Sobre a origem do Tarot

A origem do Tarot continua em questão e são muitas as teorias propostas. Na verdade, porém, nada existe de idêntico em outras culturas, pintado ou impresso em cartões, que pudesse ter estabelecido um modelo direto para o jogo de 78 cartas que vem à luz, na Europa, no final do séc. 14. E os desenhos mais antigos de cartas que chegaram até nós são coerentes com a iconografia cristã dessa época. Se essa afirmação vale particularmente para os 22 arcanos maiores, não cabe inteiramente para o conjunto das 56 ou 52 cartas do baralho sarraceno, já mencionado no séc. 14.

Apesar desses dois indícios mais próximos cabe investigar a possível influência de outras culturas desse período histórico e, igualmente, o material resgatado de civilizações anteriores.

Alguns estudiosos mostram as analogias entre o Tarot e o antigo jogo indiano do Chaturanga, ou jogo dos Quatro Reis, que correspondem aos quatro naipes das cartas de jogar. A quadruplicidade, no entanto, é a representação de uma realidade universal que transcende os dois jogos em questão.

O Chaturanga, que data do séc. V ou VI, antecessor do moderno jogo de xadrez, originalmente tinha o Rei, o General (a Rainha moderna), seu Cavaleiro e os peões ou soldados comuns. Não há, porém, indicações consistentes de como poderia ter ocorrido um caminho entre esse jogo e o Tarot.

Cruzados ou árabes?

Há quem acredite que as cartas de jogar foram levadas para a Europa pelos cruzados. Contudo, a última Cruzada terminou mais ou menos em 1291 e não existem referências que comprovem a presença de cartas de jogar na Europa até pelo menos cem anos mais tarde.

Uma justificativa para a origem sarracena das cartas é o nome espanhol e português naipe, que derivaria do árabe naibi. Também a palavra hebraica naibes se assemelha a naibi, o antigo nome italiano dado às cartas e, em ambas as línguas, a palavra indica bruxaria, leitura da sorte e predição. No entanto, não se encontram na história dos árabes e judeus referências ao jogo de cartas, anteriores aos século 15.

Esse tipo de restrição histórica, no entanto, não invalida a hipótese de uma criação ou re-criação “multi-tradicional” do Tarot. Sabemos que, em especial na Penísula Ibérica, sábios cristãos, árabes e judeus, mantiveram uma criativa convivência durante o período em que o Tarot dá sinal de vida.

Do ponto de vista das provas históricas, o que se pode afirmar com segurança é que os árabes utilizavam, já em meados do séc. 14, um baralho de 52 cartas, com estrutura idêntica aos que hoje conhecemos como “arcanos menores” ou “baralho”.

Origem cigana?

Igualmente discutível é a hipótese que associa as cartas de ler a sorte com os ciganos originários do Hindustão. Apenas no começo do século XV começaram a entrar na Europa. Em 1417, um bando de ciganos chegou às proximidades de Hamburgo, na Alemanha; outros relatos situam os ciganos em Roma, no ano de 1422 , e em Barcelona e Paris, em 1427. Há, porém, claras evidências de que a raça cigana só estendeu suas peregrinações para o interior da Europa depois que as cartas já eram conhecidas ali há algum tempo.

Povo nômade, recorria aos mais variados expedientes para sobreviver. As mulheres particularmente utilizavam diversos recursos para “ler a sorte” dos habitantes das comunidades que visitavam, em especial a quiromancia (predição do futuro segundo as linhas e sinais das mãos) e, bem mais tarde, a cartomancia (utilização dos baralhos impressos na Europa). É esse um dos motivos pelos quais os ciganos ficam intimamente associados às cartas, ao baralho, no imaginário popular. Tiveram um grande papel na circulação e na difusão da cartomancia popular, mas estavam longe da tradição escrita e do conhecimento técnico de impressão das cartas.

Origem egípcia?

A hipótese da origem egípcia do Tarot foi aventada por Court de Gebelin em sua obra, Le Monde Primitif analysé et comparé avec le monde moderne, publicada a partir de 1775.

Gebelin foi um apaixonado estudioso da mitologia antiga e estabeleceu inúmeras correlações entre os ensinamentos tradicionais e as cartas do Tarot que, segundo ele, seriam alegorias representadas em antigos hieróglifos egípcios.

Um ponto, no entanto, não pode ser esquecido: embora existam necessariamente similaridades entre as linguagens simbólicas mais consistentes, isso não quer dizer que tenha existido influência direta de uma sobre a outra.

O significado das correspondências entre linguagens simbólicas constitui um tema delicado. Nem sempre é possível chegar a uma conclusão, pois similaridades e correspondências não querem dizer, necessariamente, que tenha havido cópia ou simples adaptação de uma cultura nacional para outra.

A favor da correção intelectual de Court de Gebelin, é importante lembrar que as cartas utilizadas por ele continuaram a ser as do Tarot clássico. Ele não falsificou nem inventou um “baralho egípcio” para justificar suas hipóteses. Sómente após a publicação de seus estudos é que começaram a aparecer baralhos desenhados com os motivos egípcios, descompromissados com a história comprovável desse desafiador jogo de cartas.

Seja como for, é com Gebelin que se inicia a divulgação de textos e de estudos que assinalam um sentido mais alto para o Tarot, como uma linguagem simbólica, como um meio de transmissão dos conhecimentos esotéricos, espirituais, que vai muito além de sua utilização como jogo de baralho.

Múltiplas influências

A maior parte dos estudiosos reconhece uma origem iniciática do Tarot, ou seja, ele traduziria o significado e as propriedades do Cosmo, bem como o do papel do homem na Criação. Seria produto de uma Escola (escola dos criadores de imagens da Idade Média, como sugere Oswaldo Wirth). Nessa direção de pensamento, o Tarot seria uma criação de Escolas francesas e/ou italianas, no final do séc. XII, sem qualquer relação com indianos ou chineses. A favor desse ponto de vista pesa o fato de que não se encontram, em particular, jogos iguais aos arcanos maiores em qualquer outra civilização.

Há muitos estudos que apontam as relações entre o Tarot e Cabala. De fato, as 22 lâminas dos “trunfos”, ou “Arcanos Maiores”, são em igual número ao das letras do alfabeto hebraico e ao dos 22 “caminhos” ou conexões entre os sefirot do desenho simbólico denominado “Árvore da Vida”. As 40 cartas numeradas, dos Arcanos Menores, representam o mesmo número de sefiroth da “Escada de Jacó”, esquema resultante da superposição de quatro “Árvores da Vida”.

Tal constatação, porém, não exclui a hipótese de contribuições árabes, que tiveram um forte e prolongado impacto, através do sufismo, sobre a mística cristã, em particular na Península Ibérica.

Um período de ouro

Não é implausível, para alguns autores, imaginar o nascimento do Tarot por volta de 1180, período de grande força criativa na Europa, embora as primeiras menções registradas ocorram apenas duzentos anos após, em 1391. A razão para isso, segundo eles, seria simples: na origem, o Tarot não tinha a função lúdica de jogo de paciência ou de apostas em dinheiro, mas desempenhava o papel de estimular a reflexão pessoal sobre o caminho espiritual. Desse modo, ele não poderia ser mencionado como jogo de lazer nas crônicas da época.

“A essência do Tarot – escreve Kris Hadar – se funde maravilhosamente à mística que fez do séc. XII um século de luz, de liberdade e de profundidade da qual não temos mais lembrança. Nessa época, a mulher era mais liberada que hoje.”

É no correr desse período que são erigidas as catedrais góticas, em memória da elevação do espírito, e que aparece igualmente a busca de um ideal cavalheiresco que alcançará sua perfeição graças aos trovadores e o Fin’Amor, que colocará em evidência a arte de crescer no amor.

Para corroborar tal ponto de vista, pode ser lembrado que nesse mesmo período se desenvolvem os primeiros romances iniciáticos sobre os cavaleiros da Távola Redonda, a lenda do Rei Artur e a Demanda do Santo Graal.

Contemporâneo dos primeiros romances, o Tarot poderia ser considerado como um dos livros sem palavras (comuns na alquimia) para a reflexão e a meditação sobre a salvação eterna e a busca de Si, mesmo para quem não soubesse ler. Era uma porta aberta à verdade, tal como as catedrais, que permitiam aos pobres e aos ricos crescerem na comunhão com Deus.

“O Tarot” – afirma Kris Hadar – “é uma catedral na qual cada um pode orar para descobrir, no labirinto de sua existência, o caminho da Salvação”.

Paralelos do Tarot com outros jogos

Quando deixamos de lado as tentativas – algumas delas forçadas – de encontrar para o Tarot uma origem necessariamente fora da Europa, em outras culturas e povos, abre-se um outro campo muito atraente para os estudos simbólicos.

Tal como foi mencionado mais acima, a propósito da similaridades entre o Tarot e o jogo indiano do Chaturanga, os estudos comparativos permitem reconhecer princípios básicos e universais que estão presentes em diferentes jogos criados em culturas diversas sem que houvesse um contato próximo entre elas, sem que uma expressão em dado contexto cultural tenha sido necessariamente copiado de outro. Podemos encontrar provas de que o conhecimento das leis primordias se revela por caminhos criativos e renovados.

Por Constantino K. Riemma

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/sobre-a-origem-do-tarot

A Liga Extraordinária

Olá amigos , devido a pedidos fiz um texto analisando uma HQ e apontando algumas coisas interessantes.

Escolhi a Liga Extraordinária , no original “The League of Extraordinary Gentlemen” de Alan Moore e Kevin O’Neill.

Um dos motivos é pelos quadrinhos ser pouco conhecidos mesmo existindo um filme , que aliás é totalmente diferente da obra em si , algo que é bem normal nesses casos quando uma HQ vira filme.

Fiquei em dúvida se deveria apontar as partes que tem relação com a literatura , já que a HQ tem ligação com clássicos da literatura britânica , mas resolvi não me apegar nessa parte para não deixar o texto muito grande.

Pensei muito em como fazer o texto , achei interessante usar o sistema Página/Quadrinho.

Então por exemplo : 50/04 quer dizer : Página 50/Quadrinho 04

Infelizmente não coloquei as imagens de cada cena , pois assim eu seria obrigado a colocar muitas e é preferível que vocês as vejam na própria obra.

Então vamos lá!

Antes de mais nada o nome original é : The League of Extraordinary Gentlemen.

Somando todas as letras temos 33 , esse número é considerado um número mestre , e ainda se somarmos temos 3+3= 6.

A história começa na página 7 , o número perfeito.

PS: Não vou me aprofundar no significado dos números , pois essa num é minha especialidade mais vocês podem encontrar facilmente o que eles significam.

Página 8 – Estátua de Atena segurando um caduceu.

Página 17/3 – Nautilus é o nome de um cefalópode que tem uma concha com a proporção áurea.A concha está na testa do capitão.

Página 21/01 – Shiva no Timão.

Página 30 – Um detalhe interessante é que na história Edward é um Símio , diferente da obra “O médico e o monstro” , possivelmente uma comparação com o lado instintivo do ser humano .Update : relação com Alan Poe, Os assassinatos da Rua Morgue.

Página 37/10 – Aparentemente estão jogando xadrez , um jogo da qual para alguns tem relação com ocultismo , um dos jogos preferidos de Crowley. As peças parecem Leviathan e Poseidon.

Página 38 – OXO é um jogo da velha programado Alexander S. Douglas como uma tese de doutorado, demonstrando a interação humano-máquina.

O Colégio Correcional é um local “carregado” de imagens e arquétipos relacionados a sexualidade , isso para de certo modo simbolizar como esses locais são realmente.

Página 42/05 – Centauro fêmea e um casal fazendo sexo.

Página 43 – Fauno, criatura que tem muita ligação com o sexo.

Página 44/02 – Ninfa e o Falo.

Página 50/02 – Hórus.

Página 51/04 – Sr. Bond cita o ano 1886 e se vocês verem os 2 pregos da parede junto com suas sombras formam o número 14.

1886 = 1+8+8+6=23=2+3= 5

14 = 1+4 = 5

Página 53 – 1787

1+7+8+7= 23 = 2+3 = 5

Página 54 – Entre as nuvens podemos ver o rosto de um velho chinês , nada mito complicado de se ver.

Página 56 – Quatermain cortando um queijo (mais lembra a espada apontada para o triângulo? , vocês decidem).

Também algumas inscrições na mesa , a qualidade da versão não permite que eu consiga ler…)

Página 79/5 e 6 – Deuses Hindus.

Página 101 /3 e 4 – Busto de um faraó , símbolo da Maçonaria , o número 5 aparece algumas vezes.

Página 110/1 – Mais alguns símbolos da maçonaria , e no topo do prédio a justiça fazendo o símbolo do silêncio.

Página 115/1 – Outros símbolos e duas estátuas egípcias.

Página 115/2 – Estátuas da personificação da Morte.

Vou encerrando por aqui , quero dizer que se vocês lerem com atenção vão encontrar muitas outras coisas interessantes.

O objetivo não é dar tudo desvendado mas dar o prazer de que vocês mesmo possam fazer e ver que não é complicado achar referências ocultistas em alguns quadrinhos.

Por isso mesmo coloquei uma quantidade um pouco baixa de referências para ver se alguém se anima em ler!

Também deixei uma e outra coisa fora por alguns motivos , algumas estavam aparecendo demais como o esquadro e compasso então não apontei todas vezes que aparece, em outros casos achei que poderiam ser apenas impressão minha e preferi não arriscar.

Peço perdão por essa postagem estar meio desorganizada , foi a primeira experiência em fazer um texto desse modo.

#AlanMoore #HQ

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O que é Huzzé?

Por Kennyo Ismail

Não há registros de quando se começou a usar “Huzzé” nas Lojas, mas remonta à Maçonaria Operativa.

Ao contrário do que afirma um dos maiores escritores maçônicos brasileiros, Rizzardo da Camino, Huzzé não é uma palavra hebraica, e muito menos significa “Acácia”. Na verdade, “acácia” em hebraico seria “shittah”.

O termo Huzzé parece vir do árabe, e significa “Viva”, tendo sido um dos tantos termos incorporados pelos europeus como consequência da dominação e ocupação árabe na Europa, que durou quase 800 anos (711 a 1492) . É adotado em substituição ao termo latino “Vivat” e ao que foi tão utilizado na monarquia francesa “Vive”. O termo Huzzé entrou para o vocabulário inglês com o escrito “HUZZAH” e seu significado nos dicionários da língua inglesa é “aclamação medieval equivalente a Viva!”. Trata-se de uma tríplice aclamação de alegria: “Huzzé, huzzé, huzzé!” significa o mesmo que “Viva, viva, viva!”. Uma das variações derivada da tríplice aclamação Huzzé ficou popularizada como “Hip Hip Hurrah”, usado em aniversários e jogos, com o mesmo sentido original “Viva, viva, viva!”.

Há ainda a teoria de Jack Weatherford de que Huzzé derivou-se da palavra mongol “Hurree”, que significa “Aleluia”. Já de acordo com Jean Paul Rox, a origem é turca. Os turcos usavam nas guerras, quando atacavam seus adversários: “Ur Ah!”.

A tríplice aclamação de Viva era oficialmente utilizada quando da coroação de um novo Rei, tanto na França quanto na Inglaterra.

Ao que tudo indica, o escrito “Huzzé” nos rituais de língua portuguesa surgiu para garantir a correta pronúncia do termo. Em Loja do REAA, a tríplice aclamação é usada como forma de render graças ao GADU, e por isso é realizada logo após a abertura e o fechamento do Livro da Lei. A tríplice aclamação também ocorre no Rito Moderno, no Adoniramita e no Brasileiro, como herança da influência do REAA nos mesmos. Porém, a tríplice aclamação nesses ritos varia para “Liberdade, Igualdade, Fraternidade!” no Rito Moderno, “Vivat, Vivat, Vivat!” no Adoniramita e “Glória, Glória, Glória!” no Rito Brasileiro.

Se “Huzzé” fosse realmente uma palavra hebraica que significasse “Acácia”, faria algum sentido aclamá-la, ainda mais nos graus de Aprendiz e Comapanheiro? Não faria sentido algum.

#Maçonaria

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O Caminho da Sabedoria – Diálogo entre Mitra e Zoroastro

Uma vez foi visitar o célebre sábio persa, Zoroastro, um dos seus amigos dos tempos da juventude, de nome Mitra. Depois de se abraçarem e saudarem, perguntou o sábio:

– Que é o que te conduz a mim, querido amigo? Feriu-te, por acaso, o mundo e desejas fortalecer-te ao lado do companheiro da tua juventude ? Ou vens trazido pela curiosidade de veres pessoalmente o que há de verdade das coisas que o povo conta a meu respeito?

Respondeu Mitra:

– Tu mesmo te referes à causa da minha vinda; não te ofenderá, portanto, a minha sinceridade.

Interesso-me por ti e pela tua sorte; e decidi vir para ver quem tem razão: se aqueles que afirmam que chegaste ao conhecimento dos segredos da Natureza, tornando-te sábio, ou aqueles que dizem que és charlatão, que abusas da ignorância da multidão, a fim de seres considerado homem célebre.

Alegra-me que fales sinceramente – disse Zoroastro. – Mas qual é a tua propria opinião a meu respeito ?

Confessou Mitra:

– Ainda não a formei. Se é verdade que os outros afirmam, que és iluminado pela luz da Sabedoria, quero pedir-te que comigo comparti-lhes a tua felicidade; se, porém, tem razão os que falam mal de ti, desejo tentar desviar-te do meu caminho e conseguir que voltes a ti mesmo e a senda da virtude.

Comovido e entusiasmado, tomou Zoroastro pela sua a mão do amigo e lhe disse:

– Abençoada a hora que te trouxe a mim; e sete vezes abençoada, se tens a força e coragem de aproximar-te da Luz, de quem unicamente emana a vida, a felicidade e a sabedoria.

– Como? – exclamou o amigo. – Quererias introduzir-me no teu templo, que com tanto cuidado fechas a outros?

Contestou Zoroastro:

– O meu templo é a Natureza, e, nem que eu quisesse, o que seria loucura, não poderia nunca fecha-lo a pessoa alguma.

– Porém contam muitíssimos casos que repeles àqueles que desejam aprender de ti alguma coisa.

Perdoa-me se te digo o que penso. Se conseguiste conhecer a Sabedoria Superior – suponho que ela existe – por que a ocultas? Por que não a expões claramente ao povo, mas encobres a Verdade com véus de enigmas, alegorias e símbolos, que raras vezes um de muitas centenas de homens pode solver e compreender?

– Falas, Mitra, como todos aqueles que não tem idéia exata do assunto. De que utilidade ser-te-á, se te expuser o perfume de uma flor ? Poderás, de tal exposição, sentir esse perfume e conhecer a flor?

De que te servirá se te descrever um banquete? Servir-te-á a minha descrição para matares tua fome? Analogamente, como posso fazer que alguém conheça a Sabedoria, se ele se recusa a procura-la? Há Sabedoria morta e Sabedoria viva. A Sabedoria morta nos vem dos livros, das narrações, dos cálculos, das medições e considerações. Esta Sabedoria pode nos ser dada e pode nos ser tomada. Mas a Sabedoria Viva emana da eterna Fonte da Vida, dessa Fonte que, uma vez aberta, nunca desaparece e sempre nos fornece bases imperecíveis para nossas construções no domínio da Razão. Porém, é impossível explicar e ensinar esta Sabedoria; é mister apropriar-nos dela sim como nos apropriamos do perfume da flor ou da comida; ou melhor dito, é mister que a despertemos em nós, assim como, pelo perfume, da flor, se desperta em nós o sentido do olfato. Vês como é difícil dar uma explicação, mesmo geral. E quando se passa às minuciosidades, a dificuldade cresce, pois a nossa linguagem é demasiado pobre e o nosso ouvido é demasiado cru para essas coisas tão delicadas. È necessário procurar e achar a Sabedoria em si mesmo; outro caminho não conduz a ela.

Mas espero que tudo isso se torrne mais claro se quiseres acompanhar-me na minha ida à maravilhosa Fonte que existe lá, nas montanhas que daqui se pode avistar.

E, dizendo isso, Zoroastro apontou além de uma serra, ao Oriente, duas montanhas mais altas, e continuou:

– Lá, entre aquelas duas montanhas elevadas emana uma Fonte que contém qualidades maravilhosas; purifica o coração, dissipa as evaporações e névoas que se acumularam na cabeça e na mente, e retira de nós a impureza das grandes cidades e as fuligens que a fumaça do mundo depositou em nosso interior. Depende de ti querer acompanhar-me até lá. Daqui a algumas semanas mostrarei o caminho que conduz a essa Fonte, há alguns que desejam conhece-la e com sua água se saciar. Verás, então, como sou liberal na distribuição da minha doutrina, como também te convencerás que pouquíssimos são os que, verdadeiramente e com seriedade, almejam atingir a verdadeira Sabedoria.

E Zoroastro foi preparando o seu novo discípulo para a viagem. Quando chegou o dia determinado, reuniram-se setenta discípulos ao redor do Mestre, para ouvirem ainda alguns conselhos relativos a viagem. Dando-se fraternais abraços, prometeram eterna fidelidade à Sabedoria, e puseram-se a caminho, separadamente, cada um escolhendo o caminho que mais lhe agradava: um a estrada larga e outro um caminho estreito; um em companhia de um amigo, outro sozinho; um preferia o campo, outro o bosque. Não caminharam em grandes grupos, para não chamarem a atenção do povo, porque a Sabedoria não quer, se a procuramos, ser objeto de conversações e críticas das multidões.

Quando os viajantes tinham caminhado desta forma durante três dias, reuniram-se todos numa grande cidade, onde floresciam o comércio, as ciências e as artes, e onde existiam numerosas instituições de educação, asilos e hospitais, como atestados do amor da cultura e humanidade dos seus cidadãos. De todos os países, ali se reuniram muitas pessoas, para observarem e estudarem os sistemas políticos, sociais, humanitários, e educacionais dessa cidade, considerados superiores aos demais conhecidos. O fato mais admirável, porém, era o de já haver ali a água da fonte da Sabedoria, embora apenas imitada; pois os químicos haviam estudado a composição natural da água genuína da dita fonte e conseguiram compor uma imitação, que os peritos consideravam tão boa, e talves até melhor do que a fonte da montanha.

Muitos dos discípulos de Zoroastro encontraram ali seus conhecidos, outros formaram novas amizades; assim, aconteceu que, após três dias, devendo continuar a viagem, sentiram-se tristes por se despedirem dos amigos; alguns decidiram ficar, pois haviam provado daquela água e, apesar de ser apenas uma imitação da água verdadeira, acharam-na muito gostosa e não sentiram mais vontade de procurar a verdadeira fonte.

Depois de outros cinco dias de viagem, durante os quais não encontraram lugares importantes, mas sim alguns lugarejos que apenas ofereciam divertimentos e gozos sensuais, os discípulos de Zoroastro que ainda continuavam a peregrinação, chegaram a uma cidade que excedia a anterior, tanto na grandeza, como no progresso. Ao se reunirem os viajantes, perceberam que novamente alguns companheiros haviam ficado para trás, atraídos e seduzidos pelos gozos e divertimentos encontrados no lugar acima mencionado. Alguns tinham encarregado seus condiscípulos que os desculpassem alegando necessidade de descanso e prometendo seguir viagem logo depois de renovarem as forças. Ouvindo isso, Zoroastro chamou a atenção dos presentes para os perigos que o discípulo encontra ao procurar a Sabedoria nas atrações das ilusões sensuais e admoestou os companheiros para que não perdessem a coragem de combater tais ilusões.

A cidade onde agora se achavam era um quase paraíso das ciências e das artes. Ali soavam todos os nomes célebres; as riquezas locais; lindíssimos jardins, edifícios majestosos, danças, cantos, esportes, jogos, lutas e festas divertiam os estrangeiros. Todos os talentos estavam agindo e recebiam suas recompensas. E, o que era mais admirável, vendia-se ali, por preço elevado a água da sabedoria, recolhida da própria fonte; mas não era pura; porque, para fazer dela um verdadeiro néctar, misturavam-lhe partículas de sabedoria de outros lugares.

– Esta é a verdadeira água da sabedoria – clamava o vendedor – a sua composição é a maior e a mais sublime arte e o mais profundo segredo. Zoroastro mesmo tem se esforçado por descobrir este segredo e não o conseguiu, pois aqui nada pode conseguir a razão humana; só a tradição fielmente conservada pelos adeptos, conservou a receita para o bem da humanidade.

Fácil é compreender que o vendedor dessa água fazia ótimos negócios, e até alguns dos companheiros de Zoroastro deixaram-se iludir, pois compraram e tomaram essa água, e julgaram-se desobrigados de continuar a viagem. Quando, no sexto dia se reuniram num lugar isolado a fim de prosseguirem em sua peregrinação, o número de discípulos havia diminuído sensivelmente.

Zoroastro exortou-os, com palavras sinceras, paternais e sérias, a que persistissem, vencendo obstáculos e ilusões, quaisquer que fosse sua forma. Parecia como se temesse que chegaria sozinho à fonte. Mas aqueles que ainda o acompanhavam prometeram que continuariam até chegar ao alvo de sua viagem, apesar de todos os obstáculos possíveis.

Depois de novos sete dias de viagem, entraram numa cidade vasta, porém diferente das anteriores; não havia ai nada que lembrasse divertimentos; tudo respirava serenidade e reflexão. Havia ali uma universidade, onde professores, uns sentados, outro parados de pé, outro passeando, enchiam as cabeças dos seus discípulos com os conteúdos de todos os livros e ensinamentos dos mestres eruditos de todo o mundo e de todos os séculos. Havia também um templo da sabedoria, onde era fornecida a água da maravilhosa fonte, e essa água era pura, genuína e sem mistura alguma. Era trazida diretamente, carregada em vasos especialmente fabricados para este fim, impermeáveis, para não se perder nem uma gota; e esses vasos eram lacrados com um selo, de que se afirmava que fora usado já por Enoque, para defender da morte corporal. Nestes vasos, debaixo do selo, ficava a água durante sete semanas, sete dias e sete horas, guardada para desenvolver as qualidades perfeitas que não podia manifestar – assim se dizia – na fonte e no momento em que era retirada. Essa água era vendida por um pequeno preço e aqueles que a bebiam aguardavam com paciência e esperança, o efeito prometido; e quando este se manifestava, ninguém tinha a coragem de confessar que havia sido iludido, porque não queria causar inimizades nem prejudicar a boa fama da água.

Depois de passarem ali sete dias, os viajantes continuaram a jornada. Faltavam ainda nove dias para chegarem a almejada fonte.

Depois de três dias, deviam novamente reunir-se todos num certo lugar.

Já estava pondo-se o Sol naquele dia e só quatro estavam no lugar designado.

Zoroastro olhou o pequeno resto do séqüito e disse apenas:

– Vamos descansar.

No dia seguinte passaram por um riacho que caia de um rochedo.

– Vede! – Disse Zoroastro – Aqui está aquela água, cuja fonte procuramos. Daqui a tiram aqueles que a vendem na cidade que visitamos. Vamos adiante!

O caminho subia íngrime e em alguns lugares apenas as fendas das rochas serviam para se seguraremo. Finalmente, os caminhantes chegaram ao lugar onde viram elevar-se nos ares dois altos montes, um à direita e outro à esquerda.

– Estes dois montes – explicou Zoroastro – formam o vale onde encontraremos nossa fonte. O caminho até lá é perigoso, e cada um de nós tem que passa-lo sozinho, para devidamente se preparar e provar que seriamente deseja beber dessa fonte da verdade. Quem, durante a viagem se deixou seduzir, bebendo da água imitada ou selada, ficou para trás, porque não suportaria o caminho. E, apontando a cada um dos quatro o caminho a seguir, afastou-se deles.

Então, os quatro acharam crítica a situação. Com surpresa olharam ao redor de si, e sentiram-se com pouca coragem de prosseguir. Finalmente um deles disse:

– Irmãos, avante! Não nos servirá a vacilação. Eu confio na proteção da Sabedoria, em cuja proximidade estamos e com coragem irei adiante. Desejo-vos êxito; tornaremos a ver-nos juntos à fonte.

E segiu na direção que Zoroastro lhe havia apontado. O nome deste corajoso era Ali. Mitra também continuou a viagem, tendo adquirido mais energia com as palavras de Ali. Os outros que tinham provado da água milagrosa na cidade por onde ultimamente passaram, julgaram inútil prosseguir, e rataram de voltar. Assim, pois, só Ali e Mitra continuaram a viagem à fonte. Ambos tinham-se abstido de experimentar, nas ocasiões oferecidas, a água imitada ou selada; ambos estavam animados de um vivo desejo de alcançar a fonte da verdadeira, pura e livre água da sabedoria. E quem descreverá a alegria que ambos sentiram nos seus corações, quando, vindo um de um lado, e o outro do outro lado, ambos se encontraram, no dia seguinte num vale, diante de uma pirâmide, formada pela Natureza; no centro dessa pirâmide manava, de um triângulo de ouro, a mais pura, a mais clara água. E no mesmo instante, apareceu ao lado deles Zoroastro, abraçando-os e dizendo:

– Ao menos vós dois chegastes! Graças ao Dirigente do Destino! Mas, ainda não bebais desta água, tão pura. É preciso que vos prepareis dignamente, para que os seus efeitos vos sejam benéficos e duradouros.

E, umedecendo com a água da Sabedoria as testas dos dois companheiros, e dando-lhes frutas para que comessem, disse-lhes:

– Ainda por três dias terei que esperar-vos e a cada um lhe será dada uma tenda, e ali cada um deverá observar-se a si mesmo. Evocai os dias da vossa infância, vossa pura inocência. Unindo esses dias com o presente, esquecei todo o tempo que está entre essa infância e hoje. Elevai em seguida, os vossos pensamentos para o eterno futuro, para que o passado da inocência o presente e o futuro se unam num só pensamento e vos tornem dignos de receberdes a suprema consagração!

E, levando-os as suas tendas, recomendou a proteção da Eterna e Onipresente Divindade. Três dias depois estiveram novamente ao pé da pirâmide. Zoroastro encheu um cálice de água para cada um.

Ergueu o seu e bebeu, brindando ao passado ao presente e ao futuro. Os dois amigos seguiram o seu exemplo. Com sublime seriedade levantou os braços e pronunciou uma prece em nome de

Aquele que sempre foi, que é e que será e disse:

– Está feito, caia o véu! Vós abandonastes a multidão mutável e elevaste-vos as regiões do que é imutável, onde não domina mais o acaso, mas onde reina a Verdade, e onde a claridade da Luz Eterna nos torna conhecidos às leis da Eternidade.

Abençoada seja esta hora! Duas almas foram trazidas a Imortalidade! Abraçai-me, irmãos; continuaremos sendo irmãos. O Mestre é Um só e Ele vos conduzirá no futuro.

– Os três passaram mais alguns dias naquele lugar Sagrado. Depois saíram dali juntos e, sem dificuldade, alcançaram o lugar de sua partida e, quando Zoroastro chegou à sala de reuniões, eis que ali estavam reunidos todos os setenta discípulos, muito alegres que podiam agradecer ao Mestre a felicidade que encontraram na viagem. Zoroastro falou com amistosa seriedade e explicou como é fácil considerar como verdade uma ilusão. Exortou-os que evitassem toda ilusão e não se cansassem de procurar a Verdade, até encontrá-la. Depois de se despedirem, ficou com os dois companheiros vitoriosos, Ali e Mitra, e levou-os a sua casa e lhes disse:

– A vós nada mais tenho a ensinar. Conhecestes a Verdade e a sua fonte. Ide cada um pelo vosso próprio caminho, e, se encontrardes ouvidos capazes de vos ouvir e compreender, ensinai-lhes o modo de conhecer o Espírito. Que o vosso ensino seja calmo e dado em rodas de irmãos. Nunca pregueis vossas doutrinas nos lugares públicos, no movimento das massas nas lutas dos partidos nem onde se procura poder político, honras ou riquezas. Na arte dissolvente dos discursos públicos foge o espírito e, assim, o orador apresenta-nos um alimento que podemos perceber, mas não comer.

– E se não encontrarmos ouvintes – Perguntaram os dois amigos, – Que deveremos fazer?

– Então tomai por vosso modelo a fonte no deserto – respondeu Zoroastro -– Ela corre incessantemente e, se em um século matou a sede de um só viajante sedento, não ficou sem utilidade, e não fluiu em vão.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-caminho-da-sabedoria-di%C3%A1logo-entre-mitra-e-zoroastro

Seria o TdC uma Sociedade Secreta?

cebola

Com o projeto do livro de Kabbalah Hermética chegando em sua reta final, sinto que também está na hora de dar um passo adiante com o Blog também. Nestes últimos 9 meses eu estive bastante ausente em termos de escrever textos de ensinamentos aqui, embora, na verdade, estava extremamente ocupado escrevendo textos de ensinamentos para o Livro! Depois de mais de 8 anos publicando textos sobre praticamente TUDO o que se pode imaginar dentro do Hermetismo, Alquimia, Maçonaria, Umbanda, Rosacruz e trocentos outros assuntos, chega uma hora que a maioria das perguntas do tipo “onde eu acho algo sobre X?” já foi respondido em algum post dentro dos 3.000 publicados.

Então, vou tentar uma nova fórmula que acho que deve ser bacana e, ao mesmo tempo, me forçará a escrever novamente com constância. Usar o Blog como “Blog”, contando causos, debatendo sobre assuntos aleatórios relacionados ao Hermetismo, Cultura Pop, resenha de filmes que tenham assuntos iniciáticos e coisas assim… e vocês me ajudam sugerindo tópicos nos comentários ou nas postagens do Facebook.

Hoje vou falar um pouco sobre um tema que bombou na lista de debates do facebook: Afinal, o TdC está caminhando para se tornar uma Sociedade Secreta?

A Resposta mais honesta seria: Talvez sim. Mas não do jeito que você imagina.

A verdade é que existem inúmeros Círculos de Compreensão dentro do Hermetismo e que de uma certa maneira, eu preciso ser capaz de conversar com cada um destes Círculos de maneira diferente. Geralmente, quanto maior o Círculo, mais leigas são as pessoas e mais diluída precisa ser a mensagem, senão a quantidade de chorume ignorante que vai chover sobre os textos nos comentários não está no gibi. Comecemos com dois exemplos bons:

O Mundo profano

1 – Quando eu vou em algum programa tipo “Superpop”, sempre aparece algum idiota para xingar “Ah, mas olha lá o deldebbio no Superpop! Nenhum mago sério toparia ir naquele programa que só tem abobrinha”… o que é de certa maneira um espelho do próprio preconceito e arrogância de quem diz esse tipo de coisa. Programas populares de auditório escolhem pautas XYZ por causa da popularidade, depois buscam no google se tem algum expert para falar sobre aquilo. Se o cara diz “não”, eles ligam pro próximo, e pro próximo, e pro próximo, ATÉ ALGUÉM ACEITAR. Muitos idiotas da net acham que bastaria falar “não” que o programa não aconteceria e que poderíamos escapar desta exposição, mas simplesmente não é verdade. Então eu prefiro mil vezes ir em um programa do Superpop, ou Regina Casé, ou Faustão ou o que seja para falar sobre Hermetismo do que deixar que eles escolham algum tosco fantasiado de dr. Estranho ou Constantine pra falar besteiras. Eu sei que eu me garanto e que, em vinte anos de entrevistas, já tenho tarimba para sacanear quem acha que vai nos sacanear. E cada programa destes atinge 400.000 famílias (é gente pra caramba!) e, se eu articular direito e levantar a curiosidade da maneira certa, aqueles que tem um QI maior que o de um funkeiro vão buscar algo no Google… e não são poucos! Lembro que da última vez que fui no Superpop, fui reconhecido até por caixa de supermercado uma semana depois do programa! É uma chance de ouro de defender o hermetismo nas grandes massas.

2 – Quando eu escrevo ou publico algo no mundo geek/nerd, geralmente entrevistas relacionadas com RPG ou cinema, procuro ficar mais nos assuntos de mitologia, ou utilizar elementos da magia dos universos de fantasia para trazer aqueles com QI maior que o de um orc para dentro do blog. Apesar de ser um círculo mais fechado, ainda tem muito retardado com o ego de crianças de 12 anos no meio Rpgístico e que se melindra com qualquer coisa, ainda mais nestes tempos pós-modernxs. Ao longo de quase 20 anos, jogos como Arkanun, Trevas, Anjos e Demônios atraíram muita gente para o hermetismo. Pessoas que começaram a jogar com 10-15 anos e que hoje possuem 35-40 anos, já estão em ordens iniciáticas e/ou estudando.

Estes são os exemplos mais distantes das cascas da cebola, públicos onde a imensa maioria é composta de leigos, palpiteiros e “achadores” de egos imensos, mas é a primeira filtragem. Em seguida, temos o próprio Blog do TdC, que começou como uma Coluna no site Sedentário e Hiperativo (uns 8 anos atrás, hoje o foco do site são vídeos e memes). Nos tempos do Sedentário cada postagem na Coluna chegava a 40.000 visualizações, o que ainda é um número gigantesco, porém mais afinado com a egrégora.

Podcasts e Entrevistas
Outro método excelente de abrir as portas aos buscadores é através de entrevistas e bate-papos em podcasts, sites e youtubers. Um vídeo como a palestra sobre A Kabbalah e os Deuses de Todas as religiões já foi visto mais de 80 mil vezes. Aqui tem uma lista com as melhores. Fora os excelentes podcasts do Descontrole (aliás, fica o convite: se você possui um podcast sobre qualquer assunto que seja e quiser bater papo comigo, é só me mandar um email ou mensagem no Facebook e marcamos). Estas conversas atingem públicos às vezes muito diversos do habitual e serve como porta de entrada para os textos do site. Acho que os livros e textos em PDF (especialmente o “Grande Computador Celeste” também ajudaram muita gente a chegar até as portas do Labirinto).

No TdC ocorre o que gosto de chamar de “Porta de Entrada”. São cerca de 10 mil visitantes por dia, cerca de 7 mil no post principal e 3 mil espalhados pelo que chamamos de “cauda longa”, que é movimentado principalmente pelos Sites de Busca e pelo alto Pagerank do TdC. Por ter material original e bem cotado, o Blog está sempre entre os primeiros sites (tirando os patrocinados e os esquisotéricos de portais gigantescos) e conseguimos manter um bom diálogo com a galera e começar a redirecioná-los para círculos mais específicos…

Os Primeiros Círculos costumam ser os Grupos de Hermetismo no Facebook, antigamente (em tempos de Orkut) tínhamos o Projeto Mayhem, mas com o tempo, a praticidade do Facebook fez com que o pessoal naturalmente migrasse de uma plataforma para outra. Nossos grupos de Facebook são moderados e bem cuidados. Não permitimos fakes nem trolls e qualquer problema com babacas gera advertência e banimento. Assim, conseguimos manter a qualidade mesmo dentro de um dos maiores grupos do Facebook do tema. E dentro destes Grupos, temos grupos menores relacionados à Kabbalah, Astrologia Hermética, Runas, Tarot e outros assuntos. Grupos mais fechados e mais selecionados, porque o nível dos debates também é mais complexo. Nestes grupos chegamos a 300, 400 pessoas no máximo.

Finalmente, temos nossos próprios grupos de estudo, onde você pode estudar sozinho e fazer os exercícios práticos em casa. São Monografias e relatórios, cada lição resolvida abre as portas para a próxima Monografia… Apesar de parecer simples e mais de 8 mil pessoas já terem pedido para entrar, menos de 10% sequer consegue chegar ao grau de Probacionista, onde a jornada começa. Aqui já temos uma Egrégora bem forte protegendo aqueles que resolveram se dedicar ao estudo da Alquimia, Hermetismo e busca pela Verdadeira Vontade.

Nesta caminhada, temos cursos presenciais de Hermetismo e, para os que não possuem finais de semana livre ou tempo disponível ou moram longe de São Paulo, estruturamos os Cursos de Hermetismo À Distância no Excelente site da Daemon Editora. o Conteúdo é rigorosamente o mesmo dos cursos presenciais e faço acompanhamento com apostilas e plantão de dúvidas. Aos poucos, fazemos o que está ao nosso alcance para ajudar, mas a Caminhada até o Santo Graal deve ser feita pelo Buscador.

Então, a conclusão é que depois de 22 milhões de pessoas visitando nosso site ao longo de 8 anos, cada uma destas pessoas ultrapassou o que conseguiu do próprio abismo. Muitas abriram, leram e entenderam tudo ao contrário e vão sair falando merda; muitas leram alguma coisa, mataram a curiosidade e retornaram às suas vidas; muitas leram alguns posts, até gostaram do que viram mas ficaram com preguiça de continuar e retornaram para as vidas normais; outros começaram a estudar alguma coisa; outros resolveram aprofundar os estudos; alguns entraram em ordens iniciáticas (muitas e muitas e muitas diferentes para poder citá-las todas aqui) e uma parte realmente avançou dentro destas ordens. Hoje tenho a felicidade de encontrar leitores do Arkanun/Trevas entre médicos, advogados, engenheiros, artistas, administradores; temos amigos dentro dos maiores graus de todas as Ordens no Brasil e em vários outros países…

O que nos leva à resposta do título: SIM, praticamente somos uma Ordem Secreta enraizada dentro da Cultura Pop, das Ordens Iniciáticas e de profissionais que estão no caminho para se tornarem os melhores profissionais que puderem ser. O quanto você pretende avançar na Árvore da Vida só depende de você!

Certo homem saiu para semear. Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à beira do caminho e os pássaros vieram e as comeram. Outra parte caiu no meio de pedras, onde havia pouca terra. Essas sementes brotaram depressa pois a terra não era funda, mas, quando o sol apareceu, elas secaram, pois não tinham raízes.

Outra parte das sementes caiu no meio de espinhos, os quais cresceram e as sufocaram. Uma outra parte ainda caiu em terra boa e deu frutos, produzindo 30, 60 e até mesmo 100 vezes mais do que tinha sido plantado. Quem pode ouvir, ouça.

– Matheus, 13

#Blogosfera

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/seria-o-tdc-uma-sociedade-secreta

Criando Musas

Base:

Historicamente, os envolvidos em perseguições criativas voltavam se freqüentemente à sua ” musa ” com fim de obter inspiração e apoio. Embora o conceito de uma musa tenha se desenvolvido da antiga literatura grega , a musa vem a ser mais do que um conceito abstrato pode ser expandido para seu uso em nossa vida contemporânea . As musas gregas tradicionais eram muito utilizadas por artistas e até cientistas. Abaixo uma lista de referência:

  • Calliope: Musa da poesia épica

  • Clio: Musa da história

  • Euterpe: Musa da música e da poesia lírica

  • Terpsichore: Musa da dança do coral e da canção

  • Erato: Musa da poesia erótica e da mímica

  • Melpomene: Musa da tragédia

  • Thalia: Musa da comédia

  • Polyhymnia: Musa do hino sagrado

  • Urania: Musa da astronomia

Perseguições criativas nos dias moderno cercam uma variedade muito maior de coisas. Por que não uma Musa da Programação? Ou uma Musa da Música Industrial? As musas tradicionais eram úteis na Grécia antiga, mas obviamente, houve alguma Evolução das Artes desde aqueles antigos dias gregos. (Se você ainda tem suas dúvidas olhe a querida doce Erato – quantas pessoas hoje estão interessadas em poesia erótica e mimicaria ?!?)

Se as musas tradicionais não te estimularam nem inspiraram a voar ao pináculo de seus empenhos criativos, por que não invocar e criar sua própria musa? O rito seguinte é escrito para um trabalho em grupo, mas poderia ser adaptado facilmente por um trabalho solo.

Descrição:

O rito consiste dos seguintes elementos:

0. Preparação Pré-ritual
I. Declaração de Intento
II. Nascimento da Musa: Sons e Outros
III. Nomeando a Musa
IV. Registrando os nomes, formas, e funções das novas musas
V. Um seguimento algumas semanas depois do nascimento da Musa

0. Preparação Pré-ritual

Materiais Necessários:

– Algum modo de geração de um coral, pode ser cantado pelos próprios participantes ou o uso de aparelhos de Cd´s.

– Três jogos de cartões com as Consoantes do Alfabeto cortados em pedaços e colocados em uma caixa ou bolsa.

– Dados de doze ou vinte lados

– Algum modo de se reproduzir ruídos estrondosos como os Trovões (como tambores ou uma trilha sonora adequada). Se instrumentos não estiverem disponíveis, batem se as mãos e os pés contra o solo ritmicamente.

Antes do ritual, o grupo discute e concorda qual tipos de musas que eles invocarão. Cada participante escolhe um tópico em que eles gostariam de um pouco de inspiração e criatividade. Já que é possíveis dois participantes desejarem inspiração no mesmo reino, uma discussão é necessária para prover que duas musas sejam criadas para os mesmos tópicos (e não uma musa para os dois participantes). Os tópicos deveriam ser bem específicos, seria ideal terminar com muitos trabalhos e, um altar ou templo ( de preferência ‘templo’) inteiro para as musas na verdadeira e antiga tradição grega. Depois do período de nascimento e nomeação inicial as “musas” podem ser chamadas por qualquer um que saiba de sua existência.

O quarto para o ritual deve ser antecipadamente preparado. Deveriam ser acesos incensos e velas, e todos os artigos que serão usados durante o ritual devem ser colocados no quarto. Papéis e canetas serão necessárias assim como também os outros materiais mencionados.

O Rito:

Um rito de abertura, preferentemente o Vórtice, é executado.

1. Declaração de Intento: Depois do rito de abertura, o MO declara a declaração de intento inicial:

“É nossa vontade invocar estas musas da #( áreas do interesse ) que inspirarão e nos apoiarão em todos os nossos empenhos criativos.”

Um outro participante repete isto depois do MO.

Começando com o MO, cada participante faz uma declaração de intento sobre sua musa particular que estiver invocando. O MO começa e então os participantes a partir de sua esquerda fazem a declaração de intento a seguir.

” É nossa vontade invocar uma Musa do #(tópico)”

2. Nascimento da Musa: Trovão e Canto

As musas tradicionais eram as filhas de Zeus com a Deusa da Memória . Para trazer novas musas novas no mundo, serão usados trovões (zeus) e cantoria (memória) para recrear aquela união.

Depois da declaração de intento for feita, os participantes começam a simular o trovão de Zeus através do método escolhido como batendo em tambores, batendo no chão, ou até gritos (qualquer grito não-musical, primal , coisas que representem a Deidade Machista que personifica Zeus) ou uso de um fundo pré gravado. Mantenham o trovão durante alguns minutos até que vocês então passem do trovejante Zeus para algo mais confortável como o canto em grupo coordenado ou uma música gravada de um belo coral.

Enquanto fazendo a transição de trovão para o coral, pense no início da criação das musas enquanto o coral estiver passando sinta que a geração se iniciou. Deixe as imagens fluírem sozinhas. Você está procurando o forma de sua musa. Pode ser qualquer coisa: animal, legume , humana, ou mineral, mas deve ser algo que você possa descrever concretamente aos outros. Uma vez que você tenha achado a forma da sua musa e esteja satisfeito com a quantidade de detalhes que sua visualização revelou , agora você para, e siga para o próximo passo. Você pode fazer isto (embora silenciosamente ) até mesmo enquanto os outros ainda estão criando as outras musas.

3. Nomeando a Musa

Você agora tem a forma e função de sua Musa. Agora você precisa de um nome. Rode os dados ( se possível consiga um de doze lados). O número que cair é a quantidade de cartas que você terá de tirar da caixa que contém os cartões. Escreva em um papel as cartas que você tirar. Reponha as cartas na caixa para o próximo participante. Some vogais conforme sua vontade.

4. Registrando

Depois que todo mundo terminou formando e nomeando sua musa, feche o Vórtice. Então registre as novas musas no papel e mantenha durante um mês.

5. Seguimento

Cada participante deveria prestar homenagem ativamente à musa que invocaram logo depois do ritual e depois para realimentar , prestasse relatório ao grupo um mês depois do ritual. Neste momento, deveria ser adicionadas qualquer informações pertinentes à musa ao registro do Templo das musas. Por exemplo, se a pessoa descobrisse que a musa invocada trabalha particularmente bem com velas laranjas ou o sacrifício de uma xícara de café, isto deveria ser registrado. Talvez a Musa só ” fale ” ao seu candidato em sonhos ou no chuveiro. Qualquer idiossincrasia ou método de prece que forem descobertos para aquela musa em particular, deve ser registrado. O Templo terá um registro de suas próprias musas agora, disponível para qualquer um e todos para sempre podem chamar a elas em busca de inspiração.

Tradução de Morbitus Vividus

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/criando-musas/

Kali – A Deusa Cósmica da Vida e da Morte

Por Frater Eradikator

Kali é frequentemente vista como uma Deusa da Morte, Sombria, Negra e Selvagem, e como a destruidora do “poder do tempo eterno”. Entretanto, para seus seguidores, tanto no hinduísmo quanto no tantra, ela é muito mais do que tais concepções e representa uma Grande Deusa de muitos aspectos, responsável por toda a vida desde a concepção até a morte. Sua adoração consiste tanto em festivais de fertilidade quanto em sacrifícios (animais e humanos); e sua iniciação expande a consciência por muitos caminhos, incluindo o medo, sexo ritual e a absorção de várias drogas.

Uma descrição muito completa e poética de Kali foi escrita por Pirsig que escreveu: “Kali, a Divina Mãe, representa a totalidade do plano físico. Ela é o drama, a tragédia, o humor e a tristeza da vida. Ela é irmão, pai, irmã, mãe, amante e amiga. Ela é o demônio, o monstro, a besta e o bruto. Ela é o sol e o oceano. Ela é a grama e o orvalho. Ela é nosso senso de realização e nosso senso de propósito. Nossa emoção da descoberta é uma contrapartida a sua pulseira. Nossas gratificações são uma mancha de cor em sua bochecha. Nosso senso do que é importante é o sino em seu tornozelo. A grande e sedutora, terrível e maravilhosa mãe terra sempre tem algo a oferecer”, Pirsig, Zen na Arte da Manutenção de Motocicletas.

Embora Kali seja adorada em toda a Índia e Nepal, e mesmo na Indonésia, é em Bengala que ela é mais popular, onde também encontramos Kalighat, seu templo mais famoso nos arredores de Calcutá. (Considerando que Calcutá é simplesmente a forma anglicizada de kaligata, a cidade recebeu seu primeiro nome da Deusa). Tem sido dito que Kali é “a divina Shakti representando tanto os aspectos criativos quanto destrutivos da natureza”, e como tal ela é uma deusa que dá vida e traz a morte. Vestida apenas no véu do espaço, sua nudez negra-azul simboliza a noite eterna da inexistência, uma noite livre de ilusões e diferenciação. Kali é assim a realidade pura e primordial, a ordem envolvida, o vazio sem forma rico em potencialidades. Com o tempo, Kali tornou-se uma figura tão dominante no panteão indiano que muitas deusas foram assimiladas a ela, e ela mesma abrangeu um número cada vez maior de aspectos e manifestações.

Muitos destes, por exemplo, os apropriadamente chamados “Cem Nomes de Kali”, são nomes que começam com a letra “k”. Em suas traduções estes nomes definem a Deusa mais íntima e diretamente do que qualquer exposição intelectual poderia definir. Os Cem Nomes aparecem na stotra de adyakali svarupa, um hino a Kali que faz parte do Mahanirvana Tantra.

O que emerge da leitura deste hino é a visão de Kali em uma variedade de aspectos completamente diferentes. Descobrimos Kali como um revelador, um benfeitor e no corpus da escola Kaula Tantra, seus ensinamentos apresentam Kali como um ajudante compassivo, um destruidor do mal, do medo, do orgulho e do pecado. Kali como uma mulher jovem, bonita, sensual e atraente. Kali como a encarnação do desejo e libertadora do desejo, como uma mulher livre que se alegra e se deixa alegrar. Kali que participa do consumo de drogas e afrodisíacos (cânfora, almíscar, vinhos). Kali rejubilando e encorajando a celebração das jovens mulheres (com vinho, drogas e jogos sexuais). Kali como rainha da cidade sagrada de Vanarasi (Benares) e como amante, amada e devoradora de Shiva (o Senhor desta cidade). Kali, a metamorfo (assumindo qualquer forma de acordo com seu desejo). Kali com uma aparência aterradora, usando uma guirlanda de ossos e usando um crânio humano como cálice. Kali a noite negra, mãe e destruidora do tempo, como o fogo da dissolução dos mundos.

Você pode ler uma tradução deste hino em Hino à Deusa por Sir John Woodroffe (1913). Uma tradução revisada (1927) é dada em A Grande Libertação (The Mahanirvana Tantra). Embora estas edições tenham o benefício de incluir os 100 nomes de Kali em sânscrito, elas não podem se comparar em legibilidade e honestidade de tradução com o hino publicado por Philip Rawson em sua Arte do Tantra (1973, página 131).

Kali. Tradução/adaptação: Frater Eradikator.

Referências:

– Rawson, Philip. A Arte do Tantra. Londres: Thames & Hudson, 1973

– Woodroffe, Sir John (também conhecido como Arthur Avalon). Hinos à Deusa e Hinos a Kali (1913).

– Wilmot, WI: Lotus Light, 1981

– Woodroffe, Sir John (também conhecido como Arthur Avalon). A Grande Libertação (Mahanirvana Tantra, 1927)

– Madras, Índia: Ganesh & Co, 1985 (RCC)

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Fonte:

ERRADIKATOR, Frater. Kali. EzoOccut, 2008, 2020. Disponível em: <https://www.esoblogs.net/376/kali/>. Acesso em 6 de março de 2022.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/kali-a-deusa-cosmica-da-vida-e-da-morte/

Nove Anos do Teoria da Conspiração!

Hoje, 10/08, exatamente nove anos atrás, em 10/08/2007, era postado o primeiro texto do Teoria da Conspiração no Sedentário: A Santa Ceia e os Símbolos Astrológicos. Lembrando as palavras de um Exu amigo, “Quando vai ver, já foi!”.

Nos dias de hoje, onde qualquer estudante de primeiro ano de filosofia pode inventar para si um titulo pomposo e criar um blog esotérico para tentar impor suas verdades, e dezenas de blogs de magias e pactos e ordens e curiosos de todos os calibres esquisotéricos surgem a cada dia na internet, como podemos saber se determinado autor é confiável?

Eu me fiz essa pergunta dez anos atrás, quando encontrei com o Del Debbio pela primeira vez em uma loja Maçônica, em uma palestra sobre “Kabbalah Hermética” (que vocês ja devem ter assistido pelo menos alguma versão dela. São todas iguais, mas todas diferentes. Só assistindo duas para ver. Para quem não viu, tem um link de uma delas no youtube Aqui). Adoro essa palestra porque sempre os judeus tradicionais se arrepiam todo quando ele faz as correlações da árvore das vidas com outras religiões. E este, talvez, seja o maior legado que ele deixará na história do Hermetismo.

Mas o que o gabarita para fazer estas afirmações?

Talvez porque a história do MDD dentro das Ordens iniciáticas seja única. A maioria de nós, estudiosos do ocultismo pré-internet, começávamos pela revista Planeta, depois comprávamos os livros da editora Pensamento, entrávamos na Maçonaria, em alguma ordem rosacruz e seguíamos pela senda sem nunca travarmos contato com outras vertentes. Quem é da macumba, caia em um terreiro escondido no fundo de algum quintal e ficava por lá décadas, isolado. Cada um com suas verdades…

O DD começou em 1989 lá na Inglaterra. E ainda teve sorte (se é que alguém aqui ainda acredita que existam coincidências) de cair em um craft tradicional de bruxaria, com a parte magística da coisa (que inclui incorporações) e contato com o pessoal da SRIA, do AA e de outros grupos rosacruzes. Quando voltou para o Brasil, talvez tivesse ficado trancado em seu quarto estudando e nunca teríamos este blog… mas ele também foi um dos primeiros Jogadores de RPG aqui no Brasil. (RPG é a sigla de um jogo que significa “role playing games” ou jogos de teatro). Em 1995 publicou um livro que utilizava o cenário medieval de mitologias reais em um jogo que foi um dos mais vendidos da história do RPG no Brasil (Arkanun). Por que isso é importante?

Porque ele se tornou uma espécie de subcelebridade pop. E isso, como veremos, foi de importância vital para chegarmos onde estamos hoje (vai anotando as coincidências ai…).

Bem, o DD se graduou em arquitetura e fez especializações em história da arte, semiótica e história das religiões comparadas. De um trabalho de mais de dez anos de pesquisas, publicou a Enciclopédia de Mitologia, um dos maiores trampos sobre o assunto no Brasil.

Com a faculdade veio a maçonaria e aqui as coisas começam a ficar interessantes. Por ser um escritor famoso, ele conheceu o Grande Secretário de Planejamentos do GOB, Wagner Veneziani Costa, um dos caras mais importantes e influentes dentro da maçonaria, editor da Madras, uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço e fundador da loja maçônica Madras, que foi padrinho do Del Debbio. E aqui entra o ponto que seria crucial para a história do hermetismo no Brasil, a LOJA MADRAS.

No período de 2004 a 2008, a ARLS Madras contou entre seus membros com pessoas como Alexandre Cumino (Umbanda), Rubens Saraceni (Umbanda Sagrada), Johhny de Carli (Reiki), Cláudio Roque Buono Ferreira (Grão Mestre do GOB), Sérgio Pacca (OTO, Thelemita e fundador da ARLS Aleister Crowley), Mario Sérgio Nunes da Costa (Grão Mestre Templário), Adriano Camargo Monteiro (LHP, Dragon Rouge), José Aleixo Vieira (Grande Secretário de Ritualística), Severino Sena (Ogan), Waldir Persona (Umbanda e Candomblé), Carlos Brasilio Conte (Teosofia), Alfonso Odrizola (Umbanda, diretor da Tv espiritualista), Ari Barbosa e Cláudio Yokoyama (Magia Divina), Marco Antônio “Xuxa” (Martinismo), Atila Fayão (Cabalá Judaica), César Mingardi (Rito de York), Diamantino Trindade (Umbanda), Carlos Guardado (Ordem da Marca), Sérgio Grosso (CBCS), entre diversos outros experts em áreas de hermetismo e ocultismo. Agora junte todos estes caras em reuniões quinzenais onde alguém apresentava uma palestra sobre um tema ocultista e os outros podiam questionar e debater sobre o assunto proposto com seus pontos de vista e você começará a ter uma idéia do que isso representou em termos de avanço do conhecimento.

Entre diversas contribuições para a maçonaria brasileira, trouxeram o RER (Rito Escocês Retificado), O Rito Maçônico-Martinista, para o Brasil, fundando a primeira loja do rito, ARLS Jerusalem Celeste, em SP, e organizaram as Ordens de Aperfeiçoamento (Marca, Nauta, Arco Real, Templários e Malta). O Del Debbio chegou a ser Grande Marechal Adjunto da Ordem Templária em 2011/2012.

Em paralelo, tínhamos a ARLS Aleister Crowley e a ARLS Thelema, onde se estudava magia prática e que era formada por membros da OTO, Astrum Argentum, Arcanum Arcanorum, AMORC, TOM e SRIA, e trocávamos conhecimento com a OTO no RJ (Loja Quetzocoatl, com minha querida soror Babalon) e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema (que, dentre outros, tivemos a honra de poder conversar algumas vezes com Frater Áster – Euclydes Lacerda – antes de seu falecimento em 2010). Além disso, tínhamos acesso a alguns dos fundadores do movimento Satanista em São Paulo e Quimbandeiros (cujos nomes manterei em segredo para minha própria segurança kkkkk). A ARLS Crowley era tão engajada que até o Padre Quevedo palestrou uma vez sobre demonologia lá.

Palestra no evento de RPG “SANA”, em 2006. Eu avisei que ele era subcelebridade, não avisei? Bem… nesse meio tempo, o MDD já estava bem conhecido dentro das ordens Iniciáticas, dando diversas palestras e cursos fechados apenas para maçons e rosacruzes. De dia, popstar; de noite, frequentando cemitérios para desfazer trabalhos de magia negra com a galera do terreiro. Fun times!

Ok, mas e a Kabbalah Hermética?

O lance de toda aquela pesquisa sobre Mitologia e suas correlações com a Cabalá judaica o levou a estudar a Torah e a Cabalá com rabinos e maçons do rito Adonhiramita por 5 anos, tendo sido iniciado na Cabalá Sefardita em um grupo de estudos iniciáticos. Apesar da paixão e conhecimento pela cultura judaica, ele escolheu não se converter (segundo palavras do próprio “Não tem como me converter ao judaísmo; como vou ficar sem filé à Parmigiana?“). Seus estudos se intensificaram entre os textos de Charles “Chic” Cicero via suas publicações na Ars Quatuor Coronatorum, nas Lojas Inglesas e os textos de Tabatha Cicero via Golden Dawn.

A idéia da Kabbalah associada aos princípios alquímicos, unificando tarot, alquimia e astrologia sempre levantou uma guerra com os judeus ortodoxos, que consideram a Cabalá algo profundamente vinculado à sua religião (por isso costumamos grafar estas duas palavras de maneira diferente: Kabbalah e Cabalá.

Em 2006, Adriano Camargo publica o “Sistemagia”, um dos melhores guias de referência de Kabbalah Hermetica, onde muitas das correlações debatidas em loja foram aproveitadas e organizadas.

No meio de todos estes processos de estudos, chegamos em 2007 em uma palestra na qual estava presente o Regis Freitas, mais conhecido como Oitobits, do site “Sedentário e Hiperativo”, que perguntou a ele se gostaria de ter um blog para falar de ocultismo. O nome “Teoria da Conspiração” foi escolhido pelo pessoal do S&H e em poucas semanas atingiu 40.000 leitores por post.

Del Debbio se torna a primeira figura “pública” dentro do ocultismo brasileiro a defender uma correlação direta entre os orixás e suas entidades com as Esferas da Árvore das Vidas e as entidades helênicas evocadas nos rituais de Aleister Crowley. “Apenas uma questão de máscaras que a entidade espiritual escolherá de acordo com a egrégora em que estiver trabalhando” disse uma vez em uma entrevista.

Estes trabalhos em magia prática puderam ser feitos graças ao intercâmbio de conhecimentos na ARLS Madras, pois foi possível que médiuns umbandistas estudassem hermetismo, kabbalah e cabalá em profundidade e, consequentemente, as entidades que trabalham com eles pudessem se livrar das “máscaras” africanas e trabalharem com formas mais adequadas, como alquimistas, templários e hermetistas. Com a ajuda dos terreiros de Umbanda Sagrada, conseguimos trabalhar até com judeus estudiosos da cabalá que eram médiuns, cujas entidades passaram grandes conhecimentos sobre correspondências dos sistemas judaico e africano, bem como de sua raiz comum, o Egito. A maioria deste conhecimento ainda está restrito ao AA, ao Colégio dos Magos e a outros grupos fechados mas, aos poucos, conforme instruções “do lado de lá”, estão sendo gradativamente abertos.

Em 2010, conhece Fernando Maiorino, diretor da Sirius-Gaia e ajuda a divulgar o I Simpósio de Hermetismo, onde participam também o Frater Goya (C.I.H.), Acid (Saindo da Matrix), Carlos Conte (Teosofia), Renan Romão (Thelema) e Ione Cirilo (Xamanismo). Na segunda edição, em 2011, participam além dos acima o monge Márcio Lupion (Budismo Tibetano), Mário Filho (Islamismo), Alexandre Cumino (Umbanda), Adriano Camargo (LHP), Gilberto Antônio (Taoísmo) e Lázaro Freire (projeção Astral).

A terceira edição ampliou ainda os laços entre os pesquisadores, chamando Felipe Cazelli (Magia do Caos), Wagner Borges (Espiritualista), Claudio Crow (Magia Celta) e Giordano Cimadon (Gnose).

O Blog do “Teoria da Conspiração” também cresce, agregando pensadores semelhantes. Além de textos de todos os citados neste post, também colaboram estudiosos como Jayr Miranda (Panyatara, FRA), Kennyo Ismail (autor do blog “No Esquadro” e um dos maiores pesquisadores contemporâneos sobre maçonaria), Aoi Kwan (Magia Oriental), Raph Arrais (responsável pelas belíssimas traduções da obra de Rumi), o Autor do blog “Maçonaria e Satanismo” (cujo nome continua em segredo comigo!), Tiago Mazzon (labirinto da Mente), Fabio Almeida (Música e Hermetismo), Danilo Pestana (Satanismo), Bruno Cobbi (Ciganos), PH Alves e Roe Mesquita (Adeptus), Frater Alef (Aya Sofia), Jeff Alves (ocultismo BR), Yuri Motta (HQs e Ocultismo), Djaysel Pessoa (Zzzurto), Leonardo lacerda e Hugo Ramirez (Ordem Demolay).

A ARLS Arcanum Arcanorum, braço maçônico da Ordem de Estudos Arcanum Arcanorum, que trabalha em conjunto com a SOL (Sociedade dos Ocultistas Livres), o Templo Aya Sofia, o Colégio dos Magos e o Teoria da Conspiração.

E os frutos desse trabalho se multiplicaram. Com o designer Rodrigo Grola, organizou o Tarot da Kabbalah Hermética, possivelmente um dos melhores e mais completos tarots que existem, além dos pôsteres de estudo. Hoje seus alunos estão desenvolvendo HQs, Livros, Músicas, dando aulas e até mesmo produzindo um Seriado de TV baseado nos estudos da Kabbalah Hermética.

E agora esta em financiamento coletivo para um livro que deve elevar todos os paradigmas de Kabbalah hermética para outro patamar. O Livro bateu todos os recordes de arrecadação no Catarse e ainda há mais de um mês pela frente.

Quando sair publicado, o estudo de mitologias comparadas, kabbalah e astrologia hermética nunca mais será o mesmo. Isso se chama LEGADO.

E ai temos a resposta que tive para a pergunta do início do texto: Como saber se um autor é confiável? Oras, avaliando toda a história dele e quais são suas bases de estudo, quem são seus professores, quais as pessoas que o ajudam e quem são seus inimigos. Quais são os caras que ele pode perguntar alguma coisa quando tem dúvida? e quais são os caras que tentam atrapalhar o seu trabalho?

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Pronto. Aqui está o texto que eu tinha prometido sobre os nove anos de Blog. Parabéns, Frater Thoth, já passou da hora de alguém começar a organizar uma biografia decente sobre os seus trabalhos.

#Blogosfera

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/nove-anos-do-teoria-da-conspira%C3%A7%C3%A3o

O Sexo e a Morte

Ao contrário do que uma análise superficial possa dar a entender, muitas são as relações entre o sexo e a morte. Para começar, na história da vida, eles nasceram praticamente juntos: até 1 bilhão de anos atrás, só existia vida na Terra na forma de organismos unicelulares, o que vale dizer, não existia sexo nem morte, pois um organismo unicelular se reproduz sem necessidade de uma cópula, apenas dividindo-se em dois, e ao fazê-lo, ele “morre” como indivíduo, e as duas células em que se dividiu constituem sua descendência.

Parece prático, mas atravanca a evolução, que, como se sabe, depende da rápida transmissão aos descendentes das mutações “boas”, assim consideradas por significarem adaptações evolutivas. É do interesse da espécie, portanto, que a linhagem dos portadores das adaptações evolutivas prospere o quanto antes. Mas como cada célula dá origem uma linhagem única e específica, cada uma delas é como uma gota no oceano. Até que os portadores das mutações “boas” se tornem majoritários, decorrerá um tempo imenso.

Foi então que surgiu o sexo e a morte. Agora, para haver reprodução, não basta que cada organismo faça cópias de si mesmo, ad infinitum. É necessário haver, não uma cópia, mas uma combinação, e é justamente isto o que oferece a reprodução sexuada. A cada cópula bem-sucedida, embaralham-se novamente os genes, produzindo uma variedade de resultados. Tal como no pôquer, teremos jogos bons e maus. Um único exemplar masculino, oriundo de um jogo “bom”, pode transmitir suas boas cartas a uma variedade de fêmeas, dando origem, não a uma única, mas a várias linhagens. E depois? Bom, aí que entra a morte. É do interesse da espécie que as gerações novas, por serem portadoras das adaptações evolutivas, tornem-se majoritárias o quanto antes. Mas se os exemplares das gerações antigas, ainda mal adaptadas, tiverem um tempo de vida demasiado longo, eles passarão a fazer concorrência aos jovens, retardando-os em seu percurso. É necessário que os velhos desapareçam – e é para isto que há a morte [1].

Na verdade, o que a visão estritamente materialista nos traz – no sentido de tratar apenas da evolução física das espécies – é esta lição ancestral de que, sem sexo e sem morte, não haveria tamanha evolução de seres tão complexos quanto praticamente qualquer animal que vemos a olho nu, e inclusive o próprio homo sapiens. Em suma, para a natureza, o sexo e a morte se complementam, o primeiro atuando como agente potencializador da evolução, o último atuando como agente renovador.

Mas eis que surge a consciência e com ela tantas e tantas perguntas sem resposta. Se somos a forma do Cosmos conhecer a si mesmo, por vezes tememos que nada em todo Cosmos fosse capaz de aplacar nossa angústia perante a existência… Por isso não é de surpreender que tenha surgido nossa distinta visão espiritual do mundo, evento talvez exclusivo do homo sapiens, o que o destaca definitivamente de todos os outros seres terrestres na árvore da vida.

No ato do sexo profundo, realizado não somente com o corpo, mas também com alma, há um momento de êxtase onde a consciência é subitamente alterada, em muitos casos perdida ou esquecida… Nas tradições espiritualistas do Oriente, o sexo profundo é também chamado de pequena morte. Existe uma relação interessante entre ambos, a nível de processo de consciência e não apenas físico e material: ambos são uma espécie de encontro – no sexo encontramos o amor presente em outro ser afim; na morte, encontramos o amor presente no eterno renovar da vida. Pois que seria a vida, afinal, que não um supremo ato de amor, de criação? E o que seriam o sexo e a morte, senão os mecanismos pelos quais a vida segue o seu rumo?

Mas há que se ter uma visão equilibrada entre tais polos aparentemente opostos, para se conquistar um conhecimento abrangente em relação a existência, uma distinta paz de espírito própria dos sábios de outrora, das mais diversas tradições espiritualistas, que souberam tratar o sexo e a morte como dois lados da mesma moeda, como componentes sagrados da própria vida…

Sem tal equilíbrio, a sociedade se vê envolta em uma “esquizofrenia do politicamente correto”. Desde o advento do cristianismo até poucas décadas atrás, o Ocidente – e este é só um exemplo, pois os polos se alternam – passou por um longo período de aversão a exposição pública do sexo. Tal qual bonobos arrependidos, os homens e mulheres certamente continuaram a fazer sexo, e bastante, mas precisavam ocultá-lo da sociedade, e por vezes confessá-lo, em extrema vergonha, ao deus do confessionário. Interessante de se notar, entretanto, que nessa época a morte não era algo abominável – pelo contrário, era bastante comum a família toda, inclusive as crianças, se reunirem em torno de um parente moribundo, em sua própria casa, em sua própria cama, para se despedirem. O sexo era sujo, mas a morte era a promessa de purificação na vida eterna.

Após tanta supressão do sexo, a polaridade havia de se inverter. Então veio o pós-modernismo, o rock and roll e a revolução sexual do Ocidente. Desta feita, o sexo e o prazer eram exaltados e cada vez mais expostos a toda a sociedade – não importa se alguns não estavam tão interessados, era a época do advento da mídia de massa. E todos precisavam ver os exuberantes corpos nus de homo sapiens, a se admirar e se roçar tal qual bonobos ferozes: todos precisavam experimentar. Ser virgem era subitamente o mais novo pecado!

Mas, se o sexo era agora algo tão belo e prazeroso, a morte por sua vez tornara-se medonha e obscura. Até mesmo o envelhecimento haveria de ser mascarado. Era preferível morrer jovem, por alguma overdose sensorial, do que sequer imaginar habitarmos um corpo envelhecido e decrépito. E eis que a própria morte em si deveria ser algo disfarçado, “resolvido” e esquecido o quanto antes. Não se trazia mais os moribundos para morrerem em casa, mas os mantinham até onde fosse possível nos hospitais. As CTIs se tornaram o purgatório, e a cerimônia do velório um ritual macabro, do qual todos haviam de comparecer com certo asco, e fugir o mais breve possível, e daí esquecer…

Então, como diria o Dalai Lama, passamos a viver como se jamais fossemos morrer, e a morrer como se não tivéssemos vivido. Que nessa anestesia mental, ora ignoramos o sexo, ora ignoramos a morte. Mas nada parece ter resolvido nossa angústia: nem a espiritualidade superficial das religiões de barganha, nem a ciência superficial do modernismo tecnológico que pretende que seres sejam máquinas. Que não é pelo pagamento de orações, pelo recitar repetitivo de dogmas esquecidos, ou pela insistência em reconstruir nosso corpo, na esperança que pareça “eternamente jovem”, que encontraremos a solução.

A solução está tão somente em pensar, em abrir os olhos e ver, e assim melhor viver… E vivendo, conhecer a si próprio, o próprio corpo e cada uma de suas rugas, a própria mente e cada um de seus medos, o próprio espírito e cada uma de suas sombras. E quem sabe nalgum dia compreender, como os sábios de outrora, e de hoje, que desde épocas imemoriais, desde muito antes do despertar de nossa consciência, tudo já era assim: não existe propriamente nem o sexo nem a morte, mas antes de tudo, apenas o amor a gerar esse oceano de vida, em constante renovação.

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[1] Boa parte dos três primeiros parágrafos foi retirada de um artigo do escritor Pedro Mundim.

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#Espiritualidade #biologia #amor #sexo #morte

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-sexo-e-a-morte

A Encruzilhada

Trecho extraído do livro: “A Magia das Oferendas na Umbanda”

– autoria: Pai Juruá

Oferenda: Objeto ou coisa qualquer que se oferece: presente; dádiva – Diz-se na Umbanda, que oferenda é um presente para captar apenas vibrações, ou melhor, para harmonizar vibrações.

Despacho: Ato ou efeito de despachar (dispensar os serviços de; mandar embora; despedir).

Muitos acreditam ser a encruzilhada de Guardiões estas de rua ou de cemitério. Mas a verdadeira “Encruza” está no campo astral e não no campo físico (pedimos aos leitores estudarem o assunto: Linhas de Ley; aí, encontrarão muitas respostas para a questão “encruzilhada”).

@MDD – Meditem sobre o fato de praticamente todos os Templos Antigos estarem localizados sobre os cruzamentos das Linhas de Ley, e sobre a posição do Guardião Energético do Templo, que dá a permissão para se iniciar os trabalhos (na Maçonaria: Primeiro Vigilante, por exemplo).

Os Guardiões somente realizam “despachos” em encruzilhadas de rua e de cemitério, desde que sejam para fins específicos, quando à necessidade de manipular energias humanas que se entrecruzam. Fora disso, as encruzilhadas de rua e de cemitério não são os pontos de força dos Guardiões.

Aquilo que rege o Macrocosmo também rege o Microcosmo, pois existe apenas uma Lei que comanda os mundos, adaptada conforme a forma de vida que esteja debaixo de sua ação e reação. As leis que ordenam e coordenam os astros, a natureza e os elementos são as mesmas leis que coordenam a biologia e a física do ser humano, exatamente por ser este influenciado pelo meio e pelas regras matemáticas dos astros e das potestades.

E a Lei que dá formação e ajuste à matéria e que faculta, inclusive, o próprio modo de ser da movimentação Cármica, a Lei Mater aplicada a movimentação dos elementos, é sintetizada na Encruzilhada dos Guardiões, ou na Roda Cabalística da Encruzilhada.

Sabemos que muitos irmãos realizam seus trabalhos ritualísticos nas chamadas encruzilhadas de rua ou cemitério. Achamos por bem alertar que encruzilhadas de rua e de cemitério são locais onde existem determinadas portas dimensionais que se ligam diretamente às covas mais profundas do Baixo Astral. São as chamadas “Portas Cruzadas” e os trabalhos feitos nestes locais, tem aceite somente por entidades que nada tem a ver com os verdadeiros Guardiões, ou são efetuados por ordens dos Guardiões de Lei, quando da manipulação energética necessária.

Nas encruzilhadas de rua e de cemitério habitam os seres mais estranhos e terríveis, verdadeiros monstros, que alteraram a forma de seu corpo astral (Zoantropia), devido a sua própria conduta mental e emocional. Adulteraram completamente seus sentidos e seus objetivos na caminhada evolutiva, sendo seres viciados, dementados e na sua maioria perversos, coléricos e vingativos. Estes são os famigerados quiumbas, seres que habitam a contraparte astral de locais como prostíbulos, matadouros, casas de jogos, cemitérios, bares e mesmo churrascarias, pois são loucos por sangue, morte, bebida e vícios, os mais variados.

E são eles que recebem nas encruzilhadas de rua e de cemitério as oferendas feitas com sangue, animais mortos, ossos e todos os tipos de materiais de baixa vibratória.

Estes seres se agregam na aura dos infelizes que realizam tais práticas, como se realmente os vampirizassem, fomentando-os a realizarem sempre tais oferendas sangrentas no intuito de alimentá-los vibratoriamente. Muitos destes são acompanhados por outros seres que são chamados de “larvas astrais”. Estas são formas pensamentos viciadas, que possuem a forma de baratas ou de algo semelhante a lagostas, polvos, lombrigas, etc. Tais coisas se agregam à vítima e funcionam como um sensor que a liga ao quiumba, mesmo à distância.

Estas larvas trazem realmente muitas doenças, tanto mentais como físicas fazendo com que a vítima se sinta, na maior parte das vezes desanimada e sem força de vontade, só se recuperando quando estão em qualquer prática viciosa.

Esses quiumbas são combatidos pelos Guardiões de Lei da Umbanda, que exercem verdadeiro policiamento nas zonas onde existem o tóxico, o álcool, a prostituição e coisas piores. Os Guardiões os policiam para não utilizarem a contraparte etérica de elementos como o sangue, ossos, etc., por exemplo, para fins de contundência.

Na verdade, estes quiumbas são igualmente nossos irmãos, estando apenas caídos na rota evolutiva, desviados que foram por outros seres sumamente poderosos, embora intencionalmente voltados para o mal; os magos negros.

Quando os Guardiões aprisionam estes quiumbas, os levam a determinados postos corretivos no astral, onde ficarão recebendo um tratamento que lhes facultará a retomada de sua linha evolutiva afim e o possível reencarne. Dissemos possível pelo fato de muitos deles não terem condições vibratórias de reencarnarem, pois que seus corpos astrais se encontram em terrível desajuste e mesmo suas mentes estão em tal estado de revolta e ódio que seria prejudicial a si e as outras pessoas o passe reencarnatório.

Mas perguntará o leitor: já não encarnam tantos assassinos, facínoras e corruptos? Como estes conseguem o tal passe? E responderemos que estes se encontram nesta condição por já estarem extremamente melhorados e que as coisas no submundo astral são bem piores.

Determinados assassinos que reencarnam (ou mais exatamente são como que “jogados” na roda da encarnação para reajustar-se com seus afins. Só o mal corrige o mal) já foram e vieram muitas e muitas vezes, sendo que o seu livre arbítrio se torna cada vez menor enquanto não corrigirem as suas ações.

Para muitos o passe da reencarnação é vedado e são estes – os mais perigosos – aprisionados em sua consciência como se fossem certas formas ovóides, em estágio estacionário. Mas este é um aspecto dos mais terríveis e perturbadores e que deixaremos de citá-lo de forma mais aprofundada para não causar traumas ao inconsciente de muitos…

É bom frisarmos que a Umbanda não doutrina o maniqueísmo, ou a dicotomia BEM/MAL como se Deus fosse um déspota que se deleitasse em ver seus filhos sofrendo num inferno eterno. A única coisa eterna é o bem, o Amor Cósmico; sendo o mal uma distorção destas realidades e um artifício utilizado pelo Criador, a fim de sabermos diferenciar o bem do mal. O inferno está na consciência de cada um, sendo esta direcionada e escalonada de acordo com as atitudes que se realizem durante as encarnações. Pois a verdade é uma só: podemos enganar aos outros, mas jamais enganaremos a nós mesmos, que somos testemunhas de nossos próprios atos, ninguém escapa do passado e os erros são contados e pesados não somente pelos Tribunais Cármicos, mas muito principalmente pela nossa própria consciência, pois quem já sentiu dentro de si uma fagulha que seja da Verdade e do Amor das Almas, sabe o quanto pesa as atitudes passadas e os atos infelizes realizados contra a natureza e os semelhantes.

E o que acontece com aqueles que não se questionam sobre seus atos?

Estes, quando seu Karma se torna impraticável, repleto de ações negativas são direcionados a seus afins, para determinados planetas menos evoluídos ou mais primitivos que o nosso. Como? Se em nosso mundo que é uma casa abençoada necessitamos ainda pagarmos para nos alimentar, (o que já é resultado de excessivas ganâncias do passado…) embora não paguemos pela luz, ou pelo ar, existem mundos onde estas coisas são pagas, pois que estes seres formaram tal condição negativa sobre si que seus próprios atos os forçaram a construir uma sociedade afim a suas experiências passadas.

Achamos importante, para esclarecer os irmãos umbandistas, repetir que fazer entregas em encruzilhadas de rua ou de cemitério é atividade perigosíssima, principalmente quando estas entregas levam elementos animais ou mesmo materiais densamente negativos. Repetimos que a Umbanda não usa matar animais em hipótese alguma, seja para louvar Orixás ou para resolver qualquer desmando com o baixo astral. A Umbanda também não usa colocar sangue na cabeça de seus iniciados.

Acreditamos – pois temos certeza – de que o sangue atrai esta classe de espíritos do quais falamos. Os irmãos dos Cultos de Nação muitas vezes questionam a nós Umbandistas sobre o uso do sangue, alegando que este é Axé e que a sua utilização revitaliza todo o sistema magístico de um ritual; mas isto não faz parte da ritualística/doutrina da Umbanda Sagrada. Cada coisa no seu lugar, e cada liturgia na sua religião.

Nós também cremos que o sangue é Axé, mas este só realiza sua função de Princípio e Poder de Realização quando no animal vivo. Matar um animal ou vários e entregá-los no seio da Natureza é uma violação e uma afronta a esta mesma natureza, pois as vibrações expressas em oferendas deste tipo agridem aos espíritos elementares que atuam nas matas e nas cachoeiras, espíritos estes que estão aprendendo e se adaptando às realidades que os aguardam e são agredidos com estas vibrações negativas.

#LinhasdeLey #Umbanda

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-encruzilhada