Hipótese de Sekhmet: Onde Estão os Hippies Quando Precisamos Deles

Bem vindos ao passado

Em 1610, logo após observar o sol através de seu recém inventado telescópio, Galileu Galilei fez as primeiras observações européias sobre as manchas solares. Desde 1749, as médias mensais dos números de manchas solares tiradas nos mostram que o número de manchas visíveis na superfície do sol aumenta e diminui em ciclos de aproximadamente 11 anos.

Bem vindos ao presente.

Não precisamos de uma bola de cristal para saber que algo vem acontecendo com a cultura jovem ocidental desde os embalos dos anos 1960. Antes deste período os jovens tinham que obedecer a 3 regras básicas:

1- Ficar de boca fechada;
2- Obedecer cegamente a líderes religiosos e governamentais;
3- Adotar uma aparência extremamente discreta e nacionalista (caso já imagine suásticas troque esse adjetivo por “patriótica”)

A partir da metade da década de 1960 houve uma espécie de reviravolta, a cultura jovem passou a rejeitar a grande massa, valores antiquados e se viam como parte de uma nova comunidade global. Algumas pessoas cultas, como o sociólogo Marshall McLuhan, sugeriram que isso aconteceu porque essa juventude foi criada, desde o nascimento, pelos aparelhos de televisão. Na década anterior, os distantes anos 1950, os adolescentes encontraram liberdade e uma forma de se rebelar ouvindo rock ‘n’ roll, mas vamos encarar, assim que Elvis se alistou no exército ele deixou claro que a cultura que estava representando ainda estava sob a tutela do governo patriarcal. E então surgiu a geração Beat, mas para a sociedade de forma geral, esse sempre foi um movimento quase que exclusivamente underground.

Outros movimentos surgiram e desapareceram como os Mods e os motoqueiros Rockers londrinos mas foi apenas em 1967 que o primeiro arquétipo global de uma natureza forte e atávica emergiu da cena Beat underground.

Esse arquétipo foi o da Criança Flor, ou como ficou mundialmente conhecido: o Hippie. Danças como o Monkey Jive eram um guia visual que mostrava de maneira clara a mutação do puro e cru rock ‘n’ roll para um tipo de ânimo baseado na psicodelia gentil. Diferente de outros movimentos jovens do passado a cultura Hippie tranformou completamente a sociedade ocidental, anunciando uma era de alegria, otimismo e expensão da mente.

Onze anos depois do surgimento, ou emersão se preferir, social das Crianças Flor surgiu a próxima corrente atavística jovem, o Punk explodiu no mainstream social em 1977. A espansão da mente da última parte da década de 1960 foi substituída por um sentimento de contração da mente, separatismo e  um ódio e apatia destrutivos, tudo isso celebrado de forma muito divertida e prazeirosa. O prazer de compartilhar a mente foi substituído pela repulsão súbita de cuspir a mente. Algumas pessoas, como John Peel, se referiram a esse novo movimento como uma possível reação contra os Hippies, os anti-corpos sociais para sanar a doença do paz e amor; outras afirmaram que o Punk era a polaridade inversa que complementava a doçura e gentileza das Crianças Flor, algo que seria não apenas natural, mas obrigatório aparecer como forma de equilíbrio.

Visualmente o espírito do tempo foi encapsulado por um tipo diferente de dança, o “ataque epilético”. Adolescentes se jogavam no chão e convulsionavam em espasmos acompanhando o ritmo da música. As pessoas que testemunhavam isso sentiam estar presenciando algo que ia muito além de uma simples modinha ou movimento. A postura do “luto de morte” – onde a pessoa se encolhia de maneira convulsiva – havia substituído a postura sexual e extática dos Hippies. Essa mudança possuia similaridades com os sentimentos expressos em nível pessoal quando defrontados com os extremos emocionais da vida. Quando nos apaixonamos nós erradiamos uma grande quantidade de alegria e otimismo e sentimos alegria em compartilhar isso com o resto do mundo, quando nós somos afligidos pela perda de um ente querido, tendemos a nos encurvar quando nos sentamos, ou nos enrolar como fetos e ficar chorando, deitados. O sentido de tempo celebrado por cada uma dessas culturas jovens também se relacionava com o espírito sentido na esfera pessoal: eterno, relaxado, expansivo quando apaixonado; acelerado, comprimido quando aflito ou quando nos deparamos com nossa morte evidente.

Assim como a cultura Punk começou a se desenvolver de forma cada vez mais acelerada, o gentil e suave Reggae fou complementado com o surgimento do Rap nervoso (desenvolvido de forma pioneira pela retórica rápida e esbaforida de Muhammad Ali), que curiosamente também desenvolveu de forma separada uma versão do “ataque epilético” junto com o break, uma dança constritiva e espiralada. Assim que a cultura Punk-Rap estava a pleno vapor, algumas pessoas começaram a levantar algumas questões, a maior delas sendo: poderia haver alguma razão por trás dessa ação combinada e recíproca de jovens celebrando um otimismo dócil, expansivo e construtivo, e então celebrarem o pessimismo a contração e a destruição?

Muitos tentaram responder isso de maneira sociológica, cultural, criativa, evolutiva. Mas nenhuma das respostas foi muito interessante, isso até Peter Carroll decidir se dedicar um pouco à questão. Carroll sugeriu que esse afluente cultural global estava se tornando receptivo, e assim influenciado, pelo ciclo de 11-22 anos de nosso astro local. Para muitos isso foi como ver no meio de uma festa de aniversário infantil um velho tio bêbado e um velho professor italiano se beijarem de maneira não tão púdica – um acontecimento óbvio, mas dificil de ser digerido, por mais aberta que seja sua mente.

Peter Carroll sugeriu que o movimento psicodélico que surgiu na segunda parte da década de 1960 aconteceu junto com o pico de atividade de manchas solares, que também ocorreu na segunda metade dos anos 1960. A celebração complementar de pessimismo ocorreu onze anos depois, a partir de 1977. Deste padrão Peter deduziu que conforme nos aproximássemos de outro pico de atividade solar, no fim de 1989, um novo ânimo, ou estado de espírito iria se expressar de forma social em 1988. Essas previsões foram feitas no início da década de 1980 em seu livro Psychonaut, muitos antigos Hippies leram o livro de Carroll e se pegaram aguardando maravilhados… enquanto muitos céticos apenas torceram o nariz e aguardaram por quase dez anos, preparados para rir de todos e preencher o mundo com suas teorias cínicas sobre como o mundo realmente funciona. Quem de fato acreditaria que o ciclo de manchas solares teria algo a ver com o comportamente cultural e musical dos mamíferos deste planeta? É de se admirar que depois de Newton, Darwin, Freud e outros as pessoas ainda dêem atenção a esse tipo de propaganda pseudo científica.

É claro que na vida nem tudo acontece como esperamos que aconteça e mesmo idéias que se baseiam em fatos aparentemente sólidos acabam indo por água abaixo, e foi isso o que aconteceu quando em 1988 a cultura Rave emergiu do underground. O novo movimento jovem chegou mesmo a desenvolver sua própria droga: Ecstasy, a primeira droga desenvolvida de natureza empática. E junto com essa nova leva jovem o slogam Paz e Amor estava de volta, exatamente como Carroll havia predito.

Se fôssemos extrapolar a premissa de Carroll, poderíamos esperar então uma nova celebração saudável de pessimismo e contração da mente para o ano de 1999. E de fato esta complementação surgiu, mas permaneceu underground. O que teria acontecido?

O novo ícone cultural revolucionário surgiu com a combinação do movimento NU Metal, que fundia influências do grunge e do metal alternativo com o rap e os vários subgêneros do heavy metal, e que começava a deixar o underground e a despontar em grandes festivais como o Ozzyfest, e da estética cultural e filosófica exposta no filme Matrix. Grant Morrison apontou que a nova juventude desejava absorver a cultura do filme, com seu imperialismo, sobretudos e visão niilista de que toda a liberdade existente hoje é apenas uma forma de controle vindo de “poderes ocultos” e assim não é uma liberdade real, mas poucos artistas e ícones da mídia quiseram participar desse movimento. Muitos não entenderam o porquê disso, já que outras culturas emergentes do passado não precisaram desse suporte da mídia para se desenvolverem, quando não haviam artistas elas criavam os próprios artistas.

Desta vez, a nova onde cultural veio carregada com uma dose extra de violência e o sentimento de morte foi muito mais extremo. Apenas vinte dias após o lançamento do filme Matrix nos EUA ocorreu o massacre na escola de Columbine. O crime logo foi associado com video games violentos, bandas de música pesada e particularmente ligada ao filme Matrix, a mídia inclusive afirmou que os dois estudantes responsáveis pelo crime estavam ligados a um grupo local auto denominado a Máfia do Sobretudo. A estética mostrada no filme passou a ser combatida por pais e professores, e muitos jovens, abalados pelo acontecimento não resistiram.

Além disso, dois anos após o lançamento do filme houve o ataque de 11 de Setembro nos EUA. O uso de aviões civis para se derrubar o World Trade Center, além de outros alvos fez com que a cultura global passasse não apenas a evitar, mas a combater qualquer forma cultural que exaltasse a morte e a violência criando uma guerra mundial ao terror, fosse qual fosse a forma de terror, impedindo o surgimento de um novo arquétipo cultural jovem.

Esses fatos fizeram com que muitos observadores culturais concluissem que a próxima onda cultural ainda estava para acontecer. Outros concluíram que essas mudanças culturais, ainda que influenciadas pelos ciclos de manchas solares começavam a ser também influenciadas pela mídia global que estava surgindo.

Considerando que o ciclo solar pode causar disturbios visuais, de rádio e até metereológicos, é possível que ele cause também influências de padrões sociais de natureza global. Mas se formos de fato buscar evidências que apoiem esta visão exótica, nós teríamos que buscar não só por padrões que atinjam seu ápice a cada 11 e 22 anos como também padrões que invertam de polaridade a cada 11 anos.

Que bom seria se as intensificações de caos social dentro da cultura jovem não possuíssem esse valor periódico.

Bem, deixemos de papo e vamos à prática. Um estudo dos ciclos solares no site de clima espacial da NASA nos oferecem os dados para criarmos a seguinte tabela de co-relações entre a atividade solar e os movimentos culturais:

Maio de 1967 – Cultura Hippie decola, um ano antes da máxima solar.

Janeiro de 1977 – Cultura Punk decola dois anos e meio antes da máxima solar.

Maio de 1988 –  Cultura Rave decola um ano antes da máxima solar.

1999 – Cultura de força hostil lúdica emerge (Nu Metal, Matrix, etc) logo antes da máxima. Mas curiosamente não surge um novo arquétipo jovem.

(As datas usadas são aproximações de quando os movimentos underground atingiram o mainstream da mentalidade contemporânea principalmente via as ruas, a imprensa sensacionalista e a televisão.)

Bem, agora é a hora de pararmos de simplesmente olhar par aa tomada e enfiar o dedo molhado nela par aver o que acontece.

Logo de cara os números parecem promissores, mas o primiro tropeço acontece quando olhamos o que o sol estava fazendo em janeiro de 1977. Nesta data o que aconteceu é que o sol estava em um período de atividade mínima e de repente ele resolveu, do nada, mudar para uma máxima solar no curto espaço de dois anos e meio. Não houve, então, uma máxima solar quando a cultura Punk foi sensacionallizada pelos tabloides.

Se combinarmos isso com o fato de a próxima cultura jovem ter perdido completamente a hora, aproximadamente 12 anos, começamos a sentir um cheiro estranho de peixe largado no sol quando paramos para pensar na hipótese da Cultura Jovem Solar. Afinal, sejamos francos, quem de fato acreditaria que o sol e as manchas solares poderiam influenciar que tipo de música irá surgir na terra?

Bem vamos olhar novamente para a foto de Peter Carroll e Galileu Galilei se beijando. Manchas solares são definidas como “regiões relativamente frias na fotosfera solar que aparecem como áreas escuras. Essas áreas contém campos magnéticos intensos que fornecem energia para as explosões solares. Manchas solares aparecem em grupos”.

Logo, estamos falando de magnetismo, magnetismo da pesada. Mas como esse magnetismo afetaria a cultura jovem? Bem, esse magnetismo poderia causar mudanças na eletrofisiologia do cérebro, afetar nossos neuro transmissores (o que afetaria nossa percepção de motivação/prazer e dor); o magnetismo poderia causar um decréscimo na memória, causar um défict de atenção maior e de quebra causar reações mais lentas no cérebro de crianças na escola, afetando o grau e a qualidade do aprendizado da lavagem cerebral que pagamos para essas instituições fazerem em nossas crianças 5 dias por semana, cinco horas por dia.

Então podemos dizer que os estilos psicodélicos, punk, raver e nu metal foram o resultado de doses massissas de magnetismo solar em cérebros jovens? Bem vamos trabalhar com outro gráfico e uma idéia divertida.

Sendo completamente raso, sem me aprofundar e tratando o assunto de maneira genérica o bastante para quase esbarrar na heresia, acho seguro dividir o comportamento, ou estado de espírito, do ser humano comum em quatro tipos. Imagine um círculo, cortado ao meio por uma linha horizontal e então novamente por uma linha vertical e… espere, deixe que eu faço isso pra você:

Os diferentes tipos de estado de espírito podem ser divididos em dois grupos, e cada um desses grupos em mais dois grupos menores influenciados pela personalidade geral das pessoas. Vejamos:

– Amigável – Delicado
– Hostil – Delicado
– Amigável – Força
– Hostil – Força

Entenda Delicado e Força da seguinte forma:

Delicado = passivo, sossegado
Força = ativo, energético

Assim, temos duas novas tabelas para adicionar ao nosso problema solar:

Tabela 1 = Evolução Cultural

1967 – 1976 -> Hippie
1977 – 1987 -> Punk
1988 – 1999 -> Rave
2000 – 2011 -> ?

Vamos entender essa interrogação como a falta de um arquétipo tão poderoso quanto o das outras 3 culturas anteriores. Podemos colocar o Nu Metal ai? Sim, mas estamos trabalhando com a possibilidade da carga criativa/energética/magnética ter se dissipado e o movimento ter começado forte e morrido alguns anos depois.

Tabela 2 = Desenvolvimento dos 4 tipos de estado de espírito

Amigável/Delicado -> Adiquirido aproximadamente entre 0 e 1 ano;
Hostil/Delicado -> Adiquirido aproximadamente entre 1 e 2.1 anos;
Amigável/Força -> Adiquirido aproximadamente entre 2.2 e 4 anos;
Hostil/Força -> Adiquirido aproximadamente entre 4 e 5.8 anos;

Para aqueles que não estão familiarizados com essas diferentes fases do desenvolvimento humano aguardem um artigo mais completo, por hora, basta saber que cada estado de espírito é a incorporação de um comportamento no desenvolvimento da criança e não uma única forma de comportamento. Ou seja, quando você nasce e é um bebê quando chora recebe um peito e você dita a rotina da família. Quando cresce impõe limites para você, primeiro de forma sutil, já não te alimentam sempre que quer e sim nas horas certas; ainda trocam suas frladas sempre que você se suja, mas você começa a ser incorporado na rotina, além disso não deixam você ir para onde quiser para não rolar uma escada engatinhando, ou não despencar da cama. Na fase seguinte, você já foi incorporado na rotina, mas está aprendendo as coisas, um novo universo se abre para você, que já caminha e já é parte da família; ainda trocam suas fraldas, mas você tem mais liberdade do que antes já que pode ir para onde quiser. Na quarta fase você já entende a diferença de sim e não, e os ‘não’ começam a chegar. Agora não querem mais trocar suas fraldas, estão te ensinando a ir ao banheiro, agora você entrou na hierarquia da família e tem chefes para obedecer.

Vamos fingir que o sol não existe, tire Galileu e vamos ficar apenas com Carroll.

Analisando os diferentes tipos, ou personalidades, das culturas jovens, ligadas à música que surgia, e comparando-os com os estágios do desenvolvimento humano temos novamente um padrão interessante surgindo. Uma experiência divertidas é tocar os diferentes tipos de músicas em festas de aniversários de crianças que ainda não fizeram 5 anos e observar a reação dos pimpolhos. Não, não vou descrever aqui as reações, eu disse que isso é uma experiência divertida, então a realize e se divirta. Para apenas de ler e tente aprender algo na prática.

Voltando ao assunto, temos então um quadro interessante. Se as mudanças são causadas pelo sol ou não, elas possuem um paralelo com o desenvolvimento da programação que tranforma um bebê em alguém que irá passar a maior parte da vida longe da família, dos amantes e dos filhos, trancado em algum lugar lutando por cada vez mais papel colorido com númeors impressos distribuídos pelo governo e guardados em bancos que tentam fugir do tédio lendo coisas na internet.

Assim, como podemos prever o próximo movimento cultural jovem? Se levarmos em conta que o do início deste século simplesmente se evaporou, qual seria o movimento cultural/musical que irá se tornar o avatar a partir de 2011?

Merda. Estamos em 2011!

O último grande arquétipo cultural aceito por nossos pesquisadores, foi a cultura Rave, enquadrada como Amigável-Força. A que se seguiria seria Hostil-Força, mas alunos se mataram, o World Trade Center agora é uma praça e não mais prédios. O Nu Metal trazia um aspecto hostil e energético, mas ele não se tornou um arquétipo. A nova onda energética que deve estar acontecendo este ano ou ano que vem (alarmistas de 2012, comecem a sorrir) deve adotar a postura Hostil-Força ou será que veremos um próximo pulo evolutivo?

Estilos como Stormer (pense nos storm troopers de Starwars), Valkie (pense em Wagner) ou Panzer (aqueles belos tanques alemães) estão sendo sussurrados por aqueles que gostam de falar de coisas como nanotecnologia usada para implantar propaganda corporativa em sonhos, assim sempre que você sonhar que está com sede vai se ver bebendo uma coca-cola.

Caso de fato tenhamos perdido o ônibus dormindo e tenhamos uma nova cultura jovem hostil agressiva podemos esperar algo como o inferno vindo para a terra. Ela provavelmente será demonizada pelos fundamentalistas religiosos, pela imprensa de tabloides e por uma série de DJ’s que perderam os empregos nos últimos anos por teram saído de moda. E claro, com cada cultura uma nova droga. Se antes o Ecstasy era a droga do amor, esperemos o surgimento de uma nova droga que trabalhe com um aspecto violento agressivo.

A idéia divertida mencionada acima é uma forma de tentar entender: se de fato o eletromagnetismo do sol pode influenciar nossa cultura jovem, nossa “nova onda”, o que poderia ter bloqueado a última, de 2000, e que poderia continuar fazendo com que nossa criatividade simplesmente brochasse eternamente? Que fontes de eletromagnetismo nós teríamos ao nosso redor constantemente o tempo todo?

Em 1888 Hitler foi o pioneiro na transmissão de códigos pelo ar. Claro que não era exatamente pelo ar, afinal qualquer pessoa que grite está transmitindo códigos pelo ar, mas estou falando do tipo de transmissão que acabou dando origem ao rádio transmissor. Bem, logo todo mundo decidiu que precisavam mandar informações de forma rápida. Em 1914 aconteceu a primeira ligação telefonica trans oceânica. Em 1947 os laboratórios Bell, nos Estados Unidos, pegaram a invenção de uma atriz hollywoodiana, Hedwig Kiesler (conhecida também por Hedy Lamaar) e desenvolveu em cima dela – da invenção não da atriz – um sistema telefônico de alta capacidade inteligado por diversas antenas espalhadas por ai, cada antena recebeu o nome de célula porque isso era bacana pra caralho e fazia o trabalho parecer coisa de ficção científica. Assim nascia a telefonia celular. O primeiro celular foi desenvolvido pela Ericsson, que ainda nem imaginava que temrinaria na cama com a Sony, em 1956, ele pesava 40 quilos e foi criado para ser instalado em porta malas de carros. A Motorola entrou na dança lançando o seu modelo de celular em 1973, que já pesava 1 quilo e tinha o prático tamanho de um tijolo. Em 1979 o Japão e a Suécia entraram no jogo e os EUA em 1983. Isso, em números, significa que até 1989 existiam 4 milhões de assinantes do serviço móvel em todo o mundo. Em 2009 esse número subiu para 4.600 milhões. Para 2013 se antecipam 6000 milhões.

1947-1956 – desenvolvimento do primeiro celular -> 1967 – 1976 -> Hippie
1979-1989 produção se espalha pelo mundo -> 1977 – 1987 -> Punk
1989 – 2009 – produção em massa de celulares populares -> 1988 – 1999 -> Rave e 2000 – 2011 -> ?

Celulares usam uma energia eletromagnética. Estão cada vez mais populares e mais difundidos. As antigas “células” estão sendo trocadas por satélites que vão recolher e disparar de volta outros feixos de energia eletromagnética. Teria esse magnetismo influenciado o magnetismo solar e o Nu Metal não se desenvolveu? Será que o movimento Emo seria uma mutação causada por nosso eletromagnetismo artificial? Existe eletromagnetismo artificial?

Nós podemos discartar tudo o que foi escrito até agora e simplesment assumir que é muito rasoável dizer que a cultura jovem está caindo em um ciclo por causa da substituição do antigo controle patriarcal-governamental e o substituindo por um controle corporativo-capitalista-
comercial. Pergunta a um jovem o que é o comunismo, ele pode não saber dizer o que é, mas em algum ponto da história o Mac Donald’s lutou contra ele e venceu. Isso se torna claro na cada vez mais alarmante falta de respeito por instituições religiosas e da cada vez mais falha capacidade de controle de diferentes agências governamentias que está culminando com o fim do nacionalismo/patriotismo.

Agora o que dita essas mudanças? Eletromagnetismo? De quando em quando elas ocorrem? Como definimos que ela é um arquétipo? Afinal qualquer pessoa com um mínimo de cérebro já notou duas coisas: o movimento Grunge, por exemplo, sequer foi citado neste ensaio. Porque o sol ou seja lá o que for, apenas afeta o ocidente? E o Japão?

Bem, sendo um bom adorador de gráficos inúteis e tabelas comparativas esdrúxulas, o grunge pode ser classificado como uma mistura do hippie com um punk melancólico, banhado em óleo de motor usado. Seria como vermos um bando de Punks patetas chapados em um verão ensolarado, ou hippies sombrios em um inverno escuro. Assim mesmo essa subcultura poderia ser encaixada como o resultado de duas culturas dinâmicas. Podemos apontar, de maneira óbvia, que um movimento não surge do nada, ele é formado pela interação de culturas prévias se mesclando e se influenciando de forma dinâmica.

Antes que você resolva começar a perguntar sobre Hip Hop e outras coisas, só porque leu acima que uma pessoa inteligente notaria que várias culturas jovens não foram citadas, tenha em mente primeiro que no início o Rap era considerado o ‘Punk Negro’, com certeza o rap possuia aspectos de composição mais trabalhados do que o Punk, não era exatamente um touro bravo, mas um touro bravo com óculos escuros, se é que me entendem. E depois, eu sou branco, acreditem ou não, então qualquer insight que eu possa oferecer sobre isso seria algo falso e artificial visando apenas aumentar os lucros da empresa.

Mas e quanto ao japão e ao oriente médio? Bom, o Japão teve uma sobrecarga de eletromagnetismo e um pais para se reconstruir depois da segunda Guerra. O oriente, bem ou mal, esteve em conflitos que fariam o 11 de Setembro americano parecer uma pegadinha do Mallandro, mas até ai… além de branco eu sou ocidental, não vou nem tentar começar a criar metáforas para uma cultura que o mais perto que chegamos foi Spectreman, Chance Man e cavaleiros do Zodíaco.

E, para isso não virar um pingue-pongue mental, vou deixar claro que esta hipótese trata apenas de tribalismos atávicos nascidos de traços do psicodelismo e psicoesferismo da cultura jovem.

Isso pode descartar então de fato a ligação entre o surgimento desses movimentos com a atividade solar? Ou mesmo indicar um padrão que mimetize o desenvolvimento neural de um bebê em uma criança?

Pense o seguinte: Nu Metal aconteceu, ele pode não ter chegado por aqui, mas da mesma forma que o movimento Hippie inundou os EUA e o movimento Punk inundou a inglaterra e o movimento tecno/rave pareceu começar a inundar o Brasil, ele teve lá seu momento de fama. Paralelo a isso de acordo com Dean Pesnell, o físico solar do Goddard Space Flight Center da NASA, “nada tem acontecido no Sol há algum tempo, pelo menos quando discutimos sobre a presença (ou melhor: ausência) das manchas solares; estamos experimentando um mínimo solar muito profundo”. Assim teríamos uma nova eclosão cultural que se seguiria à Hostil-Força do Nu Metal e que iria para um próximo passo, sem nenhuma influência do Sol e banhada pelo eletromagnetismo de celulares.

Bem, veja o que acontece quando se mescla elementos de hard core “alegre” com elementos emo.

As novas bandas de Rock Colorido continuam sendo motivo de risadas para muitos, ao menos aqui no Brasil, mas… para cada pessoa que sacaneia a #famíliarestart, ou qualquer coisa que o valha, tem centenas que elogiam e fazem juras de amor para eles. E essas bandas estão se multiplicando. Várias dessas bandas estão fazendo turnês pelo nosso país de uma maneira que faria grandes bandas das culturas passadas se assustarem, já que falamos do Restart, eles já viajaram mais de 3.000 quilómetros para realizar show só no mês de março do ano passado. Outras como Hori, Cine, Fake Number, Hevo 84 crescem a cada dia. Isso não significa que você vai gostar do som. Os Hippies não eram muito amigo dos Punks. Os punks não tem críticas boas para os Revaers e Clubbers, esses não tem uma queda especial pelo som Nu Metal, e ninguém, mas ninguém mesmo, gosta dessas bandas de rock colorido, a não ser os milhares cada vez maiores de fãs. Isso pode ser um indicativo do que vai ser a juventude, ou como ela vai se desenvolver nos próximos anos.

Enquanto isso podemos apenas clamar para a Deusa: Precisamos de manchas solares!

por LöN Plo

Postagem original feita no https://mortesubita.net/musica-e-ocultismo/hipotese-de-sekhmet-onde-estao-os-hippies-quando-precisamos-deles/

Os últimos segredos da Magia Enoquiana

Por Donald Michael Kraig

Em meu livro, Modern Magick (Magia Moderna), fiz uma breve introdução a uma das pessoas mais importantes da história da magia, o Dr. John Dee (1527-1608 ou 1609). Mais do que um mago, Dee foi também uma das figuras mais interessantes e fascinantes da Era Elizabetana. Quando ele morreu, sua casa em Mortlake (um distrito de Londres na margem sul do rio Tâmisa) tinha a maior biblioteca de toda a Inglaterra. Além de mago, ele era também astrônomo e astrólogo, geógrafo, viajante mundial, matemático, acadêmico e…espião.

Sua fama lhe permitiu ser um conselheiro ocasional e astrólogo da Rainha Elizabeth I da Inglaterra. Quando outros a aconselharam a enviar a frota britânica para atacar a muito maior Armada espanhola, ele usou a astrologia para determinar que ela deveria esperar e aconselhou-a a fazê-lo. Ela seguiu seu conselho, e o atraso permitiu que a frota britânica sobrevivesse com segurança a uma tempestade que destruiu grande parte da Armada (alguns até dizem que Dee conjurou a tempestade). Os espanhóis, derrotados pela tempestade (e outras causas), estavam exaustos, e os britânicos conseguiram derrotá-los. O resultado mudou a face do mundo e começou a dominação dos mares pelos militares britânicos.

Por causa do conhecimento e sabedoria de Dee, ele foi bem-vindo em muitos países. Viajante e procurado conselheiro da realeza, ele foi capaz de voar sob o radar da observação na época e funcionar como um agente – um espião para Elizabeth. Quando ele obteve informações que achava valiosas, ele as enviava de volta para ela, muitas vezes por meio de pombo-correio. Ele acrescentou um símbolo especial para indicar que a mensagem era legítima. O símbolo era de três números: 007.

(Não, Ian Fleming, criador do superespião James Bond, não usou o código de Dee para simbolizar a “licença para matar” de Bond. Acontece que aquele agora famoso número de três dígitos, 007, era os últimos três dígitos do número de telefone do agente de Fleming. Ainda assim, John Dee/James Bond, ambos nomes monossilábicos, ambos numerados 007… é uma coincidência interessante).

A Magia de Dee

Dee tinha a capacidade de ver outros planos mas ele não era muito bom nisso. E, ao acrescentar isso ao trabalho de realizar rituais e invocações, bem como o uso de sua clarividência, Dee achou que era trabalho demais para um mago medieval para garantir o sucesso. Ao invés disso, ele fez propaganda para um médium. Ele tentou trabalhar com várias pessoas antes de finalmente se estabelecer em Edward Kelly (seu sobrenome às vezes se soletra Kelley).

Kelly eramais do que um levemente malandro. Ele geralmente usava um chapéu puxado para baixo sobre os lados da cabeça; acredita-se que ele fazia isso para disfarçar a falta de ambas as orelhas, que haviam sido cortadas como punição por algum crime. Ele acabou morrendo depois de quebrar um osso enquanto tentava escapar de um empregador furioso que descobriu que o ouro que Kelly havia feito para ele através do suposto uso da alquimia era falso. O ferimento foi infectado, resultando no falecimento de Kelly.

Dee usou Kelly como clarividente em uma série de experiências mágicas nos anos 1580, nas quais foram instruídos por entidades que ele chamou de anjos, incluindo o arcanjo Enoque. Os registros dessa comunicação deram origem à linguagem e ao sistema mágico que Dee simplesmente chamou de “angélico”, mas que agora são comumente conhecidos como enoquiano.

A Improvável Preservação do Trabalho de Dee

No ano de 1659, meio século após a morte de Dee, um homem chamado (Florence Estienne) Méric Casaubon (1599-1671), um erudito clássico franco-inglês, publicou os diários de Dee desde a época de seu trabalho com Kelly. Eles eram na verdade uma coleção de notas, diagramas e notas marginais; Casaubon deu a ele o título pouco atraente, A True and Faithful Relation of What Passed for Many Years Between Dr. John Dee and Some Spirits (Um Relato Verdadeiro e Fiel do que Passou por Muitos Anos entre o Dr. John Dee e Alguns Espíritos).

Casaubon havia encontrado os diários de Dee (por um tempo eles haviam sido enterrados e estavam se desfazendo) e ele queria usá-los para realizar algumas coisas. Primeiro, ele queria o condenar por aquilo que ele chamava de práticas de “obras das trevas” e destruir a reputação de Dee. Isso também teria um efeito colateral de atacar os puritanos que, na época, estavam dirigindo o governo e com os quais Casaubon discordava. Parte da crença Puritana era que você podia se comunicar diretamente com fontes divinas, e Casaubon não aceitava isso. Ao mesmo tempo, ele queria usar o livro para provar a existência de espíritos aos ateus, talvez esperando convertê-los em crentes.

Na sua maior parte, a tentativa de Casaubon de desacreditar Dee foi bem sucedida. Seu sucesso neste resultado fez os principais historiadores ignorarem Dee, durou três séculos. No entanto, para os ocultistas isso teve o efeito oposto. A magia e a linguagem enoquianas foram mantidas vivas e “subterrâneas” por místicos e magos que usaram este livro como fonte Ele manteve viva a magia enoquiana até seu renascimento na segunda metade do século 20. Este é o livro que tornou a magia enoquiana famosa… bom mais ou menos.

Os próprios registros de Dee mudaram e foram atualizados à medida que ele recebia novas informações dos anjos. As pessoas interessadas na magia escolhiam o que achavam certo, às vezes modificando-o para atender às suas necessidades. Na maioria das vezes, eles simplesmente usavam o que os outros escreviam. Eles achavam os originais tão complexos (e raros!) que, na maioria das vezes, os ignoravam. Embora a magia enoquiana tenha desenvolvido a reputação de ser a magia mais poderosa disponível, a maioria das pessoas simplesmente copiou e praticou o que encontraram em outros livros, como The Golden Dawn (A Aurora Dourada) ou entre os escritos de Aleister Crowley.

Isto continuou por décadas. Nos anos 70, estudantes e praticantes de magia queriam saber mais. Eles queriam o original, mas era impossível de obter. Em 1973, Stephen Skinner realizou este desejo e estimulou o interesse moderno em Dee e na magia enoquiana, republicando ‘A True and Faithful Relation’. Pela primeira vez em mais de três séculos, os magos contemporâneos tiveram fácil acesso às informações originais sobre a magia enoquiana. Como resultado, o interesse moderno por esta poderosa forma de magia explodiu. Apareceram interpretações e modificações populares bem como livros com precisão acadêmica sobre o sistema e a linguagem, e o enoquiano se tornou mais popular do que nunca. O pobre Casaubon deve estar rolando em seu túmulo sabendo que sua tentativa de difamar Dee havia resultado em manter vivo o seu legado.

Quase quatro décadas após essa publicação, Skinner voltou para examinar esse trabalho. Em 2012 ele publicou uma edição completamente reformulada, reorganizada e corrigida deste livro. intitulado Dr. John Dee’s Spiritual Diaries (Os Diários Espirituais de John Dee), é uma edição corrigida e reescrita, agora comparada com o manuscrito original de Dee para verificar a exatidão. A primeira versão “de fácil leitura” de todo o livro, inclui o prefácio de Casaubon, notas de rodapé extensas, escritos suplementares, ilustrações e, talvez o mais importante, seções que estavam faltando na edição original de Casaubon. Este é simplesmente o livro mais importante para estudantes e praticantes da magia enoquiana. Mas, francamente, há um pequeno problema com ele, ou melhor, mais de 50.000 pequenos problemas com ele.

Segredos Perdidos nos Diários de Dee

Algumas pessoas acreditam que Kelly, vigarista e trapaceiro, simplesmente tirou vantagem de Dee. Isto apesar do fato de que os anjos enviaram mensagens para Dee através de Kelly, soletrando palavras em sua língua ao contrário. Isso significa que Kelly não só teria que inventar uma linguagem totalmente nova, como teria que conhecê-la tão bem que poderia literalmente soletrar as coisas ao contrário. Talvez isto fosse possível, mas é altamente improvável.

Mesmo que suponhamos que Kelly pudesse fazê-lo, havia outras salvaguardas contra Kelly fazer qualquer outra coisa além de agir como um meio de comunicação entre os anjos e Dee. Em numerosas ocasiões, por exemplo, os anjos falaram com Dee através de Kelly usando o latim. Dee era um estudioso que sabia latim, e Kelly não. Desta forma, Kelly não saberia o que os anjos e Dee estavam dizendo.

Os registros de Dee mantinham o latim como comunicado a ele. O latim também é mantido na publicação de Casaubon e em ambas as edições de Skinner. Para completar a partilha do que Dee escreveu, Skinner publicou agora uma tradução completa chamada ‘Key to the Latin of Dr. John Dee’s Spiritual Diaries’ com todo latim dos Diários Espirituais do Dr. John Dee.

Últimos Segredos Traduzidos Juntos pela Primeira Vez

Você pode se perguntar por que Skinner não incluiu isto em sua edição mais recente; isso é porque os Diários Espirituais do Dr. John Dee jpa tinham 666(!) páginas. Acrescentar esta tradução teria feito com que ela tivesse mais 250-300 páginas ou mais de comprimento, tornando o livro impossível de usar e muito caro para a maioria das pessoas. Você pode ler os Diários Espirituais do Dr. John Dee (ou outras edições de A True an Faithful Relation) para descobrir o sistema original da magia enoquiana. Entretanto, a Key to the Latin of Dr. John Dee’s Spiritual Diaries (Chave do Latim dos Diários Espirituais do Dr. John Dee) é uma adição vital para entender completamente o que Dee escreveu.

A tradução não foi fácil. O Latim de Dee não é clássico; é mais próximo do Eclesiástico. Além disso, não há regras estritas que governem a ordem das palavras em latim (exceto que o verbo é encontrado no final). Além disso, Dee usou uma ordem de palavras incomum e moderna que estava mais próxima do que é encontrado na gramática inglesa. Confundindo ainda mais as coisas, Dee algumas vezes traduziu uma palavra grega no meio de uma passagem em latim. Portanto, usar apenas um dicionário clássico de latim-inglês não seria suficiente. Skinner começou com tais dicionários, e também consultou dicionários especializados em latim eclesiástico e uma lista de adaptações do latim para o inglês medieval. Ele também fez algumas correções de erros, portanto o latim neste livro é mais preciso e fiel ao original de Dee do que em qualquer outra fonte.

Chave do Latim dos Diários Espirituais do Dr. John Dee é o livro que desvenda o último dos mistérios escritos da magia enoquiana. Uma das primeiras coisas que você vai notar é que ele está no que eu chamo de “formato borboleta”. O latim original está na página da esquerda de cada par de páginas. As páginas da direita do livro dão uma tradução precisa do que está à esquerda. Notas adicionais estão na parte inferior.

Note que coloquei em itálico a palavra “precisa”. Há dois tipos de tradução, literal e precisa. As traduções literais são simples, substituem palavra por palavra. As traduções exatas levam em conta coisas como metáforas, expressões populares, o contexto dos tempos, etc., dando os significados reais e não apenas uma simples troca de palavras. As décadas de estudo e experiência de Skinner lhe permitiram fazer a tradução mais precisa do latim da Dee que já foi publicada.

Você encontrará os números das páginas onde o latim aparece nos Diários Espirituais do Dr. John Dee ao lado do latim nas páginas à esquerda do Chave do Latim dos Diários Espirituais do Dr. John Dee. Desta forma, você pode facilmente ir a qualquer lugar nos Diários Espirituais do Dr. John Dee, encontrar uma passagem em latim e procurá-la rapidamente pelo número de página na Chave para o Latim dos Diários Espirituais do Dr. John Dee. Entretanto, mesmo que você tenha outra versão de A True and Faithful Relation (Uma Relação Verdadeira e Fiel), você não deve ter problemas para encontrar o latim e sua tradução precisa neste livro.

Além de ser o primeiro latim corrigido com tradução, é também a única fonte que traduz todo o latim do Dee combinado com comentários de especialistas em um único local.

Esse comentário de especialista torna este livro ainda mais valioso. Quando Skinner fez as traduções, ele descobriu muitos insights que nunca haviam sido captados ou comentados pelos biógrafos da Dee. Por exemplo, de uma nota de rodapé na página 101 dos Diários Espirituais do Dr. John Dee, o latim é: Imperium Brytanicum. Na página direita da Chave está a tradução, “O Império Britânico”. Isso é bastante simples. Entretanto, considerando a data em que esta entrada foi feita originalmente, Skinner acrescenta a nota perspicaz que muda a importância desta tradução de duas palavras em latim:

“Dee foi provavelmente responsável pela introdução da ideia de um Império Britânico à Rainha Isabel I, uma ideia que foi responsável por um vasto número de eventos históricos durante os quatrocentos anos seguintes”.

Dee não só foi responsável por dar informações que permitiram à marinha inglesa permanecer no porto e evitar as tempestades que destruíram grande parte da Armada espanhola, como também pode ter sido responsável por dar início à ideia de que a Inglaterra era um império, um conceito que, como Skinner observou, mudou o mundo.

Quer você tenha os Diários Espirituais do Dr. John Dee ou outra versão de A True and Faithful Relation, a Chave para o Latim dos Diários Espirituais do Dr. John Dee é de importância monumental, tornando os segredos dos diários de Dee completamente disponíveis para os leitores ingleses. Gostaria de agradecer publicamente a Stephen Skinner pelo trabalho que realizou e que finalmente tornará a forma original da magia enoquiana disponível a todos.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.


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Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/os-ultimos-segredos-da-magia-enoquiana/

Diferenças entre Rito de York e Ritual de Emulação

Permitam-me compartilhar com vocês alguns pontos que diferem Rito de Ritual, para auxiliar na melhor compreensão do vocábulo “Ritual Emulação” que é o que realmente trabalhamos em nossa Loja, sob os auspícios do G.O.B, ao contrário do que dizem alguns “Rito de York” ou “Rito de Emulação”.

Muitos Irmãos confundem ou pensam que o Ritual Emulação é um Rito. E que esse rito é o Rito de York. Acontece que não é. Eis que, na verdade, não se trata de um Rito, mas sim de um Ritual pelo qual é demonstrado e expressado por meio de dramatizações ritualísticas.

Na Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE) o vocábulo “Rito” não existe. Ou seja, é inominado. Os ingleses não consideram um rito, eles consideram rituais (Emulation, Bristol, Stability, Taylor’s, Logic, West End, etc…). Todos os diversos Rituais Ingleses pouco diferem-se uns dos outros, uma palavrinha aqui, outra palavrinha lá. Mas as Lojas (=Templos, no REAA) usadas por todos são iguais, nisto não há diferença.

É plenamente entendível, pois, o que eles praticam é a Maçonaria, na sua mais pura origem, pois, como é cediço, o Ritual Emulação serviu de base para praticamente todos os demais Ritos existentes no mundo (Foi a base principal doRito Brasileiro). Para se ter uma idéia, a União das duas Grandes Lojas Inglesas deu-se em 1813, mas antes disso, em 1797 já era fundado o Rito de York (Thomas Webb), e antes disso por volta de 1717 já ocorriam reuniões nos Trabalhos de Emulação, ou seja, a forma pura de Maçonaria. Este Ritual era praticado pelas Lojas sob a Égide da Grande Loja de Londres, chamada pejorativamente de “Loja dos Modernos”. No entanto, era a mais antiga que a “Loja dos Antigos”.

Entendo que o nome, em 1717 poderia não ser Emulação, mas a forma praticada já o era, por isso duas Grandes Lojas rivais. A dos “modernos” fundada em 1717 já havia feito modificações à sua conveniência, que não agradou os “antigos”, os quais somente em 1751 “resgataram” de forma oficial os rituais antigos. Em 1813, não foi criado o Ritual Emulação, mas sim a Grande Loja Unida da Inglaterra – UGLE, e houve uma mútua concessão na forma de trabalhar, tato dos “antigos” quanto dos “modernos”.

O que é Rito?
O vocábulo “Rito”, como um substantivo masculino, é derivado do latim – ritus. Designa o Cerimonial próprio de um culto, determinado pela autoridade competente; seu significado clássico é: “Uma prática, um costume aprovado; ou conjunto de normas e práticas que se faz com regularidade” (Ir. Sérgio Cavalcante – Livro “Rito York”). Rito vem a ser uma coletânea de rituais, onde o verdadeiro Rito de York é constituído por quatro corpos devidamente distintos uns dos outros, mas de forma hierárquica, a saber: Graus Simbólicos, Graus Capitulares, Graus Crípticos e Ordens de Cavalaria.

Da mesma forma no REAA – Rito Escocês Antigo e Aceito, onde se tem os graus simbólicos e mais 30 graus acima, numa hierarquia própria do Rito. Mas o REAA não para por aí, ele tem uma estrutura tão enraizada na Maçonaria Brasileira, que até administrativamente acaba interferindo nos demais ritos, criando vícios que os descaracterizam (Ex.: Exigência de “Orador” na Ata de Votação, para os Trabalhos de Emulação).

No Ritual Emulação isso não existe. Ou seja, há apenas os Rituais dos graus simbólicos, e as Ordens Superiores são ordens totalmente independentes, e não há obrigação de iniciar esta evolução. Depois do grau de Mestre o Irmão escolhe como vai se aperfeiçoar. São 17 “corpos”, por assim dizer, e no Brasil ainda temos somente 5. Mas não há hierarquia. Existem duas escadas e o Irmão escolhe por qual vai começar subir. Ou faz primeiro o “Arco Real” ou o “Mestre da Marca”.

Tanto são independentes de Rito que são abertas a qualquer outro Irmão de um Rito qualquer, desde que já tenha sido Elevado (=Exaltado, no REAA) a Mestre.

Então, apesar de erroneamente o G.O.B. chamar nossos trabalhos de “Rito de York” hoje sabemos que não é, mas sim Ritual Emulação. O verdadeiro Rito de York está sedimentado no norte e nordeste do Brasil, e não são Lojas do G.O.B., e os Irmãos de lá não gostam nada desta confusão que o G.O.B. faz, pois eles praticam o verdadeiro Rito de York, de origem norte-americana, fundado pelo Irmão Thomas Smith Webb, em 1797. Da mesma forma, os Irmãos das Lojas Inglesas, sediadas no Brasil e subordinadas à UGLE, não concordam com esta confusão de nomes.

O que é um Ritual?
Ritual, como um adjetivo, derivado do latim (ritualis), designa o que é relativo a Ritos. Como substantivo masculino, designa o livro que contém a ordem e a forma de uma determinada Cerimônia, e das dramatizações e representações ritualísticas, ou seja, é um conjunto de regras e/ou normas estabelecidas para a liturgia das cerimônias maçônicas. Sempre existiram os rituais, inicialmente através das tradições e de forma oral, posteriormente, com o passar dos anos por escrito, mas isto não tirou a tradição inglesa de nas reuniões da Loja praticar o Ritual de forma decorada. Pode-se concluir claramente que Ritual é totalmente diferente de Rito.

O que é Rito de York?
Para se entender a definição do que é “Rito York” e a sua origem, é necessário voltarmos um pouco no passado. O Rito York é baseado nos antigos rituais remanescentes da Antiga Maçonaria que era praticada no começo do século XVIII (“Loja dos Antigos”).

Referidos Rituais eram praticados pelos Maçons da “Grande Loja dos Antigos”, fundada no ano de 1751 por Maçons irlandeses, que haviam sido impedidos de entrar na Grande Loja de Londres (Loja dos Modernos – Emulation Working), fundada no ano de 1717.

Thomas Smith Webb, é considerado como se fosse o organizador e fundador do Rito York, ou seja, o “pai” do Rito . Ele nasceu em 30 de outubro de 1771, em Boston. Foi iniciado na Loja do Sol Nascente, em Keene, New Hampshire, aos 19 anos. No ano de 1797, ele pesquisou, catalogou, organizou e codificou todos os rituais antigos e fez um conjunto de 13(treze) rituais, de forma condensada, em um Monitor e denominou-os de “Rito York” , em homenagem a cidade de York , pois em suas pesquisas foi tida como berço da Maçonaria no mundo, ou seja, a cidade onde se tem os registros mais antigos de reuniões maçônicas.

Ritual de Emulação
O Ritual de Emulação foi aprovado oficialmente pela Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE, deu-se pela união das Lojas dos Antigos e dos Modernos) em 1813, e foi criado um Comitê curador do Ritual, chamado de Emulation Lodge of Improvement for Master Masons (Loja Emulação para Aperfeiçoamento de Mestres Maçons). Este Comitê é o responsável pela edição e publicação do Ritual Emulação, com plena autorização da UGLE, respeitando os princípios gerais impostos pela mesma. Este Ritual aprovado em 1813, na verdade, trazia já as práticas de 1717, pela Loja dos “Modernos”, que eram assim chamados pejorativamente, por terem modificado os Rituais antigos, tirando toda influência religiosa, mística ou esotérico. Com a união das Lojas rivais, algumas destas práticas retornaram, no chamado Trabalho Emulação (Ritual Emulação), mas em proporção muito menor, sendo inteiramente resgatadas pelo Rito de York.

Por isso o Ritual de Emulação é como se fosse um Monitor que contém o conjunto de práticas consagradas pelo uso e costume, e que assim se devem de forma invariável em momentos determinados. Ou seja, é o cerimonial propriamente dito.

Na Inglaterra, compete às Lojas a regulamentação das formas de ritual, reservando-se, a UGLE, o direito de intervir em qualquer Loja Inglesa que adote formas ou modificações entranhas a prática do ritual conforme ensinado desde 1813, ou algo que venha a se opor aos princípios gerais estabelecidos. Pois, segundo o Art. 155 do Livro das Constituição da Grande Loja Unida da Inglaterra, esta liberdade é concedida, mas também limitada.

“Lodge may regulate its own proceedings” (As Lojas podem regular seus própios procedimentos)
….
“155. The members present of any Lodge duly summoned have na undoubled right to regulate their own proceedings, provided they are consistent with the general laws and regulations of the Craft; but a protest against resolution or proceeding, base don the ground of its being contrary to the laws and usages of the Craft, and for the porpuse of complaining or oppealing to a higher Masonic outhority, may be and such protest shall be entered in the Minute Book if the Brother marking the protest shall so request.”

Em tradução livre:
“155. Os membros presentes de qualquer Loja, devidamente reunida, têm o direito inalienável para regular os seus próprios procedimentos, desde que eles estejam de acordo com as leis gerais e regulamentos do Ofício (ou da Ordem); contudo, um protesto (reclamação, denúncia) contra qualquer resolução ou procedimento que seja contrário às leis e aos costumes do Ofício e com a finalidade de reclamar ou atrair uma autoridade maçônica maior, pode ser feito, e tal protesto será anotado no Livro de Atas, se o Irmão que faz o protesto assim solicitar.”

Assim, existem na Inglaterra, diversas formas de rituais, conforme já foi citado, pois a Grande Loja – UGLE – não legisla sobre a forma de ritual adotado por suas Lojas, mas sim sobre os princípios gerais da Ordem, e nenhum ritual pode ser contrário a isso. Ao pronunciar erroneamente o verdadeiro nome do Trabalho Maçônico, não se está simplesmente errando o nome, como se fossem sinônimos, mas está se misturando e distorcendo a essência de um Trabalho que nada tem a ver com outro. Rito é Rito, Ritual é Ritual, e o Ritual Emulação nada tem a ver com os demais.

Publicado originalmente na http://www.ritualemulacao.com/#!artigo-1/chay

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/diferen%C3%A7as-entre-rito-de-york-e-ritual-de-emula%C3%A7%C3%A3o

Giordano Bruno

Filipe Bruno nasceu em Nola, Itália, em 1548. O nome com que ficou conhecido, Giordano, lhe foi dado quando, ainda muito jovem, ingressou no convento de São Domingos, onde foi ordenado sacerdote, em 1572.

Mente inquieta e muito independente, Bruno teve sérios problemas com seus superiores ainda quando estudante no convento. Sabemos que já em 1567 um processo foi instaurado contra ele, por insurbordinação, mas Bruno já granjeara admiração por seus dotes intelectuais, o que possibilitou a suspensão do processo. Era tão séria a largueza de visão de Bruno quanto aos defeitos do pensamento intelectual de sua época, que em 1576 teve de fugir de Nápoles para Roma devido à peseguições de toda espécie e, depois, para a Suíça, onde freqüentou ambientes calvinistas, que logo abandonaria julgando o pensamento teológico dos protestantes tão restrito quanto o dos católicos.

A partir de 1579, Bruno passa a viver na França, onde atraiu as simpatias de Henrique III. Em meados da década seguinte, Bruno vai para a Inglaterra. Mas logo ele entra em atrito com os docentes de Oxford. Vai, então, depois de um curto período de retorno à França, para a Alemanha luterana. Após um período de vivência no meio dos seguidores de Lutero (de onde seria expulso posteriormente), Bruno parte para Frankfurt, onde publica sua trilogia de poemas latinos. Recebe um conviente (que lhe seria fatal) para ensinar a arte da memória ao nobre (na verdade, um interesseiro ) veneziano João Mocenigno. Assim, selando seu destino, Bruno parte para a Itália em 1591. No mesmo ano, Mocenigno (que esperava aprender as artes da magia com Bruno) denuncia o mestre ao Santo Ofício.

No ano seguinte, começa o dramático processo contra Bruno, que se conclui com sua retratação. Em 1593, é transferido para Roma, onde é submetido a novo processo. Depois de extenuantes e desumanas tentativas de convencê-lo a retratar-se de algumas de suas teses mais básicas e revolucionárias pelo método inquisitorial, Bruno é, por fim, condenado à morte na fogueira, em 16 fevereiro de 1600.

Giordano Bruno morreu sem renegar seus pontos de vista filosófico-religiosos. Sua morte acabou por causar um forte impacto pela liberdade de pensamento em toda a Europa culta. Como diz A. Guzzo: “Assim, morto, ele se apresenta pedindo que sua filosofia viva. E, desse modo, seu pedido foi atendido: o seu julgamento se reabriu, a consciência italiana recorreu do processo e, antes de mais nada, acabou por incriminar aqueles qua o haviam matado”.

A Filosofia de Bruno

A característica básica da filosofia de Giordano Bruno é a sua volta aos princípios do neoplatonismo de Plotino, e ao hemetismo da Europa pré-crstã, notadamente nos trabalhos que conhecemos como “O Corpus Hermeticum”.

Nos primeiros séculos da era imperal romana durante o desenvolvimento do movimento cristão, veio à tona uma surpreendente literatura de caráter filosófico-religioso, cujo traço de união era, segundo seus autores, as revelações trazidas po Thot, o deus escriba dos egípcios, que os gregos identificaram com Hermes Trismegisto, de onde o nome de literatura hermética. Parece que o Thot egípcio foi, realmente, uma figura religiosa histórica real que o tempo se incubiu de envolver nos véus da lenda. Seja como for, temos conhecimento desses escritos filosófico-religiosos que remontam à tradição inicada pelo movimento de Thot-Hermes, e que nos chegaram, em parte. O suporte doutrinário dessa literatura, segundo Reale e Antiseri (1990), é uma forma de metafísica inspirada em fontes do medioplatonismo, do neopitagorismo, da tradição de Apolônio de Tiana, e do nascente neoplatonismo. A iluminação pessoal, com a conseguinte salvação da alma, segunda esta doutrina, depende do grau de conhecimento (gnosi) e maturidade a que chega o homem em sua luta por compreender o porquê da existência terrena, que é a ante-sala do mundo supra-sensível, além do plano físico. Em virtude da profundidade destes escritos, alguns pais da Igreja (Tertuliano, Lactâncio e outros), consideraram Hermes Trismegsito um tipo de profeta pagão anterior e preparador dos ensinos de Cristo, embora esta história tenha sido abafada pelo fanatismo católico posterior da Idade Média. Resgatando parte desta tradição, Bruno se coloca na trilha dos magos-filósofos que ressurgiram na renascença, que, embora procurando manter-se dentro dos limites da ortodoxia cristã, leva-o às últimas consequências. O pensamento de Bruno é gnóstico em essência, profundamente mesclado ao pensamento hermético e neoplatônico que o sustenta. Ele conduz a magia renascentista às suas fontes pré-cristãs e as demonstra serem tão válidas e ricas quanto a cristã, tendo, inclusive, o mérito de se enriquecerem mutamente. É necessário aceitar o diferente, segundo Bruno, com suas riquezes e pontos de vista complementares ao modo de ver do mundo cristão. Bruno, tal como antes fizera Plotino, considerava a religiosidade pré-Cristã uma forma de exercício para uma vivência plena, mística e direta com o Uno. Isso foi fatal para Bruno, que surgiu uma época de extrema intolerância relgiosa ( e que – sejamos honestos – ainda perdura de forma sutil e ainda mais cruel na Igreja Católica, como no exemplo da condenação da Teologia da Libertação e de seus formuladores, como Leonardo Boff, e no falso discurso ecumênico que esconde interesses políticos, em que é cegamente seguida por sua filha pródiga: o universo das igrejas e seitas evangélicas), e que buscava no hermetismo um refúgio à cegueira fanática da inquisição. E Bruno vem à tona pregando um reconhecimento da herança pagã antiga e da liberdade de pensamento filosófico-relgioso, o que, por si, era uma ameaça e uma atitude por demais revolucionárias para serem suportadas pelo poder de Roma.

O pensamento de Bruno era holista, naturalista e espiritualista. Dentre suas idéias especulativas, destacamos a percepção de uma sabedoria que se exprime na ordem natural, onde todas as coisas, quer tenhamos idéia ou não, estão interligadas e se interrelacionam de maneira mais ou menos sutil (holismo); a pluralidade dos mundos habitados, sendo a Terra apenas mais um de vários planetas que giram em volta de outros sistemas, etc. Por tudo isso, por essa ousadia em pensar, Bruno – que estava séculos adiante de seu tempo – pagou um alto preço. Mas sua coragem serviu de estopim e incentivo ao progresso científico e filosófico posterior.

por Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/giordano-bruno/

O Que é Bruxaria Tradicional?

“Você pode andar pelo caminho,

Você pode falar as palavras,

Mas você pode conjurar um espírito?”

Sentimos-nos honrados com o convite para contribuir com esta coluna sobre Bruxaria Tradicional aqui no blog “Teoria da Conspiração”, e é com humildade e os pés no chão que adentramos este espaço de compartilhamento de saberes, de generosidade e aceitação. É neste espírito que inflama a alma que iniciamos este pequeno ensaio de introdução no tema.

Cremos que “Bruxaria” tenha sido um assunto fascinante ou aterrorizante para todos os povos de todas as eras, e sua “função” constitui no único consenso eterno nela existente, pois dela nunca uma única forma prevalece perene dada à sua fluidez. A mídia replica a figura imutável e cada um interpreta de acordo com amplitude de sua visão. Para alguns, a bruxa é uma figura folclórica, mítica, uma fantasia – e para outros – ela é a portadora das chaves para inúmeras possibilidades ainda ocultas.

É possível coletar algumas percepções importantes dentro das muitas opiniões e disposições a respeito do tema, assim como é muito fácil ficarmos atordoados com o amontoado de teorias “esquizotéricas” sobre o tema. A confusão não é proveniente da simples gradação de refinamento cultural, mesmo porque esta é uma Arte que fala à mente do erudito com a mesma facilidade com a qual fala ao coração da benzedeira. É uma questão de afinidade energética, de marca em espírito e carne, e assim, a linguagem – por mais refinada que seja – ainda é pobre para expressar.

Ao contrário da teoria de Margaret Murray de que a Bruxaria seria um culto organizado em toda a Europa, com uma estrutura fixa de rituais e crenças religiosas, a Bruxaria tem suas raízes exatamente naquilo que Murray descartou ainda no prefácio de sua teoria, a qual ela chamou de “Bruxaria Operacional”, ou seja, a prática de magia, feitiços e bruxedos. Como cita Nicholaj Frisvold, em sua fascinante visão sobre a história da prática da Bruxaria, “Artes da Noite” (Ed. Rosa Vermelha – 2010): “Também temos uma idéia persistente de que a organização em cultos e ordens seja uma prática de longa data, mas na realidade há mais evidências que apontam para o fato de que a organização de diversas crenças tenha ocorrido no século XVII, quando a maçonaria se encontrava dentre os grupos mais famosos. Antes do século XVII as pessoas se reuniam, muito provavelmente em unidades menores, já que as organizações eram bem locais”. Mais a frente, o autor nos diz: “Como também a seção de história tem demonstrado, a bruxaria era, até o século XVI, algo que se praticava, e não uma identidade referindo a alguém que era parte de um culto organizado.”

Na seqüência dos estudos de Murray, Gardner lançou ao mundo sua “Religião Neo-Pagã de Fertilidade” sob o termo Wicca (ou “Bruxaria Moderna”). Dada subseqüente campanha de dissolução e branqueamento, alguns poucos que preservavam certas práticas antigas de bruxaria vieram a público, como vemos no caso de Robert Cochrane, que nos anos 60 fez possível a distinção entre os que predecediam os gardnerianos, cunhando o termo Bruxaria Tradicional. Antes disso não havia a necessidade da utilização deste termo, e pelo contrário, tanto a prática quanto o termo “bruxaria” eram considerados assuntos “sub-rosa”, ou seja, mantidos em absoluto sigilo. Como exposto no artigo “Bruxaria Tradicional para Iniciantes”[1]: A Bruxaria ‘Tradicional’ passou a existir como um rótulo de identificação, justamente quando houve a necessidade de se preservar o espaço das práticas que eram consideradas heréticas (de manipulação de forças ‘sagradas’ ou ‘profanas’ a fim de se alterar realidades).

De fato, até os séculos XVI e XVII, os bruxos e bruxas eram comumente solitários, e seu conhecimento era transmitido via indução iniciática de um para o outro, na maioria das vezes em caráter hereditário. Pequenos grupos podiam existir, mas já mencionado, em unidades menores e locais. Foram os séculos XVIII e XIX que experimentaram o nascimento dos Cuveens[2] e Coventículos, onde a sabedoria dos bruxos, que até então era focada na terra, nos espíritos da natureza, no uso de ervas e venenos e na conjuração dos mortos, passou aliar com os conhecimentos místicos da Alta Magia, Hermetismo, Astrologia Medieval e Renascentista e a Filosofia, e cujos expoentes classificavam-na como “infernal” em oposto imediato e necessário ao “celestial”, fosse pela compreensão maniqueísta da época, fosse pela forçosa proteção contra punições eclesiásticas. Este é o período que mais contribuiu com o caráter mais Místico e Quintessencial da Bruxaria. Os bruxos sempre aproveitaram o conhecimento de onde quer que ele jorrasse, fosse ele o folclórico de sua terra (com os resquícios do paganismo de outrora), fosse o conhecimento obtido numa Missa Católica (basta lembrarmos das leituras de Salmos como encantamentos). Existiram os bruxos iletrados, e existiram os bruxos eruditos, e a Sabedoria de ambos é tida como um tesouro de mesmo valor para os Bruxos Tradicionais contemporâneos. Como tal, a Arte Tradicional não é totalmente pagã ou neo-pagã como a Bruxaria Moderna do século XX, mas contém em seu Ethos[3] elementos pagãos na mesma medida em que contém elementos cristãos ou místicos.

Os bruxos tradicionais definem sua Arte como um Ofício (Função), no qual a bruxa opera com os poderes da terra e das estrelas, dos mortos da terra e seus ancestrais. A Bruxaria é a Arte de provocar mudanças, o uso alegado de poderes sobrenaturais ou mágicos seja qual for a crença espiritual do bruxo, é a manipulação da Quintessência contida na Natureza através da Vontade, Desejo e Crença de seu praticante.

A adição do termo “Tradicional” compreende o sentido das verdades perenes, ou o “perenialismo” contido nas tradições da terra. A Palavra Tradição é proveniente do latim “tradere”, “traditio”, ou ainda “traditionis”, que significa trazer, entregar, transmitir. Assim, ela transmite certo conteúdo que pode ser uma memória cultural, espiritual e material, geralmente um conjunto de idéias, recordações e símbolos que passam através de gerações. A Tradição, via de regra, é uma doutrina, uma cosmovisão que se descortina ao iniciado e não um dogma a ser abraçado cegamente. A partir de uma Tradição, é possível encontrar correlações com todas as outras, por mais diferentes que sejam suas origens e formas, ou estéticas, e sem descartar o panorama geral do contexto cultural onde se desenvolveu. Infelizmente em nossos dias é comum ater-se somente ao aspecto de legado, sem haver um critério específico no conteúdo ou qualidade deste legado, e assim é que a “Tradição” tem conhecido fronteiras em tempos onde fronteiras tendem a cair.

O estudante e o praticante devem ter sempre em mente ambos os conceitos, Forma e Função, pois é através destes dois conceitos que é possível identificar a tradicionalidade de uma dada prática ou grupo. Em todas as vertentes da Arte Tradicional com as quais fomos afortunados em nos associar em algum nível, encontramos uma grande similaridade na Função dentro da grande diversidade de Formas. Todas elas apontam para o mesmo Mistério da Unicidade, o eterno Princípio Divino.

A Arte Tradicional é muito bem exemplificada nas palavras de Andrew D. Chumbley, em seu artigo homônimo a este, onde ele diz: “A Bruxaria Tradicional é o Caminho Sem Nome da Arte Mágica. É o Caminho da Bruxa, o chamado do coração que indica a vocação do Cunning Man e da Wise Woman[4]; é o Círculo Secreto de Iniciados constituindo o corpo vivo da Antiga Fé. Seu ritual é o Sabbat do Sonho-feito-Carne. Seu mistério jaz no Solo, abaixo dos pés Daqueles que trilham o caminho tortuoso de Elphame. Sua escritura é o caminho do Wort-Cunning[5] e encantadores das Bestas, o tesouro da tradição relembrada por Aqueles que honram os Espíritos; é a gramática do conhecimento sussurrado ao pé do ouvido, amados por Aqueles que mantém sagrados os segredos dos Mortos e confiados Àqueles que lançam seu olhar adiante… as respostas a quem pergunta sobre a Bruxaria Tradicional jazem na suas terra nativa: o Círculo da Arte das Artes!”. Sua origem é traçada nos Cunning-Men e nas Wise-Women, nos sábios Pellar[6], nas benzedeiras e curandeiros, nos exímios Wortcunners, como também nos Doutores dos Planetas, Magos Renascentistas e Pensadores Liberais.

Por fim, podemos dizer que a Bruxaria é um patrimônio cultural da Humanidade, ou ainda, que é o Caminho Tortuoso que guia o Bruxo rumo a Forja de Fogo Estelar para seu aperfeiçoamento. Esta é a Arte da Troca de Pele da Serpente, da solidão e expiação Cainita, daqueles que carregam a Marca e Maldição na Fronte, na Alma e no Sangue.
Possam a Bênção, a Maldição e a Sabedoria estarem convosco!

Nota Biográfica:

Draku-Qayin (a.k.a. Adriano Carvalho) e Qelimath (a.k.a. Katy de Mattos Frisvold) são Bruxos Tradicionais, fazem parte da Irmandade conhecida externamente como Via Vera Cruz, e são também membros do Clan of Tubal Cain por sua extensão brasileira conhecida como Lilium Umbrae Cuveen. Draku mantém o blog Crux Sabbati (www.cruxsabbati.com) e Qelimath o blog Diablerie (www.diablerie.com.br) onde discutem a Arte Tradicional em um amplo sentido.

Notas:

[1] – Para ler este ensaio acesse:

http://www.diablerie.com.br/2011/01/bruxaria-tradicional-para-iniciantes.html

[2] – Cuveen, ou Covine, são os termos mais comumente utilizados na Arte Tradicional para aquele mais conhecido como “Coven”.

[3] – Ethos, palavra de origem grega, na Sociologia, é uma espécie de síntese dos costumes de um povo. O termo indica, de maneira geral, os traços característicos de um grupo, do ponto de vista social e cultural, que o diferencia de outros. Seria assim, um valor de identidade social.

[4] – Cunning Man e Wise Woman, respectivamente “Homem Sábio” (ou “Homem Astuto”) e “Mulher Sábia”, são os termos aplicados na Inglaterra aos sábios habilidosos na arte das conjurações, dos feitiços, benzimentos e maldições.

[5] – Wort-Cunning é o termo inglês para o ofício dos herbanários, estes últimos sendo conhecidos como Wortcunners.

[6] – Pellar é um termo originário da Cornualha usado para designar curandeiros rurais, homens sábios e exorcistas populares.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-que-%C3%A9-bruxaria-tradicional

Linha do Tempo dos Vampiros

1407 – A palavra “upir” ,em suas primeiras aparições que mais tarde se tornaria “Vampiro” num documento que se refere ao príncipe russo como “Upir Lichy”.

1428 – Nasce o tão famoso Vlad Tepes, filho de Vlad Dracul.

1436 – Vlad Tepes se torna o príncipe da Wallachia e vai para Tirgoviste.

1442 – Vlad Tepes e seu pai são aprisionados pelos turcos.

1447 – Vlad Tepes (pai) é decapitado.

1448 – Vlad conquista por um breve tempo o trono da Wallachia, porém destronado se dirige à Moldávia, onde se torna amigo do príncipe Stefan.

1451 – Vlad e Stefan fogem para a Transilvânia.

1456 – Uma pessoa de nome John Hanyadi ajuda Vlad a ter o trono da Wallachia, mas Vladislav Dan é executado.

1458 – Aparece Mathias Corvinus que sucede a John Hanyadi como o rei da Hungria.

1459 – Massacre dos boiardos na Páscoa e a reconstrução do Castelo de Drácula. E Bucareste é estabelecida como o segundo centro de governo.

1460 – Ataque sobre a cidade de Brasov, Romênia.

1462 – Após a batalha no Castelo de Drácula, Vlad vai para a Transilvânia. E inicia um período de 13 anos na prisão.

1475 – As guerras de verão na Sérvia são contra os turcos e em novembro : Vlad retoma o trono da Wallachia.

1476 – Vlad é assassinado.

1560 – Nasce Elizabeth Bathory.

1610 – Bathory é presa por Ter matado centenas de pessoas e de ter nadado em seu sangue. Ela é julgada e condenada recebendo a sentença de prisão perpétua.

1614 – Elizabeth Bathory morre.

1645 – Leo Allatius escreve o 1° Tratado moderno sobre os Vampiros; “De graecorum hodie quirudam opinatio nabus”.

1657 – Fr. Françoise Richard associa o vampirismo à bruxaria quando escreve “Relation de ce s’est passé à Sant-Erini Isle de L’Archipel “.

1672 – Uma terrível onda de histeria varre Istra.

1679 – Philip Rohr escreve um texto alemão sobre Vampiros de título : “De Masticatione Mortuorum “.

1710 – A histeria do Vampiro varre a Prússia oriental.

1725 – A histeria do Vampiro volta à Prússia oriental.

1725/30 – A histeria do Vampiro continua na Hungria.

1725/32 – A onda da histeria do Vampiro na Sérvia austríaca produz os famosos casos de Peter Plogojo Witz e Arnold Paul (Paole).

1734 – A palavra vampyre entra para a língua inglesa traduzida de relatos alemães sobre as ondas de histeria vampírica européias.

1744 – O Cardeal Giuseppe Davanzati publica seu tratado Dissertazione sopre I Vampiri.

1746 – Dom Augustin Calmet publica seu tratado sobre os Vampiros, Dissertations sur les Apparitions des Anges, des Démons et des Espirits, et sur les revenants, et Vampires de Hundrie, de Bohême, de Moravie, et de Silésie.

1748 – É publicado o primeiro poema moderno de Vampiros, “Der Vampir”, por Heinrich August Ossenfelder.

1750 – Outra onda de histeria vampírica ocorre na Prússia oriental.

1756 – A histeria do Vampiro atinge o pico na Wallachia.

1772 – A histeria do Vampiro ocorre na Rússia.

1797 – Publicação do poema de Goethe “Bride of Corinth” (poema concernente ao Vampiro).

1780-1800 – Samuel Taylor Coleridge escreve “Christabel”, considerado hoje como o primeiro poema sobre Vampiros em inglês.

1800 – I Vampiri, ópera de Silvestro de Palma, estréia em Milão, Itália.

1801 – “Thalaba”, de Robert Southey, é o primeiro poema a mencionar a palavra Vampiro, em inglês.

1810 – Circulam no norte da Inglaterra relatos de ovelhas com a jugular cortada e o sangue drenado. Publicação de “The Vampyre”, de John Stagg, um dos primeiros poemas sobre Vampiros.

1813 – O poema de Lord Byron, “The Giaour”, inclui o encontro de um herói com um Vampiro.

1819 – The Vampyre, de John Polidori, a primeira história de Vampiros em inglês, é publicada na edição de abril do New Monthly magazine. John Keats compõe “The Lamia”, um poema calcado em antigas lendas gregas.

1820 – Lord Ruthwen ou Les Vampires, de Cyprien Berard, é publicado anonimamente em Paris, em 13 de junho; Le Vampire, a peça de Charles Nodier, estréia no Théâtre de la porte Saint-Martin, em Paris; agosto: The Vampire; or the Bridge of the Isles, uma tradução da peça de James R. Planché, estréia em Londres.

1829 – Março: a ópera de Heinrich Marshner, Der Vampyr, baseada na história de Nodier, estréia em Leipzig.

1841 – Alexey Tolstói publica seu conto, “Upyr”, quando morava em Paris. É a primeira história moderna sobre Vampiros escrita por um russo.

1847 – Nasce Bram Stoker. Começa a longa seriação de Varney the Vampire.

1851 – A última obra dramática de Alexandre Dumas, Le Vampire, estréia em Paris.

1854 – O caso do Vampiro na família Ray, de Jewett, Connecticut, é publicado nos jornais locais.

1872 – Sheridan Le Fanu escreve “Carmilla”. Vincenzo Verzeni, na Itália, é condenado por assassinar duas pessoas e por beber seu sangue.

1874 – Relatos de Ceven, na Irlanda, informam que ovelhas tiveram seus pescoços cortados e seu sangue drenado.

1888 – Editado o Land Beyond the Forest, de Emily Gerard. Vai se tornar a fonte principal de informações sobre a Transilvânia para o Drácula, de Bram Stoker.

1894 – O conto de H. G. Wells, “The Flowering of the Strange Orchid”, é o precursor das histórias de ficção científica sobre Vampiros.

1897 – Drácula, de Bram Stoker, é publicado em Londres. “The Vampire”, de Rudyard Kipling, se torna uma inspiração para a criação do Vampiro como um personagem estereotipado no palco e na tela.

1912 – The Secret of House N° 5, possivelmente o primeiro filme sobre Vampiros, é produzido na Grã-Bretanha.

1913 – É publicado Drácula’s Guest, de Stoker.

1920 – Drácula, o primeiro filme baseado no livro, é produzido na Rússia. Não há cópias.

1921 – Cineastas húngaros produzem uma versão de Drácula.

1922 – Nosferatu, um filme mudo alemão, é produzido pela prana Films, é a terceira tentativa de filmar Drácula.

1924 – A versão de Drácula para o palco, de Hamilton Deane, estréia em Derby. Fritz Haarmann, de Hanover, Alemanha, é preso, julgado e condenado por matar mais de vinte pessoas numa orgia criminal vampírica. Sherlock Holmes tem seu único encontro com um Vampiro em “The case of the Sussex Vampire”.

1927 – 14 de fevereiro: versão para o palco de Drácula estréia no Little Theater de Londres. Outubro: a versão americana de Drácula, estrelando Bela Lugosi, estréia no Fulton Theater de New York. Tod Browning dirige Lon Chaney em London After Midnight, o primeiro longa-metragem sobre Vampiros.
1928 – A primeira edição do influente trabalho de Montague Summers, The Vampire: His Kith and Kin, aparece na Inglaterra.

1929 – O segundo livro de Montague Summers, The Vampire in Europe, é publicado.

1931 – Janeiro: avant-première da versão espanhola Drácula. Fevereiro: versão americana para o cinema, Drácula, com Bela Lugosi, estréia no Roxy Theater, em New York. Peter Kürten, de Dusseldorf, Alemanha, é executado após ser julgado culpado de assassinar várias pessoas numa orgia vampírica.
1932 – Lançado o altamente aclamado filme Vampyr, dirigido por Carl Theodor Dreyer.

1936 – Lançado o filme Drácula’s Daughter, pela Universal Pictures.

1942 – “Asylum”, a primeira história sobre um Vampiro alienígena, de A. E. Van Vogt.

1943 – “Son of Dracula” (Universal Pictures) com Lon Chansey, Jr., como Drácula.

1944 – John Carradine interpreta Drácula pela primeira vez em Horror of Frankenstein.

1953 – Drakula Istanbula, um filme turco adaptado de Drácula, é lançado. Eerie N° 8 inclui a primeira história em quadrinhos adaptada de Drácula.

1954 – O código das histórias em quadrinhos bane os Vampiros. I Am Legend, de Richard Matheson, apresenta o vampirismo como uma doença que altera o corpo.

1956 – John Carradine interpreta Drácula na primeira adaptação para a televisão no programa Matinee Theater. Kyuketsuki Ga, o primeiro filme japonês sobre Vampiros, é lançado.

1957 – O primeiro filme italiano sobre Vampiros, “I Vampiri”, é lançado. O produtor americano Roger Corman faz o primeiro filme de ficção científicas sobre o Vampiro, “Not of This Earth”. “El Vampiro”, com German Robles, é o primeiro de uma série de filmes mexicanos sobre Vampiros.

1958 – A Hammer Films, da Grã-Bretanha, inicia uma nova onda de interesse pelos Vampiros com o seu primeiro filme Drácula, lançado nos Estados Unidos como The Horror of Drácula. O primeiro número de Famous Monsters of Filmland assina um novo interesse pelos filmes de Horror nos Estados Unidos. 1959 – “Plan 9 From Outer Space” é o último filme de Bela Lugosi.

1961 – “The Bad Flower” é a primeira adaptação coreana de Drácula.

1962 – Fundação da Count Drácula Society, em Los Angeles, por Donald Reed.

1964 – “Parque de juegos” é o primeiro filme sobre Vampiros produzido na Espanha. “The Munsters” e “A Família Addams”, duas comédias de horror com personagens vampíricos, abrem a temporada de outono na televisão.

1965 – Jeanne Youngson funda The Count Dracula Fan Club, The Munsters, baseado na série de TV do mesmo nome, é a primeira série de histórias em quadrinhos que destaca um personagem vampírico.

1966 – Dark Shadows estréia na rede ABC, na programação da tarde.

1967 – Abril: No episódio 210 de Dark Shadows, o Vampiro Barnabas Colins faz sua primeira aparição.

1969 – O primeiro número de Vampirella, a história em quadrinhos de maior duração até hoje, é lançado. Denholm Elliott faz o papel-título na série Drácula, produção televisiva da BBC. “Does Dracula Really Suck? (Drácula and the Boys)” é lançado como o primeiro filme a apresentar um Vampiro gay.

1970 – Christopher Lee estrela em “El Conde Drácula”, adaptação espanhola de Drácula. Sean Manchester funda the Vampire Reserarsh Society.

1971 – A Marvel Comics lança a primeira cópia de um livro sobre Vampiros pós-Código das histórias em quadrinhos, The Tomb of Drácula. Morbius, o Vampiro Vivo, é o primeiro novo personagem introduzido após a revisão do código que permitiu o reaparecimento de Vampiros em histórias de quadrinhos.
1972 – The Night Stalker, com Davis McGavin, se torna o filme de TV mais assistido até essa data. “Vampire Kung-Fu” é lançado em Hong Kong como o primeiro de uma série de filmes de artes marciais vampíricos. “In Search of Drácula”, de Raymond T. McNally e Radu Florescu, introduz Vlad, o Empalador, o Drácula histórico, ao mundo dos fãs do Vampiro contemporâneo. “A Dream of Drácula”, de Leonard Wolf, complementa o trabalho de McNally e de Florescu ao chamar atenção para a lenda do Vampiro. “True Vampire of History”, de Donald Glut, é a primeira tentativa de juntar as histórias de todas as figuras históricas de Vampiros. Stephen Kaplan funda The Vampire Research Center.

1973 – A versão Drácula, da Dan Curtis Productions, apresenta o ator Jack Palance num filme feito para a TV. “Vampires”, de Nancy Garden, inicia uma onda de literatura juvenil para crianças e jovens.

1975 – Fred Saberhagen propõe que seja Drácula mais como herói do que como vilão em “The Drácula Tape”. The world of Dark Shadows é fundada como a primeira fanzine Dark Shadows.

1976 – Publicação do livro Interview with Vampire, de Anne Rice. Stephen King é recomendado para o world Fantasy Award por seu romance Salem’s Lot. Shadowcon, a primeira convenção nacional Dark Shadows, é organizada pelos fãs de Dark Shadows.

1977 – Uma nova e dramática versão de Drácula estréia na Broadway, com frank Langella. Lois Jordan faz o papel principal em Count Drácula, uma versão de três horas do romance de Bram Stoker, na TV BBC. Martin V. Riccardo funda o Vampire Studies Society.

1978 – O livro Hotel Transylvania, de Chelsea Quinn Yarbro, junta-se aos volumes de Fred Saberhager e Anne Rice como um terceiro grande esforço para iniciar uma reavaliação do mito do Vampiro durante a década. Eric Held e Dorothy Nixon fundam o Vampire Information Exchange.

1979 – Baseado no sucesso da nova produção de Broadway, a Universal Pictures refilma Drácula (1979), com Frank Langella, A gravação pela banda Bauhaus de “Bela Lugosi’s Dead”, torna-se o primeiro sucesso do novo movimento de rock gótico. Shadowgram é fundada como uma fanzine Dark Shadows.

1980 – A Bran Stoker Society é fundada em Dublin, na Irlanda. Richard Chase, conhecido como o Drácula assassino de Sacramento, Califórnia, comete suicídio na prisão. A world Federation of Dark Shadows Clubs (atualmente Dark Shadows Official Fan Clubs) é fundada.

1983 – Na edição de dezembro de Dr. Strange, o ás ocultista da Marvel Comics mata todos os Vampiros do mundo, banindo-os assim das histórias em quadrinhos pelos seis anos seguintes. É fundado o Dark Shadows Festival para anfitriar a convenção anual de Dark Shadows.

1985 – Publicação do livro The Vampire Lestat, de Anne Rice, que alcança a lista dos best-sellers.

1989 – A derrubada do ditador romeno Nicolae Ceaucescu abre a Transilvânia para os fãs de Drácula . Nancy Collins ganha o Bram Stoker Award por seu romance Sunglasses After Dark.

1991 – Vampire: The Masquerade, o mais bem sucedido role-playing game, ou RPG, é lançado pela White Wolf.

1992 – Estréia Bram Stoker’s Drácula, dirigido por Francis Ford Coppola. Andrei Chikatilo, da Rússia, é condenado à morte após matar e vampirizar cerca de 55 pessoas.

1994 – A versão cinematográfica de “Interview with Vampire”, de Anne Rice, estréia com Tom Cruise no papel do Vampiro Lestat e Brad Pitt como o Vampiro Louis.

1997 – Inicio da série Buffy, a Caça-Vampiros

1998 – Filme, Blade, O Caçador de Vampiros

2008 – Inicio da Saga Crepúsculo The Twilight

2008 – Inicio da série True Blood

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/linha-do-tempo-dos-vampiros/

O Cubo do Dr. Gurlt

Há alguns anos , o célebre jornalista cientifico soviético G. N. Ostroumov se apresentou no Museu de Salzburgo, disposto a examinar um cubo , ou melhor, um paralepípedo, descoberto no século XIX pelo Dr. Gurlt em uma mina de carvão. Para muitos pesquisadores do século XIX, este objeto, encontrado em uma camada de carvão, de vários milhões de anos, teria sido feito a máquina.

O jornalista não pode ver o cubo e parece que as autoridades do museu o receberam muito mal. Elas lhe declararam que o objeto provavelmente fora perdido antes da Segunda Grande Guerra e que nem havia provas de sua existencia.

Ostroumov retirou-se furiosos e publicou em seguida artigos nos quais afirmava que as descrições desse objeto pareciam um logro. Desde que possuimos publicações indiscutiveis , surgidas no século XIX, sobre o cubo do Dr. Gurlt, os anatemas do jornalista soviético são manifestamente exagerados. Entretanto, seria certamente muito interessante examinar o achado do Dr. Gurlt através de meios modernos; com efeito , não se sabe seguramente de civilizações industriais, na Terra, há alguns milhões de anos.

Nós veremos na exposição que se segue que existe um certo numero de objetos deste genero, uns cilindricos, outros com arestas; e que , embora se tenha uma explicação sobre a existencia destes objetos cilindricos os que apresentam arestas parecem ter sido deixados na Terra por visitantes extraterrenos. Mas antes de chegar lá, contemos em detalhes dois incidentes pouco conhecidos, mas de cuja autenticidade não se pode duvidar.

Primeiro incidente : no outono de 1868, em uma mina de carvão perto de Hammondsville, Ohio , EUA , pertencente ao Capitão Lassy, um mineiro de nome James Parssonsestava trabalhando relativamente perto da superfice. Bruscamente , uma grande quantidade de carvão cai de uma vez no poço de mina, revelando um muro de ardósia recoberto de inscrições. Uma multidão rapidamente se formou. Estudiosos do país constataram uma certa semelhança entre estas inscições e os hieroglifos egípcios .

Levando-se em conta a idade do veio de carvão, essas inscrições datam de pelo menos dois milhões de anos. As inscrições oxidaram-se rápido demais para os peritos , vindos de grandes cidade americanas , pudessem decifra-las em tempo . Hoje em dia , elas seriam rapidamente pulverizadas e protegidas por uma fina película de matéria plástica. Infelizmente, esta técnica não era conhecida há cem anos.

Segundo incidente: a 2 de fevereiro de 1958, em uma mina de urânio do Estado de Utah, EUA, Tom North , Charles North , Charles North Jr. e Ted MacFarland, quatro mineiros , iam dinamitar uma arvore fossilizada que se encontrava no meio de um veio de minério de urânio de alto teor. A explosão destruiu o tronco de arvore, descobrindo uma cavidade e, no interior desta cavidade , um sapo vivo!

O sapo ainda viveu vinte e oito horas. Estava muito magro, mas para uma criatura de alguns milhões de anos , ele se encontrava muito bem. É aos milhares que se contam incidentes dessa natureza , perfeitamente autênticos . O que prova que a explosão mineira reserva por vezes a possibilidade de descobertas tão importantes , quem sabe mais importantes que a exploração arqueológica. Entre estas descobertas, figuram , nos Estados Unidos, na Inglaterra , na Alemanha , na Itália , na França , um grande número de objetos metálicos, alguns cilindricos, outros que possuem arestas, parecendo ser de ferro. No que concerne aos objetos cilindricos, o problema parece ter sido resolvido há alguns anos passados na URSS. Este fato se produziu em circunstancias curiosas, que exigem explicação prévia.

Na União Soviética , a tese deste livro se inclui na categoria das teses utilizadas para combater a religião . Explica-se pela ação dos Pricheltzy – assim chamados em russo os visitantes cósmicos – todo o tipo de fenomenos inexplicados. O governo , mantendo tais explicações , combate a religião . O que se pode discutir : não é evidente que assim não se faça mais do que reforça-la . Entretanto , esta tese permitiu ( novembro de 1969 ) que Boris Zaitezev conquistasse o Diploma de Estudos Superiores com o tema : “Jesus Cristo era extraterreno”. Eu a acrescentaria a minha lista de intervenções exteriores , mas me é realmente dificil crer nisto. Em todo caso , esta posição sensibilizou a opinião de grandes massas de trabalhadores com respeito ao problema das intervenções de extraterrenos em nosso planeta.

Eis porque, quando se encontrou em 1969, em Ural , enterrado em um veio de carvão de milhões de anos , um objeto cilindrico de ferro, a Academia de Ciencias foi imediatamente avisada. Os mineiros que haviam feito a descoberta puseram o objeto cuidadosamente de lado sem o danificar, preveniram a liga local contra a religião, que avisou logo a Academia. O objeto foi levado à Universidade de Moscou com tantos cuidados como se tivesse vindo da Lua.

Foi examinado . Era inteiramente de ferro e completamente cilindrico.Mas estudos detalhados em cortes realizados por meio de uma serra diamantada, mostraram que de fato se tratava de um ramo petrificado de árvore, no qual micróbios haviam transformado o cálcio em ferro.

Esta explicação pode parecer decepcionante , mas é incontestável. Ela prova, ao menos, que o caso foi estudado seriamente e segundo um ponto de vista cientifico. É melhor procurar explicações deste genero, do que cair na armadilha de uma credulidade excessiva.
A descoberta do Ural parece, contudo fornecer a explicação de objetos cilindricos . Infelizmente , nenhum objeto com arestas foi submetido a semelhante exame. Estes objetos pertencem muito frequentemente a colecionadores que se recusam a confiá-los a cientistas. E , na falta de um estudo demonstrando o contrário, pode-se admitir até agora que estes objetos com arestas vieram do exterior e não foram fabricados na Terra . Esta é a hipotese que eu( Jacques Bergier ) defendo neste capitulo.

Que podem ser estes objetos? Por que foram eles depositados em nosso planeta na época em que as plantas , que depois se transformaram em carvão , estavam ainda em desenvolvimento? A resposta à primeira questão fornecerá a da segunda. A meu ver , trata-se de coletores de informação do mesmo tipo das fitas magnéticas, mas muito mais aperfeiçoados . Foram feitos calculos precisos e detalhados sobre as possibilidades de um coletor de informação feito de ferro, com a capacidade de um dérebro humano . Os resultados são estonteantes.

Se se admite um rendimento de 100 % na acumulação e na restituição de informações, é preciso , para reproduzir o conteudo de um cerebro humano , um cubo de ferro de 2 x 10^10 átomos . Isto faz um cubo com arestas longas de 5.000 atomos, isto é , um cubo de um milésimo de milimetro , menor que a cabeça de um alfinete. E os cubos ou paralepipedos de muitas centenas de centimetros de lado puderam recolher com mínimos detalhes informações sobre tudo o que se passou sobre nosso planeta nos ultimos dez milhões de anos.

Estas informações podem ser dadas a esses coletores por radiações ignoradas por nós e que explorariam nosso planeta como um radar . E um dia , estes objetos desaparecerão dos nossos museus como desapareceu o cubo de Salzburgo: terão sido recuperados pelas Inteligências que os colocaram na Terra.

Escrevendo isto, não tenho de nenhum modo a impressão de estar escrevendo ficção cientifica . Parece–me estar seguindo uma linha logica de raciocinio. Se a vida sobre a Terra foi modificada artificialmente , a experiencia deve ser acompanhada e, de tempos em tempos , devem ser recuperados os coletores que foram colocados na Terra durante os setenta milhões de anos que nos separam da experiencia e que coletaram informações. Seria muito interessante acompanhar pelo rastro todos os objetos de arestas descobertos nas minas de carvão e notar os que misteriosamente desaparecerem.

Infelizmente não tenho meios de fazer tal pesquisa mas espero que, um dia , seja recuperado um destes objetos e que se encontre nos “dominios magnéticos” , os quais constituem a informação acumulada sobre épocas anteriores ao aparecimento do homem. A existencia de tais registradores , sobre a Terra ou na sua vizinhança , em satélites artificiais construidos por outros que não o homem , mais antigos que o homem, parece-me quase certa.

Há pouco menos de um século , a vida sobre a Terra pode ser detectada graças às ondas de rádio que ela emite e que devem ter agora atingido outras civilizações . Antes disso, os acontecimentos da Terra não podiam ser acompanhados senão por meio de instrumentos analogos ao radar, e é bastante tentador crer que os resultados de uma tal exploração são registrados sobre a propria Terra , sendo os registradores recuperados em seguida.

Mentes equilibradas pensam que o famoso pilar de Delhi poderia ser um registrador desta espécie, mas de grande tamanho. Acho esta hipotese assaz plausível; as diversas explicações que foram emitidas a respeito deste pilar que não oxida nunca, mesmo nas estações chuvosas, são absolutamente insuficientes. Dizer que o pilar foi fabricado utilizando-se a metalurgia a pó a meu ver mostra uma completa ignorancia das técnicas desta metalurgia. Para fabricar por aglomeração de metais em pó, por fusão pastosa, seguida de resfriamento um objeto deste porte , seriam necessários moldes e fornos de tratamento que ultrapassariam, por suas dimensões, os que até aqui já foram construidos . É muitodificil crer que instalações deste tamanho pudessem ser construidas no passado. Ainda mais dificil de crer é que não reste nenhum traço da sua existencia.

Para ter um exemplo preciso daquilo que se passou , voltemos à história do Cubo do Dr. Gurlt, e sigamo-la como se fosse um caso policial. Em 1885, o Dr. Gurlt encontrou esse cubo em uma mina de carvão na Alemanha , profundamente incrustrado numa camada datada do Terciário. Ali se encontrava havia dezena de milhões de anos , sem duvida desde o fim dos dinossauros. Em 1886 , o Dr. Gurlt publicou seu trabalho Meteorito Fóssil encontrado no Carvão , C. Gurlt , Nature . 35 ; 36 , 1886.

Muitos outros trabalhos apareceram sobre o mesmo assunto, notadamente nas justificações da Academia de Ciências. O objeto era quase um cubo , com duas de suas faces opostas ligeiramente arrendondadas . Media 67 mm por 47 mm , sendo esta ultima medida tomada entre as duas faces arredondadas. Pesava 785 gramas . Uma incisão muito profunda o circundava , ao meio de sua altura. Sua composição era a do aço duro com niquel e carbono. Não continha enxofre , e assim não era constituido de pirita , minério natural que pode tomar formas geométricas. Certos especialistas da época , inclusive o proprio descobridor , afirmaram se tratar de um meteorito fóssil. Outros, que se tratava de um meteorito que tinha sido retrabalhado, mas por quem? Pelos dinossauros?

Alguns peritos , enfim, afirmaram que o objeto seria de fabricação artificial, o que coincide com a minha opinião . Foi transportado para o Museu de Salzburgo e falou-se cada vez menos dele. Entre as duas Guerras Mundiais , a direção do Museu, sem duvida exasperada pelo numero de indagações feitas sobre o assunto, não respondeu mais. Depois da Segunda Grande Guerra , percebeu-se que mesmo o relatório correspondente ao periodo 1886-1910 , periodo em que o cubo estava no Museu , havia desaparecido É curioso . E tanto mais curioso quanto há muitas centenas de aventuras deste tipo. A Scientific American está cheia delas.

Citando uma , voltemos ao surgimento desta importante revista (volume 7 , pg.298 , junho de 1851 ) . Segundo o relato que a revista faz , encontrou-se , ao dinamitar uma rocha sólida , cinco metros abaixo do nivel do solo , um objeto metálico em forma de sino , com altura de quatro polegadas e meia , largura de seis e meia na base , de duas e meia na parte superior e com a espessura de um oitavo de polegada. O objeto era metálico, de um metal que parecia zinco, mas soava como uma liga de prata . Uma investigação a esse proposito revelou uma antiguidade considerável: a rocha dinamitada tinha muitos milhões de anos. O objeto circulou de museu em museu e desapareceu. Nunca mais foi encontrado.

Pode-se perguntar quais razões da presença de um objeto artificial no interior de uma rocha . Se a rocha se formou em torno dela, pode-se lhe atribuir um numero respeitável de milhões de anos. Há muitas descrições de objetos deste genero para que se possa negar que objetos metalicos desta especie , fabricados , são encontrados em rochas muito antigas e em veios de carvão . Pode-se ainda insistir no fato destes objetos desaparecerem misteriosamente.

Segundo as definições do capitulo anterior ( A Estrela que destruiu os Dinossauros ) , a hipotese da presença destes objetos é , para mim, uma hipotese de trabalho, mas a sua desaparição misteriosa é uma hipotese de conversação. Isso porque se conhece bem o habito dos museus de enterrar os objetos que lhes parecem não coincidir com as teorias em curso , ou que não são belos . Foi o que aconteceu em Bagdá quando se encontraram os famosos pilares.

Aqueles que conhecem bem o célebre Museu Smithsonian nos Estados Unidos afirmam que seus porões estão repletos de objetos estranhos que ninguem estuda. O mesmo fenomeno se observa em outros museus , notadamente no Museu da Pré-historia de Saint-Germain-en-Laye. Mais frequentemente , esses objetos metálicos misteriosos não são trazidos à luz do dia , porque se encontram no fundo do mar, no Antártico, ou em lugares onde ninguem faz escavações, por exemplo, no bosque de Bolonha.

Na época em que o Dr. Gurlt descobriu o cubo , acreditava-se não ser possivel registrar informações em uma liga magnética de metais , como a que constituia o cubo. Outros objetos deste genero estão sem duvida simplesmente na natureza e não chamam a atenção. Seus proprietários podem , sem dúvida, recuperá-los a grande distancia por meio de um magnetometro, já que os objetos, quando recebem um certo sinal, devem poder emitir por ressonancia magnética um sinal de resposta que indique sua posição precisa.

Há outras formas de se registrar informações além do registro magnético. E , embora não sejam atualmente comercializadas, são , entretanto, estudadas. Especialmente os registros em cristais. A sociedade americana Carson Laboratories de Bristol ( Conecticut, EUA ) foi bem sucedida ao tentar reduzir , por fotografia, oitenta e cinco mil vezes a imagem de uma pagina de revista , colocar esta imagem num cristal e, depois , recupera-la . Outros pesquisadores tentam realizar, nos cristais , registros por camadas sucessiveis , como as paginas de um livro , superpostas.

Fala-se ainda de obter o registro de de cem mil livros de dimensão média em um cristal do tamanho de um grão de açucar. Não é totalmente excluida a hipotese de que certas pedras preciosas contenham registros destinados , um dia, a serem recuperados , sendo submetidas desde já muitas vezes à informação retrieval ( recuperação total de informação ).

É, de outro lado, provável que um certo número de estes registradores esteja em órbita em torno da Terra , no espaço. Tem-se o direito de perguntar: como o sabe? A resposta é simples . Estes registradores captam uma mensagem de rádio e a retransmitem , com um certo atraso, para uma receptora desconhecida.

Esta idéia , que já defendi num livro intitulado À Escuta dos Planetas , é agora totalmente difundida. O eminente cientista Roland Bracewell, diretor de pesquisas cientificas do governo australiano em radiotécnica , e numerosos outros cientistas , observaram nas emissões de rádio desde 1926 e nas de televisão , após 1950, ecos anormalmente retardados . Recebem-se emissões da televisão a partir de estações que não funcionam há três ou quatro anos. Recebem-se , como ecos no tempo , emissões de rádio muitos dias depois de transmitidas . Este fenomeno foi observado desde 1930 por Stüner e Van Der Pol. Bracewell fez disso um estudo detalhado . Ele pensa que veículos automáticos , semelhantes às nossas sondas , registram nossos sinais e emissões , para retransmiti-las a um destino esconhecido , quando as condições para isso forem favoraveis.

Não se vê nenhuma outra explicação cientifica para esses ecos retardados . Não há nenhum objeto no espaço sobre o qual as ondas pudessem se refletir e voltar minutos, meses ou anos após . Nada conhecido sobre a estrutura do tempo nos permite acreditar que este retenha as ondas eletromagnéticas como em uma armadilha e as restitua. (Se tal fenomeno fosse possivel explicaria muito mais coisas além dos ecos retardados , mas isto é uma outra história .)

Observado este curioso fenomeno , é , entretanto , certo que a maior parte dos registradores estão sobre a Terra . Nós os encontramos por acaso nas minas de carvão ou de uranio , ou durante as dinamitações de rochas . É muito possivel que todos os analisadores e registradores disseminados sobre o planeta não estejam dentro do carvão. Devem encontrar-se à superfice.

Eles tem sido encontrados até na superfice e são encerrados em cofres, no fundo dos porões de instituições cientificas , recobertos por outros cofres e por espessas camadas de pó. Eu estou disposto a visitar museus deste genero como todo leitor cético . Evidentemente, os objetos que contradizem as teorias estabelecidas da arqueologia são os primeiros a serem relegados ao porão . E só escapam a isso por mero acaso.

Foi num porão que o eminente cientista ingles Brewster encontrou , no ‘seculo XIX , uma lente proveniente das ruinas de Ninive . E esta lente havia sido feita a maquina . Ela inda existe ainda hoje , assim como a descrição feita por Brewster . Ela fazia parte , provavelmente, de um instrumento ótico aperfeiçoado , mais aperfeiçoado que os instrumentos da época de Brewster , e , certamente , mais que os existentes em Nínive.

Parece-me certo que uma exploração sistemática dos porões de diversos museus e um reexame metódico dos objetos etiquetados como “objetos de artes” , “objetos de culto” ou “objeto não-identificado” , nos dariam numerosas indicações e seriam , sem dúvida, mais rentáveis que muitas expedições arqueológicas feitas com tantos gastos. A maioria desses misteriosos objetos é de aço inoxidável ou matéria plástica.

Existe uma literatura considerável que trata de objetos aparentemente metálicos, mas que desaparecem diante dos olhos do espectador. Este fenomeno data de antes dos lançamentos espaciais. Os fragmentos de satélites ou de foguetes portadores que caem não se volatilizam. ( Uma lenda sempre encontrada, diz que estes fragmentos, notadamente os do Sputinik IV e de certos Discoverer , teriam perdido a metade do seu peso, conservando o mesmo volume e a mesma massa. O mesmo teria ocorrido com objetos caídos em 14 de setembro de 1960 na relva de uma vila em Woodbridge, EUA. O maior era do tamanho de uma ervilha . Colocado em um recepiente , ele começava a perder peso. Depois , foram confiscados pelo governo norte-americano . Se isto é verdade, é muito interessante. Mas será verdade? )

Fica-se tentado a pensar em certos registradores , uma vez que a informação foi extraída, desaparecem.

Seria interessante saber se os satélites indicam sinais de origem desconhecida, proveniente da Terra . Recentemente , os satélites da série Explorer detectaram uma radiação deste tipo: ela provinha da Terra mas não se podia explica-la por um fenomeno naturalconhecido e ela não se originou de nenhuma fonte artificial: radio, televisão, radar , etc. Esta radiação aproxima-se da que emite a mancha vermelha de Jupiter , estudada desde 1954 sem resultado ou conclusão. Teorias as mais complicadas atribuem anergia à mancha vermelha de Jupiter.

Como a Terra não possue mancha vermelha , é muito dificil aplicar estas explicações , geralmente teoricas , à radiação terrestre. A radiação de Jupiter é modulada e pode-se dizer que esta modulação é produto de seres inteligentes. Pode-se dizer ainda que esta modulação é devida à interrupção periódica da radiação de Jupiter pela passagem do satelite Io. Tudoi isto, entretanto , não se aplica 1a radiação terrestre , que não parece modulada. Não se sabe se ela provém da terra , se é emitida pela alta atmosfera terrestre ou pelos cinturões de particulas ( eletricamente carregadas ) que rodeiam o globo. Até nova ordem , não se proíbe a hipotese de que ela provém de um registrador assinalando sua posição.

Não é impossivel a hipotese de que estudos mais perfeitos levarão os satélites a descobrir outras radiações emitidas pelos registradores . Seria preciso, para isso, que os datélites fossem dotados de outros detectores além dos que funcionamsegundo o princípio do rádio. Detectores em órbita em torno da terra, capazes de detectar ondas gravitacionais , os neutrinos e eventualmente, os Tachyons, mostrarão provavelmente que os registradores funcionam um pouco em todo o globo. Talvez se chegue a localiza-los.

É preciso esperar que o próximo objeto com arestas a ser descoberto seja cuidadosamente “cortado em pedaços”e estes examinados por detectores , para tentar chegar aos sinais.

Diversos estudos sobre a América Central e América do Sul citam objetos esféricos de grande s dimensões , algumas vezes esferas de três metros de diametro , colocadas num pedestal. Nenhuma lenda local trata dessas esferas , que parecem mais antigas que o homem nesses paises.

É evidentemente possivel que se trate de registradores de outro tipo, colocados sobre pedestais por alguma raça totalmente esquecida . Embora seja fácil imaginar um processo natural produzindo uma esfera, é impossivel conceber um que possa talhar um pedestal e sobre ele colocar uma esfera . trata-se , evidentemente , de objeto fabricado. Mas de que natureza? Atualmente ninguem o sabe . Nós estamos disnte deste objetos como um selvagem hoje emdia , ou como um cientista do século XIX diante de um cristal utilizado na fabricação de um transistor. Seria interessante transportar uma dessas esferas para um país avançado e fazer uma análise.

Mencionamos de passagem , porque é agradavel uma anedota sobre registradores cuja explicação é tão natural e complexa:

Em 13 de setembro de 1961 , sobre o telhado da pequena casa de um trabalhador das PTT de Karachi (Paquistão ) , um aparelho extremamente complicado visivelmente eltronico , caiu de pára-quedas . Foi feita uma pesquisa longa e minunciosa. Finalmente , foi descoberto que este aparelho, destinado a medir pressão atmosférica e a rapidez do vento, havia sido lançado dos EUA , num balão, em 1959. Normalmente , o balão deveria explodir, no máximo , dois dias depois de atingir trinta quilometros de altitude. Mas não explodiu, e flutuou nos ares durante dois anos e um mês , indo , por fim, aterrisar no Paquistão. Os teóricos demonstraram que esta viagem seria totalmente impossivel. Infelizmente, ela se realizou.

Em outros caso, os objetos não são identificados . A policia americana os recolhe, muito frequentemente, e eles desaparecem nos porões do Museu Smithsoniano ou dos serviços secretos americanos. Foi assim que , em setembro de 1962 , um objeto de aço de dez quilos caiu em uma rua em Manitowock, Wiscosin. Tratava-se visivelmente de um fragmento de uma maquina. Em muitos postos da sua superfice, o aço estava fundido. O objeto foi transportado para o Museu Smithsoniano , que disse se tratar de um objeto fabricado; depois, o silêncio. O objeto em questão desapareceu na poeira do museu.

Na mesma época , um outro objeto desapareceu completamente só. Tinha caído num lago a vista de um pescador, o Sr. Grady Honeucutt, Harriburg, Carolina do Norte. Segundo ele, o objeto parecia uma bola de futebol, recoberta de “antenas” “como um ouriço de metal”. Quando a policia chegou , o objeto tinha começado a se decompor e parecia uma massa de fios metalicos enovelados. Naquele momento, o objeto desapareceu e os mergulhadores não acharam os traços dele. O objeto fora recuperado ou então voltara da mesma maneira como tinha ido.

O ano seguinte foi assinalado pela presença de um objeto semelhante , em Dungannon, Irlanda. Este só tinha quatro hastes de metal – sem dúvida uma variante pobre do anterior – mas era incandescente. A armada inglesa o recuperou e não se falou mais dele.

Pode-se, evidentemente , pensar que se trata de fragmentos de satélites-espiões; entretanto , recolhem-se objetos tais desde o surgimento da humanidade , e bem antes do aparecimento dos satélites espiões.

Se estes objetos provêm de engenhos de espionagem , estes não foram fabricados pelo homem. Seria interessante fazer uma coleção de objetos análogos. Tais coleções existem, parece, nos Estados Unidos , mas seus proprietários não autorizam seu exame. É pena!

Alguma organizações fazem coleções de estudos sobre esses objetos , e de fotografias . A mais interessante é a organização americana INFO, o que significa Informação Fortiniana ;esta organização foi fundada em homenagem a Charles Fort, o grande especialista do desconhecido. Info publica a cada trimestre uma excelente revista sob este titulo.

Na Russia , a revista Technika Molodeji publica a cada mês um estudo sobre o problema dêste genero, frequentemente ilustrado com fotografias, mais uma discussão sobre o assunto , feita por especialistas.

Notas sobre o Pilar de Delhi

Não é desprovido de interesse o voltar ao pilar de Delhi, que oferece um problema singular. O Objeto mede seis metros de altura, cinquenta centimetros de diametro. Quer dizer que ele é muito volumoso para ter sido fabricado por aglomeração de metais em pó, por fusão. Foi escrito recentemente que se este objeto não se corrói “isto decorre simplesmente do fato de ele ser recoberto por uma fina camada e transparente de sílica”. Ora se o autor desta genial sugestão encontrou o meio de revestir os metais ferrosos com uma camada de silica transparente , eu (Jacques Bergier) aconselho a registrar e explorar sua descoberta . Garantido lhe é um bilhão de francos novos por ano, o que não representa senão uma pequena parcel dos gastos e perdas que a corrosão ocasiona no mundo.

O pilar tem uma inscrição: um epitáfio do rei Chandragupta II , morto em 413 da era cristã. Segundo o que se sabe , o pilar já era muito velho nessa época. ë verdade que as técnicas de fabricação do aço já exitiam na Ïndia . Um dos principes de Punjab ofertou a Alexandre, o Grande , um lingote de aço de duzentos e cinquenta quilos, quantidade considerável na época. De outro lado, a alquimia era bastante desenvolvida e o ferro era o metal essencial dos alquimistas.

Portanto . . .

E, portanto , considerando a extraordinária qualidade do metal de que é feito o pilar , considerando que ele se conserva indefinidamente , eu me pergunto se não seria ele um registrador gigante. Eu daria muito para poder tirar-lhe um pedaço e submete-lo à analise magnética. Porém, quando se leva em conta o valor sacro atribuído ao pilar , a experiencia se torna impossivel.

Extraido do livro Os Extraterrestres na História de Jacques Bergier – Editora Hemus – 1970

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/o-cubo-do-dr-gurlt/

Echelon: o sistema de espionagem mundial

Talvez você não saiba, mas tudo o que você fala pelo telefone ou transmite pela Internet é controla­do, em tempo integral, via satélite, pelo Sistema Echelon, uma sofisticada máquina cibernética de espionagem, cria­da e mantida pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, com a participação direta do Reino Unido, do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia.

Com suas atividades iniciadas nos anos 80, o Echelon tem, como embrião histórico, o Pacto denominado Ukusa, firmado secretamente pela Grã-Bretanha e pelos EUA, no início da Guerra Fria.

Destinado à coleta e troca de informações, o Pacto Ukusa resultou, nos anos 70, na instalação de estações de rastrea­mento de mensagens enviadas desde e para a Terra por satélites das redes Intelsat (International Telecommunica­tions Satellite Organisation) e Inmarsat.

— Outros satélites de observação foram enviados ao es­paço para a escuta das ondas de rádio, de celulares e para o registro de mensagens de correios eletrônicos.

Além disto, já sob o guarda-chuva do Echelon, são cap­tadas as mensagens de telecomunicações, inclusive de ca­bos submarinos e da rede mundial de computadores, a lnternet. Em linguagem técnica, o objetivo dessa rede (ne­twork) é o de captar sinais de inteligência, conhecidos como sigint.

O segredo tecnológico do Echelon consiste na interco­necção de todos os sistemas de escuta. A massa de infor­mações é espetacular e, para ser tratada, requer uma tria­gem pelos serviços de espionagem dos países envolvidos, por meio de instrumentos da inteligência artificial.

“A chave da interpretação — afirma Nicky Hager; pes­quisador do tema — reside em poderosos computadores que perscrutam e analisam a massa de mensagens para delas extraírem aquelas que apresentam algum interesse. As estações de interceptação recebem milhões de mensa­gens destinadas às estações terrestres credenciadas e utili­zam computadores para decifrar as informações que con­têm endereços ou textos baseados em palavras-chaves pré-programadas”.

Estas palavras-chave resumem os alvos principais dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de seus só­cios no Echelon. Integram os chamados “dicionários”, que são produzidos e trocados, sistematicamente, entre esses organismos. Entre essas palavras encontram-se, por exemplo, os nomes de Fidel Castro, Saddam Hussein e Hugo Chávez e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. Incluem, também, expressões como terrorismo, guerrilha, narcotráfico e ajuda ao Terceiro Mundo.

O acesso a alguns desses “dicionários” só tornou-se possível graças à colaboração de ex-agentes — sobretudo australianos e neo-zelandeses — com pesquisadores liga­dos a ONGs defensoras das liberdades públicas e do direi­to à privacidade. Os megacomputadores da NSA são capazes de reco­nhecer automaticamente a identidade dos interlocutores, numa conversação telefônica.

Além de palavras-chave, o código do Echelon também inclui cifras-chave. 5.535 representa as comunicações diplomáticas japonesas; 8.182 indica a troca de tecnologias criptográficas. Os documentos resultantes das pesquisas recebem símbolos distintivos: Moray (secreto), Spoke (ul­tra-secreto), Gamma (interceptação de comunicações rus­sas, mesmo no pós-Guerra Fria).

O megapoder da NSA

A agência de inteligência norte-americana mais conhe­cida é a CIA. No entanto, de acordo com os pesquisadores nessa arca, a mais poderosa é a NSA. Ela possui, hoje, cer­ca de 20 mil funcionários em Fort Meade, seu quartel-ge­neral. São, principalmente, analistas de sistemas, engenhei­ros, físicos, matemáticos, linguistas, oficiais de segurança e administradores de empresas, entre outros especialistas de alto padrão.

A NSA foi criada em 1952 por meio de um decreto se­creto do presidente Harry Truman para cuidar de espionagem e contra-espionagem, dentro e fora dos Estados Unidos. Seu organograma (conhecido publicamente, pela primeira vez, em 18 de dezembro de 1998, graças à lei co­nhecida como Freedom Information Act), demonstra que seus serviços cobrem praticamente todo o universo das tecnologias da informação.

Com base nessa massa crítica, os EUA adiantaram-se no tempo para assegurar s???? ?o?ua hegemonia mundial no sé­culo 21. Em novembro de 1997, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea norte-americana fez palestra na Câmara de Representantes, em Washington e afirmou: “No primei­ro trimestre do próximo século, seremos capazes de locali­zar, seguir e mirar — praticamente em tempo real — qual­quer alvo importante em movimento, na superfície da Ter­ra

Ao refletir sobre o que chama de televigilância global, o filósofo e urbanista francês Paul Vinho afirma que o fenômeno histórico que leva à mundialização exige cada vez mais luz, cada vez mais iluminação. E assim que se desenvolve hoje uma televigilância global que não reco­nhece qualquer premissa ética ou diplomática. A atual glo­balização das atividades internacionais torna indispensá­vel uma visão ciclópica ou, mais precisamente, uma visão cyber-ótica… Com essa dominação do ponto de vista orbi­tal, o lançamento de uma infinidade de satélites de obser­vação tende a favorecer a visão globalitária. Para “dirigir” a vida, não mais se trata de observar o que acontece diante de si. A dimensão zenital prevalece, de longe ou mais alto, sobre a horizontal e não se trata de um assunto de pouca importância porque o “ponto de vista de Sirius” apaga toda perspectiva”. (em Le Monde Diplomatique, agosto de 1999, pgs.4e 5).

Confirmação Oficial do Parlamento Europeu

Em 18 de Maio de 2001, veio a conhecimento público o informe, elaborado pela Comissão Provisória, nomeada pelo Parlamento Europeu, para investigar o Echelon, em que confirmaram:

“A existência de um sistema global de interceptação das comunicações em que cooperam os Estados Unidos, o Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, já não pode ser colocado em dúvida.(…) O que resulta importante é que seu propósito é interceptar comunicações privadas e comerciais, e não comunicações militares.” (NAVARRO, 2001: 50)

Sem dúvida, mais do que um sistema de espionagem, este sistema é uma grave violação ao nosso direito de privacidade. Qualquer dia nem os sites de Internet escaparão à censura total. O relatório completo do parlamento europeu pode ser facilmente encontrado na internet.


O Brasil no Echelon

De forma totalmente extralegal, a NSA utilizou a rede Echelon para espionar todos os movimentos do Greenpe­ace por ocasião dos protestos contra os ensaios nucleares franceses, no Atol de Mururoa, no Pacífico Sul. O Brasil também participa da história secreta do siste­ma: por meio da rede, o governo norte-americano inter­ceptou as negociações entre o governo FHC, no primeiro mandato, e a empresa francesa Thomson, para a compra dos equipamentos de vigilância da Amazônia, através do Sivam.

Com base nos dados coletados, a Casa Branca e o com­plexo industrial estadunidense conseguiram derrubar Thomson e, finalmente, a empresa norte-americana Raytheon acabou ganhando a concorrência internacional. As comunicações dos países e dos cidadãos latino-ame­ricanos são processadas na estação de Sabana Seca, em Porto Rico. Na Inglaterra, o órgão governamental associa­do à NSA é a GCHQ (Britain’s Government Communica­tions Headquarters).

A maior base eletrônica de espionagem no mundo é a Field Station F83, da NSA e se situa em Menwith Hill, Yorkshire, nos EUA.

Lista de palavras buscadas pelo projeto Echelon

A lista de palavras pesquisadas pelo projeto Echelon é imensa e atualizada conforme a realidade geopolítica se altera. Abaixo uma lista aproximada de dezembro de 2008. Vale lembrar que a única forma conhecida de combater este sistema é a vulgarização dos unitermos de todas as formas, sites em e-mails possíveis.

Rewson, SAFE, Waihopai, INFOSEC, ASPIC, MI6, Information Security, SAI, Information Warfare, IW, IS, Privacy, Information Terrorism, Terrorism, Defensive Information, Defense Information Warfare, Offensive Information, Offensive Information Warfare, The Artful Dodger, NAIA, SAPM, ASU, ASTS, National Information Infrastructure, InfoSec, SAO, Reno, Compsec, JICS, Computer Terrorism, Firewalls, Secure Internet Connections, RSP, ISS, JDF, Ermes, Passwords, NAAP, DefCon V, RSO, Hackers, Encryption, ASWS, CUN, CISU, CUSI, M.A.R.E., MARE, UFO, IFO, Pacini, Angela, Espionage, USDOJ, NSA, CIA, S/Key, SSL, FBI, Secert Service, USSS, Defcon, Military, White House, Undercover, NCCS, Mayfly, PGP, SALDV, PEM, resta, RSA, Perl-RSA, MSNBC, bet, AOL, AOL TOS, CIS, CBOT, AIMSX, STARLAN, 3B2, BITNET, SAMU, COSMOS, DATTA, Furbys, E911, FCIC, HTCIA, IACIS, UT/RUS, JANET, ram, JICC, ReMOB, LEETAC, UTU, VNET, BRLO, SADCC, NSLEP, SACLANTCEN, FALN, 877, NAVELEXSYSSECENGCEN, BZ, CANSLO, CBNRC, CIDA, JAVA, rsta, Active X, Compsec 97, RENS, LLC, DERA, JIC, rip, rb, Wu, RDI, Mavricks, Baha’u’llah, BIOL, Meta-hackers, ^?, SADT, Steve Case, Tools, RECCEX, Telex, Aldergrove, OTAN, monarchist, NMIC, NIOG, IDB, MID/KL, NADIS, NMI, SEIDM, BNC, CNCIS, STEEPLEBUSH, RG, BSS, DDIS, mixmaster, BCCI, BRGE, Europol, SARL, Military Intelligence, JICA, Scully, recondo, Flame, Infowar, FRU, Bubba, Freeh, Archives, ISADC, CISSP, Sundevil, jack, Investigation, JOTS, ISACA, NCSA, ASVC, RRF, 1071, Bugs Bunny, Verisign, Secure, ASIO, Lebed, ICE, NRO, Lexis-Nexis, NSCT, SCIF, FLiR, JIC, bce, Lacrosse, Flashbangs, HRT, IRA, EODG, DIA, USCOI, CID, BOP, FINCEN, FLETC, NIJ, ACC, AFSPC, BMDO, site, SASSTIXS, NAVWAN, NRL, RL, NAVWCWPNS, NSWC, USAFA, AHPCRC, ARPA, SARD, LABLINK, USACIL, SAPT, USCG, NRC, ~, O, NSA/CSS, CDC, DOE, SAAM, FMS, HPCC, NTIS, SEL, USCODE, CISE, SIRC, CIM, ISN, DJC, LLNL, bemd, SGC, UNCPCJ, CFC, SABENA, DREO, CDA, SADRS, DRA, SHAPE, bird dog, SACLANT, BECCA, DCJFTF, HALO, SC, TA SAS, Lander, GSM, T Branch, AST, SAMCOMM, HAHO, FKS, 868, GCHQ, DITSA, SORT, AMEMB, NSG, HIC, EDI, benelux, SAS, SBS, SAW, UDT, EODC, GOE, DOE, SAMF, GEO, JRB, 3P-HV, Masuda, Forte, AT, GIGN, Exon Shell, radint, MB, CQB, TECS, CONUS, CTU, RCMP, GRU, SASR, GSG-9, 22nd SAS, GEOS, EADA, SART, BBE, STEP, Echelon, Dictionary, MD2, MD4, MDA, diwn, 747, ASIC, 777, RDI, 767, MI5, 737, MI6, 757, Kh-11, EODN, SHS, ^X, Shayet-13, SADMS, Spetznaz, Recce, 707, CIO, NOCS, Halcon, NSS, Duress, RAID, Uziel, wojo, Psyops, SASCOM, grom, NSIRL, D-11, DF, ZARK, SERT, VIP, ARC, S.E.T. Team, NSWG, MP5k, SATKA, DREC, DEVGRP, DSD, FDM, GRU, LRTS, SIGDEV, NACSI, MEU/SOC,PSAC, PTT, RFI, ZL31, SIGDASYS, TDM. SUKLO, Schengen, SUSLO, TELINT, fake, TEXTA. ELF, LF, MF, Mafia, JASSM, CALCM, TLAM, Wipeout, GII, SIW, MEII, C2W, Burns, Tomlinson, Ufologico Nazionale, Centro, CICAP, MIR, Belknap, Tac, rebels, BLU-97 A/B, 007, nowhere.ch, bronze, Rubin, Arnett, BLU, SIGS, VHF, Recon, peapod, PA598D28, Spall, dort, 50MZ, 11Emc Choe, SATCOMA, UHF, The Hague, SHF, ASIO, SASP, WANK, Colonel, domestic disruption, 5ESS, smuggle, Z-200, 15kg, DUVDEVAN, RFX, nitrate, OIR, Pretoria, M-14, enigma, Bletchley Park, Clandestine, NSO, nkvd, argus, afsatcom, CQB, NVD, Counter Terrorism Security, Enemy of the State, SARA, Rapid Reaction, JSOFC3IP, Corporate Security, 192.47.242.7, Baldwin, Wilma, ie.org, cospo.osis.gov, Police, Dateline, Tyrell, KMI, 1ee, Pod, 9705,  Samford Road, 20755-6000, sniper, PPS, ASIS, ASLET, TSCM, Security Consulting, M-x spook, Z-150T, Steak Knife, High Security, Security Evaluation, Electronic Surveillance, MI-17, ISR, NSAS, Counterterrorism, real, spies, IWO, eavesdropping, debugging, CCSS, interception, COCOT, NACSI, rhost, rhosts, ASO, SETA, Amherst, Broadside, Capricorn, NAVCM, Gamma, Gorizont, Guppy, NSS, rita, ISSO, submiss, ASDIC, .tc, 2EME REP, FID, 7NL SBS, tekka, captain, 226, .45, nonac, .li, Tony Poe, MJ-12, JASON, Society, Hmong, Majic, evil, zipgun, tax, bootleg, warez, TRV, ERV, rednoise, mindwar, nailbomb, VLF, ULF, Paperclip, Chatter, MKULTRA, MKDELTA,Bluebird, MKNAOMI, White Yankee, MKSEARCH, 355 ML, Adriatic, Goldman, Ionosphere, Mole, Keyhole, NABS, Kilderkin, Artichoke, Badger, Emerson, Tzvrif, SDIS, T2S2, STTC, DNR, NADDIS, NFLIS, CFD, BLU-114/B, quarter, Cornflower, Daisy, Egret, Iris, JSOTF, Hollyhock, Jasmine, Juile, Vinnell, B.D.M., Sphinx, Stephanie, Reflection, Spoke, Talent, Trump, FX, FXR, IMF, POCSAG, rusers, Covert Video, Intiso, r00t, lock picking, Beyond Hope, LASINT, csystems, .tm, passwd, 2600 Magazine, JUWTF, Competitor, EO, Chan, Pathfinders, SEAL Team 3, JTF, Nash, ISSAA, B61-11, Alouette, executive, Event Security, Mace, Cap-Stun, stakeout, ninja, ASIS, ISA, EOD, Oscor, Tarawa, COSMOS-2224, COSTIND, hit word, hitword, Hitwords, Regli, VBS, Leuken-Baden, number key, Zimmerwald, DDPS, GRS, AGT. AMME, ANDVT, Type I, Type II, VFCT, VGPL, WHCA, WSA, WSP, WWABNCP, ZNI1, FSK, FTS2000, GOSIP, GOTS, SACS STU-III, PRF, PMSP, PCMT, I&A, JRSC, ITSDN, Keyer, KG-84C, KWT-46, KWR-46, KY-75, KYV-5, LHR, PARKHILL, LDMX, LEASAT, SNS, SVN, TACSAT, TRANSEC, DONCAF, EAM, DSCS, DSNET1, DSNET2, DSNET3, ECCM, EIP, EKMS, EKMC, DDN, DDP, Merlin, NTT, SL-1, Rolm, TIE, Tie-fighter, PBX, SLI, NTT, MSCJ, MIT, 69, RIT, Time, MSEE, Cable & Wireless, CSE, SUW, J2, Embassy, ETA, Aquisitores, Fax, finks, Fax encryption, white noise, Fernspah, MYK, GAFE, forcast, import, rain, tiger, buzzer, N9, pink noise, CRA, M.P.R.I., top secret, Mossberg, 50BMG, Macintosh Security, Macintosh Internet Security, OC3, Macintosh Firewalls, Unix Security, VIP Protection, SIG, sweep, Medco, TRD, TDR, Z, sweeping, SURSAT, 5926, TELINT, Audiotel, Harvard, 1080H, SWS, Asset, Satellite imagery, force, NAIAG, Cypherpunks, NARF, 127, Coderpunks, TRW, remailers, replay, redheads, RX-7, explicit, FLAME, J-6, Pornstars, AVN, Playboy, ISSSP, Anonymous, W, Sex, chaining, codes, Nuclear, 20, subversives, SLIP, toad, fish, data havens, unix, c, a, b, d, SUBACS, the, Elvis, quiche, DES, 1*, N-ISDN, NLSP, OTAR, OTAT, OTCIXS, MISSI, MOSAIC, NAVCOMPARS, NCTS, NESP, MILSATCOM, AUTODIN, BLACKER, C3I, C4I, CMS, CMW, CP, SBU, SCCN, SITOR, SHF/DOD, Finksburg MD, Link 16, LATA, NATIA, NATOA, sneakers, UXO, (), OC-12, counterintelligence, Shaldag, sport, NASA, TWA, DT, gtegsc, nowhere, .ch, hope, emc, industrial espionage, SUPIR, PI, TSCI, spookwords, industrial intelligence, H.N.P., SUAEWICS, Juiliett Class,  Submarine, Locks, qrss, loch, 64 Vauxhall Cross, Ingram Mac-10, wwics, sigvoice, ssa, E.O.D., SEMTEX, penrep, racal, OTP, OSS, Siemens, RPC, Met, CIA-DST, INI, watchers, keebler, contacts, Blowpipe, BTM, CCS, GSA, Kilo, Class, squib, primacord, RSP, Z7, Becker, Nerd, fangs, Austin, no|d, Comirex, GPMG, Speakeasy, humint, GEODSS, SORO, M5, BROMURE, ANC, zone, SBI, DSS, S.A.I.C., Minox, Keyhole, SAR, Rand Corporation, Starr, Wackenhutt, EO, burhop, Wackendude, mol, Shelton, 2E781, F-22, 2010, JCET, cocaine, Vale, IG, Kosovo, Dake, 36,800, Hillal, Pesec, Hindawi, GGL, NAICC, CTU, botux, Virii, CCC, ISPE, CCSC, Scud, SecDef, Magdeyev, VOA, Kosiura, Small Pox, Tajik, +=, Blacklisted 411, TRDL, Internet Underground, BX, XS4ALL, wetsu, muezzin, Retinal Fetish, WIR, Fetish, FCA, Yobie, forschung, emm, ANZUS, Reprieve, NZC-332, edition, cards, mania, 701, CTP, CATO, Phon-e, Chicago Posse, NSDM, l0ck, beanpole, spook, keywords, QRR, PLA, TDYC, W3, CUD, CdC, Weekly World News, Zen, World Domination, Dead, GRU, M72750, Salsa, 7, Blowfish, Gorelick, Glock, Ft. Meade, NSWT, press-release, WISDIM, burned, Indigo, wire transfer, e-cash, Bubba the Love Sponge, Enforcers, Digicash, SWAT, Ortega, PPP, NACSE, crypto-anarchy, AT&T, SGI, SUN, MCI, Blacknet, ISM, JCE, Middleman, KLM, Blackbird, NSV, GQ360, X400, Texas, jihad, SDI, BRIGAND, Uzi, Fort Meade, *&, gchq.gov.uk, supercomputer, bullion, 3, NTTC, Blackmednet, :, Propaganda, ABC, Satellite phones, IWIS, Planet-1, ISTA, rs9512c, Jiang Zemin, South Africa, Sergeyev, Montenegro, Toeffler, Rebollo, sorot, Yucca Mountain, FARC, Toth, Xu Yongyue, Bach, Razor, AC, cryptanalysis, nuclear, 52 52 N – 03 03 W, Morgan, Canine, GEBA, INSCOM, MEMEX, Stanley, FBI, Panama, fissionable, Sears Tower, NORAD, Delta Force, SEAL, virtual, WASS, WID, Dolch, secure shell, screws, Black-Ops, O/S, Area51, SABC, basement, ISWG, $@, data-haven, NSDD, black-bag, rack, TEMPEST, Goodwin, rebels, ID, MD5, IDEA, garbage, market, beef, Stego, ISAF, unclassified, Sayeret Tzanhanim, PARASAR, Gripan, pirg, curly, Taiwan,guest, utopia, NSG, orthodox, CCSQ, Alica, SHA, Global, gorilla, Bob, UNSCOM, Fukuyama, Manfurov, Kvashnin, Kill the president, Marx, Abdurahmon, snullen, Pseudonyms, MITM, NARF, Gray Data, VLSI, mega, Leitrim, Yakima, NSES, Sugar Grove, WAS,Cowboy, Gist, 8182, Gatt, Platform, 1911, Geraldton, UKUSA, veggie, XM, Parvus, NAVSVS, 3848, Morwenstow, Consul, Oratory, Pine Gap, Menwith, Mantis, DSD, BVD, 1984, blow out, BUDS, WQC, Flintlock, PABX, Electron, Chicago Crust, e95, DDR&E, 3M, KEDO, iButton, R1, erco, Toffler, FAS, RHL, K3, Visa/BCC, SNT, Ceridian, STE, condor, CipherTAC-2000, Etacs, Shipiro, ssor, piz, fritz, KY, 32, Edens, Kiwis, Kamumaruha, DODIG, Firefly, HRM, Albright, Bellcore, rail, csim, NMS, 2c, FIPS140-1, CAVE, E-Bomb, CDMA, Fortezza, 355ml, ISSC, cybercash, NAWAS, government, NSY, hate, speedbump, joe, illuminati, BOSS, Kourou, Misawa, Morse, HF, P415, ladylove, filofax, Gulf, lamma, Unit 5707, Sayeret Mat’Kal, Unit 669, Sayeret Golani, Lanceros, Summercon, NSADS, president, ISFR, freedom, ISSO, walburn, Defcon VI, DC6, Larson, P99, HERF pipe-bomb, 2.3 Oz., cocaine, $, imapct, Roswell, ESN, COS, E.T., credit card, b9, fraud, ST1, assasinate, virus, ISCS, ISPR, anarchy, rogue, mailbomb, 888, Chelsea, 1997, Whitewater, MOD, York, plutonium, William Gates, clone, BATF, SGDN, Nike, WWSV, Atlas, IWWSVCS, Delta, TWA, Kiwi, PGP 2.6.2., PGP 5.0i, PGP 5.1, siliconpimp, SASSTIXS, IWG, Lynch, 414, Face, Pixar, IRIDF, NSRB, eternity server, Skytel, Yukon, Templeton, Johohonbu, LUK, Cohiba, Soros, Standford, niche, ISEP, ISEC, 51, H&K, USP, sardine, bank, EUB, USP, PCS, NRO, Red Cell, NSOF, DC7, Glock 26, snuffle, Patel, package, ISI, INR, INS, GRU, RUOP, GSS, NSP, SRI, Ronco, Armani, BOSS, Chobetsu, FBIS, BND, SISDE, FSB, BfV, IB, froglegs, JITEM, SADF, advise, TUSA, LITE, PKK, HoHoCon, SISMI, ISG, FIS, MSW, Spyderco, UOP, SSCI, NIMA, HAMASMOIS, SVR, SIN, advisors, SAP, Monica, OAU, PFS, Aladdin, AG, chameleon man, Hutsul, CESID, Bess, rail gun, .375, Peering, CSC, Tangimoana Beach, Commecen, Vanuatu, Kwajalein, LHI, DRM, GSGI, DST, MITI, JERTO, SDF, Koancho, Blenheim, Rivera, Kyudanki, varon, 310, 17, 312, NB, CBM, CTP, Sardine, SBIRS, jaws, SGDN, ADIU, DEADBEEF, IDP, IDF, Halibut, SONANGOL, Flu, &, Loin, PGP 5.53, meta, Faber, SFPD, EG&G, ISEP, blackjack, Fox, Aum, AIEWS, AMW, RHL, Baranyi, WORM, MP5K-SD, 1071, WINGS, cdi, VIA, DynCorp, UXO, Ti, WWSP, WID, osco, Mary, honor, Templar, THAAD, package, CISD, ISG, BIOLWPN, JRA, ISB, ISDS, chosen, LBSD, van, schloss, secops, DCSS, DPSD, LIF, J-Star, PRIME, SURVIAC, telex, Analyzer, embassy, Golf, B61-7, Maple, Tokyo, ERR, SBU, Threat, JPL, Tess, SE, Alex, EPL, SPINTCOM, FOUO, ISS-ADP, Merv, Mexico, SUR, blocks, SO13, Rojdykarna, RSOC, USS Banner, S511, 20755, airframe, jya.com, Furby, PECSENC, football, Agfa, 3210, Crowell, moore, 510, OADR, Smith, toffee, FIS, N5P6, EuroFed, SP4, shelter, Crypto AG Croatian nuclear FBI colonel plutonium Ortega Waco, Texas Panama CIA DES jihad fissionable quiche terrorist World Trade Center assassination DES NORAD Delta Force Waco, Texas SDI explosion Serbian Panama,  Uzi Ft. Meade SEAL Team 6 Honduras PLO NSA terrorist Ft. Meade strategic supercomputer $400 million in gold bullion quiche Honduras BATF colonel, Treasury domestic disruption SEAL Team 6 class struggle smuggle M55 M51, Physical Security Division Room 2A0120, OPS 2A building 688-6911(b), 963-3371(s). Security Awareness Division (M56) Field Security Division (M52), Al Amn al-Askari Supreme Assembly of the Islamic Revolution in Iraq (SAIRI), Binnenlandse Veiligheidsdienst Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti, Federalnaia sluzhba besopasnosti GCHQ MI5

Postagem original feita no https://mortesubita.net/sociedades-secretas-conspiracoes/echelon-o-sistema-de-espionagem-mundial/

Nove Anos do Teoria da Conspiração!

Hoje, 10/08, exatamente nove anos atrás, em 10/08/2007, era postado o primeiro texto do Teoria da Conspiração no Sedentário: A Santa Ceia e os Símbolos Astrológicos. Lembrando as palavras de um Exu amigo, “Quando vai ver, já foi!”.

Nos dias de hoje, onde qualquer estudante de primeiro ano de filosofia pode inventar para si um titulo pomposo e criar um blog esotérico para tentar impor suas verdades, e dezenas de blogs de magias e pactos e ordens e curiosos de todos os calibres esquisotéricos surgem a cada dia na internet, como podemos saber se determinado autor é confiável?

Eu me fiz essa pergunta dez anos atrás, quando encontrei com o Del Debbio pela primeira vez em uma loja Maçônica, em uma palestra sobre “Kabbalah Hermética” (que vocês ja devem ter assistido pelo menos alguma versão dela. São todas iguais, mas todas diferentes. Só assistindo duas para ver. Para quem não viu, tem um link de uma delas no youtube Aqui). Adoro essa palestra porque sempre os judeus tradicionais se arrepiam todo quando ele faz as correlações da árvore das vidas com outras religiões. E este, talvez, seja o maior legado que ele deixará na história do Hermetismo.

Mas o que o gabarita para fazer estas afirmações?

Talvez porque a história do MDD dentro das Ordens iniciáticas seja única. A maioria de nós, estudiosos do ocultismo pré-internet, começávamos pela revista Planeta, depois comprávamos os livros da editora Pensamento, entrávamos na Maçonaria, em alguma ordem rosacruz e seguíamos pela senda sem nunca travarmos contato com outras vertentes. Quem é da macumba, caia em um terreiro escondido no fundo de algum quintal e ficava por lá décadas, isolado. Cada um com suas verdades…

O DD começou em 1989 lá na Inglaterra. E ainda teve sorte (se é que alguém aqui ainda acredita que existam coincidências) de cair em um craft tradicional de bruxaria, com a parte magística da coisa (que inclui incorporações) e contato com o pessoal da SRIA, do AA e de outros grupos rosacruzes. Quando voltou para o Brasil, talvez tivesse ficado trancado em seu quarto estudando e nunca teríamos este blog… mas ele também foi um dos primeiros Jogadores de RPG aqui no Brasil. (RPG é a sigla de um jogo que significa “role playing games” ou jogos de teatro). Em 1995 publicou um livro que utilizava o cenário medieval de mitologias reais em um jogo que foi um dos mais vendidos da história do RPG no Brasil (Arkanun). Por que isso é importante?

Porque ele se tornou uma espécie de subcelebridade pop. E isso, como veremos, foi de importância vital para chegarmos onde estamos hoje (vai anotando as coincidências ai…).

Bem, o DD se graduou em arquitetura e fez especializações em história da arte, semiótica e história das religiões comparadas. De um trabalho de mais de dez anos de pesquisas, publicou a Enciclopédia de Mitologia, um dos maiores trampos sobre o assunto no Brasil.

Com a faculdade veio a maçonaria e aqui as coisas começam a ficar interessantes. Por ser um escritor famoso, ele conheceu o Grande Secretário de Planejamentos do GOB, Wagner Veneziani Costa, um dos caras mais importantes e influentes dentro da maçonaria, editor da Madras, uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço e fundador da loja maçônica Madras, que foi padrinho do Del Debbio. E aqui entra o ponto que seria crucial para a história do hermetismo no Brasil, a LOJA MADRAS.

No período de 2004 a 2008, a ARLS Madras contou entre seus membros com pessoas como Alexandre Cumino (Umbanda), Rubens Saraceni (Umbanda Sagrada), Johhny de Carli (Reiki), Cláudio Roque Buono Ferreira (Grão Mestre do GOB), Sérgio Pacca (OTO, Thelemita e fundador da ARLS Aleister Crowley), Mario Sérgio Nunes da Costa (Grão Mestre Templário), Adriano Camargo Monteiro (LHP, Dragon Rouge), José Aleixo Vieira (Grande Secretário de Ritualística), Severino Sena (Ogan), Waldir Persona (Umbanda e Candomblé), Carlos Brasilio Conte (Teosofia), Alfonso Odrizola (Umbanda, diretor da Tv espiritualista), Ari Barbosa e Cláudio Yokoyama (Magia Divina), Marco Antônio “Xuxa” (Martinismo), Atila Fayão (Cabalá Judaica), César Mingardi (Rito de York), Diamantino Trindade (Umbanda), Carlos Guardado (Ordem da Marca), Sérgio Grosso (CBCS), entre diversos outros experts em áreas de hermetismo e ocultismo. Agora junte todos estes caras em reuniões quinzenais onde alguém apresentava uma palestra sobre um tema ocultista e os outros podiam questionar e debater sobre o assunto proposto com seus pontos de vista e você começará a ter uma idéia do que isso representou em termos de avanço do conhecimento.

Entre diversas contribuições para a maçonaria brasileira, trouxeram o RER (Rito Escocês Retificado), O Rito Maçônico-Martinista, para o Brasil, fundando a primeira loja do rito, ARLS Jerusalem Celeste, em SP, e organizaram as Ordens de Aperfeiçoamento (Marca, Nauta, Arco Real, Templários e Malta). O Del Debbio chegou a ser Grande Marechal Adjunto da Ordem Templária em 2011/2012.

Em paralelo, tínhamos a ARLS Aleister Crowley e a ARLS Thelema, onde se estudava magia prática e que era formada por membros da OTO, Astrum Argentum, Arcanum Arcanorum, AMORC, TOM e SRIA, e trocávamos conhecimento com a OTO no RJ (Loja Quetzocoatl, com minha querida soror Babalon) e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema (que, dentre outros, tivemos a honra de poder conversar algumas vezes com Frater Áster – Euclydes Lacerda – antes de seu falecimento em 2010). Além disso, tínhamos acesso a alguns dos fundadores do movimento Satanista em São Paulo e Quimbandeiros (cujos nomes manterei em segredo para minha própria segurança kkkkk). A ARLS Crowley era tão engajada que até o Padre Quevedo palestrou uma vez sobre demonologia lá.

Palestra no evento de RPG “SANA”, em 2006. Eu avisei que ele era subcelebridade, não avisei? Bem… nesse meio tempo, o MDD já estava bem conhecido dentro das ordens Iniciáticas, dando diversas palestras e cursos fechados apenas para maçons e rosacruzes. De dia, popstar; de noite, frequentando cemitérios para desfazer trabalhos de magia negra com a galera do terreiro. Fun times!

Ok, mas e a Kabbalah Hermética?

O lance de toda aquela pesquisa sobre Mitologia e suas correlações com a Cabalá judaica o levou a estudar a Torah e a Cabalá com rabinos e maçons do rito Adonhiramita por 5 anos, tendo sido iniciado na Cabalá Sefardita em um grupo de estudos iniciáticos. Apesar da paixão e conhecimento pela cultura judaica, ele escolheu não se converter (segundo palavras do próprio “Não tem como me converter ao judaísmo; como vou ficar sem filé à Parmigiana?“). Seus estudos se intensificaram entre os textos de Charles “Chic” Cicero via suas publicações na Ars Quatuor Coronatorum, nas Lojas Inglesas e os textos de Tabatha Cicero via Golden Dawn.

A idéia da Kabbalah associada aos princípios alquímicos, unificando tarot, alquimia e astrologia sempre levantou uma guerra com os judeus ortodoxos, que consideram a Cabalá algo profundamente vinculado à sua religião (por isso costumamos grafar estas duas palavras de maneira diferente: Kabbalah e Cabalá.

Em 2006, Adriano Camargo publica o “Sistemagia”, um dos melhores guias de referência de Kabbalah Hermetica, onde muitas das correlações debatidas em loja foram aproveitadas e organizadas.

No meio de todos estes processos de estudos, chegamos em 2007 em uma palestra na qual estava presente o Regis Freitas, mais conhecido como Oitobits, do site “Sedentário e Hiperativo”, que perguntou a ele se gostaria de ter um blog para falar de ocultismo. O nome “Teoria da Conspiração” foi escolhido pelo pessoal do S&H e em poucas semanas atingiu 40.000 leitores por post.

Del Debbio se torna a primeira figura “pública” dentro do ocultismo brasileiro a defender uma correlação direta entre os orixás e suas entidades com as Esferas da Árvore das Vidas e as entidades helênicas evocadas nos rituais de Aleister Crowley. “Apenas uma questão de máscaras que a entidade espiritual escolherá de acordo com a egrégora em que estiver trabalhando” disse uma vez em uma entrevista.

Estes trabalhos em magia prática puderam ser feitos graças ao intercâmbio de conhecimentos na ARLS Madras, pois foi possível que médiuns umbandistas estudassem hermetismo, kabbalah e cabalá em profundidade e, consequentemente, as entidades que trabalham com eles pudessem se livrar das “máscaras” africanas e trabalharem com formas mais adequadas, como alquimistas, templários e hermetistas. Com a ajuda dos terreiros de Umbanda Sagrada, conseguimos trabalhar até com judeus estudiosos da cabalá que eram médiuns, cujas entidades passaram grandes conhecimentos sobre correspondências dos sistemas judaico e africano, bem como de sua raiz comum, o Egito. A maioria deste conhecimento ainda está restrito ao AA, ao Colégio dos Magos e a outros grupos fechados mas, aos poucos, conforme instruções “do lado de lá”, estão sendo gradativamente abertos.

Em 2010, conhece Fernando Maiorino, diretor da Sirius-Gaia e ajuda a divulgar o I Simpósio de Hermetismo, onde participam também o Frater Goya (C.I.H.), Acid (Saindo da Matrix), Carlos Conte (Teosofia), Renan Romão (Thelema) e Ione Cirilo (Xamanismo). Na segunda edição, em 2011, participam além dos acima o monge Márcio Lupion (Budismo Tibetano), Mário Filho (Islamismo), Alexandre Cumino (Umbanda), Adriano Camargo (LHP), Gilberto Antônio (Taoísmo) e Lázaro Freire (projeção Astral).

A terceira edição ampliou ainda os laços entre os pesquisadores, chamando Felipe Cazelli (Magia do Caos), Wagner Borges (Espiritualista), Claudio Crow (Magia Celta) e Giordano Cimadon (Gnose).

O Blog do “Teoria da Conspiração” também cresce, agregando pensadores semelhantes. Além de textos de todos os citados neste post, também colaboram estudiosos como Jayr Miranda (Panyatara, FRA), Kennyo Ismail (autor do blog “No Esquadro” e um dos maiores pesquisadores contemporâneos sobre maçonaria), Aoi Kwan (Magia Oriental), Raph Arrais (responsável pelas belíssimas traduções da obra de Rumi), o Autor do blog “Maçonaria e Satanismo” (cujo nome continua em segredo comigo!), Tiago Mazzon (labirinto da Mente), Fabio Almeida (Música e Hermetismo), Danilo Pestana (Satanismo), Bruno Cobbi (Ciganos), PH Alves e Roe Mesquita (Adeptus), Frater Alef (Aya Sofia), Jeff Alves (ocultismo BR), Yuri Motta (HQs e Ocultismo), Djaysel Pessoa (Zzzurto), Leonardo lacerda e Hugo Ramirez (Ordem Demolay).

A ARLS Arcanum Arcanorum, braço maçônico da Ordem de Estudos Arcanum Arcanorum, que trabalha em conjunto com a SOL (Sociedade dos Ocultistas Livres), o Templo Aya Sofia, o Colégio dos Magos e o Teoria da Conspiração.

E os frutos desse trabalho se multiplicaram. Com o designer Rodrigo Grola, organizou o Tarot da Kabbalah Hermética, possivelmente um dos melhores e mais completos tarots que existem, além dos pôsteres de estudo. Hoje seus alunos estão desenvolvendo HQs, Livros, Músicas, dando aulas e até mesmo produzindo um Seriado de TV baseado nos estudos da Kabbalah Hermética.

E agora esta em financiamento coletivo para um livro que deve elevar todos os paradigmas de Kabbalah hermética para outro patamar. O Livro bateu todos os recordes de arrecadação no Catarse e ainda há mais de um mês pela frente.

Quando sair publicado, o estudo de mitologias comparadas, kabbalah e astrologia hermética nunca mais será o mesmo. Isso se chama LEGADO.

E ai temos a resposta que tive para a pergunta do início do texto: Como saber se um autor é confiável? Oras, avaliando toda a história dele e quais são suas bases de estudo, quem são seus professores, quais as pessoas que o ajudam e quem são seus inimigos. Quais são os caras que ele pode perguntar alguma coisa quando tem dúvida? e quais são os caras que tentam atrapalhar o seu trabalho?

—-

Pronto. Aqui está o texto que eu tinha prometido sobre os nove anos de Blog. Parabéns, Frater Thoth, já passou da hora de alguém começar a organizar uma biografia decente sobre os seus trabalhos.

#Blogosfera

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/nove-anos-do-teoria-da-conspira%C3%A7%C3%A3o

Eliphas Levi

Eliphas Levi Zahed é tradução hebraica de Alphonse Louis Constant, abade francês, nascido no dia 8 de fevereiro de 1810 em Paris. O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, era filho de um modesto sapateiro, Jean Joseph Constant e de Jeanne-Agnès Beaupurt, de afazeres domésticos. Possuía uma irmã, Paulina-Louise, quatro anos mais velha do que ele. Apesar de mostrar desde menino aptidão para o desenho, seus pais encaminharam-no para o ensinamento religioso.

Foi assim que aos dez anos de idade ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis em L´lle, onde aprendeu o catecismo sob a direção do abade Hubault selecionava os garotos mais inteligentes, que demonstravam alguma inclinação para a carreira eclesiástica. Desse modo, Eliphas foi encaminhado por ele ao seminário de Saint-Nicolas du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios(1). A vida familiar cessou para ele a partir desse momento. No seminário, teve a oportunidade de aprofundar-se nos estudos lingüisticos e aos dezoito anos já era capaz de ler a bíblia em seu texto original.

Em 1830, foi transferido para o seminário de Issy para cursar Filosofia. Dois anos mais tarde, ingressou em Saint-Sulpice para estudar Teologia. Foi em Issy que escreveu seu primeiro drama bíblico, intitulado Nemrod; no grande seminário de Saint-Sulpice criou seus primeiros poemas religiosos, dotados de uma grande beleza.

Após seu curso de Teologia, Eliphas ingressou nas ordens maiores, sendo ordenado sub-diácono e encarregado de ministrar o catecismo para meninas. “Esse ministério, diz Eliphas, tão poético e tão suave, foi para mim muito agradável; parecia-me que eu era um anjo de Deus, enviado a essas crianças para iniciá-las na sabedoria e na virtude; as palavras tornavam-se abundantes para elas em meus lábios, pois meu coração estava repleto e tinha necessidade de expandir-se(2)”.

Nosso jovem Alphonse são tardou a sentir o despertar em seu interior da força de sua juventude asceticamente reprimida desde a adolescência. Um dia, quando estava ensinando o catecismo às meninas, alguém chamou-o à sacristia. Era uma senhora, com uma jovem pálida e tímida, que pediu a Eliphas que a preparasse para a primeira comunhão. Outros padres tinham recusado por ser ela pobre e a filha doente e tímida. Eliphas não só aceitou a tarefa, como prometeu tratá-la como filha. A menina, que se chamava Adele Allenbach, de uma beleza pura e cândida, pareceu a Eliphas ser a imagem da própria Virgem Maria. Essa beleza juvenil correspondeu para ele a uma “iniciação a vida”, pois amou-a ternamente como se fosse uma deusa.

Eliphas Levi foi ordenado diácono em 19 de dezembro de 1835; em maio de l836 teria sido ordenado sacerdote se não tivesse confessado a seu superior o amor que devotava à jovem. Suas convicções religiosas receberam um choque tão grande, que Eliphas sentiu-se jogado fora da carreira eclesiástica.

Após 15 anos de estudos, Eliphas deixou o grande seminário para ingressar no mundo, tinha então vinte e seis anos de idade. Sua mãe, ao saber disso, suicidou-se. Abalado, sem experiência do mundo, teve muitas dificuldades para encontrar um emprego. Essa dificuldade aumentava ainda mais pelo boato que correu, segundo o qual teria sido expulso do seminário. Após ter percorrido o interior da França, trabalhando em um circo, Eliphas encontrou em Paris alguns trabalhos como pintor e jornalista. Fundou, com seu amigo Henri-Alphonse Esquirros(3), uma revista denominada “As Belas Mulheres de Paris”, na qual aplicava-se como desenhista e pintor e Esquirros como redator.

Mas, apesar desse pequeno parêntese em sua vida, Eliphas não tinha perdido sua inclinação para a vida religiosa. Despedindo-se de Esquirros, partiu em 1839 para o convento de Solesmes, dirigido por um abade rebelde. Eliphas aí encontrou uma biblioteca com mais de 20.000 volumes, iniciando-se na leitura dos antigos Padres da Igreja, dos Gnósticos e de alguns livros ocultistas, principalmente os da Senhora Guyon: “A vida e os escritos dessa mulher sublime, diz-nos Eliphas, abriram-me as portas de inúmeros mistérios que ainda não tinha podido penetrar; a doutrina do puro amor e da obediência passiva de Deus desgostaram-me inteiramente da idéia do inferno e do livre arbítrio; vi Deus como o ser único, no qual deveria absorver-se toda personalidade humana. Vi desvanecer o fantasma do mal e bradei: um crime não pode ser punido eternamente; o mal seria Deus se fosse infinito!”(4).

Eliphas vislumbrou, através do Spiridion e de outros escritos dessa autora, o reino futuro do Espírito Santo, o trabalho do homem de amanhã. O Cântico dos Cânticos lhe foi revelado; compreendeu por que em teologia a esposa tinha preferência em relação a mãe. Ficou imensamente feliz ao compreender que todos os homens poderiam ser salvos.

Partiu de Solesmes sem dinheiro, sem roupas, mas com uma profunda paz no coração. Não acreditava mais no inferno!(5).

Eliphas Levi passou, então, de emprego em emprego, sempre perseguido pelo clero que via nele um apóstata. Foi então que escreveu sua Bíblia da liberdade, desejando dividir com seus irmãos as alegrias de suas descobertas (1841). Essa publicação custou-lhe oito meses de prisão e 300 francos de multa! Foi acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contra as bases da sociedade, de propagar o ódio e a insubordinação.

Foi mais ou menos por essa época que conheceu os escritos de Swedenborg. Segundo Eliphas, tais escritos não contêm toda a verdade, mas conduzem o neófito com segurança na senda.

Saindo da prisão, realizava pequenos trabalhos, principalmente pintura de quadros e murais de igrejas e colaborações jornalísticas. Apesar dos contratempos materiais, não deixou jamais de aperfeiçoar seus conhecimentos e enriquecer sua erudição. Foi após Swedenborg que encontrou os grandes magos da Idade Média, que o lançaram definitivamente no Adeptado: Guillaume Postel, Raymond Lulle, Henry Corneille Agrippa. Assim em 1845, aos trinta e cinco anos de idade, escreveu sua primeira obra ocultista, intitulada O livro das Lágrimas ou o Cristo Consolador.

Em 13 de julho de 1846 casou-se com Marie Noémi Cadiot, matrimônio que durou sete anos. Esse casamento foi para ele um suplício. Instigado pela mulher, lançou-se a escrever panfletos políticos, resultando-lhe um segundo período de cárcere. Em 3 de fevereiro de 1847, foi condenado a um ano de prisão e ao pagamento de mil francos de multa, acusado de levar o povo ao ódio e ao desprezo do governo imperial. Sua mulher, grávida, percorreu os mistérios a fim de obter a redução da pena imposta a seu marido, o que conseguiu após seis meses.

Em 1847, sua esposa deu à luz uma menina, que faleceu em 1854, para desespero de seu pai, que a adorava. Era uma criança muito doente e esteve várias vezes à morte. “Um dia, diz o Mestre, trouxeram-me essa pobre criança agonizante, porque não ouso dizer morta, por uma estúpida mulher que Noemi, incapaz de ser mãe, tinha admitido como ama-de-leite. A criança estava fria; o coração e o pulso não batiam mais. Noemi, que não soube cuidar dela como devia, estava furiosa, dizendo que mataria o filho da ama-de-leite (que mulher eu tinha, grande Deus!). Para apaziguá-la, jurei-lhe que a menina não estava morta. Transportei o pobre corpo para a cama e coloquei-o sobre meu peito; assoprei ao mesmo tempo em sua boca e em suas narinas; senti que ela começava a se destorcer. Peguei em seguida um pouco de água morna e bradei: Maria! Si quid est in baptismate catholico regenerationis et vitae, vive christiana! Ego enim te baptizo en nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Meu amigo, não vos conto um sonho: a criança abriu imediatamente seus grandes olhos azuis espantados e sorriu… Levantei-me precipitadamente com um grande grito de alegria e conduzi-a aos braços de sua mãe, que não podia acreditar no que estava vendo”. (6)

A Vontade, a Fé, o poder do Verbo Humano, juntos, operam as maravilhas da Natureza que os profanos denominam milagre…

Em l848, Eliphas Levi fundou um clube político, denominado Clube da Montanha, com fins eleitorais, no qual era presidente; Noemi Constant era a Secretária e Esquirros um dos vice-presidentes. Para sorte dos ocultistas, somente Esquirros foi eleito Deputado para a Assembléia Nacional (1849). Em 1851, Esquirros partiu para o exílio, na Inglaterra, onde escreveu uma série de obras, sendo uma delas de cunho ocultista, apesar de seu título (O Evangelho do Povo). Entre os discípulos de Esquirros contava-se Henri Delaage, Iniciador de Papus, em 1882 na Sociedade dos Filósofos Desconhecidos, entidade que provém de Louis Claude de Saint-Martin. Foi a partir desse episódio que Eliphas Levi abandonou integralmente sua obra social, para dedicar-se exclusivamente ao Ocultismo.

“Na Bíblia da Liberdade, explica-nos Eliphas, saudamos o gênio da revolução, do progresso e do futuro. Na festa de Deus, Assunção da Mulher e Emancipação da Mulher procuramos explicar nossa religião materna. Na Última Encarnação demonstramos o papel do Cristo sobre a terra e saudamos o gênio do Evangelho, marchando à frente do progresso. Agora, nossa obra social está concluída; não pedimos por ela, indulgência nem severidade. Escrevemos o que ditou nossa inteligência e nosso coração”(6).

Sabemos a origem dos estudos ocultistas de Eliphas Levi, mas permanece obscura sua origem iniciática. Sabemos de suas relações de amizade com Hoene Wronski e com Edward Bulwer Lytton. O polonês Wronski, falecido no dia 9 de Agosto de 1853, em Paris, deixou setenta manuscritos catalogados por sua esposa, à Eliphas Levi e outros, os quais foram doados à Biblioteca Nacional de Paris.

Em 1854, um ano após a morte de Wronski, Eliphas viajou à Londres, onde se encontrou com inúmeros ocultistas ingleses, que lhe pediram revelações e prodígios. Longe de querer iniciá-los na magia cerimonial, isolou-se no estudo da Alta Cabala.

Havia um, contudo, Adepto de primeira linha, que se tornou grande amigo de Eliphas Levi: Bulwer Lytton, autor de Zanoni, Os Últimos Dias de Pompéia, A Raça Futura, etc. Os dois Mestres teriam trocado informações iniciáticas dos mais altos interesses para as sociedades ocultistas, das quais certamente eram os chefes. Haveriam inclusive, realizado trabalhos espirituais entre 20 e 26 de julho de 1854, em Londres. As anotações relacionadas com esses eventos foram parar nas mãos de Papus, sendo publicadas, em parte, em um dos números da Revista L´Initiation. Registram três visões, de São João, de Jesus e de Apolônio de Tiana, os quais lhes teriam revelado os mistérios dos Sete Selos do Apocalipse; alguns enigmas do futuro, que desejavam saber; detalhes da Magia Celeste (revelados pelo livro do Rabino Inaz que lhes indicaram onde encontrar), as chaves dos milagres, bem como o sagrado dever de honrar a Coroa, uma vez conquistada.

Retornando a Paris, instalou-se no atelier do pintor e discípulo Desbarrolles, uma vez que estava separado de sua esposa Noemi (fato ocorrido antes de partir para Londres). Desenrolou-se nova etapa em sua vida. Foi a fase do Adeptado. Em 1855 fundou a Revista Filosófica e Religiosa (cujos artigos principais encontram-se em seu livro A Chave dos Grandes Mistérios). Nesse mesmo ano publicou seu Dogma e Ritual da Alta Magia e o poema Calígula, identificado no personagem, o imperador Napoleão III. Foi preso imediatamente. No fundo da prisão escreveu uma réplica, o Anti-Calígula, retratando-se. Foi posto em liberdade.

Em 1859 veio à luz sua História da Magia, formando com A Chave e o Dogma a Trilogia ocultista tida como bíblia por seus discípulos, entre os quais, nessa época, figuravam Desbarrolles, Delaage e Rozier. Os dois últimos vieram a transmitir a Papus e aos demais ocultistas do fim do século XIX o precioso depósito da Tradição, proveniente de Martinez de Pasqually, Willermoz, Saint-Martin e vivificada por Eliphas Levi.

O círculo de amigos de Eliphas Levi era constituído por uma elite de homens de Desejo, que se reuniam na casa de Charles Fauvety. Constavam-se entre os discípulos parisienses, além dos mencionados acima, Louis Lucas (autor de Química Nova), Louis Ménard (tradutor de Hermes Trismegistro), o conde Alexandre Branicki, Littré, Considérant, Reclus, Leroux, Caubet, Eugène Nus, Constantin de Branicki. O Conde Alexandre de Branicki, polonês, amigo pessoal de Bulwer Lytton, era tido como o principal discípulo de Eliphas Levi, “o mais avançado em Cabala”(8).

Mas nem todos os discípulos do Mestre habitavam em Paris, como era o caso do Barão Nicolas-Joseph Spedalieri, nascido em 1812, na Sicília. Iniciado desde os vinte anos na Sociedade dos Martinistas de Nápoles, era leitor assíduo de Louis Claude de Saint-Martin, o Filósofo Desconhecido. Aos trinta anos, fixou residência na França (Marselha). Em 1861, entrou em contato com o autor do Dogma e Ritual de Alta Magia, tornando-se seu discípulo. A correspondência entre Eliphas e Spedalieri, iniciada em 24 de Outubro de 1861, prolongou-se até 14 de Fevereiro de 1874.

Apesar de cultivar relações de amizade com pessoas ricas, que freqüentava, Eliphas levava uma vida bastante simples. Suas regras eram: “uma grande calma de espírito, um asseio com o corpo, uma temperatura sempre igual, de preferência um pouco mais fria do que quente, uma habitação arejada e bem seca, onde nada lembre as necessidades grosseiras da vida, refeições regulares e proporcionais ao apetite, que deverá ficar satisfeito e não excitado. Uma alimentação simples e substanciosa; deixar o trabalho antes do cansaço; fazer um exercício moderado e regulado; jamais aquecer-se ou excitar-se à noite, para que a maior calma preceda o sono. Com uma vida regulada assim, pode-se prevenir todas as doenças, que se apresentam sempre sob a forma de indisposições, fáceis de combater com remédios simples e brandos… uma xícara de vinho quente para o enfraquecimento e o resfriado, alguns copos de hidromel! como purgativo, infusão de borragem(9) e leite para a gripe, muita paciência e alegria farão o resto”(10).

Em agosto de 1862 editou seu livro Fábulas e Símbolos, considerado por ele mesmo como o mais profundo que escreveu. Ao elaborar essa obra, conta-nos Eliphas, o Espírito projetou-se em sua alma, de sorte que via todo o conteúdo do livro na Luz, antes de ser escrito. Toda a obra foi feita de um só fôlego, sem qualquer rasura. As idéias brotavam espontaneamente e coisas simples e belas emergiam da Luz, admirando o próprio autor. “Que a Vontade de Deus seja feita! Exclamou Eliphas. Estou maravilhado e espantado pelas grandes obras que Ele me faz executar. Se soubésseis como meu mérito é pequeno… Sou um verdadeiro cadáver que o Espírito Santo anima”.(11)

Suas obras causavam impacto no mundo ocultista da França e do exterior. Recebia visitas de toda espécie: curiosos, ocultistas, estudantes sinceros, aprendizes de feiticeiro … “Um dia, diz Eliphas, entre três e quatro horas da tarde, ouvi alguém bater a minha porta. Eram sete batidas secas, assim espaçadas: 00-0-00-00. Abri a porta e um rapaz muito bem vestido e de boa apresentação entrou lentamente, rindo, com um ar um pouco sarcástico, dizendo-me em um tom familiar: “meu caro Senhor Constant, estou encantado por encontrá-lo em casa”. Tendo dito isso, passou para meu escritório como se estivesse em sua própria casa e sentou-se em minha poltrona.

“Mas Senhor, disse-lhe, não vos conheço”! Ele soltou uma gargalhada: “Sei perfeitamente disso: é a primeira vez que me vedes, pelo menos sob esta forma. Mas eu vos conheço muito bem! Conheço toda vossa vida passada, presente e futura. Ela está regulada pela lei inexorável dos números. Sois o homem do Pentagrama e os anos terminados pelo número cinco sempre vos foram fatais. Olhai para traz e julgai: em 1815 vossa vida moral começou, pois vossas recordações não vão além, em 1825 ingressastes no seminário e entrastes na liberdade de consciência; em 1845 publicastes A Mãe de Deus, vosso primeiro ensaio de síntese religiosa, e rompestes com o clero; em 1855 vós vos tornastes livre, abandonado que fostes por uma mulher que vos absorvia e vos submetia ao binário. Notais que se houvésseis continuado juntos, ela vos teria anulado completamente ou teríeis perdido a razão. Partistes em seguida para a Inglaterra; ora, o que é a Inglaterra? Ela é o Iod da Europa atual; fostes temperar-vos no princípio viril e ativo. Lá vistes Apolônio, triste, barbeado e atormentado como estáveis naquele período. Mas esse Apolônio, que vistes era vós mesmo; ele saiu de vós, entrou em vós e em vós permanece”.

“Vós o revereis neste ano de 1865, mais bonito, radioso e triunfante. O fim natural de vossa vida está marcado (salvo acidente) para o ano de 1875(12); mas se não morrerdes neste ano, vivereis até 1885. Apolônio, quando o vistes, temia as pontas das espadas; vós as temeis como ele, pois neste momento, me tomais por um louco. Como um dia alguém quis assassinar-vos(13), perguntais inquietamente se não vou terminar minha extravagante alocução com um gesto semelhante (aqui começou a rir). Sim, sou louco, acrescentou, retomando seu ar sério, mas não sou a loucura morta, sou a loucura viva; ora, a loucura viva é o inverso da sabedoria de Deus. Sabeis vós o que é Deus? Deus sois vós, pois Satã é Deus visto ao contrário.

“Existem atualmente dois grandes escritores, continuou o estranho visitante, que são úteis à Ciência, Mirville e Eliphas Levi. A todo tempo são necessárias duas colunas; vós sois Jakin, ele é Boaz. Sabeis bem que nenhuma força se produz sem resistência, nenhuma luz sem sombra, nenhuma afirmação sem negação”. Calou-se por alguns instantes e eu lhe perguntei:

– Sois Espírita? Respondeu-me gravemente:

“Os espíritas são escorpiões que inoculam um veneno cadavérico sob as pedras tumulares. Atraem os mortos, mas não os ressuscitam. Em breve a terra estará coberta de cadáveres que andam. Estamos em uma época de morte. Louis-Philippe era um Mercúrio sem asas na fronte; ele as tinha nos pés e foi-se. Napoleão III é um Júpiter sem estrela; após ele virá o Saturno coxo e o rei dos padres. O Senhor Conde de Chambord… “O visitante refletiu um instante, olhou-me fixamente e disse de repente:

“Por que não quereis ser papa”? Dessa vez fui eu quem soltou uma gargalhada. Respondi-lhe:

– Porque não quero ser despropositado. “Ah! disse-me ele, ainda tendes um véu para rasgar e não conheceis vossa força toda-poderosa, acrescentou, retratando-se. Nós dois já criamos e destruímos muitos mundos e vós não ousais aspirar a governar um. Esperai, então, a derrota, o esmagamento dos tímidos, a cruz desse pobre homem que se chamava Jesus Cristo”.

“Mas, finalmente, quem sois vós?”, perguntei-lhe, então, levantando-me.

“Vós negastes minha existência, respondeu-me ele; chamo-me Deus. Os imbecis denominam-me Satã. Para o vulgo chamo-me Juliano Capella. Meu envelope humano tem vinte e um anos; ele nasceu em Bordéus; tem pais italianos”.

“Enquanto esse rapaz falava, eu sentia um peso extraordinário na cabeça; parecia-me que minha testa iria explodir. Observava meu interlocutor com surpresa. Seu rosto lembrava os retratos de Lord Byron, com menos correções nos traços; possuía as mãos muito brancas e carregadas de anéis, o olhar seguro e crepitante de sarcasmos, a boca vermelha, os dentes regulares”. (14)

O curioso visitante partiu e jamais os biógrafos de Eliphas Levi encontraram qualquer traço dele. O ano de 1865, como ele tinha predito, foi triunfal para Eliphas, pois a publicação de sua Ciência dos Espíritos trouxe-lhe enorme reputação entre os ocultistas de seu tempo.

No dia 31 de maio de 1875 faleceu Eliphas Levi. Aqueles que o acompanharam até o último momento testemunharam sua grande coragem e resignação. No momento de expirar, estava bastante calmo. Sua vida tinha sido plena de realizações espirituais. Havia cumprido a missão de iniciado e de iniciador. Acima de seu leito, estava fixado um crucifixo, que olhava seguidamente nos últimos momentos. Disse antes de expirar: “Ele prometeu o Consolador, o Espírito. Agora espero o Espírito, o Espírito Santo”. O Mestre faleceu logo em seguida.

Dedicando praticamente todo seu tempo à pesquisa da verdade e ao apostolado perante seus discípulos, Eliphas Levi levou uma vida bastante humilde. Os bens materiais que possuía não passavam de muitos livros e algumas obras de arte, como prova seu testamento, redigido em uma quarta-feira, no dia 26 de maio de 1875, cinco dias antes de sua morte:

“Em nome da Justiça e da Verdade, este é meu testamento:

Lego ao Conde Georges de Mniszech meus manuscritos, livros e instrumentos de ciência, particularmente uma dupla esfera metálica portanto um resumo de todas as ciências.(15)

Desejo que ninguém toque em meus; manuscritos, a não ser o Conde de Mniszech, a condessa sua esposa, o Conde Branicki e a senhora Gustaf Gebhard, que reside na rua Koenigstrasse, 64, em Esberfeld.

Meu amigo Edouard Pascal, que se ocupou de mim com o maior devotamento, escolherá dentre meus livros não científicos e entre meus objetos de arte e de curiosidade o que lhe interessar.

Lego à minha irmã Pauline Bousselet, que sou forçado a deserdar, por causa de meu cunhado, todos os meus quadros e objetos de devoção.

Desejo, ademais, que todas minhas vestes e roupas em geral sejam legadas às irmãs de caridade da rua Saint-Jacques.

O que resta de móveis, curiosidades, tapeçarias, vasos, pratos de cobre, etc., será vendido e o resultado dividido entre as pessoas que se ocuparem de mim até os últimos momentos; não me refiro a mercenários, mas a amigos”.

O Conde de Mniszech faleceu em 1885. Os manuscritos de Eliphas Levi foram vendidos e dispersos; mas graças a Stanislas de Guaita foram reencontrados. Cabe salientar que a Condessa de Mniszech era prima da Condessa Keller, esposa de Saint-Yves d´Alveydre, o Mestre intelectual de Papus, fato que certamente facilitou a recuperação dos preciosos manuscritos.

Edouard Pascal ficou também com a espada mágica de Eliphas Levi e com a famosa caderneta de anotações referentes aos trabalhos mágicos de Londres. Em 1894 esses objetos caíram nas mãos de Papus, graças a intercessão de amigos que conheciam a viúva de Pascal.

O Filho de Eliphas Levi que só viu o pai no dia de sua morte, acompanhou-o até a sua última morada.(16) M.A.C. foi visto em 1914 por Chacornac, que ficou admirado com sua extrema semelhança com Eliphas Levi. Era um velho de estatura média, de cabelos brancos e que exalava bondade. Mostrou-lhe sua biblioteca, com quase todas as obras de seu pai, cuidadosamente encadernadas. Presenteou-o com um busto de Eliphas e com um de seus manuscritos, denominado O livro de Hermes. Compunha-se de 294 folhas, com 47 figuras no texto e com 78 lâminas do Tarot, em anexo, desenhadas pelo próprio autor. Em 1919, Chacornac encontrou-se com o neto de Eliphas Levi, filho de M.A.C.

M.A.C. legou em 1914, a amigos de Papus, manuscritos inéditos de Eliphas, e objetos pessoais do Mestre. A Tradição Ocultista continuou através dos discípulos póstumos de Eliphas Levi Zahed. A vida continua depois da vida; o sol parte e vem a noite; mas ele não deixa de renascer no dia seguinte, para aquecer e iluminar todos os recantos da Natureza.

Notas

1-) Eliphas Levi tinha 15 anos de idade. Cf. CONSTANT, A.L. Livre des Larmes ou le Christ Consolateur. Paris, Paulier, 1845, p.214.

2-) Cf. CHARCONAC, P. Eliphas Levi, Rénovateur de I´Occultisme em France. Paris, Charconac Freres, 1926, p.17.

3-) Nasceu em Paris em 1814; foi autor de Magicien (1834), Charlotte Corday (1840), Evangile du Peuple(1840); exilado na Inglaterra em 1851, retornou à França em 1869, após a queda do império. Foi nomeado administrador da região de Bouches-du-Rhone, onde tomou medidas enérgicas do ponto de vista econômico e administrativo. Suspendeu o jornal La Gazette du Midi e dissolveu a congregação dos Jesuítas de Marselha; esses atos foram desfeitos pela administração superior, o que culminou com sua demissão. Foi reeleito deputado para a Assembléia Nacional em 1871. O papel que desempenhou como político à partir desta data, foi sem expressão.

4-) CONSTANT,A.L. L´Assomption de la Femme ou le livre de L´Amour. Paris, Le Gallois, 1841, p. XIX.

5-) CONSTANT, A. L. Op. Cit., p. XXI.

6-) Carta de Eliphas Levi ao Barão Spedalieri, Correspondência, t. IX. Essa correspondência entre os dois ocultistas comporta mais de mil cartas. A presente tradução engloba apenas o tomo I (Citado por CHACORNAC, p. op. cit., p. 108).

7-) CONSTANT,A.L. Le Testament de la Liberté. Paris, Frey,1848, p. 218-9.

😎 ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.

9-) Planta de Largas flores azuis, que crescem em regiões temperadas. Suas infusões são sudoríferas, diuréticas e depurativas.

10-) ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.

11-) ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.
12-) Todas essas observações estão admiravelmente corretas.

13-) Em 1862, com efeito, um alucinado procurou Eliphas Levi durante dezoito meses, para assassiná-lo. Um dia ele apareceu com um punhal em uma mão e um exemplar do Dogma e Ritual da Alta Magia em outra. O mestre encarou-o com brandura. Falou-lhe com docilidade e ele foi embora tremendo.

14-) ELIPHAS LEVI, Correspondência, vol. V, citado por CHACORNAC, p. op. cit. p. 242 a 244.

15-) Trata-se do famoso Prognóstico de Wronski, aparelho reencontrado por Eliphas Levi em um antiquário de Paris.

16-) M.A.C. era filho de Eliphas Levi e de Eugene C.. Em 1867, Eliphas quis ocupar-se de seu filho, mas não se entendeu com Eugene. Até sua morte não mais avistou Eugene e o filho. Este, informado por um amigo, conseguiu rever o pai sobre seu leito de morte. Cf. CHARCONAC,P.ELIPHAS LEVI, op.cit.p.192.

Original foi retirado do site da Sociedade das Ciências Antigas.

1810 – 1875

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/eliphas-levi/