A roda dos deuses (parte 1)

Há uma lenda bastante difundida entre as religiões ocidentais que afirma, basicamente, que o monoteísmo, a “descoberta” do Deus Único, foi uma concepção originária do judaísmo. Segundo esta lenda, existem no mundo algumas poucas religiões monoteístas, derivadas da crença hebraica, e outras tantas que creem na existência de vários deuses de origem paralela – o chamado politeísmo.

A verdade, no entanto, pode ser mais profunda… Joseph Campbell foi um estudioso de mitos e religiões em todo o globo, e em O poder do mito ele deixa muito claro o que acredita ser a principal diferença entre as grandes religiões ocidentais, e as orientais: Enquanto a oeste do canal de Suez, a maioria das pessoas identifica Deus com a fonte da Alma do Mundo, a leste de Suez, a associação que se faz é a da divindade como o veículo desta energia transcendente.

Por isso as religiões ocidentais tendem a identificar a Deus como um Grande Senhor que, sabe-se lá de onde, mantém a fonte da vida em constante afluência, enquanto que as religiões orientais tendem a ver esta divindade por toda a volta – ela seria o próprio fluido em movimento, a habitar a essência de todos os seres e de todas as coisas.

O curioso é que ambas as visões são complementares, e parecem ser apenas formas diferentes de se observar este grande mistério: “porque existe algo, e não nada?” Para resolver tal questão ancestral, a mente humana tem se aventurado a observar os recônditos mais distantes do Cosmos, e a mergulhar cada vez mais profundamente dentro de si mesma… Este grande conjunto de dualidades, de opostos, emanados de uma única fonte, mas que preenchem a tudo o que há, é precisamente isto a roda dos deuses. Reflitamos:

O Uno

Conta-nos o estudioso de mitologia e religiões, Mircea Eliade [1], que os poetas criadores do Rig Veda hindu já se questionavam, provavelmente muito tempo antes dos hebreus, acerca do problema do ser, ou do incrível fato de, afinal, algo existir: “O Uno respirava por impulso próprio, sem que houvesse inspiração ou expiração (…) Afora isso, nada mais existia”. Depois, segundo eles, através de um ato de desejo e vontade, a “semente primeira” dividiu-se em “alto” e em “baixo”, num princípio masculino e noutro feminino, e depois irradiou ou emanou de si mesma, como um pensamento, tudo o que há.

Desta forma, os milhares de deuses hindus são, eles mesmos, uma “criação secundária”. Daí nasce o grande questionamento de um desses poetas hindus anônimos e ancestrais: “Será que aquele que zela por este (mundo) no lugar mais alto do firmamento é o único a saber (da origem da “criação secundária”) – ou nem mesmo ele sabe?”.

Se é verdade que nem todas as interpretações dos Vedas chegaram a tal profundidade, não é verdade que nenhum sábio hindu tenha chegado a conclusões muito próximas dos hebreus – tudo o que há haveria de ter sido criado ou irradiado de uma só fonte, de um só Deus. Dessa forma, a ideia básica do monoteísmo está longe de ser uma criação do judaísmo, ou pelo menos, apenas do judaísmo.

Esta mesma conclusão está presente no Antigo Egito (particularmente no hermetismo), na filosofia de Parmênides (e alguns filósofos pré-socráticos que não a desenvolveram com a mesma profundidade), no estoicismo, no pensamento de Plotino e, mais recentemente, na monumental obra de Espinosa, a Ética.

Mas, e seria este Uno um ser pessoal, ou alguma espécie de energia inefável, de força ou lei oculta da Natureza? Disto não podemos saber, apenas apostar… Mas, ainda que apostemos na hipótese da energia inefável, ainda aqui teremos sido precedidos por Lao Tsé em muitos séculos: “O Caminho é vazio e inesgotável, profundo como um abismo. Não sei de quem possa ser filho, pois parece ser anterior ao Soberano do Céu” (Tao Te Ching, verso 4).

A Deusa Mãe

A adoração do aspecto feminino, fértil e vivificador da divindade data da pré-história (o que pode ser comprovado pelas inúmeras estatuetas de uma “grande mãe” encontradas pelos arqueólogos em vários pontos do mundo).

Quase 3 mil anos antes de Cristo, na grandiosa cidade de Uruk, na Suméria, o templo de Ishtar dominava a civilização da primeira grande cidade. Ishtar, entretanto, era apenas mais um nome dado a Grande Deusa, que era adorada então por muitas outras culturas na Terra. Nada se comparava ao poder da mulher. Toda a vida provinha dela e sem seu alimento nenhuma vida sobreviveria. A Mãe era a vida. A Terra era a Mãe. Deus era Mulher. O matriarcado dominou grande parte do período em que se cultuou a Deusa Mãe.

Certamente o advento da agricultura contribuiu ainda mais para que o mistério do nascimento ocupasse um ponto central das religiões antigas. A Terra era associada ao ventre e, como os vegetais, os homens nasciam do solo, e voltavam ao solo durante a morte. Provavelmente tais mitos tenham sido a fonte primária dos mitos de criação do homem a partir do solo, presentes não somente na mitologia hebraica como em alguns mitos africanos bastante similares.

Mas com o tempo, e o advento das primeiras cidades (com estoques de grãos), dos saqueadores de cidades, e dos exércitos que guardavam as cidades dos saqueadores, o mundo tornou-se mais bruto e violento, e o matriarcado foi sendo suprimido pelo patriarcado. A Deusa Mãe saía de cena…

O “deus do pai”

Ainda nos conta Mircea Eliade que a religião dos patriarcas hebreus, já desde Abraão, era muito próxima ao culto dos antepassados, prática comum tanto do paganismo como de doutrinas orientais, como o budismo e o xintoísmo. O “deus do pai” é primitivamente o deus do antepassado imediato, que os filhos reconhecem. É um deus dos nômades e pastores, que não está ligado a santuários fixos, mas acompanha e protege um grupo de homens. Ele “se compromete diante de seus fiéis por meio de promessas” – o que fica muito claro nas barganhas relatadas no Antigo Testamento (“faça isto por mim, que farei isto por você”) [2].

Mas ao penetrarem em Canaã, os patriarcas são confrontados com o culto do deus El (o Deus Criador nas culturas suméria e babilônica), e o “deus do pai” acaba por lhe ser identificado [3]. Dessa forma, obtém a dimensão cósmica que não podia ter como uma divindade de famílias e clãs.

O “deus do pai”, o deus dos patriarcas hebreus, torna-se o Deus Criador e, dessa forma, é também associado ao Uno, ao “único Deus”. Mas isto não foi “a origem do monoteísmo”, como dizem as lendas, mas tão somente um dentre muitos sincretismos religiosos similares, que ocorreram não somente em Canaã, como em diversas outras partes do mundo…

» Em seguida, a roda continua a girar com as entidades divinas e os avatares…

***

[1] Alguns dos trechos de livros sagrados nesta série de artigos foram retirados de seu livro, História das crenças e das ideias religiosas, vol I (Zahar).

[2] As barganhas religiosas, onde “se cobra a Deus por sua parte do trato”, existem até os dias de hoje. É surpreendente que certas igrejas, que teoricamente são protestantes, ainda hoje colaborem para esta prática de uma espiritualidade tão superficial.

[3] É por isso que o Deus hebreu ora é chamado de Javé, ora de Elohim. Javé seria o “deus do pai”, e Elohim seria sua associação a El.

Crédito da foto: Frederic Soltan/Corbis (O Templo do Sol de Konark, Orissa/Índia)

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Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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#Hinduismo #Religiões #Mitologia #Judaismo #MirceaEliade #Paganismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-roda-dos-deuses-parte-1

‘Manual dos Caça Fantasma

As pessoas têm o péssimo hábito de morrer.

Este é um costume tão enraizado na humanidade que antes de inventarmos as igrejas, a ciência e a arte, as pessoas já faleciam aos montes, um hábito que permanece até os dias de hoje. Não demorou muito para aqueles que ainda estavam vivos começassem a questionar o que acontecia com quem deixava este mundo. E assim que começaram a surgir formas de entretenimento sociais como a religião, o teatro, livros e as megaproduções de Hollywood, este assunto foi explorado ao extremo; não é de se espantar que pessoas tenham se especializado nele e o transformado não apenas em uma área de estudo, mas também em uma profissão. Talvez uma das profissões mais antigas da história, já que raramente o xamã local tinha que caçar a própria comida.

A morte e seu principal subproduto, os fantasmas, inflamam a imaginação do ser humano desde que este se entende como tal, e não demorou muito para que ele voltasse seus meios de estudo e sua compreensão para tentar entender aquelas coisas translúcidas que eram capazes de atravessar as paredes. A religião, a filosofia, o ocultismo e finalmente a ciência foram usadas para tentar se compreender e analisar esses eventos que nem os mais cínicos conseguem ignorar por muito tempo. O fenômeno é tão comum que dificilmente alguém não tem uma história pessoal para contar.

Mas como classificar essas atividades chamadas de paranormais, que envolvem a aparição e interação de fantasmas com os vivos? Existem milhares, talvez mesmo milhões, de registros mecânicos e digitais de espíritos dignos de confiança. Alguns deles vêm sendo estudados há décadas sem que tenha surgido uma evidência sequer de fraude. Mas mesmo assim aqueles que se utilizam do método científico e jornalístico não estão mais próximos de explicarem o fenômeno do que o velho xamã preguiçoso.

O filme Os Caça-Fantamas, de 1984, e depois uma série de outros filmes e seriados televisivos, acabaram excitando a curiosidade de muitas pessoas e as incentivou a sair também coletando seus dados e evidências em busca de uma prova de que a existência do ser persiste além da morte física e com o tempo se criou um processo mais ou menos aceito por muitos como a forma correta, ou mais eficaz, de se buscar não apenas espíritos mas também atividades fantasmagóricas e muitos outros tipos de eventos desconhecidos. Mais recentemente, na era do Reality Show seriados como Ghost Hunters tem registrado o procedimentos de profissionais do ramo, levando os casos do fundo do porão para a sala de estar das pessoas.

O que você tem em mãos agora é o resultado do trabalho da Morte Súbita Inc. de se criar um manual prático, baseado na experiência de alguns de seus membros, para que os interessados possam se equipar e sair buscando suas próprias experiências. Este manual contém itens didáticos que tornam possível que a pessoa, mesmo sem nenhuma experiência prévia, possa identificar aquilo com que está lidando, até dicas de como encontrar locais assombrados para pesquisar, como criar um arquivo de casos, equipamentos necessários e um guia prático de como se conduzir uma pesquisa de campo.

Este é um campo de pesquisa e estudos que não possui ainda um currículo necessário, ou seja, qualquer um com uma base boa pode fazer parte dele, a única coisa que servirá para dizer se você é um bom caçador de fantasmas ou não são suas próprias experiências. Por isso se prepare, tome notas e boa sorte.

Agradecimentos

Agradecimentos

Este trabalho é uma homenagem a memória de Octávio Castelani, (Frater Abel 93) falecido em agosto de 2009 e Jaime Garcias, (Frater EctoZ) falecido em abril de 2010, pioneiros do projeto Morte Súbita Inc. no ramo de caçadas fantasmas. Estamos atrás de vocês, camaradas 🙂

Índice

PARTE I – Fantasmagoria teórica:

PARTE II – A Fauna Espectral

PARTE III – Arsenal

PARTE IV – A Rotina da Caça

PARTE V – Administração e Orientações Gerais:

Postagem original feita no https://mortesubita.net/espiritualismo/101-manual-dos-caca-fantasma/

O Evangelho do Agnóstico

» Parte final da série “Reflexões sobre a evangelização” ver parte 1 | ver parte 2

As bases filosóficas do agnosticismo foram assentadas no séc. XVIII por Kant e Hume. O termo, porém, foi cunhado pelo biólogo britânico Thomas Huxley em 1876 – ele definiu o agnóstico como aquele que acredita que a questão da existência de Deus não pode e talvez jamais possa ser resolvida.

“O Cosmos é tudo que existe, que existiu ou existirá” – Assim, com essa frase inesquecível, Carl Sagan inaugura o primeiro episódio da série de 13 documentários intitulada “Cosmos”, veiculados na TV americana em 1980, e depois no restante do mundo. Ao pretender explicar ciência e cosmologia para o público leigo, Sagan acabou criando um épico que abrange também muitas questões existenciais, história, mitologia, religião e espiritualidade em geral.

Em alguma costa rochosa, em alguma praia do globo, Sagan observa as ondas, os pássaros, o vento, e algum tempo depois nos traz outra pérola em sua narrativa: “Recentemente, aventuramo-nos um pouco pelo raso (do Cosmos), talvez com água a cobrir-nos o tornozelo, e essa água nos pareceu convidativa. Alguma parte de nosso ser nos diz que essa é a nossa origem. Desejamos muito retornar, e podemos fazê-lo, pois o Cosmos também está dentro de nós. Somos feitos de matéria estelar, somos uma forma do próprio Cosmos conhecer a si mesmo.”

Sagan era profundo conhecedor de religiões e mitologia, além de cientista e cético, mas não era nem ateu nem teísta ou deísta, era puramente agnóstico. Seu evangelho era constituído de uma obra de divulgação científica totalmente voltada para tal espanto, tal deslumbramento, tal amor pela natureza e todo o Cosmos a sua volta. Essa era a boa notícia de Carl…

Para muitos teístas, o fato de existirem pessoas que não creem em um Deus pessoal, ou que pelo menos não tem certeza de sua existência, parece causar um certo desconforto. Não é raro perceber, em qualquer pessoa ligada a doutrinas eclesiásticas, uma tendência a classificar ateus, agnósticos, céticos, e às vezes simplesmente todo e qualquer cientista, como “gente sem fé”, perdida, afastada de Deus, e até mesmo imoral.

Mas a verdade é que, a despeito do aparente consenso dos eclesiásticos, a moralidade, o amor, não são exclusividade daqueles que oram todos os dias a Deus, que frequentam missas, que consultam algum manual da Verdade Absoluta frequentemente. Para o religioso superficial, isto que digo não levanta muitas questões – “Ora, mas é exatamente assim: uns são bons, outros maus, crer em Deus não faz de ninguém um santo”. Sim, isso faz sentido, mas a questão é mais profunda…

Se Deus existe – e para teístas e deístas ele certamente existe –, porque ele “permite” que algumas de suas criaturas vivam sem sequer crer nele?

Em outro produto da obra de Sagan, o livro de ficção “Contato”, que também deu origem a um excelente filme homônimo, é descrito um contato com inteligências extra-terrestres de uma forma verossímel e científica. Existe também um conflito entre as crenças de cientistas e religiosos – em dado momento, a protagonista do primeiro contato (no livro são vários contatos ao longo das décadas, no filme há apenas um), uma cientista agnóstica, nos traz uma importante indagação:

“Se Deus quisesse nos mandar uma mensagem e escrituras antigas fossem a única forma que pudesse imaginar, ele poderia ter feito um trabalho melhor. E ele dificilmente teria que se confinar a escrituras. Por que não há um monstruoso crucifixo orbitando a Terra? Por que a superfície da Lua não é coberta com os Dez Mandamentos? Por que Deus deveria ser tão claro na Bíblia e tão obscuro no mundo?”

Ao contrário do que muitos eclesiásticos possam imaginar, esta mensagem não denota um pensamento que diminua de alguma forma a importância da Bíblia, mas antes um pensamento que aumenta enormemente a amplitude do que há de sagrado no mundo – o reino é todo o Cosmos. E não poderia ser de outra forma…

Podemos encontrar neste mundo ateus, agnósticos, teístas e deístas, sim isso tudo é verdade. Mas será muito difícil encontrar algum ser que negue a existência de um sistema que rege todo o universo. Seja a crença nas leis fundamentais da natureza, seja a crença nos desígnios divinos, seja um misto de ambos, todos creem em algum sistema, cuja função pode ainda ser um mistério – mas que há de ser buscado, há de ser resolvido passo a passo, por todos nós, juntos!

Sim, nós realmente somos a forma do Cosmos conhecer a si mesmo. E pouco importa, na prática, se tal Cosmos é um ser pessoal, uma força cósmica ou até mesmo um acaso miraculoso – pois no fim, conforme postularam Kant e Hume, não compreendemos ainda muito bem nenhum deles, não podemos ainda resolver tal questão. Será que poderemos um dia?

Para resolvê-la, talvez não bastem apenas orações e experiências místicas, apenas meditação e autoconhecimento, mas também o estudo meticuloso, prático, objetivo, material, profundamente mundano, da natureza a nossa volta. Há muitos gigantes da história da ciência que, buscando talvez um deus barbudo senhor dos exércitos, acabou esbarrando em verdades muito mais profundas. Talvez buscando um reino confinado a um pequeno pedaço de rocha na periferia da uma de bilhões de galáxias, acabou esbarrando no infinito.

E, se mesmo hoje existem seres que buscam aos mistérios de Deus sem sequer crer nele, que se aventuram pelas entranhas dos átomos e quarks, pelo reino bizarro da mecânica quântica, pelos códigos ocultos do DNA, pelos quasares e sóis distantes, pelas singularidades de seções inimagináveis do espaço-tempo, deixem que busquem, pois de uma coisa teremos sempre a certeza: é impossível estar “fora” de Deus.

Talvez o trabalho deles seja tão importante para o mundo quanto os mandamentos dos evangelhos. O importante é encarar as boas novas não como enigmas solucionados, mas como o início de um caminho, subjetivo e objetivo, interior e exterior, que preenche toda nossa existência.

Amai sim, o próximo, e toda a vida, como a ti mesmo. Mas amai a coletividade da vida, amai os átomos que nos conectam a tudo e a todos em uma teia sem fim, amai ao Cosmos acima de todas as coisas.

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Crédito das imagens: Divulgação (Cosmos de Carl Sagan).

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Espiritualidade #Deus #CarlSagan #universo #Ciência #Bíblia

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7 Passos Para Se Conectar Com As Fadas

Por Emily Carding.

No século XXI, o reino das Fadas é tão popular como sempre; ainda assim, em nossa cultura de gratificação instantânea e plataformas de mídia não moderadas, existem muitos caminhos falsos e armadilhas ilusórias para nos distrair e nos direcionar mal. Como, então, o verdadeiro buscador das Fadas pode ter certeza de que não está seguindo algum metafórico (ou às vezes literal) Fogo-fátuo em um pântano perigoso? Aqui estão os sete passos que você precisa seguir para ter certeza de que está vivendo autenticamente e em sincronia com nossas primas Fadas.

1. Conhecimento:

Leia amplamente e com sabedoria! É claro que os livros não são a única fonte de conhecimento, mas são um bom lugar para começar (e continuar – nunca devemos parar de aprender!), em equilíbrio com os passos mais experienciais a seguir. Encontre recomendações de pessoas que você respeita e familiarize-se com o folclore e a mitologia tradicionais, principalmente irlandeses, escoceses e galeses. Qualquer bom livro sobre as Fadas também deve ter uma boa bibliografia, que você pode explorar para leitura adicional e exploração mais profunda. Quanto mais variada for sua leitura, mais forte será seu discernimento e menos provável será que você seja desviado do verdadeiro caminho para a ilusão. Também é importante perceber que muitos seres feéricos são hostis e/ou imprevisíveis. Quanto mais você souber, mais preparado estará.

2. Expanda sua Consciência:

Pode ser muito fácil ficar preso em nossas cabeças e confundir o pensamento ilusório e a imaginação destreinada com a experiência real. Portanto, um dos passos mais importantes para a verdadeira conexão com as Fadas é expandir sua consciência energética fora de seu próprio corpo e no mundo ao seu redor. Aqui está um exercício que é apresentado tanto no Faery Craft (A Bruxaria das Fadas) quanto no meu novo livro, Seeking Faery (Procurando as Fadas).

“Exercício: Tornando-se a Árvore das Fadas:

Este exercício é projetado para conectá-lo às energias da terra e abrir o centro do seu coração para aumentar a sensibilidade à presença e às comunicações dos seres Fadas. Dependendo de suas capacidades físicas, isso pode ser feito em pé ou sentado, mas em ambos os casos você deve idealmente ter os pés descalços e no chão, em um espaço o mais natural possível, idealmente onde você não será perturbado. Mantendo-se ereto e relaxado, com os pés a uma pequena distância e as mãos ao lado do corpo, faça sete respirações lentas e profundas (pelo nariz, segure por três segundos e expire lentamente pela boca), enquanto permite a tensão e as preocupações de o dia para derreter.

Na próxima respiração, com as palmas das mãos voltadas para baixo, imagine seus pés lentamente se transformando em raízes de árvores e cavando a terra abaixo de você. Sinta a força da terra e a estabilidade e nutrição que as raízes lhe proporcionam. Mantenha isso por sete respirações profundas dentro e fora.

Agora, nas próximas sete respirações, mantendo suas raízes, levante lentamente os braços em forma de “v” e levante as palmas das mãos para o céu. Imagine que seus braços estão se tornando grandes galhos, alcançando a luz do Sol, da Lua e das Estrelas. Mantenha as raízes e os galhos por mais sete respirações profundas.

Mantendo os braços erguidos na posição “v”, agora imagine que suas raízes estão atraindo a luz verde esmeralda da terra em direção ao seu coração. Inspire e desenhe com sete respirações profundas. Agora imagine que seus galhos estão atraindo a luz prateada dos céus para o seu coração. Desenhe-o com sete respirações profundas. A luz verde e prateada se encontra em seu coração e se torna dourada e rodopiante, abrindo seu coração para as energias da Terra e conectando você acima e abaixo.

Para iniciantes, mantenha isso enquanto estiver confortável e, em seguida, libere as energias de volta através de seus galhos e para baixo através de suas raízes, abaixe lentamente os braços e lentamente puxe as raízes de volta para os pés e torne-se seu eu normal novamente. Sete respirações profundas para se recuperar. À medida que você se acostumar com este exercício, poderá descobrir que pode fazer versões mais curtas ou mais longas, conforme desejar.”

3. Oferendas:

Além de expandir sua consciência energeticamente, é possível alcançar e conectar-se de uma maneira mais tangível com ofertas apropriadas. Isso não apenas ajuda a formar uma ponte energética entre os mundos, mas também mostra sua vontade de colaborar e não simplesmente esperar presentes ou orientação sem esforço de sua parte. A escolha da oferta é significativa, assim como a certeza de limpar depois. É uma boa ideia, se possível, encontrar um local ao ar livre para suas oferendas, onde você sinta instintivamente que sua conexão com as Fadas é forte e onde você não será perturbado. Embora este possa ser um local sagrado estabelecido, pode ser mais poderoso encontrar uma conexão pessoal em um caminho menos trilhado. Considere o valor das ofertas que você traz e o impacto no meio ambiente. Se deixar comida de qualquer tipo, certifique-se de verificar se ela está limpa e não simplesmente deixada para apodrecer. Muitas vezes, essas oferendas serão consumidas por animais, o que é absolutamente bom (os seres Fadas às vezes emprestam essas formas físicas para aceitar oferendas) desde que você tenha certeza de que elas não contêm nada tóxico para a vida animal (por exemplo, chocolate).

4. Ética e Honra:

Você pode pensar que são as Fadas que geralmente são invisíveis, mas a verdade é que elas também podem ver através de você! Se houver qualquer engano ou falsidade em seu coração, eles o sentirão e o tratarão de acordo. Como qualquer caminho mágico, é de extrema importância conhecer a si mesmo e estabelecer um forte código de honra e ética que você siga em todos os aspectos de sua vida, não apenas em seu trabalho com as Fadas.

5. Expressão:

Para muitos, inclusive eu, a comunicação com as Fadas vem através da expressão criativa. Esta é uma comunicação direta de coração para coração ou de espírito para espírito, e esses canais devem ser livres e abertos para receber. Quaisquer pensamentos negativos sobre sua própria criatividade precisam ser superados simplesmente criando de qualquer maneira que você se sinta movido, seja arte, dança, poesia. Ninguém irá julgá-lo, a menos que você escolha compartilhar com o mundo, mas sua alma e seus aliados feéricos agradecerão.

6. Imaginação:

Ao trabalhar com seres e forças do Outro Mundo, a imaginação torna-se um sentido extra através do qual podemos perceber as coisas que estão ocultas aos nossos sentidos terrenos. As armadilhas aqui são claras e, portanto, é importante treinar a imaginação por meio de técnicas de visualização, meditação e jornada para que ela se torne um tradutor confiável de energias, em vez de um autoengano fantasioso.

7. Aterramento:

Sempre volte a isso. Após qualquer encontro ou trabalho com as Fadas, certifique-se de se ancorar em seu corpo e no mundo físico ao seu redor. Libere as energias do outro mundo para sua fonte, sinta seus pés na terra, saboreie boa comida e beba água. Regularmente, reserve um tempo para simplesmente estar na Natureza, ver a maravilha que é o mundo em que habitamos, e você não terá necessidade de ilusão – você simplesmente aprenderá a ver a magia em verdades mais profundas enquanto trilha o caminho das Fadas em paz, verdade e aproveite.

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Fonte:

7 Steps to Connect with Faery, by Emily Carding.

https://www.llewellyn.com/journal/article/2993

COPYRIGHT (2022) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/7-passos-para-se-conectar-com-as-fadas/

‘Árvore Qliphotica: Seu mapa de fuga da prisão

Tamosauskas

Este material é um acompanhamento do curso de Qlipoth: A Árvore da Morte, oferecido por Marcelo del Debbio adicionado de alguns insights pessoais do autor e apresenta uma introdução ao estudo da árvore da morte da cabala qliphótica. Esse estudo pode trazer medo quem só está acostumado com o lado luminoso da cabala e ilusões quem não está acostumado com cabala nenhuma. Ele fornece entretanto conceitos importantes tanto para quem quer evitar os erros do caminho com para quem quer se proteger da malícia dos demais.

Lida de cima para baixo a árvore da morte é um manual de como a opressão é criada e mantida,  Lido de baixo para cima entretanto pode ser vista como uma rota de fuga. Um mapa capaz de denunciar os mecanismos usados para nos escravizar. Este resumo trará a segunda opção com os nomes e características de cada Qlipha, bem como dos túneis que as ligam. Também foi incluído um pequeno questionamento meditativo em cada qlipha sobre os obstáculos que a árvore da morte impõe.Também será fornecida uma referência de ficção da literatura ou do cinema de uma distopia .

Entretanto a forma mais de compreender a árvore da morte é comparar cada um de seus elementos com seu correspondente na árvore da vida. Trata-se sempre de uma versão corrompida, prostituída e degenerada de sua contraparte. Por essa razão a cada elemento estudado será sempre mencionada a sephira ou caminho da qual é a sombra. Se estes nomes forem novidades para você, interrompa a leitura e faça um estudo da cabala pela via luminosa antes de continuar.

Conceitos chave:

  •  Árvore da morte: É o oposto da árvore da vida. Composta por qliphoth e túneis.Algumas pessoas tratam a árvore da morte como como as raízes subterrâneas, a sombra ou ainda o reflexo invertido da árvore da vida.
  • Qlipha: Qlipha (plural Qliphoth) é para a árvore da morte o que uma sephiras é para a árvore da vida. Cada uma possui sua correspondente em uma das duas árvores. Qlipha significa literalmente casca no mesmo sentido da casca de uma fruta, que depois de separada de sua polpa doce e nutritiva e só que só serve para ser jogada fora para servir de adubo.
  • Túneis: Os túneis ligam duas qliphoth na árvore da morte da mesma maneira que os caminhos ligam duas sephiroth na árvore da vida. São pontos em que duas forças se influenciam mutuamente gerando um resultado específico e que engana e prende a luz como uma teia.

Vejamos agora as Qliphoth e seus túneis separadamente:

X – Nahema (Os sussuradores)

Sombra de Malkuth

Conceito chave: escravidão

Ficção distópica: Matrix

Também chamada de Lilith. Esta é a masmorra, o porão da árvore da morte. É o resultado concreto em um reino de escravidão, ignorância e servidão onde em vez de perseguirem sua verdadeira vontade as pessoas aceitam, servem e obedecem completamente um sistema criado para aprisioná-las. É uma jaula fácil de ver por fora mais difícil de enxergar por dentro. Por essa razão é trivial detectar as ideologias, sistemas e religiões que manipulam outras pessoas mas é muito difícil detectar os sistemas que manipulam a nós mesmos. A primeira atitude para quem quer liberdade é se tornar consciente da falta dela.

Questionamento meditativo:

“Consigo enxergar os mecanismos de escravidão em que estamos imersos?”

 

IX –  Gamaliel (Os obscenos)

Sombra de Yesod
Conceito chave: Ilusão
Ficção distópica: Jogos Vorazes, a Ilha

Gamaliel é a terra das ilusões. Enquanto a imaginação consciente pode ser libertadora a mera fantasia é um grande obstáculo para o desenvolvimento. Em Gamaliel são produzidas as aspirações e ideias de que que um dia, de alguma forma a verdadeira realização virá e justificará toda escravidão dando então ao oprimido os mesmos benefícios que os opressores já tem.  Essa mitologia artificial deve de preferência durar toda a vida, por isso tradicionalmente nos sistemas religiosos a justificação só ocorre depois da morte. Enquanto isso, em termos de política, o socialismo convence as massas que a elite do partido é um mal temporário é necessário e o capitalismo convence os pobres que um dia, se tiverem sorte ou trabalharem muito poderão se tornar ricos. Tudo isso faz os prisioneiro serem os primeiros a defender suas prisões e a defender o mesmo sistema que os vampiriza. Na escala pessoal se trata da preguiça e da auto-ilusão que tudo consome e nada produz.

Questionamento meditativo:

“Quanto da minha criatividade é limitada pelas fantasias que consumo?”

 

Túneis:

32 (IX – X)

Thantifarax (Intolerância)

Sombra do Mundo

Afim de vender as ilusões de Gamaliel dominar os escravos de Nahema, Thantifarax, o carcereiro do jardim do éden, é a intolerância que garante exclusividade dos sonhos. Individualmente é a incapacidade de imaginar. Na sociedade  é o consumo apenas dos mitos enlatados e autorizados rechaçando qualquer sonho que saia da norma como ridículo, insano ou perverso.

 

VIII – Samael (O veneno de Deus)

Sombra de Hod

Conceito chave: Mentira

Ficção distópica: 1984

Esta qlipha é a ninho da mentira e da desonestidade intelectual e da auto-ilusão. Aqui os interesses são mais importantes do que a verdade e a própria linguagem é manipulada para não mais expressar a realidade mas sim favorecer nossos planos. No indivíduo essa sombra se manifesta sempre que pronunciamos inverdades e distorcemos os fatos por interesse próprio. Em uma escala maior ela faz nascer o controle da mídia para atender interesses políticos. Por essa razão quem tem o poder político sempre tentará controlar o poder midiático. Além disso o próprio controle de quais palavras e rótulos são usados para descrever uma situação já é uma expressão de poder. Usualmente em um sistema opressor bem estabelecido a liberdade de expressão é cerceada e toda produção intelectual precisa de aprovação.

 

Questionamento meditativo:

“Fui convencido de que algo é tão complicado que não possa entender?”

“Minto para mim mesmo por conforto ou comodismo?”

 

Túneis:

 

31(VIII-X) Shalicu  (preconceito)

Sombra do Julgamento
As mentiras fabricadas em Samael são perpetuadas no reino de Nahema através do preconceito. A cultura de escravidão e das falsas idéias são disseminada aqui por meio do uso de imagens, símbolos, piadas, histórias e linguagem viciadas que sustentam algumas mentiras essenciais.

 

30 (VIII-IX) Raflifu (falsos ídolos)

Sombra do Sol

Para assegurar que as mentiras se integrem a sociedade são construídos ídolos que representam o sucesso dentro de um sistema particular.  Estes falsos ídolos, são castas ou heróis que representam os sonhos encarnados dos escravos, mostrando que é possível chegar lá. Para serem como eles as massas o imitarão e farão tudo o que ele disser.

 

VII – A’arab’zarak (Os corvos da dispersão)

Sombra de Netzach

Conceito chave: Distração

Ficção distópica: Admirável Mundo Novo

Aqui gralham os corvos da dispersão cujo grande objetivo é tirar o nosso foco. Na esfera pessoal a influência dessa qlipha é sentida no escapismo de distrações usadas como válvula de escape para os problemas reais. Na esfera coletiva essas distrações reafirmam as ilusões criadas em Gamaiel e as mentiras criadas em Samael quando as autoridades desviam a atenção das massas mantendo-as ocupadas e longe das questões importantes e dos problemas reais. É o famoso Pão e Circo de Roma que se desenvolveu hoje para se transformar na indústria do entretenimento vazio onde o burlesco e o grotesco impede as pessoas de pensarem.

 

Questionamento meditativo:
“As distrações que me ocupam me afastam de meus problemas reais?”

 

Túneis:

 

29 (VII-X) Quliefi (Medo)

Sombra da Lua

Por outro lado quando os corvos da distrações falam diretamente com os escravos é sempre em um contexto de restrição no intuito de gerar um medo institucionalizado. Enquanto Tzuflifu diz que tudo vale, Quliefi brada que tudo é proibido. Isso torna os escravos confusos, sem saber como agir, para onde seguir e prontos para obedecer.

 

28 (VII-IX) Tzuflifu (Desejos)

Sombra do Imperador

As distrações de  A’arab’zmak quando conversam com as ilusões de Gamaliel criam um espaço onde finalmente os oprimidos podem dar vazão aos seus desejos. Numa escala pessoal aqui estão os vícios m geral Seguindo uma receita aprovada todos os desejos e paixões podem ser satisfeitos. Estes desejos não são apenas permitidos, mas compulsórios e quem quer que não os alimente é um proscrito.

 

27 (VII-VIII) – Paraxitas (Ódio ao diferente)

Sombra da Torre

As distrações de  A’arab’zmak somadas as mentiras de Samael se unem para formar uma casca mental de o ódio a tudo o que for diferente.  Assim esse túnel é a origem de toda cultura do “nós contra eles” e faz uma eficiente separação de seres humanos em grupos opostos. Se você identifica um certo ódio irracional a um tipo específico de ser humano, provavelmente já está respirando o ar deste túnel.

 

VI – Thagirion (O Sol Negro)

Sombra de Tipheret

Conceito chave: Egoísmo

Ficção distópica: V de Vingança

Thagirion é o agente centralizador das ações de todas as esferas vistas anteriormente. Ela queima com a  obsessão de fazer valer seus desejos acima de todas as outras  vontades e arde ao extremo de não emitir mais qualquer luz de cima. Isso faz  a estrela da vontade entrar em colapso gravitacional tornando-se um grande buraco negro no centro da árvore da morte. Em uma escala pessoal é o egoísmo autoritário, na história tem se traduzido na ascensão de imperadores na antiguidade e dos grandes ditadores industriais como Stalin, Hitler e Mao.

 

Questionamento meditativo:

“Abro mão de minha verdadeira vontade por medo e insegurança? Sou autoritário com alguém?”

 

Túneis:

 

26 (VI-VIII) A’ano’nin (Propaganda)

Sombra do Diabo

O imperativo egolatria de Thagirion é reforçado por meio da máquina da propaganda. Ou seja, um esforço ativo e oficial de promulgar sua ideologia e, muitas vezes, um culto a sua imagem divina. Na política pode surgir como um monopólio declarado dos meios de comunicação ou como criptocracia das mídias por parte

dos poderosos.

 

25 (VI-IX) SakSakSalin (Status Quo)

Sombra da Temperança

A normalização da realidade para atender os designeos de Thagirion é o que dá origem ao status quo. A idéia aqui é que a opressão não é apenas uma configuração arquitetada com malícia mas sim o estado natural e original das coisas. Qualquer tentativa de mudança é portanto não natural e fadada ao fracasso.

 

24 (VI-VII) Niantiel (Culto a juventude)

Sombra da Morte

Uma das maneiras de tornar seu controle certo é criar nos escravos um culto a juventude no qual qualquer acúmulo de sabedoria ou vivência é visto como não desejável. A indústria da moda, os padrões de beleza são alguns de seus efeitos físicos na coletividade. Mas o culto a ignorância e a infantilização são também sinais mais sutis deste túnel.

 

V – Golachab (Os incendiários)

 

Sombra de Geburah

Conceito chave: Violência

Ficção distópica: MadMax

Esta é a esfera da violência e da subjugação por meio do uso da força. Sua diretriz é reinar pelo terror causando danos, sofrimento ou morte em qualquer oposição. No mundo particular se traduz em ira ou mesmo violência doméstica e em termos de geopolítica na indústria bélica. O monopólio das armas e o constante pensamento belicoso é um dos mais antigos artifícios de tomada e concentração da autoridade. Se a concentração de força for desproporcional a opressão está garantida, permitindo como disse Sun Tzu, em A Arte da Guerra, subjugar o inimigo sem lutar. Quem controla as armas coloca-se ainda acima de todos os conflitos menores e geralmente prospera vendendo munição para os dois lados.

 

Questionamento meditativo:

“De quem ou do que tenho medo? Do que esse medo me afasta?”

 

Túneis:

 

23 (V-VIII) Malkunofat (Burocracia)

Sombra do Enforcado

A força de Gloachab se expressa no mundo das mentiras de Samael por meio da regularização extrema e imposição de regras e procedimentos explícitos. Aqui nascem os impostos dos governos,  as regras inúteis capazes de validar ou invalidar rituais e em particular a hierarquia das castas que colocam cada pessoa em seu devido lugar.

 

22 (V-VI) Lafoursian (Injustiça)

Sombra da Justiça

Enquanto as regras de  Malkunofat algemam toda intelectualidade, Lafousian estabelece a injustiça por meio de uma política de exceção. Por um lado isso significa que algumas pessoas terão tratamento especial enquanto outras pessoas enfrentarão todo o rigor da lei. A decisão de quem é quem cabe a quem possui o monopólio da violência.

 

IV – Gma’Asheklah (Os perturbadores)

Sombra de Chesed
Conceito chave: Ganância
Ficção distópica: Elysium

A influência dessa qlipha se revela quando a prosperidade e riqueza serve apenas a si mesma.  Quando isso acontece o comércio e a indústria não prosperaram mais provendo soluções, mas sim perpetuando problemas. Aqui nascem as atuais indústrias químico-farmacêutica-alimentar onde as sementes só podem ser plantadas uma vez para serem compradas e remédios de uso prolongado recebem mais pesquisas do que a cura das doenças propriamente ditas. É também a casa da indústria financeira onde riqueza não tem mais origem no trabalho e sim na especulação e nos juros sobre juros. Em uma escala microcósmica a influência dessa qlipha pode ser vista quando o dinheiro torna-se um fim em si mesmo.

 

Questionamento meditativo

“Quais são as coisas que cobiço? Do que essa cobiça me afasta?”

 

Túneis

 

21 (IV-VIII) Kurgasiax (Poluição)

Sombra da Roda da Fortuna

A fim de vender e enriquecer cada vez mais Gma’Asheklah produz neste túnel toda sorte de poluição. De um lado do túnel o vendedores vendem qualquer coisa que gere lucro, do outro lado o comprador compra qualquer coisa que lhe sirva de distração. Isso significa total negligência com as consequências de longo prazo, o meio ambiente e as outras pessoas.

 

20 (IV-VI) Yamalu (Suborno)

Sombra do Heremita

O poder do ego aliado ao desejo da riqueza por si só faz nascer o corrupto e o corruptor. Sabendo disso Gma’Asheklah e Thagirion se manipulam mutuamente o tempo todo, um para acumular ainda mais recursos e o outro para impor mais facilmente seus planos

 

19 (IV-V) Temphioty (Desumanização)

Sombra da Força

O acúmulo de poder como meta e a violência extrema como método nos levam ao último limiar da árvore da morte que ainda pode ser considerado humano. Aqui ocorre a completa desumanização e não existe mais nenhuma barreira. O “Nós contra eles” se degenera ainda mais e dá origem ao “Eu contra todos”.

 

III – Satariel (Os ocultadores)

Sombra de Binah

Conceito chave: Negação

Ficção distópica: Fahrenheit 451

Ocultar recursos, informações e possibilidades é o que rege esta qlipha. A idéia é que as pessoas não podem lutar contra um inimigo que você nem sabem que existe e não podem buscar por tesouros dos quais você nunca ouviram falar. Daí vem o impulso imediato de todo criminoso de ocultar o próprio crime e de todo ser humano de negar as próprias falhas. Além disso, quanto mais subimos na hierarquia de uma corporação, mais avessa ela será a transparência. Existem câmeras de vídeo apontando para a cabeça de todo caixa, mas nenhuma janela nas salas de reunião de cúpula. O governo nega ter conhecimento.

 

Questionamento meditativo:

“Sou um agente de luz e libertação ou um agente da restrição e ocultamento?”

 

Túneis:

18 (III – V) – Characith (Censura)

Sombra da Carruagem

A ocultação violenta se traduz em censura.  Ou seja, no uso sistemático de uma força superior para suprimir idéias, recursos e pessoas. Queimar livros, controlar acesso, proibir manifestações e calar pessoas são os primeiros degraus deste túnel, o último deles é a execução  de qualquer pessoa que pense ou fale demais.

 

17 (III-VI) – Zanradiel (Difamação)

Sombra dos Amantes

Difamação é outra arma usada para ocultar esforços da oposição. Numa escala pessoal este túnel se traduz na fofoca e na inveja, mas na humanidade não faltaram exemplos históricos do uso sistemático da difamação como no macartismo e na inquisição espanhola.

 

II – Ghogiel (Os estorvadores)

Sombra de Chokmah

Conceito chave: Confusão

Ficção distópica: Arquivo X

Enquanto Satariel preocupa-se em ocultar a realidade por meio da restrição e da falta de acesso, Gkogiel faz a mesma coisa por meio de um lamaçal de lixos inúteis, vomitando infinitas versões deturpadas da verdade. A idéia aqui é que a razão se não pode ser completamente eliminada ela será então ocultada em uma multidão de irracionalidade. A verdade desaparece assim em meio a um mar de mentiras. Um governo por exemplo pode criar e soltar as mais bizarras teorias da conspiração para ocultar a conspiração verdadeira tornando-se impossível distinguir o certo do errado. Os estorvadores causam a alienação pelo excesso de informação.

 

Questionamento meditativo:

“As coisas que consum, defendo, e acredito colaboram com minha verdadeira vontade?”

 

Túneis:

 

16 (II-IV) Uriens (Sectarismo)

Sombra do Hierofante

O enxame de lixo de Gkogiel  encontra a ganância de  Gma’Asheklah e dá origem ao túnel do sectarismo.  Em pequena escala aqui nascem as panelinhas, mas nas grandes corporações gera círculos internos dentro de círculos internos e eventualmente no surgimento de dissidências concorrentes.

 

15 (II-VI) Hemetherith (Loucura)

Sombra da Estrela

O ego inflado em Thagirion dá a luz a todo tipo de extravagância que reforça seu poder e caráter único distanciando-o das demais pessoas. Desvirtuada da verdadeira vontade quando mais poder, mais loucura ao ponto de não haver diferença entre o poder supremo e a loucura completa.

 

14 (II-III) Dagdagiel (Corrupção)

Sombra da Imperatriz

Ação dos ocultadores e dos estorvadores dão origem a corrupção em seu sentido mais abstrato, de essência estragada, ou core (núcleo), rupto (rompido). Se estabelece uma versão invertida do lema caoista e então “Nada é permitido e tudo é verdadeiro”. Daqui o erro se multiplica de forma virulenta para todos os outros túneis abaixo como uma herança maldita, um pecado original e um câncer fora de controle que cresce até consumir tudo, incluindo a si mesmo.

 

I – Thaumiel (O Gêmeo de Deus)

Sombra de Kether.

Conceito chave: Destruição

Ficção distópica: H.P. Lovecraft

Toda perversão vista nas outras sombras e que causam a escravidão ao desembocar em Nahema podem ser rastreadas até essa qlipha que essencialmente fala da essência do mal sendo causada por um ato de vontade externo ao sistema em uma intenção de destruí-lo. Essa é a única explicação possível para a existência da arte da morte, pois ela existe em uma constante situação de auto-destruição com diversos sistemas de opressão concorrendo uns com os outros e  se destruindo mutuamente. Segundo a tradição da cabala sepharadita, por exemplo, entidades de fora do nosso sistema solar, não podendo participar da criação de nosso mundo lançaram no coração humano suas sementes de corrupção e essas sementes por sua vez destroem toda a árvore da vida, de dentro para fora. Esses seres anti-cósmicos são retratados também nos mitos de H.P Lovecraft que fala de deuses extraterrenos completamente fora de nossa realidade, sem qualquer interesse humano e capazes de destruir tudo o que existe.

 

Questionamento meditativo:

 

“Eu mesmo colaboro com a escravidão e opressão de outras pessoas?”

 

Túneis

 

13 (I-IV) Gargoprias (Traição)

Sombra do Sacerdotiza

O agente externo é o verdadeiro manipulador que puxa os cordões de quem puxa o cordão. Ele promete o domínio completo da árvore ao mesmo tempo que estimula sua destruição, o resultado não poderia ser outro senão a traição. O ego pensa estar traindo o mundo quando na verdade está sendo traído e colaborando com sua aniquilação final.

 

12 (I-III) Barachial (Feitiçaria)

Sombra do Mago

As sementes do mal de Thaumiel podem corromper mais facilmente o sistema quando existe dentro dele um agente colaborador. A figura do mago negro como alguém que usa a feitiçaria de um poder sombrio superior é fácil de visualizar e representa bem este túnel, mas em outras escalas a feitiçaria está presente em qualquer ato intencional e consciente de maldade. Esse agente entende que a árvore da morte não pode ser mantida por muito tempo e, decidido a tirar o maior proveito possível antes da destruição final, opta pelo mal.

 

11 (I-II) Amprodias (Suicídio)

Sombra do Louco

O terceiro túnel que liga a Thaumiel é o daquelas pessoas que, entendendo que a árvore da morte é por si só decadente e que esconde em sua própria estrutura a essência de sua destruição, não vê outra solução senão destruir a si mesmo em antecipação da destruição do todo. Essas pessoas também optam pelo mal, mas levam seu ódio ao cosmos a última consequência acabando com sua própria vida numa tentativa de escapar do sistema.

 

Considerações finais

 

Embora essas explicações possam dar a entender que a Árvore da Morte só existe em grandes instituições, seitas e organizações, devemos considerar que o aspecto sombrio pode estar presente em qualquer manifestação. Mesmo uma relação a dois pode ser qliphotica. Ainda mais, é possível e bastante comum sabotarmos nós mesmos e assim fazemos sempre que nos desvirtuamos do caminho de nossa verdadeira vontade.

 

Rápidas Análises Qliphotica

Com base no que foi passado tentamos estruturar duas árvores da morte para servirem de comparação.

Este primeiro exemplo foi escolhido para mostrar como é muito fácil ver os mecanismos de escravização dos outros, particularmente um tão reforçado atualmente como a alemanha nazista. Por outro lado o atual sistema ocidental também tem um viés escravizador que muitas vezes passa despercebido.

Qlipha Terceiro Reich Ocidente
I. Thaumiel Mönch mit dem grünen Handschuh
(O monge da luva verde)
Elite Oculta (?)
(“Illuminati”, “sionistas”, “reptilianos”, etc..)
II. Ghogiel Contrainformação e Naziesoterismo
(Heinrich Himmler, Der Stürmer, Julios Evola, Savitri Devi Mukherji,
Karl Maria Wiligut)
Grande Mídia
(Thomson-Reuters, Time-Warner, News Corporation)
III. Satariel Gestapo
(Walter Schellenberg, Espionagem, Bücherverbrennung)
G8
(NSA, CIA, MI6, GCHQ, etc…)
IV. Gma’Asheklah Fascismo

(Lebensraum, Dr. Hjalmar Schacht )

Indústria Petroquímica
(Exxon Mobil, Chevron, Bayer, Basf, etc…)
V. Golachab Militarismo
(Invasões, Präventivkrieg, Holocausto, Einsatzgruppen)
Indústria Bélica
(Lockheed Martin, Constellis Holdings, Boeing, etc…)
VI. Thagirion Adolf Hitler

(Führerprinzip, Gleichschaltung)

Elite Financeira
Bilderberg Group, Fórum Econômico Mundial, etc…)
VII. A’arab’zmak Propaganda e Totalitarismo

(Lebensorn, Joseph Goebbels)

Show business e Politicamente correto
(Comcast, Disney, Sony, Viacom, etc..)
VIII. Samael Filosofia e Ciência Nazista
(Nietzschismo, Darwinismo Social, Eugenia,  Racismo, Joseph Mengele)
Controle da Informação
(Silicon valley: Google, Facebook, Amazon, Apple, Microsoft, etc..)
IX. Gamaliel Ideal Nazista

(Volksgemeinschaft, Herrenvolk, Richard Wagner, Leni Riefenstahl, Albert Speer)

American Way of Life
X. Nahema Povo Alemão Consumismo Global

A segunda análise traz duas aproximações genérica para facilitar o reconhecimento de uma natureza Qliphotica em cultos e organizações políticas. O primeiro caso é um bom exemplo de árvore da morte de ação particular, e o segundo de ação coletiva, embora é claro uma coisa afete a outra. Note que em ambos os casos em Thaumiel temos alguém que sobrevive ao desmoronamento de toda estrutura e que pode facilmente fundar outro grupo para reiniciar o processo de vampirização. Outro ponto interessante é que nestes exemplos fica clara a natureza fractal destas estruturas. Assim com a árvore da vida cada qlipha tem dentro de si uma mini árvore da morte. Dentro da Gestapo certamente os membros e subdivisões se organizam de modo semelhante, assim como o Politicamente Correto que rege o que é ou não pecado no mundo moderno tem expressões em todas as outras Qliphas.

Qlipha Grupos Religiosos Grupos Políticos
I. Thaumiel Alta hierarquia Alta Cúpula
II. Ghogiel Boataria Desinformação
III. Satariel Tabus Censura
IV. Gma’Asheklah Lavagem de Dinheiro Lobismo
V. Golachab Repressão Militancia agressiva
VI. Thagirion Líder do Culto Caudilhismo
VII. A’arab’zarak Monopólio Social Pão e Circo
VIII. Samael Doutrinação Propaganda
IX. Gamaliel Promessas da fé Ideologia
X. Nahema Cultistas Eleitores

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/arvore-qliphotica-seu-mapa-de-fuga-da-prisao/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/arvore-qliphotica-seu-mapa-de-fuga-da-prisao/

Abe no Seimei 

Abe no Seimei (japonês 安倍 晴明) é o onmyōji mais famoso da história japonesa. Um onmyōji é um especialista na prática do Onmyōdō, cosmologia esotérica tradicional do Japão que mistura ciência natural e ocultismo. Descendente do famoso poeta Abe no Nakamaro, Seimei viveu no Japão durante o período Heian, entre 921 e 1005. Devido ao seu sucesso como um astrólogo e adivinho, ele era amplamente creditado como um gênio e portador de poderes mágicos e conhecimentos secretos.

Seimei foi discípulo dos onmyōjis Kamo no Tadayuki e Kamo no Yasunori, e sucedeu Yasunori como astrólogo e adivinho da corte imperial. Os deveres de Seimei incluíam determinar o sexo de um feto, encontrar objetos perdidos ou ausentes, dar conselhos sobre como levar sua vida pessoal, conduzir exorcismos, criar defesas contra magia negra e espíritos malignos e analisar e interpretar eventos, como por exemplo fenômenos celestes. Ele escreveu vários livros, dentre eles o Senji Ryakketsu (占 事略 决, lit. “O Resumo de Julgamentos de Divindades”), que contém seis mil previsões e trinta e seis técnicas de adivinhação usando espíritos familiares conhecidos como shikigami, e uma tradução do Hoki Naiden, detalhando técnicas secretas de adivinhação.

Abe no Seimei era tão renomado que a família Abe continuou no controle do Onmyōryō (ministério do governo de onmyōdō) até ele ser encerrado, em 1869. Após sua morte, as histórias sobre Seimei começaram a se espalhar rapidamente e continuaram por centenas de anos. Eventualmente, os detalhes de sua vida tornaram-se tão entrelaçados com inúmeras lendas que já não era mais possível distinguir o que é verdade e o que é mito.

Acreditava-se que a aptidão mágica de Abe no Seimei era derivada de uma linhagem sobrenatural. Dizia-se que sua mãe era uma kitsune, fazendo dele um Hanyō (meio-yokai). O pai de Seimei, Abe no Yasuna, salvou uma raposa branca que estava sendo perseguida por caçadores. A raposa então se transformou em uma bela mulher e disse que seu nome era Kuzunoha. Em agradecimento por salvar sua vida, Kuzunoha se tornou a esposa de Yasuna, e deu-lhe um filho, Seimei.

Aos cinco anos de idade, a linhagem yokai de Abe no Seimei começou a se tornar evidente. Nessa idade, ele já era capaz de comandar um Oni fraco e forçá-lo a cumprir suas ordens. Um dia, ele testemunhou sua mãe em sua forma de raposa. Kuzunoha explicou a Seimei que ela era a raposa branca que seu pai havia salvado no passado. Após a revelação, ela fugiu para a floresta, para nunca mais voltar. Kuzunoha confiou seu filho ao onmyōji Kamo no Tadayuki, a fim de garantir que ele não se tornaria uma pessoa má.

Abe no Seimei teve muitos rivais. Um deles foi um famoso sacerdote chamado Chitoku Hōshi. Chitoku era um feiticeiro habilidoso, e certa vez quis testar Seimei para ver se ele era realmente tão bom quanto as pessoas diziam que ele era. Chitoku se disfarçou como um viajante e visitou a casa de Seimei, pedindo para que lhe ensinasse magia. Seimei percebeu o disfarce de Chitoku instantaneamente. Além disso, ele também viu que os dois servos que Chitoku havia trazido consigo eram na verdade shikigamis disfarçados.

Seimei decidiu se divertir um pouco com Chitoku. Ele concordou em treiná-lo, mas lhe disse que aquele não era um bom dia, e pediu-lhe  para voltar no dia seguinte. Chitoku então voltou para sua casa, enquanto Seimei libertou os seus dois shikigamis sem que ele percebesse. No dia seguinte, Chitoku percebeu que seus criados haviam desaparecido, e voltou até a casa de Seimei, pedindo para que ele devolvesse seus shikigami. Seimei riu dele, o repreendendo duramente por tentar enganá-lo. Seimei lhe disse que qualquer outra pessoa não seria tão bondosa a ponto de devolver shikigamis que foram empregados contra ela. Chitoku então percebeu que estava muito acima de sua cabeça; Seimei não foi só capaz de enxergar através de seu disfarce, mas ele foi capaz de manipular todos os seus feitiços também. Chitoku então Inclinou-se perante Seimei, clamou pelo seu perdão e ofereceu-se para se tornar seu servo.
O principal rival de Abe no Seimei foi um feiticeiro chamado Ashiya Dōman. Dōman era muito mais velho que Seimei, e acreditava que não havia ninguém no mundo que fosse um onmyōji melhor do que ele. Ao ouvir sobre o talento de Seimei, ele o desafiou para um duelo mágico.

No dia do duelo, os dois feiticeiros se encontraram nos jardins imperiais para a competição, onde muitos funcionários e testemunhas estavam presentes para assisti-los. Primeiro, Dōman pegou um punhado de areia, concentrou-se sobre ele por um momento, e o jogou para o alto. As partículas de areia se transformaram em inúmeras andorinhas que começaram a voar ao redor do jardim. Seimei então pegou seu leque, e balançando-o apenas uma vez, fez com que todas as andorinhas se transformassem em grãos de areia novamente.

Em seguida, Seimei recitou um feitiço. Um dragão apareceu acima deles no céu, e uma fina chuva começou a cair. Dōman recitou seu feitiço, no entanto, ele não foi capaz de fazer com que o dragão desaparecesse. Em vez disso, a chuva tornou-se mais forte, enchendo o jardim com água até a cintura de Dōman. Finalmente, Seimei lançou seu feitiço outra vez. A forte chuva parou, e o dragão desapareceu.

A terceira e última competição foi um desafio de adivinhação: os competidores tiveram que adivinhar o conteúdo de uma caixa de madeira. Dōman, indignado por ter perdido a rodada anterior, desafiou Seimei: “Quem perder essa rodada se tornará o servo do outro!”. Dōman declarou confiantemente que haviam 15 laranjas dentro da caixa. Seimei o contradisse, dizendo que haviam 15 ratos na caixa. O imperador e seus acompanhantes que haviam preparado o teste sacudiram a cabeça, pois puseram 15 laranjas na caixa. Eles anunciaram que Seimei tinha perdido. No entanto, quando abriram a caixa, 15 ratos pularam para fora! Seimei não havia só adivinhado o conteúdo da caixa, mas transformou o mesmo em ratos, enganando Dōman e toda a corte e assim vencendo o duelo.

Ashiya Dōman continuou a guardar rancor contra Abe no Seimei, e continuou a conspirar contra ele. Ele seduziu a esposa de Seimei e a convenceu a lhe contar os segredos mágicos de Seimei. Ela lhe mostrou a caixa de pedra na qual Seimei guardava o Hoki Naiden, seu livro de feitiços. Hoki Naiden era um livro de segredos que foram transmitidos desde tempos imemoriais da Índia para Tang, na China. Ele chegou à posse do enviado japonês, Kibi no Makibi, que ao retornar ao Japão, apresentou o livro aos familiares de seu amigo Abe no Nakamaro, que permaneceu na China. De lá foi transmitido de geração em geração, e eventualmente foi herdado por Abe no Seimei.

Uma noite, após Seimei voltar para casa, encontrou Dōman, vangloriou-se de ter adquirido o livro mágico secreto de Seimei. Seimei repreendeu-o, dizendo que isso era impossível, mas tão impossível, que se Dōman tivesse o livro, ele poderia cortar sua garganta.Triunfante, Dōman apresentou o livro a Seimei, que ao perceber que tinha sido traído por sua esposa, ofereceu sua garganta a Dōman. Dōman alegremente cortou a garganta de Seimei, que acabou morrendo.

Quando Seimei foi assassinado, Saint Hokudō – o mago chinês que havia dado o Hoki Naiden a Kibi no Makibi – sentiu a perda de um grande feiticeiro. Ele viajou pelo mar até o Japão, recolheu os ossos de Seimei e o trouxe de volta a vida. Os dois então se prepararam para se vingar de Dōman e da ex-esposa de Seimei, que agora estava casada com Dōman.

Saint Hokudō fez uma visita à casa de Seimei, onde Dōman e sua esposa agora viviam juntos. Ele perguntou a  Dōman se Seimei estava em casa, e Dōman lhe respondeu que, infelizmente, ele havia sido assassinado há algum tempo. Saint Hokudō disse que isso era impossível, pois ele tinha visto Seimei naquele mesmo dia. Dōman riu dele, dizendo que isso era impossível, mas tão impossível, que se Seimei estivesse realmente vivo, ele poderia cortar sua garganta. Saint Hokudō então gritou para Abe no Seimei, que se apresentou e prontamente cortou as gargantas de Dōman e sua esposa.

Seimei também figura em inúmeros outros contos. Ele aparece como um personagem menor no épico Heike Monogatari, sendo responsável por adivinhar a localização de Shuten-doji, um poderoso oni supostamente morto por Minamoto no Yorimitsu. As vezes ele é dito ser o onmyoji que descobriu a verdadeira natureza da lendária kitsune Tamamo-no-Mae, embora a época da história da Tamamo-no-Mae não coincida com o período de vida de Seimei. Essa descoberta muitas vezes creditada a um de seus descendentes, Abe no Yasuchika.

Hoje, Abe no Seimei é adorado como um deus em muitos santuários em todo o Japão. Seu santuário principal está localizado em Kyōto, e fica no local ficava sua antiga casa.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/abe-no-seimei/

A Espiritualidade Queer na China

 

INTRODUÇÃO À ESPIRITUALIDADE QUEER NO LESTE ASIÁTICO:

Como todas as partes do corpo, da mente e do espírito anseiam pela integração do yin e yang, a relação sexual angélica é conduzida pelo espírito e não pelos órgãos sexuais.

O Huahujing, versículo 69.

O Leste Asiático Queer é uma mudança de paradigma em relação a muitas das regiões exploradas até agora. Para os ocidentais, a comunidade LGBT+ é frequentemente mantida sob controle por meio do conceito de culpa. Uma pessoa queer deve se sentir culpada por sua orientação sexual e identidade porque os atos queer são pessoalmente imorais.

Os orientais queer, no entanto, são mantidos sob controle principalmente por vergonha. Enquanto a culpa é um sentimento privado e autonegativo sobre ações pessoais que você fez, a vergonha está mais focada em se sentir mal por causa de como os outros percebem você e suas ações pessoais. No Oriente, uma pessoa não se sente necessariamente culpada por ser LGBT+ porque as ações queer são moralmente erradas, mas sim, elas se sentem envergonhadas porque a natureza queer é socialmente inaceitável. Assim, ser um membro queer de uma família do Leste Asiático é muitas vezes visto como “ruim” porque traz vergonha para a família e, consequentemente, para aqueles que fazem negócios ou têm associações com a família. Portanto, há muita pressão extrafamiliar e externa sobre as pessoas LGBT+ para suprimir sua natureza queer. Mas, como estamos prestes a ver, nem todas as partes do leste da Ásia sempre se sentiram assim.

A ESPIRITUALIDADE QUEER NO TAOÍSMO:

A China é uma das poucas nações do mundo cujas antigas religiões ancestrais ainda são praticadas pela maioria de seus cidadãos modernos. Oficialmente, a República Popular da China é ateísta devido à preferência nietzschiana da ciência e da razão do comunismo sobre as superstições percebidas da religião que têm sido usadas há séculos pela burguesia para manter as classes trabalhadoras subservientes. Mas isso ainda não impede as pessoas comuns da prática religiosa. Para os chineses, predominam três escolas filosóficas de pensamento: o Taoísmo, o Confucionismo e o Budismo Mahayana. Na maioria das vezes, todos eles são misturados para formar uma fé híbrida amalgamada, mas passaremos por cada um individualmente para destacar suas implicações queer, começando com o que se acredita ser o mais antigo: o Taoísmo.

O Taoísmo é frequentemente considerado mais uma filosofia do que uma religião. Seu fundador é Lao Tzu, que, cansado do mundo e cansado de uma vida inteira assistindo a humanidade lutar entre si durante o século VI a.C., foi obrigado a escrever sua sabedoria antes de deixar a China devastada pela guerra para partes desconhecidas. Seus escritos são conhecidos como o Tao Te Ching, um pequeno manual que explica a maneira natural das coisas e como navegar na corrente da vida em vez de remar inutilmente contra ela e tornar a vida difícil para si mesmo. Este modo natural de coisas é conhecido como o Tao; assim, seguir o Tao é essencialmente seguir o caminho natural do universo em geral. 160

Não há divindades, nenhuma discussão sobre o que acontece após a morte, apenas um foco no aqui e agora, e como seguir o exemplo da natureza é a chave para uma vida tranquila. Por causa disso, não há menção à natureza queer ou mesmo à sexualidade. Não há mesmo nenhum ditado para o que é e o que não é moral, mas sim um aviso de que desviar-se do fluxo natural do universo resultará em tempos ruins. E é aí que as coisas ficam complicadas para o taoísta LGBT+: a interpretação do que constitui ser “natural”. A natureza queer pode ser testemunhada na natureza, mas a incapacidade de procriar parece ir contra a forma como a vida se sustenta naturalmente. Como não há mandatos divinos, a resposta à “naturalidade” da comunidade LGBT+ depende muito da perspectiva.

Até mesmo o símbolo taoísta yin-yang (chamado de taijitu) foi interpretado como a favor e contra a “naturalidade” queer. Todos conhecemos o símbolo; é o círculo dividido em duas metades curvas iguais, uma preta (yin) e outra branca/vermelha (yang), e dentro de cada metade há um círculo menor da cor oposta. Juntos, os dois lados representam a dicotomia do universo natural e o fato de que dentro de cada lado existe um pouco do outro. Yin é o lado feminino, passivo, emocional, frio e criativo da natureza, e yang é o lado masculino, ativo, lógico, quente e destrutivo da natureza. Juntos, eles trazem equilíbrio ao mundo, e cada um não pode existir sem o outro.

Para alguns praticantes, o yin-yang prova que ser queer não é natural, pois há uma divisão clara de apenas dois gêneros, e sua união cria a perfeição harmoniosa da vida. Yang não se mistura com yang e yin não se mistura com yin; cada um precisa de seu oposto para ser completo. Para outros praticantes, no entanto, o yin-yang é a prova de que ser queer é bastante natural em dois níveis separados.

No primeiro nível, mais superficial, um casal do mesmo sexo é uma conclusão de yin e yang, pois há um parceiro passivo “receptivo” e um parceiro ativo “dominador” ao fazer amor. Mesmo que ambos sejam versáteis, os dois se revezam sendo o yin passivo e o yang ativo ou estão simultaneamente recebendo e dando e, portanto, cada um sendo o yin e o yang ao mesmo tempo.

No nível mais espiritual, yin e yang não são tão representativos de feminino e masculino, mas da feminilidade e masculinidade do espírito. Os pequenos círculos dentro de cada metade do yin-yang são os principais pontos de referência para este lado do argumento. Individualmente, um homem gay e uma mulher transgênero pré-operatória podem ser vistos como um corpo yang com um yin interno, e uma lésbica e um homem transgênero pré-operatório seriam vistos como um corpo yin com um yang interno. Uma pessoa intersexo seria uma autocompletude do yin-yang expresso em si mesmo, e um bissexual seria uma autocompletude do yin-yang expresso em relação aos outros.

Para dar um passo adiante, argumenta-se que o yin-yang é um símbolo proponente de ser fluido de gênero, uma vez que é representativo da natureza sempre fluida e não estática de todas as coisas. E, em certo sentido, afirma sutilmente que todo mundo é um pouco bissexual, já que tanto o yin quanto o yang não são preto puro nem branco/vermelho puro. Cada lado tem um pouco do outro dentro de seu centro.

Além da simbologia do yin-yang, a filosofia do Taoísmo admite que a verdadeira natureza do Tao espiritual é incognoscível. A lógica é que se os humanos pudessem entender completamente a complexidade espiritual total do Tao, então não seria o Tao. Como a mente humana é limitada e o Tao é ilimitado, é impossível colocar quaisquer limites ou rótulos sobre o que o Tao é ou não. A sexualidade e a identidade humana são semelhantes ao Tao nesse sentido. Há um amplo e ilimitado espectro de possibilidades, mas não importa como nos definamos ou nos identifiquemos ou aos outros, nunca poderá representar toda a amplitude de possibilidades que é a sexualidade e a identidade humana. Além disso, nossos gostos podem mudar, então qualquer resposta que dermos agora nunca será permanente para sempre.

Ainda assim, a filosofia do Taoísmo eventualmente o levou a se tornar uma prática mágica semelhante à alquimia hermética no Ocidente. O ramo mais místico do Taoísmo muitas vezes se concentrava na vida eterna; para isso, a homossexualidade masculina era vista como uma espécie de remédio, ajudando a garantir a imortalidade (a sexualidade das mulheres era vista como sem importância ao longo da história chinesa até o estabelecimento de um governo comunista por Mao Zedong). Em suma, o sêmen de um homem era visto como sua essência de vida, e se ele ejaculasse, ele estava essencialmente disparando parte de seu elixir mágico, sustentador da vida, como “evidenciado” pelo quão cansado um homem ficaria depois de esfregar um (isto é, depois de se masturbar e ejacular). Mas, claro, aquele elixir branco cremoso parecia ser produzido apenas durante a excitação sexual. Portanto, produzir mais elixir da vida através da estimulação sexual sem perder nada através da ejaculação era visto como um método lógico para prolongar a vida. Isso era especialmente importante se a excitação fosse entre dois homens. A energia yang produzida por um amante masculino aumentava a potência yang do elixir da própria vida – desde que ninguém ejaculasse, é claro. 161

A CONTRIBUIÇÃO TAOÍSTA:

Seguindo o Fluxo da Vida:

Facilmente, a lição mais imediata do Taoísmo é seguir o fluxo natural da vida. Ironicamente, embora isso seja literalmente a coisa mais natural do mundo, nós humanos gostamos de complicar as coisas porque não podemos acreditar que as coisas são tão simples ou que nossos problemas não são tão únicos ou tão complexos quanto gostaríamos. pensam que são.

A natureza queer também é uma coisa natural. Muitos de nós desperdiçamos tempo e energia preciosos se preocupando com “Por que sou assim?” ou “Como posso suprimir minhas tendências queer naturais para me encaixar?” Somos como somos por uma razão.

Confie que você é queer por uma razão. A vida sabe o que está fazendo, e se você parar de suprimir suas tendências naturais, você pode descobrir que a vida é mais fácil quando você segue o fluxo natural do universo.

E pense na arte do feitiço, o ato de manipular as forças naturais do mundo para produzir um resultado específico. Muitas vezes não confiamos que a natureza sabe o que está fazendo ou não sentimos que está trabalhando a nosso favor, então temos que interferir e mudar as coisas para nosso benefício pessoal. Mas vou te contar um segredo: a vida está sempre funcionando para um bem maior. Quanto mais você estuda magia e ciências naturais, mais você percebe que a vida tem uma maneira de se desenvolver em seu próprio tempo e de acordo com sua própria vontade. O problema é que queremos as coisas como queremos quando as queremos, e às vezes nossos desejos pessoais são incompatíveis com o bem maior. Mas quanto mais poderosos e sábios nos tornamos em nossa magia, percebemos que a vida tem tudo sob controle e não precisamos microgerenciar tudo com magia o tempo todo. A magia pode ser útil, mas nunca é necessária para uma vida saudável e feliz.

Portanto, para esta atividade mágica, tente evitar a magia na próxima vez que sentir que é necessário recorrer a um problema específico. Sim, a magia é uma ajuda poderosa, mas se formos imediatamente a ela para resolver todos os nossos problemas o tempo todo, perderemos contato com o fluxo natural do universo tentando microgerenciar tudo. E às vezes coagir uma vitória pessoal resulta na perda do bem maior de maneiras que não podemos ver.

A vida envolve dor. Se você nunca luta, experimenta perda pessoal ou sente dor, então você não está realmente experimentando a vida, está apenas vivendo em uma bolha separada do mundo. Então, da próxima vez que você sentir a necessidade instintiva de fazer mágica, espere um segundo, pare e veja não apenas o que a existência do problema está tentando lhe ensinar, mas também como o fluxo natural da vida pode resolvê-lo para um bem maior, sem manipulação mágica.

A ESPIRITUALIDADE QUEER NO CONFUCIONISMO:

O Confucionismo nasceu, como o Taoísmo, de tempos difíceis. Confúcio, seu fundador homônimo, foi profundamente e pessoalmente afetado pelas intermináveis guerras civis que assolam a China. No entanto, ao contrário de Lao Tzu, que deixou a sociedade e usou a natureza como modelo de vida harmoniosa, Confúcio permaneceu no meio das coisas e acreditava que uma hierarquia social rígida que ditava as interações humanas era a chave para a estabilidade harmoniosa. Assim, como uma panaceia para os acontecimentos durante sua vida (551-479 a.C.), Confúcio estabeleceu um código ético e moral que acabaria com o caos e traria a paz de volta à terra se todos o seguissem. Sua falta de divindades, espiritualidade, discussão sobre a vida após a morte e o Divino fazem com que tecnicamente não seja uma religião, ainda menos que o Taoísmo.

A propagação do Confucionismo demorou um pouco para ganhar força e contrastava fortemente com o Taoísmo. O Taoísmo tinha uma atitude mais mística, laissez-faire, interpretativa e moralmente ambígua em relação ao mundo, concentrando-se na natureza. O Confucionismo, como alternativa, deu às pessoas um conjunto direto e direto de regras sociais conservadoras a seguir e a promessa de retornar aos bons velhos tempos. Como os tempos recentes nos mostraram, esse tipo de mensagem em tempos incertos provou ser muito popular.

Deve-se dizer, porém, que Confúcio nunca viveu para ver a popularidade de seus ensinamentos. Ele morreu acreditando ser um fracasso anônimo, e seus ensinamentos nunca foram totalmente compilados até séculos após sua morte. Coincidentemente, nos séculos imediatos após a morte de Confúcio, as guerras internas da China só se intensificaram. Uma vez que a Dinastia Han chegou oficialmente ao poder em 206 a.C., porém, eles prontamente propagaram o pensamento confucionista para ajudar a normalizar a paz e a ordem de volta à sociedade. O conservadorismo social do Confucionismo também teve o benefício de estabelecer um sistema de pseudo castas em que todos sabiam seu lugar; em tal sociedade, a aristocracia han poderia consolidar seu lugar no topo. 162

Então, qual foi a palavra de Confúcio sobre os indivíduos LGBT+? Nada. Mas, ao contrário do silêncio do Taoísmo em relação à comunidade queer geralmente interpretado de forma positiva, o silêncio do Confucionismo tem sido mais frequentemente interpretado de forma negativa. A razão para isso são os nossos velhos amigos e a vergonha da família. Confúcio ensinava que a família era o modelo ideal para a ordem social e, além de delinear o lugar de cada parente na hierarquia familiar patriarcal, ele a usava como metáfora do bom governo.

Tão poderosamente icônico foi o uso do Confucionismo de um bom governo baseado em uma boa estrutura familiar que foi usado pelo juiz Anthony Kennedy na opinião majoritária da Suprema Corte dos EUA sobre a lendária decisão Obergefell v. Hodges em 2015 (a que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo os EUA). Especificamente, ele escreveu: “A centralidade do casamento para a condição humana não surpreende que a instituição exista há milênios e entre civilizações…. Confúcio ensinou que o casamento está na base do governo.” 163

Ironicamente, foi essa mesma lógica confucionista que a China pré-comunista usou para suprimir os direitos LGBT+. Uma boa família era aquela que cumpria seus deveres. Para os filhos, era obedecer inquestionavelmente aos pais até se tornarem adultos, quando então se casariam e teriam seus próprios filhos, somando-se à família e fortalecendo-a. Se uma dessas crianças fosse queer, então uma chave seria lançada no sistema por sua relutância em se casar com uma pessoa do sexo oposto e/ou sua incapacidade de gerar filhos se tivessem um amante do mesmo sexo. Uma criança bissexual foi forçada a se casar apenas com o sexo oposto. Ser transgênero estava simplesmente fora de questão, pois desafiava a rígida e conservadora hierarquia de gênero do Confucionismo, onde você fica no seu lugar e não deseja ser outra coisa. E, claro, a vergonha era o chicote que mantinha todos na linha. 164

Embora algo vergonhoso, ser LGBT+ não foi crime em grande parte da história da China. Isso tudo mudou após as Guerras do Ópio de meados do século XIX, quando ficou dolorosamente claro para a derrotada Dinastia Qing que a China precisava se modernizar para ter alguma chance de ser levada a sério pelas potências imperiais ocidentais. Assim, junto com muitas outras coisas, a China adotou a moral ocidental moderna em um esforço para imitar o Ocidente e parecer igualmente moderna. Isso significava que todas as coisas queer não seriam mais toleradas legalmente, assim como na Europa. A homossexualidade permaneceu ilegal na China até que o Partido Comunista a legalizou em 1997 e a removeu da lista oficial de doenças mentais em 2001. 165

A CONTRIBUIÇÃO DO CONFUCIONISMO:

A Prevenção da Guerra Civil:

O objetivo original do Confucionismo para o qual foi criado era um código de conduta para reprimir a guerra civil. Há uma guerra civil semelhante acontecendo em nossa comunidade queer. Brigamos entre nós por tudo. Algumas das reclamações internas são legítimas; alguns são frívolos. Mas há tantas brigas internas de todos os lados que o frívolo às vezes parece legítimo e o legítimo às vezes parece frívolo.

Os direitos civis são um processo longo e lento. A maioria das pessoas neste planeta não vai acordar de repente um dia e perceber que todas as pessoas queer são iguais em todos os sentidos às pessoas não-queer. Em nenhum lugar da história do mundo isso foi o caso de qualquer questão social. Temos que vencer batalha por batalha, mas brigar entre si sobre como cada batalha deveria ser travada ou poderia ter sido melhor vencida só cria animosidade. Temos que apreciar cada vitória; desde que seja uma vitória para a comunidade queer, por menor que seja e por qualquer letra da sigla LGBT+, merece apoio e reconhecimento. O objetivo é vencer a guerra, não apenas a batalha pessoal que resolve o problema para você pessoalmente. A vitória total é uma maratona, não um sprint ou uma corrida de velocidade. Leva tempo. Até lá, todas as vitórias contam e temos de nos manter unidos.

A comunidade mágica está em apuros semelhantes. Certas tradições são tão rápidas em menosprezar outras tradições como não sendo magia real ou magia frívola ou como sendo de uma tradição que não tem raízes antigas ou “autênticas”. Os praticantes de magia já são uma minoria difamada por um grande número de pessoas. Precisamos nos manter unidos e edificar uns aos outros. Contanto que a magia de alguém seja eficaz e funcione para eles, quem se importa se não for do seu agrado ou dos padrões de sua tradição? Deixe as pessoas viverem suas próprias vidas; promulgar uma guerra civil não validará suas próprias opiniões. As guerras civis nunca mudam de opinião, apenas eliminam as mentes do lado perdedor.

Então, para sua próxima atividade mágica, escolha uma tradição mágica com a qual você sente que tem problemas e faça uma pesquisa imparcial sobre ela. Encontre algo sobre essa tradição que ressoe com você e, em seguida, incorpore-o em seu próximo feitiço. Ao encontrar algum terreno comum e realmente provar a si mesmo a eficácia de uma tradição que você não necessariamente gosta, isso ajudará a diminuir a divisão.

A ESPIRITUALIDADE QUEER NO BUDISMO MAHAYANA:

O Budismo foi a última das três principais religiões a se firmar e influenciar grandemente a cultura chinesa, chegando durante o primeiro século d.C. de missionários indianos muitos séculos após o Taoísmo (século VI a.C.) e a morte de Confúcio (479 a.C.). Especificamente, o Budismo Mahayana foi o ramo mais bem sucedido do Budismo. Atraiu a China densamente povoada por causa de sua ênfase na libertação espiritual universal para todos e não simplesmente na iluminação pessoal, que era vista apenas como um meio para ajudar melhor todos a alcançar a iluminação.

Como o Budismo estava atrasado para a festa religiosa, encontrou forte resistência. Sua chegada durante o pró-confucionismo da Dinastia Han o tornou inicialmente impopular, já que o Confucionismo era sobre o lugar e o dever de cada um na sociedade, enquanto o Budismo defendia uma fuga da sociedade por meio do desapego pessoal dos problemas sociais. Os dois não se misturavam muito bem e, como o Budismo era uma religião estrangeira, estava associado à barbárie e ao atraso. Era, no entanto, mais semelhante à religião nativa e antiga favorita do Taoísmo, pois ambas tinham visões de mundo liberais e uma aversão a hierarquias sociais estritas. Assim, os missionários indianos tentaram aumentar as semelhanças entre o Budismo e o Taoísmo. Isso levou o Budismo a se afastar de suas origens mais estoicas e ímpias na Índia e se fundir em uma tradição mais mística com um panteão de bodhisattvas sobrenaturais que, depois de atingir a iluminação, perderam a felicidade do nirvana para ajudar as massas a alcançar a iluminação também. 166

A vastidão da China e sua enorme quantidade de tribos amplamente diferentes de pessoas forçaram o Budismo a se adaptar e mudar quando necessário. É por isso que existem tantas visões únicas da filosofia budista em todo o país. Em relação a onde a comunidade LGBT+ se encaixa no Budismo chinês, a resposta está em todos os lugares e em nenhum lugar. Embora alterado e adaptado aos gostos chineses, o Budismo Mahayana tem as mesmas crenças e filosofias fundamentais originadas pelo próprio Buda na Índia. Tudo existe na mente, e tudo fora da mente são apenas rótulos que colocamos em nosso eu infinito, incluindo sexualidade e gênero. Nós somos o que somos, e qualquer coisa mais é uma rotulação da mente para dar sentido e interagir com o mundo ao nosso redor.

A CONTRIBUIÇÃO DO BUDISMO MAHAYANA:

Precedendo o Nirvana:

O Budismo Mahayana é de longe o mais popular dos três ramos budistas, reivindicando um pouco mais da metade de todos os adeptos globais. Não surpreendentemente, também é o mais popular em nações com grandes centros urbanos e condições de vida densamente povoadas, particularmente China e Japão. Em tais lugares é difícil escapar da sociedade, e só o foco social do Budismo Mahayana é relacionável.

Em um nível queer, nós, às vezes, queremos nos afastar do mundo. Queremos escapar da sociedade problemática e sua discriminação e fugir para viver entre nossa própria espécie, onde todos nos entendem. Mas isso é impossível. Mesmo enclaves altamente populosos de pessoas queer como West Hollywood e Castro District, em São Francisco, não são 100% queer nem tolerantes.

E por isso muitas vezes nos isolamos dentro de nossa comunidade. Só vamos a lugares queer, só permitimos que outras pessoas queer sejam amigas íntimas e só interagimos com pessoas cisgênero no trabalho ou quando necessário. Fabricamos um paraíso isolado para que nunca nos sintamos desconfortáveis.

Mas isso vai contra a mentalidade de libertação universal do Budismo Mahayana. Ao contrário de outros ramos budistas, o objetivo do Mahayana não é fugir do mundo para um paraíso pessoal, mas sim trazer o mundo inteiro para esse paraíso. Estar na linha de frente da defesa LGBT+ e alcançar a heterossociedade pode não ser confortável, mas é a única maneira de trazer toda a nossa comunidade para um mundo melhor. Afinal, é por causa dessas pessoas que renunciam à paz pessoal para estar no meio das batalhas pelos direitos civis que temos o nível de paz e aceitação que desfrutamos hoje.

Na comunidade mágica, estando mais em contato com o mundo natural, há uma fantasia idealizada comum de fugir das cidades e viver em meio à natureza, onde os problemas das cidades densamente povoadas não existem. Por causa disso, muitos de nós menosprezamos a vida urbana entre pessoas não-mágicas como um modo de vida menos idealizado que as circunstâncias nos forçam a viver. Mas isso só funciona contra nós em nossa magia. Como podemos criar um feitiço com as forças naturais ao nosso redor se estamos constantemente derrubando as forças naturais nas quais vivemos nossas vidas cotidianas, as forças do urbanismo?

Então, para sua próxima atividade mágica, entre em contato com o deva espiritual da cidade em que você vive, e então comece um relacionamento com essa entidade. Compreendam-se e comuniquem-se. Praticantes de magia geralmente fazem o mesmo ao entrar em lugares “naturais” como florestas, desertos e corpos d’água, então por que não a cidade em que você vive e passa a maior parte de sua vida? Como qualquer relacionamento, levará tempo para que a confiança e a amizade se desenvolvam, mas quando isso acontecer, você começará a perceber que a cidade e sua sociedade estarão ajudando você proativamente com o que você precisa.

DIVINDADES E LENDAS QUEER:

O Alquimista Raposa:

A história do Alquimista Raposa é um antigo conto popular chinês com uma forte mensagem LGBT+ que combina as filosofias taoísta e budista sobre o amor transcendente. Conforme a história, um estudioso idoso é visitado em sua casa solitária uma noite por um homem vestido de preto pedindo para fazer amor com ele. O estudioso fica desconfiado, mas o estranho explica que eles já foram amantes em uma vida anterior e que ele está procurando por sua alma gêmea desde então.

O estudioso começa a se lembrar de seu amor trágico de uma vida passada – como ele tinha sido uma jovem e o estranho seu jovem marido. Eles juraram amar um ao outro para sempre, mas durou pouco, pois eles se apaixonaram durante uma das guerras civis da China e tiveram um fim horrível ainda jovens. A esposa foi sequestrada por soldados rebeldes e tirou a própria vida para não ser estuprada. O marido juntou-se aos soldados rebeldes e morreu na batalha.

Para cada uma de suas ações, o karma os premia adequadamente. A esposa, por sua lealdade ao marido e imperador ao cometer suicídio antes que os soldados pudessem estuprá-la, foi autorizada a reencarnar como homem — não qualquer homem, mas um sábio literato. (Porque, lembre-se, esta é a China antiga e o valor patriarcal dos homens sobre as mulheres ainda era muito forte.) O homem, por sua deslealdade ao imperador e vontade de lutar pelos soldados rebeldes, reencarnou como um animal menor, uma raposa.

Mesmo sendo uma raposa, o marido ainda amava sua esposa e desejava cumprir seu voto de amá-la para sempre. Então, depois de descobrir que ela havia reencarnado em um estudioso do sexo masculino, ele estudou alquimia taoísta e encontrou a mistura mágica que o transformaria novamente em humano para que pudessem ficar juntos, com a ressalva de que os efeitos da poção durariam apenas um ano.

Agora, com a enxurrada de memórias voltando ao estudioso, ele reconhece seu ex-marido no estranho, mas ele não sabe como eles poderiam fazer amor um com o outro agora que ambos são homens. O estranho garante ao estudioso que confie nele e lhe diz que, enquanto os dois se amarem, sempre haverá um caminho.

Os dois aproveitam o tempo e fazem amor todas as noites durante 365 dias consecutivos. Inicialmente, depois que acabou e o estranho voltou a ser uma raposa, o estudioso idoso se perguntou se tudo não tinha sido um sonho, mas ele lembrou que seu amante lhe disse que a evidência de seu amor estaria para sempre nos pilares de sua casa. E assim ficaram: 365 marcas de mordidas feitas durante a agonia da paixão foram embutidas nos pilares de madeira.

Além da misoginia neste conto, é antigo como o amor não conhece limites. Está além do gênero, da idade física e até do próprio tempo. O conceito do próprio espírito é defendido como fluido de gênero, mas o amor é mostrado como sempre constante. 167

Guanyin:

Guanyin (também escrito Quan Yin ou Kwan Yin) é a bodhisattva da compaixão. De acordo com sua lenda, ela alcançou a iluminação, mas porque ela tinha tanta compaixão pela humanidade, ela se recusou a entrar no nirvana feliz até que todos os humanos pudessem vir com ela. Ela reencarnou como uma bodhisattva e se dedicou a ajudar a acabar com o sofrimento das pessoas em todos os lugares.

Seu lugar entre as divindades queer-positivas vem de ela ser uma mulher transgênero e um ícone do movimento LGBT+ na China. Historicamente, quando os missionários indianos espalharam o Budismo na China, Guanyin era o aspecto feminino do bodhisattva masculino Avalokiteshvara, mas esse aspecto feminino se tornou mais popular entre os chineses, levando Guanyin a se tornar seu próprio bodhisattva folclórico separado.

Sua identidade transgênero, no entanto, foi apoiada e mantida por taoístas e budistas, com os taoístas vendo Guanyin como uma harmonia divina das energias yin femininas e yang masculinas, e os budistas a vendo como a perfeição de um homem que aceitou sua compaixão interior e feminilidade que ele alcançou a plena feminilidade.

Por muitos séculos, Guanyin foi um símbolo sutil adotado pelas lésbicas chinesas, não apenas porque ela era uma protetora das mulheres, mas também porque ela supostamente defendia o casamento heterossexual para buscar uma vida mais espiritual. Para a maioria dos movimentos queer e feministas na China, Guanyin é um símbolo do tipo de paz, felicidade e harmonia que pode ser alcançada se a sociedade não enfatizar seu culto à masculinidade e abraçar sua feminilidade auto-suprimida, bem como amor e amor. compaixão por todas as pessoas, independentemente de quem elas sejam. 168

Os Imperadores Queer:

Enquanto muitos imperadores chineses são registrados como tendo tendências queer, nenhum foi tão lendariamente queer quanto o imperador Wu e o imperador Ai.

O imperador Wu, embora belicista, foi um grande defensor do Confucionismo, estabelecendo as primeiras universidades oficiais do país para ensiná-lo ao povo. Apesar do conservadorismo social do Confucionismo, o imperador Wu teve vários amantes do sexo masculino ao longo de sua vida. Seu amor mais forte era por um ex-colega de classe chamado Han Yun. Eles começaram um caso de amor juntos ainda jovens e, após a ascensão ao imperador, Wu lhe concedeu títulos e cargos de prestígio no governo. O favoritismo óbvio causou muita tensão na corte e fez dele um hipócrita, já que ele era o imperador que havia implementado a regra de promover e outorgar patente com base na excelência acadêmica em vez de nepotismo e ter as conexões certas. Em última análise, a pressão de todos os lados forçou Wu a ordenar que Han Yun tirasse a própria vida, encerrando o caso e o lugar indevido de seu amante no governo. 169

O outro monarca gay da China Han, o imperador Ai, é provavelmente o mais conhecido. Ai não tentou esconder sua preferência sexual por homens e teve um romance público de longa duração com um de seus funcionários menores, Dong Xian. O relacionamento deles acabou levando o eufemismo chinês da homossexualidade a ser referido como “a paixão da manga cortada”. Isso se originou de um famoso incidente em que, enquanto se aconchegava na cama, o imperador Ai queria se levantar, mas isso arriscaria acordar seu amante, que dormia profundamente em cima de uma de suas grandes mangas de corte. Então, em vez de correr esse risco, Ai simplesmente cortou sua manga.

Como o imperador Wu, no entanto, Ai mostrou grande favoritismo a Dong Xian, promovendo-o a comandante das forças armadas. Infelizmente para seu amante, o imperador Ai morreu repentina e inesperadamente, deixando Dong Xian como o oficial de alto escalão socialmente desprezado em uma corte sem imperador. Ele acabou sendo expulso e forçado a cometer suicídio. 170

Bibliografia:

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  1. Associated Press, “China Decides Homosexuality No Longer Mental Illness,” South China Morning Post, Mar. 8, 2001, http://www.hartford-hwp.com/archives/55/325.html (accessed Nov. 19, 2016); Bret Hinsch, Passions of the Cut Sleeve: The Male Homosexual Tradition in China (Berkeley: University of California Press, 1992).
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  1. Kayla Wheeler, “Women in Religion: Does Gender Matter?” in Controversies in Contemporary Religion: Education, Law, Politics, Society, and Spirituality, edited by Paul Hedges (Santa Barbara: Praeger, 2014).
  1. Hinsch, Passions of the Cut Sleeve: The Male Homosexual Tradition in China.
  1. Hinsch, Passions of the Cut Sleeve.

Fonte: Queer Magic, por Tomás Prower.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/a-espiritualidade-queer-na-china/

A Crença do Espiritualista

Através de diálogos pela internet uma vez fiquei sabendo de uma história, conforme contada por um amigo cético. Ele dizia que um amigo a quem admirava a inteligência sofreu um acidente de carro e ficou alguns dias desacordado. Ao recobrar a consciência, consta que ele perguntou “se ainda estava vivo, ou se já estava do outro lado”. Seu amigo era espírita e acreditava em vida após a morte (na realidade, em vida após a vida), e ele se perguntou: “mas como uma pessoa tão inteligente pode crer numa coisa dessas?” – Esta é uma excelente pergunta…

Muitos céticos e aqueles classificados como “eruditos ou intelectuais” parecem não conseguir resolver tal enigma. É que eles esbarram em duas interpretações algo preconceituosas: a primeira é a de que a fé não pode ser racional, e a segunda é a de que a grande maioria dos espiritualistas e religiosos é alienada da realidade. Este artigo tentará abrir os olhos dessas pessoas, para que possam analisar aos espiritualistas pelo que eles realmente são: pessoas como qualquer outra, mas que consideram a possibilidade da existência do espírito.

Fé e Razão
A etimologia da palavra “fé” nos traz duas origens não necessariamente complementares. A primeira deriva do grego pistia e quer dizer “acreditar”. Este é o significado mais usual, entretanto ainda incompleto, pois não basta crer, é necessário também compreender a razão pela qual se crê. Esta é a chamada fé raciocinada. Antes de ser uma contradição, como podem pensar alguns, o uso da razão solidifica a fé, pois ao analisarmos o objeto de nossa fé, compreendo-o e aceitando-o, estamos criando alicerces que tornarão nossa fé inquebrantável, fortalecendo-nos frente aos desafios mais árduos. Por outro lado, a fé sem a razão é frágil, está sujeita a ser desfeita e pode, frente ao menor abalo, desmoronar. Ou ainda pior, esta fé irracional pode nos conduzir ao fanatismo, a negação de tudo que seja contra o nosso ponto de vista. Por não ser oposta a razão, a pistia é por si mesma não dogmática e, portanto, perfeitamente compatível com o ceticismo.

Mas temos uma outra origem da palavra “fé”, derivada do latim fides, que também possui o sentido de acreditar, mas agrega a este o conceito de fidelidade, ou seja, é necessário que sejamos fieis ao objeto de nossa fé. Falando em fé religiosa, estamos falando em Deus, portanto é preciso que sejamos fieis a Deus e isto só é possível seguindo os seus preceitos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos”.

No entanto, é preciso tomar muito cuidado na definição deste Deus, pois muitas vezes as pessoas de fé seguem o deus definido pelo discurso eclesiástico, quando o caminho da espiritualidade nos leva a busca de nossa própria definição de Deus. E isso nos leva ao contraponto do segundo tipo de interpretação preconceituosa…

O Deus de cada um
Cada doutrina religiosa traz sua própria concepção de Deus, e na maioria das vezes elas são conflitantes. Isto, por si só (e não sem razão), já soa absurdo para aqueles que cultivam um pensamento mais cético e racional. Não é a toa que muitos acabam taxando a maioria dos teístas de alienados: se não chegam a um acordo sequer sobre a natureza de Deus, como podem querer ditar regras de conduta a serem seguidas?

Essa pergunta é pertinente porque toca no cerne da religiosidade. O verdadeiro religioso não é aquele que se inscreveu em uma comunidade dos escolhidos de Deus (a origem de “igreja”, do grego ekklesia), mas aquele que pratica uma comunhão com Deus ou com o Cosmos, um caminho de retorno a compreensão de sua própria origem (do latim re-ligare, origem de “religião”). Desnecessário seria dizer que são definições bastante distintas, e que embora todo seguidor de igrejas possa ser religioso, nem todo religioso é seguidor de igrejas. Mas, ainda mais profundo do que isso: a todo verdadeiro espiritualista parece mesmo óbvio que a forma de comunhão com Deus (ou o Cosmos) é própria de cada um, pessoal e intransferível. Não serão livros nem padres nem gurus espirituais quem poderão lhe ensinar – todos esses ajudam, mas cada um aprende por si próprio, e na prática.

Uma comparação pertinente pode ser feita entre aprender espiritualidade e aprender a nadar: de nada adianta ler extensos manuais sobre natação, ou infindáveis palestras de grandes nadadores – você só irá se tornar um grande nadador se tomar coragem de mergulhar e enfrentar as ondas por si próprio.

O verdadeiro espiritualista não é, portanto, um alienado da realidade. Ele apenas mergulhou na própria consciência, enquanto outros (não sem razão) preferiram abster-se da aventura.

Navegar é preciso
Para o espiritualista em constante estudo e deslumbramento perante o infinito do Cosmos, a razão e a fé andam lado a lado com a moral e o amor, e ele encontra na religião, assim como na filosofia e na ciência, preciosos instrumentos para sua longa caminhada…

Nada pode ter contra o cético. Se este ainda não acredita, é por dois motivos: ou porque ainda não passou pela mesma experiência religiosa – e, portanto, subjetiva – que o espiritualista; ou porque simplesmente o espírito realmente não existe, e todas as questões espirituais se resumem a questões psicológicas, a serem analisadas conforme o avanço da ciência. Em ambos os casos, não há razão para nenhuma inimizade entre o espiritualista e aquele que não crê.

Na verdade, se alguém tem o dever moral de evitar brigas e permanecer em postura apaziguadora e amorosa, este é o espiritualista – que bem ou mal, assumiu a responsabilidade de assim o ser, um ente amoroso e equilibrado. Os outros não têm responsabilidade alguma, tampouco Deus algum para lhes inspirar temor, e não há nenhum problema nisso.

Pois que se o caminho espiritual foi trilhado apenas por medo de punições divinas, por barganhas ridículas em troca de um céu para poucos, então ele já se iniciou na direção errada. Que aquele que ainda não compreendeu que todos os seres do infinito são filhos da mesma substância, e que entrarão todos no céu de mãos dadas, é porque ainda está no início da trilha.

Então, perdoai-vos, pois eles não sabem o que fazem. E perdoai-nos, pois nós também não. Mas dos confins do Cosmos uma ponta da longa teia é puxada, e todos somos impelidos em sua direção… quer compreendamos, quer não.

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Crédito da foto: 21guilherme

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Espiritualidade #Deus #Ceticismo #Religiões #Preconceito

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-cren%C3%A7a-do-espiritualista

A Arte Tengu da Lura com espadas (Tengu-Geijutsu-Ron)

O Tengu-geijutsu-ron foi escrito pelo mestre espadachim Shissai Chozan em 1729. Existem vários outros livros sobre o uso da espada que nem o livro Fudochi Shinmyo-roku de Takuan Soho. Ma s o que faz este livro ser assim tão valioso é a sua grande quantidade de alegorismos e metáforas e comparações fazendo a obra ser muito pitoresca possibilitando ao leitor e aluno (DESHI) entender melhor seus ensinamentos.

A base destes ensinamentos é o despego, o WU WEI. O não ser. Somente sendo nada e se desapegando do eu (ego) é que o guerreiro pode deixar de se preocupar com sigo mesmo, se esquecer e agir conforme tem que agir.

Os ensinamentos de Shissai se resumem:

1. Um bom espadachim tem que treinar tanto o aperfeiçoamento das técnicas e golpes, como o desenvolvimento de seu espírito.

2. A grandeza interna (espiritual) se amostra na simplicidade do coração. Suas reações têm que ser que nem as imagens de um espelho. Ele tem que aprender a agir em vez de meramente reagir.

3. Só se esquecendo que se é capaz de agir. É a harmonia entre corpo, mente e espírito.

4. Agora a perfeição no manuseio da espada só tem valor se ela estiver ancorada a valores éticos e respeitar as leis cósmicas.

O objetivo deste capítulo não é traduzir este maravilhoso texto e sim incentivar o aluno a lê-lo. Portanto irei me restringir a citar somente uma pequena passagem do capitulo IV:

Um aluno pergunta: Existem várias escolas que usam diferentes formas de lanças, lanças com laminas restas, laminas cruzadas, com ganchos, laminas escondidas num tubo, e muitas mais. Qual destas armas é a melhor?

E o mestre responde: Que pergunta boba! A melhor arma é a lança com a qual se perfura. Só que o que faz você perfurar não é a forma da lança e sim o teu EU. Tanto faz que tipo de lamina se usa, o aluno deve tentar entender os ensinamentos dos velhos mestres e das diferentes escolas e captar as vantagens de cada uma das armas, e através de seu manuseio e treino adquirir a sua liberdade pessoal (o desapego).
Tanto faz que tipo de laminas eu usar, o importante é se dedicar a aprender as técnicas e entender as suas vantagens para adquirir através do manuseio a sua liberdade.

Mesmo se alguém treinar todos os sistemas, este se sentirá mais confortável usando a arma com a qual começou a treinar do que com uma outra. Mas se persistir treinando e aprendendo este irá se próprio encontrar e aí tanto faz se ele tiver um cajado na mão ou uma lança.
Existem escolas que ensinam as vantagens e desvantagens de cada lamina se concentrando no manuseio e nas técnicas. Eu por minha vez ensino aos meus alunos uma outra arma, arma do próprio EU. Porque, quem não entendeu isto, não faz sentido carregar uma arma.

É um erro somente pensar que a lança reta quando perfura se torna inútil e que a lança com gancho só serve para prender outras lanças. Quem assim pensa acaba fazendo o erro de um principiante.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/a-arte-tengu-da-lura-com-espadas-tengu-geijutsu-ron/

Cursos de Kabbalah e 72 Nomes de Deus

Dias 29/06/19 e 30/06/19 serão ministrados os Cursos de Kabbalah Hermética e dos 72 Nomes de Deus.

Informações: marcelo@daemon.com.br

Kabbalah

Pré-Requisitos: Nenhum.

A Kabbalah Hermética é baseada na Kabbalah judaica adaptada para a alquimia durante o período medieval, servindo de base para todos os estudos da Golden Dawn e Ordo Templi Orientis no século XIX. Ela envolve todo o traçado do mapa dos estados de consciência no ser humano, de extrema importância na magia ritualística.

O curso abordará as diferenças entre a Kabbalah Judaica e Hermética, a descrição da Árvore da Vida nas diversas mitologias, explicação sobre as 10 Sephiroth (Keter, Hochma, Binah, Chesed, Geburah, Tiferet, Netzach, Hod, Yesod e Malkuth), os 22 Caminhos e Daath, além dos planetas, signos, elementos, cores, sons, incensos, anjos, demônios, deuses, arcanos do tarot, runas e símbolos associados a cada um dos caminhos.

O curso básico aborda os seguintes aspectos:

– A Árvore da Vida em todas as mitologias.

– Simbolismo e Alegorias na Kabbalah

– Descrição e explicação completa sobre as 10 esferas (sefirot).

– Descrição e explicação completa sobre os 22 caminhos.

– Cruzando o Abismo (Véu de Paroketh).

– Alquimia e sua relação com a Árvore da Vida.

– O Rigor e a Misericórdia.

– A Estrela Setenária e os sete defeitos capitais.

– Cores, metais, incensos,

– Construção do Templo Astral e exercícios relacionados.

– Letras hebraicas, elementos, planetas e signos.

– Sigilações envolvendo a Kabbalah.

Total: 8h de curso.

72 Nomes de Deus

Shemhamphorash é o nome dado aos 72 Nomes de Deus, estudado principalmente a partir das anotações de Cornellius Agrippa. Ao todo, são especificações zodiacais que possuem atributos antropomórficos, podendo ser utilizados em rituais e evocações.

Os 72 Nomes de Deus não são nomes no sentido comum, são 72 sequências de três letras hebraicas que atuam como um disparador de frequências espirituais específicas. Simplesmente passar os olhos sobre as letras, bem como formar uma imagem mental delas, pode nos conectar com essas diferentes energias que formam a corrente espiritual infinita que flui no Universo.

Inclui o estudo dos 72 nomes/anjos

Imagens Telesmaticas

Estudo dos Anjos no Mapa pessoal

Salmos e meditações

Total: 8h de curso.

#Cursos #Kabbalah

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cursos-de-kabbalah-e-72-nomes-de-deus