‘Árvore Qliphotica: Seu mapa de fuga da prisão

Tamosauskas

Este material é um acompanhamento do curso de Qlipoth: A Árvore da Morte, oferecido por Marcelo del Debbio adicionado de alguns insights pessoais do autor e apresenta uma introdução ao estudo da árvore da morte da cabala qliphótica. Esse estudo pode trazer medo quem só está acostumado com o lado luminoso da cabala e ilusões quem não está acostumado com cabala nenhuma. Ele fornece entretanto conceitos importantes tanto para quem quer evitar os erros do caminho com para quem quer se proteger da malícia dos demais.

Lida de cima para baixo a árvore da morte é um manual de como a opressão é criada e mantida,  Lido de baixo para cima entretanto pode ser vista como uma rota de fuga. Um mapa capaz de denunciar os mecanismos usados para nos escravizar. Este resumo trará a segunda opção com os nomes e características de cada Qlipha, bem como dos túneis que as ligam. Também foi incluído um pequeno questionamento meditativo em cada qlipha sobre os obstáculos que a árvore da morte impõe.Também será fornecida uma referência de ficção da literatura ou do cinema de uma distopia .

Entretanto a forma mais de compreender a árvore da morte é comparar cada um de seus elementos com seu correspondente na árvore da vida. Trata-se sempre de uma versão corrompida, prostituída e degenerada de sua contraparte. Por essa razão a cada elemento estudado será sempre mencionada a sephira ou caminho da qual é a sombra. Se estes nomes forem novidades para você, interrompa a leitura e faça um estudo da cabala pela via luminosa antes de continuar.

Conceitos chave:

  •  Árvore da morte: É o oposto da árvore da vida. Composta por qliphoth e túneis.Algumas pessoas tratam a árvore da morte como como as raízes subterrâneas, a sombra ou ainda o reflexo invertido da árvore da vida.
  • Qlipha: Qlipha (plural Qliphoth) é para a árvore da morte o que uma sephiras é para a árvore da vida. Cada uma possui sua correspondente em uma das duas árvores. Qlipha significa literalmente casca no mesmo sentido da casca de uma fruta, que depois de separada de sua polpa doce e nutritiva e só que só serve para ser jogada fora para servir de adubo.
  • Túneis: Os túneis ligam duas qliphoth na árvore da morte da mesma maneira que os caminhos ligam duas sephiroth na árvore da vida. São pontos em que duas forças se influenciam mutuamente gerando um resultado específico e que engana e prende a luz como uma teia.

Vejamos agora as Qliphoth e seus túneis separadamente:

X – Nahema (Os sussuradores)

Sombra de Malkuth

Conceito chave: escravidão

Ficção distópica: Matrix

Também chamada de Lilith. Esta é a masmorra, o porão da árvore da morte. É o resultado concreto em um reino de escravidão, ignorância e servidão onde em vez de perseguirem sua verdadeira vontade as pessoas aceitam, servem e obedecem completamente um sistema criado para aprisioná-las. É uma jaula fácil de ver por fora mais difícil de enxergar por dentro. Por essa razão é trivial detectar as ideologias, sistemas e religiões que manipulam outras pessoas mas é muito difícil detectar os sistemas que manipulam a nós mesmos. A primeira atitude para quem quer liberdade é se tornar consciente da falta dela.

Questionamento meditativo:

“Consigo enxergar os mecanismos de escravidão em que estamos imersos?”

 

IX –  Gamaliel (Os obscenos)

Sombra de Yesod
Conceito chave: Ilusão
Ficção distópica: Jogos Vorazes, a Ilha

Gamaliel é a terra das ilusões. Enquanto a imaginação consciente pode ser libertadora a mera fantasia é um grande obstáculo para o desenvolvimento. Em Gamaliel são produzidas as aspirações e ideias de que que um dia, de alguma forma a verdadeira realização virá e justificará toda escravidão dando então ao oprimido os mesmos benefícios que os opressores já tem.  Essa mitologia artificial deve de preferência durar toda a vida, por isso tradicionalmente nos sistemas religiosos a justificação só ocorre depois da morte. Enquanto isso, em termos de política, o socialismo convence as massas que a elite do partido é um mal temporário é necessário e o capitalismo convence os pobres que um dia, se tiverem sorte ou trabalharem muito poderão se tornar ricos. Tudo isso faz os prisioneiro serem os primeiros a defender suas prisões e a defender o mesmo sistema que os vampiriza. Na escala pessoal se trata da preguiça e da auto-ilusão que tudo consome e nada produz.

Questionamento meditativo:

“Quanto da minha criatividade é limitada pelas fantasias que consumo?”

 

Túneis:

32 (IX – X)

Thantifarax (Intolerância)

Sombra do Mundo

Afim de vender as ilusões de Gamaliel dominar os escravos de Nahema, Thantifarax, o carcereiro do jardim do éden, é a intolerância que garante exclusividade dos sonhos. Individualmente é a incapacidade de imaginar. Na sociedade  é o consumo apenas dos mitos enlatados e autorizados rechaçando qualquer sonho que saia da norma como ridículo, insano ou perverso.

 

VIII – Samael (O veneno de Deus)

Sombra de Hod

Conceito chave: Mentira

Ficção distópica: 1984

Esta qlipha é a ninho da mentira e da desonestidade intelectual e da auto-ilusão. Aqui os interesses são mais importantes do que a verdade e a própria linguagem é manipulada para não mais expressar a realidade mas sim favorecer nossos planos. No indivíduo essa sombra se manifesta sempre que pronunciamos inverdades e distorcemos os fatos por interesse próprio. Em uma escala maior ela faz nascer o controle da mídia para atender interesses políticos. Por essa razão quem tem o poder político sempre tentará controlar o poder midiático. Além disso o próprio controle de quais palavras e rótulos são usados para descrever uma situação já é uma expressão de poder. Usualmente em um sistema opressor bem estabelecido a liberdade de expressão é cerceada e toda produção intelectual precisa de aprovação.

 

Questionamento meditativo:

“Fui convencido de que algo é tão complicado que não possa entender?”

“Minto para mim mesmo por conforto ou comodismo?”

 

Túneis:

 

31(VIII-X) Shalicu  (preconceito)

Sombra do Julgamento
As mentiras fabricadas em Samael são perpetuadas no reino de Nahema através do preconceito. A cultura de escravidão e das falsas idéias são disseminada aqui por meio do uso de imagens, símbolos, piadas, histórias e linguagem viciadas que sustentam algumas mentiras essenciais.

 

30 (VIII-IX) Raflifu (falsos ídolos)

Sombra do Sol

Para assegurar que as mentiras se integrem a sociedade são construídos ídolos que representam o sucesso dentro de um sistema particular.  Estes falsos ídolos, são castas ou heróis que representam os sonhos encarnados dos escravos, mostrando que é possível chegar lá. Para serem como eles as massas o imitarão e farão tudo o que ele disser.

 

VII – A’arab’zarak (Os corvos da dispersão)

Sombra de Netzach

Conceito chave: Distração

Ficção distópica: Admirável Mundo Novo

Aqui gralham os corvos da dispersão cujo grande objetivo é tirar o nosso foco. Na esfera pessoal a influência dessa qlipha é sentida no escapismo de distrações usadas como válvula de escape para os problemas reais. Na esfera coletiva essas distrações reafirmam as ilusões criadas em Gamaiel e as mentiras criadas em Samael quando as autoridades desviam a atenção das massas mantendo-as ocupadas e longe das questões importantes e dos problemas reais. É o famoso Pão e Circo de Roma que se desenvolveu hoje para se transformar na indústria do entretenimento vazio onde o burlesco e o grotesco impede as pessoas de pensarem.

 

Questionamento meditativo:
“As distrações que me ocupam me afastam de meus problemas reais?”

 

Túneis:

 

29 (VII-X) Quliefi (Medo)

Sombra da Lua

Por outro lado quando os corvos da distrações falam diretamente com os escravos é sempre em um contexto de restrição no intuito de gerar um medo institucionalizado. Enquanto Tzuflifu diz que tudo vale, Quliefi brada que tudo é proibido. Isso torna os escravos confusos, sem saber como agir, para onde seguir e prontos para obedecer.

 

28 (VII-IX) Tzuflifu (Desejos)

Sombra do Imperador

As distrações de  A’arab’zmak quando conversam com as ilusões de Gamaliel criam um espaço onde finalmente os oprimidos podem dar vazão aos seus desejos. Numa escala pessoal aqui estão os vícios m geral Seguindo uma receita aprovada todos os desejos e paixões podem ser satisfeitos. Estes desejos não são apenas permitidos, mas compulsórios e quem quer que não os alimente é um proscrito.

 

27 (VII-VIII) – Paraxitas (Ódio ao diferente)

Sombra da Torre

As distrações de  A’arab’zmak somadas as mentiras de Samael se unem para formar uma casca mental de o ódio a tudo o que for diferente.  Assim esse túnel é a origem de toda cultura do “nós contra eles” e faz uma eficiente separação de seres humanos em grupos opostos. Se você identifica um certo ódio irracional a um tipo específico de ser humano, provavelmente já está respirando o ar deste túnel.

 

VI – Thagirion (O Sol Negro)

Sombra de Tipheret

Conceito chave: Egoísmo

Ficção distópica: V de Vingança

Thagirion é o agente centralizador das ações de todas as esferas vistas anteriormente. Ela queima com a  obsessão de fazer valer seus desejos acima de todas as outras  vontades e arde ao extremo de não emitir mais qualquer luz de cima. Isso faz  a estrela da vontade entrar em colapso gravitacional tornando-se um grande buraco negro no centro da árvore da morte. Em uma escala pessoal é o egoísmo autoritário, na história tem se traduzido na ascensão de imperadores na antiguidade e dos grandes ditadores industriais como Stalin, Hitler e Mao.

 

Questionamento meditativo:

“Abro mão de minha verdadeira vontade por medo e insegurança? Sou autoritário com alguém?”

 

Túneis:

 

26 (VI-VIII) A’ano’nin (Propaganda)

Sombra do Diabo

O imperativo egolatria de Thagirion é reforçado por meio da máquina da propaganda. Ou seja, um esforço ativo e oficial de promulgar sua ideologia e, muitas vezes, um culto a sua imagem divina. Na política pode surgir como um monopólio declarado dos meios de comunicação ou como criptocracia das mídias por parte

dos poderosos.

 

25 (VI-IX) SakSakSalin (Status Quo)

Sombra da Temperança

A normalização da realidade para atender os designeos de Thagirion é o que dá origem ao status quo. A idéia aqui é que a opressão não é apenas uma configuração arquitetada com malícia mas sim o estado natural e original das coisas. Qualquer tentativa de mudança é portanto não natural e fadada ao fracasso.

 

24 (VI-VII) Niantiel (Culto a juventude)

Sombra da Morte

Uma das maneiras de tornar seu controle certo é criar nos escravos um culto a juventude no qual qualquer acúmulo de sabedoria ou vivência é visto como não desejável. A indústria da moda, os padrões de beleza são alguns de seus efeitos físicos na coletividade. Mas o culto a ignorância e a infantilização são também sinais mais sutis deste túnel.

 

V – Golachab (Os incendiários)

 

Sombra de Geburah

Conceito chave: Violência

Ficção distópica: MadMax

Esta é a esfera da violência e da subjugação por meio do uso da força. Sua diretriz é reinar pelo terror causando danos, sofrimento ou morte em qualquer oposição. No mundo particular se traduz em ira ou mesmo violência doméstica e em termos de geopolítica na indústria bélica. O monopólio das armas e o constante pensamento belicoso é um dos mais antigos artifícios de tomada e concentração da autoridade. Se a concentração de força for desproporcional a opressão está garantida, permitindo como disse Sun Tzu, em A Arte da Guerra, subjugar o inimigo sem lutar. Quem controla as armas coloca-se ainda acima de todos os conflitos menores e geralmente prospera vendendo munição para os dois lados.

 

Questionamento meditativo:

“De quem ou do que tenho medo? Do que esse medo me afasta?”

 

Túneis:

 

23 (V-VIII) Malkunofat (Burocracia)

Sombra do Enforcado

A força de Gloachab se expressa no mundo das mentiras de Samael por meio da regularização extrema e imposição de regras e procedimentos explícitos. Aqui nascem os impostos dos governos,  as regras inúteis capazes de validar ou invalidar rituais e em particular a hierarquia das castas que colocam cada pessoa em seu devido lugar.

 

22 (V-VI) Lafoursian (Injustiça)

Sombra da Justiça

Enquanto as regras de  Malkunofat algemam toda intelectualidade, Lafousian estabelece a injustiça por meio de uma política de exceção. Por um lado isso significa que algumas pessoas terão tratamento especial enquanto outras pessoas enfrentarão todo o rigor da lei. A decisão de quem é quem cabe a quem possui o monopólio da violência.

 

IV – Gma’Asheklah (Os perturbadores)

Sombra de Chesed
Conceito chave: Ganância
Ficção distópica: Elysium

A influência dessa qlipha se revela quando a prosperidade e riqueza serve apenas a si mesma.  Quando isso acontece o comércio e a indústria não prosperaram mais provendo soluções, mas sim perpetuando problemas. Aqui nascem as atuais indústrias químico-farmacêutica-alimentar onde as sementes só podem ser plantadas uma vez para serem compradas e remédios de uso prolongado recebem mais pesquisas do que a cura das doenças propriamente ditas. É também a casa da indústria financeira onde riqueza não tem mais origem no trabalho e sim na especulação e nos juros sobre juros. Em uma escala microcósmica a influência dessa qlipha pode ser vista quando o dinheiro torna-se um fim em si mesmo.

 

Questionamento meditativo

“Quais são as coisas que cobiço? Do que essa cobiça me afasta?”

 

Túneis

 

21 (IV-VIII) Kurgasiax (Poluição)

Sombra da Roda da Fortuna

A fim de vender e enriquecer cada vez mais Gma’Asheklah produz neste túnel toda sorte de poluição. De um lado do túnel o vendedores vendem qualquer coisa que gere lucro, do outro lado o comprador compra qualquer coisa que lhe sirva de distração. Isso significa total negligência com as consequências de longo prazo, o meio ambiente e as outras pessoas.

 

20 (IV-VI) Yamalu (Suborno)

Sombra do Heremita

O poder do ego aliado ao desejo da riqueza por si só faz nascer o corrupto e o corruptor. Sabendo disso Gma’Asheklah e Thagirion se manipulam mutuamente o tempo todo, um para acumular ainda mais recursos e o outro para impor mais facilmente seus planos

 

19 (IV-V) Temphioty (Desumanização)

Sombra da Força

O acúmulo de poder como meta e a violência extrema como método nos levam ao último limiar da árvore da morte que ainda pode ser considerado humano. Aqui ocorre a completa desumanização e não existe mais nenhuma barreira. O “Nós contra eles” se degenera ainda mais e dá origem ao “Eu contra todos”.

 

III – Satariel (Os ocultadores)

Sombra de Binah

Conceito chave: Negação

Ficção distópica: Fahrenheit 451

Ocultar recursos, informações e possibilidades é o que rege esta qlipha. A idéia é que as pessoas não podem lutar contra um inimigo que você nem sabem que existe e não podem buscar por tesouros dos quais você nunca ouviram falar. Daí vem o impulso imediato de todo criminoso de ocultar o próprio crime e de todo ser humano de negar as próprias falhas. Além disso, quanto mais subimos na hierarquia de uma corporação, mais avessa ela será a transparência. Existem câmeras de vídeo apontando para a cabeça de todo caixa, mas nenhuma janela nas salas de reunião de cúpula. O governo nega ter conhecimento.

 

Questionamento meditativo:

“Sou um agente de luz e libertação ou um agente da restrição e ocultamento?”

 

Túneis:

18 (III – V) – Characith (Censura)

Sombra da Carruagem

A ocultação violenta se traduz em censura.  Ou seja, no uso sistemático de uma força superior para suprimir idéias, recursos e pessoas. Queimar livros, controlar acesso, proibir manifestações e calar pessoas são os primeiros degraus deste túnel, o último deles é a execução  de qualquer pessoa que pense ou fale demais.

 

17 (III-VI) – Zanradiel (Difamação)

Sombra dos Amantes

Difamação é outra arma usada para ocultar esforços da oposição. Numa escala pessoal este túnel se traduz na fofoca e na inveja, mas na humanidade não faltaram exemplos históricos do uso sistemático da difamação como no macartismo e na inquisição espanhola.

 

II – Ghogiel (Os estorvadores)

Sombra de Chokmah

Conceito chave: Confusão

Ficção distópica: Arquivo X

Enquanto Satariel preocupa-se em ocultar a realidade por meio da restrição e da falta de acesso, Gkogiel faz a mesma coisa por meio de um lamaçal de lixos inúteis, vomitando infinitas versões deturpadas da verdade. A idéia aqui é que a razão se não pode ser completamente eliminada ela será então ocultada em uma multidão de irracionalidade. A verdade desaparece assim em meio a um mar de mentiras. Um governo por exemplo pode criar e soltar as mais bizarras teorias da conspiração para ocultar a conspiração verdadeira tornando-se impossível distinguir o certo do errado. Os estorvadores causam a alienação pelo excesso de informação.

 

Questionamento meditativo:

“As coisas que consum, defendo, e acredito colaboram com minha verdadeira vontade?”

 

Túneis:

 

16 (II-IV) Uriens (Sectarismo)

Sombra do Hierofante

O enxame de lixo de Gkogiel  encontra a ganância de  Gma’Asheklah e dá origem ao túnel do sectarismo.  Em pequena escala aqui nascem as panelinhas, mas nas grandes corporações gera círculos internos dentro de círculos internos e eventualmente no surgimento de dissidências concorrentes.

 

15 (II-VI) Hemetherith (Loucura)

Sombra da Estrela

O ego inflado em Thagirion dá a luz a todo tipo de extravagância que reforça seu poder e caráter único distanciando-o das demais pessoas. Desvirtuada da verdadeira vontade quando mais poder, mais loucura ao ponto de não haver diferença entre o poder supremo e a loucura completa.

 

14 (II-III) Dagdagiel (Corrupção)

Sombra da Imperatriz

Ação dos ocultadores e dos estorvadores dão origem a corrupção em seu sentido mais abstrato, de essência estragada, ou core (núcleo), rupto (rompido). Se estabelece uma versão invertida do lema caoista e então “Nada é permitido e tudo é verdadeiro”. Daqui o erro se multiplica de forma virulenta para todos os outros túneis abaixo como uma herança maldita, um pecado original e um câncer fora de controle que cresce até consumir tudo, incluindo a si mesmo.

 

I – Thaumiel (O Gêmeo de Deus)

Sombra de Kether.

Conceito chave: Destruição

Ficção distópica: H.P. Lovecraft

Toda perversão vista nas outras sombras e que causam a escravidão ao desembocar em Nahema podem ser rastreadas até essa qlipha que essencialmente fala da essência do mal sendo causada por um ato de vontade externo ao sistema em uma intenção de destruí-lo. Essa é a única explicação possível para a existência da arte da morte, pois ela existe em uma constante situação de auto-destruição com diversos sistemas de opressão concorrendo uns com os outros e  se destruindo mutuamente. Segundo a tradição da cabala sepharadita, por exemplo, entidades de fora do nosso sistema solar, não podendo participar da criação de nosso mundo lançaram no coração humano suas sementes de corrupção e essas sementes por sua vez destroem toda a árvore da vida, de dentro para fora. Esses seres anti-cósmicos são retratados também nos mitos de H.P Lovecraft que fala de deuses extraterrenos completamente fora de nossa realidade, sem qualquer interesse humano e capazes de destruir tudo o que existe.

 

Questionamento meditativo:

 

“Eu mesmo colaboro com a escravidão e opressão de outras pessoas?”

 

Túneis

 

13 (I-IV) Gargoprias (Traição)

Sombra do Sacerdotiza

O agente externo é o verdadeiro manipulador que puxa os cordões de quem puxa o cordão. Ele promete o domínio completo da árvore ao mesmo tempo que estimula sua destruição, o resultado não poderia ser outro senão a traição. O ego pensa estar traindo o mundo quando na verdade está sendo traído e colaborando com sua aniquilação final.

 

12 (I-III) Barachial (Feitiçaria)

Sombra do Mago

As sementes do mal de Thaumiel podem corromper mais facilmente o sistema quando existe dentro dele um agente colaborador. A figura do mago negro como alguém que usa a feitiçaria de um poder sombrio superior é fácil de visualizar e representa bem este túnel, mas em outras escalas a feitiçaria está presente em qualquer ato intencional e consciente de maldade. Esse agente entende que a árvore da morte não pode ser mantida por muito tempo e, decidido a tirar o maior proveito possível antes da destruição final, opta pelo mal.

 

11 (I-II) Amprodias (Suicídio)

Sombra do Louco

O terceiro túnel que liga a Thaumiel é o daquelas pessoas que, entendendo que a árvore da morte é por si só decadente e que esconde em sua própria estrutura a essência de sua destruição, não vê outra solução senão destruir a si mesmo em antecipação da destruição do todo. Essas pessoas também optam pelo mal, mas levam seu ódio ao cosmos a última consequência acabando com sua própria vida numa tentativa de escapar do sistema.

 

Considerações finais

 

Embora essas explicações possam dar a entender que a Árvore da Morte só existe em grandes instituições, seitas e organizações, devemos considerar que o aspecto sombrio pode estar presente em qualquer manifestação. Mesmo uma relação a dois pode ser qliphotica. Ainda mais, é possível e bastante comum sabotarmos nós mesmos e assim fazemos sempre que nos desvirtuamos do caminho de nossa verdadeira vontade.

 

Rápidas Análises Qliphotica

Com base no que foi passado tentamos estruturar duas árvores da morte para servirem de comparação.

Este primeiro exemplo foi escolhido para mostrar como é muito fácil ver os mecanismos de escravização dos outros, particularmente um tão reforçado atualmente como a alemanha nazista. Por outro lado o atual sistema ocidental também tem um viés escravizador que muitas vezes passa despercebido.

Qlipha Terceiro Reich Ocidente
I. Thaumiel Mönch mit dem grünen Handschuh
(O monge da luva verde)
Elite Oculta (?)
(“Illuminati”, “sionistas”, “reptilianos”, etc..)
II. Ghogiel Contrainformação e Naziesoterismo
(Heinrich Himmler, Der Stürmer, Julios Evola, Savitri Devi Mukherji,
Karl Maria Wiligut)
Grande Mídia
(Thomson-Reuters, Time-Warner, News Corporation)
III. Satariel Gestapo
(Walter Schellenberg, Espionagem, Bücherverbrennung)
G8
(NSA, CIA, MI6, GCHQ, etc…)
IV. Gma’Asheklah Fascismo

(Lebensraum, Dr. Hjalmar Schacht )

Indústria Petroquímica
(Exxon Mobil, Chevron, Bayer, Basf, etc…)
V. Golachab Militarismo
(Invasões, Präventivkrieg, Holocausto, Einsatzgruppen)
Indústria Bélica
(Lockheed Martin, Constellis Holdings, Boeing, etc…)
VI. Thagirion Adolf Hitler

(Führerprinzip, Gleichschaltung)

Elite Financeira
Bilderberg Group, Fórum Econômico Mundial, etc…)
VII. A’arab’zmak Propaganda e Totalitarismo

(Lebensorn, Joseph Goebbels)

Show business e Politicamente correto
(Comcast, Disney, Sony, Viacom, etc..)
VIII. Samael Filosofia e Ciência Nazista
(Nietzschismo, Darwinismo Social, Eugenia,  Racismo, Joseph Mengele)
Controle da Informação
(Silicon valley: Google, Facebook, Amazon, Apple, Microsoft, etc..)
IX. Gamaliel Ideal Nazista

(Volksgemeinschaft, Herrenvolk, Richard Wagner, Leni Riefenstahl, Albert Speer)

American Way of Life
X. Nahema Povo Alemão Consumismo Global

A segunda análise traz duas aproximações genérica para facilitar o reconhecimento de uma natureza Qliphotica em cultos e organizações políticas. O primeiro caso é um bom exemplo de árvore da morte de ação particular, e o segundo de ação coletiva, embora é claro uma coisa afete a outra. Note que em ambos os casos em Thaumiel temos alguém que sobrevive ao desmoronamento de toda estrutura e que pode facilmente fundar outro grupo para reiniciar o processo de vampirização. Outro ponto interessante é que nestes exemplos fica clara a natureza fractal destas estruturas. Assim com a árvore da vida cada qlipha tem dentro de si uma mini árvore da morte. Dentro da Gestapo certamente os membros e subdivisões se organizam de modo semelhante, assim como o Politicamente Correto que rege o que é ou não pecado no mundo moderno tem expressões em todas as outras Qliphas.

Qlipha Grupos Religiosos Grupos Políticos
I. Thaumiel Alta hierarquia Alta Cúpula
II. Ghogiel Boataria Desinformação
III. Satariel Tabus Censura
IV. Gma’Asheklah Lavagem de Dinheiro Lobismo
V. Golachab Repressão Militancia agressiva
VI. Thagirion Líder do Culto Caudilhismo
VII. A’arab’zarak Monopólio Social Pão e Circo
VIII. Samael Doutrinação Propaganda
IX. Gamaliel Promessas da fé Ideologia
X. Nahema Cultistas Eleitores

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/arvore-qliphotica-seu-mapa-de-fuga-da-prisao/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/arvore-qliphotica-seu-mapa-de-fuga-da-prisao/

A Espiritualidade Queer na China

 

INTRODUÇÃO À ESPIRITUALIDADE QUEER NO LESTE ASIÁTICO:

Como todas as partes do corpo, da mente e do espírito anseiam pela integração do yin e yang, a relação sexual angélica é conduzida pelo espírito e não pelos órgãos sexuais.

O Huahujing, versículo 69.

O Leste Asiático Queer é uma mudança de paradigma em relação a muitas das regiões exploradas até agora. Para os ocidentais, a comunidade LGBT+ é frequentemente mantida sob controle por meio do conceito de culpa. Uma pessoa queer deve se sentir culpada por sua orientação sexual e identidade porque os atos queer são pessoalmente imorais.

Os orientais queer, no entanto, são mantidos sob controle principalmente por vergonha. Enquanto a culpa é um sentimento privado e autonegativo sobre ações pessoais que você fez, a vergonha está mais focada em se sentir mal por causa de como os outros percebem você e suas ações pessoais. No Oriente, uma pessoa não se sente necessariamente culpada por ser LGBT+ porque as ações queer são moralmente erradas, mas sim, elas se sentem envergonhadas porque a natureza queer é socialmente inaceitável. Assim, ser um membro queer de uma família do Leste Asiático é muitas vezes visto como “ruim” porque traz vergonha para a família e, consequentemente, para aqueles que fazem negócios ou têm associações com a família. Portanto, há muita pressão extrafamiliar e externa sobre as pessoas LGBT+ para suprimir sua natureza queer. Mas, como estamos prestes a ver, nem todas as partes do leste da Ásia sempre se sentiram assim.

A ESPIRITUALIDADE QUEER NO TAOÍSMO:

A China é uma das poucas nações do mundo cujas antigas religiões ancestrais ainda são praticadas pela maioria de seus cidadãos modernos. Oficialmente, a República Popular da China é ateísta devido à preferência nietzschiana da ciência e da razão do comunismo sobre as superstições percebidas da religião que têm sido usadas há séculos pela burguesia para manter as classes trabalhadoras subservientes. Mas isso ainda não impede as pessoas comuns da prática religiosa. Para os chineses, predominam três escolas filosóficas de pensamento: o Taoísmo, o Confucionismo e o Budismo Mahayana. Na maioria das vezes, todos eles são misturados para formar uma fé híbrida amalgamada, mas passaremos por cada um individualmente para destacar suas implicações queer, começando com o que se acredita ser o mais antigo: o Taoísmo.

O Taoísmo é frequentemente considerado mais uma filosofia do que uma religião. Seu fundador é Lao Tzu, que, cansado do mundo e cansado de uma vida inteira assistindo a humanidade lutar entre si durante o século VI a.C., foi obrigado a escrever sua sabedoria antes de deixar a China devastada pela guerra para partes desconhecidas. Seus escritos são conhecidos como o Tao Te Ching, um pequeno manual que explica a maneira natural das coisas e como navegar na corrente da vida em vez de remar inutilmente contra ela e tornar a vida difícil para si mesmo. Este modo natural de coisas é conhecido como o Tao; assim, seguir o Tao é essencialmente seguir o caminho natural do universo em geral. 160

Não há divindades, nenhuma discussão sobre o que acontece após a morte, apenas um foco no aqui e agora, e como seguir o exemplo da natureza é a chave para uma vida tranquila. Por causa disso, não há menção à natureza queer ou mesmo à sexualidade. Não há mesmo nenhum ditado para o que é e o que não é moral, mas sim um aviso de que desviar-se do fluxo natural do universo resultará em tempos ruins. E é aí que as coisas ficam complicadas para o taoísta LGBT+: a interpretação do que constitui ser “natural”. A natureza queer pode ser testemunhada na natureza, mas a incapacidade de procriar parece ir contra a forma como a vida se sustenta naturalmente. Como não há mandatos divinos, a resposta à “naturalidade” da comunidade LGBT+ depende muito da perspectiva.

Até mesmo o símbolo taoísta yin-yang (chamado de taijitu) foi interpretado como a favor e contra a “naturalidade” queer. Todos conhecemos o símbolo; é o círculo dividido em duas metades curvas iguais, uma preta (yin) e outra branca/vermelha (yang), e dentro de cada metade há um círculo menor da cor oposta. Juntos, os dois lados representam a dicotomia do universo natural e o fato de que dentro de cada lado existe um pouco do outro. Yin é o lado feminino, passivo, emocional, frio e criativo da natureza, e yang é o lado masculino, ativo, lógico, quente e destrutivo da natureza. Juntos, eles trazem equilíbrio ao mundo, e cada um não pode existir sem o outro.

Para alguns praticantes, o yin-yang prova que ser queer não é natural, pois há uma divisão clara de apenas dois gêneros, e sua união cria a perfeição harmoniosa da vida. Yang não se mistura com yang e yin não se mistura com yin; cada um precisa de seu oposto para ser completo. Para outros praticantes, no entanto, o yin-yang é a prova de que ser queer é bastante natural em dois níveis separados.

No primeiro nível, mais superficial, um casal do mesmo sexo é uma conclusão de yin e yang, pois há um parceiro passivo “receptivo” e um parceiro ativo “dominador” ao fazer amor. Mesmo que ambos sejam versáteis, os dois se revezam sendo o yin passivo e o yang ativo ou estão simultaneamente recebendo e dando e, portanto, cada um sendo o yin e o yang ao mesmo tempo.

No nível mais espiritual, yin e yang não são tão representativos de feminino e masculino, mas da feminilidade e masculinidade do espírito. Os pequenos círculos dentro de cada metade do yin-yang são os principais pontos de referência para este lado do argumento. Individualmente, um homem gay e uma mulher transgênero pré-operatória podem ser vistos como um corpo yang com um yin interno, e uma lésbica e um homem transgênero pré-operatório seriam vistos como um corpo yin com um yang interno. Uma pessoa intersexo seria uma autocompletude do yin-yang expresso em si mesmo, e um bissexual seria uma autocompletude do yin-yang expresso em relação aos outros.

Para dar um passo adiante, argumenta-se que o yin-yang é um símbolo proponente de ser fluido de gênero, uma vez que é representativo da natureza sempre fluida e não estática de todas as coisas. E, em certo sentido, afirma sutilmente que todo mundo é um pouco bissexual, já que tanto o yin quanto o yang não são preto puro nem branco/vermelho puro. Cada lado tem um pouco do outro dentro de seu centro.

Além da simbologia do yin-yang, a filosofia do Taoísmo admite que a verdadeira natureza do Tao espiritual é incognoscível. A lógica é que se os humanos pudessem entender completamente a complexidade espiritual total do Tao, então não seria o Tao. Como a mente humana é limitada e o Tao é ilimitado, é impossível colocar quaisquer limites ou rótulos sobre o que o Tao é ou não. A sexualidade e a identidade humana são semelhantes ao Tao nesse sentido. Há um amplo e ilimitado espectro de possibilidades, mas não importa como nos definamos ou nos identifiquemos ou aos outros, nunca poderá representar toda a amplitude de possibilidades que é a sexualidade e a identidade humana. Além disso, nossos gostos podem mudar, então qualquer resposta que dermos agora nunca será permanente para sempre.

Ainda assim, a filosofia do Taoísmo eventualmente o levou a se tornar uma prática mágica semelhante à alquimia hermética no Ocidente. O ramo mais místico do Taoísmo muitas vezes se concentrava na vida eterna; para isso, a homossexualidade masculina era vista como uma espécie de remédio, ajudando a garantir a imortalidade (a sexualidade das mulheres era vista como sem importância ao longo da história chinesa até o estabelecimento de um governo comunista por Mao Zedong). Em suma, o sêmen de um homem era visto como sua essência de vida, e se ele ejaculasse, ele estava essencialmente disparando parte de seu elixir mágico, sustentador da vida, como “evidenciado” pelo quão cansado um homem ficaria depois de esfregar um (isto é, depois de se masturbar e ejacular). Mas, claro, aquele elixir branco cremoso parecia ser produzido apenas durante a excitação sexual. Portanto, produzir mais elixir da vida através da estimulação sexual sem perder nada através da ejaculação era visto como um método lógico para prolongar a vida. Isso era especialmente importante se a excitação fosse entre dois homens. A energia yang produzida por um amante masculino aumentava a potência yang do elixir da própria vida – desde que ninguém ejaculasse, é claro. 161

A CONTRIBUIÇÃO TAOÍSTA:

Seguindo o Fluxo da Vida:

Facilmente, a lição mais imediata do Taoísmo é seguir o fluxo natural da vida. Ironicamente, embora isso seja literalmente a coisa mais natural do mundo, nós humanos gostamos de complicar as coisas porque não podemos acreditar que as coisas são tão simples ou que nossos problemas não são tão únicos ou tão complexos quanto gostaríamos. pensam que são.

A natureza queer também é uma coisa natural. Muitos de nós desperdiçamos tempo e energia preciosos se preocupando com “Por que sou assim?” ou “Como posso suprimir minhas tendências queer naturais para me encaixar?” Somos como somos por uma razão.

Confie que você é queer por uma razão. A vida sabe o que está fazendo, e se você parar de suprimir suas tendências naturais, você pode descobrir que a vida é mais fácil quando você segue o fluxo natural do universo.

E pense na arte do feitiço, o ato de manipular as forças naturais do mundo para produzir um resultado específico. Muitas vezes não confiamos que a natureza sabe o que está fazendo ou não sentimos que está trabalhando a nosso favor, então temos que interferir e mudar as coisas para nosso benefício pessoal. Mas vou te contar um segredo: a vida está sempre funcionando para um bem maior. Quanto mais você estuda magia e ciências naturais, mais você percebe que a vida tem uma maneira de se desenvolver em seu próprio tempo e de acordo com sua própria vontade. O problema é que queremos as coisas como queremos quando as queremos, e às vezes nossos desejos pessoais são incompatíveis com o bem maior. Mas quanto mais poderosos e sábios nos tornamos em nossa magia, percebemos que a vida tem tudo sob controle e não precisamos microgerenciar tudo com magia o tempo todo. A magia pode ser útil, mas nunca é necessária para uma vida saudável e feliz.

Portanto, para esta atividade mágica, tente evitar a magia na próxima vez que sentir que é necessário recorrer a um problema específico. Sim, a magia é uma ajuda poderosa, mas se formos imediatamente a ela para resolver todos os nossos problemas o tempo todo, perderemos contato com o fluxo natural do universo tentando microgerenciar tudo. E às vezes coagir uma vitória pessoal resulta na perda do bem maior de maneiras que não podemos ver.

A vida envolve dor. Se você nunca luta, experimenta perda pessoal ou sente dor, então você não está realmente experimentando a vida, está apenas vivendo em uma bolha separada do mundo. Então, da próxima vez que você sentir a necessidade instintiva de fazer mágica, espere um segundo, pare e veja não apenas o que a existência do problema está tentando lhe ensinar, mas também como o fluxo natural da vida pode resolvê-lo para um bem maior, sem manipulação mágica.

A ESPIRITUALIDADE QUEER NO CONFUCIONISMO:

O Confucionismo nasceu, como o Taoísmo, de tempos difíceis. Confúcio, seu fundador homônimo, foi profundamente e pessoalmente afetado pelas intermináveis guerras civis que assolam a China. No entanto, ao contrário de Lao Tzu, que deixou a sociedade e usou a natureza como modelo de vida harmoniosa, Confúcio permaneceu no meio das coisas e acreditava que uma hierarquia social rígida que ditava as interações humanas era a chave para a estabilidade harmoniosa. Assim, como uma panaceia para os acontecimentos durante sua vida (551-479 a.C.), Confúcio estabeleceu um código ético e moral que acabaria com o caos e traria a paz de volta à terra se todos o seguissem. Sua falta de divindades, espiritualidade, discussão sobre a vida após a morte e o Divino fazem com que tecnicamente não seja uma religião, ainda menos que o Taoísmo.

A propagação do Confucionismo demorou um pouco para ganhar força e contrastava fortemente com o Taoísmo. O Taoísmo tinha uma atitude mais mística, laissez-faire, interpretativa e moralmente ambígua em relação ao mundo, concentrando-se na natureza. O Confucionismo, como alternativa, deu às pessoas um conjunto direto e direto de regras sociais conservadoras a seguir e a promessa de retornar aos bons velhos tempos. Como os tempos recentes nos mostraram, esse tipo de mensagem em tempos incertos provou ser muito popular.

Deve-se dizer, porém, que Confúcio nunca viveu para ver a popularidade de seus ensinamentos. Ele morreu acreditando ser um fracasso anônimo, e seus ensinamentos nunca foram totalmente compilados até séculos após sua morte. Coincidentemente, nos séculos imediatos após a morte de Confúcio, as guerras internas da China só se intensificaram. Uma vez que a Dinastia Han chegou oficialmente ao poder em 206 a.C., porém, eles prontamente propagaram o pensamento confucionista para ajudar a normalizar a paz e a ordem de volta à sociedade. O conservadorismo social do Confucionismo também teve o benefício de estabelecer um sistema de pseudo castas em que todos sabiam seu lugar; em tal sociedade, a aristocracia han poderia consolidar seu lugar no topo. 162

Então, qual foi a palavra de Confúcio sobre os indivíduos LGBT+? Nada. Mas, ao contrário do silêncio do Taoísmo em relação à comunidade queer geralmente interpretado de forma positiva, o silêncio do Confucionismo tem sido mais frequentemente interpretado de forma negativa. A razão para isso são os nossos velhos amigos e a vergonha da família. Confúcio ensinava que a família era o modelo ideal para a ordem social e, além de delinear o lugar de cada parente na hierarquia familiar patriarcal, ele a usava como metáfora do bom governo.

Tão poderosamente icônico foi o uso do Confucionismo de um bom governo baseado em uma boa estrutura familiar que foi usado pelo juiz Anthony Kennedy na opinião majoritária da Suprema Corte dos EUA sobre a lendária decisão Obergefell v. Hodges em 2015 (a que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo os EUA). Especificamente, ele escreveu: “A centralidade do casamento para a condição humana não surpreende que a instituição exista há milênios e entre civilizações…. Confúcio ensinou que o casamento está na base do governo.” 163

Ironicamente, foi essa mesma lógica confucionista que a China pré-comunista usou para suprimir os direitos LGBT+. Uma boa família era aquela que cumpria seus deveres. Para os filhos, era obedecer inquestionavelmente aos pais até se tornarem adultos, quando então se casariam e teriam seus próprios filhos, somando-se à família e fortalecendo-a. Se uma dessas crianças fosse queer, então uma chave seria lançada no sistema por sua relutância em se casar com uma pessoa do sexo oposto e/ou sua incapacidade de gerar filhos se tivessem um amante do mesmo sexo. Uma criança bissexual foi forçada a se casar apenas com o sexo oposto. Ser transgênero estava simplesmente fora de questão, pois desafiava a rígida e conservadora hierarquia de gênero do Confucionismo, onde você fica no seu lugar e não deseja ser outra coisa. E, claro, a vergonha era o chicote que mantinha todos na linha. 164

Embora algo vergonhoso, ser LGBT+ não foi crime em grande parte da história da China. Isso tudo mudou após as Guerras do Ópio de meados do século XIX, quando ficou dolorosamente claro para a derrotada Dinastia Qing que a China precisava se modernizar para ter alguma chance de ser levada a sério pelas potências imperiais ocidentais. Assim, junto com muitas outras coisas, a China adotou a moral ocidental moderna em um esforço para imitar o Ocidente e parecer igualmente moderna. Isso significava que todas as coisas queer não seriam mais toleradas legalmente, assim como na Europa. A homossexualidade permaneceu ilegal na China até que o Partido Comunista a legalizou em 1997 e a removeu da lista oficial de doenças mentais em 2001. 165

A CONTRIBUIÇÃO DO CONFUCIONISMO:

A Prevenção da Guerra Civil:

O objetivo original do Confucionismo para o qual foi criado era um código de conduta para reprimir a guerra civil. Há uma guerra civil semelhante acontecendo em nossa comunidade queer. Brigamos entre nós por tudo. Algumas das reclamações internas são legítimas; alguns são frívolos. Mas há tantas brigas internas de todos os lados que o frívolo às vezes parece legítimo e o legítimo às vezes parece frívolo.

Os direitos civis são um processo longo e lento. A maioria das pessoas neste planeta não vai acordar de repente um dia e perceber que todas as pessoas queer são iguais em todos os sentidos às pessoas não-queer. Em nenhum lugar da história do mundo isso foi o caso de qualquer questão social. Temos que vencer batalha por batalha, mas brigar entre si sobre como cada batalha deveria ser travada ou poderia ter sido melhor vencida só cria animosidade. Temos que apreciar cada vitória; desde que seja uma vitória para a comunidade queer, por menor que seja e por qualquer letra da sigla LGBT+, merece apoio e reconhecimento. O objetivo é vencer a guerra, não apenas a batalha pessoal que resolve o problema para você pessoalmente. A vitória total é uma maratona, não um sprint ou uma corrida de velocidade. Leva tempo. Até lá, todas as vitórias contam e temos de nos manter unidos.

A comunidade mágica está em apuros semelhantes. Certas tradições são tão rápidas em menosprezar outras tradições como não sendo magia real ou magia frívola ou como sendo de uma tradição que não tem raízes antigas ou “autênticas”. Os praticantes de magia já são uma minoria difamada por um grande número de pessoas. Precisamos nos manter unidos e edificar uns aos outros. Contanto que a magia de alguém seja eficaz e funcione para eles, quem se importa se não for do seu agrado ou dos padrões de sua tradição? Deixe as pessoas viverem suas próprias vidas; promulgar uma guerra civil não validará suas próprias opiniões. As guerras civis nunca mudam de opinião, apenas eliminam as mentes do lado perdedor.

Então, para sua próxima atividade mágica, escolha uma tradição mágica com a qual você sente que tem problemas e faça uma pesquisa imparcial sobre ela. Encontre algo sobre essa tradição que ressoe com você e, em seguida, incorpore-o em seu próximo feitiço. Ao encontrar algum terreno comum e realmente provar a si mesmo a eficácia de uma tradição que você não necessariamente gosta, isso ajudará a diminuir a divisão.

A ESPIRITUALIDADE QUEER NO BUDISMO MAHAYANA:

O Budismo foi a última das três principais religiões a se firmar e influenciar grandemente a cultura chinesa, chegando durante o primeiro século d.C. de missionários indianos muitos séculos após o Taoísmo (século VI a.C.) e a morte de Confúcio (479 a.C.). Especificamente, o Budismo Mahayana foi o ramo mais bem sucedido do Budismo. Atraiu a China densamente povoada por causa de sua ênfase na libertação espiritual universal para todos e não simplesmente na iluminação pessoal, que era vista apenas como um meio para ajudar melhor todos a alcançar a iluminação.

Como o Budismo estava atrasado para a festa religiosa, encontrou forte resistência. Sua chegada durante o pró-confucionismo da Dinastia Han o tornou inicialmente impopular, já que o Confucionismo era sobre o lugar e o dever de cada um na sociedade, enquanto o Budismo defendia uma fuga da sociedade por meio do desapego pessoal dos problemas sociais. Os dois não se misturavam muito bem e, como o Budismo era uma religião estrangeira, estava associado à barbárie e ao atraso. Era, no entanto, mais semelhante à religião nativa e antiga favorita do Taoísmo, pois ambas tinham visões de mundo liberais e uma aversão a hierarquias sociais estritas. Assim, os missionários indianos tentaram aumentar as semelhanças entre o Budismo e o Taoísmo. Isso levou o Budismo a se afastar de suas origens mais estoicas e ímpias na Índia e se fundir em uma tradição mais mística com um panteão de bodhisattvas sobrenaturais que, depois de atingir a iluminação, perderam a felicidade do nirvana para ajudar as massas a alcançar a iluminação também. 166

A vastidão da China e sua enorme quantidade de tribos amplamente diferentes de pessoas forçaram o Budismo a se adaptar e mudar quando necessário. É por isso que existem tantas visões únicas da filosofia budista em todo o país. Em relação a onde a comunidade LGBT+ se encaixa no Budismo chinês, a resposta está em todos os lugares e em nenhum lugar. Embora alterado e adaptado aos gostos chineses, o Budismo Mahayana tem as mesmas crenças e filosofias fundamentais originadas pelo próprio Buda na Índia. Tudo existe na mente, e tudo fora da mente são apenas rótulos que colocamos em nosso eu infinito, incluindo sexualidade e gênero. Nós somos o que somos, e qualquer coisa mais é uma rotulação da mente para dar sentido e interagir com o mundo ao nosso redor.

A CONTRIBUIÇÃO DO BUDISMO MAHAYANA:

Precedendo o Nirvana:

O Budismo Mahayana é de longe o mais popular dos três ramos budistas, reivindicando um pouco mais da metade de todos os adeptos globais. Não surpreendentemente, também é o mais popular em nações com grandes centros urbanos e condições de vida densamente povoadas, particularmente China e Japão. Em tais lugares é difícil escapar da sociedade, e só o foco social do Budismo Mahayana é relacionável.

Em um nível queer, nós, às vezes, queremos nos afastar do mundo. Queremos escapar da sociedade problemática e sua discriminação e fugir para viver entre nossa própria espécie, onde todos nos entendem. Mas isso é impossível. Mesmo enclaves altamente populosos de pessoas queer como West Hollywood e Castro District, em São Francisco, não são 100% queer nem tolerantes.

E por isso muitas vezes nos isolamos dentro de nossa comunidade. Só vamos a lugares queer, só permitimos que outras pessoas queer sejam amigas íntimas e só interagimos com pessoas cisgênero no trabalho ou quando necessário. Fabricamos um paraíso isolado para que nunca nos sintamos desconfortáveis.

Mas isso vai contra a mentalidade de libertação universal do Budismo Mahayana. Ao contrário de outros ramos budistas, o objetivo do Mahayana não é fugir do mundo para um paraíso pessoal, mas sim trazer o mundo inteiro para esse paraíso. Estar na linha de frente da defesa LGBT+ e alcançar a heterossociedade pode não ser confortável, mas é a única maneira de trazer toda a nossa comunidade para um mundo melhor. Afinal, é por causa dessas pessoas que renunciam à paz pessoal para estar no meio das batalhas pelos direitos civis que temos o nível de paz e aceitação que desfrutamos hoje.

Na comunidade mágica, estando mais em contato com o mundo natural, há uma fantasia idealizada comum de fugir das cidades e viver em meio à natureza, onde os problemas das cidades densamente povoadas não existem. Por causa disso, muitos de nós menosprezamos a vida urbana entre pessoas não-mágicas como um modo de vida menos idealizado que as circunstâncias nos forçam a viver. Mas isso só funciona contra nós em nossa magia. Como podemos criar um feitiço com as forças naturais ao nosso redor se estamos constantemente derrubando as forças naturais nas quais vivemos nossas vidas cotidianas, as forças do urbanismo?

Então, para sua próxima atividade mágica, entre em contato com o deva espiritual da cidade em que você vive, e então comece um relacionamento com essa entidade. Compreendam-se e comuniquem-se. Praticantes de magia geralmente fazem o mesmo ao entrar em lugares “naturais” como florestas, desertos e corpos d’água, então por que não a cidade em que você vive e passa a maior parte de sua vida? Como qualquer relacionamento, levará tempo para que a confiança e a amizade se desenvolvam, mas quando isso acontecer, você começará a perceber que a cidade e sua sociedade estarão ajudando você proativamente com o que você precisa.

DIVINDADES E LENDAS QUEER:

O Alquimista Raposa:

A história do Alquimista Raposa é um antigo conto popular chinês com uma forte mensagem LGBT+ que combina as filosofias taoísta e budista sobre o amor transcendente. Conforme a história, um estudioso idoso é visitado em sua casa solitária uma noite por um homem vestido de preto pedindo para fazer amor com ele. O estudioso fica desconfiado, mas o estranho explica que eles já foram amantes em uma vida anterior e que ele está procurando por sua alma gêmea desde então.

O estudioso começa a se lembrar de seu amor trágico de uma vida passada – como ele tinha sido uma jovem e o estranho seu jovem marido. Eles juraram amar um ao outro para sempre, mas durou pouco, pois eles se apaixonaram durante uma das guerras civis da China e tiveram um fim horrível ainda jovens. A esposa foi sequestrada por soldados rebeldes e tirou a própria vida para não ser estuprada. O marido juntou-se aos soldados rebeldes e morreu na batalha.

Para cada uma de suas ações, o karma os premia adequadamente. A esposa, por sua lealdade ao marido e imperador ao cometer suicídio antes que os soldados pudessem estuprá-la, foi autorizada a reencarnar como homem — não qualquer homem, mas um sábio literato. (Porque, lembre-se, esta é a China antiga e o valor patriarcal dos homens sobre as mulheres ainda era muito forte.) O homem, por sua deslealdade ao imperador e vontade de lutar pelos soldados rebeldes, reencarnou como um animal menor, uma raposa.

Mesmo sendo uma raposa, o marido ainda amava sua esposa e desejava cumprir seu voto de amá-la para sempre. Então, depois de descobrir que ela havia reencarnado em um estudioso do sexo masculino, ele estudou alquimia taoísta e encontrou a mistura mágica que o transformaria novamente em humano para que pudessem ficar juntos, com a ressalva de que os efeitos da poção durariam apenas um ano.

Agora, com a enxurrada de memórias voltando ao estudioso, ele reconhece seu ex-marido no estranho, mas ele não sabe como eles poderiam fazer amor um com o outro agora que ambos são homens. O estranho garante ao estudioso que confie nele e lhe diz que, enquanto os dois se amarem, sempre haverá um caminho.

Os dois aproveitam o tempo e fazem amor todas as noites durante 365 dias consecutivos. Inicialmente, depois que acabou e o estranho voltou a ser uma raposa, o estudioso idoso se perguntou se tudo não tinha sido um sonho, mas ele lembrou que seu amante lhe disse que a evidência de seu amor estaria para sempre nos pilares de sua casa. E assim ficaram: 365 marcas de mordidas feitas durante a agonia da paixão foram embutidas nos pilares de madeira.

Além da misoginia neste conto, é antigo como o amor não conhece limites. Está além do gênero, da idade física e até do próprio tempo. O conceito do próprio espírito é defendido como fluido de gênero, mas o amor é mostrado como sempre constante. 167

Guanyin:

Guanyin (também escrito Quan Yin ou Kwan Yin) é a bodhisattva da compaixão. De acordo com sua lenda, ela alcançou a iluminação, mas porque ela tinha tanta compaixão pela humanidade, ela se recusou a entrar no nirvana feliz até que todos os humanos pudessem vir com ela. Ela reencarnou como uma bodhisattva e se dedicou a ajudar a acabar com o sofrimento das pessoas em todos os lugares.

Seu lugar entre as divindades queer-positivas vem de ela ser uma mulher transgênero e um ícone do movimento LGBT+ na China. Historicamente, quando os missionários indianos espalharam o Budismo na China, Guanyin era o aspecto feminino do bodhisattva masculino Avalokiteshvara, mas esse aspecto feminino se tornou mais popular entre os chineses, levando Guanyin a se tornar seu próprio bodhisattva folclórico separado.

Sua identidade transgênero, no entanto, foi apoiada e mantida por taoístas e budistas, com os taoístas vendo Guanyin como uma harmonia divina das energias yin femininas e yang masculinas, e os budistas a vendo como a perfeição de um homem que aceitou sua compaixão interior e feminilidade que ele alcançou a plena feminilidade.

Por muitos séculos, Guanyin foi um símbolo sutil adotado pelas lésbicas chinesas, não apenas porque ela era uma protetora das mulheres, mas também porque ela supostamente defendia o casamento heterossexual para buscar uma vida mais espiritual. Para a maioria dos movimentos queer e feministas na China, Guanyin é um símbolo do tipo de paz, felicidade e harmonia que pode ser alcançada se a sociedade não enfatizar seu culto à masculinidade e abraçar sua feminilidade auto-suprimida, bem como amor e amor. compaixão por todas as pessoas, independentemente de quem elas sejam. 168

Os Imperadores Queer:

Enquanto muitos imperadores chineses são registrados como tendo tendências queer, nenhum foi tão lendariamente queer quanto o imperador Wu e o imperador Ai.

O imperador Wu, embora belicista, foi um grande defensor do Confucionismo, estabelecendo as primeiras universidades oficiais do país para ensiná-lo ao povo. Apesar do conservadorismo social do Confucionismo, o imperador Wu teve vários amantes do sexo masculino ao longo de sua vida. Seu amor mais forte era por um ex-colega de classe chamado Han Yun. Eles começaram um caso de amor juntos ainda jovens e, após a ascensão ao imperador, Wu lhe concedeu títulos e cargos de prestígio no governo. O favoritismo óbvio causou muita tensão na corte e fez dele um hipócrita, já que ele era o imperador que havia implementado a regra de promover e outorgar patente com base na excelência acadêmica em vez de nepotismo e ter as conexões certas. Em última análise, a pressão de todos os lados forçou Wu a ordenar que Han Yun tirasse a própria vida, encerrando o caso e o lugar indevido de seu amante no governo. 169

O outro monarca gay da China Han, o imperador Ai, é provavelmente o mais conhecido. Ai não tentou esconder sua preferência sexual por homens e teve um romance público de longa duração com um de seus funcionários menores, Dong Xian. O relacionamento deles acabou levando o eufemismo chinês da homossexualidade a ser referido como “a paixão da manga cortada”. Isso se originou de um famoso incidente em que, enquanto se aconchegava na cama, o imperador Ai queria se levantar, mas isso arriscaria acordar seu amante, que dormia profundamente em cima de uma de suas grandes mangas de corte. Então, em vez de correr esse risco, Ai simplesmente cortou sua manga.

Como o imperador Wu, no entanto, Ai mostrou grande favoritismo a Dong Xian, promovendo-o a comandante das forças armadas. Infelizmente para seu amante, o imperador Ai morreu repentina e inesperadamente, deixando Dong Xian como o oficial de alto escalão socialmente desprezado em uma corte sem imperador. Ele acabou sendo expulso e forçado a cometer suicídio. 170

Bibliografia:

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  1. Associated Press, “China Decides Homosexuality No Longer Mental Illness,” South China Morning Post, Mar. 8, 2001, http://www.hartford-hwp.com/archives/55/325.html (accessed Nov. 19, 2016); Bret Hinsch, Passions of the Cut Sleeve: The Male Homosexual Tradition in China (Berkeley: University of California Press, 1992).
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  1. Xiaomingxiong, GLBTQ Archives, http://www.glbtqarchive.com/literature/chin ese_myth_L.pdf.
  1. Kayla Wheeler, “Women in Religion: Does Gender Matter?” in Controversies in Contemporary Religion: Education, Law, Politics, Society, and Spirituality, edited by Paul Hedges (Santa Barbara: Praeger, 2014).
  1. Hinsch, Passions of the Cut Sleeve: The Male Homosexual Tradition in China.
  1. Hinsch, Passions of the Cut Sleeve.

Fonte: Queer Magic, por Tomás Prower.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/a-espiritualidade-queer-na-china/

O Bem e o Mal

Geralmente, glorifica-se e valoriza-se pessoas que são “boazinhas”, enquanto as pessoas que são “ruins” ou, em outras palavras, rebeldes, desordeiras, agitadas, são denegridas, segregadas ou isoladas do restante da sociedade.

Acho muito importante a ação dessas pessoas ditas “ruins”.

Muitas vezes ouve-se dizer que, se Deus existisse, não deixaria o Mal existir.

Acontece que Deus é, em última instância, Tudo. Se Ele(a) é Tudo, então, é ao mesmo tempo o Bem e o Mal.

Parece bastante estranho esse conceito porque não estamos acostumados a ver essa Entidade, se é que podemos chamá-la assim, como sendo ambivalente, ou bipolar. Parece presunção afirmar algo sobre Sua Natureza, mas podemos chegar a certas premissas, como já foi explicado no Hermetismo – Ele(a) é o Todo.

O Bem é muito conhecido pelas suas propriedades Criadoras e Mantenedoras/Amparadoras. Tudo aquilo que Cria, que Une, que provê, que dá suporte, que Gera, é visto com bons olhos, sendo geralmente classificado como “do Bem”.

O Mal é associado a tudo aquilo ligado à destruição, à doença, à tristeza, à pobreza, à miséria, aos vícios, à morte. Ou seja, seria o exato oposto daquilo que é representado pelo Bem.

Creio que a maioria já ouviu falar da célebre frase, “A Luz não existiria se não houvesse a Escuridão”, e vice-versa. É um conceito bastante útil para o que estou tentando expor aqui.

O “Bem” e o “Mal”, do modo como estão sendo apresentados aqui são, por si próprios, forças divinas. Eles atuam igualmente, em todos os níveis e em todas as esferas, como agentes balanceadores e indicadores. Se só houvesse Criação, tudo estaria em excesso, desde os Reinos mais básicos até os mais complexos. Minerais, Vegetais, Animais. Montanhas imensas, rios e mares dominando e invadindo tudo. Sistemas Solares repletos de planetas chocando-se uns nos outros. Sóis e mais sóis, gerando energia demasiada, grandes tempestades cósmicas e SuperNovas ocorrendo a cada segundo. Em todos os níveis, uma superpopulação. Tudo acabaria soterrado, aglomerado, “entulhado”, por assim dizer, se não houvesse a ação controladora da Destruição.

A Destruição e a morte nada mais são do que formas de reciclagem. Como no texto anterior dos Ciclos Naturais, em que comentei sobre o símbolo cíclico do Ouroboros (a serpente devorando a própria cauda) a construção e a destruição são o início e o fim de um Ciclo de Existência de qualquer coisa. Quando algo é construído, utiliza-se diversas matérias-primas, organizando-a e dando forma à ela, e aglomerando cada vez mais diversificadas matérias-primas à obra. Quando a obra é completada, ela é destinada para a finalidade pela qual ela foi construída. Quando terminada sua missão, seu objetivo mais natural e proveitoso é de se reciclar, ou seja, de morrer, de ser destruído em seus componentes básicos iniciais, para que o Escultor possa Esculpir uma Nova Obra, que será utilizada para uma Nova Finalidade, que só Ele(a) sabe.

Há muitas outras bipolaridades que representam essas forças, como a saúde e a doença, a felicidade e a tristeza, a riqueza e a pobreza, entre muitas outras. Muitos sábios já disseram que o mundo em que vivemos é bipolar em sua essência, ou seja, está em todas as coisas, mas que ambos os lados dessas “moedas” existem por razões fundamentais. Tomemos a saúde e a doença, por exemplo. Como poderíamos saber se certos costumes contribuem para a manutenção da vida se não houvesse a balança da saúde/doença? Balanças são usadas para medir. Nem sempre é bom permanecer somente em um lado da balança, pois a tendência é esquecer da sua contraparte, ou de seu oposto. É sábio experimentar e verificar os resultados de nossas ações ao longo do tempo, para adquirirmos sabedoria dos fatos da vida. Ficar em um oásis de paz, felicidade e saúde o tempo todo não nos trará lições, nem nos motivará para conhecermos o que há além das dualidades e dos arquétipos.

Portanto, que conselhos poderiamos extrair de tudo isso? Arrisque-se. Tente. Faça. Vá. E tome nota de tudo o que sente, imagina, raciocina, intui e percebe com seus sentidos. Experimente tudo o que quiser. Traga Vida à própria Vida. Faça aquilo que você acha que não pode fazer. Dessa forma, você brilhará e saberá no seu íntimo o que é a vida, pois isso é algo que ninguém pode te dizer, é algo que tem de ser descoberto por si próprio. Moralidade é importante no que tange a vida em sociedade. Mas na vida individual, a liberdade, a coragem e a ação são os regentes para a verdadeira realização. Carpe Diem!

#Deus

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-bem-e-o-mal

A Crença do Espiritualista

Através de diálogos pela internet uma vez fiquei sabendo de uma história, conforme contada por um amigo cético. Ele dizia que um amigo a quem admirava a inteligência sofreu um acidente de carro e ficou alguns dias desacordado. Ao recobrar a consciência, consta que ele perguntou “se ainda estava vivo, ou se já estava do outro lado”. Seu amigo era espírita e acreditava em vida após a morte (na realidade, em vida após a vida), e ele se perguntou: “mas como uma pessoa tão inteligente pode crer numa coisa dessas?” – Esta é uma excelente pergunta…

Muitos céticos e aqueles classificados como “eruditos ou intelectuais” parecem não conseguir resolver tal enigma. É que eles esbarram em duas interpretações algo preconceituosas: a primeira é a de que a fé não pode ser racional, e a segunda é a de que a grande maioria dos espiritualistas e religiosos é alienada da realidade. Este artigo tentará abrir os olhos dessas pessoas, para que possam analisar aos espiritualistas pelo que eles realmente são: pessoas como qualquer outra, mas que consideram a possibilidade da existência do espírito.

Fé e Razão
A etimologia da palavra “fé” nos traz duas origens não necessariamente complementares. A primeira deriva do grego pistia e quer dizer “acreditar”. Este é o significado mais usual, entretanto ainda incompleto, pois não basta crer, é necessário também compreender a razão pela qual se crê. Esta é a chamada fé raciocinada. Antes de ser uma contradição, como podem pensar alguns, o uso da razão solidifica a fé, pois ao analisarmos o objeto de nossa fé, compreendo-o e aceitando-o, estamos criando alicerces que tornarão nossa fé inquebrantável, fortalecendo-nos frente aos desafios mais árduos. Por outro lado, a fé sem a razão é frágil, está sujeita a ser desfeita e pode, frente ao menor abalo, desmoronar. Ou ainda pior, esta fé irracional pode nos conduzir ao fanatismo, a negação de tudo que seja contra o nosso ponto de vista. Por não ser oposta a razão, a pistia é por si mesma não dogmática e, portanto, perfeitamente compatível com o ceticismo.

Mas temos uma outra origem da palavra “fé”, derivada do latim fides, que também possui o sentido de acreditar, mas agrega a este o conceito de fidelidade, ou seja, é necessário que sejamos fieis ao objeto de nossa fé. Falando em fé religiosa, estamos falando em Deus, portanto é preciso que sejamos fieis a Deus e isto só é possível seguindo os seus preceitos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos”.

No entanto, é preciso tomar muito cuidado na definição deste Deus, pois muitas vezes as pessoas de fé seguem o deus definido pelo discurso eclesiástico, quando o caminho da espiritualidade nos leva a busca de nossa própria definição de Deus. E isso nos leva ao contraponto do segundo tipo de interpretação preconceituosa…

O Deus de cada um
Cada doutrina religiosa traz sua própria concepção de Deus, e na maioria das vezes elas são conflitantes. Isto, por si só (e não sem razão), já soa absurdo para aqueles que cultivam um pensamento mais cético e racional. Não é a toa que muitos acabam taxando a maioria dos teístas de alienados: se não chegam a um acordo sequer sobre a natureza de Deus, como podem querer ditar regras de conduta a serem seguidas?

Essa pergunta é pertinente porque toca no cerne da religiosidade. O verdadeiro religioso não é aquele que se inscreveu em uma comunidade dos escolhidos de Deus (a origem de “igreja”, do grego ekklesia), mas aquele que pratica uma comunhão com Deus ou com o Cosmos, um caminho de retorno a compreensão de sua própria origem (do latim re-ligare, origem de “religião”). Desnecessário seria dizer que são definições bastante distintas, e que embora todo seguidor de igrejas possa ser religioso, nem todo religioso é seguidor de igrejas. Mas, ainda mais profundo do que isso: a todo verdadeiro espiritualista parece mesmo óbvio que a forma de comunhão com Deus (ou o Cosmos) é própria de cada um, pessoal e intransferível. Não serão livros nem padres nem gurus espirituais quem poderão lhe ensinar – todos esses ajudam, mas cada um aprende por si próprio, e na prática.

Uma comparação pertinente pode ser feita entre aprender espiritualidade e aprender a nadar: de nada adianta ler extensos manuais sobre natação, ou infindáveis palestras de grandes nadadores – você só irá se tornar um grande nadador se tomar coragem de mergulhar e enfrentar as ondas por si próprio.

O verdadeiro espiritualista não é, portanto, um alienado da realidade. Ele apenas mergulhou na própria consciência, enquanto outros (não sem razão) preferiram abster-se da aventura.

Navegar é preciso
Para o espiritualista em constante estudo e deslumbramento perante o infinito do Cosmos, a razão e a fé andam lado a lado com a moral e o amor, e ele encontra na religião, assim como na filosofia e na ciência, preciosos instrumentos para sua longa caminhada…

Nada pode ter contra o cético. Se este ainda não acredita, é por dois motivos: ou porque ainda não passou pela mesma experiência religiosa – e, portanto, subjetiva – que o espiritualista; ou porque simplesmente o espírito realmente não existe, e todas as questões espirituais se resumem a questões psicológicas, a serem analisadas conforme o avanço da ciência. Em ambos os casos, não há razão para nenhuma inimizade entre o espiritualista e aquele que não crê.

Na verdade, se alguém tem o dever moral de evitar brigas e permanecer em postura apaziguadora e amorosa, este é o espiritualista – que bem ou mal, assumiu a responsabilidade de assim o ser, um ente amoroso e equilibrado. Os outros não têm responsabilidade alguma, tampouco Deus algum para lhes inspirar temor, e não há nenhum problema nisso.

Pois que se o caminho espiritual foi trilhado apenas por medo de punições divinas, por barganhas ridículas em troca de um céu para poucos, então ele já se iniciou na direção errada. Que aquele que ainda não compreendeu que todos os seres do infinito são filhos da mesma substância, e que entrarão todos no céu de mãos dadas, é porque ainda está no início da trilha.

Então, perdoai-vos, pois eles não sabem o que fazem. E perdoai-nos, pois nós também não. Mas dos confins do Cosmos uma ponta da longa teia é puxada, e todos somos impelidos em sua direção… quer compreendamos, quer não.

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Crédito da foto: 21guilherme

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Espiritualidade #Deus #Ceticismo #Religiões #Preconceito

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-cren%C3%A7a-do-espiritualista

‘Baixa Magia: um estudo introdutório

Morbitvs Vividvs

Todo magista que considerar com atenção a definição de magia como “a arte de mudar a realidade conforme sua vontade” será obrigado a expandir o seu campo de atuação para além do traçar dos pentagramas.

Crowley deixou isso muito claro em Magick Without Tears e Anton Szandor LaVey também compreendia isso ao ponto de em sua Bíblia Satânica definir a prática mágica em duas categorias: A Alta Magia, de caráter ritual e natureza cerimonial e a Baixa Magia de caráter não ritual e natureza social. Segundo ele: “Magia não ritual ou manipulativa consiste de um ardil ou fraude obtida através de vários artifícios ou situações planejadas, que, quando utilizados, podem criar “mudança, de acordo com a própria vontade.”

Ele continua: “Muitas vitimas dos julgamentos das bruxas não eram bruxas. As bruxas reais raramente foram executadas, ou mesmo trazidas a julgamento, pois elas foram proficientes na arte do encantamento e podiam enfeitiçar os homens e salvar suas próprias vidas. Muitas das bruxas verdadeiras estavam dormindo com os inquisidores. Esta e a origem da palavra “glamour”. O significado antigo para “glamour” era feitiçaria. A qualidade mais importante para a bruxa moderna e a sua habilidade de ser atraente ou utilizar “glamour”. A palavra “fascinação” tem uma origem oculta similar. Fascinação foi o termo aplicado para o olho do demônio. Manter a atenção fixa da pessoa, em outras palavras, fascinar, era sua maldição com o olho do demônio.”

Em The Crystal Tablet of Set, o livro inicial que todo novo membro do Temple of Set recebe, Michael Aquino define a Baixa Magia como a arte de controlar a atenção e o comportamento das pessoas sem elas perceberem que são controladas. Em primeiro lugar isso envolve o conhecimento das motivações e leis gerais por trás das decisões das pessoas. Em seguida se aplica este conhecimento de forma a guiar as ações das pessoas de forma discreta para não ser flagrado. É em outras palavras Baixa Magia é a arte da trapaça.

Individualmente este tipo de bruxaria se traduz na maestria no traquejo social, na psicologia aplicada e em algumas leis ocultas do ser humano. Já fora do campo individual a Baixa Magia é usada para a manipulação das massas da qual o mago deve também estar atendo para se precaver – cultivando o pensamento crítico – para não cair nestas armadilhas tão comuns e indissociáveis da religião, da propaganda e da política.

Existem vários campos de estudos que podem ser explorados por quem busca a maestria nesse tipo de manipulação da realidade. Vejamos alguns deles:

Leitura das Pessoas

Significa literalmente aprender a ler o ser humano.  Consiste em um conjunto de técnicas que nos permite dizer coisas sobre a vida de uma pessoa, para impressionar, ganhar confiança ou até mesmo criar empatia. Inclui os campos de leitura fria, da leitura corporal, das leis básicas do comportamento humano e principalmente da atenção aos detalhes.

Alguns livros para quem quiser se aperfeiçoar nessa área:

Ilusionismo

Ainda em The Crystal Tablet of Set, Aquino diz que “O ilusionismo deveria ser considerado como hobby por qualquer pessoa interessada na magia de verdade. Em primeiro lugar permite placar a curiosidade daqueles que querem que você “mostre seu poder” e dá a habilidade de  maravilhar e deleitar seus amigos e quebrar o gelo com desconhecidos.

Na Bíblia Satânica LaVey diz que a quantidade de energia necessária para levitar uma xícara de chá (de fato) seria a mesma de se colocar uma ideia em um grupo de líderes mundiais motivando-os a concordar em algo. E mesmo se você tiver sucesso na levitação da xícara deveria admitir que algum tipo de truque foi usado de qualquer modo. Se deseja flutuar objetos no ar, use cordas, espelhos ou outros artifícios e guarde sua energia para coisas importantes. Diz ainda que todos os médiuns e místicos “divinos” praticam sempre a pura e aplicada mágica de palco, com seus olhos vendados e envelopes lacrados, e qualquer ilusionista competente pode duplicar o mesmo efeito.

Assim o ilusionismo é uma excelente maneira de ganhar experiência na chamada Baixa Magia de uma forma prazerosa e com um mínimo risco de ofender suas cobaias. Oferece ainda um ótimo treinamento nas técnicas básicas de controle da atenção e do comportamento humano. O mágico deve aprender a avaliar seu público e guiar sua atenção sem levantar suspeitas de modo a aparentemente realizar coisas impossíveis bem diante de seus olhos.

Embora as ilusões baseadas em prestigiação equipamentos também ajudem no desenvolvimento da habilidade do mago em manipular a plateia nenhum tipo de magia é tão adequado quando o chamado mentalismo. As técnicas do mentalismo são as mais adaptáveis às necessidades do cotidiano humano e as mais facilmente usadas foram do contexto do palco. Nelas se cria ilusão de poder ler a mente, predizer o futuro e determinar as escolhas das pessoas. Além disso as mais impressionantes rotinas de mentalismo requerem rigoroso treino de memória e outras ginásticas mentais por parte do mago que lhe trarão vantagens em várias outras esferas da vida. Ser um bom mágico é um bom começo para ser um bom mago.

Alguns livros clássicos sobre mentalismo:

Sedução

Sedução não inclui apenas o flerte bem sucedido, mas todo uso útil da sua atração pessoal. O termo latim seductione, significa literalmente “levar por outro caminho”. Da mesma forma a palavra “charme” tem origem francesa e significa “fórmula mágica”. Consiste em criar uma personalidade encantadora em todos os sentidos, em fortalecer o próprio carisma e dominar as sutilezas da comunicação não verbal, do poder dos símbolos e da estética pessoal.

Alguns bons livros sobre o tema:

Manipulação Social

Mais poderoso do que escutar espíritos e falar com demônios é saber ouvir e falar com outros seres humanos. Convencer um juiz, um chefe, um cliente ou uma multidão é tão ou mais poderoso do que convencer um espírito dentro de um triângulo.

Este talvez seja o campo mais amplo justamente por ser o próprio coração da Baixa Magia. Trata-se da percepção dos jogos sociais de um nível mais elevado, capaz de antecipar e orquestrar seus movimentos. Inclui o domínio de estratégias políticas, da oratória, da retórica, assim como técnicas de venda, negociação, liderança e propaganda.

Existem vários bons livros que podem ajudar nesse campo:

Auto-aperfeiçoamento

Por fim a Baixa Magia inclui tudo aquilo que pode ajudar a desenvolver o poder pessoal e a prevenir o praticante em não cair nas armadilhas de manipulação – em especial por aquelas praticadas a séculos pelas religiões, pelo estado e pelas grandes corporações.

Auto-Aperfeiçoamento inclui também tudo aquilo que tornará mais provável a transformação da realidade segundo a sua vontade. Fuja de cursos e grupos que simplesmente defendam o pensamento positivo ou sirvam de substituto para uma espiritualidade esvaziada. Os melhores “livros de auto-ajuda” quase nunca estarão nas prateleiras de auto ajuda.  Procure aqueles que o ajudem a desenvolver senso crítico e habilidades reais. Alguns exemplos:

Além de todas as obras indicadas neste artigo estude a biografia de grandes homens e mulheres como Mohammad, Cleópatra, Napoleão, Rainha Vitória. Existem muitos livros e filmes sobre estas e muitas outras personalidades que foram verdadeiros magos transformadores da realidade. Muitos deles como LaVey, Crowley, Rasputin e Cagliostro eram também praticantes da Alta Magia, o que pode dar a você uma compreensão maior de como estas duas modalidades da arte mágica interagem.

No fim das contas a Baixa Magia é simplesmente Magia. Consiste então em desenvolver uma inteligência aguda capaz de ver as coisas como elas realmente são e uma habilidade obstinada em transformá-las para como gostaria que fossem.

Morbitvs Vividvs é autor de Lex Satanicus: O Manual do Satanista e outros livros sobre satanismo.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/baixa-magia/a-baixa-magia-um-estudo-introdutorio/

Deus e o Diabo Estão na Sua Cabeça

Por Adriano Camargo Monteiro

“Meu sistema nervoso é meu único deus”.

Isso pode ser uma metáfora, ou pode ser literal…

Experiências não dependem de crenças, mas as crenças muitas vezes surgem das experiências. As experiências são interpretadas conforme a crença de cada um, conforme o “filtro” psicossocial-religioso de cada indivíduo, e podem ser tão reais como sentir o sabor de uma comida. O indivíduo sente e experimenta, e isso é real para ele; a experiência em si, puramente, nada tem a ver com religião; a religião é o “mau” filtro que a interpreta.

Experiências são experiências, e são sentidas e vivenciadas, trazendo sensações físicas, mentais e emocionais que podem ser intensas ou fracas. É preciso entender que dogmas científicos nada têm a ver com a experiência individual em si, assim como a religião também não; é a religião do indivíduo que reveste experiências ocorridas em nível mental/espiritual com interpretações religiosas (muitas vezes pessoais e tendenciosas). Isso não acontece com indivíduos sem vínculos religiosos e dogmáticos.

“Meu sistema nervoso é o único diabo”. O sistema nervoso pode trazer prazer ou dor como experiências e verdades individuais. Podem estar no sistema cérebro-espinhal a origem do céu e do inferno, dependendo da experiência e dos estados alterados em variados graus por variados meios, tais como ingestão de substâncias psicoativas, disciplina físico-mental, meditações, rituais, exercícios físicos extremos, privações (e “provações”) extremas, etc. O inferno não existe (ou existe, se as pessoas quiserem acreditar numa ilusão forjada). “Inferno” quer dizer “o que está embaixo”, “inferior”. E, de fato, aquilo que é inferior depende muito do referencial e do ponto de vista de cada um, com suas devidas justificativas, idiossincrasias e discernimento. O “inferno” de uma pessoa pode ser considerado um paraíso para outra. Mas, muitas vezes, quase tudo é o inferno e o Diabo para o “religioso” fundamentalista.

Contudo, é óbvio que nem todo mundo quer experimentar coisas novas ou diferentes em seu próprio cérebro, mente e espírito, por motivos diversos (tabus; preconceitos; desinformação; receios; medo do desconhecido, sendo o desconhecido o próprio indivíduo para ele mesmo; etc.) Mas o fato de que céticos tenham medo, receio ou preconceito com experiências cerebrais (mentais e emocionais) não muda o fato de que tais experiências existem como experiências em si, sejam elas chamadas de fantasias, alucinações ou fenômenos religiosos e místicos. A experiência existe e pronto; nem a ciência nem a religião mudam esse fato. Nada do que a ciência (e a religão) diz sobre isso, importa para o indivíduo psiconauta; não importam teorias científicas nem dogmas religiosos. Muitos pseudocientistas apenas teorizam e repetem teorias de outros sem ao menos fazer uma pesquisa em si mesmos, experimentando no próprio sistema nervoso a experiência “transcendental” (que transcende o comum e o corrente, o banal e o conveniente). Então, são apenas teorias para categorizar e classificar fenômenos cerebrais. E a real experiência com o assunto? Não há.

É importante ter em mente que somente as experiências deveriam valorizar e validar qualquer opinião. Além disso, a única coisa que importa para um indivíduo é a experiência que ele vivencia. E é importante apenas para ele, não para o mundo, nem para a humanidade, nem para a ciência ou para a religião; a experiência é importante para quem a experimenta. E, desde que o indivíduo não queira impor à força crenças e dogmas baseados em sua experiência, ou criar religiões doentias, não importam também as interpretações que ele tenha de sua experiência. As teorias científicas nesse caso nada importam porque elas não mudam os fatos nem apagam as experiências individuais. Nossa visão, audição, olfato, etc., funcionam, obviamente, porque temos cérebro. Outras experiências também ocorrem por causa do cérebro, experiências que não são comuns e correntes porque o cérebro é “alterado” em seu funcionamento. Nada de sobrenatural. São apenas experiências que não ocorrem normalmente porque o cérebro também está condicionado ao comum e corrente, ao banal da vida cotidiana e ao normal das percepções dos sentidos. Mas quando o cérebro é alterado, o indivíduo experimenta outras sensações, outros sentidos além dos sentidos comuns, emoções não habituais, novas percepções, novos conhecimentos, etc.

Exemplos sobre experiências individuais podem ser qualquer coisa. Alguém pode ter uma experiência maravilhosa numa viagem (ou em qualquer outra coisa) e contar a outro como foi. O outro jamais vai saber como é a experiência se não fizer essa viagem, sendo que ainda poderá experimentar sensações diferentes nessa mesma viagem, ou ainda não sentir nada e achar que a pessoa está inventando, exagerando ou mentindo sobre sua experiência. Como alguém pode dizer que sua experiência mental e emocional é falsa, que é uma fantasia, só porque outros não tiveram a mesma experiência? Como pode desvalidar a experiência emocional, física e mental só porque outros não vivenciaram as mesmas coisas? Como pode dizer que a pessoa está inventando e que sua experiência não pode ser comprovada em laboratório como fato incontestável para a humanidade? Esse é o ponto da questão. Ninguém pode contestar a experiência de ninguém porquer ela é unicamente individual, pessoal e intransferível, vivenciada por um indivíduo, e que jamais outra pessoa (seja cientista, crente, descrente, etc.) poderá sentir, ou talvez chegar próximo. É uma verdade individual incontestável, e não alienações coletivas impostas à força ou sob ameaças dogmáticas.

Assim são as experiências que ocorrem no cérebro/mente/espírito (como queira chamar) de cada indivíduo. Sim, espírito. Porque o espírito autoconsciente pode ser considerado a contraparte invisível de um cérebro potencializado e totalmente em atividade, funcionando em toda a sua capacidade, além do cotidiano, muitas vezes medíocre. Mas, apesar de tudo, é claro que ninguém é obrigado a experimentar nada mais além. Porém, negar que experiências individuais existam seria tão fanático e dogmático quanto qualquer postura fundamentalista e intransigente. Há fanatismo entre ateus e há fanatismo na religião, especialmente quando, em certos assuntos, somente há teorias sem a experiência pessoal no próprio sistema nervoso e quando ditam regras e lançam anátemas.

Nem a ciência nem a religião podem ditar “regras” sobre experiências individuais; nem a religião nem a ciência podem cercear a natureza humana nem regrar dogmaticamente vontades e desejos. Esse é o ponto. Além disso, a ciência (com toda a sua inegável utilidade) e a religião servem ao sistema (sociopolítico-econômico), que busca impedir que as pessoas tenham experiências diferentes do comum e impedir que busquem expandir a consciência; o sistema obviamente faz de tudo para desestimular e desacreditar tais experiências e disseminar ideias preconceituosas nas massas controladas por interesses políticos, por dogmas e tabus sociorreligiosos e por teorias cientificistas total ou parcialmente impostas, por vezes sutilmente. O cérebro humano é muito limitado em seu estado “normal”, podendo ter suas atividades potencializadas e expandidas. Mas isso parece não ser interessante para o sistema sociopolítico-religioso.

Muitas pessoas ao redor do mundo, pessoas de extremo senso comum e completamente desinformadas, criticam depreciativamente a busca por experiências, a busca pelo prazer e a busca pela expansão da consciência que são empreendidas por diversos meios, tais como aqueles já mencionados (substâncias, rituais, práticas físicas e mentais, etc.). Por outro lado, milhões de pessoas têm cometido os piores desatinos, as piores barbaridades e atrocidades sem estar sob o efeito de coisa alguma. Milhões de pessoas causam acidentes, matam, roubam, humilham umas as outras, sofrem e fazem sofrer sem estar sob o efeito de nada mais que sua própria ignorância, miséria interior e degradação, o que nem a ciência nem a religião podem “curar”. Milhões sofrem de problemas psicológicos, traumas, complexos, manias, psicoses profundas, sem ao menos beberem álcool (sendo o álcool a droga da hipocrisia que rende ao sistema milhões em dinheiro enquanto milhões de pessoas fracas são aprisionadas pelo vício). Milhares enlouquecem e se matam após voltar dos horrores da guerra (uma coisa “normal”, comum e corrente!), sem saber sequer da existência de meios que alteram a consciência (sadia e positivamente). O mundo é louco e ninguém é normal nem está completamente em sua sanidade, como as pessoas supõem.

É preciso ter a mente aberta e discernimento. O fanatismo pode existir em todos os lugares: na religião, na ciência, no entretenimento, no lar… O preconceito também existe em todos os lugares: na religião, na ciência, na sociedade, nas famílias, etc… É interessante para o sistema que as pessoas não conheçam nada além do comum e corrente, nada além do que é oferecido sob controle e com a marca da restrição. As informações mais interessantes talvez não estejam abertamente disponíveis para as massas, não são divulgadas porque é interessante para o sistema que as pessoas não saibam e não avancem. Mas, afinal, nem todo mundo está preparado para mais, para o “desconhecido”, para conhecer a si mesmo. A ciência, a religião e a cultura divulgam informações (e desinformações) controladas, difundem apenas o que eles querem que as pessoas saibam, divulgam aquilo que serve para desestimular as pessoas de buscarem mais, de experimentarem mais, de irem além dos limites que o sistema impõe, disseminando o medo, o cisma e os preconceitos científicos, religiosos e sociais. Isso tudo parece evidente.

Muitas teorias não mudam os fatos e, nesses assuntos, não levam a nada. Certas teorias apenas desestimulam a busca pela experiência, pois as pessoas meramente dizem crer e evitam experimentar. E aqueles indivíduos inteligentes, de mente livre e discernimento não pretendem impor suas experiências ao mundo nem mudar as massas cegas. Afinal, o sistema já tem a sociedade no cabresto, já estabeleceram a conveniência e o que as pessoas devem fazer e o que devem pensar.

Passar a vida preso a limitações cotidianas e banais, para muitas pessoas é algo muito triste, deprimente e desestimulante; a vida sempre pode ser mais do que o comum e corrente. E muitos felizmente estão contra essa corrente limitadora, contra a “moral”, como dizem, e subvertem os paradigmas usuais e condicionados. Muitos não se contentam com essas limitações, com tantas regras inúteis e proibições pseudomorais baseadas em interesse sociopolítico e dominação religiosa, difundidas por meio de desinformações e preconceitos, “blasfemando” o deus/diabo cerebral individual com suas próprias verdades.

Lembre-se de que Deus e o Diabo estão na sua cabeça. Um faz se passar pelo outro e você, mesmo que não perceba, faz se passar pelos dois!

#LHP

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/deus-e-o-diabo-est%C3%A3o-na-sua-cabe%C3%A7a