Mensagens da Água

90% do corpo de um recém-nascido é formado por água.

Pode-se, pois, dizer que o nosso corpo é formado por cerca de 70% de água.

O pesquisador japonês Masaru Emoto, no livro Mensagens da água, revela suas experiências, em que ele investiga o fenômeno Hado (do japonês onda, ou movimento) que consiste em alterar o padrão vibratório da água, por meio de música, imagens e… oração. Sim, a prova de que a água é alterada está na observação dos seus cristais, após o congelamento. O mais interessante é que a ciência não consegue controlar o processo de formação dos cristais, mas, pelo visto, o pensamento o faz.

Emoto começou seus experimentos submetendo amostras de água destilada a diferentes condições; depois, congelou as amostras produzindo cristais, visíveis ao microscópio. São cristais como estes que formam os flocos de neve. Quando uma das amostras tinha sido exposta a uma sessão de música clássica, por exemplo, como Beethoven, Mozart ou Bach, os cristais apresentaram formações simétricas de grande beleza; se a “trilha sonora” era heavy metal (rock pesado), os cristais mudavam sensívelmente e sua forma, que normalmente seria hexagonal, rompia-se em pedaços, em fragmentos morfologicamente iguais.

“A água parece reagir negativamente a esse tipo de música (rock pesado)”, diz Emoto que, usando a canção Heartbreak Hotel, interpretada por Elvis Presley, obteve três tipos de cristais: o primeiro é a imagem de um coração partido em dois; o segundo mostra duas partes de coração que parecem se esforçar para ficar juntas e o terceiro tipo, é um coração que apresenta sinais de esforço para se manter íntegro.

Dando continuidade à experiência, o cientista fixou, no recipiente que continha amostra de água, um rótulo, escrito em japonês, com os dizeres que podem ser traduzidos como “You are fool”, ou “Você é tolo, “Você é imbecil”. A amostra foi deixada com o rótulo por uma noite e o congelamento resultou em formação de cristais semelhantes áqueles formados sob a influência do rock, caracterizados por assimetria e dispersão.

Outro rótulo, onde estava escrito “Você me deixa doente: eu vou matar você”, produziu na amostra congelada uma formação extremamente distorcida e feia, ao contrário da afirmação “Eu te amo” cujo cristal correspondente era absolutamente maravilhoso. Para Emoto, a água cristalizada sob tal influência amorosa era uma expressão “mineral” de gratidão e reciprocidade ao amor declarado.

O resultado foi que a as gotículas de água que foram mais “bem tratadas” formaram os cristais de água mais exóticos e belos, enquanto que aquelas que foram ignoradas ou xingadas não formaram cristais. O mesmo experimento ele realiza com alimentos. O arroz que recebeu mais carinho (bons pensamentos) demorou muito mais para entrar em decomposição do que o arroz xingado ou ignorado.

No Japão a crença que a alma habita no espírito da palavra é bastante difundida. O reverendo Kato Hoki, sacerdote do templo Jyuhouin, foi chamado para rezar por 1 hora ao lado de uma água cujos cristais estavam disformes e escuros. Após isto, a água se fez visivelmente mais bela, e seus cristais, após nova análise, revelaram algo que nunca o pesquisador – mesmo tendo feito mais de 10.000 experimentos – vira antes: uma rara formação heptagonal (sete pontas) dentro da clássica estrutura hexagonal. Mais tarde, o sacerdote disse ter invocado em suas preces a deusa dos rios Benzaiten (Equivalente a Sarasvati, na Índia)

Ao colocar, em diferentes copos com água, palavras – mesmo que escritas no computador – que significam a mesma idéia (foi escrito “sabedoria”, em japonês, inglês e alemão), ao congelarem os cristais formaram uma estrutura surpreendentemente similar. Segundo o físico Cheng Luojia, isto indica que não é exatamente a PALAVRA, o som de cada língua, que influi sobre a água, e sim o pensamento, a idéia. E completa: “A que conclusão podemos chegar? Que a palavra produz forma”. E deixa uma pergunta no ar: “Isso significaria que o espírito é matéria?”

Bem, o espiritismo já falava isso há mais de um século, e por isso faz a distinção entre espírito e alma, como os gregos faziam milênios atrás… é por isso que a magnetização/fluidificação/energização da água, que é feita em todos os centros espíritas, não é um ritual e sim um procedimento, explicado no Livro dos médiuns, Cap. VIII: “O Espírito atuante é o do magnetizador (o “vivo”), quase sempre assistido por outro Espírito (o “morto”). Ele opera uma transmutação por meio do fluido magnético, que é a substância que mais se aproxima da matéria cósmica, ou elemento universal. Ora, desde que ele pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode também produzir um fenômeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da ação magnética, convenientemente dirigida”

É por isso que insisto tanto: pensamento É vibração, o mundo É vibração, e você É, em espírito, o que você pensa/produz. Não é uma vibração mecânica, grosseira, como a que produz o som, mas muito mais sutil, que não encontra barreiras. Se os pensamentos podem fazer isto com a agua,o que podem fazer com nosso corpo??

veja fotos das moleculas de agua alteradas atraves de diversos padroes de pensamento em :

http://es.clearharmony.net/articles/200311/1759.html

Estes resultados conduzem a uma nova compreenção científica da relação entre os homens e a água: a água à volta do ser e a água dentro do ser. Os homens têm 75% de água na constituição de seus corpos físicos. Por isso, a descoberta de Emoto obriga a uma reflexão sobre a influência da água sobre a saúde como um todo e abre uma nova fronteira para a utilização da água como substância medicinal.

Novidade para os cientistas, o poder da água é um velho conhecido das tradições esotérico-religiosas em todas as culturas do mundo. A descoberta confere o selo da credibilidade acadêmica à “água-benta” dos cristãos-católicos, por exemplo. Shamãs e curandeiros há muito oferecem “água magnetizada” por orações ou “fórmulas mágicas” como remédio eficaz contra várias enfermidades.

O médico e ocultista Paracelso utilizava a água magnetizada em suas terapias. Outro médico ocultista, Papus, que viveu no século XIX, escreve, em seu Tratado Elementar de Magia Prática (Ed. Pensamento), que são quatro as substâncias curativas básicas da medicina hermética: água, álcool (como em vinhos e destilados), enxofre (sulfas) e sal.

Nos anos de 1990, um cientista americano encontrou uma estranha formação impressa em uma superfície de água magnetizada por um monge com o objetivo de retardar o desenvolvimento de uma larva de borboleta. O procedimento do religioso havia afetado a alcalinidade do líquido que assim permaneceu mesmo depois de afastado do local da magnetização e do magnetizador a uma distância de 50 milhas; ou seja, a intenção ou pensamento do monge permaneceu influenciando a água.

Porque são três que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes Três são Um. E Três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num”

[I João 5:7,8]

As palavras escritas em negrito constituem o que os criticos do texto chamam ,em latim,Comma Joahaneum (a Cláusula Joanina).

Quando abrimos a “Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas”, das Testemunhas de Jeová, notamos que essa cláusula foi omitida do seu texto. Aliás, outras Bíblias há, além da das Testemunhas de Jeová,  também omitem esse trecho .

“. E este quem veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo; não apenas com água, mas com a água e com o sangue.(…).O espírito, e a água, e o sangue, e os três estão de acordo.”

O SANGUE E SEUS CONSTITUINTES

Setenta por cento do corpo humano é constituído de água. O sangue é o principal distribuidor desta água.

Toda a parte líquida do sangue forma o plasma sangüíneo. Cerca de 90% do plasma constituem-se de água pura.

A troca de água do sangue para os tecidos, e vice-versa, é feita principalmente através de um fenômeno denominado difusão osmótica.

Trata-se de um processo físico que ocorre entre dois líquidos separados entre si por uma membrana permeável.

Um japones provou a acão de pensamentos e vibraçoes nas moleculas de agua,atraves de fotografias ,depois de ter submetido ( a água)  a diversas influencias mentais/energéticas.

Agora o que isto significa a nivel de nossa realidade imediata,e a nivel dos interesses desta lista,espero que seja compreensivel ao mais ingenuo dos mortais..

Alias,eu e um pequeno numero de amigos estamos realizando algumas experiencia praticas neste sentido,estarei divulgando aqui os resultados em breve.

Au revoir

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/mensagens-da-agua/

As 8 experiências mais cruéis da Psicologia

A Psicologia pode ser cruel e anti-ética. Como ciência é relativamente nova que só ganhou status no século XX com Wilhelm Wundt. Desta maneira as regras do jogo não ficaram claras até bem depois de muito estrago ter sido feito, até porque neste meio tempo o mundo assistiu as duas guerras mundiais e não tinha nenhum interesse em saber o que se passava dentro dos laboratórios. No anseio de aprender sobre o processo humano de comportamento muitos cientistas deste período foram longe demais em seus experimentos, borrando a tênue linha entre a ética e a curiosidade. Neste artigo serão listados oito dos experimentos mais moralmente questionáveis que já foram feitos, mas que pavimentaram o caminho por onde os psicólogos caminham hoje.

8º lugar

O Monstro, 1939

O estudo intitulado ‘O Monstro’ foi um projeto de Wendell Johnson da Universidade de Iowa sobre disfemia realizado com 22 órfãos de Davenport, Iowa no ano de 1939. Johson escolheu Marry Tudor, entre seus alunos de graduação para conduzir o experimento e supervisionar a pesquisa. As crianças foram divididas em grupos e Tudor foi instruída a dar reforços positivos a metade das crianças elogiando sua dicção ao mesmo tempo que criticava acidamente a outra metade independente da forma como elas falavam. A maioria das crianças de fala normal e correta que receberam as críticas no experimento sofreram efeitos psicológicos do reforço negativo e desenvolveram problemas de pronuncia no desenrolar de suas vidas. Na época o mundo começava a tomar conhecimento das desumanas experiências da ciência e medicina nazistas. Certo de que a metodologia do “Monstro de Johnson horrorizaria seus colegas de trabalho, ainda mais por lidar com orfãos, Wendell manteve a pesquisa em segredo até a fase adulta das crianças.  A Universidade de Iowa se desculpou publicamente pelo estudo em 2001.

Lição: A crítica pode se tornar uma maldição que se auto realiza.

7º lugar

Mudança forçada de sexo, 1965

Em 1965, um menino nasceu no Canada e recebeu o nome de David Remer. Aos oito meses ele passou pelo procedimento da circuncisão e teve seu pênis acidentalmente removido. Quando os pais visitaram o psicólogo John Money sua sugestão foi categórica: mudem o sexo da criança. Seus pais ficaram ultrajados, mas eventualmente consentiram com o procedimento. Eles não sabiam o real objetivo acadêmico do doutor de provar que a criação e não a natureza era a responsável pela identificação de uma pessoa entre os gêneros masculino e feminino.

David ganhou o nome de Brenda, uma vagina e suplementos hormonais. Dr. Money considerou o experimento um sucesso pois Brenda com os anos passou a se comportar como uma garota. De fato, seus pais não revelaram para ela o incidente em sua infância até seus quatorze anos. Ao saber Brenda decidiu tornar-se David novamente e parou de tomar estrógeno e exigiu uma reconstrução cirúrgica do pênis. Dr. Money insistiu que seu experimento foi um sucesso. A mãe de Brenda cometeu suicídio e seu pai se tornou alcoólatra. Aos 38 anos David também se matou.

Lição: Uma menina não é um menino sem pênis.

6º lugar

Testes dos Macacos Drogados, 1969

Enquanto testes em animais são hoje vistos como uma grande aberração, a verdade é que nem sempre isso foi assim. Muitos dos avanços da ciência até pouco tempo atrás só foram possíveis graças a testes controlados em animais. Dentre eles um dos mais tristes foi realizado pelo exército americano em 1969. Neste um grande número de macacos e ratos foram treinados a dosar em si mesmos doses de diversas drogas, incluindo morfina, alcool, codeina, cocaina e afentaminas. Uma vez que os animais se tornavam aptos a ministrar a química em si mesmos eles eram deixados livres com o equipamento e um grande estoque de cada droga. O objetivo era entender a dinâmica da dependência química e os resultados foram desastrosos.

Os animais sofreram diversos distúrbios, alguns alucinados tentaram escapar de modo tão brutal que um dos macacos quebrou os braços no processo. Os macacos que usaram cocaína sofrera, convulsões e morreram, um macaco que escolheu o vício em anfetamina rasgou toda a pele do braço e do peito. Todos os animais morreram no processo, os primeiros em menos de duas semanas.

Lição: Não dê drogas aos animais

5º lugar

As Caretas da Dr. Landi, 1924

Em 1924, Carney Landis, psicólogo graduado da Universidade de Minnesota, desenvolveu um experimento para determinar se diferentes emoções criam diferentes expressões faciais especificas para aquelas emoções. O objetivo deste experimento foi ver se todas as pessoas possuíam uma mesma expressão em comum para nojo, choque, revolta, alegria, etc..

A maioria dos participantes na experiência eram estudantes. Eles eram levados a um laboratório e suas faces pintadas com linhas escuras de modo a facilitar o estudo dos movimentos dos músculos faciais. Eles eram então expostos a uma variedade de estímulos criados para gerar reações fortes. Conforme cada pessoa reagia ela era fotografada por Landis. Os participantes foram instruídos a cheirar amônia, ver pornografia, e por as mãos num balde de rãs. Mas o ponto controverso do estudo foi a sua parte final.

Ratos vivos eram dados aos participantes que recebiam instruções de decapitá-los. Enquanto todos os repeliam a ideia, quase um terço executou os roedores. A situação ficou ainda pior com o fato de que muitos dos estudantes não tinham qualquer idéia de como executar a operação de modo que os animais experimentaram grandes dores e sofrimento no processo. Para as terças partes que se recusaram a fazer a decapitação, Landis pegava a faca e os executava ele mesmo. O estudo não provou as faces em comum para as diversas emoções, mas forneceu grandes evidências de que as pessoas farão quase tudo o que forem ordenadas quando numa situação como esta.

Lição: Impunidade cria monstros.

4º lugar

Pequeno Alberto, 1920

John Watson, o pai do comportamentalismo, foi um psicólogo que fez uso de órfãos como matéria prima de seus experimentos. Watson queria testar a ideia do medo ser instintivo ou condicionado. Pequeno Alberto foi o apelido dado para bebê de nove meses que Watson escolheu do hospital e que foi exposto a um coelho branco, um rato branco, um macaco, máscaras com e sem cabelo, novelos de algodão, jornal pegando fogo e mais uma miscelânea de estímulos por dois meses sem qualquer forma de reforço ou condicionamento. Na segunda fase do experimento o Pequeno Alberto foi colocado em um berço no centro de uma sala. Um rato branco de laboratório foi colocado junto dele e foi permitido a criança que brincasse com ele. Nenhum medo do rato foi demonstrado.

Na terceira fase Watson fazia um barulho bem alto com um gongo e uma marreta atrás da criança sempre que ela tocava o rato. Nessa ocasiões o bebe chorava e mostrava medo todas as vezes. Depois de diversos reforços Alberto ficava bastante nervoso pela simples presença do rato. O Pequeno Alberto depois disso associou o barulho ameaçador com quaisquer coisas macias e/ou brancas e a produzir reações emocionais de medo sempre que algo assim se aproximava. A parte mais cruel do experimento e que não se conseguiu desassociar os traumas do Pequeno Alberto, uma vez que foi tirado do hospital antes de Watson terminar o experimento.

Lição: O medo é condicionamento.

3º  lugar

Desamparo Condicionado, 1965

Em 1965 os psicólogos Mark Seligman e Steve Mair  criaram um experimento no qual três grupos de cachorros foram encoleirados. Cães do grupo 1 foram soltos depois de um intervalo sem qualquer danos. Cães do grupo 2 foram pareados e encoleirados juntos, e um em cada par recebia choques elétricos que só encerravam quando um pedal era apertado. Cães do grupo 3 também foram pareados e encoleirados juntos, um em cada par também recebia choques, mas os choques não paravam quando o pedal era apertado. Os choques eram aleatórios e aparentemente inevitáveis, de modo que os cães adquiriram um desamparo condicionado, assumindo que cada poderia ser feito quanto ao sofrimento. Os cachorros do grupo três terminaram o experimento apresentado sintomas claros de depressão.

Posteriormente, os cachorros dos grupos 1, 2 e 3 foram colocados em caixa, nas quais recebiam mais choques. Neste caso ele poderiam facilmente se livrar do sofrimento saindo das baixas. Os cães do gruop 3 simplesmente desistiam e persistiam em situação de desamparo, sem reação.

Lição: Desamparo é uma forma de comodismo.

2º lugar

Projeto Aversão, 1971

O exército da Africa do Sul durante o Apartheid forçou brancos gays e lésbicas a passar por ‘correção’ incluindo intervenções cirúrgicas e castração química, choque elétrico e outros métodos discutíveis. Embora o número total não seja conhecido, estima-se que pelo menos 900 oficiais foram forçados a ‘reabilitação’ entre 1971 e 1989 nos hospitais miltares sulafricanos como parte deste projeto de eliminar a homossexualidade do serviço militar.

Psiquiatras do exército e capelões eram instruídos a enviar para as clínicas de reabilitação concentradas em Pretória todos os suspeitos de ser homossexuais. Aqueles que não podiam ser ‘curados’ com drogas, eletro choque, tratamento hormonal e outros meios terminavam por ser quimicamente castrados ou eram obrigados a passar por intervenção cirúrgica de mudança de sexo. Dr. Aubrey Levin, líder de toda a operação é hoje professor de clínica médica do Departamento de Psiquiatria Forence da faculdade de Medicina de Calgary.

Se houve uma oportunidade histórica para se provar que a homossexualidade pode ser eliminada este período foi o Apartheid. Contudo ex-cirurgiões integrantes do exército relatam hoje que de todos os casos pesquisados após o fim do regime, nenhum deles abandonou completamente as praticas homossexuais.

Lição: Não se pode salvar um peixe da água.

1º lugar

A Cabine do Desespero, 1960

 

Dr. Harry não era uma pessoa simpática ao usar termos como “armário do estupro” e “madame de ferro” em seus experimentos. Ele ficou conhecido com suas experiencias em macacos reshus sobre isolamento social. Dr.Harlow pegava jovens rhesus no final da infância e os separava de suas mães em cabines verticais de aço sem qualquer contato com o exterior pelo período de um ano. Os animais escolhidos eram os mais saudáveis da amostragem, mesmo assim ao sairem da experiência todos eles apresentaram comportamento depressivo e psicótico e a maioria jamais se recuperou. Dr. Harwlow concluiu que mesmo uma infância feliz não representa imunidade contra depressão na fase adulta.

A crueldade envolvida nestes experimentos levou a criação de um comitês de ética na pesquisa com animais. Dr. Haryy viveu ainda mais vinte anos antes de se aposentar e publicou diversas outras experiências cruéis. Como ele mesmo disse numa entrevista: “Meu maior objetivo é deixar uma imensa bagunça para vocês arrumarem quando eu for embora.” Aparentemente ele conseguiu o que queria.

Lição: O pior dos ambientes vence a melhor dos indivíduos.

Tamosauskas

Postagem original feita no https://mortesubita.net/psico/as-8-experiencias-mais-crueis-da-psicologi/

A Religião dos Índios Brasileiros

Não é fácil definir o sistema religioso dos indígenas do Brasil, primeiro porque se trata de vários povos, com culturas diversas, segundo porque, devido à grande movimentação destes povos pelo vasto território brasileiro, os seus costumes e, portanto, também a sua religião sofreram contínuas e profundas modificações através do tempo.

Os antropólogos admitem em geral que se trata de povos de origem mongólica (mongóis siberianos), que teriam atravessado do estreito de Behring, povoando o continente americano desde o Canadá até a Terra do Fogo. É possível que algumas levas de semitas, talvez de fenícios, tenham navegado até o México, e mesmo que povos da Melanésia tenham abordado a costa do Pacífico, penetrando no interior da América do Sul. Mas trata-se de hipóteses sem fundamento consistente, e, em todo o caso, não foram tão importantes que alterassem de modo sensível a etnia mongólica de nossos indígenas.

As aparentes diferenças de cor da pele e de estatura corporal podem muito bem ser explicadas pelo ambiente em que os nossos indígenas viveram e ao regime alimentar que adotaram. Assim, os indígenas protegidos pela densa floresta conservaram-se mais claros do que os dos cerrados, mais expostos ao sol, e os que se alimentaram de caça se desenvolveram fisicamente mais do que os que só tinham peixe por dieta.

Os etnólogos admitem também quatro grandes áreas culturais: a Andina, que se desenvolveu a partir do Paraná, com intensa agricultura, produzindo a urbanização, a arquitetura, a indústria de tecidos e cerâmica, cujo expoente máximo é o Império dos Incas; a do Círculo das Caraíbas (Antilhas, Colômbia, Venezuela), de agricultura menos intensa e de organização social menos refinada, mas com uma cerâmica expressiva; a da Grande Floresta, com agricultura de subsistência, caça e pesca; a dos Cerrados, a mais pobre culturalmente, caracterizada pela coleta de frutos, raízes, pequenos animais. A arqueologia, por sua vez, admite que os primitivos habitantes da América do Sul se tenham concentrado, primeiramente, em certas áreas verdes das cabeceiras dos grandes rios, e só aos poucos povoaram o resto do continente sul-americano, à medida em que a floresta progredia pelas savanas e pelas margens fluviais. Este fato esclarece até certo ponto que os indígenas da América do Sul, em particular do Brasil, tenham formado desde tempos remotos grandes grupos lingüísticos distintos, pois os primitivos habitantes destas regiões tiveram de viver milênios segregados em suas ilhas verdes, criando costumes próprios. Esclarece igualmente o fato de nos últimos milênios se terem dado a uma grande movimentação pelo território brasileiro, a ponto de o grupo Tupi-Guarani, originário do território da atual Rondônia brasileira, se ter espalhado por todo o território brasileiro atual, desde o Estado do Rio Grande do Sul até o atual Amapá.

Acresce que o estudo da religião de nossos indígenas foi bastante descurado pelos sábios e mesmo frontalmente mal interpretado. Os antigos missionários católicos, no afã de reduzir os indígenas à fé cristã, interpretavam apressadamente as suas figuras míticas nos padrões da teologia católica, identificando, por exemplo, Tupã com Javé e Anhangá com o demônio. De sua parte, os antropólogos modernos, interpretam freqüentemente as crenças dos nossos indígenas dentro de padrões socioeconômicos atuais, que tira todo o sentido original da religião de nossos aborígines.

Os Sistemas Religiosos Indígenas

Desta forma, é muito difícil definir, como foi dito, o sistema religioso de nossos indígenas, e só muito por alto podemos enquadrá-lo nas formas estereotipadas de animismo, totemismo, xamanismo.  Preferimos, por isso, descrever os elementos religiosos que mais chamam a atenção dos estudiosos, sem lhes dar uma interpretação definitiva. No entanto, não podemos deixar de ressaltar os elementos xamãnicos, como a crença em um Ser Superior, de caráter celeste, em espíritos também celestes, que intervêm na vida dos homens e nas atividades do pajé, lembrando de perto as atividades do xamã siberiano (transes extáticos, invocação e domínio dos espíritos).

Os ritos são de tipo socioeconômico (ritos de caça, de pesca, de guerra), notando-se a ausência de um culto especifico a alguma figura divina, a não ser entre os Aruaque e Caraíba, talvez por influência de povos vizinhos, como os Chibcha, de cultura superior.

Resumindo, podemos dizer que os grupos indígenas, que povoaram o Brasil antes do advento dos portugueses, não chegaram a um conceito claro da divindade, menos ainda a cultuar publicamente um deus único, mas certamente tenderam a um monoteísmo implícito na figura de um Ser Superior.

A menor ou maior manifestação deste monoteísmo primitivo está condicionada ao sistema de vida que os diversos grupos tiveram de adotar conforme o ambiente em que viveram: a de simples colhedores, em plena floresta tropical; a de caçadores, nos cerrados; e a de incipiente agricultura nas regiões mais férteis.

A vida errante, a que foram compelidos pelas condições adversas do clima e pelas continuas lutas entre os grupos, impediram a elaboração mais refinada de suas crenças e o desenvolvimento de um culto específico.

 

Grupo Tupi-Guarani

Segundo uma lenda muito antiga, Tupi e Guarani eram dois irmãos que, viajando sobre o mar, chegaram ao Brasil e com seus filhos povoaram o nosso território; mas um papagaio falador fez nascer a discórdia entre as mulheres dos dois irmãos, donde surgiram a desavença e a separação, ficando Tupi na terra, enquanto Guarani e sua família emigraram para a região do Prata.

No entanto, a pesquisa científica afirma que o grupo Tupi-Guarani é originário da região hoje chamada de Rondônia, donde o ramo Guarani emigrou para o sul, penetrando no Paraguai, enquanto o ramo Tupi penetrava no Brasil, estendendo-se por todo o seu litoral, desde o Rio Grande do Sul até o atual território do Amapá.

Esta notável movimentação dos Tupi-Guarani prende-se à busca de uma espécie de Paraíso, onde os homens poderiam refugiar-se quando chegasse o fim do mundo, e que estaria colocado na direção leste, além do grande mar (Atlântico). Por isso, cada vez que a situação se tornava calamitosa, os Tupi, sob o comando de um pajé ou de um profeta, empreendiam a longa caminhada em busca da “terra-sem-mal”. O Mito, recolhido entre os Apapocuva, guaranis originários do Mato Grosso mas estabelecidos no Estado de São Paulo, diz o seguinte: Nyanderuvusu, “nosso pai grande”, ser principal da mitologia apapocuva, criou o mundo e a primeira mulher, Nyandesy, “nossa mãe”, que concebeu dois gêmeos, mas foi devorada por uma onça, que respeitou as duas crianças, Nanderykey e Tyvyry, identificados com o sol e a lua. Nyandesy sobrevive na “terra-sem-mal”, onde os homens vivem eternamente felizes. Pode-se pensar em uma influência da escatologia cristã, mas o mito motivou já antes da vinda dos portugueses as grandes emigrações do grupo Tupi-Guarani.

Como se vê neste mito, a concepção de um Ser Supremo não é muito clara, mas muitos outros mitos falam de um formador do mundo (da terra, do sol, da lua, dos homens, dos animais…) e fundador dos costumes humanos, de modo que não se pode duvidar da crença geral em um monoteísmo implícito. Muitas vezes o Ser Supremo dá existência, diretamente ou por meio de uma “Grande Mãe”, a dois gêmeos, que assumem as funções de “heróis civili- zadores”, identificados, como vimos acima, com o sol, a lua. Aliás, o solarização (fenômeno da identificação do Ser Supremo com o sol) é uma constante em toda a mitologia dos indígenas brasileiros.

Entre os Mundurucu, tupis do Tapajós, Caro Sacaibu é um deus criador onisciente e herói civilizador, pois ensinou aos homens a caça e a agricultura. Maltratado pelos mundurucu retirou-se ao mais alto do céu, onde se confunde com a cerração. No fim do mundo, queimará os homens no fogo. Mas é benévolo e atende as preces dos que a ele recorrem (antes da caça, da pesca, nas doenças). Castiga os maus e acolhe benignamente os bons.
Entre os Tupinambás (Estado da Bahia), Monan é um Ser Superior que criou o céu, a terra, os pássaros, os animais. Mas os homens mostraram-se maus e, por isso, Monan enviou Tatá (Tatá-manha = Mãe-Fogo) que consumiu tudo. Só se salvou Irin-Magé, que Monan tinha levado ao céu, e que se tornou o “herói civilizador” da nova geração de homens, com o nome de Maire-Monan, do qual descende Sumé, o grande pajé, que gerou os dois gêmeos Tamendonaré (Tamandaré) e Aricute, que se odiavam de morte, donde a constante rivalidade entre as duas tribos que deles descendem, Tupinambá e Tomimi.

Segundo Couto de Magaiháes (O Selvagem, 1874), os Tupi faziam descender de um Ser Superior antigo as três grandes divindades: Guaraci, o sol; Jaci, a lua; e Ruda, o amor. Guaraci criou os homens e dominava sobre as seguintes entidades sobrenaturais: Guairapuru,protetor dos pássaros; Anhangá protetor da caça dos campos; Caapora, protetor da caça da floresta. Jaci criou os vegetais e dominava sobre as seguintes entidades sobrenaturais: Saci Cererê, espírito zombeteiro; Mboitatá, a serpente de fogo; Urutau, pássaro de mau agouro; Curupira, guardião da floresta. De Ruda, guerreiro que reside nas nuvens, dependem Cairê, a lua cheia, e Catiti, a lua nova.

Infelizmente, os sábios deram em geral mais atenção aos costumes dramáticos dos indígenas do que aos seus ritos secretos, do que resulta conhecermos muito bem os costumes canibalescos dos Tupi, mas muito pouco as suas verdadeiras crenças religiosas.

No entanto, uma coisa é certa: Os Tupi-Guarani possuíam na figura do pajé um elemento religioso de primeira plana, como o xamã dos mongóis siberianos. Estruturalmente, o fenômeno é o mesmo: assim como o xamã siberiano, o pajé é ao mesmo tempo médico, sacerdote, psiquiatra, pois ele cura, dirige as preces, aconselha, empregando não só ervas medicinais como também o transe extático, no qual entra em contato com os espíritos em benefício de seus clientes. Notemos que o pajé não se deixa possuir dos espíritos, como no Candomblé africano, mas, como no xamanismo siberiano, apossa-se dos espíritos e às vezes sai em busca da alma do enfermo, que o abandonara, causando-lhe o estado doentio, para fazê-la retornar ao corpo e restituir-lhe a saúde.

Certamente, podemos encontrar entre os pajés a esperteza dos charlatães e a maldade dos feiticeiros, mas estes elementos são antes deturpações do verdadeiro significado da pajelança, pois esta tem por intento precípuo ajudar o indígena em suas aflições.
Outro elemento típico do xamanismo é a crença na “alma” humana, como entidade espiritual, a qual não se extingue com a morte corporal, mas, transformando-se em “anguera”, empreende uma longa viagem em busca da “terra-sem-mal”.

Afora os ritos de dança, que serviam para comemorar todos os acontecimentos sociais, como o casamento, a guerra, a morte, o que mais impressionou os antigos autores foi o “canibalismo ritual” dos Tupi-Guarani. Referimo-lo aqui para esclarecer que não se trata de um fenômeno religioso, como acontece entre os Astecas, mas de um rito puramente social, muitas vezes ligado ao rito da iniciação dos jovens guerreiros, os quais, sacrificando um prisioneiro, mostravam a sua maturidade tribal.

Aliás, alguém já sustentou que o canibalismo é um fenômeno socioeconômico, pois aparece sempre onde falta a caça abundante para suprir o grupo de proteínas. De fato, nas Américas o fenômeno está mais ou menos restrito aos Astecas, que não dispunham de grande caça, e aos Tupis, que se estendiam pelo litoral brasileiro.

Grupo Gé (Tapuias)

Outro grande grupo de indígenas do Brasil é o chamado grupo Gê, constituído pelos indígenas que habitavam o planalto brasileiro, desde o Estado de São Paulo até o Pará.  Culturalmente, era o mais atrasado, pois vivia da coleta de frutos, da pesca, da caça e só esporadicamente, por influência dos Tupi, praticavam uma agricultura de subsistência. Em conseqüência, os seus utensílios caseiros eram os mais primitivos e pobres.

O nome Gê quer dizer: chefe – pai – ascendente, enquanto o nome Oran, que também é dado a este grupo, significa: filho – descendente. Os Tupi chamavam-no de Tapuia, que quer dizer: inimigo.

Quanto à religião, podemos encontrar a idéia generalizada de um Ser Supremo, muitas vezes com características de herói civilizador, e não raro identificado com o sol.  Assim, os antigos Aimorés, estabelecidos no Estado do Espírito Santo, acreditavam no “pai de cabeça branca” (Yekankreen Yrung), que habitava no céu. Nunca fora visto, a não ser por alguns homens da era primitiva. Era benévolo e invocado pelo pajé em casos de doença e caristia com cantos e preces, intervindo nas coisas humanas por meio dos “maret” (espíritos), de que se achava cercado. Punia os maus, mandava a chuva, matava os inimigos com flechas, produzia as fases da lua etc.

Os Apinagé, do rio Tocantins, cultuavam o sol, que era objeto de preces e de danças nas ocasiões do plantio e da colheita. Era o autor da organização dual da tribo. Era representado pela forma circular com que a aldeia era construída, pela cor vermelha com que os guerreiros se pintavam. Ao lado do sol, estava a lua, e ambos criaram os antepassados dos Apinagé, mas em grupos separados, e por isso ao norte da vida ficavam os homens do sol e no sul os homens da lua. Também entre os Xavantes se encontra o culto do sol, que é chamado “nosso criador”. O mesmo entre os Canela e os Xerente.

São numerosos os mitos sobre o sol, a lua e o dilúvio, bem como a atividade dos irmãos gêmeos.

É geral, igualmente, a crença nas almas dos homens, dos animais, das plantas etc. As almas dos homens não sobem ao céu, depois da morte, mas vivem na terra, nos lugares em que os corpos foram enterrados, transformando-se em outros seres ou em fantasmas.

Os ritos são mais simples do que entre os Tupi, mas não faltam os ritos de passagem e os funerários.  Os pajés têm funções semelhantes como entre os Tupi, curando doenças com ervas, mas também com transes extáticos, nos quais vão em busca da alma que abandonou o enfermo.

Grupo Aruaque

 

Ao norte do Brasil, encontramos o grupo Aruaque (arwak), oriundo da Venezuela e das Guianas. Essencialmente agrícolas, atribui à lua, astro por excelência das culturas agrícolas, característica de força cósmica, impessoal, existindo antes de todas as coisas e manifestando-se por uma série de emanações. Na origem, porém, está o ar, que assopra nas nuvens provocando a chuva e fecundando a terra. Reina sobre os homens, punindo-os com os elementos desencadeados. Não é invocando pessoalmente, mas por meio dos seres intermediários: vento, fogo, terremoto, trovão… Assume vários nomes e mesmo funções diversas, segundo os vários povos do grupo aruaque. Nas margens do rio Negro, tem o nome de Poré; entre os Maipuri, chama-se Puramínari; entre os Waica, do curso superior do Orinoco, chama-se Omana etc. Entre os Pareci do Mato Grosso, tem o nome de Enoré e entre os Nambiquara, é o Trovão.

São numerosos os mitos que se referem aos elementos agrícolas, como o aparecimento da mandioca.

Mas o mito característico deste grupo é o do Jurupari (aruaque do rio Negro). Jurupari (nascido junto ao rio) foi concebido por uma mulher assexuada depois que ela tomou caxiri (licor de mandioca), e nasceu quando a mulher foi mordida por um peixe enquanto se banhava. Cresceu rapidamente e, adulto, convida todos a beber caxiri, mas como as mulheres não o quisessem preparar, amaldiçoou-as. E como os seus filhos tivessem comido do fruto da árvore uacu, que lhe era consagrada, devorou-os todos. Irritados, os homens aprisionaram-no e atearam-lhe fogo, mas das cinzas nasceu a palmeira paxiuba, de cujos ramos (seus ossos) os homens fizeram flautas, que não podem ser vistas pelas mulheres, sob pena de morte. Este mito tem importância capital nos ritos de iniciação e representa o domínio dos homens sobre as mulheres.

 

Grupo Caraíba

Os Caraíba estão estabelecidos no Estado do Pará à margem esquerda do Amazonas, com alguns grupos disseminados ao longo do rio Madeira (Arara) e outros nas cabeceiras dos rios Tapajós e Xingu (Nahuque e Bacairi).

Inserido no território dos Gê, existia ainda o grupo Pimenteira. O núcleo originário, porém, está nas Guianas e na Venezuela.  Adversários implacáveis dos Aruaque, os Caraíba adotaram, porém, muitos de seus costumes, inclusive a religião.

A idéia de um Ser Supremo é muito difusa entre os diversos povos deste grupo, com tendência ao henoteísmo, ou seja, ao culto de uma divindade determinada com sentido de único deus, sem descartar-se das outras divindades.

Entre os Arikens, do Pará, o Ser Supremo é Purá, identificado com o sol, enquanto o seu companheiro, Murá, se identifica com a lua. Ambos moram na montanha do céu, donde observam todas as coisas: não morrem, não envelhecem, não têm pais nem parentes. Purá criou os homens, esculpindo-os em madeira. Fê-los imortais, mas como não quiseram seguir suas ordens, foram consumidos por um incêndio, do qual só poucos escaparam. Sobre estes, Purá mandará no fim do mundo um incêndio total.

Para os Caraíba do Suriname (Guiana Holandesa), a divindade central é Amana, deusa-mãe, virgem, com cauda de serpente. É o símbolo do tempo e a raiz de todas as coisas: não nasceu, nem morre, porque se renova constantemente. Gerou dois gêmeos: um na aurora, Tamusi, e outro no crepúsculo, Yolokan-tamulu. Tamusi criou todas as coisas boas, é o antepassado dos Calma, mora na luz fria da lua, é o senhor do Paraíso, ao qual vão os bons, que, porém, não o poderão contemplar por causa de seu esplendor. Tamusi combate todas as forças negativas. Yolokan-tamulu (yolokan = natureza; tamulo = avô) é o senhor dos espíritos da natureza, criou a escuridão e o mal, mora no deserto do céu, em uma ilha chamada “país-sem-manhã”: não é propriamente o opositor do bem, mas a face destruidora da natureza.

Os Caraíba do rio Barama, ao norte das Guianas, crêem em um “deus ocioso”, cujo nome é ignorado. É o criador do universo, teve trato com os homens, mas depois afastou-se deles. Seu auxiliar, Komakoto, intervém no universo e nas coisas humanas.

Os Caraíba das nascentes do Xingu crêem no “senhor dos animais”, Kagatopuri, que é a mais sutil das almas humanas, a qual, separando-se do corpo pela morte, tornou-se um espírito (kadopa) e, depois de longa peregrinação, chegou à vila do herói civilizador Nakoeri, transformando-se então em “iamura” (verdadeiro senhor dos animais).

Os ritos agrícolas são numerosos: danças com sentido orgiástico, oferta de bebidas inebriantes (caxiri) etc. Há também ritos de caça, com danças de máscaras, que representam os espíritos dos animais.

Mas a figura central é o pajé, cuja função exige treinamento ascético, técnicas de êxtase, contato com o mundo celeste, conhecimento das ervas medicinais etc. Até o vôo extático, que é próprio do xamanismo siberiano, encontra-se na pajelança dos Caraíba.  Os mitos são também numerosos, principalmente com referência aos irmãos gêmeos, Keri e Kame, nomes de origem aruaque, significando sol e lua. São heróis civilizadores.

Mas o mito mais notável é o de Macunaíma, deus criador dos Macuxi, Arecuna, Acavais, da Venezuela. Macunaíma quer dizer, literalmente, “aquele que trabalha bem à noite”. Para vingar a mãe, morta por uma onça, mete-se em muitas aventuras, transformando-se em herói astuto e desinibido.

Afora estes quatro grandes grupos lingüísticos, há outros grupos menores, como os Borôro do Mato Grosso e os Caigangues do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os quais, porém, afinam mais ou menos pelas mesmas idéias religiosas e pelos mesmos ritos.

 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-religiao-dos-indios-brasileiros/

Perturbando os Mortos

Gilberto Antônio Silva

Escrevi esse artigo para nossa nova edição da revista eletrônica Daojia, sobre Taoismo. Mas devido ao teor da matéria e sua importância, achei por bem publicar aqui no portal em primeira mão.
Acredito que vivemos hoje uma preocupante crise de bom senso. E digo bom senso, mesmo, que não é questão de instrução nem “diplomas”, pois o bom senso nada mais é que uma maneira simples e objetiva de entender uma situação através de experiência e conhecimentos adquiridos.

Um cemitério sempre foi o lugar de “descanso dos mortos”, onde os falecidos encontram seu repouso eterno. Você já ouviu essas definições, sem dúvida. Cemitérios são lugares interessantes pela paz, pelo silêncio e por uma forte impressão de quietude. Quem consegue sentir as energias, o Qi do ambiente, percebe que ele é mais denso e pesado nestes locais e se move muito pouco, lentamente. É um local de quietude.

Para o Feng Shui tradicional chinês existem basicamente dois tipos de locais, chamados de “residências” (zhai): os Yin Zhai, que são locais de energia Yin, de repouso e contemplação, que incluem igrejas, templos e cemitérios, e os Yang Zhai, que possuem energia Yang, movimento, vida, e que são nossas residências familiares, comércio, indústria. Um contempla o Invisível, o Mistério, e o outro o mundo manifestado, a vida cotidiana e ativa das pessoas. Essa diferença é extremamente importante dentro do Feng Shui, que possui escolas especificas para cada tipo de residência e técnicas adequadas à configuração dos locais de acordo com sua utilização. Um Feng Shui para um túmulo é diferente do Feng Shui para sua casa, por exemplo.

Isso ocorre porque lidam com polaridades energéticas diferentes, uma o Yin (repouso) e outra o Yang (atividade). Seus objetivos também são diferentes: um busca estabelecer uma ligação entre nosso mundo manifestado e o Invisível, criando uma ponte de energia harmoniosa que permita haver uma interação benéfica entre os dois mundos; o outro procura harmonizar os fluxos de energia dinâmicos que permeiam nossas casas e nossas vidas em uma torrente de movimento e atividade.

Visitando o jazigo de meu pai há algum tempo, notei que havia uma quantidade exorbitante de cata-ventos colocados nos túmulos. O fato de ser um cemitério do tipo jardim, com vastos gramados, facilitava a colocação dos apetrechos pelos familiares. A geografia acidentada induzia ventos constantes que serviam de força motriz para os brinquedos, que giravam sem cessar em suas facetas multicoloridas. Um espetáculo bonito, se não estivessem em um cemitério. E isso se tornou algo muito comum, basta pesquisar “cata-ventos em cemitérios” no Google.
O Yin é caracterizado como repouso, concentração, imobilidade, alta densidade, enquanto o Yang aparece como movimento, dispersão, leveza. O que acontece quando se gera imobilidade em um ambiente Yang e movimento em um ambiente Yin?

No primeiro caso temos o que é chamado na Medicina Chinesa de “estagnação de Qi”. A energia não circula como deveria e isso gera um problema, seja em uma pessoa, seja em um imóvel. Uma das principais preocupações do Feng Shui é garantir um livre e harmonioso fluxo de Qi pelo imóvel, tanto interna quanto externamente. Qualquer obstrução ou impedimento nesse fluxo é caracterizado como problema e deve ser solucionado.

No segundo caso colocamos movimento e energia em um local onde deveria vigorar o repouso e a imobilidade. A consequência clara é a perturbação dessa energia Yin, que se agita e adquire características Yang, que não são adequadas.

Túmulos são elementos altamente importantes para os chineses. Sua harmonia ou desarmonia pode influenciar todas as gerações posteriores daquela família, por isso todo cuidado é pouco na sua elaboração. Na China continental, hoje, devido à população elevada, o governo tem como norma a cremação dos mortos para reduzir a enorme área destinada a cemitérios que seria necessária se todos fossem enterrados. Ocorre que as famílias precisam, por motivos culturais, enterrar seus mortos em túmulos regidos pelo Feng Shui para que suas futuras gerações tenham paz, harmonia e prosperidade. Com isso instituiu-se no sul da China, especialmente, um comércio clandestino de corpos. Pessoas sem parentes ou indigentes que morrem tem seus corpos vendidos para famílias que os repassam ao governo como se fossem os parentes falecidos, para cremação oficial, enquanto os verdadeiros corpos são enterrados em túmulos secretos, feitos de acordo com as regras tradicionais. Essa é a importância do túmulo para os chineses.

Voltando ao nosso problema, os túmulos aqui não possuem as mesmas necessidades que os chineses buscam, pois nossa cultura é diferente. No entanto, o aspecto de energia é o mesmo, pois independe de fatores culturais. E nossa tradição coloca os cemitérios como lugar de respeito, de repouso, de paz, o que mostra que a percepção energética de nossos antepassados era muito boa. Eles intuíam que é uma área de energia Yin que não deve ser perturbada.

Para bagunçar o Yin precisamos trazer aspectos Yang como movimento, ruído alto, cores vibrantes. Quase tudo que um inocente cata-vento fornece. Quando se colocam cata-ventos nos túmulos estão injetando energia Yang no campo de energia Yin e causando uma distorção. O movimento e as cores que irradiam alegria ao invés da muda contemplação perturbam a energia do local. Sabemos que existem vestígios energéticos dos falecidos sob vários aspectos e é necessária a tranquilidade do Yin para que se conclua esse trânsito entre as esferas. Quando você incute movimento, você atrapalha essa transição e coloca mais energia nos remanescentes energéticos que estão por ali, alimentando um estado que deveria se dissipar naturalmente. A rigor, se está perturbando os mortos.

Colocar cata-ventos nos túmulos é o equivalente a dar um show de rock no cemitério. Não seria estranho e desrespeitoso? Pense então que um show de rock duraria algumas horas e acabaria. Um cata-vento está lá, girando, 24 horas por dia, sete dias por semana. Desconheço a intenção precisa por detrás disso, se é justamente quebrar o clima de tristeza desse ambiente, mas é preciso manter separado o tratamento que damos aos mortos e o que fazemos por nós. A tristeza que nos invade nestes casos é fruto do apego e do egoísmo latente nos seres humanos e precisamos trabalhar isso usando ferramentas filosóficas e espirituais voltadas para nós. Não se resolve um cisco em nosso olho colocando colírio no olho do cara ao lado. Não se combate a tristeza pessoal pela perda de um ente querido “alegrando” o cemitério.

Acho que já está na hora de prestarmos mais atenção ao que fazemos e usarmos o bom senso como diretriz para nossas ações. Na dúvida recorremos à tradição, pois é um conhecimento passado através de gerações e que possui muito valor. Nem sempre o que é novo é necessariamente bom.
Que os que partiram encontrem seu descanso no intervalo de seu eterno caminhar e que os que ficaram possam respeitar mais as regras básicas do Universo e promover seu próprio autodesenvolvimento.

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Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Terapeuta e Jornalista. Como Taoista, atua amplamente na pesquisa e divulgação desta fantástica filosofia e cultura chinesa através de cursos, palestras e artigos. É autor de 14 livros, a maioria sobre cultura oriental e Taoismo, incluindo “Os Caminhos do Taoismo” e “Dominando o Feng Shui”. Sites: www.taoismo.org e www.laoshan.com.br

#Tao #taoísmo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/perturbando-os-mortos

O Quatro Estágios da Alquimia Chinesa

Excerto de Foundations of Internal Alchemy: The Taoist Practice of Neidan

Na tradição Zhong-Lü, a descrição da prática alquímica é geralmente dividida em quatro etapas:

(1) Lançar as bases;
(2) Refinar a Essência para transmutá-la em Respiração;
(3) Refinar a Respiração para transmutá-la em Espírito;
(4) Refinar o Espírito para retornar ao Vazio.

As principais características das quatro etapas são as seguintes:

1. “Lançar as bases” (zhuji)

A expressão “lançar as bases” é uma metáfora frequentemente usada nos textos alquímicos chineses. Para construir uma casa, é preciso primeiro lançar as fundações. Somente quando as fundações estão estáveis e firmes é possível colocar pilares e vigas no lugar e dispor tijolos e telhas.

A prática alquímica, no entanto, está preocupada com o corpo humano. No estágio inicial do processo Neidan, portanto, deve-se primeiro repor os constituintes básicos do corpo, para que estejam em conformidade com os requisitos da prática. Só então é possível empreender as etapas do refinamento alquímico propriamente dito. Até que os constituintes básicos não estejam de acordo com esses requisitos, as funções do corpo devem ser restauradas e aumentadas por meio de práticas internas, para que a Essência, o Sopro e o Espírito possam atingir um estado de abundância. Tudo isso pertence ao estágio de “lançar as fundações”.

O Taoísmo considera a Essência, o Sopro e o Espírito os principais componentes da vida, e os textos alquímicos os chamam de Três Tesouros (sanbao). Se os Três Tesouros são saudáveis ​​e florescentes, o corpo é forte; se forem drenados e esgotados, desenvolvem-se doenças. Quando os textos alquímicos falam em refinar o Elixir, na verdade querem dizer refinar os Três Tesouros. Chen Zhixu (1290-ca. 1368) diz em seu Jindan dayao (Grandes Fundamentos do Elixir Dourado):

Essência, Sopro e Espírito afetam um ao outro. Quando seguem o curso, formam o ser humano; quando invertem o curso, formam o Elixir. Qual é o significado de “seguir o curso” (shun)? “O Um gera o Dois, o Dois gera o Três, o Três gera as dez mil coisas.” Portanto, o Vazio se transmuta em Espírito, o Espírito se transmuta em Sopro, o Sopro se transmuta em Essência, a Essência se transmuta em forma, e a forma se torna o ser humano. Qual é o significado de “inverter o curso” (ni)? As dez mil coisas retêm o Três, o Três volta ao Dois, o Dois volta ao Um. Aqueles que conhecem este Caminho cuidam de seu Espírito e guardam sua forma corpórea. Eles nutrem a forma corpórea para refinar a Essência, acumulam a Essência para transmutá-la em Respiração, refinam a Respiração para fundi-la com o Espírito e refinam o Espírito para reverter ao Vazio. Então o Elixir Dourado pode ser alcançado.

Em seu comentário ao Despertar para a Realidade, Weng Baoguang escreve:

A Essência pode gerar o Sopro, e o Sopro pode gerar o Espírito; para se fortalecer e se proteger, nada é mais importante do que isso. Aqueles que se dedicam a Nutrir a Vida (yangsheng) valorizam em primeiro lugar sua Essência. Se a Essência está cheia, a Respiração é forte; se a Respiração é forte, o Espírito floresce; se o Espírito floresce, o corpo é saudável e há poucas doenças. Internamente, as cinco vísceras florescem; externamente, a pele fica lisa. A tez da pessoa é luminosa, e as orelhas e os olhos são aguçados e brilhantes.

Nas duas passagens citadas acima, Chen Zhixu explica a Essência, a Respiração e o Espírito em termos de sua sequência em “seguir o curso” e “inverter o curso”. Weng Baoguang, em vez disso, explica como os componentes básicos da existência. Mas além dessas diferenças, na etapa de “lançar as bases” há sempre duas tarefas: a primeira é preservar o estado de Essência e Respiração; o segundo é reabastecer sua transação. Quando a Essência é abundante, quando a Respiração é plena e quando o Espírito está florescendo, esta etapa da prática está completa.

2. “Refinar a Essência para transmutá-la em Respiração” (lianjing huaqi)

No caminho ascendente três pontos são difíceis de superar. Os textos alquímicos os chamam de “barreiras” (ou “passagens”, guan). A “barreira inicial” (chuguan) é a do cultivo interior. Neste estágio, Essência Original, Sopro Original e Espírito Original coagulam-se entre si e formam um Sopro feito da união de Essência e Sopro. Este estágio também é chamado de Composição do Grande Remédio (zuo dayao).

3. “Refinar a Respiração para transmutá-la em Espírito” (lianqi huashen)

É a “barreira intermediária” (zhongguan) do cultivo interior. A Grande Medicina coagula com o Espírito Original, e eles formam um Espírito feito da união das Três Origens. Este estágio também é chamado de Composição do Elixir (zuodan).

4. “Refinar o Espírito para retornar ao Vazio” (lianshen huanxu)

É a “barreira superior” (shangguan) do cultivo interior. Ao refinar o Espírito, alcança-se o Vazio e o Não-Ser (xuwu). Este é o estado mais elevado.

O caminho cíclico para refinar o Elixir é resumido pela expressão “três Campos na frente, três Barreiras atrás”. A subida na parte de trás é chamada de “avanço do Fogo Yang” (jin yanghuo), a descida na frente é chamada de “retirada pela resposta Yin” (tui yinfu). No estágio de “lançamento das fundações”, um ciclo completo é chamado de “limpeza dos vasos de Função e Controle”; após a formação da Medicina, passa a se chamar Circuito Celestial Menor. O Huanyuan pian (Revertendo à Origem), escrito pelo discípulo de Zhang Boduan, Shi Tai (?-1158), diz:

A Abertura é a Barreira Misteriosa,
As Três Barreiras são o caminho essencial.
De repente, um movimento suave começa,
e a Água Divina flui espontaneamente.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/o-quatro-estagios-da-alquimia-chinesa/

Ge Hong

gehong

Por Gilberto Antônio Silva

Vida

Muito do que se sabe de sua vida provém de uma autobiografia na qual revela descender de uma longa linhagem de intelectuais e pessoas ligadas à corte imperial por ao menos dez gerações. Seu pai, Ge Ti, era um intelectual que ascendeu a altos postos, incluindo governador de província. Na infância Ge Hong não gostava de brincar como as outras crianças, nem se interessava por estudos mais sérios. Apenas depois da morte do pai, quando contava 12 anos, começou a se interessar pelos clássicos confucionistas. A partir dos 14 anos começou a ampliar suas leituras e a compor poesia e textos curtos, sob a tutela de Zheng Yin, um intelectual com mais de 80 anos que dominava os clássicos, a música e artes divinatórias e alquimia. Ele também recebeu de seu tutor três escrituras da tradição taoista da Suprema Pureza (Taiqing), uma importante ramificação taoista do norte da China e pouco conhecida no local onde morava, além de conhecimentos-chave transmitidos por via oral. Esses conhecimentos mais profundos e fechados foram passados a Ge Hong principalmente pelo fato de seu tutor manter estreitas relações com sua família, tendo sido discípulo de seu tio-avô, Ge Xuan.

Aos 20 anos começou a carreira pública pelo serviço militar, tendo estado em combate algumas vezes contra rebeldes. Vencidos os rebeldes ele deu baixa no serviço de forma honrosa e foi à capital, Luoyang, em busca de livros raros. Por volta de 306, prestou serviços para Ji Han, então Inspetor Regional de Guangzhou e autor de obras sobre medicamentos e fármacos. O serviço durou pouco pois Ji Han foi morto quando ia assumir novo posto.

Desempregado, Ge Hong viveu oito anos como recluso no Monte Luofu, voltando para sua província natal em 314. A temporada em Luofu foi muito proveitosa, pois travou amizade com Bao Jing, um alto funcionário governamental e estudioso de artes esotéricas que lhe ensinou medicina e artes alquímicas, tendo casado sua filha com Ge Hong. Também nesse período Ge Hong escreveu profusamente e, embora muito desse trabalho tenha se perdido, foi a época em que escreveu Baopuzi e o Shenxian zhuan, duas de suas principais obras.

De volta à sua terra natal foi conselheiro do Primeiro-ministro Sima Rui até 316. Depois de revoltas internas, Sima Rui se autoproclamou Imperador Yuan, iniciando a Dinastia Jin do Leste (317-420). Ge Hong serviu em vários postos administrativos até 331, quando aos 49 anos pediu para ser designado para Julou, atual Vietnã. Lá ele esperava encontrar materiais e substâncias para seus experimentos alquímicos. Começou a mudança com toda a sua família mas foi impedido por um governador que não desejava que saísse do território do império Jin. Ge Hong acabou por se instalar novamente no Monte Luofu, dando por encerrada sua vida administrativa. A partir desse instante, por volta de 339, ele se dedicou integralmente aos estudos, pesquisas alquímicas e escritos. Em 343 Ge Hong morre no Monte Luofu. Posteriormente a região ficou conhecida pela influência taoista e diversas escolas importantes como a tradição Quanzhen estabeleceram sua sede naquele local.

Obra

Uma de suas obras mais importantes é Shenxian Zhuan (“Biografias dos Imortais Divinos”), com forte orientação taoista. Junto com seu Yin Yi Zhuan (“Biografias de Reclusos”), representam as mais importantes obras biográficas de mestres e reclusos taoistas, usadas como fonte histórica até hoje.

Mas o que é considerado sua obra principal é o Baopuzi (“O Mestre que Abraça a Simplicidade”), escrito em 70 capítulos divididos em “Capítulos Internos” (Nei Pian) versando sobre filosofia, alquimia e transcendência e “Capítulos Externos” (Wai Pian), versando sobre crítica literária e social. Os capítulos internos são mais esotéricos e tratam de imortalidade, transcendência, alquimia, elixir, meditação, daoyin (qigong) e demonologia. Os capítulos externos são exotéricos e lidam com coisas do cotidiano como literatura, a Escola Legalista, política e sociedade, tendo um viés mais confucionista. Embora sejam publicados geralmente juntos, muitos consideram as duas partes como independentes e estudiosos tendem a considerar como Baopuzi apenas os capítulos internos. Ge Hong relaciona o Tao como o Mistério e o livro insiste na necessidade de se ter um Mestre adequado (“Mestre Iluminado”, em suas palavras) para se progredir rumo à imortalidade. Nele Laozi é colocado como o fundador do Taoismo.

Seu livro de medicina mais conhecido é o Zhouhou Beijifang (“Manual de Prescrições para Emergências”), que norteou a pesquisa da Dra. Tu. Foi a primeira obra na história a documentar a varíola (posteriormente os chineses criaram uma vacina) e o tifo, além de disenteria, malária e cólera, desenvolvendo métodos de prevenção e cuidados especiais incluindo a quarentena para os infectados.

Outras obras de medicina são Zhou hou jiu zu Fang (“Precrições para Resgatar Moribundos depois da Leitura do Pulso”), Yu han fang (“Prescrições da Caixa de Jade”), Jin gui (Receitas do Armário Dourado).

Legado

Acredita-se que sua obra tenha influenciado de maneira consistente a Tradição Taoista Lingbao (Tesouro Luminoso), que pregava que o adepto não tinha apenas que cultivar a si mesmo de modo a alcançar a imortalidade (o Tao), mas deveria ajudar as outras pessoas a obtê-lo também. Essa tradição afirmava que suas escrituras foram concebidas por Ge Xuan, sobrinho-neto de Ge Hong, e compiladas por Ge Chaofu (outro membro da família de Ge Hong) durante o período entre 397–402. Essa escola fez uma síntese das principais correntes taoistas de seu tempo, incorporando elementos das tradições Zhengyi e Shangqing, além do Budismo. Causou grande impacto na formalização dos rituais taoistas, enfatizando a prática litúrgica especialmente nos Ritos de Purificação (zhai) e nos Ritos de Oferenda (jiao), também conhecidos como Rituais de Renovação Cósmica. Os rituais taoistas seriam formas de se harmonizar o mundo humano com o invisível. O Taoismo Lingbao acabou por ser totalmente absorvido pelas tradições Zhengyi e Quanzhen, desaparecendo como linhagem autônoma mas deixando uma forte influência nestas escolas.

Ge Hong fez importante aproximação entre Taoismo, Confucionismo e Legalismo. Ensinou que os conhecimentos do mundo e os transcendentais são ambos importantes para o aperfeiçoamento humano até atingir a imortalidade.

Seus trabalhos médicos são, ainda hoje, matéria de estudo nas universidades chinesas.

*** Artigo publicado na primeira edição da revista Daojia, a primeira revista brasileira sobre Taoismo e suas técnicas. Baixe gratuitamente seu exemplar em nosso site: www.laoshan.com.br

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Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Terapeuta e Jornalista. Como Taoista, atua amplamente na pesquisa e divulgação desta fantástica cultura chinesa através de cursos, palestras e artigos. É autor de 14 livros, a maioria sobre cultura oriental e Taoismo. Sites: www.taoismo.org e www.laoshan.com.br

#Tao #taoísmo

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Doenças confundidas com casos de vampirismo

As mais recentes bobagens famosas faladas a respeito da origem científica da lenda foram que poderia ter se originado da raiva comum transmitida por morcegos. A imagem ao lado ilustra um caso de Porfídia, por exemplo quando conseguir parar de olhar para ele continue lendo.

Anemia: Derivada da palavra grega para “ausência de sangue”, a anemia é uma doença do sangue na qual a contagem de célula vermelha e anormalmente baixa. As células vermelhas são transportadoras do oxigênio pelo corpo. Quando uma pessoa sofre de anemia, seus sintomas são causados pela oxigenação inadequada… Estes sintomas podem incluir:

  • Um complexo pálido
  • Fadiga
  • Desmaios
  • Falta de ar
  • Desordens digestivas

Há três principais causas de anemia: doença, hereditariedade e severa perda de sangue… no decorrer dos tempos, uma pessoa que sofre destes sintomas pode ter estado sob suspeita de um ataque vampírico. Mais uma vez, mitos servem para se adaptar as necessidades de quem acredita. Embora a vitima possa ter contraído a doença ou simplesmente ter herdado a desordem sangüínea, a sociedade teria achado fácil acreditar que os sintomas resultaram de um ataque vampírico. Com certeza estes sintomas podem ter sugerido aos nossos ancestrais que a vitima estava começando a sua própria transição para se transformar em um vampiro, marcado com um complexo pálido
e falta de apetite.

Catalepsia: A catalepsia é uma desordem do sistema nervoso que causa uma forma de animação suspensa. Isto causa a perda de movimentos voluntários, uma rigidez aos músculos, tão bem quanto uma sensibilidade diminuída das sensações de dor e calor. Uma pessoa que sofre de catalepsia pode ver ou ouvir mas não se mexer. A respiração, pulso e outras funções reguladoras são diminuídas a ponto de que para os olhos não treinados, pareceria que a pessoa está morta. esta condição pode durar de minutos a dias. Antes que a medicina do século 20 chegasse, havia alguns poucos diagnósticos que poderiam ser feito em um corpo para assegurar-se que ele estava realmente
morto e assim é possível e muito provável que pessoas sofrendo de catalepsia pudessem ter sido declaradas como mortas prematuramente. Embalsamar um cadáver antes deste ser enterrado também é uma idéia do século 20, então é bem provável que estes corpos foram declarados mortos e enterrados enquanto a pessoa ainda estivesse viva. Ao recobrar-se de seu estado de catalepsia, a pessoa tentaria cavar para a superfície. Muitos mitos podem Ter surgido desta condição por si só.

Porfíria: De todas as desordens, mesmo das que não estão ligadas ao vampirismo, a mais bizarra deve ser a porfíria. é uma doença sangüínea hereditária rara; seus sintomas são muito amplamente associados com nossa concepção moderna de vampirismo. Uma vítima da porfíria não produz heme, um componente vital e mais importante do sangue (vermelho). Hoje esta doença é tratada com injeções regulares de hemácias no corpo. Contudo, cerca de 50 anos atrás, este tratamento não estava disponível e a doença desconhecida. No passado, a vitima da porfíria mostraria sintomas que incluem:

  • Extrema sensibilidade a luz solar, dores e cicatrizes que surgiriam e não sarariam completamente.
  • Excessivo crescimento de cabelo.
  • Esticamento da pele ao redor dos lábios e gengivas (que faria com que os caninos ficassem mais saltados)

 

Esta doença provavelmente causaria com que a vitima só saísse à noite, para evitar os doloridos raios do sol. Em adição, enquanto o alho estimula a produção de hemácias em uma pessoa normal, ele apenas faria com que os sintomas da porfíria aumentassem e fosse mais severamente dolorido. A porfíria foi descartada pelos cientistas como uma explicação razoável para o mito do vampiro que está na nossa historia. Embora os contos vampíricos do passado contêm pouca semelhança com a figura que de imediato romantizamos hoje, estas qualidades podem ter contribuído para que prestássemos atenção ao vampiro no filme e na ficção: pele pálida; caninos saltados e até o medo do sol.

Raiva: Saint Paul – Minnesota — A lenda dos vampiros que mordem suas vitimas e sugam seu sangue pode ter se desenvolvido de homens com raiva por volta do 18º século. (Raiva – transmitida pelos animais). Assim diz um neurologista Espanhol, escrevendo no artigo de Neurologia no mês de Setembro, o periódico científico da Academia Americana de Neurologia. O vírus da raiva, que afeta o cérebro através do sistema nervoso periférico, é fatal quando não tratado e é geralmente transmitido pela mordida de um animal. Muitas das características atribuídas aos vampiros também aparecem em pessoas com raiva, de acordo com Juan GUmez- Alonso (sic), MD (Master Doctor), do Hospital Xeral em Virgo, Espanha. Vampiros são geralmente tidos como machos, a raiva é 7 vezes mais comum em homens. Alguns homens com raiva têm a tendência de morder outras pessoas. Além disso outros aspecos são singulares:

Uma aversão a alho e espelho: Homens com raiva se tornam hipersensitivo a estimulação, e reagem aos estímulos tais como a água, luz, odores ou espelhos com espasmos dos músculos facial e vocal que podem causar um som rouco, dentes expostos e um líquido branco na boca, de líquidos naturais do corpo.

A noite procura por conquistas: homens com raiva desenvolvem insônia e a tendência a vaguear. Eles também se tornam hipersexual, uma vez que a doença afeta o sistema límbico do cérebro, que regula emoções e comportamento.

Outros aspectos da lenda vampírica podem também ser explicados: A transformação em morcegos ou outros animais – o vírus da raiva pode afetar animais tais como os morcegos, cachorros e lobos da mesma forma como afeta aos humanos. “Seria concebível que homens e animais com ferocidade similares e comportamento bizarro possam ter sido vistos como tais seres malignos”, disse Gumes-Alonso. Aparição de cadáveres na vida real, após a morte – no começo do século 18, cadáveres eram geralmente exumados para determinar se a pessoa morta era um vampiro. Sinais de vampirismo eram aparições em vida e sangue fluindo da boca. Mortes pela raiva podem deixar o sangue liquefeito for um bom tempo após a morte, e cadáveres podem ter sangue saindo de suas bocas. Enterro em um lugar frio e úmido (tal como a região das Balcãs na Europa Oriental) pode conservar qualquer cadáver por meses ou anos.

Origem da lenda

Uma epidemia muito grande de raiva em cachorros, lobos e outros animais foi registrado na Hungria por volta de 1721 – 1728, local e tempo onde o vampirismo começou. Gumez-Alonso diz que outros tentaram explicar a lenda dos vampiros com teorias de esquizofrenia, má interpretação da aparência dos cadáveres ou apenas superstição.

“A conecção com a raiva é a explicação mais compreensiva, especialmente dada à coincidência no tempo e as similaridades marcantes entre as duas condições”, ele disse. O neurologista sempre pensou que vampiros fossem personagens fictícios. “Então um dia eu vi um filme do Drácula”, ele disse. “Eu fiquei surpreso quando um apresentador disse que as estórias de vampiro haviam sido historicamente documentadas. Eu assisti ao filme, mais como um doutor do que como um expectador e fiquei impressionado por algumas similaridades óbvias entre vampiros e o que acontece na raiva, tais como a agressividade e hipersexualidade. Tão logo o filme terminou, eu corri para meus livros e fiquei sabendo que 25% dos homens com raiva tinham a tendência de morder outros, e que pacientes com raiva geralmente não suportavam espelhos ou certos cheiros de certas substâncias.”

Gumez-Alonso decidiu devotar sua tese a este tópico. “Esta pesquisa mostra-nos que as vezes algumas coisas que são aparentemente bizarras e sem sentido podem ter uma explicação lógica”, ele disse. “Isso também nos lembra que o sistema límbico, ou a ‘brutalidade, parte animal de nosso cérebro’, tem um papel importante no nosso comportamento, e violência ou comportamento sexual diferente pode ser facilmente mal interpretado e ser o resultado de uma desordem no sistema límbico.”
Época 28 de Setembro, 1998

Quem mordeu Drácula?

A origem da lenda dos vampiros recebeu explicação num artigo da publicação científica Neurology. O autor, o espanhol Juan Gomez-Alonso, sustenta que os vampiros eram, na verdade, pessoas vitimadas pela raiva animal. Segundo Alonso, 25% dos doentes reagem dando mordidas e a maioria deles sofre de hipersensibilidade, que poderia causar a aversão à luz dos vampiros. “A doença afeta regiões do cérebro ligado ao comportamento sexual e ao sono”, diz Alonso. “Isso explica a atividade sexual intensa e a vida noturna dos vampiros”

Não confie em nenhuma dessas explicações.

Shirlei Massapust com [Tradução de Ricardo de Lima]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/doencas-confundidas-com-casos-de-vampirismo/

Macacos Cirurgiões e Metalurgicos

A “idade da pedra antiga” ou paleolítica indica aproximadamente o décimo milênio antes de nossa era. O Grande Atlas Mundial do Reader’s Digest, composto com a colaboração de todas as grandes Escolas, das Academias e dos  Serviços Oficiais do mundo inteiro e também da UNESCO , publica à pág. 148:

“O período paleolítico  superior perdura mais ou menos de 35.000 a 8.000 anos antes de nossa era. . . Seguem o mesolítico e o neolítico . . . os machados são de pedra polida . . . Na Europa ocidental a idade do bronze se localiza em volta de 2.500 anos, a idade do bronze por volta de 2.000 anos atrás . O uso do ferro começou com os hititas, aproximadamente 1.500 anos antes de Cristo.

Vocês entenderam direito: os autores das Vedas, os linguistas , os literatos do sanscrito indo-europeu , os construtores dos templos antigos do Egito , os escultores das pedras de Palenque no México e da Porta do Sol na Bolivia , não conheciam o ferro , nem o bronze , nem o cobre!

Eles construiram as pirâmides , cortaram as pedras de Abydos , de carnac e de Luxor com buris e martelos de madeira ou pedra ! Os homens vestidos, gravados nos seixos de Lussac-les-Chateaux , não conheciam o ferro nem em forma de meteoros , e os pintores dos afrescos de Montignac-Lascaux também partilhavam da mesma ignorância!

Há coisas mais estranhas ainda:  os inúmeros povos da Ásia  e da Europa , de Lepenski-Vur e de Chatal-Huyuk , os do norte da Europa , em cujos túmulos foram encontrados objetos de bronze , de ouro e de cobre . . . sim, é isso mesmo! Esses produtores de objetos de bronze de 10.000 anos atrás desconheciam o bronze! Quem disser o contrário, quem mostrar o que é evidente , não passa de um herege!

Mas em se falando de Ancestrais Superiores, o amago do problema é a controvertida origem do homem.

—    Descendemos de macacos , ou pelo menos de animais parecidos ao gibão e ao orangotango. . . isso é que nos ensina nossa pré-história oficial!

Então , o homem descende do macaco? Vamos admitir essa hipótese: e nossa história ficaria parada por uma consideração pouco agradável e que não traria outro beneficio a não ser o de comprovar a teoria darwiniana a respeito da evolução . Por outro lado , uma segunda hipotese muito mais plausivel e muito mais edificante leva-nos a acreditar que o homem terrestre teve Ancestrais Superiores. Nesse caso , a aventura humana torna-se prodigiosa, fecunda , exaltadora!

Descobertas perigosas poderiam explicar a “punição” do Diluvio, a perda do “Paraiso terrestre” e amultidão de tradições distorcidas mas assim mesmo vivas que chegaram até nós. Assim poderiam também ser explicadas os vestigios de civilizações desconhecidas que nos deixam perplexos  e as invenções , as sábias idéias de nossos antepassados egípcios, gregos, hindus , incas e mexicanos.

Não temos o direito de eliminar essa tese na pesquisa de nossa gênese , porque somente ela leva ao passado fantástico e, sem duvida , à verdade.

Foi realmente fantástico esse passado que foi o presente de nossos Antepassados Superiores. 100.000 anos atrás eles faziam transplantes de coração da mesma forma que nossos melhores cirurgiões , aliás melhor do que ele, pois os transplantes eram coroados de exito!

—    Isso é impossivel, dirão os “pré-historiadores”! 100.000 anos atrás estavamos na época do Pitecantropo ( de 100.000 a 500.000 anos ) ou do homem de Mauer, ou então no início do homem de Neandertal!

Será possivel imaginar uma criatura parecida com um macaco , que mal consegue cortar o quartzo  , praticando a mais dificil operação cirúrgica em um corpo humano?

Durante uma exploração na äsia Central, em 1969, o professor soviético Leonidof Marmadjaidjan , que estava dirigindo os trabalhos de um grupos de pesquisadores das universidades de Leningrado e de Achkhabad , descobriu uma necrópole dentrode uma caverna. Abriram uma vala comum que continha trinta esqueletos em perfeito estado de conservação e que, tão logo o grupo chegou em Achkhabad , foram submetidos a testes de radiocarbono.

O carbono 14 acusou uma idade superior a 20.000 anos ( O carbono 14 pode datar fósseis até 10.000 anos ; além disso torna-se inexato).

Análises mais apuradas levaram à conclusão científica de que os esqueletos tinham aproximadamente 100.000 anos . Além disso, apresentavam curiosas marcas de operações no toráx; por causa de sua antiguidade e importancia da descoberta, os cientistas soviéticos começaram a fazer apurados exames osteológicos. Os ossos de nossos antepassados de 100 milenios atrás foram examinados um a um e o resultado do estudo foi publicado com o seguinte titulo:

RELATÓRIO DA EXPEDIÇÃO CIENTIFICA MARMADJAIDJAN NA ASIA CENTRAL SOVIÉTICA EM 1969, PATROCINADA PELA SOCIEDADE UNINAL ( sic! ) DE ANTROPOLOGIA DO TURQUE MENISTÃO.”

Com o benefício de tal sociedade o relatório , em fins de novembro de 1969 , foi enviado à Academia de Ciencia da URSS. O rela’torio especificava que oito dos esqueletos em questão apresentavam sinais de graves lesões ósseas , acontecidas quando os individuos ainda estavam vivos.

Essas lesões pareciam provocadas por lutas contra animais ( ursos, panteras, tigres da Sibéria? ) porque a superfice de alguns ossos trazia claramente marcas de garras. Outros ossos tinham lesões muito profundas provocadas pelas mordidas de feras com presas poderosas. Um dos esqueletos apresentava um “recorte do centro do lugar entalhado por uma trepanação”. A coisa mais estranha porém, é que foram encontrados vestígios de uma intervenção cirúrgica nos ossos em volta da cavidade torácica.

No lado esquerdo dos esqueltos foram encontrados cortes feitos nas costelas por meio de uma pedra afiada ou de outra forma. Um estudo aprofundado das partes operadas permitiu chegar à conclusão de que após a resecção das costelas a abertura fora aumentada por meio de dilatação , para facilitar uma intervenção ciriurgica. Os ossos afetados estavam cobertos de periósteo ( a membrana fibrosa que envolve os ossos e favorece a calcificação) e os cientistas de Achkhabad e Leningrado chegaram à seguinte conclusão : A importante intervenção cirúrgica tivera pleno exito, o paciente sarou e viveu mais três ou cinco anos, como é dado a ver pela espessura do periósteo.

Constataram mais um fato importante : as costelas seccionadas são exatamente aquelas que correspondem à janela cardíaca praticada em nossos dias pelos émulos do Dr. Barnard! Antes disso já tinham sido observadas intervenções praticadas , nos ossos das caixas torácicas de esqueletos encontrados no Oriente Médio ( Palestina, Síria, Irã ) cuja idade fora estimada em 50.000 anos. ( Numa capela da catedral de Valencia ( Espanha ) um retábulo esculpido do século XIV mostra um transplante de perna. O doador é um negro, o receptor um nobre branco. O cirurgião segura o membro que acaba de amputar.)

A mesma coisa foi observada nos restos de uma mulher jovem, em Eyzies , na França . A moça vivera no paleolítico superior, mas as pesquisas foram feitas em fragmentos ósseos , e as conclusões portanto não ultrapassaram a fase das hipoteses.

A descoberta dos  cientistas soviéticos serve para refutar os céticos alunos do finado abade Breuil que afirmava que os homens da pré-história não passavam de seres rústicos e animalescos. De fato, os homens de Neardental que 100.000 anos atrás conseguiram fazer transplantes de coração com pleno sucesso , tinham conhecimentos científicos extraordinariamente desenvolvidos.

Um papiro em idioma copto na biblioteca de Alexandria no Egito, reproduz um texto mais antigo que relata  de que forma sarou um soldado atingido por uma lança no coração.

O homem estava prestando serviço na guarda do rei quando foi atingido.

O faraó que o protegia pediu aos seus médicos que o salvassem. O papiro descreve a operação e explica que o cirurgião foi inspirado a substituir o coração do soldado pelo coração de um jovem touro Ápis. O papiro termina dizendo que a operação teve exito pleno .(Nota do autor : Recebemos a informação do prof. Todericiu. Apesar de todos os nossos esforços não coseguimos indicações certas a respeito do documento. Poderia ser o papiro Ebers, que é um tratado sobre o coração. Os egipcios possuiam uma medicina muito avançada, especializada em afecções das vias respiratórias , do aparelho digestivo, das vias urinárias e da cabeça. Utilizavam supositórios , lavagens e laxantes. Os dentistas obturavam dentes, os oculistas tratavam com sucesso o tracoma, as cataratas e a hemeralopia. O papiro Edwyn Smith prova que os cirurgiões da época dos faraós praticavam a cirurgia óssea em bases cientificas. Hipócrates e galieno não negaram que uma parte de seus conhecimentos vinha de trabalhos por eles consultados no templo de Imhotep , em Memphis.)

É possivel que esse transplante de coração nos tempos dos faraós da mesma forma que a dos homens de Neandertal , foi
possivelmente excepcional e praticado por Estranhos em nosso Planeta.

Se ele aconteceu durante o reino do rei Djéser (III.ª Dinastia ) , quando ainda vivia o sábio e divino Imhotep , poderíamos observar que naquela época , mais ou menos 5.000 anos atrás, os “Iniciadores Venusianos” operavam milagres também na Assiria-Babilonia, na Fenícia e entre os Incas e os Maias.

Nesse sentido, os Ancestrais Superiores , responsáveis pelos transplantes de coração , não poderiam ser autóctones terrestres.  .  .

Qualquer que seja a verdade, apenas mencionada de leve por um pequeno número de homens , os fatos  históricos provam que homens muito evoluidos chegaram à Terra em tempos passados para ensinar aos nossos ancestrais. As escrituras sagradas de todos os povos falam na vinda de Estrangeiros, anjos ou cosmonautas, e as tradições afirmam que eles eram Venusianos.

Cerca de 5.000 anos atrás os Iniciadores fizeram desabrochar a civilização dos maias no México. O mesmo fenomeno aconteceu com os incas no Peru, com os assírios-babilonicos , os fenicios  e os persas.

É impossivel explicar a súbita explosão das respectivas civilizações desses povos sem essa ajuda , e todas as civilizações foram colocadas sob o signo de Venus , com “deuses”, ou seja seres superiores , chamados venusianos : Quetzalcoatl, Orejona, Viracocha , Ishtar , Astarte , Anaita.

Há 10.000 anos atrás um milagre da mesma espécie iniciava a civilização egipcia  com “reis divinos, vindos do céu”. Tudo é um ciclo e tudo começa de novo. Os homens da Terra estão se apontando para se tornar também Iniciadores e “deuses” de algum longinquo planeta. Estaria perfeitamente na linha da ordem universal que, num futuro próximo, outros Extraterrestres viessem ao nosso globo para dar nos uma confirmação fantástica e tranquilizadora de nossa tese.

Os “pré-historiadores” clássicos , e por isso caducos, refutam essa visão profética e a tacham de fantasia. Mas para nós, que ousamos nos intitular homens do amanhã , a pré-história clássica não passa de uma péssima novela, adulterada e tola, inacreditável porque mentirosa.

Extraído ( não cirurgicamente ) do livro  O Mundo dos Livros Esquecidos de Robert Charroux  –  Editora Hemus –  1975

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/macacos-cirurgioes-e-metalurgicos/

O Manuscrito de Mathers

O manuscrito Mathers, como a Steganographie e o manuscrito Voynich, está em código. Mas tem o bom gosto de estar em código de dupla transposição relativamente simples, o que permitiu us decifração rapidamente. Vi muitas folhas dessa decifração que me pareceu correta. Essa decifração mostra a aventura oculta mais extraordinária de nossa época, a da Ordem Golden Dawn.

Mostra, também, a redação de um conjunto de documentos mágicos, logo malditos, que, pelo que sei, nunca foi publicado, mas que já provocou muitas catástrofes.

Comecemos do início.

Um clérigo inglês, Rev. A. F. A. Woodford, passeava em Londres, ao longo da Farrington Street. Entrou na loja de um vendedor de livros de ocasião e aí encontrou manuscritos cifrados e uma carta em alemão. Isto se passou em 1880. O Rev. Woodford começou lendo a carta em alemão. Essa carta dizia que aquele que decifrasse o manuscrito podia comunicar-se com a sociedade secreta alemã Sapiens Donabitur Astris (S. D. A.), através de uma mulher, Anna Sprengel. Outras informações lhe seriam, então, comunicadas se ele fosse digno delas.

O Rev. Woodford, maçon e Rosa-Cruz, falou de sua descoberta a dois de seus amigos, o Dr. Woodman e o Dr. Winn Westcott, todos os dois eruditos eminentes e, além do mais, cabalistas. Ocupavam postos elevados na maçonaria. O Dr. Winn Westcott era “coroner”, posto jurídico muito conhecido dos leitores de romances policiais ingleses. Um “coroner” desempenha ao mesmo tempo o cargo de médico legista e de juiz de instrução. Em caso de morte suspeita, reunia um júri que pronunciava um veredicto, podendo, eventualmente, haver intervenção da justiça e da polícia. Um desses seus veredictos foi célebre no século XIX; o júri concluíra que um desconhecido encontrado morto num parque londrino havia sido assassinado “por pessoas ou coisas desconhecidas”. Seria bom poder afirmar que foi o Dr. Westcott quem redigiu esse veredicto, e de forma verdadeiramente estranha. Não podemos, no entanto, provar, isso, mas veremos, mais tarde, que o Dr. Westcott perdeu seu posto em circunstâncias singulares.

Em todo caso, Woodman e Westcott ouviram falar da Sapiens Donabitur Astris. Trata-se de uma sociedade secreta alemã composta sobretudo de alquimistas. Essa sociedade, graças aos medicamentos de alquimia, salvou a vida de Goethe que os médicos comuns haviam desistido de curar.

O fato é perfeitamente conhecido e a Universidade de Oxford publicou um livro: “Goethe, o Alquimista”. A SDA parece existir ainda em nossos dias; estava ligada aos “círculos cósmicos” organizados por Stephan George, que combateram Hitler. O Conde von Stauffenberg, organizador do atentado de 20 de julho de 1944, fazia parte desses círculos cósmicos. O último representante conhecido da SDA foi o Barão Alexander von Bernus, morto recentemente.

Westcott e Woodman decifraram facilmente o manuscrito e escreveram à Anna Sprengel. Receberam instruções para prosseguir nos trabalhos. Foram auxiliados por um outro maçon, um personagem indeterminado, de nome Samuel Liddell Mathers, casado com a irmã de Henri Bérgson. Era um homem de cultura espantosa, mas de idéias muito vagas. Redigiu o conjunto inédito dos “rituais Mathers”. Tais rituais se compõem de extratos do documento alemão original, de outros documentos de posse de Mathers, e mensagens recebidas pela Srª Mathers, pela clarividência. O conjunto foi submetido à SDA na Alemanha que autorizou o pequeno grupo inglês a fundar uma sociedade oculta exterior, isto é, aberta. A sociedade chamou-se Order of the Golden Dawn in the Outher: Ordem da Aurora Dourada no Exterior. Em 1º de março de 1888, essa autorização foi dada a Woodman, Mac Gregor Mathers e ao Dr. Westcott. Samuel Liddell Mathers acrescenta ao seu nome o título de Conde de mac Gregor, e anuncia que é a reencarnação de uma boa meia dúzia de nobres e de magos escoceses.

Em 1889, o nascimento dessa sociedade foi anunciado oficialmente. É interessante notar que foi a única vez no século XIX, assim como no século XX, que uma autoridade esotérica qualificada, a SDA, dá uma autorização para fundar uma sociedade exterior. Tal autorização nunca foi dada novamente, e não aconselho ninguém a lançar uma sociedade desse gênero sem autorização: isto seria atrair os mais sérios inimigos.

Após a morte, ao que tudo indica natural, do Dr. Woodman, a Ordem foi dirigida por Westcott e Mathers. Em 1897, Wescott teve a infelicidade de esquecer, dentro de um táxi, documentos internos sobre a Ordem. Tais documentos acabaram na polícia que não achou recomendável um “coroner” se ocupara de tais atividades, pois poderia ficar tentado a utilizar os cadáveres que são postos à sua disposição, para operações de necromancia. Westcott demitiu-se da Ordem, achando isto preferível.

A sociedade começou a se desenvolver e atraiu homens de inteligência e cultura indiscutíveis. Citemos Yeats, que deveria obter o prêmio Nobel de Literatura, Arthur Machen, Algernon Blackwood, Sax Rohmer, o historiador A. E. Waite, a célebre atriz Florence Farr e outros. Os melhores espíritos da época, na Inglaterra, faziam parte da Golden Dawn. O centro ficava em Londres. Seu chefe, o Imperador, era W. B. Yeats.

Havia outros centros na província inglesa, e em Paris, onde Mathers passa a residir, de preferência.

A ordem tem dois níveis:

– O primeiro, dividido em nove degraus, onde se ensina;

– O segundo, sem degraus nem graus, onde se pesquisa.

O ensinamento diz respeito à linguagem enoquiana de John Dee, cuja tradução é dada desde o primeiro grau do primeiro nível. Infelizmente, tais traduções foram destruídas ou escondidas. Não resta senão textos em enoquiano, particularmente um texto que permite ficar invisível: “Ol sonuf vaorsag goho iad balt, lonsh calz vonpho. Sobra Z-ol ror I ta nazps”. Isto não se parece com nenhuma língua conhecida. Parece que se recita corretamente tal ritual, é-se envolto por uma elipsóide de invisibilidade a uma distância média de 45 centímetros do corpo. Não vejo objeção.

O ensinamento era em língua enoquiana; sobre alquimia, e sobretudo sobre a dominação de si mesmo.

Desde o segundo degrau do primeiro nível, o candidato era tratado de maneira a eliminar todos os seus males mentais e todas as suas fraquezas. Conhecem-se cinqüenta tratamentos desse tipo que parecem ter bons efeitos.

Durante cinco ou seis anos, a Ordem deu satisfações a todo mundo, e todos que dela participavam dizem que mentalmente ficaram enriquecidos. Depois Mathers se pôs a fazer das suas. Em 29 de outubro de 1896, publicou um manifesto afirmando que existia um terceiro nível na Ordem. O terceiro nível era, segundo ele, constituído de seres sobre-humanos, dos quais dizia:

“Creio, no que me concerne, que eles são humanos e que vivem nesta terra. Mas possuem espantosos poderes sobre-humanos. Quando os encontro em lugares freqüentados, nada em suas aparências ou vestimentas os separa do homem comum, salvo a sensação de saúde transcendente e de vigor físico.

Em outros termos, a aparência física que deve dar, segundo a tradição, a posse do elixir da longa vida. Ao contrário, quando os encontro em lugares inacessíveis ao exterior, trajam roupas simbólicas e as insígnias de suas ordens.”

Evidentemente, pode-se pensar diversamente quanto ao conteúdo desse manifesto, e perceber a loucura de Mathers, mas é preciso pensar que ele talvez não estivesse mentindo. Tudo o que se pode dizer é que seria muito melhor que ele se calasse. De um lado, foi a partir daí sujeito a uma perseguição que o conduziu à morte em 1917. De outro lado, seu manifesto atraiu pessoas pouco recomendáveis à sociedade, como o célebre Aleister Crowley.

Personagem sinistro e sem dúvida megalomaníaco, em todo caso, delirante, Crowley apareceu um belo dia de 1900 na Loja de Londres. Trazia uma máscara negra e um costume escocês. Declarou ser enviado de Mathers, designado para dirigir a Loja de Londres. A reação foi violenta. Yeats, Imperador da Loja, depôs Mathers e expulsou Crowley. A. E. Waite pôs em dúvida a existência do terceiro nível e de superiores desconhecidos.

Em 1903, Waite e um certo número de amigos demitiram-se e constituíram uma outra ordem chamada igualmente Golden Dawn. Essa ordem se manteve até 1915, depois desapareceu. O restante dos membros da Golden Dawn continuaram até 1915, depois Yeats, Arthur Manchen e Winn Westcott se demitiram.

A ordem continuou bem ou mal sob a direção de um tal Dr. Felkin, depois caiu no esquecimento e se extinguiu. Assim terminou o que Yeats chamara de “a primeira revolta da alma contra o intelecto, mas não a última”. Parece que Mathers retirou o conjunto de rituais que permitiram reproduzir certos fenômenos. Todas as tentativas para publicá-los foram interrompidas, pois os manuscritos pegavam fogo ou ele mesmo caía doente. Morreu em 1917 completamente alquebrado. Alguns dizem que Crowley foi seu principal perseguidor, mas Crowley pareceu, com efeito, ser apenas um megalomaníaco bem pouco perigoso.

Se o conjunto de rituais de Mathers desapareceu, um certo número de rituais ou de trabalhos feitos pela Golden Dawn foi publicado. Notadamente, em quatro volumes, nos Estados Unidos, pelo Dr. Israel Regardie, e no início do ano de 1971, “The Golden Dawn its inner teachings” de R. G. Torrens BA (editor Neville Spearman, Londres).

Esse último livro tem a dupla vantagem de ser escrito de maneira racional e de dar, ao fim de cada capítulo – e ele tem quarenta e oito – uma biblioteca breve e precisa.

Por outro lado, possui-se muitos testemunhos sobre a Golden Dawn.

É possível chegar à uma conclusão. O que choca, desde logo, é um notável nível de inteligência e cultura da maioria de seus participantes. A Golden Dawn contava não somente com grandes escritores, mas também com físicos, matemáticos, peritos militares, médicos. O que é certo é que todos os que passaram pela experiência da Golden Dawn de lá saíram enriquecidos. Todos insistiram sobre o embelezamento de suas vidas, nova plenitude, senso e beleza que a Golden Dawn lhes deu.

Gustav Meyrinck escreveu: “Sabemos que existe um despertar do eu imortal.”

Parece certo que a Golden Dawn sabia provocar esse despertar, e que ela realizara esse sonho eterno dos alquimistas, dos gnósticos, dos cabalistas e dos Rosa-Cruzes, para citar apenas algumas direções de procura: a transmutação do próprio homem.

Qualquer que seja o ceticismo que se possa manifestar a respeito da magia – e meu ceticismo pessoal é bastante considerável – não resta dúvida de que a Golden Dawn chegou a uma experiência mágica melhor do que qualquer outra na história da humanidade, de nosso conhecimento. Não somente logrou conseguí-la, mas ainda foi capaz de ensiná-la.

Durante milênios o homem sonhou um estado de consciência mais desperto que seu próprio despertar. A Golden Dawn chegou a isso. O que parece não tão certo, mas pelo menos provável, foi que a Golden Dawn chegou a traduzir o alfabeto enoquiano de John Dee, e que seus dirigentes leram a obra de John Dee, a de Trithème e, talvez, o manuscrito Voynich, se é que possuíam uma cópia. Isto não é de todo impossível, pois John Dee fez muitas.

Isto admitido, a questão evidente é saber-se porque um tal acúmulo de conhecimentos e de poder não chegou a constituir uma verdadeira central de energia, uma cidadela fulgurante que teria dominado o século XX. É certo que a Golden Dawn suscitou hostilidades, mas é certo também que ela se decompôs internamente antes de sua destruição externa.

Quis-se atirar a responsabilidade dessa destruição sobre Aleister Crowley. Que este pretenso mágico era um louco varrido, é indiscutível. Além de sua loucura, que era constituída por um tipo clássico de delírio sexual, Crowley tinha o dom extraordinário de meter-se em histórias incríveis. Durante a Primeira Guerra Mundial, colocou-se ao lado da Alemanha, denunciando, violentamente, a Inglaterra. Alguns pretendem que foi ele quem, através de informações fornecidas aos serviços secretos alemães, permitiu que um submarino colhesse o transatlântico Lusitânia, cujo torpedeamento fez com que os Estados Unidos entrassem na guerra. Crowley teve um certo número de inimigo nos Estados Unidos e partiu para Sicília, onde criou uma abadia em Cefalu (atualmente, tal lugar é uma vila do clube Mediterrâneo).

Um incidente deplorável aconteceu na abadia de Crowley. Um poeta oxfordiano, chamado Raul Loveday, bebeu, durante uma cerimônia de missa negra, o sangue de um gato, e morreu instantaneamente, o que não estava previsto. Sua viúva fez um escândalo, e sob pressão da imprensa Crowley foi expulso da Sicília em 1923.

Em seguida, viveu na Inglaterra onde tentou processar a imprensa por difamação. Os juízes decidiram que Crowley era o personagem mais detestável, que jamais haviam encontrado antes, e recusaram conceder-lhe um centavo sequer de perdas e danos morais. Caiu, em seguida, numa miséria profunda, para morrer numa pensão de família, em Hastings, em 1947. a impressão que se depreende de sua vida e obra, é a de um infeliz que poderia perfeitamente receber cuidados, e não a de um personagem perigoso. Crowley não era, aliás, o único escroque nas mãos dos quais Mathers caiu.

Por volta de 1900, foi vítima de uma dupla chamada Horos, que se dizia representante de Superiores desconhecidos, e que foi condenada, no ano seguinte, como escroques, simplesmente. A Golden Dawn foi, então, bastante mencionada na imprensa, e isto deve ter provocado certas demissões.

A imprensa ocupou-se, igualmente, da Golden Dawn em 1910, quando Mathers tentou impedir a saída do jornal de Crowley, Equinox, que publicava, sem autorização, rituais da Golden Dawn. Um tribunal inglês decidiu sobre o caso e o número do jornal apareceu.

O que, evidentemente, não melhorou o prestígio de Mathers; numerosos foram os que observaram que se Mathers realmente tinha poderes, poderia exterminar Crowley, ou que se Crowley os tivesse, poderia exterminar Mathers. Conhecem-se, aliás, muitos exemplos modernos de duelos de feiticeiros que não dão, geralmente, bons resultados. É certo que a ingenuidade de Mathers o prejudicou, mas não parece ser essa a causa principal do declínio da Golden Dawn.

Segundo o que pude recolher, a partir de fontes pessoais, o exercício de um certo número de poderes, e notadamente da clarividência, tornou-se uma verdadeira droga para os membros da Ordem, e desde 1905 toda espécie de pesquisa havia cessado. Parece-me que é nisto que devemos buscar a causa do mau êxito dessa aventura que poderia ter sido mais extraordinária ainda do que foi.

As diversas sociedades secundárias fundadas por dissidentes, sem autorização, como a Stella Matutina, fundada pelo Dr. Felkin, a Sociedade da Luz Interior, fundada pelo escritor Dion Fortune, pseudônimo de Mme. Violette Firth, não parecem ter prosperado.

Essa última sociedade ainda existe ainda, e Mme. Firth escreveu novelas e romances muito interessantes.

Para ser mais completo, é necessário dizer que a Golden Dawn tinha elementos cristãos em seus seio, pertencentes à Igreja Católica anglicana, notadamente o grande escritor Charles Williams, autor de “A guerra do Graal”, e o místico Evelyn Underhill.

Certos documentos da Golden Dawn dizem respeito ao esoterismo cristão e são considerados, por especialistas no campo, como extremamente sérios.

Restam, de outro lado, as obras místicas ou traduções de Mathers: A Kabala (1889), Salomão, o Rei (1889), A Magia Sagrada de Abramelin (1898). Este último livro é tradução de um manuscrito que Mathers encontrou na Biblioteca do Arsenal, verdadeira mina de documentos estranhos. Um texto bastante completo foi editado recentemente em Paris, por volta de 1962.

Temos à nossa disposição uma quantidade de elementos muito interessantes, mas o que nos falta é o ritual completo de Mathers. Esse ritual devia ser o cômputo dos livros malditos, resumindo a maior parte desses livros e abrindo as portas a todos os fatos extraordinários. Que Mathers realizou, dessa forma, uma espécie de consciência superior que ele interpretou como um contato com Superiores desconhecidos não me parece absurdo. Que tenha havido perseguição a Mathers, também não é tão espantoso.

Entretanto, toda essa história se passa em nossa época, e Mathers dispunha da fotografia. Não é impossível que tenha tirado um bom número de fotos e que elas não tenham sido todas destruídas. Em 1967, pensou-se ter achado os rituais do Mathers. Naquele ano, uma colina às margens do Canal da Mancha deslizou, minada pelas águas, e objetos provindo da Golden Dawn, que aí haviam sido enterrados, foram tragados pelo mar. Infelizmente, o exame desses objetos provou que se tratava de instrumentos de trabalho e textos de lições, assim como notas tomadas ao curso de exposições. Nenhum documento vinha de Mathers.

Discutiram-se muito as influências que se exerceram nas redações de diversos cursos da Golden Dawn. Notamos, já, influências cristãs. Encontra-se, também, e sem dúvida introduzidas por Yeats, idéias de Blake. Encontra-se grande número de referências à Kabala, que provém visivelmente dos estudos de Mathers.

O que não se encontra é a tradução da língua enoquiana em linguagem corrente e sua aplicação às experiências. O termo enoquiano, ele próprio, é curioso. Os diversos Livros de Enoch são relativamente recentes e contam as viagens miraculosas do profeta Enoch a outros planetas, e mesmo a outros universos. Encontram-se edições que datam de 1883 e 1896.

A linguagem enoquiana de John Dee é uma outra história. Dee conhecia a lenda de Enoch, levado a outros planetas por uma criatura luminosa, e deu o nome de linguagem enoquiana à linguagem da criatura luminosa que lhe apareceu. Mas não existe o Livro de Enoch contemporâneo à Bíblia, como certos ingênuos crêem. Não há razões sérias para se crer que os dois livros de Enoch datem dos gnósticos. Mesmo em estado de manuscrito, não aparece antes do século XVIII.

Algumas testemunhas sobreviventes da Golden Dawn contam, com relação à linguagem enoquiana, coisas muito curiosas que não se é obrigado a crer. Falam, por exemplo, de um jogo, As Peças de Xadrez Enoquianas, um jogo semelhante ao xadrez, mas onde as peças assemelhavam-se aos deuses egípcios. Jogava-se com um adversário invisível, as peças colocadas numa metade do tabuleiro especial, movimentando-se sozinhas.

Mesmo que se descrevesse tal experiência como um tipo de escrita automática ou de telecinesia, ela tem uma certa beleza poética. Tudo nos faz lamentar ainda mais a desaparição dos rituais Mathers.

Tudo o que se pode esperar é que a desaparição não seja definitiva. Se Mathers tomou suas precauções, deve ter dissimulado em Londres ou em Paris jogos de fotografias que, um dia, reaparecerão. A menos que a misteriosa sociedade alemã SDA não se manifeste.

Alexandre Von Bernus, na Alquimia e Medicina, parece indicar que essa sociedade não está morta. Tal era, igualmente, a opinião de meu falecido amigo Henri Hunwald, que era o homem da Europa que conhecia melhor esse tipo de problema. Talvez um dia, uma nova autorização para fundar uma sociedade exterior seja dada.

por Jacques Bergier

Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/o-manuscrito-de-mathers/

O Panteão Taoista

   por Guilherme Korte

O Taoismo teve início no século II baseado nas religiões indígenas, e sua ideologia deriva de antigas tradições, incluindo Huang-Lao, uma tradição cultural batizada depois de Hunag Di, O Imperador Amarelo, e Lao Tzu, e seguida por seus fiéis durante a dinastia Han do oeste (206 a.C. – 24 d.C.).

Durante as dinastias Tang (618 – 907) e Song (960-1279), devido ao apoio de seus imperadores, o Taoismo entrou em um período de pleno desenvolvimento e se converteu em uma importante religião na China, somente menor que o Budismo. Lao Tzu, o fundador da escola de Taoismo, no começo da dinastia Qin, é venerado como seu fundador, e a idéia do Caminho (Dao ou Tao), que se preconiza no livro “Tao te Ching”, é a base da religião. Crendo que o Caminho é a origem do universo e criador de todos os seres vivos. Os taoistas adoram toda a vida no universo e todas as coisas criadas pela natureza. Também crêem que o homem pode alcançar a imortalidade e converter-se em um ser celeste (“xian”) mediante a prática da austeridade.

No século 12, o Taoismo dividiu-se em duas seitas: O taoismo Chuan-chen e o Taoismo Cheng-I. Os seguidores do Taoismo Chuan-chen abandonam suas famílias e vivem em templos. Tornam-se vegetarianos e praticam a austeridade tendo em vista a imortalidade. Outros, seguidores do Taoismo Cheng-I, viveram perto de suas famílias e não deixaram de comer carne e como ideal, ajudavam outras pessoas a conseguir fortuna e evitar seus males.

De acordo com o Taoismo, os deuses atuam como administradores e controlam cada coisa no Universo. Entre muitos deuses venerados pelos taoistas, estão o Deus de Origem Primitiva, o Deus da Pedra Sagrada, e o Deus do Caminho da Energia (Lao Tzu)

Muitos dos templos taoistas foram construídos em montanhas donde, segundo a tradição, nasceram os seres celestiais ou se transformaram em imortais, os antigos taoistas que haviam praticado a austeridade física, mental e espiritual.

Os Três Puros

Dentre os imortais se destacam Fu Xing, Lu Xing e Shou Xing, os 3 deuses que representam respectivamente a prosperidade, sucesso e longevidade.

Fu Xing: O deus da felicidade, da sorte e das oportunidades. Acredita-se que tenha sido um personagem histórico do século VI chamado Yang Chang, que foi deificado em Daoxian, na província de Hunan, da qual era governador. Após sua morte, por ser muito bem quisto pela população, erigiu-se um templo em sua homenagem. Sua figura aparece muitas vezes nas portas, para trazer a felicidade e a sorte. Apresenta-se em geral com um chapéu de abas largas e portando um pergaminho enrolado. Muitas vezes aparece carregando uma ou mais crianças, símbolo de felicidade na China Antiga.

Lu Xing: Conhecido como o deus da prosperidade, que traz a felicidade na forma de aumentos salariais ou promoções. O personagem histórico ligado a ele é um estudioso do século II a.C. chamado Shi Fen. Ele era um alto funcionário imperial e predileto do próprio imperador, o que colocou sua família em um alto nível social e financeiro. Aparece geralmente vestido com trajes nobres e pode carregar um lingote de ouro.

Shou Xing: Também chamado de Nanji Laoren (“Velho Homem do Polo Sul”). Muito reverenciado como o deus da longevidade. Em geral carrega um pêssego, pois a palavra “pêssego” em chinês tem o mesmo som de “longevidade” – “shou”. É retratado muitas vezes acompanhado de uma garça ou tartaruga, símbolos de longevidade. Traz um cajado feito de madeira de pessegueiro (o fruto da imortalidade) e uma cabaça, que está cheia com o elixir da imortalidade. Muitas vezes é denominado como “Shou Xi”, onde “xi” significa “felicidade” e passa a representar a “longevidade feliz”. É o símbolo de nosso site principal, Longevidade.

Os Oito Imortais

Os Oito Imortais são outro grupo destes lendários xian. Estes são frequentemente chamados por invocações taistas em busca de proteção ou para destruição do mal. A maioria deles teria nascido na dinastia Tang ou Song e além de serem reverenciados pelos taoístas também são um elemento popular na cultura secular chinesa. Dizem que vivem em um grupo de cinco ilhas no Mar de Bohai, que inclui o Monte Penglai. Os Oito Imortais são:

  • He Xiangu (He Xiangu), geralmente vista como a única mulher do grupo, muitas vezes retratada segurando uma flor de lótus.
  • Cao Guojiu (赵国ujiu), relacionado a um imperador da dinastia Song antes de se tornar um imortal.
  • Li Tieguai (李馬國), considerado mentalmente ébrio e associado à medicina e aliviando o sofrimento dos doentes e necessitados, identificado por sua muleta de ferro e garrafa de cabaça.
  • Lan Caihe, um imortal de gênero ambíguo considerado o patrono dos floristas e dos jardineiros.
  • Lü Dongbin, um estudioso e poeta considerado o líder dos Oito Imortais.
  • Han Xiangzi, um flautista e patrono das artes e inspirações.
  • Zhang Guolao, um fangshi associado à velhice, sabedoria e longevidade.
  • Zhongli Quan, associado à morte e ao poder de criar prata e ouro e portanto a prosperidade muitas vezes representado segurando um leque.

Em resumo o panteão taoista é composto por seres humanos que se tornaram imortais seguindo o Tao. Existem muitos outros, como o famoso Kuan Ti (ou Guan Yu), cujas façanhas e qualidades morais foram celebradas no Romance dos Três Reinos.

Taoismo Hoje

Atualmente existem mais de 1600 templos taoistas aonde vivem 25 mil sacerdotes. A Organização Taoista da China, estabelecida em 1957, em Beijing, é uma organização nacional, com Ming Zhiting como presidente. Para levar adiante e divulgar a cultura taoista, a associação publicou dezenas de obras clássicas taoistas e compilou mais de 30 livros sobre o Taoismo e uma série de livro sobre a cultura taoista. Publicam ainda uma revista bimestral, “O Taoismo da China”, distribuída no interior e enviada ao exterior. A Academia Chinesa de Taoismo, fundada em 1990, oferece cursos aos jovens interessados sobre as investigações e estudos taoistas. Milhares de estudantes graduaram na academia desde seu estabelecimento. Os taoistas chineses sempre mantêm estreitos contatos com os taoistas em todas as partes do mundo. A Associação Taoista da China, também é membro da União de Proteção Religiosa e Ambiental.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/o-panteao-taoista/