A Miosótis e a Maçonaria

Texto do meu querido ir.’. Ruy Luiz Ramires.

No início de 1934, logo após a ascensão de Adolf Hitler ao poder, ficou claro que a maçonaria alemã corria o risco de desaparecer.

E breve, a maçonaria alemã, que conhecera dias gloriosos e que tivera, em suas colunas, os mais ilustres filhos da pátria alemã, com Goethe, Schiller e Lessingn, veria esmagado o espírito da liberdade sob o pretexto de impor a ordem e uma supremacia racial.

Quanto retrocesso desde que Friedrich Wilhelm III, Rei da Prússia, em 1822, impediu que os esbirros reacionários da Santa Aliança de Metternich fechassem as Lojas Maçônicas, declarando peremptoriamente que poderia descrever os Franco-Maçons prussianos, com toda a honestidade, como sendo os melhores dentre os seus súditos… (1)

As Lojas alemãs, na terceira década do século XX, estavam jurisdicionadas a onze Grande Lojas, divididas em duas tendências.

O primeiro grupo, de tendência humanista, seguindo os antigos costumes ingleses, tinha como base a tolerância, valorizando o candidato por seus méritos e não levando em consideração sua crença religiosa.

Constava de sete Grandes Lojas, a saber: Grande Loja de Hamburgo; Grande Loja Nacional da Saxônia, em Dresden: Grande Loja do Sol, de Bayreuth; Grande Loja-Mãe da União Eclética dos Franco-Maçons, em Frankfurt; Grande Loja Concórdia, em Darmstadt; Grande Loja Corrente Fraternal Alemã, em Leipzig; e, finalmente, a Grande Loja Simbólica da Alemanha.

O segundo grupo consistia das três antigas Lojas prussianas, que faziam a exigência de que os candidatos fossem cristãos. Havia ainda a Grande Loja União Maçônica do Sol Nascente, não considerada regular, mas que também tinha tendências humanistas e pacifistas.

Voltando a 1934, a Grande Loja Alemã do Sol se deu conta do grave perigo que iria enfrentar. Inevitavelmente, os maçons alemães estavam partindo para a clandestinidade, devido à radicalização política e ao nacionalismo exacerbado. Muitos adormeceram e alguns romperam com a tradição, formando uma espúria Franco-Maçonaria Nacional Alemã Cristã, sem qualquer conexão com o restante da Franco-Maçonaria. Declaravam eles abandonarem a idéia da universalidade maçônica e rejeitar a ideologia pacifista, que consideravam como demonstração de fraqueza e como uma degeneração fisiológica contrária aos interesses do estado!

Os maçons que persistiram em seus ideais precisaram encontrar um novo meio de identificação que não o óbvio Compasso & Esquadro, seguramente um risco de vida.

Há uma pequenina flor azul que é conhecida, em muitos idiomas, pela mesma expressão: não-me-esqueças – o miosótis. Entenderam, nossos irmãos alemães, que esse novo emblema não atrairia a atenção dos nazistas, então a ponto de fechar-lhes as Lojas e confiscar-lhes as propriedades.

Miosótis

Vergissmeinnicht, em alemão; forget-me-not, em inglês; forglemmigef em dinamarquês; ne m’oubliez pás, em francês; non-ti-scordar-di-me, em italiano; não-te-esqueças-de-mim, em português. Diz a lenda que Deus assim chamou a florzinha porque ela não conseguia recorda-se do próprio nome. O nome miosótis (Myosotis palustris) significa orelha de camundongo, por causa do formato das pétalas.

O folclore europeu atribui poderes mágicos ao miosótis, como o de abrir as portas invisíveis dos tesouros do mundo. O tamanho reduzido das flores parece sugerir que a humildade e a união estão acima dos interesses materiais, porque é notada principalmente quando, em conjunto, forma buquês no jardim.

De acordo com uma velha tradição romântica alemã, o nome da flor está relacionado às últimas palavras de um cavaleiro errante que, ao tentar alcançar a flor para sua dama, caíra no rio, com sua pesada armadura e afogara-se.

Outra história diz que Adão, ao dar nomes às plantas do Jardim do Éden, não viu a pequena flor azul. Mais tarde, percorrendo o jardim para saber se os nomes tinham sido aceitos, chamou-as pelo nome. Elas curvaram-se cortesmente e sussurravam sua aprovação. Mas uma voz delicada a seus pés perguntou: “- E eu, Adão, qual o meu nome?” Impressionada com a beleza singela da flor e para compensar seu esquecimento, Adão falou: “ – Como eu me esqueci de você antes, digo que vou chamá-la de modo a nunca mais esquecê-la. Seu nome será não-te-esqueças-de-mim.”

Através de todo o período negro do nazismo, a pequenina flor azul identificava um Irmão. Nas cidades e até mesmo nos campos de concentração, o miosótis adornava a lapela daqueles que se recusavam a permitir que a Luz se extinguisse. (2)

O miosótis como símbolo foi objeto de um interessante estudo do irmão David G. Boyd, no Philaletes de abril de 1987. Ele conta, também, que muitos maçons recolheram e guardaram zelosamente jóias, paramentos e registros das Lojas, na esperança de dias melhores. O irmão Rudolf Martin Kaiser, VM da Loja Leopold zur Treue, de Karlsruhe, quebrou a jóia do Venerável Mestre em pequenos pedaços de tal modo que não pudesse ser reconhecida pela infame Gestapo.

Em 1945, o nazismo, com seu credo de ódio, preconceito e opressão, que exterminara, entre outros, também muitos maçons, era atirado no lixo da História. Nas fileiras vitoriosas que ajudaram a derrotá-lo, estavam muitos maçons – ingleses, americanos, franceses, dinamarqueses, tchecos, poloneses, australianos, canadenses, neozelandeses e brasileiros. De monarcas, presidentes e comandantes aos mais humildes pracinhas.

Mas, entre os alemães, alguns velhos maçons também sobreviveram, seu sofrimento ajudando a redimir, de alguma forma, a memória da histeria coletiva nazista. Eles eram o penhor da consciência alemã, a demonstração de que a velha chama da civilização alemã continuara, embora com luz tênue, a brilhar durante a barbárie.

Em 14 de junho de 1954, a Grande Loja O Sol (Zur Sonne) foi reaberta, em Bayreuth, sob um ilustre irmão o Dr. Theo Vogel, núcleo da Grande Loja Unida da Alemanha (VGLvD, AF&AM). Nesse momento, o miosótis foi aprovado como emblema oficial da primeira convenção anual, realizada por aqueles que conseguiram sobreviver aos anos amargos do obscurantismo. Nessa convenção, a flor foi adotada, oficialmente, como um emblema Maçônico, em honra àqueles valentes Irmãos que enfrentaram circunstâncias tão adversas.

Certamente, na platéia, estava o Venerável Mestre da Loja Leopold ZurTreue, agora nº 151, ostentando orgulhoso sua jóia recuperada e reconstituída, suas emendas de solda constituindo-se num testemunho mudo e comovente da história.

Finalmente, para coroar, quando Grão-Mestres de todo o mundo encontraram-se nos Estados Unidos, o Grão-Mestre da recém formada Grande Loja Unida da Alemanha (3) presenteou a todos os representantes das Grandes Jurisdições ali presente com um pequeno miosótis para colocar na lapela.

O miosótis também é associado com as forças britânicas que serviram na Alemanha, em especial na região do Rio Reno, logo após a guerra. Há uma Loja, jurisdicionada à Grande Loja Unida da Inglaterra, a Forget-me-not Lodge nº9035, Ludgershall, Wiltshire, que adotou a flor como emblema. Foi formada especialmente para receber os militares ingleses que retornavam do serviço na Alemanha.

Foi assim que essa mimosa florzinha azul, tão despretensiosa, transformou-se num significativo emblema da Fraternidade – talvez hoje o mais usado pelos maçons alemães.

Ainda hoje, na maioria das Lojas germânicas, o alfinete de lapela com o miosótis é dado aos novos Mestres, ocasião em que se explica o seu significado para que se perpetue uma história de honra e amor frente à adversidade, um exemplo para as futuras gerações Maçônicas de todas as nações.

1. Eugen Lennhoff, Die Freimaurer – The Freemasons, Lewis Masonic, edição em inglês, revisada, 1994.

2. O uso do miosótis como identificação secreta pelos Maçons alemães foi contestado no Square Magazine de setembro de 1988 pelo irmão Cyril Batham, Past Master da Loja Quatuor Coronati nº 2076, mas, em que pese toda a autoridade do irmão Batham, ele apenas negou a autenticidade da história, sem, entretanto, apresentar os motivos da negativa. Além disso, há anos que a casa Ian Alan Regalia, especializada em paramentos maçônicos, exibe o miosótis em gravatas, alfinetes de lapela e pendentes, em prata, ouro e bijuteria. Por que o fariam, se o miosótis não fosse importante?

3. Na formação da Grande Loja unida da Alemanha aparecem 3 das Grandes Lojas existentes antes da II Guerra Mundial: Grande Loja do Sol, em Bayreuth; Grande Loja de Hamburgo; Grande Loja de Hesse, em Frankfurt (antiga União Eclética); Grande Loja de Bremen; Grande Loja Unidade, em Baden-Baden; Grande Loja Nacional de Niedercachse, em Hanover; Grande Loja Nacional de Nordrhein-Westfalen, em Dusseldorf; Grande Loja Nacional de Schleswing-Holstein, em Luberck; e Grande Loja de Wurttemberg-Baden, em Stuttgart. De acordo com o List of Lodges, em 2001 contava com 14.000 irmãos distribuídos em 490 Lojas.

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-mios%C3%B3tis-e-a-ma%C3%A7onaria

Chico Xavier e a Homossexualidade

Hoje faz 10 anos que Chico Xavier se ausentou deste lado do véu, num dia feliz, conforme o prometido, quando a seleção brasileira venceu a Copa do Mundo…

Muitas pessoas tem um conceito pré-estabelecido sobre Chico. Muitas pessoas jamais se preocuparam em estudar a vida de Chico, pelo menos não mais do que 15 minutos no Google, buscando por textos que, em todo caso, apenas reafirmam seu conceito pré-estabelecido.

Agora eu lhe convido para ouvir o que Chico tem a dizer sobre a homossexualidade, por cerca de 4 minutos (no vídeo abaixo).

Poderia lhe trazer aqui inúmeros outros assuntos sobre o qual Chico não apenas falou, como foi um exemplo moral de conduta. Porque então a homossexualidade? Ora, porque se você tem um conceito pré-estabelecido sobre Chico, mas é um cético ou ateu, então provavelmente você também é um humanista, e defende o fim do preconceito contra os homossexuais. E se você é um “evangélico com asco de espiritismo”, em todo caso você provavelmente nem leu até esta linha…

Não é preciso acreditar em espíritos para compreender o que Chico disse sobre a homossexualidade. Mas é interessante lembrar do momento histórico em que esta pergunta foi realizada:

Alvo de muitas especulações por parte da mídia desde o final da década de 50, Chico havia decidido por se preservar. Foram 20 anos sem qualquer contato com a imprensa. O silêncio foi rompido em 1971, quando o médium mineiro apareceu ao vivo no programa de entrevistas Pinga- Fogo, da extinta TV Tupi. Foi um marco. A audiência chegou a 75% dos televisores ligados, a maior da história da televisão brasileira.

Veja bem, se até hoje ainda existe muito preconceito para com a pessoa de Chico, naquela época era tanto pior. O espiritismo no Brasil ainda crescia muito timidamente, e era muito mais comum encontrar pessoas com asco “daquela turma que fala com mortos, e que certamente vai para o inferno”. Porém, tanto pior que isso, muitos tinham Chico como um homossexual, já que não tinha filhos nem mulher, e parecia ser “muito gentil” (na verdade Chico foi virgem a vida toda, assexuado). Quando a pergunta vinda de uma das pessoas que ligavam de todo o país foi feita (“Chico, fale sobre o homossexualismo a luz da doutruna espírita”), seria normal esperar que Chico desviasse do assunto, ou que fosse vago, pois afinal de contas, Chico não tinha nenhuma experiência com sexualidade alguma!

Além disso, o preconceito contra homossexuais era obviamente muito maior no início da década de 70. Não preciso nem explicar porque, não é? Pois bem, considerando tudo isso, goste ou não da pessoa de Chico, conheça ou não sua história, creia ou não em espíritos, observe se ele não foi corajoso nesta resposta…

Lá pelo final, quando o mediador estava doido para entrar com o comercial e encerrar o assunto inesperado, veio este trecho aqui (resumido): “Se as potências do homem na visão, na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, nas mãos, nos pés; se todas essas potências foram dadas ao homem para a educação, potências consagradas para o bem e a luz, mereceria o sexo, e as várias manifestações sexuais onde há respeito e carinho de ambas as partes, serem sentenciados às trevas?”

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“O Pinga-Fogo com Chico Xavier foi um marco na história do espiritismo [no Brasil], que crescia com timidez; depois das entrevistas, a doutrina espírita ganhou o justo respeito. Não é um exagero dizer que há este divisor de águas – o antes e o depois do Pinga-Fogo, que, com o poder de penetração da televisão e do rádio (a rádio Tupi também transmitiu o programa), contagiou milhões de pessoas, levando-lhes este autêntico representante do espiritismo, Chico Xavier”.

Saulo Gomes, jornalista que esteve presente no Pinga-Fogo (texto retirado de Pinga-Fogo com Chico Xavier, publicado pela Editora Intervidas, que traz a transcrição completa de tudo que foi dito no programa).

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Veja também:

» Passeios de aeróbus

» Animais, espíritos e deuses

» Chico Xavier: charlatão?

» Levítico: pedras não faltarão

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#ChicoXavier #homossexualidade

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Teoria da Magia – II – Sistemas Mágicos

SISTEMA DA GOLDEN DAWN (AURORA DOURADA):

É uma fusão rígida da Cabala prática com a Magia Greco-Egípcia. Seu sistema complexo de Magia Ritual é firmemente baseado na tradição medieval Européia. Há uma grande ênfase na Magia dos Números. Os paramentos rituais são de uma impressionante riqueza simbólica, bem como os rituais são bastante variados de acordo com a finalidade e o grau mágico dos participantes. Suas iniciações são por graus, começando pelo Neófito (0=0), indo até os graus secretos (6=5 e 7=4), alcançados, e conhecidos, por poucos; até a bem pouco tempo, fora da Ordem pensava-se ser o 5=6 o grau máximo da Aurora Dourada. Curioso que na Golden Dawn não se praticava (nem se aceitava) a Magia Sexual.

Deste Sistema propagou-se o uso de Sigilos e Pantáculos, bem como ressurgiu o interesse pela Cabala, Numerologia, Astrologia e Geomancia. Além disso, sua interpretação e simplificação do Sistema-dos-Tattwas do livro “As Forças Sutis da Natureza” de autoria de Rama Prasad, permitiu uma grande abertura. Uma das mais importantes adições ao ocultismo ocidental, dada pela Golden Dawn, foi através de seu método de “Criação de Imagens Telesmáticas” (sobre o assunto, ver o texto relativo ao mesmo).

SISTEMA THELÊMICO (THELEMA, ALEISTER CROWLEY):

Criado acidentalmente (foi a partir da visita de uma Entidade que Aleister Crowley tomou o direcionamento que o faria criar este sistema), este Sistema original é, atualmente, um dos mais comentados e pouco conhecidos. Tendo como ponto de partida o “LIBER AL VEL LEGIS” (O LIVRO DA LEI), ditado por uma Entidade não-humana (o Deus Egípcio HÓRUS, Deus da Guerra), o sistema Thelêmico ampliou suas fronteiras, fazendo uma revisão na Magia Ritual, na Magia Sexual e nas Artes Divinatórias. Faz uso, a “Corrente 93”, das Correntes Draconiana, Ofidioniana e Tifoniana.

Thelema, em grego, significa vontade.

Os Thelemitas reconhecem como equivalente numerológico cabalístico o número 93. Os Thelemitas chamam aos ensinamentos contidos no “LIVRO DA LEI”(THE BOOK OF THE LAW) de “Corrente 93”. As duas frases mágicas dos Thelemitas são “FAZ O QUE TU QUERES POIS É TUDO DA LEI” (“DO WHAT THOU WILT SHALL BE THE WHOLE OF THE LAW”) e “AMOR É A LEI, AMOR SOB VONTADE” (“LOVE IS THE LAW, LOVE UNDER WILL”), que dizem respeito aos mais sublimes segredos do “LIVRO DA LEI”. As músicas “A LEI” e “SOCIEDADE ALTERNATIVA”, de autoria de Raul Seixas, definem bem a filosofia Thelemita, que não tem nada a ver com as bobagens que andam dizendo por aí. Rituais importantes são realizados nos dois solstícios e nos dois equinócios, o que demonstra uma influência da Bruxaria.

Aleister Crowley foi iniciado na Golden Dawn; associou-se, após abandonar a mesma, com a A.:A.: (ARGENTUM ASTRUM, ESTRELA DE PRATA), também chamada de GRANDE FRATERNIDADE BRANCA, e com a O.T.O. (ORDO TEMPLI ORIENTIS, ORDEM DOS TEMPLOS DO ORIENTE), as quais ele moldou de acordo com suas crenças e convicções pessoais. Muitos confundiram Thelema com Satanismo, o que é um imenso engano. Há muitas Ordens Thelêmicas, como a O.R.M (Ordo Rosae Misticae), por exemplo, que seguem a filosofia básica, mas com ditames próprios – como utilizar uma “Árvore da Vida” com doze “esferas” (fora Daath), o que resulta num Tarot com 24 Arcanos Maiores.

Há, porém, uma cisão da O.T.O, a O.T.O.A. (Ordo Templi Orientis Antigua, Ordem dos Templos do Oriente Antiga), ocorrida quando Aleister Crowley assumiu a “direção” da O.T.O. mundial; a O.T.O.A. mantém-se fiel à tradição pré-crowleyana, contendo em seu cabedal muitos ensinamentos do VUDÚ Haitiano. A O.T.O.A. é dirigida por Michael Bertiaux, cuja formação mágica é Franco-Haitiana. Foi ele, aliás, quem introduziu os ensinamentos de Crowley na O.T.O.A., tornando-a, assim, uma das Ordens Mágicas com maior quantidade de ensinamentos a dar. A O.T.O.A., além das Correntes citadas acima (Draconiana, Ofidioniana e Tifoniana), também faz uso da Corrente Aracnidoniana. O sistema da O.T.O. também funciona por graus, indo desde o grau Iº até o VIIº, com muita teoria; daí, vem os graus realmente operativos, o VIIIº (Auto-Magia Sexual), o IXº (Magia Heteroerótica) e o XIº (Magia Homoerótica); existe ainda o grau Xº, que não é porém um grau mágico, mas político-administrativo, sendo seu portador eleito pelos outros portadores dos graus IXº e XIº (o candidato a grau X deverá ser um deles), tornando-se o líder nacional da Ordem. Aleister Crowley era portador do grau-mágico XIº da O.T.O..

SISTEMA AURUM SOLIS:

Uma variação do Sistema da Golden Dawn, bastante completo, tendo como principal adição ao Sistema mencionado, o uso de práticas de Magia Sexual – muito embora seus métodos dessa forma de Magia não pareçam ser muito potentes. Mas contém no seu bojo todo o material técnico da Golden Dawn, exceto ter realizado uma simplificação na simbologia dos paramentos. Este grupo é liderado pelos renomados ocultistas Melita Denning e Osborne Phillips.

SISTEMA SALOMÔNICO (de SALOMÃO):

Basicamente consiste no uso de Sigilos e Pantáculos de Inteligências Planetárias, que serão Evocadas, ou Invocadas sobre Talismãs e Pantáculos.

É um sistema importante que foi aproveitado por quase todas as Ordens Ocultas hoje em atividade.

SISTEMA DA MAGIA PLANETÁRIA:

Criado pelo grupo “Aurum Solis”; baseia-se em rituais destinados a Evocar ou Invocar os “Espíritos Olímpicos”, Entidades Planetárias (Inteligências), ou Arquétipos (dos Arcanos do Tarot, Seres ou Deuses/Deusas Mitológicos, entre outros). É um sistema prático, completo, eficiente, de poucos riscos e fácil de colocar em prática.

SISTEMA SANGREAL:

Criado pelo famoso ocultista William G. Gray, é um Sistema que busca fundir a Tradição Ocidental em suas principais manifestações: a Cabala e a Magia. Na verdade, a Cabala aqui abordada é a teórica, que aliás é utilizada em todas as Escolas de Ocultismo, exceto aquelas que abraçam o Sistema de Cabala Prática de Franz Bardon, do Sistema Hermético. Apesar disso, é um Sistema bastante completo e racional, que tem fascinado os mais experientes e competentes ocultistas da atualidade. A obra de W.G.Gray é extensa mas não excessiva, o que contribui para facilitar o estudo deste Sistema.

Sua principal característica é a de “criar” (dentro de cada praticante) um “sistema solar em miniatura”. A partir daí, cada iniciado trabalha em seu Microcosmos e no Macrocosmos de forma idêntica.

SISTEMA DOS TATTWAS:

É um método de utilização dos símbolos gráficos orientais representantes dos cinco elementos (Éter/Akasha, Fogo, Água, Ar, Terra). Usa-se o desenho pertinente como forma de meditação e expansão da mente – transformando-se, mentalmente, o desenho em um “portal”, daí penetrando nesse “portal”, indo dar, mentalmente, em outras dimensões. É um eficiente método de auto-iniciação.

SISTEMA DE PATHWORKING:

Idêntico em tudo ao Sistema dos Tattwas, exceto que utiliza-se desenhos relativos às Esferas e Caminhos (“Paths”, daí o nome) da Árvore-de-Vida, que é um hieróglifo cabalístico. Pode-se, alternativamente, utilizar-se de Sigilos de diversas Entidades (visando “viajar” para as paragens habitadas por aquelas), ou até mesmo Vévés (Sigilos do Vudú), com a mesma finalidade – a auto-iniciação.

SISTEMA SATANÍSTICO (SATANISMO):

É um fenômeno cristão; só existe por causa do Cristianismo. Baseia-se no dualismo Deus-Diabo, presente em tantas culturas; no dualismo Bem-Mal, presente no inconsciente coletivo. Historicamente, o Satanismo como culto organizado nunca existiu, até a criação da Igreja de Satã, fundada em 30 de Abril de 1966, por Anton Szandor La Vey, na Califórnia, Estados Unidos. A partir de então, o Satanismo passou a contar com rituais específicos, buscando criar versões próprias da Magia Ritual e da Magia Sexual, além de ter sua própria versão da Missa Católica, chamada MISSA NEGRA. Basicamente, tudo como convencionou-se chamar de Magia Negra (submeter os outros a nossa vontade, causar enfermidades, provocar acidentes ou desgraças e até a mesmo a morte dos outros, obter vantagens em questões legais, em assuntos ilegais ou imorais, corromper a mente alheia, etc.), tem lugar entre os Satanistas. Na corrente da Igreja de Satã, não se prega o sacrifício animal, substituído pelo orgasmo sexual; o sacrifício humano inexiste, ao menos com a pretensa vítima “ao vivo” – é aceitável realizar um ritual visando a morte de outrem, que, então, será uma “vítima sacrificial”, embora não seja imolada num altar, á lá alguns Satanistas que praticam a imolação de pessoas. Portanto, os Satanistas modernos podem vir a realizar sacrifícios humanos, desde que sejam apenas na forma de rituais representados de forma teatral. Isto é, o sacrifício é de forma simbólica apenas.

Os ensinamentos de La Vey baseiam-se nos de Aleister Crowley, Austin Osman Spare, O.T.O. e F.S. (Fraternitas Saturni), além de fazer extenso uso das “Chamadas Enoquianas”.

O Satanismo de La Vey é um culto organizado, nada tendo a ver com os Satanistas que, volta e meia, são manchete dos noticiários.

Basicamente, a crença do Satanista dividi-se em três pontos:

1) O Diabo é mais poderoso que Deus;

2) aqueles que praticam o mal pelo mal, estão realizando o trabalho de Satã, sendo, portanto, seus servidores;

3) Satã recompensa seus servidores com poderes pessoais e facilita-lhes satisfazer e realizar seus desejos.

Satanistas verdadeiros são raros, a grande maioria dos que se dizem tal são simplesmente pessoas possuídas por forças desconhecidas que invocaram – e seu destino será a cadeia, o manicômio ou a tumba, depois do suicídio.

Satanismo não é Luciferianismo. Ver mais abaixo “Luciferianismo”.

SISTEMA DA MAGIA SAGRADA DE ABRAMELIM (OS QUADRADOS MÁGICOS):

Um tipo de Magia Ritual cujo alvo principal é a conversação com o próprio Anjo da Guarda; depois, se fará uso de uma série de Quadrados Mágicos que evocam energias diversas. É um sistema poderoso e perigoso, no qual muitos experimentadores se “deram mal”, aliás, muito mal.

As instruções dadas no famoso livro que ensina este Sistema não devem ser levadas a cabo “ao pé da letra”, de forma irrefletida; deve-se, porém, ter total atenção aos ensinamentos, antes de colocar os mesmos em prática. Como em todos os textos antigos, aqui também muita coisa está cifrada ou velada.

Deste poderoso Sistema apareceram inúmeras práticas com “quadrados mágicos” que nada têm a ver com o Sistema ensinado nesta obra.

SISTEMA ENOQUIANO (MAGIA ENOQUIANA, ENOCHIAN MAGIC):

É um sistema simbolicamente complexo, que consiste na Evocação de Energias ou Entidades de trinta esferas de poder em torno da Terra. É um sistema poderoso e perigoso, mas já existem diversos guias prático no mercado, que permitem uma condução relativamente segura. Este Sistema foi descoberto por John Dee e Edward Kelley; posteriormente, foi aperfeiçoado pela Golden Dawn, por Aleister Crowley e seus muitos seguidores, entre eles vale destacar Gerald Schueler. Os “nomes bárbaros” a que se referem muitos textos de ocultismo são os “nomes de poder” utilizados neste Sistema Mágico. Aqui, trabalha-se num universo próprio, distinto daquele conhecido no Hermetismo e na Astrologia. Busca-se contato com Elementais, Anjos, Demônios e com o próprio Anjo da Guarda. Dizem alguns entendidos que a famosa “Arca da União” é o “Tablete da União”, peça fundamental deste Sistema. Esse “Tablete da União” encontra-se a disposição de qualquer Mago que cruze o “Grande Abismo Exterior”, após a passagem pelo sub-plano de ZAX, no Plano Akashico, Etérico ou “do Espírito”, local aonde estão situados os sub-planos LIL, ARN, ZOM, PAZ, LIT, MAZ, DEO, ZID e ZIP, os últimos entre os 30 Aethyrs ou sub-planos. Essa região é logo anterior ao último “anel pelo qual nada passa”, tudo isso dentro do conceito do Universo pela física enoquiana.

Para encerrar nossa abordagem sobre a Magia Enoquiana, um aviso:

Muito cuidado ao pronunciar qualquer palavra no idioma enoquiano, pois as mesmas tem muita força, podendo provocar manifestações nos planos sutis mesmo que as “chamadas” tenham sido feitas de forma inconsciente ou inconsequente.

SISTEMA DA BRUXARIA (WITCHCRAFT):

Até virem à luz os trabalhos de Gerald Gardner, Raymond Buckland e Scott Cuningham, não se podia considerar a Bruxaria um sistema mágico. As bruxas e os bruxos se reúnem nos “covens”, que por sua vez encontram-se nos “sabbats”, as oito grandes festividades definidas pelos solstícios, pelos equinócios, e pelos dias eqüidistantes entre esses. Os últimos são considerados mais importantes.

A Bruxaria é um misto de métodos de Magia clássica (Ritual, Sexual, etc.), com práticas de Magia Natural (uso de velas, incensos, ervas, banhos, poções, etc.), cultuando Entidade Pagãs em geral. Nada tem a ver com o Satanismo. Bons exemplos do que podemos chamar de Bruxaria, em língua portuguesa, estão no livro “BRIDA”, de autoria de Paulo Coelho. Aquilo lá descrito mostra bem o Sistema da Bruxaria, menos nítido, mas também presente nas suas outras obras. Pena a insistência de algumas pessoas em condenar a bruxaria a um lugar inferior entre os Sistemas Mágicos.

SISTEMA DRUIDA (DRUIDISMO):

Há muito em comum entre o Druidismo moderno e a Wicca (nome dado nos países de língua inglesa à Bruxaria). As principais diferenças residem na mitologia utilizada nos seus rituais (a Celta), além dos locais de culto (entre árvores de carvalho ou círculos de pedras). O Druidismo pode ser rezumido como um culto à Mãe Natureza em todas as suas manifestações rituais.

SISTEMA SHAMÂNICO (SHAMANISMO):

O Shamanismo é a raiz de toda forma de Magia. Floresceu pelo mundo todo, nas mais diversas formas, dando origem a diversos cultos e religiões. Sua origem remonta a Idade da Pedra, com inúmeras evidências disso em cavernas habitadas nessa era. O Shamanismo moderno está ainda embrionário, embora suas raízes sejam profundas e fortes. O Shaman é uma espécie de curandeiro, com poderes especiais nos planos sutis. O Shamanismo caracteríza-se pela habilidade do Shaman entrar em transe com grande facilidade, e sempre que desejado.

SISTEMA DEMONÍACO (GOETIA, GOÉCIA):

Consiste na Evocação das Entidades Demoníacas, Demônios, de habitantes da “Zona Mauva” ou das Qliphás. É uma variação unilateral da Magia Evocativa do Sistema Hermético. Obviamente é um Sistema muito perigoso.

SISTEMA SOLAR:

Aonde se busca, única e exclusivamente, o conhecimento e a conversação com o Anjo da Guarda.

SISTEMA BON-PO (BON-PA):

É um Sistema de Magia originário do Tibete. É uma seita de Magia Negra, com estreitas ligações com as Lojas da FOGC (Ordem Franco-Massônica da Centúria Dourada), sediadas em Munich, Alemanha, desde 1825, com outras 98 Lojas espalhadas por todo o mundo. Na O.T.O.A. faz-se uso de práticas mágicas Bon-Pa. Membros da seita Bon-Pa estiveram envolvidos com organizações sinistras, como a “Mão Negra”, responsável para Arquiduque Ferdinando da Áustria, o que precipitou o mundo na Primeira Guerra Mundial. Durante a era Nazista na Alemanha, membros da seita Bon-pa eram vistos frequentando a cúpula do poder. Outro nome pelo qual a seita Bon-Pa ou Bon-Po é conhecida é “A Fraternidade Negra”. Muitos chefes de Estado, artistas famosos e pessoas de destaque na sociedade, foram ou são vinculados à Bon-Pa ou à FOGC – através de “pactos” feitos com as Forças das Trevas. Vale notar que, na Alemanha Nazista, todas as Ordens Herméticas foram perseguidas e proscritas – exceto a FOGC. E, na China, após a tomada do poder por Mao Tse Tung, todas as seitas foram perseguidas e proscritas – exceto a Bon-Pa. Seriam Hitler e Mao Tse Tung membros das mesmas, assim como seus principais asseclas? Vale a pena ler a obra “FRABATO”, de autoria de Franz Bardon, e a edição do mês de Agosto de 1993 da revista “PLANETA” (Editora Três). Em ambas, muita coisa é revelada sobre a história dessas seitas – inclusive sobre suas práticas nefastas.

SISTEMA ZOS-KIA-CULTUS:

Criado por Austin Osman Spare, o redescobridor do Culto de Priapo. É a primeira manifestação organizada de Magia Pragmática. Baseia-se na fusão da Magia Sexual com a Sigilização Mágica. A obra “Practical Sigil Magic”, de Frater U.: D.: revela seus segredos. É um Sistema eficiente, mas não serve para qualquer pessoa, somente para aquelas de mente aberta e sem preconceitos. O motivo é simples: seu método de Magia Sexual é o conhecido como “Grau VIIIº”, na O.T.O., ou seja, a Auto-Magia Sexual.

SISTEMA RÚNICO (MAGIA DE RUNAS, RUNE MAGICK, RUNES):

Runas são letras-símbolos, cada qual com significados variados e distintos. Tem uso em Divinação, em Magia Pantacular e em Meditação.

Infelizmente, a Cabala das Runas perdeu-se para sempre na noite dos tempos. As Runas tem origem totalmente Teutônica. As Runas tem se tornado um dos mais importantes alfabetos mágicos, talvez devido a seu poder como elementos emissores de ondas-de-forma, talvez devido à facilidade de sua escrita.

SISTEMA ICÔNICO ou ICONOGRÁFICO (antigo Sistema Hebraísta):

Desenvolvido por JEAN-GASTON BARDET, com a colaboração de JEAN DE LA FOYE, é um sistema tecnicamente complexo, que consiste em utilizar as letras de fôrma hebráicas como fonte de emissões-de-ondas-de-forma. Hoje, com o Sistema aprimorado por António Rodrigues, utiliza-se dessas letras, além de outros símbolos ou ícones, para a detecção e criação de “estados esotéricos”, bem como para neutralizar ou alterar energias sutis diversas. É um dos mais potentes que existe, dentro da visão de emissores e detectores de ondas-de-forma. Rodrigues introduziu muitas “palavras de conteúdo mágico” nesse Sistema, muitas das quais oriundas da obra “777”, de Aleister Crowley. Se for utilizado como forma de meditação, ou conjuntamente à Cabala Simbólica (a que faz uso do hieróglifo da Árvore-da-Vida), é eficiente para a prática do “Pathworking”.

SISTEMA DO VUDÚ (VOUDOUN, VOODOO):

Apesar de ser tido como uma religião primitiva, o VUDÚ é, na realidade, um sistema de Magia, aliás bastante completo.

Nele encontramos Invocação, Evocação, Divinação, Encantamento e Iluminação. Práticas não encontradas nos outros Cultos Afro (Candomblé, Lucumí, Santeria), como por exemplo a Magia Sexual, presente no VUDÚ, embora de forma não muito aprimorada, exceto dentro do VOUDON GNÓSTICO e do HOODOO.

As possessões que ocorrem no VUDÚ (como no Candomblé, Lucumí e Santeria), são reais, fruto da Invocação Mágica dos Deuses, Deusas e demais Entidades. Não se trata de uma exteriorização de algum tipo de dupla-personalidade, nem de uma possessão por Elementares ou por Cascarões Avivados (como normalmente ocorre em religiões que fazem uso das mesmas práticas). A possessão no VUDÚ é um fenômeno completo e real. O Deus “monta” o indivíduo da mesma forma que um ser humano monta num cavalo. As Entidades “sobem” do solo para o corpo do indivíduo, penetrando inicialmente pelos seus pés, daí “subindo”, e isso é uma sensação única, que só pode ser descrita por quem já teve tal experiência. Cada LOA (Deus ou Deusa) do VUDÚ tem sua personalidade distinta, poderes específicos, regiões de autoridade, além de insígnias ou emblemas – vevés e ferramentas. Creio firmemente que uma fusão dos Cultos Afro só trará benefícios a todos os praticantes da Ciência Sagrada.

Os avanços do VUDÚ foram tantos, especialmente do VUDÚ GNÓSTICO, do VUDÚ ESOTÉRICO e do VUDÚ DO NOVO AEON, que entre suas práticas encontra-se até mesmo um Sistema Radiônico-Psicotrônico, que faz uso de Máquinas Radiônicas com as finalidades Radiônicas convencionais (Magia de saúde, de prosperidade, de sucesso, de harmonia, combate às Forças das trevas e às Forças Psíquicas Assassinas, combate aos Implantes Mágicos, etc.), além de favorecer as “viagens” mentais e astrais – as viagens no tempo! Esse Sistema foi batizado, por seus praticantes, de VUDUTRÔNICA.

O VUDÚ é, guardadas as devidas proporções, uma “Religião Thelêmica”, posto que a “verdade individual” que se busca no Sistema Thelêmico, culmina aqui com a descoberta do Deus individual, o que resulta numa “Religião Individual”, isto é, a Divindade e toda a religião de um indivíduo é totalmente distinta do que seja para qualquer outra pessoa. E isso é Thelêmico, ao menos em seu sentido mais amplo. As Entidades do Vudú são “assentadas” (fixadas) em receptáculos diversos, que vão desde vasos contendo diversos elementos orgânicos misturados (os Assentamentos), até garrafas com tampa, passando pelas Atuas – caixinhas de madeira pintadas com os Sigilos (Vévés) dos Loas, com tampa, altamente atrativas para os Espíritos. Mas as práticas utilizando elementos da Magia Natural, como ervas, banhos, defumações, comidas oferecidas às Entidades, são todas práticas adicionadas posteriormente ao VUDÚ, não parte integrante desde seu início. No Vudú se faz uso, além da Egrégora do próprio culto, das Correntes Aracdoniana, Insectoniana e Ofidiana.

SISTEMA DE MAGIA DO CAOS (CHAOS MAGIC, KAOS MAGICK, CIRCLE OF CHAOS, CÍRCULO DO CAOS, I.O.T. – Illuminates of Thanateros, Iluminados de Thanateros):

A Magia do Caos tem origem nos trabalhos de Austin Osman Spare, redescobridor do Culto de Priapo. A Magia do Caos é atualmente bastante divulgada por seu organizador Peter James Carroll, além de Adrian Savage.

Os praticantes da Magia do Caos consideram-se herdeiros mágicos de Aleister Crowley (e da O.T.O.) e de Austin Osman Spare (e da ZOS-KIA CULTUS).

Seu sistema procura englobar tudo quanto seja válido e prático em Magia, descartando tudo quanto for mais complexo que o necessário. Caracteriza-se por não ter preconceitos contra nenhuma forma de Magia, desde que funcione!

Está se tornando o mais influente Sistema de Magia entre os intelectuais da modernidade. Entre suas práticas mais importantes vale ressaltar o uso da Magia Sexual, em especial dos métodos “de mão esquerda”.

Seus graus mágicos são cinco, em ordem decrescente: 4º, 3º, 2º, 1º e 0º.

SISTEMA DE MAGIA NATURAL:

Consiste na utilização de elementos físicos, na forma de realizar atos de Magia Mumíaca (éfiges de pessoas, representando-as, tornando-se receptáculos dos atos mágicos destinados àquelas), bem como no uso de banhos energéticos, defumações, pós, ungüentos, etc., visando obter resultados mágicos pela “via do menor esforço”.

SISTEMA NECRONOMICÔNICO (DO NECRONOMICON):

Uma variação da Magia Ritual, que baseia-se na mitologia presente nos contos de horror do autor HOWARD PHILLIPS LOVECRAFT, em especial no Deus Cthulhu, e no livro mágico O Necronomicon (citado com frequência pelo autor). Atualmente, diversos grupos fazem uso deste Sistema na prática, entre eles valendo destacar a I.O.T., a O.R.M. e a Igreja de Satã. Frank G. Ripel, ocultista italiano que lidera a O.R.M., pode ser considerado o mais importante divulgador deste Sistema de Magia, além de ser o renovador do Sistema Thelêmico; mas o grupo I.O.T. tem sido o responsável pela modernização (e explicação racional) deste poderoso Sistema. Aliás, poderoso e perigoso, por isso mesmo atraente. Tão atraente que foi criada uma coleção de RPG’s versando sobre o culto de Cthulhu, o Necronomicon e outras idéias de H.P.Lovecraft.

SISTEMA LUCIFERIANO (LUCIFERIANISMO, FRATERNITAS SATURNI):

Muito parecido com o sistema de Magia da O.T.O. (Thelêmico), centralizando suas práticas na Magia Sexual (em especial nas práticas de Mão Esquerda), na Magia Ritual e na Magia Eletrônica, conta, porém, com uma distinção fundamental do sistema pregado por Aleister Crowley: enquanto na O.T.O busca-se a fusão com a Energia Criadora, através da dissolução do ego, na Fraternitas Saturni (FS) busca-se elevar o espírito humano a uma condição de Divindade, alcançando o mesmo estado que o da Divindade cultuada: LÚCIFER, a oitava superior de SATURNO, cuja região central é o DEMIURGO, e cuja oitava inferior é SATÃ, SATAN, SHATAN ou SATANÁS (e sua contra-parte feminina, SATANA). Portanto, Lúcifer e Satã são entidades distintas.

Na F.S., há 33 graus, alguns mágicos, outros administrativos.

SISTEMA HERMÉTICO (HERMETISMO, FRANZ BARDON):

Sistema amplamente explicado (na teoria e na prática) nas obras de Franz Bardon, reencarnação de Hermes Trismegistos (conforme sua auto-biografia intitulada “FRABATO, THE MAGICIAN”). O sistema Hermético prega um desenvolvimento gradativo das Energias no ser humano, partindo de simples exercícios de respiração e concentração mental, até o domínio dos elementos, daí à Evocação Mágica, e até à Cabala, aonde aprende-se o misticismo das letras e o uso mágico de palavras e sentenças, algumas das quais foram utilizadas para realizar todos os milagres descritos na Bíblia e em outros textos sagrados. Considero este o mais completo e perfeito Sistema de Magia. É o único Sistema totalmente racional e científico.

SISTEMA CABALÍSTICO (QUABBALAH, KABALAH, TANTRA, FÓRMULAS MÁGICAS):

Conforme dito acima, é a prática do misticismo das letras (isto é, do conhecimento das côres, notas musicais, elementos naturais e suas respectivas qualidades, regiões do corpo em que cada letra atua, etc.), daí das palavras e de sentenças; o uso de mais de uma letra, cabalisticamente, tem o nome de Fórmula Cabalística. E Tantra? Tantra no Oriente, Cabala no Ocidente. Há muitas escolas de Tantra, outras tantas de Cabala, mas a que mais me agrada é a de Franz Bardon. Parece-me a mais completa e precisa.

Muitas Escolas de Ocultismo, que utilizam a Cabala como parte de seus ensinamentos, o fazem utilizando a chamada Cabala Teórica, que baseia-se no hieróglifo da Árvore da Vida e suas atribuições. Poucas Escolas utilizam a Cabala Prática, como ensinada por Franz Bardon. As diferenças entre a Cabala Prática e a Teórica são muitas, mas, como principal distinção, na Cabala Teórica o enriquecimento pessoal é apenas a nível teórico, isto é, intelectual, enquanto que na Prática se aprende, se compreende, se vive a realidade do Misticismo das Letras. O mesmo conhecimento que foi utilizado para criar tudo quanto existe no Universo. É simultâneamente Dogmático e Pragmático.

MAGIA ELETRÔNICA:

É uma forma “acessória” da Magia Ritual, utilizando-se de paramentos do tipo “Bobina Tesla” ou “Gerador Van De Graff”, para gerar poderosas energias visando potencializar os rituais.

SISTEMA PSICOTRÔNICO (PSICOTRÔNICA):

É uma forma de Magia Pragmática, pois utiliza do simbolismo próprio do Mago (uma vez que será este a determinar quais os números a serem utilizados, qual o tempo de exposição ao poder do equipamento utilizado, ou ainda uma série enorme de “coisas” passíveis de emissão psicotrônica, detectadas ou determinadas por meios radiestésicos ou intuitivos), aliado à eletricidade e à eletrônica, para produzir seus efeitos. Apesar de utilizar-se de aparato muitas das vezes sofisticado, tem o mesmo tipo de ação que outras variedades de Magia Ritual, isto é, depende inteiramente (ou quase) das qualidades mágicas do operador.

SISTEMA DE EMISSÕES DE ONDAS-DEVIDAS-ÀS-FORMAS (SISTEMA DE ONDAS-DE-FORMA):

É uma forma de Magia Dogmática, posto que faz uso de paramentos e símbolos sem paralelo no sub-consciente do Mago; exceção se aplica aos gráficos que dependem de uma seleção radiestésica de seu design, como, por exemplo, no sistema Alpha-Omega (aonde se seleciona os algarismos numéricos e a quantidade de círculos em torne daqueles, para se construir o gráfico). Neste, este sistema Pragmático. Para exemplificar o uso prático, se utiliza equipamentos bidimensionais ou tridimensionais; os primeiros são os gráficos emissôres, compensadores e moduladores de Ondas-de-Forma, enquanto os outros são os aparelhos tipo pirâmides, esferas ôcas, meias-esferas, arranjos espaciais que parecem móbiles, etc. Neste Sistema, na sua parte tridimensional, é que se utiliza os pêndulos, as forquilhas e demais instrumentos radiestésicos, rabdomânticos e geo-biológicos.

SISTEMA RADIôNICO (RADIôNICA):

É a única modalidade de Magia que, apesar de totalmente encaixada no sistema de Magia Ritual, e herdeira única do sistema Psicotrônico, reúne em si, simultaneamente, as características de Dogmatismo e Pragmatismo.

Os métodos utilizados para a detecção das energias são nitidamente Pragmáticos, uma vez que fazem uso de pêndulos (radiestesia) ou das placas-de-fricção (sistemas sujeitos à Lei das Sincronicidades, de Carl Gustav Jung).

O “coração” do sistema Radiônico, porém, não é seu método de detecção (uma vez que há aparelhos sem nenhum sistema de detecção, como a Peggotty Board, ou Tábua de Cravilhas), mas seu sistema de índices.

Esses índices são em geral descobertos ou criados pelos pesquisadores do sistema em questão, e passados adiante para os outros usuários do sistema, que não são necessariamente pesquisadores.

Assim, quando se utiliza índices desenvolvidos por outras pessoas, se está operando no sistema Dogmático, apesar de que os números presentes nos índices são sempre comuns à mente de qualquer operador – mas as seqüências em que eles aparecem, que formam os índices, o fazem de forma desconhecida ao sub-consciente do operador, portanto de forma Dogmática.

Quando, porém, fazemos uso de índices que sejam fruto de nossas próprias pesquisas ou experiências, trabalhamos, então, de forma Pragmática.

Portanto, em se tratando de Radiônica, somente nossas próprias pesquisas permitem um trabalho totalmente Pragmático.

SISTEMA DO CANDOMBLÉ:

Muito parecido com o Sistema do Vudú, mas simplificado. Na verdade, o Candomblé é um culto aos Deuses e Deusas do panteão Nagô, aonde predomina a Magia Natural, com grande ênfase nos sacrifícios animais, na criação de Elementares Artificiais e em outras tantas práticas mágicas – como os banhos de ervas, o uso de pós mágicos, etc. – , além de Evocações e Invocações das Divindades cultuadas. É um Sistema de grande potencial, infelizmente tornado, ao longo dos anos, inferior ao Vudú, do ponto de vista iniciático.

SISTEMA DA UMBANDA:

Consiste na Invocação de Entidades de um panteão próprio e extremamente complexo, visando obter os favores das Entidades “incorporadas”; também existe a Evocação quando se faz “oferendas” de coisas diversas para as Entidades. É basicamente um culto de “Magia Branca”.

SISTEMA DA QUIMBANDA:

Muito parecido com o Sistema da Umbanda, somente que aquí se trabalha com Entidades demoníacas; é basicamente um culto de “Magia Negra”.

SISTEMA DA WICCA:

Um aprimoramento do Sistema de Feitiçaria, a Wicca é uma religião muito bem organizada e sistematizada, sendo que nela se aboliu a prática de sacrifícios animais, que era frequente na Feitiçaria. Há um ramo mais elitizado da Wicca, a Seax-Wicca, dos seguidores de Gerald Gardner, que busca aprimorar a Wicca, transformando-a num culto menos dogmatizado que a Wicca tradicional.

SISTEMA DE MAGIA SEXUAL:

Temos aquí uma abertura para sete sub-sistemas, quais sejam:

– SISTEMA DA O.T.O.:

Basicamente um método de Magia Sexual que busca a elevação espiritual através do sexo. Tem três graus de aptidão mágica sexual – o VIII, o IX e o XI. Pode ser considerado o Tantra ocidental. Veja “Sistema Thelêmico”.

– SISTEMA DA O.T.O.A.:

É muito parecido com o da O.T.O., porém faz uso não apenas da Magia Sexual praticada físicamente, mas também de práticas astrais desse tipo de Magia.

– SISTEMA MAATIANO:

Criado por dissidentes da O.T.O., tem uma visão mais moderna da Magia Sexual. Sua visão sobre o grau XIº é particularmente distinta.

– SISTEMA DA FRATERNITAS SATURNI (F.S.):

É derivado da O.T.O., mas abertamente Luciferiano. Veja “Sistema Luciferiano”.

– SISTEMA ANSARIÉTICO:

Criado pelos Ansariehs ou Aluítas da velha Síria, é o primeiro dos modernos métodos de Magia Sexual.

– SISTEMA DE EULIS:

Criado por Pascal Beverly Randolph, um iniciado entre os Aluítas, é um método científico de Magia Sexual ocidental, muito poderoso e perigoso. Seu criador era médico, e cometeu suicídio após muitos problemas na vida – era mulato, político liberal, libertino, residente nos Estados Unidos. No século XIX!

– SISTEMA ZOS-KIA:

Criado por Austin Osman Spare, consiste no uso mágico da “Auto- Magia Sexual” ou “Auto-Amor”. É também um Sistema muito potente e perigoso. Seu criador, talentoso artista plástico, morreu esquecido e quase na miséria. Veja em verbete próprio.

– SISTEMA PALLADIUM:

Criado por Robert North, estudioso de Franz Bardon, P.B.Randolph, Aleister Crowley, além de outros mestres do ocultismo. Tem sua doutrina, os Palladianos, no conceito do ser humano pré-adâmico, isto é, no ser humano bisexuado, para o qual o relacionamento sexual era desnecessário para a procriação. Esses seres eram os “Elohim”, “Filhos de Deus”, que criaram o “pecado” relacionando-se sexualmente uns com os outros – o que era desnecessário – , provocando a “queda” da humanidade. Com o “pecado”, veio a “punição”: Deus dividiu o sexo dos seres humanos, o que provocou a expulsão deles do “Édem”, sua “Expulsão do Paraíso”. Baseando-se nessa crença, além de buscar decifrar os ensinamentos ocultos de todos os Mestres, e interpretar o significado oculto da literatura, os Palladianos buscam trazer luz aos conceito tão mal compreendido da Magia Sexual.

E, para concluir, quem cunhou os termos “Magia Dogmática” e “Magia Pragmática”?

Eliphas Lévi introduziu o termo vinculado à Magia, com sua obra “Dogma e Ritual de Alta Magia”. Frater U.:D.:, nos seus “Secret of the German Sex Magicians” e, particularmente, no “Practical Sigil Magic”, introduziu o termo “Magia Pragmática”.

Retirado de:

http://www.mortesubita.org/

#MagiaPrática

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/teoria-da-magia-ii-sistemas-m%C3%A1gicos

O Desequilíbrio é Fundamental

A vida é uma infinita e fantástica viagem a caminho da luz. Esta vida é apenas um trecho da estrada. Viajar significa evoluir; evoluir exige transformação. Ninguém nasce pronto. Entender que o que trouxemos na mochila até aqui nos foi útil, mas pode não nos servir mais, é sinal de sabedoria. Se faz necessário deixar algumas coisas para trás para dar lugar a outras. Reinventar-se todos os dias. Nada nos atrasa tanto quanto o trem perdido do preconceito, o voo cancelado das ideias obsoletas e o beco sem saída da atitudes ultrapassadas. Orgulho, vaidade e teimosia são pedras pesadas que, não raro, guardamos escondidas no fundo da mala, debaixo da blusa do ciúme e da calça do egoísmo. Precisamos de leveza para andar. É fundamental abrirmos espaço para o novo, trocarmos a bagagem.

Analise a sua mochila com carinho. O amor é o melhor manual para te indicar o conteúdo essencial.

Queiramos ou não, temos que caminhar. Quando nos negamos, seja por inércia, preguiça ou conforto, a vida nos desequilibra. Nos presenteia com novas e, a princípio, indesejáveis situações para nos obrigar a caminhar. Desequilibrado, para não cair, você dá um passo a frente em busca do equilíbrio e depois outro por ansiar uma nova estabilidade, que cedo ou tarde, a depender da sua capacidade de perceber e entender o momento, virá. Então, olhará para trás e verá que já não está no mesmo lugar. Você andou e foi para buscar um novo equilíbrio que isto aconteceu. Houve transformações, você evoluiu.

Olhe para trás e analise quem você era a cinco, dez ou vinte anos e quem é hoje. Percebe a evolução? Entende as transformações que operou em si próprio? Não falo das mudanças em relação a situação material ou financeira, mas da clareza do pensamento e da amplitude dos sentimentos. Estes são os instrumentos da plenitude que todos buscamos. A serenidade diante das tempestades é um desses sinais que indicam um bom progresso, afinal nem sempre foi assim, lembra?

Se passado todo esse tempo, você ainda está sentado na beira do caminho, prepare-se. Caminhamos por vontade ou por imposição. Esta escolha define as flores que irão colorir a paisagem.

Preste muita atenção às suas escolhas. Fazemos dezenas ou centenas delas todos os dias. Das mais banais às mais complexas. De sorrir e cumprimentar um estranho na rua a mudar de emprego, cidade ou casamento. O somatório dessas escolhas definem quem cada um de nós é. Define quantas transformações você se permitiu. O quanto evoluiu.

O budismo ensina que devemos caminhar sempre, ficar atento à paisagem sem nos ater a ela. Diferenciar o eterno do que é transitório significa estar pronto para participar da grande sinfonia do universo. Ter uma boa casa e uma vida confortável são coisas maravilhosas, mas são bens passageiros. Ser um bom filho, um pai atencioso, trocar abraços e sorrisos sinceros, criar laços amorosos com quer que seja, construir uma ambiência harmônica onde estiver são bens imperecíveis.

A viagem não tem fim e o que carimba o passaporte na próxima estação é o conteúdo da nossa bagagem. Ela define o guichê que nos dará a passagem para o próximo trecho da travessia. A vida, como um pai amoroso que ralha com o filho porque deseja que ele chegue ao destino, vai lhe desequilibrar se você apenas quer ficar sentado assistindo ao trem passar. Portanto, levante-se e reveja a bagagem. Mochila nas costas e boa viagem!!!

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/05/21/o-desequilibrio-e-fundamental-7/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-desequil%C3%ADbrio-%C3%A9-fundamental

666, the Number of the Beast

Publicado no S&H dia 23/5/2008,

Let him who hath understanding
reckon the number of the beast
for it is a human number
its number is six hundred threescore six.
Apocalipse 13:18

Hexakosioihexekontahexaphobia. A lavagem cerebral das Igrejas é tão grande que a ciência precisou inventar um termo para descrever “o medo irracional relacionado ao número 666”.
Mas o que este número possui de tão especial?
Este conjunto de textos a respeito das distorções dos deuses, cerimônias religiosas e símbolos sagrados de outras religiões pela Igreja Católica (e, por conseguinte, de suas seitas evangélicas) não poderia ficar completo sem uma explicação detalhada sobre o número 666. Para quem começou a ler este texto agora, recomendo que leiam primeiro estes textos AQUI, AQUI e AQUI.

Talvez um dos números mais belos e mais injustiçados pela Igreja, o 666 possui profundos significados esotéricos, que remontam desde os tempos egípcios. Ao contrário da crença popular, incentivada por todo tipo de malucos religiosos e “satânicos”, a história do número 666 começa junto com a Kabbalah, nos primórdios da história judaica.

Antes de explicar o que vem a ser o 666, precisarei explicar o que é um Kamea dentro da tradição da Kabbalah. Um Kamea é um “quadrado mágico” contendo os números e nomes (da conversão numérica para o alfabeto hebraico) divinos que servem como janelas para entender a natureza do ser humano e como ela interage com o macrocosmos.

Um kamea é representado como um quadrado contendo divisões internas, de acordo com a sefira da Kabbalah que aquele planeta representa: Então o Kamea de Saturno/Binah é um quadrado dividido em 3×3, o de Júpiter/Chesed 4×4, o de Marte/Geburah 5×5, o do Sol/Tiferet 6×6, o de Vênus/Netzach 7×7, o de Mercúrio/Hod 8×8 e o da Lua/Yesod 9×9.
Cada Kamea possui em seu interior os números de 1 até o quadrado da Sefira, dispostos de maneira que a SOMA de todas as linhas e colunas seja sempre o mesmo número.

Assim sendo, o Kamea de Saturno possui números de 1 a 9 (e cada linha/coluna soma 15 – ver na imagem ao lado), o de Júpiter de 1 a 16 (e cada linha/coluna soma 34), o de Marte de 1 a 25 (e cada linha/coluna soma 65), o do Sol de 1 a 36 (e cada linha/coluna soma 111), o de Vênus de 1 a 49 (e cada linha/coluna soma 175), o de Mercúrio de 1 a 64 (e cada linha/coluna soma 260) e o da Lua de 1 a 81 (e cada linha/coluna soma 369).

Além disto, cada Planeta está associado diretamente a um número sagrado, que é a somatória de todos os valores dentro do Kamea. Assim sendo, o número associado de Saturno/Binah é 45 (1+2+3+4+5+6+7+8+9), Júpiter/Chesed é 136, Marte/Geburah é 325, Vênus/Netzach é 1225, Mercúrio/Hod é 2080 e a Lua/Yesod é 3321.

E o Sol?
Se somarmos os números do Kamea do SOL, teremos 1+2+3+4…+34+35+36… adivinhem que número resulta desta soma? Isso mesmo… pode fazer as contas na sua calculadora, eu espero.
Calculou?
Exato. 666.

Assim sendo, na Kabbalah, o número 666 sempre representou Tiferet, o SOL. Desde muito e muitos milhares de anos atrás… Simples assim. Nada de tinhosos, capetas, apocalipses nem dragões de sete cabeças ainda.

Tiferet representa o ser Crístico que habita dentro de todos nós. Dentro da Kabbala, representa todos os deuses iluminados e solares:Apolo, Hórus, Bram, Lugh, Yeshua, Krishna, Buda, todos os Boddisatwas, todos os Mestres Ascencionados, todos os Serenões, todos os Mentores, todos os Pretos-velhos e assim por diante. Escolha uma religião ou filosofia e temos um exemplo máximo a ser atingido.
Tiferet representa a união do macrocosmos com o microcosmos, o momento onde o homem derrota o dragão simbólico (que representa os quatro elementos) e se torna um iluminado e, como tal, senhor de seu próprio destino. Tiferet é o mais alto grau de consciência que um encarnado pode atingir.
Desta maneira, quando se tornar um iluminado e senhor de seu próprio destino, o homem não vai mais se submeter aos mandos e desmandos de nenhuma religião dogmática… estão começando a entender da onde vem a associação da Igreja entre o 666 e o “anticristo”?
Mas ainda estamos muitos mil anos antes do Apocalipse (Livro das revelações)… o 666 ainda aparecerá na Bíblia antes disso.

O 666 e a Bíblia
Quase todas as pessoas acreditam que o número 666 aparece apenas no tal do “Apocalipse”, ou Book of Revelations (Livro das revelações), mas a verdade é que este número já aparece bem antes na própria bíblia, em um contexto muito mais significativo e esotérico, como veremos logo a seguir:
Vamos observar 1Reis 10:1-18, que fala sobre o encontro de Salomão com a Rainha do Sabá, o momento onde o conhecimento da Kabbalah é mesclado com as grandes tradições africanas (e isto será muito importante em posts futuros quando eu for falar de Umbanda e Candomblé e suas raízes dentro da Kabbalah). Salomão encontra-se com a rainha do Sabbat, que lhe faz inúmeras perguntas e ele consegue responder a todas, deixando-a impressionada com seu conhecimento. Há muitas histórias interessantes que se desdobram deste acontecimento, mas uma coisa de cada vez: hoje é o 666.
Eu gosto de usar a versão do King James, de 1611, mas quem não souber ler em inglês pode ler a versão traduzida AQUI.

10: 1 And when the queen of Sheba heard of the fame of Solomon concerning the name of the LORD, she came to prove him with hard questions.
10: 2 And she came to Jerusalem with a very great train, with camels that bare spices, and very much gold, and precious stones: and when she was come to Solomon, she communed with him of all that was in her heart.
10:3 And Solomon told her all her questions: there was not [any] thing hid from the king, which he told her not.
10: 4 And when the queen of Sheba had seen all Solomon´s wisdom, and the house that he had built,
10: 5 And the meat of his table, and the sitting of his servants, and the attendance of his ministers, and their apparel, and his cupbearers, and his ascent by which he went up unto the house of the LORD; there was no more spirit in her.
10: 6 And she said to the king, It was a true report that I heard in mine own land of thy acts and of thy wisdom.
10: 7 Howbeit I believed not the words, until I came, and mine eyes had seen [it]: and, behold, the half was not told me: thy wisdom and prosperity exceedeth the fame which I heard.
10: 8 Happy [are] thy men, happy [are] these thy servants, which stand continually before thee, [and] that hear thy wisdom.
10: 9 Blessed be the LORD thy God, which delighted in thee, to set thee on the throne of Israel: because the LORD loved Israel for ever, therefore made he thee king, to do judgment and justice.
10:10 And she gave the king an hundred and twenty talents of gold, and of spices very great store, and precious stones: there came no more such abundance of spices as these which the queen of Sheba gave to king Solomon.
10: 11 And the navy also of Hiram, that brought gold from Ophir, brought in from Ophir great plenty of almug trees, and precious stones.
10: 12 And the king made of the almug trees pillars for the house of the LORD, and for the king´s house, harps also and psalteries for singers: there came no such almug trees, nor were seen unto this day.
10: 13 And king Solomon gave unto the queen of Sheba all her desire, whatsoever she asked, beside [that] which Solomon gave her of his royal bounty. So she turned and went to her own country, she and her servants.
10: 14 Now the weight of gold that came to Solomon in one year was six hundred threescore and six talents of gold,

Ou seja, em 1Reis 10:14 (e também em Crônicas 9:13) temos o número 666 mencionado pela primeira vez na Bíblia, quase MIL anos antes do “Apocalipse”. E aparecendo “coincidentemente” associado à figura do maior ocultista do Velho Testamento, Shlomo HaMelech, o rei Salomão!

HaShem (Deus) oferece a ele tudo o que quisesse, mas ele pede apenas por Sabedoria e Conhecimento. O peso em ouro que Salomão recebia anualmente era de 666 talentos. Este número representa a emanação solar e está relacionada diretamente com os Mistérios Iniciáticos da Construção do Templo (Beith haMikdash) como um canal para escoar o fluxo de energia direto da fonte para o mundo.
O Templo Simbólico também conecta a Rainha (mãe Terra, Malkuth) com o Rei (o Sol, a fonte divina) e envolve os mecanismos mais profundos da simbologia da criação.
Desta forma, vemos que o número 666 não é maligno, embora o poder que representa, quando usado fora do equilíbrio, pode causar graves destruições ou danos. Com um conhecimento básico de Kabbalah, ao examinarmos a primeira frase do Livro das revelações, temos:

“Here is wisdom. Let him that hath understanding count the number of the beast: for it is the number of a man; and his number [is] Six hundred threescore [and] six.”

“Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”

Wisdom (Sabedoria) e Undestanding (Entendimento) são as duas esferas mais altas da Kabbalah, Hochma e Binah. A Besta é Chayah (Chorozon, para quem estuda Thelema), o Abismo que separa o mundo divino do mundo das ilusões em que vivemos. Aquela separação entre as esferas 1, 2 e 3 e o Mundo das Ilusões (Matrix).
O Chayah é um nível especial de iniciação dentro do Chayoth HaKodesh, que vai representar a escolha final de um Magister Templi quando ele chega a iluminação. Portanto é um número humano e ao mesmo tempo divino. O número do Sol.
As conexões entre Tiferet e Binah/Hochma representam os dois vértices do “continuum”, ou seja, o começo e o fim, o alfa e o ômega. 666 representa a pessoa capaz de manipular as emanações divinas e ainda assim permanecer humano encarnado. Nas tradições indianas, este estado é chamado e Vajra (o trovão… isso lembra algum deus grego ou nórdico?)

O Livro de Toth… ops, das Revelações…
O livro do Apocalipse de São João (para católicos e ortodoxos) ou Apocalipse de João (para protestantes) ou (Revelação a João) é um livro da Bíblia de constantino — o livro sagrado do cristianismo — e o último da seleção do Cânon bíblico.

Antes de começar a explicar o que significa, temos de nos deter na palavra “apocalipse”. A palavra apocalipse (termo que foi usado por F. Lücke APENAS em 1832, ou seja, quase 18 séculos DEPOIS que o livro foi escrito) significa, em grego, “Revelação”. Um “apocalipse”, na terminologia do judaísmo e do cristianismo, é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a um iniciado escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de “apocalipse” aos relatos escritos dessas revelações. Apocalipse nunca quis dizer “fim do mundo” ou outras loucuras semelhantes.

O Livro das Revelações foi escrito por João, um dos mais esotéricos apóstolos, a quem Jesus chamava de “Discípulo amado” e “Filho do trovão” (filho do trovão…). Ele é composto de 22 capítulos, cada um deles dedicado a um dos Arcanos Maiores do Tarot e repleto de simbologias.
O apocalipse contém descrição de cada um dos Arcanos Maiores do Tarot, além de diversas alusões ao trabalho de esculpir a pedra bruta dentro de cada um de nós, princípios da alquimia e da Grande Arte. Posso citar rapidamente o famoso “dragão de sete cabeças” que representa ao mesmo tempo os sete chakras e os sete defeitos capitais que precisam ser trabalhados no ser humano. Também nos remonta à Hidra de Lerna e os 12 trabalhos iniciáticos de Hércules, que também derrota um “lagarto de inúmeras cabeças”, e da história de São Jorge, entre diversos heróis de outras mitologias que derrotam dragões e salvam princesas.

Obviamente, a Igreja nunca vai admitir isso, afinal de contas, tarot, alquimia e afins são “feitiçaria” e “feitiçaria leva você diretamente para o Inferno”, então… como admitir que existem instruções para um iniciado montar seu próprio deck de tarot dentro da bíblia?

O 666 que não existiu na Idade Média
É muito importante notar que a associação entre o número 666 e qualquer coisa demoníaca, satânica ou anti-cristo NUNCA existiu durante a Antiguidade, Idade Média, Renascimento ou Idade Moderna. Não há NENHUM registro deste número como sendo adorado ou utilizado pelos pagões, hereges, bruxas ou feiticeiros queimados pela Inquisição. Nem mesmo as mentiras forjadas pela Igreja contra os Templários continham qualquer alusão a este número. Não havia qualquer ligação que fosse entre 666 e “diabo” ou “fim do mundo” ou “anticristo”.
Sei que a lavagem cerebral da mídia faz com que vocês acreditem que o número 666 foi associado ao diabo e ao fim do mundo desde sempre, mas é muito importante lembrar que, antes de Gutemberg, em 1456, simplesmente não existiam exemplares da bíblia que não fossem copiados à mão por monges e mantidos trancados à sete chaves dentro das Ordens Iniciáticas e da Igreja (assistam ao filme “O Nome da Rosa”), ou seja, NADA de conhecimento deste número por parte da população.
MESMO depois de Gutemberg, a bíblia ainda era um item extremamente raro e caro de se obter. Só para vocês terem uma noção da raridade e do quão caro era uma bíblia, o primeiro registro de uma bíblia usada dentro de uma loja maçônica (e olha que os maçons de antigamente eram REALMENTE poderosos) data do meio do século XVIII. Ao contrário do imaginário popular, o povão só tomou realmente conhecimento do conteúdo da bíblia depois da metade do século XIX. Bíblias dentro de casa só se tornam uma realidade depois da metade do século XX.
Mas então, da onde veio todo este medo?

O número 666 chama-se Aleister Crowley
Nascido na Inglaterra em 1875, Aleister Crowley foi uma das maiores autoridades esotéricas de nosso tempo. Menino prodígio, Crowley lia a Bíblia em voz alta aos quatro anos. Incansável estudioso das denominadas ciências ocultas, deixou uma vasta obra teórica, onde tenta mostrar como desenvolver e entrar em contato com a energia interior, e usá-la produtivamente para modificar por completo a vida. Crowley afirmava que essa energia que durante muito tempo procurou desenvolver através de ritos sexuais seria totalmente liberada com a chegada da Nova Era, período em que as leis sociais seriam definitivamente rompidas para que todos pudessem finalmente viver em plenitude. Crowley, que se auto-intitulava a Grande Besta 666, para desvincular-se totalmente de preconceitos religiosos, esforçou-se durante toda a sua vida para popularizar o esoterismo, e mais de uma vez revelou segredos de seitas fechadas, afirmando que o conhecimento é livre, e assim deve permanecer.
Somente por volta de 1904, quando Aleister Crowley assume o título de “To Mega Therion” (A Grande Besta), cuja soma numérica é 666 (Tiferet), e começa a ficar realmente famoso nos jornais europeus é que a associação entre o número e o Livro do Apocalipse passa a ser convenientemente explorada pela Igreja e pelos alucinados de plantão.
Crowley chamou tanta atenção para a magia que a Igreja não mediu esforços para demonizá-lo. A partir de Crowley, a associação entre 666 e magia e consequentemente magia e bruxaria e diabo que é o caldeirão de medos que a Igreja sempre gosta de agitar.
Em 1904-1910 surgem os primeiros panfletos e matérias alertando para o número 666 e a distorção sobre o “anticristo” (quando já percebemos que, na verdade, não existe um anti-cristo pois ninguém será contra o ser crístico que habita dentro de todos nós, mas sim contra as bases ditatoriais e dogmáticas da Igreja Católica/evangélica).

A partir de então, foi uma enxurrada de sensacionalismo barato associando bruxas, diabos, satãs, anti-cristos e tudo mais que você puder imaginar relacionado ao “Número da Besta”. Da mesma forma, a partir da metade do século XX, quando Anton la Vey funda a Church of Satan (Igreja de Satã) e adota o 666 como “número da sorte” (e, na minha opinião, laVey não fazia a menor idéia do que realmente representa o 666), ele passa definitivamente para o imaginário popular como associado ao final dos tempos, ao capeta, ao tinhoso e toda a ladainha de livros, filmes e textos que vocês estão cansados de saber…

Onde está Crowley?

Darei detalhes sobre Crowley, LaVey, MLO, ONA, ToS, CoS, LHP, o satanismo moderno, satanistas de orkut (também conhecido como “mamãe, olha como eu sou malvado!”), músicas, jogos e outras modas “satânicas” nas próximas colunas.

Resumindo, o que é necessário ser compreendido (para que possa ser ultrapassado), é que o número 666 jamais pôde (pode e poderá) estar associado a um ser humano específico, a uma organização particular, ou ainda, a quaisquer regiões, cidades ou países. Então as maluquices de associá-lo a Nero, a Júlio César, aos templários, ao Bill Gates, ao George Bush, ao Osama Bin Laden ou a qualquer outra pessoa não passam de invencionices sem nenhum fundamento ocultista.

65!

#ICAR

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/666-the-number-of-the-beast

O campo além das ideias

Caminhando junto ao poente numa das regiões mais inóspitas do planeta, as margens do grande Kalahari, deserto ao sul da África, Pedro se impressiona com os hábitos de seus companheiros (além do guia turístico, é claro): os bushmen, ou povo san, caçadores-coletores que vivem em torno dos poucos poços d’água subterrânea na região há dezenas, quiçá centenas de milhares de anos.

“É interessante como a gente anda neste lugar e é incapaz de observar o que eles observam. Eles veem cada planta, fruta, cada detalhe da paisagem com outro olhar, pois isso tudo faz parte da sua sobrevivência” – conclui Pedro, ou Pedro Andrade, jornalista apresentador do programa Pedro Pelo Mundo, do canal de TV a cabo GNT. Neste episódio ele decidiu retornar a Botswana, antigo protetorado britânico que, após adquirir sua independência em 1966, multiplicou seu PIB per capta em dezenas de vezes e se encaminha para a prosperidade sem ter passado por guerra civil ou períodos ditatoriais, algo extremamente incomum para um país africano.

Mas a grande característica de Botswana é precisamente estar tão isolado do resto do mundo que, por algum milagre, o povo san pôde viver relativamente intocado até os dias atuais, preservando uma cultura e estilo de vida arcaicos, o que também pôde ser comprovado pela ciência. Segundo estudos modernos, os san possuem um dos mais elevados graus de diversidade do DNA mitocondrial dentre todas as populações humanas, o que indica que eles são uma das mais antigas comunidades do globo. O seu cromossomo Y também sugere que, do ponto de vista evolucionário, os san se encontram muito perto da “raiz” da espécie humana (homo sapiens).

No fim da noite, Pedro participa como observador dos rituais e cânticos dos san. Em torno de uma pequena fogueira, as mulheres cantam e batem palmas sentadas, e os homens dançam enfileirados em círculo. Mas não é só isso: após entrarem em transe, alguns dos xamãs [1] san incorporam seus próprios antepassados e entidades da natureza. Até mesmo o guia turístico, um branco ocidental que se apaixonou pela região e pelos san, pratica a incorporação para virar ele mesmo um xamã entre o povo ancestral. Afinal, os san são antigos o suficiente para saber que, sejamos brancos ou negros, todos somos um mesmo povo, todos saímos dali, ou de bem perto dali, há centenas de milhares de anos, para povoar o resto do planeta.

Alguma coisa antiga e profunda tocou Pedro nesta viagem, e principalmente neste breve contato com os san. É isto pelo menos que ele próprio confessa ao fim do episódio, muito embora “não saiba explicar ao certo o que é exatamente”. Decerto, o mesmo deve ocorrer com muitos ditos civilizados que têm a oportunidade de realizar este tipo de contato. Seria inútil perguntar ao próprio guia turístico e aprendiz de xamã o que é que o fez trocar a vida ocidental pela vida como guia turístico no Kalahari. Há alguma coisa de transcendente nos san, alguma alma ancestral que, de muitas formas, é também a nossa alma.

E decerto de nada adiantaria escrever um tratado sobre o assunto. Ainda que os san aprendessem inglês ou português, jamais seriam capazes de colocar em palavras as experiências místicas que, de tão constantes, quase diárias, são praticamente o seu dia a dia. Os san vivem até hoje noutro mundo, o mesmo mundo que toda a nossa espécie viveu um dia, mas que vem sendo gradativamente esquecido. Neste mundo, não faz sentido se falar em mundo material e espiritual, em vivos e mortos, em coisas sagradas: no dia a dia dos san, o material e o espiritual são basicamente uma coisa só, os vivos e os mortos jamais deixaram de se comunicar, e não há nada, absolutamente nada, que não seja sagrado.

E, como as palavras por si só são inúteis, precisamos recorrer à poesia. Como bem resumiu o poeta persa Jalal ud-Din Rumi: “Além das ideias de certo e errado há um campo, eu lhe encontrarei lá. Quando a alma se deixa naquela grama, o mundo está preenchido demais para que falemos dele. Ideias, linguagem, e mesmo a frase cada um já não fazem mais nenhum sentido”.

Para boa parte do planeta, os san são um povo selvagem que permaneceu atrasado e perdido nalgum deserto africano. Para os san, ou para os seus espíritos ancestrais, o restante do planeta é nada mais do que a família que resolveu ir caminhar para as regiões mais afastadas, até que se esqueceu de retornar. E, segundo a ciência moderna, são os san quem estão com a razão [2]. Dá o que pensar.

É costume do Ocidente avaliar a “evolução” de um povo ou civilização pela sua capacidade filosófica e científica, em suma, pela sua racionalidade. No campo espiritual, porém, as coisas são um tanto mais complexas de se julgar. O povo san, por exemplo, não pratica canibalismo, não faz sacrifícios de sangue aos deuses, não devasta o seu meio ambiente de forma predatória. Um teólogo de certo renome poderá dizer: “Ok, tudo bem, mas eles são incapazes de reconhecer um Deus único”… Mas, será que isso é algum parâmetro razoável para determinar sua “evolução espiritual”?

Há muitos reinados milenares do continente africano que veneravam os chamados orixás, que são basicamente os correspondentes dos deuses das mitologias gregas ou egípcias, e possivelmente até mais antigos. No entanto, entre diversos mitos de Criação africanos, temos um “Ser Supremo quem criou os orixás e os homens”, e seu nome é Olorum. Ao contrário dos demais orixás, Olorum não possui nem culto direto nem templo individual, além é claro de não receber oferendas, sejam de animais ou frutas ou o que for, já que Olorum “já é tudo”. Ora, muito embora seja complexo associar Olorum diretamente com Javé ou Allah, fica muito claro que, no fundo, a religião dos orixás também é, e sempre foi, monoteísta. Portanto, os africanos antigos já conheciam um Deus Criador único, e isso não foi invenção exclusiva dos povos do Oriente Médio.

Claro que nem todos os povos africanos ao longo dos últimos milênios chegaram à mesma profundidade de compreensão espiritual. Mas nós ocidentais não podemos nos gabar de estarmos muito na frente deles. Até pouco tempo atrás, nossas doutrinas mais elaboradas ainda aceitavam, na prática, que escravos não tinham alma, e que precisavam ser batizados para conseguirem sua entrada no Céu. Foi assim que muitos ditos cristãos arrancaram milhões de africanos a força de suas casas e, através de grilhões e açoites, os trouxeram para trabalhar na América. Trabalho não assalariado, evidentemente.

Nem mesmo seus nomes eles puderam trazer na bagagem. Chegando ao Novo Mundo, eram batizados com nomes como Joaquim de Jesus ou Maria de Fátima. Mas, ainda que os nomes tenham se perdido, seus espíritos ancestrais jamais lhe abandonaram. Foi assim que, no Brasil, o maior país negro do mundo, surgiu o samba, o Candomblé, a Umbanda etc. Os sobrinhos dos san perderam suas casas e seus nomes, mas os orixás persistiram, afinal aqui eles também estavam dentro de Olorum. Não há nada “lá fora”.

E, apesar dos grilhões, dos açoites e do preconceito que surge da ignorância persistente dos ditos civilizados, lá naquele campo onde vivem os poetas e os místicos, lá, além das ideias de certo e errado, lá, onde habitam os deuses e dançam os xamãs, eles nos perdoaram, eles nos aceitaram de volta, de braços abertos, de alma aberta.

E, aqueles que, como Pedro, estiveram por lá, ainda que por pouco tempo, ainda que por uma noitinha só, compreenderam: a África é todo o mundo!

***
[1] O termo “xamã” se originou do estudo dos povos indígenas da Sibéria, mas na realidade se aplica para povos ancestrais em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, um xamã pode ser conhecido como pajé.
[2] Há diversas teorias para as origens da humanidade, mas o mais aceito atualmente é que nossa espécie surgiu na África e depois migrou para o resto do globo. Em todo caso, ainda que tenha surgido no mesmo período na Europa, teria a pele tão negra quanto à dos africanos, visto que a mutação que possibilitou a pele branca é relativamente recente, de cerca de 8.000 anos atrás (portanto mais nova que o próprio povo san).

Crédito da imagem: Google Image Search/Latinstock (povo san)

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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#Ciência #história #xamanismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-campo-al%C3%A9m-das-ideias

Analisando um Mapa Astral

Uma das minhas maiores broncas com os que acreditam que não existe nada além do físico e suas “experiências refutando a Astrologia” é que a imensa maioria das experiências feitas até hoje que já caíram nas minhas mãos (e não foram poucas) caem nos seguintes quesitos:

1) usam apenas o “Signo” das pessoas para avaliar os resultados ou

2) pegam uns astrólogos e tentam fazer com que eles “adivinhem” alguma coisa a partir de um mapa e algumas vítimas ou façam “previsões” sobre algum assunto.

Não é de se estranhar que nada dá certo nunca. Ou estes experimentos apenas reforçam o que eu já expliquei em várias colunas: que o que vendem por ai hoje com o nome de “Astrologia” é puro LIXO.

Mas não posso culpar os céticos de verdade e as pessoas inteligentes. Eu mesmo, dez anos atrás, fui fazer um curso de Astrologia com um dos maiores astrólogos do país, Frank Avabash, com esse preconceito. Na época, ele devia ter uns 25 anos de experiência com Astrologia e eu estava totalmente convencido que seria uma furada. Mas me enganei. A Astrologia Hermética (aquela que Isaac Newton, Galileu Galilei, Kepler, Tycho Brache, John Dee, Max Heindel, Fernando Pessoa, Winston Churchill e Hitler estudavam) não lembra nem de longe o que os profanos chamam de “astrologia”.

Então, afinal de contas, o que é Astrologia?

Para começar, falaremos sobre o que se entende por “astrologia” no mundo profano: segundo os horóscopos, os humanos são divididos em 12 castas estereotipadas chamadas “signos”. Todo dia no jornal sai o “horóscopo” que é o que vai acontecer com 1/12 da população do mundo naquele dia e volta e meia algum picareta vai na TV fazer “previsões” que nunca se concretizam…

Isso é o que as pessoas pensam que seja Astrologia.

Bem… agora vamos falar sobre Astrologia de Verdade.

Um Mapa Astral, ou Carta Natal, é uma representação geométrica e simbólica do céu no exato momento do nascimento de qualquer coisa no Planeta. Uma pessoa, um objeto, um contrato, um ritual… Nenhum dos planetas “influencia” nada. Muito menos a “atração gravitacional” ou “energias emanadas” deles, como eu já vi céticos afirmarem.

As posições dos Planetas atuam apenas como mostradores; ponteiros invisíveis de um relógio astral, movimentando-se em sincronicidade com os acontecimentos em cada planeta. Tudo o que está em cima é semelhante ao que está em baixo. E o que realmente conta na confecção de um Mapa Astral é a angulação que eles fazem com o horizonte. Para alguém totalmente materialista, não parece mesmo fazer sentido… é como se alguém da segunda dimensão desse de cara com uma esfera atravessando o plano… na visão deles, o máximo que poderiam compreender seria o círculo aumentando e diminuindo de raio, mas não conseguiriam explicar o que está acontecendo porque não possuem o conhecimento da terceira dimensão. O mesmo ocorre no exemplo acima. A explicação para o por quê a astrologia Funciona está em um plano que a ciência ortodoxa AINDA não consegue explicar.

O cálculo exato das efemérides e a posição exata dos planetas no Mapa é de vital importância para a ciência da Astrologia. Por esta razão, em seu nascimento, Astrólogos e Astrônomos eram uma profissão apenas.

Mas tio, e as Constelações?

Constelações não servem para nada no cálculo de Mapas. São apenas REFERÊNCIAS simbólicas que os antigos encontraram para explicar para as pessoas algo que é extremamente difícil descrever apenas com palavras. Se fomos avaliar diferentes métodos astrológicos (astrologia chinesa, védica, asteca, etc) veremos que, apesar de cada uma delas dar NOMES DIFERENTES para casa signo, as descrições de cada período temporal em relação ao comportamento dos indivíduos é rigorosamente o mesmo. Mudam apenas a referência. Em um horóscopo são animais, em outro são deuses, no terceiro constelações, em outro constelações diferentes e assim por diante…

Esta é uma das “refutações” que mais vejo entre os céticos: de que se a Astrologia fosse una, todas as Astrologias seriam iguais. Só que elas SÂO iguais… onde em uma cultura o signo é chamado de “touro”, em outra é chamado de “urso” e em outra de “elefante”. São símbolos que expressam uma mesma idéia, apenas culturalmente diferentes.

As próprias “constelações” não fazem sentido, quando agrupadas em um universo 3D. Peguemos, por exemplo, a constelação de Libra: alfa de Libra (Zubenelgenubi) está a 77 anos luz. Beta de Libra (Lanx Australlis) está a 160 anos-luz, gama de Libra está a 150 anos-luz e sigma de Libra (Brachium) está a 300 anos-luz… ou seja, elas não tem NADA em comum para serem agrupadas “próximas”.

Mas elas serviam como símbolos para contar histórias e fazer com que os cientistas primitivos fossem capazes de entender os conceitos abstratos que regem a psicologia.

Além disso, devido à precessão dos equinócios, o Sol atualmente cruza as constelações de Áries de 18 de abril a 12 de maio, Touro de 13 de maio a 20 de junho, Gêmeos de 21 de junho a 19 de julho, Câncer de 20 de julho a 9 de agosto, Leão de 10 de agosto a 15 de setembro, Virgem de 16 de setembro a 30 de outubro, Libra de 31 de outubro a 22 de novembro, Escorpião de 23 de novembro a 28 de novembro, Ofiúco de 29 de novembro a 16 de dezembro, Sagitário de 17 de dezembro a 18 de janeiro, Capricórnio de 19 de janeiro a 15 de fevereiro, Aquário de 16 de fevereiro a 11 de março e Peixes de 12 de março a 17 de abril (e não riam… já vi astrólogos esquisotéricos querendo “reformular” os signos baseado nessas bullshits).

Ou seja, outros céticos usam isso como desculpa para “refutar” a Astrologia, alegando que graças à precessão dos Equinócios, o signo que você pensa que possui não é o verdadeiro signo que deveria ter e assim por diante…

Retornando aos planetas

Na “astrologia” que as pessoas conhecem, existem 12 tipos de signos/pessoas… ou 144 tipos de pessoas (12×12) se você for legal e contar o ascendente.

Na Astrologia Hermética, temos 10 planetas (o nome Planeta vem de “viajante”, ou os “astros que caminham no céu”, por isso consideramos o Sol, a Lua e Plutão como planetas) mas, na realidade, são apenas os ponteiros do Sistema solar que contam.

O círculo do Zodíaco possui 360 graus. Sabendo que Mercúrio, pela posição relativa do sol em relação à Terra nunca estará mais do que 28 graus afastado do sol e Vênus nunca estará mais do que 46 graus afastado do sol, temos então:

360 (sol) x 56 (mercúrio) x 92 (Vênus) x 360 (terra/ascendente) x 360 (marte) x 360 (júpiter) x 360 (saturno) x 360 (urano) x 360 (netuno) x 360 (plutão) x 360 (lua) Mapas Astrais diferentes! Fazendo as contas, temos: 1,45344 E+24, ou seja,

1,453.440.000.000.000.000.000.000 de possibilidades diferentes. Um SETILHÃO de combinações possíveis, se levarmos em conta 1 grau de precisão. A conta inclui os 360 graus do sol por causa das CASAS. Se quisermos “facilitar” e considerarmos apenas as combinações dos 12 signos com os 10 planetas, teremos 61.917.364.224 tipos de Mapas diferentes (ou 61 BILHÕES de combinações).

Complexo, não? Mas se a biologia ou a astrofísica podem chegar a complexidades matemáticas absurdas, porque insistem em manter a astrologia presa no século XVIII?

Simbolicamente, cada Planeta reflete um aspecto da Árvore da Vida dentro de cada pessoa. Para compreender a Astrologia, então, é necessário um conhecimento da Kabbalah (não a judaica, mas a estrutura que originou tanto a Kabbalah judaica quanto a hermética) e o que cada sephira representa dentro do Mapa de Estados de Consciência Humana (ou seja, o Astrólogo também precisa estudar a fundo psicologia e simbologia). E aqui começa o real problema da Astrologia: VOCABULÁRIO.

O vocabulário humano é extremamente limitado. Vamos a um exemplo simples: Você conseguiria descrever em palavras o amor que sente por sua mãe? E por seu pai? E por sua esposa/esposo? Por sua/seu amante? Pelo seu/sua filho mais velho? É o mesmo amor que o do filho caçula? E o amor que você sente pelos seus colegas de exército? Seu time de futebol? O amor-compaixão que sente por um mendigo pedindo esmola? o amor-piedade que sente por uma criança espancada? o amor-ódio que sente pela ex-namorada/o ? Não há nenhum degradê entre estas formas de “amor”?

Certamente que quando você diz “eu amo minha esposa” e “eu amo meu time de futebol”, “eu amo meus amigos torcedores” e “eu amo batata frita” há diferenças enormes de significado.

Talvez um poeta conseguisse “traduzir” estes sentimentos em poemas enormes; colocar em palavras os nobres sentimentos humanos… textos longos, rebuscados, melodias singelas, pinturas… ainda assim não conseguiria chegar ao ponto exato.

Se o olho humano pode distinguir 10 milhões de cores diferentes, por que não temos um nome diferente para cada uma delas? E para cada um dos sentimentos/emoções?

Estão conseguindo chegar ao cerne do problema?

Se a astrologia tivesse avançado como as outras ciências, ao invés de ter sido expulsa das universidades pela IGREJA (e não por ser uma “pseudo-ciência” como a maioria dos céticos gosta de afirmar), talvez teríamos hoje um código para o Mapa de cada pessoa semelhante ao código genético ou ao código Pantone, com letras e números; e computadores buscando similaridades comportamentais, ao invés de astrólogos se matando para explicar sentimentos com palavras.

Queria ver se o Richard Dawkins tivesse de dar nomes simbólicos ou fazer poemas para cada código genético que encontrasse…

O Mapa Astral, então, é um perfeito mapa vocacional que mostra onde estão suas facilidades e dificuldades, a maneira como você pensa, sente, briga, transa, intui, aprende… mostra o que te agrada e o que te incomoda; mostra os vícios que você tem e às vezes nem sabe por quê. Mostra suas virtudes e os seus defeitos.

O que o Astrólogo faz é analisar um mapa e tentar achar palavras que se encaixem com cada uma destas combinações em suas diversas matizes. Quando falamos “seu Marte está em Gêmeos”, estamos usando um código que simplifica MUITO, mas MUITO mesmo o que realmente estamos vendo naquele código… é como falar “sua camisa é azul”. Azul o que? Azul royal? azul royal bebê? azul royal bebê fúcsia? azul royal bebê fúcsia prussiano do inverno do rio Volga?

Um Astrólogo está limitado pelo seu próprio vocabulário e pelo seu conhecimento da astrologia e simbolismo; também está limitado pelo seu próprio mapa astral. Um astrólogo cujo próprio mapa tenha muitos planetas em virgem fará uma interpretação de um mapa de outra pessoa bem diferente de um astrólogo com muitos planetas em peixes… mesmo que os dois tenham entendido as nuances de maneira iguais,

certamente se expressarão de maneira diferente, com palavras diferentes. Os céticos adoram pegar estas diferenças para alegar “que os astrólogos não falam a mesma língua nas mesmas interpretações”.

E nessa “subjetividade” acabam as chances da Astrologia de se enquadrar nas ditas ciências ortodoxas… imagine a dificuldade que os geneticistas teriam se precisassem ficar dando nomes e descrições para cada um dos 27.000 genes humanos baseado em sua interpretação pessoal…

Desta forma, o que os Astrólogos fazem é compilar em tabelas palavras, símbolos e descrições que mais se encaixam àquela determinada matiz energética (novamente, usando vocabulário de acordo com seu próprio entendimento). O que eu acho “teimoso” como um adjetivo depreciativo, você pode achar que é um elogio relacionado com “obstinação”, por exemplo! Uma pessoa “curiosa” é um elogio ou é uma pessoa frívola?

E assim caímos nas brechas para as astrologias esquisotéricas… tentando rotular e simplificar ao máximo, chegam e dizem “todo virginiano é discreto, gosta de organização e limpeza”. Não é necessariamente verdade. Boa parte deles possui estas características, mas isso não define absolutamente nada em alguém… para vocês terem uma idéia, um Mapa bem feito não tem menos do que 15-20 páginas de texto sobre a pessoa.

Conhece a ti mesmo

E como se todas estas dificuldades não bastassem, também há o livre-arbítrio. Uma pessoa que tenha, por exemplo, “Mercúrio em Gêmeos” terá uma facilidade muito maior que a média de lidar com palavras… ela terá facilidade bem maior do que outras pessoas se desejar tornar-se escritor, jornalista, repórter, contador de casos… ou um grande fofoqueiro… ou um grande mentiroso, ou combinações destes adjetivos. A habilidade de manipular bem as palavras não implica necessariamente que você as usará para o bem. E nas facilidades que estão as tentações.

Não temos como distinguir no mapa um grande repórter de um hábil mentiroso. Podemos dizer “fulano tem facilidade para lidar com palavras” (você sentiria alguma diferença se eu tivesse escrito “fulano tem facilidade para manipular palavras”?); talvez alguns céticos considerem isso vago (é outra das alegações furadas dos céticos em relação à astrologia). E NADA garante que alguém que tenha Mercúrio em Gêmeos vá seguir a carreira de lidar com palavras… ele pode muito bem ser um vendedor de carros usados que usa isso como lábia.

Para mim, “Mercúrio em gêmeos” diz muita coisa… Questão de vocabulário. Não podemos aprofundar a descrição sem conhecer a pessoa… talvez, somente a própria pessoa vai realmente saber o quanto ela usa esta capacidade para o bem ou para o mal.

É nisso que entra o autoconhecimento e a parte Hermética do “Astrologia Hermética”.

Avaliando nossos mapas, podemos detectar as energias com as quais temos mais facilidade e lapidar nossa pedra bruta para chegarmos até a pedra filosofal.

Mas é duro olharmos para o espelho e reconhecermos nossos defeitos… e mais difícil ainda lutar para transmutá-los das oitavas mais baixas nas oitavas mais altas; vencer as paixões que nos levam ao uso egoísta de nossas habilidades e transformá-las em virtudes. É como transformar chumbo em ouro.

Desta forma está a dificuldade em adequar o real ao experimento… fazer “testes de múltipla escolha” parece completamente nonsense para alguém que sabe para que o mapa realmente serve. Minha sugestão seria pegar um psicólogo neutro para fazer um levantamento psicológico completo de cada pessoa, bem como uma entrevista onde ela revelaria suas ambições, fantasias, o que realmente gostaria de fazer, o que realizou dos sonhos, que tipo de parceiro sexual gosta e assim por diante.

Por outro lado, o Mapa seria gerado pelo banco de dados que estamos organizando através das doações dos leitores do Teoria da Conspiração, ou seja, sem a “interpretação” pessoal do Astrólogo. E como comparação, um grupo de psicólogos/astrólogos compararia o perfil psicológico da pessoa com o do mapa e faria as correspondências. Claro que eu gostaria de fazer isso não com 20 mapas, mas com 10.000 mapas. Só que daria um puta trabalho… e os céticos já estão previamente convencidos que astrologia não funciona (embora eu sempre pensasse que cientistas avaliassem primeiro e julgassem depois, mas tudo bem).

#Astrologia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/analisando-um-mapa-astral

O Livre Pensar não é só Pensar

Por Yoskhaz

As piores prisões são as que não têm grades. A ilusão da liberdade é o mais cruel dos cárceres por não te permitir a consciência dos limites da suas escolhas, de não perceber que suas fronteiras estão cada vez mais estreitas e, ao contrário do que parece, apenas limita o tamanho e empalidece as cores do seu mundo. O livre pensar, a autonomia das ideias, o espaço para aceitar o diferente exige esforço, ousadia e coragem, mercadorias raras nas prateleiras dos corações e mentes.

O mundo sempre olhou esquisito para vozes e atitudes dissonantes que atrapalham a administração, controle e negócios daqueles que pensam que os outros não estão ali para dividir, mas para servir. Quem não se adequa fica à margem do mundo, são marginais.

Não falo dos que confundem coragem com violência, dos que enveredam pelas raias da criminalidade por ignorância ou covardia. Refiro-me aos homens mais sábios e corajosos da História, aqueles que tiravam o sono de generais sem desferir um único tapa ou mesmo palavra agressiva. Jesus foi o melhor exemplo, porém temos outros mais contemporâneos como Martin Luther King. Mahatma Gandhi colocou o poderoso Império Britânico de joelhos tendo como armas a sabedoria de pensar diferente, a ousadia de desobedecer, concomitante com o amor de caminhar pelos trilhos da não violência. Arrebatou multidões, pois tocou em seus corações e mentes. Emprestou cores às suas almas.

O convívio social cria a falsa sensação de que para ser aceito é necessário pertencer a alguma tribo, pois, além de cômodo, facilita o controle da administração ao te encaixar em modelos já estabelecidos e com limites definidos. E existem várias já preestabelecidas. Você escolhe uma e faz uma espécie de contrato de adesão, tácito e inconsciente, igual a esses que já estão prontos para operadoras de telefonia ou TV a cabo, aceitando os conceitos e preconceitos, ideias formatadas e enlatadas, definindo certo e errado, o permitido e o proibido. Veste-se como eles, passa a usar um vocabulário próprio e frequentar os mesmos lugares. Você até mesmo pensa que é feliz e encontrou o seu lugar. Um processo de uniformização, homogeneização e, pior, pasteurização. Você abre mão do seu melhor para ser aceito sem problemas no grupo e supostamente feliz. Assim, abre mão de você mesmo. Lembrou de Fausto? Pois é, guardadas as devidas proporções é exatamente isso. Você abdica do livre pensar em troca de aceitação e pseudo-felicidade. A administração agradece.

Homens livres pensam globalmente, são cidadãos planetários, são solidários, mas sabem que cada qual é único. Não há outro igual a você. E existe beleza em cada um de nós, cada qual do seu modo, do seu jeito, como peças distintas que compões um maravilhoso mosaico.

O afã das muitas novidades de cgada dia te fazem esquecer o novo. O verdadeiro novo é o que de fato é diferente, capaz de provocar transformações estruturais e não apenas mudanças aparentes das novidades.

Na verdade a História nos mostra que foram aqueles que acreditaram que tudo pode ser diferente e melhor, deram a cara a tapa – afinal a administração não gosta de ser incomodada – que transformaram o mundo, pois eram o exemplo vivo da mudança. Usaram suas próprias vidas como matéria-prima de uma obra de arte maior. E desmoronaram os alicerces do status quo, fazendo com que o mundo avançasse. Essas pessoas fazem a diferença porque ousam a pensar diferente. Transformam-se em heróis pelo simples fato de não aceitarem o papel de figurante, os limites que lhe foram impostos, as amarras que lhe impediam de voar. Por vezes somos como a lagarta que se maravilha com a beleza e voo da borboleta sem saber que também temos asas.

Será que não está na hora de passar a limpo todos os seus conceitos e ideias? Transformar-se no protagonista da sua vida? Você tem este poder. Uma insurreição no seu modo de pensar, uma análise cuidadosa do que de fato é seu e o que te foi imposto sem que você percebesse. Pondere principalmente sobre o que te faz agir por automatismo e pense se faz realmente sentido. Se, do fundo do coração, você de fato concorda com essas ideias ou apenas as acompanha por simples comodidade ou medo de rejeição social.

Um bom truque é perceber se o seu jeito de pensar e agir traz dor e sofrimento aos outros. Se trouxer, está na hora de mudar. Semear a alegria por onde passar é uma maneira inteligente tê-la dentro de nós.

Durante esse processo você vai se conhecer melhor e, apesar das flores e espinhos que fazem parte de todo caminho, é maravilhoso. Afinal você é a sua melhor companhia. Não estranhe se as pessoas começarem comentar sobre um brilho estranho nos seus olhos. É pura luz!

Seja o herói da sua própria revolução, da transformação da sua alma. A única maneira de mudar o mundo é mudando a si próprio.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/05/23/o-livre-pensar-nao-e-so-pensar-2/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-livre-pensar-n%C3%A3o-%C3%A9-s%C3%B3-pensar

Ordem DeMolay cabalística?

Como é possível nosso simples ritual se encaixar no diagrama que contêm os “segredos mais herméticos” da Tradição Ocidental? Da mesma maneira que nosso ritual é simples, a resposta também o é. O Ritual dos Trabalhos Secretos escrito por Frank A. Marshall em 1919 contêm os elementos básicos da Jornada do Herói, tal como decodificado e dissertado amplamente por Joseph Campbell. E da mesma forma, a Árvore da Vida estudada na Cabala Hermética, expressa os detalhes dessa Jornada Mitológica/Psicológica.

Uma coisa leva a outra sem muitos mistérios. E a analogia nos faz perceber a grandeza das entrelinhas dos rituais DeMolay. Basta não ter preconceitos e saber como se interpretar um ritual, como vimos nos textos anteriores. Vamos começar por partes, com a diferença de Cabala Judaica e Hermética.

Cabala Judaica e Hermética

Kabbalah, ou Cabala, é a sabedoria que investiga a natureza Divina.

Cabala Judaica lida com o Torá e as outras centenas de escritos, muitos deles velados a tradição judaica. Textos escritos em hebraico arcaico, e sem traduções possíveis em sua grande maioria. Não se limita ao estudo da Árvore da Vida, mas sim de todos os escritos da tradição judaica e a descoberta dos seus segredos através da Gematria (valor numérico das letras), Notaricon (são palavras cujas letras foram frases) e a Temura (permutação das letras por outras).

A Cabala Hermética abrange toda a tradição ocidental, lidando principalmente com o mais famoso esquema da Árvore da Vida (porém não é o único). A Cabala Hermética também lida com o alfabeto hebraico e com muitos dos conceitos absorvidos da Cabala Judica, mas sua ocupação não são os escritos da Tradição Judaica, e sim no que é relacionado ao Divino dentro do Homem e o caminho que devemos percorrer para alcançar esse Divino e seus métodos, como o Tarô, Astrologia, as Mitologias, e a própria atual psicologia está nesse sistema.

Outros autores já se ocuparam em esclarecer esses temas e sua extensa história, e nosso propósito aqui é somente uma apresentação.

Árvore da Vida

A Árvore da Vida é o símbolo que expressa as etapas da manifestação de Deus, da Sua Unidade até nós, e o caminho que temos que percorrer de volta. Suas esferas são chamadas de Sephiras e têm o número de 10, correspondem a Trinidade de Deus e aos 7 planetas, e seus caminhos são representados pelas 22 letras hebraicas. Toda Tradição Esotérica é se expressa nesse sistema de esferas e caminhos. Vide os textos e imagens sobre Kabbalah do Marcelo para exemplos.

Como disse no texto Conflito entre Religião e Fé DeMolay existe uma igualdade entre microcosmo e o macrocosmo. E a Árvore da Vida é o símbolo que representa todos os arquétipos da mente humana. Ou seja, é o próprio símbolo do homem e da sua mente. Mas para entender cada um desses detalhes é inviável por textos, afinal a Cabala é para ser vivenciada, e não somente especulada. Independente da sua crença, cristã, ateia, satanista ou shivaista, se você não é familiarizado com a Árvore da Vida, pode ter certeza que a estudando, estará estudando a Natureza Divina e como ela se manifesta em você dentro da sua própria crença. Em livros e em rituais encontraremos somente um guia para que alcancemos nossas próprias percepções da Árvore.

Por esse motivo a Árvore da Vida influenciou a antiga Sociedade da Rosa Cruz da Idade Média, passando dessa maneira aos ritos da Maçonaria Especulativa, às diversas Ordens rosacruzes e martinistas atuais. E claro, também a Ordem DeMolay através da sua Mãe.

Um outro dia num post mais específicos vamos contar como a Jornada do Herói, a Iniciação, e a Árvore da Vida e o Ritual DeMolay são unidos. Me cobrem após a conclusão do meu oitavo texto para o blog.

Relação com o DeMolay

Não é novidade para ninguém que já tenha prestado atenção numa Cerimônia de Posse que a Ordem DeMolay é baseada no ciclo solar, que representa a jornada da vida na Terra. Temos uma coisa importante ai: a comparação da jornada do sol com a jornada do homem. As above so below! O macrocosmo refletido no microcosmo. O mais importante princípio hermético, que já discutimos nos outros textos, na Ordem DeMolay. E isso não é tudo, vão revendo os rituais de Iniciação e Investidura de acordo com seus estudos ocultistas para terem certas surpresas. Pois muitas delas não poderemos revelar, daremos somente a chave para quem souber utilizar. E a principal acabou de ser dada.

Não é novidade para ninguém que os egípcios, os gregos e os romanos construíam seus templos para expressar a proporção divina (Número de Ouro). Mesma proporção existente no homem. Da mesma maneira que não é novidade que os Templários criaram suas catedrais também com a mesma proporção divina. Por acaso não é novidade que a rosacruz estuda os princípios divinos no homem e que os rituais visam o despertar espiritual do homem, que é o despertar da nossa Centelha Divina. Da mesma maneira que por acaso acontece na Maçonaria mas como a construção do Templo perfeito dentro de nós. Claro, na Ordem DeMolay não é diferente.

A rosa que floresce na cruz, o lapidar da pedra bruta, e a busca das virtudes que são a base para um homem de bem. Palavras diferentes para o mesmo objetivo: alcançar o Sol.

Oficiais DeMolay e Kabbalah

Não, não temos segredos da Cabala Hermética em nossos rituais. Mas por nossos rituais seguirem o princípio Universal, ele se encaixa na Árvore da Vida. Compare a Sala Capitular com seu esquema. Não é coincidência.

Keter: Unidade de Deus, o princípio, que tudo cria a todo momento, a sephira da qual tudo se manifesta. Oficial: Mester Conselheiro, o líder do Capítulo, aquele que deve tomar a iniciativa e guiar todos os trabalhos.

Hockmah: aonde a energia da Unidade cresce e acelera, criando o caos e as infinitas possibilidades de todos Universos. Oficial: Escrivão, aquele que tudo anota e tudo deve conhecer da administração.

Binah: dá ordem a criação, das infinitas possibilidades sintetiza uma para manifestar. Oficial: Orador, aquele que tem a palavra final nas reuniões, sintetizando todo acontecido da reunião numa lição que todos levarão para casa.

Daat: a esfera “vazia”, que nos separa de Deus (representa os mitos da queda do homem. Observe que aqui acontece a divisão entre Oriente e Ocidente). São os Preceptores que são representantes das virtudes que devemos adquirir para realizar novamente essa conexão.

Chesed: acontece a manifestação, é a esfera doadora de vida, benevolente. Oficial: Hospitaleiro, o responsável pelos projetos filantrópicos do Capítulo.

Geburah: é o rigor e a justiça Divina. Oficial: Tesoureiro, pois sem o seu rigor o Capítulo não tem dinheiro para comprar os materiais básicos e não pode trabalhar.

Tipheret: a harmonia e a beleza da criação, é a manifestação direta da força divina de Keter. Oficial: Porta Estandarte e Mordomos que carregam nossos baluartes, Orador, que faz as invocações e o Mestre de Cerimônias que transmite essas invocações a nós e para fora (observe que ele fica de pé nas orações, por que será?). Observe que aqui é tudo que representa a energia do Altar (e o próprio Altar) com nossos Três Baluartes e Sete Virtudes. Literalmente o coração do Capítulo, o nosso sanctum sanctorum. É também a esfera do Organista, pois ele é responsável pela harmonia vibratória da reunião, pois uma reunião sem harmonia não funciona.

Netzach: a manifestação dos sentimentos e das emoções. Oficial: Segundo Conselheiro, que é o responsável pela ritualística, que deve ser sentida no íntimo e não somente realizada com fórmulas vazias.

Hod: a manifestação da racionalidade. Oficial: Primeiro Conselheiro, que auxilia o Mestre Conselheiro e o Secretário a organizarem o Capítulo administrativamente.

Yesod: o fundamento da criação, a entrada para o “outro mundo”. Oficial: Diáconos, e não vou dizer porquê.

Malkulth: o mundo manifestado. Oficial: Sentinela, que nos protege do mundo profano durante as reuniões.

Não foi meu objetivo me aprofundar em nenhum tema, mas sim apresentar a quem não conhece ou não soube relacionar a Árvore da Vida a Ordem DeMolay. Para quem conhece Cabala sabe que o Sentinela é a manifestação do caminho de Shin para Malkulth, e não somente Malkulth, assim acontece com alguns outros oficiais. Não que eu quis ser incompleto, mas quis ser abrangente, pois são muitos DeMolays e Maçons não familiarizados com a ritualística.

Dúvidas, críticas, idéias, ou sugestões deixem nos comentários.

N.N.D.N.N.

Leonardo Cestari Lacerda

#Demolay #Kabbalah #VirtudeCardeal

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/ordem-demolay-cabal%C3%ADstica

James Randi e seu Famigerado Desafio Paranormal…

Carl Sagan, um falecido cético membro fundador do CSICOP e amigo de James Randi, se referiu a Randi nesses termos em seu livro “O Mundo Assombrado Pelos Demônios” (1995): “Como todos nós, ele (Randi) é imperfeito: às vezes Randi é intolerante e arrogante, incapaz de empatia para com as fraquezas humanas que estão por baixo da credulidade.” (páginas 226 e 227 da edição brasileira, Companhia das Letras, 1997).

Isso dito acima é a chave para a decifração do Enigma James Randi.

Randi tem tido uma atuação bastante benéfica sobre a sociedade, ao militar feroz e diligentemente contra os pseudo paranormais tipo Thomas Green Morton e Uri Geller. Há uma outra face de Randi que não é benéfica para a sociedade. A face onde ele atua como pseudo cético, exagerando das críticas e deboches às alegações de paranormalidade.

Randi possui o famoso “Desafio Paranormal“, onde oferece um milhão de dólares para quem provar ser um paranormal real. Há muitos problemas nesse desafio. Os termos do desafio deixam o candidato em uma situação por demasiado frágil, pois que ele terá que permitir que Randi use o material (colhido por Randi nas investigações) da maneira que Randi quiser e, ao mesmo tempo, se comprometer a não processar Randi por nada do que vier a ser feito (cláusulas 3 e 7 do documento do desafio paranormal, neste link). Isso escancara as portas para o deboche, o escárnio, e, na linguagem da malandragem, o “esculacho” de Randi para com os “paranormais” incautos… (coisas que Randi simplesmente adora fazer!). Que problema há nisso? Bem, na verdade nenhum problema se Randi estiver testando o Super Homem, o Quarteto Fantástico, ou mesmo o Uri Geller e o Thomas Green Morton. Contudo, se Randi estiver testando as “alegações de anomalia estatística em sistemas aleatórios subatômicos hipoteticamente devido a psicocinese da mente humana sobre tais sistemas” (como é alegado pelos pesquisadores psi do PEAR), então a coisa fica bem complicada. Os esculachos de Randi passam a ser altamente danosos para o avanço do conhecimento científico nessas áreas já tão maculadas por preconceitos indevidos. O aval de Randi também não significaria nada nessas áreas, pois que mesmo Ray Hyman, amigo cético de Randi e consultor dele para questões estatísticas, lembra que em ciência não se estabelece uma verdade com apenas um teste, seja ele ministrado por Randi, Einstein, ou George Bush.

E o grande problema é que Randi tenta se meter em pesquisas como as do PEAR e similares, levando junto toda a sua cabedal bagagem esculachante.

Randi também é muito citado pela sua participação “decisiva” na investigação que a prestigiada revista científica Nature fez em 1988 nos laboratórios do pesquisador francês Benveniste, que alegava ter evidências empíricas da validade das medicações homeopáticas. Na verdade, a participação de Randi no episódio foi nula. Ele se limitou a atestar que não havia fraude do tipo detectável por ele. Além disso, ele mesmo agiu em um momento da investigação onde ele poderia ter fraudado os resultados de Benveniste, por ter sido ele (Randi) que abriu o envelope com os códigos. A atuação de Randi no episódio além disso se limitou a ficar fazendo brincadeirinhas no laboratório. Os artigos que demonstram isso que eu digo estão disponíveis nestes PDFs abaixo:

Artigo 1
Artigo 2 – O Mais Importante!
Artigo 3

Um caso também interessante é o livro de Randi, Flim Flam. O pesquisador Puthoff alegou que havia 24 erros de Randi ao comentar as pesquisas parapsicológicas de Puthoff com Uri Geller. Randi rebateu dizendo que só havia um erro (e ainda prometeu mil dólares caso estivesse errado). De minha leitura da página de Randi onde ele explica o caso, fica claro que Randi cometeu bem mais que um erro somente (ainda que bem menos que 24). Pinóquio Puthoff. Pinóquio Randi…

Vejam como Randi começa a falar do caso em um de seus artigos em seu site:

http://www.randi.org/jr/042304seven.html#10

a very silent PHD

Ah, but wait! Puthoff says, “[Randi] admitted he was wrong on all the points.” That’s a lie, Dr. Puthoff, and it’s a knowing lie, a purposeful deception, a mendacity. I said no such thing, and today, as then, I stand by the 24 points you refer to — ALL of them. E pouco mais àfrente: Still dealing with just the above two paragraphs by Puthoff, so chock-full of misinformation: “[Randi] said that a film of the Geller experiment made at SRI by famed photographer Zev Pressman was not made by him, but by us and we just put his name on it.” Nowhere in my writing does such a statement or even an inference to that effect, appear. I’ve always believed that Pressman filmed the farce, and have never made the statement that Puthoff quotes.

O escritor Michael Prescott investigou esse caso, leu o livro de Randi, Flim Flam segunda edição, e contactou algumas pessoas envolvidas nisso. Segundo ele no link abaixo:

http://michaelprescott.freeservers.com/FlimFlam.htm

Randi certainly does make this an issue in Flim-Flam. According to Randi, Targ and Puthoff “appended to [the film] – without his knowledge or permission – the name of Zev Pressman, the SRI photographer who had shot the film…. Pressman, said Targ and Puthoff, was present during [a particular series of] experiments. Not so, according to Pressman…. Most damning of all, Pressman said to others at SRI that he had been told the successful [tests] were done after he (Pressman)* had gone home for the day. So it appears the film was a reenactment … Pressman did not even know that Targ and Puthoff were issuing a statement, he did not sign it, and he did not give them permission to use his name. He knew nothing about most of what appeared under his name, and he disagreed with the part that he did know about.” (Italics in original.)

Prescott ainda informa que no livro The Geller Effect, o autor Playfair atesta que Pressman de fato desmentiu Randi. Neste livro está escrito: , “[Randi] turned, in a later book, Flim-Flam, to the professional photographer who had made the film, a Stanford employee named Zev Pressman, with an extraordinary series of unfounded allegations…. “Pressman flatly denied all of Randi’s allegations in two public statements, neither of which was even mentioned in the 1982 reissue of the book. ‘I made the film,’ said Pressman, ‘and my name appeared with my full knowledge and permission . . . Nothing was restaged or specially created . . . I have never met nor spoken to nor corresponded with Randi. The ‘revelations’ he attributes to me are pure fiction.‘”

Prescott ainda informa que obteve de Scott Rogo, famoso pesquisador parapsicológico, confirmação de que Rogo também perguntou a Pressman sobre o caso, obtendo confirmação da mentira de Randi.

Prescott obteve uma terceira fonte que confirma Puthoff nisso, contra Randi.

O caso é que Randi se baseou em informações que lhe foram passadas, segundo Randi, por pessoas que trabalhavam no SRI. Randi nunca disse quem eram essas pessoas, pessoas essas que, misteriosamente, temem imensamente serem identificadas… (apesar de se tratar de um caso bem trivial).

O link onde Randi trata a questão mais completamente é o abaixo:

http://www.randi.org/jr/043004bad.html#4

boring boring boring

É nesse link acima que aparece uma carta de Puthoff, de abril de 2004, onde Puthoff reproduz a fala de Randi prometendo mil dólares a uma instituição de caridade se Puthoff provasse estar certo em um ponto qualquer dos 24. Randi não negou que tivesse prometido isso!

Além disso, nos quatro pontos abaixo eu achei que Randi de fato errou, e bastante… (do mesmo link acima, boring boring boring):

Acusação 7 de Randi em Flim Flam (p 34): After reprinting the Nature editorial Randi claims that he must give his own version of SRI paper, as SRI did not make paper available to him.

Puthoff rebate: SRI paper to which he refers was in same magazine as the editorial he reprinted, a few pages later … a document in the public domain, available in any technical library, permission for the use of which is obtained from the magazine as was done for the editorial.

Randi apresenta sua tréplica: I was not aware the paper was “public domain.” I would rather have published the original. It was damning. I asked permission of SRI, but was never answered. That says something, I think.

Meu Comentário: É impossível que Randi não soubesse que a revista Nature possui os direitos autorais do artigo, e que ele poderia conseguir junto a ela qualquer permissão que fosse necessária. Randi está mentindo nesse ponto.

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Acusação 8 de Randi (p. 37): There was no way that I could get to see the SRI film. Only the elite of the world of science and journalism were invited (to the Columbia symposium).

Puthoff rebate: The Columbia symposium was widely known to be an open symposium to which any interested individual could come and for which no invitations were required.

Randi apresenta sua tréplica: Hearing of the film, I tried to contact Dr. Gerald Feinberg, at Columbia, who sponsored the showing. I was unable to do so, and was unaware that it was an open showing. In any case, I certainly was not invited, in spite of my widely known interest.

Meu Comentário: Randi está reclamando de não ter recebido um convite formal e personalizado para o evento. Ele diz, em Flim Flam, que não houve maneira dele conseguir ver o filme, e que somente uma elite foi convidada. Se ele de fato tivesse tentado ver o filme, tivesse se interessado e se informado a respeito do evento no “Columbia Symposium”, ele teria sabido que é um evento público ao qual ele poderia ir. O argumento de Randi é infantil e mentiroso.

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Acusação 9 de Randi (p 37): Randi would have the reader believe that the compass sequence and spoon-bending sequence of the SRI film “Experiments with Uri Geller” are examples of where SRI scientists were taken in by magic tricks.

Puthoff rebate: With regard to the compass sequence the film narration states: “The following is an experiment which in retrospect we consider unsatisfactory as it didn’t meet our protocol standards. Here the task is to deflect the compass needle . . . However, according to our protocol, if we could in any way debunk the experiment and produce the effects by any other means, then that experiment was considered null and void even if there were no indications that anything untoward happened. In this case, we found later that these types of deflections could be produced by a small piece of metal, so small in fact that they could not be detected by the magnetometer. Therefore, even though we had no evidence of this, we still considered the experiment inconclusive and an unsatisfactory type of experiment altogether.”

With regard to the spoon-bending sequence, the film states: One of Geller’s main attributes that had been reported to us was that he was able to bend metal. . . In the laboratory we did not find him able to do so. . . [It] becomes clear in watching this film that simple photo interpretation is insufficient to determine whether the metal is bent by normal or paranormal means . . . It is not clear whether the spoon is being bent because he has extraordinarily strong fingers and good control of micro-manipulatory movements, or whether, in fact, the spoon ‘turns to plastic’ in his hands, as he claims.”

Randi apresenta sua tréplica: Yes, the film contains a disclaimer. Then why, gentlemen, were these “inconclusive and . . . unsatisfactory” sequences included in a “scientific” film at a leading university in this official unveiling of the wonders of the “Psychic World” discovered at Stanford Research Institute, a leading center of scientific endeavor? To add glamour and to fluff up a very poor effort, obviously. The film belongs with the Mack Sennett epics.

Meus Comentários: Randi admite que o filme continha o alerta de que nem o dobramento da colher e nem o desvio da bússola haviam sido comprovados pelos pesquisadores. Ficou claro que Randi exagerou, mentiu, nesse ponto em seu livro Flim Flam. Mas… ele não quer admitir. Veja que ele substitui a acusação inicial (to be taken in by Geller, ou seja, foram enganados por Geller) pela acusação de sua tréplica (to add glamour, ou seja, os pesquisadores não estavam mais sendo enganados, e sim estavam querendo adicionar glamour ao filme…). A diferença da acusação inicial, to be taken in, para a acusação final, to want to add glamour, é simplesmente astronômica. Randi mente.

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Acusação 16 de Randi (p. 59): In previous tests in Israel, a psychologist agreed to examine Geller’s claims, with the agreement that if the results were not positive, no report would be issued . . . Did Geller have the same arrangement with the boys at SRI before he agreed to be tested there? I’ll bet he did!

Puthoff rebate: Negative results on compass deflection and metal bending are reported in the SRI film “Experiments with Uri Geller,” Columbia Physics Colloquium, March 6, 1973, and negative results on metal bending and 100-envelope clairvoyance test are reported in Nature, October, 1974.

Randi apresenta sua tréplica: Notice that T&P refuse to answer direct questions! Here they skirt the implication, never saying that they did not have any such arrangement with Geller. To have no negative tests — a 100 percent success — would be too good. (I’ll still bet that Geller had the boys over a barrel with such an arrangement!)

Meus Comentários: Puthoff claramente prova que não tinha nenhum acordo com Geller de ocultar resultados insatisfatórios. Ele diz que relatou o insucesso de Geller em atuar sobre uma bússola. Isso é altamente importante, se lembrarmos que Geller é o homem que conserta relógios quebrados só de olhá-los… Apesar disso, Randi insiste como se Puthoff tivesse tal acordo de ocultação de insucessos com Geller. Randi mente mais uma vez.

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Randi mentiu nos quatro itens acima, e mentiu também com relação ao fotógrafo Pressman. Além disso, ele mesmo admitiu estar errado em um dos 24 pontos. Isso dá seis erros dele (ou seis mentiras, se formos rigorosos). Em 24 pontos isso não é nada discreto… (e as instituições de caridade ainda estão esperando pelos mil dólares que ele prometeu dar).

Quer dizer então que de cada quatro afirmações de Randi podemos esperar que pelo menos uma seja mentira? A mim fica claro que sim.

Randi então é uma pessoa que possui virtudes, e que possui uma atuação social importante. Mas também é uma pessoa que incorre em grosserias contraproducentes, desnecessárias, e perigosas, e é também uma pessoa que manipula informações, joga com mentira, etc.

Esse é James Randi. O resto, é Ilusionismo…

Autor: Julio Cesar de Siqueira Barros

#Ceticismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/james-randi-e-seu-famigerado-desafio-paranormal