ainda não o tens.

Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

7º – Concentra-te todos os dias. Verifica se detiveste a tua atenção em coisas acessórias, secundárias. Faze sempre um exame de consciência e responde à tua própria indagação. Se não te foi possível estares atento ao Essencial, trata de corrigir-te e busca, diariamente, essa essência divina que palpita em tudo o que existe. Assim progredirás, serás feliz e…

Assim florescerão as Rosas sobre a tua Cruz.

(Agradecimento ao Ir. Basílides, por ter digitado este texto).

#Rosacruz

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‘Chamando os Filhos do Sol

DA PARTE DA ORDEM RUBI E OURO – M. RIO DE JANEIRO, ABRIL DE 1962, A.·.A.·.

Publicação em Classe b – Imprimatur: N. Fra. A. · . A. · .
O. M. 7 º = 4 º R.R. et A.C. – F. 6 º = 5 º Imperator

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

1 – O toque da trombeta

Este livro é da natureza de um arauto. É um chamado às armas. Bastante tempo dormistes, ó guerreiros do Rubi e Ouro! Levantai-vos. Deixai-me explicar a natureza da trombeta que vos chama. O ser humano, quando nasce, esquece as suas vidas anteriores e sua existência nos mundos celestes que acaba de deixar. Porém, tal esquecimento não é completo. Nas regiões subterrâneas da mente, no inconsciente da alma, uma lembrança fica. E é assim que alguns tem uma certeza intuitiva da existência de Deus e do além, é assim que outros sentem despertar neles simpatias ou antipatias inexplicáveis para com outros seres humanos que encontram em sua rota. É ainda assim que alguns – e entre estes se contam freqüentemente almas muito evoluídas – sentem, através de sua vida terrena inteira, uma saudade, uma solidão, um anseio indefinido, e sentem-se como viajantes, longe, muito longe, de algum fantástico, maravilhoso, imaginário lar.

Existem raças espirituais como existem raças físicas. Existem nações no mundo invisível como existem nações no mundo visível. Cada uma de tais raças e nações é simbolizada por um sinal, um símbolo, e as vezes, por vários símbolos. Tais símbolos são, por assim dizer, côtas de armas do astral. Os antigos heraldos eram videntes que examinavam nos planos internos os símbolos correspondentes a natureza anímica de certos indivíduos e desenhavam uma côta de armas que simbolizasse as qualidades de seu dono. O brasão era transmitido de pai a filho porque era reconhecido que a semente espiritual do pai se transmitia magicamente de geração a geração, contanto que influências externas não se manifestassem. Às vezes era necessário incluir alguma influência nova, combinar duas côtas, se por casamento, adoção ou outros meios, a natureza anímica de uma família nobre mudava. Esta ciência heráltica clarividente está hoje quase que completamente perdida.

É por causa dessa simbologia astral que, muita vez, certos símbolos são apresentados à consciência de um indivíduo que nunca teve contato com o que é chamado “ocultismo” ou “espiritualismo”, e no entanto o indivíduo reconhece os símbolos, sente um despertar de atividade em sua consciência, e percebe intuitivamente que ele pertence aos símbolos ou os símbolos pertencem a ele. Os símbolos, tanto em desenhos quanto em imagens escritas, e as chaves apresentadas neste livro, representam outras tantas côtas de armas e pertencem a legião dos Filhos do Sol.

2 – A Nova Era

Já vos falaram muito da Nova Era, de Aquário-Leo. Ela começou em abril de 1904, quando a terra foi ocultamente, regenerada pelo fogo. Todas as crianças nascidas após esta data trazem no inconsciente o selo das energias e tendências espirituais da Nova Era. Chamamos o grupo dos Filhos do Sol encarnados no Brasil à execução de suas vontades. Chamamo-los à consciência do fito da encarnação. Chamamo-los à realização da Grande Obra. Faze o que tu queres há de ser tudo da lei.

3 – O Fim das dores

Muito vos tem sido dito a respeito das razões para a encarnação do mundo. Muito vos tem falado da “divina redenção da Dor”. Tem-vos sido dito que este mundo é um vale de lágrimas, um antro de demônios que se encarnam para expiar os seus pecados. Somente o sofrimento, dizem-vos, traz a luz e a libertação. Eu vos digo que tudo isso está acabado.

Faze o que tu queres há de ser tudo da lei.

4 – A Alegria do mundo

Não procures luz nas Igrejas e nos Templos; a Luz está em Ti. O sofrimento, é o fruto da ignorância, e sua presença é sintoma de erro, e não sinal de espiritualização. Todo ser humano que sofre, sofre por sua própria culpa, e no momento em que sofre. Os vossos erros passados determinam as vossas condições de manifestação; mas a essências do vosso íntimo, o fogo interno que queima no coração da estrela caída, está sempre presente em vós; está sempre presente em vós a possibilidade da Pedra Filosofal, que transmuta o pesado, penoso chumbo de Saturno no belo, luminoso Rubi e Ouro do Sol. Todo homem e toda mulher é uma estrela.

5 – Estrelas no mundo

A encarnação é uma batismo, uma queda, a finalidade da qual só é revelada nos transes da mais alta iniciação; mas pode ser-vos dito desde já que a finalidade da Encarnação não é a expiação de “culpas” da alma. Todas as culpas e todas as virtudes da alma são igualmente ilusões de Maya; e o Fogo Interno que queima no coração da Estrela Humana consome totalmente a teia ilusória do Karma desde o momento em que desperta para a consciência da sua verdadeira identidade. É este fogo interno que era simbolizado entre os Egípcios pela Cobra Capêlo levantada sobre a fronte de Faraó, o Sacerdote – Rei. É este fogo interno a mais alta manifestação daquilo que é, em parte, chamado Kundalini nos Tantras, e cuidadosamente cultivados pelos Agni-Yogis. A marca deste Fogo Interno está na testa do Buddha e de todas divindades Brahmânicas e Tibetanas. É uma das possíveis marcas da Bêsta, o Leão Solar. Que ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir. No folclore tradicional europeu, os filhos das fadas e as crianças protegidas ou vítimas de encantamentos traziam a marca de uma estrela na testa. Quando vítimas, elas estavam sempre sendo provadas.

6 – Quebra das correntes

Somente aquela influência que se torna mais poderoso sobre o teu destino realmente expressa o Teu Destino, ó Estrela Caída! Foge portanto daqueles que querem “salvar” por procuração. Não adores a Deus, pois quando o fazes, tentas obrigar a Deus que adore a si próprio em ti, e isso é masturbação. Adora antes o teu próximo, ou aquela pedra, ou o astro mais longínquo; “Pois Eu estou dividida por amor ao amor, pela chance de união”. Que ouça aquele que tem ouvidos de ouvir. Todo profeta, todo livro, todo deus que quer despertar em ti uma tendência a dobrar o joelho a alguma coisa ou sêr com exclusão do resto, é um profeta falso, é um livro tolo, é um deus negro.

Todo homem e toda mulher é uma estrela. Todo número é infinito; não há diferença.

Foge portanto daqueles que te querem convencer que o sofrimento voluntário, cego ou passivo, que a subjugação da liberdade da tua consciência a outra, que a negativização da tua aura, é O Caminho.

Tu és o Teu Próprio Caminho.

Por isto está escrito: Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos fará livres. Este mundo não é um antro de demônios expiando seus pecados; este mundo é um dossel de Deuses que dormem, e dormindo, sonham.

7 – A ressureição dos mortos

Tem-vos sido dito: Tende piedade dos pobres, dos humildes e dos fracos. Mas eu vos digo, que direito tendes de sentir piedade dos mortos, vós que estais mortos? Pois se estivésseis vivos, saberíeis que o espírito é eterno, indestrutível e divino; que a terra não pode enterrá-lo; que a água não pode afogá-lo; que o ar não pode soprá-lo; que o fogo não pode queimá-lo; que o éter mesmo, e os outros Dois, não são mais que envolturas tomada pela eterna chama quando repousa e sonha no regaço da Natureza. Portanto os Mestres são sem piedade e egoístas; calcam aos pés os que caem e pensam somente em Si Próprios; portanto está escrito que para fazer ouro é preciso ter ouro para começar; portanto está escrito que àquele que tem, mais lhe será acrescentado, mas aquele que não tem, até o que tem lhe será tirado; e portanto, também está escrito, na palavra de algum santo rabino da velha Judéia: Deixa que os mortos enterrem seus mortos.

8 – Lei da Liberdade

Aqueles que tem em mente a Libertação do Homem não podem aceitar se não a atividade individual e espontânea dos outros. Portanto, os Mestres limitam-se a apontar todos os detalhes úteis de uma situação, para fazê-la clara ao julgamento, e nunca salvam os homens de seus erros nem manifestam piedade pelos que caem. A compaixão é um sentimento ilusório e ofensivo à natureza real do homem. Acaso tendes piedade de Deus? A verdadeira caridade consiste em um transe espiritual pelo qual o discípulo chega à consciência da divindade contida em tudo que existe. Aos olhos de um vidente, a alma de um tal homem desabrocha como um Sol. Desse momento em diante, uma nova luz ilumina o mundo, um novo farol aponta o Caminho, a Ressurreição e a Vida. Tais são os Pelicanos, tais são os verdadeiros Sacrifícios (isto é, aquilo que é feito sagrado), tais são os Filhos da Luz, e é esta Luz que é a verdadeira caridade. Não dês esmolas aos mendigos; anula a mendicância no teu íntimo, e dá Vida, Amor, Liberdade e Luz à humanidade em peso. Que ouça aquele que tem ouvido de ouvir. Por isto a verdadeira fraternidade apresenta sempre os verdadeiros símbolos, mas sem explicá-los; a intuição das coisas divinas desperta certa atividade nos corações; movido por uma força dentro de si mesmo, o indivíduo une-se à corrente que harmoniza com sua capacidade de vibração. A verdadeira fraternidade não prega nem insiste. Limita-se a expor os fatos e deixa que cada qual os verifique por si mesmo e tire as suas próprias conclusões.

Não há nenhuma lei além de faze o que tu queres.

9 – A Verdadeira Vontade

Quereis fazer bem ao vosso próximo? Aumentai então a vossa sabedoria, a vossa saúde, a vossa riqueza; despertai a vossa atividade espiritual, e deixai que vosso próximo faça o mesmo quando quiser. Ficai certos que quanto mais felizes, saudáveis e ricos fordes, mais aumentareis a possibilidade da felicidade, saúde e riqueza alheias; pois aquele que se liberta da carga alivia a tarefa dos que ainda estão ligados a ela. Esta é a única maneira de aliviar eficazmente o Karma da Humanidade. Vedes em volta vossa miséria, sofrimento, paixões indisciplinadas e desejos artificiais e doentios. Quereis aliviar estas condições? Disciplinai o vosso íntimo, submetei a vossa entidade humana à Real Vontade de vossa essência divina; e quando o fizerdes, a vossa passagem na terra será um sopro de ar fresco através de um quarto fechado há muitos séculos. Por isto está escrito: Se queres tirar o arqueiro do olho de teu irmão, tira antes a trave que tens no teu.

Tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade. Faze isto, e nenhum outro dirá não.

10 – Deus Encarnado

Dizem-vos que Deus veio ao mundo, foi crucificado pelos nossos pecados, ressuscitou e subiu aos céus, mas por divina caridade morre novamente e se ergue novamente todo dia na cerimônia da missa. Ouvis isto, e dobrais o joelho? Cegos, não compreendeis que vós sois Aquele crucificado sobre a cruz da carne, e que a Crucifixão Vossa é o Batismo da Encarnação? Vós sois o Caminho, a Verdade e a Vida! Erguei-vos, como Ele se ergue diariamente, no Batismo da Ressurreição!

ROSA-CRUZ. Aumgn!

11 – Deus Falcão

Dizem-vos que o Sol Espiritual mergulhou sob a terra, e fazeis penitência e orais pela vossa salvação, tanto quanto o povo gemeu nas cerimônias da Morte de Asar-Osiris, lamentou-se durante a noite, e soltou gritos de alegria à ressurreição da manhã. Cegos, pois não vos ensinam já a todos nas escolas que o Sol não se põe nem se levanta, mas que em torno dele a Terra dança a dança das estações? Por isto havia no Egito um Deus misterioso que só adoravam aqueles que na cripta haviam tido murmurada ao seu ouvido a terrível revelação de que Osiris é um deus negro. Esse Deus era chamado Ha-Hoor-Khuit, o que significa Sol dos Dois Horizontes. Isto demonstra que os Iniciados Egípcios sabiam que a Terra gira em torno do Sol, coisa que a Igreja Cristã sempre negou e, em seu tempo, mandou iniciados à fogueira por querer revelá-lo ao mundo. E no entanto, Eppur si muove! (Ela assim se move)

Sê conosco, Deus-Falcão!

12 – A Política do Êxtase

Tem-vos sido dito: reprimi o vosso sexo! É a voz da Bêsta em vós. Mas eu vos digo: Sede tanto mais abençoados quanto mais fordes potentes, quanto mais ansiardes pela beleza e refrigério da Mulher! Porque, é verdade, a voz do sexo é a voz da Besta em vós; é a voz do Cordeiro de Deus e a voz do Leão Solar!

666. Aumgn!

13 – Abertura da porta do Templo

As macerações e o masoquismo psico-fisiológico são o defeito necessário de todos os sistemas religiosos desenvolvidos durante a Era de Virgo-Pisces. Por isto tem-vos sido dito que ir à igreja aos domingos, ou à sessão espírita uma vez por semana, ou ao candomblé na Sexta-feira ou Sábado, e abandonar-vos a uma receptividade passiva de diversas influências que são derramadas sobre vós, é adorar o verdadeiro Deus. Dizem-vos que a espiritualidade consiste em dobrar o joelho humildemente e confessar-se indigno e pecador, e oferecer meigamente o pescoço à espada temível do Juiz Supremo. Eu vos digo que tudo isso está acabado. Eu vos digo que só é verdadeiro o culto e só é santo o sacerdote cuja atividade desperta em vós a consciência, mesmo se temporária, da divindade de vós mesmos. Eu vos digo que na idade de Aquário-Léo, os homens devem orar pelos seus atos. Eu vos digo que os homens não mais se conhecerão pelas intenções, pelos pensamentos, ou mesmo pelas palavras; digo-vos que não há graça espiritual que vos salve da conseqüência de vossos atos, nem Juiz Espiritual que vos condene; digo-vos que a Lei do karma é a Lei de Causa e Efeito da Ciência; digo-vos que o Deus que recompensa ao que dobra o joelho e se confessa cheio de faltas e pede perdão é um vampiro, é um deus falso, é um deus negro; digo-vos que o Verdadeiro Deus está dentro de vós; digo-vos que nenhum dos vossos atos vos condena a não ser na medida que vos vela da consciência do Olho que se abre sobre vós; digo-vos que sois chamados à Grande Obra, e não a esperar que Algum ou Algo vos auxilie ou vos conduza; e digo-vos, enfim, que o maior crime que podeis cometer contra a Chama que queima em vosso coração é dobrar o joelho diante de qualquer relicário que não seja esse relicário interno.

Não sabeis que sois o Templo de Deus Vivo?

Eu sou só: não há nenhum Deus onde Eu Sou.

14 – Abundância de frutos

Não vos masturbeis psiquicamente em momentos de inspiração provocada por circunstâncias exteriores à vossa vontade, pensando que estais adorando a Deus quando apenas vos estais abandonando à expansão de um turbilhão astral. Se quereis orar ao Verdadeiro Deus, trabalhai; não importa em que, mas trabalheis com capricho, com devoção, fazendo do vosso trabalho vosso culto; pois quando trabalhais ativamente e com concentração, fazeis germinar as sementes de individualidade e iniciativa que existem latentes dentro de vós. Por isso está escrito: O que quer que tua mão faça, faze-o com todo o teu poder. E por isto, também, está escrito: Conhecê-los-eis pelos seus frutos.

15 – O lado escuro da lua

Há entre vós muitos que vos professais seguidores de Jesus, e que no entanto pretendeis como vosso Chefe Espiritual o Príncipe Conde St. Germain. Sabei então o que esse Mestre disse certa vez a um assustado discípulo: “Sim, meu amigo, Jesus não é nada: mas afligir-vos é sempre alguma coisa, e portanto, não mais falarei”. Osiris é um deus negro. Apo pantos kakodaimonos!

16 – A criança celeste

Somente a Criança Divina é o Deus de Luz para os próximos dois mil anos. Por isso está escrito que ninguém que não se torne como uma criancinha entrará no reino dos céus; e por isto está também escrito que o Leão e o Cordeiro se deitarão lado a lado, e uma criancinha os conduzirá.

Sê conosco, Deus Menino! Sê conosco, Deus Falcão!

17 – A Lei Única

Tem-vos sido dito: A lei natural é uma, a Lei Divina é outra. Mas eu vos digo que as leis naturais são as únicas leis divinas. Por isto o verdadeiro cientista, e principalmente o astrônomo, é o mais profundo sacerdote de Deus. A natureza é o corpo de Deus. Glória a Nossa Senhora das Estrelas, ó homens! Isis-Urânia, Mãe de Nós Todos, Aum!

18 – O elogio da lagarta

Escreveu um Grande Iniciado: “O fito daquele que queria ser Mestre é único; os homens chamam-no de Ambição Pessoal. Isto é, ele quer que seu Universo seja tão vasto, e seu controle de seu Universo tão perfeito, quanto for possível”. Leu um verme em forma humana estas palavras, e gritou: “Esse homem é egoísta e maligno! Ele quer dominar-me!” Leu um Aspirante estas palavras, e pensou alegremente: “Eis o meu fito”.

Os escravos servirão. Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir.

19 – Sobre Caridade

Vede em torno vosso muitos indivíduos que se professam verdadeiros seguidores do verdadeiro Deus, porque praticam a caridade, isto é, dão esmolas aos mendigos, socorrem os famintos, montam orfanatos e promovem auxílio aos desempregados. Em verdade vos digo que esses são cegos conduzindo os cegos; tanto os que conduzem como os que são conduzidos reagiram sempre ao círculo vicioso do Karma instintivo do homem lunar. Pois aquele que dá esmolas aos mendigos incita seu próximo à mendicância; aquele que socorre os famintos afasta muita vez o aguilhão que desperta uma consciência animal à atividade humana; aquele que monta orfanatos deveria antes ensinar aos ignorantes a controlar os seus instintos; e aquele que oferece emprego indiscriminadamente a um desempregado o mais das vezes interrompe uma fase de deslocamento que leva um homem a descobrir sua verdadeira vocação e vontade. Pôr isto os Mestres não auxiliam os homens, mas fazem com que eles aprendam a se auxiliarem a si próprios.

20 – Sobre Espiritismo

Uma palavra a dizer-vos sobre o espiritismo. Quer sejam os seus chefes espíritos descarnados, quer sejam cascarões astrais em processo de decomposição, quer sejam egrégoras de correntes das mentes instintivas associadas, existe em sua prática um defeito técnico e um defeito espiritual, a saber, que os médiuns desenvolvem a tendência a Ob no abandonamento passivo aos turbilhões astrais, o que é contrário aos deveres da evolução humana; e o inspirador espiritual dessas cohortes e desse movimento é dito ser “Jesus”, isto é, uma entidade que jamais existiu como tal, e que não foi mais que a máscara com que Osiris foi oferecido aos gregos e romanos. No passado, tudo isto seria talvez de pouca importância; mas lembrai-vos que a espiral tem dado mais uma volta, e que Osiris é um deus negro. Ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

21 – Sobre os cultos Afros

Uma palavra a dizer-vos sobre a macumba. Quer sejam os seus chefes espíritos africanos desencarnados, quer sejam demônios do baixo astral em disfarce, existe nas práticas deste movimento o mesmo defeito técnico que existe no espiritismo, isto é, o uso da força de Ob. Mas existe também uma diferença fundamental, que a macumba adora, sob diversos nomes os mesmos deuses do Pantheon greco-romano, os quais eram também adorados sob outros nomes por toda a Antigüidade, e que são personificações de grandes Forças através de cuja existência nos mundo sutis certas correntes espirituais são formadas para inspirar a vida dos homens. Por tanto a macumba é mesmos prejudicial à individualidade interna que o espiritismo, por isto que não ofende os fatos da Natureza: No passado tudo isto teria pouca importância; mas lembrai-vos que a espiral tem dado mais uma volta, e que despertou de seu sono de dois mil anos o mais misterioso Deus dos pagãos, o grande Deus Pan. Ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

22 – Sobre o comunismo

Uma palavra a dizer-vos sobre o comunismo. Quer se disfarce como primitivo cristianismo, quer se chame a si próprio materialismo científico, não é nem uma coisa nem outra, pois os primitivos cristãos adoravam a Deus n’Eles mesmos; refiro-me aos Gnósticos, que a Igreja Católica ferozmente perseguiu e dizimou, porque os sabia conhecedores da natureza da grande feitiçaria. Quanto a materialismo científico, isto é coisa que o comunismo nunca foi, sendo baseado num certo número de axiomas romanescos e idealísticos que nada tem a ver com os fatos da ciência; como, por exemplo, que os homens são todos iguais, quando a evidência é farta de que a lei natural a este respeito é variação da norma; e como, por exemplo, que possessões pessoais ofendem a comunidade humana, o que é fundamentalmente falso e até tolo, pois se a propriedade pessoal fosse o roubo, como querem os socialistas, os homens teríamos todos um só corpo, um só cérebro, uma só língua, um só pênis e um só anus. Ainda mais, a organização social pregada por este “materialismo científico” está em fragrante contraste com a lei natural de evolução por mutação e seleção das espécies; pois a genética nos ensina, e a observação da conduta das espécies o demonstra, que variações da norma produzem evoluções, e que a sobrevivência sempre tem que ser dos mais aptos. Toda sociedade humana, portanto, que não permite o máximo de liberdade para cada indivíduo de desenvolver livremente e por escolha própria as suas tendências naturais, e de competir livremente e igualmente com outros sobre o campo de batalha da vida, é uma sociedade idealística, que nada tem a ver com materialismo ou com a ciência. Portanto, o comunismo, como qualquer outra tendência à uniformidade e sujeição do indivíduo aos interesses de um rabanho ou de uma entidade fictícia (o “Estado”), é uma tendência malsã, idealística e viciosa; combatei-o com todas as forças de vossa individualidade, vós que sois verdadeiros homens!

Tu não tens o direito a não ser fazer tua vontade. Faze aquilo e nenhum outro dirá não.

Ouça aquele que tem ouvidos para ouvir.

23 – Sobre a Igreja Romana

Uma palavra a dizer-vos sobre a Igreja Católica. Está morta, como todos os que lhe pertencem, e sua aparente grande atividade presente não é mais que a turbulência inconsciente de decomposição de um cadáver gigantesco. Os cristãos aos Leões! Que ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

24 – Sobre a Maçonaria

Uma palavra a dizer-vos sobre a Maçonaria. Aquela que foi baseada na lenda de Hiram, lenda que, qual a de Jesus, não é mais que uma versão dramática adaptada à mentalidade ocidental do Ritual do Deus Sacrificado, isto é, Osiris, está tão morta quanto a Igreja Católica. Há porém esta diferença fundamental: que a Maçonaria tendo sido iniciada por Adeptos da Fraternidade da Luz para combater a grande feitiçaria da Loja Negra, neste momento mesmo novos brotos maçônicos estão sendo cuidadosamente regados pelos mestres encarregados da disseminação da Boa Nova, isto é, dos princípios sociais e espirituais da Nova Era; e esses mestres são, como disse uma inspirada das Lojas do Tibet, “um dos mestres ingleses e o Conde de Saint Germain”. O nome do Mestre inglês pode agora ser revelado: Ele era Sir Aleister Crowley, M. 33º e Rei da Ordem do Templo para a Inglaterra; e papel mais importante ainda ele desempenhou como encarnação da Besta 666. Que ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir. Quanto ao Conde de St. Germain, também chamado por alguns de Mestre Racoczy (e que sorri dessas tolices), ele segue os passos do Mestre Inglês com o mesmo assombro e admiração com que no passado seguiu os passos do Conde de Cagliostro. Que ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir. A Maçonaria está morta, ela vive. O Rei está morto, viva o Rei!

25 – Sobre a Educação

Uma palavra a dizer-vos sobre a educação das crianças. Vossos filhos não vos pertencem, e pais que não dão aos seus rebentos o nome deles próprios, seguindo de Filho, estão satisfazendo uma triste vaidade. Se vos conhecêsseis tal quais sois, e se realmente amasseis os vossos filhos, a última coisa que quereríeis no mundo é que eles se parecessem convosco. Na Nova Era, mais e mais crianças nascerão em cada família que não pertencem à gama vibratória dos pais. Isto é porque, de acordo com as predições de todos os videntes dos últimos duzentos anos, a família já não é mais a unidade do organismo social. Gamas vibratórias que se conservam coesas durante séculos, membros da mesma estirpe reincarnando-se constantemente na mesma corrente genética, estão para sempre partidas. O indivíduo, homem ou mulher, é a unidade do organismo social. A família agora não é mais que o primeiro conjunto de indivíduos a cuja presença a alma nova é submetida. Portanto, ó pais, se quereis o respeito de vossos filhos, não o exijais como um direito; provai pelo exemplo dos vossos atos que o mereceis, e vossos filhos galardoar-vos-ão o respeito com um prêmio que haveis conquistado. É esta sempre a Lei: desperta a virtude no teu íntimo, e verás com surpresa como a virtude se acende no coração dos outros. Ida está a idéia de laços familiares. Custa a morrer por causa da inércia do pensamento humano, imantado pelos hábitos de quatro mil anos (pois a família já estava formada no Aeon de Isis, que precedeu o de Osiris; somente, então era a mãe o chefe da família). Mas as suas convulsões, tal qual as da Igreja Católica e, de um modo geral, do Cristianismo, são as convulsões de um moribundo. Quanto mais os pais reforçam sua autoridade, mais os filhos se rebelam, e fazem bem. A pátria do homem é o mundo, o seu mundo é o universo, e a sua família é a humanidade inteira. Há um Deus de viver em um cão? Não! E se por acaso um Deus nasce no seio de uma alcatéia, e pedem-lhe que roa ossos como o resto, que esperais, senão que o Deus ultrajado se retire para o meio de seus semelhantes ou, num acesso de cólera, dizime os cães insolentes até que, assustados, param de importuná-lo e começam a obedecê-lo como é próprio? Os escravos servirão. Quereis educar bem os vossos filhos? Tratai-os como frescas incarnações da divindade, deuses recém-descidos ao mundo, verdes mensageiros das alturas, emissários do mundo misterioso do além-túmulo a que ireis dar um dia. Proporcionai-lhes todas as oportunidades de adquirir conhecimento e experiência, e deixai que eles escolham livremente entre todas as oportunidades que lhes proporcionais. Não os limiteis nunca a não ser nas coisas que o bom senso manda, isto é, na conservação da saúde e na disciplina da inteligência. Está bem comandar a uma criança que não ponha a mão no fogo, mas é melhor ainda explicar-lhe que o fogo queima os descuidados, e dar-lhe uma demonstração. Quando vosso filho ou vossa filha atinge a idade de responsabilidade, isto é, a puberdade, momento em que o Fogo se manifesta pela primeira vez através da inteira carne, ou a Água jorra pelos portais da vida com sua doçura e alegria, não tenteis apagar o fogo, nem tenteis represar a água. Ensinai antes ao menino e à menina tudo que sabeis a respeito da reprodução dos sexos, o que não é muito; ensinai-lhes como evitar a concepção involuntária, tendência natural do ser instintivo; ensinai-lhes as regras de higiene que conservam o aparelho criador livre das chamadas doenças venéreas: e assim, cumprido o vosso dever, deixai que corram os vossos filhos livremente o largo mundo. Se tivestes o cuidado de respeitar o julgamento de vossos filhos desde o berço, se cultivastes com desvelo a vossa essência interna, ressoando assim na virtude interna de vossos filhos, se, enfim, habituaste os vossos filhos ao destemor e à liberdade, eles amarão sem prejudicar e sem serem prejudicados, e voarão mais alto e mais longe do que jamais alcançastes. Que maior fonte de orgulho podem Ter os pais, que ver como os seus filhos os surpassam em tudo? E há nisto simples e saudável egoísmo, que se fazeis de vossos filhos homens e mulheres mais livres e mais fortes do que sois, eles, por sua vez, farão de vós homens e mulheres mais livres e mais fortes ainda, quando reincarnardes no meio deles. Cada criança que nasce e cresce saudável e livre é a esperança da humanidade. Regai portanto as flores, ó homens, se quereis um dia colher os frutos! Isto regenerará o mundo, o mundozinho minha irmã, meu coração & minha língua, a quem eu mando este beijo.

26 – Sobre a Sociedade

Existem analogias entre a sociedade humana e o corpo vivo que fareis bem em observar e imitar. Pois no corpo existem estruturas que mudam lentamente, que se desgastam e se renovam relativamente tão devagar que quase se poderia dizer que são imóveis. E no entanto estas estruturas são a base sobre a qual são construídas as estruturas mais fluidas. No corpo humano estas estruturas são os ossos, e na sociedade são as leis que regem o metabolismo das células chamadas homens. Pensai por um momento quão terrível seria se o esqueleto humano, ao invés de ser parcialmente flexível, e constituído de modo a permitir aos órgãos que se suportem uns aos outros suportando-se nele, fosse rígido e separasse os órgãos uns dos outros, ou os comprimisse de maneira a impedir a sua livre função! Tal se dá em casos kármicos de má conformação óssea, e muita vez observais e rides do resultado, em vez de vos lembrardes que o mesmo vos pode Ter acontecido em outra vida, ou pode acontecer-vos no futuro. E no entanto, rindo como rides dos corcundas e capengas, viveis vós mesmos numa sociedade horrenda pelas suas leis e seus hábitos, e nada fazeis para modificar sua pesada e antinatural constituição. Sabei portanto que as leis, tal como os ossos, devem ser organizadas para a máxima flexibilidade combinada com o máximo de força e permanência, e devem, pela sua estrutura mesma, permitir o máximo de iniciativa aos indivíduos e de intercâmbio às instituições. No aparente e imortal paradoxo do Conde de Fênix: A autoridade absoluta do Estado deve ser a função da liberdade absoluta de cada vontade individual.

TU NÃO TENS DIREITO A NÃO SER FAZER A TUA VONTADE. FAZE AQUILO, E NENHUM OUTRO DIRÁ NÃO. POIS VONTADE PURA, DESEMBARAÇADA DE PROPÓSITO, LIVRE DA ÂNSIA DE RESULTADO, É TODA VIA PERFEITA.

Ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

27 – Sobre a morte

Eu me assombro cada dia em meio vosso, de ver como pagais serviço com vossos lábios a certas crenças, mas sempre desmentis vossas palavras com vossos atos. Dizeis acreditar em outra vida para a alma, onde ela será mais feliz do que foi aqui na terra, e chorais desabaladamente quando os vossos entes queridos (e até os vossos entes não-queridos) morrem. Dizeis acreditar que aquilo que Deus ligou o homem não pode desligar, e as vossas igrejas hediondas conspiram para que todas as leis sociais impeçam o mais possível aos homens que tentem desligar os laços matrimoniais.

Dizeis acreditar que a alma é salva pelo batismo na infância, e no entanto vossas igrejas e sacerdotes vis passam a vida inteira do batizado a espreitar, boquejar, e freqüentemente a condenar. Ó geração covarde e hipócrita! Dai um festim quando alguém morre, daí o cadáver de comer às bestas (ou ofertai-o ao hospital mais próximo), e confiai a alma às mãos de sacerdotes iniciados para que a acompanhem e aconselhem na viagem às plagas divinas, tal qual fazem ainda os simples povos do Tibet! Ó degenerados, ó devassos, ó impotentes! Não vos intrometais com as leis do Amor, que é o instrumento e modo de operação da vontade espiritual dos homens! Ó fariseus imundos, descrentes e malfazejos! Não compreendes que o Primeiro Batismo é a passagem através das Portas, que a água batismal é o fluido âmnico, e que no Aeon de Hórus o batismo sacerdotal há que ser de fogo, o fogo do Espírito Santo, tomado na Missa de Confirmação! Por isto está escrito: Eu vos batizo com água; mas Um virá após mim, maior que eu e ele vos batizará com Fogo.

Ra-Hoor-Khuit! Hoor-Paar-Kraat! HERU-RA-HÁ!

Sê conosco, Deus Menino! Sê conosco, Deus Falcão! Kyrie, Christe! IAO SABAO! AGIOS, AGIOS, AGIOS, IO PAN!

28 – Sobre falsas ordens

Muito pouco é conhecido da Rosa-Cruz, e no entanto pululam em vosso meio “ordens” e “fraternidades” fazendo uso desse NOME. Transcrevo aqui, para vossa edificação, as palavras simples de um homem que tinha algum conhecimento do que estava falando: (1) “É curioso mas é assim: para poder falar da mais elevada das entidades iniciáticas conhecidas no Ocidente devo usar tal nome sem antepor os termos: ‘Ordem,’ ‘Fraternidade,’ ou algo semelhante, para que o leitor ou o Discípulo não confundam com algumas das inumeráveis sociedades que, qual cogumelos surgiram com nomes imitativos da : “ROSA-CRUZ”. “É também necessário declarar aqui, algo que o não foi bastante claramente pelos que me precederam, que a ROSA-CRUZ, isto é, a misteriosa Fraternidade suprema, que atua com tal nome há uns três séculos somente no Ocidente, sempre existiu sob outras denominações. “Não tem sede que alguém possa situar em nenhuma cidade, nem seus Membros se declaram como tais. Isto é tudo que se pode dizer do ponto de vista da sua organização. Ao que se refere à sua atuação, parece muito simples explicá-la: cada vez que um ambiente determinado: sociedade, centro iniciático ou o que seja, NECESSITA E MERECE a atenção da ROSA-CRUZ, se envia algum Missionário relacionado pelo menos com os Círculos Externos d’Ela: ou, em outros casos, algum dos membros de dita sociedade ou fraternidade é inspirado, sendo também possível que ele mesmo não se dê conta cabal por muito tempo às vezes de como está sendo “inspirado, dirigido…e observado.” Quando finalmente se dá conta, é porque já está ‘MADURO’ em seriedade. Discrição, dedicação e capacidade. Isto é, pelo menos, o que sei de fonte que, como se diz em linguagem diplomática, ‘deve ser considerada como habitualmente bem informada…’ “

Mais tarde ainda, esse escritor acrescenta: TODA SOCIEDADE QUE SE DIGA OU SE TENHA PELA AUTÊNTICA E ÚNICA ROSA-CRUZ, OU BEM ESTÁ ENGANADA, OU ESTÁ ENGANANDO.

Ao bom entendedor, meia palavra basta.

29 – Sobre a Rosa e a Cruz

Do pouco que é conhecido da verdadeira ROSA-CRUZ, podemos concluir o seguinte: Primeiro, os ROSA-CRUZ adotam as vestimentas da época e país em que viajam ou atuam. Segundo, eles se conhecem imediatamente entre si por certas características que passam desapercebidas dos profanos. Terceiro, a influência ROSA-CRUZ está tão mais longe de organizações “rosacrucianas” quanto mais estas protestarem que está perto. Quarto, os ROSA-CRUZ adoram periodicamente em um Templo do Espírito Santo, onde aprendem a curar os doentes, transmutar os metais e onde comungam uns com os outros. Esse Templo está ao mesmo tempo em toda parte e em parte alguma; é a coisa mais fácil de achar pelo iniciado e a coisa jamais sonhada pelo profano. Quinto, a característica fundamental dos ROSA-CRUZ é que eles possuem o Elixir da Vida, a Pedra Filosofal, o Summum Bonum e a Felicidade Perfeita. Sexto, não se segue, de que os ROSA-CRUZ se dedicam a curar os doentes, que eles sejam médicos por profissão; nem se segue, de que eles possuem o Elixir da Vida, que eles prolonguem sua existência terrena. Aquele que escreve estas palavras não é Rosa-Cruz.

30 – Sobre a organização o Brasil

Para instrução e aviso dos Filhos do Sol: Três “fraternidades” principais se manifestam neste país, chamando-se a si mesmas rosacruz. A Ancient and Mystical Order Rosae Crucis (AMORC) foi fundada para um H. Spencer Lewis, iniciado nos círculos esternos da Ordem do Templo do Oriente (O.T.O.).

Desobedeceu ele as ordens dos seus superiores, dando a sua organização o Nome que absolutamente não merecia; traiu ele o seu mestre, ao qual, rico como se tornara pelas suas intrujices, deixou praticamente morrer de fome (pois assim era a Sua vontade); e foi por sua vez traído pelos seus comparsas em profanação. Esta “ordem” desobedece ao mais sério preceito de toda Ordem Iniciática real, em que recebe dinheiro para conferir iniciações. The Rosicrucian Fraternity in América, inicialmente de origem maçônica superior, degenerou progressivamente e, sob a gestão de R. Swimburne Clymer, traidor e infame membro da Loja Negra, foi corrompida pelos mesmos métodos da grande feitiçaria. É agora, com justiça, desprezada e encarnecida pelas Ordens que tentou usurpar.

A Fraternitas Rosicruciana Antiqua foi iniciada por um membro de alto grau da O.T.O., com permissão de seus superiores; mas a resolução do fundador (Dr. Arnold Krumm-Heller, “Huiracocha”) de usar o nome ROSA-CRUZ foi deplorada por todos os Irmãos, os quais por conseqüência se afastaram do fundador e da Ordem. Ela está agora em vias ou de dissolução ou de transmutação; que a responsabilidade de uma ou da outra recaia sobre seus dirigentes, como já recaiu sobre o seu fundador!

31 Sobre a Grande Fraternidade dos Irmãos da Luz

A Grande Fraternidade dos Irmãos da Luz tem várias subdivisões, das quais as principais para este planeta são a Fraternidade Negra (que não deve ser confundida com a Loja Negra), a Fraternidade Amarela e a Fraternidade Branca. Elas são simbolizadas na Cabala pelos três filhos de Noé.

A Fraternidade Negra mantém que toda manifestação tem forçosamente que ser da natureza de sofrimento; que o fito do homem deve portanto ser esgotamento do Karma pessoal e absorção no Nirvana. Nessa Fraternidade foi o Buddha Sidharte Galtama o maior expoente; seu livro canônico foi o Dhammapada.

A Fraternidade Amarela mantém que toda manifestação, sendo forçosamente resolvida de cima, deve Ter razão de ser; e que portanto o fito do homem deve ser adaptar-se plasticamente às condições de manifestação, eliminando fricção, e jamais presumindo de modificar, de uma maneira ou de outra, os processos da Natureza. O maior expoente dessa Fraternidade foi Lao-Tse, e seu livro canônico o Livro do Tao.

A Fraternidade Branca mantém que o fito do homem é tornar-se aquilo que Madame Blavatsky chamava um Nirmanakaya; que a Grande Obra é a transmutação progressiva, primeiro dos metais pessoais em ouro, depois dos metais planetários em ouro, e finalmente dos metais universais em ouro; e que o propósito e divertimento do adepto deve ser fazer com que o deserto floresça de beleza e perfume. O maior expoente dessa fraternidade foi e é a Grande Besta do Apocalipse e seu livro Canônico, que não é seu, mas pertence a Nossa Senhora das Estrelas, ao Fogo Divino e à Criança Solar, é o Livro da Lei.

E porque tu não possuis Sabedoria, não saberás se essas três Fraternidades, que sempre se antagonizam e completam umas as outras, fazem uma ou fazem três. Ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

32 – Sobre os sábios do Oriente

Lao-Tse veio ao mundo e disse, entre outras coisas, que o Tao que pode ser concedido não é o verdadeiro Tao. Portanto os homens se reuniram e, depois de sua morte, fizeram um Salvador de Lao-Tse; e hoje seu livro é um joguete dos tolos e pedantes. Thoth (mas realmente Tahuti) veio ao mundo e disse, entre outras coisas, que a sabedoria consiste em estruturalizar a mente de uma forma tão orgânica, tão flexível e tão fluída, que a mente se torna um veículo adequado para o Verbo Criador. Portanto os homens se reuniram e, depois de sua morte, fizeram um Salvador de Thoth; e hoje Seu Livro é em parte usado como base de jogos de salão.

Buddha veio ao mundo e disse que não havia nem salvador nem salvação, que dores e macerações não conduzem o homem à paz divina; que toda manifestação era necessariamente da natureza de um sofrimento, e que a essência da sabedoria consiste na extinção. Portanto os homens se reuniram e, depois de sua morte, fizeram um Salvador de Buddha, rezaram penitência em seu nome, e imploraram a ele que os conduzisse à libertação.

Dionísio veio ao mundo, ele, Osiris Ressurrecto, e ensinou aos homens que no processo de geração, com sua morte e ressurreição, está contido o supremo mistério da construção do templo do Espírito Santo, do Verbo manifestado em carne, do Reino na Terra. E portanto os homens adoram-NO sob muitos nomes, inclusive o de Jesus, e rogam-lhe que os conduza à salvação. E no entanto, Ajuda-te, que Deus te ajudará, diz a sabedoria do povo. Mohammed veio ao mundo e destruiu parcialmente a grande feitiçaria da Loja Negra, engendrada após a extinção metódica da Igreja Gnóstica Exotérica, e perseguição que durou vinte séculos da Igreja Gnóstica Esotérica. Glória a Mohammed, Espada de Deus! Profeta parcial, mas profeta contudo, da Unidade de Deus e da Virilidade do homem! E agora, vos é dito: Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir a Voz da Besta 666.

33 – Chamando os Filhos do Sol

A nossa Fraternidade é a Fraternidade dos Filhos da Luz. A nossa Habitação é o Lago de Fogo Eterno, o Sol. O nosso Pai é Satã, o Senhor do Fogo Eterno, o Senhor do Sol, o Logos Solar. Os nossos chefes são a Besta 666, o Leão Solar, e a sua Concubina BABALON. Quando encarnados sobre a Terra eles são sempre um homem e uma mulher, cuja atividade superior desperta o fogo estelar no coração dos homens.

Acima de nosso Pai Satã, que também foi através dos tempos chamado Abrasax, Mitras, Ra, Bal, Al, Allah, Cristo e incontáveis nomes, há Nossa Senhora das Estrelas, em cujo seio nosso Pai repousa, e Hadit Seu Esposo, dos quais nada é permitido revelar, e dos quais nosso Pai é um dos filhos, cujo corpo é a Estrela Sol.

Os homens sempre tem adorado o Sol Espiritual, do qual somos chispas cristalizadas sobre a Terra, e nossos sonhos e anseios divinos são memórias de nossa Casa, o Imenso Lago de Luz. Falamos aqui dos Filhos do Sol, pois há outros encarnados sobre a Terra que são filhos de outras estrelas; pois, como está escrito, a casa de meu Pai tem muitas moradas. Mas estas coisas são de interesse apenas para os mais altos iniciados, porque só eles podem realmente compreende-las e utilizá-las.

Na era de Aquário-Léo, o mundo já foi regenerado pelo Fogo; a Estrela caiu sobre a Terra, e a escuridão do mundo já se enverdece e galardoa de Aurora. Hoje Ele não é nosso Pai, apenas; é nosso Mestre e nosso Esposo; é Nós Mesmos, a Criança Coroada e Conquistadora, Horus, o Filho de Isis e Osiris, em seu nome Heru-Ra-Há; o Deus Menino, o Verbo feito Carne em cada um de nós!

Tu que és eu mesmo, além de tudo meu;

Sem natureza, inominado, ateu;

Que quando o mais se esfuma, ficas no crisol;

Tu que és o segredo e o coração do Sol;

Tu que és a escondida fonte do universo;

Tu solitário, real fogo no bastão imerso;

Sempre abrasando; tu que és a só semente

De liberdade, vida, amor e luz eternamente;

Tu, além da visão e da palavra;

Tu eu invoco; e assim meu fogo lavra!

Tu eu invoco, minha vida, meu farol,

Tu que és o segredo e o coração do Sol

E aquele arcano dos arcanos santo

Do qual eu sou veículo e sou manto

Demonstra teu terrível, doce brilho:

Aparece, como é lei, neste teu filho!

Amor é a lei, amor sob vontade

Esta foi a primeira publicação thelêmica no Brasil, resultado de uma ordália passada por Frater Saturnus à Frater Aleph. Pouco depois de lança-lo, Marcelo Motta o recolhe logo em seguida por discordar de algumas conclusões a que chegou na obra. Poucos compraram na época, sendo um deles Frater Thor.

Marcelo Motta

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/chamando-os-filhos-do-sol/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/chamando-os-filhos-do-sol/