Sepher Yetzirah – Capítulo 2

CAPÍTULO II – As Sefirotes ou as Dez Numerações

Dez Sefirotes com exceção do inefável; seu aspecto é semelhante ao das chamas cintilantes, seu fim perde-se no infinito. O verbo de Deus circula nelas; saem e voltam sem cessar, semelhantes a um turbilhão, e executam a todo instante a palavra divina e se inclinam diante do Trono do Eterno.

Dez Sefirotes com exceção do inefável; considera que seu fim está junto ao princípio como a chama está unida ao tição, porque só o Senhor está acima e não há segundo. Que número poderia enunciar-se antes do número um?

Dez Sefirotes com exceção do inefável. Fecha teus lábios e suspende tua meditação, e, se teu coração desfalece, retorna ao ponto de partida. Porque está escrito: sair e retornar, pois por isso a aliança foi feita: Dez Sefirotes com exceção do inefável.

A primeira das Sephirah, um, é o Espírito do Deus Vivo, é o nome abençoado e bendito do Deus eternamente vivo. A voz, o espírito e a palavra é o Espírito Santo.

Dois é o sopro do Espírito. E com ele são gravadas e esculpidas as vinte e duas letras, as três mães, as sete duplas e as doze simples; cada uma delas é espírito.

Três é a Água que vem do sopro. Com eles esculpiu e gravou a matéria prima inanimada e vazia, edificou TOHU, a linha que da a volta ao redor do mundo, e BOHU as pedras ocultas enterradas no abismo, de onde saem as Águas.

Eis uma variação desta passagem por M. Mayer Lambert – “Em terceiro lugar: criou a água e o ar; traçou e talhou com ela o TOHU e o BOHU, o lodo e a argila; fez uma espécie de canteiro, talhou-os em uma espécie de muro, encobriu-os com uma espécie de telhado; fez correr água em cima, e ela penetrou a terra, como está escrito: Pois à neve disse: sê a terra (TOHU é a linha verde que engloba o mundo inteiro; BOHU são as pedras esburacadas e enterradas no Oceano, de onde sai a água, como está dito: Ele esticará sobre ela a linha de TOHU e as pedras de BOHU)”. Esta última interpretação é provavelmente uma interpolação. O autor do Sepher Yetzirah parece ter explicado: w h b w w h t por m y f w c p r.

Quatro é o Fogo que vem da Água, e com eles esculpiu o trono de honra, os Ophanim (rodas celestes), os Serafins, os Animais santos e os Anjos servidores; e de sua dominação fez sua morada como diz o texto: Foi ele quem fez seus anjos e seus espíritos ministros se movendo no fogo.

Cinco é o sinete com o qual selou a altura quando a contemplou acima dele. Ele a selou com o nome (w h y) – IEV.

Seis é o sinete com o qual selou a profundidade quando a contemplou abaixo dele. Ele a selou com o nome de (h w y) – IVE.

… e assim por diante:

Sete Oriente (w y h) – EIV

Oito Ocidente (y h w) – VEI

Nove Sul (h y w) – VIE

Dez Norte (y w h) – EVI

Tais são os dez Espíritos inefáveis do Deus vivo: o Espírito, o Sopro ou o Ar, a Água, o Fogo, a Altura, a Profundidade, o Oriente, o Ocidente, o Norte e o Sul.

Tradução de Papus.

#Kabbalah #SepherYetzirah

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Mitologia

Os mitos, junto com os símbolos e com os ritos, constituem a trilogia sagrada e reveladora com que os povos arcaicos e as civilizações da Antigüidade expressaram toda sua cultura, seu próprio ser. Se o símbolo representa a “fixação”, numa determinada substância, de um Pensamento ou Idéia arquetípica, e o rito não faz senão pôr em movimento através do gesto ritmado e generativo a energia do símbolo, o mito evoca o tempo das origens primordiais e sacras dos povos, bem como as gestas e façanhas dos heróis e deuses civilizadores que os criaram. Na origem de qualquer civilização, religião ou cultura, sempre existe um Ser mítico, um deus feito homem ou um homem transfigurado em deus, que lhes revela as ciências e as artes sagradas. Sendo assim, e segundo nos diz a Tradição Unânime e Universal, o relato mítico é um ensino que transmite, utilizando a linguagem emotiva da poesia, uma história “exemplar”, uma história-modelo a ser imitada pelos homens. Neste sentido, diremos que todo relato mítico desperta uma emoção intelectiva que aflora das profundidades mais recônditas de nosso ser, transladando-nos, por seu intermédio, a um tempo onde o profano, linear e sucessivo não existe. O tempo mítico é em verdade um não-tempo, no sentido ao menos em que o computamos de ordinário, o que quer dizer que está ocorrendo sempre, neste mesmo instante, pois na realidade do Ser Universal também existem origens atemporais.

Viver o mito é voltar a recuperar a “memória” de nossa origem não-humana (a anamnesis ou reminiscência Platônica) onde tudo é novo e virginal, e a idéia de anterior e posterior fica anulada por um presente sem duração cronológica possível. Utilizando a analogia simbólica, frente ao poder destruidor e dissolvente do tempo horizontal, que vem num fluxo e refluxo perene, o acontecimento mítico possibilita uma ponte vertical que se enlaça com uma ordem de realidade diferente, supra-histórica por sua própria natureza. A mensagem que se desprende dos mitos é, pois, algo relacionado com o processo cosmogônico, com a criação do mundo a partir de um caos primitivo. Em nosso próprio trabalho interno, podemos advertir este processo arquetípico no ordenamento que se vai implantando em nossa confusa psique quando se produz o entendimento das Idéias expressadas pelo ensino da Ciência sagrada, levando-as posteriormente à sua efetivação prática, vivenciando-as e as experimentando na própria cotidianidade. Advirtamos, por último, que as lendas iniciáticas e esotéricas, e num grau menor, os contos e fábulas que pervivem no folclore popular, são outras tantas formas que adota o relato mítico para expressar verdades universais.

#hermetismo #Mitologia

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Cavaleiros Templários

“Não por nós, Senhor, não por nós,

mas para que seu nome tenha a Glória.”

A Ordem Templária foi fundada em Jerusalém em 1118, logo após a Primeira Cruzada, mesmo havendo alguns indícios de ter sido fundada quatro anos antes. Seu nome está relacionado ao local de seu primeiro quartel-general, no lugar do antigo Templo de Salomão.

Nove monges veteranos dessa Primeira Cruzada, entre eles Hugues de Payens e Godofredo de Saint Omer, reuniram-se para fundar a Ordem em defesa da Terra Santa. Pronunciaram perante o patriarca de Jerusalém, Garimond, os votos de castidade, de pobreza e de obediência, comprometendo-se, solenemente, a fazer tudo aquilo que estivesse ao seu alcance para garantir as rotas e os caminhos e a defender os peregrinos contra os assaltos e os ataques dos infiéis. Foi dada a fundação da Ordre de Sion (Ordem de Sião) a Godofredo de Bouillon, por volta de 1099. A original Ordem de Sião foi estabelecida para que muçulmanos, judeus e outros indivíduos elegíveis pudessem aliar-se à Ordem cristã e tornar-se Templários.

Freqüentemente podemos encontrar os Templários sendo denominados Soldados de Cristo (Christi Milites), Soldados de Cristo e do Templo de Salomão. A regra que lhes foi concedida por ocasião do Concílio de Troyes, em Champagne, é: Regula pauperum commilitonum Christi Templique Salomonici.

Eles, no começo, viviam exclusivamente da caridade, e tamanha era sua pobreza que não podiam ter mais do que um só cavalo cada um. O antigo sinete da Ordem, no qual aparece a representação de dois cavaleiros em um só cavalo, comprova essa humildade primitiva.

O bispo de Chartres escreveu a respeito dos Templários em 1114, chamando-os de Milice du Christi (Soldados de Cristo).

O primeiro Grão-Mestre da Ordem foi Hugues de Payens, certamente um homem superior. Durante toda a sua vida, testemunhou um pensamento seguro e uma indomável coragem. Inspirado pelo espírito cavalheiresco de seu século, ele não podia ter se tornado apenas um cruzado cujo nome caiu no esquecimento, como o de tantos outros nobres e bravos senhores. Era grandioso armar-se com oito soldados contra legiões numerosas; oferecer-se, sob um céu implacável, aos golpes de um inimigo que observava atentamente sua empreitada e que podia afogá-lo definitivamente, já no primeiro combate, no sangue de seu punhado de bravos.

E foi assim que viveram durante dez anos. Sem pedir reforços nem subsídios, nenhuma recompensa, nenhuma prebenda esperava por eles. Viviam segundo suas próprias leis, vestidos e alimentados pela caridade cristã.

Martin Lunn, em seu livro Revelando o Código de Da Vinci (Madras Editora), fala-nos do Priorado de Sião, que compartilhava com a Ordem do Templo (Cavaleiros Templários) o mesmo Grão-Mestre; eram dois braços da mesma organização até algo conhecido como a “Corte do Olmo”, que aconteceu em Gisors, em 1118. Essa separação entre as duas Ordens foi supostamente causada pela chamada “traição” do Grão-Mestre Gerard de Ridefort que, de acordo com os Dossiês Secretos, resultou na perda de Jerusalém pela Europa para os sarracenos.

Quando do Concílio de Troyes (1128), Hugues e outros seis Cavaleiros compareceram diante dos mais altos dignitários da Igreja. O papa e o patriarca Étienne lhes deram um hábito, e o célebre abade de Clarval, São Bernardo de Clairvaux, encarregou-se da composição de sua regra, modificando parcialmente os estatutos primitivos da sociedade. Foi também São Bernardo quem revitalizou a Igreja Celta da Escócia e reconstruiu o mosteiro de Columba, em Iona (tal mosteiro havia sido destruído em 807 por piratas nórdicos). O juramento dos Cavaleiros Templários a São Bernardo exigia a “Obediência de Betânia – o castelo de Maria e Marta”.

Durante a era das cruzadas, que perfazem um total de oito e as quais continuaram até 1291 no Egito, na Síria e na Palestina, apenas a primeira, de Godofredo, foi de alguma utilidade, como afirma Laurence Gardner, um magnífico autor de nossa editora: “(…) Mas mesmo essa foi desfigurada pelos excessos das tropas responsáveis que usaram sua vitória como desculpa para o massacre de muçulmanos nas ruas de Jerusalém. Não apenas Jerusalém era importante para os judeus e cristãos, porém se tornara a terceira Cidade Santa do Islã, após Meca e Medina. Como tal, a cidade até hoje está no cerne de contínuas disputas. (Embora os muçulmanos sunitas considerem Jerusalém sua terceira cidade Sagrada, os muçulmanos xiitas colocam-na em quarto lugar após Carabala, no sul do Iraque.)

A segunda cruzada para Odessa, liderada por Luiz VII da França e pelo imperador alemão Conrado III, fracassou miseravelmente. Então, cerca de cem anos após o sucesso inicial de Godofredo, Jerusalém caiu sob o poder de Saladino do Egito, em 1187. Foi quando engatilhou a terceira cruzada de Felipe Augusto, da França, e Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, que, entretanto, não conseguiram recuperar a Cidade Santa. A quarta e quinta cruzadas concentraram-se em Constantinopla e Damieta. Jerusalém foi retomada brevemente dos sarracenos após a sexta cruzada, mas ficou longe de reverter a situação. Por volta de 1291, a Palestina e a Síria estavam firmemente sob o controle muçulmano e as cruzadas haviam terminado.

Vejamos alguns preceitos da nova legislação, mas é importante lembrarmos que nessa época os cavaleiros não eram classificados em graus como os nobres. Todo homem que não fosse sacerdote ou servo podia aspirar à Cavalaria e à nobreza moderna tinha aí sua origem. A partícula de não indicava seus nomes, mas a cidade, a vila ou o lugarejo que habitavam. Mais tarde, o nome de sua residência transformou-se em seu nome de família.

Todos os cavaleiros que tenham professado vestem mantos brancos de comprimento médio. Os mantos usados são entregues aos Escudeiros e irmãos servos, ou aos pobres.

Os mantos brancos que os escudeiros e servos vestiam originalmente foram substituídos por mantos negros ou cinzas.

Apenas os cavaleiros vestem mantos brancos.

Cada cavaleiro possui três cavalos, pois a pobreza não permite que tenham mais que isso.

Cada cavaleiro tem somente um escudeiro ao qual não poderá castigar, já que ele o serve gratuitamente.

Ninguém pode sair, escrever ou ler cartas sem autorização do Grão-Mestre.

Os cavaleiros casados habitam à parte e não vestem clâmides ou mantos brancos.

Os cavaleiros seculares que desejam ser admitidos no Templo serão examinados e ouvirão a leitura da regra antes de seu noviciado.

O Grão-Mestre escolhe seu capítulo dentre seus Irmãos. Nos casos importantes que dizem respeito à Ordem ou na admissão de um Irmão, todos podem ser chamados para o capítulo, se essa for a vontade do chefe.

Na obra A História dos Cavaleiros Templários, de Élize de Montagnac, da Madras Editora, encontramos um texto muito oportuno a respeito da iniciação, que passamos a transcrever: “(…) Os estatutos e regulamentos recomendavam, acima de tudo, a prece, a caridade, a esmola, a modéstia, o silêncio, a simplicidade, o desdém à riqueza e à opulência, a abnegação, a obediência, a proteção aos pobres e oprimidos; cuidar dos enfermos; o respeito aos mortos entre outros”. Tal Código de regras é composto de 72 artigos e foi descoberto em 1610, em Paris, por Aubert-le-Mire, cientista e historiador, decano de Anvers.

Mas a cada dia os regulamentos concernentes à hierarquia, à disciplina e ao cerimonial eram ajustados e adaptados ao Código Latino, assim declarado perfectível.

“Portanto não é de se surpreender que, além desse, hoje são conhecidos outros três códigos manuscritos, os quais não são nada mais do que sua continuação. Um foi descoberto em 1794, na biblioteca do príncipe Corsini, pelo cientista dinamarquês Münster; o outro foi encontrado na biblioteca Real por M. Guérard, conservador e restaurador; o terceiro foi encontrado nos arquivos gerais de Dijon por M. Millard de Cambure, mantenedor dos arquivos de Borgúndia.”

E desse último, datado de 1840, é que extraímos a descrição do modo de iniciação dos irmãos cavaleiros; a verdade sobre essas recepções nos sugere serem elas revestidas de um grande interesse, após as absurdas e terríveis lendas que as cercam. Por favor, observem a quantidade de coincidências com nossos rituais (maçônicos).

“Antes que um novo Irmão fosse recebido, era necessário sondar os espíritos para saber se ele vinha de Deus: Probate Spititus, si ex Deo Sunt. Em razão disso, ao longo de certo período, impunham-se ao candidato diversas privações de todas as naturezas; incumbiam-lhe os trabalhos mais pesados e baixos da casa, tais como: cuidar do fogão e da cozinha, girar o moinho, cuidar das montarias, tratar dos porcos, etc. Após isso, procedia-se à admissão, a qual era feita da seguinte forma:

A Assembléia reunia-se, ordinariamente, à noite. O candidato esperava do lado de fora; por três vezes, dois cavaleiros se dirigiam a ele para perguntar-lhe o que ele desejava; e por três vezes o candidato respondia que era sua vontade adentrar a Casa. A seguir, então, o candidato era conduzido à Assembléia, e o Grão-Mestre, ou aquele que presidia a sessão em seu lugar, apresentava-lhe tudo de rude e penoso que o aguardava naquela vida em que estava prestes a entrar. Dizia-lhe: ‘Devereis ficar desperto e alerta quando mais quiserdes dormir, suportar o cansaço quando mais quiserdes repousar. Quando sentirdes fome e quiserdes comer, ser-vos-á ordenado que vades aqui ou acolá, sem vos ser dada nenhuma explicação ou motivo. Pensai bem, meu querido Irmão, se sereis capaz de sofrer todas as asperezas.’ Se o candidato respondesse ‘Sim, eu me submeterei a todas, se assim agradar a Deus!’, o Mestre complementava: ‘Estai ciente, querido Irmão, de que não deveis pedir a companhia da Casa para obter benesses, honrarias e riquezas, nem satisfazer o vosso corpo, principalmente em relação a três aspectos:

1º, Evitar e fugir dos pecados deste mundo;

2º, Servir ao nosso Senhor;

3º, Ser pobre e fazer a penitência nesta vida para a santidade da alma.

Sabei também que sereis, a cada dia de vossa existência, um servo e escravo da Casa.

Estais certo de vossa decisão?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor’.

‘Estais disposto a renunciar para sempre à vossa própria vontade, e nada mais fazer além daquilo que vos for determinado?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor’.

‘Então, retirai-vos e orai a nosso Senhor para que Ele vos aconselhe’.

Assim que o candidato se retirava, o presidente da Assembléia continuava: ‘Beatos senhores, puderam constatar que essa pessoa demonstrou ser possuidora de um grande desejo de ingressar na Casa, e declarou estar disposta a dedicar toda a sua vida como servo e escravo. Se há entre vocês alguém que saiba alguma coisa que possa impedir que essa pessoa seja recebida como cavaleiro, que nos dê conhecimento agora, pois, após sua admissão, ninguém mais terá crédito para fazê-lo’. Caso nenhuma contestação fosse apresentada, o Mestre perguntava: ‘Admitamo-lo como oriundo de Deus?’

‘Por inexistir qualquer oposição, fazei-o retornar como vindo de Deus.’

Então um dos membros que se manifestaram saía ao seu encontro e o instruía como ele deveria pedir seu ingresso.

Retornando à Assembléia, o recipiendário ajoelhava-se e, com as mãos postas, dizia:

‘Senhor, eu compareço perante Deus, perante vós e perante os Irmãos, para vos pedir e implorar em nome de Deus e de Nossa Senhora que me acolham em vossa Irmandade, e nos benefícios da Casa, espiritual e materialmente, como um que será servo e escravo da Casa, em cada um dos dias de toda a sua vida.’

O presidente da Assembléia lhe respondia: ‘Pensastes bem? Ainda pensais em renunciar à vossa vontade em favor do próximo? Estais decidido a submeter a todas as dificuldades e asperezas que vigoram na Casa e a cumprir tudo aquilo que vos for mandado?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor.’

E continuava o presidente, agora se dirigindo aos cavaleiros presentes à Assembléia:

‘Então levantem-se, nobres senhores, e orem a Nosso Senhor e a Nossa Senhora Santa Maria pedindo que ele seja bem-sucedido.’

Em seguida, cada um deles recitava um Pai-Nosso, enquanto os capelães recitavam a oração ao Espírito Santo, e, em seguida, traziam o Evangelho, sobre o qual o recipiendário prestava o seu juramento de responder com franqueza, sinceridade e lealdade às questões seguintes:

1º, Não tendes nem esposa nem noiva?

2º, Não estais engajado em nenhuma outra Ordem; não fizestes nenhum outro voto, juramento ou promessa?

3º, Tendes alguma dívida convosco mesmo ou com algum outro, a qual não vos seja possível pagar?

4º, Estais em plena saúde física?

5º, Não destes, ou prometestes dar, dinheiro a nenhuma pessoa para que, assim, facilitasse vossa admissão à Ordem do Templo?

6º, Sois filho de um cavaleiro e de uma dama; pertencem vossos pais à linhagem dos cavaleiros?

7º, Não sois nem padre, nem diácono, nem subdiácono?

8º, Não fostes excomungado?

Procurai não mentir, pois, se o fizerdes, sereis considerado perjuro e tereis de abandonar a Casa.

Concluído esse interrogatório, o Grão-Mestre, ou aquele que substituía, ainda se dirigindo à Assembléia, indagava se ainda havia algumas outras perguntas a serem formuladas e, caso reinasse o silêncio, ele se voltava ao recipiendário, dizendo:

‘Ouvi bem, meu caro Irmão, o que ainda vos vamos pedir:

Prometei a Deus e a Nossa Senhora que, ao longo de toda a vossa vida, obedecereis ao Mestre do Templo e ao comandante sob cujas ordens estareis sujeito.

E mais: que todos os dias de vossa vida vivereis imaculado.

E mais ainda: prometei a Deus e a Nossa Senhora Santa Maria que, em todos os dias de vossa vida, respeitareis os bons costumes vigentes na Casa e aqueles que os Mestres e os doutos haverão de acrescentar.

Mais: que, em cada um dos dias de vossa vida, ajudareis, com todas as forças e com todo o poder que Deus vos outorgou, a conquistar a Terra Santa de Jerusalém e a proteger e defender as propriedades dos cristãos.

E ainda: que jamais abandonareis essa religião em favor de outra, seja ela qual for, sem permissão do Grão-Mestre e da Assembléia, etc.’

E a cada vez o futuro Cavaleiro devia responder:

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor.’

Isso feito, aquele que conduzia a Assembléia assim anunciava sua admissão:

‘Vós, por Deus e por Nossa Senhora, por São Pedro de Roma, por nosso Padre Apóstolo e por todos os Irmãos do Templo, acolhei, vosso pai e mãe, e todos aqueles que foram acolhidos em vossa linhagem e em todos os benefícios que já fizeram e farão. E vos comprometeis sobre o pão e sobre a água e sobre a pobre vestimenta da Casa, do sacrifício e do trabalho farto.’

A seguir, tomando o manto do templário, ele o colocava no pescoço do novo cavaleiro, seguido pelo Irmão capelão que entoava o salmo:

‘Ecce quam Bonum et quam jucundum habitare in unum…’ (‘Oh! Quão bom e quão agradável viverem unidos os Irmãos!…’)

Segundo M. Mignard, algumas vezes, durante as iniciações, eles entoavam alguns versículos dos Salmos, ou alguma alocução em alusão ao espírito da fraternidade, como o Salmo 133. E a oração do Espírito Santo;

‘O Espírito de Deus me criou e o sopro do Todo-Poderoso me deu a vida.’

(João 33: 4)

Veni, Creátor Spíritus

[ Ao Espírito Santo]

Veni, Créator Spíritus,

[Espírito criador ]

Mentes tuórum visita,

[Visita a alma dos teus]

Imple supérna grátia,

[Nos corações que criaste]

Quae tu creásti péctora.

[derrama a graça de Deus]

Qui díceris Paráclitus,

[Ó fogo quem vem do alto,]

Altíssimi donum Dei,

[Teu nome é consolador,]

Fons vivus, ignis, cáritas,

[Unção espiritual,]

Et spiritális únctio.

[perene sopro de amor.]

Tu septifórmis múnere,

[Por Deus Pai tão prometido,]

Dígitus patérnae déxterae,

[És dedo da sua mão,]

Tu rite promíssum Patris,

[Os teus sete dons são fonte]

Sermóne ditanas gútura.

[De toda vida e oração]

Accénde lúmen sénsibus.

[Acende o lume das mentes,]

Infunde amórem córdibus.

[Infunde em nós teu amor;]

Infirma nostri córporis,

[nossa carne tão frágil,]

Virtúte firmans pérpeti.

[sustenta com teu vigor.]

Hostem repéllas lóngius,

[Atira longe o inimigo,]

Pacémque dones prótinus,

[Conserva em nós tua paz,]

Ductóre sic te praevio,

[A ti queremos por guia,]

Vitémus omne nóxium.

[noss’alma em ti se compraz]

Per te sciámus da Patrem,

[Ao Pai e ao Filho possamos]

Noscámus atque Fíluim,

[Em tua luz conhecer;]

Teque utriúsque Spíritum

[Dos dois tu és o Espírito,]

Credámus omni témpore.

[O sol de todo saber.]

Deo Patri glória

[Louvemos ao Pai celeste,]

Et Filio qui a mórtuis

[Ao Filho que triunfou,]

Surréxit, ac Paráclito,

[E a quem, de junto ao Pai,]

In saeculórum saecula. Amen.

[à santa Igreja enviou. Amém.]

…então aquele que tornou Irmão o novo cavaleiro levanta-o, beija-lhe a boca (era costume que o Irmão capelão assim o fizesse, como também era normal que os reis se cumprimentassem dessa mesma forma) e, convidando-o a sentar-se diante de si, diz: ‘Caro Irmão, nosso Senhor vos conduziu ao vosso desejo e vos introduziu em uma fraternidade tão bela como esta Cavalaria do Templo, pela qual deveis dedicar extrema atenção para jamais cometer algo que vos faça perdê-la – que assim Deus vos conserve!’

Finalmente, depois de enumerar as causas que poderiam acarretar a perda do hábito e da Casa, depois de ter lido para ele os regulamentos disciplinares, acrescentava:

‘Já vos dissemos as coisas que deveis fazer e as coisas das quais deveis manter-se afastado… E, se por acaso não abordamos tudo o que deveria ser dito sobre os nossos deveres, vós indagareis. E Deus vos ajudará a falar e a fazer o bem. Amém!’ (referência ao maior deus egípcio Amon). (Nesse momento, o Grão-Mestre selava com os lábios o cóquis (cóccix), o fim ou início da espinha dorsal, que é o equilíbrio do homem, seu eixo central, um chacra, que são pontos energéticos no corpo humano.)

Pois bem, aí está, segundo as únicas regras conhecidas, como eram realizadas as cerimônias de iniciação qualificadas de infames, e nas quais eram ultrajadas tanto a divindade como a moral; mas nas quais, na realidade, o maior crime cometido era o de continuarem secretas.

O mistério com o qual os templários cercavam suas reuniões enchia de terror a imaginação dos contemporâneos daquela época, e não foge muito de nossa época também. Em geral, tudo o que os homens não podiam ver ou compreender adquiria, aos seus olhos, as mais sinistras tonalidades. Em 1789, quando a população sitiou a Bastilha, imaginava-se ser de boa-fé trabalhar pela libertação de grandes grupos de prisioneiros abandonados nas celas das prisões. Qual não foi o seu espanto ao ver as vítimas do despotismo real? Não havia mais do que sete, entre os quais falsários e dois desequilibrados mentais”.

A influência templária cresceu rapidamente. Os templários guerrearam heroicamente nas diversas cruzadas e também chegaram a ser os grandes financiadores e banqueiros internacionais da época; em conseqüência, acumularam grandes fortunas. Calcula-se que, antes da metade do século XIII, eles possuíam nove grandes propriedades rurais apenas na Europa. O Templo de Paris foi o centro do mercado mundial da moeda, e sua influência, assim como sua riqueza, era também muito grande na Inglaterra. No fim do mesmo século, diz-se que haviam alcançado uma receita cujo montante era equivalente a dois milhões e meio de libras esterlinas atuais, ou seja, maior que a de qualquer país ou reino europeu daqueles dias. Acredita-se que, a essa altura, os templários eram cerca de 15 ou 20 mil cavaleiros e clérigos; porém, ajudando-os, havia um verdadeiro exército de escudeiros, servos e vassalos. Pode-se conceber uma influência com base no fato de que alguns membros da Ordem tinham a obrigação de assistir aos grandes Concílios da Igreja, como o Concílio de Lateranense, de 1215, e o de Lyons, de 1274.

Os cavaleiros templários trouxeram para o Ocidente um conjunto de símbolos e cerimônias pertencentes à tradição maçônica, e possuíam um certo conhecimento que agora é transmitido somente nos Graus filosóficos e capitulares da Maçonaria. Desse modo, a Ordem era também um dos depositários da sabedoria oculta na Europa durante os séculos XII e XIII, embora os segredos completos fossem dados somente a alguns membros; portanto, suas cerimônias de admissão eram executadas pelo Grão-Mestre, ou Mestre que esse designasse, pois eram estritamente religiosas e em absoluto segredo, como já mencionamos. Por causa desse segredo, a Ordem sofreu as mais terríveis acusações.

Há também uma passagem no ritual templário, na qual o pão e o vinho eram consagrados em capítulo aberto durante uma esplêndida cerimônia: tratava-se de uma verdadeira eucaristia, um maravilhoso amálgama do sacramento egípcio com o cristão.

A Eliminação dos Templários

A supressão dessa poderosa Ordem é uma das maiores máculas na tenebrosa história da Igreja Católica Romana. Os relatos do processo francês foram publicados por Michelet, o grande historiador, entre 1851-61, e existe uma excelente compilação das provas apresentadas, tanto na França como na Inglaterra, em uma série de artigos que apareceram em 1907 na Ars Quattuor Coronatorum (XX, 47, 112, 269). Vamos apenas apresentar um esboço do que aconteceu:

Filipe, o Belo, então rei da França, necessitava desesperadamente de dinheiro. Já havia desvalorizado a moeda e aprisionado os banqueiros lombardos e judeus e, depois de confiscar-lhes suas riquezas, acusando-os falsamente de usura – algo abominável para a mente medieval –, expulsou-os de seu reino. Em seguida, resolveu desfazer-se dos templários, depois que eles haviam lhe emprestado bastante dinheiro e, como o papa Clemente V devia sua posição às intrigas de Filipe, o assunto não foi difícil de ser resolvido. Sua tarefa foi facilitada ainda mais pelas acusações apresentadas pelo ex-cavaleiro Esquin de Floyran, que tinha interesse pessoal no assunto e pretendeu revelar todo o tipo de coisas malévolas: blasfêmia, imoralidade, idolatria e adoração ao demônio na forma de um gato preto.

Essas acusações foram aceitas por Filipe com deleite. E em uma sexta-feira, 13 de outubro de 1307, todos os templários da França foram aprisionados sem nenhum aviso prévio por parte do mais infame tribunal que jamais existiu, um aglomerado de demônios em forma humana, chamado, em grotesca burla, de Santo Ofício da Inquisição que, nesses dias, tinha plena jurisdição naquele e em outros países da Europa. Os templários foram horrivelmente torturados, de modo que alguns morreram e os outros assinaram toda a classe de confissões que a Santa Igreja desejava. Os interrogatórios se relacionavam principalmente à suposta negação de Cristo e ao fato de terem cuspido na cruz e, em menor grau, com graves acusações de imoralidade. Um estudo das evidências revela a absoluta inocência dos templários e a engenhosidade diabólica mostrada pelos oficiais do Santo Ofício, encarregados da prisão dos acusados pela Inquisição, que os mantinha incomunicáveis, carentes de defesa adequada e de consulta pertinente, ao mesmo tempo em que faziam circular a versão de que o Grão-Mestre havia confessado diante do papa a existência de crueldades na Ordem. Os Irmãos foram convencidos por meio de adulações e promessas, subornados e torturados, até confessarem faltas que jamais haviam cometido, e tratados com a mais diabólica crueldade.

Assim era a “justiça” daqueles que usavam o nome do Senhor do Amor durante a Idade Média; assim era a compaixão exibida em relação a seus fiéis servidores, cuja única falta foi a riqueza, obtida legalmente para a Ordem e não para si mesmos. Filipe, o Belo, obteve dinheiro. Mas, que carma, mesmo com 20 mil vidas de sofrimento, poderá ser suficiente para um ingrato vil? A Igreja romana, sem dúvida, tem sua participação. E pergunto: como cancelar uma maldade tão incrível quanto essa?

O papa desejava destruir a Ordem e reuniu o concílio em Viena, em 1311, com tal objetivo, mas os bispos recusaram-se a condená-la sem primeiro escutá-la. Então, o papa aboliu a Ordem em um consistório privado efetuado em 22 de novembro de 1312, apesar de ter aceitado o fato de que as acusações não haviam sido comprovadas. As riquezas do Templo deviam ser transferidas à Ordem de São João; porém, o certo é que a parcela francesa foi desviada para os cofres do rei Filipe.

O último e mais brutal ato dessa desumana tragédia ocorreu em 14 de março de 1314, quando o Venerável Jacques de Molay, Grão-Mestre da Ordem Templária, e Gaufrid de Charney, Grande Preceptor da Normandia, foram queimados publicamente como hereges reincidentes, em frente à grande Catedral de Notre Dame. Quando as chamas os rodearam, o Grão-Mestre incitou o rei e o papa a que, antes de um ano, se reunissem a ele diante do trono de julgamentos de Deus e, de fato, tanto o papa como o rei morreram dentro do prazo de 12 meses.

Temos notícias que alguns cavaleiros templários franceses se refugiaram entre seus Irmãos do Templo da Escócia e, naquele país, suas tradições chegaram a fundir-se, em certa medida, com os antigos ritos celtas de Heredom, formando, assim, uma das fontes das quais mais tarde brotaria o Rito Escocês Antigo e Aceito.

Há muito pouco tempo, a escritora Barbara Frale encontrou na biblioteca do Vaticano um documento denominado “Chinon”. Trata-se de uma carta na qual o papa Clemente V perdoa o Grão-Mestre Jacques de Molay. Você poderá saber disso com mais detalhes na obra de Barbara Frale: Os Templários – E o Pergaminho de Chinon encontrado nos arquivos secretos do Vaticano, da Madras Editora.

Por Wagner Veneziani Costa

#Templários

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A Kabbalah Hermética e a Mitologia – Com Marcelo Del Debbio

Bate-Papo Mayhem 171 – Com Marcelo Del Debbio – A Kabbalah Hermética e a Mitologia

O vídeo desta conversa está disponível em: https://youtu.be/0s_2ZFaqE0A

Bate Papo Mayhem é um projeto extra desbloqueado nas Metas do Projeto Mayhem.

Todas as 3as, 5as e Sabados as 21h os coordenadores do Projeto Mayhem batem papo com algum convidado sobre Temas escolhidos pelos membros, que participam ao vivo da conversa, podendo fazer perguntas e colocações. Os vídeos ficam disponíveis para os membros e são liberados para o público em geral três vezes por semana, às terças, quartas e quintas feiras e os áudios são editados na forma de podcast e liberados duas vezes por semana.

Faça parte do projeto Mayhem:

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Dia de Radha

Deusa hindu do amor, Râdhâ. Também chamada de “A mais amada”. Era pastora entre os gopis do deus Krishna. Foi sua amiga de infância e depois amante. O amor entre o Deus e Râdhâ foi imortalizado em vários poemas.

O nome Râdhâ quer dizer beleza, brilho. O mais comum de seus epítetos é Radhika, que significa aquela cujo culto à Krishna é poderoso. Alguns autores consideram Râdhâ como a representação da alma humana atraída para a Divindade. Para outros autores, Râdhâ e Krishna juntos simbolizam a verdade absoluta.

Râdhâ é vista como a potência primordial interna do Senhor. O culto à Râdhâ em Vrindavan é bastante difundido. Esse era o lugar onde Krishna diz ter vivido. A importância de Râdhâ ultrapassa até mesmo a importância de Krishna. E o amor de Radha por Krishna é como o mais perfeito principalmente por causa da sua natureza infinita e incondicional. Ela é “Seu coração e alma”.

Originalmente publicado na página de Facebook “Cultura Pagã”

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Mitologia e Hermetismo

Das que ainda se tem lembrança de sua existência, a civilização grega é, quiçá, uma das que alberga o maior número de deuses e mitos. Efetivamente, o panteão (palavra que deriva de pan, “todo”, e theon, “deuses”) grego é verdadeiramente fecundo e prolixo, só comparável ao das culturas hindus, e das pré-colombianas, especialmente a asteca e a maia. O próprio nome “mito” é de origem grega, e sua raiz é a mesma da palavra “mistério”, derivando ambas da palavra “muein”, que significa “fechar a boca”, “calar-se”, aludindo sem dúvida ao silêncio interior em que se recebem os segredos da iniciação. Desde os mistérios órficos, passando pelas iniciações de Eleusis, das quais participaram Pitágoras, Sócrates e Platão, até o crisol de culturas que representou a Alexandria dos séculos II e III de nossa era, a mitologia grega nutriu o universo sagrado de todas as culturas do Ocidente mediterrâneo, particularmente a do Império de Roma.

Cada ciência e cada arte, bem como qualquer atividade manual, racional e intelectual do homem, estava sob a proteção e influência de um deus, musa ou gênio astral, o que redundava numa convivência harmônica com as forças ordenadoras do Cosmo. Os gregos, como qualquer povo tradicional, entendiam que os deuses e as entidades invisíveis eram modos ou formas de ser da existência, e reuniam toda a variada gama de possibilidades essenciais e arquetípicas da conduta e do pensamento humanos. Neste sentido, uma filiação profunda une a deuses e a homens: todos surgem do casal de Urano (o Céu) e Gea (a Terra). Assim, os deuses olímpicos representam os estados superiores do homem, e os homens os estados terrestres dos deuses E isto é, uma vez mais, uma aplicação da lei de analogia, que faz que “o de cima seja como o de baixo, e o de baixo como o de cima”, conformando um todo harmonioso e ordenado.

As relações íntimas entre os deuses e os homens têm, nas tradições greco-romanas, um caráter ambivalente de reconciliação e luta, claramente vinculado com a idéia de empresa heróica, e de reconquista da imortalidade por parte destes últimos; não se faz senão representar, por meio das lendas dos heróis, o próprio processo da Iniciação.

Isto está exemplificado pelo conhecido mito de Ulisses, cantado na Odisséia por Homero, que após uma viagem labiríntica, por mar e terra, cheio de perigos e vicissitudes, atinge por fim sua “terra natal”, a ilha de Ítaca. Igualmente por Hércules, herói solar, que após sofrer diversas provas e trabalhos, consegue penetrar no Jardim das Hespérides, outro dos nomes dados ao Centro do Mundo.

#hermetismo #Mitologia

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Iniciação no Novo Aeon: Self como Redentor

Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei.

Nota: originalmente escrito em 20 de abril de 2009

4) Auto-Redentor

“Não há outro deus senão o homem”

– “Liber OZ”

Um atributo comum dos sistemas do Velho Aeon é a insistência deles na infâmia, na pecaminosidade e no desamparo da humanidade. Nesta visão, a humanidade está naturalmente em um estado de cegueira, surdez e mudez espirituais; não sabemos o que é melhor para nós mesmos, e estamos sem objetivo quando deixados sob os nossos próprios recursos. Isso muitas vezes se traduz na necessidade de se entregar a um poder superior fora de si: à classe sacerdotal, ao guru, a Deus e, mais recentemente, ao Estado. No Novo Aeon, não colocamos fé na graça de nenhum deus ou guru; nós afirmamos que não há necessidade de tornar-se Iniciado para além de si mesmo.

Como mencionado em uma parte anterior da “Nova Iniciação Aeon”, cada pessoa deve unir-se tanto com o Companheiro “inferior” (“o abismo de profundidade”, “aquela Criatura Cega do Limo”) quanto com o “superior” (“o abismo das alturas”, “a Imagem brilhante”) – aqueles aspectos de “Correto” e “Avesso” de si mesmos além da consciência atual do ego, que devem ser liberados, explorados e assimilados. Uma faceta muito importante deste “grande mistério” é que “aquele Companheiro é Você Mesmo. Você não pode ter outro Companheiro” (“Liber Tzaddi”, 34-35). Embora procuremos unir-nos com esses abismos além de nós mesmos (na medida em que o “eu” é aqui considerado como o eu-egóico), esses abismos são partes de Você Mesmo. Em termos psicológicos, são os aspectos inconscientes da psique humana, que não é apenas “abaixo” do ego (isto é, apenas “inferior”, impulsos animais, o “Qliphótico” em termos Cabalísticos, e “aquela Criatura Cega do Limo”), mas também está “acima” (na medida em que contém o “superior”, “divino”, o “Neschamah” em termos Cabalísticos,”a Imagem brilhante”).

Percebemos então que a Iniciação não consiste em “vir a Deus” ou receber “a graça de Deus”, conquanto consideremos um Deus separado ou “acima” de nós, mas, ao contrário, no Novo Aeon, é o processo de entendimento mais completo e verdadeiro de si mesmo que constitui a Iniciação. Isto é porque “Iniciação significa a Jornada Para Dentro” (Ensaios Pequenos para a Verdade, “Maestria”), e a Cabeça Divina (godhead) que buscamos não é outra coisa senão os nossos Verdadeiros Eus. Como Crowley escreve: “Vejais! O Reino de Deus está dentro de vocês, assim como o Sol permanece eterno nos céus, igual à meia-noite e ao meio-dia. Ele não se levanta: ele não se põe: ele é apenas a sombra da terra que o oculta, ou as nuvens sobre o seu rosto” (“De Lege Libellum”). Novamente, afirmamos que este Eu está sempre presente, mesmo no início da Grande Obra de conhecê-lo, embora normalmente funcionemos e voltemos ao estado de identificação com nossas mentes e corpos (isto é, nossa concepção egóica normal de eu).

Esta Obra de vir a revelar e identificar-se com o Verdadeiro Eu não requer a bênção dos sacerdotes, a capacitação dos gurus, a presença de um “Mestre”, a graça de Deus ou o financiamento do Estado. Cada pessoa deve “Levantar-se!” (Liber AL II: 78). Em certo sentido, é somente pela coragem, persistência e trabalho árduo do próprio indivíduo que a Grande Obra pode ser realizada. Em outro sentido, a Verdade – a realização do Verdadeiro Eu além das dualidades – não pode ser comunicada.

É tão inútil tentar comunicar a experiência da Unidade com Todas as Coisas quanto tentar descrever o vermelho para uma pessoa cega. Podemos usar metáforas ou analogias, mas elas nunca vão realmente entender até que elas próprias tenham experimentado isso. Como diz Crowley, “todos os segredos reais são incomunicáveis” (Magick em Teoria & Prática, capítulo 9), e isso porque “a verdade é supra racional” e, portanto, é “incomunicável na linguagem da razão (“Carta a um Probacionista”). Portanto, se há alguma “fé”, ela está na confiança conferida pela “consciência da continuidade da existência” (Liber AL I: 26). Essa percepção da Verdade só pode ser parcialmente comunicada via poética, metáforas, símbolos e analogias: é a experiência direta e individual do Verdadeiro Eu que traz a verdadeira compreensão da Verdade como Aquilo que está além das dualidades.

Pode-se imaginar a percepção da Verdade como uma flor que se abre no coração de cada homem e de cada mulher: é algo inerente ao indivíduo que é revelado. A humanidade não é pecaminosa, degenerada, vazia ou não confiável, mas sim cada indivíduo é uma Estrela, cada uma fonte de Cabeça divina (Godhead), e cada um inerentemente Divino. É o trabalho do indivíduo perceber esta Divindade em si mesmo, conhecendo-se não como o ego, mas como o Verdadeiro Eu que transcende todos os opostos: “Olhai para vós mesmos e vedes Todas as Coisas que são na Verdade apenas Uma” (“De Lege Libellum”). Esta “consciência da continuidade da existência” não é fantasia sobrenatural, extraterrestre, supramundana ou póstuma: cada pessoa pode atingir esta consciência aqui na terra, durante esta vida.

“Todo homem deve superar seus próprios obstáculos, expor suas próprias ilusões”.

– “Liber Causae”, linha 4

Amor é a lei, amor sob vontade.

Link original: https://iao131.com/2010/09/08/new-aeon-initiation-self-as-redeemer/

#Thelema

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Mitologia Ártica – Paola Giometti

O Boteco do Mayhem (Marcelo Del Debbio, Thiago Tamosauskas, Rodrigo Elutarck, Ulisses Massad, Jesse Puga e Robson Belli) conversam com Paola Giometti – Mitologia Ártica

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Morte Súbita inc.

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Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

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Qliphoth

qliphoth

O Estudo das Qliphoth (ou Qlipoth) não é algo que deva ser feito por pessoas sem o devido conhecimento de Kabbalah, mas certamente faz parte do entendimento necessário a todo estudante de Hermetismo para compreender o mundo ao nosso redor. Através do estudo das cascas, conseguimos compreender os mecanismos pela qual a ignorância, o fanatismo e a violência se entranham na sociedade, tentando corromper todo o Caminho da Criação.

Qliphoth

Por Jeanine Medeiros

No Gênesis, I: 27 encontramos: Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Se nos colocarmos no lugar dos antigos hebreus e olharmos para este versículo do Livro de Moisés com a mesma sacralidade deles, torna-se impossível o início de uma investigação profunda.

Mesmo antes do nascimento, o bebê no útero encontra no seu pequenino polegar da mão ainda em formação uma fonte de conforto e autocarinho. É o polegar em oposição aos outros quatro dedos que nos torna capazes de construir ferramentas, armas e produzir o fogo desde o inicio dos tempos. A mão distingue primatas de seres humanos no reino animal e é um símbolo perfeito da supremacia da raça humana. Por essa razão, a mão sempre foi objeto de especulação e meditação entre os cabalistas mais antigos.

Os cabalistas do passado nos ensinaram que o alfabeto hebraico é uma ferramenta de criação revelada por Deus aos anjos que instruíram Adão. A letra hebraica para mão é Yod «y», a décima letra do alfabeto e cujo valor gemátrico também é dez. Yod pode ser considerada a letra-mãe ou a letra-fonte de todo alfabeto hebraico, uma vez que todas as outras letras são variações de Yod.

A mão possui quatro dedos e um dedão que os dá suporte, quer dizer, quatro regidos por um. Os qabalistas do passado, portanto, propuseram que a «mão» do Criador – a mecânica do desenvolvimento em evolução – trata-se de uma unidade absoluta manifesta através de um processo quádruplo. Essa fórmula é universal e permeia todos os níveis de existência e consciência. Expressando a mecânica dessa observação fundamental, os místicos qabalistas incorporaram a fórmula em um conceito único de Deus, expresso em um nome de quatro letras: hvhy «IHVH».

Essas quatro letras, hvhy, representam quatro mundos descendentes através do qual o processo de criação se realiza:

y Atziluth, o Mundo Arquetípico, é o mais sublime, sutil e perfeito de todos os mundos (ou planos de existência). Em Atziluth, os aspectos feminino e masculino do Absoluto se encontram em perfeita unidade e bem-aventurança. Os outros três mundos abaixo deste são o produto desta união, que fica mais densa na medida em que se manifesta. Atziluth pode ser considerado a vontade do Absoluto em sua forma mais pura.

h Briah, o Mundo da Criação, é onde a Luz Prístina de Atziluth começa a se organizar. Essa é a morada dos anjos mais sublimes e elevados e pode ser considerado o coração do Absoluto.

v Yetzirah, o Mundo da Formação, é onde a organização fundamental de Briah torna-se específica. Aqui ocorre a formação hierárquica dos anjos, com seus deveres estabelecidos. Yetzirah é a mente do Absoluto.

h Assiah, o Mundo Material, é onde se manifesta a impureza produzida pela degeneração da luz primordial na medida em que ela atravessa (ou passa) através dos três mundos acima, se cristalizando na forma do mundo material como o conhecemos, a natureza e a existência humana.

Tradicionalmente, o Reino dos Qliphoth está associado a Assiah. Os Qliphoth são as cascas ou receptáculos que nos três mundos superiores atuam suportando e mantendo a luz primordial na medida em que ela desce, mas após servir ao propósito da criação/manifestação, eles são descartados como lâmpadas queimadas em Assiah.

Estas cascas são constituídas dos elementos mais grosseiros dos outros três mundos e comportam forças extraordinariamente perturbadoras. Não são espíritos no verdadeiro sentido da palavra, mas receptáculos sem rumo que procuram em vão se preencher com a luz primordial. No entanto, a luz primordial não se manifesta em Assiah da forma sutil que se manifesta nos outros três mundos. Por conta disso, os Qliphoth são desprovidos de energia pura, tornando-se, por assim dizer, vácuos desestruturados que buscam sugar o máximo de luz possível dos habitantes de Assiah, o que inclui a todos nós.

Portanto, os Qliphoth manifestam as qualidades avessas/contrárias dos outros três mundos acima. Assim, o que uma vez foi Kether, a pura essência da unidade, agora se manifesta como Thaumiel, Gêmeos de Deus. O nome significa «gêmeo» ou «deus gêmeo». Representado por dois príncipes malignos, Thaumiel apresenta a polaridade máxima da dualidade. Como as duas faces de Jano, os dois príncipes malignos olham e direções contrárias. Thaumiel é a inversão total dos princípios de Kether. Da mesma maneira, a harmonia representada por Tiphereth encontra sua total oposição em

Thagirion, Litígio. O nome significa «disputa» ou «discórdia». A parte de todas as associações mitológicas, Thagirion representa a natureza antinomiana que opera contra as leis que regem o universo e a criação. Cada Qlipha recebe um nome pejorativo devido sua ação, uma antítese da ordem estabelecida pelas Sephiroth no momento da criação.

Os Qliphoth são, portanto, o dejeto da criação. Uma anti-estrutura demoníaca na Árvore da Vida, no entanto, essencial ao entendimento do processo de criação. Seus habitantes são criaturas titânicas, grotescas e gigantescas que executam o trabalho sujo de construir e sustentar o mundo material como o percebemos. A Tradição Oculta diz que eles são perigosos quando estão desordenados, descontrolados, ignorados ou não são conhecidos. De fato, muito daquilo que acreditamos ser nós mesmos, quer dizer, o corpo, a mente e a personalidade, pode ser considerado receptáculos qliphóticos da essência sutil e incompreendida que representa nossa verdadeira identidade.

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As Origens da Mitologia Grega

O mito era o coração da sociedade grega antiga, como forma de entender os fenômenos naturais e os acontecimentos sem a ação dos humanos. Os gregos, crentes nas histórias e nas narrativas dos poetas, estabeleceram rituais e cultos fundamentados nessas lendas heróicas, divinas e humanas. Desde aquele tempo, o ser humano precisou criar concepções lógicas acerca das histórias contadas apenas pelos poetas. O filósofo Homero fazia a educação da Grécia e, para os gregos, os mitos eram a mais pura verdade.

Os deuses eram divindades com atribuições próprias e com inúmeros poderes. Eram imortais, podiam salvar ou destruir. Tinham o poder de transformar-se em objetos e animais ou adquirir outras personalidades. A mitologia, embora seja repleta de narrações sobre batalhas, traições, intrigas e maldades, servem para interpretação subjetiva dos diversos arquétipos que ainda hoje são muito atuais e que encontramos em nossos dias.

Localizada na junção da Europa, Ásia e África, a Grécia é o berço de nascimento da democracia, da filosofia e literatura, da historiografia e ciência política e dos mais importantes princípios matemáticos. É o berço de nascimento do teatro ocidental, incluindo os gêneros do drama, tragédia e o da comédia e dos jogos olímpicos.

Apaixonados pelo debate e pela controvérsia, os gregos criaram os primeiros ordenamentos políticos com cunho democrático, onde compartilhavam e defendiam argumentações. Esses princípios fundamentais definiram o curso do mundo ocidental e também divulgaram a mitologia grega, que ainda se torna eficiente, segundo muitos autores, para a educação acadêmica como também para um entendimento profundo e filosófico do ser humano.

Segundo estudiosos, diversas teorias buscam explicar as origens da mitologia grega:

* Teoria Escritural, as lendas mitológicas procedem de relatos dos textos sagrados, no qual os feitos reais foram disfarçados e, posteriormente, alterados.

* Teoria Alegórica: os mitos antigos eram alegóricos e simbólicos, porém com verdade moral, religiosa ou filosófica ou um fato histórico que, com o passar do tempo, passou a ser aceito como verdade.

* Teoria Histórica: todas as personas mencionadas na mitologia foram seres humanos reais, e as lendas sobre elas são meras adições de épocas posteriores.

* Teoria Física: os elementos ar, fogo e água foram objetos de adoração religiosa, e passaram a ser personificações desses poderes da natureza.

Os historiadores acreditam que os gregos começaram a dar novas interpretações acerca das coisas e a desacreditar dos poetas e dos dramaturgos, insistentes em inventar narrativas e lendas sobre a origem e os motivos das coisas. Ao tentar aprofundar sua compreensão sobre os mitos gregos, o homem da Grécia antiga encontrou certas limitações e contradições nessas histórias, o que desencadeou em uma série de processos filosóficos.

A filosofia surgiu justamente para compreender a verdade, mas de outra forma. Uma das contradições, defendidas por historiadores, foram as viagens marítimas empreendidas pelos gregos e a exploração de algumas regiões nas quais acreditavam serem habitadas por deuses. Porém, ao visitá-las, puderam constatar que era povoada por seres humanos.

As explorações marítimas dos gregos – uma das primeiras do homem antigo – contribuíram para a decadência do mito. Os estudiosos acreditam que os gregos, ao inventarem o calendário, conseguiram calcular o tempo como forma de prever e entender os estados térmicos, o sol e a chuva e outros fatores climáticos, antes vistos como feitos divinos e incompreensíveis. Isso proporcionou uma grande mudança na crença dos mitos.

De forma semelhante, a invenção da moeda como forma de trocas abstratas e a escrita alfabética, como forma de materialização de textos antes propagados somente pela oratória, além da invenção da política para a exposição das opiniões sociais, foram marcos da sociedade grega que, com o início dessa vida urbana e mais moderna, começou a tecer bases para o artesanato, o comércio e outras criações, que propiciaram a depreciação dos mitos.

Com essas mudanças, o homem viu a necessidade de entender e desenvolver, criando a filosofia para suprir essa incompreensão. Os filósofos e estudiosos creem que as habilidades poderosas de mudança saíram das mãos dos deuses imaginários, foram assumidas pelos homens antigos e se estendem até nossos dias atuais, onde acreditamos que uma administração política adequada — realizada e levada avante pelos homens e não pelos deuses — pode resultar numa influência positiva nas sociedades, assim como uma administração inadequada resulta em influências negativas.

OS ARQUÉTIPOS

Arquétipo é um termo usado por filósofos neoplatônicos, como Plotino, para designar as ideias como modelos de todas as coisas existentes, segundo a concepção de Platão. Nas filosofias teístas o termo indica as idéias presentes na mente de Deus. Pela confluência entre neoplatonismo e cristianismo, termo arquétipo chegou à filosofia cristã, sendo difundido por Agostinho, provavelmente por influência dos escritos de Porfírio, discípulo de Plotino.

Arquétipo, na psicologia analítica, significa a forma imaterial à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar. C. G. Jung usou o termo para se referir aos modelos inatos que servem de matriz para o desenvolvimento da psique. Eles são as tendências estruturais invisíveis dos símbolos. Os arquétipos criam imagens ou visões que correspondem a alguns aspectos da situação consciente.

Jung deduz que as imagens primordiais, um outro nome para arquétipos, se originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Funcionam como centros autônomos que tendem a produzir, em cada geração, a repetição e a elaboração dessas mesmas experiências. Eles se encontram isolados uns dos outros, embora possam se interpenetrar e se misturar.

O núcleo de um complexo é um arquétipo que atrai experiências relacionadas ao seu tema. Ele poderá, então, tornar-se consciente por meio destas experiências associadas. Os arquétipos da Morte, do Herói, do Si-mesmo, da Grande Mãe e do Velho Sábio são exemplos de algumas das numerosas imagens primordiais existentes no inconsciente coletivo. Embora todos os arquétipos possam ser considerados como sistemas dinâmicos autônomos, alguns deles evoluíram tão profundamente que se pode justificar seu tratamento como sistemas separados da personalidade. São eles: a persona, a ânima, o animus e a sombra.

Chamamos de instinto aos impulsos fisiológicos percebidos pelos sentidos. Mas, ao mesmo tempo, estes instintos podem também manifestar-se como fantasias e revelar, muitas vezes, a sua presença apenas através de imagens simbólicas. São estas manifestações que revelam a presença dos arquétipos, que as dirigem. A sua origem não é conhecida e eles se repetem em qualquer época e em qualquer lugar do mundo – mesmo onde não é possível explicar a sua transmissão por descendência direta ou por fecundações cruzadas, resultantes da migração.

Os arquétipos são a principal origem da ligação entre a Física e a Psicologia, pois é por meio deles que os fenômenos psíquicos estudados pela psicologia analítica se manifestam, frequentemente violando as leis físicas da ordem temporal e espacial. O estudo interdisciplinar destas estruturas imateriais e seus fenômenos teve origem com Jung e Pauli, na primeira metade do século 20, estendendo-se até hoje com a linha de pesquisa da Física e Psicologia.

Por Lúcia de Belo Horizonte.

#Mitologia #MitologiaGrega

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