Pegadas do Diabo

Muito se escreveu a  esse respeito assim eu ( Paul J. Willis ) me contentarei, para não aborrecer o leitor , com um simples relato dos fatos. Levantando-se na manhã do dia 8 de fevereiro de 1855, os habitantes de uma vasta região  do sul de Devonshire ( na Inglaterra ) . constataram que , sobre a neve que cobria o solo , entrecruzavam-se um número enorme de rastros estranhos, pequenos e assemelhando-se a cascos de um animal e de uma incrível multiplicidade. Havia, provavelmente, mais de 160 km de rastros!

Os desenhos que reproduzimos ( não estão na msg ) dão uma idéia do aspecto geral das impressões. Elas são decalcadas do desenho publicado no Ilustrated London News de 3 de março de 1855, página 214, e mostra este desenho nos dois sentidos. As pegadas mediam cada uma cerca de 10 centimetros de comprimento por 7 centimetros de largura e estavam regularmente separadas de 20 a 22 cm. Os rastros estavam em linha reta.

Quem os tinha feito? Explicações muito avançadas, que vão de cangurus a passarinhos ( passando por uma idéia expressa em alguns espíritos de que um viajante de uma nave espacial extraterrestre as havia deixado). Parece-me lembrar que o falecido Harold T. Wilkins esposou esta idéia. Por razões evidentes esta hipótese jamais encontrou partidários nos grupos de zoólogos profissionais.

Há alguns pontos relativos ao problema de identificação de quem ou o que deixou estas pegadas, que não foram , em nosso modo de ver , suficientemente ressaltados nos relatos já publicados ou, mais exatamente, nem frequente e nem suficientemente próximas umas das outras . Merece atenção:

a)    Se as pegadas forem atribuidas a um animal terrestre qualquer ( compreendendo os passáros), o elemento mai dificil de explicar ( ainda que o mais importante ) é a sua colocação fantástica: “O misterioso visitante passou de modo geral apenas uma vez em cada local e o fez em quase todas as casas de numerosas partes das diferentes cidades assim como nas fazendolas esparsas no arrabalde; esta pista regular, passando em certos casos por sobre os tetos das casas ou por sobre os palheiros , ou por sobre muros muitos altos ( um com cerca de 4,50 metros ), sem deslocar a neve nem de um lado nem do outro e, sem deslocar a neve nem de um lado nem do outro e, sem modoficar as distancias entre as pegadas, como se o obstáculo não fosse absolutamente incomodo. Os jardins cercados de sebes altas ou de muros e com portas fechadas foram visitados , assim como aqueles que não tinham obstáculos nem eram fechados. . .” Um cientista de meu conhecimento informou-me que ele seguiu uma mesma pista através de um campo até um palheiro . A superfice deste palheiro estava totalmente virgem de toda marca mas , do lado oposto , numa direção correspondente exatamente à pista traçada até aqui, as pegadas recomeçavam! O mesmo fato foi observado de um lado e de outro de um muro. . . Dois outros habitantes da mesma coluna seguiram uma linha de pegadas durante três horas e meia, passando sob bosque de groselheiras e de arvores frutiferas em renques; perdendo-se em seguida o rastro e reencontrando-se sobre o teto de casas nas quais suas pesquisas haviam começado. . . (Illustrated London News, 24 de fevereiro de 1855, pag. 187) . O artigo indica igualmente que as pegadas passavam por uma “abertura circular de 30 cm de diametro” e em um “dreno de 15 cm “. As pegadas pareciam atravessar um estuário de quase 3,5 km de largura. De nada serve atribuir a mais de um animal estes rastros ( a conclusão , aliás, parece inevitável ) , porque isto não explica como, qualquer que seja o animal e
qualquer que seja o seu número , possa “passar pelos muros” ou subir aos tetos como se eles não oferecessem nenhum
obstáculo; e, também, ter capacidade de passar por pequenas valas de menos de 30 cm de largura. É igualmente digno de nota , se acreditamos nas descrições , que os rastros não pareciam voltar para trás e nem circundar aleatóriamente , o que é , direi eu, já bastante esquisito.

b)    Numerosos são aqueles que propuseram , como solução, o efeito da atmosfera sobre aquelas marcas, mas como seria
possivel que a atmosfera afetasse uma pegada e não a outra? Na manhã em que elas foram observadas, a neve apresentava pegadas frescas de gatos , cães , coelhos, pássaros e homens, nitidamente definidos. Porque então uma pista ainda mais nitidamente definida    —    tão nitidamente que mesmo a fenda do meio de cada casco era nitidamente visivel    —    por que então esse traço particular seria, somente ele, afetado pela atmosfera e todas as outras marcas deixadas como eram? Ademais, a circunstancia mais singular levantada a esse respeito era a de que , onde quer que aparecesse essa marca, a neve estava completamente revolta como se tivesse sido talhada com diamante ou marcada com ferro quente. Não falo de seu aspecto depois que foi pisoteada e revolta pelos curiosos nas ruas da cidade e nos arrabaldes. Em um caso, esta pista entrou num celeiro coberto onde a atmosfera não podia afetar e atravessou saindo por uma brecha na parede oposta.

O autor do que precede ( no mesmo artigo , no Illustrated London News ) passou cinco meses de inverno nas florestas do interior do Canadá e tem uma longa experiencia em rastros de animais e de pássaros sobre a neve . Ele assegurou que  “jamais viu uma pista tão nitidamente definida e nem uma pista que parecesse tão pouco afetada pela atmosfera”.

Estas circunstancias são desconcertantes; os rastros são feitos, bem entendido, por pressão e mostram sinais nitidos de
compressão na neve que envolve cada pegada. Mas, se estas das quais se trata, são feitas por revolvimento da neve , como explicar esse fato?

c)    Um outro pormenor    —    notado por Fort, mas que eu não encontrei em nenhum outro  lugar    —    é que, segundo uma descrição ( se bem que feita 35 anos após o acontecimento ) , as pegadas de Devonshire alternavam-se por “intervalos enormes, mas regulares , que pareciam ser marcas da ponta de um bastão ( O Livro dos Danados , capitulo 28). O que isto pode significar permanece extremamente problemático.

d)    Charles Fort, Rupert T. Gould, Bernard Heuvelmans e Eric Franck Russel mencionaram descrições curiosamente similares provenientes de regiões mais afastadas geograficamente. Não encontrei em pormenores ; notadamente porque algumas destas descrições , senão todas , podem muito bem não ter nenhuma relação com o caso de Devonshire; eu ( Paul Willis) me contento em apresentar a lista dos incidentes relatados: Escócia, 1839-1840 ( Times de Londres, 14 de março de 1840) ; ilha Kerguelen, Oceano Indico 1840 ( Viagem de descoberta e pesquisa nos Mares do Sul e Oceano Antártico, do capitão Sir James Clark Ross) ; Polonia perto de 1855 ( Illustrated London News de 17 de março de 1855, pag 242) ; Bélgica , 1945 ( o artigo de E. F. Russel no Doubt nº 20 , reproduz as medidas das pegadas menores e diferentemente espaçadas das de Devonshire) ; no Brasil, antes de 1954 ( pé de garrafa, B. Heuvelmans, Na pista das besta ignoradas ( Plon, ed. 1955). Os autores se referem a casos que podem ser ou não pertinentes. Um deles diz:  “Após o sismo de 15 de julho de 1757 , nas praias de Penzance , na Cornualha , numa zona de uma centena de metros  quadrados , foram encontrados vestígios semelhantes a de cascos, salvo que estes não eram em crescentes”( Notar a proximidade de Devonshire . Os vestígios do Brasil não eram em forma de crescente) . Uma menção , ainda mais obscura, diz respeito a um extrato dos anais chineses que se relaciona com o caso de Devonshire: “Da corte de um palácio [. . .] habitantes do palácio, levantando-se uma manhã, encontraram o pátio marcado com rastros, parecendo pegadas de um boi[. . .] supuseram que o demônio os tivesse feito”. Convém observar que alguns destes depoimentos não falam de neve, mas de rastros encontrados na areia ou na lama.

No New York Herald Tribune de 10 de julho de 1953 , a cronica ( “A Proposito de Tudo”) de William Chapman White contava uma história vinda de Burnham-on-Crouch , em Essex , na Inglaterra. Parece que um chefe de escoteiros da vizinhança havia prometido aos seus comandados que um mágico deveria vir ao acampamento, apresentando em seu número “cinco cangurus selvagens”. O mágico não possuia cangurus , mas o diretor utilizou esse anuncio sensacional a fim de aguçar o interesse dos meninos por uma representação bastante banal. Quando o mágico chegou, o diretor forjou a explicação : os cangurus haviam escapado. Desde que essa notícia chegou aos arredores , o diretor recebeu relatos de pessoas que haviam “visto” cangurus até mais de 35 km de distância . . .

Alguma teorias aventadas para explicar os rastros do demonio sugerem um pouco a explicação do diretor a respeito de cangurus fujões. . . Sugere-se um animal e encontram-se fatos que correspodem à explicação; mas infelizmente não muitos fatos.

Pode-se igualmente lembrar a declaração magnificamente sardônica de Fort: “Minha explicação pessoal é de que pelo menos mil
cangurus pernetas, cada um calçando uma pequena ferradura, teriam marcado a neve de Devonshire”

O autor não pretende ter citado tudo aquilo que foi publicado. Entre outros, pode-se mencionar Alfred G. Leutscher que propôs o arganaz ( Apodemus sylvaticus ) como o responsável pelas pegadas de Devonshire ( artigo do Jornal of Zoology de Londres , nº 148, 1966: “Os rastros do Diabo   —    a solução de um mistério de 100 anos”) . Em carta do dia 21 de junho de 1966 ao autor , o Dr. Burton escreveu que considera a hipotese do Sr. Leutscher, a mais interessante`até agora mas que , “depois que ele completou sua teoria, eu examinei os rastros destes camundongos na neve e, observando-os , parece muito improvável”. Imaginemos como camundongos saltariam sobre tetos ou muros de 4,5 metros de altura.
Extraido ( sem deixar rastros) do livro O Livro do Inexplicável  de Jacques Bergier – Hemus – 1973

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/pegadas-do-diabo/

O Cubo do Dr. Gurlt

Há alguns anos , o célebre jornalista cientifico soviético G. N. Ostroumov se apresentou no Museu de Salzburgo, disposto a examinar um cubo , ou melhor, um paralepípedo, descoberto no século XIX pelo Dr. Gurlt em uma mina de carvão. Para muitos pesquisadores do século XIX, este objeto, encontrado em uma camada de carvão, de vários milhões de anos, teria sido feito a máquina.

O jornalista não pode ver o cubo e parece que as autoridades do museu o receberam muito mal. Elas lhe declararam que o objeto provavelmente fora perdido antes da Segunda Grande Guerra e que nem havia provas de sua existencia.

Ostroumov retirou-se furiosos e publicou em seguida artigos nos quais afirmava que as descrições desse objeto pareciam um logro. Desde que possuimos publicações indiscutiveis , surgidas no século XIX, sobre o cubo do Dr. Gurlt, os anatemas do jornalista soviético são manifestamente exagerados. Entretanto, seria certamente muito interessante examinar o achado do Dr. Gurlt através de meios modernos; com efeito , não se sabe seguramente de civilizações industriais, na Terra, há alguns milhões de anos.

Nós veremos na exposição que se segue que existe um certo numero de objetos deste genero, uns cilindricos, outros com arestas; e que , embora se tenha uma explicação sobre a existencia destes objetos cilindricos os que apresentam arestas parecem ter sido deixados na Terra por visitantes extraterrenos. Mas antes de chegar lá, contemos em detalhes dois incidentes pouco conhecidos, mas de cuja autenticidade não se pode duvidar.

Primeiro incidente : no outono de 1868, em uma mina de carvão perto de Hammondsville, Ohio , EUA , pertencente ao Capitão Lassy, um mineiro de nome James Parssonsestava trabalhando relativamente perto da superfice. Bruscamente , uma grande quantidade de carvão cai de uma vez no poço de mina, revelando um muro de ardósia recoberto de inscrições. Uma multidão rapidamente se formou. Estudiosos do país constataram uma certa semelhança entre estas inscições e os hieroglifos egípcios .

Levando-se em conta a idade do veio de carvão, essas inscrições datam de pelo menos dois milhões de anos. As inscrições oxidaram-se rápido demais para os peritos , vindos de grandes cidade americanas , pudessem decifra-las em tempo . Hoje em dia , elas seriam rapidamente pulverizadas e protegidas por uma fina película de matéria plástica. Infelizmente, esta técnica não era conhecida há cem anos.

Segundo incidente: a 2 de fevereiro de 1958, em uma mina de urânio do Estado de Utah, EUA, Tom North , Charles North , Charles North Jr. e Ted MacFarland, quatro mineiros , iam dinamitar uma arvore fossilizada que se encontrava no meio de um veio de minério de urânio de alto teor. A explosão destruiu o tronco de arvore, descobrindo uma cavidade e, no interior desta cavidade , um sapo vivo!

O sapo ainda viveu vinte e oito horas. Estava muito magro, mas para uma criatura de alguns milhões de anos , ele se encontrava muito bem. É aos milhares que se contam incidentes dessa natureza , perfeitamente autênticos . O que prova que a explosão mineira reserva por vezes a possibilidade de descobertas tão importantes , quem sabe mais importantes que a exploração arqueológica. Entre estas descobertas, figuram , nos Estados Unidos, na Inglaterra , na Alemanha , na Itália , na França , um grande número de objetos metálicos, alguns cilindricos, outros que possuem arestas, parecendo ser de ferro. No que concerne aos objetos cilindricos, o problema parece ter sido resolvido há alguns anos passados na URSS. Este fato se produziu em circunstancias curiosas, que exigem explicação prévia.

Na União Soviética , a tese deste livro se inclui na categoria das teses utilizadas para combater a religião . Explica-se pela ação dos Pricheltzy – assim chamados em russo os visitantes cósmicos – todo o tipo de fenomenos inexplicados. O governo , mantendo tais explicações , combate a religião . O que se pode discutir : não é evidente que assim não se faça mais do que reforça-la . Entretanto , esta tese permitiu ( novembro de 1969 ) que Boris Zaitezev conquistasse o Diploma de Estudos Superiores com o tema : “Jesus Cristo era extraterreno”. Eu a acrescentaria a minha lista de intervenções exteriores , mas me é realmente dificil crer nisto. Em todo caso , esta posição sensibilizou a opinião de grandes massas de trabalhadores com respeito ao problema das intervenções de extraterrenos em nosso planeta.

Eis porque, quando se encontrou em 1969, em Ural , enterrado em um veio de carvão de milhões de anos , um objeto cilindrico de ferro, a Academia de Ciencias foi imediatamente avisada. Os mineiros que haviam feito a descoberta puseram o objeto cuidadosamente de lado sem o danificar, preveniram a liga local contra a religião, que avisou logo a Academia. O objeto foi levado à Universidade de Moscou com tantos cuidados como se tivesse vindo da Lua.

Foi examinado . Era inteiramente de ferro e completamente cilindrico.Mas estudos detalhados em cortes realizados por meio de uma serra diamantada, mostraram que de fato se tratava de um ramo petrificado de árvore, no qual micróbios haviam transformado o cálcio em ferro.

Esta explicação pode parecer decepcionante , mas é incontestável. Ela prova, ao menos, que o caso foi estudado seriamente e segundo um ponto de vista cientifico. É melhor procurar explicações deste genero, do que cair na armadilha de uma credulidade excessiva.
A descoberta do Ural parece, contudo fornecer a explicação de objetos cilindricos . Infelizmente , nenhum objeto com arestas foi submetido a semelhante exame. Estes objetos pertencem muito frequentemente a colecionadores que se recusam a confiá-los a cientistas. E , na falta de um estudo demonstrando o contrário, pode-se admitir até agora que estes objetos com arestas vieram do exterior e não foram fabricados na Terra . Esta é a hipotese que eu( Jacques Bergier ) defendo neste capitulo.

Que podem ser estes objetos? Por que foram eles depositados em nosso planeta na época em que as plantas , que depois se transformaram em carvão , estavam ainda em desenvolvimento? A resposta à primeira questão fornecerá a da segunda. A meu ver , trata-se de coletores de informação do mesmo tipo das fitas magnéticas, mas muito mais aperfeiçoados . Foram feitos calculos precisos e detalhados sobre as possibilidades de um coletor de informação feito de ferro, com a capacidade de um dérebro humano . Os resultados são estonteantes.

Se se admite um rendimento de 100 % na acumulação e na restituição de informações, é preciso , para reproduzir o conteudo de um cerebro humano , um cubo de ferro de 2 x 10^10 átomos . Isto faz um cubo com arestas longas de 5.000 atomos, isto é , um cubo de um milésimo de milimetro , menor que a cabeça de um alfinete. E os cubos ou paralepipedos de muitas centenas de centimetros de lado puderam recolher com mínimos detalhes informações sobre tudo o que se passou sobre nosso planeta nos ultimos dez milhões de anos.

Estas informações podem ser dadas a esses coletores por radiações ignoradas por nós e que explorariam nosso planeta como um radar . E um dia , estes objetos desaparecerão dos nossos museus como desapareceu o cubo de Salzburgo: terão sido recuperados pelas Inteligências que os colocaram na Terra.

Escrevendo isto, não tenho de nenhum modo a impressão de estar escrevendo ficção cientifica . Parece–me estar seguindo uma linha logica de raciocinio. Se a vida sobre a Terra foi modificada artificialmente , a experiencia deve ser acompanhada e, de tempos em tempos , devem ser recuperados os coletores que foram colocados na Terra durante os setenta milhões de anos que nos separam da experiencia e que coletaram informações. Seria muito interessante acompanhar pelo rastro todos os objetos de arestas descobertos nas minas de carvão e notar os que misteriosamente desaparecerem.

Infelizmente não tenho meios de fazer tal pesquisa mas espero que, um dia , seja recuperado um destes objetos e que se encontre nos “dominios magnéticos” , os quais constituem a informação acumulada sobre épocas anteriores ao aparecimento do homem. A existencia de tais registradores , sobre a Terra ou na sua vizinhança , em satélites artificiais construidos por outros que não o homem , mais antigos que o homem, parece-me quase certa.

Há pouco menos de um século , a vida sobre a Terra pode ser detectada graças às ondas de rádio que ela emite e que devem ter agora atingido outras civilizações . Antes disso, os acontecimentos da Terra não podiam ser acompanhados senão por meio de instrumentos analogos ao radar, e é bastante tentador crer que os resultados de uma tal exploração são registrados sobre a propria Terra , sendo os registradores recuperados em seguida.

Mentes equilibradas pensam que o famoso pilar de Delhi poderia ser um registrador desta espécie, mas de grande tamanho. Acho esta hipotese assaz plausível; as diversas explicações que foram emitidas a respeito deste pilar que não oxida nunca, mesmo nas estações chuvosas, são absolutamente insuficientes. Dizer que o pilar foi fabricado utilizando-se a metalurgia a pó a meu ver mostra uma completa ignorancia das técnicas desta metalurgia. Para fabricar por aglomeração de metais em pó, por fusão pastosa, seguida de resfriamento um objeto deste porte , seriam necessários moldes e fornos de tratamento que ultrapassariam, por suas dimensões, os que até aqui já foram construidos . É muitodificil crer que instalações deste tamanho pudessem ser construidas no passado. Ainda mais dificil de crer é que não reste nenhum traço da sua existencia.

Para ter um exemplo preciso daquilo que se passou , voltemos à história do Cubo do Dr. Gurlt, e sigamo-la como se fosse um caso policial. Em 1885, o Dr. Gurlt encontrou esse cubo em uma mina de carvão na Alemanha , profundamente incrustrado numa camada datada do Terciário. Ali se encontrava havia dezena de milhões de anos , sem duvida desde o fim dos dinossauros. Em 1886 , o Dr. Gurlt publicou seu trabalho Meteorito Fóssil encontrado no Carvão , C. Gurlt , Nature . 35 ; 36 , 1886.

Muitos outros trabalhos apareceram sobre o mesmo assunto, notadamente nas justificações da Academia de Ciências. O objeto era quase um cubo , com duas de suas faces opostas ligeiramente arrendondadas . Media 67 mm por 47 mm , sendo esta ultima medida tomada entre as duas faces arredondadas. Pesava 785 gramas . Uma incisão muito profunda o circundava , ao meio de sua altura. Sua composição era a do aço duro com niquel e carbono. Não continha enxofre , e assim não era constituido de pirita , minério natural que pode tomar formas geométricas. Certos especialistas da época , inclusive o proprio descobridor , afirmaram se tratar de um meteorito fóssil. Outros, que se tratava de um meteorito que tinha sido retrabalhado, mas por quem? Pelos dinossauros?

Alguns peritos , enfim, afirmaram que o objeto seria de fabricação artificial, o que coincide com a minha opinião . Foi transportado para o Museu de Salzburgo e falou-se cada vez menos dele. Entre as duas Guerras Mundiais , a direção do Museu, sem duvida exasperada pelo numero de indagações feitas sobre o assunto, não respondeu mais. Depois da Segunda Grande Guerra , percebeu-se que mesmo o relatório correspondente ao periodo 1886-1910 , periodo em que o cubo estava no Museu , havia desaparecido É curioso . E tanto mais curioso quanto há muitas centenas de aventuras deste tipo. A Scientific American está cheia delas.

Citando uma , voltemos ao surgimento desta importante revista (volume 7 , pg.298 , junho de 1851 ) . Segundo o relato que a revista faz , encontrou-se , ao dinamitar uma rocha sólida , cinco metros abaixo do nivel do solo , um objeto metálico em forma de sino , com altura de quatro polegadas e meia , largura de seis e meia na base , de duas e meia na parte superior e com a espessura de um oitavo de polegada. O objeto era metálico, de um metal que parecia zinco, mas soava como uma liga de prata . Uma investigação a esse proposito revelou uma antiguidade considerável: a rocha dinamitada tinha muitos milhões de anos. O objeto circulou de museu em museu e desapareceu. Nunca mais foi encontrado.

Pode-se perguntar quais razões da presença de um objeto artificial no interior de uma rocha . Se a rocha se formou em torno dela, pode-se lhe atribuir um numero respeitável de milhões de anos. Há muitas descrições de objetos deste genero para que se possa negar que objetos metalicos desta especie , fabricados , são encontrados em rochas muito antigas e em veios de carvão . Pode-se ainda insistir no fato destes objetos desaparecerem misteriosamente.

Segundo as definições do capitulo anterior ( A Estrela que destruiu os Dinossauros ) , a hipotese da presença destes objetos é , para mim, uma hipotese de trabalho, mas a sua desaparição misteriosa é uma hipotese de conversação. Isso porque se conhece bem o habito dos museus de enterrar os objetos que lhes parecem não coincidir com as teorias em curso , ou que não são belos . Foi o que aconteceu em Bagdá quando se encontraram os famosos pilares.

Aqueles que conhecem bem o célebre Museu Smithsonian nos Estados Unidos afirmam que seus porões estão repletos de objetos estranhos que ninguem estuda. O mesmo fenomeno se observa em outros museus , notadamente no Museu da Pré-historia de Saint-Germain-en-Laye. Mais frequentemente , esses objetos metálicos misteriosos não são trazidos à luz do dia , porque se encontram no fundo do mar, no Antártico, ou em lugares onde ninguem faz escavações, por exemplo, no bosque de Bolonha.

Na época em que o Dr. Gurlt descobriu o cubo , acreditava-se não ser possivel registrar informações em uma liga magnética de metais , como a que constituia o cubo. Outros objetos deste genero estão sem duvida simplesmente na natureza e não chamam a atenção. Seus proprietários podem , sem dúvida, recuperá-los a grande distancia por meio de um magnetometro, já que os objetos, quando recebem um certo sinal, devem poder emitir por ressonancia magnética um sinal de resposta que indique sua posição precisa.

Há outras formas de se registrar informações além do registro magnético. E , embora não sejam atualmente comercializadas, são , entretanto, estudadas. Especialmente os registros em cristais. A sociedade americana Carson Laboratories de Bristol ( Conecticut, EUA ) foi bem sucedida ao tentar reduzir , por fotografia, oitenta e cinco mil vezes a imagem de uma pagina de revista , colocar esta imagem num cristal e, depois , recupera-la . Outros pesquisadores tentam realizar, nos cristais , registros por camadas sucessiveis , como as paginas de um livro , superpostas.

Fala-se ainda de obter o registro de de cem mil livros de dimensão média em um cristal do tamanho de um grão de açucar. Não é totalmente excluida a hipotese de que certas pedras preciosas contenham registros destinados , um dia, a serem recuperados , sendo submetidas desde já muitas vezes à informação retrieval ( recuperação total de informação ).

É, de outro lado, provável que um certo número de estes registradores esteja em órbita em torno da Terra , no espaço. Tem-se o direito de perguntar: como o sabe? A resposta é simples . Estes registradores captam uma mensagem de rádio e a retransmitem , com um certo atraso, para uma receptora desconhecida.

Esta idéia , que já defendi num livro intitulado À Escuta dos Planetas , é agora totalmente difundida. O eminente cientista Roland Bracewell, diretor de pesquisas cientificas do governo australiano em radiotécnica , e numerosos outros cientistas , observaram nas emissões de rádio desde 1926 e nas de televisão , após 1950, ecos anormalmente retardados . Recebem-se emissões da televisão a partir de estações que não funcionam há três ou quatro anos. Recebem-se , como ecos no tempo , emissões de rádio muitos dias depois de transmitidas . Este fenomeno foi observado desde 1930 por Stüner e Van Der Pol. Bracewell fez disso um estudo detalhado . Ele pensa que veículos automáticos , semelhantes às nossas sondas , registram nossos sinais e emissões , para retransmiti-las a um destino esconhecido , quando as condições para isso forem favoraveis.

Não se vê nenhuma outra explicação cientifica para esses ecos retardados . Não há nenhum objeto no espaço sobre o qual as ondas pudessem se refletir e voltar minutos, meses ou anos após . Nada conhecido sobre a estrutura do tempo nos permite acreditar que este retenha as ondas eletromagnéticas como em uma armadilha e as restitua. (Se tal fenomeno fosse possivel explicaria muito mais coisas além dos ecos retardados , mas isto é uma outra história .)

Observado este curioso fenomeno , é , entretanto , certo que a maior parte dos registradores estão sobre a Terra . Nós os encontramos por acaso nas minas de carvão ou de uranio , ou durante as dinamitações de rochas . É muito possivel que todos os analisadores e registradores disseminados sobre o planeta não estejam dentro do carvão. Devem encontrar-se à superfice.

Eles tem sido encontrados até na superfice e são encerrados em cofres, no fundo dos porões de instituições cientificas , recobertos por outros cofres e por espessas camadas de pó. Eu estou disposto a visitar museus deste genero como todo leitor cético . Evidentemente, os objetos que contradizem as teorias estabelecidas da arqueologia são os primeiros a serem relegados ao porão . E só escapam a isso por mero acaso.

Foi num porão que o eminente cientista ingles Brewster encontrou , no ‘seculo XIX , uma lente proveniente das ruinas de Ninive . E esta lente havia sido feita a maquina . Ela inda existe ainda hoje , assim como a descrição feita por Brewster . Ela fazia parte , provavelmente, de um instrumento ótico aperfeiçoado , mais aperfeiçoado que os instrumentos da época de Brewster , e , certamente , mais que os existentes em Nínive.

Parece-me certo que uma exploração sistemática dos porões de diversos museus e um reexame metódico dos objetos etiquetados como “objetos de artes” , “objetos de culto” ou “objeto não-identificado” , nos dariam numerosas indicações e seriam , sem dúvida, mais rentáveis que muitas expedições arqueológicas feitas com tantos gastos. A maioria desses misteriosos objetos é de aço inoxidável ou matéria plástica.

Existe uma literatura considerável que trata de objetos aparentemente metálicos, mas que desaparecem diante dos olhos do espectador. Este fenomeno data de antes dos lançamentos espaciais. Os fragmentos de satélites ou de foguetes portadores que caem não se volatilizam. ( Uma lenda sempre encontrada, diz que estes fragmentos, notadamente os do Sputinik IV e de certos Discoverer , teriam perdido a metade do seu peso, conservando o mesmo volume e a mesma massa. O mesmo teria ocorrido com objetos caídos em 14 de setembro de 1960 na relva de uma vila em Woodbridge, EUA. O maior era do tamanho de uma ervilha . Colocado em um recepiente , ele começava a perder peso. Depois , foram confiscados pelo governo norte-americano . Se isto é verdade, é muito interessante. Mas será verdade? )

Fica-se tentado a pensar em certos registradores , uma vez que a informação foi extraída, desaparecem.

Seria interessante saber se os satélites indicam sinais de origem desconhecida, proveniente da Terra . Recentemente , os satélites da série Explorer detectaram uma radiação deste tipo: ela provinha da Terra mas não se podia explica-la por um fenomeno naturalconhecido e ela não se originou de nenhuma fonte artificial: radio, televisão, radar , etc. Esta radiação aproxima-se da que emite a mancha vermelha de Jupiter , estudada desde 1954 sem resultado ou conclusão. Teorias as mais complicadas atribuem anergia à mancha vermelha de Jupiter.

Como a Terra não possue mancha vermelha , é muito dificil aplicar estas explicações , geralmente teoricas , à radiação terrestre. A radiação de Jupiter é modulada e pode-se dizer que esta modulação é produto de seres inteligentes. Pode-se dizer ainda que esta modulação é devida à interrupção periódica da radiação de Jupiter pela passagem do satelite Io. Tudoi isto, entretanto , não se aplica 1a radiação terrestre , que não parece modulada. Não se sabe se ela provém da terra , se é emitida pela alta atmosfera terrestre ou pelos cinturões de particulas ( eletricamente carregadas ) que rodeiam o globo. Até nova ordem , não se proíbe a hipotese de que ela provém de um registrador assinalando sua posição.

Não é impossivel a hipotese de que estudos mais perfeitos levarão os satélites a descobrir outras radiações emitidas pelos registradores . Seria preciso, para isso, que os datélites fossem dotados de outros detectores além dos que funcionamsegundo o princípio do rádio. Detectores em órbita em torno da terra, capazes de detectar ondas gravitacionais , os neutrinos e eventualmente, os Tachyons, mostrarão provavelmente que os registradores funcionam um pouco em todo o globo. Talvez se chegue a localiza-los.

É preciso esperar que o próximo objeto com arestas a ser descoberto seja cuidadosamente “cortado em pedaços”e estes examinados por detectores , para tentar chegar aos sinais.

Diversos estudos sobre a América Central e América do Sul citam objetos esféricos de grande s dimensões , algumas vezes esferas de três metros de diametro , colocadas num pedestal. Nenhuma lenda local trata dessas esferas , que parecem mais antigas que o homem nesses paises.

É evidentemente possivel que se trate de registradores de outro tipo, colocados sobre pedestais por alguma raça totalmente esquecida . Embora seja fácil imaginar um processo natural produzindo uma esfera, é impossivel conceber um que possa talhar um pedestal e sobre ele colocar uma esfera . trata-se , evidentemente , de objeto fabricado. Mas de que natureza? Atualmente ninguem o sabe . Nós estamos disnte deste objetos como um selvagem hoje emdia , ou como um cientista do século XIX diante de um cristal utilizado na fabricação de um transistor. Seria interessante transportar uma dessas esferas para um país avançado e fazer uma análise.

Mencionamos de passagem , porque é agradavel uma anedota sobre registradores cuja explicação é tão natural e complexa:

Em 13 de setembro de 1961 , sobre o telhado da pequena casa de um trabalhador das PTT de Karachi (Paquistão ) , um aparelho extremamente complicado visivelmente eltronico , caiu de pára-quedas . Foi feita uma pesquisa longa e minunciosa. Finalmente , foi descoberto que este aparelho, destinado a medir pressão atmosférica e a rapidez do vento, havia sido lançado dos EUA , num balão, em 1959. Normalmente , o balão deveria explodir, no máximo , dois dias depois de atingir trinta quilometros de altitude. Mas não explodiu, e flutuou nos ares durante dois anos e um mês , indo , por fim, aterrisar no Paquistão. Os teóricos demonstraram que esta viagem seria totalmente impossivel. Infelizmente, ela se realizou.

Em outros caso, os objetos não são identificados . A policia americana os recolhe, muito frequentemente, e eles desaparecem nos porões do Museu Smithsoniano ou dos serviços secretos americanos. Foi assim que , em setembro de 1962 , um objeto de aço de dez quilos caiu em uma rua em Manitowock, Wiscosin. Tratava-se visivelmente de um fragmento de uma maquina. Em muitos postos da sua superfice, o aço estava fundido. O objeto foi transportado para o Museu Smithsoniano , que disse se tratar de um objeto fabricado; depois, o silêncio. O objeto em questão desapareceu na poeira do museu.

Na mesma época , um outro objeto desapareceu completamente só. Tinha caído num lago a vista de um pescador, o Sr. Grady Honeucutt, Harriburg, Carolina do Norte. Segundo ele, o objeto parecia uma bola de futebol, recoberta de “antenas” “como um ouriço de metal”. Quando a policia chegou , o objeto tinha começado a se decompor e parecia uma massa de fios metalicos enovelados. Naquele momento, o objeto desapareceu e os mergulhadores não acharam os traços dele. O objeto fora recuperado ou então voltara da mesma maneira como tinha ido.

O ano seguinte foi assinalado pela presença de um objeto semelhante , em Dungannon, Irlanda. Este só tinha quatro hastes de metal – sem dúvida uma variante pobre do anterior – mas era incandescente. A armada inglesa o recuperou e não se falou mais dele.

Pode-se, evidentemente , pensar que se trata de fragmentos de satélites-espiões; entretanto , recolhem-se objetos tais desde o surgimento da humanidade , e bem antes do aparecimento dos satélites espiões.

Se estes objetos provêm de engenhos de espionagem , estes não foram fabricados pelo homem. Seria interessante fazer uma coleção de objetos análogos. Tais coleções existem, parece, nos Estados Unidos , mas seus proprietários não autorizam seu exame. É pena!

Alguma organizações fazem coleções de estudos sobre esses objetos , e de fotografias . A mais interessante é a organização americana INFO, o que significa Informação Fortiniana ;esta organização foi fundada em homenagem a Charles Fort, o grande especialista do desconhecido. Info publica a cada trimestre uma excelente revista sob este titulo.

Na Russia , a revista Technika Molodeji publica a cada mês um estudo sobre o problema dêste genero, frequentemente ilustrado com fotografias, mais uma discussão sobre o assunto , feita por especialistas.

Notas sobre o Pilar de Delhi

Não é desprovido de interesse o voltar ao pilar de Delhi, que oferece um problema singular. O Objeto mede seis metros de altura, cinquenta centimetros de diametro. Quer dizer que ele é muito volumoso para ter sido fabricado por aglomeração de metais em pó, por fusão. Foi escrito recentemente que se este objeto não se corrói “isto decorre simplesmente do fato de ele ser recoberto por uma fina camada e transparente de sílica”. Ora se o autor desta genial sugestão encontrou o meio de revestir os metais ferrosos com uma camada de silica transparente , eu (Jacques Bergier) aconselho a registrar e explorar sua descoberta . Garantido lhe é um bilhão de francos novos por ano, o que não representa senão uma pequena parcel dos gastos e perdas que a corrosão ocasiona no mundo.

O pilar tem uma inscrição: um epitáfio do rei Chandragupta II , morto em 413 da era cristã. Segundo o que se sabe , o pilar já era muito velho nessa época. ë verdade que as técnicas de fabricação do aço já exitiam na Ïndia . Um dos principes de Punjab ofertou a Alexandre, o Grande , um lingote de aço de duzentos e cinquenta quilos, quantidade considerável na época. De outro lado, a alquimia era bastante desenvolvida e o ferro era o metal essencial dos alquimistas.

Portanto . . .

E, portanto , considerando a extraordinária qualidade do metal de que é feito o pilar , considerando que ele se conserva indefinidamente , eu me pergunto se não seria ele um registrador gigante. Eu daria muito para poder tirar-lhe um pedaço e submete-lo à analise magnética. Porém, quando se leva em conta o valor sacro atribuído ao pilar , a experiencia se torna impossivel.

Extraido do livro Os Extraterrestres na História de Jacques Bergier – Editora Hemus – 1970

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/o-cubo-do-dr-gurlt/

O Livro Que Leva À Loucura: Excalibur

No momento em que escrevemos, um iate luxuosíssimo percorre os oceanos do globo. Traz bandeira que não é de nenhum país conhecido ou desconhecido. Tem a bordo um certo número de guardas armados, pois muitas vezes tentou-se forçar o cofre-forte do capitão; esse cofre-forte contém um livro muito perigoso cuja leitura torna louco o que lê e se chama Excalibur.

Para que essa história seja compreensível, é preciso referir-se à vida do proprietário do iate, um americano chamado Lafayette Ron Hubbard, e à suas duas descobertas, a dianética e a cientologia. A história de Hubbard foi, geralmente, contada de forma humorística por Martin Gardner no livro “Os mágicos desmascarados” e por mim mesmo em “Rir com os Sábios”. Mas um certo número de fatos novos, aparecidos no curso dos dois últimos anos, tendem a fazer admitir que tal história não é apenas extravagante. Tentarei contá-la de maneira a mais neutra possível.

Lafayette Ron Hubbard é, indiscutivelmente, um explorador e um oficial da marinha americana, extremamente corajoso. Foi também – não escreveu muito no gênero – um dos melhores autores americanos de ficção científica e do fantástico. Entre seus romances traduzidos em francês, citamos Le bras droit de la mort (Hachette).

A melhor parte de sua obra, no que concerne à ficção científica e ao fantástico, foi escrita antes da guerra de 1940. durante essa guerra, em virtude de um ferimento que recebeu num combate com os japoneses, Hubbard sofreu a experiência da morte clínica. Foi reanimando, mas parece ter-se conscientizado que não o fora por vias normais, e ter tido percepções e sensações que nunca pôde suficientemente explicar.

Assim é que, depois da guerra, ele passou a meditar, sistematicamente, sobre o sistema nervoso humano. Acabou concebendo uma nova teoria que batizou de dianética, que comunicou a John Campbell, célebre editor de ficção-científica.

A dianética era uma espécie de psicanálise própria para seduzir os americanos. Estes são, com efeito, ávidos pelo “Faça você mesmo”, e a dianética permitia exercer seus talentos sobre qualquer um, sem necessidade de qualquer prévio estudo.

A teoria geral da dianética admite, como Freud, um inconsciente, mas enquanto o inconsciente freudiano é extremamente astucioso – era copiado do diabo – o inconsciente de Hubbard é sobretudo estúpido. Ele nos obrigava a fazer as piores asneiras, pois era totalmente literal e incapaz de transcender o significante, e composto de registros ou engramas (Hubbard usa esse termo científico num sentido que não lhe é dado normalmente).

O inconsciente de Hubbard forma muito cedo, notadamente durante a vida do feto. E basta, sempre segundo Hubbard, que se diga à uma mulher gestante “você se obstina em andar à esquerda” para que a criança, tornada adulta, cai, sem resistência, para um esquerdismo extremado!

Se chegássemos a desembaraçar um cérebro de todos esses significantes, anuncia triunfalmente Hubbard, produziríamos um sujeito perfeitamente “claro”. Esse sujeito “claro”, desprovido de qualquer complexo, inteiramente são espiritualmente, constituiria o embrião de uma espécie humana nova, próxima ao sobre-humano. Isto poderia ser conseguido através de simples conversa com o sujeito, utilizando técnicas que Hubbard descrevia em seus artigos de “Astounding Science-Fiction” ou em seu livro “Dianetices”, que, imediatamente aparecido, se tornou um best-seller.

Hubbard começou por tratar sua mulher. Logo que se tornou “clara”, ela pediu o divórcio, o que obteve. Tratou, em seguida, de um amigo, que logo que ficou “claro”, matou sua mulher e se suicidou. Então, a popularidade da dianética tornou-se imensa. Por volta de 1955, os americanos que se tratavam pela dianética eram milhares. Os resultados não foram tão sensacionais como no começo, mas esse pequeno jogo de salão fez logo concorrência à psicanálise.

A psicanálise tem, evidentemente, a vantagem de aplicar-se aos animais. Há nos Estados Unidos psicanalistas para cães, e não se conhecem técnicos da dianética para cães. A dianética, ao contrário, tem a vantagem de ser rápida, pouco custosa, e de apresentar a “psique” humana, não em termos complicados, mas segundo diagramas bastante iguais àqueles que permitem a qualquer um instalar em casa uma campainha elétrica. E antes de tudo, é mais reconfortante.

Certos psicanalistas foram também tratados, e sem tornar-se absolutamente “claros”, reconheceram que a tal dianética lhes fazia bem. Quando se lê Hubbard, não se tem a impressão de que ele é mais louco que Reich ou Ferenczi. Talvez menos. E no que concerne às lembranças formadas durante a vida do feto, Hubbard parece ter razão. O fenômeno parece ter sido clinicamente verificado, e põe um problema que não foi resolvido: como o feto, que não tem ainda um sistema auditivo, pode entender o que se diz ao seu redor? No entanto, ele o faz, isto é certo.

O que quer que seja, não se pode dizer que a dianética seja mais ou menos louca que a psicanálise. Todas as duas “caminham” menos bem que os métodos do sacerdote budista primitivo, mas caminham. Há em todo psíquico um tal esforço para o equilíbrio, que não importa qual a técnica usada para amenizar provisoriamente um psiquismo defeituoso. Tal amenização, evidentemente, não é durável, só os métodos químicos realmente podem curar.

A dianética parecia destinada a ser apenas um desses métodos curiosos como existem tantos, e foi assim que todos a consideraram. Somente que a história só estava começando. Tendo refletido sobre os defeitos da dianética, Hubbard chegou à conclusão de que esta não tratava senão das cicatrizes psíquicas devidas aos acontecimentos dessa vida terrestre, e em nenhum caso as feridas adquiridas em vidas anteriores. Criou uma nova disciplina: a cientologia.

A dianética foi um fogo de palha, mas a cientologia, com um desenvolvimento lento e progressivo, conheceu um crescimento constante que fez com que, em 1971, o movimento cientologista constituísse uma força mundial que inquietou muita gente. Tal movimento tem muito dinheiro, não se sabe de que fonte. As partes de Hubbard no trabalho original lhe trouxeram uma riqueza enorme, fala-se em dezenas de milhões de dólares.

Hubbard escreveu outros livros além de “Scientology”. Notou pela informação de amigos próximos, algumas lembranças de suas vidas anteriores. Tais lembranças, segundo ele, provinham de uma grande civilização galáctica da qual somos uma colônia perdida.

Reuniu essas lembranças num livro chamado Excalibur, que deu a ler a alguns voluntários. Estes ficaram loucos e estão, segundo o que sei, internados.

Nem a dianética, nem a psicanálise, nem a cientologia, nem mesmo os medicamentos que se conhece puderam fazer algo por eles. Hubbard continuou a navegar nos oceanos e a tomar notas, enquanto desconhecidos tentavam forçar seu cofre e ler o Excalibur. Durante esse temo, a cientologia desenvolveu-se a um ponto tal que chegou a inquietar. Foi assim que Charles Manson, assassino de Sharon Tate, declarou que era o representante local da cientologia. Os cientólogos negaram e Hubbard mesmo afirmou que denunciara Manson ao FBI como sendo um perigoso diabolista. Os cientólogos são acusados de dominar pessoas, de controlá-las, de teleguiá-las e de visar, com isso, à possessão do mundo.

Respondem com calma, que se dizia a mesma coisa dos primeiros cristãos.

São extremamente numerosos, sem que se possam citar cifras. Mas em 1969, uma associação inglesa que lutava por uma medicina mais racionalista e por uma condenação mais severa às medicinas paralelas, denunciou-os logo todos os cientólogos ingleses se inscreveram na associação e ficaram sendo a maioria rapidamente. O que prova serem eles bastante numerosos.

Certos países falam em proibir a cientologia, mas, pelo que sei, isto nunca foi feito em parte alguma. Os meios materiais enormes de que dispõem os cientólogos lhes permitem inundar literalmente o mundo de jornais, revistas, documentos. A inscrição em um curso de cientologia não é onerosa e não é isto que dá recursos ao movimento. O conselho administrativo da sociedade que, em diversos países, é registrado conforme as leis locais, reconhece que é um bom negócio. Mas sem precisar exatamente como funciona esse bom negócio.

Um dos dirigentes da cientologia inglesa declarou à imprensa: “Se alguém procura atacar-nos, investigamos sobre ele, e encontraremos algo de desfavorável que traremos ao conhecimento público”. Isto efetivamente se produz, o que significa que a cientologia ou possui excelentes recursos de espionagem, ou meios para utilizar as melhores agências de detetives privados.

A cientologia não parece ser política, se bem que se denuncie, periodicamente, tal organismo como um novo nazismo ou, pelo menos, como uma variedade do rearmamento moral. Isto não parece estar provado. O que parece certo é que a cientologia drena para si clientes não somente de cultos marginais e pequenas seitas ocultas, mas de religiões tão bem estabelecidas, como o cristianismo, ou do marxismo. Ela está em progresso no plano do número e no plano do poder. Os que zombaram de Hubbard, e eu me coloco entre esses, estão, talvez, rindo muito cedo. O fenômeno da cientologia é muito curioso, e não foi ainda suficientemente estudado.

A cientologia atraiu muitos escritores de ficção-científica, mormente Van Vogt (autor do famoso best-seller “Le Monde des Ô) que, durante certo tempo, abandonara a ficção-científica para se ocupar, exclusivamente, da cientologia. Esta não renega a dianética, mas acrescenta um conteúdo suplementar que não se pode qualificar senão como visionário. E evidentemente Hubbard, sob seu aspecto exterior de aventureiro positivo e de engenheiro instruído, é um visionário. Parece que teve uma visão quando esteve sob morte clínica, e que teve outras depois. Infelizmente, não disse grande coisa sobre os dirigentes da cientologia, que parecem acolher no movimento homens de negócios, mas também outros personagens.

Ao nível do contato com o público, ao nível, igualmente, do ensinamento elementar da cientologia, encontram-se pessoas extremamente convencidas e, ao que parece, sinceras. Não saberia dizer exatamente o que se passa em nível superior. Em conseqüência da filosofia de Max Weber, chama-se geralmente “efeito carismático” a influência de um ser humano sobre outro. A cientologia agrupa pessoas que possuem efeito carismático muito elevado.

O que quer que seja, a reunião de membros de um grupo de cientologia ao redor de seu chefe, e por causa de cientologia geral, é de uma natureza fanática. A tal ponto que muitas queixas apareceram contra os grupos.

Contrariamente à Golden Dawn, a cientologia tornou-se uma central de energia que exerce um poder real passavelmente inquietante. O que não aconteceu com a dianética. Qualquer coisa foi injetada na estrutura de um movimento que estava declinando e que parecia uma seita dissidente e simplificadora da psicanálise; e esse movimento foi transformado em instrumento utilizado para fins que não sabemos ainda. O período da diversão acabou e podemos perguntar o que foi introduzido na dianética para criar um movimento assim tão dinâmico como é a cientologia.

Como no início de todas as religiões há um Livro, a esta cabe o livro Excalibur que, ao invés de ser difundido, é cuidadosamente guardado como o talismã secreto da nova religião. O fenômeno é curioso, pois em casos análogos como os Mórmons ou os Babistas, o livro-base – livro de Joseph Smith para os Mórmons, Profecias de Bab para os Babistas – foi largamente difundido. No que concerne à cientologia, assiste-se, ao mesmo tempo a um esforço extremamente moderno de propaganda e a uma organização que esconde um livro secreto que se poderia dizer maldito. Não se sabe o que aconteceu às pessoas que o leram: tornaram-se loucos simplesmente lendo-o, ou tentaram certas experiências?

(Respondo aqui à uma questão que me é feita com freqüência: por que não tentei transformar o movimento nascido do “Despertar dos Mágicos” e de “Planète” numa espécie de pára-religião? Responderia simplesmente que num estado de ignorância total da dinâmica dos grupos humanos, pareceu-me extremamente perigoso lançar novos movimentos pára-religiosos. Numa admirável novela de Catherine Mac Lean, “O efeito bola de neve”, que traduzi para o francês para o “Nouveau Planète nº 2”, vê-se um grupo de senhoras que se ocupam, numa pequena vila americana, de coletar vestimentas, arrumá-las e dá-las aos pobres. Sociólogos imprudentes lançaram a esse grupo uma estrutura dinâmica que acabou virando uma bola de neve que foi pegando outros grupos. E esse microcorpúsculo acabou conquistando o mundo… Esse tipo de coisa é, ao meu ver, inteiramente possível, e por isso cuidadosamente cortei qualquer tentativa de formação de uma pára-religião a partir do movimento Planète.)

Ao nível do público, o ensinamento cientológico parece-me bastante com a dianética primitiva, sob uma forma mais razoável. Pretende-se aumentar a intensidade da consciência em pessoas tratadas, e talvez o consiga. Isto não acontece sempre. Por exemplo, o autor de ficção-científica americano Barry Malzberg conta no início de 1971 como tendo visto no metrô de New York, cartazes de propaganda de cientologia, decidiu tomar lições. Isto não o levou adiante, mas talvez não tivesse boas vibrações iniciais…

O que é ensinado em nível superior, ignoro-o. A literatura de promoção diz respeito a informações provenientes de épocas em que a Terra não era ainda uma colônia perdida, mas fazia parte da humanidade galáctica. Isto parece ficção-científica, mas a bomba de hidrogênio e a viagem à Lua pareciam também. Seria preciso ver a coisa mais de perto.

É interessante notar igualmente que a cientologia se declara perseguida por pessoas bastante análogas no fundo, àquelas que chamo Homens de Preto, cuja existência postulo neste livro.

Deixando de lado Hubbard, que parece fora de circuito, voluntariamente ou não, não se sabe muito bem o que está atrás da cientologia. Cai-se num paradoxo bastante curioso: por que os homens e mulheres da Golden Dawn, tão brilhantes e por vezes geniais, não chegaram a criar um centro de energia? E por que os indivíduos anônimos da cientologia conseguiram isto?

Pode-se tirar razões da dinâmica dos grupos. Não se pode, talvez, formar um grupo juntando gente de personalidade poderosa. É preciso, quem sabe, uma hierarquia que parece existir na cientologia e que não parece ter existido de maneira marcante na Golden Dawn.

Pode-se dizer ainda, com certa ironia, que a Golden Dawn dirigia-se a uma elite muito limitada de pessoas excepcionais, enquanto que a cientologia se dirige a pessoas medianas.

Os membros dos grupos cientologistas me sugerem uma terceira resposta: para eles, a cientologia se mantém porque é científica, enquanto a Golden Dawn era um amontoado de superstições e práticas mágicas.

É-me difícil considerar esta resposta válida, pois a leitura de documentação que a própria cientologia difunde, mostra que não se trata de uma ciência, ao menos no sentido habitual do termo. É uma mística análoga ao freudismo. Como o freudismo, é preciso aceitar sem discutir afirmações das quais não se tem nenhuma prova. Ademais, enquanto a Golden Dawn parece ter resolvido o grande mistério do despertar, não se vê nada análogo na cientologia. E, contudo, esta prospera e prospera, segundo uma estrutura que parece aquela pra a qual tendia a Golden Dawn.

Como na Golden Dawn, trata-se de um apelo às forças profundas e desconhecidas que existem nos domínios que a psicologia corrente, mesmo aperfeiçoada por Jung, não pode alcançar e dos quais nega a existência. Para a Golden Dawn, eram os “planos superiores” existentes acima do despertar. Para a cientologia, trata-se de um super-hiper-inconsciente estendendo-se ao passado até épocas que nenhum código genético razoável pode dar conta. Certos documentos cientológicos falam de setenta e dois milhões de anos. Parece muito.

Evidentemente, é fácil taxar esse tipo de idéia de aberração, o que estou tentado a fazer. Entretanto, a existência do fenômeno não é duvidosa, e pode-se perguntar até onde se desenvolverá.

A dinâmica marxista da História não tem mais base científica como o Prêmio Nobel Jacques Monod acaba de mostrar pela nona vez no “O Acaso e A Necessidade”. O que não impede que um homem, em cada dois, viva em regimes marxistas.

Numa mesa-redonda sobre as viagens à Lua, ouvi um erudito do Islão dizer que a Lua era habitada. A viagem lunar não o provou, mas isto não abalou o Islão.

Uma vez que um grupo humano tenha começado a fazer bola de neve sob o efeito de forças dinâmicas das quais tudo ignoramos, é extremamente difícil, e talvez impossível, pará-la. Não está, em todo caso, excluído que a cientologia dá a uma certa juventude o que o esquerdismo e o LSD não puderam dar, e não se vê expandir-se eventualmente sustentada pelas armas.

Por isso, essa questão de saber o que existe exatamente do Excalibur, de saber até que ponto a doutrina secreta da cientologia, se há uma, deriva de um livro maldito, merece ser examinada. E não penso que se possa elucidar esse gênero de problema dizendo simplesmente que Deus está morto, e que é preciso qualquer coisa ou alguém que o substitua. Penso que houve químicos, antes que se descobrisse o átomo e a teoria exata da química baseada sobre a mecânica ondulatória.

Da mesma maneira, estou persuadido de que há praticantes da dinâmica de grupo, incapazes de explicar o que fazem, no entanto obtém resultados, enquanto que um sociólogo médio seria incapaz de eleger-se numa vila de cinqüenta habitantes.

Penso que Hitler ou Hubbard fazem parte desses sociólogos amadores que obtém de maneira empírica resultados espantosos.

No meu entender, entretanto, esses praticantes só podem funcionar se atrás deles houver um grupo de organizadores ou de planificadores. Sabemos muito bem qual o grupo que se encontrava atrás de Hitler, ignoramos tudo sobre o grupo que se encontra atrás de Hubbard, e notadamente sobre o financiamento das operações, e seus objetivos definitivos. Se há, realmente, atrás de Hubbard um livro maldito, seria desejável que ele tivesse feito dele muitas fotocópias e que as tivesse colocado em lugar seguro, espalhando-as pelo mundo. Se não, eu não ficaria surpreso se um dia o seu iate sofresse um acidente.

A teoria de Hubbard é falsa certamente, mas dá, talvez, resultados justos. Não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece.

Não se fez, ainda, estudo sociológico sobre as pessoas atraídas pela cientologia. A dianética, como a psicanálise, atraiu principalmente loucos. Freud mesmo, numa primeira fase de sua carreira, ao que indica, parece ter ficado louco furioso: praticava a numerologia, e acreditava nas piores superstições. Diz-se que ele ficou são em sua segunda fase, depois que fez sua auto-análise, mas tenho dúvidas.

Como diz, justamente, G. K. Chesterton: “O louco não é aquele que perdeu a razão; o louco é aquele que perdeu tudo, menos a razão”. A cientologia começou a entrar numa fase em que atrai em massa pessoas que poderíamos chamar de normais? Em que proporção? Isto seria interessante saber.

Gostaria muito, correndo os devidos riscos e perigos, de dar uma olhada no Excalibur.

por Jacques Bergier

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/o-livro-que-leva-a-loucura-excalibur/

Homens de Preto – A Realidade por trás da Ficção

“Queimando discos, queimando livros, Soldados sagrados, visual nazista” – Holy Smoke, Iron Maiden

 “Não os temais, pois; porque nada há de escondido que não venha à luz, nada de secreto que não se venha a saber.” – Mateus 10:26

Homens de preto e Ufologia

 

Milhões de pessoas ao redor do mundo assistiram ao filme “Homens de Preto” e suas sequências, mas poucas sabem de onde foi tirada a inspiração para fazê-los. Como muitos filmes, ele foi baseado numa HQ, e esta num livro escrito em 1956 pelo estadunidense Gray Barker, intitulado “Eles Sabiam Demais sobre Discos Voadores” . Livro este no qual pela primeira vez o mundo ouve falar dos Homens de Preto, um grupo que “sugere” a indivíduos silenciar sobre suas incomuns experiências. Sua alcunha deve-se não apenas a cor que trajam, mas a seu estranho e total anonimato: não revelariam seus nomes, de onde vieram ou por quem foram enviados, daí nenhuma outra forma de referir-se a eles ou descrevê-los. Os carros que dirigem, contudo, teriam aparência oficial.

Antes de escrever este que foi seu primeiro livro, Barker já escrevia artigos do gênero para a revista Space Review, publicada por Albert K. Bender e seu Escritório Internacional de Discos Voadores. Em 1953, Bender abruptamente dissolveu sua organização, alegando que não poderia continuar a escrever sobre OVNIs devido a “ordens de fonte superior”. Após ser pressionado por Barker a revelar maiores detalhes, Bender relatou seus supostos encontros com os Homens de Preto, o que teria motivado Barker a escrever seu livro. É claro que tudo pode não ter passado de um conluio entre os dois, dizem até que o próprio Barker não acreditava no que escrevia, só queria ganhar dinheiro. Mas isto também pode não passar de um boato forjado e espalhado pelos Homens de Preto.

Seja qual for a verdade, isto foi no meio do século passado, época onde a informação sobre tais assuntos deveria ser escassa em relação a hoje, e a Internet apenas uma utopia para a população global. Então, se os Homens de Preto queriam ocultar da humanidade este tipo de relato, podemos dizer que neste âmbito falharam miseravelmente, pois hoje abundam livros e sites sobre o tema. Perante este fato, é claro que muitos vão pensar algo do tipo: “Bem, se isso aconteceu, estes Homens de Preto não devem existir, pois não teriam permitido.” Mas, ora, se existissem, não seria exatamente isto que iriam querer que você pensasse?

Uma hipótese que não podemos esquecer é que a coisa pode não ter acontecido com a permissão deles; talvez eles simplesmente não puderam controlá-la. Eles podem ser poderosos, mas não invencíveis – e certamente teriam alguns inimigos. Isso sem falar que, entre aqueles que conhecem um segredo, às vezes há os que querem revelá-lo. Além disso, como se pode deduzir o trabalho deles teria sido fácil por muito tempo, portanto talvez não estivessem preparados para enfrentar as novas armas na difusão do conhecimento que surgiram junto com os tempos modernos: a invenção da imprensa[1], fotografia (pois esta também reproduz texto), a já citada Internet, etc. Para não falar na TV, é claro. Ao redor de todo o globo, muitos telejornais e diversos programas já apresentaram relatos de avistamentos, abduções, etc. Mas não se pode hipnotizar, drogar ou matar praticamente um país inteiro (pois através da hipnose ou drogas pode-se causar amnésia, mas logicamente não de modo seguro e matematicamente exato como o prático flash do filme).

Então, perante este quadro, nada restaria aos Homens de Preto e seus superiores senão negar e ridicularizar tais testemunhos, esperando assim desacreditá-los – pois uma das coisas que o homem comum mais teme, além da morte, é cair no ridículo, a opinião alheia importa-lhe mais que a própria. Ademais, o governo e a Aeronáutica dos países onde OVNIs são avistados só poderiam negar mesmo, seria grande ingenuidade esperar que admitissem tal coisa. Que governo assumiria ser incapaz de proteger sua população de incontroláveis e desconhecidos invasores? Afinal, boa parte dos impostos pagos destina-se exatamente a este fim. A única razão de existir da Aeronáutica é proteger o espaço aéreo de seu respectivo país, então ela não pode assumir que não consegue cumprir sua tarefa plenamente, que há invasores contra os quais nada pode fazer. Seria como o zelador de um prédio dizer que há um tipo especial de pessoa a qual ele não pode impedir de entrar e sair ao seu bel-prazer. Também não podemos esquecer a hipótese dos OVNIs não serem nada mais que aeronaves ultra-sofisticadas de determinados países. Qualquer um sabe, por exemplo, que os EUA gastam zilhões de dólares em tecnologia militar, então não seria nenhuma surpresa se eles tivessem coisas que nem imaginamos nesse campo (e tudo indica que tenham, vide Área 51). Nesse caso, alguns se perguntariam por que manter secreta a existência destas fabulosas armas e, ao mesmo tempo, algo com que poderia-se inclusive lucrar muito. Bem, a resposta é simples: para que seus vizinhos não sintam-se ameaçados e tentem desenvolver coisa parecida. Não é preciso ser Maquiavel ou Sun Tzu para perceber que só se deve permitir o acesso a uma arma quando já se dispõe de uma arma superior. E no caso dos OVNIs serem aeronaves comandadas por humanos, admitir uma invasão contra a qual nada pode se fazer seria ainda mais vergonhoso – para ambas as partes.

Portanto, apesar de tantos mistérios e dúvidas, um fato ergue-se e permanece indiscutível: os OVNIs, seja lá o que forem, realmente existem. Aliás, vários pilotos de avião já relataram tê-los avistado. Desnecessário dizer, estes são pessoas instruídas que deveriam saber identificar qualquer coisa que surja nos céus (e astrônomos mais ainda). Alguns destes relatos, é claro, permanecem confidenciais, pois são de pilotos militares. Falando nisso, a edição de setembro de 2013 da revista Super Interessante traz uma matéria de capa sobre a abertura de arquivos no Brasil. Então, já sabemos que OVNIs existem, mas não o que são (ou não teriam esse nome, afinal). A pergunta que fica é: Existirá alguém querendo impedir que saibamos o que são? No caso deles terem origem humana, como na hipótese recém explanada acima, obviamente que sim. E se sua origem não for humana, restam-nos duas hipóteses: ou o homem ainda é simplesmente incapaz de descobrir e explicar o que são os OVNIs, ou alguns descobriram mas não quiseram (ou foram impedidos de) revelar ao mundo.

Quanto a extraterrestres, talvez uma pergunta interessante a ser feita seja: Se eles existem, será que iriam querer que soubéssemos? Provavelmente não, ou já teríamos provas disso.

Mas agora vamos mudar de assunto, pois essa é  só a ponta do iceberg.

 

Escondendo mais do que você imagina… Homens de Preto e outros Segredos

“Existe uma história escrita para gente comum, e outra invisível aos olhos do povo, escrita por nós, que fizemos a história acontecer. Assim é a vida, assim somos nós e vocês: os que fazem a história e os que a aprendem com obediência, como nós desejamos.” – Serrano Suner em “A Fórmula da Eterna Juventude e outros Experimentos Nazistas”, de Carlos Nápoli

“Somente os pequenos segredos precisam ser guardados; os grandes, ninguém acredita.” – Herbert Marshall

De qualquer forma, quer extraterrestres existam ou não, não se pode, como nos mostra a própria História, negar a existência de grupos – interligados ou não – cujo objetivo é suprimir e/ou monopolizar o conhecimento (este, definitivamente, ainda não é e nunca foi livre). Assim, extraterrestres podem até não existir, mas creio que o mesmo não pode ser dito, como veremos a seguir, dos Homens de Preto. “Mas então, o que eles escondem de nós?” Bem, se eu soubesse seria um deles, mas não é preciso ter uma imaginação de Julio Verne para fazer algumas suposições.

Só para citar alguns exemplos, Mussolini assim como Hitler tinha seus conselheiros místicos, e sob ordens de dois deles, em 1944 foram queimados 80.000 (sim, 80 mil, mas espere até ler sobre Alexandria) livros e manuscritos da Sociedade Real do Saber de Nápoles, visando impedir que documentos mágicos importantes caíssem nas mãos dos Aliados. Entre eles, encontravam-se manuscritos inéditos de Leonardo Da Vinci, como também documentos apreendidos de Aleister Crowley na sua abadia em Cefalu, Sicília. Todos já ouviram falar da famosa Biblioteca de Alexandria, segundo a Wikipédia “ela continha praticamente todo o saber da Antiguidade em cerca de 700.000 rolos de papiros e pergaminhos” – também não é para menos, pois seu lema era “adquirir um exemplar de cada manuscrito existente na face da Terra”. Mas ao contrário do que tantos pensam, ela não foi destruída por acidente em decorrência de batalhas. Ela continha inúmeros documentos alquímicos que foram roubados ou destruídos, não só pela cobiça e avareza como também pelo fanatismo religioso dos arábes, que seguiam as absurdas máximas “não há necessidade de outros livros senão O Livro (Alcorão)” e “o livro de Deus é-nos suficiente”. Mas isto, é claro, pode ter sido apenas um pretexto. Afinal, é fácil entender o medo, ou mesmo desespero, dos poderosos perante a Alquimia. Se todos pudessem fabricar ouro em casa, obviamente ele perderia o seu valor e, assim, impérios ruiriam. Portanto, não é difícil entender por que a Igreja Católica combateu tão fortemente a Alquimia. (Sobre a Magia de modo geral, poderia-se dizer que ela supostamente permitiria ao homem comandar a Natureza e seu próprio destino, e às vezes o dos outros também, assim “brincando de deus”.) Em 1897, herdeiros de Stanislas de Guaita foram ameaçados de morte se não destruíssem quatro manuscritos inéditos do autor que versavam sobre “Magia negra”, assim como todo seu arquivo. A instrução foi cumprida.

Em 1971, um russo radicado na França, Jacques Bergier[2] escreveu “Os Livros Malditos”, no qual relata não só os casos acima descritos como também outros semelhantes, e diz estar convencido da existência de uma antiga sociedade secreta destinada a ocultar certos conhecimentos da humanidade. Bergier refere-se a ela como – adivinhe? – “os Homens de Preto”. De sua existência (ou, pelo menos, de algo parecido) há muitos indícios e estou inclinado a concordar com Bergier. A História está cheia de exemplos de livros ou documentos que são censurados ou mesmo avidamente procurados, e a cujos proprietários às vezes acontecem estranhos acidentes – daí também o adjetivo “malditos” para descrever os livros que Bergier aborda em cada capítulo. Parafraseando o próprio, é preciso ler “Os Livros Malditos”, assim, não me estenderei muito sobre seu conteúdo aqui.

Num mundo ignorante como o nosso, certamente será taxado de paranóico ou esquizofrênico quem alegue existir um grupo de homens cujo principal objetivo é esconder certas coisas da humanidade. Mas há uma enorme prova, a qual todos conhecem só não se apercebem, de que um tal grupo, pelo menos, existiu: A Inquisição. E infelizmente, não se pode negar que ainda existe coisa semelhante, pois é bem sabido que os Arquivos do Vaticano contém inúmeros documentos secretos e únicos. E tal supressão do conhecimento é ainda mais evidente em certos cantos mais atrasados do mundo, que parecem continuar na Idade das Trevas ou coisa até pior, chegando ao extremo de proibir as mulheres de aprender a escrever e estudar – às vezes, até de falar. Perante estes fatos, é difícil refutar a existência de uma espécie de “fraternidade negra” inimiga da luz do conhecimento – os místicos e ocultistas chamam-na “a loja negra”. Mas, num mundo feito de cegos, aqueles que enxergam são taxados de loucos.

Veja onde o homem chegou, já querem enviar pessoas a Marte – o que não muito tempo atrás, também seria loucura. Agora considere, por um momento, que nossa civilização tenha sido de alguma forma aniquilada, mas alguns poucos tiveram a sorte – ou o azar, pelas condições em que o mundo se encontraria – de sobreviver (sim, exatamente como naquela imbecil dinâmica de grupo. Aliás qual não é?) Suponha que, com alguma sorte e muito sexo, estes poucos remanescentes tenham conseguido dar continuidade à raça humana. Seus descendentes nasceriam num mundo devastado, onde as coisas que consideramos mais triviais tornariam-se as mais incríveis lendas: televisores, automóveis, aviões, computadores, telefones, armas de fogo e qualquer outro tipo de máquina ou tecnologia. Os primeiros, os que sobreviveram à catástrofe, saberiam que tais coisas um dia existiram e contariam a seus filhos, dos quais talvez alguns acreditariam, outros não. E se ninguém fosse capaz de recriar estas coisas um dia (ou se fossem recriadas mas mantidas em segredo), tais “lendas” passariam de geração em geração tornando-se cada vez mais desacreditadas, podendo até mesmo caírem no esquecimento. E se eles encontrassem qualquer um de nossos “misteriosos artefatos”, não saberiam como nem para que foram feitos – hei, isso não parece familiar? Tal descrição se aplica, por exemplo, aos Crânios de Cristal

Então, quem pode nos garantir que já não aconteceu coisa semelhante?

Ou melhor, e se eu lhe disser que há provas de que existiu uma prodigiosa ciência perdida?

Provas estas, aliás, muito grandes e concretas que todos conhecem.

Do que eu estou falando?

Das Pirâmides do Egito. (Não disse que eram grandes e concretas?)

Mas por que as Pirâmides do Egito seriam provas de que um dia houve uma ciência perdida?

Ora, por uma razão muito simples: curiosamente é um fato pouco divulgado, mas ao menos por enquanto é impossível reproduzí-las com perfeita exatidão. Ainda mais pelo mesmo método, qualquer que tenha sido. Existem variadas teorias sobre como foram construídas as pirâmides, mas nenhuma delas plenamente satisfatória – não à toa, não há nem sombra de consenso. Ou seja, atualmente, o homem é incapaz de repetir um feito de milhares de anos atrás, porque o conhecimento necessário para tal se perdeu (ou foi preservado em segredo). Como se isso não bastasse, também não se sabe POR QUE elas foram construídas, isto é, sua verdadeira finalidade. Não, não foi para servirem de tumba ou cofre de tesouros, como surpreendentemente veremos a seguir. Àqueles interessados em maiores detalhes, recomendo a leitura dos textos de Marcelo Del Debbio sobre o assunto (além daqueles citados aqui, o divertido “A Pirâmide do Faraó Del Debbio I”). Todavia, alguns destes detalhes são tão impressionantes que não poderei deixar de citá-los. É bem conhecida e justificada a predileção dos mais céticos por números, então vamos a eles:

(Dentro das aspas, coloquei meus comentários ou cortes do texto entre colchetes, aqueles entre parênteses são do próprio Del Debbio)

“A base da pirâmide [de Queops] é perfeitamente plana, com desnível de apenas 0,075cm/100m (para quem não é arquiteto ou engenheiro esses números não dizem muita coisa, mas para ter uma idéia comparativa do quão preciso foi o nivelamento das pirâmides, basta dizer que edifícios modernos de alta tecnologia chegam a 15-20cm/100m em desnível). As 3 pirâmides alinham-se com a constelação de Órion [3 Marias] com margem de erro de 0,001% quando comparadas com a posição destas estrelas no céu em 10.500 AC.” – Extraído do texto “Pirâmides, Pirâmides… – parte II”

“Assim como são ‘coincidências’ […] as pirâmides encontradas na China alinharem perfeitamente com a constelação de Gêmeos, os Templos astecas de Tecnochtitlan estarem alinhados com a constelação de Urso, Angkor Wat (aqueles templos que a Lara Croft explora no Cambodja) estarem alinhados com a constelação do Dragão e assim por diante…” – Extraído do texto “Pirâmides Submersas no Japão – parte 1”

“E eu nem comecei ainda a falar sobre a Câmara do Rei, cuja configuração e proporção das pedras do chão refletem as medidas/translações dos seis primeiros planetas do Sistema Solar (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno). […] apesar de todo este cuidado milimétrico de projeto da pirâmide, o ‘sarcófago’ é PEQUENO DEMAIS para caber uma pessoa deitada dentro dele. […] As otoridades egípcias afirmam que a pirâmide é a tumba de um faraó. Embora NUNCA se tenha encontrado sequer uma múmia em NENHUMA das 111 pirâmides catalogadas. Também nunca foram encontrados NENHUM tesouro de faraó algum. Todas as múmias foram encontradas em cemitérios localizados aos pés das pirâmides ou em templos adequados para tal (Mastabas). Todos os tesouros encontrados estavam nos templos e antecâmaras, mas nunca dentro das estruturas. A explicação oficial é que ‘ladrões de tumbas’ saquearam todos os tesouros e as múmias. Embora, voltando a Khufu [nome egípcio de Queops], os exploradores tiveram de DINAMITAR a passagem para entrar, e nada encontraram lá dentro. Ou seja, se houvessem ‘ladrões de tumba’ eles entraram, levaram TUDO (tudo tudo tudo) e ainda tiveram a paciência de recolocar todas as pedras na entrada de modo a deixá-la do mesmo modo que ela estava antes deles chegarem, com direito a mesma precisão milimétrica dos encaixes.” – Extraído do texto “Pirâmides, Pirâmides… – parte II”

“As medidas internas oficiais [do sarcófago] são 1,68m x 68,1cm x 87,4cm. A menos que o faraó fosse bem anãozinho, não poderia ser colocado junto com seu ‘chapéu de faraó’ e ‘ornamentos de faraó’ dentro de um sarcófago tão pequeno. Teriam nossos amigos escravos egípcios, que empurraram tantas pedras tão pesadas ladeira acima e construíram uma pirâmide com erro de 58mm em 230m, errado tão idiotamente logo no ‘coração’ da tumba?” – Extraído do texto “Pirâmides parte III – A Câmara dos Reis”

Embora o complexo de templos Abu Simbel não tenha nada a ver com as pirâmides, eu também não poderia deixar de citar o estranho caso de sua “mudança” aqui, pois talvez o método usado no transporte de seus blocos tenha sido o mesmo das pirâmides. Se você acha que as coisas não podem ficar mais estranhas, prepare-se para o gran finale:

“…existia um enorme complexo de templos chamados Abu Simbel no Egito. As otoridades precisavam construir uma grande barragem e uma mega-hiper operação mundial foi organizada para desmontar e transportar o templo de Abu Simbel para uma montanha a salvo das águas da barragem. Pois bem. A grande maioria das pedras esculpidas no templo de Ramsés II foi retirada das pedreiras de Assuã, distantes cerca de 120km do templo, incluindo a cabeça do faraó, que foi transportada e esculpida em UM ÙNICO bloco de pedra. Quando os técnicos e engenheiros suíços e alemães foram transportar estes blocos para o local seguro, apesar dos GUINDASTES e HELICÓPTEROS envolvidos na operação, tiveram de fragmentar diversas estátuas e blocos de construção do templo para transportá-los. Vamos escrever mais devagar para os que não entenderam: blocos de pedra que os egípcios (os ‘escravos seminus de 6.000 anos atrás’ haviam conseguido manobrar, esculpir e encaixar intactos) tiveram que ser divididos, pois a tecnologia do século XX não conseguiu repetir o feito.” – Extraído do texto “Dilúvio, Pirâmides e Stonehenge”

As implicações disto são tão óbvias quanto espantosas: ou eles dispunham de guindastes e helicópteros de maior capacidade que os atuais, ou… ou o quê? Que dizer diante disto?

Perante estes fatos, a introdução do misterioso “Livro da Perdição” da O.A.I. já não parece mais tão fantástica:

“1.1. Eons atrás, muito antes da humanidade vagar por este planeta, existe uma irmandade de feiticeiros.

1.2. Eles são mestres em sabedoria, ciência e conhecimento até então ignorado pela história da humanidade.”

Para os mais céticos, é claro que a palavra “feiticeiros” pode ser substituída por “cientistas”. Afinal, que é a ciência aos olhos da ignorância, senão feitiçaria? A Igreja Católica que o diga. “Feitiçaria”, “Magia” e etc. nada mais são do que palavras inventadas para descrever aquilo que não conseguimos compreender COMO e POR QUE acontece, entretanto todo efeito tem sua causa, mesmo que oculta e ignorada. Um homem primitivo, ao ver você apertar uma tecla e acender uma lâmpada consideraria isto Magia, porque ele não compreende e ignora o porquê da lâmpada acender-se. Assim é com todas as coisas. Para produzir determinado efeito, é preciso saber como causá-lo, e os que não sabem consideram-no “mágico” por parecer inexplicável. Mas como todo efeito tem sua causa, não existe NADA realmente inexplicável, apenas coisas cuja explicação desconhecemos.

Laurence Gardner, em seu instigante livro “Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada – Revelações Surpreendentes sobre o Incrível Poder do Ouro” alega que o ouro monoatômico, um pó extraído do ouro, possibilita tornar objetos mais leves, dentre outras propriedades especiais, e seria a verdadeira Pedra Filosofal. (No filme Alone In The Dark, é dito que a humanidade já não se lembra mais do real motivo que torna o ouro tão valioso. Ao contrário do que se comumente pensa ele até tem utilidade prática, não só ornamental, mas nada que justifique seu exacerbado valor aos olhos do bom senso. Outros metais, muito mais úteis e necessários, não deveriam valer mais?)

Antes de prosseguirmos, uma incômoda e desconcertante questão merece ser posta:

Se não há uma espécie de conspiração destinada a esconder estes surpreendentes fatos sobre as pirâmides, por que eles são tão pouco divulgados? Se eles não forem dignos de menção, então eu não sei o que é. Não é o tipo de coisa que deveria inclusive ser ensinado nas escolas?

Somos ensinados que aqueles que habitaram o globo antes de nós eram primitivos, selvagens e ignorantes. Mas este parece ser apenas um lado da História – o que querem que conheçamos. Afinal, nada impede que dois ou mais grupos com diferentes graus de evolução (tanto científica como moral) co-habitem o planeta. Ficou complicado? Não tem problema, Tamosauskas descomplica em “A Improvável História do Macaco que Virou Gente”:

“Quando os Tasmanianos foram contatados pelos europeus no século XVI eles não tinham descoberto o fogo, não tinham escrita, crenças, nem qualquer conceito de música. Era cerca de 1600 depois de Cristo, mas isolados do resto do mundo eles não tinham sequer desenvolvido ferramentas feitas de pedras. E eles tinham o mesmo cérebro e corpo que o nosso e muitas, muitas pedras.”

Este tipo de situação discrepante é uma realidade ainda hoje. Da mesma forma, alguns dos antigos poderiam ser muito evoluídos, mais do que podemos imaginar, e tudo indica que tenham sido mesmo. Aparentemente, e em alguns casos comprovadamente, eles já sabiam de coisas que o homem só descobriu recentemente, ou nem descobriu ainda. No capítulo de “Os Livros Malditos” que aborda o livro “A Dupla Hélice”, Bergier nos chama a atenção para uma coincidência que, não considero exagero descrever como espantosa: A grande semelhança entre a molécula do DNA e o caducéu de Hermes, antigo símbolo da Medicina (anterior ao bastão de Asclépio).

 

(Interessante lembrar que a descoberta do DNA possibilita a engenharia genética, motivo pelo qual segundo algumas lendas Atlântida foi castigada. Alguns chegam a dizer que o porco, animal muito semelhante ao ser humano, foi resultado de experiências deste tipo. Isto também explicaria, é claro, quaisquer seres híbridos da mitologia.)

As duas serpentes representam as forças opostas (embora eu prefira o termo complementares) do Universo em equilíbrio. Afinal, uma pilha com dois pólos positivos ou negativos não funciona, sem vida não haveria morte e sem morte não haveria vida, sem trevas não haveria luz e assim por diante. Não obstante, alguns devem estar se perguntando por que tal figura foi adotada como símbolo da Medicina. A estes respondo com outra pergunta: Não poderíamos dizer que saúde é, numa palavra, equilíbrio?

No caso, o equilíbrio dos elementos presentes em nosso corpo.

Ainda, devido ao fato de trocar de pele, a serpente era considerada um símbolo do rejuvenescimento e saúde. Como as coisas mudam, não? De símbolo da saúde a símbolo do mal, infelizmente parece que Goebbels estava certo: “Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade.” Por isso devemos sempre nos questionar e procurar conhecer a verdade por nós mesmos, ao invés de aceitar tudo que nos empurram goela abaixo como verdadeiro. Claro que isto pode soar paranóico, mas talvez a paranóia ainda seja preferível à ignorância. Aliás, não é exatamente isto que os formadores de opinião desejam que se pense? Ainda sobre a injustiçada serpente, é engraçado como não enxergamos o que está bem embaixo de nosso nariz; poucos notam, mas a serpente é também o símbolo de um famosíssimo herói bastante vigoroso e, digamos, com uma “saúde de aço”:

Alguns podem ter se lembrado da Kundalini, a energia adormecida no chakra mais baixo que, se despertada eleva-se como uma serpente ao longo da coluna vertebral e concederia poderes paranormais ao Iniciado. Talvez isso explique por que os Faraós eram considerados deuses e tinham a cabeça adornada por uma serpente.

E falando nisso, é também extremamente semelhante à molécula do DNA a posição dos canais Ida e Pingala, presentes em nosso corpo sutil segundo a sabedoria oriental:

 

A também extrema semelhança entre o caducéu de Hermes – uma representação do equilíbrio universal – e os três principais nadis, como são chamados estes canais da ilustração, lembra-nos da máxima “o que está acima é como o que está abaixo”. E também da afirmação de que o homem foi criado “à imagem e semelhança de deus”, sendo deus, neste caso, apenas outra palavra para designar o Universo.

Outra coisa que suscita a existência de um antigo saber são os chamados “ooparts”, sigla de Out Of Place Artifacts, artefatos fora de lugar ou época. Há bastante controvérsia sobre eles, mas talvez possamos dizer que o mais famoso e legítimo seja a Máquina de Anticítera (ilha grega), capaz de prever com precisão o movimento de astros e apontada como o primeiro computador do mundo. Sua datação foi estimada em 87 a.C.. Utilizando-se tal máquina, seria possível prever eclipses, então não é preciso muita imaginação para perceber que ela poderia ser usada pela classe dominante para convencer o povo de que ela “conversa com os deuses”. O fato de só ter sido encontrado até hoje apenas UM exemplar da Máquina de Anticítera torna a questão ainda mais embaraçosa. O que eu disse antes sobre Ciência e Magia se aplica muito bem aqui. Enquanto ignoramos como se dá determinado processo, ele permanece (na verdade aparenta ser) simplesmente mágico. Uma arma de fogo, por exemplo, certamente também seria vista como “mágica” por um homem de outra época, ainda mais porque ninguém é capaz de enxergar uma bala percorrendo o ar no momento do disparo. Então você pode imaginar a reação e espanto das pessoas. Você não seria visto como um grande feiticeiro… seria visto como um DEUS. Afinal, como alguém poderia inflingir dor ou mesmo matar alguém a metros de distância sem nem tocá-lo?! Na verdade, poderia alguma coisa ser mais espantosa, assustadora e mágica do que isso? Quem sabe um Theremin, um instrumento musical que emite som sem que seja necessário contato físico direto com ele. Não, você não entendeu errado:

“Obra do Diabo!” Podemos rir da ignorância de nossos antepassados, mas provavelmente também rirão de nós daqui alguns milhares de anos, ou talvez menos. Provavelmente temos “certezas” tão erradas como a de que a Terra era plana.

Mas o exemplo recém exposto nos leva à uma conclusão curiosa, e talvez a própria razão da existência dos Homens de Preto. Quando o conhecimento é compartilhado (no caso o conhecimento de como fabricar e usar uma arma), advém a igualdade. Mas quem disse que a igualdade é sempre boa? Imagine um mundo onde todos tivessem uma arma, e estou falando de uma arma igual (e com munição infinita, para tornar o jogo mais divertido). Será que nesse mundo haveria mais respeito pelo próximo ou mais violência e caos? Disto concluímos algo simples e evidente: A manutenção da ordem depende da desigualdade de poder, esta infelizmente parece ser um mal necessário. Mas aqui nos deparamos com outro sério problema. Se para manter a ordem é preciso que o poder esteja nas mãos de uns em detrimento de outros, o ideal seria que apenas os bons e justos detivessem o poder. Mas são estes que governam o mundo? Ninguém é estúpido o suficiente para crer nisso. Os detentores do poder deveriam usá-lo para defender os desprotegidos que não o possuem, fazer justiça e manter a ordem. Entretanto, o que mais vemos é ele ser usado apenas em benefício próprio, escravizando os mais fracos – às vezes sutilmente, como no caso do dinheiro, a mais poderosa arma de dominação em massa projetada pela mente humana. Disto não há maior exemplo do que o próprio capitalismo, pois seu único objetivo é o aumento do próprio poder, o que não pode ser feito sem tirar de outrem. Para que uns tenham mais, é preciso que outros tenham menos, para um lado da balança subir o outro tem que descer. Talvez até possa ser dito que Cristo profetizou o capitalismo ao dizer que “os ricos ficarão mais ricos e os pobres mais pobres”. A palavra “capital” deriva do latim “caput” que significa “cabeça”, ou seja, capital é aquilo que comanda todo o resto. E como sabemos, capital é apenas um eufemismo para dinheiro, ou seja, o dinheiro comanda o mundo, isto é, aqueles que o possuem em maior quantidade. O que move este mundo é o dinheiro – literalmente, se não fosse por ele as pessoas não sairiam de casa todos os dias para ir ao trabalho. Como diria David Icke com toda razão, a melhor tirania é a invisível, a menos que ela queira ser derrubada.

De qualquer forma, infelizmente alguns seres humanos só respeitam o que temem, o que pode lhes causar dano e é mais poderoso do que eles. Enquanto isto continuar, a desigualdade de poder também continuará extremamente necessária para o bem geral, pois os maus nada respeitam senão a ameaça de uma força maior. Mas o que fazer quando os maus estão no poder? Uma luta desigual vale a pena ser lutada?

Mas dilemas morais à parte, se houve um saber antigo em alguns aspectos igual ou mesmo superior ao atual, como ele se perdeu?

Bem, temos de admitir que nem só de mentiras é feita a Bíblia; pois já foram encontradas o que podemos chamar de provas que o dilúvio, se não total então parcial, realmente aconteceu. Já foram encontradas pirâmides submersas no Japão e próximas à Cuba. Lembremos que certas profundidades do oceano, devido à alta pressão, ainda são inacessíveis para o homem ou qualquer máquina, então talvez ainda haja muito mais lá – Cthullu, você está aí? Veja só como somos ignorantes, não conhecemos nem nossa própria casa por completo. Mas como se isto não bastasse, lembremos que o dilúvio está presente na “mitologia” de muitos povos que nunca tiveram nenhum contato entre si. A Wikipédia nos fornece até mesmo uma “lista de dilúvios”:

  • Dilúvio sumério
  • Dilúvio africano
  • Dilúvio hindu
  • Dilúvio grego
  • Dilúvio mapuche
  • Dilúvio pascuenses
  • Dilúvio maia
  • Dilúvio asteca
  • Dilúvio inca
  • Dilúvio uro

Esqueceram de incluir também o dilúvio nórdico, no qual todas as criaturas choram pela morte do mais amado e belo dos deuses, Balder (ou Baldur). Ainda segundo a Wikipédia:

“Antropólogos dizem que há mais de 1.000.000 (isso mesmo, um milhão!) de narrativas do dilúvio em povos e culturas diferentes do mundo e todas elas, coincidentemente ou não, são no início destas civilizações.”

Agora, se houve uma Ciência de alguma forma superior à nossa, terá ela se perdido por completo ou tido alguns resquícios preservados? Vejamos o que nos diz Del Debbio:

“…a Bíblia deve ser lida de maneira alegórica. Quando escrevemos que Noé levou dentro da Arca dois elefantes, queremos dizer que ‘os conhecimentos da civilização hindu foram preservados’, quando escrevemos que ele levou duas girafas, quer dizer que ‘os conhecimentos da civilização africana’ foram preservados e assim por diante. Não existe e nem nunca existiu barquinho algum. A ‘Arca’ de Noé é a mesma ‘Arca’ da Aliança, a fuga das águas e a fuga do Egito são apenas metáforas diferentes para a mesma situação: a preservação do conhecimento oculto.” – Extraído do texto “Dilúvio, Pirâmides e Stonehenge”

Ainda segundo ele:

“…o ato de imergir o corpo do candidato dentro de um rio ou banheira com água em uma iniciação (‘Baptizem’ em grego) representa simbolicamente que, apesar das águas terem coberto toda a civilização antiga e destruído tudo, sempre haverá alguém – o iniciado – para guardar e proteger estes segredos. Além disto, está ligado intimamente aos ritos de morte e renascimento (as doutrinas da reencarnação)…”

Mas… por que guardar esse conhecimento em segredo?

Como explanarei a seguir, suspeito de outras nem tão nobres, mas Bergier aponta-nos a possibilidade de uma boa razão:

“…se outras civilizações existiram antes da nossa e foram destruídas por abusos dos poderes da ciência e da técnica, a lembrança delas e de sua morte podem inspirar uma conspiração que visaria evitar que tais catástrofes tornassem a reproduzir-se. Uma ideologia dessa natureza pode, talvez, ser encontrada sem dificuldade nos escritos de Joseph de Maistre, Saint-Yves d’Alveydre ou René Guénon. Tal ideologia consiste em admitir a existência de uma Tradição mais antiga que a História, de centros detentores dessa Tradição e poderosamente protegidos; para ela, a ciência, as técnicas e os conhecimentos de toda natureza constituem um perigo permanente.”

Conclusão – As Duas Faces da Moeda

“…loucos jogam com palavras e fazem todos dançarem sua música
Afinada com milhões de famintos, para criar um tipo melhor de arma
(…) Enquanto os responsáveis pelo massacre cortam sua carne e lambem o molho
Lubrificamos os dentes da máquina de guerra e a alimentamos com nossos filhos” – 2 Minutes To Midnight, Iron Maiden

“Estou persuadido de que é possível escrever cinco linhas apenas que bastariam para destruir a civilização.” – Fred Hoyle, Os Homens e as Galáxias

Portanto, apesar de todos os pesares, devemos enxergar o quadro todo, isto é, ser imparciais e até mesmo fazer o papel de “advogado do Diabo” ou, no caso, dos Homens de Preto. Pois o conhecimento por si só não é mau nem perigoso, mas as pessoas que se apoderam dele podem sê-lo, assim como seu uso ou abuso. Infelizmente, podemos dizer que Hoyle estava certo: é possível “varrer” todo o planeta com armas nucleares, e o número de armas nucleares existentes já é suficiente para fazer isso até mais de uma vez. Então, dizer que o homem pode deflagar o Apocalipse[3] não é uma afirmação simbólica ou exagerada. Isto demonstra o lamentável grau de evolução em que o homem se encontra: ele já inventou algo capaz de fazer o mal a todos, mas ainda não inventou nada que possa beneficiar toda a humanidade (será que um dia inventará?). Mas mais assustador e preocupante do que o fato do homem ter desenvolvido uma arma capaz de aniquilar a si mesmo, é o fato de que ele tende, mais ou cedo ou mais tarde, a utilizar as armas que desenvolve. Uma civilização cujo grau de evolução científica é muito superior a seu grau de evolução moral talvez esteja fadada à auto-destruição. O ideal seria que caminhassem juntas, mas não é o que vemos. A corrida armamentista é um perigoso círculo vicioso onde, uma vez dado o pontapé inicial, não há mais volta. Uma vez que seu semelhante tenha desenvolvido determinada arma, é preciso pelo menos ficar em pé de igualdade para defender-se e não ser subjugado. E quando o conhecimento é usado para subjugar ao invés de beneficiar a todos, talvez ele deva mesmo ser proibido. Bergier também aborda esta importante questão em “Os Livros Malditos”:

“…o problema da aplicação das ciências e das técnicas para a guerra continua. A maior parte dos congressos científicos chegam cada vez mais à conclusão de que é preciso esconder certas descobertas e adotar atitude semelhante a dos antigos alquimistas; senão o mundo perecerá.” (Lembrem-se que isto foi escrito em 1971.)

Logo a seguir, ele vai ainda mais longe:

“Do mesmo modo, é evidente que os segredos da Alquimia não possam ser divulgados. Se é possível fabricar uma bomba de hidrogênio em um forno a gás, o que creio possível, pessoalmente, é preferível que o processo de fabricação não seja dado a público. (…) Não esqueçamos que em nossos dias qualquer um pode, com investimentos mínimos, construir um laboratório que Curie ou Pasteur teriam invejado. Pessoas já fabricam, em suas casas, o LSD ou a fenilciclidina, droga ainda mais perigosa. Se qualquer um, hoje, conhecesse o segredo de Filippov, poderia certamente encontrar no comércio todas as peças necessárias para construir o aparelho e, sem nenhum risco pessoal, fazer explodir, a muitos quilômetros de distância, pessoas (ou coisas) que lhe desagradassem.”

Cientista russo, em 1903 Filippov foi “encontrado morto em seu laboratório. (…) A polícia apreendeu todos os trabalhos do sábio, notadamente o manuscrito de um livro que deveria ser sua 301ª publicação. O Imperador Nicolau II examinou, ele mesmo, o processo, depois o laboratório foi completamente destruído e os papéis queimados.”

Então, quando nos lembramos do quão maligno o homem pode ser (ou, no fundo, é) fica difícil não dar pelo menos um pouco de razão aos Homens de Preto. O que é uma lástima, pois diz-se que tudo tem dois lados, e o conhecimento/poder também é uma faca de dois gumes: pode ser usado em prol do bem geral, ou para escravizar. O mesmo se aplicaria à descoberta de Filippov:

“Gorki publicou uma entrevista que teve com Filippov, e o que marcou o escritor foi a possibilidade de transmitir a energia à distância e industrializar, dessa forma, mais depressa o país que precisasse disso. Glenn Seaborg, presidente da comissão americana de energia atômica, evocou, o ano passado (1970), possibilidades análogas: uma energia que viria do céu sobre um feixe de ondas e que permitiria industrializar quase instantaneamente um país em vias de desenvolvimento, isto sem criar nenhuma poluição.”

Mas, se o conhecimento é uma faca de dois gumes, seu ocultamento também o é. O que nos deixa com a pergunta:

Através da ocultação do conhecimento somos mais protegidos ou dominados? Serão os Homens de Preto protetores da humanidade ou tiranos inescrupulosos que visam o monopólio do conhecimento e, assim, do poder? Talvez um pouco de cada, pois, parafraseando um amigo de Bergier, a porcentagem de cretinos talvez seja a mesma em todos os lugares.

A questão acima lembra-nos do significado de um famoso símbolo frequentemente mal interpretado como “satânico”, o Olho na Pirâmide. Como nos ensina o sábio Sr. Meias: “O cume é a elite, esclarecida pelo olho da consciência que tudo vê, e domina uma base cega feita de tijolos idênticos, que seria a população.” (O que também lembra-nos, é claro, de uma famosa canção de rock progressivo.)

Quem guardará os guardiões?

Para finalizar, é importante deixar claro que o termo “Homens de Preto” não refere-se a um grupo específico, mas é absolutamente genérico designando qualquer grupo cujo objetivo seja suprimir qualquer conhecimento. E agora tome cuidado, porque o Sr. J e o Sr. K podem bater à sua porta. E como nos ensina o Teste de Fidelidade, não confie em ninguém.

Notas:

[1] Na verdade a imprensa (máquina) é mais antiga do que muitos imaginam: segundo a Wikipédia, foi inventada em 1439 pelo alemão Gutenberg. Contudo, a impressão em escala industrial só surgiu no séc. XIX, possibilitada pela substituição da imprensa operada manualmente por prensas rotativas inicialmente movidas a vapor.

[2] Nascido Yakov Mikhailovich Berger, Bergier é mais conhecido por sua obra em parceria com Louis Pauwels, “O Despertar dos Magos”.

[3] Para outras possibilidades apocalípticas, leia “Projeto HAARP: A Máquina do Apocalipse”

Por Fenix Konstant

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/homens-de-preto-a-realidade-por-tras-da-ficcao/

O Que John Dee Viu No Espelho Negro?

John Dee realmente existiu. Nasceu em 1527 e morreu em 1608. Sua vida foi tão extraordinária que foram os romancistas que melhor o descreveram em obras de imaginação do que a maior parte de seus biógrafos. Estes romancistas são Jean Ray e Gustav Meyrink. Matemático distinto, especialista nos clássicos, John Dee inventou a idéia de um meridiano de base: o meridiano de Greenwich. Levou à Inglaterra, tendo-os encontrado em Louvain, dois globos terrestres de Mercator, assim como instrumentos de navegação. E foi assim o início da expansão marítima da Inglaterra.

Pode-se dizer, dessa forma – não participo dessa opinião – que John Dee foi o primeiro a fazer espionagem industrial, pois levou à Inglaterra, por conta da Rainha Elizabeth, quantidade enorme de segredos de navegação e fabricação. Foi certamente um cientista de primeira ordem, ao mesmo tempo que um especialista dos clássicos, e manifesta a transição entre duas culturas que, no século XVI, não eram, talvez, tão separadas como o são agora.

Foi também muitas outras coisas, como veremos. No curso de seus brilhantes estudos em Cambridge, pôs-se, infelizmente para ele, a construir robôs entre os quais um escaravelho mecânico que soltou durante uma representação teatral e que causou pânico. Expulso de Cambridge por feitiçaria, em 1547, foi para Louvain. Lá, ligou-se a Mercator. Tornou-se astrólogo e ganhou a vida fazendo horóscopos, depois foi preso por conspiração mágica contra a vida da Rainha Mary Tudor. Mais tarde, Elizabeth libertou-o da prisão e o encarregou de missões misteriosas no continente.

Escreveu-se com freqüência que sua paixão aparente pela magia e feitiçaria seriam uma “cobertura” à sua verdadeira profissão: espião. Não estou totalmente convencido disto.

Em 1563, numa livraria de Anvers, encontrou um manuscrito, provavelmente incompleto, da Steganographie de Trithème. Ele a completou e pareceu ter chegado a um método quase tão eficaz quanto o de Trithème.

Publicando a primeira tradução inglesa de Euclides, e estudando para o exército inglês a utilização de telescópios e lunetas, continuou suas pesquisas sobre a Steganographie. E em 25 de maio de 1581, elas superaram todas as suas esperanças.

Um ser sobre-humano, ou ao menos não-humano, envolto em luz, apareceu-lhe. John Dee chamou o anjo, para simplificar. Esse anjo deixou-lhe um espelho negro que existe ainda no Museu Britânico. É um pedaço de antracite extremamente bem polido. O anjo lhe disse que olhando naquele cristal veria outros mundos e poderia ter contato com outras inteligências não-humanas, idéia singularmente moderna. Anotou as conversações que teve com seres não-humanos e um certo número foi publicado em 1659 por Meric Casaubon, sob o título “A true and faithfull relation of what passed between Dr. John Dee and some spirits”.

Um certo número de outras conversações é inédito e os manuscritos se encontram no Museu Britânico.

A maior parte das notas tomadas por John Dee e dos livros que preparava, foram, como veremos, destruídos. Entretanto, restam-nos suficientes elementos para que possamos reconstituir a língua que esses seres falavam, e que Dee chamou a Língua Enochiana.

É a primeira linguagem sintética, a primeira língua não-humana de que se tem conhecimento. É, em todo caso, uma língua completa que possui um alfabeto e uma gramática. Entre todos os textos em língua enochiana que nos restam, alguns concernem à ciência matemática mais avançada do que ela estava no tempo de John Dee.

A língua enochiana foi a base da doutrina secreta da famosa sociedade Golden Dawn, no fim do século XIX.

Dee percebeu logo que não poderia lembrar-se das conversações que tinha com os visitantes estrangeiros. Nenhum mecanismo para registrar a palavra existia. Se dispusesse de um fonógrafo ou de um magnetóide, o seu destino, e talvez o do mundo, estariam mudados.

Infelizmente, Dee teve uma idéia que o levou a perder-se. Entretanto, tal idéia era perfeitamente racional: encontrar alguém que olhasse o espelho mágico e mantivesse conversações com os extraterrestres, enquanto ele tomaria nota das conversas. Em princípio, tal idéia era muito simples. Infelizmente, os dois visionários que Dee recrutou, Barnabas Saul e Edward Talbot, revelaram-se como grandes canalhas. Desvencilhou-se rapidamente de Saul, que parecia ser espião a soldo de seus inimigos. Talbot, ao contrário, que trocou seu nome pelo de Kelly, agarrou-se. E agarrou-se tanto que arruinou Dee, seduziu sua mulher, levou-o a percorrer a Europa, sob o pretexto de fazer dele um alquimista, e acabou por estragar sua vida. Dee morreu, finalmente, em 1608, arruinado e completamente desacreditado. O Rei James I, que sucedera a Elizabeth, recusou-lhe uma pensão e ele morreu na miséria. A única consolação que se pode ter é de pensar que Talbott, aliás, Kelly, morreu em fevereiro de 1595, tentando escapar da prisão de Praga. Como era muito grande e gordo, a corda que confeccionara rompeu-se e ele quebrou os braços e as pernas. Um justo fim a um dos mais sinistros crápulas que a história conheceu.

Apesar da proteção de Elizabeth, Dee continuou a ser perseguido, seus manuscritos foram roubados assim como uma grande parte de suas anotações.

Se estava na miséria, temos que reconhecer que parcialmente a merecera. Com efeito, após ter explicado à Rainha Elizabeth da Inglaterra que era alquimista, solicitara um amparo financeiro. Elizabeth da Inglaterra disse-lhe, muito judiciosamente, que se ele sabia fazer o ouro, não precisava de subvenções, pois teria suas próprias. Finalmente, John Dee foi obrigado a vender sua imensa biblioteca para viver e, de certo modo, morreu de fome.

A história reteve sobretudo os inverossímeis episódios de suas aventuras com Kelly, que são evidentemente pitorescos. Vimos aparecer aí, pela primeira vez, a troca de mulheres que, atualmente, é tão popular nos Estados Unidos.

Mas essa estatuária de Epinal obscureceu o verdadeiro problema, que é o da língua enoquiana, a dos livros de John Dee que nunca chegaram a ser publicados.

Jacques Sadoul, em sua obra “O Tesouro dos Alquimistas”, conta muito bem parte propriamente alquimista das aventuras do Dr. Dee e de Kelly. Recomendo-a ao leitor.

Voltemos à linguagem enoquiana e ao que se seguiu. E falemos primeiro da perseguição que se abateu sobre John Dee, desde que começou a dar a entender que publicaria suas entrevistas com “anos” não-humanos. Em 1597, em sua ausência, desconhecidos excitaram a multidão a atacar sua casa. Quatro mil obras raras e cinco manuscritos desapareceram definitivamente, e numerosas notas foram queimadas. Depois a perseguição continuou, apesar da proteção da Rainha da Inglaterra. Foi, finalmente, um homem alquebrado, desacreditado, como o seria mais tarde Madame Blavatsky, que morreu aos 81 anos de idade. Em 1608, em Mortlake. Uma vez mais a conspiração dos Homens de Preto parece ter vencido.

A excelente enciclopédia inglesa Man, Mith and Magic observou muito oportunamente em seu artigo sobre John Dee: “Apesar de os documentos sobre a vida de John Dee serem abundantes, fez-se pouca coisa para explicá-lo e interpretá-lo. Isto é verdadeiro.

Ao contrário, as calúnias contra Dee não faltam. Nas épocas de superstição afirmava-se que ele faria magia negra. Em nossa época racionalista pretendeu-se que seria um espião, que fazia alquimia e magia negra para camuflar suas verdadeiras atividades. Tal tese é notadamente a da enciclopédia inglesa que citamos acima.

Entretanto, quando examinamos os fatos, vemos primeiro um homem bem dotado, capaz de trabalhar 22 horas ao dia, leitor rápido, matemático de primeira ordem. Ademais, ele construiu autômatos, foi um especialista de óptica e de suas aplicações militares, da química.

Que foi ingênuo e crédulo, é possível. A história de Kelly o mostra. Mas que fez uma importante descoberta, a mais importante, talvez, da história da humanidade, não está totalmente excluso. Parece-me possível contudo, que Dee tenha tomado contato, por telepatia ou clarividência, ou outro meio parapsicológico, com seres não-humanos. Era natural, dada a mentalidade da época, que ele atribuísse a esses seres uma origem Angélica, em vez de fazê-los vir de outro planeta ou de outra dimensão. Mas comunicou-se bastante com eles para aprender uma língua não-humana.

A idéia de inventar uma língua inteiramente nova não pertencia à época de John Dee e nem de sua mentalidade. Foi muito depois que Wilkins inventou a primeira linguagem sintética. A linguagem enoquiana é completa e não se parece com nenhuma língua humana.

É possível, evidentemente, que Dee a tenha tirado integralmente de seu subconsciente ou inconsciente coletivo, mas tal hipótese é tão fantástica quanto a da comunicação com seres extraterrestres. Infelizmente, a partir da intervenção de Kelly, as conversações estão visivelmente truncadas. Kelly inventa-as e faz dizer aos anjos ou espíritos o que lhe convinha. E do ponto de vista de inteligência e imaginação, Kelly era pouco dotado. Possui-se notas sobre uma conversação onde pede a um dos “espíritos” cem libras esterlinas durante quinze dias.

Antes de conhecer Kelly, entretanto, Dee publicara um livro estranho: A Mônada Hieroglífica. Trabalhou nesse livro sete anos, mas após ter lido a Steganographie, terminou-o em doze dias. Um homem de Estado contemporâneo, Sir William Cecil, declarou que: “os segredos que se encontram na Mônada Hieroglífica são da maior importância para a segurança do reino.”

Certamente, quer-se ligar tais segredos à criptolografia, o que é bastante provável. Mas quando se quer relacionar tudo em John Dee com a hipótese de espionagem, isto me parece excessivo, pois os alquimistas e os magos utilizavam muito a criptografia, sob as formas mais complexas que não eram usadas pelos espiões. Tenho tendência a tomar Dee ao pé da letra e pensar que, por auto-hipnose produzida pelo seu espelho, ou por outras formas, ele ultrapassou uma barreira entre os planetas ou entre outras dimensões.

Por desgraça, ele era, por própria confissão, desprovido de todos os dons paranormais. Foi mal aceito pelos “médiuns” e isto terminou em desastre.

Desastre aliás provocado, explorado, multiplicado pelos “Superiores” que não queriam que ele publicasse às claras o que disse em código na Mônada Hieroglífica. A perseguição de Dee começou em 1587 e só parou com sua morte. Exerceu-se aliás também no continente, onde o rei da Polônia e o Imperador Rodolfo II foram advertidos contra Dee por mensagens “vindas dos espíritos”, e onde, a 6 de maio de 1586, o número apostólico entregou ao imperador um documento acusando John Dee de necromancia.

Foi um homem acovardado que chegou à Inglaterra, renunciando a publicar, e que morreu como reitor do Colégio de Cristo, em Manchester, posto que teve de 1595 à 1605, e que, ao que parece, não lhe deu satisfação.

Resta ainda, a respeito desse posto, uma problema não resolvido. Na mesma época o tzar da Rússia convidou John Dee para ir até Moscow, a título de conselheiro científico. Ele deveria receber um salário de duas mil livras esterlinas ao ano, quantia alta correspondente a um pouco mais de duzentas mil libras hoje, com moradia principesca e uma situação, que, de acordo com a carta do tzar, “faria dele um dos homens mais importantes da Rússia”. Entretanto, John Dee recusou. Elizabeth da Inglaterra teria se oposto? Teria ele recebido ameaças?

Não se sabe, os documentos são vagos. Em todo caso, as diversas calúnias segundo as quais Dee, completamente dominado por Kelly, percorrera o continente espoliando príncipes e ricos, uns após outros, perdem sua razão de ser quando se considera essa recusa. Talvez temesse que o tzar o obrigasse a empregar segredos que havia descoberto e tornasse, assim, a Rússia dominadora do mundo.

O que quer que seja, Dee se apresenta a nós como um homem que recebeu visitas de seres não-humanos, que aprendeu sua linguagem e procurou estabelecer com eles uma comunicação regular. O caso é único, sobretudo quando se trata de um homem do valor intelectual de John Dee.

Infelizmente, não se pode deduzir nada, a partir do que Dee nos deixou, do lugar onde habitariam tais seres, ou a natureza psíquica deles. Disse, simplesmente, que são telepatas e que podem viajar no passado e no futuro. É a primeira vez, que eu saiba, que aparece a idéia de viajar no tempo.

Dee esperava aprender desses seres tudo sobre as leis naturais, tudo sobre o desenvolvimento futuro da matemática. Não se tratava nem de necromancia nem de espiritualidade. Dee tinha a posição de um sábio que queria aprender segredos de natureza essencialmente científica. Ele mesmo descreve-se, a todo instante, como filósofo matemático.

A maior parte das notas desapareceu no incêndio de sua casa, outras foram destruídas em outras oportunidades e por pessoas diferentes. Restam-nos algumas alusões contidas em “A verdadeira relação de Casaubon”, e em certas notas que ainda existem. Tais indicações são extremamente curiosas. Dee afirma que a projeção de Mercator não é senão uma primeira aproximação. Segundo ele, a Terra não é exatamente redonda, e seria composta de várias esferas superpostas alinhadas ao longo de uma outra dimensão.

Entre essas esferas haveria pontos, ou antes, superfícies de comunicação, e assim é que a Groenlândia se estende ao infinito sobre outras terras além da nossa. Por isso, insiste Dee nas várias súplicas à Rainha Elizabeth, seria bom que a Inglaterra se apoderasse da Groenlândia de maneira a ter em suas mãos a porta para outros mundos.

Outra indicação: as matemáticas não estão senão no começo e pode-se ir além de Euclides, que Dee, lembramos, foi o primeiro a traduzir para o inglês. Dee teve razão ao afirmar isso, e as geometrias não-euclidianas que apareceriam mais tarde, confirmam seu ponto de vista.

É possível, diz igualmente Dee, construir máquinas totalmente automáticas que fariam todo o trabalho do homem. Isto, acrescenta, já foi realizado por volta de 1585 – gostaríamos muito de saber onde.

Insiste, igualmente, na importância dos números e na considerável dificuldade da aritmética superior. Uma vez mais, teve razão. A teoria dos números revelou-se como sendo o ramo mais difícil das matemáticas, bem mais que a álgebra ou a geometria.

É muito importante, notou John Dee, estudar os sonhos que revelam, ao mesmo tempo, nosso mundo interior e mundos exteriores. Esta visão, à moda de Jung, é muito avançada para a sua época. É essencial, notava ainda, esconder da massa segredos que possam ser extremamente perigosos. Encontra-se, ainda aí, uma idéia moderna. Como se encontra outra com relação a esse tema no jornal particular de Dee: saber que se pode tirar do conhecimento da natureza poderes perfeitamente naturais e ilimitados, mas que é necessário empregar muito dinheiro nessa pesquisa.

Foi para ter esse dinheiro que procurou a proteção dos grandes, e a fabricação do ouro. Nenhuma nem outra foram conseguidas. Se pudesse encontrar um mecenas, o mundo estaria bem mudado.

Entre todos os que encontrou, conheceu William Shakespeare (1564-1616)? Creio que sim. Um certo número de críticos shakespereanos estão acordes ao admitir que John Dee é o modelo do personagem Próspero, em “Tempestade”. Ao contrário, não se encontrou, ainda, que eu saiba, anti-shakespereanos bastante loucos para imaginar ser John Dee o autor das obras de Shakespeare. Entretanto, Dee me parece ser melhor candidato a esse título que Francis Bacon.

Não posso resistir ao prazer de citar esta teoria do humorista inglês A. A. Milne. Segundo ele, Shakespeare escreveu não só suas próprias obras como também o Novum Organum para o Conde de Francis Bacon, que era completamente iletrado! Tal teoria levantou em ira os baconianos, isto é, aqueles que pretendem ter sido Francis Bacon o autor das obras de Shakespeare.

Passando para outra lenda, John Dee jamais traduziu o livro maldito Necronomicon, de Abdul Al-Azred, pela simples razão que tal obra jamais existiu. Mas, como bem disse Lin Carter, se o Necronomicon tivesse existido, Dee seria, evidentemente, o único homem a poder encontrá-lo e traduzi-lo!

Infelizmente, esse Necronomicon foi inventado inteiramente por Lovecraft, que me confirmou esse fato por carta. Que lástima!

A pedra negra, vinda de outro universo, após ter sido recolhida pelo Conde de Peterborough, depois por Horace Walpole, encontra-se, agora, no Museu Britânico. Este não autoriza, nem que se possa usá-la, nem que se faça nela qualquer tipo de análise. Isto é lamentável. Mas se as análises do carvão de que é feita essa pedra dessem um composto isótopo que não o do carvão da Terra, provando que essa pedra teria origem fora dela, todo mundo ficaria fortemente embaraçado.

A Mônada Hieroglífica de Dee pode ser encontrada ou obtida por fotocópia. Mas sem as chaves que correspondem aos diversos códigos da obra, e sem os outros manuscritos de John Dee queimados em Mortlake ou destruídos sob as ordens de James I, ela não pode servir para grande coisa. Entretanto, a história do Dr. John Dee não acabou e dois capítulos ser-me-ão necessários para continuá-la.

por Jacques Bergier

Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/o-que-john-dee-viu-no-espelho-negro/

Como Nefer-Ka-Ptah Encontrou o Livro de Toth

Encontrei essa história ingênua, mas autêntica, no The wisdom of the Egyptians, de Brian Brown (New York, 1928), citado por Lin Carter numa antologia.

O papiro egípcio de onde esta história foi extraída data mais ou menos de trinta e dois séculos.

Nefer-Ka-Ptah encontrou o vestígio do Livro de Toth graças a um sacerdote antigo. O livro era guardado por serpentes e escorpiões, e principalmente por uma serpente imortal. Estava fechado numa sucessão de recipientes encaixados, os quais estavam no fundo de um rio. Auxiliado por um mágico, sacerdote de Ísis, Nefer-Ka-Ptah apoderou-se da caixa graças a um engenho de soerguimento mágico. Cortou então a serpente imortal em duas, enterrou as duas metades na areia, longe bastante uma da outra para que elas não se pudessem juntar. Leu, então, a primeira página do livro e compreendeu o céu, a Terra, o abismo, as montanhas e o mar, a linguagem dos pássaros, dos peixes e dos animais. Leu a segunda página e viu o Sol brilhar no céu noturno e em volta do Sol grandes formas dos deuses.

Entrou em sua casa, procurou um papiro novo e uma garrafa de cerveja, escreveu as fórmulas secretas do Livro de Toth no papiro, lavou-as com cerveja e bebeu essa cerveja. Assim, todo o saber do grande mágico ficou nele.

Mas Toth voltou do país dos mortos e vingou-se terrivelmente. O filho de Nefer-Ka-Ptah, e depois o próprio Nefer-Ka-Ptah e sua mulher morreram. Foi enterrado com todas as honras devidas a um filho de rei e o livro secreto de Toth foi enterrado com ele.

Aparentemente não para sempre. Pois o Livro de Toth reapareceu através dos séculos. Uma lenda posterior diz que a múmia de Nefer-Ka-Ptah, com suaas mãos cerradas em torno do Livro de Toth, foi encontrada por Apolônio de Tiana.

por Jacques Bergier

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/como-nefer-ka-ptah-encontrou-o-livro-de-toth/

Extraterrestres na Idade Média

Em 13 de agosto de 1491, Facius Cardan, pai do matemático Jerôme Cardan, anotou esta aventura:

Quando eu completei os ritos habituais, por volta das vinte horas, sete homens me apareceram, portando roupas de seda que lembravam tunicas gregas e calçados cintilantes. Usavam cotas de malha e, sob elas, roupas interiores vermelhas de extraordinária graça e beleza.  Dois deles pareciam ser um pouco mais nobres que os outros. O que tinha ar de comando tinha o rosto de cor vermelho-escuro. Disseram ter quarenta anos, embora nenhum deles parecesse ter mais que trinta. Perguntei quem eram. Responderam que eram homens compostos de ar, e seres como nós , sujeitos ao nascimento e à morte. Sua vida era muito mais longa que a nossa, podendo chegar a três séculos. Interrogados sobre a imortalidade da alma, responderam que nada sobrevive. Interrogados sobre o porque não revelavam aos homens os tesouros do seu conhecimento, responderam que uma lei severa impunha penalidades àqueles que revelavam seu saber aos homens. Demoraram com meu pai cerca de três horas. O que parecia ser o chefe negou que Deus tenha feito o mundo para toda a eternidade. Ao contrário, disse ele, o mundo é criado a cada instante ; caso Deus “desanime” , o mundo corre perigo.”

Os visitantes de Facius Cardan parecem ter sido os últimos de uma longa série , surgidos na Idade Média. Tinham o particular de se poder comunicar com os homens, não pretendiam em hipótese alguma ser anjos, não traziam nenhuma revelação; ao contrário , sua atitude parecia mais ainda com o nosso racionalismo moderno. Os visitantes de Facius Cardan negaram até a existencia de uma alma imortal, defendendo uma espécie de teoria a respeito da criação continua do Universo.

Os alquimistas e os místicos da Idade Média procuraram , evidentemente , ligar estes visitantes aos espíritos dos quais falam a Bíblia e a Cabala, mas se trata, evidentemente, de uma colaboração mitológica. De fato, houve, aparentemente, contatos com seres “fabricados”, “feitos a partir do ar”, segundo os visitantes de Cardan. Estes insistiram nos castigos que sofreriam se revelassem qualquer segredo.  Toda esta tradição permaneceu até o século XVIII data em que , nós o veremos, certos segredos serão desvendados.

Em outras regiões , estes seres foram assinalados mais tarde que na Europa: nos fins do século XVIII no Japão e para os índios da América do Norte. Nesta época os indios da Califórnia descreveram seres humanos luminosos , que paralisavam as pessoas com a ajuda de um pequeno tubo. A lenda índia precisa que as pessoas que foram para lisadas tiveram a impressão de terem sido bombardeadas com agulhas de cactus. Na Escócia, na Irlanda, tais aparições foram mencionadas desde tempos imemoriais, e até o século XIX, algumas vezes até o século XX. No século XIX, encontraram-se traços de um personagem estranho chamado Springheel Jack, luminoso à noite , capaz de saltar e voar ( Vide a musica dos Rollings Stones : Jumping Jack Flash ) , e que tentou entrar em comunicação com os homens. A primeira aparição data de novembro de 1837 – segundo testemunhas as mais seguras e precisas  –  em 20 de fevereiro de 1838, e a ultima em 1877. Desta vez, o estranho visitante cometeu a imprudencia de aparecer perto do campo de manobras de Aldershot. Duas sentinelas atiraram; o visitante revidou com jatos de chamas azuis , que exalavam um odor de ozona . As sentinelas se volatilizaram, e o visitante nunca mais apareceu.

Trata-se talve de reminiscencias . Com efeito, a densidade do fenomeno é muito inferior à do da Idade Média, onde se observa , a cada ano , aparições de estrangeiros luminosos. Em todo os relatos , estes são inseparaveis da idéia do fogo: a noção de energia não havia sido ainda inventada. Entretanto, quando interrogados, respondiam que não eram nem salamandras nem criaturas do fogo, mas homens de outra espécie.

É tentador quere atribuir-lhes a estranha série de incendios que , durante a grande peste de Londres , destruiu de súbito todas as casas que haviam sido contaminadas , e estas sómente , impedindo assim que a peste se propagasse , exterminando toda a população da Inglaterra. Seria um caso interessante de intervenção benéfica e benvinda.

É igualmente  chocante o fato de que estes visitantes sejam associados não sómente ao fogo , mas igualmente a poderes mais ou menos ligados ao fogo, em particular o poder de transmutação de metais.  Toda a Idade Média é cheia de lendas , e mesmo de sólidas crenças , a respeito da possibilidade de assinar pactos com estes visitantes. Infelizmente , nos é muito dificil compreender a mentalidade medieval.

A idéia racionalista , defendida por M. Homais , da Idade Média como um periodo de trevas , é uma caricatura da qual precisamos nos desembaraçar. A Idade Média foi um periodo de progressos rápidos , mais rápidos talvez que os nossos, mas que visavam a outros objetivos. Nós perdemos a noção mas ela seria necessária para que pudéssemos nos colocar  na mente de um homem no ano de 1000 ou do ano 1200, e compreender sua atitude frente aos visitantes que considerava como fazendo parte do
mundo em que ele vivia. Faz-se necessário salientar que os homens da Idade Média , que criam nos visitantes , eram espiritos essencialmente racionalistas, sem ligações com bruxarias ou com a Inquisição, fenomenos diferentes. Não se nega que estes contatos podem ter ocorrido , e as informações trocadas , entre os visitantes e homens como Roger Bacon, Jerôme Cardan ou Leonardo da Vinci. Em todo caso ,  a Idade Média admite, praticamente sem discussão , que é possivel entrar
em contato com criaturas revestidas de armaduras luminosas que se chamam demônios . O termo “demônio”não comporta as  conotações pejorativas de mal ou diabólico que apresenta em nossa linguagem. Ele lembra antes o sentido dos demonios de Sócrates, que discutiam com ele e lhe sugeriam idéias.

Depois de ter feito aparições no começo da era cristã , os demônios luminosos surgiram com as primeiras manifestações da franco-maçonaria, desde os séculos XIII e XIV . Foi por causa deles que os francos-maçons se denominaram “Filhos da Luz” e, a seguir , contarão os anos não a partir do nascimento do Cristo , mas sim de um ano de luz obtido adicionando-se 4.000 anos à era cristã.

Começam a se ligar a eles aspectos mais ou menos interplanetários. Em 1823, o Dr. George Oliver , historiador da franco-maçonaria , escreveu : “Anatiga tradição maçonica – e tenho boas razões para ser desta opinião – diz que nossa ciencia secreta existe desde antes da criação do globo terrestre e que ela foi largamente expandida através de outros sistemas solares”.

É contudo na Idade Média que ocorrem as aparições mais maciças de criaturas com vestimentas  de luz . Este mensageiros vão encontrar os rabinos , com quem discutem longamente sobre a Cabala, os poderes de Deus, o conhecimento e a exploração do tempo etc. Afirmam conhecer os guardiões do céu , dos quais , entretanto, não fazem parte. Vão aparecer igualmente entre os monges e os santos do Islão . São descritos sempre do mesmo modo, sua atitude intelectual é sempre racionalista. Falam de geometria, de uma sabedoria racional, à qual mesmo Deus se submete.

Saber-se-ia mais sobre eles se os arquivos dos Templários e dos Ismaelistas nos tivesse chegado às mãos . O que infelizmente não aconteceu. É certo , contudo, que, como os Templários , os Ismaelistas tinham por missão aguardar a entrada de uma Terra Santa que não é de nenhum modo, a Palestina. Uma Terra Santa que não é  localizável em nosso tempo e em nosso espaço, que possui uma geografia sacra diferente da nossa , estudada especialmente por dois franceses, Guénon e Henri Corbin. Também aí, pode-se tentar substituir a mitologia antiga por uma moderna , falar não de uma Terra Santa, mas de uma porta que se abre para uma outras dimensões que não são as três conhecidas , uma estrutura da Terra mais complexa que o globo que se vê de um satelite e na qual nossa civilização crê de maneira tão pouco crítica quanto outras civilizações acreditam na Terra plana.

Isto não é proibido, mas é ainda a troca de uma mitologia tradicional por outra mitologia saída da ficção cientifica e dos desenhos animados.E não é certo que se tenha a ganhar com isso. De maneira geral , deve-se desconfiar do simbolismo.  René Alleau escreveu: “Pode-se estabelecer ligações entre esse simbolo e as duas serpentes do caduceu de Hermes, simbolos de força que destrói e edifica, isto é, o duplo poder das chaves  de um mesmo fogo sagrado”

Tudo isso é muito belo. Mas não se pode dizer que o caduceu de Hermes representa a hélice dupla do ADN. Antes de se contentar com simbolos, é preciso , me parece, admitir que há no mundo fenomenos que não são unicamente devidos à atividade da natureza ou à atividade voluntária do homem. Depois ,estudar estes fenomenos , certamente com uma idéia preconcebida , mas sem pretender que se receba essa idéia da revelação de mestres desconhecidos ou de mansucritos provenientes de um monastério tibetano que não existe nos mapas, e apresentar esta idéia preconcebida como uma questão de fé. Não pretendo me pronunciar com autoridade absoluta sobre a origem e a constituição desses demonios luminosos. Simplesmente direi que, a meu ver, trata-se de pesquisadores enviados por seres capazes de acender e extinguir as estrelas à vontade, pesquisadores talvez criados por tais seres . Eu creio que sua origem talvez seja  a própria Terra , mas em uma região dificilmente localizável
em um mapa-múndi.

Sabe-se , com certeza , que após se manifestarem frequentemente na Idade Média , prosseguiram em suas atividades durante o Renascimento . Visitaram Cardam . Assim como seu quase contemporâneo J. N. Porta ( 1537-1615) que escreveu uma enciclopédia , Magia naturalis , cuja primeira edição data de 1584, na qual, segundo o próprio autor , ele procura associar , à pesquisas experiemtntais , um saber recebido de fonte natural. Daí o titulo : “Magia natural” Porta será o primeiro a estudar cientificamente as lentes , a descrever um telescópio, a predizer a fotografia . Ele tem , portanto , merecido lugar na história das ciencias. Mas ele foi menos estudado no domínio que nos interessa.

O Cardeal d’Este , que se apaixonava pelos seus trabalhos , fundou em 1700 uma organização , que se reunia em sua casa , e que se chamava , muito significativamente, Academia de Segredos . Muitos vêem nela a primeira academia de ciencias. De minha parte, eu (J.Bergier) a vejo acima de tudo como um organismo intermediário entre os agrupamentos desconhecidos da Idade Média e do inicio da Renascença , e o Colégio Invisivel , do qual ja falamos muito. Observemos de passagem que , sobre a Rosa-Cruz, cujos escritos mencionam constantemente os demonios, assim como as lâmpadas perpétuas que lhes deixaram, Fulcanelli escreveu, e com razão :

Os adeptos portadores do titulo são sómente irmãos pelo conhecimento e pelo sucesso de seus trabalhos. Nenhum juramento era exigido , nenhum estatuto os ligava entre si, nenhuma regra além da disciplina hermética livremente aceita, voluntáriamente observada, influenciava seu livre arbítrio. Foram e são ainda isolados, trabalhadores dispersos no mundo, pesquisadores cosmopolitas, segundo a mais estreita acepção do termo. Como os adeptos não reconheciam nenhum grau de hierarquia , a Rosa-Cruz não era uma graduação , mas apenas a consagração de seus trabalhos secretos, a da experiencia, luz positiva cuja fé viva lhes havia revelado a existencia . . . Jamais houve entre os possuidores do título outro laço senão a verdade cientifica confirmada pela aquisição da pedra. Se os Rosa-Cruzes são irmãos pela descoberta, o trabalho e a ciência, irmãos pelas obras e pelos atos, isso ocorre com um conceito filosófico , o qual  considera todos os individuos como membros da mesma familia humana

Quer dizer que não creio absolutamente em uma organização estruturada dos Rosa-Cruzes, como lojas ou células. Eu creio em encontros entre pesquisadores livres, alguns dos quais já visitados pelos demonios. Muitos tiveram em seguida conhecimentos surpreendentes, e pode-se perguntar de onde Cyrano de Bergerac tirou a descrição de um foguete por estágios ou de um poste receptor de TSF.  Pois. se os demonios não difundem o saber , eles o transportam talvez de um pesquisador a outro. Talvez mesmo mantivessem eles fora do alcance da Inquisição, um centro de saber onde seriam conservados os manuscritos. Encontram-se estas concepções no esoterismo judaico da Idade Média.

Estas criaturas de luz, muito ativas, do ano 1.000 ao ano 1.500 , desapareceram totalmente: no século XVII, são encontrados em pequeno número, e desaparecem inteiramente no século XVIII. Nada mais em seguida, senão uma curiosa visão de Goethe, visão que ocorreu em uma época em que ele estava muito doente.

Os demonios deixaram atrás de si, estranhos objetos. Por exemplo, esta esfera metálica da qual falam os Templários em suas confissões. Ela não sómente emitia luz, mas também radiações hoje desconhecidas. Em Chipre, ela teria destruido várias cidades e muitos castelos. Quando foi lançada no mar, uma tempestade se elevou e nesta região nunca mais houve peixes.

Há também as lâmpadas perpétuas que se encontram tanto na tradição judaica da Idade Média , como na do Islã ou da Rosa-Cruz: as lâmpadas funcionariam indefinidamente , sem azeite, sem produto que queima ou se consome. Não se podia toca-la, sob pena de provocar uma explosão capaz de destruir uma cidade inteira. Também aí encontra-se a utilização de forças , de energia, que parecem físicas , e que não correspondem aos conhecimentos da época. Muitos textos judaicos afirmam que estas lâmpadas provêm de lâmpadas do céu.

Infelizmente, nenhum dos relatos que datam da Renascença ou de depois e que fazem alusão às lampadas deste tipo encontradas em tumbas na Alemanha e Inglaterra, puderam ser confirmados. Lâmpadas muito estranhas e de grande beleza foram encontradas em Lascaux, mas ignora-se como funcionavam.

Uma tradição persistente afirma que a descoberta de um túmulo secreto contendo uma lâmpada perpétua teria sido a origem da criação da maçonaria inglesa. Esta descoberta teria ocorrido poucos anos antes da iniciação de Elias Ashmole em Warrington, em 1646. Nada o confirma. De modo geral, todas as tentativas de ligar a franco maçonaria a tradições anteriores a 1600 têm o presente momento , abortado.

Tem-se pretendido , em particular , que a Ordem do Templo não tenha sido perseguida na Inglaterra, como sistematicamente o foi em toda a Europa, e que os sobreviventes da Ordem teriam fundado a maçonaria inglesa, transportando diretamente as tradições da Ordem para esta fundação, mais ou menos em 1600. Muitos maçons sinceros crêem nesta tradição, mas nunca eu jamais encontrei quem a  confirmasse verdadeiramente. Nós temos documentos certos que provam que as lojas maçonicas funcionavam na Escócia já em 1599. Nada antes disso. De que há ligações entre a maçonaria e as “criaturas de luz”, vindas para ensinar , não há duvida. Mas não se pode sustentar que se possa deduzir  que a maçonaria prolongou a tradição dos “guardiões do céu”.

Esta tradição corresponde às aparições precisas , humanamente controláveis, e que determinaram uma  fase precisa da série de intervenções hipotéticas estudadas neste livro. Para um homem da Idade Média  , fosse ele cristão , muçulmano ou judeu, seria tão natural discutir com um ser de luz como receber a  visita de um viajante de país longinquo. Se estas criaturas inspiravam curiosidade e por vezes cobiça pelos conhecimentos que possuiam, nunca inspiraram medo ou terror. A partir de um certo nível de cultura, parecia que os cristãos , muçulmanos ou judeus, acreditavam num Centro onde o alto saber era conservado e onde os visitantes vinham até eles. Eis porque, por exemplo, a visita dos embaixadores  vindos do reino do Padre João provocou curiosidade, mas não surpresa.

Hoje em dia, certos eruditos do Islão acreditam na existencia desses Centros, mas poucas pessoas na Europa , ou na América o crêem. Em compensação na Idade Média , a existencia deste Centro e de um  Rei do Mundo governado a partir deste Centro, era geralmente admitida, e parecia totalmente natural que  esse rei enviasse mensageiros. Assim como é natural para os primitivo, hoje, ver pousar aviões, provenientes dos Estados Unidos ou do Japão, em regiões da Nova Guiné  ou da América do Sul, onde  não existe contato com a civilização avançada. Os habitantes dessas regiões sabem da existencia de  um ou vários centros de civilização mais avançada que a sua. Mas fazem idéias extremamente vagas desses centros, se bem que fundamentem nessas visitas religiões que se chamam “os Cultos do Cargo“.

Do muito tempo dos demonios luminosos nos resta um manuscrito que poderia talvez nos revelar os segredos se soubermos decifra-lo. É o famoso manuscrito Voynich.

Algumas palavras antes de entrar no mistério do manuscrito. A criptografia , arte de compor mensagens secretas , se desenvolveu paralelamente à alquimia e ao esoterismo. Para não dar mais do que dois exemplos. Trithème e Blaise de Vigenère são , ao mesmo tempo, dois grandes alquimistas, dois grandes mágicos e pioneiros da criptografia. Se, graças a eles, a criptografia progrediu até chegar a ser uma ciência exta, a arte de decifrar mensagens sem conhecer os códigos ou os simbolos é muito menos avançada. Os grandes ordenadores, certamente, facilitam o trabalho, mas não o fazem por si mesmos. Um grande decifrador funciona graças a uma espécie de percepção extra-sensorial, que o faz descobrir a informação num caos de numeros e letras.

Como testemunha esta anedota que vivi: Um dos grandes decifradores franceses, cujo nome não me é possivel citar, foi insistentemente procurado por um cura que afirmava ter inventado um código à prova de qualquer decifração. Finalmente, o decifrador consentiu em recebe-lo. Assisti à entrevista. O cura se sentou e estendeu a meu amigo uma folha de papel recoberta de grupos de cinco letras. Meu amigo deu uma olhadela , e cinco segundos depois dizia:

    –    Senhor Padre, o texto evidente de vossa mensagem é: Duas pombas se amam com amor
terno, de La Fontaine
    O cura se persignou , aterrorizado. Perguntou:
   –   Como pode o senhor. . . ?
    E ele me respondeu :
    –    Nem eu mesmo sei. Qualquer coisa na estrutura da mensagem me sugeria: Duas pombas se
amam com amor terno.

Se este relampejar de gênio não existisse, a decifração seria impossivel. Uma idéia muito simples pode
se ocultar totalmente, porque o decifrador não pensa nela.

Estamos agora prontos a  enfrentar os mistérios do manuscrito Voynich. Este manuscrito poderá ser seu, se quiser pagar por ele um milhão e cem mil francos novos. Tem duzentas e quatro páginas, vinte e  oito outras foram perdidas. Não se pode decrifar uma só palavra. Por que então esse preço astronomico,  por que desperta tanto interesse?

É que, quando o manuscrito foi descoberto em 1912 pelo especialista em livros raros, Wilfrid Voynich, ele tinha comprado da escola de jesuitas de Mondragone,  em Frascati. Itália , documentos antigos da Companhia. Documentos sensacionais . Uma missiva de 19 de agosto de 1966 , assinada por Johanes Marcus MArci, reitor da Universidade de Praga, recomendava o manuscrito ao Padre Athanase Kircher, o mais célebre criptografo de seu tempo. O reitor afirmava  que o manuscrito era de Roger Bacon. O manuscrito foi oferecido por volta de 1585 ao Imperador Rodolfo II pelo alquimista e mágico John Dee, que não havia conseguido decifra-lo, mas estava persuadido que ele continha os mais formidáveis segredos. Voynich levou o manuscrito aos Estados Unidos , onde os melhores decifradores inclusive os das Forças Armadas Americanas , o examinaram , sem nenhum sucesso.

 Em 1919 , Voynich tirou fotocópias do manuscrito e levou-as ao professor William Romaine  Newbold, que era um grande decifrador e havia prestado inumeráveis bons serviços ao governo americano. O professor de filosofia, Newbold, com cinquenta e quatro anos de idade, era um homem de cultura prodigiosa. Pretendia-se  na época ser ele o unico a saber onde estava o Santo Graal.

Em abril de 1921 , Newbold anunciou os primeiros resultados. Fantásticos. Segundo os textos, Roger Bacon havia identificado a nebulosa de Andromeda como uma galáxia, conhecia os cromossomos e seu  papel, construira um microscópio, um telescópio e outros instrumentos. Isto causou sensação no mundo inteiro, mas muitos outros decifradores não estavam de acordo com a solução de Newbold. Esta , de qualquer  modo, não era senão parcial e cobria , no máximo , um quarto do manuscrito. Parece que em certo momento o próprio método de codificação do manuscrito se modifica .

Era preciso encontrar a solução completa. Newbold não teve tempo de fazê-lo antes de sua morte, em 1926. Seu trabalho foi continuado por um dos seus colegas, Rolland Grubb Kent, que publicou resultados bem recebido por certos historiadores , não tão bem por outros. A grande objeção  feita ao trabalho de Newbold era que Bacon não podia , em sua época , conhecer as nebulosas espirais nem a constituição do nucleo celular. Eu ( J.Bergier) não estou totalmente de acordo com essa objeção: se Bacon entrou em contato com o exterior, pode muito bem ter recebido informações que parecem provir do seu futuro, e mesmo do nosso futuro.

Em 1944, o Cel. William F. Friedman, que durante a Segunda Grande Guerra decifrou o código japonês, organizou um grupo multidisciplinar constituido por matemáticos , historiadores, astrônomos e especialistas em criptologia. Este grupo utilizou máquinas muito aperfeiçoadas mas não conseguiu decifrar o manuscrito. Entretanto, encontrou-se a razão deste malogro: o manuscrito não era escrito em inglês, nem em latim, mas em uma lingua artificial, inventada não se sabe por quem ( as primeiras linguas artificiais datam do século XVII e são muito posteriores a Bacon), e não correspondem a nenhuma lingua humana conhecida. Nestas condições, como Newbold pôde decifrar  uma parte, pelo menos, do manuscrito? Por uma intuição genial, que o conduziu ao sentido pela linguagem artificial, mas que não se aplica a certas partes do manuscrito. As pesquisas continuam. Todo mundo se põe de acordo com o fato de que este manuscrito apresenta sentido e que não é brincadeira ou mistificação. Voynich morreu em 1930 , sua mulher em 1960, e seus herdeiros venderam o manuscrito a um livreiro de Nova York, Hans P. Kraus, que pede atualmente por ele um milhão e cem mil francos. E Kraus declarou recentemente que , decifrado, o manuscrito valerá dez milhões de dólares.

Pretendeu-se propor métodos de decifração fundados na “linguagem dos demonios luminosos”, que John Dee descreveu com certa precisão. Essas tentativas fracassaram. Um dos objetivos da  INFO (International Fortiana) que continuou a obra de Charles Fort, é decifrar o manuscrito Voynich. Até o presente, não o conseguiu. O segredo dos demônios e talvez outros ainda mais extraordinários se encontram nestas páginas recobertas de uma escrita medieval.
Extraido do livro Os Extraterrestres na História de Jacques Bergier  –  Editora Hemus –  1970

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/extraterrestres-na-idade-media/

O Manuscrito de Mathers

O manuscrito Mathers, como a Steganographie e o manuscrito Voynich, está em código. Mas tem o bom gosto de estar em código de dupla transposição relativamente simples, o que permitiu us decifração rapidamente. Vi muitas folhas dessa decifração que me pareceu correta. Essa decifração mostra a aventura oculta mais extraordinária de nossa época, a da Ordem Golden Dawn.

Mostra, também, a redação de um conjunto de documentos mágicos, logo malditos, que, pelo que sei, nunca foi publicado, mas que já provocou muitas catástrofes.

Comecemos do início.

Um clérigo inglês, Rev. A. F. A. Woodford, passeava em Londres, ao longo da Farrington Street. Entrou na loja de um vendedor de livros de ocasião e aí encontrou manuscritos cifrados e uma carta em alemão. Isto se passou em 1880. O Rev. Woodford começou lendo a carta em alemão. Essa carta dizia que aquele que decifrasse o manuscrito podia comunicar-se com a sociedade secreta alemã Sapiens Donabitur Astris (S. D. A.), através de uma mulher, Anna Sprengel. Outras informações lhe seriam, então, comunicadas se ele fosse digno delas.

O Rev. Woodford, maçon e Rosa-Cruz, falou de sua descoberta a dois de seus amigos, o Dr. Woodman e o Dr. Winn Westcott, todos os dois eruditos eminentes e, além do mais, cabalistas. Ocupavam postos elevados na maçonaria. O Dr. Winn Westcott era “coroner”, posto jurídico muito conhecido dos leitores de romances policiais ingleses. Um “coroner” desempenha ao mesmo tempo o cargo de médico legista e de juiz de instrução. Em caso de morte suspeita, reunia um júri que pronunciava um veredicto, podendo, eventualmente, haver intervenção da justiça e da polícia. Um desses seus veredictos foi célebre no século XIX; o júri concluíra que um desconhecido encontrado morto num parque londrino havia sido assassinado “por pessoas ou coisas desconhecidas”. Seria bom poder afirmar que foi o Dr. Westcott quem redigiu esse veredicto, e de forma verdadeiramente estranha. Não podemos, no entanto, provar, isso, mas veremos, mais tarde, que o Dr. Westcott perdeu seu posto em circunstâncias singulares.

Em todo caso, Woodman e Westcott ouviram falar da Sapiens Donabitur Astris. Trata-se de uma sociedade secreta alemã composta sobretudo de alquimistas. Essa sociedade, graças aos medicamentos de alquimia, salvou a vida de Goethe que os médicos comuns haviam desistido de curar.

O fato é perfeitamente conhecido e a Universidade de Oxford publicou um livro: “Goethe, o Alquimista”. A SDA parece existir ainda em nossos dias; estava ligada aos “círculos cósmicos” organizados por Stephan George, que combateram Hitler. O Conde von Stauffenberg, organizador do atentado de 20 de julho de 1944, fazia parte desses círculos cósmicos. O último representante conhecido da SDA foi o Barão Alexander von Bernus, morto recentemente.

Westcott e Woodman decifraram facilmente o manuscrito e escreveram à Anna Sprengel. Receberam instruções para prosseguir nos trabalhos. Foram auxiliados por um outro maçon, um personagem indeterminado, de nome Samuel Liddell Mathers, casado com a irmã de Henri Bérgson. Era um homem de cultura espantosa, mas de idéias muito vagas. Redigiu o conjunto inédito dos “rituais Mathers”. Tais rituais se compõem de extratos do documento alemão original, de outros documentos de posse de Mathers, e mensagens recebidas pela Srª Mathers, pela clarividência. O conjunto foi submetido à SDA na Alemanha que autorizou o pequeno grupo inglês a fundar uma sociedade oculta exterior, isto é, aberta. A sociedade chamou-se Order of the Golden Dawn in the Outher: Ordem da Aurora Dourada no Exterior. Em 1º de março de 1888, essa autorização foi dada a Woodman, Mac Gregor Mathers e ao Dr. Westcott. Samuel Liddell Mathers acrescenta ao seu nome o título de Conde de mac Gregor, e anuncia que é a reencarnação de uma boa meia dúzia de nobres e de magos escoceses.

Em 1889, o nascimento dessa sociedade foi anunciado oficialmente. É interessante notar que foi a única vez no século XIX, assim como no século XX, que uma autoridade esotérica qualificada, a SDA, dá uma autorização para fundar uma sociedade exterior. Tal autorização nunca foi dada novamente, e não aconselho ninguém a lançar uma sociedade desse gênero sem autorização: isto seria atrair os mais sérios inimigos.

Após a morte, ao que tudo indica natural, do Dr. Woodman, a Ordem foi dirigida por Westcott e Mathers. Em 1897, Wescott teve a infelicidade de esquecer, dentro de um táxi, documentos internos sobre a Ordem. Tais documentos acabaram na polícia que não achou recomendável um “coroner” se ocupara de tais atividades, pois poderia ficar tentado a utilizar os cadáveres que são postos à sua disposição, para operações de necromancia. Westcott demitiu-se da Ordem, achando isto preferível.

A sociedade começou a se desenvolver e atraiu homens de inteligência e cultura indiscutíveis. Citemos Yeats, que deveria obter o prêmio Nobel de Literatura, Arthur Machen, Algernon Blackwood, Sax Rohmer, o historiador A. E. Waite, a célebre atriz Florence Farr e outros. Os melhores espíritos da época, na Inglaterra, faziam parte da Golden Dawn. O centro ficava em Londres. Seu chefe, o Imperador, era W. B. Yeats.

Havia outros centros na província inglesa, e em Paris, onde Mathers passa a residir, de preferência.

A ordem tem dois níveis:

– O primeiro, dividido em nove degraus, onde se ensina;

– O segundo, sem degraus nem graus, onde se pesquisa.

O ensinamento diz respeito à linguagem enoquiana de John Dee, cuja tradução é dada desde o primeiro grau do primeiro nível. Infelizmente, tais traduções foram destruídas ou escondidas. Não resta senão textos em enoquiano, particularmente um texto que permite ficar invisível: “Ol sonuf vaorsag goho iad balt, lonsh calz vonpho. Sobra Z-ol ror I ta nazps”. Isto não se parece com nenhuma língua conhecida. Parece que se recita corretamente tal ritual, é-se envolto por uma elipsóide de invisibilidade a uma distância média de 45 centímetros do corpo. Não vejo objeção.

O ensinamento era em língua enoquiana; sobre alquimia, e sobretudo sobre a dominação de si mesmo.

Desde o segundo degrau do primeiro nível, o candidato era tratado de maneira a eliminar todos os seus males mentais e todas as suas fraquezas. Conhecem-se cinqüenta tratamentos desse tipo que parecem ter bons efeitos.

Durante cinco ou seis anos, a Ordem deu satisfações a todo mundo, e todos que dela participavam dizem que mentalmente ficaram enriquecidos. Depois Mathers se pôs a fazer das suas. Em 29 de outubro de 1896, publicou um manifesto afirmando que existia um terceiro nível na Ordem. O terceiro nível era, segundo ele, constituído de seres sobre-humanos, dos quais dizia:

“Creio, no que me concerne, que eles são humanos e que vivem nesta terra. Mas possuem espantosos poderes sobre-humanos. Quando os encontro em lugares freqüentados, nada em suas aparências ou vestimentas os separa do homem comum, salvo a sensação de saúde transcendente e de vigor físico.

Em outros termos, a aparência física que deve dar, segundo a tradição, a posse do elixir da longa vida. Ao contrário, quando os encontro em lugares inacessíveis ao exterior, trajam roupas simbólicas e as insígnias de suas ordens.”

Evidentemente, pode-se pensar diversamente quanto ao conteúdo desse manifesto, e perceber a loucura de Mathers, mas é preciso pensar que ele talvez não estivesse mentindo. Tudo o que se pode dizer é que seria muito melhor que ele se calasse. De um lado, foi a partir daí sujeito a uma perseguição que o conduziu à morte em 1917. De outro lado, seu manifesto atraiu pessoas pouco recomendáveis à sociedade, como o célebre Aleister Crowley.

Personagem sinistro e sem dúvida megalomaníaco, em todo caso, delirante, Crowley apareceu um belo dia de 1900 na Loja de Londres. Trazia uma máscara negra e um costume escocês. Declarou ser enviado de Mathers, designado para dirigir a Loja de Londres. A reação foi violenta. Yeats, Imperador da Loja, depôs Mathers e expulsou Crowley. A. E. Waite pôs em dúvida a existência do terceiro nível e de superiores desconhecidos.

Em 1903, Waite e um certo número de amigos demitiram-se e constituíram uma outra ordem chamada igualmente Golden Dawn. Essa ordem se manteve até 1915, depois desapareceu. O restante dos membros da Golden Dawn continuaram até 1915, depois Yeats, Arthur Manchen e Winn Westcott se demitiram.

A ordem continuou bem ou mal sob a direção de um tal Dr. Felkin, depois caiu no esquecimento e se extinguiu. Assim terminou o que Yeats chamara de “a primeira revolta da alma contra o intelecto, mas não a última”. Parece que Mathers retirou o conjunto de rituais que permitiram reproduzir certos fenômenos. Todas as tentativas para publicá-los foram interrompidas, pois os manuscritos pegavam fogo ou ele mesmo caía doente. Morreu em 1917 completamente alquebrado. Alguns dizem que Crowley foi seu principal perseguidor, mas Crowley pareceu, com efeito, ser apenas um megalomaníaco bem pouco perigoso.

Se o conjunto de rituais de Mathers desapareceu, um certo número de rituais ou de trabalhos feitos pela Golden Dawn foi publicado. Notadamente, em quatro volumes, nos Estados Unidos, pelo Dr. Israel Regardie, e no início do ano de 1971, “The Golden Dawn its inner teachings” de R. G. Torrens BA (editor Neville Spearman, Londres).

Esse último livro tem a dupla vantagem de ser escrito de maneira racional e de dar, ao fim de cada capítulo – e ele tem quarenta e oito – uma biblioteca breve e precisa.

Por outro lado, possui-se muitos testemunhos sobre a Golden Dawn.

É possível chegar à uma conclusão. O que choca, desde logo, é um notável nível de inteligência e cultura da maioria de seus participantes. A Golden Dawn contava não somente com grandes escritores, mas também com físicos, matemáticos, peritos militares, médicos. O que é certo é que todos os que passaram pela experiência da Golden Dawn de lá saíram enriquecidos. Todos insistiram sobre o embelezamento de suas vidas, nova plenitude, senso e beleza que a Golden Dawn lhes deu.

Gustav Meyrinck escreveu: “Sabemos que existe um despertar do eu imortal.”

Parece certo que a Golden Dawn sabia provocar esse despertar, e que ela realizara esse sonho eterno dos alquimistas, dos gnósticos, dos cabalistas e dos Rosa-Cruzes, para citar apenas algumas direções de procura: a transmutação do próprio homem.

Qualquer que seja o ceticismo que se possa manifestar a respeito da magia – e meu ceticismo pessoal é bastante considerável – não resta dúvida de que a Golden Dawn chegou a uma experiência mágica melhor do que qualquer outra na história da humanidade, de nosso conhecimento. Não somente logrou conseguí-la, mas ainda foi capaz de ensiná-la.

Durante milênios o homem sonhou um estado de consciência mais desperto que seu próprio despertar. A Golden Dawn chegou a isso. O que parece não tão certo, mas pelo menos provável, foi que a Golden Dawn chegou a traduzir o alfabeto enoquiano de John Dee, e que seus dirigentes leram a obra de John Dee, a de Trithème e, talvez, o manuscrito Voynich, se é que possuíam uma cópia. Isto não é de todo impossível, pois John Dee fez muitas.

Isto admitido, a questão evidente é saber-se porque um tal acúmulo de conhecimentos e de poder não chegou a constituir uma verdadeira central de energia, uma cidadela fulgurante que teria dominado o século XX. É certo que a Golden Dawn suscitou hostilidades, mas é certo também que ela se decompôs internamente antes de sua destruição externa.

Quis-se atirar a responsabilidade dessa destruição sobre Aleister Crowley. Que este pretenso mágico era um louco varrido, é indiscutível. Além de sua loucura, que era constituída por um tipo clássico de delírio sexual, Crowley tinha o dom extraordinário de meter-se em histórias incríveis. Durante a Primeira Guerra Mundial, colocou-se ao lado da Alemanha, denunciando, violentamente, a Inglaterra. Alguns pretendem que foi ele quem, através de informações fornecidas aos serviços secretos alemães, permitiu que um submarino colhesse o transatlântico Lusitânia, cujo torpedeamento fez com que os Estados Unidos entrassem na guerra. Crowley teve um certo número de inimigo nos Estados Unidos e partiu para Sicília, onde criou uma abadia em Cefalu (atualmente, tal lugar é uma vila do clube Mediterrâneo).

Um incidente deplorável aconteceu na abadia de Crowley. Um poeta oxfordiano, chamado Raul Loveday, bebeu, durante uma cerimônia de missa negra, o sangue de um gato, e morreu instantaneamente, o que não estava previsto. Sua viúva fez um escândalo, e sob pressão da imprensa Crowley foi expulso da Sicília em 1923.

Em seguida, viveu na Inglaterra onde tentou processar a imprensa por difamação. Os juízes decidiram que Crowley era o personagem mais detestável, que jamais haviam encontrado antes, e recusaram conceder-lhe um centavo sequer de perdas e danos morais. Caiu, em seguida, numa miséria profunda, para morrer numa pensão de família, em Hastings, em 1947. a impressão que se depreende de sua vida e obra, é a de um infeliz que poderia perfeitamente receber cuidados, e não a de um personagem perigoso. Crowley não era, aliás, o único escroque nas mãos dos quais Mathers caiu.

Por volta de 1900, foi vítima de uma dupla chamada Horos, que se dizia representante de Superiores desconhecidos, e que foi condenada, no ano seguinte, como escroques, simplesmente. A Golden Dawn foi, então, bastante mencionada na imprensa, e isto deve ter provocado certas demissões.

A imprensa ocupou-se, igualmente, da Golden Dawn em 1910, quando Mathers tentou impedir a saída do jornal de Crowley, Equinox, que publicava, sem autorização, rituais da Golden Dawn. Um tribunal inglês decidiu sobre o caso e o número do jornal apareceu.

O que, evidentemente, não melhorou o prestígio de Mathers; numerosos foram os que observaram que se Mathers realmente tinha poderes, poderia exterminar Crowley, ou que se Crowley os tivesse, poderia exterminar Mathers. Conhecem-se, aliás, muitos exemplos modernos de duelos de feiticeiros que não dão, geralmente, bons resultados. É certo que a ingenuidade de Mathers o prejudicou, mas não parece ser essa a causa principal do declínio da Golden Dawn.

Segundo o que pude recolher, a partir de fontes pessoais, o exercício de um certo número de poderes, e notadamente da clarividência, tornou-se uma verdadeira droga para os membros da Ordem, e desde 1905 toda espécie de pesquisa havia cessado. Parece-me que é nisto que devemos buscar a causa do mau êxito dessa aventura que poderia ter sido mais extraordinária ainda do que foi.

As diversas sociedades secundárias fundadas por dissidentes, sem autorização, como a Stella Matutina, fundada pelo Dr. Felkin, a Sociedade da Luz Interior, fundada pelo escritor Dion Fortune, pseudônimo de Mme. Violette Firth, não parecem ter prosperado.

Essa última sociedade ainda existe ainda, e Mme. Firth escreveu novelas e romances muito interessantes.

Para ser mais completo, é necessário dizer que a Golden Dawn tinha elementos cristãos em seus seio, pertencentes à Igreja Católica anglicana, notadamente o grande escritor Charles Williams, autor de “A guerra do Graal”, e o místico Evelyn Underhill.

Certos documentos da Golden Dawn dizem respeito ao esoterismo cristão e são considerados, por especialistas no campo, como extremamente sérios.

Restam, de outro lado, as obras místicas ou traduções de Mathers: A Kabala (1889), Salomão, o Rei (1889), A Magia Sagrada de Abramelin (1898). Este último livro é tradução de um manuscrito que Mathers encontrou na Biblioteca do Arsenal, verdadeira mina de documentos estranhos. Um texto bastante completo foi editado recentemente em Paris, por volta de 1962.

Temos à nossa disposição uma quantidade de elementos muito interessantes, mas o que nos falta é o ritual completo de Mathers. Esse ritual devia ser o cômputo dos livros malditos, resumindo a maior parte desses livros e abrindo as portas a todos os fatos extraordinários. Que Mathers realizou, dessa forma, uma espécie de consciência superior que ele interpretou como um contato com Superiores desconhecidos não me parece absurdo. Que tenha havido perseguição a Mathers, também não é tão espantoso.

Entretanto, toda essa história se passa em nossa época, e Mathers dispunha da fotografia. Não é impossível que tenha tirado um bom número de fotos e que elas não tenham sido todas destruídas. Em 1967, pensou-se ter achado os rituais do Mathers. Naquele ano, uma colina às margens do Canal da Mancha deslizou, minada pelas águas, e objetos provindo da Golden Dawn, que aí haviam sido enterrados, foram tragados pelo mar. Infelizmente, o exame desses objetos provou que se tratava de instrumentos de trabalho e textos de lições, assim como notas tomadas ao curso de exposições. Nenhum documento vinha de Mathers.

Discutiram-se muito as influências que se exerceram nas redações de diversos cursos da Golden Dawn. Notamos, já, influências cristãs. Encontra-se, também, e sem dúvida introduzidas por Yeats, idéias de Blake. Encontra-se grande número de referências à Kabala, que provém visivelmente dos estudos de Mathers.

O que não se encontra é a tradução da língua enoquiana em linguagem corrente e sua aplicação às experiências. O termo enoquiano, ele próprio, é curioso. Os diversos Livros de Enoch são relativamente recentes e contam as viagens miraculosas do profeta Enoch a outros planetas, e mesmo a outros universos. Encontram-se edições que datam de 1883 e 1896.

A linguagem enoquiana de John Dee é uma outra história. Dee conhecia a lenda de Enoch, levado a outros planetas por uma criatura luminosa, e deu o nome de linguagem enoquiana à linguagem da criatura luminosa que lhe apareceu. Mas não existe o Livro de Enoch contemporâneo à Bíblia, como certos ingênuos crêem. Não há razões sérias para se crer que os dois livros de Enoch datem dos gnósticos. Mesmo em estado de manuscrito, não aparece antes do século XVIII.

Algumas testemunhas sobreviventes da Golden Dawn contam, com relação à linguagem enoquiana, coisas muito curiosas que não se é obrigado a crer. Falam, por exemplo, de um jogo, As Peças de Xadrez Enoquianas, um jogo semelhante ao xadrez, mas onde as peças assemelhavam-se aos deuses egípcios. Jogava-se com um adversário invisível, as peças colocadas numa metade do tabuleiro especial, movimentando-se sozinhas.

Mesmo que se descrevesse tal experiência como um tipo de escrita automática ou de telecinesia, ela tem uma certa beleza poética. Tudo nos faz lamentar ainda mais a desaparição dos rituais Mathers.

Tudo o que se pode esperar é que a desaparição não seja definitiva. Se Mathers tomou suas precauções, deve ter dissimulado em Londres ou em Paris jogos de fotografias que, um dia, reaparecerão. A menos que a misteriosa sociedade alemã SDA não se manifeste.

Alexandre Von Bernus, na Alquimia e Medicina, parece indicar que essa sociedade não está morta. Tal era, igualmente, a opinião de meu falecido amigo Henri Hunwald, que era o homem da Europa que conhecia melhor esse tipo de problema. Talvez um dia, uma nova autorização para fundar uma sociedade exterior seja dada.

por Jacques Bergier

Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/o-manuscrito-de-mathers/

Livros Malditos

A paranóia ou mania de perseguição é uma doença mental que ameaça a nós todos. Por isso, não seria muito prudente imaginar vastas conspirações que se estenderiam em toda a superfície do globo, ao longo de nossa História.

Entretanto, parece-me que se outras civilizações existiram antes da nossa e que foram destruídas por abusos dos poderes da ciência e da técnica, a lembrança delas e de sua morte podem inspirar uma conspiração que visaria evitar que tais catástrofes tornassem a reproduzir-se.

Uma ideologia dessa natureza pode, talvez, ser encontrada sem dificuldade nos escritos de Joseph de Maistre, de Saint-Yves d’Alveydre ou de René Guénon. Tal ideologia consiste em admitir a existência de uma Tradição mais antiga que a História, de centros detentores dessa tradição e poderosamente protegidos; para ela, a ciência, as técnicas e os conhecimentos de toda natureza constituem um perigo permanente.
É uma ideologia reacionária. Mas há exemplos suficientes, na História, de homens ou organizações no poder que sustentaram essas teorias, hiper-tradicionais, para imaginar que uma organização secreta as coloca em ação.

Manifestações aparentemente dessa organização poderiam ser encontradas na Inquisição, no nazismo ou no lyssenquismo. Sobre este último ponto, é preciso ler o livro de Medvedev, “Grandeza e queda de Lyssenko”. Livro maldito em seu próprio país, pois não somente está proibido de publicação como seu autor foi detido em 29 de maio de 1970 e internado em um hospital psiquiátrico apesar de estar completamente são de espírito. Foi libertado aos 18 de junho do mesmo ano, graças à ação conjugada de todos os sábios soviéticos. Isto se passa em nosso tempo, em 1970, e não no passado mais ou menos longínquo, onde se situam a maior parte dos acontecimentos narrados neste livro. Como se vê, os Homens de Preto não são desprovidos de meios de ação.

O crime de Jaurès Medvedev, eminente biologista soviético, foi, segundo eles, denunciar o lyssenquismo. De que se trataria? T. D. Lyssenko, charlatão autodidata e fanático, apoiado por homens políticos, notadamente por Stálin, forjara com todas as peças uma falsa biologia e destruiria a ciência genética na URSS. Impediu, notadamente, a descoberta na URSS da dupla hélice do ADN, da qual os russos estavam próximos. Os geneticistas soviéticos foram exterminados em campos de concentração. É uma sorte que algumas pessoas gostariam de reservar ao Padre Watson e a seus colegas.

Só recentemente foi que a genética soviética começou a renascer e que as vítimas de Lyssenko foram reabilitadas. Quando a Lyssenko, está em liberdade e não tem aborrecimentos. No tempo de sua glória, o Coral do Estado soviético cantou esse hino em sua honra:

“Cante alegremente, meu acordeão,
Que eu canto com meu amigo,
A glória eterna do acadêmico Lyssenko
Mitchkourine abriu o caminho
Que ele seguiu com passos resolutos.
Graças a ele, não seremos mais
Crédulos mendelianos-morganistas.”

Durante esse tempo, massacraram os geneticistas nos campos de Stalin.

Não saberia afirmar com certeza se Lyssenko faria parte de uma organização dos Homens de Preto. Em todo caso é um bom espécime. E estou convencido de que tal organização existe.

Atualmente, estou em vias de investigar uma manifestação relativamente recente do poder dessa organização, e se os resultados que obtive até agora não são completos e definidos – sê-lo-ão algum dia? – pelo menos são interessantes.

Do fim de 1943 até o armistício de 8 de maio de 1945, houve na Itália uma república dirigida por Mussolini. A história secreta dessa república é bem menos conhecida do que a do III Reich. Mussolini, como Hitler, tinha à sua disposição conselheiros ocultos, magos negros. Sobreviveram e as leis sobre difamação impedem que seus nomes sejam citados.

Por ordem de dois deles, uma unidade especial fascista em 1944 queimou 80.000 livros e manuscritos pertencentes à Sociedade Real do Saber de Nápoles. A operação tinha como fim impedir que documentos mágicos importantes caíssem em mãos aliadas.

Certos documentos eram antigos; outros, modernos, traziam pesquisas mágicas feitas ao tempo de Mussolini, e o que pude apreender sobre tais investigações, é suficientemente apaixonante para fazer-me lamentar a destruição da biblioteca e empenhar-me em encontrar cópias. Uma dessas investigações é muito original e é este seu mérito, o que nesse campo é raro. Um mágico concentrou, com a ajuda de um telescópio sobre a água, a luz de uma estrela e obteve, assim, a água-Sírius, água-Vega, água-Antares, água-Aldebaran, etc. Cristalizou, em seguida, nessa água, substâncias particularmente sensíveis aos efeitos meteorológicos e cósmicos, como por exemplo o nitrato de urânio. E há outras.

Certos organismos científicos sérios estudam fenômenos desse gênero. Mas o mago obteve resultados que não eram totalmente científicos. Sais cristalizados na água exposta à luz das estrelas formaram agrupamentos e esses agrupamentos, segundo os desenhos que vi, pareciam, singularmente, símbolos esotéricos das estrelas em questão.

Não me perguntem a explicação desse fenômeno, não a sei.

Parece que a biblioteca de Nápoles estava cheia de descobertas fantásticas desse tipo, antigas e modernas, havendo, ainda, manuscritos inéditos de Leonardo Da Vinci e documentos apreendidos a Aleister Crowley quando a polícia fascista destruiu sua abadia maldita em Cefalu, na Sicília.

Nesse dia de março de 1944, os Homens de Preto eram aliados dos camisas-negras. Tenebrosa aliança.

Evidentemente, todos os livros malditos não são mágicos ou científicos. Há também livros políticos, como o mostra esta divertida citação do “Pato Acorrentado”, de quarta-feira, 7 de abril de 1971:

“Refugiado em Yammossokro, Cote-d’Ivoire, o antigo chefe de armas biafrense, Alexander Madiebo, vendeu, há algumas semanas, suas memórias. Memórias onde revela muitas coisas: a lista das armas fornecidas pela França, os pontos de passagem, os nomes dos agentes de Foccart em contato com os biafrenses, etc.

Isso se soube em Paris e não deu prazer a todo mundo, sobretudo num momento em que se discute com a Nigéria certos contratos petrolíferos que devem beneficiar a SAFRAP-ERAP, e acima de tudo para jazidas situadas em território ex-biafrense.

Não houve nenhum prazer, mas a pena é livre, não? Então… Então não se pode impedir de notar uma estranha coincidência: uma equipe de cavalheiros tomou o avião para a Cote-d’Ivoire e foi fazer uma investigação completa na vila de Madiebo. Sua missão foi, é preciso dizê-lo, coroada de êxito, e o manuscrito maldito desapareceu. O golpe falhou: o General Madiebo possuía dele uma cópia que pusera a salvo num cofre-forte em Londres.

É bem torpe, a desconfiança…”

Apesar de eu ter relações com o “Pato Acorrentado”, esse artigo não é meu.

Mas gostei muito da expressão “manuscrito maldito” e estou persuadido que a destruição persiste em nossos dias, e especialmente no campo deste livro, muito mais do que se pensa.

por Jacques Bergier

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/livros-malditos/

Inscrição Fenícia na Paraíba

Em 1872, na Paraiba , descobriu-se uma pedra que trazia uma inscrição de 8 linhas , cujos caracteres com muita evidência não pertenciam às culturas conhecidas da América do Sul.

Em 1874 , a inscrição mereceu a atenção do professor Ladislau Neto , do Museu Nacional do Rio de Janeiro . Nem o professor Neto nem qualquer outro sábio brasileiro parece ter-lhe concedido uma atenção muito séria . Todavia ela veio a ser conhecida na Europa onde a analisaram infatigáveis eruditos alemães. Foi inicialmente julgada de origem fenícia. Mais tarde , a filologia alemã afastou-a como não-fenícia.

Aparentemente a pedra se perdeu

Mas a inscrição permanece em cópia (pdf em alta-resolução) Agora a controvérsia reacendeu-se . Apareceu um novo protagonista sustentando a origem fenícia da inscrição, é o Dr. Cyrus H. Gordon da Universidade Brandeis ( de Waltham , Massachusetts).

Dois fatores surgiram para reascender a controvérsia . Um provém de que novas descobertas na escrita fenícia demonstram , segundo o Dr. Gordon, que o uso das palavras na inscrição da pedra da Paraíba está correto , contráriamente aos juízos anteriores menos bem informados . O outro fato foi a descoberta , pelo Dr. Jules Piccus , da Universidade de Massachusetts , em Amberst , de uma caderneta de notas que pertencera a Willbeforce Eames , um dos administradores ( ou conservadores-chefe) da New York Public Library , do século XIX . Nesta caderneta encontrava-se uma carta de 31 de janeiro de 1874 , destinada a Mr. Eames pelo professor Neto . O Dr. Piccus mostrou esta carta ao Dr. Gordon . Este concluiu daí que a transcrição dos caracteres na carta era mais plausível que a versão “definitiva” precedente , publicada em 1899.

Enquanto que o professor Frank M. Cross de Harvard continua a estigmatizar a inscrição como uma “falsificação” do século XIX”, o Dr. Gordon sustenta que o uso de uma terminologia desconhecida dos arqueólogos , no momento de sua descoberta , prova que esta não é uma prova forjada.

A controvérsia prosseguiu , portanto , até o momento , sem prestar atenção visível a outras inscrições tídas por fenícios encontradas no Brasil. Num apanhado geral estas compreendem:

Igualmente em 1872 , um engenheiro chamado Francisco Pinto dizia ter descoberto inscrições em mais de 20 cavernas na selva brasileira; ao todo cerca de 250 inscrições . A convite do governo brasileiro , ofilólogo alemão , Ludwig Schoenhagen foi ao Brasil , estudou as inscrições durante 15 anos e declarou-as fenícias . Nos anos de 1880 , o francês Ernest Renan afirma ter descoberto outras inscrições fenícias.

No início deste século , um industrial afastado de seus negócios , Bernardo da Silva Ramos , pretendeu ter descoberto mais de 2.800 inscrições em pedras ao longo do curso do Amazonas . Um rabino de Manaus declarou que, em sua opinião , estas inscrições eram fenícias. As obras ou artigos de ramos a respeito deste assunto parecem , em verdade, ter sido ignoradas.

Considera-se, geralmente , que os fenícios atingiram os Açores . Em Corvo , a mais ocidental destas ilhas , afirma-se que se teriam descoberto moedas cartaginesas ( em 1749) ; rumores persistentes , embora obscuros , da existencia de ruínas fenícias ; descoberta feita , quando os portugueses aí chegaram , de “uma estátua equestre apontando para o Ocidente” a qual, sendo verdadeira , foi destruida após muito tempo.

Consideremos que conviria prestar atenção nestas possíveis confirmações da presença fenícia no Novo

Extratos de “Autenticidade do texto fenício da Paraíba” , pelo Dr. Cyrus H. Gordon da Universidade Brandeis , nos Orientalis de Roma , vol. 37 ( 1968 ) pág. 75.

As singularidades lingüísticas que lançaram dúvidas sobre o texto vêm, pelo contrário, apoiar sua autenticidade. Nenhum falsário conheceria suficientemente as línguas semíticas para compor tal documento, não cometendo erros senão aparentes . Agora que um século se passou, é evidente que texto é autêntico, porque inscrições fenícias, ugaríticas e em outras línguas semíticas do noroeste, põe-nos frente aos mesmos “erros”.

Å demonstração da autenticidade da inscrição da Paraíba não significa que todos os problemas estejam resolvidos e que todas palavras e todas as construções de frases estejam definitiva e perfeitamente interpretadas. Todavia, o texto não é mais difícil nem mais anormal que o resto dos texto fenícios conhecidos.

A importáncia desta inscrição provém de sua significação histórica. Uma ilustre estudiosa de assuntos colombianos declarou no começo deste século :

“[ . . . ] o papel dos fenícios como intermediários da civilização antiga foi maior do que se supôs, e [ . . . ] a América deve ter sido colonizada intermitentemente por interrnédio destes navegadores mediterrânicos ‘ ‘ (Zealia Nuttall, “Os princípios fundamentais das civilizações do Antigo e Novo Mundos” , Peabody Museum, Cambridge, Massachusetts, 1901). Em sua obra de mais de 600 página ela nem sequer menciona o texto da Paraíba, que fora condenado como falso. Mas a crescente massa de provas que confirma esta tese, isolada no ostracismo, não deixa nenhuma dúvida quanto à justeza de sua conclusão, como acabamos de expor. Sua aceitação pelos americanistas e historiadores deverá preceder-se pelo reconhecimento da autencidade da inscrição da Paraíba pelos semitista. E tudo o mais qe ajustará.

(O Dr. Gordon talvez seja otimista demais quanto a coisas que se ajustam por si mesmas, especialmente se americanistas e historiadores imaginarem-se humilhados por um simples lingüista. . . infelizmente os ciúmes entre disciplinas diferentes não é desconhecido . . . Em todo caso, aguardemo que se ajustem as partes.)

O boletim New World Antiquity ( Marham House Press Ltd, Brighton , Inglaterra ) assinala em seu número de setembro / outubro de 1971, a obra ” The Parayba Phoenican Inscription, publicado por seu autor, Mr. Joseph Ayoob (Aliquippa, Pa LTSA, 1971) , qne é a tradução em inglês de seu livro intitulado Sakhrat Barayba , publicado em Beirute em 1961. Encontra-se aí esta nova tradução da inscrição :

“Demos sepultura (ao) filho de Canaã vindo SRNM ( Surinam) , cidade em ruínas e um entreposto abandonado. Não eu, YZD (Yazid) , o gravador do meio-dia e os homens que procuram a melhor de todas as coisas. E assim os nono e décimo anos de HRMl (Hiram), nosso rei morreu. (Tínhamos ) deixado alegremente ASU (Azion-Geber numa embarcação no Mar Vermelho e levantamos vela com dez navios. Aí todos desapareceram para mim. De súbito, desapareceram : Hor e Chittim (nomes de navios) foram lançados sobre esta terra maldita : calor , frio e tempestades de neve: Mir , Baal e Lan (navios) que vogavam em comboio, talvez tenham escapado às intempéries. Morreram vindas KSHN, 6 pessoas de um MBAYH (6 kuchitas de MBEYE), R (Rab, o capitão) e mais 10 pessoas pereceram. As perdas por mim e (mas) porque pelo (meu) camarada HNNA (Hanno).”

Acrescentamos que no número de abril de 1971 , o New World Antiquity já havia. publicado três outras traduções diferentes da inscrição da Paraíba vêem-se as numerosas armadilhas que espreitam mesmo os tradutores mais experimentados e, também, porque é difícil ter uma completa certeza.

Extraido do livro O Livro do Inexplicável – Jacques Bergier – Hemus – 1973

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/inscricao-fenicia-na-paraiba/