A Magia Maior e a Magia Menor no Satanismo

Magia Maior e Magia Menor (conhecida também como Alta e Baixa Magia ou coletivamente Magia Satânica), dentro do Satanismo LaVeyano, designa tipos de crenças com o termo maior magia aplicada à prática ritual significada como catarse psicodramática para focar as emoções para um propósito específico e magia menor aplicado à prática de manipulação por meio de psicologia aplicada e glamour (ou “astúcia e malícia”) para dobrar um indivíduo ou situação à sua vontade.

TEORIA E DEFINIÇÃO:

 “A magia branca é supostamente utilizada apenas para propósitos bons ou altruístas, e a magia negra, nos dizem, é usada apenas por razões egoístas ou “más”. O satanismo não traça tal linha divisória. Magia é magia, seja usada para ajudar ou atrapalhar. O satanista, sendo o mago, deve ter a habilidade de decidir o que é justo, e então aplicar os poderes da magia para atingir seus objetivos.” – Anton LaVey.

Delineado na Bíblia Satânica, LaVey definiu a magia como “a mudança em situações ou eventos de acordo com a vontade de alguém, que, usando métodos normalmente aceitos, seria imutável”. Esta definição incorpora dois tipos amplamente distintos de magia: maior e menor. De acordo com LaVey, um dos objetivos da magia ritual é “isolar a suprarrenal dissipada e outras energias emocionalmente induzidas, e convertê-la em uma força dinamicamente transmissível”. LaVey definiu magia menor como “astúcia e astúcia obtidas através de vários dispositivos e situações inventadas, que quando utilizadas, podem criar mudanças de acordo com a vontade de alguém”. Dentro deste sistema de magia, os termos feiticeiro e bruxa são mais comumente usados ​​e para se referir a praticantes masculinos e femininos, respectivamente.

LaVey defendia a visão de que havia uma realidade objetiva para a magia, e que ela dependia de forças naturais que ainda não haviam sido descobertas pela ciência. Em vez de caracterizá-los como sobrenaturais, LaVey expressou a visão de que eles faziam parte do mundo natural. Ele acreditava que o uso bem-sucedido da magia envolvia o mago manipular essas forças naturais usando a força de sua própria força de vontade. LaVey também escreveu sobre “o fator de equilíbrio”, insistindo que quaisquer objetivos mágicos deveriam ser realistas. LaVey recusou qualquer divisão entre magia negra e magia branca, atribuindo essa dicotomia puramente à “hipocrisia presunçosa e autoengano” daqueles que se autodenominavam “magos brancos”. Tal neutralidade se correlaciona com a visão filosófica de LaVey de um universo impessoal e, portanto, amoral.

LaVey explica suas razões para escrever A Bíblia Satânica em um pequeno prefácio. Ele fala com ceticismo sobre os volumes escritos por outros autores sobre o assunto da magia, descartando-os como “nada mais do que fraude hipócrita” e “volumes de desinformação e falsas profecias”. Ele reclama que outros autores não fazem mais do que confundir o assunto. Ele zomba daqueles que gastam grandes quantias de dinheiro em tentativas de seguir rituais e aprender sobre a magia compartilhada em outros livros de ocultismo. Ele também observa que muitos dos escritos existentes sobre magia e ideologia satânicas foram criados por autores do “caminho da mão direita”. Ele diz que a Bíblia Satânica contém verdade e fantasia, e declara: “O que você vê pode nem sempre agradar a você, mas você verá!” Muitas das ideias de LaVey sobre magia e ritual são descritas na Bíblia Satânica. LaVey explica que alguns dos rituais são simplesmente psicologia aplicada ou ciência, mas que alguns contêm partes sem base científica. Os Rituais Satânicos, publicado por LaVey em 1972, descreve os rituais com mais precisão. O terceiro livro da Bíblia Satânica descreve rituais e magia. De acordo com Joshua Gunn, estes são adaptados de livros de magia ritual, como Magick de Crowley: Teoria Elementar, mais conhecido como o Liber ABA.

A MAGIA MENOR

 “O significado antiquado de ‘glamour’ é bruxaria. O trunfo mais importante para a bruxa moderna é sua capacidade de ser sedutora, de utilizar o glamour. A palavra ‘fascinação’ tem uma origem similarmente oculta. Fascinação era o termo aplicado ao mau-olhado. Fixar o olhar de uma pessoa, em outras palavras, fascinar, era amaldiçoá-la com o mau-olhado. Portanto, se uma mulher tinha a capacidade de fascinar os homens, ela era considerada uma bruxa.” – Anton LaVey.

A Magia Menor, também conhecida como magia “cotidiana” ou “situacional”, é a prática de manipulação por meio da psicologia aplicada. LaVey escreveu que um conceito-chave na magia menor é o “comando para olhar”, que pode ser realizado utilizando elementos de “sexo, sentimento e admiração”, além da utilização de aparência, linguagem corporal, aromas, cores, padrões , e odor. LaVey escreveu que os termos “fascínio” e “glamour” têm origens no mundo da magia “coercitiva”. A palavra “fascinação” vem da palavra latina “fascinare”, que significa “lançar um feitiço sobre”. Este sistema encoraja uma forma de dramatização manipulativa, em que o praticante pode alterar vários elementos de sua aparência física para ajudá-lo a seduzir ou “enfeitiçar” um objeto de desejo.

LaVey desenvolveu “O Relógio Sintetizador”, cujo objetivo é dividir os humanos em grupos distintos de pessoas com base principalmente na forma do corpo e nos traços de personalidade. O sintetizador é modelado como um relógio, e baseado em conceitos de somatótipos. O relógio destina-se a ajudar uma bruxa a se identificar, posteriormente auxiliando na utilização da “atração de opostos” para “encantar” o objeto de desejo da bruxa, assumindo o papel oposto. Diz-se que a aplicação bem-sucedida da magia menor é construída sobre a compreensão de seu lugar no relógio. Ao encontrar sua posição no relógio, você é encorajado a adaptá-la como achar melhor e aperfeiçoar seu tipo harmonizando seu elemento para melhor sucesso. LaVey explica que, para controlar uma pessoa, é preciso primeiro atrair sua atenção. Ele dá três qualidades que podem ser empregadas para esse propósito: apelo sexual, sentimento (fofura ou inocência) e admiração. Ele também defende o uso de odor.

Dyrendal se referiu às técnicas de LaVey como “Erving Goffman conhece William Mortensen”. Extraindo insights da psicologia, biologia e sociologia, Petersen observou que a magia menor combina ocultismo e “ciências rejeitadas de análise corporal e temperamentos”.

  • No MorteSubita.net há uma seção dedicada a Baixa Magia com diversas informações a respeito.

A MAGIA MAIOR:

Da esquerda para a direita: Karla LaVey, Diane Hegarty e Anton LaVey ritualizando na Casa Negra, a sede original da Igreja de Satã.

A Magia Maior é um ritual realizado para concentrar a energia emocional de uma pessoa para um propósito específico. Esses ritos são baseados em três grandes temas psicoemotivos, incluindo compaixão (amor), destruição (ódio) e sexo (luxúria). Esses rituais são frequentemente considerados atos mágicos, com o satanismo de LaVey incentivando a prática da magia para ajudar os fins egoístas. Muito do ritual satânico é projetado para um indivíduo realizar sozinho; isso ocorre porque a concentração é vista como a chave para a realização de atos mágicos. O ritual é referido como uma “câmara de descompressão intelectual”, onde o ceticismo e a descrença são voluntariamente suspensos, permitindo assim que os magos expressem plenamente suas necessidades mentais e emocionais, não retendo nada em relação aos seus sentimentos e desejos mais profundos. LaVey listou os componentes-chave para um ritual bem-sucedido como: desejo, tempo, imaginação, direção e “O Fator de Equilíbrio” (consciência das próprias limitações). Os rituais LaVeyanos às vezes incluem blasfêmias anticristãs, que se destinam a ter um efeito libertador sobre os participantes. Em alguns dos rituais, uma mulher nua serve de altar; nestes casos, fica explícito que o próprio corpo da mulher se torna o altar, em vez de tê-la simplesmente deitada sobre um altar existente. Não há lugar para orgias sexuais no ritual LaVeyano. Nem animais nem sacrifícios humanos acontecem. As crianças são proibidas de participar desses rituais, com a única exceção sendo o Batismo Satânico, que é especificamente projetado para envolver bebês.

Detalhes para os vários rituais satânicos são explicados no Livro de Belial, e listas de objetos necessários (como roupas, altares e o símbolo de Baphomet) são fornecidas. LaVey descreveu uma série de rituais em seu livro, Os Rituais Satânicos; estas são “performances dramáticas” com instruções específicas sobre a roupa a ser usada, a música a ser usada e as ações a serem tomadas. Esta atenção aos detalhes na concepção dos rituais foi intencional, com sua pompa e teatralidade pretendendo envolver os sentidos e os sentidos estéticos dos participantes em vários níveis e aumentar a força de vontade dos participantes para fins mágicos. LaVey prescreveu que os participantes do sexo masculino devem usar túnicas pretas, enquanto as mulheres mais velhas devem usar preto, e outras mulheres devem se vestir de forma atraente para estimular os sentimentos sexuais entre muitos dos homens. Todos os participantes são instruídos a usar amuletos do pentagrama virado para cima ou da imagem de Baphomet. De acordo com as instruções de LaVey, no altar deve ser colocada uma imagem de Baphomet. Isso deve ser acompanhado por várias velas, todas, exceto uma, devem ser pretas. A única exceção é uma vela branca, usada em magia destrutiva, que é mantida à direita do altar. Também deve ser incluído um sino que é tocado nove vezes no início e no final da cerimônia, um cálice feito de tudo menos ouro, e que contém uma bebida alcoólica simbolizando o “Elixir da Vida”, uma espada que representa a agressão, uma falo modelo usado como aspersório, gongo e pergaminho no qual os pedidos a Satã devem ser escritos antes de serem queimados. Embora o álcool fosse consumido nos ritos da Igreja, a embriaguez era desaprovada e o consumo de drogas ilícitas era proibido.

O livro final da Bíblia Satânica enfatiza a importância da palavra falada e emoção para a magia eficaz. Uma “Invocação a Satã” bem como três invocações para os três tipos de ritual são dadas. A “Invocação a Satã” ordena que as forças das trevas concedam poder ao invocador e lista os nomes Infernais para uso na invocação. A “Invocação empregada para a conjuração da luxúria” é usada para atrair a atenção de outro. As versões masculina e feminina da invocação são fornecidas. A “Invocação empregada para a conjuração da destruição” comanda as forças das trevas para destruir o sujeito da invocação. A “Invocação empregada para a conjuração da compaixão” solicita proteção, saúde, força e a destruição de qualquer coisa que aflija o sujeito da invocação. O resto do Livro de Leviatã é composto pelas Chaves Enoquianas, que LaVey adaptou do trabalho original de Dee. Elas são dados em enoquiano e também traduzidas para o inglês. LaVey fornece uma breve introdução que credita Dee e explica um pouco da história por trás das Chaves Enoquianas e da linguagem. Ele sustenta que as traduções fornecidas são um “desenvernizamento” das traduções realizadas pela Ordem Hermética da Golden Dawn (Aurora Dourada) em 1800, mas outros acusam LaVey de simplesmente mudar as referências ao cristianismo com as de Satã.

Ao projetar esses rituais, LaVey baseou-se em uma variedade de fontes mais antigas, com o estudioso do satanismo Per Faxneld observando que LaVey “montou rituais de uma miscelânea de fontes históricas, literárias e esotéricas”. LaVey brincou abertamente com o uso da literatura e da cultura popular em outros rituais e cerimônias, apelando assim ao artifício, pompa e carisma. Por exemplo, ele publicou um esboço de um ritual que ele chamou de “Chamado a Cthulhu”, que se baseava nas histórias do deus alienígena Cthulhu, de autoria do escritor de terror americano H. P. Lovecraft. Neste rito, programado para acontecer à noite em um local isolado perto de um turbulento corpo de água, um celebrante assume o papel de Cthulhu e aparece diante dos satanistas reunidos, assinando um pacto entre eles na linguagem da ficção de Lovecraft “Old Ones (Os Antigos)”.

  • O Morte Súbita inc tem uma seção inteiramente dedicada a Baixa Magia

RITUAIS E RITOS CERIMONIAIS:

No Livro de Belial, ele discute três tipos de rituais: rituais de luxúria que trabalham para atrair outra pessoa, rituais de destruição para destruir outra pessoa e rituais de compaixão para melhorar a saúde, inteligência e sucesso. Rituais de luxúria são projetados para atrair o parceiro romântico ou sexual desejado e podem envolver a masturbação, com o orgasmo como objetivo. Rituais de destruição são projetados para prejudicar os outros e envolvem a aniquilação simbólica de um inimigo através do uso de sacrifício humano “vicário”, muitas vezes envolvendo uma efígie personalizada representando a vítima pretendida que é então submetida a fogo ritual, esmagamento ou outra representação de obliteração . Os rituais de compaixão são projetados com a intenção de ajudar as pessoas (incluindo a si mesmo), para evocar um sentimento de tristeza ou tristeza, e o choro é fortemente encorajado.

Nos Rituais Satânicos, LaVey faz uma distinção entre o ritual e a cerimônia, afirmando que os rituais “… são direcionados para um fim específico que o performer deseja”, e que as cerimônias são “… evento, aspecto da vida, personagem admirado, ou declaração de fé (…) um ritual serve para atingir, enquanto uma cerimônia serve para sustentar”. LaVey enfatizou que em sua tradição, os ritos satânicos vinham em duas formas, nenhuma das quais eram atos de adoração; em sua terminologia, os “rituais” tinham a intenção de provocar mudanças, enquanto as “cerimônias” celebravam uma ocasião particular.

Um batismo satânico é uma cerimônia para uma criança que se destina a ser um reconhecimento simbólico da criança como tendo nascido satanista e só deve ser realizada para menores de quatro anos, pois LaVey afirmou que além dessa idade, a criança já começou a ser influenciado por ideias “alienígenas”. Os batismos de adultos servem como uma declaração de “fé”, onde “falsidades, hipocrisia e vergonha do passado” são simbolicamente rejeitadas. Em 1967, LaVey realizou o primeiro batismo satânico registrado publicamente na história para sua filha mais nova, Zeena, que ganhou publicidade mundial e foi originalmente gravado no LP, The Satanic Mass (A Missa Satânica). Os Batismos Satânicos foram escritos por LaVey e publicados em Os Rituais Satânicos.

Em fevereiro de 1967, LaVey oficiou o primeiro casamento satânico, o casamento muito divulgado de Judith Case e o jornalista John Raymond. O primeiro funeral satânico foi para o mecânico-reparador naval dos EUA, de terceira classe e membro da Igreja de Satã, Edward Olsen. Foi realizado por LaVey a pedido da esposa de Olsen, completo com uma guarda de honra com capacete cromado. Ambas as cerimônias foram escritas por LaVey, mas nunca foram publicadas oficialmente até 2007, quando As Escrituras Satânicas lançou ao público uma versão adaptada delas pelo atual Sumo Sacerdote da Igreja, Peter H. Gilmore.

Junto com as cerimônias de casamento e funeral, As Escrituras Satânicas de Gilmore também publicou um rito menor de dedicação de objetos cerimoniais, que satiriza os rituais de ‘limpeza’ de outras religiões, e o Ragnarök Rite (Rito do Ragnarök), um ritual escrito por Gilmore na década de 1980 inspirado no o antigo mito nórdico do Ragnarök pretendia expurgar seus participantes da angústia e do ódio despertados após serem vítimas do fanatismo religioso.

A MISSA NEGRA:

LaVey também desenvolveu sua própria Missa Negra, que foi concebida como uma forma de descondicionamento para libertar o participante de quaisquer inibições que desenvolvessem ao viver na sociedade cristã. Ele observou que ao compor o rito da Missa Negra, ele se baseou no trabalho de Charles Baudelaire e Joris-Karl Huysmans.

SIMBOLISMO:

Os Quatro Príncipes Coroados do Inferno:

LaVey utilizou o simbolismo dos Quatro Príncipes Herdeiros do Inferno na Bíblia Satânica, com cada capítulo do livro sendo nomeado após cada Príncipe. O Livro de Satã: A Diatribe Infernal, O Livro de Lúcifer: A Iluminação, O Livro de Belial: Domínio da Terra, e O Livro do Leviatã: O Mar Furioso. Esta associação foi inspirada na hierarquia demoníaca do Livro da Magia Sagrada de Abra-Melin, o Mago.

  • Satã (hebraico) “O Senhor do Inferno”:

O adversário, representando a oposição, o elemento fogo, a direção do sul e o Sigilo de Baphomet durante o ritual.

  • Lúcifer (romano) “A Estrela da Manhã”:

O portador da luz, representando orgulho e iluminação, o elemento ar, a direção do leste e velas durante o ritual.

  • Belial (hebraico) “O Sem Mestre”:

A baixeza da terra, independência e autossuficiência, o elemento terra, a direção do norte e a espada durante o ritual.

  • Leviatã (hebraico) “A Serpente do Abismo”:

O grande dragão, representando o segredo primordial, o elemento água, a direção do oeste e o cálice durante o ritual.

Frases:

Hail Satan (Salve Satã)” uma saudação comum e termo ritual na Igreja de Satã, tanto em sua forma inglesa, Hail Satan, bem como na versão original em latim, Ave Satanas. Quando Ave Satanas é usado, muitas vezes é precedido pelo termo Rege Satanas (“Satã Reina”). (Rege Satanas pode ser ouvido no vídeo de um casamento amplamente divulgado da Igreja de Satã realizado por LaVey em 1º de fevereiro de 1967.) A combinação “Rege Satanas, Ave Satanas, Hail Satan!” é encontrado como uma saudação na correspondência inicial da Igreja de Satã, bem como em sua gravação de 1968, The Satanic Mass (A Missa Satânica) e, finalmente, em seu livro de 1969, A Bíblia Satânica. A frase é usada em algumas versões da Missa Negra, onde muitas vezes acompanha a frase Shemhamforash e é dita no final de cada oração. Este rito foi realizado pela Igreja de Satã aparecendo no documentário Satanis em 1969.

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Principais fontes:

Aquino, Michael (2002). The Church of Satan.

Barton, Blanche (1992). The Secret Life of a Satanist: The Authorized Biography of Anton Lavey. Feral House. p. 86. ISBN 978-0-922915-12-5.

Gilmore, Peter H. (2007). The Satanic Scriptures. Baltimore (MD): Scapegoat Publishing. pp. 131–182.

Gunn, Joshua (2005). “Prime-time Satanism: rumor-panic and the work of iconic topoi”. Visual Communication. 4 (1): 93–120. doi:10.1177/1470357205048939. S2CID 144737058.

LaVey, Anton (1969). The Satanic Bible. Avon.

LaVey, Anton, The Satanic Mass, LP (Murgenstrumm Records, 1968)

Melech, Aubrey (1985). La Messe Noire (PDF). London: Sui Anubis. p. 52. ISBN 0-947762-03-5.

Mortensen, William; Dunham, George (2014). The Command to Look: A Master Photographer’s Method for Controlling the Human Gaze. p. 203.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/baixa-magia/a-magia-maior-e-a-magia-menor-no-satanismo/

14 sabedorias de Joseph Campbell

por André Camargo

Joseph Campbell é o cara que criou aquela história da ‘Jornada do Herói’. É também o cara daquele documentário incrível, ‘O Poder do Mito’. Já ouviu falar?

Eu gosto muito. 🙂

Sabe aquela pilha de livros que você morre de vontade de ler, mas nunca dá tempo? Essa pilha só cresce, né?

Imagina que o cara tava lá, contrariado com as exigências arbitrárias do doutorado, e resolveu largar a coisa toda. Aí, alugou um casebre no meio do mato e passou ali, sozinho, os cinco anos seguintes.

Fazendo o quê?

Lendo.

9 horas por dia, todos os dias.

Segundo ele, o período de estudo e recolhimento foi a base de toda sua vida futura, assim como do conjunto de seu pensamento.

O cara leu todos os livros que ele queria, do jeito que ele queria, no tempo dele.

Uau.

Essa é uma passagem emblemática na biografia do cara. Como você verá, o pensamento de Joseph Campbell é um monumento à coragem de viver a vida nos próprios termos.
[Sugestão de Consumo] Vá com calma. Leia cada citação pelo menos duas vezes, antes de seguir em frente.

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(1) “A gente precisa se dispor a abrir mão da vida que planejamos a fim de encontrar a vida que espera por nós.”
Deixar-se guiar pelo próprio coração — e não por planos. Abrir mão do desejo de controle. Destemor e confiança. Abertura. Permitir que o que é vivo em nós se manifeste e nos direcione.

(2) “Qualquer que seja seu destino, o que quer que aconteça, diga: “Isso é o que eu preciso”. Pode parecer devastador, mas olhe para aquilo como uma oportunidade, um desafio. Se você trouxer amor para aquele momento — não desencorajamento — perceberá que existe força naquilo.”
Essa é a filosofia do Amor Fati, de Nietzsche. A Força que vem da aceitação incondicional; render-se incondicionalmente à Vida. Requer uma alta dose de desapego. E, de acordo com a sabedoria oriental, premia com a maior das liberdades.

(3) “Você é o herói (ou heroína) da própria história.”
Na real, acho que a maior parte das pessoas, hoje, vive como coadjuvante da própria história. O que é muito triste e não tem nada de heroico. O desafio é sair da periferia da vida, da posição de vítima das circunstâncias, e tomar a vida nas próprias mãos. O que te faz herói ou heroína é tornar-se a um tempo autor/a e protagonista da própria história.

(4) “A caverna em que você teme penetrar guarda o tesouro que você busca.”
A noite escura da alma, que, dizem, precede o despertar de uma nova consciência. Na linguagem da Jornada do Herói, passamos pela Provação Suprema, o encontro com a Sombra, antes de podermos encontrar o Elixir que cura todas as dores.

(5) “Não acredito que as pessoas estejam buscando pelo sentido da vida, tanto quanto pela experiência de se sentirem vivas.”
O sentido da vida, para ele, não é um tipo de enigma a ser solucionado; o sentido da vida é estar vivo. Estar plenamente vivo dá sentido à existência.

(6) “Siga o que enche seu coração de alegria e o universo abrirá portas onde antes só existiam muros.”
Follow your Bliss. Essa frase é considerada a quintessência do pensamento de Campbell. E bliss é uma palavra danada. Ninguém consegue traduzir direito. Então, eu optei por uma expressão: ‘bliss’ = ‘o que enche seu coração de alegria’. A origem do termo, segundo Campbell, é o sânscrito: ‘ananda’. Que significa êxtase, beatitude ou felicidade suprema.

(7) “O maior privilégio da vida é ser quem você é.”
Sócrates ecoa o Oráculo de Delfos: “Conhece a ti mesmo”. Já ouviu isso? Para os gregos antigos, cumprimos nosso destino humano ao amadurecer as sementes de realização que se manifestam por meio de nossos dons e talentos únicos. Nietzsche reformula: “Torna-te quem tu és”.

(8) “A vida não tem sentido. Cada um de nós tem sentido e nós o atribuímos à vida. É bobagem fazer a pergunta quando você é a resposta.”
Essa é matadora! A vida tem o sentido que a gente dá. Nós mesmos somos a resposta para a questão do sentido da vida… Basta se encarar no espelho.

(9) “A vida é como chegar atrasado ao cinema, ter de sacar o que tava rolando sem perturbar todo mundo com um monte de perguntas, e aí ser inesperadamente chamado de volta antes de descobrir como o filme acaba.”
Adoro essa imagem! Uma metáfora da condição humana simplesmente… cinematográfica.

(10) “O objetivo da vida é sintonizar a batida do seu coração com a batida do universo, sintonizar sua natureza com a Natureza.”
Isso é muito lindo. Como o coração do bebê, que bate no mesmo ritmo que o coração da mãe. Assim é. Assim é.

(11) “Se você de fato segue o que enche seu coração de alegria, você se coloca em um tipo de caminho que sempre esteve lá, à sua espera, e a vida que você deveria estar vivendo é a vida que você está vivendo.”
Como uma semente caída no asfalto. Pode ficar um bom tempo ali, congelada. Se, no entanto, alguma força externa a conduz até um punhado de terra fértil, ela naturalmente se reconecta com a verdade de seu Ser, seu potencial de realização. Ela desabrocha, cresce, floresce, frutifica. Pois aquele solo sempre esteve lá, à sua espera, e a nova vida que ela passa a viver é de fato a vida que ela deveria estar vivendo.

(12) “De repente, você é atirado/a na situação de estar vivo. E a vida é dor, e a vida é sofrimento, e a vida é horror, mas — meu Deus — você está vivo, e isso é espetacular.”
Para Joseph Campbell (assim como na maior parte das filosofias orientais), faz mais sentido substituir a ânsia por saber, essa busca ansiosa por respostas, pela experiência de deslumbramento, de arrebatamento, de assombro e deleite diante do mistério.

(13) “O mundo sem espírito é uma terra devastada. As pessoas têm a ideia de salvar o mundo mudando as coisas de lugar, mudando as regras, e quem está em cima e assim por diante. Não, não! Qualquer mundo é um mundo válido se está vivo. A coisa a fazer é trazer vida a ele, e a única forma de fazer isso é encontrar em si mesmo onde a vida está e tornar-se vivo você mesmo/a.”
A aridez de viver apartado de si! Lembro bem. Sempre me pergunto: como colocar meus dons e talentos, minha pulsação, para fortalecer o que serve à vida —  em qualquer situação?

(14) “Não podemos curar o mundo de seus pesares, mas podemos escolher viver com alegria.”
Um antídoto para a onipotência. Acho que a única maneira de, verdadeiramente, salvar o mundo é salvar a nós mesmos primeiro. Um ser humano plenamente realizado é a mais profunda inspiração para cada um de nós.

#Mitologia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/14-sabedorias-de-joseph-campbell

Perdurabo, a biografia de Aleister Crowley – Richard Kaczinsky

Bate-Papo Mayhem 209 – gravado dia 26/07/2021 (Segunda) 21h Com Richard Kaczinsky – Perdurabo, a biografia de Aleister Crowley

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

Richard Kaczinsky: https://www.richard-kaczynski.com/

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#Batepapo #Thelema

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/perdurabo-a-biografia-de-aleister-crowley-richard-kaczinsky

2112, Rush

Esse disco talvez deveria estar entre os Top 10, mas talvez Rush ainda não tenha entre os satanistas brasileiros o devido valor que mereça. O primeiro motivo que por sí só bastaria para justificar este nobre lugar na lista dos álbuns máis satânicos de todos os tempos é que simplesmente a 2112 do Rush devemos a existência do Venom. Não acredita? Pois ouça/leia as palavras do senhor Conrad Lant, mais conhecido pela alcunha de Cronos:

“Eu tinha 14 anos de idade e estava mais ligado na onda punk, o que era natural naquela época, mas então eu vi aquela capa, aquele pentagrama sinistro, e quando ouvi o disco, era como se tivesse sido levado para uma outra dimensão, muito além da minha consciência, algo que para um garoto 14 anos, foi sublime. Foi meu primeiro contato com o Satanismo do qual pratico hoje, largamente inspirado em Ayn Rand.”

Depois dessa crianças, façam um favor a si mesmos: comprem, emprestem, baixem, roubem esse disco e ouçam até estarem completamente doutrinados pelas idéias genias da profeta do egoísmo materialista, nossa grande musa Ayn Rand.

Rush ( 2112 )

 

“I lie awake, staring out at the bleakness

of Megadon. City and sky become one, merging

into a single plane, a vast sea of unbroken

grey. The Twin Moons, just two pale orbs as

they trace their way across the steely sky.

I used to think I had a pretty good life here,

just plugging into my machine for the day,

then watching Templevision or reading a Temple

Paper in the evening. My friend Jon always

said it was nicer here than under the atmospheric

domes of the Outer Planets. We have had peace

since 2062, when the surviving planets were

banded together under the Red Star of the Solar

Federation. The less fortunate gave us a few new

moons. I believed what I was told. I thought it

was a good life, I thought I was happy.

Then I found something that changed it all…”

Anonymous, 2112

I. Overture 0:00

“And the meek shall inherit the earth.”

II. Temples of Syrinx

… “The massive grey walls of the Temples

rise from the heart of every Federation city.

I have always been awed by them, to think that

every single facet of every life is regulated

and directed from within! Our books, our music,

our work and play are all looked after by the

benevolent wisdom of the priests…”

We’ve taken care of everything

The words you hear the songs you sing

The pictures that give pleasure to your eyes.

It’s one for all and all for one

We work together common sons

Never need to wonder how or why.

We are the Priests of the Temples of Syrinx

Our great computers

Fill the hallowed halls

We are the Priests of the Temples of Syrinx

All the gifts of life

Are held within our walls

Look around this world we made

Equality our stock in trade

Come and join the Brotherhood of Man

Oh what a nice contented world!

Let the banners be unfurled

Hold the Red Star proudly high in hand.

We are the Priests, of the Temples of Syrinx

Our great computers

Fill the hallowed halls

We are the Priests, of the Temples of Syrinx

All the gifts of life

Are held within our walls

III. Discovery

… “Behind my beloved waterfall, in the

little room that was hidden beneath the cave,

I found it. I brushed away the dust of the years,

and picked it up, holding it reverently in my

hands. I had no idea what it might be, but it

was beautifulu201d…

… “I learned to lay my fingers across the wires,

and to turn the keys to make them sound differently.

As I struck the wires with my other hand, I produced

my first harmonious sounds, and soon my own music!

How different it could be from the music

of the Temples!

I can’t wait to tell the priests about it! …”

What can this strange device be?

When I touch it, it gives forth a sound

It’s got wires that vibrate and give music

What can this thing are that I found?

See how it sings like a sad heart

And joyously screams out its pain

Sounds that build high like a mountain

Or notes that fall gently like rain.

I can’t wait to share this new wonder

The people will all see its light

Let them all make their own music

The Priests praise my name on this night.

IV. Presentation

… “In the sudden silence as I finished playing,

I looked up to a circle of grim, expressionless faces.

Father Brown rose to his feet, and his somnolent voice

echoed throughout the silent Temple Hall.u201d…

… “Instead of the grateful joy that I expected,

they were words of quiet rejection! Instead of praise,

sullen dismissal. I watched in shock and horror as Father

Brown ground my precious instrument to splinters

beneath his feet…”

I know it’s most unusual

To come before you so

But I’ve found an ancient miracle

I thought that you should know

Listen to my music

And hear what it can do

There’s something here as strong as life

I know that it will reach you.

Yes, we know it’s nothing new

It’s just a waste of time

We have no need for ancient ways

The world is doing fine

Another toy will help destroy

The elder race of man

Forget about your silly whim

It doesn’t fit the plan.

I can’t believe you’re saying

These things just can’t be true

Our world could use this beauty

Just think what we might do.

Listen to my music

And hear what it can do

There’s something here as strong as life

I know that it will reach you.

Don’t annoy us further

We have our work to do.

Just think about the average

What use have they for you?

Another toy will help destroy

The elder race of man

Forget about your silly whim

It doesn’t fit the plan.

V. Oracle: The Dream

… “I guess it was a dream, but even now it all

seems so vivid to me. Clearly yet I see the

beckoning hand of the oracle as he stood at the

summit of the staircaseu201d…

… “I see still the incredible beauty of the

sculptured cities and the pure spirit of man revealed

in the lives and works of this world. I was overwhelmed

by both wonder and understanding as I saw a completely

different way to life, a way that had been crushed

by the Federation long ago. I saw now how meaningless

life had become with the loss of all these things…u201d

I wandered home though the silent streets

And fell into a fitful sleep

Escape to realms beyond the night

Dream can’t you show me the light?

I stand atop a spiral stair

An oracle confronts me there

He leads me on light years away

Through astral nights, galactic days

I see the works of gifted hands

That grace this strange and wondrous land

I see the hand of man arise

With hungry mind and open eyes

They left the planet long ago

The elder race still learn and grow

Their power grows with purpose strong

To claim the home where they belong

Home, to tear the Temples down…

Home, to change.

VI. Soliloquy

… “I have not left this cave for days now, it has

become my last refuge in my total despair. I have only

the music of the waterfall to comfort me now. I can

no longer live under the control of the Federation,

but there is no other place to go. My last hope is

that with my death I may pass into the world of my

dream, and know peace at last.”

The sleep is still in my eyes

The dream is still in my head

I heave a sigh and sadly smile

And lie a while in bed

I wish that it might come to pass

Not fade like all my dreams

Just think of what my life might be

In a world like I have seen

I don’t think I can carry on

Carry on this cold and empty life

Oh…no.

My spirits are low in the depths of despair

My lifeblood spills over.

VII. The Grand Finale

Attention all Planets of the Solar Federation

Attention all Planets of the Solar Federation

Attention all Planets of the Solar Federation

We have assumed control.

We have assumed control.

We have assumed control.

………………………………………………………………..

Tradução de 2112

“Eu deito acordado, olhando fixamente para a frieza de Megadon.

Cidade e céu tornam-se um, fundindo-se em um único plano, um vasto mar de contínuo cinza.

As Luas Gêmeas, apenas dois corpos pálidos enquanto traçam seus caminhos pelo céu de aço.

Eu pensava que eu tinha uma vida muito boa aqui, conectando em minha máquina durante o dia,

depois assistindo Templovisão ou lendo um Templo Jornal a noite.”

Meu amigo Jon sempre disse que era mais legal aqui

do que sob as cúpulas das atmosferas dos Planetas de Fora.

Temos tido paz desde 2062,

quando os planetas sobreviventes foram unidos sob a Estrela Vermelha da Federação Solar.

O menos afortunado nos deu algumas luas novas.

Eu acreditei no que me contaram.

Eu pensei que era uma boa vida, eu pensei que era feliz.

Então eu encontrei algo que mudou isto tudo…”

I. Abertura

“E os humildes devem herdar a terra…”

II. Templos de Siringe

… “As muralhas cinzas e maciças dos Templos erguem-se do coração de cada cidade da Federação.

Eu sempre fui amedrontado por elas, para pensar que cada atividade de cada vida é regulada e dirigida do seu interior!

Nossos livros, nossa música, nosso trabalho e diversão

são todos cuidados pela sabedoria benevolente dos sacerdotes…

Nós temos tomado conta de tudo

As palavras que vocês ouvem as canções que cantam

As imagens que dão satisfação aos seus olhos.

É um por todos e todos por um

Nós trabalhamos juntos, filhos da mesma terra

Nunca precisamos perguntar como ou por quê.

Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Siringe

Nossos grandes computadores preenchem os salões sagrados.

Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Siringe

Todas as dádivas de vida são mantidas dentro de nossas muralhas.

Olhe em volta para este mundo que fizemos

Igualdade é o nosso lema

Venha e junte-se a Fraternidade de Homens

Oh, que mundo lindo e feliz

Deixe as bandeiras se estenderem

Segure a Estrela Vermelha orgulhosamente ao alto.

Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Siringe

Nossos grandes computadores preenchem os salões sagrados.

Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Siringe

Todas as dádivas de vida são mantidas dentro de nossas muralhas.

III. Descobrimento

…”Atrás da minha querida cascata, no pequeno quarto que era escondido abaixo da gruta, eu o encontrei.

Eu esfreguei a sujeira de anos e o peguei, segurando com honra em minhas mãos.

Eu não tinha idéia do que poderia ser, mas era bonito”…

…”Eu aprendi a acomodar meus dedos pelas cordas e a girar as chaves para fazê-las soarem de forma diferente.

Conforme eu batia nas cordas com minha outra mão, eu produzi meu primeiro som harmônico, e logo minha própria música!

Quão diferente ela poderia ser das músicas dos Templos! Não posso esperar para contar aos sacerdotes sobre isto!…”

O que pode ser este estranho aparelho?

Quando eu o toco, ele emite um som

Ele tem cordas que vibram e geram música

O que pode ser esta coisa que encontrei?

Veja como ele canta como um coração triste

E alegremente grita seu sofrimento

Sons que se formam altos como uma montanha

Ou notas que caem suaves como chuva.

Não posso esperar para compartilhar esta nova maravilha

As pessoas todas verão a sua luz

Deixá-las todas fazerem suas próprias músicas

Os sacerdotes louvarão meu nome nesta noite.

IV. Apresentação

…”No silêncio repentino, assim que terminei de tocar, olhei para um círculo de repugnância, rostos sem expressões.

Padre Brown levantou-se e sua voz sonolenta ecoou pelo silencioso Salão do Templo.”…

…”Ao invés do alegre agradecimento que eu esperava, houve palavras de rejeição!

Ao invés de elogios, dispensa mau-humorada. Eu assisti chocado e horrorizado quando Padre Brown triturou meu precioso instrumento em pedaços sob seus pés…”

Eu sei que isto é muito incomum

Vir perante vocês assim

Mas eu encontrei uma maravilha antiga

Pensei que vocês deveriam conhecer

Ouçam minha música

E escutem o que ela pode fazer

Há algo aqui tão forte como a vida

Eu sei que ela tocará vocês.

Sim, nós conhecemos, não é nada de novo

É só perda de tempo

Nós não precisamos de coisas antigas

Nosso mundo está indo bem.

Outra ninharia ajudará a destruir

A raça antiga do homem

Esqueça sua fantasia boba

Ela não se encaixa no plano.

Não posso acreditar no que vocês estão dizendo

Estas coisas não podem ser verdade

Nosso mundo poderia usar esta beleza

Pense no que poderemos fazer.

Ouçam minha música

E escutem o que ela ela pode fazer

Há algo aqui tão forte como a vida

Eu sei que ela tocará vocês.

Não nos incomode mais!

Temos nosso trabalho à fazer.

Pense nos prejuízos

Que utilidade eles têm para você?

Outra ninharia ajudará a destruir

A raça antiga do homem

Esqueça sua fantasia boba

Ela não se encaixa no plano!

V. Oráculo: O Sonho

…”Eu acho que foi um sonho, mas mesmo agora tudo parece tão nítido para mim.

Claramente ainda vejo a mão do oráculo acenando quando parado no topo da escadaria”…

…”Ainda vejo a inacreditável beleza das cidades esculpidas e o espírito puro do homem manifestado nas vidas e atividades deste mundo.

Eu fui oprimido por ambos, desejo e juízo quando eu vi uma forma completamente diferente de viver, uma forma que foi arrasada pela Federação há muito tempo.

Eu vi agora quão insignificante a vida se tornou com a perda de todas estas coisas…”

Eu vaguei para casa por ruas em silêncio

E caí em um sono profundo

A saída para reinos além da noite

Sonho, você não pode me mostrar a luz?

Eu paro no alto de uma escada espiral

Um oráculo me encontra lá

Ele me guia por anos-luz distantes

Por noites astrais, dias galácticos

Vejo os trabalhos de mãos talentosas

Que encantam esta estranha e maravilhosa terra

Eu vejo a mão do homem levantar

Com a mente faminta e olhos abertos

Eles deixaram o planeta há muito tempo

A raça antiga ainda aprende e cresce

Sua força cresce com um forte propósito

De reivindicar o lar ao qual pertencem

Voltar para romper com os Templos…

Voltar para mudar!

VI. Solilóquio

…”Eu não deixo esta gruta faz dias, ela se tornou meu último abrigo no meu desânimo total.

Eu tenho apenas a música da queda d’água para confortar-me agora.

Não posso mais viver sob o controle da Federação, mas não há outro lugar para ir.

Minha última esperança é que com minha morte eu possa passar para o mundo do meu sonho, e conhecer a paz afinal.”

O sono ainda está em meus olhos

O sonho ainda está em minha cabeça

Eu suspiro e sorrio triste

E deito um instante na cama

Quisera que isto pudesse acontecer

Não sumir como todos meus sonhos…

Pense que minha vida poderia ser

Em um mundo como eu vi!

Não acho que posso suportar…

Suportar esta vida fria e vazia

Minhas vitalidades estão baixas nas profundezas do desânimo

Meu sangue…

…derrama…

VII. O Grande Final

Atenção todos Planetas da Federação Solar

Atenção todos Planetas da Federação Solar

Atenção todos Planetas da Federação Solar

Nós assumimos o controle.

Nós assumimos o controle.

Nós assumimos o controle.

Nº 81 – Os 100 álbuns satânicos mais importantes de todos os tempos

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/musica-e-ocultismo/2112-rush/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/musica-e-ocultismo/2112-rush/

A Sabedoria Espiritual de Harry Potter?

Por Christopher Penczak.

Com o sétimo e último livro de Harry Potter, Harry Potter e as Relíquias da Morte de J.K. Rowling, sendo lançada em breve, está crescendo muito interesse na mídia e no público sobre magia, bruxaria e feitiçaria. Sendo um bruxo publicamente e um autor, muitas vezes me perguntam quão “real” é o mundo de Harry Potter. As crianças vão para um internato mágico, voam pelo ar e enfrentam todos os tipos de criaturas sobrenaturais. Quão real você acha que é? Mas o que eles realmente querem dizer é: quão real, quão precisa, é a magia apresentada na série Harry Potter?

Embora eu esteja feliz em saber que a popularidade da série Harry Potter está fazendo as pessoas lerem e fazendo as pessoas se interessarem por magia, lamento informar que a magia de Harry Potter não é muito real. Sim, eu sei que é um filme, e a magia do cinema, mesmo a mais respeitosa magia do cinema, tem que ter um pouco de força extra. As pessoas querem ver relâmpagos e bolas de fogo voando das pontas dos dedos, mesmo que eu não conheça nenhuma bruxa ou bruxo vivo que possa fisicamente realizar tais atos. É parte da emoção do filme, e nossos épicos de espada e bruxaria devem ser capazes de competir com lasers, sabres de luz e outros efeitos especiais espetaculares.

Também sei que parte da tradição está correta (até certo ponto), pelo menos no sentido histórico. Em Harry Potter e a Câmara Secreta, quando a turma de Hogwarts estava transplantando a mandrágora, eles ensinaram corretamente que o grito da mandrágora é perigoso, grita quando é desenraizado, e que precauções especiais são necessárias. No livro, eles usavam protetores de ouvido para abafar o som. Na Europa Medieval, eles supostamente amarravam um cachorro na raiz e colocavam a carne fora do alcance do cachorro, para que quando ele puxasse para pegar a carne, ele arrancasse a mandrágora, recebesse seu grito mortal e fosse morto. A mandrágora então se tornaria inofensiva e estaria disponível para ser usada como um poderoso amuleto. Embora, que eu saiba, nenhuma variedade de mandrágoras literalmente grite quando é desenraizada, tais rituais são um conhecimento remanescente de como apaziguar o espírito da planta, com quem você deve fazer parceria para fazer sua magia.

Trabalhar com os espíritos e a espiritualidade da magia é o que realmente falta no trabalho de J.K. Rowling. Em um esforço para tornar a magia excitante e mais palatável para o leitor moderno (que assume que a magia não tem nada a ver com religião ou espiritualidade), as ricas tradições espirituais históricas da magia são esquecidas e todo um corpo de conhecimento que poderia ser extraído para aprofundar o mundo de Harry Potter é deixado de lado.

Ironicamente, grupos cristãos conservadores nos Estados Unidos acusaram os livros de Harry Potter e J.K Rowling de promover bruxaria em crianças. Como uma bruxa, eu teria que discordar. Enquanto os filmes podem estimular o interesse em bruxaria e magia, a magia retratada neste mundo não é nada parecida com a minha. Se você entrar na Wicca, Magia Cerimonial, ou qualquer forma de magia moderna pensando que você será o Diretor Dumbledore ou a Professora McGonagall (com seus usos explícitos de magia), você ficará realmente desapontado. Para alguns, eles verão o que está faltando em Harry Potter e presente em nossas tradições, e olharão para o espírito da magia.

Embora a magia seja uma ciência para muitos de nós, porque existem padrões e teorias repetidos, também é uma tradição espiritual. Uma das primeiras definições que aprendi de bruxaria é que é “ciência, arte e religião”. Muitas tradições de magia, incluindo as tradições de magia cerimonial mais intelectuais e educadas, enfatizam o lado espiritual da magia, se não o lado abertamente religioso. Para muitos de nós, os talentos mágicos são considerados presentes dos deuses, e talentos específicos indicam aqueles abençoados por deuses específicos. Ao falar com um leigo sobre magia e feitiços, os feitiços são frequentemente descritos como uma forma de oração, petição ou súplica às forças divinas que governam uma área específica da vida. Se o feitiço for bem sucedido, a oração foi respondida. Outros vêem isso como uma parceria espiritual com essas forças, não necessariamente uma súplica. Em ambos os casos, trata de forças divinas sobrenaturais e imanentes com as quais o mago se comunica para criar mudanças.

O mundo de Harry Potter perpetua o que chamo de abordagem química da magia. Se você simplesmente fizer a coisa certa – as palavras e a pronúncia certas, o gesto certo, os ingredientes e o tempo exatos, obterá o mesmo resultado. Os magos sabem que você pode pronunciar palavras incorretamente e ainda ter ótimos resultados se tiver energia e vontade suficientes por trás de sua magia, e você pode pronunciá-las tecnicamente corretamente e ainda assim falhar. Magia é uma arte assim como uma ciência e algo que desafia a reprodução.

Muitas tradições de magia também colocam um código moral na magia. Na Wicca, temos a Rede Wicca: “E não prejudique ninguém, faça o que quiser”. Acreditamos que o que você faz, bom, mau ou não, retorna a você três vezes. Não é um julgamento ou código moral do universo, mas um mecanismo do universo, como a gravidade. Mas os resultados disso nos ajudam a criar uma experiência mágica mais agradável. Outras tradições têm tradições semelhantes de carma e colhendo o que você planta. Muitos magos seguem uma das numerosas variações da Regra de Ouro, popularizada pelo Cristianismo, para “[fazer] aos outros o que você teria feito a você”. Embora a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts tenha muitas regras, o mesmo conceito de ética e moralidade mágica não é mantido fortemente. Os personagens estão sempre se esforçando para fazer o que é bom e certo pela virtude de serem heróis, mas a moralidade não é realmente ensinada como parte de uma tradição espiritual mágica, levando alguns dos alunos (como Draco Malfoy e seus companheiros) a serem menos moral do que os personagens principais. Nem todo mundo pode ser um herói, e esses personagens fornecem um contraponto interessante aos heróis da história.

Enquanto, no livro, Hogwarts é uma escola de magia, bruxaria (witchcraft) e feitiçaria (wizardry), os nomes geralmente são usados ​​para denotar praticantes femininos e masculinos de magia. As meninas são bruxas (witches) e os meninos são bruxos (wizards). No mundo moderno, os homens adotarão o nome de bruxa tão prontamente quanto as mulheres, não de bruxo (wizard) e certamente não de bruxo warlock (já que bruxo warlock é geralmente considerado um termo depreciativo pelos bruxos modernos). As mulheres geralmente não usam o termo maga, mas podem ser magas cerimoniais. Elas podem ser magas, feiticeiras e encantadoras se esses termos os atraírem. A bruxaria moderna tem um forte traço feminista, enfatizando a igualdade (se não a superioridade) das mulheres, e um lugar de destaque para o feminino divino como Deusa e mãe de Deus, bem como posições de liderança para as mulheres. Embora existam professoras e personagens femininas, particularmente a muito inteligente e capaz Hermione Granger, o mundo de Harry Potter não tem a mesma sabedoria feminina divina que o mundo da bruxaria moderna aspira.

Alguns dos aspectos do mundo de Harry que estão de acordo com a magia moderna incluem a ideia dos trouxas. Um trouxa é uma pessoa não-mágica, e na verdade se refere a alguém como sendo de um sangue diferente, enquanto muitas das famílias mágicas tentam permanecer puro-sangue. Tais idéias também são encontradas nas tradições de bruxaria do velho mundo, com o conceito de “sangue bruxo”. Algumas bruxas acreditam que são descendentes das raças mais antigas de seres, incluindo os deuses celtas, o povo das fadas/elfos, ou a raça dos anjos caídos conhecidos como os Vigilantes. A magia foi transmitida nas tradições familiares porque também estava no sangue. As bruxas modernas chamaram não bruxas de cowans, inicialmente um termo que se refere a um pedreiro sem licença, aquele que não foi iniciado na guilda. As bruxas tradicionais britânicas, particularmente aquelas que seguem uma tradição estrita de bruxaria gardneriana ou alexandrina, considerarão todos aqueles não iniciados em uma tradição adequada como cowans. Eu pessoalmente odeio ambos os termos, trouxa e cowan, pois eles implicam que algumas pessoas não são mágicas. Penso que somos todos magos, e que aqueles que chamamos de cowans ou trouxas simplesmente ainda não aprenderam ou não são chamados a reconhecê-lo. Eles ainda são seres divinos e mágicos do jeito que são. Os termos vêm da nossa necessidade de nos sentirmos especiais e superiores aos outros. Essa ideia está em Harry Potter e na magia moderna, infelizmente.

Nos livros, Hogwarts enfatiza o estudo e a disciplina como uma parte importante do treinamento mágico, e devo concordar. Eu acredito que enquanto certas pessoas são talentosas em magia, talvez sendo do sangue de bruxa, qualquer um pode aprender a fazer magia se eles se dedicarem a isso. É preciso educação, treinamento e prática, mas a magia é uma habilidade como qualquer outra, e pode ser desenvolvida com o tempo. Você pode não ser um bruxo ou bruxa de classe mundial, mas pode usar feitiços simples e meditação para melhorar sua vida consideravelmente.

Por fim, o mundo de J.K. Rowling não tem nenhuma ideia tola de que a magia só pode ser usada por pessoas boas, ou para bons propósitos. Magia é uma energia, ou talvez uma maneira de manipular a energia, as forças invisíveis do universo. As pessoas usam para o bem. As pessoas usam para o mal. As pessoas usam para conseguir o que querem. As pessoas usam para ajudar os outros. Existe um espectro de usos para a magia e todos eles, independentemente de suas intenções, têm consequências. Magia nos ensina a assumir responsabilidade, a enfrentar as consequências de todas as nossas ações.

Quando as pessoas me perguntam sobre a realidade da série Harry Potter, depois de falar sobre alguns desses pontos, sugiro que tomem Harry Potter pelo que é: uma história. Apreciá-lo. Toda a série é divertida e provavelmente se tornará um clássico. Cada livro fica um pouco mais profundo e sério, crescendo à medida que a criança cresce lendo-os. E eles são muito divertidos para os adultos também, incluindo bruxas, feiticeiros, magos e pagãos. Mas não confunda um livro ou filme com as profundas tradições espirituais de bruxaria e magia.

Enquanto O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia, ambos clássicos recentemente transformados em filmes, têm associações cristãs devido à fé de seus autores, ninguém os confunde com manuais de como praticar o cristianismo. Enquanto J. K. Rowling está escrevendo sobre bruxaria, ela não está escrevendo da perspectiva de uma bruxa moderna, então não espere que seja um livro de prática preciso. Se você está procurando por ficção que ensine magia, sugiro a leitura da obra de Dion Fortune, como seu livro A Sacerdotisa do Mar, quando terminar a série Harry Potter. Ela é divertida e esclarecedora, e abre um verdadeiro caminho para os mistérios da magia.

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Sobre o autor:

Christopher Penczak é um bruxo, professor, escritor e praticante de cura. Ele é o fundador do mundialmente famoso Temple of Witchcraft (Templo da Bruxaria) e do Temple Mystery School (Escola de Mistério do Templo), e é o criador dos livros e CDs de áudio mais vendidos do Temple of Witchcraft. Christopher é um ministro ordenado, servindo as comunidades pagãs e metafísicas de New Hampshire e Massachusetts por meio de rituais públicos, conselhos particulares e ensino. Ele também viaja extensivamente e ensina em todos os Estados Unidos. Christopher mora em New Hampshire.

http://www.christopherpenczak.com

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Fonte:

The Spiritual Wisdom of Harry Potter?, by Christopher Penczak.

COPYRIGHT (2007) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/popmagic/a-sabedoria-espiritual-de-harry-potter/

A Gênese Vampírica e o Mito de Caim e Abel

Uma questão que sempre levantou acirrados debates nos círculos estudiosos é a de como a gênese vampírica se vincula ao mito de Caim e Abel. São vários os relatos míticos que tencionam descrever a autêntica origem da linhagem vampírica. Entre muitas culturas, a judaico-cristã também possui algumas versões, mas nenhuma delas está disponível nos textos canônicos. O mesmo processo que filtrou, eliminou e adulterou os documentos produzidos nos meios pré-cristão e cristão primitivo, de tal modo a autorizar os dogmas e doutrinas da ortodoxia católica, também purgou qualquer menção explícita aos vampiros nas narrativas bíblicas. Muito embora a intenção e o empenho da igreja católica fosse o de destruir todos os livros que, de alguma forma, contradissessem a sua compilação diretamente “inspirada” pelo espírito santo, alguns lograram sobreviver e hoje são conhecidos como apócrifos ou escritos proibidos. É num raro e reduzido grupo destes que encontramos os únicos relatos remanescentes sobre vampiros dentro da cultura bíblica. Recentemente a pretensa antiguidade de um livro deste grupo foi negada; estudos históricos e análise de estilo dataram o surgimento do original por volta do século XI. Neste manuscrito, Caim é posto propositalmente como o antepassado mais remoto da linhagem. O intuito disfarçado na elaboração deste livro é compor mais um elemento para a cortina de fumaça que encobre as intenções filosóficas originais das passagens bíblicas. Sendo assim, não merece uma consideração maior.

Meu interesse se volta mais para uma certa versão gnóstica do Livro do Gênese. Esse texto, em sua transcrição copta, foi preservado por uma seita gnóstica cristã minoritária chamada “astanfitas”, pertencente ao mesmo braço herético responsável pelos “ofitas” e “caimitas”. Devido ao número extremamente reduzido de seguidores, esta seita pôde passar incógnita até proximamente o século IX, quanto foi cruel e sigilosamente exterminada nos alvores da inquisição. Antes de assumir suas feições gnósticas, ela fazia parte das dissidências judaicas do período pré-cristão. Surgiu como uma resposta heterodoxa à outra seita cismática que marcou essa época com seu fundamentalismo austero: os essênios. Estes se referiam aos astanfitas como os inimigos da verdade, um título que eles não rejeitavam de todo; já que, revelando notável concordância com os filósofos céticos, pregavam que a certeza é um engano, a dúvida é fundamental; a mente sem ilusão não tem certeza, a inteligência honesta duvida. Mais tarde, resumiriam: “Toda gnose possível é dúvida rigorosa”. A princípio parece um total niilismo e um profundo pessimismo; mas; para eles; uma conduta moral somente poderia ser construída sobre a dúvida alcançada a duras penas. O homem moralmente apto é aquele que pode se responsabilizar por seus atos e um ato é responsável desde que tenha sido executado por livre opção. Contudo, não há o que decidir se a certeza já nos é dada pela verdade. E optar pelo errado não é uma atitude livre, é apenas uma louca inconseqüência. Logo, é legítima somente a decisão que for pautada numa dúvida muito bem estabelecida, pois apenas ela nos provê de opções, a verdade elimina todas. Assim, chegam a um certo humanismo moral, onde desprezam a verdade revelada que tira do homem a responsabilidade por seus atos. A verdade, diziam os astanfitas, produz apenas dois tipos de homens; os imbecis irresponsáveis e os loucos inconseqüentes.

Depois do desaparecimento dos astanfitas, demorou quatro séculos para que surgisse indícios da sobrevivência de algo dos seus manuscritos. Então, na península ibérica, começou a circular, entre os cabalistas, exemplares de textos nitidamente astanfitas vertidos para o árabe. Inafortunamente, nenhuma dessas obras escapou completa do fogo da inquisição, tudo o que nos restou foram poucos fragmentos dispersos, insuficientes para dar idéia geral sobre o que tratava o texto integral do qual provinham. Comentários, inserções e indicações nos tratados de alquimia e cabala do período, quando não são sucintos em demasia, são herméticos em excesso ou propositalmente evasivos.

Após esse breve aparecimento, só no século XX o interesse na gnose astanfita veio a se reacender através de novos e sensacionais achados. Sintomaticamente, duas das mais importantes coletâneas de textos gnósticos vieram à luz em datas quase concomitantes na década de quarenta. Em dezembro de 1945, foram encontrados, num complexo de cavernas no alto Egito, os famosos “manuscritos de Nag Hammadi” que, após superarem mais de trinta anos entraves de todo tipo, puderam contar uma estória diferente do início do cristianismo.

Em março de 1946, foi a vez dos menos conhecidos “manuscritos astanfitas de Hagia Sophia”. Tendo um percurso tão mirabolante e mais antigo que o da primeira descoberta, sua estória começa quando um colecionador, em 1935, doou à igreja de Hagia Sophia, recém transformada em museu, um maço de pergaminhos aos quais não se deu muita importância, pois se tratava na maior parte de homilias e sermões de padres ortodoxos que oficiavam na basílica entre os séculos XIII e XV. Durante mais de dez anos ficaram preteridos no depósito, quando finalmente foi feito um exaustivo trabalho de recuperação, em que as folhas grudadas pelo mofo e umidade foram separadas cuidadosamente uma a uma. Entremeado aos textos eclesiais, encontrou-se um códice em copta com datação mais remota que o restante do material. Era uma legítima compilação astanfita feita provavelmente no quinto ou sexto século.

Quando soube do achado, o colecionador confessou ter adquirido o maço, junto com diversos outros artefatos egípcios, de um ladrão de túmulos no Cairo, pouco antes da primeira guerra. Este lhe contou que os papéis lhe foram passado numa transação arriscada feita com um receptador de Istambul, mas que, antes dele, estiveram em posse de um padre da igreja ortodoxa que, por sua vez, os haviam recebido em confiança de um operário que trabalhou na recuperação de Hagia Sophia após o terremoto de 1894. O vício em ópio, além de outros prazeres mais caros, levou o sacerdote a negociar os documentos com o comerciante desonesto em troca de algum dinheiro que lhe suprisse, pelo menos por uns dias, suas necessidades mais prementes.

Ao que parece, vários dos manuscritos ficaram por muito tempo resguardados da sanha dos inquisidores em recônditos obscuros dentro da sólida construção de Hagia Sophia, sob a custódia de alguns padres simpatizantes ou simplesmente tolerantes da heresia astanfita. Também há rumores de que o faziam em respeito aos projetistas do edifício: o matemático Anthemius de Tralles e o arquiteto Isidorus de Miletus; estes sim – sustentam certas fontes – eram astanfitas praticantes, fato que mantiveram em segredo durante toda vida por razões óbvias. Sobre isso nada podemos afirmar. Seja como for, o encargo foi passado dentro de um círculo restrito de padres, geração a geração. Até que a tomada de Constantinopla pelos turcos no século XV obrigou os padres a esconder, apressadamente, seus livros e documentos em recintos selados, para que não ficassem ao alcance dos pagãos e fossem destruídos. No meio dessas pilhas de papéis ordinários, os manuscritos astanfitas foram inseridos sorrateiramente sem que os outros padres incumbidos da tarefa suspeitassem. A esperança era que logo os invasores seriam expulsos e os documentos novamente recuperados. Tais expectativas não se cumpriram e a basílica não só permaneceu em domínio turco como foi feita mesquita imperial pelo conquistador, o Sultão Mehmet. E assim foram esquecidos por mais de cinco séculos; quando, então, um terremoto abriu uma das câmaras secretas expondo seu conteúdo. A abertura foi descoberta primeiramente por um dos operários que vieram trabalhar na restauração da igreja. Visando obter algum lucro no comércio ilegal de antiguidades, ele extraviou uns poucos pacotes de escritos, enquanto pode manter oculta a passagem para a cela. Quando, no canteiro de obra, começaram a desconfiar de seus estranhos pacotes, supondo que logo seria despedido, lacrou de vez a passagem, pensando poder voltar assim que a situação fosse esquecida. Nesse meio tempo, deixou seu espólio sob guarda de um padre que era seu conhecido para não levantar suspeitas. Seu azar foi que o tal padre não tinha uma vida tão devota e estava sempre desesperado em busca de dinheiro para sustentá-la. Logo, não demorou muito para cair na tentação e vender todos os pacotes no mercado negro de itens antigos. Ele não poderia imaginar o quanto antigos eram os documentos e que valiam bem mais que as garrafas de absinto e a noite de satisfação carnal. Contudo, não tardou para que todos os seus problemas fossem definitivamente resolvidos; o operário, ao saber que mais nada restava, apunhalou o padre e fugiu. A sorte do fugitivo não melhorou, o padre tinha irmãos menos tementes a deus, que o emboscaram e mataram alguns dias depois.

Depois do relato feito pelo colecionador, começou-se as buscas pela cela secreta e ela foi encontrada. Passou-se, então, ao tedioso trabalho de recuperação e, no seu decorrer, outros textos astanfitas foram surgindo paulatinamente. Entre eles, algumas preciosidades como um evangelho desconhecido e que nem mesmo estava presente na biblioteca de Nag Hammadi. Enigmaticamente, em sua primeira linha lê-se: “Estes são os relatos feitos por Lásarus, o primeiro vivo, sobre Jesus, o segundo vivo”. Outros são conhecidos por Nag Hammadi ou outras fontes, mas designam autores diferentes. É o caso de certos livros, cuja autoria sempre foi dada a João, que aparecem atribuídos a Lásarus, o primeiro vivo. Esse Lásarus evangelista, discípulo e depois mestre de Jesus confunde os pesquisadores imensamente. Nos evangelhos canônicos, ele é apenas o rapaz ressuscitado, irmão de Marta e Maria. Talvez “primeiro vivo” derive do fato de ter precedido Jesus na ressurreição do corpo. O seu evangelho astanfita diz explicitamente isso, mas também revela que a ressurreição foi apenas aparente; já que, efetivamente, eles jamais chegaram a morrer. Nos seus termos:

“A ressurreição só é possível enquanto ainda não sobreveio a morte física. O fruto da arvore da vida é para ser comido pela carne e quem assim o saborear ressuscita e passa a ser um ‘vivo’ como Jesus e, antes dele, Lásarus”.

Tudo isso é muito interessante, todavia estamos nos desviando de nosso tema. Haverá outras ocasiões propícias para retomarmos a esse assunto instigante. No momento, devemos nos ater a uma obra magnífica e sem precedentes revelada entre os manuscritos de Hagia Sophia. Nunca houve qualquer citação sobre ela, tudo que lhe dissesse respeito foi sumariamente destruído. Parece que até mesmo os monges de Nag Hammadi a rejeitaram ou a desconheciam. Nem os detratores da heresia gnóstica que existiram dentro da patrística – normalmente os responsáveis por sobreviver alguma memória dos textos que atacavam e, por paradoxal que pareça, sem eles a existência de certas concepções não ortodoxas seriam completamente varridas da História – ousaram mencioná-la uma vez que fosse. Era como jamais tivesse sido escrita até as descobertas de Hagia Sophia. Talvez os padres da igreja tenham pensado que era mais sensato e prudente omitir comentários e não chamar atenção sobre ela, deixá-la obscura e restrita como estava, não deviam salientar qualquer aspecto de seu conteúdo, até tachá-la de apostasia imperdoável seria conceder-lhe uma importância perigosa. Neste caso, julgaram que o melhor era calar e proceder, sem aviso e demora, uma devassa permanente para busca e apreensão de todas as cópias que surgissem, as quais seriam lançadas ao fogo de imediato. Felizmente, os astanfitas eram poucos e astutos, não se revelavam com facilidade e suas condutas não os denunciavam. Além de tudo, eram muito estimados, pois se destacavam em diversas das artes e ciências da época, inclusive assumiam posto de responsabilidade dentro do império e, mais tarde, na própria igreja. Graças a essas providenciais peculiaridades, um pergaminho contendo uma inspirada versão alternativa do gênese bíblico chegou aos nossos tempos.

Os historiadores catalogaram esse códice com o título de “O Livro de Astanfeus”, já que Astanfeus, um dos sete anjos da criação, é o protagonista da trama narrada no manuscrito. A sua epopéia inicia-se precisamente no trecho bíblico encontrado em gênesis 3:22 nas bíblias atuais e relata sua contenda com Iaodabaoth, outro anjo da criação; metáfora para o conflito eterno entre liberdade e tirania. O sentimento filantrópico nutrido por Astanfeus o levará a defender o homem contra os desmandos megalômanos de Iaodabaoth. Sua interferência se faz, a princípio, através de Eva, pois só ela lhe podia ouvir, isto porque a sensibilidade de Adão foi totalmente embotada pelo domínio que Iaodabaoth exerce sobre a aparência. Astanfeus passa, então, a incentivá-la para que compartilhe com seu parceiro o fruto interdito do conhecimento do bem e do mal, assegurando-lhe que não iriam morrer como sentenciou o anjo que lhes dizia ser um deus único. E, além disso, seus olhos se abririam, o que os tornaria iguais aos anjos. Sua investida surtiu efeito e o fruto foi consumido, o que desagradou profundamente Iaodabaoth, fazendo-o exigir a expulsão do casal humano do éden, para evitar que também usufruíssem da árvore da vida. Todavia, sua moção não foi acatada pelos outros seis anjos da criação; os elohim, o próprio Astanfeus sendo um deles. Enfurecido, Iaodabaoth se volta contra os humanos, persuadindo-os de que nada havia mudado; continuavam a ser as mesmas criaturas indefesas de antes, só que agora estavam eternamente marcadas pelo pecado da desobediência e da soberba de desejarem ser deuses, tornando mister que sofressem uma severa punição: o exílio.

Prefigurando uma notável ingenuidade, eles aceitam as manobras ladinas do anjo contrariado em seu amor próprio. É voluntariamente que se submetem e se humilham a um poder que já não possuía controle sobre seus destinos. E por que fizeram isso? Qual a razão de tal disparate? O texto delata uma cumplicidade tácita entre os dois lados dessa relação de poder. Evidencia que os pais da humanidade não foram enganados, nem poderiam ser; o fruto do conhecimento havia lhes concedido clareza de espírito suficiente para flagrar qualquer tentativa de logro. O que choca é concluir com o autor que eles deliberadamente se deixaram enganar. E isso não é a mesma coisa, está muito longe de ser. Inadvertidamente, usa-se um conceito pelo outro sem considerar a inversão que ocorre entre agente e paciente do dolo. O logrado aqui, no fim das contas, é Iaodabaoth que tomou como sincera a crença depositada em suas palavras.

A que leva e qual a motivação desse estranho jogo de interesse? Depois que conheceram o bem e o mal, Adão e Eva se encontram numa situação semelhante a que passaram antes de comer o fruto. Na ocasião, nada havia que lhes desse certeza de qual dos dois anjos estava certo e, sendo honestos consigo mesmos, esse ponto ainda permanecia incerto; já que Iaodabaoth sentenciou que morreriam, mas não disse quando. Mesmo assim, tomaram uma decisão e declinaram em favor de Astanfeus. Comido o pomo da discórdia, descobriram que o esclarecimento não lhes trouxe a verdade, nem resolveu inteiramente o certo do errado; o que fez foi refinar, de modo extraordinário, a dúvida; paradoxalmente tornando-a algo líquido e certo. O bem e o mal se confundem, se mesclam, permutam incessantemente, variam de acordo com as circunstâncias, são recíprocos de uma mesma inteireza, um consubstancia o outro, entre eles há uma mútua afirmação e uma alternância cíclica de feições. Nessa dança interminável, as alternativas estarão sempre sendo geradas, as escolhas irão se sucedendo a cada passo. O primeiro casal humano percebeu, aturdido, que não lhe seria exigido apenas mais uma decisão; encadeadas a esta viriam várias, uma após outra até o fim da vida que pudessem ter. Vislumbraram uma existência repleta de livres opções e responsabilidade por cada ato. Se a primeira decisão não havia sido fácil, imagine enfrentar isso a todo momento e para sempre. Diante de Eva, Adão pondera:

– De que nos adiantou ter os olhos abertos, enxergamos em detalhes e minúcias o que antes era plano e compacto, abandonamos uma imagem simples e imediata de tudo que era exterior a nós por uma complexa compreensão que não delimita fronteira entre o dentro e o fora. Agora, podemos antecipar que nosso futuro não está previsto, são muitas as possibilidades e nenhuma garantia é possível; o dia seguinte se tornou uma bela esperança. Essa liberdade exasperante que devemos exercer cotidianamente nos será cobrada com mais e mais necessidades. Quanto mais se amplia a potência de nossos atos, mais aumenta nossa responsabilidade pelas conseqüências. A partir do fruto, se não assumirmos e suportarmos esse peso, não nos consideraremos dignos, nem razoáveis. Perdemos totalmente a capacidade de acreditar no quer que seja, sempre conseguiremos ver outras alternativas e, então, fazer mais uma escolha será inevitável, como a responsabilidade dela decorrente. Nunca escaparemos desse destino repleto de opções angustiantes, sempre seremos levados a tomar decisões cruciais e dolorosas. E tudo isso, toda essa demanda valerá a pena? Qual recompensa receberemos pelo extremo esforço? Também sobre isso nada é certo. Nosso discernimento recém adquirido não sustenta um só sentimento de segurança.

– Talvez, Eva, fosse melhor para nós devolver esse dom ingrato. Voltar a fechar os olhos como antes e esquecer tudo que vimos. Apaguemos de vez essa clareza de espírito. Se nos recusarmos a usá-la, ela deve desaparecer com o tempo. Com isso, a jogaremos no olvido junto com todo o resto. Façamos, Eva, com que nossa segunda decisão seja a última. Na primeira, eu te segui e demos ouvidos à serpente; eis que este é o momento de tu me seguires e ficarmos ao lado do Senhor Nosso Deus. A dádiva do fruto que nos trouxe infortúnio também nos mostra a alternativa para escaparmos dele. Argúcia e inteligência não nos convêm, nada mais que sofridos dilemas advirão deles. Como criaturas estúpidas, poderemos voltar a crer em Deus e ficaremos despreocupados em Seu regaço, livres de qualquer responsabilidade.

Eva se deixa convencer e capitula diante de Iaodabaoth para acompanhar Adão no desterro. Aceitam de bom grado o injustificado sentimento de culpa que o demiurgo lançou sobre eles. E obedecem cabisbaixos a ordem para que abandonem o éden e se confinem numa distante caverna nas terras ocidentais.

Nesta escura caverna, Eva gesta e dá luz a Caim (aquele que possui a si mesmo) e Luluva, as metades máscula e feminil do primeiro filho do homem, cuja fecundação se deu no meio do éden em pleno efeito do fruto do conhecimento. Já Abel (vaidade) e Aclia foram fecundados na clausura e no alheamento. Assim, no tempo das origens, o humano nascia, na aparência, com suas partes masculina e feminina separadas em irmãos gêmeos, destinados a se religarem no enlace sexual e recompor o hermafrodita primordial. Entretanto, isso jamais esteve nos planos de Iaodabaoth, pois a imagem humana dividida em dois sexos foi propositalmente concebida por ele, um premeditado arranjo para tornar o homem mais vulnerável ao seu aliciamento. Então, para impedir que a reunião se consumasse, convence Adão e Eva de que os casais deveriam ser prometidos trocados.

Caim e luluva crescem inconformados com a situação injusta a que seus pais estavam sujeitos. Chegaram cedo à convicção de que não precisavam, nem deveriam, adorar Iaodabaoth como deus único. Logo perceberam que era uma entidade insidiosa e com um hipertrofiado conceito de si mesmo, apenas preocupada em alimentar uma vaidade insana. Contrariando Adão e Eva, recusaram-se a louvá-lo, repudiaram seus caprichos, não aceitaram a condição de servos tementes, pois sabiam que ele dependia da anuência de suas vítimas para tocá-las. Mesmo com as imprecações ouvidas de seus genitores, viviam fora da caverna em peremptória e intencional ignorância às determinações do deus de seus pais. Mas não só deles, também seus irmãos Abel e Aclia se converteram em fiéis seguidores e condenavam o modo de vida que adotaram, que consistia em explorar as extensões dos campos ao redor, coletando vegetais e frutas, aprendendo os mecanismos da natureza. Despertaram suas mentes para o céu e o passar do tempo. Descobriram padrões e correlações, intuíram leis benéficas no crescimento dos vegetais, aprenderam técnicas de sobrevivência com os animais. E tudo isso os levou às artes e às ciências. Enquanto seus irmãos enveredaram por outros caminhos; confinaram os animais fora de seus habitats, cevando-os para abate, impondo-lhes ritmos de vida artificiais.

Os fragmentos em árabe deste texto que foram preservados apresentam pequenas discordâncias, em relação ao pergaminho astanfita, quanto à descrição de como foi efetuada a oferenda de Caim e Luluva. No códice, nem mesmo há oferenda, eles se recusam terminantemente em prestar qualquer homenagem àquele deus que tanto desprezavam. Nas versões em árabe até encetam a oblação, cedendo às suplicas dos pais, contudo o desfecho dado vai se modificando nitidamente em cada fragmento. Em exemplares mais tardios, a oferta é mínima, suficiente para não ofender um certo senso de desperdício que não conseguiram negligenciar; enquanto nos de datação mais remota, foram mais radicais e, desistindo na última hora, retiram tudo, ignorando peremptoriamente os apelos e admoestações dos pais e dos irmãos.

Não importa o quanto essa atitude foi minimizada nas versões árabes, a ira despertada em Iaodabaoth é irretocável. Não podendo atingi-los diretamente, nutre a vaidade de Abel e fomenta nele uma crescente desconfiança contra o irmão. E conduz a intriga num estilo que em muito antecipa o Iago no Othelo de Shakespeare:

– Abel, tu bem sabes que te amo tanto quanto a teus pais, que tuas oferendas me são agradáveis e as recebo com júbilo. Tu mereces toda minha deferência, mas teu irmão é o oposto de ti, rejeitou a verdade que te dei de bom grado e enfrenta a dúvida e a incerteza a cada dia. Ele não ouve as súplicas de teus pais e me odeia por puro orgulho, nada fiz contra ele para justificar essa má vontade e não retribuo o mesmo sentimento. Nunca neguei a ele o justo poder que permito a ti que exerças sobre a natureza, através dos animais que criei para te servir e aplacar tua fome. Mas não, por birra, ele prefere se sujeitar aos caprichos da natureza para se alimentar de vegetais ao invés de reinar sobre ela. Fiz-te forte e robusto por meio do que comes, enquanto ele ficou fraco e frágil devido ao seu alimento pobre; não é como um homem deveria ser; o vigor sanguíneo de teu rosto não se compara à tez pálida de teu irmão. A jovial beleza que possuis contrasta com a sobriedade pedante desse primogênito arredio. Talvez eu espere demais de quem é fruto do pecado de teus pais, que foi gerado na desobediência de minhas leis. Muito diferente és tu; filho do amor puro e casto, vieste à luz graças ao enlace que perante mim foi consagrado e comprometido. Bem-aventurado, então, foi teu nascimento e eu o abençoei e permaneci ao teu lado todos os dias de tua vida e jamais te abandonarei. Porém, teu irmão sempre se afastou de minha presença, seduzido por palavras evocativas e sibilinas repudiou minha guarda e proteção. Mesmo se impondo por arrogância, não pode esconder que seu desejo mais profundo é, na verdade, usufruir a intimidade que compartilhamos. Todo o desdém é dissimulado; apesar das recusas enfáticas, ambiciona secretamente todas as dádivas que te concedi. E assim, porque me importo com tua segurança, alerto-te para que te acauteles contra teu irmão. Porque me amas, logo Caim passará a te odiar como odeia a mim. Ele, agora, está enfurecido e rebelou-se totalmente contra meus desígnios. Aviso-te para que saibas: ele inveja-te mais do que nunca depois que te favoreci; reluta em aceitar minha decisão de fazer tua prometida a mais bela das irmãs. A obsessão por Luluva o está consumindo e há intenções hostis em seus gestos. És o predileto de teu Deus e não quero que sofras pelos atos de teu irmão, portanto previna-se contra a violência que ele poderá perpetrar. Tu conheces a morte, a tens provocado com tuas próprias mãos. O que ainda não te dei a conhecer é que não só os animais morrem; no exílio, também o homem morre. Ciente disto, tu perceberás que, em certos momentos, devemos nos antecipar ao mal para que ele não prevaleça.

Bem, o que se seguiu a isso é fácil prever. Abel, temendo a morte nas mãos de Caim, se antecipa e tenta matar o irmão usando seu instrumento de trabalho, ao que ele se defende por puro instinto de sobrevivência e ambos vão ao solo. Não conseguindo conter a fúria do irmão e no afã de o fazer parar, Caim reage reflexamente e desfere um golpe na cabeça de Abel com o que, no momento, estava mais ao alcance de sua mão; uma pedra. Abel tomba para o lado, mortalmente ferido, agoniza e morre. Caim se levanta atônito diante de uma visão que não pôde conciliar; olha o corpo inerte e sanguinolento e não reconhece, nele, seu irmão. Ele havia desencadeado um processo que, de um instante para outro, transformou algo vivo numa massa bruta e sem identidade. Sentia que era uma situação muito grave e, talvez, irreparável. Mas, transtornado, não queria pensar que fosse assim, freneticamente buscava em sua imaginação meios que pudesse reverter os fatos. A lembrança mais reconfortante que lhe ocorreu foi das sementes germinando do solo. Coisas inertes postas sob a terra úmida brotavam para a vida. O mesmo poderia suceder se, literalmente, plantasse aquilo que fora seu irmão. Com esse pensamento, cavou desarvoradamente o solo e na cova acomodou o cadáver, cobrindo-o com a terra solta. Contudo, não se tranqüilizou, sabia: algumas sementes não germinam. Apesar da dúvida, decidiu que nada mais poderia fazer senão esperar. Foi quando ouviu a voz que vem em silêncio lhe inquirir:

– Caim, onde está Abel, teu irmão?
– E logo tu, que deverias saber, me perguntas?

Lógico que sabia; Iaodabaoth perguntava apenas por intimidação. E, ainda a pouco, estivera com os Elohim pedindo para que intercedessem por Abel; primeiro, que lhe restituíssem a vida e segundo, que punissem severamente Caim por seu crime inominável. Ao primeiro disseram: “Há limites a todo poder: a vida é como a água que derrama do vaso partido no solo seco; é possível restaurar o vaso, mas a mesma água não poderá ser reposta”. Ao segundo deliberam que qualquer pena seria injusta: “Posto que nem Caim, nem Abel podem ser responsabilizados pelos seus atos; pois ambos foram privados de opção: A Caim, o ímpeto de sobreviver tirou todas e a Abel, tu não deixaste nenhuma”.

Porém, de nada disso tinha conhecimento Caim e prosseguiu afrontando o demiurgo em seu total estado de transtorno:

– Por certo, não és tu o guardião de meu irmão? Não era teu o compromisso de o proteger de todo mal? Pois, não o protegeste contra mim e agora jaz sob o solo que piso. Minha esperança é que a terra que dá vida ao trigo o faça renascer. Então, por que não mostras o quanto és poderoso e lhe devolves a vida que tirei?

Caim só tentava mais uma solução desesperada para seu drama pessoal, todavia Iaodabaoth encarou aquilo como um desafio; fora profundamente atingido em seu orgulho, não poderia deixar que uma criatura tão inferior o desacatasse assim. Movido pela arrogância e o despeito, Iaodabaoth comete a mais hedionda das ofensas à vida; desrespeita a morte e macula a inocência de um cadáver ao tocá-lo para reanimar seus membros. Tal intenção desnaturaliza sua existência e o torna um elemento estranho para a terra que o acolhe. E, então, num espasmo, ela expele o corpo de Abel de volta a superfície. Perplexo, Caim tem novamente o irmão morto diante de si. Intrigado levanta os olhos e interroga seu interlocutor divino:

– O que estás fazendo, queres brincar com a minha inquietação?
– Não, apenas estou respondendo ao teu desafio e pondo a prova tua descrença.
– Mas ele não se move, ainda o sinto morto. Nada fizeste senão desfazer meu trabalho. Oh, deixa-nos em paz e volta para tuas alturas.

Caim voltou a enterrar Abel na mesma cova e, de novo, o solo fértil recusou-se a recebê-lo em seu seio. Por três vezes Caim tentou devolver o irmão ao úmido útero da terra; ela, entretanto, em todas as tentativas o lançou fora. Na terceira, toda a criação é violada; os olhos de Abel se abrem e o irmão vivo fica mortificado. Nada mudou, é a mesma massa bruta despersonalizada, algo tão apavorante quanto uma pedra que abrisse, de repente, olhos que nunca tivera. O coração de Caim gela quando o irmão, que ainda sente morto, lhe pede, numa voz sumida, para levantá-lo dali, afastá-lo da terra calcinante que queima dolorosamente suas costas. Caim atende e ao erguê-lo percebe que a pele dele está cheia de ulcerações. De pé, Abel começa a se recompor, lança um olhar desvairado para o irmão e diz em tom de contrito lamento: “Tenho fome, muita fome, tanta fome que não penso em mais nada senão em satisfazê-la”. Dito isso, sai, sem aviso, correndo a esmo entre os arbustos até avistar uma presa; num rompante, salta sobre ela e a captura. Com uma expressão de extasiado deleite, mostra o desafortunado animal ao irmão, aperta-o sofregamente entre as mãos e crava os dentes em seu pescoço; em vão ele se contorce e guincha, mas seu sangue jorra e é sorvido avidamente pela boca crispada. Terminado, a carcaça totalmente exaurida de seus fluídos é largada ao chão como um bagaço de fruta chupada. Ato contínuo, o corpo revivo de Abel entra num frenesi convulsionado e, quando cessa, vasculha freneticamente ao redor, ansiando por mais. Assim, se põe a cata de novas vítimas e afasta-se rapidamente do irmão. Caim, terrificado, não tem coragem de ir atrás dele e o deixa à sua sorte. Já presenciara vários predadores em caça, porém nada visto era comparável ao que acabara de assistir, algo excessivamente doentio passara a habitar o corpo de Abel.

Sem alternativa, outra vez volta-se para a voz desincorporada e indaga sobre o que era aquilo:

– O que fizeste ao meu irmão? Não foi vida que lhe reenviaste, mas apenas movimento ao corpo. Ele é um morto que aparenta estar vivo. Algo medonho e abominável criado por mero capricho.

– Como ousas julgar minhas ações. Os meus motivos estão muito além do teu entendimento. Antes de eu criar a vida de aparência, tu criaste a morte de fato. Somos cúmplices nesse horror que se espalhará pela terra. A descendência de Abel proliferará entre os homens, enquanto a tua será apartada da humanidade, proscrita do convívio de seus próprios semelhantes, rechaçada onde quer que vá.
– Como tua maldição poderá se cumprir? Como conseguirão distinguir minha descendência das demais?
– Há uma marca indelével em ti que passarás, inapelavelmente, para todos de tua linhagem.
– Eu não tenho marca alguma e não deixarei que me marques como Abel marcava seus animais!
– Não preciso marcar a ti. Será na humanidade que infundirei a minha marca, um selo que não poderás, nem desejarás, simular. Deste modo, tu e tua descendência é que estarão marcados, justo por não possuírem marca alguma.

Iaodabaoth, imprudentemente, havia reconstituído o vaso: mas um vazamento permaneceu e toda a água nele posta não seria contida por muito tempo. O demiurgo deu a luz a um ser desviante, vazio de vida. Partejou um aborto da natureza que sobreviverá absorvendo a vida de outros. O que é bem diferente dos seres naturais que consomem a matéria para alimentar a vida que lhes é própria.

Bem, é isso. Já me estendi demais nesta resenha. É o que basta para apresentar a gênese mística dos vampiros dentro de uma perspectiva de origem judaica, como havia proposto. E se você achar tudo isso surpreendente demais, lembre-se que a história é escrita pelos vencedores. Quanto aos que insistem na prosaica pergunta: “Então, está é a verdade?”; responderei como faziam os astanfitas: “Não, apenas faz mais sentido!”.

X Runner

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-genese-vampirica-e-o-mito-de-caim-e-abel/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/a-genese-vampirica-e-o-mito-de-caim-e-abel/

A Conexão Reptiliana

Se você é novo ao meu trabalho, a informação mais bizarra que você vai encontrar neste site é a relativa à conexão reptiliana.

Eu compreendo isso. É algo totalmente diferente da nossa versão condicionada da realidade. Mas, esse é exatamente o ponto principal. Se você quer manter algo secreto das pessoas, dê a elas uma versão de realidade e possibilidade que seja tão distante do que realmente está acontecendo, que, até mesmo se a verdade vier à luz, ela parecerá absurda e extrema demais para a maioria das pessoas acreditar.

De fato, se você fizer o seu trabalho bem o bastante, as pessoas irão rir da verdade, chamá-la de insanidade, e ridicularizar qualquer um que a promova.

Para verdadeiramente entender como toda a informação neste site ajusta-se em um todo coerente, você realmente precisa ler meu livro, O Maior Segredo. Mas, para aqueles que ainda não leram, aqui está algum pano de fundo básico. Contudo, por favor lembre-se de que no livro há uma enorme quantidade de informação para apoiar o que eu estou a ponto de dizer.

Quando eu alcancei o ponto, alguns anos atrás, onde eu tinha reunido e entendido a estrutura pela qual poucas pessoas controlam a direção do mundo (veja E a Verdade o Libertará), estava claro que esta rede de sociedades e grupos secretos que manipulam a política global, os negócios, os bancos, as forças armadas, mídia, e assim por diante, não poderia ter sido criada dentro de poucos anos ou décadas. Ela tinha que voltar um tempo muito longo.

Assim eu comecei a rastrear suas origens no que nós chamamos de história. Eu fiz isto com o conhecimento de que, por alguma razão, descendência e genética eram vitalmente importantes a esses manipuladores, os Illuminati ou Iluminados – iluminados no conhecimento que o público nunca vê.

Eu segui confortavelmente a pista ao tempo das Cruzadas no Oriente Médio, aos 12º e 13º séculos, aquele “amável” período, e, a partir daí, voltei ainda mais longe: ao mundo antigo e pré-história.

Lá, por todo o planeta, você encontra as lendas e contos antigos de “deuses” de outro mundo que cruzaram com a humanidade para criar uma rede de descendentes híbridos. O Velho Testamento, por exemplo, fala sobre os “Filhos de Deus” que cruzaram com as filhas dos homens para criar a raça híbrida, chamada de Nefilim. Antes que fosse traduzido para o inglês, aquela passagem, dizia “os filhos dos deuses”, plural. Mas os contos da Bíblia são apenas alguns dos muitos que descrevem o mesmo tema.

As Tábuas de barro sumérias, achadas no local que nós chamamos agora de Iraque, na metade do século 19, conta uma história semelhante. É estimado que elas foram enterradas ao redor de 2,000 AC, mas as histórias que elas contam voltam muito antes disso. As Tábuas falam de uma raça de “deuses” de outro mundo que trouxe conhecimento avançado para o planeta e cruzou com humanos para criar uma descendência de híbridos. Esses “deuses” são chamados nas Tábuas, os “Anunnaki” que aparentemente traduz como “aqueles que do céu para a Terra vieram.”

Os contos antigos nos falam que estes descendentes híbridos, resultantes da fusão dos genes de humanos selecionados com os dos “deuses”, foram postos nas posições de comandar o poder real, especialmente no antigo Oriente Médio e Próximo Oriente, em culturas avançadas como a Suméria, Babilônia e Egito. Mas isto também aconteceu em outros lugares, como você descobrirá se pesquisar, por exemplo, nas informações surpreendentes fornecidas neste site pelo shaman zulu africano, Credo Mutwa, e nos incríveis Credo vídeos, Agenda Reptiliana, partes um e dois. Ele conta a mesma história vinda da tradição negra africana que eu tenho descoberto em outros lugares do mundo.

Os contos sobre a “raça serpente” em culturas antigas são simplesmente intermináveis para onde quer que você olhe, e o simbolismo serpente-reptiliano em relação aos Anunnaki e outras versões destes “deuses” são igualmente difundidos. Nós vemos isto na Bíblia, por exemplo, com a serpente no “Jardim do Éden” – uma história que claramente vem dos contos Sumérios, assim como a história de Moisés nos juncos, uma história contada sobre um rei Sumério muito antes da Bíblia. É por isso que eu achei tão surpreendente quando Zecharia Sitchin, o melhor e mais conhecido tradutor das Tábuas Sumérias, me disse que não havia nenhuma evidência de uma raça serpente no mundo antigo. Claro que há. Ele também me aconselhou fortemente em relação à raça serpente… “não vá lá”. Porque? Quando a evidência, antiga e moderna, é tão enorme?

Destes descendentes híbridos veio “o direito divino dos reis”, a crença de que somente aqueles de “sangue azul” têm o direito de governar dado por Deus. Na verdade esse direito não é “divino”. É o direito de governar dado pelos “deuses” reptilianos por via de sua genética híbrida.

Estes híbridos se tornaram depois as famílias reais e aristocráticas da Europa e, graças ao “Grande” Império britânico e aos outros impérios europeus, eles foram exportados para as Américas, África, Austrália, Nova Zelândia, e diretamente para o Distante Oriente onde eles conectaram-se com outros híbridos reptilianos, como aqueles, mais obviamente, na China onde o simbolismo do dragão é a base da cultura deles.

Estas linhagens híbridas reptilianas-humanas se tornaram os governantes políticos e econômicos daquelas terras ocupadas pelos impérios europeus e elas continuam governando esses países ainda hoje. Os Estados Unidos da América tem sido o lar de centenas de milhões de pessoas desde 1776. E o que é mais surpreendente é que essas pessoas vieram de uma incrivelmente diversa mistura genética. E contudo, espere por isto, os 42 homens que se tornaram Presidentes dos Estados Unidos são todos relacionados!!! Trinta e três deles sozinhos estão relacionados à Carlos Magno, um dos monarcas mais famosos do que nós chamamos agora de França. Acontece que ele é uma figura principal na história e na expansão dessas linhagens híbridas para a Inglaterra, a França, a Alemanha, e para outros lugares.

Os Rothschilds, os Rockefellers, a família real britânica, e as famílias que controlam a política e a economia do EUA e do resto do mundo vêm desta MESMA linhagem. É por isso que as assim chamadas famílias do Estabelecimento Oriental dos Estados Unidos cruzam entre si tão obsessivamente quanto as Famílias reais e “nobres” européias sempre fizeram. Assim como outras famílias similares ao redor do mundo. Elas não fazem isso por serem snobes, mas para manterem, da melhor forma que puderem, uma estrutura genética: a combinação do DNA réptil-mamífero, a qual permite que eles mudem de forma.

Você também verá referências neste site para “mudança de forma”, o fenômeno no qual testemunhas informam terem visto pessoas (freqüentemente aquelas em posições de poder), transformar-se diante dos seus olhos, de uma forma humana para uma réptil e então retornar à forma humana. Você achará muito sobre isto em O Maior Segredo. E Credo Mutwa confirma exatamente a mesma experiência na África negra. Uma vez mais, antigos e modernos contos apóiam uns aos outros. Os deuses antigos dos Vales Indus, os Nagas, eram ditos terem sido capazes de assumir ou a forma humana ou a réptil.

O presidente anterior dos EUA, George Bush, incidentemente, é mencionado mais do que qualquer outra pessoa em minhas experiências em relação à mudança de forma. é por isso que o filho dele está sendo conduzido para a eleição presidencial de 2000. Na America presidentes não são eleitos por votos,  eles são selecionados por seu sangue.

Al Gore, o seu oponente “Democrático” no Estado de um único partido, também é desta linhagem genética. Olhe quase em qualquer lugar no mundo para uma posição significativa de poder e você achará o mesmo.

O simbolismo reptiliano que você vê ao seu redor em gárgulas, em brasões, em propaganda, e assim por diante, é tudo parte disto.

Estes “deuses” não poderiam assumir o controle do planeta abertamente porque não há bastante deles, assim eles estão fazendo isto secretamente, disfarçando-se de humanos. Filmes como Eles Vivem, A Chegada (o primeiro, não a seqüência), e a série de televisão americana, V, conta a história do que REALMENTE está acontecendo. Se você é novo a tudo isto, eu sugiro que você pense em assistir estes filmes para acordar pra realidade o mais depressa possível.

Os pesquisadores de conspirações e da Nova Ordem Mundial também têm seus próprios sistemas de crença políticos e religiosos para defender e enquanto eles descobrem um nível da conspiração, a maioria rejeita e até mesmo ridiculariza o que eu estou dizendo sobre a conexão reptiliana. Tudo bem, mas a menos que eles entendam este quadro maior eles nunca irão, em minha visão, entender o que está verdadeiramente acontecendo ao nosso redor.

Como disse Ghandi: “Mesmo se você está em uma minoria de um, a verdade ainda é a verdade.”

E como resultado das ondas que O Maior Segredo têm causado, e as novas informações, experiências, e contos que o livro e este website têm atraído do mundo inteiro, há uma compreensão crescente de que esta aparentemente bizarra e louca história é de fato verdade. Que o mundo realmente pode ser controlado por linhagens genéticas reptilianas que se escondem por atrás de uma forma aparentemente humana. E é este entendimento que reúne todas as informações aparentemente desconexas neste site em um grande e conectado todo.

Aqui estão alguns exemplos:

RELIGIÃO

Se você deseja controlar uma grande quantidade de pessoas, você tem que desconectá-las do verdadeiro conhecimento de quem elas são e do próprio potencial infinito delas para manifestar o seu próprio destino e controlar suas próprias vidas. Você tem que convencê-las de que elas são insignificantes e impotentes assim elas viverão as suas vidas de acordo com isso.

É por isso que a religião tem sido uma das armas mais efetivas da Illuminati e das linhagens genéticas reptilianas. Ela enche as pessoas de medo de um Deus vingativo e diz que a menos que eles acreditem que a “verdade” de tudo pode ser achado dentro um livro ou sistema de crença, eles irão para inferno ou então experimentarão outras conseqüências extremamente desagradáveis.

Religiões diferentes também têm sido veículos maravilhosos para dividir e conquistar as pessoas através de conflitos inter-religiosos arrogantes. Os reptilianos criaram as religiões por isso e os jogadores-chave dentro delas nem mesmo acreditam na tolice que eles papagueiam para os seus seguidores. Eles apenas querem que a população acredite nisto, assim ela será fácil de controlar. É por isso que você descobre que tantos famosos evangelistas “Cristãos”, por exemplo, são de fato Satanistas. O “Cristianismo” deles é só uma cortina de fumaça.

MEDICINA E MÍDIA

A supressão do verdadeiro conhecimento de curar e a dominação de drogas e cirurgias na “medicina” assegura que o corpo físico humano opere muito longe do seu potencial máximo. Esta é a razão para a descarada falta de representação e supressão das chamadas formas “alternativas” de curar que surgiram milhares de anos antes da moderna “medicina”.

Suplementos alimentares, fast food (comida rápida), flúor nos suprimentos de água, os venenos que nós colocamos na terra e conseqüentemente comemos em nossa comida e bebemos em nossa água, estão suprimindo não só nossa saúde física e vibração, mas, crucialmente, nossas funções cerebrais e intelecto. Uma população completamente acordada e mentalmente afiada é a última coisa de que você precisa se você quer controlá-la. Assim as linhagens genéticas reptilianas também dão muita ênfase em controlar a “educação” e a mídia. Isso permite que eles nos alimentem com uma dieta constante de lixo desmiolado, como game shows, enquanto a mídia de “notícias” nos conta o que os controladores querem que nós pensemos. A maioria dos jornalistas são tão desmiolados, e com uma enorme falta de compreensão do que eles fazem parte, que eles, como a maioria da população, ajudam a avançar uma agenda que eles nem mesmo sabem que existe.

CONTROLE DA MENTE

O controle mental está obviamente muito relacionado a religião, que é, para mim, a melhor forma de controle mental em massa já inventado. Assim como propaganda e televisão. Mas o controle de mente vai muito mais fundo do que isso. Os projetos de controle da mente dos Illuminati-reptilianos têm produzido literalmente milhões de robôs mente-controlados que são programados para levar a cabo a Agenda da Illuminati.

Há muitas formas eletrônicas através das quais isto é feito hoje, mas um dos métodos-chave é o controle da mente baseado no trauma. Onde pessoas são traumatizadas por abuso sexual, violência, são forçadas a testemunhar e tomar parte em rituais de sacrifício humano e outros incontáveis horrores. Tais experiências ativam o mecanismo da mente que bloqueia recordações de trauma extremo.

Um exemplo disto, o qual muitas pessoas experimentaram, é quando elas não podem recordar de um grave acidente de carro. Elas podem se lembrar de antes e depois do acidente, mas não do impacto. A mente põe uma barreira amnésica ao redor da memória assim nós não temos que continuar revivendo o acidente. Isso é uma boa coisa, mas a Illuminati tem desenvolvido métodos de usar esta técnica para traumatizar uma mente seguidamente até que ela se fragmente em várias barreiras amnésicas desconectadas. Eles então programam esses diferentes fragmentos da mente (altares como eles os chamam) com tarefas diferentes. As tarefas são pré-programadas para serem ativadas com um “gatilho”, que pode ser uma palavra, uma cor, um som, ou o que quer que seja. Uma vez que o gatilho é determinado, o programa se fecha e a pessoa fará tudo o que ela foi programada pra fazer.

Essa tarefa pode ser ter sexo com um político famoso, a qual elas não se lembrarão; assassinar alguém como John Lennon; enlouquecer com uma arma em uma escola, o que conduz para políticas de controle de armas, etc. Os campos de concentração da Alemanha Nazista sobre a supervisão do “Anjo da Morte”, Josef Mengele, foram uns dos principais centros para tais experimentos. Mengele foi levado para os Estados Unidos e América do Sul depois da guerra pela Illuminati com o nome de Doutor Green ou Greenbaum para continuar o seu horroroso “trabalho”. Isso resultou no notório projeto de controle mental, MK Ultra. O Centro de armas navais China Lake no deserto da Califórnia foi uma das suas primeiras bases de operação.

O tempo mais efetivo para começar este processo de criação de robôs humanos é antes da idade de cinco ou seis anos. Conseqüentemente você tem as colossais redes de abuso de crianças e o ritual Satânico de abuso de crianças expostos neste site e em meus livros.

O ABUSO E O RITUAL SATÂNICO DE ABUSO DE CRIANÇAS, E CERIMÔNIAS DE SACRIFÍCIO HUMANO EM GERAL

Estarrecedor como isso pode parecer, tudo isso acima é maciçamente difundido no mundo inteiro. Está acontecendo dentro de sua comunidade agora, não importa onde você esteja. Eu, e outros, temos revelado isto durante anos e agora, como você verá neste site, a escala disto, e as pessoas famosas envolvidas, estão finalmente vindo à luz.

Em parte, estes rituais e redes de abuso são para traumatizar pessoas, especialmente as crianças, mas é muito mais do que apenas isso. Siga as linhagens genéticas Illuminati-reptilianas do mundo antigo até agora e você verá que elas SEMPRE tomaram parte em cerimônias de sacrifício humano e SEMPRE beberam sangue. Os sacrifícios para os “deuses” nos contos antigos, eram literalmente sacrifícios para os reptilianos e suas linhagens genéticas híbridas. A história do Drácula, o bebedor de sangue, é simbólica desses “vampiros” reptilianos. Um dos locais deste grupo reptiliano parece ser o sistema estelar conhecido como Draco (dragão), e “draconiano” certamente resume a Illuminati.

Para sustentar a sua forma humana, essas entidades precisam beber sangue humano (mamífero), e acessar a energia que ele contém para manterem seus códigos genéticos em sua expressão “humana”. Se eles não fazem isso, eles manifestam os códigos reptilianos deles e, dessa forma, todos nós veríamos o que eles realmente se parecem. “Oh meu Deus, Sr. Presidente, você sempre toma seu café da manhã dentro do quarto?”

Do que eu entendi através de informações de pessoas que já trabalharam pra essa “gente” (ex-insiders), o sangue (energia) de bebês e de crianças pequenas é o mais efetivo para isso, como também é o sangue de pessoas loiras e de olhos azuis. Conseqüentemente essas são as pessoas predominantemente usadas em sacrifício e, ao que parece, também as pessoas de cabelo vermelho.

É por isso que pessoas como George Bush, Henry Kissinger, e uma corrente de outros “grandes nomes” da Illuminati estão expostos em meus livros e neste site como reptilianos que mudam de forma e que tomam parte em sacrifícios humanos e bebem sangue. Os dois acontecem juntos. Parece haver também uma ênfase muito significativa entre os Illuminati-reptilianos e os seus aliados com pedofilia, que é excessiva neste planeta.

Eu também gostaria de enfatizar antes de eu terminar aqui, que eu estou expondo certos GRUPOS reptilianos por trás da Illuminati, não a corrente genética reptiliana em geral. Há muitos de origem reptiliana que estão aqui para ajudar a humanidade a se livrar desta escravidão mental e emocional. De fato, todos nós temos um corpo com muitos genes répteis, inclusive parte do cérebro chamado de complexo-R, o cérebro réptil.

Eu confio que este breve resumo o ajudará a ver a relevância de todos os artigos e informações que você achará neste site. No fim, todas essas aparentemente desconexas “conspirações” são parte de UMA conspiração projetada para introduzir UMA agenda: O controle reptiliano do Planeta Terra e de toda a sua população.

Exposição do plano de controle reptiliano do Planeta Terra por David Icke

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/a-conexao-reptiliana/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/a-conexao-reptiliana/

A estrutura oculta da Opus Dei

Às 5.30 horas da manhã de cada dia, Tomás Gutiérrez de La Calzada abotoa uma impecavelmente limpa batina. É Tomás um homem muito preocupado pela limpeza, desgosta-lhe encontrar uma bolinha de pó em seu caminho matutino para o salão onde se faz servir o café da manhã, sempre frugal e interrompido pelas badaladas das seis, quando chega a primeira missa.
Entra em seu escritório às sete em ponto da manhã e não sairá dali até entrada a noite, uma rotina que só se interrompe quando seus secretários organizam alguma viagem para visitar uma casa da Obra, algo que em seu foro interno desgosta Tomás Gutiérrez de La Calzada, embora entenda a imperiosa necessidade de manter freqüentes contatos com ‘os filhos’, sobretudo nos últimos anos quando se prodigalizam os ataques dos inimigos da Santa instituição.

A vida de Tomás Gutiérrez de La Calzada, transcorre com poucos sobressaltos desde que em uma fria manhã outonal de 1982 chegasse a ordem de Roma: designado ‘Concílio’ do Opus Dei na Espanha. Esse dia, Tomás Gutiérrez de La Calzada, sucessor no cargo de Florencio Sánchez Bella, irmão daquele famoso ministro franquista que impôs o fechamento do jornal ‘Madrid’, passou a reger na Espanha os destinos do Opus Dei.

É Tomás Gutiérrez um homem afável, grande conversador e convencido de que está à frente do grupo de homens mais seletos e disciplinados da Espanha. Esse homem, que em 10 de março de 1989 fez 60 anos, realizou uma longa carreira para abrir caminho na vida.

Nascido em Valladolid, filho de um modesto agricultor perdeu a sua mãe, Visitação, a muito temprana idade. Internado em um colégio religioso, Tomás Gutiérrez de La Calzada sempre desenvolveu sua vida entre batinas, com a exceção do breve período de tempo que passou em Fuentelarreina (Zamora), para cumprir o serviço militar e de onde saiu com a estrela de alferes.
Licenciado em Direito, nunca exerceu a advocacia e só utilizou os conhecimentos adquiridos na Universidade de Valladolid para avançar pelo campo do Direito Canônico, o que lhe acabou convertendo em diretor do Colégio Romano do Opus. Ali, em contato direto com as altas hierarquias da Obra, ficou conhecido como bom organizador, um eficaz burocrata que despreza a publicidade e admira o trabalho calado. ‘Sempre o espetáculo! Pede-me fotografias, gráficos, estatísticas’, escreveu Josemaría Escrivá do Balaguer em Caminho, em uma sentença gravada no mais fundo da alma de Tomás Gutiérrez de La Calzada. Este homem que desde muito jovem oficiou de coroinha no colégio do Valladolid, dirigiu na década de 80 um exército invisível, formado pelos 12.000 membros da Obra na Espanha.

O quartel general deste exército, o lugar onde vive Tomás Gutiérrez de La Calzada, está convocado na madrilenha Rua de Diego di Lion, número 14. Ali, situado em um solar com forma de triângulo de 972,58 metros, levanta-se um edifício com dez andar e 7.967 metros quadrados construídos, de onde se dirige toda a estrutura da Obra. O projeto foi realizado em 1964 pelos arquitetos Jesus Alberto Cajigal e Javier Cotelo, com um custo declarado de 20.651.648 pesetas.

Depois dos compactos muros de concreto, o quartel general tem dois pontos nevrálgicos, o mais importante está no segundo porão, a quinze ou vinte metros sob o nível da rua. Trata-se da cripta onde estão guardados os restos mortais dos pais de Josemaría Escrivá do Balaguer, José e Dolores, uma mulher incorporada à história da Obra como a inventora dos ‘crispillos’, uns doces a base de açúcar e espinafres que os membros da instituição tomam em ocasiões especiais.

Nas cercanias da cripta, encontra-se a capela na qual toda manhã do ano, às seis em ponto, Tomás Gutiérrez de La Calzada, reza missa para os varões que com ele compartilham o privilégio de viver no quartel general da Obra.

O segundo ponto importante do edifício está no quarto andar, onde Tomás Gutiérrez di La Calzada, tem seu escritório do Concílio’ e está a sala de reuniões, em que três vezes por semana, às oito da manhã, celebra seus encontros com o governo na sombra da Obra, a Comissão Regional para a Espanha.

Está acostumado chegar ao Concílio, a sala de reuniões detrás, ler a correspondência importante, sobretudo a que de Roma lhe traz em mão o enlace –‘misus’ na linguagem oficial– Ramón Herrando. Gosta do Concílio de concentrar-se na leitura das missivas, especialmente quando a valise contém a revista ‘Romana’, uma publicação de 200 páginas, impressas em um papel amarelado e redigida em latim. É ‘Romana’ uma espécie de ‘Quem é quem’ na Obra, com detalhada explicação das altas e baixas e um minucioso detalhe dos quais subiram a responsabilidades importantes, ou em quais nações vão se desenvolver campanhas especiais para rebater a sempre presente difamação do inimigo.

Tem a sala de reuniões um escasso mobiliário e entre as cadeiras, sempre perfeitamente alinhadas em torno de uma grande mesa, destaca a ciclópea presencia de uma caixa forte embutida na parede, onde se guardam as atas das reuniões de Comissão Regional e uma cópia de todas as comunicações intercentros.

O máximo organismo de direção do Opus na Espanha sofreu muito poucas mudanças durante a década dos 80. Em torno da mesa circular, com um rosário e um copo de água ao alcance da mão, sentam-se os destacados membros da Comissão Regional, do lado esquerdo, a direita de Tomás Gutiérrez di La Calzada por ordem de importância.

À direita de Tomás Gutiérrez de La Calzada, ocupa assento o segundo homem em importância: José Luis Añón, formalmente o ‘sacerdote secretário’. Em realidade, trata-se de uma espécie de vice-presidente da Obra, um termo que, possivelmente, não se usa para ressaltar o caráter fortemente caudilho da organização, pois no Opus só há um responsável, Alvaro do Postigo, em Roma, que delega autoridade nos ‘conciliários ‘ regionais.

A principal função de José Luis Añón é servir de enlace com a hierarquia da Igreja Católica, para informar das atividades da Obra. Não é esta uma tarefa fácil, pois, com freqüência, os bispos querem saber mais do que o Opus considera conveniente contar, originando atritos.

Paralelamente, José Luis Añón é o único membro da direção da Obra autorizado a ter um contato permanente com o outro sexo, em sua qualidade de responsável pela seção feminina da instituição. Na Espanha está composta por 1.500 damas, com funções auxiliares em relação aos varões, pois, na prática, dedicam-se a limpar e cozinhar nas residências. Como quer, no Opus, a convivência entre os sexos está estritamente diferenciada, até o ponto de que o quartel general de Diego di Lion conta com uma entrada para varões e outra para mulheres, José Luis Añón tem às vezes ingrata tarefa de velar pela separação e fortalecer a militância religiosa das senhoras.

Em atenção a sua importância, o seguinte cargo é o Diretor Espiritual, também desempenhado por um sacerdote, Juan Vera Campos. Sua tarefa é a de velar pela pureza da doutrina e nesta função é assistido pelo valioso Departamento de Estudos Bibliográficos, a frente está o ex-magistrado e professor da Universidade da Navarra Carmelo do Diego.

Função múltipla a deste organismo, porque por um lado escreve, constantemente, a história da Obra e por outro guia o espírito intelectual dos membros. Em sua primeira faceta tem que revisar os textos da Obra para evitar que apareçam referências a um grande número de ex-diretores, que abandonaram a instituição e não regulam suas críticas. Miguel Fisac, Antonio Pérez Tenesa, Alberto Moncada ou Raimundo Pániker, só por citar a um reduzido grupo dos que entregaram seus entusiasmos e saíram exaustos.
Também deste departamento sai semana após outra uma nota, encabeçada com a frase ‘de leitura obrigatória em todos os centros’ indica os filmes, livros, revistas e espetáculos teatrais aos quais podem ou não ter acesso os membros. Como é sabido, os filiados à Obra têm uma margem de entretenimento intelectual um tanto estreito, não só porque os censores aplicam critérios morais restritos, mas, porque estes revistam procedendo uma famosa máxima de Josemaría Escrivá do Balaguer, que deixou bem clara a necessidade de ‘cuidar a vista, a revista e a entrevista’. O que é interpretado como necessária proibição de tudo aquilo que faça duvidar da fé.

Neste sentido, os listrados emitidos pela censura partem do princípio de que nem todos os sócios têm a mesma fortaleza espiritual, por isso, adverte que a leitura de alguns textos pode ser autorizada aos diretores da Obra, nesse caso junto ao título aparecem dois círculos; três significa que em nenhum caso pode ler-se.

Em torno da mesa na sala de reuniões sentam-se outras três pessoas com curiosos títulos, os vocais de San Miguel, São Gabriel e São Rafael. Estes postos ocupados pelo Miguel Angel Montijano, Alejandro Cantero e Rafael Solís, respectivamente.
O primeiro deles é um cordato de cinqüenta anos, licenciado em Ciências Físicas, que se ocupa do cuidado espiritual da nata da organização: os ‘numerários’. O segundo, Alijandro Candero, um galego nascido em Lugo e licenciado em medicina, encarrega-se da direção dos ‘super numerários’. Enquanto que o último, o também cordato Rafael Solís, ocupa-se de organizar a captação, de atrair sangue novo para que a organização não morra.

E não só é necessário atrair mais membros, também a fé necessita de enormes recursos. Nessa mesa circular a pessoa sentada a maior distância de Tomás Gutiérrez de La Calzada é, possivelmente, a que mais poder material tem de todas ali reunidas, trata-se de Francisco Montuenga Aguayo, o administrador geral do patrimônio da Obra.

Nascido em Barcelona em 1924, filho de uns humildes emigrantes, Francisco Montuenga se incorporou à Obra nos anos sessenta. Economista de profissão, incorporou-se ao projeto da Universidade de Navarra –o centro modelo da Obra– como assessor financeiro, logo se converteu em administrador geral da universidade e dali saltou a gerente de todos os bens da Obra na Espanha.

Alegam os mais fiéis seguidores da Obra que a Instituição é pobre, carente de bens. O primeiro é incorreto enquanto que o segundo é absolutamente certo.

Isso não quer dizer que Montuenga careça de trabalho, justamente o contrário. Sua principal tarefa é, precisamente, dissimular os bens da Obra.

O Opus Dei, com seu próprio nome, não possui nada, nem um telefone em todo o planeta. Aparentemente, nem a sede central do Diego de Lion, nem o centro de peregrinação Torreciudad (Huesca), pertencem ao Opus Dei, a não ser uma confusa trama de sociedades anônimas.

O esquema o inventou o próprio Escrivá do Balaguer, quando pouco depois de criar o Opus Dei em 1928 pôs em pé a ‘Academia D e A’, siglas que aparentemente significavam ‘Direito e Arquitetura’, as carreiras favoritas do ‘fundador’, mas, que na linguagem secreta da Obra significavam ‘Deus e Audácia’.

No final dos anos 80, a trama financeira da Obra alcançava 1.500 empresas e sociedades, a maior parte delas ignorantes de que seus benefícios servem para fortalecer o Opus Dei.

O desenho perfilado por Francisco Montuenga ao longo dos anos poderia ser representado como um conjunto de pirâmides, cujos vértices não se tocam e irradiam poder para a base. Assim, boa parte do patrimônio imobiliário da Obra em Madrid, avaliado por peritos em 1989 em 30 milhões de pesetas, é dirigido pela ‘Companhia Mercantil Imobiliária Moncloa, S. A.’, proprietária, por exemplo, do quartel general de Diego de Lion, e cujos acionistas são pessoas desconhecidas e sem cargos na direção da Instituição. Além disso, seria errôneo ligar os dirigentes da Obra à propriedade do edifício em Diego de Lion, porque podem alegar com razão, que o imóvel está arrendado por outra sociedade ‘Colégio Maior da Moncloa, S. A.’, e que, afinal eles são fiéis empregados desta instituição acadêmica, encarregados só de orientar jovens estudantes.

Na prática, as coisas são diferentes: a imobiliária e o colégio universitário são o mesmo, Opus Dei. trata-se de uma ficção jurídica que lhes permite efetuar discursos sobre o ascetismo da Instituição. Finalmente, argumentam que sua pobreza é tal que só são inquilinos temporários de um grupo de edifícios.

Foi necessário esperar a década de 80 para conhecer os mecanismos financeiros da Obra, postos de manifesto pela constante saída de membros importantes que abandonaram a Instituição. Entre eles, estava, com a categoria de ‘super numerário’, o banqueiro José Maria Ruiz Mateos, quem assegura que o Opus Dei move ao ano, só na Espanha, 30  milhões de pesetas. Uma parte considerável deste dinheiro procede das contribuições efetuadas pelos sócios e o resto são benefícios de operações mercantis ou financeiras. Além disso, a Obra realiza coletas especiais para campanhas concretas, recebe de forma indireta subvenção do Estado e obriga seus sócios ‘numerários’ a que assinem um testamento deixando seus bens à Instituição.

‘Entreguei à obra 3.000 milhões de pesetas’, assegura José Maria Ruiz Mateos, que avalia sua afirmação com as fotocópias das transferências. Através desses documentos se pode descobrir o procedimento utilizado pela Obra, que consiste em girar o dinheiro fora da Espanha, geralmente a Suíça, onde recebe uma sociedade fantasma denominada ‘River–Invest’. O dinheiro fica depositado na União de Bancos Suíços, até que o administrador geral decide utilizá-lo com o melhor fim.

Se os recursos estão destinados a investimentos na Espanha, ‘River–Invest’ desvia o dinheiro na forma de créditos concedidos a alguma das sociedades de fachada, como seriam ‘Fomento de Centros de Ensino, S. A.’, ‘Estudo Geral de Navarra, S. A.’ (proprietária do campus universitário na Pamplona), ou ‘Imobiliária Urbana da Moncloa, S. A.’. dali os recursos passariam a outras sociedades, dedicadas a satisfazer necessidades da Obra ou puros investimentos para obter benefícios.

Na cripta linguagem do Opus Dei, as primeiras são chamadas ‘Obras Corporativas’ e Montuenga as tem subdivididas em três áreas de atividades: imobiliárias, editoriais, centros educativos.

Caracterizam-se porque a totalidade das ações está em mãos de sócios ‘numerários’, escolhidos entre o grupo dos mais fiéis seguidores da Instituição. Assim, por exemplo, os terrenos sobre os quais se assenta Torreciudad pertencem a um conjunto de imobiliárias (‘Companhia Imobiliária A Escora, S. A.’, ‘Artesona, S. A.’, ‘Imobiliária O Povoado do Grau, S. A.’ e ‘Companhia Imobiliária O Tozal do Grau’), todas elas coordenadas durante bastante tempo por Luis Montuenga Aguayo, irmão do administrador geral da Obra.

O ensino sempre foi um terreno natural de trabalho para o Opus Dei. Durante as décadas de 50 e 60, nutria-se, principalmente, de estudantes universitários, mas a resposta que seguiu nos 70 aconselhou variar a estratégia. A Obra concentrou-se em colégios para meninos, nos quais os trabalhos de captação são mais fáceis. Em 1989, controlava um total de 29 centros, convocados nos maiores núcleos urbanos do país. O mais famoso de todos eles, o colégio Retamar em Madrid, reproduz à perfeição o esquema de trabalho empresarial do Opus: o edifício pertence a uma imobiliária –’Retamar, S. A.’– mas supostamente está alugado a uma sociedade –’Fomento do Ensino, S. A.’– que reparte a docência.

Por último, no terreno das ‘Obras Corporativas’ estão editoriais como ‘Scriptor, S. A.’ controlam as edições de Caminho, publicam seminários como Telva, Palavra ou Mundo Cristão e editam milhões de folhetos relatando os milagres do Escrivá do Balaguer, elemento muito importante na hora de obter a santificação do fundador.

Junto destas ‘Obras Corporativas’ estão as chamadas ‘Obras Auxiliares’, sociedades onde o Opus coloca seus recursos para obter benefícios, a difusão de seus princípios ou a captação de novos militantes.

As ‘Obras Auxiliares’ foram as quais deram mais trabalho, produzidas por Francisco Montuenga, quem anos atrás tomou a decisão de centralizar os investimentos especulativos na sociedade ‘Urdefondo, S. A.’, uma desconhecida companhia mercantil presidida por Abelardo Alonso do Porres, ex-diretor geral do ‘Banco Latino’ quando a entidade estava dentro do grupo ‘Rumasa’, e conselheiro de ‘Rialp’, editorial mais conhecido do Opus.

Evitar os investimentos errôneos, como ocorreu recentemente na Itália, onde a Obra estava financiando a companhia química produtora do popular anticoncepcional ‘Lutolo’, é uma das ordens fielmente seguidas pelo ‘Urdefondo’. A outra é rodear-se dos investidores mais seguros, o que inclui aproximá-lo menos possível das instituições bancárias ligadas à Obra, como o ‘Banco Popular’. Não em vão esta instituição, cujo conselho de administração está em mãos de sócios ‘numerários’, é generosa com a esquerda: cobre o possível as dívidas do Partido Comunista, inclusive administra os descobertos de ‘Mundo Operário’, e é muito receptiva às petições de crédito do PSOE.

Apesar da indubitável crise sofrida nos 80, a Obra foi capaz de preservar uma extraordinária rede de contatos nas instituições financeiras, que vão desde sua presença em dois importantes meios de comunicação relacionados com as finanças, como o diário ‘Expansão’ e o seminário ‘Atualidade Econômica’; até manter conselheiros afins nos Bancos ‘ Bilbao–Vizcaya’, ‘Hispano–Americano’, ‘ Confederação Espanhola das Caixas de Economias’ e 200 sociedades mais. Homens chave da Obra, como José Maria Aristraín Noam, Emilio Ibarra e Churruca, Alberto Ullastres, Luis María Rodríguez da Fonte, Aristóbulo de Juan e José Joaquín Sancho Dronda, entre outros ilustres sobrenomes, foram capazes de defender os interesses terrestres da Instituição durante a década dos 80.
Controlar um conjunto industrial com tantas ramificações é difícil e com freqüência salta o escândalo. Anos atrás Gregorio Ortega Pardo, ‘numerário’ de toda confiança, recebeu de mãos do Rafael Valls o encargo de abrir um Banco e estender os ensinos do Escrivá do Balaguer em Lisboa. Durante uns anos dedicou a ambas as tarefas com esmero, até que um bom dia subiu a um avião e desapareceu na Venezuela com 50 milhões de pesetas que não eram deles. Recentemente, outros diretores do Opus foram assinalados como generosos no gasto de recursos que não lhes pertenciam, embora muitos deles, como ocorre no caso do financista José Víctor do Francisco Graça, negaram tudo de forma terminante e explicado que são objeto de uma campanha de calúnias.

Estes incidentes e o mais grave de Ruiz Mateos aconselharam reforçar os sistemas de controle interno. Desde 1970, todos os sócios do Opus em cujo poder obram ações compradas com recursos que não são seus estão obrigados a assinar uma carta de compra-e venda sem data, que entregam ao próprio Francisco Montuenga. Desta forma ninguém apropria-se de propriedade que não lhe pertence. Claro que este sistema também tem seus problemas, não serve para fiscalizar o correto uso dos lucros nem evita investimentos arriscados. Para obter este último, o Opus Dei espanhol procura cada vez mais o conselho de peritos financeiros, gestores independentes a quem expõe a simples questão de ‘como podemos investir para ganhar mais’.

Encobre muito a Obra seu poder financeiro não só para esconder-se de possíveis represálias. ‘Os jesuítas perderam muitas coisas porque era fácil localizar, não cometamos esse engano’, assinalou Escrivá do Balaguer. Em realidade não se trata só de encobrir-se do poder civil, mas, também, resulta fácil cortejar como demonstra o ‘Banco Popular’. O principal inimigo dos recursos da Obra é a estrutura da Igreja Católica e suas gigantescas necessidades financeiras. Já o assinalou Escrivá ao dizer: ‘As forças que se opõem a nosso caminho estão dentro da igreja.’

É muito difícil que em seu foro interno os dirigentes do Opus Dei esqueçam a dramática decisão da Conferência Episcopal, perguntado pelo Vaticano sobre a conveniência de transformar à Obra em uma prelatura respondeu negativamente, possivelmente, um pouco assustados com as práticas de fração organizada dentro da Igreja Católica adotada pelo Opus Dei.
Com João Paulo II as coisas mudaram no Vaticano e os clérigos espanhóis modificaram sua atitude. Dois espanhóis opus–deístas se movem livremente pelos corredores do poder vaticano, Joaquín Navarro Valls, responsável pelo departamento de Informação, e Eduardo Martínez Somalo, substituto do Secretário de estado. Na Conferência Episcopal espanhola aprenderam a lição, é necessário levar-se bem com a Obra, algo que Monsenhor Suquía impôs na Igreja espanhola desde 1985.

E tranqüilizada a comunidade religiosa, o Opus se derrubou sobre os uniformizados. Como não podia ser menos em uma Instituição que alcançou seu máximo esplendor na Espanha do general Franco, o Opus Dei se apaixona pelos uniformes. Inclusive há um grupo de ‘numerários’ dedicados a cortejar aos militares em ativo. Na década dos 80, a Obra teve uma fecunda relação com o almirante Liberal Lucini, chefe do Estado Maior da Defesa. Algo que não resulta estranho dado que a Marinha é o setor das Forças Armadas mais suscetível de sucumbir ante os encantos da Instituição.

Carrero Blanco abriu as portas da Marinha à Obra e um ministro da Marinha, Manuel Baturone Colombo, consolidou o trabalho de penetração, não em vão dois de seus filhos, Adolfo e Luis, abandonaram a carreira militar para consagrar-se às teias da Obra.
No Exército também contaram com uma considerável presença; dois chefes de Estado Maior, Alvaro Lacalle Leloup e José María Sáenz de Tejada, eram ‘super numerários’ da Instituição. No amplo círculo de simpatizantes, destacaram Emilio Alonso Manglano, ‘Juanito’ no jargão dos espiões que dirige desde seu posto de coordenador geral o Centro Superior de Investigação da Defesa (CESID).

Entre quem controla a informação reservada, policiais e espiões, o Opus teve uma forte presença no início dos anos 80 que depois perdeu. Inclusive contou com um colaborador na pessoa de um dos diretores gerais da Polícia na presente década, Rafael do Rio Sendino, o que lhes permitiu colocar a sua gente. Em poucos meses monopolizaram a Direção da luta anti terrorista, com o delegado Jesus Martínez Torre, e a muito importante brigada de Interior, uma espécie de Polícia política cuja frente situou-se Alberto Elias.

A presença do Opus Dei na Polícia se revelou vital durante a investigação do ‘assunto ‘Rumasa’, quando um policial, o inspetor Medina, deparou-se com documentos comprometedores, concretamente, a doação por parte de José Maria Ruiz Mateos de 2.000 milhões de pesetas ao Instituto de Educação e Investigação, uma das sociedades de fachada da Obra; seus superiores ordenaram-lhe parar a investigação.

Sem dúvida, onde mais terreno perdeu a Obra é no da política. Quando Franco morreu, perderam o governo e logo soltaram quase todas as fibras que tinham conseguido conservar. Depois das eleições de outubro de 1989, a voz do Opus Dei permanecia representada na Câmara Baixa mediante três vozes, as dos deputados Isabel Tocino (Cantabria), Andrés Ollero (Granada), e Juan Luis de la Vallina (Asturias). Atrás ficaram os tempos de esplendor, sua infiltração no UCD, sua presença no Partido Democrático Cristão de Oscar Alzaga, seu assédio ao Partido Liberal, onde contaram com o apoio do vice-presidente Andrés de la Oliva Santos. Inclusive durante um breve período foram capazes de atrair pessoas que hoje se deslocaram ao campo socialista, como Manuel da Rocha, Ludolfo Paramio e Alfonso Lazo, este último deputado por Sevilha e secretário pessoal do vice-presidente Alfonso Guerra.
Concentrada em preservar seu poderio financeiro, a Obra recusou os enfrentamentos com o poder socialista na década de 80. Esperar que mudem as circunstâncias para pressionar de novo, é a ordem que Tomás Gutiérrez de la Calzada impôs entre seus seguidores. Enquanto, aguardam esse momento, Tomás Gutiérrez, o ‘Concílio’, acordam todas as manhãs convencidos de que tem atrás de si o melhor exército da Espanha. Sem dúvida, quando se instala em seu escritório, para dar uma olhada em Livros Contábeis, também, adverte que é o mais rico e isso lhe tranqüiliza muito. Finalmente, todos recordamos ao Bom Samaritano não só porque tinha boa vontade, mas também porque contava com muito dinheiro. Os pobres não podem fazer obras de caridade.

por Santiago Aroca

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/sociedades-secretas-conspiracoes/a-estrutura-oculta-da-opus-dei/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/sociedades-secretas-conspiracoes/a-estrutura-oculta-da-opus-dei/

‘O Breve Colóquio Satânico

Morbitvs Vividvs

Todos os dias, sem exceção, recebo mensagens de buscadores que bem ou mal intencionados desejam conhecer mais sobre Satanismo. Certamente louvável a busca pelo conhecimento, mas a maioria dessas pessoas poderiam “saber mais” se ao menos soubessem alguma coisa primeiro.

Esta obra é tanto um elogio aos verdadeiramente interessados quanto um atestado de minha falta de paciência para retomar o tempo todo aos conceitos básicos. Perguntas sobre pactos de sangue, inversões cristãs, sacrifícios e adoração do diabo tomam demasiadamente tempo e energia que poderiam ser dedicados a questionamentos mais profundos.

Peço pessoalmente a todos os satanistas experientes que indiquem este Breve Colóquio Satânico à aqueles que estão começando seus estudos e descobrindo pela primeira vez o caminho que leva a mais alta manifestação de vida humana. Aqui poderão ser encontradas em um só livro as respostas as perguntas mais comuns sobre o Satanismo.

Não é intenção do autor instituir qualquer dogma absoluto, mas sim expor uma que ele mesmo considera coerente com sua vivência em grupos e indivíduos genuinamente satânicos. Assim esta pequena obra foi desenvolvida após muita discussão e consulta com diversos o membros interessados do Templo de Satã, entre eles Bruna Dafnek, Érika, Lady Evil, Mystica Eritran, Satyrus Nocturnal Evil, Set-Hen e em especial aos sacerdotes Lord Ahriman e Obito.

Um conhecimento das perguntas e respostas aqui presentes será exigido como leitura obrigatória para todos os candidatos a membro do Templo de Satã daqui em diante, mas todos devem igualmente sentir-se livres para questionar e discutir as idéias aqui defendidas.

Novamente, o uso deste documento para o esclarecimento satânico é permitido e encorajado. É meu profundo desejo que não desperdicemos mais tempo do que o necessário explicando o óbvio e respondendo as mesmas perguntas. Que as dúvidas de sempre sejam substituídas por dúvidas mais atrozes.

Por fim, o texto é propositalmente sucinto. Mais do que um ensaio filosófico, meu objetivo e esclarecer de vez as questões de sempre. Faço minhas as palavras de Pascal, desculpando-me por esse texto tão longo. Tivesse eu mais tempo, ele teria sido muito menor.

Morbitvs Vividvs, Anno Satanas XLI

Morbitvs Vividvs é autor de Lex Satanicus: O Manual do Satanista e outros livros sobre satanismo.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/101-o-breve-coloquio-satanico/

BIG NUMBERS: Uma conversa com Alan Moore e Bill Sienkiewicz

Há um ano atrás eu conversei com Bill Sienkiewicz sobre o  que, então, era entitulado de The Mandelbrot Set. Era no que ele estava envolvido, em mais uma parceria com Alan Moore, e tratava de Matemática Fractal e a Teoria do Caos. Desde então, o trabalho teve seu título alterado para Big Numbers, levemente mais acessível que o primeiro, evitando perguntas como “mandelbrot o quê ? ”

Bem, mas que diabos é Matemática Fractal? Não é uma pergunta de resposta fácil, não é um assunto de fácil explanação. Basicamente trata-se de uma nova ciência que transcende limitações filosóficas, científicas, religiosas, econômicas…tudo. E que quer nos prover de uma nova forma de enxergar o mundo a nossa volta. Soa claro? Não? Então deixemos o próprio Bill tentar nos explicar:

“Fractais é um jeito de compreendermos que existe um ritmo e uma fórmula para o Caos; que há uma ordem nele. Se voce tem um padrão de onda cerebral que é rítmica e outra desconexa, qual voce prefereria?  Presumo que a primeira, à primeira vista. Mas se pensármos direito, a outra, a caótica, seria a correta. Porque a mente e a memória são fractais por excelência, elas não seguem uma linha reta, uma aparente ordem, uma sequência… Por exemplo, quando voce pensa na primeira vez que teve um cigarro aceso em seus dedos, que foi num jogo de futebol que assistiu, aí voce se lembra de um dia chuvoso, depois num acidente que voce presenciou quando tinha 13 anos…e por aí vai, de associação em associacão, de forma lógica ou ao acaso. A coisa não funciona digamos, sob controle, cronlogicamente, ordenadamente. É aos saltos e, para isto, para a nossa mente trabalhar assim, é preciso que exista o Caos e , simultaneamente, alguma espécie de ordem. O coração e os pulmões são rítmicos mas a mente é caótica. E quando voce toma alguma coisa, como cocaína, ela faz a mente ficar ritmica e o cárdio-respiratório virar um caos…Tudo se espalha em volta. E é disto que estamos tentando tratar em Big Numbers.”

“É baseado num narrativa dentro da história, que mostra que,por mais que as coisas se modifiquem, elas permanecem as mesmas. Temos 45 personagens, cada um com sua história pessoal e quero que as pessoas realmente se importe com elas, mas que, ao mesmo tempo, a estória seja o foco maior de suas atenções. Depois de ter feito minha própria graphic-novel Stray Toasters, agora eu quero que os leitores abracem a vida como algo afirmativo e não como uma coisa que está se esgarçando irremediavelmente. Que se inteirem que tudo é uma questão de conexão, de ligação entre todos nós…Eu realmente amo as pessoas. ”

Mas e sobre trabalhar com Alan Moore, quando todos sabemos que ele é minucioso e até mesmo ditador ao extremo com seus roteiros – embora também saibamos que voces juntos já nos brindaram maravilhosamente com o docudrama Brought To Light?
“Bem, minha definição de Alan é que ele é um autor altamente controlador. Mas não é uma coisa negativa e o que percebo é que os artistas que trabalham com ele, confiam no seu taco e o seguem fielmente. É mais como se eles estivessem trabalhando para ele e não com ele. Já de minha parte, é um pouco diferente. Gosto de jogar coisas novas para ele, coisas que ele não tinha lidado antes. Sou um artista mais abstrato, até no campo das idéias, enquanto que ele é mais concreto, se podemos descrever assim.  Deste modo eu tento soltá-lo mais…E também  não posso negar que, com ele, também aprendi a me controlar um pouco. Ou seja, ele também se dobrou um pouco a mim e aí temos uma simbiose profíqua, quando os opostos se complementam.”

Recentemente eu tive a chance de conhecer ainda mais desta intrigante e instigante obra, ao conseguir contatar o próprio Alan Moore que deixou claro pretender causar um impacto profundo nos leitores de Quadrinhos ao ponto de extrapolar ao gênero, muito mais do que alcançou antes, com Watchmen.

Seu entusiasmo era visível e ele está convencido que será o melhor trabalho que já fez. Entende os fractais como uma chave para se lidar com o estado em que o mundo se encontra.

Mas , primeiro, a mudança de nome. Porque isto ocorreu?

“Depois que decidimos chamar a obra de The Mandelbrot Set, lembramo-nos que deveríamos, até por respeito, informar ao Dr. Mandelbrot – o autor francês da Teoria – sobre nosso propósito. Assim, escrevemos a ele e recebemos uma resposta muito amável. Basicamente ele nos informava que desejava muito ver a Matemática Fractal ser divulgada maciçamente, tanto pelo seu valor educacional quanto de entretenimento. Mas que, naquele momento, devido ao idiossincrático e críptico conservadorismo reinante no meio  matemático – que chegou a lhe considerar um egomaníaco e auto-promotor e atacaram  veementemente os Fractais – ele preferia não ter o seu nome envolvido. Infelizmente, para toda comunidade científica, a popularização da ciência é confundida com banalização, com o decréscimo de sua importância.”
De todo modo, Big Numbers soa melhor e é mais abrangente.”

Quando consideramos o que Alan pretende, ou seja, tornar acessível uma nova teoria científica, mostrar que todos podem aplicá-la para entender melhor o mundo em que vive e mais, apresentando-a num veículo ainda muito discriminado – como infelizmente ainda são as HQs – um título mais fácil faz grande diferença.

Mas vamos às próprias explicações de Alan Moore sobre os Fractais, bem mais complexas e profundas que as de Bill. Está sentado confortavelmente?   É melhor que esteja.

“A melhor maneira de descreve-los é através de exemplos palpáveis. Se voce tem uma folha de papel e risca uma linha nela, em termos matemáticos esta linha tem só uma dimensão, é unidimensional. Ignora-se a sua largura e consideramos somente seu comprimento. Agora, se voce começa a ziguezaguear esta linha pela folha de papel, voce cobrirá mais superfície do papel, podendo chegar até mesmo a cobri-la inteiramente. Chegaremos então ao ponto em que a linha continua unidimensional, mas não totalmente. E se ao mesmo tempo não é bidimensional, ou seja, continua não tendo uma  largura, podemos dizer que ela é de uma dimensão-e- meia. O mesmo se aplica a uma folha de papel, esta sim, bidimensional – tem largura e comprimento . Se a embolamos na mão até formar uma bola – e bolas são sólidos tridimensionais, com largura, comprimento –  teremos na verdade um objeto de duas dimensões que foi forçado a quase ser tridimensional. Portanto podemos
dizer que aquela bola de papel é de duas-dimensões-e-meia.  Assim que voce consegue entender este conceito de meias dimensões, de frações de dimensões, isto nos abre toda uma nova área de Geometria possível. As pessoas que começaram a explora-la, estão concluindo que as equações que abordam essas dimensões fracionadas, geram estas novas formas peculiares chamadas Fractais. E daí a perceberem que muitas das formas encontradas na natureza, ao acaso, são  perfeitamente idênticas àquelas geradas em seus computadores, foi um pulo. E tudo isto nos indicando que aquilo que considerávamos até então casual, caótico e turbulento, é de fato expressão perfeita de uma forma mais elevada de Geometria que não tínhamos condição de perceber antes.’

“Veja as nuvens, por exemplo. Suas formas parecem ser completamente caóticas, imprevisíveis, mas quando observadas sob a ótica da Matemática Fractal, o Caos assume um diferente significado, mostrando que há diferentes caminhos para se observar matéria e acontecimentos. E isto está contribuindo até mesmo para reverter a nefasta tendência contemporânea à especialização màxima. Cada vez mais e mais gente sabe mais e mais sobre menos e menos. Até que todos saberão tudo sobre nada…”
“Com os Fractais todos percebem que tudo está conectado, Meteorologia, Economia, Biologia…tudo tem muito  em comum. Cessa o desejo da especialização. O melhor a fazer é estudar quanto mais campos for possível.”
“Foi o que o próprio Maldelbrot fez. E é  o que pretendemos fazer com Big Numbers, mostrar um novo jeito de perdceber o nosso derredor”.
Alan Moore acredita que fomos apanhados num estágio tal de caos e trubulência que não acontecia desde que a Era Industrial suplantou à Agricultural. E afirma que Big Numbers não é uma obra nihilista mas sim até mesmo otimista, “pois ela tornará claro que é possível lidar com tudo isto se temos os métodos corretos”.

E continua: “A sociedade se encontra meio aflita porque as coisas estão acontecendo cada vez mais rápido, levando o Caos aos nossos sistemas políticos, econômicos, vidas emocionais e nas nossas relações interpessoais. Estamos agora no olho  do turbilhão entre a Era Industrial e o “Por Vir”. Na Matemática fractal é um conceito bem aplicável aí, o chamado Período de  Fase de Transição. Por exemplo: se voce fosse um alienígena, olhando para um lago,  nunca conseguiria prever as propriedades do vapor. Isto se dá porque o que acontece entre a água e o vapor é um ponto de Fase de Transição.Um ponto de intensa e incrível turbulência, quando uma coisa deixa de ser ela própria mas ainda não é a outra. Com a água obviamente isto acontece quando ela começa a ferver. Com Big Numbers o que pretendo é captar uma fração de todo este vapor, calor e água em ebulição, uma fração da sociedade quando ela atinge este ponto de fervura,  e
tentar fazer um juizo disto”.

O ROTEIRO DE BIG NUMBERS

Como sempre faz em seus minuciosos roteiros, para Big Numbers Alan Moore criou uma espécie de mapa de cada personagem, uma grande folha de papel dividida em 40 linhas e 12 colunas, totalizando 480 células na qual está destrinchada a vida de cada uma delas no decorrer do 12 números que comporão a série. E tome rabiscos de letra miúda quase imperceptível, garatujas incompreensíveis, quase criptografia,  até mesmo pequenos desenhos, numa espécie de story-board, formando o que o próprio Alan apelidou de Tapeçaria, retratos de cada personagem.
Uma é um professor de História, para termos o ponto de vista histórico; outra, um cara que acha que veio de Netuno, nos oferecendo o angulo social; emfim, está tudo alí , e tudo é revelante.

Alan se concentrou em segmentos sociais que raramente são representados – a terceira idade e a infância quase sempre são relegados em pró dos “mais jovens”, seja na TV, cinema ou mesmo em livros. Big Numbers, no entanto, é sobre gente real.

“Eu estou bem confortável com o fato de não ser uma obra centrada em homens jovens e lindas garotas fazendo e acontecendo “, revela Moore. “Não me pauto pela tendência de juventude exclusiva. Isto é um conceito inventado pela mídia publicitária desde os anos 50. Há um monte de gente de meia-idade, crianças e idosos nesta série, pois eles formam o espectro da nossa sociedade que raramente é representado, servindo até mesmo de motivo de piada. É legal escrever sobre garotas sensuais em roupas sumárias, e até chamar isto de feminista. Mas e as pessoas comuns não particularmente atraentes, indo para o trabalho, cuidando das crianças, cozinhando para os maridos? Elas não têm valor?”

Big Numbers não tem uma estória usual, não é um “suspense”, mas sim uma colcha de retalhos das estórias de cada personagem, de uma comunidade tipicamente interiorana da Inglaterra (sob a ditadura da dama-de-ferro, Margareth Tatcher) afetada em seu dia a dia pela construção de um leviatanesco Shopping , ícone maior do capitalismo turbinado, justo em seu cerne. Se isto não é acessibilidade, me diga entáo o que é.

E Alan continua: “O Shopping nos permite tratar de uma comunidade em crise. Nada impactante e dramático somente pelo dramático, mas paulatino e sutil. Se voce ver uma comunidade sendo erodida, isto te conscientiza de como ela está mudando e nós precisamos de um agente de mudança na história. E com a atual predominância da chamada “geração-Shopping”, acho que fizemos uma boa escolha. Tanto que, naquela enigmática forma com que a vida imita a arte, justamente a área de Northampton que escolhemos como cenário para a nossa estória, já está toda tomada por cadeias de lojas a la Toys R Us.

“O Shopping é o verdadeiro emblema do pico da era industrial. É a representação do que uma sociedade comercial soi poderia terminar:  um bando de zumbis andando para lá e para cá, hipnotizados pelos anúncios luminosos, visual clean de inox-polido- neon-e-vidro, consumindo compulsivamente.”

“”Mas não penso que este será o fim da Civilização. Certas correntes,  seja na Tecnologia, Ciência, Arte,  e mesmo na vida, corações e mentes das pessoas, reverterão esta tendência. Como eu disse antes, o mundo está mudando de forma incrivelmente acelerada e ninguém é capaz de prever ao certo no que isto irá dar. Mas em Big Numbers eu tento ao menos mostrar esta fase de transição, o momento da fervura”.
E eu acredito piamente que Alan conseguirá o seu intento, ainda mais com a parceria de Bill Sienkiewicz  que, segundo Alan, está na sua melhor fase como artista, voltando a uma arte mais naturalista, mais próxima, numa simbiose que tornará Big Numbers tão leível quanto assistir a vida de nossa vizinhança. Por isto, a obra também é permeada de humor…

“É muito engraçada, rizível até”- enfatiza Moore – ” uma verdadeira comédia, que não deixa de ser trágica em certos pontos, como a vida. A nossa inspiração provem de autores como Alan Bleasdale e Alan Bennett, que podem dizer coisas de partir o coração de um forma realmente açambarcadora e engraçada. Eles conseguem expor inconmensuráveis e pungentes dramas humanos de forma simples e direta. E é neste território que eu pretendo que Big Numbers se desenvolva, no qual voce tem simultaneamente toda a riqueza da comédia e da tragédia da nossa mundana existência”.

“Por uma certa ótica também, Big Numbers tentará fazer com que os leitores de Quadrinhos se conscientizem de que não é preciso ser mordido por uma aranha radiativa ou nascer com um gene mutante, para ser interessante. De que cada pessoa a sua volta é tão ou muito mais instigante do que qualquer super-humano de collant. Super Heróis são personagens planos, unidimensionais, tigres de papel. Vigilantes psicóticos demandam quase nenhuma motivação, não têm a riqueza e a complexidade de uma pessoa que voce encontra num ponto de ônibus.”

“Mesmo a idéia de escapismo per si  – motivação maior dos Quadrinhos, Cinema, etç – eu já abominava quando escrevia O Monstro do Pântano. E agora, mais do que nunca, é tempo de ser perguntar: Por que Super  Heróis em primeiro plano? Por que não ir direto ao ponto? Estou completamente fora dos gêneros Fantasia & Ficção Científica, pois atingi aquele estágio no qual o Mundo real parece ser tão fabuloso, fascinante, intrincado e maravilhoso que é até um insulto à realidade tentármos inventar qualquer coisa…”
Esse cara realmente escreveu Watchmen???

(Obs; tradução livre da excelente cobertura de Big Numbers escrita por Liz Evans para a já extinta revista DEADLINE, em seu nº 17, de abril de 1990/ This is a free translation of the excellent article by Liz Evans from the magazine Deadline # 17 – april/1990).

Trad. José Carlos Neves

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/mindfuckmatica/big-numbers-uma-conversa-com-alan-moore-e-bill-sienkiewicz/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/mindfuckmatica/big-numbers-uma-conversa-com-alan-moore-e-bill-sienkiewicz/