Hipótese de Sekhmet: Onde Estão os Hippies Quando Precisamos Deles

Bem vindos ao passado

Em 1610, logo após observar o sol através de seu recém inventado telescópio, Galileu Galilei fez as primeiras observações européias sobre as manchas solares. Desde 1749, as médias mensais dos números de manchas solares tiradas nos mostram que o número de manchas visíveis na superfície do sol aumenta e diminui em ciclos de aproximadamente 11 anos.

Bem vindos ao presente.

Não precisamos de uma bola de cristal para saber que algo vem acontecendo com a cultura jovem ocidental desde os embalos dos anos 1960. Antes deste período os jovens tinham que obedecer a 3 regras básicas:

1- Ficar de boca fechada;
2- Obedecer cegamente a líderes religiosos e governamentais;
3- Adotar uma aparência extremamente discreta e nacionalista (caso já imagine suásticas troque esse adjetivo por “patriótica”)

A partir da metade da década de 1960 houve uma espécie de reviravolta, a cultura jovem passou a rejeitar a grande massa, valores antiquados e se viam como parte de uma nova comunidade global. Algumas pessoas cultas, como o sociólogo Marshall McLuhan, sugeriram que isso aconteceu porque essa juventude foi criada, desde o nascimento, pelos aparelhos de televisão. Na década anterior, os distantes anos 1950, os adolescentes encontraram liberdade e uma forma de se rebelar ouvindo rock ‘n’ roll, mas vamos encarar, assim que Elvis se alistou no exército ele deixou claro que a cultura que estava representando ainda estava sob a tutela do governo patriarcal. E então surgiu a geração Beat, mas para a sociedade de forma geral, esse sempre foi um movimento quase que exclusivamente underground.

Outros movimentos surgiram e desapareceram como os Mods e os motoqueiros Rockers londrinos mas foi apenas em 1967 que o primeiro arquétipo global de uma natureza forte e atávica emergiu da cena Beat underground.

Esse arquétipo foi o da Criança Flor, ou como ficou mundialmente conhecido: o Hippie. Danças como o Monkey Jive eram um guia visual que mostrava de maneira clara a mutação do puro e cru rock ‘n’ roll para um tipo de ânimo baseado na psicodelia gentil. Diferente de outros movimentos jovens do passado a cultura Hippie tranformou completamente a sociedade ocidental, anunciando uma era de alegria, otimismo e expensão da mente.

Onze anos depois do surgimento, ou emersão se preferir, social das Crianças Flor surgiu a próxima corrente atavística jovem, o Punk explodiu no mainstream social em 1977. A espansão da mente da última parte da década de 1960 foi substituída por um sentimento de contração da mente, separatismo e  um ódio e apatia destrutivos, tudo isso celebrado de forma muito divertida e prazeirosa. O prazer de compartilhar a mente foi substituído pela repulsão súbita de cuspir a mente. Algumas pessoas, como John Peel, se referiram a esse novo movimento como uma possível reação contra os Hippies, os anti-corpos sociais para sanar a doença do paz e amor; outras afirmaram que o Punk era a polaridade inversa que complementava a doçura e gentileza das Crianças Flor, algo que seria não apenas natural, mas obrigatório aparecer como forma de equilíbrio.

Visualmente o espírito do tempo foi encapsulado por um tipo diferente de dança, o “ataque epilético”. Adolescentes se jogavam no chão e convulsionavam em espasmos acompanhando o ritmo da música. As pessoas que testemunhavam isso sentiam estar presenciando algo que ia muito além de uma simples modinha ou movimento. A postura do “luto de morte” – onde a pessoa se encolhia de maneira convulsiva – havia substituído a postura sexual e extática dos Hippies. Essa mudança possuia similaridades com os sentimentos expressos em nível pessoal quando defrontados com os extremos emocionais da vida. Quando nos apaixonamos nós erradiamos uma grande quantidade de alegria e otimismo e sentimos alegria em compartilhar isso com o resto do mundo, quando nós somos afligidos pela perda de um ente querido, tendemos a nos encurvar quando nos sentamos, ou nos enrolar como fetos e ficar chorando, deitados. O sentido de tempo celebrado por cada uma dessas culturas jovens também se relacionava com o espírito sentido na esfera pessoal: eterno, relaxado, expansivo quando apaixonado; acelerado, comprimido quando aflito ou quando nos deparamos com nossa morte evidente.

Assim como a cultura Punk começou a se desenvolver de forma cada vez mais acelerada, o gentil e suave Reggae fou complementado com o surgimento do Rap nervoso (desenvolvido de forma pioneira pela retórica rápida e esbaforida de Muhammad Ali), que curiosamente também desenvolveu de forma separada uma versão do “ataque epilético” junto com o break, uma dança constritiva e espiralada. Assim que a cultura Punk-Rap estava a pleno vapor, algumas pessoas começaram a levantar algumas questões, a maior delas sendo: poderia haver alguma razão por trás dessa ação combinada e recíproca de jovens celebrando um otimismo dócil, expansivo e construtivo, e então celebrarem o pessimismo a contração e a destruição?

Muitos tentaram responder isso de maneira sociológica, cultural, criativa, evolutiva. Mas nenhuma das respostas foi muito interessante, isso até Peter Carroll decidir se dedicar um pouco à questão. Carroll sugeriu que esse afluente cultural global estava se tornando receptivo, e assim influenciado, pelo ciclo de 11-22 anos de nosso astro local. Para muitos isso foi como ver no meio de uma festa de aniversário infantil um velho tio bêbado e um velho professor italiano se beijarem de maneira não tão púdica – um acontecimento óbvio, mas dificil de ser digerido, por mais aberta que seja sua mente.

Peter Carroll sugeriu que o movimento psicodélico que surgiu na segunda parte da década de 1960 aconteceu junto com o pico de atividade de manchas solares, que também ocorreu na segunda metade dos anos 1960. A celebração complementar de pessimismo ocorreu onze anos depois, a partir de 1977. Deste padrão Peter deduziu que conforme nos aproximássemos de outro pico de atividade solar, no fim de 1989, um novo ânimo, ou estado de espírito iria se expressar de forma social em 1988. Essas previsões foram feitas no início da década de 1980 em seu livro Psychonaut, muitos antigos Hippies leram o livro de Carroll e se pegaram aguardando maravilhados… enquanto muitos céticos apenas torceram o nariz e aguardaram por quase dez anos, preparados para rir de todos e preencher o mundo com suas teorias cínicas sobre como o mundo realmente funciona. Quem de fato acreditaria que o ciclo de manchas solares teria algo a ver com o comportamente cultural e musical dos mamíferos deste planeta? É de se admirar que depois de Newton, Darwin, Freud e outros as pessoas ainda dêem atenção a esse tipo de propaganda pseudo científica.

É claro que na vida nem tudo acontece como esperamos que aconteça e mesmo idéias que se baseiam em fatos aparentemente sólidos acabam indo por água abaixo, e foi isso o que aconteceu quando em 1988 a cultura Rave emergiu do underground. O novo movimento jovem chegou mesmo a desenvolver sua própria droga: Ecstasy, a primeira droga desenvolvida de natureza empática. E junto com essa nova leva jovem o slogam Paz e Amor estava de volta, exatamente como Carroll havia predito.

Se fôssemos extrapolar a premissa de Carroll, poderíamos esperar então uma nova celebração saudável de pessimismo e contração da mente para o ano de 1999. E de fato esta complementação surgiu, mas permaneceu underground. O que teria acontecido?

O novo ícone cultural revolucionário surgiu com a combinação do movimento NU Metal, que fundia influências do grunge e do metal alternativo com o rap e os vários subgêneros do heavy metal, e que começava a deixar o underground e a despontar em grandes festivais como o Ozzyfest, e da estética cultural e filosófica exposta no filme Matrix. Grant Morrison apontou que a nova juventude desejava absorver a cultura do filme, com seu imperialismo, sobretudos e visão niilista de que toda a liberdade existente hoje é apenas uma forma de controle vindo de “poderes ocultos” e assim não é uma liberdade real, mas poucos artistas e ícones da mídia quiseram participar desse movimento. Muitos não entenderam o porquê disso, já que outras culturas emergentes do passado não precisaram desse suporte da mídia para se desenvolverem, quando não haviam artistas elas criavam os próprios artistas.

Desta vez, a nova onde cultural veio carregada com uma dose extra de violência e o sentimento de morte foi muito mais extremo. Apenas vinte dias após o lançamento do filme Matrix nos EUA ocorreu o massacre na escola de Columbine. O crime logo foi associado com video games violentos, bandas de música pesada e particularmente ligada ao filme Matrix, a mídia inclusive afirmou que os dois estudantes responsáveis pelo crime estavam ligados a um grupo local auto denominado a Máfia do Sobretudo. A estética mostrada no filme passou a ser combatida por pais e professores, e muitos jovens, abalados pelo acontecimento não resistiram.

Além disso, dois anos após o lançamento do filme houve o ataque de 11 de Setembro nos EUA. O uso de aviões civis para se derrubar o World Trade Center, além de outros alvos fez com que a cultura global passasse não apenas a evitar, mas a combater qualquer forma cultural que exaltasse a morte e a violência criando uma guerra mundial ao terror, fosse qual fosse a forma de terror, impedindo o surgimento de um novo arquétipo cultural jovem.

Esses fatos fizeram com que muitos observadores culturais concluissem que a próxima onda cultural ainda estava para acontecer. Outros concluíram que essas mudanças culturais, ainda que influenciadas pelos ciclos de manchas solares começavam a ser também influenciadas pela mídia global que estava surgindo.

Considerando que o ciclo solar pode causar disturbios visuais, de rádio e até metereológicos, é possível que ele cause também influências de padrões sociais de natureza global. Mas se formos de fato buscar evidências que apoiem esta visão exótica, nós teríamos que buscar não só por padrões que atinjam seu ápice a cada 11 e 22 anos como também padrões que invertam de polaridade a cada 11 anos.

Que bom seria se as intensificações de caos social dentro da cultura jovem não possuíssem esse valor periódico.

Bem, deixemos de papo e vamos à prática. Um estudo dos ciclos solares no site de clima espacial da NASA nos oferecem os dados para criarmos a seguinte tabela de co-relações entre a atividade solar e os movimentos culturais:

Maio de 1967 – Cultura Hippie decola, um ano antes da máxima solar.

Janeiro de 1977 – Cultura Punk decola dois anos e meio antes da máxima solar.

Maio de 1988 –  Cultura Rave decola um ano antes da máxima solar.

1999 – Cultura de força hostil lúdica emerge (Nu Metal, Matrix, etc) logo antes da máxima. Mas curiosamente não surge um novo arquétipo jovem.

(As datas usadas são aproximações de quando os movimentos underground atingiram o mainstream da mentalidade contemporânea principalmente via as ruas, a imprensa sensacionalista e a televisão.)

Bem, agora é a hora de pararmos de simplesmente olhar par aa tomada e enfiar o dedo molhado nela par aver o que acontece.

Logo de cara os números parecem promissores, mas o primiro tropeço acontece quando olhamos o que o sol estava fazendo em janeiro de 1977. Nesta data o que aconteceu é que o sol estava em um período de atividade mínima e de repente ele resolveu, do nada, mudar para uma máxima solar no curto espaço de dois anos e meio. Não houve, então, uma máxima solar quando a cultura Punk foi sensacionallizada pelos tabloides.

Se combinarmos isso com o fato de a próxima cultura jovem ter perdido completamente a hora, aproximadamente 12 anos, começamos a sentir um cheiro estranho de peixe largado no sol quando paramos para pensar na hipótese da Cultura Jovem Solar. Afinal, sejamos francos, quem de fato acreditaria que o sol e as manchas solares poderiam influenciar que tipo de música irá surgir na terra?

Bem vamos olhar novamente para a foto de Peter Carroll e Galileu Galilei se beijando. Manchas solares são definidas como “regiões relativamente frias na fotosfera solar que aparecem como áreas escuras. Essas áreas contém campos magnéticos intensos que fornecem energia para as explosões solares. Manchas solares aparecem em grupos”.

Logo, estamos falando de magnetismo, magnetismo da pesada. Mas como esse magnetismo afetaria a cultura jovem? Bem, esse magnetismo poderia causar mudanças na eletrofisiologia do cérebro, afetar nossos neuro transmissores (o que afetaria nossa percepção de motivação/prazer e dor); o magnetismo poderia causar um decréscimo na memória, causar um défict de atenção maior e de quebra causar reações mais lentas no cérebro de crianças na escola, afetando o grau e a qualidade do aprendizado da lavagem cerebral que pagamos para essas instituições fazerem em nossas crianças 5 dias por semana, cinco horas por dia.

Então podemos dizer que os estilos psicodélicos, punk, raver e nu metal foram o resultado de doses massissas de magnetismo solar em cérebros jovens? Bem vamos trabalhar com outro gráfico e uma idéia divertida.

Sendo completamente raso, sem me aprofundar e tratando o assunto de maneira genérica o bastante para quase esbarrar na heresia, acho seguro dividir o comportamento, ou estado de espírito, do ser humano comum em quatro tipos. Imagine um círculo, cortado ao meio por uma linha horizontal e então novamente por uma linha vertical e… espere, deixe que eu faço isso pra você:

Os diferentes tipos de estado de espírito podem ser divididos em dois grupos, e cada um desses grupos em mais dois grupos menores influenciados pela personalidade geral das pessoas. Vejamos:

– Amigável – Delicado
– Hostil – Delicado
– Amigável – Força
– Hostil – Força

Entenda Delicado e Força da seguinte forma:

Delicado = passivo, sossegado
Força = ativo, energético

Assim, temos duas novas tabelas para adicionar ao nosso problema solar:

Tabela 1 = Evolução Cultural

1967 – 1976 -> Hippie
1977 – 1987 -> Punk
1988 – 1999 -> Rave
2000 – 2011 -> ?

Vamos entender essa interrogação como a falta de um arquétipo tão poderoso quanto o das outras 3 culturas anteriores. Podemos colocar o Nu Metal ai? Sim, mas estamos trabalhando com a possibilidade da carga criativa/energética/magnética ter se dissipado e o movimento ter começado forte e morrido alguns anos depois.

Tabela 2 = Desenvolvimento dos 4 tipos de estado de espírito

Amigável/Delicado -> Adiquirido aproximadamente entre 0 e 1 ano;
Hostil/Delicado -> Adiquirido aproximadamente entre 1 e 2.1 anos;
Amigável/Força -> Adiquirido aproximadamente entre 2.2 e 4 anos;
Hostil/Força -> Adiquirido aproximadamente entre 4 e 5.8 anos;

Para aqueles que não estão familiarizados com essas diferentes fases do desenvolvimento humano aguardem um artigo mais completo, por hora, basta saber que cada estado de espírito é a incorporação de um comportamento no desenvolvimento da criança e não uma única forma de comportamento. Ou seja, quando você nasce e é um bebê quando chora recebe um peito e você dita a rotina da família. Quando cresce impõe limites para você, primeiro de forma sutil, já não te alimentam sempre que quer e sim nas horas certas; ainda trocam suas frladas sempre que você se suja, mas você começa a ser incorporado na rotina, além disso não deixam você ir para onde quiser para não rolar uma escada engatinhando, ou não despencar da cama. Na fase seguinte, você já foi incorporado na rotina, mas está aprendendo as coisas, um novo universo se abre para você, que já caminha e já é parte da família; ainda trocam suas fraldas, mas você tem mais liberdade do que antes já que pode ir para onde quiser. Na quarta fase você já entende a diferença de sim e não, e os ‘não’ começam a chegar. Agora não querem mais trocar suas fraldas, estão te ensinando a ir ao banheiro, agora você entrou na hierarquia da família e tem chefes para obedecer.

Vamos fingir que o sol não existe, tire Galileu e vamos ficar apenas com Carroll.

Analisando os diferentes tipos, ou personalidades, das culturas jovens, ligadas à música que surgia, e comparando-os com os estágios do desenvolvimento humano temos novamente um padrão interessante surgindo. Uma experiência divertidas é tocar os diferentes tipos de músicas em festas de aniversários de crianças que ainda não fizeram 5 anos e observar a reação dos pimpolhos. Não, não vou descrever aqui as reações, eu disse que isso é uma experiência divertida, então a realize e se divirta. Para apenas de ler e tente aprender algo na prática.

Voltando ao assunto, temos então um quadro interessante. Se as mudanças são causadas pelo sol ou não, elas possuem um paralelo com o desenvolvimento da programação que tranforma um bebê em alguém que irá passar a maior parte da vida longe da família, dos amantes e dos filhos, trancado em algum lugar lutando por cada vez mais papel colorido com númeors impressos distribuídos pelo governo e guardados em bancos que tentam fugir do tédio lendo coisas na internet.

Assim, como podemos prever o próximo movimento cultural jovem? Se levarmos em conta que o do início deste século simplesmente se evaporou, qual seria o movimento cultural/musical que irá se tornar o avatar a partir de 2011?

Merda. Estamos em 2011!

O último grande arquétipo cultural aceito por nossos pesquisadores, foi a cultura Rave, enquadrada como Amigável-Força. A que se seguiria seria Hostil-Força, mas alunos se mataram, o World Trade Center agora é uma praça e não mais prédios. O Nu Metal trazia um aspecto hostil e energético, mas ele não se tornou um arquétipo. A nova onda energética que deve estar acontecendo este ano ou ano que vem (alarmistas de 2012, comecem a sorrir) deve adotar a postura Hostil-Força ou será que veremos um próximo pulo evolutivo?

Estilos como Stormer (pense nos storm troopers de Starwars), Valkie (pense em Wagner) ou Panzer (aqueles belos tanques alemães) estão sendo sussurrados por aqueles que gostam de falar de coisas como nanotecnologia usada para implantar propaganda corporativa em sonhos, assim sempre que você sonhar que está com sede vai se ver bebendo uma coca-cola.

Caso de fato tenhamos perdido o ônibus dormindo e tenhamos uma nova cultura jovem hostil agressiva podemos esperar algo como o inferno vindo para a terra. Ela provavelmente será demonizada pelos fundamentalistas religiosos, pela imprensa de tabloides e por uma série de DJ’s que perderam os empregos nos últimos anos por teram saído de moda. E claro, com cada cultura uma nova droga. Se antes o Ecstasy era a droga do amor, esperemos o surgimento de uma nova droga que trabalhe com um aspecto violento agressivo.

A idéia divertida mencionada acima é uma forma de tentar entender: se de fato o eletromagnetismo do sol pode influenciar nossa cultura jovem, nossa “nova onda”, o que poderia ter bloqueado a última, de 2000, e que poderia continuar fazendo com que nossa criatividade simplesmente brochasse eternamente? Que fontes de eletromagnetismo nós teríamos ao nosso redor constantemente o tempo todo?

Em 1888 Hitler foi o pioneiro na transmissão de códigos pelo ar. Claro que não era exatamente pelo ar, afinal qualquer pessoa que grite está transmitindo códigos pelo ar, mas estou falando do tipo de transmissão que acabou dando origem ao rádio transmissor. Bem, logo todo mundo decidiu que precisavam mandar informações de forma rápida. Em 1914 aconteceu a primeira ligação telefonica trans oceânica. Em 1947 os laboratórios Bell, nos Estados Unidos, pegaram a invenção de uma atriz hollywoodiana, Hedwig Kiesler (conhecida também por Hedy Lamaar) e desenvolveu em cima dela – da invenção não da atriz – um sistema telefônico de alta capacidade inteligado por diversas antenas espalhadas por ai, cada antena recebeu o nome de célula porque isso era bacana pra caralho e fazia o trabalho parecer coisa de ficção científica. Assim nascia a telefonia celular. O primeiro celular foi desenvolvido pela Ericsson, que ainda nem imaginava que temrinaria na cama com a Sony, em 1956, ele pesava 40 quilos e foi criado para ser instalado em porta malas de carros. A Motorola entrou na dança lançando o seu modelo de celular em 1973, que já pesava 1 quilo e tinha o prático tamanho de um tijolo. Em 1979 o Japão e a Suécia entraram no jogo e os EUA em 1983. Isso, em números, significa que até 1989 existiam 4 milhões de assinantes do serviço móvel em todo o mundo. Em 2009 esse número subiu para 4.600 milhões. Para 2013 se antecipam 6000 milhões.

1947-1956 – desenvolvimento do primeiro celular -> 1967 – 1976 -> Hippie
1979-1989 produção se espalha pelo mundo -> 1977 – 1987 -> Punk
1989 – 2009 – produção em massa de celulares populares -> 1988 – 1999 -> Rave e 2000 – 2011 -> ?

Celulares usam uma energia eletromagnética. Estão cada vez mais populares e mais difundidos. As antigas “células” estão sendo trocadas por satélites que vão recolher e disparar de volta outros feixos de energia eletromagnética. Teria esse magnetismo influenciado o magnetismo solar e o Nu Metal não se desenvolveu? Será que o movimento Emo seria uma mutação causada por nosso eletromagnetismo artificial? Existe eletromagnetismo artificial?

Nós podemos discartar tudo o que foi escrito até agora e simplesment assumir que é muito rasoável dizer que a cultura jovem está caindo em um ciclo por causa da substituição do antigo controle patriarcal-governamental e o substituindo por um controle corporativo-capitalista-
comercial. Pergunta a um jovem o que é o comunismo, ele pode não saber dizer o que é, mas em algum ponto da história o Mac Donald’s lutou contra ele e venceu. Isso se torna claro na cada vez mais alarmante falta de respeito por instituições religiosas e da cada vez mais falha capacidade de controle de diferentes agências governamentias que está culminando com o fim do nacionalismo/patriotismo.

Agora o que dita essas mudanças? Eletromagnetismo? De quando em quando elas ocorrem? Como definimos que ela é um arquétipo? Afinal qualquer pessoa com um mínimo de cérebro já notou duas coisas: o movimento Grunge, por exemplo, sequer foi citado neste ensaio. Porque o sol ou seja lá o que for, apenas afeta o ocidente? E o Japão?

Bem, sendo um bom adorador de gráficos inúteis e tabelas comparativas esdrúxulas, o grunge pode ser classificado como uma mistura do hippie com um punk melancólico, banhado em óleo de motor usado. Seria como vermos um bando de Punks patetas chapados em um verão ensolarado, ou hippies sombrios em um inverno escuro. Assim mesmo essa subcultura poderia ser encaixada como o resultado de duas culturas dinâmicas. Podemos apontar, de maneira óbvia, que um movimento não surge do nada, ele é formado pela interação de culturas prévias se mesclando e se influenciando de forma dinâmica.

Antes que você resolva começar a perguntar sobre Hip Hop e outras coisas, só porque leu acima que uma pessoa inteligente notaria que várias culturas jovens não foram citadas, tenha em mente primeiro que no início o Rap era considerado o ‘Punk Negro’, com certeza o rap possuia aspectos de composição mais trabalhados do que o Punk, não era exatamente um touro bravo, mas um touro bravo com óculos escuros, se é que me entendem. E depois, eu sou branco, acreditem ou não, então qualquer insight que eu possa oferecer sobre isso seria algo falso e artificial visando apenas aumentar os lucros da empresa.

Mas e quanto ao japão e ao oriente médio? Bom, o Japão teve uma sobrecarga de eletromagnetismo e um pais para se reconstruir depois da segunda Guerra. O oriente, bem ou mal, esteve em conflitos que fariam o 11 de Setembro americano parecer uma pegadinha do Mallandro, mas até ai… além de branco eu sou ocidental, não vou nem tentar começar a criar metáforas para uma cultura que o mais perto que chegamos foi Spectreman, Chance Man e cavaleiros do Zodíaco.

E, para isso não virar um pingue-pongue mental, vou deixar claro que esta hipótese trata apenas de tribalismos atávicos nascidos de traços do psicodelismo e psicoesferismo da cultura jovem.

Isso pode descartar então de fato a ligação entre o surgimento desses movimentos com a atividade solar? Ou mesmo indicar um padrão que mimetize o desenvolvimento neural de um bebê em uma criança?

Pense o seguinte: Nu Metal aconteceu, ele pode não ter chegado por aqui, mas da mesma forma que o movimento Hippie inundou os EUA e o movimento Punk inundou a inglaterra e o movimento tecno/rave pareceu começar a inundar o Brasil, ele teve lá seu momento de fama. Paralelo a isso de acordo com Dean Pesnell, o físico solar do Goddard Space Flight Center da NASA, “nada tem acontecido no Sol há algum tempo, pelo menos quando discutimos sobre a presença (ou melhor: ausência) das manchas solares; estamos experimentando um mínimo solar muito profundo”. Assim teríamos uma nova eclosão cultural que se seguiria à Hostil-Força do Nu Metal e que iria para um próximo passo, sem nenhuma influência do Sol e banhada pelo eletromagnetismo de celulares.

Bem, veja o que acontece quando se mescla elementos de hard core “alegre” com elementos emo.

As novas bandas de Rock Colorido continuam sendo motivo de risadas para muitos, ao menos aqui no Brasil, mas… para cada pessoa que sacaneia a #famíliarestart, ou qualquer coisa que o valha, tem centenas que elogiam e fazem juras de amor para eles. E essas bandas estão se multiplicando. Várias dessas bandas estão fazendo turnês pelo nosso país de uma maneira que faria grandes bandas das culturas passadas se assustarem, já que falamos do Restart, eles já viajaram mais de 3.000 quilómetros para realizar show só no mês de março do ano passado. Outras como Hori, Cine, Fake Number, Hevo 84 crescem a cada dia. Isso não significa que você vai gostar do som. Os Hippies não eram muito amigo dos Punks. Os punks não tem críticas boas para os Revaers e Clubbers, esses não tem uma queda especial pelo som Nu Metal, e ninguém, mas ninguém mesmo, gosta dessas bandas de rock colorido, a não ser os milhares cada vez maiores de fãs. Isso pode ser um indicativo do que vai ser a juventude, ou como ela vai se desenvolver nos próximos anos.

Enquanto isso podemos apenas clamar para a Deusa: Precisamos de manchas solares!

por LöN Plo

Postagem original feita no https://mortesubita.net/musica-e-ocultismo/hipotese-de-sekhmet-onde-estao-os-hippies-quando-precisamos-deles/

Bathin – um ritual moderno de demonologia

A demonologia de certa maneira perdeu parte de sua força nos dias de hoje. Talvez o problema seja que com o tempo a “razão” tenha reinvidicado parte do território que antes pertencia à magia. Talvez em um mundo onde Freddy Kruegers, Aliens & Predadores ou Pazuzus estejam a 5 reais de distância de qualuqer pessoa disposta a ir a uma locadora, homens com rabos de pássaro que realizam desejos não tenham mais aquele apelo de horror. Talvez em uma sociedade global onde o humor vem de programas que repetem de novo, de novo, de novo, de novo, de novo e de novo, de novo, de novo, a mesma piada – e o salário ó! – ninguém tenha entendido a piada que Crowley fez na sua introdução às Chaves Menores de Salomão quando disse que o trabalho de evocações demoníacas são meramente uma forma de auto-descoberta psicológica.

Mas não vamos nos prender a explicações que apenas se tornariam mais uma forma de masturbação intelectual, vamos nos atentar aos fatos. A demonologia de fato perdeu parte de sua força nos dias de hoje; mas não perdeu seu poder. E assim começa nossa breve jornada.

24 horas atrás recebi uma notícia interessante que poderia ser traduzida na língua horoscopal:

“Vênus está regendo seu signo. Peso das responsabilidades e limitações quanto aos seus objetivos podem deixar você bem exausto. O dia pode ser exaustivo no setor profissional, muita dedicação para poder segurar as coisas a seu favor. Uma viagem inesperada pode mudar sua rotina.”

Isso acabou se concretizando como tudo o que o horóscopo afirma. Dizem que os astrólogos de hoje fazem suas previsões de maneira tão vaga que tudo o que acontece num dia pode ser visto como a concretização de sua conversa com os astros. Algumas pessoas dizem que isso é o charlatanismo em sua forma mais descarada. Eu digo que se alguém descobre como descrever um evento de forma que ele possa se refletir em qualquer desdobramento que possa acontecer então essa pessoa está fazendo magia.

Há tempos estou trabalhando com demonologia e uma forma não de trazê-la para os dias de hoje, mas de usar o conhecimento contemporâneo para expandi-la e fazê-la crescer. A notícia da viagem me ajudou a colocar a coisa em prática. Veja, os meus problemas eram simples, em uma mão uma maneira de ver como usar na prática uma forma não medieval de demonologia, na outra precisava viajar para a terra do ouro e mel e crises econômicas e não tinha um visto americano no passaporte. Assim pensei, vamos unir a fome com a vontade de comer.

Diferente de outros textos onde lemos como desenhar coisas no chão, ficar pelados, gritar nomes e pedir coisas, vamos ver agora como colocar na prática um ritual de evocação de um demônio e como colher os resultados práticos e diretos.

Antes de prosseguirmos, vamos responder a pergunta daquela linda garota de mini-saia lá no meio da sala: mas por que usar demonologia para conseguir um visto americano?

Ótima pergunta, ótima saia, pode ficar mais à vontade na cadeira se desejar.

Quando o seu chefe vira para você e te diz que você está com uma viajem marcada para Providência, na Ilha de Rhodes, para resolver o que quer que a empresa onde você trabalha quer que seja resolvido, você não simplesmente diz: “escolha outra pessoa, eu não tenho visto!” você se lembra do que o horóscopo previu e pensa, hora da dedicação para segurar as coisas a meu favor! E sai da sala do chefe e entra no site: www.visto-eua.com.br para ver como agendar a sua entrevista para conseguir o visto. E lá descobre que o consulado de São Paulo tem uma espera de pelo menos 112 dias – a entrevista para o visto sairia no início de janeiro de 2012. O consulado de Recife tem uma fila de espera de pelo menos 92 dias, e por ai a fora. Assim a maneira “legal” de se conseguir um visto que possibilite minha viajem para daqui a 12 dias já foi por água a baixo. Vamos ver a maneira ilegal de se fazer isso. Depois de uma hora falando com os mais diversos despachantes “ponta-firme-esse-faz-milagres”, termino sabendo que mesmo que pagasse R$700,00 reais não conseguiria nada para antes da segunda quinzena de outubro. Bem, outubro é bem depois de setembro, então não me adianta. Então chegamos em um ponto interessante da história, a magia.

Bem, o que temos hoje quando falamos de magia? Wiccans que se reúnem em parques e continuam realizando os festivais e trabalhando com suas plantas. Eventualmente realizando esse ou aquele feitiço. Magistas do Caos que buscam fazer rituais tão confusos que nunca vão saber se obtiveram êxito, ou então se mobilizando em mind fucks coletivos de cunho anti-social. Satanistas tentando incrementar a própria vida com sua baixa-magia social. Terreiros de macumba. Trago a pessoa amada em 7 dias. Contato com Chorozon ou meses tentando descascar a árvore da vida para poder batizar as novas cascas que surgem. De fato a magia pode ser usada para o crescimento individual, trazer maturidade, auto-tranformação e sabedoria, e quem sabe uma trepada de vez em quando. Mas onde é que estão os feiticeiros? Onde está a magia para confundir caixas eletrônicos, para fazer luzes de farol de trânsito mudar? Onde estão os mestres que dançam não para trazer a chuva, mas para fazer sua banda favorita por acaso vir para a sua cidade para um show inesperado?

A magia é um modo de encarar o mundo, não uma fita isolante que fica numa gaveta esperando algo despedaçar para que possamos fazer um remendo. Então obviamente, se a solução dos homens não resolve, vamos ver o que podemos fazer apelando para o código fonte da realidade.

Em 1563 um livro foi publicado. Um livro muito interessante de fato, chamado de De Praestigiis Daemonum et Incantationibus ac Venificiis. Seu escritor foi um médico e psiquiatra, a seu modo, originário dos países baixos, o título do livro quer dizer Sobre a Ilusão de Demônios, Feitiços e Venenos. Na introdução do livro lemos em latim:

<tecla sap>
Meu objetivo não é apresentar para as pessoas as blasfêmias daqueles homens enfeitiçados que não tem vergonha de chamarem a si mesmos de magi, nem de expor suas curiosidades, suas decepções, vaidade, imposturas, delírios, sua capacidade de enganar a mente e suas mentiras óbvias mas, ao invés disso, mostrar que eles se mostram relutantes, quando são vistos sob a ofuscante luz do dia, em deixar suas mentes correrem em disparada alucinada, nesta época infame, onde o reino de Cristo é constantemente atacado pela tirania, imensa e impune, daqueles que abertamente realizam os sacramentos de Belial e que, não resta dúvida, em breve receberão sua recompensa justa.
</tecla sap>

O escritor de tal obra, Johann Weyer, havia sido um discípulo de Agrippa. E ele acreditava em magia, e ele acreditava no demônio, mas acreditava também, de forma discreta, que ele não era tão ruim quanto a igreja fazia o povo acreditar. Talvez aquilo fosse apenas uma forma de oferecer um inimigo tão grandioso que as pessoas não tivessem como enfrentar, uma forma de marketing medieval. Assim, dentro de seu livro sobre a ilusão dos demônios, acrescentou um trabalho entitulado Pseudomonarchia Daemonum (Liber officiorum spirituum) <tecla sap> Falsa Monarquia dos Demônios (Livro dos ofícios dos espíritos) </tecla sap> – e você achando que só Lovecraft bolava livros com nomes legais – neste texto, Wier listou e hierarquizou os nomes de diversos demônios acompanhando-os as horas apropriadas e os rituais para invocar-los.

Assim, diante de meu problema na mão esquerda e no da mão direita resolvi seguir o conselho de um dos grandes Reis ocultos deste mundo e bater palmas. Buscando minha biblioteca favorita achei o livro de Wier e passei a ler rapidamente suas páginas xerocadas fui fazendo nota mental dos poderes de cada um dos seres ali descritos. Dos 69 espíritos listados um me chamou a atenção:

Bathym, alibi Marthim Dux magnus & fortis: Visitur constitutione viri fortissimi cum cauda serpentina, equo pallido insidens. Virtutes herbarum & lapidum pretiosorum intelligit. Cursu velocissimo hominem de regione in regionem transfert. Huic triginta subsunt legiones.

Organizando o padre que vive em minha mente pude tirar que isso implicava algo aproximado de:

Bathym, um duque poderoso e forte: ele é visto como um homem de constituição forte, com cauda de serpente, cavalgando um cavalo branco. Ele compreende a virtude das ervas e pedras preciosas. E pode transportar um homem de maneira súbita de um pais para outro. Ele lidera 30 legiões do inferno.

Isso soou como música para meus ouvidos. Vejam, algo que muita gente não compreende é que demônios não são como botões dentro de uma caixa esperando que alguém abra a tampa, escolha o que acha mais adequado e então o costure num casaco enquanto usa um dedal de ferro para se proteger do ato de se trabalhar com ele. Borhs disse que o contrário de grandes verdades é verdade também. Assim se hoje grande parte das pessoas que se envolve com demonologia são pessoas sem cérebro nenhum, o inverso é real, demônios são cérebros sem pessoa nenhuma. Eles estão ao nosso redor o tempo todo.

Lembre-se que eu estava no escritório. Cada segundo vale uma eternidade de vidas. Não podia esperar para ir para casa e tentar chamar Bathym e ver o que negociar com ele, assim me concentrei na praticidade. Se eles estão ao nosso redor o tempo todo, basta conseguir entrar em contato com eles.

Um ritual de evocação mágica consiste de alguns pontos básicos:

1- Ir para um lugar onde ninguém interrompa a comunicação;
2- Entrar no estado de espírito correto de se contactar algo não físico;
3- Entrar no estado mental necessário para conseguir se comunicar com este algo;
4- Ter um assunto que seja interessante para ambos os lados;
5- Conseguir despachar essa coisa de forma que ela não fique puta com você, afinal quem está recebendo o chamado tem o número de que está chamando.

Bem, tendo já prática e experiência com rituais isso não é diferente de usar seu celular para ligar para alguém. Com isso em mente parti para o primeiro passo: descobrir quem é essa pessoa, e qual o número do “celular” dela.

PASSO 1

O livro de Weyer não foi o único a tratar de demônios de forma tão direta e clara então busquei a Goetia. O décimo espírito do Pseudomonarchia aparece também como o décimo oitavo espírito da clavícula de Salomão. A descrição do espírito é a mesma, mas traz uma informação extra:

“seu selo deve então ser feito e deve ser usado diante de você”

A versão de MacGregor Mathers e de Crowley da Goetia trazem duas versões mais modernas do selo e uma grafia diferente do nome do espírito, assim temos que Bathym também é chamado de Bathin, de Mathim e de Marthim. COmo essa informação é muito pouca para criar um programa mental que sirva para me conectar com o espírito resolvi apelar para o tarô. Bathym surge como o décimo e o décimo oitavo demônio dos dois maoires tratados de demonologia que sobrevivram ao tempo. Assim parti para os arcanos maiores:

A roda da Fortuna

Resumidamente a roda da fortuna está ligada à necessidade, ao acaso, mudança e a um objetivo. Esta é uma das cartas mais expressivas da sorte, fortuna e oportunidade. Mas não é necessariamente uma carta positiva, já que pode informar que adiante virá sorte mas não especifica se boa ou má. Tudo irá depender das suas decisões e atitudes, pois estas irão decidir para que lado penderá a balança, se para a boa sorte ou para a má sorte.

A Lua

A famosa luz no fim do túnel, mas não sem antes um monte de dores de cabeça. Uma carta ligada a guiar-se pelos seus instintos, sonhos utópicos, dificuldade em aceitar a realidade.

Não me lembro aonde, mas ainda descobri em algum lugar uma relação entre Bathym e o dez de espadas, já que estava no mundo do tarô parei para analisar a carta. Obviamente é uma carta de merda, mas isso para quem vive uma vida regular e tranquila, apesr de todo o mau agouro o dez de espadas representa a luz no fim do túnel também. Essa carta indica que o seu presente atingiu o tal ponto de mudança que lhe era tão necessário e tendo em mente que a realidade não gosta de mudanças, já que tudo busca permenecer na forma que é, parece que as coisas não podem piorar muito mais, o mundo parece que está virado contra si e parece que apenas lhe resta lamentar-se pelo seu infortúnio. Quando chegamos neste ponto em que não há nada a perder o melhor a fazer é parar de lutar contra a correnteza e se aproveitar dela

Lição de casa feita em quarenta minutos. Agora com o estado mental e de espírito necessários para se comunicar com o espírito decidi usar o sigilo da Goétia para contactá-lo. Como disse, a versão de Mathers/Crowley oferece duas opções, assim como Bathyn é o demônio 18 desta obra, escolhi o sigilo que tem o desenho de uma lua.

Como devemos usá-lo diante de nós o tempo todo, e como resolvi usar a analogia do telefone celular, desenhei ele nas costas da mão esquerda, a mão que uso para segurar o telefone quando trabalho, e me preparei para o passo 2, descobrir como encontrá-lo.

PASSO 2

Aproveitei a hora do almoço e sai para dar uma volta. Agora era o momento de esvaziar a mente de tudo e sintonizá-la em Bathin (grafia do nome no sigilo goético). Depois de caminhar, passei por acaso diante de uma agência de viagens de bairro, pequena e enfiada entre duas lojas. Na porta uma moto branca. Passei perto da vitrine e lá dentro um homem com botas de pele de cobra estava sentado atrás de uma mesinha de madeira. Ótimo sinal. Encostei as costas da mão contra o vidro e pressionei com força, apenas sentindo a psicologia do local se misturar com a de Bathin em minha mente. Quando tirei a mão do vidro havia um decalque fraco do sigilo no vidro. Ótimo sinal.

Voltei para o escritório.

É importante frisar que a partir do momento em que deixei minha mesa minha mente buscava a vacuidade, e me concentrava apenas nas sensações sugeridas pelas cartas do tarô. A agência de viagens é um símbolo de uma viajem rápida, onde você faz o mínimo e eles te levam de um lugar para o outro desde que se pague. Nada racional, apenas a loucura da magia queimando de um neurônio para outro.

Feito o contato e estabelecido uma linha entre mim e o espírito, voltei para o escritório para o passo 3, fazer a ligação.

PASSO 3

Em um ambiente de trabalho só há um lugar que você encontra paz: o banheiro. Mas o banheiro, logo depois do almoço é o local menos calmo de uma empresa.

Novo paralelo com a arte de evocação clássica. Assim que escolhe um local para o ritual, distante dos olhos profanos, você deve realizar um ritual de  banimento para limpar a área de energias contrárias à sua vontade. Resolvi isso com uma folha de papel e uma caneta hidrográfica preta. Sem mudar meu estado mental, desenhei os seguintes sigilos na folha:

BANHEIRO EM MANUTENÇÃO – DESCULPE O TRANSTORNO

e prendi com durez do lado de fora da porta, me trancando dentro.

PASSO 4

Momento de discar para o demônio.

Simplesmente precisei apagar a luz, me sentar no chão de pernas cruzadas, o melhor que pude no pouco espaço, e deixar a mente trabalhar. Ergui a mão até a orelha como se segurasse o celular e imaginei o tom de chamando.

Curiosamente ao invés de ouvir uma voz mental de alô, veio a impressão de deixe o recado após o sinal. Foi neste momento que expus o problema e pedi uma solução:

“Preciso de um visto americano em cinco dias úteis!”

PASSO 5

Agradeci a atenção e pedi para entrar em contato o mais rápido possível, desliguei o celular colocando a mão no bolso. Me levantei, lavei o rosto e sai do banheiro.

CONCLUSÃO

Como disse, o objetivo do texto é mostrar como a demonologia se aplica hoje de forma prática, nada de ficar imaginando como vem uma resposta ou analizar objetivamente fatos subjetivos.

Voltei para a minha mesa e comecei a pensar como a colocar em prática o visto, afinal trabalhar com Bathin aparentemente não me livraria de estress e dificuldades. Vinte minutos depois de me sentar alguém atrás de mim comenta: “é o alimento vivo da chama que ilumina”. Me voltei e pedi para ele repir que não estava prestantando atenção, ele repetiu: “O poeta é o alimento vivo da chama que ilumina”, e completou dizendo que era uma frase de Martí, um poeta cubano. Martí é próximo o suficiente, voltei a checar a previsão para o agendamento de visto. Curiosamente a data para as entrevistas em Recife de 3 meses sumiram e havia uma data para 2 dias. Marquei.

Passei o dia seguinte tentando descobrir como viajar para Recife para ir à entrevista e correndo com a papelada como responder formulários do site de visto, levantar coisas como imposto de renda e todo tipo de documento necessário.

Para alimentar o sigilo que estava em minha mão, perguntava para as pessoas se elas sabiam se era possível tirar o visto em outro estado em dois dias, as risadas delas eram o Big Mac de Bathin.

Como disse acima, a realidade reluta qualquer mudança, isso se traduz na lei da inércia: é necessário sempre mais força para iniciar uma mudança de estado (de parado para se movendo ou de movendo apra parado) do que para se manter esse novo estado. Assim não demorou duas horas para que as sereias começassem a surgir. Pessoas com despachantes milagrosos, ou conhecidos com esquemas. Sabe quando você decide mudar ou pede algo e milagrosamente algo acontece para te empurrar nesse direção, e então parece que outras portas aparecem, que ou te mostram que continuar na mesma é a melhor opção (decide mudar de emprego e recebe uma proposta de aumento neste) ou que esperar é melhor (quero um carro novo, surge um dinheiro do nada e de repente posso usar esse dinheiro em outras coisas e depois financiar um carro)? Isso é a realidade lutando para parmanecer no mesmo estado que se encontra. Muitas vezes é quase impossível resistir. Mas quando lidamos com demônios onde a maior parte do tempo você acha que está louco ou não tem garantia nenhuma de que a coisa vá funcionar, é melhor abraçar o abismo.

No fim do dia havia conseguido milhas de um conhecido para comprar uma passagem para Recife (para facilitar meu cartão precisaria de 10 dias para converter os pontos em milhas e liberá-las, eu precisava estar em recife em 36 horas úteis). Consegui levantar a papelada ontem. Achei meu antigo passaporte que havia desaparecido. Alimentei o sigilo com mais algumas dúzias de: “você vai perder a ciagem e o dinheiro” regado com molho de “se mete nessas loucuras a troco de nada, se fosse fácil assim todo mundo faria, você vai quebrar a cara”.

E assim, ontem à noite, acabando de preencher o formulário virtual que precisa ser preenchido com 48 horas de antecedência, parti para Recife. Hoje às 7:30 da manhã estava no consulado americano. O sigilo quase desbotado em minha mão me alertava do prazo de validade do acordo. Assim que a tinta sumisse de vez, a ligação seria cortada.

Durante a entrevista foram feitas dez perguntas simples. Mesmo morando em São Paulo pareceu não haver problemas de eu estar em Recife pedindo o visto. Depois de alguns minutos o homem com sotaque me falou que enviariam meu passaporte por Sedex para mim.

E assim aconteceu. Vida, magia, demonologia, rituais, resultados.

A demonologia tem poder até hoje, basta saber como se conectar com ela. Há sempre um preço a ser pago, mas nada tão dramático quanto uma alma ou uma vida. É tudo questão de se negociar.

Agora, claro, os correios entram em greve geral. E tenho que receber meu passaporte com o visto até o começo da semana que vem, quando vou embarcar.

Se Bathin deu resultado com o visto, vejamos com quem vou tentar trabalhar para conseguir contornar esse problema. Em breve talvez isso vire um segundo artigo.

Texto escrito 14-09-2011

Por LöN Plo

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/bathin-um-ritual-moderno-de-demonologia/

Criando Musas

Base:

Historicamente, os envolvidos em perseguições criativas voltavam se freqüentemente à sua ” musa ” com fim de obter inspiração e apoio. Embora o conceito de uma musa tenha se desenvolvido da antiga literatura grega , a musa vem a ser mais do que um conceito abstrato pode ser expandido para seu uso em nossa vida contemporânea . As musas gregas tradicionais eram muito utilizadas por artistas e até cientistas. Abaixo uma lista de referência:

  • Calliope: Musa da poesia épica

  • Clio: Musa da história

  • Euterpe: Musa da música e da poesia lírica

  • Terpsichore: Musa da dança do coral e da canção

  • Erato: Musa da poesia erótica e da mímica

  • Melpomene: Musa da tragédia

  • Thalia: Musa da comédia

  • Polyhymnia: Musa do hino sagrado

  • Urania: Musa da astronomia

Perseguições criativas nos dias moderno cercam uma variedade muito maior de coisas. Por que não uma Musa da Programação? Ou uma Musa da Música Industrial? As musas tradicionais eram úteis na Grécia antiga, mas obviamente, houve alguma Evolução das Artes desde aqueles antigos dias gregos. (Se você ainda tem suas dúvidas olhe a querida doce Erato – quantas pessoas hoje estão interessadas em poesia erótica e mimicaria ?!?)

Se as musas tradicionais não te estimularam nem inspiraram a voar ao pináculo de seus empenhos criativos, por que não invocar e criar sua própria musa? O rito seguinte é escrito para um trabalho em grupo, mas poderia ser adaptado facilmente por um trabalho solo.

Descrição:

O rito consiste dos seguintes elementos:

0. Preparação Pré-ritual
I. Declaração de Intento
II. Nascimento da Musa: Sons e Outros
III. Nomeando a Musa
IV. Registrando os nomes, formas, e funções das novas musas
V. Um seguimento algumas semanas depois do nascimento da Musa

0. Preparação Pré-ritual

Materiais Necessários:

– Algum modo de geração de um coral, pode ser cantado pelos próprios participantes ou o uso de aparelhos de Cd´s.

– Três jogos de cartões com as Consoantes do Alfabeto cortados em pedaços e colocados em uma caixa ou bolsa.

– Dados de doze ou vinte lados

– Algum modo de se reproduzir ruídos estrondosos como os Trovões (como tambores ou uma trilha sonora adequada). Se instrumentos não estiverem disponíveis, batem se as mãos e os pés contra o solo ritmicamente.

Antes do ritual, o grupo discute e concorda qual tipos de musas que eles invocarão. Cada participante escolhe um tópico em que eles gostariam de um pouco de inspiração e criatividade. Já que é possíveis dois participantes desejarem inspiração no mesmo reino, uma discussão é necessária para prover que duas musas sejam criadas para os mesmos tópicos (e não uma musa para os dois participantes). Os tópicos deveriam ser bem específicos, seria ideal terminar com muitos trabalhos e, um altar ou templo ( de preferência ‘templo’) inteiro para as musas na verdadeira e antiga tradição grega. Depois do período de nascimento e nomeação inicial as “musas” podem ser chamadas por qualquer um que saiba de sua existência.

O quarto para o ritual deve ser antecipadamente preparado. Deveriam ser acesos incensos e velas, e todos os artigos que serão usados durante o ritual devem ser colocados no quarto. Papéis e canetas serão necessárias assim como também os outros materiais mencionados.

O Rito:

Um rito de abertura, preferentemente o Vórtice, é executado.

1. Declaração de Intento: Depois do rito de abertura, o MO declara a declaração de intento inicial:

“É nossa vontade invocar estas musas da #( áreas do interesse ) que inspirarão e nos apoiarão em todos os nossos empenhos criativos.”

Um outro participante repete isto depois do MO.

Começando com o MO, cada participante faz uma declaração de intento sobre sua musa particular que estiver invocando. O MO começa e então os participantes a partir de sua esquerda fazem a declaração de intento a seguir.

” É nossa vontade invocar uma Musa do #(tópico)”

2. Nascimento da Musa: Trovão e Canto

As musas tradicionais eram as filhas de Zeus com a Deusa da Memória . Para trazer novas musas novas no mundo, serão usados trovões (zeus) e cantoria (memória) para recrear aquela união.

Depois da declaração de intento for feita, os participantes começam a simular o trovão de Zeus através do método escolhido como batendo em tambores, batendo no chão, ou até gritos (qualquer grito não-musical, primal , coisas que representem a Deidade Machista que personifica Zeus) ou uso de um fundo pré gravado. Mantenham o trovão durante alguns minutos até que vocês então passem do trovejante Zeus para algo mais confortável como o canto em grupo coordenado ou uma música gravada de um belo coral.

Enquanto fazendo a transição de trovão para o coral, pense no início da criação das musas enquanto o coral estiver passando sinta que a geração se iniciou. Deixe as imagens fluírem sozinhas. Você está procurando o forma de sua musa. Pode ser qualquer coisa: animal, legume , humana, ou mineral, mas deve ser algo que você possa descrever concretamente aos outros. Uma vez que você tenha achado a forma da sua musa e esteja satisfeito com a quantidade de detalhes que sua visualização revelou , agora você para, e siga para o próximo passo. Você pode fazer isto (embora silenciosamente ) até mesmo enquanto os outros ainda estão criando as outras musas.

3. Nomeando a Musa

Você agora tem a forma e função de sua Musa. Agora você precisa de um nome. Rode os dados ( se possível consiga um de doze lados). O número que cair é a quantidade de cartas que você terá de tirar da caixa que contém os cartões. Escreva em um papel as cartas que você tirar. Reponha as cartas na caixa para o próximo participante. Some vogais conforme sua vontade.

4. Registrando

Depois que todo mundo terminou formando e nomeando sua musa, feche o Vórtice. Então registre as novas musas no papel e mantenha durante um mês.

5. Seguimento

Cada participante deveria prestar homenagem ativamente à musa que invocaram logo depois do ritual e depois para realimentar , prestasse relatório ao grupo um mês depois do ritual. Neste momento, deveria ser adicionadas qualquer informações pertinentes à musa ao registro do Templo das musas. Por exemplo, se a pessoa descobrisse que a musa invocada trabalha particularmente bem com velas laranjas ou o sacrifício de uma xícara de café, isto deveria ser registrado. Talvez a Musa só ” fale ” ao seu candidato em sonhos ou no chuveiro. Qualquer idiossincrasia ou método de prece que forem descobertos para aquela musa em particular, deve ser registrado. O Templo terá um registro de suas próprias musas agora, disponível para qualquer um e todos para sempre podem chamar a elas em busca de inspiração.

Tradução de Morbitus Vividus

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/criando-musas/

A Religião Mais Poderosa do Mundo

Anton Szandor LaVey

1997, publicado na revista The Cloven Hoof, nº 127 

A religião é aquilo que for a coisa mais importante na vida de uma pessoa. Se trenzinhos elétricos são a coisa mais relevante para alguém, essa é a religião dele. Qualquer coisa pode ser uma religião, se for algo que signifique muito. Se sua religião atual não é a coisa mais importante em sua vida, descarte-a. Encontre o que mais o anime e faça disso a sua religião. 

As religiões são fáceis de inventar. A maioria das religiões tradicionais têm pouco ou nada a ver com a realidade, dependem de ofuscação, interpretação, culpa e fé irracional – algumas mais que outras. Como o satanismo é essencialmente uma religião do eu, ele sustenta que o indivíduo e suas necessidades pessoais vêm em primeiro lugar. Se isso significa brincar com trens ou sapatos de salto alto ou cantar na banheira, esses são seus sacramentos e devoções. Fazer um inventário da sua coleção de histórias em quadrinhos antigas é como contar contas em um rosário, cada livro sendo uma estação da cruz. 

Antes de codificar o satanismo, permitindo-me integrar tudo de significância pessoal em uma forma adequada, primeiro considerei a religião do cachorrismo. O sistema de crenças fazia sentido, mas era muito limitado. O cachorrismo defende que, se você não pode comê-lo e não fodê-lo; mije nele. Por mais que eu respeite os cães e seus deuses, eu poderia me identificar mais com o gatismo, a principal religião dos gatos. Os cinco mandamentos do gatismo são: 

  1. Não corra, se você pode andar. 
  1. Não ande, se você pode ficar. 
  1. Não fique de pé se você pode sentar. 
  1. Não sente se você pode deitar, e 
  1. Não fique acordado se você pode tirar uma soneca.

O gatismo aconselha: “Aquele que dorme o dia todo / vive para dormir outro dia”, ou “Respeite o amigo que traz sua comida, pois ele foi sua escolha  ou vá e pegue você mesmo e mie mais alto, ”Entre outras homilias. 

O “princípio do prazer” de Freud deve ser o grande motivador de qualquer religião. O significado de qualquer fetiche é um parâmetro para sua prioridade. Quando um fetiche transcende todo o resto, incluindo as necessidades de sobrevivência, o resultado é o fanatismo religioso. Quando o equipamento de áudio tem prioridade sobre a música, a maneira como a música soa é mais importante que o som da música. O ato de se apaixonar pode ser mais importante do que a escolha de um companheiro. Se o tamanho de uma tela é mais importante do que o que está nela e o hardware e software mais recente ofusca a qualidade do produto inserido, o resultado é o fetichismo. 

Toda atividade que nos consome, portanto, deve ser reconhecida como religiosa e fetichista. Um satanista cujo hobby ou fetiche é o satanismo per se, não é mais um satanista do que aquele que, percebendo as indulgências defendidas pelo satanismo, aceita o nome. A diferença entre o homem ou a mulher que é satanista praticante, e o de uma identidade satanista é que o satanista praticante se apega a foto, enquanto a identidade satanista se apega ao porta-retrato. 

Aqueles que menosprezam e desdenham a Church of Satan também revelam em grau obsessivo seu fetiche. Na realidade e na prática, por seu interesse consumidor, eles revelam sua verdadeira religião – a Church of Satan Caso contrário, eles se virariam, se afastariam e se recusariam a se sujeitar àquilo de que não precisavam. Claramente, eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. 

Nunca subestime os corolários sexuais ao fetichismo / religião. É muito fácil (e conveniente) descartar a excitação secreta. Assim como houve fetichistas de pés que trabalham em lojas de sapatos, existem escritores e artistas masturbacionistas que não têm nada a dizer e não escrevem nada que valha a pena ler. Sua produção equivale ao auto-prazer erótico se esfregando linha por linha, usando suas máquinas de escrever ou computadores como brinquedos sexuais. Isso pode levar à dependência sexual do computador. Complicado? As coisas mudaram desde que os monges tinham seus êxtases a luz de velas com seus  manuscritos. 

Às variedades da experiência religiosa podem ser tão interessantes quanto variedades de fetichismo. Embora possa haver muitas classificações, no geral, cada discípulo tem seu conjunto rígido de devoções preferidas e obrigatórias. Cada um tem palavras pessoais de poder como resultado desta destilação. Todos os caminhos levam a Roma para o praticante sério. É o princípio de redução de Spare, o sino de Pavlov. O católico devoto faz o sinal da cruz e murmura “valei-me os santos”. Os pentecostais gritam “Aleluia!” O judeu diz “Mazeltov”. Uma manifestação mais potente é possível quando se considera a verdadeira natureza da religião. Em vez disso, eles podem dizer: “Eu preciso de uma bebida”, “Um garota com uma bunda boa”, “Alguém pode me dar umas palmadas?” Todo fetichista/religioso tem palavras de ordem sagradas: “Cócegas”, “Mustang Cherry ’65 “, “Meias fedorentas” e milhões de outras mais. Os fetiches sexuais são provavelmente a preferência mais epicurista do animal humano. O menor detalhe é de grande importância e há pouca margem para erro. De fato, há menos espaço para desvio, do que em qualquer outro empreendimento humano. 

Se certas palavras e frases continuam aparecendo, é porque elas nunca são cansativas, sempre novas. A composição de jazz favorita do tio Louie pode ser a mesma velha música antiga para os outros, mas para o tio Louie, ela melhora com a idade – o que é mais do que se pode dizer do tio Louie É a sua Ave Maria. 

O satanismo é a única religião que serve para incentivar e aprimorar as preferências individuais, desde que haja admissão honesta dessas necessidades. Assim, a religião pessoal e indelével de uma pessoa (a imagem) é integrada em um porta-retrato perfeito. É uma celebração da individualidade sem hipocrisia, da solidariedade sem falta de espírito, da subjetividade objetiva. Não precisa haver desvio desses princípios. Eles devem negar sumariamente as contendas e discussões internas. Quaisquer tentativas de “reforma” satânica devem ser vistas pelo que são: criação de problemas onde não existem. Não deveria haver lugar em nenhuma religião para reformadores cuja própria religião é o fetiche da reforma. Existe até um lugar e um título para dissidentes compulsivos, e se eles podem usar o manto, são bem-vindos. Eles se iludirem como revolucionários. Em nossa casa o chamamos de “masoquistas”. 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/a-religiao-mais-poderosa-do-mundo-2/

Nove Anos do Teoria da Conspiração!

Hoje, 10/08, exatamente nove anos atrás, em 10/08/2007, era postado o primeiro texto do Teoria da Conspiração no Sedentário: A Santa Ceia e os Símbolos Astrológicos. Lembrando as palavras de um Exu amigo, “Quando vai ver, já foi!”.

Nos dias de hoje, onde qualquer estudante de primeiro ano de filosofia pode inventar para si um titulo pomposo e criar um blog esotérico para tentar impor suas verdades, e dezenas de blogs de magias e pactos e ordens e curiosos de todos os calibres esquisotéricos surgem a cada dia na internet, como podemos saber se determinado autor é confiável?

Eu me fiz essa pergunta dez anos atrás, quando encontrei com o Del Debbio pela primeira vez em uma loja Maçônica, em uma palestra sobre “Kabbalah Hermética” (que vocês ja devem ter assistido pelo menos alguma versão dela. São todas iguais, mas todas diferentes. Só assistindo duas para ver. Para quem não viu, tem um link de uma delas no youtube Aqui). Adoro essa palestra porque sempre os judeus tradicionais se arrepiam todo quando ele faz as correlações da árvore das vidas com outras religiões. E este, talvez, seja o maior legado que ele deixará na história do Hermetismo.

Mas o que o gabarita para fazer estas afirmações?

Talvez porque a história do MDD dentro das Ordens iniciáticas seja única. A maioria de nós, estudiosos do ocultismo pré-internet, começávamos pela revista Planeta, depois comprávamos os livros da editora Pensamento, entrávamos na Maçonaria, em alguma ordem rosacruz e seguíamos pela senda sem nunca travarmos contato com outras vertentes. Quem é da macumba, caia em um terreiro escondido no fundo de algum quintal e ficava por lá décadas, isolado. Cada um com suas verdades…

O DD começou em 1989 lá na Inglaterra. E ainda teve sorte (se é que alguém aqui ainda acredita que existam coincidências) de cair em um craft tradicional de bruxaria, com a parte magística da coisa (que inclui incorporações) e contato com o pessoal da SRIA, do AA e de outros grupos rosacruzes. Quando voltou para o Brasil, talvez tivesse ficado trancado em seu quarto estudando e nunca teríamos este blog… mas ele também foi um dos primeiros Jogadores de RPG aqui no Brasil. (RPG é a sigla de um jogo que significa “role playing games” ou jogos de teatro). Em 1995 publicou um livro que utilizava o cenário medieval de mitologias reais em um jogo que foi um dos mais vendidos da história do RPG no Brasil (Arkanun). Por que isso é importante?

Porque ele se tornou uma espécie de subcelebridade pop. E isso, como veremos, foi de importância vital para chegarmos onde estamos hoje (vai anotando as coincidências ai…).

Bem, o DD se graduou em arquitetura e fez especializações em história da arte, semiótica e história das religiões comparadas. De um trabalho de mais de dez anos de pesquisas, publicou a Enciclopédia de Mitologia, um dos maiores trampos sobre o assunto no Brasil.

Com a faculdade veio a maçonaria e aqui as coisas começam a ficar interessantes. Por ser um escritor famoso, ele conheceu o Grande Secretário de Planejamentos do GOB, Wagner Veneziani Costa, um dos caras mais importantes e influentes dentro da maçonaria, editor da Madras, uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço e fundador da loja maçônica Madras, que foi padrinho do Del Debbio. E aqui entra o ponto que seria crucial para a história do hermetismo no Brasil, a LOJA MADRAS.

No período de 2004 a 2008, a ARLS Madras contou entre seus membros com pessoas como Alexandre Cumino (Umbanda), Rubens Saraceni (Umbanda Sagrada), Johhny de Carli (Reiki), Cláudio Roque Buono Ferreira (Grão Mestre do GOB), Sérgio Pacca (OTO, Thelemita e fundador da ARLS Aleister Crowley), Mario Sérgio Nunes da Costa (Grão Mestre Templário), Adriano Camargo Monteiro (LHP, Dragon Rouge), José Aleixo Vieira (Grande Secretário de Ritualística), Severino Sena (Ogan), Waldir Persona (Umbanda e Candomblé), Carlos Brasilio Conte (Teosofia), Alfonso Odrizola (Umbanda, diretor da Tv espiritualista), Ari Barbosa e Cláudio Yokoyama (Magia Divina), Marco Antônio “Xuxa” (Martinismo), Atila Fayão (Cabalá Judaica), César Mingardi (Rito de York), Diamantino Trindade (Umbanda), Carlos Guardado (Ordem da Marca), Sérgio Grosso (CBCS), entre diversos outros experts em áreas de hermetismo e ocultismo. Agora junte todos estes caras em reuniões quinzenais onde alguém apresentava uma palestra sobre um tema ocultista e os outros podiam questionar e debater sobre o assunto proposto com seus pontos de vista e você começará a ter uma idéia do que isso representou em termos de avanço do conhecimento.

Entre diversas contribuições para a maçonaria brasileira, trouxeram o RER (Rito Escocês Retificado), O Rito Maçônico-Martinista, para o Brasil, fundando a primeira loja do rito, ARLS Jerusalem Celeste, em SP, e organizaram as Ordens de Aperfeiçoamento (Marca, Nauta, Arco Real, Templários e Malta). O Del Debbio chegou a ser Grande Marechal Adjunto da Ordem Templária em 2011/2012.

Em paralelo, tínhamos a ARLS Aleister Crowley e a ARLS Thelema, onde se estudava magia prática e que era formada por membros da OTO, Astrum Argentum, Arcanum Arcanorum, AMORC, TOM e SRIA, e trocávamos conhecimento com a OTO no RJ (Loja Quetzocoatl, com minha querida soror Babalon) e a Ordem dos Cavaleiros de Thelema (que, dentre outros, tivemos a honra de poder conversar algumas vezes com Frater Áster – Euclydes Lacerda – antes de seu falecimento em 2010). Além disso, tínhamos acesso a alguns dos fundadores do movimento Satanista em São Paulo e Quimbandeiros (cujos nomes manterei em segredo para minha própria segurança kkkkk). A ARLS Crowley era tão engajada que até o Padre Quevedo palestrou uma vez sobre demonologia lá.

Palestra no evento de RPG “SANA”, em 2006. Eu avisei que ele era subcelebridade, não avisei? Bem… nesse meio tempo, o MDD já estava bem conhecido dentro das ordens Iniciáticas, dando diversas palestras e cursos fechados apenas para maçons e rosacruzes. De dia, popstar; de noite, frequentando cemitérios para desfazer trabalhos de magia negra com a galera do terreiro. Fun times!

Ok, mas e a Kabbalah Hermética?

O lance de toda aquela pesquisa sobre Mitologia e suas correlações com a Cabalá judaica o levou a estudar a Torah e a Cabalá com rabinos e maçons do rito Adonhiramita por 5 anos, tendo sido iniciado na Cabalá Sefardita em um grupo de estudos iniciáticos. Apesar da paixão e conhecimento pela cultura judaica, ele escolheu não se converter (segundo palavras do próprio “Não tem como me converter ao judaísmo; como vou ficar sem filé à Parmigiana?“). Seus estudos se intensificaram entre os textos de Charles “Chic” Cicero via suas publicações na Ars Quatuor Coronatorum, nas Lojas Inglesas e os textos de Tabatha Cicero via Golden Dawn.

A idéia da Kabbalah associada aos princípios alquímicos, unificando tarot, alquimia e astrologia sempre levantou uma guerra com os judeus ortodoxos, que consideram a Cabalá algo profundamente vinculado à sua religião (por isso costumamos grafar estas duas palavras de maneira diferente: Kabbalah e Cabalá.

Em 2006, Adriano Camargo publica o “Sistemagia”, um dos melhores guias de referência de Kabbalah Hermetica, onde muitas das correlações debatidas em loja foram aproveitadas e organizadas.

No meio de todos estes processos de estudos, chegamos em 2007 em uma palestra na qual estava presente o Regis Freitas, mais conhecido como Oitobits, do site “Sedentário e Hiperativo”, que perguntou a ele se gostaria de ter um blog para falar de ocultismo. O nome “Teoria da Conspiração” foi escolhido pelo pessoal do S&H e em poucas semanas atingiu 40.000 leitores por post.

Del Debbio se torna a primeira figura “pública” dentro do ocultismo brasileiro a defender uma correlação direta entre os orixás e suas entidades com as Esferas da Árvore das Vidas e as entidades helênicas evocadas nos rituais de Aleister Crowley. “Apenas uma questão de máscaras que a entidade espiritual escolherá de acordo com a egrégora em que estiver trabalhando” disse uma vez em uma entrevista.

Estes trabalhos em magia prática puderam ser feitos graças ao intercâmbio de conhecimentos na ARLS Madras, pois foi possível que médiuns umbandistas estudassem hermetismo, kabbalah e cabalá em profundidade e, consequentemente, as entidades que trabalham com eles pudessem se livrar das “máscaras” africanas e trabalharem com formas mais adequadas, como alquimistas, templários e hermetistas. Com a ajuda dos terreiros de Umbanda Sagrada, conseguimos trabalhar até com judeus estudiosos da cabalá que eram médiuns, cujas entidades passaram grandes conhecimentos sobre correspondências dos sistemas judaico e africano, bem como de sua raiz comum, o Egito. A maioria deste conhecimento ainda está restrito ao AA, ao Colégio dos Magos e a outros grupos fechados mas, aos poucos, conforme instruções “do lado de lá”, estão sendo gradativamente abertos.

Em 2010, conhece Fernando Maiorino, diretor da Sirius-Gaia e ajuda a divulgar o I Simpósio de Hermetismo, onde participam também o Frater Goya (C.I.H.), Acid (Saindo da Matrix), Carlos Conte (Teosofia), Renan Romão (Thelema) e Ione Cirilo (Xamanismo). Na segunda edição, em 2011, participam além dos acima o monge Márcio Lupion (Budismo Tibetano), Mário Filho (Islamismo), Alexandre Cumino (Umbanda), Adriano Camargo (LHP), Gilberto Antônio (Taoísmo) e Lázaro Freire (projeção Astral).

A terceira edição ampliou ainda os laços entre os pesquisadores, chamando Felipe Cazelli (Magia do Caos), Wagner Borges (Espiritualista), Claudio Crow (Magia Celta) e Giordano Cimadon (Gnose).

O Blog do “Teoria da Conspiração” também cresce, agregando pensadores semelhantes. Além de textos de todos os citados neste post, também colaboram estudiosos como Jayr Miranda (Panyatara, FRA), Kennyo Ismail (autor do blog “No Esquadro” e um dos maiores pesquisadores contemporâneos sobre maçonaria), Aoi Kwan (Magia Oriental), Raph Arrais (responsável pelas belíssimas traduções da obra de Rumi), o Autor do blog “Maçonaria e Satanismo” (cujo nome continua em segredo comigo!), Tiago Mazzon (labirinto da Mente), Fabio Almeida (Música e Hermetismo), Danilo Pestana (Satanismo), Bruno Cobbi (Ciganos), PH Alves e Roe Mesquita (Adeptus), Frater Alef (Aya Sofia), Jeff Alves (ocultismo BR), Yuri Motta (HQs e Ocultismo), Djaysel Pessoa (Zzzurto), Leonardo lacerda e Hugo Ramirez (Ordem Demolay).

A ARLS Arcanum Arcanorum, braço maçônico da Ordem de Estudos Arcanum Arcanorum, que trabalha em conjunto com a SOL (Sociedade dos Ocultistas Livres), o Templo Aya Sofia, o Colégio dos Magos e o Teoria da Conspiração.

E os frutos desse trabalho se multiplicaram. Com o designer Rodrigo Grola, organizou o Tarot da Kabbalah Hermética, possivelmente um dos melhores e mais completos tarots que existem, além dos pôsteres de estudo. Hoje seus alunos estão desenvolvendo HQs, Livros, Músicas, dando aulas e até mesmo produzindo um Seriado de TV baseado nos estudos da Kabbalah Hermética.

E agora esta em financiamento coletivo para um livro que deve elevar todos os paradigmas de Kabbalah hermética para outro patamar. O Livro bateu todos os recordes de arrecadação no Catarse e ainda há mais de um mês pela frente.

Quando sair publicado, o estudo de mitologias comparadas, kabbalah e astrologia hermética nunca mais será o mesmo. Isso se chama LEGADO.

E ai temos a resposta que tive para a pergunta do início do texto: Como saber se um autor é confiável? Oras, avaliando toda a história dele e quais são suas bases de estudo, quem são seus professores, quais as pessoas que o ajudam e quem são seus inimigos. Quais são os caras que ele pode perguntar alguma coisa quando tem dúvida? e quais são os caras que tentam atrapalhar o seu trabalho?

—-

Pronto. Aqui está o texto que eu tinha prometido sobre os nove anos de Blog. Parabéns, Frater Thoth, já passou da hora de alguém começar a organizar uma biografia decente sobre os seus trabalhos.

#Blogosfera

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/nove-anos-do-teoria-da-conspira%C3%A7%C3%A3o

O Miasma e a Katarsis

Miasma significa poluição, mas não no sentido que hoje lhe damos. Miasma é toda a sujidade associada ao mundano, a sujidade que este gera: quando corremos e transpiramos estamos a criar miasma, quando sangramos temos miasma, se caímos numa poça de lama geramos miasma.

Mas o miasma não se limita à sujidade física, incluindo também a sujidade espiritual, ética e mental. Assim, quando matamos algo de forma injusta criamos miasma, se ofendemos alguém também é miasma, se cometemos um crime aos Deuses fizemos miasma, os próprios pensamentos geram miasma.

Em suma, o miasma resulta da actividade humana. Situações especiais que geram miasma são o contacto com a morte, quer sejamos nós a matar ou morra alguém próximo de nós, um familiar ou amigo, e o sexo e nascimento. De realçar que nem o nascimento nem o sexo são considerados menos sagrados, mas quando acontecem as pessoas envolvidas ficam fisicamente sujas, pelo que é necessário um banho.

No caso do nascimento e da morte são também efectuados rituais especiais porque ambos representam as duas transições mais importantes da vida e, como tal, podem comportar forças que geram poluição.

De referir ainda que o miasma e as actividades que o geram não são consideradas negativas, profanas ou más, antes pelo contrário, há Deuses que estão directamente envolvidos nelas e muitos participam nelas e tanto o nascimento como a morte são simultaneamente as maiores geradoras de miasma e duas das coisas consideradas mais sagradas. O que se passa é que ir limpo a um ritual é uma espécie de etiqueta e os Deuses podem ficar ofendidos se desrespeitamos a etiqueta, porque isto mostra que os desrespeitamos a eles.

Finalmente, para as mulheres, a gravidez e a menstruação não são consideradas miasma, pelo que não há qualquer restrição nessas alturas – apenas se deve realizar a katarsis normal, incluindo um banho para remover a sujidade física que se acentua nessas ocasiões se não forem tomadas precauções.

Katarsis são todas as acções rituais que realizamos para nos livrarmos do miasma, quer seja porque vamos a um templo ou ritual e, portanto, não queremos desrespeitar os Deuses, quer porque apanhámos uma dose muito grande e queremos livrar-nos dela. Por vezes o miasma que temos é tão grande que é transmitido a outras pessoas, como acontece com os assassinos, e, por isso, devem realizar-se rituais para nos livrarmos dele.

Mas a katarsis não é apenas uma forma de remover a sujidade, ela também prepara a nossa mente e o nosso espírito, para além do corpo e do espaço, para um ritual, focando os nossos pensamentos e distinguindo a situação ritual de outras.

Ir a um ritual sem katarsis é um enorme desrespeito: seria como ir a um casamento sujo, ou a uma reunião de escritório com calções de banho e bikini. Tanto a sujidade como os calções de banho e o bikini não são negativos em si – é a sua presença em determinado contexto que os torna negativos, que os torna miasma. Realizarmos a katarsis, nestes exemplos, seria tomar banho e vestir roupas lavadas para o casamento e vestir algo formal para a reunião.

Por outro lado, se um dos noivo nos encontrar no dia a dia e nós formos mecânicos não se ofenderá da sujidade, do mesmo modo que um chefe que encontre o subordinado na praia não tomará por ofensa ele estar com fato de banho: até é provável que ele mesmo esteja.

Também os Deuses não se ofendem se no dia a dia os contactarmos com preces ou devoções espontâneas e tivermos miasma, mas em rituais a situação é mais distinta pelo que devem ser tomadas precauções.

Antes do Ritual

Limpeza da Pessoa

Antes de ir para o ritual devem-se efectuar acções específicas para se purificar a si mesmo, numa espécie de transição do mundano para o ritual. A principal acção é o banho, a limpeza física da pessoa através da água e, no caso moderno, dos sabonetes, champôs, géis de banho, perfumes, etc. Para festivais e grandes rituais é sempre necessário que a pessoa se arranje, tomando banho e perfumando-se e também vestindo roupas limpas ou especiais. Para devoções mais pequenas convém sempre lavar as mãos e a cara e os dentes, enquanto que para simples preces no momento não é necessário tomar qualquer destas atitudes.

Relativamente às roupas, estas podem ser especiais para nós, quer sejam roupas que só usamos em ocasiões especiais, ou mesmo exclusivas para os rituais, quer sejam gregas, latinas, ou modernas. Roupas normais também servem, desde que nos esmeremos para causar “boa impressão” é suficiente. O único requisito é que, tal como a pessoa, as roupas sejam limpas: não serve a roupa com que andámos no dia anterior, por exemplo.

Actualmente muitos helenistas gostam de acrescentar outras formas de preparação para o ritual que não eram praticadas na antiguidade, mas que preparam melhor a mente e acalmam o espírito, permitindo que nos foquemos apenas no ritual e nos Deuses. Refiro-me, é claro, a meditações. Estas são inteiramente opcionais, mas na minha opinião acrescentam muito valor e profundidade a um ritual.

Na antiguidade existiam muitas formas de katarsis, incluindo o jejum, total ou parcial, purificação pelo sangue, purificação pelo fogo, banhos no mar ou rios, purificação pelos cereais, entre outras, quer realizadas antes quer depois do ritual, mas não vou referir-me a elas mais neste artigo.

Limpeza do Espaço

A limpeza do espaço antes do ritual era efectuada pelo neokoros que mantinha o templo sempre limpo, literalmente, varrendo-o e esfregando-o. Antes de um grande ritual a divisão deve sempre ser meticulosamente limpa, mas para rituais normais basta a limpeza normal, não é preciso que a divisão esteja “um brinco”. Para além disso, existem técnicas de limpeza rituais, hoje praticadas pela pessoa que efectuará o ritual.

Várias horas antes efectua-se a fumigação com enxofre. Esta consiste em queimar enxofre e deixar que este encha o ar, purificando-o. Pode ser feita uma prece a Apolo, Deus da purificação. Pessoalmente, quase nunca uso enxofre porque os meus rituais são de manhã e não dá tempo para que o cheiro do enxofre desapareça completamente, isto para além de os fumos serem tóxicos e se entranharem, especialmente em sofás ou camas. Eu prefiro usar o incenso, deixando o quarto completamente às escuras com vários paus de incenso acesos para que o encham completamente, abandonando-o depois das acções rituais para que fique numa espécie de incubação, que é o método porque Apolo mais se manifesta. O quarto permanece assim, completamente fechado, sem que nada nem ninguém lá entre antes do ritual, e a luz só volta aquando do ritual, nomeadamente da segunda acção purificante antes do ritual, para que se possa ver o que se faz, quer seja através de luz solar, de lâmpadas ou de velas.

Antes dos convidados chegarem, ou antes de entrar no quarto com as oferendas para fazer o ritual, a pessoa entra carregando consigo o khernips, uma taça com água. Então acende-se a chama sagrada e prepara-se o khernips, tornando a água sagrada. As formas de o fazer são muito variadas, pois não se conhece a forma usada na antiguidade, e não estão no propósito deste artigo. Após acender a chama e se preparar o khernips, coloca-se este à entrada para que todos os participantes se limpem antes de entrar.

Em rituais solitários costumo sair com o khernips, após o ter usado para me limpar a mim e ao espaço ritual, em sentido oposto ao do ponteiro dos relógios, e salpico todas as oferendas, deixando depois o khernips fora do quarto e entrando com as oferendas. No caso de rituais colectivos é normal que o khernips seja salpicado sobre os outros pela pessoa que o preparou e também sobre as oferendas, sendo depois novamente depositado fora do local do ritual, já que absorveu todas as impurezas e miasma e convém que esteja fora do espaço e das pessoas agora sagrados.

Durante o Ritual

Limpeza da Pessoa

A limpeza da pessoa durante o ritual propriamente dita é efectuada por ela mesma antes de entrar no espaço sagrado e pelo sacerdote, que a salpica novamente com khernips. Depois a pessoa é que se deve esforçar por manter os pensamentos centrados no ritual e por dar o melhor de si.

Limpeza do Espaço

Quando as pessoas entram no espaço sagrado, percorrem-no no sentido oposto ao ponteiro dos relógios, às vezes sob a forma de uma dança, que demarca claramente o espaço sagrado. Depois dá-se a oferta inicial de grão, em que cada pessoa tira um pouco de grão do cesto onde a faca sacrificial se encontra escondida, e segurando o grão todos o atiram para o chão, ficando em completo silêncio. O efeito é demarcar claramente o começo do sagrado e é fantástico, principalmente se foi antecedido por música e depois só se ouve o salpicar dos grãos que gradualmente é substituído por silêncio.

Então, o ritual propriamente dito começa.

Depois do Ritual

Quando o ritual acaba o espaço fica cheio de grão no chão e com as ofertas. Caso seja numa floresta deixa-se a área e o ritual está concluído. Mas quando o ritual se dá em espaços do interior convém que o espaço seja limpo, algumas horas depois, para que os Deuses possam apreciar totalmente as ofertas antes de as retirarmos. As ofertas perecíveis e libações são deixadas numa floresta ou parque, sendo as ofertas enterradas. Quando não há hipótese de o fazer podem ser simplesmente deitadas fora, mas embrulhadas num saco em separado.

Outras ofertas podem ficar no local por mais tempo, como por exemplo flores, estátuas, jóias, entre outras.

Lista

E aqui fica uma pequena lista para verificar antes do ritual:

– Fumigação do Espaço

– Ocasião especial (morte e nascimento) = purificação especial (jejum, ritual, entre outros)

– Banho e roupas novas/especiais

– Outras formas de preparação: meditação

– Khernips e Chama Sagrada

– Circumbalação

– Purificação por cereais e silêncio

Texto retirado do site:

http://www.portuskale.org/pratica/purificacao.html

Está em Português de Portugal, mas é muito bom. Espero que não tenham problemas em entender.

#Rituais

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-miasma-e-a-katarsis

Onde origina-se a Melodia

 “O Todo é Mente; o Universo é Mental”

Definimos melodia como uma combinação de sons sucessivos, mas ninguém diz que uma poesia consista numa sucessão de palavras. Embora seja óbvio que ambas sejam constituídas por esses elementos, não é a sucessão de sons que gera a melodia, e sim o pensamento que ordenou essa sucessão.
Grandes magos, como Bach, Mozart, Beethoven, ouviam nitidamente a música em sua mente, antes de materializarem no papel e em vibrações aéreas, ou seja, não pode existir melodia sem antes sua origem no plano mental.

Idéias musicais vão surgindo na mente do compositor que as passa para o instrumento até encontrar “algo” que goste e registrá-la em papel ou gravador. Este “algo” os alemães descrevem com uma frase – “Est fält etwas eln” – que significa “algo o invade”.

Tais idéias não podem ser forçadas, mas também nada poderá invadir um aspirante à composição musical se ele não se tornar receptivo para abrir sua mente e captar esse “algo”.

O material da música é o som e a melodia é o fluir desses sons que se sucedem de maneira ascendente e descendente. Mas não é só isso, a melodia é também, a expressão de um pensamento produzido pela “inspiração”, pelo “algo que invade”, traduzido pelas leis do sistema musical. Todas as melodias existem dentro dos limites de algum sistema de escalas, que por sua vez consiste num arranjo de uma série particular de notas, no entanto tais “arranjos” não são arbitrários.

Exemplo de construção melódica

Não é possível aprender a construir uma melodia, o que se estuda são as ferramentas e os meios que proporcionam a transformação desse “algo” que se origina na alma do compositor, em material musical.

“A música não cria, mas sim intensifica, como um ressoador, o que já existe em cada um de nós”

A percepção sensível da música provoca alterações em nosso estado de consciência e é na melodia, simples ou complexa, que reside o elemento mais propício para determinar estes diferentes estados.

No âmbito psicológico, vários efeitos foram identificados através do estímulo sonoro, entre outros, podemos destacar: o aumento ou a diminuição dos estados de tensão, depressão, exaltação, alegria, a catarse das emoções, levar o indivíduo à comunicação, à imaginação, à fantasia, ao conhecimento de si mesmo, a interação social, o aumento da concentração, tudo segundo as características da música utilizada.
Experimento

Escutem cada uma destas três músicas, analise os sentimentos que elas provocam, as lembranças que veem na mente, estados emocionais, espirituais, etc cada pormenor é importante. Se quiserem, utilizem os comentários para descrever o que sentiram em cada música.
Bach – Concerto de Brandenburgo no. 3
Mozart – Requiem – 1. Introitus
Vivaldi – Tempestade

O blog Sinfonia Cósmica vai um pouco além da música e fala também de espiritualidade, filosofia, cosmologia, dentre outras divagações.

Acompanhe nossas atualizações curtindo nossa página no Facebook ou seguindo via Twitter

#hermetismo #Música

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/onde-origina-se-a-melodia

A Equipe por trás do Projeto Thelema

93!

Na Contagem regressiva para começar o Financiamento Coletivo dos Livros Sagrados de Thelema. Dia 5/Fevereiro começará no Catarse o Projeto para trazer ao Brasil os livros mais importantes da Thelema, escritos por Aleister Crowley. Hoje falarei sobre a equipe que está responsável pela tradução e edição:

Frater Iskuros (tradutor) tem mais de 30 anos de envolvimento com a corrente telêmica. Admitido na A.’. A.’. em 1992, foi o único brasileiro a passar pelo Ritual DCLXXI (ThROA) – Austin, Texas, 1998. Foi também o primeiro brasileiro a ser sistematicamente iniciado em todos os graus da Ordo Templi Orientis, tendo sido recebido no Soberano Santuário da Gnose (IXº) em 1999, em Manchester, Inglaterra. Foi, ainda, apontado cossucessor e detentor do IXº da Ordem dos Cavaleiros de Thelema pelo saudoso Euclydes Lacerda de Almeida (Frater Aster) em dezembro de 2000. Atualmente, é membro do círculo mais interno da Fraternitas Rosicruciana Antiqua, Conselheiro da Sociedade Novo Æon e representante do Grão-Mestre da Ordo Saturni no Brasil.

Johann Heyss (tradutor) é escritor, tradutor e músico. Thelemita desde o início dos anos 1990, quando conheceu Euclydes Lacerda de Almeida, seu instrutor na A.’. .A.’. e seu mestre na O.T.C.T. No momento não está ligado a nenhuma ordem ou organização iniciática. Lançou em 2000 o primeiro livro sobre o Tarô de Thoth e em 2010 a primeira biografia sobre Aleister Crowley por autor brasileiro. Suas músicas, romances e poemas frequentemente abordam temas relacionados a Thelema.

Leo Holmes (tradutor) é estudante de ocultismo há mais de vinte anos e autor publicado internacionalmente, tendo contribuído com um punhado de artigos para períodicos Europeus, mais conhecido no entanto pelo seu livro LeMulgeton – Goetia and the Stellar Tradition, publicado na Europa em 2013. Especialmente interessado nas correntes Tifoniana e Saturniana, foi membro da sueca Dragon Rouge, é membro convidado da Esoteric Order of Dagon e, juntamente com Frater Iskuros, é um dos membros fundadores da Ordo Saturni no Brasil.

Marcia Seabra (revisora) é historiadora, taróloga e professora especializada na simbologia do Tarot de Thoth há 28 anos. Seu primeiro contato com Thelema foi através do Livro de Thoth no final na década de 80, na França. Em seu retorno ao Brasil foi iniciada na OTO, onde aprofundou ainda mais seu conhecimento nos ritos e na simbologia de Thelema. Atualmente é membro da Ordo Saturni do Brasil e, juntamente com Frater Iskuros, administra os trabalhos ritualísticos dessa Ordem.

Frater Thoth (Editor) Iniciou seus estudos no Hermetismo em 1989, em Farnham, Inglaterra. Mestre Instalado Maçom, Coordenador do site TdC desde 2007; autor da Enciclopédia de Mitologia e do livro Kabbalah Hermética, uma das mais importantes obras de referência no Brasil. Foi Grande Marechal da Ordem Templária no Brasil em 2011-2012 e ocupa atualmente o cargo de Grande Secretário de Ritualística no Arcanum Arcanorum.

Quem apoiar com apoio “Minerval” (os 3 livros + nome nos agradecimentos) ou maior (“Templario”, “Tarot”, “Biblioteca do Alquimista” ou “Loja Patrocinadora”), nas primeiras 48h receberá uma réplica em mdf da “Stele of Ankh-ef-en-Khonsu” (Stella of Revealing).

Dia 5/fev, apoie nas primeiras 48hs e faça parte da história da Thelema no Brasil!

Livros Sagrados de Thelema

93, 93/93

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-equipe-por-tr%C3%A1s-do-projeto-thelema

Os Quatro Grandes Pilares do Conhecimento

Faz parte da busca pelo auto-aperfeiçoamento, pelo auto-conhecimento e pela liberdade psicomental a educação da Vontade, o exercício do livre-pensar, a psiconáutica, a criação visionária. Dentro do contexto draco-luciferiano, o indivíduo procura englobar em sua bagagem cultural superior as Ciências Arcanas e os quatro grandes pilares do conhecimento humano, a saber: Ciência, Religião, Filosofia e Arte em seus aspectos mais ocultos, criativos e práticos para a experiência da consciência individual.

Mas todo o conhecimento adquirido deve ser profundamente compreendido e internalizado para que se torne sabedoria. É importante “filtrar” com discernimento a cultura, o conhecimento, as informações que se adquire, pois todo e qualquer conhecimento internalizado pode ser néctar ou veneno. O néctar proporciona clareza de pensamento, organização intelectual e consciência iluminada (Luxfero); o veneno se espalha na constituição humana, dispersando e confundindo todo o conhecimento não compreendido e não assimilado, distorcendo a realidade, distorcendo o entendimento e podendo causar algum nível de insanidade.

A cultura pessoal de cada indivíduo auto-consciente deveria ser relativamente ampla e abrangente, dentro do possível. Mas não é o que ocorre. Há pessoas, ou grupos, com matéria mental ainda muito crua e rudimentar, mesmo na atualidade na qual existe tecnologia e informação acessíveis a muitos. Por outro lado, há também aqueles de inteligência mediana muito específica, condicionada, um tipo bastante comum de “inteligência de ofício”, útil somente para a atividade profissional estritamente mundana (mas muitos estendem essas características culturais “do trabalho profissional” para todas as esferas da vida, em todos os momentos, o que é muito chato e entediante para os outros).

O verdadeiro influxo mental expandido desce dos planos sutis e invisíveis (pode-se ver a mente?) e se manifesta como avançada compreensão interior naqueles que são naturalmente receptivos devido ao seu próprio grau evolutivo individual. Pessoas tais possuem inquietudes e vontade pelo saber, capacidade de descobrir as coisas por si mesmas e sede por conhecimentos. Essa arte de descobrir, de adquirir conhecimento e experiência, de solucionar problemas, etc., é o que se chama de heurística, seja na Ciência, na Religião, na Filosofia ou na Arte.

Assim, os quatro grandes pilares do conhecimento devem formar um todo na mente e na vida do indivíduo consciente.

O pilar da Ciência, ou Gnosis (Conhecimento), é o fundamento intelectual com a experiência direta das causas e efeitos das coisas, vivenciando as próprias verdades. Teoricamente, a Ciência é um conjunto de conhecimentos organizados e coordenados entre si acerca de determinadas coisas, e, geralmente, considerado como o conhecimento intelectual individual. Mas é também o auto-conhecimento, o verdadeiro Gnosis, o estudo de si mesmo pela contínua e concentrada auto-observação, para além do mero cientificismo “desumano”, mecanóide e materialista. Na Via Draconiana, a Ciência representa a mente elevada, o pensamento livre e esclarecido e o discernimento racional para a aquisição de cultura superior e de conhecimento científico útil e prático para o próprio indivíduo.

O pilar da Religião, ou Agape (Amor), representa a experiência direta da emoção superior consciente, algo apenas vivenciado no interior de cada um. É a união do espírito individual com a essência do universo. É o verdadeiro amor devocional por si mesmo enquanto entidade espiritual auto-consciente. Trata-se de uma experiência supranormal e extemamente marcante vivida e provada para si próprio e mais ninguém. A Religião pode ser considerada também um sistema das relações entre os seres humanos e os seres não-humanos de qualquer categoria divina (incluindo-se os assim chamados daemonos), no qual busca-se uma união espiritual. Na Religião verdadeira e digna busca-se sempre a limpeza do corpo e da alma, a auto-purificação, eliminando as escórias físicas e psicomentais que embotam o despertar da consciência e a evolução interior. A Religião do verdadeiro Agape certamente não é a religião das massas ignorantes; não é a religião do Je$u$ ($alva seu dinheiro) que cobra caro por seus “serviços de salvação”; não é a religião de um deus moribundo, agonizante que instila dor, sofrimento, tristeza e confusão mental em seus cegos cordeirinhos de abate; não é a religião da enfermidade da alma, da estagnação psicomental e da acídia, ou seja, da preguiça e desolação do espírito. Na Via Draconiana, a Religião é a viagem da alma em seu próprio interior, um mergulho em suas próprias emoções primitivas (e divinas!) que jazem no fundo microcósmico espiritual.

O pilar da Filosofia, ou Sophia (Sabedoria), é a busca da verdade individual que só tem fundamento e valor para o próprio buscador; é a busca pela realização do ideal fundamental latente no espírito. Ao contrário de muitos filósofos cartesianos estéreis, aprisionados em seus labirintos intelectuais, o filósofo draconiano pragmático emprega meios tais como sistemas metafísicos, entre outros, para a experiência da consciência, para a aquisição de Sabedoria acerca de si e do universo, na medida em que isso seja possível. Teoricamente, a Filosofia é o sistema que estuda a natureza de todas as coisas e suas relações. Por meio da reflexão, de questionamentos, de especulações e de análises, estuda os processos do pensamento e sua manifestação. Na Via Draconiana, Sophia conduz à paz ataráxica, impertubável, do espírito, ao bem-estar, à alegria, à satisfação, às dádivas do ideal que busca realizar-se.

O pilar da Arte, ou Thelema (Vontade) é o fundamento das idéias intuitivas, da vontade criadora, do espírito individual criativo e realizador. A Arte só pode expressar a criatividade se houver verdadeira vontade, impulso e ousadia, livre de limitações impostas e oriundas de diversas fontes tais como as repressões sócio-religiosas. Arte é a capacidade de realizar a Obra da Criação sobre si mesmo, de aperfeiçoá-la com vontade forte. Na Via Draconiana, Arte é o conjunto de conhecimentos, capacidades e talento para concretizar idéias, sentimentos e visões de maneira estética e “viva” por meio de imagens, música e literatura. A verdadeira Arte realizada através de Thelema (Vontade) está muito longe da pseudo-arte intelectualóide, moderninha, criativa e tecnicamente tosca, grosseira, anti-estética, de mau gosto e desonesta que “artistas” estereotipados produzem sem nenhuma inspiração autêntica. A verdadeira Arte se realiza sob Vontade para manifestar porções do próprio Ser.

Eis os quatro pilares do conhecimento que sustentam a Via Draconiana e que podem levar o indivíduo ao auto-aprimoramento, ao auto-conhecimento e ao desenvolvimento de poderes latentes em quatro planos de manifestação, o físico, o emocional, o mental e o espiritual.

Fr.’. Adriano Camargo Monteiro

#LHP #Luciferianismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-quatro-grandes-pilares-do-conhecimento

A educação de Casanova

Texto recomendado para maiores de 16 anos.

Vou começar com esta confissão: o que tenho feito no curso da minha vida, quer seja bom ou mal, tem sido feito livremente; sou um agente livre.

1.

Eu poderia jurar que fazia séculos que não punha os pés nesta cidade. Tudo tem mudado no mundo, mas as felicidades e os prazeres continuam passageiros e fugazes, as grandes infelicidades continuam a atemorizar os homens, e de resto há somente este grande e tenebroso tédio nos intervalos entre umas e outras. Até algum tempo atrás, e já não me lembro mais quanto, eu me encontrava livre desta pequena tristeza, tão jovem quanto sempre fora, tão sedutor quanto um misterioso viajante. Mas ultimamente tenho envelhecido, meus pensamentos e minha alma vão tornando-se rígidos e enrugados, e meus olhares nada mais despertam nas mulheres…

Como, afinal, despertar alguma paixão nalguma bela jovem ou nem tão jovem, se eu mesmo padeço deste tédio que acomete a tudo e a todos na civilização moderna. Há pouco chamei-o “grande e tenebroso”, e me contradisse quando falei em “pequena tristeza”. Ora, uma grande infelicidade ainda pode ser mais interessante, pois após uma queda vem a fase em que ficamos novamente de pé, e após uma desilusão amorosa podemos contar com uma doce ilusão totalmente nova! Melhor seria uma grande infelicidade, uma grande tragédia, do que este tédio… Será que é por isso que os homens consideram se casar?

Esta vista do mar de Mármora continua tão bela quanto me lembrava. Os homens aprenderam a construir estas grandes torres, cada vez maiores, mas em matéria de beleza e sedução, ainda têm muito o que aprender com a natureza. E eu que sempre fora um agente livre, um mar esguio a banhar as mulheres seminuas ou nuas no verão, mas que desaparecia no inverno… E agora, agora um mar represado, entediado. Mas não se apiedem de mim, não estou aqui para chorar minhas mágoas, e sim para me curar.

Dizia Hipócrates que são nossas próprias forças internas quem realizam a cura, e que o médico é tão somente o agente que nos leva ao reencontro conosco mesmo. Acho que é precisamente isto que ocorre. Casanova, o grande Casanova, não come mais ninguém, e nem parece entusiasmado em comer mais ninguém… Ó, lástima, será necessário mesmo um grande médico do amor para me conduzir novamente ao meu próprio coração. Vim de tão longe atrás deste homem.

Beyazit é o bairro onde ele marcou o encontro. Não é preciso ser um especialista nas artes amorosas para perceber que se trata de um dos poucos bairros da cidade onde há prostituição. Além do que é já noitinha, isto tudo só pode ser um grande deboche da parte dele… Quem quer que tenha acreditado que fiz amor com 122 mil mulheres e prostitutas ao longo de uma única vida é muito ingênuo ou gosta de mitologia! Mas o pior é ver tantos jovens se divertindo, tantos homens ainda com esta grande vontade de procriar a espécie, e tantas mulheres os analisando e criteriosamente escolhendo aquele de maior potencial… E eu aqui, entediado, entediado até mesmo com Darwin!

Vejam bem, mulheres, não estou dizendo que todas as mulheres de Beyazit são prostitutas. Nesta rua mesmo, há apenas algumas. Os homens, por outro lado, são quase todos prostitutos… Eles se vendem para o próprio desejo desenfreado, em troca de um pouco de prazer. Eu atuava com maior refinamento e dignidade. Negociava com meu próprio desejo em prol de obter o maior prazer possível. O grande segredo de Casanova era este: “o desejo só é mantido vivo quando não é totalmente satisfeito”. Então, meu refinamento estava em me satisfazer aos poucos. Dizem que eram as mulheres que se apaixonavam perdidamente por mim, mas não: eu é que me apaixonava por elas, e as desejava ardentemente. Mas nunca satisfazia totalmente meu desejo, e era dessa forma que o mantinha vivo. Eu só poderia ser um grande amante, afinal, se as desejasse mais do que elas mesmo me desejavam.

E agora, nada, só o tédio… Não tenho mais desejo de nada, então como irei satisfazer uma mulher? As mulheres não são tão facilmente satisfeitas como os homens… Há homens que se satisfazem em copular com um corpo escultural. As mulheres, em sua maioria, percebem um pouco mais da alma. E eu, envelhecido, entediado, meio triste, não quero nem saber do que foi feito da escultura da minha alma a essa altura…

Preciso de um grande artista, um exímio escultor, ou ainda de um sábio restaurador. Meu amigo é tudo isto e muito mais. Casanova virou mito, mas aprendeu tudo o que sabe, ou quase tudo, deste homem árabe, que nunca precisou viajar pelos continentes para conhecer a alma dos homens e, sobretudo, das mulheres. Eu, é claro, fui por muito tempo um herege na arte do amor. Ele, pelo contrário, praticamente escreveu a bíblia de tal arte, não com uma pena ou caneta, mas com o próprio corpo e a própria alma e o olhar, o olhar!

Se um dia aprender a olhar como ele, me dou por satisfeito. Há homens que olham mulheres vestidas e as despem com o olhar. Ele não, ele veste as mulheres com o seu olhar, as preenche por todos os poros, e vira facilmente o centro de sua atenção. Caso queira, é claro… Nunca vou entender por que diabos se casou. Privar as mulheres de sua arte, concentrando-se sempre na mesma, é um desperdício, um grande egoísmo!

Se não satisfiz 100 mil, pelo menos que tenham sido mil. Ainda é melhor do que apenas uma. Ele escreveu a bíblia do amor, mas eu sou o seu grande apóstolo, o evangelizador! Eu trago a boa nova e a boa nova é um grande prazer, fugidio, mas que é genuíno… Melhor dar um pouco de prazer para mil do que muito prazer para somente uma. Além do que, o prazer nunca dura tanto afinal, do contrário não saberíamos distingui-lo das pequenas alegrias.

Eu entro pela porta apertada do cabaré. Quantos cabarés iguais não adentrei em minha existência! Os olhares mortos das prostitutas já cansadas, os olhares ainda mais entediados dos homens que se regozijam em se envolver com corpos sem que haja necessidade de se preocupar com as almas, as bebidas destiladas e a música de fundo… Tudo meio escuro e frio, com pinceladas de acinzentado aqui e ali, e uns poucos ainda iludidos querendo encontrar o amor de suas vidas neste tipo de ambiente. É tudo isto já uma lição de meu amigo, um lição merecida devo dizer, pois que não há como negar que eu mesmo já recorri a este tipo de ambiente muitas vezes, quando ainda não havia aprendido a refrear meu próprio desejo.

Lá está ele, com seu olhar de fogo. Se ele uma vez me ensinou a ser como as labaredas, terá de me curar, me transformar pelo fogo uma vez mais… Eu puxo uma cadeira e me sento à mesa. Olhando fundo na sua alma, pronuncio seu nome, quase como uma súplica:

“Asik, eu me desvirtuei, preciso novamente do seu aconselhamento”.

Continue lendo este conto em meu blog, ou leia em formato de e-book nas opções abaixo (em breve, também para Amazon Kindle), todas elas gratuitas:

» Baixar para Kobo (ePub)

» Ler no Google Livros

» Continuar leitura no blog Textos para Reflexão

#Conto #eBooks #Livros #RafaelArrais

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-educa%C3%A7%C3%A3o-de-casanova