Reflexões místicas com Joseph Campbell (parte final)

Uma entrevista com Joseph Campbell, por Tom Collins
Originalmente publicada na revista The New Story (1985)

Tradução de Gabriel Fernandes Bonfim; Revisão de Rafael Arrais

« continuando da parte 3

4. A modernidade e a carência de mitos
[Tom] Eu entendo que houve uma série de conflitos entre os conceitos religiosos ocidentais e orientais na igreja primitiva. Acho Pelágio [da Bretanha] uma figura fascinante, por exemplo.
[Joseph] O Pelágio do século IV era ou um galês ou um irlandês, eu acho. Ele manteve a tradição ocidental individualista contra o que eu chamaria o tribalismo do Oriente, e foi considerado um herege. Ele expos os principais argumentos contra as doutrinas nas quais Santo Agostinho, seu contemporâneo, era o campeão. Uma delas foi a doutrina do pecado original. Pelágio disse, “Você não pode herdar o pecado de outro. Portanto, o pecado de Adão não é herança de ninguém.”
[Tom] Os pecados do pai não recaem sobre o filho?
[Joseph] Isso é tudo filosofia oriental, não europeia. Outra coisa que Pelágio disse é que você não pode ser salvo pelo ato de um outro. Isto diz respeito a Jesus na cruz, e derruba toda a crença [de que ele veio “pagar nossos pecados”]. Claro que [sua ideia] foi rejeitada. Pelágio estava defendendo a doutrina da responsabilidade individual. Eu não sei de onde vem, mas certamente era típico, eu diria, dos europeus, em oposição aos pontos de vista orientais. Você era um indivíduo, e não apenas o membro de um grupo.
[Tom] Isso soa como aquele trecho na lenda do Rei Arthur…
[Joseph] “Cada cavaleiro adentrou na floresta num ponto que ele havia escolhido, onde ela era mais escura e não se via caminho algum.” – Isto vem de A jornada do Santo Graal [The Quest of the Sangral], de 1215, aproximadamente, na França.
[Tom] Como é que eles esperam encontrar o seu caminho, então?
[Joseph] Se aventurando.
[Tom] E é isso que todos nós fazemos na vida?

[Joseph] Sim. Caso contrário, você iria seguir o caminho de outra pessoa, seguindo por vias já desgastadas com as pegadas de tantos andarilhos. Ninguém no mundo jamais foi você antes, com os seus dons, habilidades e potencialidades. É uma pena desperdiça-los fazendo o que alguém já realizou anteriormente.
[Tom] Você disse certa vez que nenhuma sociedade humana foi encontrada onde os temas mitológicos não eram celebrados – “magnificados em canções e experienciados em êxtases de luz e visões”. O que dizer sobre a nossa sociedade?
[Joseph] O que aconteceu na nossa é que, a nível oficial a tônica recai sobre a economia e as práticas políticas, e tem havido uma eliminação sistemática da dimensão espiritual. Mas ela existe em nossas poesias e artes. Ela existe. Você pode encontrá-la aqui. Está em uma condição recessiva, mas do contrário as pessoas não teriam vida espiritual de maneira alguma.
[Tom] Ela não estaria viva também em algumas fases do movimento ecológico?
[Joseph] Sim. E esse interesse agora no folclore indígena americano, isso não é interessante? O povo brutalizado e rejeitado – e são eles quem trazem a mensagem pela qual este país tem esperado.

Há um provérbio terrível de Spengler, que eu li num de seus livros, “Jahre der Entscheidung”, “ano da decisão”, que são os anos em que vivemos agora. Ele disse, “Quanto a América, é um amontoado de caçadores de dólares, sem passado, sem futuro”. Quando eu li isso na década de 30 eu levei a mal. Eu pensei que era um insulto. Mas no que as pessoas estão interessadas? E então Lenin diz: “Quando estivermos a ponto de enforcar os capitalistas, eles irão competir para nos vender a corda”. E é isso que estamos fazendo. Ninguém está se importando com o que sua cultura representa. Eles estão se perguntando se o agricultor no Centro-Oeste vai votar ou não em você, por você ter vendido o trigo dele para os russos. É uma terrível falta de qualquer outra coisa que não preocupações econômicas, é isto o que estamos enfrentando. Esta é a velhice e a morte; o fim. Esta é a maneira como eu enxergo este assunto. Eu não tenho nada que não julgamentos negativos sobre ele.

Olhe para o que as pessoas estão lendo nos jornais. Você entra no metrô e as pessoas estão lendo todas sobre a mesma coisa – este assassinato, aquele assassinato. Este estupro, este divórcio. Observem os tópicos que não nos saem da cabeça! O foco jornalístico em nossas vidas é o assassinato. Assassinato!
[Tom] Você não vê tal conflito acabar? Não há nenhum tipo de ordem mundial que poderia nos trazer isso?
[Joseph] Ela teria que ser uma ordem mundial, mas então ainda haveria luta dentro dela, assim como há luta dentro de nossa ordem nos Estados Unidos. Nunca me apeguei a nenhuma ideia de revolução, pois já conheci revolucionários demais.

Nota do revisor: Eu penso que Campbell, em sua sabedoria, acreditava que a verdadeira revolução é a que ocorre dentro da alma humana, e não em seu exterior.
[Tom] Se os únicos mitos que existem então são aqueles em que todo o mundo acredita – Cristianismo, Judaísmo, Hinduísmo, Budismo – as pessoas não poderiam criar um novo mito, que atendesse as necessidades de hoje?
[Joseph] Não, porque mitos não vêm a existência dessa forma. Você tem que esperar para que eles apareçam. Mas eu não acredito que nada desse tipo vá acontecer, porque existem muitos pontos de vista dispersos ao redor do mundo. Todos os mitos têm estado até agora dentro de horizontes limitados, e as pessoas têm de estar de acordo com suas dinâmicas de vida, suas experiências de vida.
[Tom] Os gregos antigos foram cercados pela presença de deuses – pelas estátuas e as lembranças desses deuses.
[Joseph] Mas isso não funciona mais. O cristianismo não está movendo a vida das pessoas hoje em dia. O que está movendo a vida das pessoas é o mercado de ações e as pontuações do beisebol. O que tem interessado às pessoas? Há um nível de pensamento totalmente materialista que tomou conta do mundo. Não há mais nem mesmo um ideal pelo qual alguém esteja lutando.

***

Nota de Tom Collins (o entrevistador): Minha vez. Eu gostaria de adicionar meus comentários aos de Joseph Campbell que diz respeito à Bíblia [ver parte 3]. Minha intenção em incluir seus comentários não foi para desmerecer as tradições baseadas na Bíblia em relação a outras tradições importantes, como o hinduísmo ou budismo. Do meu ponto de vista, a literatura sagrada de todas estas tradições foi escrita em uma linguagem da era dos impérios, e está profundamente envolvida com a consciência dos senhores da guerra. Se quisermos avançar, precisamos olhar para estes textos com olhos claros, capazes de ver o chauvinismo tribal, o machismo, o militarismo, etc., pelo que eles são. Só então seremos capazes de traduzir a sabedoria que eles de fato têm, em uma linguagem renovada, adequada para a Era Planetária.

***

Nota do revisor: É sempre reconfortante e esclarecedor tomar contato com a sabedoria de Joseph Campbell, mas penso que o fim desta entrevista ressoou particularmente sombrio. Ocorre que, já nos idos da década de 80, o olhar atento de Campbell sobre a sociedade “sem mitos” já antecipava, ainda que intuitivamente, uma crise de sentido da modernidade (ou pós-modernidade, ou seja lá como queiram chamar) que só se revela em todas as suas nuances e conflitos no século XXI.

Creio que este trecho de uma breve entrevista de Eduardo Galeano aos jovens espanhóis que se manifestavam “contra o sistema que aí está”, na Praça Catalunya, há alguns anos, seja ao menos uma espécie de sinalização para alguma luz que chegará, espero, senão com a Primavera, ao menos com a Alvorada:

“Aqui vejo reencontro, energia de dignidade e entusiasmo. O entusiasmo vem de uma palavra grega que significa “ter os deuses dentro”. E toda vez que vejo que os deuses estão dentro de uma pessoa, ou de muitas, ou de coisas, ou da Natureza, eu digo para mim mesmo: “Isto é o que faltava para me convencer de que viver vale a pena”.

Então estou muito contente de estar aqui, porque é o testemunho de que viver vale a pena. E que viver está muito, muito mais além das mesquinharias da realidade política e da realidade individual, onde só se pode “ganhar ou perder” na vida! E isso importa pouco em relação com esse outro mundo que te aguarda. Esse outro mundo possível.

Este mundo de merda está grávido de um outro!

O mundo a espera de nascer é diferente, e de parto complicado. Mas com certeza pulsa no mundo em que estamos. O mundo que “pode ser” pulsando no mundo que “é”. Eu o reconheço nessas manifestações espontâneas, como as desta praça.

Alguns me perguntam “o que vai acontecer?”; “e depois, o que vai ser?”. Pela minha experiência, eu respondo: “Não sei o que vai acontecer… Não me importa o que vai acontecer, mas o que está acontecendo!”. Me importa o tempo que “é”.”

***

Crédito da imagem: Android Jones

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#Mitologia

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Nix, a Deusa da Noite

A noite sempre foi o maior dos mistérios para o Ser Humano e seu maior medo. Qual criança nunca sentiu medo do escuro? Para mostrar que a noite não é algo tão ruim assim, os gregos antigos criaram um belo mito sobre a deusa Nix (que em grego quer dizer “noite”). Nix é uma deusa-mãe muito antiga que habita o espaço conhecido como “nível telúrico” (este espaço terrestre onde vivemos) ao lado de Heméra (o dia), Éter (os espaços aéreos) e Deméter (a Natureza).

Os gregos diziam que a luz é eterna e jamais se apaga nas alturas dos montes sagrados e dos céus. Porém, nós, os mortais, não conseguimos nos manter acordados todo o tempo, como fazem os deuses. Nós necessitamos de descanso… É exatamente por isso que diariamente no fim da tarde Nix, bondosa e cuidadosa para com seus filhos, os mortais, estende por sobre todo o mundo seu enorme manto de veludo azul-escuro: o manto de Nix. Este manto é noite que nos aquece, protege e propicia tranqüilidade e conforto para dormirmos em paz. De manhãzinha, a filha querida de Nix, Aurora, com seus belos dedos cor-de-rosa retira lentamente o manto de Nix e traz novamente a claridade ao mundo. No entanto, este manto está sendo usado há muito tempo e já está velho e puído. Durante a noite pode-se ver os pequenos furinhos que este manto tem e, através deles, perceber que por trás do veludo a luz brilha eternamente. Estes furinhos são as estrelas.

Há quem considere o povo grego como que um gênio que realizou o milagre do nascimento da Razão. Há quem pense, no entanto, que não há mais que um eterno retomar, sempre fundamentado na origem ocidental. Há quem considere que deste gênio, simplista, harmônico e luminoso, emergiu a Filosofia, como culminância de um povo. Há, no entanto, quem imagine que os gregos sempre estiveram imersos em guerras contínuas e em desespero, “dilaceramento trágico e desmedido, de tal forma que a Filosofia exprime a obscuridade do gênio helênico”. A Razão é então um libertar da obscuridade mítica, “libertado do mito, como as escaras caem dos olhos do cego”, ou seria ela tão-somente a continuação do próprio mito e da religião, como herdeira inevitável?

Oriente e Ocidente

Sobre o tema, introduz-nos Pessanha: “durante muito tempo o problema do começo histórico da Filosofia e da Ciência Teórica foi colocado em termos de relação Oriente-Grécia. Desde a própria antiguidade, confrontaram-se duas linhas de interpretação: a dos orientalistas, que reivindicaram para as antigas civilizações orientais a criação de uma sabedoria que os gregos teriam depois apenas herdado e desenvolvido; e a dos ocidentalistas, que viam na Grécia o berço da Filosofia e da Ciência Teórica. (…) As disputas continuariamindefinidamente em termos da relação empréstimo ou herança entre Oriente e Grécia, examinada freqüentemente com bases apenas conjeturais, se dois fatores não viessem, a partir do final do séc. XIX, deslocar o eixo da questão: a expansão das pesquisas arqueológicas e o interesse pela natureza da chamada mentalidade primitiva ou arcaica”

Quando Hesíodo descreve os Persas, há a descrição da cultura oriental com fatos tais como o estudo dos astros pelos babilônicos, o da matemática pelos egípcios, o dos céus pelos caudeus ou a criação da moeda pelos fenícios. Platão e Aristóteles insistem que tais idéias foram apropriadas pelos gregos, poré isto não quer que necessariamente dizer que a Filosofia é oriental. O primeiro motivo é a idéia de que o Oriente é um lugar mítico e especial, por ter sido lá que o ser humano apareceu, como criação direta dos deuses, na metáfora da idade do ouro. O segundo, é que o pensamento filosófico é perturbador por questionar os deuses e as instituições; assim, uma idéia de tradição, funciona como uma espécie de salvaguarda contra possíveis ataques. As cosmogonias orientais são então, retomadas pelas cosmologias gregas.

As cosmogonias orientais contém, então, idéias que seriam retomadas pelos cosmologistas. São elas: 1.a ) Unidade universal e divina que engendra de dentro de si mesma, todos os seres (o uno). 2.a) Passagem do Chaos ao Kósmos; de uma unidade primordial indiferenciada, à diferenciação dos seres existentes; das trevas à luz. 3.a) Mundo como processo contínuo de geração e diferenciação dos seres; quer pela força do uno ou por interação de forças inteligentes que discriminam. 4.a) Conexão ou sympathia que une todos os seres; daí existir o mundo, enquanto órganon e kósmos: a ordem. 5.a) Lei e/ou necessidade que governa a geração, a transformação e a corrupção de todos os seres em movimento circular e cíclico. 6.a) Dualismo entre um corpo mortal e uma alma imortal, que nasceu da purificação feita pelos gregos, de uma felicidade perene oriental.

Em Homero e Hesíodo, as idéias orientais se fazem presentes, guardando-se porém, cuidados em fazer as devidas adaptações ao pensamento helênico: 1.a) Afastamento de monstruosidades e irracionalidades; fundamentalmente a ausência de uma ordem cósmica em que se possa confiar. 2.a) Aproximação dos homens e dos deuses, com uma função de antropomorfização das forças primordiais. A diferença entre os conhecimentos orientais é, portanto, a própria racionalidade imprimida aos conhecimentos antigos. O “milagre grego”revela-se, na verdade, como uma organização do conjunto de conhecimentos empíricos e práticos, em conhecimentos sistemáticos e lógicos. A matéria prima é oriental, e sobre ela, os gregos aplicaram o gênio do logos. Um conjunto de estudos (História, Arqueologia, Filosofia, Lingüística) mostraram que uma série de mitos e cultos religiosos, danças e músicas, poesia, objetos, técnicas e utensílios; demonstra um contato intenso entre o Ocidente e o Oriente. Fica então evidente que a simples rejeição da tese oriental é absurda. Se o termo “milagre” for tomado em sentido de mutação, então tal termo pode ser usado enquanto mudança qualitativa sobre o material do Oriente.

O Gênio Grego

O pensamento do séc. XVIII assume a Filosofia como um fenômeno grego, enquanto espírito do povo grego. O gênio grego caracterizar-se-ia pois, pela liberdade e qualidade racional de espírito. Quando comparada ás demais culturas, a cultura grega explicitaria que na cultura oriental, falta a liberdade frente a natureza; na cultura cristã, falta a memória do espírito e do corpo; na cultura muçulmana, falta a harmonia entre a forma e a matéria e na cultura moderna, que é fruto do cristianismo, os gregos figuram como o povo da luz, da medida, da proporção e do equilíbrio. A objetividade pesa pela razão, sobre as paixões; a simplicidade é racional.

Por causa deste tal gênio grego, enquanto conseqüência e expressão do caráter racional, a imagem de harmonia orgânica grega foi questionada no séc. XVIII por Rousseau e no séc. XIX, por Nietzsche. Para Rousseau, a origem da Filosofia foi a perenidade do conflito entre as cidades. Nietzsche diz que os gregos criaram a Filosofia, porque temiam aquilo que sabiam ser: o dilaceramento trágico, o lado cruel e sombrio da natureza humana. Para Nietzsche, os gregos eram o povo da hýbris, da luta entre os opostos, agonísticos em si, competitivos. A origem de outra expressão do mesmo gênio grego é a tragédia, culto a Dionýsos, culto à demésure. A criação e a separação de todos os seres do uno, traduz-se dor. O principio do sofrimento, da dor, da paixão e da demésure, é o principio dionisíaco. Em contraponto, há um principio racional, luminoso e diferenciador, representado por Apólon. A Filosofia nasce como negação do próprio gênio grego. O fim deste movimento, dá-se com Sócrates, com a vitória apolínea sobre o principio dionisíaco.

Ambas as teses são igualmente abstratas, porque não são históricas. Ambas referem-se aos gregos como entidade abstrata e atemporal. A cultura grega, no entanto, possui efetivamente tais caracterizações, porém tais aspectos estão ligados ás condições sociais, políticas e culturais determinantes. O ideal de harmonia não traduz a realidade grega, pelo contrário, a contrapõe.

Filosofia e Filósofos

Historicamente temos então, o surgimento da democracia e da sociedade estruturada como Estado, e não mais como simples clã ou família. Tais gene eram dominados por um patriarca, o despótes, que era senhor absoluto sobre todos os bens e sobre todas as pessoas de sua família. No entanto, com o crescimento populacional e com o não equivalente crescimento da produção, o sistema autárquico dos gene tornou-se inviável, pela generalizada diminuição das rendas familiares. Além disso, a subdivisão progressiva dos gene em famílias menores, gerou um enfraquecimento do poder centrado nos laços sanguíneos. Os bens foram divididos e apareceu a propriedade privada e, com ela, disputas pela posse e pelo poder. Um período de desordens sociais seguiu-se.

Os aristocratas, aqueles mais favorecidos cm o fim do sistema de génos, passaram a unirem-se com finalidade de autoproteção. Apareceram então tribos que acabaram por fundirem-se em pequenos agrupamentos, mais tarde em vilarejos e, finalmente, em cidades. Fortificações surgiram e, à volta delas, os primeiros núcleos urbanos. A polis surgiu daí e a forma monárquica de poder deu lugar á oligárquica, baseada no comércio e em bens privados. Apareceu, pela primeira vez na história da humanidade, a idéia de indivíduo e a de individualismo. Isto marca a passagem da poesia épica, que canta os grandes heróis e os feitos do génos, para a poesia lírica, que canta o individuo. Estes foram os efeitos básicos que culminariam com o surgimento da Democracia e da Filosofia; e da união delas surgiria a Política.

Com o advento da colonização, ampliaram-se os contatos do mundo grego. Atenas foi extremamente beneficiada devido sua privilegiada localização geográfica e transformou-se em importante centro de redistribuição comercial no meio do mar Egeu. Os comerciantes e artesãos tornaram-se numerosos, ricos e poderosos. Houve uma crise política e uma luta entre a aristocracia e os novos comerciantes enriquecidos. Tornou-se imperiosa uma mudança política em Atenas e surgiram legisladores como resposta à crise que se instalava. Dracon elaborou a primeira legislação de Atenas, extremamente severa e que impunha a pena de morte para a maioria dos crimes; mas, no plano político não houve mudanças substanciais e a aristocracia mantinha para si o poder. A crise continuou, portanto. Sólon foi nomeado legislador e operou reformas sociais em Atenas: estimulou o desenvolvimento da indústria e das artes; estabeleceu pesos, medidas e moeda estável; reviu a legislação de Dracon, amenizando-a e abolindo a escravização por divida; o poder foi retirado da aristocracia e introduziu um sistema político com a participação geral, de acordo as riquezas dos cidadãos. Tais reformas foram feitas no sentido de estabelecer uma justiça correta e válida para todos, sem que fossem favorecidos nem os aristocratas,nem as classes em ascensão, nem as reivindicações extremas das camadas empobrecidas. No entanto as reformas de Sólon não foram totalmente aplicadas, devido aos interesses que se contrapunham. Houve o aparecimento de homens que tomaram o poder pela força e à revelia das leis, apareceu a figura do týrannos.

Um novo movimento de reforma do sistema político surgiu em Atenas com Clístenes. Este legislador reorganizando os espaços físicos e geográficos, aproveitou-se da situação para criar a democracia. Clístenes estabeleceu direitos iguais de participação no poder para os cidadãos, isto é, homens gregos, nascidos na polis, adultos e livres. Apareceu a idéia de demos, com o agrupamento de antigos gene em povos de acordo com sua região de origem na península Ática. Estava instituída de forma estável, a democracia ateniense. Desta forma, a política era exercida pelos cidadãos que se reuniam em assembléia, a ekklesia, para discutir e resolver os problemas políticos. Da necessidade de discussão e de debate, surgiu a oratória, a retórica e o pensamento político grego. Pouco a pouco, a Filosofia que originalmente voltava-se somente para questões cosmológicas e perseguia a idéia de natureza, isto é, a unidade que garante a ordem do mundo; voltou-se para questões ligadas ao individuo e á cidade, fundando a Antropologia e a Política. Nesta fase antropológica da Filosofia grega, temos como expoentes máximos e antagônicos, em um extremo Sócrates e em outro, os sofistas, já aqui, uma Filosofia absolutamente grega e ocidental, não mais guardando resquícios das cosmogonias orientais.

A palavra “política” tem origem na palavra grega politiké, guardando, enquanto substantivo masculino, o significado de homem do Estado; enquanto substantivo neutro, os de cidadania, negócios públicos, política; enquanto substantivo feminino, o de ciência ou arte dos negócios do Estado e enquanto adjetivo, os sentidos de cívico, civil; composto de cidadãos; político, público, do Estado. Por sua vez, são as formas genitivas da palavra, que designa cidade, imediações da cidade, região habitada; reunião dos cidadãos, Cidade-Estado; também refere-se ao Estado e, finalmente, à democracia. Isto quer dizer que o idioma grego associa, de maneira inseparável, a idéia de “cidade”, dupla entidade, tanto física quanto social, à de Estado, e é desta associação que emerge a idéia de “ciência política”.

Da necessidade da discussão em assembléia e do afã de fazer prevalecer uma idéia sobre as demais, nasceu a sofistica. A controversa figura do sofista, correspondia então aquele que se propunha a ensinar e a definir conhecimentos gerais, principalmente a arte da oratória e da retórica; isto, mediante remuneração. A palavra grega designava originalmente apenas sábio, sem cunho filosófico, tendo sido inclusive aplicada a legisladores e políticos (os Sete Sábios). Mas, com o advento da Filosofia e da Democracia, passou a ser sinônimo de homem que sobressai em alguma coisa, engenhoso;mestre de eloqüência e no vocabulário de Sócrates, assumiu caráter pejorativo, significando impostor, charlatão, sofista. Apareceu então, um duplo sentido para a idéia de Sophia: conhecimento, saber ciência; prudência e penetração, persuasão; sagacidade, astúcia. Escreve Abbagnano: Os sofistas não podem relacionar-se com as investigações especulativas dos filósofos jônicos, mas com a tradição educativa dos poetas, a qual se desenvolvera ininterruptamente de Homero e Hesíodo, a Sólon e a Píndaro. Todos eles orientaram a sua reflexão para o homem, para a virtude e para o seu destino e retiraram, de tais reflexões, conselhos e ensinamentos.

Tal função de exegetés, desempenha pelos sofistas, reconhecedores do valor formativo e educacional do saber, atraiu sobre si a critica de Sócrates, que viu na paidéia a elevada função de acordar a psyché para o conhecimento, a partir da admissão do não conhecer. Ensinar é pois lembrar a alguém, inicialmente, de que nada sabe, para exercer uma função destrutiva e libertadora, anulação de qualquer saber fictício e preconceituoso. Mais tarde, há que se lembrar, como quem faz um parto, aquilo que já se sabia; fazendo vir á luz a ânsia pelo saber e o interesse pela pesquisa. Assim ninguém pode ensinar ou proferir doutrina, não é possível o conhecimento e, por isso, não se deve escrever para que não se crie a falsa idéia de que existam tais coisas: Sócrates limitava-se a nada saber. Escreve Abbagnano: aqueles que dele (Sócrates) se aproximam, a principio parecem completamente ignorantes, mas depois a sua pesquisa torna-se fecunda, sem que todavia nada recebam dele.

Radicalmente contrário a qualquer presunção de sabedoria, Sócrates via nos sofistas, indivíduos que pretendiam-se detentores de um saber; saber este, fictício, desprovido de verdade e corruptor em sua prepotência. Filosofar é o exame incessante de si mesmo e dos outros, de si próprio em relação aos outros e dos outros em relação a si. Se a profissão sofística apoiava-se na sabedoria e no ensinamento, a profissão socrática erguia-se da própria ignorância e fazia ver à psyché, a verdade contida no pneûma. Ambas igualmente antropocêntricas, ambas em busca da areté, ambas uma paidéia em si, é certo. Entretanto, em extremos opostos localizavam-se: uma na ânsia de conhecer-se a si mesmo e saber o dever ser e a verdade, outra na ânsia pelo sucesso na discussão através do influenciar e da persuasão. Há que se dizer ainda que, por todos estes motivos, Sócrates, ao contrário dos sofistas, identificava a areté á sabedoria e á ciência e nunca á opinião, á aparência ou á fama.

Ainda em Abbagnano encontramos: O homem não pode ver claro por si só. A investigação de que se ocupa não pode começar e acabar no recinto fechado da sua individualidade: pelo contrário, só pode ser o fruto de um dialogar contínuo com os outros, como consigo mesmo. É aqui que reside, verdadeiramente, a sua antítese polêmica em relação à sofística. A sofística é um individualismo radical. O sofista não se preocupa com os outros a não ser para arrancar a todo custo, e sem se preocupar com a verdade, o consenso que lhe assegura o sucesso; mas nunca chega à sinceridade consigo próprio e com os outros. Jaeger comenta: Na época dos sofistas, a paidéia converte-se pela primeira vez em um problema consciente e situa-se no centro do interesse geral, sob a pressão da própria vida e da evolução do espírito, que sempre colaboram. Surge uma cultura superior e aparece e desenvolve-se, como sua representante, uma profissão especial: a dos sofistas, que abraçam como missão o ensino da virtude. Mas agora põe-se manifesto que, apesar de todas as meditações sobre os métodos pedagógicos e as formas de ensino e apesar da riqueza vertiginosa da matéria didática de que dispõe esta cultura superior, ninguém tem uma idéia clara sobre suas premissas. Sócrates não teve a pretensão de educar aos homens como Protágoras (…) Mas mesmo que estivéssemos instintivamente convencidos desde o primeiro momento, como estavam todos seus discípulos, de que Sócrates é o verdadeiro educador que sua época busca, Platão põe em destaque no “Protágoras” que sua pedagogia não se baseia somente em outros métodos de natureza distinta ou no mero poder misterioso da personalidade; mas sim, fundamentalmente no feito de que, ao reduzir o problema moral a um problema de saber, assenta pela primeira vez aquela premissa que á pedagogia sofística faltava. O postulado da primazia da formação do espírito proclamado pelos sofistas não pode justificar-se pelo simples fato de triunfar na vida. Esta época vacilante em seus fundamentos reclama o conhecimento de uma norma suprema que obrigue e vincule a todos, por ser expressão da natureza mais íntima do homem, e apoiando-se nela, que possa a educação enfrentar sua tarefa suprema: formar ao homem para sua verdadeira arete. A este resultado não podem conduzir os conhecimentos e o training dos sofistas, mas aquele saber profundo sobre que versa o problema de Sócrates.

Considerações Finais

Concluamos então, com o próprio Vernant: “Como a Filosofia se desenvolve do mito, como o filósofo deriva do mago, assim também a Cidade se constitui a partir da organização social: ela a destrói, mas ao mesmo tempo conserva o quadro; transpõe a organização tribal em uma forma que implica um pensamento mais positivo e abstrato.

Deste eterno transformar do pensamento humano: do mito oriental ao mito ocidental, da religião à Filosofia e da Filosofia á ciência, a psyché humana processa sua jornada rumo a Sophia, a Mnemósine, numa metempsicose que faz revelar a verdade em meio a conflitos e paradoxos impostos pelo próprio pensamento. Assim como o poeta, o adivinho possui o privilégio de ver a realidade imutável e permanente, põe-no em contato com o seu original, do qual o tempo, na sua marcha, só descobre uma ínfima parte aos humanos, e para a ocultar logo após.

Um dia chegará em que Nix retirará de sobre tal verdade seu manto e em um apokalypsis o divino aither, de que são formadas as estrelas, mostrará sua face mais brilhante ao ser humano.

Texto de Bernardo de Gregório.

#Mitologia #MitologiaGrega

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/nix-a-deusa-da-noite

Mitologia

Os mitos, junto com os símbolos e com os ritos, constituem a trilogia sagrada e reveladora com que os povos arcaicos e as civilizações da Antigüidade expressaram toda sua cultura, seu próprio ser. Se o símbolo representa a “fixação”, numa determinada substância, de um Pensamento ou Idéia arquetípica, e o rito não faz senão pôr em movimento através do gesto ritmado e generativo a energia do símbolo, o mito evoca o tempo das origens primordiais e sacras dos povos, bem como as gestas e façanhas dos heróis e deuses civilizadores que os criaram. Na origem de qualquer civilização, religião ou cultura, sempre existe um Ser mítico, um deus feito homem ou um homem transfigurado em deus, que lhes revela as ciências e as artes sagradas. Sendo assim, e segundo nos diz a Tradição Unânime e Universal, o relato mítico é um ensino que transmite, utilizando a linguagem emotiva da poesia, uma história “exemplar”, uma história-modelo a ser imitada pelos homens. Neste sentido, diremos que todo relato mítico desperta uma emoção intelectiva que aflora das profundidades mais recônditas de nosso ser, transladando-nos, por seu intermédio, a um tempo onde o profano, linear e sucessivo não existe. O tempo mítico é em verdade um não-tempo, no sentido ao menos em que o computamos de ordinário, o que quer dizer que está ocorrendo sempre, neste mesmo instante, pois na realidade do Ser Universal também existem origens atemporais.

Viver o mito é voltar a recuperar a “memória” de nossa origem não-humana (a anamnesis ou reminiscência Platônica) onde tudo é novo e virginal, e a idéia de anterior e posterior fica anulada por um presente sem duração cronológica possível. Utilizando a analogia simbólica, frente ao poder destruidor e dissolvente do tempo horizontal, que vem num fluxo e refluxo perene, o acontecimento mítico possibilita uma ponte vertical que se enlaça com uma ordem de realidade diferente, supra-histórica por sua própria natureza. A mensagem que se desprende dos mitos é, pois, algo relacionado com o processo cosmogônico, com a criação do mundo a partir de um caos primitivo. Em nosso próprio trabalho interno, podemos advertir este processo arquetípico no ordenamento que se vai implantando em nossa confusa psique quando se produz o entendimento das Idéias expressadas pelo ensino da Ciência sagrada, levando-as posteriormente à sua efetivação prática, vivenciando-as e as experimentando na própria cotidianidade. Advirtamos, por último, que as lendas iniciáticas e esotéricas, e num grau menor, os contos e fábulas que pervivem no folclore popular, são outras tantas formas que adota o relato mítico para expressar verdades universais.

#hermetismo #Mitologia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/mitologia

Devoradores de Maçãs

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Parte final da série “A ciência da inspiração” ver parte 1 | ver parte 2

Metáfora: Figura de linguagem em que há a substituição de um termo ou conceito por outro, criando-se uma dualidade de significado.

Um dos mitos mais conhecidos da humanidade trata de jardim do Éden, onde os primeiros humanos criados por Deus, a sua imagem e semelhança, viviam imortais, ociosos e aparentemente felizes. Isso foi até que eles resolveram comer os frutos (o mito fala em maçãs) da árvore do conhecimento do bem e do mal, da qual Deus havia alertado que eles não deveriam comer, ou conheceriam a morte. E o resto todos já sabem: Deus ficou furioso e os expulsou do Éden apenas com alguns trapos feitos de couro de animais, pois que agora um se envergonhava da nudez do outro. E Adão e Eva povoaram o mundo, muito embora o pecado de Eva tenha nos amaldiçoado por muitos e muito anos, até que Jesus veio pagá-lo para nós.

Joseph Campbell, grande estudioso do assunto, dizia que “o mito é algo que nunca existiu, mas que existe sempre”. Ele provavelmente queria dizer que os mitos tratam de verdades que existem fora do tempo, ou seja, que existem sempre. Todo grande mito da humanidade fundamenta-se em uma ou mais dessas verdades, dessa partícula de essência que emana da eternidade. Foi exatamente por isso que os sábios antigos tiveram o cuidado de popular suas histórias com vários desses mitos. Eles sabiam, certamente, que muitos aldeãos e camponeses ignorantes de sua época iriam interpretar tais histórias ao pé de letra, de forma literal – mas sem dúvida também tinham a esperança de tocar a alma dos outros sábios que viriam a Terra em épocas posteriores.

O mito do Éden é repleto de metáforas. Talvez a mais interessante delas seja exatamente o paradoxo do pecado pelo qual Eva foi condenada. Ora, antes de devorar a maçã, ela era sem dúvida ignorante do conhecimento (seja do bem, seja do mal). Se nunca houvesse comido o fruto proibido, estaria ociosa e imortal, por toda eternidade, em um jardim onde poucas coisas interessantes acontecem – mas seria feliz, acredita-se. Animais ignorantes também são “felizes” vivendo no meio selvagem; Entretanto, as pressões do meio-ambiente nunca os deixaram relaxar: na guerra do sofrimento e da fome, mesmo em meio a sua “felicidade”, presas e predadores lutaram pela sobrevivência por longos e longos anos. Não fosse por essa pressão da natureza, talvez a Terra estivesse até hoje populada por hominídios, ou nem mesmo isso, por roedores e outros pequenos mamíferos…

Pois foi exatamente quando adquiriu à consciência e o conhecimento do bem e do mal que o ser humano se tornou quem é. Por um lado, portanto, a metáfora do fruto proibido é apenas uma história fantasiosa, por outro, é uma explicação surpreendentemente avançada para a época em que foi escrita. Será que os rabinos judeus tinham ideia de que estavam a antecipar um dos grandes mistérios da evolução das espécies? Será que tinham pleno conhecimento daquilo que escreviam talvez guiados pela pura intuição? Acredito que a resposta não esteja nem tanto lá, nem tanto cá. Certamente os sábios antigos tinham noção de que lidavam com assuntos sagrados, e que os estavam passando adiante “cifrados” em metáforas dentro de mitos. Mas da mesma forma eles certamente tinham consciência de que não tinham como saber tudo, e é exatamente por isso que passavam tais símbolos para as gerações futuras – como uma mensagem numa garrafa arremessada no oceano, a espera de alguma praia onde existam seres mais sábios para decifrar seus enigmas.

Nós já ficamos com nós na cabeça ao abordarmos o conceito de programação genética. E, da mesma forma, já consideramos com carinho a possibilidade da mente humana ser o resultado da interseção de módulos mentais (naturalista, técnico e social). Além disso, também falamos sobre como a neurologia compreende a criatividade: o foco mental em novos estímulos e ideias, em fluxo e trocas constantes com as ideias que já dominamos em nossas respectivas artes ou disciplinas… Ora, em posse dessas informações, talvez o processo misterioso dos algoritmos genéticos não seja mais tão insondável.

Vamos falar, por exemplo, de poesia: da mesma forma que gerações de algoritmos se digladiam no meio-ambiente do problema a ser resolvido, todos os estímulos que os poetas enviam para suas mentes – através de seus olhares sempre atentos aos menores detalhes da natureza à volta – nada mais são do que algoritmos em busca da solução de sua próxima poesia. A grande diferença é que, ao contrário dos programadores, os poetas geralmente sequer tem ideia de qual é o problema a ser resolvido – de certa forma, para eles, as soluções chegam junto com os problemas, embora nenhuma solução seja realmente a derradeira, e todos os problemas sejam quase sempre infinitos. Nessa batalha mental travada por estímulos ambíguos e aparentemente sem relação uns com os outros, ninguém sai derrotado, pois o fruto é sempre uma nova legião de metáforas. E estas maçãs são divinas, jamais proibidas… Os poetas são verdadeiros devoradores de maçãs!

Vejamos uma dessas “soluções”, pelo grande poeta místico, Gibran Khalil Gibran:

Na floresta só existe lembrança dos amorosos
Os que dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram,
seus nomes são como letras dos nomes dos criminosos
Conquistador entre nós é aquele que sabe amar
Dá-me a flauta e canta!
E esquece a injustiça do opressor
Pois o lírio é uma taça para o orvalho e não para o sangue

Neste belo trecho do poema “A floresta”, é impossível chegar a uma compreensão efetiva do que o poeta quis dizer sem usar ao menos parte de nossa emoção e nossa intuição juntamente com nossa razão… Mesmo assim, ficará sempre aquela dúvida se realmente compreendemos todo o bem e todo o mal deste belo fruto da inspiração de Gibran. O lírio é uma taça para o orvalho, e não para o sangue – quantas e quantas interpretações e conceitos contidos em apenas uma frase.

Há ainda outros poetas que conseguem inserir metáforas dentro de metáforas dentro de ainda outras metáforas… Quando Fernando Pessoa diz que “o poeta é um fingidor, finge ser dor a dor que deveras sente”, ele está nos trazendo para uma análise existencial da qual a solução jamais será algo racional, objetivo, tal qual 2+2=4. Nesse sentido, é possível que os algoritmos genéticos sejam extensões de nossa racionalidade, aplicadas a problemas descobertos por nossos cientistas e matemáticos, e que tudo o que fazem é poupar seus cérebros de rodar trilhões de cálculos, antecipando uma solução que em séculos passados seria inviável. Entretanto, na poesia pode ser mais depressa ainda: a solução chega junto com o problema. A diferença é que na poesia a solução jamais será final, e após termos devorado todas as maçãs do Éden, teremos de sair nós mesmos em busca de mais conhecimento – ainda que o velho barbudo tenha se esquecido de nos expulsar…

Muito do debate acerca da existência de Deus se resume ao ancião das metáforas do antigo testamento bíblico – sim, pois o Deus de Jesus é sempre um coadjuvante, que intervém apenas por emanação de pensamentos, e não de forma “direta”. Esses debates se parecem mais com debates entre crianças que brincam em uma praia – uma delas constrói um castelo de areia e diz que “esta é a cidade de deus”… Enquanto outras crianças com senso crítico mais desenvolvido esperam as ondas da maré chegar e destruir os castelos, e então bradam convictas: “Viram! Não lhes disse que este deus tinha pés de barro?”.

Ora, mas e se o reino de Deus estiver em sua volta? E se ele abarcar não só os castelos de areia, como cada grão de areia da praia, e cada gota de água do mar, e cada nuvem e cada pássaro a planar pelo céu, e cada sol a flutuar pelo Cosmos, e cada partícula a bailar por nosso cérebro e nossa alma?

Einstein dizia que “a ciência sem a religião é manca; a religião sem a ciência é cega”. Ora, um dos grandes cientistas de nosso tempo, em sua maturidade, defendia uma “religiosidade cósmica”, baseada na presença de um poder racional superior, revelado no universo ainda oculto ao conhecimento da ciência. Muitos outros cientistas e filósofos foram teístas, deístas, panteístas, agnósticos, etc. Para quem possuí muita ciência, fica muito difícil apostar que tudo o que há surgiu do nada como numa “passe de mágica cósmico”. No mínimo, é preciso admitir que tal questão não pode ser compreendida hoje, e talvez jamais possa… De qualquer forma, pela lógica, também se faz necessário concordar com Espinosa (como Einstein, aliás, concordou) quando este afirma em sua “Ética” que “uma substância não pode criar a si mesma”…

E se Deus for um grande programador cósmico? E se nós formos parte dos algoritmos divinos que ele inseriu em sua criação? E se no núcleo de cada átomo, nos filamentos de cada DNA, em cada um de nosso neurônios, nas partículas etéreas de nossa alma, não estiverem inscritos códigos sagrados que ditam que este Cosmos nada mais é do que um problema em solução? E se formos nós mesmos os personagens e co-criadores desta poesia infinita? Navegando dentre raios cósmicos e poeira de estrelas, é impossível participar deste problema sem estarmos encharcados de Deus por todos os lados e a todos os momentos…

O reino de Deus sempre esteve a nossa volta. Nós jamais fomos expulsos do Éden. Tudo o que falta é compreendermos isso – que o Éden jaz, antes de mais nada, em nossa consciência… E que Deus ou o Cosmos jamais foram uma solução, jamais uma muleta na qual pudéssemos nos acomodar, mas sim um grandioso problema que vem sendo solucionado passo a passo, inspiração por inspiração. Nós devoramos uma maçã de cada vez…

Na floresta não existe nem rebanho, nem pastor

Quando o inverno caminha, segue seu distinto curso como faz a primavera

Os homens nasceram escravos daquele que repudia a submissão

Se ele um dia se levanta, lhes indica o caminho, com ele caminharão
Dá-me a flauta e canta!

O canto é o pasto das mentes,

e o lamento da flauta perdura mais que rebanho e pastor

Gibran Khalil Gibran, trecho de “A floresta”.

***

Crédito das fotos: [topo] Guto Lacaz (exposição “Einstein no Brasil”); [ao longo] Marcos Homem

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Religião #Mitologia #Ciência #Criatividade #poesia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/devoradores-de-ma%C3%A7%C3%A3s

‘Manifesto Jesus Freak

1 – Nós propomos que, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, não nos deixemos limitar pela religião. Os primeiros inimigos de Cristo foram os altos sacerdotes do Templo. O primeiro amigo de Cristo foi um louco que gritava no deserto.

2 – Nós propomos que as Escrituras são a mais alta autoridade cristã. Portanto devemos nos esforçar para compreendê-las muito mais do que nos esforçamos para aceitar a forma que nossos ancestrais a compreenderam. O mundo dos homens muda a cada instante. O mundo de Deus permanece o mesmo para sempre.

3 – Nós propomos que cada cristão tenha o mesmo credo essencial de Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Martinho Lutero, William J. Seymour, Martin Luther King e ainda assim sejam livres para expressar sua fé de sua própria maneira especial, assim como o fez cada um destes cinco homens.

4 – Nós propomos que ninguém tem o direito de dizer que uma pessoa não será salva em Cristo, uma vez que a hora cabe ao Pai e a salvação cabe ao Filho. Assim, ainda que o próximo viva em escândalo você não deve se escandalizar.

5 – Nós propomos que os livros de orações sejam deixados de lado por um tempo. Talvez seja difícil usufruir de nossa liberdade de expressão em um primeiro momento, mas seremos recompensados com uma relação mais intima e próxima com Deus. Por muito tempo temos usado de maneira pobre o nosso missal. É hora de orarmos mais e irmos menos à missa.

6 – Nós propomos que devemos nos preservar um pouco dos hinários e livros de salmos. Eles são lindíssimos, mas nossa mente precisa respirar e perceber que está vivendo em uma época nova e radiante. Devemos compor novas músicas com novas letras, que sejam atuais e de acordo com nossa época. Não existe nenhum problema em cantar as glórias antigas, mas há uma infinidade de glórias novas aguardando e clamando para serem cantadas.

7 – Nós propomos nos libertarmos da arquitetura do passado criando novos espaços para nossos cultos. Derrubemos as igrejas e templos para não haver mais a separação entre irmãs e irmãos, entre crentes e ateus, entre humanos e resto da criação. Chamemos de volta a todo aquele que expulsamos de nossas igrejas: os infieis e os piores pecadores! A Casa de Deus não é uma casa de desespero. Chamemos todos de volta, ainda que continuem pecando para sempre.

8 – Nós propomos que descubramos como os avanços tecnológicos de nossa época podem ser usados para a glória de Deus. “Frutificai e multiplicai-vos” nunca foi um desejo ligado única e exclusivamente ao sexo. “Eis que saiu o semeador a semear” nunca foi restrito as praças públicas. Deus nos presenteou com tecnologias que nossos antepassados sequer sonharam poder existir. Está na hora de aceitarmos essa graça e fazer bom uso dela. Vamos organizar oficinas e mostrar como a arte e a ciência podem fazer parte de nossas festas e nossos exercicios de contemplação.

9 – Nós propomos o uso do intercâmbio cultural para enriquecer nossa literatura litúrgica com materiais até então ignorados por nossos cultos tradicionais. Há uma abundância de sabedoria e beleza nos textos considerados apócrifos pela igreja medieval, nas escrituras sagradas de outras crenças e mesmo na poesia secular que podem e devem ser usados em nossa liturgia para atingirmos um propósito estético superior ao atual.

10 – Nós propomos que em um mundo dominado pela mídia onde o uso da imagem supera o do texto, os cristãos devam fazer uso das figuras mais fortes, corajosas e chocantes possíveis. O cinema, a televisão e mesmo intervenções urbanas devem ser usados. Não há lógica em mostrar o caminho, a verdade e a vida usando imagens piegas, meia luz e baixa resolução.


Sentindo-se freak? Conheça Jesus Freak: o Guia de Campo para o Pecador Pós-Moderno


 

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/jesus-freaks/manifesto-jesus-freak/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/jesus-freaks/manifesto-jesus-freak/

O Festival Opet, no Egito

Festival Opet, no Egito, celebrando o casamento sagrado de Ísis e Osíris. Ísis foi a mais completa deusa conhecida na história da humanidade, venerada durante milênios. Foi durante o reinado de Ísis e Osíris no Egito que as bases e a estrutura da verdadeira civilização foram criadas. Seu culto se difundiu em outros países, dentre eles, principalmente, o Império Romano. O festival Opet marca o ciclo anual das enchentes do Rio Nilo; por Ísis ser uma deusa da vida e da fertilidade, suas benções eram invocadas com celebrações grandiosas e cerimônias sagradas.

Dia consagrado à estrela Sirius ou Sothis, da constelação de Canis Major, chamada também de Canopis ou Olho do Cão. Acreditava-se que Sirius aparecia no leste, na época das inundações do Rio Nilo, para anunciar o renascimento de Osíris. Anúbis, o deus com cara de chacal, guardava a alma de Osíris na estrela Sothis até seu renascimento anual.

Em Roma, celebrava-se a união de Vênus, a deusa da beleza feminina e do amor, a Apollo, o belo deus da luz solar e da poesia.

Comemore sua união criando um ritual pessoal, reverenciando o Deus e a Deusa Interior, reforçando e selando, assim, os laços de amor, compreensão, apoio e colaboração recíproca. Se você estiver passando por uma fase de frieza em sua relação, peça à estrela Sirius que ajude seu amor a renascer e renovar-se.

#Egito #Festividade #Mitologia

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A Primeira Geração de Deuses gregos

A Teogonia de Hesíodo, também conhecida por Genealogia dos Deuses, é um poema mitológico de Hesíodo (séc. 8 a.C.). Trata da gênese dos deuses, descreve a origem do mundo, os reinados de Urano, Cronos e Zeus, e a união dos mortais aos deuses, desta forma nascendo os heróis mitológicos. Os personagens representam aspectos básicos da natureza e do homem, expressando assim as idéias dos primeiros gregos sobre a constituição do universo. Segundo a Mitologia Grega, contada por Hesíodo:

CAOS

No princípio existia apenas o Caos, a primeira divindade a surgir no universo, um ser solitário, o mais velho dos deus. Caos gerou de forma assexuada os filhos

* Nix (noite) e

* Érebus (Escuridão).

Érebus desposou sua irmã Nix, e deles nasceram

* Éther (luz celestial) e

* Hemera (o dia).

TÁRTARO

Tártaro era outro ser divino primordial, que aprisionava os condenados no mundo subterrâneo.

GAIA, GÊ

Gaia, deusa da terra, era a segunda divindade, com a missão de povoar o Caos. Com sua potencialidade criadora, gerou Urano (o céu), Pontos (rios) e as montanhas. Na solidão fria do Caos, surgiu Eros – o amor e a partir dele, nada mais poderia procriar sozinho. Movida pelo impulso determinador de Eros, Gaia se uniu ao seu filho primôgenito Urano dando origem aos:

* Cíclopes, seres de um olho só, divindades dos relâmpagos, dos trovões e dos raios;

* Hecatônquiros, também chamados de Centimanos, gigantes violentos de cem braços e cinquenta cabeças, divindades dos terremotos; e

* Titãs Oceanus, Céos, Crio, Hipérion, Jápeto, Cronos e às Titânides Febe, Réia, Téia, Têmis, Mnemosine, Tétis, deuses primitivos que tinham a forma humana.

URANO

Urano tinha o dom da profecia e descobriu que seria destronado por um de seus filhos, e vendo a natureza violenta dos filhos, encerrou-os no Tártaro. Revoltada, Gaia pede aos filhos para ajudá-la mas somente seu filho Cronos aceita castrar Urano e assim libertar os seus irmãos Titãs, os Cíclopes e os Gigantes. Cronos castra seu pai e joga seus genitais no mar, de onde surge:

a deusa Afrodite

as Ninfas Melíades ou Melissas, divindades femininas da fertilidade, protetoras das árvores, benfeitoras dos homens e da natureza. Nunca envelheciam e tinham o dom de profetizar, curar e nutrir.

as Erínias, que surgem do esperma de Urano: Tisífone (castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável) que viviam no Tártaro torturando as almas pecadoras.

Sem a interferência do pai, Cronos torna-se o rei dos deuses.

TITÃS E TITÂNIDES

* O Titã Oceanus, deus dos mares, desposa sua irmã Tétis, gerando as Ninfas dos mares, as Nereidas e os Seres marinhos.

* O Titã Céos, deus da inteligência, desposa sua irmã, a Titânide Febe, deusa da lua, gerando Astéria, deusa estelar e Leto, deusa do anoitecer.

* O Titã Crio, desposa Euríbia gerando Palas, Astreu e Perses. Seu poder destrutivo envolvia as criaturas do mar Abissal.

* O Titã Hipérion, deus solar primitivo, desposa sua irmã, a Titânide Téia, gerando Selene (a lua), Hélios (o sol) e Eos (a aurora).

* O Titã Jápeto, deus do tempo da vida humana e da mortalidade, desposa sua sobrinha Climene gerando: Prometeu – o que pensa antes; Epimeteu – o que pensa depois; Atlas – o que suporta; Menecéio – o va nglorioso.

* A Titânide Têmis, deusa guardiã dos juramentos dos homens, da lei, deusa da justiça, se une a Zeus e tem três filhas: Eunômia – a disciplina; Diké – a justiça; Eiriné – a paz.

* A Titânide Mnemosine, deusa da memória, une-se a Zeus gerando nove filhas: Calíope (poesia épica) – Clio (História) -Érato (poesia romântica) – Euterpe (música) – Melpômene (tragédia) – Polúmia (hinos) -Tália (comédia) – Terpsícore (dança) -Urânia (Astronomia)

* O Titã Cronos desposa sua irmã Réia, gerando os filhos: Deméter, Héstia, Poseidon, Hades, Hera e Zeus. Mas Cronos se torna perverso, engolindo os filhos quando nascem, devido à profecia feita por seu pai: que um deles também o destronaria.

Por Lúcia de Belo Horizonte.

#Mitologia #MitologiaGrega

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7 Passos Para Se Conectar Com As Fadas

Por Emily Carding.

No século XXI, o reino das Fadas é tão popular como sempre; ainda assim, em nossa cultura de gratificação instantânea e plataformas de mídia não moderadas, existem muitos caminhos falsos e armadilhas ilusórias para nos distrair e nos direcionar mal. Como, então, o verdadeiro buscador das Fadas pode ter certeza de que não está seguindo algum metafórico (ou às vezes literal) Fogo-fátuo em um pântano perigoso? Aqui estão os sete passos que você precisa seguir para ter certeza de que está vivendo autenticamente e em sincronia com nossas primas Fadas.

1. Conhecimento:

Leia amplamente e com sabedoria! É claro que os livros não são a única fonte de conhecimento, mas são um bom lugar para começar (e continuar – nunca devemos parar de aprender!), em equilíbrio com os passos mais experienciais a seguir. Encontre recomendações de pessoas que você respeita e familiarize-se com o folclore e a mitologia tradicionais, principalmente irlandeses, escoceses e galeses. Qualquer bom livro sobre as Fadas também deve ter uma boa bibliografia, que você pode explorar para leitura adicional e exploração mais profunda. Quanto mais variada for sua leitura, mais forte será seu discernimento e menos provável será que você seja desviado do verdadeiro caminho para a ilusão. Também é importante perceber que muitos seres feéricos são hostis e/ou imprevisíveis. Quanto mais você souber, mais preparado estará.

2. Expanda sua Consciência:

Pode ser muito fácil ficar preso em nossas cabeças e confundir o pensamento ilusório e a imaginação destreinada com a experiência real. Portanto, um dos passos mais importantes para a verdadeira conexão com as Fadas é expandir sua consciência energética fora de seu próprio corpo e no mundo ao seu redor. Aqui está um exercício que é apresentado tanto no Faery Craft (A Bruxaria das Fadas) quanto no meu novo livro, Seeking Faery (Procurando as Fadas).

“Exercício: Tornando-se a Árvore das Fadas:

Este exercício é projetado para conectá-lo às energias da terra e abrir o centro do seu coração para aumentar a sensibilidade à presença e às comunicações dos seres Fadas. Dependendo de suas capacidades físicas, isso pode ser feito em pé ou sentado, mas em ambos os casos você deve idealmente ter os pés descalços e no chão, em um espaço o mais natural possível, idealmente onde você não será perturbado. Mantendo-se ereto e relaxado, com os pés a uma pequena distância e as mãos ao lado do corpo, faça sete respirações lentas e profundas (pelo nariz, segure por três segundos e expire lentamente pela boca), enquanto permite a tensão e as preocupações de o dia para derreter.

Na próxima respiração, com as palmas das mãos voltadas para baixo, imagine seus pés lentamente se transformando em raízes de árvores e cavando a terra abaixo de você. Sinta a força da terra e a estabilidade e nutrição que as raízes lhe proporcionam. Mantenha isso por sete respirações profundas dentro e fora.

Agora, nas próximas sete respirações, mantendo suas raízes, levante lentamente os braços em forma de “v” e levante as palmas das mãos para o céu. Imagine que seus braços estão se tornando grandes galhos, alcançando a luz do Sol, da Lua e das Estrelas. Mantenha as raízes e os galhos por mais sete respirações profundas.

Mantendo os braços erguidos na posição “v”, agora imagine que suas raízes estão atraindo a luz verde esmeralda da terra em direção ao seu coração. Inspire e desenhe com sete respirações profundas. Agora imagine que seus galhos estão atraindo a luz prateada dos céus para o seu coração. Desenhe-o com sete respirações profundas. A luz verde e prateada se encontra em seu coração e se torna dourada e rodopiante, abrindo seu coração para as energias da Terra e conectando você acima e abaixo.

Para iniciantes, mantenha isso enquanto estiver confortável e, em seguida, libere as energias de volta através de seus galhos e para baixo através de suas raízes, abaixe lentamente os braços e lentamente puxe as raízes de volta para os pés e torne-se seu eu normal novamente. Sete respirações profundas para se recuperar. À medida que você se acostumar com este exercício, poderá descobrir que pode fazer versões mais curtas ou mais longas, conforme desejar.”

3. Oferendas:

Além de expandir sua consciência energeticamente, é possível alcançar e conectar-se de uma maneira mais tangível com ofertas apropriadas. Isso não apenas ajuda a formar uma ponte energética entre os mundos, mas também mostra sua vontade de colaborar e não simplesmente esperar presentes ou orientação sem esforço de sua parte. A escolha da oferta é significativa, assim como a certeza de limpar depois. É uma boa ideia, se possível, encontrar um local ao ar livre para suas oferendas, onde você sinta instintivamente que sua conexão com as Fadas é forte e onde você não será perturbado. Embora este possa ser um local sagrado estabelecido, pode ser mais poderoso encontrar uma conexão pessoal em um caminho menos trilhado. Considere o valor das ofertas que você traz e o impacto no meio ambiente. Se deixar comida de qualquer tipo, certifique-se de verificar se ela está limpa e não simplesmente deixada para apodrecer. Muitas vezes, essas oferendas serão consumidas por animais, o que é absolutamente bom (os seres Fadas às vezes emprestam essas formas físicas para aceitar oferendas) desde que você tenha certeza de que elas não contêm nada tóxico para a vida animal (por exemplo, chocolate).

4. Ética e Honra:

Você pode pensar que são as Fadas que geralmente são invisíveis, mas a verdade é que elas também podem ver através de você! Se houver qualquer engano ou falsidade em seu coração, eles o sentirão e o tratarão de acordo. Como qualquer caminho mágico, é de extrema importância conhecer a si mesmo e estabelecer um forte código de honra e ética que você siga em todos os aspectos de sua vida, não apenas em seu trabalho com as Fadas.

5. Expressão:

Para muitos, inclusive eu, a comunicação com as Fadas vem através da expressão criativa. Esta é uma comunicação direta de coração para coração ou de espírito para espírito, e esses canais devem ser livres e abertos para receber. Quaisquer pensamentos negativos sobre sua própria criatividade precisam ser superados simplesmente criando de qualquer maneira que você se sinta movido, seja arte, dança, poesia. Ninguém irá julgá-lo, a menos que você escolha compartilhar com o mundo, mas sua alma e seus aliados feéricos agradecerão.

6. Imaginação:

Ao trabalhar com seres e forças do Outro Mundo, a imaginação torna-se um sentido extra através do qual podemos perceber as coisas que estão ocultas aos nossos sentidos terrenos. As armadilhas aqui são claras e, portanto, é importante treinar a imaginação por meio de técnicas de visualização, meditação e jornada para que ela se torne um tradutor confiável de energias, em vez de um autoengano fantasioso.

7. Aterramento:

Sempre volte a isso. Após qualquer encontro ou trabalho com as Fadas, certifique-se de se ancorar em seu corpo e no mundo físico ao seu redor. Libere as energias do outro mundo para sua fonte, sinta seus pés na terra, saboreie boa comida e beba água. Regularmente, reserve um tempo para simplesmente estar na Natureza, ver a maravilha que é o mundo em que habitamos, e você não terá necessidade de ilusão – você simplesmente aprenderá a ver a magia em verdades mais profundas enquanto trilha o caminho das Fadas em paz, verdade e aproveite.

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Fonte:

7 Steps to Connect with Faery, by Emily Carding.

https://www.llewellyn.com/journal/article/2993

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/7-passos-para-se-conectar-com-as-fadas/